TEMA A DEUS TODO O TEMPO
Data 29 de Dezembro de
2013 HINOS SUGERIDOS 258,
396, 423.
TEXTO AUREO
"De
tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos;
porque este é o dever de todo homem” (Ec 12.1 3).
VERDADE PRATICA
Obedecer
aos mandamentos do Senhor é a prova de que vivemos uma vida justa diante dos
homens e de Deus.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Gn 2.7 Conhecendo
a criatura
Terça - Ec 12.1 Conhecendo o Criador
Quarta - Ec 1 1.9,10; Jo 21.18ª Conhecendo a mocidade
Quinta - Ec 12.1-7; Jo 21.18b Conhecendo a velhice
Sexta - Ec 12.7; 1 Ts 5.23 Conhecendo o ser humano
Sábado - Ec 12.13,14 Um dia prestaremos contas
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE Eclesiastes 12.1-8
1
- Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus
dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer; Não tenho neles
contentamento;
2
- antes que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir
as nuvens depois da chuva;
3
- no dia em que tremerem os guardas da casa, e se curvarem os homens fortes, e
cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas
janelas;
4
- e as duas portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura, e se
levantar à voz das aves, e todas as vozes do canto se baixarem;
5
- como também quando temerem o que está no alto, e houver espantos no caminho,
e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e perecer o apetite;
porque o homem se vai à sua eterna casa, e os pranteadores andarão rodeando
pela praça;
6
- antes que se quebre a cadeia de prata, e se despedace o copo de ouro, e se
despedace o cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao poço,
7
- e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu,
8
- Vaidade de vaidade, diz o Pregador, tudo é vaidade.
INTERAÇÃO
Prezado
professor, estamos encerrando mais um trimestre. De todos os assuntos que
estudamos nesta lição, os que nos trazem mais perplexidades são as perspectivas
apresentadas acerca da imprevisibilidade da vida, o movimento dinâmico que ela
apresenta e as contingências da nossa existência. O homem que não confia em
Deus pensa que foi lançado a esmo no mundo. Aqui, é que o crente em Jesus se
distingue daqueles que não creem em Deus. Quando amamos e tememos ao Senhor de
todo o nosso coração, compreendemos a vida como algo finito no mundo, mas na
esperança de brevemente encontrarmo-nos em plenitude com um Deus “que tem, ele
só, a imortalidade e habita na luz inacessível” (1 Tm 6.16).
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Saber que somos criatura;
Deus, o Criador.
Explicar os dois grandes
momentos da vida (juventude e velhice) e as duas dimensões da existência humana
(corporal e espiritual).
Guardar os mandamentos do
Senhor e praticar a sua justiça.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado
professor, sugerimos como atividade pedagógica que faça o resumo dos principais
pontos que foram abordados na lição ao longo desse trimestre. Essa atividade
visa introduzir a aula dessa semana. Aproveitamos a oportunidade para sugerir
alguns pontos a serem relembrados: (1) O adultério; (2) O cuidado com o uso da
língua; (3) A imprevisibilidade e as contingências da vida. O professor poderá
ampliar esses pontos de acordo com a necessidade da sua classe.
PALAVRAS-CHAVE Temor:
Sentimento profundo de respeito e obediência.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Salomão
chega ao final de suas reflexões acerca da vida “debaixo do sol”, O pregador
conclui o seu ensino no capítulo 12 de Eclesiastes, contrastando vividamente A
os distintos momentos da vida humana: juventude e velhice, alegria e tristeza,
vida e morte, presente e futuro, temporal e eterno, O estilo adotado por
Salomão deixa-nos a sensação de que ele processa a sua reflexão de trás para frente.
O
autor fala da juventude a partir de uma análise realista da velhice. Fala da
vida com os olhos fitos na morte. Fala do temporal com os olhos voltados ao
eterno. Fala da criatura a partir do Criador. E fala do prazer da vida sem
perder de vista o julgamento final. Nessa última lição, veremos como o
ensinamento do pregador nos ajuda a construir uma fé sadia e fundamentada no
temor do Altíssimo.
I - UMA
VERDADE QUE NÃO PODE SER ESQUECÍDA
1. Somos criatura. O último capítulo de
Eclesiastes inicia-se com uma exortação a que nos lembremos do nosso Criador.
Uma das doutrinas mais bem definidas da Bíblia é a da criação. Pela fé cremos
no Deus criador do universo (Hb 11.3). Mas aqui, não temos o interesse
apologético de provar a existência de Deus, pois Salomão parte do princípio de
que Deus é, e que os seus leitores têm isso muito bem resolvido.
Com
a expressão “lembra-te do teu Criador”, o sábio ensina aos homens que eles não
passam de criaturas. O termo hebraico para lembrar, zakar, reforça essa ideia.
Ele significa recordar, trazer a mente, fazer um memorial. É como se o k
pregador dissesse: “Coloque isso em sua mente e, se possível, faça um memorial.
Não esqueça que você é criatura e que há um Criador”.
2. Há um Criador. Se em Eclesiastes
12.1 o pregador revela Deus como o Criador, no versículo 13, o livro mostra o
Pai Celeste como o Supremo Juiz. Foi Deus quem criou e modelou a criatura a
quem Ele chamou de homem! Este fato nos obriga a enxergar o ser humano como
criatura e Deus como o Criador. O homem como ser temporal e Deus como o Eterno.
Portanto, a partir dessa compreensão, podemos encarar a vida com mais humildade
e prudência.
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Uma
verdade que não pode ser esquecida: somos criatura; há um Criador.
II - OS
DOIS GRANDES MOMENTOS DA VIDA
1. A juventude. Salomão passa a
falar sobre a juventude, ou
seja, o estágio da vida que representa o período de maior vigor. Ele se vale de
várias figuras para demonstrar a nossa finitude e o quão frágeis somos. Em
Eclesiastes 11.9, Salomão havia falado da juventude, destacando-a como uma fase
de recreação e de satisfação.
Tais
metáforas criam a imagem da exuberância, elemento característico da mocidade.
Elas denotam que, nessa fase da vida, as pessoas não se preocupam com
lembranças, memoriais ou história. É como se não houvesse um referencial. Mas
em o Novo Testamento, o autor sagrado mostra 1 esse referencial (Hb 12.2)—Jesus
Cristo — e exorta-nos a viver a vida com os olhos fitos no Mestre.
2. A velhice. No Eclesiastes, a
juventude é vista como um estágio inicial e intenso da vida, enquanto a velhice
aparece como o último estágio da existência, onde nada mais parece fazer
sentido. O corpo físico, outrora forte, robusto e cheio de vigor, agora se
mostra enfraquecido pelos anos da vida.
De
forma metafórica, o sábio prova que a velhice é bem diferente da juventude. O
prazer não é como antes (12.1), o sol não brilha com o mesmo esplendor (12.2),
e o metabolismo do corpo não funciona como no passado (Ec 12.3- 5). Enfim, a
velhice mostra-nos como somos frágeis, sujeitos a quebrar a qualquer instante
(12.6).
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Os
dois grandes momentos da vida que o sábio apresenta no Eclesiastes são a
juventude e a velhice.
III -
AS DIFERENTES DIMENSÕES DA EXISTÊNCIA HUMANA
1. Corporal. Os sentimentos e
fatos experimentados na vida — alegrias ou tristezas, acertos ou erros, o
presente ou o passado — apenas são possíveis por causa da dimensão corporal de
nossa existência. O rei Salomão chama-nos a atenção para esse fato ao dizer que
“o pó volte à terra, como o era” (Ec 12.7a). O texto bíblico denota que
possuímos um corpo sujeito às limitações de espaço e tempo. Por isso, não
devemos esquecer que somos absolutamente finitos. Isso não significa que não
temos valor. Ao contrário, a Escritura demonstra que a dimensão temporal é tão
importante quanto a espiritual. Em 1 Coríntios 6.19,20, não há dualismo entre
corpo e espírito, como se este fosse bom e aquele mau. Portanto, devemos cuidar
do nosso corpo e usá-lo sempre para a glória de Deus.
2. Espiritual. Eclesiastes 12.7b
revela que possuímos uma dimensão espiritual da vida, pois o nosso espírito
voltará “a Deus, que o deu”. O contexto do capítulo 12 de Eclesiastes faz um
contraste „ entre o temporal e o eterno, não deixando dúvidas que o termo
hebraico ruach, traduzido por fôlego, hálito e espírito, significa I
precisamente “espírito” como a parte imaterial do homem (1 Ts 5.23; 2 Co 5.8;
Fl 1.23).
Assim
como cuidamos da nossa dimensão material, devemos cuidar da espiritual (2 Co
7.1; 1 Tm 4.8). E apesar de o homem ser constituído por duas dimensões
existenciais — a humana e a espiritual —, elas não são independentes entre si,
pois o homem é um ser integral (1 Ts 5.23).
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
As
duas distintas dimensões da existência humana encontradas no livro de
Eclesiastes são a corporal e a espiritual.
IV -
PRESTANDO CONTA DE TUDO
1. Guardando o
mandamento.
Após falar da brevidade da vida e da necessidade de se buscar em Deus um
sentido para ela, o sábio conclui que o dever de todo homem é temer a Deus e
guardar os seus mandamentos (Ec 12.13). Aqui, há duas coisas que precisam ser
ditas. Primeira, a vida é dinâmica, mas precisa de regras e normas. Segunda, é
nosso dever ouvir e guardar a Palavra do Senhor no coração.
O
mandamento divino é constituído de princípios eternos e, para o nosso próprio
bem, temos de observá-los e acatá-los integralmente fazendo tudo quanto o
Criador requer de nós, pois esta é a vontade de Deus (1 Jo 5.3).
2. Aguardando o
julgamento.
Nas últimas palavras do §l Eclesiastes, há uma séria advertência sobre o
julgamento a que todo ser humano estará sujeito. O pregador diz que “Deus há de
trazer a juízo toda obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer
seja mau’’ (Ec 12.14). As nossas obras e ações serão avaliadas por Deus, pois
para Ele os valores estão bem definidos: o certo e o errado nunca mudam.
O
termo hebraico mishpat, usado nas últimas palavras de Salomão, possui o sentido
jurídico de tomada de decisão. Chegará, pois o dia da prestação de contas de
todos os homens. O Justo Juiz decidirá o nosso destino (Rm 14.10,12). Tais
palavras não são intimidatórias, mas um convite a vivermos com responsabilidade
diante de Deus e da sociedade.
SINOPSE
DO TÓPICO (4)
Todo
homem não deve esquecer isto: Um dia prestaremos contas de tudo a Deus.
CONCLUSÃO
A
vida é um contraste entre a alegria e a tristeza, entre a juventude e a
velhice, entre a vida e a morte, entre o passado e o presente. Não há como
fugir a essa realidade. Sabendo que a nossa vida “debaixo do sol” é tão fugaz,
cabe-nos procurar vivê-la da melhor maneira possível, pois esse é um dom do
Criador. Salomão, em sua singular sabedoria, nos ensina: tema a Deus em todo o
tempo. Só assim seremos felizes.
VOCABULÁRIO
Esmo: Cálculo apenas
aproximado; estimativa, conjetura.
Intimidatória: Ato ou efeito de
intimidar. Provocar apreensão, receio ou temor.
Fugaz: Rápido, ligeiro,
veloz. O que desaparece rapidamente,
AUXILIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Teológico
“[Os
jovens] devem ser ensinados a considerar a Deus como supremo.
Ele
expõe a verdade de que ‘o temor do Senhor é o princípio da ciência’
([Provérbios 1] v.7); é a parte principal do conhecimento; é o que inicia o
conhecimento, isto é, (1) de todas as coisas que devem ser conhecidas, esta é a
mais evidente - que Deus deve ser temido, deve ser reverenciado, servido e
adorado; este é o princípio do conhecimento, e não sabem nada os que não sabem
isto. (2) Para adquirir todo o conhecimento útil, é extremamente necessário que
temamos a Deus; nós não somos qualificados para nos beneficiar das instruções
que nos são dadas, a menos que nossas mentes sejam possuídas por uma santa
reverência por Deus, e que cada pensamento em nós seja levado à obediência a
Ele. Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, deve conhecer a sua doutrina (Jo
7.17). (3) Assim como todo o nosso conhecimento deve se originar do temor a
Deus, ele também tende a este temor, como sua perfeição e centro. Sabem o
suficiente os que sabem como temer a Deus, que são cuidadosos em todas as
coisas, para agradar a Ele e temerosos de ofendê-lo em alguma coisa; este é o
Alfa e o Ômega do conhecimento” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento - Jó a Cantares de Salomão. 1
.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.720).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Teológico
“[Prestando
contas à luz do Sermão do Monte]
Em
um importante sentido, todo o Sermão do Monte representa uma simples expansão
desse apelo compassivo. Começando no mesmo ponto de partida — um lamento sobre
a iminente destruição de Jerusalém — Cristo simplesmente amplia a sua
perspectiva e transmite aos discípulos um extenso apelo que inclui desde o
futuro escatológico até o momento do seu retorno e do juízo que o acompanhará.
Portanto, esse mesmo espírito que inspirou o pranto de Cristo sobre a cidade de
Jerusalém, permeia e dá um colorido a todo o Sermão do Monte. E Mateus, que
estava presente e ouviu em primeira mão, registrou tudo isso no seu Evangelho,
que é como um farol para todos os pecadores, em todos os tempos. Trata-se do
último e terno apelo do Senhor para o arrependimento, antes que seja tarde
demais.
Examinando
esse sermão também vemos que todos os vários apelos de Jesus para sermos fiéis
e todas as suas advertências para estarmos preparados ficam reduzidos a isso:
eles representam um compassivo convite para nos arrependermos e crermos. Ele
está nos prevenindo de que devemos nos preparar para a sua vinda porque, quando
retornar, Ele trará o Juízo Final. E, ao concluir o seu sermão, Ele descreve
detalhadamente esse juízo.
Essa
parte remanescente do Sermão do Monte transmite uma das mais severas e solenes
advertências sobre o juízo em toda a Escritura. Cristo, o Grande Pastor, será o
Juiz, e irá separar suas ovelhas dos bodes. Estas palavras de Cristo não foram
registradas em nenhum dos outros Evangelhos. Mas Mateus, pretendendo retratar
Cristo como Rei, mostra-o aqui sentado no seu trono terreno. Na verdade, esse
juízo será o primeiro ato depois do seu glorioso retorno à Terra, sugerindo que
esta será a sua primeira atividade como governante da Terra (cf. SI 2.8-12).
Esse evento inaugura, portanto, o Reino Milenial, e é distinto do juízo do
Grande Trono Branco descrito em Apocalipse 20, que ocorre depois que a era
milenial chega ao fim. Nesse caso, Cristo está julgando aqueles que estarão
vivos no seu retorno, e irá separar as ovelhas (os verdadeiros crentes) dos
bodes (os descrentes). Os bodes representam a mesma classe de pessoas que são
retratadas como servos maus, como virgens imprudentes, e como o escravo infiel
nas parábolas imediatamente precedentes” (MACARTHUR JR., John. A Segunda Vinda. 1 .ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2008, pp.l 80-81).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
HENRY,
Matthew. Comentário Bíblico Antigo
Testamento - Jó a Cantares de Salomão. 1 .ed. Rio dejaneiro: CPAD, 2010.
MELO,
Joel Leitão de. Eclesiastes versículo
por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, 1999. PALMER, Michael D. (Ed.)
Panorama do Pensamento Cristão, l. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.
EXERCÍCIOS
1.
Como o pregador conclui o seu ensino em Eclesiastes capítulo 12?
R:
Contrastando vividamente os distintos momentos da vida humana: juventude e
velhice, alegria e tristeza, vida e morte, presente e futuro, temporal e
eterno.
2.
Com a expressão “lembra-te do teu Criador”, o que o sábio quer ensinar ao
homem?
R:
O sábio ensina aos homens que eles não passam de criaturas.
3.
Em o Novo Testamento, qual é o referencial que o autor sagrado usa para
exortar-nos a viver a vida com os olhos fitos no Mestre?
R:
Jesus Cristo.
4.
Segundo a lição, o que Coríntios 6.19,20 ensina-nos acerco do corpo e espírito?
R:
Que não há dualismo entre corpo e espírito, como se este fosse bom e aquele
mau.
5.
Qual o dever de todo o homem?
R:
Temer a Deus e guardar os seus mandamentos.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n° 56, p.42.
TEMA
A DEUS TODO O TEMPO
O
capítulo 12 de Eclesiastes encerra as reflexões de Salomão a respeito da vida.
O pessimismo ainda pode ser visto neste último capítulo. Salomão finaliza
fazendo uma reflexão sobre diferentes fases da vida. Ele reconhece que a vida é
passageira. Tiago a compara a um vapor "que aparece por um pouco e depois
desvanece" (Tg 4.14). Ela é muito breve, por isso precisamos vive-la de
modo completo, isto é, temendo a Deus e obedecendo aos seus mandamentos.
Talvez,
um dos conselhos mais importantes que Salomão nos oferece em todo o livro é:
"Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade" (Ec 12.1). A
juventude não dura para sempre. O homem tem tentado, ao longo dos anos,
encontrar uma fórmula mágica capaz de preservar a juventude e o vigor, porém
sabemos que isso é impossível. Devemos cuidar bem da nossa saúde, pois todos
nós teremos que enfrentar a velhice e para isso precisamos estar preparados.
"Os dias maus" no versículo primeiro do capítulo 12 é uma referência
à velhice e não à morte. Segundo o Comentário Bíblico Beacon "a velhice é
vista como um tempo de luz efêmera e de dias escuros de inverno. As nuvens dão
a entender depressão e a chuva pode ser entendida como lágrimas" (Ec 12. 1
b-5). Salomão é bem pessimista, pois, cada etapa da vida é única e tem a sua
beleza. Deus está com aqueles que o temem até a sua velhice: "E até à
velhice eu serei o mesmo e ainda até às cãs eu vos trarei; eu o fiz, e eu vos
levarei, e eu vos trarei e vos guardarei" (Is 46.4). O Senhor não nos
abandona em nenhuma etapa da nossa vida. Nós é que abandonamos o Senhor, como
fez Salomão.
Não
gostamos de falar a respeito da morte, porém ela é parte integrante da vida (Ec
12.6-8). Salomão se utiliza de várias metáforas nos versículos 6 a 8 do
capítulo doze, para mostrar que a vida do homem termina de maneira súbita, por
isso é necessário temer a Deus em todo tempo. Faça tudo que você puder fazer
para Deus hoje, pois talvez não tenhamos tempo amanhã. Porém se vivermos hoje
para o Senhor, não nos importará se a vida terminar de repente.
Viver
de modo sábio é temer a Deus e aguardar os seus mandamentos. O temor a Deus é o
princípio da sabedoria e da vida abundante. Quem teme a Deus vive todas as
fases da vida de modo a agradar a Deus. Desperdiçar qualquer fase da vida,
longe de Deus, é loucura.
Temer
a Deus é reconhecer nossas limitações e a grandeza do nosso Criador. Tema a
Deus e viva de modo pleno cada fase da sua vida, pois Jesus nos prometeu jamais
nos deixar sozinhos: "Eis que eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos" (Mt 28.20).
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Salomão chega agora
ao final das suas reflexões sobre o viver debaixo do sol. Como era de se
esperar, ele faz um contraste com vívidas palavras sobre a vida e seus
diferentes momentos. São estágios bem definidos: Juventude e velhice; alegria e
tristeza; vida e morte; presente e futuro; o temporal e o eterno.
O texto deixa-nos a
sensação de que a sua reflexão é feita de trás para frente, do fim para o
começo. Ele fala da juventude, mas é a partir de uma análise nua e crua da
velhice. Fala da vida, mas é com os olhos fitos na morte; ele fala do presente,
mas é a partir do futuro; fala da vida, mas é a partir da morte; fala do
temporal, mas seus olhos estão voltados para o eterno; fala da criatura, mas
seu alvo é o Criador; fala do nosso aprazimento aqui, mas sem perder de vista o
julgamento final.
Aprendamos, pois,
como esse entendimento nos ajuda na construção de uma fé sadia e fundamentada
no temor do Senhor.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 150.
Continuamos aqui com
a seção geral que diz que os jovens e os idosos demonstram a inutilidade das
coisas (Eclesiastes 11.1 e 12.8). Os vss. 1-8 deste capítulo ilustram
graficamente como os homens idosos cumprem seu papel no quadro da vaidade
geral: seu corpo vai-se desintegrando, dói e ele sofre até que a morte o
arrebata e o conduz ao pó para o qual está predestinado a retornar. Novamente é
demonstrado, incansavelmente, que o ser humano veio do pó e ao pó haverá de
voltar. O epílogo, adicionado pelo editor piedoso (vss. 9-14), tenta terminar o
livro com uma distorção ortodoxa, a fim de torná-lo mais aceitável aos leitores
judeus médios. Mas o triste, louco e mau filósofo termina seu tratado em
atitude de desespero, que é a maneira como ele o começou (Eclesiastes 1.3):
tudo é vaidade e vexação de espírito, tudo é apenas perseguir o vento, tudo é
inutilidade. Alguns intérpretes acreditam que até mesmo esta seção, vss. 1-8
tem certos toques do editor ortodoxo, o qual, periodicamente, tentou corrigir o
ponto de vista pessimista do filósofo.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2738.
O pregador sábio e
contrito está aqui fechando 0 seu sermão; e ele o fecha não apenas como um bom
orador, mas também como um bom pregador, o que provavelmente o fez deixar as
melhores impressões e pelo que ele desejou ser poderoso e duradouro em relação
aos seus ouvintes. Aqui temos: I. lima exortação às pessoas jovens, para que
comecem cedo a ser religiosas e não deixem isso para a velhice (v. 1),
reforçada com argumentos tirados das adversidades da velha idade (w. 1-5) e da
grande mudança que a morte fará em nós, w. 6,7. II. Uma repetição da grande
verdade que ele assumiu para provar em seu discurso, a vaidade do mundo, v. 8.
III. Uma confirmação e recomendação do que ele escreveu neste e em seus outros
livros, como digno de ser devidamente pesado e considerado, w. 9-12. IV A
grande questão resumida e concluída, com uma responsabilização a todos para
serem verdadeiramente religiosos, em consideração ao julgamento que está por
vir, w. 13,14.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 951.
I - UMA
VERDADE QUE NÃO PODE SER ESQUECIDA
1. Somos criatura.
O livro de
Eclesiastes inicia o capítulo 12 com uma exortação: “Lembra-te do teu Criador”.
Uma das doutrinas bem definidas na Bíblia é a da criação por Deus de todas as
espécies. Deus é o criador, e o homem como um dos seres viventes é a criatura
(Gn 2.7). Mas o texto aqui não está interessado em provar a existência de Deus,
para Salomão, que era teísta e escreveu para teístas também, esse era um fato
bem definido. O que o sábio quer é que seus leitores não se esqueçam das suas
temporalidades, que são homens e como tais não se passam de criaturas. O
hebraico reforça mais ainda essa necessidade de ter isso bem definido em mente
quando usa o termo zakar, que além de lembrar, significa também recordar,
trazer à mente, fazer um memorial. A ideia é: lembre-se, ponha isso na sua
mente e se possível faça um memorial, mas não se esqueça que você é uma
criatura e que possui um Criador.
“Finalmente estamos
prontos”, observa o comentarista bíblico Derek Kidner, “se a nossa intenção tem
sido essa, para olhar além das vaidades terrenas para Deus, que nos fez para
si. O título Criador foi bem escolhido, fazendo-nos lembrar a partir de
passagens anteriores no livro, que só Deus vê o padrão da existência como um
todo (3.11), que nós estragamos a obra de suas mãos com as nossas “astúcias”
(7.29) e que a sua criatividade é contínua e inescrutável (11.5). A nossa
parte, lembra-te dele, não é um ato perfunctório ou puramente mental: é deixar
de lado a nossa pretensão à autossuficiência, entregando-nos a Ele. Isto é o
mínimo que as Escrituras exigem do homem em seu orgulho ou em situações
extremas. No seu sentido melhor e mais forte, a lembrança pode ser uma questão
de fidelidade apaixonada, uma lealdade tão intensa quanto a do salmista para
com sua terra natal: “Apegue-se me a língua ao paladar, se me não lembrar de
ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria”.
“Quando a lembrança significa tudo isto”,
continua Kidner, “não pode haver meias medidas ou contemporização. A juventude
e o todo da vida não são suficientes para extravasá-la. É neste espírito que de
novo somos instados a enfrentar nossa mortalidade. Desta última vez o trecho é
mais demorado. Ao mesmo tempo é uma das mais belas sequências de figuras de
palavras deste mestre da linguagem, uma realização suprema de sua dupla
ambição: achar “palavras agradáveis” e “palavras de verdade” (v.10).
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
151-152.
O lugar do homem na criação. O conceito de
criação a partir do nada se aplica, é claro, à formulação do cosmos, e não
exaure o ensino bíblico quanto ao assunto da criação. Portanto, o homem não foi
criado ex nihilo. mas a partir de material previamente preparado, o "pó da
terra” (Gn 2.7), assim como as feras do campo e as aves do céu (Gn 2.19). Isto
tem sido descrito como criação secundária, para indicar uma atividade que faz
uso de material já existente, mas que é, não obstante, integral ao conceito
original da criação. A harmonia que é apresentada no mundo e em seus habitantes
é, de fato, uma ordem divinamente imposta, na qual cada criatura cumpre a
vontade de Deus. Em cada situação o decreto criativo não traz meramente
entidades à existência, mas as relaciona com alguma função específica dentro da
estrutura mais ampla. Por causa do relacionamento pessoal que existe entre Deus
e sua criação, não pode haver espaço nas Escrituras para a idéia da “natureza”
como uma força autônoma, colocada em movimento por uma Causa Prima. Deus é
descrito como estando todo o tempo no controle do mundo (cp. Jó 38.33; Jr 5.24,
etc.), o qual precisa de sua contínua supervisão se quiser permanecer (cp. SI
104.29,30). Onde existe a expressão de regularidade das forças naturais, como
na promessa feita a Noé (Gn 8.22), esta está baseada nas misericórdias e
fidelidade da aliança de Deus.
Embora a intenção do
mundo seja exibir a glória de Deus, foi também formado como o local de
habitação para o homem (Is 45.18), a coroa da criação divina. O homem foi
formado da terra para a qual finalmente retornará quando morrer. Enquanto que
os animais e as plantas estão em relacionamento indireto com o Criador, visto
que foram formados pela terra, o homem é o produto direto da atividade
criadora, e é dignificado de uma maneira especial por ser o recipiente do
“sopro da vida” de Deus. Em ambos os relatos, ênfase é dada à natureza do homem
como a mais alta forma de vida criada, onde em Gênesis 1.26,27 o homo sapiens é
descrito como feito à imagem divina. Isto só pode significar que o homem, em
sua existência corporal completa, foi moldado segundo a imagem de Deus. O fato
de que o mesmo conceito foi aplicado a Sete, como filho de Adão (Gn 5.3),
argumenta firmemente contra qualquer tentativa de reduzir a imago dei ao “eu
espiritual” à “alma” do homem, ou a qualquer conceito similar. A referência em
Gênesis 2.7 também é iluminadora neste aspecto, porque fala do homem se tomando
um nepesíhayyãh. A tradução “alma vivente” é menos satisfatória do que
“personalidade”, visto que é a totalidade do homem que está novamente em vista
aqui. O pensamento hebreu via consistentemente o homem como uma personalidade, e as
várias referências do AT aos relacionamentos entre emoções e mudanças corporais
demonstram uma preocupação para com a integração da personalidade, do tipo que
tem sido re-enfatizado pela medicina psicossomática moderna. O homem não é
simplesmente um “corpo” no qual uma “alma” foi colocada. Antes, ele é uma
personalidade viva com extensão física no tempo e no espaço. Quando vivendo
pela lei divina ele não é nem “corpo” nem “alma”, mas um ser unificado, no qual
todos aos aspectos da existência são designados para funcionar de uma maneira
integrada para a glória de Deus. O homem é realmente a imagem viva de Deus na
terra, e por isso a ele é dada a tarefa de servir como o representante divino e
de dirigir os caminhos daqueles aspectos da criação que são postos sob seu
controle (Gn 1.28). Embora ele tenha sido feito à imagem de Deus, é ainda
inferior à deidade em estatura (Sl 8.6-8). Não obstante, é coroado com a glória
e honra, porque foi feito especialmente para gozar da comunhão com o Criador.
Diferentemente da criação animal, que deve obedecer a impulsos e leis
instintivos, foi dada ao homem a liberdade de escolha como parte de sua herança
espiritual. Embora sua vocação primária seja servir a Deus no mundo natural,
ele é singular no sentido de ser a única criatura que pode responder a Deus em
desobediência, assim como em fé e confiança. O homem pode insultar a Deus,
assim como louvá-lo, e pode se separar da presença divina ou manter a comunhão
com a mesma facilidade. Certamente esta última era a intenção clara do Criador,
já que nenhuma outra espécie pode articular louvores divinos. Portanto, o homem
foi feito para se comunicar com Deus de forma inteligente e significativa, um
ideal que depois foi atribuído à nação de Israel num relacionamento de aliança
com Deus (Is 43.21).
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 1219-1220.
CRIATURA(S) Em hebraico, uma criatura, epesh, é qualquer
ser vivente (Gn 1.21,24; 2.19), como por exemplo, quando Deus soprou "o
fôlego da vida" no homem, ele se tornou uma "alma" vivente
(nepesh, Gn 2.7). A palavra também é usada para se referir a todos os seres
animados criados, tanto humanos como animais, em toda a criação (Gn 2.19; Em
8.19-22). Porém, nas demais passagens, aplica-se especificamente a animais ou
criaturas aquáticas (Gn 1.20,21,24; 9.10,12,15,16; Lv 11.46). No NT a palavra
assim traduzida (gr. ktisis) também significa: (1) uma coisa individual ou um
ser criado, "coisa criada" ou "criatura" (Rm 8.39; Hb
4.13); (2) a soma total de todas as coisas criadas, "criação" (Mc
13.19; 2 Pe 3.4).
Paulo descreve um
homem redimido como uma "nova criatura" (2 Co 5.17; Gl 6.15). Uma vez
que a palavra grega é ktisis, o apóstolo quer dizer que um homem redimido é uma
"nova criação".
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 475.
Heb 11.3 Ao
contemplar a origem do mundo observável da natureza, o escritor reconhece a
necessidade de um salto da fé. Se a explicação fosse restrita a fenômenos que
podem ser testados, nenhuma fé seria necessária.
O invisível seria
automaticamente excluído, porque somente as coisas que podem ser vistas seriam
consideradas como dados válidos. Mas as palavras Pela fé entendemos demonstram
que o conhecimento não é independente da fé. Esta declaração tem alguma
aplicação ao conceito científico do mundo. A ciência não poderia rejeitar a
idéia de que o universo foi formado pela palavra de Deus, porque este conceito
não depende de uma avaliação científica dos fatos “vistos.” 0 escritor
reconhece que a aceitação de um ato criador especialmente de Deus é possível
somente à fé. Mas por que introduz o assunto a esta altura da sua discussão?
Que relevância tem para este catálogo dos homens de fé? A resposta acha-se no
fato de que não pode considerar o mundo dos homens à parte do seu meio-ambiente.
Pelo contrário, o interesse que Deus tem na fé dos indivíduos é condicionado
pelo Seu propósito na criação. Se a fé é exercida pelos homens na terra, deve
dizer respeito ao fato que tudo quanto existe na terra está sob o controle de
Deus. O escritor já deixou claro em 1.2 que o Filho foi o agente através de
quem Deus criou o mundo, embora empregue aqui um verbo mais expressivo
(katêrtisthai) para o ato da criação.
Neste contexto
significa “mobiliar completamente ou equipar” e assim chama a atenção à
perfeição do número total de atos criadores e vê a totalidade como uma unidade
equilibrada e completa. É a função da fé fazer este discernimento.
O resultado da fé é
declarado assim: o visível veio a existir das coisas que não aparecem. Quer
dizer que a fé postula que um poder invisível foi a causa eficaz do mundos dos
fenômenos. Este é um ponto de vista em plena harmonia com a narrativa da
criação em Gênesis. Esta idéia da criaçãoex nihilo não era favorecida pelo
mundo grego contemporâneo.
DONALD
GUTHRIE .Comentário Bíblico Cultura
Cristã. Hebreus. Editora Vida Nova. pag. 213.
Heb 11.3 A fé não é
somente uma experiência interior da presença de Deus. A fé também proporciona
entendimento de acontecimentos que não podem ser elucidados racionalmente. É
isto que o apóstolo enfatiza com as palavras: Pela fé, entendemos que foi o
universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir
das coisas que não aparecem. Ninguém estava presente por ocasião da criação do
mundo. Deus estendeu o véu do mistério para o nosso entendimento humano sobre a
formação do cosmos e o começo da esfera terrestre, um véu que os seres humanos
provavelmente jamais retirarão. O fato de que neste contexto o apóstolo nos
remete à primeira página da Bíblia pode nos mostrar que no relato da criação na
Bíblia não se trata de lendas antigas ou concepções mitológicas há muito
ultrapassadas, mas de uma revelação confiável de Deus, que no entanto é acessível
somente à fé. Precisamente neste ponto a fé se revela como autêntico “sexto
sentido” (cf. 1Jo 5.20). À pessoa que crê foi concedido um entendimento da
realidade que sempre estará inacessível para o descrente. O v. 3, portanto,
intensifica a afirmação que o apóstolo fez no começo do presente trecho, de que
a fé “é uma convicção interior de coisas que não se veem” (tradução do autor).
Fritz
Laubach. Comentário Esperança Cartas aos Hebreus. Editora Evangélica
Esperança.
2. Há um Criador.
Na reflexão de Salomão,
Deus aparece do começo ao fim. Em Eclesiastes 12.1, ele fala de Deus como o
Criador e em Eclesiastes 12.13, ele mostra Deus como o supremo Juiz. Deus está
desde o começo até ao fim! A ideia que o hebraico bara, traduzido como criar,
passa é o de moldar e formar a partir do nada. É a mesma palavra usada em
Gênesis 1.1, quando diz que “no princípio criou (hb. bara) Deus os céus e a
terra”. Foi Deus quem criou, moldou e deu forma a criatura a quem Ele chamou de
homem! E mais, criou a partir do nada! Sem Deus o homem é um nada! Forçosamente
esse fato nos remete a enxergarmos o homem como a criatura, Deus como o
Criador; o homem como ser temporal, Deus como o ser eterno! Esse fato nos ajuda
também a encarar a vida com mais humildade e prudência.
Em seu excelente
livro Quem é Deus — elementos de teologia filosófica, o teólogo Battista Mondin
comenta:
Para o homem, Deus é
tudo: sua causa primeira seu fim último, a fonte de sua vida, a luz da sua
inteligência, a chama da sua esperança, o objeto do seu amor. Por isso, o homem
jamais deve cessar de buscá-lo com todas as forças do espírito, da mente, da
vontade, em todos os instantes da sua vida. De fato, “os homens sempre procuram
Deus, talvez nos ídolos, nos líderes políticos, no fragor do terrorismo, nos ídolos
da música ou do esporte. Procuram alguma coisa de essencial, mesmo sem sabê-lo.
Buscam a divindade (...) [...] Deus não pode ser tratado como uma moda, como
não podem ser vistos como moda os átomos e as moléculas, a energia atômica e
solar, a vida humana, a existência pessoal, o céu e a terra, o homem e o mundo.
Com Deus está em jogo toda a nossa existência, presente e futura, a maneira de
entender a vida, nosso projeto de humanização, os valores fundamentais aos
quais confiamos a realização de nós mesmos. A realidade de Deus não nos é
estranha; aliás, é a mais importante que existe; ela delimita o horizonte dos
nossos pensamentos, das nossas ações, dos nossos afetos, dos nossos desejos, do
nosso próprio ser. Como (e mais do que) o ar que respiramos, a água que
bebemos, a luz que nos ilumina. Deus não pode ser uma moda. Ele é a realidade
primeira, fundamental, onipresente e onicompreensiva, que nos tira do nada com
um puríssimo ato de amor, e com igual amor nos mantém no ser. É para Deus,
pois, que corre espontâneo e insistente o nosso pensamento; para ele corre
incansavelmente, como “a corça para a nascente da água.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
152-153.
Ec 12.1 Lembra-te do
teu Criador nos dias da tua mocidade. Antes de chegar ao estado lastimável da
idade avançada, o autor sagrado recomenda aos jovens que se lembrem de seu
Criador. Diversas interpretações têm sido vinculadas a este versículo:
1. Presumivelmente,
com o Criador em sua consciência, o jovem agirá corretamente, guardará a
legislação mosaica e viverá, dessa maneira, uma vida longa e próspera (Pro.
4.13; Deu. 4.1; 5.33; Eze. 20.1). Mas se esse for, realmente, o sentido, então
é provável que este versículo seja uma glosa por parte do editor piedoso, que
tentou fazer o livro de Eclesiastes conformar-se melhor à ortodoxia dos judeus.
2. Ou, então,
mediante leve emenda, podemos mudar o Criador por cisterna, um sinônimo
hebraico para esposa (ver Eclesiastes 9.9). Nesse caso, o triste filósofo
estava novamente volvendo os olhos para o seu lema: viver os pequenos prazeres
da vida, um dos quais é viver bem com uma boa esposa.
3. Ou talvez este
versículo seja determinista: lembra-te que o teu Criador determinou de antemão
todas as coisas. Portanto, vive da melhor maneira que puderes; tira vantagem da
tua juventude, pois em breve chegará a noite escura da idade avançada e, então,
virá o nada finai. Isso nos faria retroceder a Eclesiastes 11.9-10 e formaria,
segundo pensamos, uma declaração aceitável por parte do filósofo.
4. Ou, ainda, serve a
Deus com o viço da tua juventude; dá o que tens de melhor para o teu Senhor;
não Lhe dês as fezes da tua idade avançada; não te tornes piedoso na velhice,
entregando a Deus o que tiveres de resto. Se esse é realmente o sentido do
versículo, então temos aqui o editor piedoso em ação.
Dá de teu melhor ao
Mestre,
Dá da força de tua
juventude.
Vestido na armadura
inteira da salvação,
Junta-te na batalha
pela verdade.
(Sra. Charles Barnard)
Essas palavras
expressam um belo sentimento cristão; mas não temos certeza se é isso o que
significa a passagem de Eclesiastes 12.1. Talvez a terceira das quatro posições
anteriores seja a correta.
“Quando os homens se
tornam virtuosos na idade avançada, eles somente fazem a Deus um sacrifício
daquilo que o diabo deixou” (Alexander Pope).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2738.
LEMBRA-TE (12.1-8). O
homem é uma criatura do tempo. No fim, sua situação de criatura se evidencia
inequivocamente em sua dissolução. Certamente que é sabedoria elementar tomar
em consideração esse "horizonte" último (Heidegger) em qualquer
tentativa de traçar o padrão da existência. Eclesiastes recomenda o franco
reconhecimento de nosso estado de criaturas, mesmo na juventude, o período em
que isso parece menos evidente e quando a vida parece inextinguível. É somente
quando vista nessa perspectiva é que a juventude pode ser corretamente
entendida e corretamente desfrutada. O "problema da juventude" que
tem assumido proporções tão grandes em nossa época é, em grande escala,
consequência de uma falsa perspectiva, em que o horizonte fica indefinido, é a
brincadeira de um homem cego com a morte, o que é uma das principais
estultícias de nossa era.
Lembra-te do teu
Criador (1). É notório como Eclesiastes mostra sua mão aqui. A visão da idade e
da morte produz nele não memento morti (lembra-te que deves morrer), mas
memento Creatoris (lembra-te do teu Criador). Por esse conceito ele se
distingue claramente de todos os céticos, cínicos e epicureus, com quem ele
frequentemente tem sido confundido.
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Eclesiastes. pag. 25.
I. Você não são o seu
próprio, você não tem direito de vocês. Deus fez você, ele é o seu Criador: ele
fez que você pode ser feliz, mas você pode ser feliz somente nele. E como ele
te criou, para que ele preserva a você, ele se alimenta, roupas, sustenta. Ele
fez você capaz de conhecer, amar e servir a ele neste mundo, e de desfrutar-lo
em sua própria glória, para sempre. E quando você desfez-se pelo pecado, ele
enviou seu Filho para redimi-lo pelo seu sangue, e ele envia o seu Espírito
para iluminar, convencer, e tirar-lo longe de infantilidade, de vão e
insignificante, bem como de pecadores, perseguições.
II. Lembrar ele,
consideram que ele é o seu Criador, o seu Pai amoroso e afetuoso. Na juventude
memória é forte e tenaz, mas, através da perversão do coração por causa do
pecado, os jovens podem se lembrar de qualquer coisa melhor do que Deus. Se
você receber uma gentileza de um amigo, você pode se lembrar que, e sentir
gratidão por ele, e que a pessoa é, portanto, amor para você. Alguma vez lhe
deu benefícios como o seu Criador? Seu corpo e alma vieram dele, ele lhe deu os
seus olhos, ouvidos, língua, mãos, pés, etc Que bênçãos são estes! Como
excelente! Como útil! Como necessário e você vai esquecer-se dele?
ADAM
CLARKE. Comentário Bíblico de Adam
Clarke.
12.1 — Lembra-te do
teu Criador. Salomão não está sugerindo um mero reconhecimento da pessoa de
Deus; usando termos bíblicos vigorosos, ele convoca o homem aos atos adequados
que acompanham esse reconhecimento. Por exemplo, quando o Senhor se lembrou de
Ana (1 Sm 1.19), Ele fez mais do que simplesmente trazê-la à memória; Ele agiu
em seu favor, e ela concebeu um filho. Ao lembrarmo-nos dele, devemos fazê-lo com
pensamentos, palavras e ações.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1005.
II - OS
DOIS GRANDES MOMENTOS DA VIDA
1. A juventude.
Salomão, portanto,
discorrerá sobre a mocidade, da juventude se valendo de várias figuras que
retratam com vivacidade esse estágio da vida. O alvo é mostrar a nossa finitude
e com isso nos fazer enxergar quão frágeis somos diante da vida. “Lembra-te do
teu Criador nos dias da tua mocidade” (Ec 12.1). Em Eclesiastes 11.9, ele já
havia falado da juventude como uma fase de “recreação”, de “satisfação” e
“primavera”. Todas essas metáforas criam uma imagem de exuberância que é
característica da juventude. Na juventude, portanto, ninguém costuma se
preocupar com lembranças, fazer memorial, guardar a história. Daí a exortação
da necessidade de termos um referencial na vida e andarmos sempre com os olhos
fitos nele. Em o Novo Testamento o autor sagrado mostra quem é esse referencial
(Hb 12.2).
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 154.
JUVENTUDE
Os antigos conceitos
sobre a infinda e a juventude são muito imprecisos para nós. Não existe
qualquer termo, no hebraico ou no grego, para indicar o período da puberdade e
da adolescência, o que significa que os conceitos sobre a idade juvenil são, realmente,
vagos. Todavia, pode-se dizer que as mulheres eram chamadas de «virgens» ou
«donzelas» enquanto não se casassem, sem importar a idade; e um homem era
considerado jovem desde a .infância até à idade adulta, a que, conforme a
concepção dos antigos, chegava aos vinte e um anos.
Há uma certa
variedade de vocábulos hebraicos que podem ser traduzidos por «jovem», conforme
se vê na lista abaixo (damos apenas os termos principais).
1. Bachur, «jovem»,
«solteiro». Palavra que é empregada por quarenta e cinco vezes no Antigo Testamento,
conforme se vê, por exemplo, em Deu. 32:25; Jui, 14:10; Rute 3:10; I Sam. 8:16;
II Crô. 36:17; Sal. 78:63; Pro. 20:29; Ec1. 11:9; Isa, 9:17; ler. 6:11; Lam.
1:15; Eze. 9:6; 1001. 2:28; Amós.2:11.
2. Naar, «jovem»,
literalmente, «em crescimento». Palavra usada por cerca de cento e oitenta
vezes com esse sentido, porquanto também significa «servo», «criado.., conforme
se vê, por exemplo, em Gên, 14:24; 18:7; ExQ. 10:9; Núm. 11:27; Deu. 28:50; Jos.
6:21; Juí. 8:14; I Sam. 1:24; II Sam. 1:5; I Reis 11:28; II Reis 4:22; I c-e,
12:28; 11 Crô. 13:7; Est. 3:13; Jó 1:19; Pro. 1:4; Isa, 13:18; Jer. 51:22; Lam.
2:21. A forma feminina dessa palavra hebraica, naarah, aparece por sessenta e
duas vezes, conforme se vê, para exemplificar, em Gên. 24:14; Deu. 22:15,16; Jui,
19:3-6,8,9; Rute 2:5,6, I Sam. 25:42; I Reis 1:3,4; Jui. 21:12; Ester 2:2,3; Jó
41:5; Pro. 9:3,27; Amós 2:7.
3. Neurim, «jovens»,
«juventude». Esse termo ocorre por quarenta e seis vezes, conforme se vê, por exemplo,
em Gên. 8:21; Lev. 22:13; Núm. 30:3; I Sam. 17:33; 11 Sam. 19:7; I Reis 18:12;
re 13:26; Sal. 25:7; 71:5,17; Pro. 2:17; Jer. 2:2; Lam. 3:27; JoeI1:8.
4. Alumim, «jovens
.., «juventude». Palavra que aparece por quatro vezes no Antigo Testamento: Jó 20:11;
33:25; Sal. 89:45; Isa. 54:4.
Embora outros termos
também possam ser interpretados como «jovem.. ou «juventude», eles têm outros
significados mais primários, pelo que não os mencionamos aqui.
No Novo Testamento,
por igual modo, temos várias palavras gregas envolvidas, a saber:
1. Neôtes,
«juventude». Esse vocábulo foi usado por quatro vezes: Mar. 10:20; Luc. 18:21;
Atos 26:4 e I Tim.4:12.
2. Neanias, «jovem».
Palavra empregada por quatro vezes: Atos 7:58; 20:9; 23:17,18.
3. Neanlskos, «jovem,
na flor da vida». Vocábulo que ocorre por onze vezes: Mat. 19:20,22; Mar. 14:5).;
16:5; Luc. 7:14; Atos 2:17 (citando Joel 3:1); 5:10; 23:18,22; I João 2:13,14.
O primeiro desses
vocábulos gregos, neôtes, literalmente significa «novato», e, por extensão, «juventude»,
no sentido de «maço», «adolescente». Foi comumente empregado pela Septuaginta
para traduzir os termos hebraicos alistados acima. O homem que veio indagar de
Jesus o que fazer para obter a vida eterna, ao ser instruído que deveria
guardar os mandamentos, comentou: «Mestre, tudo isso tenho observado desde a
minha juventude». E o trecho paralelo de Mateus 19:20 acrescenta a esse
comentário do homem, uma pergunta: «...que me falta ainda? Tal pergunta é
extremamente importante em nossa consideração, porquanto mostra que o homem
imediatamente percebeu que a guarda dos mandamentos não era suficiente para a
salvação de sua alma. E como se ele tivesse dito: «Tenho observado os mandamentos
por toda a minha vida adulta, e isso não me salvou! ..
Paulo mostrou que era bom conhecedor da cultura e dos
costumes judaicos, desde a sua «mocidade», conforme diz nossa versão
portuguesa, em Atos 26:4. Timóteo, encarregado da liderança cristã, pelo apóstolo
Paulo, tinha uma desvantagem material, a sua pouca idade. Por isso é que Paulo
recomendou: «Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão
dos fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé. na pureza" (I Tim.
4:12). Em outras palavras, ele deveria lutar contra aquelas tendências que.
usualmente. caracterizam. Aos jovens, quanto ao seu lado pior - um procedimento
leviano, o egoísmo quase infantil, uma fé pouco desenvolvida e a tendência
natural para as questões sexuais, com pouca pureza de pensamentos. Paulo repete
esses conselhos a Timóteo, em sua segunda epístola a esse jovem, conforme se lê
em II Tim. 2:22: «Foge. outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a
fé, o amor e a paz com os que. de coração puro, invocam o Senhor. E repele as
questões insensatas e absurdas, pois sabes que só engendram contendas...
Há uma grude potencialidade nos jovens de ambos os sexos,
quando se tomam servos de Deus. Disso as Escrituras nos dão abundantes provas.
Basta que nos lembremos de jovens como José, Samuel, Davi.
Maria, o próprio
Timóteo, e tantos outros, para termos ilustrações preciosas dessa grande
verdade. Do alto de sua grande experiência, escreveu o apóstolo João aos jovens
crentes: «Jovens. eu vos escrevo porque tendes vencido o maligno.. , Jovens, eu
vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes
vencido o maligno" (I João 2:13 e 14). Isso mostra-nos do que um jovem, impulsionado
e ensinado pelo Espírito de Cristo, é capaz.
Os jovens,
geralmente, são acusados de pouco juízo e de muitas infantilidades, e isso, na
maioria das vezes, com toda a razão. Sabedor desse fato foi que Paulo
recomendou a Tito: «Quanto aos maços, de igual modo, exorta-os para que. em
todas as causas, sejam criteriosos.. (Tito 2:6). Mas, se for vencida essa tendência
para a falta de sobriedade mental, um jovem pode ser de grande utilidade no
reino de Deus.
De fato, todas as
melhores qualidades de caráter podem chegar a residir em um jovem, embora. Nos anos
de maior maturidade, ele venha a tornar-se um servo de Deus ainda mais bem
preparado. Foi o caso, por exemplo, de Daniel e seus três companheiros judeus
de exílio, Hananias, Mísael e Azarias. Verdade é que eles eram seletos.
porquanto pertenciam à linhagem real de Judá. Mas, o grande segredo daqueles
quatro jovens judeus encontra-se em Daniel 1:17: «Ora, a estes quatro jovens
Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a
Daniel deu inteligência de todas as visões e sonhos», Eles destacavam-se dos
demais jovens, e até mesmo sobressaíam a sábios de mais idade, porque o
Espírito de Deus estava com eles.
«Em toda matéria de
sabedoria e de inteligência, sobre que o rei (Nabucodonosor) lhes fez
perguntas. os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores
que havia em todo' o seu reino.. (Dan. 1:20). E a fortaleza de fé daqueles jovens
judeus também foi notável. De certa feita, ameaçados de, serem mortos na
fornalha de fogo, três deles. Hananias, Misael e Azarías, responderam com grande
maturidade e com uma fé que não vacilava: «Se o nosso Deus. a quem servimos,
quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente. e das tuas mãos,
ó rei. Se não. fica sabendo, o rei, que não serviremos a teus deuses, nem
adoraremos a imagem de ouro que levantaste.. (Dan. 3:17,18). Bem poucas pessoas
adultas teriam demonstrado tão corajosa e inflexível decisão em sua fé. E
sabemos que o Senhor honrou a fé daqueles jovens. deixando uma profunda lição
objetiva para pessoas de todas as idades. Deus jamais se mostra indiferente
para com aqueles que se põem ao seu lado, com fé e coragem.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 688-689.
Ec 11.9 Alegra-te,
jovem, na tua juventude. Que podemos dizer agora aos jovens tão plenos de
entusiasmo? Devemos dizer-lhes as mesmas coisas que dizemos aos homens maduros.
Vocês têm a juventude, usem-na nos pequenos prazeres da vida, animem o coração
com as coisas que parecem boas; cumpram o que seus olhos pedem, obtendo coisas
boas e agradáveis. Mas Deus implantou no entretecido da própria existência Seus
inevitáveis julgamentos contra os excessos. Por outra parte, provavelmente
vocês sofrerão grandes reversões, independentemente de viverem em meio a
excessos ou de maneira moderada. Contudo, se vocês quiserem tirar proveito dos
pequenos prazeres da vida, isso é o melhor que poderão fazer.
Além disso, tentem
tirar da mente, enquanto vocês são jovens, o fato da negridão do nada que
fatalmente virá. Essa condição em breve chegará. O triste filósofo novamente
enfatizou seu lema de vida: os prazeres moderados, com os quais um homem poderá
apimentar sua vida, para aliviar um pouco suas misérias. Dou notas expositivas
completas sobre esse aparente epicurismo, em Eclesiastes 2.24-25. A verdadeira
posição do autor, entretanto, era a do niilismo: não existem valores reais e
duradouros na existência humana. Portanto, temos aqui um pacote entristecedor,
como sempre: Epicurismo (um valor falso), misturado ao Pessimismo (a verdade
real das coisas) e ao Niilismo (a verdadeira avaliação da vida). Ver esses
termos na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.
O triste filósofo
apresentou-nos o falso summum bonum da vida. Ele não tinha coisa alguma melhor
para dizer, razão pela qual o disse novamente. Sua doutrina era reptiliana. Ele
nunca adquiriu asas para voar acima de sua melancólica doutrina.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2738.
Na juventude as
energias e alegrias são tão reais que chega a ser difícil considerar os outros
três fatores; por isso, o Pregador precisa dar o conselho de Deus. As pessoas
podem e devem aproveitar a vida. Alegra-te, jovem, na tua mocidade, [...] e
anda pelos caminhos do teu coração (9). Hendry escreve que as pessoas deveriam
aceitar a juventude com suas bênçãos e oportunidades, com o reconhecimento
sóbrio de que tanto a juventude como a idade estão sujeitos aos desígnios de
Deus”.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 464.
O conselho sadio (vv.
9 e 10).
Regozija-te. É um
corolário dado por Eclesiastes à doutrina do tempo. Agora é o teu tempo, diria
noutras palavras, porque vem o tempo quando dirás: "Passou o meu
tempo." O tempo dos jovens em nada Interfere cora o tempo dos idosos; cada
qual tem o seu tempo, e se os anciãos deixaram passar o seu tempo e agora não o
terão mais, quem será culpado? Por
isso o moço é
aconselhado a alegrar-se na sua juventude (v. 9). Não é, entretanto, uma
tentativa de levar além dos limites a juventude, como querem certos velhotes,
ao se fazerem passar por moços. As bênçãos da juventude sadia, equilibrada, são
uma bênção dada pelo Criador, quando a vida tem mais encantos e mais sorrisos,
quando o nosso sistema celular funciona com vigor. Depois passou. Uma
compreensão dos valores da mocidade é necessária e um sadio comportamento, a um
equilibrado modus vivendi. Não acreditamos nessas extravagâncias de muitos
moços que, por causa da sua mocidade, se vestem extravagantemente, como os
hippies, ou se portam loucamente, como os tolos. Equilíbrio e boa saúde é o que
se preconiza na mocidade. Recreie-se o teu coração... e anda pela vista dos
teus olhos, mas... Este terrível MAS é como o freio posto na boca do cavalo,
para não ir para onde o capim está mais verde, porque pode ser capim do
vizinho. O moço deve alegrar-se, mas ter cuidado; e em nenhum estágio da vicia
se requer maior cautela do que na mocidade, pois os impulsos, os apetites
carnais e sexuais são como demônios desenfreados, que podem arrastar o jovem
por caminhos que lhe arruinam a vida. Nunca a mocidade esteve tão mal orientada
por idéias liberais ou libertinas como atualmente. O desenvolvimento de doenças
venéreas nos Estados Unidos é qualquer coisa que está assombrando, as
autoridades, e já se prevê que, em pouco tempo, se igualarão às da Suécia e da
Noruega, os países onde é mais devastadora esta doença social. É o resultado do
desenfreamento da mocidade, o tal "amor livre", que está arruinando a
juventude e a família. Em cada cinco moças não se encontra uma virgem; e,
perguntando-se a 10 jovens o que pensavam da virgindade como pré-requisito para
o casamento, deram os ombros, como se fosse exigência do passado. Os resultados
dessa liberalidade social aí estão para todos verem. Sempre houve doenças
sociais, mas nunca nessa escala moderna, por causa dessa liberdade sem limites
em que a mocidade se encontra. O alegrar-se o moço e andar pela vista dos seus
olhos é normal. MAS... Para não sobrecarregar estas notas, deixamos de incluir
aqui algumas estatísticas aterradoras, parte do trivial da vida social moderna.
Para um moço ser alegre e feliz não precisa resvalar-se para a vala da
libertinagem, pois os seus recursos de jovem também se gastam e, quando mais
tarde
precisar deles, não
os terá mais. Moço, alegra-te na tua juventude e recreie-se o teu coração,
MAS... sabe que de tudo vais dar contas a Deus.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
HEBREUS 12:2. Outra
palavra incomum é o verbo traduzido olhando firmemente para... Jesus
(aphorõntes eis) que sugere a pessoa desviando firmemente o seu olhar doutras
pessoas e dirigindo sua atenção à Jesus. Sugere a impossibilidade de olhar em
duas direções ao mesmo tempo. Em qualquer certame, o olhar fito somente na meta
final é essencial, e o escritor transforma este pensamento no meio de focalizar
o próprio Jesus. Na verdade, a injunção ética é absorvida numa declaração
doutrinária. Não é sem razão que o nome escolhido aqui é Jesus, enfatizando,
assim, a Sua humanidade (como no capítulo 2). Um alvo deve ser reconhecível, e
o escritor está exortando seus leitores a fixar seus olhares no mais perfeito
exemplo de humanidade.
As descrições
adicionais, Autor (archègon) e Consumador (teleiòtên), são altamente
sugestivas. No seu conjunto, abrangem a gama total das atividades de Jesus com
relação à nossa fé. Embora a palavra archêgos possa ter o significado de
“fundador” (assim MM) no sentido de Autor, também pode ter o significado de
“líder” ou “pioneiro” (cf. o comentário sobre 2.10).
Talvez alguém pense
que Jesus não foi o pioneiro da fé para os que foram mencionados no capítulo 11,
porque veio historicamente depois deles. Mas o escritor parece considerar Jesus
como Aquele que forneceu a inspiração para todos os santos da antiguidade. A
segunda palavra ocorre no Novo Testamento somente nesta passagem e não ocorre
na Septuaginta. Retrata o mesmo pensamento de outras partes da Epístola onde
ocorre o verbo cognato (teleioõ, usado 9 vezes). O objeto destas atividades de
Jesus é descrito como sendo a fé (tês pisteõs), uma expressão usada
aparentemente para resumir a totalidade da posição cristã.
A ligação de alegria
com sofrimento neste versículo, ecoa um tema constante no Novo Testamento. Até
mesmo na véspera da Sua Paixão, Jesus falava da Sua alegria e do Seu desejo de
que Seus discípulos participassem dela (Jo 15.11; 17.13). É altamente provável
que os discípulos se lembrassem deste fato notável quando, mais tarde,
refletiram sobre a Paixão de Jesus. O escritor não considera necessário
delongar-se aqui sobre o tema da alegria, mas atribui alguma importância ao
fato de que lhe estava proposta, o que sugere que estava acima de todas as
outras coisas. Há certa correlação entre a carreira que nos está proposta e a
alegria que estava proposta a Jesus. Nos dois casos os processos de salvação
estão nas mãos de Deus.
O sofrimento está
focalizado na cruz. A ideia de perseverança já foi introduzida no v. 1, mas
aqui temos o seu exemplo supremo. É reforçada pela cláusula acompanhante; não
fazendo caso da ignominia, atitude esta que não desconhece a ignomínia, mas que
a considera sem importância em comparação com a alegria.
A posição de Jesus,
assentado à destra do trono de Deus, ecoa a ideia expressa em 1.3 e 8.1. A
Paixão é vista como parte do caminho ao trono.
Como ocorre tão
frequentemente no Novo Testamento, a cruz é imediatamente ligada com a glorificação.
Nunca é vista como um fim em si mesma, porque, neste caso, sugeriria uma
tragédia ao invés de um triunfo.
DONALD
GUTHRIE .Comentário Bíblico Cultura
Cristã. Hebreus. Editora Vida Nova. pag. 234
Heb 12.2 Na condução
da luta, toda guerra requer uma tática correspondente às condições reais. A
luta espiritual da fé requer o enquadramento nas regras da luta espiritual.
Aquilo a que o apóstolo Paulo alude com as palavras: “As armas da nossa milícia
não são carnais” (2Co 10.4), é melhor explicado em 2Tm 2.5: “O atleta que toma
parte numa corrida não recebe o prêmio se não obedecer às regras
da competição” (BLH).
O presente versículo contém regras decisivas para a luta da fé: olhar
firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus. Uma tradução exata deveria
ser: “Tirar o olhar” – em direção a Jesus. Devemos desviar nossa visão da
tribulação e do pecado, fixando o olhar da fé em Cristo. Na vida espiritual
vale a lei: o que miramos ganha poder sobre nós. Quando nos deixamos aprisionar
pelas preocupações e dificuldades do cotidiano, nossa vida de fé perderá a
alegria. O olhar para as ondas fez com que Pedro desanimasse e afundasse (Mt
14.30). Levantar os olhos para Jesus significa contar com a realidade do Deus
invisível, olhar para o Invisível. Sem dúvida, a ação prática do cristão também
faz parte disto: “fixar o olhar em Cristo” com certeza não significa que
fiquemos por longo tempo olhando para uma cruz de madeira ou metal, que está
posta sobre um altar ou pendurada na parede de uma casa de oração. Tampouco
significa que nos aprofundemos contemplativamente na pintura de Cristo de uma
artista famoso. Ambas as coisas certamente poderão ser um auxílio para a
meditação. Em contrapartida, podemos repetidamente “olhar para Cristo” ao
lermos a Bíblia com devoção, e do mesmo modo na comunhão com outros cristãos,
quando escutamos conjuntamente a palavra de Deus proclamada e nos encontramos
com os membros da igreja para a oração. Afinal, não estamos lidando com um
Senhor ausente, ou até com alguém há muito falecido. Todos os membros da igreja
de Jesus vivem da força do Cristo presente. O Espírito Santo quer nos
conscientizar em cada tribulação, em cada provação da fé, de que Jesus Cristo
vive pessoalmente em nós. Quando tomamos “da sua plenitude, com graça sobre
graça” (Jo 1.16 [RC]), quando vivemos hoje no poder do Senhor ressuscitado,
concretizamos o que o relato do evangelista declara acerca dos discípulos: “a
ninguém viram, senão Jesus” (Mt 17.8). Afinal, ele não somente é o Iniciador da
fé, o “Líder” da procissão de testemunhas da fé que o apóstolo expôs diante de
nós em Hb 11. Jesus também é o Consumador da nossa fé. Nas palavras do apóstolo
reside uma exortação incontornável para a humildade e modéstia. Ninguém de nós
levou-se a si próprio para a fé. A participação da salvação é presente divino.
“Somos feitura dele” (Ef 2.10). Ao mesmo tempo reside nestas palavras uma
promessa consoladora da esperança que auxiliará almas atribuladas. Deus não
deixará pela metade a obra graciosa que começou. Ele próprio está empenhado no
aperfeiçoamento de nossa jornada de fé (Hb 10.14). Neste ponto unem-se
pensamentos de Hb com as palavras do apóstolo Paulo: “Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo
Jesus” (Fp 1.6). Por ter alcançado o alvo, Jesus tem a capacidade de trazer
consigo outros através do seu exemplo. Em troca (“por causa” [BLH]) da alegria
que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está
assentado à destra do trono de Deus. Aflição e aperto, pelos quais a igreja tem
de passar, aparecem numa luz diferente quando ganhamos a visão para o sentido
oculto de todo sofrimento. Já em Hb 1.2-4 e 2.5-9, assim como em Hb 10.5-7, o
apóstolo indicou que a trajetória do Cristo na auto-entrega de sua vida na cruz
conduz à glória (cf. Fp 2.5-11). Mais uma vez reluz, agora, a glória oculta de
Cristo. Ele trilhou voluntariamente o caminho da vergonha. Por isto Deus o
coroou com glória eterna. A frase relativa em grego é introduzida com as
palavras: hos anti tes prokeiménes autou charás e pode ser entendida em sentido
duplo, porque o termo anti pode ser traduzido de duas maneiras: como “em lugar
de” e “por”. Em decorrência, por um lado o sentido pode ser que: Jesus suportou
a cruz em lugar da alegria que estava diante dele. Ele poderia ter permanecido
junto do Pai na glória. O mundo da paz eterna e da alegria inexprimível era seu
ambiente de vida. Mas Jesus empenhou tudo para a nossa remissão. Ele abandonou
a existência na glória, tornou-se pessoa e morreu na cruz. Quando escolhemos a
outra possibilidade de tradução, a frase expressará que Jesus suportou a cruz
pela (com vistas à) alegria que estava diante dele. Neste caso, não pensamos em
primeiro lugar na alegria celestial, a qual abandonou, mas sim na alegria de
uma redenção eterna para todo o mundo perdido, a qual conquistou por meio de
sua morte na cruz. O prêmio da alegria, pelo qual Jesus empenhou tudo, foi a
exaltação à destra de Deus: ao se cumprir a profecia do Sl 110.1 no dia da
ascensão, Deus confirmou a eterna condição de Jesus como Filho de Deus.
Fritz
Laubach. Comentário Esperança Cartas aos Hebreus. Editora Evangélica
Esperança.
Heb 12.2 — Olhando,
aqui, significa fixando os olhos de forma confiante. Precisamos concentrarmos de
forma constante em Cristo, em lugar de nas circunstâncias.
Consumador. Cristo
fez tudo o que foi necessário para que ganhássemos fé e nela permanecêssemos. E
Ele nosso exemplo e modelo, porque se concentrou no gozo que lhe estava
proposto. Sua atenção não estava enfocada na agonia da cruz que o esperava, mas
na vitória sobre o mal, para glória do Pai; não no sofrimento, mas na salvação que
iria propiciar à humanidade e na recompensa que isso traria para todos.
Assentou-se. Jesus
está à destra do trono do Pai, para, ao final, vir a ser entronizado também (Ap
3.21).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 662.
2. A velhice.
Se a juventude é
vista como um estágio onde se começa a viver a vida com toda a sua intensidade,
a velhice aparece como um estágio final onde nada disso parece fazer mais
sentido. Aqueles corpos fortes, cheios de vigor, agora estão alquebrados pelos
anos e dando sinais claros que estão parando. O sábio não doura pílula, mas
mostra de uma forma metafórica como a velhice é bem diferente da juventude. O
prazer já não será aquele de antes, o sol não terá mais aquele mesmo esplendor,
braços, pernas e dentes já não serão tão fortes, os olhos já não enxergam tão
bem, a voz se torna fraca e os ouvidos já não escutam com precisão, o apetite
já não é mais o mesmo e os cabelos já embranqueceram. Enfim, é um vaso frágil e
sujeito a quebrar a qualquer instante!
Lançando mais luz
sobre este texto, o Comentário Bíblico Vida Nova sublinha:
A redução da luz (2a)
se refere a diminuição da capacidade de se alegrar. O retorno das nuvens (2b)
se refere à sucessão de perplexidades, quando a velhice se aproxima. Guardas da
casa é uma referência aos braços; os homens outrora fortes, as pernas; os
moedores da boca, aos dentes; os teus olhos nas janelas é uma referência à
visão (3). O versículo 4 faz várias referências à audição debilitada, ao
envolvimento reduzido com o mundo exterior e ao sono irregular. O verso 5 (deixando
a representação um pouco de lado) fala do medo de altura. Como floresce a
amendoeira é uma alusão ao cabelo embranquecendo. Gafanhoto retrata o andar
desajeitado. Perecer 0 apetite significa que o desejo sexual diminuiu. A morte
(a casa eterna) e o pranto vêm em seguida. O verso 6 apresenta duas figuras da
morte: em uma, um copo de ouro está preso ao fio de prata; a morte rompe a
corrente. A segunda figura é a de um cântaro quebrado junto à fonte. A morte
ocorre quando a roda se desfaz, o cântaro se quebra, e as águas da vida não são
mais renovadas. O versículo 7 dispensa o recurso as figuras.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
155-156.
Ec 12.2 Antes que se escureçam o sol, a lua e
as estrelas do esplendor da tua vida. Este versículo reforça o vs. 1 deste
capítulo. O sol traz o que é doce e agradável (Eclesiastes 11.7) e a luz (o dia
da juventude) fica tão brilhante que enche a vida com uma falsa esperança. Além
disso, há o brilho da lua e das estrelas. Todos esses corpos luminosos dão luz
a este mundo tenebroso; assim, a juventude tem a sua luz, e faz-se dia ou, pelo
menos, uma noite devidamente iluminada. Mas a terra inteira ficará entre trevas
quando chegar a noite da idade avançada; então, haverá a noite eterna, quando a
morte apagar todas as lâmpadas. E mesmo depois que as chuvas cessarem e o sol
romper novamente, luminoso, as nuvens retomarão para criar outra tempestade.
Isso posto, a natureza é imprevisível, e a traiçoeira juventude será suplantada
pela ainda mais traiçoeira idade avançada. Portanto, o conselho do triste
filósofo à juventude é: “Anda na luz da juventude, enquanto ela perdurar”, pois
a verdade é que não perdurará por longo tempo. Quando você for velho, olhará
para trás e dirá: “Como foi que eu envelheci?”. Você olhará para o espelho e
não acreditará no que estiver vendo.
Ec 12.3 No dia em que tremerem os guardas da
casa. A casa é o corpo humano. Nos sonhos e nas visões, uma casa com frequência
simboliza o corpo humano. Agora estamos chegando ao exame do que acontece ao
corpo (casa) do homem velho. As pessoas que cuidavam da casa, para ter certeza
das boas condições de saúde, tomavam precauções para preservar essas boas
condições físicas. Mas quando chegavam as tempestades da idade avançada, os
guardas do corpo (talvez sejam as mãos e os pés) eram derrotados e postos em
fuga. Os homens fortes que tinham por incumbência proteger a casa falhavam
quando soldados inimigos se aproximavam e ameaçavam a pessoa de morte. Ou
talvez as ameaças partissem de elementos criminosos que invadiam a casa. Assim
sendo, o corpo de um homem idoso fica sujeito aos ataques de grande variedade
de inimigos que matam seus defensores.
Os moedores da boca eram as mulheres que supriam
a casa com alimentos. Quando inimigos se aproximavam, os moedores deixavam suas
tarefas e fugiam. Essas mulheres representavam as medidas tomadas para
preservar a saúde do corpo, como o alimento. O alimento nutre o corpo e o
mantém vivo, mas chegaria
o tempo em que esse ofício nada significaria.
As pessoas olhavam pelas janelas para ver o que estaria ocorrendo do lado de
fora; talvez homens maus ficassem sob vigilância, ou talvez isso represente
maus acontecimentos. Os moedores, pois, olham para fora, cuidando das
tribulações, a fim de evitá-las. Os moedores talvez simbolizem os olhos dos
homens, que são um dos fatores da defesa do indivíduo. Assim, também esses
moedores podiam falhar, conforme o homem envelhecesse. A visão do homem falha,
do mesmo modo que as demais faculdades físicas. Mas os moedores também podem
ser os dentes, que se enchem de cáries e caem. Esse é um símbolo nos sonhos e
nas visões de morte.
“Naquele tempo, teus braços perderão as forças;
tuas fortes pernas tornar-se-ão fracas e tortas; teus dentes cairão, e já não
poderás mastigar; teus olhos não mais verão com clareza” (NCV). Símbolos
possíveis: “guardas" = mãos, braços e pernas; “homens outrora fortes” =
defesas naturais do corpo; “moedores" = dentes; “teus olhos nas janelas” =
olhos.
Ec 12.4 Os teus lábios, quais portas da rua.
No hebraico, “portas" está no número dual, indicando “portas duplas”, ou
seja, portas com duas folhas. Poderiam estar em vista os maxilares ou os
lábios, ou, mais provavelmente, os ouvidos. Os ouvidos também falham quando um
homem envelhece. A surdez corta um homem do mundo externo, fato ilustrado
inúmeras vezes. Moer os grãos de cereais faz um forte ruído, mas um homem quase
surdo não se preocupa com isso. Quando a música está tocando na casa, o pobre
homem não pode ouvi-la ou apreciá-la. Ironicamente, porém, o barulho suave dos
passarinhos, que cantam ao amanhecer, o despertam e perturbam o seu sono! E
assim, o homem idoso não pode descansar à vontade. Devido a muitos anos de
formação de hábitos, o homem velho acorda de manhã cedo, mas para quê? Ele nada
tem para fazer, exceto continuar ali, deitado, com pensamentos lúgubres. Talvez
as “aves” aqui mencionadas sejam os maus presságios. Essas aves levantam suas
vozes; o homem, quase surdo, as ouve muito bem. A morte já está a caminho. Cf.
Sal. 102.6-7 e Sof. 2.14.
As atividades do dia, no Oriente Próximo e
Médio, começavam ao amanhecer, sem relógio despertador. Os galos viviam
cantando nessas horas matinais, e outro tanto faziam os pássaros. Os homens
levantam-se com o ruído produzido pelas aves, e o homem idoso e doente
desperta, mas não tem forças para levantar-se.
Ec 12.5 Quando também temeres o que é alto.
Mais descrições sobre a lamentável idade avançada e sobre a morte. A essência
da declaração é: um homem vive cheio de temores e ansiedades, tais como aqueles
que atacam as pessoas que temem lugares elevados; ele temerá dar um passeio a
pé, receando cair e quebrar as pernas frágeis; os cabelos tornam-se brancos
como as flores de uma amendoeira, pois o dia de sua juventude definitivamente
terminou; ele está aleijado e, se pode continuar andando, manqueja como se
fosse um gafanhoto. Seus desejos o abandonam, incluindo-se o impulso sexual, e
ele se torna um impotente! Essa é uma das coisas mais temidas pelos homens
idosos. Então, o homem morre e isso significa o fim de tudo. Poucos amigos
reúnem-se em seu funeral e ali lamentam, talvez artificialmente, a sua morte;
mas a maioria dos presentes diz: “Oh, ele era apenas um homem velho, chegou o
seu tempo”. E amanhã, quem se lembrará dele?
Símbolos Empregados:
1. O lugar alto espanta muita gente (e não
somente as pessoas idosas); simboliza todas as espécies de coisas que causam
ansiedades e temores nos idosos.
2. A amendoeira, cuja castanha era um fruto
muito apreciado como acepipe, agora tem somente flores brancas, simbolizando as
cãs da pessoa idosa. O idoso não tem mais estômago para alimentos saborosos.
3. O gafanhoto é um inseto que voa muito bem,
mas, se tenta caminhar, só sabe arrastar-se pelo chão. Um homem idoso é como um
gafanhoto que perdeu as asas. Ele só se arrasta pelo chão, daquela maneira
típica.
4. A alcaparreira (tradução da Septuaginta),
que supostamente tinha propriedades afrodisíacas, não mais surte efeito no
homem idoso. Ele se tornou impotente. Além disso, seu estômago não mais lhe
permite comer como antes. De modo geral, seus desejos estão amortecidos ou
mortos.
Casa eterna. Ou seja, o sepulcro, o lugar do
silêncio eterno. Não se encontra aqui a esperança da vida eterna e do lar
eterno, nos céus, embora alguns estudiosos cristianizem este versículo para
significar precisamente isso. Tal ideia é completamente estranha ao sistema do
triste filósofo (ver Eclesiastes 3.18-20).
Ec 12.6 Antes que se rompa o fio de prata.
Mais símbolos sobre esta fútil vida terrena:
1. Um fio de prata pode ser usado para
suspender uma taça preciosa ou outro objeto de decoração. Se esse fio se
romper, então o enfeite se despedaçará no chão, tornando-se inútil. Esta parte
do presente versículo tem sido tradicionalmente compreendida como o fio de
prata, uma forma de energia que se parece com uma corrente de prata, corda fina
que liga o corpo físico ao corpo espiritual e imaterial, ou alma. Essa energia
tem cerca de 5 cm de espessura, parecida com filamentos de eletricidade, que
formam uma espécie de cadeia. Trata-se de uma corda umbilical espiritual, e,
quando esse fio se rompe, há separação final entre o corpo físico e a alma. E
então que a pessoa morre. Esse tio de prata já foi visto por pessoas que têm
alguma experiência fora do corpo, ou por aqueles que entram nos primeiros
estágios da morte, que se chama “experiências de quase-morte”. Ver na
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo chamado Experiências
Perto da Morte. Ver também, no Dicionário, o verbete intitulado Corda (Cordão)
de Prata. É possível que essa parte do versículo seja um reflexo de antigas
experiências nas quais os homens viram essa corda ou fio de prata. Mas é
indiscutível que o nosso filósofo pessimista não fazia esse tipo de aplicação
da questão. Isso, entretanto, não nega a veracidade de tal experiência.
2. O vaso ou objeto ornamental que estava
suspenso pelo fio de prata, quando este se rompeu, se quebrou. Talvez esta
parte do versículo seja independente da outra. Um homem pode quebrar acidentalmente
um vaso precioso, sem que seja dito como a coisa sucedeu. Isso simboliza a
morte. O vaso é o homem ou seu corpo. O corpo se “parte", morre, e é o fim
da história daquele homem na terra.
3. Um pote quebra-se acidentalmente nas mãos
de uma mulher que o levara à fonte ou ao poço, e torna-se inútil. Temos aí
outra figura simbólica da morte.
O pote quebrado não mais contém água em seu
interior. Antes, morreu.
4. A roda junto ao poço, o aparelho que era
empregado para tirar água do poço, quebra-se e torna-se inútil. Por semelhante
modo, o corpo de um homem, cheio de mecanismos e funções maravilhosas,
desconjunta-se completamente e torna-se inútil. O homem está morto.
Estabelece-se a putrefação. Talvez a roda (o sarilho), o aparelho que há à
beira do poço, faça alusão ao coração.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2738-2739.
Idade Avançada (12.1b-5)
Os maus dias (1) aqui
se referem à velhice, não à morte, como no capítulo 11.8. O mal desses dias
está na sua miséria e limitações (cf. 2 Sm 19.33-35). Não tenho neles
contentamento se refere às experiências anteriores da vida que ofereciam
alegria. Em toda literatura ninguém retratou de maneira tão comovente a
velhice. Aqui de fato está “a música da mortalidade”. O texto é obscuro em
alguns lugares, e a linguagem é a imagem do poeta. Não se tem concordância de
interpretação em relação a algumas frases, mas o significado está claro e é
maravilhoso em quase todas as traduções.
A velhice é vista
como um tempo de luz efêmera e de dias escuros de inverno. As nuvens (2) dão a
entender depressão e a chuva pode ser entendida como lágrimas. (AT
Amplificado). “O esplendor e a alegria, o calor e os raios de sol, se
esvaíram”.4 Os guardas da casa (3) são os braços que se enfraquecem e as mãos
que tremem. Os homens fortes são as pernas que se curvam com a idade. Os
moedores são uma figura retórica para os dentes. A tradução literal é: “criadas
moedoras”; é uma referência ao costume do Oriente segundo o qual os grãos eram
moídos pelas mulheres. A expressão se escurecerem os que olham pelas janelas é
uma referência aos olhos que já não enxergam.
Rankin6 interpreta
todo o versículo 4 como um processo de surdez. Assim as janelas seriam os
ouvidos6 que, quando fechados, deixam para fora os sons da rua. O ruído da
moedura é o som habitual da vida na casa. A voz das aves é como soa a voz do
surdo: aguda e parecida com a dos pássaros.7 Para o surdo “todas as notas de
uma música ficam mais fracas” (Smith-Goodspeed).
No versículo 5, a
imagem da casa é deixada de lado, mas a descrição da velhice continua. O que
está no alto descreve o temor em relação às alturas por causa da instabilidade,
tontura ou brevidade da respiração. Espantos no caminho é uma referência aos
perigos de uma caminhada devido à falta de agilidade e risco de quedas. A
amendoeira florescente (aberta em flores brancas) é uma figura de linguagem
poética para os cabelos grisalhos. O gafanhoto for um peso é geralmente
interpretado como se até mesmo um objeto pequeno fosse difícil de ser
carregado.8 Perecer o apetite é traduzido de maneira mais literal como: “o
negociante de bagas é ineficiente” (Smith- Goodspeed). No tempo de Qoheleth,
essa baga [tipo de fruto carnoso e comestível] era usada para estimular o desejo
sexual; por essa razão, a versão Berkeley diz que “o desejo do homem se vai”
(nota de rodapé). Um significado mais amplo, e um fato real da vida, é sugerido
pela ARC, isto é, que todos os apetites naturais já não são tão intensos como
no início da vida. Moffatt convenientemente conclui essa descrição do período
final da vida da seguinte forma:
Então o homem vai
para o seu longínquo, longínquo lar, e pranteadores passam pela rua.
Mas devemos nos
lembrar de algumas coisas que Qoheleth não incluiu. Atkins expressa a sua
conclusão de forma muito interessante: “Se a velhice não for perseguida por
fantasmas demais como remorsos e medos, pode ser um tempo gracioso de
tranquilidade, com os tesouros das lembranças, a recompensa dos filhos dos
filhos, a abençoada camaradagem da mente e do espírito — e do descanso. Como um
fim de tarde num dia de verão, quando as nuvens já cobriram quase todo o céu,
mas a luz ainda tarda mais um pouco, e ainda se ouvem algumas notas musicais
dos pássaros nas copas das árvores, e esse crepúsculo é paz. Pode ser de fato
mais do que isso; pode ser a estação para ceifar e armazenar a última colheita
da vida.
3. A Morte Faz Parte
da Vida (12.6-8)
Tão certo como a
manhã que vem após a noite, a morte vem após a velhice. E mesmo que o raciocínio
do versículo 6 venha naturalmente do versículo 5b, o conectivo antes (6) remete
ao versículo 1: Lembre-se do seu Criador antes que se quebre a cadeia de prata.
A imagem do copo de ouro talvez venha dos móveis do templo, onde esse
recipiente continha o óleo que mantinha acesa a chama das lâmpadas dos
castiçais (cf. Zc 4.23). No entanto, aqui a imagem é de um copo de ouro
suspenso por uma cadeia [um cordão] de prata. O cordão é cortado; o copo cai e
se quebra (“se despedaça”). As duas figuras seguintes representam a vida como
um instrumento essencial para a continuação da existência. E um cântaro, sem o
qual ninguém pode beber da fonte, e uma roda sem a qual ninguém consegue tirar
água do poço.
Todas essas metáforas
representam a vida terrena como algo que termina subitamente e que não tem a
possibilidade de ser recuperado — o cordão é cortado; o copo despedaça, o
cântaro e a roda estão quebrados. Agora Qoheleth medita a respeito do que a
Bíblia diz sobre a criação do homem (cf. Gn 2.7): e o pó volte à terra, como o
era, e o espírito volte a Deus, que o deu (7). Pela última vez, Eclesiastes dá
o seu parecer a respeito da vida que um homem acredita terminar na sepultura:
“Completamente fútil [...] tudo é fútil!” (8, Moffatt).
Nos versículos 1-7,
encontramos uma advertência divina: Lembra-te do teu Criador. 1) Lembre-se dele
nos dias da sua juventude, 1; 2) Lembre-se dele antes que os dias da velhice
venham, 2-5; 3) Lembre-se dele antes que você seja chamado para se encontrar
com Deus, 6 e 7.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 465-466.
Recordar (12:1-8). Esta terceira instrução significa mais do
que simplesmente "pensar em Deus". Quer dizer: "prestar atenção,
considerar com a intenção de obedecer". Essa é a versão de Salomão para
Mateus 6:33: "buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua
justiça". Como é fácil deixar o Senhor de lado quando nos envolvemos com
os prazeres e as oportunidades da juventude! Sabemos que os "dias de
trevas" (11:8) e os "maus dias" (12:1) estão a caminho, de modo que
precisamos lançar alicerces espirituais firmes o quanto antes em nossa vida.
Nesses anos de juventude, o céu é claro (11:7), mas chegará o tempo em que
haverá trevas e uma tempestade atrás da outra.
Os versículos 3 a 7
oferecem uma das descrições mais imaginativas da velhice e da morte em toda a
literatura. Os estudiosos não apresentam um consenso quanto aos detalhes, mas a
maioria deles considera essa passagem um retrato de uma casa caindo aos pedaços
e que, por fim, se transforma em pó. A habitação é uma das metáforas bíblicas
para o corpo humano (Jó 4:19; 2 Co 5:1,2 [tabernáculo]; 2 Pe 1:13
[tabernáculo]), e derrubar uma casa ou tenda é um retrato da morte. O
significado pode ser:
Os guardas da casa -
nossos braços e mãos ficam trêmulos.
Homens fortes -
nossas pernas, joelhos e ombros enfraquecem e andamos encurvados. Moedores -
perdemos os dentes.
Janelas - a visão
começa a se deteriorar.
Portas - a audição
começa a falhar ou fechamos a boca pois perdemos os dentes.
Levantar - despertamos
logo cedo, com o canto dos pássaros, desejosos de dormir um pouco mais.
Música - nossa voz
começa a tremer e enfraquecer.
Medo - sentimos pavor
de alturas e medo de cair quando andamos na rua.
Amendoeira - se ainda
restam cabelos, ficam brancos como as flores da amendoeira.
Gafanhoto
-arrastamo-nos de um lado para outro, como gafanhotos no final do verão.
Apetite - perdemos o
apetite ou, talvez, o desejo sexual.
Casa eterna - vamos
para o lar eterno e as pessoas choram por nossa morte.
O versículo 6
descreve um copo de ouro - uma lamparina - pendurado do teto por um fio de
prata. O fio rompe-se, e o copo se despedaça. O "fio" tão frágil da
existência arrebenta, e a luz da vida se apaga. Somente as pessoas mais ricas
podiam ter lamparinas caras como essas, de modo que Salomão talvez esteja
fazendo uma alusão ao fato de a morte vir para todos.
O versículo também
descreve um poço com uma roda usada para puxar um jarro cheio de água. Um dia,
a roda se quebra, o jarro se despedaça e chega o fim. A fonte de água é uma
imagem de vida (Sl 36:8, 9; Ap 21:6). Quando os mecanismos da vida param, a
água deixa de fluir. O coração para de bombear, o sangue para de circular e vem
a morte. O espírito deixa o corpo (Tg 2:26; Lc 23:46; At 7:59), o corpo começa
a se deteriorar e, a seu tempo, se transforma em pó.
Pela última vez em
seu discurso, o Pregador diz: "vaidade de vaidade [...] tudo é vaidade"
O livro encerra onde começou (1:2), enfatizando a futilidade da vida sem Deus. Quando
olhamos para a vida "debaixo do sol", tudo parece fútil. Mas, quando
temos Jesus Cristo como nosso Salvador, "no Senhor, o [nosso] trabalho não
é vão" (1 Co 15:58).
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. III. Editora Central Gospel. pag. 509-510.
12.2 — Esta passagem
contém metáforas de um dos sinais típicos da velhice: o enfraquecimento da
visão.
12.3 — Os versículos
3-6 listam as enfermidades que vão acometendo a pessoa à medida que ela
envelhece, prejudicando-a no ato de servir a Deus. Se a casa representa o corpo
que envelhece, então os guardas são os braços e as pernas. Estas se curvam pela
fragilidade, o que se verifica na sentença se curvarem os homens fortes; por
isso, não se deve confiar na sustentação dos joelhos.
A expressão cessarem
os moedores alude aos dentes, que, cada vez mais raros e fracos, não conseguem mastigar
a comida tão bem quanto antigamente. Por fim, o último traço característico dessa
fase da vida é apontado na declaração se escurecerem os que olham pelas
janelas, referindo-se aos olhos quando começam a perder a visão.
12.4 — A linguagem
conotativa em as duas portas da rua se fecharem é semelhante à que foi empregada
no livro de Jó para designar as mandíbulas do leviatã como as portas do seu
rosto (Jó 41.14). Sendo assim, também é possível que neste versículo o autor se
refira a lábios e mandíbulas. Dando continuidade a essa ideia, o termo baixo ruído
da moedura ilustra o pouco ou nenhum barulho feito ao mastigar alimentos macios
na velhice, depois da perda ou do enfraquecimento dos dentes. Para concluir as
metáforas desta passagem, as vozes do canto se baixarem remete à audição;
portanto, a capacidade de deleitar-se com a música diminui.
12.5 — A sentença
temerem o que está no alto se reporta às coisas banais do cotidiano que
passaram a ser ameaçadoras. Mais um sinal da idade avançada é o eufemismo
florescer a amendoeira, ou seja, branquear-se o cabelo. Quando o gafanhoto for um
peso talvez se refira ao passo claudicante do idoso que manca apoiado em sua
bengala. Quanto ao ato de perecer o apetite, geralmente é entendido como o
desejo sexual que vai desaparecendo. Então, vem a morte, a ida para a eterna
casa.
12.6 — Alguns dizem
que cadeia de prata se refere à coluna vertebral, assim como se despedace o
copo de ouro, ao cérebro. Uma das hipóteses quanto à expressão se despedace o
cântaro junto à fonte é que isso aluda a um coração falho. Ainda neste sentido,
o sistema de veias e artérias que se difundem a partir do coração pode ter
parecido aos antigos com as traves de uma roda, por isso a frase se despedace a
roda junto ao poço. Uma explicação alternativa deste versículo é que as quatro
imagens são diferentes descrições da morte. Não se pretende que haja
representações do físico como nos versículos 3-5, e sim se descreve a
destruição de quatro itens significativos para demonstrar a finitude desta
vida.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1005.
III -
AS DIFERENTES DIMENSÕES DA EXISTÊNCIA HUMANA
1. Corporal.
Tudo o que vivemos na
vida, suas alegrias como as suas tristezas, seus acertos como também seus
erros, seu presente como seu passado, só são possíveis em razão da existência
de nossa dimensão corporal. Possuímos um corpo e Salomão chama a atenção para
esse fato: “E o pó volte à terra, como o era” (Ec 12.7a). Esse texto mostra que
o nosso corpo está sujeito às limitações do espaço e do tempo. Aqui debaixo do
sol não deveríamos nos esquecer de que nosso corpo possui essa dimensão temporal.
A propósito, a física define nosso corpo sendo um estado limitado da matéria.
Nosso corpo possui limites! Por isso o que seremos amanhã depende muito do que
fazemos com o nosso corpo agora.
A Escritura não vê
nosso corpo como sendo algo mau ou ruim. Não, pelo contrário, a Bíblia mostra
que a nossa dimensão temporal é tão importante quanto a espiritual (1 Co
6.19,20). Devemos, pois, cuidar do nosso corpo e fazer uso dele para a glória
de Deus.
A real importância da
dimensão corporal do homem não tem sido bem entendida na nossa cultura
ocidental. Isso se deve à influência da cultura grega que herdamos. Para os
gregos, que se valiam de métodos metafísicos nas suas análises antropológicas,
a parte mais importante do homem era a sua alma e não o seu corpo. Para eles, a
alma seria a mais perfeita, portanto, a causa da existência e não o corpo que
seria o seu efeito. Todavia os judeus, tendo em Filo de Alexandria o seu
expoente maior, e o cristianismo paulino já viam o homem nas dimensões:
somática (corpo); psíquica (alma) e espiritual (espírito).
O filósofo Battista
Mondin mostra a importância da nossa dimensão corporal, pois sem um corpo:
- Não podemos nos
alimentar.
- Não podemos nos
reproduzir.
-Não podemos
aprender.
-Não podemos nos
comunicar.
-Não podemos nos
divertir.
Ele destaca ainda que
é mediante o corpo que o homem é um ser social. Os fantasmas nos assustam
porque não tem corpo. É mediante o corpo que o homem é um ser no mundo.5
Valorizemos e,
portanto, cuidemos do nosso corpo!
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
156-157.
CORPO
Embora existam cerca
de catorze vocábulos hebraicos de alguma maneira ligados ao corpo físico, alguns
dos quais indicando porções do corpo como «costas», «barriga», etc., não há
nenhum vocábulo que indique o corpo inteiro. A mais comum dessas palavras
hebraicas é basar, que significa «carne». Porém. no Novo Testamento encontramos
o termo grego soma, «corpo» (usado por cerca de cento e trinta vezes) e o termo
grego ptoma, «cadáver» (usado por sete vezes: Mat. 14:12,24:28; Mar. 6:29,
15:45; Apo. 11:8,9). A palavra soma aparece desde Mat. 5:23 até Apo. 18:13. :B
usada para indicar o corpo humano, bem como os corpos dos animais (Tia. 3:3;
Heb. 13:11), os corpos vegetais, e até mesmo os corpos celestiais([ Cor.
15:35-44). E, no plural, os corpos de escravos (Apo. 18:13).
Em algumas passagens
da, Bíblia, o termo «corpo» é contrastado com a «alma» (Miq. 6:7; Mat. 10:28).
O corpo físico é o instrumento ou veículo da vida da alma neste mundo (Deu.
12:23; Isa. 53:12; II Cor. 5:10). Pode indicar a personalidade inteira (Fil.
1:20; Rom. 12: 1). Posteriormente, a teologia dos hebreus concebeu o sopro de
Deus sobre o corpo, conferindo-lhe a alma residente. A teologia anterior dos
hebreus compreendia isso como a mera animação da estátua de barro que Deus
havia formado, sem qualquer ideia de uma alma eterna. Seja como for, o corpo
físico é a manifestação inferior do ser humano, ao passo que a alma é
representante do mundo dos espíritos, do qual o homem também participa. Jesus
ensinou a importância secundária do corpo (Mat. 6:25-34). E Paulo reconheceu o
estado de humilhação do corpo (Fil. 3:21), exortando-nos a discipliná-lo, para
que obtenha uma boa expressão espiritual (I Cor. 9:27; Rom, 8:13). Além disso,
o corpo físico deve ser usado para o Senhor, por ser expressão ou instrumento
do espírito (I Cor. 6:13; Rom, 12:1; I Tes. 5:23).
Qualquer coisa que
façamos que seja prejudicial ao corpo físico, constitui uma ofensa contra o
'Espírito, que
usa nosso corpo como um lugar de sua habitação e expressão (I Cor. 6:13 ss). Isso
contraria o ponto de vista
gnóstico que fazia a matéria ser má, e que afirmava que visto que o corpo
físico é material, seria a
sede da maldade humana, ao passo que a alma humana não seria corrompida. Pode-se
mergulhar um vaso de ouro na lama, sem alterar suas qualidades e virtudes.
Assim também, para o gnosticismo, pode-se buscar o corpo das maneiras mais
devassas, sem que ISSO prejudique a alma. De fato, de conformidade com esse
ponto de vista, é vantajoso abusar do corpo, a fim de levá-lo ao fim mais
prematuro possível. Todavia, o evangelho cristão rejeita a ideia da
pecaminosidade exclusivamente do corpo, embora seja instrumento facilmente
posto a serviço do pecado (Rom. 6:12,13). Outrossim, na qualidade de templo do
Espirito, reveste-se de grande dignidade. Podemos agradecer a Deus pela saúde
física, que nos permite realizar as coisas que a nossa missão requer. O Novo
Testamento ensina a real encarnação do Logos em um corpo humano (João 1:14).
Isso indica que não se pode pensar que o corpo físico do homem seja a sede
mesma do pecado. Platão, por outro lado, chamava o corpo de prisão e sepulcro
da alma, ensinando um caminho de reformas morais e de progresso, com o intuito
de liberar a alma do corpo, a fim de que a alma pudesse atingir as dimensões
dos espíritos puros. O evangelho cristão não é tão severo contra o corpo, mas
promete aos remidos um novo corpo, de natureza espiritual, que venha a tomar-se
o veiculo da alma, para expressão nos mundos celestiais (I Cor. 15:44 ss; Fil.
3:21). Quanto a um comentário pleno sobre isso, ver Fil, 3:21 no NTI.
O corpo físico foi
criado por Deus, sendo bom em si mesmo, embora represente, indubitavelmente,
um rebaixamento
da potencialidade humana, e mesmo uma punição por causa do pecado, envolvendo-o
em coisas
terrenas e animais. Apesar disso, o homem tem um destino físico, inteiramente
distinto de seu destino espiritual.
Mesmo neste mundo, a humanidade avança para propósitos terrenos mais nobres, e
cada individuo
participa desse esforço, positiva ou negativamente. Mas, embora distinto do
elevadíssimo destino espiritual, esse destino terreno está relacionado àquele.
Assim sendo, para exemplificar, um cientista que faça bem o seu papel, e assim
ajude a aprimorar a qualidade de vida de seus semelhantes, está agindo na
qualidade de servo de Deus, ainda que não tenha consciência disso. Mas, todas as
almas, -
finalmente, haverão de seguir pela vereda da expressão espiritual, nos mundos
não-materiais, a despeito
de seguirem, então, por caminhas opostos.
Este mundo físico reveste-se de um destino; e os mundos espirituais envolvem destinos mais
elevados. Em
nossa experiência total, participamos de ambos os destinos, como uma
escola com graus inferiores e difícil superiores de aprendizado.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 928-929.
Ec 12.7 E o pó volte à terra, como o era, e o
espírito volte a Deus, que o deu.
Este é um dos mais
citados versículos do livro de Eclesiastes, mas os intérpretes não concordam
quanto ao seu significado. É claro que o corpo retorna ao pó, conforme
encontramos em Eclesiastes 3.18-20. O homem é uma criatura feita de pó que ao pó retornará.
A alusão é à formação do homem do pó da terra (ver Gên. 2.7). Mas um homem,
formado do pó da terra, volta ao pó, do qual ele é formado (ver Gên, 3.19),
Os intérpretes não
estão de acordo sobre o significado, aqui, da palavra “espírito”. Consideremos
os pontos abaixo:
1. Este versículo
pode ter sido uma adição feita pelo editor piedoso, que agora aproveitava a
oportunidade para reverter o pessimismo do triste filósofo. Se ele admitiu que
o corpo é temporal e retorna ao pó, também disse que há no homem uma parte
imaterial, o espírito (ou alma), que retorna a Deus por ocasião da morte, pois
foi Ele quem o deu ao homem; o espírito pertence a Deus. É provável que quando
o livro de Eclesiastes foi escrito, idéias gregas e orientais tivessem sido
adotadas por alguns judeus; assim, esse tipo de doutrina, que durante séculos
foi comum a alguns povos e sistemas, tivesse sido defendida, ao menos, por
alguns judeus. A noção da existência da alma começou a penetrar no pensamento
dos hebreus nos salmos e profetas, de onde tal ponto de vista não seria
anacrônico, para alguns judeus.
2. Quiçá o próprio
filósofo, já no final de seu tratado, tenha adotado o ponto de vista mais
otimista que aquele que ocorre por ocasião da morte. Essa idéia, entretanto, é
altamente improvável. Se houver aqui alguma declaração atinente à sobrevivência
da alma, ela pertence ao editor piedoso, e não ao filósofo pessimista que
escreveu a maior parte do livro de Eclesiastes.
3. Talvez o triste
filósofo seja o autor deste versículo, mas nesse caso ele não falava em
sobrevivência da alma. Deus deu ao homem o hálito animador, por ocasião da
criação (ver Gên. 2.7), pelo que o homem passou a viver como um ser vivo,
animado. Mas quando Deus recolhe o hálito do homem, o próprio homem morre,
finalmente.
"... é evidente
que Salomão não se referia aqui ao retorno de espíritos humanos individuais a
Deus, a fim de serem julgados. Descrições similares da morte (como a dissolução
do corpo e a retirada do hálito, por parte de Deus) acham-se presentes em Jó
34.14,15 e Sal. 104.29,30. Cf. também Jó 10.9” (Donald R. Glenn, in loc.). Em
contraste, temos a observação feita por Gaius Glenn Atkins, in loc.: “Terra
para terra, pó ao pó, por ocasião do sepultamento dos nossos mortos, um réquiem
tão antigo como a própria mortalidade e, no entanto, há um resplendor final de
esperança que o Koheleth (o pregador) reconheceu; uma esperança que o sepulcro
não poderia conter nem a argila dissolver. Pois Deus havia soprado sobre a
argila e o homem se tornara um espírito vivo, e aquilo que foi extraído do
abismo incomensurável, agora, volta novamente de onde veio”.
Um belo objeto serve
de alegria para sempre; sua força de atração aumenta; nunca se reduzirá a nada.
(John Keats)
Tenciono chegar a
Deus,
Pois é para Deus que
viajo tão depressa;
Pois no peito de
Deus, meu próprio lar,
Depositarei meu
espirito, finalmente.
(Johannes Agricola)
Esses são sentimentos
belos e verdadeiros, sem dúvida, mas, se for indagada qual dessas três
interpretações é pretendida pelo presente versículo, suponho que seja a de
número 3. O triste filósofo permaneceu triste até o fim. Ele não tinha asas,
continuou advogando sua doutrina reptiliana. O pó assinala a história à beira
do túmulo, mas há sinetes a tocar do outro lado. O triste filósofo, todavia,
não os ouvia.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2740, 2742.
Antes que o pó volte à terra (v.7).
De tudo quanto foi
dito, é bom lembrar de um fato, a que ninguém foge: Entregar o espírito a Deus,
que o deu. E o pó volte à terra e o espírito volte a Deus, que o deu (v. 7).
Esta criatura redime
o autor de Eclesiastes de todas as supostas omissões quanto ao destino das
almas. Os versos do capítulo 3:16-21 e 9: 1-3 estão perfeitamente esclarecidos.
O espírito de Deus nos é dado juntamente com o corpo, e quando este vai ao pó,
de onde veio, ele volta ao lugar de onde procedeu - Deus. Cada coisa no seu
lugar. A doutrina ou ensino da Imortalidade da alma humana, além de ser uma
flagrante heresia bíblica é uma impossibilidade juridico-divina. A doutrina da
imortalidade é um fato e uma necessidade para que a vida continue. Voltamos a
repetir que o jovem não conserva para sempre a sua juventude; esta passa como
as flores da amendoeira; igualmente a vida, como tudo na terra, perece. Só o
espírito, dado por Deus, volta à sua origem. Foi por isso que Moisés insistiu
em declarar que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, e esta
semelhança não é corpórea, porque Deus é espírito (João 4:24). Sugere o autor
dum artigo sobre Eclesiastes, G.S. Hendry, (1) que esta declaração de 12:7 não
é conclusiva da doutrina enunciada em 3:16-21, Isto é, no que tange à
imortalidade da alma humana. A nosso ver, se este verso não é conclusivo, então
não há nada a se concluir no mundo dos homens. Se o enunciado - o espírito
voltar para Deus que o deu - não ensina a Imortalidade da alma humana,
francamente, não entendemos mais nada. Então por que o autor não disse apenas:
E o corpo volte à terra como era? Qual a razão de adicionar uma cláusula
diferente quanto ao espírito como está
no texto? Afinal, já o vulgo diz: "Se todos pensassem do mesmo modo, este
mundo não virava."
(1) G. S. Hendry,
artigo sobre Eclesiastes, no Novo Comentário da Bíblia, p.667.
Alguns comentadores
entendem, da leitura do verso 6 do capítulo 12, que o rompimento do fio de
prata e o despedaçar do copo de ouro, mais a quebra do cântaro junto à fonte e
o destroço da roda junto ao poço, sejam uma prova da destruição da pessoa -
alma e corpo; nada sobra deste aniquilamento.
Que esta doutrina
representa o fim da vida, não temos dúvida, e é o que espera todo mortal neste
mundo. Todavia, levantamos uma exceção quanto ao espírito, que o escritor
sagrado declaradamente diz ser o sopro de Deus, o fôlego de vida (Gên. 2: 7).
Pensa o autor do artigo em o Novo Comentário da Bíblia que o Eclesiastes,
avançando um tanto além da posição assumida em 3:21... suas palavras aqui,
apesar de sugestivas, não são de tal ordem que formem o fundamento de uma
esperança de imortalidade.
(1) G. S. Hendry,
artigo sobre Eclesiastes, no Novo Comentário da Bíblia, p. 666.
Se tivéssemos de
admitir que estes vocábulos não acrescentam coisa alguma a 3:21, teríamos de
confessar que as palavras perderam o sentido. Quando o escritor sagrado diz que
O Pó VOLTE À TERRA COMO ERA E O ESPIRITO VOLTE A DEUS, QUE O DEU, concluiu
tudo. Não há necessidade de mais argumentos. Se o espírito volta para Deus,
como é que vai ser destruído junto com o corpo?
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
Então o pó volte à
terra, como o era, eo espírito volte a Deus, - 5. Putrefação e solução de
ocorrer; toda a massa torna-se decomposto, e no decorrer do tempo é reduzido ao
pó, do qual ele foi originalmente feito, enquanto o espírito, (haruach), que o
espírito, que Deus em primeiro soprou nas narinas de homem, quando em
consequência se tornou uma alma vivente,
um inteligente,
animal racional, discursando, retorna a Deus que o deu. Aqui, o homem sábio faz
uma distinção mais evidente entre o corpo ea alma: eles não são a mesma coisa,
não são tanto a matéria. O corpo, que é matéria, retorna ao pó, a sua original,
mas o espírito, que é imaterial, retorna a Deus. É impossível que duas
naturezas podem ser mais distintos, ou mais enfaticamente distinguidos. O autor
deste livro não era um materialista. Assim termina esta afetando, mas elegante
e acabada imagem, da velhice e da morte. Veja uma descrição da velhice
semelhante, mas muito inferior, para isso, na Agamenon de Esquilo, 5:76-82. Foi
por vezes que a circulação do sangue, o que foi considerado uma descoberta
moderna pelo nosso conterrâneo Dr. . Harvey, em 1616, era conhecido por
Salomão, ou quem foi o autor deste livro: as fontes, cisternas, jarro, e roda,
dando rosto suficiente para a conclusão.
ADAM
CLARKE. Comentário Bíblico de Adam
Clarke.
2. Espiritual.
Se por um lado
possuímos uma dimensão corporal, por outro Eclesiastes 12.7 revala também que
possuímos uma outra dimensão — a espiritual: “E o espírito volte a Deus, que o
deu” (Ec 12.7b). Aqui são duas dimensões, mas não independentes uma da outra. O
homem é um ser integral, constituído de espírito, alma e corpo (1 Ts 5.23).
Salomão omite em Eclesiastes 12.7 a parte psíquica, porque já falou dela com
exaustão em todo o livro de Eclesiastes, especialmente no capítulo 12.1-6. O
hebraico ruach é traduzido como vento, fôlego, hálito e espírito.
O contexto desse
capítulo, que faz um contraste entre o temporal e o eterno, não deixa dúvida de
que esse termo significa “espírito” como a parte imaterial da qual o homem é
constituído (1 Ts 5.23; 2 Co 5.8; Fp 1.23). Assim como cuidamos da nossa parte
matéria devemos também cuidar da espiritual (2 Co 7.1; 1 Tm 4.8).
Se por um lado
corremos o risco de negligenciar a nossa dimensão corpórea, por outro corremos
o risco de superestimar a dimensão espiritual. Há cristãos que espiritualizam
tudo! Caem numa passividade mental extremamente perigosa. Um outro dia um amigo
pastor contou-me uma história cômica, mas que na verdade revela o erro onde
muitos crentes estão caindo. Há na sua igreja um irmão que dizia não fazer nada
sem Deus mandar. Não usava sua razão para nada, caiu numa total passividade
mental. Meu colega observou que a situação chegou ao extremo quando certo dia
recebeu uma ligação daquele irmão. Ainda não eram seis horas da manhã quando
aquele irmão ligou perguntando ao pastor se poderia ir ao banheiro!
Como pastor também já
pastoreei crentes assim. Nos casos que acompanhei pude constatar nesse irmão um
tipo de esquizofrenia profunda que necessitava urgentemente de tratamento. São
pessoas que começam a dialogar com uma voz interior e que passam a ser
totalmente dependentes dos comandos dado por essa voz. Acreditam que essa voz
seja Deus, mas na verdade trata-se de um distúrbio mental que precisa ser
tratado com oração e medicamentos.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
157-158.
ESPIRITO O princípio essencial e ativador ou a força
animadora dentro dos seres humanos vivos.
No Antigo Testamento.
O substantivo hebraico ruah ocorre 377 vezes no Antigo Testamento e normalmente
é traduzido como "fôlego", "vento" ou "espírito"
(por exemplo, Gn 6.17; 8.1; 41.8). Em Ezequiel 37.1-14 os três diferentes
significados podem ser observados. no versículo 96 significa
"ventos", nos versículos 5,6,8,10 "fôlego" e no 14,
"espírito". O substantivo deriva de um verbo que significa expelir o
ar pelo nariz com violência. Com respeito aos seres humanos, ruah algumas vezes
representa o "centro da vida" e é praticamente um sinônimo de
nephesh, "alma". No entanto, em geral, nephesh é a própria pessoa como
um indivíduo, ao passo que ruah deve ser entendido como o princípio animador
(Jó 32.8,18; SI 143. 4,7). O homem não tem poder para reter seu espírito (Ec
8.8; SI 104. 29) e quando morre, seu espírito deixa seu corpo (SI 146.4). A
palavra hebraica ruah também é usada como um termo psicológico para denotar
vitalidade, animação ou vigor (Jz 15.19; 1 Rs 10.5), moral ou coragem (Js 2.11;
5.1; Is 19.3), temperamento ou ira (Jz 8.3), disposição básica (Nm 14.24; SI
51.10; Is 54.6), ca-ráter moral (Ez 11.19; 36.26) e impulso ou atitude
dominantes (Pv 16.18,19; Nm 5.14; Is 57.15). Várias vezes um espírito mau ou
demónio é indicado por ruah (1 Sm 16.14-16,23; 18.10; 19.9; Os 4.12; 5.4) e o
espírito de mentira de 1 Reis 22.19-25 é obviamente um ser pessoal. Mais de 80
vezes a palavra refere-se ao Espírito de Deus, o Espírito do Senhor, o Espírito
Santo. No Novo Testamento. A palavra grega pneuma tem uma variedade de significados
semelhante aos de ruah. "Vento" é obviamente o significado em João
3.8a: "O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz". Em 2
Tessalonicenses 2.8 lemos a expressão "assopro da sua boca". Uma
característica teologicamente mais importante, é que o espírito é o que dá vida
ao corpo. O espírito da filha de Jairo retornou ao seu corpo e ela levantou-se
imediatamente (Lc 8.55). Após a morte da pessoa justa, sua pneuma continua
vivendo como um ser independente nos céus (Hb 12.23).
Psicologicamente,
pneuma denota a parte não material da personalidade humana em expressões como
"purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito" (2 Co 7.1)
e "para ser santa, tanto no corpo como no espírito" (1 Co 7.34). O
espírito pode simplesmente significar o próprio ser de cada pessoa:
"recrearam o meu espírito e o vosso" (1 Co 16.18; cf. 2 Tm 4.22).
Mais especificamente, no entanto, pneuma é a fonte ou berço do discernimento de
uma pessoa (Mc 2.8), das emoções (Mc 8.12; Jo 11.33; 13.21; At 17.16; 18.25) e
da vontade (Mt 26.41; At 19.21) E o espírito do homem dentro dele que pode
"conhecer" os seus pensamentos, ou seja, compreender seu estado
humano (1 Co 2.11). Através do novo nascimento, o espírito do homem torna-se
vivo para Deus e sensível à voz interior do Espírito Santo (Rm 8.16). Como o
espírito é constantemente renovado, ele é capaz de governar as atitudes da
mente (Ef 4.23). O espírito capacita uma pessoa a pensar em termos espirituais,
porque por sua vez é controlado pelo Espírito de Cristo que compartilha a mente
e a atitude de Cristo com o crente (1 Co 2.16). Assim, o espírito humano
regenerado, quando humildemente submisso a Cristo, é capaz de ter mansidão e
bondade em relação às outras pessoas (1 Co 4.21; Gl 6.1). Tal disposição é caracterizada como
um "espírito manso e quieto" (1 Pe 3.4).
O Novo testamento,
frequentemente, refere-se a espíritos como seres não físicos independentes.
Normalmente estes seres-espíritos são iníquos, ou demónios; mas os anjos também
são classificados como espíritos (Hb 1.4,14). Para uma discussão sobre o
Espírito de Deus, veja Espírito Santo. Veja Anjo; Antropologia: A natureza do
homem; o homem interior; Espírito Santo; Alma; Demonologia; Ventos. J. R.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 680-681.
1 Ts 5.23:— A oração
de Paulo pelos tessalonicenses é que eles possam ser santificados em todas as instâncias
de seu ser, espírito, e alma, e corpo. Cada uma deve dar evidências de que ele
está separado como uma pessoa santa para Deus. Como resultado, os cristãos
serão irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Os cristãos já
são santos no sentido de que foram separados para Deus. Paulo exorta os
tessalonicenses a expressarem santidade nesta vida para que o Senhor aprove a
conduta deles em Sua volta. Irrepreensíveis significa livres de motivos para
repreensão e arrependimento.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 570.
A vida piedosa (vv.
22-24). O propósito da adoração é nos tornar cada vez mais semelhantes a Cristo
em caráter e em conduta.
William Temple,
falecido arcebispo de Canterbury, deu a melhor definição de adoração que já
ouvi: "Adorar é avivar a consciência pela santidade de Deus, alimentar a mente
com a verdade de Deus, purificar a imaginação pela beleza de Deus, abrir o coração
para o amor de Deus e dedicar a volição ao propósito de Deus".
Paulo enfatiza o
equilíbrio na vida cristã com seu aspecto negativo: "Abstende-vos de toda
forma de mal" (1 Ts 5:22) e com seu aspecto positivo: "O mesmo Deus
da paz vos santifique em tudo" (1 Ts 5:23). Algumas igrejas pregam apenas
o aspecto negativo, o que resulta em vidas e ministérios desequilibrados.
Santificar significa "separar para o uso exclusivo de Deus". Existe
uma santificação posicionai (Hb 10:10); fomos separados para Deus de uma vez
por todas.
Existe, também, uma
santificação prática (2 Co 7:1), ao lidarmos diariamente com nossos pecados e
crescermos em santidade.
Tudo isso culminará
na santificação perfeita (1 Jo 3:2), quando virmos Cristo e nos tornarmos eternamente
semelhantes a ele. A expectativa de ver Jesus Cristo é a grande motivação para
a vida de santidade.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 246.
1 Ts 5.23 A carta
chegou ao fim. Mas todo autor de uma carta tem a necessidade natural de mais
uma vez expressar, no final, os desejos que traz no coração em favor do outro,
depois de dizer tudo o que havia para dizer, agradecer, exortar e comunicar.
Esse voto final dos três é: “santificação e preservação”. Há pouco lembraram os
perigos que ameaçam a igreja, assim como falaram (1Ts 3.1-5) das preocupações
que tiveram por essa igreja sob a cruz. A história da igreja em Tessalônica na
verdade segue, e com ela segue a história de cada cristão individualmente. Como
será ela? Sempre adiante e mais cabalmente santificada e preservada
inteiramente em Espírito, alma e corpo – se esse fosse o grande fio condutor
dessa história!
Werner
de Boor. Comentário Esperança Carta aos 1
Tessalonicenses. Editora
Evangélica Esperança.
2 Cor 5.8
“Entretanto, temos bom ânimo, preferindo emigrar do corpo e imigrar até o
Senhor (ou: ter nossa pátria junto do Senhor).” Desse modo a morte é colocada sob
uma nova luz. Conquistamos, assim, um ânimo completamente novo, “bom ânimo”. Já
não é apenas questão de gemer, mas torna-se algo que nós “preferimos”. Essa
perspectiva da morte corresponde exatamente ao que Paulo escreverá alguns anos
mais tarde aos filipenses (Fp 1.23).
Neste v. 8 Paulo fala
indubitável e claramente de ir até o Senhor logo no momento de sua morte.
“Emigrar do corpo” não é uma descrição da “transformação” na parusia, do “ser
revestido”, mas do morrer. Esse “emigrar do corpo” faz com que “tenhamos nossa
pátria junto do Senhor”. A declaração corresponde com precisão à de Fp 1.23. Em
ambas as passagens Paulo enfoca o “ganho” da morte e a partir disso chega a
concordar com a morte que supera o “gemer” e praticamente alicerça um
“preferir” a morte. Contudo Paulo não precisa anular o que afirmou nos v. 2-4!
O que foi dito nesses versículos é verdadeiro e continua válido. A aparente
“contradição” entre a primeira e a segunda parte da passagem é apenas a
expressão da vitalidade de nossa vida interior, que não pode ser formulada
lógica e linearmente. De fato é assim que tememos o morrer como um duro
despedaçar-se, ser despido e emigrar e que apesar disso o saudamos como um
retorno do estrangeiro para casa, para nosso Senhor. Não obstante, persiste o
anseio de presenciar a parusia do Senhor e entrar diretamente, sem morrer, na
plenitude de vida da nova existência.
Werner
de Boor. Comentário Esperança 2 Cartas aos Coríntios.
Editora
Evangélica Esperança.
2 Co 5.8Aqui está
expressa a confiança dos cristãos nos termos mais definidos: Visto que, por
isso, estamos sempre com boa coragem e sabemos que, enquanto em nossa casa do
corpo, estamos ausentes de nosso lar no Senhor. Porque Paulo e todos os
cristãos têm o penhor do Espírito, sentem sempre Sua presença animadora em seus
corações pela palavra, sempre estão em consolação certa. E isto é verdade, mesmo
que saibam que enquanto estão em casa neste corpo, estão ausentes do lar
verdadeiro e permanente no Senhor. Temos neste mundo, tão somente, uma
residência breve e temporária que, por enquanto, chamamos de lar; há, porém,
uma aspiração pelo lar, uma saudade pelo céu, que sempre caracteriza os
cristãos. Isto também está expresso na sentença parentética: Pois andamos por
fé, não por aparência. A fé é a esfera em que temos nossa existência aqui sobre
a terra, que é o estado em que sempre nos encontramos; mas quando vem o
cumprimento, veremos e contemplaremos face à face o que aqui esperávamos e em
que críamos. Agora estamos ausentes do Senhor, distantes do lar; então
estaremos em casa, lá onde desde a nossa conversão somos cidadãos, Fp. 3. 20.
Mas assim como os
cristãos, que são os possuidores do penhor do Espírito, têm sempre em destaque
em seus corações o sentimento de coragem e certeza, assim este sentimento se
destaca especialmente e em toda sua força quando chega o tempo de seu retorno
ao lar: Temos bom ânimo e boa disposição para deixar nossa casa no corpo e
estar em casa com o Senhor. Vivemos, como peregrinos e estrangeiros, nesta
tenda frágil de nosso corpo mortal e andamos de lugar a lugar, não tendo aqui cidade
permanente. Por isso o prospecto da morte, longe de nos encher de medo e
desânimo, antes devia inspirar em nossos corações nova esperança, confiança e
coragem, visto que sabemos que, apesar de seu aspecto ameaçador, só nos abre as
portas ao lar de nosso Pai. Somos, por isso, sempre de bom ânimo, sabendo que o
Senhor nos aceitará como os Seus e que Sua graça, que já aqui nos veste com as
vestes de salvação, no lar glorioso lá de cima nos revestirá com as vestes de Sua
glória. Estaremos em casa com o Senhor, em cuja presença há plenitude de
alegria, e á cuja mão direita há delícias perpétuas, Sl. 16. 11.
O apóstolo, contudo,
tendo à sua frente um alvo como este, conserva seu coração e sua mente fixos sobre
o verdadeiro lar lá no alto: Por esse motivo também nós fazemos nosso alvo que,
estejamos em casa ou ausentes de casa, Lhe sejamos agradáveis. Este estado de
espírito é necessário quando desejamos
que nossas esperanças e nossas ambições se cumpram; isto significa desenvolver
nossa salvação com temor e tremor, com uma singeleza de coração que não pode
ser desviada de seu objetivo. Pois, seja que o Senhor, quando vier, nos ache no
corpo, ou ainda vivendo na tenda desta carne mortal, ou seja que nos encontre
fora do corpo, tendo a morte separado a alma de sua frágil habitação, uma coisa
é certa, a saber, que no tempo presente nos empenhemos para viver de tal modo
como Lhe agrada. E nisso somos impelidos para frente por meio do pensamento
sobre o juízo final: Pois todos devemos ser manifestos perante o trono do juízo
de Cristo, para que cada um receba as coisas feitas pelo corpo, conforme o que
fez, seja bom ou mau. Cristo está por vir para julgar a todos, os vivos e os
mortos; todos eles precisam comparecer diante Dele. Serão revelados ao mundo, a
todas as pessoas, bem como a eles próprios, seu caráter, até mesmo seus
pensamentos secretos, exatamente como sempre foram conhecidos ao próprio Juiz.
E quando a sentença é pronunciada, cada um receberá o salário de suas obras que
fez no corpo, enquanto esteve no mundo. Notamos que o poder do julgamento,
ainda que, via de regra, atribuído ao Pai, contra quem são direcionados todos
os pecados, Sl. 61. 13; Jr. 17. 10, é aqui, como em João 5. 22; Mt. 25. 31-46,
e alhures, atribuído ao Filho, o que é um fato que coloca Sua divindade acima
de qualquer dúvida. O juízo é inevitável, e será eminentemente justo e, todos
os sentidos. Aqueles que deram provas de sua incredulidade, praticando atos
maus e perversos, serão recompensados na mesma espécie, recebendo uma punição
em proporção aos seus atos perversos. E aqueles que praticaram o bem, que assim
deram evidência da fé de seus corações, receberão uma recompensa graciosa das mãos
do Juiz, que os tornará participantes da glória celeste. Desta forma o
pensamento do juízo futuro é uma das razões que incitam e estimulam o cristão a
uma vida de santificação.
KRETZMANN.
Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo
Testamento. Editora
Concordia Publishing House.
2 Co 5.8; Paulo
reforça o início do versículo 6 repetindo a mesma cláusula, “estamos confiantes”,
e acrescentando a expressão na verdade. Mas o que ele está dizendo
sequencialmente é o oposto do pretendido lema coríntio: “Enquanto estamos em
casa no corpo, estamos longe do Senhor” (v. 6). Ele inverte as palavras desse
lema e comunica como está ansioso por estar com o Senhor. Ele registra o mesmo
ensino em outro lugar: “Tenho o desejo de partir e estar com Cristo, o que é
incomparavelmente melhor” (Fp 1.23). Paulo quer deixar seu corpo físico e
entrar no céu, à presença do Senhor.
Essas palavras não
teriam causado nenhuma dificuldade se Paulo não tivesse escrito que ele não
desejava ser despido, e sim vestido (vs. 3, 4). Como pode Paulo, que aborrecia
a ideia de uma separação de corpo e alma, dizer que prefere estar longe do
corpo? O desejo dominante de Paulo é estar com Cristo, pois isso para ele é
vida, e morrer é lucro (Fp 1.21). Ele tem de escolher um de três estados
diferentes:
1. estar vivo na
volta de Cristo e receber um corpo transformado e glorificado;
2. morrer, deixar o
corpo e estar em casa com o Senhor com uma alma despida;
3. permanecer no
corpo por causa dos compromissos para servir à Igreja (Fp 1.24-26).
Dessas três escolhas,
Paulo opta pela primeira. Mas se o Senhor tardar e a morte o apanhar, ele
optaria pela segunda. Apesar de tudo, por causa do progresso da Igreja, ele tem
de escolher a última opção.
Resumindo, se há uma
demora na vinda de Cristo, ele optaria pela segunda.
Como interpretamos o
conflito aparente na apresentação de Paulo? Talvez ajude um paralelo que se
pode descobrir observando a comissão de Paulo como apóstolo aos gentios e sua
atitude de estar pronto a morrer pelo Senhor (Atos 20.24; 21.13). Ele pediu que
a igreja de Roma orasse por ele para que pudesse visitá-los no caminho à
Espanha (Rm 15.23-25, 30-32), mas ao mesmo tempo ele estava disposto a
enfrentar a
morte em Jerusalém. O conflito se resolve quando entendemos que Paulo vivia
pela fé e confiava no Senhor. Estava pronto a servir ao Senhor, mas também a
morrer por ele e então “estar em casa com o Senhor”. O grego é mais descritivo,
contudo, do que as traduções conseguem passar, pois expressa movimento e
repouso: “para ir embora para casa [e estar com] o Senhor” (comparar NEB “ir
morar com o Senhor”).
O Senhor sempre está
perto de seu povo (Sl 119.151; 145.18), e quando ele os chama à glória, esse
relacionamento continua (Ap 22.7, 12, 20). Eles deixam o corpo e estão para
sempre na presença do Senhor.
A expressão estar em
casa descreve um estado que começa no momento da morte.
HENDRIKSEN. William. Exposição de2 Coríntios. Editora Cultura Cristã. pag. 252-254.
Fl 1.23 - Paulo se
sentia em aperto de todos os lados, como uma cidade sitiada sem esperança de ver-se
livre de sua aflição. Ele estava dividido entre a possibilidade de encontrar-se
com o Senhor e a sua paixão por ministrar aos filipenses.
Neste versículo, o
desejo significa mais do que uma vontade; indica uma forte ânsia. Em relação à
profissão de Paulo como fabricante de tendas, o termo partir quer dizer
levantar acampamento ou desfazer a tenda com o intuito de preparar-se para viajar
para outro lugar.
Paulo via a morte não
como o fim da vida, mas como um momento de transição de um lar para outro. Em
sua mente, não havia uma comparação real entre a vida e a morte porque esta era
muito melhor (literalmente, “muito mais superior”).
Jesus disse que
prepararia um lugar para nós (Jo 14). Esse lugar já está preparado na casa do
Pai.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 525.
No versículo 23, ele
aponta o seu constrangimento de desejar partir: “Ora, de um e outro lado, estou
constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente
melhor”. Todos os cristãos vivem esse conflito e essa tensão. Nossa Pátria está
no céu (3.20). Nosso nome está escrito no livro da vida (4.2). A morte para nós
é lucro (1.21). No entanto, ainda temos um trabalho a fazer aqui (1.22). Estamos
no mundo como embaixadores de Deus, como ministros da reconciliação, como
cooperadores de Deus. Andar com Deus e fazer a Sua obra é a razão de ainda
continuarmos neste mundo. O cristão não foge da vida nem teme a morte. Ele
abraça a vida e a morte com a mesma empolgação. Na vida, Cristo está com ele;
na morte, ele está com Cristo. Na vida, ele realiza a obra de Cristo; na morte,
ele desfruta a glória de Cristo.
Em segundo lugar, a
preferência da morte (1.23). Paulo, após afirmar que morrer é lucro, agora afirma
que ele prefere a morte à vida. No versículo 23, Paulo nos fala sobre três aspectos
importantes da morte do cristão: A natureza da morte. Paulo fala da morte como
uma partida. Ralph Martin diz que essa palavra “partir” não deve ser
interpretada como um anseio por imortalidade, a qual os gregos procuravam
atingir mediante o derramamento do corpo físico, permitindo, assim, que o
espírito escapasse de sua prisão. A metáfora do verbo poderia ter sido emprestada
da terminologia militar (retirar-se do campo) ou da linguagem náutica (libertar
o barco de suas amarras).
O pano de fundo
geral, mais imediato, não é o debate filosófico, grego, a respeito da
imortalidade da alma, que procura libertar-se do corpo, na hora da morte, mas a
esperança de uma união mais íntima com Cristo. Essa palavra grega analyein é
muito sugestiva. Ela tem um rico significado.
Primeiro, ela
significa ficar livre de um fardo. Esse era um termo usado pelos agricultores
em referência ao ato de remover o jugo dos bois. Paulo havia levado o jugo de Cristo,
que era suave (Mt 11.28-30), mas também carregou inúmeros fardos em seu
ministério (ICo 11.22—12.10). Partir e estar com Cristo significa colocar de
lado todos os fardos, pois o seu trabalho na terra estaria consumado.
A morte é o alívio de
toda fadiga (Ap 14.13). A morte é descanso (Hb 4.9). A morte é entrar na posse
do reino e no gozo do Senhor (Mt 25.34). Segundo, ela significa levantar
acampamento. A ideia central aqui é a de desatar as cordas da tenda, remover as
estacas e prosseguir a marcha. A morte é colocar-se em marcha. Cada dia dessa
marcha é uma jornada que nos aproxima mais do nosso lar. Até que enfim se
levantará pela última vez o acampamento neste mundo e se transferirá para a residência
permanente na glória. A tenda em que vivemos é desarmada pela morte. A morte é
uma mudança de endereço. Deixamos uma tenda frágil e mudamos para uma casa
feita não por mãos, eterna no céu (2Co 5.1).
Deixamos um corpo de
humilhação e nos revestimos de um corpo de glória (3.21). Deixamos este mundo
onde passamos por aflição e entramos na casa do Pai, onde Deus enxugará dos
nossos olhos toda lágrima.
Terceiro, ela
significa desatar as amarras do barco, levantar a âncora e lançar-se ao mar.
Morrer é empreender essa viagem.
Vivendo sem medo do
futuro viagem para o porto eterno e para Deus, diz William Barclay. A morte é
uma viagem rumo à eternidade. E uma jornada para a casa do Pai, para o paraíso,
para o seio de Abraão, para a Jerusalém celeste.
Em terceiro lugar, a
bênção da morte. Paulo diz que morrer é partir para estar não no purgatório,
nem no ui mulo, ou em sucessivas reencarnações, mas estar com Cristo. Morrer é
deixar o corpo e habitar imediatamente com o Senhor (2Co 5.8). Morrer não é
partir para o além,
mas partir para estar
com Cristo no céu. A morte não é uma viagem rumo às trevas, ao desconhecido, ao
tormento ou à solidão. A morte é uma partida para estar com Cristo, para se ter
íntima, perfeita e eterna comunhão com Ele. Em quarto lugar, a superioridade da
morte. Paulo diz que morrer é estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.
O advérbio triplo em grego (literalmente: “antes muito melhor”) significa “sem
comparação, o melhor”, isto é, um superlativo superenfático. O céu é melhor.
A glorificação é melhor. Estar com Cristo com um corpo de glória é melhor. Ver
a Jesus glorificado e desfrutar a Sua companhia eternamente é melhor. Estar na
casa do Pai, onde não há mais dor, lágrima nem luto, é melhor.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 93-95.
2 Co 7.1 Por essa razão o
apóstolo parte, nas frases finais do trecho, expressamente das “promessas”, e
não dos mandamentos e exigências, ressaltando: “Tendo, pois, ó amados, essas
promessas.” Justamente agora Paulo interpela os coríntios como “amados”, amados
por ele e amados por Deus. Caracteriza “essas promessas” dessa forma por causa
de sua magnitude e beleza. São puro “evangelho”, pura graça transbordante. Por
isso
não apenas demandam
uma configuração correspondente conseqüente de nossa vida, mas geram em nós o
desejo pela purificação completa: “Queremos nos purificar de toda impureza,
tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de
Deus.” O apóstolo conta com a circunstância de que também os coríntios
“queiram”, por reconhecimento próprio e claro e pela alegria pessoal com a
elevada condição de vida que podem ter como “filhos” e “filhas” do Onipotente.
Queremos nos purificar “de toda a impureza, tanto da carne como do espírito”.
Aqui Paulo não usa as palavras “carne” e “espírito” no sentido específico que
geralmente têm nos seus textos, quando chama de “carne” a nossa particularidade
natural egocêntrica e quando, no caso do “espírito”, estabelece relação com o
Espírito de Deus. Emprega-as agora de modo semelhante ao uso que faz de “corpo
e espírito” em 1Co 7.34 e de “corpo, alma e espírito” em 1Ts 5.23. Nossa vida
exterior e nosso ser interior são por natureza maculados desde a queda no
pecado e são repetidamente manchados. É significativo que nesse contexto também
se faça referência expressa à “impureza do espírito”. O idealismo acredita que
o “espírito” seria o elemento nobre e divino no ser humano. Na verdade, porém,
justamente o espírito humano pode apresentar as mais perigosas e maléficas
máculas, o orgulho, o frio desamor, a arrogância. Em razão disso é preciso que
justamente nosso espírito também seja radicalmente purificado. Porque perante o
santo Deus somente persistirão pessoas puras. Na presença de Deus, aquele que
tem lábios impuros somente pode clamar: “Ai de mim! Estou perdido!” (Is 6.5).
Por isso carecemos da purificação constante, que ainda não se realizou de uma
vez por todas quando nos convertemos a Deus. Trata-se da purificação de “toda”
a impureza. Não podemos simplesmente escolher, deixando certas máculas
prevalecerem, considerando-as desimportantes segundo nossa própria opinião.
Contudo, a vontade de nos purificarmos de “toda impureza” seria tolhida de
antemão se contássemos com a possibilidade de que a purificação poderia não ter
êxito e a “santidade” não ser alcançada. Por isso Paulo diz que “aperfeiçoamos
a santidade”. Fazemo-lo “no temor de Deus”. A nova aliança sob a graça, a vida
na condição de filhos e filhas de Deus não exclui o “temor”, mas o inclui, como
Atos dos Apóstolos nos mostra justamente pela primeira época da igreja (At 5.5;
5.11; 9.31). Até mesmo a mais clemente proximidade que Deus como “Pai” concede
a seus “filhos” e “filhas” desperta o “temor”, por ser proximidade com um Deus
presente e santo. Este temor teme todos os pecados como incompatíveis com Deus
e “aperfeiçoa a santidade”. Pedro o declarou à igreja em unanimidade com Paulo:
“Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as
obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação”
(1Pe 1.17). A redenção pelo precioso sangue de Cristo não torna isso
desnecessário, mas constitui um motivo renovado e poderoso para a santificação
(1Pe 1.18s), para uma santificação que com sua seriedade de fato “aperfeiçoa a
santidade” e não se contenta pura e simplesmente com uma santificação
rudimentar.
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses.
Editora
Evangélica Esperança.
2 Cor 7.1 O primeiro versículo
completa o apelo do capítulo 6, que é, não receber em vão a graça de Deus. E
para tornar seu pedido muito impressionante e atraente, o apóstolo se inclui na
admoestação: Amados, visto que agora temos estas promessas, purifiquemo-nos de
qualquer poluição da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de
Deus. Gloriosas e sublimes foram as promessas de que o apóstolo os lembrara, em
especial o fato que eram o templo do Deus vivo. Todavia, um tal privilégio,
como foi natural, impôs-lhes obrigações, como também sobre todos os cristãos, a
saber, as de remover toda e qualquer poluição, qualquer contaminação, do modo
como ela se origina de todas as associações mas, com descrentes e gentios de
todas os tipos. Uma comunhão como esta polui a perfeita pureza da comunhão
pessoal do cristão com Deus. Ela não só macula do espírito, mas também o corpo.
Ela é incompatível com a correta recepção da graça de Deus, tal como o evangelho
a oferece. Cada cristão antes precisa sentir a necessidade de crescer, dia a
dia, no correto temor e na correta reverência a Deus, tornando-se, deste modo,
mais perfeito na santidade. Este devia ser o estado de espírito, ou a
disposição, de todos os cristãos, que tenham o propósito de andar ante de Deus
e ser perfeitos, Gn. 17. 1. A consagração a Deus, que começou no batismo pela fé,
precisa ser atualizada, desenvolvida, e aperfeiçoada durante a vida toda, e
isto sempre com o sentido da proximidade, da presença, de Deus, a quem nada
está oculto.
Agora Paulo, tendo em
mente este pensamento de desafiar a imitação deles, repete seu apelo do cap. 6.
13: Recebei-nos, isto é, fazei espaço para nós em vossos corações; fazei que a
antiga desagradável estreiteza em simpatia seja algo do passado. Ele está
desejoso para possuir o amor deles, está preocupado com o fato que se magoaram
com sua carta, tem o desejo para estar novamente certo do afeto deles. Por isso
lhes assegura: A ninguém fizemos algo errado, a ninguém corrompemos, de ninguém
buscamos alguma vantagem. Aqui temos o motivo do seu apelo para ser aceito por
eles em seus corações. Todas as acusações contra sua conduta moral não tiveram fundamento.
Pois, a ninguém fizera qualquer injustiça, em seu trato com eles não violara os
direitos de ninguém por meio dum desnecessário rigor de disciplina. A ninguém
seduzira por meio duma doutrina falsa, sendo que ele não fora um enganador. Em
todo seu trato com eles não tentara tirar proveito deles, também não quando os
lembrou do dever de proverem por seus mestres, e nem quando lhes recomendou um
método sistemático para coletar pelos pobres de Jerusalém. Mas para que os
cristãos de Corinto não sentissem nesta defesa do apóstolo sua falta em não
tê-lo defendido contra os ataques de seus difamadores, ele se apressa para
acrescentar: Não digo isto com o objetivo de vos condenar, pois, anteriormente,
afirmei que estais em nossos corações para juntos morrermos e para juntos
vivermos. Não deviam interpretar suas palavras como uma sentença de condenação,
visto que não os acusava de desconfiarem dele. Ao contrário, permanecia como verdadeiro
o que lhes assegurara antes, cap. 1. 6; 6. 11, que, exatamente como se sentia
certo do afeto deles para com ele, seu coração estava alargado em solidariedade
amável por eles. Em seu coração estava a imagem deles, estando inseparavelmente
unidos a ele em amor, a ponto de não estarem ausentes de seu coração fosse na
morte ou na vida. E o termo grego que ele emprega supõe que este sentimento foi
mútuo, que sua devoção pelo bem-estar deles foi correspondido pelo amor deles
por ele. Este fato faz com que ele continue com toda alegria: Grande é minha
franqueza para convosco, grande é o meu gloriar-me por causa de vós. A certeza
da solidariedade amável deles lhe dá a confiança de confessar-se de modo tão
franco a eles, de envaidecer-se tão confiantemente por causa deles, e isto, não
só nesta carta, mas na ocasião de suas visitas a outras congregações. A exultação
de seu coração sobre o progresso espiritual deles foi tamanho que exclamou:
Estou tomado de conforto, sim, mais do que isto, estou inundado de alegria em
todas as minhas aflições. Para o ministro fiel sempre há infortúnio, desgraça e
tristeza, seja por causa da perseguição do mundo como por motivo da apostasia e
da oposição dentro das congregações. Mas tudo isto é encoberto pelo consolo que
vem do sucesso do evangelho, como aquele efeito do qual o coração do apóstolo
se enche de alegria a ponto de transbordar. Esta não já não pode conter em
silêncio seu sentimento, mas precisa irromper em feliz exultação. A experiência
de todos os pastores que são inabalavelmente fiéis no desempenho de suas
obrigações, é consolo e alegria que encobre a aflição e a tristeza.
KRETZMANN.
Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo
Testamento. Editora Concordia Publishing House.
1 Tm 4.8 Olha para frente (v.
8). O atleta grego ou romano que vencia a competição era recompensado pela
multidão e, normalmente, recebia uma coroa de fouros ou uma guirlanda com
folhas de carvalho. A palavra grega para "coroa" é stephanos - a
coroa do vitorioso, de onde vem o nome Estêvão (a coroa do rei era chamada de
diadema).
Mas Paulo não
receberia uma coroa de folhas que murchariam, e sim a coroa imarcescível de
justiça.
Jesus Cristo é o
"reto juiz" que sempre julga corretamente. Os juízes de Paulo em Roma
não eram justos. Se fossem, o teriam libertado. Paulo foi julgado em diversos
tribunais, mas
estava prestes a encontrar-se com seu último Juiz, seu Senhor e Salvador Jesus
Cristo. Quem está pronto para encontrar-se com o Senhor não precisa temer o julgamento
de homens. A coroa da justiça é a recompensa de Deus por uma vida fiel e justa;
o incentivo para viver em retidão e santidade é a volta de Cristo. Uma vez que
Paulo amava essa volta e esperava por ela, era justo em sua vida e fiel em seu
serviço. Por isso, o apóstolo usa a volta de Jesus Cristo como base para sua
admoestação neste capítulo (ver 2 Tm 4:1).
Não somos chamados
para ser apóstolos, mas, ainda assim, podemos ganhar a mesma coroa que Paulo
recebeu. Se amarmos a volta de Cristo, vivermos em obediência a sua vontade e
realizarmos a obra para
a qual ele nos
chamou, seremos coroados.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 332-333.
1 Tm 4.8 — Para pouco
aproveita contrasta o valor de curto prazo do exercício físico com os
benefícios de longo prazo da piedade para tudo. A disciplina na piedade
influencia a vida do cristão, tanto no presente como no futuro. O aspecto
presente inclui obediência e uma vida de propósitos (Jo 10.10). O futuro
envolve maiores recompensas no Reino de Cristo, que está por vir (1 Co 3.10- 5;
2 Co 5.9,10).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 596-597.
1 Tm 4.8 Exercício
físico: o exercício do corpo é entendido aqui em sentido literal. A ascese
física dos hereges não podia ser inteiramente condenada. Por causa da prática
da oração, a abstinência sexual por ser tão sensata como abs-ter-se de “todas
as coisas”, quando se trata de uma luta que demanda todas as forças. E Paulo
está ciente do significado e da necessidade da disciplina e do exercício
físicos. Afinal, declara a seu próprio respeito: “Disciplino meu corpo e o
domestico.” Numa tradução adequada isso significa: mantenho meu corpo
exercitado (em condições) por meio de um treinamento direcionado que leva em
conta as fraquezas específicas, a fim de que eu o domine e não resultem
desvantagens e impedimentos às minhas incumbências como arauto do evangelho por
causa de um corpo indisciplinado ou mole.
Utilidade apenas
restrita: O pequeno proveito do exercício físico não deve ser entendido em
termos depreciativos ou interpretado como se no fundo treinar o corpo tivesse
pouca utilidade ou até mesmo fosse completamente inútil. O pouco faz parte do
transitório e é comparado a “todas as coisas” que abarcam coisas transitórias e
não-transitórias.
A beatitude é útil
para tudo. A referência à devoção que determina todas as áreas da vida não é
originária de um utilitarismo superficial (interesse centrado na utilidade) ou
pragmatismo (derivar normas e formas de conduta válidas de sua mera
finalidade), porque o exercício e proveito da devoção somente são válidos
porque possuem promessa. O ser humano não pode merecer nem forçar a obtenção da
promessa de Deus. Somente pela fé ele pode receber tanto o Espírito Santo como
a devoção, o que não contradiz a circunstância de que pelo exercício
persistente no cumprimento da vontade de Deus de fato se obtém a promessa.
Para a vida atual e
futura. Nas past está irrestritamente viva a consciência de uma devoção que
conhece a grande diferença entre o hoje e futuro eterno e ao mesmo tempo a
relação cheia de tensões entre “agora” e “outrora” (QI 9). Não constatamos
coisa diferente nos evangelhos, onde os discípulos recebem na era atual cem
vezes mais, e para a vida vindoura lhes está prometida a perfeição em Deus. Uma
vez que a busca e o esforço se dirigem ao reino de Deus e à sua justiça, as
coisas terrenas podem ser acrescentadas ao ser humano sem que ele perverta a
dádiva em posse arbitrária nem seja possuído por ela. Quem busca diretamente
prazer, ou poder, ou posse, ou alegria, sai de mãos vazias e torna-se refém do
vício. O mais importante, que tornará a vida algo que vale a pena ser vivido,
não pode ser produzido nem intencionado. É concedido aos que confiam na
promessa de Deus e se exercitam nessa confiança que supera todo o temor e toda
a avidez.
O ser humano vive do
pão e de toda palavra que sai da boca de Deus. Somente quando ao pão terreno se
acrescenta a palavra de Deus, o ser humano inteiro recebe seu alimento
completo. Por isso Timóteo deve se nutrir das palavras da fé, seguir a doutrina
com obediência, exercitar-se para o crescimento na beatitude, e então também
lhe será concedido tudo aquilo pelo que os gentios se empenham em vão.
Werner
de Boor. Comentário Esperança 1 Carta Timóteo. Editora Evangélica
Esperança.
IV -
PRESTANDO CONTA DE TUDO
1. Guardando o
mandamento.
Prestando contas de
tudo
Guardando o
mandamento
Após falar da
brevidade da vida e da necessidade de se buscar em Deus um sentido para a
mesma, o sábio conclui: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e
guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem” (Ec 12.13). Há
duas coisas que precisam ser sublinhadas nesse conselho. A primeira é que a
vida é dinâmica, mas precisa de regras, normas ou mandamentos para ser vivida.
É um chamado à observância da Palavra de Deus. Essa Palavra, ou mandamento,
(hb. mitsvah) é constituída de preceitos, que são fundamentados em princípios.
Para nosso próprio bem, devemos observar a sua letra e também o seu espírito.
Em segundo lugar, o sábio diz que é um dever nosso guardar essa Palavra ou mandamento.
Dever é algo que está acima da minha vontade ou desejos. Posso não gostar de
remédios, mas para o bem da minha saúde preciso tomar o medicamento receitado.
Posso não ter a mínima vontade de pagar impostos, mas se não o fizer vou arcar
com as consequências. Se Deus mandou devemos obedecer.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 158.
DEZ MANDAMENTOS
História da
Interpretação
O AT sustenta que a
lei é o padrão do comportamento aceitável. Ocasionalmente o aspecto cerimonial
é proeminente, mas os profetas enfatizam os aspectos éticos. As mensagens deles
são mais bem compreendidas contra o contexto do Decálogo (por exemplo, Jr 7.9).
Jesus aplicou o
Decálogo ao plano da motivação. Paulo em suas epístolas aos Romanos e Gálatas
enfatizou que a lei é escrita no coração e é proclamada para dar conhecimento
do pecado. O NT, assim como o AT, liga o Decálogo a Moisés. Exceto pelos
Gnósticos (veja Gnosticismo), os Patriarcas da Igreja geralmente reconhecem a
origem Mosaica da lei. Justino mantinha uma diferença entre a lei moral e a
cerimonial. Académicos medievais tanto cristãos como judeus ensinavam a origem
Mosaica da lei. Aquino introduziu uma divisão tripla da lei: moral, cerimonial
e judicial. Os reformadores explicaram o Decálogo, declararam sua autoria
Mosaica e fizeram ecoar a ênfase Paulina. Wesley promulgou os pontos de vista
de Paulo. Justino e os reformadores sustentaram que a lei leva ao Evangelho,
enquanto que o Evangelho leva a uma maior obediência à lei. A "crítica
elevada" levou à primeira negação da tradição Mosaica. Partes do Decálogo
foram consideradas como o resultado do desenvolvimento evolutivo de adoração
ancestral, ambiente nómade, ou de uma vida agrícola fixa. Alguns pensavam que
Moisés inicialmente criou a lei, e que ela evoluiu. Outros sustentavam que a
lei é tão altamente evoluída que Moisés não tinha ligação com ela, mas que
Moisés criou apenas um Decálogo ritual.
As tendências atuais
dos estudos bíblicos indicam um crescente apoio à origem Mosaica. As qualidades
nobres do Decálogo estão sendo datadas como cada vez mais antigas.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 547-548.
Ec 12.13 De tudo que
se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus. Encontramos aqui a alegada conclusão do
livro. Mas essa conclusão foi preparada pelas escolas ortodoxas de sabedoria,
centradas no conhecimento da lei e na sua obediência, tudo fomentado e
interpretado pelas escolas de sabedoria. A conclusão do triste filósofo,
contudo, vemos em Eclesiastes 12.8: “Vaidade de vaidade... tudo é vaidade”. Foi
assim também que esse tratado começou (ver Eclesiastes 1.2). Mas, nas escolas
de sabedoria, os homens eram homens “da lei”. A lei era o guia (Deu. 6.4 ss.);
a lei transmitia vida (Pro. 4.13); a sabedoria consistia em conhecer e obedecer
à lei; a lei tornava distintos a nação ou o indivíduo. Todos os deveres do
indivíduo giravam em torno do conhecimento e da observância da lei. O summum
bonum do indivíduo sábio e ortodoxo consistia em obedecer à lei. Mas o summum
bonum do triste filósofo eram os pequenos prazeres da vida (Eclesiastes
2.24-25), e até mesmo isso ele considerava um falso valor. Os homens das
escolas de sabedoria consideravam inteiramente possível a obtenção do saber,
porquanto a obediência à lei era considerada a própria sabedoria. Mas o triste
filósofo não pensava que a sabedoria pudesse ser obtida por homem nenhum (ver
Eclesiastes 8.16-17). Os homens das escolas de sabedoria aplicavam o seu
conhecimento para o bem, mas o mau filósofo pensava que ninguém era
verdadeiramente bom (Eclesiastes 7.16-17). A conclusão que encontramos no vs.
13 seria boa para o livro de Provérbios, mas, por certo, não é a conclusão a
que chegou o filósofo que escreveu Eclesiastes.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2743.
Ec 12.13 — Temer a
Deus é um dos grandes temas de Eclesiastes e da literatura de sabedoria no Antigo
Testamento. Temer a Deus implica obedecer- lhe a Ele com respeito, reverência e
admiração, servir-lhe com atitudes puras e afastar-se do mal e da adoração a
qualquer outra coisa em Seu universo.
As palavras guarda os
seus mandamentos remetem aos mandamentos da Lei. Jesus os resumiu a amarás ao
Senhor, teu Deus e o teu próximo como a ti mesmo (Mt 22.34-40).
Só somos completos e
íntegros quando tememos a Deus e obedecemos aos Seus mandamentos, porque este é
o dever de todo homem. Que importância há em viver? Se seguirmos as orientações
de Eclesiastes, teremos um relacionamento com Deus e encontraremos no Senhor a
vida.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1006.
A vida é um exercício de mordomia: tema a Deus (Ec 12:13,
14)
Nossa vida não nos
pertence, pois a vida é uma dádiva de Deus (At 17:24-28). Somos mordomos de
nossa vida e, um dia, teremos de prestar contas do que fizemos com essa dádiva.
Algumas pessoas só estão gastando a vida, enquanto outras estão desperdiçando a
vida; algumas investem a vida. Como disse Corrie ten Boom: "No final das
contas, a medida da vida não é sua duração, mas sim sua doação". A
fim de que nossa vida tenha valor, devemos cumprir três obrigações. Temer a Deus (v. 13).
Eclesiastes termina onde o Livro de Provérbios
começa (Pv 1:7): com uma admoestação para temer a Deus (ver 3:14; 5:7; 7:18 e
8:12, 13). O "temor do Senhor " é a atitude de reverência que o povo de
Deus demonstra para com ele por amor e respeito a seu poder e a sua grandeza. A
pessoa que teme ao Senhor atenta para sua Palavra e obedece a ela. Não tenta o
Senhor desobedecendo deliberadamente ou "brincando com o pecado". Um
medo não santo faz as pessoas fugirem de Deus, enquanto um temor santo
coloca-as de joelhos em amorosa sujeição a Deus.
"O mais
impressionante sobre o temor do Senhor", escreveu Oswald Chambers, "é
que, quando tememos a Deus, não temos medo de nenhuma outra coisa; ao passo
que, quando não tememos a Deus, temos medo de todo o resto". O profeta
Isaías expressa-se perfeitamente em Isaías 8:13, e o salmista descreve uma
pessoa assim no Salmo 112.
Guardar os mandamentos de Deus (v. 13).
Deus criou a vida e
somente ele sabe como deve ser conduzida. Ele escreveu o "manual de
instruções", e quem é sábio lê e obedece.
"Quando tudo mais
falhar, leia as instruções!" O temor do Senhor deve resultar numa vida de
obediência, de outro modo, esse "temor" é apenas uma fraude. O
cristão devoto terá o desejo de gastar tempo diariamente estudando as
Escrituras, conhecendo melhor o Pai e descobrindo sua vontade. "O temor do
Senhor é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o
ensino" (Pv 1:7).
A última oração do
versículo 13 pode ser traduzida por: "esse é o fim do homem" (ou seja,
seu propósito na vida) ou "isto é para todos os homens". Campbell
Morgan sugere: "essa é a totalidade do ser humano". Assim ele
escreve: "Em sua inteireza, o ser humano deve começar com Deus; a
totalidade do homem, o temor de Deus". Quando Salomão examina a vida
"debaixo do sol", tudo parece fragmentado, e o rei não consegue
divisar um padrão. Porém, ao considerar a vida do ponto de vista de Deus, tudo
se junta de modo a constituir um todo. Se o homem deseja essa inteireza, deve
começar com Deus.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. III. Editora Central Gospel. pag. 510-511.
Novamente os
mandamentos tornam-se relevantes. Já lemos a esse respeito em 1Jo 2.3s e vimos
que isso não é uma recaída em algum tipo de legalismo ou justiça por obras.
Agora o apóstolo diz mais uma vez, com total seriedade: “Porque este é o amor a
Deus, que guardamos os seus mandamentos; e seus mandamentos não são difíceis.”
Foi o que João aprendeu pessoalmente de seu Senhor. Jesus enunciou este
ensinamento ainda na última noite: “Se guardardes os meus
mandamentos,
permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos
de meu Pai e no seu amor permaneço.” (Jo 15.10). Nesse ponto Jesus acrescenta:
“Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo
seja completo.” (Jo 15.11). De modo algum se trata de um penoso cumprimento da
lei, que constrói uma justiça própria perante Deus. Estão em jogo o amor e a
alegria! No entanto, novamente importa ao apóstolo, assim como a seu Senhor,
que não transformemos o “amor” em uma questão sentimental inerte. Em 1Jo 2.17
vimos: o próprio Deus é “vontade”, justamente por ser verdadeiramente “amor”.
Assim também o nosso amor, sendo genuíno, é uma vontade que pratica a vontade
de Deus, e por isso perdura eternamente (1Jo 2.17). A boa e salutar vontade de
Deus, no entanto, está manifesta em seus “mandamentos”. Nós os “guardamos”
porque queremos “amar” e persistir no amor de Deus. Nós os “guardamos” como fez
Jesus, o Filho. Fazemo-lo porque somos “nascidos de Deus” e, por conseguinte,
“filhos no Filho”.
Em vista disso João
assevera expressamente: “E seus mandamentos não são difíceis.” Porém, será isso
verdade? Não aprendemos exatamente o contrário, que eles são sumamente
difíceis, e até mesmo completamente inexeqüíveis? Porventura Paulo não o
ilustrou assim: “Sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri. E o
mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para
morte” (Rm 7.9s)? Entretanto, esse ser humano que “morre” sob o mandamento não
é o “nascido de Deus” que João vê diante de si, não é aquele que, amado por
Deus, “ama” pessoalmente e de verdade. Também Paulo fala de forma muito
diferente acerca da pessoa renovada a partir do Espírito de Deus, em Rm 8, e
ele sabe e atesta que “o amor é o cumprimento da lei” (Rm 13.10). Para o amor
“não é difícil” cumprir os mandamentos. Para ele isto constitui uma “alegria”,
assim como o alimento do Filho de Deus era realizar a vontade daquele que o
enviou (Jo 4.34).
Werner
de Boor. Comentário Esperança 1 João. Editora Evangélica
Esperança.
1 João 5.2,3. Na
verdade, tão certa e inevitavelmente o amor ao Progenitor celeste leva consigo
amor a Seus filhos na terra, que podemos dizer, nisto conhecemos que amamos os
filhos de Deus, quando amamos a Deus. É impossível amar os filhos de Deus (como
tais) sem amar a Deus, como o é amar a Deus sem amar Seus filhos (4:20, 21).
Uma relação familiar une os dois amores. O amor a Deus tem uma segunda consequência
inevitável, a saber, obediência. Se amamos verdadeiramente a Deus, não somente
amamos Seus filhos, mas também praticamos os seus mandamentos. No versículo 3
João vai mais adiante. Tão inexorável é a conexão entre os dois, que o amor a
Deus, que num sentido resulta na obediência, noutro pode ser identificado com
ela. O amor a Deus não é tanto uma experiência emocional como obediência moral.
Na verdade, quer demonstrado a Deus quer ao homem, agapé é amor prático e
ativo. O amor aos irmãos expressa-se “de fato e de verdade”, em serviço
sacrificial (3:17,18); o amor a Deus, em guardar os Seus mandamentos. Jesus
disse a mesma coisa acerca do sentido do amor a Ele (Jo 14:15, 21).
Tampouco havemos de
achar difícil expressar o nosso amor mediante a obediência, pois os seus
mandamentos não são penosos (AV, “dolorosos”; Moffatt, “penosos”; RSV e NEB,
“pesados”). Os minuciosos regulamentos dos escribas e fariseus eram “fardos
pesados e difíceis de carregar” (Mt 23:4, ARA como a RSV; Lc 11:46), mas o jugo
de Jesus é suave e o Seu fardo é leve (Mt 11:30). A vontade de Deus é “boa,
agradável e perfeita” (Rm 12:2). É a vontade de um Pai perfeitamente sábio,
cheio de amor, que procura o nosso bem-estar supremo.
J.R.W.
STOTT, Comentário Bíblico Cultura Cristã.
1 João. Editora Vida Nova. pag. 149-150.
2. Aguardando o
julgamento.
As últimas palavras
de Eclesiastes, são: “Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as
que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec 12.14). São palavras
de advertências sobre o julgamento a que todos nós estamos sujeitos. Nossas
obras e nossas ações serão medidas. Para Deus os valores são bem definidos, há
aquilo que será sempre certo e aquilo que será sempre errado. Há as obras boas
e as obras más. O termo hebraico mishpat usado aqui possui o sentido jurídico
de tomada de decisão. Chegará o dia em que o Justo Juiz decidirá o nosso
destino (Rm 14.10,12). Não são palavras intimidatórias, mas palavras que nos
chamam a viver com responsabilidade diante dos homens e de Deus.
A vida, pois, é um
contraste entre a alegria e tristeza; juventude e velhice; vida e morte;
passado e futuro. Não há como fugir da realidade da vida. Sabendo, pois, que a
nossa vida debaixo do sol é tão fugaz, cabe a nós procurar viver da melhor
maneira possível esse dom do Criador. Salomão, em sua sabedoria, nos deixa a
receita: tema a Deus em todo o tempo.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 159.
JULGAMENTOS ou JUÍZOS Os principais termos traduzidos como
"julgamento" são o heb. mishpat e os gregos krima e krisis. Derivada
de shaphat, "julgar", a palavra heb. denota um dinâmico "fazer o
certo" como resultado de distinguir entre o certo e o errado (1 Rs 3.9).
Entre o povo da aliança de Deus, o julgamento é baseado em sua revelação e
instrução (tora) para eles. Deve ser uma atividade religiosa (Mq 6.8) para
punir o malfeitor, justificar o justo, e livrar o fraco da condenação injusta,
a fim de realizar a verdadeira justiça (Is 1.17; Zc 8.16,17). Mishpat é o
direito fundamental, frequentemente ocorrendo no sentido da lei, sendo
geralmente traduzido, então, como "ordenança" (2 Rs 17.34,37; Is
58.2). O juízo de,Deus é perfeitamente justo, não arbitrário. É "uma
mistura de confiança e misericórdia, de lei e amor" (Morris, The Biblical
Doctrine ofJudgment, p. 21). O juízo do Senhor é a operação de sua misericórdia
e de sua ira, trazendo libertação para os mansos (SI 25.9; Dt 10.18; Is
30.18ss.), bem como a condenação para os ímpios (Dt 32.41). O "conceito de
juízo" do AT "tem uma base legal que emerge como aquela atividade
judicial de discriminação, de acordo com o direito, que separa os justos
dos ímpios e, como resultado, toma uma atitude" (ibid., p. 29). No NT,
quando as duas palavras gregas podem ser distinguidas em significado, krisis
sugere mais o processo do julgamento, o seu funcionamento (Jo 3.19), enquanto
krima denota condenação, a sentença proferida pelo juiz (Rm 2.2,3; Tg 3.1; Jd
4).
Julgamentos dos
Homens
As Escrituras ensinam
que, sob as limitações adequadas, os homens deveriam ser livres para formar e
expressar julgamentos privados relativos à Palavra de Deus, ao estado, e a seus
companheiros. Os homens devem governar uns aos outros, bem como julgar a si
mesmos.
1. Os protestantes
geralmente defendem que a Bíblia é um livro para o povo, para ser lido e
entendido pelo próprio povo. Os profetas do AT falaram para toda a nação, e os
Evangelhos e as epístolas eram para o uso e instrução popular. O Espírito Santo
é o Mestre Supremo para cada homem (1 Jo 2.20,21,27). Os católicos romanos têm sustentado
que a Igreja é o intérprete infalível e divinamente autorizado da revelação das
Escrituras, e que o indivíduo deve se submeter sem reservas ao julgamento da
igreja. Os protestantes reivindicam que somente a Bíblia - e não a tradição e
as decisões papais formais - é a regra única e suficiente de fé e prática.
2. O governo civil ou
humano é claramente reconhecido pelas Escrituras como, residindo na autoridade
divina (Gn 9.5,6; Ex 18.13-26). A obediência ao estado em geral, portanto, é um
mandamento de Deus (Rm 13.1-5; 1 Pe 2.13-15). Mas está igualmente claro que a
fim de exigir a obediência de cidadãos ou indivíduos, o estado deve manter a
sua ação em sua própria esfera. A função do governo humano é proteger a vida e
a propriedade, e preservar a ordem social. Todos os legisladores e juízes devem
se lembrar que estão sujeitos ao julgamento de Deus, e devem exercitar o seu
ofício de forma imparcial, e com a devida moderação. Quando o estado, porém,
tenta forçar a anuência a doutrinas religiosas, ou sancionar leis que exijam a
desobediência aos mandamentos de Deus, então o direito de um julgamento privado
deve ser declarado. Como Pedro declarou, "Mais importa obedecer a Deus do
que aos homens" (At 5.29).
3. O juízo privativo
e não oficial de outros é necessário a fim de proteger a própria vida e o
caráter de uma pessoa. Devemos constantemente analisar a conduta e o caráter
dos outros para a nossa própria direção, segurança e utilidade. Por exemplo,
devemos ter cuidado com os falsos profetas aos quais devemos ser capazes de
reconhecer por seus frutos (Mt 7.15-20). Devemos provar e examinar todas as
coisas, retendo o que é bom e evitando o mal (1 Ts 5.21,22). Precisamos ser
capazes de distinguir, abundando em conhecimento e discernimento (Fp 1.9,10). A
proibição de julgar (Mt 7.1) não se opõe a isto (cf. 7.6), mas se refere a
criticar e condenar. Somos proibidos de usurpar o lugar de Deus como juiz, ou
de fazer julgamentos precipitados, injustos e severos sobre os outros (veja o
tópico "Judgment", no Unger's Bible Dictionary, pp. 620ss.). 4. O
cristão é exortado a examinar-se a si mesmo (2 Co 13.5), e a julgar o seu
próprio caminhar. Este autojulgamento refere-se à crítica do crente quanto aos
seus próprios caminhos (1 Co 11.31,32), e isto resulta em sua observação e na
confissão de seu pecado (1 Jo 1.7-9). Segue-se então a restauração a uma plena
comunhão através da defesa de Jesus Cristo (1 Jo 2.1,2).
Juízos de Deus
1. A base do juízo
divino. Para a pessoa não salva, este assunto depende inteiramente de suas obras.
Eles não estão sem um conhecimento da verdade, pois são: (a) os destinatários
da revelação geral e, portanto, indesculpáveis (Rm 1.18-20); (ò) eles alguma
vez conheceram a Deus, mas transformaram o que sabiam em uma mentira (w.
21-24); (c) eles têm a obra da lei escrita em seus corações (Rm 2.15). Deus os
julgará de acordo com a verdade (Rm 2.2); de acordo com os seus atos (v.6);
pela lei se eles a possuírem, e pela obra da lei escrita em seus corações, se
não a possuírem (w.12-15).
Alguns serão punidos
com alguns açoites e outros com muitos, de acordo com o grau de sua
responsabilidade e a gravidade de seus pecados (Lc 12.48), mas nenhum deles
será salvo (Rm 2.19,20; Ef 2.9). Para os crentes resta apenas um juízo de
avaliação e galardão, uma vez que o Senhor Jesus Cristo guardou a lei no lugar
deles, sofreu e morreu em seu lugar (Is 53.5,10,11) sob a penalidade da lei
infringida (2 Co 5.21).
2. A descrição dos
juízos divinos. Os teólogos sempre sustentaram que há um julgamento geral. Este
é um dogma fortemente arraigado na teologia cristã, e é um resultado que vem
mais da racionalização do que de uma exegese bíblica completa. Mas um cuidadoso
estudo indutivo de todas as Escrituras envolvidas, demonstra que há pelo menos
sete juízos divinos distintos descritos na Bíblia. a. O juízo da cruz. O Senhor
Jesus Cristo, como a nossa expiação substituta, suportou o castigo pelos nossos
pecados na cruz (Is 53; Hb 10.10-12; 1 Pe 2.24). Ele tomou sobre si a maldição
do pecado (Gl 3.13) e se tornou o portador de nossos pecados (Jo 1.29; 2 Co
5.21; Hb 9.26-28), e antes de finalmente entregar o seu espírito a Deus, Ele
pôde dizer "Está consumado" (Jo 19.30). Quando reconhecemos os nossos
pecados e aceitamos a Cristo como o nosso Salvador, Deus nos identifica com o
seu Filho e nos vê simultaneamente de duas formas: como tendo mor rido através de nosso
Representante, e ressuscitado com Ele em novidade de vida (Rm 5.12ss.; 6.3-5; 1
Co 15.22). Por esta razão lemos em Romanos 8.1: "Portanto, agora, nenhuma
condenação [juízo de maldição] há para os que estão em Cristo Jesus". Como
resultado, o crente nunca mais será julgado por seus pecados. Deus os lançou
para trás de suas costas, e não se lembrará mais deles (Is 38.17; 43.25; SI
103.12; Jr 31.34; Hb 10.17).
b. O juízo do caminhar
do crente. Este vem na forma de correção divina e de castigo (1 Co 11.30-32; Jo
15.1-8; Hb 12.3-15). Deus o inflige sobre o cristão para que este não seja
julgado com o mundo (1 Co 11.32). Ele pode tomar a forma de aflições severas
nas mãos de Satanás a fim de subjugar a sua natureza carnal (1 Co 5.5). Pode
terminar com a remoção do cristão pela morte, caso ele não se arrependa (1 Co
11.30). O "pecado para morte" mencionado em 1 João 5.16, porém, é
punido com a morte eterna no caso daquele que deliberadamente continua em
pecado (Hb 10.26) e persistentemente nega a encarnação do Filho de Deus (1 Jo
2.22; 4.3; 2 Jo 7) ou a sua divindade. Veja Pecado para Morte.
c. Ojuízo das obras
do crente. Uma vez que os seus pecados já foram julgados na pessoa de seu substituto,
o Senhor Jesus Cristo (Rm 8.3; 2 Co 5.21; 1 Pe 2.24), o cristão não é julgado
novamente por seus pecados junto com o mundo (1 Co 5.5). Ele deve, porém,
comparecer ou se apresentar perante o que é chamado de o tribunal (gr. bema) de
Cristo (2 Co 5.10; Rm 14.10), "para que cada um receba segundo o que tiver
feito por meio do corpo, ou bem ou mal". Suas obras devem ser manifestas
abertamente no bema ou tribunal do juiz (cf. At 25.6,10,17). Este termo também
se refere à base ou à plataforma em um anfiteatro onde os prémios, eram dados,
como em Cesaréia (At 12.21). É altamente necessário que o serviço de cada filho
de Deus seja examinado e avaliado (Mt 12.36; 2 Co 9.6; Gl 6.7,9; Ef 6.8; Cl
3.24-25). Como resultado deste julgamento das obras do crente haverá galardão
ou perda dele. Mesmo no segundo caso, se sua obra for queimada, o crente
verdadeiramente nascido de novo "será salvo, todavia como pelo fogo"
(1 Co 3.12-15).
Visto que devemos
reinar com Cristo e alguns serão designados governantes de cinco e alguns de
dez cidades em seu reino milenial, este julgamento deve ocorrer antes do
retorno dos santos para governar com Cristo (Zc 14.5; Jd 14; Ap 20.4). Este
pode ser um processo contínuo, cada santo sendo julgado por suas obras
imediatamente ao passar desta vida para estar com o Senhor (1 Co 3.12-15).
Outra possibilidade é que o tribunal de Cristo seja estabelecido no céu depois
do arrebatamento da Igreja e antes da volta gloriosa de Cristo à terra para
estabelecer o seu reinado em Jerusalém. Veja Tribunal.
d. O julgamento de
Israel. O Senhor julgará a sua nação escolhida, Israel, quando voltar com todos
os seus santos, antes de estabelecer o seu reino (Ez 20.33-44; Ml 3.2-6). Esta
ação é a etapa final de seu juízo contínuo da nação de Israel, predito com
tanta frequência (por exemplo, Dt 28.15-68; Is 1; 3; 5 etc; Jr 2-9) e executado
de forma tão severa na história.
e. O julgamento das
nações. Este é o julgamento mais difícil de localizar e definir. E mencionado
em duas partes. Primeiro, o juízo derramado por Cristo ao vir para punir aquelas
nações que se uniram sob o governo do Anticristo para destruir Israel (Jl
3.12-16; cf. Zc 12.1,9; 14.2ss.). Tal destruição é o clímax dos juízos de Deus
contra nações específicas que prejudicaram o seu povo escolhido, Israel, como
anunciado pelos profetas do AT (por exemplo, Is 13-23; Jr 46-51; Ez 25-32).
Segundo, um julgamento de todas as nações depois da segunda vinda de Cristo (Mt
25.31-46).
O Senhor não pode
assumir seu governo milenial sobre a terra sem primeiro julgar as nações pelo
que têm feito. Em Mateus 25.32 a palavra "nações" é uma tradução do
termo gr. ethne, o equivalente do termo heb. goyim, que também significa
"povos", "gentios". Aqui eles parecem ser todos os povos
civis não mortos na batalha do Armagedom, quando seus exércitos foram
destruídos (Ap 16.14,16; 19.19-21). A base deste julgamento deve ser o modo
como estes povos, como indivíduos, trataram "um destes meus
pequeninos" (Mt 25.40), e se refere ao tratamento que dispensaram tanto
aos cristãos (Hb 2.11-14) como ao povo mais antigo de Deus, Israel (SI 22.22;
69.8).
O dilema da
dificuldade em decidir a natureza deste julgamento, reside no fato de ele falar
do povo anteriormente perdido recebendo a bênção eterna ou a condenação eterna
com base nas suas obras. Visto que nenhum homem pode ser justificado por suas
obras (Rm 3.19,20; Gl 2.16), não se pode formar uma parte de nenhum julgamento
geral dos justos e dos ímpios. No entanto, por esta mesma razão, isto se adequa
à situação existente na segunda vinda de Cristo e descreve o juízo devido às
"nações" por suas ações em relação aos crentes e israelitas durante a
Grande Tribulação.
A única dificuldade
que permanece com qualquer interpretação é a declaração de que enquanto os
bodes irão "para o tormento eterno", os justos irão "para a vida
eterna" (Mt 25.46). Se estas passagens forem tomadas como uma simples
referência à entrada no reino milenial sem implicar na salvação, então podemos
compreender o veredicto. Ela pode significar uma vida que conduza à vida eterna
uma vez que é uma e a mesma com o Senhor. A explicação mais provável é que as
Escrituras falam de um arrependimento nacional de todo o Israel naquele tempo
(Zc 12.10-13.1;
Dt 30.1-10; Os 5.15-6.3; Ap 1.7), e da salvação daquela nação em um dia (Is 66.8;
Zc 3.9; Rm 11.26); o mesmo irá ocorrer àquelas nações que trataram bem aos
cristãos e aos judeus. Tendo a permissão de entrar no reino, eles irão
imediatamente se arrepender, reconhecer a Cristo, ser salvos e, portanto, podem
ser citados por Cristo como entrando na vida eterna.
f. O julgamento dos
anjos. O cristão deverá tomar parte neste evento (1 Co 6.3). Parece ocorrer no
momento do julgamento de Satanás e está ligado ao juízo do Grande Trono Branco
(Ap 20.11ss.; cf. 2 Pe 2.4; Jd 6).
g. O julgamento dos
ímpios. Não há nenhuma indicação de algum julgamento dos ímpios antes de
Apocalipse 20.11, exceto no caso das nações ímpias em Mateus 25. Somente os
mortos justos serão ressuscitados no início do reinado milenial de Cristo (Ap
20.4), e a segunda morte não terá poder sobre eles. Todos os ímpios, em
contraste, chamados de "os outros mortos", não reviverão até que os
mil anos tenham terminado (v. 5). Eles são os participantes do juízo final. Seu
julgamento se baseia em duas coisas: em suas obras, que sozinhas não podem
salvá-los; e na presença ou ausência de seus nomes no livro da vida. Todos
aqueles que não forem encontrados no livro da vida deverão ser lançados no lago
de fogo (v. 15).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 1115-1118.
Ec 12.14 Porque Deus
há de trazer a juízo todas as obras. Este versículo é, por igual modo,
contrário ao que o triste filósofo pensava. Para ele, todas as coisas são
absolutamente predeterminadas e tendem a manifestar-se como princípios opostos
(Eclesiastes 3.1-11). Um homem bom poderia ter um mau destino, ao passo que um
homem ruim poderia terminar de maneira próspera e feliz. O que determinaria
tais coisas é a vontade inexorável de Deus, e não o que o próprio indivíduo
faz. Ver Eclesiastes 3.16,18-20 e 9.11,12. A mensagem deste livro é a de Rom.
9.16: “... não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua
misericórdia”. A afirmação das escolas de sabedoria era que um homem colhe
aquilo que semeia. Mas a afirmação do louco filósofo era que um homem bom colhe
o mal, ao passo que o homem ruim colhe o bem. Não obstante, ambos terminam no
nada da morte, indistintamente (Eclesiastes 3,19-20; ver também Eclesiastes
8.10-14). O vs. 14 é especialmente pertinente neste contexto. Todas essas vãs
condições e acontecimentos teriam inspirado o triste filósofo a apresentar o
seu summum bonum da vida humana como os pequenos prazeres. Ver esse pensamento
em Eclesiastes 2.24,25; 3.12,22; 5.17; 8.15; 9.7-10; 10.19;
11.7,9,11 e 12.1. Mas
até mesmo a isso ele chamou de falso valor. O nosso filósofo era um niilista,
não uma figura das escolas de sabedoria, e não há como reconciliar os livros de
Provérbios e Eclesiastes, na filosofia básica.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2743.
Preparar-se para o julgamento final (v. 14).
"Deus julgará o
justo e o perverso" (3:17). "Sabe, porém, que de todas estas coisas
Deus te pedirá contas" (11:9). Pode parecer que os seres humanos estão
escapando impunes de suas transgressões (8:11); porém, mais cedo ou mais tarde,
seus pecados serão desmascarados e julgados com justiça. Aqueles que não creram
no Senhor Jesus Cristo serão condenados para sempre.
"O caráter
eterno do castigo é uma idéia que oprime o coração", disse Charles
Spurgeon. "O Senhor é tardio em irar-se; mas quando sua ira for suscitada
- como acontecerá contra aqueles que, por fim, rejeitarem o seu Filho -, ele
apresentará toda a sua onipotência e esmagará os inimigos." Em seis
ocasiões ao longo de seu discurso, Salomão diz para gozar a vida enquanto podemos;
porém, em momento algum nos aconselha a gozar o pecado. As alegrias do presente
dependem da segurança do futuro.
Se aceitamos Jesus
Cristo como nosso Salvador, nossos pecados já foram julgados na cruz; e
"agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus" (Rm 8:1; e ver Jo 5:24). Porém, aqueles que morrem sem crer em
Cristo enfrentam o julgamento diante de seu trono e se perdem para sempre (Ap
20:11-15).
Vale a pena viver?
Sem dúvida, desde que estejamos verdadeiramente vivos pela fé em jesus Cristo.
Então, seremos capazes de encontrar o contentamento, quaisquer que sejam as
circunstâncias que o Senhor permitir em nossa vida.
"Aquele que tem
o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida" (1
Jo 5:12).
Você pode receber a
vida em Cristo e ser contente!
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. III. Editora Central Gospel. pag. 511.
Porque Deus há de
trazer a juízo toda obra - Esta é a razão por que devemos "temer a Deus e
guardar os seus mandamentos."
1. Porque haverá um
dia de julgamento.
2. Toda alma do homem
deve estar naquele tribunal. 3.Deus, o sábio infinitamente, o Deus de coração a
busca, será juiz. 4.Ele trará à luz cada coisa secreta - tudo o que tem sido
feito desde a criação, por todos os homens; se esquecido ou inscrito; se feito
em segredo ou em público.
5. Todas as obras do
divino, assim como todas as obras dos ímpios, serão julgados no mesmo dia, o
bem que o santo se esforçou para esconder, assim como o mal que os ímpios se
esforçou para esconder.
Este, então, será a
conclusão de toda a história mortal. E, embora neste mundo tudo seja vaidade;
ainda lá ", vaidades será vão, não mais." Cada coisa ou bem, ou mal,
terá seu próprio bom resultado, estável eterna. Ó Deus! preparar o leitor a
desistir de suas contas com alegria naquele dia! Amém.
ADAM
CLARKE. Comentário Bíblico de Adam
Clarke.
Rm 14.10-12 Depois da
intercalação dos v. 4-9, Paulo pode esperar por concordância, motivo pelo qual
tem condições de repetir as exortações do v. 3. Tu, porém, por que julgas teu
irmão? E tu, por que desprezas o teu? Porém, fundamento motivador de nossa
atitude não é somente a soberania atual de Cristo, mas também a futura: Pois
todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Como está escrito (Is 49.18;
45.23): Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e
toda língua dará (com reverência) louvores a Deus. Assim, pois, cada um de nós
dará contas de si mesmo a Deus. De acordo com essas afirmações, o acerto final
se dará perante Deus, mas seu executor em tudo é Cristo. Para comparar, veja a
interpretação de Rm 2.16. Encontraremos Deus na face do Senhor Jesus Cristo.
Foi a ele que Deus entregou não somente nosso passado e presente, mas também
nosso futuro.
Adolf Pohl. Comentário Esperança Cartas
aos Filipenses. Editora
Evangélica Esperança.
Romanos 14:10-12
Há uma razão
fundamental, básica por que não temos direito de julgar a outros; e essa razão
é que nós mesmos estamos sob o juízo. É a própria essência da humanidade que
nós não sejamos os juízes, mas os julgados. Para provar isto, Paulo cita Isaías
45:23. Este era um pensamento com aquele que todo judeu estaria de acordo. Há
uma declaração rabínica: "Não deixe que sua imaginação te faça crer que a
tumba é um refúgio; por mandato foste feito, por mandato nasceste, por mandato
vives, por mandato morres e por mandato deves agir e reconhecer o Rei dos reis,
o Santo, bendito seja." A única pessoa que tem direito a julgar alguém é
Deus e, menos que ninguém, o homem, que deverá confrontar no tribunal o juízo
de Deus, tem direito alguém de julgar a um semelhante que também estará perante
esse tribunal.
Justamente antes
disto Paulo tinha estado refletindo sobre a impossibilidade de uma vida
isolada. Mas há uma situação em que o homem está isolado, e é quando o homem
deve comparecer perante o trono do juízo de Deus.
Nos antigos tempos da
república romana, na esquina do Fórum mais afastada do Capitólio, estava o
tribunal, o assento da justiça, onde o pretor urbano se sentava a administrar justiça.
Nos tempos de Paulo, a justiça requeria mais de um assento; de modo que também
nas grandes basílicas, nos grandes pórticos de colunas ao redor do Fórum, os
magistrados sentavam-se para administrar justiça. O romano conhecia muito bem o
espetáculo que oferecia um homem, de pé em frente do assento da justiça. Isto é
o que acontece a todo homem; e é um juízo que cada qual deve confrontar
sozinho.
Às vezes, neste
mundo, pode usar-se méritos de outra pessoa. Muitas vezes um jovem se salvou de
alguma pena ou condenação, por consideração de seus pais; muitas vezes um
marido foi perdoado por consideração a sua esposa ou seu filho; mas no juízo
perante Deus, o homem comparece sozinho. Às vezes, quando morre algum grande, o
ataúde, no serviço fúnebre, está na frente da congregação que chora por ele
sobre ele jazem suas togas acadêmicas, ou as insígnias de suas dignidades
oficiais; mas não pode levá-las consigo. Nus viemos ao mundo, e nus o
abandonamos. Comparecemos perante Deus na terrível solidão de nossa alma; a
Deus não podemos levar nada mais que o eu e o caráter que estivemos construindo
na vida.
Mas não é esta ainda
toda a verdade. Não estamos sozinhos perante o tribunal de Deus, porque a nosso
lado está Jesus Cristo. Não precisamos ir despojados de tudo; podemos ir
revestidos com os méritos que lhe pertencem.
Collin Brooks, o
famoso escritor e jornalista, escreve em um de seus livros: "Deus pode ser
mais bondoso do que pensamos. Se não puder dizer: 'Bem, servo bom e fiel!', pode
ser que enfim exclame: 'Não se preocupe, servo mau e infiel; não me desagrada
totalmente'."
Esta foi uma curiosa
maneira de declarar sua fé; mas não é só isso. Não é que Deus simplesmente não
se desgoste, é que, pecadores como somos, ama-nos pela graça de Jesus Cristo
nosso Senhor. Verdade é que, devemos confrontar o juízo perante Deus sozinhos,
na nudez de nossas almas; mas se tivermos vivido com Cristo na vida, estaremos
a seu lado na morte, e, diante de Deus, ele será nosso advogado defensor.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Romanos. pag. 199-200.
Rm 14.10. Se Cristo é
o Senhor, por que então o cristão mais fraco deve condenar seu irmão? Se Cristo
é o Senhor, porque o cristão mais forte deve desprezar seu irmão? Ambos, o
cristão mais forte e o mais fraco – todos (nós) – compareceremos perante o
tribunal de Deus. A E.R.C. diz, ante o tribunal de Cristo, mas todos os
melhores manuscritos dizem aqui de Deus. Em II Co. 5:10, Paulo fala do
"tribunal de Cristo". A modificação é de pouca importância, uma vez
que o próprio Jesus nos disse que o Pai não julga ninguém, mas entregou
"ao Filho todo o juízo" (veja Jo. 5:22, 23, 27, 29). Deus julga os
homens no sentido de que os julga através do Seu Filho.
11,12. Paulo cita Is.
45:23, da LXX, para mostrar que todos os homens devem comparecer diante de Deus
em juízo; depois conclui: Todos nós daremos conta de nós mesmos (a Deus). A
Deus não consta do texto original.
Charles
F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody.
Editora Batista
Regular. Romanos. pag. 104.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
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