O LIVRO DE ÊXODO E O CATIVEIRO DE ISRAEL NO EGITO
Data: 5 de Janeiro de
2014 HINOS SUGERIDOS
33, 42, 46
TEXTO ÁUREO
“E José fez jurar os filhos de Israel,
dizendo: Certamente, vos visitará Deus, e fareis transportar os meus ossos
daqui” (Gn 50.25).
VERDADE PRATICA
Os
propósitos de Deus são imutáveis e se cumprirão no tempo determinado por Ele.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Gn 50.25 José não se esqueceu da promessa
Terça - Êx 1.7. O crescimento dos hebreus no
Egito
Quarta - Êx 1.11 A aflição dos hebreus
Quinta - Êx 1.1
3,14 A opressão do Povo
Escolhido
Sexta - Jr 33.3 Deus atende ao clamor do seu
povo
Sábado - Jó 42.2 Os propósitos do Senhor
jamais serão, frustrados
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE Êxodo 1.1-14
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE Êxodo 1.1-14
1
- Estes, pois, são os nomes dos filhos de Israel, que entraram no Egito com
Jacó; cada um entrou com sua casa:
2
- Rúben, Si meão, Levi e Judá;
3
- Issacar, Zebulom e Benjamim;
4
- Dã, Naftali, Cade e Aser.
5
- Todas as almas, pois, que descenderam de Jacó foram setenta almas; José, porém,
estava no Egito.
6
- Sendo, pois, José falecido, e todos os seus irmãos, e toda aquela geração, 7
- os filhos de Israel frutificaram, e aumentaram muito, e multiplicaram-se, e
foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu deles.
8
- Depois, levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José, 9-o
qual disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito e mais
poderoso do que nós.
10
- Eia, usemos sabiamente para com ele, para que não se multiplique, e aconteça
que, vindo guerra, ele também se ajunte com os nossos inimigos, e peleje contra
nós, e suba da terra.
11
- E os egípcios puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com
suas cargas. E edificaram a Faraó cidades de tesouros, Pitom e Ramessés.
12
- Mas, quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam e tanto mais
cresciam; de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel.
13
- E os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza;
14
- assim, lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos,
e com todo o trabalho no campo, com todo o seu serviço, em que os serviam com
dureza.
INTERAÇÃO
Prezado
professor, pela graça de Deus iniciamos um novo ano e um novo trimestre.
Estudaremos o segundo livro do Pentateuco, Êxodo. Teremos a oportunidade ímpar
de conhecer mais a respeito da libertação de Israel do cativeiro egípcio e sua
trajetória pelo deserto rumo à Terra Prometida. O comentarista das lições é o
pastor Antônio Gilberto, Consultor Teológico e Doutrinário da CPAD, membro da
Casa de Letras Emílio Conde, teólogo e escritor. Que o Todo-Poderoso utilize
cada lição para a edificação de seus alunos. Que Deus o abençoe.
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Ressaltar os aspectos
principais do livro de Êxodo.
Delinear os aspectos
biográficos de Moisés.
Saber que o zelo
precipitado de Moisés e sua fuga não impediram os propósitos divinos em sua
vida.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor,
para esta primeira aula sugerimos que seja feito um esboço geral do livro de
Êxodo. Reproduza o esquema da página seguinte no quadro de giz ou tire cópias
para os alunos. Explique à classe que o vocábulo êxodo significa saída. Moisés
é o autor do livro e, segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, o propósito dele
ao escrever a obra foi oferecer ao seu povo um registro permanente dos atos
históricos e redentores de Deus.
Comente
com os alunos que alguns conceitos importantes são enfatizados por Moisés no
decorrer de todo o livro, como por exemplo, a libertação da morte, da escravidão
e da idolatria.
PALAVRA-CHAVE
Cativeiro: Escravidão, servidão dos hebreus pelos egípcios.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Neste
trimestre estudaremos o segundo livro das Escrituras Sagradas, Êxodo. Nesta
primeira lição, destacamos a aflição pela qual o povo hebreu passou no Egito
por 430 anos. O povo escolhido do Senhor foi cruelmente oprimido por Faraó.
Porém,
Deus jamais se esquece das suas promessas. Ele vela por sua Palavra. Diante das
atrocidades cometidas por Faraó, os israelitas clamaram a Deus. O Senhor ouviu
a aflição do seu povo e enviou um libertador para redimi-los. Veremos ao longo
das lições que o livro de Êxodo é o livro da redenção efetuada pelo Senhor.
I - O
LIVRO DE ÊXODO
1. Seu propósito. O vocábulo êxodo
significa saída. O livro de Êxodo foi escrito por Moisés e, segundo a Bíblia de
Estudo Pente- costal, foi “escrito para que tivéssemos um registro permanente dos
atos históricos e redentores de Deus, pelos quais Israel foi liberto do Egito”.
Este livro figura a redenção. Segundo o Dicionário Wycliffe, “o conceito de
libertação da morte, da escravidão e da idolatria é encontrado ao longo de todo
o livro”.
2. A escravidão. O livro de Êxodo foi
escrito entre 1450 e 1410 a.C. Nesse livro vemos como os hebreus foram
duramente afligidos por Faraó (Êx 1.14). Como escapar de tão grande opressão?
Para os israelitas seria impossível. Somente Deus poderia resgatá-los e
libertá-los do jugo do inimigo. Somente o Pai também poderia ter nos resgatado
do pecado e do mundo. Cristo morreu na cruz para nos libertar do poder do
pecado. Ele morreu em nosso lugar.
3. Clamor por
libertação. O
povo hebreu, ao ser cruelmente oprimido pelos egípcios, em grande angústia
clamou ao Senhor, e a Palavra de Deus nos diz que ouviu o Senhor o gemido do
seu povo (Êx 2.24). Não desanime! O Senhor ouve suas súplicas e está atento às
suas dores. Deus já estava providenciando um libertador para o seu povo. Como
nos ensina a Verdade Prática desta lição: “Os propósitos de Deus são imutáveis
e se cumprirão no tempo determinado por Ele”.
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Moisés
é o autor do livro de Êxodo e, segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, ele foi
“escrito para que tivéssemos um registro permanente dos atos históricos e
redentores de Deus, pelos quais Israel foi liberto do Egito”.
II - O
NASCIMENTO DE MOISÉS
1. Os israelitas no
Egito.
Eles “frutificaram, aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos
grandemente, e a terra se encheu deles.” Estas mesmas bênçãos Deus têm hoje
para a sua igreja. Observe com atenção as seguintes palavras do texto bíblico
de Êxodo 1.7:
a)
Frutificaram, aumentaram muito, multiplicaram-se (At 9.31; Lc 14.22,23). Este
foi um crescimento vertiginoso. Que Deus nos faça crescer na igreja em
quantidade e qualidade.
b)
“Fortalecidos grandemente”. Na esfera espiritual, uma igreja deve sempre
fortalecer-se em Cristo (1 Pe 5.10; Fp 4.13). Lembremo-nos sempre de que a
nossa fonte suprema e abundante de poder é o Espírito Santo (Ef 3.16; Zc 4.6).
c)
“A terra se encheu deles". A igreja precisa se encher não só em
determinado distrito, município, estado, região, país e continente, mas em todo
o mundo (Mc
16.15;
At 1.8).
2. Um bebê é salvo da
morte.
Preocupado com o crescimento dos hebreus, Faraó deu uma ordem às parteira no
Egito para que todos os meninos israelitas recém-nascidos fossem mortos. Porém,
as parteiras eram tementes a Deus e não mataram as crianças (Êx 1.17,21).
Então, Faraó voltou à cena macabra, ordenando aos egípcios que todos os meninos
dos hebreus fossem lançados no rio Nilo (a fim de que se afogassem ou que
fossem devorados por crocodilos) (Êx 1.22). Isso mostra o quanto esse rei era
cruel e maligno. Atualmente esta atrocidade está generalizada. Muitas crianças
estão sendo mortas, vítimas do aborto. É o infanticídio generalizado e
legalizado pelas autoridades. O bebê Moisés foi salvo da morte porque seus pais
eram tementes a Deus. Precisamos de pais verdadeiramente cristãos para que
possam zelar pela vida de seus filhos, como Moisés foi preservado da morte. Os
pais de Moisés, pela fé em Deus, descumpriram as ordens do rei e esconderam o
bebê em casa (Hb 11.23). Por mais um milagre de Deus, o nenê Moisés continuou
sendo criado pela própria mãe (Êx 2.3-10).
3. A mãe de Moisés
(Êx 6.20). Joquebede aproveitou cada minuto que passou ao lado do seu filho para ensiná-lo
acerca de Deus, da sua Palavra, do seu povo, do pecado, das promessas divinas e
da fé no Criador. Sem dúvida, é um exemplo a ser seguido.
4. A Filha de Faraó
(Êx 2 5,6).
A filha de Faraó desceu para se banhar no rio Nilo e teve uma grande surpresa —
havia ali um cesto com um bebê. Não sabemos como, mas Deus tocou no coração da
filha de Faraó para que adotasse o menino hebreu. Certamente a princesa sabia
das ordens do seu pai contra os israelitas. Porém, operando o Senhor, quem
impedirá? (Is 43.13).
Deus,
em sua bondade, usou a filha de Faraó para que encontrasse alguém, a fim de
criar o bebê Moisés. Tal pessoa foi justamente Joquebede, a mãe de Moisés (Êx
2.9). Há uma recompensa para os pais piedosos e obedientes. Você tem ensinado a
Palavra de Deus aos seus filhos? Então, persevere em conduzi-los no caminho
correto (Pv 22.6).
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Moisés
nasceu durante o período em que Faraó ordenou que todos os meninos israelitas
recém nascidos fossem mortos. Todavia, os pais de Moisés eram tementes a Deus e
conseguiram, com a ajuda dEle, salvar o menino.
III - O
ZELO PRECIPITADO DE MOISÉS E SUA FUGA (ÊX 2.11 22)
1. Moisés é levado ao
palácio (Êx 2.10).
Apesar de ter sido adotado pela filha de Faraó, Moisés foi criado por sua mãe.
Não sabemos quanto tempo ele ficou na casa dos seus pais, porém, em determinado
tempo o menino foi levado para o palácio. Deus cuidou de Moisés em cada etapa
de sua vida. Ele também tem cuidado de você. Todos os acontecimentos em sua
vida são parte do plano do Senhor. Não desanime! Deve ter sido difícil para
Moisés deixar a casa dos seus pais. Entretanto, no tempo certo, ele o fez.
2. O preparo de
Moisés (Êx 3.9,10).
Moisés passou juventude no palácio real. Como filho de uma princesa egípcia,
ele frequentou as mais renomadas universidades egípcias, inclusive a de Om (At
7.22; Gn 41.45). O Egito era então uma potência mundial. Na educação superior
egípcia constavam,
conforme a História e as descobertas arqueológicas, administração, arquitetura,
matemática, astronomia, engenharia etc. Esse conhecimento adquirido por Moisés,
e empregado com sabedoria, foi-lhe muito útil em sua missão posterior de
libertador, condutor, escritor e legislador na longa jornada conduzindo Israel
no deserto para a terra de Canaã. Deus pode utilizar nossas habilidades
adquiridas em benefício de sua obra.
3. A fuga de Moisés
(Êx 2.1 1-22). Moisés
foi criado como egípcio, porém, ele sabia que era hebreu. Estava no Egito, mas
não pertencia àquele lugar. Certo dia, ao ver um egípcio maltratando um
israelita, Moisés tomou as dores do seu povo e resolveu defender um de seus
irmãos. Moisés acabou matando um homem e enterrando o corpo na areia. Ele
queria libertar seu povo pela força humana, mas a libertação viria pelo poder
divino e sobrenatural, para que ninguém dissesse: “Nós fizemos, nós
conseguimos.” Moisés, assim como os demais hebreus, precisava ver e saber que
fora o Senhor que os libertara. Quem nos libertou da escravidão do pecado?
Deus. Somente Ele poderia quebrar o terrível jugo do pecado que estava sobre
nós. Não demorou muito para Faraó descobrir que Moisés matara um egípcio. Ele
deveria ser preso e morto. Então, com medo, fugiu para Midiã (Êx 2.15). Ali foi
convidado para a casa de Jetro, um sacerdote. Moisés casou-se com uma das
filhas de Jetro e constituiu uma família, longe da casa dos seus pais e do seu
povo. Teve que ir para um lugar desconhecido e tornou-se um estrangeiro, mas
tudo fazia parte do plano de Deus. Em Midiã, Moisés pôde comprovar o cuidado
providente do Senhor por ele. Talvez você tenha que ir também para um lugar
distante, todavia, não tenha medo. Deus está com você. Pode ser parte do treinamento
do Senhor em sua vida.
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
Moisés
passou sua juventude no palácio real. Como filho de uma princesa egípcia, ele
frequentou as mais renomadas universidades. Moisés estava sendo preparado, por
Deus, para libertar o seu povo e conduzi-lo até a Terra Prometida.
CONCLUSÃO
Ao
estudar os primeiros anos da vida de Moisés, vemos que o Senhor tem um plano
definido para cada filho seu. É nosso dever obedecer a Deus, mesmo com nossas
imperfeições, assim como fez Moisés; conseguimos fazer isso pela poderosa
presença em nós, do Espírito Santo, que Deus dá àqueles que lhe obedecem (At
5.32).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
COHEN,
Armando Chaves. Êxodo 1. ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 1998. HAMILTON, Victor P. Manual
do Pentateuco. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Bibliológico
“Moisés
na Infância e como Refugiado (1—2)
É
impossível deixar de notar a diferença entre o fim do livro de Gênesis e os
primeiros versículos de Êxodo em termos de atividade divina. Com sua vida em
risco, José dá testemunho da proteção de Deus sobre ele. A história é tanto a
respeito de Deus como de José.
Tem-se,
então, os sete primeiros versículos de Êxodo, cobrindo nada menos que 400 anos.
Durante todo esse período, não há qualquer referência explícita à atuação de
Deus (sem considerar o que fica implícito na preservação e na explosão
populacional de Israel no Egito (1.7). Não surge ninguém que seja destacado
pelas Escrituras. São quatrocentos anos de silêncio. Esse hiato é comparável ao
período entre Noé e Abraão. Existem épocas em que Deus está perto (Is 55.5) e
épocas em que sua presença é velada.
[...]
Ainda assim, não devemos passar tão rapidamente pelos sete primeiros versículos
de Êxodo. Note que Êxodo 1.1 não começa logo após Gênesis 50.26. O leitor de
Êxodo 1.1 é em vez disso, levado de volta no tempo até Gênesis 46.8. Ambas as
genealogias apresentam os filhos de Jacó como ‘filhos de Israel’. A linhagem da
aliança passa através do novo nome dado a Jacó em Peniel” (HAMILTON, Victor P. Manual do Pentateuco. 2.ed. Rio de
janeiro: CPAD, 2007, p.l 55).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Historiográfico “O Significado do Êxodo
O
Êxodo é o evento teológico e histórico mais expressivo do Antigo Testamento,
porque mostra a magnificente ação de Deus em favor do seu povo, uma ação que os
conduziu da escravidão à liberdade, da fragmentação à unidade, de um povo com
uma promessa — os hebreus — à uma nação estabelecida — Israel. No livro de
Gênesis encontram-se a introdução e o propósito, seguindo-se então todas as
revelações subsequentes do Antigo Testamento. Um registro que é ao mesmo tempo
um comentário inspirado e uma exposição detalhada. Em última análise, o êxodo
serve como um tipo de êxodo promovido por Jesus Cristo, de forma que ele se
torna um evento significativo tanto para a Igreja quanto para Israel” (MERRILL,
Eugene H. História de Israel no Antigo
Testamento: O reino de sacerdotes que
Deus colocou entre as nações. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.49-50).
EXERCÍCIOS
1.
Qual o propósito do livro de Êxodo?
R:
O propósito era “para que tivéssemos um registro permanente dos atos históricos
e redentores de Deus, pelos quais Israel foi liberto do Egito”.
2.
Qual foi a ordem de Faraó em relação aos bebês meninos israelitas?
R:
Que todos os recém-nascidos fossem mortos.
3.
Quem tocou no coração da filha ' de Faraó para que ela adotasse o E bebê
Moisés?
R:
Deus.
4.
Na tentativa precipitada de defender seu povo, o que fez Moisés?
R:
Moisés acabou matando um homem e enterrando o corpo na areia.
5.
De acordo com a lição quem nos libertou da escravidão do pecado?
R:
Deus. Somente Ele poderia quebrar o terrível jugo do pecado que estava sobre
nós.
O LIVRO
DE ÊXODO
Título:................ Êxodo.
Autor:................ Moisés.
Data e local:.... Aproximadamente
1450—1410 a.C. Foi escrito no deserto, durante a peregrinação de Israel, em
algum lugar da península do Sinai.
Propósito:......... Registrar os
acontecimentos da libertação de Israel do Egito
e seu desenvolvimento como nação.
Estrutura:.....................I.
Israel no Egito (1.1— 13.20).
II. Israel
no deserto (12.1—18.27).
III. Israel
no Sinai (19.1— 40.38).
Lugares-chaves:.........Egito, Gósen,
rio Nilo, Midiã, mar Vermelho, península do Sinai e monte Sinai.
Características:..........Relata mais
milagres do que qualquer livro do Antigo Testamento.
Versículo-chave:.........Êxodo 3.7,10.
Pessoas-chave:...........Moisés,
Faraó, Miriã, Jetro, Arão.
Lugares-chaves:.........Egito, Gósen,
rio Nilo, Midiã, mar Vermelho, penísula do Sinai e monte Sinai.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n° 57, p.36.
Ao
longo deste trimestre teremos a oportunidade ímpar de estudar o livro de Êxodo.
Segundo Eugene Merrill "o êxodo é o evento teológico mais expressivo do
Antigo Testamento, porque mostra a magnificente ação de Deus em favor de Seu
povo".
O
autor desta esplendorosa obra é Moisés. O segundo livro da Bíblia foi escrito
certamente durante a sua peregrinação pelo deserto, no ano de 1450—1410 a.C
(aproximadamente).
O
objetivo da primeira lição deste trimestre é destacar os aspectos biográficos
de Moisés, ressaltando sua preparação para resgatar seu povo da escravidão.
Israel passou 400 anos no Egito sendo afligido pelos egípcios. Todavia,
"quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam e cresciam, até que
Deus levantou um libertador que iria conduzir seu povo rumo à Terra
Prometida".
O livro de Êxodo
No
livro de Gênesis vemos a criação, a Queda e o projeto de redenção divina para a
humanidade. Deus chama Abraão e promete que de sua descendência todas as
famílias da terra seriam abençoadas (Gn 12.3). Já no livro de Êxodo podemos ver
o povo hebreu, descendência de Abraão, sendo resgatado da escravidão e
tornando-se uma nação a fim de que o plano redentivo do Pai alcançasse toda a
humanidade. Deus é fiel! Seus propósitos jamais serão frustrados (Jó 42.2). O
propósito de Deus não era apenas libertar Israel do cativeiro egípcio, mas
também todos aqueles que um dia iriam crer em Jesus Cristo, o Libertador. Na
antiga aliança a redenção do homem era por meio de sacrifícios e por isso um
animal puro e inocente deveria morrer. Era impossível ao homem se aproximar de
Deus sem sacrifício. Cristo, nosso libertador, derramou seu sangue no Calvário
para nos resgatar da escravidão do pecado de uma vez por todas.
Podemos
dividir o livro de Êxodo em três partes principais: Israel no Egito (1-5), a
travessia do mar Vermelho ao Sinai (16-18) e Israel no Sinai (19-40).
Um bebê é salvo
No
livro de Êxodo encontramos a biografia de Moisés, o autor. Vemos que ele foi
salvo da morte porque seus pais, em especial sua mãe, eram pessoas de fé. A fé
fez com que Joquebede acreditasse que Deus poderia salvar seu filho da ira de
Faraó. A fé fez também com que ela elaborasse um plano brilhante que livraria
seu bebê e o colocaria em segurança até a idade adulta. O plano de fé de
Joquebede ainda permitiu que seu filho recebesse uma educação de primeira,
sendo que ela ainda receberia o pagamento por isso. Este é o primeiro milagre
narrado no livro de Êxodo. A vida de Moisés foi um milagre de Deus. Você crê em
milagres? Deus não mudou. Ele também tem poder para livrar sua família e seus
filhos do poder destruidor do Inimigo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
VENHO TRAZER A TONA A HISTORIA CONTADA PELO
HISTORIADOR DO SEC I FLAVIO JOSEFO, ONDE OBTEMOS MAIS PROVAS E EVIDENCIAS DO
QUE A BÍBLIA JÁ RELATA, NÃO ESTOU DE MANEIRA ALGUMA PASSANDO POR CIMA DA AUTORIDADE
DA MESMA.
Um dos doutores da
sua lei, ao qual eles dão o nome de escribas das coisas santas e que passam
entre eles por grandes profetas, disse ao rei que naquele mesmo tempo deveria
nascer um menino entre os hebreus, cuja virtude seria admirada por todo o
mundo, pois aumentaria a glória de sua nação e humilharia o Egito, e cuja
reputação seria imortal. O rei, assustado com a predição e seguindo o conselho
daquele que lhe fazia essa advertência, publicou um edito pelo qual ordenava
que se deveriam afogar todas as crianças hebreias do sexo masculino e ordenou
às parteiras do Egito que observassem exatamente quando as mulheres fossem dar
à luz, porque não confiava nas parteiras de sua nação. Esse edito ordenava
também que aqueles que se atrevessem a salvar ou criar alguma dessas crianças
seriam castigados com a pena de morte, juntamente com toda a família.
Um hebreu de nome
Anrão, muito estimado entre os seus, vendo que a sua mulher estava grávida,
ficou muito preocupado, por causa do edito que iria exterminar a sua nação.
Recorreu então a Deus, rogando-lhe que tivesse compaixão de um povo que sempre
o havia adorado e fizesse cessar a perseguição que os ameaçava de ruína total.
Deus, tocado por aquela oração, apareceu-lhe em sonho e disse-lhe que esperasse:
que Ele se lembrava da piedade do povo e da de seus antepassados; que os
recompensaria agora, tal como havia recompensado aqueles; que era por essa
consideração que os fizera multiplicar-se, desde Abraão, quando este partiu
sozinho da Mesopotâmia para a terra de Canaã, a quem Ele cumulou de bens e
tornou a mulher fecunda, e os sucessores dele, aos quais outorgou províncias
inteiras: a Arábia a Ismael, Troglodita aos filhos de Quetura e o país de Canaã
a Isaque; que eles não poderiam sem ingratidão e mesmo sem impiedade esquecer
os felizes êxitos obtidos na guerra pela aliança com Ele; que o nome de Jacó se
tornara célebre, tanto pela felicidade na qual viveu quanto pela que legou aos
seus descendentes como um direito hereditário, e porque, havendo chegado ao
Egito com setenta pessoas somente, a sua posteridade multiplicou-se, atingindo
o número de seiscentos mil homens; que se tranquilizassem, pois teria cuidado
de todos em geral e dele em particular; que o filho de que a sua mulher estava
grávida era o menino de quem os egípcios temiam tanto o nascimento e por causa
de quem faziam morrer todos os meninos dos israelitas; que ele viria, contudo,
felizmente ao mundo, sem ser descoberto pelos encarregados daquela cruel
devassa; que ele, contra todas as esperanças, seria criado e educado e
libertaria o seu povo da escravidão; que tão grande feito eternizaria a sua
memória, não somente entre os hebreus, mas entre todas as nações da terra; que,
por mérito dele, o seu irmão seria educado até tornar-se um grande sacerdote,
sendo que todos os descendentes deste seriam honrados com a mesma dignidade.
Miriã, irmã do
menino, por ordem de sua mãe, foi para o outro lado do Nilo ver o que
aconteceria.
Como o berço
flutuasse ao sabor das águas, Termutis, filha do rei, que passeava pela margem
do rio, avistou-o e ordenou a alguns dos que a acompanhavam que a nado fossem
buscá-lo.
A princesa logo
ordenou que fossem procurar uma ama. Veio uma, porém a criança não quis mamar e
recusou todas as outras que lhe trouxeram. Miriã, então, fingindo lá
encontrar-se por acaso, disse à princesa: "É inútil, senhora, que mandeis
chamar outras amas, pois elas não são da mesma nação que esta criança. Se
tomardes uma ama hebreia, talvez ele não sinta aversão". Termutis aprovou
a ideia e disse-lhe que fosse procurar uma. Ela foi imediatamente para casa e
trouxe Joquebede, que ninguém conhecia, para ser a ama da criança, a qual
deu-lhe de mamar.
Moisés, isto é,
"salvo das águas", como sinal de um estranho acontecimento, pois mo,
em língua egípcia, significa "água", e isés, "preservado".
Era o sétimo desde
Abraão, porque Anrão, seu pai, era filho de Coate, Coate era filho de Levi,
Levi era filho de Jacó, Jacó era filho de Isaque e Isaque era filho de Abraão.
Recebi-o em meus
braços, resolvi adotá-lo e vo-lo ofereço como sucessor, pois não tendes
filhos". Com essas palavras, ela o colocou entre os braços do rei, que o
recebeu com prazer e, para obsequiar a filha, estreitou-o nos braços,
colocando-lhe o diadema sobre a cabeça. Moisés, como uma criança, que se
diverte, tirou-o e o jogou ao chão, pisando-lhe em cima.
Essa ação foi
considerada de péssimo augúrio, e o doutor da lei que predissera o quanto seria
funesto o nascimento daquele menino para o Egito ficou tão nervoso que desejou
matá-lo imediatamente. "Eis aí, majestade", disse ele, dirigindo-se
ao rei, "este menino, do qual Deus nos faz saber que a morte deve garantir
a vossa paz.
Logo que o menino,
criado e educado dessa maneira, chegou à idade de poder dar provas de sua
coragem, praticou atos de bravura que não permitiram mais dúvidas quanto à
veracidade do que se havia sido predito, isto é, que ele elevaria a glória de
sua nação e humilharia os egípcios. Eis o motivo: A fronteira do Egito foi
devastada pelos etíopes, que lhe estão próximos. Os egípcios marcharam com um
exército contra eles, mas foram vencidos no combate e retiraram-se com desonra.
Os etíopes, orgulhosos de tamanha vitória, julgaram que era covardia não
aproveitar a boa sorte e começaram a se vangloriar de poderem conquistar todo o
Egito. E lá entraram, por diversos lugares. A quantidade de despojos que
arrebataram e o fato de não terem encontrado resistência alguma aumentaram-lhes
a esperança de conseguir um feliz resultado na empresa. Assim, avançaram até
Mênfis, chegando até o mar. Os egípcios, reconhecendo-se muito fracos para
resistir a tão grande força, mandaram consultar um oráculo, e, por ordem
secreta de Deus, a resposta que receberam foi que somente um homem havia — um
hebreu! — do qual podiam esperar auxílio.
O rei não teve dificuldade
em julgar, por essas palavras, que Moisés era o hebreu em questão, ao qual o
céu destinava salvar o Egito, e pediu à filha para fazê-lo general de todo o
exército. Ela consentiu e disse-lhe que julgava assim prestar ao rei um grande
serviço. Contudo obrigou-o ao mesmo tempo a prometer, com juramento, que não
lhe fariam mal algum. A princesa, não se contentando em testemunhar assim a sua
extrema afeição por Moisés, não pôde também deixar de — com azedume — perguntar
aos sacerdotes egípcios se eles não se envergonhavam de o haverem tratado como
inimigo e de desejarem tirar a vida a um homem a quem eram agora obrigados a
pedir auxílio.
Pode-se imaginar com
que prazer Moisés obedeceu às ordens do rei e da princesa, que lhe eram tão
gloriosas. E os sacerdotes das duas nações tiveram com isso, por motivos
diferentes, idêntica alegria. Os egípcios esperavam que, depois de vencerem os
inimigos sob o comando de Moisés, encontrariam facilmente ocasião para matá-lo,
à traição. E os hebreus ansiavam, por esse mesmo motivo, sair do Egito e
livrar-se da escravidão.
Esse excelente
general, posto à frente do exército, logo se fez admirar pela sua prudência. Em
vez de marchar ao longo do Nilo, atravessou pelo meio das terras, a fim de
surpreender os inimigos, que jamais pensariam que ele os fosse alcançar por um
caminho tão perigoso, devido à quantidade de serpentes de várias espécies que
ali vivem: muitas delas não existem em nenhum outro lugar e não somente são
temíveis pelo seu veneno, mas são horríveis de se ver, porque, tendo asas,
atacam os homens elevando-se no ar, para se atirar sobre eles. Moisés, para
precaver-se contra elas, mandou colocar em gaiolas algumas aves chamadas íbis,
que são domesticadas, amigas do homem, e inimigas mortais das serpentes, sendo que
estas as temem não menos que aos cervos.
Nada mais direi sobre
essas aves, porque não são desconhecidas aos gregos. Quando Moisés chegou com o
seu exército a essa tão perigosa região, soltou os pássaros e passou assim sem
perigo. Então surpreendeu os etíopes, deu-lhes combate e os dispersou,
fazendo-os perder a esperança de se tornarem senhores do Egito. Mas tão grande
vitória não reteve os seus intentos: entrou no país deles, tomou várias
cidades, saqueou-as e fez grande mortandade. Tão gloriosos resultados
reanimaram de tal modo a coragem dos egípcios que eles seriam capazes de tudo
empreender sob o comando de tão excelente general. Os etíopes, ao contrário, só
tinham diante dos olhos a imagem da escravidão e da morte.
O ilustre general
impeliu-os até Sabá, capital da Etiópia, que Cambises, rei dos persas, chamou
depois de Meroe, nome de sua irmã. Aí Moisés os sitiou, embora a cidade fosse
tida como inexpugnável, porque, além de suas grandes fortificações, era rodeada
por três rios: o Nilo, o Astape e o Astobora, cujo percurso é muito difícil.
Ficava, assim, situada numa ilha e não era menos defendida pela água que a
rodeava de todos os lados que pela força de suas muralhas e de suas defesas. Os
diques que a preservavam das inundações dos rios serviam ainda de terceira
defesa quando os inimigos passassem as outras.
Moisés ficou
aborrecido ao constatar que tantas dificuldades juntas tornavam a conquista da
cidade quase impossível, e o seu exército começava a enfadar-se, porque os
etíopes não se atreviam mais a dar-lhes combate.
Tarlis, filha do rei
da Etiópia, tendo-o visto do alto das muralhas praticar, num assalto, atos de
valor e de coragem extraordinários, ficou tão cheia de admiração pela sua
bravura, a qual reerguera o ânimo dos egípcios e fizera tremer a Etiópia, antes
vitoriosa, que sentiu o coração ferido de amor por ele.
Com a paixão sempre
aumentando, mandou oferecer-lhe a mão em casamento. Ele aceitou a honra, com a
condição de que ela lhe entregasse a cidade. A promessa foi confirmada com um
juramento e, depois que o tratado foi feito, em boa fé de parte a parte, ele
deu graças a Deus por tantos favores e reconduziu os egípcios vitoriosos de
volta à sua pátria.
E assim, Faraó
consentiu na morte de Moisés, e ela seria inevitável, se este não houvesse
descoberto a intenção dos egípcios e se ausentado no momento oportuno. Moisés
fugiu para o deserto e desse modo salvou-se, porque os inimigos não podiam
imaginar que ele tomaria tal caminho. Como nada encontrasse para comer, viu-se
atormentado por uma fome extrema, mas a suportou com paciência e, depois de
haver andado muito, chegou, pelo meio dia, próximo da cidade de Midiã — nome
que lhe deu um dos filhos de Abraão e Quetura —, à beira do mar Vermelho.
Estando muito cansado, sentou-se à beira de um poço, para repousar, e esse fato
deu-lhe ocasião de mostrar a sua coragem, abrindo o caminho para uma sorte
melhor.
Flávio Josefo. HISTÓRIA dos HEBREUS De Abraão à
queda de Jerusalém. Editora CPAD.
O EGITO
O EGITO
O Egito representa uma das mais antigas
civilizações humanas. Sua história é quase tão antiga como o próprio homem.
Julgam alguns historiadores, por isso, ter sido o Vale do Nilo o berço da
humanidade. Mas, por intermédio das Sagradas Escrituras, sabemos ser a Mesopotamia
o primeiro lar de nossos mais remotos ancestrais.
Napoleão Bonaparte, em sua campanha pelo
Oriente Médio, ficou extasiado com a antiguidade da civilização egípcia. Ao contemplar
as colossais pirâmides, exclamou aos seus homens: "Soldados, do alto
dessas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam". A grandiosidade do
Egito exerce um grande atrativo sobre o nosso espírito. Como não admirar as
monumentais conquistas dos forjadores da civilização egípcia? A presença do
Egito nas Escrituras Sagradas é muito forte. Por esse motivo, precisamos
conhecer melhor a história e a geografia desse lendário e misterioso país.
Tendo em vista o exíguo espaço de que dispomos, não poderemos tratar, com
profundidade, da cultura egípcia. Cabe ao leitor, entretanto, aprofundar-se no
assunto e buscar novas
informações em uma bibliografia adequada.
Basta-nos. por enquanto, alguns dados gerais sobre o outrora portentoso império
do Nilo.
I - HISTÓRIA
DO EGITO
Não podemos datar, com precisão, quando
chegaram os primeiros colonizadores aos territórios egípcios. Quanto mais
recuamos no tempo, mais a cronologia torna-se imprecisa.
Sabemos, contudo, que os primeiros habitantes
dessa região foram nômades. Após uma vida de árduas e incômodas peregrinações,
eles começaram a organizar-se em pequenos Estados. Essas diminutas e
inexpressivas unidades políticas conhecidas como nomos, foram agrupando-se com
o passar dos séculos, até formarem dois grandes reinos: o Alto Egito, no Sul;
e, o Baixo Egito, no Norte. Ambos estavam localizados, respectivamente, no Vale
do Nilo e no Delta do mesmo rio. Entre ambas as regiões havia um forte
contraste. Seus deuses eram diferentes, como diferentes eram, também, seus
dialetos e costumes. Até mesmo a filosofia de vida desses povos eram marcadas
por visíveis antagonismos. Declara o egiptólogo Wilson: "Em todo o curso
da história, essas duas regiões se diferenciaram e tiveram consciência da sua diferenciação.
Quer nos tempos antigos, como nos modernos, as duas regiões falam dialetos muito
diferentes e veem a vida com perspectivas também diferentes."
Sobre essa época, escreve Idel Becker:
"Neste período pré-dinástico, o desenvolvimento da cultura egípcia foi,
quase totalmente, autóctone e interno. Houve apenas, alguns elementos de
evidente influência mesopotâmica: o selo cilíndrico, a arquitetura monumental,
certos motivos artísticos e, talvez, a própria ideia da escrita. Há, nessa
época, progressos básicos nas artes, ofícios e ciências. Trabalhou-se a pedra,
o cobre e o ouro (instrumentos, armas, ornamentos, joias). Havia olarias;
vidragem; sistemas de irrigação. Foi-se formando o Direito, baseado nos usos e
costumes tradicionais – leis consuetudinárias."
1 - A
unificação do Egito
Em consequência de suas muitas diferenças, o
Alto e o Baixo Egito travaram violentas e desgastantes guerras por um longo
período. Essas constantes escaramuças enfraqueciam ambos os reinos, tornando-os
vulneráveis a ataques externos. Consciente da inutilidade desses conflitos,
Menés, rei do Alto Egito, conquista o Baixo Egito. Depois de algumas reformas
administrativas, esse monarca (para alguns historiadores, uma figura lendária)
unificou o país, estabeleceu a primeira dinastia e tornou Tínis, a capital de seu
vasto império.
A unificação do Egito ocorreu, de acordo com
cálculos aproximados, entre 3.000 a 2.780 a.C. Nesta mesma época, os egípcios
começaram a fazer uso da escrita e de um calendário de 365 dias.
Unificados, o Alto e Baixo Egito
transformaram-se no mais florescente e poderoso império da antiguidade. Os reis
iniciaram a construção das grandes pirâmides, que lhes serviu de tumba. Por
causa desses arroubos arquitetônicos, receberam o apelido de "casa grande"
- faraó. Então, a cultura egípcia alcançou proporções consideráveis.
No final do Antigo Império, que abrange o
período de 2.780 a 2.400 a.C, o poder dos faraós começou a declinar. O fim
dessa era de glórias é marcado por revoltas e desordens, ocasionadas pelos
governadores dos nomos.
Uma febre de independência alastra-se por
todo o pais. Cresce, cada vez mais, o poder da nobreza; a influência da realeza
decai continuamente. Aproveitando-se desse caos generalizado, diversas tribos
negroides e asiáticas invadem o país.
Graças, entretanto, a intervenção dos faraós
tebanos, o Egito consegue reorganizar-se, pelo menos até a agressão hicsa.
2 - A
invasão dos hicsos
Não obstante a segurança trazida pelos
príncipes de Tebas (11* dinastia) e pelas conquistas político-sociais do povo,
o Egito começa a sofrer incursões de um bando aguerrido de pastores asiáticos.
Nem mesmo o prestígio internacional dos faraós seria suficiente para tornar
defensáveis as fronteiras egípcias.
Esses invasores, que dominariam o Egito por
200 anos, aproximadamente, são conhecidos como hicsos. Eles iniciam sua
dominação em 1.785 e são expulsos por volta de 1580 a.C. Idel Becker, com muito
critério, fala-nos acerca desse conturbado período: "Esta é a época mais
confusa e discutida da história do antigo Egito: um período de invasões e de caos
interno. Os hicsos - conglomerado de povos semitas e arianos, invadiram o Egito
(através do istmo que o ligava à península do Sinai), venceram os exércitos de
faraó e dominaram grande parte do país. Possuíam cavalos e carros de guerra
(com rodas); e armas de bronze (ou talvez, mesmo, de ferro), mais bem acabadas
e mais fáceis de manejar do que as dos egípcios. Tudo isso explica a sua
superioridade bélica e os seus triunfos militares. Os hicsos talvez estivessem
fugindo da pressão dos invasores indo-europeus (hititas, cassitas e mitanianos),
sobre o Crescente Fértil."
Com os hicsos, acrescenta Becker, devem ter
entrado no Egito os hebreus.
3 - Novo
Império
Com a expulsão dos hicsos, renasce o Império
Egípcio com grande pujança. Com Ames I, os faraós tornaram-se imperialistas e
belicosos. Tutmés III, por exemplo, conquistou a Síria e obrigou os fenícios,
cananitas e assírios a pagarem-lhe tributo.
A expansão egípcia, entretanto, esbarrou nos
interesses dos poderosos hititas, senhores absolutos da Ásia Menor. Na ocasião,
o célebre faraó, Ramsés II fez ingentes esforços para vencê-los. Como não
conseguiu o seu intento, assinou com o reino hitita um tratado de paz, que
vigorou por muitos anos.
Foi durante o Novo Império (1580-1200 a.C),
que os israelitas começaram a ser escravizados pelos faraós. 4 – Decadência Após
o Novo Império, o Egito começou a sofrer sucessivas intervenções: líbia, etíope,
indo-européia, assíria, persa, grega e romana. Em linhas gerais, essa nação,
cujo passado foi tão glorioso, pertenceu ao Império Romano, durante 400 anos;
ao Império Bizantino, durante 300 anos. No Século VII d.C, fica sob a tutela
dos muçulmanos. A partir de 1400, torna-se possessão turca. No Século XIX, fica
sob a custódia franco-inglesa. No início deste Século, torna-se protetorado
inglês.
Em 1922, todavia, conquista sua
independência. Hoje, porém, não passa de um apagado reflexo de sua primeira
glória.
II -
GEOGRAFIA DO EGITO
Netta Kemp de Money descreve o antigo Egito:
"O Egito da antiguidade se assemelhava em sua forma a uma flor de lótus
(planta importante na literatura e na arte egípcia), no extremo de um talo
sinuoso que tem à esquerda e um pouco abaixo da própria flor, um botão de flor.
A flor é composta pelo Delta do Nilo, o talo sinuoso é a terra fértil que se
estende ao longo do dito rio, e o botão é o lago de Faium que recebe o
excedente das inundações anuais do Nilo".
O Egito atual tem o formato de um quadrado.
Localizado no Nordeste da África, limita-se ao norte, com o mar Mediterrâneo; a
leste, com Israel (e, também, com o mar Vermelho); ao sul, com o Sudão; a
oeste, com a Líbia. De sua área, de quase um milhão de quilômetros quadrados,
96 por cento são compostos de terras áridas. Sua população, de 45 milhões de
habitantes, é obrigada a viver com os 4 por cento de terras cultiváveis.
Localizava-se o Alto Egito no Sul do atual
território egípcio. Essa região, chamada de Patros pelos hebreus (Jr 44.1,15),
é constituída por um estreito vale ladeado por penedos de formação calcária. O
Baixo Egito, por seu turno, localizava-se no Norte e sua área mais fértil
encontra-se no Delta.
O Egito, no entanto, não existiria sem o
Nilo. Esse rio é o mais extenso do mundo, com um percurso de 6.400 km com suas
vazantes, fertiliza vastas extensões de terra, tornando possível fartas
semeaduras. Heródoto, com muita razão, disse ser o Egito um presente do Nilo.
Em seu livro Geografia das Terras Bíblicas,
afirma o pastor Enéas Tognini: "Sem o Nilo, o Egito seria um Saara -
terrível e inabitado. O Nilo proporcionou riquezas aos faraós que puderam viver
nababescamente, construindo templos suntuosos, monumentos grandiosos, palácios
de alto luxo, pirâmides gigantescas e a manutenção de exércitos bem armados
que, não somente protegiam o Egito, mas tomavam, nas guerras novas regiões. Os egípcios
não tinham necessidade de observar se as nuvens trariam chuvas ou não. O Nilo lhes
garantia a irrigação e as suas águas lhes davam colheitas fartas e certas. É
fato que uma seca poderia trazer pobreza à terra, como aconteceu no tempo de
José. Se a cheia fosse além dos limites, as águas poderiam arrasar cidades,
deixando o povo desabrigado e prejudicariam as safras. Mas, tanto secas como
enchentes eram raras. O Nilo era então, como é hoje, a vida do Egito e o
principal fator de suas múltiplas organizações, simples algumas e sofisticadas
e complexas outras".
III - A
GRANDEZA DO EGITO
Os egípcios deixaram um marco de indelével
grandeza na História. Desde as pirâmides às conquistas científicas e
tecnológicas, foram magistrais. Haja vista, por exemplo, os arquitetos modernos
que continuam a contemplar, com grande admiração, os monumentos piramidais
construídos pelos faraós.
Desta forma Halley descreve a Grande Pirâmide
de Queops: "O mais grandioso monumento dos séculos. Ocupava 526,5 acres,
253 metros quadrados (hoje 137), 159 m de altura (hoje. 148). Calcula-se que se
empregaram nela 2.300.000 pedras de 1 metro de espessura média, e peso médio de
2,5 toneladas. Construída de camadas sucessivas de blocos de pedra calcária
toscamente lavrada, a camada exterior alisada, de blocos de granito delicadamente
esculpidos e ajustados. Estes blocos exteriores foram removidos e empregados no
Cairo. No meio do lado norte há uma passagem, 1 m de largura por 130 de altura,
que leva a uma câmara cavada em rocha sólida, 33 m abaixo do nível do solo, e exatamente
180m abaixo do vértice; há duas outras câmaras entre esta e o vértice, com pinturas
e esculturas descritivas das proezas do rei". Os antigos egípcios
destacaram-se, ainda, na matemática e na astronomia. Há mais de quatro mil
anos, quando a Europa revolvia-se em sua primitividade, os sábios dos faraós já
lidavam com fórmulas para calcular as áreas do triângulo e do círculo e,
também, do volume das esferas e dos cilindros.
Souto Maior fala-nos, com mais detalhes, acerca
do avanço científico dos antigos egípcios: "Apesar de não conhecerem o
zero, já resolviam nessa época equações algébricas.
Os seus conhecimentos astronômicos
permitiram-lhes a organização de um calendário baseado nos movimentos do Sol. A
divisão do ano em doze meses de trinta dias é de origem egípcia; os romanos
adotaram-na e ainda hoje é conservada com pequenas modificações. A medicina
egípcia também era surpreendentemente adiantada. Chegaram a fazer pequenas operações
e a tratar com habilidade as fraturas ósseas. Pressentiram a importância do
coração e, na observação das propriedades terapêuticas de certas drogas,
adquiriram alguns conhecimentos de farmaco-dinâmica".
IV - O
EGITO E OS FILHOS DE ISRAEL
O relacionamento de Israel com o Egito
remonta à Era Patriarcal. Premidos pela fome e outras agruras, Abraão e Isaque
desceram à terra dos faraós, onde sofreram sérios constrangimentos. O primeiro
e maior patriarca hebreu, por exemplo, esteve prestes a perder a esposa, cuja
beleza embeveceu o rei daquela nação. Não fosse a intervenção divina. Sara não
seria contada entre as ilustres mães do povo israelita.
Em sua velhice, Abraão recebe esta sombria
revelação do Senhor: "Saibas, de certo, que peregrina será a tua semente
em terra que não é sua, e servi-los-ão; e afligi-los-ão quatrocentos anos; mas
também eu julgarei a gente, a qual servirão, e depois sairão com grande
fazenda. E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. K a
quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não
está ainda cheia" (Gn 15.13-16).
1 - José,
primeiro-ministro do Egito
Estêvão, sábio diácono da igreja primitiva,
conta-nos como José chegou a primeiro ministro do Faraó: "E os patriarcas,
movidos de inveja, venderam a José para o Egito. mas, Deus era com ele. E
livrou-o de todas as suas tributações, e lhe deu graça e sabedoria ante Faraó,
rei do Egito. que o constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa.
Sobreveio então a todo o país do Egito e de Canaã fome e grande tributação; e
nossos pais não achavam alimentos. Mas, tendo ouvido Jacó que no Egito havia
trigo, enviou ali nossos pais, a primeira vez. E, na segunda vez foi José
conhecido por seus irmãos, e a sua linhagem foi manifesta a Faraó. E José
mandou chamar a seu pai Jacó e a toda sua parentela, que era de setenta e cinco
almas" (At 7.9-14).
Não obstante sua humilde condição de escravo,
José tornou-se primeiro-ministro do Faraó. E, por seu intermédio, Deus salvou
toda a descendência de Israel. Não fosse o providencial ministério exercido por
esse intrépido hebreu, a progênie abraâmica ver-se-ia em grandes dificuldades.
Sua história é uma das obras-primas da humanidade.
José chegou ao Egito no Século XX a.C. Nesse
tempo, segundo os historiadores, os hicsos dominavam o país. Sendo, também,
semitas, os novos senhores da terra não tiveram dificuldades em demonstrar sua
magnanimidade aos hebreus. Mostrando-se liberais e generosos, ofereceram aos
israelitas a região de Gósen, onde a linhagem abraâmica desenvolveu-se
sobremaneira.
2 – Moisés
Continua Estêvão a contar a história dos
israelitas no Egito:
Aproximando-se, porém, o tempo da promessa
que Deus tinha feito a Abraão, o povo cresceu e se multiplicou no Egito; até
que se levantou outro rei, que não conhecia a José. Esse, usando de astúcia
contra a nossa linhagem, maltratou nossos pais, a ponto de os fazer enjeitar as
suas crianças, para que não se multiplicassem. Nesse tempo, nasceu Moisés, e
era mui formoso, e foi criado três meses em casa de seu pai. E, sendo
enjeitado, tomou-o a filha de Faraó, e o criou como seu filho. E Moisés foi
instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e
obras.
"E, quando completou a idade de quarenta
anos, veio-lhe ao coração ir visitar seus irmãos, os filhos de Israel. E, vendo
maltratado um deles, o defendeu, e vingou o ofendido, matando o egípcio. E ele
cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar a liberdade pela
sua mão; mas eles não entenderam. E no dia seguinte, pelejando eles, foi por eles
visto, e quis levá-los à paz, dizendo: Varões, sois irmãos; por que vos
agravais um ao outro? E o que ofendia o seu próximo o repeliu, dizendo: Quem te
constituiu príncipe e juiz sobre nós? Queres tu matar-me, como ontem mataste o
egípcio?
"E a esta palavra fugiu Moisés, e esteve
como estrangeiro na terra de Midiã, onde gerou dois filhos. E, completados
quarenta anos, apareceu-lhe o anjo do Senhor, no deserto do monte Sinai, numa
chama de fogo de um sarçal. Então Moisés, quando viu isto, maravilhou-se da
visão; e, aproximando-se para observar, foi-lhe dirigida a voz do Senhor:
"Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de
Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés, todo trêmulo, não
ousava olhar. E disse-lhe o Senhor: Tira as alparcas dos teus pés, porque o
lugar em que estás é terra santa: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo
que está no Egito, e ouvi os seus gemidos, e desci a livrá-los. Agora, pois,
vem, e enviar-te-ei ao Egito.
"A este Moisés, ao qual haviam negado,
dizendo: Quem te constituiu príncipe e juiz? a este enviou Deus como príncipe e
libertador, pela mão do anjo que lhe aparecera no sarçal.
Foi este que os conduziu para fora, fazendo
prodígios e sinais na terra do Egito, e no mar Vermelho, e no deserto, por
quarenta anos. Este é aquele Moisés que disse aos filhos de Israel: ü Senhor
vosso Deus vos levantará dentre vossos irmãos um profeta como eu; a ele ouvireis"
(At 7.17-37). Israel deixou o Egito no Século XV a.C. Depois do Êxodo,
israelitas e egípcios voltariam a se enfrentar no tempo dos reis e no chamado
período inter-bíblico. Recentemente, com a independência do moderno Estado de
Israel, as forças judaicas defrontaram-se com as egípcias diversas vezes. O
antagonismo entre ambos os povos é milenar. Entretanto, o futuro dessas nações
será de paz e glória: "Naquele dia haverá estrada do Egito até a Assíria,
e os assírios virão ao Egito, e os egípcios irão à Assíria: e os egípcios
adorarão com os assírios ao Senhor. Naquele dia Israel será o terceiro com os
egípcios e os assírios, uma bênção no meio da terra. Porque o Senhor dos
Exércitos os abençoará, dizendo: Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria,
obra de minhas mãos, e Israel, minha herança" (Is 19.23-25).
Claudionor de Andrade. Geografia Bíblica. Editora CPAD.
A história do êxodo
de Israel tem figurado por séculos na história dos hebreus e é acompanhada ao
longo da história da Igreja como um referencial de interpretação da história da
salvação. E isso não é sem motivo, pois não se pode imaginar um estudo sério da
Palavra de Deus sem que se examine o Pentateuco, e, mais precisamente, a forma
como Deus libertou o seu povo da escravidão e o levou à Terra Prometida.
Este capítulo trata
da origem de Moisés, o homem que Deus escolheu para trazer a liberdade para o
povo de Israel. Levemos em conta que Deus costuma se utilizar de instrumentos
humanos para que a sua glória seja manifesta, e por isso podemos estudar os
exemplos de homens e mulheres usados por Deus para grandes feitos ao longo da
Bíblia Sagrada.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 5.
Vi a aflição do meu
povo. O povo de Israel chamava a atenção de Deus, conforme já vimos em Êxo.
2.25. Era chegado o momento certo de agir. A Terra Prometida deveria passar
para o poder de Israel, após o exílio no Egito, e depois que a culpa dos
cananeus chegasse ao seu ponto culminante. Ver Gên. 15.13,16. Deus cuida de Seu
povo. Por certo essa é a mensagem central do evangelho. Deus amou de tal
maneira que deu (João 3.16), e uma provisão universal foi feita (I João 2.2).
Ver no Dicionário 0 artigo Misericórdia (Misericordioso). Deus sabia da
situação aflitiva de Seu povo, e não podia tolerá-la. Ver Êxo. 3.7-9 e cf. Êxo.
2.24. E assim, foi planejada a libertação.
Exatores. Temos aqui
uma palavra diferente da que é empregada em Êxo. 1.11, onde nossa versão
portuguesa diz leitores”. Mas ambos os termos implicam um tratamento cruel. Os
“exatores” não eram apenas capatazes. Tinham-se torna· do opressores; e era com
eles que os escravos tinham de tratar todos os dias. Deus sabia o quanto os
israelitas sofriam fisicamente, 0 quanto a mente deles se sentia aflita e o
quanto seu espírito se sentia desolado. Pareciam abandonados a uma sorte pior
do que poderiam suportar. Mas a vontade soberana de Deus estava prestes a reverter
tudo isso.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 314.
I - O
LIVRO DE ÊXODO
1. Seu propósito.
O êxodo é o
acontecimento crucial na história de Israel. Foi a poderosa libertação realizada
pelo Senhor, para trazer todo o povo de Israel da escravidão no Egito e levá-lo
à Terra Prometida. Esta saída do Egito e a consequente migração em direção a
Canaã, sob a liderança de Moisés, foi marcada por muitos milagres, e resultou
no estabelecimento dos israelitas como uma nação em aliança com Deus, que era
seu próprio governador teocrático.
Dentro do Pentateuco,
o Êxodo faz uma ligação para que a história dos hebreus seja encadeada de forma
que haja continuidade na narrativa mosaica. Um olhar panorâmico no Pentateuco
nos mostra que em Gênesis Deus cria o mundo, a humanidade, promete um Salvador
e conduz Abraão, Isaque e Jacó a um relacionamento com Ele. O fim do livro de
Gênesis fala sobre José, filho de Jacó, que vai para o Egito como escravo e se
torna governador, com uma administração pautada no temor a Deus e no bom senso.
José traz seus irmãos e seu pai para o Egito, para que tenham um lugar mais
tranquilo para viver, e o livro é encerrado com o pedido de José para que os
israelitas tirassem os seus ossos daquelas terras, pois Deus os visitaria e os
tiraria de lá. A seguir, o livro de Êxodo mostra a escravidão dos hebreus no
Egito e a libertação divina por intermédio de Moisés, um personagem que vai
figurar nos demais livros do Pentateuco. O livro de Levítico se encarrega de
ensinar ao povo o valor da comunhão com Deus, a lei sacrificial e o trabalho no
Tabernáculo. O livro de Números aborda a peregrinação dos israelitas no
deserto, e o livro de Deuteronômio mostra os discursos de Moisés ao povo antes
de entrarem na Terra Prometida.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 6-7.
ESCOPO E PROPÓSITO
O livro de Êxodo é o
livro da redenção. O nome grego "Êxodo" (lit. "saída")
descreve aqui como Deus tirou os filhos de Israel da escravidão no Egito; mas
por redenção compreendemos que o Redentor não apenas livra Seu povo da
escravidão mas também coloca esse povo em relação especial Consigo mesmo,
fazendo dele Sua própria possessão adquirida, sua "propriedade
peculiar" (19.5).
O início do livro
descreve, portanto, a grande libertação do povo de Deus, Israel, o que culmina
com a Páscoa e prefigura a redenção ainda maior operada no Calvário. Desse
ponto o livro passa para o concerto estabelecido no monte Sinai, no qual Deus
declarou que Israel era Seu povo, dando-lhes os dez mandamentos, enquanto que
por sua vez eles aceitaram Jeová como seu Deus, comprometendo-se a obedecê-lo.
Esse concerto foi o fundamento do sua existência nacional, do qual a nova
aliança (1Co 11.25; Hb 8.6-13) forma o antítipo, com a chamada da Igreja.
Finalmente, a história do estabelecimento do tabernáculo e de sua adoração
provê a base sobre a qual a vida do povo redimido, em sua relação para com
Deus, precisava ser mantida. Na nova aliança a base da comunhão com Deus é
Cristo. O tabernáculo e sua adoração, portanto, provêm muitos tipos e prefigura
Cristo (ver, por ex. Hb 8.5; 9.1-11; 10.1).
As referências no
Novo Testamento justificam plenamente nossa posição que vê Cristo como o
"cumprimento" deste livro. Nos milagres registrados vemos "sinais"
da operação divina (conf. Jo 2.11), no concerto do Sinai vemos um precursor da
nova aliança, e na adoração do tabernáculo vemos uma "sombra dos bens
vindouros" (Hb 10.1).
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Êxodo. pag. 2.
O SIGNIFICADO DO ÊXODO
O êxodo é o evento
teológico e histórico mais expressivo do A. T., porque mostra a magnificente
ação de Deus em favor de seu povo, uma ação que os conduziu da escravidão à
liberdade, da fragmentação à unidade, de um povo com uma promessa - os hebreus
- à uma nação estabelecida - Israel. No livro de Gênesis encontram-se a
introdução e o propósito, seguindo-se então todas as revelações subsequentes do
.Antigo Testamento. Um registro que é ao mesmo tempo um comentário inspirado e
uma exposição detalhada. Em última análise, o êxodo serve como um tipo do êxodo
promovido por Jesus Cristo, de forma que ele se torna um evento significativo
tanto para a Igreja quanto para Israel.
MERRILL.
Eugene H. Historia de Israel no Antigo
Testamento. Editora CPAD. pag. 49-50.
2. A escravidão.
O livro de êxodo fala
de escravidão. Essa expressão traz para nós a ideia de uma pessoa que está sob
controle absoluto de outra por meio da força, e para essa pessoa trabalha sem
qualquer direito. Tendo em vista os avanços na esfera social que o homem
moderno obteve por meios democráticos, falar em trabalho escravo em nossos dias
é uma coisa absurda, apesar de ele existir em muitos lugares no mundo. Não se
pode pensar em um trabalho que não seja remunerado (exceto o voluntário), nem
se pode imaginar pessoas trabalhando sem hora de descanso e ainda sendo tolhidas de direitos
como o descanso e alimentação adequada. Mas no mundo antigo, a escravidão era
uma prática bem difundida. Uma pessoa poderia cair nessa situação caso fosse
vendida por familiares ou se fosse uma presa de guerra, ou mesmo se não pudesse
pagar dívidas. O certo é que era uma situação constrangedora e humilhante para
homens e mulheres que se viam envolvidos por ela.
O livro de Êxodo
narra o princípio da escravidão do povo hebreu pelas mãos dos egípcios. Um rei
se levantou no Egito, e esse monarca não tinha prazer em recordar a história
daquela nação. Ele não conheceu a José, e essa expressão pode indicar que esse
novo rei não soube que o Egito anteriormente passara por um período de extrema
provação, quando os alimentos se tornaram escassos, e que se não fosse pela
instrumentalidade de José, filho de Jacó, o Egito provavelmente não
subsistiria.
Deus fora
misericordioso para com os egípcios, dando-lhes um administrador como José. E
muito tempo depois, o Egito decide retribuir o livramento dado por José usando
os hebreus como mão de obra escrava. Essa foi uma forma muito ruim de
demonstrar gratidão, mas de forma geral essa é a tendência humana:
esquecemo-nos das bondades de Deus e nos tornamos senhores das bênçãos que Ele
nos tem dado graciosamente.
A opressão dos
egípcios contra os israelitas era tão grande que Deus disse: “Por isso desci
para libertá-los do poder dos egípcios” (Êx 3.8, NTLH). A expressão “poder”
mostra o grau de opressão com que os egípcios tratavam os hebreus,
considerando-os como se fossem nada, descartáveis.
"Qualquer
egípcio ou egípcia poderia entrar nas casas dos israelitas, pará-los nas ruas
ou em qualquer lugar onde estivessem, pegar a criança recém-nascida,
conferir-lhe o sexo e, se fosse um menino, tomá-lo da sua mãe e ir direto ao
Rio Nilo para jogar o bebê, a fim de que ele se afogasse ou fosse devorado por
v crocodilos."
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 7-8.
Êx 1.14 A ideia de
tirania é reiterada (ver o versículo anterior). Havia trabalho forçado nos
campos, nos projetos de construção. Havia dura servidão, e os direitos pessoais
não eram respeitados — o que sempre acontece em todas as opressões.
Normalmente, a história tem sido escrita por elementos das classes altas,
girando em torno dos feitos de reis e príncipes; essas histórias estão cheias
de atos de violência, ódio e opressão. Mas o livro de Êxodo relata a história
de homens comuns que estavam sendo oprimidos; e, em lugar de elogiar aos
opressores, diz a verdade sobre eles.
“Os egípcios criaram
uma boa variedade de maneiras para oprimir os israelitas; pois forçavam-nos a
cavar grande número de canais para 0 rio, ou a erigir muralhas para suas
cidades ou a levantar moles para conter as águas do Nilo, impedindo que o rio
extravasasse para além de suas margens. Também obrigaram os filhos de Israel a
edificar pirâmides, com 0 que queriam desgastá-los”, disse Josefo em Antiq.
(Ilv.ii. cap. ix. see. 1). Cf. Deu. 11.10.
Filo esclareceu que
alguns israelitas trabalhavam com o barro, moldando-o em tijolos, ao passo que
outros colhiam e transportavam palha e outro material para ser misturado à
massa. Alguns filhos de Israel serviam em casas; outros, nos campos, outros
cavando canais, e ainda outros transportando cargas” (De Vita Mosis, 1.1 par.
608).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 306.
O LIBERTADOR INDISPENSÁVEL (Êx 1:1-22)
Os rabinos judeus
chamam o Livro de Êxodo de "Livro dos Nomes" (ou "Estes São os Nomes"),
pois ele começa com uma lista dos nomes dos filhos de Jacó (Israel) que levaram
suas famílias para o Egito, a fim de fugir da fome que assolava Canaã (Gn 46).
Deus usou a
experiência de Israel no Egito com a intenção de prepará-los para a tarefa especial
que deviam cumprir aqui na Terra: ser testemunho do verdadeiro Deus vivo, escrever
as Sagradas Escrituras e trazer ao mundo o Salvador.
Bênção (w. 1-7). Durante os anos em que José serviu como vice
governante do Egito, sua família foi extremamente respeitada e, mesmo depois
que José morreu, sua memória foi honrada pela forma como os egípcios trataram
os hebreus. Deus cumpriu as promessas da aliança que havia feito com Abraão ao
abençoar seus descendentes e fazer com que se multiplicassem grandemente (Gn 12:1-3;
15:5; 17:2, 6; 22:17). No tempo do êxodo, o povo hebreu contava com mais de seiscentos
mil homens de vinte anos ou mais (Êx 12:37; 38:26) e, se acrescentarmos a esse número
as mulheres e crianças, temos um total de cerca de dois milhões de pessoas, sendo
que todas elas eram descendentes da família de Jacó. Sem dúvida, Deus havia
cumprido sua promessa!
No entanto, um novo
Faraó não se agradou da rápida multiplicação do povo hebreu e, assim, tomou
medidas para controlá-la.
Primeira medida - A aflição dos adultos (w. 8-14). Deus havia dito a
Abraão que seus descendentes iriam para um país estrangeiro e lá seriam
escravizados e maltratados, mas prometeu libertá-los por seu poder quando fosse
a hora certa (Gn 15:12-14). Deus comparou o Egito com uma fornalha de ferro (Dt
4:20) em que seu povo iria sofrer, mas sua experiência nessa fornalha transformaria
os israelitas numa nação poderosa (Gn 46:3).
Ao longo dos séculos
que os hebreus habitaram no Egito (Gn 15:13; Êx 12:40, 41), passaram pela
mudança de várias dinastias egípcias. Mas que novo Faraó seria tão ignorante a
ponto de não saber sobre José e sua família e de tentar destruir "o povo
dos filhos de Israel"? A décima sétima dinastia dos hicsos4 também era de
origem estrangeira, como os hebreus, de modo que provavelmente simpatizavam com
Israel. No entanto, a décima oitava dinastia era egípcia, e seus governantes
expulsaram os estrangeiros da terra do Egito. Pode ter sido nessa dinastia que
começou a perseguição ao povo de Israel.
Por que os egípcios
desejavam tornar a vida dos hebreus tão infeliz? Israel era uma fonte de
bênçãos para a terra, como José havia sido antes deles (Gn 39:1-6), e não
estava causando problemas. De acordo com a razão apresentada pelo Faraó, a
presença de tantos hebreus era um risco para a segurança nacional, uma vez que
eram estrangeiros e, se houvesse uma invasão, sem dúvida se tornariam aliados
dos inimigos. No entanto, quer o Faraó percebesse quer não, a verdadeira causa
do conflito anunciado em Gênesis 3:15 era a inimizade entre o povo de Deus e os
filhos de Satanás, conflito que persiste no mundo de hoje.
Não encontramos nos
registros da história nenhum povo que tenha sofrido tanto quanto os judeus, mas
toda a nação ou governante que perseguiu o povo de Deus foi castigada por isso.
Afinal, Deus havia prometido a Abraão: "Abençoarei os que te abençoarem e
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem" (Gn 12:3). Deus cumpriu essa promessa
na forma como tratou com o Egito e a Babilônia na antiguidade e com Stalin e
Hitler nos tempos modernos. Deus é longânimo ao observar as nações que
perseguem seu povo escolhido, mas chega a hora em que sua mão de julgamento
pesa sobre os opressores.
Os capatazes
egípcios, "com tirania, faziam servir os filhos de Israel" (Êx 1:13),
obrigando os escravos hebreus a construir cidades e trabalhar nos campos. Mas a
bênção de Deus fez com que o povo de Israel continuasse a se multiplicar, o que
assustou e irou ainda mais seus dominadores egípcios. Era preciso fazer alguma
coisa para manter Israel sob controle.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 234-235.
Crueldade engendrada (1.11,13,14). A sabedoria mundana
sabe inventar métodos cruéis. O rei queria debilitar o poder dos israelitas,
quebrando-lhes a vontade como grupo e levando-os a se tornar como os egípcios.
De acordo com avaliações posteriores (Js 24.14; Ez 20.7-9), alguns israelitas
fizeram exatamente isso. Sob circunstâncias normais, tais métodos teriam
cumprido o desígnio do rei.
Os maiorais de
tributos (11) eram supervisores gerais cujos métodos tiranos eram famosos.
Provavelmente alguns desses chefes de serviços fossem israelitas (5.14). “Há [...]
lugar para pensar que eles os faziam trabalhar desumanamente e, ao mesmo tempo,
os obrigava a lhes pagar exorbitante tributo.”5 Cidades de tesouros eram
“cidades armazéns” onde eram armazenados provisões e armamentos.
As tarefas para os
israelitas ficaram muito amargas com dura servidão (14). Pelo visto, o trabalho
no campo refere-se a projetos de irrigação ou ao cuidado dos rebanhos do
governo, ou possivelmente a levar tijolos para os lugares de construção. A
escravidão era tão cruel quanto o homem podia torná-la sem infligir a morte.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 142.
A LOCALIZAÇÃO HISTÓRICA DO ÊXODO
O novo reino egípcio Segundo
1 Reis 6.1, o êxodo aconteceu cerca de 480 anos antes da fundação do templo de
Salomão. De fato, Salomão deu início à construção em seu quarto ano, ou seja,
em 966 a.C., de forma que, de acordo com uma hermenêutica normal e uma
aproximação séria dos dados cronológicos bíblicos, o êxodo ocorreu em 1446 a.C.
Antes de apresentarmos argumentos detalhados em favor de tal data, vamos por
enquanto nos deter na décima oitava dinastia do Egito que, de acordo com a data
tradicional, forma o quadro da época em que o êxodo aconteceu.
Como apontado no
capítulo 1, a décima oitava dinastia foi fundada por Amósis, o responsável pela
expulsão dos hicsos. E bem provável ter sido ele o que está descrito em Êxodo
como o novo rei que não conhecia Tabela 4 18a e 19a Dinastia do Egito.
18a
Dinastia
Amósis 1570-1546
Amenotepe
I 1546-1526
Tutmose
I 1526-1512
Tutmose II 1512-1504
Hatchepsute 1503-1483
Tutmose III 1504-1450
Amenotepe
II 1450-1425
Tutmose
IV 1425-1417
Amenotepe
III 1417-1379
Amenotepe
IV (Akhenaten) 1379-1362
Semenca 1364-1361
Tutankamon 1361-1352
Ai 1352-1348
Horembeb 1348-1320
19a Dinastia
Ramsés
I 1320-1318
Setos
I 1318-1304
Ramsés
II 1304-1236
Merneptá 1236-1223
José (Êx 1.8). Isto
não sugere que ele não tenha conhecido José pessoalmente, mas apenas que sua
benevolência não mais se estendia aos descendentes de José - os hebreus. Ele
havia, afinal, expulsado os hicsos, um povo bastante aparentado aos hebreus, e
pode ter ficado receoso de que a rápida multiplicação destes pudesse se
constituir numa séria ameaça ao seu recente governo e autoridade.
Ele ou seu sucessor,
Amenotepe I (1546 - 1526), foi o responsável pela política repressiva que se
seguiu naqueles dias. Isto incluía a redução dos hebreus à escravidão com
trabalhos forçados em projetos de construções públicas (Êx 1.11-14), um plano
que foi igualmente implementado por Amósis. Quando tal projeto fracassou,
seguiu-se um decreto promulgando o genocídio de todos os machos hebreus que
nascessem (Êx 1.15,16).
Esse decreto pode ter
sido emitido por Amenotepe ou, o que é mais provável, por Tutmose I, de acordo
com a reconstrução histórica promovida neste trabalho.
Admitindo a data de
1446 a.C. para o êxodo, podemos determinar a data do nascimento de Moisés, um
fato de elevada importância nesta conjuntura. O Antigo Testamento informa que
Moisés tinha a idade de 80 anos pouco antes do êxodo (Êx 7.7), e 120 anos na
sua morte (Dt 34.7). Visto que sua morte ocorreu bem no fim do período do
deserto, podemos datá-la em 1406. Um simples cálculo então fornece o ano 1526 para
o seu nascimento. Por conseguinte, Moisés nasceu no mesmo ano da morte do faraó
Amenotepe. E preciso enfatizar que não se pode esperar uma absoluta precisão,
mas nossas datas para a cronologia do Novo Reinado, assim como todas as datas
que usamos, são as mesmas utilizadas pelo Cambridge Ancient History, uma
publicação lançada por estudiosos imparciais, reconhecidos academicamente como
autoridades da mais alta confiabilidade. Quaisquer ajustes nas datas que
aumentem
ou diminuam alguns
anos em nada afetarão as conclusões aqui propostas.
Amenotepe foi
sucedido por Tutmose I (1526-1512), um plebeu que tinha se casado com a irmã do
rei. Provavelmente foi ele o autor do decreto que ordenou o infanticídio, pois
enquanto Moisés estava em iminente perigo de morrer, Arão, que havia nascido
três anos antes (Êx 7.7), parece ter estado isento. Não seria difícil admitir
que o faraó que promulgou essa política deve ter subido ao trono após o
nascimento de Arão e antes do nascimento de Moisés. Nesse caso, a evidência
bíblica aponta diretamente para Tutmose I.
Tutmose II
(1512-1504) casou-se com Hatchepsute, sua meia-irmã mais velha. Ele morreu
jovem sob circunstâncias bastante misteriosas. Sentindo que se aproximava da
morte, ordenou a nomeação de Tutmose III (1504-1550) como seu co-regente e
herdeiro. Esse governante que, sem dúvida, foi o mais ilustre e poderoso dentre
os que viveram no Novo Reino, distinguiu-se de várias maneiras. Seus primeiros
anos não foram muito promissores era filho de uma concubina e tinha se casado
com sua meia-irmã, filha de Hatchepsute e Tutmose II - mas por fim veio a obter
notáveis vitórias nas terras ao seu redor, que incluíram nada menos que 16
campanhas à Palestina. Porém, os primeiros 20 anos de seu reino foram dominados
por sua poderosa madrasta, Hatchepsute. Embora proibida pela cultura de se
tornar faraó, ela de fato agia como tal e, em todos os critérios, pode ser
considerada a pessoa de maior fascínio e influência da história egípcia. Sem dúvida,
nos primeiros anos de Tutmose III, foi Hatchepsute quem ditou as resoluções, um
relacionamento que decerto ele detestava, mas encontrava-se impotente para se
opor. Somente após a morte da madrasta, Tutmose III demonstrou toda repugnância
que sentia por ela, mandando extinguir toda e quaisquer inscrições ou
monumentos em sua homenagem.
O quadro geral de
Hatchepsute leva-nos a identificá-la como a ousada filha do Faraó que resgatou
Moisés. Somente ela dentre todas as demais mulheres de sua época seria capaz de
ir contra uma ordem do Faraó, bem diante dele. Embora a data de seu nascimento
seja desconhecida, ela provavelmente era vários anos mais velha do que seu
marido, Tutmose II, que morrera em 1504, bem próximo de seus 30 anos. Ela devia
estar no início de sua adolescência, por volta de 1526, data do nascimento de
Moisés e, portanto, com condições de agir em favor de sua libertação.
Tutmose III era menor
de idade quando assumiu o poder em 1504 e mais novo que Moisés. Se, de fato,
Moisés foi filho de criação de Hatchepsute, há probabilidade de haver ele sido uma
forte ameaça ao jovem Tutmose III, visto que Hatchepsute não tinha filhos
naturais. Isso significa que Moisés era um candidato a ser faraó, tendo apenas
como obstáculo sua origem semítica. Parece-nos que houve uma real animosidade entre
Moisés e o faraó. Isto fica claro em virtude de Moisés, após matar um egípcio,
ter sido forçado a fugir para salvar a vida. O fato de ter o próprio faraó
considerado a questão - que, em outra situação, seria pouco relevante - sugere
que este faraó especificamente tinha interesses pessoais em se livrar de
Moisés. O exílio auto imposto por Moisés ocorreu em 1486, quando ele tinha 40
anos de idade (At 7.23). Tutmose III já estava no poder havia 18 anos; e a
idosa Hatchepsute, que faleceria três anos mais tarde, não tinha mais condições
de interditar a vontade de seu enteado/sobrinho.
Durante longos
quarenta anos, Moisés permaneceu fugitivo do Egito, tendo se abrigado entre os
midianitàs do Sinai e da Arábia. Uma das razões para tão longo exílio foi
justamente o fato de continuar a viver e reinar o Faraó de quem Moisés havia
escapado. Somente após sua morte, Moisés sentiu-se livre para retornar ao Egito
(Êx 2.23; 4.19). Tutmose III morreu em 1450 e foi sucedido por seu filho
Amenotepe II (1450-1425).
Segundo os padrões
cronológicos aceitáveis nesta discussão, era este Amenotepe quem reinava na
ocasião do êxodo.
Antes de deixarmos
Tutmose III, é essencial notarmos que o relato bíblico requer um reinado de
quase 40 anos para o Faraó que perseguiu a vida de Moisés, porquanto o rei que
morreu no fim dos anos do exílio de Moisés em Mídia era claramente o mesmo que
o havia ameaçado quase 40 anos antes. Dentre todos os reis da 18a Dinastia,
somente Tutmose III teve um reino tão longo. De fato, ele é o único governante
que, em todo período durante o qual o êxodo poderia ter ocorrido, reinou tanto
tempo - com exceção de Ramsés II (1304-1236). Mas Ramsés, o faraó preferido
pela maioria dos estudiosos, é geralmente associado ao faraó do êxodo, não ao
faraó cuja morte possibilitou o retorno de Moisés ao Egito. Caso a morte de
Ramsés houvesse trazido Moisés de volta ao Egito, o êxodo deveria ter ocorrido após
1236, uma data muito tarde para ser satisfatória.
O FARAÓ DO ÊXODO
Quando finalmente
Moisés retornou ao Egito, ele e seu irmão Arão começaram a negociar com o novo
rei, Amenotepe II, a respeito de uma permissão para Israel deixar o Egito com o
propósito de adorar a Jeová e, enfim, deixar o país definitivamente. Este
poderoso rei conduziu uma campanha em Canaã em seu terceiro ano (aprox. 1450) e
uma outra em seu sétimo ano, provavelmente em 1446, coincidindo com a
tradicional data do êxodo. Não é difícil imaginar que a dizimação do exército
de Faraó no mar de Juncos pode ter ocorrido após essa sétima campanha e que,
após tamanha desmoralização, um total desinteresse por uma aventura imediata se
abateu sobre o reino, especialmente para o norte.
Nossa identificação
de Amenotepe II como o faraó do êxodo está baseada em duas outras
considerações. Em primeiro lugar, embora a maioria dos reis da 18a Dinastia
tenha estabelecido sua principal residência em Tebas, bem ao sul dos israelitas
no Delta, Amenotepe morava em Mênfis e, aparentemente, reinou daquele local por
um bom tempo. Isto o colocava em grande proximidade com a terra de Gósen,
fazendo-o bastante acessível a Moisés e Arão. Em segundo lugar, evidências
sugerem que o governo de Amenotepe não passou para seu filho mais velho, mas
para o caçula Tutmose IV. Esta é uma informação subentendida na chamada
"esteia do sonho", que foi encontrada na base da Grande Esfinge perto
de Mênfis.
O texto, que registra
um sonho no qual Tutmose IV recebeu a promessa de que um dia viria a ser rei,
sugere, como diz um historiador, que o seu reino sucedeu "mediante uma
imprevista mudança no destino, como a morte prematura do irmão mais
velho". E claro que isto é praticamente impossível de se provar, mas
também não há como deixar de especular se tal morte prematura não tenha
ocorrido por intermédio do juízo de Jeová que, na décima praga, matou todos os
primogênitos do Egito que estavam sem a proteção do sangue da Páscoa,
"...desde o primogênito de Faraó, que se sentava em seu trono, até o
primogênito do cativo que estava no cárcere..." (Êx 12.29).
MERRILL.
Eugene H. Historia de Israel no Antigo
Testamento. Editora CPAD. pag. 50-52, 54-56.
Um Rei que não conhecia a Deus
"Depois,
levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José, o qual disse ao
seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito e mais poderoso do que
nós. Eia, usemos sabiamente para com ele, para que não se multiplique, e
aconteça que, vindo guerra, ele também se ajunte com os nossos inimigos, e
peleje contra nós, e suba da terra" (versículos 8-10). Vemos aqui o
raciocínio de um coração que nunca aprendera a contar com Deus nos seus cálculos.
O coração não-regenerado nunca o pode fazer, e por isso, quando Deus se revela,
todos os seus argumentos caem por terra. Fora de Deus, ou independentemente
d'Ele, podem parecer muito prudentes, mas logo que Deus aparece em cena, vê-se
que são perfeita loucura.
Mas porque havemos
nós de permitir que as nossas mentes sejam, de qualquer modo, influenciadas por
argumentos e cálculos que dependem, para a sua verdade aparente, da exclusão
total de Deus? Fazê-lo é, em princípio, e de acordo com a sua extensão,
praticamente, ateísmo. No caso de Faraó verificamos que ele podia julgar
corretamente as várias eventualidades dos negócios do seu reino: a
multiplicação do povo, as possibilidades de guerra e de os israelitas fazerem
causa comum com o inimigo e abandonarem o país. Ele podia pesar todas estas
circunstâncias na balança com invulgar sagacidade; mas nunca lhe ocorreu que
Deus pudesse ter alguma coisa a ver com o assunto. Este simples pensamento, se
alguma vez tivesse ocorrido a Faraó, bastaria para lançar a confusão em todos
os seus planos classificando-os como loucura. Ora é conveniente refletirmos que
sucede sempre assim com o raciocínio da mente céptica do homem. Deus é
inteiramente excluído; sim, a sua pretendida verdade e solidez dependem dessa
exclusão. O aparecimento de Deus em cena dá o golpe mortal em todo o cepticismo
e infidelidade. Até ao momento em que o Senhor aparece, podem pavonear-se no palco
com maravilhosa demonstração de sabedoria e destreza; porém, assim que o olhar distingue
o mais fraco vislumbre do bendito Senhor, são despojados do manto da sua ostentação
e revelados em toda a sua nudez e deformidade.
Com referência ao rei
do Egito, pode dizer-se, com segurança, que errou grandemente, não conhecendo a
Deus nem os Seus desígnios imutáveis. Faraó ignorava que, muitos séculos antes,
ainda ele estava longe de respirar o fôlego desta vida mortal, a palavra e o
juramento de Deus—"duas coisas imutáveis"—haviam assegurado
infalivelmente a libertação completa e gloriosa daquele mesmo povo que ele, na
sua sabedoria, propunha esmagar. Tudo isto ele desconhecia; e, portanto, todos
os seus pensamentos e todos os seus planos baseavam-se sobre a ignorância dessa
grande verdade, fundamento de todas as verdades, que DEUS, É. Imaginava,
loucamente, que, com a sua sabedoria e poder, poderia impedir o crescimento daqueles
acerca dos quais Deus havia dito: "serão como as estrelas dos céus e como
a areia que está na praia do mar" (Gn 22:17). Portanto, o seu procedimento
não passava de loucura e insensatez. O pior erro que alguém pode cometer é agir
sem contar com Deus. Mais cedo ou mais tarde o pensamento de Deus impor-se-á ao
seu espírito e então dá-se a destruição terrível de todos os seus planos e
cálculos. Quando muito, tudo quanto é empreendido sem contar com Deus só pode
durar o tempo presente. Mas não pode de modo algum alongar-se para a eternidade.
Tudo quanto é apenas humano, por muito sólido, brilhante e atraente que possa ser,
está destinado a cair nas garras da morte e a abolorecer no silêncio do túmulo.
A leiva do vale há de cobrir as maiores honras e as glórias mais brilhantes do
homem (Jó 21:33); a mortalidade está esculpida na sua fronte, e todos os seus
projetos são evanescentes. Pelo contrário, tudo aquilo que está ligado e
fundado em Deus permanecerá para sempre. "O seu nome permanecerá
eternamente; o seu nome se irá propagando de pais a filhos" (SI 72:17).
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
3. Clamor por
libertação.
A busca pela liberdade
também é um dos temas descritos no livro de Êxodo. Quem está preso deseja ser
livre, e o mesmo ocorre para com aqueles que estão sendo submetidos à
escravidão. Não foi à toa que Moisés escreveu:
E aconteceu, depois
de muitos destes dias, morrendo o rei do Egito, que os filhos de Israel
suspiraram por causa da servidão e clamaram; e o seu clamor subiu a Deus por
causa de sua servidão. E ouviu Deus o seu gemido e lembrou-se Deus do seu
concerto com Abraão, com Isaque e com Jacó; e atentou Deus para os filhos de
Israel e conheceu-os Deus. (Êx 2.23-25)
O rei que decretou a
escravidão falecera, mas seu sucessor manteria aquele sistema até que Deus
visitasse o seu povo e o libertasse daquela situação. Reter os israelitas no
Egito como escravos se mostrou caríssimo para Faraó e a nação egípcia.
Aqui cabe uma
observação: apesar de o povo de Deus passar por aquela tribulação, a Bíblia nos
diz que Deus manteve o seu plano de levar seu povo a uma terra onde poderiam
viver como uma nação. Para isso, Deus usaria Moisés como o instrumento não
apenas de libertação, mas também como um legislador, a fim de que o povo
pudesse seguir regras adequadas para sua existência na nova terra. Deus não
perdeu o controle da história. Ele apenas estava esperando o momento certo para
agir.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 9.
Êx 2.24 O Pacto
Abraâmico. O cronograma de Deus requeria vários acontecimentos: o exílio e a
servidão no Egito; os pecados dos cananeus teriam de chegar a seu ponto
culminante, a fim de que um justo juízo divino viesse a privá-los de suas
terras (Gên. 15.13-16); Moisés teria de cumprir um período de quarenta anos de
exílio no deserto (Êxo. 2.15; Atos 7.30). Mas uma vez satisfeitos todos esses
itens, o cronograma divino passaria para o passo seguinte: a chamada de Abraão.
E esta levaria o Pacto Abraâmico a um novo degrau. Ver em Gên. 15.18 as notas
completas que damos ali sobre esse pacto. Uma de suas principais estipulações
era que Israel haveria de ter seu próprio território pátrio. Isso requereria
que Israel fosse livrado de sua escravidão no Egito.
“Êxodo 2.24,25 é um
eixo na narrativa. A supressão, a escravidão e a mor- te são temas dominantes
no trecho de Êxodo 1.1-2.23. Daqui por diante, a ênfase recairá sobre as ideias
de livramento e triunfo. Deus, em Seu poder soberano, estava preparado para
agir em consonância com as Suas promessas a fim de livrar e preservar o Seu
povo” (John D. Hanna, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 311.
Êx 2. 24. Deus...
lembrou-se da sua aliança com Abraão. Mesmo antes da visão da sarça ardente, o
narrador coloca a libertação do Egito no contexto da promessa feita aos patriarcas.
Para o antigo Israel, o curso todo da história da salvação podia ser resumido
em termos de “ promessa e cumprimento” : Deus promete, Deus Se lembra, Deus age
salvadoramente.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 59-60.
Mas Deus estava
cuidando dos seus. Ele ouviu o gemido do povo e se lembrou do concerto (24).
Deus adiou a libertação de Israel até que Moisés e Israel estivessem prontos.
Moisés precisava das disciplinas do deserto, e o desejo de Israel por liberdade
precisava aumentar. A escravidão continuada no Egito uniu o povo de Israel no
desejo por liberdade e na fé de que só Deus podia livrá-lo. Deus ouve os
clamores do seu povo, mas espera até “a plenitude do tempo” para dar a vitória.
Conheceu-os Deus (25) significa “Deus se preocupava com eles” (VBB).
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 145.
II - O
NASCIMENTO DE MOISÉS
1. Os israelitas no
Egito.
Moisés nasceu em um
momento desfavorável aos filhos de Abraão no Egito. O livro de Êxodo começa
indicando que “os filhos de Israel frutificaram, e aumentaram muito” (Êx 1.7).
Esse cenário nos parece bastante favorável à existência de um povo, tendo em
vista que as relações sociais entre os hebreus são descritas como propícias à
expansão demográfica. Os israelitas podiam se casar, ter filhos e criá-los, e
estes cresciam, tinham seus filhos e os criavam, e assim sucessivamente.
Mas no versículo 8, a
história nos mostra uma mudança no cenário político do Egito que traria muito
sofrimento aos filhos de Israel. “Depois, levantou-se um novo rei no Egito, que
não conhecera a José”. Este verso mostra o que eu chamo de “princípio das
dores” para os hebreus que moravam no Egito. Até esse momento, não há indicação
de que eles eram vistos como uma massa de trabalho escravo pronta para
satisfazer os desejos de reformas e construção de novas estruturas no Egito. Os
hebreus tinham seus afazeres, e ao que tudo indica, não influenciavam negativamente
em qualquer fato social dos egípcios.
Mas não foi isso que
o novo rei do Egito viu. Ele assumiu o poder e entendeu que três situações
poderiam ocorrer. Conforme Êxodo 1.11, a) os israelitas, como um grande grupo
de pessoas, estava crescendo bastante; b) ele imaginou que em um caso de guerra
futura, os israelitas se associariam com os inimigos dos egípcios; c) ele
também entendeu que no caso de uma guerra, os israelitas sairiam do Egito
(“suba da terra”), o que traria uma grande frustração aos planos de expansão e
de reformas estruturais de construção civil nacional.
Podemos extrair
dessas observações que o homem sem Deus vai buscar razões malignas para
justificar seus feitos, e vai convencer a si mesmo e aos que o cercam. Faraó
não percebeu que se o povo de Israel estava crescendo, era um sinal claro da
bênção de Deus. Além disso, não há registros de que Israel tivesse intenções de
se associar a outras nações em uma guerra futura contra os egípcios. Mas a
Bíblia declara que os pensamentos de Faraó estavam relacionados a trazer
prejuízo aos israelitas.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 9-10.
Êx 1.7 Grande
Posteridade e Grande Prosperidade. Uma das provisões do Pacto Abraâmico falava
na grande posteridade de Abraão, a qual desfrutaria abundância de riquezas
materiais. Ver as notas sobre Gên. 15.18 quanto a uma descrição detalhada desse
pacto e suas provisões.
Aumentaram muito. No
hebraico, “enxamearam”, como se fossem insetos a zumbir em razão de seu grande
número. Ver Gên. 7.21. Houve extraordinária multiplicação; e foi precisamente
isso que assustou os egípcios, levando-os a subjugar a grande massa que
aumentava mais e mais.
Israel se
desenvolvera, impondo sua própria identificação e seu poder. Havia muitos
jovens em idade de serviço militar. A situação tornara-se explosiva. A
hostilidade egípcia tinha sido assim despertada.
A terra se encheu. Ou
seja, a terra de Gósen (ver sobre ela no Dicionário), a região que 0 Faraó havia
concedido à família de Jacó (Gên. 45.10). Ela era também chamada terra de
Ramessés (Gên. 47.11), aquela porção do Egito que Faraó Ramsés II, mais tarde,
desenvolveu, construindo ali muitas cidades. O tempo que se escoou entre Gên.
50.26 e Êxo. 1.7 foi, talvez, de cem anos. Uma posteridade numerosa fazia parte
do Pacto Abraâmico desde sua versão original (Gên. 12.1-3). A nação de Israel
haveria de formar-se; receberia seu próprio território; e, então, ser-lhe-iam
conferidas sua constituição nacional e suas leis.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 305.
Êx 1. 7. O texto
hebraico repete deliberadamente três verbos usados em Gênesis 1: 21,22 e que
podem ser traduzidos “ frutificaram ... aumentaram muito ... se multiplicaram”
. Esse aumento foi interpretado como a bênção prometida por Deus à Sua criação.
Um tempo considerável já passara desde a morte de José: na menor das
estimativas, Moisés era a quarta geração depois de Levi (Nm 26:58) e ele pode
ter vivido centenas de
anos depois (12:40). E a terra se encheu deles se refere ou à terra de Gósen
(provavelmente o Wadi Tumilat, que se estende do Nilo à linha do atual Canal de
Suez) ou então, em linguagem hiperbólica, todo o território do Egito. Esta
última interpretação, embora estatisticamente incorreta, expressa bem os
sentimentos dos egípcios, que em algumas partes haviam sido reduzidos a uma
minoria diante dos indesejáveis imigrantes.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 51-52.
O cumprimento da
promessa de Deus (1.7). Os filhos de Israel frutificaram, e aumentaram muito.
Ainda que os homens que Deus escolheu morram, Ele cuida dos filhos que ficam.
Deus prometeu para Abraão que lhe aumentaria a semente (Gn 12.2; 15.5; 17.1-8)
e aqui, no Egito, esta promessa foi cumprida. Quando Israel saiu do Egito o total
computava cerca de 600.000 homens, além das mulheres e crianças (12.37). Levando-se
em conta o tempo decorrido, não se tratava necessariamente de crescimento incomum.
Mas considerando o ambiente hostil, esse aumento mostrava a providência especial
de Deus. O que Deus prometeu ao gênero humano na criação (Gn 1.28) agora estava
tendo cumprimento na sua família escolhida. As palavras aumentaram muito provêm
do hebraico que significa “abundar ou enxamear” como se dá com os insetos e na
vida marinha (ver Gn 1.20; 7.21).3 Os israelitas não somente eram muito
numerosos, mas foram fortalecidos grandemente. E lógico que esta expressão
indica saúde e vigor. Moisés reconheceu esta providência graciosa quando
escreveu: “Siro miserável foi meu pai, e desceu ao Egito, e ali peregrinou com
pouca gente; porém ali cresceu até vir a ser nação grande, poderosa e numerosa”
(Dt 26.5).
A terra que se encheu
deles diz respeito a Gósen, onde Jacó e seus filhos se instalaram (Gn
47.1,4-6,27). Não há dúvida de que com o passar do tempo eles cresceram a ponto
de este lugar se tornar pequeno demais, levando-os a se relacionar com os
egípcios em outras regiões do país. O aumento numérico logo chamou a atenção do
rei.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 1. pag. 141.
2. Um bebê é salvo da
morte.
Como foi dito, Moisés
não veio ao mundo em um período propício ao nascimento de um menino hebreu.
Quanto mais os israelitas eram afligidos, mais se multiplicavam, a ponto de o
rei dar ordens às parteiras das hebreias, Sifrá e Puá, para que matassem os
meninos recém-nascidos. Faraó acreditou que poderia contar com a obediência
dessas mulheres, mas estas temeram a Deus e não obedeceram ao rei, sendo
posteriormente recompensadas por Deus. Quando chamadas para prestar contas,
disseram ao rei que as mulheres hebreias eram “vivas”. A Versão Atualizada da
Bíblia usa a expressão “vigorosas”, e a Nova Tradução na Linguagem de Hoje diz
que as mulheres hebreias “dão à luz com facilidade”. Independentemente das
versões utilizadas, os textos mostram que as parteiras foram inquiridas por
Faraó e deram a ele uma resposta que as isentou de sujarem as mãos com sangue inocente.
A nossa fé em Deus deve sempre nos motivar a fazer o que é certo e justo, e
acima de tudo, a não compactuar com o que está errado.
Mas os planos de
Faraó não pararam. Se as parteiras hebreias não cumpriam as ordens dadas, a
ordem agora passou para o povo egípcio: “Então, ordenou Faraó a todo o seu
povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as
filhas guardareis com vida” (Ex 1.22). Isso significa que qualquer egípcio ou
egípcia poderia entrar nas casas dos israelitas, pará-los nas ruas ou em
qualquer lugar onde estivessem, pegar a criança recém-nascida, conferir-lhe o
sexo e, se fosse um menino, tomá-lo da sua mãe e ir direto ao Rio Nilo para
jogar o bebê, a fim de que ele se afogasse ou fosse devorado por crocodilos. Os
planos de Satanás eram cruéis, e deixavam um sinal claro do que ainda estava
por vir para os filhos de Abraão. Outra coisa a se observar é o fato de que a
maldade humana cria métodos malignos para conseguir seus feitos. Mas se Satanás
tinha um plano de opressão, escravidão e morte contra os hebreus, Deus também
tinha um plano, mas de livramento, libertação e de vida para os seus filhos.
A Bíblia diz que um
casal da tribo de Levi teve um menino, e, não podendo mais escondê-lo,
colocou-o em um cesto de juncos, uma construção bem frágil para proteger uma
criança. Aquele cesto simples foi colocado na borda do rio, entre as plantas. E
exatamente naquele lugar a filha de Faraó foi se banhar, e vendo o cesto,
ordenou que uma de suas criadas o fosse pegar. A filha de Faraó se compadeceu
do menino, decidiu criá-lo e dessa forma Deus preservou a vida do menino
Moisés, usando a filha de Faraó para tal livramento.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 10-11.
Êx 1.17 As
parteiras... temeram a Deus. As parteiras hebreias ouviram e assentiram com a
cabeça (a fim de salvarem a própria vida). Mas, na hora critica, poupavam da
morte aos meninos. Humanidade, misericórdia e temor a Deus foram, para elas,
motivos mais poderosos que 0 da autopreservação. O temor a Deus e a
misericórdia fazem parte da verdadeira religiosidade.
Humor. Yahweh frustrou
o plano genocida do Faraó. Foram baixadas ordens de uma origem ainda superior
às do Faraó, o próprio trono do Altíssimo. Assim, Israel continuou a
multiplicar-se e a prosperar, apesar de todos os planos do Faraó e suas ordens
genocidas.
Quando Israel
finalmente partiu do Egito, segundo disse Moisés, os israelitas pediram
“emprestadas” coisas dos egípcios. E quando Arão tentou desculpar-se diante de
Moisés sobre por que fizera um bezerro de ouro, Arão lançou culpa sobre o fogo,
dizendo: “e eu o lancei no fogo, e saiu este bezerro" (Êxo. 32.24), como
se ele tivesse ficado tão admirado quanto qualquer outra pessoa. Portanto, há
bastante humor no livro de Êxodo. Mas podemos estar certos de que, no tocante
às parteiras, a questão era tão mortiferamente séria quanto uma questão de vida
e morte. Alguns estudiosos pensam que neste versículo há alguma indicação de
que também estavam envolvidas parteiras egípcias, e não apenas hebreias. O fato
foi que as parteiras, como uma classe, responderam “sim” ao Faraó, mas agiram
com um “não”, no que toca ao decreto real da matança dos meninos hebreus.
Êx 1.18 Por que...
deixastes viver os meninos? “Por que vocês desobedeceram às minhas ordens e
agiram de modo contrário ao que eu tinha ordenado?" Assim perguntou 0
Faraó. Tratava-se de algo que não podia ser ocultado. O vs. 19 dá uma resposta
ridícula em que 0 Faraó dificilmente poderia ter acreditado. Mas não lemos que
ele tenha mandado castigar as parteiras. Talvez 0 autor sacro tenha querido
poupar-nos dos detalhes sangrentos da vingança. Ver Eze. 16.4 quanto a itens
envolvidos no antigo processo de nascimento.
de nascidos. Alguns
estudiosos supõem que estaria envolvido em tudo isso um “esperto uso dos
fatos”, ou seja, talvez o que as parteiras disseram até ocorria com certa frequência;
mas o fato é que o autor sagrado contou aqui uma pequena piada. Ver uma demonstração
de vivido humor em Gên. 29.26. Vários eruditos fazem grande esforço na
tentativa de ilustrar como algumas mulheres dão seus filhos à luz, com grande
facilidade, especialmente entre as classes laboriosas. Apesar de alguns casos
poderem ser apresentados como comprovação disso, temos aí meras exceções, e não
a regra do que acontece no ato do parto.
Êx 1.20 Deus fez bem
às parteiras. Elas negaram-se a praticar uma imensa maldade, e Deus as
abençoou. E assim Israel aumentou mais ainda em número e em poder por certo
período de tempo. Por quanto tempo, o autor sagrado não nos informa. Mas o
tempo passava, e o problema do Faraó ia apenas se acentuando, deixando-o
vexado. Deus estava ganhando em cada “round” da luta. Uma de minhas fontes
informativas diz que Deus abençoou àquelas mulheres, apesar de suas mentiras.
Mas outros supõem que mentiras capazes de salvar vidas não se revestem de
maldade. Obedecer a Deus, e não aos homens, sempre será dever dos homens (Atos
5.29).
Êx 1.21 Ele lhes
constituiu família. Essa tradução é uma interpretação, O hebraico diz “fez-lhes
casas", dando a entender que os outros israelitas, vendo o bom serviço que
elas tinham prestado, construíram casas para elas. Mas alguns estudiosos dão ao
Faraó o crédito: ele as teria posto dentro de casas, para que pudessem ser mais
bem controladas. Todavia, o mais provável é que temos aqui uma alusão à
fertilidade. Aquelas boas mulheres, ao ajudarem os casais israelitas, por não
obedecerem às ordens de Faraó, foram abençoadas juntamente com suas respectivas
famílias.
Este versículo amplia
a ideia da bênção divina, referida no vs. 20. Como Deus poderia recompensar
meto àquelas mulheres? Conferindo-lhes filhos delas mesmas.
Êx 1.22 Tirania
Redobrada. Visto que 0 decreto dado às parteiras não funcionou, agora 0 Faraó deu
ordens à sua própria gente para que se desvencilhasse dos pestíferos hebreus,
lançando seus filhos de sexo masculino no Nilo, para que se afogassem. Entre
outras coisas, o autor sagrado nos está dizendo aqui que a perseguição contra
Israel tinha de chegara um ponto culminante para que o povo de Israel fosse
forçado a sair do Egito. Sem a perseguição, Israel ter-se-ia contentado em
permanecer em uma região tão fértil. Somente a adversidade poderia fazê-los
querei· partir dali. Assim, quanto pior se tornasse a pressão exercida pelo
Faraó, tanto melhor para o plano divino.
Quando Israel estava
prestes a partir, por causa da opressão, então seria provido o agente da
libertação, Moisés. Deus tem uma cronologia em Seu plano eterno, e também conta
com os meios, humanos e outros, para satisfazer a essa cronologia.
Infanticídio. Esse
crime, tão chocante para os ouvidos cristãos, tem uma história muito rica. Sua
contraparte moderna é o aborto. Todos estamos familiarizados com a exposição às
intempéries de crianças, nos tempos antigos, especialmente no caso de meninas,
que eram deixadas ao léu a fim de morrerem, marcando-se um certo prazo. Se uma
criança chegasse a resistir a tão cruel tratamento, então é que os deuses
queriam que ela vivesse. Mas visto que usualmente a criancinha morria,
chegava-se à conclusão de que os deuses não queriam sua sobrevivência.
“Em Esparta, o estado
decidia se uma criança viveria ou morreria. Em Ate- nas, uma lei de Sólon
deixava essa decisão ao encargo dos pais. Em Roma, a regra era que os infantes
eram mortos, a menos que seus pais fizessem intervenção, declarando que sua
vontade era que a criança vivesse. Os sírios ofereciam crianças não-queridas a
Moloque, em sacrifício. Os cartagineses sacrificavam-nas a Melcarte” (Ellicott,
in loc). Visto que o rio Nilo era considerado um tanto divino, lançar crianças
ali era um ato encarado como sacrifício feito aos poderes divinos. O rio Nilo
vivia cheio de crocodilos, e as crianças ali lançadas serviam de comida para os
répteis, e assim seus corpinhos não poluíam o rio.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 307.
Êx 1.19. São
vigorosas e antes que lhes chegue a parteira já deram à luz os seus filhos. Não
somos informados se as parteiras estavam mentindo ou se os rápidos partos dos
bebês israelitas eram um fato biológico.
Driver cita paralelos
árabes mas Raquel certamente teve um parto difícil (Gn 35:16). E mesmo que
tivessem mentido, não foi pela mentira que foram elogiadas, e sim por se terem
recusado a tirar a vida aos recém-nascidos, dádivas de Deus. Seu respeito à
vida era fruto de sua reverência
a Deus, o doador da vida (20:12,13), e por isso foram recompensadas com suas
próprias famílias. A relevância deste incidente para a controvérsia atual sobre
o aborto deve ser cuidadosamente examinada.
Êx 1. 22. O termo
hebraico para o Nilo é uma palavra emprestada da língua egípcia e significa “ o
rio” por excelência, isto é, o Nilo. (Outros termos tomados por empréstimo ao
egípcio são “ junco” e “ rã” ; além disso, vários nomes próprios egípcios
ocorrem, especialmente na tribo de Levi.) A execução por afogamento era um
método óbvio em países tais como o Egito e Babilônia, tal como o apedrejamento
era o método óbvio num país rochoso como Israel (Josué 7:25). Se a nação
israelita em geral obedeceu o mandato de Faraó não sabemos: com certeza, os pais
de Moisés desafiaram a ira do Faraó (Hb 11:23). Todas as filhas. Estas,
presumivelmente, se tornariam concubinas (esposas-escravas) e poderiam ser
absorvidas pelos egípcios em uma geração. Essa vã tentativa de eliminar o povo
de Deus encontra seu paralelo no Novo Testamento quando Herodes tenta destruir
toda uma geração de meninos em Belém (Mt 2:16). Todavia, como no Novo
Testamento, o agente escolhido de Deus é protegido; nem Faraó nem Herodes podem
se opor ao plano de Deus. Expositores judeus veem paralelos entre o plano de
Faraó e a tentativa de genocídio contra Israel feita por Hitler e outros;
expositores cristãos têm buscado tais paralelos nas severas perseguições sofridas
pela Igreja ao longo de sua história.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 53-54.
Segunda medida - A matança de meninos hebreus
recém-nascidos (w. 15-21). Se esse plano tivesse dado certo, o Faraó teria exterminado
o povo hebreu. A futura geração de homens estaria morta, e as meninas acabariam
se casando com escravos egípcios e sendo assimiladas pela raça egípcia. No
entanto, de acordo com Gênesis 3:15 e 12:1-3, Deus não permitiu que isso
acontecesse e usou duas parteiras hebréias para frustrar o plano do Faraó. Esse
é o primeiro caso nas Escrituras daquilo que chamamos, hoje, de
"desobediência civil", a recusa em obedecer a uma lei perversa tendo
em vista o bem comum.
Textos das
Escrituras, como Mateus 20:21-25, Romanos 13 e 1 Pedro 2:1 T, admoestam os
cristãos a obedecer às autoridades humanas. Contudo, Romanos 13:5 nos lembra de
que essa obediência não deve ofender nossa consciência. Quando as leis de Deus são
contrárias às leis dos homens, "Antes importa obedecer a Deus do que aos
homens" (At 5:29). Vemos um exemplo disso não apenas no caso das
parteiras, mas também no de Daniel e de seus amigos (Dn 1; 3; 6) e no dos apóstolos
(At 4, 5).
As parteiras estavam
mentindo para o Faraó? Provavelmente não. Os bebês nasciam antes que as
parteiras chegassem, pois Sifrá e Puá haviam pedido a suas assistentes que se
atrasassem! Deus abençoou às duas parteiras-chefes por arriscarem a vida a fim de
salvar a nação israelita da extinção. No entanto, honrou-as de um modo
estranho: deu-lhes filhos numa época em que isso era tão arriscado! Talvez
tenha lhes dado filhas ou, então, protegido seus filhos como fez com Moisés. De
qualquer modo, essa bênção de Deus mostra quão preciosas são as crianças para o
Senhor: ele desejava conceder a essas mulheres a mais alta recompensa e, assim,
deu filhos a Sifrá e a Puá (Sl 127:3).
Terceira medida - o afogamento de bebês do sexo masculino
(v. 22).
Quando o Faraó descobriu que havia sido enganado, mudou seu plano e ordenou a
todo o povo que providenciasse para que os bebês hebreus do sexo masculino
fossem afogados no sagrado rio Nilo. Os guardas do Faraó não tinham como vigiar
cada uma das parteiras hebreias, mas o povo egípcio podia ficar de olho nos
escravos hebreus e avisar quando um menino nascia. No entanto, estava para
nascer um menino que o Faraó não conseguiria matar.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 235.
As Parteiras Hebreias
Os versículos finais
deste capítulo oferecem-nos uma lição edificante com a conduta dessas mulheres
tementes a Deus, Sifrá e Puá. Arrostando com a ira do rei não executaram o seu
plano cruel e por isso Deus lhes fez casas."...aos que me honram,
honrarei" (1 Sm 2:30). Recordemos sempre esta lição e atuemos de acordo
com ela.
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
O
FRACASSO DE SATANÁS
Esta parte do Livro
do Êxodo abunda em princípios profundos de verdade divina— princípios que
podemos subdividir da seguinte forma: o poder de Satanás, o poder de Deus e o poder
da fé.
No último versículo
do primeiro capítulo lemos: "Então, ordenou Faraó a todo o seu povo,
dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio". Este era o
poder de Satanás. O rio era o lugar da morte; e, por meio da morte, o inimigo
procurou frustrar os propósitos de Deus. Tem sido sempre assim. A serpente
sempre tem vigiado com olhar maligno os instrumentos que Deus está prestes a
usar para realizar os Seus desígnios. Vejamos o caso de Abel, em Gênesis,
capítulo 4. A serpente não estava espreitando aquele vaso de Deus para o pôr de
parte por meio da morte? Vejamos o caso de José, em Gênesis, capítulo 37. Aí o
inimigo procura pôr o homem escolhido por Deus num lugar de morte. Vejamos o
caso da "semente real", em 2 Crônicas, capítulo 22; a matança
promovida por Herodes, em Mateus 2; e a morte de Cristo, em Mateus 27. Em todos
estes casos vemos o inimigo procurando, com a morte, interromper a corrente de
atuação divina.
Mas, bendito seja
Deus, há qualquer coisa depois da morte. Toda a esfera de ação divina, pelo que
respeita à redenção, está para além dos limites do domínio da morte. Quando o
poder de Satanás se esgota é que o de Deus começa a mostrar-se. A sepultura é o
limite da atividade de Satanás; mas é aí que começa também a atividade divina.
Isto é uma verdade gloriosa. Satanás tem o poder da morte; porém, Deus é o Deus
dos vivos e dá a vida que está fora do alcance e poder da morte—uma vida na
qual Satanás não pode tocar. O coração encontra doce refrigério nesta verdade,
num mundo onde reina a morte. A fé pode contemplar calmamente Satanás
empregando a plenitude do seu poder; ela pode apoiar-se sobre a potente
intervenção de Deus na ressurreição. Pode postar-se junto da sepultura que
acabou de fechar-se sobre um ente amado e beber dos lábios d'Aquele que é
"a ressurreição e a vida" a elevada garantia de uma imortalidade
gloriosa. Ela sabe que Deus é mais forte que Satanás e pode portanto esperar,
serenamente, a manifestação desse poder superior, e enquanto assim espera
encontra a sua vitória e a sua paz. Temos um nobre exemplo deste poder da fé
nos primeiros versículos do capítulo que estamos considerando.
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
3. A mãe de Moisés
(Êx 6.20).
A Bíblia apresenta a
mãe de Moisés como uma mulher que descendia de Levi, um dos irmãos de José. Ela
teve um menino, e tentou escondê-lo por três meses. Precisamos concordar que
esse foi realmente um grande feito, pois em uma época em que os egípcios
caçavam bebês meninos dos hebreus, essa mulher arriscou-se muito para preservar
em vida o fruto do seu ventre. Foi um ato de fé. Observe que a Palavra de Deus
não cita o nome dos pais de Moisés nesse momento, mas cita o de Miriá. Léo G.
Cox, comentarista do livro de Êxodo no Comentário Beacon, sugere que Moisés não
era o primeiro filho do casal, pois a irmã Miriã tinha idade suficiente para
cuidar do irmão (4; Nm 26.59). Além disso, o irmão de Moisés, Arão, era três
anos mais velho que ele (6.20; Nm 26.59). Parece que o édito do rei entrou em
vigor depois do nascimento de Arão, sendo Moisés o primeiro filho deste casal
cuja vida estava em perigo por causa da proclamação do rei.
O certo é que essa
mulher colocou seu filho em um cesto de juncos pela fé, e pela fé viu a vida de
seu filho ser preservada por Deus. O Senhor não apenas guardou a vida do
menino, mas fez com que a mãe de Moisés fosse remunerada para cuidar do próprio
filho.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 11-12.
Êx 6. 20 Joquebede.
No hebraico, glorificada por Deus ou Yahweh é a glória. Esse era o nome de uma
filha de Levi, irmã de Coate, esposa de Anrão, mãe de Míriã, Arão e Moisés
(Êxo. 6.20; Núm. 26.59). Alguns eruditos põem em dúvida o sentido desse nome,
que parece ser composto com o nome divino Yahweh (ver no Dicionário). Isso eles
alegam porque estão convencidos de que o uso do nome divino, Yahweh, vem da
época de Moisés. Há evidências, porém, de que esse nome realmente pré-datava os
dias de Moisés, e que era usado entre os povos semitas antigos. Em Êxodo 6.20
está registrado que Joquebede era irmã de Anrão, pelo que era tia de seu
próprio marido. Visto que casamentos entre parentes assim chegados foram
posteriormente proibidos (Lev. 18.12), várias tentativas têm sido feitas para
aliviar a situação de incesto. Mas essas tentativas são inúteis, visto que há
provas claras de tais relações de sangue em outros casos. Abraão casou-se com
Sara, sua meia-irmã (Gên. 20.12). A Septuaginta faz de Joquebede uma prima de
Anrão, mas isso somente reflete uma antiga modificação no texto sagrado. Expus
um estudo detalhado sobre as incidências de incesto no Antigo Testamento, na
introdução ao décimo oitavo capítulo do livro de Levítico. Os costumes sociais
se modificam, e há ensinos bíblicos que têm acompanhado essas mudanças. A
revelação é progressiva, e não fixa e estagnada. Coisas que antes não eram
consideradas erradas passavam a ser consideradas erradas, acompanhando o
progresso da iluminação espiritual, e vice-versa.
Anrão viveu até ao
cento e trinta e sete anos. E esse detalhe é mencionado por ter sido ele o pai
de Arão e Moisés.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 328.
Êx 6. 20. Anrão se
casou com sua tia paterna. Tal casamento seria proibido pela lei mosaica (Lv
18:12,13), logo tal detalhe jamais poderia ter sido inventado mais tarde.
Quanto a outras “ transgressões” antigas, compare o casamento de Abraão com sua
meia-irmã.
Joquebede. Muito já
se debateu quanto à possibilidade de a primeira sílaba deste nome conter o nome
YHWH ;em sua forma abreviada Yo (como em Josué, por exemplo). Caso isso seja
verdade, segue-se o argumento de que o nome YHWH poderia já ser conhecido e
usado pela família de Moisés como um título familiar para Deus, antes de ganhar
uso mais amplo em todo o Israel. Mesmo se fosse conhecido apenas pelos
descendentes de Coate, seria válido pensar que tivesse havido mais de uma única
ocorrência. Se a vocalização tradicional é correta, o nome significa “ YHWH é
glória” (compare Icabô, “ não há glória” ).
Provavelmente é melhor
vocalizar a palavra como yakbid, “ que Ele (o Deus não identificado)
glorifique” , que segue um padrão comum entre os nomes israelitas: assim
vocalizado, não haveria referência ao nome YHWH. Nomes formados a partir da
terceira pessoa do singular são frequentes: cf Jacó e Ismael.
Arão e Moisés. Em
todas as genealogias, os dois aparecem como a quarta geração a partir dos
patriarcas. Isso pode ser irrelevante. Em árvores genealógicas israelitas é
comum a omissão de alguns ramos, quer seja por simetria (como aparentemente é o
caso na genealogia de Cristo) ou por outra razão qualquer. Se “ quatro gerações”
for tomado literalmente, então a permanência no Egito não deve ter excedido em muito
um século, e os “ quatro séculos” de Gênesis 15:13 devem ser vistos como uma
aproximação geral, “ quatro gerações” .
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 84.
Os pais de Moisés
eram Anrão e Joquebede (Êx 6:20), e, enquanto o texto de Êxodo enfatiza como a
mãe teve fé, Hebreus 11:23 elogia tanto o pai quanto a mãe por terem confiado em
Deus. Sem dúvida, foi preciso que os dois tivessem fé para ter relações conjugais
numa época perigosa em que os bebês hebreus estavam sendo mortos.
Moisés tornou-se um
grande homem de fé e aprendeu sobre isso primeiramente com seus pais, um casal
temente e Deus. Anrão e Joquebede tinham mais dois filhos: Miriã, a mais velha,
e Arão, três anos mais velho que Moisés (Êx 7:7).
Desde o princípio,
Moisés foi considerado "formoso aos olhos de Deus" (At 7:20; ver Hb
11:23),9 e ficou claro que Deus tinha um propósito especial para ele. Crendo nisso,
os pais contrariaram o édito do Faraó e protegeram a vida de seu filho. Não foi
nada fácil, uma vez que todos os egípcios haviam se tornado espiões oficiais do
Faraó à procura de bebês para serem afogados (Êx 1:22).
Joquebede obedeceu à
lei ao pé da letra quando colocou Moisés nas águas do Nilo, mas certamente
desafiou as ordens do Faraó na forma como seguiu essa lei. Confiou na providência
de Deus e não foi decepcionada. Quando a princesa foi até o Nilo para realizar
suas abluções religiosas, viu o cesto, descobriu o bebê e ouviu-o chorar.
Seguindo seus instintos maternos, salvou o menino e cuidou dele.
Deus usou as lágrimas
de um bebê para controlar o coração de uma princesa poderosa.
Usou as palavras de
Miriã a fim de providenciar para que o bebê fosse criado por sua mãe e ainda
recebesse por isso! A expressão "frágil como um bebê" não se aplica ao
reino de Deus, pois quando o Senhor deseja realizar sua obra poderosa, com
frequência começa enviando um bebê. Foi o que aconteceu quando ele mandou
Isaque, José, Samuel, João Batista e, especialmente, Jesus. Deus pode usar as
coisas mais fracas para derrotar os inimigos mais poderosos (1 Co 1:25-29). As
lágrimas de um bebê foram as primeiras armas de Deus em sua guerra contra o
Egito.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 235-236.
"E foi-se um
varão da casa de Levi e casou com uma filha de Levi. E a mulher concebeu, e
teve um filho, e, vendo que ele era formoso, escondeu-o três meses. Não
podendo, porém, mais escondê-lo, tomou uma arca de juncos e a betumou com
betume e pez; e, pondo nela o menino, a pôs nos juncos à borda do rio. E a irmã
do menino postou-se de longe, para saber o que lhe havia de acontecer"
(versículos l-4).
Aqui temos uma cena
de tocante interesse, qualquer que seja o ponto de vista por que a encaramos.
Na realidade, era simplesmente o triunfo da fé sobre as influências da natureza
e da morte, deixando lugar para que o Deus da ressurreição agisse na Sua esfera
e no caráter que Lhe é próprio. É certo que o poder do inimigo está patente,
visto a criança ter de ser colocada em tal posição — em princípio, uma posição
de morte. E, além disso, era como se uma espada atravessasse o coração da mãe
ao ver o seu filho precioso exposto à morte. Satanás podia agir e a natureza
podia chorar; contudo, o Vivificador dos mortos estava detrás daquela nuvem
sombria e a fé via-O ali iluminando o cume dessa nuvem com os Seus raios brilhantes
e vivificadores. "Pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido três meses
por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o
mandamento do rei" (Hb 11:23).
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
4. A Filha de Faraó
(Êx 2 5,6).
A filha de Faraó
entra em cena na história do povo hebreu. Deus tem um senso de humor
interessante: Se o rei do Egito ordenara a morte dos meninos hebreus, Deus
graciosamente usaria a filha do Faraó para preservar em vida o menino que
seria, anos mais tarde, o libertador dos israelitas. Quase nada é falado acerca
dessa mulher, mas o que temos aqui é suficiente para entender que a providência
divina pode
utilizar pessoas que desconhecemos, e que nem mesmo têm o mesmo temor a Deus
que nós, para nos ajudar e fazer prosperar os planos divinos.
A filha de Faraó não
apenas se sentiu comovida com a situação daquele menino colocado no cesto de
juncos. Ela soube imediatamente que aquele bebê era dos hebreus, e apesar de
haver uma ordem para que os egípcios jogassem os bebês do sexo masculino do
rio, a filha de Faraó decidiu não obedecer. Ela guardou o menino em vida.
"Dwight L. Moody
comentou sabiamente que 'Moisés passou seus primeiros quarenta anos pensando
que era alguém. Os segundos quarenta anos, passou aprendendo que era um
ninguém! Os últimos quarenta anos ele os passou descobrindo o que Deus pode
fazer com um ninguém'."
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 12-13.
Êx 2.5 A filha de
Faraó. Ver as notas sobre Êxo. 1.8 e 2.1 quanto a conjecturas sobre quem seria
esse Faraó. Ver também no Dicionário 0 artigo Faraó, em sua terceira seção,
quanto aos faraós ligados ao Antigo Testamento. As tradições judaicas fantasiam
a história, dizendo que a filha do Faraó era leprosa, mas, ao tirar 0 cesto de dentro da
água, ficou curada. A arqueologia desenterrou 0 mural de uma antiga sinagoga em
Dura-Europos que retrata a cena deste versículo. As mentes estavam ligadas. A
mente da mãe de Moisés; a mente da princesa egípcia; a mente do infante Moisés.
As coincidências não ocorrem por acaso. Nada sucede por acidente. Deus estava
envolvido em tudo aquilo. “Com frequência não podemos ver nenhum sentido ou
razão na maneira como as coisas sucedem a outras pessoas, mas conforme
envelhecemos vamos vendo uma espécie de providência na maneira como as coisas
têm acontecido conosco mesmos... Somos por de- mais adolescentes,
espiritualmente falando, para chegarmos àquela fé que Jesus possuía, mas
percebemos que há algo ali que podemos seguir de longe” (J. Edgar Park, in
loc.).
As Donzelas Perderam
a Oportunidade. Elas estavam por demais preocupadas em obedecer ao decreto do
Faraó. Mas a princesa não teve medo, e, por isso, a recompensa foi dela.
Josefo chamou essa
princesa pelo nome de Thermuthis, adicionando elementos fabulosos à história.
Esses elementos tornam-se uma leitura agradável, mas são distantes da
realidade. A princesa foi à beira do rio tomar banho, sem dúvida um lugar onde
as mulheres estavam acostumadas a fazê-lo. Talvez a mãe de Moisés 0 tenha
deixado propositadamente onde as mulheres egípcias costumavam ir, na esperança
de que alguma delas usasse de misericórdia. E foi precisamente 0 que aconteceu.
Êx 2.6 O menino
chorava. O choro de um infante derrete o coração de qualquer mulher, e também
da maioria dos homens. Nada existe tão impotente quanto um infante humano, o
qual, por tanto tempo, se mostra tão dependente. A princesa teve compaixão,
embora soubesse muito bem que o menino era um hebreu. Mas o amor não faz as
distinções que o ódio faz. O choro da criança representava o choro do mundo
inteiro que Deus amou, pois os homens, diante de Deus, nada mais são do que
infantes impotentes. Alguns homens, por meio de sua teologia, fazem esses
“infantes” ser odiados e destruídos, em vez de ser tirados das águas perigosas.
Mas o amor de Deus é suficiente para todos (João 3.16), e houve provi- são para
todos (I João 2.2; I Ped. 4.6). Assim como a princesa estendeu a mão e salvou o
bebê, assim também o longo braço da provisão divina realmente acode a todos os
homens, e não apenas potencialmente. Não bastava que, potencialmente, a
princesa pudesse tirar Moisés das águas. Foi mister tirar Moisés das águas, ou
nada mais teria sentido. A providência de Deus mostra-se claramente evidente na
natureza e em todos os aspectos da vida humana. Portanto, permitamos que flua o
amor de Deus.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 308-309.
"E a filha de
Faraó desceu a lavar-se no rio, e as suas donzelas passeavam pela borda do rio;
e ela viu a arca no meio dos juncos e enviou a sua criada, e a tomou. E,
abrindo-a, viu o menino, e eis que o menino chorava; e moveu-se de compaixão
dele e disse: Dos meninos dos hebreus é este" (versículo 5-6). Aqui, pois,
começa a soar a resposta divina em doce murmúrio aos ouvidos da fé. Deus
intervinha em tudo isto. O racionalismo, o cepticismo, a infidelidade, e o
ateísmo, podem rir-se desta ideia. E a fé também; mas são risos diferentes. Os
primeiros riem com desprezo da ideia da intervenção divina num banal passeio
duma princesa real pela margem do rio. A segunda ri de cordial contentamento ao
pensar que Deus está em tudo. E, de fato, se alguma vez Deus interveio em
qualquer coisa foi neste passeio da filha do Faraó, embora ela o não soubesse.
Uma das mais ditosas
ocupações da alma regenerada é seguir as pegadas divinas em circunstâncias e
acontecimentos que a mente irrefletida atribui ao acaso ou à fatalidade. Por vezes
a coisa mais banal pode ser um importantíssimo elo numa cadeia de
acontecimentos de que Deus Se está servindo para levar avante os Seus
grandiosos desígnios. Vejamos, por exemplo, Ester 6:1; que encontramos? Um
monarca pagão que passa uma noite inquieta.
Nada há de
extraordinário nisso, podemos supor; e no entanto, esta circunstância constitui
um elo numa grande cadeia de acontecimentos providenciais, ao fim da qual surge
a maravilhosa libertação dos descendentes oprimidos de Israel.
Assim sucedeu com a
filha do Faraó e o seu passeio pela margem do rio. Mas ela não pensava que
estava ajudando os intentos do "Senhor Deus dos hebreus"! Mal ela
sabia que o bebé que chorava na arca de juncos viria ainda a ser o instrumento
do Senhor para abalar a terra do Egito até aos seus alicerces! E contudo era
assim. O Senhor pode fazer com que a cólera do homem redunde em Seu louvor (SI
76:10) e restringir o restante dessa cólera. Como a verdade deste fato
transparece claramente nas palavras que se seguem!
"Então, disse
sua irmã à filha de Faraó: Irei eu a chamar uma ama das hebreias, que crie este
menino para ti! e a filha de Faraó disse-lhe: Vai. E foi-se a moça e chamou a
mãe do menino. Então, lhe disse a filha de Faraó: Leva este menino e cria-mo;
eu te darei teu salário. E a mulher tomou o menino e criou-o. E, sendo o menino
já grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adotou; e chamou o seu nome
Moisés e disse: Porque das águas o tenho tirado" versículos (7a 10).
A fé da mãe de Moisés
encontra aqui a sua inteira recompensa; Satanás fica embaraçado e a sabedoria
maravilhosa de Deus é revelada. Quem poderia supor que aquele que havia dito às
parteiras das hebreias "se for filho, matai-o", acrescentando,
"a todos os filhos que nascerem lançareis no rio", havia de ter na
sua própria corte um desses próprios filhos? O diabo foi vencido com as suas
próprias armas, porque Faraó, de quem queria servir-se para frustrar os
propósitos de Deus, foi usado por Deus para alimentar e educar esse Moisés, que
havia de ser o Seu instrumento para confundir o poder de Satanás. Providência notável!
Maravilhosa sabedoria! Certamente, "até isto procede do Senhor" (Is
28:29). Possamos nós confiar n'Ele com mais simplicidade, e então a nossa
carreira será mais brilhante e o nosso testemunho mais eficaz.
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 2. 5. A filha de
Faraó. O livro Apócrifo de Jubileus (47:5) a chama de Tarmute; o comentário de
Hyatt (p. 64) menciona “ Merris” e “ Bitia” como outros nomes que lhe são
atribuídos. É difícil descobrir uma razão por que tais nomes seriam inventados,
de modo que é bem possível que tenhamos aqui um fragmento de uma tradição
extra-bíblica digna de confiança. Compare o caso de Janes e Jambres, os nomes
dos mágicos que se opuseram a Moisés (2 Tm 3:8). Se o Faraó em questão foi realmente
Ramessés II, ele tinha perto de sessenta filhas. Ele também possuía vários ‘
‘chalés de caça’ ’ espalhados pela área do delta, onde havia uma abundância de
patos e outros tipos de caça, assim, não há necessidade de presumirmos que os
pais de Moisés viviam perto da capital, Zoã.
Êx 2. 6. Teve
compaixão dele. Mãe alguma no oriente seria capaz de abandonar um menino
robusto como aquele. Podemos suspeitar que uma menina não teria tido sorte tão
favorável, mas elas não estavam sujeitas à pena de morte decretada por Faraó.
Em tudo isso, a providência divina estava em ação.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 56.
A graça de Deus está
revelada na compaixão mostrada pela filha de Faraó (6). Mesmo quando os homens
maus fazem o pior que podem, Deus, por seu gracioso poder, coloca boa vontade e
amor tenro no coração das pessoas que estão perto do tirano. Mal sabia o rei
ímpio que Deus estava executando seu plano secretamente, mesmo quando parecia
que o monarca mundano estava tendo sucesso. Também é interessante notar que,
para criar o próprio filho, a mãe hebreia foi paga com parte do dinheiro de
Faraó (9). Este é outro exemplo de que a ira do homem é posta para louvar a
Deus.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 144.
III - O
ZELO PRECIPITADO DE MOISÉS E SUA FUGA (ÊX 2.11 22)
1. Moisés é levado ao
palácio (Êx 2.10).
Êx 2.10 Adoção de
Moisés pela Princesa. Com a passagem do tempo, averiguou-se que Moisés não era
um menino ordinário. Veio a ter duas mães: sua mãe natural, que foi quem 0
criou, e sua mãe adotiva, a princesa egípcia, que o adotou oficialmente como
seu próprio filho. É lindo quando uma criança tem duas mães, pois há tantas
crianças que não têm ao menos uma. O trecho de Atos 7.22 conta que Moisés foi
educado nas escolas do Egito, tendo absorvido toda a sabedoria dos egípcios.
Filo nos dá uma informação similar. Moisés recebeu uma educação de primeira
classe como parte de sua preparação para a missão que lhe competi- ria
realizar. Finalmente, depois de quarenta anos, Moisés repudiou a sua herança
egípcia, porquanto, em sua vida, já havia ultrapassado aquele estágio preparatório
(Heb. 11.24,25). Mas durante os primeiros quarenta anos, tal educação lhe era
necessária, tendo-lhe sido útil para o resto de seus dias, embora ele não
quisesse viver como egípcio.
Filo dizia que a
princesa egípcia era uma mulher casada, mas sem filhos, e que corrigiu essa
falha da natureza ao adotar a Moisés (De Vita Mosis, c. 1 par. 604 e 605).
Artafanos ajunta a isso que o marido da princesa era homem revestido de grande
autoridade no Egito, que governava o Egito na região que ficava ao norte de
Mênfis (Apud Euseb. Praepar. Evan. 1.9 c. 27, par. 432).
Sendo o menino já
grande. Sem dúvida depois de desmamado. O menino cresceu de forma
extraordinária, física e espiritualmente. Josefo via nessas palavras algo de
extraordinário [Antiq. Jud. ii.9 par. 6). Moisés era um vaso escolhido para uma
elevada missão; e desde começo deu
sinais disso.
Esta lhe chamou
Moisés. Mui provavelmente, esse nome vem do egípcio Mes, que significa “filho”
ou “criança". A forma hebraica desse nome, com som semelhante, Mosheh,
quer dizer “tirado”, uma referência ao modo como foi tirado do Nilo, talvez
também prevendo a “retirada" para fora do Egito, quando o êxodo tivesse
lugar.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 309.
Êx 2. 10. Moisés, mõseh,
seria o particípio ativo do verbo hebraico mãsâh, “ tirar, retirar” . Uma
vocalização diferente nos daria o particípio passivo, “ retirado” , mas não há
necessidade de forçar esse significado. Como ocorre frequentemente no Velho
Testamento, este nome não é um exercício filológico perfeito, mas um trocadilho
baseado numa assonância.
Possivelmente a filha
de Faraó escolheu o nome egípcio que aparece na segunda metade de nomes como
Tutmoses, Amoses e muitas outras formas semelhantes. É impossível saber se o
nome “ Moisés” era considerado uma abreviatura de alguma forma mais longa, mas
isso não tem importância. A Bíblia, além de indicar que o nome de Moisés é capaz
de sustentar tal trocadilho (que para o israelita era rico em significado espiritual),
sugere que o nome foi escolhido deliberadamente por causa desta
capacidade. Nada há de impossível aqui; dialetos semitas ocidentais eram
amplamente entendidos, e mesmo falados, na área do delta. Uma patroa egípcia
podia muito bem entender e usar a língua de seus empregados para dar suas
ordens, como as “ mensahib” do Império Britânico em dias mais recentes.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 56-57.
Moisés é honrado como
filho da filha de Faraó (v.10). Parece que os seus pais não tinham em vista
apenas a necessidade, ao cuidarem dele para a filha do Faraó, mas estavam muito
felizes pela honra feita, desse modo, ao seu filho. Porque os sorrisos do mundo
são tentações mais fortes do que as suas caras fechadas, e mais difíceis de
resistir. A tradição dos judeus diz que a filha de Faraó não tinha filhos, e
que era a filha única de seu pai, de forma que quando ele foi adotado como seu
filho, passou a ter direito à coroa. Embora seja certo que ele estivesse
destinado a desfrutar tudo o que a corte tivesse de melhor no momento devido,
neste ínterim Moisés teve a vantagem de receber a melhor educação e o melhor
desenvolvimento que a corte poderia oferecer. Este preparo, aliado a uma grande
capacidade pessoal, fez com que Moisés se tornasse mestre em todo o
conhecimento legítimo dos egípcios, Atos 7.22. Observe: 1. A Providência às
vezes se alegra ao levantar os pobres do pó para colocá-los entre os príncipes,
Salmos 113.7,8. Muitos que, por seu nascimento, parecem marcados para a obscuridade
e a pobreza, através de eventos surpreendentes da Providência são trazidos para
se sentarem na extremidade superior do mundo. Assim os homens passam a saber
que o Céu governa todas as coisas. 2. O precioso Deus sempre conhece a maneira
mais adequada para qualificar e preparar com antecedência aqueles que Ele
nomeia para lhe prestai1 grandes serviços. Moisés, sendo educado em uma corte,
é o homem mais adequado para ser um príncipe e rei em Jesurum. Tendo recebido a
sua educação em uma corte instruída (pois assim era a corte egípcia naquela
época), Moisés era o homem mais capacitado para ser um historiador. E pelo fato
de ter sido educado na corte egípcia, Moisés é o homem mais adequado para ser
empregado, em nome de Deus, como um embaixador para esta corte.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 228.
2. O preparo de
Moisés (Êx 3.9,10).
Deus escolhe pessoas
capacitadas para fazer a sua obra? Com certeza. Não há referências na Palavra
de Deus que indiquem que Ele despreza talentos pessoais ou a experiência
adquirida por seus servos. Saulo era versado em três línguas diferentes, e as
utilizou para falar de Jesus em suas viagens missionárias. Mateus era um
cobrador de impostos, e utilizou seus conhecimentos para escrever seu
Evangelho. Davi era um combatente, mas também era um poeta que compôs diversos
cânticos de adoração ao Senhor. Daniel era um profeta, mas também era um
estadista. Portanto, entenda que Deus utiliza nossos recursos em prol do seu
Reino.
Deus capacita pessoas
para a sua obra? Com certeza. Ninguém pode dizer que está totalmente pronto
para dar passos definitivos na caminhada com Deus. Elias, o tisbita,
ressuscitou um menino morto, mas para isso teve de passar uma temporada no
anonimato em Querite, sendo mantido por corvos, e depois que o ribeiro secou,
foi direcionado por Deus para ficar uma temporada sendo mantido por uma viúva
pobre em Sarepta, uma localidade de Sidom, terra natal de Jezabel. Ele foi
capacitado por Deus para os desafios que enfrentaria. O mesmo se deu com
Moisés: sua formação no Egito e o tempo no deserto, pastoreando as ovelhas de
seu sogro, fizeram dele o homem escolhido por Deus para uma obra sem igual.
Como cristãos, somos desafiados a usar nossos talentos pessoais em prol do Reino
de Deus, e isso inclui buscar uma formação sólida e coerente.
Há uma frase que
circula em adesivos de carros que diz: “Deus não chama os capacitados, mas
capacita os escolhidos”. É uma frase estranha, ao menos em minha ótica, pois
Deus não costuma desprezar a nossa experiência de vida, como se nada em nossa
existência prestasse. Deus pode usar qualquer pessoa em sua obra, mas ao longo
do texto bíblico Ele chama pessoas capacitadas, ainda que limitadamente, para
servi-lo. Na prática, Deus utiliza nossos dons, estudos e demais recursos que
adquirimos ao longo da vida para serem utilizados em prol do seu Reino.
Portanto, quanto mais recursos obtemos ao longo da vida, mais eles poderão ser
usados no serviço do Mestre. E é nossa função estar capacitados dentro de
nossas forças para prestar o melhor ao Senhor. Em sua sabedoria, Ele
complementará o que nos falta.
Deus sempre tem um
objetivo quando chama um de seus servos para que exerça alguma função ou
ministério e tem sua forma própria de preparar seus escolhidos, como aconteceu
com Moisés. Na prática, nunca estaremos sempre prontos para atender à voz de
Deus. Sempre faltará alguma atitude da qual só teremos ciência quando
estivermos no meio da jornada. Ainda assim, em sua paciência, Deus nos pede que
andemos confiando nEle, e não que acumulemos a bagagem de conhecimento e
experiência antes para depois decidir que vamos obedecer.
Quando foi chamado
por Deus, Moisés estava apascentando as ovelhas de seu sogro. Após ter passado
quarenta anos no Egito como membro da corte de Faraó, tendo recebido uma
educação própria de sua classe social, Moisés foge do Egito por ter matado um
egípcio. Ele passou a próxima temporada de quarenta anos auxiliando seu sogro a
cuidar de ovelhas em uma região desértica, onde aprendeu os caminhos do
deserto, a forma como sobreviver nele, os tipos de animais existentes na região
e questões relacionadas ao clima. Eram questões simples para quem tivera uma
educação de ponta no Egito, mas foi dessa forma que Deus preparou Moisés. A
sabedoria dos egípcios ele já possuía. Ele precisava agora aprender como viver
fora da corte egípcia e a depender de Deus em uma jornada que duraria anos.
Dwight L. Moody
comentou sabiamente que “Moisés passou seus primeiros quarenta anos pensando
que era alguém. Os segundos quarenta anos, passou aprendendo que era um
ninguém! Os últimos quarenta anos ele os passou descobrindo o que Deus pode
fazer com um ninguém” (citado por Charles Swindoll).
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 13-15.
Êx 3. 10. Eu te
enviarei. Davies aponta esta passagem como a comissão apostólica de Moisés. Não
há contradição entre o envio de Moisés e a intenção declarada de Deus de
realizar pessoalmente a obra, Deus normalmente trabalha através da obediência
voluntária de Seus servos, realizando Sua vontade. Cristo pode ter tido esta
passagem em mente quando deu uma comissão apostólica semelhante a Seus
discípulos (João 20:21).
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 65.
O plano divino
(3.7-10). Deus se envolveu na situação difícil do seu povo. Ele disse: Tenho
visto atentamente, tenho ouvido e conheci (7). Pode ter esperado muitos anos,
mas sabia o tempo todo. Estas palavras garantem que Deus ouve atentamente os clamores
de tristeza e conhece os apuros humanos.
Deus sempre está
agindo no mundo, “porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17.28).
Interfere na história em ocasiões especiais para se revelar e realizar sua vontade.
Ele disse a Moisés que desceu para livrar seu povo do Egito (8). Havia um lugar
preparado para eles numa terra boa, larga e que mana leite e mel. Esta
descrição não significa que Canaã era mais fértil que o Egito, mas que era uma
terra boa, frutífera e suficientemente espaçosa para Israel. Tratava-se de uma
terra identificada pelos nomes dos povos cuja iniqüidade estava cheia, tendo de
renunciar a terra a favor dos escolhidos de Deus (Gn 15.16-21).19 Embora Deus
pudesse ter livrado Israel diretamente por uma palavra, preferiu fazer sua obra
por seu servo. Disse Deus a Moisés: Eu te enviarei a Faraó (10). Este homem,
outrora autodesignado libertador, tinha de ir à presença do orgulhoso rei e
tirar Israel do Egito sob a direção de Deus.
Identificamos “O
Envolvimento de Deus com o seu Povo” em cinco declarações: 1) Tenho visto
atentamente, 7; 2) Tenho ouvido, 7; 3) Conheci, 7; 4) Desci, 8; 5) Eu te enviarei,
10.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 146.
Moisés passou os
primeiros quarenta anos de sua vida (At 7:23) trabalhando para o governo
egípcio. (Alguns estudiosos acreditam que ele estava sendo preparado para tornar-se
Faraó.) O Egito parece o lugar menos provável para Deus começar a treinar um
líder, mas os caminhos do Senhor não são os nossos caminhos. Ao capacitar
Moisés para seu serviço, Deus usou várias abordagens.
Educação. "E Moisés foi educado em toda a ciência
dos egípcios e era poderoso em palavras e obras" (At 7:22). O que fazia parte
dessa educação? Os egípcios eram uma civilização extremamente desenvolvida para
sua época, especialmente nas áreas de engenharia, matemática e astronomia. Graças
a seus conhecimentos de astronomia, desenvolveram um calendário de precisão extraordinária,
e seus engenheiros planejaram e supervisionaram a construção de estruturas que
existem até hoje. Seus sacerdotes e médicos eram mestres na arte de embalsamar,
e seus líderes possuíam grande competência em organização e administração. Aqueles
que visitam o Egito hoje em dia inevitavelmente se impressionam com as
realizações desse povo da Antiguidade. O servo de Deus deve aprender tudo o que
puder, dedicar esse conhecimento a Deus e servi-lo fielmente.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 236.
3. A fuga de Moisés
(Êx 2.11-22).
Êx 2.12 Matou o
egípcio. Isso seguia 0 princípio de “vida por vida” (Êxo. 21.23), uma espécie
de defesa em favor da vida, embora o texto não diga que o egípcio estava
prestes a tirar a vida do israelita. Moisés exagerou, não havendo como
desculpar o crime. Uma de minhas fontes informativas fala em uma “ultrajante”
combinação de precipitação e prudência. Moisés agiu por sua própria autoridade,
mostrando uma audácia singular. Mas a coragem audaciosa, por si só, não é uma
virtude. O diabo é audaz; resolveu enfrentar o próprio Deus. Mas isso não faz
dele um ser justo.
Conta-se como David
Livingstone se sentiu revoltado diante do tratamento brutal dado aos escravos
em um mercado árabe de escravos. Muitos homicídios sem base estavam sendo cometidos
contra os escravos, sem motivos suficientes. E Livingstone confessou que sua
primeira reação foi “atirar nos assassinos com sua pistola” (Encyclopaedia
Brittanica, em seu artigo sobre Livingstone). Mas a vingança vem do Senhor, e
não deve provir de algum indivíduo. A lei promove a vingança divina; e a
vindicação que não ocorre, a vontade de Deus cuida disso, afinal. Não há erro
que não venha a ser corrigido. Ver Rom. 13.1 ss. e 12.19. A violência parece
inevitável, pelo menos em algumas ocasiões, mas ela sempre envolve um erro.
Muitos pais castigam seus filhos tomados por uma ira violenta, usualmente por
causa de alguma inconveniência trivial que sofreram.
“Os comentadores
judeus geralmente apreciavam o ato [de Moisés], ou mesmo elogiavam-no como uma
ação patriótica e heroica. Mas sem dúvida foi um feito precipitado, efetuado em
um espírito indisciplinado” (Ellicott, in loc.).
Êx 2.13 Provocação.
Moisés ocultara as evidências de seu crime; mas a questão não terminou com o
egípcio sepultado na areia. No dia seguinte, Moisés tentou interromper uma
briga entre dois hebreus. Mas acabou sabendo, da parte de um dos antagonistas,
que seu ato homicida tinha sido visto e, sem dúvida, discutido entre os
observadores. Isso significava que, em breve, a história inteira seria descoberta,
e Moisés passaria a ser caçado pela justiça do Faraó. Talvez o hebreu tencionasse
matar ao outro; mas afinal isso foi o que Moisés tinha feito. Ver II Sam. 14.6.
A desintegração social e psicológica havia tomado conta do escravizado povo de
Israel, e eles estavam abusando uns dos outros. O espírito de Moisés, pois,
vexava-se diante do que via entre sua própria gente. Seu coração estava sendo
preparado, mas um longo tempo seria necessário até tornar-se o instrumento
devido do poder de Deus. Ver Atos 7.26 quanto ao paralelo neotestamentário
deste versículo.
Êx 2.14 O autor sacro
segredava aqui que não chegara ainda o tempo de Moisés receber autoridade. Os
israelitas ainda não estavam preparados; o próprio Moisés também não estava
preparado. Moisés era um príncipe no Egito, por ser filho adotivo da filha do
Faraó, e seu pai adotivo sem dúvida era também homem de grande autoridade (vs.
10). Para os hebreus, porém, ele nada significava. Não lhe cabia decidir quem
estava com a razão e quem estava errado, ainda que, posteriormente, ele se
tivesse tornado o grande legislador a quem todo o povo de Israel devia
obediência. No Antigo Testamento, a justiça (no hebraico, mishpat! não era um
conhecimento positivo nem um princípio metafísico, como se dá com a filosofia
ética. Era a lei imposta pelo Deus vivo. Os atos potencialmente altruístas de
Moisés, sua preocupação com os oprimidos, não foram bem acolhidos, e isso
deve ter
parecido difícil para o jovem Moisés (então com quarenta anos de idade). Uma
lição que devemos aprender de início é não esperar aplausos. A maioria das
pessoas teme as verdades recém-descobertas que ameaçam os dogmas tradicionais.
O Erro Fatal de
Moisés. Moisés tinha aplicado a violência; tinha assassinado; tinha perdido 0
respeito dos outros. Agora seria preciso muito tempo para ele vencer essa
situação.
Êx 2.15 Moisés fugiu
da presença de Faraó. Este estaria agora ouvindo a notícia ou em breve a
ouviria, de que Moisés matara a um egípcio. E então mandaria executar Moisés.
Nisso consistia o maior temor de Moisés. E assim Moisés fugiu para seu exílio
de quarenta anos, na terra de Midiã, o segundo grande ciclo de sua vida. Ver o
vs. 11. Ele começara a tornar-se uma figura ameaçadora, intervindo onde não
devia, agitando o povo. Alguns intérpretes veem neste texto um esforço abortado
de emancipação. Mas o autor sacro apresenta 0 episódio como um simples passo na
preparação divina do caminho de Seu servo. Este precisava internar-se no
deserto por quarenta anos. Tudo isso fazia parte de sua preparação.
Terra de Midiã.
Moisés fugiu na direção sudeste, afastando-se de onde vivia talvez quatrocentos
quilômetros. Midiã tinha sido um dos filhos de Abraão e Quetura (Gên. 25.1-6).
Assim, os midianitas eram parentes distantes de Moisés, uma tribo árabe que
vivia na região ao sul do Sinai e na porção noroeste da Arábia. Esse deserto
diferia muito da favorecida região de Gósen, no Egito, que era onde estava 0
grosso da população israelita. Ver Gên. 45.10. Os midianitas eram seminômades.
Seu centro ficava às margens do golfo de Ácaba. O local tradicional do monte
Sinai ficava naquela região, Os nabateus, mui provavelmente, foram os
sucessores dos midianitas na região, tendo sido os que edificaram a famosa
cidade de Petra (ver a respeito no Dicionário).
Junto a um poço.
Local muito valorizado em uma terra ressequida. Ver no Dicionário os artigos
intitulados Poço e Cisterna. Moisés armou sua tenda nas imediações. Havia
perdido sua exaltada posição de filho da filha do Faraó, e agora era tão sem
importância quanto antes era importante.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 310.
Êx 2:11-15. Rejeição e fuga de Moisés. 11.
Sendo Moisés já homem. Atos 7:23 afirma que Moisés tinha quarenta anos na
época. Exodo afirma somente que ele tinha oitenta anos quando se apresentou
perante Faraó (7:7) e que passara muitos dias em Midiã (2:23). É possível que quarenta
anos seja representativo de uma geração, que para o mundo ocidental é um espaço
de trinta anos. Atos 7:22 está absolutamente correto ao afirmar que “ Moisés
foi educado em toda a ciência dos egípcios” , uma vez que fora criado com
outros príncipes. Este era o outro lado da preparação divina. Com as possíveis
exceções de Salomão, Daniel e Neemias, nenhum outro personagem do Velho
Testamento recebeu treinamento semelhante (cfDn 1:4). Os códigos de direito da época
provavelmente faziam parte de tal treinamento. O Código de Hamurábi, por
exemplo, era amplamente estudado e comentado por escribas egípcios, de modo que
Moisés possivelmente o conhecia bem.
E viu seus labores penosos. Esta frase
significa mais do que simplesmente ver. Significa “ ver com emoção” , quer com
satisfação (Gn 9:16) ou, como aqui, com tristeza (Gn 21:16). Moisés partilhava
das emoções do coração de Deus. Deus também via o que os egípcios estavam fazendo
aos israelitas e estava prestes a intervir (3:7,8). Não era o impulso de Moisés
em salvar a Israel que estava errado, mas a ação em que ele se empenhou.
Espancava, “ matou” (12) e “ mataste” (13) são três formas diferentes do mesmo
verbo hebraico. Isso dá à narrativa uma continuidade que não é possível
reproduzir em português. Comunica também a impressão de “ olho por olho, dente
por dente” (21:24). Talvez o egípcio fosse um dos odiados feitores de obras; e,
se hebreu tem mesmo o significado amplo sugerido acima, então a frase um do seu
povo é uma restrição necessária, para indicar um verdadeiro israelita. Êx 2.12.
E o escondeu na areia. Eis aqui um toque de colorido local. Não havia areia na
maior parte de uma terra rochosa como Israel, e seria muito mais difícil
ocultar um cadáver na Palestina do que no Egito.
Êx 2.13. E disse ao culpado. Temos aqui um
termo jurídico. Compare a descrição que Faraó faz de si mesmo, como sendo
culpado (ARC “ injusto” ) enquanto Deus é chamado “justo” (9:27). Simples
percepção psicológica foi o que fez o culpado rejeitar Moisés, em termos que o
próprio Faraó pode ter usado mais tarde (5:2). Sem dúvida, o outro hebreu, o
inocente, aceitou alegremente a ajuda de Moisés, tal como os publicanos e pecadores receberam a Cristo
com alegria séculos depois (Mt 9:10).
Êx 2.15. A terra de Midiâ. A localização é
bastante incerta, mas sem dúvida ficava além das fronteiras do Egito, para o
leste. Algumas partes da Península do Sinai, ou da Arabá (a região do sul do
Mar Morto), ou ainda a parte da Arábia a leste do Golfo de Aqaba são
localizações possíveis. Nos dias de Ptolomeu, a terra de “ Modiana” ficava
localizada ao leste do golfo. Se, como em Gênesis 37:25, os midianitas viajavam
extensamente, quer por razões comerciaisou pastoris (3:1) ou ainda bélicas (Jz
6:1), todas essas regiões poderiam ser cobertas. Pelo fato de, mais tarde, os israelitas
terem se tornado inimigos mortais dos midianitas, é inadmissível que a tradição
da peregrinação de Moisés por Midiã tenha sido inventada. É possível que “
ismaelitas” (Gn 37:25) e “ queneus” (Jz 4:11) fossem nomes tribais usados em
Midiã. Por outro lado, Juízes 8:24 pode sustentar o ponto de vista de que o
termo “ ismaelita” era bem mais amplo que “ midianita” ; o mais provável,
porém, é que os termos eram usados de maneira bem livre. Junto a um poço. Onde
quer que houvesse um poço no deserto, lá haveria uma povoação; e para os que lá
viviam, aquele seria sempre “ o poço” . O poço de aldeia era o lugar natural
onde encontrar o estranho ou visitante. Encontros semelhantes foram narrados em
Gênesis 29:10 (Jacó) e João 4:6,7 (Jesus); nos três casos, oferece-se ajuda
(quer material quer espiritual) a quem é indefeso e incapacitado, um retrato
daquilo que Deus mesmo irá fazer.
Êx 2:16-22. Moisés em Midiã. 16. O sacerdote
de Midiã. Alguns estudiosos buscam apoio nesta frase para a chamada “hipótese
quenita” , que presume que a religião mosaica se originou na de Midiã, e no
sogro de Moisés em particular. Os midianitas, por tradição, pertenciam à mesma
árvore genealógica de Israel, com raízes em Abraão (Gn 17:20) e é altamente
improvável que Moisés tivesse aprendido com eles algo que já não conhecesse da
“ lei comum” dos semitas ocidentais. Além disso, o relato bíblico deixa bem
claro que a nova revelação foi entregue a Moisés no “ monte de Deus” (3:1) e
que seu sogro só a aceitou posteriormente, quando a viu validada pelos
acontecimentos (18:11). Sete filhas.
Novamente o número ideal ou sagrado; pode bem
ter sido usado literalmente neste caso. As mulheres árabes (nunca os homens)
ainda apanham água nos poços em Israel e na Jordânia, enquanto os rebanhos são
normalmente vigiados por meninos e meninas.
Êx 2.18. Reuel. Talvez signifique “ amigo de
Deus” ou “ pastor de Deus” , este último um significado muito apropriado numa
sociedade pastoril. Um significado menos provável seria “ Deus é pastor/amigo”
. Assim como há dúvidas quanto à localização de Midiâ e até mesmo do Monte
Sinai, há também dúvidas quanto ao nome exato do sogro de Moisés. O nome Reuel
é uma forma de boas possibilidades, e em Gênesis 36:4 aparece como um nome
edomita. Em 3:1 o mesmo homem é chamado de Jetro, a forma nominativa de um nome
árabe relativamente comum. Em Números 10:29 aparece um Hobabe, o filho de Reuel
de Midiã: o texto não deixa claro qual dos dois é o sogro de Moisés. Hobabe é
um simples nome semita e Juízes 4:11 certamente descreve Hobabe como o sogro de
Moisés. Isso significa que, ou várias tradições sobreviveram quanto â
identidade do sogro de Moisés, ou então ele tinha pelo menos dois nomes.
Evidentemente não há problemas em supor que ele tivesse dois (ou mais) nomes,
já que nomes duplos são conhecidos de fontes da Arábia Meridional. Em tais
casos o editor bíblico às vezes especifica ambos os nomes, como em “ Jerubaal
(que é Gideão)” (Jz 7:1): às vezes porém, os dois são usados independentemente no
espaço de uns poucos versos (Jz 8:29). O assunto não tem importância teológica
e é melhor presumir que o nome significava tão pouco para Israel que tal
incerteza era possível. A tradição, contudo, é unânime em afirmar que Moisés se
casou com a filha de um sacerdote semita da região desértica oriental, e lá
viveu por período consideravelmente longo.
ÊX 2. 21. Zípora. Pode ser traduzido como “
canora”, ou menos polidamente, “ pipilante” ; é o nome de uma pequena ave da
região. Compare com os nomes igualmente simples de Raquel (ovelha) e Léa)
(novilha) em Gênesis 29.
Êx 2. 22. Gérson. Este nome contém um
trocadilho por assonância, pois foi traduzido como se fosse a expressão
hebraica gêr sãm, “ um peregrino ali” . Filologicamente, é provavelmente um
antigo nome derivado do verbo gãras, com o significado de “ expulsão” ; o
sentido geral é, assim, aproximadamente o mesmo. Como é frequente no Velho
Testamento, a observação é mais um comentário sobre o significado do nome do
que uma tradução exata (cf 2:10). Consultar Hyatt quanto à sugestão de que
Gérson é o ancestral do clã levita de Gérson “ Gersan” (Nm 3:21-26), com a
mudança da última consoante.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 57-59.
As ações prematuras
de Moisés (2.11-15). As injustiças que os israelitas sofriam deram a Moisés um
senso de missão. Quando tinha idade para agir por conta própria, examinou
pessoalmente a carga que seus irmãos suportavam. Quando viu que um varão egípcio
feria a um varão hebreu (11), seu desejo de ajudar o povo veio à tona.
Percebeu que tinha
razão em punir o malfeitor, ainda que soubesse que tal ação seria perigosa.
Feriu ao egípcio (12), matando-o, depois de se certificar de que ninguém estava
olhando. Moisés não tinha autoridade do Egito para corrigir estes males, e Deus
ainda não o comissionara. Agindo por conta própria, entrou em dificuldades.
No dia seguinte,
quando tentou resolver uma diferença entre dois hebreus, Moisés ficou sabendo
que o assassinato do egípcio fora descoberto (14). Também ficou sabendo que havia
injustiça entre seus irmãos. O povo que não apoiava o homem que queria ajudá-lo
ainda não estava preparado para ter um libertador. E um autodesignado maioral
(ou “príncipe”, ARA) e juiz também não estava preparado para ser o libertador.
Moisés teve de esperar o tempo de Deus para receber mais instruções de uma
Autoridade superior. O rei logo tomou conhecimento do que Moisés fizera, mas
antes de Faraó agir, Moisés fugiu para a terra de Midiã 15 onde quarenta anos
depois (At 7.30) seria comissionado.
c) Moisés em Midiã
(2.16-25). Os midianitas eram descendentes de Quetura e Abraão (Gn 25.1-4).
Habitavam pelas redondezas do monte Sinai, na península do Sinai a leste do
Egito, do outro lado do mar Vermelho. Esta montanha também era conhecida por “Horebe”
(3.1).13 O sacerdote de Midiã (16) chamava-se Reuel (18), que significa “amigo de
Deus”.14 Em outros pontos do texto, é conhecido por Jetro (e.g., 3.1; 4.12).
Tinha sete filhas que apascentavam as ovelhas do pai, mas que passavam maus
momentos com os pastores que maltratavam as moças. Moisés, sempre pronto a
ajudar os desvalidos, levantou-se para socorrê-las. O texto não fala como
conseguiu lidar sozinho com o grupo de pastores, mas conseguiu mantê-los
afastados enquanto as moças davam de beber ao rebanho (17). Em consequência
desta bondade, Moisés achou uma casa e uma esposa (21). Aqui se tornou pai do
primeiro filho em terra estranha (22). O nome Gérson “não sugere apenas
‘estranho’, mas indica exílio, banimento”. Durante o tempo da permanência de
Moisés em Midiã, o povo oprimido no Egito sentiu mais intensamente o peso
esmagador da escravidão (23). Os líderes do Egito tinham recorrido à servidão
cruel para manter os hebreus em sujeição, descontinuando a política de matar os
recém-nascidos do sexo masculino.
Mas Deus estava
cuidando dos seus. Ele ouviu o gemido do povo e se lembrou do concerto (24).
Deus adiou a libertação de Israel até que Moisés e Israel estivessem prontos.
Moisés precisava das disciplinas do deserto, e o desejo de Israel por liberdade
precisava aumentar. A escravidão continuada no Egito uniu o povo de Israel no
desejo por liberdade e na fé de que só Deus podia livrá-lo. Deus ouve os
clamores do seu povo, mas espera até “a plenitude do tempo” para dar a vitória.
Conheceu-os Deus (25) significa “Deus se preocupava com eles” (VBB).
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 144-145.
Fracasso (w. 11-14). Apesar de algumas pessoas se
confundirem com a etnia de Moisés (v. 19), ele sabia que era hebreu, não
egípcio, e não podia evitar identificar-se com o sofrimento de seu povo. Certo
dia, tomou a corajosa decisão de ajudá-los, mesmo que isso significasse perder
sua posição de
nobre como filho adotivo da princesa (Hb 11:24-26). Os prazeres e tesouros do
Egito desvaneceram quando ele se viu ajudando a libertar o povo escolhido de
Deus.
É possível que o
oficial egípcio não estivesse apenas disciplinando o escravo hebreu, mas
espancando-o com a intenção de mata-lo, pois é isso que pode significar a palavra
hebraica usada nesse caso. Assim, quando Moisés interferiu, provavelmente
estava salvando a vida de um homem. E se o egípcio voltou-se contra Moisés, o
que deve ter acontecido, então Moisés também estava defendendo a própria vida.
Contudo, se o plano
de Moisés era libertar os hebreus matando os egípcios um por um, estava prestes
a ter uma surpresa. No dia seguinte, descobriu que os egípcios eram apenas
parte do problema, pois os hebreus não conseguiam nem chegar a um entendimento entre
si! Quando tentou reconciliar os dois hebreus, eles rejeitaram sua ajuda! Além disso,
Moisés também ficou sabendo que seu segredo havia sido revelado e que o Faraó estava
atrás dele para matá-lo. A única coisa que lhe restava fazer era fugir.
Esses dois episódios
revelam Moisés como um homem compassivo e de motivações sinceras, mas ao mesmo
tempo impetuoso em suas atitudes. Sabendo disso, é de se admirar que, mais
tarde, ele tenha sido considerado "mais [manso] do que todos os homens que
havia sobre a terra" (Nm 12:3).
Moisés deve ter
ficado desolado com sua tentativa fracassada de ajudar a libertar os hebreus.
Por isso, Deus o levou a Midiã e fez dele um pastor de ovelhas durante quarenta
anos. Ele precisava aprender que o livramento viria das mãos de Deus e não das
mãos de Moisés (At 7:25; Êx 13:3).
Solidão e serviço humilde (w. 15-25). Moisés tornou-se um
fugitivo e escondeu-se na terra dos midianitas, parentes dos hebreus (Gn 25:2).
Agindo de acordo com sua natureza corajosa, ajudou as filhas de Reuel, o sacerdote
de Midiã (Êx 2:18). Com isso, recebeu a hospitalidade daquele lar, casou-se com
Zípora, uma das filhas de Reuel, e esta lhe deu um filho.11 Posteriormente,
Zípora teve outro filho ao qual deu o nome de Eliezer (Êx 18:1-4; 1 Cr 23:15).
Reuel ("amigo de Deus") também era conhecido como Jetro (Êx 3:1;
18:12, 27), mas é possível que Jetro ("excelência") fosse seu título
como sacerdote e não seu nome.12 O homem "poderoso em palavras e obras"
encontrava-se, agora, em pastos solitários cuidando de ovelhas obstinadas, mas era
justamente esse tipo de preparo que precisava para liderar uma nação de pessoas
obstinadas. Israel era o rebanho especial de Deus (Sl 100:3), e Moisés, o
pastor escolhido pelo Senhor. Assim como nos treze anos que José viveu como
escravo no Egito e como o intervalo de três anos na vida de Paulo, depois de
sua conversão (Gl 1:16, 1 7), os quarenta anos de espera e de trabalho de
Moisés preparam-no para toda uma vida de ministério fiel. Deus não envia seus servos
imediatamente, mas capacita-os para sua obra.
Quando há demora, não
se trata de desinteresse de Deus, pois ele ouve nossos gemidos, vê nossas
lutas, sente nossas tristezas e lembra-se de sua aliança. Cumprirá o que
prometeu, pois jamais quebra sua aliança com seu povo. Quando chega a hora
certa, Deus põe-se imediatamente a trabalhar.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 236-237.
"E aconteceu
naqueles dias que, sendo Moisés já grande, saiu a seus irmãos e atentou nas
suas cargas; e viu que um varão egípcio feria a um varão hebreu, de seus
irmãos. E olhou a uma e a outra banda, e, vendo que ninguém ali havia, feriu ao
egípcio e escondeu-o na areia" versículos (11-12). Moisés mostra aqui zelo
por seus irmãos "mas não com entendimento" (Rm 10:2). Ainda não
chegara o tempo determinado por Deus para julgar o Egito e libertar Israel, e o
servo inteligente deve aguardar sempre o tempo de Deus. Moisés era "já
grande" e "instruído em toda a ciência dos egípcios"; e, além
disso, "cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar
liberdade pela sua mão" (At 7:25). Tudo isto era verdade, todavia, ele
correu, evidentemente, antes de tempo, e quando alguém procede assim o
resultado é o fracasso (1).
E não só o fracasso
como também manifesta incerteza, falta de serena devoção e santa independência
no progresso de um trabalho começado antes do tempo determinado por Deus. Moisés
olhou a uma c outra banda." Não há necessidade disto quando se age com e
para Deus e na plena compreensão dos Seus pensamentos quanto aos pormenores da
Sua obra. Se o tempo determinado por Deus tivesse realmente chegado, e se
Moisés sentisse que havia sido incumbido de executar a sentença de Deus sobre o
egípcio, se sentisse ainda a presença divina consigo, não teria olhado "a
uma e outra banda."
A Morte do Egípcio, um Ato Impensado e Prematuro
Este ato de Moisés
encerra uma lição profundamente prática para todos os servos de Deus. Duas
circunstâncias se ligam com ela, a saber: o receio da ira do homem e a
esperança do favor humano. O servo do Deus vivo não deve atentar numa nem
outra. Que importa a ira ou o favoritismo dum pobre mortal àquele que está
investido da incumbência divina e que goza da presença de Deus?-Para um tal
servo estas coisas têm menos importância que o pó dos pratos duma balança.
"Não o mandei eu!- Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes,
porque o SENHOR, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares" (Js 1:9).
"Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu
te mandar-, não desanimes diante deles, porque eu farei com que não temas na
sua presença. Porque eis que te ponho hoje por cidade forte, e por coluna de
ferro, e por muros de bronze, contra toda a terra; e contra os reis de Judá, e
contra os seus príncipes, e contra os seus sacerdotes, e contra o povo da
terra. E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou
contigo, diz o SENHOR, para te livrar" (Jr 1:17-19).
Colocado assim sobre
este terreno elevado, o servo de Cristo não olha a uma e outra banda, mas atua
de acordo com o conselho da sabedoria celestial: "Os teus olhos olhem direitos
e as tuas pálpebras olhem diretamente diante de ti" (Pv 4:25). A sabedoria
divina faz-nos sempre olhar para cima e para a frente. Sempre que olhamos em
redor para evitar o olhar desdenhoso de um mortal ou para merecer o seu
sorriso, podemos estar certos que há qualquer coisa que está mal; estamos fora
do terreno próprio de serviço divino. Falta-nos a certeza de termos a
incumbência divina e de sentirmos a presença do Senhor, ambas as coisas tão
essenciais.
É verdade que há
muitos que, por ignorância profunda ou excessiva confiança em si próprios,
entram para uma esfera de serviço para a qual Deus nunca os destinou e para a
qual, portanto, os não preparou. E não só o fazem como aparentam uma frieza de
ânimo e uma confiança em si próprios perfeitamente espantosas para aqueles que
podem formar um conceito imparcial dos seus dons e dos seus méritos. Contudo
essas aparências depressa cedem à realidade, e não podem modificar em nada o
princípio que nada pode impedir realmente o homem de olhar "a uma e outra
banda" senão a convicção íntima de ter recebido uma missão de Deus e de
desfrutar a Sua presença. Quando possuímos estas coisas somos inteiramente
livres das influências humanas e estamos independentes dos homens. Ninguém está
em tão boas condições de servir os homens como aquele que é independente deles;
contudo, aquele que conhece o seu verdadeiro lugar pode baixar-se e lavar os
pés dos seus irmãos. Quando desviamos o olhar do homem e o fixamos sobre o
único Servo verdadeiro e perfeito, não o encontramos "olhando a uma e
outra banda", pelo simples motivo que nunca procurou agradar aos homens
mas a Deus. Não temia a ira do homem nem cortejava o seu favor. Os Seus lábios nunca
se abriram para provocar os aplausos dos homens, nem jamais os fechou para
evitar as suas críticas. Por isso, o que dizia e fazia tinha uma santa
estabilidade e elevação. Jesus é o único de quem se pôde dizer com verdade,
"cujas folhas não caem e tudo quando fizer prosperará" (Sl 1:3). Em
tudo que fazia prosperava, porque fazia todas as coisas para Deus. Cada ação,
cada palavra, cada movimento, cada olhar, cada pensamento era como um belo
cacho de frutos enviados ao alto para refrescar o coração de Deus. Jamais
receou pelos resultados da Sua obra, porquanto sempre trabalhou com e para Deus
na compreensão plena da sua vontade. A Sua própria vontade, posto que fosse
divinamente perfeita, nunca se confundiu com o que, como homem, fazia sobre a
terra, e assim podia dizer: "Porque eu desci do céu, não para fazer a
minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou" (Jo 6:38). Por isso,
deu "o seu fruto na estação própria" (Sl 1:3), e fez sempre o que
agradava ao Pai (Jo 8:29), e, portanto, nada teve que temer, nem necessidade de
arrependimento nem de "olhar a uma e a outra banda".
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
Colaborador:
Escriba
Digital
A paz do Senhor. vejo no irmão alguém que tem o mesmo sonho que eu
ResponderExcluirver toda Igreja reunida na Escola Bíblica Dominical.
parabèns!!! boa aula,Deus o abencõe nessa nova etapa.
ResponderExcluirquero saber de verdade se a agua mudou o seu percusso ou não,de fato como foi me ajude mais com profundidade
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