AS PRAGAS DIVINAS E AS PROPOSTAS ARDILOSAS DE FARAÓ
Data:19 de Janeiro de 2014 HINOS SUGERIDOS 107, 212,
531.
TEXTO ÁUREO
‘Revesti-vos
de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas
ciladas do diabo” (Ef 6.11).
VERDADE PRÁTICA
Como
salvos por Cristo, podemos pela fé vencer o Diabo em suas investidas contra
nós.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Co 15.57 Deus que nos dá a vitória
Terça - 2 Co 2.14 Deus
nos faz triunfar em Cristo
Quarta - 2 Co 11.14 Satanás engana pela imitação
Quinta - 1 Tm 4.1 Doutrinas falsas
vêm de demônios
Sexta - Jo 8.44 A mentira procede do Diabo
Sábado - 1 Ts 2.18 Satanás combate a obra de Deus
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Êxodo
3.19,20; 7.4,5; 8.8,25; 10. 8,11,24.
Êxodo
3
19
- Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir, nem ainda por uma mão
forte.
20
- Porque eu estenderei a minha mão e ferirei ao Egito com todas as minhas
maravilhas que farei no meio dele; depois, vos deixará ir.
Êxodo
7
4
— Faraó, porém, não vos ouvirá; e eu porei a mão sobre o Egito e tirarei os
meus exércitos, o meu povo, os filhos de Israel, da terra do Egito com grandes
juízos.
5
- Então, os egípcios saberão que eu sou o SENHOR, quando estender a mão sobre o
Egito e tirar os filhos de Israel do meio deles.
Êxodo
8
8
- E Faraó chamou a Moisés e a Arão e disse: Rogai ao SENHOR que tire as rãs de
mim e do meu povo; depois, deixarei ir o povo, para que sacrifiquem ao SENHOR.
25
- Então, chamou Faraó a Moisés e a Arão e disse: Ide e sacrificai ao vosso Deus
nesta terra.
Êxodo
10
8
- Então, Moisés e Arão foram levados outra vez a Faraó, e ele disse-lhes: Ide,
servi ao SENHOR, vosso Deus. Quais são os que hão de ir?
11
- Não será assim; andai agora vós, varões, e servi ao SENHOR; pois isso é o que
pedistes. E os lançaram da face de Faraó.
24
- Então, Faraó chamou a Moisés e disse: Ide, servi ao SENHOR; somente fiquem
vossas ovelhas e vossas vacas; vão também convosco as vossas crianças.
INTERAÇÃO
Faraó
era perverso e não tinha intenção alguma de libertar os hebreus. Diante da
recusa dele, Deus enviou várias pragas ao Egito (Êx 3.19,20). Qual era o propósito
divino ao enviar as pragas? O objetivo era o julgamento contra o governo de
Faraó e seu povo e um juízo contra o generalizado culto idólatra egípcio.
Para
introduzir a lição, faça um resumo das terríveis pragas que arrasaram o Egito.
Depois, explique que a partir da segunda praga (a das rãs, Êx 8.1-15), Faraó
passou a fazer uma série de propostas ardilosas e destruidoras a Moisés e a seu
auxiliar, Arão. Precisamos de discernimento a fim de não aceitar as ardilosas
propostas de Satanás para nós, igreja do Senhor.
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Analisar as pragas deferidas
e a primeira proposta de Faraó.
Saber que assim como Faraó,
Satanás não desiste facilmente.
Discutir a proposta final de
Faraó.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor,
reproduza o quadro da página seguinte conforme as suas possibilidades. Em
classe, juntamente com os alunos, complete a segunda coluna. Debata com a turma
as propostas de Faraó e as suas consequências, caso Moisés as aceitasse.
Conclua enfatizando que, como salvos por Cristo, podemos pela fé nEle sempre
vencer o Diabo em suas investidas contra nós.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Deus
havia declarado que se Faraó não deixasse o seu povo sair do Egito, Ele feriria
os egípcios com várias pragas (Êx 3.19,20). Em Êxodo 7.4,5, Deus reiterou o
envio de flagelos terríveis sobre o Egito, os quais tinham como propósitos:
julgar tanto o governo quanto o povo por seus atos, e também apressar a saída
dos hebreus e mostrar o poder de Deus sobre os deuses egípcios.
A
partir da ocorrência da segunda praga (a das rãs, Êx 8.1-15), Faraó passa a
fazer uma série de propostas ardilosas e destruidoras a Moisés e Arão. Na lição
de hoje estudaremos o ambiente e as circunstâncias em que ocorreram as pragas e
as propostas de Faraó ao povo de Deus.
I - AS
PRAGAS ENVIADAS E A PRIMEIRA PROPOSTA DE FARAÓ
1. Pragas atingem o
Egito (Êx 7.19—12.33). Deus ordenou que Moisés e Arão fossem até o palácio de
Faraó para pedir-lhe que deixasse o povo hebreu partir. Diante de Faraó Moisés
fez alguns milagres, para que este contemplasse uma amostra do poder do
Altíssimo e liberasse o povo de Deus. Faraó era considerado um deus, por isso
foi necessário que Moisés * se apresentasse diante dele com sinais e
maravilhas. Porém, Faraó endureceu o seu coração e não deixou o povo partir
(Êx 7.13,14,22; 8.15,19,32; 9.7,34,35; 4.21; 7.3; 9.12; 10.1,27; 11.10;
14.4,8,17). Com receio das pragas que já estavam atingindo duramente o Egito,
Faraó decide P fazer algumas propostas ardilosas para Moisés e Arão.
2. A primeira
proposta (Êx 8.25).
Esta proposta exigia que Israel cultuasse a Deus no próprio Egito, em meio aos
falsos deuses. O ecumenismo também parte deste princípio, porém, a Palavra de
Deus nos exorta: “E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo, e
separei-vos dos povos, para serdes meus” (Lv 20.26). A proposta de Faraó era
para Israel servira Deus sem qualquer separação do mal. Todavia, “sem
santificação ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Um povo separado por Deus e
para Deus, e ao mesmo tempo misturado com os ímpios egípcios, como sendo um só
povo, seria uma abominação ao Senhor. Deus requer santidade do seu povo. Nestes
últimos dias antes da volta de Cristo, o pecado sob todas as formas avoluma- se
por toda a parte, como um rolo compressor. Esta é uma das causas de haver
tantos crentes frios espiritualmente: “E, por se multiplicar a iniquidade, o
amor de muitos se esfriará” (Mt 24.12). Precisamos ser mais santos e
consagrados a Deus!
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Diante
das pragas que atingiram duramente o Egito, Faraó apresentou algumas propostas *
ardilosas para Moisés e Arão.
II -
FARAÓ NÃO DESISTE
1. A segunda proposta
de Faraó (Êx 8.28).
“Somente que indo, não vades longe”. Isso resultaria em o povo de Deus sair do
Egito, mas o Egito não sair deles, como acontece ainda hoje com o crente
mundano (Tg 4.4,5; 1 Jo 2.15). Assim fez a mulher de Ló, que saiu de Sodoma mas
não tirou Sodoma do seu coração e da sua mente, e perdeu-se (Gn 19.17,26; Lc
17.32). O propósito de Faraó ao ordenar “não vades longe” era vigiar e
controlar os passos do povo de Israel. “Não vades longe” significa para o
crente hoje o rompimento parcial com o pecado e com o mundo. É a vida cristã
sem profundidade, sem expressão e por isso sempre vulnerável. “Não vades longe”
(Êx 8.28) equivale ao crente viver sem compromisso com Deus, com a doutrina do
Senhor, com a igreja, com a santidade. É a vida cristã superficial, sem
consagração a Deus e ao seu serviço.
2. A terceira
proposta de Faraó (Êx 10.7). Essa proposta atingia os chefes de família e
demais adultos. Os demais membros da família ficariam no Egito. O povo de
Israel vivia organizado por famílias e casas paternas (Êx 6.14,15,17,19). A
família é universalmente a unidade básica da sociedade humana. A saída parcial
do povo, como queria Faraó, resultaria no fracionamento e fragilização das
famílias, dividindo-as. O propósito de Deus é sempre abençoar toda a família,
no sentido de que ela seja salva, unida, coesa, forte, feliz e saudável.
A
proposta de Faraó traria resultados nefastos para o povo de Deus. Vejamos: a) Famílias sem o governo dos pais, sem
provisão, sem proteção, sem direção.
b) Maridos sem as
esposas;
homens viajando no deserto e as crianças sem os pais. O Diabo quer a ruína do
casamento (Êx 1.16). Oremos por um avivamento espiritual sobre os casais que
servem ao Senhor.
c) Miscigenação
devastadora.
Os jovens de Israel sozinhos no deserto a caminho de Canaã se casariam com
moças pagãs, idólatras. Por sua vez, as jovens deixadas no Egito se casariam
com os incrédulos egípcios. Enfim, haveria perda de identidade dos hebreus como
povo do Senhor.
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
“Não
vades longe”, significa para o crente hoje, o rompimento parcial com o pecado e
com o mundo.
III- A
PROPOSTA FINAL DE FARAÓ
1. A situação caótica
do Egito.
A praga das trevas acabara de ocorrer, e todo o Egito durante três dias
seguidos ficou sem luz. Só havia luz nas casas dos hebreus (10.21-23). Faraó
teve muitas oportunidades, mas não deu ouvidos à voz do Senhor e não atendeu
aos apelos de Moisés. A cada praga o coração de Faraó se tornava mais
endurecido. O rei do Egito escolheu resistir a Deus e teve seu país devastado
pelas pragas. Quem pode resistir ao Senhor? Se Deus está falando com você,
atenda-o. Não resista! Muitos já viram e experimentaram os milagres do Senhor,
porém, seus corações permanecem duros e inflexíveis, como o de Faraó. Lembre-se
de que há um preço alto a se pagar por não se dar atenção ao que Deus fala.
2. A quarta e última
proposta.
A situação era tão caótica no Egito que o próprio Faraó procurou Moisés (Êx
10.24) e fez a sua última proposta: “Ide, servi ao Senhor; somente fiquem as
ovelhas e vossas vacas” (v. 24).
A
ovelha e a vaca eram animais cerimonialmente “limpos” para oferendas de
sacrifícios a Deus na época da Lei (cf. 1 Pe 2.25; Hb 13.15,16). Sem as ovelhas
e vacas não haveria sacrifícios. Não haveria entrega ao Senhor. Segundo a
Bíblia Explicada, esta proposta também significa “os nossos negócios e
interesses materiais, não santificados e não sujeitos à vontade de Deus” y
(10.24). O crente precisa viver uma vida digna, não só diante de Deus, mas
também diante dos homens (2 Co 8.21). A santidade é um imperativo na vida do
cristão até mesmo nos negócios.
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
A
cada praga o coração de Faraó se tornava mais endurecido. Ele escolheu resistir
a Deus e teve seu país devastado peias pragas.
CONCLUSÃO
A
atitude do cristão hoje ante as traiçoeiras propostas do Maligno deve ser a
mesma dos representantes de Israel, Moisés e Arão: “Nem uma unha ficará” no
Egito (Êx 10.26). Satanás figurado m Faraó não mudou em relação à sua luta
contra o povo de Deus. Ele continua a tentar o crente de muitas maneiras para
fazê-lo cair, inclusive com más insinuações, sugestões, conclusões etc. “Mas
graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co
15.57).
AS PROPOSTAS DE FARAÓ
AO POVO DE DEUS
AS PROPOSTAS
“Ide, sacrificai ao vosso Deus nesta
terra” (Êx 8.25).
“Somente que indo, não vades longe”
(Êx 8.28).
“Deixai ir os homens” (Êx 10.7).
“Ide, servi ao Senhor; somente fiquem
ovelhas e vossas vacas“ (Êx 1 0.24).
AS CONSEQUÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
COHEN,
Armando Chaves. Êxodo. 1. ed. Rio de
janeiro: CPAD, 1 998. MERRILL, Eugene H. História
de Israel no Antigo Testamento:
O reino de sacerdotes
que Deus colocou entre as nações. 6 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Bibliológico
“As
pragas do Egito combinam todos os aspectos das pragas da Bíblia. Esses eventos
são explicados através de exames dos termos hebraicos usados para defini-los.
Muitas palavras derivam da raiz nagap ‘atingir, destruir’, e mostram as pragas
como um golpe de Deus para castigar ou punir. A palavra hebraica negep, no
sentido de ‘golpear, atacar’ foi usada como termo de julgamento. É encontrada
relacionada às pragas do Egito apenas em Êxodo 12.13, que fala sobre a morte
dos primogênitos. A palavra hebraica maggepa também quer dizer ‘golpe, matança,
praga, pestilência’ e é aplicada à praga somente em Êxodo 9.1 4 que é uma referência
geral a esses acontecimentos.
Da
raiz naga, ‘tocar, alcançar, atingir’, vem nega, ‘golpe, praga’, que é usada
metaforicamente para doenças como castigo divino. Na narrativa do Êxodo ela
aparece apenas em 11.1, onde se refere à destruição dos primogênitos. Esses
termos indicam uma ação direta de Deus no castigo; outros termos e declarações
bíblicos mostram que esses atos são o testemunho do poder e da divindade do
Deus único (cf. Dt 4.34,35)” (Dicionário
Bíblico Wycliffe. l. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.l 584).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Bibliológico
“Z.
Zevit pesquisou possíveis analogias para as pragas em outras partes da Bíblia.
Entre o relato das pragas e a narrativa da Criação, ele descobriu expressões e
vocábulos semelhantes, o que o levou a sugerir que Gênesis 1—2, tematicamente,
funciona como pano de fundo para as pragas. Dessa forma, por exemplo, na praga
do sangue, a expressão 'sobre todo o ajuntamento das suas águas’ (Êx 7.1 9)
corresponda ‘ao ajuntamento das águas’ de Gênesis 1.10. Zevit também relaciona
as dez pragas às dez ocorrências da expressão ‘e disse Deus’ (Gn 1,3,6,9,1 1,1
4,20,24,26,28,29)” (HAMILTON, Victor P. Manual
do Pentateuco. 2.ed. Rio de Janeiro, CPAD: 2007, p. 183).
EXERCÍCIOS
1.
Qual foi a primeira proposta de Faraó?
R:
“Ide, sacrificai ao vosso Deus nesta terra” (Êx 8.25).
2.
Descreva a segunda proposta de Faraó.
R:
“Somente que indo, não vades longe".
3.
Qual foi a terceira proposta de Faraó?
R:
“Deixa ir os homens” (Êx 1 0.7).
4.
Qual foi a proposta final de Faraó?
R:
“Ide, servi ao Senhor; somente fiquem ovelhas e vossas vacas.”
5.
Qual deve ser a atitude do cristão ante as malditas e traiçoeiras propostas do
Maligno?
R:
A atitude do cristão hoje ante as malditas e traiçoeiras propostas do Maligno
deve ser a mesma dos representantes de Israel, Moisés e Arão: “Nem uma unha
ficará” no Egito (Êx 1 0.26).
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n° 57, p.37.
Faraó
estava decidido a não deixar o povo de Deus partir do Egito, pois a saída dos
hebreus iria prejudicar seriamente a economia egípcia. Diante da recusa de
Faraó, o Senhor enviou várias pragas que deixaram o Egito arrasado economicamente.
Como um Deus bondoso poderia enviar terríveis flagelos a um povo? Qual era o
seu propósito? O Senhor desejava mostrar que os deuses egípcios não eram nada.
Todavia, os mágicos de Faraó tentaram, por duas vezes, realizar também os
mesmos milagres. Nos dois primeiros flagelos eles foram bem-sucedidos (Êx
7.14-24; 8.1-15), porém Deus não permitiu que houvesse mais demonstração de
milagres por intermédio do ocultismo. Cada praga enviada ao Egito estava
relacionada com uma divindade adorada por eles. Quando Faraó viu que não
poderia deter os hebreus por muito tempo, tentou iludi-los com falsas
promessas. Estamos vivendo tempos trabalhosos, precisamos estar também atentos
as muitas propostas ardilosas do maligno para a igreja. Moisés, como líder do
povo de Deus, soube discernir cada sugestão de Faraó. Tem você buscando em Deus
o dom do discernimento?
Observe,
com atenção, as quatro ardilosas propostas de Faraó e veja o que elas
representavam:
A
primeira proposta de Faraó (8.25). "Ide, sacrificai ao vosso Deus nesta
terra" (Êx 8.25). O que ela representava? Representava a falta de
santidade, de separação das coisas deste mundo. Deus exige santidade do seu
povo: "E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor sou santo, e separei-vos
dos povos, para serdes meus" (Lv 20.26).
A
segunda proposta (8.28). "Somente que indo, não vades longe". O que
ela representava? Uma separação, parcial do Egito. Atualmente muitos já
aceitaram esta proposta e querem viver um cristianismo sem compromisso com Deus
e sem a cruz.
A
terceira proposta (10.7). "Deixai ir os homens somente, e os filhos fiquem
no Egito" (Êx 10.7). O que ela representava? A divisão familiar. Deus
criou a família e deseja que ela viva unida, pois nenhum reino (ou instituição)
dividido pode estar de pé (Mc 3.24), porém o Inimigo trabalha sempre para
separá-la.
A
quarta e última proposta. "Ide, servi ao Senhor; somente fiquem ovelhas e
vossas vacas" (v. 24). O que ela representava? A falta de sacrifícios, de
entrega ao Senhor e de adoração. Evangelho sem a cruz de Cristo não é evangelho
autêntico.
Satanás
vai tentá-los com muitas propostas. Ele tentou o Filho de Deus, mas foi
derrotado. Jesus derrotou o Diabo utilizando a Palavra de Deus, faça uso da
Bíblia, pois ela é uma arma poderosa contra as propostas ardilosas do Inimigo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Neste capítulo
examinaremos duas situações que ocorreram por ocasião da presença dos
israelitas no Egito: as pragas enviadas por Deus e as propostas de Faraó no
sentido de manter os israelitas cativos.
Deus havia dito a
Faraó, por meio de Moisés e Arão, que deixasse seu povo ir embora daquela
terra. Deus poderia simplesmente retirar Ele mesmo o povo da escravidão, mas
preferiu usar Moisés como instrumento para aquela obra. Isso nos deve fazer
lembrar de que Deus tem todo o poder, e pode fazer o que desejar, mas ainda
assim, em muitas situações, prefere se valer de instrumentos humanos para
executar sua vontade. Que isso nos sirva de lição, tendo em vista que, não
raro, somos tentados a imaginar que Deus realmente precisa muito de nós para a
sua obra, e que sem nós Ele não faria nada. Na verdade, Ele pode usar quem
quiser para fazer a sua vontade, e opera apesar de nós, e não apenas por nossa
causa.
O Encontro de Faraó e Moisés
E curioso observar a
capacidade que certas pessoas possuem de tentar negociar com Deus. Faraó fora
advertido de que deveria libertar os israelitas, mas preferiu resistir à voz de
Deus. Se analisarmos a forma com que Deus se utilizou para falar àquele
monarca, veremos que foi dada a ele oportunidade de reconhecer o poder de Deus
antes que males terríveis assolassem o Egito.
Primeiro o Senhor falou através de Moisés
Deus prioriza
advertir Faraó por meio de Moisés, o octogenário pastor do deserto. Como já nos
é sabido, o rei não acreditou nas palavras do libertador.
E, depois, foram
Moisés e Arão e disseram a Faraó: Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Deixa ir
o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto. Mas Faraó disse: Quem é o
Senhor, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem
tampouco deixarei ir Israel. (Êx 5.1,2)
Essa foi a resposta
de Faraó. Quem é o Senhor? Não o conheço, e como não o conheço, não deixarei os
hebreus saírem livres. Não raro, essa tem sido uma resposta comum da própria
humanidade: Porque devo obedecer a Deus se nem sei quem é Ele? Parece uma
lógica correta levando em consideração que o Egito tinha vários deuses, e que o
próprio Faraó era tido como uma divindade. Como seria possível reconhecer como
Deus um Ser que envia um pastor do deserto para falar com o rei da maior
potência da época? Esse Deus poderia ter embaixadores melhores para
representá-lo. Mas à medida que o texto se desenrola, Faraó percebe que está
lidando com um Deus que escolhe bem seus enviados, e que não se permite ser
ridicularizado por ninguém.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 24-25.
Os Dez Juízos
Toda a terra do Egito
tremeu debaixo dos golpes sucessivos da vara de Deus. Todos, desde o monarca
sentado no seu trono à criada moendo no moinho, tiveram de sentir o peso terrível
dessa vara. "Enviou Moisés, seu servo, e Arão, a quem escolhera. Fizeram
entre eles os seus sinais e prodígios, na terra de Cam. Mandou às trevas que a
escurecessem; e elas não foram rebeldes à sua palavra. Converteu as suas águas
em sangue, e assim fez morrer os peixes. A sua terra produziu rãs em
abundância, até nas câmaras dos seus reis. Falou ele, e vieram enxames de
moscas e piolhos em todo o seu território. Converteu as suas chuvas em saraiva
e fogo abrasador, na sua terra. Feriu as suas vinhas e os seus figueirais e
quebrou as árvores dos seus termos. Falou ele, e vieram gafanhotos e pulgão em quantidade
inumerável, e comeram toda a erva da sua terra e devoraram o fruto dos seus
campos. Feriu também a todos os primogênitos da sua terra, as primícias de
todas as suas forças" (SI 105:26 -36).
Aqui, o Salmista
dá-nos uma ideia resumida desses terríveis castigos que por dureza do seu
coração Faraó trouxe sobre a sua terra e o seu povo. Este soberbo monarca havia
empreendido a tarefa de resistir à vontade soberana e ao caminho do Deus
Altíssimo; e, como consequência justa desta atitude, foi entregue à cegueira
judicial e dureza de coração. "Porém o SENHOR endureceu o coração de
Faraó, e não os ouviu, como o SENHOR, tinha dito a Moisés.
Então, disse o SENHOR
a Moisés: Levanta-te, pela manhã cedo, e põe-te diante de Faraó, e dize lhe: Assim
diz o SENHOR, o Deus dos hebreus: Deixa ir o meu povo, para que me sirva.
Porque esta vez enviarei todas as minhas pragas sobre o teu coração, e sobre os
teus servos, e sobre o teu povo, para que saibas que não há outro como eu, em
toda a terra. Porque agora tenho estendido a mão para te ferir a ti e ao teu
povo com pestilência e para que sejas destruído da terra; mas deveras para isto
te mantive, para mostrar o meu poder em ti e para que o meu nome seja anunciado
em toda a terra" (capítulo 9:12-16).
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo.
Editoração: Associação Religiosa Imprensa da Fé.
As ofertas
do Faraó (w. 25-32). Durante o tempo das
pragas, o Faraó ofereceu quatro acordos a Moisés e Arão. Os dois primeiros encontram-se
registrados nestes versículos, durante a praga das moscas (vv. 25, 28). O terceiro
foi durante a praga dos gafanhotos (Êx 10:7-11) e o quarto durante os três dias
de escuridão (vv. 24-26). O fato de o Faraó chegar a pensar que poderia
negociar com Deus é outra prova de seu orgulho. Quem é um homem mortal, mesmo o
rei de uma grande nação, para ousar negociar com a vontade de Deus? Essas
ofertas todas faziam parte do plano hipócrita do Faraó de enganar Moisés e
Arão, pois seu coração ainda estava obstinado e irredutível. Não estava
interessado nem na vontade de Deus nem no bem-estar dos judeus; tudo o que
queria era fazer cessar as pragas.
O povo de Deus enfrenta "concessões egípcias"
semelhantes hoje em dia, quando buscamos servir ao Senhor. O inimigo nos diz
que não precisamos ser separados do pecado, pois podemos servir a Deus
"nesta terra". A resposta de Deus encontra-se em 2 Coríntios 6:14-18.
"Não exagere", sussurra o inimigo,
"ou as pessoas vão chamá-lo de fanático". Tiago 1:27 e 4:4 derrubam
essa proposta.
O verdadeiro serviço significa dar autoridade
a Deus sobre nossas posses e todas as pessoas em nossa família pelas quais
somos responsáveis. Não fazê-lo é desobedecer àquilo que encontramos em Marcos
10:13-16; Efésios 6:4; e Deuteronômio 6:6-13. Uma vez que começamos a negociar
a vontade de Deus e a ver quão perto do mundo podemos chegar, já desobedecemos
ao Senhor em nosso coração.
Em sua primeira proposta, o Faraó ofereceu permissão
para que os hebreus fizessem sua comemoração religiosa na terra do Egito (Êx
8:25), oferta esta que Moisés e Arão rejeitaram.
Sabiam que alguns dos animais que os hebreus
sacrificariam eram sagrados aos egípcios,3 e aquilo que começaria como um encontro
de adoração solene se transformaria rapidamente num tumulto. Os hebreus eram um
povo separado, vivendo em Gósen, a terra que Deus havia destinado a eles, e era
preciso que se separassem do Egito com uma jornada de três dias a fim de
agradar ao Senhor.
A segunda oferta do Faraó foi para que Israel
deixasse a terra, mas que não se afastasse muito (v. 28). O pedido acrescentado
pelo Faraó ("Orai também por mim"), no final da proposta, mostra que
sua verdadeira preocupação era livrar-se dos enxames de moscas. A primeira
vista, temos a impressão de que Moisés e Arão aceitaram essa segunda oferta,
uma vez que Moisés prometeu livrar-se das moscas. Talvez acreditassem que,
tendo saído da terra, poderiam viajar para algum lugar mais distante, mas
certamente os dois sabiam que o Faraó não cumpriria sua promessa. O rei do
Egito costumava implorar por ajuda quando precisava (v. 8; 9:28; 10:16, 17) e,
depois, mudar de ideia, uma vez que a praga fosse retirada (Êx 8:15, 32; 9:34,
35; 10:20). Deus respondeu à oração
de Moisés e retirou as moscas, mas o Faraó só endureceu o coração ainda mais.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 250-251.
Êx 3.18 irás, com os
anciãos de Israel. Os líderes formariam uma frente unida. A primeira vitória de
Moisés seria que os anciãos de Israel (ver o vs. 16) concordariam com o seu
plano. Alguns representantes do povo estavam destinados ajudar Moisés em seus
esforços por convencer o Faraó. Isso não seria fácil porquanto, por muitos anos, ele
desfrutara a vantagem de contar com 0 trabalho escravo dos filhos de Israel. E
esse trabalho era sempre importante em grandes projetos públicos, como os que
estavam em andamento no Egito. “A predição sobre a acolhida que seria dada
pelos anciãos preparou 0 caminho da exibição de fidelidade por parte de Moisés
(4.1-16)” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.).
O Senhor, o Deus dos
hebreus. No hebraico temos aqui os nomes divinos Yahweh Elohim. Esses são os
nomes divinos tradicionais dos hebreus (ver 0 vs. 15). Os egípcios eram um povo
extremamente religioso, embora politeísta. Talvez o Faraó se mostrasse sensível
a um apelo que envolvesse uma diretiva divina. Não se tratava apenas de uma
greve ou de um movimento social. Era um projeto divino, o qual deveria ser
apresentado ao Faraó. Essa expressão reflete o monoteísmo. De cada vez em que o
Faraó fazia alguma concessão, as demandas eram aumentadas (Êxo. 10.9-11). O
propósito era demonstrar a onipotência de Deus, contra uma crescente teimosia e
endurecimento de Faraó. A expressão “o Deus dos hebreus” também figura em Êxo.
5.3; 7.16; 9.1,13 e 10.3.
Caminho de três dias,
Moisés deveria começar com um pedido pequeno e razoável, uma breve jornada com
propósitos religiosos, que o Faraó poderia entender facilmente. Moisés,
todavia, não revelou seu real intuito, seus planos a longo prazo: a total
redenção do povo de Israel do exílio no Egito. Alguns supõem que a distância
comparativamente grande a que Israel iria, a fim de sacrificar, tinha por
finalidade evitar as objeções dos egípcios ao sacrifício de animais sagrados.
Talvez, por esse tempo, tais ideias já tivessem penetrado na teologia dos
egípcios. Ao sair do Egito, finalmente, Israel foi até ao monte Sinai, para o
que precisou de três meses (Êxo. 19.1), embora fosse fazendo pausas ao longo do
caminho. Essa pequena viagem de três dias seria feita na direção do Sinai, mas
não seria feita nenhuma tentativa de chegar a Horebe, “o monte de Deus” (Êxo.
3.1).
Êx 3.19 O rei do
Egito não vos deixará ir. Em vez de permitir a caminhada de três dias, 0 Faraó
reagiria de forma radical à sugestão, e aumentaria a carga de trabalho dos
escravos israelitas. Às vezes, um bom projeto começa lentamente, ou mesmo chega
a falhar a principio. Mas se Deus está presente, haverá provisão para o
sucesso, afinal. A recusa do Faraó tinha sido claramente prevista, mas mesmo
assim era mister fazer o esforço. Aquilo era apenas um começo, apenas uma
introdução. Conforme fosse aumentando a obstinação do Faraó, também aumentaria
a pressão divina, até que, por fim, haveria uma notável vitória. O episódio
indica um modelo de persistência. Nenhum projeto de importância pode lograr
êxito sem que, primeiramente, haja entusiasmo. E, em segundo lugar, deve haver
persistência.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 315-316.
Êx 3.19. Se não for
obrigado. Esta é a leitura da LXX, com ’im lõ ’ em lugar de v^lõ’. A tradução
antiga poderia permanecer, se entendermos o texto da seguinte maneira: “ não, nem mesmo
quando ferido duramente” , referindo-se à obstinação de Faraó.
20. Prodígios.
nipla’ôt é provavelmente a palavra hebraica que mais se aproxima,
etimologicamente, a “ milagres” , mas tem uma conotação muito diferente.
Pensamos em “ milagre” como uma transcendência, uma suspensão ou uma reversão
da ordem natural pelo Deus que tudo criara e sustentava. Num sentido, portanto,
o israelita não distinguia entre o “ natural” e o “ sobrenatural” , pois tudo
era obra de Deus. As pragas do Egito são a série de prodígios aqui mencionados,
embora a travessia do mar e o sustento e direção no deserto sejam outros exemplos.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 69-70.
Êx 7.4 Porei a minha
mão. A pesada mão de Deus seria descarregada contra o Egito. A derrota do Faraó
seria, ao mesmo tempo, a derrota dos deuses falsos do Egito. Cada uma das dez
pragas seria um golpe dado pela mão de Deus.
As minhas hostes. Em
algumas traduções, mais de acordo com o original hebraico, lemos aqui
“famílias”. Ver as notas sobre essa expressão em Exo. 6.26.
O meu povo. Ver essa
expressão em Êxo. 3.7,10; 8.1; 9.13; 10.3 etc. Israel era o povo pertencente a
Deus, em razão do Pacto Abraâmico (ver as notas sobre esse pacto em Gên.
15.18).
Os Números
Envolvidos. O trecho de Números 1.46 mostra-nos que havia cerca de seiscentos
mil homens capazes de pegar em armas, em Israel, por ocasião do êxodo. Isso
indica que o total do povo de Israel deveria ser de cerca de três milhões de
pessoas. Talvez esse povo tivesse sido organizado em unidades quase militares,
conforme a palavra “hoste”, aqui usada, dá a entender. É possível mesmo que os
israelitas tivessem saído armados do Egito, preparados para combater contra os
egípcios, se estes saíssem ao seu encalço.
Êx 7.5 Eu sou o
Senhor. No original hebraico temos aqui o nome divino Yahweh. Este deveria ser
conhecido pelo mundo todo, destacando-se sobretudo que Ele é o Deus único; que
Ele favorece Israel e opera através desse povo; que os deuses do Egito são
falsos; que todos os povos devem prestar lealdade a esse Deus único. O Faraó
não sabia quem era Yahweh (Êxo. 5.1-2), e não queria obedecer aos Seus
mandamentos. Os muitos sinais, milagres e pragas serviriam de vividas lições teológicas
quanto à identidade e 0 poder de Yahweh. Ver 0 artigo detalhado sobre esse nome
divino no Dicionário, como também os artigos Deus, Nomes Bíblicos de e
Monoteismo.
“O Egito era a maior
monarquia do mundo inteiro. Agora essa monarquia estava no máximo de seu
resplendor. Dentre todas as formas de politeísmo existentes, a forma egípcia
era a mais famosa; e os seus deuses devem ter parecido, não somente para os
egípcios, mas para todas as nações circundantes, os mais poderosos. Lançar
esses deuses no descrédito era lançar no descrédito 0 politeísmo em geral”
(Ellicott, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 329.
Ele lhe diz o pior,
que Faraó não lhe daria ouvidos, e, apesar disto, o trabalho seria feito. Por
fim, o povo de Israel seria libertado e Deus, então, seria glorificado, w. 4,5.
Os egípcios, que não desejavam conhecer o Senhor, seriam forçados a conhecê-lo.
Observe que é, e deve ser, suficiente satisfação para os mensageiros de Deus o
fato de que, qualquer que seja a contradição e oposição que lhes possa ser
feita, ainda assim eles conseguirão seu objetivo, pois Deus será glorificado no
sucesso da sua missão, e todo o seu Israel escolhido será salvo, e então não
terão razões para dizer que se esforçaram em vão. Veja aqui: (1) Como Deus se
glorifica. Ele faz o povo saber que Ele é Jeová, o Senhor. Israel é forçada a
saber disto, pelo cumprimento das suas promessas a eles (cap. 6.3), e os
egípcios são forçados a saber disto, pelo derramamento da sua ira sobre eles. Assim
o nome de Deus é exaltado, tanto naqueles que são salvos quanto naqueles que
perecem. (2) O método que Ele utiliza para isto: Ele humilha os soberbos, e
exalta os pobres, Lucas 1.51,52. Se Deus estender em vão a sua mão aos
pecadores, no final Ele estenderá a sua mão sobre eles. E quem poderá suportar
o peso?
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 246.
7:4. A s minhas
hostes, o meu povo. Literalmente traduzido, “ meus exércitos” e, se tal,
compare com a afirmação de que os filhos de Israel saíram do Egito “ equipados
para batalha” (se esta é a tradução correta de 13:18, SBB — “ arregimentados”
). A figura de linguagem não é incorreta, desde que não a interpretemos em
termos de um exército moderno disciplinado. Todo homem era um soldado em
antigas “ hordas” e sem dúvida todo homem em Israel possuía sua arma, mesmo que
fosse apenas uma faca ou uma funda. Davi, por exemplo, podia descrever YHWH
para Golias como: “ o Deus dos exércitos de Israel” e “ YHWH dos Exércitos” (1
Sm 17:45), ao passo que 15:3 afirma abertamente que “ YHWH é homem de guerra” .
Sem sombra de dúvida o pensamento flutuava imediatamente dos “ exércitos de
Israel” para os exércitos celestes, igualmente sob as ordens de Deus.
Com grandes
manifestações de julgamento. Cf 6:6, pois Israel está certo e Faraó errado,
como ele mesmo admitirá em 9:27. Esta é outra maneira de ver os sinais do
versículo 3, pois cada praga é também uma atividade judicial de Deus, ao mesmo
tempo justo Juiz e Salvador.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 85.
I - AS
PRAGAS ENVIADAS E A PRIMEIRA PROPOSTA DE FARAÓ
1. Pragas atingem o
Egito (Êx 7.19—12.33).
A palavra de Moisés e
os sinais que ele fez por orientação divina não foram suficientes para tirar de
Faraó sua dureza de coração. Deus enviaria pragas por toda a terra do Egito,
para mostrar com mão forte que a permanência de Israel naquelas terras seria
extremamente custosa aos súditos de Faraó.
Depois dessa resposta
direta de Faraó, de que não conhecia a Deus e não deixaria o povo de Israel
sair do Egito, Deus trouxe a primeira praga àquela nação: o Nilo se transformou
em sangue. O Nilo era considerado uma divindade para os egípcios, pois em uma
região dependente do rio, sem dúvida ele era uma bênção para as colheitas e
para a vida como um todo. Mas o Rio Nilo não era um deus. E foi isso que Deus mostrou
aos egípcios.
Veio a segunda praga:
as rãs encheram
o Egito. Deus estava julgando outra “divindade” egípcia, Heqt, a responsável
pela natalidade, segundo o Comentário Devocional da Bíblia. Uma coisa é
reverenciar um animal na beira do rio. Outra coisa é ver centenas desses
animais na sua casa, espalhados na cozinha, na sua cama e em todos os cômodos
da casa. Após essa praga, Moisés então é chamado por Faraó para que termine com
ela:
Quando questionado
por Moisés acerca de quando iria orar por ele, Faraó disse “amanhã”. O rei
tinha a oportunidade de se livrar da praga das rãs naquele mesmo dia, mas
preferiu esperar até o dia seguinte. Moisés deu a oportunidade ao rei, e este
preferiu protelar o livramento do seu próprio povo! É como se Moisés estivesse
dizendo a Faraó: “A prioridade de acertar as coisas é sua. Quando quer que ore
por você e por seu povo? Pode ser hoje. Por que não agora?” Mas Faraó não
estava realmente interessado em receber uma oração. Ele queria mesmo é que a
praga das rás sumisse e que Moisés desistisse de pedir que seus irmãos fossem
libertos da escravidão.
Quantas vezes
deixamos para amanhã aquilo que Deus está de braços abertos para nos oferecer
hoje? Isso pode significar deixar para amanhã o serviço a Deus, ou tomar uma
decisão da qual já fomos orientados por Ele. Há momentos em que a resposta de
Deus está diante de nós, e apenas precisamos dizer que a queremos nesse
momento.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 25-27.
O CORAÇÃO ENDURECIDO DE FARAÓ
Quão inútil é que o
homem se endureça e se exalte contra Deus; porque certamente Ele pode reduzir a
pó o coração mais endurecido e abater o espírito mais altivo. Deus "pode humilhar
aos que andam na soberba" (Dn 4:37). O homem pode presumir ser alguma
coisa: pode levantar ao alto a sua cabeça em pompa e vã glória como se fosse
senhor de si próprio.
Homem vão! Quão pouco
conhece o seu verdadeiro estado e o seu caráter! Não é mais que um instrumento
de Satanás, usado por ele nos seus esforços perversos para impedir os
propósitos de Deus. A inteligência mais brilhante, o génio mais elevado, a
energia mais indomável, não são mais que outros tantos instrumentos nas mãos de
Satanás para executar os seus planos tenebrosos, a menos que estejam postos sob
o controle imediato do Espírito de Deus.
Ninguém é senhor de
si próprio: ou há de ser governado por Cristo ou por Satanás. O rei do Egito
podia considerar-se um ente livre; e contudo não era mais que um instrumento
nas mãos de outrem. Satanás estava atrás do trono; e, como resultado de Faraó
se ter disposto a resistir aos propósitos de Deus, foi entregue judicialmente à
influência endurecedora e cega do senhor da sua escolha.
Isto explica uma
expressão que lemos frequentemente nos primeiros capítulos deste livro:
"Porém, o SENHOR endureceu o coração de Faraó." Não seria proveitoso
para ninguém procurar esquivar-se ao sentido claro desta soleníssima
declaração. Se o homem rejeita a luz do testemunho divino, é entregue à cegueira
judicial e ao endurecimento de coração. Deus abandona-o a si próprio; e então
Satanás, apoderando-se dele, precipita-o na perdição. Houve bastante luz para
mostrar a Faraó a sua loucura extravagante em procurar reter aqueles que Deus
lhe havia ordenado que deixasse ir. Porém a verdadeira disposição do seu
coração era de opor-se a Deus, e, portanto, Deus abandonou-o a si mesmo, e fez
dele um monumento para manifestação da sua glória "em toda a terra".
Isto não encerra nenhuma dificuldade, salvo para aqueles que desejam arguir com
Deus — que se "embravecem contra o Todo-Poderoso" (Jó 15:25), para
ruína das suas almas imortais.
Deus dá às vezes aos
homens aquilo que está de acordo com a verdadeira inclinação dos seus
corações:".. .por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que
creiam na mentira, para que sejam julgados todos os que não creram a verdade;
antes tiveram prazer na iniquidade" (2 Ts 2:11-12). Se os homens rejeitam
a verdade quando lhes é apresentada, terão, certamente, a mentira; se não
querem Cristo, terão Satanás; se menosprezam o céu, terão o inferno. O Espírito
incrédulo terá alguma coisa que responder a isto! Antes de o fazer deve certificar-se
de que aqueles que são assim tratados judicialmente obram inteiramente debaixo da
sua responsabilidade.
Por exemplo, no caso
de Faraó, ele agiu, até certo ponto, segundo a luz que possuía. Acontece o
mesmo em todos os demais casos. O dever de prova recai, incontestavelmente, sobre
aqueles que estão dispostos a argumentar com Deus acerca dos Seus juízos contra
os que desprezam a verdade. O mais simples filho de Deus justificará a Deus em
face das mais inescrutáveis dispensações; e, ainda que não possa responder
satisfatoriamente a todas as perguntas difíceis da incredulidade, acha descanso
perfeito nestas palavras: "Não faria justiça o Juiz de toda a terral"
(Gn 18:25). Existe muito mais sabedoria nesta forma de resolver uma dificuldade
aparente do que nos argumentos mais complicados; porque, certamente, um coração
que está disposto a "replicar" a Deus (Rm 9:20) não será convencido
pelos argumentos do homem.
Contudo, é uma das
prerrogativas de Deus responder a todos os argumentos orgulhosos do homem e
abater as ideias altivas do espírito humano. O Senhor pode imprimir a sentença
de morte sobre toda a natureza, até nas suas formas mais belas. "Aos
homens está ordenado morrerem uma vez" (Hb 9:27). Ninguém pode escapar a
esta sentença.
O homem pode procurar
encobrir a sua humilhação por vários meios e ocultar a sua retirada através do
vale da sombra da morte da maneira mais heroica; dando os títulos mais honrosos
que possa imaginar-se aos seus últimos dias; dourando com falsos esplendores o seu
leito de morte; decorando o préstito fúnebre e a sepultura com aparência de
pompa, de aparato e de glória; levantando sobre os restos corrompidos um
monumento esplêndido, sobre o qual são escritos os anais da vergonha humana;
tudo isto o homem pode fazer; mas a morte é morte, afinal, e ele não pode
retardá-la nem um só momento, nem tampouco transformá-la noutra coisa além do
que ela realmente é, a saber: "o salário do pecado" (Rm 6:23).
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editoração:
Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 7.13 O coração de
Faraó se endureceu. De outra sorte, o Faraó teria anuído prontamente à ordem
divina. O trecho de Êxo. 7.5 nos dá uma razão conspícua para isso. Deus estava
demonstrando o Seu poder, exaltando o Seu nome, derrotando deuses falsos, instalando
nos corações a verdadeira fé e a espiritualidade, exibindo a Sua soberania,
provocando uma revolução espiritual. Nada disso poderia ocorrer se 0 Faraó
tivesse recuado pronta e facilmente. Muitas lições ainda seriam dadas. Estava
em desdobramento um plano divino, e não apenas a libertação da servidão no
Egito.
Em Êxodo 4.21
apresento notas completas sobre os problemas teológicos e morais envolvidos na
história do coração endurecido do Faraó. Também aludo ali a artigos que
examinam esse problema por vários ângulos. O livro de Êxodo atribui o
endurecimento do coração do Faraó tanto ao próprio homem como a Deus; e essa
questão também é comentada, com referências bíblicas apropria- das, em Êxo.
4.21. Deus se utiliza da vontade humana sem destruí-la, embora não saibamos
dizer como isso ocorre.
Como o Senhor havia
dito. Essa dureza de coração por parte do Faraó havia sido antecipada e predita
(Êxo. 7.3). Isso deu margem a que o Senhor multiplicasse os Seus sinais, os
quais são descritos em Êxo. 7.14 — 18.27, as dez pragas e os prodígios
subsequentes, como aqueles às margens do mar Vermelho.
As Dez Pragas (7.14 —
11.10) Deus Revela Seu Poder Multifacetado (7.14 -18.27) Yahweh e o Faraó
engalfinharam- se em luta: o sagrado e o profano; o veraz e o mentiroso. Dessa
luta resultariam efeitos
benéficos e prejudiciais. Levado pelo temor, o Faraó (Êxo. 5.15-21) descartou
seus poderes racionais e se tomou um desvairado, espalhando destruição no
Egito, por causa de sua dureza de coração. Moisés e Arão eram instrumentos divinamente
escolhidos. Deus sempre tem Seu homem para cada missão específica. A
providência de Deus (ver sobre ela no Dicionário) é um dos temas principais por
todo o Pentateuco. A soberania de Deus (ver a esse respeito no Dicionário)
também precisava ser não apenas demonstrada (Exo. 7.5), mas também firmada. O
Deus desconhecido, Yahweh, precisava tomar-se universalmente conhecido,
começando primeiramente por Israel, e, então, pelo Egito (o reino mais poderoso
da época), e, finalmente, pelo resto do mundo. Jesus, o Cristo, tomaria
universalmente conhecido a esse Deus desconhecido, de forma toda especial,
mediante sua missão salvatícia universal.
Os críticos atribuem
esta seção a uma combinação das fontes informativas J, E e P(Sj.
As dez pragas, ao que
parece, tiveram lugar durante um período de nove meses. Foram agrupadas em três
unidades de três pragas. E a décima praga — a morte dos primogênitos—foi a
praga culminante. Foram dez milagres didáticos. “As dez pragas podem ter
ocorrido por um período de cerca de nove meses. A primeira delas ocorreu quando
o rio Nilo estava na enchente (julho-agosto). A sétima praga (Êxo. 9.13), em
janeiro, quando florescia a cevada e o linho. Os ventos prevalentes do oriente,
em março e abril, teriam trazido os gafanhotos, que foi a oitava praga (Êxo.
10.13). E a décima praga (Êxo. 11 e 12) teria ocorrido em abril, o mês da
instituição da páscoa. Deus estava julgando os deuses do Egito (havia muitos
deles). Ver Êxo. 12.2; 18.11; Núm. 33.4” (John D. Hannah, in loc).
Primeira Praga: As
Águas Tornam-se Sangue (7.14-25)
Êx 7.14 O coração de
Faraó está obstinado. Mas agora ele começaria a colher o que tinha semeado. A
vontade de Deus usa e manipula a vontade humana sem destruí-la, embora não
saibamos dizer como isso sucede. O Faraó endureceu seu próprio coração, e Deus
endureceu o coração do Faraó, conforme se vê em Êxo. 4.21. Este versículo
repete a mensagem de Êxo. 6.1. Os atos divinos tornavam-se agora milagres
didáticos, mediante os quais a vontade de Deus seria efetuada, sem importar o
que o homem desejasse.
Êx 7.22 Os magos...
fizeram também o mesmo. O autor sacro não nos revela como eles acharam água
para a experiência, nem o ponto se reveste de importância, exceto para os
céticos. Talvez o vs. 24 nos dê a resposta: as cisternas. Os mágicos
encontraram pequena quantidade de água e transformaram-na em sangue, mediante o
poder satânico, ou, então, mediante algum truque, fizeram-na parecer sangue. O
trecho de II Tessalonicenses 2.11 mostra que alguns homens preferem acreditar
na mentira. E Apocalipse 22.15 mostra que alguns homens amam a mentira. O
coração endurecido do Faraó inclinava-o a crer na mentira e amá-la. Por igual
modo, existem milagres da mentira (II Tes. 2.9), ou seja, sinais que comunicam
uma mensagem falsa para aqueles que anelam por acreditar nela.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 330-331; 333.
Êx 7:14-25. A
primeira catástrofe. As pragas são descritas por palavras hebraicas cognatas,
todas elas com o sentido de “ golpe” ou “ pancada” , bem como pelas três
palavras já usadas para “ sinais” . Este fato destaca sua dupla natureza, sendo
ao mesmo tempo provas da atividade divina e mostras da natureza dessa
atividade, em castigo e salvação. Alguns encontram aqui um problema de ordem
moral, não na ocorrência real de tais catástrofes * nem na saída dos israelitas
do país devastado, mas na interpretação bíblica de tais catástrofes como a ira
de Deus. Todavia, se Deus controla todas as coisas, não será obra Sua tudo que acontece?
A não ser que as pragas fossem a manifestação da ira de Deus contra o Egito,
como poderiam ser elas a salvação divina em favor de Israel? Ou as duas
interpretações estão corretas ou ambas estão erradas. Um exemplo típico da
diferença entre fé e incredulidade é que a mesma série de acontecimentos pode ser
interpretada de qualquer das duas maneiras. Assim sendo, o crente interpreta
cada evento em termos do bondoso propósito de Deus para sua vida (Rm 8:28). Já
que nenhum acontecimento pode abalar sua fé, ela acaba por ser a vitória que
vence o mundo (1 Jo 5:4). (Uma discussão interessante e completa das pragas se
encontra em Hyatt, Apêndice, p. 336.)
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 86.
Êx 4.21 Todos os
milagres. Três poderes específicos tinham sido dados a Moisés: transformar a
vara em uma serpente, e de novo em uma vara; fazer sua mão ficar leprosa, para
então curá-la; transformar água em sangue. Esses prodígios são comentados nas
notas sobre os vss. 3,4,6,7,9. Eram milagres autenticadores e convincentes, a
serem exibidos diante dos anciãos de Israel e diante do Faraó (ver Êxo. 4.1,
onde estão em foco tanto os anciãos quanto Faraó).
Eu lhe endurecerei o
coração. O relato sobre o duro coração do Faraó, que resistiu a tantos dos
desafios de Moisés, tem-se tornado um campo de batalha teológica na
controvérsia entre o determinismo divino e o livre-arbítrio humano. Deus usa o
livre-arbítrio humano sem destruí-lo, embora não saibamos dizer como.
Precisamos interpretar essas controvérsias do ponto de vista da polaridade.
Tanto a predestinação quanto o livre-arbítrio são verdades ensinadas nas
Escrituras, como polos de uma doutrina mais ampla, da mesma forma que o globo
terrestre tem dois polos. Ensinar somente uma dessas verdades é ensinar uma
teologia unilateral. É fácil ensinar somente a predestinação; também é fácil
ensinar somente o livre-arbítrio, mas ambos esses lados devem ser ensinados por
nós. A salvação requer uma intervenção divina; o livre-arbítrio é necessário
para que o homem possa ser moral- mente responsabilizado. Essas duas verdades
são legítimas, fazendo parte de uma doutrina mais ampla, embora seja muito
difícil ensinar ao menos como isso pode ser verdade. É difícil ensinar aquela
doutrina mais ampla, que engloba ambos os lados da questão. A Bíblia ensina
tanto a divindade quanto a humanidade do Logos. Em doutrinas assim, parece
haver alguma contradição. Mas são polos de alguma verdade maior. As Escrituras
ensinam o juízo como retribuição; e também ensinam o juízo como um remédio (I
Ped. 4.6). Devemos esforçar-nos por ensinar aquela doutrina maior que contém
ambas essas ideias.
O fato de que Deus
endureceu o coração do Faraó, pelo lado da doutrina da predestinação,
paradoxalmente, foi também o exercício da própria vontade livre do Faraó. Mas
não sabemos dizer como isso pode ter acontecido. Judas estava destinado a trair
a Jesus Cristo; mas isso Judas fez de sua livre e espontânea vontade, por causa
de sua perversidade interior e de seu coração corrompido (Mat. 26.24). Mas como
esses dois fatores interagiram, não sabemos determinar.
A dureza do coração
do Faraó é atribuída a Deus em Êxo. 4.21 ; 7.3; 9.12; 10.1,20,27; 14.4,8. E
também é atribuída ao próprio Faraó, em Êxo. 8.15,32; 9.34. E também é
atribuída ao próprio coração do rei em Êxo. 7.13,22; 9.7,35. Em consequência, a
polaridade e o paradoxo fazem parte das expressões das próprias Escrituras.
Três modos diversos da mesma operação são salientados; mas não sabemos dizer
como essas coisas possam ser. É uma desgraça histórica ridícula que crentes individuais,
igrejas e denominações se tenham dividido em torno dessa doutrina. Também é
ridículo que os estudiosos defendam um ou outro polo de uma doutrina que, na
verdade, tem dois polos. Ver Rom. 9.17 ss e suas notas expositivas quanto ao
uso que Paulo fez desta passagem.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 319.
Êx 4.21. Endurecerei
o seu coração. Esta expressão às vezes nos parece um problema moral, mas tal
estimativa não é justa, pois a Bíblia usa, lado a lado, três maneiras
diferentes de descrever a mesma situação, sem qualquer sentido de contradição
interna. Três verbos hebraicos diferentes são usados, mas estes não apresentam
diferença básica em seu significado. A narrativa apresenta, às vezes, Deus
endurecendo o coração de Faraó, como aqui. Às vezes é Faraó quem endurece seu próprio
coração, como em 8:15. Outras vezes a descrição é neutra, quando se diz que o
coração de Faraó foi endurecido, como em 7:13. Até mesmo para o estudioso
ocidental, trata-se de um problema de interpretação teológica, não um problema
de história ou de fato. Ninguém duvida que Faraó fosse obstinado, que possuía
vontade e propósito férreos, que lhe foi impossível mudar seu padrão de
pensamento e ajustar-se a novas ideias. Todas essas ideias e algumas outras estão
implícitas na expressão bíblica “ duro de coração” , que não se refere a
emoções, como em português, mas à mente, à vontade, inteligência e reações.
Talvez “ de mente fechada” seja melhor tradução. Escolas teológicas diversas batalharam
quanto a esta passagem em séculos passados. Paulo (em Rm 9:14-18) a usa como um
exemplo não apenas do poder absoluto e da inescrutável vontade de Deus, mas
também de Sua misericórdia em Seu envolvimento com o homem. Paulo, por fim, tem
de buscar refúgio no conhecimento da absoluta justiça de Deus, como nós todos
devemos fazer. O escritor hebreu, no entanto, não viu qualquer problema aqui.
Para ele, Deus era a causa primeira de todas as coisas; todavia, o autor não
nega a realidade e a responsabilidade moral dos agentes humanos envolvidos. Ver
nesta ambivalência a existência de fontes em conflitos é se aproximar
perigosamente da ignorância quanto à psicologia hebraica. O mesmo raciocínio
permite ao israelita ver a travessia do Mar Vermelho como resultado da soberana
ação divina e, no entanto, como produto da ação conjunta do vento e das marés
(cap. 14). Não se trata aqui de explicações mutuamente exclusivas, nem sequer
de explicações alternativas igualmente válidas. Para o israelita são uma e a
mesma explicação, apenas descritas de maneira diferente.
Driver afirma: “ Deus
não endurece o coração de um indivíduo necessariamente com uma intervenção
sobrenatural; o endurecimento pode ser produzido pelas experiências normais da
vida, operando através dos princípios e do caráter da natureza humana, que são
determinados por Ele.” Esta verdade é profundamente hebraica. Um exemplo semelhante
desta forma hebraica de pensamento se encontra em Marcos 4:12, onde Jesus
apresenta Sua razão para ensinar a verdade sob a forma de parábolas.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 74-75.
Êx 8.15 Faraó...
continuou de coração endurecido. Foi um triunfo da estupidez. Ao ver que o
Egito estava livre, imaginou que tudo terminaria naquele ponto. Ele não se
dispunha a perder o trabalho escravo prestado pelos filhos de Israel. Por isso,
recuou quanto à promessa que fizera. Lemos aqui que o próprio Faraó endureceu
seu coração. Em outros trechos do livro de Êxodo lemos que Deus endureceu o
coração dele. Alguma impressão fora feita sobre sua mente (vs. 8), mas não o
bastante para mudar o seu coração. Sua contínua obstinação aumentava sua culpa,
cada vez mais. O pecador à vontade diante de seu pecado é um pecador obstinado.
O trecho de Êxo. 7.14 mostra-nos que Yahweh tinha predito a resistência do
Faraó.
Êx 8.19 Isto é o dedo
de Deus. Alguns estudiosos pensam que essa expressão deveria ser traduzida por
“0 dedo de deus”, por suporem que os mágicos não tinham em mente
especificamente a Yahweh. O termo hebraico envolvido é Elohim (ver a respeito
no Dicionário)
que pode ser entendido como alusivo ao verdadeiro Deus ou a deuses, e o próprio
vocábulo hebraico não nos indica como devemos compreendê-lo. Seja como for, os
mágicos reconheceram que estava atuando algum poder divino, superior a tudo
quanto já tinham visto que não se submetia ao controle deles. Talvez Yahweh, a
quem o Faraó não quisera reconhecer (Êxo. 5.2), estava começando a ser
reconhecido.
Dedo de Deus. Ver
também Êxo. 31.18; Deu. 9.10; Sal. 8.3; Luc. 11.20. É indica- do um poder
divino que atua sobre circunstâncias específicas. Deus põe Seu dedo sobre
certas circunstâncias que as modificam. Fazemos nossos atos e nossas realizações
por meio de nossos dedos.
O coração do Faraó
estava endurecido, e isso pela sua vontade perversa e teimosa, ou, então, por
parte de Deus. Ambas as coisas aparecem como verdades, no livro de Êxodo. Ver
as notas sobre Êxo. 4.21 sobre essa questão, que inclui comentários sobre os
problemas teológicos envolvidos. As rãs fizeram o Faraó hesitar (Êxo. 8.8 ss.).
Mas os insetos não exerceram nenhum efeito sobre ele. Ele estava disposto a
sofrer a dor a fim de reter seu trabalho escravo, prestado pelos israelitas,
tão vital para seus projetos de construção.
Êx 8.32 Ainda esta
vez endureceu Faraó o coração. Algumas vezes lemos que ele mesmo endureceu seu
coração, como aqui; mas de outras vezes, lemos que Deus endureceu o coração do
Faraó. Assim, a vontade divina e a vontade humana cooperam uma com a outra.
Deus usa o livre-arbítrio humano, sem destrui-lo, embora não saibamos explicar
como. Ver Êxo. 4.21 quanto a notas completas sobre essa questão e sobre os
problemas suscitados acerca da teologia que circunda 0 determinismo versus o
livre-arbítrio.
Paradoxalmente, 0
endurecimento do coração do Faraó, por parte de Deus, era o exercício do
livre-arbítrio do Faraó. Todavia, não sabemos explicar como isso sucede.
Uma vez mais, o Faraó
quebrou sua promessa. Prevaleceu de novo a estupidez. Seu embotamento
espiritual era refletido em sua falha moral, mediante “o orgulho e a ambição”
(John Gill, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 336; 338.
Êx 9.7 O fato de que
os israelitas foram poupados tornou-se um fato conspícuo, que o Faraó não pôde
ignorar. Isso deve ter-se tornado motivo da conversação entre todos os
egípcios, motivo de alegria para Israel, mas da mais profunda consternação para
os egípcios. Porém, apesar dos vários sinais, o Faraó não se deixou abalar em
sua obstinação.
Os Três Sinais. 1.
Foi determinado um tempo específico para início da praga. Nenhuma coincidência
estaria envolvida. 2. O gado dos israelitas seria poupado.
3. A praga foi
generalizada, muito pior do que qualquer outra que podia ser relembrada. Como
era óbvio, tratava-se de um juízo divino. O Faraó viu os sinais, mas conseguiu
ignorá-los.
O coração de Faraó se
endureceu. Ou por ele mesmo, ou por atuação de Yahweh, ou por ambos. Ver notas
completas sobre essa questão, incluindo referência aos artigos que abordam os
problemas teológicos envolvidos, nas notas sobre Êxo. 4.21. Os textos diferem,
algumas vezes dizendo que 0 Faraó endure- cia seu próprio coração, e algumas
vezes dizendo que Yahweh o endurecera. Ver Rom. 9.17, onde Paulo reporta-se ao
problema referente ao endurecimento do coração de Faraó.
Êx 9.34 Tornou a
pecar. Visto que o seu arrependimento (vs. 27) era egoísta e superficial, o
Faraó reconheceu a Yahweh, mas não por motivo de espiritualidade. Ele só queria
escapar aos juízos divinos. Sua mente embotada pensou que, uma vez cessada a
terrível tempestade, Yahweh não mais perturbaria o Egito. Não fazia ideia de
que 0 pior ainda estava por vir. Moisés, porém, havia antecipado essa reversão
(vs. 30), porque o registro das ações passadas do Faraó não era favorável. O
Faraó foi julgado por seus atos. Até uma criança torna-se conhecida por suas
ações (Pro. 20.11).
Semeie um pensamento
- colha um ato.
Semeie um ato - colha
um hábito.
Semeie um hábito -
colha um caráter.
Semeie um caráter -
colha um destino.
(Prof. Huston Smith)
Ao clarear o novo
dia, o Faraó voltou às suas trevas mentais e espirituais. Contudo, a
misericórdia de Deus permitiu-lhe mais oportunidades.
Êx 9.35 Faraó... não
deixou ir os filhos de Israel. Um coração endurecido prevaleceu. A Bíblia
mostra-nos que algumas vezes o Faraó endurecia seu próprio coração. De outras
vezes, judicialmente, Deus endurecia o coração do Faraó. Ou, então, a expressão
pode ser indireta como neste versículo, “seu coração estava endurecido”. Deus usa
o livre-arbítrio humano sem destruí-lo, embora não saibamos dizer como isso
pode ser. Ver as notas em Êxo. 4.21 quanto a notas completas sobre a questão do
endurecimento do coração de Faraó, com todos os problemas teológicos
envolvidos.
Desobediência. A
obstinação e a estupidez mental do Faraó, apesar de tantas evidências
iluminadoras, tornaram-se proverbiais. O Faraó foi assim levado a desobedecer
ao Poder Supremo. Isso só pode resultar na autodestruição. Neste mundo há
muitos que se autodestroem.
Uma Espiritualidade
Fingida. O Faraó havia exibido uma fagulha de espiritualidade. O arrependimento
deveria levar à reparação (vs. 27). Mas assim que aquela fagulha se apagou, o
velho coração empedernido do Faraó de novo se manifestou. Quão fácil é para nós
criticarmos a outros, mas quão grande é a corrupção interior que nos torna um
bando de pequenos faraós, dotados de uma espiritualidade fingida. Até nossa fé
e nosso culto religioso podem tornar-se meios de auto glorificação. Um
missionário usa a blasfema música “rock” a fim de atrair uma multidão. Ele é
glorificado porque é um grande pregador, capaz de falar a muitas pessoas! Um
pastor é glorificado devido ao número de seus convertidos, por ter-se mostrado
tão eficiente. O sucesso espiritual tem sido usado para glorificar homens, e
depois nos pomos a indagar qual terá sido a verdadeira medida de sucesso
autêntico. Os dons espirituais são usados para efeito de ostentação. E depois
indagamos quão espirituais teriam sido, realmente, esses dons.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 338; 342.
2. A primeira
proposta (Êx 8.25).
Deus enviou mais duas
pragas ao Egito: a dos piolhos e das moscas. A vida dos egípcios se tornou um
inferno. Piolhos são parasitas que se alimentam de sangue, restos de pele ou
secreções expelidas pelo corpo. Multiplicam-se com facilidade, e dificilmente
saem de seus hospedeiros. As moscas são tão inconvenientes que costuma nos dar
nojo quando se aproximam de nós ou pousam em algum objeto que nos está próximo.
O Egito estava realmente em maus lençóis.
Com essas pragas,
Faraó chama Moisés e Arão e lhes diz: “Ide e sacrificai ao vosso Deus nesta
terra” (Êx 8.25).
Ao que parece, Faraó
foi convencido pelos piolhos e moscas enviados por Deus, e fez uma concessão
aos israelitas. O sacrifício poderia ser feito, sem problemas, desde que fosse
feito no Egito. Quem quisesse sacrificar poderia fazê-lo, mas a escolha do
local do sacrifício pertencia a Faraó, não a Deus. De certa forma, isso era cômodo
para o rei. A força de trabalho escravo não iria muito longe. Mas esse não era
o plano de Deus.
A adoração pretendida
por Deus não foi planejada para ser feita em terras egípcias. Naquelas terras
muitos israelitas morreram em sofrimento. Muitos bebês meninos foram lançados
ao Nilo para morrerem afogados ou comidos por crocodilos. Naquelas terras os
filhos de Deus haviam perdido sua liberdade. Deus pretendia receber culto e dar
de presente aos filhos de Abraão uma nova terra para viverem.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 27.
A PRIMEIRA PROPOSTA.
A primeira destas
objeções encontra-se no capítulo 8:25. "Então, chamou Faraó a Moisés e a
Arão e disse: Ide e sacrificai ao vosso Deus nesta terra". E desnecessário
acentuar aqui que, quer sejam os magos com a resistência que opõem ou Faraó com
as suas objeções, é realmente Satanás que está atrás de toda esta cena: e o seu
objetivo, nesta proposta de Faraó, consistia em impedir o testemunho do nome do
Senhor—um testemunho ligado com a separação completa entre o Seu povo e o
Egito. É evidente que um tal testemunho não podia ser dado se eles tivessem
continuado no Egito, ainda mesmo que tivessem oferecido sacrifícios ao Senhor.
Os israelitas ter-se-iam então colocado no mesmo terreno que os egípcios, e
teriam posto o Senhor ao mesmo nível dos deuses do Egito. Então os egípcios poderiam
ter dito aos israelitas: "Não vemos nenhuma diferença entre nós; vós
tendes o vosso culto, e nós temos o nosso; é tudo a mesma coisa".
Os homens consideram
perfeitamente natural que cada qual tenha uma religião, seja qual for. Contanto
que sejamos sinceros e não haja interferência na crença do próximo, pouco importa
a forma da nossa religião. Tais são os pensamentos dos homens a respeito
daquilo que eles chamam religião; porém é bem claro que a glória do nome de
Jesus não é tida em conta em tudo isto. O inimigo opor-se-á sempre à ideia de
separação, e o coração do homem nunca poderá compreendê-la. O coração humano
pode aspirar à piedade, porque a consciência testifica que não está tudo em
regra; mas ao mesmo tempo anela seguir o mundo: gosta de sacrificar a Deus na
terra; assim quando se aceita uma religião mundana e se recusa sair ou fazer
separação dela (2 Co 6), o fim de Satanás é conseguido. O seu plano invariável,
desde o princípio, consiste em impedir o testemunho dado ao nome de Deus na
terra. Tal era o fim escuro da proposta, "Ide e sacrificai ao vosso Deus
nesta terra". Que fim o do testemunho, se esta proposta tivesse sido
aceite! O povo de Deus no Egito e o Próprio Deus associado com os ídolos do
Egito! Que terrível blasfêmia!
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editoração:
Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 8.25,26 O Faraó
Propõe Transigências. Ver Êxo. 10.11. Essas propostas eram quatro: 1. Podem
adorar, mas permaneçam no Egito (Êxo. 8.25). 2. Vão, mas não se distanciem do
Egito (8.28). 3. Vão, mas deixem seus filhos e suas possessões no Egito. 4.
Vão, deixem seu gado no Egito, mas podem levar seus filhos (10.24).
Quando este versículo
é posto em confronto com o vs. 26, parece que o Faraó daria algum dia permissão
a Israel sair do Egito. Parece que ele baixa- ria o equivalente a um edito de
tolerância. Poderiam efetuar seus ritos religiosos dentro das fronteiras do
Egito. Yahweh seria então reconhecido como um dos deuses oficiais do Egito,
entre tantos. Naturalmente, isso não era aceitável para Moisés. Os papiros
elefantinos mostram que os egípcios, posteriormente, reagiram com violência à
adoração efetuada por Israel (A. E. Cowley, Aramaic Papyri of the Fifth Century
B. C.). Quase todos os sacrifícios de animais, feitos por Israel, lhes parecia
repelente. Assim, 0 proposto edito de tolerância do Faraó foi um grande passo
aos seus olhos, embora não fosse suficiente, na opinião de Moisés.
Provavelmente, o
Faraó teria permitido que Israel exercesse autonomia religiosa em Gósen, mas
não fora daquele território. Somente ali Israel não ofenderia aos egípcios; mas
devemos supor que mesmo ali havia uma população mista, e tentativas de execução
(por apedrejamento) poderiam ter lugar. Os egípcios consideravam que o boi era
um animal sagrado para o deus Ré (Ápis), ao passo que a vaca representava a
deusa egípcia, Hator. Portanto, sacrifícios desses animais seriam considerados
blasfêmias.
Diodoro Sículo
(Bibliothec. 1.1 par. 75) deu notícias da violência de uma turba de egípcios ao
verem uma mulher matar um gato, um animal que para eles era sagrado. “0 Egito
tinha fortíssimos tabus contra as práticas religiosas dos estrangeiros (Gên.
43.32)" (Oxford Annotated Bible, in loc).
Apedrejamento. Essa
era uma antiga forma de execução capital. Ver no Dicionário o verbete com esse
nome. Era a forma de execução em certos casos de incesto (ver a introdução ao
capítulo dezoito de Levítico, onde apresento um gráfico).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 337.
Como Faraó, depois
deste ataque, pareceu negociar, e iniciou um acordo com Moisés e Arão sobre a
entrega dos seus cativos. Mas observe com que relutância ele cede.
1. O Faraó se
mostraria satisfeito pelo fato de oferecerem sacrifícios ao Senhor seu Deus, desde
que o fizessem na terra do Egito, v. 25. Observe que Deus pode fazer com que a
sua adoração seja tolerada até mesmo por aqueles que são verdadeiros inimigos
dela. Faraó, sob as fortes dores infligidas pela vara, permite que eles
ofereçam sacrifícios e se mostra disposto a permitir que haja uma liberdade de
consciência em relação ao precioso Deus de Israel, até mesmo na sua própria
terra. Mas, Moisés não aceita a sua concessão. Ele não pode aceitá-la, v. 26.
Seria uma abominação a Deus que eles oferecessem os sacrifícios egípcios, e uma
abominação para os egípcios que eles oferecessem a Deus os seus sacrifícios. De
modo que os hebreus não poderiam oferecer sacrifícios naquela terra sem
incorrer no desagrado, fosse do seu Deus, fosse dos seus capatazes. Por isto
ele insiste: “Deixa-nos ir caminho de três dias ao deserto”, v. 27. Observe
que aqueles que desejam oferecer sacrifícios aceitáveis a Deus devem: (1)
Separar-se dos ímpios e profanos. Pois nós não podemos ter comunhão com o Pai
das luzes e também com o mundo das trevas, com Cristo e também com Belial, 2
Coríntios 6.14ss.; Salmos 26.4,6. (2) Eles devem afastar-se das distrações do
mundo, e isolar-se o mais que puderem do seu ruído. Israel não pode celebrar a
festa do Senhor entre os fornos de tijolos do Egito, ou entre os seus antros de
prazer. Não, nós devemos ir ao deserto, Oséias 2.14; Cantares
7.11. (3) Eles devem
obedecer às instruções divinas: Nós sacrificaremos ao Senhor, nosso Deus, como
Ele nos dirá - e não de qualquer outra maneira. Embora eles estivessem no
último grau de escravidão a Faraó, na adoração a Deus eles deveriam obedecer
aos Seus mandamentos, e não os de Faraó.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 251.
Êx 8.25. Nesta terra.
Esta é a primeira oferta de Faraó. Moisés a recusa partindo do princípio que
oferecer sacrifícios no Egito seria o mesmo que matar um porco numa mesquita muçulmana ou
sacrificar uma vaca num templo hindu. Haveria imediatamente um conflito racial.
Por causa desta passagem, cristãos de consciência muito sensível frequentemente
acusam Moisés de ter dito uma meia-mentira, pelo menos, afirmando que o
argumento de Moisés era mero pretexto. No entanto, a desculpa era perfeitamente
válida. A pequena colônia judaica de Yeb/Elefantina, no Alto Nilo, sofreu
ataques sistemáticos por parte dos egípcios no século V A.C. por esta mesma
razão; sacrifícios animais.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 91-92.
II -
FARAÓ NÃO DESISTE
1. A segunda proposta
de Faraó (Êx 8.28).
Pensemos agora no
diálogo entre Moisés e Faraó: O libertador não concorda com o rei quando ele
propõe que o culto seja em um lugar inadequado à presença de Deus. Além disso,
por que oferecer sacrifícios em um lugar onde eles eram motivo de deboche? Os
egípcios detestavam pastores de ovelhas e qualquer pessoa que cuidasse de gado.
Eles certamente apedrejariam os israelitas quando estes fossem oferecer seu
culto. Não bastava serem escravos: eles teriam de passar pela humilhação de ver
pedras voando por suas cabeças no momento do culto ao Senhor?
Deus não tinha esse
plano para seus filhos. Tão importante quanto o culto que eles prestariam era a
liberdade que receberiam. Eles sairiam da escravidão. Trabalhariam para se
manter e prosperar em uma nova terra. Seriam protegidos por Deus e seriam uma
nação. Criariam seus filhos
longe da sombra do trabalho
escravo e dos acoites com que estavam sendo submetidos. Esse era o plano
divino.
Moisés indica que o
local adequado à adoração seria a três dias de distância do Egito. Mas Faraó
não está certo de que essa distância é segura para manter o povo escravo, e diz
a Moisés que não vá muito longe. Por que essa preocupação do rei com um grupo de
escravos? Para mantê-los no Egito e impedir-lhes a liberdade. Faraó chega a
pedir que Moisés ore por ele também, mas não parece um daqueles pedidos
sinceros de oração, e sim a finalização de um discurso que não tem por objetivo
ser realizado.
“A questão não se
refere ao fato de Deus precisar ou não de nossos bens para ser adorado. Creio
que o honramos com as nossas fazendas e as primícias de nossa renda (Pv
3.9). Porém, nossa inteireza de coração, e um coração não lixado nas riquezas
deste mundo. Eis aqui mais que bens, Ele deseja a diferença.”
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 28-29.
Então, disse Faraó:
Deixar-vos-ei ir, para que sacrifiqueis ao SENHOR vosso Deus no deserto; somente
que, indo, não vades longe" (capítulo 8:28). Não podendo retê-los no
Egito, procurava ao menos retê-los perto das fronteiras, para poder agir contra
eles por meio das diversas influências do país. Desta forma o povo podia ser
reconduzido e o testemunho mais facilmente aniquilado que se eles nunca
tivessem saído do Egito. Aqueles que tornam para o mundo, depois de
aparentemente o terem deixado, causam muito mais dano à causa de Cristo do que se
nunca se houvessem afastado dele; porque virtualmente confessam que, tendo
provado as coisas divinas, descobriram que as coisas terrenas são melhores e
satisfazem mais. E isto ainda não é tudo. O efeito moral da verdade sobre as
consciências dos incrédulos e tristemente embaraçado pelo exemplo dos professos
que regressam às coisas que aparentemente haviam deixado. Não é que tais casos
concedam autorização a ninguém para rejeitar a verdade de Deus, tanto mais que
cada um é responsável por si mesmo e terá de prestar contas dos seus atos a
Deus. Contudo, o efeito produzido é, como em tudo mais, mau.
"Porquanto se,
depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e
Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se
lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não
conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo
mandamento que lhes fora dado" (2 Pe 2:20-21).
Por esse motivo, se
as pessoas não estão dispostas a ir longe, é melhor não partirem. O inimigo
sabia isto bem; daí a sua segunda objeção. Uma posição de proximidade satisfaz admiravelmente
os seus propósitos. Aqueles que ocupam esta posição não são nem uma coisa nem
outra; com efeito, qualquer que seja a sua influência, conduz, infalivelmente,
para o lado mau.
É muito importante
ver claramente que o fim de Satanás em todas estas objeções era pôr obstáculos
ao testemunho que só podia ser rendido ao nome do Deus de Israel por meio de
uma peregrinação de três dias através do deserto. Isto era, em boa verdade, ir
muito longe ir muito mais longe do que Faraó podia imaginar, ou até onde lhe
era possível seguir Israel.
Que grande bênção serias
e todos os que fazem profissão de sair do Egito se separassem dele pelo espírito
do seu entendimento e pela elevação do seu caráter; se conhecessem a cruz e a sepultura
de Cristo como os limites estabelecidos entre eles e o mundo! Ninguém pode colocar-se
nesse terreno na energia da sua natureza. O Salmista pôde dizer: "E não entres
em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se achará justo nenhum vivente"
(Sl 143:2). O mesmo acontece a respeito da separação verdadeira e efetiva do
mundo.
"Nenhum
vivente" pode realizá-la. E somente como "morto com Cristo", e
ressuscitado também nele, pela fé, no poder de Deus(Cl 2:12),que o homem pode
ser justificado diante de Deus e separado do mundo. Eis o que podemos chamar
"ir muito longe". Permita Deus que todos os que fazem profissão de
cristãos e se chamam por este nome possam assim afastar-se!
Então a sua lâmpada
dará uma luz constante, a sua trombeta dará um sonido inteligível e a sua
conduta será elevada; a sua experiência será rica e profunda; a sua paz correrá
como um rio; os seus afetos serão celestiais e as suas vestes imaculadas. E,
acima de tudo, o nome do SENHOR Jesus será glorificado neles pelo poder do
Espírito Santo, segundo a vontade de Deus Pai.
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editoração:
Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 8.28 As Quatro
Transigências Propostas pelo Faraó. Ver as notas em Êxo. 8.25 e 10.11. A
segunda delas é a que aparece neste versículo: “Vão, mas não se afastem muito
do Egito na adoração de vocês”. Essa transigência tinha um óbvio sentido
metafórico. A igreja permanece no Egito e adota as aspirações, as maneiras e
até a música do mundo, ficando assim anulada a sua espiritualidade. Na quarta
das transigências propostas, a ideia era que a Igreja não se radicalizasse
demais, mas ficasse sempre nas proximidades do Egito (ver Êxo. 10.24).
O pedido foi tentativamente
conferido, mas com o reparo de que Israel não se afastasse do Egito, algo menos
do que os três dias de jornada soli- citados. Naturalmente, o Faraó suspeitava
de um ardil, e queria ter certeza de que poderia atirar suas tropas contra o
povo de Israel em fuga, se seus espiões o informassem que eles estavam
procurando escapar. Somente o desespero poderia ter impelido o Faraó, de
coração empedernido, a fazer tal proposta. O Faraó sem dúvida tinha
conhecimento das antigas associações de Israel com a terra de Canaã, e daí
suspeitava que 0 objetivo real dos israelitas era o retorno àquela terra.
Originalmente, ele tinha suspeitado das intenções de Moisés (Êxo. 5.8), e essas
suspeitas não se apagavam em sua mente.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 337.
Faraó consente que
eles vão ao deserto, desde que não se afastem muito, para que ele possa
aprisioná-los novamente, v. 28. É provável que ele tivesse ouvido do seu
desígnio quanto a Canaã, e suspeitasse que uma vez tivessem deixado o Egito
nunca mais voltariam. E por isto, quando é forçado a consentir com a ida deles
(os enxames de moscas zumbindo a necessidade nos seus ouvidos), ainda assim ele
não está disposto a permitir que eles saiam do seu alcance. Assim alguns
pecadores que, em um esforço de convicção, se separam de seus pecados, ainda
não estão dispostos a se afastarem muito deles. Pois, quando o temor passa,
retornam para eles outra vez. Observamos aqui uma luta entre as convicções e as
corrupções de Faraó. Suas convicções diziam: “Deixa-os ir”. Suas corrupções
diziam: “Mas não muito longe”. Mas ele favoreceu as suas corrupções contra as
suas convicções, e isto foi a sua ruína. Moisés aceitou esta proposta e
prometeu a remoção desta praga, v. 29. Veja aqui: (1) Que prontidão Deus tem
para aceitar as submissões dos pecadores. Basta que Faraó diga: “Orai também
por mim” (embora ele lamente humilhar-se tanto), e Moisés promete
imediatamente, Orarei, para que Faraó pudesse ver qual era o desígnio da praga,
que não era de levá-lo à ruína, mas levá-lo ao arrependimento. Com que prazer
Deus disse (1 Rs 21.29): “Não viste que Acabe se humilha perante mim?” (2) Que
necessidade temos de ser alertados para que sejamos sinceros em nossa
submissão: “Somente que Faraó não mais me engane”. Aqueles que agem de maneira
enganosa são, com razão, alvos de suspeitas, e devem ser prevenidos para que
não retornem à tolice, depois que Deus mais de uma vez lhes falou de paz. Não
se enganem, Deus não será ridicularizado. Se pensarmos em enganar a Deus com
falso arrependimento, e uma submissão fraudulenta a Ele, nós provaremos, no
final, ter feito uma trapaça fatal sobre nossas almas.
Por fim, o resultado
de tudo isto é que Deus graciosamente removeu a praga (w. 30,31), mas Faraó
perfidamente endureceu “ainda esta vez seu coração e não deixou ir o povo”, v.
32. O seu orgulho não o deixaria separar-se de uma flor da sua coroa como era o
seu domínio sobre Israel, nem a sua cobiça o deixaria separar- se de uma parte
da sua renda, representada pelos seus trabalhos. Observe que as luxúrias
reinantes rompem as amarras mais fortes, e tornam os homens atrevidamente
presunçosos e escandalosamente pérfidos. Por isto, que o pecado não reine.
Pois, se isto acontecer, ele nos trairá e nos precipitará nos absurdos mais
grotescos.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 251.
2. A terceira
proposta de Faraó (Êx 10.7).
Deus enviou outra
praga ao Egito: os gafanhotos. Faraó aparentemente não aprendeu a lição dos
sinais de Deus. Charles Swindoll disse que os sinais que Deus mandou ao Egito
eram “pragas que pregam”. Deus transformou o Nilo em sangue e depois mandou uma
infestação de rãs àquela nação. Depois mandou piolhos e moscas. Depois os
animais foram atacados e tumores cobriram os egípcios. A última praga enviada
por Deus neste momento foi uma chuva de pedras em toda a nação. Faraó não
pareceu entender que estava lidando com um poder pessoal sobrenatural, sem
precedentes na história do Egito. Ele estava lidando com o próprio Deus, que
estava dando ao rei oportunidades para que voltasse atrás em seus pensamentos e
libertasse Israel. Os prejuízos materiais no Egito estavam se avolumando,
tornando insuportável a permanência dos israelitas em solo egípcio.
“E os servos de Faraó
disseram-lhe: Até quando este nos dá de ser por laço? Deixa ir os homens, para
que sirvam ao Senhor, seu Deus; ainda não sabes que o Egito está destruído?”
(Êx 10.7) Os servos de Faraó decidiram envolver-se na questão. Eles perceberam
que enquanto o Deus de Moisés não recebesse seu culto, os egípcios sofreriam
terrivelmente as consequências. Mesmo assim, a proposta dos egípcios era uma
proposta cruel, pois obrigaria os israelitas a separarem-se de seus filhos para
que Deus fosse adorado. Se fosse pela opinião dos egípcios, a herança do Senhor
não participaria do culto com seus pais. Deus não nos chama para que o sirvamos
sem que nossas famílias estejam incluídas tanto na adoração quando na recepção
de bênçãos. Ele deseja ser adorado por toda a família, da mesma forma que
pretende abençoar toda a família. Sabemos que em nossas igrejas nem todas as
famílias estão completas, pois há pais cujos filhos estão longe do Senhor.
Sabemos que há filhos que aceitaram a Jesus e estão orando por seus pais.
Sabemos que há cônjuges que intercedem por seus consortes, e Deus ouve essas
orações. O plano divino para a salvação inclui toda a família, e não apenas
parte dela.
O coração de Faraó
ainda não estava amadurecido para entender que não se poderia brincar com o
poder de Deus. Depois de concordar com a ida das crianças, ele volta atrás em
sua decisão: “[...] olhai que há mal diante da vossa face. Não será assim;
andai agora vós, varões, e servi ao Senhor; pois isso é o que pedistes. E os
lançaram da face de Faraó” (Êx 10.10,11).
O rei manda lançar
fora de sua presença Moisés e Arão, e deixa claro que as crianças não iriam,
somente os homens. Isso garantiria a próxima geração de escravos no Egito.
Deus se importa com
nossos filhos? Sim. Mas pensemos nessa passagem: O interesse de Faraó pelas
crianças corresponde ao mesmo interesse de Satanás por nossos filhos. Por que
levá-los à igreja? Por que ler a Bíblia em casa com eles? Por que passar um
tempo investindo no culto doméstico? Por que passar tempo com nossos filhos
mostrando-lhes o exemplo de adoração que Deus espera que tenhamos?
Cada geração precisa
ter sua própria experiência com Deus, e essa experiência pode ser apresentada
aos nossos filhos e crianças com o nosso exemplo. O culto a Deus foi a base da
resposta de Faraó: Para que levar as crianças ao deserto e lá oferecerem um
culto a Deus? O lugar é péssimo, sem lugar para se acomodarem, beberem água,
descansarem de uma longa jornada e não tem nada para se fazer lá. Mas foi isso
que Deus disse? Não.
Muitas vezes achamos
que nossos filhos não conseguirão a maturidade necessária para viverem uma vida
com Deus. O deserto pode não ser o melhor lugar do mundo para onde viajar e
passar férias com crianças, mas se Deus está lá, tudo muda.
Confiemos a Deus
nossos filhos. Não façamos como os israelitas fizeram antes de entrar na Terra
Prometida; ficaram com medo das batalhas que travariam e alegaram que seus
filhos seriam presa de guerra: Depois, falou o Senhor a Moisés e a Arão,
dizendo: Até quando sofrerei esta má congregação, que murmura contra mim? Tenho
ouvido as murmurações dos filhos de Israel, com que murmuram contra mim.
Dize-lhes: Assim como eu vivo, diz o SENHOR, que, como falastes aos meus
ouvidos, assim farei a vós outros. Neste deserto cairá o vosso cadáver, como
também todos os que de vós foram contados segundo toda a vossa conta, de vinte
anos para cima, os que dentre vós contra mim murmurastes; não entrareis na
terra, pela qual levantei a minha mão que vos faria habitar nela, salvo Calebe,
filho de Jefoné, e Josué, filho de Num. Mas os vossos filhos, de que dizeis:
Por presa serão, meterei nela; e eles saberão da terra que vós desprezastes.
Porém, quanto a vós, o vosso cadáver cairá neste deserto. E vossos filhos
pastorearão neste deserto quarenta anos e levarão sobre si as vossas
infidelidades, até que o vosso cadáver se consuma neste deserto. Segundo o
número dos dias em que espiastes esta terra, quarenta dias, cada dia
representando um ano, levareis sobre vós as vossas iniquidades quarenta anos e
conhecereis o meu afastamento. Eu, o Senhor, falei. E assim farei a toda esta
má congregação, que se levantou contra mim; neste deserto, se consumirão e aí
falecerão. (Nm 14.26-35)
Há um preço alto a
ser pago quando desobedecemos a Deus. Na dúvida, veja o que aconteceu à geração
que saiu do Egito e que ficou enterrada no deserto. Não dê como desculpas seus
filhos para que você não sirva a Deus. Aqueles israelitas alegaram que seus
filhos seriam presas de guerra. Na prática, eles não queriam confiar no Senhor.
Tinham visto as pragas no Egito, o Mar Vermelho se abrindo, e, ainda assim,
foram incrédulos. E Deus resolveu atender à sua reivindicação: já que as
crianças são o “temor” dos pais e a desculpa para não cumprirem o que Deus
mandou, elas entrarão na Terra Prometida, mas não os seus pais, que tiveram
medo de obedecer ao Senhor.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 29-32.
A TERCEIRA OBJEÇÃO
A terceira objeção de
Faraó requer atenção especial de nossa parte. "Então, Moisés e Arão foram
levados outra vez a Faraó, e ele disse-lhes: Ide, servi ao SENHOR, vosso Deus.
Quais são os que hão de ir? E Moisés disse: Havemos de ir com os nossos meninos
e com os nossos velhos; com os nossos filhos, e com as nossas filhas, e com as
nossas ovelhas, e com os nossos bois havemos de ir; porque festa ao SENHOR
temos. Então ele lhes disse: Seja o SENHOR assim convosco, como eu vos deixarei
ir a vós e a vossos filhos; olhai que há mal diante da vossa face.
Não será assim; andai
agora vós, varões, e servi ao SENHOR; pois isso é o que pedistes. E os lançaram
da face de Faraó" (capítulo 10:8 a 11). De novo vemos como o inimigo
procura dar um golpe de morte no testemunho dado ao Deus de Israel. Os pais no
deserto e os filhos no Egito! Que terrível anomalia! Isto teria sido apenas
libertação parcial, ao mesmo tempo inútil para Israel e desonrosa para o Deus
de Israel. Isto não era possível. Se os filhos fossem deixados no Egito, não se
podia dizer que os pais os tivessem deixado. Tudo quanto podia dizer-se, em tal
caso, era que em parte eles serviam ao Senhor e em parte a Faraó. Porém, o
Senhor não podia ter parte com Faraó. Era necessário que possuísse tudo ou
nada. Eis aqui um princípio importante para os pais cristãos.
Possamos nós tê-lo no
íntimo dos nossos corações! É nosso privilégio contar com Deus quanto aos
nossos filhos, e criá-los "na doutrina e admoestação do Senhor" (Ef
6:4). Nenhuma outra parte deve satisfazer-nos quanto aos nossos
"pequeninos" senão aquela mesma que nós próprios desfrutamos.
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editoração:
Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 10.7 Alguma Luz
Raia na Mente dos Servos do Faraó. Eles o exortaram a ceder diante das
exigências de Moisés. O Egito estava destruído, mas o imbecilizado Faraó
continuou agindo como se nada tivesse acontecido. A sugestão de que fosse feita
a vontade do povo de Israel acabou degenerando em um debate feroz (vs. 10,11).
Haveria ainda duas outras pragas. Todas as maçãs do diabo têm vermes. O
trabalho escravo que o Faraó queria usar a qualquer custo saiu-lhe mais caro do
que valia.
Saraivada que se
aproximava (Êxo. 9.20). Agora, alguns poucos dentre os próprios conselheiros do
Faraó admitiam a sua derrota, aconselhando-o a livrar-se do problema (Êxo.
10.7).
Yahweh-Eiohim foi
reconhecido, sendo esse um dos motivos principais das pragas (Êxo. 6.7). Ver
esses nomes divinos anotados no Dicionário. Ver também ali, o verbete Deus,
Nomes Bíblicos de. Os egípcios não tinham rejeitado o seu panteão, e estavam
muito longe do monoteísmo (ver a esse respeito no Dicionário), mas tinham
conseguido obter alguma iluminação.
Progressão. Os
mágicos foram os primeiros a reconhecer “o dedo do Senhor naquilo que estava
acontecendo (8.19). Então, algumas poucas pessoas abrigaram seu gado, por serem
sábias 0 bastante para atender os avisos sobre a saraivada que se aproximava
(Êxo. 9.20). Agora, alguns poucos dentre os próprios conselheiros do Faraó
admitiam a sua derrota, aconselhando-o a livrar-se do problema (Êxo. 10.7).
Yahweh-Eiohim foi
reconhecido, sendo esse um dos motivos principais das pragas (Êxo. 6.7). Os
egípcios não tinham rejeitado o seu panteão, e estavam muito longe do
monoteísmo, mas tinham conseguido obter alguma iluminação.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 343.
Os acompanhantes de
Faraó, seus ministros de estado, ou conselheiros privados, intercedem, para
persuadi-lo a fazer um acordo com Moisés, v. 7. Movidos pelo seu dever, eles
lhe descrevem a condição deplorável do reino (“O Egito está destruído”) e o
aconselham, de qualquer maneira, a libertar os seus prisioneiros (“Deixa ir os
homens”). Pois Moisés, na opinião deles, seria uma ameaça para eles, até que
isto fosse feito, e seria melhor consentir, no início, do que ser obrigado a
fazê-lo, no final. Os israelitas tinham se tornado uma pedra pesada para os
egípcios, e agora, por fim, os príncipes do Egito estavam desejosos de verem-se
livres deles, Zacarias 12.3. Observe que se deve lamentar (e evitar, se possível)
que toda uma nação seja destruída pelo orgulho e pela obstinação de seus
príncipes: Salus popili suprema lex - Preocupar-se com o bem estar do povo é a
primeira das leis.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 255.
III- A
PROPOSTA FINAL DE FARAÓ
1. A situação caótica
do Egito.
Nona Praga: As Trevas (10.21-29)
O Faraó continuava
colhendo o que havia semeado. Os críticos atribuem esta seção a uma combinação
das fontes informativas E e J. quanto à teoria das fontes múltiplas do
Pentateuco.
Essa nona praga
ocorreu mediante 0 uso da vara de poder (ver as notas em Êxo. 4.2), como
sucedeu no caso das pragas de números um, dois, três, sete e oito. Não houve
aviso prévio, como na terceira e na sexta praga, e somente três pragas ocorreram
sem informação anterior, exigindo arrependimento. Ver as notas em Êxo. 7.14
quanto a um gráfico que dá informações gerais sobre as pragas como um todo,
incluindo elementos repetidos. Conforme anoto no vs. 23, as pragas desfaziam do
panteão egípcio.
O pecado e a
obstinação dos homens são dignos de ser observados. Somente o poder de Deus
pode reverter o ciclo do permitido e do proibido, do sim e do não, que embala o
coração instável dos homens. Os críticos veem aqui apenas um acontecimento
natural, posto que exagerado, como todas as demais pragas do Egito. Todas elas,
porém, envolveram algo insondável, que ultrapassava a imaginação dos homens.
Êx 10.21 Esta praga
não foi avisada com antecedência, e a vara de poder foi usada, conforme
mencionamos e comentamos na introdução a este parágrafo. Vários eruditos veem
aqui algum acontecimento natural. Consideremos os cinco pontos abaixo:
1. A praga pode ter
sido um acontecimento local, devido a uma tremenda tempestade de poeira, tão
intensa que obscureceu o sol por muito tempo. O vento quente, chamado khamsin,
que sopra da banda do deserto, especialmente durante a primavera (março a
maio), algumas vezes traz tanta areia e pó que 0 ar se escurece e a respiração
toma-se difícil.
2. Outros veem aqui
uma ocorrência cósmica. Algumas vezes, a terra passa por uma espécie de poeira
proveniente do espaço sideral, de tal modo que acontecem períodos imprevisíveis
de trevas. Visto que a órbita da terra leva 0 nosso planeta pelo espaço, as
coisas acabam voltando ao normal. Dou um artigo na Enciclopédia de Bíblia,
Teologia e Filosofia intitulado Escuridão Sobrenatural, a qual oferece algumas
explicações possíveis.
3. Alguns estudiosos
pensam que é inútil tentar encontrar explicações naturais, locais ou cósmicas,
deixando tudo no terreno do que é miraculoso, misterioso.
4. Podemos eliminar
com segurança algum mero eclipse do sol, visto que isso não demora muito, e que
os egípcios, habilidosos na astrologia, não somente saberiam de sua ocorrência
com grande antecedência, como também disporiam de meios matemáticos para
explicar o fenômeno.
5. As interpretações
metafóricas também falham. Não houve apenas trevas espirituais (Sabedoria de
Salomão 17.1 — 18.4), mas também alguma espécie de trevas físicas, as quais,
naturalmente, tiveram lições espirituais a ensinar.
O paralelo
neotestamentário é Lucas 23.44. No Novo Testamento Interpreta- do ofereço
comentários detalhados nessa referência bíblica.
Trevas que se possam
apalpar. Metaforicamente, trevas tão absolutas que podiam ser sentidas. Ou
então, literalmente, as trevas eram produzidas por poeira e areia, algo
tangível.
Êx 10.22 Por três
dias. Curiosamente, as trevas que envolveram a crucificação de Jesus duraram
três horas. Ver no vs. 21 quanto a cinco possíveis interpretações sobre essas
trevas. Cf. 0 quinto juízo das taças, em Apocalipse 16.10.
Êx 10.23 Os egípcios
não podiam ver, mas podiam tatear (vs. 21), talvez indicando algum agente
físico que causava as trevas, como a areia ou a poeira. Contra isso, porém,
temos 0 fato de que não há nenhuma descrição acerca de tais agentes físicos. Se
essas trevas fossem resultantes de outra grande tempestade (como a saraivada), é
provável que 0 autor sagrado teria explicado isso.
Na terra de Gósen,
onde habitava Israel, 0 sol brilhava. Portanto, uma vez mais, de nada adiantam
explicações naturais de nenhum tipo. Uma grande tempestade de poeira teria
poupado a terra de Gósen? Nenhum eclipse solar poderia afetar 0 Egito inteiro,
menos a terra de Gósen. Cf. Êxo. 8.22,23; 9.4,26; 12.12,13.
O trecho do Salmo
78.49 sugere 0 poder de anjos destrutivos envolvidos nesta nona praga, a menos
que essa referência diga respeito à morte dos primogênitos do Egito, a décima
praga.
O panteão egípcio foi
novamente atacado. O deus-sol, Rá, mostrou-se impotente contra as trevas;
Horus, o deus associado ao sol, não conseguiu resistir. Nut, a deusa do céu,
não podia fazer o sol iluminar 0 Egito.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 345.
A praga das trevas trazida
sobre o Egito. Era uma praga terrível, e, portanto, é a primeira das dez pragas
mencionadas em Salmos 105.28, embora tenha sido uma das últimas. E na
destruição do Egito espiritual ela é produzida pela quinta taça, que é
derramada sobre o trono da besta, Apocalipse 16.10. O seu reino se fez
tenebroso. Observe, particularmente a respeito desta praga:
1. Que era uma
escuridão completa. Temos razões para pensar não somente que as luzes do céu
foram cobertas por nuvens, mas que todos os seus fogos e suas velas foram
apagados pelos vapores úmidos que eram a causa desta escuridão. Pois está
escrito, v. 23: “Não viu um ao outro”. Aos ímpios é feita a ameaça (Jó 18.5,6)
de que a faísca do seu lar não resplandecerá (nem mesmo as faíscas do seu
próprio fogo, como são chamadas, Isaías 50.11), e que a luz se escurecerá nas
suas tendas. O inferno é a escuridão completa. “Luz de candeia não mais luzirá
em ti”, Apocalipse 18.23. 2. Que eram trevas que podiam ser sentidas (v. 21),
sentidas, nas suas causas, pelas pontas dos dedos (tão espessos eram os
nevoeiros). Sentidas, nos seus resultados, pensam alguns, pelos seus olhos
perfurados pela dor, que piorava quando os esfregavam. Grande dor é mencionada
como o resultado de tais trevas, Apocalipse 16.10 faz alusão a isto. 3. Sem
dúvida isto os impressionou e aterrorizou. A nuvem de gafanhotos, que tinha
escurecido a terra (v. 15), não era nada, comparada a esta escuridão. Dizem os
judeus que nesta escuridão eles foram aterrorizados pelas aparições de maus
espíritos, ou por sons e murmúrios terríveis que eles faziam, ou (o que não é
menos assustador) pelos horrores das suas próprias consciências. E esta é a
praga que alguns pensam que é tencionada (pois, se não fosse isto, não seria
mencionada aqui), Salmos 78.49: “Atirou para o meio deles, quais mensageiros de
males, o ardor da sua ira”. Pois àqueles a quem o diabo tinha sido um
enganador, ele será, no final, um terror. 4. As trevas continuaram por três
dias. Era como seis noites contínuas (segundo o bispo Hall). Eram trevas
completas. Todo este tempo eles estiveram aprisionados por estas correntes de
escuridão, e os palácios mais iluminados eram masmorras perfeitas. “Ninguém se
levantou do seu lugar”, v. 23. Todos ficaram confinados a suas casas. E tal
terror os dominou que poucos deles tinham coragem de ir da cadeira à cama, ou
da cama à cadeira. Assim eles ficaram mudos nas trevas, 1 Samuel 2.9. Agora
Faraó tinha tempo para considerar, se o aproveitasse. A escuridão espiritual é
escravidão espiritual. Enquanto Satanás cega os olhos dos homens, de forma que
não vejam, ele lhes amarra mãos e pés, de modo que não trabalhem para Deus, nem
se movam em direção ao céu. Eles permanecem nas trevas. 5. Era justo que Deus
os punisse assim. Faraó e o seu povo tinham se rebelado contra a luz da palavra
de Deus, que Moisés lhes transmitia. Com razão, portanto, eles são punidos com
as trevas, pois as amavam e as preferiram à luz. A cegueira de suas mentes traz
sobre eles esta escuridão do ar. Nunca houve mente tão cega como a de Faraó,
nunca o ar foi tão escurecido como o do Egito. Os egípcios, pela sua crueldade,
teriam apagado a lâmpada de Israel, e também as suas brasas. Portanto, com
razão, Deus apaga suas luzes. Compare com a punição dos sodomitas, Gênesis
19.11. Devemos temer as consequências do pecado. Se três dias de trevas foram
tão aterrorizantes, como deverá ser a escuridão eterna? 6. Os filhos de Israel,
naquele mesmo tempo, tinham luz em suas casas (v. 23), não somente na terra de
Gósen, onde a maioria deles morava, mas nas casas daqueles que estavam
dispersos entre os egípcios. O fato de que alguns deles estavam assim dispersos
fica evidente na distinção que posteriormente deveria ser posta nas ombreiras
das portas, cap. 12.7. Este é um exemplo: (1) Do poder de Deus acima do poder
normal da natureza. Não devemos pensar que compartilhamos de graças comuns,
como algo rotineiro e usual, e por isto não darmos graças a Deus por elas. Ele
poderia fazer uma distinção, e afastar de nós aquilo que concede a outros. Ele
realmente faz o seu sol brilhar sobre os justos e os injustos, normalmente. Mas
Ele poderia fazer uma distinção, e nós devemos nos considerar em dívida com a
sua misericórdia pelo fato de que não o faz. (2) Do favor particular que o
precioso e bendito Senhor tem pelo seu povo: eles andam na luz ao passo que
outros vagam incessantemente em densas trevas. Onde houver um verdadeiro
israelita, ainda que neste mundo escuro, haverá luz. Sim, porque ali existirá
um filho da luz, um filho pelo qual a luz é semeada, e que recebe a visita do
oriente do alto. Quando Deus fez esta distinção entre israelitas e egípcios,
quem não teria preferido o mais pobre casebre de um israelita ao mais fino
palácio de um egípcio? Existe, porém, uma diferença real, embora não tão
perceptível, entre a casa do ímpio, que está sob uma maldição, e a habitação
dos justos, que é abençoada, Provérbios 3.33. Nós devemos crer nesta diferença,
e nos conduzirmos de maneira correspondente. Com base em Salmos 105.28: “Mandou
às trevas que a escurecessem. E elas não foram rebeldes à sua palavra”, alguns
apresentam uma conjetura de que, durante estes três dias de trevas, os
israelitas foram circuncidados, para a sua celebração da Páscoa, que agora se
aproximava, e que o comando que autorizou isto foi a palavra contra a qual eles
não se rebelaram. Pois a sua circuncisão, quando entraram em Canaã, é
mencionada como uma segunda circuncisão geral, Josué 5.2. Durante estes três
dias de trevas para os egípcios, se Deus assim o tivesse desejado, os
israelitas, pela luz que tinham, poderiam ter escapado, sem pedir permissão a
Faraó. Mas Deus desejava tirá-los com mão forte, e não apressadamente, nem
fugindo, Isaías 52.12.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 257.
Êx 10. 21. Trevas que
se possam apalpar. Presumivelmente trazidas pelo vento que hoje é chamado
“hamsín” (literalmente “ o cinquenta” ). É assim chamado porque sopra
ininterruptamente durante cinquenta dias, na primavera, e frequentemente traz
consigo tempestades de areia do deserto. Próximo a Jericó nessas ocasiões, no
auge da tempestade, a visibilidade cai quase a zero e o ar parece espesso e
sólido devido à areia. Este é, provavelmente, o significado do termo hebraico
yãmes, traduzido “ que se pode apalpar” (SBB), bem apropriado se estiver
descrevendo a escuridão e o calor palpáveis e opressivos de uma tempestade de
areia.
Êx 10.22. Trevas
espessas. A escuridão é descrita da maneira mais forte possível através da
combinação de duas palavras que significam, individualmente, “ escuridão” .
Êx 10.23. O período
de três dias pode ser simbólico, ou pode ser outra memória popular, preservada
na tradição. Presumivelmente Israel tinha “ luz” porque a tempestade de areia
não cobriu sua região. Tempestades de areia podem variar consideravelmente de
direção, mesmo dentro de uma mesma área por elas afetada. Se Gósen ficasse
suficientemente a leste do delta e do vale do Nilo a probabilidade seria maior.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 97.
2. A quarta e última
proposta.
As pragas anteriores
não ensinaram o Egito e seu monarca, e por isso Deus mandou outra praga: a
escuridão. Por três dias os egípcios conviveram com a escuridão. Isso pode nos
soar como que primitivo, mas em uma época em que não havia luz elétrica e as
pessoas dependiam de outros recursos para poderem iluminar seus caminhos,
trevas de noite eram aceitáveis, mas de dia não. Como o Egito ficou sem luz?
O certo é que se no
último encontro Moisés e Arão foram lançados da presença de Faraó, desta vez
foram chamados com a seguinte resposta: Então, Faraó chamou a Moisés e disse:
Ide, servi ao Senhor; somente fiquem vossas ovelhas e vossas vacas; vão também
convosco as vossas crianças. Moisés, porém, disse: Tu também darás em nossas
mãos sacrifícios e holocaustos, que ofereçamos ao Senhor, nosso Deus. (Êx
10.24,25)
Um grande avanço nas
negociações estava acontecendo. Israel poderia ir aonde quisesse para oferecer
seus sacrifícios. Poderia ir com todos os adultos. Ah, desta vez, as crianças
poderiam ir também. Mas o gado não. Para quê gado no deserto? Deus não ia se
preocupar com animais sendo oferecidos, pois já receberia todas as pessoas. Os
bens a serem oferecidos não fariam parte do acordo.
Essa proposta de
Faraó não está longe de nossos dias. Somos desafiados diariamente a oferecer
nossos bens ao Senhor. Quando digo isso não estou me referindo a todos os dias
dar uma oferta no santuário ou colaborar com a ajuda a pessoas necessitadas.
Estou me referindo ao fato de o Diabo tenta nos fazer crer que os bens que
temos em nosso poder são nossos, e não do Senhor.
A questão não se
refere ao fato de Deus precisar ou não de nossos bens para ser adorado. Creio
que o honramos com as nossas fazendas e as primícias de nossa renda (Pv 3.9).
Porém, mais que bens, Ele deseja nossa inteireza de coração, e um coração não
fixado nas riquezas deste mundo. Eis aqui a diferença. Quando entendemos que tudo
o que temos — quer pouco, quer muito — é do Senhor, não nos prendemos a eles.
Não podemos ser reféns das bênçãos de Deus. Elas são presentes que Deus nos dá,
mas não para que nos fixemos nelas.
Deus seria adorado
com tudo o que o povo de Israel possuía, e isso incluía os animais para o
sacrifício. O curioso é que os egípcios desprezavam a atividade pastoril dos
israelitas, mas desejavam-lhes os bens. Como se não bastassem os anos de
escravidão, Faraó queria impedir que aquilo que eles tinham conseguido com
trabalho fosse negado a Deus.
Que isso nos sirva de
lição. Os bens que temos em mãos são do Senhor, e a Ele devem ser oferecidos.
Cada proposta de
Faraó foi rejeitada. Que tenhamos o discernimento adequado para, da mesma
forma, rejeitar aquilo que o mundo tenta nos impor como correto. Faraó fez suas
propostas, e Moisés as rejeitou. Façamos o mesmo.
"Por que devo
obedecer a Deus se nem sei quem é Ele? Parece uma lógica correta levando em
consideração que o Egito tinha vários deuses, e que o próprio Faraó era tido
como uma divindade. Como seria possível reconhecer como Deus um Ser que envia
um pastor do deserto para falar com o rei da maior potência da época?"
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 32-34.
A QUARTA OBJEÇÃO
A quarta e última
objeção de Faraó relacionava-se com os rebanhos e as manadas.
"Então, Faraó
chamou a Moisés e disse: Ide, servi ao SENHOR: somente fiquem vossas ovelhas e vossas
vacas; vão também convosco as vossas crianças (capítulo 10:24). Com que perseverança
disputou Satanás cada palmo do caminho de Israel para fora do Egito! Em primeiro
lugar procurou mantê-los no país; então diligenciou tê-los perto do país; depois
esforçou-se por reter parte do povo; e por fim, depois de haver falhado nestas
três tentativas, esforçou-se por fazê-los partir sem meios alguns para servir
ao Senhor. Já que não podia reter os servidores procurava ficar com os meios
que eles tinham para servir, pensando obter o mesmo resultado por um meio
diferente. Já que não podia induzi-los a oferecerem sacrifícios no país, queria
enviá-los fora do país sem vítimas para os sacrifícios.
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editoração:
Associação Religiosa Imprensa da Fé.
ÊX 10.24 Temos aqui a
quarta transigência proposta pelo Faraó. Ver as notas completas sobre a questão
das propostas ou condições do Faraó, para permitir a saída de Israel do Egito,
em Êxo. 10.11. Ela dizia: “Vão, mas deixem no Egito os seus bens”. Esses bens
incluíam os meios para oferecer sacrifícios, os animais. O gado deixado para
trás ajudaria os egípcios a se ressarcir dos prejuízos sofridos, especialmente
dos efeitos das pragas quinta e sexta (morte do gado e grande saraivada). Esses
juízos divinos, porém, não tinham por finalidade ser aliviados. O Faraó e sua
gente estavam recebendo o que mereciam. Alguns estudiosos pensam que outro
propósito do Faraó era forçar Israel a voltar voluntariamente ao Egito, visto
que não poderiam ir muito longe (sendo em número de cerca de três milhões de
pessoas), sem o sustento representado pelos animais. Se 0 povo de Israel
tomasse a decisão de voltar, então 0 Faraó não poderia ser acusado, além do
que, presumivelmente, não haveria mais pragas.
As crianças dos
israelitas também poderiam ir, algo que o Faraó não quis permitir, de acordo
com sua terceira proposta de transigência (ver Êxo. 10.11). As referências às
quatro transigências são estas: Êxo. 8.25,28; 10.11 e aqui.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 345.
Aqui está a impressão
causada a Faraó por esta praga, muito semelhante à das pragas anteriores.
1. Ela o fez
despertar de tal maneira que ele renovou o acordo feito com Moisés e Arão, e
agora, por fim, consentia que eles levassem também a seus filhos. Ele somente
desejava ficar com o gado deles empenhado, v. 24. É comum que os pecadores
façam barganhas com o Deus Todo poderoso. Alguns pecados, eles abandonarão, mas
não todos. Eles deixarão os seus pecados por um tempo, mas não lhes darão um
adeus final. Eles darão uma parte do seu coração ao Senhor, mas o mundo e a
carne o compartilharão com Ele: assim, eles pensam que zombam de Deus, mas, na
realidade, enganam a si mesmos. Moisés decide não concordar com os termos de Faraó:
“O nosso gado há de ir conosco”, v. 26. Observe que os termos da reconciliação
são fixados de modo que embora os homens os disputem por muito tempo, eles não
podem alterá-los, nem reduzi-los. Nós devemos corresponder às exigências da
vontade de Deus, pois não podemos esperar que Ele seja condescendente com as
exigências das nossas luxúrias. Os mensageiros de Deus sempre devem seguir esta
regra (Jr 15.19): “Tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles”. Moisés
apresenta uma razão muito boa pela qual devem levar consigo seu gado. Eles
devem ir oferecer sacrifícios, e por isto devem levar tudo. Eles ainda não
sabiam quais eram as quantidades e os tipos de sacrifícios que seriam exigidos,
e por isto precisam levar tudo. Observe que quanto a nós e aos nossos filhos,
devemos dedicar todas as nossas posses terrenas ao serviço de Deus, porque não
sabemos que uso Deus fará daquilo que temos, nem de que maneira podemos ser
chamados a honrá-lo com aquilo que temos. 2. Isto o exasperou tanto que, uma
vez que não conseguiu fazer o acordo nos seus próprios termos, dissolveu a
reunião abruptamente e decidiu não mais negociar. A ira agora o atingiu
intensamente, e ele ficou furioso, sem limites, v. 28. Moisés é mandado embora
em ira, proibido de comparecer à corte sob pena de morte, proibido até mesmo de
encontrar-se com Faraó outra vez, como estava acostumado a fazer, junto ao rio:
“No dia em que vires o meu rosto, morrerás”. Que loucura prodigiosa! Ele não
tinha descoberto que Moisés podia trazer-lhe pragas sem ver o seu rosto? Ou
tinha se esquecido de tantas vezes em que tinha mandado buscar Moisés como seu
médico, para curá-lo e remover as suas pragas? E agora Moisés deve ser proibido
de se aproximar do Faraó? Perversidade impotente! Ameaçar com a morte alguém que
estava armado com tal poder, e a cuja mercê ele tinha se colocado tantas vezes.
A que a dureza de coração e o desprezo à palavra de Deus e aos mandamentos
levam os homens? Moisés acredita no que ele diz (v. 29): “Bem disseste. Eu
nunca mais verei o teu rosto”, isto é, “não, depois desta vez”. Pois esta
reunião não terminou até o capítulo 11.8, quando Moisés saiu em ardor de ira, e
disse a Faraó com que rapidez ele iria mudar de ideia, e o seu espírito soberbo
seria humilhado - o que se cumpriu (cap. 12.31) quando Faraó passou a suplicar
humildemente que Moisés partisse. De modo que, depois desta reunião, Moisés não
mais veio, até ter sido chamado. Observe que quando os homens afastam de si a
palavra de Deus, com razão Ele permite as suas desilusões e lhes responde em
conformidade com a multidão dos seus ídolos. Quando os gadarenos desejaram que
Cristo os deixasse, Ele imediatamente os deixou.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 257-258.
Êx 10. 24. Os vossos
rebanhos e o vosso gado. Não nos é dito se Faraó pretendia manter os rebanhos
como garantia de que Israel retornaria ou se já se conformara com a perda dos
escravos e procurava apenas garantir para si a posse do gado israelita (o que é
compreensível, já que houvera grande mortalidade entre o gado egípcio). Moisés
evidentemente recusa pois vê o que há por detrás de tal proposta. A furiosa reação
de Faraó é imediata e final.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 97-98.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
Colaboração:
Gospel Books; Escriba Digital.
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