OS DEZ MANDAMENTOS DO SENHOR
Data:16 de Fevereiro de
2014 HINOS
SUGERIDOS 262, 285, 306.
TEXTO ÁUREO
“Porque
o fim da lei é Cristo para justiça , de todo aquele que crê” (Rm 10.4).
VERDADE PRÁTICA
A
Lei expõe e condena os nossos pecados, porém, o Senhor Jesus Cristo, pelo seu
sangue expiador, nos perdoa e nos justifica mediante a fé.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Jo 1.16,17 A lei de Moisés e a graça
de Deus
Terça - Rm 1.16,17 O crente vive em Cristo a partir da fé
Quarta - Gl 4.4,5 Cristo veio alcançar
os que estavam sob a Lei
Quinta - 1 Co 1.30,31 Cristo -
sabedoria, justiça, santificação e redenção
Sexta - Rm 10.8,17 A fé pela Palavra quando crida e obedecida
Sábado - Gl 2.16 A justificação nos
vem pela fé em Cristo
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Êxodo
20.1-5,7-10,12-1 7
1
- Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo:
2
- Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da
servidão.
3
- Não terás outros deuses diante de mim.
4
- Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em
cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
5
- Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou
Deus zeloso [...].
7
- Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão; porque o SENHOR não terá por
inocente o que tomar o seu nome em vão.
8
- Lembra-te do dia do sábado, para o santificar.
9
- Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra,
10
- mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem
tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o
teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas.
12-
Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o
SENHOR, teu Deus, te dá.
13
- Não matarás.
14
- Não adulterarás.
1
5 - Não furtarás.
16
- Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
17
- Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo,
nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa
alguma do teu próximo.
INTERAÇÃO
O
Decálogo expressa o propósito de Deus para o povo de Israel: uma nação que
andasse em justiça, odiasse o pecado e amasse a santidade. Caso seguissem esse
estilo de vida, os judeus resplandeceriam como luz às nações vizinhas. Mas
Israel falhou nesta missão e voltou-se contra Deus. Entretanto, a queda do povo
judeu trouxe salvação aos gentios. Todavia, isso não deve orgulhar ou
ensoberbecer a Igreja do Senhor, representante do Reino de Deus no mundo; pelo
contrário, a comunidade dos santos deve temer a Deus e ouvir o conselho do
apóstolo Paulo: "Porque, se Deus não poupou os ramos naturais [Israel],
teme que te não poupe a ti também [igreja]’’ (Rm 11.2 i).
OBJETIVOS
Após
a aula, o aluno deverá estar apto a:
Conhecer os propósitos dos
Dez Mandamentos.
Compreender o conceito de cada
mandamento.
Saber que os Dez
Mandamentos referem-se a relação do homem com Deus e o próximo.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado
professor, utilize o esquema da página seguinte para concluirá lição. Os
objetivos desta atividade são: recapitular os mandamentos estudados e analisar
as duas relações humanas implícitas no Decálogo.
Explique
à classe o quanto é óbvio que a interpretação dos quatro primeiros mandamentos
se distingue dos outros seis, pois os quatro primeiros tratam do relacionamento
do homem com Deus e os outros seis, do homem com o próximo. Conclua a aula
afirmando que, além do aspecto espiritual, o Decálogo apresenta um caráter
social da Lei cuja garantia da dignidade humana torna-se uma ordenança divina.
PALAVRA-CHAVE
Mandamento: Disposição escrita em que se determina a realização
de um ato, de uma diligência; mandato.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Hoje
estudaremos o capítulo 20 do livro de Êxodo. É uma síntese concernente aos Dez
Mandamentos que foram entregues por Deus a Moisés. Muitos pensam que os
preceitos morais da Lei foram somente para o Antigo Pacto. Todavia, Jesus
ressaltou, no Sermão do Monte, que os preceitos morais da Lei são eternos e
imutáveis, por isso precisamos conhecê-los.
I - OS
PROPÓSITOS DA LEI
1. O Decálogo (Êx
20.3- 17).
O termo Decálogo literalmente significa “dez enunciados” ou “declarações” (Êx
34.28; Dt 4.13). Ele foi proferido por Deus no Sinai (Êx 20.1), mas também
escrito por Ele em duas tábuas de pedra (Êx 31.18). O Decálogo exprime a
vontade de Deus em relação ao ser humano. É, na verdade, um resumo da lei moral de
Deus.
2. Objetivos do
Concerto divino.
A lei foi dada por Deus a Israel com os seguintes objetivos:
a) Prover um padrão
de justiça.
A lei entregue pelo Senhor a Moisés é um padrão de moralidade para o caráter e
a conduta do homem seja ele judeu, seja ele gentio (Dt 4.8; Rm 7.12).
b) Identificar a
malignidade do pecado. “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse”; isto
é, fosse devidamente conhecida (Rm 5.20). “Pela lei vem o conhecimento do
pecado”, ou seja, o conhecimento pleno da transgressão (Rm 3.20; 7.7). A lei
não faz do ser humano um pecador, mas faz com que ele se reconheça como um
transgressor. Ela expõe a malignidade do pecado, mas ao mesmo tempo aponta o
caminho da sua expiação pela fé em Deus através dos sacrifícios que eram
oferecidos no Tabernáculo (Lv 4—7).
c)
Revelar a santidade de Deus. O Senhor revela a sua santidade por intermédio da
lei mosaica (Êx 24.15-17; Lv 19.1,2), de igual forma, em o Novo Pacto, Ele
revela a todo o mundo o seu amor através do seu Filho Jesus (Jo 3.16; Rm 5.8).
A lei foi dada por Deus para conduzir a humanidade a Cristo (Rm 10.4).
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
A
Lei de Deus, entregue a Moisés tinha os seguintes propósitos para Israel:
prover um padrão de justiça; identificar e expor a malignidade do pecado;
revelar a santidade de Deus.
II - OS
DEZ MANDAMENTOS (ÊX 20.1-17)
1. O primeiro
mandamento.
“Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3). Neste primeiro mandamento,
Deus se revela como o único e verdadeiro Deus (Dt 6.4). Naquela época havia entre
as nações falsos deuses. Um exemplo disso é o Egito, onde ’ o povo de Israel
estivera por 430 anos. Nossa adoração e culto devem ser dirigidos somente ao único
e verdadeiro Deus. Não devemos cultuar nem os anjos (Ap 19.10), nem os homens
(At 10.25,26) ou quaisquer símbolos. O primeiro mandamento da lei, reafirmado
em o Novo Testamento, foi a respeito da adoração somente a Deus (1 Co 8.4-6; 1
Tm 1.17; Ef 4.5,6; Mt 4.10).
2. O segundo
mandamento.
“Não farás para ti imagem de escultura” (Êx 20.4-6). Aqui Deus proíbe
terminantemente o uso de imagens idolátricas. “Deus é Espírito”, disse Jesus
(Jo 4.24). Então, não há como adorá-lo por meio de imagens. Querer adorar a
Deus por meio de imagens visíveis é falta de fé, pois Cristo é a imagem de Deus
(Cl 1.13-23). É abominação ao Senhor a idolatria, ou seja, ter ídolos e ser
idólatra (Dt 7.25). Na vida do crente, um ídolo é tudo o que ocupa o primeiro
lugar em sua vida, em seu coração, em seu tempo e em sua vontade. Esse “ídolo”
pode ser acúmulo de riqueza, a busca pela grandeza, pelo sucesso e pela fama.
Pode ser também a busca pela popularidade, pelo prazer desenfreado. Há muita
gente na igreja se arruinando espiritualmente por causa dos “ídolos do
coração”.
3. O terceiro
mandamento.
“Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão” (Êx 20.7). O nome de Deus
representa Ele mesmo; sua divina natureza; seu infinito poder e seu santo
caráter. Este mandamento, portanto, diz respeito à santidade do Senhor. Tomar o
nome do Todo-Poderoso em vão é mencioná-lo de modo banal, profano, secular e
irreverente.
4. O quarto
mandamento.
“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar” (Êx 20.8-11). O sábado era um
dia de descanso e de adoração a Deus. O termo sábado vem do hebraico shabbath
(cessar; interromper). Em Gênesis 2.3 está escrito que: Deus “descansou”
(literalmente “cessou”, no sentido de alguém interromper o que estava fazendo).
A expressão “lembra-te”, usada pelo autor no versículo 8, indica que o sábado
já fora dado por Deus no princípio, e que já era observado para descanso do
trabalho e adoração a Deus (Gn 2.1-3; Êx 20.10). É importante ressaltar que em
o Novo Testamento não há um só versículo que ordene a guarda do sábado como dia
fixo santificado para descanso e adoração ao Senhor. O sábado foi dado como um
“sinal” do pacto do Sinai entre Deus e Israel. Assim, o sábado assinala Israel
como povo especial de Deus (Êx 31.12,13,17; Ez 20.10-12). A respeito dos demais
mandamentos não está dito que eles são “sinais”. Para nós, o princípio que
permanece é um dia de descanso na semana, para nosso benefício físico e
espiritual (Cf. Mc 2.27,28). Nós, cristãos, observamos o domingo como dia de
culto, pois Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana (Lc 24.1-3).
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Do
primeiro ao quarto mandamento, o Decálogo apresenta leis para situar a relação
do homem com Deus.
III - A
CONTINUAÇÃO DOS MANDAMENTOS DIVINOS
1* O quinto
mandamento. “Honra
a teu pai e a tua mãe” (Êx 20.12). Honrar é respeitar e obedecer, por amor, à
autoridade dos pais, e com eles cooperarem tudo. É o primeiro mandamento
contendo uma promessa de Deus: “Para que se prolonguem os teus dias.”
2. O sexto
mandamento.
“Não matarás” (Êx 20.13). No original, o termo rasah equivale a matar o ser
humano de modo doloso, premeditado, planejado. Este mandamento ressalta a
sacralidade da vida humana como dádiva de Deus (At 17.25-28). Há também aqueles
que matam o próximo no sentido moral, social e espiritual, mediante a mentira,
a falsidade, a difamação, a calúnia, a maledicência e o falso testemunho (1 Jo
3.15). Atualmente há muitos que foram atingidos mortalmente em sua honra e
praticamente “morreram”.
3. O sétimo
mandamento. “Não
adulterarás” (Êx 20.14). Este mandamento do Senhor está vinculado à
sacralidade, pureza e respeito absoluto ao sexo, ao matrimônio e à família. O
adultério é um ato sexual ilícito e pecaminoso, de um cônjuge com outra pessoa
estranha ao casamento. Enquanto a lei condenava a prática do ato, o Novo
Testamento vai além — condena os motivos ocultos no coração que levam ao
adultério (Mt 5.27,28). Portanto, mais que condenar o ato praticado, Deus
espera que em todo o tempo dominemos nossos desejos e nos submetamos ao domínio
do Espírito Santo.
4. O oitavo mandamento. “Não furtarás” (Êx
20.15). Furtar é apoderar-se oculta ou disfarçadamente daquilo que pertence a
outrem. Isso abrange toda forma de desonestidade, de mentira, de ocultação, por
palavra e por atos. É preciso respeitar os bens dos outros. Ter honestidade e
pureza nos atos; no viver, no agir, no proceder.
5. O nono mandamento. “Não dirás falso
testemunho contra o teu próximo” (Êx 20.16). Este mandamento do Senhor trata da
nossa honestidade e sinceridade no uso da palavra em relação aos outros. Falso
testemunho é falar mal dos outros; acusar e culpar injustamente; difamar;
caluniar; mentir (Tg 4.11).
6. O décimo
mandamento.
“Não cobiçarás” (Êx 20.17). Este mandamento é o respeito ético a tudo o que
pertence aos outros. Isto abrange o controle e o domínio dos apetites da alma,
dos impulsos, desejos e vontade do crente. Cobiçar é querer o que pertence a
alguém. Querer as coisas dos outros é um desejo insano que precisa ser
debelado.
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
Do
quinto ao décimo mandamento, o Decálogo apresenta leis que tratam da relação do
homem com o próximo.
CONCLUSÃO
A
Lei expõe e condena os nossos pecados, porém, o Senhor Jesus Cristo, pelo seu
sangue expiador, nos perdoa e nos justifica mediante a fé.
RESUMO DO DECÁLOGO
1 ° Mandamento...................................
Não terás outros deuses diante de mim
2° Mandamento...................................
Não farás imagens de escultura.
3o
Mandamento.................................... Não tomarás o nome de Deus em
vão.
4o Mandamento....................................
Lembra-te do sábado, para o santificar.
5o
Mandamento................................... Honra o teu pai e a tua mãe.
6o
Mandamento................................... Não matarás.
7o
Mandamento................................... Não adulterarás.
8o Mandamento....................................
Não furtarás.
9o
Mandamento..................................... Não dirás falso testemunho.
10°
Mandamento.................................... Não cobiçarás.
Texto adaptado da
obra “Manual do Pentateuco".
editada pela CPAD.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Rio de janeiro: CPAD, 1 995.
HAMILTON,
Vitor P. Manual do Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. I.ed. Rio
de Janeiro: CPAD, 2006.
COHEN,
Armando Chaves. Comentário Bíblico
Êxodo. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1 998.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Teológico
“O
Dez Mandamentos
Os
Dez Mandamentos, aqui registrados (cf. Dt 5.6-21), foram escritos pelo próprio
Deus em duas tábuas de pedra e entregues a Moisés e ao povo de Israel (31.18;
Dt 4.1 3; 1 0.4). A guarda dos mandamentos proveu um meio de Israel procurar
viver em retidão diante de Deus, agradecido pelo seu livramento do Egito; ao
mesmo tempo, tal obediência era um requisito para os israelitas habitarem na
Terra Prometida (Dt 41.14; 14 [...]).
(1)
Os Dez Mandamentos são o resumo da lei moral de Deus para Israel, e descrevem
as obrigações para com Deus e o próximo. Cristo e os apóstolos afirmam que,
como expressões autênticas da santa vontade de Deus, eles permanecem
obrigatórios para o crente do NT (Mt 22.37-39; Mc 12.28-34; Lc 10.27; Rm 13.9;
Gl 5.1 4; Lv 1 9.1 8; Dt 6.5; 1 0.1 2; 30.6). Conforme esses trechos do NT, os
Dez Mandamentos resumem-se no amor a Deus e ao próximo; guardá-los não é apenas
uma questão de práticas externas, mas também requer uma atitude do coração
[...]. Logo, a lei demanda uma justiça espiritual interior que se expressa em
retidão exterior e em santidade.
(2)
Os preceitos civis e cerimoniais do AT que regiam o culto e a vida social de
Israel [...] já não são obrigatórios para o crente do NT. Eram tipos de sombras
de coisas melhores vindouras, e cumpriram-se em Jesus Cristo (Hb 10.1; Mt 7.12;
22.37-40; Rm 13.8; Gl 5.14; 6.2). Mesmo assim, contêm sabedoria e princípios
espirituais a todas as gerações [...]” (Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.145).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Bíbliológico
“A
Estrutura do Decálogo
É
bastante óbvio que a intenção dos quatro primeiros mandamentos difere da
intenção dos outros seis. Os quatro primeiros tratam do relacionamento com
Deus, enquanto os outros seis regulam relacionamentos interpessoais. Talvez
seja significativo que o mandamento acerca dos pais seja o primeiro no âmbito
interpessoal | [...]. Ocorre uma guinada do Criador para o procriador; a vida
de uma pessoa se deve a ambos.
Ao
ser perguntado sobre o mais importante mandamento (como 1 se eles pudessem ser
organizados hierarquicamente), Jesus citou | Deuteronômio 6.5: Amarás o Senhor,
teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
pensamento’ (Mt 22.37), o que reduziu o primeiro mandamento a uma única frase.
Apesar de ' não lhe pedirem maiores esclarecimentos, Jesus prosseguiu falando:
‘e o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti i mesmo’ (Mt
22.39). Isso condensa em uma única oração os últimos seis mandamentos. Observe
que Jesus insiste que o amor pode ser determinado. Isso não seria uma profanação
do amor? O amor não é algo a ser voluntariamente dado? Ao colocar o amor num
contexto de exigência ou mesmo de imposição, Jesus dá a entender que o amor por
Deus e pelo próximo se baseia na vontade, não em emoções.
Logo
após ser orientado por Jesus sobre o cumprimento do mandamento como requisito
para a vida eterna, o rico perguntou:
1
‘Quais? Jesus não disse nada sobre os quatro primeiros mandamentos, mas apenas
sobre o segundo grupo. Até mesmo a ordem que ; eles são citados é interessante:
sexto, sétimo, oitavo, nono e quinto. A falta de amor entre irmãos impede a
possibilidade do amor de Deus e torna obscura qualquer expressão de amor por
Deus (uma das mensagens de 1 João)” (HAMILTON, Vitor P. Manual do Pentateuco: Gênesis,
Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. l.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2006.
EXERCÍCIOS
1.
Qual o significado do termo “Decálogo”?
R:
O termo Decálogo literalmente significa dez enunciados ou declarações.
2.
De acordo com a lição, o que o Decálogo exprime?
R:
O Decálogo exprime a vontade de Deus em relação ao ser humano.
3.
Quais os objetivos do Concerto divino?
R:
Prover um padrão de justiça; identificar e expor a malignidade do pecado;
revelara santidade de Deus.
4.
O que significa tomar o nome de Deus em vão?
R:É
mencioná-lo de modo banal, profano, secular e irreverente.
5.
Fale a respeito do décimo mandamento.
R:
Este mandamento é o respeito ético a tudo o que pertence aos outros. Isto
abrange o controle e o domínio dos apetites da alma, dos impulsos, desejos e
vontade do crente.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n° 57, p.39.
Depois
de caminharem pelo deserto e verem a provisão do Senhor, o povo chegou ao monte
Sinai. Ali Deus falou diretamente com todo o povo na entrega do Decálago (Dt
4.13). Podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que o Decálogo é o ponto alto do
Pentateuco. É o mais perfeito e justo código de leis da humanidade, estudado
até hoje pelos juristas.
Qual
o propósito dos Dez Mandamentos? Sem lei não existe transgressão. O propósito
era expor e condenar os pecados dos israelitas e os nossos (Gl 3.24). O
objetivo era mostrar que sem Deus, o homem não conseguiria obedecer plenamente
à lei moral (Gl 3.11). A lei apontava para o Senhor Jesus Cristo, pois Ele nos
resgatou da maldição da Lei (Gl 3.13). Segundo o Comentário Bíblico Moody
"a lei não foi dada como meio de salvação. Foi dada a um povo já salvo a
fim de instruí-lo na vontade do Senhor".
Talvez
você esteja se perguntando: A lei moral (os Dez Mandamentos) é para o crente
atual? Sim! A lei não serve para a nossa salvação, pois esta é mediante a fé,
todavia devemos observá-la. Jesus não veio revogar a lei e os profetas, todavia
Ele criticou os excessos que eram cometidos (Mt 5.17). Observe o que Jesus
falou em relação a alguns mandamentos: Compare o sexto mandamento, "não
matarás" (Êx20.13), com a declaração de Jesus: [...] qualquer que, sem
motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo (Mt 5.22). Agora
compare o sétimo mandamento, "não adulterará" (Êx 20.14) com as
seguintes palavras do Mestre: [...] "qualquer que atentar numa mulher para
a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela" (Mt 5.28).
Podemos
afirmar que os quatro primeiros mandamentos são uma referência ao nosso
relacionamento com Deus. "Não terás outros deuses diante de mim" (Êx
20. 3); "Não farás para ti imagem de escultura" (Êx 20.4-6);
"Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão" (Êx 20.7) e
"Lembra-te do dia de sábado, para o santificar" (Êx 20.8). Segundo o
Comentário Bíblico Moody "o primeiro mandamento resguarda a unidade de
Deus, o segundo a sua espiritualidade, e o terceiro sua divindade ou essência".
Do
quinto mandamento em diante Deus trata do relacionamento do homem com o seu
próximo.
Segundo
o pastor Claudionor de Andrade no seu Dicionário Teológico "teologicamente
falando, a Lei de Deus, contida no Pentateuco, é a expressão máxima da vontade
divina quanto à condução dos negócios, interesses e necessidades humanos em
família, na sociedade e no Estado".
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
OS DEZ M ANDAMENTOS, 20.1-17
Deus falou (1) com o
povo do monte em chamas. O texto em Deuteronômio declara nitidamente que Deus
“no monte, do meio do fogo, da nuvem e da escuridade, com grande voz” (Dt 5.22)
deu estes mandamentos para a assembleia. Não sabemos como Deus falou em voz
audível, mas Israel entendia que a voz que ouviam era de Deus. Esta era “uma
voz audível e terrível, a voz de Jeová, soando como trombeta pela multidão
(19.16: 20.18)”.14 Este modo de descrever o evento não indica que Deus tenha
cordas vocais como o homem, mas assevera que Deus criou um som audível que, de
forma inteligível, enunciava suas palavras para o homem. Depois que ouviram
aquela voz, preferiram que Moisés (19) lhes falasse.
E importante saber
que era o SENHOR, teu Deus (2), que estava falando. Nos dias de hoje, quando se
fala em “nova moralidade” e quando há teólogos que anunciam que “Deus está
morto”, precisamos saber onde está a autoridade divina. Estas palavras foram
ditas por Deus ao povo como normas orientadoras para toda a humanidade.
Não basta afirmar que
são pertinentes apenas para a época em que foram dadas. “Deus queria que os
israelitas entendessem claramente que fora Ele mesmo que lhes dera os mandamentos.”
Além disso, as
pessoas ouviram todas estas palavras (1). No original hebraico, os Dez
Mandamentos são chamados “dez palavras” (34.28; Dt 4.13; 10.4; daí o título
Decálogo, lit., “dez palavras”). Estes dizeres não foram copiados do Egito ou
de outras nações, como alguns suspeitam. “As declarações do monte Sinai são
nobres e inteiramente diferentes de qualquer coisa encontrada em todo o conjunto
da literatura egípcia.” Deus deu estas palavras não como meio de salvação,
porque este povo já estava salvo do Egito, mas como norma de conduta. Levando
em conta que a obediência era uma cláusula para a continuação do concerto
(19.5), estas palavras se tornaram a base de perseverança na qualidade de povo
de Deus. Paulo deixou claro que a observância da lei não é meio de salvação
pessoal, pois a justificação é pela fé em Cristo (G1 2.16). A lei conduz a
Cristo, mas não salva (G1 3.24). “Se não é verdade que podemos cumprir a lei para
ganhar o céu, é igualmente falso que podemos quebrá-la sem sermos punidos ou
sentirmos remorso.” Deduzimos que esta lei moral foi dada como fundamento
providencial para a fé do povo de Deus. Quem o ama observa sua lei. Dividir a
lei em lei moral, lei cerimonial e lei civil é, por um lado, útil, e, por
outro, enganoso. Lógico que a lei moral do Decálogo é básica e expressa a
responsabilidade de todos os homens. Mas as outras leis dadas a Israel também
eram igualmente obrigatórias.
As leis de Deus eram
demonstração de sua justiça por meio de símbolos e forneciam uma disciplina
pela qual os israelitas poderiam ser conformados à santidade de Deus."
As leis sociais e
cerimoniais mudam, mas as relações fundamentais entre Deus e o homem, e entre
os homens, conforme exaradas no Decálogo, são eternas.
A divisão dos Dez
Mandamentos é entendida de modos variados. seguindo Agostinho, a Igreja Católica
Apostólica Romana e a Igreja Luterana consideram os versículos 2 a 6 o primeiro
mandamento e dividem o versículo 17, que trata da cobiça, em dois mandamentos.
O judaísmo hodierno
reputa que o versículo 2 ordena a crença em Deus e é a primeira palavra; e
combina os versículos 3 a 6 na segunda. A divisão aceita nos primórdios da
igreja torna o versículo 3 o primeiro mandamento e os versículos 4 a 6 o
segundo. Esta posição foi “apoiada por unanimidade pela igreja primitiva, e é
mantida hoje pela Igreja Ortodoxa Oriental e pela maioria das igrejas
protestantes”.
Os primeiros quatro
mandamentos compõem a primeira tábua do Decálogo e mostram a relação apropriada
do homem com Deus. Têm seu cumprimento no primeiro grande mandamento: “Amarás o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
pensamento” (Mt 22.37). Os últimos seis mandamentos lidam com as relações humanas
e cumprem-se no amor ao próximo como a si mesmo.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 187-189.
LEI E A GRAÇA
É da maior
importância compreender o verdadeiro caráter e o objeto da lei moral, como nos
é apresentada neste capítulo. Existe uma tendência no homem para confundir os princípios
da lei com graça, de sorte que nem a lei nem a graça podem ser perfeitamente compreendidas.
Alei é despojada da sua austera e inflexível majestade, e a graça é privada de todos
os seus atrativos divinos. As santas exigências de Deus ficam sem resposta, e
as profundas e múltiplas necessidades do pecador permanecem insolúveis pelo
sistema anómalo criado por aqueles que tentam confundir a lei com a graça. Com
efeito, nunca podem confundir-se, visto que são tão distintas quanto o podem
ser duas coisas. Alei mostra-nos o que o homem deveria ser; enquanto que a
graça demonstra o que Deus é. Como poderão, pois, ser unidas num mesmo
sistema?- Como poderia o pecador ser salvo por meio de um sistema formado em
parte pela lei e em parte pela graça? Impossível: ele tem de ser salvo por uma
ou por outra.
A lei tem sido às
vezes chamada "a expressão do pensamento de Deus". Mas esta definição
é inteiramente inexata.. Se a considerássemos como a expressão daquilo que o homem
deveria ser, estaríamos mais perto da verdade. Se eu considerar os dez
mandamentos como a expressão do pensamento de Deus, então, pergunto, não há
nada mais no pensamento de Deus senão "farás" isto e "não
farás" aquilo? Não há graça, nem misericórdia nem bondade? Deus não
manifestará aquilo que é, nem revelará os segredos profundos desse amor que enche
o Seu coração? Não existe nada mais no coração de Deus senão exigências e
proibições severas"? Se fosse assim, teríamos de dizer que "Deus é
lei" em vez de dizermos que" Deus é amor". Porém, bendito seja o
Seu nome, existe muito mais em Seu coração do que jamais poderão expressar os
"dez mandamentos" pronunciados no monte fumegante. Se quero saber o
que Deus é, devo olhar para Cristo; "porque nele habita corporalmente toda
a plenitude da divindade" ( l2:9). "Porque a lei foi dada por Moisés;
a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (Jo 1:17). Certamente, na lei
achava-se uma certa medida de verdade; continha a verdade quanto àquilo que o
homem deveria ser. Como tudo que emana de Deus, a lei era perfeita — perfeita
para alcançar o fim a que era destinada; porém esse fim não era, de modo
nenhum, revelar, perante pecadores culpados, a natureza e o caráter de Deus.
Não havia graça nem misericórdia. "Quebrantando alguém a lei de Moisés,
morre sem misericórdia" (Hb 10.28).
"O homem que
fizer estas coisas viverá por elas" (Lv 18:5; Rm 10:5). "Maldito todo
aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da
lei, para fazê-las" (Dt 27:26; Gl 3:10). Nada disto era graça. Com efeito,
o monte Sinai não era o lugar para se procurar tal coisa. Jeová revelou-Se ali
em majestade terrível, no meio da obscuridade, trevas, tempestade, trovões e
relâmpagos. Estas circunstâncias não são aquelas que acompanham uma dispensação
de graça e misericórdia; mas eram próprias de uma dispensação de verdade e justiça:
e a lei não era mais que isso.
Na lei Deus declara o
que o homem deveria ser, e pronuncia a maldição sobre ele se o não for. Ora
quando o homem se examine à luz da lei descobre que é precisamente aquilo que a
lei condena. Como poderá ele, portanto, obter a vida por meio da lei. A lei
propõe a vida e a justiça como os fins a alcançar, guardando-a; mas mostra-nos,
desde o primeiro momento, que nos encontramos num estado de morte e iniquidade.
Precisamos desde o primeiro momento das mesmíssimas coisas que a lei propõe
alcançar-nos no fim. Como vamos nós, portanto, obtê-las? Para cumprir aquilo
que a lei requer é preciso que eu tenha vida; e para ser o que a lei exige devo
possuir a justiça; e se eu não tiver vida e justiça sou "maldito".
Porém, o fato é que
eu não tenho uma nem a outra. Que devo então f azer4- Eis a questão. Que
respondam aqueles que querem ser "doutores da lei" (1 Tm 1.7): que deem
uma resposta própria para uma consciência reta, curvada sob o sentido duplo da
espiritualidade e inflexibilidade da lei e a sua carnalidade desesperada.
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
I - OS
PROPÓSITOS DA LEI
1. O Decálogo (Êx
20.3- 17).
Os Propósitos da Lei
Quando Deus libertou
Israel do Egito, não os deixou vagando indefinidamente, sem rumo. Deus os
enviou para uma terra abençoada, que daria seus frutos nas estações certas e
tornaria a vida dos israelitas muito agradável. Eles receberiam essa terra por
uma obra da graça de Deus. Nela eles seriam uma nação regida pelo próprio Deus,
teriam seu espaço para viver, trabalhar, comemorar datas festivas e, acima de
tudo, adorar a Deus.
Mas antes de chegar
nessa nova terra, eles precisavam entender que deveriam ter regras específicas
de convivência com Deus, com seu próximo e consigo mesmos. Eles não seriam
pessoas sem regras, que poderiam fazer o que quisessem sem prestar contas de
suas atitudes. Por isso, eles deveriam ter uma lei que organizasse a vida.
Essa lei foi dada por
Deus. Os Dez Mandamentos, como são conhecidos, foram dados ao povo de Israel
pelo Senhor, a fim de que os israelitas pautassem sua existência pelo que Deus
queria.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 67.
LEI É PERFEITA
Mas, pode
perguntar-se, "a lei não é perfeita? E se é perfeita que mais pode
desejar-se? A lei é divinamente perfeita. Na verdade, a própria perfeição da
lei é a razão de amaldiçoar e matar aqueles que não são perfeitos e pretendem
subsistir perante ela. "A lei é espiritual, mas eu sou carnal" (Rm
7:14). É inteiramente impossível fazer-se uma ideia justada perfeição e espiritualidade
da lei. Porém, esta lei perfeita estando em contato com a humanidade caída—esta
lei espiritual entrando em contato com a mente carnal—só podia produzir a
"ira" a
"inimizade" (Rm 4:15; 8:7). Por quê1?- É porque a lei não é
perfeita?- Ao contrário, é porque ela o é e o homem é pecador. Se o homem fosse
perfeito cumpriria a lei em toda a sua perfeição espiritual; e até mesmo no
caso de crentes verdadeiros, embora tragam ainda consigo uma natureza
corrompida, o apóstolo ensina-nos: "Para que a justiça da lei se cumprisse
em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o espírito" (Rm 8:4):
"...porque quem ama aos outros cumpriu a lei... O amor não faz mal ao
próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13:8 e 10). Se eu
amar o próximo não furtarei aquilo que lhe pertence; pelo contrário, procurarei
fazer-lhe todo o bem que puder. Tudo isto é claro e fácil de compreender por
uma alma espiritual; mas não toca na questão da lei, quer seja como fundamento
de vida do pecador ou de regra de vida para o crente.
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
2. Objetivos do
Concerto divino.
Os objetivos de Deus
com a Lei foram inicialmente:
Providenciar um padrão de justiça que pudesse ser
alcançado.
Quando pensamos que Deus deu sua lei ao povo de Israel, podemos pensar que a
abrangência dessa lei refere-se apenas aos judeus. Entretanto, é preciso fazer
aqui uma observação: princípios e regras devem ser analisados em nosso estudo.
Princípios são ordenações gerais que têm por objetivo regular determinadas
situações. Esses princípios são expostos em regras, ou seja, quando Deus
desejou proteger o fruto do trabalho dos israelitas, ordenou que não se
furtasse. Os princípios desse mandamento são a proteção da propriedade e a
valorização do trabalho, e eles são expostos na regra “não furtarás”. Portanto,
os princípios estão no topo, e as regras, na base. Regras podem variar com o
passar do tempo, com o local e o povo, mas os princípios não (Dt 4.8; Rm 7.12).
A lei de Deus também mostra o pecado do homem. Ela não faz do homem
um pecador, mas mostra o quanto ele é inclinado a desobedecer às regras e
princípios que Deus determinou. Paulo comenta isso em Romanos 5.20: “Veio,
porém, a lei para que a ofensa abundasse”, isto é, fosse devidamente conhecida.
“Pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20), ou seja, o conhecimento
pleno dele. “Mas eu não conheci o pecado senão pela lei” (Rm 7.7). Ou seja,
Paulo deixa claro que a lei traz o conhecimento de nossos pecados. Ela não os
cria, mas os denuncia. A lei mostra
ainda a santidade de Deus. Deus é santo, e não pode tolerar o pecado. A lei
mostra que o padrão de Deus para uma vida justa deve ser buscado pelo homem.
Com o passar do tempo, percebeu-se que essa busca pela justiça não poderia ser
alcançada sem a ajuda de um Salvador, a quem Deus enviou ao mundo, seu Filho
Jesus Cristo. Apenas por Ele podemos nos aproximar da santidade de Deus e buscá-la
para um viver santo neste mundo decaído.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 68-69.
O Propósito da Lei
A verdade é que, como
nos ensina o apóstolo, a lei veio para que a ofensa abundasse (Rm5:20). Isto
mostra-nos claramente o verdadeiro objetivo da lei: veio a propósito para que o
pecado se fizesse excessivamente maligno (Rm 7:13). Era, em certo sentido, como
um espelho perfeito enviado para revelar ao homem o seu desarranjo moral. Se eu
me puser diante de um espelho com o meu vestuário desarranjado, o espelho
mostra-me o desarranjo, mas não o põe em ordem. Se eu fizer descer sobre um
muro tortuoso um prumo, o prumo mostra a tortuosidade, mas não a altera. Se eu
sair numa noite escura com uma luz, esta revela-me todos os obstáculos e dificuldades
que se acham no caminho, mas não os remove. Além disso, o espelho, o prumo, e a
luz não criam os males que revelam distintamente: nem os criam nem os afastam,
apenas os revelam. O mesmo acontece com a lei: não cria o mal no coração do homem
nem tampouco o tira; mas revela-o com infalível exatidão.
"Que diremos
pois4 É a lei pecado?- De modo nenhum; mas eu não conheci o pecado senão pela
lei; porque eu não conheceria a concupiscência se a lei não dissesse: Não cobiçarás"
(Rm 7:7). O apóstolo não diz que não teria tido "concupiscência".
Não, mas apenas que não a teria conhecido. A "concupiscência"
existia; mas ele estava às escuras quanto ao fato, até que a lei, como a luz do
Deus Onipotente, brilhou nos recessos tenebrosos do seu coração e revelou o mal
que nele havia Assim como um homem numa câmara escura pode estar rodeado de
poeira e confusão sem contudo poder ver nada por causa da escuridão. Mas deixai
que os raios de sol penetrem ali e ele distinguirá imediatamente tudo. São os
raios de sol que formam o pó? Certamente que não. O pó encontra-se ali, e os
raios de sol apenas o detectam e revelam. Isto é apenas uma simples ilustração
dos efeitos da lei: julga o caráter e a condição do homem. Julga o pecador e
encerra-o debaixo da maldição: vem para julgar o que ele é e amaldiçoa-o se ele
não é o que ela lhe diz que deve ser.
A Lei Condena o Pecador
É, portanto,
claramente impossível que alguém possa obter a vida e a justificação por meio
daquilo que só pode amaldiçoá-lo; e a menos que a condição do pecador e o
caráter da lei sejam inteiramente alterados, a lei não pode fazer mais que
amaldiçoá-lo. A lei não é indulgente com as fraquezas, e não reconhece a
obediência sincera, embora imperfeita. Se fosse este o caso, não seria aquilo
que é, "santa, justa e boa" (Rm7:12). É justo que o pecador não possa
obter vida pela lei porque a lei é aquilo que é. Se o pecador pudesse obter
vida pela lei, a lei não seria perfeita, ou então ele não seria pecador. É
impossível que o pecador possa obter vida por meio de uma lei perfeita, porque,
embora seja perfeita, tem de condená-lo: a sua perfeição absoluta manifesta e
sela a ruína e condenação do homem. "Por isso, nenhuma carne será
justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento
do pecado" (Rm 3:20). O apóstolo não diz que o pecado é pela lei, mas
somente que por ela vem o conhecimento do pecado. "Porque até à lei estava
o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado não havendo lei" (Rm 5:13).
O pecado existia, e precisava apenas da lei para o manifestar na forma de
"transgressão". É como se eu dissesse a meu filho: "não deves
tocar nessa faca". A minha proibição revela a tendência do seu coração
para fazer a sua própria vontade.
O apóstolo João diz
que o "o pecado é iniquidade" (1 Jo 3:4). A palavra
"transgressão" não traduz o verdadeiro pensamento do Espírito Santo
nesta passagem (1). Para que haja transgressão é necessário que seja
estabelecida uma regra ou linha de conduta definida; porque transgressão quer
dizer cruzar uma linha proibida; essa linha temo-la na lei. Tomemos por exemplo algumas
das suas proibições: "Não matarás", "Não cometerás
adultério", "Não furtarás". Aqui tenho, pois, uma regra ou linha
posta diante de mim; porém descubro que tenho em mim mesmo os próprios
princípios contra os quais estas proibições são expressamente dirigidas. Ainda
mais, o próprio fato de me ser proibido matar mostra que o homicídio está em
minha natureza. Não havia necessidade de me ser proibido fazer uma coisa que eu
não tinha inclinação para fazer; porém, a revelação da vontade de Deus, quanto
ao que eu deveria ser, mostra a tendência da minha vontade para ser aquilo que
não devo. Isto é bem claro, e está perfeitamente de acordo com todo o ensino
apostólico sobre este assunto. Não somos Justificados pela Lei Muitos, contudo,
admitem que não podemos obter vida pela lei, mas sustentam, ao mesmo tempo, que
a lei é a nossa regra de vida. Ora, o apóstolo declara que "Todos
aqueles... que são das obras da lei, estão debaixo da maldição" (Gl 3:10).
Pouco importa a sua condição individual, se estão sobre o terreno da lei,
acham-se, necessariamente, sob a maldição. Pode ser que alguém diga: "Eu
estou regenerado, e, portanto, não estou exposto à maldição." Porém, se a
regeneração não retira o homem do terreno da lei, não pode pô-lo para lá dos
limites da maldição da lei. Se o cristão estiver debaixo da lei, está exposto,
necessariamente, à maldição da lei. Mas, que tem que ver a lei com a
regeneração1?- Onde é que vemos que se trate da regeneração no capítulo 20 de
Êxodos A lei tem apenas uma pergunta a fazer ao homem— uma pergunta curta,
solene e direta —, a saber: "És tu o que deverias ser" Se a resposta
é negativa, a lei não pode senão lançar os seus terríveis anátemas sobre o
homem e matá-lo. E quem reconhecerá mais prontamente e mais profundamente que,
em si mesmo, não é aquilo que deveria ser senão o homem verdadeiramente
regenerado?- Portanto, se está debaixo da lei, está, inevitavelmente, debaixo
da maldição. Não é possível que a lei diminua as suas exigências ou se misture
com a graça. Os homens procuram sempre baixar o seu padrão; sentem que não
podem elevar-se à medida da lei, e, então, procurar rebaixá-la até si; porém este
esforço é vão: a lei permanece em toda a sua pureza, majestade e
inflexibilidade austera, e não aceitará nada menos que uma obediência perfeita;
qual é o homem, regenerado ou não, que pode intentar obedecer assim?- Dir-se-á:
"Nós temos a perfeição em Cristo". Sem dúvida, mas não é pela lei,
mas, sim, pela graça; e não podemos, de nenhum modo, confundir as duas dispensações.
As Escrituras ensinam-nos claramente que não somos justificados pela lei; nem a
lei é a nossa regra de vida. Aquilo que só pode amaldiçoar nunca poderá
justificar, e aquilo que só pode matar nunca poderá ser uma regra de fé. Seria
como se um homem tentasse fazer fortuna valendo-se de uma ação de falência
movida contra si.
Um Jugo Impossível de Levar
O capítulo 15 do
livro de Atos mostra-nos como o Espírito Santo respondeu à tentativa que se
pretendera fazer para pôr os crentes sob a lei, como regra de vida.
"Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram,
dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de
Moisés" (versículo 5). Isto não era mais do que o silvo da antiga serpente
fazendo-se ouvir nas sugestões sinistras e desanimadoras desses primitivos legalistas.
Mas vejamos como o assunto foi resolvido pela poderosa energia do Espírito
Santo e a voz unânime dos doze apóstolos e de toda a Igreja. "E, havendo
grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Varões irmãos, bem sabeis que
já há muito tempo Deus me elegeu, dentre vós, para que os gentios ouvissem da
minha boca a palavra do evangelho e cressem". — O quê? As exigências e as
maldições da lei de Moisés? Não; bendito seja Deus, esta não era a mensagem que
Deus queria fazer chegar aos ouvidos de pecadores perdidos. Ouvissem, então, o
quê"? "OUVISSEM DA MINHA BOCA A PALAVRA DO EVANGELHO E CRESSEM".
Aqui estava a mensagem
que correspondia ao caráter e natureza de Deus. Ele nunca teria perturbado os homens
com uma linguagem triste de exigências e proibições. Esses fariseus não eram
Seus mensageiros — muito pelo contrário. Não eram portadores de boas novas, nem
anunciadores da paz, e portanto os seus pés eram tudo menos
"formosos" aos olhos d'Aquele que Se deleita em misericórdia.
"Agora,
pois", continua o apóstolo, "porque tentais a Deus, pondo sobre a
cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos
suportara" Esta linguagem era grave e forte. Deus não queria pôr "um
jugo sobre a cerviz" daqueles cujos corações haviam sido libertados pelo
evangelho da paz. Antes pelo contrário, desejava exortá-los a permanecerem na
liberdade de Cristo e a não se meterem "outra vez debaixo do jugo da servidão"
(Gl. 5:1). Não enviaria aqueles a quem havia recebido em Seu seio de amor
"ao monte palpável" para os aterrorizar com a "escuridão",
"trevas", e "tempestade" (Hb 12:18). Isso seria impossível.
"Mas cremos", diz Pedro, "que seremos salvos PELA GRAÇA DO
SENHOR JESUS CRISTO, como eles também" (At 15:11). Tanto os judeus, que
tinham recebido a lei como os gentios, que nunca a receberam, deviam agora ser
"salvos" pela "graça". E não somente deviam ser
"salvos pela graça", mas estar "firmes" na graça (Rm 5:2) e
crescer na graça (2Pe 3:18). Ensinar outra coisa era tentar a Deus. Esses
fariseus subvertiam os próprios fundamentos da fé cristã; e o mesmo fazem todos
aqueles que procuram pôr os crentes debaixo da lei. Não existe mal ou erro mais
abominável aos olhos de Deus do que o legalismo.
Escutai a linguagem
enérgica — os acentos de justa indignação—de que se serve o Espírito Santo, a
respeito desses doutores da lei: "Eu quereria que fossem cortados aqueles
que vos andam inquietando" (Gl 5:12).
Mas, deixai-me
perguntar, os pensamentos do Espírito Santo mudaram a este respeitou Já deixou
de ser tentar a Deus pôr um jugo sobre a cerviz do pecadora E segundo a Sua vontade
graciosa que a lei seja lida aos ouvidos dos pecadores? Responda o leitor a
estas interrogações à luz do capítulo 15 de Atos e da Epístola aos Gálatas.
Estas Escrituras, ainda mesmo que não houvesse outras, são suficientes para
provar que a intenção de Deus nunca foi que os Gentios "ouvissem a
palavra" da lei. Se fosse essa a Sua intenção, o Senhor teria, certamente,
escolhido alguém para a proclamar aos seus ouvidos. Mas não; quando proclamou a
Sua "lei terrível", Ele falou numa só língua; porém quando proclamou
as boas novas de salvação, pelo sangue do Cordeiro, falou na língua "de
todas as nações que estão debaixo do céu". Falou de tal modo que cada um,
na sua própria língua em que havia nascido, pudesse ouvir a doce história da
graça (At 2:1 -11).
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
II - OS
DEZ MANDAMENTOS (ÊX 20.1-17)
1. O primeiro
mandamento.
Não terás outros
deuses diante de mim. (Êx 20.3)
Deus começa o
Decálogo deixando claro aos israelitas que Ele é o Senhor que os tirou da terra
do Egito. Isso deveria fazer com que os israelitas se lembrassem de que tinham
sido escravos no Egito, e que nenhuma das chamadas “divindades” do Egito ou das
terras vizinhas se compadeceu deles, mas apenas o Senhor foi responsável por
tirar seus filhos da escravidão.
Os israelitas
certamente tiveram contato com cultos às divindades egípcias no período em que
foram escravos, e caso um deles tivesse abrigado algum desses tipos de culto em
seu coração, isso poderia contaminar a adoração a Deus e a relação com Ele. Por
isso, Deus não apenas diz que a iniciativa de libertá-los do Egito fora dEle,
mas deixa explícito que os israelitas, livres, não poderiam ter outros deuses.
Essa ordem era mais que justa, pois os israelitas deveriam ter um coração
agradecido a Deus pelo que Ele lhes fizera, começando por tê-lo como seu único
Deus. Nenhum outro “deus” deveria ser aceito pelos israelitas.
A exclusividade de
Jeová como Deus em Israel baseava-se primeiramente em sua superioridade como
Deus poderoso. Nenhum dos deuses do Egito pôde livrar aquela nação dos juízos
divinos que Deus enviara. Sua exclusividade se baseava também no fato de que
Ele demonstrou misericórdia para com os descendentes de Abraão, tirando-os da
escravidão, e prometendo-lhes também uma terra para que pudessem viver em
segurança e sem serem molestados por seus inimigos.
A lei que Ele lhes
dava orientaria os passos de todo o povo em todos os aspectos, inclusive no
quesito adoração. Nem anjos nem homens deveriam receber a adoração que estava
reservada apenas para Deus, pois são igualmente seres criados.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 69-70.
Primeiro Mandamento:
Não terás outros
deuses. Temos aqui a regra do monoteismo (ver a respeito no Dicionário). Neste
ponto, o monoteismo substitui todas as outras possíveis noções de Deus.
Todavia, não basta acreditar na existência de um Deus. Esse Deus único precisa
ser reconhecido e obedecido como a autoridade moral de todos os atos humanos.
Também só há um Deus no atinente à questão da adoração e do serviço
espirituais. O Deus único merece toda honra. Isso labora contra 0 panteísmo e
todo 0 seu caos. Este último adiciona muitas informações àquilo que comentamos
aqui. Ver também Êxo. 23.13.
A nação de Israel
estava cercada por povos que eram leais a um número impressionante de
divindades. As pragas do Egito tinham mostrado que só Yahweh é Deus (ver Êxo.
5.2 e 6.7). Há uma profunda verdade na ideia que um homem só pode adorar a um
Deus. Jesus abordou essa questão em Mateus 6.24. Os homens adoram aquelas
coisas que lhes parecem importantes, incluindo o dinheiro. Há deuses externos e
internos. Mas todos eles são deuses falsos.
Os vss. 4-6 descrevem
e ampliam 0 primeiro mandamento. Os católicos-romanos e os luteranos (e também
muitos intérpretes judeus) pensam que esses versículos formam, conjuntamente, o
primeiro mandamento. Mas a maioria dos outros grupos protestantes e evangélicos
fazem desses versículos um mandamento distinto.
Yahweh é um Deus
zeloso que não tolera rivais (vs. 5; 34.14). Naturalmente, temos nisso uma
linguagem antropomórfica. Ver no Dicionário 0 artigo Antropomorfismo.
Divindades rivais seriam algo contrário ao caráter único de Deus. E um deus que
não é único não é 0 verdadeiro Deus. Ver os vss. 22,23. A desobediência ao
primeiro mandamento foi a principal razão dos cativeiros (ver a esse respeito
no Dicionário) que, finalmente, Israel sofreu.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 388.
O Primeiro Mandamento: Não Ter Outros Deuses (20.3)
O versículo 2 é a
introdução do primeiro mandamento. Deus identifica quem tirou os filhos de
Israel da servidão egípcia: O SENHOR. Visto que ele os libertara e provara que
era supremo, eles tinham de torná-lo seu Deus. Não havia lugar para
competidores.
Todos os outros
deuses eram falsos.
Diante de mim (3)
significa “lado a lado comigo ou além de mim”.20 Deus não esperava que Israel o
abandonasse; Ele sabia que o perigo estava na tendência de prestar submissão
igual a outros deuses. Este mandamento destaca o monoteísmo do judaísmo e do
cristianismo.
“O primeiro
mandamento proíbe todo tipo de idolatria mental e todo afeto imoderado a coisas
terrenas e que podem ser percebidas com os sentidos.”21 Não existe verdadeira felicidade
sem Deus, porque Ele é a Fonte de toda a alegria. Quem busca alegria em outros
lugares quebra o primeiro mandamento e acaba na penúria e em meio a
acontecimentos trágicos.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 189.
Êx 20.3. Não terás
outros deuses. Possivelmente “ nenhum outro deus” , se o plural aqui empregado
for o chamado “ plural de majestade” , tal como sempre o é ao descrever YHWH.
Tem havido constante debate sobre se a fé israelita era verdadeiro monoteísmo,
já que poderia visualizar a possibilidade de outros deuses a servir. Discutir
sobre isso, entre tanto,
é esperar uma auto-análise excessiva: monolatria (a adoração a um único Deus) é
o que se exige expressamente de Israel aqui. Israel vivia em meio de um mundo
politeísta: esta proibição sucinta trata de um dos perigos advindos de se viver
em tal mundo. Estes mandamentos eram destinados, em última análise, ao
israelita médio, não à elite religiosa da época: vêm expressos em termos
simples e fortes, compreensíveis a todos, e tratam das tentações do homem
comum, não as do teólogo.
Diante de mim.
Literalmente “ à minha face” . Esta frase vagamente incomum também parece ser
usada em relação ao ato de tomar uma segunda esposa enquanto a primeira ainda
estivesse viva. Tal uso, de uma quebra de um relacionamento pessoal exclusivo,
ajuda a explicar o seu significado aqui. A frase está relacionada à descrição
de YHWH como um “Deus zeloso”, no versículo 5. Alguns comentaristas modernos
sugerem que “diante de YHWH” ou“ a presença de YHWH” no restante da Torah são
referências ao altar de YHWH (23:17). Veem, portanto, uma referência ao culto
israelita: nenhum outro deus pode ser adorado simultaneamente com YHWH num
santuário comum, como era de praxe, por exemplo, na religião cananita. Não há
dúvida de que isto é verdade, mas parece ser uma explicação inadequada. Seja
qual for, porém, a maneira de encararmos os detalhes da passagem, seu sentido principal
é claro: por causa da natureza de YHWH e do que YHWH fez por Israel, Ele não
dividirá Seu louvor com quem quer que seja: Ele é único. Consulte Hyatt com
respeito a outras interpretações da frase.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 147-148.
2. O segundo
mandamento.
Não farás para ti
imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em
baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. (Ex 20.4)
Deus apresenta o
segundo mandamento: não fazer imagens de escultura. Isso foi necessário porque
Deus não tinha o objetivo de ser representado por qualquer forma conhecida
pelos israelitas. O Deus Criador não pode ser confundido com sua criação.
Atribuir uma forma de qualquer ser a Deus foi considerado uma quebra de
mandamento, pois reduz a sua glória eterna àquilo que é mortal. Há formas de
criaturas nos céus (anjos), na terra (animais, seres humanos) e nas águas
(peixes e baleias), e nenhuma dessas formas poderia jamais representar Deus.
Tentar reduzir Deus a uma figura conhecida era o mesmo que reduzir sua glória.
Não te encurvarás a
elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que
visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles
que me aborrecem, e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os
meus mandamentos. (Ex 20.5)
Esse mandamento traz
outra informação importante: os israelitas não poderiam fazer imagens de
esculturas nem se curvar diante delas, muito menos servi-las. Para os que
conhecem a Palavra de Deus, pode parecer estranho uma pessoa se curvar diante
de uma imagem de escultura como se elas fossem realmente um deus, mas foi isso
que os israelitas fizeram quando chegaram à Terra Prometida.
O profeta Isaías,
usado por Deus, descreve o que seus contemporâneos faziam no tocante à criação
de imagens de escultura:
Então, servirão ao
homem para queimar; com isso, se aquenta e coze o pão; também faz um deus e se
prostra diante dele; fabrica uma imagem de escultura e ajoelha diante dela.
Metade queima, com a outra metade come carne; assa-a e farta-se; também se
aquenta e diz: Ora, já me aquentei, já vi o fogo. Então, do resto faz um deus,
uma imagem de escultura; ajoelha-se diante dela, e se inclina, e lhe dirige a
sua oração, e diz: Livra-me, porquanto tu és o meu deus. Nada sabem, nem
entendem; porque se lhe untaram os olhos, para que não vejam, e o coração, para
que não entendam. (Is 44.15-18)
Oseias, o profeta,
também tratou desse assunto quando mostrou o que o seu povo fazia: “O meu povo
consulta a sua madeira, e a sua vara lhe responde, porque o espírito de luxúria
os engana, e eles se corrompem, apartando-se da sujeição do seu Deus” (Os
4.12).
Deus adverte neste
mandamento que julga a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta
geração. Essa informação pode significar que Deus pode julgar a idolatria de
algumas pessoas nos seus descendentes. Entretanto, aos que amam ao Senhor e
guardam seus mandamentos veem sua misericórdia de forma infinita.
A idolatria é um
problema muito sério para o homem. Deus condena os ídolos porque eles desejam
ocupar o espaço dEle em nosso coração. Em dias como os nossos, em que a
humanidade faz seus próprios deuses, o segundo mandamento é atual e necessário
para que possamos conduzir pessoas a Deus e manter-nos focados no serviço ao
próprio Senhor. Lembremo-nos do que disse o apóstolo João: “Filhinhos,
guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5.21).
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 70-71.
Segundo Mandamento:
Não farás para ti
imagem. Os críticos tentam provar uma data posterior do livro de Êxodo
assegurando-nos que essa proibição contra as imagens realmente pertence à época
do profeta Oséias. Conforme eles dizem, talvez seja verdade que esse mandamento
não se ajustava ao que estava ocorrendo em Israel nos dias de Moisés, onde, sem
dúvida, havia muitos ídolos e imagens, alguns deles até representações de
Yahweh, e outros representando outros deuses. Entretanto, esse raciocínio é
falaz. O primeiro mandamento proíbe o politeísmo, e a idolatria e o uso de
imagens promoviam cultos politeístas. Portanto, 0 primeiro mandamento também
combate o uso de ídolos. Por motivos assim é que muitos intérpretes pensam que
os vss. 4-6 deste capítulo fazem parte do primeiro mandamento.
Os vss. 4-6, para a
maioria dos grupos protestantes (com a exceção dos luteranos), constituem 0
segundo mandamento. E proibido 0 fabrico de qualquer imagem de es- cultura. As
imagens tendem ou mesmo promovem formas várias de politeísmo, e isso fora
estritamente proibido no primeiro mandamento. Além disso, as imagens de escultura,
tal como 0 próprio politeísmo, destroem a natureza ímpar de Yahweh, além de
injetarem elementos estranhos no pensamento e na adoração religiosos. Grandes
segmentos da cristandade têm uma espécie de sub-políteísmo no uso de imagens e
na veneração dos “santos”. Digo aqui “sub- politeísmo” porque, acima do mesmo,
reservam uma adoração especial a Deus. O que temos, nesses casos, é uma forma
de sincretismo onde 0 antigo politeísmo alia-se ao monoteismo, A cristandade,
ao entrar em contato com culturas pagãs, inventou várias formas de sincretismo,
pelo que desobedecem de forma crassa o primeiro e o segundo mandamentos.
Imagem de escultura.
No hebraico temos uma só palavra, pesei, palavra que significa “esculpir”.
Originalmente, o termo significava um objeto esculpido, mas acabou significando
qualquer tipo de imagem, representação de qual- quer objeto, no céu ou na
terra. Ver Isa. 30.22; 40.19; 44.10; Jer. 10.4. Havia as imagens fundidas,
feitas em moldes, feitas à mão, em lugar de serem esculpidas. Ver os
mandamentos específicos contra as imagens fundidas, em Êxo. 20.23 e 34.17.0
primeiro e 0 segundo mandamentos proibiam qualquer forma de representação
idólatra, e a adoração a essas formas.
No tabernáculo havia
a representação de querubins. Mas a figura jamais foi adorada ou venerada pelos
filhos de Israel. Se o tivesse sido, sem dúvida teria sido destruída. Ver Êxo.
25.18,19. Yahweh, por sua vez, jamais foi representado entre os israelitas por
meio de qualquer imagem de escultura. Tal representação teria sido um
sacrilégio de primeira grandeza. E nem ou- 60s deuses foram jamais
representados por meio de imagens pelos israelitas, a não ser pelos idólatras
entre eles. Mas tais imagens detratavam do caráter único de Yahweh.
Os egípcios adoravam
toda espécie de objetos, como aves, répteis e figuras celestes imaginárias. E
não hesitavam em representar tais supostas divindades por meio de imagens. Esse
tipo de atividade foi proibida aos filhos de Israel. A tripla designação, “em
cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra”, para os
antigos, apontavam para a criação inteira.
A Idolatria de Todos
Nós. Para todos nós há certas coisas às quais damos grande atenção, ao ponto de
transformá-las em ídolos. Existem ídolos da mente, e não apenas de madeira, de
pedra ou de metal. ídolos comuns incluem possessões, dinheiro, sexo, fama,
posição social e poder.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 388.
O Segundo Mandamento: Não Fazer Imagens (20.4-6)
“Como o primeiro
mandamento afirma a unidade de Deus e é um protesto contra o politeísmo, assim
o segundo afirma sua espiritualidade e é um protesto contra a idolatria e o
materialismo.” Embora certas formas de idolatria não sejam materiais — por exemplo,
a avareza (Cl 3.5) ou a sensualidade (Fp 3.19) —, o segundo mandamento condena primariamente
a fabricação de imagens (4) na função de objetos de adoração. Este tipo de
idolatria sempre existiu entre os povos pagãos mais simplórios do mundo. A
história de Israel comprova que esta tentação é traiçoeira.
Estas imagens pagãs
eram feitas na forma de coisas vistas no céu, na terra e nas águas. Estas
imagens não deveriam se tornar objetos de adoração: Não te encurvarás a elas
(5). Os versículos 4 e 5 devem ser considerados juntos. Não há condenação para
a confecção de imagens, contanto que não se tornem objetos de veneração. No
Tabernáculo 25.31-34) e no primeiro Templo (1 Rs 6.18,29) havia obras
esculpidas. A idolatria consiste em transformar uma imagem em objeto de
adoração e atribuir a ela poderes do deus que representa. Se considerarmos que
gravuras ou imagens de pessoas possuam poderes divinos e que sejam adorados,
então elas se tornam ídolos.
Deus apresentou os
motivos para esta proibição. Ele é Deus zeloso, no sentido de que não permite
que o respeito e a reverência devidos a Ele sejam dados a outrem. Deus não
regateia o sucesso ou a felicidade para as pessoas, como faziam os deuses
gregos. E para o bem dos filhos de Deus que eles devem consagrar e reverenciar
o nome divino.
Deus pune a
desobediência (5) e recompensa a obediência (6). Muitos questionam o julgamento
nos filhos de pais ofensores, mas tais julgamentos são temporários (ver Ez
18.14-17) e aplicam-se às consequências, como, por exemplo, doenças, que
naturalmente seguem as más ações. O medo de prejudicar os filhos deveria
exercer coibição salutar na conduta dos pais. As perdas que os filhos sofrem
por causa da desobediência parental podem levar os pais ao arrependimento. Na
pior das hipóteses, a pena vai até à terceira e quarta geração, ao passo que a
misericórdia é mostrada a mil gerações quando há amor e obediência.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 189-190.
Êx 20.4. Imagens de
escultura. O hebraico significa algo talhado ou esculpido à semelhança de
alguma outra coisa. Aqueles eram dias primitivos; tais ídolos eram feitos
normalmente de madeira (embora a palavra também englobe escultura em pedra),
sendo também comum o revestimento com algum metal precioso. A imagem de “
fundição” também é implicitamente proibida (34:17), mas não é mencionada aqui
por pertencer a um período mais recente (cf. no entanto o bezerro de ouro, 32:4).
Surge aqui uma
pergunta quanto à forma original dos mandamentos, em vista das repetidas
cláusulas explanatórias neste versículo, e da motivação no versículo 5. A
julgar pelas diferenças mínimas ao material explanatório encontrado em
Deuteronômio 4, a forma original destes mandamentos apodíticos era simplesmente
a frase curta e aguda, “ não...” . Portanto, a forma original e essencial deste
mandamento consistia apenas das quatro primeiras palavras hebraicas, traduzidas
pelo português “não farás para ti imagens de escultura”. Semelhantemente, no
versículo seguinte, o centro do mandamento parece ter sido “ não as adorarás” .
Isto significa que os mandamentos eram frases breves e pungentes, facilmente
escritas em pequenas tábuas de pedra que coubessem na palma da mão.
Esta condenação de imagens
claramente inclui imagens do Deus verdadeiro, pois é bem certo que algum tipo
de imagem estivera em uso entre os ancestrais de Israel (até mesmo a tradição
judaica ortodoxa admite que Tera, pai de Abraão, era um fabricante de imagens).
Os ídolos domésticos (terafim) de Labão poderiam, é verdade, ter mais valor
legal do que significado religioso, mas os que Jacó escondeu debaixo do carvalho
no “ santuário” em Siquém eram com toda certeza objetos religiosos (Gn 35:2-4).
Isto aconteceu antes da doação da lei: mesmo depois disso, imagens não eram
algo estranho em Israel (ver Jz 8:27, Gideão; Jz 17:4, Mica; 1 Sm 19:13,
Davi).* Todavia, a existência de imagens mais tarde em Israel não prova a
inexistência de leis contra seu uso.
A arqueologia mostra
claramente que a horda que destruiu a maior parte da cultura cananita no século
treze A.C. era basicamente “ anicônica” , isto é, não usava imagens em seu
culto. Frequentemente se argumenta que os querubim acima da arca eram tais
imagens, mas eles eram muito mais símbolos dos seres angélicos que servem a
Deus do que objetos de culto; eram como os guardiães do templo nos portões de
um santuário assírio. Eram o trono para a presença invisível de Deus que sobre
eles pairava. Contudo, se a fabricação dos querubins fora permitida, então a
proibição de imagens se refere apenas à fabricação direta de objetos de culto,
não à representação de um objeto ou ser vivo qualquer, conforme se entendeu
mais tarde. O judaísmo mais estrito e o islamismo se limitaram exclusivamente a
desenhos e padrões abstratos em todas as formas de arte. Além disso, pelo uso
de parataxe (a colocação de duas ideias lado a lado, ao invés do uso de uma
ligação lógica entre as duas, como em sintaxe) em hebraico, este mandamento deve
ser intimamente relacionado ao que o precede imediatamente, de modo que a
tradução do sentido da passagem seria “ Não terás outros deuses na minha
presença; jamais farás tais imagens” (isto é, de tais deuses).
Além dos querubins, a
lei ordena o bordado de lírios, romãs e outros objetos naturais nas cortinas do
tabernáculo, de modo que não pode ter havido uma proibição completa da
representação de objetos naturais em dias primitivos.
Este fato levanta a
questão de por que tais imagens-representações do Deus verdadeiro (mesmo em
forma humana) eram proibidas. A provável razão talvez seja o fato de que
nenhuma semelhança seria adequada, e que cada tipo de imagem provocaria um novo
tipo de falsa compreensão
de Deus. Por exemplo, touro era um símbolo de força, mas também de virilidade e
poder sexual: tal associação seria blasfema para o israelita. As nações que
retratavam seus deuses em forma humana atribuíam com excessiva rapidez suas
próprias fraquezas humanas aos protótipos divinos. Para o israelita, o homem
fora criado à imagem de Deus, à Sua semelhança (Gn 1:26), mas isso não
significava enfaticamente que Deus fosse igual ao homem (Is 55:9). A
localização e materialização de Deus também era outro perigo inerente à
idolatria. Mesmo Israel, em dias futuros, viria a crer que a presença de Deus
estava localizada e contida na arca ou no templo; quanto mais o teriam feito se
tivesse existido uma imagem? Finalmente, teria havido o perigo das tentativas semi-mágicas
de aplacar ou controlar Deus através da posse de uma certa localização de Sua
presença, como podemos ver em relação à arca em 1 Samuel 4:3. Em Deuteronômio
4:12, a razão apresentada é o fato de que no Sinai Israel não vira qualquer
forma ou semelhança: o povo havia apenas ouvido a voz de Deus. A isso corresponde
o papel dominante exercido ao longo de toda a história da fé israelita pela “
palavra de YHWH” falada ou escrita.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 148-150.
3. O terceiro
mandamento.
Não tomarás o nome do
Senhor, teu Deus, em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o
seu nome em vão. (Êx 20.7)
O que identifica cada
pessoa, de forma individual, é o nome que cada um tem. Podemos ser parecidos
com outras pessoas, mas a nossa distinção começa pelo nome que recebemos.
Nossos documentos começam identificando o nosso nome, e este traz muito de
nosso caráter e reputação.
Deus não deixou de
observar que o nome dEle deveria ser reverenciado e honrado. Seu nome não
poderia ser utilizado de forma indevida, não deveria ser usado de forma
leviana, como se não representasse o Deus que os tirou da escravidão.
O nome de Deus é tão
santo que quando Jesus ensinou seus discípulos a orar, após pronunciar a frase
“Pai nosso que estás no céu”, Ele seguiu com o “santificado seja o teu nome”.
Jesus mesmo santificou o nome do Pai, não o tomando de forma irresponsável nem
desrespeitosa. Quando se referia ao pai, fazia-o com respeito e temor.
O nome do Senhor é
desonrado quando o utilizamos para concretizar negócios que não temos a
pretensão de honrar. O nome do Senhor é desonrado quando nossas vidas não
correspondem com a fé que alegamos ter. O nome do Senhor é desonrado quando o
utilizamos em brincadeiras e piadas, ou juramos falsamente, como se Ele fosse
responsável por nossos atos.
nem jurareis falso
pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso Deus. Eu sou o Senhor. (Lv
19.12)
O preceito aqui é que
Deus deseja que seu nome seja respeitado, não sendo alvo de blasfêmias nem do
nosso mau comportamento.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 71-72.
Abusos contra o nome
de Deus. Vários desses abusos eram e continuam sendo possíveis:
1. O trivial. Até
mesmo crentes exclamam, descuidadamente: “Ó meu Deus!” E até mesmo crentes
piedosos falam de modo frívolo acerca do Senhor, como se Ele fosse apenas um
bichinho de estimação. Combato essa forma ridícula de teísmo de acordo com a
qual qualquer pensamento ou ato trivial é lançado na conta do Senhor. Trata-se
de uma forma de auto exaltação. Pois se o grande Deus está conosco em questões
tão peque- nas, então quão importantes nós somos. Em contraste com isso, os
israelitas piedosos nem ao menos pronunciavam o nome divino Yahweh, mas corrompiam-no
de alguma forma, para não se tornarem culpados de estarem tomando o nome de
Deus em vão.
2. Nas artes mágicas
e nos juramentos. Como nas conjurações e nos ritos pagãos. Ver Gên. 32.27,29. O
nome de Yahweh não podia ser usado em tais atividades.
3. O nome de Yahweh
não podia ser misturado com os nomes de divindades pagãs, como se fizesse parte
de algum panteão gentílico.
4. A proibição do uso
do nome divino incluía a ideia de empregar o nome de Deus para invocar os
mortos. O nome de Yahweh não podia ser misturado à bruxaria.
5. O nome de Yahweh
não podia ser usado nos juramentos falsos, como se a veracidade de uma pessoa
pudesse ser apoiada pelo grande Deus (Lev. 19.12).
6. Embora o texto
sagrado não o diga especificamente, temos aqui um mandamento contra toda
espécie de profanação por meio de palavras, incluindo ou não os nomes divinos.
O texto por certo subentende o uso devido da língua, em questões tanto sagradas
quanto seculares. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo
intitulado Linguagem, Uso Apropriado de. O abuso da fala desonra a Deus.
“Maldições e
juramentos devem-se ao desejo de impressionar os outros. A maneira mais fácil
de chocar outra pessoa e chamar sua atenção é 0 uso de alguma coisa sagrada ou nome
santo. Mas o efeito desgasta-se quase imediatamente, e a blasfêmia passa a ser
apenas um hábito inconveniente, expressando impotência e fraqueza de caráter”
(J. Coert Rylaarsdam, in loc.).
Ameaças. Nenhuma
punição é imposta aqui aos faltosos, mas fica entendido que o homem que usasse
indevidamente o nome de Yahweh não escaparia do devido castigo.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 319.
O Terceiro Mandamento: Não Tomar o Nome de Deus em Vão
(20.7)
Tomar o nome do
SENHOR, teu Deus, em vão é “recorrer ao irrealismo, ou seja servir-se do nome
de Deus para apelar ao que não é expressão do caráter divino”. Tal uso profano
do nome de Deus ocorre no perjúrio, na prática da magia e na invocação dos mortos.
A proibição é contra o falso juramento e também inclui juramentos levianos e a blasfêmia
tão comum em nossos dias. “Este mandamento não obsta o uso do nome de Deus em
juramentos verdadeiros e solenes.”
Deus odeia a
desonestidade, e é pecado sério alguém usar o nome divino para encobrir um
coração mau, ou para se fazer melhor do que se é. A pessoa que procura
disfarçar uma vida pecaminosa, ao mesmo tempo em que professa o nome de Cristo,
quebra este terceiro mandamento. Tais indivíduos são culpados diante de Deus
(7) e só recebem misericórdia depois de se arrependerem. Os justos veneram o
nome de Deus por ser santo e sagrado.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 190.
Não tomarás... em
vão. No judaísmo mais recente, esta proibição envolvia qualquer uso impensado e
irreverente do nome YHWH.
Este só era
pronunciado uma vez por ano, pelo sumo-sacerdote, ao abençoar o povo no grande
Dia da Expiação (Lv 23:27). Em sua forma original, o mandamento parece ter-se
referido a jurar falsamente pelo nome de YHWH (Lv 19:12). Este parece ser o
verdadeiro sentido do texto hebraico. A lei permitia abençoar e amaldiçoar em
nome de YHWH (Dt 11:26): isso equivalia virtualmente a proclamar Sua vontade e
Seu propósito para com várias classes de indivíduos. Jurar pelo Seu nome era,
então, permitido, embora fosse proibido por Cristo, séculos mais tarde (Mt
5:34). Na verdade, jurar pelo Seu nome (e não pelo de qualquer outro deus) era
um sinal de que tal pessoa era um adorador de YHWH (Jr 4:2), e por isso era
algo digno de louvor. Uma razão mais profunda para tal proibição pode ser vista
no fato de que Deus era a única realidade viva para a mentalidade israelita. É por
isso que Seu nome era sempre envolvido nos votos e juramentos, normalmente na
fórmula “ tão certo como vive o Senhor” (2 Sm 2:27).
Usar tal frase e
depois deixar de cumprir o voto era questionar a realidade da própria
existência de Deus.
Pois YH W H não terá
por inocente. A explicação, embora correta, provavelmente não fazia parte do
abrupto mandamento apodíctico original.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 150.
4. O quarto
mandamento.
Lembra-te do dia do
sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o
sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem
o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu
animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis
dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há e ao sétimo dia
descansou; portanto, abençoou o Senhor o dia do sábado e o santificou. (Ex
20.8-10)
O dia do sábado é
apresentado na Bíblia como um dia reservado à adoração a Deus e ao descanso.
Deus mostra nesse mandamento que os israelitas poderiam trabalhar o quanto
quisessem nos seis primeiros dias da semana, mas no sétimo dia, deveriam
descansar. A ordem era para o chefe de família, mas extensiva a todos que
estivessem na casa, inclusive o estrangeiro. O termo sábado vem de shabbath,
que em hebraico significa “cessar, interromper”. O sábado, para os judeus,
deveria ser um dia santo.
Esse mandamento nos
traz outra lição, desta vez referente ao trabalho. O homem não pode ser escravo
do trabalho, trabalhando sem descansar ou sem reservar um espaço de sua vida
produtiva a servir a Deus. O Senhor honra o trabalho, mas honra também o
descanso, que por sinal, é um mandamento dEle também.
A guarda do sábado,
no Novo Testamento, tornou-se um dos mandamentos mais citados nos Evangelhos,
pelo fato de que os judeus mais radicais acusavam Jesus de não cumpri-lo. No
sábado Jesus ensinava, curava pessoas enfermas, permitia que seus discípulos
pegassem espigas nos campos para comerem. Lucas 13.10-17 traz o relato de Jesus
ensinando numa sinagoga no sábado, dia em que lá havia uma mulher com um
espírito de enfermidade há 18 anos, que andava encurvada. Jesus a chamou,
curou-a, restaurou lhe a posição correta e a mulher começou a glorificar a
Deus. Nesse momento, o chefe da sinagoga reclamou com os presentes que não
trouxessem pessoas para serem curadas no sábado. Na mente daquele líder, havia
outros seis dias para que Deus curasse as pessoas. Aquele homem deveria estar
grato por presenciar uma cura diante de seus olhos, mas preferiu lembrar aos
que o ouviam que havia outros dias para trazerem enfermos ao local do culto.
Jesus não esperou para dar ao homem e a nós uma grande lição:
Respondeu-lhe, porém,
o Senhor e disse: Hipócrita, no sábado não desprende da manjedoura cada um de
vós o seu boi ou jumento e não o leva a beber água? E não convinha soltar desta
prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás
mantinha presa? E, dizendo ele isso, todos os seus adversários ficaram
envergonhados, e todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que eram
feitas por ele. (Lc 13.15-17)
Lembre-se de que o
dia é santificado quando eu o guardo para o Senhor. E aqui cabe uma palavra.
Como cristãos, guardamos o dia do domingo, como a Igreja Primitiva o fazia,
para honrar o dia da ressurreição do Senhor. Aqui, o princípio do descanso
também é respeitado, pois além de não trabalharmos, temos por hábito nos
reunirmos em nossas igrejas para adorar ao Senhor e passar um tempo a mais com
nossos familiares.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 72-73.
Lembrando o sábado, a
fim de mantê-lo santo. O sábado era um dia de descanso e de observâncias
espirituais. No Dicionário há um artigo detalhado sobre o Sábado. Ver também na
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia os artigos chamados Sabatismo e
Observância de Dias Especiais. Ambos esses artigos abordam a questão que indaga
se o sábado é obrigatório para a Igreja cristã. Se Paulo admitia que podemos
observar dias especiais, ele jamais obrigou outros cristãos a fazerem o mesmo.
A Igreja, ou suas várias denominações, têm o direito de observar o domingo como
se fosse um sábado ou descanso, embora não haja muito para recomendar essa
circunstância, sobretudo se isso for feito em uma atitude legalista. É
elogiável que a Igreja tenha dedicado um dia da semana (o domingo) para
adoração e culto religiosos especiais, comemorando a ressurreição de Cristo.
Mas isso não transforma o domingo em um “sábado cristão”.
A primeira espiritualização
do versículo à nossa frente consistiu em afirmar enfaticamente a necessidade
que temos de observâncias religiosas comunais, em um esforço grupai como uma
igreja ou uma denominação, visando a honrar a Deus com o nosso tempo, de
maneira sistemática e planeja- da. É bom observarmos pelo menos um dia por
semana para essa finalidade e para descansar do trabalho secular.
O sábado foi
instituído antes da lei mosaica. Ver Gên. 2.3. Nessa referência, apresentei
notas sobre a questão, incluindo a necessidade de descanso e adoração, além da
necessidade de trabalhar nos outros seis dias da semana. Os reformadores do
século XVI, ao ab-rogarem teologicamente o sábado, substituíram-no pelo
domingo; mas fizeram deste um sábado para todos os propósitos práticos. A
medida pode ter sido prática, mas não exibiu uma boa teologia. O sábado é uma
contribuição distinta da religião dos hebreus. Era o sinal do pacto mosaico.
Mas, sob a graça, na qual estamos, não há qualquer necessidade desse sinal,
pelo que não há nenhum preceito ou exemplo de guarda do sábado por parte da
Igreja cristã. Antes, a guarda do sábado aparece como um sinal de infantilidade
espiritual ou mesmo de erro teológico. Ver Gál. 4.10 e suas notas no Novo
Testamento Interpretado.
Para o santificar. Em
outras palavras, como um descanso santificado (Êxo. 16.23), em que os
israelitas deveriam aproveitar a oportunidade para dedicarem-se ao culto e ao
serviço religiosos. A provisão principal era 0 descanso, e podemos presumir que
eles aproveitavam 0 ensejo para finalidades religiosas. Posteriormente, na
sinagoga, sem dúvida assim acontecia. Ver também Êxo. 20.11; 23.12 e Deu.
5.14,15.
Tipo. O descanso do
sábado era tipo do futuro descanso do crente, em Jesus Cristo, ou seja, a
salvação eterna. Ver Heb. 4.1,3-5,8-11.
Êx 20.9,10 Seis dias
trabalharás. Temos aqui um mandamento positivo: Trabalha! O sábado era não
somente um tempo em que se descansava do trabalho regular semanal. Depois de um
trabalho de uma semana, o homem imitava a Deus o qual, segundo se vê em Gên.
2.2,3, após seis dias de criação, descansou ao sétimo dia. Por isso mesmo, o
sábado é o sétimo dia da semana, pois ninguém pode descansar depois de nada ter
feito. Mas a Igreja primitiva, no primeiro dia da semana, rememorava a ressurreição
de Cristo. Isso posto, o domingo, ou primeiro dia da semana, está baseado em
uma ideia inteiramente diversa da do sábado judaico. As notas que dou em Gên.
2.2,3 são bastante completas, e devem ser lidas em conexão com esta passagem.
Quanto a ou- tros trechos bíblicos ligados ao sábado, ver Êxo. 16.22-30; 31.15;
Núm. 15.32- 36 e Deu. 5.15.
A ordem principal do
quarto mandamento era não trabalhar. E isso aplicava-se tanto aos seres humanos
quanto aos animais. A moral desse manda- mento é que o homem estava imitando
aquilo que Deus fizera, terminada a obra da criação. O versículo seguinte a
este deixa isso claro, sendo um em- préstimo diretamente feito do segundo
capítulo do Gênesis. Deus deixara um exemplo que precisava ser seguido de
perto. Não há no mandamento qualquer explicação sobre o que se deveria fazer
com o tempo livre; mas a história toda do judaísmo demonstra que era um tempo
para ser devotado à meditação e a outros exercícios espirituais.
Na Babilônia, o
sábado era tido como um dia de mau presságio; mas o judaísmo reverteu
completamente tal noção pagã. No Egito, nos dias da servidão de Israel, não
havia dia de descanso para o povo de Deus ao fim de cada semana; e assim, após
o livramento, foi reinstalado o sábado entre os israelitas.
O sábado era também
uma espécie de lembrete semanal da páscoa, tal como o dia do Senhor, no Novo
Testamento, é um memorial da morte e da ressurreição de Cristo. No Egito, a
Israel só cabia trabalhar, trabalhar; uma vez liberto, o povo de Israel pôde
novamente gozar de um dia de descanso por semana, em imitação a Deus, que
descansou no sétimo dia da criação.
Vemos em Deuteronômio
5.15 que ao sábado foi dada uma razão humanitária. Homens e animais, depois de
seis dias de trabalho, precisavam descansar. Israel tinha vivido servilmente no
Egito, onde não tinha descanso. Um homem, ao descansar, também deveria conceder
descanso a seus dependentes (incluindo os escravos) e aos seus animais. Os
estrangeiros também tinham o direito de um dia de descanso semanal em Israel.
Há um certo número de
proibições individuais que envolvem tipos de trabalho, e que nos servem de
instrução: 1. Não se podia recolher o maná (Êxo. 16.26). 2. Não se podia
acender fogo (Êxo. 35.3). 3. Não se podia ajuntar lenha para acender fogo (Núm.
15.36). Em consequência, até coisas aparente- mente triviais eram incluídas
nessa proibição. Contudo, também havia algumas exceções: Os sacerdotes não
cessavam seu trabalho. Uma vida em perigo podia ser resgatada (Mat. 12.5,11).
Nos dias dos Macabeus, entretanto, começaram a surgir atitudes extremadas.
Tornou-se proibido até mesmo a autodefesa (I Macabeus 2.32-38; II Macabeus
5.25,26 e 6.11). Jesus não era um guardador extremado e ridículo do sábado,
conforme fica ilustrado no capítulo doze de Mateus.
Êx 20.11 Natureza
Obrigatória do Sábado. Neste versículo aprendemos que a guarda do sábado estava
alicerçada sobre o exemplo divino (Gên. 2.2,3), como também sobre um mandamento
divino (Êxo. 20.9-11). O trecho de Êxo. 20.11 repete essencialmente o que se lê
em Gênesis 2.2,3, onde ofereço notas expositivas. Esse dia pertencia a Deus.
Ele 0 havia santificado. Sua grande obra criativa tinha sido terminada e era
“boa”. E o sábado era uma espécie de comemoração desse fato, tendo-se tornado
assim um dia especial em si mesmo. Ver também Êxo. 31.17. “Deus separou esse
dia de todos os demais dias da semana, santificando-o para uso e serviço
sagrados, obrigando o Seu povo a cessar todo trabalho durante 0 mesmo, a fim de
poder dedicar-se aos exercícios religiosos, como ouvir e ler as Escrituras, orar,
louvar, etc., e Ele abençoava esse dia com a Sua presença (John Gill, in loc.).
Terminam aqui os
quatro mandamentos que mostram deveres do homem para com Deus. Doravante,
veremos seis mandamentos que falam das relações entre homem e homem.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 391.
O Quarto Mandamento: Santificar o Sábado (20.8-11)
O uso do verbo
lembra-te (8) insinua que é fácil negligenciar o dia santo de Deus. Tinha de
ser mantido em ininterrupta consciência e santificado, ou seja, “retirado do emprego
comum e dedicado a Deus” (ATA). Todo o trabalho comum seria feito em seis dias
(9), ao passo que o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus (10). Era um dia
dedicado, separado, a ser dado inteiramente a Deus. Ninguém deveria trabalhar
neste sétimo dia. O senhor não deveria fazer seus servos trabalharem. Até os
animais tinham de descansar do trabalho cotidiano. Havia proibições específicas,
como a ordem de não colher maná (16.26), não acender fogo (35.3), não apanhar
lenha (Nm 15.32-36). Embora o foco seja negativo, a lei permitia o trabalho necessário,
como o trabalho de sacerdotes e levitas no Templo, o atendimento a doentes e o
salvamento de animais (cf. Mt 12.5,11).
A razão para observar
o sábado é que Deus fez a terra em seis dias e ao sétimo dia descansou;
portanto, abençoou o SENHOR o dia do sábado e o santificou.
As Escrituras não
fazem uma lista de coisas que se deve fazer no sábado. A inferência inequívoca é
que o dia é de descanso e adoração. As ocupações seculares e materialistas devem
ser substituídas por atividades espirituais. Cristo condenou o legalismo que
deu ao dia a forma severa e insensível, embora não tenha anulado a sacralidade
do dia. Foi ordenado para o bem do homem (Mc 2.23-28).
A observância do dia
do Senhor (domingo) como o sábado cristão preserva o princípio moral que há
neste mandamento. A mudança do sábado judaico para o sábado cristão foi feita
gradualmente sem perder necessariamente o propósito de Deus para este dia santo.
Notamos que os versículos 9 e 10 não especificam o sábado nem “o sétimo dia da semana”
como o dia do descanso sabático. A letra do mandamento é cumprida pela
observação do dia seguinte aos seis dias de trabalho, como faz o cristão.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 190-191.
Êx 20.8. Lembra-te do
dia de sábado. Compare 16:23,26. O mandamento sobre o dia de descanso é o
primeiro a ser formulado positivamente, embora ainda breve e apodíctico. O
versículo 12 contém o único outro mandamento positivo na lista, embora no
restante da lei esta forma não seja incomum (uma forma de mandamento positivo
intimamente relacionada se encontra em Gn 9:6). Esta mudança de um mandamento
negativo para outro positivo não é desconhecida em códigos antigos, mas se
quisermos descobrir uma forma negativa para este mandamento, por amor à
coerência, ela se encontra no versículo 10, “ não farás nenhum trabalho” .
Deuteronômio 5:12 é bem semelhante ao versículo 8, embora empregue “ guardar”
em lugar de “ lembrar” . Por outro lado, a razão apresentada em Deuteronômio
para a observância do sábado é completamente diferente, como veremos no
versículo 11.
Êx20.11. YHW H... ao
sétimo dia descansou. A razão da observância do sábado apresentada em Êxodo é
que ele serve como um memorial do descanso de Deus depois de Sua grande obra
criadora. Deuteronômio 5:15 considera o sábado uma comemoração do descanso
oferecido aos escravos israelitas no Egito, quando libertados por YHWH, e (como
é típico em Deuteronômio) como uma oferta de oportunidade de “ descanso” semelhante
aos escravos dos israelitas (Dt 5:14). Estas explicações não são mutuamente
exclusivas, já que ambas tratam de descanso; por outro lado, tendem a reforçar
a tese de que a forma reduzida do mandamento era a original, talvez
simplesmente “ Lembra-te do dia de sábado” . Seja qual for o caso, na
observância do sábado, como em todas as outras festas religiosas de Israel, o
que se comemora é um ato de Deus. Um acalorado debate vem se desenvolvendo em
torno das origens e data da observância do sábado: comentaristas judaicos mais
recentes se esforçaram ao máximo para encontrar prova dessa observância no
período patriarcal, mas a não ser na Lei, as referências mais antigas são 2
Reis 4:23 e Amós 8:5. A passagem em Reis sugere que tanto culto quanto
interrupção de trabalho eram costumes antigos relacionados ao dia (como
certamente o eram em dias pós-exílicos). Paralelos em literatura babilónica não
são de grande valia: os sétimos dias correspondentes eram lá considerados
meramente “ dias de má sorte” para negócios, embora tal conceito possa ter se
derivado de um significado religioso. É bem provável que as origens do sábado
(como as origens do dízimo e da circuncisão) se estendam até bem antes da
doação da Lei, mesmo que não haja referência bíblica direta à sua observância.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 1551-152.
III - A
CONTINUAÇÃO DOS MANDAMENTOS DIVINOS
1* O quinto
mandamento.
Honra a teu pai e a
tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus,
te dá. (Êx 20.12)
As relações
familiares não foram esquecidas por Deus, e Ele ordenou que os filhos honrassem
seus pais. Isso pode ser feito quando os filhos obedecem a seus pais, ajudam a
tomar conta deles na terceira idade e quando ouvem seus pais para a tomada de
decisões para a vida.
Infelizmente, há
filhos que não seguem esse mandamento, desobedecendo àqueles que os criaram,
deram educação, alimento, vestimentas e um nome. Estão desrespeitando o quinto
mandamento e não terão uma vida abençoada por Deus. Lembremo-nos de que esse é
o primeiro mandamento com promessa, que mostra a extensão de vida dos que
honram seus genitores. Deus deixa claro que aprendemos a usar a honra dentro de
nossa própria casa, quando honramos nossos pais.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 74.
Os quatro primeiros
mandamentos da lei mosaica tratam dos deveres do homem para com Deus. Os
últimos seis, tratam dos relacionamentos humanos. Por isso mesmo, as tábuas do
testemunho, onde tinham sido inscritos os mandamentos, eram duas. Essas duas
tábuas da lei incorporavam todas as atitudes apropriadas aos seres humanos.
Honrar aos próprios
progenitores não somente é uma forma de piedade do mais alto calibre, como
também é uma regra social de suprema importância, pois os conflitos domésticos
naturalmente têm reflexos sobre a sociedade como um todo. Visto que os pais
atuam como representantes de Deus, ocupando o lugar de Deus no seio da família,
este quinto mandamento, na realidade, é uma aplicação dos dois primeiros manda-
mentos. Assim, honrar a Yahweh implica em honrar aos pais. A solidariedade
familiar jamais poderá tomar-se um fato nos lugares onde houver filhos
desobedientes, que tentem impingir sua voluntariedade às expensas dos pais.
Dentro do contexto hebreu, honrar os próprios pais era uma parte vital da
existência, tão vital quanto a respiração. Um filho que ousasse ferir seus pais
sofria a pena de morte (Êxo. 21.15). Idêntico castigo cabia a quem amaldiçoasse
qualquer de seus pais (Êxo. 21.17). Somente os zombadores insensatos
rejeitariam esse princípio de respeito pelos próprios pais, e o fim deles é triste
(Pro. 30.17).
Paulo reitera esse
mandamento em Efésios 6.1-3. Todavia, o apóstolo também frisou sabiamente a
responsabilidade dos pais para com seus filhos (vs. 4). E lembrou que o quinto
mandamento é o primeiro mandamento que envolve uma promessa, ou seja, que os
filhos obedientes serão abençoados com uma vida longa e feliz (Efé. 6.3). Nesse
ponto, Paulo citou o trecho de Deuteronômio 5.16. Quanto ao ponto de vista
neotestamentário ver a completa exposição sobre esse mandamento em Efésios 6.1
ss., no Novo Testamento interpretado.
A punição capital
(ver a esse respeito no Dicionário) era imposta no caso de quatro crimes,
mencionados em Êxo. 21.12-17 (que vide). Entre esses queremos destacar aqui a
quebra do sexto mandamento (0 homicídio; Êxo. 21.12,14) e a quebra do quinto
mandamento (os abusos contra os pais; Êxo. 21.17).
Entre certas tribos
indígenas do Rio Negro, no estado do Amazonas, Brasil, somente dois atos são
tidos como aquilo que chamamos de pecados, ou seja, atos errados: abusar de
qualquer modo da própria mãe e furtar. Entre eles, esses atos são considerados
piores do que o homicídio, o qual, entre eles, é tão comum que deixou de ser
censurado. Assim sendo, o código de ética daqueles indígenas incorpora somente
0 quinto e 0 oitavo mandamentos do decálogo mosaico.
Aristóteles pensava
que as relações entre filho e progenitor são análogas aquelas que existem entre
o homem e Deus (Ethics, Nic. vii.12 par.5). O confucionismo alicerça toda a sua
moralidade sobre as relações entre pais e filhos. Os egípcios enfatizavam a
questão a ponto de ameaçarem a uma má vida pós-túmulo aos filhos que fossem
desobedientes a seus pais (apud Lenormant, Histoire Ancienne, vs. 1, pág. 343
s.).
Interessante é notar
que se os egípcios prometiam uma boa vida pós-túmulo aos filhos obedientes, 0
código mosaico só prometia uma boa vida neste mundo, uma vida longa e
abençoada, mas nenhuma promessa de vida pós-túmulo, 0 que é típico no
Pentateuco. Se existem alguns indícios sobre uma vida para além da morte
biológica (como na doutrina do homem como partícipe da imagem divina; Gên.
1.26,27), essa doutrina só passou a ser destacada formalmente, no Antigo
Testamento, nos Salmos e nos Profetas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 392.
O Quinto Mandamento: Honrar os Pais (20.12)
Honra a teu pai e a
tua mãe é o primeiro mandamento em relação aos homens e rege o primeiro
relacionamento que a pessoa tem com outrem: a relação dos filhos com os pais. Este
mandamento é tão básico que é amplamente universal. A maioria das sociedades
reconhece a importância de filhos obedientes. A melhor exegese deste versículo
é a exortação de Paulo encontrada em Efésios 6.1-3, onde ele destaca as
responsabilidades de pais e filhos. Com este mandamento ocorre uma promessa.
Quem honra os pais tem a garantia de vida longa. O propósito desta promessa
visava a nação em sua permanência na Palestina e o indivíduo que obedece. A
promessa ainda vigora: a nação cujos filhos são obedientes permanece sob a
bênção de Deus, e os indivíduos obedientes aos pais têm a promessa de vida mais
longa. Haverá exceções a esta regra, mas aqui destacamos sua aplicação geral.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 190-191.
Êx 20.12. Honra a teu
pai e a tua mãe. Tal como o versículo 8, este é um mandamento categórico
formulado positivamente. O mesmo princípio sob outra forma pode ser encontrado
em 21:15,17: “ Quem ferir/amaldiçoar seu pai ou sua mãe, será morto” . Este é
chamado “ o primeiro mandamento com promessa” (Ef 6:2), e assim o é, no sentido
mais estrito da palavra, embora o versículo 6, onde Deus demonstra “ o amor da
aliança” aos que O amem e obedeçam, também seja virtualmente uma promessa. A
promessa divina, contudo, é mais clara aqui, produzindo seus resultados na
sociedade. Os que constroem uma sociedade na qual a velhice ocupa lugar de
honra podem esperar confiantemente desfrutar do mesmo lugar algum dia. Tal
doutrina não é muito popular em nossos dias, quando a juventude é adorada, e a
velhice temida ou desprezada. O resultado é a loucura que leva homens e
mulheres a lutarem por permanecer eternamente jovens, e acabar descobrindo ser
isso impossível. Este mandamento é parte da atitude geral para com a Velhice em
Israel (como símbolo e, idealmente, personificação da sabedoria prática da
vida), elogiada em todo o Velho Testamento (Lv 19:32), c encontrada em muitos
outros povos antigos, notavelmente entre os chineses. Não se pode precisar se o
mandamento está relacionado à ideia de que sendo a vida sagrada e dom de Deus,
os doadores humanos da vida devem ser tratados com respeito: talvez um
israelita não analisasse o mandamento deste modo.
Para que se
prolonguem os teus dias. Às vezes, indivíduos supersensíveis questionam a
validade de uma promessa ligada a um mandamento.
O hebraico,
entretanto, não implica necessariamente em que a bênção prometida seja nosso
motivo para obedecer o mandamento, ao passo que assegura denifitivamente qual
seja o resultado de tal obediência. Outros questionam a natureza material da
promessa. Em dias do Velho Testamento, todavia, as promessas divinas eram
normalmente formuladas em termos materiais, compreensíveis para aqueles que,
por assim dizer, ainda estavam no jardim-de-infância de Deus. Para aqueles que,
até àquela altura, não tinham conhecimento definido de uma vida futura, “ dias
prolongados” significavam possibilidade de continuada comunhão com Deus, e eram
por isso muito importantes. Por outro lado, alguns consideram esta promessa
como um seguro de propriedade da terra que Deus lhes daria: isto, por sua vez,
traria glória a Deus, por demonstrar Sua fidelidade às Suas promessas. Nós, com
revelação mais completa, podemos “ espiritualizar” tal promessa sem esvaziá-la
de seu conteúdo. Este mandamento é o ponto em que a atenção é desviada do
relacionamento para com Deus e se concentra no relacionamento com a comunidade
que Ele criou. Assim, o conteúdo total dos dez mandamentos pode ser resumido em
duas “ palavras” , não uma apenas: amor a Deus e amor ao nosso próximo (Dt 6:5;
Lv 19:18). Mais uma vez, não há contradição: a realidade de nosso amor declarado
a Deus é demonstrada pela realidade de nosso amor expresso para com nossos
semelhantes (Jr 22:16).
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 151-152.
2. O sexto
mandamento.
Não matarás. (Êx
20.13)
Este mandamento
refere-se ao respeito pela vida. Esta é dom de Deus, e não pode ser retirada
por outros homens. Infelizmente, a história da humanidade apresenta um número
imenso de pessoas que assassinaram outras, quer por motivos fúteis, quer por
motivos políticos. Tais pessoas prestarão contas a Deus por seus atos.
A cultura judaica
previa exceções apresentadas na Bíblia Sagrada, mas cada caso deve ser
analisado realmente como exceção, e não como uma regra, observando-se os casos
em que eram aplicados na cultura judaica, como a legítima defesa e a morte
acidental.
Em nossas leis, matar
uma pessoa é crime tanto quanto o era no Antigo Testamento. Como cristãos, não
podemos deixar de defender a vida humana em todos os seus aspectos, e cremos
que são atos de covardia e assassinato o aborto e a eutanásia.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 74.
Esse mandamento
proíbe o homicídio.
O Antigo Testamento
justificava, contudo, certas formas de homicídio. Um escravo podia ser morto
sem que seu proprietário fosse punido (Êxo. 21.21). Quem invadisse uma casa
podia ser morto, sem sanções contra quem lhe tirasse a vida (Êxo. 22.2). O
sexto mandamento não proibia os sacrifícios de animais. Matar alguém, durante
as batalhas, não era considerado um crime (Deu. 20.1-4). É possível que, em
alguns casos, fosse permitida a eutanásia (segundo nos é sugerido em I Sam.
31.4,5). Presume-se que o suicídio era proibido, embora não seja especificamente
mencionado. De fato, os trechos de 1 Sam. 17.23 e 31.4,5 até podem ser usados
como defesa de alguns casos de suicídio.
A eutanásia, quando
aprovada, é a mais conspícua exceção ao sexto manda- mento. A lei proíbe o
abuso da propriedade por meio do furto (Êxo. 20.15, o oitavo mandamento). Ora,
a vida de um homem é sua mais preciosa possessão, bem como o veículo de que ele
precisa para cumprir o desígnio divino em sua vida. Portanto, o homicídio
insulta Deus, e não somente o homem, porquanto interfere no propósito de Deus
que se está cumprindo nos homens. Desde os dias do Antigo Testamento, tem
aumentado o respeito peia vida humana; mas o homem está ainda muito longe de
ter um autêntico respeito pela sacralidade da vida humana. Os homens chamam de
yusías certas guerras. Mas é muito raro que ocorra uma guerra dessas. Há ocasiões
em que se torna imprescindível guerrear contra os psicopatas, como certamente
foi Hitler, a fim de serem salvas muitas vidas. Mas mesmo assim, multas vítimas
inocentes são ceifadas, até mesmo por parte dos chamados poderes justos.
Ficamos perplexos diante das chamadas matanças justas, que, presumivelmente,
teriam sido impulsionadas por Yahweh.
O trecho de Mateus
5.21,22 expande o sexto mandamento para que inclua o ódio, a inveja, a má
vontade e o assassinato de caráter. A ira indevida e pensamentos maliciosos,
que se expressem em palavras ou ações, devem ser compreendidos como implicações
desse sexto mandamento.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 392-392.
O Sexto Mandamento: Não Matar (20.13)
A vida é a possessão
humana mais estimada e é errado privar alguém da vida sem justa causa. A
história de Israel mostra que este mandamento não é absoluto. Houve a adição de
outras cláusulas, como o homicídio desculpável (21.13), o homicídio acidental
(Nm 35.23) e o homicídio justificável (22.2). Israel também foi autorizado a
matar os inimigos. Não há exegese racional que condene a pena de morte ou a
guerra simplesmente com base neste mandamento.
Jesus esclareceu seu
significado quando o citou: “Não matarás” (Mt 19.18). Não há justificativa para
a instigação de motins e rebeliões desnecessárias ou outras condições
semelhantes que levem ao derramamento de sangue. Há responsabilidade evidente
pelo cuidado adequado em viagens, projetos construtivos e jogos esportivos onde
haja perigo. Esforços individuais e comunitários são necessários para a
preservação da vida humana. Mas este mandamento não requer nem justifica o
prolongamento da vida por meio de remédios e equipamentos auxiliares quando a
esperança pela vida normal se extingue.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 191.
Êx 20.13. Não
matarás. Os três próximos mandamentos são lei apodítica em sua forma mais
concisa. O hebraico emprega apenas duas palavras. O termo hebraico raçaí} é uma
palavra comparativamente rara para “ matar” e normalmente indica o assassinato
violento de um inimigo pessoal (Hyatt): “ Não assassinarás” é uma tradução
viável. O mandamento é pronunciado da forma mais geral possível, mas a lei
claramente distinguia entre o assassinato propriamente dito e o homicídio
acidental ou não premeditado (21:12-14). Evidentemente este mandamento jamais
foi entendido pelos israelitas como uma proibição à pena de morte (21:15),
embora esta normalmente seja expressa por um verbo correspondente a “ morrer” ,
e não pelo verbo “ matar” . Além disso, não havia pacifistas ao tempo do Velho
Testamento. Quer a luz da revelação mais completa no Novo Testamento exija tais
conclusões ou não, estas não podem ser provadas exclusivamente a partir do
Velho Testamento. Como no versículo 16, a proibição parece ser destinada a evitar
o assassinato do “ próximo” , um membro da mesma comunidade da aliança. Em
qualquer caso, a santidade da vida, como dom de Deus, é estabelecida: daí a “
culpa do sangue” ser uma realidade terrível, desde o tempo de Caim (Gn 4:10).
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 153-154.
3. O sétimo
mandamento.
Não adulterarás. (Êx
20.14)
Muito conhecido em
todas as épocas, o sétimo mandamento traz um princípio que reflete a proteção à
família e à fidelidade entre os cônjuges. Quando Deus diz que não se pode
adulterar, Ele está deixando claro que somos responsáveis por controlar nossos
desejos, principalmente os pecaminosos.
O desejo sexual
dentro do casamento é licito, mas desejar sexualmente uma pessoa que não o
cônjuge é o começo do adultério, e isso se aplica a todos os demais pecados na esfera
sexual.
Jesus deixou claro
que o adultério começa no coração da pessoa, e não no ato da conjunção carnal
apenas. Para que estejamos livres desse pecado, é preciso ter uma vida sexual
saudável com nossos cônjuges, buscando a pureza sexual dentro do casamento.
Há perdão para os
adúlteros? Sim, tanto quanto há perdão para os demais pecados (exceto a
blasfêmia contra o Espírito Santo), mas lembremo-nos de que o adultério traz
consequências que podem perdurar pelo tempo, como o fim do casamento e a ruptura
dos laços familiares.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 74-75.
Contra o adultério.
No artigo geral, no Dicionário, intitulado Dez Mandamentos ofereço notas
detalhadas sobre essa questão que devem ser lidas em conjunto com as deste
versículo. Assim como os filhos devem honrar seus pais (Êxo. 20.12), e como os
pais devem honrar seus filhos (Efé. 6.4), assim também os cônjuges devem
honrar-se mutuamente. Isso faz parte de uma estrutura social que prospera, pelo
que faz parte da segunda tábua dos Dez Mandamentos. Desse modo fica
salvaguardada a solidariedade da família. A poligamia sempre fez parte da
sociedade hebreia, pelo que ter mais de uma esposa, ou ter uma esposa e várias
concubinas não era algo proibido pelo sétimo mandamento. Antes, o que era
condenado era a sedução da esposa de outro homem, ou (em casos mais raros) a
sedução, por parte de uma mulher, do marido de outra mulher.
O trecho de Mateus 5.27
ss. elabora aquilo que constituí o adultério, mostrando- nos que está envolvido
mais do que atos sexuais ilícitos. Existe aquele adultério da mente, de que
nenhum homem ou mulher escapa. Ver também Heb. 13.4 e Lev. 20.10.
O que está impolítico
no adultério ou no sétimo mandamento? O Grande Catecismo de Westminster,
respondendo à pergunta 139, elabora:
“o adultério, a
formicação, o estupro, o incesto, a sodomia, as paixões desnaturais, a
imaginação impura, a impureza nos propósitos e nos afetos, a linguagem Imoral,
os olha- res sensuais, o comportamento imodesto, as vestes imodestas, os
casamentos ilegítimos, a tolerância de bordéis ou de qualquer tipo de
prostituição, o indevido adiamento no casamento, o divórcio, a separação ou
deserção do cônjuge, a preguiça, a glutonaria, o alcoolismo, as gravuras, as
danças, as peças teatrais e qualquer outra coisa que excita ou promova
pensamentos impuros”.
Ό sétimo mandamento
trata a família como uma unidade social. Seu real interes- se é a sacralidade
do matrimônio. Somente por implicação envolve a gama inteira da moralidade
sexual” (J. Edgar Park, in loc.).
“Esse mandamento
adverte contra a ditadura do copo físico” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.).
O código de Hamurabi
(artigo 157) requeria a pena de morte na fogueira para esse tipo de pecado. O
trecho de Levítico 20.10 requeria execução por apedrejamento.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 393.
O Sétimo Mandamento: Não Adulterar (20.14)
A pureza sexual é o
princípio subjacente neste mandamento. Adultério constituiu-se em relações
sexuais ilícitas feitas por alguém casado. Tratava-se de pecado contra a família.
Mas este mandamento é aplicável a todos os tipos de imoralidade sexual. A concepção
em vigor atualmente que afirma haver exceções a esta regra não tem
justificativa. Jesus deixou claro que o adultério está no coração e ocorre
antes do ato (Mt 5.28). Este mandamento condena todas as relações sexuais que
acontecem fora do laço matrimonial. Também infere a proibição de atos que
precedem e conduzem ao ato sexual.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 191.
Êx 20.14. Não
adulterarás. A Lei permitia poligamia (talvez uma instituição social necessária
à proteção de mulheres solteiras), mas jamais permitiu poliandria (caso em que
uma mulher tem vários maridos simultaneamente). O fato de um homem ter relações
sexuais com a esposa de outro homem era considerado um pecado hediondo tanto
contra Deus como contra o homem, já bem antes da lei, ao tempo dos patriarcas (Gn
39:9). Talvez este mandamento esteja relacionado ao “ furto” e à “ cobiça”
proibidos nos dois mandamentos seguintes, já que a esposa pertencia a outrem.
Talvez isto explique um dos aspectos mais intrigantes para nós que vivemos sob
a nova aliança: apesar de que relações sexuais com prostitutas não sejam
recomendadas, também não são proibidas (embora fosse proibido aos israelitas o
permitir que suas filhas se entregassem a tais práticas degradantes, Lv 19:29).
Talvez isso não infringisse os direitos de outrem, como no caso de um
adultério. Por outro lado, é claro (ver Mt 19:4-6) que a monogamia era o plano
de Deus para o homem na criação: e sem sombra de dúvida, tal como o divórcio, a
poligamia e mesmo a fornicação eram toleradas na economia mosaica devido à
dureza do coração humano (Mt 19:8). Em Cristo, elas se tornam absolutamente
impensáveis (1 Cor 6:15). Longe de anular este mandamento, Cristo o
intensificou, incluindo como “ adultério” muito do que não é apenas tolerado,
mas justificado por nossa sociedade permissiva (Mt 5:28). Semelhantemente Ele
incluiu os pensamentos maldosos na proibição de assassinato: os mandamentos têm
como alvo o pensamento e a motivação, não apenas o ato (ver o comentário do
décimo mandamento).
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 154.
4. O oitavo
mandamento.
Não furtarás. (Êx
20.15)
Deus abençoa uma vida
produtiva de trabalho, e abençoa os bens trazidos para casa de forma justa. Por
isso, Ele espera que a propriedade seja preservada de ataques, e para isso
proíbe o furto e o roubo. O furto é a retirada furtiva dos bens de uma pessoa,
e o roubo, geralmente, tem o emprego da intimidação ou da violência. Em ambos
os casos, Deus condena os bens adquiridos por meios ilícitos.
Não podemos tirar
vantagens de outras pessoas, pois isso é também é uma forma de furto. Se
desejamos ter bens, que sejam adquiridos de forma lícita, permitida por Deus e
debaixo da sua bênção.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 75.
Respeito pela
propriedade alheia. O ser humano tem direito possuir coisas. E uma vez que as
possua, não pode ser privado delas por parte de quem quer que seja. Fica
entendido, contudo, que tal ser humano entrou na possessão de suas coisas de
maneira honesta, pois, em caso contrário, ele já roubou tais coisas de alguém,
quebrando assim 0 oitavo mandamento. O comunismo oficializou o furto de
propriedade privada, por parte do estado, mediante o decreto de alguns poucos
mandamentos. O ladrão às vezes apenas furta sub-repticiamente, mas muitas vezes
também rouba mediante a violência, incluindo à mão amada. Neste último caso há
violência física, mas todo furto ou roubo é um ato egoísta.
Por muitas vezes, as
coisas que as pessoas possuem foram adquiridas em troca de trabalho árduo e
longo. E contra a natureza privar um homem daquilo que ele chegou a possuir
mediante trabalho e sacrifício pessoal. Os impostos, embora decretados
oficialmente, também podem ser exorbitantes e pecaminosos, como modos
ilegítimos de que os governantes se valem para lesar os governados. Logo, taxas
excessivas devem ser classificadas como quebras do oitavo mandamento. E também
há uma maneira passiva de fazer a mesma coisa. Devemos mostrar-nos generosos,
compartilhando com outros de nossos valores monetários. Se assim não fizermos,
então estaremos furtando o que deveria ser dado a pessoas menos afortunadas do
que nós.
Dificilmente pode ser
mantida uma sociedade estável quando os ladrões fazem o que bem entendem. A
desonestidade, em todas as suas formas, é um grande mal social, custando aos
governos um alto preço na tentativa de controlá-la. Como já dissemos, há formas
violentas e não-violentas de roubo, como também há formas particulares e
públicas. E também há desonestidades individuais e coletivas.
A sacralidade da
propriedade fica implícita no oitavo mandamento.
Alguns estudiosos
ampliam esse mandamento, por implicação, para o que envolvem os danos causados
pela maledicência e pelos ataques vertais contra outrem.
Boa fama, em homem ou
mulher,
É a joia imediata de
suas almas.
Quem me furta a
bolsa, furta ninharias,
Mas quem me furta 0
bom nome,
Furta-me daquilo que
não 0 enriquece,
Mas realmente me
empobrece.
(Apud Adam Clarke,
poeta inglês desconhecido)
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 393.
O Oitavo Mandamento: Não Furtar (20.15)
Este mandamento regula
o direito da propriedade particular. E errado tomar de outro o que é legalmente
dele. Constitui roubo quando a pessoa se apossa do que legalmente pertence a
uma empresa ou instituição. Não há justificativa para a “apropriação” mesmo
quando a pessoa sente que o produto lhe é devido. Este mandamento é quebrado quando
a pessoa intencionalmente preenche a declaração do Imposto de Renda com
informações falsas, desta forma retendo tributos devidos ao governo. Esta
prática é imprópria mesmo que o cidadão desaprove o governo.
Também passa a ser
roubo o ato de tirar vantagens de outrem na venda de propriedades ou produtos,
ou na administração de transações comerciais. E impróprio pagar salários mais
baixos do que devem receber por direito. O amor do dinheiro é o pecado básico condenado
por este mandamento. A obediência é perfeita somente com um coração puro.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 191.
Êx 20.15. Não
furtarás. Mais uma vez aqui esta proibição visa preservar a comunhão da
comunidade da aliança. Talvez a proibição original visasse o rapto com
propósito de escravidão (ver a experiência de José em Gn 37), mas sem dúvida
todos os tipos de furto estão incluídos. O código da aliança esclarece os
detalhes (por exemplo, 22:1-4), de modo que não há necessidade de explicações
aqui. Numa sociedade camponesa onde a vida é árdua, qualquer roubo pode levar à
morte, de modo que o furto se torna um crime sério. Há uma clara ligação entre
este mandamento e o décimo.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 154.
5. O nono mandamento.
Não dirás falso
testemunho contra o teu próximo. (Ex 20.16)
Por meio deste
mandamento, Deus ordenou que tivéssemos duas atitudes: não mentir nem falar
falsamente das pessoas que nos estão próximas. Esse mandamento afeta
diretamente os hábitos de pessoas que não controlam o que falam, que falam sem
pensar e, pior, pessoas que sempre caluniam seu próximo.
Caluniar é atribuir
falsamente a outra pessoa a prática de um ato que a lei considera crime. Se
Roberto diz que Mário roubou um carro, sem que Mário o tenha feito, Roberto
está caluniando Mário.
Injuriar é atribuir a
outra pessoa fato que pode ofender sua reputação. Se Ricardo diz que Jorge foi
à igreja bêbado, sem que isso tenha ocorrido, está ofendendo sua moral e sua
dignidade.
Difamar é falar mal
de outra pessoa a uma terceira ou mais pessoas, dando-lhes uma notícia que fira
a moral ou a honra de quem se fala.
Todas essas formas de
falso testemunho são passíveis de condenação penal e são igualmente condenadas
por Deus.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 75-76.
Parece que o objetivo
central deste mandamento é a proteção ao sistema judiei- al. Os tribunais
seriam inúteis se os homens chegassem ali para mentir. Se tiver de ser feita
uma acusação contra outra pessoa, e se o acusado tiver de defender-se, a
verdade terá de ser dita por ambas as parles, sob pena da justiça naufragar.
Mas esse mandamento também se aplica a questões individuais. A sociedade em
geral perturba-se quando as pessoas saem a espalhar mentiras e calúnias sobre
seus semelhantes. O trecho de Êxo. 23.1 condena o falso testemunho em nível
pessoal. Ver Deu. 19.16-20 que requeria juízo apropriado contra falsas
testemunhas que perturbavam o sistema judicial. A linguagem e os fatos devem
concordar entre si. Ver Deu. 13.14; 17.4; 22.20; Jer. 9,5; Sal. 9.5; 15.2; Pro.
12.19; 14.25; 22.21. A verdade precisa ser dita como tempero do amor (Efé.
4.15). Algumas vezes, as meias verdades prejudicam mais do que as mentiras
francas. O amor, porém, guarda-nos tanto da mentira aberta quanto das meias
verdades.
A mentira artística
vem sendo aprovada desde os tempos mais antigos, conforme muitos eruditos
supõem. Ver o caso de Labão (Gên. 29.21-27), e o caso um tanto anterior de Jacó
(Gên. 27.6-36). Por outro lado, a luz que brilhou por meio de Moisés por certo
condenava qualquer tipo de mentira ou abuso de linguagem.
Antes de Falar
Faz tudo passar
diante de três portas de ouro:
As portas estreitas
são, a primeira: É Verdade?
Em seguida: É
Necessário? Em tua mente Fornece uma resposta veraz. E a próxima É a última e
mais difícil: É Gentil?
E se tudo chegar,
afinal, aos teus lábios,
Depois de feres
passado por essas três portas,
Então poderás relatar
o caso, sem temeres Qual seja 0 resultado de tuas palavras. (Beth Day)
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 393.
O Nono Mandamento: Não Dar Falso Testemunho (20.16)
Enquanto que o roubo
nos priva da propriedade, a conduta da falsa testemunha nos rouba da boa
reputação. Seja no tribunal ou em outro lugar, nossa palavra sempre deve ser
verdadeira. Não devemos divulgar um relato até que verifiquemos sua veracidade.
A repetição da fofoca é imoral; antes de falar devemos averiguar a correção do
que dizemos. Há ocasiões em que mesmo a informação verdadeira não deve ser
propagada; não temos a obrigação de anunciar a todos o que sabemos que é a
verdade. Mas quando falarmos, até onde sabemos, sempre devemos dizer a verdade.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 192.
Êx 20.16. Não' dirás
falso testemunho. Já que numa sociedade simples, vivendo no deserto, quase
todos os crimes envolviam penas capitais,“ falso testemunho” bem sucedido seria
equivalente a assassinato. Para evitar tal problema, a testemunha deveria ser
também o executor (Dt 17:7), de modo a incorrer na culpa do sangue se estivesse
mentindo. O falso testemunho assume grandes proporções no Velho Testamento (1 Rs
21:10, por exemplo), como em qualquer sociedade em que a extrema pobreza
exponha o homem à tentação do suborno. Não há dúvida de que o mandamento
poderia ser generalizado para incluir a proibição de intrigas e mexericos (Lv
19:16), especialmente de mexerico falso e maldoso que prejudicasse o próximo.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 154-155.
6. O décimo
mandamento.
Não cobiçarás a casa
do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a
sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
(Ex 20.17)
A cobiça é uma das
formas mais tristes de tratarmos aquilo que os outros têm. O cobiçoso sempre
vai desejar aquilo que não possui e será consumido por esse tipo de sentimento,
pois vai se achar sempre inferior aos outros. Nunca estará contente com o que
já possui.
Este mandamento
geralmente é citado em nossos dias como “não cobiçarás a mulher do teu próximo”,
mas Deus também condena:
Cobiçar a casa — a
habitação da pessoa que me é próxima.
Cobiçar o servo e a
serva — pessoas que trabalham para o meu próximo.
Cobiçar o boi e o
jumento — instrumentos de trabalho ou posse do meu próximo.
Cobiçar coisa alguma
— qualquer outra coisa que meu próximo possua.
O que Deus ordena
abrange todas as coisas que o próximo possui. Não é meu dever cobiçar o que meu
próximo tem, pois isso nos induz a querer retirar dele o que ele tem. A cobiça
é o princípio de uma vida insatisfeita, que esquece o que já recebeu de Deus e
fixa seu olhar naquilo que ainda não se tem.
Esses mandamentos
foram dados para serem seguidos. Ressalvando- se as particularidades da cultura
judaica, os princípios dos Dez Mandamentos não foram revogados. Portanto,
tenhamos cuidado em dar testemunho nesses quesitos.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 76-77.
Contra todas as
formas de cobiça. De acordo com muitos eruditos, esse é o décimo dos
mandamentos mosaicos. Mas os luteranos e os católicos romanos pensam que o
primeiro mandamento incorpora os vss. 3-6. E assim, neste ponto, eles fazem o
vs. 17 desdobrar-se em dois mandamentos, para ser conseguido o número dez. Na
Septuaginta, neste versículo e em Deu. 5.21, a esposa é mencionada antes de
casar, para que haja um mandamento específico para que não se cobice a mulher
do próximo, ao passo que fica criado um décimo mandamento, relativo à cobiça
acerca dos bens materiais do próximo. No Dicionário há um artigo detalhado
chamado Cobiça, que inclui as injunções neotestamentárias sobre a questão. Meu
artigo ali também fornece notáveis exemplos bíblicos de cobiça. Neste ponto, no
tocante ao décimo mandamento, aprendemos que a lei aplica-se não somente aos
atos, mas também aos senti- mentos e intenções do coração. Em outras palavras,
a lei envolvia sentimentos interiores, e não apenas atos externos. O sétimo
mandamento proíbe o sexo com a mulher de outro homem; e o décimo mandamento
proíbe o desejo disso. Neste ponto, a lei aproxima-se da abordagem feita por
Jesus a respeito, em Mat. 5.21 ss. Todos os pensamentos devem ser levados ao
cativeiro a Cristo (II Cor. 10.5). Se o oitavo mandamento proíbe o roubo, o
décimo proíbe até mesmo o desejo de roubar.
Por conseguinte, o
décimo mandamento opera como uma espécie de limiar das noções neotestamentárias
sobre essas mesmas questões. O Novo Testamento repete dez dos mandamentos,
deixando de fora aquele atinente ao sábado. Mas o dia do Senhor ou domingo,
embora não seja um sábado ou descanso, envolve as implicações espirituais do
mandamento relativo ao sábado, enaltecendo e iluminando o sentido espiritual do
sábado.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 395.
O Décimo Mandamento: Não Cobiçar (20.17)
Este último
mandamento está por baixo dos quatro precedentes, visto que atinge o propósito
do coração. Matar, adulterar, roubar e mentir são resultados de desejos errados
que inflamam nosso ser. E singular que a lei hebraica inclua este desafio ao
nosso pensamento e intenção. “Os antigos moralistas não reconheciam esta
condição” e não condenavam os desejos maus. Mas é no coração onde se inicia
toda a rebelião, e este mandamento revela o aspecto interior de todos os
mandamentos de Deus. Paulo reconheceu este aspecto interior da lei quando se
conscientizou de sua condição pecaminosa (Rm 7.7). Muitas pessoas são
absolvidas de crimes com base em atos exteriores, mas são condenadas quando
levam em conta os pensamentos interiores. Estes desejos cobiçosos são, por
exemplo, pela propriedade ou pela mulher pertencente ao próximo (17). Tais
desejos criminosos precisam ser purgados pelo Espírito de Deus; só assim
viveremos em obediência perfeita à santa lei de Deus.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 192.
Êx 20.17. Não
cobiçarás. O termo hebraico hãmaçl, “ desejar” , é em si mesmo neutro. É apenas
quando mal orientado para aquilo que pertence a outrem que tal “ desejo” se torna
errado. Alguns consideram que este é o único dos dez mandamentos a proibir uma
atitude mental e não o simples ato externo; mas fazer tal distinção é,
provavelmente, uma falsa compreensão da mentalidade israelita. Tal como no caso
de “ amar” e “ odiar” , “ desejar” é uma atividade, quase equivalente a uma
tentativa de aquisição. Esta mesma identificação pode ser vista no comportamento
infantil.
Casa indica família,
no sentido antigo da palavra,* e a ideia de esposa é primária. Isto é
explicitamente demonstrado em Deuteronômio 5:21, onde a esposa é mencionada em
primeiro lugar.
Boi e jumento são a
riqueza típica do camponês ou semi-nômade da Idade do Bronze, para quem as
perplexidades da sociedade desenvolvida ainda não haviam surgido. “ Escravos”
eram a única outra forma de propriedade móvel. Em última análise, desejar, e
tentar obter a propriedade alheia é estar insatisfeito com o que se recebeu de
Deus, e assim demonstrar falta de fé em Seu amor. Além do mais, a inveja
estimulada por tal atitude levará mais cedo ou mais tarde a que se prejudique de
alguma maneira o próximo, o que não se coaduna com o dever essencial do amor.
Alt, citado por
Hyatt, entende o oitavo mandamento como uma proibição ao rapto de israelitas ao
passo que o décimo se referiria a uma proibição ao rapto de suas esposas ou
roubo de suas possessões. Tal divisão parece forçada: se há alguma distinção a
ser feita, seria melhor fazê-la entre “ ato” (oitavo) e “ motivo” (décimo),,
embora, como já foi dito acima, mesmo esta distinção não deva ser
exageradamente enfatizada.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 155.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
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