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1° LIÇÃO 1° TRIMESTRE 2015 DEUS DÁ SUA LEI AO POVO DE ISRAEL


DEUS DÁ SUA LEI AO POVO DE ISRAEL
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Prezado professor.
Currículo novo, escola Dominical nova! É o que deseja o Departamento de Educação Cristã neste Ano Novo de 2015. Desafios modernos exigem uma nova maneira de se fazer a Educação Cristã em nossa nação. Precisamos pensar a fé de forma a falar ao coração das pessoas, desde as mais simples às mais doutas. Não é uma tarefa fácil, pois o currículo da CPAD atende ao Brasil inteiro, um país continental. Por isso, temos diferentes realidades em nosso país: as do Sudeste diferem das do Centro-Oeste; as do Nordeste, das do Norte etc. Assim vamos proclamando e ensinando o Evangelho, confiando em Deus e em você, professor. Sim, você é quem pode contextualizar o que não é possível fazê-lo. É o professor quem conhece o aluno, cada pessoa, cada vida, cada família. É você, professor, quem pode fazer as lições da CPAD, principalmente a Bíblia, fazerem sentido para as pessoas, desde ribeirinhas às grandes metrópoles. Muito nos honra chegar ao querido professor!
Sobre a lição
A primeira lição do novo currículo estuda "Os Dez Mandamentos". Num tempo marcado pelas tentativas de desconstrução da herança civilizatória ocidental (Jerusalém, Atenas e Roma) — isto é, as
contribuições das culturas judaica (noções morais), grega (a filosofia, a política e a literatura) e romana (do direito e das instituições) —, torna-se imperioso iniciarmos este novo ano estudando as leis divinas.
O que os Dez Mandamentos têm a nos dizer hoje? Uma pergunta honesta que o professor deve fazer. Os princípios descritos ali são tão atuais como os eram outrora? Quando lemos os Dez Mandamentos, quase sempre, não paramos para refletir no contexto de libertação em que o povo judeu estava situado. Geralmente olhamos para os mandamentos como "leis fixas ou regras duras" e não damo-nos conta de que a existência deste código divino tinha o objetivo de garantir a liberdade recém-conquistada pelos israelitas.
Há pouco, o povo judeu fora liberto da opressão dos egípcios. Os israelitas sofreram as influências da cultura, da religião, da filosofia de vida egípcia, etc. Não há como ficar incólume sob 430 anos de influência em uma cultura majoritária como a do Egito Antigo. Por isso, a providência divina foi a de estabelecer princípios divinos e de vida para os judeus a fim de que o processo de libertação do povo não fosse em vão. Voltar ao "espírito" do Egito, em pleno deserto, seria a sombra que os hebreus conviveriam por 40 longos anos. Mas, Deus estava disposto a libertá-los para sempre dessa sombra.
Revista ensinador. Editora CPAD. pag. 36.
A lei foi dada a Israel como legislação para o povo antes de conquistar a terra de Canaã. Inúmeros preceitos permanecem ainda hoje na legislação de praticamente todos os países do planeta. Sua origem divina é indiscutível, pois aparece no relato dessa comunicação de Deus a Moisés desde Êxodo 20.1 até Levítico 27.34. Além disso, a Bíblia declara esse fato de maneira direta. O presente trabalho tem por objetivo ajudar o povo de Deus a distinguir entre lei e evangelho, lembrando que os Dez Mandamentos não são a lei, mas parte dela, que introduz o sistema legal de Moisés.
O Decálogo é o exemplo mais conhecido da forma categórica ou absoluta que se caracteriza pelo comando absoluto, geralmente pelo uso da segunda pessoa do singular no futuro ou no imperativo, e algumas vezes no plural. Isso aparece nos mandamentos negativos ou positivos. O mandamento com o verbo no particípio hebraico também é considerado categórico ou absoluto por muitos, como em: "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem seu sangue será derramado" (Gn 9.6); ou: "Quem ferir alguém, que morra, ele também certamente morrerá" (Êx 21.12). As expressões "quem derramar" e "quem ferir" estão no particípio, na língua original. Mas há quem afirme que a referida forma é casuística.
Esequias Soares. Os dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 11, 14.
Aqui, Deus novamente deu a conhecer sua presença poderosa aos israelitas, à medida que lhes revelou sua vontade por meio da lei.
O episódio que precede a entrega da lei enfatiza a santidade de Deus e o pecado do povo (Êx 19). Deus se revelou entre nuvens, fogo e fumaça. A montanha se tornou um iugar sagrado por causa de sua presença. O povo foi ordenado a preparar-se cerimoniosamente para um encontro com Deus, e permitiu-se que apenas Moisés e Arão se aproximassem da montanha.
Deus se encontrou com Israel no Sinai a fim de entregar-lhe a sua lei, a expressão escrita de sua vontade para a vida coletiva e individual dos israelitas. Embora seja fácil pensar a lei como uma entidade isolada, é crucial reconhecer que a lei foi dada dentro do contexto da aliança. M. Kline observou corretamente que Êxodo 19—24 está na forma de um tratado de aliança. O prólogo histórico (Êx 20.2) identifica o autor da lei como aquele que salvou o povo por sua graça. Assim, a lei, como encontrada em Exodo 20—24, não é tanto a base da relação divino-humana durante o período do Antigo Testamento, mas sim o guia de sua manutenção. Não é a chave do estabelecimento de uma relação com Deus, mas antes a fórmula para sua continuação e prosperidade. De fato, a outorga da lei é histórica e canonicamente cercada pelos atos graciosos de Deus, aqueles presenciados antes do êxodo (e que aconteceram sob a base da aliança abraâmica) e os esperados com a conquista e posse da Terra Prometida.
A própria lei pode ser dividida em duas partes: os Dez Mandamentos e o Livro da Aliança. Os Dez Mandamentos são entregues em primeiro lugar (Ex 20.3-17) e possuem a forma de um discurso direto ao ouvinte ou leitor. Eles abrangem os fundamentos da relação divino-humana (do primeiro ao quatro), como também os da relação bumano-humano (os últimos seis). As várias leis que compõem o Livro da Aliança (nome proveniente de Êx 24.7) derivam dos princípios mais básicos enunciados nos Dez Mandamentos. Elas detalham os Dez Mandamentos para a situação cultural e histórico-redentora do povo de Deus no período do Êxodo.
Por exemplo, a lei sobre o boi escorneador (Êx 21.28-36) é uma especificação do sexto mandamento para uma sociedade agrária, e Êxodo 23.10-13 detalha mais completamente o quarto mandamento relativo ao sábado.
Díllard, Raymond B., Raymond B. Introdução ao Antigo Testamento. Editora Vida Nova.
Êxo 20.1 ss - Por que os Dez Mandamentos eram necessários para a nova nação de Deus? Ao pe do monte Sinai. Deus mostrou ao seu povo a verdadeira função e beleza de suas leis. Os mandamentos foram criados para conduzir Israel a uma vida de santidade prática. Neles, o povo poderia ver a natureza de Deus e seu plano, segundo o qual deveriam viver. As ordenanças e diretrizes tinham em vista direcionar a comunidade a atender às necessidades de cada indivíduo, de mane ra amorosa e responsável. Na época de Jesus, porém, a maioria das pessoas olhava para a lei de modo errado; viam na como um meio de prosperidade, tanto neste mundo quanto no vindouro. Além disso, pensavam que obedecer a cada lei era o caminho para ganhar a proteção de Deus contra invasões estrangeiras e desastres naturais. Guardar a lei tomou-se um fim em si mesmo, e nao o meio para cumprir a suprema lei de Deus. que é o amor.
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 111.
I - A PROMUGAÇÃO DA LEI
1. A SOLENIDADE.
SINAI. I. Termo e Localização Geográfica
O significado da palavra Sinai é desconhecido, mas há diversas sugestões e possíveis derivações. Alguns supõem que quisesse dizer "espinhoso", a partir da palavra seneh (arbusto espinhoso), em referência aos muitos desfiladeiros e ravinas do monte que, com um pouco de imaginação, podem relembrar um conglomerado de arbustos espinhosos. Mas essa poderia ser uma referência ao deuslua Sin, cujo culto havia-se espalhado por toda a Arábia. Outros supõem que a palavra signifique lamacento, barrento ou brilhante. O local exato do monte no qual a Lei foi dada não pode ser determinado, mas foi próximo à península triangular ou mesmo na própria península que fazia fronteira com o norte pelo mar Mediterrâneo, a oeste pelo golfo de Suez, e a leste pelo golfo de Ácaba. O terreno se eleva gradativamente à medida que se aproxima do platô Ijma, que fica próximo ao centro da península. A região ao sul torna-se montanhosa antes de descer e nivelar-se na costa. As montanhas da área são ricas em cobre, e a mineração tem sido realizada ali desde o quarto milênio a. C. A área pode ser dividida em três partes: a do extremo sul, a vizinhança do Sinai; o deserto de Tih, onde Israel vagueou por 40 anos; o Neguebe, ou país do sul onde Abraão, lsaque e Jacó uma vez viveram. O Sinai fica no centro da península que está entre os dois "chifres" do mar Vermelho. O monte é uma massa de granito e de outros tipos de rocha, com ângulos agudos que chegam a atingir altitudes de 3 mil m. Como o Sinai é o deserto mais próximo ao Egito, é provável que em alguma parte daquela região estivesse localizado o monte Sinai (ver Núm. 33.8-10; Deu. 1.1; Josefo, Apion, 2.2.25).
Designações. Às vezes esse monte é chamado apenas de "a montanha de Deus" (Exo. 3.1; 4.27); ou Sinai (presumivelmente das fontes J e P do Pentateuco); ou Horebe (presumivelmente das fontes E e D do Pentateuco). Essas variações podem referir-se ao mesmo monte, ou podem estar em vista montanhas diferentes (picos altos). Talvez, como dizem alguns, Horebe tenha sido a designação original, porém mais tarde o monte foi chamado de Sinai, assumindo tal nome por causa da península. Outros dizem que Sinai é o nome mais antigo, e Horebe seria mais recente, ou que os dois nomes designavam dois picos posicionados proximamente.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 224.
Êxo 19.1 Foram necessários três meses para que Israel chegasse ao Sinai, depois de haver escapado da servidão no Egito. Na ocasião, um grande acontecimento esperava por eles, o pacto sinaítico.
No terceiro mês. Ou seja, no terceiro mês do calendário religioso, que tinha início na páscoa, no mês de abibe (nisã). Entre os israelitas também havia um calendário civil. O terceiro mês do calendário religioso chamava-se sivã, correspondente ao nosso mês de maio.
O Targum de Jonathan diz que a chegada de Israel ao Sinai ocorreu quarenta e cinco dias depois da partida do Egito, presumivelmente cinco dias antes da lei ter sido dada, ou seja, no sexto dia do mês de sivã. No primeiro dia desse mês, eles chegaram ao Sinai, e ali acamparam-se. No dia seguinte, Moisés subiu ao monte em sua entrevista com Yahweh ou com Sua teofania. No terceiro dia, ele reuniu os anciãos do povo (vs. 7), e lhes declarou as palavras de Deus. Três dias mais tarde, que foi o sexto dia do mês de sivã, foi dada a lei aos anciãos do povo, e, deles, para todos os israelitas. A exatidão desses cálculos, porém, dificilmente pode ser averiguada.
Êxo 19.2 O autor sacro oferece aqui uma pequena digressão a fim de lembrar-nos os movimentos de Israel após a partida de Refidim (Êxo. 17.1) para o Sinai. O Sinai foi um dos pontos de parada, onde Israel deveria permanecer por onze meses e seis dias.
A identidade do monte aparece como lugar bem conhecido, ou, pelo menos, identificado com alguma precisão, quando Moisés escreveu o relato. Mas para nós a localização exata está perdida para sempre, embora haja um bom número de conjecturas, as quais discuto no artigo sobre o assunto (no Dicionário). Foi ali, ou bem perto dali (em Horebe), que Moisés recebeu seu sinal e comissão originais (Êxo. 3.12). Fica entendido que Yahweh se manifestava ali de maneira especial, tal como os gregos pensavam que o Olimpo era a residência de deuses. Assim, Moisés subiu ao monte cheio de expectativa, em busca de uma entrevista com o Senhor. O autor liga a cena da sarça ardente (cap. 3) com a cena deste capítulo. Chegara o momento de outra grande revelação.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 383.
A data do grande concerto segundo o qual a nação Jt de Israel foi fundada. 1. A época em que ele é datado (v. 1) - "Ao terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito”. Calcula-se que a lei tenha sido dada apenas cinqüenta dias depois da sua saída do Egito, e em lembrança disto a festa de Pentecostes era observada no qüinquagésimo dia depois da Páscoa, e em conformidade com isto, o Espírito Santo foi derramado sobre os apóstolos no dia de Pentecostes, cinqüenta dias depois da morte de Cristo. No Egito, eles tinham falado sobre uma jornada de três dias pelo deserto para chegar ao lugar do sacrifício (cap. 5.3), mas acabou sendo uma jornada de quase dois meses. É muito freqüente que nos enganemos no cálculo dos tempos, e assim as coisas se mostram mais longas do que esperávamos. 2. O lugar onde ele é datado - no “Monte Sinai”, um lugar que a natureza, e não a arte, tinha tornado eminente e visível, pois era a mais alta de todas as montanhas daquela cordilheira. Desta maneira Deus despreza as cidades, e os palácios, e as estruturas magníficas, colocando o seu pavilhão sobre o cume de um alto monte, em um deserto estéril e vazio, para ali prosseguir com o seu tratado. O monte se chama “Sinai” por causa da grande quantidade de arbustos espinhosos que o cobriam.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 288.
O último versículo parece fazer referência a todo este livro, do qual temos como conclusão: “Estes são os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel”. Muitos destes mandamentos são morais e de obrigação perpétua. Outros, que eram cerimoniais e peculiares ao modo de vida dos judeus, ainda assim têm uma importância espiritual, e são instrutivos para nós, que possuímos uma chave que nos permite conhecer os mistérios que eles contêm.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 442.
Lv 27.34 - O livro de Levítico está repleto dos mandamentos que Deus concedeu a seu povo ao pé do monte Sinai. Airavés deles, podemos aprender muito sobre a natureza e o caráter de Deus. A primeira vista, Levítico parece irrelevante para o nosso mundo altamente tecnológico, mas, olhando um pouco mais fundo, percebemos que elo ainda fala conosco hoje — Deus nào mudou, e seus princípios são para todos os tempos. Uma voz que as pessoas e a sociedade mudam, precisamos buscar constantemente meios de aplicar os princípios da lei de Deus em nossas presentes circunstâncias. Deus é o mesmo em Levítico. hoje e para sempre (Hb 13.8).
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 174.
2. A CREDIBILIDADE DE MOISÉS.
Isto pareceu, também, ter particularmente a finalidade de honrar Moisés: “Para que o povo ouça, falando eu contigo, e para que também te creiam eternamente”, v. 9. Desta maneira, a correspondência devia ser primeiro estabelecida por uma manifestação perceptível da glória divina, e depois deveria ter continuidade, de modo mais silencioso, pelo ministério de Moisés. De igual maneira, o Espírito Santo desceu visivelmente sobre Cristo, no seu batismo, e todos os que estavam presentes ouviram Deus falando com Ele (Mt 3.17), para que posteriormente, sem a repetição de tais sinais visíveis, pudessem crer nele. E da mesma maneira, o Espírito desceu em línguas partidas sobre os apóstolos (At 2.3) para que as pessoas cressem neles. Observe que quando as pessoas se declararam dispostas a obedecer à voz de Deus, então Deus prometeu que eles ouviriam a sua voz. Pois, se alguém quiser fazer a vontade dele, irá conhecê-la, João 7.17.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 290.
Era absolutamente necessário que Deus deve dar às pessoas alguma evidência grande particular de seu ser e de poder, para que pudessem ser salvos da idolatria, a que eles eram mais propensos deploravelmente, e que eles possam mais facilmente a crédito Moisés, que era ser o mediador constante entre Deus e eles.Deus, portanto, em sua majestade indescritível, desceu sobre o monte, e, pela espessa nuvem escura, o violento trovões, os vívidos relâmpagos, as explosões de longo e alto do trompete, a fumaça que abrange toda a montanha, eo excesso de terremoto, proclamou o seu poder, a sua glória, e sua santidade, de modo que as pessoas, no entanto infiel e desobediente depois nunca, uma vez que duvidava da interferência divina, ou suspeita de Moisés de qualquer fraude ou impostura. Na verdade, tão absoluta e inequívoca foram as provas de força sobrenatural, que era impossível essas aparições poderia ser atribuída a qualquer outra causa, mas o poder ilimitado do autor da Natureza. É digno de nota que as pessoas foram informadas três dias antes, Êxodo 19:9-11, que tal aparência era para acontecer, e este respondeu dois excelentes propósitos: 1. Eles tiveram tempo para santificar e preparar-se para esta transação solene, e, 2. Aqueles que podem ser cético teve oportunidade suficiente para fazer uso de todas as precauções para prevenir e detectar uma impostura , por isso este aviso prévio fortemente serve a causa da revelação divina. Seu estar no primeiro proibido de tocar o monte sobre as penas mais terríveis, e em segundo lugar, sendo permitido ver manifestações da majestade divina, e ouvir as palavras de Deus, auxiliada os mesmos fins grandes. Serem proibidos em primeira instância seria naturalmente aguçar a sua curiosidade, torná-los cauteloso de ser enganado, e, finalmente, impressioná-los com o devido senso de justiça de Deus e sua própria pecaminosidade, e seu sendo permitido depois ir até a montagem, deve ter aprofundou a convicção de que tudo era justo e real, que não poderia haver nenhuma impostura no caso, e que embora a justiça e a pureza de Deus proibiu de aproximar por um tempo, mas a sua misericórdia, que havia prescrito o meio de purificação, havia permitido um acesso a sua presença. As instruções dadas a partir de Êxodo 19:10-15 mostra, inclusive, que não só a santidade de Deus, mas a pureza que ele requer em seus adoradores. Além disso, todo o escopo e progeto do capítulo provar que nenhuma alma pode possivelmente abordar este Ser santo e terrível, mas através de um mediador, e esta é a utilização desta transação inteira pelo autor da Epístola aos Hebreus,Hebreus 12: 18-24.
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.
Êxo 20.22 Os israelitas tinham pedido que Moisés atuasse como mediador entre Deus e eles mesmos (vs. 19), quando Moisés já estava atuando nessa capacidade. Yahweh instruiu Moisés para que transmitisse ao povo a Sua palavra, e assim teve início a multiplicação dos dez mandamentos básicos; e essa multiplicação, mediante a Interpretação, nunca terminou para o judaísmo. Yahweh enviava a Sua mensagem do Seu céu, o que significa que estamos falando em termos de revelação (ver a esse respeito no Dicionário). As coisas ditas pelo Senhor seriam posteriormente formuladas nas Escrituras (ver os Artigos Introdutórios no primei- ro volume desta obra, em sua primeira seção).
O fato de que a voz de Yahweh era ouvida por Moisés servia de motivo para o povo de Israel obedecer, pois as palavras subiam acima da compreensão ime- diata deles. Quanto à descida de Yahweh do céu, ver Êxo. 19.18, onde damos referências.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 395.
3. A LEI.
A Septuaginta optou por traduzir dekalogos,12 “decálogo", a partir de dois termos gregos: deka,13 "dez", e logos,14 "palavra". O termo nunca é citado no Novo Testamento em sua totalidade e os mandamentos não aparecem de acordo com a seqüência canônica (Mt 19.18, 19; Mc 10.19; Lc 18.20; Rm 13.9). O Novo Testamento, às vezes, se refere a ele como "mandamentos" (Mt 19.17; Ef 6.2). Após a Septuaginta, o termo "decálogo" só aparece no período da patrística, na Epístola a Flora, de um autor gnóstico chamado Ptolomeu, que viveu na segunda metade do séc. II., e depois em Irineu de Lião, na forma latina (Contra as Heresias, Livro IV. 15.1; 16.4), e também em Clemente de Alexandria (em sua obra Pedagogos III. 12). Depois disso, o termo se popularizou entre os cristãos.
O Decálogo é a única parte do Pentateuco escrita "pelo dedo de Deus" (êx 31.18), linguagem figurada que, segundo Agostinho de Hipona, indica "pelo Espírito de Deus" e, de acordo com Clemente de Alexandria, "pelo poder de Deus". É também a única porção da lei que Israel ouviu partir da voz do próprio Deus no monte quando ele transmitia essas dez palavras (Êx 19.24, 25; 20.18-20). Os demais preceitos foram transmitidos por Javé exclusivamente a Moisés.
Existe uma discussão acalorada sobre Êxodo 34.28: "E esteve Moisés ali com o SENHOR quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água, e escreveu nas tábuas as palavras do concerto, os dez mandamentos". Parece que o sujeito do verbo "escrever" é Moisés, mas o texto deve ser interpretado à luz do contexto. "O sujeito do verbo é ambíguo" (CHILDS, 1976, p. 604). Pode ser Javé ou Moisés, mas parece tratar-se do próprio Deus (Êx 34.1). Por essas duas peculiaridades, o Decálogo se reveste de um valor especial no Pentateuco, mas para o cristianismo tem o mesmo valor que qualquer outra parte do Antigo Testamento como Escritura inspirada por Deus (2 Tm 3.16).
As dez palavras foram escritas pelo próprio Deus em ambos os lados de duas tábuas de pedra, e entregues a Moisés (Êx 31.18; 32.15, 16; Dt 4.13; 5.22; 10.2-4). Os judeus, desde Fílon de Alexandria até a atualidade, dividem os Dez Mandamentos em dois grupos de cinco, um grupo para cada tábua. Agostinho de Hipona supunha haver três mandamentos na primeira tábua e sete na segunda. Calvino e muitos da atualidade acreditam que na primeira tábua estavam gravados os quatro mandamentos relativos aos deveres do homem com Deus e, na segunda, os seis mandamentos relativos ao homem e seu próximo. Alguns interpretam que o Senhor Jesus Cristo sintetizou as tuas tábuas nos dois grandes mandamentos (Mt 22.34-40), com a ressalva do sábado, pois não há ensino no Novo Testamento para a observância do quarto mandamento. Essa questão é discutida mais adiante, no Capítulo 5.
Esequias Soares. Os dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 18-19.
LEI A palavra lei foi usada para traduzir a palavra hebraica tora (que significa instrução), e a palavra grega nomos (que significa hábito estabelecido). Veja Tora. Fundamentalmente, as duas indicam alguma regra, ou regulamento, impostos sobre o homem ou a natureza por um poder superior. O legislador reserva-se ao direito de punir toda desobediência.
As forças invisíveis que residem na natureza, produzem a ordem e determinam o destino do universo são geralmente chamadas de leis da natureza. A Bíblia Sagrada raramente fala sobre tais leis de forma abstrata, e muitas vezes a razão oferecida é que ela não é um livro de ciências. Entretanto, apesar disso, a Bíblia tem muito a dizer sobre as leis científicas como reveladoras da natureza
de Deus. Verbos como "fazer" (Jó 36.27-33), "dirigir" (37.3), "mandar" (37.12; 38.12), "causar" (37.13,15; 38.26,27), "guiar" (38.32), e substantivos como "caminho" (38.24), "ordenanças" (38.33) e "tempo" (39.1ss.) indicam, em uma linguagem não técnica, o controle de Deus sobre a natureza por meio de leis que Ele estabeleceu. Será impossível pressupor a existência de um verdadeiro conflito entre essas leis da natureza e as leis que Deus estabeleceu em outros reinos de seu poder universal.
Em um outro nível encontramos as leis de Deus escritas no coração dos homens. Nesse caso devemos fazer duas distinções: de um lado, as leis de Deus estão escritas no coração dos homens como resultado da imagem de Deus plantada no homem no momento da criação (Gn 1.26ss.). Essas leis, tão definitivas como a cor da pele, fazem com que até os pagãos "façam naturalmente as coisas que são da lei [mosaica]" (Em 2.14). A evidência de tais leis se manifesta na consciência (2.15) e é confirmada pela natureza (Rm 1.26ss.; 1 Co 11.14). Veja Consciência. Por outro lado, as leis de Deus estão escritas no coração dos crentes pela nova aliança (Jr 31.31-33; Ez 11.19ss.; 36.25-27; 2 Co 3.3,7,8). Essas leis, implantadas pela "nova criação" (2 Co 5.17), são evidenciadas pelo fruto do Espírito (Gl 5.22ss.), e confirmadas pelo "verdadeiro amor" (1 Jo 4.17ss.).
Ainda em um outro nível estão as leis do estado, instituídas como agentes de Deus na sociedade humana (Rm 13.1-7; 1 Pe 2.13-15. Para uma coleção de leis e documentos legais da antiga Mesopotâmia, Egito e Ásia Menor, veja ANET, pp. 159-198, 212-222). Existem épocas, entretanto, em que o estado, inspirado por uma satânica hostilidade para com a verdade de Deus, elabora leis que devem ser desobedecidas pelos verdadeiros filhos de Deus (Dn 3.8-30; 6.1-28; At 5.26-29,40-42). Leis injustas promulgadas no reino do Anticristo trarão perseguição e morte aos seguidores do Cordeiro (Ap 13.1-17; 20.4). A suprema demonstração de obediência do crente deverá ser sempre dirigida a Deus e não ao homem (Atos 5.29; Ap 1.9; 12.11). Em um nível mais elevado estão aquelas leis instituídas por Deus para o presente estágio da existência humana. Elas podem ser classificadas como judiciais e rituais. As judiciais se baseiam principalmente nos Dez Mandamentos (q.v.) e tratam do relacionamento dentro da sociedade onde restrições devem ser impostas sobre as inclinações pecaminosas da natureza humana (Rm 7.6; Gl 3.19). Essas leis ainda eram válidas na Era dos evangelhos, pelo fato de representarem os relacionamentos básicos da vida onde estão envolvidos o pecado e a justiça. As leis rituais, entretanto, têm o propósito divino de serem representações tipológicas das verdades dos evangelhos embutidas no AT. Agora que Cristo já cumpriu toda a tipologia por sua morte na cruz, elas perderam a validade (Mt 27.51; Gl 5.1-9; Hb 9.1-28; 10.1-22).
Em um nível superior a todas as leis, estão as leis morais de Deus resumidas nos Dez Mandamentos. Essas leis são eternamente válidas porque estão baseadas na imutável natureza divina. O crente, finalmente, entrará em um reino de glória onde a desobediência às leis divinas será não só inadmissível como impossível. Essas leis Divinas, enunciadas nos Dez Mandamentos e reinterpretadas em termos de absoluto amor a Deus e ao próximo (Mt 22.36-40; Rm 13.8-11; Gl 5.14), encontram o seu cumprimento presente na vida do crente, e o seu cumprimento final quando este for viver na cidade celestial, desfrutando a eternidade junto com o Senhor. Resumindo, podemos fazer as seguintes distinções: (1) As leis feitas por Deus (Êx 20.1-17) e as leis feitas pelo homem (Dn 6.6-9); (2) as leis de importância temporal (Hb 10.1-4) e as leis que terão uma duração eterna (2 Sm 7.12-26; SI 1-4); (3) as leis escritas em tábuas de pedra (Dt 5.22) e as leis escritas no coração dos homens (Hb 8.10; cf. 2 Co 3.3); (4) as leis dirigidas apenas aos judeus (At 15.1,10) e as leis destinadas a toda humanidade (Gn 1.28; 9.5-7).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1137-1138
A LEI DE DEUS Êx 20.1
Os seres humanos não foram criados autônomos (isto é, seres livres para seguirem sua própria lei), mas foram criados seres teônomos, ou seja, para estarem sujeitos à lei de Deus. Isso não constituía uma privação para o homem, porque Deus o criou de tal maneira que uma obediência agradecida poderia proporcionar-lhe a mais alta felicidade. Dever e prazer seriam coincidentes, como ocorreu com Jesus (Jo 4.34; cf. SI 112.1; 119.14, 16,47-48,97-113, 127-128, 163-167). O coração humano decaído odeia a lei de Deus, tanto pelo fato de ser uma lei quanto por ela vir de Deus. Os que conhecem a Cristo, contudo, descobrem não só que amam a lei e querem guardá-la-tanto para agradarem a Deus e como gratidão pela graça (Rm 7.18-22; 12.1-2) :..:...mas também que o Espírito Santo os conduz a um grau de obediência que nunca tiveram antes (Rm 7 .6; 8.4-6; Hb 10.16).
A lei moral de Deus está abundantemente exposta nas Escrituras, no Decálogo (Os Dez Mandamentos), em outros estatutos de Moisés, em sennões de profetas, no ensino de Jesus e nas cartas do Novo Testamento. A lei reflete o caráter santo de Deus e seu propósito para os seres humanos que criou. Deus ordena o comportamento que lhe agrada e proíbe aquilo que o ofende. Jesus resume a lei moral nos dois grandes mandamentos: o amor a Deus e o amor ao próximo (Mt 22.37-40). Ele diz que desses dois dependem todas as instruções morais do Antigo Testamento. O ensino moral de Cristo e de seus apóstolos é a velha lei aprofundada e reaplicada a novas circunstâncias, as da vida no Reino de Deus, onde o Salvador reina, e na era pós-pentecostes do Espírito, quando o povo de Deus é chamado a viver uma vida santificada no meio de um mundo hostil (Jo 17.6-19).
A lei bíblica é de várias espécies. As leis morais ordenam o comportamento pessoal e comunitário, que sempre são de nosso dever observar. As leis políticas do Antigo Testamento aplicavam princípios da lei moral à situação nacional de Israel, quando Israel era uma teocracia, como povo de Deus na terra. As leis do Antigo Testamento a respeito de purificação cerimonial, regime alimentar e sacrifícios eram estatutos temporários, com o objetivo de instruir o povo. Essas leis foram canceladas pelo Novo Testamento, porque o seu significado simbólico foi cumprido (Mt 15.20; Me 7.15-19; At 10.9-16; Hb 10.1-14: 13.9-10).
A combinação de leis morais, judiciais e rituais nos livros de Moisés comunicam a mensagem de que a vida sob a orientação de Deus não deve ser vista nem vivida em compartimentos, mas como uma unidade multifacetada. Comunicam também que a autoridade de Deus como legislador deu força igual a todo o código. Contudo, as leis eram de diferentes espécies e tinham diferentes propósitos. As leis políticas e cerimoniais tinham aplicação limitada, enquanto parece claro, tanto do contexto imediato quanto do ensino de Jesus, que a afirmação de Jesus a respeito da imutável força universal da lei se refere à lei moral como tal (Mt 5.17-19; cf. Lc 16.16-17).
Deus exige a total obediência de cada pessoa a todas as implicações de sua lei. Como diz o Catecismo Maior de Westminster; p. 99: "A lei ... obriga todos à plena conformidade do homem integral à retidão dela e à inteira obediência para sempre"; "a lei é espiritual e, assim, se estende tanto ao entendimento, à vontade, às afeições e a todas as outras potências da alma, quanto às palavras, às obras e ao procedimento." Em outras palavras, tanto os desejos quanto as ações devem ser retos. Jesus condena a hipocrisia que oculta a corrupção íntima com fingimentos exteriores (Mt 15. 7-8; 23.25-28). Além disso, as decorrências da lei são parte de seu conteúdo: "onde um dever é ordenado, o pecado contrário é proibido; e, onde um pecado é proibido, o dever contrário é ordenado".
Bíblia de Estudo de Genebra. Editoras Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 103.
II – OS CÓDIGOS
1. A CLASSIFICAÇÃO.
Os códigos do Pentateuco são seções distintas no sistema mosaico que a crítica considera porções legais produzidas durante um longo lapso de tempo. Os críticos afirmam ter encontrado sete grupos: os Dez Mandamentos (Êx 20.1-17; Dt5.6-21); o que eles costumam chamar de Código da Aliança (Êx 20.22-23.33); Ritual do Decálogo (Êx 34.10-26); Código de Santidade (Lv 17- 26); Código Sacerdotal (Lv 1-16); o Código Deuteronômico (Dt 12-26); além do discurso sobre as bênçãos e as maldições (Dt 27-28). Outros expositores mais ousados chegam a afirmar que o texto se constituía dos Dez Mandamentos sem as explicações de Êxodo 20.4-6, 9-11 e Deuteronômio 5.9, 10, 13-15, as quais teriam sido acrescentadas posteriormente. Há, na verdade, entre os críticos judeus e cristãos mais conservadores, a ideia de que Moisés recebeu as tábuas sem as respectivas explicações, mas que Deus mandou o próprio Moisés incluí-las no livro da Lei.
Esequias Soares. Os dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 21-22.
A Bíblia afirma (cf. Êx 17.14; 24.4; Nm 33.1,2; Dt 31.9; Js 1.8; 2 Rs 21.8) que o Pentateuco é uma coletânea de escritos diversos. Mas isto não enfraquece a compreensão tradicional da coletânea como Torá ou instrução. Através de história, poema, genealogia, narrativa, prescrição e exortação, a mensagem teológica é comunicada com um objetivo único: que Israel seja instruído quanto ao significado e propósito. A forma literária, por mais útil que seja em certas ocasiões específicas, tem pouco a dizer sobre o caráter fundamental do Pentateuco como literatura teológica.
Roy B. Zuck. Teologia do Antigo Testamento. Editora CPAD. pag. 21.
Quanto a isso, só posso apresentar exemplos das idéias que giram em torno da questão.
1. Considerações Históricas
a. O trecho de Deu. 31:9 informa-nos que Moisés escreveu «esta lei», mas não é mister compreendermos essa declaração como se a mesma cobrisse o Pentateuco inteiro, mas tão-somente a legislação mosaica incorporada ao mesmo.
b. O Senhor Jesus fez uma declaração abrangente sobre a questão, em João 5:46,47 e em 7:19. Mas essa declaração apenas reiterou a tradição rabínica, e não precisa ser entendida como uma afirmação crítica e histórica. Além disso, muitos estudiosos crêem que Jesus poderia ter repetido aquela tradição, sem entrar nos méritos da autoria do Pentateuco como um todo, aludindo somente à essência da lei incorporada por aquela coletânea. E outros dizem simplesmente que a Igreja pôs essas palavras na boca de Jesus, concluindo daí que, pela autoridade de Jesus, essas palavras nada dizem a favor ou contra a autoria mosaica do Pentateuco como um todo.
c. A tradição rabinica, naturalmente, é o poder que estabeleceu a autoria mosaica do Pentateuco (ver Pirque Aboth 1:1; Baba Bathra 14b). Essa questão foi levada ao extremo de afirmar que Moisés escreveu sobre sua própria morte (ver Deu. 35:5 ss), conforme Filo e Joseto afirmaram. Mas o Talmude admite que Josué foi o autor desse comentário sobre a morte de Moisés.
d. O trecho de II Esdras 14:21,22 diz como os rolos do Pentateuco foram destruídos no incêndio que lavrou quando do cerco de Jerusalém, nos dias de Nabucodonosor, e como Esdras reescreveu a totalidade dos cinco livros, uma tradição aceita por vários dos pais da Igreja, como Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria e Jerônimo.
e. João Damasceno ajuntou que os nazarenos, uma seita de judeus cristãos, rejeitavam a autoria mosaica do Pentateuco, em cerca de 750 D.C.
f. Os ebionitas (vide) olhavam com suspeita para certos trechos do Pentateuco, quando este entrava em choque com as idéias deles.
g. Alguns escritores judeus e islamitas da Idade Média salientaram algumas supostas contradições e anacronismos do Pentateuco. Um exemplo disso é a afirmação de Ibn Ezra (falecido em 1167), com base numa idéia do rabino Isaque ben Jasos (falecido em 1057), de que o trigésimo sexto capítulo de Gênesis não foi escrito antes do tempo do rei Josafá, por causa da menção feita ali a Hadade (comparar Gên. 36:35 com I Reis 11:14). E também afirmava que o texto sofrera algumas interpolações em Gên. 12:6; 22:14; Deu. 1:1; 3:11.
h. O reformador protestante Carlstadt (1480-1541) observou que Moisés não poderia ter escrito o Pentateuco em geral, embora não tivesse observado qualquer alteração estilística quanto ao material pertencente ao período antes e depois da morte de Moisés.
i. Andreas Masius, em seu comentário (1547), declarou que Esdras inseriu no Pentateuco algum material de sua autoria.
j. Mas a crítica detalhada, como a da teoria J. E. D. P.(S.), apareceu no século XVIII. Alguns críticos, como Jean Astruc, acreditavam que o próprio Moisés utilizara documentos distintos, tendo atuado como autor-compilador, e não apenas como autor. A crítica posterior, entretanto, acabou negando inteiramente que Moisés fosse o autor real dos cinco livros, embora admitindo que algum material genuinamente mosaico tenha sido incorporado à compilação. Mas alguns extremistas chegaram a eliminar qualquer participação de Moisés, dizendo que ele nem ao menos sabia escrever!
I. Wellhausen (1844-1918) foi o criador da teoria das múltiplas fontes informativas em uma forma mais coerente, conferindo datas a cada suposta fonte; os elementos essenciais dessa idéia aparecem na primeira seção, oitavo ponto. Autores posteriores deram-se ao trabalho de subdividir cada fonte, como £( 1), £(2), tanto quanto de combinarem documentos como JE. Essa atividade chegou ao extremo de dividir a fonte P(S.) em sete subfontes, na análise de B. Baentsch. Uma outra idéia, combinada com a anterior, era aquela que diz que em vez de autores específicos estarem envolvidos em cada uma dessas fontes, cada uma delas, na verdade, seria o produto de uma escola inteira de editores e autores. Isso conferiu à teoria uma complexidade que deixa a mente estonteada.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4994.
2. O QUE HÁ DE CONCRETO?
A novidade da crítica é que ela questiona a tradição judaico- -cristã no que diz respeito à paternidade mosaica do Pentateuco e à sua antiguidade. A fragmentação que os críticos apresentam juntamente com os seus pressupostos científicos não deve impressionar ou preocupar os cristãos, pois submeter a Bíblia à ciência não nos parece sensato. A ciência modifica-se a cada nova descoberta; "o espírito científico é essencialmente uma retificação do saber, um alargamento dos quadros do conhecimento" (BACHELARD, 1968, p. 147). Muitas coisas que foram ciência no passado, hoje, não passam de bobagens; da mesma forma, o que é ciência hoje pode ser bobagem amanhã. A Bíblia, no entanto, permanece para sempre (Is 40.8). A religião cristã se fundamenta na fé e na revelação e não na ciência (Hb 11.3).
Não se sabe exatamente como o texto do Pentateuco foi produzido e se desconhece também o critério adotado pelo legislador para a organização do livro. O grande problema é a falta de informação de uma época tão distante. É característico da cultura oriental pensar em círculos dando ênfase ao fato ocorrido, e não à data, diferentemente da forma linear adotada no modelo ocidental. A narrativa da Torre de Babel (Gn 11.1-7), por exemplo, precede cronologicamente a tabela das nações registrada em Gênesis 10; no entanto, aparece posteriormente no relato das Escrituras. Isso explica, muitas vezes, as repetições presentes nos textos bíblicos. Não se deve, portanto, fragmentar o texto atribuindo-o a diversos autores e a diversas épocas, ainda mais quando a Bíblia afirma ao longo de suas páginas a autoria mosaica do Pentateuco. Deus mandou Moisés escrever essas coisas num livro (Êx 17.14; 24.4-8; 34.27). A essa altura da história, os escritos eram parciais, pois a produção do texto estava ainda em andamento. Moisés escreveu as jornadas dos filhos de Israel no deserto (Nm 33.1 -49). Mas ainda está escrito que Moisés acabou de "escrever as palavras desta Lei num livro, até de todo as acabar" (Dt 31.24). Isso é ratificado em toda a Bíblia a partir da própria Torá até o Novo Testamento (Dt 31.9, 25, 26; Js 8.32-35; Jz 3.4; 1 RS 8.53, 56; Dn 9.11-13; Ml 4.4; Mt 19.7, 8; Mc 10.4, 5; Lc 5.14; Jo 1.17; 5.45-47; Rm 10.5; 1 Co.9.8, 9; 2 Co 3.15). Não há como mudar essa verdade, ainda mais com base em especulações ou interpretações sob o argumento de método científico. Assim, as sessões do Pentateuco às quais os críticos chamam de códigos são realmente detectáveis; isso não implica, contudo, a autoria de diversos autores e nem em datas posteriores.
É verdade que há no Pentateuco extratos de escritores desconhecidos ou uma coletânea de diversos documentos, como as genealogias do Gênesis, e outros que sofreram revisão posterior por escribas e profetas igualmente inspirados, como algumas glosas, por exemplo, "e estavam, então, os cananeus na terra" (Gn 12.6); o nome "Dã" antes da formação da família de Jacó (Gn 14.14); a menção de reis em Israel, antes mesmo da conquista de Canaã (Gn 36.31); a expressão "dalém do Jordão" (Dt 1.1) enquanto Moisés nem mesmo atravessou o rio. Nada disso descaracteriza sua paternidade literária. A revelação divina foi gradativa. A autoridade dos massoretas posteriores do judaísmo rabínico não é a mesma dos sopherim,15 "escribas", que trabalharam nas cópias e na edição dos livros no período pré-cristão. Esdras era um deles e é chamado de "escriba", sophêr16 (Ed 7.6). Os massoretas jamais ousaram modificar uma palavra das Escrituras, pois o cânon já estava fixado, uma postura diferente da dos sopherim, que eram encarregados de padronizar e revisar textos.
Os livros do Antigo Testamento foram produzidos por profetas, sacerdotes e sábios de Israel (Jr 18.18). Deus confiou a eles a sua revelação. A continuidade do texto, como a narrativa da morte de Moisés em Deuteronômio 34, era realizada por alguém divinamente autorizado. As glosas editoriais foram inseridas no texto sagrado por pessoas autorizadas, profetas, sacerdotes e sábios num período em que o cânon ainda estava aberto. Isso não compromete a paternidade mosaica do Pentateuco. Esses detalhes editoriais são reconhecidos pela tradição desde a antiguidade. Logo, não se sustentam as ideias defendidas pelos críticos liberais sobre os supostos autores do Pentateuco e as diversas datas sugeridas para a composição de cada código.
Esequias Soares. Os dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 22-24.
Autoria A visão das Escrituras de que Moisés era o autor humano do Pentateuco é sustentada pelas evidências. Há seis passagens no Pentateuco que declaram especificamente a autoria de Moisés (Êx 17.14; 24.4-8; 34.27; Nm 33.1,2; Dt 31.9,24-26; 31.22,30-32.43). Três dessas referências estão ligadas às partes legislativas, e três às partes históricas. Estas 6 partes são partes integrais do seu contexto, de forma que as referências citadas provavelmente atribuem a Moisés a autoria de uma boa parte do contexto em que elas ocorrem. Com relação a Génesis, nenhuma declaração específica de autoria é encontrada no livro. Mas Génesis é uma parte integrante do Pentateuco. Sua narrativa conduz a acontecimentos relatados em Êxodo, e sem^ela o Êxodo não seria compreensível. O Êxodo pressupõe claramente Génesis; de fato, sua primeira palavra hebraica voe, normalmente traduzida como "e", mostra que deve ser conectada com o que precede em Génesis. Se Moisés foi o autor dos últimos 4 livros do Pentateuco, também foi o autor de Génesis. Ao longo dos últimos 4 livros do Pentateuco, Moisés foi o personagem principal. Ele era o mediador pelo qual Deus falava à nação ao transmitir sua lei. Deus deu a este patriarca as instruções para a construção do Tabernáculo, e lhe revelou as leis com relação à adoração. Cada vez mais, lemos sentenças como "Então, disse o Senhor a Moisés", "Como o Senhor ordenara a Moisés" etc. Quando chegamos a Deuteronômio, estamos na mesma atmosfera. O livro começa com "Estas são as palavras que Moisés falou..." Em todo o livro de Deuteronômio, Moisés aparece como a figura central.
Nos demais livros e passagens do AT, o Pentateuco é uniformemente considerado como obra de Moisés. É correto dizer que a única lei autorizada que é reconhecida no AT é a lei de Moisés; o mesmo é verdade em relação ao NT. Citações feitas do Pentateuco atribuem sua autoria a Moisés (cf. Mt 19.8; Mc 10.3-5; Lc 24.27,44; Jo 5.46,47; 7.19; At 3.22; Ap 15.3 etc). Tanto o AT como o NT consideram Moisés como o autor humano da lei. No século XVIII, surgiu a visão de que o Pentateuco não era inteiramente uma obra de Moisés. Pensou-se que a presença de diferentes nomes divinos em Génesis fosse uma marca de diferentes autores. Finalmente, assumiu-se que Génesis consistia de três documentos principais, que foram finalmente reunidos por um redator. Pensou-se que estes 3 documentos, ou partes delesvtives-sem sido encontrados também em Êxodo, Levítico e Números, sendo que Deuteronômio foi atribuído a uma fonte diferente. No entanto, a hipótese documentária, como é chamada, embora sustentada por muitos estudiosos, destrói a verdadeira unidade e harmonia do Pentateuco. E uma teoria que não tem o suporte dos fatos e, portanto, deve ser abandonada.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1499-1500.
O Pentateuco foi criação de Moisés, o grande libertador no Êxodo que comunicou aos israelitas a revelação de Deus concernente a si mesmo e aos propósitos para o povo recentemente resgatado. Isto aconteceu nas planícies de Moabe, quarenta anos depois do Êxodo, na época em que Israel estava prestes a conquistar Canaã e estabelecer-se como entidade nacional em cumprimento das promessas feitas aos ancestrais patriarcais. Embora não haja dúvida de que houvera uma tradição oral (e talvez escrita) contínua acerca das suas origens, história e propósito, foi Moisés que reuniu estas tradições e as integrou ao corpo conhecido por Torá, desta forma surgindo uma síntese abrangente e oficial.
Tornou-se a expressão escrita da vontade de Deus para Israel em termos dos propósitos divinos mais amplos na criação e redenção.
Roy B. Zuck. Teologia do Antigo Testamento. Editora CPAD. pag. 21.
III – O CONCERTO
1. O QUE É UM CONCERTO?
ALIANÇA. Em hebraico, uma "aliança" é determinada pelo termo berit, e berit karat significa "fazer (lit., 'cortar' ou 'lapidar') uma aliança". Em grego o termo é diatheke (que pode significar tanto "pacto"como "último desejo e testamento"), e o verbo é diatithemi (At 3.25; Hb 8.10; 9.16; 10.16). Uma aliança é um acordo entre duas ou mais pessoas em que quatro elementos estão presentes: partes, condições, resultados, garantias. As alianças bíblicas são importantes como uma chave para duas grandes facetas da verdade: Soteriologia - O plano de Deus através de Jesus Cristo para redimir os seus eleitos, está revelado de uma maneira ampla e profunda nas sucessivas alianças.
Alianças Bíblicas Específicas
1. Aliança Noéica. Esta é a primeira aliança claramente mencionada nas Escrituras. Ela foi prometida a Noé em Génesis 6.18 e está registrada em Génesis 8.20-9.17. Esta aliança foi, sobretudo, unilateral, pois Deus era o seu criador e executor, não requerendo um compromisso de aceitação e consentimento por parte de Noé, como no caso do juramento dos israelitas ao pé do Monte Sinai (veja Êx 19.8).
As partes desta aliança eram Deus e a terra (Gn 9.13) ou Noé e todos os seus descendentes (Gn 9.9,16,17). Daqui por diante, ela era universal em seu escopo. Apesar disso, ela tinha certas condições, a saber, que a humanidade fosse frutífera, se multiplicasse e enchesse a terra (9.1,7); que não comesse carne com vida, isto é, com o sangue (9.4). Assim, a aliança era condicional, porque Deus trouxe um julgamento sobre a humanidade no episódio da Torre de Babel na forma de uma confusão de línguas, para forçar o povo a se espalhar e povoar a terra, quando eles estavam deliberadamente desafiando o propósito e a ordem de Deus (Gn 11.4-9). O Resultado era a promessa de que Deus nunca mais destruiria a terra com um dilúvio (Gn 8.21; 9.11,15), com a concomitante promessa da regularidade das estações (Gn 8.22). A garantia de que Deus iria manter esta aliança enquanto durasse a terra en-contrava-se em seu sinal ou prova, o arco-íris (9.12-17).
2. Aliança Abraâmica. Esta é geralmente considerada uma aliança unilateral no sentido de que foi em primeiro lugar anunciada por Deus, sem qualquer condição a ela vinculada. Entretanto, um elemento bilateral aparece em Génesis 17.1: "Eu sou o Deus Todo-poderoso; anda em minha presença e sê perfeito"; e na última repetição e confirmação da aliança a Abraão em Génesis 22.16ss., quando Deus diz, "Por mim mesmo, jurei... porquanto fizeste esta ação e não me negaste o teu filho, o teu único, que deveras te abençoarei".
As partes desta aliança eram Deus e Abraão. A condição - revelada por Deus a Abraão, depois dele demonstrar a sua vontade de obedecer à ordem de Deus de oferecer Isaque - era a obediência pela fé (cf. Hb 11.17-19). Os resultados foram: a promessa de Deus de transformar a posteridade de Abraão em uma grande nação (Gn 12.2); aumentar a sua semente tornando-a numerosa como a areia do mar (Gn 22.17); abençoar aqueles que abençoassem o povo judeu e amaldiçoar aqueles que o amaldiçoassem (Gn 12.3); e dar à descendência a Abraão (ou seja, a Israel), a Palestina e o território que vai do rio do Egito até o Eufrates. Finalmente, e o mais importante de tudo, o mundo inteiro seria abençoado através da sua descendência, que era Cristo (Gl 3.16), e Cristo por sua vez dominaria sobre todos os seus inimigos (Gn 22.17,18). A garantia desta grande aliança era o juramento de Deus por si mesmo e por seu grande Nome (Gn 22.16; Hb 6.13-18), assim como o derramamento do sangue dos sacrifícios (Gn 15.9,10,17).
3. Aliança Mosaica ou do Sinai. Nesta aliança vemos o surgimento de um novo fator, de uma forma particular. A aliança Abraâ-mica era muito simples e direta, a Mosaica, mesmo sendo direta, era muito mais complexa, empregava a forma contemporânea das alianças de suserania e vassalagem em voga no antigo Oriente, onde o grande senhor ou suserano ditava um acordo para os seus vassalos ou servos. Um recente estudo dos tratados ou alianças hititas da metade do segundo milénio a.C., revelou que existia uma forma paralela entre estas e a aliança de Deus com Israel, e cada uma continha seis elementos.
(1) Umpreâmbulo: "Eu sou o Senhor, teu Deus" (Ex 20.2a), identificava o autor da aliança, e correspondia a cada introdução como "Estas são as palavras do filho de Mursilis, o grande rei, e rei da terra de Hati, o valente, o filho favorito do deus do trovão etc..." (ANET, p. 203).
(2) Um prólogo histórico: "...que te^tirei da terra do Egito, da casa da servidão" (Êx 20.2). Em Deuteronômio, que é a segunda dádiva da aliança e da lei, o prólogo histórico se expandia amplamente a fim de abranger o modo como Deus levou Israel pelo deserto até aos limites da terra prometida (Dt 1.6-4.49). Moisés está repetindo e expandindo a aliança dada no Sinai, para atualizá-la e preparar Israel para a entrada na terra prometida. Nas alianças hititas, o suserano dominador lembrava ao governante vassalo (o governante subjugado) os benefícios que ele desfrutara até o momento como vassalo de seu reino, como a base para a sua gratidão e obediência futura.
(3) As estipulações ou obrigações exclusivas da aliança: "Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura...^Não te encurvarás a elas nem as servirás" (Êx 20.3-5). Uma típica aliança hitita foi registrada da seguinte forma: "Mas tu, Duppi-Tessub permaneça leal ao rei da terra de Hati... Não volte os seus olhos para mais ninguém" (ANET, p. 204). Em sua primeira forma em Êxodo 20, a aliança começa com os Dez Mandamentos e continua ao longo de Êxodo 31. Em Deuteronômio, ela começa com a lei no cap. 5 e continua pelo cap. 26.(4) Sanções, a saber, bênçãos e maldições que acompanham a manutenção ou o rompimento da aliança. Em sua primeira promulgação no Êxodo, estas sanções estão vinculadas, na aliança Mosaica, aos Dez Mandamentos; por exemplo: "Visito a maldade... e faço misericórdia" (Êx 20.5,6); e, "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra" (Êx 20.12). Além disso, mais sanções e advertências são dadas com a promessa de direção e proteção pela presença de Deus (Êx 23.20-33; para mais bênçãos e maldições, veja Levítico 26). Mas em Deuteronômio há dois capítulos de bênçãos e maldições que devem ser lidos publicamente e expostos na cerimónia de renovação da aliança (27 e 28), seguidos pela conhecida aliança Palestina (29-30). Bênçãos e maldições também eram escritas nos tratados da Ásia ocidental. A confirmação bíblica ou a certeza de que uma promessa seria mantida era um juramento ou ainda a morte daquele que fez a aliança. "Os termos juramento e aliança são sempre usados como sinónimos no AT, assim como os termos juramento e tratado nos textos extra-bíblicos" esta é a conclusão de Gene M. Tucker ("Covenant Forms and Contract Forms", VT, XV [1965], p. 497). Uma aliança no AT era, em sua essência, um juramento, um acordo solene. Deus confirmou a aliança Mosaica através de um juramento mencionado em Deuteronômio 29.12ss. O juramento... "que o Senhor, teu Deus, hoje faz contigo" (cf. Dt 32.40; Ez 16.8; Nm 10.29). As partes que faziam a aliança deveriam se tornar como os mortos, de maneira que não poderiam mais mudar de ideia e revogá-la, assim como os mortos também não poderiam fazer (Gn 15.8-18; Hb 9.16,17). Assim, o sangue dos animais substitutos sacrificados era espargido na cerimónia de ratificação da aliança, para representar a "morte" das partes (Êx 24.3-8). Os tratados hititas comuns na época de Moisés não tinham como característica um juramento por parte do suserano; ao invés disso, eles enfatizavam o juramento de lealdade por parte do vassalo.
(5) Testemunhas: Os tratados hititas apelavam para uma longa lista de divindades como testemunhas dos documentos. No Sinai e em outras alianças bíblicas, os deuses pagãos eram obviamente excluídos. Ao invés disso, memoriais de pedra podiam ser uma testemunha (Êx 24.4; cf. Js 24.27); os céus e a terra eram convocados como testemunhas (Dt 30.19; 31.28; 32.1; cf. 4.26); o livro da lei (ou o rolo da lei) era depositado ao lado da arca com a finalidade de ser uma testemunha (Dt 31.26); e o próprio cântico de Moisés lembraria ao povo os votos que fizeram por ocasião da aliança (Dt 31.30-32.47). Na cerimónia de renovação da aliança no final da vida de Josué, o próprio povo atuou como testemunha (Js 24.22).
(6) A perpetuação da aliança. Esta podia ser vista no cuidado pela segurança dos documentos do tratado, que no caso dos pagãos eram geralmente depositados perante ou sob um deus pagão de uma nação que fazia parte do tratado. Esta atitude poderia ser contrastada com as tábuas da aliança Mosaica, colocadas dentro da arca da aliança em Israel (Êx 25.16,21; 40.20; Dt 10.2). As alianças hititas e a aliança Mosaica eram lidas periodicamente em público, e as crianças eram nelas instruídas. A lei era registrada em pedras caiadas (Dt 27.4), e lida em voz alta durante as cerimónias, como aconteceu quando as bênçãos e maldições foram pronunciadas (estando a metade de Israel no Monte Ebal e a outra metade no Monte Gerizim), depois de terem entrado na terra prometida (Dt 27.9ss.; Js 8.30-35). A lei era lida integralmente e publicamente a cada sete anos na Festa dos Tabernáculos (Dt 31.9-13). Chegou-ae a várias conclusões importantes como resultado da comparação da aliança Mosaica com os antigos tratados de susera-nia daquela época: (a) Deus falou a Israel de uma forma conveniente ao seu propósito, mas que também fosse familiar ao povo daquela época. Alguns dos detalhes mais apurados da forma até mesmo provam que a aliança Mosaica deve ter sido estabelecida antes de 1200 a.C, porque os tratados aramaicos e assírios do primeiro milénio a.C. não possuem vários dos elementos característicos comuns aos hititas e à aliança do Sinai (veja Meredith G. Kline, The Treaty of the Great King, p. 42ss.). (6) A forma particular da aliança hitita em Deuteronômio nos leva a ver que a ênfase é maior no significado da aliança do que em seu significado legal, (c) Estudos mostram que as duas tábuas da lei não eram duas pedras com quatro mandamentos na primeira e seis na segunda, mas duas cópias de pedra do mesmo tratado ou aliança: uma para Deus - mantida na arca -e outra para Israel. O mesmo acontecia em todos os tratados hititas e assírios: duas cópias eram feitas, uma para o rei do suserano e outra para o rei do vassalo. Certas diferenças importantes, não devem, entretanto, passar despercebidas. A Aliança Mosaica, como feita por Deus, baseava-se no amor e na graça e não simplesmente em poder. Além disso, ela tinha como objetivo a salvação dos eleitos de Deus, e não a mera submissão e obediência. Voltando ao significado e à importância espiritual dessa aliança, podemos concluir que o elemento condicional é prioritário em relação ao elemento incondicional. Será que está sendo ensinada a expressão "faze isso e viverás" (cf. Lc 10.28) no sentido de que a vida eterna para o crente do AT dependia de se guardar a lei de Deus? Se fosse, as obras seriam de valor meritório até que viesse a cruz! Ou será que Deus queria dizer que deveriam viver à luz da lei? O Senhor Jesus Cristo, no Sermão do Monte, ensinou esta segunda visão quando expôs vários mandamentos e disse: "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus" (Mt 5.48). Ele aplicou a lei com o propósito da contínua santificação do crente e não para a sua justificação. Em Levítico 18.5 é feita a mesma aplicação da lei: "Os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, fazen-do-os o homem, viverá por eles" (ou seja, naquele âmbito). Quando vemos que esta aliança começa com a graça: "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egi-to, da casa da servidão" (Êx.20.2), e acrescentamos a isto uma consideração dos fatos descritos acima, somos levados a vê-la como uma aliança cheia de graça. A aliança Mosaica, então, torna-se tanto um aio que tem a função de nos trazer a Cristo, onde todos os tipos de aliança apontam para ele, como um padrão para guiar o comportamento dos crentes do AT e dos cristãos.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 61-64.
Oa Pacto. Enumerados
1. O pacto edênico (ver Gên, 1:26-28). Esse pacto condicionava a vida do homem em seu estado de inocência.
2. O pacto adâmico (ver Gên. 3:14-19). Esse pacto condicionava a vida do homem após a queda, dando-lhe a promessa da redenção.
3. O pacto noaico (ver Gên. 9:1 e ss). Esse pacto estabeleceu o principio do governo humano.
4. O pacto abraâmico (ver Gên. 15:8). Esse pacto diz respeito à fundação física e espiritual de Israel, impondo condições aos que quisessem pertencer ao Israel espiritual.
5. O pacto mosaico (ver Êxo, 19:25; 20:1-24:11 e 24:12-31:18). A lei foi dada, supostamente como meio de vida, mas terminou por ser o motivo da morte e da condenção,
6. O pacto palestiniano (ver Deut. 28-30). Esse prometeu a restauração de Israel no tempo devido.
7. O pacto davidico(ver H Sam. 7:8-17). Esse pacto estabeleceu a perpetuidade da familia e do reino davídico, cumprido em Cristo como Rei (ver Mat. 1:1; Luc. 1:31-33; Rom. 1:3). Isso inclui o reino milenar (ver H Sam. 7:8-17; Zac. 12:8; Luc. 1:31,33; Atos 15:14-17; I Cor. 15:24), que tipifica o reino eterno de Cristo.
8. O novo pacto. Esse repousa sobre a obra sacrificial e sacerdotal de Cristo, tendo por fito garantir a bênção eterna e a salvação para os homens. Apesar dos homens não poderem produzir nada que esse pacto exíae, por si mesmos, a verdade é que ele está condicionado à fé e à outorga da alma nas mãos de Cristo. O trecho de Heb. 10:19 - 12:3 é, essencialmente, uma descrição de como esse novo pacto é melhor.
Ê o pacto mosaico que está em foco no trecho de Heb. 8:6, contrastado com o novo. Fazia exigências impossíveis aos homens, transformando-os em escravos. Mas não era capaz de dar-lhes a força para viverem à altura dessas exigências. Portanto. o pacto baseado na lei estava condenado ao fracasso. No novo pacto foi dada a lei do Espiritode Deus que opera no coração e em que as operações intimas do Espirito garantem o cumprimento das condíções. Dai vem o sucesso desse novo pacto.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 6.
2. PREPARATIVOS.
No verão de 1446 a.C., depois do miraculoso Êxodo do Egito, foi dada a Israel a quarta revelação testamentária de Deus na história; cp. um reconhecimento moderno crescente da historicidade mosaica (IDB, 1:719). O particularismo do Vrith do Sinai envolvia agora sua nação inteira ao invés de apenas uma mera família (Êx 19.5,6, vv. que afetam todas as formulações subseqüentes do b’rith, J. Muilenburg, VT, 9 [1939], 352). O grande grupo envolvido, mais de dois milhões de pessoas, portanto, responde pela legislação mosaica detalhada que se segue: tanto os requerimentos morais do testamento (Ne 9.13,14) quanto as formas de obediência cerimonial que formam o ritual do Tabernáculo, que se tomou o santuário testamental. Deuteronômio 7.7,8 e 9.4-6 baseiam o b’rith no amor de Deus, sua graça livre. Essa bondade do testamento foi única para a fé de Israel, preservando a humildade por parte dos herdeiros e checando tendências na direção de distorções legalistas, ou na direção de qualquer equivalência necessária de Deus com os interesses nacionais. O Sinai, portanto, não foi essencialmente uma aliança de condicional obras...
Israel, entretanto, não guardou o testamento (SI 78.10,37; Ne 9.17). Quarenta anos mais tarde Deus ordenou que Moisés fizesse uma renovação do Vrith, na Planície de Moabe, pouco antes da entrada da nova geração em Canaã (Dt 29.1). Tais repetições e renovações eram a característica dos tratados suseranos hititas do “Novo Império”, este período de 1400-1200 a.C. De fato, assim como o Decálogo, com sua forma de discurso “Eu-tu” e alusões a benefícios passados concedidos (Ex 20.2; cp. BA, 17 [1954], 63, 64) está em íntimo paralelo aos tratados suseranos, assim todo o presente livro de Deuteronômio corresponde a seis seções básicas das alianças hititas.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 209-210.
Resumo do capítulo. Após três meses de jornada, os israelitas acampam em frente ao monte Sinai (19.1, 2). Lá Deus propõe fazer um pacto com o povo oferecendo-lhe muitos benefícios. No entanto, obriga-os a obedecer-lhe (w. 3-6). O povo concorda imediatamente (w. 7, 8). Preparações são feiras para a aparição de Deus no Sinai (w . 9-15). Quando o dia indicado chega, o Senhor desce ao topo da montanha eni fogo, acompanhado de trovão, relâmpago e um terrível tremor de terra (vv. 16-19). A impressionante apresentação denota a santidade de Deus. O Todo-Poderoso faz a advertência de que ninguém, além de Moisés, deve aproximar-se da montanha na qual a presença Senhor agora permanece (w. 20-25). O cenário está então preparado para a revelação da Lei, cujos padrões religiosos e morais, se praticados, moldarão Israel em um justo e santo povo refletindo o caráter de Deus.
RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Editora CPAD. pag. 62.
Preparação para o Pacto (19.1-25)
Agora os israelitas tinham chegado ao monte Sinai. Ali eles permaneceram, pelo resto dos eventos registrados no trecho compreendido entre Êxodo 19.1 e Números 10.10. Estiveram ali pelo período de onze meses e seis dias, desde o décimo quinto dia do terceiro mès de seu primeiro ano de jornadas (ver Êxo. 12.2,6 e 19.1) até ao vigésimo dia do segundo mês de seu segundo ano de jornadas (Núm. 10.11). Ao receber a lei de Moisés, o povo de Israel tornou-se uma virtual teocracia, ganhando assim a característica distintiva que fez deles o povo de Israel. Desse modo, o Pacto Abraâmico estava adquirindo novas dimensões. Israel era agora a nação consagrada à lei, porquanto aquilo que o evangelho é para a Igreja, a lei o é para Israel. Somente em Cristo o Pacto Abraâmico receberia ainda maiores dimensões e espiritualidade do que recebeu com Moisés. Gál. 3.14 ss.
A redenção da servidão ao Egito tinha sido completa; muitos milagres tinham levado Israel até àquela parada prolongada, no Sinai. Naquele lugar, um novo pacto seria estabelecido que tornaria Israel a nação distintiva em que ela se tornou. A lei de Moisés era a constituição de Israel, a base do estado teocrático, sob Yahweh, o Deus único e verdadeiro. Ficou assim estabelecido, de modo absoluto, o monoteísmo, se porventura isso já não tinha acontecido antes.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 382.
3. O CONCERTO DO SINAI.
Aliança Mosaica ou do Sinai. Nesta aliança vemos o surgimento de um novo fator, de uma forma particular. A aliança Abraâmica era muito simples e direta, a Mosaica, mesmo sendo direta, era muito mais complexa, empregava a forma contemporânea das alianças de suserania e vassalagem em voga no antigo Oriente, onde o grande senhor ou suserano ditava um acordo para os seus vassalos ou servos. Um recente estudo dos tratados ou alianças hititas da metade do segundo milénio a.C., revelou que existia uma forma paralela entre estas e a aliança de Deus com Israel, e cada uma continha seis elementos.
(1) Umjjreâmbulo: "Eu sou o Senhor, teu Deus" (Ex 20.2a), identificava o autor da aliança, e correspondia a cada introdução como "Estas são as palavras do filho de Mursilis, o grande rei, e rei da terra de Hati, o valente, o filho favorito do deus do trovão etc..." (ANET, p. 203).
(2) Um prólogo histórico: "...que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão" (Êx 20.2). Em Deuteronômio, que é a segunda dádiva da aliança e da lei, o prólogo histórico se expandia amplamente a fim de abranger o modo como Deus levou Israel pelo deserto até aos limites da terra prometida (Dt 1.6-4.49). Moisés está repetindo e expandindo a aliança dada no Sinai, para atualizá-la e preparar Israel para a entrada na terra prometida. Nas alianças hititas, o suserano dominador lembrava ao governante vassalo (o governante subjugado) os benefícios que ele desfrutara até o momento como vassalo de seu reino, como a base para a sua gratidão e obediência futura.
(3) As estipulações ou obrigações exclusivas da aliança: "Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura...^Não te encurvarás a elas nem as servirás" (Êx 20.3-5). Uma típica aliança hitita foi registrada da seguinte forma: "Mas tu, Duppi-Tessub permaneça leal ao rei da terra de Hati... Não volte os seus olhos para mais ninguém" (ANET, p. 204). Em sua primeira forma em Êxodo 20, a aliança começa com os Dez Mandamentos e continua ao longo de Êxodo 31. Em Deuteronômio, ela começa com a lei no cap. 5 e continua pelo cap. 26.
i4) Sanções, a saber, bênçãos e maldições que acompanham a manutenção ou o rompimento da aliança. Em sua primeira promulgação no Êxodo, estas sanções estão vinculadas, na aliança Mosaica, aos Dez Mandamentos; por exemplo: "Visito a maldade... e faço misericórdia" (Êx 20.5,6); e, "Honra a teu pai e a tua mãe, para^que se prolonguem os teus dias na terra" (Êx 20.12). Além disso, mais sanções e advertências são dadas com a promessa de direção e proteção pela presença de Deus (Êx 23.20-33; para mais bênçãos e maldições, veja Levítico 26). Mas em Deuteronômio há dois capítulos de bênçãos e maldições que devem ser lidos publicamente e expostos na cerimónia de renovação da aliança (27 e 28), seguidos pela conhecida aliança Palestina (29-30). Bênçãos e maldições também eram escritas nos tratados da Ásia ocidental. A confirmação bíblica ou a certeza de que uma promessa seria mantida era um juramento ou ainda a morte daquele que fez a aliança. "Os termos juramento e aliança são sempre usados como sinónimos no AT, assim como os termos juramento e tratado nos textos extra-bíblicos" - esta é a conclusão de Gene M. Tucker ("Covenant Forms and Contract Forms", VT, XV [1965], p. 497). Uma aliança no AT era, em sua essência, um juramento, um acordo solene. Deus confirmou a aliança Mosaica através de um juramento mencionado em Deuteronômio 29.12ss. O juramento... "que o Senhor, teu Deus, hoje faz contigo" (cf. Dt 32.40; Ez 16.8; Nm 10.29). As partes que faziam a aliança deveriam se tornar como os mortos, de maneira que não poderiam mais mudar de ideia e revogá-la, assim como os mortos também não poderiam fazer (Gn 15.8-18; Hb 9.16,17). Assim, o sangue dos animais substitutos sacrificados era espargido na cerimónia de ratificação da aliança, para representar a "morte" das partes (Êx 24.3-8). Os tratados hititas comuns na época de Moisés não tinham como característica um juramento por parte do suserano; ao invés disso, eles enfatizavam o juramento de lealdade por parte do vassalo.
(5) Testemunhas: Os tratados hititas apelavam para uma longa lista de divindades como testemunhas dos documentos. No Sinai e em outras alianças bíblicas, os deuses pagãos eram obviamente excluídos. Ao invés disso, memoriais de pedra podiam ser uma testemunha (Êx 24.4; cf. Js 24.27); os céus e a terra eram convocados como testemunhas (Dt 30.19; 31.28; 32.1; cf. 4.26); o livro da lei (ou o rolo da lei) era depositado ao lado da arca com a finalidade de ser uma testemunha (Dt 31.26); e o próprio cântico de Moisés lembraria ao povo os votos que fizeram por ocasião da aliança (Dt 31.30-32.47). Na cerimónia de renovação da aliança no final da vida de Josué, o próprio povo atuou como testemunha (Js 24.22).
(6) A perpetuação da aliança. Esta podia ser vista no cuidado pela segurança dos documentos do tratado, que no caso dos pagãos eram geralmente depositados perante ou sob um deus pagão de uma nação que fazia parte do tratado. Esta atitude poderia ser contrastada com as tábuas da aliança Mosaica, colocadas dentro da arca da aliança em Israel (Êx 25.16,21; 40.20; Dt 10.2). As alianças hititas e a aliança Mosaica eram lidas periodicamente em público, e as crianças eram nelas instruídas. A lei era registrada em pedras caiadas (Dt 27.4), e lida em voz alta durante as cerimónias, como aconteceu quando as bênçãos e maldições foram pronunciadas (estando a metade de Israel no Monte Ebal e a outra metade no Monte Gerizim), depois de terem entrado na terra prometida (Dt 27.9ss.; Js 8.30-35). A lei era lida integralmente e publicamente a cada sete anos na Festa dos Tabernáculos (Dt 31.9-13). Chegou-ae a várias conclusões importantes como resultado da comparação da aliança Mosaica com os antigos tratados de susera-nia daquela época: (a) Deus falou a Israel de uma forma conveniente ao seu propósito, mas que também fosse familiar ao povo daquela época. Alguns dos detalhes mais apurados da forma até mesmo provam que a aliança Mosaica deve ter sido estabelecida antes de 1200 a.C, porque os tratados aramai-cos e assírios do primeiro milénio a.C. não possuem vários dos elementos característicos comuns aos hititas e à aliança do Sinai (veja Meredith G. Kline, The Treaty of the Great King, p. 42ss.). (6) A forma particular da aliança hitita em Deuteronômio nos leva a ver que a ênfase é maior no significado da aliança do que em seu significado legal, (c) Estudos mostram que as duas tábuas da lei não eram duas pedras com quatro mandamentos na primeira e seis na segunda, mas duas cópias de pedra do mesmo tratado ou aliança: uma para Deus mantida na arca e outra para Israel. O mesmo acontecia em todos os tratados hititas e assírios: duas cópias eram feitas, uma para o rei do suserano e outra para o rei do vassalo. Certas diferenças importantes, não devem, entretanto, passar despercebidas. A Aliança Mosaica, como feita por Deus, baseava-se no amor e na graça e não simplesmente em poder. Além disso, ela tinha como objetivo a salvação dos eleitos de Deus, e não a mera submissão e obediência. Voltando ao significado e à importância espiritual dessa aliança, podemos concluir que o elemento condicional é prioritário em relação ao elemento incondicional. Será que está sendo ensinada a expressão "faze isso e viverás" (cf. Lc 10.28) no sentido de que a vida eterna para o crente do AT dependia de se guardar a lei de Deus? Se fosse, as obras seriam de valor meritório até que viesse a cruz! Ou será que Deus queria dizer que deveriam viver à luz da lei? O Senhor Jesus Cristo, no Sermão do Monte, ensinou esta segunda visão quando expôs vários mandamentos e disse: "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus" (Mt 5.48). Ele aplicou a lei com o propósito da contínua santificação do crente e não para a sua justificação. Em Levítico 18.5 é feita a mesma aplicação da lei: "Os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, fazendo-os o homem, viverá por eles" (ou seja, naquele âmbito). Quando vemos que esta aliança começa com a graça: "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão" (Êx.20.2), e acrescentamos a isto uma consideração dos fatos descritos acima, somos levados a vê-la como uma aliança cheia de graça. A aliança Mosaica, então, torna-se tanto um aio que tem a função de nos trazer a Cristo, onde todos os tipos de aliança apontam para ele, como um padrão para guiar o comportamento dos crentes do AT e dos cristãos.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 63-64.
O Pacto Mosaico. As alianças bíblicas (brit) fazem declarações sobre o que Deus pretende ou está comprometido a fazer. Ao mesmo tempo em que Moisés ou o Pacto da Lei compartilham essa característica essencial com outros pactos bíblicos, eles são também diferentes entre si. A aliança original que Deus fez com Abraão continha um número de declarações “E far-te-ei'\ feitas pelo Senhor (Gn 12). Foram dadas a essas promessas força legal e formal em um pacto de sangue (Gn 1 5). Nessa época, Deus fez Abraão adormecer, e o Senhor passou sozinho entre as partes dos animais sacrificados. O Senhor, então, demonstrou que manteria as promessas feitas a Abraão não importando o que ele fizesse.
Outras alianças, tais como a de Davi (>>p. 370) e a Nova Aliança { » p . 466), são também compromissos unilaterais. Deus fará o que prometeu independente da forma como o homem se comporte.
O que distingue a Aliança (Lei) Mosaica é o que Deus declara que fará dependendo de como o seu povo se comportará. O povo de Deus será abençoado e protegido se amar e obedecer ao Senhor. Se, por outro lado, o povo de Deus desviar-se para cultuar divindades pagãs e abandonar os caminhos corretos, então o Todo-Poderoso o disciplinará e o punirá. Somente aqui o que Deus fizer será em resposta às escolhas de Israel.
Há outras diferenças entre o Pacto Mosaico e os outros. Os outros tratam do que Deus fará no final da história. Este pacto refere-se ao que Deus fará a cada geração enquanto a história se desenrola. Os outros são pactos permanentes. O Mosaico é um pacto temporário, valendo somente até Jesus, o Redentor prometido (G13.1 5-25). Hoje o Deus da Lei do AT continua a revelar a natureza santa do Senhor e seus padrões morais. Entretanto, hoje o Santo Espírito de Deus nos capacita a ter uma vida de amor que cada vez mais demonstre perfeitamente o caráter do nosso Senhor. >>p. 759.
RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Editora CPAD. pag. 62.
O conteúdo essencial desta passagem é um convite para um encontro com o Senhor em Sinai, para obedecer à sua voz e para entrar em um relacionamento pactuai com ele (cf. v. 4 e s.). Desta forma, este parágrafo resume bem a totalidade dos capítulos 19-24; o encontro com Yahweh (19), a lei de Deus (20-23) e a confirmação do pacto (24).
Ouviides a minha voz pode indicar para 20:1: “Então falou Deus todas estas palavras.” A observância do pacto sugere as estipulações do pacto em forma legal, encontradas em Êxodo 21:1 e ss. (isto é, a totalidade do Livro do Pacto, 20:22-23:36). Guardardes (shamar) significa conservar ou encarregar-se de algo, como um jardim (Gên. 2:15), da arca (I Sam. 7:1) ou de propriedade em confiança (22:7); conservar ou reter, como no armazenamento de alimentos (Gên. 41:35); cumprir as obrigações ou desempenhar um cargo (Núm. 3:7-10); mas também, como neste contexto, guardar o pacto do Senhor (cf. Deut. 29:9; I Reis 11:11).
Tudo o que o Senhor tem falado, faremos.
A reação de Israel consiste em paralelo tão direto à de Êxodo 24:3,7, ao ponto de levar o leitor a chegar à conclusão de que o trecho de 19:1-7 ê um retrato em miniatura do complexo mais amplo de eventos descritos nos capítulos 19-24. Esta frase soa como se fosse uma reação litúrgica a estipulações apresentadas ao povo durante um período de adoração. Contudo, esta frase específica é limitada al9:7e24:3,7. Ela não ocorre em passagens litúrgicas, como os Salmos ou outras porções da Lei ou dos Profetas.  Ezequiel usou, porém, quase a mesma frase como meio de sublinhar o cumprimento certo de atos particulares do Senhor: “Eu, o Senhor, o disse, e o farei”(17:24).
All-Com Allen, Clifton J., ed. ger. Comentário Bíblico Broadman. Editora JUERP. pag. 481.
4. O LIVRO DO CONCERTO.
O ..livro da aliança.. (no hebraico, aepher habberit) foi lido por Moisés como a base do pacto de Yahweh com Israel (Êxo. 24:7). Não há certeza sobre que livro era esse, mas, provavelmente, era ou incluia o decálogo, isto é, Êxodo 20:2-17. Entretanto, a expressão também foi aplicada a Êxodo 20:22 22: 33. Em 11 Reis, a expressão refere-se à lei deuteronômica como um todo. Seja como for, estamos tratando da mais antiga codificação da lei de Israel, que consiste em juizos (mispatim) e estatutos (debarim). Os juizos eram mandamentos positivos:
...faze isto..... e os estatutos eram mandamentos negativos: ..Não... Também havia provisões chamadas leis participiais, porquanto, no hebraico, são expressos por algum verbo no tempo participio: Fazendo isto ou aquilo, morrerá..... A grosso modo, podemos dizer que o ..livro da aliança.. é o decálogo, com seus comentãrios e implicações.
Um código, similar quanto. a certos pontos, é o de Hamurabi, embora ali os homens estivessem divididos em três classes: a aristocracia, a classe comum dos cidadãos e os escravos. E as leis eram bastante desiguais, quando aplicadas a essas três classes. Algumas das provisões, porém, eram idênticas, como, para exemplificar, a sentença de morte contra o seqüestro. (Êxo, 21:16; Deu. 24:7; Código de Hamurabi, n? 14). Quanto ao furto, as leis hebraicas não requeriam a morte, e o código de Hamurabi requeria a punição capital, embora com o tempo, isso fosse relaxado para o roubo de objetos religiosos ou de propriedades do estado, posteriormente, foi requerida uma sétupla devolução. Ambos esses códigos permitiam que as dividas fossem saldadas mediante a servidão, havendo provisões para a redenção, a fim de que os cidadãos não se tomassem escravos permanente Êxo, 21:2-11; Deu. 15:12-18; Código de Hamurabi nOs. 117-119. A lei de Talião, em tace da qual o castigo aplicado correspondia exatamente ao dano praticado, era aplicada de forma um tanto mais fassa no código de Hamurabi (n? 198), do que na lei mosaica. Diz Êxodo 21:23-25: «Mas se houver dano grave, então darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe... O povo comum e 'os escravos eram menos protegidos nas leis babilônicas do que na lei mosaica. Um pastor que perdesse uma ou várias ovelhas, tinha de fazer reparação em valores, de acordo com o Código de Hamurabi n? 267. A lei. mosaica (Êxo. 22:10-13) era mais suave, porquanto admitia perdas que não se deviam à culpa do pastor, como o ataque de algum animal feroz. Nesses casos, bastava-lhe fazer um juramento de sua inocência, e nada precisava pagar. Essas e outras comparações demonstram que o C6digo de Hamurabi, bem como outras legislações existentes na região, juntamente com as leis do Antigo Testamento, estavam alicerçadas sobre algum fundo comum de leis. Mas, em diversas provisões, as leis do Antigo Testamento elevaram os padrões, injetando um maior espírito de misericórdia do que outros côdígos, (BRI)
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 869.
LIVRO DA ALIANÇA
O livro da Aliança inclui vários estatutos (ou julgamentos) para o povo de Israel (para o termo estatuto, leia Êx 21.1). Novamente, percebemos a má divisão de capítulos. 0 capítulo novo deveria começar em Exodo 20.22.
Estes três capítulos (Êx 21— 23) apresentam vários estatutos e instruções a respeito dos seguintes tópicos:
1) as instruções relativas ao altar do Senhor (Êx 20.22-26);
2) normas a respeito dos servos e dos escravos (Êx 21.1-11);
3) preceitos acerca de ações violentas (Êx 21.12-27);
4) instruções que fazem alusão aos animais (Êx 21.28-36);
5) instruções a respeito de propriedade (Êx 22.1-15);
6) uma variedade de normas acerca de comportamento pessoal (Êx 22.16-31);
7) instruções relativas à justiça equilibrada (Êx 23.1-9);
8) normas que falam do sábado (Êx 23.10-13). Após todos esses preceitos, há dois conceitos anexos:
9) as instruções acerca das três festas anuais (Êx 23.14-19); e 10) a promessa do Anjo de Yahweh e a conquista da terra (Êx 23.20-33).
Algumas vezes esta seção é chamada de “o Livro da Aliança” (Êx 24.7,8). Alega-se, frequentemente, que estas passagens são os mais antigos códigos de lei na Bíblia. Quando estudiosos estabelecem tal asserção, baseiam o seu conceito na ideia de que as leis na Bíblia aumentaram gradativamente e não se chegou a sua completude até aproximadamente mil anos após a época em que Moisés viveu. Contudo, seria melhor descrevê-lo como uma coleção de estatutos diversos que Moisés organizou para as pessoas no princípio de sua experiência no monte Sinai. Com o passar do tempo na vida do profeta, ele teria adicionado outras seções ao livro de Êxodo, algumas das quais ele acrescentou a estas prévias passagens mencionadas no parágrafo anterior.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 174.
ALIANÇA, O LIVRO DA (o livro da Aliança, usado em Ex 24.7 e 2Rs 23.2; referência geral à Lei de Moisés).
Êxodo 20 a 23, comumente chamado o Livro da Aliança, contém além dos Dez Mandamentos uma série de leis, a maioria das quais começa com a palavra “se” no texto em português. Estas leis expressam casos típicos particulares da legislação familiar, econômica e criminal comuns não apenas aos hebreus, mas a muitos povos antigos do Oriente Próximo. A maioria delas é o que os juristas chamam de leis casuísticas. O famoso estudioso de Leipzig, Albrecht Alt, observou dois tipos principais de legislação no Pentateuco. O primeiro ele chamou de apodíctico, isto é, leis que são absolutas e universais como os Dez Mandamentos (Êx 20; Dt 5); e o segundo são aquelas que surgem das necessidades de um dado ambiente cultural. Existem sobreposições, é claro, mas em sua maior parte o texto de Êxodo 21—23 contém a lei casuística. Não é necessário seguir Alt completamente para perceber que ele está essencialmente correto nesta observação. O leitor precisa apenas estudar a tradução do Código de Hamurabi (ANET, pp. 163-180) para ver que tanto na forma como no conteúdo existem similaridades surpreendentes com o Livro da Aliança. O formato usual é o que se segue: “Se um homem fizer tal coisa e o houver tal resultado, então esta é a lei”. Por exemplo, Êxodo 21.26, “Se alguém ferir o seu escravo ou sua escrava no olho e o cegar, terá que libertar o escravo como compensação pelo olho”. Uma lei similar no código de Hamurabi diz: “Se um homem destruir o olho de um membro da aristocracia, eles destruirão o seu olho” (ANET p. 175, no. 196). O formato é o mesmo, mas existe uma diferença significativa nas duas leis.
O Código de Hamurabi tem três classes de homens: a aristocracia, o homem do povo, e o escravo. Este sistema era altamente injusto como pode ser visto pela lei 198, onde um aristocrata precisava pagar apenas uma mina de prata por cegar o olho de um escravo. A Lex Talionis (lei do dente) (Êx 21.24,25) “olho por olho, dente por dente”, longe de expressar uma retribuição severa, estava na verdade apresentando o princípio superior da justiça imparcial debaixo da lei, um conceito ausente nos códigos anteriores. Jesus, no Sermão do Monte (Mt 5.38-42), não estava contradizendo esta lei em seu propósito original, mas estava se opondo à aplicação farisaica errada. Nunca foi pretendido que a lei fosse usada como um guia para os relacionamentos interpessoais diários, mas foi dada para garantir justiça imparcial para todos, diante dos juizes.
Embora existam muitas semelhanças entre o Livro da Aliança e o Código de Hamurabi, existem também diferenças marcantes. A sentença para o rapto é a mesma, i.e., a morte (cp. Êx21.16;Dt24.7 e código de Hamurabi no. 14), mas as leis hebraicas acerca do roubo nunca requeriam a pena de morte, simplesmente uma restituição (Êx 22.1-4). O Código de Hamurabi mostra uma evolução da pena de morte para a pena de morte apenas por roubo contra a igreja ou o estado, e finalmente uma restituição sétupla ou uma multa (ANET p. 166, n. 45).
Ambos os códigos permitem que as dívidas possam ser pagas mediante a servidão e ambos oferecem direitos de redenção e vários tipos de proteção contra a escravidão permanente de cidadãos (Êx 21.2-11; Dt 15.12-18 e Código de Hamurabi n° 117-119, ANET p. 170). No caso de bens ou cereais que foram confiados a outra pessoa para que os guardassem e fossem subseqüentemente roubados, os dois códigos lidam com os casos de forma quase idêntica. Ambos requerem restituição dobrada do ladrão ou do dono do armazém, se condenado (Êx 22.7-9, Código de Hamurabi n° 120, ANET p. 171).
O Código de Hamurabi pede uma simples restituição do pastor descuidado que permitiu que alguma doença sobreviesse às ovelhas (n° 267). A Bíblia é mais flexível permitindo que o pastor ou guardião fizesse um juramento acerca de sua própria inocência, especialmente no caso de animais domésticos que eram feridos por feras selvagens (Êx 22.10-13).
Ambos os códigos lidam com o caso do aborto causado por um ferimento intencional. Êxodo 21.22-25 permite que restituição seja feita de acordo com um acordo justo entre o marido e o réu que parece sugerir que um preço poderia ser pago por um feto perdido. Mas se “houver mais danos”, isto é, se a esposa também for ferida ou morta, então o Lex Talionis deve ser aplicado pelo juiz. O Código de Hamurabi é mais específico e determina dez moedas como o preço para um feto perdido e afirma que “se a mulher morre, então eles devem matar a filha do réu”. A lei bíblica exigiria a punição capital do próprio réu, por ser assassino. Além disto, no sistema babilónico o feto de um plebeu valia apenas cinco moedas de prata, e se a esposa do plebeu morresse meia mina era um pagamento suficiente. O feto e a esposa de um escravo tinha valores ainda menores.
As leis codificadas do Antigo Oriente Próximo eram um reflexo das leis comuns prevalecentes na época naquela parte do mundo. O Livro da Aliança extrai desse reservatório, mas sob a inspiração divina elevou os padrões e incluiu princípios de justiça e misericórdia não naturais àquelas leis escritas anteriores, embora a glória coroada da lei israelita seja o padrão ético superior chamado de Decálogo (Êx 20; Dt 5).
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 223-224.
IV – O SACRIFÍCIO
1. OS HOLOCAUSTOS
Essa palavra vem do grego hol «inteiro». E kautoI. «queimar». A Septuaginta usa essa palavra para. traduzir o termo hebraico olah, que significa «trazido a Deus». Um sinônimo, kalil, significa «queima completa», referindo-se ao consumo dos sacrifícios em sua totalidade, incluindo os órgãos internos, a gordura e tudo o mais, até tudo tornar-se em cinzas. A olah era oferecida como expiação pelo pecado. Outros sacrificios expiavam pelos pecados particulares, mas a olah visava a uma expiação geral (Vide). Os holocaustos, no decorrer da sua história eram efetuados privada e publicamente. Posterior: mente transformaram-se na tamid diária, o grande sacrificio nacional, em favor de toda a nação de Israel. Essa cerimônia é que deu origem à oração judaica diária, que prevalece no judaísmo moderno.
Em um sentido secundário, o termo é usado para indicar qualquer grande e terrivel destruição, como a destruição de seis milhões de judeus, por determinação de Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial. Qualquer grande destruição, sem importar a sua causa, pode ser assim denominada.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 150.
SACRIFÍCIOS
Termos e Procedimentos
Os termos hebraicos básicos do AT para a oferta sacrificial são: (1) minha, "presentes" (2 Cr 32.23; Jz 6.18), "oferta" (Gn 4.3-5; Nm 5.15-26), "oblação ou oferta de manjares" (1 Rs 18.29,36), presente oferecido à divindade; (2) qorban, "oferta" (Lv 1.2 etc), aquilo que é trazido para perto (cf. Mc 7.11); (3) zebah, "sacrifício" (Gn 31.54; Êx 10.25; 12.27; 23.18 etc), animal morto (de zabah, "matar para o sacrifício"), cujos restos podiam ser ingeridos pelo ofertante como um ato de comunhão com seu deus (Dt 12;27), chamado de sacrifício como oferta pacífica (Lv 3); (4) 'ola, "holocausto" ou "oferta queimada" (Gn 8.20; 22.2-13) que se eleva como agradável aroma, oferta queimada ao Senhor (Êx 29.25), que é reduzida a cinzas (Lv 6.10) a fim de torná-la uma oferta irrevogável e lhe dar uma forma espiritual ao elevar-se do altar como fumaça em direção a Deus; (5) 'asham "oferta pela culpa ou expiação" (Lv 5.6), "oferta pelo pecado", sacrifício de san gue realizado para a expiação dos pecados, que são infrações da fé contra Deus e o homem, e resultam em uma culpa tão grande que exige a pena de morte, usada como uma referência ao sacrifício vicário de Cristo (Is 53.10); (6) hatta't, "sacrifício pelo pecado" (Êx 29.14,36; Lv 4), um sacrifício de sangue feito para expiar pecados involuntários. Em hebraico, os dois primeiros termos estão combinados (qorban minha) para dar a ideia de uma oblação ou oferta de manjares (cereais; Lv 2). Essa oferta geralmente assumia a forma de bolos asmos perfurados (hallot) feitos de fina farinha misturada com azeite e temperada com sal, ou de panquecas delgadas (fqiqim) cobertas com azeite. Também podia consistir de grãos recentemente colhidos, torrados e cobertos com azeite e incenso, e queimados no altar. A oferta de manjares era sempre acompanhada por uma oferta líquida ou libação de vinho (Êx 29.40,41; Lv 23.13,18; Nm 15.4-10; 28.1-31). Um termo mais geral é 'isheh, "oferta no fogo", uma oferta consumida pelo fogo que incluía o sacrifício de animais (Êx 29.18) e de bolos assados (Lv 2.11; 24.7). A n'daba, "oferta voluntária", era oferecida como expressão de devoção, além de ser completamente voluntária, como seu próprio nome determina (Lv 22.18-23); como tal, o animal podia ser grande ou pequeno (v. 23). A oferta votiva (neder) era uma espécie de oferta pacífica (Lv 7.15,16) apresentada por quem estava fazendo o voto, ou quando o voto era feito (Nm 15.3; Jo 1.16). O termo zebah hattoda era o "sacrifício de louvores" ou a "oferta de ação de graças" (Lv 7.12,13; SI 50.14,23; 107.22; 116.17; Jr 17.26; Am 4.5), e uma outra forma de oferta de paz que muitas vezes tornava-se parte de uma refeição de comunhão ingerida pelo adorador. No NT, a palavra grega mais comum para "sacrifício" é thysia (Mt 9.13; Rm 12.1; Ef 5.2; Hb 7.27 etc), e vem de thyo, "sacrificar" (At 14.13,18; 1 Co 5.7), "abater" (Mt 22.4; cf. Lc 15.23,27,30), "matar" (Jo 10.10). Com referência ao sacrifício de Cristo como o Cordeiro de Deus, sphage foi a palavra usada para "assassinato" (matadouro; Atos 8.32, citando Is 53.7). Um termo mais genérico para "oferta" é prosphora (At 21.26; Rm 15.16; Ef 5.2; Hb 10.5,8,10,14,18) significando aquele que é levado à frente. O termo doron, "dons" é usado na epístola aos Hebreus como um termo paralelo a "sacrifícios" (Hb 5.1; 8.3,4; 9.9). De acordo com Levítico 1 e 3, o ofertante, em primeiro lugar, "oferecia" ou "trazia" (hiqrib, 1.3) seu animal no sentido de fazer com que ele se aproximasse (1.2, o mesmo verbo hebraico) trazendo-o para o lado norte (1.11) do átrio do Tabernáculo ou Templo. Em seguida, ele estendia (samak) sua mão sobre a cabeça do animal, evidentemente para identificar-se com a oferta que iria substituí-lo. Não se pode afirmar com certeza que esse ato também significava uma transferência de pecado ou culpa. A vítima era "morta" ou assassinada {shahat) pelo próprio adorador, exceto no caso dos sacrifícios nacionais (Lv 16.15; 2 Cr 29.24). O sacerdote recolhia o sangue em uma bacia e o espargia (zaraq), isto é, borrifava ou o lançava com as mãos (cf. o uso desse verbo em Ex 9.8) contra o altar. A parte que sobrava do sangue era derramada (shapak) na base do altar. Em seguida, o ofertante esfolava ou descarnava (hiphshit) o animal e o cortava (natah) em pedaços, isto é, dividia-o pelas juntas (Lv 1.6,12). Em todas as ocorrências, os rins, juntamente com sua gordura, o fígado, as entranhas e toda a cauda de um novilho/bezerro (Lv 1.8; 3.3,4,9,10; 4.8-10; cf. Gn 4.4; 1 Sm 2.16) eram apresentados ao Senhor (em toda oferta queimada não era necessário fazer distinções). O sacerdote "queimava" (hiqtir) e "oferecia em fumaça" tudo isso no altar. Na oferta queimada, todas as partes do animal, exceto a pele, eram igualmente queimadas no altar. Na oferta pelo pecado, depois que a gordura e os rins eram removidos, toda a carcaça, incluindo o couro, eram levados para fora do acampamento e queimados (sarap, 4.11,12). No caso das ofertas pacíficas, as partes restantes do animal abatido eram ingeridas pelos sacerdotes e pelos adoradores na refeição do sacrifício; essa refeição era considerada uma forma de comunhão com o Senhor (Dt 12.6,7; Êx 18.12; 24.5,11). Em Levítico 7.28-34, porções do sacrifício das ofertas pacíficas eram especialmente reservadas para o sacerdote e sua família, e eram chamadas de ofertas alçadas (tenupa) e ofertas movidas (teruma). Essa última correspondia ao peito do animal e era assim chamada porque era "movida", isto é, movia-se para frente e para trás em direção ao altar como símbolo da apresentação da oferta a Deus e a devolução, feita por Deus, ao sacerdote. Essa oferta foi reconhecida no termo ugarítico snpt que ocorre no texto de um ritual que obedece a uma relação de sacrifícios de paz - selem (BASOR #198 [1970], p. 42). A oferta alçada correspondia ao ombro ou coxa direitos (shoq), alguma coisa que era levantada ou que se elevava (do hebraico rum; veja o substantivo e o verbo em Números 15.20; 18.30,32) para o Senhor, e que era separada como uma "contribuição" para Ele (Lv 7.14,32,34) para uso dos sacerdotes (Nm 18.8-19).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1722-1723.
2. O SANGUE.
SANGUE (em grego, haima). O fluido vermelho que circula no corpo de homens e animais significa o princípio da "vida" no AT (Gn 9.4; Lv 17.11; Dt 12.23). Como "a vida" está no sangue, o AT proibia comer sangue ou carne sangrenta (Lv 3.17; Dt 12.16). Embora todos os alimentos tenham sido purificados por Cristo (Mc 7.18,19; At 10.13-15), essa proibição foi aplicada aos gentios cristãos no decreto apostólico de Atos 15 em consideração à consciência de seus irmãos judeus (At 15.19,20).
O sangue denota a origem física da vida humana (Jo 1.13; At 17.26) e a expressão "carne e sangue" refere-se à fraqueza do homem, à brevidade de sua vida e ao seu limitado conhecimento (Mt 16.17; Gl 1.16; 1 Co 15.44-50; Ef 6.12). Ele refere-se à natureza humana em Hebreus 2.14 onde Cristo participa plenamente de nossa condição humana, até o extremo de dar sua vida. Derramar sangue significa tirar a vida de alguém com violência ou assassinato (At 22.20; Rm 3.15). Deus condena o derramamento de sangue dos justos e dos inocentes (Gn 9.6; Pv 6.17; Mt 23.35; 27.4; Ap 6.10). Algumas vezes, a palavra "sangue" é usada para a própria morte com derramamento de sangue (Mt 23.30; 27.24; Lc 11.51). Ter o sangue de outro homem nas mãos representa carregar a culpa pela sua morte (2 Sm 1.16; 1 Rs 2.37; Pv 28.17). Simbolicamente, Pilatos lavou as mãos para se livrar do sangue inocente de Jesus, enquanto a multidão gritava "O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos" (Mt 27.24,25). A traição de Judas trouxe "uma recompensa por um ato sanguinário" (Arndt, p.22) e, com essa recompensa o "Campo de sangue" foi comprado com dinheiro de sangue (Mt 27.6-8). O sangue também desempenhou um papel significativo nas práticas religiosas do AT. Vale a pena observar que o sangue não representava nenhum elemento básico nos sacrifícios, nem tinha alguma função especial ou significado nos rituais de quaisquer outros povos do antigo Oriente Próximo ou do Mediterrâneo (McCarthy, "The Symbolism ofBlood and Sacrifice"). O sistema de sacrifícios da lei, baseado nos primitivos sacrifícios de animais do período patriarcal, exigia a morte da vítima em nome do pecador e consistia na aspersão do sangue ainda morno pelo sacerdote como prova de sua morte pela expiação dos pecados (Lv 17.11,12). Nos sacrifícios, era exigida a morte da vítima para que sua vida fosse oferecida a Deus como substituto da vida do pecador arrependido. Dessa maneira, o pecado era limpo ("coberto com sangue") e a culpa era removida (Hb 9.22). Esse cenário forma a base para a presença do sangue de Cristo no NT. O derramamento do sangue de Jesus na cruz encerrou sua vida terrena, pois Ele, voluntariamente, ofe-receu-se para morrer em nosso lugar, como o Cordeiro de Deus que foi assassinado para nos redimir (1 Pe 1.18-20; Ap 5.6,9,12); e a aspersão desse sangue trouxe o perdão de todos os pecados dos homens (Rm 3.25). Seguindo o padrão do Dia da Expiação dos judeus (Lv 16), Cristo é o nosso sacrifício expiatório (Hb 9.11-14; 1 Jo 2.2; Ap 1.5) e também a nossa oferta pelo pecado (1 Pe 1.18,19; Ap 5.9). Assim como Moisés selou o pacto entre Deus e a antiga nação de Israel, no Sinai, com a aspersão de sangue (Ex 24.8; cf. Hb 9.19-21), também o novo pacto de Jeremias (31.31-34) foi selado pelo sangue de Cristo (Hb 9.14,15; 10.14-19,29; 13.20). Ao instituir a Ceia do Senhor, Jesus falou do cálice como "o Novo Testamento [ou aliança]" no seu próprio sangue (1 Co 11.25; Lc 22.20; cf. Mc 14.24).
Cristo também se referiu à grande oferta de paz, reconciliando judeus e gentios (Ef 2.14-17) assim como todas as outras coisas através de seu sangue (Rm 5.9,10; Cl 1.20). O pecador é libertado da escravidão do pecado através da quitação (redenção) que foi comprada com o sangue de Cristo (Ef 1.7; Cl 1.14). Dessa maneira, a Igreja é descrita como tendo sido "resgatada [ou comprada]" com o próprio sangue do Senhor Jesus Cristo (At 20.28). Pelo sangue de Cristo, os cristãos foram justificados (Rm 5.9), libertos do pecado (Ap 1.15), santificados (Hb 13.12) e serão eternamente redimidos (Ap 7.14,15). "Comer a carne e beber o sangue" de Cristo é receber todos os graciosos benefícios que sua morte e seu sangue vivificador podem proporcionar ao crente (Jo 6.53-56).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1557-1758.
Êxo 24.6 Metade do sangue. Metade do sangue dos sacrifícios, que havia sido posto em receptáculos, a ser usado para aspergir o povo (vs. 8). A outra meta- de foi aspergida sobre o altar. Temos aí o rito da ratificação, selado a sangue. Por muitas vezes, o sangue fala de expiação; e, talvez, essa idéia esteja incluída no rito, embora a noção principal tenha sido a ratificação feita pelas duas partes interessadas: Yahweh, representado pelo altar, e o povo de Israel, que foi aspergido.
Entre vários povos antigos havia pactos de sangue. Algumas vezes, o sangue dos sacrifícios era sorvido pelas partes envolvidas no acordo. “Deus e o povo uniram-se em sagrado companheirismo. Houve uma refeição sagrada (vss. 9-11), que também servia de meio comum de estabelecimento dessa comunhão. Provavelmente devemos pen- sar aqui em uma forma mais antiga, e que a aspersão do sangue simbolizava aquilo que se fazia mais antigamente, ou seja, o sangue era bebido”. A aversão de Israel ao uso de sangue como alimento não permitiria que eles bebessem do sangue.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 411.
Como ele foi selado, pelo sangue do concerto, para que Israel pudesse receber grandes consolações com a ratificação das promessas de Deus a eles, e pudesse estar sob grandes obrigações, pela ratificação das suas promessas a Deus. Desta maneira, a Sabedoria Infinita planejou meios para que possamos ser confirmados, tanto na nossa fé, quanto na nossa obediência, para que possamos ser encorajados no nosso dever, e motivados a ele. O concerto deve ser feito com sacrifício (SI 50.5), porque, uma vez que o homem pecou, e perdeu o favor do seu Criador, não pode haver comunhão pelo concerto até que haja primeiro comunhão e expiação através dos sacrifícios.
(1) Antes, portanto, que as partes colocassem seus selos neste concerto: [1] Moisés edifica um altar, para a honra de Deus. Esta era a mesma intenção de todos os altares que eram edificados. Honrar ao Senhor era a primeira coisa a ser considerada no concerto que agora iriam selar. Nenhum acréscimo à perfeição da natureza divina pode ser feita por qualquer das tratativas de Deus com os filhos dos homens, mas nelas as suas perfeições são manifestadas e engrandecidas, e a sua honra é proclamada. Por isto Ele não será representado por um altar, significando que tudo o que Ele esperava deles era que o honrassem. Mas, sendo o seu povo, deveriam ser seus, por nome e louvor. [2] Moisés erigiu “doze monumentos” (ou colunas), de acordo com o número das tribos. Estes monumentos deveriam representar o povo, a outra parte do concerto. E podemos supor que foram colocados em frente ao altar e que Moisés, como mediador, passava de um lado a outro, entre eles. Provavelmente cada tribo erigiu e conhecia o seu próprio monumento (ou coluna), e os seus anciãos ficaram junto a eles. [3] Ele indicou os sacrifícios que deveriam ser oferecidos sobre o altar (v. 5): Holocaustos e sacrifícios pacíficos, que tinham o desígnio de serem expiatórios. Nós não devemos nos preocupar em investigar quem eram estes jovens que foram empregados na oferta destes sacrifícios. Pois o próprio Moisés foi o sacerdote, e o que eles fizeram foi puramente como seus servos, por sua ordem e instrução. Sem dúvida, eram homens que, pela sua força física, estavam capacitados para o serviço, e pela sua situação entre o povo, eram os mais adequados para esta honra.
(2) Tendo sido feitos os preparativos, as ratificações foram feitas de maneira muito solene. [1] O sangue do sacrifício oferecido pelo povo foi (parte dele) espargido sobre o altar (v. 6), significando que o povo estava dedicando a si mesmo, a suas vidas e existências a Deus e à sua honra. No sangue (que é a vida) dos sacrifícios, todos os israelitas foram apresentados a Deus, como sacrifícios vivos, Romanos 12.1. [2] O restante do sangue do sacrifício que Deus reconheceu e aceitou foi espargido sobre o próprio povo (v. 8), ou sobre os monumentos (ou colunas) que o representavam. Isto significava que Deus graciosamente concedia o seu favor a eles, e todos os frutos deste favor, e que lhes dava todos os dons que podiam esperar ou desejar de um Deus reconciliado com eles, e em concerto com eles, através do sacrifício. Esta parte da cerimônia foi explicada da seguinte maneira: “Eis aqui o sangue do concerto”. Vejam aqui como o Senhor Deus os selou, para que fossem um povo. “Suas promessas a vocês, e as promessas de vocês a Ele são Sim e Amém”. Da mesma maneira, o nosso Senhor Jesus, o Mediador do novo concerto (de quem Moisés era um tipo), tendo se oferecido em sacrifício sobre a cruz, para que o seu sangue pudesse, de fato, ser o sangue do concerto, espargiu-o sobre o altar na sua intercessão (Hb 9.12). Ele o esparge sobre a sua igreja pela sua Palavra, pelas suas ordenanças e pela influência e operações do Espírito da promessa, por cujo intermédio somos selados. Ele mesmo pareceu aludir a esta solenidade quando, na instituição da Ceia do Senhor, disse: “Este cálice é o Novo Testamento (ou concerto) no meu sangue”. Compare com Hebreus 9.19,20.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 309.
Aqui é fornecida uma razão para esta lei (v. 11): “Porquanto é o sangue que fará expiação pela alma”. E, por isto, é através do sangue que se faz a expiação, porque a vida da carne é o sangue. O pecador merece a morte. Por isto, o sacrifício deve morrer. Mas, sendo o sangue, de tal forma, a vida, a ponto de que os animais normalmente eram mortos para o uso do homem, com a extração de todo o seu sangue, Deus recomendou o espargir ou o derramar do sangue do sacrifício sobre o altar, para significar que a vida daquele sacrifício era dada a Deus, em lugar da vida do pecador, e como um resgate ou contra-oferta por ela. Por isto, sem derramamento de sangue não há remissão, Hebreus 9.22. Por esta razão, eles não deveriam comer o sangue. Além disto: (1) Esta era, então, uma razão muito boa. Pois Deus, desta maneira, desejava preservar a honra daquela forma de expiação que Ele tinha instituído, e conservar, na mente do povo, uma consideração reverente por ela. Como o sangue do concerto era algo perceptível, nenhum sangue devia ser comido ou pisoteado como algo comum, da mesma maneira como eles não deviam ter ungüento nem perfume iguais àqueles que Deus havia ordenado que eles fizessem para Ele.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 404-405.
sangue:
1. O sangue era considerado sagrado em si mesmo, sendo a sede da vida biológica, de alguma maneira misteriosa (de acordo com a mente dos hebreus), mas que não entendemos. Sabemos agora que a verdadeira vida é a a/ma; mas a antiga teologia dos hebreus, conforme refletida no Pentateuco, não dispunha de nenhuma doutrina da alma, embora ela fosse antecipada na doutrina da “imagem de Deus”, em Gên. 1.26,27. Em contraste com isso, Platão acreditava que toda e qualquer vida é psíquica ou imaterial, e que os corpos físicos são apenas veículos das várias espécies de vida, incluindo a vida humana. Na teologia posterior dos hebreus, na época dos Salmos e dos Profetas, começou a ser salientada a doutrina da alma; mas, mesmo então, não de maneira definida e profundamente teológica. Porém, se imaginarmos que os hebreus atribuíam vida ao sangue, conforme agora atribuímos à alma, então obteremos alguma idéia de como o sangue era considerado tão sagrado.
2. Ademais, era o sangue que fazia expiação, ao ser vertido sobre o altar de Yahweh. A razão disso é que uma vida Lhe estava sendo oferecida. Isso Ele honrava e, ao honrá-lo, também perdoava o pecado. Uma vida (a do sangue do animal sacrificado) fora oferecida em lugar da vida humana, que merecia morrer por causa de seu pecado. Na expiação, entretanto, a pessoa obtivera a vida, e não a morte, porquanto seus pecados foram perdoados. Em conseqüên-cia, qualquer pessoa que cresse nessa teologia, mostrar-se-ia absolutamente desti- tuída de respeito se viesse a ingerir sangue, em qualquer de suas formas. O sangue era por demais sagrado para ser usado na alimentação. Era visto como inerentemente sagrado e virtuoso quando se tratava de perdão de pecados. Alguns intérpretes, exibindo conhecimento sobre a vitalidade e a natureza absolutamente necessária do sangue, tentam isso fazer valer no que tange a este versículo. Mas o autor sacro não estava pensando nesses termos. Ele estava pensando no sangue como uma espécie de sangue, não em algo que cuida da nutrição da vida biológica. Assim comentou Aben Ezra sobre o presente texto: vida por vida; alma por alma. Na Ceia do Senhor, o sangue de Cristo é bebido em um sentido metafórico. E não devemos ter dúvidas de que textos como Lev. 17.11 estavam por trás da formulação original dessa teologia. Ver I Cor. 10.16 e 11.23 ss.
O sangue era a base do sistema sacrificial levítico. E essa idéia foi transferida para o Novo Testamento, sob a forma do sangue de Cristo. Prevalece no Novo Testamento a idéia da expiação vicária, embora de outra maneira.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 542-543.
3. A ASPERSÃO.
ASPERSÃO No AT, essa palavra envolve o uso de sangue, água ou azeite. Ligada ao sistema sacrificial, a aspersão de sangue ocorria nos sacrifícios e na consagração do sacerdote, assim como nas vestes e nos vasos. A aspersão podia ser feita com um irrigador, o dedo ou aos punhados (Ex 24.6-8; Nm 19.13; Êx 29.21).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 218.
A outra metade do sangue guardado nas bacias (6), Moisés o espargiu sobre o povo (8); chamou este sangue o sangue do concerto. Este foi o primeiro concerto feito com Israel e foi selado com o sangue de sacrifícios de animais. O Novo Testamento descreve o novo ou segundo concerto que substituiu o antigo e foi selado com o sangue de Cristo (Hb 8.6—9.28). Se o antigo concerto exigia a obediência total das pessoas à vontade de Deus, certamente não se esperava menos daqueles que fizessem parte do novo concerto (Hb 12.18-29).
George Herbert Livingston, B.D., Ph.D. Comentário Bíblico Beacon Vol. 1 Gênesis a Deuteronômio. pag. 204.
Heb 9.22 Então tomou o sangue de bezerros e bodes, com a água, a lã escarlate, e o hissopo, e aplicou esse sangue ao aspergi-lo. Esse sangue e água significavam o sangue e a água que saíram do lado perfurado do nosso Salvador, para justificação e santificação, e também prefiguraram as duas ordenanças do Novo Testamento, o batismo e a Ceia do Senhor, com a lã escarlate significando a justiça de Cristo com que precisamos ser revestidos, o hissopo significando a fé pela qual precisamos aplicar tudo. Então, com esses Moisés aspergiu: [1] O livro da lei e do concerto, para mostrar que o concerto da graça é confirmado pelo sangue de Cristo e tornado efetivo para o nosso bem. [2] O povo, sugerindo que o derramamento do sangue de Cristo não vai trazer vantagem alguma para nós se não for aplicado a nós. E a aspersão de ambos, do livro e do povo, significou aquele mútuo consentimento de ambas as partes, Deus e o homem, e o seu mútuo compromisso um com o outro nesse concerto por meio de Cristo. Moisés também usou estas palavras: “Este é o sangue do testamento que Deus vos tem mandado”. Esse sangue, tipificando o sangue de Cristo, é a ratificação do concerto da graça para todos os verdadeiros crentes. [31 Ele aspergiu o tabernáculo e todos os seus utensílios, sugerindo que todos os sacrifícios oferecidos e os serviços realizados ali eram aceitos somente por meio do sangue de Cristo, que obteve a remissão da iniquidade que tenta se apegar às nossas coisas sagradas, e que não poderia ser remida a não ser pelo sangue expiatório.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 791.
O coração da verdadeira religião (9.22). A necessidade de derramamento de sangue, tipificando a doação de vida, é resumida no versículo 22. No que tange à purificação cerimonial, as coisas, i.e., o Tabernáculo e seus acessórios de adoração, lemos o seguinte: E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue. Mas ainda mais indispensável é o sangue remidor oferecido em favor dos pecadores. Coisas requerem o aspergir de sangue quando são consagradas. Mas pessoas requerem perdão; e embora possa haver exceções em relação às coisas, não há exceção no perdão; porque sem derramamento de sangue não há remissão de forma alguma.21 Esta é a grande diferença entre o caminho de Deus e o caminho do homem, entre a verdadeira religião e a falsa. O homem tem uma visão inadequada do pecado e despreza o sangue como inerentemente necessário para o perdão. Mas ao exigir sangue, Deus ressalta a excessiva pecaminosidade do pecado; e ao prover o Sangue, Ele revela o seu infinito amor. O sangue do pecador pode ser poupado — mesmo o de animais — porque Deus sacrificou seu próprio “Cordeiro [...] que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
Richard S. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Hebreus. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 83.
Heb 9:22 Entre outras exceções possíveis na mente do autor da carta também poderiam estar a purificação mediante água, o incenso e o fogo, dos quais temos exemplos no Antigo Testamento Todavia, estas exceções apenas comprovam a regra enfatizada neste versículo Estas palavras sem derramamento de sangue não há remissão pode ter sido um ditado popular; parece que essa era uma perspectiva doutrinária dos rabis Por trás de derramamento de sangue está o substantivo grego haimatekchysia, que não aparece na LXX, e que se encontra só aqui, em todo o Novo Testamento E possível, mas não necessário, como muitos comentaristas afirmam, que o autor da carta tenha criado esse termo.
DONALD A. HAGNER. Comentário Bíblico Contemporâneo. Hebreus. Editora Vida. pag. 169-170.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.

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