LANÇA O TEU PÃO SOBRE AS ÁGUAS
Data 22 de Dezembro de
2013 HINOS
SUGERIDOS 201, 214, 467.
TEXTO ÁUREO
“Lança
o teu pão sobre as águas, porque, depois de muitos dias, o acharás' (Ec 1 1.1).
VERDADE PRÁTICA
Lança
o teu pão sobre as águas é fazer o bem e ter esperança quanto a um futuro
desconhecido.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Ec 11.1 Vivendo com atitude
Terça - Ec 11.4 Evitando a passividade
Quarta - Ec 11.3 Vivendo com dinamismo
Quinta - Ec 1 1.6 Tendo a fé e a esperança
Sexta - Ec 1 1.9 Fazendo escolhas
Sábado - Ec 11.9,10 Assumindo as consequências
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE Eclesiastes 11.1-10
1
- Lança o teu pão sobre as águas, porque, depois de muitos dias, o acharás.
2
- Reparte com sete e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre
a terra.
3
- Estando as nuvens cheias, derramam a chuva sobre a terra, e, caindo a árvore
para o sul ou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ali ficará.
4
- Quem observa o vento nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará,
5
- Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos
no ventre da que está grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz
todas as coisas.
6
- Pela manhã, semeia a tua semente e, à tarde, não retires a tua mão, porque tu
não sabes qual prosperará; Se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão
boas.
7
- Verdadeiramente suave é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol.
8
- Mas, se o homem viver muitos anos e em todos eles se alegrar, também se deve
lembrar dos dias das trevas, porque hão de ser muitos. Tudo quanto sucede é
vaidade.
9
- Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e alegre-se o teu coração nos dias da tua
mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração e pela vista dos teus olhos;
sabe, porém, que por todas essas coisas te trará Deus a juízo.
10
- Afasta, pois, a ira do teu coração e remove da tua carne o mal, porque a
adolescência e a juventude são vaidade.
INTERAÇÃO
A
lei da semeadura é revelada pelo apóstolo Paulo em Gálatas 6.7. O que esta lei
diz? "Tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. Paulo está
mostrando que um nascido de novo e seguidor de Cristo Jesus, por obra
iluminadora do Espírito Santo, não pode deliberadamente semear na carne ao
mesmo tempo em que anda no Espírito: “Quem semeia na sua carne da carne ceifará
a corrupção; mas o que semeia no Espírito ceifará a vida eterna” (v.8). O
contexto de Gálatas seis remete-nos a ideia de os crentes levarem a carga um
dos outros para fazer o bem. Isto é semear para a vida eterna. O contrário é
semear corrupção.
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Saber como viver uma vida
com propósito.
Decidir viver uma vida
dinâmica com fé e esperança.
Viver a vida com
responsabilidade diante de Deus e dos homens.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado
professor, para lhe auxiliar na conclusão do terceiro tópico da lição,
reproduza o esquema da página seguinte conforme as suas possibilidades. O
professor deverá, ao longo da semana, estudar sistematicamente os capítulos 8 e
9 de 2 Coríntios. O Comentário Pentecostal Novo Testamento, editado pela CPAD,
muito lhe ajudará. Com o auxílio do esquema explique aos alunos que os
capítulos 8 e 9 de 2 Coríntios contém instruções sobre ofertas dirigidas aos
crentes pobres de Jerusalém. As palavras do apóstolo Paulo nesses capítulos
estabelecem o ensino mais completo do Novo Testamento sobre a contribuição
financeira cristã para ajudar os necessitados.
PALAVRAS-CHAVE
Lançar: Jogar, estender, projetar, atirar, etc.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nos
capítulos anteriores de Eclesiastes, Salomão destacou os problemas da vida.
Esta é apresentada totalmente imprevisível, cheias de altos e baixos, e muitas
vezes sem explicação lógica ou racional. É com tal perplexidade que o sábio
enxerga as injustiças contra o justo e a prosperidade do perverso.
Quanta
ambiguidade! O que fazer diante de tudo isso? Ficar inerte? Ou enfrentar a
arena da vida? A lição dessa semana abordará a postura que o pregador tomou,
diante de Deus, em relação às questões da vida. Veremos que o capítulo 11 de
Eclesiastes mostra o Senhor nosso Deus como o centro da nossa vida, pois sem Ele ela
torna-se vazia e sem sentido.
I -
VIVENDO COM PROPÓSITO
1. Tomando uma
atitude.
Em nosso texto áureo, o rei Salomão exorta-nos a tomar uma firme e sábia
atitude. Ele conclama-nos a lançar o nosso pão sobre as águas. A palavra
hebraica traduzida como “lançar” é shalah, que significa enviar, mandar embora,
deixar ir. Noutros termos, o que o sábio está ensinando é: “Não fique aí parado
Glorifique a Deus com a sua atitude”.
Podemos
aplicar essa palavra também à obra missionária. Deus é quem envia homens e
mulheres como embaixadores de seu Reino (Jz 6.8; Is 6.8; Jr 1.7), pois com
igual determinação e amor, enviou o seu Filho a realizar a mais sublime das
missões: Salvar o mundo (Is 61.1; Jo 3.16).
2. Evitando a
passividade.
Não devemos agir com passividade (Ec 11.4). A vida meramente contemplativa nada
resolve. É necessário e urgente fazer o bem. Por isso, o pregador exorta-nos a
demonstrar amor e generosidade ao necessitado.
“Lançar
o pão”, portanto, significa ser condescendente com os pobres (Ec 11.1,2).
Significa fazer alguma coisa e não se limitar a contemplar a miséria alheia. É
trazer o pão de longe para alimentar os famintos (Pv 31.14). A igreja
apostólica demonstrou-a mesma preocupação (G1 2.10).
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Viver
com propósito implica em tomar atitude evitando a passividade.
li -
VIVENDO COM DINAMISMO
1. A imobilidade da árvore
caída (vivendo do passado). Em relação ao texto de Eclesiastes 11.3, o
escritor Derek Kidner destaca a metáfora da nuvem como um fenômeno
meteorológico portador de leis próprias em desacordo com as leis e o tempo dos
homens. Ele igualmente destaca o relato da árvore caída: ela não pediu licença para
tombar e não houve homem que a impedisse de cair. Aqui, a vida mostra-se de
forma imprevisível. Ela não é composta apenas de bons momentos, mas também de
períodos desagradáveis. Então, o que fazer? Ficar aprisionado pela experiência
passada sobre a qual nada mais se pode fazer, ou enfrentar o futuro com fé e
coragem?
2. O movimento do
vento e das nuvens (vivendo o presente). Em Provérbios, Salomão usa frequentemente a
linguagem metafórica para compartilhar as suas ideias. Uma metáfora que revela
bem esse recurso é a da formiga e do preguiçoso (Pv 6.6). Em Eclesiastes,
encontramos o mesmo princípio na metáfora do vento (Ec 11.4). Não são poucos
os intérpretes da Bíblia que observam, nesse texto, a ideia de movimento e
imprevisibilidade da vida.
O
vento movimenta-se o tempo todo e as nuvens mostram-se imprevisíveis. Eis a
metáfora da vida! Olhá-la e queixar-se dela sem tomar uma firme e sábia decisão
diante dos seus obstáculos equivalem a esperar que o vento e as nuvens passem.
Dessa forma, o ser humano assiste a existência passar sem nada realizar de
concreto. Quem tem fé não age assim.
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
O
texto de Eclesiastes 1.3-5 remonta a ideia de movimento e imprevisibilidade da
vida.
III -
VIVENDO COM FÉ E ESPERANÇA
1. Plantando a
semente. Outra
metáfora usada por Salomão é a do plantio (11.6). Essa figura descreve a
atividade do agricultor. Ela ensina a arte de semear a vida. E isso requer
ação! É preciso plantar a semente, pois é na existência que geralmente colhemos
o que plantamos (Gl 6.7).
Muitas
vezes, a vida é dura, seca e arenosa para semear. Assim, a metáfora pode
significar uma trajetória de trabalho árduo e difícil diante dos grandes
obstáculos e desafios da existência humana. Nessa estrada, muitos até desistem
de semear e terminam vencidos pelas dificuldades intransponíveis que ela lhes
impõe.
2. Germinando a
semente.
A metáfora também nos ensina que, embora semeemos a terra, não podemos fazer a
semente germinar (Ec 11.6). Salomão observa a vida como um grande campo de
solos variáveis. Ao agricultor, pois, resta saber em qual valerá a pena semear,
pois a semente não germinará em qualquer terreno.
Muitos
fatores devem ser levados em conta na germinação da semente: a qualidade do
solo, o clima, etc. É urgente que o agricultor persevere nesse empreendimento,
mas que igualmente tenha fé e esperança de que a semente germinará. De nada
adianta observar o caos em que se encontra a sociedade e não tomar nenhuma
atitude. Façamos a nossa parte como agricultores do Reino de Deus: semear a
genuína Palavra de Deus no coração de toda a criatura humana (Lc 8.5-15) e
auxiliar o próximo necessitado (2 Co 8—9).
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
Devemos
plantar sementes para vida, germinando a Palavra de Deus e cuidando do próximo
necessitado.
IV -
VIVENDO COM RESPONSABILIDADE
1. Fazendo escolhas
responsáveis.
Eclesiastes 11.9 é uma séria admoestação aos jovens. Eles são convidados a viver
a vida, mas devem se portar, em todas as ocasiões, como pessoas responsáveis e
tementes a Deus. Assim, reconhecerão o Pai Celeste como a sua satisfação maior.
2. Assumindo as
consequências.
Há uma razão para vivermos de maneira alegre, mas ao mesmo tempo de forma
responsável e santa. Nossas ações trazem consequências. Tal como o sábio disse
no versículo 10. Viver a vida com intensidade não é agir de forma desregrada e
pecaminosa, mas experimentar o seu verdadeiro sentido: glorificar a Deus.
Portanto,
jovem, viva a vida com intensidade, mas não se esqueça: glorifique a Deus com o
seu testemunho, pois de tudo o Senhor nos pedirá conta. Vivendo assim, quando a
velhice chegar, não teremos o que lamentar.
SINOPSE
DO TÓPICO (4)
Viver
com responsabilidade é fazer escolhas responsáveis na vida assumindo as suas
consequências.
CONCLUSÃO
O
capítulo 11 de Eclesiastes é um convite à ação. É uma resposta à mesmice. É um
convite a mergulharmos na fé e agir de acordo com a vontade de Deus, não
temendo as dificuldades que virão pela frente. É lançar-se para semear. É
alegrar-se com as maravilhas que o Senhor nos presenteou. Mas significa
igualmente afastar-se do pecado e da iniquidade, pois, no final, teremos de dar
conta de todos os nossos atos perante Deus.
Então,
glorifiquemos ao Senhor com a nossa existência.
2 CORINTIOS 8
1. Riquezas da sua generosidade. Os
princípios contidos neste capítulo são
os seguintes:
a) Aquilo que possuímos pertence a
Deus (v. 5).
b) Temos de tomar a decisão firme em
servir a Deus e não ao dinheiro (v.5; cf. Mt 6.24).
c) A contribuição é feita para ajudar
aos necessitados (v. 14; 9.12; Cl 2.10).
d) A contribuição para os necessitados
é considerada uma prova do amor cristão (v.24) e deve ser realizada de modo
sacrifical (v.3) e voluntária (9.7).
2. Jesus Cristo... Se fez pobre...
Deus, em jesus Cristo, se fez pobre e,
por isso, agora nós participamos das riquezas da eternidade. O Altíssimo quer
uma atitude idêntica operando em nosso ser como evidência da sua graça infinita
(Lc 12.15; Ef 1.3; Fp 4.11-13; Hb 11.26).
2 CORINTIOS 9
1. Pouco... Ceifará. O cristão pode contribuir
generosamente ou com avareza. [...] Paulo não fala primeiramente da quantidade
ofertada, mas da qualidade dos desejos e dos motivos do nosso coração ao
ofertarmos.
2. Abundar em vós toda a graça. O crente deve contribuir com o que pode
para ajudar os necessitados. Ele verá que a graça de Deus é suficiente para
suprir as suas próprias necessidades a fim de que seja fecundo em toda boa obra
(Mt 10.41,42; Lc 6.38).
3. Em tudo enriqueçais. Para que a
generosidade seja manifesta exteriormente, o coração deve antes estar
enriquecido de amor e compaixão sinceros para com o próximo. Dar de nós mesmos
e daquilo que temos, resulta em: (1) suprir as necessidades dos nossos irmãos
mais pobres; (2) louvor e ação de graças a Deus (v.12) e (3) amor recíproco da parte
daqueles que recebem a ajuda (v.l 4).
VOCABULARIO
Ambiguidade: Característica ou
condição do que é ambíguo; dois sentidos diferentes.
Inerte: Sem atividade ou
movimentos próprios.
Condescendente: Indulgente,
complacente, transigente.
Fenômeno meteorológico:
Série
de variáveis que existe na atmosfera como temperaturas, pressão atmosférica,
etc.
Contingente: O que é incerto,
duvidoso, acidental.
Aprazimento: Sensação ou emoção
agradável.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ARRINGTON, French L.;
STRON- STAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2. ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2004.
AUXILIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio
Teológico
“Obrigações para Ser
Liberal. Respostas às Objeções contra a Generosidade [Eclesiastes 11] vv.
1 -6
Como
nosso próprio dever nos é recomendado, v. 1.
1.
Lança o teu pão sobre as águas, teu pão de milho sobre os lugares baixos (assim
alguns o entendem), aludindo ao pai de família, que, andando, leva a preciosa
semente, reservando o pão de milho de sua família para a semeadura, sabendo que
sem isso ele não pode fazer a colheita no próximo ano; desta maneira, o homem
caridoso tira do seu pão de milho para a semente de milho, priva a si mesmo para
suprir aos pobres, para que ele possa semear sobre todas as águas (Is 3.22),
porque assim como ele semeia ele também deve ceifar, Gálatas 6.7. Nós lemos
sobre a ceifa do rio, Isaías 23.3. Águas, nas Escrituras, são usadas em
referência às multidões (Ap 1 6.5), e há multidões de pobres (nós não temos
falta de objetos de caridade); águas também são usadas em referência aos
enlutados: os pobres são homens de tristezas. Tu deves dar o pão, o sustento
necessário para a vida, não somente dar palavras, mas também coisas boas,
Isaías 58.7. Deve ser o teu pão, aquilo que é honestamente adquirido; não é
caridade, mas injúria, dar aquilo que não é nosso; primeiro, aja com justiça, e
então, ame com piedade” (HENRY, Matthew,
Comentário Bíblico Antigo Testamento - Jó a Cantares de Salomão. 1 .ed. Rio
de Janeiro: CPAD, 2010, p.947).
EXERCÍCIOS
1.
O que o sábio quer ensinar ao usar a palavra hebraica shalah, isto é, lançar?
R:
Enviar, mandar embora, deixar ir.
2.
Como o escritor Derek Kidner destaca a metáfora da nuvem?
R:
Como um fenômeno meteoro- lógico portador de leis e o tempo
dos
homens.
3.
Como agricultores do Reino de Deus, o que nos cabe fazer? Cite as respectivas
referências bíblicas.
R:
Semear a genuína Palavra de Deus no coração de toda a criatura humana e
auxiliar o próximo necessitado (Lc 8.5-15; 2 Co 8—9).
4.
Qual a razão para vivermos a vida de maneira alegre, mas ao mesmo tempo
responsável e santa?
R:
Nossas ações trazem consequências.
5.
Como você tem vivido a sua vida?
R:
Resposta pessoal.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n°56, p.42.
Lança
o teu Pão sobre as Águas
"Lança
o teu pão sobre as águas, porque, depois de muitos dias, o acharás" (Ec
11.1). Salomão inicia o capítulo 11 de Eclesiastes com uma metáfora. Muitos
questionam o que seria lançar o pão sobre as águas. O sábio se utiliza de uma
figura de linguagem para nos fazer um convite à generosidade. Salomão se
afastou de Deus e certamente deve ter experimentado o egoísmo. Porém, ele
conseguiu perceber que o egoísmo torna a vida sem sentido, vazia, que não
compensa, por isso, Deus nos ensina, em sua Palavra, a termos uma vida generosa.
A sociedade está marcada pelo egoísmo, onde não damos mais espaço para a
generosidade. Todavia, nós crentes não podemos nos conformar com a maneira de
pensar deste mundo: "E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Rm 12.2).
Quem
não abre a mão e não lança sementes não terá o que colher. A generosidade
torna-nos mais ricos, pois é um fruto do Espírito (GI 5.22). As nações estão
enfrentando uma grande crise financeira, em especial a comunidade europeia.
Esta crise tem repercutido em vários países, pois vivemos em uma economia
globalizada. As taxas de juros e a inflação estão subindo. Sabemos que
precisamos economizar, mas Deus tem um compromisso com a sua Palavra. Ele é
fiel e promete recompensar aqueles que são generosos (Dt 15.10,11; Pv 11.25).
Como Igreja do Senhor, não podemos nos esquecer dos necessitados e carentes,
pois Jesus jamais se esqueceu deles (Lc 4.18,19).
Para
"lançar o pão sobre as águas", é preciso ter fé. A fé "é o firme
fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem"
(Hb 11.1). Só aquele que crê que Deus supre as nossas carências pode tomar esta
atitude. Não tenha medo de lançar sementes, pois Deus "é poderoso para
fazer [...] além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós
opera" (Ef 3.20). Ao invés de olharmos somente para as nossas carências e
necessidades, venhamos a olhar para aqueles que estão necessitados da nossa
ajuda.
Embora
tenhamos fé, não podemos prever o nosso amanhã. Viver é contar com os
imprevistos; por isso, acredito que "lançar o pão sobre as águas" é,
diante do inesperado, procurar agir de maneira sábia, fazendo o que é bom para
ajudar o próximo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nos capítulos
anteriores, o livro de Eclesiastes mostrou a realidade nua e crua da vida. O
livro mostra que debaixo do sol a vida se apresenta de forma totalmente
imprevisível, cheia de altos e baixos, e muitas vezes fora de uma explicação
lógico-racional. É assim que se observa na análise perplexa que Salomão faz das
injustiças sofridas pelo justo e prosperidade que acompanha o perverso.
E aí, o que fazer
diante de tudo isso? Ficar inerte ou se lançar no horizonte e enfrentar a vida
como ela é? Salomão escolhe essa segunda opção e conclama seus ouvintes a fazer
o mesmo. Mais reflexivo e agora mais consciente da realidade da vida, sabendo
que ela pode se tornar um grande vazio, ele põe Deus no centro de suas
reflexões. Irá mostrar que Deus é o ator principal nesse grande cenário da fé e
que sem Ele a vida é totalmente sem propósito e vazia.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 138.
Seja ousado apesar
das incertezas ( 11.1-8)
Como sempre, o autor
não aprova a atitude passiva em relação à vida. Ele admite que há muitas
incertezas na vida, mas isso não é razão para se negar a agir de forma
positiva.
Não importa o que o
homem decida fazer, ele precisa enfrentar sua tarefa com ousadia, apesar dos
riscos, acreditando que isso vai produzir os resultados desejados no devido tempo.
No entanto, ele deve distribuir seus recursos, e não concentrá-los em um lugar.
Se então for pego de surpresa por algum infortúnio, não vai perder tudo
(11.1,2).
A própria natureza
mostra ao homem que há muitas coisas sobre as quais ele não tem controle e que
não conhece. Se ele esperar até ter certeza completa para agir, nunca vai agir
(v. 3-5). Sua atitude precisa ser positiva. Ele precisa ser diligente e
otimista (v. 6). Assim como o agricultor deve passar o dia trabalhando apesar
das incertezas do tempo, o homem precisa aproveitar ao máximo a oportunidade de
desfrutar da vida enquanto está acesa a luz do dia da vida, pois a longa noite da
morte está se aproximando (v. 7,8).
DONALD
C. FLEMING. Comentário Bíblico NVI.
Editora Vida. Eclesiastes. pag. 970.
Viva pela fé (11:1-6)
Nesta vida, as
circunstâncias nunca serão as ideais, mas devemos seguir em frente, e obedecer
a Deus, e confiar nele para obtermos os resultados. Se você espera pelo vento certo
ou pelo dia apropriado, pode perder sua oportunidade. Você pode parecer um
tolo, como alguém que lança o pão sobre as águas em movimento, mas Deus
providenciará para que ele retorne para você.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico. A.T.
Editora Central Gospel. pag. 532.
I -
VIVENDO COM PROPÓSITO
1. Tomando uma
atitude.
“Lança o teu pão
sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás” (Ec 11.1). No início
desse texto Salomão exorta seus leitores sobre a necessidade de se tomar uma
atitude na vida e os convida a lançar o pão sobre as águas. A palavra hebraica
traduzida como lançar é shalah e mantém o sentido na língua original de:
enviar, mandar embora, deixar ir. O sábio está dizendo: vá, não fique aí
parado! Viva a vida com propósito! Viva a vida com uma atitude.
O treinador de
líderes John Maxwell comenta:
“A pessoa comum em
geral espera por alguém que a motive. Ela percebe que as circunstâncias são
responsáveis pelo modo como pensa. Entretanto o que vem primeiro — a atitude ou
as circunstâncias?
É de fato uma questão
como a do “ovo e da galinha”. Na verdade, não importa o que vem primeiro. Não
importa o que aconteceu a você ontem, hoje é você que escolhe sua atitude.
O psicólogo Victor
Frankl acreditava que “a última de nossas liberdades humanas é escolher nossa
atitude não importa a circunstância”. Ele conhecia a veracidade dessa
afirmação. Frankl sobreviveu à prisão em um campo de extermínio nazista e
durante o cativeiro não permitiu que sua atitude decaísse. Se ele pôde manter
uma atitude benéfica, você também pode”.
John Maxwell destaca
três razões por que devemos assumir uma atitude diante da vida:
1. Nossa atitude
determina nossas ações.
2. Nossos seguidores
são um espelho de nossa atitude.
3. Manter uma boa
atitude é mais fácil do que readquiri-la.
Por outro lado, um
outro sentido dessa palavra usada no hebraico bíblico é do envio missionário.
Podemos ver isso por meio dos vários exemplos que a palavra enviar (hb. Shalah)
possui. Por exemplo, a Escritura mostra que é Deus quem envia os homens como
seus embaixadores ou representantes seus numa missão oficial (Is 6.8; Jr 1,7;
Ez 2.34; Jz 6.8). Dessa forma, tanto Moisés como Gideão foram representantes de
Deus nas missões que lhes foram entregues (Êx 4.28; Dt 34.11; Jz 6.14). De
igual modo o Messias seria enviado na mais sublime das missões -— salvar o
pecador (Is 61.1).
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
138-139.
Ec 11.1 Lança o teu
pão sobre as águas. Generosidade e Investimento. A interpretação espiritual
deste versículo é contribuir para bons empreendimentos, tanto com dinheiro como
com esforço pessoal; é ser generoso para com os que padecem necessidades; é
pagar salários decentes àqueles que se esfalfam no trabalho do Senhor. E então
em harmonia com a Lei Moral da Colheita segundo a Semeadura, a pessoa generosa
receberá de volta ampla recompensa, novamente sob a forma de dinheiro ou outras
coisas valiosas, especialmente recompensas, no céu, no pós-vida. Essa é uma
interpretação cristã e espiritual que não deve ser esquecida, mas o sentido
original quase certamente era econômico, falando de um sábio investimento. As
ideias principais são as seguintes:
1. O comércio
marítimo, envolvendo longas viagens que podem significar grandes lucros para o
comerciante disposto a arriscar-se na aventura.
2. O plantio de arroz
no terreno alagado, quando a inundação do rio Nilo baixava, pois essa
providência era um bom procedimento agrícola e rendia colheitas abundantes para
o plantador.
3. Uma antiga máxima
dos hebreus, acerca da generosidade, especialmente no caso dos pobres. As
sementes da gentileza teriam finalmente recompensa abundante.
4. Um conselho
bastante pessimista, no sentido de dar contribuições a causas de caridade e a
pessoas carentes, sem muita esperança de receber de volta o que foi dado.
“Lança o teu pão na superfície das águas, embora não seja provável encontrá-lo
de novo”. Contudo, coisas estranhas realmente sucedem, pelo que avança e sê
generoso.
5. Um conselho para
investir largamente, em diversas coisas, em um jogo cujo nome é dinheiro, e
esperar os resultados. O vs. 2, pois, apresentaria a sabedoria dos
investimentos múltiplos, por causa da segurança.
6. O Targum afiança
que este versículo fala em dar aos pobres marinheiros, com o que a Vulgata
Latina concorda. Mas tal interpretação é muito estreita. A quinta
possibilidade, vista à luz do vs. 2, parece ser a correta, embora certa variedade
de aplicações seja instrutiva.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2736-2737.
Como o próprio dever
nos é recomendado, v. 1.
Lança o teu pão sobre
as águas, teu pão de milho sobre os lugares baixos (assim alguns o entendem),
aludindo ao pai de família, que, andando, leva a preciosa semente, reservando o
pão de milho de sua família para a semeadura, sabendo que sem isso ele não pode
fazer a colheita no próximo ano; desta maneira, o homem caridoso tira do seu
pão de milho para a semente de milho, priva a si mesmo para suprir aos pobres,
para que ele possa semear sobre todas as águas (Is 32.20), porque assim como
ele semeia ele também deve ceifar, Gálatas 6.7. Nós lemos sobre a ceifa do rio,
Isaías 23.3. Aguas, nas Escrituras, são usadas em referência às multidões (Ap
16.5), e há multidões de pobres (nós não temos falta de objetos de caridade);
águas também são usadas em referência aos enlutados: os pobres são homens de
tristezas. Tu deves dar o pão, o sustento necessário para a vida, não somente
dar palavras, mas também coisas boas, Isaías 58.7. Deve ser o teu pão, aquilo
que é honestamente adquirido; não é caridade, mas injúria, dar aquilo que não é
nosso; primeiro, aja com justiça, e então, ame com piedade. “De teu pão, que tu
designaste para ti mesmo, que os pobres tenham uma parte contigo, como eles
tinham com Jó, Jó 31.17. Dá livremente aos pobres, como o que é lançado sobre
as águas. Envia isso a uma viagem, envia-o como uma aventura, como os
mercadores que comerciam pelo mar. Confia-o sobre as águas; isso não afundará.”
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 947.
Ec 11.1 — Lança o teu
pão sobre as águas. Os versículos 1-6 ressaltam o risco e a incerteza das empreitadas
comerciais e agrícolas. Portanto, enquanto os provérbios anteriores, do
capítulo 10, lidavam com a realeza e os líderes, os dos versículos 1-6 tratam
das pessoas comuns. Homens e mulheres devem avançar cautelosamente para
conseguir algum ganho, mesmo que sempre haja certo grau de insegurança.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1004.
Ec 11.1. Lança o teu
pão sobre as águas. Não há explicação certa sobre este provérbio.
Tradicionalmente, tem sido apresentado como uma exortação à liberalidade ou
caridade, que deve ser lançada (lit., enviada) diante dos outros sem qualquer
imediata realização de ganho, mas que um dia retomará para recompensar o doador
(cons. Lc. 16:9). Mas talvez o versículo deva ser traduzido assim: "Lança
o teu pão sobre as águas (por estranho que pareça), porque depois de muitos
dias o acharás". Traduzido assim, refere-se à incerteza desta vida, na
qual até mesmo Urna atitude aparentemente pouco sábia pode produzir a sua
recompensa.
Charles
F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody.
Editora Batista
Regular Eclesiastes. pag. 21.
EMBAIXADOR (mensageiro;
intérprete; agir como embaixador). Representante oficial de um rei ou de um
governo (2Cr 32.31; 35.21; Is 30.4). Os embaixadores são mencionados desde a
época de Moisés até os Macabeus (1 Mac 9.70; 11.9; 14.21; 15.17). O desrespeito
para com eles era considerado como um grave insulto ao rei e ao povo que
representavam, o que às vezes levava à guerra (2Sm 10.4ss.). No NT o termo é
empregado somente no sentido figurado. Paulo falou de si mesmo como “embaixador
em cadeias” (Ef 6.20), e de todos os ministros do evangelho como “embaixadores
em nome de Cristo” (2Co 5.20).
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 2. pag. 382.
Is 6.8 —
Ocasionalmente, os profetas eram convidados a participar da corte celestial (1
Rs 22.19- 22; Jr 23.18,22). Aqui o Senhor emprega o pronome nós para se referir
a si próprio e aos Seus anjos (Gn3.22; 11.7). Envia-me a mim. Nas religiões do
antigo Oriente Médio, só os seres divinos eram enviados como mensageiros dos
deuses, mas o Deus da Escritura encarrega o ser humano dessa tarefa. Só em
certas ocasiões Ele usa anjos para revelar Seus propósitos à humanidade. O
voluntariado de Isaías provém de um coração agradecido. Ele deseja servir ao
Deus que lhe perdoou (v. 7).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O
Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1033.
Agora que não havia
nada entre ele e o seu Deus, Isaías ouviu as palavras: “A quem enviarei, e quem
há de ir por nós?” Alguns tomam “nós” como o plural de majestade. Mas
provavelmente, isto é uma reflexão da Trindade. Com os seus pecados perdoados,
um fogo apaixonado tomou posse do coração de Isaías. Ele respondeu imediatamente,
se oferecendo de boa vontade sem levar em conta a natureza ou dificuldade da
missão.
HORTON. Staleym. M. Serie Comentário Bíblico Isaias. pag.
105.
2. Evitando a
passividade.
Se por um lado
devemos assumir uma atitude diante da vida, por outro lado forçosamente não
devemos ser passivos diante da mesma. Salomão destaca que quem somente observa
o vento nunca semeará (Ec 11.4). Somente observar, contemplar e admirar não é
suficiente. Se em um primeiro plano as palavras do sábio significam que deve haver
empreendedorismo quer através de uma missão comercial, quer através de uma
missão espiritual, em um segundo plano elas demonstram a necessidade da
generosidade com o próximo. “Lançar pão”, portanto, significa ser
condescendente com as necessidades dos pobres e menos favorecidos. E fazer
alguma coisa e não somente contemplar o infortúnio do outro. É trazer o pão de
longe para alimentar os famintos (Pv 31.14). Significa ser generoso! Em o Novo
Testamento encontramos a preocupação da igreja para com os menos favorecidos
(G12.10).
Steven K. Scott
(2008, p.88,89) destaca que:
Os psicólogos dizem
que as duas maiores motivações da vida são o desejo de ganhar e o medo de
perder. Salomão (Pv 11.24,25) nos garante que a generosidade age diretamente
sobre os dois. Se você pudesse ter uma varinha de condão que garantisse suas
necessidades materiais para toda a vida e uma prosperidade cada vez maior,
quanto ela valeria? Salomão coloca essa varinha nas suas mãos: tudo o que você
precisa fazer é se tornar uma pessoa generosa. O que Salomão quer dizer quando
fala de generosidade? Ele diz que generoso é aquele que dá uma parte do que tem
para suprir as necessidades do próximo, e que o faz sem esperar receber nada em
troca. Embora ele fale do aspecto financeiro e material, a generosidade não se
limita a isso. Ser generoso significa estar voltado para as necessidades dos outros,
sejam elas quais forem.
O Novo Testamento
também destaca essa verdade. Vemos isso com toda força na carta de Paulo ao
filipenses. No meu livro A Prosperidade à Luz da Bíblia destaquei esse fato: “E
peço isto: que a vossa caridade abunde mais e mais em ciência e em todo o
conhecimento” (Fp 1.9). A palavra caridade’ nesse texto é a tradução da palavra
grega ágape, cujo significado básico é amor. Todavia o termo grego pode ser
traduzido também como benevolência e boa vontade. Ao traduzir ágape por
caridade nessa passagem bíblica, a tradução ARC põe em destaque o caráter
generoso dos filipenses. Caridade aqui tem como sinônimo generosidade e não
significa de forma alguma que alguém é salvo pelas obras (Ef 2.8). Os
filipenses haviam se sensibilizado com a situação de carência do apóstolo e por
isso resolveram ajudá-lo (Fp 4.15). O modelo de prosperidade pregado por Paulo
soa muito diferente daquele que é adotado hoje. Prosperidade no atual contexto
significa ‘independência’. É por isso que vemos os constantes apelos como
‘venha conquistar sua independência financeira’. Paulo era próspero e feliz,
mas dependeu da ajuda de seus irmãos e demonstrou satisfação por isso”.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
139-141.
Ec 11.2 Reparte com
sete, e ainda com oito. Quando tiveres de investir, diversifica. Emprega o teu
dinheiro em sete ou oito (um grande número de empreendimentos) lugares. Visto
que não sabes que mal te atingirá neste mundo imprevisível, é melhor que não
apliques todo o teu dinheiro em uma única atividade. Põe dinheiro em um banco;
compra propriedades, ouro, uma fazenda e animais domésticos; compra uma casa de
praia que possas alugar a turistas durante os meses de verão; compra algumas
joias e pedras preciosas; investe em ações de uma companhia sólida.
Cf. a expressão “com
sete, e ainda com oito” com Pro. 6.16; 30.7,15,16,18,19, 21-31, que fazem parte
dos chamados Provérbios numéricos. Ver especificamente as notas em Pro. 30.7.
Cf. também, Jó 5.19 e Amós 1.3-2.6. Esse número significa um número grande,
indefinido, isto é, muitos.
Tempos Ruins Podem
Chegar. Deus controla todas as coisas com as Suas mãos. Ele é a Causa Única,
mas a experiência ensina que aquilo que Ele determinou pode ser destrutivo e
não apenas beneficente. Portanto, investe o melhor que puderes, em face das
incertezas do futuro (do ponto de vista humano). Tudo é vaidade, afinal. O
dinheiro não significa muito, mas poderás usufruir conforto.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2737.
“Reparte com sete e
ainda até com oito, isto é, sê livre e liberal nas obras de caridade.” (1) “Dá
muito se tu tens muito a dar, não uma miséria, mas uma porção, não um pedaço ou
dois, mas uma refeição; dá uma grande esmola, e não uma insignificante; dá boa
medida (Lc 6.38); sê generoso ao dar, como foram aqueles quando, nos dias de
festival, enviaram porções aos que não tinham nada preparado (Ne 8.10), porções
valiosas.” (2) “Dá a muitos, a sete e ainda até a oito; se tu te encontrares
com sete objetos de caridade, dá a eles todos, e então, se tu te encontrares com
oito, dá a eles, e com mais oito, dá a todos eles também. Não te escuses, pelo
bem que tu fizeste, do bem que tu tens a fazer posteriormente, mas permanece
firme e melhora. Em épocas difíceis, quando o número de pobres aumentar, que a
tua caridade aumente proporcionalmente a isso.” Deus é rico em misericórdia
para com todos, para conosco, ainda que indignos; Ele dá liberalmente, e não
censura pelos dons antigos, e nós devemos ser misericordiosos como é o nosso
Pai Celestial.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 947-948.
O versículo 2 é
melhor entendido como uma exortação adicional a respeito do compartilhamento
generoso. Reparte com sete e ainda com oito é um jeito prático de dizer: compartilhe
com muitos. Mesmo que você não saiba que mal sobrevirá à terra, viver
generosamente é muito melhor do que uma vida de egoísmo.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 462.
Ec 11.2 — Com sete e
ainda até com oito. Esta é uma exortação para sermos generosos com o maior
número de pessoas possível, aumentando essa estimativa a cada dia.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1004.
Ec 11.2. Reparte com
sete. Eis novamente uma ênfase sobre os resultados obtidos na vida mesmo quando
se age com sabedoria. Traduza-se: "reparte com sete, e ainda com oito
(isto é, seja sábio nos seus investimentos); porque não sabes que mal sobrevirá
à terra".
Charles
F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody.
Editora Batista
Regular Eclesiastes. pag. 21.
Reparte com sete e
ainda com oito... (v.2). É o mesmo que lançar o pão sobre as águas, pois estes
sete ou oito são apenas uma fração da multidão de famintos e sofredores a quem
temos o dever de assistir. Não está nos planos deste escritor converter-se em
vergasta de ninguém, e as suas palavras são apenas um eco de suas muitas
mensagens e sermões ao povo cristão do Brasil, de que os aspectos teóricos da
religião vivem longe das realidades da vida. Jesus não nos enganou, quando
cuidou tão devotadamente dos sofredores, parece que até mais do que dos
incrédulos, que eram muitos nos seus dias. Infelizmente, este modelo não pegou
nas atividades dos evangélicos brasileiros. Reparte com sete e ainda com oito,
reparte com a humanidade ao teu alcance é a norma. Felizmente que este escritor
pode falar e escrever, mesmo que seja como correr atrás do vento. Ainda quando
seminarista, no Recife, meteu-se-lhe na cabeça inventar um meio que tirasse os
pregadores da miséria em que viviam na doença e na velhice. Então velo à Junta
de Beneficência. Como pastor, à época desse manuscrito, a sua igreja gastava
mais de um milhão por mês em beneficência, não Incluindo o que dá às
instituições convencionais. Enfatiza, pois, a beneficência. O nosso louvor à
Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira, pois desde os seus
primórdios aprendeu a praticar um evangelho INTEGRAL: Evangelização, Educação e
Beneficência.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
Pv 31.14 É como o
navio mercante. He. A mulher virtuosa contava com mercados perto de sua casa,
para comprar seu suprimento alimentar. Mas ela também tinha conhecimento sobre
bens importados e trazia para casa algumas dessas mercadorias. Sabia onde
conseguir esses bens para deleite de seus familiares. A segunda linha, que é
sinônima, diz-nos que ela se sacrificava a fim de garantir boas refeições e ia
buscar longe os alimentos consumidos pela família. Essa parte do versículo
revela-nos que a família referida não pertencia às classes pobres, mas no
mínimo à classe média alta. Note o leitor que a mulher virtuosa tinha escravas
(servas), vs. 15. Isso está em consonância com a mentalidade dos hebreus, de
que a bondade resulta na prosperidade. O autor esforça-se para evitar que
pensemos como os pobres pensam. A mulher virtuosa traz coisas interessantes e
incomuns para preparar diferentes tipos de refeições. Ela não prepara somente
feijão e arroz. Talvez buscasse de mercados longínquos, supridos pelos navios
que cruzavam o mar Mediterrâneo. Se vivesse perto do mar, então ela descia a
portos para trocar mercadorias diretamente. Naturalmente, também havia
mercadorias que chegavam de terras mais interiores, trazidas por caravanas de
camelos, como as que vinham do Egito, bem como de países do norte e do
nordeste, a Síria e a Babilônia. A mulher virtuosa provavelmente vendia suas
mercadorias (os artigos fabricados por ela) nesses mercados, a fim de obter
dinheiro, e também comerciava alguns itens diretamente.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2693.
Pv 31.14 Tudo o que
ela faz tem um bom resultado, pela sua prudente administração; ela não se
esforça a noite toda sem ganhar nada, não, ela mesma prova que a sua mercadoria
é boa (v. 18); ela sabe que em todo o seu trabalho há lucro, e isto a encoraja
a perseverar nele. Ela percebe que pode fazer, ela mesma, coisas melhores e
mais baratas, do que ela pode comprá-las; ela descobre, por observação, qual
ramo de suas atividades traz os melhores resultados, e a isto se dedica com
afinco. (1) Ela traz provisões de todas as coisas necessárias e apropriadas
para a sua família (v. 14). Nenhum navio mercante, nem mesmo os barcos de
Salomão, jamais tiveram um retorno tão vantajoso como as suas atividades. Eles
trazem artigos do exterior, com os bens que exportam? Ela também faz isto, com
o fruto de seu trabalho. Aquilo que o seu próprio solo não produz ela pode
obter, se tiver oportunidade, trocando seus próprios bens por isto; e assim ela
traz seu pão de longe. Não que ela valorize mais as coisas que vêm de longe,
mas, ainda que venham de muito longe, se precisar tê-las, saberá como obtê-las.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 888.
Gal 2.10 Os cristãos
da Judeia na época passavam por grandes necessidades e dificuldades. Os
apóstolos, por compaixão e preocupação com eles, apresentaram essa situação a
Paulo, para que usasse sua influência nas igrejas gentílicas a fim de obter
ajuda aos cristãos judeus.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 551.
Gal 2.10 A comunhão
novamente selada é completada por um entendimento aditivo. Somente que nos
lembrássemos (assistencialmente) dos pobres. Sem qualquer explicação adicional
Paulo podia falar dos ―pobres‖. Os gálatas, assim como também os romanos que
viviam mais longe (Rm 15.26), sabiam que com essa palavra se fazia referência
aos cristãos da igreja originária. Provavelmente era a autodesignação deles à
luz de Is 61.1,2, que era pronunciada com respeito por todas as igrejas. A
pobreza social é sublimada espiritualmente. Os necessitados sabem que estão
especialmente próximos da salvação, pois ―aos pobres‖ são prometidos evangelho
e bem-aventuranças (Mt 5.3; Lc 6.20; 7.22).
A forma gramatical no
tempo presente indica uma instituição permanente. Contudo seria um descaminho
pensar por causa disso num direito de tributação por parte dos de Jerusalém,
reconhecido por Paulo. O NT não tem conhecimento algum de que toda igreja
cristã que surgisse em qualquer lugar teria o dever de realizar ofertas em
favor da igreja original. Além disso essa leitura contradiria a tendência do
relato, segundo o qual se estava fundamentando justamente uma comunhão de
iguais. De acordo com o fluxo das ideias, os de Jerusalém apenas acrescentaram
um pedido cordial por auxílio, não impuseram uma condição. Com prazer Paulo
prometeu essa ajuda. De acordo com Rm 15.26,27, 1Co 16.3; 2Co 8.3,8,24; 9.5
essas coletas possuem a característica da gratidão, da graça, da
voluntariedade, da demonstração de amor e da dádiva por bênção. Elas constituem
a livre doação do hóspede, a qual os gentios, que têm o privilégio de se
sentirem em casa em Israel, trazem consigo. Inversamente: Aceitando o presente,
a igreja original aceita a Paulo e sua obra.
Finalizando, Paulo
assevera o seu próprio zelo por essa causa. O que também me esforcei por fazer.
Nesse caso não pode falar por Barnabé, pois entrementes se haviam separado.
Porém no que envolve a sua própria pessoa ele pode dizer que também esse acordo
adicional continuou sendo um propósito do coração. De acordo com 1Co 16.1-4 os
gálatas podiam confirmá-lo. Ainda mais: Ao participarem na oferta, eles
próprios passaram para essa comunhão. Eles não deveriam permitir que os
judaístas entremetessem uma cunha.
Adolf
Pohl. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses.
Editora
Evangélica Esperança.
lI -
VIVENDO COM DINAMISMO
1 A imobilidade da
árvore caída (vivendo do passado).
“Estando as nuvens
cheias, derramam aguaceiro sobre a terra; caindo a árvore para o sul ou para o
norte, no lugar em que cair, aí ficará” (Ec 11.3). Sentido toda a força dessa
metáfora, o escritor Derek Kidner destaca que a metáfora nuvem revela também
que os fenômenos meteorológicos têm suas próprias leis e tempos, e não os
nossos. Observa ainda que na metáfora da árvore caída aprendemos que a mesma
não consultou a conveniência de ninguém para que pudesse tombar.
A árvore caiu e onde
tombou ficou! Está totalmente imóvel e não há mais nada a fazer! A vida também
é imprevisível e cheia de contingências. Ela não é feita somente de momentos
bons, pelo contrário, há aqueles que são extremamente desagradáveis. E aí, o
que fazer? Ficar preso a uma experiência passada sobre a qual nada mais se pode
fazer ou enfrentar a vida desse ponto para frente? Ficar preso ao passado é
assemelhar-se à árvore que tombou e sobre a qual nada mais pode ser feito.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 142.
Ec 11.3 Estando as
nuvens cheias, derramam aguaceiro sobre a terra. Os processos naturais da
natureza, dirigidos pela Vontade Divina, continuam cumprindo seu dever. Esses
processos nunca cessam; eles continuam repetindo suas tarefas determinadas. As
nuvens são formadas mediante evaporação do mar; elas cobrem a superfície
inteira do globo terrestre, depositando suas águas; os rios assim formados
precipitam-se para os mares; a evaporação é contínua; a formação das nuvens é
contínua; a chuva é contínua; a natureza obedece aos decretos divinos.
E, então, se uma
árvore cair (o que também acontece por decreto divino), isso poderá parecer uma
orientação arbitrária, na direção sul ou norte, mas até a direção da queda de
uma árvore está determinada. Quando a árvore bater no chão, jazerá exatamente
onde caiu, o que serve de outra indicação da determinação divina. É ridículo
dizer que podem chegar homens para movimentar aquela árvore, isso só estragaria
a analogia. O ponto do versículo é que todas as coisas foram ordenadas de
antemão, e não há mero acaso. Mas já que não sabemos como as coisas ficarão, se
boas ou más, ou quando acontecerão, continuemos a fazer a parte que nos cabe:
trabalhar com diligência e esperar pelo melhor. Não tenhamos medo dos ventos, é
preciso semear e colher tudo quanto pudermos.
Carma? Alguns
estudiosos supõem que a árvore que cai e fica onde caiu seja uma declaração misteriosa
acerca de como um homem inevitavelmente colhe aquilo que tiver semeado. Sua
vida é como a queda de uma árvore: o que ele tiver feito levará a árvore a
permanecer exatamente onde cair. A fortuna de um homem consiste em
continuamente encontrar-se consigo mesmo.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2737.
O versículo 3a talvez
sugira a generosidade de Deus como uma nova motivação para a vida altruísta
(cf. Mt 5.44-45). Caindo a árvore [...] aí ficará (3b) sugere claramente o
elemento do destino inescapável. Mas o contexto do capítulo inteiro sugere que
aqui Qoheleth esteja falando dos resultados inevitáveis das escolhas humanas. O
tipo de vida que você leva determina o tipo de pessoa que você será. O
julgamento final de Deus e a realidade da vida na fase adulta e da velhice
levam a pessoa a tomar as decisões corretas já desde a juventude (cf. capítulo
9 e 12.1).
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 462.
Ec 11.3 — Não
obstante o lado que caia a árvore, alguém dará utilidade à sua madeira;
portanto, pare de se preocupar por ela não ter caído para o lado que você
desejava (ou mesmo de conjecturar se cairá ou não para tal lado).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1004.
Estando as nuvens
cheias, derramam aguaceiros sobre a terra... (v. 3). Para quem este aguaceiro?
Para todos, bons e maus, como nos ensina Jesus em Mateus 5:45. Deus se
apresenta sempre como Deus da humanidade. Até na terra deserta chove para que
as bestas da terra tenham capim para comer. A natureza é pródiga para com todos
e tudo. Nós, porém, nos trancamos em nosso egoísmo e em nossa gula, e qualquer
bem que poderíamos fazer não fazemos. As lutas das igrejas com as suas
finanças, o que são senão a avareza, a ganância dos seus membros, que só pensam
em si, sem se lembrarem dos pobres e sofredores? Tudo jaz à base da falta de
simpatia pelo próximo.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
2. O movimento do
vento e das nuvens (vivendo o presente).
Vimos que no livro de
Provérbios que Salomão se valia com muita frequência de uma linguagem
metafórica para melhor compartilhar suas ideias. Percebemos isso quando ele
usou o exemplo do trabalho das formigas para contrastar com a vida do
preguiçoso (Pv 6.6). No livro de Eclesiastes, também encontramos esse recurso
estilístico nas palavras do sábio: “Quem somente observa o vento nunca semeará,
e o que olha para as nuvens nunca segará” (Ec 11.4).
Muitos intérpretes da
Bíblia observam que a ideia aqui é a de movimento e imprevisibilidade. O vento
está se movimentando o tempo todo e as nuvens são imprevisíveis em seu
movimento. E uma metáfora da vida que está em constante movimento e que não
pode deixar de ser vivida por causa da sua imprevisibilidade! E o tempo
presente no qual se vive e que exige uma tomada de decisão diante dos desafios
que ele impõe. Ficar olhando para a vida e se queixar sem tomar uma atitude
frente aos seus desafios assemelha-se àquele que apenas olha o vento e as
nuvens. Ver a vida passar e passa batido pela vida!
Ed Rene Kivitz
observou com muita propriedade:
Apesar de tudo, ele
nos aconselha a arriscar, mesmo em um mundo incontrolável e cheio de
incertezas. Seu primeiro conselho é “investir”. “Quem não arrisca não petisca”,
diz o nosso ditado. Na versão de Eclesiastes, “atire o seu pão sobre as águas,
e depois de muitos dias você tornará a encontrá-lo (1 l.l).
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
141-142.
Ec 11.4 Quem somente
observa o vento, nunca semeará. Talvez, para alguns, a natureza não esteja
cooperando como deveria, pois atrapalha a agricultura; assim, eles deixam de
trabalhar quando deveriam. Não se deve esperar, da natureza,
atos de perfeição. O
trabalho contínuo e a espera pela cooperação da natureza são o melhor a fazer.
O homem temeroso, que continua observando as nuvens e o vento, perderá sua
oportunidade. Este versículo encoraja os homens a entrar em ação, a despeito
das aparentes incoerências da natureza. Se você fizer o que puder, então talvez
Deus abençoe seus esforços; por outra parte, Ele pode não querer abençoá-los.
Mas, independentemente do que aconteça, Deus continua no controle das coisas;
Ele decreta todas as regras, garante todas as colheitas, bem como todas as
falhas de safra. Mas você não sabe o que ele garantiu para você, portanto
continue trabalhando e esperando pelo melhor. Outro tanto se aplica a todos os
empreendimentos da vida humana, e não somente às atividades agrícolas. “É
inútil tentar resguardar-se de todas as falhas possíveis. Exigir certa medida
de sucesso, antes de agir, seria a mesma coisa que nunca agir" (Ellicott,
in loc.).
Ec 11.5 Assim como tu
não sabes qual o caminho do vento. Encontramos, neste versículo, duas
ilustrações das misteriosas operações de Deus na natureza. Considere o leitor
estes pontos:
1. O autor continuou
a falar sobre o vento, e talvez devamos compreender aqui o vento literal. Nesse
caso, a primeira parte do vs. 5 simplesmente continua a falar sobre os ventos
mencionados no versículo anterior.
2. Alguns estudiosos
pensam que se trata de menção ao sopro da vida que anima o corpo do embrião que
se forma no ventre da mãe. Em outras palavras, temos aqui uma repetição do ato
criativo de Deus, em Gên. 2.7, quando Ele insuflou no homem o sopro da vida.
3. Ademais, alguns
eruditos supõem que se trate de menção ao espírito humano, unido ao embrião,
conforme este cresce. Isso se refere ao criacionismo como a explicação da
formação do ser humano total. Mas essa ideia é forçada, no versículo, pelo
pensamento cristão; ela poderia dar apoio à noção do traducionismo, ou seja, o
mistério da concepção inclui a parte espiritual, que não é, então, atribuída a
um ato direto de Deus. Em outras palavras, Deus criou o homem para
reproduzir-se segundo a sua espécie, o corpo e a alma, e isso faz parte natural
da procriação. Mas também é forçar, neste versículo, outra doutrina posterior.
Foram os filósofos estoicos
que promoveram essa ideia, que veio a tornar-se uma das explicações do
cristianismo, quanto ao complexo humano do corpo e da alma. Ver na Enciclopédia
de Bíblia, Teologia e Filosofia os artigos chamados Criacionismo e
Traducionismo. Provavelmente, a primeira destas três posições expressa a
interpretação correta.
Além disso, devemos
pensar em outro mistério, sobre o qual praticamente nada sabemos, ou seja, como
o embrião se desenvolve no ventre materno. Atualmente, sabemos mais do que
sabiam os povos antigos, mas nosso conhecimento ainda não encontrou solução
para todos os mistérios da concepção. Isso não significa, contudo, que eles não
ocorram, ou que os homens não devam procriar, porque isso os faria penetrar em
mistérios profundos. Outro tanto se dá com todas as ações e empreendimentos
humanos. Os mistérios circundam todas as coisas, mas continuamos agindo e
esperando pelo melhor.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2737.
Aqui Qoheleth resume
um tema já visto em 10.8-9. A boa vida requer decisão e ação. Existem
incertezas e perigos, mas aquele que espera pela sabedoria completa e a
segurança perfeita nunca irá sofrer riscos. Quem observa o vento, isto é,
espera até que não haja nenhum vento para atrapalhar até mesmo o espalhar de
suas sementes, nunca semeará (4). Também, o que olha para as nuvens — para ter
certeza de que suas sementes, quando cortadas, não se molhem — nunca segará
[colherá], No
versículo 5, somos lembrados de que sempre existem fatores que são do exclusivo
conhecimento de Deus em qualquer decisão que tomemos. O significado do caminho
do vento deve ser fornecido pelo contexto, visto que a palavra pode significar
“espírito” ou “vento”. Muitos tradutores modernos a definem como “vento” e a
relacionam ao versículo 4. Moffatt o transforma em poesia:
Assim como você não
sabe para onde sopra o vento, nem como um bebê cresce no ventre, assim você não
pode saber como Deus trabalha,
Deus que está em
tudo.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 463.
Ec 11.4 — Nunca
semeará. A pessoa cautelosa ao extremo a ponto de esperar o momento ideal para tomar
uma atitude está condenada ao fracasso.
11.5 — Certos atos do
Senhor são inexplicáveis. Em Eclesiastes, o conceito de Deus como Criador, que
faz todas as coisas, não se restringe ao versículo 1 do capítulo 12. A
incapacidade de o ser humano conhecer a obra de Deus independente de conhecê-lo
é um dos temas desse livro (Ec 3.11; 8.17; 9.12).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1004.
Ec 11.4 - Esperar as
condições perfeitas indica falta de iniciativa. Esta compreensão prática também
é aplicável a nossa vida espiritual. Se esperarmos a ocasião e o local
perfeitos para a ler a Bíblia. nunca começaremos; para pertencer a uma igreja
perfeita, nunca congregaremos; para ter o ministério perfeito, nunca serviremos.
Devemos dar nossos passos em direção ao crescimento espiritual. Não devemos
aguardar condições que provavelmente jamais existirão!
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 885.
Fé nas coisas que se
veem não é fé. Fé no Invisível é o que Hebreus 11 nos ensina. O homem que
pratica a fé não come sozinho o seu pão ao lado do faminto. Os evangélicos têm
sido responsáveis por muitos sofrimentos, que poderiam sanar. Por ignorância,
má orientação ou egoísmo, não têm aproveitado as suas oportunidades de fazer o
bem. Está na memória deste escritor uma luta acesa, em um estado da Federação,
sobre se os batistas deveriam ou não manter um orfanato. A duras penas, alguns
têm conseguido romper as barreiras opostas à prática da beneficência e
alcançado algum resultado, posto que mui pouco. Muitos dos mestres batistas
jamais leram este verso, esse imperativo de lançar o pão nas águas. Por causa
desta Infeliz miopia, os batistas não têm um hospital no Brasil, não têm uma creche
de sustentação geral, não têm nada. O povo apodrece Junto de nós, e não temos
meios de ajudá-lo. Agradecemos à Providência o fato de já termos umas duas ou
três Casas da Amizade, onde se pratica algum bem aos menos favorecidos da
sorte. Como Batistas precisamos estar lembrados que um dia também seremos
chamados à prestação de contas sobre as Implicações sociais da fé cristã.
Os que observam o
vento nunca semeiam, e o que olha para as nuvens nunca sega (v. 4). Que é isto?
Falta de confiança e também raiz da sonegação da caridade. Joga tua semente na
terra e confia naquele que manda no vento e nas nuvens, e terás boa colheita. A
natureza é pródiga, liberal e a todos dá sem discriminações. Façamos da nossa
religião algo para valer aqui na terra e não apenas no céu; e o que vale na
terra são as criaturas, boas ou más, com as quais estamos ligados para o tempo
e para a eternidade. Quando Jesus mandou fazer amigos com as riquezas da
injustiça (Luc. 16: 9), ordenou fôssemos previdentes; e a previdência inclui o
cuidado para com todas as obrigações da vida, inclusive porque Ele condenou o
desleixo da vida, e este desleixo ou falta de cuidado inclui os deveres para
com o próximo.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
VENTO
Temos a considerar
uma palavra hebraica e três palavras gregas, quanto a este verbete, isto é:
1. Ruach,
"vento". Esse vocábulo hebraico aparece por um total de 370 vezes,
com o seu sentido principal de "espírito", além de outros. Com o
sentido de "vento", aparece por 91 vezes, desde Gên. 8:1 até Zac.
5:9.
2. Ãnemos,
"vento". Essa palavra grega ocorre por 30 vezes no Novo Testamento:
Mal. 7:25,27; 8:26,27~ 11:7; 14:24,30,32; 24:31; Mar. 4:37; 4:39,41; 6:48,51;
13:27; Luc. 7:24; 8:23,25; João 6:18; Atos 27:4,7,14, 15; Efé. 4:14; Tia. 3:4;
Jud. 12 e Apo. 6:13; 7:1.
3. Pneuma,
"espírito", "vento". Com o sentido de vento, figura apenas
por uma vez, em João 3:8, nas famosas palavras de Jesus a Nicodemos, pois,
certamente, o trecho emprega um jogo de palavras: "O vento sopra onde quer,
ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que
é nascido do Espírito".
4. Pnoé,
"vento". Palavra grega usada somente por duas vezes, em todo o Novo
Testamento: Atos 2:2 e 17:25. O termo hebraico ruach é cognato do ugarítico rh,
que algumas autoridades pensam ser oriunda da raiz r w h, embora isso seja
duvidoso, pois o cognato fenício é apenas rh. O sentido dessa raiz é difícil de
determinar, embora muitos estudiosos aceitem "sopro" ou
"brisa". É uma palavra usada para indicar qualquer agitação ou movi
menta do ar,
seja pela força de alguma tempestade, como em Osé. 13: 15, seja pela respiração
do homem, como em Jó 9: 18. A distribuição dialética de vocábulos para indicar sopro,
nos idiomas semíticos, exibe um padrão bastante confuso, com muitas expressões
idiomáticas. No tocante ao volume do Antigo Testamento, é interessante observar
que essa palavra hebraica, ruach, faz-se totalmente ausente, ao passo que é
muito frequente, em outros livros daquela coletânea. Em um sentido derivado, esse
termo hebraico também indica "vaidade", em um sentido metafórico,
algo tão sem substância quanto o ar, conforme se vê em Jer. 5: 13.
A mais difícil
ocorrência do termo hebraico ruach encontra-se em Gênesis 1:2.
Tradicionalmente, essa passagem tem sido vinculada ao trecho de Gênesis 8: 1,
mas, sem qualquer razão verdadeira. Em nossa versão portuguesa, essas passagens
dizem, respectivamente: " 0 Espírito de Deus pairava por sobre as
águas"; e: " Deus fez soprar um vento sobre a terra, e baixaram as
águas". É claro que as duas passagens não estão falando sobre uma mesma
coisa. Antes, a ligação de Gênesis 1:2 é com Já 33:4, onde lemos: "O
Espírito de Deus me fez; e o sopro do Todo-poderoso me dá vida". Gênesis
1:2 e Já 33:4 indicam atividades divinas, pelo Santo Espírito.
No Novo Testamento, o
termo principal é ánemos, termo grego que corresponde à palavra portuguesa
vento.
Essa é a palavra que
a Septuaginta usa para traduzir o termo hebraico ruach, em cerca de 50
ocorrências, quase exclusivamente quando descreve fenômenos naturais. Pneuma,
outra palavra grega, entretanto, também foi empregada como tradução de ruach,
em 264 citações. Explica-se isso facilmente, dizendo que ruach encerra os dois
sentidos, que o grego desdobra em pneuma e em ánemos. Pneuma aponta muito mais
para o "espírito", ao passo que ánemos indica muito mais o
"vento".
Usos Simbólicos. E
fácil compreender como o vento é usado ilustrativamente para muitas ideias de
cunho espiritual, visto que, embora invisível diretamente para o olho humano,
seus efeitos são perfeitamente perceptíveis. Podemos perceber 13 desses usos
ilustrativos do vento.
As operações do
Espírito de Deus (Eze. 37:9; Joã03:8; Atos 2:2).
A vida humana (Jó
7:7).
Os discursos dos
desesperados (Jó 6:26).
Os terrores que perseguem
a alma humana (Jó 30: 15).
As imagens de
escultura (lsa. 41 :29).
A iniquidade, que
conduz à destruição (1sa. 64:6).
As falsas doutrinas
(Efé. 4: 14).
Os ímpios, sob a
forma de palha tangida pelo vento (Jó 21:18; Sal. 1:4).
Os que se jactam de
dons falsos, sob a forma de vento sem chuva (Pro. 25: 14).
Os juízos de Deus
(sob a forma de vento destruidor) (Isa, 27:8; 29:6; 41:16).
A maldição do pecado
(sob a forma de ventos semeados) (Osé. 8:7).
As vãs esperanças
(sob a forma de vento como alimento) (Osé. 12:1).
As expectações que
não se cumprem (Isa. 26:18).
Ver também o artigo
Clima. E também outros vinculados a este, como Tempestade, Tufão, Pé-de- Vento,
Redemoinho, etc.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 590-591.
VENTOS Os hebreus
reconheciam quatro movimentos de arhorizontais que chamavam de vento. Os ventos
sul e sudeste cruzando o deserto arábio eram quentes e secos (Jó 37.17; Lc
12.55). O vento norte era mais fresco sendo favorável para a vegetação (Ct
4.16). Os ventos oeste, sudoeste e noroeste traziam as chuvas e acompanhavam
uma tempestade (1 Rs 18.43-45; SI 147.18; Ez 13.13). O vendo leste era quente,
com rajadas e carregado de areia. Ele era prejudicial à vegetação (Gn 41.6; Is 11.15; Ez
19.12; Jn 4.8). O vento era reconhecido como uma criação de Deus (SI 135.7; Am
4.13), e era usado como um instrumento para executar seu prazer (Êx 14.21; SI
78.26; 148.8; 2 Rs 2.11) e seu juízo (SI 48.7; Jn 1.4). Os homens também usavam
o vento em seu proveito. Era importante para o lavrador ao joeirar os grãos (SI
1.4; 35.5; Is 17.13) e para o marinheiro ao navegar nos mares antigos (At
27.40; 28.13; Tg 3.4).
Pelo fato das
palavras para "vento" nos idiomas originais (heb. ruah, gr. pneuma)
também significarem "espírito" e "fôlego", os termos são às
vezes intercambiáveis, como em Ezequiel 37.5-9,14. O Senhor Jesus Cristo
ilustrou a operação do Espírito Santo na regeneração por meio da natureza
invisível do vento (Jo 3.8). Uma das manifestações da descida do Espírito Santo
no dia de Pentecostes foi descrita como "um som, como de um vento veemente
e impetuoso" (At 2.2). Veja Relâmpago; Chuva; Espírito Santo; Tufão,
Redemoinho. G. E. W.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 1989.
III -
VIVENDO COM FÉ E ESPERANÇA
1. Plantando a
semente.
O sábio Salomão já
havia orientado em Eclesiastes 11.1o “lançar”, agora ele pede o “semear”. A
metáfora tem por objetivo reforçar o que ele já dissera no início desse
capítulo, usando a figura de um navio enviado em uma missão comercial. Agora
ele usa a figura de um agricultor para dar vida ao seu argumento: “Semeia pela
manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual
prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas” (Ec 11.6).
R. N. Champlin
destaca:
Um agricultor tem de
ser ativo pela manhã e à noite, semeando e efetuando os atos normais envolvidos
na agricultura. O que o agricultor fizer pode dar certo; todas as suas
esperanças podem estar de acordo com aquilo que Deus já determinou, mas também
podem discordar. Seja como for, ele continua trabalhando e esperando pelo
melhor. O labor humano é vão (v. 8; Ec 1.3), mas precisamos continuar cumprindo
nossa parte, deixando todas as coisas nas mãos de Deus.
O destaque aqui é a
arte de semear! Assim como é preciso “lançar” também é necessário “semear”.
Lançar e semear requer ação! E preciso plantar a semente, pois só colhe quem
planta! (2 Co 9.6; Cl 6.7). Muitas vezes o solo da vida é duro, seco e arenoso
e por isso semear se torna um trabalho árduo e difícil. Muitos desistem de
semear porque as condições não são favoráveis. Desistem logo diante das
primeiras dificuldades que a vida lhes impõe. Lawrence Richards sintetiza:
“Embora ninguém possa controlar o futuro (v. 3), é melhor se preparar para ele,
tão cuidadosamente quanto possível”.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
142-143.
Ec 11.6 Semeia pela
manhã a tua semente. Um agricultor tem de ser ativo pela manhã e à noite,
semeando e efetuando os atos normais envolvidos na agricultura. O que o
agricultor fizer pode dar certo; todas as suas esperanças podem estar de acordo
com aquilo que Deus já determinou, mas também podem discordar. Seja como for,
ele continua trabalhando e esperando pelo melhor. O labor humano é vão (vs. 8;
Eclesiastes 1.3), mas precisamos continuar cumprindo a nossa parte, deixando
todas as coisas nas mãos de Deus.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2737.
Ec 11 .6— Qual
prosperará. Neste versículo, o conselho do autor é não evitar comprometer-se
com as coisas, é realizá-las, mas deixar que Deus determine o sucesso ou o
fracasso do empreendimento.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1004.
Se isto não é uma
lição de confiança na providência divina, então não sabemos mais nada. Noutro
lugar discutimos os males da ganância humana: a usura, o egoísmo, e aqui
temos como o
corolário. Lições de confiança em Deus, que tudo governa, tudo administra e com
tal precisão, que a nossa terra, que dá uma volta sobre si mesma em 24 horas,
nunca se atrasou um minuto. Prontamente está, pela manhã, no mesmo ponto do
espaço. Quem lhe deu corda para andar sempre sem parar? Quem fez este mecanismo
de tão perfeita execução? Oh! meus leitores! Se vocês comparassem coisas com
coisas, iriam ver que somos os maus da terra e do mundo, aos quais, nada
obstante, Deus deu tanto saber, tanta felicidade e meios para gozá-la.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
Gal 6.7 A exortação é
intensificada: Não vos enganeis: de Deus não se zomba (―Deus não se deixa
escarnecer‖ [RC])! A mesma exclamação também se encontra em 1Co 6.9 e 15.33,
dirigindo-se, como aqui, não contra zombadores de fora, nem contra o escárnio
aberto de Deus por meio de palavras. Atitudes desse tipo também eram rejeitadas
pelos gálatas. Em sua opinião eles justamente estavam no ponto de aumentar
decisivamente a sua devoção. Contudo, por meio daquilo que realizavam com seus
mestres, zombavam de Deus. O mais tardar no juízo final Deus resgatará a honra
que lhe cabe e dará a resposta pertinente. A Bíblia fala do juízo muitas vezes
pela metáfora da colheita. É o que faz também a frase proverbial seguinte, que
todo agricultor poderá confirmar: pois aquilo que o homem semear, isso também
ceifará. Toda a série de obras da carne de Gl 5.19-21, as
brigas de Gl 5.15, as
gabolices de Gl 5.26, o esquecimento de Deus de Gl 6.7 são sementes que
produzirão uma colheita correspondente. Não há como esquivar-se disso.
Adolf
Pohl. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses.
Editora
Evangélica Esperança.
A prática do bem é um
empreendimento universal, que deve visar o bem de todos os seres humanos; mas,
sobretudo, 0 bem daqueles que são irmãos em Cristo, que compartilham da mesma
busca espiritual e que se apegam aos mesmos ideais, porquanto com tais pessoas
é que teremos um maior contato e para elas se inclina toda a nossa simpatia.
O campo dos
agricultores espirituais é tão vasto quanto a necessidade humana, tão amplo
quanto as oportunidades que surgirem. E essas oportunidades podem ser grandes
para cada vida, ainda que totalmente inconspícuas.
«...oportunidade...»
No grego é «kairo», que é palavra usada no nono versículo com o sentido de
«estação do ano», referindo-se à colheita; mas aqui é empregada para indicar
qualquer período oportuno para 0 serviço cristão, qualquer «chance» de
servirmos aos outros e de lhes fazermos o bem. Trata-se de qualquer «tempo
apropriado, determinado»; e isso explica a tradução «oportunidade». Tal oportunidade
se alicerça no discernimento neotestamentário e na fé cristã, que salientam o
valor individual de todos os seres humanos. Esse reconhecimento é, antes de
tudo, divino, porquanto foi «Deus» quem amou ao mundo tão profundamente, e nós
o amamos porque primeiramente ele nos amou a nós, segundo lemos em João 3:16 e
I João 4:19.
«O campo aparece como
o mundo inteiro; e não há contradição alguma entre o fazer o bem, especialmente
para os da família da fé em Cristo, e o amor ao próximo, que talvez não pertença
a essa família (ver Gál. 5:13,14).
A função da igreja
consiste em dar prosseguimento à encarnação de Cristo, servindo de oficina do
Espírito Santo, onde o amor de Deus possa ser demonstrado sob condições
controladas. No seio da igreja cristã esse amor deve flamejar com beleza
sem-par e com intensidade peculiar, a fim de estabelecer um padrão e atrair os
homens aos pés de Cristo, que é 0 seu inspirador. E o resultado disso não é
menor bem para com os de fora, e, sim, maior bem. A igreja, como família da fé
que é, serve de lugar onde o amor cristão tem início e é aperfeiçoado. Paulo
não dava lugar aos sentimentos, que amam ao próximo distante geograficamente,
mas que não podem dar-se bem com ninguém, numa mesma casa. Isso não significa, como
é óbvio, que o amor à família da fé ocupe o ‘primeiro’ lugar, e que o amor aos
demais ocupe o ‘segundo’ lugar, e, sim, que 0 espírito missionário ‘nacional’ e
‘estrangeiro’ é uma só coisa, de aspectos inseparáveis. A influência do
Espírito deve ser intensificada a fim de gerar o poder de pregarmos a Cristo ao
resto do mundo». (Stamm, in loc.).
«Para os crentes
primitivos, pertencer a Cristo era pertencer à comunidade cristã. Amar a Cristo era
amar à comunidade. ‘Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque
amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte’ (I João 3:14). Os
raios da roda de uma bicicleta se aproximam mais e mais, à medida que se
avizinham do eixo.
Quanto mais próximos
estivermos de Cristo, tanto mais próximos estaremos uns dos outros. É o amor,
em todas as suas dimensões, que testa a genuinidade da fé cristã...Um indivíduo
pode perder o contato divino se perder o contato humano. A única maneira de
servirmos a Deus é servir à humanidade». (Blackwelder, in loc.).
Em Cristo não há
Oriente ou Ocidente,
Nele não há Sul e nem
Norte;
Mas apenas uma grande
comunidade de amor,
Por toda esta vasta
terra. (John Oxenham)
«...família da fé...»
A igreja cristã é apresentada aqui como uma grande família, o que igualmente se
verifica em passagens como I Tim. 3:15; Heb. 3:6; I Ped. 2:5 e 4:17. Está aqui
em foco aquela fraternidade formada por i todos os membros da fé, por todos
aqueles que exercem fé em Cristo, que ' «igualmente se entregaram de corpo e
alma a ele». Trata-se daquela comunidade caracterizada pelo exercício comum da
fé em Cristo. Pois o mais certo é que a palavra «...fé...», neste caso, não
indique a crença em um «credo» ou sistema doutrinário, ou seja, uma comunidade
caracterizada por determinadas crenças, embora isso também diga uma verdade, em
termos gerais. Pelo menos quanto a realidades fundamentais, como Cristo, Deus e
a salvação, eles estarão de pleno acordo; mas não é isso que este versículo salienta.
(Comparar com a «família de Deus», em Efé. 2:19). Essa comunidade conta com 0
mesmo Pai e com 0 mesmo Irmão mais velho. Por conseguinte, todos os seus
membros componentes devem possuir um afeto comum, conforme se dá no caso de
todas as família terrenas. Também deveriam todos mostrar-se sensíveis para com
as necessidades, para com as tristezas, para com os desejos e para com os alvos
colimados de cada qual.
De fato, devem
compartilhar mutuamente de muitas dessas coisas e atitudes, por causa de sua
relação espiritual tão íntima.
«...façamos o bem...»
Temos aqui uma declaração bem geral, incluindo obras de cunho espiritual, como
o ensino e o ministério da pregação, que muito ajudam aos homens em sua
inquirição por Deus é que nos ensinam como devemos buscar 0 Espírito do Senhor.
Mas, por outro lado, não tenhamos dúvidas de que a ajuda material também é
salientada aqui, como a ajuda financeira, as esmolas, etc.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 519.
2. Germinando a
semente.
Vimos que podemos
semear, mas não podemos fazer a semente germinar: “Não repouses a mão, porque
não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão
boas” (Ec 11.6). A atividade de semear, plantar é uma operação de risco e exige
fé de quem semeia ou planta. Pode ser que a semente plantada não germine e tudo
que o semeador semeou tenha sido em vão. Mas era um risco que ele precisava
correr.
Não há dúvida de que
Salomão via a vida como um grande campo e com ele uma grande variedade de
solos. Com certeza havia muitos solos nos quais fosse não atrativo semear, mas
o agricultor só saberia que a semente germinaria se semeasse. O que dependeria
também do clima. Era, portanto, preciso fé, perseverança e esperança. Uma bela
metáfora da lei da sementeira espiritual. De nada adianta ficarmos observando o
caos social e não tomarmos nenhuma atitude. É necessário que façamos a nossa
parte semeando a genuína Palavra de Deus nesse solo duro e pedregoso (Lc
8.5-15).
“Levante-se, plante a
sua semente em diversos lugares”, escreve Ed René Kivitz, “diversifique, pois
você não sabe quase nada: “assim como você não conhece o caminho do vento, nem
como o corpo é formado no ventre de uma mulher, também não pode compreender as
obras de Deus, o Criador de todas as coisas”
(11.5). Por isso,
mexa-se, movimente-se, recicle, aprenda, cresça, trabalhe! O Eclesiastes nos
chama para o trabalho sem ilusões: ainda que o aleatório atravesse o curso das
coisas e faça uma bagunça nas expectativas e probabilidades, trabalhe”.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
143-144.
O autor está lidando
com fenômenos que escapam à nossa Inteligência e observação. Quem sabe o
caminho do vento? Jesus mesmo advertiu Nicodemos afirmando que o vento sopra e
não sabemos de onde vem nem para onde vai (João 3:8); no entanto, faz a sua
ronda pela terra de acordo com as determinações do seu Autor. É o mesmo que
dizer que muitas coisas que constituem o cerne da vida escapam à nossa direção,
e nem por isso deixam de cumprir a sua missão. De acordo com essa diretriz, não
vamos alterar a ordem dos fatos que não controlamos, mas continuemos a rodar o
filme da vida como se tudo estivesse debaixo de nosso controle. Igualmente, não
sabemos como se formam os ossos (da criança) no ventre materno; todavia, isso
em nada influi no nascimento de crianças, pois tudo está dentro do cronograma
divino, em que nada falha. Parece-nos que o autor está dando, ou pretendendo
dar, lições aos que desejam governar os tempos e as estações e calcular o que
vai acontecer com o seu dinheiro, com as coisas que estão nas suas mãos,
esquecendo-se que tudo é obra de Deus, que faz todas as coisas. É maravilhoso
notar a ordem da criação: as flores, os passarinhos chilreando, os pombinhos esvoaçando,
as minhocas se enroscando debaixo das pedras, cada qual cumprindo a sua tarefa.
Parece que os seres humanos são rebeldes à natureza, e nem recordam que Deus
faz todas as coisas. Um pouco de fé não faria mal a ninguém.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
É significativa a
observação de que uma grande multidão rodeava Jesus e de que vinham pessoas de
todas as cidades.
A simpatia do povo de
que Jesus usufruía inicialmente parecia até mesmo aumentar (cf. Lc 4.15; 5.1;
6.17). Lucas assinala aqui um ápice dessa popularidade. Jesus não se deixou
iludir por esse aspecto exterior. A forma como apresentava sua pregação mostra
que ele não depositava grandes esperanças nas massas populares que acorriam.
É o entorno que
fornece ao Senhor a ilustração das quatro categorias de ouvintes que estão
diante de seus olhos. Na margem do lago as terras sobem de forma íngreme. A
parte mais alta da ribanceira está coberta somente por uma fina camada de
terra, enquanto a camada de húmus aumenta na proporção em que o campo se
inclina para o vale. Essa situação pode explicar as diferenças de solo
mencionadas.
São características
as quatro preposições utilizadas por Lucas: “à beira de”, “sobre”, “no meio
de”, “em”, para definir as relações distintas da semente com o solo.
A constituição do
solo é determinante para o desenvolvimento da semente. A primeira espécie de
solo nem sequer faz com que a semente germine. A circunstância de que a
semeadura não germina é causada imediatamente por perturbações exteriores: os pés
dos passantes e os pássaros. Mateus e Marcos citam somente os pássaros.
Na segunda categoria
de solo a semente germina. Porém a raiz não consegue se desenvolver sobre a
base rochosa. Uma vez que o sol em breve resseca a fina camada de terra, a
planta morre.
No terceiro tipo de
solo a semente se desenvolve até formar espigas. Contudo, os espinhos que
crescem com elas sufocam o trigo antes que o fruto amadureça.
Na quarta espécie de
solo a semente percorre todos os estágios de desenvolvimento. Lucas cita tão-somente
o grau mais elevado de fertilidade em terra boa para plantio, dizendo: esse
solo produz frutos a cem por um. Os dois primeiros evangelhos sinóticos
mencionam também índices menores de produtividade: Marcos em ordem ascendente,
ou seja, 30 / 60 / 100 por um, e Mateus em ordem decrescente, a saber, 100 / 60
/ 30 por um.
O Senhor adverte os
ouvintes para que prestem plena atenção com o coração. Embora se possa
compreender facilmente a presente parábola, o ouvido físico não é suficiente
para a audição e compreensão corretas. É preciso que se some o ouvido do
coração, i. é, a abertura interior. A fórmula “Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça!” ocorre oito vezes nos evangelhos (Mt 11.15; 13.9,43; Mc 4.9,23; 7.16; Lc
8.8; 14.35) e retorna também no Apocalipse (Ap 2.7,11,17,29; 3.13,22; 13.9). Em
outras palavras, significa: quem deseja ser abençoado por Deus através dos
sermões em parábolas, ouça com coração ardente e considere-os seriamente (cf.
Dt 29.4; Is 32.3; 35.5; Jr 5.21; Ez 12.2; Zc 7.11; Mt 13.13).
Na pergunta dos doze
sobre o significado do discurso de parábolas Jesus reconheceu a abertura e o
desejo do coração de seus discípulos, algo de que sentia falta na multidão do
povo.
Os maiores detalhes a
esse respeito são trazidos no Comentário Esperança, Mateus, sobre Mt 13.10-15,
e Marcos, sobre Mc 4.10-20.
O Senhor anunciava
aos seus o mistério do reino de Deus, i. é, o desígnio divino, conforme será
consumado no futuro. A parábola visava provocar a separação entre os ouvintes
de pensamento receptivo ou hostil. Os discípulos de pensamento receptivo vieram
a Jesus atraídos pela linguagem figurada, a fim de buscar instruções acerca do
significado da parábola. A massa popular, porém, que carecia do interesse do
coração, afastou-se. A nação israelita havia fechado arbitrariamente os ouvidos
ao claro chamado da boa notícia. Por isso a mensagem não se tornava mais
compreensível, mas mais embotada. Essa atitude causou o juízo justo de Deus. O
processo de endurecimento do povo judaico já havia sido profetizado por Isaías.
O povo judaico repeliu cada vez mais a luz que resplandecia em Jesus.
Conseqüentemente, o Senhor ocultou essa luz com o véu da parábola. O resultado
foi que as obras de Deus diante dos indiferentes e renitentes fossem mais e
mais encobertas, enquanto por outro lado a mesma pregação de parábolas deixava
os planos e pensamentos de Deus cada vez mais manifestos aos receptivos e
crentes.
A cada momento todos
os ouvintes têm a liberdade de passar da grande multidão para o pequeno círculo
de discípulos, a fim de reconhecer o mistério do reinado de Deus.
O Senhor compara o
desenvolvimento do reino de Deus com o processo evolutivo do grão semeado.
Assim como essa evolução depende da constituição do solo, assim o efeito da
pregação da palavra também depende da constituição do coração dos ouvintes.
Os ouvintes que
correspondem ao primeiro tipo de solo são constituídos de tal forma que a
palavra até entra por seus ouvidos, mas não é acolhida por eles. A semente
dispersa na superfície da terra perece sem resultados. É esmagada ou comida
pelos pássaros.
Lucas afirma que é o
diabo (diábolos) que rouba a palavra ouvida dos corações, Mateus o designa de
maligno (ponerós), Marcos o chama de Satanás (satanas). Nesta explicação a
atividade do diabo é vista apenas em paralelo com a circunstância. Assim como a
semente não acolhida serve de comida para os pássaros, assim a palavra de Deus
não acolhida pelo ouvido do coração se apresenta como despojo para o diabo.
Para frustrar a eficácia da palavra, o diabo a retira novamente, fazendo com
que ela caia no esquecimento.
Os ouvintes da
segunda parte da parábola correspondem à semente que cai sobre as rochas, i. é,
sobre um solo que sem dúvida foi revolvido. Em termos negativos Jesus afirma
que a semente que germinou e cresceu não tem raiz na fina camada de terra. Dito
sem metáforas isso significa: embora o ouvinte esteja aberto para ouvir a
palavra, ele se assemelha à semeadura sem raízes que carece de solo firme. É
característico desses ouvintes superficiais que a semente logo caia no solo,
devido ao entusiasmo fácil e rápido. Lucas até mesmo acrescenta que a acolhida
da palavra aconteceu com visível alegria. No entanto, quando importa comportar
ou firmar-se como amante da palavra, sob a pressão de diversas dificuldades e
adversidades, há uma queda imediata. Muito em breve se mostra que esses adeptos
aparentes ou superficiais não possuem fundamento firme por dentro. Assim como a
semente que em solo rochoso não cai imediatamente sobre a superfície dura e
impenetrável, mas sobre uma camada de terra excessivamente fina, assim a
palavra anunciada não encontra nesses ouvintes uma incompreensão total, mas uma
superficialidade de entendimento, pelo que a palavra não é profundamente
refletida e guardada no coração.
Na terceira parte da
parábola, a semente não cai sobre um solo endurecido pelas pisadas nem
excessivamente fino, mas em terreno contaminado por plantas espinhentas. Os
ouvintes que correspondem a esse tipo de solo não se opõem à proclamação da
palavra com dura incompreensão nem com superficialidade de entendimento, mas
existe neles uma discrepância do coração, uma dicotomia dos sentidos.
Tendências pecaminosas secretas, como preocupações ou ambições de
riqueza ou prazeres
da vida preenchem o coração e não são eliminadas. A semente cresce nesse solo
contaminado, mas não atinge a maturação porque os espinhos crescem viçosos com
ela, sufocando as plantas. As inclinações pecaminosas ocultas no coração, das
quais não se abre mão, tornam-se cada vez mais poderosas e tomam cada vez mais conta
do ser humano. O desfecho é a sufocação total e o amortecimento até mesmo do
início positivo. Como Marcos, também Lucas traz uma tríplice classificação dos
fatores que sufocam, não permitindo que a planta amadureça. São eles: 1) as
preocupações, 2) a riqueza e 3) os deleites da vida terrena. Mateus fala de
dois aspectos, a saber, das preocupações da era presente e do engodo da riqueza
(Mt 13.22).
Somente na quarta
categoria de ouvintes se pode falar de uma acolhida correta no sentido pleno da
palavra. Mateus fala de ouvir e compreender. Marcos menciona ouvir e acolher.
Os ouvintes do segundo tipo até acolheram a palavra com alegria. Mas diferente
desse segundo grupo, Lucas diz agora, de forma proposital e nítida, que os
verdadeiros ouvintes da palavra a retêm em um bom e reto coração, depois de
ouvi-la.
Entretanto, eles não
apenas retêm a palavra ouvida, mas permitem que ela amadureça. Os verdadeiros
ouvintes, que conservam a palavra, evidenciam-se como persistentes, constante e
fiéis na produção de frutos, de modo que haja frutos cada vez mais ricos.
Nesses ouvintes a
palavra anunciada encontra sempre um ouvido aberto e um coração sempre
disposto, bem como uma mente receptiva. Então, a proclamação da palavra produz
nesses ouvidos e corações uma reformulação e transformação de toda a vida, um
amadurecimento de etapa em etapa, e uma gloriosa frutificação múltipla.
Mas um ponto
importante da explicação das quatro partes da parábola não deve ser
mal-interpretado. O solo não pode ser responsabilizado pela constituição
diversa do terreno. – Por outro lado, não foi sem decisão consciente da vontade
que o ouvinte veio a ter a forma atual de terreno em seu coração. Por isto, a
responsabilidade do ouvinte permanece sempre e integralmente válida diante da
palavra de Deus.
Fritz
Rienecker. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses.
Editora
Evangélica Esperança.
Luc 8.4-15. A
parábola do solo de quatro partes, V. 4) Afluindo uma grande multidão e vindo
ter com ele gente de todas as cidades, disse Jesus por parábola: 5) Eis que o
semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho; foi
pisada e as aves do céu a comeram. 6) Outra caiu sobre a pedra; e, tendo
crescido, secou, por falta de umidade. 7) Outra caiu no meio dos espinhos; e
estes, ao crescerem com ela, a sufocaram. 8) Outra, afinal, caiu em boa terra;
cresceu e produziu a cento por um. Dizendo isto clamou: Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça. A fama de Cristo ainda se espalha tão rapidamente, que pessoas de
todas as cidades e vilas, de perto e de longe, se juntavam para ver e ouvi-lo.
Foram a ele, quando esteve junto à praia do Mar da Galileia. E ele usou um
barco por púlpito, para alcançar a todos, Mt. 13. 2; Mc. 4. 1. Falou ao povo em
parábolas sobre os mistérios do reino de Deus, sendo uma delas a que Lucas
registra aqui. Um semeador saiu para semear sua semente. A figura é a de um
agricultor que lança, de modo amplo, sua semente na terra. Assim como a
paciência e a generosidade do Pai celeste não se cansa apesar do muito trabalho
aparentemente perdido, Is. 49.4, assim, o agricultor tem a cada ano novo ânimo
e esperança. Seu trabalho é um exemplo para os nossos dias. “Cada pregador
piedoso, quando vê que as coisas não prosperam mas parecem piorar, sente-se à
beira do desespero sobre sua pregação, mas, ainda assim, não pode desistir por
amor duns poucos eleitos. Isto está escrito para o nosso consolo e admoestação,
para que não sejamos tomados de surpresa e nem julguemos estranho quando só uns
poucos aceitam o benefício de nossa doutrina mas que alguns, até, se tornam
piores. Pois, via de regra, os pregadores, especialmente quando são novos e
recém vieram da instituição, crêem que seu sucesso devia ser imediato, ou seja,
no mesmo instante em que falaram, e que tudo devia ser feito e acontecer
rapidamente. Mas isto é um grande engano. Os profetas e o próprio Cristo
tiveram esta experiência”53) Assim como o semeador, no trabalho paciente de sua
vocação, lança sua semente, da qual alguma saltou para além dos limites, caindo
no caminho que cruzava pela lavoura. Esta é uma figura duma paisagem da
Palestina, que as trilhas entre as diversas vilas e povoados seguiam a direção
mais direta e as encostas mais fáceis, não respeitando as lavouras. Como
resultado, os viajantes que usavam a trilha pisavam e esmagavam a semente, e as
aves vinham e as comiam. Outros grãos caíram sobre a rocha ou num solo rochoso,
onde a rocha estava a poucos centímetros da superfície. Ali havia solo fértil e
calor, que ofereciam as melhores condições para uma germinação rápida, mas não
fertilidade e solo suficientes para suportar a planta durante seu crescimento.
A pedra abaixo absorvera o calor do sol, fazendo que nesse lugar evaporasse
qualquer restinho de fertilidade. Mais outras sementes caíram entre os
espinhos, onde a preparação do solo não conseguira extinguir as raízes do inço.
Por isso, quando a semente havia brotado e as astes apareceram, os espinhos que
eram mais vigorosos absorveram tanto o sol como o ar e desta forma sufocaram as
plantinhas tenras. Foi só a semente que caiu no solo bom que cumpriu as
esperanças do agricultor. Ela cresceu, não só em folhas, mas formou astes
cheias de grãos e madurou num rico retorno, que atingiu a cem por cento. Após
ter contado esta parábola, Jesus acrescentou uma palavra de advertência e
exortação, que as pessoas ouvissem realmente, não só com os ouvidos do corpo
mas com os ouvidos espirituais, para conseguirem a compreensão plena da lição
que lhes quis repassar.
A explicação da
parábola, V. 9) E os discípulos o interrogaram dizendo: Que parábola é esta?
10) Respondeu-lhes Jesus: A vós outros é dado conhecer os mistérios do reino de
Deus; aos mais fala-se por parábolas, para que vendo não vejam, e ouvindo não
entendam. 11) Este é o sentido da parábola: A semente é a palavra de Deus. 12)
A que caiu à beira do caminho são os que a ouviram; vem a seguir o diabo e
arrebata-lhes do coração a palavra, para não suceder que, crendo, sejam salvos.
13) A que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com
alegria; estes não têm raiz, creem apenas por algum tempo, e na hora da
provação se desviam. 14) A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no
decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da
vida; os seus frutos não chegam a amadurecer. 15) A que caiu na boa terra são
os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam
com perseverança. Naquele tempo os discípulos eram ainda muito pobres em
conhecimento e na compreensão espiritual. Jesus, por isso, pacientemente lhes
expõe o significado da parábola, visto que a eles foi concedido conhecer os
mistérios do reino de Deus, não porque eles o merecessem ou disso fossem
dignos, também não porque por sua própria razão ou força estivessem interessados
em Cristo e sua obra. No caso dos demais, contudo, ou seja, daqueles que não
queriam crer, as palavras tinham um objetivo deferente. Vendo, não deviam ver,
e ouvindo, não deviam entender. Os olhos de seus corpos podiam contemplar tudo
o que acontecia em milagres e outros acontecimentos, não, porém, iriam
reconhecer o poder de Deus e que Jesus era o Messias. Seus ouvidos podiam ouvir
o som das palavras, mas o significado destas lhes permanecia oculto. O que
Isaías fora obrigado a dizer sobre o endurecimento de Israel se estava
cumprindo, Is. 6. 9-10. O juízo de Deus sobre um povo desobediente havia
começado nos dias de Isaías, e se completou nos dias de Cristo e dos apóstolos.
É uma advertência séria para os todos os tempos, 2.Co. 2. 15-16; 4. 3-4. A explicação
da parábola, dada por Cristo, foi breve e simples. A semente da qual fala é a
palavra. Esta deve ser espalhada e difundida largamente, sempre de novo e com
paciente empenho. A primeira classe de ouvintes são aqueles à beira do caminho,
que são só ouvintes. No caso deles, não há qualquer chance para a palavra
começar sua influência salvadora. A semente permanece do lado de fora de seus
corações, e o diabo a leva embora para que não aconteça que, crendo, sejam
salvos. “É por isso que ele diz, que o diabo vem e lhes tira a palavra do
coração, para que não creiam e sejam salvos. Este poder do diabo não só
significa que lhes endurece os corações, por meio de ideias e um viver mundano,
e assim perdem a palavra e a deixam escapar, para que jamais a entendam, mas
também que em lugar da palavra de Deus o diabo envia falsos mestres que a
pisoteiam com doutrinas de homens. Pois as duas coisas são afirmadas aqui, que
a semente é pisoteada no caminho e que ela é comida pelos pássaros”. ) A
segunda classe de ouvintes são aqueles que têm uma mera casquinha e um
conhecimento raso de cristianismo. Com eles o “seguir uma religião” é um mero
incidente, sendo eles capazes de mudar sua confissão tão facilmente como trocam
de roupa. No caso deles, não há a idéia da instrução na doutrina. Não são
solidamente firmados e arraigados nas Escrituras. Não são decisivamente
despertados enquanto dura sua religião e seu zelo não dura. Por algum tempo,
que, via de regra é breve, eles participam bem ativamente no trabalho da
igreja. Mas, a seguir seu interesse voa e desaparece, e tão depressa como, no
começo, apareceu. No tempo da tentação, quando parece que há perigo de
sofrimento por causa de suas convicções, já não estão mais entre os presentes.
“A segunda classe contém aqueles que, com alegria, aceitam mas que não
persistem. Estes são muitos que ouvem corretamente a palavra e a aceitam em sua
pureza, sem quaisquer seitas, sismáticos e entusiastas. Estão também estão
felizes porque podem ouvir a correta verdade e descobrem como podemos ser
salvos sem obras mas por fé. Igualmente, porque foram libertos dos grilhões da
lei, da consciência e dos preceitos humanos. Mas, quando chega a hora do
combate, quando por causa disso deviam sofrer danos e desprezo, perder vida e
bens, então caem fora e negam a tudo”. ) A terceira classe inclui aqueles que
também ouvem a palavra, e em cujos corações a palavra encontra um alojamento
apropriado. Mais tarde, porém, sendo dominados pelos cuidados das riquezas e
dos prazeres da vida, asfixiam, no que diz respeito à fé, e não conduzem seu
fruto ao amadurecimento. Muito apropriadamente, isto é chamado de asfixia,
visto que o processo não se consuma logo mas acontece aos poucos e por um longo
tempo. Muito gradualmente o amor ao dinheiro e a ilusão das riquezas entra,
furtivamente, em seus corações; ou, exatamente como se fosse algo
despretensioso, o gosto dos prazeres do mundo toma posse da mente, até que, sem
que o notem, a remanescente fagulha da fé se extinguiu. “A terceira classe que
ouve e aceita a palavra mas, ainda assim, cai para o lado errado, isto é, para
o prazer e despreocupação desta vida, também não produz fruto conforme a
palavra. O número deste também é muito grande. Pois, mesmo que não criem
heresias, como o fazem os primeiros, mas sempre têm a pura palavra, e que
também não são atacados pelo lado esquerdo por oposição e tentação, estes caem,
porém, pelo lado direito, e sua ruína é esta, que gozam paz e dias bons. Por
isso, não levam a palavra a sério, mas se tornam despreocupados e afundam nos cuidados,
nas riquezas e nos prazeres da vida, assim que já não têm mais serventia”.56)
Tão somente a última classe de ouvintes, em cujo caso a semente da palavra cai
em corações que foram corretamente preparados pela pregação da lei, é de valor
no reino de Deus. Ali o pacífico conhecimento do próprio eu é substituído pela
nobreza e a generosidade da alma regenerada. A palavra que ouviram também
guardam. Permanecem seguros à glória e ao poder da palavra, e, assim, são
capacitados para produzir, com toda perseverança, o fruto que agrada plenamente
a Deus.
KRETZMANN.
Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo
Testamento Volume 1. Editora
Concordia Publishing House.
8.4-8 — As sementes a
serem semeadas eram iguais. Entretanto, uma vez na mão do semeador, elas
poderiam cair, contra sua vontade, nos caminhos que cortavam os campos. Algumas
vezes, as sementes germinavam nestes caminhos, mas não amadureciam. Em outras,
eram pisadas ou comidas. Além disso, quando caíam em solo rochoso também não
havia a possibilidade do semeador colher os frutos.
8.9,10 — As parábolas
de Jesus podiam ocultar e revelar verdades. Suas narrações alegóricas transmitiam
ensinamentos recentes — mistérios — acerca do Reino de Deus. Os discípulos eram
privilegiados por aprenderem as verdades das parábolas. Para outros ouvintes, as
narrações serviam como julgamentos que ocultavam a verdade, como a referência
de Isaías 6.9 indica. De vez em quando, uma parábola era compreendida por um
estranho, mas não era aceita. Deste modo, ela ainda funcionava como uma
mensagem de julgamento (Lc 20.9-19).
8.11 — Mateus 13.19
faz um paralelo com este versículo e fala da semente como a palavra do Reino,
algo que Lucas indica no versículo 10 deste capítulo. Tanto a semente como a
Palavra de Deus são poderosas para produzir algo. Quando esta é semeada em
terra fértil (num coração honesto, v. 15), nasce uma vida espiritual vigorosa.
8.12 — Aqueles que
estão junto do caminho são os que nunca conseguiram de fato adquirir
entendimento (Mt 13.19) da Palavra de Deus. Assim, não há nenhuma
produtividade.
8.13 — Os que tiveram
contatos rápidos e superficiais com a Palavra de Deus não resistem aos períodos
de provação. Uma pessoa precisa meditar a respeito das verdades nas Escrituras
e estabelecê-las como princípios de vida, a fim de não sucumbir às provações e
tentações que inevitavelmente virão.
8.14 — De acordo com
esta parábola, os cuidados, e riquezas, e deleites da vida são três grandes obstáculos
à fertilidade espiritual. As preocupações com a vida podem prejudicar o
amadurecimento espiritual. Este tipo de “solo” é visto como tragicamente
infrutífero (2 Tm 2.4; 4.10).
8.15 — Este é o grupo
louvável nesta parábola. A chave aqui é um coração honesto. Este “solo” permite
que a Palavra de Deus se assente nele e torne-se produtiva (Jo 15.2,3; C
l3.16,17; Tg 1.21).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 165-166.
IV -
VIVENDO COM RESPONSABILIDADE
1. Fazendo escolhas
responsáveis.
A sua exortação a um
viver com propósito alcança agora de uma forma específica àqueles estão no
alvorecer da vida, os jovens. Mas como vem fazendo durante todo o livro de
Eclesiastes, Salomão não nega o lado alegre da vida: “Alegra-te, jovem, na tua
juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos
caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos” (Ec 11.9). O
jovem é convidado a viver a vida com intensidade e responsabilidade. Isso
inclui fazer de Deus e das coisas que o agradam o centro de satisfação de sua
vida, pois tudo o que Deus fez foi para o nosso aprazimento (1 Tm 6.17).
Em seu comentário de
Eclesiastes o expositor bíblico Derek Kidner destaca:
Enquanto isso o
versículo 9 nos faz lembrar de um outro aspecto da alegria: sua relação com
aquilo que é certo. À primeira vista este lembrete do julgamento parece uma
espada de Damocles pendurada sobre a nossa cabeça, para roubar da festa todo
o seu sabor. Talvez seja verdade, mas apenas se a nossa alegria for uma paródia
da verdadeira alegria. Os caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos
teus olhos, ou, em outras palavras, a verdadeira liberdade, deve ter um alvo
que valha a pena alcançar, um “muito bem”! que desejamos ouvir para ter
satisfação. Caso contrário, a trivialidade ou, o que é pior ainda, o vício
assume a direção. Seja qual for a conotação que a palavra “playboy” tenha para
nós, sabemos que é uma pessoa que não relaciona sua vida com coisa alguma que
seja exigente, e muito menos com os valores externos; é uma pessoa miserável.
Assim este versículo, ao insistir que nossos caminhos interessam a Deus e são,
portanto, significativos em toda a sua extensão, não rouba alegria alguma, mas
apenas acaba com o vazio.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
144-145.
Ec 11.9 Alegra-te,
jovem, na tua juventude. Que podemos dizer agora aos jovens tão plenos de
entusiasmo? Devemos dizer-lhes as mesmas coisas que dizemos aos homens maduros.
Vocês têm a juventude, usem-na nos pequenos prazeres da vida, animem o coração
com as coisas que parecem boas; cumpram o que seus olhos pedem, obtendo coisas
boas e agradáveis. Mas Deus implantou no entretecido da própria existência Seus
inevitáveis julgamentos contra os excessos. Por outra parte, provavelmente
vocês sofrerão grandes reversões, independentemente de viverem em meio a
excessos ou de maneira moderada. Contudo, se vocês quiserem tirar proveito dos
pequenos prazeres da vida, isso é o melhor que poderão fazer.
Além disso, tentem
tirar da mente, enquanto vocês são jovens, o fato da negridão do nada que
fatalmente virá. Essa condição em breve chegará. O triste filósofo novamente
enfatizou seu lema de vida: os prazeres moderados, com os quais um homem poderá
apimentar sua vida, para aliviar um pouco suas misérias. Dou notas expositivas
completas sobre esse aparente epicurismo, em Eclesiastes 2.24-25. A verdadeira
posição do autor, entretanto, era a do niilismo: não existem valores reais e
duradouros na existência humana. Portanto, temos aqui um pacote entristecedor,
como sempre: Epicurismo (um valor falso), misturado ao Pessimismo (a verdade
real das coisas) e ao Niilismo (a verdadeira avaliação da vida). Ver esses
termos na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.
O triste filósofo
apresentou-nos o falso summum bonum da vida. Ele não tinha coisa alguma melhor
para dizer, razão pela qual o disse novamente. Sua doutrina era reptiliana. Ele
nunca adquiriu asas para voar acima de sua melancólica doutrina.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2738.
Juventude, Morte e a
Responsabilidade Final diante de Deus, 11.9—12.8
A sabedoria requer
que todos os fatos sejam considerados de maneira correta para se chegar a uma
conclusão. Os fatos da vida são a) as energias e alegrias da juventude, b) o
declínio inevitável das energias na velhice, c) a certeza da morte e d) a
prestação de contas a Deus pela administração da vida. Os valores mais altos da
vida precisam ser definidos com base nessa perspectiva dos fatos.
Na juventude as
energias e alegrias são tão reais que chega a ser difícil considerar os outros
três fatores; por isso, o Pregador precisa dar o conselho de Deus. As pessoas
podem e devem aproveitar a vida. Alegra-te, jovem, na tua mocidade, [...] e
anda pelos caminhos do teu coração (9). Hendry escreve que as pessoas deveriam
aceitar a juventude com suas bênçãos e oportunidades, com o reconhecimento
sóbrio de que tanto a juventude como a idade estão sujeitos aos desígnios de
Deus”.1 Mas, além disso: sabe, porém, que por todas essas coisas te trará Deus
a juízo. Karl Barth nos lembra de que existe “o grande Mas” no qual o plano
revelado de Deus para a provação do homem é cristalizado.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 464.
Ec 11.9 — Se Salomão
foi o autor de Eclesiastes e escreveu-o no fim de sua vida, então a mensagem fica
ainda mais clara. Ele fala aos jovens (Pv 1.8; 2.1; 3.1), incentivando-os a
aprender as lições que ele aprendera no decorrer de sua vida extraordinária.
Este versículo não é um estímulo a viver em pecado satisfazendo os desejos
sexuais (Nm 15.39), como se supõe na interpretação do conselho anda pelos
caminhos do teu coração. Pelo contrário, exorta o jovem a divertir-se, mas sem esquecer
que Deus julgará o seu modo de proceder (Ec 3.17; 12.14).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1004-1005.
Salomão foi moço. Se
foi ele que escreveu este livro ou parte dele, lembrou-se do seu tempo, talvez
meio desperdiçado. Pouco sabemos da sua criação, da sua juventude. Os relatos
de I Reis nada nos contam da mocidade de Salomão, a não ser que, sendo Davi já
velho, Natã e Bate-Seba cuidaram de passar õ trono ao moço (I Reis 1: 11). Nada
sabemos da juventude desse jovem rei. I Crônicas é mais específico e nos
Informa um pouco da maneira como Salomão atingiu o poder (I Crôn. 22:6-13).
Tanto num relato como no outro, nada se diz da sua mocidade. Em família onde
havia filhos de diversas mulheres, nenhum poderia ser bem cuidado, porque seria
uma família desordenada. Portanto, quanto à mocidade de Salomão, estamos in
albis. Todavia, sabemos muito das suas atividades depois de rei, o primeiro
grande rei de Israel, se levarmos em conta a influência e o prestígio
Internacionais. De qualquer modo, este livro, que respira ao fôlego de Salomão,
nos dá muitas lições para a mocidade. E como uma resposta aos que julgam
Eclesiastes uma ode ao pessimismo, ao bom viver, enquanto a vida durar. Nada de
preocupações com a velhice ou com a vida futura, para a qual não havia salda,
depois de fechada a porta desta.
Regozija-te. É um
corolário dado por Eclesiastes à doutrina do tempo. Agora é o teu tempo, diria
noutras palavras, porque vem o tempo quando dirás: "Passou o meu
tempo." O tempo dos jovens em nada Interfere cora o tempo dos idosos; cada
qual tem o seu tempo, e se os anciãos deixaram passar o seu tempo e agora não o
terão mais, quem será culpado? Por isso o moço é
aconselhado a alegrar-se na sua juventude (v. 9). Não é, entretanto, uma tentativa
de levar além dos limites a juventude, como querem certos velhotes, ao se
fazerem passar por moços. As bênçãos da juventude sadia, equilibrada, são uma
bênção dada pelo Criador, quando a vida tem mais encantos e mais sorrisos,
quando o nosso sistema celular funciona com vigor. Depois passou. Uma
compreensão dos valores da mocidade é necessária e um sadio comportamento, a um
equilibrado modus vivendi. Não acreditamos nessas extravagâncias de muitos
moços que, por causa da sua mocidade, se vestem extravagantemente, como os
hippies, ou se portam loucamente, como os tolos. Equilíbrio e boa saúde é o que
se preconiza na mocidade. Recreie-se o teu coração... e anda pela vista dos
teus olhos, mas... Este terrível MAS é como o freio posto na boca do cavalo, para
não ir para onde o capim está mais verde, porque pode ser capim do vizinho. O
moço deve alegrar-se, mas ter cuidado; e em nenhum estágio da vicia se requer
maior cautela do que na mocidade, pois os impulsos, os apetites carnais e
sexuais são como demônios desenfreados, que podem arrastar o jovem por caminhos
que lhe arruínam a vida. Nunca a mocidade esteve tão mal orientada por ideias
liberais ou libertinas como atualmente. O desenvolvimento de doenças venéreas
nos Estados Unidos é qualquer coisa que está assombrando, as autoridades, e já
se prevê que, em pouco tempo, se igualarão às da Suécia e da Noruega, os países
onde é mais devastadora esta doença social. É o resultado do desenfreamento da
mocidade, o tal "amor livre", que está arruinando a juventude e a
família. Em cada cinco moças não se encontra uma virgem; e, perguntando-se a 10
jovens o que pensavam da virgindade como pré-requisito para o casamento, deram
os ombros, como se fosse exigência do passado. Os resultados dessa liberalidade
social aí estão para todos verem. Sempre houve doenças sociais, mas nunca nessa
escala moderna, por causa dessa liberdade sem limites em que a mocidade se
encontra. O alegrar-se o moço e andar pela vista dos seus olhos é normal.
MAS... Para não sobrecarregar estas notas, deixamos de incluir aqui algumas
estatísticas aterradoras, parte do trivial da vida social moderna. Para um moço
ser alegre e feliz não precisa resvalar-se para a vala da libertinagem, pois os
seus recursos de jovem também se gastam e, quando mais tarde precisar deles, não
os terá mais. Moço, alegra-te na tua juventude e recreie-se o teu coração,
MAS... sabe que de tudo vais dar contas a Deus.
Sabe, porém, que de
todas estas coisas Deus te pedirá contas (v. 9). Aqui está, seu moço, sua moça,
a existência de um MAS... Não é apenas gozar a vida sem freios para a
juventude. Deus vai pedir contas do modo como os olhos se alegram e de como o
coração se regozija. Nada ficará por julgar. Isto, entretanto, é o que a
mocidade menos conhece. Julgam os moços que o tempo e os gozos são privilégios
seus. são, MAS... todos devem ser controlados. Quantos velhotes estão agora
correndo para consultórios especializados, em busca daquilo que botaram fora
nos dias da mocidade! A gerontologia está fazendo estudos acurados para
devolver aos velhos um pouco do que tinham na mocidade e lhes falta agora;
isso, porém, parece miragem. Basta que se saiba dos desgastes da Idade, que vai
arrastando na sua corrida os vigores da juventude, os quais não voltam mais,
nem à custa de pílulas nem de injeções. O que passou, passou. Entretanto, o que
deve ser um peso tremendo é o moço verificar que prematuramente se desgastou e
nada reservou para os dias futuros. É a visitação de Deus. Não se vá pensar que
este SABE, PORÉM, QUE TODAS ESTAS COISAS... se referem ao juízo final. Em
parte, sim, mas só em parte, porque as contas nós as prestamos aqui mesmo, cada
dia. É a visita de Deus à mocidade: "Todos os caminhos do homem são limpos
aos seus olhos, mas o Senhor pesa os espíritos" (Prov. 16:2). Aqui está a
receita. Quem quiser tomar o remédio, tome; quem não quiser, aguente as consequências.
Convém recordar que
os prazeres concedidos à juventude não são pessoais ou para uso exclusivo da
pessoa. Eles têm relações profundas com o bem-estar da raça, a que todos nós
pertencemos. Portanto, será sempre recomendável recordar o que há de bom para
interessa r a todos. Nada de egoísmo, dá personalismo, pois isso ofende a Deus,
que trata a todos como membros de uma família e dá os bens para gozo
particular, sim, mas visando o bem de todos. Os que abusam dos prazeres
terminam amargurados da vida,
e quantas vezes amaldiçoando os mesmos prazeres, pelo abuso que deles fizeram.
Usar, sim; abusar, não. São uma espécie de mordomia concedida pelo bondoso
Criador, e não temos o direito de esbanjar esses dons de nossa natureza física,
que constituem nossa alegria e felicidade, quando bem usados. Essa orgia do
sexo, fruto de uma sociedade desvirtuada dos seus fins, desnaturada, conduzida
por forças diabólicas, é a praga do século, a vergonha dos mais puros, o escuro
manto com que se cobrem os que só vivem para os prazeres carnais, despudorados,
tipos degradados de bem estar social e familiar. Os países que dão guarida a
tais orgias, como a luterana Dinamarca, deveriam ser escorraçados do convívio
das nações, por permitirem a corrupção do que de mais puro e natural Deus
colocou na natureza humana. "SABE, PORÉM, que Deus te pedirá contas um
dia. A velha Roma se degradou, e morreu.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
2. Assumindo as
consequências.
Esse viver alegre,
mas de forma responsável tem uma razão de ser — nossas ações têm consequências.
E isso o que o sábio diz: “sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te
pedirá contas. Afasta, pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a
dor, porque a juventude e a primavera da vida são vaidade” (Ec 11.9,10, ARA).
Viver a vida com intensidade está longe do viver desregrado, onde é dado vazão
aos instintos numa espécie de “vale tudo”. Não, não é isso! É viver sabendo que
nossas ações gerarão consequências. Consequências que quem vive na primavera da
vida não costuma lembrar nem medir. Viva a vida, mas viva para Deus e dessa
forma não lamentará quando chegar a velhice.
O expositor bíblico
Antonio N. de Mesquita destaca:
“Aqui está, seu moço,
sua mica, a existência de um mas... Não é apenas gozar a vida sem freios para a
juventude. Deus vai pedir contas do modo como os olhos se alegram e de como o
coração se regozija. Nada ficará por julgar. Isto, entretanto, é o que a
mocidade menos conhece. Julgam os moços que o tempo e os gozos são privilégios
seus. São, mas...todos devem ser controlados. Quantos velhotes estão agora
correndo para consultórios especializados, em busca daquilo que botaram fora
nos dias da mocidade! A gerontologia está fazendo estudos acurados para
devolver aos velhos um pouco do que tinham na mocidade e lhes falta agora;
isso, porém, parece miragem. Basta que se saiba dos desgastes da idade, que vai
arrastando na sua corrida os vigores da juventude, os quais não voltam mais,
nem à custa de pílulas nem de injeções. O que passou, passou. Entretanto, o
deve ser um peso tremendo é o moço verificar que prematuramente se desgastou e
nada reservou para os dias futuros. E a visitação de Deus.
O capítulo 11 de
Eclesiastes é um convite à ação. É uma resposta contra a mesmice. É um convite
a um mergulho na fé que assume riscos, já que o mundo à nossa frente é um
terreno desconhecido. É, portanto, um “lançar-se” e “semear”. É também um
“alegrar-se” com as maravilhas com as quais a vida nos presenteou. Mas também é
um “afastar-se”. Afastar-se daquilo que promete produzir adrenalina, mas que ao
final prova ser extremamente amargoso.
A conclusão do
capítulo 11 de Eclesiastes é vista por Addison G. Wright como “uma unidade que
se equipara ao poema de abertura (1.2-11), Cóelet destaca seu conselho sobre a
felicidade e dá a ele uma sétima e final expressão: a vida é doce e a pessoa
deve regozijar-se nela enquanto é jovem e capacitada, e (como um incentivo ao
júbilo) deve-se recordar que a vida avançada e a morte se encontram logo
adiante (w. 7,8). O tema da alegria é desenvolvido nos (w. 9,10) e os da idade
avançada e da morte são desenvolvidos nos (w. 12.1,8) e em três partes marcadas
pela palavra “antes” nos (w. 1,3,6). Caminhos do teu coração... visão dos tens
olhos: não um convite ao hedonismo; ver comentário em 2.4. Nem um convite à
imoralidade egoísta, como o restante do verso indica”.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
145-147.
Ec 11.10 Afasta,
pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor.
O melhor que tu,
jovem, podes fazer, é viver os prazeres moderados da vida, enquanto removes de
tua mente os dias negros vindouros, que serão seguidos pelo nada absoluto. Não
deixes que a vexação de tua mente amargure a tua vida, pois logo tudo ficará
amargo. Faze o quanto puderes para aliviar a dor física, porque, se isso sair
do controle, terás a amargura de tua vida, mais brevemente do que poderia
acontecer. O capítulo 12 mostra que a idade avançada, em breve, azedará a vida
por meio da decrepitude; por enquanto, porém, que o jovem combata isso com seu
corpo jovem. Que o jovem adie o processo do envelhecimento, tanto quanto
possível. Naturalmente, tudo isso é apenas vaidade, mas é o melhor que se pode
fazer. A juventude, por si só, já é uma vaidade tão grande quanto a idade
avançada, embora isso não pareça tão evidente para os homens; por conseguinte,
vivamos como se a juventude não fosse um tempo de vazio e vaidade!
A juventude. No
hebraico, temos aqui a expressão “alvorecer da vida”. A vida tem o seu
alvorecer (a juventude), bem como a sua noite (a idade avançada). Ambas as
fases são igualmente melancólicas e vãs, mas a juventude parece ser melhor que
a idade provecta. Portanto, que os jovens procurem os pequenos prazeres da vida
nesse contexto falsamente melhor. A palavra “juventude” (no hebraico,
shakaruth) ocorre somente aqui, em todo o Antigo Testamento; mas uma expressão
hebraica semelhante, que significa cabelos negros, encontra-se em Lev. 13.37 e
Can. 5.11. Ter cabelos negros é universalmente considerado melhor que ter
cabelos brancos (símbolo da idade avançada). De fato, ambas as fases da vida
são igualmente vãs. O Targum diz: “A criancice e os dias de cabelos negros são
vaidade”.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2738.
A adolescência e a juventude
são vaidade (11.10) simplesmente significa que elas não duram para o resto da
vida. Elas são fúteis apenas no sentido de que não são a última etapa.
Adam Clarke sugere a
seguinte exposição dessa seção: 1) Você não pertence a si mesmo; 2) Lembre-se
do seu Criador; 3) Lembre-se dele nos dias da sua mocidade; 4) Lembre-se dele
agora.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 464-465.
Ec 11.10 —
Infelizmente, a juventude não perdura; passa, também, como vapor. Segundo
Benjamin Franklin, “ficamos velhos cedo demais e sábios tarde demais”.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1005.
Tanto a tristeza como
a raiva produzem um efeito deletério na vida da pessoa. São como a ferrugem,
que vai corroendo aos poucos até devorar o metal. Por isso o Pregador aconselha
o moço a ser alegre a jovial. Dizem os fisiologistas que a alegria faz o sangue
correr mais célere, nas veias, irrigando o coração, ao passo que a tristeza
encolhe as mesmas
veias e dificulta a
corrida do sangue para o seu centro de distribuição. Seja por isso ou por
outras razões, Eclesiastes, depois de recomendar ao moço que se alegre, pede
agora que afaste de si as tristezas. Naturalmente os dois versos se completam e
trazem uma admoestação que não deve ser perdida de vista: A JUVENTUDE E A
PRIMAVERA SÃO VAIDADE. Ele não quer ensinar que não têm valor, e, sim, que
passam como fatos vãos da vida. Quem não sabe que estragos fazem os anos na
pessoa? Na juventude, um moço ou uma jovem, cheios de vida, alegres, como é
natural; depois dos TRINTA, porém, começam a descida da escada da vida, e lá se
vai nos seus degraus aquele viço, aquela exuberância, aquele vigor, até que, se
chegar ao limite da idade SETENTA ANOS (Sal. 90:10), verá as pelancas cobrirem
os ossos. Onde está a fertilidade de outrora? Passou como se vai a primavera,
para depois vir o verão seco e finalmente o inverno da vida. Sabendo disso é
que muitos jovens se enganam; certos de que a juventude vai passar, entregam-se
a todos os divertimentos, gastando noites nas ruas, roubando o sono necessário
ao refazimento das células cerebrais, envelhecendo precocemente. A lei, pois,
é: afastar as tristezas, alegrar-se, MAS ter cuidado porque Isso também passa
como a vaidade, que nada é.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
Parabéns pelo belo trabalho.
ResponderExcluirNossa que lindo trabalho!! Parabéns, sem palavras, muito bom mesmo. Tem me enriquecido bastante e me tornado um melhor professor
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