DEUS ESCOLHE ARÃO E SEUS FILHOS PARA O SACERDÓCIO
Data: 6 de Março de 2014 HINOS SUGERIDOS 86, 176,
432.
TEXTO ÁUREO
(E
para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e ei es reinarão sobre a
terra" (Ap 5.10).
VERDADE PRATICA
Cristo
nos fez reis e sacerdotes, para anunciarmos as virtudes do seu Reino.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Hb 6.20 Jesus, Sacerdote Eterno
Terça - Hb 5.1-9 A superioridade do sacerdócio de Jesus
Quarta - Hb 5.10 Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque
Quinta - Hb 7.1-4 Figura do sacerdócio eterno de Cristo
Sexta - Hb 7.26 Jesus, Sacerdote Santo
Sábado - Ap 1.6 Cristo nos fez reis e sacerdotes do Altíssimo
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Êxodo
28.1-11
1
- Depois, tu farás chegar a ti teu irmão Arão e seus filhos com ele, do meio
dos filhos de Israel, para me administrarem o ofício sacerdotal, a saber: Arão
e seus filhos Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar.
2
- E farás vestes santas a Arão, teu irmão, para glória e ornamento.
3
- Falarás também a todos os que são sábios de coração, a quem eu tenha enchido
do espírito de sabedoria, que façam vestes a Arão para santificá-lo, para que
me administre o ofício sacerdotal.
4
- Estas, pois, são as vestes que farão: um peitoral, e um éfode, e um manto, e
uma túnica bordada, e uma mitra, e um cinto; farão, pois, vestes santas a Arão,
teu irmão, e a seus filhos, para me administrarem o ofício sacerdotal.
5
- E tomarão o ouro, e o pano azul, e a púrpura, e o carmesim, e o linho fino
6
- e farão o éfode de ouro, e de pano azul, e de púrpura, e de carmesim, e de
linho fino torcido, de obra esmerada.
7
- Terá duas ombreiras que se \ unam às suas duas pontas, e assim se unirá.
8
- E o cinto de obra esmerada do éfode, que estará sobre ele, será da sua mesma
obra, da mesma obra de ouro, e de pano azul, e de púrpura, e de carmesim, e de
linho fino torcido.
9
- E tomarás duas pedras sardónicas e lavrarás nelas os nomes dos filhos de
Israel,
10
- seis dos seus nomes numa pedra e os outros seis nomes na outra pedra, segundo
as suas gerações.
11
- Conforme a obra do lapidário, como o lavor de selos, lavrarás estas duas
pedras, com os nomes dos filhos de Israel; engastadas ao redor em ouro as
farás.
INTERAÇÃO
No
Antigo Testamento o sumo sacerdote exercia o ofício sagrado de ir ao Templo e
entrar para oferecer sacrifício por ele e por toda a nação. Logo, seu
sacrifício não era único ou perfeito. O ministério sacerdotal araônico apontava
para Cristo, nosso Sumo Sacerdote eterno, Jesus Cristo é o único Sumo Sacerdote
perfeito e suficiente. Ele é o único representante entre Deus e o homem. Assim
como Jesus é o Sumo Pastor; nós os crentes, também fomos feitos sacerdotes. A
nossa função é a de servir a Igreja e a Cristo com amor.
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Explicar o sacerdócio em
Israel
Elencar os elementos da
indumentária sacerdotal.
Compreender o papel atual dos
ministros da igreja de Cristo.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Para
concluir o terceiro tópico da lição, leia com a sua classe, a primeira epístola
do apóstolo Paulo a Timóteo 3.1-7. Use a lousa para elencaras qualidades
necessárias para quem deseja exercer o Santo Ministério: (1) Ser
irrepreensível; (2) marido de uma só mulher; (3) vigilante; (4) sóbrio; (5)
hospitaleiro; (6) apto para ensinar; (7) não dado ao vinho; (8) não espancador;
(9) não cobiçoso de torpe ganância; (10) moderado, não contencioso, não
avarento; (11) governe bem a própria casa tendo os filhos em sujeição, com toda
modéstia; (12) que não seja novo na fé; (13) não soberbo; (14) tenha bom
testemunho dos que estão fora da igreja. Conclua dizendo que tais
características resultam do caráter regenerado pela mensagem do Evangelho.
PALAVRAS-CHAVE
Sacerdócio; Ofício, o ministério e a função do sacerdote.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O
capítulo 28 de Êxodo trata da chamada divina para o sacerdócio em Israel. O
povo precisava aprender a adorar a Deus. Era necessário que homens chamados por
Deus cuidassem da prática do culto ao Senhor no Tabernáculo e também através da
congregação de Israel. Logo,
o Senhor separou a tribo de Levi para o serviço no Tabernáculo e para o santo
ministério sacerdotal. Os levitas serviam a Deus e auxiliavam os sacerdotes.
Assim, todo sacerdote em Israel era levita, mas nem todo levita era sacerdote
como veremos na lição.
I - O
SACERDÓCIO (ÊX 28.15)
1. O sacerdote. Deus ordena que
Moisés separe Arão e seus filhos para o ministério sacerdotal. O sacerdote
deveria não somente pertencer à tribo de Levi, mas era preciso que fosse um
descendente de Arão, que teve o privilégio de ser o primeiro sacerdote de
Israel. Pertenciam à classe sacerdotal em Israel o sumo sacerdote, os
sacerdotes e também os levitas. O
sacerdócio de Arão apontava para Cristo, nosso Sumo Sacerdote eterno (Hb 6.20).
Arão era um ser humano e, portanto, um pecador que carecia de se apresentar
diante de Deus com sacrifícios pelos seus próprios pecados. Mas Cristo é
perfeito e seu sacrifício por nós foi único, completo e aceito pelo Pai.
2. O ministério dos
sacerdotes.
Quais eram as funções de um sacerdote? Sua principal missão era apresentar o
homem pecador diante do Deus santo. Eram, especificamente, três as obrigações
básicas do sacerdote: “santificar o povo, oferecer dons e sacrifícios pelo povo
e interceder pelos transgressores”. Eles também atuavam como mestres da lei (Lv
10,10,11). O sacerdócio de Arão apontava para Cristo, nosso único mediador
diante de Deus. Como Sumo Sacerdote, Cristo intercede diante do Pai por nós (1
Tm 2.5).
3. O sumo sacerdote. As nações que
estavam ao redor dos hebreus já conheciam o serviço sacerdotal. Os sacerdotes
não receberam nenhuma herança de terras quando as tribos entraram na Terra
Prometida, pois a sua Si recompensa era servir ao Todo-Poderoso. Eles eram sustentados
pelas ofertas e os sacrifícios levados ao tabernáculo. Viviam de modo simples e
dependiam única e exclusivamente da obediência e fidelidade do povo ao trazer
seus dízimos (Nm 18.3-32).
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Deus
ordena o ministério sacerdotal por intermédio de Moisés, separando Arão e seus
filhos para o santo ofício.
II - A
INDUMENTÁRIA DO SACERDOTE
1. A túnica de linho
e o éfode (Êx 28.4-28). As vestes do sacerdote deveriam ser santas (Êx 28.3).
Eles não poderiam se apresentar diante do Senhor de qualquer maneira. O linho
fino apontava para a pureza, perfeição e justiça de Cristo, nosso sacerdote.
Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, ‘‘o éfode era um tipo esmerado de
avental bordado, unido nos ombros e ligados por uma faixa na cintura”. No éfode
havia duas pedras de ônix com os nomes das doze tribos. Arão deveria levar e
apresentar diante de Deus as doze tribos de Israel. Cristo carregou sobre si os
nossos pecados e os apresentou diante do Pai (1 Co 15.3).
Sobre
o éfode estava o peitoral contendo doze pedras preciosas com os nomes dos
doze filhos de Israel. Esta peça ficava sobre o coração de Arão — o sumo
sacerdote (Êx 28.15,17,21,29).
2. O Urim e Tu mim
(Êx 128.30).
Eram pedras que os sacerdotes utilizavam na hora de tomar decisões. Eles
deveriam carregar estas peças junto ao coração, mostrando a importância delas.
Isso nos mostra que nossas decisões devem ser tomadas de acordo com a Palavra
de Deus.
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
A
túnica de linho, o éfode, o Urim e o Tumim eram elementos sagrados que
compunham a indumentária sacerdotal.
III -
MINISTROS DE CRISTO PARA A IGREJA
1. Chamados por Deus. Os verdadeiros
ministros da igreja são chamados e vocacionados pelo Senhor. O ministério pastoral
não é simplesmente um cargo ou uma forma de se alcançar status seja ele qual
for. Muitos querem viver da obra e não para ela. Quem exerce o santo ministério
sem a direta chamada do Senhor — o Dono da obra — é um intruso e está
profanando a obra de Deus.
2. Qualificações. O sacerdote não
podia se apresentar diante de Deus e da congregação de qualquer maneira. Um
pastor deve sempre agir de modo a dar um bom testemunho (1 Tm 3.7). O bom
testemunho deve vir não somente dos que estão fora da igreja, mas especialmente
pelos irmãos em Cristo. É preciso viver uma vida digna diante dos homens e
também diante de Deus (1 Tm 6.11,12). O pastor deve em tudo ser o exemplo (Tt
2.7).
3. Comprometidos com
a Palavra.
Os sacerdotes também tinham a função de ensinar a Palavra de Deus. Da mesma
forma, Paulo
recomenda que o ministro seja apto para ensinar (1 Tm 3.2). É preciso que seja
alguém capacitado na Palavra. A missão dos ministros de Cristo consiste no
serviço, na mordomia, isto é, na administração dos negócios de Deus e,
sobretudo, em sua fidelidade e santidade.
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
Os
ministros de Cristo são dados por Deus à Igreja. Eles devem manifestar um
caráter que honre ao Pai e que, igualmente, demonstre o compromisso com o
ministério da Palavra.
CONCLUSÃO
Os
sacerdotes levavam os israelitas até a presença de Deus. O sacerdócio de Arão
apontava para o sacerdócio perfeito de Cristo. Atualmente, todos os que creem
em Jesus e no seu sacrifício na cruz foram feitos, pela fé, reis e sacerdotes
do Deus Altíssimo (1 Pe 2.5,9). Você é um representante de Deus aqui na terra,
e nessa posição, você tem levado outros até Cristo?
VOCABULÁRIO
Indumentária: Arte relacionada com
vestuário; conjunto de vestimentas usadas em determinada época ou por
determinado povo, classe social, profissão, etc.
Esmerado: Caprichoso,
empenhado.
Clímax: Parte do enredo (de
livro, filme, peça, etc.) em que os acontecimentos centrais ganham o máximo de
tensão, prenunciando o desfecho; ápice.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Geográfico
“O
Dia da Expiação
O
dia 10 do mês de Tisri marcava o Dia da Expiação (Lv 16). Esse dia era de
muitas formas um clímax do ano religioso judeu. Os sacerdotes ofereciam durante
o ano inteiro sacrifícios a Deus, a fim de tornar o povo aceitável a Ele; mas
os sacerdotes e seu equipamento foram cerimonial- mente afetados pelo pecado e
o Dia da Expiação foi instituído para promover umaMimpeza espiritual de
primavera’, de modo que o caminho para chegar a Deus, mediante sacrifício,
ficasse aberto por mais um ano. O sumo sacerdote era a única pessoa que podia
fazer isso e nos dias do Novo Testamento, a fim de não haver erro, ele era
cuidadosamente vestido pelos anciãos e praticava o ritual diariamente durante a
semana anterior.
No
Dia da Expiação, o sumo sacerdote era mantido acordado durante a madrugada, e
quando chegava a manhã, era vestido com roupas brancas simples para dar início
às cerimônias. Ele primeiro confessava os pecados das pessoas com a mão sobre o
pescoço de um touro sacrificial, que havia sido morto e colhido o seu sangue.
Dois bodes eram colocados à sua frente e sortes lançadas para ver qual deles devia
ser de Deus e qual do povo. O bode de Deus era morto e seu sangue misturado com
o do touro. Depois, sozinho, o sumo sacerdote entrava com incenso e brasas no
Santo dos Santos. O incenso era queimado e quando ele enchia o lugar,
acreditava-se que o sumo sacerdote era aceitável a Deus” (GOWER, Ralph. Novo Manual dos Usos & Costumes dos
Tempos Bíblicos. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp.321-22).
AU X ÍLIO B IBLIO G R
Á FICO II
Subsídio
Teologia Pastoral
“O
Caráter do Servo do Senhor
Uma
geração inteira levantou-se em oposição a todas as formas de organização
instituídas, quer os credos e práticas estabelecidas fossem certos, quer não. A
precipitação maléfica disso ainda é vista na oposição pública a qualquer
autoridade: civil, religiosa ou organizacional. Pode ser que haja ocasiões em
que se deva fazer oposição às instituições, mas o verdadeiro caráter não
condena a autoridade só porque é autoridade. Deve haver padrões de caráter:
para indivíduos e para organizações. Oposição arbitrária à autoridade, sem
qualquer base ética ou moral, só conduz à anarquia e ao caos. A sociedade
moderna não parece estar muito distante desse estado. De todas as pessoas, o
ministro do Evangelho tem de ter uma definição clara do que seja o caráter para
que seja modelado com nitidez.
O CARÁTER E AÇÃO
O
caráter nunca é comprovado por uma declaração escrita ou oral de convicções. É
demonstrado pelo modo como vivemos, pelo comportamento, pelas escolhas e
decisões. Caráter é a virtude vivida.
O
caráter ruim ou o comportamento pouco ético tem sido comparado ao odor do
corpo: ficamos ofendidos quando o detectamos nos outros, mas raramente o
detectamos em nós mesmos. Os líderes espirituais sempre devem ser sensíveis ao
fato de que suas ações falam muito mais alto do que as palavras ditas do
púlpito. Visto que as ações que praticamos raramente são percebidas como provas
de caráter defeituoso, fazem-se essenciais à introspecção e à auto-avaliação,
não porque desejamos agradar ou evitar ofender os outros, mas porque a reputação
e o caráter do ministro devem estar acima de toda repreensão (1 Tm 3.2,7).
Nossas palavras e pensamentos devem ser agradáveis perante a face de Deus (SI
19.14), mas nossas ações revelam nosso caráter aos outros. As características
do caráter exigido por Deus daqueles que querem habitar em sua presença são
ações, e não um estado passivo de ser [...] (SI 15)" (CARLSON, Raymond;
TRASK, Thomas E. et al. Manual Pastor
Pentecostal: Teologia e Práticas
Pastorais. 3.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.l 14-15).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
GOWER,
Ralph. Novo Manual dos Usos &
Costumes dos Tempos Bíblicos. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
CARLSON, Raymond;
TRASK, Thomas E. et al. Manual Pastor
Pentecostal: Teologia e Práticas
Pastorais.
3.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
EXERCÍCIOS
1.
Quem Deus ordenou que Moisés separasse para o sacerdócio?
R:
Arão e os seus filhos.
2.
O sacerdócio de Arão apontava para qual Sacerdócio?
R:
O sacerdócio de Arão apontava para Cristo.
3.
Qual era a principal função do sacerdote?
R:
Sua principal missão era apresentar o homem pecador diante do Deus santo.
4.
O que era o éfode?
R:
O éfode era um tipo esmerado de avental bordado, unido nos ombros e ligados por
uma faixa na cintura.
5.
Quais as qualificações que você acredita que são indispensáveis àqueles que
almejam o santo ministério?
R:
Resposta pessoal.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n° 57. p.41.
Segundo
a ordenação de Deus a Moisés, Arão e seus filhos, Nadabe, Abiú, Eleazar e
Itamar deveriam ser separados e consagrados para o sacerdócio (Êx 28.1).
Todavia, sabemos que Nadabe e Abiú morreram perante o Senhor ao oferecer fogo
estranho. Então o sacerdócio ficou restrito aos descendentes de Eleazar e
Itamar (Lv 10.1,2). Para ser um sacerdote não bastava ter nascido na família de
Arão, pois havia várias restrições que impediam uma pessoa de exercer o
sacerdócio. Para desempenhar tal nobre função eram necessárias certas
exigências; o homem não poderia ter nenhum defeito físico (Lv 21.1 -24). A lei
exigia perfeição e tal perfeição apontava para Cristo, o homem perfeito.
O
sacerdote tinha a função principal de conduzir o homem até Deus, todavia também
exercia funções no tabernáculo e no ensino da Lei (Lv 10.10,11; Dt 33.10; 2 Rs
17,27,28). O sacerdote não era um neófito. Ele precisava conhecer as leis civis
e religiosas para exercer suas funções. Qualquer erro era pago com a própria
vida. Isto nos mostra como é grande a responsabilidade daqueles que ministram
na Casa de Deus. É necessário que os pastores sejam separados, tenham uma vida
santa, conheçam a Palavra de Deus e estejam aptos para ensiná-la.
Segundo
o Dicionário Bíblico Wycliffe "o sacerdócio hebreu incluía três classes
básicas: o sumo sacerdote, os sacerdotes, e os levitas".
O
sacerdote deveria se apresentar diante de Deus com roupas santas, separadas
para a ministração. Infelizmente, muitos pensam que porque estamos no tempo da
graça podemos nos achegar a Deus de qualquer maneira. Puro engano! A Palavra de
Deus nos ensina que sem santidade (separação do mundo) ninguém verá ao Senhor (Hb
12.14). Precisamos ser santos na nossa maneira de ser, vestir, falar e
proceder.
Deus
ordenou que se fizessem túnicas brancas e vestes íntimas (Êx 28.6-12) de linho
puro para os sacerdotes. O linho puro e branco simbolizava a pureza, perfeição
e justiça de Cristo, nosso Sumo Sacerdote. Todas as partes do corpo do
sacerdote deveriam ficar cobertas. Somente os pés poderiam aparecer. Não
podemos nos esquecer que Deus ordenou que Moisés tirasse as sandálias dos pés,
pois no oriente esta era uma atitude de respeito. Os sacerdotes tinham ao todo
umas oito peças de roupa para os rituais no tabernáculo. Segundo Victor
Hamilton "quatro vestes só podiam ser usadas pelo sumo sacerdote (o éfode
(Êx 28.6-12); o peitoral do juízo (Êx 28.15-30); o manto do éfode (Êx
28.31-35); uma mitra (Êx 28.36-38)". Tanto as roupas como os rituais
apontava para Cristo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
No capítulo 9, vimos
como Deus estabeleceu as normas relativas à adoração, quando das suas
instruções para a construção do Tabernáculo. Mas o Senhor foi mais além. Ele
também levantou homens que se dedicariam diária e exclusivamente à obra do
Tabernáculo e teriam a responsabilidade de ensinar ao povo o caminho da
verdadeira adoração. Até antes de Deus fazer isso, quem tinha essa função
exclusiva era Moisés, que, inclusive, é contado, ao lado de Arão, como
sacerdote do Senhor perante Israel (SI 99.6).
O capítulo 28 do
livro de Êxodo trata exatamente desse chamado divino para a formação de um
corpo sacerdotal. Ali, vemos Deus escolhendo e separando para si os homens da
tribo de Levi para o serviço no Tabernáculo e para o sacerdócio, que incluía o
ensino do povo no Livro da Lei. Mais detalhes sobre esse ministério são dados
também no livro de Levítico.
A seguir, veremos
alguns detalhes e características desse importante ministério e que lições ele
nos traz para os dias de hoje.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 128.
Desenvolvimento Histórico
Antes do
desenvolvimento formalizado do sacerdócio levítico, na família de Arão (que,
segundo alguns estudiosos, só teria sido plenamente organizada depois do
cativeiro babilônico), houve as seguintes fases:
1. O homem santo,
dotado de poderes psíquicos e espirituais, que era consultado como um oráculo.
Esses antigos sacerdotes - fossem eles hebreus ou não usualmente tinham um
santuário (embora tosco), ao qual serviam. E também dispunham de ritos,
orações, encantamentos etc., tudo o que fazia parte do seu trabalho.
Além disso, com
frequência eram uma figura importante, social e politicamente falando. Esperava-se
do sacerdote que servisse de mediador entre algum poder divino e os homens, e
também que fosse capaz de pronunciar-se sobre questões éticas e legais, além de
prever o futuro.
O bramanismo, na
Índia, é um exemplo de como tal oficio se tomou hereditário e veio a fazer
parte de um sistema de castas. Os sacerdócios egípcios eram altamente organizados,
sob o controle do rei, que era o sumo sacerdote do sistema religioso. Na
Babilônia, uma classe especializada ocupava-se dos deveres sacerdotais. Nas culturas
grega e romana, porém, a questão era um tanto mais livre. Qualquer indivíduo
que demonstrasse possuir habilidades psíquicas e espirituais podia tornar-se sacerdote,
embora a história demonstre que havia um número maior de sacerdotes nobres do
que plebeus. Com frequência, nessas culturas todas, o sacerdócio funcionava sob
o controle do Estado. Na história posterior de Roma, o imperador tomou-se o
equivalente ao sumo sacerdote, considerado um vulto divino. Em seus primórdios,
o budismo e o islamismo não contavam com um sacerdócio.
Na antiga cultura
hebreia, qualquer homem podia ser sacerdote, se mostrasse possuir a capacidade
para tanto; mas, durante o período patriarcal, o sacerdócio era desempenhado
pelo cabeça de cada família (ver Gên. 8:20; 22: 13; 26:25; 33:20). Os
sacerdotes por muitas vezes tomavam-se líderes nacionais, conforme se vê no
caso de Melquisedeque. Embora seja muito duvidoso que ele fosse um hebreu, é
certo que era semita. E também podemos pensar no caso de Moisés, que foi líder
nacional e sacerdote.
2. O Estágio
Deuteronômico. Nos tempos de Moisés, os sacerdotes pertenciam todos à família
de Arão. Todavia, isso não sucedeu de modo absoluto, pelo que, se é geralmente
correto dizer que todos os sacerdotes pertenciam à tribo de Levi (através de
Arão), isso não ocorria no caso de todos eles. Pode-se dizer que, se um levita
pudesse ser achado, ele era a preferência natural; mas houve exceções a essa
regra. Assim, Samuel exercia poderes sacerdotais, mas ele mesmo não era da
tribo de Levi. Talvez seja correto dizer que Salomão foi um rei-sumo sacerdote;
e, no entanto, era da tribo de Judá. Os profetas também desempenhavam certa
função sacerdotal, posto que não formal, no tabernáculo ou no templo. Em face
de sua ocupação, os sacerdotes também eram juízes. O filho de Mica, que era
efraimita, atuou como sacerdote (Juí. 17:5). Outro tanto fizeram alguns dos
filhos de Davi (lI Sam. 8: 18), Gideão (Juí. 6:26) e Manoá, este da tribo de Dã
(Juí. 13: 19).
3. O Estágio de
Transição. Nos capítulos 40 a 48 do livro de Ezequiel, foram favorecidos os
sacerdotes zadoquitas (de Jerusalém), o que estreitou a opção de onde podiam
proceder os sacerdotes, em Israel.
4. O Estágio
Pôs-exilico. O sacerdócio foi monopolizado pelos descendentes reais ou supostos
de Arão, enquanto outros levitas ocuparam posições subordinadas, e, algumas vezes,
manuais. Foi durante esse último estágio de desenvolvimento que emergiu o
verdadeiro sumo sacerdote de Israel, embora Arão tivesse sido um protótipo do
oficio.
Os sacerdotes tinham
o direito de receber dízimos e porções determinadas das oferendas. Cuidavam do
santuário e das formas externas do culto, e envolviam-se no sistema sacrificial.
Eram os guardiões das tradições e protegiam a pureza da adoração. No judaísmo
posterior, o sacerdote (no hebraico, cohen) retinha o privilégio de pronunciar
a bênção sacerdotal, e de ser o primeiro a ler o livro da lei.
Quando o sacerdócio
formal caiu e desapareceu da história, os rabinos retiveram o trabalho dos
sacerdotes, em forma simbólica, embora também literal em outros sentidos,
tomando-se então os líderes espirituais do povo de Israel.
5. Divisões dos
Sacerdotes Levíticos. Três famílias deram prosseguimento ao sacerdócio, em
Israel: os descendentes de Gérson, Coate e Merari. Outros levitas ajudavam nos
cultos: até que ponto, é disputado pelos historiadores bíblicos (ver Núm, 3:5
ss.), Sabemos que levitas que não pertenciam a essas famílias contavam com seus
santuários em certos lugares. Mas isso terminou por ocasião das reformas
instituídas por Ezequias (ver II Reis 18:4~ 23:8 ss.). Outrossim, conforme já
vimos, alguns não-levitas envolviam-se nos deveres sacerdotais.
Características e Funções
No que tange
especificamente aos levitas, tenho fornecido amplas informações sobre eles, no
artigo a respeito. Mas aqui podemos considerar os seguintes pontos:
1. Os sacerdotes eram
ordenados a seu oficio e às suas funções mediante um elaborado ritual (Êxo. 29;
Lev. 8).
2. Usavam vestimentas
especiais, em sinal de seu oficio, e cada peça de seu vestuário ao que se
presume, tinha significados simbólicos (Êxo. 29; Lev. 8).
3. O sumo sacerdote
estava encarregado de certos deveres especiais, que só ele podia cumprir, como
oficiar no dia da expiação, entrando no Santo dos Santos com esse propósito, e
servir de principal oráculo do sacerdócio. Também tinha o dever de oferecer a
refeição diária (ver Lev. 6: 19 ss.). Ver o artigo separado intitulado Sumo Sacerdote.
4. Os sacerdotes
comuns realizavam todos os sacrifícios (Lev. 1--6), cuidavam de questões sobre
alimentos próprios e impróprios (Lev, 13--14), e estavam encarregados de diversos
outros deveres secundários (Núm. 10: 10; Lev. 23:24; 25:9).
5. Eram sustentados
mediante dízimos, primícias do campo, primícias dos animais e porções de vários
sacrifícios (Núm. 18).
6. A função original
de um sacerdote (no hebraico, cohen) era ser o intermediário de um oráculo,
alguém que dava instruções por inspiração divina, segundo dele se esperava. E
isso continuou a ser uma importante parcela do oficio sacerdotal, mormente no
caso do sumo sacerdote.
Os sacerdotes também
eram os guardiões e mestres dos documentos e das tradições sagradas. Finalmente
essa função foi transferida para os rabinos, com o desaparecimento do
sacerdócio em Israel. Como é óbvio, os profetas compartilhavam essas
atividades; e, de fato, atuavam quase como se fossem sacerdotes, embora sem fazer
parte do sacerdócio, de maneira formal,
7. Os sacerdotes eram
guardiões dos ritos sagrados, os quais promoviam o conhecimento sobre a
santidade de Deus e a necessidade de os homens se aproximarem dele sem a
polução do pecado. mediante os holocaustos apropriados e a mudança de vida
correspondente. Eles queimavam o incenso sobre o altar de ouro, no lugar santo,
o que era mesmo um símbolo das funções sacerdotais.
Também cuidavam das
lâmpadas, acendendo-as a cada novo começo de noite; e arrumavam os pães da
proposição sobre a mesa própria. a cada sábado (ver Êxo. 27:21; 30:7,8; Lev.
24:5-8). Eles mantinham a chama sempre acesa no altar dos holocaustos (Lev. 6: 9,12);
limpavam as cinzas desse altar (vss. 10,11); ofereciam sacrifícios matinais e
vespertinos (Êxo. 29:38-44); abençoavam o povo após os sacrificios diários
(Lev. 9:22;Núm, 6:23-27); aspergiam o sangue e depositavam sobre o altar as
várias porções da vítima sacrificial; sopravam as trombetas de prata e o chifre
do jubileu, por ocasião de festividades especiais; inspecionavam os imundos
quanto à lepra (Núm. 6:22 ss. e capítulos 13 e 14); administravam O juramento que
uma mulher deveria fazer quando acusada de adultério (Núm. 5:15); eram os
mestres da lei e agiam como juízes quanto às queixas do povo, tomando decisões
válidas quanto aos casos apresentados (Deu. 17:8 ss.; 19:17; 21:5).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 16; 17-19.
I - O
SACERDÓCIO (ÊX 28.15)
1. O sacerdote.
O fato de que Arão e
seus filhos tinham um monopólio do sacerdote é aqui referido quase incidentalmente,
como se soubéssemos disso o tempo todo. Naturalmente, a época refletida é a de
Moisés. Arão era o sumo sacerdote e o tabernáculo requeria um elaborado sistema
de manutenção o sacerdócio aarônico. As descrições das vestes e das funções dos
sacerdotes correspondem às do período pós- exílico (ver Eclesiástico 45.6-24 e
50.1-24). E os críticos pensam que temos aqui um reflexo desse período mais
recente. Os eruditos conservadores, por sua vez, pensam que essas práticas já
tinham começado nos dias de Moisés, com projeções para épocas subsequentes.
O termo sumo sacerdote
só começou a ser usado após o exílio babilônico; e aqui 0 título é conferido a
Arão, porque essa tinha sido a sua função original, embora ela não fosse
chamada por esse nome. Ver sumo sacerdote (II Crô. 19.11; 24.11; Esd. 7.5);
príncipe da casa de Deus (I Crô. 9.11). Na época dos hasmoneus, o sumo
sacerdote tornou-se uma poderosa figura política, mas foi então que o oficio
sofreu várias corrupções. Funções sacerdotais existiam em uma religião de
tendências predominantemente reconciliadoras; de outra sorte, elas nem seriam
necessárias. Os sacerdotes aarônicos eram mediadores do pacto mosaico (ver as
notas a respeito na introdução a Êxo. 19.1). O sumo sacerdote destacava o
conceito da necessidade que o homem tem de reconciliar-se com Deus (Êxo.
33.12-23). Arão mediava as graças e dons de Yahweh ao povo de Israel. Mas foi
através de Moisés que Arão havia recebido seu ofício e sua autoridade.
Èx 28.1 Arão e seus
filhos tomaram-se uma classe sacerdotal. Todos os sacerdotes eram levitas, mas
nem todos os levitas eram sacerdotes. Havia funções e deveres maiores e
menores. Vir para junto de ti. Em outras palavras, consagrar, pois Moisés é que
dava a Arão e seus filhos a autoridade original deles. Os sacerdotes tinham
vestes que ilustra- vam os poderes, os privilégios e a dignidade de seu ofício;
e neste capitulo vinte e oito são descritas as vestes sacerdotais.
Nadabe, Abiú, Eleazar
e Itamar. Arão pode ter tido outros filhos, não mencionados, sendo presumível
que esses outros também receberam funções sacerdotais de alguma espécie.
“O ofício sacerdotal,
na verdade, estava circunscrito às famílias de Eleazar e Itamar. Eleazar
tornou-se sumo sacerdote em razão da morte de Arão (Núm. 20.28). Foi sucedido por
seu filho, Fínéías, que era o sumo sacerdote no tempo de Josué (Jos. 22.13) e mais
tarde (Juí. 20.28). Em data posterior, mas sob circunstâncias desconhecidas, o
sumo sacerdócio passou para a linhagem de itamar, à qual Eli pertencia"
(Ellicott, in loc). Arão era tipo de Cristo em Sua função de Sumo Sacerdote,
ideia essa inclusa no artigo sobre o assunto.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 429.
A Indumentária dos Sacerdotes (28.1-43; cf.
39.1-31)
a) Introdução (28.1-5). Deus escolheu Arão, o
irmão de Moisés, e seus descendentes, para servir de sacerdotes. Até este
momento, Moisés era o único mediador, mas foi a família de Arão, e não a de
Moisés, que foi escolhida para administrar perante Deus a favor de Israel (1).
As vestes destes sacerdotes eram especiais e consideradas santas (2). Típico da
pureza interior do povo de Deus, os objetos externos eram separados para propósitos
santos. Estas roupas também eram para glória e ornamento. Seria incompatível e
desprovido de glória o sacerdote ministrar com roupas simples e sem brilho no Tabernáculo
graciosamente colorido. Deus, o Autor de tudo que é bom e bonito, deseja que
seu povo seja formoso e que haja beleza nos procedimentos de adoração. Deus
concedeu espírito de sabedoria (3) a homens sábios para capacitá-los a fazer estas
vestes. Deus, que criou a beleza, dá ao homem a apreciação divina pela beleza e
a aptidão divina para criá-la. Certas produções que o mundo chama arte não passam
de imoralidade, mas a verdadeira arte é de Deus.
No versículo 4, há uma lista dividida em
grupos dos artigos para o sumo sacerdote, os quais são detalhados separadamente
nos versículos seguintes. Os materiais eram os mesmos para as cortinas do
Tabernáculo (5), exceto que havia ouro.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 1. pag. 214.
A vontade de Deus era que a nação de Israel
fosse um "reino de sacerdotes (Êx 19:6) no mundo, revelando a glória do
Senhor e compartilhando as bênçãos de Deus com as nações incrédulas a seu
redor. No entanto, a fim de magnificar um Deus santo, era preciso que Israel
fosse um povo santo, e, assim, entrou em cena o sacerdócio de Arão. Os
sacerdotes (a família de Arão) e os levitas (as famílias de Coate, Gérson e
Merari; ver Nm 3-4) eram incumbidos de servir no tabernáculo e de representar o
povo diante de Deus. Os sacerdotes também deviam representar a Deus diante do
povo ao ensinar a lei e ao ajudá-los a lhe obedecer (Lv 10:8-11; Dt 33:10; Ml
2:7).
No entanto, Israel não viveu como um reino de
sacerdotes. Em vez disso, a liderança espiritual do povo foi se deteriorando
gradualmente até que os sacerdotes chegaram a permitir que o povo adorasse a
ídolos dentro do templo de Deus (Ez 8)! O Senhor castigou seu povo ao permitir
que os babilônios destruíssem Jerusalém e o templo, levando milhares de judeus
para o exílio. Por que isso aconteceu? "Foi por causa dos pecados dos seus
profetas, das maldades dos seus sacerdotes que se derramou no meio dela o
sangue dos justos" (Lm 4:1 3).
Hoje, Deus quer que sua Igreja ministre a este
mundo como um "sacerdócio santo" e um "sacerdócio real" (1
Pe 2:5, 9).1 Se o povo de Deus for fiel a seu ministério sacerdotal, então
proclamará "as virtudes daquele que [o] chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz" (1 Pe 2:9). Ao estudar o sacerdócio do Antigo Testamento,
você verá paralelos significativos entre os sacerdote israelitas do 1. Os
sacerdotes são escolhidos para servir a Deus (Êx 2 8 :1 ,3 ,41 ; 29 :1 ,44 )
As palavras do Senhor "para que me
ministre" aparecem cinco vezes nesses dois capítulos e também em Êxodo 30:30;
40:13, 15 e Levítico 7:35. Por certo, os sacerdotes ministravam ao povo, mas
seu primeiro dever era ministrar ao Senhor e agradá-lo. Se eles se esquecessem
de sua obrigação para com o Senhor, não tardaria para que começassem a
menosprezar suas responsabilidades para com o povo, e a nação entraria em
decadência espiritual (ver Ml 1:6 - 2:9).
Deus escolheu Arão e seus filhos para ministrar
no sacerdócio por um ato de sua graça soberana, pois eles certamente não tinham
direito a essa posição nem a mereciam.
Contudo, o fato de Deus salvar pecadores como
nós e de constituir-nos seu "sacerdócio santo" também é um ato da sua
graça, e não devemos jamais deixar de admirar esse privilégio espiritual.
"Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a
vós outros" (Jo 15:16).
Infelizmente, Nadabe e Abiú desobedeceram ao
Senhor e foram mortos (Lv 10). Quando Arão morreu, Eleazar tornou-se seu sucessor
(Nm 20:22-29), e os descendentes de Itamar deram continuidade ao ministério sacerdotal,
mesmo depois do cativeiro (Ed 8:1, 2).
Como povo de Deus nos dias de hoje, devemos
nos lembrar de que nosso primeiro dever é agradar e servir ao Senhor. Se fizermos
isso, ele trabalhará em nós e por nosso intermédio para realizar sua obra neste
mundo. Quando Jesus restaurou Pedro à condição de discípulo, não perguntou: "Você
ama seu ministério?"; nem mesmo: "Você ama as pessoas?". A
pergunta que repetiu foi: "Amas-me?" (Jo 21: 17). Assim como o maior
dever de um pai é amar a mãe de seus filhos, também a obrigação (e o
privilégio) mais importante do servo é amar ao Senhor. Todo o ministério flui
desse relacionamento.
Uma parte dessa incumbência de agradar a Deus
era usar as vestes sacerdotais. O sumo sacerdote, os sacerdotes e os levitas não
podiam se vestir como bem entendessem quando ministravam no tabernáculo. Tinham
de usar as roupas que Deus havia planejado para eles. Havia pelo menos três motivos
para Deus ter providenciado essas vestes: (1) davam ao sacerdote dignidade e glória
(Êx 28:2) e distinguiam-nos do resto do povo, como um uniforme identifica um soldado
ou uma enfermeira; (2) revelavam verdades espirituais relacionadas a seu
ministério e a nosso ministério hoje em dia; e (3) se os sacerdotes não usassem
suas vestes especiais, correriam risco de vida (vv. 35, 43).
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 315-316.
A nomeação dos sacerdotes: “Arão e seus
filhos”, v. 1. Até aqui, cada chefe de família era o sacerdote para a sua
própria família, e oferecia, conforme julgasse haver ocasião, sobre altares de
terra. Mas agora que as famílias de Israel começavam a incorporar-se em uma
nação, e um tabernáculo da congregação seria erigido, como centro visível da
sua unidade, era essencial que houvesse a instituição de um sacerdócio público.
Moisés, que até aqui tinha oficiado, e por isto é reconhecido entre os
sacerdotes do Senhor (SI 99.6) já tinha trabalho suficiente para realizar, como
seu profeta, para consultar o oráculo por eles, e como seu príncipe, para
julgar entre eles. E ele não desejava monopolizar todas as glórias para si
mesmo, nem transmitir esta glória do sacerdócio, que por si só era hereditária,
para a sua própria família, mas ficou muito satisfeito por ver o seu irmão Arão
investido nesta função, e seus filhos depois dele, enquanto (por maior que ele
pudesse ser) os seus próprios filhos seriam apenas levitas comuns. É um exemplo
da humildade deste grande homem, e uma evidência da sua sincera consideração
pela glória de Deus, o fato de que tivesse tão pouca consideração pela primazia
da sua própria família. Arão, que tinha humildemente servido como profeta para
seu irmão mais jovem, Moisés, e não recusou este trabalho (cap. 7.1) agora é
promovido para ser um sacerdote, um sumo sacerdote para Deus. Pois Ele exalta
aqueles que se humilham. E ninguém toma para si essa honra, senão o que é
chamado por Deus, Hebreus 5.4. Deus tinha dito, sobre Israel, de modo geral,
que eles seriam, para Ele, um reino de sacerdotes, cap. 19.6. Mas por ser
essencial que aqueles que ministravam no altar devessem dedicar-se
integralmente ao serviço, e porque aquilo que é o trabalho de todos em breve
passa a ser o trabalho de ninguém, Deus aqui escolheu entre eles uma família
para ser uma família de sacerdotes, o pai e seus quatro filhos. E dos lombos de
Arão descenderam todos os sacerdotes da igreja judaica, sobre os quais lemos
tão frequentemente, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. É uma grande
bênção quando a verdadeira santidade prossegue em uma família de geração em
geração, como a santidade cerimonial.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 329.
«...Jesus...» Somente
este livro aos Hebreus, dentre os livros mais teologicamente orientados do N.T.,
o simples termo, «Jesus», é usado frequentemente, sem elaborações, como Senhor
Jesus, Cristo Jesus, Senhor Jesus Cristo, etc. (Ver Também Heb. 2:9; 6:20;
7:22; 10:19; 12:2,24 e 13:12). Neste livro, acima de todos os outros, é
enfatizada a verdadeira hum an id ad e de Cristo, mostrando-nos como ele está
perfeitamente identificado com nossa humanidade, a fim de que, por nossa vez,
nos possamos identificar perfeitamente com sua natureza celestial. (Ver Heb. 2:10
ess. quanto à natureza da doutrina da «comunhão»), O título «Jesus» fala-nos de
sua identificação com os homens, mediante o que ele se torna o nosso Salvador.
«...precursor...» No
grego é usado o vocábulo «proâromos», isto é, o «ir adiante», mas que é usado
pessoalmente para falar de quem «entrou adiante». A ideia é de alguém que é
«pioneiro no caminho», que se torna o líder que outros devem seguir, e que
devem atingir o mesmo «destino», como alguém que foi à frente. Essa palavra é
usada somente aqui, em todo o N.T. Esse vocábulo é usado nos escritos clássicos
para indicar «escoteiro», alguém que espia a terra e a prepara para a chegada
das tropas. Posto que Jesus entrou no Santo dos Santos, então até ali deverão
chegar também os seus remidos. Encontramos a mesma ideia em Heb. 10:19. Vários
intérpretes acreditam que os céus são pintados como arquétipo do templo
terreno. Tem muitos compartimentos, até como o templo terreno tinha o átrio dos
gentios, o átrio das mulheres, o Lugar Santo e o Santo dos Santos. Isso equivale,
em significado, aos «lugares celestiais» mencionados por Paulo, comentados em
Efé. 1:3, bem como às «muitas mansões» aludidas por Jesus, e comentadas em João
14:2. Os antigos nunca concebiam um «céu» só, uma única «habitação espiritual»,
e, sim, muitas esferas ou reinos espirituais. Ora, Jesus, na posição de nosso
precursor, entrou no «mais alto céu», a saber, no Santo dos Santos. Ali ele
aguarda por nós. Isso não significa que o mero ato da morte nos conduzirá até
ali. Antes, penetramos nos «lugares celestiais», na grande casa de Deus, sobre
a qual Cristo governa como Filho. Mediante o processo de glorificação é que
eventualmente entraremos na própria presença de Deus, porquanto quem não
estiver perfeito, não poderá entrar ali. Contudo, todos os remidos poderão
estar no seu «templo», e assim estarem «com Cristo». A eternidade definirá para
nós esses detalhes. Notemos Heb. 9:23,24 quanto ao fato que, na epístola aos Hebreus,
o templo terreno aparece como símbolo do templo celestial. Jesus, por causa de
sua grandeza, não poderia mesmo ocupar algum lugar inferior ou secundário.
Entrou diretamente no Santo dos Santos. Assim também o faremos, quando da
glorificação, o que significa, finalmente, a participação nas perfeições e
atributos de Cristo, baseada essa participação em sua própria natureza. Mas
essa glorificação é gradual, sendo, de fato, o avanço da alma para a recepção
de «toda a plenitude de Deus», conforme encontramos em Efé. 3:19. Visto que há
uma infinidade de plenitude, assim também há uma infinidade de enchimento. Deus
é infinito, e por toda a eternidade chegaremos a compartilhar, em grau cada vez
mais alto, de suas perfeições e atributos, e isso porque somos seus filhos
verdadeiros. Cristo nos outorgou o «modelo» de como essa participação tem
lugar.
Novidade do conceito
do precursor: O povo de Israel nunca recebeu permissão de entrar no Santo dos
Santos. O próprio sumo sacerdote dos hebreus só penetrava ali uma vez por ano,
mas jamais como meio de preparar o povo para tal entrada. O sumo sacerdote do
A.T. era apenas «representante»
do povo, que obtinha para eles o favor divino. Cristo, como nosso sumo
sacerdote, tem a função diferente de preparar o caminho para seu povo entrar
onde ele entrou. Isso é algo que nunca foi antecipado pelo sistema levítico.
«...tomado sumo
sacerdote...» Consideremos os pontos seguintes: 1. Por nomeação de Deus (ver
Heb. 5:4); 2. por causa do fato de ter-se completado com êxito a sua missão
terrena (ver Heb. 1:9 e 4:10); 3. porque, em sua missão terrena, ao
identificar-se com os homens, ele aprendeu a sentir e a conhecer suas
fraquezas, de tal modo a poder mostrar-se simpático para com eles e interceder
eficazmente em seu favor (ver Heb. 4:15); 4. Porque ele ofereceu o sacrifício
perfeito (ver Heb. 5:1,3 e 9:23); 5. porque suas promessas são melhores, oferecendo
nos um pacto melhor que o da dispensação do A.T. (ver Heb. 8:6). (Quanto a
notas expositivas completas sobre o ofício «sumo sacerdotal», e sobre «Cristo
como nosso Sumo Sacerdote», ver Heb. 2:17).
«...ordem de Melquisedeque..
.» (Quanto a notas completas sobre «Melquisedeque e seu sumo sacerdócio», ver
Heb. 5:6). Essa nova menção de Melquisedeque reinicia o tema de Heb. 5:10;
vinculando-o com o sétimo capítulo. O material intermediário contêm várias
advertências, baseadas no pensamento de seu sacerdócio. Ele estabelece ampla
provisão, e é a nossa única provisão. Se nos afastarmos de Cristo, ou se o
rejeitarmos, fatalmente cairemos na apostasia. Cristo, na qualidade de Sumo
Sacerdote, remove o véu e permite que todo o grupo dos filhos de Deus entrem ali.
Já têm bem firmada ali sua âncora de esperança, estando vinculados a Cristo por
seus laços de amor. O destino dos filhos de Deus é o de compartilhar o destino
de Cristo no sentido mais literal possível.
«...por nós...» Essas
palavras subentendem que Cristo não precisou entrar no Santo dos Santos por
nossa causa, mas que, na qualidade de nosso Sumo Sacerdote, como nosso
representante e como quem abriu o caminho para nós, chegou ali a fim de
interceder em nosso favor perante Deus Pai. «As primícias de nossa natureza já
subiram: assim também o restante está santificado. A ascensão de Cristo é a
nossa promoção; para onde a glória do Cabeça nos precedeu, para ali também é
chamada a esperança do corpo... Tal como João Batista foi o precursor de Cristo
na terra, assim também Cristo é o nosso precursor nos céus». (Faucett, in
loc.).
«Jesus mostrou-nos o
caminho, tendo entrado à nossa frente, sendo ele a garantia (no grego, egguos,
ver Heb. 7:22), aquele que garante nossa posterior entrada. Na realidade, nossa
âncora de esperança, com suas duas correntes, a promessa e o juramento de Deus,
apegou-se a Jesus, dentro do véu. E se manterá firme». (Robertson, in loc.).
Algumas pessoas veem
neste versículo a figura simbólica das «primícias».
Os atenienses
chamavam de «prodromoi» ou «precursores» os primeiros figos a amad urecerem.
Alguns dos pais da igreja, como Hesíquio, compreendiam esta palavra desse modo.
O «precursor», no sentido mais literal, como escoteiro ou pioneiro, que vai à
frente de todos, a fim de preparar-lhes o caminho, é a metáfora empregada.
Naturalmente, é verdade que Cristo é as primícias da ressurreição (ver I Cor.
15:20).
A Septuaginta (versão
grega do original hebraico do A.T.), em Núm. 13:20 e Isa. 28:4; usa essa
palavra para designar as primeiras uvas ou figos que amadurecem.
«A esperança do
crente tem um alcance ilimitável. Externamente, atinge a própria eternidade; e
internamente atinge o santuário de Deus. A certeza da nossa esperança é Cristo.
Sua entrada no Santo dos Santos é a garantia de nossa entrada futura ali».
(Heubner, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 548.
Neste Lugar Santíssimo, Jesus, nosso
precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de
Melquisedeque (20). Jesus entrou no “Santo dos Santos”, não como um substituto
para nosso acesso, mas como um precursor, porque também entraremos nele. O
autor tem muito mais a dizer a respeito deste “Santo dos Santos” e da maneira
como Cristo o abriu para nós. Mas agora, tendo se afastado por tempo suficiente
do assunto principal para estimulá-los a uma diligência maior e ao avanço na
maturidade espiritual, o autor volta para a linha principal da sua
argumentação. Ele se concentra novamente no papel de Jesus como sumo sacerdote,
não da ordem de Arão, mas segundo a ordem de Melquisedeque. Indubitavelmente, o
autor espera que sua exortação os tenha condicionado a receber as difíceis
verdades que deseja agora transmitir.
Richard
S. Taylor. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 10. pag. 61.
Hb 6.20 Jesus, como precursor, entrou por
nós. No AT somente o sumo sacerdote tinha permissão de entrar uma única vez por
ano no Santíssimo atrás da cortina (Lv 16.2,12). O povo não tinha acesso.
Quando Jesus Cristo morreu na cruz, esta cortina no templo rasgou-se ao meio
(Mt 27.51). A cortina na terra nada mais é que uma imagem e um indício da
“cortina”, a divisa entre Deus e nosso mundo. Jesus atravessou-a. Ele é o
“precursor” que nos abriu o caminho até a glória (Jo 14.6; Hb 10.19ss). Ele já
está vivendo na presença diretamente visível de Deus. Nós ainda vivemos num
mundo caído, e temos acesso a essa glória unicamente pela fé e pela esperança.
Um dia, porém, também nós poderemos comparecer ao Santíssimo, na presença
imediata da graça de Deus (1Jo 3.2), quando o “precursor” buscará seus “irmãos”
para junto de si (cf. Hb 2.1-11). Então a cortina será totalmente retirada. Até
aquele momento o Senhor ainda permanece oculto aos nossos olhos, mas ele já é o
nosso sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. Com esta
frase o apóstolo retoma o raciocínio (Hb 5.10), que ele havia interrompido com
sua exortação de cuidado pastoral (Hb 5.11ss). Nas exposições subseqüentes ele
demonstrará à igreja o que significa o fato de que Jesus é nosso Sumo Sacerdote
segundo uma ordem sacerdotal eterna.
Fritz
Laubach. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses.
Editora
Evangélica Esperança.
Hb 6.20. A ideia de que Jesus... entrou além
do véu é altamente sugestiva.
A cortina é o véu no tabernáculo (e no
Templo) que separava o Santo dos Santos do Santo Lugar. A alusão diz respeito
ao fato de que somente o sumo sacerdote podia penetrar além do véu, e mesmo
assim, somente uma vez por ano. Somos lembrados que o véu do Templo se rasgou de
alto abaixo quando Jesus morreu (Mt 27.51). Nosso escritor, no entanto, está
preocupado com uma realidade espiritual mais profunda.
É um fato consumado que nosso Sumo Sacerdote
está “além do véu,” i.é, na presença direta de Deus. A estreita conexão entre a
esperança cristã e nosso Sumo Sacerdote exaltado é um dos temas principais
desta Epístola.
A esperança é baseada na obra completa, porém
sempre contínua, de Jesus como Sumo Sacerdote. É descrito primeiramente como precursor
(prodromos), palavra que ocorre somente aqui no Novo Testamento, e que era
usada para uma parte avançada de um exército, de reconhecimento. Um precursor,
portanto, pressupõe outros para seguir. É uma grande inspiração perceber que
aquilo que Jesus fez, fê-lo por nós, declaração que ressalta fortemente o Seu caráter
representativo e que pode, ademais, subentender um papel de Substituto.
A declaração*final, acerca de Melquisedeque,
forma uma ligação com 5.10 e encerra o interlúdio de advertência. O único fator
novo é que Cristo é sumo sacerdote para sempre, tema desenvolvido na seção
seguinte.
Donald Guthrie. Hebreus. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova.
pag.
O Sacerdócio no Novo Testamento
1. O sacerdócio do
Antigo Testamento tinha Cristo como seu antítipo. Ele incorpora em si mesmo
todos os tipos e funções do sacerdócio veterotestamentário. Essa é mesmo a
mensagem central da epístola aos Hebreus, parecendo muito radical quando
exposta pela primeira vez. Pois anulava uma porção extensa e importante do
Antigo Testamento, substituindo-a por um único sacrificio, o de Cristo, no
Calvário. Finalmente, a história fez essa substituição tornar-se um fato, posto
que o judaísmo moderno retém símbolos que levam avante o espírito da casta
sacerdotal do Antigo Testamento. Ler a epístola aos Hebreus, monnentetrechos
como 2: 14-18; 4:14-16; 5: 1-10 e seu sétimo capítulo.
2. Jesus Cristo
também foi o cumprimento cabal do sacerdócio de Melquisedeque (ver Heb. 7). Ver
o artigo sobre Melquisedeque.
3. Os deveres
sacerdotais de Cristo cumpriram-se após o sacerdócio aarônico ter cumprido seu
papel, sendo um cumprimento desse sacerdócio; o seu oficio como sacerdote seguinte
a ordem ou categoria de Melquisedeque. Ver o artigo intitulado Sumo Sacerdote,
Cristo como. 4. Todos os Crentes São Sacerdotes. Ver sobre Sacerdotes. Crentes
como. As passagens neotestamentárias centrais que ensinam essa doutrina são I
Ped. 2:5,9; Efé, 1:5ss. Os sacerdotes do Novo Testamento (todos os crentes) têm
acesso ao trono celeste por meio de seu Sumo Sacerdote, Jesus Cristo (Heb.
10:19-22). O sacerdócio dos crentes é vinculado à filiação deles, o que, por
sua vez, é uma maneira de definir a salvação da alma. Visto haver acesso
pessoal a Deus, por meio de Cristo, não há necessidade da intermediação de
nenhuma casta sacerdotal.
Princípios do Sacerdócio Bíblico:
1. Deus Pai ordena
sacerdotes; esse é um privilégio e um ato divino. Ver Heb. 5:4-6.
2. Os sacerdotes eram
nomeados mediadores entre Deus e os homens, sobretudo no tocante ao pecado, à
expiação e à reconciliação dos homens, com Deus. Ver Heb. 5: 1.
3. A expiação pelo
sangue de animais sacrificados ocupava o centro das funções sacerdotais. Ver
Heb. 8:3.
4. O trabalho
intercessor dos sacerdotes do Novo Testamento (os crentes) repousa sobre a
natureza eficaz da expiação de Cristo. E é aí que os crentes alcançam a Deus. Ver
Heb. 8: Iss.
5. O novo pacto, com
base no sacerdócio superior de Cristo. envolve melhores promessas que aquelas
do antigo pacto (Heb. 8:6). De fato, o novo pacto anulou totalmente o antigo (a
totalidade da epístola aos Hebreus).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 19.
2. O ministério dos
sacerdotes.
No início do capítulo
28 de Êxodo, vemos Deus ordenando a Moisés que separasse a Arão e seus filhos
para o serviço sacerdotal. Todos os que trabalhariam no Tabernáculo deveriam
pertencer à tribo de Levi (Dt 18.1- 8), a qual pertencia Moisés e sua família,
mas os sacerdotes responsáveis pela liturgia diária deveriam pertencer
exclusivamente à descendência de Arão, seu irmão, que seria o primeiro sumo
sacerdote da história de Israel (Êx 28.1-3).
No ministério do
Tabernáculo, havia três classes de obreiros: o sumo sacerdote, os sacerdotes e
os levitas (Nm 3.6-10).
O sumo sacerdote era
a mais alta função da religião judaica. Como já vimos no capítulo 9, ele era
responsável por fazer a expiação anual em favor de todo o povo e também pelos
sacrifícios nos dias de descanso estabelecidos por Deus. Era ainda o supervisor
geral de todo o Tabernáculo e do trabalho exercido pelos sacerdotes. O sumo
sacerdote era também o presidente do Sinédrio, o principal tribunal de Israel.
Os sacerdotes, por
sua vez, faziam os sacrifícios diários, ofereciam incenso ao Senhor, cuidavam
da mesa dos pães da proposição, abençoavam o povo, ensinavam a Lei de Deus (Lv
10.10,11) e julgavam as causas civis entre a população (Nm 5.5-31). Já os
levitas serviam de auxiliares dos sacerdotes e eram responsáveis por trabalhos
menores dentro do Tabernáculo. De certa forma, seriam comparados, nos dias de
hoje, com os que exercem o ministério diaconal na igreja.
Na época de Davi, os
sacerdotes foram divididos em 24 turmas, para ordenar melhor o serviço de cada
um no Santuário (1 Cr 24); e os levitas passaram a exercer trabalhos ainda mais
especializados, como os de cantores e músicos (1 Cr 25), porteiros (1 Cr
26.1-19), guardas dos tesouros e zeladores do Templo (1 Cr 26.20-28), oficiais
e juízes (1 Cr 26.29-32).
Com o passar dos
séculos, surgiria entre os levitas ainda a figura dos escribas, que
inicialmente eram “escreventes, cuja principal função era copiar as
Escrituras”, mas que, “com o transcorrer do tempo, lograram conhecê-las de tal
modo que passaram a interpretá-las, notadamente a Lei de Moisés”.1 Na época de Jesus,
justamente por causa desse conhecimento profundo da Lei, eles eram chamados de
“mestres da Lei” (Lc 5.17), que seria hoje “o equivalente a eruditos
bíblicos”.2 O mais notório escriba da história de Israel foi, sem dúvida
alguma, Esdras, que era sacerdote e autor do livro bíblico que leva o seu nome.
Segundo a tradição judaica, foi ele quem “coligiu todos os livros do Antigo
Testamento e os reuniu numa só obra, instituiu a liturgia do culto na sinagoga
e fundou a Grande Sinagoga em Jerusalém, a qual fixou o cânon das Escrituras do
Antigo Testamento”.3
O ministério
sacerdotal era, essencialmente, um ministério de intercessão. O sacerdote era o
mediador entre o povo e Deus, e não apenas no que diz respeito ao oferecimento
de sacrifícios para expiação das culpas do povo, mas também no sentido mais
comum, de orar em favor do povo. Era responsabilidade do sacerdote também
ensinar a Lei de Deus para a população (Êx 28.1-29.45; Lv 21.1-23; 1 Cr
24.1-31).
Em síntese, o
sacerdote deveria ministrar no Santuário perante Deus e ensinar ao povo a
guardar a Lei de Deus. E, eventualmente, ele também tomava conhecimento da
vontade divina em situações muito difíceis por meio da consulta ao Urim e
Tumim, sobre o qual falaremos mais adiante.
É importante lembrar
que o ministério sacerdotal não começou com Arão, uma vez que a Bíblia menciona
o rei de Salém, Melquisede- que, como “sacerdote do Senhor” (Gn 14.18; Hb
7.1-3).
Para que Apontava o Ministério Sacerdotal Levítico?
O sacerdócio de Arão
apontava para Cristo, o único mediador entre Deus e os homens e que intercede
diante do Pai por nós (Jo 14.6; 1 Tm 2.5). No Novo Testamento, não há mais
linhagens de sumo sacerdotes, porque o nosso único e definitivo Sumo Sacerdote
é Cristo, que através do seu sacrifício acabou com a necessidade de novas
ofertas e sacrifícios (Hb
7.1-8.13). E mais: todos os cristãos hoje são sacerdotes diante de Deus (1 Pe
2.5,9; Ap 1.5,6; 5.9,10) — esta é uma das doutrinas bíblicas que os primeiros
protestantes ressaltaram na época da Reforma e que se chama Sacerdócio
Universal dos Santos. Ela nos ensina que, em Cristo, todos pertencentes ao povo
de Deus podem se apresentar diretamente a Deus para oferecer-lhe sua adoração
(Hb 10.19-23; 13.15). Aliás, a Bíblia diz que originalmente Deus desejava
tornar a nação de Israel, como um todo, em um reino sacerdotal (Êx 19.5,6),
entretanto, devido ao comportamento da nação, Ele escolheu a família de Arão
como linhagem sacerdotal (Êx 28.1; 40.12-15; Nm 6.40).
O sacerdócio
universal dos santos envolvendo todo o povo de Israel terá o seu cumprimento no
milênio, conforme Isaías 61.6: “Vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos
chamarão ministros de nosso Deus”.
Não se pode comparar,
sob vários aspectos, a função do sacerdote levítico com a do ministro do
evangelho dos dias de hoje, porém há, sem dúvida alguma, certas características
do ministério sacerdotal que são, de forma geral, princípios válidos para todo
ministro do Senhor em nossos dias.
As características
gerais do ministério sacerdotal são: chamado divino (Hb 5.4); purificação (Êx
29.4); unção e santificação (Lv 8.12); submissão (Lv 8.24-27) e vestes santas
para glória e ornamento (Êx 28.2; 29.6,9). Ademais, o sacerdote só poderia
tomar mulher de sua própria nação, e ela deveria ser ou virgem ou viúva de
outro sacerdote (Lv 21). Outra característica importante: o sacerdote não podia
ministrar como ele queria, pois estava sujeito às leis divinas especiais para
ministrar (Lv 10.8).
Não há dúvida de que
o ministro do Senhor nos dias de hoje também deve observar o chamado divino
para sua vida, a santificação e a unção de Deus para exercer o seu ministério,
o princípio da submissão no seu dia a dia e a necessidade de exercer o seu
ministério conforme a vontade de Deus (1 Tm 3.1-7; 6.11,12; Tt 1.7-9; 1 Pe
5.1-4).
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 128-132.
O vs. 10 increpa o
uso de bebidas alcoólicas por parte dos sacerdotes oficiantes. Em estado de
intoxicação alcoólica, como poderia ele cumprir direito os seus deveres no
tabernáculo, dando bom exemplo à congregação de Israel? Um sacerdote precisa ter
pensamentos claros para poder agir e ensinar (vs. 11). Era o sacerdote quem
ensinava ao povo a diferença entre o santo e o profano, e o sistema mosaico era
complicado e exigente. Antes de tudo, o sacerdote precisava de conhecimento.
Yahweh falava. E o sacerdote precisava saber o que tinha sido dito. E, então,
precisava de toda a sua habilidade para transmitir a mensagem e para dar bom
exemplo. O serviço prestado pelos sacerdotes era complexo e preciso. Para
tanto, eles necessitavam de mente clara. Êxodo 20, 22 e 23 mostram-nos a
complexidade das instruções. Ver Eze. 44.23 quanto a um comentário sobre os
elementos dos versículos à nossa frente. Quanto ao ensino da lei, ver Deu.
33.10; Eze. 22.26 e Mal. 2.7. A referência em Ezequiel contém a queixa desse profeta
de que os sacerdotes já não sabiam distinguir entre o santo e o profano, entre
o limpo e o imundo. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia os
artigos intitulados Ensino e Ensinos de Jesus.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 510.
Lv 10. 10-11. Porque
os sacerdotes precisam dar conselhos que afetam as vidas dos israelitas, devem
ter plena posse das suas faculdades enquanto cumprem seus deveres. Nada deve
ter licença de interferir com seus processos mentais, senão, serão incapazes de
discernir e mediar a vontade de Deus para Seu povo. Se estiverem sob o efeito
do álcool, a distinção entre o santo e o profano logo ficará ofuscada, talvez
até ao ponto de perder seu significado. Tal coisa frustraria um propósito
importante do relacionamento da aliança, que visava, entre outras coisas,
tornar os israelitas o grupo mais distintivo no mundo antigo (cf. Dt 7:6;
14:2). Teoricamente, este aspecto distintivo capacitaria o povo, ao receber
perguntas, a testificar da sua fé no Deus vivo do Sinai, que, acima de todas as
demais divindades no Oriente Próximo antigo, era único e sem igual. Destarte, o
povo da aliança poderia testificar àqueles ao seu redor quanto ao significado verdadeiro
da santidade. Enquanto este povo se conformava progressivamente ao mundo da
cultura secular (cf. Rm 12:2), sua qualidade distintiva desapareceu, e seu
testemunho foi transigido de modo correspondente.
Visto que o sacerdote
também era um mestre da Torá, era questão de grande importância para ele não
meramente saber os regulamentos cerimoniais e rituais, mas também ser
convencido na sua própria mente quanto à diferença entre o bem e o mal, o
comportamento moral e imoral, o sagrado e o profano. Jesus no Seu ensino tinha
conselhos semelhantes para Seus discípulos (cf. Mt 7:6), de modo que, tendo a
capacidade de distinguir entre o santo e o comum, não profanarias as coisas sagradas.
Como resultado de uma visão (At 10:10-16), o apóstolo Pedro foi relembrado da
capacidade de Deus de purificar aquilo que era comum, atividade esta que é
característica do evangelho cristão. As leis a respeito do imundo e o limpo são
citados com pormenores em Levítico 11-15.
O dever do sacerdote
como instrutor do povo nos caminhos do Senhor é inculcado em Arão (11). O
sacerdote não é um oficiante mecânico, programado para seguir automaticamente
uma série de regulamentos cultuais, mas, sim, é uma pessoa autoconsciente,
consagrada ao serviço do Senhor, e, consequentemente, encarregado de
responsabilidades espirituais importantes. Ao invés de pronunciar blasfêmias ou
profanidades, seus lábios ensinarão o conhecimento de Deus. Longe de ser
influenciado pelo gênio distinto do mundo pagão, o sacerdote se deleitará em
fazer a vontade de Deus (SI 40:8), e conhecerá tão bem a lei de Deus que poderá
indicar aos outros a direção que suas vidas devem seguir (cf. Ml 2:7). Não é,
portanto, por acidente que o Novo Testamento emprega o conceito do sacerdócio
para descrever o grupo dos crentes em Cristo, porque fala da dedicação, da
entrega, da santidade, e comunhão estreita e contínua com o Senhor.
RK.
Harrison. Levíticos. Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 106-107.
É ainda significativa
a revelação particular, acompanhada duma proibição, feita diretamente a Arão
(8-11) e não através de Moisés. É pelo menos possível embora sem absoluta
certeza, que deste capítulo da Bíblia se possa deduzir a proibição aos
sacerdotes que ministravam, do uso do vinho e de outras bebidas alcoólicas (cf.
Ez 44.21), uma vez que Nadabe e Abiú cometeram o seu crime sob a influência do
álcool. Em todo o caso, fica pelo menos bem vincada a ideia da gravidade do
pecado, que vem a ser a presunção e a leviandade.
Em presença das
declarações expostas no manual das porções das ofertas animais e vegetais a
conceder ao sacerdote, verifica-se não existir qualquer referência a ofertas de
bebidas. Nada impede, todavia que as possamos admitir, que esta oferta de
bebida seja derramada sobre o altar ou junto dele, sendo as sobras entregues ao
sacerdote, como fazendo parte da sua porção, para serem tomadas à refeição logo
após os atos do culto. A analogia da Páscoa (cf. Mt 26.29) vem confirmar esta
opinião. Mas segundo a tradição judaica, as ofertas de bebidas eram derramadas
no altar do holocausto (Êx 30.9), ou na base do altar (Eclesiástico 50.15), ou
ainda parte no altar, parte na sua base.
A causa de tal
determinação vem expressa no verso 10: para fazer diferença entre o santo e o
profano e entre o imundo e o limpo, admitindo que aos sacerdotes competia
observarem cuidadosamente todas as prescrições rituais da Lei, e ao mesmo tempo
ensinarem aos filhos de Israel os mandamentos dessa mesma Lei. Cf. Dt 17.11;
24.8; 33.10; cf. Mq 3.11.
Quanto ao trágico fim
que tiveram aqueles dois sacerdotes, convém frisar que pelo menos serviu para
inculcar na mente de todos os israelitas, -- quer fossem sacerdotes, quer não,
-- a infinita santidade de Deus, que os punha de sobreaviso contra qualquer
presunção ou leviandade no cumprimento da lei do sacrifício, expressamente
determinada nos primeiros sete capítulos do Levítico. Juntamente, serve-se Deus
deste incidente para provar que não há homens indispensáveis, uma vez que
reduziu à metade o número dos sacerdotes, já tão poucos para o culto do
Santuário, onde alguns milhões de adoradores prestavam o seu culto ao Senhor.
Mas a desobediência não agrada ao Deus, bondoso mas justo, que "das pedras
pode suscitar filhos de Abraão".
E assim, com a
narração deste acontecimento, termina a "lei do santuário". Passamos
agora a considerar "a lei da vida quotidiana".
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Levíticos. pag. 25-27.
SUMO SACERDOTE, CRISTO COMO
Esboço:
I. Detalhes de Heb. 8: 1-10: 18
II. Sumário de Ideias
III. Sumo Sacerdote no Lugar de Arão e Melquisedeque
IV A Superioridade de Jesus
I. Detalhes de Heb. 8:1-10:18
Estendendo-se até o
vigésimo - oitavo versículo deste capitulo, encontramos uma analogia (entre os
sacrifícios no santuário terrestre e aqueles efetuados no santuário celestial)
que reenfatiza diversos pontos já discutidos, mas agora mencionados novamente,
como sumário. A esses pontos foi adicionada a afirmação de crença, por parte do
autor sagrado, na "parousia" ou segunda vinda de Cristo, no vigésimo
oitavo versículo.
1. Há dois
santuários, o terreno e o celestial. O terreno era apenas uma cópia ou imitação
do celestial. Nisso se vê, uma vez mais, a metaflsica em "dois
andares" do autor, em que as ideias de Filo e de Platão foram
cristianizadas.
Na terra, tudo apenas
cópia dos elementos existentes nos céus. Essa idéia era comum no judaísmo
helenista. E os judeus tinham ideias literais a esse respeito; imaginavam um
templo celeste literal, com todas as peças de mobiliário e alguma forma de
sistema de sacrifícios, segundo os moldes do templo terreno. O autor sagrado,
porém, não vê nada tão cru e materialista como isso, mas apenas que o templo
terreno, seus ritos, etc., simbolizavam alguma realidade superior. Assim, o
próprio templo (ou a tenda, antes dele) indicaria os céus, uma pluralidade de
esferas celestes, cada uma com seu nível mais elevado de acesso. (Ver Heb.
7:26). O Santo dos Santos fala sobre a presença de Deus, sobre como os homens
podem obtê-la, juntamente com a transformação de vida e de ser, necessária para
a admissão àquele lugar
2. Cristo é O Sumo
Sacerdote do santuário celeste, e não do terrestre, como se dava com os
sacerdotes arônicos, Este capítulo inteiro foi calculado para ensinar isso. O
ministério de Cristo não só é melhor, mas também ultrapassou e abrogou todo
outro sacerdócio terreno. Dentro da antiga dispensação havia uma lei, seu
sacerdócio e seu pacto. Em Cristo entretanto, tudo isso foi eliminado. Agora há
uma nova lei, um novo sacerdócio e um novo pacto (ver os capítulos sétimo a
nono deste tratado). Sendo essa a verdade da questão, pode-se supor
corretamente que o ministério de Cristo é superior àquele que era realizado no
antigo tabernáculo. Sim, é tão superior que o antigo tabernáculo perdeu toda a
razão para sua existência. E, na realidade, só existia para funcionar como tipo
simbólico do novo.
3. O acesso provido
no ministério de Cristo é real, e não simbólico e dá-nos o direito de penetrar
no mais alto céu, o Santo dos Santos celeste. Já o antigo acesso era apenas simbólico,
em que o sumo sacerdote nunca foi reputado como precursor de ninguém até à
presença de Deus. Seu serviço se reduzia a um ato simbólico de expiação de pecados.
(Ver Heb. 6:20 e 10:19).
4. Cristo ofereceu um
único sacrifício, mas foi um sacrifício muitíssimo melhor do que a soma total
de todos os milhares e milhares de sacrifícios levíticos. Pois todos eles
tão-somente simbolizavam o sacrifício de Cristo. (Ver os versículos 25 e 26
deste capítulo).
5. O sacrifício de
Cristo foi eficaz - eliminou o pecado; foi o sacrifício da sua própria pessoa.
Ver Heb. 7:27.
6. O ministério de
Cristo jamais terminou: ele voltará. E mesmo agora está empenhado em uma eterna
intercessão. Mas, finalmente, tudo quanto ele fizer estará completamente
divorciado do problema do pecado. Esse problema será solucionado completa e
absolutamente, de tal modo a não permanecer uma questão espiritual, sem qualquer
vinculação com a inquirição espiritual.
7. É declarada aqui a
necessidade de purificar o santuário celestial. O sacrifício de Cristo mostrou-se
eficiente e final quanto a esse mister.
"Após a breve
digressão do 22° versículo, o escritor sagrado focaliza agora o aparecimento de
Cristo, no santuário perfeito dos céus, munido do perfeito sacrifício o qual,
por ser perfeito e absoluto, não precisa de repetição". (Mofatt, in loc.).
II. Sumário de Ideias
1. Ele entrou nos
verdadeiros céus, no real Santo dos Santos; os sacerdotes terrenos manuseavam
apenas com sombras e símbolos (ver Heb. 4: 14).
2. Ele ofereceu o
verdadeiro sacrifício, ao passo que os demais ofereciam apenas sacrifícios
simbólicos (ver Heb. 9:23 e ss).
3. O sacrifício de
Cristo foi final; os deles eram simbólicos (ver Heb. 9:25 e ss).
4. Sua expiação foi
eficaz, a expiação oferecida por eles era apenas uma representação simbólica (ver
Heb. 9:28).
5. Ele foi Sumo
Sacerdote maior e mais elevado que Arão, por ser o Filho de Deus (ver Heb.
SA-7:28).
6. Ele administrou um
melhor pacto (ver Heb.8: 1-13).
7. Ele ministra em um
melhor santuário (ver Heb. 9: 142).
8. Seu sacrifico é
melhor que o de todos, por ser o fim de todos os sacrifícios (ver Heb. 9:
13-10: 18).
9. Seu ministério se
alicerça sobre melhores e mais permanentes promessas (ver Heb. 10: 19-113).
Cristo, pois, é visto
como nosso caminho de acesso a Deus Pai. Os crentes judeus são aqui avisados a
não perderem sua obra intercessória em favor deles, afastando-se de Cristo,
retornando às suas anteriores formas religiosas, que serviam somente para
apontar para Cristo simbólica e profeticamente.
lII. Sumo Sacerdote no Lugar de Arão e Segundo a Ordem de
Melquisedeque.
O ofício sumo
sacerdotal, no tocante a Cristo, envolve tanto Arão quanto Melquisedeque. Posto
que nossas informações sobre Melquisedeque são tão escassas, quase todos os
tipos simbólicos sobre o ofício de Cristo se acham no sacerdócio arônico. Quais
são as idéias envolvidas no sacerdócio de Cristo, que é conforme a ordem de
Melquisedeque? Eilas:
1. Cristo é o rei-
sacerdote, tal como Melquisedeque (ver Gên. 14: 18 e Zac. 6: 12,13).
2. Cristo é o rei justo
de Salém, ou Jerusalém (ver Isa. 11:5 e 6:9).
3. Ele é eterno, não
havendo registro de seu início no tempo (ver João 1: I), nunca tendo sido
nomeado por homem algum para seu ministério (ver Sal. 110:4; ver também Heb.
7:23-25 e Rom, 6:9).
Vê-se. pois. que a
obra de Cristo seguiu o padrão do sacerdócio arônico, mas que a alusão a
Melquisedeque fala sobre sua autoridade real, sobre sua eternidade. Sobre a
natureza perene de sua obra. ideias essas que não estavam vinculadas ao
sacerdócio arônico. Desse modo. certos aspectos de superioridade são atribuídos
ao sacerdócio de Cristo. que é segundo a ordem de Melquisedeque.
IV. A superioridade de Jesus
Eis cinco
particulares que mostram que Jesus é superior como Sumo Sacerdote:
I. Nele mesmo. ele é
melhor sacerdote que os sacerdotes arônicos (ver Heb. 8:1-6, como uma unidade;
o sétimo capítulo contém muitos argumentos a respeito; ver também Heb.
4:15-7:28, como uma unidade).
2. Sua esfera de
atividades é no santuário celeste, e não na cópia terrena, onde labutavam os
sacerdotes arônicos.
Portanto. seu
ministério é "melhor" que o deles, e não apenas a sua própria pessoa.
(Ver Heb. 8:2-5).
3. Ele ofereceu
melhor sacrifício (ver Heb. 8:3 e ss), a saber, a si mesmo (ver Heb. 7:27).
4. Ele é o Mediador
de um pacto melhor, o "novo pacto" (ver Heb. 8:6).
5. Seus labores
sacerdotais se baseiam sobre promessas superiores (ver Heb. 8:6). Todos esses
aspectos mostram a superioridade do ministério de Cristo, que agora é introduzido,
ao passo que, antes disso, até este ponto no tratado, a ênfase recaíra sobre a
superioridade da pessoa de Cristo.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 295-296.
«...Mediador...» No g rego temos a palavra
«mesites», que significa «árbitro», «mediador». (Ver Gál. 3:19,20). Na epístola
aos Hebreus, esse termo é usado em vários trechos para referir-se a Cristo (ver
Heb. 8:6; 9:15 e 12:24). Cristo, na qualidade de mediador, torna realidade os
propósitos salvadores de Deus para os homens. Sua missão terrena inteira foi
efetuada dentro do âmbito dessa mediação. Mas, além disso, nos céus, Cristo continua
ocupando a posição de mediador, intercedendo incessantemente por seus remidos.
(Isso é comentado em Rom. 8:34). O Espírito de Deus também intercede por nós,
em nome de Cristo (ver R om. 8 :2 7 ) , e isso envolve nosso progresso
espiritual e nossas necessidades diárias. Já a passagem de Heb. 9:15 ensina-nos
que Cristo é o mediador do «novo pacto» ou «novo testamento», c om o algo
incluso em seu labor expiatório, porquanto isso é que dá aos homens o direito à
herança eterna, através das provisões de seu testamento, porquanto Cristo
«morreu por nós». (Ver Rom. 8:17 e as notas expositivas ali existentes, sobre a
ideia de «herança»). Todo o bem-estar espiritual nos é proporcionado através de
seu ofício intermediário. Como um último aspecto, o verdadeiro acesso a Deus
Pai nos é dado através de Cristo, permitindo-nos que nos tornemos habitação de Deus
(ou templo de Deus) no Espírito (ver Efé. 2:22). Acerca disso, levemos em conta
os pontos abaixo:
1. Houve a mediação preencarnada de Cristo:
(ver João 1:3,10; Col. 1:6 e Heb. 1:2). Isso teve lugar na criação, pois Cristo
foi o criador, que fez o trabalho de Deus Pai. E nos próprios decretos divinos Cristo
já agira como mediador da salvação dos homens, desde a eternidade passada (ver
Efé. 1:3,4). A eleição é «em Cristo» (ver Rom. 8:29), e todas as bênçãos
celestiais fluem da parte de Cristo, sendo mediadas por ele (ver Efé. 1:3).
2. Houve a mediação na salvação e na
redenção, quando do ministério terreno de Cristo. (Ver Heb. 9:15; João 3:17;
Atos 15:11; 20:28; Rom. 3:24,25; 5:10,11; 7:4; II Cor. 5:18; Efé. 1:7; Col.
1:20 e I João 4:9). A vida, a morte, a cruz e o sangue de Cristo são os
elementos dessa mediação. Além disso, Cristo é o Filho de Deus, enviado por
Deus Pai, para redimir os filhos. O trecho de João 3:17 tem esse tema, o qual
se repete por mais de quarenta vezes no quarto evangelho. O Pai enviou o Filho,
para que este realizasse sua missão remidora. Essa declaração envolve muitas
implicações teológicas acerca da natureza do F ilho, o que é comentado naquela referência.
Acrescente-se a isso que a mediação de Cristo produz a paz com Deus, a reconciliação
entre o homem e Deus, que eram partes antes alienadas entre si. (Ver Rom. 5:1 e
Efé. 2:12-17). A propiciação pelo sangue de Cristo visa a ira justa e o
julgamento reto de Deus; e Jesus, na qualidade de sacrifício expiatório, torna
Deus favorável aos homens. (Ver I João 2:2).
3. Há uma mediação contínua de Cristo: ele
continua viva e continua sendo o nosso mediador. (Ver João 14:6; Rom. 5:2 e
8:34). Por meio dele entramos na posse de todas as bênçãos espirituais (ver
Efé. 1:3; Rom. 1:5; II Cor. 1:15,30 e Fil. 1:11).
Uma aplicação moderna: Se Cristo é o único e
suficiente mediador, de onde surge a necessidade de supostos mediadores
angelicais e humanos? As doutrinas da mariolatria, das orações endereçadas aos
«santos», da confissão auricular, etc., são outros tantos descendentes da ideia
gnóstica de muitos mediadores. Mas há descendentes doutrinários mais sutis,
como é o caso da posição atribuída a Jesus Cristo, por parte dos russelitas, auto-intitulados
Testemunhas de Jeová. Segundo eles, Yahweh seria o único verdadeiro Deus. Jesus
Cristo seria um «deus» secundário, apenas. (Isso equivaleria a um dos «aeons»
dos antigos gnósticos. Tanto isso é verdade que Cristo é tido, entre os
russelitas, como uma manifestação de um arcanjo dos mais elevados, mas nunca
como o próprio Deus que se manifestou em carne). Em vista disso, aceitemos ós
avisos contidos, por exemplo, em I João 4:2,3: «...todo espírito que confessa
que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa
Jesus, não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a
respeito do qual tendes ouvido que vem, e que presentemente já está no mundo».
4. Há uma mediação futura: A obra de Cristo é
aplicável a todas as fases de nossa redenção. A sua glorificação será por nós
compartilhada, e isso envolverá um processo eterno, e não um acontecimento
isolado. (Ver as notas em II Cor. 3:18 acerca desse conceito). Jamais chegará o
tempo em que essa mediação de Cristo tornar-se-á desnecessária e obsoleta. E
posto que a glorificação é o aspecto celestial da salvação, então a própria
salvação precisa ser considerada como um processo eterno, mediante o qual
iremos passando de um estágio de glória para outro, indefinidamente. Pois assim
como o Cristo foi o criador de tudo (ele é o Alfa), também é o alvo da criação inteira
(ele é o Ômega). E isso jamais deixará de ser verdade.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 299.
I Tm 2.5 Porquanto há um só Deus e um só
Mediador entre Deus e os homens, (a saber) o Messias Jesus, homem.
Provavelmente temos diante de nós a citação
de uma oração prefigurada usada na ceia do Senhor (QI 25e). A universalidade da
salvação, de acordo com uma fundamentação típica para Paulo, baseia-se na
singularidade de Deus e por isso na singularidade da salvação e de seu
Mediador. Talvez se vise enfatizar aqui, em contraposição aos muitos deuses
locais, que o Deus único faz anunciar para uma só humanidade uma só salvação
por meio de um só Mediador.
Porque Deus e ser humano foram unidos em
Jesus Cristo, este se tornou o Mediador entre Deus e ser humano. Como
verdadeiro ser humano, como ser humano real, como segundo Adão ele se tornou
representante da humanidade adâmica perante Deus. No entanto, a sequência de
palavras “Cristo Jesus” deixa claro que ele veio da parte de Deus para expiar
os pecados de todo o mundo. Ele é o Messias, que como ser humano se chamava
Jesus.
Hans
Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I
Timóteo.. Editora
Evangélica Esperança.
A divagação sob análise é uma perfeita pedra
preciosa de discernimento cristológico: Porque há um só Deus e um só mediador
entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem (5). Nunca conseguiremos exaurir a
riqueza de significação que percorre estas palavras. A forma literária nos diz
que o trecho faz parte de uma declaração de credo, ou de uma fórmula batismal
ou de um hino da igreja primitiva. A ênfase em um só Deus é parte da herança
que o cristianismo recebeu do judaísmo, ênfase que nosso Senhor reafirma muitas
vezes. A revelação neotestamentária de pluralidade no ser de Deus de modo algum
degrada o entendimento fundamental da unidade divina.
A posição de Cristo como um só mediador entre
Deus e os homens não é declarada desta forma em nenhuma outra passagem dos
escritos paulinos. O texto de Gálatas 3.19,20 dá indícios desta ideia, embora
ali não esteja desenvolvido como ofício de Cristo. E lógico que a Epístola aos
Hebreus trata frequentemente deste conceito. Identificamos ideia paralela em 1
João 2.1, que associa Cristo como nosso “Advogado para com o Pai”. Aqui, na
passagem sob estudo, este ministério exclusivo de nosso Senhor é enunciado sem
rodeios e de forma clara. Em um sermonário de G. Campbell Morgan,2 há um sermão
sobre o tema: “O Clamor por um Arbitro”. O primeiro dos dois textos que ele
emprega é Jó 9.33: “Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos”.
O segundo texto é esta passagem que estudamos: Há... um só mediador entre Deus
e os homens, Jesus Cristo, homem. Ser árbitro é ser juiz, alguém que aprecia ou
julga algo, intermediário, alguém que faz intercessão a nosso favor; em uma
palavra: mediador. Há muitas relações na vida em que os serviços de um mediador
tornam-se importantíssimos. Que alegria saber que na relação que nos é mais
importante na vida — a relação entre Deus e nós — temos tão sublime Mediador!
J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9.
pag. 463.
Há um Mediador, e esse Mediador se deu a si
mesmo em preço de redenção por todos. Como a misericórdia de Deus estende-se a
todas as suas obras, assim a mediação de Cristo estende-se a todos os filhos
dos homens. Ele pagou um preço suficiente para a salvação de toda humanidade;
Ele fez com que a humanidade estivesse debaixo de novos termos diante de Deus,
assim que eles não estão mais debaixo da lei como um pacto de obras, mas como
uma regra de vida. Eles estão debaixo da graça; não debaixo do pacto da
inocência, mas debaixo do novo pacto: Ele se deu a si mesmo em preço de
redenção.
Observe: A morte de Cristo foi uma redenção, um
“contra preço”. Merecíamos morrer. Cristo morreu por nós, para salvar-nos da
morte e do inferno. Ele se deu a si mesmo em preço de redenção,
voluntariamente.
Uma redenção para todos; assim, toda a
humanidade é colocada numa condição melhor do que a dos demónios.
Ele morreu para executar uma salvação comum:
dessa forma, Ele se colocou na posição de Mediador entre Deus e os homens. Um
mediador pressupõe uma controvérsia.
O pecado tinha provocado uma discórdia entre nós
e Deus; Jesus Cristo é um Mediador que tem como finalidade fazer paz, unir Deus
e os homens, na forma de um árbitro, que põe a mão sobre nós ambos (Jó 9.33).
Ele é uma redenção que deveria servir de
testemunho a seu tempo; isto é, nos tempos do Antigo Testamento, seus
sofrimentos e a glória que seguiriam eram falados como coisas a serem reveladas
nos últimos tempos (1 Pe 1.10,11). E eles são adequadamente revelados. Paulo foi
ordenado pregador e apóstolo, para anunciar aos gentios as boas novas da
redenção e salvação em Jesus Cristo. Paulo foi encarregado de pregar essa
doutrina da mediação de Cristo a toda criatura (Mc 16.15). Ele foi designado
para se tornar doutor dos gentios; além do seu chamado geral para o apostolado,
ele foi comissionado especificamente a pregar aos gentios, na fé e na verdade.
Observe: (1) E bom e aceitável aos olhos de
Deus,
nosso Salvador, que oremos pelos reis e por
todos os homens, e também que levemos vidas quietas e sossegadas; e essa é uma
razão muito boa para fazermos tanto um quanto o outro. (2) Deus tem uma boa vontade
para a salvação de todos. Então a falha não é que Deus não tenha vontade para
salvar os homens, mas a falta de vontade deles mesmos para serem salvos da
maneira de Deus. O nosso bendito Senhor declara a falha: E não quereis vir a
mim para terdes vida (Jo 5.40). Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, e tu não quiseste (veja Mt
23.37). (3) Esses que são salvos devem chegar ao conhecimento da verdade,
porque esse é o caminho delineado por Deus para salvar os pecadores. Sem
conhecimento, o coração não pode ser
bom; se não conhecemos a verdade, não podemos ser governados por ela. (4)
Podemos perceber que a unidade de Deus é reivindicada e unida à unidade do
Mediador; e a Igreja de Roma também pode manter uma pluralidade de deuses bem como
uma pluralidade de mediadores. (5) Esse que é um Mediador no sentido do Novo
Testamento deu-se a si mesmo em preço de redenção. Então é vã a pretensão da Igreja
Católica Romana de que há somente um Mediador de penitência, mas muitos de
intercessão; porque, de acordo com Paulo, quando Cristo deu-se a si mesmo com
preço de redenção, essa era uma parte necessária do ofício do Mediador; e, na
verdade, isso coloca o fundamento para sua intercessão. (6) Paulo foi ordenando
ministro, para anunciar aos gentios de que Cristo é o único Mediador entre Deus
e os homens, que se deu a si mesmo em preço de redenção por todos. Essa é a
verdade que todos os ministros devem pregar, até o final dos tempos; e Paulo
glorificou seu ministério, como apóstolo aos gentios (Rm 11.13). (7) Os ministros
devem pregar a verdade, aquilo que compreendem dela e, eles próprios, devem
crer nela. Semelhantemente aos apóstolos, eles devem pregar em fé e verdade, e
devem também ser fiéis e de confiança.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 688-689.
3. O sumo sacerdote.
História O sumo sacerdote ocupava o oficio
eclesiástico mais elevado do sistema religioso dos judeus. As tradições bíblicas
apresentam-no como alguém que descendia de Aarão; mas que isso sempre aconteceu
não pode ser historicamente demonstrado. Os eruditos de inclinações liberais
supõem que o oficio sumo sacerdotal só começou em 411 a.C.; mas há passagens
bíblicas que certamente indicam que o oficio era muito mais antigo do que isso.
Para admitirmos essa data tão posterior, teremos de supor duas coisas:
Primeira, que as porções da Bíblia que abordam a questão foram escritas
posteriormente; Segunda que o próprio oficio não antecedeu, por muito tempo, as
narrativas escritas. O que podemos dizer é que a formalização do oficio
resultou de um desenvolvimento de responsabilidades, embora a essência do
ofício retroceda, verdadeiramente, até Aarão. Uma vez estabelecida a adoração
no templo de Jerusalém, o sumo sacerdote tornou-se o principal ministro
eclesiástico do judaísmo, oficiando durante as grandes festividades e observações
religiosas, como no dia da Expiação. Além disso, ele presidia o Sinédrio
(vide), o que lhe emprestava grandes poderes não somente eclesiásticos, mas também
políticos. Todavia, o ofício sumo sacerdotal chegou ao fim quando os romanos
destruíram a cidade de Jerusalém e seu templo, quando o Sinédrio também foi
dissolvido.
O ofício sumo
sacerdotal teve suas origens mais primitivas nos dias em que qualquer homem
podia edificar um altar, onde quer que Deus se tivesse dado a conhecer.
Aquele que se
tornasse associado aos ritos do altar levantado tornava-se conhecido como um
levita, isto é, alguém vinculado a um lugar, ou então como um kohen, ou
"sacerdote". De um sacerdote esperava-se que ele fosse um revelador
da vontade divina, como um mediador entre Deus e os homens. Além disso,
encontramos a primitivíssima instituição em que O chefe de uma casa também era
o sacerdote de sua família. Quando as formas religiosas passaram a ser
institucionalizadas, um grande sacerdote ou sumo sacerdote, tornou-se
necessário, afim de organizar as funções religiosas do povo, preservando, promovendo
e protegendo as instituições religiosas. No século VIII a.C; os levitas
surgiram como uma classe distinta, ocupando-se, essencialmente, da direção da adoração
religiosa em Israel.
E no código
sacerdotal, chamado S pelos eruditos, que encontramos a kohen hagadol, ou
"sumo sacerdote". Os eruditos liberais datam essa fonte do Pentateuco
no século V a.c., quando, para eles, consequentemente, teria surgido o ofício
sumo sacerdotal.
Porém, mesmo se
admitirmos que esse material é de data comparativamente tardia, isso não
provaria que as coisas ali referidas, no tocante a instituições religiosas, só tivessem
começado naquele tempo. A tradição do próprio sumo sacerdote parece ser
antiquíssima, e o próprio Aarão ocupou o oficio, sob sua forma mais primitiva.
A posição do sumo
sacerdote de Israel atingiu seu ponto de maior influência em 105 a.C., quando o
sumo sacerdote, Aristóbulo I, também assumiu o título de rei. Em 63 a.c., Roma
tomou sobre si mesma a tarefa de nomear os sumos sacerdotes; e, desse ponto em
diante da história, houve mudanças frequentes-nos oficio, o qual começou como
uma posição hereditária e vitalícia.
Alguns informes Históricos Cronológicos:
1. Aarão foi o
primeiro sumo sacerdote de Israel. Depois tabernáculo foi erigido, de acordo
com os planos Divinos, e sacerdote de Israel que os ritos tiveram início (Exo.
I8-24: 12-31; 35: I - 40:38), Aarão e seus filhos foram solenemente consagrados
a seus ofícios sacerdotais respectivos, por Moisés (ver Lev. 8:6). Isso teve.
Lugar por volta de 1440 a.C. As elaboradas descrições das vestes do sumo
sacerdote, que aparecem em Êxo. 28:3 ss, certamente indicam um oficio
distintivo, superior ao dos sacerdotes.
2. Por ocasião da
morte de Aarão, o oficio passou para seu filho mais velho, Eleazar (Núm.
20:28). Então os descendentes de Finéias passaram a ocupar a linhagem de onde o
oficio era herdado (Juí. 20-28), 3. Por razões desconhecidas, o oficio
sacerdotal foi entregue a EIi, que pertencia à linhagem de Itamar.
Isso continuou até
que Salomão mudou o sistema e nomeou Sadoque, na pessoa de quem o encargo
passou novamente para os descendentes de Eleazar (I Reis 2:26 ss).
4. Os sumos
sacerdotes antes de Davi, sete em número, foram os seguintes: Aarão, Eleazar,
Finéias. EIi, Aitúbe (l Crô.9: 11; Nee, 11: 11; 1 Sam. 14:3), Alas e José.
Josefo assevera que o pai de Buqui a quem ele chamou de José (mas que na Bíblia
é chamado de Abiezer, equivalente a Abísua), foi o último sumo sacerdote da
linhagem de Finéias, antes de Sadoque.
5. Nos dias de Davi
havia dois sumos sacerdotes, a saber, Sadoque e Abiatar, que parecem ter
brandido igual autoridade (I Crô. 15: 11; 11 Sam. 8:17; 15:24,25). Alguns estudiosos
têm conjeturado que Sadoque era um aliado importante de Davi, embora tendo sido
nomeado por Saul. Davi não perturbou a situação, mas a sucessão coube, por direito,
a seu amigo, Abiatar. Diplomaticamente, Davi deixou ambos no cargo; mas o Urim
e o Tumim, com aestola sacerdotal, permaneceram com Abiatar, o qual, por isso mesmo, ficou encarregado dos serviços
especiais que circundavam a arca da aliança.
6. Nos tempos de
Salomão há certas dificuldades históricas, pois é difícil reconciliar os dados
históricos xistentes. Josefo (Anti. 10:8,6) diz que quem ocupava o ofício sumo
sacerdotal, nesse tempo, era Sadoque; mas o trecho de 1 Reis 4:2 diz que era
Azarias, que era neto de Sadoque. Temos de supor, assim sendo, que há algum defeito
nos registros históricos, que não nos permitem precisar a situação que envolvia
o oficio sumo sacerdotal nos dias de Salomão. Mas, considerando-se todos os fatores,
parece ter havido quinze sumos sacerdotes que foram contemporâneos dos reis de
Judá, Seja como for, os sumos sacerdotes dessa série terminaram com Seraías,
que foi aprisionado por Nabucodonosor e executado em Ribla, por ordem daquele
monarca caldeu (lI Reis 25:18), ao tempo do cativeiro babilônico.
7. Por causa do
cativeiro, passaram-se cerca de cinquenta e dois anos sem alguém para ocupar o
oficio sumo sacerdotal em Israel. Jeozadaque (ver Ageu 1:1,14) deveria ter
herdado o oficio de seu pai, Seraías; mas Jeozadaque viveu e morreu durante o
período do cativeiro babilônico. Então o oficio foi ocupado por seu filho,
Josué (vidé), depois que um remanescente do povo de Israel regressou a
Jerusalém, em companhia de ZorobabeI. A Bíblia alista os sucessores dele, chamados
Joiaquim, Eliasibe, Jeoiada, Joanã e Jadua. Jadua foi sumo sacerdote de Israel
na épocade Alexandre, o Grande, tendo sido sucedido por seu filho, Onias I, e
este por seu filho, Simão. Quando Simão faleceu, quem veio a ocupar o oficio
foi seu irmão, Eleazar, visto que seu filho, na época, ainda era um jovem menor
de idade. Foi durante o reinado de Eleazar que teve lugar a famosa tradução do
Antigo Testamento para o grego, chamada Septuaginta ou LXX. 8. Menelau, o
último dos Onias, trouxe desgraça ao oficio sumo sacerdotal. E o oficio ficou
vago por sete anos. E então Alcimo ocupou o cargo, embora também tivesse sido
uma
infame personagem.
9. Em seguida veio o
período dos hasmoneanos (vide).
Essa família era do
turno sacerdotal de Joiaribe (I Crô. 24:7), que havia retomado do cativeiro
babilônico com Zorobabel (I Crô. 9: 1O~ Nee. 11:1O). Eles ocuparam esse oficio
até 153 a.c., quando a família foi destruída por Herodes, o Grande. Aristóbulo,
o último sumo sacerdote dessa linhagem, foi assassinado por ordem de Herodes,
embora eles fossem cunhados. Isso ocorreu em 35 a.C. 10. Roma começou a nomear
os sumos sacerdotes de Israel, de acordo com os ventos do poder e do favor político.
Houve nada menos de vinte e oito sumos sacerdotes desde o reinado de Herodes, o
Grande, até à destruição do templo de Jerusalém, pelo general Tito, em 70 d.C.
Esse período foi de cerca de cento e sete anos; assim, na média, houve um novo
sumo sacerdote a cada três ou quatro anos! O Novo Testamento, por sua vez, fornece-nos
alguns dos nomes de pessoas envolvidas nesse oficio, como Anãs, Caifás e
Ananias, sobre quem damos artigos separados. O sumo sacerdote que deu a Paulo
cartas que lhe permitiam perseguir e encarcerar a judeus cristãos chamava-se
Teófilo, filho de Anano. Ver Atos 9:1,14. Panias foi o último dos sumos
sacerdotes. Ele fora nomeado pelo lançamento de sortes, pelos zelotes, dentre o
turno de sacerdotes que Josefo chamou de Eniaquim, provavelmente, uma forma
corrupta de Jaquim.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag.293-294.
Os Deveres Levíticos e Sacerdotais, 18.1 -32
1. As
Responsabilidades Misturadas (18.1-7)
Não são novas as
informações registradas neste lugar concernentes aos deveres dos sacerdotes e
dos levitas (cf. 3.1—4.49). São repetidas para destacar o princípio que acabara
de ser dramaticamente demonstrado: as coisas sagradas não devem ser profanadas.
A repetição também
serve para lembrar os sacerdotes e os levitas que junto com altos privilégios
vêm sérias responsabilidades. Os sacerdotes eram responsáveis pelo santuário e
os levitas tinham de ajudá-los. Mas os levitas não deviam tocar no altar ou em
outra mobília sagrada e tinham de cuidar para que as pessoas não se
aproximassem muito, pois caso isso ocorresse, sofreriam a pena de morte
(17.13).
2. A Lista dos
Benefícios dos Sacerdotes (18.8-20)
Considerando que os
sacerdotes eram os servos espirituais do povo, não podiam trabalhar para ganhar
a vida da mesma maneira que os outros. Por conseguinte, o sustento tinha de vir
do corpo principal da congregação. A promessa de Deus para Arão era: “Agora
estou te dando todas as ofertas especiais que forem trazidas a mim e que não forem
queimadas como sacrifício. Eu dou essas ofertas a ti e aos teus descendentes
como a parte a que vós tendes direito para sempre” (8, RSV). Em seguida,
aparece uma lista das porções dos sacrifícios que pertenciam aos sacerdotes e
instruções detalhadas sobre como deviam lidar com isso. Concerto... de sal (19)
era “um concerto indissolúvel”.
3. Os Deveres dos
Levitas (18.21-32)
Os levitas tinham de
receber o sustento dos dízimos dos israelitas. Em troca, administrariam o
ministério da tenda da congregação (23) e assumiriam a responsabilidade pelas
necessidades espirituais do povo. Justamente por isso, deviam dar aos
sacerdotes o dízimo dos dízimos (26) que recebiam. Esta oferta seria
considerada o equivalente do aumento do grão da eira e da plenitude do lagar
(27) das outras tribos. Deus honra o dízimo e ninguém está isento da entrega
propositada e sistemática do dízimo como parte vital da adoração. E o que Deus
espera. Que ninguém seja tentado a guardar o que deve ser dado (32) e que
ninguém roube a Deus (Ml 3.8-10).
Lauriston
J. Du Bois. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 358-350
Outra Crise
em Cades (Números 18 – 20)
E provável que as
instruções, nos capítulos 18 e 19, tenham sido dadas pelo Senhor enquanto
Israel ainda estava em Cades-Barnéia. No entanto, ao chegarmos ao capítulo 20,
vemos que a nação completou seus trinta e oito anos vagando pelo deserto e está
de volta em Cades (20:1, 16).
Números diz pouca
coisa sobre os anos em que Israel vagou pelo deserto, apesar de haver uma lista
de seus locais de acampamento em Números 33. Miriã faleceu no primeiro mês do
quadragésimo ano (20:1), quando a nação havia voltado a Cades, e Arão faleceu
no quinto mês do mesmo ano (33:38). Quando Moisés faleceu, no final do
quadragésimo ano (Dt 1:3; 34:5), toda a geração mais velha havia morrido, com
exceção de Calebe e de Josué, a quem foi permitido entrar em Canaã.
O povo de Deus havia
sido obstinado e rebelde, e o Senhor os havia castigado por isso, mas, apesar
da desobediência dos israelitas, o Senhor fora fiel em cuidar deles.
"Mas ele os
salvou por amor do seu nome, para lhes fazer notório o seu poder" (SI 106:8).
Considere algumas das preocupações do Senhor com seu povo, conforme expressas
pelas instruções e acontecimentos encontrados nos capítulos 18 a 20.
1. Guardando o santuário (N m 18:1-7)
Por causa dos juízos
do Senhor contra os rebeldes no tabernáculo (Nm 16:31-35) e e sua defesa
miraculosa do sumo sacerdócio de Arão (Nm 17:10-13), os israelitas estavam aterrorizados
só de ter o tabernáculo no meio deles. "Acaso expiraremos todos?" (Nm
17:13), lamentou o povo. Na verdade, a presença de Deus em seu acampamento era
a marca distintiva do povo de Israel (Êx 33:1-16), pois era a única nação a ter
a glória do Deus vivo presente com ela e indo adiante dela (Rm 9:4).
Deus falou
especificamente a Arão (Nm 18:1, 8, 20), exaltando ainda mais seu ministério como
sumo sacerdote. O Senhor deixou claro que era responsabilidade dos sacerdotes ministrar
no tabernáculo e guardá-lo da profanação, e era responsabilidade dos levitas assistir
os sacerdotes em seu ministério no tabernáculo. Desde que os sacerdotes e levitas
obedecessem a essas regras, o povo não seria julgado (v. 5).
O ministério
sacerdotal era assunto sério, pois se os sacerdotes não seguissem as instruções
de Deus, poderiam morrer. Se permitissem que uma pessoa não autorizada entrasse
no tabernáculo ou ministrasse nele, Deus poderia dar cabo deles. Qualquer desobediência,
até mesmo no modo de se vestir (Êx 28:35, 42, 43) ou de se lavar (Êx 30:17-21),
era arriscada. Deus considerava Arão e seus filhos responsáveis pelas ofensas cometidas
contra o santuário e o sacerdócio. O sacerdócio era uma dádiva de Deus a Israel,
pois sem os sacerdotes o povo não poderia chegar a Deus. Os levitas eram a dádiva
de Deus aos sacerdotes, aliviando-os de tarefas servis de modo que pudessem dedicar-se
inteiramente a ministrar ao Senhor e a atender o povo. Os sete homens
escolhidos em Atos 6, normalmente chamados de diáconos, tinham uma relação
semelhante com os apóstolos. Não há menosprezo em servir mesas, mas os
apóstolos tinham um trabalho mais importante a fazer.
O sucesso ou o
fracasso dependem da liderança, e Arão era o líder da família sacerdotal. Devia
prestar contas a Deus de tudo o que acontecia no santuário. Deus não habita em
templos feitos por mãos humanas (At 7:48), mas sim em nosso corpo, pelo Espírito
Santo (1 Co 6:19, 20), e no meio de seu povo na congregação local (1 Co
3:16ss).
Devemos ter cuidado
com a forma como tratamos nosso corpo e com aquilo que fazemos à Igreja de
Jesus Cristo. "Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o
santuário de Deus, que sois vós, é sagrado" (1 Co 3:17).
2. Cuidando de seus servos (N m 18:8-32)
Como servos de Deus,
os sacerdotes e levitas mereciam os cuidados do povo de Deus. Ao contrário das
outras tribos, os levitas não teriam herança na terra prometida, pois o Senhor
era a herança deles (v. 20; Dt 10:8, 9; Js 13:14, 33; 14:13; 18:7), e
receberiam quarenta e oito cidades para habitar (Nm 35:1-8; Js 21).2 As
necessidades dos sacerdotes bem como dos levitas eram supridas pelos sacrifícios,
ofertas e dízimos do povo. Os sacerdotes (vv. 8-20). Deus determinou que os
sacerdotes teriam porções das ofertas de manjares, dos sacrifícios pelo pecado,
dos sacrifícios pela culpa e dos sacrifícios pacíficos (Lv 6:14 - 7:38), bem
como as primícias (Dt 26:1-11) e os animais primogênitos que o povo levasse
para o Senhor. Uma parcela dessa comida só podia ser consumida pelos
sacerdotes, mas a maior parte podia ser dividida com suas famílias. Contudo,
qualquer um da família sacerdotal que comesse dos sacrifícios oferecidos a Deus
tinha de estar cerimonialmente limpo e de tratar o alimento com reverência,
pois ao ser apresentado ao Senhor, havia sido santificado.
Os levitas (vv. 21-32).
Recebiam os dízimos
que o povo levava ao santuário de Deus, pois 10% de toda a produção pertenciam ao
Senhor. Os israelitas deveriam pagar três dízimos: um para os levitas (vv. 21-24),
um que era comido "ali perante o S e n h o r " (Dt 14:22-27) e um a
cada três anos, que era dado aos pobres (Lv 27:28, 29). Os levitas, por sua vez,
deveriam separar o dízimo daquilo que recebiam, oferecê-lo ao Senhor e
entregá-lo ao sumo sacerdote. O princípio encontrado nessa passagem é claro e
recebe ênfase frequente nas Escrituras: aqueles que servem ao Senhor e ao povo
de Deus devem ser sustentados pelas bênçãos materiais que Deus dá a seu povo. Jesus
disse: "Digno é o trabalhador do seu salário" (Lc 10:7; Mt 10:10), e
Paulo escreveu: "Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho
que vivam do evangelho" (1 Co 9:14). Paulo explicou esse princípio em mais
detalhes em Gálatas 6:6-10; Filipenses 4:10-19 e 1 Timóteo 5:17, 18.
O povo de Israel nem
sempre obedecia à lei levando os dízimos ao Senhor e, como conseqüência, o
ministério no tabernáculo e no templo sofria (ver Ne 10:35-39; 12:44-47;
13:10-14; Ml 1:6 - 2:9). Se os levitas e sacerdotes não tinham alimento para as
famílias, precisavam deixar o santuário e trabalhar nos campos (Ne 13:10). É
triste quando o povo de Deus não ama o Senhor e sua casa o suficiente para
sustentá-la fielmente. Deus esperava que os levitas dessem o dízimo daquilo que
recebiam, entregando-o ao sumo sacerdote (Nm 18:25-32). Às vezes, encontro
obreiros cristãos que não dão o dízimo pois se consideram isentos disso. Usam
como argumento o fato de que estão servindo ao Senhor e de que tudo o que têm pertence
a ele, mas esse argumento não é válido. Os levitas serviam a Deus em tempo integral
e, ainda assim, davam o dízimo daquilo que recebiam.
O dízimo não é,
necessariamente, uma prática associada à lei, pois Abraão e Jacó deram o dízimo
séculos antes de a lei ser apresentada (Gn 14:20; 28:22). Se os israelitas sob
a antiga aliança podiam dar 10% da sua renda (produção) ao Senhor, os cristãos
da nova aliança podem dar menos? Para nós, o dízimo é só o começo! Se compreendermos
o significado de 2 Coríntios 8 - 9, nossas ofertas irão muito além do dízimo.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 448-449.
Nm 18.2-4 — Os
levitas eram os servos dos sacerdotes, mas possuíam limitações quanto ao que podiam
ou não fazer. Isso foi o que incomodou Corá (cap. 16). Ele era um levita que
desejava a função de sacerdote.
18.5-7 — Somente os
sacerdotes podiam realizar os deveres concernentes ao santuário e ao altar. O
termo estranho — em e o estranho que se chegar morrerá (v. 7)— não fazia
referência ao estrangeiro, mas a qualquer pessoa não autorizada a aproximar-se
dos locais e objetos sagrados.
Quando aquele que não
tinha permissão se aproximava dos lugares santos, ele recebia uma punição. Nesse
contexto, sempre há o sentido do sacerdote se colocando entre os vivos e os
mortos, entre a graça e a misericórdia, entre o pecado e o perdão. Isso faz com
que o leitor cristão pense no Salvador.
18.8-20 — Os
sacerdotes obtinham seu sustento pelo seu trabalho para Deus (Lv 6.14— 7.36).
As ofertas que não eram queimadas no altar, mesmo que feitas para o Senhor,
convertiam-se em alimento para os sacerdotes. Vamos entender melhor a expressão
pronunciada pelo Senhor a Arão: Eu sou a tua parte. Os sacerdotes não herdavam
propriamente a terra. Eles tampouco viviam o dia-a-dia de cultivo desta, porque
Deus provia seu sustento por meio das ofertas das pessoas. Consequentemente, os
sacerdotes possuíam uma relação especial com Deus, que representava a herança
sacerdotal deles. Exatamente como os sacerdotes, os cristãos de hoje não têm a
promessa de herança neste mundo. Apesar disso, há, para os fiéis, a promessa de
um legado no Reino futuro (Rm 8.17).
18.21-24 — Os levitas
também eram os beneficiários dos serviços realizados para Deus. Como os
sacerdotes, eles também não herdavam a terra, mas tinham suas necessidades
supridas por causa do trabalho feito para Deus. Por isso, recebiam os dízimos
dos filhos de Israel. 18.25-32 — Os levitas que viviam dos dízimos do povo
tinham a obrigação de fazer ofertas a Deus, neste caso, um décimo do dízimo.
Aqueles que viviam do dízimo também deveriam dá-lo, pois assim mostrariam a
Deus seu agradecimento por aquilo que receberam. Em todo o seu trabalho, os
levitas deveriam lembrar-se do sentido de santidade. Como servos do Senhor, como o
povo, estavam sob a misericórdia e a justiça de Deus, e poderiam ser castigados
caso se comportassem de maneira imprópria.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 289-290.
II - A
INDUMENTÁRIA DO SACERDOTE
1. A túnica de linho
e o éfode (Êx 28.4-28).
A Indumentária do
Sacerdote
Duas coisas chamam a
atenção de início no texto bíblico que fala das vestes dos sacerdotes. Em
primeiro lugar, quem confeccionou essas vestimentas não foram quaisquer
alfaiates em Israel. O texto bíblico afirma que foram homens “sábios de
coração”, a quem Deus havia “enchido do Espírito de Sabedoria” (Ex 28.3). Como
frisa o Comentário Bíblico Beacon, “Deus, que criou a beleza, dá ao homem a
apreciação divina pela beleza e a aptidão divina para criá-la. Certas produções
que o mundo chama arte não passam de imoralidade, mas a verdadeira arte é de
Deus”.
Em segundo lugar, o
propósito da indumentária sacerdotal era “santificar”, isto é, distinguir,
destacar, honrar os sumos sacerdotes, dar-lhes ornamentação, beleza e glória
diante do povo; enfim, enfatizar o significado e a importância do seu ofício
perante todos. Suas vestes foram pensadas para refletir a dignidade do seu
ofício.
Os materiais para
fazer as vestes sacerdotais eram os mesmos das cortinas e do véu do Tabernáculo
(Ex 26.1,31,32; 28.5,6). Ou seja, o sacerdote não poderia ministrar “com roupas
simples e sem brilho” em um Tabernáculo que era “graciosamente colorido”. Deus,
“o Autor de tudo o que é bom e bonito, deseja que seu povo seja formoso e que
haja beleza nos procedimentos de adoração”.
Como observa Matthew
Henry,
Estas gloriosas
vestes foram indicadas: (1) para que os próprios sacerdotes pudessem ser
lembrados da dignidade da sua função e pudessem comportar-se com o devido
decoro; (2) para que o povo pudesse ser imbuído de uma santa reverência com
relação ao Deus cujos ministros se apresentavam com tal grandeza; (3) para que
os sacerdotes
pudessem ser um exemplo de Cristo, que se ofereceu imaculado a Deus, e de todos
os cristãos, que têm a beleza da santidade conferida a si, na qual são
consagrados a Deus.
Henry lembra ainda
que “o nosso adorno agora, sob o evangelho, tanto o dos ministros quanto o de
todos os cristãos, não deve ser de ouro ou pérolas, nem custoso, mas deve ser
composto das vestes da salvação e do manto da justiça (Is 61.10; SI 132.9,16)”.
Assim como as vestes
sujas do sumo sacerdote Josué, na visão do profeta Zacarias, representavam a
sua iniquidade (Zc 3.3,4), as vestes santas dos sumos sacerdotes representavam
a pureza e a perfeição de Cristo como o nosso Sumo Sacerdote definitivo e por
excelência (Hb 7.26).
Havia quatro vestes
que eram comuns aos sacerdotes e ao sumo sacerdote:
Os calções de linho,
que serviam para cobrir as partes íntimas e as coxas do sacerdote (Êx 28.42);
O manto ou túnica de
linho (Êx 28.39,40);
O cinturão de linho,
com bordados e usado para prender as roupas (Êx 28.39,40);
As tiras para a
cabeça, isto é, para o turbante (Êx 28.37,40).
O linho fino
utilizado na confecção dessas peças era um símbolo de pureza. Mas, além dessas
quatro peças básicas, havia outras quatro que eram usadas apenas pelo sumo sacerdote:
1. O éfode com um
cinturão diferenciado (Êx 28.6-14). Ele consistia em um colete com as partes da
frente e de trás unidas por tiras sobre cada ombro e por um cinturão à altura da
cintura. Esse cinturão era colorido e habilmente tecido (“De obra esmerada”, Êx
28.6) conforme a criatividade que Deus dera aos sábios que confeccionariam as
vestes (Êx 28.3). Nas tiras sobre os ombros, havia duas pedras sardónicas, uma
de cada lado, trazendo o nome das doze tribos de Israel — seis nomes em uma
pedra e os outros seis nomes na outra (Êx 28.9,10). O texto bíblico diz que a
ordem dos nomes era “segundo as suas gerações” (Êx 28.10), o que significa
dizer que a disposição dos nomes nas pedras obedecia à ordem de nascimento dos
doze filhos de Israel que davam nome às tribos. Esses nomes deveriam ser
engastados — isto é, encravados — em ouro nas pedras e esses filigranas de ouro
deveriam ser colocados, mais precisamente, ao redor das pedras, em seu entorno
(Êx 28.11). Finalmente, havia ainda os engastes de ouro (fechos ou prendedores)
e as correntes de ouro, que provavelmente serviam para firmar o peitoral ao
éfode (Êx 28.13,14,22-26). O fato de o sumo sacerdote levar o nome das doze
tribos nos ombros tinha um significado claro: o sumo sacerdote, como
intercessor entre o povo e Deus, levava em seus ombros o povo. Essa grande
responsabilidade, que era a essência do seu ofício, ele não deveria nunca
esquecer (Êx 28.12). O propósito divino era que, cada vez que o sumo sacerdote
vestisse o éfode, se lembrasse disso.
2. O peitoral do
juízo (Êx 28.15-30), que era feito do mesmo material do éfode. Também era “obra
esmerada” (Êx 28.15). A designação “do juízo” dada ao peitoral era uma
referência, sem dúvida, ao “Urim e Tumim”, uma peça muito importante dessa
indumentária. Essas palavras significam “luz e perfeição” e, provavelmente, era
o nome dado a dois objetos, talvez duas pedras, que eram trazidas pelo sumo
sacerdote no peitoral de sua roupa cerimonial (Êx 28.30). Através da consulta
ao “Urim e Tumim”, o sumo sacerdote tomava conhecimento da vontade divina em
situações muito difíceis (Êx 29.10; Nm 16.40; 27.21; Ed 2.63).
Havia ainda no
peitoral quatro fileiras de pedras preciosas contendo três pedras cada uma
(doze pedras ao todo). O nome das doze tribos de Israel também era gravado
nessas pedras, sendo uma pedra para cada nome (Êx 28.21). O significado aqui
também é claro: o intercessor deveria ter em seu coração o povo por quem
intercedia (Ex 28.29). Isso fala de compaixão e amor do intercessor pelos
intercedidos. Cristo, o nosso Sumo Sacerdote e perfeito intercessor entre Deus
e os homens, nos amou até o fim (1 Tm 2.5; Jo 13.1; 17.9,20-26).
O peitoral era unido
ao éfode por peças de ouro (engastes e anéis) na parte de cima, conectadas às
tiras dos ombros do éfode, e na parte de baixo, conectadas ao cinturão do éfode
(Ex 28.13,14,22-28).
3. O manto do éfode,
com suas campainhas e com romãs nas bordas (Ex 28.31-35). Esse manto, diferente
do manto de linho, ia até os joelhos e tinha nas bordas um material que se
supõe ser uma espécie de “cota de malha” para não se romper (Ex 28.32). Ele era
uma peça única, sem emendas e com abertura para a cabeça. Não tinha mangas, era
de cor azul (Ex 28.31) e usado debaixo do éfode e do peitoral. Nas bordas,
alternavam-se romãs bordadas e com cores diferentes cada uma e campainhas de
ouro — uma romã, depois uma campainha; outra romã, depois outra campainha, e
assim sucessivamente (Êx 28.33,34).
As romãs significavam
alimento, fertilidade e alegria, provavelmente alegria no serviço a Deus. Já os
sinos eram para que se ouvisse o sonido do sumo sacerdote quando andava. Elas
chamavam a atenção das pessoas para a atividade do sumo sacerdote lá dentro,
que deveria sempre estar movimentando as campainhas. O texto bíblico afirma que
se o sumo sacerdote não movimentasse as campainhas enquanto estivesse lá
dentro, perante o Senhor, ele morreria (Êx 28.35). Ou seja, quando o som
parava, era porque o sumo sacerdote, achado em falta diante do Senhor, havia
morrido lá dentro. O sonido constante dessas campainhas, chamando a atenção do povo
para o que estava acontecendo, falam que a verdadeira adoração não deveria se
tornar uma mera formalidade para o povo. Os israelitas deveriam estar atentos e
voltados para tudo que estava acontecendo ali, no Santuário. Não poderiam
estar, como dizemos hoje, “desligados” do culto, mas “sintonizados” e
envolvidos com tudo o que está acontecendo. Ora, ainda hoje Deus deseja o nosso
envolvimento total no culto de adoração a Ele (SI 29.9; 51.16,17; 103.1; Jo
4.24; Rm 12.1; Hb 10.19-23; 13.15).
4. A lâmina de ouro à
sua testa (Êx 28.36-38) era usada na frente da mitra sacerdotal, isto é, do
turbante (Êx 28.37). Nessa lâmina, estava gravado: “Santidade ao Senhor” (Êx
28.36). O significado da lâmina
com esses dizeres é explicitado no texto bíblico: Deus queria que o povo se
lembrasse dos seus pecados e da necessidade de serem santos, o que era
evidenciado todas as vezes que o sacerdote adentrava o Santuário para levar “a
iniquidade das coisas santas”, isto é, executar a expiação pela culpa do povo
(Êx 28.38).
Quando entrarmos na
presença de Deus, devemos nos lembrar que somos pecadores e Ele é Santo; que é
pelo sacrifício de Cristo, o nosso Sumo Sacerdote, que podemos entrar com
confiança na presença do Senhor; e que devemos viver uma vida santa. Sede
santos “em toda a vossa maneira de viver” (1 Pe 1.15; Lv 11.44).
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 132-126.
O Sacerdócio de Arão
O sacerdócio de Arão
era um dom de Deus por um povo que, por natureza própria, estava distante e
necessitava de alguém que aparecesse em seu nome continuamente na Sua presença.
O capítulo 7 da epístola aos Hebreus ensina-nos que a ordem do sacerdócio
estava ligada com a lei, que fora estabelecida segundo "a lei do
mandamento carnal" (versículo 16) e que fora impedida de permanecer pela
morte (versículo 23) e que os sacerdotes dessa ordem estavam sujeitos às
fraquezas humanas. Portanto, esta ordem não podia dar perfeição, e por isso
devemos bendizer a Deus por não ter sido instituída com "juramento".
O juramento de Deus só podia fazer-se em ligação com aquilo que devia durar
eternamente, e isto era o sacerdócio perfeito, imortal, e intransmissível do
nosso grande e glorioso Melquizedeque, que dá ao Seu sacrifício e ao Seu
sacerdócio todo o valor, e a dignidade e glória da Sua incomparável Pessoa. O
simples pensamento de que temos um tal sacrifício e um tal Sacerdote faz com
que o coração palpite com as mais vivas emoções de gratidão.
O Éfode e as Pedras Preciosas
Mas devemos
prosseguir com o exame dos capítulos que ainda temos à nossa frente. Em
capítulo 28 temos as vestes sacerdotais, e em capítulo 29 trata-se dos
sacrifícios. Aquelas estão mais em ligação com as necessidades do povo,
enquanto que estes se relacionam com os direitos de Deus. As vestes representam
as diversas funções e atributos do cargo sacerdotal. O "éfode" era o
manto sacerdotal, e estando inseparavelmente ligado às umbreiras e ao peitoral,
ensina-nos, claramente, que a força dos ombros do sacerdote e o afeto do seu
coração estavam inteiramente consagrados aos interesses daqueles que
representava, e a favor dos quais levava o éfode. Estas coisas, que eram
simbolizadas em Arão, são realizadas em Cristo. O Seu poder onipotente e amor
infinito pertencem-nos eternamente e incontestavelmente. Os ombros que sustém o
universo protegem até o mais fraco e obscuro membro da congregação redimida a
preço de sangue. O coração de Jesus bate com afeto imorredouro até mesmo pelo membro
menos considerado da assembleia redimida.
Os nomes das doze
tribos, gravados sobre pedras preciosas, eram levados tanto sobre os ombros
como sobre o peito do sumo sacerdote (vide versículos 9al2,15a29).A excelência peculiar
de uma pedra preciosa consiste no fato que quanto mais intensa é a luz que
sobre ela incide, tanto maior é o seu brilho esplendente. A luz nunca pode
obscurecer uma pedra preciosa; apenas aumenta e desenvolve o seu brilho. As
doze tribos, tanto uma como outra, a maior como a menor, eram levadas
continuamente à presença do Senhor sobre o peito e os ombros de Arão. Eram
todas, e cada uma em particular, mantidas na presença divina em todo este
resplendor perfeito da formosura inalterável que era próprio da posição em que
a graça perfeita do Deus de Israel as havia colocado. O povo era representado
diante de Deus pelo sumo sacerdote. Quaisquer que fossem as suas fraquezas, os
seus erros, ou faltas, os seus nomes resplandeciam sobre o "peitoral"
com imarcescível esplendor. O Senhor havia-lhes dado esse lugar, e quem poderia
arrancá-los dali?- Jeová tinha-os posto assim, e quem podia pô-los de outra formai
Quem teria podido penetrar no santuário para arrebatar de sobre o coração de
Arão o nome de uma das tribos de Israel? Quem teria podido manchar o brilho que
rodeava esses nomes no lugar onde Deus os havia colocado? Ninguém. Estavam fora
do alcance de todo o inimigo — longe da influência de todo o mal.
Quão animador é para
os filhos de Deus, que são provados, tentados, zurzidos e humilhados, pensar
que Deus os vê sobre o coração de Jesus! Perante os Seus olhos, eles brilham
sempre em todo o fulgor de Cristo, revestidos de toda a graça divina. O mundo
não pode vê-los assim; mas Deus vê-os desta maneira, em isto está toda a
diferença. Os homens, ao considerarem os filhos de Deus, veem apenas as suas
imperfeições e defeitos, porque são incapazes de ver qualquer coisa mais; de
sorte que o seu juízo é sempre falso e parcial. Não podem ver as joias
brilhantes com os nomes dos remidos gravados pela mão do amor imutável de Deus.
É certo que os cristãos deveriam ser cuidadosos em não dar ocasião a que os
homens do mundo falem injuriosamente; deviam procurar, fazendo bem, tapar a
boca à ignorância dos homens maus (lPe2:15). Se ao menos compreendessem, pelo
poder do Espírito Santo, a graça em que brilham sem cessar, aos olhos de Deus,
realizariam certamente as características de uma vida de santidade prática,
pureza moral e engrandecimento perante os olhos dos homens. Quanto mais
compreendermos, pela fé, a verdade objetiva, ou tudo o que somos em Cristo,
tanto mais profunda, prática e real será a obra subjetiva em nós, e maior será
a manifestação do efeito moral na nossa vida e caráter.
Mas, graças a Deus,
não temos que ser julgados pelos homens, mas por Ele Próprio: e misericordiosamente
mostra-nos o nosso sumo sacerdote levando o nosso juízo sobre o seu coração diante
do Senhor continuamente (versículo 30). Esta segurança dá paz profunda e sólida
ao coração—uma paz que nada pode abalar. Podemos ter de confessar e lamentar as
nossas falta se de feitos constantes; a nossa vista pode estar, por vezes,
obscurecida de tal maneira por lágrimas de um verdadeiro arrependimento que não
possa ver o brilho das pedras preciosas com os nossos nomes gravados, e todavia
eles estão nelas. Deus os vê, e isto é suficiente. É glorificado pelo seu
brilho; brilho que não é conseguido por nós, mas com que Ele nos dotou. Nada
tínhamos senão trevas, tristeza, e deformidades; mas Deus deu-nos brilho, pureza
e beleza. A Ele seja dado o louvor pelos séculos dos séculos!
O Cinto
O "cinto" é
o símbolo bem conhecido do serviço; e Cristo é o Servo perfeito o Servo dos
desígnios divinos e das necessidades profundas e variadas do Seu povo. Com
espírito de sincera dedicação, que nada podia impedir, Ele cingiu-se para a Sua
obra; e quando a fé vê assim o Filho de Deus cingido julga, certamente, que nenhuma
dificuldade é grande demais para Si. No símbolo que temos perante nós vemos que
todas as virtudes, méritos, e glórias de Cristo, na Sua natureza divina e
humana, entram plenamente no Seu caráter de servo. "E o cinto de obra
esmerada, do seu éfode, que estará sobre ele, será da mesma obra, da mesma obra
de ouro, e de pano azul e de púrpura, e de camesim e de linho fino
torcido" (versículo 8).
A fé disto deve
satisfazer todas as necessidades da alma e os mais ardentes desejos do coração.
Não vemos Cristo apenas como a vítima imolada no altar, mas também como o cingido
Sumo Sacerdote sobre a casa de Deus. Bem pode, pois, o apóstolo inspirado
dizer, "cheguemo-nos,... retenhamos... consideremo-nos uns aos
outros" (Hb 10:19-24).
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 28.4 As Seis Peças
do Vestuário. As seis peças distintivas das vestes do sumo sacerdote são
mencionadas neste versículo. O resto do capítulo descreve esses itens de forma
detalhada. Os crentes também dispõem de suas vestes (ou armadura) distintivas,
próprias para o conflito espiritual em que estão envolvidos (ver Efé. 6.10
ss.). Oferendas de estofo azul e linho fino torcido foram feitas, tudo de modo
voluntário, aos artífices, que passaram a empregar suas habilidades à confecção
das vestes sacerdotais.
A lista de itens não
inclui o turbante de Arão (que figura nos vs. 36-38), e também os calções
curtos (vs. 42). Não se sabe dizer por qual motivo foram deixados fora da
lista, mas 0 mais provável é que isso tenha acontecido por mero esquecimento do
autor sagrado, na preparação da lista de itens. Nada é dito sobre como os pés
dos sacerdotes eram calçados, mas o mais provável é que usassem simples
sandálias. Quanto a tipos e símbolos presumíveis dessas peças do vestuário sumo
sacerdotal.
Êx 28.5 Foram usados
materiais especiais, a saber: ouro, estofo azul, púrpura, carmesim e linho
fino, as cores dos véus usados no Lugar Santo e no Santo dos Santos. Ver Êxo.
26.1,31,36. A isso foram acrescentadas pedras de ônix e várias outras pedras
preciosas (Êxo. 28.9,17-21).
Êx 28.6 A estola
sacerdotal. No hebraico, ephod, palavra que significa “cobertura”. Há um artigo
detalhado a esse respeito, no Dicionário, intitulado Estola, que inclui
informes arqueológicos, que o leitor precisa examinar. Os sacerdotes levíticos usavam
estolas de linho, mas o sumo sacerdote dispunha de estolas bordadas em ouro,
azul, púrpura e carmesim. Uma estola especial era usada quando dos
pronunciamentos do sumo sacerdote, em seus oráculos. Essa estola ficava
pendurada no interior do templo (I Sam. 21.9).
Alguns estudiosos
supõem que o ephod foi a mais antiga das vestes sacerdotais. Naturalmente,
havia um uso anterior ao tabernáculo, e que era um artigo comum entre as vestes
de povos não-israelitas. Talvez houvesse nisso simbolismos místicos; nesse
caso, porém, não nos é dito quais poderiam ter sido esses sentidos simbólicos.
28.7 A estola
dispunha de duas peças para os ombros, as ombreiras, que talvez também
protegessem as costas. O artigo Sacerdotes, Vestimentas dos ilustra esse item.
Havia laços que prendiam as peças uma à outra, formando uma única peça com
frente e costas. Era uma espécie de malha sem mangas (Êxo. 39.4). As peças eram
unidas por duas pedras, que atuavam como se fossem botões (vs. 12). Alguns
intérpretes diziam que as duas peças eram costuradas uma à outra (Maimonides,
Hilchot Cafe Hamikdash, c. 9, see. 9). Nesse caso, as duas pedras eram meros
adornos.
28.8 O cinto de obra
esmerada. Ver no Dicionário 0 artigo Cinto. O cinto do sumo sacerdote era
altamente decorativo, completo com bordados (cf. Êxo. 28.39 e 39.29). Além de
deixar no lugar peças de roupa, em torno do corpo, 0 cinto tinha sentidos
místicos. O material (linho) do cinto era da mesma cor e do mesmo estilo do véu
do santuário, servindo de indício de que as vestes do sumo sacerdote mostravam
ser ele 0 administrador do santuário, em suas diversas funções sacerdotais. Ver
0 artigo geral intitulado Sacerdotes, Vestimentas dos. O cinto apertava a
estola em tomo da cintura (Lev. 8.7). O cinto fazia parte inseparável da estola
e era feito do mesmo material que esta.
Êx 28.9-10 Duas
pedras de ônix. Ver as notas sobre essa pedra em Gên. 2.12. Cf. Êxo. 25.7. Em
cada uma dessas pedras foram gravados os nomes de seis das tribos de Israel,
alistadas segundo a ordem de idade dos patriarcas que deram nomes às tribos. E
na mesma ordem foram gravados os nomes sobre as doze pedras preciosas do
peitoral (vss. 17-21). As pedras enfatizavam 0 prestígio das doze tribos, como
também os deveres que os sacerdotes tinham de servir bem Israel, ou seja, 0
povo inteiro, a congregação de Deus. “.. .assim sendo, quando Arão entrava no tabernáculo,
apresentava os nomes das tribos de Israel na presença de Deus (vs. 12)” (John
D. Hannah, in Ioc.).
Os Nomes por Ordem de
Nascimento: Uma das duas pedras de ônix continha os nomes: Rúben, Simeão, Levi,
Judá, Dã e Naftali. E a outra continha os nomes: Gade, Aser, Issacar, Zebulom,
José e Benjamim. Mas alguns autores judeus sugeriram outros arranjos de nomes.
Os eruditos também
discordam quanto à identidade dessas duas pedras. Alguns opinam em favor da
esmeralda ou do berilo. Josefo (Antiq. 3.7 par. 5) dizia que essas pedras eram o
ônix e a sardônica. Têm sido encontradas muitas pedras dessa qualidade, sendo
uma pedra comum na joalheria.
28.11,12 Essas pedras
eram lapidadas em forma de roseta e incrustradas em ouro, sob a forma de selos.
“Eram símbolos de autoridade e dedicação, em todo 0 mundo antigo (Gên. 41.42;
Jer. 22.24; Ageu 2.23). O papel de Arão como sacerdote, e a sua autoridade,
dependiam do pacto da graça de Yahweh. Ele apresentava diante do Senhor os
nomes das tribos de Israel. Israel era 0 fulcro de interesse de seu serviço”
(J. Coert Rylaarsdam, in Ioc.). “Os sinetes... como os do Egito, em sua maioria
eram anéis... mas os da Babilônia eram cilíndricos...” (Ellicott, in Ioc.).
Lapidação de Pedras
Preciosas na Antiguidade. As pedras preciosas de maior dureza (na escala de 1,
talco, a 10, diamante), ou seja, a esmeralda, a safira, 0 topázio, 0 rubi e 0
diamante, que eram tão duras que desafiavam os antigos lapidadores, de tal modo
que aparecem com menor frequência, eram menos usa- das que as pedras de dureza
menor (na mesma escala, 6 ou 7 pontos de dureza), que atualmente chamamos de
pedras semipreciosas, como o ônix, o jaspe, o lapis-lazuli, o sárdio, o berilo,
e 0 cristal de rocha.
As pedras de ônix
gravadas ficavam sobre os ombros da estola sacerdotal, talvez funcionando como
se fossem botões ou colchetes, juntando as duas peças da estola. Ou, então, na
opinião de outros intérpretes antigos, as duas peças eram costuradas uma à
outra, e aquelas pedras eram meras peças decorativas e simbólicas, sem
exercer qualquer outra função na estola sacerdotal. As variegadas pe- dras do
peitoral também continham nomes, cada pedra um nome de tribo, pelo que havia um
duplo lembrete do povo de Israel, ao qual o sumo sacerdote servia.
O Peitoral (28.13-30)
Êx 28.13,14 As pedras
do peitoral eram engastadas em garras de ouro. Cf. 0 vs. 11. Eram semelhantes
aos engastes das duas pedras de ônix das ombreiras da estola sacerdotal. Havia
duas correntes de ouro (vs. 14) que serviam ao propósito de suspender o peitoral
a partir das ombreiras. Essas correntes não foram confeccionadas à maneira
moderna, como elos entrelaçados, e, sim, eram como fios de ouro torcidos à moda
de cordas, um trabalho artístico e complicado. Essas correntes estavam presas
aos engastes das duas pedras de ônix. Ver os vss. 22-28 deste capítulo quanto a
outras informações sobre a questão.
Os arqueólogos têm
descoberto essas correntes de ouro em várias culturas antigas, incluindo a
egípcia, sendo perfeitamente possível que esses vários tipos de arte do
ourives, empregados na construção do tabernáculo e em sua decoração, tivessem
sido aprendidos pelos israelitas enquanto estavam no exílio, no Egito.
Êx 28.15 O peitoral
do juízo, Há um detalhado artigo sobre esse item, no Dicionário. Assim, as descrições
que damos aqui são abreviadas. O artigo no Dicionário intitula-se Peitoral do
Sumo Sacerdote. Aquele artigo inclui vários simbolismos do peitoral. O espaço
devotado a essa parte do vestuário do sumo sacerdote mostra a grande
importância que o autor sagrado dava à mesma. Era feita do mesmo material que a
estola (cf. o vs. 6). Tinha as dimensões 46 x 23 cm. Mas como era dobrado ao
meio, tornava-se um quadrado com 23 cm de lado. Doze diferentes pedras
preciosas eram engastadas em garras de ouro. Os nomes das tribos de Israel
foram gravados ali, um nome em cada pedra. Assim, os nomes das tribos de Israel
sobre as duas pedras de ônix (seis nomes em cada pedra), e os nomes dessas
mesmas tribos aqui (um nome em cada pedra), formavam um duplo lembrete, diante
de Deus, acerca do povo de Israel, em favor de quem o sumo sacerdote oficiava.
E fitas azuis prendiam o peitoral de encontro ao peito do sumo sacerdote, das
extremidades inferiores para baixo, mediante argolas de ouro, de tal modo que 0
peitoral nunca se separava da estola, quando 0 sumo sacerdote oficiava.
A sequência dos nomes
dos filhos de Israel provavelmente seguia a mesma ordem que havia nas duas
pedras de ônix, conforme se vê no vs. 9 deste capitulo.
No hebraico, a
palavra para “peitoral” é hoshen, termo que significa objeto belo. Portanto,
tanto na construção do tabernáculo quanto em tudo quanto dizia respeito ao
mesmo, predominava o senso estético. O peitoral atuava como bolsinha para o
Urim e o Tumim, sendo essa a sua principal finalidade. Por isso mesmo, há
estudiosos que pensam que o peitoral era uma espécie de algibeira, embora
também tivesse usos simbólicos, conforme já mencionei. Deixo que o leitor
examine o resto das descrições no citado artigo do Dicionário. Cf. o habilidoso
trabalho que essa peça exigiu com o que se vê em Êxo. 26.1,31; 28.6, pois em
ambos os casos temos a mesma técnica e as mesmas cores empregadas.
Êx 28.16 Quadrado e
duplo. Parece que os hebreus associavam o formato geométrico quadrado à ideia
de perfeição (ver Êxo. 27.1). Os gregos, por sua vez, faziam tal associação com
a figura geométrica do círculo. Os altares antigos tinham um topo de forma
quadrada. Mas havia altares circulares. Podemos pensar que a ideia de perfeição
estava associada a ambas essas formas. Também foi achado um altar de formato
triangular no topo, na Mesopotâmia; e havia altares de formato retangular. Mas
0 quadrado era a forma mais comum.
Lemos que o peitoral
era quadrado e duplo, porque sendo um retângulo de 46 x 23 cm, era dobrado ao
meio, para formar uma espécie de bolsa com aproximadamente 23 cm de lado. É
provável que um dos lados da peça dobrada fosse costurada, como também a parte
de cima, deixando um bolso lateral. Os egípcios faziam peitorais bastante
fortes, duplos, de linho, e 0 estilo desses peitorais egípcios bem pode ter
sido copiado neste caso. Maimonides (Hamikdash, c. 9, see. 6) disse que o pano
tinha 46 cm de comprimento antes de ser dobrado ao meio. Cf. o formato quadrado
da Nova Jerusalém, símbolo da Igreja de Cristo em sua glória (Apo. 21.16).
Parecem estar envolvidas nisso as ideias de firmeza, força, beleza simétrica e
perfeição.
Êx 28.17 Quatro
ordens de pedras. Cada fileira continha três pedras diferentes, o que resultava
em doze pedras. Nessas doze pedras foram gravados os nomes das doze tribos de
Israel, provavelmente seguindo a ordem de nascimento dos patriarcas, conforme
já foi dito no vs. 9 deste capítulo. As pedras de ônix das ombreiras da estola
sacerdotal, também foram gravadas, cada uma, com os nomes de seis das tribos de
Israel (Êxo. 28.11,12). Mas a função das pedras era a mesma: relembrar 0 sumo
sacerdote do povo ao qual servia, ao entrar no Santo dos Santos. Ver as notas
sobre 0 vs. 29 deste capítulo quanto a maiores explicações desse detalhe. Cf.
isso com Apo. 21.19,20 onde há uma lista similar de pedras preciosas, que
faziam parte da amamentação dos alicerces da Nova Jerusalém. Cf. também a lista
de pedras preciosas em Ezequiel 28.13.
Há uma considerável
dificuldade na identificação dessas pedras antigas com as pedras modernas,
chamadas por esses nomes. Os antigos não dispunham de ferra- mentas capazes de
trabalhar devidamente com as pedras preciosas de maior dureza, embora soubessem
lapidar e gravar bem pedras de menor dureza. No entanto, a arqueologia tem
achado joias feitas até mesmo com as pedras preciosas de maior dureza. A
despeito disso, permanece de pé o problema de identificação. O artigo existente
no Dicionário, chamado Joias e Pedras Preciosas menciona e descreve as doze
pedras mencionadas na lista que temos à nossa frente. Várias dessas pedras
recebem artigos separados. Ver a quarta seção daquele artigo.
Primeira Ordem:
Sárdio. No hebraico o
nome é odem; no grego, sardion. No Antigo Testamento, ver aqui; Êxo. 39.10 e
Eze. 28.13. No Novo Testamento, ver Apo. 4.3; 21.20. Trata-se de uma variedade
translúcida de sílica (dióxido de sílica), muita fina. Mediante uma luz
projetada sobre ela, torna-se marrom ou marrom alaranjado, mas de um vermelho
profundo mediante luz diretamente incidente. Trata-se de uma variedade de
calcedônia (dureza sete). Portanto, uma pedra semipreciosa. Na visão de João,
essa pedra decorava o sexto fundamento das muralhas de Jerusalém (Apo. 21.20).
O autor sagrado
repetiu a informação de que cada pedra teria seu próprio engaste de ouro (ver o
vs. 13). Assim, o nome de cada tribo recebia uma atenção e uma honra
individuais no peitoral do sumo sacerdote; e este podia e devia lembrar a cada
qual, em separado, e a todos eles, individualmente, quando estivesse ocupado em
seus deveres sagrados (ver 0 vs. 29).
Êx 28.21 Esculpidas
como sinetes. A gravação dos nomes das doze tribos de Israel seguiria o mesmo
procedimento efetuado no caso das duas pedras de ônix (vss. 10,11), sendo de
presumir que os nomes seguiriam a mesma ordem, ou seja, a sequência cronológica
do nascimento dos patriarcas que deram às tribos os seus nomes. Essa ordem
presumível aparece nas notas sobre 0 vs. 9 deste capítulo. No caso das pedras
de ônix, havia apenas duas, cada qual com seis nomes. Mas no caso das pedras do
peitoral, cada qual ostentava um nome. Também supõe-se que as ordens ou
fileiras, de uma a quatro, seguiria essa mesma ordem, pelo que a primeira ordem
teria os nomes de Rúben, Simeão e Levi, e assim por diante. Todavia, vários
outros arranjos têm sido sugeridos, pelo que a questão ficou em dúvida.
Adam Clarke (in loc.)
sugeriu um arranjo de acordo com os filhos de Lia; depois de Bila, depois de
Zilpa, e, finalmente, de Raquel, em lugar de um arranjo cronológico. Mas
devemos admitir que Adam Clarke escudou-se sobre vários eruditos judeus que
haviam falado nesse arranjo. John Gill, em contras- te, seguiu a ordem de
nascimentos, conforme se vê nos vss. 9-10 deste capítulo. Também é possível que
0 nome de Levi não estivesse incluído, sob pena de terem de ser gravados treze
nomes, a menos que, em lugar de Efraim e Manassés, houvesse somente 0 nome de
José. Não havia uma tribo de José, e, sim, duas tribos que descendiam de seus
dois filhos, Efraim e Manassés. Levi, por sua vez, tornou-se uma casta
sacerdotal, tendo perdido sua distinção e herança tribal (ver Núm. 1.47 ss.). E
assim, se deixarmos de fora Levi, mas adicionarmos Efraim e Manassés,
chegaremos ao número “doze”. A lista de Adam Clarke inclui Levi e José, mas
deixa de fora Manassés e Efraim. Não há certeza sobre como determinar
exatamente quais nomes foram incluídos, e nem qual o método seguido.
Êx 28.22 Correntes
como cordas. O autor sacro volta aqui à informação dada no vs. 14 deste capítulo,
onde há notas expositivas. Ver 0 artigo do Dicionário, Sacerdotes, Vestimentas
dos, onde dou um desenho representando 0 sumo sacerdote com todos os seus
paramentos. Essa gravura ajuda-nos a visualizar a questão. O item no lado
superior esquerdo é a estola. “Das duas correntes de ouro puro (vs. 14) pendia
a algibeira (o peitoral). Para cada corrente havia uma argola de ouro no canto
superior da algibeira. A outra extremidade de cada corrente de ouro ficava
presa a uma das pedras de ônix, na parte frontal das duas ombreiras” (J. Coert
Rylaarsdam, in loc.). Portanto, o peitoral ficava fixado em seu lugar, mediante
a ajuda de duas correntes de ouro, presas às ombreiras, e também mediante a
ajuda de dois laços azuis, de sua extremidade inferior para baixo.
Obra trançada de ouro
puro. Como cordas (conforme se vê no começo deste mesmo versículo). Não eram
correntes formadas por elos, conforme se vê nas correntes modernas, e, sim,
fios torcidos de ouro, como se faz com cordas ou fios.
Êx 28.23-25 Duas
argolas de ouro. Essas argolas foram postas nas extremidades superiores do
peitoral. Nessas argolas ficavam presas as correntes de ouro que desciam das
ombreiras. Desse modo, as correntes de ouro uniam as argolas às pedras de ônix
da estola (vss. 13,14 deste capítulo).
Êx 28.26-28 Havia
duas outras argolas de ouro, nas duas extremidades inferiores do peitoral, pelo
lado de dentro. Então um laço azul (vs. 28), prendia o peitoral à estola
sacerdotal, puxando-o para baixo. De acordo com o vs. 27, parece que havia
outras duas argolas de oura, que também contribuíam para prender o peitoral no
seu lugar. Embora haja alguma dúvida, entre os intérpretes, quanto a como
entender exata- mente esse arranjo, parece que os laços azuis (provavelmente
feitos de linho) prendiam as argolas duas a duas. A localização exata de todo
esse conjunto tem deixado os intérpretes confusos. O que é claro, pelo menos
para alguns, é que as correntes de ouro ligavam o peitoral à estola sacerdotal
(na parte de baixo).
No vs. 28 de nossa
versão portuguesa a impressão que se tem é que esse arranjo de argolas, duas a
duas, era ligado por fitas azuis, sobre o cinto da estola.
Obra esmerada.
Nenhuma outra peça do vestuário do sumo sacerdote era confeccionada com maior
arte e esmero do que o cinto da estola sacerdotal. Sobre esse item já se
comentou no oitavo versículo deste capítulo. O artigo do Dicionário, chamado
Sacerdotes, Vestimentas dos, tem um desenho sobre esse item. O cinto apertava a
estola em torno da cintura do sumo sacerdote (Lev. 8.7).
Êx 28.29 Arão levará
os nomes dos filhos de Israel... sobre o seu coração. Estava em pauta um
serviço eminentemente espiritual. Arão era o representante de Israel diante de
Deus, e nunca deveria olvidar-se do fato, em sua mente e em seu coração. As
palavras “sobre o seu coração” aparecem por três vezes, não mera- mente para
fornecer-nos uma localização, mas também um sentimento. Arão de- veria fazer
seu trabalho de todo o coração. Os sacerdotes operavam como intermediários,
como intercessores e como mestres. Os vss. 12 e 21 mostram-nos que as pedras
(as de ônix, que eram duas, sobre as ombreiras, e as doze pedras sobre 0
peitoral) traziam os nomes das doze tribos de Israel. Em favor delas é que ele
trabalhava, e estavam sempre diante dele nas próprias vestes que vestia, bem
como dentro de seu coração. Há informes de que Charles Spurgeon conhecia por
nome cada membro de sua vasta congregação, e que tinha tal conhecimento por-
que sempre procurava manter contato com os mesmos. Ele era um pastor de
ovelhas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 429-432.
28:5-14. A
Estola Sacerdotal.
6. Farão a estola sacerdotal. A medida de
nossa perplexidade pode ser demonstrada pelo fato de nem sequer sabermos se a
estola sacerdotal era um colete ou um avental, para usar termos modernos. Em qualquer
caso, era feita de material precioso (embora em outras partes do Velho
Testamento seja descrita meramente como a “ estola sacerdotal de linho” ,
talvez por ser este o mais comum dos seus materiais). A estola era a veste
sacerdotal típica, presa por duas ombreiras nas quais estavam engastadas duas
pedras memoriais gravadas com os nomes das tribos de Israel. A maioria dos
comentaristas modernos prefere o sentido de “ avental” ao de “ colete” , em
vista da descrição de Davi em 2 Samuel 6:14. O menino Samuel usava uma estola
sacerdotal de linho (1 Sm 2:18), bem como todos os homens da cidade sacerdotal
de Nobe (1 Sm 22:18). Por outro lado, quando Davi precisou de orientação, pediu
a Abiatar, o sacerdote, que trouxesse a “ estola sacerdotal” (1 Sm 23:9).
Uma vez que a bolsa contendo as pedras
oraculares sagradas era usada por sobre a estola, a referência naquela passagem
deve ser à própria bolsa. Além disso, a “ estola sacerdotal” é um eufemismo
claro para “ idolo” em certas ocasiões, embora a razão de tal uso seja
desconhecida (Jz 8:27; 17:5).
12. Pedras de memória. Cf versículo 30. Arão
levava os nomes das tribos de Israel perante Deus sempre que entrava no
Tabernáculo, identificando-se com o povo.
28:15*30. A Bolsa dos Oráculos.
15. O peitoral do juízo. Peitoral é pura
especulação para o termo hebraico fyõSen. Se a tradução for correta, Noth cita
um paralelo impressionante em Biblos, na Idade do Bronze. Trata-se de uma placa
de ouro, engastada com joias, presa por uma corrente de ouro. Aparentemente servia
de adorno para o tórax de um rei local. Excetuando-se o fato de que o peitoral
israelita era feito de pano, não de metal, e era duplo (formando uma espécie de
bolsa para as pedras com as quais se lançavam sortes), a semelhança é notável.
Basicamente, a ideia é bem simples: o sacerdote levava os objetos preciosos
(fossem eles o que fossem) numa pequena bolsa amarrada a seu pescoço: esta
bolsa, por sua vez, é apropriadamente adornada com os símbolos das tribos de
Israel.
29. Arão levará os nomes dos filhos de
Israel. Cf. o versículo 9 com referência às suas ombreiras. Isto reitera o
conceito de levar as tribos de Israel perante YHWH, já expresso no versículo
12, quer seja a ideia de levar sua culpa ou a de interceder por eles em oração 30.
O Urim e o Tumim. Isto explica porque esta peça do vestuário sacerdotal era
chamada de “ peitoral do juízo” , uma vez que continha as duas pedras
oraculares, pelas quais o “juízo” de Deus podia ser conhecido.
Seus nomes significam “luzes e perfeição”,
que se tomados literalmente, podem ser uma referência à natureza do Deus cuja
vontade elas revelavam. Podem, entretanto, ter sido usadas no sentido de “ alfa
e ômega” , princípio e fim(Ap 1:8), já que os dois nomes começam
respectivamente com a primeira e a última letras do alfabeto hebraico. Estas “
sortes” sagradas eram usadas para discernir a orientação divina, normalmente
com respostas do tipo “ sim” e “ não” : o exemplo mais claro é o caso da
indagação de Saul (1 Sm 14:41). Sua natureza é bem incerta: a sugestão mais
provável é a de duas pedras preciosas, mas a maneira em que eram usadas não é
clara. A julgar de analogias mais recentes, uma das pedras era retirada (ou
lançada fora) do peitoral, e a resposta “ sim” ou “ não” dependeria de qual
pedra aparecesse. Não há evidência bíblica para o uso deste método de se obter
orientação depois do tempo de Davi, mas presumivelmente os sacerdotes
continuaram a usar o peitoral do juízo, devido ao conservadorismo inerente a
todas as religiões. O sistema de “ lançar sortes” depois de orar, como meio de obter
orientação reaparece em Atos 1:26.
Talvez valha a pena observar que o oferecer
sacrifícios não era, de maneira alguma, a única função do sacerdote israelita.
Como observa Driver, a ele também cabia dar “ torah” ou instrução (Dt 33:10),
decidir por meio de Urim e Tumim (como aqui), e oferecer decisões judiciais “
perante Deus” no santuário (22:8,9). Além do mais, Urim e Tumim não eram a
única maneira aceitável de se pedir a direção divina, mesmo no começo da
história de Israel (1 Sm 28:15). Podemos presumir que, à medida que crescia a
atividade profética em Israel, a necessidade de se recorrer a tais meios “mecânicos”
de orientação diminuiu. Na Nova Aliança, não é por acaso que, depois da vinda
do Espirito (Atos 2), o uso de “ sortes” não mais acontece. Deus guia Seu povo
diretamente.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 193-195.
28.3 — Sábios de
coração. Esta é a primeira descrição da destreza humana que moldaria os itens
para a adoração no tabernáculo (em Êx 35.25, a mesma expressão é usada para
definir as mulheres habilidosas que fizeram a tecelagem).
Essas pessoas
possuíam uma habilidade que lhes fora concedida pelo Senhor. Além disso, Deus adicionou
a essa capacidade um dom especial do Espírito para auxiliar em Sua obra, por
isso a especificação a quem eu tenha enchido do espírito de sabedoria. O estudo
dos dons do Espírito (Rm 12.3-8; 1 Co 12.1-11) pode começar com esse registro
dos artesãos guiados espiritualmente.
28.4 — As vestimentas
sacerdotais foram especificadas: um éfode (v. 5-14), um peitoral (v. 15- 30),
um manto (v. 31-35), uma túnica (v. 39), uma mitra (v. 36-38) e um cinto (v.
39). Outras vestes foram feitas para os filhos de Arão (v. 40-43).
28.5-14 — O éfode
(uma transliteração do hebraico da palavra 'ephod) tem sido descrito de forma
variada. Algumas vezes se encontra a referência a um manto sem mangas; outras
vezes, a um colete feito de linho fino de cores vibrantes. Suas duas partes
cobriam o peito e as costas, com costuras nos ombros e uma faixa na cintura. Os
ombros eram ornados com belas pedras memoriais.
28.5,6 — Há muitas
ideias a respeito do possível significado para o uso das diversas cores. É difícil,
entretanto, descobrir no texto das Escrituras os valores simbólicos.
Aparentemente, a melhor aproximação que se faz desse significado é,
simplesmente, que o uso de cores vibrantes foi resultado de uma bela e extraordinária
ornamentação.
Como o texto diz, foi
uma obra esmerada.
28.7-12 — A s duas
pedras sardónicas, talhadas com os nomes das tribos de Israel, eram presas em
engastes de ouro. Elas simbolizavam o trabalho intercessor de um sacerdote. Ele
deveria representar o povo perante Deus. Os nomes das tribos estavam
literalmente escritos em seus ombros, de forma que o sacerdote pudesse levar
seus nomes como um memorial diante de Deus.
28.13,14 — O uso do
ouro acentuava a beleza e o valor do ornamento. Todo tipo de enfeite nas vestes
de um sacerdote falava da maravilha de sua aproximação com o Deus vivo. Imagine
como nossas vestimentas serão no céu, quando veremos o Senhor!
28.15 — O peitoral
era uma pequena bolsa que ficava pendurada abaixo do pescoço do sacerdote. Era
decorado com 12 pedras, uma para cada tribo de Israel. Nele ficavam o Urim e o
Tumim (v. 30).
Esse assessório era
usado pelo sacerdote em julgamentos solicitados, isto é, quando ele necessitava
de uma decisão vinda do Senhor acerca de uma questão que fora apresentada para
sua apreciação.
O peitoral era feito
dos mesmos tecidos que o éfode, no qual deveria ser devidamente amarrado.
28 .16 — Quadrado. O
peitoral media um palmo de comprimento e um palmo de largura. O palmo é
verificado com a mão estendida, fazendo - se a medição do polegar até o dedo
mínimo.
28.17-28 — Quatro
ordens de pedras preciosas e semipreciosas seriam fixadas ao peitoral. Essas 12
pedras levariam os nomes das 12 tribos de Israel, outro símbolo da
representação sacerdotal do povo perante Deus. Nem todas as pedras podem ser
precisamente identificadas hoje.
28.29 — Sobre o seu
coração é uma tocante expressão que lembrava o sacerdote de sua solene responsabilidade.
Ele representava a nação perante o Deus vivo. Qualquer dedicação menor merecia
o divino julgamento (veja o triste destino de Nadabe e Abiú, filhos de Arão, em
Lv 10.1,2).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 181-182.
O Testemunho da História
(I Cor 15.3-11)
O testemunho da história inclui os registros das Escrituras e o
testemunho pessoal.
a) Declaração das Escrituras (15.3-4). Paulo declara que “seu ensino
não é invenção sua, e que ele é apenas um canal através do qual este ensino foi
transmitido aos coríntios”. Uma das fontes das suas ideias eram as Escrituras
(3). Como o NT ainda não existia nessa época, as Escrituras mencionadas seriam
o AT. As passagens que provavelmente Paulo tinha em mente eram Isaías 53; Salmo
16; e Oséias 6.2. O verbo foi sepultado (4) está no tempo indeterminado e
indica um acontecimento do passado. O verbo ressuscitou (egegertai) está no
tempo perfeito e indica um processo contínuo - pois o Cristo ressuscitado é
continuamente o centro da vida.
Donald
S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 8. pag. 358.
I Cor 15.3 Agora, porém, ele apresenta mais uma vez o próprio evangelho
aos coríntios, sendo que toda a ênfase recai cada vez mais sobre a
―ressurreição‖. “Antes de tudo, vos transmiti o que também recebi.” O evangelho
é uma rica mensagem, porém existe nele um ―acima de tudo‖, um centro que a tudo
domina. E esse ―acima de tudo‖ não é um centrum Paulinum! Paulo, que na carta
aos Gálatas é capaz de enfatizar (Gl 1.12) que ele ―não o recebeu [o
evangelho], nem o aprendeu de homem algum, mas mediante revelação de Jesus
Cristo‖, emprega aqui propositadamente os termos técnicos dos rabinos sobre o
aprender de outros que lhe são familiares desde a juventude: “receber –
transmitir”. Os coríntios não devem ter nenhuma possibilidade de esquivar-se de
suas colocações com a desculpa de que se trata apenas de uma opinião particular
de Paulo. Não, o apóstolo se encontra de maneira plena e integral no fluxo da
tradição geral e não está reproduzindo seus próprios pensamentos. Isso não é
uma contradição com Gl 1.12. A palavra do Senhor ressuscitado a Saulo de Tarso
às portas de Damasco é tão sucinta quanto possível: ―Eu sou Jesus a quem
persegues.‖ A revelação direta de Jesus tornou certeza para quem até então o
perseguia, somente esse único fato, de que aquele Jesus pregado à cruz está
verdadeiramente vivo e é o kyrios. Todo o resto, todos os detalhes, todas as
correlações históricas de Jesus tiveram de ser aprendidas daqueles que
estiveram desde o início com Jesus.
Em seu encontro com Paulo Jesus nem mesmo havia falado do sentido e da
finalidade de seu sofrimento e morte. Com certeza foi por meio do próprio
Espírito Santo que resplandeceu para o convertido Paulo a solução básica do
enigma escandaloso, isto é, por que o Messias Jesus, expulso por Israel, teve
de morrer como maldito (Gl 3.13) no madeiro: “que Cristo morreu pelos nossos
pecados”. Porque ele de imediato anunciou a Jesus e somente três anos mais
tarde visitou Pedro em Jerusalém. Ao mesmo tempo, porém, foi da maior
importância para ele que ele ouvisse de Pedro e da primeira igreja a mesma
coisa: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras.”
Estamos tão acostumados com essa frase curta que podemos ouvi-la sem
ficarmos singularmente abalados. Contudo, quanto ela diz! Como devem ser
terríveis os nossos pecados se tornaram essa terrível morte maldita do Messias
necessária para a nossa salvação. Como é certa, porém, nossa redenção, nossa
posição limpa perante Deus, se Deus realizou esse ato extremo em favor de nós!
Nesse ponto Paulo é completamente unânime com a tradição do primeiro
cristianismo. Não obstante toda a riqueza de palavras e feitos de Jesus
relatados, os evangelhos são acima de tudo ― história da paixão‖ e correm em
direção da cruz. O que Jesus realizou curando enfermidades, libertando pessoas
endemoninhadas, consertando vidas humanas, tudo está de antemão alicerçado em
sua morte por nossos pecados e selado por essa morte. Com toda a razão e com
plena convicção Paulo por isso estava decidido a ― nada saber senão a Jesus
Cristo e este crucificado‖ (1Co 2.2). Também nisso tinha certeza da concordância
com ― as Escrituras‖. Agora não precisava fornecer aos coríntios diversas
provas da Escritura. De suas cartas depreendemos que Paulo constantemente
aponta para o que está escrito ao fazer suas exposições. Seu interesse não
reside num sistema teológico do Antigo Testamento, mas sempre em palavras
isoladas decisivas que representam para ele a voz convincente das ―Escrituras‖.
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos I
Coríntios . Editora
Evangélica Esperança.
2. O Urim e Tu mim
(Êx 28.30).
Peitoral de Juízo. O
Urim e o Tumim
"Também porás no
peitoral do juízo Urim e Tumim", (luzes e perfeições) "para que estejam
sobre o coração de Arão, quando entrar diante do SENHOR; assim, Arão levará o
juízo dos filhos de Israel sobre o seu coração, diante do SENHOR,
continuamente" (versículo 30). Aprendemos em várias passagens da Escritura
que o Urim estava relacionado com a comunicação da mente de Deus, quanto às
diferentes questões que se levantavam nos porá perante Eleazar, o sacerdote, o qual por
ele consultará, segundo o juízo de Urim, perante o SENHOR" (Num. 27:21).
"E de Levi disse: Teu Tumim e teu Urim (as tuas perfeições e luzes) são para
o teu amado... ensinaram os teus juízos a Jacó e a tua lei a Israel" (Dt
33:8 -10). "E perguntou Saul ao SENHOR, porém o SENHOR lhe não respondeu,
nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas" (1 Sm 28:6). "E
otirsata lhes disse que não comessem das coisas sagradas, até que houvesse
sacerdote com Urim e com Tumim"(Ed 2:63). Vemos assim que o sumo sacerdote
não só levava o juízo da congregação perante o Senhor, como comunicava também o
juízo do Senhor à congregação—solenes, importantes, e preciosas funções! É o
que temos, com perfeição divina, no nosso "grande sumo sacerdote, ...que
penetrou nos céus" (Hb 4:14). Leva continuamente o juízo do Seu povo sobre
o coração, e, por intermédio do Espírito Santo, comunica-nos o conselho de Deus
a respeito dos pormenores mais insignificantes da nossa vida diária. Não temos
necessidade de sonhos ou visões: se andarmos em Espírito, desfrutaremos toda a
certeza que pode conceder o perfeito "Urim" sobre o coração do nosso
Sumo Sacerdote.
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 28.30 O Urim e o
Tumim. Há um artigo detalhado sobre essas pedras (ou o que quer que elas tenham
sido) no Dicionário. Há muitas opiniões quanto à natureza desses objetos e
quanto à sua utilidade. Talvez a Oxford Annotated Bible (in Ioc.) esteja com a
razão ao dizer apenas que eram sortes por meio das quais o sumo sacerdote (ao
lançá-las) tomava decisões oraculares. Portanto, serviriam de meios de oráculo,
medi- ante os quais o sumo sacerdote obtinha decisões ou informações, conforme
vemos em Núm. 27.21; Deu. 33.8 e I Sam. 28.6. Os apóstolos usaram sortes a fim
de determinar a importante questão da substituição de Judas Iscariotes como
apóstolo (Atos 1.26); e é possível que o precedente para isso fosse 0 exemplo
dado pelos próprios antigos su- mos sacerdotes de Israel.
Também há quem pense
que o Urim e o Tumim fossem diamantes através dos quais o sumo sacerdote,
talvez mediante auto-hipnose, era capaz de entrar em estado de transe, quando
então entrava em contato com a mente de Yahweh. Seja como for, estava em foco
uma forma de adivinhação (ver a esse respeito no Dicionário).
Tipos. Visto que
temos à nossa frente um modo de iluminação espiritual, o Urim e o Tumim
simbolizavam a luz que nos é conferida pelo Espírito de Deus, o Grande
iluminador.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 432.
O Urim e o Tumim, por
cujo intermédio à vontade de Deus era conhecida em casos duvidosos, foram
colocados neste peitoral, que é, por isto, chamado de peitoral do juízo, v. 30.
Urim e Tumim significam luz e perfeição. Entre os estudiosos existem muitas
conjeturas sobre o que seriam eles. Não temos razão para pensar que fossem
qualquer coisa que Moisés devesse confeccionar, além do que foi ordenado antes,
de modo que, ou o próprio Deus os fez e os deu a Moisés, para que os pudesse
sobre o peitoral, quando outras coisas fossem preparadas (Lv 8.8), ou nada mais
são do que uma declaração do uso adicional daquilo que já tinha sido ordenado
que fosse confeccionado. Eu penso que as palavras podem ser interpretadas da seguinte
maneira: E darás, ou acrescentarás, ou colocarás no peitoral do juízo a luz e a
perfeição, e elas estarão sobre o coração de Arão. Isto é, ele será dotado de
um poder de conhecer e dar a conhecer a vontade de Deus, em quaisquer casos
difíceis e duvidosos, relacionados ao estado civil ou eclesiástico da nação. O
governo era uma teocracia; Deus era o seu Rei, o sumo sacerdote era, depois de
Deus, o seu governante, e o Urim e o Tumim eram o seu ministério ou gabinete.
Provavelmente Moisés escreveu sobre o peitoral, ou teceu ali, as palavras Urim
e Tumim, para indicar que o sumo sacerdote, ao vestir este peitoral, e ao pedir
conselho a Deus em qualquer emergência relacionada ao público, fosse instruído
a tomar tais medidas e a dar o conselho que Deus reconhecesse. Se ele estivesse
diante da arca (mas sem o véu), provavelmente receberia instruções do
propiciatório, como acontecia com Moisés (cap. 25.22). Desta maneira,
aparentemente, aconteceu com Finéias, Juízes 20.27,28. Se ele estivesse
afastado da arca, como estava Abiatar quando buscou ao Senhor, por Davi (1 Sm
23.6ss.), então a resposta seria dada, ou por uma voz do céu, ou por um impulso
na mente do sumo sacerdote, o que talvez esteja indicado na expressão, Levará o
juízo dos filhos de Israel sobre o seu coração. Este oráculo foi muito útil
para Israel; Josué o consultou (Nm 27.21) e, provavelmente, também os juízes
posteriores a ele. Eles foram perdidos no cativeiro, e nunca foram recuperados,
embora, aparentemente, fossem esperados, Esdras 2.63. Mas isto era um indício
de boas coisas futuras e a essência é Cristo. Ele é o nosso oráculo. Por Ele,
Deus, nestes últimos dias, nos dá a conhecer, a si mesmo, e à sua vontade,
Hebreus 1.2; João 1.18. A divina revelação está centrada nele, e vem a nós por
meio dele; Ele é a luz, a luz verdadeira, a testemunha fiel, a verdade
propriamente dita, e dele nós recebemos o Espírito da verdade, que conduz a
toda a verdade. A união do peitoral ao éfode indica que o trabalho profético de
Cristo se baseava no seu sacerdócio. E pelo mérito da sua morte Ele resgatou
esta honra para si mesmo, e este favor, para nós. O Cordeiro que tinha sido
morto é que era digno de tomar o livro e abrir os selos, Apocalipse 5.9.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 318.
III -
MINISTROS DE CRISTO PARA A IGREJA
1. Chamados por Deus.
O chamado de Deus
para o ministério vocacional é diferente do chamado à salvação e do chamado que
atinge todos os crentes: o serviço. Trata-se de uma convocação de homens
selecionados para servir como líderes da igreja. Os destinatários desse chamado
precisam ter a certeza de que Deus assim os escolhe para liderar. A
concretização desse fato repousa sobre quatro critérios, o primeiro dos quais é
uma confirmação deste chamado por outras pessoas e por Deus, pelas
circunstâncias através das quais Ele providencia um lugar para o ministério. O segundo
critério é a posse das habilidades necessárias ao serviço em posições de
liderança. O terceiro consiste em um profundo desejo de servir no ministério. A
qualificação final é um estilo de vida caracterizado por integridade moral. Um
homem que preencha esses quatro requisitos pode descansar na certeza de que
Deus o chamou para a liderança cristã vocacionada.
Frequentemente,
recebo chamados de pessoas que, por vários motivos, estão interessadas no
treinamento oferecido pelos seminários. A maior parte delas crê que Deus a está
dirigindo para o ministério como vocação de tempo integral Essa inclinação é
muitas vezes denominada “chamado”. Este capítulo explica o significado do
chamado, procurando diminuir os equívocos em torno dessa experiência
inigualável.
O chamado de Deus
para o ministério vocacional possui dimensões diferentes.
Em primeiro lugar,
está o chamado à salvação. Esse precisa ser o ponto de partida de qualquer
chamado ao serviço ou ministério. A pessoa que deseja identificar seu chamado
ao ministério vocacional deve primeiro certificar-se de que é chamada por
Cristo (2 Co 13.5). Não se deve ter a ousadia de cogitar um ministério do
Evangelho da graça ao povo de Deus, sem antes experimentar esta graça por meio
da fé salvadora em Jesus Cristo.
O chamado à salvação
também envolve um chamado ao serviço (Ef 2.10). Deus não nos predestinou apenas
à salvação, mas a uma vida de serviço. Servir é privilégio e obrigação de todos
os cristãos. Esse chamado ao serviço implica que nós, como cristãos,
constituímos “o sacerdócio real” (1 Pe 2.9). Nosso privilégio é anunciar as
virtudes daquEle que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pe
2.9). Kãsemann o vê como uma referência ao fato de que aquele que provou
pessoalmente o poder gracioso de Deus tem a responsabilidade de reconhecer esta
experiência publicamente. Assim, todos os crentes devem se engajar no
ministério do serviço como sacerdotes do Senhor. Para cumprir esse ministério,
devem possuir o Espírito Santo, o qual lhes concede habilidades espirituais (1
Co 12.11). Esses dons espirituais expressam o propósito de servir para o bem
comum da igreja (1 Co 12.7). O apóstolo Paulo escreveu aos efésios: “Mas a
graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo” (Ef 4.7).
Esses dons estão alistados em 1 Coríntios 12.8-10,28-30 e Romanos 12.6-8. Os
cristãos são mordomos desses dons e vão prestar contas de sua mordomia (1 Pe
4.10).
Além de chamar os
cristãos ao uso de seus dons espirituais, Deus estende esse chamado ao
ministério vocacional de liderança. Conscientes de que todo crente deve se
envolver na obra do Senhor, vamos usar o termo ministério no presente contexto
para nos referir a um tipo específico de serviço prestado à igreja por um grupo
particular de líderes.
O chamado para a
liderança implica homens dotados e concedidos à igreja pelo Senhor da Igreja
(Ef 4.12). Essa responsabilidade é tanto geral – exercer liderança em adoração,
pregação, ensino, pastorado e evangelização – como específica - disciplina e
aconselhamento.
Deus usou Charles
Haddon Spurgeon de modo grandioso no final do século XIX. Ele pregou para
milhares de pessoas semanalmente em Londres, no Metropolitan Tabernacle. Além
de sua forte paixão pela pregação, ele possuía um grande desejo de desenvolver
jovens para o ministério. Esse anseio fez com que instituísse a “Faculdade de
Pastores”, como parte do ministério da igreja.
Seu livro Lições aos
Meus Alunos, uma compilação de preleções realizadas nessa faculdade, fornece
uma ideia precisa da seriedade do chamado para o ministério vocacional. Nas
primeiras páginas de seu livro, ele pergunta:
Como pode o jovem saber
se é vocacionado ou não. É uma indagação ponderável, logo desejo tratá-la aqui
mui solenemente. Oh, a divina orientação para fazê-lo! O fato de que centenas
perderam o rumo e tropeçaram em um púlpito está patenteado tristemente nos
ministérios infrutíferos e nas igrejas decadentes que nos cercam. Errar na
vocação é terrível calamidade para o homem e para a igreja sobre a qual ele se
impõe, seu erro envolve aflição das mais dolorosas.
Spurgeon continua
salientando a importância de reconhecer o chamado quando afirma: “É-lhe
imperativo que não entre no ministério enquanto não fizer profunda sondagem e
prova de si próprio quanto a esse ponto”.
William Gordon
Blaikie também ministrou em Londres quase na mesma época que Spurgeon. Ele
também viu a importância do chamado para o ministério e apresentou seis critérios
para avaliá-lo: salvação desejo de servir, de viver uma vida que contribua para
o serviço, capacidade intelectual, aptidão física e elementos sociais.
Calvino dividiu o
chamado em duas partes ao declarar: “Para que alguém seja considerado
verdadeiro ministro da igreja, é necessário que considere o ‘objetivo ou o
exterior’ dela e o chamado secreto, interior, de que ‘só o próprio ministério
tem consciência’”.
Oden conclui seu
artigo “O Chamado para o Ministério com uma discussão acerca da correspondência
entre os aspectos internos e externos do chamado: O chamado interno é uma consequência
do contínuo poder de direção ou de evocação do Espírito Santo que, a seu tempo,
conduz o indivíduo para perto do chamado externo da igreja, ou seja, para o
ministério. O chamado externo é um ato da comunidade cristã que, pelo devido
processo, confirma aquele chamado interno. Ninguém pode cumprir o difícil papel
de pastor adequadamente se não for chamado e comissionado por Cristo e pela
Igreja. Esse é o motivo pelo qual é tão crucial, tanto para o candidato como
para a igreja, que a correspondência entre o chamado interno e o externo se
estabeleça desde o início com clareza razoável.
Por que é tão
necessário que experimentemos uma compulsão interna e externa para o
ministério? Em seu volume clássico sobre ministério, Bridges expõe os motivos
pelos quais um chamado é tão importante:
A labuta no escuro,
sem uma comissão segura, tolda em muito a garantia da fé nos compromissos
divinos; e o ministro, incapaz de se valer do apoio celestial, sente em seu
trabalho “as mãos caídas e os joelhos fracos”. Por outro lado, a confiança de
que está agindo em obediência ao chamado de Deus e de que Ele está em seu
trabalho e em seu caminho, encoraja-o nas dificuldades, conscientizando-o das
obrigações pelas quais deve responder com força onipotente.
Como Bridges declarou
eloquentemente, o problema está no homem e em sua confiança em Deus. O homem
confia que Deus o comissionou para uma tarefa que apenas o poder de Deus pode
manter. Criswell fala dessa confiança: ‘A primeira e a maior de todas as
fortalezas do pastor é a convicção profunda, como a própria vida, de que Deus o
chamou para o ministério. Se essa persuasão for inabalável, todos os outros
elementos de sua vida distribuir-se-ão em bela ordem e lugar”.
Respondendo à
pergunta: “Qual a importância da certeza de um chamado especial?”, Sugden e Wiersbe
afirmam: ‘A obra do ministério é muito desgastante, sendo difícil para um homem
entrar nela sem uma consciência do chamado divino. Em geral, os homens entram e
depois saem do ministério, pois lhes falta uma consciência da urgência divina.
Apenas um chamado definido por Deus pode dar a alguém sucesso no ministério”.
Como os profetas do
Antigo Testamento, os ministros de hoje falam das coisas de Deus sob constantes
ataques e pressões. Lutzer, referindo-se às dificuldades do ministério, afirma:
Não vejo como alguém
possa sobreviver no ministério, caso sinta que essa foi sua própria escolha.
Alguns ministros não têm sequer dois dias agradáveis.
Eles são sustentados
pelo conhecimento de que Deus os colocou onde estão. Os ministros sem essa
convicção carecem muitas vezes de coragem e carregam uma carta de demissão no
bolso do paletó. Ao menor sinal de dificuldade, vão-se embora.
Crendo como esses
homens, na importância do chamado ministerial, apresento quatro perguntas que
podem ser utilizadas para avaliar esta convocação.
Quatro palavras
resumem quatro passos específicos: confirmação, habilidades, anseios e vida.
HÁ Confirmação?
A confirmação pode
ser divina e de outros.
Confirmação de Outros
Em Atos 16.1,2,
compreende-se a importância do reconhecimento público na confirmação do chamado
para o ministério e liderança. Timóteo foi, provavelmente, um convertido de
Paulo em sua primeira viagem missionária (veja At 14.6). Paulo o chamou de “meu
verdadeiro filho na fé” (1 Tm 1.2). Ao iniciar a segunda viagem missionária,
Paulo passou pelas regiões que havia visitado em sua primeira viagem,
“confirmando as igrejas” (At 15.41). Ele chegou à cidade de Timóteo e descobriu
que este possuía bom testemunho dos irmãos que estavam em Listra e em Icônio
(At 16.2). A consequência foi: “Paulo quis que Timóteo fosse com ele” (At
16.3). A confirmação pública de Timóteo transformou-o em uma aquisição
desejável para a equipe missionária de Paulo. Mais tarde, quando Paulo escreveu
a Timóteo, ele o lembrou de sua confirmação pública, referindo-se à “imposição das
mãos do presbitério” (1 Tm 4.14). Tanto Paulo como os líderes da comunidade
local haviam visto como Deus abençoou e usou Timóteo no serviço local. Assim,
ele foi reconhecido e comissionado para servir a Deus no ministério
internacional.
Spurgeon concorda que
a confirmação pública é um passo necessário depois do sentimento interior,
estando relacionada ao chamado para o ministério. Ele conclui: ‘A vontade do
Senhor referente aos pastores é conhecida mediante o piedoso julgamento da
igreja. É necessário, como prova de seu dom, que sua pregação seja aceitável ao
povo de Deus. Muitos homens que sentem a compulsão interior para entrar no
ministério hesitam em submeter este sentimento à confirmação da igreja. Por
alguma razão, não confiam na igreja quanto a essa área importante de sua vida.
Spurgeon disse aos seus alunos:
Muitas igrejas julgam
segundo a carne, nem todas as igrejas são sábias, nem todas julgam no poder do
Espírito Santo. Apesar disso, estaria mais pronto para aceitar a opinião de um
grupo do povo do Senhor do que a minha própria opinião sobre um assunto tão
pessoal como os meus dons e graças. De qualquer forma, quer valorizem o
veredicto da igreja, quer não, uma coisa é certa: nenhum de vocês pode ser
pastor sem o amoroso consentimento do rebanho. Portanto, este lhes servirá de indicador
prático, senão correto.
Bridges também nos
aconselha sabiamente quando comenta opiniões, especialmente de amigos e
ministros experientes: “[Eles]... podem ser úteis para garantir se o desejo de
trabalhar é ou não um impulso do sentimento e não um princípio, ou mesmo se a
capacitação não é uma presunção enganosa”.
A Bíblia fala muito
de buscar orientação e conselhos sábios. Os Provérbios são especialmente
excelentes nesta área: “Não havendo sábia direção, o povo cai, mas, na multidão
de conselheiros, há segurança” (11.14); “O caminho do tolo é reto aos seus
olhos, mas o que dá ouvidos ao conselho é sábio” (12.15); “Da soberba só provém
a contenda, mas com os que se aconselham se acha a sabedoria” (13.10); “Onde
não há conselho os projetos saem vãos, mas, com a multidão de conselheiros, se
confirmarão” (15.22).
Além disso, o
conselho e a orientação dos outros constituem o procedimento para a ordenação,
que é o processo de reconhecimento público da pessoa separada para o ministério
(veja o capítulo 8, “A Ordenação para o Ministério Pastoral”). A Bíblia indica
que a Igreja Primitiva tinha um processo específico pelo qual um grupo de
crentes escolhia e separava os líderes para o serviço. A instrução de Paulo
para que Tito destacasse presbíteros (Tt 1.5) exemplifica uma série de
passagens que insinua a ideia de um processo de ordenação. A base para a
indicação era o reconhecimento de homens qualificados em cada uma das cidades.
Uma boa definição de ordenação é a confirmação pública de uma qualificação ou
dotação interior, isto é, da formação e experiência no ministério.
Embora a pessoa
ordenada não seja diferente dos outros membros da congregação, a ordenação
pública proporciona uma confirmação visível de que Deus chamou um indivíduo
para usar suas habilidades e dons singulares em benefício de toda a igreja.
Confirmação de Deus Newton
encontrou três indicações do chamado para o ministério: desejo, competência e
providência de Deus. Ele denominou a terceira indicação de “uma correspondente
abertura na providência, mediante uma série gradativa de circunstâncias que
apontam para os meios, o lugar e o momento de entrar de fato no trabalho”. Esse
fator cobre tudo o que discutimos até aqui. A soberania de Deus convoca certos
homens à liderança na igreja local. Deus lhes concede os dons para que
desempenhem suas funções ministeriais, tornando-os desejosos deste serviço e
preparando circunstâncias para prover-lhes o lugar no ministério.
Tudo isso refere-se a
portas abertas e bênçãos de Deus. Paulo disse em 1 Coríntios 16.8,9: “Ficarei,
porém, em Éfeso até ao Pentecostes; porque uma porta grande e eficaz se me
abriu”. Ele, então, contrapõe os obstáculos à oportunidade:
“E há muitos
adversários”.
Esses adversários são
um elemento constante no ministério e, às vezes, causam frustrações e limitam
os resultados. Mas os resultados não são o indicador final das bênçãos de Deus.
Muitos têm labutado durante todo o ministério, alcançando pouco ou nenhum fruto
visível. Jeremias profetizou por mais de 40 anos (Jr 1.2,3), obtendo pouca ou
nenhuma reação do povo. Adoniram labutou sete anos na Birmânia antes de ter seu
primeiro convertida porém ainda via a mão da providência de Deus em seu
ministério. A carreira ministerial nunca é fácil e os resultados nem sempre são
positivos, mas uma consciência de que Deus confirma o trabalho deve estar
sempre presente.
Além de perguntar se
há confirmação de Deus, o homem que deseja saber se é chamado precisa fazer
várias perguntas práticas:
Os outros confirmam
meus dons e minha capacidade de liderança?
Eles me pedem que
atue em uma função de líder?
Eles me pedem que
comunique as verdades de Deus por meio do ensino ou da pregação?
Essas são as pessoas
que me sugerem pensar no ministério?
As respostas a essas
perguntas só surgem em meio a um envolvimento ativo no ministério de uma igreja
local. Para receber confirmação pública, é preciso que haja ministério público.
Esse ministério implica o uso dos dons e das habilidades que as pessoas possam
identificar, ajudar a desenvolver e incentivar.
Sem essas
capacidades, faltará confirmação. Assim, as habilidades são uma parte
importante no processo de determinação do chamado.
HÁ um Anseio?
Em 1 Timóteo 3.1, o
apóstolo Paulo escreve: “Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja”.
A palavra traduzida por “deseja” (oregomai), que ocorre apenas três vezes no
Novo Testamento. Este termo significa “distender-se para tocar ou pegar algo,
buscar ou desejá-lo”. É o retrato de um atleta acelerando os passos para cruzar
a linha de chegada. Esse vocábulo também aparece em 1 Timóteo 6.10, onde é
traduzido por “cobiça” relacionada ao dinheiro, a este se devota tanto amor que
passa a ser a própria raiz de “toda espécie de males”. O terceiro uso está em
Hebreus 11.16, em que é traduzido por “desejar”, frase na qual o objeto do
desejo é a “pátria celestial”.
Assim, cada contexto
determina a legitimidade da distensão e da busca.
A segunda palavra que
fala da compulsão interna em 1 Timóteo 3.1 é (epithumeõ), verbo que significa
“colocar o coração, desejar, cobiçar, ambicionar”. A forma substantivada desse
verbo tem em geral um sentido negativo, mas o sentido básico do verbo é bom ou
neutro, significando um desejo particularmente forte. Essa aspiração pelo
ministério é, portanto, um impulso interior que se expressa em desejo exterior.
Sanders observa que o
objeto do desejo não é o ofício, mas o trabalho. Deve haver um desejo pelo
serviço, não pela posição, fama ou fortuna. Assim, essa aspiração é boa,
contanto que se tenha boas motivações.
Spurgeon oferece o
seguinte conselho quanto ao desejo pelo ministério: Note bem, o desejo de que
falei deve ser totalmente desinteressado. Se um homem perceber, depois do mais
severo exame de si próprio, qualquer outro motivo que a glória de Deus e o bem
das almas em sua busca do episcopado, melhor será que se afaste dele de uma
vez, pois o Senhor aborrece a entrada de compradores e vendedores em seu
templo. A introdução de qualquer coisa que cheire a mercenário, mesmo no menor
grau, será como um inseto no unguento, estragando-o todo.
Esse desejo interior
deve ser tão desinteressado a ponto de o líder aspirante não visualizar-se
perseguindo outra coisa, exceto o ministério. “Não entre no ministério, se
puder passar sem ele”, foi o sábio conselho de um velho pregador a um jovem
quando indagado sobre sua opinião quanto a seguir o ministério.
Bicket disse: “Se
você pode ser feliz fora do ministério, fique fora. Mas se veio o solene
chamado, não fuja”. Bridges o considera “um desejo constrangedor... uma
qualificação ministerial primária”
John
MacArthur, Jr. Redescobrindo o
Ministério Pastoral. Editora CPAD. pag. 125-132; 137-138.
A Chamada para o
Ministério SEU MÉTODO Deus chama homens para exercerem as mais distintas
tarefas em sua obra, e, como Ele é soberano em seus desígnios, então não existe
um método definido para a chamada divina. Existe, sim, o método divino,
soberano e poderoso. A Bíblia registra a chamada de vários servos de Deus, e,
por uma questão didática apenas, queremos abordar este assunto sob dois
aspectos: a) Método direto Deus tem chamado homens de um modo direto. Entre
esses, encontramos: Noé. "Então disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda
carne, porque a terra está cheia da violência dos homens: eis que os farei
perecer juntamente com a terra" (Gn 6.13). 0 tempo era terrível, pois a
sociedade estava corrompida à vista de Deus. A violência, a hostilidade e pecaminosidade
eram o ambiente natural daquela época. Em meio a esse ambiente conturbado, Deus
chamou Noé e deu-lhe a ordem de construir uma arca. A chamada de Noé era para
construir. Podemos imaginar as ironias, pressões, contestações e até mesmo
hostilidades que Noé sofreu quando começou seu projeto de construir a arca.
Certamente ele foi tido como louco, paranóico. Porém Noé tinha plena certeza de
sua chamada e missão dadas diretamente por Deus (Gn 6.8-12). Abraão. "Ora
disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu
pai, e vai para a terra que te mostrarei" (Gn 12.1). A chamada de Abraão
era para deixar seu povo, sua cidade, seus parentes, amigos e até mesmo alguns
bens, e ir para uma terra que ele não conhecia. Essa decisão exigiu fé e
ousadia, e somente uma poderosa chamada de Deus poderia arrancar Abraão de sua
terra para ir em busca de uma nova terra. Os homens consideram isso uma
aventura, um golpe no ar. Naquele tempo, certamente muitos amigos e parentes o
aconselharam a abandonar essa ideia de ir para a terra prometida. Mas Abraão
tinha certeza de sua chamada, e por isso, obedeceu (Gn 12.4). Moisés.
"Vem, agora, e Eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os
filhos de Israel, do Egito" (Êx 3.10). Moisés fracassou em sua primeira
tentativa de ajudar seu povo (Êx 2.11-13), e, sem dúvida, esse revés marcou sua
vida, e ele passou a se julgar incapaz para qualquer tipo de empreitada dessa
ordem. A chamada de Moisés contém o antídoto para sua frustração interior. Deus
o chamou, primeiramente para si: "Vem, agora" e se identificou como o
Deus de seus pais, Abraão, Isaque e Jacó (Êx 3.1-22). Moisés precisava
conhecê-lo. Ele não tinha nenhuma experiência com Deus, a não ser os
ensinamentos da infância, recebidos de sua mãe. Quem é chamado por Deus deve
conhecê-lo. Em segundo lugar, Deus o enviou e o comissionou: Essa
extraordinária chamada é que deu condição a Moisés de realizar tão notável
empreendimento.
Samuel. "Todo o
Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado como
profeta do Senhor" (1 Sm 3.20). Os filhos de Eli, que seriam seus
sucessores, tinham se tornado execráveis diante de Deus e do povo, em virtude
dos abusos que praticavam, violando a Lei, que deviam cumprir e ensinar, e
fazer o povo obedecer. Por esse motivo, a palavra do Senhor se tornou rara em
todo o território de Israel, isto é, não havia profetas nem profecias. Deus se
revelou a Samuel e lhe fez ciente de seu juízo sobre os filhos de Eli (1 Sm
3.1-14). Essa experiência foi básica na qualificação de Samuel para o
ministério profético. O resultado é visto quando Samuel, já velho, resigna seu
cargo, e faz um balanço da sinceridade, austeridade e santidade de sua vida
ministerial (1 Sm 12.1-4). Isaías. "Vai, e dize a este povo..." (Is
6.9). A chamada de Isaías deu-se em meio a uma visão maravilhosa, onde se
destaca a santidade do Senhor. Na visão, Isaías se conscientiza de três coisas:
- Deus é Santo; ele (Isaías) é impuro e o povo está desviado dos retos caminhos
do Senhor (Is 6.1-8). Essa visão marca todo o ministério profético de Isaías, o
que é demonstrado ao longo de seu livro. Ele compreende a grandeza da glória,
perfeição, justiça e santidade de Deus, e, ao mesmo tempo, conhece a
necessidade de seu povo - a redenção (Is 59). A chamada de Isaías é muito
semelhante à chamada neotestamentária: O pregador precisa conhecer a justiça de
Deus e a necessidade do pecador, e a redenção em Cristo. Os apóstolos. "E
Jesus disse: Vinde após mim, e Eu farei que sejais pescadores de homens"
(Mc 1.17. Leia ainda Mateus 4.18-22; João 1.35-42). O Senhor chamou
pessoalmente a cada um dos doze apóstolos. Houve o momento, inclusive, em que
eles faziam parte de um número bem maior de discípulos, porém o Senhor Jesus
fez questão de separá-los novamente e fazer uma designação específica -
apóstolos (Lc 6.12-16). - Por que o Senhor Jesus fez tanta questão de chamá-los
pessoalmente e ficar tanto tempo com eles? - Não temos dúvida de que a missão
era por demais importante. Estes onze judeus iriam mudar o curso da história da
humanidade. A maioria deles, e outros que seriam chamados posteriormente,
haveriam de escrever com o próprio sangue algumas páginas da História. Por esse
motivo, justifica-se o empenho do Mestre divino em chamá-los e prepará-los.
Paulo. "Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente d visão
celestial" (At 26.19). O arrogante Saulo se considerava justo diante de
Deus, pela justiça da Lei (Fp 3.6) e achava que, matando os cristãos, estava
prestando grande serviço a Deus (At 8.1,3; 9.1,2). Não seria qualquer chamada
que iria mudar a vida e os propósitos deste homem. Por isso, o Senhor Jesus
providenciou uma chamada inusitada. O impacto daquele encontro com o Senhor foi
tão marcante que o transformou completamente (At 9.3-19). A conversão de Paulo
tornou-se no acontecimento mais importante desde o Pentecoste até nossos dias.
Está narrada três vezes (At 9.1-18; 22.1-11; 26.12-18). Logo após essa
extraordinária conversão, Paulo já começou a testemunhar de Cristo. Alguns dias
depois de sua conversão, Paulo foi encaminhado para sua terra natal, a cidade
de Tarso. Dez anos mais tarde, Barnabé foi buscá-lo, e é nessa época que Paulo
inicia seu ministério apostólico (At 9.30; 11.25,26). b) Método indireto Deus
não somente chamou de forma direta, mas também vemos na Bíblia que Ele usou
método indireto com grande objetividade. José. Ainda moço, José teve alguns
sonhos que indicavam sua proeminência ou liderança sobre seus irmãos, porém,
não se tratava de uma chamada definida (Gn 37.5-10). Analisemos as fases da vida
de José: a) Odiado e vendido pelos seus irmãos, b) De filho, transformado em
escravo, c) Acusado injustamente, tornou-se prisioneiro no calabouço do rei
egípcio, d) De prisioneiro, é elevado a primeiro-ministro do Egito. O Egito na
época de José era governado pelos hicsos e os Faraós eram considerados divinos,
com poderes absolutos. Governar essa nação já era uma tarefa difícil, muito
mais ainda em duas fases distintas: uma de fartura e outra de extrema fome.
Quando examinamos as fases da vida de José, verificamos que não passam de um
árduo e difícil treinamento, com o objetivo de moldar o cará ter desse servo de
Deus. Entre outras coisas, José aprendeu: - o que os homens são capazes de
fazer, quando são alimentados pelo ódio, interesses, cobiça e inveja; - o que
Deus é capaz de realizar em favor e através de seus servos. Nesse período de
provação, José teve oportunidade de demonstrar fidelidade em momentos e lugares
difíceis (Gn 39.1-6, 20-23); e de não ceder à tentação (Gn 39.7-13). Por causa
dessa chamada divina, José foi um líder sábio e justo, glorificando a Deus em
sua proeminente missão no Egito. Aleluia! Josué. "Então disse o Senhor a
Moisés: toma para ti a Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e põe
a tua mão sobre ele" (Nm 27.18; Nm 27.15-23; Dt 1.38; 3.21; 31.7,8). Josué
é fruto de discipulado. Ele esteve ao lado de Moisés desde o início da jornada
no deserto. A primeira missão que lhe coube foi selecionar homens para guerrear
contra Amaleque (Êx 17.9). Em seguida, ele aparece como servidor de Moisés (Êx
24.13; 32.17; 33.11; Nm 11.28). Esteve presente em todos os momentos críticos
da jornada pelo deserto. Com isso, no serviço e na obediência prática, ele se
transformou em um grande líder: "E Josué, filho de Num, estava cheio de
espírito de sabedoria, porquanto Moisés tinha posto sobre ele as suas mãos;
assim os filhos de Israel lhe deram ouvidos e fizeram como o Senhor ordenara a
Moisés" (Dt 34.9). Grandes homens de Deus aprenderam o discipulado com
seus líderes espirituais. Durante anos, tiveram a oportunidade de demonstrar
obediência, fidelidade e submissão. Quando foram chamados a ocupar a liderança,
estavam preparados, e Deus lhes falou, e confirmou a chamada para sua obra. 0
grande empecilho hoje é que muitos não querem esperar, obedecer, e submeter-se.
Por isso são rejeitados. Timóteo: "Saúda-vos Timóteo, meu
cooperador..." (Rm 16.21). Timóteo é o exemplo típico do ministro do Novo
Testamento, fruto do discipulado contínuo. Desde jovem tornou-se companheiro e
cooperador do apóstolo Paulo (At 16.1; 17.14; 18.5; 19.22; 20.4). Mirou-se no
exemplo, firmeza e fidelidade do grande apóstolo. A palavra enxertada por sua
piedosa mãe, na infância, teve terreno e ambiente fértil para desenvolver-se.
Paulo o chama de: "Meu filho amado e fiel no Senhor" (1 Co 4.17);
"ministro de Deus... no evangelho de Cristo" (1 Ts 3.2) e, ainda, de
"verdadeiro filho na fé" (1 Tm 1.2). Estas expressões demonstram o
apreço que o apóstolo tinha por Timóteo, e também o seu caráter. Com o passar
dos anos, não foi difícil a Timóteo compreender sua chamada ministerial. SUA
RAZÃO Por que é importante a chamada divina para o ministério? Qual a razão da
chamada? Ao descrevermos as chamadas de alguns servos de Deus, tivemos o
propósito de, pelo menos parcialmente, responder a essas perguntas. Resumindo,
podemos dizer que a chamada divina tem alguns propósitos importantes: 1 -
Esclarecer que o ministério, seja qual for, nunca foi uma profissão na Antiga
Aliança, muito menos na atual dispensação. Na Antiga Aliança o sacerdócio era
privativo dos filhos de Arão, e os profetas eram chamados pelo Senhor. O
ministério neotestamentário é um dom e uma vocação de Deus. "E Ele mesmo
concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e
outros para pastores e mestres" (Ef 4.11).
A partir desta
premissa básica, o homem chamado pelo Senhor deve estar consciente de que: a)
Do Senhor vem a recompensa (1 Pe 5.2-4). b) Pelo Senhor ele será julgado (1 Co
4.3-5). 2 - A certeza da chamada de Deus faz o servo do Senhor superar
obstáculos considerados, pelo homem comum, insuperáveis ou além de qualquer
possibilidade humana, senão vejamos: a) Como compreender a posição de Moisés
diante das rebeliões e tumultos que ele enfrentou no deserto? (Nm 12.1-16;
14.1-9; 16.1-19.) Como entender sua fervo rosa oração intercessória quando Deus
quis destruir o povo israelita e fazer dele um novo e grande povo? (Nm 14.10-19.)
Só um homem vocacionado por Deus poderia ter capa cidade, calma e equilíbrio
para vencer nesses momentos críticos. Moisés não era um super-homem, mas era um
homem chamado pelo Senhor. b) Como entender a perseverança de Paulo, que foi
dado por morto, depois de ser apedrejado pelos judeus opositores do evangelho
da graça, em continuar na sua missão de pregar essas boas-novas? (At 14.19-22.)
Inúmeros outros exemplos poderiam ser citados. Homens, que, no dizer do
escritor da carta aos Hebreus, "por meio da fé, subjugaram reinos,
praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam bocas de leões, extinguiram
a violência do fogo, escaparam ao fio da espada; da fraqueza tiraram força;
fizeram-se poderosos em guerra..." (Hb 11.33,34.) 3 - A chamada é
acompanhada da missão. Ninguém que é chamado pelo Senhor vive de um lado para
outro, de um trabalho para outro, sem nunca ter certeza da vontade de Deus.
Deus, quando chama, comissiona seu servo para uma missão específica SUA OCASIÃO
Se Deus chama como quer, isto é, de modo soberano, é lógico que Ele também
chama quando quer. Não há faixa etária privilegiada, como vemos a seguir: a)
Desde o ventre, o Senhor chamou Jeremias (Jr 1.5) e Paulo (Gl 1.15,16).
b) O Senhor chamou
Samuel, sendo este bem jovem (1 Sm 3.3,4,20); também Davi (1 Sm 16.11-13) e,
possivelmente, Timóteo (At 16.1-3). Em qualquer época de nossa existência, o
Senhor pode nos chamar para o ministério ou para o cumprimento de uma missão em
particular. É evidente que, na maioria das vezes, o Senhor desperta seus
servos, em plena juventude para a obra do ministério, o que lhes proporciona
tempo para a preparação em escolas teológicas, no discipulado, nas atividades
auxiliares da igreja. Quanto às circunstâncias das chamadas registradas no
texto sagrado, são as mais variadas possíveis. O Senhor chamou Davi quando
cuidava do rebanho de seu pai (1 Sm 16.11); Eliseu quando andava lavrando com
doze juntas de bois (1 Rs 19.19-21); Paulo a caminho de Damasco, com o objetivo
de prender cristãos (At 26.12-16). SUA NATUREZA Quanto à natureza intrínseca, a
chamada para o ministério neotestamentário apresenta as seguintes
características: a) Divina. A responsabilidade da chamada ministerial é do
Senhor; "e Ele mesmo concedeu uns para..." (Ef 4.11). Não se trata de
uma incumbência dada por convenção, concílio ou igreja. Embora que estes possam
ser
instrumentos de Deus na chamada de alguém. b) Pessoal. A chamada para a
salvação é universal. É para todos. A chamada para o ministério é pessoal; Deus
tem o ministério ou missão certa para a pessoa certa. Ele é onisciente,
conhecendo a capacidade de cada um, por isso, na distribuição dos talentos, estes
são distribuídos segundo a capacidade de cada um (Mt 25.14,15). As
responsabilidades diferem, por isso o Senhor chama o seu servo para o
ministério e designa-lhe o lugar ou a missão, respeitando a sua capacidade, as
suas características pessoais. A Paulo foi dado o ministério entre os gentios
(At 9.15); a Pedro o ministério entre os judeus.
c) Soberana. A
soberania de Deus é ainda pouco entendida por muitos, e, para se começar a
entendê-la, é necessário que levemos em conta alguns aspectos acerca da personalidade
do Senhor: - Ele é a origem de todas as coisas. "Quem, pois, conheceu a
mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro lhe deu a Ele
para que lhe venha a ser restituído? (Rm 11.34,35. Ler ainda Isaías 40.13;
segunda Coríntios 2.16.) - Ele é soberano porque a sabedoria e o poder são
atributos de sua pessoa (Jo 9.4; Dn 2.20). - O servo do Senhor, ao ser chamado,
deve aceitar com humildade, submissão, e como ato de soberania divina.
Certamente não conseguirá respostas para muitas indagações imediatas. Só com o
correr do tempo entenderá os desígnios do Senhor (Is 55.8,9; 1 Co 2.16). d)
Definitiva. A chamada para o ministério é também uma chamada para o
discipulado. Logo, esta chamada envolve algumas condições indispensáveis, tais
como: - Que o ministro exerça seu ministério sem interesse de recompensa
material (Lc 9.57,58). - Que a prioridade maior entre as suas atividades seja o
próprio Senhor Jesus. (Veja como Ele recusou o segundo lugar na vida de duas
pessoas que queriam segui-lo. Lc 9.59-62). - Que haja no ministro abnegação e
renúncia. Em primeiro lugar estará a vontade do Senhor (Mt 16.24; Lc 14.26,33).
A chamada para o ministério é definitiva. Aquele que é chamado não pode impor
condições. Pelo contrário, deve agradecer a Deus o privilégio de ser chamado,
como o fez Paulo (1 Tm 1.12,13).
Mendes,
José Deneval, Teologia Pastoral. Editora CPAD. pag. 11-19.
2. Qualificações.
I Tm 3.7 Mas ele
também precisa ter um bom testemunho dos de fora, a fim de não cair na
difamação e no laço do diabo.
Já em sua carta mais
antiga o apóstolo exorta a congregação para que tenha uma “conduta decente
(honrada)” aos olhos dos de fora. Não ser tropeço nem causar escândalo! Essa
exortação vale para a conduta diante de todos: judeus, gregos, cristãos. Isso
não tem nada a ver com uma falsa adaptação aos padrões e costumes do mundo,
porque a igreja deve ser irrepreensível e pura em meio a esta geração
pervertida e corrupta. Suas boas obras devem poder ser vistas à luz do dia e se
diferenciar das inúteis obras das trevas. Porque “enquanto os cristãos se
preocupam sacerdotalmente pelo mundo, o mundo lança o afiado olhar da
hostilidade sobre a igreja, a fim de encontrar pontos vulneráveis. Por isso não
será recomendável colocar na liderança da igreja homens que eram notórios na
cidade por seus pecados ou fraquezas passadas, ainda que se tenham emendado
sinceramente”.
Os de fora na
realidade estão fora da igreja, mas nem por isso fora do alcance do juízo e da
graça de Deus. Os que estão fora da igreja possuem uma percepção implacável e
um juízo insubornável para os pecados daqueles que se dizem cristãos. Com essa
atitude na verdade condenam a si mesmos, porque confessam que sabem muito bem o
que é certo e como deveriam viver. Contudo, isso não desculpa a igreja. Ela
mesma deve manter um juízo vigilante acerca das próprias transgressões e por
isso ir com humildade e mansidão ao encontro dos “de fora”.
Quando se pondera
como os meios de comunicação de massa vasculham a vida passada e atual de
líderes políticos, econômicos e religiosos com a criatividade de um detetive,
desnudando-a em público (em geral por motivos ignóbeis de luta pelo poder),
torna-se ainda mais atual a exigência do bom testemunho de fora. Pois quando a
difamação circula em lugar do bom testemunho, ela pode influir de modo tão
terrível sobre o envolvido que lhe rouba a fé no perdão de Deus, lançando-o no
desespero. Como uma mosca na teia da aranha, ele ficará então emaranhado nos
laços do diabo, do acusador originário.
A lista das 16
“virtudes” começa de forma aparentemente inofensiva com a irrepreensibilidade
como premissa fundamental para o serviço de presidente. O catálogo termina com
a condição quase idêntica do bom testemunho dado pelos de fora da igreja,
anunciando surpreendentemente a verdadeira razão e a grave conotação de toda a
listagem: laço e juízo do diabo, esses são a ameaça e o risco reais daquele que
visa servir a outros sendo seu presidente. Enquanto assim se abre a visão para
o pano de fundo da sedução demoníaca, o catálogo de virtudes perde sua
limitação helenista e o sabor pequeno-burguês resultante da apreciação
meramente superficial.
Hans
Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo.
Editora
Evangélica Esperança.
Esta determinação
lembra uma situação nos procedimentos de nosso Senhor com seus seguidores,
relatada em Lucas 10.17-20. Os setenta haviam acabado de voltar de sua missão
designada e estavam exultantes com o fato de que “até os demônios se nos
sujeitam”. Jesus não reprovou imediatamente o orgulho espiritual principiante,
mas observou um tanto enigmaticamente: “Eu via Satanás, como raio, cair do
céu”. E completou: “Eis que vos dou poder [...] [sobre] toda a força do
Inimigo. [...] Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos”. Foi o
orgulho que custou a Lúcifer o seu lugar nas hostes celestes, e esta foi a
condenação do diabo. O ministro cristão tem de estar atento para que o orgulho
não o compila a participar desta condenação.
Resta ainda uma especificação
final para aquele que deseja servir na posição de bispo ou líder: Convém,
também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em
afronta e no laço (“armadilha”, NTLH) do diabo (7). O ministro cristão tem de
inspirar o respeito e a confiança da comunidade fora da igreja, caso deseje
ganhar as pessoas dessa comunidade para a igreja. E fácil dizer: “Não me
importo com o que as pessoas pensem de mim”; e contanto que essa atitude seja
devidamente planejada e corretamente compreendida, justifica-se. Mas ninguém
deve ser indiferente à sua reputação na comunidade em que vive. Ele deve
desejar veementemente que as pessoas o considerem inteiramente acima de
repreensão. Ver a questão de outro modo, diz Paulo, é expor-se à mesma armadilha
que aguarda o indivíduo cujo espírito está arruinado pelo orgulho espiritual.
J.
Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 9. pag. 472.
I Tm 3.7. Como líder
e representante do seu rebanho, o superintendente deve ter bom testemunho dos
de fora, i. é, entre os não-cristãos, judeus e pagãos, na localidade. É sempre
importante para os cristãos, conforme Paulo frequentemente impressionava sobre
seus correspondentes (1 Co 10:32; Fp 2:15; Cl 4:5; 1 Ts 4:12; também 6:1; Tt
2:5) ter este alvo, e isto se aplica especialmente aos clérigos, por cujo
caráter e conduta o mundo tende a julgar a igreja. O pastor que fracassa com
respeito a isto está propenso a cair no opróbrio, visto que os de fora que têm
antipatia pela igreja aplicarão a interpretação mais desfavorável à sua mínima
palavra ou ação. Neste caso, é bem possível que ele caia no laço do diabo. Esta
última frase poderia sei traduzida “aimadilha armada pelo caluniador” (ver nota
sobre 6 para o duplo significado do Gr. diabolos), e esta tradução às vezes tem
sido aceita. Deve ser objetado, no entanto, que isto não somente dá a diabolos
(no singular) um sentido muito improvável, como também acrescenta pouco ou nada
a cair no opróbrio. Do outro lado, o quadro do diabo armando laços para
desacreditar o superintendente, e através dele a igreja, está em harmonia com 2
Tm 2:26, e também com o conceito geral das suas atividades exposto nas
Pastorais.
John
Norman Davidson Kelly. Introdução e
Comentário. I, II Timóteo e Tito. Editora Vida Nova. pag. 81.
I Tm 6.11 Ó homem de
Deus: antes de recorrer a paralelos helenistas é preciso considerar que a
locução é conhecida na tradução grega do AT: para Moisés, para um profeta
desconhecido, para Davi, o rei ungido. O homem de Deus é o pneumatikós, que
está pleno do Espírito de Deus. Uma comparação com 2Tm 3.17 sugere ver no
“homem de Deus” o exemplo de todos que, dotados do Espírito, igualmente são
“pessoas de Deus”. Pessoa de Deus (QI 31a) contrasta com pessoas do “deus
Mâmon”, com pessoas do deus estômago. Compare-se também “homem da iniquidade”,
“filho da perdição”.
Foge dessas coisas:
talvez se tenha em vista todos os vícios listados em 1Tm 6.4s ou em especial o
amor ao dinheiro. Fugir, escapar, buscar a salvação na fuga parece ser covarde
e não-heroico. Foi assim que agiram os discípulos, quando abandonaram a Jesus:
fugiram. O mau pastor foge diante dos lobos vorazes. Entretanto, diferente é a
questão na esfera moral. Aqui a fuga pressupõe uma determinação máxima. Jesus
escapa daqueles que queriam transformá-lo em rei. Fugir contém o sentido: tomar
distância, evitar, abster-se, retirar-se, recear. Idolatria,, avidez,
dissolução, são poderes a cuja atração demoníaca somente se pode resistir
através da decidida fuga sem olhar para trás. Somente fugindo para Deus e submetendo
a impotência pessoal e todos os poderes à potente mão de Deus é possível
resistir ao diabo pela fé. Fugir de uma casa em chamas não é covardia, mas ação
imediata e corajosa. Foge – corre atrás! Não é assim que escreve alguém que
pensa em acomodar-se. A sagrada premência impele para a decisão.
Corre atrás!
Parágrafo após
parágrafo da carta refuta a insustentável alegação de que nas past é possível
notar uma “conotação de acomodação”, um “afrouxamento da energia da fé”. Muito
pelo contrário: a carta nos diz que é necessária a fuga decidida da voragem
destruidora e do fascínio de poderes demoniacamente intensificados, bem como a
corrida igualmente decidida atrás do bem. Ficam excluídas a vida e a acomodação
neutras entre as duas alternativas. O discipulado não se transformou em um
aprazível passeio, mas em uma corrida que requer empenho máximo (QI 15d).
Atrás da justiça: na
acepção mais ampla, o que é reto perante Deus e os humanos, porém não a virtude
produzida pelo próprio ser humano, mas o fruto educativo da graça naqueles que
foram redimidos para formar o povo da propriedade dele. Posicionada no começo,
a palavra justiça com certeza possui o sentido absoluto, usual em Paulo, da
justiça concedida e efetuada por Deus mediante a fé.
Atrás de beatitude: A
devoção não representa uma posse sólida, adquirida de uma vez por todas.
Somente quem se exercita constantemente nela (1Tm 4.7), que corre atrás dela, é
inserido por meio dela no mistério de Deus que abarca o tempo e a eternidade
(1Tm 3.16), na verdadeira autarquia (1Tm 6.6), ou seja, na transbordante vida
do amor (QI 15).
Fé, amor, paciência:
uma comparação com 1Ts 1.3 mostra que a “paciência”, mencionada junto com fé e
amor, traz dentro de si a perspectiva e expectativa da esperança (QI 14).
Mansidão: Jesus
declara bem-aventurados os mansos e designa a si mesmo de manso. Aquele que
escapa de todas as escravizações consegue perseguir, com autêntica liberdade,
alvos humanamente dignos. O manso é capaz de lutar corretamente. A “lista de
virtudes” não foi acolhida ou compilada aleatoriamente, pois justiça e
beatitude, fé, amor, esperança (paciência) e a mansidão que vive da esperança
no poder e na intervenção de Deus visa integralmente a Timóteo. Quando correr
atrás dessa realidade de vida determinada por Deus, ele poderá enfrentar os
vícios dos hereges e atuar em sentido construtivo para a igreja. Ao invés de
especulações inúteis, de uma devoção extravagante e mentirosa, devem
concretizar-se em Timóteo as palavras elementares do Senhor, que levam à convalescença,
e por intermédio dele, na igreja que lhe foi confiada.
12 Combate a boa luta
da fé: somente com base na profecia oriunda do Espírito e mediante uma
transmissão de poder constantemente ativada a luta pode ser uma luta boa,
porque não se trata de uma luta absurda, que leva à derrota temporal ou eterna.
O lutador luta a partir da fé e não em busca da fé. Seja na disputa esportiva,
seja na guerra: só o lutador que vive na disciplina participa da vitória.
Toma posse da vida
eterna: agarrar como troféu da vocação, tomar nas mãos para apropriar-se. Deve
agarrá-lo lutando na fé como alguém dotado do Espírito e chamado para a vida
eterna. Agarra a vida eterna! Um imperativo de intensidade máxima, uma
convocação para a ação varonil. Agarra agora a vida verdadeira e plena, para a
qual Deus te chamou! Quando, se não hoje? Não corras atrás de uma vida de
ilusão. Sê sóbrio: agarra a vida verdadeira; Deus ta doou; está aí. Torna-te o
que és – um homem de Deus!
Para a qual foste
chamado: forma passiva, um linguajar semita, para evitar o nome de Deus, ou
seja, para não escrevê-lo: para a qual Deus te chamou. Nem lutar nem correr
atrás torna uma pessoa digna da vida eterna.
Quando fizeste a boa
confissão perante muitas testemunhas: a confissão não é um ato do passado, mas
deve ser proferida de novo agora e até a última hora. A luta da fé é boa,
porque a confissão é boa, inclusive quando o mundo a considera com desprezo. Os
cristãos tinham de prestar contas de sua fé diante dos juízes seculares. Nessa
situação não cabiam especulações nem sutilezas teóricas, estavam em jogo vida e
morte. Quem confessava Jesus como seu Senhor colocava em cheque os senhores
deste mundo, que demandavam autoridade divina. Por isso não se fala aqui de uma
confissão tradicional e corriqueira sem maiores consequências. O olhar para
Jesus, que se deparava com Pilatos, proíbe qualquer leviandade.
Hans
Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo.
Editora
Evangélica Esperança.
Fuja e Siga (6.11)
Depois de pintar em
cores tão sombrias os males do desejo de lucro, o apóstolo volta a lidar com o
bem-estar espiritual de Timóteo: Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e
segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade (“o amor”, ACF, AEC, BJ, CH, NTLH,
RA), a paciência, a mansidão. Paulo não poderia ter feito apelo mais eloquente
que este no qual ele distingue Timóteo como homem de Deus. Esta era a descrição
habitual dos servos de Deus no Antigo Testamento. Ao usar esse título, o
apóstolo fala da dignidade, da responsabilidade sublime e solene do cargo que
Timóteo mantinha e que é mantido igualmente por todo líder cristão. A
determinação de Paulo é: Foge destas coisas. O significado não é fugir somente
da sedução das riquezas, mas de todas as atitudes más que foram expressas desde
o capítulo 4. Há uma antítese interessante na ordem de fugir destas coisas e,
de outro lado, seguir as virtudes particularmente designadas. É uma lista
notável de virtudes que Paulo quer infundir. A lista começa com justiça, a mais
inclusiva das virtudes; significa dar a Deus e aos homens o que lhes é devido.
As três virtudes seguintes formam um grupo dirigido a Deus. Piedade é a
consciência reverente que tudo na vida é vivido na presença e sob os olhos de
Deus. Fé é a fidelidade que nos mantêm firmes, mostrando lealdade a Deus em
todas as situações. Amor (agape) é a expressão de gratidão e louvor de nossa
alma pela maravilha da graça redentora. Por fim, Paulo infunde paciência e
mansidão, que podem ser traduzidas por “firmeza” (CH; “constância”, BAB, RA;
“perseverança”, NVI); e “bondade” (RSY). Estas são as características da vida
cristã conforme é vivida em contato e companheirismo com as pessoas. O
contraste entre estas virtudes e os males que Paulo denuncia não podia ser mais
impressionante.
Milite a Boa Milícia (6.12)
Este versículo nos
traz a imagem mental de um treinador instilando coragem e espírito de luta em
seu time pouco antes do início de um jogo decisivo: Milita a boa milícia da fé,
toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa
confissão diante de muitas testemunhas (12). Afigura de linguagem que o
apóstolo usa é derivada mais das competições esportivas do século I do que da
vida militar. Devemos entender que o verbo milita é a luta agonizante requerida
caso a pessoa quisesse vencer uma partida de luta romana. Paulo se servia de
analogias visuais, tanto da vida do soldado quanto da do atleta. Todo cristão é
chamado a batalhar a luta pessoal contra o mal em todas as suas formas. E, como
destaca Kelly, “é de propósito que o imperativo está no presente, indicando que
a luta é um processo contínuo. Por outro lado”, continua Kelly, “o imperativo
aoristo ‘toma posse’ sugere que Timóteo pode tomar posse da vida eterna (aqui
concebida como o prêmio para o evento esportivo) imediatamente e em um único
ato”. Assim, o atleta cristão desfruta do prêmio ao mesmo tempo em que ainda se
engaja na competição.
Paulo diz que Timóteo
foi chamado para esta campanha vitalícia. Na verdade, ele possuía um chamado
duplo: o chamado para seguir a Cristo, que foi selado na confissão pública de
fé no batismo; e o chamado para pregar o evangelho, a cuja tarefa ele fora
ordenado pelo próprio apóstolo e colegas que o ajudavam. Muitos intérpretes
acham difícil determinar a qual destes chamados se refere a frase final do
versículo. Esta tradução interpreta que o chamado ocorreu “quando você deu o
seu belo testemunho de fé na presença de muitas testemunhas” (12, NTLH).
Contudo, seria mais adequado considerar que essa frase final é outra alusão que
o apóstolo faz à ordenação que ele frequentemente menciona (e.g., 4.14).
J.
Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 9. pag. 497-498.
À medida em que sua
carta vem chegando ao fim, Paulo dirige um apelo direto ao próprio Timóteo. A
nota fortemente pessoal nele é inconfundível; é forçar demasiadamente a
passagem interpretá-la como uma exortação ao pastor típico, e a sobrecarga na
passagem fica sendo ainda maior se considerarmos que “Timóteo” representa o
discípulo cristão em geral.
11. As palavras
iniciais, Tu, porém, são enfáticas; formam uma nítida antítese com alguns no
versículo anterior, e talvez também com se alguém em 3. A conduta de Timóteo, e
os princípios sobre os quais ele a baseia, devem ser exatamente os opostos
daqueles dos bancarrotos morais que acabam de ser descritos. O título homem de
Deus é aplicado a ele deliberadamente. Tem a conotação de que está no serviço
de Deus, que representa a Deus e que fala em Seu nome, e é admiravelmente apropriado
a alguém que é um pastor (cf. 2 Tm 3:17). Uma tentativa tem sido feita, com a
ajuda de paralelos de Filo, da literatura hermética, e da Epístola de
Aristéias, de dar à expressão um significado semimístico, como se o “homem de
Deus” significasse o cristão batizado em geral. Tais subtilezas, no entanto,
são desnecessárias e artificiais, pois “homem de Deus” é regularmente usado no
A.T. para designar os servos e agentes de Deus; cf. Dt 33:1 e Js 14:6 (Moisés);
1 Sm 9:6 (Samuel); 1 Rs 17:18 (Elias); 2 Rs 4:7 (Eliseu); Ne 12:24 (Davi).
Timóteo, por ser
consagrado ao serviço de Deus, deve fugir destas coisas, i.é, primeiramente o
amor ao dinheiro e os males dos quais ele é a causa radical, mas também, sem
dúvida, os caminhos falsos e desastrosos que os sectários encorajam. Ao invés
disto, deve seguir (“ter como alvo”, um uso bem paulino; cf. Rm 9:30; 12:13;
14:19; 1 Co 14:1; Fp 3:12, 14) a justiça, a piedade, a fé, o amor, a
constância, a mansidão. A lista de qualidade é escolhida tendo em vista a
necessidade de Timóteo no seu cargo pastoral. Achamos a justiça e a piedade formando
um par, na forma de advérbios, em Tt 2:12. A palavra grega para a primeira
(dikaiosunè) não significa a justiça no sentido caracteristicamente paulino
nem, mais estreitamente, a justiça rigorosa em contraste com a gula e a
concupiscência dos sectários. É uma palavra geral para a conduta que é
totalmente reta e imparcial com relação a todos os membros da comunidade: cf. 2
Tm 2:22; 3:16. Com piedade (mais uma vez sua palavra predileta eusebeia) Paulo
denota uma atitude religiosa devota e inteiramente correta: ver sobre 2:2.
A tríade fé, amor,
constância volta a ocorrer em Tt 2:2; também é achada em 1 Ts 1:3. As duas
primeiras palavras representam, é lógico, as graças cristãs supremas; tendo em
conta a posição especial de Timóteo, como defensor da fé contra o erro e também
como delegado apostólico, é muito apropriado que a constância e a mansidão
sejam acrescentadas. Aquela palavra é frequentemente usada por Paulo no sentido
de um esforço perseverante; esta (Gr. praüpathia) é um hapax do N.T., mas o
Apóstolo estava familiarizado com seu cognato praütès (e.g. 2 Co 10:1;G1 5:22).
Às vezes é
argumentado (ver a Introdução, págs. 25,27) que o tratamento aqui de fé e amor,
que para Paulo abrangiam a tudo, como sendo virtudes específicas que podem ser
catalogadas juntamente com outras, é um traço espalhafatosamente não-paulino.
Devemos, no entanto, observar que as duas, sem qualquer indicação de
precedência, figuram na lista miscelânea do “fruto do Espírito” em G1 5:22. A
objeção de que “para Paulo, estas são as dádivas de Deus, não as realizações
humanas” (F.
D. Gealy) é igualmente superficial. Se for necessário sermos literais, o
próprio Paulo aconselhou os coríntios, com linguagem idêntica, “Segui o amor” (1
Co 14:1). De modo mais geral, a doutrina da primazia da graça não exclui todo o
conselho e a exortação.
12. As palavras de
desafio que se seguem, Combate o bom combate da fé, trazem à mente o quadro de
uma competição de luta-livre ou dalgum outro evento de atletismo; conforme
procura ressaltar nossa tradução: “Desempenha tua parte na nobre competição da
fé”, a metáfora é tirada do esporte, e não da guerra. Para o uso das analogias
do esporte, da parte de Paulo, ver sobre 4:7;cf. também 1 Co 9:24ss.; Fp 2: 16;
3:12-14; 2 Tm 4:7. Paulo o chama o combate da fé, ou porque é a luta que a fé
verdadeira empreende contra o erro, ou, mais provavelmente, porque tem em mente
“a guerra pessoal contra o mal à qual todo cristão é conclamado” (J. H.
Bernard). O imperativo está deliberadamente no tempo presente, o que indica que
a luta será um processo contínuo.
Do outro lado, o
imperativo no aoristo Toma posse sugere que Timóteo pode apoderar-se da vida
eterna (aqui concebida como sendo o prêmio para o evento atlético)
imediatamente, num único ato. Destarte, é alguma coisa que o cristão que leva a
sério as exigências da sua fé pode desfrutar em certa medida aqui e agora. Não
há contradição entre isto e o ensino de Paulo noutros lugares. Se em Rm 6:22 e
G1 6:8 fala da vida eterna como sendo uma bênção que o crente fiel ceifa no
fim, há outras passagens (e.g. Rm 6:4; 2 Co 4:10-12; Cl 3:3-4) em que concebe da
nova vida em Cristo como sendo uma realidade presente.
Duas razões
obrigatórias porque Timóteo deve empreender-se nesta luta vitalícia são (a) que
Deus e (b) que publicamente reconheceu e aceitou aquela chamada. Quanto, à
chamada de Deus, cf. 1 Co 1:9; 2 Ts 2:14. A ocasião em que Timóteo a aceitou
foi quando fez a boa confissão, perante muitas testemunhas. Esta expressão às
vezes tem sido explicada como sendo uma referência ou à sua ordenação ou à sua
corajosa confissão de Cristo ao ser perseguido e arrastado diante dos
magistrados civis (cf. Hb. 13:23 para uma menção da sua prisão). A primeira não
é especialmente apropriada para o contexto, que diz respeito à chamada de
Timóteo para ser cristão (este é, por certo, o significado de ser chamado para
a vida eterna), não para ser ministro de Deus. De qualquer maneira, não temos
razão para supor que uma solene confissão de fé em Cristo fosse exigida na
ocasião da ordenação de um ministro: nenhum indício disto aparece nos relatos antigos
do rito. A segunda explicação parece ainda menos apropriada, pois um
comparecimento diante de um magistrado dificilmente pode ser chamada uma
convocação à vida eterna. Além disto, se Timóteo tivesse sofrido desta maneira,
e se mostrasse corajoso, teríamos esperado alguma alusão mais direta ao assunto
nas cartas, especialmente tendo em vista que elas tendem a ressaltar a sua
timidez. Talvez o único pormenor a favor desta exegese seja o paralelismo com o
v. 13, que possivelmente (mas ver abaixo) relembre o julgamento de Cristo
diante do governador romano. Embora isto sugira, no entanto, que as duas
confissões sejam paralelas, é desnecessário procurar um paralelismo rigoroso nas
situações também.
Muitos mais plausível
do que qualquer destas interpretações é aquela que identifica a boa confissão
de Timóteo com a profissão de fé que fez no seu batismo. Esta, acima de todas,
era a ocasião em que se podia dizer que o cristão aceitou a chamada à vida
eterna, e na igreja primitiva este sacramento era administrado publicamento
diante da congregação reunida, i. é, perante muitas testemunhas. Desde os
tempos mais antigos, seu clímax era uma solene afirmação de fé por parte do candidato,
e Paulo quase certamente está citando semelhante afirmação, ou uma seleção de
uma delas, quando escreve (Rm 10:9): “Se com a tua boca confessares (o verbo
que emprega, Gr. homologein, é o cognato do subs. homologia traduzida confissão
aqui) a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou
dentro os mortos, serás salvo.” Nenhum argumento pode ser trazido de 2 Tm 3:15 contra
esta exegese, porque, embora este trecho revele que Timóteo tinha sido
instruído nas Escrituras desde a infância, não dá a entender de modo algum que
tivesse sido batizado na infância, o que, em quaisquer circunstâncias, é
extremamente improvável. O fato de que Paulo coloca o artigo definido antes de
a boa confissão confirma que está falando de uma fórmula que tem um caráter
reconhecido e oficial.
John
Norman Davidson Kelly. Introdução e
Comentário. I, II Timóteo e Tito. Editora Vida Nova. pag. 131-134.
3. Comprometidos com
a Palavra.
I Tm 3.2 O
presidente, pois, deve ser irrepreensível. Essas palavras não instituem o
presidente nem seu ministério, mas o pressupõem, e isso sem qualquer ênfase,
como em Fp 1.1. Em primeiro lugar se falou do “sacerdócio de todos os fiéis”
(cap. 2) e agora de seus servos, em plena concordância com 1Co 3.5. Podemos
chamar a lista subsequente de “catálogo de virtudes”, em contraposição ao
chamado “catálogo de vícios”. Chama atenção que não se fazem exigências
especiais, exceto, talvez, de “apto para ensinar”. Pelo contrário, enumeram-se
atitudes práticas e cotidianas que precisam ser consideradas “elementares” para
todos os cristãos. Por que, no entanto, escrever acerca delas mesmo assim? Essa
lista ou outras similares nas past só podem ser descartadas depreciativamente
como “moral burguesa” ou “ética cristã mediana” se ignorarmos como tudo está
fundamentado e como as coisas elementares são e continuam sendo necessárias
para a fé.
Quando as coisas
elementares não são constantemente renovadas e redirecionadas em direção ao que
é fundamental (a base) e final (o alvo, a consumação, em grego, o eschaton),
rapidamente surgem enredamentos e descaminhos igualmente elementares,
arrastando consigo o indivíduo e a sociedade. É preciso ver as orientações das
past diante do pano de fundo de uma indomável correnteza de “anomia” na
sociedade e igreja.
Irrepreensível não
significa simplesmente gozar de boa fama, mas ter um testemunho
justificadamente bom. A crítica e as acusações não devem encontrar pontos
vulneráveis para seu ataque. Aparentemente a palavra designa o comportamento
abrangente, fundamental para tudo o que segue. Jesus frisa a importância do bom
testemunho, como também ocorre em geral no NT. Nessa questão é decisivo que o
bom testemunho seja reconhecido e fornecido pelos que não fazem parte da
igreja. “Vossa conduta seja decorosa aos olhos dos estranhos.” Essa exortação
da carta mais antiga de Paulo coincide integralmente com a exigência de ser
irrepreensível, o que não pode ser questionado nem mesmo por observadores críticos
e hostis. Um modo de vida desses só é viável a partir do “mistério da fé,
preservado em uma consciência pura”. Essa é a origem e a renovação de toda a
autêntica irrepreensibilidade. Representa o oposto tanto do comportamento antissocial
como da exagerada adaptação pacata a todos e a tudo.
Marido de uma só
mulher. O presidente deve ser exemplarmente casado. Não se espera o celibato
dos servidores da igreja, mas que tenham plena capacidade matrimonial e sejam
modelos no casamento. A melhor “escola matrimonial” acontece por “exemplos
matrimoniais”. Presidentes e diáconos devem ser casados uma única vez; isso
aponta em 3 direções:
1) Acerca da
profetiza Ana lemos que era virgem até se casar. Quando o marido morreu após 7
anos de casamento, ela passou a viver sozinha até idade avançada (84 anos),
servindo a Deus. De acordo com a palavra profética permaneceu fiel ao “noivo de
sua mocidade”.
2) Conforme as
palavras do Senhor a monogamia é o alvo original, estabelecido por Deus, do
relacionamento entre homem e mulher. Se os próprios gentios chamam atenção para
isso e os cristãos aspiram ao amor e à fidelidade no matrimônio, quanto mais
isso deveria valer, então, para aqueles que se “apresentam em todas as coisas”
(logo também no casamento) como “exemplo de boas obras”.
3) A interpretação
aqui fornecida possui relevância justamente com vistas à prática do divórcio,
que naquela época se alastrava com força, e do correlato recasamento de pessoas
divorciadas, seja entre gregos, seja entre judeus.
A expressão única
pode ser mantida em forma tão genérica pelo fato de que deve caracterizar de
forma abrangente a atitude básica fundamental da castidade em todas as
situações. O casto não reprimiu sua sexualidade, mas a tornou íntegra, porque
castidade é alegrar-se com a sexualidade respeitando os limites do respeito.
Sóbrio (nephalios)
vale tanto para mulheres como para homens idosos. O verbo correspondente já é
utilizado por Paulo em sua carta mais antiga: “Não durmamos como os demais, mas
vigiemos e sejamos sóbrios.” Ser sóbrio faz parte da oração e da vigilância e
diz respeito a uma contenção de orientação escatológica diante de todo tipo de
fanatismo, embriaguez, dissoluções no pensar, sentir e agir.
Quem reconhece a
verdade em Deus torna-se sóbrio diante do delírio do pecado, para viver uma
vida reta.
Sensato (sophron):
assim como o adjetivo “sóbrio”, também ocorre somente nas past, mas o termo é
usado como verbo na carta aos Romanos: cada qual deve pensar com moderação, ser
sensato, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. Quem é temperante
possui uma medida correta de auto avaliação, um sentido para o que é real. É
compreensivo. Depois de ser curado, o homem antes possesso está tranquilamente
assentado, está vestido e em perfeito juízo. O temperante é espiritualmente
saudável. “O fim de todas as coisas está próximo, sede, portanto, criteriosos e
sóbrios a bem das vossas orações!” Ambas as palavras – sóbrio e temperante –
possuem um viés escatológico, e o fato de aparecerem juntas serve para
enfatizar isto. Quem está embriagado e alimenta sonhos devotos a respeito de si
mesmo e do mundo não consegue orar de fato, porque orar é justamente o
contrário de fugir da chamada “realidade” para um mundo onírico. Vale o
contrário: quem ora acorda para a verdadeira situação, e quem está alerta ora
de olhos abertos. É disso que resultam as boas obras.
Digno (kosmios):
sensato e digno (como em 1Tm 2.9 para as mulheres!) pode ter aqui o sentido de
cortês, solícito, o que no entanto não deve ser entendido como cortesia
artificial, que visa as aparências, porque isso representaria uma contradição
com sóbrio e sensato. Realmente cortês é aquele que ao avaliar a si mesmo e a
todas as coisas de forma sensata e de acordo com a perspectiva de Deus, acordou
para as necessidades daqueles aos quais serve.
Hospitaleiro: em
outras ocasiões Paulo também exorta as igrejas para que cuidem das necessidades
dos santos e pratiquem a hospitalidade. Nos escritos do NT lemos a respeito de
cristãos que são viajantes e também comerciantes; outros são perseguidos e
precisam fugir para outras cidades. Os apóstolos e seus colaboradores viajavam
de localidade em localidade, dependendo para isso da acolhida solícita nas
casas dos crentes. Para as reuniões da igreja e para os que estavam em trânsito
as casas das famílias dos fiéis representavam o alojamento propício. Tudo isso
torna necessária a exortação de que não se esqueçam da hospitalidade. Mais
tarde é preciso proteger a hospitalidade contra os abusos de andarilhos
itinerantes e “irmãos estranhos”.
Hoje quem viaja por
países em que os cristãos são perseguidos ou representam uma minoria sabe o que
significa e custa a hospitalidade. Mas também onde os cristãos são maioria na
sociedade, mas as formas eclesiásticas não são (mais) marcantes e formadoras de
comunhão, a cordial liberalidade das famílias que creem em Cristo em relação a
visitantes, conhecidos e desconhecidos, constitui o nervo vital para uma igreja
que irradia para dentro do mundo. A abertura hospitaleira não é uma palavra em
favor, mas contra o aburguesamento, porque o burguês se isola e se fecha em seu
castelo, ainda que seja apenas uma pequena moradia alugada no mesmo edifício
com outros 10 ou 100 inquilinos. O burguês não gosta de se colocar a caminho,
nem gosta de ser incomodado por inconstantes. A vida de gueto de muitas
comunidades eclesiais tem por correlação a vida na reclusão caseira e na
privacidade de seus membros. Os servidores da igreja, porém, devem ser exemplos
no matrimônio e na família pelo fato de serem abertos e livres para o hóspede.
Apto para ensinar
(didaktikos): em todo o NT o termo ocorre somente aqui e em 1Tm 3.2. O seu
sentido é descrito exaustivamente em Tt 1.9: o presidente deve “apegar-se à
palavra confiável e conforme a doutrina, para que seja capaz de, pelo reto
ensino, exortar bem como convencer os que o contradizem”. Deve estar aberto
para questões doutrinárias, capaz de formar sua própria opinião e instruir a
outros. Precisa discernir entre o que é importante e o que leva a descaminhos,
entre doutrina verdadeira e falsa, saudável e doentia e ser capaz de ensinar e
transmitir corretamente o que é apropriado em cada caso.
Do presidente
espera-se capacidade de ensinar, do diácono não. Não se pode concluir disso que
ensinar seja atribuição exclusiva do presidente, nem é possível obter aqui uma
base para o posterior “magistério” católico-romano. Porque conforme 2Tm 2.2
Timóteo deve transmitir o evangelho a “pessoas fiéis”, não especificamente
apenas presidentes, que serão capazes de novamente ensinar a outras. O ensino
ministrado por mestres específicos somente tem sentido sob a premissa de que
todos são capazes de se instruir e exortar mutuamente. No entanto, só se pode
esperar isso deles quando e porque eles próprios são “ensinados por Deus”.
Ademais, 1Tm 5.17 deixa explícito que a presidência não era exercida por uma
pessoa sozinha, e que nem todos que presidiam ou eram presbíteros também
ensinavam.
Os presidentes tinham
de ser exemplos no ensinar, não para aliviar outros desta tarefa, mas
capacitando-os para isso. Na escola o professor de matemática deve instruir os
alunos para que saibam solucionar pessoalmente tarefas de matemática. Não deve
resolver a tarefa por eles, e nem todos os alunos devem tornar-se matemáticos
ou professores de matemática.
Hans
Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo.
Editora
Evangélica Esperança.
I Tm 3.2. Tendo
ressaltado que o cargo vale a pena, Paulo logicamente pode insistir que É
necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, etc. A tradução
tradicional de bispo para o Gr. episkopos deve ser rejeitada como enganadora. O
episcopado posterior, baseado no conceito de um só bispo presidindo em cada
área e tendo completa autoridade sobre ela em todos os departamentos,
desenvolveu-se dos “superintendentes” do século I, mas há diferenças tão
importantes entre os dois cargos que parece desejável empregar termos distintos
para eles. No N.T. fora das Pastorais, episkopos é achado somente em Fp 1:1;
At. 20:28; e 1 Pe 2:25 (com referência a nosso Senhor). No mundo contemporâneo grego,
o termo era empregado para denotar uma grande variedade de funções, e.g.,
inspetores, administradores cívicos e religiosos, oficiais financeiros.
Antigamente, muitas pessoas pensavam que a igreja apostólica devia ter tomado o
título emprestado deste último uso, visto que o episkopos cristão tinha as
finanças da congregação (assistência aos pobres, etc.) sob seus cuidados. Do
outro lado, se pudermos confiar nas Pastorais, e se tivermos razão em
identificar os “líderes” e “pastores” das demais Paulinas como sendo episkopoi,
fica claro que suas responsabilidade abrangiam um campo muito mais largo do que
o financeiro somente. Estavam encarregados, por exemplo, das relações externas da
igreja, e como representantes dela, hospedavam cristãos visitantes.
Na própria
congregação exerciam um ministério magisterial e pastoral, e tinham autoridade
para disciplinar membros. De modo geral, presidiam sobre seus negócios como um
pai cuida da sua família e do seu lar. É, portanto, interessante que acham seu
paralelo mais próximo no “superintendente” (em Hebraico mebaqqer) da comunidade
de Cunrã.
Segundo o Manual da
Disciplina (esp. 6:10ss. e 19ss.) e o Documento de Damasco (esp. 13:7-16;
14:8-12), estes tinham o dever de ordenar, examinar, instruir, receber esmolas
ou acusações, tratar com os pecados do povo, e pastoreá-lo de modo geral.
Parece, portanto, mais provável que o termo, bem como o sistema administrativo
que representava, tenha entrado na igreja a partir do judaísmo heterodoxo.
A despeito do seu uso
no singular tanto aqui quanto em Tt 1:7, é extremamente provável que “o
superintendente” deve ser entendido genericamente, e que uma pluralidade de
tais oficiais é pressuposta. Esta ideia é apoiada não somente pelos paralelos
em Fp 1:1 e At 20:28, como também pela posição intercambiável, ou pelo menos
parcialmente coincidente, dos superintendentes com os presbíteros (cf. 5:17; Tt
1:5-7). De qualquer maneira, não há sugestão do episcopado “monárquico” posterior
nestas cartas. O singular pode ter sido sugerido pelo singular alguém no v. 1
supra. Quanto à predileção de Paulo pelo singular genérico, cf. sua discussão
das viúvas em 5:4-10, onde fala de “a viúva,” etc., a despeito de ter o plural
em 5:3.
A lista de qualidades
que se segue às vezes tem surpreendido os leitores pela sua generalidade; até
mesmo tem sido dito, de modo algo injusto, que não contém nada de
especificamente cristão, e muito menos adaptado a um ministro cristão. Dois
comentários podem ser feitos.
Primeiramente,
paradigmas análogos de virtudes e vícios, preparados para vocações diferentes
(e.g., governantes, generais, médicos) eram populares no mundo contemporâneo
helenístico e judaico-helenístico, e estes, também, eram colocados em termos
surpreendentemente gerais.
A influência de tais
paradigmas pode ser discernida noutros lugares do N.T., inclusive nas cartas de
Paulo (e.g. 3:18 - 4:1; Ef 5:22 — 6:9). O , fato de que está modelando seu
conselho sobre eles, aqui, e noutros lugares nas Pastorais, explica
suficientemente seu estilo aparentemente chão e sem colorido. Mas, em segundo
lugar, este aspecto tem sido grandemente exagerado. Cada uma das qualidades
exigidas era apropriada num superintendente, e algumas delas tinham relevância
direta às suas funções. Se o leitor moderno às vezes é tentado a pensar que
Paulo colocou suas exigências em nível surpreendentemente baixo, deve
lembrar-se que os padrões de conduta não eram altos na Ásia Menor no século I,
que as pessoas para as quais as cartas foram escritas tinham saído recentemente
de um ambiente pagão e provavelmente ainda tinham estreitos contatos com ele, e
que o Apóstolo era um realista.
O catálogo começa com
um requisito que a tudo abrange; o superintendente deve ser irrepreensível. Ou
seja: não deve apresentar nenhum defeito óbvio de caráter ou de conduta, na sua
vida passada ou presente, que os maliciosos, seja dentro, seja fora da igreja,
possam explorar para desacreditá-lo. Em especial, sua vida sexual deve ser
exemplar, e os mais altos padrões devem ser esperados dele: deve ser casada uma
só vez. O novo casamento seja depois do divórcio no caso de um pagão
convertido, ou depois do falecimento da sua primeira esposa, é censurado como
sendo impróprio num ministro de Cristo. £ igualmente proibido aos diáconos (3:12)
e aos presbíteros (Tt 1:6), e conta como uma desqualificação nas aspirantes à
ordem das viúvas (5:9).
Este é o significando
claro de esposo de uma só mulher. Alternativas propostas como interpretações
são (a) que as palavras são dirigidas contra manter concubinas ou contra a
poligamia, i.é, ter mais de uma só esposa de uma vez - sugestões estas que são
extremamente improváveis, visto que nenhuma destas práticas pode ter sido uma
opção real para qualquer cristão comum, é muito menos para um ministro; (b) que
meramente estipulam que o superintendente seja um homem casado — isto está em
harmonia com o alto valor que a carta atribui ao casamento (4:3), mas é muito
improvável em si mesmo, e de qualquer maneira torna sem sentido a palavra uma
só enfática em Grego; (c) que o objeto é meramente preceituar a fidelidade
dentro do casamento, tratando-se de “não cobiçar outras mulheres senão sua
esposa” — mas isto é extrair do Grego mais do que o texto pode suportar. Quanto
a esta questão, bem como em tantos outros assuntos, a atitude da antiguidade
era marcantemente diferente daquilo que prevalece na maioria dos círculos hoje,
e há evidências abundantes, tanto da literatura quanto das inscrições
funerárias, pagãs e judaicas, que permanecer solteiro depois da morte da
cônjuge ou do divórcio era considerado meritório, ao passo que casar-se de novo
era considerado um sinal de autoindulgência.
Paulo certamente
compartilhava deste ponto de vista, e embora permitisse a uma viúva que se
casasse de novo, estimava-a mais bem-aventurada se se abstivesse de um segundo
casamento (1 Co 7:40). De modo geral, embora se opusesse ao ultra ascetismo que
desconsiderava o casamento e que aplaudia façanhas de abnegação (cf. e.g., sua
crítica das “uniões espirituais” em 1 Co 7:36-38), tinha grande respeito pela
abstinência sexual completa, considerando-a um dom de Deus, e também sustentava
que o controle-próprio periódico dentro do casamento era de valor espiritual (1
Co 7:1-7). No contexto de táis pressuposições era natural esperar que os
ministros da igreja fossem exemplos a outras pessoas e que se satisfizessem com
um único casamento. Nos primeiros séculos cristãos, devemos notar, o segundo
casamento não era totalmente proibido, mas era considerado com nítida
desaprovação. O superintendente deveria, além disto, ser temperante, palavra esta
(Gr. néphatíos; no N.T. somente aqui e em 3:11; Tt 2:2) que originalmente denota
a abstinência do álcool, mas que aqui, visto que a bebedice é expressamente
estigmatizada no versículo seguinte, provavelmente tem o significado mais amplo
e metafórico. Este sentido está em harmonia com o uso de Paulo do verbo
relacionado néphõ em 1 Ts 5:6 e 8;cf. 1 Pe4:7.
Os dois adjetivos
seguintes, sóbrio (Gr. sõphrón; talvez tenha a mesma nuança que o subs.
correlato em 2:9, ver a nota ali) e modesto, ressaltam traços essenciais no
caráter e no comportamento do superintendente respectivamente, ao passo que o
terceiro, hospitaleiro, sublinha que na sua capacidade oficial, tem o dever de
manter sua casa franqueada tanto para os delegados que viajavam de igreja em
igreja quanto para os membros comuns da congregação que estavam necessitados.
Cf. as instruções de Paulo aos seus correspondentes (Rm 12:13): “compartilhai as
necessidades dos santos; praticai a hospitalidade.” Este serviço mútuo, ao
mesmo tempo caridoso e diplomático, desempenhava um papel importante na vida
diária da igreja primitiva, conforme fica abundantemente atestado (5:10; Hb
13:2 1 Pe 4:9; 3 Jo 5ss.; 1 Gem. 1:2; Hermes, Mand. 8:10), e cabia
primariamente ao superintendente (Tt 1:8).
Outro aspecto
importante nas funções de um superintendente é indicado no pedido de que seja
apto para ensinar. Os superintendentes provavelmente devam ser identificados
com aquele grupo dentro do corpo dos presbíteros “que se afadigam na palavra e
no ensino” (5:17, onde ver a nota). Estes deveres estão mais plenamente
especificados em Tt 1:9, sendo que consistem em: (a) lealdade à tradição
apostólica, (b) disposição para instruir nela a congregação, e (cj vigilância
em confundir os que a pervertem.
John
Norman Davidson Kelly. Introdução e
Comentário. I, II Timóteo e Tito. Editora Vida Nova. pag. 75-78.
Qualificações do Bispo (3.2)
Convém, pois, que o
bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto,
hospitaleiro, apto para ensinar. No total, há 15 qualificações estipuladas pelo
apóstolo, sete das quais ocorrem no versículo 2. E importante que a
primeiríssima destas seja a irrepreensibilidade. O significado da palavra é
“acima de repreensão”, “de reputação irrepreensível” (cf. CH), “de caráter
impecável”, “que ninguém possa culpar de nada” (NTLH). Por qualquer método que
avaliemos, esta é a virtude mais inclusiva que aparece na lista. Significa que
o líder na igreja de Cristo não pode ter defeito óbvio de caráter e deve ser
pessoa de reputação imaculada. Dificilmente se esperaria que não tivesse
defeito, mas que fosse sem culpa. E apropriado que o ministro seja julgado por
um padrão mais rígido que os membros leigos da igreja. Os leigos podem ser
perdoados por defeitos e falhas que seriam totalmente fatais a um ministro. Há
certas coisas que um Deus misericordioso perdoa em um homem, mas que a igreja
não perdoa no ministério deste. A irrepreensibilidade do candidato é requisito
no qual devemos ser insistentes hoje em dia, como o foi Paulo no século I.
O líder da igreja
deve ser exemplar especialmente em assuntos relativos a sexo. Este é o destaque
da segunda estipulação do apóstolo: Marido de uma mulher (2). Trata-se de
precaução contra a poligamia, que gerava um problema sério para a igreja cujos
membros eram ganhos para Cristo vindos de um paganismo que tolerava abertamente
casamentos plurais. Em todo quesito que a igreja com seus altos padrões éticos
relativos a casamento confrontar o paganismo de nossos dias, em regiões
incivilizadas ou não, a insistência cristã na pureza deve ser enunciada de
forma clara e seguida com todo o rigor.
Mas temos de
perguntar: A intenção de Paulo era desaprovar o segundo casamento? Alguns dos
manuscritos antigos requerem a tradução “casado apenas uma vez” (conforme nota
de rodapé na NEB). “Sobre este assunto, como em muitos outros”, comenta Kelly,
“a atitude que vigorava na antiguidade difere notadamente da que prevalece em
grande parte dos círculos de hoje. Existem evidências abundantes provenientes
da literatura e inscrições funerárias, tanto gentias quanto judaicas, que
permanecer solteiro depois da morte do cônjuge ou depois do divórcio era
considerado meritório, ao passo que casar-se outra vez era visto como sinal de
satisfação excessiva dos próprios desejos”.1 E óbvio que em alguns segmentos da
igreja primitiva esta era a opinião prevalente, chegando ao extremo último da
ordem de um ministério celibatário.
Mas esta não é a
interpretação do ensino de Paulo que prevalece hoje. E bem conhecida sua
própria preferência da vida solteira em comparação ao estado casado; e há
passagens nos seus escritos em que ele recomenda este estado aos outros (e.g.,
1 Co 7.39,40). Talvez o melhor resumo da intenção do apóstolo para os nossos
dias seja a declaração de E. F. Scott: “O bispo tem de dar exemplo de
moralidade rígida”.
As próximas três
especificações — vigilante, sóbrio, honesto (2) — têm relação próxima entre si
e descrevem a vida cristã ordeira. Moffatt traduz estas qualidades pelas
palavras: “temperado [NVI; cf. RA], mestre de si, calmo”. A temperança neste
contexto transmite a ideia de autocontrole (cf. CH) ou autodisciplina.
O próximo quesito
qualificador é apresentado pelo apóstolo na palavra descritiva hospitaleiro
(2). Esta mesma característica é mais detalhada em Tito 1.8: “Dado à
hospitalidade, amigo do bem”. Nesses primeiros dias da igreja, esta era uma
virtude muito importante.
Havia poucos albergues no mundo do século I, e os apóstolos e evangelistas
cristãos que eram enviados de lugar em lugar ficavam dependentes da
hospitalidade de cristãos que tivessem um “quarto de profeta”, mantido com a
finalidade de atender essas necessidades. Em nossos dias de hotéis, expressamos
nossa hospitalidade cristã de modo diferente. Mas quando a igreja era jovem,
essa hospitalidade era extremamente primordial. O dever e privilégio de
ministrá-la recaíam naturalmente sobre o bispo ou pastor. O espírito essencial
do ato é tão importante hoje como era outrora.
Igualmente essencial
e até mais importante é a sétima qualidade que Paulo menciona: Apto para
ensinar (2). Pelo visto, nem todos os pastores eram empregados no ministério de
ensino. E o que mostra 5.17: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados
por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na
doutrina”. Mas a aptidão para ensinar era rendimento certo para o ministro
cristão. Era importante então como é hoje. Sempre haverá indivíduos que possuem
maior capacidade nesta ou naquela área que outros, mas certa habilidade para
ensinar é de extrema necessidade ao ministério completo e frutífero.
J.
Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 9. pag. 469-470.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário