A PEREGRINAÇÃO DE ISRAEL NO DESERTO ATÉ O SINAI
Data: 9 de Fevereiro de
2014 HINOS SUGERIDOS 302,
467, 515.
TEXTO ÁUREO
“Ora,
tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para
quem já são chegados os fins dos séculos” (1 Co 10.11).
VERDADE PRATICA
Os
erros e pecados de Israel servem
.já,
nos de alerta para que não venhamos a cometer os mesmos enganos.
LEITURA DIARIA
Segunda - Rm 15.4 A Bíblia toda nos ensina
Terça - Hb 2.1-3 Vigiemos em todo o tempo
Quarta - Hb 12.1,2 O crente e a carreira cristã
Quinta - Rm 9.28 Deus cumpre fielmente a sua
Palavra
Sexta - Cl 2.16,17 Sombras do Antigo Testamento
Sábado - Hb 13.17 Obediência em Cristo
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Êxodo
19.1-6; Números 11.1-3
Êxodo
19
1
-Ao terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no mesmo dia,
vieram ao deserto do Sinai.
2
- Tendo partido de Refidim, vieram ao deserto do Sinai e acamparam-se no
deserto; Israel, pois, ali acampou-se defronte do monte.
3
- E subiu Moisés a Deus, e o SENHOR o chamou do monte, dizendo: Assim falarás à
casa de Jacó e anunciarás aos filhos de Israel:
4
- Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias,
e vos trouxe a mim;
5
- agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu
concerto, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos;
porque toda a terra é minha.
6
- E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo. Estas são as palavras que
falarás aos filhos de Israel.
Números
11
1
- E aconteceu que, queixando- se o povo, era mal aos ouvidos do SENHOR; porque
o SENHOR ouviu-o, e a sua ira se acendeu, e o fogo do SENHOR ardeu entre eles e
consumiu os que estavam na última parte do arraial.
2
- Então, o povo clamou a Moisés, e Moisés orou ao SENHOR, e o fogo se apagou.
3
- Pelo que chamou aquele lugar Taberá, porquanto o fogo do SENHOR se acendera
entre eles.
INTERAÇÃO
Deus
libertou Israel da escravidão. Livre,
o
povo de Deus iniciou a sua jornada rumo à Terra Prometida. O percurso escolhido
pelo Senhor não foi o mais fácil, porém, com certeza foi o melhor para os
israelitas naquela ocasião, pois eles não estavam preparados para enfrentar o
inimigo. Deus é fiel e sempre cuidou com zelo do seu povo, todavia, os
israelitas a cada dificuldade sempre murmuravam contra o Senhor. Nesta lição,
veremos a chegada do povo de Deus ao deserto de Sur, sua passagem por Mara e
Elim até a chegada ao Sinai. O povo precisava ser lapidado e o deserto foi uma
escola para os israelitas. Os hebreus tropeçaram muitas vezes até chegarem a
Canaã, contudo Deus nunca os abandonou. O Senhor é fiel!
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Analisar a peregrinação de
Israel pelo deserto.
Saber como foi a chegada e
a permanência no monte Sinai.
Conscientizar-se de que a idolatria é
pecado.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor,
reproduza o mapa da página seguinte. Utilize-o para mostrar aos alunos a
trajetória dos israelitas até o Sinai. Explique que Deus conduziu o povo até o
deserto de Sur (Êx 1 5.22). Depois eles partiram em direção a Mara, onde as
águas eram amargas. Depois os israelitas se deslocaram em direção a um oásis chamado
Elim. Mostre que o povo estava seguindo em direção ao Sinai.
PALAVRA-CHAVE
Peregrinação: A jornada longa e exaustiva que os israelitas
fizeram até chegarem a Terra Prometida.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Há
muitos crentes que fazem a seguinte indagação: “Por que estudaras lições do
Antigo Testamento, sendo nós cristãos da Nova Aliança?” A resposta a esta pergunta
se encontra na Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo 10, versículos 1 a 12.
Os fatos do Antigo Testamento são como figuras (1 Co 10.6,11), nos alertando
para que não venhamos a cometer os mesmos erros que o povo de Deus cometeu no
passado. Então, estude com afinco cada lição deste trimestre e jamais siga os
caminhos da desobediência, rebeldia e idolatria trilhados por Israel no
deserto.
Na
lição de hoje, estudaremos a caminhada do povo de Deus até o Sinai. Veremos
como Deus guiou e sustentou seu povo que foi infiel, murmurador e idólatra. O
Senhor permaneceu fiel e cuidando dos israelitas.
I -
ISRAEL PEREGRINA PELO DESERTO
1. Israel chega a
Mara (Êx 15.23).
O povo de Deus estava finalmente livre dos egípcios e começava sua caminhada
pelo deserto a caminho de Canaã. Depois da travessia do Mar Vermelho os
israelitas foram conduzidos por Moisés até o deserto de Sur. Eles andaram três
dias pelo deserto e as águas que encontraram em Mara eram impróprias para
beber. Descontente, o povo começou a murmurar contra Moisés. Na verdade eles
não estavam reclamando de Moisés, mas de Deus (Êx 16.7,8). Muitos podem pensar
que estão reclamando do seu líder, mas na verdade estão reclamando contra
aquEle que delegou autoridade ao líder: Deus. A murmuração é uma característica
negativa daqueles que não confiam no Senhor. Moisés confiava na providência do
Pai. Então ele orou e Deus lhe mostrou um lenho. Moisés jogou o lenho nas águas
e elas se tornaram boas para o consumo. Segundo o Comentário Bíblico Beacon,
“assim como Deus curou as águas amargas de Mara, assim Ele curaria Israel
satisfazendo-lhes as necessidades físicas e, mais importante que tudo, curando
o povo de sua natureza corrompida”.
Israel
era uma massa de gente briguenta e sem fé que precisava ser lapidada pelo Senhor
para que se transformasse em uma nação santa. A lapidação veio com as provações
rumo ao monte Sinai.
2. Rumo ao Sinai (Êx
16.1).
Depois de Mara os israelitas foram ' para Elim e em seguida para o deserto de
Sim, que ficava entre Elim e Sinai (Êx 19.1,2). Esse é um lugar inóspito,
repleto de areia e pedra, porém um local perfeito para Deus tratar do seu povo.
Diante das dificuldades o povo volta a murmurar e quer mais uma vez retornar ao
Egito (Êx 16.2,3). Mas Deus é bom e misericordioso. Ele mais uma vez supriu as
necessidades do seu povo. Talvez você esteja sendo também provado pelo Senhor.
Este é um momento difícil, mas em vez de murmurar adore ao Senhor. Você, assim
como Israel, verá o sobrenatural de Deus em sua vida. No deserto de Sim, Deus
envia o maná ao seu povo. O maná não foi um fenômeno natural, como alguns
cogitam. Foi uma provisão especial de Deus. Esta provisão apontava para Jesus,
o Pão Vivo que desceu do céu (Jo 6.31-35).
Deus
sustentou seu povo através do deserto não somente com pão, mas também com carne
e água. Em Refidim, Deus fez água jorrar da rocha (Êx 17.1-7). Ele é o nosso
provedor (SI 23.1). Tudo que temos vem do Senhor, por isso devemos ser gratos a
Ele pela provisão. Depois de partir de Refidim, o povo, sob a orientação de
Deus, caminhou até o monte Sinai, onde os israelitas receberam a lei do Senhor.
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Os
hebreus foram lapidados mediante as provações que tiveram que enfrentar no
deserto.
II -
ISRAEL NO MONTE SINAI
1. O monte Sinai (Êx
19.2). Este
é um lugar especial para todo o povo de Deus. Ali Deus revelou- se de modo
especial a Moisés e a Israel e lhe entregou os Dez Mandamentos. Ali os
israelitas tiveram a revelação da glória e da santidade do Todo-Poderoso.
Tiveram também a revelação da sua natureza, da sua lei, da expiação do pecado,
da vontade divina e do seu culto. Todo o livro de Levítico, que trata do
ministério e do culto ao Senhor, teve o seu desenrolar no acampamento do Sinai,
ao pé do monte.
A
distância do Sinai a Canaã é de quase 500 quilômetros, e seria percorrida em um
curto prazo pelos israelitas, mas infelizmente levou 38 anos. A demora decorreu
como parte do julgamento divino dos pecados de incredulidade, murmuração,
rebelião e desvio dos israelitas (Dt 2.14,15).
2. A permanência no
Sinai.
No Sinai, Israel permaneceu, conforme as determinações do Senhor a Moisés,
cerca de onze meses. Durante sua permanência ali, Israel caiu no abominável
pecado da idolatria do bezerro de ouro (Êx 32.1-8,25). Com a idolatria veio a
obscenidade, a imoralidade e a prostituição. Este horrível pecado de Israel é
mencionado várias vezes através da Bíblia, sempre de modo infamante como em 1
Coríntios 10.7: “Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; conforme
está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber e levantou-se para folgar.' Apesar de
Israel ter falhado, o eterno propósito salvífico de Deus não falhou (Ef 3.11).
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
O
monte Sinai é um lugar especial para todo o povo de Deus. Ali, Deus revelou-se
de modo especial a Moisés e a Israel e lhes entregou os Dez Mandamentos.
III - A
IDOLATRIA DOS ISRAELITAS
1. O bezerro de ouro
(Êx 32.2-6).
Moisés e Josué subiram ao monte Sinai para se encontrar com o Senhor e receber
dEle as tábuas da Lei. Ali eles ficaram muitos dias, e o povo, com pressa em
saber notícias, começou mais uma vez a reclamar e a especular a causa da demora
de Moisés e Josué. Não levou muito tempo para que uma grande confusão fosse
formada. O povo, liderado por Arão, pecou deliberadamente contra o Senhor
construindo um bezerro de ouro para ser adorado. Diversas passagens bíblicas
relacionam o ídolo aos demônios, e o culto idólatra ao culto diabólico (Lv
17.7). Os ídolos sempre foram laços para o povo de Israel, a quem Deus elegeu
como seu povo peculiar aqui na terra.
2. Cuidado com a idolatria. A Palavra de Deus em
1 João 5.21 nos adverte: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém!”. O crente
deve estar vigilante contra a idolatria. Muitos pensam que idolatria é somente
adorar a imagens de escultura. Todavia, um ídolo é tudo aquilo que ocupa o
lugar de Deus na vida humana. Alguma coisa tem ocupado o lugar do Senhor em seu
coração? Peça a ajuda do Pai e livre-se imediatamente de toda idolatria. O
apóstolo Paulo adverte a igreja de Corinto para não se envolver com a
idolatria, como o povo de Israel no deserto (1 Co 10.14,19-21).
3. A idolatria no
coração.
O profeta Ezequiel adverte-nos sobre isso em 14.2-4,7 do seu livro. O primeiro
mandamento do Eterno sê em Êxodo 20.3, ordena: “Não te- rás outros deuses
diante de mim”. Israel, antes de ser liberto e resgatado da escravidão do
Egito, pecou contra
o senhor, adorando a falsos deuses ( Is 24. 2, 15; Gn 35. 2, 4) Deus conhece o
coração do homem e sabe da sua propensão à idolatria. Precisamos vigiar, pois
somente Deus deve ser único dominador e rei em nosso coração.
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
Os
israelitas, liderados por Arão, pecaram deliberadamente contra Deus ao fundirem
o bezerro de ouro.
CONCLUSÃO
O
Salmo 106 relata os tropeços de Israel a caminho de Canaã, e a sublime história
da infinita misericórdia de Deus para com eles. Deus é fiel! Israel pecou e
cometeu muitos erros, porém os planos do Senhor em relação a Israel e a toda
humanidade não foram frustrados. Como crentes devemos repudiar toda forma de
idolatria, entronizando a Deus como único Senhor em nossos corações e mentes.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
COHEN,
Armando Chaves. Êxodo. 1. ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 1998.
RICHARDS,
Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia:
Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 1 ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2005.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Bibliológico
“O
povo murmurou contra Moisés
A
liderança é cara, porque a culpa pela adversidade recai nos líderes. Essas pessoas
sabiam que Moisés era homem de Deus; por isso, o pecado também era contra Deus.
Grandes experiências com Deus não curam necessariamente o coração mau e
queixoso. A murmuração cessa apenas quando crucificamos o eu e entronizamos
Cristo somente (Ef 4.31,32).
A
única coisa que Moisés poderia fazer era clamar ao Senhor. Não há dúvida de que
teria fornecido água potável em resposta à fé paciente de Israel, se tivessem
permanecido firmes. O Senhor às vezes satisfaz nossos caprichos em detrimento
da fé. Aqui, as águas se tornaram doces, quando Moisés lançou um lenho nelas,
mas a fé de Israel continuou fraca. Desconhecemos método natural que explica
este milagre.
Deus
usou esta ocasião para ensinar uma lição a Israel, dando-lhes estatutos e uma
ordenação. Se as pessoas ouvissem a Deus e obedecessem inteiramente à sua
palavra, elas seriam curadas de todas as enfermidades que Deus tinha posto
sobre o Egito. Assim como Deus curou as águas amargas de Mara, assim Ele
curaria Israel satis- fazendo-lhe as necessidades físicas e, mais importante
que tudo, curando o povo de sua natureza corrompida. Deus queria tirar o
espírito de murmuração do meio do povo e lhe dar uma fé forte” (Comentário Bíblico Beacon. vol 1.1. ed.
Rio de Janeiro, CPAD, 2005, p. 1 75).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Bibliológico
“Maná
A
palavra ocorre pela primeira vez em Êxodo 16.31. Em outra passagem no AT, todas
as versões inglesas traduzem uniformemente a palavra heb. como ‘maná’, o que é
meramente uma transliteração aproximada; mas em Êxodo 1 6.1 5 o termo é
traduzido como uma pergunta. ‘Que é isto?’ Evidentemente quando os israelitas o
viram pela primeira vez no chão, o apelidaram de ‘O que é?’, ou de forma
coloquial ‘Como se chama isto?’, o que parece ser o significado literal com
referência à qualidade misteriosa do pão divino. O maná era pequeno, redondo e
branco (Êx 1 6.1 4,31). Guardado para o dia seguinte ele comumente ‘criava
bichos e cheirava mal’ (Êx 16.20). Derretia quando exposto ao sol quente.
Deveria ser apanhado diariamente, pela manhã, um ômer por pessoa. No sexto dia
o povo deveria juntar o dobro, para prover para o sábado, quando nenhum maná
seria dado. Neste caso ele não criava bichos, nem cheirava mal durante o
sábado.
Um
pote de maná foi apanhado e mantido como memorial desta miraculosa provisão do
Senhor para os israelitas ao longo dos 40 anos no deserto (Êx 1 6.32-35). Mais
tarde, um pote de ouro de maná foi colocado dentro da arca no Tabernáculo (Hb
9.4)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1
.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.75).
EXERCÍCIOS
1.
Qual foi a atitude dos israelitas ao chegar a Mara e não encontrar água potável
para beber?
R:
Eles murmuraram.
2.
Depois de Mara para onde foram os hebreus? O que encontraram ali?
R:
Eles foram para Elim. Um verdadeiro oásis.
3.
Quanto tempo o povo permaneceu no Sinai?
R:
Durante onze meses.
4.
Transcreva um texto bíblico que nos exorte a respeito da idolatria.
4.
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5.21).
5.
O que ordena o primeiro mandamento do Eterno em Êxodo 20.3?
R:
"Não terás outros deuses diante de mim.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n°57. p.39.
Esta
lição trata da caminhada do povo de Deus até o Sinai. O objetivo da lição é
mostrar como Deus guiou e sustentou seu povo durante a longa jornada pelo
deserto. Os hebreus se mostravam, a cada dificuldade, serem murmuradores e
ingratos. Eles também não haviam deixado a idolatria no Egito, pois logo
criaram um bezerro de ouro para adoração. Embora Israel fosse infiel, o Senhor
é fiel e cuidou, dia a dia, do seu povo. Deus não nos deixa sozinhos em nossa
caminhada até o céu.
Moisés
conduziu o povo até Mara (que significa amargura e tristeza), pois ao chegar
ali, descobriram que as águas eram amargas, salobras e impróprias para o
consumo (Êx 15.23). Diante de cada dificuldade, os israelitas logo murmuravam.
Qual é a sua reação diante das adversidades? Em Mara não foi diferente.
Descontentes, os hebreus reclamaram de Moisés, todavia eles não estavam
murmurando de Moisés, mas do próprio Todo-Poderoso que os libertara da
escravidão.
Como
evitar a murmuração e não cometer os mesmos erros dos israelitas? Mantendo viva
a chama da fé. A fé nos faz ver o impossível (Hb 11.1). Sem fé é impossível
vencer as dificuldades cotidianas sem murmurar. Moisés era um homem de fé e
mais uma vez se volta para o Senhor. Então o Pai lhe mostrou o tronco de uma
árvore. Moisés jogou o tronco nas águas e os israelitas puderam saciar a sede.
Deus curou as águas amargas de Mara. O Senhor não mudou, Ele tem poder para
curar seu corpo, sua alma e seu espírito. Talvez seu coração esteja amargurado
e cansado. O Pai pode e deseja lhe curar.
Os
israelitas precisavam ser lapidados, moldados pelo Senhor até que se
transformassem em uma nação. Eles ainda eram uma massa de gente briguenta,
murmuradora e sem fé caminhando pelo deserto. Mas, Deus escolheu e separou
Israel para que se transformasse em uma nação santa. Os israelitas foram
moldados pelo Senhor no deserto. O deserto era somente um lugar de passagem,
porém se tomou uma grande escola para o povo de Deus. Talvez você também esteja
passando por um vale árido, um deserto. Este não é o lugar que Deus preparou
para você, mas com certeza é um tempo de aprendizado e de ver o milagre da
provisão. Depois do deserto, Israel estava pronto para a Canaã. Depois dos
"desertos" desta vida, você também estará pronto para a eternidade
com Deus.
Depois
de Mara os israelitas foram enviados até Elim, um verdadeiro oásis no deserto.
Com isto aprendemos que depois da luta (Mara), sempre haverá a bonança e o
refrigério (Elim). Confie!COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A primeira jornada
dos israelitas após a abertura do Mar Vermelho levou-os em direção ao sul, ao
longo do chamado Golfo de Suez. Nesse percurso, passaram primeiro pelo Deserto
de Sur, onde, após três dias de caminhada, não encontraram água para beber (Ex
15.22). Apesar do grande milagre que experimentaram três dias antes, sua fé era
provada mais uma vez. Desta feita, os israelitas estavam sedentos e exauridos
pelo intenso calor do deserto, e após esses três dias de peregrinação,
encontram apenas águas amargas em Mara, águas impróprias e impotáveis, que não
podiam ser bebidas (Êx 15.24). A murmuração, então, teve início (Ex 15.25).
Isso nos mostra que
“grandes experiências com Deus não curam necessariamente o coração duro e
queixoso”. Às vezes, milagres não são suficientes. Estimulados por milagres ou
não, são necessários um arrependimento e um quebrantamento sinceros seguidos de
uma submissão total a Deus. Ou, como afirma o Novo Testamento, “crucificarmos o
eu e entronizarmos Cristo somente (Ef 4.31,32)”.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag.
I Cor 10.1-5 — Paulo
inseriu a história da infidelidade de Israel com relação a Deus após sua
exortação aos coríntios a fim de que perseverassem na obra divina. O apóstolo
enfatizou as bênçãos das quais os israelitas desfrutaram no deserto: todos eles
tiveram a proteção e a direção do Senhor, experimentaram o milagre do
livramento do Altíssimo, identificaram-se com seu líder espiritual — Moisés —,
comeram o pão do céu e, por fim, beberam a água que Deus proveu. O fundamental no
que o apóstolo declarou foi que, embora todos os israelitas tivessem recebido essas
maravilhosas dádivas de Deus, a maioria não conseguiu agradar ao Senhor.
I Cor 10.1 — Para os
antigos israelitas que estiveram debaixo da nuvem no deserto, a nuvem tinha duas
funções: (1) ela oferecia proteção (Ex 14-19,20), fogo durante a noite em meio
ao frio do deserto e sombra durante o dia do sol forte e (2) guiava o povo pelo
deserto (Ex 13.21). Todos passaram pelo mar. Todo israelita que partiu do Egito
no Êxodo conheceu o livramento de Deus no mar Vermelho.
I Cor 10.2 — Todos
foram batizados em Moisés. Os atos de Deus na nuvem e no mar uniram o povo ao seu
líder espiritual, Moisés.
I Cor 10.3-5 — Um
mesmo manjar espiritual [...] uma mesma bebida espiritual. Todos seguiam o
mesmo Deus e as mesmas leis (Jo 4-13,14; 6.32-35).
I Cor 10.6-10 — E essas
coisas foram-nos feitas em figura [Exemplos para nós (a ra ) ] . A disciplina
que Deus aplicou aos israelitas desobedientes deveria ser uma advertência aos
cristãos de que o Senhor castigará o pecado de Seu povo.
I Cor 10.6 — Os
antigos israelitas falharam pela primeira vez quando cobiçaram. Eles não
estavam satisfeitos com a provisão de Deus, mas lembraram-se da provisão que
tinham no Egito (Nm 11.4-34).
I Cor 10.7,8 — Os
antigos israelitas eram notórios idólatras. Embora o Deus verdadeiro os tivesse
tirado do Egito, eles insistiam em adorar ídolos sem vida. Além disso, os
antigos israelitas se envolviam com imoralidade ( a r a ) , um pecado que
também contaminava os coríntios (1 Co 5.1; 6.18).
Vinte e três mil. O
registro em Números menciona 24 mil (Nm 25.6-9). Há várias razões possíveis que
explicam a diferença. Alguns sugerem que o número de Paulo reflete o número de
pessoas que morreram num dia, enquanto o relato de Números pode ser um registro
de todos os que morreram por causa da praga. Outra explicação possível é que o
relato de Números inclua a morte dos líderes (Nm 25.4), ao contrário do número de
Paulo.
I Cor 10.9 — Tentemos
a Cristo. Ao que parece, essa expressão está relacionada ao fato de os israelitas
questionarem o plano e o propósito de Deus enquanto estavam seguiam para Canaã (Nm
21.4-6).
I Cor 10.10 — Os
antigos israelitas murmuraram tanto contra os líderes, que Deus lhes enviou uma
praga, e muitos pereceram (Nm 16.41-49).
I Cor 10.11 — Como
figuras [como exemplos, ara]. Paulo enfatizou novamente que as situações as quais
aconteceram a Israel não são simplesmente eventos históricos a serem
interpretados, mas advertências a serem consideradas com atenção.
Isso é especialmente
verdadeiro na visão de Paulo, uma vez que são chegados os fins dos séculos. Os planos
do Senhor estavam chegando ao clímax. O Deus que estava provocando o fim de
todas as coisas é o mesmo que trouxe juízo sobre os israelitas ao matá-los —
Ele poderia fazer o mesmo novamente (compare com 1 Co 11.30; Rm 11.22).
I Cor 10.12 — Que não
caia. Os coríntios, talvez, tivessem a atitude de que, uma vez que foram justificados
por Deus, nada lhes poderia acontecer. A disciplina do Senhor, no entanto, não
deve ser considerada de forma leviana. Ninguém pode pecar e permanecer impune (G1
6.7,8).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 426-427.
I Cor 10.1. “Além
disso” (AV) deve-se ler,“ Pois” (ARA: Ora). A seção é estreitamente ligada à
precedente. O perigo recém-mencionado não é imaginário, como o demonstra o
caso- dos israelitas no deserto.
Quanto à fórmula, não
quero que ignoreis, ver a nota sobre 1 Ts 4:13.' Note-se a quíntupla repetição
da palavra todos nestes versículos (AV; ARA: quádrupla). Dá-se assim ênfase ao
fato de que os israelitas, sem exceção, receberam os sinais da bondosa mão de
Deus sobre eles. Isto dá maior força ao lembrete do versículo 5 de que a
maioria pereceu. A referência é aos acontecimentos associados ao Êxodo. A nuvem
é a que serviu de meio de orientação divina (Êx 13:21, 22; 14:19, 24, etc.).
I Cor 10.2. As
experiências da orientação dada pela nuvem, e da passagem: pelo Mar Vermelho
(Êx 14) tiveram o efeito de unir o povo a Moisés de maneira tal, que se diz que
foram batizados... com respeito a Moisés (o grego parece implicar num desejo
deles de serem batizados desse modo; cf. Goodspeed, “ todos, por assim dizer,
aceitaram o batismo como seguidores de Moisés” ). É alarmante para o cristão,
que foi “ batizado para com Cristo” , ver tal referência ao batismo.
Provavelmente devemos pensar em Moisés como um tipo de Cristo. Justamente como
o batismo tem o efeito de colocar o homem sob a liderança de Cristo, assim a
participação nos grandes acontecimentos do Êxodo colocaram os israelitas sob a
liderança de Moisés (Êx 14:31) pode dizer, “ e confiaram no Senhor, e em
Moisés, seu servo” (ARA e RV). Estavam unidos a ele, conquanto não devamos
exagerar isto, como se alguma outra união pudesse ser tão estreita como a união
que há entre o cristão e Cristo. Todos os israelitas participaram desse batismo
comum.
I Cor 10.3.
Igualmente foram todos sustentados pelo maná (Êx 16:4, 13 ss.), mencionado aqui
como manjar espiritual. O adjetivo não significa que Paulo está pondo em dúvida
a realidade física do maná. É seu modo de dirigir a atenção para a origem
celeste dessa comida (cf. SI 78:24); a VPR traduz, “ sobrenatural” .
I Cor 10.4. Como
tiveram comida espiritual, tiveram também bebida espiritual. Paulo acrescenta
uma explicação, coisa que não fizeram com relação à comida. Havia uma lenda judaica
de que uma rocha seguia os israelitas em todas as suas peregrinações no
deserto. Talvez Paulo tenha nos refolhos da sua mente essa lenda, mas
certamente não se refere diretamente a ela. Refere-se a Cristo. Ao fazê-lo,
transfere para Cristo o título, “a Rocha”, empregado no Velho Testamento com
relação a Jeová (Dt 32:15; SI 18:2, etc.; notem-se as implicações para a cristologia,
tanto desta transferência como da clara inferência da preexistência de Cristo).
Obviamente há uma reminiscência da rocha golpeada para a obtenção de água (Êx
17:6; Nm 20:1 ss.). A alusão não é simples, porém, pois não há insinuação de
uma rocha móvel naquelas passagens. Mas Paulo entende que Cristo foi a fonte de
todas as bênçãos que os israelitas receberam enquanto jornadeavam. Assim, ele pode
pensar na Rocha, Cristo, como os seguindo e continuamente lhes dando de beber.
Pode-se muito bem fazer referência à comida e à bebida espirituais à luz da
Santa Comunhão, como pensam Calvino e outros. Israel tinha os seus equivalentes
de ambos os sacramentos.
I Cor 10.5.
Entretanto (a forte adversativa alia), embora Deus lhes tenha dado tais
manifestações memoráveis do Seu poder da Sua boa vontade para com eles, a
maioria deixou de entrar na Terra Prometida. Deus não se agradou deles. “
Muitos deles” (AV) é na verdade a maioria (ARA). Esta é uma maneira magistral
de se amenizar a verdade. De todas as hostes de Israel, somente dois homens
entraram na Terra Prometida. Os restantes pereceram no deserto, ou, como o
coloca Paulo, ficaram prostrados. O verbo katastrõnnumi empresta um toque pitoresco.
Na verdade significa “esparramar”. Paulo retrata o deserto como juncado de
cadáveres. Não se trata de morte simplesmente natural. É a sentença de Deus
contra os rebeldes.
I Cor 10.6. A
idolatria e suas lições (10:6-13). Estas cousas não devem ser tomadas
simplesmente como história. Eram história. Aconteceram realmente. Mas eram mais
que isso. Aconteceram como exemplos (tupoi; quanto a esta palavra, ver a nota
sobre 1 Ts 1:7'). Deus tinha um propósito nelas. Cobicemos refere-se a desejo
intenso de qualquer natureza, mas no Novo Testamento é empregado mais comumente
com relação às paixões más do que aos bons desejos.
I Cor 10.7. A
advertência contra a idolatria vem muito a propósito, em vista do problema de
Corinto com o qual Paulo está lidando. Cita Êx 32:6, onde a referência a comer,
beber e divertir-se (isto é, dançar) aponta para uma típica festividade
idolátrica. Muitas vezes uma festividade desse tipo degenerava em devassidão.
Não havia sentido de sério propósito relacionado com o culto de ídolos (como
poderia haver?). Assim, as mais baixas paixões dos homens poderiam ser postas às
soltas no próprio ato de adoração, e muitas vezes o eram.
I Cor 10.8. Este não
é assunto novo, pois a “ fornicação” (AV) fazia parte de muitos cultos
idolátricos. Achavam-se prostitutas sagradas em muitos santuários, e neste
aspecto Corinto tinha notoriedade nada invejável. Mas a referência primária de
Paulo é ao incidente registrado em Nm 25, em que Israel “ começou... a
prostituir-se com as filhas dos moabitas” (v. 1), “juntando-se... a Baal-Peor”
(v. 3). O julgamento veio na forma de uma praga, e pereceram vinte e quatro mil
pessoas (Nm 25:9). Paulo fala de vinte e três mil. Obviamente ambos são números
redondos, e, ademais, Paulo pode estar fazendo um desconto dos que foram mortos
pelos juizes (Nm 25:5). Este versículo lembra o grave perigo a que a
indulgência para com a idolatria expõe os homens.
I Cor 10.9. O verbo
peirazõ significava originalmente “ provar” , mas em geral é provar com vistas
à pessoa que falha na prova. Assim, o seu sentido secundário é “ tentar” (outro
verbo que significa “ provar” , dokimazõ, é provar com vistas à pessoa que
passa na prova, e assim vem a significar “ aprovar” ). A ideia presente em
tentar a Deus (AV) é a de pô-lo à prova (ARA), a de ver até que ponto uma
pessoa pode ir. Paulo insta com os coríntios a que não “ tentem” a Cristo (AV;
ou ao Senhor, ARA, como dizem muitos MSS) desse modo. A referência é à queixa
do povo quanto à alimentação, resultando dessa queixa que Deus enviou serpentes
ardentes entre eles (Nm 21:5, 6).
I Cor 10.10. O verbo
murmureis é normalmente empregado, como aqui, no sentido de “ resmungar” , e,
portanto, de “ queixar-se” . Assim, em Nm 14:2, 36; 16:11, 41, lemos sobre essa
murmuração, e em cada ocasião havia um castigo apropriado. Neste versículo a
referência é provavelmente ao extermínio do bando de Coré em Nm 16. O
exterminador (Phillips, “ o Anjo da Morte” ) não ocorre exatamente dessa forma no
Velho Testamento, embora uma expressão parecida seja traduzida por “
destruidor” em Êx 12:23 (cf. também 2 Sm 24:16). Mas a aplicação é
suficientemente clara. A murmuração requer a punição divina.
I Cor 10.11. Faz-se
um resumo do precedente. Todas estas coisas aconteceram para advertir-nos a nós
outros sobre quem os fin s dos séculos têm chegado. Esta curiosa expressão
parece significar que a culminação de todas as eras passadas chegou. Completaram-se,
e as lições que ensinam ficam manifestas. Possivelmente há também a ideia de
que a vinda de Cristo tem significação decisiva. Cristo pôs fim a todas as eras
anteriores.
I Cor 10.12.
Esclarece-se a aplicação. Os coríntios ufanavam-se da sua posição. Eis, porém,
que os israelitas tinham sido presunçosos assim, e nada colheram senão
desgraça. Que se cuide o que confia em si, para que não caia.
Leon
Monis. I CORINTÍTIOS Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 113-116.
Uma Advertência Contra A Segurança Carnal. 1.Co. 10.
1-13.
A apostasia de
Israel: V. 1) Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos
sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, 2) tendo sido todos batizados, assim na
nuvem, como no mar, com respeito a Moisés. 3) Todos eles comeram de um só
manjar espiritual, 4) e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma
pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo. 5) Entretanto, Deus não
se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto. Nesta
passagem o apóstolo oferece algumas páginas da história do antigo Israel, como
um advertente exemplo para aqueles que estão no perigo de se renderem à
segurança carnal. De todo o número de israelitas adultos, que deixaram a terra
do Egito, somente dois, a saber, Josué e Calebe, entraram na terra prometida.
Por isso a lição devia ser guardada: Não quero, pois, irmãos, que ignoreis
todos os nossos pais estiveram sob a nuvem, e que todos passaram pelo mar.
Paulo fala de modo franco em “nossos pais”, identificando, desta forma, a
igreja do Novo Testamento com o verdadeiro Israel, Rm. 4. 1, 11; 11. 17, 18.
Quando os filhos de Israel deixaram o Egito, a terra de sua servidão, então o
Senhor ia à sua frente durante o dia numa coluna de nuvens para lhes mostrar o
caminho, Ex. 13. 21. E toda a congregação também passou pelo Mar Vermelho como em terra
seca, porque o próprio Senhor fez que a água parasse qual parede de cada lado,
Ex. 14. 22. A presença misericordiosa de Deus os rodeou e acompanhou em cada
passo de sua jornada. Notemos que todos os israelitas, sem qualquer exceção,
escaparam da casa da servidão, que todos eles estiveram incluídos na libertação
maravilhosa pelo Mar Vermelho; mas que, ainda assim, a maioria deles pereceu
depois! Paulo, além disso, afirma que todos eles receberam seu batismo com
respeito a Moisés, tanto na nuvem como no mar. A nuvem e o mar juntos se
tornaram os elementos pelos quais os filhos de Israel foram purificados para o
Senhor, e separados como o povo da promessa. Foi assim que a nuvem e o mar
foram tipos do sacramento do batismo do Novo Testamento. Foram os selos de Deus
e os penhores de Suas promessas misericordiosas, tal como hoje os sacramentos o
são. Deus salvou Seu povo por meio da nuvem e do mar da tirania de Faraó e o
guiou para a liberdade. E Deus, desta forma, resgata pelo batismo a nós do
poder de Satanás e nos transporta ao Seu reino, para sermos para sempre Seus
filhos livres e benditos. Quando o apóstolo diz que os filhos de Israel foram
batizados com respeito a Moisés, ele indica que eles entraram no relacionamento
íntimo ou em comunhão com Moisés, que foi o mediador das manifestações divinas.
Eles assumiram a obrigação de segui-lo fielmente como o líder que Deus lhes
deu, Ex. 14. 31, assim como um cristão batizado em Cristo O faz o grande Líder
de sua vida, Gl. 3. 27. Mas a enumeração das misericórdias de Deus aos
Israelitas de modo algum se esgotou: E todos comeram o mesmo alimento
espiritual, e todos beberam a mesma bebida espiritual. Foi deste modo que suas
vidas foram mantidas. Todos eles comeram alimento espiritual, alimento do céu, maná
dado por Deus para este propósito exclusivo, Ex. 16. 13ss. Não só uma vez, mas
duas, deu-lhes a beber água duma rocha, por meio dum visível milagre do Senhor,
Ex. 17. 1ss; Nm. 20. 2ss.
Tanto alimento como
bebida, contudo, não só tiveram o objetivo para lhes manter a vida física, mas também
para lhes manter a vida espiritual. Neste sentido o alimento e a bebida da
Eucaristia são antítipos, que até mesmo os ultrapassam, do alimento e da bebida
milagrosa de Israel no deserto. Agora, tal como então, é a palavra de Deus que
dá eficácia à refeição, mas com efeito diferente em cristãos e incrédulos. A
água milagrosa é por Moisés (Paulo?) ainda explicada: pois eles beberam, durante
todo o percurso de sua jornada pelo deserto, da Rocha espiritual que os
acompanhou; mas essa Rocha foi Cristo. Enquanto suas bocas participavam da água
que fluía a seus pés, seus espíritos foram refrigerados pela fé em Cristo, que
esteve com eles como a Rocha de sua salvação.
“Isto é, eles creram
no mesmo Cristo, ainda que Ele ainda não aparecera em carne, porém devia aparecer
mais tarde: e o sinal dessa sua fé foi a rocha física, da qual beberam água,
tal como nós comemos e bebemos no pão e vinho físicos sobre o altar
espiritualmente o próprio Cristo, isto é, comendo e bebendo externamente nós
exercitamos nossa fé espiritualmente. Pois se aqueles não tivessem tido a
palavra de Deus e a fé, enquanto bebiam água da rocha, o fato não lhe teria
tido valor para suas almas.”3) Mas, e como o povo retribuiu a maravilhosa
bondade de Deus? Deus, porém, não se agradou da maioria deles, pois ficaram
prostrados no deserto. Por causa da incredulidade e da insensibilidade deles,
Hb. 3. 19 foi provocada o desagrado de Deus, ou seja, Sua ira e indignação.
Deus tiveram
paciência com eles, sempre de novo se voltou para eles, mas não Lhe quiseram conceder
a obediência total que deles exigia, e por isso sobreveio-lhes Seu castigo.
Toda a geração mais velha foi destruída por meio de vários juízos, como Paulo
afirma depois, falhando em alcançar a Terra Prometida, com a única exceção de
Josué e Calebe. “Que espetáculo para os olhos dos coríntios enfatuados: todos
estes corpos, plenamente fartos com o alimento milagroso, espalhados pelo chão
do deserto!” (Godet)
Advertência contra a
corrupção da idolatria e os pecados relacionados: V. 6) Ora, estas coisas se
tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles
cobiçaram. 7) Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; porquanto
está escrito: O povo assentou-se para comer e beber, e levantou-se para
divertir-se. 8) E não pratiquemos imoralidade, como alguns deles o fizeram, e
caíram num só dia vinte e três mil. 9) Não ponhamos o Senhor à prova, como
alguns deles já fizeram, e pereceram pelas mordeduras das serpentes. 10) Nem murmureis
como alguns deles murmuraram, e foram destruídos pelo exterminador. O apóstolo comprova
sua advertência com a referência a certo número de incidentes que aconteceram
no deserto, mostrando a razão porque o desagrado de Deus feriu os filhos de
Israel: Ora, estas coisas, estes juízos, estão registradas nas Escrituras como
tipos ou exemplos de advertência; eles representam o nosso quinhão caso não atendermos
a voz de Deus que ecoou na história do deserto.
Não devemos ser
cobiçosos de coisas más, não devemos ter o desejo ansioso para realizar o que desagrada
ao Senhor, assim como eles também cobiçaram. Recém os israelitas haviam sido
salvos das mãos de Faraó e dos egípcios, quando se desagradaram de sua jornada
pelo deserto e desejaram pelas panelas de carne do Egito, Ex. 16. 3. Sempre de
novo, na medida que continuaram em sua jornada, ergueram suas vozes em
murmuração rebelde e exigiram mais dons da benignidade e bondade do Senhor, Nm.
11. 5-20. Sua revolta, sempre de novo, tomou a forma de pecados especiais de
infidelidade, de ofensas que foram particularmente odiosas aos olhos de Deus.
Agora são enumeradas
algumas das ocasiões que cabem sob este título: E não vos torneis idólatras
como alguns deles, tal como está escrito: O povo sentou-se para comer e beber e
levantou-se para folgar em danças. Este comportamento foi só uma manifestação
externa da apostasia de seus corações, Ex. 32. 18, 19. Propositalmente prepararam
uma refeição sacrificial em honra do bezerro de ouro que Arão fizera por ordem
deles, e deram expressão dos seus sentimentos idólatras por meio do canto e da
dança ao redor do ídolo moldado pelas mãos dum homem. “Foi uma sena de diversão
selvagem e despreocupada, sob tais condições chocante e muito perigosa, a que
Moisés testemunhou quando desceu, trazendo consigo as taboas da lei.”4) Havia,
sem dúvida, também na congregação de Corinto pessoas que tentavam desculpar sua
participação em banquetes nos templos gentios com a alegação de que só tenham
em mente a glória de Deus. Mas pelo próprio fato que se nivelaram com os
deleites gentios, tornaram-se culpados de idolatria. Uma segunda ofensa: Nem
suceda que cometamos fornicação, como alguns deles cometeram fornicação, e num só
dia caíram vinte e três mil, Nm. 25. Seguindo o maldoso conselho de Balaão, Nm.
31. 16, os moabitas e os midianitas convidaram os israelitas para as suas
festas, nas quais era praticada a mais desavergonhada imoralidade em honra aos
seus deuses. O resultado foi uma corrupção e uma contaminação que se espalhou
por todos os filhos de Israel e resultou no castigo de Deus sobre eles, sendo
que vinte e três mil deles foram abatidos num mesmo dia. Nota: Não há qualquer discrepância
entre esta passagem e o texto de Números, visto que Paulo dá expressamente os
dados de um só dia, enquanto que o relato histórico menciona o número total de
mortos. A advertência foi especialmente apropriada no caso dos coríntios, que
estiveram expostos às práticas impudentes ligadas ao culto de Vênus que
ocorriam em sua cidade. Que ninguém deles pensasse que estivesse imune contra
esses vícios imorais, quando deliberadamente participasse com os gentios em
suas festas. E que nenhum dos cristãos de hoje pense que esteja seguro contra
as lisonjas e os estratagemas do mundo, quando tiver a prática de sentar-se nos
lugares onde os pecados da imoralidade são apresentados de forma mais ou menos
oculta.
Um terceira ofensa:
Nem tentemos ao Senhor, como alguns deles tentaram e foram mortos pelas
serpentes, Nm. 21. 5, 6. Quando disseram a respeito do pão que o Senhor lhes
dava diariamente do céu que sua alma odiava este pão fraco, então afrontaram a
Deus e cometeram o pecado da presunção e desafiaram Seu juízo. Sua insatisfação
com o alimento que Deus fornecera se deveu à sua incredulidade, e esta
incredulidade foi punida por meio das serpentes abrasadoras que Deus enviou. O
mesmo pecado, que é o da presunção sobre a paciência e a paciência divina, é cometido
pelos coríntios que não estão satisfeitos com o alimento sólido e nutritivo que
lhes foi dado pela pregação do evangelho, mas insistiam em frequentar os
lugares de idolatria do mundo na esperança de obterem o alimento que serviço
melhor aos seus embotados apetites. Uma conduta como esta é tentar a Cristo e
será devidamente punida. Uma quarta ofensa: Nem concordeis em murmurar, assim
como alguns deles murmuraram, e pereceram pelo destruidor, que foi o anjo do Senhor
que executa as ordens de Deus, 2.Sm. 24. 16; Is. 37. 36. Toda a história da
viagem pelo deserto é de murmuração, mas várias ocasiões se destacam de modo
ainda mais forte, sendo notável a revolta de Core e seus amigos, e a
subsequente revolta de toda a congregação, Nm. 16. Se não fosse por causa da
posição de Moisés naquela ocasião entre os mortos e os vivos, e todo o povo poderia
ter sido varrido da terra. A lição devia ser aplicada em tempo pelos coríntios,
visto estarem dispostos a manifesta oposição contra os mestres que Deus lhes
dera, uma oposição que acertava diretamente ao próprio Senhor. E em nossos
dias só precisamos referir-nos ao geral descontentamento e insatisfação com os
caminhos e o governo de Deus, tanto na igreja como no estado. Chegou a hora de
relembrarmos o que o Senhor diz em Lm. 3. 39.
KRETZMANN.
Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo
Testamento. Editora
Concordia Publishing House.
A Libertação de Israel (10.1-4). Paulo começa dizendo: Ora, irmãos,
não quero que ignoreis (1). A primeira palavra, Ora, pode ser traduzida como
“pois”, mostrando a estreita ligação com o versículo anterior. O apóstolo não
estava falando por meio de vagas abstrações, nem estava simplesmente fornecendo
informações. Ele faz uso de uma estratégia histórica para demonstrar a
realidade de que as atuais bênçãos espirituais podem ser canceladas por causa
de uma autoconfiança exagerada e presunçosa.
1) Todos foram libertos através de um milagre. A frase: Nossos pais
estiveram todos debaixo da nuvem significa que “eles estavam sob a proteção da
presença Divina manifestada pela nuvem”.69 A nuvem era o meio da sua divina
orientação. A expressão verbal estiveram (esan), no modo imperfeito, denota um
estado que continuava e se prolongava. A expressão todos passaram (dielthon)
pelo mar está no tempo aoristo, e indica um ato que se completou.
2) Todos foram batizados. O batismo é, principalmente, um testemunho
público ou uma declaração pessoal de identificação. A afirmação: e todos foram
batizados em Moisés, na nuvem e no mar (2), tem aqui apenas um sentido figurado
porque o povo nem entrou na nuvem, nem mergulhou no mar. Porém, passaram sob
ambos, da mesma maneira que a pessoa batizada é imersa sob a água. Aceitando a
liderança de Moisés, e participando dos eventos que estiveram em torno do
Êxodo, o povo se identificou com ele. Mas a submissão, assim como a
identificação, está envolvida no batismo. “Assim como o batismo produz um
efeito, isto é, submeter o homem à liderança de Cristo, da mesma forma a
participação nos grandes eventos do Êxodo submeteu os israelitas à liderança de
Moisés”.
3) Todos foram sustentados de forma sobrenatural. O maná, que
consistia na dieta básica do povo, era um manjar espiritual (3) porque provinha
de meios espirituais (Êx 16.1-36). Nesse caso, a palavra manjar significa
alimento, e não tem o sentido comum dessa palavra.
A água também era fornecida através de meios sobrenaturais - eles
bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo (4). Essa
afirmação pode ter sido uma alusão ao ato de golpear a pedra para obter água
(Êx 17.6). Entretanto, seria demasiadamente exagerado interpretar esta
referência como uma repetição da lenda judaica de que uma rocha acompanhou os
israelitas ao longo da peregrinação pelo deserto.
A preexistência de Cristo está claramente sugerida, pois “Paulo
entende que Cristo foi a fonte de todas as bênçãos que os israelitas receberam
em sua viagem”. Vine também escreve: “A descrição da rocha como sendo um guia
espiritual que os acompanhava é um distinto testemunho da preexistência de
Cristo”. O Senhor foi assim representado como o Ser Divino que acompanhava o
povo em sua viagem pelo deserto, e Aquele que forneceu os meios para a sua
libertação.
O sentido prático seria óbvio para os coríntios. Cristo habitou entre
o povo de Israel, e realizou milagres únicos e maravilhosos para eles. No
entanto, eles sucumbiram por causa da descrença e do pecado.
O Desastre no Deserto (10.5). Apesar da milagrosa provisão para o seu
povo, Deus foi finalmente forçado a castigá-lo. Por se mostrarem rebeldes e
complacentes Deus não se agradou. Grande parte deles errou. Somente Josué e
Calebe entraram na terra de Canaã (Nm 14.30-32). Todos os outros deixaram de
receber o prêmio, pelo que ficaram prostrados no deserto. O verbo prostrados
significa literalmente “esparramados, espalhados ou dispersos”. O deserto
estava coberto de cadáveres. Estas pessoas desobedientes haviam morrido por
causa do desagrado de Deus. A imagem pictórica do deserto coberto com cadáveres
tinha a finalidade de chocar esses grupos de cristãos presunçosos e
auto-satisfeitos de Corinto.
Um desastre semelhante ameaça os desobedientes (10.6-10). A rejeição e
a punição de Israel foram oferecidos como “exemplos, como lições objetivas para
nós, para nos advertir a não fazermos as mesmas coisas” (11, LL). O exemplo de
Israel era uma advertência sobre o que poderia acontecer aos coríntios se eles
se tornassem muito confiantes, e fizessem um mau uso da sua liberdade. Para se
fazer claro como cristal, Paulo relacionou cinco pecados de Israel que estavam
aparentemente ameaçando a igreja de Corinto.
1) Cobiçar coisas más. A palavra cobiçar (6, epithymia) significa
“desejar” coisas boas ou más. Geralmente, como acontece aqui, ela está
associada a coisas ilícitas ou a um desejo pernicioso. Em seu sentido mais
comum, ela expressa “o motivo da alma (.thymos) em
relação (epi) a alguma coisa que Deus não deu, uma aspiração egoísta e
descontente”. A cobiça dos israelitas está registrada em Números 11.4, onde o
povo expressa um forte desejo pelas coisas que haviam sido deixadas para trás
ao saírem do Egito. A cobiça por estas coisas se devia, em parte, à complexa
natureza das pessoas que não estavam totalmente comprometidas com a forma de
vida ordenada por Moisés. Comentando sobre os resultados de um grupo com
motivos mistos, Vine escreveu: “Se o povo de Deus não trilhasse um caminho de
completa separação, ele inevitavelmente se desviaria, levado por associações
prejudiciais”. A advertência contra os desejos ilícitos era especialmente
relevante para os coríntios. “A história da nação judaica representa um espelho
para toda humanidade”. E ela foi de uma forma especial, um espelho para os
coríntios.
2) Idolatria. Os israelitas ficaram conhecidos por terem se assentado
a comer e a beber (7) na festa idólatra do bezerro de ouro em Horebe.
Associando-se aos pagãos em seus festivais, os israelitas tornaram-se
verdadeiros idólatras. Os coríntios estavam correndo o risco de fazer o mesmo.
Paulo os advertiu contra a corrupção muitas vezes presente nos festivais nos
quais “poderiam estar presentes as paixões mais baixas dos homens - e muitas
vezes elas realmente estavam - e eram liberadas no próprio ato da adoração”.
3) Prostituição. Em seguida o apóstolo adverte: E não nos
prostituamos, como alguns deles fizeram (8). A libertinagem sexual era uma
constante ameaça em Corinto, como foi indicado em 2 Coríntios 12.21, e também
era um perigo constante em Israel. O incidente da prostituição em Israel,
referido aqui, pode ser encontrado em Números 25. Aqueles que foram destruídos
por causa da prostituição são mencionados em 25.9 e chegam a 24.000 pessoas.
Paulo menciona que 23.000 foram destruídos. Ao explicar essa diferença, Vine
escreve: “O Apóstolo pode estar mencionando aqui o resultado imediato, enquanto
o registro feito por Moisés menciona o resultado total”. A lição apresentada
por Paulo é que a indulgência sexual entre pessoas que são espiritualmente
esclarecidas é pior do que entre os pagãos, e causa maior punição.
4) Tentar a Deus. A próxima advertência é: Não tentemos a Cristo (9).
O verbo tentar (ekpeirazo) é uma expressão intensa da forma mais comum peirazo,
e foi usado para sugerir a ideia de desafiar a Deus. “Tentar a Deus é se
esforçar para colocá-lo em teste, para ver quanto durará a sua benignidade”. A
fonte do descontentamento em Corinto era “evidentemente o descontentamento que
eles... [sentiam] por causa da abnegação exigida pela sua chamada cristã”. Eles
estavam tentando a Deus ao levar sua liberdade cristã ao limite em relação às
festas dos ídolos.
Em Números 14.22 os israelitas realmente tentaram a Deus 10 vezes,
“desafiando- o ao abusar da Sua paciência através de uma conduta rebelde e do
pecado”. Por causa da desobediência o povo foi destruído pelas serpentes. Em
nossa dispensação, “as serpentes que destroem os cristãos que estão em uma
situação como esta são os tormentos de uma consciência culpada”.
5) Murmurações e descrença. Murmurar (10) significa “queixar-se” ou
“criticar”. Tal murmuração tem as suas raízes na incredulidade, e representa a
negação da bondade e da misericórdia de Deus”.82 No AT, a maioria das queixas
era dirigida a Moisés e Arão (Nm 14.2,36; 16.11,41). Paulo compara as
murmurações dos coríntios ao lamento dos israelitas. Como murmurar é uma clara
desconfiança da providência de Deus, e a negação da
sua sabedoria e bondade, ela resulta muitas vezes em uma rápida retribuição. O
destruidor neste contexto significa a morte (NT Amp.).
Aplicação à igreja de Corinto (10.11-13). O AT não é simplesmente uma
história de acontecimentos seculares. Ele contém a revelação do relacionamento
de Deus com os homens. Dessa forma, sua história é usada para mostrar um padrão
de comportamento a ser imitado ou evitado. O exemplo de Israel foi escrito para
aviso nosso (11). A palavra aviso significa “colocar na mente” ou “instruir
pela palavra”. Em 2 Timóteo 3.16-17 existe a ideia de uma repreensão ou
correção. Para quem já são chegados os fins dos séculos significa para aquele
que vive na última era do tempo, a dispensação cristã.
A sua aplicação é clara e direta. Aqueles que eram excessivamente
confiantes e egoístas entre os coríntios foram advertidos de que, no exato
momento em que se sentissem mais seguros, poderiam cair (12). O exemplo de
estar de pé e de cair representa um estado de fidelidade e um estado de
desobediência. “A queda dos outros deve nos deixar mais cautelosos a nosso
próprio respeito”.
Paulo ameniza a severidade das suas palavras ao garantir que a
tentação peculiar dos coríntios é humana (13). Nada de novo havia acontecido
aos coríntios; todos os homens experimentam tentações. Portanto, se eles
pecarem, não terão desculpas. Paulo declara também que Deus age firmemente e
sempre concede forças àqueles que confiam nele, e o seguem. Como Alford
escreve: “Ele celebrou uma aliança com você ao lhe chamar: se Ele permitisse
que você sofresse uma tentação além do seu poder de vencê-la... Ele estaria
transgredindo essa aliança”.84 Deus conhece muito bem as circunstâncias que
cercam cada tentação, e vos não deixará tentar acima do que podeis; antes, com
a tentação dará também o escape, para que a possais suportar,
O termo escape (ekbasis) era usado como referência a uma passagem na
montanha. A imagem é de um exército ou de um grupo de viajantes preso nas
montanhas. Eles descobrem uma passagem e o grupo escapa para algum lugar em que
possa estar em segurança. A frase para que a possais suportar indica o poder
sustentador do Espírito Santo, que todos os homens podem receber. A vitória
sobre a tentação será possível através de uma humilde confiança. Porém, ter uma
autoconfiança presunçosa diante da tentação representa uma avenida aberta para
uma derrota certa.
Donald
S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 8. pag. 317-320.
I -
ISRAEL PEREGRINA PELO DESERTO
1. Israel chega a
Mara (Êx 15.23).
Lições do Milagre de
Mara
Diante da murmuração
do povo, Moisés clama a Deus e Ele lhe mostra uma árvore cujo lenho deveria ser
jogado nas águas para a sua purificação, o que ocorre imediatamente (Êx
15.25a). As lições desse episódio são, pelo menos, sete:
1. Águas amargas
levaram o povo à amargura. Portanto, as águas de Mara simbolizam a murmuração,
a amargura e a descrença pelas quais eventualmente seremos tentados em nossa
peregrinação nos desertos desta vida.
2. Esse episódio
ocorreu havia apenas três dias da grandiosa experiência da abertura do Mar
Vermelho. Logo, grandes experiências com Deus podem ser imediatamente sucedidas
por novas provas de fé. 3. O lenho nas águas, purificando-as, simboliza o
madeiro, a cruz de Jesus, que nos resgata das águas amargas para águas
purificadas.
4. A experiência foi
sucedida por uma admoestação e promessa:
“... ali lhes deu
estatutos e uma ordenação, e ali os provou. E disse: Se ouvires atento a voz do
Senhor, teu Deus, e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e inclinares os
teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma
das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque Eu sou o Senhor,
que te sara” (Êx 15.25b,26). Ou seja, Deus nos ensina no deserto a obediência,
e é ali também que Ele promete e manifesta a sua bênção sobre a nossa vida, se
formos fiéis a Ele em meio às provações.
5. No deserto, o
Senhor se revela mais uma vez, e como “O Senhor que te sara”. Aleluia! Nas
nossas provações, Deus quer se revelar de forma nova e poderosa. Ele quer sarar
as nossas enfermidades! Ele cura física e espiritualmente.
6. Ao seguirem para
Elim, que estava logo adiante, encontraram “doze fontes de água e setenta
palmeiras; e ali se acamparam junto às águas” (Ex 15.27). Isto é, logo à
frente, havia sombra e água fresca. A analogia aqui é clara: as águas de Mara
se contrapõem às fontes de Elim. Enquanto as águas de Mara simbolizam amargura,
descrença e murmuração, as águas de Elim simbolizam a provisão plena de Deus
para o seu povo. A grande lição aqui é que tivesse Israel suportado a amargura
das águas de Mara, logo estaria festejando em Elim. A pouca paciência de muitos
crentes embota o fio aguçado da vitória alegre quando esta ocorre.
7. Elim, como
mencionamos de passagem no tópico anterior, fala de provisão plena de Deus. Se
não, vejamos: eram doze fontes para doze tribos, ou seja, uma para cada tribo
de Israel.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 59-60.
MARA
1. O novo nome,
significando "amargura, tristeza, mágoa", que Noemi escolheu para si
ao retornar de Belém, para expressar o amargor de suas experiências em Moabe
(Rt 1.20).
2. Uma fonte de águas
amargas no oásis do deserto de Sur que os israelitas alcançaram três dias após
cruzarem o mar Vermelho (Êx 15.23; Nm 33.8,9). Quando o povo murmurou contra
Moisés, ele jogou uma árvore (ou um lenho) nas águas, e estas se tornaram,
ainda que temporariamente, miraculosamente doces. Na rota tradicional para o
monte Sinai, o oásis de Ain Hawarah, aprox. 75 quilómetros a sudeste de Suez, é
comumente identificado com Mara. Sua fonte fornece água salobra devido aos sais
do solo das terras vizinhas.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 1224.
MARA 1. (ma, amargo).
Local onde os israelitas encontraram água, depois de viajarem três dias pelo
deserto de Sur, após a travessia do Mar Vermelho. A água encontrada ali era
salobra e imprópria para beber, daí o nome Mara, que significa “amargo” (Êx
15.23; Nm 33.8,9). O povo murmurou por causa da condição da água e Deus mostrou
a Moisés um galho de árvore, o qual ele lançou na água, a qual miraculosamente
se tomou potável. O manancial comumente é situado no local da atual ‘ Ain
Hawarah, a 43 km a sudeste de Suez e a cerca de 11 km do Mar Vermelho.
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 4. pag. 98.
No hebraico,
«amargo», Esse foi o nome da sexta parada de Israel, durante suas vagueações
pela península do Sinai, ap6s o êxodo (ver Exo. 15:23,24; Núm. 33:8). As águas
do lugar eram amargosas, o que explica tal locativo, no entanto, miraculosamente, Moisés
tomou-as boas para o consumo humano (por orientação divina), após ter lançado
nelas uma certa árvore.
Acredita-se que a
fonte seja aquela que atualmente se chama 'Ain Hawarah, cerca de setenta e seis
quilômetros a suleste de Suez e cerca de onze quilômetros das margens do mar
Vermelho. Alguns estudiosos identificam-na com Cades. Foi esse o primeiro
acampamento de Israel, depois que atravessaram o mar Vermelho. O povo de Israel
caminhou por três dias deserto de Sur adentro, apôs aquela travessia, até
chegar a Mara.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 4. Editora Hagnos. pag. 117.
Mara: as Águas Amargas
Os versículos finais
deste capítulo mostram-nos Israel no deserto. Até aqui parece que tudo lhes
havia corrido bem. Terríveis juízos haviam caído sobre o Egito, mas Israel fora
perfeitamente excluído; o exército do Egito jazia morto nas praias do mar, mas
Israel estava em triunfo. Tudo isto era bastante; mas, enfim, o aspecto das
coisas depressa mudou! Os hinos de louvor foram depressa substituídos pelas
palavras de descontentamento. "Então, chegaram a Mara; mas não puderam
beber as águas de Mara, porque eram amargas: por isso, chamou-se o seu nome
Mara. E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de bebera (versículos
23 a 24).
"E toda a
congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão no
deserto. E os
filos de Israel disseram-lhes: Quem dera que nós morrêssemos pela mão do SENHOR
na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando
comíamos pão até fartar! Porque nos tendes tirado para este deserto, para matardes
de fome a toda esta multidão (capítulo 16:2-3).
Eis aqui as provações
do deserto. "Que havemos de comera" e "que havemos de bebera"
As águas de Mara puseram à prova o coração de Israel e mostraram o seu espírito
murmurador; mas o Senhor mostrou-lhes que não havia amargura que Ele não
pudesse dulcificar com a provisão da Sua graça: "...e o SENHOR mostrou-lhe
um lenho que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces: ali lhes deu
estatutos e uma ordenação, e ali os provou".
Que formosa figura
d'Aquele que foi, em graça infinita, lançado às águas da morte, para que essas
águas nada mais nos pudessem dar senão doçura, para todo o sempre.
Verdadeiramente,
podemos dizer: "Na verdade já passou a amargura da morte", e nada
mais nos resta senão as doçuras eternas da ressurreição.
O versículo 26 põe
diante de nós o caráter importante desta primeira etapa dos remidos de Deus no
deserto. Encontramo-nos em grande perigo, nesta hora, de cair num espírito mal
disposto, impaciente de murmuração. O único remédio contra este mal é conservarmos
os olhos postos em Jesus —"olhando para Jesus" (Hb 12:2). Bendito
seja o Seu nome, Ele sempre Se mostra à altura das necessidades do Seu povo; e
eles, em vez de se queixarem das suas circunstâncias, deviam fazer delas o
motivo de se aproximarem mais d'Ele. É assim que o deserto se torna útil para
nos ensinar o que Deus é. É uma escola na qual aprendemos a conhecer a Sua
graça constante e os Seus amplos recursos. "E suportou os seus costumes no
deserto por espaço de quase quarenta anos" (At 13:18).
O homem espiritual
reconhecerá sempre que vale a pena ter águas amargas para Deus as
dulcificar:".. .também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a
tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência, e a experiência, a
esperança" (Rm 5:3 -5).
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 15.23 Chegaram a
Mara. Poços e fontes de água salobra são frequentes nas regiões desérticas. Os
israelitas, ao encontrarem água imprópria para uso humano, chamaram-na de
“amarga”, significado da palavra hebraica Mara. “O extremo amargor do gosto da
água das fontes da extremidade sul do deserto de Sur é confirmado por todos os
que por ali viajam. Há diversas dessas fontes. Aquela que modernamente se chama
de Ain Howqrah é a mais copiosa, e não de águas tão amargas como as outras”
(Ellicott, in loc).
Essa foi a sexta
parada de Israel, durante suas vagueações pela península do Sinai, depois do
êxodo (Êxo. 15.23,24; Núm. 33.8). As águas do lugar eram amargosas, o que
explica tal locativo. No entanto, miraculosamente, Moisés tornou-as boas para o
consumo humano (por orientação divina), após ter lançado nelas certa árvore.
Acredita-se que a fonte seja aquela que atualmente se chama ‘Ain Howqrah, a
cerca de setenta e seis quilômetros a sudeste de Suez e a cerca de onze
quilômetros das margens do mar Vermelho. Alguns estudiosos identificam-na com
Cades. Foi esse o primeiro acampamento de Israel, depois que atravessaram o mar
Vermelho (ou melhor, o mar de Juncos). O povo de Israel caminhou por três dias,
deserto de Sur adentro, apôs aquela travessia, até chegar a Mara. Alguns
estudiosos não creem ser possível uma identificação exata dessa localidade.
Tipologia. “Essas
águas amargas ficavam bem no caminho por onde o Senhor estava conduzindo
Israel, e representam as provações que o povo de Deus precisa enfrentar,
provações essas que são didáticas, e não punitivas. A árvore simboliza a cruz
(Gál. 3.13), que se tornou doce para Cristo, como expressão da vontade do Pai
(João 18.11). Quando aceitamos nossas maras com a atitude Dele, lançamos a
árvore em nossas águas (Rom. 5.3,4)” (Scofield Reference Bible, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 370.
Êx 15.23. Mara. Ao
contrário de muitas etimologias no Velho Testamento, esta não se trata de mero
trocadilho baseado em semelhança fonética, pois “marah” poderia realmente
significar“ amarga” ou “ amargura” , caso se trate de uma raiz semítica. A
palavra “mirra” parece derivar da mesma raiz, com referência ao seu forte
aroma. Muitos oásis do deserto recebem seus nomes por causa de poços, fontes e
pequenas lagoas, já que a água em sua característica essencial é comum. A fonte
em questão aqui é provavelmente a atual ‘Ain Hawarah. Chamou-se lhe. A vaga
terceira pessoa do singular (literalmente, ele chamou o seu nome) não se
refere, necessariamente, a Moisés, podendo ser encarada (como o fez a SBB) como
uma construção impessoal, de acordo com a expressão idiomática tipicamente
semita. Isto significa que o nome poderia ter existido muito antes da passagem
de Israel por ali. A maioria dos poços artesianos produz água amarga e de gosto
desagradável devido à presença de sais minerais.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 124.
Os israelitas andaram
três dias no deserto (a leste do mar Vermelho) e não acharam água (22). A fé do
povo precisava de mais provas. Uma grande vitória como a travessia do mar
Vermelho proporcionou uma visão maravilhosa da onipotência de Deus; mas não treinou
a fé para os problemas cotidianos. A necessidade diária de comida e bebida
prova a fé do povo mais que os obstáculos maiores. Mas Deus estava treinando
seu povo em todos os aspectos da vida, por isso os levou às águas amargas de
Mara (23; ver Mapa 3). Imagine a comovente decepção de pessoas sedentas
encontrando água e verificando que era impotável. Viajantes nesta região do
deserto de Sur (ou de Etã, Nm 33.8) confirmam que as fontes são extremamente
amargas, que o lugar é “destituído de árvores, água e, exceto no começo de
primavera, pastagens”
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 1. pag. 174-175.
As
Murmurações do Povo
"E PARTIDOS de
Elim, toda a congregação dos filhos de Israel veio ao deserto de Sim, que está
entre Elim e Sinai, aos quinze dias do mês segundo, depois que saíram da terra
do Egito". Vemos aqui Israel numa posição notável e muito interessante. É
ainda o deserto, sem dúvida, mas é um lugar de paragem muito importante e
significativo, a saber, "entre Elim e Sinai". Aquele era o lugar onde
haviam recentemente provado as águas refrescantes do ministério divino; este
era o lugar onde eles deixaram o terreno da graça soberana e se colocaram
debaixo do concerto das obras. Estes fatos tornam "o deserto de
Sinai" uma parte particularmente interessante da jornada de Israel. O Seu
aspecto e influência são acentuados grandemente como qualquer outro ponto em
toda a sua história. Vemo-los aqui como os objetos da mesma graça que os havia
tirado da terra do Egito, e, portanto, todas as suas murmurações são
imediatamente atendidas por suprimento divino. Quando Deus opera na manifestação
da Sua graça não há impedimento. As bênçãos que Ele derrama correm sem interrupção.
E só quando o homem se coloca debaixo da lei que perde tudo; porque então Deus
tem de permitir que ele se certifique de quanto pode exigir com base nas suas
próprias obras.
Quando Deus visitou e
redimiu o Seu povo e os tirou da terra do Egito, não foi, certamente, com o
propósito de os deixar morrer de fome e de sede no deserto. Eles deviam saber
isto. Deviam ter confiado n'Ele e andado na confiança daquele amor que os havia
libertado gloriosamente dos horrores da escravidão do Egito. Deviam ter
recordado que era infinitamente melhor estar com Deus no deserto do que nos
fornos de tijolo com Faraó. Mas não; o coração humano acha uma coisa muito
difícil dar crédito a Deus pelo seu amor puro e perfeito: tem muito mais
confiança em Satanás do que em Deus. Vede, por um momento, toda a dor e
sofrimento, a miséria e degradação que o homem tem sofrido por causa de ter dado
ouvidos à voz de Satanás, e contudo nunca tem uma palavra de queixa quanto ao
seu serviço ou desejo de se libertar das suas mãos. Não está descontente com
Satanás nem cansado de o servir. Colhe repetidas vezes os frutos amargos nesses
campos que Satanás tem aberto de si; e, todavia, pode ser visto repetidas vezes
a semear a mesmíssima semente e a passar pelos mesmos trabalhos. Mas como é
diferente quando se trata de Deus! Quando nos dispomos a andar nos Seus caminhos,
estamos prontos, à primeira aparência de dificuldades ou provações, a murmurar
e a rebelarmo-nos. Na verdade, não há nada em que tanto falhamos como no
desenvolvimento de um espírito confiante e agradecido. Esquecemos facilmente
dez mil bênçãos na presença de uma simples privação. Os nossos pecados foram
todos perdoados, "fomos aceites no amado"(Ef 1:6) efeitos herdeiros e
co-herdeiros com Cristo—esperamos a glória eterna; e além de tudo mais, o nosso
caminho através do deserto está coberto de misericórdias inumeráveis; e todavia
deixai que uma nuvem, apenas como palma da mão de um homem, apareça no
horizonte, e as ricas misericórdias do passado são por nós prontamente esquecidas
avista desta pequena nuvem, que, afinal, pode muito vem desfazer-se em bênçãos sobre
a nossa cabeça. Este pensamento deveria humilhar-nos profundamente diante de
Deus. Como somos diferentes nisto, e em tudo mais, do nosso bendito Modelo!
Vede-O—o verdadeiro Israel no deserto—rodeado de feras e jejuando durante
quarenta dias. Como Se conduziu Ele? Murmurou1?- Queixou-Se da Sua sorte?-
Desejou achar-Se noutras circunstâncias1? Ah! não.
Deus era a porção do
Seu cálice e a parte da Sua herança (SI 16). E, portanto, quando o vida, Ele recusou-os
e manteve firmemente a posição de absoluta dependência de Deus e implícita
obediência à Sua palavra. Só aceitaria do mesmo modo o pão e a glória das mãos
de Deus.
Como foi tão
diferente com Israel segundo a carne! Tão depressa sentiu o sofrimento da fome
"Murmurou contra Moisés e contra Arão, no deserto" (versículo 2).
Parece que haviam perdido a compreensão de haverem sido libertados pela mão do
Senhor, porque disseram:"... porque nos tendes tirado para este
desertou" E também no capítulo 17:3, lemos: "...o povo murmurou
contra Moisés, e disse: porque nos fizeste subir do Egito, para nos matares de
sede, a nós, e aos nossos filhos, e ao nosso gado?" Assim, eles
manifestaram em todas as ocasiões um espírito irritado e de queixume, e
mostraram quão pouco realizavam a presença do seu Poderoso e infinitamente
gracioso Libertador.
Ora, não há nada que
tanto desonre a Deus como um espírito murmurador por parte daqueles dos que Lhe
pertencem. O apóstolo apresenta como característico especial da corrupção dos
gentios que, "...tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem
lhe deram graças" (Rm 1:21). E então segue-se o resultado prático deste
espírito ingrato, "antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu
coração insensato se obscureceu". Aquele que deixa de reter um sentido
grato da bondade de Deus tornar-se-á rapidamente "entenebrecido".
Assim Israel perdeu o sentido de estar nas mãos de Deus; e isto levou-os, como
podia esperar-se, a trevas mais espessas, visto que os encontramos, mais tarde
na sua história, dizendo: "Porque nos traz o SENHOR a esta terra, para
cairmos a espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por
presa"?" (Nm 14:3). Tal é a atitude que a alma que não está em
comunhão toma. Começa por perder a noção de estar nas mãos de Deus para seu
bem, e, termina por se julgar nas Suas mãos para seu mal. Que triste progresso!
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 16.7,8 Pela manhã.
A glória do Senhor haveria de manifestar-se mediante a provi são de maná. À
tarde, aquela mesma glória haveria de evidenciar-se por meio da provisão das
codornizes, tal como os israelitas dispunham da coluna de nuvem durante o dia,
a fim de guiá-los, e da coluna de fogo, durante a noite, com o mesmo propósito,
provendo-lhes calor e iluminação.
As vossas murmurações.
Os milagres da manhã e da tarde mostrariam o que as murmurações de Israel
significavam: uma ofensa contra Yahweh, uma demonstração de incredulidade
quanto ao Seu poder e quanto às Suas promessas. Em segundo lugar, eram
ofendidos Moisés e Arão. Ver as notas sobre essas murmurações em Êxo. 14.10.
Essas murmurações tornaram-se um tema secundário dos livros de Êxodo e Números,
porquanto demonstravam que a fé dos israelitas estava debilitando-se. Todas as
necessidades dos filhos de Israel eram supridas de maneira “bondosa, abundante,
maravilhosa... da parte de um Deus gracioso e misericordioso” (John Gill, b
loc).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 373.
Êx 16.7. Israel haveria de ver a glória de YH
W H em Seus atos salvadores. Em outros lugares a glória de Deus aparece
fisicamente manifesta sobre a tenda da congregação, ou na nuvem (16:10).
Êx 16.8. Carne para comer... pão que vos
farte. Duas provisões distintas são mencionadas juntas aqui: pão (maná) e carne
(codornizes), embora pouca ênfase seja dada às aves nesta passagem. Ver Números
11:31 onde há o relato de nova provisão de codornizes que parece ter acontecido
depois da entrega da lei no Sinai (não antes, como aqui), e que foi seguida por
uma praga.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 126.
2. Rumo ao Sinai (Êx
16.1).
Mais Provisão no
Deserto
Após Elim, o povo
seguiu ainda mais ao sul, pelo Deserto de Sim (Ex 16.1), situado aos pés do
planalto do Sinai. Ou seja, esse deserto ficava entre Elim e o Sinai, e foi
onde os israelitas vivenciaram pela primeira vez o milagre do maná e onde se
maravilharam com o milagre das codornizes (Êx 16.1-21). Segundo R. K. Harrison,
“este local é hoje identificado como Debbet er-Ramleh, uma região arenosa que
se estende abaixo de Jebel et-Tih na região sudoeste da Península do Sinai,
embora tenha sido sugerida uma outra localização situada na planície costeira
de El-Markhah”.4
Como destacam as
notas da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “o Deserto de Sim era um ambiente
vasto e hostil, no qual só havia areia e pedra. Esse espaço estéril proveu o
lugar perfeito para Deus testar e formar o caráter do seu povo”,5 que era muito
instável, inclinado ao erro, com mentalidade ainda do tempo de escravos do Egito e,
não poucas vezes, se mostrando obstinados em seus erros.
Em Deuteronômio
9.4,5, Deus diz ao povo:
Quando, pois, o
Senhor, teu Deus, os lançar fora [os cananeus], de diante de ti, não fales no
teu coração, dizendo: Por causa da minha justiça é que o Senhor me trouxe a
esta terra para a possuir, porque, pela impiedade destas nações, é que o Senhor
as lança fora, de diante de ti. Não é por causa da tua justiça, nem pela
retidão do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas, pela impiedade
destas nações [os cananeus], o Senhor, teu Deus, as lança fora, de diante de
ti; e pra confirmar a palavra que o Senhor, teu Deus, jurou a teus pais,
Abraão, Isaque e Jacó.
Ou seja, não é porque
os israelitas eram justos que iriam entrar na terra de Canaã, mas porque os
moradores dessa terra eram muito ímpios, e Deus queria usar Israel para
julgá-los. E era também porque Ele prometera aquela terra a Abraão, a Isaque e
a Jacó visando ao seu plano salvífico para a humanidade por meio de Cristo.
Enfim, o povo de
Israel não era fácil, mas Deus amava os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó,
e queria tratá-los, burilá-los, prová-los, aperfeiçoá-los por meio das
provações no deserto para que pudessem ter forjado o caráter que Deus desejava
para ele como seu povo. Esse processo, por causa da dureza do coração do povo,
acabou durando muito tempo: quarenta anos.
Foi Deus quem os
guiou ao deserto. Lembremo-nos de que o povo se dirigiu por esse caminho porque
Deus, desde a saída do povo do Egito, expressamente determinou que não
seguissem “o caminho dos filisteus”, que ficava ao norte (Ex 13.17).
Isso significa que
mesmo quando seguimos o caminho que Deus estabelece para a nossa vida,
enfrentamos provações, mas para o nosso próprio bem, porque “todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados
por seu decreto” (Rm 8.28); mas, por outro lado, também significa que Deus
estará conosco em todos os momentos difíceis, protegendo-nos e enviando-nos o
maná diário, isto é, suprindo cotidianamente as nossas necessidades. Diz o
texto bíblico que “comeram os filhos de Israel maná quarenta anos, até que
entraram em terra habitada; comeram maná até que chegaram aos termos da terra
de Canaã” (Êx 16.35).
Ou seja, enquanto
houver deserto, não vai faltar maná! O maná só para quando adentrarmos a Terra
Prometida.
O maná era como
pequenos flocos que amanheciam todas as manhãs caídos ao chão do arraial dos
hebreus. Ele era “branco”, “como semente de coentro” e “o seu sabor era como
bolos de mel” (Ex 16.31).
Chovia “pão dos céus”
todos os dias para alimentar o povo (Ex 16.4). O maná representava Cristo, que
é o “pão vivo que desceu do céu” (Jo 6.51). Um detalhe interessante é que não
adiantava fazer estoque de maná, porque, no dia seguinte, o maná estocado
apodrecia (Ex 16.19,20). Era preciso todo dia sair ao arraial para pegar maná
fresco. Isso nos fala da necessidade que temos de todos os dias nos
abastecermos na presença de Deus. Não basta buscar a Deus um único dia para
valer por uma semana. E preciso buscar a Deus todos os dias da semana para
podermos enfrentar as tentações e adversidades diárias que nos sobrevenham
durante toda a semana.
Ainda mais ao sul, já
em Refidim, os israelitas vivenciaram o milagre da água que saiu da rocha e
batalharam contra os amalequitas (Ex 17.1-
16). Foi após essa
batalha que o sogro de Moisés, Jetro, trouxe finalmente a sua filha, esposa de
Moisés, com seus dois netos para o genro, e congratulou-se com ele pelo que o
Senhor tinha feito, tirando o povo de Israel do Egito (Êx 18.1-12). Além disso,
Jetro, sob a inspiração divina, deu conselhos importantes a Moisés (Êx
18.13-27).
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 60-62.
Elim: Doze Fontes e Setenta Palmeiras
Todavia, o deserto
tem os seus Elins bem como os seus Maras; as suas fontes e palmeiras, bem como
as suas águas amargas. "Então, vieram a Elim, e havia ali doze fontes de água
e setenta palmeiras; e ali se acamparam junto das águas (versículo 27).
O Senhor graciosa e
ternamente prepara verdes lugares no deserto para o Seu povo; e embora sejam,
quanto muito, oásis, refrescam, todavia, o espírito e animam o coração. A permanência
temporária em Elim era evidentemente calculada para tranquilizar os corações do
povo e fazer cessar as suas murmurações. A sombra agradável das suas palmeiras
e as águas refrescantes das suas fontes vieram muito a propósito, depois da
provação de Mara, e realçam à nossa vista as virtudes preciosas daquele
ministério espiritual que Deus provê para o Seu povo no mundo. Os números
"doze" e "setenta" estão intimamente ligados com o ministério.
Mas Elim não era
Canaã As fontes e as palmeiras eram apenas um antegozo desse país ditoso que
estava situado para lá dos limites do deserto estéril, no qual os remidos
acabavam de entrar. Davam refrigério, sem dúvida, mas era refrigério do
deserto: era apenas momentâneo, destinado em graça, a animar os espíritos
deprimidos e a dar-lhes vigor para a sua marcha para Canaã. Assim é, como
sabemos, com o ministério na Igreja; é um suprimento gracioso para as nossas
necessidades, destinado a refrescar, fortalecer e encorajar os nossos corações
"até que todos cheguemos à medida da estatura completa de Cristo" (Ef
4:13).
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 16.1 Partiram de
Elim. Ver sobre esse lugar em Êxo. 15.27.
A congregação dos
filhos de Israel. Ver sobre essa expressão em Êxo. 12.3,6,19,47; 16.1,2,9,10,22;
17.1; 27.21; 28.43; 29.4,10,11,30,32,42,44 etc. A nação inteira, por meio de
suas tribos, organizadas como se fossem uma congregação, está em vista. Era uma
comunidade religiosa que se preparava para tornar-se uma nação teocrática.
Deserto de Sim. Ver
no Dicionário 0 verbete sobre essa localidade. Dezenove desertos diferentes são
mencionados no Antigo Testamento; e esse é um deles. Os estudiosos não
concordam quanto à sua localização exata.
Aos quinze dias do
segundo mês. O ano religioso começava no mês de abibe (mais tarde chamado
nisã). Ver Êxo. 13.4; 23.15; 34.18. O segundo mês era chamado ijar,
correspondente aos nossos meses de abril-maio, e falava sobre a beleza das
flores da primavera. Israel saiu do Egito no décimo quinto dia do mês de nisã
(abibe) e agora já era 0 décimo quinto dia do mês de ijar. Portanto, um mês
tinha-se passado, desde que Israel saíra do Egito.
Êx 16.2 Toda a
congregação dos filhos de Israel murmurou. Parece que Isso acontecia
periodicamente, a ponto de tornar-se um dos temas secundários dos livros de
Êxodo e Números. Ver as notas a respeito em Êxo. 14.11. Dou ali uma lista de
referências à questão.
O Targum de Jonathan
informa-nos que a massa que Israel tinha trazido do Egito agora se acabara,
causando falta de suprimentos de boca. “É comum que, quando as coisas não andem
tão bem quanto se deseja, as pessoas, na igreja ou no estado, murmurem contra
seus governantes, eclesiásticos ou civis, lançando contra eles toda a culpa”
(John Gill, in loc.).
Até este ponto, já
vimos três casos de murmuração: 1. O de Pi-Hairote, quando 0 terrível exército
egípcio ameaçava a existência do povo de Israel (Êxo. 14.11,12). 2. O de Mara,
quando terminou o suprimento de água e as águas do lugar eram amargosas (Êxo.
15.24). 3. O do deserto de Sim, 0 texto presente, quando terminou 0 suprimento
de alimentos. “Aqueles pobres hebreus eram tanto escravos quanto pecadores, e
eram capazes dos atos mais maldosos e desgraçados” (Adam Clarke, in loc.). Êx 16.3
Morrido pela mão do Senhor. Devemos pensar aqui em morte natural, por motivo de
idade avançada. Mas é possível que eles estivessem aludindo às pragas que
devastaram o Egito, causando imensas perdas de vidas humanas. Neste caso, a
queixa era deveras amarga. Eles preferiam ter morrido sob o castigo de Yahweh
do que morrer de fome no deserto. A queixa era particularmente estúpida porque,
havendo todos aqueles animais entre eles, eles poderiam tê-los sacrificado para
servirem de alimento. Não havia perigo de morrerem de inanição, apesar do fato
de que não havia mais farinha de trigo.
Panelas de carne.
Embora escravos, no Egito tinham tido muita comida para consumir, para nada
dizermos sobre os acepipes que eles poderiam preparar por si mesmos. “Os
murmuradores vagabundos preferiam o alimento condimentado das panelas de carne
do Egito à liberdade precária no deserto” (Oxford Annotated Bible, in loc.).
O trecho de Números
11.5 dá-nos alguma ideia da variedade de alimentos de que Israel tinha
desfrutado no Egito, muita verdura e boa variedade de carnes, além de muitas
frutas.
“A falta de pão fez 0
povo de Israel esquecer-se de sua terrível sorte no Egito, fazendo-os pensar
apenas na comida que tinham, e assim porem em dúvida os motivos verdadeiros de
seu líder" (John D. Hannah, in loc).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 372.
Êx 16.1. Aos quinze
dias do segundo mês indica um intervalo de um mês desde sua partida do Egito,
se a partida se deu no décimo quinto dia do primeiro mês (12:6,31).
O deserto de Sim.
Pode haver uma ligação linguística entre Sim e Sinai, o monte sagrado. O
contexto, todavia, deixa claro que não se trata do mesmo lugar. O deserto de
Zim (a primeira consoante hebraica é diferente) não deve ser confundido, pois
fica cerca de trezentos quilômetros ao norte.
Êx 16.3. Na terra do
Egito. Já se haviam esquecido da escravidão do Egito, e agora idealizavam o
pouco que de bom havia, como é tão comum acontecer. Escravos não costumam comer
muita carne, mas aqui as panelas de carne são proeminentes em suas lembranças.
Mais tarde irão recordar os alhos picantes e os doces melões do delta do Nilo
(Nm 11:5). A presente reclamação parece ser dupla: não há comida suficiente e,
em particular, não há carne. Como qualquer sociedade pastoril, os israelitas
detestavam sacrificar seus próprios animais (cf Nm 11:22), que era a única
alternativa a uma dieta de leite e queijo em sua jornada pelo deserto. Note
como imediatamente o povo atribui a Moisés os motivos mais sórdidos: em sua
opinião, ele os colocara deliberadamente naquela situação.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 125-126.
Outra murmuração de
Israel (16.1-3). Israel deveria ter aceitado os “estatutos” de Deus e crido em
sua “ordenação” (15.25). O fato de não terem agido assim resultou em mais
reclamações. Tinham deixado para trás um deserto (Sur) e entrado em outro (Sim)
a caminho do monte Sinai e já fazia um mês que viajavam (1). Pelo visto, o
suprimento de comida estava diminuindo e não havia evidência externa de novas
provisões. Deus permitiu que o problema surgisse como prova para a fé de
Israel. Mas o povo murmurou contra Moisés e contra Arão (2), desejando ter
morrido no Egito com os estômagos cheios em vez de morrer de fome no deserto
(3). Parece que comiam bem no Egito, e agora as coisas estavam piores. Claro
que o alimento é necessário para a vida física, mas Deus não esquecera do povo.
Ele teria suprido as necessidades de maneira mais satisfatória se Israel
tivesse permanecido pacientemente firme na fé.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 175.
Êx 19.1 Foram
necessários três meses para que Israel chegasse ao Sinai, depois de haver
escapado da servidão no Egito. Na ocasião, um grande acontecimento esperava por
eles, o pacto sinaltico. Ver no Dicionário 0 artigo com esse título. Comentei
exaustivamente sobre essas questões na introdução a este capítulo.
No terceiro mês. Ou
seja, no terceiro mês do calendário religioso, que tinha início na páscoa, no
mês de abibe (nisã). Ver Êxo. 13.4. Entre os israelitas também havia um
calendário civil. O terceiro mês do calendário religioso chamava-se sivã,
correspondente ao nosso mês de maio.
O Targum de Jonathan
diz que a chegada de Israel ao Sinai ocorreu quarenta e cinco dias depois da
partida do Egito, presumivelmente cinco dias antes da lei ter sido dada, ou
seja, no sexto dia do mês de sivã. No primeiro dia desse mês, eles chegaram ao
Sinai, e ali acamparam-se. No dia seguinte, Moisés subiu ao monte em sua
entrevista com Yahweh ou com Sua teofania. No terceiro dia, ele reuniu os
anciãos do povo (vs. 7), e lhes declarou as palavras de Deus. Três dias mais
tarde, que foi 0 sexto dia do mês de sivã, foi dada a lei aos anciãos do povo,
e, deles, para todos os israelitas. A exatidão desses cálculos, porém,
dificilmente pode ser averiguada.
Êx19.2 O autor sacro
oferece aqui uma pequena digressão a fim de lembrar-nos os movimentos de Israel
após a partida de Refidim (Êxo. 17.1) para 0 Sinai. O Sinai foi um dos pontos
de parada, onde Israel deveria permanecer por onze meses e seis dias, conforme
mostrei no primeiro parágrafo da introdução a este capítulo.
A identidade do monte
aparece como lugar bem conhecido, ou, pelo menos, identificado com alguma
precisão, quando Moisés escreveu o relato. Mas para nós a localização exata
está perdida para sempre, embora haja um bom número de conjecturas, as quais
discuto no artigo sobre o assunto (no Dicionário). Foi ali, ou bem perto dali
(em Horebe; ver no Dicionário), que Moisés recebeu seu sinal e comissão
originais (Êxo. 3.12). Fica entendido que Yahweh se manifestava ali de maneira
especial, tal como os gregos pensavam que o Olimpo era a residência de deuses.
Assim, Moisés subiu ao monte cheio de expectativa, em busca de uma entrevista
com o Senhor. O autor liga a cena da sarça ardente (cap. 3) com a cena deste
capítulo. Chegara o momento de outra grande revelação.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 383.
1. No terceiro mês. “
Na terceira lua nova” é uma tradução possível e preferível à vaga expressão “
no terceiro mês” (SBB), em vista da expressão “ naquele dia” (“ no primeiro
dia” — SBB), logo a seguir. Ver Hyatt em relação a uma possível conexão entre a
doação da lei e a festa de Pentecostes.
2. Vieram ao deserto
de Sinai. A palavra convencionalmente traduzida “ deserto” não tem a conotação
de uma região arenosa e árida; a palavra mais apropriada em português seria “
sertão” , região de pastagens ainda não ocupada pelo homem. Este versículo
deixa claro que a estepe
do Sinai ficava diretamente defronte ao monte e a pouca distância de Refidim,
com a “ estepe de Sim” já bem distante (17:1). O monte Sinai propriamente dito
pode ser identificado com Gebel Müsa, Gebel Serbãl ou õebel Katarina, três
imponentes picos da região próxima.
Uma interpretação
detalhada da topografia depende da localização escolhida para o monte.
Acolhemos aqui a opinião tradicional de que òebel Müsa é a montanha em questão
mas nenhum detalhe teológico depende da identificação exata, que pode não ter
sido clara para os israelitas de tempos mais recentes.
Mais penetrante é a
questão de o Sinai ficar ou não ao sul da península. Alguns estudiosos o
localizam quer próximo a Cades-Barnéia a nordeste, ou em algum ponto da moderna
Arábia, a leste do golfo de Aqaba. Os que preferem situar Sinai próximo a
Cades-Barnéia o fazem porque consideram que as histórias narradas a esta altura
de Êxodo pertencem á região de Cades (água extraída da rocha; codornizes; o
conselho de Jetro). Certamente acontecimentos semelhantes aparecem em Números,
relacionados à região de Cades. Rothenberg menciona a possibilidade de
Gebel-el-Halal, uma montanha mais baixa no “ caminho de Sur” , uma estrada bem
movimentada entre o Egito e Cades. Outros sugerem um pico nas montanhas de Edom
(Seir) a leste de Cades, na área da estepe de Parã. Citam, para apoiar sua
escolha, passagens poéticas em que Deus aparece vindo de Parã ou Edom para
ajudar Seu povo (Hc 3:3). Naturalmente, “ Parã” pode ser a “ Parã” mencionada por
Eusébio, o atual oásis de Feiran próximo a Refidim, em cujo caso Habacuque
estaria se referindo ao Monte Sinai. Edom fica em linha reta entre Gebel Müsa e
Judá de modo que na visão do profeta Deus forçosamente teria de passar por
sobre Edom. Uma objeção mais séria é que esta localização do Sinai ao norte da
península, transforma em verdadeiro absurdo os detalhados itinerários de Êxodo
e Números, onde Cades é atingida depois do Sinai, e fica a considerável
distância do monte. Deuteronômio 1:2 afirma claramente que “ Horebe” e Cades
ficavam a onze dias de viagem um do outro. Além do mais, nenhuma destas
montanhas ao norte possui o impressionante isolamento dos três picos ao sul já
sugeridos na área do Sinai.
A localização do
Sinai a leste do golfo de Aqaba depende da dupla crença de que o Sinai da
revelação divina deve ter sido um vulcão ativo na ocasião (talvez próximo a
Tebuk, conforme sugerido por Noth), a julgar pela descrição das manifestações
que acompanharam a teofania, e, em segundo lugar, de que o monte ficava no
centro da região midianita, que certamente ficava naquela região.
Comentaristas, entretanto, ressaltam que é altamente improvável que tal grupo
nômade jamais se deixasse persuadir a permanecer tão próximo a um vulcão em
erupção.
Seja qual for o caso,
a descrição da teofania no Sinai não tem de se referir a um vulcão ativo
(embora certos detalhes possam ter sido emprestados de uma erupção vulcânica,
em sentido simbólico) e 18:5 indica que Jetro teve de fazer uma longa viagem
para atingir o Sinai. Além do mais, situar o Sinai a leste do golfo de Aqaba
também implica em invalidar o cuidadoso itinerário (embora não tão
completamente quanto a hipótese de Cades). Por estas razões, portanto, a
localização tradicional do monte Sinai é aqui aceita como pelo menos
aproximadamente correta. (Para maiores detalhes ver o apêndice em Hyatt, pg.
203.)
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 137-139.
Cristo: O Pão Vivo que Desceu do Céu
Este é o nosso
alimento nesta peregrinação—Cristo apresentado pelo ministério do Espírito
Santo através das Escrituras; enquanto que, para nosso refrigério espiritual, o
Espírito Santo veio, como o fruto precioso da Rocha ferida — Cristo, que foi
ferido por nós. Tal é a nossa parte neste mundo.
Ora, é evidente que,
a fim de podermos desfrutar uma parte como esta, os nossos corações devem estar
separados de tudo neste presente século mau— de tudo aquilo que poderia
despertar a nossa cobiça como aqueles que vivem na carne. Um coração mundano e carnal
não encontra Cristo nas Escrituras nem poderá apreciá-Lo, se o encontrar. O
maná era tão puro e mimoso que não podia suportar contato com a terra. Por
isso, descia sobre o orvalho (veja-se Nm 1:9) e tinha de ser recolhido antes de
o sol se elevar. Cada um, portanto, devia levantar-se cedo e recolher a sua
parte. O mesmo acontece com o povo de Deus agora: o maná celestial tem de ser
colhido todas as manhãs. O maná de ontem não serve para hoje nem o de hoje para
amanhã. Devemo-nos alimentar de Cristo cada dia que passa, com novas energias
do Espírito, de contrário deixaremos de crescer. Ademais, devemos fazer de
Cristo o nosso primeiro objetivo. Devemos buscá-lo "cedo", antes de
"outras coisas" terem tempo de se apoderar dos nossos pobres
corações. E nisto que muitos de nós, enfim, falhamos! Damos um segundo lugar a
Cristo, e como consequência ficamos fracos e estéreis. O inimigo, sempre vigilante,
aproveita-se da nossa indolência espiritual para nos roubar a bem-aventurança e
as forças que recebemos nutrindo-nos de Cristo. A nova vida no crente só pode
ser alimentada e mantida por Cristo. "Assim como o Pai, que vive, me
enviou, e eu vivo pelo Pai, assim quem de mim se alimenta também viverá por
mim" (Jo 6:57).
A graça do Senhor
Jesus Cristo, como Aquele que desceu do céu, para ser o alimento do Seu povo, é
inefavelmente preciosa para a alma renovada; porém, a fim de poder apreciá-Lo desta
forma, devemos compreender que estamos no deserto, separados para Deus, no
poder de uma redenção efetuada. Se ando com Deus através do deserto, estarei
satisfeito com o alimento que Ele me dá, e este é Cristo, como Aquele que
desceu do céu. "O trigo da terra" de Canaã, "do ano
antecedente" (Js 5:11) tem o seu antítipo em Cristo elevado às alturas e assentado
na glória. Como tal, Ele é o próprio alimento daqueles que, pela fé, sabem que
estão ressuscitados e assentados juntamente com Ele nos lugares celestiais.
Porém, o maná, isto é, Cristo como Aquele que desce do céu, é o sustento para o
povo de Deus, na sua vida e experiências do deserto. Como um povo estrangeiro
no mundo, necessitamos de um Cristo que também aqui viveu como estrangeiro;
como povo assentado nos lugares celestiais, temos um Cristo que também ali está
assentado. Isto poderá explicar a diferença que existe entre o maná e o trigo
da terra do ano antecedente. Não se trata da redenção, pois que esta já a temos
no sangue da cruz, e ali somente; mas simplesmente da provisão que Deus fez
para o Seu povo em face das variadas condições em que este se encontra, quer
seja lutando no deserto ou tomando posse em espírito da herança celestial.
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
A Rocha Ferida
"E clamou Moisés
ao SENHOR, dizendo: Que farei a este povo? Daqui a pouco me apedrejarão. Então,
disse o SENHOR a Moisés: Passa diante do povo e toma contigo alguns dos anciãos
de Israel; e toma na tua mão a tua vara, com que feriste o rio, e vai. Eis que
eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e
dela sairão águas, e o povo beberá. E Moisés assim o fez, diante dos olhos dos
anciãos de Israel" (versículos 4 a 6). Assim tudo é suprido pela graça
mais perfeita. Cada murmuração ocasiona uma nova manifestação da graça. Aqui
vemos como as águas refrescantes jorraram da rocha ferida—uma ilustração formosa
do Espírito dado como fruto do sacrifício efetuado por Cristo. No capítulo 16
temos uma
figura de Cristo descendo do céu para dar vida ao mundo. O capítulo 17
mostra-nos uma figura do Espírito Santo "derramado" em virtude da
obra consumada de Cristo. "Porque bebiam da pedra espiritual que os
seguia; e a pedra era Cristo" (1 Co 10:4). Mas quem poderia beber antes da
pedra ser ferida? Israel poderia ter contemplado essa rocha e morrer de sede ao
mesmo tempo que a contemplava, porque antes que fosse ferida pela vara de Deus
não podia dar refrigério. Isto é bem claro. O Senhor Jesus Cristo era o centro
e base de todos os desígnios de amor e misericórdia de Deus. Por Seu intermédio
deveria correr toda a bênção para o homem. As correntes da graça deviam emanar
do "Cordeiro de Deus"; porém era necessário que o Cordeiro fosse
morto—que a obra da cruz fosse um fato consumado, antes que muitas destas
coisas fossem realizadas. Foi quando a Rocha dos séculos foi ferida pela mão de
Jeová, que as comportas do amor eterno foram abertas de par em par e os
pecadores perdidos convidados pelo Espírito Santo a beber abundantemente e livremente:
"...O dom do Espírito Santo" é o resultado da obra consumada pelo
Filho de Deus sobre a cruz. "A promessa do Pai..." (Lc 24:49) não
podia ser cumprida antes que Cristo se assentasse à destra da Majestade nos
céus, depois de ha ver cumprido toda a justiça, respondido a todas as exigências
da santidade, engrandecido a lei tornando-a justa, suportado a ira de Deus
contra o pecado, destruído o poder da morte, e tirado à sepultura a sua
vitória. Havendo feito todas estas coisas, subiu ao alto, "levou cativo o
cativeiro e deu dons aos homens. Ora isto—ele subiu—que é, senão que também,
antes, tinha descido às partes mais baixas da terral Aquele que desceu é também
o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas"
(Ef 4:8-10).
Este é o verdadeiro
fundamento da paz e da bem-aventurança e glória da Igreja, para todo o sempre.
A Água da Rocha
Antes de a rocha ser
ferida a corrente de bênção estava retida e o homem nada podia fazer. Que poder
humano poderia fazer brotar água da pederneira? E do mesmo modo, podemos
perguntar, que justiça humana poderia conseguir autorização para abrir as
comportas do amor divino1?- Este é o verdadeiro modo de pôr à prova a
competência do homem.
Não podia, por seus
feitos, suas palavras ou sentimentos, prover um fundamento para a missão do
Espírito Santo.
Seja o que for ou
faça o que puder, ele não pode fazer isto. Mas, graças a Deus, tudo está consumado;
Cristo terminou a obra; a verdadeira Rocha foi ferida, e as águas refrescantes brotaram,
de forma que as almas sedentas podem beber. "A água que eu lhe der",
diz Cristo, "se fará nele uma fonte de água que salte para ávida
eterna" (Jo 4:14). E mais adiante, lemos: "E, no último dia, o grande
dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha
a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão
do seu ventre. E isto disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele
cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter
sido glorificado" Qo 7:37 - 39).
Assim como temos no
maná uma figura de Cristo, de igual modo temos uma figura do Espírito Santo na
água brotando da rocha." Se tu conheceras o dom de Deus (Cristo)... tu lhe
pedirias, e ele te daria água viva" — quer dizer, o Espírito. Tal é,
portanto, o ensino ministrado à mente espiritual com a rocha ferida; todavia, o
nome do lugar no qual esta figura foi apresentada é um memorial perpétuo da
incredulidade do homem. "E chamou o nome daquele lugar Massa" (que
quer dizer tentação) "e Meribá" (que quer dizer murmurar) "por
causa da contenda dos filhos de Israel, e porque tentaram ao SENHOR, dizendo:
Está o SENHOR no meio de nós, ou não?" (versículo 7). Levantar uma tal interrogação,
depois de tantas e repetidas garantias evidentes da presença de Jeová, prova a incredulidade
profundamente arraigada no coração humano. Era, de fato, tentar o Senhor.
Foi assim também que
os judeus, tendo a presença de Cristo com eles, pediram um sinal do céu,
tentando-o.
fé nunca atua assim;
crê na presença divina e goza dela, não por meio de um sinal, mas pelo
conhecimento que tem do próprio Deus. Conhece que Deus está presente para gozar
d'Ele. Que o Senhor nos conceda um espírito de verdadeira confiança n'Ele!
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
II -
ISRAEL NO MONTE SINAI
1. O monte Sinai (Êx
19.2).
Finalmente, após três
meses da saída do povo do Egito, o acampamento israelita se moveu mais uma vez,
chegando ao pé do monte Sinai (Êx 19.1,2), onde o povo ficaria por cerca de um
ano.
O Sinai é um lugar
especial, porque foi ali que Deus se revelou a Moisés tremendamente, dando os
Dez Mandamentos e todas as leis que haveriam de guiar o povo de Israel dali
para frente.
A distância do Sinai
para a terra de Canaã era de 500 quilômetros e poderia ter sido percorrida por
um período curto de tempo, porém acabou durando 38 anos, justamente porque o
povo se portou de forma rebelde, fazendo com que Deus os tratasse com mão firme
no deserto. A Bíblia diz que Deus esperou que toda aquela geração rebelde
passasse para, só então, Israel pudesse entrar na terra de Canaã (Dt 2.14).
E por falar em
rebeldia, o episódio mais marcante e emblemático da transgressão israelita em
sua peregrinação no deserto, e que seria lembrado no Novo Testamento (1 Co
10.7) como um dos maiores exemplos de apostasia da história, é o que envolve a
criação do bezerro de ouro. E é sobre ele que falaremos a seguir.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 62-63.
SINAl. MONTE
I. Termo e Localização Geográfica
II. Observações Bíblicas
Ill. Tentativas de Identificação
IV. Depósito de Manuscritos Bíblicos
I. Termo e Localização Geográfica
O significado da
palavra Sinai é desconhecido, mas há diversas sugestões e possíveis derivações.
Alguns supõem que quisesse dizer "espinhoso", a partir da palavra
seneh (arbusto espinhoso), em referência aos muitos desfiladeiros e ravinas do
monte que, com um pouco de imaginação, podem relembrar um conglomerado de arbustos
espinhosos. Mas essa poderia ser uma referência ao deus lua Sin, cujo culto
havia-se espalhado por toda a Arábia.
Outros supõem que a
palavra signifique lamacento, barrento ou brilhante. O local exato do monte no
qual a Lei foi dada não pode ser determinado, mas foi próximo à península
triangular ou mesmo na própria península que fazia fronteira com o norte pelo
mar Mediterrâneo, a oeste pelo golfo de Suez, e a leste pelo golfo de Ácaba. O
terreno se eleva gradativamente à medida que se aproxima do platô Ijma, que
fica próximo ao centro da península. A região ao sul torna-se montanhosa antes
de descer e nivelar-se na costa. As montanhas da área são ricas em cobre, e a mineração
tem sido realizada ali desde o quarto milênio a.C. A área pode ser dividida em
três partes: a do extremo sul, a vizinhança do Sinai; o deserto de Tih, onde
Israel vagueou por 40 anos; o Neguebe, ou país do sul onde Abraão, lsaque e
Jacó uma vez viveram. O Sinai fica no centro da península que está entre os
dois "chifres" do mar Vermelho. O monte é uma massa de granito e de
outros tipos de rocha, com ângulos agudos que chegam a atingir altitudes de 3
mil m. Como o Sinai é o deserto mais próximo ao Egito, é provável que em alguma
parte daquela região estivesse localizado o monte Sinai (ver Núm. 33.8-10; Deu.
1.1; Josefo, Apion, 2.2.25).
Designações. Às vezes
esse monte é chamado apenas de "a montanha de Deus" (Exo. 3.1; 4.27);
ou Sinai (presumivelmente das fontes J e P do Pentateuco); ou Horebe
(presumivelmente das fontes E e D do Pentateuco).
Essas variações podem
referir-se ao mesmo monte, ou podem estar em vista montanhas diferentes (picos
altos). Talvez, como dizem alguns, Horebe tenha sido a designação original,
porém mais tarde o monte foi chamado de Sinai, assumindo tal nome por causa da
península. Outros dizem que Sinai é o nome mais antigo, e Horebe seria mais
recente, ou que os dois nomes designavam dois picos posicionados proximamente. II. Observações Bíblicas
A maioria das
referências a esse local está no Pentateuco, onde ele é mencionado 31 vezes.
Ver Êxo. 16.1 e Deu. 33.2 para mais exemplos; depois ver Juí. 5.5; Nee. 9.13;
Sal. 68.8, 17; Atos 7.30, 38; Gál. 4.24, 25. Deixando Elim, os israelitas
chegaram ao deserto de Sim e dali a Refidim, onde montaram acampamento (Êxo. 16.1
ss.; 17.1). No terceiro mês após o êxodo, alcançaram o deserto do Sinai (19.1).
Ali Moisés recebeu uma comunicação preliminar de Yahweh, lembrando-o da orientação
passada e garantindo-lhe que haveria orientação no futuro. Oh, Senhor,
concede-nos tal graça! (19.36). Yahweh convocou o povo a reunir-se para um
comunicado direto. Ocorreu uma manifestação divina no Sinai e nenhum homem pôde
aproximar-se por temer por sua vida. As pessoas deixaram o acampamento para
encontrar com Yahweh, mas permaneceram na parte inferior do monte (19.17).
Relâmpagos, trovões e um terremoto informaram ao povo que Yahweh estava
próximo. As pessoas moveram-se, assim, a uma distância maior, pois as manifestações
eram grandes demais para suportar (20.18).
Moisés recebeu as
tábuas da lei duas vezes, inclusive os dez mandamentos e outras revelações que
instruíam sobre o culto a Yahweh (Êxo. capo 20; 31.18; capo 34; Lev. 7.36).
Assim foi estabelecido o Pacto Mosaico, o maior evento na história de Israel e
no qual se baseou toda a história subsequente. Ver as observações introdutórias
a Êxo. 19 no Antigo Testamento Interpretado, para maiores detalhes sobre esse
pacto, e ver também o artigo Pactos.
Ver Juí. 5.5; Nee.
9.13; Sal. 69.8, 17; Mal. 4.4; Atos 7.30, 38. Elias visitou Horebe em uma época
de desânimo e depressão (I Reis 19.4-8). Paulo falou a respeito do Sinai como
símbolo da aliança da Lei, enquanto Jerusalém, que está acima, representa a
liberdade trazida pelo Evangelho de Cristo. Israel transformou-se em uma nação distinta
pelo que aconteceu no Sinai.
III. Tentativas de Identificação
I. O monte Serbal no
wadi Feiran foi uma suposição até a época de Eusébio. Mas a área não tem espaço
suficiente para abrigar o acampamento de um grande número de pessoas
(6.000.000?).
2. Jebel Musa (a
montanha de Moisés) tem sido a suposição mais popular, que data das declarações
de monges bizantinos feitas no século IV d. C. Este monte localiza-se próximo
ao Monastério de Santa Catarina. Não há, contudo, nenhuma evidência que dê
apoio a tal suposição. Jebel Musa faz parte de uma pequena crista que se
estende por cerca de 3 km. Ela tem dois picos altos, um chamado Ras
es-Safsaf(cerca de 2 mil m de altura) e outro chamado Jebel Musa (cerca de 2,5
mil m).
3. Jebel Musa é
rejeitado por alguns, que afirmam que próximo a esse lugar ficavam as mi nas de
cobre e turquesa do Egito e não é provável que Israel tenha chegado perto desse
local. Assim, eles apontam para Jebel Helal, um pico de cerca de 700 m que se
situa aproximadamente 45 km ao sul de El'Arish.
4. O candidato mais
recente para a identificação do monte Sinai é o monte Seir, no sul da
Palestina, próximo a Mídia. A atividade vulcânica dessa montanha poderia explicar
os acontecimentos que se deram durante a entrega da Lei. Logicamente, a
teofania não precisa de vulcões para sua atividade, e esse é o único aspecto em
favor dessa identificação,
IV. Depósito de Manuscritos Bíblicos
O mosteiro de Santa
Catarina no monte Sinai tem a maior coleção de manuscritos bíblicos do mundo. O
manuscrito denominado Aleph, ou Codex Sinaiticus, foi descoberto lá em 1844 e
tornou-se um dos mais valiosos do mundo, tanto do Antigo como do Novo
Testamento.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 223-224.
SINAI, MONTE (significado incerto, embora lamacento,
argiloso, brilhante tenham sido sugeridos; também LXX ). O nome da montanha
sagrada perante a qual Israel acampou e sobre a qual Moisés se comunicava com
Yahweh. Na Bíblia, o nome ocorre exclusivamente no Pentateuco.
1. Identificações
sugeridas. A identificação exata desta montanha é incerta. Alguma evidência tem
sido deduzida em apoio à identificação do Monte Sinai com um monte em uma
cadeia de montanhas nas vizinhanças de Cades-Baméia. Em algumas referências bíblicas
o Monte Sinai é mencionado em forte relação com Seir, Edom, Parã e Temã (Dt
33.2; Jz 5.4,5; Hc 3.3). Todos esses lugares estão nas vizinhanças de
Cades-Baméia e sugerem que o Monte Sinai pode estar localizado ali também. O
fato de Moisés ter pedido o Faraó que permitisse a Israel uma viagem de três
dias deserto a dentro, está mais para Cades-Baméia como o destino intencionado
do que a localização do
Monte Sinai no sul da península do Sinai (Êx 3.18; 5.3; 8.27). Contudo, esta
localização para o monte dificilmente permitiria que a viagem do Egito fosse
feita em três dias. Existe também o fato de que Refidim está associado a Meribá
e ambos estão associados ao Monte Horebe (Ex 17.1-7). Meribá está localizado na
área de Cades-Baméia em Números 20.2-13 e é notório que ali existem várias
fontes. Todavia, pode ser observado que Meribá, de rib, significa “lutar”,
“contender”, “achar falha ou culpa”, provavelmente deve ser compreendido como
se referindo a um evento (que aconteceu em mais de uma ocasião e em mais de uma
localidade), em vez de uma geográfica em particular.
O fato de
Deuteronômio 1.2 relatar uma viagem de onze dias, de Cades a Horebe, parece ir
contra a identificação do Monte Sinai como um monte nas vizinhanças de Cades
também. A reconstrução da rota do êxodo toma-se impossível, se for presumida
esta identificação.
Alguns estudiosos,
nos sécs. 19 e 20, tentaram localizar o Sinai no noroeste da Arábia, na antiga
terra de Midiã. Uma razão apresentada para isto é que, quando Moisés fugiu do
Egito ele casou-se em uma família midianita. Isto, por si só, porém, não
necessitaria de um regresso ao território midianita após o êxodo, embora
pudesse ser mais conveniente. Além disso, há o fato de que a tribo na qual
Moisés se casou, os queneus, era provavelmente de ferreiros nómades (veja
Queneus) e podiam ser achados no local tradicional do Sinai com suas minas.
Argumenta-se também que a descrição dos eventos na montanha com seus “trovões e
relâmpagos e uma espessa nuvem... e mui forte clangor de trombeta... e sua
fumaça...” (Ex 19.16), pressupõe uma montanha que experimentava atividade
vulcânica. As montanhas mais próximas, conhecidas por terem atividade vulcânica
nos tempos antigos, localizam-se na Arábia, ao sul da cabeceira do golfo de
Acaba. A linguagem descritiva pode igualmente ser derivada dos fenómenos
climáticos. Alternativamente, mesmo que a própria linguagem tenha sido tirada
dos fenómenos vulcânicos, isto realmente não implicaria em atividade vulcânica
no Monte Sinai.
Outra sugestão feita
especialmente durante o séc. 19 é de que o Monte Sinai deveria ser identificado
com Jebel Serbal (c. 2.050 m). Jebel Serbal está localizado a certa distância a
oeste do Sinai tradicional pelo Wadi Feiran. Significativamente, a cidade de
Farã (Feiran) foi a sede de um bispado nos 4- e 52 sécs. e, no tempo de
Justiniano, monges ortodoxos mudaram de Jebel Serbal para o local tradicional
do Sinai (Ptolomeu, V. xvii. 3). O livro
Pilgrimage ofSylvia,
editado em 1887, descrevendo a viagem de Silvia de Aquitaine entre 385 d.C. e
388, parece apresentar esta identificação como possível. O relato declara que o
“monte de Deus” estava a 35 milhas romanas (c. 51 Km) de Parã. Esta é a
distância real do oásis de Feiran até o Sinai tradicional. Também não há
deserto aos pés de Jebel Serbal que se ajustaria na descrição dada da planície
do acampamento, no Pentateuco.
2. A identificação
tradicional. Desde o séc. 4-, a tradição cristã mais ou menos contínua tem sido
de que o Monte Sinai é representado por aquilo que é atualmente chamado de Jebel
Musa (montanha de Moisés). Está localizado nas altas montanhas do topo sul da
península do Sinai. Várias lendas e tradições estão associadas ao local e
algumas capelas e santuários foram construídos nessa área. Conta-se que
Catarina de Alexandria foi levada por anjos, depois de seu martírio, ao topo da
montanha que agora tem o seu nome (c. 2.600 m). Esta história data do séc. 42.
O cume do Jebel Katarin está a mais ou menos 4 km a sudoeste de Jebel Musa. Por
volta do séc. 42, comunidades de monges haviam se isolado na região e sofreram
diversos massacres nas mãos dos sarracenos. Anonimo de Canopus, no Egito, fez
uma peregrinação ao Monte Sinai em 373 d.C., obviamente o alcançando em 18
dias, saindo de Jerusalém. Em 536 d.C., o Monte Sinai, Raithou (na costa do Mar
Vermelho) e a Igreja em Feiran são notados por estar sob o presbítero Teonos.
No desfiladeiro a noroeste de Jebel Musa, a mãe de Constantino, Helena,
construiu uma pequena igreja no séc. 42. O mosteiro atual de Santa Catarina,
famoso pelo fato de Tischendorf ter encontrado ali o Códice Aleph, em 1859, foi
construído no mesmo local e remonta ao tempo de Justiniano, em 527 d.C.
Ao aproximar-se da
região pelo norte, pode-se entrar no vale de esh-Sheikh, a oriente, ou o Vale
de er-Raha, a ocidente. O último tem mais ou menos 3,2 km de comprimento e no
extremo sul abre-se para uma planície de cerca de 1,6 km de largura aos pés dos
penhascos íngremes de Ras es-Safsaf. Ras es-Safsaf é o pico do noroeste (c.
2,000 m), de uma
cordilheira que tem Jebel Musa como seu maior pico (c. 2,245 m), 4 km a
sudeste. A planície de er-Raha pode ter sido o local do acampamento de Israel
(Êx 19.1,2; Nm 33.15).
A sudeste de Jebel
Musa está o Wadi es-Se-bayeh, com seu vale chegando a 1,6 km de largura e 4 km
de comprimento. Este vale é, às vezes, identificado como lugar do acampamento,
embora o primeiro seja geralmente preferido. A tradição cristã afirma que o
Ras es-Safsaf é o Horebe bíblico e Jebel Musa, o Sinai.
Josefo descreve o
Monte Sinai em termos amedrontadores como sendo “...a mais alta de todas as
montanhas que estão naquela região, e não é apenas difícil de ser escalada pelo
homem por causa da sua grande altitude, mas em razão da agudeza de seus
precipícios também, não pode ser observada sem causar dor nos olhos: além
disso, era terrível e inacessível, por causa do rumor de que Deus habitava ali”
(Ant. II. xii. 1; III. v. 1). Do mosteiro de Santa Catarina, com sua capela da
Sarça Ardente (cp. Êx 3.2), o cume de Jebel Musa pode ser alcançado depois de
uma difícil subida de uma hora e meia. Na subida, há uma pequena fonte
identificada como sendo o local onde Moisés pastoreou o rebanho de Jetro (Êx
2.15ss.); a 2,100 m está a Capela de Elias (lRs 19.8ss.). Ras es-Safsaf recebe
seu nome da palavra árabe para madeira de salgueiro e é uma referência à vara
de Moisés (cp. Êx 4.2). Um grande bloco de granito de mais ou menos de 3,35 m
de altura, é apontado como a rocha da qual Moisés tirou água (Nm 20.8ss.). Um
buraco na rocha é descrito como o molde utilizado para fazer o bezerro de ouro
(Êx 32) é também o lugar onde a terra engoliu Coré e seus seguidores (Nm 16).
3. O Monte Sinai na
Bíblia. Os israelitas alcançaram o Monte Sinai no terceiro mês após sua saída
do Egito e acamparam a seus pés de onde poderiam ver seu pico (Êx
19.1,16,18,20). Yahweh se revelou a Moisés ali e transmitiu ao povo os Dez
Mandamentos e outras leis por meio de Moisés. Deus estabeleceu sua aliança com
o povo por meio de Moisés, como mediador, e essa aliança é lembrada por toda a
história de Israel (e.g., Jz 5.5; Ne 9.13; SI 68.8,17; Ml 4.4; At 7.30,38).
Elias posteriormente
visitou Horebe em uma época particular de desânimo e depressão (lRs 19.4-8). Na
alegoria de Gálatas 4.24ss., o Monte Sinai é representativo da servidão da lei
em contraste com a Jerusalém de cima que está livre.
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 649-650, 652.
SINAI A península é um triângulo invertido entre os dois
braços do mar Vermelho, com o Golfo de Suez a oeste e o Golfo de Acaba a leste.
A base do triângulo mede aproximadamente 240 quilómetros de extensão e forma
uma barreira entre a Palestina e o Egito. Normalmente se faz referência a todo
o triângulo como o Deserto da Peregrinação, embora a porção nordeste, com o seu
planalto estéril alcançando a altitude de 825 metros e com as suas planícies
com poucos cursos d'água, seja geralmente considerada o "grande e tremendo
deserto" (Dt 1.19), o lar dos israelitas durante aproximadamente 38 anos.
Também há referências ao Sinai como o deserto de Para (veja Para). Ao norte, o
altiplano do Sinai desce a uma planície de areia branca que chega ao
Mediterrâneo. A areia também está nas costas tanto de Suez quanto de Acaba. No
extremo norte do golfo de Acaba, se localizava a cidade de Eziom-Geber, que foi
o porto de Salomão. Através dessa região passava a rota de comércio entre o
Egito e a Arábia. Mais para o norte estava o Caminho de Sur desde Ber-seba e
através do Deserto de Sur (veja Sur) até Etã (q.v.) e Bubastis, e acompanhando
a linha do Mediterrâneo estava a linha usual do caminho, com destino à terra
dos filisteus (veja Êxodo: Rota). Perto do Golfo de Suez, os egípcios encontraram
valiosos depósitos de turquesa e um pouco de cobre em Serabit el-Khadem. Aqui,
foram descobertas inscrições de trabalhadores escravos semitas de aprox. 1.500
a.C, escritas em um alfabeto de hieróglifos (veja Escrita). O exército do Faraó
era enviado com muitos componentes para guardar tanto o tesouro das minas
quanto os bens transportados pelas rotas de comércio pelas caravanas egípcias.
Perto da extremidade
sul da península, se ergue uma série de picos de granito entre 1.650 e 2.900
metros de altura, que exibem uma grandeza imponente e cor viva no solo arenoso.
Este grupo de montanhas é de forma triangular e consiste de conjuntos que se
irradiam a partir de um centro. Os nomes Horebe e Sinai parecem ter sido usados
alternadamente para eles, embora alguns considerem que o primeiro é o nome do
grupo e que Sinai é um dos picos. Sinai é o nome da montanha sagrada perante a
qual os israelitas, como uma nação, fizeram a aliança com Deus como o seu rei
(Êx 19.24). Moisés, como um mediador perante Deus e o povo, foi até o cume da
montanha onde, segundo as narrativas, ele recebeu os Dez Mandamentos (19.20;
24.18). Existe alguma diferença de opinião quanto ao verdadeiro lugar do
acampamento dos israelitas e o cume ao qual Moisés subiu, mas desde o século IV
d.C. a localização tradicionalmente aceita para a montanha sagrada tem sido nas
altas montanhas, no ápice da península do Sinai. Eusébio afirmou que Jebel
Serbal (2.240 metros de altitude), ao sul do Uádi Feiran (veja Refidim) era a
montanha dos Dez Mandamentos. No entanto, o vale é estreito, sem uma planície
próxima suficientemente grande para o acampamento das doze tribos de Israel. A
segunda tradição, remonta à época de Justiniano (século VI d.C), e identifica o
Monte Sinai com Jebel Musa (cerca de 2.500 metros de altitude). E um dos picos
de um conjunto de três, com Jebel Katarin (cerca de 2.800 metros de altitude) a
cerca de 3 quilómetros para o sudoeste e Ras es-Safsafeh (2.150 metros de
altitude) equidistante, para o norte-noroeste. No pé do último pico, para o
norte, está a única planície grande das redondezas; é chamada er-Raha, com
cerca de 3 quilómetros de extensão e quase um quilómetro de largura,
suficientemente grande para todas as tendas de Israel. Os beduínos hoje em dia
conseguem água para suas necessidades nesse lugar, cavando poços rasos. Muitos
exploradores acreditam que Ras es-Safsafeh, com os seus picos erguendo-se
dire-tamente da planície (cf. Êx 19.12) é o Monte Sinai cf. Êx 19, pois o seu
pico é claramente visível da planície er-Raha, ao passo que o pico de Jebel
Musa não o é. Nos oásis ao redor da planície e nos vales vizinhos crescem
palmeiras, ciprestes, tamargueiras, juncos e jardins de verduras, e árvores de
acácias, arbustos e grama salpicam a paisagem que se não fosse por isso, seria
estéril. No declive leste de Jebel Musa, a 1.650 metros de altitude acima do
nível do mar, está o Mosteiro de Santa Catarina. Diz a lenda que Catarina de
Alexandria, uma mártir cristã, foi decapitada em 307 d.C. e o seu corpo foi
levado pelos anjos até o topo da montanha que recebera o seu nome (Jebel
Katarin). No entanto, acredita-se que sua cabeça esteja sepultada na capela
do mosteiro. A tradição conta que a parte mais antiga da estrutura é a Capela
da Sarça Ardente, no local atribuído ao evento que ela celebra. A biblioteca do
mosteiro contém muitos manuscritos antigos e valiosos, que incluem um
palimpsesto descoberto pela senhora A. S. Lewis e sua irmã em 1892, contendo o
texto do antigo evangelho Siríaco. O Codex Sinaí-tico do Novo Testamento em grego,
do século IV d.C, foi encontrado aqui pelo Dr. Tischendorf em 1844 e 1859.
Valiosos ícones estão preservados na torre de ícones, alguns entre os mais
antigos do mundo, dando uma excelente amostra da arte cristã primitiva. O
mosteiro está rodeado de majestosas e altas muralhas de granito, naturalmente
bem fortificadas. Acredita-se que Santa Helena, a mãe de Constantino, tenha
construído a primeira torre no século IV. Os alicerces descobertos são
atribuídos ao imperador Justiniano, datando de 527 d.C, embora ele tenha
construído apenas uma muralha para a proteção dos monges gregos que teriam
vivido ali desde o século IV. Diversas outras teorias sobre a localização do
Monte Sinai foram sugeridas. Alguns estudiosos preferem o noroeste da Arábia, a
terra bíblica de Midiã (q.v). Erupções vulcânicas ocorreram nesta área,
trazendo credibilidade a esta opinião (Êx 19.16,18). O argumento também afirma
que Moisés fez sua residência com os midianitas após sua primeira fuga do
Egito, e é provável que tenha retornado para o mesmo lugar. Há também diversas
montanhas na área próxima a Cades-Barnéia, que alguns associam com o Seir dos
dois poemas israelitas antigos (Dt 33.2; Jz 5.4,5). Refidim (Êx 17.1-7) também
está associada a Meribá (veja Massa), um lugar que dizem ter existido nas
proximidades de Cades-Barnéia (q.v) onde a água era obtida mais facilmente das
rochas do que no sul. Não há evidências suficientes, entretanto, em qualquer
passagem das Escrituras que garantam uma identificação totalmente segura dos
montes envolvidos na narrativa.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 1827-1828.
Êx 19.2 O autor sacro
oferece aqui uma pequena digressão a fim de lembrar-nos os movimentos de Israel
após a partida de Refidim (Êxo. 17.1) para 0 Sinai. O Sinai foi um dos pontos
de parada, onde Israel deveria permanecer por onze meses e seis dias, conforme
mostrei no primeiro parágrafo da introdução a este capítulo.
A identidade do monte
aparece como lugar bem conhecido, ou, pelo menos, identificado com alguma precisão,
quando Moisés escreveu o relato. Mas para nós a localização exata está perdida
para sempre, embora haja um bom número de conjecturas, as quais discuto no
artigo sobre o assunto (no Dicionário). Foi ali, ou bem perto dali (em Horebe;
ver no Dicionário), que Moisés recebeu seu sinal e comissão originais (Êxo.
3.12). Fica entendido que Yahweh se manifestava ali de maneira especial, tal
como os gregos pensavam que o Olimpo era a residência de deuses. Assim, Moisés
subiu ao monte cheio de expectativa, em busca de uma entrevista com o Senhor. O
autor liga a cena da sarça ardente (cap. 3) com a cena deste capítulo. Chegara
o momento de outra grande revelação.
CHAMPLIN, Russell Norman,
Antigo Testamento Interpretado versículo
por versículo. Editora Hagnos. pag. 383.
A data do grande
concerto segundo o qual a nação de Israel foi fundada. 1. A época em que ele é
datado (v. 1) - "Ao terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do
Egito”. Calcula-se que a lei tenha sido dada apenas cinquenta dias depois da sua
saída do Egito, e em lembrança disto a festa de Pentecostes era observada no
quinquagésimo dia depois da Páscoa, e em conformidade com isto, o Espírito
Santo foi derramado sobre os apóstolos no dia de Pentecostes, cinquenta dias
depois da morte de Cristo. No Egito, eles tinham falado sobre uma jornada de
três dias pelo deserto para chegar ao lugar do sacrifício (cap. 5.3), mas
acabou sendo uma jornada de quase dois meses. É muito frequente que nos
enganemos no cálculo dos tempos, e assim as coisas se mostram mais longas do
que esperávamos. 2. O lugar onde ele é datado - no “Monte Sinai”, um lugar que
a natureza, e não a arte, tinha tornado eminente e visível, pois era a mais
alta de todas as montanhas daquela cordilheira. Desta maneira Deus despreza as
cidades, e os palácios, e as estruturas magníficas, colocando o seu pavilhão
sobre o cume de um alto monte, em um deserto estéril e vazio, para ali
prosseguir com o seu tratado. O monte se chama “Sinai” por causa da grande
quantidade de arbustos espinhosos que o cobriam.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 288.
Deserto de Sinai. A
cadeia de montanhas meridional, situada na ponta da península triangular, tem
três pontos elevados. Os árabes chamam o pico central de Jebel Musa; o do sul,
Jebel Hum; e o terceiro, Jebel Serbol. Cada um desses montes tem sido declarado
como sendo o Sinai das Escrituras, mas desde o quarto século A.D., pelo menos,
o Jebel Musa tem sido o mais ampla e consistentemente defendido. O deserto do
Sinai deve ser uma planície perto da montanha (v. 2), suficientemente grande
para Israel acampar ali. Tal lugar foi encontrado em Er-Raha, ao norte do Jebel
Musa, ou no Wadi es-Sebayeh, ao leste.
O primeiro tem cerca
de quatrocentos acres (1 acre - 4.047m2) de extensão, bastante amplo para
qualquer número de hebreus. Partindo do er-Raha, o Wadi ed-Deir, "Vale da
Aliança", leva a uma selada entre Jebel Musa e Jebel ed-Deir, onde se
localiza o famoso mosteiro de Sta. Catarina. O mosteiro foi construído por
Justiniano em 527 a.C., em um local já anteriormente ocupado por uma igrejinha
que identificava o lugar, onde se cria, que Deus tinha aparecido a Moisés em
uma sarça ardente. O Wadi es-Sebayeh é um vale longo e estreito, não tão cômodo
como o Er-Raha, mas com melhor acesso à montanha. É difícil, se não impossível,
decidir qual destes picos e vales se encaixam na descrição dada nas Escrituras.
Charles
F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody.
Editora Batista
Regular Êxodo. pag. 44.
Dt 2.14 O tempo que
caminhamos. O longo período de trinta e oito anos em que 0 povo de Israel ficou
perambulando pelo deserto deu a Yahweh oportunidade de fazer perecer toda
aquela antiga geração. Todos morreram ali, exceto Calebe e Josué. Ver Núm.
14.21,23,29,30, quanto ao juramento feito por Yahweh de que eles pereceriam,
bem como a declaração que, de fato, pereceram.
Esse tempo é
calculado desde o envio dos espias de Cades-Barnéia (Núm. 32.8) até quando os
filhos de Israel chegaram ao vale ou ribeiro de Zerede. Aqueles que tinham de
vinte anos para baixo foram isentados da maldição e puderam entrar na Terra
Prometida. Ver Núm. 32.11. Mas houve também dois homens que foram exceções, por
causa de sua fidelidade e relatório positivo, como também por haverem exortado
os israelitas a invadir a terra, a saber, Calebe e Josué. Ver Núm. 14.21,23,30.
Dt 2.15 Também foi
contra eles a mão do Senhor. Uma das características do autor do Pentateuco é a
repetição, um fenômeno que também aparece neste versículo. Essa repetição fortalece
o conteúdo do versículo anterior. De fato, de modo certo e absoluto, aqueles
rebeldes, a geração antiga, pereceram no deserto, por causa de sua falta de fé
na fronteira. Eles caíram; foram consumidos; pereceram no deserto.
Diante de ti puseste
as nossas iniquidades, e sob a luz do teu rosto os nossos pecados ocultos.
Pois todos os nossos
dias se passam na tua ira, acabam-se os nossos anos como um breve pensamento. (Salmo
90.8,9)
Nada menos de vinte e
quatro mil israelitas tombaram nas planícies de Moabe. Catorze mil e setecentos
mais caíram no incidente que envolveu Coré. Pragas, enfermidades e morte por
idade avançada, tudo cooperou para eliminar todos os homens daquela geração,
com a exceção única de Calebe e Josué.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 784.
Israel a caminho de Cades-Barnéia (w. 9- 18; Nm 10:11 -
12:16).
Não foi fácil para Moisés liderar essa grande nação, pois, com frequência, teve
de resolver problemas e de ouvir as queixas do povo. Habituados com o conforto
do acampamento no Sinai, os israelitas ressentiram-se das dificuldades de sua jornada
para a terra prometida. Esqueceram-se do sofrimento de seus anos de escravidão no
Egito e chegaram até a querer voltar para lá! Acostumaram-se com o maná que
Deus lhes mandava do céu a cada manhã e logo deixaram de apreciá-lo, desejando
as carnes e legumes que gostavam de comer quando estavam no Egito. Não é de se
admirar que Moisés tenha ficado desanimado e clamado ao Senhor! Quis desistir e
até pediu que Deus lhe tirasse a vida! (Nm 11:15).
A resposta de Deus à
oração de Moisés foi dar-lhe setenta anciãos para assisti-lo na administração
das questões operacionais do acampamento. Moisés era um grande líder e um homem
espiritual, mas também tinha limites. Ele e os anciãos organizaram a nação em
grupos de mil, de cem, de cinquenta e de dez, deixando cada divisão ao encargo
de líderes competentes. Isso criou uma estrutura de comando entre Moisés e o povo, de modo que
ele não precisasse mais se envolver em todas as controvérsias secundárias. Podia
dedicar-se a conversar com o Senhor e ajudar a resolver os problemas mais
abrangentes do acampamento.
A ordem de Moisés aos
líderes recém nomeados deve ser ouvida por todos que se encontram numa posição
de autoridade, quer seja no meio religioso, quer no secular (Dt 1:16-18). Suas
palavras enfatizam o caráter e a justiça, bem como a consciência de que Deus é
a autoridade e juiz supremo. Se todos os líderes tomassem suas decisões com
base em nacionalidade, raça, posição social ou riqueza, estariam pecando contra
Deus e corrompendo a justiça. Por toda a lei de Moisés, encontramos uma ênfase
sobre a justiça e sobre a demonstração de bondade e de imparcialidade para com
os pobres em geral e especificamente para com as viúvas, os órfãos e os
estrangeiros na terra (Êx 22:21- 24; Lv 19:9, 10; Dt 14:28, 29; 16:9-12;
24:17-21). Em várias ocasiões, os profetas bradaram contra os ricos
latifundiários por estarem abusando dos pobres e desamparados da terra (Is
1:23-25; 10:1-3; Jr 7:1-6; 22:3; Am 2:6, 7; 5:11; Zc 7:8). "O que oprime
ao pobre insulta aquele que o criou" (Pv 14:31).
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 493.
2. A permanência no
Sinai.
O Pecado de Israel.
Êx 32.1. Levanta-te,
faze-nos deuses que vão adiante de nós. Na raiz do pecado de Israel jaz a
impaciência: eles já não podem mais esperar. Aonde foi Moisés? Eles precisam de
deuses visíveis. O plural deuses é exigido pela pessoa do verbo: caso contrário
“ deuses” poderia ser legitimamente traduzido “ Deus” , encarando o plural como
um “ plural de majestade” . Qualquer que tenha sido o pensamento de Arão, os
israelitas não estavam pensando em YHWH de maneira alguma. Não lhes ocorriam os
níveis elevados de adoração sem imagens, nem sequer de monoteísmo. Tal como
mais tarde Israel viria a desejar um rei humano em lugar do invisível rei
divino (1 Sm 8:4-8), assim desejavam aqui um deus que tivesse rosto, como todo
mundo. Seu último desejo era ser diferente em seu novo relacionamento com Deus:
no entanto, esse era o propósito de Deus (19:5,6).
Este Moisés, o homem
que nos tirou do Egito. A frase é deliberadamente empregada para mostrar a
aspereza deste povo escravo. Eles ainda não consideravam sua libertação algo
realizado por Deus: era simplesmente algo que Moisés havia conseguido.
Êx 32.2. A s argolas
de ouro. Presumivelmente estas argolas faziam parte do despojo exigido dos
egípcios (12:36). A História registra que, ao contrário de seus primos
midianitas, os homens israelitas, no futuro, não usariam ornamentos de ouro (Jz
8:24). Gênesis 35:4, todavia, menciona que ao tempo de Jacó tais ornamentos
eram usados, e 11:2 menciona artigos de joalheria em relação tanto a homens
quanto a mulheres.
Êxodo 33:4-6 sugere
que a origem deste futuro tabu foi o pecado cometido no Sinai. Em dias
passados, portanto, é bem provável que os homens israelitas usassem tais
ornamentos livremente. Alguns afirmam que a imagem de ouro deve ter sido
pequena, se feita somente com o ouro de brincos. Isso depende, todavia, do
número de israelitas, e do tamanho e do peso dos brincos (frequentemente
consideráveis, como na índia de hoje) e, sem dúvida, da construção da imagem,
como considerada abaixo. Gideão também fez um ídolo (uma “ estola sacerdotal” ,
Jz 8:24-27) com os brincos tomados aos inimigos de Israel. Êx 32.4. Trabalhou o
ouro com buril... bezerro fundido. O palavreado aqui certamente sugere que a
imagem foi a princípio rudemente fundida em ouro, com os detalhes esculpidos a
mão mais tarde. Por outro lado (cf. 37:1,2), poderia ter sido feita de madeira
e depois revestida com ouro, como sugerido pelo verbo “ queimar” no versículo
20. A primeira sugestão parece ser comprovada pela expressão “ e o reduziu a pó”
no mesmo versículo 20. “ Queimar” significaria então “ derreter em fogo aberto”
(isto é, não um forno como o ourives). Uma simples alteração vocálica daria
aqui o sentido de “ fundir em um molde” ao invés de “ trabalhou com buril” :
esta sugestão é bem melhor que a feita por Noth, “ o amarrou em um saco”
(Hyatt).
Bezerro não é uma boa
tradução do hebraico ‘egel. Trata-se de um jovem touro em sua primeira força:
por exemplo, a palavra pode ser usada para descrever um animal de três anos (Gn
15:9). Compare o nome de Eglon (SBB usa “ Eglom” ), rei de Moabe (Jz 3:12), que
é claramente um título de honra (algo semelhante a “ O Grande Touro” ). Esta
imagem dificilmente poderia ter sido copiada do culto a Ápis, o boi sagrado do
Egito. Ápis não era adorado em forma de imagem, mas como uma encarnação perene
na forma de um touro comum, nascido com certas marcas peculiares. Hator, uma
deusa egípcia, era simbolizada por uma vaca, mas o sexo do animal não combina
com a descrição de Êxodo. Também é improvável que se tratasse do touro de
Hadade, que trazia sobre suas costas a presença invisível do deus da tempestade
na Síria, muito embora alguns tenham comparado com isso a presença invisível de
YHWH entronizado sobre os querubins que cobriam a arca (25:22). Tais sutilezas
estavam além da percepção daqueles ex-escravos rebeldes, reagindo contra o
culto sem imagens. É mais provável que se tratasse do touro em que Baal
costumava se transformar, de acordo com o ciclo de lendas de Ras Shamra (Baal
I. v. 18). Se for levantada a objeção de que os cananeus mais recentemente
costumavam visualizar Baal como um guerreiro armado com raios, e não como um
touro, a resposta poderia ser oferecida que Israel, no deserto, estava a um
nível cultural muito inferior e menos sofisticado que os habitantes de Canaã, e
bem poderia estar preservando antigas memórias tribais. A santidade do touro
como símbolo de força e capacidade reprodutiva corre desde o culto a Baal em
Canaã até o hinduísmo popular do sul da índia de hoje, onde quer que a religião
seja vista como uma forma do culto da fertilidade comum aos criadores de
animais. É provável que, mesmo durante sua permanência no Egito, os israelitas
já tivessem sido corrompidos por um culto semelhante, com imagens e tudo mais;
estariam agora apenas “ voltando ao normal” , depois das severas exigências do
Sinai.
Sabemos da
arqueologia que Baal era conhecido e adorado na área do delta e ele certamente
era adorado por alguns povos semitas que viviam naquela área.
Alguns comentaristas
acham que esta ação de Arão prova que o culto israelita na época ainda permitia
o uso de imagens, mas tal opinião deixa completamente de lado o verdadeiro
sentido da passagem.
Sem sombra de dúvida
os dez mandamentos definiam o culto israelita como anicônico (20:4); a violência
da reação de Moisés prova a historicidade deste relato v. 19), bem como o faz a
evidência geral coletada por arqueólogos em ruínas israelitas do tempo dos juízes.
Usar imagens como símbolo de Deus é enganoso (20:23). Usar um touro como símbolo
de Deus é ainda pior: além do mais é blasfêmia chamar o “ novo” deus de YHWH,
como parece ter acontecido na ocasião. Além de tudo isso, o versículo 6 mostra
todas as características do licencioso culto a Baal praticado em Canaã (cf. Nm
25:1-9). Parece impossível que, tão pouco tempo depois de receber tão elevada
revelação, Israel pudesse cair a um nível tão baixo, mas a experiência cristã
hoje em dia muitas vezes é bem semelhante.
São estes, ó Israel,
os teus deuses. Como no versículo 1, o verbo no plural faz com que “ deuses”
(SBB) seja a única tradução gramaticalmente correta do texto hebraico.
Possivelmente o plural seja usado derrisoriamente pelo autor para mostrar o
politeísmo inevitável que surgiria com a introdução da idolatria (se havia um
deus em forma de touro, por que não em outras formas também?). Por outro lado,
pode servir para mostrar a semelhança entre o que Israel fizera então e o que
viria a fazer sob a liderança de Jeroboão (1 Rs 12:28). Não pode ser por acaso que
a mesma frase seja usada, aqui e ao tempo de Jeroboão, como uma invocação ao
culto.' É difícil, todavia, perceber como um único ídolo poderia ser
apresentado como “ deuses” aos primeiros idólatras, por mais apta que fosse a
descrição no caso das duas estátuas feitas por Jeroboão. Seja qual for o caso,
a frase é uma espécie de declaração de fé, parodiando 20:2. Mesmo em seu
pecado, entretanto, a religião de Israel era baseada na história e, portanto,
completamente diferente do culto da fertilidade oferecido a Baal em Canaã.
Israel ainda busca um deus que age, mesmo que seja um falso deus.
Êx 32.5. Edificou um
altar. A esta altura ainda não existia um “ altar do sacrifício” como haveria
mais tarde. Arão provavelmente edificou um altar de terra ou de pedras não
lavradas (20:24,25), mostrando que não se tratava de um incidente fortuito: era
um culto organizado, com estátua, altar, sacerdote e festa religiosa.
Amanhã será festa a
YHWH. Será que Arão entendeu a ocasião como o cumprimento da promessa feita por
Deus a Moisés, de que Israel observaria uma “ festa” ou um “ festival de
peregrinos” no Sinai (3:12; 5:1)? Ou seria esta apenas uma referência geral? É
interessante especular se a época no ano teria algum significado especial. No
futuro os judeus iriam associar a doação da Lei à festa das semanas ou das primícias
(“ Pentecostes” no Novo Testamento), de modo que talvez a festa promovida por
Arão celebrasse, um tanto desordenadamente, alguma ocasião do calendário
agrícola. Isto explicaria as danças e a imoralidade sexual a ela associadas,
embora seja de se esperar que tais excessos acontecessem com maior
probabilidade no festival da colheita de outono (festa da colheita ou dos
tabernáculos). Alguns comentaristas elogiam Arão por ter feito uma tentativa heroica
de “ conter” este movimento reacionário dentro do Yahwismo, anexando esta festa
a YHWH, a despeito de suas ligações ao culto de Baal.2 Êxodo, entretanto, jamais
atribui a Arão motivos tão teologicamente profundos (vv. 22-24). Além denudo,
foi precisamente esta identificação de YHWH com Baal o maior pecado cometido
aquele dia: até mesmo a completa apostasia e o culto aberto a Baal teriam sido
menos mortais que este “ sincretismo” .
Êx 32.6. Ofereceram
holocausto e trouxeram ofertas pacíficas. As formas exteriores de culto
litúrgico, quer de YHWH quer de Baal, eram indubitavelmente semelhantes, a
julgar pelos textos de Ras Shamra. É por isso que os profetas do futuro teriam
facilidade em denunciar o ritualismo israelita, quando este era desprovido de
realidade espiritual (Is 1: 10-20) ou de obrigações morais.
Assentou-se para
comer e beber, e levantou-se para divertir-se. Comer e bebèr parecem atividades
inocentes, depois de oferecerem ofertas pacíficas, mas o verbo traduzido “
divertir-se” sugere atividade sexual no original hebraico (ver Gn 26:8) e,
portanto, a frase deve ser entendida como uma referência a uma orgia sexual.
Estas, num contexto “ baalizado” teriam sentido religioso, não imoral, para o
adorador, mas não aos olhos de YHWH. No contexto do culto a YHWH, que nos dez mandamentos
havia expressado Sua própria natureza em termos de obrigações morais, isso era
intolerável! Somente a compreensão da santidade de YHWH pode explicar a
violência da reação de Moisés, e o terrível castigo que veio a seguir sobre
Israel.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 205-209.
A Idolatria de Israel (32.1-6)
O povo ficou inquieto
quando o líder visível permaneceu no monte durante os quarenta dias (1; cf.
24.18). A insatisfação a esse respeito levou os israelitas a se juntarem em
grupo para fazer um pedido especial a Arão, em cujas mãos foram deixados.
Levanta-te, disseram, faze-nos deuses que vão adiante de nós. A palavra deuses
é normalmente traduzida por Deus. O pedido não significava necessariamente que
estes indivíduos estivessem rejeitando Jeová; queriam uma forma visível entre
eles que representasse Deus. Moisés, que fora como Deus para eles, desaparecera
e a paciência para esperar a volta do líder acabara.
A reação de Arão ao
pedido sugere esforço em evitar a calamidade. Ao pedir que arrancassem os
pendentes de ouro (2) e lhos trouxesse, talvez Arão contasse com a recusa
deles. Não é fácil mulheres e crianças abrirem mão de seus ornamentos, e essa resistência
teria protelado o pedido que fizeram.
Se Arão esperava oposição
ao pedido, logo ficou desapontado, porque todo o povo arrancou os pendentes de
ouro que estavam nas suas orelhas (3) e lhos deu. O coração carnal não mede
sacrifícios para satisfazer seus desejos pecaminosos.
Levando em conta que
Arão começara concordando com este pedido perverso, não havia mais como parar.
Tomou os presentes de ouro e formou um deus para o povo (4). Na situação em que
poderia ter se mostrado líder capaz, Arão falhou miseravelmente. A maioria das
imagens antigas era feita de madeira e banhada a ouro. Este ídolo tinha forma
de bezerro, ou touro de pouca idade, formato comum entre os egípcios, que representava
fertilidade e força. Ou, como sugere Rawlinson, Arão retrocedeu aos “deuses [...]
dalém do rio” (Js 24.14), encontrados na Babilônia, pensando que esta seria
representação mais segura do Deus de Israel. Quando o bezerro ficou pronto, as
pessoas disseram: Estes são teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do
Egito (4). Como é fácil o coração carnal se afastar da verdadeira adoração de
Deus!
Quando Arão notou a
que ponto as pessoas estavam indo, parece que tentou controlá-las erigindo um
altar diante da imagem e proclamando uma festa ao SENHOR (5).
Talvez quisesse
conservar alguma semelhança com a adoração de Deus mantendo o nome Yahweh no
festival. Este ato lembra os esforços de conservar uma forma de piedade sem ter
seu poder (2 Tm 3.5) e o sincretismo que há em grande parte do cristianismo
nominal.
Qualquer que tenha
sido a intenção de Arão, fracassou lamentavelmente em reter a adoração
aceitável a Deus. O povo se entregou a um excesso emocional que o levou à
idolatria e apostasia. Levantou-se de madrugada e assentou-se a comer e a
beber; e depois a folgar (6). Embora comer e beber na adoração fizessem parte
do plano de Deus, neste caso não havia adoração espiritual — somente a
satisfação dos desejos pecaminosos da carne. “Deram rédeas às paixões no
‘folgar’, a subsequente dança orgíaca que quase sempre acompanhava os ritos
idólatras. Ver também o versículo 25 e 1 Coríntios 10.6,7.”so Identificamos “Os
Passos para a Apostasia” em: 1) A impaciência com a providência de Deus, la; 2)
O desejo de sinais visíveis na adoração, lb-4; 3) A transigência com as verdadeiras
formas de adoração, 5; 4) A entrega a paixões carnais, 6.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 1. pag. 224-225.
III - A
IDOLATRIA DOS ISRAELITAS
1. O bezerro de ouro
(Êx 32.2-6).
Quando Moisés chegou
ao arraial e constatou pessoalmente o pecado do povo de Israel, sua ira se
acendeu (Ex 32.19) a ponto de ele quebrar as Tábuas da Lei. Ora, enquanto Deus
estava dando os Dez Mandamentos para o povo de Israel no alto do monte Sinai, esse
mesmo povo, ao pé do monte, estava, na prática, quebrando todos os mandamentos
do Decálogo. Portanto, ao quebrar as Tábuas, Moisés estava materializando as
consequências práticas do pecado do povo: estavam agindo como indignos do
Concerto que Deus estava fazendo com eles.
É impressionante
ouvir o povo, depois de tudo que viram Deus fazer pela instrumentalidade de seu
servo Moisés, pressionar Arão dizendo: “Faze-nos deuses!” (Êx 32.1). O hábito
da idolatria que haviam aprendido no Egito ainda era muito forte entre os
israelitas, a ponto de alguns dias longe do seu líder Moisés serem o suficiente
para que voltassem ao velho hábito. Como Pedro diria daqueles que abandonam
Cristo para voltarem aos velhos pecados, podemos dizer dos israelitas aqui:
eles estavam agindo como cães que voltavam para o seu próprio vômito, como a
porca lavada que volta para o lamaçal (2 Pe 2.20-22).
Perceba que o povo
não estava negando os milagres que haviam acontecido, mas estavam atribuindo-o
a esse deus criado por sua imaginação e representado por aquele bezerro de ouro
(Êx 32.4). Ainda hoje, isso acontece: muita gente que pensa estar se
aproximando de Deus está, na verdade, se relacionando com uma imagem que criou
dEle, uma mera sugestão mental, em vez do Deus da Bíblia. Sua relação não é com
o Deus vivo e verdadeiro, mas com uma caricatura do divino, uma fantasia
construída pela sua própria imaginação, uma concepção equivocada de quem é
Deus. Essa concepção pode ter advindo absolutamente de sua própria cabeça
(“achismo”) ou ter sido importada de algum discurso bonito, atraente, mas
despido de respaldo bíblico (o que acontece na maioria dos casos). Afinal de
contas, há muita falsa teologia popularizada por aí.
Há muitos “bezerros
de ouro”, por assim dizer, construídos por aí e que nada têm a ver com o Deus
da Bíblia, apesar de serem tratados como se fossem representações fidedignas do
verdadeiro Deus. Há, por exemplo, o “bezerro de ouro” do evangelho da
autoajuda, da teologia da prosperidade, do teísmo aberto, da teologia da libertação,
do ecumenismo, do liberalismo, etc. Que Deus nos livre dessas versões
deturpadas dEle! Conheçamos e prossigamos em conhecer o Deus da Bíblia (Os
6.3), pois somente assim poderemos ter um relacionamento saudável e realmente
edificante com o Senhor.
Perceba que, como
destacaremos mais à frente, no capítulo 9, enquanto o verdadeiro culto a Deus instituído por
Moisés evocava arrependimento,
quebrantamento, humildade
e conclamava à santidade, o culto apóstata levava o povo à licenciosidade (Êx
32.6,25).
Deus propôs destruir
todo o povo e estabelecer, a partir de Moisés, a continuidade da promessa dada
a Abraão, Isaque e Jacó (Êx 32.10), mas o líder israelita intercedeu pelo povo
para que Deus não tomasse essa medida (Êx 32.11-14,30-35; 33-1-5,12- 17).
Entretanto, o juízo de Deus não deixou de ser exercido, uma vez que três mil rebeldes
idólatras foram punidos imediatamente com a morte (Êx 32.28) e toda aquela
geração acabou morrendo no deserto, entrando na Terra Prometida apenas os
filhos dela e, da antiga geração, apenas Josué e Calebe, que se mantiveram
fiéis a Deus.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 63-65.
BEZERRO DE OURO
No hebraico. vitela
fundida. Trata-se da imagem que Aarão fabricou. com as jóias que os judeus lhe entregaram
para o fabrico de uma estátua. Ver Êxo, 32; Deu. 9:16; Nee. 9:18; Sal. 106:19;
Atos 7:4-10 Além disso, dois bezerros de ouro foram levantados por Jeroboão I
(I Reis 12:28-33; 11 Reis 10:29; 17:16; Osê. 5:6). Os dois incidentes não
tiveram relação mútua, embora ambos dissessem respeito à adoração ao touro. que
Israel havia observado entre os egípcios.
1. Êxodo 32 - O Caso
de Aarão. B por demais caridosa para com Aario a suposição de que ele fabricou
esse ídolo a fim de exibir a força de Yahweh, porque o touro (que vide) era
símbolo de força para muitos povos antigos. Aario simplesmente cedeu Mas também é por
demais severa a opinião de que Aario fez isso de todo o coração, julgando que a estátua tivesse algum
valor espiritual. Seja como for encontramos um violento contraste: Moisés
estava no monte
recebendo de Yahweh os Dez Mandamentos. Mas Aarão, no sopé do monte. fazia um bezerro
de ouro..
o quinto versículo parece mostrar que Aarão de algum modo. procurou justificar o feito.
como se o mesmo
estivesse relacionado à adoração a Yahweh. Moisés, porém, demonstrou melhor bom senso,
deixando. claro
a enormidade do erro e fazendo o povo ingerir o bezerro de ouro o qual foi moído
ate tomar-se pó e dissolvido na água (vs. 20). Os levitas, por ordem do Senhor,
tiraram a vida a três.mil pessoas (vs, 27 ss), e a praga que veio em seguida
causou ainda pior
matança (vs. 35). Esse incidente ilustrou graficamente a seriedade do pecado
de idolatria
como também a estupidez. dos líderes espirituais quando concordaram com essa
prática.
2. l Reis 12:26-33 -
O Caso de Jeroboão L Tendo rompido com Judá e com a adoração em Jerusalém, Jeroboão
instituiu dois santuários, um em Betel e outro em Dã. Talvez a fim de imitar os
querubins do templo de Salomão, ele levantou dois bezerros de ouro, supondo que
Yahweh haveria de manifestar a sua presença entre eles. Alguns estudiosos
pensam que os bezerros visavam representar Yahweh diretamente, visto que, no
Egito, era comum representar as divindades sob a figura de um touro. Alguns
outros têm negado enfaticamente esse ponto, procurando mostrar que essa não era
uma prática conhecida entre os povos da Síria e da Palestina, mas muitas coisas
podem ter ocorrido naqueles dias sobre as quais nossa arqueologia nada sabe. O
relato, mui provavelmente, não deveria ser compreendido como uma tentativa, por
parte do rei de Israel, de instituir uma nova religião, e sim,.' de mostrar que
ele foi culpado de corrupção proposital, não sendo inocente em nenhum sentido.
Ver I Reis 12:28, que demonstra isso sem a menor sombra de dúvida. Jeroboão
disse ao povo: «Basta de sub irdes a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel,
que te fizeram subir da terra do Egitol»
Os querubins
(esfinges aladas), no templo de. Jerusalém, não levavam à idolatria, antes de
tudo, porque eram representações de poderes espirituais, e não terrenos; e, em
segundo lugar, porque não tinham paralelo nas religiões pagãs dos países vizinhos,
o que poderia ter corrompido os israelitas por motivo de associação. A
idolatria, na moderna Igreja cristã, é algo inteiramente descabido e incompreensível,
considerando o enfático ensino bíblico a respeito, bem como a verdadeira
adoração.
Consideremos a
declaração de Salmos 106:19-21: «Em Horebe fizeram um bezerro e adoraram o
ídolo fundido. E assim trocaram a glória de Deus pelo simulacro de um novilho
que come erva. Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que, no Egito, fizera
cousas portentosas". (ALB GORO)
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 525-526.
BEZERRO DE
OURO
1. Enquanto Moisés estava ausente no Monte
Sinai, Arão construiu um bezerro ao qual proclamou como o deus que libertara
Israel do Egito (Êx 32.1-20). Este procedimento, e a adoração que se seguiu,
indignaram Moisés de tal forma que ele quebrou as tábuas de pedra que continham
as leis de Deus e obrigou o povo a engolir a imagem, reduzida a um pó fino,
juntamente com a água que bebiam. Essa idolatria pode ter sido copiada dos
cultos ao boi, egípcio e semita, habituais no Delta Egípcio, com seu simbolismo
de força e fertilidade.
2. A fim de conservar a lealdade do povo,
depois de sua revolta contra Roboão, que o expulsou do templo de Jerusalém,
Jeroboão estabeleceu centros rivais de adoração em Betei e Dã e instalou um
bezerro de ouro nos dois lugares (1 Rs 12.28-32). Esses bezerros realmente se
tornaram objeto de adoração (Os 10.5,6; 13.2), embora não se saiba se a
intenção de Jeroboão foi eliminar a adoração a Deus, ou, meramente acrescentar
uma ajuda visível à sua adoração.
Deve-se observar que alguns povos dessa parte
do mundo imaginavam seus deuses sentados ou em pé nas costas de um animal cuja
imagem podia ser reproduzida em madeira ou metal em um centro de adoração. É
possível que Jeroboão tivesse isso em mente quando colocou os bezerros em
Israel.
J. K. M.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 294.
BEZERRO DE OURO “bezerro fundido” Feito por
Arão, em Êxodo 32, e citado em Deuteronômio 9.16; Neemias 9.18; Salmos 106.19;
Atos 7.41; 3~t ’to ’to (“dois bezerros de ouro”), construídos por Jeroboão I
(lRs 12.28-33; 2Rs 10.29; 17.16; 2Cr 11.15; 13.8; Os 8.5,6; 13.2). Esses são os
dois maiores incidentes na história de Israel, nos quais a religião oficial
envolve-se com a utilização de bezerros de ouro no culto. Os dois incidentes
não são desvinculados um do outro.
1. Êxodo 32. Arão, irmão de Moisés, recém
designado sumo sacerdote, cedeu à pressão do povo, que pensou que Moisés o
tivesse abandonado (Ex 24.18; 32.1), e fez um bezerro, usando os brincos de
ouro do povo. O quadro mostra um contraste absoluto entre Moisés no monte,
recebendo os Mandamentos e os pormenores do tabernáculo, para que Israel
pudesse adorar a Deus corretamente, e o fiasco em curso no sopé da montanha.
Uma leitura cuidadosa da narrativa deixa
claro que Arão estava confuso, pois o v. 5 parece implicar que ele ainda
pretendia sustentar o culto ao Senhor, ao chamar o povo para uma celebração ao
Senhor e construir um altar ao Senhor em frente ao bezerro. Em outras palavras,
na mente de Arão, o bezerro era apenas o lugar onde Yahweh habitava. Mas o povo
não entendeu assim, pois gritava: “São estes, ó Israel, os teus deuses, que te
tiraram da terra do Egito” (vv. 4,8). Moisés deixou clara a enormidade desse
pecado, ao mostrar ao povo que esse
bezerro era, de fato, um deus “de ouro” (vv. 30,31). Diante daquela visão
lamentável, Moisés, em sua ira, destruiu as tábuas da lei, pois a essa altura o
povo não estava preparado para recebê-las (cp. cap. 34). Ele queimou o bezerro
até as cinzas e obrigou o povo a beber a água suja por esse pó (cp.Nm 5.17-27).
Apesar da ingenuidade de Arão, ele teve muita
responsabilidade nisso. Sua desculpa era fraca ao ponto de ser ridículo, quando
ele disse que atirou o ouro ao fogo e o bezerro apareceu (v. 24). Mas sua
responsabilidade fica clara pelo o v. 25, que diz que Arão tinha deixa o povo à
solta (ARC, “o havia despido”). Se, como disse Arão, o povo era “propenso para
o mal” (v. 22), então, como líder, ele deveria ter usado todo controle moral
para o bem do próprio povo. A explicação é uma grande lição sobre a
responsabilidade da liderança.
2.1 Reis 12.26-33. Depois de romper com a
tribo de Judá e com Jerusalém, Jeroboão I construiu dois santuários do Senhor:
um em Betei, outro em Dã. Seu propósito era precaver-se da necessidade de ir a
Jerusalém para o culto (12.27). Jeroboão provavelmente tomou como precedente
para seus bezerros de ouro, os dois querubins no templo de Salomão. Uma vez que
o invisível Yahweh estava representado como entronizado entre esses querubins,
da mesma maneira Jeroboão considerou Yahweh como uma divindade invisível, em pé
ou entronizada em um bezerro de ouro. W. F. Albri- ght parece estar certo em
From the Stone Age to Christianity (AnchorBook [1957], pág. 299), onde observa
que é um erro grosseiro, sem paralelo na tradição bíblica, considerar esses
bezerros de ouro como representantes diretos de Yahweh. Embora fosse prática
egípcia comum representar divindades sob a forma de animais, esse não era o
caso entre os povos sírio-palestinos, cuja iconografia frequentemente
representava a divindade entronizada ou montada nas costas de animais. Poderia
Jeroboão ter conquistado a confiança das tribos do norte, se tivesse apelado
para uma idolatria ostensiva e declarada? Como Arão, no passado, ele pode ter
racionalizado a ponto de se convencer de que estava promovendo a causa de
Yahweh.
Se isso foi verdade, Jeroboão, da mesma forma
que Arão, esteve envolvido no pior dos casos de duplicidade. Por um lado, ele
estabeleceu um calendário religioso similar ao de Jerusalém, designando
sacerdotes e fazendo os sacrifícios necessários. Tudo isso, diz o autor do
Primeiro Livro dos Reis, “...escolhido a seu bel-prazer” (v. 33). Ele não teria
tido tanto transtorno se tivesse instituído uma nova religião completa. Por
outro lado, a iconografia que ele instituiu estava tão associada à adoração de
Baal e ao culto de fertilidade dos cananitas, que era um pulo mover-se nessa
direção, como de fato ocorreu. (Os 13.1.2). Ele pode ter tentado estabelecer
uma síntese do Yaveísmo e de certos elementos do politeísmo popular. De acordo
como lRs 12.28, ele disse ao povo: “Basta de subirdes a Jerusalém; vês aqui
teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito!”
Pode-se perguntar por que a representação dos
querubins (esfinges aladas), no tabernáculo e no templo de Salomão, também não
levava à idolatria. A resposta pode ser que essas figuras não tinham a mesma
associação insidiosa com a idolatria, há muito estabelecida e imediatamente
presente no culto cananeu. Os hebreus as viam como representações de criaturas
celestiais, cuja propósito era acentuar a majestade de Yahweh. Como os reis, na
época, eram frequentemente entronizados entre tais criaturas, assim a soberania
de Yahweh era, dessa forma, afirmada. Não apenas nas artes plásticas, mas
também na poesia, os hebreus não hesitavam em representar seu Deus único como
aquele que “cavalgava um querubim” (2Sm 22.11) ou que estava “entronizado acima
dos querubins” (2Rs 19.15).
Por diversas vezes a Igreja enfrentou o
problema da idolatria versus a iconoclastia. O judaísmo pós-bíblico procurou
resolver o problema mediante severa restrição da expressão artística. A controvérsia
iconoclasta, levantada no ramo bizantino da Igreja, e os puritanos, despiram
suas igrejas de todo ornamento. Parece que a própria Bíblia não é indulgente
com nenhum desses extremos, mas considera idolatria como aquela que vem do
coração pecador do homem, quando ele por vontade própria escolhe glorificar a
criatura mais do que o criador (Rm 1.21-23). O salmista expressa isso
suscintamente no salmo 106.19-21: “Em Horebe fizeram um bezerro, e adoraram o
ídolo fundido. E assim trocaram a glória de Deus pelo simulacro de um novilho
que come erva. Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que, no Egito, fizera
coisas portentosas”.
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 775-776.
Êx 32.2 Tirai... e
trazei-mas. O bezerro de ouro requeria grande quantidade de ouro, e Arão apelou
principalmente para as argolas de ouro das mulheres e crianças de Israel. Isso
deve ter constituído um considerável sacrifício pessoal para as mulheres, mas
os homens é que estavam dando tal ordem. O povo de Israel esteve por vários
séculos no Egito, e as mulheres israelitas naturalmente tinham adquirido joias
e enfeites valiosos. Além disso, na hora da partida do Egito, os israelitas
tinham tomado por empréstimo muitas coisas de valor dos egípcios (Êxo.
12.35,36). Isso posto, havia um suprimento adequado de objetos de ouro.
Plínio informa-nos
(Hist. Nat. 1.11 c. 37) que, nos países orientais, homens e mulheres,
igualmente, usavam argolas de ouro. O trecho de Juízes 8.24 reflete esse
costume, pelo menos entre os ismaelitas. Mas se porventura os varões israelitas
usavam tais adereços, pelo menos não contribuíram com os mesmos para a imagem
que Arão esculpiria. As crianças, meninos e meninas, conforme este versículo
nos diz, também usavam tais argolas, e tiveram que doá-las.
“Brincos eram usados
no Oriente quase tanto pelos homens quanto pelas mulheres. Quase todos os
monarcas e assírios, e alguns reis egípcios são representados nas gravuras
usando tais enfeites” (Ellicott, in Ioc.).
Arão. Quão facilmente
ele parece ter cedido diante das exigências do povo. Também é possível que ele
mesmo estivesse interessado em promover a idolatria. É triste quando os líderes
falham. O juízo contra eles será mais severo (Tia. 3.1).
Êx 32.3 Uma
obediência mal colocada. Arão disse para eles fazerem algo de erra- do, e eles
prontificaram-se a obedecer. Há uma condenação especial reservada aos líderes
que ensinam as pessoas a fazerem algo de errado. Ver Rom. 1.32; Mat. 23.15.0
povo sacrificou οι/ro em uma causa ridícula. As causas más atraem dinheiro e
entusiasmo. A idolatria, tanto na antiguidade quanto hoje em dia, tem sido
sustentada pelas doações sacrificiais do povo. As pessoas têm fé, mas uma fé
má, uma fé mal utilizada.
Êx 32.4 Um bezerro
fundido. Talvez em imitação ao formato do deus-boi do Egito, Ápis. Essa
divindade egípcia era um touro negro com manchas brancas distintivas, cuja
adoração estava ligada à de vários outros deuses. Em Mênfis, no Egito, o boi
(Ápis) era considerado 0 corpo do deus Ptah, Quando 0 deus-boi morria, era enterrado
com um elaborado cerimonial. Corpos embalsamados de bois, descobertos no
cemitério de Ápis, pertenciam ao período do último Império até a época dos
Ptolomeus. Nessa adoração ao touro, usavam-se animais vivos, embora também
houvesse imagens que representavam esse culto, pelo que várias formas de
idolatria estavam envolvidas no bezerro de ouro.
O novilho era um
símbolo de fertilidade, nas religiões naturais do antigo Oriente Próximo e
Médio (cf. I Reis 12.28; Osé. 8.5). O bezerro de ouro provável- mente era uma
escultura recoberta de ouro, e não feita de ouro sólido, a menos que fosse
bastante pequena. Aquele ídolo ridículo recebeu o crédito pela execução do
êxodo, em lugar de Yahweh; e nisso vemos o propósito de zombarem de tudo quanto
o Senhor havia feito em favor deles. Logo, estavam misturando uma incrível
ingratidão com a idolatria.
Trabalhou o ouro com
buril. Muitos eruditos, antigos e modernos, têm dado alguma tradução possível
do original hebraico, como “amarrou-o em uma sacola” ou “pô-lo em uma
sacola" (talvez uma sacola de linho), conforme Jarchi opinou. Nesse caso,
a imagem era bastante pequena para ser transportada facilmente por uma pessoa.
Provavelmente era feita de ouro sólido, e não apenas recoberta de ouro. Cf. II
Reis 5.23 quanto ao original hebraico envolvido.
Êx 32.5 Edificou um
altar diante dele. Arão chegou ao cúmulo de erigir um altar diante daquele
pedaço de ouro. E se tornou o sacerdote oficiante de um culto falso e ridículo.
Sem dúvida, esse altar era simples, feito de pedras e terra (Êxo. 20.24,25).
Os teus deuses. Essa
afirmação de Arão chega a tomar-nos de surpresa. Moisés ilha proclamado uma
festa em honra a Yahweh, e no entanto, ali estava aquela tola imagem de ouro
guardada na sacola de linho. Mas 0 que há de mais comum, em nossos dias, do que
a mistura de formas de adoração cristã e idólatra? O resultado desse sincretismo
é um monstro ridículo. Alguns procuram desculpar Arão quanto a essa atitude,
supondo que ele teria feito um esforço honesto para incorporar a adoração ao
touro à adoração a Yahweh, tomando-a um culto subordinado. Mas o que realmente
sucedeu foi uma violenta violação do primeiro mandamento. Ver Êxo. 20.3,4, onde
a questão é comentada.
Êx 32.6 Tanto os
holocaustos quanto as ofertas pacíficas eram formas pré-mosaicas, e ambas essas
formas foram incorporadas à adoração no tabernáculo. Ver Gên. 4.3,4; Êxo. 18.12;
20.24. Tendo providenciado quanto ao aspecto religioso, eles passaram para o
aspecto secular, cantando, dançando e, provavelmente, ocupando-se em toda forma
de prática sensual, formicação e prostituição cultuai. Os Targuns referem-se à
imoralidade dos israelitas, nessa oportunidade. Portanto, além do primeiro
manda- mento, também foi violado o sétimo. Paulo comentou sobre o evento, em I
Cor. 10.7.0 contexto sugere que houve práticas imorais. Portanto, um rito
religioso transmutou-se em uma orgia, e Arão, que havia perdido legalmente os
seus privilégios sacerdotais, mediante tal sincretismo, agora postava-se
impotente, observando todo aquele deboche.
As festividades
religiosas eram acompanhadas pelo regozijo (Deu. 12.7,18; 14.26; 16.11,14), 0
que, sem dúvida, incluía danças. Naquela ocasião, porém, foi um verdadeiro
carnaval. Ninguém estava ali para adorar, mas para participar de um bacanal.
Cf. este versículo com Núm. 25.1-9; I Reis 14.24; Amós 2.7. A atmosfera mundana
de muitos cultos religiosos hoje em dia, com sua música própria para dançar,
não diferindo praticamente em nada da música executada nos salões de bailes, é
uma versão moderna da corrupção que houve naquela festa em honra ao bezerro de
ouro.
Êx 32.25 O povo
estava desenfreado. Algumas traduções dizem aqui que o povo estava “nu".
Mas o temo hebraico correspondente, para, embora possa ter esse sentido, também
pode ter o sentido de “desvencilhar-se de todas as restrições”. Não parece que
Arão tenha-os forçado a se porem despidos, a fim de ficarem envergonhados,
conforme aquelas traduções continuam dizendo neste versículo. Antes, arriscamos
que eles perderam o autocontrole, pois Arão assim permitiu que fizessem, sem
nada fazer para impedi-los. Essa falta de controle levou-os a se entregarem a
uma conduta desenfreada. Eles se expuseram a atos vergonhosos, e Arão não os
coibiu. Contudo, alguns intérpretes, partindo da ideia de que, realmente, os
israelitas se desnudaram, pensam que isso é símbolo de um estado de miséria, e
que não se deve pensar em nudez literal. Mas outros estudiosos pensam que não
há razão para duvidarmos da literalidade da descrição.
No meio dos seus
inimigos. Talvez estejam em foco as populações que viviam nas proximidades do
Sinai, como os amalequitas, que chegaram a vir fazer parte das festividades.
Isso significa que 0 povo de Deus misturou-se com os idólatras locais, formando
uma só massa humana com eles.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 446-447.
O grande pecado
(32:1-6). Moisés chamou aquilo que fizeram de "grande pecado" (vv.
21, 30, 31), e sua avaliação foi precisa. Foi um grande pecado por causa
daqueles que o cometeram: a nação de Israel, o povo escolhido de Deus, seu
tesouro peculiar. Foi grande pela ocasião e pelo lugar em que havia sido
cometido: o monte Sinai, depois de os israelitas terem ouvido a declaração da lei
de Deus e de terem visto a glória dele. Tinham prometido obedecer à lei de
Deus, mas, ao fazer o bezerro de ouro e ao entregar-se a uma comemoração
sensual, a nação quebrou o primeiro, o segundo e o sétimo mandamentos. Foi um
grande pecado por causa daquilo que já haviam experimentado do poder e da
misericórdia de Deus: os juízos contra o Egito, o livramento no mar Vermelho, a
provisão de comida e água e a direção de Deus, em sua graça, por meio da coluna
de nuvem e de fogo. Aquele ato constituiu uma rebelião contra a bondade do
Senhor.
Não é de se admirar
que seu pecado provocasse a ira de Deus (Dt 9:7). Por que Israel fez algo tão
perverso num momento tão glorioso de sua história? Em primeiro lugar, ficaram
impacientes com Moisés, que já estava no monte com Deus havia quarenta dias e
quarenta noites (vv. 11, 12), e a impaciência, muitas vezes, leva a ações
impulsivas e pecaminosas. Israel não sabia viver pela fé e confiar em Deus,
independentemente de onde estivesse seu líder.
Quer Moisés estivesse
com eles quer longe deles, eles o criticavam e ignoravam o que havia ensinado.
No entanto, Arão e os
chefes das tribos oram responsáveis pelo que aconteceu, pois não se voltaram
imediatamente a Deus a fim de pedir ajuda e não advertiram o povo sobre o que
aconteceria. Arão e Hur haviam recebido autoridade de Moisés para liderar a
nação na ausência dele (Êx 24:14) e, apesar de serem homens que haviam visto os
feitos poderosos do Senhor, falharam para com Deus e para com Moisés. Em vez de
conter o povo, Arão foi complacente e satisfez os desejos pecaminosos do
coração deles.
Mais tarde, Arão apresentou uma desculpa esfarrapada e tentou pôr a culpa no povo
(vv. 22-24), mas o Senhor sabia muito bem o que havia acontecido. Deus estava tão
irado que teria matado Arão, caso Moisés não tivesse intercedido por ele (Dt
9:20).
A disposição
concupiscente de Israel para adorar ídolos nasceu no Egito e ainda estava
presente no coração do povo (Js 24:14; Ez 20:4-9; 23:3, 8). Arão alimentou esse
apetite dos israelitas ao dar-lhes o que queriam. Hoje em dia, fala-se muito
sobre "ir ao encontro das necessidades das pessoas", mas vemos aqui
um exemplo de uma nação que não sabia quais eram, de fato, suas necessidades.
Achavam que precisavam de um ídolo, mas o que realmente careciam era de fé em
seu grande Deus, que se havia revelado a eles de modo tão poderoso.
2 Israel trocou a
glória do Deus vivo pela imagem de um animal (SI 106:19-23), o que significa
que agiu exatamente como as nações pagãs a seu redor (Rm 12:22-27).
3 Muita gente
consegue madrugar para pecar, mas não para orar.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 322-323.
Lv 17.7 Oferendas
feitas em campo aberto, distante do santuário, eram efetuadas aos sátiros, os
peludos (no hebraico, seirim). Essa palavra também era usada para indicar os
bodes hirsutos. Mas o mais provável é que aqui estejam em pauta demônios
concebidos como se fossem tipo bode. Os egípcios e outras nações antigas
adoravam o bode, e, por trás desse animal, forças demoníacas que o usavam como
seu representante.
No célebre templo de
Themuis, capital do Nomos Mendesiano, no Baixo Egito, havia uma forma especial
de idolatria que envolvia o bode, e esse templo estava dedicado a tal forma de
adoração. À imagem de Pan eles chamavam de Mendes. Era uma figura que
representava a fertilidade, e pequenas estatuetas desse animal foram achadas em
muitos lugares do Oriente. Os gregos e os romanos também tinham seus
demônios-bodes e um culto voltado a essas falsas divindades. Os hebreus
trouxeram do Egito essa forma de idolatria (entre outras), e este versículo
talvez aluda à sua continuação, no meio do povo de Israel, no deserto, onde não
havia quem estivesse inspecionando. Ver Jos. 24.14; Eze. 20.7; 23.3; Isa.
34.14; II Crô. 11.15. Heródoto descreveu a adoração ao bode no Egito (Euterpe,
1.2 c. 46), tal como o fez Diodoro Sículo, o que, segundo ele afirmou,
tornou-se um costume grego (Bibliothec. 1. pars. 58,79). Ver Jer. 31.32; Eze.
16.26. No Novo Testamento, ver I Cor. 10.20; Apo. 9.20 e 11.15.
O Estatuto Eterno
contra a Idolatria. Essa lei não admitia nenhuma forma de idolatria, incluindo
aquela praticada em campos abertos, que caracterizava outros povos.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 542.
A oferta de manjares (w. 1-7). Os judeus não
comiam muita carne, pois era caro demais abater seus animais. A lei declarada nessa
passagem proibia o povo de matar seus animais para alimento em qualquer local dentro
ou fora do acampamento. Qualquer animal a ser usado como alimento devia ser levado para o altar e
apresentado como oferta pacífica ao Senhor.
Essa lei cumpria vários propósitos. Em primeiro
lugar, evitava que o povo oferecesse sacrifícios a ídolos secretamente nos
campos. Se fossem descobertos e interrogados, podiam dizer que estavam apenas
preparando o animal para um banquete. No entanto, se esse fosse o caso,
deveriam ter levado o animal para o altar do tabernáculo. O sangue do animal
deveria ser oferecido somente ao Senhor e somente em seu altar. Em segundo
lugar, por essa lei, o Senhor dignificava refeições comuns, fazendo delas uma
experiência sagrada. O animal abatido não era apenas um pedaço de carne, era um
sacrifício apresentado ao Senhor. De acordo com o versículo 4, o abate de um
animal em qualquer lugar que não fosse o altar era o mesmo que assassinar o
animal, e Deus quer que tratemos sua criação com o maior respeito.
Quando à mesa agradecemos a Deus o alimento,
não estamos apenas reconhecendo sua bondade, mas também santificamos a refeição
e fazemos de sua ingestão uma experiência espiritual.
Em terceiro lugar, ao levar o animal para o
altar, o ofertante providenciava para que o Senhor (Lv 3:1-17) e o sacerdote
(Lv 7:11-18) recebessem a parte que lhes era devida. Sem dúvida, o ofertante
não ficava com tanta carne para si e sua família, mas o princípio por trás de
Mateus 6:33 o compensaria de outras formas. A refeição em comunhão na casa de
Deus glorificaria ao Senhor e satisfaria as necessidades do ofertante e
daqueles que comessem com ele.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 365-366.
Lv 17.6,7 — Demónios eram as divindades pagãs
em forma de bode, como os sátiros. Acreditava-se que tais ídolos habitavam o
deserto. Provavelmente, Israel teve contato com a adoração aos sátiros quando o
povo se estabeleceu em Gósen (Gn 47.1-6). A expressão após os quais eles se prostituem
indica essa adoração de Israel a outros deuses e a posição do Senhor em relação
a essa adoração. O adultério era um pecado muito grave; renunciar à fé no
Senhor era ainda mais grave.
A apostasia fere Deus profundamente.
Outra pista que indica que as instruções não falavam
do abate do animal para o consumo, e sim dos animais do sacrifício é estatuto
perpétuo. Quando a adoração de Israel foi centralizada em Jerusalém, algumas
famílias moravam há mais de 160 quilómetros do templo. Era praticamente
impossível que tais indivíduos percorressem toda essa distância cada vez que
matavam um animal para consumir. Contudo, as pessoas podiam viajar a Jerusalém
para oferecer uma oferta em sacrifício.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 238.
2. Cuidado com a
idolatria.
O Pecado da Idolatria
Curiosamente, o
primeiro mandamento de Deus no Sinai, a primeira ordenança do Decálogo, foi:
“Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3). Deus conhecia o coração do
povo e sabia o quanto era propenso à idolatria, depois de anos vivendo no
idólatra Egito.
As Sagradas
Escrituras nos advertem, em 1 João 5.21, contra o pecado da idolatria:
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém!”. E o apóstolo Paulo adverte o mesmo
à igreja em Corinto, citando como exemplo negativo justamente o pecado do povo
de Israel no deserto (1 Co 10.14,18-21).
A idolatria é um dos
pecados mais terríveis listados na Bíblia, porque consiste em dar glória e
veneração a algo ou alguém que não seja o próprio Deus, o único que é digno de
toda honra, toda glória, todo louvor e toda adoração. Entretanto, apesar de tão
claro, este é um dos pecados mais praticados e mais ignorados em nossos dias no
meio evangélico. E triste dizer, mas está se tornando cada vez mais comum
evangélicos que desenvolvem verdadeiros comportamentos idolátricos em relação a
pessoas e coisas que, obviamente, não devem receber a nossa adoração.
Idolatria não é só se
prostrar diante de um ídolo de pedra, barro ou metal. Coisas ou pessoas também
podem se tornar ídolos em nossa vida, quando começam a ganhar em nosso coração
um lugar que não deveriam ter.
Uma coisa é gostar,
admirar e respeitar; outra bastante diferente é “endeusar”, idolatrar. Logo,
segue o alerta: cuidado para que o mero gostar e admirar não dê lugar à
adoração por pessoas e coisas. Não só a idolatria a pessoas tem feito muitos
males na vida de muitos crentes. A idolatria a coisas também.
Qual foi a última vez
que você gastou tempo com Deus em oração? Qual foi a última vez que abriu a
Bíblia para estudá-la ou para lê-la devocionalmente para a sua edificação
espiritual? Qual foi a última vez que você evangelizou alguém? Qual foi a
última vez que dedicou tempo para ajudar as pessoas? Será que a maior parte do
seu dia é dedicada a coisas que realmente valem a pena ou só a futilidades?
O apóstolo Paulo
afirma em Colossenses 3.5: “Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre
a terra: a prostituição, a impureza, ao apetite desordenado, a vil
concupiscência e a avareza, que é idolatria”. Paulo se refere ao “apetite
desordenado”,
ou “afeição desordenada”, e chama a “avareza” claramente de “idolatria”. Avareza
é apego às coisas materiais. Quando valorizamos mais os bens materiais do que o
espiritual, estamos de cabeça para baixo espiritualmente. Estamos longe de
Deus.
O profeta Samuel
falou também sobre outro tipo de idolatria sutil no meio dos crentes. Disse
ele, conforme registrado em 1 Samuel 15.23: “Porque a rebelião é como o pecado
de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu
rejeitaste a palavra do Senhor, Ele também te rejeitou a ti...
Ora, o que significa
a palavra “porfiar”? Ela quer dizer, segundo o Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa, “discutir com calor”, “insistir”, “teimar”, “competir” e
“disputar”. Ou seja, insubordinação, disputa entre irmãos, espírito de
competição dentro da igreja, teimosia, arrogância, contenda, tudo isso, afirma
Samuel é pecado de idolatria. Você já parou para pensar nisso?
Paulo afirma que uma
das características do Anticristo, e que é própria do espírito do Anticristo, é
se levantar “contra tudo o que se chama Deus ou se adora” e querer “se [assentar]
como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (2 Ts 2.4). Não se engane:
há muita gente que começa bem, mas acaba, infelizmente, perdendo a visão
espiritual e, por isso, tem o seu coração cheio de altares. É gente que afirma
que serve a um único Deus, mas possui um coração idólatra, repleto de “deuses”,
quando também não adora a si mesmo.
O cristão não deve
ser dominado ou escravizado por nada. Apenas Deus deve ser o Senhor soberano de
sua vida.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 65-66.
IDOLATRIA
Esboço:
I. Definições e Caracterização Geral
II. Os Ídolos e as Imagens
III. Deuses Falsos
IV. Ensinos Bíblicos sobre a Idolatria
V. A Idolatria na Igreja
I. Definições e
Caracterização Geral
1. Essa palavra vem
do grego, eldolon ídolo., e latreuein, «adorar». Esse termo refere-se à
adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido
primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a veneração ou adoração
a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc., que tome o lugar de
Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos. Nesse sentido mais amplo,
todos os homens, com bastante frequência, se não mesmo continuamente, são
idólatras. Naturalmente, essa condição surge em muitos graus; e um dos
principais propósitos da fé religiosa e do desenvolvimento espiritual é livrar-nos
totalmente de todas as formas de idolatria.
Paulo, em Colossenses
3:5, ensina-nos que a cobiça é uma forma de idolatria. Isso posto, qualquer
desejo ardente, que faça sombra ao amor a Deus, envolve alguma idolatria.
2. A idolatria
consiste na adoração a algum falso deus, ou a prestação de honras divinas ao
mesmo. Esse deus falso pode ser representado por algum objeto ou imagem. Esse
termo usualmente inclui a ideia da dendrolatria, da litolatria, da necrolatria,
da pirolatria e da zoolatria... O estado mental dos idólatras é radicalmente incompatível
com a fé monoteísta. A idolatria é má porque seus devotos, em vez de depositarem
sua confiança em Deus, depositam-na em algum objeto, de onde não pode provir o
bem desejado; e, em vez de se submeterem a Deus, em algum sentido submetem-se
às perversões de valor representadas por aquela imagem». (H)
3. Na idolatria há
certos elementos da criação que usurpam a posição que cabe somente a Deus. Podemos
fazer da autoglorificação um ídolo, como também das honrarias, do dinheiro, das
altas posições sociais. Praticamente, tudo quanto se torne excessivamente importante
em nossa vida pode tornar-se um ídolo para nós. A idolatria não requer a
existência de qualquer objeto físico. Se alguém adora a um deus falso, sem
transformar em deus a alguma imagem, ainda assim é culpado de idolatria,
porquanto fez de um conceito uma falsa divindade.
4. Uma Rua de Mão
Dupla de Trânsito. A antropologia tem mostrado amplamente que as religiões dos
povos geralmente começam na idolatria, e então progridem para uma forma de fé
mais pura, que finalmente, rejeita os tipos primitivos de conceitos que
requeiram a presença de algum ídolo. Quando a fé de um povo vai-se tornando
mais intelectual e espiritual, menor se vai tornando a necessidade de crassas
representações materiais. Por outro lado, algumas vezes a idolatria resulta da
degeneração de uma fé anteriormente superior. Vemos isso no Novo Testamento, em
vários lugares, no tocante a Israel, a certas alturas de sua história. É
admirável como a crueza domina essa questão. Em muitos lugares do' mundo, da
Índia à Sibéria, da Melanésia às Américas, simples toras de madeira têm sido
erigidas em memória de pessoas amadas ou de heróis já falecidos; e, então, essa
tora de madeira ou pedra torna-se um objeto de adoração, porquanto muitos supõem
que o espírito da pessoa retoma para residir ali. Um culto religioso então desenvolve-se,
quando tal imagem é alvo de preces e oferendas, a fim de aplacar aquele suposto
espírito. Na Escandinávia e nos países germânicos, os arqueólogos têm
encontrado pedras e toras de madeira escavadas, com propósitos religiosos.
A tendência de atribuir uma residência material a alguma
divindade,
ou, geralmente, de prestar culto ao espírito, em termos tangíveis é algo tão
comum que quase se torna um sinal universal da cultura humana.
A idolatria está
presente na grande maioria das religiões do mundo, incluindo o hinduísmo e o budismo.
Aparentemente, não é proibida pelo zoroastrismo. Mas é proibida pelo islamismo.
O relato bíblico do povo de Israel, que adorou o bezerro de ouro, ao pé do
monte Sinai, é uma prova de idolatria no judaísmo primitivo. Os mandamentos contra
a adoração a outros deuses e contra o fabrico de imagens são injunções
especificas contra a idolatria» (AM). Esse autor, que acabamos de citar, deveria
ter incluído o fato de que o cristianismo é uma das grandes religiões que, em
alguns de seus segmentos, pratica a idolatria. Por que motivo urna imagem de
uso cristão seria prova menor de idolatria do que uma imagem venerada no
hinduísmo ou no budismo?
5. A Vasta Extensão
da Idolatria. Nosso artigo chamado Deuses Falsos apresenta um sumário do que se
sabe acerca dos deuses falsos que têm sido adorados pelos homens; e a lista é
tão extensa que chega a admirar. O panteão mesopotâmico compunha-se de mais de
mil e quinhentos deuses. Os mais conhecidos dentre eles eram Samás, Marduque,
Sin e Istar, a qual era a deusa do amor carnal. Nabu era o patrono da ciência e
da erudição. Nergal era o deus da guerra e da caça. Quase todas as atividades e
aspirações dos homens têm sido representadas por alguma prática idólatra.
6. Natureza
Corrompida da Idolatria. Toda idolatria é corrupta. Paulo supunha que os ídolos
representam forças demoníacas. Ver I Cor. 10:20. A religião dos cananeus era
repleta de corrupções morais, que ameaçavam continuamente a Israel.
Havia todos os tipos
de abusos sexuais, corno a prostituição sagrada, associados aos cultos de fertilidade,
nos quais Baal e Astarte eram adorados, sem falarmos em cultos onde havia
orgias de bebidas alcoólicas. Também havia o sacrifício de infantes na fogueira.
A radicalidade dessa forma de idolatria foi a razão por detrás do mandamento da
eliminação de toda forma de idolatria, com a destruição das imagens, colunas e
estátuas, e com a destruição dos lugares altos, onde esses ritos eram
efetuados. (Ver Deu. 7:1-5; 12:2,3).
ll. Os Ídolos e as Imagens
Um ídolo representa
alguma divindade, ou é acento é aceito como se tivesse qualidades divinas por
si mesmo. Em qualquer desses casos, aquele objeto recebe adoração. Contudo, é
possível haver urna imagem, sem que essa seja adorada, como no caso dos querubins
que havia no templo de Jerusalém. Sem dúvida, esses querubins não eram
adorados, formando uma exceção acerca da proibição de imagens. Urna imagem
também pode ser um amuleto que é concebido como dotado de alguma forma de poder
de proteger, de ajudar ou de permitir alguma realização; mas um amuleto não é
necessariamente adorado. Isso posto, apesar de representar alguma crença
supersticiosa, um amuleto não é obrigatoriamente uma forma de idolatria. E,
naturalmente, é possível a posse de uma imagem esculpida ou urna pintura,
representando algum santo ou herói religioso, sem que a mesma seja adorada, por
ser apenas um lembrete de que se deveria emular as qualidades morais e
espirituais de tal santo. Por outro lado, quando tais imagens são «veneradas-,
então é provável que, na maioria dos casos, esteja sendo praticada a idolatria.
As estátuas dos mestres jainistas e confucionistas são comuns; mas nunca são
veneradas corno deuses ou poderes divinos. Eles são relembrados como grandes
mestres, e suas imagens são apenas memoriais desse fato. As divindades da
natureza, com frequência, eram adoradas sem o uso de quaisquer objetos
materiais; mas, quando os homens começaram a pensar nos deuses como espíritos,
e esses habitando nos mais variados objetos, então todo tipo de objeto e representação
material passou a ser adorado. Assim, o sol, a lua e as estrelas eram
concebidos corno lugares de habitação de divindades, como se fossem as próprias
divindades, razão pela qual eram adorados diretamente. Algumas vezes, as
imagens só são adoradas mediante alguma forma de cerimônia, que, supostamente, lhes
transmitiria vida, ou seja, fazem delas manifestações localizadas de alguma
divindade.
O esforço por
retratar os imaginários poderes de alguns deuses têm criado imagens fantasticamente
grotescas. As religiões da Babilônia e do Egito levavam a sério a idéia de que
um deus ou espírito divino podia residir em algum objeto material. O hinduísmo
e o budismo têm feito intenso uso de ídolos para ajudar o povo comum a adorar.
Os elementos mais intelectuais dessas religiões asseveram que as imagens de
escultura são meras representações das divindades; mas, ao nível popular, essa
delicada distinção inexiste, conforme se vê na Igreja Católica Romana e na
Igreja Ortodoxa Oriental.
O islamismo destruiu
todos os ídolos em Meca, proibindo a feitura de qualquer representação material
do ser divino. O zoroastrismo, embora inclua formas de idolatria, nunca
representou a divindade com forma humana.
III Deuses Falsos.
Temos dado um artigo
separado sobre esse assunto, com esse título, mostrando a natureza muito abrangente
da idolatria, juntamente com muita informação de interesse geral para os
estudiosos da Bíblia.
IV. Ensino a Bíblico. Sobre a Idolatria
O segundo mandamento
da lei de Deus proíbe qualquer forma de idolatria. Ver Êxo, 20:3-5. A idolatria
dos hebreus, quando ocorria, não só incluía a adoração a deuses falsos,
mediante imagens ou sem elas; mas também a adoração a Yahweh, embora através de
símbolos visíveis (Osé. 8:5,6; 10:5). No Novo Testamento, qualquer coisa muito
desejada, que suplante a comunhão com Deus ou a impeça, é considerada idolatria
(I Cor. 10:14; Gãl. 5:20; Col. 3:5). A teologia moral cristã insiste em que
qualquer desejo desordenado, que veia o objeto de tal desejo como a fonte
última do bem e a base do bem-estar do individuo, é idolatria» (H)
1. Formas de
Idolatria na Bíblia. A adoração a imagens (lsa. 44: 17), o oferecimento de
sacrifícios a imagens (Sal. 106:38; Atos 7:41), a adoração a deuses falsos
(Deu. 30:17; Sal. 81:9), o serviço prestado a outros deuses (Deu. 7:4), o temor
a outros deuses (II Reis 17:35), a adoração ao verdadeiro Deus, mas por meio de
alguma imagem (Êxo. 32:46 e Sal. 10:6,18,20), a adoração a demônios (Mat.
4:8,10; I Cor. 10:20), o manter ídolos no próprio coração (Eze. 14:3.4), a
adoração aos espíritos dos mortos (Sal. 106:28). a cobiça (Efé. 5:5; Col. 3:5),
a sensualidade (Fil. 3:19), a redução da glória de Deus em uma mera imagem
(Rom. 1:23), a adoração aos corpos celestes (Deu. 4:19).
2. Descrições
Bíblicas da Idolatria. Ali a idolatria é uma abominação (Deu. 7:25), é odiosa a
Deus (Deu. 16:22), é vã e tola (Sal. 115:4-8), é destituída de proveito (Juí.
10:14; Isa. 46:7), é irracional (Atos 17:29; Rom. 1:21-23), é contaminadora
(Eze. 20:7; 36:18).
3. Adjetivos Avitadores,
Os ídolos e as imagens de escultura são deuses estranhos (Gên, 35:2), são novos
deuses (Deu. 32:17), são deuses fundidos (Êxo. 34:17), são imagens de escultura
(Isa. 45:20), são destituídos de sentidos (Sal. 115:5,7), são mudos (Hab. 2:18;
I Cor. 12:2), são abomináveis (lsa. 44:19), são pedras de tropeço (Eze. 14:3),
não passam de vento e confusão (Isa. 41:29), são como o nada (Isa, 42:24; I
Cor. 8:4), são impotentes (Heb. 10:5), são, vaidades (ler. 18:15), são vaidades
dos gentios (ler. 14:22).
4. Castigos
Prometidos aos Idólatras, A morte judicial (Deu. 17:2-5), o banimento (Jer.
8:3; Osé. 8:5-8), a exclusão do céu (I Cor. 6:9,10; Efé. 5:5; Apo, 22:15), o
julgamento da eternidade (Apo. 14:9-11; 21:8).
«Não houve nenhum período
da história dos hebreus em que esse povo estivesse isento da atração exercida
pelos ídolos. Raquel tomou os serafins (deuses domésticos, representados por
figurinhas de barro) com ela, quando Jacó e seus familiares fugiram de Labão
(Gên. 31:34). Os israelitas adoraram aos [dolos do Egito durante sua jornada
ali, e não desistiram deles - nem mesmo quando foram tirados da escravidão por
Moisés (1os. 24:14; Eze. 20:8-18). (Z) Esse autor continua a fim de mostrar a idolatria
através de toda a história de Israel: no Sinai (Êxo. 32), em suas vagueações
pelo deserto (Núm, 25:1-3; 31:16), imediatamente antes de entrarem na Terra
Prometida (Deu. 4:15-19), no tempo dos juízes de Israel(Jui. 2:11-13; 6:25-32;
8:24-27), no tempo de Salomão, através da influência de suas muitas esposas estrangeiras
(I Reis 11:1-8), no tempo de Jeroboão, quando houve a adoração ao bezerro de
ouro (I Reis 12:25·33), durante o reinado de Reboão, em Judâ (I Reis 14:21-24),
sob Acabe, em Israel (I Reis 16:32), o que levou Elias a desafiar tal idolatria
(I Reis 14:21-24), nos dias do profeta Amós (Amôs 5:26), nos dias de
Oséias(Osé. 2:16,17; 8:4-6), nos dias de Isaías (Isa. 2:8; 40:18-20; 41:6;
44:9-20), nos dias de Jeremias (1er. 2:23-25; 10:2-10; 11:13; 23:13,14). E
talvez uma das razões pelas quais aqueles que retornaram do cativeiro babilônico
tiveram de desfazer-se de suas esposas estrangeiras, com as quais se tinham
casado, eram as práticas idólatras que elas haviam introduzido em suas famílias
(Eze. 10:3,19).
No Novo Testamento,
Jesus estendeu os pecados até os seus íntimos motivos (MaL 5:21 ss). Assim, no
caso da idolatria, qualquer coisa que ocupe excessivamente o nosso tempo, às
expensas da espiritualidade, é uma manifestação de idolatria (Efé. 5:5; Col.
3:5; Fil. 3:19, onde a glutonaria é especificamente mencionada).
V. A Idolatra na Igreja
Os intelectuais cristãos,
tal corno seus colegas budistas, dizem que as imagens de escultura são apenas
memórias de qualidades dignas de emulação, de santos ou heróis espirituais, o
que, presumivelmente, - ajudaria os religiosos sinceros a copiarem tais
virtudes.
Entretanto, o povo
comum não é sofisticado o bastante para separar a imagem da adoração à divindade
ou santo. E nem significa grande coisa a autêntica distinção entre adoração e veneração.
O resultado disso é que a idolatria tornou-se muito comum na Igreja cristã,
tanto no Oriente quanto no Ocidente. E, apesar dos grupos protestantes e evangélicos
terem removido as formas mais crassas de idolatria, de seu culto, ainda assim há
muitas formas sutis de idolatria que ali são cultivadas. Quem não se mostra
ocasionalmente cobiçoso? Quem não tem desejos desordenados? Quantos escapam da
idolatria sob a forma de glutonaria ou sensualidade? Além disso, há variedades
religiosas de idolatria, como a bibliolatria (vide). Uma forma comum de
idolatria consiste em idolatrar o credo denominacional, o que, geralmente, se
faz com uma atitude arrogante. O coração humano, fora da Igreja ou dentro dela,
no Oriente ou no Ocidente, pende para a idolatria, e uma parte do crescimento
espiritual consiste na eliminação gradual de todas as formas de idolatria, até
as mais sutis.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 206-209
IDOLATRIA
Definição
Esta é uma
transliteração da palavra gr. eidololatria, cujo significado entendemos ser
"a adoração a ídolos; a adoração a imagens como divinas e sagradas".
Veja Imagens de Escultura. Esse vocábulo gr. é uma composição de dois termos: O
primeiro é eido (cf. o latim video), significando "ver" e
"saber"; assim ele traz em si o conceito básico de "saber por
ver". Com base nesse termo foi formada a palavra eidolon,
"imagem", que veio a significar especificamente uma imagem de um deus
como um objeto de adoração, ou um símbolo material do sobrenatural como tal
objeto. O segundo termo é latreia, significando "culto" ou, mais
especificamente, "culto ou adoração aos deuses". Idolatria, então, é
prestar honras divinas a qualquer produto de fabricação humana, ou atribuir
poderes divinos a operações puramente naturais.
Descrição
Como uma criatura
ligada ao tempo e ao espaço, o homem tem estado especialmente inclinado a
prestar adoração a algum tipo de símbolo visível de divindade. Ele parece
anelar por manifestações tangíveis da presença divina. Durante a história
humana, esta atitude tomou várias formas e manifestações. Mesmo que o homem
tenha abandonado a adoração ao verdadeiro Deus, ele não renunciou à religião,
mas procurou substituir o verdadeiro Deus por um deus falso que estivesse de
acordo com seu próprio gosto.
O animismo era a
adoração ou a reverência aos objetos inanimados, tais como pedras, árvores,
rios, fontes e outros objetos naturais. Também havia a adoração a coisas
animadas, tais como aos animais: touros ou bezerros sagrados, símbolos do
princípio da reprodução e procriação; a serpente, como símbolo de renovação
anual, uma vez que ela troca sua pele velha por uma nova; e pássaros, tais como
o gavião, a águia e o falcão, como símbolos de sabedoria e conhecimento
interior. Estas formas animais eram às vezes combinadas com formas humanas como
objetos de adoração - o teriomorfismo. Havia divindades astrais, tais como o
sol, a lua e as estrelas. Os elementos e as forças da natureza também eram
reverenciados e adorados: tempestades, ar, fogo, água e terra.
Consequentemente, os deuses da vegetação e o genii loci recebiam uma posição
importante.
O princípio da
fertilidade era frequentemente divinizado como uma deusa-mãe (veja Diana), como
as imagens de Éfeso indicam. Isso envolvia a adoração ao sexo e a glorificação
da prostituição.
Havia a tendência
comum da adoração aos heróis, que também incluía os ancestrais mortos da tribo
ou do clã. O totemismo representava não apenas a atividade em artes e ofícios,
mas a adoração ao deus ou à deusa que eram patronos do clã, qualquer que fosse
a imagem sob a qual a divindade tivesse sido concebida. Geralmente este era um
animal selvagem ou um pássaro, ou ainda a combinação de uma das formas animais
com a humana. O idealismo envolvia a adoração a conceitos abstratos tais como a
sabedoria e a justiça. A adoração ao imperador deve ser incluída. Os reis, por
terem o poder da vida e da morte sobre seus súditos, passaram a ser
divinizados. "Ave César" significava mais que um desejo de "vida
longa ao rei", assim como "Heil Hitler" ("Salve
Hitler"); estes eram, na verdade, atos de adoração. Somente o homem possui
o dom de fazer imagens. Assim fazendo, ele busca a reprodução de impressões
oculares que desaparecem, ou objetos sagrados imaginados. Assim a idolatria
fica estreitamente relacionada ao avanço do homem em artes e ofícios. Sua
história está repleta de tentativas de dar formas materiais a ideais e ideias
religiosas. Uma vez que estes se tornassem objetos concretos, então a
reverência e a adoração poderiam ser expressas em favor deles através da queima
de incenso, curvando-se os joelhos, beijando-se a imagem, recobrindo-a com
prata e ouro, adornando-a com jóias e pedras preciosas, ou vestindo-a com
trajes suntuosos. Tudo isto consistia apenas em um outro passo para consultá-la
como um oráculo de sabedoria divina e um meio de predizer o futuro de uma pessoa,
ou o resultado de algum projeto militar ou político. Uma estátua de culto era,
portanto, um objeto de adoração e deleite porque a imagem visível dava
evidência da presença da divindade. Ela era regularmente guardada em algum
santuário, e um completo culto para sua adoração era desenvolvido. Veja Imagens
de Escultura; Imagens. Em um sentido mais amplo, a idolatria em formas teóricas
pode incluir as vãs filosofias dos homens, pois ela tira parte da glória de
Deus (Rm 1.23) e confere honras divinas a outrem. Assim, o naturalismo, o
humanismo, e o racionalismo são tipos de idolatria. Da mesma forma, ligar-se a
horóscopos e qualquer prática oculta de feitiçaria e espiritualismo deve ser
condenado como idolatria.
A Idolatria dos Vizinhos de Israel
Práticas pagãs
entraram em Israel principalmente por intermédio dos egípcios, dos cananeus e
das nações assírio-babilônicas. A antiga arte e escrita egípcia deixaram
evidências de milhares de divindades. Os próprios faraós eram considerados
encarnações de alguma divindade. Além dos seres humanos, pensava-se que um
touro, um crocodilo,
um peixe, uma árvore,
um gavião etc. também poderiam ser habitados por um espírito e, portanto,
divinizados. Havia muitas divindades com cabeça de animal ou pássaro, porém com
corpos de seres humanos. Entre os cananeus, os muitos baalins com seus
respectivos cultos de fertilidade eram os promotores de adorações orgiásticas
da natureza e do princípio da produtividade. A principal entre as divindades
dos babilónios e assírios era a deusa imoral da luxúria e da procriação, a
mesopotâmia Ishtar. Os babilónios pareciam estar dispostos a importar deuses de
muitos vizinhos, ou de nações que eles haviam conquistado e sujeitado ao
pagamento de tributos. Sendo assim, eles tinham um deus para quase tudo:
aprendizado, guerra, fogo, maternidade, virgindade, fertilidade, céu, vento,
água, terra, e o mundo dos mortos, juntamente com o habitual sol, lua e
estrelas. O povo assírio era tão idólatra quanto o babilónio e, além disso,
ganhou a reputação nada invejável de ser a mais cruel e mais sádica de todas as
nações antigas do Oriente Próximo.
A História da Idolatria Entre os Israelitas
Abraão viveu em um
mundo de idolatria. Sua viagem para oeste tinha a finalidade de abandonar a
idólatra Ur dos caldeus e procurar um novo lar no qual poderia adorar ao único
Deus verdadeiro. E significativo notar que de seus descendentes tenham surgido
as três grandes religiões monoteístas do mundo: o Judaísmo, o Cristianismo e o
Islamismo. A proibição da idolatria é um dos poucos conceitos absolutos e
imutáveis no sistema judaico de ética (juntamente com o incesto e o
assassinato). A adoração sem a imagem de Jeová anunciava não meramente que Ele
era maior do que a natureza, mas que também não era limitado por ela. No AT, há
muitos termos heb. usados como escárnio à idolatria, indicando sua infâmia e
obscenidade, bem como seu absoluto vazio. Todas as camadas da lei judaica dão
testemunho da oposição a se fazer um retrato de Deus. Os dois primeiros
mandamentos proíbem a adoração de imagens, bem como a adoração a qualquer outro
deus (cf. Êx 20.1ss.; Dt 5.7,8; Lv 19.4). A idolatria era classificada como uma
ofensa de estado e cheirava a traição, devendo ser punida com a morte (Dt 17.2-7).
A profecia heb.
mostra, da mesma forma, uma hostilidade intransigente à idolatria. Qualquer
imagem é uma mera obra das mãos do homem (Am 5.26; Os 13.2; Is 2.8), uma
imitação das criaturas (Dt 4.16ss.) formada a partir de matéria sem vida (Os
4.12; Is 44.9,10; SI 115). Portanto, sua adoração é absolutamente uma loucura.
Só Deus deve ser adorado, visto que somente Ele é o Criador vivo de todas as
coisas, e um Espírito que
não pode ser retratado de nenhuma forma. Contudo, mesmo entre os israelitas
pode ser notada a adoração a Jeová sob a forma de alguma imagem ou símbolo;
muitos deles se comportavam como se a adoração aos deuses das nações vizinhas
sob qualquer símbolo fosse apropriada; e, além disso, adoravam as próprias
imagens e símbolos (por exemplo, a serpente de bronze, 2 Rs 18.4). A história
da idolatria entre os hebreus começa com o relato do roubo - por parte de
Raquel - dos ídolos do lar que pertenciam a Labão (Gn 31.19), que eram
provavelmente estatuetas de deuses da família. Estes naturalmente não eram
considerados como o Deus de Abraão e Naor (Gn 31.53). No entanto, Raquel pode
não ter tido interesse pelos ídolos do lar por motivos de adoração, porque
descobertas em Nuzu indicam que com a posse de um ídolo do lar vinha a chefia
da família. Ela pode ter tentado transferir a chefia patriarcal da família de
seu pai para seu marido.
Os anos no Egito
resultaram na fascinação de Israel pelos ídolos egípcios (cf. Js 24.14; Ez
20.7,8), e assim Moisés considerou imperativo desafiar os deuses do Egito (Nm
33.4). Durante a ausência de Moisés do acampamento ao pé do monte Sinai, os
israelitas clamaramjaor alguma representação visível de Jeová (Êx 32.1).
Somente uma mente completamente acostumada ao profundo respeito prestado aos
touros sagrados do Egito poderia inventar uma representação tão estranha de
Jeová (Êx 32.4; veja JerusB). As pessoas que não estivessem familiarizadas com
essa prática egípcia não poderiam ter respondido tão prontamente como fizeram
esses israelitas^. A festa que Arão proclamou para Jeová (Êx 32.5), que
resultou no povo cantando e dançando nu diante do ídolo (32.6,18,19,25), era
como a festa de Ápis; isto levou o povo à indecência - de uma forma pública ou
privada (a palavra "divertir-se" ou "folgar", saheq, em
32.6 implica em gestos ou atos sexuais; cf. "acariciava", Génesis
26.8). Portanto, a grande ira do Senhor e de Moisés é compreensível (32.4,8).
Arão chamou ao bezerro de Senhor (32.5), mas representá-lo desse modo era
idolatria (SI 106.19,20).
Houve uma apostasia
temporária em Sitim quando os homens de Israel, cedendo aos encantos das filhas
de Moabe, deram lugar ao baalismo (Nm 25).
Ao entrar na
Palestina, Israel teve contato com várias formas de idolatria. E embora
tivessem recebido ordens expressas para destruir todos os ídolos (Dt 12.2,3), a
ordem não foi obedecida integralmente em todos os casos (Jz 2.12,14).
O pai de Gideão havia
levantado ou tomado posse de um altar a Baal, o qual Gideão foi obrigado a
destruir (Jz 6.25-32). O éfode de Gideão pode ter sido uma oferta de voto a
Jeová, mas ele
tornou-se um laço para todo o Israel, bem como para toda a sua casa (Jz 8.27).
Assim que Gideão morreu, Israel retornou à sua adoração idólatra a
"Baal-Berite" (Jz 8.33; 9.4).
O episódio de Mica em
Juízes 17 e 18 revela evidências de uma idolatria secreta por parte de muitas
pessoas (Jz 17.1-6). Neste caso, um levita de todo o povo torna-se um sacerdote
de imagens (cf. Dt 27.15). Samuel, ao assumir o ofício de juiz de Israel,
considerou necessário repreender o povo pela posse de deuses estrangeiros (1 Sm
7.3,4). Salomão já havia estabelecido o cenário para uma grande apostasia e
idolatria por sua importação de tantas esposas estrangeiras, e com elas as suas
respectivas formas de adoração pagã, cada uma com seu falso deus. Havia
Astarote dos sidônios, Quemos dos moabitas, Milcom dos amonitas, só para citar
alguns. Três dos cumes do monte das Oliveiras foram coroados com postes-ídolos
para essas divindades, respectivamente, e o quarto ficou conhecido como o monte
da corrupção (1 Rs 11.5-8; 2 Rs 23.13,14). O filho de Salomão, Roboão, tinha
uma mãe amonita, cuja religião introduziu algumas das piores características de
idolatria licenciosa (1 Rs 14.21-24). Jeroboão, recém-saído de seu exílio no
Egito, erigiu touros sagrados em homenagem a Jeová em Dã e Betei (1 Rs
12.26-33). Na prática, porém, a adoração parece ter sido dirigida aos animais
de ouro ao invés de ser oferecida ao próprio Senhor (cf. Am 4.4,5). Esta
adoração aos bezerros é tratada por Oséias como o "pecado de Israel"
(Os 10.5-8).
Um dos maiores
promotores da idolatria na história hebraica foi o rei Acabe, influenciada por
sua esposa, a princesa sidónia Jezabel (1 Rs 21.25,26). Ele não só construiu um
templo e um altar para o Baal dos sidônios -Melcarte, como se envolveu na
perseguição ativa aos profetas de Jeová (1 Rs 16.31-33). Diante dos profetas de
Baal e Asera, Elias proclamou seu famoso discurso em defesa do Deus verdadeiro
(1 Rs 18). A história do Reino do Norte então se torna, sucessivamente, com
cada um de seus reis, um restabelecimento do pecado de Jeroboão. Isto veio a
ser conhecido como o "caminho dos reis de Israel" (2 Rs 16.3; cf.
17.7-18). Assim houve uma longa linhagem de apóstatas reais na nação de Israel,
o que não cessou até a conquista daquele reino pelos assírios. Um propagador da
idolatria no Reino do Sul foi o rei Acaz. Ele construiu um altar de acordo com
o modelo que havia visto em Damasco, bem no local do altar de bronze do Templo
judeu (2 Rs 16.10-15). Também fez seu filho passar pelo fogo (2 Rs 16.3) e
ofereceu sacrifícios aos deuses de Damasco (2 Cr 28.23). Um dos reinados mais
longos e mais idólatras em Judá foi o do ímpio Manasses, que, embora tenha se
voltado para o Senhor pouco antes de sua morte (2 Cr 33.10-17), não pôde
desfazer os resultados de uma vida de apoio a encantamentos, adivinhações,
feitiçaria, profanação dos pátios do Templo com altares às divindades astrais e
uma imagem de Asera no Lugar Santo (2 Rs 21.1-9; Jr 32.34). Consequentemente,
pouco antes de seu arrependimento e morte, seu próprio filho restaurou os
altares de Baal e as imagens de Asera. Contudo, como nos dias de Elias no Reino
do Norte (1 Rs 19.18), também durante os reinados dos reis ímpios de Judá Deus
parece ter conservado um remanescente justo que se recusou a dobrar os joelhos
diante de Baal. O tipo de idolatria mais deplorável era aquele dirigido pelos
falsos profetas, que como líderes da apostasia juntaram-se a sacerdotes
corruptos (2 Rs 23.5) e profetizavam por Baal e seguiam "coisas de nenhum
proveito", isto é, ídolos desprovidos de qualquer poder (Jr 2.8, cf. 2 Cr
15.3). Parece ter havido algumas tentativas de adorar ao Deus verdadeiro sob
imagens idólatras e uma contaminação da verdadeira adoração com rituais
idólatras (2 Rs 17.32; 18.22; Jr 41.5). Naturalmente, o casamento com pessoas
oriundas de nações idólatras era quase sempre o primeiro passo em direção à
idolatria (Êx 34.14-16; Dt 7.3,4; Ed 9.2; 10.18; Ne 13.23-27).
Ezequiel descreve um
recinto de imagens em Jerusalém (Ez 8.7-12) que era sem dúvida alguma
proveniente do Egito. A serpente de bronze parece ter se tornado um ídolo, e o
povo lhe oferecia incenso (2 Rs 18.4). Até mesmo a adoração a Moloque foi algumas
vezes restaurada (2 Rs 17.17), embora a prática de lançar seus filhos ao fogo
fosse basicamente revoltante para a mente do povo hebreu. O exílio babilónico
veio como uma repreensão direta à idolatria do povo hebreu (Jr 29.8-10), como
Deus havia prevenido nos dias de Ezequias (Is 39.6).
Nos tempos
pós-exílicos, especialmente sob o governo de Alexandre e seus sucessores, os
judeus mais uma vez depararam com a questão da idolatria (1 Mac 1.41-50,54-64).
É bom lembrar, para crédito deles, que muitos judeus desse tempo escolheram a
morte ao invés da idolatria (1 Mac 2.23-26,45-48). Mais tarde, a águia de ouro
de Herodes, colocada acima de uma das portas do santuário, provocou uma
tempestade de protestos (Josefo, Ant. xvii.6.3).
A Avaliação do Novo
Testamento
Os primeiros cristãos
inevitavelmente entraram em contato com a idolatria gentílica (At 17.16).
Assim, eles frequentemente tinham que encarar questões relacionadas aos
alimentos e à carne oferecida aos ídolos durante as festividades (At 15.20; 1
Pe 4.3; Ap 2.14,20), especialmente em Corinto (1 Co 8; 10). Idólatra é o nome
dado àquele que adora deuses pagãos e ídolos pessoais no NT (1
Co 5.10,11; 6.9;
10.7; Ap 21.8; 22.15). A idolatria é especificamente equiparada à cobiça, que
faz do dinheiro um deus, e torna o homem infiel em sua mordomia (Mt 6.24; Lc
16.13; Cl 3.5; Ef 5.5). As advertências contra a concupiscência maligna
certamente não se referem apenas à idolatria no ambiente dos primeiros
cristãos, mas também à nossa era, que é obcecada por sexo (Gl 5.19,20; Fp 3.19;
cf. Rm 16.18). A fonte da idolatria é basicamente um coração impuro e uma
vontade impura (Rm 1.21). Paulo concorda com Isaías quando diz que o homem
degenerou-se no paganismo ao invés de se desenvolver e abandoná-lo (cf. Rm 1;
Is 44). Portanto, ele ordena que os cristãos fujam da idolatria (1 Co 10.14).
João faz a mesma advertência (1 Jo 5.21).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 944-948.
I João 5. 21. Em sua
última sentença, em lugar de alguma despedida formal, João emprega outra vez a
sua terna e afetuosa forma de tratamento, “filhinhos, que não ocorria desde
3:8. A sua exortação final se baseia nas três grandes certezas que acabou de
exprimir. O dever, guardai-vos dos ídolos, surge naturalmente da condição e caráter
do verdadeiro cristão, que ele esteve expondo. O Filho de Deus o guardará (18),
mas isto não o isenta da responsabilidade de guardar-se. Quanto a estas duas
formas de guarda, a dele e a nossa, ver Jd 21,24. De fato, o verbo aqui não é
tSrein (como no v. 18), mas phulassein. Significa propriamente “vigiar”,
“proteger” (assim na RV), e David Smith demonstra que ele é empregado com
referência a proteger “um rebanho (Lc 2:8), um depósito ou encargo (1 Tm 6:20;
2 Tm 1:12,14), um prisioneiro (At 12:4)”.
A que ídolos João se
refere só podemos conjeturar. Talvez esteja proferindo somente uma advertência
geral de que o conhecimento do verdadeiro Deus e a comunhão com Ele são
incoerentes com o culto a ídolos. Ou talvez esteja empregando a palavra
“ídolos”, como o fez Platão, com referência às ilusões dos sentidos em oposição
à realidade última. Neste caso, João está dizendo: “Não abandoneis o real pelo
ilusório” (Blaiklock). Mas a posição do artigo definido (apo tõn eidõlõn, “dos
ídolos” ou “dos vossos ídolos”) sugere que ele tinha em mente algum perigo
particular. Talvez estivesse pensando nas idolatrias pagãs de que Éfeso estava
repleta naquela época. (Assim Barclay.) É mais provável, porém, que a alusão
seja às “errôneas imagens mentais modeladas pelos falsos mestres” (Brooke),
que, por seu falso conceito do Filho, e portanto do Pai, constituíam monstruosa
idolatria. Isto pode explicar o “peremptório imperativo aoristo” (Brooke,
phulaxate). J oão estava escrevendo em tempo de crise. “A heresia de Cerinto
era um ataque desesperado, exigindo uma repulsa decisiva” (Smith). O que é
certo é que todos os “substitutos de Deus” (Dodd) são propriamente “ídolos”,
que deles o cristão deve guardar-se vigilantemente.
O culto a ídolos,
irreal e morto, é incoerente e incompatível com aquele conhecimento do
verdadeiro Deus, que é a vida eterna, exatamente como o pecado e o egoísmo são
incompatíveis com o conhecimento de Deus que é luz e amor. É esta
incompatibilidade, esta incongruência, do pecado, falta de amor e erro, com o verdadeiro
cristão, que constitui o tema subjacente à epístola. Que o cristão reconheça de
uma vez quem ele é, o que veio a ser, “nascido de Deus”, “de Deus”, que tem
conhecimento de Deus, que está “em Deus”, que é possuidor da “vida eterna” em
Cristo (todas estas expressões características ocorrem nestes versículos
finais), e certamente levará uma vida coerente com a sua posição cristã e digna
dela.
John
R. W. Stott. I II III João Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 168-169.
Aviso de João de concluir,
Filhinhos, guardai-vos dos ídolos, reflete a importância crucial de adorar o
verdadeiro Deus exclusivamente. O perigo da idolatria era especialmente grave
em Éfeso (onde João provavelmente escreveu esta epístola), centro do culto da
deusa Ártemis (Diana). Algumas décadas antes, o ministério do apóstolo Paulo
teria iniciado um motim por seus adoradores zelosos (Atos 19:23-41). Mas o
perigo não estava confinado a Éfeso, como a advertência de Paulo aos Coríntios:
"Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios, você não
pode participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios" (1 Cor. 10:21),
indica. Embora poucos em nossa cultura contemporânea adoram ídolos físicas, a
idolatria é generalizada, no entanto. Qualquer coisa que as pessoas elevar
acima de Deus é um ídolo do coração. Cada "coisa sublime que se levante
contra o conhecimento de Deus" (2 Coríntios. 10:5) deve ser destruída, e
só Cristo exaltado.
Em um mundo escuro
cheio de incertezas, os cristãos têm a certeza gloriosa com base em revelação
divina "a palavra profética fez mais certeza ... uma lâmpada que brilha em
lugar escuro" (2 Pedro 1:19). Enquanto o mundo tropeça cegamente na
escuridão (Jr 13:16), a Palavra de Deus é para os santos "lâmpada para os
pés [sua] e luz para o [seu] caminho" (Sl 119:105), porque "o
mandamento é uma lâmpada e do ensino é luz "(Provérbios 6:23).
JOHN MACARTHUR, JR.
Novo Testamento Comentário
I II II João Comentário Expositivo.
3. A idolatria no
coração.
CORAÇÃO
I. Uso Geral
Coração. Nas páginas
da Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamentos, é o vocábulo mais completo
para indicar todas as faculdades humanas, como os sentimentos (ver Rom. 9:2), a
vontade (ver I Cor. 4:5) e o intelecto (ver Rom. 10:6). e assim apontado o
homem interior, o homem essencial, aquela porção da personalidade humana que
possui os meios naturais através dos quais todo o homem deveria elevar seu
conhecimento de Deus a níveis mais altos, em gratidão. Todavia, é justamente o
coração que se toma obscurecido. O «coração» pode ser o lar do Espírito Santo
(ver Rom, 5:5), ou a maldade pode dominar ali (ver Rom, 1:24). A passagem de
Mar. 7:21 e ss , alista os vicias que podem proceder do homem interior, ali
também chamado de -coração».
II. A Prevenção de
Rom. 1:21 descreve de
forma abreviada como as faculdades naturais do homem, que lhe permitem vir a
conhecer a Deus e a ter comunhão natural com ele, foram pervertidas, através de
uma degeneração progressiva, mediante a rejeição proposital do conhecimento de
Deus e da distorção da verdade, tudo o que faz parte do misterioso e primeiro deslocamento
do homem para fora da harmonia original que ele desfrutava com Deus.
O homem só tem razão
quando pensa corretamente, e só pensa corretamente se está em harmonia com o
Criador.
Antes se tornaram
nulos em seus próprios raciocínios, Rom, 1:21. A palavra nulos, neste caso, significa
«inúteis» «vãos", «vazios». «A compreensão humana foi reduzida a trabalhar em um
'vácuo'. De certo
modo se tomou fútil•. (Godet em Rom, 1:21).
Ou, conforme diz
Vincent. «Suas ideias perderam o valor intrínseco, correspondente à verdade».
O vocábulo vaidade,
nos contextos judaicos (o que também deve ser verdade nos escritos de Paulo),
diz respeito as
práticas e tendências idólatras dos homens, os quais loucamente, em lugar do Deus
vivo, colocam
alguma outra coisa, usualmente uma imagem de escultura, feita por seus pr6prios
dedos, ainda
que isso também possa ser expresso na forma da adoração aos corpos celestes, em lugar de
adoração ao
próprio criador dos corpos celestes, Raciocínios. - Alguns intérpretes preferem a
tradução
alternativa - imaginações - o que se referia à intranquilidade da mente depravada,
que começa
por inventar ideias, por especular, por raciocinar, mas tudo com resultados
negativos, pervertendo tão somente qualquer luz à verdade que porventura já
possua. ~ a «verdade humana» que os homens substituem pela «verdade de Deus». A
verdade dos homens leva os homens à perversão moral, conforme se vê tão
patentemente no nosso mundo atual. Os males, portanto, exercem um efeito cumulativo,
e isso concorda com a experiência humana.
Tudo isso esclarece
por quais razões e como os homens são inescusáveis. Os pr6prios homens fizeram descer
o dilúvio sobre eles, e isso deu inicio a um espírito de ingratidão.
«A injustiça deles
consiste nisso – imediatamente afogaram, por sua própria depravação, a semente
do correto conhecimento, antes que esta pudesse amadurecer•. (Calvino).
Quanto a essa verdade
bíblica podemos examinar um trecho paralelo no livro ap6crifo de Enoque 99:8,9,
onde também se reflete a ideia e a mentalidade judaica sobre essa questão: «E
eles 'os homens' tornar-se-ão limpos em razão da insensatez de seus corações e
seus olhos serão cegos pelo temor que haverá em seus corações, bem como através
das visões de seus sonhos. Mediante essas coisas se tomarão ímpios e temerosos,
porquanto fazem todas as suas obras na mentira, e adoram um pedra.
III. A Variedade de uso da Palavra
1. Como paralelo de
«inteligência» (ver Rom. 1:21: II Cor. 3:15; 4:6 e Efé. 1:18).
2. Como equivalente a
-escolhe morab (ver I Cor. 7:37 e n Cor. 9:7).
3. Como algo que dá
impulso e caráter às ações (ver Rom. 6:17; Efé. 6:6: I Cor. 3:3; I Tim. 1:5 e
11 Tiro. 2:22). A obra da lei está escrita no coração do homem (ver Rom. 2:15).
A igreja em Corinto foi inscrita como epístola de Cristo, em corações de carne
(ver II Cor. 2:23).
4. Especificamente, o
coração é a sede do Espirito divino (ver Gál. 4:6; Rom. 5:5; 11 Cor. 1:22).
Essa é a esfera das diversas operações, orientações, consolos e confirmações do
Espírito Santo (ver Fil. 4:7;: Cal. 3:15: I Tes. 3:13; 11Tes. 2:17 e 3:5). O
coração igualmente a sede da fé e o 6rgão do louvor espiritual'.
(ver Rom. 10:9;'Efé.
5:19; Col. 3:16).
5. O coração equivale
ao homem interior (ver Efé. 3:16,17).
Assim, pois, podemos
falar sobre o homem essencial, o homem real, que é a alma humana, em contraste
com o mero homem físico, o homem animal.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 899.
Ez 14.3 Filho do
homem. O profeta é assim chamado por Yahweh, cada vez que uma mensagem é dada.
Ver este título em Eze. 2.1.
Estes homens
levantaram os seus (dolos dentro em seu coração. Os líderes que consultaram o
profeta não tinham coração puro. De fato, retinham uma idolatria doentia no
espírito, mesmo que não adorassem ídolos crassos em lugares públicos. Não se
tinham voltado para o culto de Yahweh. Não obedeceram à lei de Moisés, o guia
de Israel (Deu. 6.4 ss.). Não eram distintos das nações pagãs (Deu. 4.4-8).
Ainda amavam seus ídolos, as bolas de esterco, expressão usada 39 vezes neste
livro. O amor aos ídolos foi um impedimento para aqueles ímpios, que
continuaram pecando aberta e vergonhosamente. Eles viviam uma farsa, pois os
terrores da Babilônia não os curaram. Cf. Eze. 7.19-20 e Amós 4.4-5. Ver também
Jer. 2.25. Como a esposa de Ló, eles também desejaram os velhos caminhos
pecaminosos. Não receberam nenhuma comunicação divina. Yahweh não podia
recebê-los ou abençoá-los. Aqueles homens eram doentes, espiritualmente
falando; eram rebeldes, idólatras, apóstatas e reprovados.
Ez 14.4 Assim diz o
Senhor Deus: Qualquer... que levantar os seus ídolos dentro em seu coração.
Adonai-Yahweh (o Soberano Eterno) deu respostas duras àqueles atores. Eles eram
idólatras de coração: sem coragem de estabelecer cultos públicos de idolatria,
mantinham altares idólatras em seu íntimo. O Soberano, no exercício de Sua
providência negativa, castigaria sem misericórdia esses tais. A espada os tinha
seguido até o cativeiro (Jer. 9.16). Ver também Eze. 12.14.
Eu, o Senhor... lhe
responderei segundo a multidão dos seus ídolos. Adonai- Yahweh daria a eles uma
resposta severa que eles não gostariam de ouvir. Era a palavra da aniquilação.
O Targum fala aqui da palavra de misericórdia, mas esta interpretação não faz
sentido no presente contexto. Os idólatras tolos sofreriam por causa de sua
tolice. As palavras de terror se tomariam experiências de terror.
Ez 14. 7 Qualquer homem da casa de Israel, ou dos
estrangeiros que moram em Israel, que se alienar... Este versículo é uma
duplicata do vs. 4, onde há uma exposição. Aqui, todavia, aprendemos que os
adeptos do judaísmo incluíram “estrangeiros”. Esta palavra se refere aos
prosélitos do judaísmo, que eram das nações pagãs. Qualquer homem, nativo ou
estrangeiro (convertido), que se apresentasse como seguidor de Yahweh, mas
praticasse a idolatria, seria rejeitado por Ele. Um julgamento angustiante
cairia sobre os nativos e estrangeiros. Todos eram hipócritas, ímpios e
depravados. Adonai-Yahweh, o Soberano Eterno, acabaria com todos. Ver Lev.
17.8-9, que fala dos prosélitos do judaísmo. A condição de conversão era a
obediência à lei de Moisés. Nem mesmo os judeus nativos cumpriram essa
condição, no tempo de Ezequiel.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3231-3232.
Estas palavras foram
dirigidas a um grupo específico de anciãos que se assentaram diante de Ezequiel
(cf. 8:1; 20:1). Tinham chegado, presumivelmente, na esperança de ouvir algum
oráculo acerca da duração do seu exílio, ou acerca da situação da pátria, em
Jerusalém. O oráculo foi dado, mas não foi aquilo que esperavam.
3. Note a expressão
de desprezo: estes homens. A acusação contra eles é que se deixaram afetar pelo
seu meio-ambiente babilônio e com os atrativos da sua religião idólatra. Nada
mudara extremamente na sua lealdade ao Senhor, mas tomaram ídolos dentro em seu
coração e, ao assim fazerem, colocaram diante de si mesmo a pedra de tropeço
que os levaria a cair na iniqüidade. A frase: tropeço para a iniqüidade, é
peculiar a Ezequiel (7:19; 14:3, 4, 7; 18:30; 44:12) e geralmente se refere aos
ídolos, os quais o profeta reconhecia como sendo supremamente “a ocasião para pecado”
ao seu povo. O Senhor exige uma lealdade exclusiva, interna quanto
externamente, da parte do Seu povo, e aqueles que O consultam ou oram a Ele,
enquanto acalentam outros deuses no seu coração, não serão ouvidos (cf. SI
66:18).
4. Em lugar de uma
resposta, Deus dá ao profeta um oráculo de julgamento que coloca em termos
gerais (Qualquer homem da casa de Israel que...) aquilo que acontecerá quando o
homem de lealdade dividida inquirir de um profeta verdadeiro. Nenhum oráculo
será dado, mas eu, o SENHOR... lhe responderei, com ações e não com palavras.
As palavras têm um som sinistro, e o v. 8 narra mais acerca do seu significado,
mas o alvo final é expressado de modo positivo nos w. 5 e 11.0 Senhor pretende captar
os corações do Seu povo alienado, de modo que este possa tornar-se Seu povo na
realidade.
John
B. Taylor. ÊXODO Introdução e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 115.
Êx 20.3 Primeiro Mandamento:
Não terás outros
deuses. Temos aqui a regra do monoteismo (ver a respeito no Dicionário). Neste
ponto, o monoteismo substitui todas as outras possíveis noções de Deus.
Todavia, não basta acreditar na existência de um Deus. Esse Deus único precisa
ser reconhecido e obedecido como a autoridade moral de todos os atos humanos.
Também só há um Deus no atinente à questão da adoração e do serviço espirituais.
O Deus único merece toda honra. Isso labora contra 0 panteísmo e todo 0 seu
caos. Este último adiciona muitas informações àquilo que comentamos aqui. Ver
também Êxo. 23.13.
A nação de Israel
estava cercada por povos que eram leais a um número impressionante de
divindades. As pragas do Egito tinham mostrado que só Yahweh é Deus (ver Êxo.
5.2 e 6.7). Há uma profunda verdade na ideia que um homem só pode adorar a um
Deus. Jesus abordou essa questão em Mateus 6.24. Os homens adoram aquelas
coisas que lhes parecem importantes, incluindo o dinheiro. Há deuses externos e
internos. Mas todos eles são deuses falsos.
Os vss. 4-6 descrevem
e ampliam o primeiro mandamento. Os católicos-romanos e os luteranos (e também
muitos intérpretes judeus) pensam que esses versículos formam, conjuntamente, o
primeiro mandamento. Mas a maioria dos outros grupos protestantes e evangélicos
fazem desses versículos um mandamento distinto.
Yahweh é um Deus
zeloso que não tolera rivais (vs. 5; 34.14). Naturalmente, temos nisso uma linguagem
antropomórfica. Ver no Dicionário 0 artigo Antropomorfismo. Divindades rivais
seriam algo contrário ao caráter único de Deus. E um deus que não é único não é
0 verdadeiro Deus. Ver os vss. 22,23. A desobediência ao primeiro mandamento
foi a principal razão dos cativeiros (ver a esse respeito no Dicionário) que,
finalmente, Israel sofreu.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 388.
Reconhecendo o único
e verdadeiro Deus (w. 1-3). A expressão "o Senhor, teu Deus" é
repetida cinco vezes nessa passagem (vv. 2, 5, 7, 10, 12), a fim de lembrar o povo
da autoridade por trás desses mandamentos.
Moisés não está
relatando "dez opiniões" que ouviu de um conselheiro amigável, mas
sim dez mandamentos proferidos pelo Deus Todo-Poderoso. Os hebreus viviam num
mundo de nações cegas e supersticiosas, que adoravam a muitos deuses, algo que
Israel presenciou durante séculos no Egito. Israel devia ser testemunha do
verdadeiro Deus vivo (S I 115) e convidar os povos vizinhos a confiar nele. A
expressão "diante de mim" pode significar "em oposição a
mim". Para os israelitas, adorar a outro Deus seria o mesmo que declarar guerra
a Jeová e atrair sobre si a ira de Deus. A cada manhã, o judeu fiel declara:
"Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor " (Dt 6:4).
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 289.
O Primeiro
Mandamento: Não Ter Outros Deuses (20.3)
O versículo 2 é a
introdução do primeiro mandamento. Deus identifica quem tirou os filhos de
Israel da servidão egípcia: O SENHOR. Visto que ele os libertara e provara que
era supremo, eles tinham de torná-lo seu Deus. Não havia lugar para
competidores.
Todos os outros
deuses eram falsos.
Diante de mim (3)
significa “lado a lado comigo ou além de mim”. Deus não esperava que Israel o
abandonasse; Ele sabia que o perigo estava na tendência de prestar submissão
igual a outros deuses. Este mandamento destaca o monoteísmo do judaísmo e do
cristianismo.
“O primeiro
mandamento proíbe todo tipo de idolatria mental e todo afeto imoderado a coisas
terrenas e que podem ser percebidas com os sentidos.”21 Não existe verdadeira felicidade
sem Deus, porque Ele é a Fonte de toda a alegria. Quem busca alegria em outros
lugares quebra o primeiro mandamento e acaba na penúria e em meio a
acontecimentos trágicos.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 1. pag. 189.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
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