O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS
TEXTO
ÁUREO
"Para
que conheças a certeza das coisas de que já estás informado." (Lc 1.4)
VERDADE
PRÁTICA
O
cristão possui uma fé divinamente revelada e historicamente bem
LEITURA
DIÁRIA
Segunda
- Lc 3.1,2 O cristianismo no
seu cenário histórico
Terça
- Lc 1.1-4 O
cristianismo se fundamenta em fatos
Quarta
- Lc 16.16 O cristianismo
no contexto bíblico
Quinta
- Lc 2.23-28 O cristianismo em
seu aspecto universal
Sexta
- Lc 1.35; 5.24 O cristianismo e
a deidade de Jesus
Sábado
- Lc 4.18 O cristianismo e
o Ministério do Espírito
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Lucas
1.1-4
1
- Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre
nós se cumpriram,
2
- segundo nos transmitiram os mesmos que
os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra,
3
- pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo
Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o
princípio,
4
- para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado
OBJETIVO
GERAL
Apresentar
um panorama do Evangelho de Lucas.
HINOS
SUGERIDOS: 3, 46, 162 da Harpa Cristã
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo,
os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico.
Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
Apresentar
o terceiro Evangelho.
Conhecer
os fundamentos e historicidade da fé cristã.
Afirmar
a universalidade da fé cristã.
Expor
a identidade de Jesus, o Messias esperado.
INTERAGINDO
COM O PROFESSOR
Prezado
professor, neste segundo trimestre estudaremos a respeito do terceiro
Evangelho, cujo autor é Lucas, o médico amado. Seu relato é um dos mais
completos e ricos em detalhes a respeito do nascimento e infância do Salvador.
Lucas era um gentio, talvez por isso, em sua narrativa, procure apresentar a
Jesus como o Filho do Homem. Ele apresenta o Salvador como o Homem Perfeito que
veio salvar a todos, judeus e gentios.
O
comentarista deste trimestre é o pastor José Gonçalves - professor de Teologia,
escritor e vice-presidente da Comissão de Apologética da CGADB.
Que
mediante o estudo de cada lição você possa conhecer mais a respeito do Filho de
Deus, que se fez homem e habitou entre nós.
Tenha
um excelente trimestre.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O
Evangelho de Lucas é um dos livros mais belos e fascinantes do mundo. De fato,
o terceiro Evangelho se distingue pelo seu estilo literário, pelo seu
vocabulário e uso que faz do grego, considerado pelos eruditos como o mais
refinado do Novo Testamento. Mas a sua maior beleza está em narrar a história
da salvação (Lc 19.10). O autor procura mostrar, sempre de forma bem
documentada, que o plano de Deus em salvar a humanidade, revelado através da
história, cumpriu-se cabalmente em Cristo quando Ele se deu como sacrifício
expiador pelos pecadores (Jo 10.11). Deus continua sendo Senhor da história e o
advento do Messias para estabelecer o seu Reino é a prova disso. Lucas mostra
que é através do Espírito Santo, primeiramente operando no ministério de Jesus
e, posteriormente na Igreja, que esse propósito se efetiva.
I - O TERCEIRO EVANGELHO
1.
AUTORIA E DATA. Lucas, "o médico amado" (Cl 4.14),
a quem é atribuída a autoria do terceiro Evangelho, é citado no Novo Testamento
três vezes. Todas as citações estão nas epístolas paulinas e são usadas no
contexto do aprisionamento do apóstolo Paulo (Cl 4.14; Fm 24; 2 Tm 4.11).
Embora o autor do terceiro Evangelho não se identifique pelo nome, isso não
depõe contra a autoria lucana. Desde os seus
primórdios, a Igreja Cristã
atribui a Lucas a autoria do terceiro Evangelho. A crítica contra a
autoria de Lucas não tem conseguido apresentar argumentos sólidos para demover
a Igreja de sua posição. A erudição conservadora assegura que Lucas escreveu a
sua obra (aproximadamente) no início dos anos sessenta do primeiro século da
era cristã.
2.
A OBRA. Lucas era historiador e médico. Ele escreveu
sua obra em dois volumes (Lc 1.1-4; At 1.1,2). O terceiro Evangelho é a
primeira parte desse trabalho e é uma narrativa da vida e obra de Jesus,
enquanto os Atos dos Apóstolos compõem a segunda parte e narram o caminhar
espiritual dos primeiros cristãos da Igreja Primitiva.
3.
OS DESTINATÁRIOS ORIGINAIS. O doutor Lucas endereçou seu
Evangelho a Teófilo, certamente uma pessoa importante que devia ocupar uma alta
posição social, sendo citado como "excelentíssimo". Pode se dizer que
além deste ilustre destinatário, Lucas também escreveu aos gentios. O terceiro
Evangelho pode ser classificado como sendo de natureza soteriológica e carismática.
Soteriológica, porque narra o plano da salvação, e carismática porque dá amplo
destaque ao papel do Espírito Santo como capacitador do ministério de Jesus
Cristo.
PONTO
CENTRAL
O
plano da salvação do cristianismo pode ser localizado com precisão dentro da
história.
SÍNTESE DO TÓPICO I
Lucas, o médico amado, é o autor do terceiro Evangelho,
que foi endereçado a Teófilo, um gentio.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"Lucas
inicia seu Evangelho com uma declaração especial: ele mesmo havia se 'informado
minuciosamente de tudo [sobre a vida de Jesus] desde o princípio' (1.1-4).
Dessa forma, o Evangelho de Lucas é um relatório cuidadoso e historicamente
exato do nascimento, ministério, morte e ressurreição de Jesus. Contudo, ao
lermos Lucas percebemos que a sua obra não é uma repetição monótona das datas e
ações. A escrita de Lucas é vívida, nos atraindo para dentro dos eventos que
ele descreve. A escrita de Lucas também exibe uma fervorosa sensibilidade
quanto aos detalhes pessoais íntimos" (RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.
133).
A fé cristã não se trata de uma lenda ou fábula
engenhosamente inventada. São fatos históricos.
CONHEÇA
MAIS
*Como
o Evangelho de Lucas Retrata a Cristo
"No
Evangelho de Lucas, Cristo é retratado como o Homem Perfeito e de grande
empatia. A genealogia é rastreada desde Davi e Abraão até Adão, nosso
antepassado comum, apresentando-o, deste modo, como alguém da nossa raça".
Para conhecer mais leia Introdução ao Novo Testamento, CPAD, p. 77
II - OS FUNDAMENTOS E
HISTORICIDADE
DA FÉ CRISTÃ
1.
O CRISTIANISMO NO SEU CONTEXTO HISTÓRICO. Lucas
mostra com riqueza de detalhes sob que circunstâncias históricas se deram os
fatos por ele narrados. Vejamos: "E, no ano quinze do império de Tibério
César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia, e Herodes, tetrarca da
Galileia, e seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e da província de Traconites,
e Lisânias, tetrarca de Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no
deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias" (Lc 3.1,2). Esses
dados têm um propósito claro: mostrar que o plano da salvação no cristianismo
pode ser localizado com precisão dentro da história. A fé cristã, portanto, não
se trata de uma lenda ou fábula engenhosamente inventada. São fatos históricos
que poderiam ser testados e provados e, dessa forma, podem ser aceitos por
todos aqueles que procuram a verdade.
2.
DISCIPULADO ATRAVÉS DOS FATOS. A
palavra grega katecheo, traduzida como "informado" ou
"instruído" no versículo 4, deu origem à palavra portuguesa
catequese. Esse vocábulo significa também: doutrinar, ensinar e convencer.
Nesse contexto possui o sentido de "discipular". Lucas escreveu o seu
Evangelho para formar discípulos. O discipulado, para ser autêntico, deve
fundamentar-se na veracidade dos fatos da fé cristã. Nos primeiros versículos
do seu Evangelho, Lucas revela, portanto, quais seriam as razões da sua obra
(Lucas 1.1-4). O terceiro Evangelho foi escrito para mostrar os fundamentos das
verdades nas quais os cristãos são instruídos.
SÍNTESE DO TÓPICO II
A veracidade dos fatos narrados por Lucas pode ser comprovada
pela história.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"Lucas
presta bastante atenção aos eventos que ocorreram antes do nascimento de Jesus,
uma atenção maior que aquela que os outros evangelistas dedicaram ao
assunto" (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 134).
O discipulado, para ser autêntico, deve
fundamentar-se na veracidade
dos fatos da fé cristã.
III - A UNIVERSALIDADE DA
SALVAÇÃO
1.
A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO. A teologia cristã destaca que
Lucas divide a história da salvação em três estágios: o tempo do Antigo
Testamento; o tempo de Jesus e o tempo da Igreja. O terceiro Evangelho registra
as duas primeiras etapas e o livro de Atos, a terceira (Lc 16.16). No contexto
de Lucas a expressão a "Lei e os Profetas" é uma referência ao Antigo
Testamento, onde é narrado o plano de Deus para o povo de Israel. A frase
"anunciado o Reino de Deus" se refere ao tempo de Jesus que, através
do Espírito Santo, realiza e manifesta o Reino de Deus. O tempo da Igreja
ocorre quando o Espírito Santo, que estava sobre Jesus, é derramado sobre todos
os crentes.
2.
A SALVAÇÃO EM SEU ASPECTO UNIVERSAL. O
aspecto universal da salvação, revelado no terceiro Evangelho pode ser
facilmente observado pelo seu amplo destaque dado aos gentios. O próprio Lucas
endereça a sua obra a um gentio, Teófilo (Lc 1.1,2). A descendência de Cristo,
o Messias prometido, vai até Adão, o pai de todos, e não apenas até Abraão, o
pai dos judeus (Lc 3.23-38). Fica, portanto, revelado que os gentios, e não
somente os judeus, estão incluídos no plano salvífico de Deus (Lc 2.32; 24.47).
Destaque especial é dado para os samaritanos (Lc 9.51-56; 10.25-37; 17.11-19).
Há ainda outras particularidades do Evangelho de Lucas que mostram o interesse
de Deus por toda a humanidade, especialmente os pobres e excluídos (Lc 19.1-10;
7.36-50; 23.39-43; 18.9-14).
A descendência de Cristo, o Messias prometido,
vai até Adão, o pai de todos, e não apenas até Abraão, o pai dos judeus.
SÍNTESE DO TÓPICO III
Todos estão incluídos no plano salvífico de Deus: gentios e
judeus.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"A
Verdadeira Identidade do Filho
Os
aspectos-chave na vida de Jesus ajudaram os primeiros cristãos a perceber, de
uma forma nova e única, que Ele era o 'Filho de Deus'.
o
A encarnação. Jesus foi concebido pelo
poder do Espírito Santo de Deus, e não por um pai humano. De forma consistente,
também falou de como saiu 'do Pai' para vir 'ao mundo' (Jo 16.28). Enquanto,
para outros seres humanos, o nascimento é o início da vida, o nascimento de
Jesus era uma encarnação - Ele existia como o Filho de Deus antes de seu
nascimento humano. Jesus, de forma distinta dos governantes pagãos, não era um
filho adotado dos deuses, mas sim o eterno Filho de Deus.
o
O reconhecimento por Satanás e pelos demônios. Enquanto a identidade verdadeira
de Jesus, durante seu ministério terreno, estava velada para seus discípulos,
ela foi reconhecida por Satanás (Mt 4.3,6) e pelos demônios (Lc 8.28).
o
A ressurreição e ascensão. Jesus foi morto por afirmar que falava e agia como o
Filho de Deus. A ressurreição representou a confirmação de Deus de que Jesus
falava a verdade sobre si mesmo. Paulo apontou a ressurreição como a revelação
ou declaração da verdadeira identidade de Jesus como Filho de Deus (Rm 1.4).
Depois da ressurreição, Jesus retornou ao Pai para ficar no lugar de honra, à
direita de Deus" (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1 ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2013, pp. 34,35).
IV - A IDENTIDADE DE JESUS, O
MESSIAS ESPERADO
1.
JESUS, O HOMEM PERFEITO. No Evangelho de Lucas, Jesus aparece como
o "Filho de Deus" (Lc 1.35) e Filho do Homem" (Lc 5.24). São
expressões messiânicas que revelam a deidade de Jesus. A primeira expressão
mostra Jesus como verdadeiro Deus enquanto a segunda, que ocorre 25 vezes no
terceiro Evangelho, mostra-o como verdadeiro homem. Ele é o Filho do Homem, o
Homem Perfeito. Ao usar o título "Filho do Homem" para si mesmo,
Jesus evita ser confundido com o Messias político esperado pelos judeus. Como
Homem Perfeito, Jesus era obediente a seus pais. Todavia, estava consciente de
sua natureza divina (Lc 2.4-52). É como
o Homem Perfeito que Jesus enfrenta, e derrota, Satanás na tentação do deserto
(Lc 4.1-13).
2.
O MESSIAS E O ESPÍRITO SANTO. Lucas
revela que Jesus, o Messias, como Homem Perfeito, dependia do Espírito Santo no
desempenho do seu ministério (Lc 4.18). Isaías, o profeta messiânico, mostra a
estreita relação que o Messias manteria com o Espírito do Senhor (Is 11.1,2;
42.1). O Messias seria aquele sobre quem repousaria o Espírito do Senhor, tal
como profetizara Isaías e Jesus aplicara a si, na sinagoga em Nazaré (Lc
4.16-19; Is 61.1).
SÍNTESE DO TÓPICO IV
Lucas
apresenta Jesus como o Filho de Deus e o Filho do Homem, ressaltando tanto a
sua humanidade quanto a sua divindade.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"Lucas
descreveu como o Filho de Deus entrou na História. Jesus viveu de forma
exemplar, foi o Homem Perfeito. Depois de um ministério perfeito, Ele se
entregou como sacrifício perfeito pelos nossos pecados, para que pudéssemos ser
salvos.
Jesus
é o nosso Líder e Salvador perfeito. Ele oferece perdão a todos aqueles que o
aceitam como Senhor de suas vidas e creem que aquilo que Ele diz é a
verdade" (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, p.
1337).
CONCLUSÃO
O
terceiro Evangelho é considerado a coroa dos Evangelhos sinóticos. Enquanto o
Evangelho de Mateus enfoca a realeza do Messias e Marcos o poder, Lucas
enfatiza o amor de Deus. Lucas é o Evangelho do Homem Perfeito; da alegria (Lc
1.28; 2.11; 19.37; 24.53); da misericórdia (Lc 1.78,79); do perdão (7.36-50;
19.1-10); da oração (Lc 6.12; 11.1; 22.39-45); dos pobres e necessitados (Lc
4.18) e do poder e da força do Espírito Santo (Lc 1.15,35; 3.22; 4.1; 4.14;
4.17-20; 10.21; 11.13; 24.49). Lucas é, portanto, o Evangelho do crente que
quer conhecer melhor o seu Senhor e ser cheio do Espírito Santo.
REVISTA
ENSINADOR
Ao
longo da História da Igreja, algumas indagações acerca dos Evangelhos foram
feitas por cristãos sinceros: (1) Como os Evangelhos surgiram? (2) Como obra
literária, de que maneira devemos entender os Evangelhos? (3) O que os
Evangelhos nos contam sobre Jesus?
Sabemos
que pessoas, inspiradas pelo Espírito Santo, escreveram os quatro primeiros
livros do Novo Testamento. Entretanto, de acordo com as perguntas acima,
queremos saber como os autores dos Evangelhos obtiveram as informações sobre a
vida e o ministério de Jesus; Por que os Evangelhos são tão parecidos e, ao
mesmo tempo, tão diferentes?
Sem
a pretensão de respondermos essas questões no presente espaço (é impossível tal
empreendimento), podemos perceber que o Evangelho de Lucas, dentre os quatro,
tem uma particular contribuição para compreendermos a formação dos Evangelhos
que falam do nosso Senhor. Leia o seguinte texto:
"Tendo,
pois, muito empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se
cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o
princípio e foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente
descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua
ordem,
havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio, para que
conheças a certeza das coisas que já estás informado" (Lc
1.1-4).
Agora correlacione essa passagem com a de Atos 1.1,3:
"Fiz
o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a
fazer, mas a ensinar, [...] aos quais também, depois de ter padecido, se
apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por
espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino de Deus".
Podemos
dizer que o evangelista Lucas é o autor sacro que dá as pistas da história das
origens cristãs, pois as introduções do seu Evangelho e do Livro de Atos
revelam que: (1) Lucas selecionou e pôs em ordem os fatos narrados no
Evangelho; (2) Esses fatos foram transmitidos pelas testemunhas oculares de
Cristo e pelos ministros, os apóstolos, da Palavra que "transmitiam"
verdades sobre Jesus; (3) haviam outros escritos sobre Jesus, mas coube a Lucas
organizar e relatar o dele.
Com
isso, fica claro que o médico amado, doutor Lucas, é o autor do Evangelho
considerado o mais histórico e cronológico dentre os quatro Evangelhos. Um
tratado extraordinário sobre Jesus e a sua obra!
Revista
Ensinador Cristão - CPAD, nº 62, p. 37.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Lucas,
o médico amado, não foi um apóstolo nem tampouco foi uma testemunha ocular da
vida de Jesus, todavia deixou uma das mais belas obras literárias já escritas
sobre os feitos do Salvador e os primeiros anos da comunidade cristã. A
narrativa de Lucas descreve, com riqueza de detalhes, o ministério terreno de
Jesus, como ele nasceu, cresceu, libertou os oprimidos, formou os seus discípulos,
morreu pendurado em uma cruz e ressuscitou dos mortos.
O
terceiro Evangelho possui uma forte ênfase carismática. Mais do que qualquer
outro evangelista ou escrito do Novo Testamento, Lucas dá amplo destaque à
pessoa do Espírito Santo durante o ministério público de Jesus até sua efusão
sobre os cristãos primitivos. Nesse aspecto, a obra de Lucas deve ser entendida
como um compêndio de dois volumes, onde o segundo volume, Atos dos Apóstolos, é
entendido a partir do primeiro, o terceiro Evangelho, e vice-versa.
Um
erro bastante comum cometido por vários teólogos, principalmente aqueles que
não creem na atualidade dos dons espirituais, é tentar “paulinizar” os escritos
de Lucas. Por não entenderem o pensamento lucano, não o vendo como teólogo como
de fato ele era, mas apenas como um historiador, tentam interpretá-lo à luz dos
escritos de Paulo. Evidentemente que toda Escritura é inspirada por Deus e que
o princípio da analogia é uma das ferramentas básicas da boa exegese, todavia
isso não nos dá o direito de transformar Lucas em mero coadjuvante da teologia
paulina. Em outras palavras, Paulo deve ser usado para se compreender
corretamente Lucas, mas também Lucas deve ser consultado para se quer entender,
de fato, o que Paulo escreveu.
Esse
entendimento se torna mais ainda relevante quando aplicamos essa metodologia em
relação aos carismas do Espírito narrado no terceiro Evangelho, em Atos dos
Apóstolos e nas epístolas paulinas. Se Paulo foi um teólogo, possuindo
independência para falar dos dons do Espírito, Lucas da mesma forma também o
foi e seu pensamento é tão relevante quanto o de Paulo. Nesse aspecto Lucas não
deve ser entendido apenas como um narrador de fatos históricos, mas como um
teólogo que escreveu a história.
Este
livro mostra facetas dessa abordagem metodológica na interpretação de Lucas,
mas não segue o modelo adotado nos comentários de natureza puramente expositiva
como são, por exemplo, as obras de Leon Morris, William Hendriksen, Fritz
Rienecker, J.C. Ryle e outros. Isso tem uma razão de ser — o presente texto não
é um comentário versículo por versículo do evangelho de Lucas, nem mesmo
capítulo por capítulo. Antes, é uma abordagem temática dos principais fatos
ocorridos durante o ministério público de Jesus, como por exemplo, seu nascimento,
crescimento, morte e ressurreição. Tendo sido escrito como texto de apoio às
Lições Bíblicas de Jovens e Adultos da Escola Dominical esse tipo de abordagem
permite trazer um comentário mais exaustivo sobre cada tema, mas, sem dúvida,
limita um estudo mais expositivo do texto bíblico. Isso explica, por exemplo, o
porquê de determinados textos, mesmo sendo importantes dentro do contexto da
teologia lucana, não terem sido abordados aqui.
José
Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora
CPAD. pag. 11-12.
O
Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas é conhecido como “a mais bela obra do mundo”.
Os que conhecem, intimamente, a Mensagem do livro e a maneira de Lucas a
apresentar não querem contestar essa opinião. A destra pena do escritor, para
introduzir a transcendente história, leva-nos a presenciar a visita de Deus ao lar
de Zacarias e Isabel, na região montanhosa de Judá. Conta também como Ele visita
a estrebaria, em Belém, e narra como nos campos de Belém aparece a multidão da
milícia celestial, aclamando com inefável júbilo o nascimento do Salvador. Como
se diz acerca desse livro: “A dulcíssima história está narrada de maneira dulcíssima”.
O
Quarto Evangelho
Fala-se
em “quatro Evangelhos”, apesar de, realmente, existir um só, justamente como há
sete arcos, cada um de cor diferente, em um só arco-íris. Pode-se dizer,
também, que os quatro Evangelhos são como os quatro muros da Nova Jerusalém,
que João viu em visão. Todos esse muros, com suas três respectivas portas,
olham em sentidos diferentes, contudo todos cercam e guardam uma só cidade de
Deus. Assim os quatro Evangelhos olham, também, em sentidos diferentes.
Cada
um tem seu próprio aspecto e inscrição, e todos juntos descobrem um só Cristo,
“que é, que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso”. “Há diversidades de
operações”, também, em escrever Evangelhos, “mas é o mesmo Espírito que opera
tudo em todos”.
Mateus
descrevera Jesus como Rei, salientando Sua majestade. Marcos O apresentara como
o Servo do Senhor, dando ênfase a Seu poder. Lucas, então, apresentou-O
como o Filho do homem, destacando Sua humanidade. João focalizou-O, depois,
como Deus, chamando nossa atenção para a Sua divindade.
Orlando
S. Boyer. Espada Cortante 2. Editora CPAD. pag. 14-15.
O
evangelho de Lucas foi chamado o livro mais encantador do mundo. Uma vez um
americano pediu a Denney que lhe recomendasse um bom livro sobre a vida de
Cristo, ao que este respondeu: "Você já leu o que escreveu Lucas?"
Existe
uma lenda segundo a qual Lucas era um hábil pintor; até há um quadro da Maria
em uma catedral espanhola que se diz ser dele. Certamente captava muito bem as
coisas vivas. Não seria muito desacertado dizer que o terceiro evangelho é a
melhor vida de Cristo que se escreveu.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. LUCAS. pag. 4
I - O TERCEIRO EVANGELHO
1.
AUTORIA E DATA.
Como
veremos mais adiante, a tradição que atribui autoria lucana para o terceiro
Evangelho é muito antiga. No texto bíblico, as referências ao “médico amado”
são Colossenses 4.14; 2 Timóteo 4.11 e Filemon 24. Todavia assim como outros
escritos do Novo Testamento, o terceiro Evangelho também não traz grafado o
nome de seu autor.
Evidências
internas da autoria lucana
Diferentemente
de outros livros neotestamentários que são anônimos, o terceiro Evangelho
deixou pistas que permitiram à igreja atribuir a Lucas, o médico amado, a sua
autoria. Alguns desses indícios internos listados pelos biblistas são:
1.
Tanto o livro de Lucas como o livro de Atos são endereçados a uma pessoa
identificada como Teófilo. “Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a
narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os
mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra,
pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo
Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o
princípio” (Lc 1.3), “Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que
Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar, até ao dia em que foi recebido em
cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que
escolhera; aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com
muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e
falando do que respeita ao Reino de Deus” (At 1.1-3).
2.
Como vimos, o livro de Atos se refere a um outro livro que fora escrito
anteriormente (At 1.1), que sem dúvida alguma trata-se do terceiro Evangelho.
Quem escreveu Atos dos Apóstolos, portanto, escreveu também o terceiro
evangelho.
3. O
estilo literário e as características estruturais de Lucas e Atos apontam na
direção de um só autor;
4.
Muitos temas comuns ao terceiro Evangelho e Atos não são encontrados em nenhum
outro lugar do Novo Testamento. Por exemplo, a ênfase na ação carismática do Espírito
Santo sobre Jesus e seus seguidores (Lc 24.49; At 1.4-8). Devemos observar
ainda, como destaca Walter Liefeld, dentro dessa perspectiva, que o autor de
Lucas-Atos não foi uma testemunha ocular dos feitos de Jesus, mas um cristão da
segunda geração que se propôs a documentar a tradição existente sobre Jesus e o
andar dos primeiros cristãos. Na passagem de Atos 16.10-17, a referência à
primeira pessoa do plural (nós) além de revelar que Lucas era um dos
companheiros de Paulo na segunda viagem missionária mostra também que era ele
quem documentava esses registros:
“E,
logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o
Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o evangelho. E, navegando de Trôade,
fomos correndo em caminho direito para a Samotrácia e, no dia seguinte, para
Neápolis; e dali, para Filipos, que é a primeira cidade desta parte da
Macedônia e é uma colônia; e estivemos alguns dias nesta cidade. No dia de
sábado, saímos fora das portas, para a beira do rio, onde julgávamos haver um
lugar para oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que ali se ajuntaram.
E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira,
e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que
estivesse atenta ao que Paulo dizia. Depois que foi batizada, ela e a sua casa,
nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em
minha casa e ficai ali. E nos constrangeu a isso. E aconteceu que, indo nós à
oração, nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, a
qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo
e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da
salvação, são servos do Deus Altíssimo” (At 16.10-17).
Essas
evidências internas, sem sombra de dúvidas, apontam a autoria lucana do
terceiro Evangelho. A propósito, em 1882 o escritor W.K. Hobart em seu livro: A
Linguagem Médica de Lucas demonstrou a existência de vários termos médicos
usados no terceiro Evangelho, o que confirmaria a autoria lucana.
Posteriormente a obra O Estilo Literário de Lucas, escrita por H. J. Cadbury
tentou mostrar que não somente Lucas usou termos médicos em sua obra, mas que
outros escritores, mesmo não sendo médicos, fizeram o mesmo. Mas como bem
observou William Hendriksen, quando se faz um paralelo entre Lucas e os demais
Evangelhos Sinóticos observa-se a peculiaridade do vocabulário médico empregado
por Lucas. Hendriksen comparou, por exemplo, Lucas 4.38 com Mateus 8.14 e
Marcos 1.30 (a natureza ou grau da febre da sogra de Pedro); Lucas 5.12 com
Mateus 8.2 e Marcos 1.40 (a lepra); e Lucas 8.43 com Marcos 5.26 (a mulher e os
médicos). Ainda de acordo com Hendriksen, pode-se acrescentar facilmente outros
pequenos toques. Por exemplo, somente Lucas declara que era a mão direita que
estava seca (6.6, cf. Mt 12.10; Mc 3.1); e entre os escritores sinóticos,
somente Lucas menciona que foi a orelha direita do servo do sumo sacerdote a
ser cortada (22.50; cf. Mt 26.51 e Mc 14.47). Compare também Lucas 5.18 com
Mateus 9.2, 6 e Marcos 2.3, 5, 9; e çf. Lucas 18.25 com Mateus 19.24 e Marcos
10.25. Além do mais, conclui Hendrinksen, embora seja verdade que os quatro
Evangelhos apresentam Cristo como o Médico compassivo da alma e do corpo, e ao
fazê-lo revelam que seus escritores também eram homens de terna compaixão, em
nenhuma parte é este traço mais abundantemente notório que no Terceiro
Evangelho.
Evidências
externas da autoria lucana
Além
dessas evidências internas, há também diversas evidências externas, que fazem
parte da tradição cristã, atestando a autoria lucana para o terceiro Evangelho.
Uma delas, o cânon muratoriano, escrita em cerca de 180 d.C., confirma a
autoria de Lucas: “o terceiro livro do Evangelho, segundo Lucas, que era
médico, que após a ascensão de Cristo, quando Paulo o tinha levado com ele como
companheiro de sua jornada, compôs em seu próprio nome, com base em relatório”.
Em cerca de 135 d.C., antes portanto do Cânon muratoriano, Marcião, o herege,
também atesta a autoria de Lucas para o terceiro Evangelho. Testemunho
confirmado posteriormente por Irineu (Contra as Heresias, 3.14-1) e outros
escritores posteriores.
Data
de Composição da Obra
A data
da composição do terceiro evangelho é melhor definida pelos biblistas quando se
leva em conta alguns fatores. Por exemplo, se Lucas valeu-se do Evangelho de
Marcos como uma de suas fontes, nesse caso é preciso situá-lo em data posterior
ao escrito de Marcos que foi redigido alguns anos antes do ano 70 d.C. Segundo,
se Lucas é o primeiro volume de uma obra em dois volumes (Lucas-Atos), como se
acredita que é, fica bastante evidente que o terceiro Evangelho foi compilado
antes dos Atos dos Apóstolos. Nesse caso será preciso primeiramente datar o
livro de Atos. Os eruditos acreditam que, levando-se em conta uma análise
detalhada do livro de Atos dos Apóstolos, a data para sua redação está entre 61
a 65 d.C. Em Terceiro lugar, a data para a redação de Lucas dependerá também de
como se interpreta o sermão feito por Cristo sobre a destruição de Jerusalém
(Lc 21.8-36). Nesse caso, argumentam os críticos, Lucas escreveu depois da
destruição de Jerusalém no ano 70 visto ter feito referência aos fatos
ocorridos nessa data. Esse argumento é fraco, visto que Cristo proferiu uma
profecia sobre os eventos do fim e que tiveram início na destruição de
Jerusalém. E o que os teólogos denominam de vaticinium ex eventu, isto é, uma
profecia que é feita antes que o evento ocorra. Em quarto lugar, muitos
críticos argumentam em favor de uma data mais tardia para Lucas, porque segundo
eles, algumas situações mostradas nas obras de Lucas demonstrariam situações
que ainda não existiam nos anos 60 e 70 d.C. Mas esse é um argumento que não se
sustenta pelas mesmas razões já expostas anteriormente.6 Em resumo, Lucas redigiu
sua obra entre os anos 60 e 70, sendo que alguns estudiosos opinam para a
primeira parte dessa década enquanto outros pela segunda. Seja como for, isso
em nada altera aquilo que Lucas escreveu.
José
Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora
CPAD. pag. 14-16.
O
autor do quarto Evangelho
Lucas,
“o médico amado”(Cl 4.14), a pena que o Espírito Santo usou para escrever este
livro, não era um dos apóstolos, como se diz comumente. Nem era discípulo,
quando Cristo andava neste mundo. (Compare Lc 1.1,2). Mas, depois de se
converter, foi colaborador e amigo íntimo e amado do apóstolo Paulo,
acompanhando-o na maior parte das viagens missionárias. Foi-lhe, também, fiel
companheiro na prisão de Cesaréia e depois na de Roma, Cl 4.14; Fm 24. Lucas
era de descendência judaica. O bom estilo do grego que escreveu indica que era
judeu da dispersão. Conforme a tradição era judeu de Antioquia, como Paulo o
era de Tarso. Entre os escritores antigos, somente Gregório afirma que Lucas
morreu mártir.
A data
do livro de Lucas
Foi,
talvez, durante o tempo da prisão em Roma, que Lucas teve vagar para escrever
seu Evangelho e, também, Atos dos Apóstolos. Os eruditos, geralmente, concordam
que foi entre os anos 63 e 68. Quanto a Igreja deve às prisões pelos preciosos escritos
que possui atualmente!
Orlando
S. Boyer. Espada Cortante 2. Editora CPAD. pag. 16.
O
autor de Atos se refere ao Evangelho especificamente como “o primeiro tratado,”
(At 1.1), e ambos são dirigidos a Teófilo (Lc 1.3; At 1.1). Ele fala de si mesmo
em ambos os livros como “eu” na frase “pareceu-me” Kajaol, Lc 1.3) e [Eu] fiz
eu o At 1.1. Ele se refere a si mesmo com outros termos como “nós”, como em
Atos 16.10, e nas seções “nós” de Atos. A unidade de Atos é presumida aqui até
que a sua autoria seja discutida no volume 3. O mesmo estilo aparece no
Evangelho e em Atos, de forma que a pressuposição é forte em apoio à afirmação
do autor. É bem possível que a Introdução formal ao Evangelho (1.1-4) se
destinasse também a ser aplicada em Atos que possui apenas uma oração
introdutória. Plummer argumenta que supor que o autor de Atos tenha imitado o
Evangelho intencionalmente é supor um milagre literário. Até mesmo Cadbury, que
não está convencido da autoria de Lucas, diz: “Em meu estudo de Lucas e Atos, a
sua unidade é um axioma fundamental e inspirador.”2 Ele acrescenta: “Elas não
são meramente duas escrituras da mesma caneta; elas são uma obra única e
contínua. Atos não é um apêndice nem uma reflexão posterior. É provavelmente
uma parte integral do plano e propósito originais do autor.”
A DATA
DO EVANGELHO
Existem
dois fatos extraordinários para marcar a data deste Evangelho de Lucas. Foi
depois do Evangelho de Marcos, visto que Lucas faz uso abundante dele. Foi
antes de Atos dos Apóstolos, visto que ele definitivamente se refere a ele em
Atos 1.1. Infelizmente a data precisa de ambos termini é incerta. Ainda existem
alguns estudiosos que defendem que o autor de Atos mostra conhecimento do livro
Antiguidades de Josefo e que a sua data é, portanto, posterior a 85 d.C., uma
posição errada, na minha opinião, mas um ponto a ser discutido quando chegarmos
á análise do livro de Atos. Ainda outros defendem mais plausivelmente que Atos
foi escrito depois da destruição de Jerusalém e que o Evangelho de Lucas possui
uma clara alusão àquele acontecimento (Lc 21.20ss), que é interpretado como uma
profecia post eventum em vez de uma predição de Cristo, com uma geração de
antecedência. Muitos que aceitam este ponto de vista defendem a autoria de Atos
e do Evangelho como sendo de Lucas.
Há
muito tempo defendo este ponto de vista, não tão habilmente defendido por
Hamack, de que Atos dos Apóstolos termina da maneira que termina pelo motivo
simples e óbvio de que Paulo ainda estava preso em Roma. Se Lucas quis que Atos
fosse usado no tribunal em Roma, o que pode ter acontecido ou não, não é a
questão. Alguns argumentam que Lucas contemplava um terceiro livro que cobriria
os eventos do tribunal e a carreira posterior de Paulo. Não há prova deste
ponto de vista. O fato impressionante é que o livro termina com Paulo já
prisioneiro por dois anos em Roma.
Se
Atos foi escrito por volta de 63 d.C., como eu acredito ser o caso, então
obviamente o Evangelho vem antes; quanto tempo antes, não sabemos. Acontece que
Paulo era prisioneiro há pouco mais de dois anos em Cesareia. Este período deu
a Lucas uma abundante oportunidade para o tipo de pesquisa do qual ele fala em
Lucas 1.1-4. Na Palestina ele poderia ter acesso a pessoas familiares com a
vida e os ensinos terrenos de Jesus e a quaisquer documentos que já estivessem
produzidos a respeito destas questões. Lucas pode ter produzido o Evangelho
durante o final da estada de Paulo em Cesareia ou durante a primeira parte da
primeira prisão romana, em algum ponto entre 59 e 62 d.C.
O
outro testemunho diz respeito à data do Evangelho de Marcos que já foi
discutida no volume 1. Não há uma dificuldade real no caminho da data inicial
do Evangelho de Marcos. Todos os fatos que são conhecidos admitem, e até mesmo
favorecem uma data próxima a 60 d.C. Se Marcos escreveu o seu Evangelho em
Roma, como é possível, certamente seria antes de 64 d.C., a data em que Nero
pôs fogo em Roma. Há estudiosos, porém, que defendem uma data muito anterior
para o seu Evangelho, chegando a 50 d.C.
A.
T. ROBERTSON. COMENTÁRIO LUCAS À Luz do Novo Testamento Grego. Editora
CPAD. pag. 14; 17-18.
A
tradição tem sempre crido que Lucas é o autor e não temos nenhum escrúpulo em
aceitar a tradição neste caso. No mundo antigo era comum atribuir os livros a
nomes famosos; ninguém via mal nisso. Mas Lucas nunca foi uma figura famosa na
igreja primitiva. Se não tivesse escrito o evangelho é mais que seguro que
ninguém o tivesse atribuído como autor. Lucas era um gentio; e tem a distinção
de ser o único autor do Novo Testamento que não é judeu. Era médico de
profissão (Colossenses 4:14) e possivelmente esse mesmo feito lhe conferisse a
grande simpatia que possuía.
Tem-se
dito que um pastor vê o melhor dos homens; um advogado vê o pior, e um médico
os vê tal como são. Lucas via os homens e os amava. O livro foi escrito para um
homem chamado Teófilo. É chamado excelentíssimo Teófilo, tratamento que
geralmente se dava aos altos funcionários do governo romano. Sem dúvida Lucas o
escreveu para contar mais a respeito de Jesus a uma pessoa muito interessada; e
teve êxito em dar a Teófilo um quadro que deve ter aproximado seu coração ainda
mais ao Jesus do qual tinha ouvido.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. LUCAS. pag. 4
2.
A OBRA.
Data de Composição da Obra
A data
da composição do terceiro evangelho é melhor definida pelos biblistas quando se
leva em conta alguns fatores. Por exemplo, se Lucas valeu-se do Evangelho de
Marcos como uma de suas fontes, nesse caso é preciso situá-lo em data posterior
ao escrito de Marcos que foi redigido alguns anos antes do ano 70 d.C. Segundo,
se Lucas é o primeiro volume de uma obra em dois volumes (Lucas-Atos), como se
acredita que é, fica bastante evidente que o terceiro Evangelho foi compilado
antes dos Atos dos Apóstolos. Nesse caso será preciso primeiramente datar o
livro de Atos. Os eruditos acreditam que, levando-se em conta uma análise
detalhada do livro de Atos dos Apóstolos, a data para sua redação está entre 61
a 65 d.C. Em Terceiro lugar, a data para a redação de Lucas dependerá também de
como se interpreta o sermão feito por Cristo sobre a destruição de Jerusalém
(Lc 21.8-36). Nesse caso, argumentam os críticos, Lucas escreveu depois da
destruição de Jerusalém no ano 70 visto ter feito referência aos fatos
ocorridos nessa data. Esse argumento é fraco, visto que Cristo proferiu uma
profecia sobre os eventos do fim e que tiveram início na destruição de
Jerusalém. E o que os teólogos denominam de vaticinium ex eventu, isto é, uma
profecia que é feita antes que o evento ocorra. Em quarto lugar, muitos críticos
argumentam em favor de uma data mais tardia para Lucas, porque segundo eles,
algumas situações mostradas nas obras de Lucas demonstrariam situações que
ainda não existiam nos anos 60 e 70 d.C. Mas esse é um argumento que não se
sustenta pelas mesmas razões já expostas anteriormente. Em resumo, Lucas
redigiu sua obra entre os anos 60 e 70, sendo que alguns estudiosos opinam para
a primeira parte dessa década enquanto outros pela segunda. Seja como for, isso
em nada altera aquilo que Lucas escreveu.
José
Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora CPAD.
pag. 17.
As
narrações de Lucas nos arrebatam por seu interesse humano. São histórias de
eventos na vida humana, eventos comoventes, eventos cheios de alegria e de tristeza,
cheios de cânticos e de lágrimas, de louvor e de oração.
E só
Lucas que escreve o nascimento e a meninice de Jesus Cristo e de Seu precursor,
lançando um grande e significativo halo de glória sobre a infância de todos
nós.
O
livro de Lucas é notável pelos cânticos registrados. Há, ao menos, seis: A Maria
do anjo Gabriel, 1.28. A Beatitude de Isabel, 1.42. A Magnificai, de Maria, 1.46-55.
O Benedictus, de Zacarias, 1.68-79. O Glória in excelsis, dos anjos, 2.14. O Nunc-dnnittis,
de Simeão, 2.29-32.
E
Lucas que marca as datas mais plenamente. (Vede cap. 1.5,26,36; 2.1,2,21,22,36,37,42;
3.1,2.)
Lucas
é que dá mais atenção à glória do sexo feminino, esboçando o grupo imortal de
mulheres que andavam com jesus: Isabel, a virgem mãe, a idosa Ana, a viúva de
Naim, a viúva que ofertou tudo que possuía, as irmãs de Betânia, a pecadora
penitente, a mulher curvada por Satanás, as mulheres santas que seguiam a Jesus
de aldeia em aldeia, as “filhas de Jerusalém” que, chorando, O acompanharam até
a cruz,...
Lucas
fala mais nas orações de Cristo do que Mateus, Marcos ou João (Vede cap. 3.21;
5.16; 6.12; 9.18,29; 11.1; etc.)
É só
Lucas que dá a parábola de 1) Os dois devedores (7.41-43), 2) 0 bom samaritano (10.25-37),
3) 0 amigo importuno (11.5-8), 4) O rico insensato (12.116-21), 5) Os servos vigilantes
(12.35-40), 6) O mordomo (12.42-48), 7) A figueira estéril (13.6-9), 8) A grande
ceia (14.16-224), 9) A construção de uma torre (14.28-33), 10) A moeda perdida
(15.8-10), 11) O filho perdido (15.11-32), 12) O administrador infiel (16.1.13),
13) O rico e Lázaro (16.19-31), 14) O senhor e seu servo (17.7-10), 15) A viúva
importuna (18.1-8), 16) O fariseu e o publicano (18.10-14), 17) As dez minas
(19.12-27).
Lucas
é o Evangelho do lar. É esse livro que nos dá um olhar momentâneo para a vida no
lar em Nazaré, da cena na casa de Simeão, da hospitalidade de Maria e Marta, da
refeição com os dois discípulos em Emaús, da parábola do amigo importuno à meia
noite, da mulher varrendo a casa, em procura da dracma perdida, e do pródigo,
que volta ao lar paterno.
O
livro de Lucas é, também, o Evangelho dos pobres e dos humildes como se descobre
no cântico de Maria, no nascimento do Rei dos reis em uma estrebaria, na vida
do precursor do Rei no deserto, na parábola do néscio rico, na história do rico
e Lázaro e no óbolo da viúva.
Grande
e eterna é a perda daqueles que não conhecem intimamente 0 Evangelho segundo
Lucas. Que o Espírito Santo abra nossos olhos para ver a admirável beleza da
“mais bela obra do mundo”! Então podemos levar os alunos de nossa Escola
Dominical, e os membros de nossa igreja, a contemplarem praticamente a beleza
que é verdadeira, que é eterna e que nos encanta mais. “Se vós estiverdes em
mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos
será feito” (Jo 15.7).
Orlando
S. Boyer. Espada Cortante 2. Editora CPAD. pag. 17.
Os
textos de Lucas estão entre os mais literários dos livros do Novo Testamento,
distintos no original por seu estilo fluente e belo. Lucas é o único dos
autores a escrever uma seqüência — o Livro de Atos — que conta a história da
igreja primitiva e sua disseminação. Diferentemente dos outros Evangelhos, cujo
conteúdo pode ser traçado a partir do passado pelas narrativas das testemunhas
oculares da vida de Jesus compartilhada com seus discípulos, Mateus, João e
Pedro (a fonte do Evangelho de Marcos), Lucas desenvolve sua narrativa através
do que poderíamos chamar, hoje, de “reportagem investigar iva”. Na introdução,
Lucas nos conta (1.1-4) que seu trabalho é fruto de cuidadosa pesquisa, no estilo
de “uma narrativa ordenada” com o objetivo de levar o leitor “para que conheças
a certeza das coisas de que já estás informado”. E muito provável que Lucas
tenha realizado a maior parte de sua pesquisa durante os anos em que Paulo
esteve preso em Cesaréia, aguardando julgamento (cf. At 23-27).
A
exemplo de outros escritores do Evangelho, Lucas tem em mente determinada
audiência. Para tanto, moldou seu material para reforçar temas de especial
interesse a esse público e aos seus leitores em geral. Muitos concordam que
Lucas escreve para os helenistas, com raízes na cultura grega, cujo ideal é
arete, “excelência”. Lucas, sempre ciente da divindade de Jesus, também o
considerava como o ser humano ideal, capaz de redefinir a excelência.
A
“excelência” em Jesus, é vista não como uma superioridade pessoal em detrimento
dos outros, mas uma superioridade pessoal expressa na preocupação com os
outros. Os demais valores de Jesus são sutilmente desprezados pela sociedade: a
mulher, o pobre, o excluído. A confiança de Jesus na oração e no Espírito Santo
revela a humanidade em sua íntima relação com o universo, dependente de um Deus
que, embora exista além de nós, nos ama de tal maneira que decidiu se envolver
inteiramente em nossa vida. Tudo isro faz de Lucas talvez o mais caloroso e
sensível dos quatro Evangelhos e nos proporciona o mais atraente dos retratos de
Jesus Cristo.
RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia.
Uma análise de Gênesis a
Apocalipse capítulo por capítulo. Editora CPAD. pag. 649.
3.
OS DESTINATÁRIOS ORIGINAIS.
E
inegável que Lucas, como um teólogo, demonstrou um grande interesse pelos fatos
históricos quando redigiu sua obra. O prólogo, escrito a Teófilo, que se
acredita ser um gentio de alta posição social, atesta isso. “Tendo, pois,
muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se
cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o
princípio e foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente
descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já
informado minuciosamente de tudo desde o princípio, para que conheças a certeza
das coisas de que já estás informado” (Lc 1.1-4).
José
Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora CPAD.
pag. 19.
O
próprio autor declara peremptoriamente um dos propósitos que teve, ao escrever
a sua obra, no prefácio deste evangelho (1:1-4). Muitas pessoas haviam escrito
a respeito de Jesus e sua vida admirável, talvez de maneiras incompletas e quiçá
contraditórias; e Lucas desejava suprir uma narrativa em ordem e digna de
confiança para Teófilo (que evidentemente era um alto oficial romano,
possivelmente recém-convertido ao cristianismo). Todavia, também é possível que
Teófilo não fosse o único destinatário porque Lucas pode ter tido o interesse
de suprir um evangelho em ordem e completo para leitores não-judeus. E Lucas
também queria esclarecer, ao governo imperial de Roma, que os cristãos não eram
alguma seita sediciosa e subversiva, e nem mera facção do judaísmo; pelo contrário,
que a sua mensagem é universal, e, por isso mesmo, importante para todos os
povos. Também desejava apresentar um Salvador universal, um grande e compassivo
Médico, Mestre e Profeta, que viera aliviar os sofrimentos humanos e salvar as
almas dos homens.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 1-2.
Entre
os evangelhos sinóticos: Mateus escreveu para os judeus, Marcos para os
romanos, Lucas para os gentios. Tanto o terceiro Evangelho e Atos refletem um
enorme interesse em difundir o cristianismo aos não-judeus. No Evangelho de
Lucas, por exemplo, a fé do centurião Jesus disse foi superior ao de qualquer
judeu é contada; a história do Bom Samaritano, onde Jesus religiosidade quase irônico
dos judeus.
Destinatários-leitores,
apenas um é mencionado: uma Teófilo, o epíteto krátistos 2903 , também se
aplica ao governador romano Félix (Atos 24: 3) (. Atos 26:25) e Festus, e serve
para questionar a noção que Teófilo é simplesmente um termo genérico para todos
os crentes como "amado do Senhor", que é o que o nome-e que indica
uma pessoa de alguma posição (comp. 1 Coríntios. 1:26). No entanto, é possível
que, apesar de ser especificamente destinada a um possível patrono rico do
trabalho, o objetivo geral são precisamente aqueles considerados-o probe
"amado de Deus" (como visto abaixo no comentário) . Mas esta maneira de
abordar esta convertido gentio, Teófilo é realmente uma dedicação. FF Bruce
afirma que o título de "Excelência", se usado com precisão apontar o
que um membro da Ordem Equestre da sociedade romana; mas poderia ser usado de
forma mais geral, como um título de cortesia. Pode notar-se aqui o paralelo com
a dedicação feito por Josephus na sua obra Contra Apion a mais excelente Epaphroditus.
Pode
muito bem ser esperado que Theophilus apoiaria a publicação do livro de Lucas.
O que está claro é que você tinha em mente para os leitores gentios. Por
exemplo, deve-se notar o cuidado Lucas para informar seus leitores sobre pontos
palestiniana relacionados à geografia, mesmo a mais simples, e isso contrasta
com o fato de que seus leitores eram judeus. Por outro lado, Lucas
deliberadamente evita o uso de Aramaisms comorabi ; ou semitismos como hosana .
Isso explica mais uma vez que Lucas escolheu um monte de material sobre os
bandidos da sociedade judaico-romano, incluindo a "leitura de
Nazaré", porque ele queria enfatizar que o ministério de Jesus foi ungido
pelo Espírito do Senhor, que completamente desconhecido para os crentes
gentios.
Daniel Carro; José Tomás
Poe; Ruben O. Zorzoli. Comentário bíblico mundo hispano. Editora Mundo
Hispanico. Casa Batista
de Pulblicaiones.
II - OS FUNDAMENTOS E
HISTORICIDADE
DA FÉ CRISTÃ
1.
O CRISTIANISMO NO SEU CONTEXTO HISTÓRICO.
Como
um escritor inspirado e um teólogo cristão, Lucas mostra que o tempo do
cumprimento das promessas de Deus, preditas nos antigos profetas, havia
chegado. Fica claro para ele que o advento do cristianismo foi precedido pela
renovação do Espírito profético. O último profeta, Malaquias, havia silenciado
cerca de quatrocentos anos antes. Esse hiato entre os dois testamentos é
conhecido como período inter-bíblico. Agora esse silêncio é rompido,
primeiramente pelo anúncio feito a Zacarias, pai de João Batista (Lc 1.13) e
posteriormente a Maria, a mãe de Jesus (Lc 1.28). É, contudo, no ministério de
João Batista, que Lucas mostra a restauração da antiga profecia bíblica: “E, no
ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da
Judeia, e Herodes, tetrarca da Galileia, e seu irmão Filipe, tetrarca da
Itureia e da província de Traconites, e Lisânias, tetrarca de Abilene, sendo
Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho
de Zacarias” (Lc 3.1-2).
Essa
restauração da antiga profecia bíblica, como veremos em capítulos posteriores,
é importante no contexto da teologia carismática de Lucas. Já foi dito que
Lucas escreveu uma obra em dois volumes e esse é um fato importante porque essa
homogeneidade nos ajuda compreender a ação do Espírito Santo na teologia
Lucas-Atos. No Evangelho, Lucas mostra o Espírito atuando sobre o Messias e
capacitando-o para realizar as obras de Deus como havia sido prometido nas
profecias (Lc 4.18; Is 61.1). Por outro lado, no livro de Atos está o
cumprimento da promessa do Messias de derramar esse mesmo Espírito sobre os
seus seguidores (Lc 11.13; 24.49; At 1.8). Em outras palavras, o mesmo
revestimento de poder que estava sobre Jesus Cristo e que o capacitou a curar
os enfermos, ressuscitar os mortos e expulsar os demônios seria também dado a
seus seguidores quando ele fosse glorificado. “De sorte que, exaltado pela
destra de Deus e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou
isto que vós agora vedes e ouvis” (At 2.33); “nós somos testemunhas acerca
destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe
obedecem” (At 5.32).
José
Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora CPAD.
pag. 20.
Tetrarca
(v.l): Governador de uma das quatro partes em que se dividiam alguns estados.
Herodes
(v.l): Herodes, o Grande, era rei dajudéia, de 39 a 4 AC. Seu filho, Herodes
Antipas, que degolou João Batista, era tetrarca da Galiléia, 4 AC a 39 AD.
Herodes
Agripa I, que matou a Tiago (At 12) era rei de 27 a 44 AD.
Eis a
negra lista dos que governavam no lugar de Davi! Tibério, Pôncio Pilatos, Herodes,
Filipe (irmão de Herodes), Anás e Caifás eram homens acerca dos quais sabemos
muito pouco, a não ser que eram cruéis, pérfidos, traiçoeiros e sem escrúpulo.
E
suficiente isto para salientar o fato de haver chegado o tempo da imperiosa necessidade
de João Batista iniciar sua obra.
Nunca
nos convém cair no desespero por causa das nuvens sombrias e ameaçadoras que
pairam mais e mais sobre a humanidade. Como no tempo de João Batista, a
hbertação dos céus pode estar mais perto do que pensamos. Num momento Deus pode
tornar as trevas da meia noite no clarão do meio dia.
Sendo
Anás e Caifás sumos sacerdotes (v. 2): No início, os judeus reconheciam apenas
um sumo sacerdote. Mas depois, parece o costume de ter dois sumos sacerdotes 2
Rs 25.18. Tanto Zadoque como Abiatar, exerciam o ofício de sumo sacerdote no
tempo de Davi, 2 Sm 15.29. Apesar de Anás ter sido deposto por Pilatos, ele
continuava a ter grande influência e exercer muito do poder de seu genro
Caifás. (Vedejo 18.13; At 4.6.)
Veio
no deserto a palavra de Deus a João (v. 2): João, sem dúvida, permanecia no deserto,
onde, separado dos homens, podia discernir melhor a vontade do Senhor.
O
tempo que gastamos dentro de nosso quarto, com a porta fechada e a sós com Deus,
não é tempo perdido.
Somente
aqueles chamados por Deus, aqueles em que o fogo divino arde, devem pregar.
Como pode um homem anunciar as verdades que ele mesmo nunca experimentou? Como
pode testificar de um Salvador que nunca viu? Como pode pregar a Palavra de
Deus se essa Palavra nunca lhe veio? E percorreu... (v. 3): João Batista não
foi desobediente à visão celestial, do v. 2. Produzi pois frutos dignos de
arrependimento (v. 8): João discriminava praticamente os frutos que deviam
produzir: 1) A multidão (v. 10), 2) Aos publicanos, vv . 12,13. 3) Aos
soldados, v. 14. Isso nos ensina que 1) O Evangelho é muito prático.
2) Não
todas as pessoas têm as mesmas tentações, que há certos pecados que nos apegam
mais que outros. (Vede Hb 12.1.)
Orlando
S. Boyer. Espada Cortante 2. Editora CPAD. pag. 53.
1.
Lucas começa com datas pormenorizadas, não no início do ministério de Jeuss,
mas, sim, no início daquele de João. Reflete, assim, a importância crítica do
reavivamento da profecia. E coloca aquilo que se segue firmemente no contexto
da história secular. Visto que Augusto morreu em 19 de agosto de 14 d.C., o
décimo-quinto ano do reinado de Tibério César foi de agosto de 28 d.C. até
agosto de 29 d.C. Alguns argumentam que a contagem deveria começar com a
co-regência de Tibério com Agusuto, 11-12 d.C.; mas nenhum exemplo pode ser
citado de alguém que em qualquer tempo calculasse a data a partir de então. As
datas sempre são a partir do tempo em que Tibério veio a ser imperador. Outros
sustentam que Lucas está usando o método sírio mediante o qual o ano começava
em 1 de outubro. 0 período de 19 de agosto até 30 de setembro seria contado
como o primeiro ano do reinado, e o segundo ano começaria em 1 de outubro.
Assim, chegaríamos ao ano que começou em 1 de outubro de 27 d.C. Se fosse
seguir um sistema judaico semelhante, o ano seria aquele que começava em 1 de
Nisã (março-abril) de 28 d.C.9 Não parece que possamos chegar mais perto de
cerca de 27-29 d.C.
Sendo
Pôncio Pilatos governador. Esta palavra tem significado muito geral, mas uma
inscrição mostra que seu título era “prefeito” (e não “procurador,” conforme
muitas vezes tem sido sustentado). A Judeia fazia parte da região distribuída
por Herodes Magno a Arqueleu, mas este reinou tão mal que seus súditos
dirigiram uma petição aos romanos para que o removessem. Fizeram-no, e
instalaram seu próprio governador em 6 d.C. Pilatos deteve este cargo em 26-36
d.C .Herodes é Herodes Antipas, filho de Herodes Magno. Ficou sendo tetrarca da
Galiléia e da Peréia na ocasião da morte do seu pai em 4 a.C., e deteve o cargo
até 39 d.C. Destarte, reinou durante a maior parte da vida de Jesus sobre o
território em que a maior parte do tempo de Jesus foi passada. A palavra
tetrarca significa, a rigor, um soberano sobre uma quarta parte de uma região, mas
veio a ser empregada para qualquer príncipe insignificante (Herodes Magno, na
realidade, dividiu seu reino em três partes). O irmão de Herodes, Filipe,
reinou sobre sua tetrarquia (que ficava ao nordeste do Mar da Galiléia) de 4
a.C. até 33 ou 34 d.C. Lisânias é um problema. Josefo menciona um homem com
este nome que governou um território extenso a partir da sua capital de Cálquis
até sua morte em 36 (ou 34) a.C. (Antiguidades xv.92) e alguns tiraram a
conclusão de que Lucas enganouse.
Há,
porém, inscrições que se referem a um Lisânias num período posterior que reinou
como tetrarca de Abilene, que fica ao norte das demais regiões mencionadas (ver
a Nota Adicional em Creed). Parece melhor sustentar que Lucas independe de
Josefo e que escreve acerca deste Lisânias posterior. Nada mais se sabe acerca
deste homem.
2.
Lucas passa a acrescentar uma data de especial importância aos judeus, a saber:
a referência aos sumos sacerdotes. Anás era sumo sacerdote em 6-15 d,C.,
quando, então, o governador romano Grato o depôs. Cinco dos seus filhos vieram
a ser sumos sacerdotes no decurso do tempo, e Caifás, que deteve o cargo de 18
até 36 d.C., foi seu genro. Lucas emprega o singular, que demonstra que sabia
que havia um só sumo sacerdote. Parece que quer dizer que Caifás era o detentor
oficial do cargo, mas que Anás ainda exercia grande influência, e talvez que
ainda fosse considerado por muitos judeus como o verdadeiro sumo sacerdote (cf.
At 4:6).
Talvez
valha a pena indicar que quando Jesus foi preso, foi trazido primeiramente a
Anás (Jo 18:13).
Na
ocasião definida de modo tão impressionante, pois, veio a palavra de Deus a
João. A expressão é muito semelhante àquela que se emprega na LXX acerca da
maneira de os profetas receberem sua mensagem (cf. Jí 1:2). Provavelmente visa
colocar João na sucessão profética verdadeira. 3. Ele percorreu toda a
circunvizinhança do Jordão parece significar que João viajava muito no vale do
Jordão. Diferentemente de Mateus e Marcos, Lucas nada diz acerca da aparência e
dos hábitos dietéticos de João. Vai diretamente à mensagem dele. João pregava
batismo de arrependimento para remissão de pecados. Trata-se de um batismo que
segue o arrependimento e que é sinal dele, João conclamava as pessoas a se
voltarem dos seus pecados, A aceitação do batismo era um sinal que assim
fizeram.
O
propósito era o perdão. o batismo era um rito de purificação em certo número de
religiões. Parece certo que neste tempo os judeus usavam o batismo dos
proséütos. Consideravam impuros todos os gentios, de modo que os batizavam
quando se tomavam prosélitos (além de circuncidar os homens). O ferrão que
havia na prática de João era que aplicava aos judeus a cerimônia considerada
apropriada para os gentios impuros. Muitos judeus esperavam que no julgamento
Deus tratasse duramente com os pecadores gentios, mas que os judeus, os
descendentes de Abraão, o amigo de Deus, estariam seguros. João denuncia esta
atitude e remove a imaginada segurança.
Leon L. Morris. Lucas. Introdução
e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 89-91.
No
versículo 1, Lucas faz menção de várias regiões políticas nas quais o país dos
judeus fora dividido e que existia quando João começou seu ministério público.
Os seis
itens cronológicos aos quais Lucas faz menção serão comentados na ordem 2, 3,
4, 5, 6, 1. Essa seqüência será seguida porque, como este autor a vê, o sexto
item lança luz sobre a compreensão correta do item 1.
2. A
palavra de Deus veio a João, filho de Zacarias, “sendo Pôncio Pilatos
governador da Judeia”. Veja o esquema dado no comentário sobre Lucas 2.1.0 que sucedeu foi o seguinte: Herodes o Grande elaborou um testamento que foi por ele
revisado várias vezes. No momento de sua morte (em ou antes de 4 de abril do
ano 4 a.C.), o governo romano permitiu que a última revisão fosse reconhecida.
Conseqüentemente, Arquelau, um filho que Herodes o Grande teve com Maltace, foi
feito etnarca da Judeia, Samaria e Iduméia. Veja o gráfico da árvore
genealógica de Herodes na página 268, vol. 1, de C.N.T. sobre Mateus. Devido,
porém, ao fato de Arquelau ter sido um governante cruel (veja novamente C.N.T.
sobre Mateus, vol. 1, pp. 265, 266 para obter detalhes), ele foi deposto no ano
6 d.C. O imperador designou então um “governador” para substituir Arquelau, e a
tríplice região, que então passou a chamar-se província da Judeia, passou a ser
uma divisão da prefeitura da Síria, de modo que o governador ficasse, em alguma
medida, subordinado ao legado da Síria. Não obstante, na própria Judeia, o
governador exercia autoridade irrestrita.
Os
governadores seguiam uns aos outros em rápida sucessão. A província da Judeia não foi uma exceção. Pôncio Pilatos foi o quinto desses “governadores”. Nessa
qualidade, ele governou de 26 a 36 d.C. E óbvio que as duas teorias mencionadas
antes - ou seja, (a) e (b) - são compatíveis com essas datas.
3.
“Herodes, tetrarca da Galiléia.” Esse homem, comumente conhecido como “Herodes
Agripa”, era irmão de Arquelau. O mesmo fato que fez Arquelau um “etnarca”, fez
Herodes Antipas um “tetrarca” da Galiléia (e Peréia). Este permaneceu em sua
posição de 4 a.C. a 39 d.C., quando foi banido para Lião, na Gália. Para os
fatos que o levaram a seu desterro, veja C.N.T. sobre Mateus, vol. 2, p. 125.
Algum tempo depois o domínio que lhe fora tirado foi agregado ao reino de
Herodes Agripa I, o Herodes a que faz referência Atos 12.
Herodes
Antipas é o “Herodes” que encontramos nos Evangelhos (com exceção de Mt 2.1-19
e Lc 1.5, onde a referência é a seu pai, Herodes I, o Grande). É
evidente que o longo reinado como tetrarca deixa amplo espaço às teorias (a) e
(b).
4.
“Seu irmão Filipe, tetrarca da região de Ituréia e Traconite.” Filipe era um
filho de Herodes I com Cleópatra de Jerusalém (não confundir com a Cleópatra
egípcia). A informação que temos dele devemos, em sua grande parte, a Josefo,
Antigüidades XVIII106-108. Filipe foi quem ampliou e embelezou a cidade de
Paneas, situada próximo à nascente do Jordão, e a chamou Cesaréia. Para
distinguir esse lugar da Cesaréia no Mediterrâneo, começou a ser chamada
“Cesaréia de Filipe” (Mt 16.13). Ele também ampliou Betsaida, isto é, a Betsai-
da localizada próximo à confluência setentrional do lago da Galiléia e do rio
Jordão, e a chamou Betsaida Júlia, em honra de Júlia, filha do imperador
Augusto, supramencionada (veja p. 192). Segundo Josefo, esse Filipe foi um
homem de excelente caráter, alguém que teve cuidado especial por seu povo. Ele
governou de 4 a.C. até sua morte, em 34 d.C. No que se refere a seu reinado, tanto
a teoria (a) quanto a (b) podem ser corretas.
5. “E
Lisânias, tetrarca de Abilene.” A afirmação de Lucas já não está só, como
sucedeu durante muitos anos. Foi confirmada por uma inscrição numa rocha a
oeste de Damasco.165 Essa inscrição afirma que Lisânias realmente foi
governador dessa região, e num tempo em que novamente não apresenta nenhum
problema a ambas as teorias (a) e (b).
6. “E
sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás.” Anás (ou “Ananus”, como Josefo o chama)
fora designado sumo sacerdote por Quirino no ano 6 a.C., e foi deposto por
Valério Grato em cerca do ano 15 d.C. Mas, embora deposto, ele continuou sendo
por longo tempo o espírito predominante do Sinédrio. Cinco filhos e um neto o
sucederam no sumo sacerdócio; também um genro, o mesmo mencionado por Lucas, a
saber, Caifás. Este último manteve o ofício sumo sacerdotal de 18 a 36 d.C. O
Novo Testamento se refere a Caifás nas seguintes passagens (além de Lc. 3.2):
Mateus 26.3, 57; João 11.49; 18.13, 14, 24, 28; e Atos 4.6; a Anás, também em
João 18.13, 24; Atos 4.6.
Pode
parecer estranho que Lucas identifique o começo do ministério de João Batista
com o sumo sacerdócio não só de Caifás, mas “de Anás e Caifás”. Anás,
afinal de contas, foi deposto de seu ofício em 15 d.C., bem antes de o
ministério de João Batista começar, segundo as teorias (a) e (b). Podemos
compreender que Lucas identifique o começo do ministério de João com o sumo
sacerdócio de Caifás (18-36 d.C.), mas por que o de Anás?
Não
obstante, Lucas está certo. Ele está pensando na situação real, não unicamente
oficial. A verdadeira situação era que tanto Anás quanto Caifás eram os
condutores durante todo o período do ministério de João e durante o tempo que
durou o ministério de Cristo; Anás, com a mesma autoridade de Caifás - talvez
com mais autoridade ainda que Caifás. Para mais informação acerca desses dois
homens, veja C.N.T. sobre João 11.49-52; 18.13, 19-28. Também aqui as teorias
(a) e (b) podem estar certas.
1.
Voltamos agora ao primeiro item cronológico dado por Lucas, a saber, “No ano
décimo quinto do império de Tibério César... a palavra de Deus veio a João,
filho de Zacarias ...”
Há
quem argumente dizendo que, já que João começou seu ministério “no ano décimo
quinto de Tibério César”, e já que Tibério começou a reinar quando da morte do
Imperador Augusto em 19 de agosto do ano 14 d.C., o ministério de João deve
ter-se iniciado no ano 28 ou, talvez, em 29 d.C. Para uma defesa da teoria (b)
e nossos contra-argumentos.
HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Lucas I. Editora Cultura Cristã.
pag. 269-272.
2.
DISCIPULADO ATRAVÉS DOS FATOS.
Lc 1.4.
O verbo instruído ê freqüentemente usado para a instrução dos convertidos
cristãos ou os interessados {katècheõ; ver Atos 18:25; 1 Co 14:19, etc.).
Alguns deduzem que Teófilo era crente, e apoiam esta ideia com o argumento de
que dificilmente teria sido o patrocinador literário de Lucas se não o fosse.
Contra a ideia, no entanto, insiste-se que provavelmente teria sido chamado
“irmão” se fosse crente. De qualquer maneira, o verbo pode ser usado de um
relatório tanto hostil como errado (e, g. Atos 21:21, 24), de modo que devamos
conservar aberta a possibilidade de que não passasse dalguém de fora que estava
interessado. Certamente sabia alguma coisa acerca da fé cristã, e Lucas quer
que ele saiba as verdades dela. Ne d B. Stonehouse entende que a verdade é especialmente
importante no Prólogo. O “impacto principal” do Prólogo é “que o cristianismo é
verdadeiro e é capaz de confirmação mediante o apelo aquilo que acontecera.”
Leon L. Morris. Lucas. Introdução
e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 63-64.
Lc 1.4.
Para que conheças, um segundo subjuntivo aoristo ativo, “plenitude de
conhecimento”, além do conhecimento que ele já tem.
A
certeza sem deslizar (tropeçar ou cair, e a negação). Lucas promete
uma narrativa confiável. “Teófilo saberá que a fé que ele abraçou tem uma
inexpugnável fundação histórica”.
Das
coisas, literalmente, palavras, os detalhes das palavras na instrução.
Estás
informado um primeiro indicativo aoristo passivo. Ele não é encontrado no
Antigo Testamento, e é raro no grego antigo, mas aparece nos papiros. A palavra
é a nossa palavra eco; (repetir, instruir, dar instrução oral. (Cf. 1 Co 14.9;
At 21.21,24; 18.25; G1 6.6). Os homens, que davam o ensinamento, eram chamados
catequistas e os que recebiam a instrução eram chamados catecúmenos. Se
Teófilo era ainda um catecúmeno, não se sabe. Este prefácio, escrito por Lucas,
está em Koivf| literário esplêndido, e não é superado por nenhum autor grego
(Heródoto, Tucídides, Políbio). É inteiramente possível que Lucas estivesse
familiarizado com este hábito dos historiadores gregos de escrever prefácios,
uma vez que ele era um homem culto.
A.
T. ROBERTSON. COMENTÁRIO LUCAS À Luz do Novo Testamento Grego. Editora
CPAD. pag. 27.
Observe
por que Lucas enviou o Evangelho a “Teófilo”: Eu lhe escrevi estas coisas não
para que você possa dar reputação ao trabalho, mas para que você possa ser
edificado por ele, (v. 4): “Para que conheças a certeza das coisas de que já
estás informado.” 1. Está implícito que Teófilo fora instruído sobre estas
coisas, antes do seu batismo, ou logo depois, ou ambas as hipóteses, de acordo
com a lei, Mateus 28.19,20. Provavelmente Lucas o batizara, e sabia o quão
instruído ele estava; peri hon katecheth.es - a respeito daquilo com que você
fo i catequizado-, esta é a palavra; os cristãos de maior conhecimento
começavam sendo catequizados (ou discipulados). Teófilo era uma pessoa de
qualidade, talvez de família nobre; e mais esforços devem ser empreendidos com
tais pessoas quando são jovens, para ensiná-las os princípios dos oráculos de
Deus, para que possam ser fortalecidas contra as tentações, e capacitadas para
as oportunidades, sim, aos que têm uma elevada condição no mundo. 2. A intenção
era que ele conhecesse a certeza destas coisas, compreendendo-as mais
claramente e crendo mais firmemente. Existe uma certeza no Evangelho de Cristo,
existe algo sobre o que podemos edificar; e aqueles que são bem instruídos nas
coisas de Deus quando são jovens, mais tarde devem procurar diligentemente conhecer
a certeza de tais coisas – conhecer não somente aquilo em que cremos, mas saber
por que cremos nisto, para que possam ser capazes de dar “a razão da esperança”
que há em nós.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 509.
III - A UNIVERSALIDADE DA
SALVAÇÃO
1.
A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO.
A
história da Salvação no terceiro Evangelho é revelada em seu aspecto particular
e universal. Sem dúvida a ênfase maior está na universalidade da Salvação.
Jesus veio para os judeus, mas não somente para estes, ele veio também para os
gentios. A Salvação é para todos! Esse princípio teológico de Lucas fica em
evidência quando se observa o lugar que os excluídos ocupam nos seus registros.
No anúncio do nascimento de Jesus feito pelos anjos aos camponeses foi dito:
“Vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo” (Lc 2.10).
José
Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora CPAD.
pag. 21.
No
primeiro enunciado (v. 16), Jesus declara que a lei e os profetas duraram até
João. João Batista é ao mesmo tempo o fim da antiga era e o início da nova. Ele
havia recebido o ministério de preparar o povo para a chegada do Messias (v.
1:57-80; 3:120).
Desde
então (desde o Batista) é anunciado o reino de Deus, a saber, o reino é pregado
por Jesus e seus apóstolos (v. a nota abaixo, a respeito da última parte do v.
16). Conforme vimos na Introdução (v. a p. 22ss.), Lucas 16:16 é um versículo
importante para que se entenda o conceito do evangelista a respeito da obra
redentora de Deus na história. Parece que Lucas entendia que a história era
formada de três eras, ou épocas (v. Fitzmyer, p. 185). A primeira época é
mencionada em Lucas 16:16a, que vai da criação ao aparecimento de João Batista.
E o período da “lei e dos profetas”. Com o surgimento de João Batista,
encerra-se esse período e inaugura-se outro. Esse segundo período, mencionado
no v. 16b, é o período de Jesus na terra, quando o Senhor proclamou “as Boas
Novas do reino de Deus. A terceira época é o período da igreja, como se pode
verificar em Atos 1:6-8; nesse tempo os seguidores de Jesus pregam a fé da
páscoa (v. Atos 2:16-39). Durante esse tempo a igreja tem a ordem de pregar as
Boas Novas por todo o mundo (Atos 1:8).
Craig
a. Evans. Comentário Bíblico
Contemporâneo. Lucas. Editora Vida. pag. 278.
O
Senhor Jesus passou a se dirigir aos publicanos e pecadores como os candidatos
que mais provavelmente seriam os objetos da operação do seu Evangelho, do que
aqueles fariseus avarentos e presunçosos (v. 16): “A Lei e os Profetas duraram
até João, e a dispensação do Antigo Testamento, que estava limitada a vós,
judeus, continuou; até que João Batista apareceu a vós, que parecíeis ter o
monopólio da justiça e da salvação, e estais envaidecidos com isto, e isto vos
confere uma elevada estima entre os homens, que vos consideram como os maiores
estudantes da lei e dos profetas.” Mas, desde que João Batista apareceu, o
Reino de Deus é anunciado. Esta é a dispensação do Novo Testamento, que não avalia
os homens por serem doutores da lei, mas todo homem entra no reino do Evangelho, gentios bem como judeus, e nenhum homem se considera tão bom ou merecedor
de tamanha misericórdia a ponto de deixar que suas qualidades passem adiante de
si, ou de permanecer até que os príncipes e os fariseus o conduzam por este
caminho. Esta não chega a ser uma constituição nacional política como era o
governo judaico, quando a salvação era somente dos judeus; mas é como uma
preocupação pessoal específica. E, assim, todo homem que está convencido de que
tem uma alma para salvar, e uma eternidade para a qual deve se preparar, se
esforça para entrar, para que o seu acesso ao céu não seja barrado por causa de
alguma ninharia ou lisonja”. Alguns dão este sentido a esta palavra; eles
zombavam de Cristo ou falavam com desprezo das riquezas, porque pensavam da
seguinte forma: Não havia muitas promessas de riquezas e outras coisas
temporais boas na lei e nos profetas? E grande parte dos melhores servos de
Deus não era composta por muito ricos, como Abraão e Davi? “E verdade,” disse Cristo,
“assim foi, mas agora que o Reino de Deus começou a ser anunciado, as coisas
tomam um novo rumo: agora bem-aventurados são os pobres, os que choram, e os
que são perseguidos.” Os fariseus, para retribuírem ao povo pela opinião
elevada que tinham deles, permitiam que tivessem uma religião insignificante,
fácil e formal. “Mas,” disse Cristo, “agora que o Evangelho é anunciado, os
olhos das pessoas são abertos. E como não podem ter, agora, uma veneração pelos
fariseus, como vinham tendo, eles não podem se satisfazer com tal indiferença na
religião, como haviam sido instruídos, mas se lançam com uma santa violência
para dentro do Reino de Deus”. Observe que aqueles que querem ir para o céu devem
padecer, devem lutar contra a corrente, devem produzir uma forte impressão na
multidão que está indo na direção contrária.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 664.
A
vinda de Jesus marcava uma linha divisória. Até então, a revelação de Deus
tinha sido feita na lei (a rigor: os livros de Gênesis até euteronômio) e os
profetas. A expressão combinada representa a totalidade do Antigo Testamento.
Operava bem até aos tempos de João Batista. Conzelmann atribui muito
significado a esta passagem. Entende que “o período de Israel” durou até este ponto,
inclusive o ministério de João. Enfatiza isto mais do que as palavras de Lucas
exigem, mas há, sem dúvida, uma ênfase sobre a nova situação causada pela vinda
de Jesus. Agora, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus. O reino é o
tópico predileto de Jesus no Seu ensino (ver sobre 4:43). Representa o domínio
de Deus na totalidade da vida.
Leon L. Morris. Lucas. Introdução
e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 235-236.
2.
A SALVAÇÃO EM SEU ASPECTO UNIVERSAL.
Todo o
povo, e não apenas os judeus, era objeto da graça de Deus. E inegável a atenção
que se dá aos pobres, excluídos e marginalizados no Evangelho de Lucas. O
Espírito Santo estava sobre Jesus para “evangelizar os pobres” (Lc 4.18). É
interessante observarmos que a palavra grega ptochoi, traduzida como pobres,
significa alguém que possui alguma carência. E exatamente esses carentes que
Jesus irá priorizar em seu ministério. Ele dará grande atenção aos publicanos,
pecadores, mulheres e aos samaritanos que eram discriminados naquela cultura
(Lc 5.32; 7.34-39;9.51-56; 10.3; 15.1; 17.16; 18.13; 19.10).
Essa
Salvação predita pelos profetas, anunciada pelos anjos e declamada em forma
poética pelo sacerdote Zacarias e Maria, mãe de Jesus, é também de natureza
escatológica. A teologia lucana mostra João anunciado a chegada do Reino e
Jesus estabelecendo-o durante o seu ministério. Todavia esse Reino inaugurado
pela manifestação messiânica (Lc 4.43; 8.1; 9.2; 17.21) ainda não está revelado
em toda a sua extensão. Já podemos, sim, viver a sua realidade no presente, mas
a sua plenitude somente na sua parousial (At 1.6-11).
Essa é
a nossa esperança!
José
Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora CPAD.
pag. 21.
Apesar
de suas origens judaicas, todavia, o cristianismo deveria ser reputado como
religião universal, porque não reconhecia qualquer limitação racial ou
cultural. O evangelho de Lucas traça a genealogia de Jesus até A dão, e não até
Abraão; e esse fato, por si mesmo, é extremamente significativo, porquanto
subentende universalidade. Jesus foi declarado pelo profeta Simeão como
«...luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel» (Lucas
2:32). No evangelho de Lucas, em seu sermão inaugural, Jesus asseverou que
Elias não fora enviado às muitas viúvas de Israel, e, sim, a Sarepta, na terra
de Sidom, ao passo que Eliseu não purificou nenhum dos muitos leprosos que
havia em Israel, mas tão-somente a Naamã, o sírio. Um samaritano, e não um
judeu, é o herói de uma das mais coloridas parábolas do evangelho de Lucas.
Quando Jesus curou os dez leprosos, apenas um, um agradecido samaritano,
regressou para louvar a Deus e dar-lhe graças. Além desses fatos, também
devemos notar que o próprio evangelho de Lucas prepara o caminho para o livro de
Atos, que é, bem definidamente, uma descrição sobre a evangelização universal,
feita pelos cristãos primitivos.
E é
assim que ouvimos Pedro a pregar: «Reconheço por verdade que Deus não faz
acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz
o que é justo lhe é aceitável» (Atos 10:34,35). E é ali, igualmente, que encontramos
as palavras de Paulo e Bamabé: «Eu te constituí para luz dos gentios, a fim de
que sejas para salvação até aos confins da terra » (Atos 13:46,47). Por
conseguinte, pode-se ver claramente que um dos grandes temas deste evangelho é a—universalidade—da
mensagem cristã.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 2.
A
medida que o evangelho se espalha, torna-se aguda a questão de como os gentios
se enquadram no plano redentor de Deus. Visto que muitos gentios na verdade
creram e se uniram à igreja, que crescia rapidamente, ergueu-se, como seria
natural, a questão: o que os gentios tinham que ver com um movimento religioso
predominantemente judaico, enraizado em Israel, com suas promessas
escriturísticas? Para Lucas a resposta tinha aspectos tanto positivos quanto
negativos. De modo positivo, o evangelho do reino deveria ser oferecido a
todos. O livro de Atos registra a divulgação do evangelho primeiro entre os
judeus (Atos 2:5—7:60), depois aos samaritanos, que eram judeus “mestiços”
(Atos 8:2-24), depois aos gentios “tementes a Deus” (algumas traduções dizem
“piedosos”) que haviam recebido instruções anteriores na fé judaica (Atos 10:1
— 11:18) e finalmente a gentios que jamais haviam tido contato com o judaísmo
(Atos 13:2—28:31). O hábito de Paulo durante suas viagens missionárias de
entrar primeiro nas sinagogas para pregar a seus compatriotas judeus (v. Atos 13:16-41;
14:1-3; 17:1-3, 10-12; 18:2-4) reflete esse padrão e exprime-se por essa
filosofia de evangelização bem conhecida: “primeiro do judeu, e também do
grego” (Romanos 1:16; 2:10). Outra evidência positiva da legimitidade dos
gentios como membros participantes do movimento judaico messiânico foi o fato
de os gentios receberem o batismo do Espírito Santo.
A
semelhança dos apóstolos judeus (Atos 2:2-4), samaritanos e gentios também
receberam o Espírito Santo (Atos 8:14-17; 10:44-47; 11:15-18). Nas palavras de
Paulo, os primeiros cristãos, independentemente de identidade étnica, foram
“batizados em um só Espírito... e a todos nós foi dado beber de um só Espírito”
(ICoríntios 12:13).
Lucas
também oferece uma resposta negativa à questão gentílica. Houve uma razão
explícita para o fato de os missionários se voltarem para os gentios: a
incredulidade dos judeus e sua rejeição do evangelho. Que a liderança religiosa
judaica se opunha ao ensino apostólico se evidencia logo de início no registro
de Atos (Atos 4:1-22; 5:17-42). Essa oposição representa apenas a continuação
da descrença que Jesus havia encontrado previamente (Lucas 19:47,48;
20:1-8,19,20; 22:47,23:25), a qual era característica do renitente Israel (Lucas
13:34). De fato, Lucas vai à origem da descrença dos fariseus na pregação de
João Batista: “Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de
Deus quanto a si mesmos, não tendo sido batizados por ele” (Lucas 7:30). A
mudança formal da evangelização dirigida primordialmente aos judeus para uma
evangelização voltada para os gentios encontra-se no sermão temático de Paulo
em Atos 13:16-47. Paulo adverte seus compatriotas judeus a que não endureçam o
coração à pregação do evangelho e cita uma profecia ominosa de Habacuque: “Vede
entre as nações, e olhai, e maravilhai-vos, e admirai-vos, porque realizo em vossos
dias uma obra, que vós não crereis, quando vos for contada” (Habacuque 1:5,
citada em Atos 13:41). Exatamente como Paulo temera, os judeus começaram a
encher-se “de inveja, e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava” (Atos
13:45). Então, Paulo declara: “Era necessário que a vós se pregasse primeiro a
palavra de Deus. Mas, visto que a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida
eterna, voltamo-nos para os gentios” (Atos 13:46).
Como
justificativa dessa nova estratégia Paulo cita Isaías 49:6, de que Simeão havia
mencionado parte (Lucas 2:32), ao contemplar o menino Jesus; aquele ancião
reconhecera o significado de Jesus para o mundo: “Eu te pus para luz dos
gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra” (Atos
13:47). Diferentemente dos judeus rebeldes e incrédulos, os gentios se
regozijaram e reagiram demonstrando fé (Atos 13:42,43,48).
Essa
mudança de judeus para gentios tem origem no próprio cerne do ensino de Jesus,
com respeito a como ser membro do reino de Deus. Não é, portanto, uma solução
repentina e provisória, diante de uma circunstância inesperada. Em numerosas
passagens, algumas das quais encontram-se apenas no evangelho de Lucas, Jesus
declara que certas pessoas, cuja aparência sugeriria serem as mais prováveis
receptoras do favor de Deus, e segundo os padrões humanos seriam consideradas
merecedoras desse favor divino, nem sempre se mostram receptivas à presença de
Deus. Muita gente “confiante” em sua salvação e em suas recompensas vir-se-á um
dia sob julgamento. E outros indivíduos, que pareceriam menos religiosos, que teriam
recebido menos bênçãos nessa vida, poderão vir a ser recompensados e abençoados.
O exemplo clássico dessa ideia se encontra na parábola do rico e Lázaro (Lucas
16:19-31). O rico gozou de todas as boas coisas que essa vida poderia oferecer.
Vestia-se bem e alimentava-se bem, morando numa bela mansão. Lá fora, na rua,
todavia, jazia o pobre Lázaro, esfarrapado, subnutrido, doente e desabrigado.
Contrariando a crença popular da Palestina do primeiro século, Lázaro foi para
o céu e o rico para o inferno. Por que a história terminou dessa maneira, e por
que tal fim contrariou a expectativa popular? NãO se lê que Lázaro fosse pessoa
virtuosa; tampouco somos informados de que o rico era homem perverso (embora,
por inferência, entendamos que fosse bastante insensível às necessidades
daquele seu pobre semelhante). O rico vai para o inferno não por ter sido rico,
nem porque desprezou a Lázaro; de modo semelhante, Lázaro foi para o céu, não
por ter sido pobre e doente. A ênfase que o Jesus traçado por Lucas coloca
nessa parábola é que as aparências, a posição social e os padrões de vida não
dão indicação segura da posição que a pessoa ocupa perante Deus.
Leon L. Morris. Lucas. Introdução
e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 22-24.
Este
Evangelho apresenta a Jesus como o Homem ideal e como o Salvador de todos os
tipos de homens. Aqui vemo-Lo passar por todos os estágios de uma vida humana
normal, da infância, através da meninice, até adulto amadurecido. Aqui Ele é
visto atingindo a vida humana em todos os seus lados, entrando na vida
doméstica do povo e movendo-Se entre todas as classes da sociedade. Lucas torna
claro que a simpatia de Jesus dirigiu-se especialmente para com os pobres, os
quais compõem a grande maioria da humanidade, e para com as mulheres, as quais
eram desprezadas tanto pelos judeus como pelos gentios naquele mundo antigo.
O
evangelho universal que Paulo pregava daria a Lucas a base para o retrato que
ele pinta do Salvador, e a própria denominação que Lucas tinha como o “médico
amado” dar-lhe-ia uma compreensão simpática da natureza e necessidades do
homem.
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Lucas. pag. 3-4.
IV - A IDENTIDADE DE JESUS, O
MESSIAS ESPERADO
1.
JESUS, O HOMEM PERFEITO.
Seu
nome é Filho de Deus não por causa de quaisquer façanhas extraordinárias ou por
causa de uma graça que posteriormente se derrama sobre Ele, mas por ter sido em
essência e desde a eternidade o Filho perpétuo de Deus – por isso ele também
continuou sendo o Filho de Deus no momento de se tornar humano, em virtude de
sua maravilhosa geração, ocorrida a partir de Deus por intermédio do Espírito
Santo. Cristo é verdadeiro Deus, porém da mesma maneira verdadeiro ser humano.
Jesus é o único ser humano que certamente precisava nascer, mas não renascer.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica
Esperança.
«Filho
de Deus». Embora esse apelativo tenha uma aplicação mais ampla do que apenas o
nome de «Cristo», e talvez nao contenha qualquer idéia de deidade, dependendo
do contexto em que se encontra, aparece aqui para indicar uma relação toda
especial com Deus—provavelmente a participação na mesma essência—assim
ensinando indiretamente a divindade de Cristo.
Foi
atribuído, sob diferentes circunstâncias a Israel, a reis e a sacerdotes, como
título. Em algumas referências, quando Cristo está em foco, não há qualquer
intenção de destacar essa relação especial com Deus ou com a natureza divina de
Jesus. Se acompanharfnos o uso dessa expressão pelas páginas sagradas,
haveremos de encontrar as seguintes declarações: 1. Jesus é identificado com o
personagem profético do Messias davídico do V.T.
2. Reivindica
uma relação especial, existente entre Jesus e Deus Pai.
3. Às vezes
indica a natureza divina de Jesus, e até mesmo a perfeita união com o Pai (João
5:19,30; 16:32; Heb. 1:3,4).
4.
Embora tenha sido inicialmente aplicada ao Messias davídico, posteriormente
assume qualidades transcendentais e se torna um título de Jesus Cristo, com o
intuito de indicar a sua natureza divina.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 16.
Este é o primeiro emprego que Lucas faz da
expressão o Filho do homem, que empregará, ao todo, vinte e seis vezes. É a
designação predileta de Jesus para Si mesmo, e acha-se mais de 80 vezes nos
Evangelhos, e isto em todos os estratos que os críticos discernem em todos os
quatro Evangelhos. É empregada somente por Jesus (excetuando-se Estêvão em At
7:56). Parece ser Sua maneira de referir-Se ao Seu messiado com o emprego de um
termo que não despertaria as associações erradas nas mentes dos homens. O Filho
do homem, pois, falou a palavra da cura e ordenou o paralítico que tomasse seu
leito e fosse para casa.
Leon L. Morris. Lucas. Introdução
e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 112.
Filho do homem. Expressão hebraica que
significa, principalmente, uma posição humilde, depravação, ou ausência de
privilégios especiais. Por cerca de oitenta vezes essa expressão é usada para
indicar Jesus, e não é usada com referência a algum profeta por vir, como al^ns
supõem. Mat. 16:13-15 mostra que embora Jesus tivesse falado na terceira
pessoa, o termo se refere a ele
mesmo.Essa expressão podecontér dois sentidos principais: 1. Apresentação de
Jesus como ser humano típico, isto é, representante da raça humana. Esse é o
significado comum dos termos que contêm a expressão «filho de». 2.
Identificação que Jesus fez de si mesmo com a personagem profética de Dan,
7:13,14. Isso fica claro em I Crô. 16:13-17. Tudo indica que Jesus usou esse
termo com ambos os sentidos. Sua missão usualmente é implícita, incluindo até a
sua missão futura, ambas em um segundo advento (Mat. 10:23), e como juiz
universal (João 5:22-27). Neste versículo, a ênfase recai sobre a idéia de sua
posição humilde, como homem, idéia de aviltamento.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 343.
2.
O MESSIAS E O ESPÍRITO SANTO.
O
Espírito do Senhor é sobre mim, pois me ungiu para... (v.18): Notem-se os cinco
ofídos com que o Espírito Santo habilitoujesus: 1) Evangelista, “pois me ungiu
para evangelizar os pobres”. Uma das marcas mais notáveis da divindade do
ministério de Cristo, em grande contraste a qualquer outra obra no mundo, foi a
de evangelizar “a toda criatura”, inclusive aos pobres e desprezados. 2) Médko,
“enviou-me a curar”.Jesus, ao voltar do deserto, iniciou Sua investida tríplice
contra o reino de Satanás (Mt 4.23): O diabo dominava os pensamentos dos
homens, Jesus os livrara ensinando. O mesmo inimigo escravizava a vontade dos
homens, Jesus a libertava pregando o Evangelho. Satanás afligia os corpos e as
almas dos homens por meio de doenças e demônios, Jesus os curava. 3)
Libertador, “a apregoar liberdade aos cativos”. Jesus é o verdadeiro Emancipador,
rompendo o poder do mal sobre a vida dos homens. 4) Uurrúna/hr, “dar vista aos
cegos”. Sua obra de restaurar vista aos cegos servia como símbolo de Ele restaurar
vista, também, aos olhos espirituais. Note-se como Cristo primeiramente abriu
os olhos físicos ao cego de nascença (Jo 9) e depois seus olhos espirituais.
Ele é que ilumina, pois é a Luz do mundo, Jo 9.5. 5) Restaurador, “anundar o
ano aceitável do Senhor.” (Comp. 2 Co 6.2.) Isto é, Cristo anundava a chegada
da era de grandes favores dos céus para os homens. Refere-se primeiramente ao
ano do jubileu. (Vede Lv 25.8-22.) De cinqüenta em cinqüenta anos o sacerdote
tocava a trombeta anundando a vibrantíssima notída de que chegara o dia 1) de
todos os escravos ficarem livres, 2) de todas as terras reverterem aos seus
primeiros proprietários, 3) de perdão generoso de dívidas. O Senhor pregava,
proclamando, o jubileu espiritual, quando os cativos de Satanás foram soltos,
quando a dívida do pecado foi cancelada, e quando a herança perdida pelo
primeiro Adão, foi restaurada pelo segundo Adão.
Orlando
S. Boyer. Espada Cortante 2. Editora CPAD. pag. 61.
Em
primeiro lugar, como O Senhor Jesus foi qualificado para o trabalho: O Espirito
do Senhor é sobre mim. Todos os dons e graças do Espírito foram outorgados a Ele,
não por medida, como a outros profetas, mas sem medida, João 3.34. Ele veio
pela virtude do Espírito, v. 14. Em segundo lugar, Como Ele foi comissionado:
Pois que me ungiu e enviou-me. A sua qualificação extraordinária elevou-se a
uma comissão; o fato de ter sido ungido significa ser adequado para a tarefa
como também chamado para ela. Deus unge aqueles que Ele elege para qualquer
serviço: Uma vez que Ele me enviou, Ele enviou o seu Espírito comigo. Em
terceiro lugar, qual era a sua obra. Ele foi qualificado e comissionado: 1.
Para ser um grande profeta. Ele foi ungido para pregar; isto é mencionado três
vezes aqui, pois esta era a obra que Ele agora estava iniciando. Observe: (1) A
quem Ele deveria pregar: aos pobres; àqueles que eram pobres no mundo, a quem
os doutores judeus desdenhavam, não os ensinavam, e falavam deles com desprezo;
aos que eram pobres de espírito, aos mansos e humildes, e àqueles que estavam
verdadeiramente tristes pelo pecado: por eles o Evangelho e a graça serão bem
recebidos, e eles os terão, Mateus 11.5. (2) O que o Senhor Jesus deveria
pregar. Em geral, Ele deve pregar o Evangelho. Ele é enviado euangelizesthai -
para evangelizá-los; não só para pregar a eles, mas para tornar esta pregação
efetiva; para trazer o evangelho não só aos seus ouvidos, mas aos seus
corações, e moldá-los conforme o seu propósito. Três coisas que Ele deve
pregar: [1] Liberdade aos cativos. O evangelho é uma proclamação de liberdade,
como aquela que beneficiou Israel no Egito e na Babilônia. Pelos méritos de Cristo,
os pecadores podem ser libertados das cadeias da culpa, e pelo seu Espírito e
pela sua graça da servidão da corrupção. É uma libertação da pior das
escravidões pela qual serão beneficiados todos aqueles que estiverem desejosos
de fazer de Cristo a sua Cabeça, e de serem governados por Ele.
[2]
Dar vista aos cegos. Ele veio não só pela Palavra de seu Evangelho para trazer
luz para aqueles que estavam nas trevas, mas pelo poder da sua graça, para dar vista
aos cegos; não só ao mundo gentílico, mas a toda alma pecadora que não está
somente na servidão, mas em cegueira, como Sansão e Zedequias. Cristo veio para
nos dizer que Ele tem um colírio para nós; para termos este colírio só é
necessário que o peçamos. Se a nossa oração for: Senhor, que os nossos olhos
possam ser abertos, a sua resposta será: Receba a tua visão. [3] O ano
aceitável do Senhor, v. 19. Ele veio para deixar o mundo saber que Deus, a quem
eles haviam ofendido, estava disposto a se reconciliar com eles, e a aceitá-los
em novos termos; que ainda havia uma maneira de tornar o serviço deles
aceitável a Ele; que há agora um tempo de boa vontade para com os homens. Esta
bênção faz alusão ao ano da libertação, ou do jubileu, que era um ano aceitável
para os servos, que estavam agora sendo colocados em liberdade; aos devedores,
contra os quais todas as ações foram anuladas; e para aqueles que haviam hipotecado
as suas terras, porque então retornariam a elas. Cristo veio para tocar a
trombeta do jubileu; e bem-aventurados foram aqueles que ouviram o som festivo,
Salmos 89.15. Era um tempo aceitável, porque era um dia de salvação.
2.
Cristo veio para ser um grande Médico; porque Ele foi enviado para curar os
quebrantados de coração, para consolar e curar as consciências aflitas, para
dar paz àqueles que estavam perturbados e humilhados pelos pecados, e sob o
medo da ira de Deus contra eles por causa desta situação. O Senhor veio para
trazer descanso para aqueles que estavam cansados e oprimidos sob o fardo da
culpa e da corrupção.
3.
Para ser um grande Redentor. Ele não só proclama a liberdade aos cativos, como
fez Ciro aos cativos na Babilônia (Quem quer que desejar, poderá subir), mas o Senhor
coloca em liberdade aqueles que são oprimidos. Ele, pelo seu Espírito, os
inclina e capacita para fazerem uso da liberdade concedida, como até então
nenhum deles havia feito, exceto aqueles cujo espírito Deus despertou, Esdras
1.5. Ele veio em nome de Deus Pai para pagar a dívida dos pobres pecadores que
eram devedores e prisioneiros da justiça divina. Os profetas só puderam proclamar
a liberdade; mas Cristo, como alguém que possui autoridade, como alguém que
tinha poder na terra para perdoar pecados, veio para colocar o povo em
liberdade; portanto, esta frase é acrescentada aqui. O Dr. Lightfoot pensa que
os judeus permitiram que os seus leitores comparassem Escritura com Escritura,
em sua leitura, para que tivessem a explicação exata do texto. Cristo a
acrescentou a partir de Isaías 58.6, onde foi expresso o dever do ano
aceitável, que consistia em permitir que os oprimidos fossem postos em
liberdade, e a frase que a Septuaginta usa é a mesma desta.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 550.
«O
Espírito do Senhor está sobre m im ...» A maior parte dessa seleção é extraída
da versão LXX do trecho de Is. 61:1,2, e de um trecho de Is. 53:6, que diz:
«...proclamar libertação aos cativos...», também baseado na LXX. A citação
original expressava certa consciência post-exílica do profeta, acerca de uma
missão especial. Essa passagem é considerada—messiânica— em seu sentido e
aplicação mais amplos, pelo que Jesus a aplicou a si mesmo, o que demonstra que
tinha consciência de estar cumprindo o ofício de Messias. Essa mesma passagem
evidentemente sublinha as palavras que Jesus proferiu ante os mensageiros de
João Batista, conforme se lê em Luc. 7:22 (ver também Mat. 11:5), a respeito da
pergunta de João sobre a identidade de Jesus como Messias.
A
frase empregada por Lucas, «...me ungiu...» sem dúvida tem por intenção servir
de referência ao batismo de Jesus e à sua unção com o Espírito Santo. Lucas
também salientou especialmente a missão de Jesus, de pregar as boas novas aos
«pobres». (Ver também Luc. 6:20). O cativeiro referido nestes versículos pode
ser reputado como um cativeiro morai e espiritual. Jesus não se referia aqui a
prisões físicas, e, sim, em libertar individuos das prisões invisíveis mas
perfeitamente reais da dúvida, do temor, do pecado e da depravação. Existe o
cativeiro da carne, do erro, da inaptidão e da frustração. As im a s em
cativeiro são apenas meias-almas. Lemos no livro de Erich Fromm,:«Escape from
Freedom», que as pessoas procuram deliberadamente entregar suas personalidades
a sistemas, a fim de escaparem da carga de terem de fazer escolhas. Por isso é
que milhões de alemães cederam ao nazismo fanático, e muitos milhões cedem
atualmente ao comunismo, pois em ambos os casos as pessoas podem seguir a
«linha do partido», livrando-se da carga de dirigirem os seus próprios
destinos, como deveriam fazer. Prisões têm existido e continuam existindo em
grande número, e são individuais e sociais; e nas Escrituras o pecado é pintado
como o pior de todos os carcereiros, porquanto por causa do pecado ficamos separados
de Deus e da busca espiritual apropriada pela verdade e por Deus. Jesus, pois,
proclamou uma liberdade da qual todos podem participar, porque esse é o sentido
do seu ministério.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 49-50.
JESUS
E O ESPÍRITO SANTO
Lc
11.13: “Pois, se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos,
quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”
Jesus
tinha um relacionamento especial com o Espírito Santo, relacionamento este
importante para nossa vida pessoal. Vejamos as lições práticas desse
relacionamento.
AS
PROFECIAS DO ANTIGO TESTAMENTO. Várias das profecias do AT sobre o futuro Messias
afirmam claramente que Ele seria cheio do poder do Espírito Santo (ver Is 11.2
nota; 61.1-3 nota). Quando Jesus leu Is 61.1,2 na sinagoga de Nazaré,
acrescentou: “Hoje, se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos” (4.18-21; ver
Jo 3.34b).
O
NASCIMENTO DE JESUS. Tanto Mateus quanto Lucas declaram de modo específico e inequívoco
que Jesus veio a este mundo como resultado de um ato milagroso de Deus. Foi concebido
mediante o Espírito Santo e nasceu de uma virgem, Maria (Mt 1.18,23; Lc 1.27).
Devido à sua concepção milagrosa, Jesus era um “santo” (1.35), i.e., livre de
toda mácula do pecado. Por isto, Ele era digno de carregar sobre si a culpa dos
nossos pecados e expiá-los (ver Mt 1.23 nota).
Sem um
Salvador perfeito e sem pecado, não poderíamos jamais obter a redenção.
O
BATISMO DE JESUS. Quando Jesus foi batizado por João Batista, Ele, que
posteriormente batizaria seus discípulos no Espírito, no Pentecoste e durante
toda a era da igreja (ver Lc 3.16; At 1.4,5; 2.33,38,39), Ele mesmo
pessoalmente foi ungido pelo Espírito (Mt 3.16,17; Lc 3.21,22). O Espírito veio
sobre Ele em forma de uma pomba, dotando-o de grande poder para levar a efeito
o seu ministério, inclusive a obra da redenção. Quando nosso Senhor foi para o
deserto depois do seu batismo, estava “cheio do Espírito Santo” (4.1). Todos os
que experimentarem o sobrenatural renascimento espiritual pelo Espírito Santo,
devem, como Jesus, experimentar o batismo no Espírito Santo, para lhes dar
poder na sua vida e no seu trabalho (ver At 1.8 notas).
A
TENTAÇÃO DE JESUS POR SATANÁS. Imediatamente após o batismo, Jesus foi levado pelo
Espírito ao deserto, onde foi tentado pelo diabo durante quarenta dias (4.1,2).
Foi pelo fato de estar cheio do Espírito Santo (4.1) que Jesus conseguiu
resistir firmemente a Satanás e vencer as tentações que lhe foram apresentadas.
Da mesma maneira, a intenção de Deus é que nunca enfrentemos as forças
espirituais do mal e do pecado sem o poder do Espírito. Precisamos estar equipados
com a sua plenitude e obedecer-lhe a fim de sermos vitoriosos contra Satanás.
Um filho de Deus propriamente dito deve estar cheio do Espírito e viver pelo
seu poder.
O
MINISTÉRIO DE JESUS. Quando Jesus fez referência ao cumprimento da profecia de
Isaías acerca do poder do Espírito Santo sobre Ele, usou também a mesma
passagem para sintetizar o conteúdo do seu ministério, a saber: pregação, cura
e libertação (Is 61.1,2; Lc 4.16-19). (1) O Espírito Santo ungiu Jesus e o
capacitou para a sua missão. Jesus era Deus (Jo 1.1), mas Ele também era homem
(1Tm 2.5). Como ser humano, Ele dependia da ajuda e do poder do Espírito Santo
para cumprir as suas responsabilidades diante de Deus (cf. Mt 12.28; LC 4.1,14;
Rm 8.11; Hb 9.14). (2) Somente como homem ungido pelo Espírito, Jesus podia
viver, servir e proclamar o evangelho (At 10.38). Nisto, Ele é um exemplo
perfeito para o cristão; cada crente deve receber a plenitude do Espírito Santo
(ver At 1.8 notas; 2.4 notas).
A
PROMESSA DE JESUS QUANTO AO ESPÍRITO SANTO. João Batista profetizara que Jesus
batizaria seus seguidores no Espírito Santo (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16, ver
nota; Jo 1.33), profecia esta que o próprio Jesus reiterou (At 1.5; 11.16). Em
11.13, Jesus prometeu que daria o Espírito Santo a todos quantos lhe pedissem
(ver nota sobre aquele versículo). Todos estes versículos acima referem-se à
plenitude do Espírito, que Cristo promete conceder àqueles que já são filhos do
Pai celestial — promessa esta que foi inicialmente cumprida no Pentecoste (ver
At 2.4 nota) e permanece para todos que são seus discípulos e que pedem o
batismo no Espírito Santo (ver At 1.5; 2.39 nota).
A
RESSURREIÇÃO DE JESUS. Mediante o poder do Espírito Santo, Jesus ressuscitou
dentre os mortos e, assim, foi vindicado como o verdadeiro Messias e Filho de
Deus. Em Rm 1.3,4 lemos que, segundo o Espírito de santificação (i.e., o
Espírito Santo), Cristo Jesus foi declarado Filho de Deus, com poder, e em Rm
8.11 que “o Espírito... ressuscitou dos mortos a Jesus”. Assim como Jesus dependia
do Espírito Santo para sua ressurreição dentre os mortos, assim também os
crentes dependem do Espírito para a vida espiritual agora, e para a
ressurreição corporal no porvir (Rm 8.10,11).
A
ASCENSÃO DE JESUS AO CÉU. Depois da sua ressurreição, Jesus subiu ao céu e
assentou-se à destra do Pai como seu co-regente (24.51; Mc 16.19; Ef 1.20-22;
4.8-10; 1Pe 3.21,22). Nessa posição exaltada, Ele, da parte do Pai, derramou o
Espírito Santo sobre o seu povo no Pentecoste (At 2.33; cf. Jo 16.7-14),
proclamando, assim, o seu senhorio como rei, sacerdote e profeta. Esse derramamento
do Espírito Santo no Pentecoste e no decurso desta era presente dá testemunho
da contínua presença e autoridade do Salvador exaltado.
A
COMUNHÃO ÍNTIMA ENTRE JESUS E SEU POVO. Como uma das suas missões atuais, o
Espírito Santo toma aquilo que é de Cristo e o revela aos crentes (Jo
16.14,15). Isto quer dizer que os benefícios redentores da salvação em Cristo
nos são mediados pelo Espírito Santo (cf. Rm 8.14-16; Gl 4.6). O mais
importante é que Jesus está bem perto de nós (Jo 14.18). O Espírito nos torna
conscientes da presença pessoal de Jesus, do seu amor, da sua bênção, ajuda,
perdão, cura e tudo quanto é nosso mediante a fé. Semelhantemente, o Espírito
atrai nosso coração para buscar ao Senhor com amor, oração, devoção e adoração
(ver Jo 4.23,24; 16.14 nota).
A
VOLTA DE JESUS PARA BUSCAR SEU POVO. Jesus prometeu voltar e levar para si o
seu povo fiel, para estar com Ele para sempre (veja Jo 14.3 nota; 1Ts 4.13-18).
Esta é a bendita esperança de todos os crentes (Tt 2.13), o evento pelo qual
oramos e ansiamos (2Tm 4.8). As Escrituras revelam que o Espírito Santo
impulsiona nosso coração a clamar a Deus pela volta do nosso Senhor. É o
Espírito quem testifica que nossa redenção permanece incompleta até a volta de Cristo
(cf. Rm 8.23). No final da Bíblia, temos estas últimas palavras que o Espírito
Santo inspirou “Ora, vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20).
STAMPIS. Donald C. (Ed) Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e
Novo testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
muito bom que DEUS continue expirando,e dando a porção do espirito santo para cada um ..
ResponderExcluirParabéns Pb Alessandro Silva. Continuamos nossa parceria?
ResponderExcluirParabéns amado irmão Pb. Alessandro Silva que DEUS continue te abençoando e te dando muita sabedoria para compartilhar conosco e assim, aprendermos cada vez mais sobre JESUS autor e consumador da nossa fé e salvação. Gostei bastante deste novo formado de apresentar primeiro a lição original e depois o seu comentário, vai nessa tua força varão valoroso.
ResponderExcluirmuito bom parabéns.
ResponderExcluirparabéns
ResponderExcluirGostaria de tirar uma dúvida: Por que na capa da lição tem uma coroa de espinhos se Lucas é o único evangelista que não cita a coroa
ResponderExcluirEspinhos representam pecados.O sangue derramado, tendo como causa os espinhos da coroa, sobre o corpo de Cristo que representa a Igreja Universal, nos fornece a ideia da universalidade da Salvação, tema muito bem enfatizado no Evangelho de Lucas.Esta é minha opinião.
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