A ILUSÓRIA PROSPERIDADE DOS ÍMPIOS
Data 15 de Dezembro de
2013 HINOS SUGERIDOS 178,
382, 474.
TEXTO AUREO
“Tudo
sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao
puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim
ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento” (Ec 9.2).
VERDADE PRATICA
Embora
debaixo do sol o fim para justos e injustos pareça o mesmo, as Escrituras
deixam claro que, na eternidade, os seus destinos são diferentes.
LEITURA DIARIA
Segunda - Ec 8.10 A injustiça contra os justos
Terça - Ec 7.15 A longevidade dos perversos
Quarta - Ec 9.3 A morte é o fim comum a todos
Quinta - Ap 6.9 O destino dos justos
Sexta - Ec 9.11,12 A imprevisibilidade da vida
Sábado - 2 Tm 4.7 Vivendo por um ideal
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Eclesiastes
9.1-6
1
- Deveras revolvi todas essas coisas no meu coração, para claramente entender
tudo isto: que os justos, e os sábios, e as suas obras estão nas mãos de Deus,
e também que o homem não conhece nem o amor nem o ódio; tudo passa perante a
sua face.
2
- Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e
ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica;
assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.
3
- Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol: que a todos
sucede o mesmo; que também o coração dos filhos dos homens está cheio de
maldade; que há desvarios no seu coração, na sua vida, e que depois se vão aos
mortos.
4
- Ora, para o que acompanha com todos os vivos há esperança (porque melhor é o
cão vivo do que o leão morto).
5
- Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa
nenhuma, nem tampouco eles têm jamais recompensa, mas a sua memória ficou
entregue ao esquecimento.
6
- Até o seu amor, o seu ódio e a sua inveja já pereceram e já não têm parte
alguma neste século, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Avaliar os paradoxos da
vida.
Conscientizar-se da imprevisibilidade
da vida.
Viver por um ideal
legítimo.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado
professor, introduza a presente lição lendo com a classe o Salmo 73. Este é
revelador para o assunto em questão. Logo após, apresente aos alunos os
seguintes destaques: (1) O autor do salmo é Asafe, levita respeitado, ministro
de música da Casa de Deus; (2) Asafe revela um problema inquietante: Deus é
soberano e justo, mas os ímpios prosperam (w.3-12) e quem serve a Deus parece
sofrer mais (w. 13,14); (3) O salmista, um servo fiel, ficou desanimado com as
próprias aflições (w. 1,13), com a felicidade e a prosperidade de muitos ímpios
(vv.2,3); (4) Porém, Deus restaura a confiança do salmista ao revelar o fim
trágico dos ímpios e a verdadeira bênção dos justos (vv.16-28). Conclua a
introdução afirmando que a prosperidade dos injustos é ilusória e enganadora.
INTERAÇÃO
Por
que os justos sofrem? Por que os ímpios prosperam? Por que o mal existe? Estas perguntas são feitas há muito por
filósofos, cientistas e, porque não, cristãos sinceros. O problema é que a
teologia da prosperidade — que afirma: o crente não sofre — propagada nas
últimas décadas no universo evangélico, tem prestado um grande desserviço para
a Igreja de Cristo. Precisamos entender que enquanto estamos presentes neste
mundo, e embora justificados por Cristo, fazemos parte de uma criação não
regenerada, anelando por sua transformação no devido tempo (Rm 8.18-23). Mas
por intermédio do Espírito Santo temos a graciosa promessa de que Jesus Cristo
estará conosco até a consumação dos séculos (Mt 28.20).
PALAVRA-CHAVE
Prosperidade: Estado do que é ou se torna próspero; fartura de
alimentos e bens de consumo; fortuna, riqueza.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A
aparente prosperidade : dos maus é um tema recorrente em Eclesiastes. Nos
Salmos, Davi aborda essa questão fazendo a seguinte pergunta: Porque os justos
sofrem e os ímpios prosperam? (SI 73). Nesse mesmo tom, Salomão observa quer
debaixo do sol, os injustos parecem levar vantagem sobre os justos. Mas quando
ambos são nivelados por Deus, na arena da vida, constata-se que os justos e os
injustos terão o mesmo fim. Mas como o sábio de Eclesiastes, concluímos que a
justiça é melhor que a injustiça. É preferível ser sábio do que agir como um
tolo, pois seremos medidos pelos padrões de Deus, não pelas circunstâncias da
vida.
I - OS
PARADOXOS DA VIDA
1. Os justos sofrem
injustiça.
Diferentemente dos perversos que parecem estar sempre seguros e cada vez mais
prósperos (SI 73.12),
o
sofrimento foi uma das mais duras realidades experimentadas por Asafe (SI
73.14). De igual modo, Salomão lutou contra esse pessimismo ao contemplar o
paradoxo da vida na hora da morte. Os perversos tinham uma cerimônia fúnebre
digna de honra, mas “os que fizeram bem e saíam do lugar santo foram esquecidos
na cidade” (Ec 8.10).
O
pastor norte-americano, A. W. Tozer, costumava dizer que o mundo está mais para
o campo de
batalha que para o palco de diversão. Em outras palavras, os justos sofrem na
arena da vida (SI 73; Fp 1.29). Logo, o crente fiel deve estar consciente de
que os revezes não significam que ele esteja sob julgamento divino ou que a sua
fé seja fraca, mas que se encontra em constante aperfeiçoamento espiritual (2
Co 2.4; Cl 1.24; 2 Tm 1.8).
2. Os maus prosperam. Enquanto os justos
padeciam, Davi e Salomão constataram a prosperidade dos ímpios (SI 73.1-3; Ec
7.15). Aqui, aprendemos que a espiritualidade de uma pessoa não pode ser medida
pelo que ela possui, e sim pelo o que ela é. Ser próspero não significa “ter”,
mas “ser”.
A
régua da eternidade nos medirá tomando como critério a fidelidade a Deus, e não
a prosperidade dos homens. A prosperidade bíblica vem como resultado de um
relacionamento sadio com Deus (SI 73.17,27,28) e independe de alguém ter posses
ou não. Os ímpios têm posses, mas a verdadeira prosperidade só é possível
encontrar em Cristo.
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Os
paradoxos da vida se manifestam, por exemplo, na injustiça imposta aos justos e
na prosperidade usufruída pelos ímpios.
II - A
REALIDADE DO PRESENTE E A INCERTEZA DO FUTURO
1. A realidade da
morte. Uma
chave importantíssima para entendermos a mensagem de Eclesiastes encontra-se na
expressão: “Esta é a tua porção nesta vida debaixo do sol” (2.10; 3,22; 5.17-19;
9.9). É debaixo do sol que expressamos a nossa existência e constatamos a nossa
finitude! É no dia a dia da vida que percebemos a verdade implacável da morte,
tanto para quem serve a Cristo quanto para quem não o serve!
A
sentença já foi decretada e é a mesma para todos (Hb 9.27; Ec 9.3). Com a
realidade da morte o futuro parece incerto (Ec 1.1-11).
O
apóstolo Paulo, porém, diz que se a nossa esperança se limitar apenas a esta
vida somos os mais infelizes dos homens (1 Co 15.19). Em Cristo, temos a vida
eterna.
2. A certeza da vida
eterna.
Salomão escreveu Eclesiastes sob uma análise puramente existencial. Quem está
do lado de lá da eternidade não participa do lado de cá da existência. Neste
aspecto, “os mortos não sabem coisa nenhuma” (Ec 9.5). Isto não se dá porque
eles estão inconscientes, mas porque pertencem a outra dimensão (Ap 6.9; 2 Co
5.8), onde nem mesmo o sol é necessário (Ap 22.5).
Em
vez de negar a imortalidade da alma humana, o Eclesiastes apenas descreve a
nossa trajetória nesta vida. É o Novo Testamento que lançará mais luz sobre a imortalidade
de nossa alma na eternidade (Lc 16.19-31; 2 Co 5.8; I Fl 1.23; Ap 6.9).
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Em
vez de negar a imortalidade da alma humana, o Eclesiastes apenas descreve a
nossa trajetória nessa vida.
III - A
IMPREVISIBILIDADE DA VIDA
1. As circunstâncias
da vida.
Nenhum outro texto descreve tão bem a imprevisibilidade da vida como o de
Eclesiastes 9.11,12. Catástrofes naturais e vicissitudes sociais ocorrem em
países habitados quer por pecadores, quer por crentes piedosos, pois ambos
habitam em um mundo decaído. Mas em todas as circunstâncias, o Senhor se faz
presente (SI 46.1; 91.15).
2. Aproveitando a
vida.
Cientes de que teremos dissabores na vida, o que podemos fazer a respeito?
Mergulhar em um sombrio pessimismo, ou tornar-se indiferente aos problemas? É
bem verdade que muitos se deprimem quando a calamidade chega. Ela assusta,
amargura-nos. Faz com que nos isolemos. Mas o rei Salomão sabia que a vida
“debaixo do sol" não era fácil nem justa. Ele não negou esse fato e muito
menos fugiu da sua realidade.
Contrariamente,
o Pregador incentivou-nos a viver, em meio à imprevisibilidade da vida, aquilo que
nos foi dado como porção (Ec 9.7,9). Em Cristo, somos chamados a viver a
verdadeira vida, conscientes de sua finitude terrena, mas esperançosos quanto a
sua eternidade celeste (1 Co 15.19).
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
As
circunstâncias da vida revelam a sua imprevisibilidade e, por isso, devemos
aproveitá-la da melhor maneira possível.
IV-VIVENDO
POR UM IDEAL
1. A morte dos
ideais.
Eclesiastes 9.14,15 narra a história de um povo que se esqueceu de um sábio
idealista por ele ser pobre. Tal fato denota uma cultura onde os ideais não
mais existem. Como é atual a leitura do Eclesiastes! A cultura contemporânea
também perdeu os seus ideais.
Lembremo-nos
de que uma das marcas de nossos dias é a relativização do absoluto, e cada
pessoa vai buscar uma verdade para si mesma. Isso tende a tornar as pessoas
mais individualistas e narcisistas, preocupadas apenas consigo mesmas e
tremendamente desinteressadas pelo próximo.
2. Vivendo por um
ideal.
Mesmo sabendo que as boas ações nem sempre serão reconhecidas, Salomão acredita
que devemos ter um ideal elevado e firmado em Deus (Ec 9.16-18).
Vivendo
em uma sociedade relativista e vazia de idealismo, não há garantia de qualquer
reconhecimento pelo fato de crermos e vivermos os valores morais e espirituais
prescritos pela Bíblia. Contudo, vale a pena viver por um ideal. O cristão
maduro sabe das causas pelas quais devemos lutar (At 20.24; Ef 3.14; 2 Tm 4.7).
SINOPSE
DO TÓPICO (4)
O
cristão maduro, através do Evangelho, sabe bem das causas pelas quais devemos
lutar nesta vida.
CONCLUSÃO
A
vida “debaixo do sol” mostra-se como ela realmente é. Às vezes parece sem
sentido e, em muitas outras, cheia de paradoxos. Mas a vida precisa ser vivida.
Salomão não apenas observou essa dura realidade, mas também a experimentou.
Para
não cairmos num pessimismo impiedoso e, tampouco, num indiferentismo frio,
devemos viver a vida a partir da perspectiva da eternidade. Então tomaremos a
consciência de que, na vida terrena, há ideais dignos pelos quais devemos
lutar. Assim, evitaremos as armadilhas do pessimismo. Vivamos, pois, a nossa
vida de maneira a glorificar o Pai Celeste.
VOCABULARIO
Estulto: Pessoa que não tem
bom discernimento, insensato, estúpido, néscio.
Paradoxos: Pensamento ou
preposições que contrariam princípios básicos e gerais que costumam orientar o
pensamento humano.
Narcisista: Que ou quem é muito
voltado para si mesmo, para a própria imagem.
Indiferentismo: Atitude de
indiferença sistemática.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Apologético
“[Salmo
88: o Salmo que termina sem resposta]
[...]
O salmista (de acordo com o título, Hemã, o ezraíta) se comprometeu em dar a
Deus a glória pela resposta à oração.
O
salmista que sofre atribuiu a sua vida de aflições a Deus (‘Teus terrores’,
‘Tua indignação’). Este é o realismo da fé - Deus é soberano mesmo sobre as
circunstâncias difíceis que o seu povo deve suportar. Tudo tem um propósito na
realização do plano de Deus, embora no momento da dor seja difícil
compreendê-lo. Se o salmo parece terminar com um tom negativo, há duas
considerações que se aplicam. Em primeiro lugar, por mais que o orador sentisse
que Deus o tinha abandonado, ainda falava com Ele.
Em
segundo lugar, o salmo, da maneira como está escrito, pode não reproduzir a
cena integral. Quando usado em adoração, outro orador, não citado aqui (por
exemplo, um sacerdote ou um profeta), pode ter dado uma resposta confirmando a
ajuda do Senhor. Há muitas passagens nos Salmos que sugerem que houve uma
resposta não registrada de outro orador, em nome do Senhor” (Bíblia de Estudo
Defesa da Fé: Questões Reais, Respostas
Precisas, Fé Solidificada. I. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.945).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Teológico
“2. A Prosperidade
dos ímpios ({Salmos]73.4-l 2)
A
riqueza, o orgulho e a prosperidade dos ímpios são descritos em termos vívidos.
O fato de isso não ocorrer com todos os injustos não obscurece a realidade de
ser verdade para muitos. Não há apertos
na sua morte, mas firme está a sua força (4) pode ser traduzido como: ‘Eles
não passam por sofrimento e tem um corpo saudável e forte’ (NVI). Eles parecem
estar livres de ‘canseiras’ (5; ARA), seguros na sua soberba e incontrolados na
sua violência ou conduta em escrúpulos (6). No meio de um povo primitivo que
sempre está à beira da fome, os ímpios têm mais do que o seu coração deseja
(7). Sua conversa é cínica e perversa, presunçosa e blasfema (8-9). Os
versículos 10-11 são traduzidos de maneira mais clara por Moffatt: ‘Por isso o
povo se volta para eles e não vê nada de errado neles, pensando: Quanto Deus se
importa? Acaso, há conhecimento no Altíssimo?’ Apesar da sua impiedade, esse
povo prospera e os seus habitantes estão sempre em segurança, e se lhes
aumentam as riquezas (12).
3. Progresso rumo à
Solução (73.13-20)
À
luz do que havia observado, o salmista foi levado a questionar se ele havia em
vão purificado o seu coração e lavado as suas mãos na inocência (13). Se os
ímpios ‘progridem’, por que se preocupar em ser bom? Na verdade, castigo e
aflição têm sido sua sorte (14).
O
versículo 15 mostra que, mesmo que tenha pensado essas coisas, ele não
expressou suas dúvidas em voz alta - porque fazê-lo ‘teria traído os teus
filhos’ (NVI). Ele Havia guardado as suas dúvidas para si mesmo. Mesmo assim, a
sua ponderação era dolorosa: Fiquei sobremodo perturbado (16).
Finalmente
a luz invade a escuridão quando ele entra no santuário de Deus (17). Então ele
vê que o Senhor não acerta imediatamente as contas com todos. De modo súbito,
ele entende que o ímpio que prospera, a quem ele havia insensatamente invejado,
foi colocado em lugares escorregadios (18) e destinado à destruição (18).
Desolação e terrores são o seu destino (19). Como tudo muda em um sonho (20) no
momento em que se acorda, assim ocorrerá quando Deus ‘acordar’ para julgar;
tudo será invertido, como ocorreu com o rico e Lázaro (cf. Lc 16.19-31). Desprezarás a aparência (‘imagens’,
Berkeley) deles” (CHAPMAN, Milo L.; PURKISER, W. T. (at ali). Comentário Bíblico Beacon: Jó a
Cantares de Salomão. Vol.3. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.222-23).
EXERCÍCIOS
1.
De acordo com a lição, como o crente fiel deve estar consciente a respeito dos
revezes da vida?
R:
Os revezes da vida não significam que ele esteja sob julgamento divino ou que a
sua fé seja fraca, mas que se encontra em constante aperfeiçoamento.
2.
O que, na lição, aprendemos acerca da espiritualidade das pessoas?
R:
A espiritualidade de uma pessoa não pode ser medida pelo que ela possui, e sim
pelo o que ela é.
3.
Por que a expressão “Esta é * a tua porção nesta vida debaixo do sol” é uma
chave importante para entendermos a mensagem do Eclesiastes?
R:
Porque é debaixo do sol que expressamos a nossa existência e constatamos a
nossa finitude.
4.
As catástrofes naturais e os problemas sociais apenas acontecem em países
habitados por “pecadores"? Justifique a sua resposta.
R:
Não. Catástrofes naturais e vicissitudes sociais ocorrem em países habitados quer
por pecadores, quer por crentes piedosos.
5.
Para você, por qual causa vale a pena lutar na vida?
R:
Resposta pessoal.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
RHODES,
Ron. Por que Coisas Ruins Acontecem Se
Deus é Bom. l. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n° 56, p.41.
A ilusória
prosperidade dos ímpios
Por
que os justos sofrem e os ímpios prosperam? Quem já não fez esta indagação,
ainda que de forma introspectiva? Às vezes parece que os ímpios levam vantagens
em relação aos crentes. Todavia, a prosperidade do ímpio é só nesta vida,
enquanto a do justo é eterna. As lutas e dificuldades da vida são para todos,
bons ou injustos, fiéis e infiéis. Deus é misericordioso, Ele faz com que o sol
nasça para todos, assim como a chuva caia para os justos e ímpios (Mt 5.45).
Sabemos que enquanto vivermos em um corpo corruptível, estaremos sujeito às
doenças e as intempéries desta vida. Somente estaremos livres, para todo o
sempre, da dor e do sofrimento, no dia em que recebermos um corpo glorificado,
não mais sujeito à morte (1 Co 15.52). Esta é a nossa viva esperança, e o nosso
consolo em meio à dor: saber que um dia viveremos eternamente com o Senhor,
livres de lágrimas e dores (Ap 21.4). Mas quanto aos ímpios terão o mesmo
destino? Têm eles a mesma esperança? O Dia do Juízo chegará para todos os
ímpios, porém Deus é longânimo e deseja que todos se arrependam e se salvem (2
Pe 3.9). Os ímpios terão que enfrentar o julgamento do "grande trono
branco" (Ap 20.11-15). Aqueles que não creem encararão, segundo a Palavra
de Deus, o pranto e o range de dentes (Mt 13.41,42), a condenação (Mt 13.42,43)
e a destruição.
Ao
ler Eclesiastes podemos ter a impressão de que a morte é o fim de tudo (9.4-6).
Salomão parece desejar a morte diante dos males da vida (Ec 4.1-3). Sabemos que
neste mundo teremos aflições, mas apesar de tudo, vale a pena viver quando
confiamos em Deus. Salomão estava vivendo longe do Senhor quando escreveu
Eclesiastes, por isso, Ele faz uma análise existencial da vida. Sua visão é
extremamente pessimista: "os mortos não sabem coisa nenhuma" (Ec
9.5).
Um
dia todos terão que enfrentar a morte, tanto os ímpios quanto os justos. Porém
sabemos que a morte não é o fim para o sofrimento humano. Ela é o fim para um
novo começo na eternidade. Segundo o apóstolo Paulo afirma, se a nossa
esperança se limitar apenas a esta vida somos os mais infelizes dos homens.
Não
podemos nos deixar abalar pelas circunstâncias da vida nem pela prosperidade
dos ímpios; precisamos confiar no Deus Todo-Poderoso, pois somente Ele nos fará
habitar um dia nas regiões celestes.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O Salmo 73 é um salmo
de fé com características de salmo de sabedoria. É um salmo incomum, na medida
em que narra a história da luta do salmista contra a inveja e a dúvida e por
sua fé em Deus. Por meio dessas batalhas, o salmista, Asafe, aprendeu a confiar
em Deus. O poema assim se desenvolve: (1) tentação de invejar os ímpios (v.
1-3); (2) descrição dos perversos (v. 4-14); (3) percepção de que o fim dos
perversos é o que faz a diferença (v. 15-20); (4) lamento sobre sua própria
incerteza (v. 21-24); (5) resolução renovada de crer somente em Deus (v.
25,26); (6) a destruição dos ímpios (v. 27); (7) renovação de fé em Deus (v.
28).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 885.
Este salmo é
classificado como um salmo de sabedoria, mas outros estudiosos, parece que com
igual razão, preferem falar em um salmo de confiança. Sendo um salmo de
sabedoria, parece-se um tanto com o livro de Jó e examina a justiça de Deus.
"Como pode uma pessoa reconciliar a crença em Deus, segundo a qual Ele é
visto como justo, com as óbvias desigualdades de Seu governo no mundo? Cf.
Salmo 37” (Oxford Annotated Bible, introdução ao salmo).
Este salmo tem uma
qualidade espiritual mais distinta que a maioria dos salmos e pode ser
comparado ao Salmo 63. "Este salmo penetrou profundamente no coração
interior da religião" (Fleming James). Entre as realizações mais maduras
da luta da fé, no Antigo Testamento, o Salmo 73 ocupa um lugar de destaque.
Encontramos aqui uma notável odisseia espiritual, bastante semelhante à que
vemos no livro de Jó. O homem era piedoso, mas não podia reconciliar essa
qualidade com a sua enfermidade (vs. 14), ao passo que os ímpios gozavam de boa
saúde e prosperavam além de qualquer coisa que o salmista já houvesse
experimentado. No templo, porém, ele teve uma poderosa experiência mística e
chegou a compreender a natureza efêmera da vida dos pecadores. Também obteve
uma nova visão de como Deus é a força da vida. e passou a experimentar a
presença divina (vs. 23). É provável que o vs. 24 seja uma declaração de fé na
imortalidade. Nesse caso, o poeta que compôs c Salmo 73 foi capaz de olhar para
além daquilo que outros autores viram quanto a uma questão muito importante,
com grande ligação com o Problema do Mal (ver a respeito no Dicionário), ou
seja, por que os homens sofrem, e por que sofrem como sofrem.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2275.
Tipificado como
literatura sapiencial, o Salmo 73 é o primeiro de um grupo de onze ligados a
Asafe pelo título ou sobrescrito (cf. Int. do Salmo 50). Ele trata do mesmo
tema abordado pelos Salmos 37 e 49: Por que um Deus justo permite que o ímpio
prospere e o justo sofra e seja afligido? Uma boa parte da literatura
sapiencial no AT reflete essa questão. Os provérbios ressaltam a bênção dos
justos e a miséria dos transgressores. Jó examina essa tese do ponto de vista
de um homem justo que sofreu muito. Eclesiastes trata desse tema tendo como
referência um homem um tanto vaidoso e cínico que não era “demasiadamente
justo” (Ec 7.16), mas que, mesmo assim, “tinha tudo” no que diz respeito à
riqueza, cultura, prazer e luxo.
Muitos estudiosos têm
comentado acerca da semelhança entre o Salmo 73 e o livro de Jó. Robinson diz:
“O autor do Salmo 73, por exemplo, semelhantemente ao grande poeta que escreveu
o livro de Jó, deparou com a questão do sofrimento e suas consequências, e nos
leva a participar da sua própria batalha espiritual”. Oesterley comenta: “Em
certo sentido, esse salmo é um resumo e símbolo do livro de Jó [...] ele lida
com o mesmo problema,
segue a mesma linha de pensamento e oferece um dos poucos esboços do AT acerca
da genuína doutrina da imortalidade [...] Surge um problema no pensamento
religioso, assim como ocorre na ciência, por conta de um choque aparente entre
teoria e fato. Ou a teoria precisa ser abandonada ou outros aspectos da verdade
precisam ser elucidados para alinharem os fatos discordantes no plano
universal. A teoria aqui é o caráter de Deus, conforme revelado pelos grandes
profetas; o fato conflitante é a aparente injustiça e desigualdade da
retribuição divina.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 221-222.
Sal 73.1-20 - Dois
temas fortes se apresentam nesses versículos: (1) os ímpios prosperam, e os
justos se perguntam de que vale seus esforços para serem bons; (2) a riqueza
dos ímpios parece tão convidativa a ponto de os fiéis desejarem trocar de lugar
com eles. Mas essa riqueza não tem valor diante da morte, enquanto a recompensa
dos justos têm valor eterno. O que parecia importante, não e, e o que parecia
desprezível é fundamental, pois durará para sempre. Não deseje trocar de lugar com
os ímpios para obter riquezas! Um dia os ímpios desejarão trocar de lugar com
você e desfrutar da sua herança eterna.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 785.
73.1-28 Esse salmo
ilustra o resultado de se permitir que a fé em Deus seja sepultada sob a
autopiedade. O salmista ficou deprimido quando comparou a aparente prosperidade
dos ímpios com as dificuldades de se ter uma vida reta. A partir do v. 15,
todavia, sua postura muda completamente. Ele olha para a vida a partir da perspectiva.
Se estar sob o
controle de um Deus santo e soberano, e conclui que os ímpios, e não os justos,
que têm andado às cegas.
I. A perplexidade
diante da prosperidade dos ímpios (73.1-14)
A. A prosperidade dos
ímpios (73.1-5)
B. A soberba dos
ímpios (73.6-9)
C. A presunção dos
ímpios (73.10-14)
II. A proclamação da
justiça de Deus (73.15-28)
A. A perspectiva de
Deus (73.15-17)
B. Os julgamentos de
Deus (73.18-20)
C. A direção de Deus
(73.21-28)
MAC
ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade
Bíblica do Brasil. pag.735.
I - OS
PARADOXOS DA VIDA
1. Os justos sofrem
injustiça.
Uma das duras
realidades experimentadas pelo rei Davi — a constatação de que os justos
sofrem, também foi sentida pelo seu filho, Salomão. Davi, em tom de lamento,
exclamou: “Pois de contínuo sou afligido, a cada manhã castigado” (SI 73. 14).
Mas não era assim com os perversos: “Eis que são estes os ímpios; e, sempre
tranquilos, aumentam suas riquezas” (SI 73.12). Salomão também lutou contra o
pessimismo quando contemplou essa paradoxal realidade: “Assim também vi os
perversos receberem sepultura e entrarem no repouso, ao passo que os que
frequentavam o lugar santo foram esquecidos na cidade onde fizeram o bem;
também isto é vaidade” (Ec 8.10).
Na arena da vida o
justo sofre (SI 73.1-28; F1 1.29). A. W. Tozer, escritor norte-americano,
costumava dizer que esse mundo está mais para campo de batalha do que para
palco de diversão.
O crente fiel e em
comunhão com Deus deve estar consciente de que os revezes dessa vida não são
indicadores de julgamento divino sobre ele. Também não são prova de uma fé
fraca (2 Co 2.4; Cl 1.24; 2 Tm 1.8).
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
127-128.
Sal 73.12 Eis que são
estes os ímpios. O poeta sagrado ofereceu-nos demorada descrição dos pecadores
ímpios, que tanto prosperavam devido a ganância e subornos, por causa de sua
violência e arrogância, e agora nos diz: ‘'Eis que são estes os ímpios, os
quais também prosperam, ao passo que homens bons continuam pobres e oprimidos.
Portanto, onde está a justiça? Onde está Deus, enquanto tudo isso acontece? Que
sucedeu à aplicação de Sua lei? Que ocorreu à lei da colheita segundo a
semeadura?”
Algo na ordem da
criação está errado; os pássaros cantam contra nós; o sol nos requeima. A
natureza nos espezinha e o temor ofusca a nossa mente. Sim, algo na ordem da
criação está errado. Quem tem leito a escrituração de todas essas crises, de
toda essa transição, de toda essa dor? (Russell Champlin)
Sem nenhuma
preocupação no mundo, homens ímpios e arrogantes continuam a prosperar. E onde
está Deus? “Coisa alguma os perturba; eles não sofrem perturbação externa e
seus pecados não os agoniam; não têm um único pensamento quanto ao mundo
vindouro” (John Gill, in loc.).
Sam 73.14 Pois de
contínuo sou afligido. Embora fosse um homem justo, embora andasse limpo,
embora fosse espiritual em tudo quanto era requerido pela lei de Deus e pela
consciência dos homens, o poeta vivia em crise o dia inteiro. Era perseguido
por uma série de coisas que a mente divina, a única causa, enviava contra ele.
Por quê? Quando chegava a manhã, que deveria trazer luz e esperança, ele
simplesmente se afundava mais ainda no desespero. Mesmo de manhã ele sentia as
chibatadas do látego de Deus. Vimos no vs. 5 que o salmista falou de modo geral
sobre os justos que vivem doentes e sofrem tribulações, e agora no vs. 14 ele
fez a questão assumir aspectos pessoais. Ele andava perturbado, vexado,
sentia-se perseguido e enfermo. E, não obstante, a doutrina hebreia ensinava
que os judeus vivem saudáveis por longos anos e prosperam, ao passo que os
ímpios sofrem enfermidades, são em número pequeno e morrem prematuramente. Que
aconteceu à palavra de Deus e às suas promessas? A experiência parecia provar
que Deus pune os justos, mas se esquece de castigar os iníquos.
Somos para os deuses
o que as moscas são para os meninos. Eles nos matam por simples esporte.
(Shakespeare)
Ora, se os ímpios
prosperam e os justos sofrem, por que alguém deveria querer ser bom? O poeta
precisava descobrir a resposta para essa indagação.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2277.
A Prosperidade dos ímpios (73.4-12)
A riqueza, o orgulho
e a prosperidade dos ímpios são descritos em termos vívidos. O fato de isso não
ocorrer com todos os injustos não obscurece a realidade de ser verdade para
muitos. Não há apertos na sua morte, mas firme está a sua força (4) pode ser
traduzido como: “Eles não passam por sofrimento e tem um corpo saudável e
forte” (NVT). Eles parecem estar livres de “canseiras” (5; ARA), seguros na sua
soberba e incontrolados na sua violência ou conduta sem escrúpulos (6). No meio
de um povo primitivo que sempre está à beira da fome, os ímpios têm mais do que
o seu coração deseja (7). Sua conversa é cínica e perversa, presunçosa e
blasfema (8-9). Os versículos 10-11 são traduzidos de maneira mais clara por
Moffatt: “Por isso o povo se volta para eles e não vê nada de errado neles,
pensando: ‘Quanto Deus se importa? Acaso, há conhecimento no Altíssimo?’”
Apesar da sua impiedade, esse povo prospera e os seus habitantes estão sempre
em segurança, e se lhes aumentam as riquezas (12).
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 222.
Ec 8.10 Assim também
vi os perversos receberem sepultura e entrarem no repouso. Os ímpios eram
louvados por todos, até pelos sacerdotes e ministros do templo de Jerusalém.
Eles tinham uma impressionante forma externa de piedade. Atendiam a seus deveres
nos sacrifícios e nos rituais do templo, realizavam atos atrevidos na cidade e,
no entanto, eram louvados por aqueles que os temiam. Mas o filósofo estava ali
para ver homens tão miseráveis sendo sepultados, passando assim para o seu
merecido nada. Não há, aqui, nenhuma ideia de sofrer algum julgamento no
além-túmulo. Aqueles ímpios eram homens de pó, que voltariam ao pó, e, embora
agitassem muita poeira entre os dois pontos, seriam totalmente extintos, no fim
de sua história agitada. Eles terminariam, como a vaidade em geral, no nada a
que toda a vida leva os homens. Esse era o ensinamento heterodoxo do filósofo,
pelo menos, para os antigos hebreus, que, apesar de não acreditarem na
sobrevivência da alma, pelo menos acreditavam na retribuição divina nesta vida
terrena. Isso nem sempre acontece, contra as expectações dos piedosos, mas o
nada da morte nivela todos os problemas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2729.
Uma declaração de fé
(8.10-13). O texto hebraico do versículo 10 é incerto. Na KJV “os perversos”
são “esquecidos na cidade”; na RSV, seguindo a mesma ideia da Septuaginta “os
perversos [...] foram louvados”. Essa ideia se encaixa no contexto, enquanto a
KJV é contrária. AASV preservou tanto a formulação do hebraico como o
significado no contexto, traduzindo assim o versículo: “Assim eu vi os
perversos sepultados, e vieram ao túmulo; e os que haviam feito o bem saíram do
santo lugar e foram esquecidos na cidade; isso também é vaidade”. Pois os
perversos serem sepultados em honra e os justos serem esquecidos são coisas que
violam a ordem moral; mas a fé que Qoheleth tem se ergue acima do problema,
pelo menos momentaneamente.
O versículo 11
menciona um fato amplamente reconhecido. O castigo para o pecado parece chegar
tão tardiamente e ainda assim ser algo que acontece tão raramente que os
pecadores continuam cantando, não sendo restringidos por medo algum. Mas apesar
da contradição das aparências e da atitude descarada dos perversos, o autor
declara sua própria fé. Ainda que o pecador faça mal cem vezes, e os dias se
lhe prolonguem, eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus, aos que
temerem diante dele [...] Mas ao ímpio não irá bem (12-13; cf. SI 1.1-6). Esta
também é a fé expressada por Lowell:
A verdade esteja
sempre na forca, o errado sempre no trono,
— Mas essa forca
ainda vai balançar o futuro, e por trás do obscuro desconhecido Está Deus na
sombra, protegendo os seus.
Será como a sombra
significa que os maus não prolongarão sua vida como uma sombra que cresce
rapidamente, se aproximando assim do pôr-do-sol.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 454.
Ele os observou
prosperarem no abuso de seu poder (v. 10): Eu vi estes governadores ímpios irem
e saírem do lugar de santidade (versão inglesa KJV), irem em grandeza e
retornarem em pompa do lugar da magistratura (que é chamado de lugar do Único
Santo, porque o julgamento é do Senhor, Dt 1.17, e Ele julga entre os deuses,
SI 82.1, e está com eles no julgamento, 2 Cr 19.6), e eles continuaram todos os
seus dias no cargo, sua má administração nunca foi levada em conta, mas
morreram em honra e foram sepultados de forma magnífica; suas incumbências
foram durante vitâ - durante a vida, e não quamdiu se bene gesserint - durante
o bom comportamento. E eles foram esquecidos na cidade; suas práticas perversas
não foram lembradas contra eles para a sua reprovação e infâmia quando eles se
foram. Ou, melhor, isso denota a vaidade de sua dignidade e poder, pois este é
seu comentário sobre isso no encerramento do versículo: Também isso é vaidade.
Eles estão orgulhosos de suas riquezas, e poder, e honra, porque eles se
sentaram
no lugar santo; mas
tudo isso não pode proteger: (1) Seus corpos de serem sepultados no pó. Vi-os
deitados no túmulo; e a sua pompa, apesar de lhes ter servido desse lado, não
poderia acompanhá-los, Salmos 49.17. (2) Nem seus nomes de serem enterrados em
esquecimento; pois eles foram esquecidos, como se nunca tivessem existido.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 935.
Fp 1.29 - Padecer. O
sofrimento é, na verdade, uma dádiva de Deus, pois nele o Senhor nos consola (2
Co 1.5) e consente que nos regozijemos (1 Pe 4-12,13). Esse sentimento é uma
bênção porque traz recompensa eterna (Mt 5.1-12; 2 Co 4.17; 2 Tm 2.12; Ap
22.12). Deus o vê como uma ferramenta para cumprir Seus propósitos tanto em Seu
Filho (Hb 2.10) como em Seus filhos (1 Pe 1.6,7). Além disso, o sofrimento nos amadurece
como cristãos no presente (Tg 1.2-4) e permite que sejamos glorificados com
Cristo no futuro (Rm 8.17).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 524,
Fp 1.29. Porque vos
foi concedida (por Deus) a graça de padecerdes por Cristo, e não somente de
crerdes nele. Esta magnífica declaração é apresentada como uma teodiceia, para
ajudar os filipenses a compreenderem, pelo menos em parte, seus sofrimentos. A
voz passiva foi concedida é a maneira de Paulo atribuir a obra à vontade de
Deus. O “passivo divinal”, como o chama J. Jeremias (New Testament Theology,
vol. i, Londres, 1971, p. 9) é maneira de expressar-se, do VT, para enfatizar
que Deus controla todos os eventos. Portanto, os filipenses não deveriam
perturbar-se por causa de suas experiências amargas, como se Deus os tivera
esquecido, ou estivesse zangado com eles. Ao contrário, o verbo (gr.
echaristhè) lembrá-los-ia de que até mesmo estas provações vêm a eles como uma
dádiva da graça de Deus (gr. charis). Somente pela fé, que vem pela graça, pode
o sofrimento ser considerado um privilégio (Gnilka).
Contudo, o principal
peso do versículo recai no ensino de Paulo, a seus leitores, segundo o qual a comunhão
com um Cristo sofredor (padecerdes por Cristo) necessariamente pressupõe
coparticipação em Seu destino, e que a compreensão paulina da vida cristã
insiste em que não há maneira de conhecer-se essa vida, em sua verdadeira
expressão, senão mediante a identificação pessoal com o Cristo que foi exposto
a todos os
riscos e mazelas de um mundo cruel. Isto será mais elaborado em 3:7-10. Paulo
já está tacitamente contra-atacando o falso ensino que considerava o sofrimento
apostólico, e o dos crentes, como uma intrusão desnecessária, e que acredita
que os crentes já teriam direito a um estado de bem-aventurança, ou vida
divinal, aqui na terra (veja-se l:15ss. e 3:12ss.), isentos das tensões e
humilhações da vida. Estes homens poderiam estar ensinando que a “glória” seria
a insígnia de todo cristão. Paulo retruca que a marca distintiva do crente é a
cruz.
Ralph P. Martin, Ph.
D.. Filipenses Introdução e Comentário. Editora Vida Nova.
pag. 97-98.
II Cor 2.4 Paulo
escreveu a sua chamada «epístola severa» a fim de demonstrar-lhes o seu amor, visto que
era em face de seu puro interesse altruísta por eles que desejava que se
arrependessem. Certamente que o apóstolo embalava a esperança que a
demonstração de seu afeto por eles poderia criar arrependimento em seus leitores
originais. E esse método se mostrou eficaz, tal e qual ele esperara que fosse.
E com isso se podem comparar as palavras do trecho de Rom.2:4, onde se lê:
«...a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento? »
«...angústias...» No
dizer de Robertson (in loc.): «Antiga palavra derivada de ‘sunecho’, ‘segurar
juntamente’, ou seja, ‘contração de coração’. (Ver Cícero, ‘contractio animi’).
Seria uma espécie de ‘angina pectoris’ de natureza espiritual. Nas páginas do
N.T., aparece essa palavra somente aqui e em Luc. 21:25».
Nossa palavra
«angústia» se deriva do vocábulo latino «angere», que significa «sufocar»; e
isso mostra que ela não está muito distante do sentido básico do vocábulo grego
aqui empregado.
«...sofrimentos...»
No original grego, «thlipsis», que significa «pressão», e, por conseguinte,
«opressão», «aflição», «tribulação». Entre outros vocábulos, esse termo é usado
para indicar as dores de parto (ver João 16:21), bem como para indicar
«perseguição» (ver Visão de Hermes 3,6 e 9).
«...de coração...» A
angústia e o sofrimento ocorriam no homem interior; e isso significa que era
algo profundo, e não superficial.
«...em grande
medida...» No original temos um comparativo; mas tal palavra é usada somente
para efeito de ênfase, e não com a finalidade de estabelecer confrontos, como
se o amor dele fosse mais abundante que o deles, ou como se ele os amasse mais
do que a qualquer outros crentes, etc.
«A angústia (sentida
por Paulo) se assemelhava a uma forte pressão ou contração do coração».
(Plumptre, in loc.). E isso por causa de seu amor abundante.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 303-304.
Col 1.24 - Quando
Paulo diz ‘preencho o que resta das aflições de Cristo" ou 'cumpro o resto
das aflições de Cristo", ele não quer dizer que o sofrimento de Cristo
tenha sido insuficiente para salva-lo, nem que haja uma parcela predeterminada
de sofrimento que deve ser paga por todos os crentes. Paulo poderia estar
dizendo que o sofrimento e inevitável ao levar as Boas Novas de Cristo ao
mundo. O apóstolo menciona as "aflições de Cristo" porque todos os
cristãos estão relacionados a Ele. Quando sofremos. Cristo sofre conosco. Mas esse
sofrimento pode ser suportado alegremente, porque Ele transforma vidas e leva
as pessoas ao Reino de Deus (ver 1 Pe 4.1.2; 12—19).
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 1676.
II Tm 1.8 “Antes, participa
das aflições do evangelho, segundo o poder de Deus, isto é, conta com as
aflições por amor ao evangelho, prepara-te para elas, está pronto a sofrer com
os santos sofredores neste mundo”. Participa das aflições do evangelho ou como
podemos ler: Sofra com o evangelho; “não somente compadeça-se com aqueles que
sofrem pelo evangelho, mas esteja pronto a sofrer com eles e sofrer como eles”.
Se em algum momento o evangelho está passando por dificuldades, aquele que
espera a vida e a salvação por meio desse evangelho estará contente em sofrer
com ele. Observe: [1] Teremos condições de suportar as aflições bem, quando
extrairmos força e poder de Deus para nos capacitar a suportá-las: Participa
das aflições do evangelho, segundo o poder de Deus. [2] Todos os cristãos, mas
especialmente os ministros, devem esperar aflições e perseguições por amor ao
evangelho. [3] Elas serão proporcionais ao poder de Deus (1 Co 10.13) que está
sobre nós.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 707.
II Tm 1.8 - Numa era
de crescente perseguição, Timóteo pode ter sentido medo de continuar a pregar
as Boas Novas. Seus temores eram baseados em fatos, já que os crentes estavam
sendo presos e executados. Paulo disse a Timóteo que esperasse pelo sofrimento
— assim como Paulo. Timóteo seria preso pelo fato de pregar as Boas Novas (Hb
13.23). Mas Paulo prometeu a Timóteo que Deus lhe daria forças e que ele
estaria pronto quando fosse sua vez de sofrer. Mesmo quando não existe qualquer
perseguição, pode ser difícil compartilhar nossa fé em Cristo. Felizmente nós.
como Paulo e Timóteo, podemos pedir que o Espírito Santo nos dê coragem. Não
tenha vergonha de testemunhar.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 1712.
2. Os maus prosperam.
Por outro lado, tanto
Davi como seu filho Salomão constataram que os ímpios prosperam! Davi exclamou:
“Com efeito, Deus é bom para com Israel, para com os de coração limpo. Quanto a
mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os
meus passos. Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos
perversos” (SI 73.1-3). Salomão como bom observador também viu isso: “Tudo isto
vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua justiça, e há perverso
que prolonga os seus dias na sua perversidade” (Ec 7.15).
Mas o que significa
prosperar? Para respondermos a esta importante pergunta faz-se necessário
esclarecermos alguns conceitos importantes. A razão para isto está na confusão
que se faz com o conceito do que seja “prosperidade”. Na teologia neopentecostal
ser “próspero” significa “ter posses”, e “bênção” significa “sucesso”. Partindo
desse princípio, algumas anomalias teológicas passam a reger a vida do cristão.
Neste contexto a ideia que se tem de um pastor bem sucedido, por exemplo, é de
alguém que está se “dando bem” ou que é possuidor de muitos bens. Dentro desse
contexto a teologia da cruz foi suplantada pelo desejo de consumo. Basta ver as
dezenas de programas de televisão vendendo a granel promessas de prosperidade
financeiras. Dentro dessa ótica, um pastor bem-sucedido é alguém que não mora
de aluguel e que possui, no mínimo, um carro do ano para andar. Mas isso está
longe do que seja a prosperidade bíblica. Precisamos deixar bem claro que Deus
quer que seus filhos sejam prósperos, mas isso não pode ser confundido
simplesmente com aquisição de “posses” ou “bens”. Nem tampouco a bênção do
Senhor pode ser confundida simplesmente com sucesso. Alguém pode possuir muitos
bens, ter muitas posses, e ainda assim não ser uma pessoa próspera. Por outro
lado, uma pessoa pode ser abençoada por Deus sem, contudo, ter aquele “sucesso”
que o mundo tanto aplaude. Vejamos o Salmo 73, em que essas diferenças
conceituais se tornam bem claras para nós. No versículo 3 nós lemos: “ Pois eu
invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos” (ARA). E no
versículo 12 está escrito: “Eis que estes são os ímpios, e prosperam no mundo;
aumentam em riquezas” (ARC). A palavra prosperidade neste último texto traduz o
termo hebraico shalew, derivado de shala, e significa “tranquilo”, “próspero”.
O contexto desse Salmo 73 deixa claro que o autor ficou perturbado com a
aparente prosperidade dos incrédulos. Como isso podia acontecer, se aqueles que
temiam a Deus pareciam viver em dificuldades?
Quando ainda se
propunha a entender essa aparente contradição da vida, o salmista encontra a
chave que solucionará o problema. “Até que entrei no santuário de Deus; então,
entendi eu o fim deles. Certamente, tu os pusestes em lugares escorregadios; tu
os lanças em destruição” (w. 17,18). Ele descobriu que os ímpios têm posse, mas
não prosperidade; os ímpios desfrutam de sucessos, mas não de bênçãos divinas.
Para o salmista, a prosperidade era mais uma questão de “ser” do que de “ter”.
Ser amigo de Deus é muito mais importante do que aquilo que Ele pode nos dar.
“Todavia, estou de contínuo contigo, tu me seguraste pela mão direita.
Guiar-me-ás com o teu conselho e, depois, me receberás em glória” (SI
73.23,24).
E esse, precisamente,
o conceito de prosperidade no Novo Testamento. Ao escrever aos crentes de
Corinto, Paulo diz: “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o
que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade (Gr Euodoo), para que se não
façam coletas quando eu chegar” (1 Co 16.2). Para ele, cada cristão possuía a
sua prosperidade. Com certeza, ali havia cristãos com mais bens do que outros,
mas todos eram prósperos em Cristo. Fica, portanto, estabelecido que a
espiritualidade de alguém não pode ser medida pelo que tem, mas pelo que é. A
régua da eternidade nos medirá tomando como critério a fidelidade e não a
prosperidade. A prosperidade bíblica vem como resultado de um relacionamento
sadio com Deus (SI 73.17,27,28) e independe de alguém ter posses ou não. Os
ímpios têm posses, mas não prosperidade.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
128-130.
Os bons prosperam; os maus também — retribuição versus
soberania divina
O princípio bíblico
para a retribuição divina pelos atos humanos é bem documentado nas páginas do
Antigo Testamento. Os bons são premiados com o bem, e os maus são punidos por
consequência de suas ações. Há uma lei de causa e efeito que permeia as ações
do povo de Deus na Antiga Aliança. As Escrituras veterotestamentárias põem lado
a lado o pecado e suas consequências. Se alguém faz o que é bom diante de Deus,
então ele deve esperar o bem como reconhecimento ou recompensa por esse ato.
Todavia, deve ficar claro que esse princípio se fundamenta na teologia de um
correto relacionamento com Deus, e não numa mera relação de troca como se Deus
pudesse ser comparado a uma máquina que está sempre pronta a distribuir
recompensas para quem conseguiu dominar as técnicas de seu manuseio. Se
perdermos de vista esse princípio, incorremos no erro do qual G. K. Chesterton
nos advertiu:
Uma vez que o povo
tenha começado a crer que prosperidade é vista como recompensa para a retidão,
o abismo seguinte é obvio. Se a prosperidade é vista como recompensa para a
retidão, pode ser então considerada como um indicador de integridade. Os homens
não mais terão a árdua tarefa de transformar homens bons em prósperos. Em vez
disso, adotarão uma tarefa mais simples: considerar homens prósperos com bons.
Com Abraão vemos o
princípio da retribuição acontecer, fundamentado em um relacionamento correto
com Deus. A Bíblia diz que o velho patriarca foi abençoado porque obedeceu à
voz do Senhor (Gn 12.18). O mesmo acontece com os outros patriarcas, Isaque e
Jacó (Gn 25.11; 30.43). No Pentateuco, essa lei da retribuição é bem conhecida
do povo de Deus. Os capítulos 27 e 28 de Deuteronômio detalham inúmeras
consequências para um eventual pecado da nação israelita. Na verdade, a
retribuição é nominada como sendo bênçãos e maldições. A obediência seria a
causa das bênçãos de prosperidade, enquanto as maldições seriam o efeito da
desobediência. M. J. Evans (2009, p. 606) destaca que:
Deuteronômio como um
todo é uma espécie de constituição nacional para explicar a Israel o que
significa, tanto como nação quanto como indivíduos, viver como povo de Deus. A
ênfase principal dessa vida como povo de Deus é o relacionamento; eles
pertencem a Deus e são escolhidos e abençoados por ele. Eles devem demonstrar
um estilo de vida santificado, observando a Lei, não por causa da própria Lei,
mas porque Deus é santo, a Lei reflete algo de sua natureza, a qual eles devem
demonstrar. Em outras palavras, a Lei é uma indicação de como a vida do povo em
relacionamento com Deus pode e deve ser vivida. Viver em relacionamento com
Deus expresso nesse estilo de vida santificada significa ser abençoado. Essa
bênção não é retratada como recompensa por observar a Lei; reside na promessa
de Deus e é uma consequência de ter um relacionamento com Ele.
Mas é, sobretudo, no
período tribal que vemos esse princípio em toda a sua força (Jz 3.12; 4.1; 6.1;
10.6; 13.1). Para o autor de Juízes, livro que está inserido nesse contexto, o
resultado para a punição dos israelitas era em razão de uma vida desobediente
diante de Deus (Jz 21.25). Durante a monarquia, período que vemos a atuação
enérgica dos profetas, os reis eram avaliados pelo bem ou pelo mal que haviam
praticado diante do Senhor (1 Rs 15.11; 2 Rs 12.2; 2 Rs 16.2; 2 Cr 28.1).
Por outro lado, as
Escrituras do Antigo Testamento mostram que nem tudo aquilo que se relaciona à
prosperidade pode ser explicado simplesmente através da lei de causa e efeito;
do pecado e suas consequências. E evidente, como já vimos que a lei da
retribuição é vista como um princípio básico, mas a teologia da Antiga Aliança
deixa claro que a soberania de Deus deve ser levada em conta quando avaliamos
as ações dos homens. Victor P. Hamilton (2007, p. 520), destaca com muita
propriedade que o testemunho do Novo Testamento é fascinante. Jesus decerto
ensinou a possibilidade de haver uma relação entre o caráter do individuo e seu
destino. O que ele rejeitava era uma relação obrigatória entre caráter e
circunstância. Temos, por exemplo, o caso do rapaz cego de nascença, cuja
doença nada tinha a ver com pecado (Jo 9.3). Os dezoito esmagados pela torre de
Siloé não eram notórios pecadores (Lc 13.1-5). Jesus ensinou que Deus envia
chuva e sol tanto sobre crentes como sobre incrédulos (Mt 5.45).
Há algumas Escrituras
no Antigo Testamento que revelam que os justos sofrem e os maus prosperam (SI
73.1-28). Parece ilógico o profeta Eliseu, que curou a tantos, morrer doente
dos pés (2 Rs 13.14). E paradoxal, mas é bíblico. O livro de Jó, por exemplo,
detalha a luta de um homem que à primeira vista reconhecia apenas o princípio
da retribuição. Jó não entendia por que um homem obediente como ele (Jó 1.1)
podia sofrer. E evidente que por trás do sofrimento de Jó está a soberania do
Altíssimo que permite ser ele provado, mesmo a Escritura deixando claro que ele
era um homem irrepreensível (Jó 1.1,2). Os amigos de Jó compartilham da visão
tradicional de que se alguém sofre ou passa reveses na vida é porque algum
pecado está por trás disso. O livro detalha uma série de acusações por parte
dos amigos de Jó, que estão mais do que convencidos que para todo efeito existe
uma causa (Jó 4.8). Todavia, observando o livro no seu todo, constatamos que o
seu real propósito não é focalizar o sofrimento humano, mas como Deus se
relaciona com seus filhos. Nesse relacionamento até mesmo o sofrimento ou reveses
podem fazer parte do seu plano soberano para nos abençoar ou fazer prosperar, e
Jó reconhece isso (Jó 42.3).
O comentarista
bíblico A. Viberg (2009, p. 293), observa: "O propósito do livro de Jó não
é tratar o problema do sofrimento, mas definir o correto relacionamento entre
seres humanos e Deus baseado em misericórdia divina e fé humana, que às vezes
tem dúvidas, mas sempre confia".
Fica, pois,
estabelecido que a prosperidade no Antigo Testamento vem como resultado da
bênção do Senhor sobre os empreendimentos do seu povo. Essa prosperidade não se
fundamenta em méritos pessoais, mas é uma resposta à obediência que se constrói
como resultado de um relacionamento correto com Deus. A prosperidade, portanto,
não é meramente circunstancial, nem tampouco pode ser entendida apenas como uma
lei de causa e efeito, mas deve levar em conta a soberania de Deus.
GONÇALVES. José,. A Prosperidade a Luz da Bíblia. Editora
CPAD. pag 25-28.
O sofrimento do ser
humano não é novidade. Ele parece ser uma realidade sempre presente na raça
humana. Em Jó 5.7 registra-se o seguinte:
“Mas o homem nasce para o trabalho, como as
faíscas das brasas se levantam para voar". Em Jó 14.1 afirma-se: "O
homem, nascido da mulher, é de bem poucos dias e cheio de inquietação”.
Há muito tempo,
coisas ruins têm acontecido a pessoas boas, até mesmo com as pessoas de Deus
dos tempos bíblicos. Quem pode esquecer o horrível sofrimento de Jó (ele perdeu
a família e suas posses)? Davi, que estava para se tornar rei de Israel, por
anos a fio, foi caçado e perseguido pelo ciumento e furioso Saul (1 Sm 20.33;
21.10; 23.8). A esposa de Oséias foi infiel (Os 1.2; 2.2,4). José foi tratado
de maneira cruel por seus irmãos e vendido como escravo (Gn 37.27,28). João
Batista, a mando da enteada de Herodes, foi decapitado (Mt 14.6-10). Paulo,
inúmeras vezes, foi jogado na prisão, sofreu naufrágio, foi açoitado e deixado
para morto e muito mais (2 Co 11.25).
Ás vezes, os cristãos
chegam a pensar que quem obedece a Deus e procura ser um bom cristão não
passará por sofrimentos horríveis. Entretanto, se coisas ruins aconteceram com
Jó, João Batista e o apóstolo Paulo, com certeza elas podem acontecer com os
bons cristãos. Li a respeito de um líder cristão que estava andando de trenó e,
em alta velocidade, entrou em uma cerca de arame farpado que não viu. No mesmo
instante ele foi decapitado. Li sobre um pastor que entrou em seu carro e deu
marcha a ré em direção à rua — passando sobre seu filho, ainda menino,
matando-o no local. Li sobre uma cristã que testemunhou o atropelamento do
marido e do filho que foram mortos por um carro. Os cristãos não estão isentos
de horríveis tragédias.
Nem as crianças estão
isentas do sofrimento. Peter Kreeft conta-nos a tocante história de um menino
que tem uma doença rara e, por isso, vive dentro de uma bolha de plástico
esterilizada:
Nenhum toque, pois um
simples germe pode matá-lo. Tudo é feito por intermédio da bolha, toda
comunicação, recreação e ensino. Por fim, ele estava prestes a morrer. Como de
qualquer maneira estava condenado, pediu para tocar a mão de seu pai — seu pai,
que o amou e esteve com ele a vida toda. Nesse toque havia amor e dor
inexprimíveis!
E, em nosso país, o
que dizer a respeito das inúmeras vítimas inocentes de crimes? No museu do FBI,
em Washington, D.C., "O Relógio do Crime", que apresenta a freqüência
estatística com que ocorrem diversos crimes, ocupa local de destaque. De acordo
com esse relógio:
Nos Estados Unidos,
uma pessoa, a cada 33,9 minutos é morta; a cada 5,8 minutos, raptada com uso de
violência; a cada 34,6 segundos, vítima de ataque violento; a cada 22,1
segundos, vítima de crime violento; a cada 1,3 minuto, vítima de roubo; a cada
15,4 segundos, vítima de arrombamento seguido de roubo; a cada 4,5 segundos,
vítima de furto; e a cada 3,1 segundos, há crime contra a propriedade.
Além disso, em nosso
mundo, inúmeras pessoas boas estão experimentando em seu coração o que chamamos
de dor espiritual. Cornelius Plantinga Jr., filósofo cristão, explica:
Os seres humanos
solícitos e atenciosos sofrem a angústia do envelhecimento. Eles têm um aguçado
senso do fluxo unilateral do tempo que carrega com ele os tesouros, e as
oportunidades, e a juventude que aparentemente não voltam mais... ainda que
caminhemos pelo vale da morte apenas uma vez, passamos nossa vida no vale da
sombra da morte.
A dor física, a dor
emocional e a dor existencial — todas elas são espinhos sempre presentes em
nossa vida. Basta esperar o tempo suficiente, e todos serão ferroados por elas
de uma maneira ou de outra.
Entendendo o Problema
Paul W. Powell,
pensador cristão, disse, certa vez, que "o tormento não é um penetra na
arena de nossa vida; ele tem assento reservado nela". Penso, fundamentado
em muitos anos de experiência pessoal, que Powell está certo!
Iniciei este livro,
intencionalmente, a partir de um exame austero da realidade. Sei que isso é
meio difícil de ser absorvido. No entanto, precisamos entender de maneira
realista por que tantas pessoas acreditam que o problema do mal apresenta um
sério desafio para a fé cristã. Ronald Nash, teólogo cristão, é quase ingênuo
ao afirmar:
Todo filósofo que
conheço acredita que o mais sério desafio para o teísmo [crença em um Deus
pessoal] foi, é e continuará a ser o problema do mal. Compartilho a visão de
que o mais sério obstáculo intelectual que se coloca entre muitas pessoas e a
fé é a incerteza sobre a existência do mal.
O problema do mal,
posto de maneira simples, é este:
De duas uma, ou Deus
quer abolir o mal, e não pode; ou Ele pode, mas não quer fazê-lo; ou Ele não
pode ou Ele não quer. Se Ele quer, mas não pode, ele é impotente. Se Ele pode,
mas não quer, logo Ele é perverso. No entanto, se Deus quer e pode abolir o
mal, então como o mal ocorre no mundo?
Na tentativa de lidar
com esse problema, as pessoas levantaram uma extensa gama de soluções, a
maioria delas, de uma maneira ou outra, é insatisfatória. Por exemplo, algumas
modificaram o conceito de que Deus é Todo-poderoso. Elas argumentam que Deus,
na verdade, é bom, Ele, porém, simplesmente não é poderoso o suficiente para
levantar-se contra o mal que está em nosso mundo. Esse ponto de vista é
conhecido como deísmo finito e foi popularizado pelo livro When Bad Things
Happen to Good People (Quando Coisas ruins Acontecem com Pessoas Boas), de
Rabbi Kushner.
Outras pessoas
mudaram o conceito de que Deus é totalmente bom. Elas argumentam que, na
verdade, Deus faz algumas coisas boas, mas Ele não é totalmente bom. Ele faz
coisas que, de nosso ponto de vista, parecem más — incluindo coisas como
permitir que criancinhas sejam atropeladas por carros ou maltratadas pelos
pais. Se um assassino em série mata uma família no Texas, visto que essa
tragédia ocorreu pela vontade de Deus, deduz-se então que isso só pode
significar que Ele não é totalmente bom.
Outros mudaram o
próprio conceito de mal. Por exemplo, pessoas associadas às ciências da mente
(seitas) concluem que o mal é apenas uma ilusão. Ele não existe de verdade. É
apenas uma percepção errônea da mente finita.
Outros interpretam o
problema do mal por meio da malha de reencarnação e carma. Conforme esse ponto
de vista, se a pessoa faz boas coisas nesta vida, ela renascerá em uma condição
melhor na próxima vida. Se a pessoa faz coisas más nesta vida, ela renascerá em
uma condição pior na próxima vida. Esse ponto de vista é comum entre os seguidores
do hinduísmo e da Nova Era. Assim, o sofrimento da pessoa, idealmente, por meio
de multidões de existências, diminui mais e mais nas vidas subsequentes.
Ainda outros, em
especial os que pertencem aos círculos da Nova Era, creem que criamos nossa própria
realidade por meio do poder da mente. Podemos criar nossa própria realidade ao
usar técnicas como a visualização, e a afirmação positiva. Se tivermos uma
realidade negativa (má), isso ocorre apenas por que nossa mente criou essa
condição. Para suprimir tal condição, devemos usar nossa mente para criar uma
realidade mais positiva. Portanto, por exemplo, as pessoas que morreram nas
Torres Gêmeas criaram, de alguma maneira, essa realidade ruim. Em contraste, o
sucesso financeiro de Bill Gates aconteceu por que ele criou essa realidade.
Ao longo deste livro,
dedicar-me-ei a essas e outras explicações errôneas sobre o problema do mal.
Também fornecerei o que acredito ser a perspectiva bíblica para essa questão.
Podemos Saber
realmente as Respostas?
Percebi que caminho
em um terreno perigoso ao sugerir que, de um ponto de vista cristão, o problema
do mal possa fazer sentido para alguém.
Um professor do
Seminário Dallas Theological (em que estudei de 1980 a 1986) costumava dizer:
"Como jovens teólogos, um de nossos problemas é tentar desvendar o
inescrutável". O fato é que muito do que Deus faz em nosso mundo é e
continuará sendo inescrutável para nossa mente finita. Nunca saberemos por que
algumas coisas ruins acontecem neste universo. Alguns caminhos de Deus continuarão
a ser um mistério para nós. Deus afirmou em Isaías 55.8,9:
Porque os meus
pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus
caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a
terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os
meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.
Em Romanos 11.33,34
no mesmo teor o apóstolo Paulo ponderou: "Ó profundidade das riquezas,
tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus
juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o
intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro?"
Essa é uma das
principais lições que tiramos do livro de Jó. Deus nunca explicou a Jó por que
Ele permitiu que coisas ruins acontecessem no mundo. A principal lição que Jó
aprendeu com Deus é que, independentemente do que aconteça — até mesmo se o
sofrimento e a dor do ser humano não fizerem sentido para a pessoa —, devemos,
em tudo, confiar em Deus (Jó 13.15). Jó aprendeu que os caminhos de Deus são
inescrutáveis, mas também aprendeu a confiar totalmente em Deus, e Ele o
abençoou por essa fé.
Um dia, quando formos
para o céu, as coisas se tornarão claras para nós. Jay Kesler concorda:
"Quando formos para o céu, o primeiro som que ouviremos na boca das
pessoas será: 'Ahhhh... Agora eu sei! Agora eu entendo o porquê daquilo. Agora,
aos meus olhos, tudo faz sentido, esse panorama de eventos que outrora fora tão
misterioso'".16 Chuck Swindoll, cuja igreja fica na mesma rua onde moro,
em Frisco, Texas, reflete:
Tudo, inclusive as
tragédias e as calamidades e as angústias, a doença e a enfermidade, e o que
denominamos de morte prematura, e as terríveis deformidades e defeitos de
nascimento e doenças congênitas colaboram para o bem. Tudo será revelado e
veremos que os planos de Deus estavam certos.
No momento, da forma
como se apresenta, não vemos toda a tapeçaria da vida. De nosso limitado ponto
de vista, só podemos ver um fio da tapeçaria de cada vez. E não compreendemos
como todos os distintos fios podem ser tecidos juntos. Assim como Jó preciso
aprender a confiar em Deus a despeito das coisas que não entendo totalmente.
No entanto, à medida
que não posso "desvendar o inescrutável", creio que Deus quer que
estejamos totalmente atentos a todas as percepções que a Bíblia nos proporciona
sobre essa questão. Podemos sentir que a Bíblia não revela o suficiente sobre
essa questão. Contudo, o que a Bíblia revela é significante e nos dá boas
razões para confiar em Deus e em seus propósitos. Quanto mais entendermos o que
as Escrituras revelam sobre esse assunto, mais nossa fé encontrará amparo para
que possamos confiar em Deus, mesmo com tudo que não entendemos.
RHODES,
Ron. Por que Coisas Ruins Acontecem Se
Deus é Bom. l. ed. Rio de Janeiro: Editora CPAD.
Considere Todas as
Evidências
Embora os cristãos
reconheçam que o problema do mal é visto por alguns como um argumento racional
contra a existência de Deus, eles sugerem que os argumentos a favor da
existência de Deus têm muito mais peso e valor do que os contra. E a realidade
do mal, que é obviamente problemática, entretanto, é vista como compatível em
relação a visão de mundo cristã (como este livro demonstrará).
Os cristãos,
portanto, argumentam que não se pode focar a atenção sobre um único e restrito
aspecto da evidência (como a existência do mal), mas deve-se considerar todo o
conjunto de evidências — inclusive os vários argumentos que, ao longo dos
séculos, foram sugeridos a favor da existência de Deus.
1. O argumento cosmológico.
Esse argumento diz que cada efeito tem uma causa adequada. O universo é um
"efeito". A razão determina que o que quer que tenha causado o
universo deve ser maior que o universo. Essa causa é Deus (e Ele mesmo é a
Primeira Causa não-causada). Como Hebreus 3.4 afirma: "Porque toda casa é
edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus".
2. O argumento
teológico. Esse argumento destaca a óbvia intencionalidade e complexidade do
planejamento do mundo. Se encontrássemos um relógio na areia, poderíamos
assumir que alguém criou o relógio, pois, obviamente, as partes não poderiam se
unir sozinhas. O perfeito planejamento do universo, de maneira similar, indica
um Planejador, e Ele é Deus.
3. O argumento
ontológico. Esse argumento diz que a maioria dos seres humanos tem a ideia
inata do mais perfeito ser. De onde vem essa ideia? Não do homem, pois ele é um
ser imperfeito. Algum ser perfeito (Deus) deve ter plantado essa ideia no
homem. Não é possível conceber a não-existência de Deus, pois, desse modo,
ninguém poderia conceber a existência de um ser ainda maior. Portanto, de fato,
Deus deve existir.
4. O argumento moral.
Esse argumento diz que todo ser humano tem um senso inato de "dever"
ou obrigação moral. De onde vem isso? Deve vir de Deus. A existência de uma lei
moral em nosso coração exige a existência de um Legislador (veja Rm 1.19-32).
5. O argumento
antropológico. Esse argumento diz que o homem tem personalidade (razão, emoção
e desejo). Uma vez que isso é pessoal, não pode se derivar do impessoal, deve
haver uma causa pessoal — e essa causa pessoal é Deus (veja Gn 1.26,27).
Algumas pessoas,
obviamente, mesmo quando a par de alguns desses argumentos, ainda rejeitam a
crença em Deus. Talvez, João Calvino, o reformador, estivesse certo quando
disse que as pessoas não-regeneradas veem, de forma nebulosa, essas evidências
de Deus no universo. Apenas “quando a pessoa põe os "óculos" da fé e
da crença na Bíblia é que as evidências da existência de Deus entram no foco
claro e tornam-se convincentes.
Os cristãos, se
Calvino estiver correto, fazem bem em oferecer não apenas evidências da
existência de Deus, como também evidências que demonstram a confiabilidade da
Bíblia. Estou convencido de que se acrescentarmos aos argumentos filosóficos
acima o incrível suporte histórico e arqueológico para a confiabilidade da
Bíblia, o embasamento histórico de Jesus Cristo (inclusive a ressurreição), e
destacarmos a exatidão das profecias bíblicas e o testemunho de inúmeros
cristãos ao longo dos séculos, teremos um argumento bastante forte para provar
a existência de Deus a qualquer pessoa sensata.
RHODES,
Ron. Por que Coisas Ruins Acontecem Se
Deus é Bom. l. ed. Rio de Janeiro: Editora CPAD.
Fé na Bondade de Deus
(73.1-3)
Sal 73.1 Com efeito
Deus é bom para com Israel. Este versículo é, na realidade, uma espécie de
declaração da posição final a que chegará o poeta, após os raciocínios que
aparecem doravante. A despeito de todas as tribulações, desgraças, injustiças
evidentes e desastres que há “lá fora”, a despeito do Problema do Mal (ver a
respeito no Dicionário), o salmista descobriu que Deus é bom, e aos dotados de
coração limpo (e que obedecem a Seus mandamentos e buscam Sua presença) isso é
comprovado. O vs. 2 mostra que o homem chegou a essa posição otimista somente
depois de ter feito investigações. Dúvidas o tinham avassalado, e somente um
exame sério da questão, combinado a uma elevada experiência espiritual, salvou
sua fé em um Deus bom neste mundo mal. “O salmista começou abruptamente ao
declarar a conclusão à qual fora conduzido após melhores pensamentos no
santuário (vs. 17)".
Certamente os deuses
são bons, assim quero pensar,
Se ao menos me
permitissem tal pensamento.
Mas a virtude sempre
apertada, e o vício em triunfo,
É o que faz os homens
tornar-se ateus. (Dryden)
Os de coração limpo.
Cf. Sal. 24.4, que aponta para aqueles que amam o bem e odeiam o mal. Cf. Mat.
5.8 e 15.18-20. A lei (vera nota de sumário em Sal. 1.2) dava aos homens
coração puro sob bases veterotestamentárias.
A providência de
Deus, em seus aspectos positivos (ver a respeito no Dicionário), já havia
demonstrado isso ao salmista, por meio de seu homem interior, levando-o a
esperar novamente em Deus.
Sal 73.2 Quanto a
mim, porém, quase me resvalaram os pés. Os pés do salmista quase escorregaram
para dentro do ateísmo, ou para dentro de alguma outra coisa má, que eie via
acontecendo neste mundo. Deus é aqui chamado de Todo- bom; é declarado que Ele
é Todo-poderoso, Aquele que pode deter o mal e promover o bem, se ao menos
quiser fazer assim. Além disso, Ele prevê tudo quanto acontece, e, portanto,
pode fazer qualquer ajuste no futuro, que considere benéfico fazer, porquanto,
afinal de contas, Ele tem o poder para tanto. Porém, que vemos neste mundo?
"O mal triunfando e os bons sendo perseguidos.” Portanto, onde está Deus?
Como Ele poderia governar o mundo dessa maneira? Há declarações melhores e mais
completas quanto à natureza do Problema do Mal, no Dicionário. Nesse problema,
o mal moral está envolvido: as coisas que os homens fazem uns contra os outros,
as quais ferem e matam. E o mal natural também está envolvido: os males que
ocorrem na natureza, como terremotos, dilúvios, incêndios, desastres de todo o
tipo, enfermidades e, finalmente, a morte.
O salmista estava
pisando em terreno escorregadio, enquanto meditava sobre todas essas coisas.
Foram necessários raciocínios espirituais e grande experiência espiritual para
impedi-lo de cair. Seus passos também se “derramaram”, conforme diz
literalmente o hebraico, falando de fraqueza e instabilidade. O homem tinha
quase abandonado sua confiança teológica na bondade de Deus e em Seu justo
reinado neste mundo.
Sal 73.3 Pois eu
invejava os arrogantes. O salmista estava doente no corpo e no coração (vs. 14)
e, no entanto, os ímpios viviam bem e prosperavam. Agora ele reconhecia que os
ímpios eram insensatos, mas antes ele não tinha certeza disso. Eles eram as
pessoas que possuíam o tipo de coisas que os homens buscam, enquanto ele, que
buscava a Deus, parecia ter sido abandonado em sua miséria. E o que
vexava mais claramente o poeta era a prosperidade de que os ímpios desfrutavam.
Ver idêntico problema em Sal. 17.14; 37.1,35; 92.7; Jó 12.6; 21.17; Ecl. 8.14;
Jer. 12.1-3; Hab. 1.13; Mal. 3.15. Não obstante, os piedosos eram exortados a
não invejar os ricos maus: ver Sal. 37.1; Pro. 3.21; 23.17; 24.1,19. “Por que
as pessoas que se opõem a Deus geralmente vivem melhor do que aquelas que Nele
confiam? O problema era tão avassalador que o homem quase perdeu a fé"
(Allen P. Ross, in loc.). Ver no Dicionário o artigo chamado Inveja.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2275-2276.
O Problema dos Justos (73.1-3)
Os primeiros três versículos relatam, de
maneira sucinta, o problema espiritual do salmista. Sua fé afirma o fato de que
Deus é bom para com Israel [...] para com os limpos de coração (1). Os puros de
coração certamente são abençoados (Mt 5.8). O salmista parte dessa fé e retorna
a essa mesma fé. Mas antes disso, certos fatos devem ser trazidos para o foco
certo. Ele viu seus pés espirituais quase se desviarem (2) e disse: Eu tinha
inveja dos soberbos, ao ver a prosperidade dos ímpios (3). Os homens sempre
serão levados a lutar com os problemas apresentados pelo sucesso aparente e a
prosperidade dos ímpios e de homens sem escrúpulos, e o sofrimento e as
privações suportados por aqueles “dos quais o mundo não era digno” (Hb 11.38).
Muitos permitem que suas perguntas se transformem em dúvidas prejudiciais em
relação à justiça e bondade de Deus.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 3. pag. 222.
Verdadeiramente bom é
Deus (1). Essa declaração positiva indica a ausência de dúvida na mente do
salmista, no tempo atual. No entanto, houve tempo quando ele quase era desviado
do caminho da confiança em Deus, quando quase seus passos escorregavam para a
incredulidade (cf. Rm 4.20), quando ele chegou ao extremo de ter inveja do
sucesso daqueles que falavam arrogantemente (3,8), nos quais superabundam as
imaginações do seu coração (3,7).
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Salmos pag. 159.
Ec 7.15 Tudo isto vi
nos dias da minha vaidade. O triste e pessimista filósofo agora se opõe a uma
das máximas mais comuns das escolas de sabedoria. Diz- se: “Sê bom e terás
dinheiro e boas coisas. Sê mau e sofrerás adversidade e terminarás morrendo
prematuramente”. Mas eu digo: “Minhas observações têm demonstrado que essa
máxima está equivocada. Na verdade, com grande frequência, o oposto é que é a
verdade. O homem bom enfrenta adversidades e morre ainda jovem; o homem mau
continua pecando e corrompendo-se por todo o caminho e, no entanto, vive por
longo tempo e tem muito dinheiro. Ambos morrem como animais e são reduzidos ao
mesmo nada (Eclesiastes 3.18-20); portanto, onde está a famosa justiça na qual
você continua a falar?” (Cf. Eclesiastes 8.14. Ver Jó 2.10).
Nosso homem, em seu
pessimismo, falou como o triste filósofo, queixando- se, em altas vozes, de que
suas expectações, como homem bom, não se cumpriram. Ver Eclesiástico 21.7. Por
que os homens sofrem, e por que sofrem conforme sofrem? Ver no Dicionário o
artigo chamado Problema do Mal, quanto a algumas tentativas respostas. O trecho
de Sal. 1.3,4 contém as expectações piedosas do judaísmo comum, que muito frequentemente
fracassam. Apelamos para um pós-vida, para resolver esse problema, e dizemos
coisas que serão endireitadas ali. O louco filósofo, entretanto, não abria a
porta da esperança. Antes, conservava os homens encerrados no desespero.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2725.
Evite o Farisaísmo e a Perversidade (7.15-18)
O argumento dessa
passagem dá suporte a um ponto de vista situado entre, por um lado, o legalismo
moral e, por outro, a licenciosidade moral de propósito. Trata-se de um
juramento a favor da sabedoria dentro de um julgamento ético. Qoheleth
apresenta como premissa no versículo 15 que recompensas justas para os que
praticam o bem ou o mal não são evidentes nesta vida: um justo [...] perece e
um ímpio prolonga os seus dias. Os versículos 16 e 17 se referem aos que são
“inflexivelmente devotos”, aos demasiadamente sábios e aos extremamente
perversos. Já que o homem não tem a sabedoria de Deus ele é aconselhado a
moderar seu julgamento e suas ações. Não sejas demasiadamente justo (16) se
refere ao tipo de virtuosismo farisaico que nosso Senhor tanto condenou (cf. Mt
5.20; Lc 5.32). O demasiadamente sábio é aquele que aspira uma sabedoria
absoluta que não tolera qualquer diferença de opiniões. Extremos desse tipo
destroem a influência de alguém para o bem e são desagradáveis a Deus.
Acerca de não sejas
demasiadamente ímpio (17) Clarke comenta: “Não multiplique a maldade, não
acrescente a oposição direta à religiosidade ao restante dos seus crimes. Por
que você iria provocar a Deus para que este o destruísse antes da hora?”.
Depois de todos esses
conselhos de precaução, Qoheleth reconhece que um homem precisa dar um passo à
frente quanto ao certo e errado. Bom é que retenhas isso (18, retidão). Rankin
explica o versículo 18c desta maneira: “Aquele que teme a Deus irá cumprir suas
tarefas em qualquer circunstância ou ‘irá preservar irmã atitude digna’ (Odeburg)
perante todos os homens”.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 451.
Nós não devemos nos
ofender com a grande prosperidade de pessoas perversas, nem com as piores
calamidades que podem acontecer com os piedosos nesta vida, v. 15. A sabedoria
nos ensinará como interpretar aqueles capítulos escuros da Providência, assim
como reconciliá-los com a sabedoria, santidade, bondade e fidelidade de Deus.
Nós não devemos ver isso de forma estranha; Salomão nos conta que houve
exemplos desse tipo em seu tempo: “Tudo isso vi nos dias da minha vaidade; eu
tomei conhecimento de tudo o que se passou, e isso foi para mim mais
surpreendente e desorientador do que qualquer coisa”. Observe que, apesar de
Salomão ser tão sábio e um grande homem, ainda assim ele chama os dias de sua
vida de dias da minha vaidade, pois os melhores dias sobre a terra são assim,
em comparação com os dias da eternidade. Ou talvez ele esteja se referindo aos
dias de sua apostasia de Deus (aqueles foram de fato os dias de sua vaidade) e
refletindo sobre isso como a única coisa que o tentou à infidelidade, ou ao
menos à indiferença quanto à religião, então ele viu um justo que perece na sua
justiça, de maneira que a maior piedade não poderia proteger os homens das
maiores aflições vindas da mão de Deus, não, e às vezes expõe os homens às
maiores injúrias das mãos dos homens cruéis e irracionais. Na- bote pereceu na
sua justiça, e Abel, muito tempo antes. Ele também viu homens maus prolongarem
as suas vidas em sua maldade; eles vivem, envelhecem e ainda se esforçam em
poder (Jó 21.7), sim, e pela sua fraude e violência eles se protegem da espada
da justiça. “Agora, nisso, considere a obra de Deus, e que ela não se torne um
obstáculo no seu caminho.” As calamidades dos justos os estão preparando para
seu futuro abençoado, e os ímpios, enquanto seus dias são prolongados, estão
somente amadurecendo para a ruína. Há um julgamento por vir, que retificará
essa aparente irregularidade, para a glória de Deus e a total satisfação de
todo o seu povo, e nós devemos esperá-lo com paciência.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 928.
Sal 73.17 Até que
entrei no santuário de Deus. Consultando o Oráculo Divino. Vexado diante de
respostas inadequadas, o salmista voltou-se para os oráculos do templo,
possivelmente a consulta do Urim e do Tumim, os oráculos místicos do sumo
sacerdote, ou de alguma outra pessoa conhecida por seu discernimento
espiritual. Ver no Dicionário o verbete chamado Adivinhação. Os hebreus conde
navam os
praticantes da adivinhação, quando esses eram pagãos; mas tinham seus próprios
esquemas, que praticavam livremente. O poeta, pois, invocou o toque místico
para tentar resolver o problema. Ver o artigo chamado Misticismo, na
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Existem formas naturais de
misticismo, negativas e positivas, e qualquer homem que vive próximo do
Espírito de Deus pratica um misticismo positivo. O misticismo consiste em fazer
contato com algum poder superior ao próprio indivíduo.
Dificilmente é
adequada a explicação de que o poeta sagrado meramente obteve boas instruções
no templo. Outrossim, ficamos profundamente desapontados com o que se segue,
excetuando os vss. 23 a 26, que projetam grande luz sobre a questão. Reafirmar
meramente que os ímpios finalmente têm uma má conclusão era uma resposta antiga,
para a qual dificilmente uma pessoa precisaria consultar o oráculo. Mas essa
foi apenas uma das "respostas" obtidas pelo poeta sacro.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2277-2278.
Até que (v. 17) ele
entrou no Santuário de Deus; ele dedicou-se às suas devoções, meditou sobre os
atributos de Deus e sobre as coisas reveladas que dizem respeito a nós e aos
nossos filhos; ele consultou as Sagradas Escrituras e a opinião dos sacerdotes
que frequentavam o Santuário; ele orou a Deus pedindo que lhe esclarecesse esta
questão e o ajudasse nesta dificuldade; até que, por fim, ele compreendeu o fim
miserável dos ímpios, o qual, segundo a
visão que ele teve, é tão triste, que, mesmo no auge da sua prosperidade, seria
melhor termos piedade deles do que inveja, pois eles simplesmente estão
maturando a própria ruína. Perceba que há muitas coisas maravilhosas que
devemos conhecer, que não serão conhecidas enquanto não adentrarmos o Santuário
de Deus, pela Palavra e pela oração. O Santuário deve ser, portanto, o refúgio
da alma tentada. Observe, ainda, que devemos julgar as pessoas e as coisas
segundo a sua aparência diante da luz da divina revelação, e, então, os nossos
juízos serão corretos; mais especificamente falando, devemos fazer o nosso
juízo tendo em vista o fim destas pessoas. Tudo que acaba bem está bem,
eternamente bem; mas nada que termina mal, eternamente mal, está bem. As
aflições do justo terminam em paz, e, por isso, ele é feliz; os prazeres do
ímpio terminam em destruição, e, por isso, ele é um miserável.
1. A prosperidade dos
ímpios é curta e incerta. Os altos lugares nos quais a Providência os coloca
são lugares escorregadios (v. 18), onde eles não podem firmar o pé por muito tempo;
e, quando tentarem subir mais alto, a sua própria tentativa fará com que
escorreguem e caiam. A sua prosperidade não tem base firme; ela não é
construída sobre a bondade e as promessas de Deus; e eles não têm a satisfação
de saber que ela se apoia em chão firme.
2. A sua destruição
será certa, súbita, e impressionante. Isto não pode se referir a qualquer
destruição temporal; pois se supunha que estas pessoas passariam todos os seus
dias desfrutando as suas riquezas e que a sua morte seria tranquila Como caem na desolação,
quase num momento mesmo que isto ainda não possa significar a sua destruição;
este versículo deve ser compreendido como uma referência à destruição eterna no
outro lado da morte - ao inferno e à perdição. Eles prosperam por um certo
tempo, mas são arruinados para sempre. (1) A sua ruína é certa e inevitável.
Ele fala dela como algo já consumado - eles são lançados em destruição; pois a
sua destruição é tão certa como se já tivesse acontecido.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 468-469.
Sal 73.27 Os que se
afastam de li, eis que perecem. Neste ponto, o salmista reiterou a lamentável
doutrina de aniquilamento em relação aos ímpios. Os que estão “afastados de
Deus”, em contraste com os que estão próximos ao Senhor, simplesmente
perecerão. Elohim fá-los-á chegar ao fim, por terem sido falsos para com Ele. O
hebraico original diz aqui, literalmente, “aqueles que se prostituem”,
porquanto fazem o papel de meretrizes, mostrando-se traidores diante de Elohim,
como faria uma esposa falsa. Este versículo, pois, usa a figura da infidelidade
marital, um tema muito enfatizado no livro de Oséias. O salmista escreveu antes
que a teologia dos hebreus tivesse postulado a sobrevivência dos ímpios diante
da morte física e seu confinamento no hades, onde eles levariam uma vida
miserável, sob julgamento.
Ver no final dos
comentários sobre o vs. 24 as oito crenças centrais apresentadas pelo poeta,
após a iluminação recebida em sua experiência mística no templo. O
aniquilamento dos ímpios era das crenças que o ajudava a solucionar o Problema
do Mal (ver a respeito no Dicionário). Naturalmente, o salmista não tinha
grande compreensão desse ponto. Nem mesmo as experiências místicas fornecem
toda a verdade sobre a questão. A verdade é adquirida por estágios. A busca
pela verdade é como o trabalho na mineração. É preciso escavar para encontrar
alguma coisa. Mas ocasionalmente Deus revela uma verdade, por causa de Sua
bondade, em consonância com Sua vontade. Além disso, chegamos a lograr grandes
jóias de verdade por meio da graça divina. O poeta sacro teria ficado muito
surpreendido se soubesse que, mais tarde, a sobrevivência consciente dos ímpios
seria uma noção participante da teologia. Também se surpreenderia se soubesse
que, posteriormente, a punição seria prometida aos ímpios depois da vida
terrena. Finalmente, ficaria muito surpreendido se visse como a doutrina
avançaria até que o Messias chegaria ao hades em uma missão misericordiosa e
salvatícia, para tirar homens dali (ver I Ped. 3.18-4.6). Ver na Enciclopédia
de Bíblia, Teologia e Filosofia o verbete chamado Descida de Cristo ao Hades. A
Igreja Evangélica Ocidental ainda não avançou em sua teologia até esse ponto,
mas a Igreja Ortodoxa Oriental desde os seus primórdios ensina essa doutrina
misericordiosa e plena de esperança.
Sal 73.28 Quanto a
mim, bom é estar junto a Deus. Os ímpios escorregarão (vs. 19) e cairão, sendo
reduzidos a nada; mas os bons se aproximarão cada vez mais de Deus, entrarão em
Suas mansões celestiais (vs. 24) e obterão uma herança no céu (vs. 26), no
pós-túmulo. O homem bom é aquele que tiver depositado sua confiança em
Yahweh-Elohim. Quanto a como a palavra “confiança” é usada no livro de Salmos,
ver as notas expositivas em Sal. 2.12. Entrementes, os ímpios procuram evitar o
temor de Elohim, conforme nos diz o Targum. Todavia, através desse Temor (ver a
respeito no Dicionário) eles obtêm uma bênção celestial, a verdadeira razão da
existência humana,
O meu refúgio. Assim
diz a Revised Standard Version, acompanhada pela nossa versão portuguesa.
Quanto a este conceito, ver as notas expositivas em Sal. 46.1. Quanto à palavra
“refúgio”, algumas traduções dizem “confiança”. A palavra hebraica em questão
significa abrigo, refúgio, ou, metaforicamente, lugar de confiança e esperança.
Tendo sido tão
abençoado por meio de sua experiência com a presença de Deus e na sua vida em
geral, o salmista pôde espalhar as boas novas por todos os lugares. Todas as
obras de Deus haviam sido vindicadas. Existem respostas razoáveis ao problema
do mal. Além disso, há todas as obras positivas que beneficiam a todos os
homens de todos os lugares. Elohim usa o Seu poder para abençoar e emprestar
progresso à causa do homem. As próprias experiências pessoais do salmista
figuravam entre essas obras de Deus, e ele era uma testemunha viva da bondade
das obras divinas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2280.
Os versículos 27-28
apresentam um resumo claro acerca do destino final totalmente diferente dos
ímpios e dos justos: Eles perecerão e serão destruídos (27). Mas, para mim, bom
é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor Deus, para anunciar
todas as tuas obras (28). A expressão: apostatando, se desviam de ti (27)
descreve a infidelidade espiritual contra o Amante das suas almas.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 3. pag. 223.
Ele estava
completamente convencido da situação miserável de todos os ímpios. Ele aprendeu
ao entrar no Santuário de Deus, numa experiência que jamais esqueceria (v. 27):
“Veja, aqueles que estão longe de ti, em um estado de distanciamento e
alienação, que desejam que o Todo-poderoso saia de perto deles, certamente
perecerão; esta será a sua sentença; eles escolheram ficar longe de Deus, pois
assim ficarão para todo o sempre. Tu hás de destruir, com justiça, todos
aqueles que preferem a devassidão a estarem na tua presença, ou seja, todos os
apóstatas, que com a boca confessam o compromisso com Deus, mas, na prática,
abandonam a Ele, os seus deveres para com Ele, e a comunhão com Ele, para
abraçar o peito de um estranho”. A condenação será severa, nada menos que a
morte e a destruição. Ela será universal: “Todos estes serão destruídos sem
exceção”. Ela é certa: “tu tens destruído; ela é tão certa a ponto de ser
descrita como um fato já consumado; e a destruição de alguns ímpios é garantia
da perdição de todos”. O próprio Deus assumirá esta tarefa, e, como se sabe,
horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo: “Tu, mesmo sendo infinito em tuas
bondades, ajustarás contas pelo abuso da tua paciência e pela mancha feita à
tua honra, e haverás de destruir aqueles que preferiram a devassidão a estarem
na tua presença”.
Ele ficou deveras
animado em apegar-se a Deus e nele confiar, v. 28. Se os que se distanciaram da
tua presença perecerão, então: 1. Que isto nos constranja a viver em comunhão
com Deus; “se as coisas serão tão ruins para os que se apartam de ti, então é
bom, muito bom, a melhor coisa que um homem pode fazer nesta vida, que deve ser
buscada e assegurada com todas as minhas forças, é achegar-me a Deus, e fazer com que
Deus se achegue a mim”; o texto original pode abarcar estas duas
interpretações. Mas da minha parle (segundo a minha leitura), a aproximação a
Deus é boa para mim. A nossa aproximação a Deus surge a partir da sua
aproximação a nós, e é este encontro abençoado que nos traz a bem-aventurança.
Eis a expressão de uma verdade maravilhosa: bom é aproximar-nos de Deus; mas a
vida está na nossa aplicação: “Isto é bom para mim”. Sábios são aqueles que
conhecem o que é bom para eles: “Mas para mim, bom, diz ele (e todos os justos
endossariam esta sua afirmação), é aproximar-me de Deus; esta é a minha
obrigação, e isto deve ser o que me importa”. 2. Portanto, vivamos em contínua
dependência do Senhor: “pus a minha confiança no Senhor Deus, e jamais me
desviarei à devassidão, confiando em coisas que por ti foram criadas”. Se os
ímpios, apesar de toda a sua prosperidade, perecerão e serão destruídos, então,
confiemos no Senhor Deus, nele, e não neles (veja SI 146.3-5), nele, e não na
nossa prosperidade terrena; confiemos em Deus e não nos aflijamos com a sua
prosperidade, nem a temamos; confiemos que Ele nos há de dar uma porção melhor
do que a deles. 3. E, ao fazermos isto, jamais duvidemos de que sempre teremos
ocasião para louvar o seu nome. Confiemos no Senhor, para que possamos declarar
todos os seus feitos. Note que aqueles que depositam a sua confiança em Deus,
com um coração reto, jamais ficarão sem motivo para dar graças a Ele.
4
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry
Antigo Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 471-472.
II - A
REALIDADE DO PRESENTE E A INCERTEZA DO FUTURO
1. A realidade da
morte.
Há uma chave que é importantíssima
para entendermos a mensagem de Eclesiastes. Ela se encontra nos capítulos 2.10;
3.22; 5.17-19 e 9.9: “Esta é a tua porção nesta vida debaixo do sol”. E debaixo
do sol que expressamos nossa existência e é debaixo do sol que constatamos
nossa finitude! A certeza da morte é uma verdade implacável, tanto para o
piedoso como para o pecador! A sentença já foi decretada e é para todos (Hb
9.27). “Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: a todos
sucede o mesmo; também o coração dos homens está cheio de maldade, nele há
desvarios enquanto vivem; depois, rumo aos mortos” (Ec 9.3). Com a realidade da
morte tão presente, o futuro parece incerto: “Tudo lhe está oculto no futuro”
(Ec 1.1). Se a nossa esperança se limitasse apenas a esta vida seríamos os mais
infelizes dos homens (1 Co 15.19).
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 130.
Característica Geral
Um dos grandes
mistérios da nossa existência é como um espírito eterno veio a envolver-se com
um corpo físico, e como esse elemento físico é incapaz de resistir à ruina
produzida pela passagem do tempo, e finalmente morre, livrando outra vez o
espírito, de sua habitação de carne. Alguns estudiosos supõem que o corpo e a
alma têm uma origem comum, mediante a procriação (posição chamada reducionismo;
que vide). Outros supõem que uma vez que o corpo físico começa na procriação, que
Deus cria, em cada caso individual, uma nova alma (posição chamada criacionismo;
que vide) inda um terceiro grupo insiste que a alma é preexistente, e que a sua
união com o corpo físico é um acontecimento relativamente recente. Muitos daqueles
que mantêm essa terceira posição também pensam que essa união da alma com o
corpo faz parte das consequências da queda da alma, - que deslizou para um
estado espiritual inferior. Platão aludia ao corpo como o sepulcro da alma, ou
como sua prisão. Os pais alexandrinos da Igreja diziam coisas semelhantes.
Todavia, o nosso corpo precisa ser respeitado tanto por ser obra de Deus como
por prover-nos o instrumento necessário para a nossa manifestação nesta esfera
terrena. A teologia ensinamos que essa manifestação é importante. visto que a salvação
está sendo realizada com base na mesma. Alguns pensadores, talvez corretamente,
supõem que há um destino terreno, tanto de cada individuo como da humanidade em
geral, coletivamente falando. Isso é importante por si mesmo, mas também por
estar relacionado ao destino físico. O corpo está pesadamente envolvido nesse
destino menor. Ficamos consternados porque o corpo físico está sujeito à morte;
mas uma reflexão sábia revela-nos que isso tanto é necessário quanto é
desejável, porquanto uma imortalidade física, nas nossas condições atuais, em muito
perturbaria o verdadeiro destino do homem. Aqueles que acreditam na
reencarnação (que vide) supõem que muitas vidas terrenas permitem que uma pessoa
realize, afinal, o seu propósito terreno, porquanto, em uma nova vida, ela
poderia terminar aquilo que apenas havia começado. Era comum na teologia
judaica, dos tempos helenistas, que todos os profetas do Antigo Testamento
teriam mais de uma missão à face da terra, para darem continuação ao seu trabalho.
O trecho de Mateus 16:14 é um reflexo dessa crença. A doutrina neotestamentária
do anticristo dá a entender que ele teve uma história anterior e destrutiva na
terra, e que emergirá do hades para continuar a sua missão maligna (Apo. 11:7; 17:8-11).
Alguns intérpretes supõem que todos os homens são repetições de existências
anteriores, pelo que estariam continuamente envolvidos em alguma missão, ou em
missões secundárias. Por sua vez, isso indicaria que a morte biológica não é
experimentada apenas por uma vez, mas por muitas vezes, e também que o
julgamento final nos aguarda na «parousia.., não se seguindo imediatamente à
morte biológica do individuo. Seja como for, a morte do corpo físico sempre se
faz presente, reivindicando direitos sobre as suas vitimas (ou vitoriosos?).
A Morte como Punição pelo Pecado
O trecho de Gênesis
2: 17 é o primeiro que alude à morte, onde também ensina que a morte é a
punição contra o pecado. Paulo confirmou esse ponto teológico (Rom, 5:12;
6:23), ligando-o à narrativa sobre Adão, e estabelecendo o princípio geral que
o pecado tem seu salário, que é a morte fisica e espiritual. Essa morte, em seu
duplo aspecto, físico e espiritual, é contrastada com o dom da vida, que é o polo
oposto dessa doutrina. Tomás de Aquino ensinava que o homem foi criado com o
poder sobrenatural de preservar-se na imortalidade física, mas que a queda no
pecado arrebatou dele essa capacidade. Por outra parte, Platão supunha que a alma
ê preexistente, e que, por causa de sua queda, veio a este mundo a fim de
unir-se a uma existência mortal. Em seus escritos, isso é visto como um castigo,
forçando a alma a entrar em uma prisão, ou em um sepulcro. O ensino de Platão é
um tanto similar ao de Gênesis e do resto da Bíblia, exceto que, em Platão, a
alma vem para aquilo que já é mortal, devido à sua natureza material. Qualquer
coisa material estaria sujeita à desintegração, somente por ser material. Poderíamos
perguntar, com razão, se qualquer ser vivo, material, poderia também ser imortal,
sem importar qualquer poder que pudesse possuir. Alguns filósofos opinam que a ideia
de Platão sobre a mortalidade necessária de qualquer tipo de vida biológica
(material) está mais próxima da verdade do que a ideia bíblica que diz que
antes havia uma materialidade imortal, que perdeu essa qualidade por causa do
pecado. Seja como for, o resultado final não difere em grande coisa: em ambos
os casos temos uma alma imaterial que habita em um corpo material e mortal; e
essa mortalidade é sinal do envilecido estado da alma e de sua natureza pecaminosa,
sem importar se foi o pecado ou não que causou essa mortalidade. A teologia
também é a mesma, quando se trata da salvação dessa alma. Uma parte da redenção
consiste em sermos libertos da materialidade mortal. recebendo em troca uma
forma de vida superior, que não requer associação com a matéria pura.
Naturalmente, a redenção faz a alma humana participar da natureza divina, com
seus atributos (lI Ped. 1:4), mas, para tanto será mister uma caminhada muito
longa em que os remidos passarão por muitos estágios de glória (11 Cor. 3:18) até
que aquele alvo final seja finalmente atingido.
Como a Morte nos Serve - I Cor. 3:22
1. Esse será um
acontecimento solene, em razão do qual dizemos: «Ensina-nos a contar os nossos
dias, para que alcancemos coração sábio» (Sal. 90:12).
2. A morte física não
nos separará de Cristo; pelo contrário, nos levará à sua presença, pois estar ausente
do corpo é estar presente com o Senhor (ver 11 Cor. 5:8).
3. Para o crente, a
morte envolve vantagem (ver Fil, 1:21). A morte física livra-nos daquilo que é
mortal e terreno, conferindo-nos grande avanço espiritual.
4. Quiçá Paulo também
estivesse pensando aqui acerca da morte de Cristo e de como ela nos propiciou a
expiação dos pecados e a admissão à vida eterna (ver Rom.3:25).
«Morte, aquela hora
solene, tão temida pelos ímpios; tão odiosa para aqueles que vivem sem Deus; ela
é vossa. A morte é vossa serva; ela vem como mensageira especial da parte de
Deus; ela vem para desfazer um nó que agora liga corpo e alma, e que não nos
seria legítimo desmanchar. Ela vem para conduzir as nossas almas à glória; e
ela não poderia vir 'antes' do seu devido tempo, para aqueles que estão esperando
a salvação de Deus. Os santos desejam viver somente para a glória de Deus; e
aquele que querem viver mais tempo do que podem •obter' e 'fazer' o bem, não é
digno da vida». (Adam Clarke, in loe., que nos dá assim um comentário deveras excelente
sobre papel da morte física para nós). «A morte de Cristo visava ao benefício
deles, por ter sido sofrida em lugar deles, por causa dos seus pecados,
apresentando uma satisfação ante a justiça divina, em prol deles; e os benefícios
dessa morte passam a ser desfrutados por eles. A morte dos homens bons, dos
ministros do evangelho, dos mártires, dos confessores, pertence a eles,
servindo para fortalecer a sua fé, para animar o seu zelo, encorajando-os a se
aferrarem na profissão de sua fé sem qualquer hesitação. A morte desses é uma
bênção para eles, porquanto o ferrão da morte foi retirado, em relação a eles,
por Cristo; a maldição da morte foi removida para eles. Para eles a morte não é
uma condenação má; mas antes, é livramento de todas as tristezas e tribulações
desta existência terrena, bem como a passagem dos crentes para a glória e a felicidade
intermináveis". (John GiII, in loc.).
Tememos
instintivamente a morte, parcialmente por causa de suas características raciais
inerentes, que ajudam a preservar a humanidade mortal. Mas também porque, por
baixo disso tudo, a despeito de toda a nossa instrução e erudição, algumas
vezes tememos que talvez seja o fim da existência, conforme alguns erroneamente
supõem, ou porque pensamos que a morte nos traga alguma desvantagem.
Por Que Temer a Morte?
O homem teme
instintivamente a morte. A despeito da fé, a morte abre diante de nós um
caminho novo e ainda não experimentado, e os novos começos sempre envolvem
algum desconforto e temor. Também tememos o processo da morte física, com as
suas dores, com a separação dos entes queridos. Na realidade, porém, a morte
não existe, pois tal termo é apenas o nome que empregamos para aludir a uma nova
e melhor existência. A vida além-túmulo é um fato bem atestado, que hoje em dia
vai sendo demonstrado por estudos feitos em laboratório.
Naturalmente a
doutrina ensinada pelo apóstolo Paulo vai mais longe do que a mera
sobrevivência. Ele garante que nada, durante o processo da própria morte, ou
qualquer consequência dai decorrente, poderá nos prejudicar, pois a morte nos
pertence e serve de portal para a vida eterna.
A Metáfora -
Elementos da Morte
1. Misticamente (dentro
da identificação espiritual), morremos juntamente com Cristo. O Espírito aplica
em nós esse princípio, e cuida para que tenhamos forças contra o pecado (Rom.
capítulo 6).
2. Mediante a energia
concedida pelo Espírito, cortamos relações com o pecado. Encorajamos isso por
meio do crescimento espiritual. Isso ocorre através da aplicação dos meios de
desenvolvimento espiritual: o estudo da Bíblia, a oração, a santificação, a
prática da lei do amor, o uso dos dons espirituais, etc.
3. O exercício da fé
nos põe acima do poder do pecado (ver I João 5:4).
4. Nossa
transformação gradual segundo a imagem de Cristo (ver Rom. 8:29) dá-nos a
vitória sobre o pecado, - pois, à medida que vamos nos transformando moralmente
segundo ele (ver Mat. 5:48), nossas vidas vão sendo radicalmente transfiguradas
para melhor.
5. A morte é um ponto
final: pomos um ponto final na vida antiga, começando uma nova vida, em Cristo (ver
notas em Col, 3: 1 no NTI).
6. A morte é uma
separação: por termos sido separados para Cristo, ficamos separados do pecado.
O pecado morre para
nós, e nós morremos para o pecado. Essas são palavras cabíveis, mas somente se
o Espírito realizar sua obra. Como ele realiza isso, é algo que sugerimos
acima. A morte presume que a pessoa vai para outro lugar, separando-se de seu antigo
meio ambiente e modo de vida.
7. Ver o artigo sobre
Batismo Espiritual que esclarece estes conceitos. Este batismo é a nossa identificação
com Cristo em sua morte e ressurreição.
a. Há um grupo de
pessoas, representado pela palavra nós (oculto), que aparece em Rom. 6:2, em quem
essa separação do pecado deve tornar-se uma realidade, pois, do contrário, o
sistema inteiro da graça não passará de uma mera ilusão.
b. Tais pessoas não
são conclamadas a morrerem para o pecado, embora isso seja um apelo legítimo, mas
antes, supõe-se que já passaram por tal experiência quando de sua conversão. E
se porventura não experimentaram essa realidade, então é que há algo de errado
em tomo dessa «conversão», ou, por outro lado, essa realidade ainda não foi
aplicada às pessoas subentendidas em Rom. 6:2.
c. É logicamente
impossível, falando moral e experimentalmente, que essas pessoas referidas
continuem a viver no pecado, porquanto um dos principais efeitos da fé, na
conversão e na regeneração, é exatamente o de dar a vitória.
d. Embora o pecado ainda
se manifeste nos crentes, e chegue mesmo a dominá-los ocasionalmente, Paulo fazia
muito mais do que meramente exibir aqui um «ideal», em direção ao qual nos
devemos esforçar.
Pelo contrário, ele
apontava para a «realidade» que já deveríamos estar experimentando. Essa
realidade necessariamente resulta na «vitória», agora mesmo e, finalmente, na
«perfeição total». O Espírito Santo precisa de tempo para completar a sua obra
na alma humana, porquanto essa é uma tarefa longa e difícil.
e. Por isso é que, no
dizer de Philip Schaff, em Rom. 6:1:, «Viver no pecado, e conservar qualquer conexão
com o mesmo, daí por diante, e para sempre, é algo incompatível com a
justificação». Calvin em Rom. 6:2 comentou como segue: «Realmente Cristo não
nos limpa com o seu sangue, e nem Deus se torna propício a nós, mediante a sua
expiação, por qualquer outro meio que não seja o de tornar-nos participantes do
seu Espírito, que renova em nós uma vida santa.
Portanto, seria uma
inversão estranhíssima da obra de Deus se porventura o pecado adquirisse mais
forças por
causa da graça que nos é oferecida em Cristo; pois o medicamento não alimenta a
enfermidade que destrói». (Essa observação de Calvin é excelente).
f. Finalmente, a
morte para o pecado, em Cristo, o que nos é conferido misticamente, altera toda
a perspectiva do crente no que diz respeito ao pecado, de tal maneira que,
juntamente com Deus, tal crente começa a «odiar todo o caminho mau». O crente
passa a reconhecer que envolvido no pecado está o principio da morte. E por isso
abomina o pecado, sendo essa uma das maneiras pelas quais' o crente é libertado
do mesmo, obtendo assim a vitória. Porquanto sabe que o princípio duplo do
pecado-morte é contrário a tudo quanto o Senhor tenciona como destino para o homem,
especialmente para os remidos pelo seu sangue. O crente é transformado não Só
intelectualmente, mas também o é moral e espiritual. E, como é natural, a
vitória é o resultado.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 4. Editora Hagnos. pag. 363-366.
Heb 9.27-28. É um
pouco inesperada a introdução que o escritor faz da ideia do julgamento a esta
altura. Mas estava se delongando sobre a necessidade da morte de Cristo, e
assim chega a fazer uma declaração geral acerca do destino do homem. A morte em
si mesma é inevitável: aos homens está ordenado morrerem uma só vez. Ninguém
está isento desta experiência.
A diferença entre a
morte de Cristo e todas as demais é que a dEle foi voluntária, ao passo que
para todos os demais é ordenada (apokeitai), i.é, armazenada para eles. A
expectativa de que alguns escaparão à morte (cf. 1 Ts 4.15ss.) é uma exceção à
regra geral declarada, ocasionada pelo evento especial da vinda de Cristo.86
Não está, portanto, em conflito com esta declaração em Hebreus.
As palavras e, depois
disto, o juízo não visam dar a entender que o julgamento ocorre imediatamente
após a morte, mas que o julgamento deve ser esperado subsequentemente à morte.
Além disto, não se quer dizer que não acontece nenhum ato de juízo antes da
morte. O juízo (krisis) aludido aqui é o juízo final.
Ao fazer a comparação
entre todos os homens e Cristo, o escritor começa com um fator comum: Ele
morreu uma só vez, consideração esta que é repetida mais uma vez. O que há de
mais relevante nesta declaração é que a morte agora é declarada no passivo,
tendo-se oferecido, [literalmente “tendo sido oferecido] ao invés do ativo como
no v. 14. Não é dado nenhum indício aqui acerca de quem fez a oferta.
Compreendendo este versículo em conjunção com o v. 14, pode ser dito que tanto
o aspecto ativo quanto o passivo são necessários para uma compreensão completa
da oferta. Embora fosse voluntária, também foi imposta por circunstâncias externas:
historicamente pela maldade dos assassinos judeus, e teologicamente pelo plano
específico de Deus (cf. At. 2.23).
DONALD GUTHRIE, B.
D., M. Th., Ph. D. Hebreus. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova.
pag. 187-188.
Heb 9.27. E, assim
como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o
juízo. O caráter único da existência humana não está sendo entendido somente
como ordem da criação, e o caráter único e insubstituível de nossa morte não é
entendido apenas como juízo divino (cf. Gn 2.17; 3.19). Uma vez que Cristo
ingressou integralmente em nossa condição humana, vida e morte da pessoa
adquirem ao mesmo tempo o significado de uma ordem divina da salvação. É
precisamente a total impossibilidade de contornar a palavra de juízo de Deus
sobre nossa vida que torna a aceitação pessoal do sacrifício de Jesus uma necessidade
urgente (cf. Hb 2.3). Todos nós somos por natureza pessoas pecadoras e perdidas
diante de Deus. Porém todos podem experimentar a redenção.
Fritz
Laubach. Comentário Esperança aos
Hebreus. Editora Evangélica Esperança.
I Cor 15.19 Paulo sintetiza: o que
será de todo o cristianismo sem a ressurreição de Jesus? Como cristãos seremos
“nada mais do que pessoas que esperaram em Cristo nesta vida”. Justamente as
esperanças terrenas, porém, não são cumpridas por Cristo. Aquele que foi
crucificado neste mundo oferece aos seus apenas a cruz. Por causa dele precisam
assumir penúria e renúncias, perseguição e sofrimento, como Jesus lhes disse de
antemão.
Contudo, se não
existir ressurreição dos mortos e tampouco a ressurreição de Cristo, eles o
farão realmente em troca de nada. Então são “mais dignos de pena do que todas
as (demais) pessoas”. Muito melhor será a sorte daqueles milhões de pessoas que
nem sequer conhecem esse Cristo, que não sofrem nem renunciam por ele, mas
aproveitam sem ele, da melhor maneira que podem, sua vida terrena e não se
iludem com esperanças vãs.
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses.
Editora
Evangélica Esperança.
I Cor 15.19 Inferiria
que os ministros e os servos de Cristo eram “...os mais miseráveis de todos os
homens”, se esperamos em Cristo só nesta vida (v. 19), o que é outro absurdo
que segue da afirmação de não haver ressurreição. A condição de quem espera em
Cristo seria pior do que a dos outros homens. Note que todos os que creem em
Cristo têm esperança nele; todos os que creem nele como um Redentor esperam
pela redenção e salvação através dele; mas, se não houver ressurreição, ou um
estado de recompensa futura (o que é pretendido por aqueles que negavam a
ressurreição em Corinto), sua esperança nele devia ser limitada a esta vida; e,
se todas as esperanças em Cristo se limitarem a esta vida, eles estão em uma
condição muito pior do que o resto da humanidade, especialmente naquele tempo e
sob aquelas circunstâncias nas quais os apóstolos escreviam.
Eles não tinham então
nenhum apoio nem proteção dos soberanos do mundo, mas eram odiados e
perseguidos por todos os homens. Os pregadores e os cristãos individuais por
essa razão tinham uma dura sorte se tinham esperança em Cristo somente nesta
vida. Nesses termos, seria melhor ser qualquer outra coisa do que cristão, pois,
neste mundo, eles são odiados, perseguidos, maltratados e despojados de todos
os confortos mundanos e expostos a toda a sorte de sofrimentos; eles sofrem mais
do que os outros homens nesta vida, e ainda não têm nenhuma esperança melhor
mais adiante. E não é absurdo para alguém que crê em Cristo admitir um princípio
que envolve uma inferência tão absurda? Pode ter fé em Cristo o homem que
acredita que Ele abandonará seus servos fiéis, sejam ministros ou outros, a um estado
pior do que o de seus inimigos? Note que era um absurdo grosseiro um cristão
admitir a suposição de não haver ressurreição ou um estado futuro. Não restaria
nenhuma esperança além deste mundo e frequentemente tornaria a sua condição a
pior do mundo. De fato, o cristão, pela sua religião, é crucificado para este
mundo, e ensinado a viver na esperança de um outro. Prazeres carnais são
insípidos para ele em grau elevado; e os prazeres celestiais e espirituais são
aqueles que ele anela e almeja. De fato, como seria triste o seu caso, se ele
devesse morrer para os prazeres mundanos e mesmo assim jamais esperar por nada
melhor!
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 497.
2. A certeza da vida
eterna.
Destinos diferentes —
A certeza da vida eterna
Já vimos que o sábio
Salomão escreveu Eclesiastes sob a perspectiva daqueles que se encontravam
“debaixo do sol”. Já que a sua análise é puramente existencial, ele se limita a
observar a vida do lado de cá e não do lado de lá. Somos seres de duas
dimensões e trilhamos por destinos diferentes. Quem está do lado de lá, na eternidade,
não participa das coisas de cá, do que é puramente existencial. Neste aspecto
“os mortos não sabem de coisa alguma” (Ec 9.5), não porque estão inconscientes,
mas porque pertencem a uma outra dimensão. Pertencem a um outro mundo (Ap 6.9; 2
Co 5.8) onde nem mesmo o sol será mais necessário: “A cidade não precisa do
sol” (Ap 21.13; Ap 22.5). Em vez de negar a realidade de um outro mundo, onde a
alma é imortal, Eclesiastes (9.5) apenas confirma a sua trajetória nesta vida.
É a revelação do Novo Testamento quem jorrará mais luz sobre essa trajetória do
lado de lá (Fl 1.23; Lc 16.19-31; 2 Co 5.8; Ap 6.9).
Em Lucas 16.19-31,
Jesus conta a história do rico e Lázaro. E uma história do outro mundo!
Ora, havia certo
homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias,
se regalava esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto
de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que
caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu
morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também
o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e
viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio. Então, clamando, disse: Pai Abraão,
tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e
me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém,
Abraão: Filho lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro
igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos.
E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os
que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para
nós. Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna,
porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem
também para este lugar de tormento. Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os
Profetas; ouçam-nos. Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os
mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.
Abraão, porém, lhe
respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão
persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.
Lembro-me que em
1988, quando eu era ainda um jovem seminarista, o meu professor de homilética
pregou um sermão baseado nesse texto: Um Clamor Vindo do Inferno. O esboço
dessa passagem geralmente é como segue: 1)0 inferno é um lugar além túmulo; 2)
O inferno é um lugar de lembranças; 3) O inferno é um lugar de conhecimento; 4)
O inferno é um lugar de separação; 5) O inferno é um lugar de tormentos.
Que a vida segue
além-túmulo é uma verdade inconteste no Novo Testamento. Já li muita coisa
sobre a vida pós-morte. Em seu Novo Testamento Interpretado Versículo por
Versículo, R.N. Champlin, PhD em manuscritos gregos do Novo Testamento, narra
uma porção delas. O livro Eles Viram o Inferno, escrito por médicos que
acompanharam pacientes terminais, também é assustador. Alguns pacientes que
foram dados clinicamente como mortos e que foram ressuscitados artificialmente
e voltaram contando histórias aterrorizantes de um inferno de fogo. O mesmo foi
narrado por John Lenox em seu livro Quarenta e Oito Horas no Inferno.
Mas há um desses
livros que me deixou impactado pelo seu relato sobre a vida pós-morte. Trata-se
do livro Por Que Creio, de autoria do Dr. James Kennedy. Os que conhecem o Dr.
Kennedy sabem que ele é um dos mais respeitados eruditos norte-americanos. É um
homem sem misticismo algum na sua crença, mas que em seu livro pôs um capítulo
intitulado: Por que creio no inferno.
Pois bem, nesse livro
o Dr Kennedy conta uma dessas histórias que nos deixam pensativo. O livro narra
a entrevista que o Dr. Kennedy teve com um ex-ateu que se converteu à fé
cristã. A razão da conversão desse ateu foi uma experiência de quase morte que
ele teve e durante a qual disse ter ido ao Inferno. Perguntado como era esse
lugar, o ex-ateu contou que o sofrimento ali era indescritível. Exemplificou
dizendo que certa vez sofreu um acidente em uma linha férrea, sendo arrastado
por vários metros. Experimentou uma dor terrível naquele acidente, mas segundo
disse, a dor que sofrera no inferno era infinitamente maior. Disse também que
quando era ainda jovem sofreu queimaduras no corpo e que a dor provocada pelas
mesmas foram terríveis. Mas narrou que isso não podia se comparar ao que
vivenciou no inferno.
O Dr Kennedy narra
que toda vez que aquele homem contava essa história aterradora, ele começava a
suar, passava mal e desmaiava! O inferno é realmente terrível, mas nós, pelo
sangue de Jesus, escapamos dele!
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
130-133.
VIDA ETERNA Uma frase
que aparece 30 vezes no NT, na versão KJV em inglês, das quais 15 usos ocorrem
no Evangelho e nas epístolas de João; e 43 vezes na versão RSV em inglês, com
25 ocorrências nos escritos de João. A palavra "eterna" (aionios) é
derivada da palavra que significa "era", um período indefinido de
tempo, e, dessa forma, duradouro, e consequentemente infinito. A vida eterna
refere-se invariavelmente à vida de Deus, ou ao estado futuro dos justos (Mt
25.46). Os escritos de João a definem em termos de conhecimento, fazendo dela
um sinónimo da experiência de Deus (Jo 17.3). Ávida eterna não pode ser
adquirida pelos homens, mas lhes é conferida como uma dádiva em resposta à fé (Jo
3.15,16; 1 Jo 5.11; Rm 6.23), e torna-se uma fonte perpétua de poder e
refrigério (Jo 4.14). A vida eterna é a vitalidade que Deus concede à alma
humana no momento da conversão pessoal a Cristo. A vida eterna é mediada por
Cristo (1 Jo 5.11) e representa a totalidade da experiência cristã em sua
vitalidade, duração, qualidade, e em suas associações e conteúdo. Ela permite
ao crente entrar diretamente na presença de Deus por ocasião da morte, e
desfrutar a eterna alegria do céu. Seu oposto é a morte eterna, ou a separação
de Deus (2 Ts 1.9).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 2016-2017.
Ec 9.5 Porque os
vivos sabem que hão de morrer. Este versículo tem sido erroneamente
interpretado como se dissesse que é bom estar vivo, porquanto há real esperança
na vida, e aqueles que estão vivos têm expectativas, o que não acontece com os
que já morreram. Mas é o contrário que exprime a verdade; esta vida é
desesperada e miserável, com uma miséria adicional, “o temor da morte”. Mas os
mortos pararam de temer, ou pararam com qualquer outra coisa, pelo que têm ao
menos essa vantagem. Saber que se deve morrer é um pensamento solene e causa de
muita ansiedade. O temor da morte escraviza os vivos (ver Heb. 2.15). Quando
minha mãe foi afetada por sua doença final (ela era, então, uma paciente de
câncer terminal), disse-me; “Saber que se tem de morrer algum dia não é a mesma
coisa que saber que se vai morrer em breve”. Nós sabemos que existe esperança
para além-túmulo, mas o triste filósofo não sabia. Por conseguinte, ele pensava
que os mortos, havendo passado para o nada, tinham vantagem sobre os vivos, que
viviam em miséria e ansiedade, uma das quais era: “Um dia você terá de
morrer".
Os mortos nada sabem
e não mais recebem recompensas por fazer algo, como sucedia quando estavam
vivos. Os mortos estão realmente mortos e não ganham mais proveitos. Por outra
parte, não há nada que possam perder, porquanto tudo já se perdeu de maneira
absoluta. Acrescentando-se insultos à injúria, nenhum homem ao menos lembra
aqueles que já morreram. A morte nada é, mas é melhor que viver uma morte em
vida.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2731.
A Morte Parece o
Final de Tudo! (9.4-6)
Em um momento precipitado
e desesperado, Qoheleth disse que a morte era melhor que a vida (4.1-3). Mas
poucos homens com saúde e em sã consciência se posicionarão diante desse
assunto com essa postura. Qoheleth não o faz. Ele agora declara que melhor é o
cão vivo do que o leão morto (4)1 Porque enquanto um homem está vivo, há
mortos não
sabem coisa nenhuma (5). “Uma vez tirados da vida, eles não conhecem nada do
que se passa debaixo do sol (6). Seus dias de provação estão acabados, e ainda
assim eles não podem obter nenhuma recompensa (5) por viverem uma vida santa;
mas também não podem estar expostos a qualquer tipo de castigo por crimes em
estado de provação, pois isso acabou”
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 456-457.
O quinto selo. Aqui
não se faz menção alguma de alguém que tivesse chamado o apóstolo a fazer sua
observação, provavelmente porque o decoro da visão deveria ser observado, e
cada um dos quatro animais vivos tinha cumprido a sua tarefa de monitor
anteriormente, ou porque os eventos desvendados aqui estivessem fora da visão e
além do tempo dos presentes ministros da igreja; ou porque não contivesse
nenhuma nova profecia de quaisquer eventos futuros, mas antes desvendasse uma fonte
de apoio e consolo para aqueles que tinham estado e ainda estavam debaixo de
grande tribulação por causa de Cristo e do evangelho. Observe aqui: 1. A visão
que esse apóstolo teve da quebra do quinto selo; foi uma cena muito comovente
(v. 9): “...vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra
de Deus e por amor do testemunho que deram”. Ele viu as almas dos mártires.
Observe aqui: (1) Onde ele as viu - debaixo do atar; no pé do altar de incenso,
no lugar mais santo; ele as viu no céu, aos pés de Cristo. Daí note: [11 Os
perseguidores podem matar somente o corpo, e depois disso não há nada mais que
possam fazer; sua alma vive. [2] Deus proveu um bom lugar no mundo melhor para
aqueles que são fiéis até a morte e aos quais não se permite mais que ocupem um
lugar na terra. [3] Os santos mártires estão bem próximos de Cristo no céu; lá
eles têm o lugar mais elevado. [4] Não é sua própria morte, mas o sacrifício de
Cristo que lhes concede a entrada no céu e a recompensa aí; eles não lavam as
suas vestes no seu próprio sangue, mas no sangue do Cordeiro. (2) Qual foi a
causa pela qual sofreram - por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho
que deram, por crerem na palavra de Deus e confirmarem e testemunharem da
verdade dela; essa profissão da sua fé eles conservaram sem vacilar, mesmo
tendo de morrer por ela. Uma causa nobre, a melhor causa pela qual qualquer homem
pode entregar sua vida - a fé na palavra de Deus e a profissão dessa fé.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 980-981.
Ap 6.9 A abertura dos
selos segue a ordem dos discursos escatológicos dos evangelhos (EXCURSO 3a).
Depois de guerra, fome e epidemias, que constituem o ―princípio das dores‖,
seguem-se perseguições aos discípulos. Entretanto, enquanto os evangelhos
fornecem um esboço dos eventos exteriores (inquéritos, traição, ódio, morte),
João silencia a este respeito, mencionando tão somente o fato da matança, pois,
conforme Ap 4.1, não está olhando para a terra. Ele vê estes acontecimentos
como aparecem diante de Deus e da forma como forçosamente revoltam também o
íntimo dos cristãos, a saber, o problema da
injustiça que passa a ―multiplicar-se‖ na matança de grandes multidões de
cristãos (Mt 24.12). Seria possível que o Senhor, cuja intenção, afinal, era
construir a sua igreja, repetidamente permitisse que justamente as mais
corajosas testemunhas fossem eliminadas?
Depois da abertura
dos selos João viu debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos
por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. O céu
se lhe apresenta como templo celeste. Já no cap. 4 apareceram-lhe querubins,
personagens sacerdotais, coros, taças e o mar de vidro (cf. nota 247). Agora
soma-se o altar. Este santuário celeste e também o altar no Apocalipse,
diferentemente da carta aos Hebreus, não têm nada a ver com expiação, mas são
―central de oração e de ordens‖. A permanência neste altar é sinal do convívio
com Deus.
Qual é o significado
de João ter ―visto‖ almas de falecidos na base do altar? Que impressão visual
tinha ele? O israelita sabia que ali havia uma calha em que era derramado o
sangue dos sacrifícios (Lv 4.7). A vida ou a alma dos animais sacrificados era
devolvida a Deus com este derramamento. Por isto é convincente a opinião de que
João viu neste local sangue derramado de mártires. Esta visão foi imediatamente
interpretada: ―vi almas‖. Ao olhar para o sangue, o profeta tomou consciência
das pessoas, cuja morte havia sido uma morte no altar, ou seja, sacrifícios
inocentes para Deus e que haviam chegado a uma proximidade especial com Deus. A
morte não os havia separado de Deus (Rm 8.38).
Da mesma forma como a
menção do altar, tampouco a fala sobre a matança deve ser associada a
sacrifícios no sentido expiatório. No Apocalipse a matança constitui uma
expressão genérica para a morte violenta.
Adolf
Pohl. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses.
Editora
Evangélica Esperança.
III - A
IMPREVISIBILIDADE DA VIDA
1. As circunstâncias
da vida.
Possivelmente nenhum
outro texto detalhe a imprevisibilidade e contingência da vida como este: “Vi
ainda debaixo do sol que não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes, a
vitória, nem tampouco dos sábios, o pão, nem ainda dos prudentes, a riqueza,
nem dos inteligentes, o favor; porém tudo depende do tempo e do acaso. Pois o
homem não sabe a sua hora. Como os peixes que se apanham com a rede traiçoeira
e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enredam também os
filhos dos homens no tempo da calamidade, quando cai de repente sobre eles” (Ec
9.11,12).
A vida é
imprevisível! Totalmente contingencial! Ricos e pobres, brancos e negros, estão
sujeitos às suas vicissitudes. Terremotos, furacões, secas, desempregos, etc.,
ocorrem não somente em países habitados por pecadores, mas também por crentes
piedosos. “A vida é incerta” observa Ed René Kivitz “e de vez em quando somos
nós suas vítimas. A imprecisão entre o que fazemos e o que colhemos pode
transformar em fatalidade o que sempre teve cara de sucesso. Quem se prepara,
estuda e se esforça consegue sempre as melhores posições, certo? Nem sempre,
diria o Eclesiastes. Mas não adianta nada se preparar, estudar e se esforçar?
Sim, adianta bastante, mas não é suficiente para garantir o sucesso e o
conforto merecido. Que o digam os professores universitários”.
Habitamos em um mundo
caído. Todavia o Senhor se faz presente no meio das intempéries da vida (SI
46.1; 91.15).
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
133-134.
De
Volta ao Determinismo Absoluto (9.11-12)
Ec 9.11 Vi ainda
debaixo do sol que não é dos ligeiros o prêmio. Do ponto de vista humano, a
própria sabedoria está sujeita a um futuro incerto. Falham todas as habilidades
humanas: elas não estão em consonância com nossas expectações. Cinco dessas
habilidades foram enfatizadas pelo filósofo. A razão pela qual os esforços
humanos fracassam é porque a Vontade Divina ordenou as coisas de maneira
surpreendente. E. visto que todas as coisas foram predestinadas, e que existem
reversões surpreendentes, os caminhos humanos são perturbados.
“Sem a menor sombra
de dúvida, o Koheleth (o pregador) tinha visto a industriosidade ser
recompensada e o génio ser coroado, mas ele estava mais impressionado pelos
inúmeros exemplos de habilidade não-reconhecida, ou de excelência que não
deixou a sua marca" (O. S. Rankin, in loc.). O que surpreendeu o homem foi
quando o destino divino produziu resultados inesperados no labor humano. A
sorte divinamente orientada continuamente distorce os planos e as lutas
humanas. O que parece ser acaso e caos, na verdade, tem por trás a Vontade
Divina, assim as coisas que parecem caóticas só o são para a mente humana. Ver
a introdução ao capítulo 3 e Eclesiastes 9.1, quanto ao determinismo divino.
Reversões Humanas:
1. A corrida não é
vencida pelos ligeiros, metáfora atlética que fala de qualquer esforço humano
prolongado, parecido com uma corrida. Em uma corrida haverá apenas um vencedor,
e as pessoas já fazem idéia do homem que é o mais forte e mais habilidoso.
Ocasionalmente, surpreendemo-nos nas corri das literais, mas, na corrida da vida,
podemos ver muitas reversões da fortuna. O suposto homem fraco sai-se vencedor,
e o supostamente homem forte fracassa. Cf. Rom. 9.16. Deus é o poder por trás
daquele que ganha ou perde a corrida. Ele não se surpreende porquanto já
predeterminou o resultado da corrida. Ver no Dicionário o artigo chamado
Chance. Cf. II Sam. 18.22,23 e João 20.4-6.
2. Um exército mais
fraco pode vencer a batalha, não por causa da força humana, mas porque a
Vontade Divina já determinou o resultado. Ver também quanto às batalhas da
vida. Cf. I Sam. 17.47; Sal. 33.16; II Crô. 14.9,11,15.
3. Algumas vezes,
falta ao sábio até o pão, e ele padece fome, ou sente falta de outras coisas
necessárias à vida diária. Além disso, o insensato tem muito para comer e ganha
uma grande herança! A Providência de Deus (ver a respeito no Dicionário) opera
de maneiras inexplicáveis.
4. Esperamos que o
homem inteligente ganhe muito dinheiro e, de outras maneiras, seja bem-sucedido
em seus empreendimentos. Mas algumas vezes o homem inteligente termina pobre e
fracassa em seus labores. Entrementes, um estulto obtém boa sorte, e nem ao
menos precisa sar inteligente, porquanto a Vontade Divina assim o ordenou.
5. Há pessoas
habilidosas que de alguma maneira falham em seus empreendimentos, ao passo que
aqueles que não têm talento conseguem juntar as coisas mediante a boa sorte. O
que parece ser mero acaso, na realidade é a providência divina em operação,
produzindo coisas surpreendentes.
O tempo e o acaso
perturbam os planos dos homens; os tempos estão nas mãos de Deus, que contradiz
o tempo do homem. Ver Eclesiastes 3.1. Ademais, aquilo que os homens pensam ser
mera chance, na verdade é algo determinado pela Vontade Divina. Ver no
Dicionário o verbete chamado Chance. Os tempos dos homens estão nas mãos de
Deus (Sal. 31.15). “A chance não é um poder independente de Deus” (Fausset, in
loc.). Os tempos são ocorrências ou eventos específicos, alguns bons e outros maus,
mas todos adrede predestinados.
Ec 9.12 Pois o homem
não sabe a sua hora. Consideremos estes dois pontos: 1. Existem tempos bons e
tempos ruins, isto é, coisas que Deus envia ou que o caos aparentemente nos
apresenta, boas e más. Mas se os tempos estão rias mãos de Deus (Sal. 31.15;
Eclesiastes 3.1), não significa que todos os tempos são favoráveis. Esses tempos
serão o que a Vontade Divina determinar, e não o que o homem espera que sejam.
Os tempos são ocorrências especificas.
2. Alguns tempos são
parecidos com os eventos adversos que acontecem aos peixes. A rede de pesca
apanha o pobre peixe e ele termina na frigideira. Ou o caçador apanha o animal
em sua armadilha e logo atravessa o coração do pobre bicho com uma flecha, para
dividir seu corpo, a fim de vendê-lo ou usá-lo. Assim também acontece a homens
que são apanhados em ardis ou armadilhas e tornam-se, por assim dizer, bucha
para canhão, tão inutilmente destruídos, por nenhuma razão aparente.
Entretanto, é Deus quem está manipulando as redes e as armadilhas, e nenhum ser
humano é capaz de defender-se. Os desastres ocorrem de súbito, fatalmente. Isto
posto, sucede que os tempos nas mãos de Deus são eventos terrivelmente
adversos, que estonteiam os homens. Ver por que os homens sofrem e por que
sofrem como sofrem, no artigo chamado Problema do Mal, no Dicionário.
No vs. 11,o triste
filósofo informa-nos que as coisas não saem como esperamos, depois de pesarmos
as probabilidades. Agora, ele nos diz que, quando as coisas não acontecem
conforme esperamos, usualmente algo de sinistro ocorre. Esse é o ponto de vista
lúgubre que o filósofo pessimista projetou. Mas, então, devemos compreender que
Deus está por trás de tudo. Não nos admira que, para os pessimistas, a redenção
se encontre no nada da morte (ver Eclesiastes 3.18-20).
Emerson tinha um
pedido muito humilde: “Dá-me saúde e um dia em que eu torne ridícula a pompa
dos imperadores” (Natureza, capítulo 3). Com isso, ele quis dar a entender que
uma coisa supostamente simples, como gozar boa saúde e ser capaz de desfrutá-la
um dia, é mais do que os imperadores têm, pois eles, inevitavelmente, caem em
calamidade. Cf. Pro. 7.23; Eze. 12.13 e Osé. 7.12.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2732-2733.
Nem mesmo os Sábios
Podem Vencer (9.11-12)
Nos versículos 1 e 2
foi dito que tanto o reto como o sábio estavam sujeitos ao mesmo destino que os
maus. Qoheleth tratou dos retos (2-10) e agora se inclina a considerar os sábios.
Homens zelosos sempre acreditaram que a inteligência e o conhecimento são
vantagens na vida, mas Qoheleth se encontra numa frustrante rebelião
intelectual. Ele declara
que não é dos ligeiros a carreira, nem dos valentes, a peleja, [...] mas que o
tempo e a sorte pertencem a todos (11). O termo sorte significa infortúnio,
azar. Entre esses infortúnios, o tempo (limitado pela morte) é o pior. Até
mesmo o mais sábio não conhece o seu tempo (12), mas como peixes que se pescam
com a rede ou passarinhos que se prendem com o laço, a morte cai de repente
sobre ele.
A verdade é que
Qoheleth estava certo — mas só parcialmente certo. Os velozes vencem mais
corridas que os lentos — mas eles não vencem todas as corridas. Existem forças
na vida que são submetidas à inteligência e ao poder humano, mas existem
elementos afetando o destino humano que Deus reservou para que estivessem
debaixo do seu próprio domínio. E nosso dever aprender qual é qual, administrar
os elementos que foram colocados sob o nosso controle e aceitar com temor
reverente e obediência amorosa as forças que o Deus soberano reservou para si
mesmo.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 457-458.
A Decepção das
Esperanças Ec 9.11,12
O pregador aqui, para
uma posterior prova da vaidade do mundo, e para nos convencer de que todas as
nossas obras estão nas mãos de Deus, e não em nossas próprias mãos, mostra a
incerteza e eventualidade dos acontecimentos futuros, e com que frequência eles
contrariam as perspectivas que nós temos deles. Ele nos exortou (v. 10) a
fazermos o que nós temos que fazer conforme todas as nossas forças; mas aqui
ele nos lembra de que, quando nós tivermos feito tudo, nós devemos deixar a
questão com Deus, e não ficar confiantes do sucesso.
I Nós ficamos frequentemente
decepcionados com aquele bem em que nós depositamos grandes esperanças, v. 11.0
próprio Salomão fez a observação, e assim muitos desde então, de que os
acontecimentos, tanto nos casos públicos quanto nos privados, nem sempre
concordam, mesmo com as perspectivas e probabilidades mais racionais. Nulli
fortuna tam dedita est ut multa tentani ubique respondeat -Afortuna não se
rende a ninguém para garantir sucesso, por mais numerosos que sejam, seus
empreendimentos. Sêneca. A questão dos casos é frequente e inexplicavelmente
uma cruz para as expectativas de todos, para que o mais alto não possa
presumir, nem o mais baixo, desesperar-se, mas todos possam viver em uma
humilde dependência de Deus, de quem o julgamento de todos os homens procede.
1.Ele dá exemplos de
decepção, até mesmo onde os recursos e instrumentos foram mais encorajadores e
prometeram ser justos. (1) Alguém poderia pensar que o pé mais leve deveria, em
uma corrida, ganhar o prêmio; e ainda assim, não é dos ligeiros a carreira; um
acidente pode retardá-lo, ou ele pode estar tão seguro a ponto de se
descuidai-, e deixar aqueles que são mais lentos chegar primeiro ao fim. (2)
Alguém poderia pensar que, em uma luta, o exército mais numeroso e poderoso
deveria ser sempre vitorioso, e que, em um combate individual, o campeão mais
ousado e forte deveria ganhar os louros; porém, nem dos valentes é sempre a
peleja; um bando dos filisteus foi uma vez colocado em fuga por Jônatas e seu
homem; um só homem dentre vós perseguirá a mil; a excelência da causa com frequência
venceu a batalha contra o poder mais formidável. (3) Alguém poderia pensar que
aqueles homens de bom senso deveriam ser sempre homens de substância, e que
aqueles que sabem como viver no mundo deveriam não somente ter uma manutenção
abundante, como também grandes propriedades; e ainda assim, nem sempre provam isso;
até mesmo o pão não é sempre dos sábios, muito menos a riqueza é sempre dos
prudentes. Muitos homens engenhosos e homens de negócios, que provavelmente
prosperaram no mundo, estranhamente chegaram atrasados e vieram para nada.
(4) Alguém poderia
pensar que aqueles que entendem os homens e têm a arte da administração
deveriam ter sempre preferência e obter os sorrisos de grandes homens; mas
muitos homens engenhosos desapontaram-se e passaram seus dias na escuridão, e
não somente isso, mas caíram em desgraça e talvez tenham arrumado a si mesmos
por aqueles mesmos métodos pelos quais eles esperaram se erguer, pois nem dos
inteligentes é sempre o favor, mas os tolos são favorecidos e os homens sábios
são desaprovados.
2. Ele soluciona
todos esses desapontamentos dentro de um poder e providência dominantes, as
disposições dos quais para nós parecem ser casuais, e que nós chamamos de
sorte, mas que realmente estão de acordo com o conselho determinado e previsão
de Deus, aqui chamados de tempo, na linguagem deste livro, cap. 3.1; Salmos 31.15.
O tempo e a sorte pertencem a todos. Uma Providência soberana rompe com as
medidas dos homens, e destrói suas esperanças, e os ensina que o caminho do
homem não está nele mesmo, mas está sujeito à vontade divina. Nós devemos usar
os meios, mas não confiar neles; se nós tivermos êxito, devemos louvar a Deus
(SI 44.3); se nós ficarmos irritados, devemos concordar com a vontade dele e
tomar a nossa parte.
II Nós somos frequentemente
surpreendidos pelos males de que nós temos um pouco de medo (v. 12): O homem
não conhece o seu tempo, o tempo da sua calamidade, sua queda, sua morte, o
qual, na Escritura, é chamado de nosso dia ou nossa hora. 1. Nós não sabemos
que problemas estão diante de nós, os quais nos deixarão fora dos nossos negócios
e nos levarão para fora do mundo, que tempo e sorte pertencerão a nós, nem o
que um dia, ou uma noite, podem nos trazer. Nós não devemos conhecer os tempos,
não, não o nosso próprio tempo, quando ou como nós devemos morrer. Em sua
sabedoria, Deus nos manteve no escuro, para que nós sempre estejamos prontos.
2. Talvez nós possamos encontrar problemas em cada coisa em que nós prometemos
a nós mesmos as maiores vantagens e satisfação; como os peixes e os pássaros
são abatidos em uma armadilha ou rede por uma isca jogada para seduzi-los, em
que eles caem avidamente, assim os filhos dos homens frequentemente se enlaçam
no mau tempo, quando ele cai de repente sobre eles, antes de eles terem
consciência. E essas coisas também sucedem igualmente a todos. Os homens
encontram com frequência sua maldição onde eles procuraram as suas bênçãos, e
encontram a sua morte onde eles pensaram encontrar um prêmio. Que nós,
portanto, nunca estejamos seguros, mas sempre prontos para mudanças, para que,
mesmo que sejam repentinas, elas não possam nos surpreender ou aterrorizar.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 940-941.
Sal 46.1 Deus é o
nosso refúgio e fortaleza. Em 1529, Martinho Lutero, inspirado por este
versículo, compôs seu hino imortal, “Poderosa Fortaleza é Nosso Deus”. O pano
de fundo histórico foi a libertação de Viena do cerco turco. Historicamente
interessantes são as palavras de Horácio, bastante similares ao fim deste
salmo, a respeito da coragem de Augusto, em face dos perigos: “Caso o universo
se despedace e o avassale, as ruínas desabarão sobre ele, sem que ele se
arreceie”.
Poderosa fortaleza é
nosso Deus,
Um baluarte que nunca
falha.
Nosso ajudador é Ele,
em meio ao dilúvio De males mortíferos, prevalecerá.
Essa palavra sobre
todos os poderes terrenos... prevalecerá.
O Espírito e os dons
nos pertencem,
Por meio Daquele que
se pôs ao nosso lado.
Que os bens e os
parentes se vão,
E esta vida mortal
também.
O corpo poderão
matar,
A verdade de Deus
prevalecerá.
O Seu reino é para
sempre.
(Martinho Lutero)
Refúgio. No hebraico
temos a palavra mahseh, “abrigo contra o perigo”. Cf. Sal. 9.9; 14.6; 48.3;
62.7; 91.2; 94.22 e 142.5.
Fortaleza. Cf. Sal.
18.2; 31.3; 71.3; 91.2. Deus é também a rochaem vários salmos. Ver Sal. 18.2;
27.5; 31.2; 42.9 e 62.2. Apresento notas exposítivas detalhadas sobre essa
figura, em Sal. 42.9. Os vários termos foram aproveitados de cenas de batalhas.
Israel lutava por sua vida. O poder de Deus livrou e trouxe a paz, e agora o
louvor estava na ordem do dia. O auxílio divino veio imediatamente, quando se
fez necessário. Essa ajuda de Deus é bem presente. Alguns salmos de lamentação
se queixam amargamente de que a ajuda divina se faz demorada. Mas o autor
dá-nos aqui um tom esperançoso.
“O salmista declarou
que Deus era o seu refúgio (no hebraico, mahseh, “abrigo que protege do
perigo" (ver os comentários em Sal. 14.6) e sua força (ver comentários em
Sal. 18.1). O salmista encontrou segurança e coragem para confiar no Senhor.
Portanto, os santos não precisam temer (vs. 2), a despeito dos muitos perigos
que enfrentam. Sem importar o que aconteça, aqueles que Nele confiam estão
seguros” (Allen P. Ross, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2200.
O Salmo 46 é o
primeiro de três poemas com um tema comum: a grandeza e suficiência de Deus no
presente e no futuro. Kirkpatrick chama esses três salmos de “trilogia de
louvor”. Este salmo apresenta um título familiar: “Para o cantor-mor, entre os
filhos de Corá”, e acrescenta: “Cântico sobre Alamote”. Esta designação aparece
somente uma única
vez nos Salmos (embora cf. 1 Cr 15.20) e, possivelmente, significa: “Com voz de
soprano”. Este salmo ficou conhecido como “O Salmo de Lutero” e provavelmente
serviu de inspiração para o seu grande hino “Castelo Forte é o nosso Deus”.
Oesterley e outros entendem que esse é um salmo apocalíptico ou escatológico,
representando “a destruição da terra no fim da atual ordem mundial”.14 A
essência apocalíptica é a crença fundamental na vitória final de Deus e a
sujeição de todas as nações a Ele em reconhecimento da sua soberania.
O salmo é dividido em
três estrofes bem definidas, cada uma terminando com Selá. Podemos identificar
uma espécie de refrão nos versículos 7 e 11: “O Senhor dos Exércitos está conosco;
o Deus de Jacó é o nosso refúgio”.
1. A Proteção de Deus
(46.1-3)
A presença e o poder
protetor de Deus são a fonte da coragem do seu povo. Ainda que a terra se mude
(2) ou “transtorne” (hb., ARA), e os montes se transportem para o meio dos
mares, pode representar ou a destruição apocalíptica e a renovação da terra
(cf. 2 Pe 3.10-13) ou uma declaração hipotética dos desastres mais terríveis
que se pudesse imaginar. Em ambos os casos, as pessoas que encontram em Deus
seu refúgio e fortaleza (1) não temerão (2). Selá (3): cf. comentário em 3.2. É
possível que o refrão (7 e 11) tenha sido omitido do versículo 3 no momento de
se fazer a cópia do salmo.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 190-191.
A triunfar em Deus,
no seu relacionamento e na sua presença conosco, especialmente se tivemos uma
experiência recente da sua aparição em nosso lugar (v.1): Deus é o nosso
refúgio e fortaleza; assim o encontramos, Ele se comprometeu a ser isto para
nós, e isto Ele sempre nos será. Estamos sendo perseguidos? Deus é o nosso
refúgio, para Ele podemos correr e nele podemos estar seguros e assim nos
considerarmos; a salvos em terra firme, Provérbios 18.10. Estamos passando por
dificuldades? Estamos diante de uma grande tarefa e temos inimigos para
enfrentar? Deus é a nossa força, para nos carregar junto com as nossas cargas,
para nos preparar para todas as obras e todos os sofrimentos; pela sua graça,
Ele nos concederá força, e nele podemos permanecer. Estamos enfrentando
aflições? Ele é um socorro, para nos fazer tudo de que precisarmos, um socorro
presente, um socorro encontrado (esse é o sentido da palavra), que assim
encontramos, um socorro sobre o qual podemos declarar: Probatum est - Está
provado, como Cristo é chamado de uma pedra já provada, Isaías 28.16. Ou, um
socorro à mão, o qual jamais precisa ser procurado, pois está sempre por perto.
Ou, ainda, um socorro suficiente, um socorro adequado a cada caso e exigência;
independente do que for, Ele é um socorro bem presente; não podemos desejar um
socorro melhor, tampouco encontraremos algo semelhante por parte de qualquer
criatura.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 370.
Sal 91.15 Ele me
invocará, e eu lhe responderei. O homem bom é servido pelos anjos, os quais
fazem as promessas de Deus operar em sua vida. Além disso, ele recebe o
instrumento adicional da oração, mediante o qual pode chegar aos céus e tocar
em Deus diretamente. O homem que invocar será ouvido; o homem que for ouvido
obterá respostas. Ele será liberado de todos os inimigos e perturbações, de
todos os desastres e do caos, e também será honrado ou exaltado, conforme vimos
no versículo anterior.
“O Senhor conhece o
Seu povo e o visita na época da adversidade. Ele os visita em suas aflições e
lhes concede Sua graciosa presença, apoiando-os e certificando-lhes que não
serão avassalados pelas aflições. Ele os sustenta em todas as questões e faz
todas as coisas cooperar juntamente para o bem. Ele honra Suas promessas e Seu
povo... Concede-lhes comunhão e os conduz a seu próprio reino e glória” (John
Gill, in loc.).
“Eu o glorificarei.
Derramarei sobre ele toda a honra, a honra que só pode vir de Deus. E mostrarei
a outros homens quanto O prezo” (Adam Clarke, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2347.
Promessa de
Fidelidade (91.14-16)
O próprio Deus fala
nos três últimos versículos e acrescenta sua garantia à promessa do poeta. A
condição da qual tudo depende é simples: Pois que tão encarecidamente me amou
(14). A expressão significa apegar-se a Deus em completa devoção. Obediência e
fé são resultados de um fluir natural do amor derramado amplamente nos corações
humanos pelo Espírito Santo (Rm 5.5; cf. Jo 14.15; 1 Jo 4.18). Conheceu o meu
nome significa mais do que informação a respeito do nome do Deus verdadeiro.
Envolve um conhecimento pessoal com o Deus cuja natureza é revelada em seu
nome. Os resultados que seguem esse tipo de amor e conhecimento são livramento,
exaltação, oração respondida (15), sua presença na angústia, honra, abundância
de dias e salvação (16).
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 3. pag. 256.
2. Aproveitando a
vida.
O que fazer então ao
saber que a vida possui os seus dissabores? Mergulhar em um pessimismo sombrio
ou se tornar indiferente a tudo isso? Muitos se deprimem quando a calamidade
chega e ainda outros se tornam amargos e se isolam. Salomão, mais do que
qualquer outro, sabia que debaixo do sol a vida não era fácil e nem se parecia
nem um pouco justa. Mas não a negou nem fugiu da sua realidade. Pelo contrário,
aconselhou que em meio às imprevisibilidades da vida devemos nos preocupar em
viver aquilo que nos foi tocado como porção: “Vai, pois, come com alegria o teu
pão (...) goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz,
os quais Deus te deu debaixo do sol; porque esta é a tua porção nesta vida pelo
trabalho com que te afadigaste debaixo do sol” (Ec 9.7,9, ARA).
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 134.
Ec 9.7 Vai, pois,
come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho. Temos aqui a
conclusão do pessimismo precedente. Os vss. 7-10 reiteram o triste summum bonum
do filósofo: desfrutemos os pequenos prazeres da vida, porquanto esses prazeres
também são vaidade e não têm valor real, ou seja, são o melhor que podemos
fazer nesta vida miserável. Esses prazeres ordinários podem aliviar um pouco a
agonia da existência humana. Portanto, avancemos e tiremos vantagem deles. Nada
mais existe pelo que se deva viver. Há notas expositivas detalhadas sobre esse
ponto de vista em Eclesiastes 2.24-25. Ver também Eclesiastes 3.12,22; 5.17 e
8.15. É um equívoco pensar que o mau filósofo terminou como um epicurista, Ele
era um niilista que balançava a cabeça na direção do epicurismo (prazeres
moderados) como o summum bonum da vida, como o menor dos males que o homem
encontra na vida. Ele já havia demonstrado que o hedonismo (busca desenfreada
pelos prazeres) é fútil (Eclesiastes 2.1- 11). Ele valorizava mais o epicurismo (os
prazeres moderados), mas não afirmava haver valor real nisso. Quanto à plena
compreensão, ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, os verbetes
intitulados Epicurismo; Hedonismo; Summum Bonum; Niilismo e Pessimismo.
O Uso da Filosofia.
Todos os ramos do conhecimento humano oferecem algum benefício. A filosofia é
especialmente útil àqueles que estudam a Bíblia e a teologia, visto que muitas
áreas se justapõem. Aquele que conhece alguma filosofia compreenderá melhor a
teologia. O estudo do livro de Eclesiastes demonstra isso, mas outro tanto faz
o estudo da teologia geral. Um teólogo que seja apenas teólogo, ao examinar o
livro de Eclesiastes, versículo por versículo, perderá muito do significado do
autor sacro, que era um filósofo, e não um rabino comum, meramente um sábio.
Portanto, o homem que pode compreender melhor este livro é o teólogo-filósofo
que sabe tirar proveito dos dois campos, para explicar os meandros dos
pensamentos do nosso triste filósofo. Este é um livro divertido, que contém
muitas declarações absurdas e afirmações heterodoxas. É divertido descobrir que
coisas disparatadas o autor dirá em seguida. Ele diz os seus absurdos de
maneira alegre e interessante. O homem mostra-se eloquente e espirituoso. Ele
simplesmente não tinha asas, e manteve-se resvalando em seu meio ambiente
lamacento. Mas era um resvalador ágil; era um réptil e não um pássaro, pelo que
não devemos desperdiçar tempo tentando transformá-lo em um mestre ortodoxo.
O Pessimismo Antigo e
o Pessimismo Moderno. O louco filósofo, que escreveu o livro de Eclesiastes,
tinha uma espécie de redenção: o nada da morte. Nesse estado, o sofrimento
havia sido interrompido. Schopenhauer, o maior porta- voz do pessimismo
moderno, acreditava na reencarnação! Por isso ele defendia a horrorosa doutrina
de que a Vontade Louca (sua divindade) nunca deixava o pobre ser humano
escapar, O homem experimentava os mesmos sofrimentos por muitas vezes. A
Vontade Louca decidiria anular tudo, obliterar toda a vida e existência, depois
que se cansasse de algum jogo doentio e repetitivo. Se a Vontade Louca fizesse
isso, então todas as coisas seriam reduzidas a nada. e essa era a redenção pela
qual Schopenhauer tanto ansiava.
Alguns dos Pequenos
Prazeres da Vida. A partir deste ponto, o infeliz filósofo nos diz o que vale a
pena buscar, se você forçá-lo a usar tal expressão: come muito, mas não tanto a
ponto de ficares doente; bebe muito, mas não tanto a ponto de ficares embriagado;
desfruta a festa, diverte-te, ri. Poderás fazer todas essas coisas sem temor,
porque foi Deus quem te deu essas dádivas e te destinou a viveres usufruindo
delas. Ele já tinha aprovado a maneira epicurista de viver, como o menor dos
males; portanto, não temamos viver dessa maneira. E vamos lembrar que os
prazeres mentais são superiores aos físicos, pelo que não devem ser
negligenciados.
Ec 9.9 Goza a vida
com a mulher que amas. O sexo também é uma coisa boa, numa vida casada normal;
mas a prostituição e o adultério são truques dos hedonistas: portanto, evita
esses excessos, a menos, naturalmente, que Deus te tenha predestinado para esse
tipo de vida! Se o filósofo fosse coerente, ele não negaria que a vida de uma
prostituta foi aquilo que Deus predeterminou para ela. Ele foi coerente (ver
Eclesiastes 3.16), mas não quis confundir o quadro aqui. Pode-se viver uma vida
jubilosa com uma boa esposa a quem se ama, mas a totalidade da vida é pura
vaidade, e isso faz parte da vida. Não obstante, uma boa esposa é uma dádiva de
Deus, para ajudar resistir a todas as outras coisas vãs. A questão resume-se a
dizer: toda a tua porção te foi predestinada, peto que deves suportar tudo da
melhor maneira, desfrutando os pequenos prazeres da vida. Se estiveres
trabalhando muito, para ocasionalmente para usufruir algum prazer na vida.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2731-2732.
Aproveite a Vida enquanto Você Pode (9.7-10)
Aqui o autor repete
(cf. 2.24; 3.12,22; 5.18; 8.15) sua filosofia de vida — a filosofia mais
elevada normalmente atingível por um homem que não possui fé em um Deus íntegro
e em uma vida consciente além da sepultura. Pão e vinho eram os meios de
sustento e diversão aceitáveis. Pois já Deus se agrada das tuas obras (7) tem
sido interpretado de várias formas como: a) Aproveite a vida porque isso é o
que Deus planejou para que os homens fizessem; b) Já que você serve a Deus e
Ele aceita suas obras, você pode contar com uma vida satisfatória; c) Já que
você não pode saber o querer e os caminhos de Deus, tire o máximo de proveito
daquilo que você consegue entender e desfrutar. O terceiro ponto de vista é
mais coerente dentro do contexto. Vestes [...] alvas (8) eram as roupas
adequadas para a corte e ocasiões festivas. Óleo na cabeça era um símbolo de
alegria (cf. SI 23.5; 45.7).
Embora a filosofia de
Qoheleth esteja associada aos aspectos terrenos, ela não incentiva a glutonaria
nem a sensualidade; ela simplesmente representa a nossa convivência agradável
nas casas de regiões urbanas calmas e pacíficas. Há o bastante para comer,
roupas boas e cosméticos, um casamento adequado com a mulher que amas (9), e um
envolvimento ativo com seu trabalho e hobbies — Tudo quanto te vier à mão para
fazer, faze-o conforme as tuas forças (10). Isso é considerado por muitos “a
boa vida”, mas mesmo nisso existem limitações inoportunas que obrigam o autor a
designar isso de vaidade [...] vaidade. Até mesmo o casamento mais feliz existe
apenas durante os dias [...] os quais Deus te deu debaixo do sol, e nem a
profissão nem os hobbies vão além da sepultura, para onde tu vais.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 457.
I Cor 15.19 Inferiria
que os ministros e os servos de Cristo eram “...os mais miseráveis de todos os
homens”, se esperamos em Cristo só nesta vida (v. 19), o que é outro absurdo que
segue da afirmação de não haver ressurreição. A condição de quem espera em
Cristo seria pior do que a dos outros homens. Note que todos os que creem em
Cristo têm esperança nele; todos os que creem nele como um Redentor esperam
pela redenção e salvação através dele; mas, se não houver ressurreição, ou um
estado de recompensa futura (o que é pretendido por aqueles que negavam a
ressurreição em Corinto), sua esperança nele devia ser limitada a esta vida; e,
se todas as esperanças em Cristo se limitarem a esta vida, eles estão em uma
condição muito pior do que o resto da humanidade, especialmente naquele tempo e
sob aquelas circunstâncias nas quais os apóstolos escreviam.
Eles não tinham então
nenhum apoio nem proteção dos soberanos do mundo, mas eram odiados e
perseguidos por todos os homens. Os pregadores e os cristãos individuais por
essa razão tinham uma dura sorte se tinham esperança em Cristo somente nesta
vida. Nesses termos, seria melhor ser qualquer outra coisa do que cristão, pois,
neste mundo, eles são odiados, perseguidos, maltratados e despojados de todos
os confortos mundanos e expostos a toda a sorte de sofrimentos; eles sofrem mais
do que os outros homens nesta vida, e ainda não têm nenhuma esperança melhor
mais adiante. E não é absurdo para alguém que crê em Cristo admitir um princípio
que envolve uma inferência tão absurda? Pode ter fé em Cristo o homem que
acredita que Ele abandonará seus servos fiéis, sejam ministros ou outros, a um estado
pior do que o de seus inimigos? Note que era um absurdo grosseiro um cristão
admitir a suposição de não haver ressurreição ou um estado futuro. Não restaria
nenhuma esperança além deste mundo e frequentemente tornaria a sua condição a
pior do mundo. De fato, o cristão, pela sua religião, é crucificado para este
mundo, e ensinado a viver na esperança de um outro. Prazeres carnais são
insípidos para ele em grau elevado; e os prazeres celestiais e espirituais são
aqueles que ele anela e almeja. De fato, como seria triste o seu caso, se ele
devesse morrer para os prazeres mundanos e mesmo assim jamais esperar por nada
melhor!
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 497.
Se confiamos em
Cristo unicamente quanto a esta vida, se toda esperança quanto ao futuro é vã e
um engano tolo, se não há perdão dos pecados, nem esperança numa herança futura
no céu, então nós cristãos somos de todas as pessoas as que precisam de mais
pena. Pois insistir numa esperança que não tem base, que nunca se cumpre, e
negar todo e qualquer bem material por uma tal esperança, isto daria aos
descrentes algum direito para nos considerarem imbecis tolos, dos quais se deve
ter pena por causa de seu triste engano. O argumento de Paulo é tanto mais
forte visto que praticamente forçou a todo verdadeiro cristão da congregação de
Corinto concluir: Sei que minha fé não alguma confiança fútil; a doutrina
cristã não está baseada sobre algum engano; estou certo do perdão dos meus pecados
tal como me está assegurado no evangelho; os apóstolos precisam ser testemunhas
verdadeiras; Cristo ressuscitou da morte; deve haver uma ressurreição do corpo.
KRETZMANN.
Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo
Testamento. Editora Concordia Publishing House.
IV-VIVENDO
POR UM IDEAL
1. A morte dos
ideais.
As palavras de
Salomão em Eclesiastes 9.14,15 mostram uma cultura para a qual já não existem
mais ideais: “Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens; veio contra
ela um grande rei, sitiou-a e levantou contra ela grandes baluartes. Encontrou-se
nela um homem pobre, porém sábio, que a livrou pela sua sabedoria; contudo,
ninguém se lembrou mais daquele pobre” (Ec 9.14,15).
O pobre agiu com
sabedoria e idealismo, mas foi esquecido! Parece até mesmo que o Sábio fazia
uma leitura da nossa cultura.
Nesse ponto,
Eclesiastes demonstra ser mais atual do que nunca. A nossa cultura
contemporânea ou pós-moderna também não tem mais ideais. Como bem observou
Antônio Cruz, teólogo espanhol, ela não se fundamenta mais em nada, visto não
possuir certezas absolutas. Tornou as pessoas individualistas e narcisistas,
preocupadas consigo mesmas e não com o outro.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
134-135.
A
Parábola da Pequena Cidade (9.14-15)
Ec 9.14 Houve uma
pequena cidade em que havia poucos homens. Sim, a cidade era pequena, mas
contra ela se atirou um grande e poderoso rei. O poder do exército da pequena
cidade era como nada, mas o do rei era muito grande. Portanto, se a cidade
tivesse de sobreviver, precisava de sabedoria. Estão totalmente fora de lugar,
aqui, as interpretações fantasiosas que dizem que a pequena cidade é o corpo
humano, atacado por concupiscências; ou, então, que ela representa a igreja, atacada
por inimigos poderosos e ferozes. Ademais, é vão tentar encontrar na história
uma situação equivalente. A história tem muitas instâncias em que forças
armadas inferiores derrotaram forças superiores, através de planos astutos.
Ec 9.15 Encontrou-se
nela um homem pobre, porém sábio. O filósofo não se dá ao trabalho de
contar-nos qual o estratagema esperto que o homem sábio, mas não humilde e
insignificante, usou, e que salvou a cidade, porquanto ele falava sobre um
acontecimento histórico. Ele estava meramente ilustrando as fraquezas que
circundam a questão da sabedoria. Para nós, basta constatar que a sabedoria se
mostrou eficaz, embora não tivesse sido devidamente apreciada. O povo
mostrou-se egoísta e negligente. Uma vez que a segurança deles foi garantida
pela sabedoria do homem humilde, prontamente o esqueceram. O pobre homem não
obteve fama alguma pelo que fizera, nem recompensa; seu exercício de sabedoria
fora inteiramente vão, quanto a ele mesmo. Por conseguinte, temos aqui outra
ilustração do princípio de que “tudo é vaidade”. O valor da sabedoria pode ser
anulado pelas circunstâncias e pelas fraquezas humanas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2733.
Houve uma pequena
cidade em que havia poucos homens - Aqui está mais uma prova da vaidade das
coisas sublunares, a ingratidão dos homens, e da pouca compensação que o mérito
genuíno recebe. A história pouco mencionados aqui podem ter sido ou um fato, ou
a intenção de ser uma fábula instrutivo. Uma cidade pequena, com poucos a
defendê-lo, sendo assediado por um grande rei e um poderoso exército, foi
entregue pela astúcia e endereço em um sábio pobre, e depois seus conterrâneos
esqueceu sua obrigação para ele. Aqueles que espiritualizar esta passagem, tem
tornando a cidade pouco a Igreja, os poucos homens os Apóstolos, o grande Rei,
o diabo, e os pobres sábios, homem Jesus Cristo, abusar do texto. Mas o Targum
não é menos extravagante: "A pequena cidade é o corpo humano; poucos
homens nele, alguns afetos bons para trabalhar a justiça, o grande rei,
concupiscência mal, que, como um rei forte e poderoso, entra no corpo de
oprimir, e assedia o coração, de modo a fazer com que errar; construídos
baluartes contra grandes ela - a concupiscência mal constrói seu trono em que
onde quer que ele quer, e faz com que ele diminua de maneiras que estão bem
diante de Deus, que pode ser tomada nas maiores redes de inferno, que ele pode
queimá-lo sete vezes, por causa de sua pecados. Mas há é encontrado em que um
sábio pobre - um carinho bom, sábio e santo, que prevalece sobre o princípio do
mal, e arrebata o corpo do julgamento do inferno, pela força de sua sabedoria.
No entanto, após este livramento, o homem não se lembra o que o bom princípio
tinha feito por ele, mas disse em seu coração, eu sou inocente ", etc. Que
texto maravilhoso isso tem sido nas mãos de Targumista muitos moderna, e com
que força têm os pregadores pregava Cristo crucificado com ele! Tal passagem
como esta recebe uma boa ilustração do caso de Arquimedes salvar a cidade de
Siracusa de todas as forças romanas sitiantes por mar, terra. Ele destruiu seus
navios pelos seus queima-óculos, levantou suas galeras fora da água por suas
máquinas, correndo alguns em pedaços, e outros afundando. Sabedoria de um homem
aqui prevaleceu por muito tempo contra os esforços mais poderosos de uma
poderosa nação. Neste caso, a sabedoria excedia em muito a força. Mas não foi
Siracusa tomada, não obstante os esforços de este pobre homem sábio? Não. Mas
foi traído pela baixeza de Mericus, um espanhol, um dos generais de Siracusa.
Ele entregou todo o distrito mandou nas mãos de Marcelo, o cônsul romano,
Arquimedes ter derrotado todos os esforços feitos pelos romanos, seja por mar
ou por terra: ainda mandou nenhuma companhia de homens, não fez incursões, mas
confundidos e destruiu por suas máquinas. Isso aconteceu cerca de 208 anos
antes de Cristo, e quase sobre o tempo em que aqueles que não consideram
Salomão como o autor supor este livro ter sido escrito. Este homem sábio não
foi lembrado, ele foi morto por um soldado romano, enquanto profundamente
engajados em demonstrar um novo problema, a fim de seus mais distantes
operações contra os inimigos de seu país. Veja Plutarco, e os historiadores
desta guerra de Siracusa. Quando Alexandre o Grande estava prestes a destruir
os Lâmpsaco cidade, seus velhos mestres Anaxímenes saiu para encontrá-lo.
Alexander, suspeitando de seu projeto, que ele iria interceder pela cidade,
determinado a destruí-lo, jurou que não iria conceder-lhe qualquer coisa que
ele deve fazer. Então disse Anaxímenes, "Eu desejo que você vai destruir a
cidade." Alexander respeitado seu juramento, ea cidade foi poupada. Assim,
diz Valério Mancimus, o narrador, (lib. 7:C III, No. 4 Extern), Por esta súbita
mudança de sagacidade, esta cidade antiga e nobre foi preservada da destruição
pelo qual foi ameaçado. " Esta velocidade destruição cidade famosa
observação de antiga nobreza, que havia sido planejado, foi retirado." Um
estratagema Jaddua, o sumo sacerdote, foi o meio de preservar Jerusalém de ser
destruído por Alexandre, que, irritado porque tinham assistido os habitantes de
Gaza, quando cercou-o, assim como ele reduziu, marchou contra Jerusalém, com a
determinação de arrasar para o chão, mas Jadua e seus sacerdotes em suas vestes
sacerdotais, reunidos ele no caminho, ele ficou tão impressionado com sua
aparência que Ele não só se prostrou diante do sumo sacerdote, e poupou a
cidade, mas também concedeu alguns privilégios notáveis. Mas o caso de
Arquimedes de Siracusa e é a mais surpreendente e adequado em todas as suas
partes. O de Anaxímenes e Lâmpsaco também é altamente ilustrativo da máxima do
sábio: "Melhor é a sabedoria do que a força."
ADAM
CLARKE. Comentário Bíblico de Adam
Clarke.
Salomão aqui dá um
exemplo, que provavelmente foi um caso de fato, em algum país vizinho, de um
homem pobre que, com a sua sabedoria, fez um grande serviço em uma época de
perigo e angústia pública (v. 14): Houve uma pequena cidade (não muito
valorizada, qualquer que fosse o seu dono); havia somente poucos homens nela,
para defendê-la, e homens, se são homens de coragem, são as melhores
fortificações da cidade; aqui estavam poucos homens, e porque eram poucos, eram
fracos, amedrontados e prontos para desistir de sua cidade como algo
não-defensável. Contra essa pequena cidade, veio um grande rei com um numeroso
exército e a cercou, ou por orgulho ou cobiça de possuí-la, ou por vingança por
alguma afronta sofrida, para castigá-la e destruí-la. Pensando que ela fosse
mais forte do que era, ele levantou contra ela grandes tranqueiras, para, a
partir disso, golpeá-la, e não duvidou de que em pouco tempo somente se
tornaria senhor dela. Quanta aflição injusta os príncipes ambiciosos dão aos seus
vizinhos inofensivos! Esse grande rei não precisou temer essa pequena cidade;
então, por que ele deveria assustá-la? Ela poderia dar pouco lucro para ele;
então, por que ele deveria ter tantas despesas para obter isso? Porém, como as
pessoas pequenas são às vezes absurdamente e insaciavelmente gananciosas para
ajuntar casa a casa e herdade a herdade, os grandes reis reúnem cidade a cidade
e província a província, de maneira que fiquem como únicos moradores no meio da
terra, Isaías 5.8. A vitória e o sucesso atenderam o forte? Não, foi encontrado
nessa pequena cidade, entre os poucos homens que havia nela, um sábio pobre -
um homem sábio, e mesmo assim pobre, sem preferência em qualquer lugar de lucro
ou poder na cidade; lugares de confiança, e a iminência deles, não foram dados
aos homens de acordo com os seus méritos, do contrário um homem sábio como este
não teria sido um homem pobre. Agora: 1. Sendo sábio, ele serviu à cidade,
mesmo sendo pobre. Em meio à sua agonia, eles o procuraram (Jz 11.7) e imploraram
por seus conselhos e auxílio; e ele livrou aquela cidade pela sua sabedoria,
com as instruções prudentes dadas aos que estavam cercados, direcionando-os a
alguns estratagemas que não tinham sido considerados para a sua própria
segurança, ou por um tratado prudente com os sitiadores, como a mulher em Abel,
2 Samuel 20.16. Ele não os repreendeu pelo desdém com que o tratavam,
deixando-o fora do seu conselho, nem dizendo que ele era pobre e não tinha nada
a perder e que, portanto, não se preocupava com o que viria a ser da cidade;
mas ele fez o seu melhor por eles, e foi abençoado com sucesso. Note que os
interesses particulares e os ressentimentos pessoais devem sempre ser
sacrificados pelo bem público e esquecidos quando o interesse é o bem-estar
comum. 2. Sendo pobre, ele era desprezado pela cidade, mesmo sendo sábio e
tendo sido um instrumento para salvar a todos da ruína: Ninguém se lembrava
daquele pobre homem; os seus bons serviços não eram notados, nenhuma recompensa
foi dada a ele, nenhuma marca de honra foi colocada sobre ele, mas ele viveu em
tanta pobreza e obscuridade quanto antes. A riqueza não era para esse homem
prudente, nem o favor, para esse homem inteligente. Muitos que receberam
méritos de seu príncipe e de seu país foram mal pagos; que mundo ingrato esse
em que vivemos. E bom que os homens úteis tenham
um Deus para confiar, o qual será o seu recompensador generoso; pois, entre os
homens, grandes serviços são com frequência invejados e recompensados com o mal
por bem.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 942.
2. Vivendo por um
ideal.
Mesmo mostrando que
as boas ações de alguém não tenham o merecido reconhecimento de outrem, ainda
assim Salomão acredita que devemos viver por uma causa. “Então, disse eu:
melhor é a sabedoria do que a força, ainda que a sabedoria do pobre é
desprezada, e as suas palavras não são ouvidas. As palavras dos sábios, ouvidas
em silêncio, valem mais do que os gritos de quem governa entre tolos. Melhor é
a sabedoria do que as armas de guerra, mas um só pecador destrói muitas coisas
boas” (Ec 9.16-18, ARA).
O expositor bíblico
Michael A. Eaton destaca que: “A inversão contida no versículo 16 é verdadeira,
no sentido em que os governantes são capazes de se fazer ouvir, enquanto a
sabedoria corre o risco de perder-se em meio ao clamor. O contraste tríplice
{palavras...gritos, sábios...quem governa...em silêncio...entre tolos) enfatiza
a tese. Quem governa não se refere exclusivamente ao rei, mas a qualquer que
pertença às classes governantes (cf. 2 Cr 23.20; Pv 22.7). Equilibrando-se
sábios com quem governa, o autor indica que a autoridade não está,
necessariamente, do mesmo lado da sabedoria. Gritos parece referir-se, aqui,
aos berros de autoconfiança de um “governador distrital” local. Ao seu lado há
um bando de bajuladores vociferantes que exercem péssima influência. Há mais
esperança de sabedoria nas palavras ouvidas em silêncio (ligado à confiança em
Is 30.15, e à alegria, em 4.6). Dessa forma, a sabedoria nem sempre
prevalecerá; a gritaria, a verbosidade e o poder poderão triunfar contra ela. A
sabedoria não dispõe de garantias embutidas”.
Acreditar em valores
morais e espirituais e procurar viver à altura deles em meio a uma sociedade
relativista e vazia de idealismo não tem garantia nenhuma de algum
reconhecimento. Todavia ainda assim vale a pena viver por um ideal. Mais do que
qualquer outro, o cristão sabe que nesta vida há causas pelas quais vale a pena
lutar (Ef 3.14; At 20.24; 2 Tm 4.7).
Debaixo do sol a vida
se mostra como ela é. Às vezes parece totalmente sem sentido, e em muitas
outras, cheia de paradoxos. Mas é a vida e precisa ser vivida. Salomão não
somente observou essa dura realidade, mas também a experimentou. Para não
cairmos em um pessimismo impiedoso e nem tampouco em um indiferentismo frio,
devemos então viver a vida a partir da perspectiva da eternidade. É a partir
daí que tomaremos consciência de que há uma causa digna pela qual lutar e assim
evitaremos cair nas malhas do pessimismo.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag.
135-136.
Ec 9.16 Então disse
eu: Melhor é a sabedoria do que a força. É verdade que a sabedoria é melhor do
que a força física, mas isso não significa que os homens passarão a apreciar a
sabedoria, que pode ser desprezada e não aplicada por homens insensíveis e
ímpios. O autor, pois, falava sobre a inutilidade da sabedoria, segundo certo
ponto de vista. Ele deixou de lado o fato óbvio de que aquele pouco de
sabedoria beneficiou a cidade inteira, que obteve retumbante sucesso. Mas ele
acaba mostrando que, para o humilde homem sábio, a sabedoria não teve valor.
Esse era o fato que ele estava ilustrando. Ele não estava aplicando outros
“fatos” possíveis ao caso; ele falava de sua própria experiência pessoal. Para
ele, o pobre homem sábio, tinha ficado demonstrado que a sabedoria é apenas
outro elemento da vaidade generalizada (Eclesiastes 2.12-17); pessoalmente, ele
não tinha conseguido tirar grande proveito da sabedoria (Eclesiastes 8.15-16),
e não pensava que outros sábios tivessem tirado melhor proveito que ele. Aben
Ezra (in loc.) supõe que o fato de outros indivíduos não apreciarem a sabedoria
do pobre homem não significa que ele próprio também a desprezasse; mas isso já
é o oposto do que o triste filósofo procurava transmitir. Ele não apreciou sua
própria sabedoria, se é que tinha alguma. Por que haveria de querer que outros
homens a apreciassem?
Ec 9.17 As palavras
dos sábios, ouvidas em silêncio. Alguns estudiosos fornecem um esboço de
mudança aqui, deduzindo que Eclesiastes 9.17-10.20 contenha diversas máximas
sobre a sabedoria. Esse grupo de intérpretes pensa haver, nesse trecho, várias
interpolações feitas por um editor piedoso, que tentou tornar mais aceitável, à
audiência judaica, a filosofia pessimista de nosso filósofo. Os versículos de
Eclesiastes 9.17-10.1 dizem que o valor da sabedoria pode ser anulado pela
insensatez, o que significa que, frequentemente, a loucura é mais forte que a
sabedoria. Isso exibe, uma vez mais, a inerente fraqueza daquilo a que chamamos
de sabedoria, e diminui seu valor aparente. Ou, então, podemos considerar
Eclesiastes 9.17-18 e 10.1 como máximas distintas e autocontidas sobre a
alegada sabedoria.
O vs. 17 informa-nos
que a sabedoria, embora insignificante e desprezada pelos homens, é melhor (mesmo
quando ouvida no silêncio) que os gritos dos homens profanos, incluindo
governantes que se associam aos tolos. Presumivelmente, esse rei está dando a
seus súditos instruções e ordens e, mediante gritos, enfatiza o que quer dizer.
Henry Ward Beecher, famoso pregador do passado, confessou que, quando tinha
pouca coisa a dizer, encobria o fato com um sermão crivado de altas
exclamações. O insensato dirige discursos bombásticos a seus seguidores; o
pregador que prega aos gritos tenta impressionar seus ouvintes com o volume do
som de suas exortações, em vez da grandiosidade de pensamento, como se isso
demonstrasse sabedoria. De fato, um pensamento grandioso será como um
relâmpago, mesmo que dito tranquilamente. O Targum fala das orações silenciosas
dos sábios, que eram ouvidas e se tornavam eficazes, ao passo que os gritos dos
estultos não impressionavam a Deus.
Ec 9.18 Melhor é a
sabedoria do que as armas de guerra. Esta máxima nos reconduz à parábola da
pequena cidade (vss. 14-15). A sabedoria é mais poderosa que os armamentos de
um grande rei. Foi a sabedoria que deu a vitória à pequena cidade. Mas os
pecadores, ou mesmo um único pecador, podem anular as propriedades beneficentes
da sabedoria. Esta passa despercebida, sem aplicação, e é até mesmo desprezada
pelos insensatos, e tal circunstância ilustra sua fraqueza, colocando a
sabedoria dentro da classificação geral de “tudo é vaidade-’ (Eclesiastes 1.3).
Um bom caso ilustrativo deste versículo é o de Acã e sua ganância, que
prejudicou a comunidade inteira de Israel e anulou a sua força (ver Jos.
7.1,11-12).
Este versículo tem
sido cristianizado para apontar a destruição da alma, e também os atos de
Satanás, que prejudicam a igreja; mas tais ideias são, quando muito, meras
aplicações do texto. A versão sírtaca fala de como o pecado destrói muita
coisa, e isso é algo que pode ser observado diariamente. Portanto, onde está a
sabedoria? Está sendo anulada pelos pecados e pela insensatez, e isso demonstra
sua fraqueza e, com frequência, sua inconsequência; isso nos dá razões para
identificar a sabedoria com a mesma classe de todas as outras coisas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2733.
Desse exemplo, ele
traça algumas conclusões úteis, considera-as e recebe instruções. 1. Disso, ele
observa a grande utilidade e excelência da sabedoria, e que bênção os homens
podem fazer ao seu países: Melhor é a sabedoria do que a força, v. 16. Uma
mente prudente, que é a honra de um homem, é preferível a um corpo robusto, em
que muitas das criaturas brutas excedem os homens. Pela sua sabedoria, um homem
pode promover aquilo que ele jamais poderia encontrar pela sua força, e pode
superar aqueles que, pela trapaça, são capazes de dominá-lo. Melhor é a
sabedoria do que as armas de guerra, ofensivas ou defensivas, v. 18. A
sabedoria, isto é, a religião e a piedade (pois o homem sábio é aqui colocado
em oposição a um pecador), é melhor do que todas as dotações e equipamentos
militares, pois ela fará com que Deus se empenhe por nós, e então nós estaremos
seguros contra os maiores riscos e seremos bem-sucedidos nos maiores
empreendimentos. Se Deus é por nós, quem será contra nós ou permanecerá contra
nós? 2. Disso, ele observa a força de comando e o poder da sabedoria, ainda que
trabalhe sob desvantagens externas (v. 17): As palavras dos sábios devem em
silêncio ser ouvidas; o que eles falam, sendo falado de forma calma e com
moderação (ainda que, não sendo ricos e sem autoridade, eles não ousem falar em
voz alta nem com grande segurança), será ouvido com atenção e considerado,
receberá respeito, e não somente isso, mas ganhará razão, e influenciará os
homens mais do que o clamor imperioso daquele que domina sobre os tolos, que,
como tolos, o escolhem para ser seu governante, por seu barulho e gritaria, e,
como tolos, pensam que por esses métodos ele deve vencer a batalha com qualquer
um. Poucos argumentos são valiosos como muitas palavras grandes; e aqueles
governarão com argumentos justos, que responderão àqueles que importunam e
insultam de acordo com a sua loucura. Quão fortes são as palavras certas! O que
é falado sabiamente deve ser falado com calma, e então será ouvido em silêncio
e calmamente considerado. Porém, a paixão reduzirá até mesmo a força da razão,
em vez de acrescentar-lhe mais forças.
3. Disso, ele observa
que os homens sábios e bons, não obstante a isso, devem frequentemente se
contentar com a satisfação de terem praticado o bem, ou, ao menos, de terem
tentado isso e se oferecido para isso, quando eles não podem fazer o bem que
eles fariam, nem recebem o elogio que deveriam receber. A sabedoria capacita um
homem a servir aos seus vizinhos, e ele oferece o seu serviço; mas, ai dele! Se
ele é pobre, a sua sabedoria é menosprezada e as suas palavras não são ouvidas,
v. 16. Muitas vezes, um homem é queimado vivo na pobreza e obscuridade, o qual,
se ele tivesse recebido estímulos, poderia ter sido uma grande bênção para o
mundo; muitas vezes, uma pérola é perdida em sua concha. Mas há um dia por vir
quando a sabedoria e a bondade estarão em honra, e o justo resplandecerá. 4.
Daquilo que ele observou do grande bem que um homem sábio e virtuoso pode
fazer, ele deduz o grande dano que um ímpio pode causar, e que ele pode ser o
obstáculo para uma grande quantidade de bem: Um só pecador destrói muitos bens.
(1) Quanto a si
mesmo, uma condição pecadora é uma condição devastadora. Quantos dos bons
presentes que tanto a natureza quanto a providência dão um só pecador destrói e
desperdiça - bom-senso, boas porções, bom aprendizado, uma boa disposição, boas
propriedades, boa comida, boa bebida e abundância das boas criaturas de Deus,
todas sendo usadas a serviço do pecado, e então destruídas e perdidas, e com a
finalidade de sua dádiva frustrada e pervertida! Aquele que destrói sua própria
alma, destrói muitos bens. (2) Quanto aos outros, que grande prejuízo um ímpio
pode causai' a uma cidade ou país! Um pecador, que faz o seu trabalho para
corromper os outros, pode destruir e frustrar as intenções de muitas leis boas
e muitas pregações boas, e levai' muitos para os seus caminhos perniciosos; um
pecador pode ser a ruína de uma cidade, assim como Acã prejudicou todo o
acampamento de Israel. O homem sábio que livrou a cidade teria tido o seu
respeito e recompensa devidos por isso, mas para que algum pecador o
atrapalhasse e odiosamente depreciasse o serviço. E muitas vezes um bom
projeto, bem feito para o bem-estar público, é destruído por algum adversário
sutil dele. A sabedoria de alguns teria curado a nação, mas, por causa da maldade
de alguns, ela não seria curada. Veja quem são os amigos e inimigos de um
reino, se um santo pratica muito bem e um pecador destrói muito bem.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 942-943.
O sagrado escritor
deu-nos uma Ilustração da sabedoria que vale a pena recordar aqui. Havia uma
pequena cidade com poucos homens, e veio contra ela um grande rei e a cercou,
levantando baluartes e trincheiras. Havia na cidade um homem pobre, mas sábio,
que livrou a cidade por sua sabedoria.
Depois, ninguém mais
se lembrou do pobre sábio. O escritor conclui que, apesar do esquecimento dos
concidadãos daquele pobre, a sua sabedoria valeu mais do que a força. "As
palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos bem fixados as sentenças
coligidas" (E cl. 12: 11). Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra,
mas um só pecador destrói multas coisas boas (v. 18). Noutros textos, o sagrado
escritor compara a sabedoria à loucura (2:15 e 16), ou pelo menos de pouco
proveito; todavia, perseverou em sua busca, porque afinal ela traz muitas
vantagens. Será o caso de perguntar ao sábio escritor: Que entende por
SABEDORIA? Há uma antítese entre sabedoria e estultícia; é um dos grandes jogos
deste livro. Todavia nota-se que a sabedoria pregada pelo escritor de
Eclesiastes, Salomão ou outro, não é uma sabedoria apenas em termos de
convenções terrenas, mas sabedoria na condução da vida como um todo, que por
Isso abrange estes nossos dias e os vindouros. Uma sabedoria só para o tempo
parece não ser o ensino do Pregador, que
considera a outra
vida como o prolongamento desta, mesmo que em alguns passos possa dar a
entender que, depois de "fechada a porta", nada mais há a fazer. Isto
quanto a esta vida; se, porém, ele admite o governo divino, e nisso é muito
clara, então a sabedoria que ele preconiza abrange tanto o dia de HOJE como o de
AMANHÃ. Fecha-se, é certo, a porta para esta vida, mas abre-se outra, para a
eternidade. Então vale a sabedoria, pois de outra maneira seria tomar ao pé da
letra passos tais como os de 9: 8, 9 e ss. Aceitando que de tudo vamos dar
contas a Deus (11: 9), temos de admitir a necessidade de sabedoria para
encaminhar a vida de tal modo que esta sabedoria abranja os dois estágios. Esta
é a filosofia evangélica que conduz à vida, de tal modo, a alcançar corações
sábios para a salvação (II Tim. 3:15). O pecador é o destruidor da felicidade
humana, como de outras muitas coisas (v. 18).
Antônio
Neves de Mesquita. Eclesiastes. Editora
JUERP.
At 20.24 — Em nada
tenho minha vida por preciosa. Paulo não se apegava a mais nada nesta vida. Ele
só queria ter descanso no Reino de Deus e ser honrado por Cristo, não
importando o que isso lhe custasse.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 343.
At 20.24 “Aliás, eu
na verdade não atribuo valor algum à minha vida. Minha meta é levar a bom termo
a minha carreira e o serviço que o Senhor Jesus me confiou” [TEB]. Muitas vezes
Paulo caracterizou a existência do cristão com a metáfora da “corrida para o
alvo” (1Co 9.24-27; Fp 3.13s; 2Tm 4.7). Estava profundamente preocupado em
“consumar” a corrida até o alvo. Além disso, o “serviço” não era para ele um
dever penoso, mas a expressão da admirável graça que seu Senhor lhe “confiou”
(1Tm 1.12s; 2Co 4.1). Apesar de seus múltiplos aspectos, esse serviço é somente
um único: “testemunhar o evangelho da graça de Deus”. A única coisa que importa
é que esse serviço confiado a ele e do qual depende a vida eterna de pessoas
seja executado. Diante da magnitude e importância desse serviço, “não atribui
valor algum” ao destino pessoal. Para Paulo a vida não tem um valor em si mesma, em
detrimento de seu serviço. Aqui a palavra de Jesus de Mc 8.35 foi cumprida de
forma genuína, e não como “moral cristã”.
Werner
de Boor. Comentário Esperança Atos. Editora
Evangélica Esperança.
II Tm 4.7 — Paulo foi
extremamente e fiel vigilante em seu serviço a Deus. Observe que Paulo não faz esse
tipo de comentário antes de chegar ao final de sua corrida e estar pronto para
morrer. Não salienta seu serviço nem exalta-se nele. Mostra apenas que
perseverou, lutou e serviu a Deus até 0 fim (1 Co 9.24-27).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 615.
II Tm 4.7 Combati o
bom combate. Aquilo para o que Timóteo foi convocado (1Tm 6.12) foi cumprido
pessoalmente pelo apóstolo e suportado até o vitorioso fim. Ele “proclamou o
evangelho de Deus mediante grande luta”. Agora acabou a luta, esgotou-se a luta
da vida, o bom combate chegou a bom fim. Ele lutou contra poderes sombrios da
maldade, contra Satanás, contra vícios judaicos, cristãos e gentílicos,
hipocrisia, violência, conflitos e imoralidades em Corinto, fanáticos e
desleixados em Tessalônica, gnósticos helenistas judeus em Éfeso e Colossos, e
não por último – no poder do Espírito Santo – o velho ser humano dentro de si
mesmo, tribulações externas e temores internos. Acima de tudo e em tudo, porém,
lutou em prol do evangelho, a grande luta de sua vida, seu bom combate.
Completei a corrida.
A imagem do atleta competidor que alcançou a meta e por quem espera a coroa da
vitória. Agora não cabe mencionar os incontáveis obstáculos que ele certamente
conhece e poderia enumerar, mas o final da corrida, a perseverança até o alvo.
Nada pôde deter sua trajetória, por nada ele foi interrompido
significativamente. Agora tampouco poderes mundanos destruirão sua vida de
forma autocrática, ele é “prisioneiro do Senhor”. O que ele anunciou aos anciãos
de Éfeso na despedida se cumpriu agora: “Todavia, não me importo, nem considero
a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a
corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar
o evangelho da graça de Deus.” Tu, Timóteo, cumpre cabalmente teu ministério,
assim como eu agora concluí minha tarefa. Uma vida cumpriu seu propósito quando
a tarefa foi reconhecida e concretizada e quando Deus é glorificado assim.
Guardei a fé. Será
que se deve traduzir aqui com a frase que se tornou linguajar corrente “Guardei
a fidelidade”? Sem dúvida tem-se em vista “a fidelidade até a morte”; é
intencional a ligação com 2Tm 2.11-13; também a fidelidade do administrador, do
qual se demanda prestação de contas no juízo; a aprovação do colaborador e sua
paciência até o fim no trabalho penoso, quando os frutos estão maduros. Tudo
está englobado, mas antes de tudo e em tudo vale uma só coisa: “Aqui se trata
da perseverança dos santos, os que guardam fielmente os mandamentos de Deus e a
fé em Jesus.” “Guardei a fé”, isso é o alfa e o ômega, origem e alvo daquele
que por ocasião do primeiro aprisionamento confessou: Cristo é minha vida e
morrer para mim é lucro. Poder crer até o fim, ser sustentado na fé em Jesus,
receber constantemente essa fé renovada e aprofundada: essa é a graça máxima,
dádiva imerecida, exaltação da fidelidade de Deus.
O soldado, o
corredor, o administrador (agricultor) – todas as três metáforas que Paulo
lançou a Timóteo para encorajá-lo, todas direcionadas para o fim dos tempos,
cumpriram-se em Paulo. Essas declarações não são marcadas pelo enaltecimento
próprio, mas pela gratidão e adoração àquele que o tornou forte na luta, que o
conduziu à perfeição, que o presenteou com a fé e o preservou.
Hans
Bürki. Comentário Esperança II Timóteo. Editora
Evangélica Esperança.
Elaborado: Pb Alessandro Silva.
Deus abençoe sua vida Pb. Alessandro!
ResponderExcluirQue Deus continue abençoando a cada dia mais, a vida desse irmão, para que ele continue nos ajudando no estudo da lição da escola bíblica Dominical.
ResponderExcluirParabéns, pelo empenho. Sou assíduo.
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