A CONSAGRAÇÃO DOS SACERDOTES
Data: 23 de Março de 2014 HINOS SUGERIDOS 363, 423,
432.
TEXTO ÁUREO
“E
quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem
derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9,22).
VERDADE PRATICA
VERDADE PRATICA
O
sacrifício expiador de Cristo no Calvário foi perfeito, único e capaz de nos
purificar de todo pecado.
LEITURA DIARIA
Segunda - Êx 28-1 A instituição do sacerdócio.
Terça - Êx 29.1-9 A cerimônia de consagração.
Quarta - Lv 16-11-14 A oferta do sacerdote pelo seu pecado.
Quinta - Hb 6.20 Jesus, nosso Sumo Sacerdote
eterno.
Sexta - Hb 4.15,16 Jesus, Sumo Sacerdote compassivo.
Sábado - Hb 9.11 Jesus, Sumo Sacerdote dos bens futuros.
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Êxodo
29.1-12
1
- Isto é o que lhes hás de fazer, para os santificar, para que me administrem o
sacerdócio: Toma um novilho, e dois carneiros sem mácula,
2
- e pão asmo, e bolos asmos amassados com azeite, e coscorões asmos untados com
azeite; com flor de farinha de trigo os farás.
3
- E os porás num cesto e os trarás no cesto, com o novilho e os dois carneiros.
4
- Então, farás chegar Arão e seus filhos à porta da tenda da congregação e os
lavarás com água;
5
- depois, tomarás as vestes e vestirás a Arão da túnica, e do manto do éfode, e
do éfode mesmo, e do peitoral; e o cingirás com o cinto de obra de artífice do
éfode.
6
- E a mitra porás sobre a sua cabeça; a coroa da santidade porás sobre a mitra;
7
- e tomarás o azeite da unção e o derramarás sobre a sua cabeça; assim, o
ungirás.
8
- Depois farás chegar seus filhos, e lhes farás vestir túnicas,
9
- e os cingirás com o cinto, a Arão e a seus filhos, e lhes atarás as tiaras,
para que tenham o sacerdócio por estatuto perpétuo, e sagrarás a Arão e a seus
filhos.
10
- E farás chegar o novilho diante da tenda da congregação, e Arão e seus filhos
porão as mãos sobre a cabeça do novilho;
11
- e degolarás o novilho perante o Senhor à porta da tenda da congregação.
12
- Depois, tomarás do sangue do novilho, e o porás com o teu dedo sobre as
pontas do altar, e todo o sangue restante derramarás á base do altar.
INTERAÇÃO
Chegamos
ao capítulo que detalha o cerimonial de consagração sacerdotal para o serviço
no Tabernáculo: Êxodo 29. Este capítulo descreve o rito consagratório dos
sacerdotes. Ele consistia na apresentação de um bezerro e dois carneiros sem
mácula; pão asmo (sem fermento) e bolos asmos amassados com azeite; bolinhos
asmos untados com azeite e feito com flor de farinha de trigo. Todos estes
itens eram elementos que compunham todo o ritual para consagrar, isto é,
separar, para o ministério sacerdotal, Arão e os seus filhos. Esta linhagem
representaria o sacerdócio oficial da Casa de Israel.
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Explicar como se dava a
cerimônia de consagração sacerdotal.
Citar os elementos do
sacrifício de posse.
Compreender que Cristo é o
perpétuo e o mais perfeito Sumo Sacerdote.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado
professor, para ampliar a conclusão do primeiro tópico da aula desta semana,
reproduza na lousa o seguinte texto: “O Novilho [Bezerro]. Quando os sacerdotes
impunham as mãos na cabeça do novilho, isso simbolizava a sua identificação com
o animai, como seu substituto e, talvez, a transferência dos pecados do povo
para o animal. Assim, o novilho tornava-se um sacrifício vicário, que morria
por causa dos pecados do povo (v. 14). Essa cerimônia aponta para o sacrifício
vicário de Cristo, que tornou-se a nossa oferta pelo pecado (Is 53.5; Cl 3.13;
Hb 13.11-13)” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1 65). Em seguida, explique
que a suficiência do sacrifício de Jesus Cristo é a garantia de que Ele é o
Sumo Sacerdote perfeito.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Deus
ordenou que Moisés se- parasse Arão e seus filhos para o sacerdócio. O
vestiário, bem como o modo de proceder dos sacerdotes, foram dados por
orientações do próprio Deus. Antes de oferecer sacrifícios em favor do povo,
Arão deveria oferecer sacrifício para a remissão dos seus próprios pecados. Na
lição de hoje, estudaremos a respeito do ato de consagração e purificação do
sacerdócio, conforme as determinações de Deus.
I - A
CONSAGRAÇÃO DE ARÃO E SEUS FILHOS
1. A lavagem com
água. “Então,
farás chegar Arão e seus filhos à porta da tenda da congregação e os lavarás
com água” (Êx 29.4). Muitos eram os rituais de preparação que os sacerdotes
deveriam realizar antes de se achegarem à presença de Deus. Uma parte dos
rituais era a lavagem com água, que simbolizava pureza e perfeição. Deus é
santo e requer santidade do seu povo: “Santos sereis, porque eu, o Senhor,
vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2). Atualmente o crente é limpo pela Palavra (Jo
15.3) e pelo sangue de Cristo (1 Jo 1.7). Sem pureza e santidade não podemos
nos achegar à presença de Deus. Uma importante razão pela qual o crente deve
santificar-se é que a santidade de Deus, em parte, á é revelada através do
procedimento justo e da vida santificada do crente.
2. A unção com azeite
(Êx 30.23 33).
O azeite da unção deveria ser derramado sobre a cabeça de Arão e seus filhos. O
azeite é símbolo do Espírito Santo que viria habitar no crente pelo ministério
intercessor de Jesus (Jo 14.16,17,26), bem como o batismo com o Espírito Santo
(At 1.4,5,8). Assim também a igreja recebeu o penhor do Espírito (2 r Co
1.21,22), mas alguns de seus membros são individualmente separados para
ministérios específicos, segundo os propósitos de Deus.
3. Animais são
Imolados como sacrifício (Êx 29.10-18). Era necessário que antes de ministrar em
favor do povo, o sacerdote oferecesse sacrifícios de holocausto por sua própria
vida. Arão e seus filhos deveriam levar um cordeiro, sem mancha ou defeito,
diante do altar. O cordeiro morto tipificava a morte vicária de Jesus Cristo,
que “morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Co 15.3). A morte
vicária de Cristo proporciona ao homem pecador a reconciliação com Deus. Jesus
morreu para expiar os nossos pecados (1 Pe 1.18,19).
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
A
consagração do sacerdócio de Arão e de seus filhos decorria pela passagem da
água, a unção com azeite e a imolação de animais como sacrifício.
II - O
SACRIFÍCIO DA POSSE
1. O segundo carneiro
da consagração (Êx 29.19-35). Era necessário que outro animal inocente
fosse morto. Segundo o Comentário Bíblico Beacon, “parte do sangue era colocada
primeiramente na orelha direita, no dedo polegar da mão direita e no dedo polegar
do pé direito”. O restante do sangue deveria ser derramado sobre o altar. Sem
derramamento de sangue não há remissão de pecado (Hb 9.22). Tudo apontava para
o Calvário, onde Cristo derramou seu sangue por nós.
2. Sacrifícios
diários.
Diariamente eram oferecidos sacrifícios pelo pecado. Peia manhã e a tarde havia
sacrifícios e um animal inocente era morto em resgate da vida de alguém. O
sacrifício de Cristo foi perfeito e único. Por isso, hoje podemos nos achegar a
Deus para adorá-lo livremente.
No
tabernáculo, tudo deveria estar sempre pronto a fim de que o culto diário a
Deus nunca fosse interrompido. Os sacerdotes cuidavam para que o fogo do altar
nunca se apagasse. A cada manhã, este era alimentado com nova lenha e novos
holocaustos (Lv 6.12,13). Da mesma forma Deus quer que nos apresentemos a Ele,
prontos e renovados espiritualmente (2 Co 4,16).
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
O
sacrifício da posse consistia na consagração do segundo carneiro e nos
sacrifícios diários.
III -
CRISTO, PERPÉTUO SUMO SACERDOTE
1. Sacerdócio segundo
a ordem de Melquisedeque. A primeira referência a Melquisede que como sacerdote
encontra-se no livro de Gênesis 14.18. Poucos sabemos a respeito de
Melquisedeque: “sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias
nem fim de vida” (Hb 7.3). Melquisedeque é um tipo de Cristo.
2. O sacrifício
perfeito de Cristo.
Arão e seus descendentes deveriam oferecer diariamente sacrifícios por seus
pecados e também do seu povo. Hoje não precisamos fazer esses tipos de
sacrifícios, pois o sacrifício de Cristo foi único, perfeito e perpétuo (Hb
7.25-28).
3. O sacrifício
eterno de Cristo.
Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo (Hb 7.24). O
vocábulo “perpétuo” significa a “inalterável”. Jesus não pertencia à tribo de
Levi, mas seu sacerdócio era segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.6,10;
7.11,12), logo, seu sacerdócio era superior ao de Arão. O sacerdócio de Cristo
é superior, eterno e imutável.
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
O
sacrifício de Cristo é perfeito, eterno e perpétuo segundo a ordem de
Melquisedeque.
CONCLUSÃO
Deus
estabeleceu o sacerdócio e as cerimônias de purificação e consagração. Estas
cerimônias apontavam para o sacrifício perfeito e o sacerdócio eterno de
Cristo. Ele se ofereceu como holocausto em nosso lugar. Sem Cristo, jamais
poderíamos nos achegar à presença santa e eterna de Deus e ter comunhão com
Ele.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Geográfico
“O
sistema sacrificial
Quando
os seres humanos entram em relação de aliança com Deus e mantêm o seu lado do trato,
evitando todos os pecados conhecidos, surge o desejo de relacionar-se mais
intimamente com Deus — entregar-se ao seu serviço, expressar agradecimento,
apoiar seus servos, ter comunhão, e desculpar-se pelo mal cometido
acidentalmente. O sistema sacrificial demonstrou que uma relação mais profunda
com Deus era possível, mas para que isso acontecesse havia necessidade de uma
purificação contínua do pecado.
Ao
mesmo tempo, o sistema demonstrou suas próprias deficiências e resultou na
necessidade de encontrar outro meio não só para estabelecer uma relação mais
profunda com Deus, como também para tratar com todo o problema do pecado
deliberado. Esse outro meio foi tornado possível mediante Jesus (Hb 10.1-8)”
(GOWER, Ralph. Novo Manual dos Usos
& Costumes dos Tempos Bíblicos. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012,
p.325).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Bibliográfico
“A
Origem dos Sacrifícios
Em
relação à origem dos sacrifícios, existem duas opiniões: (1) que eles têm sua
origem nos homens, e que Israel apenas reorganizou e adaptou os costumes de
outras religiões, quando inaugurou seu sistema sacrificial; e (2) que os
sacrifícios foram instituídos por Adão e seus descendentes em resposta a uma
revelação de Deus.
É
possível que o primeiro ato sacrificial em Gênesis tenha ocorrido quando Deus
vestiu Adão e Eva com peles para cobrir sua nudez (Gn 3.21). O segundo
sacrifício mencionado foi o de Caim, que veio com uma oferta do ‘fruto da
terra’, isto é, daquilo que havia produzido, expressando sua satisfação e
orgulho. Entretanto, seu irmão Abel ‘trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e
da sua gordura’ como forma de expressar a contrição de seu coração, o
arrependimento e a necessidade da expiação de seus pecados (Gn 4.3,4).
Em
Romanos 1.21, Paulo refere-se à revelação e ao conhecimento inicial que os
patriarcas tinham a respeito de Deus, e explica a apostasia e o pecado dos
homens do seguinte modo: ‘Tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus,
nem lhe deram graças’. Depois do Dilúvio, ‘edificou Noé um altar ao Senhor; e
tomou de animal limpo e de toda a ave limpa e ofereceu holocaustos sobre o
altar’ (Gn 8.20). Muito tempo antes de Moisés, os patriarcas Abrão (Gn
12.8;13.18; 15.9-17; 22.2SS-), Isaque (Gn 26.25), e Jacó (Gn 33.20; 35.3)
também ofereceram verdadeiros sacrifícios (Dicionário
Bíblico Wycliffe. l. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.1723).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
GOWER,
Ralph. Novo Manual dos Usos &
Costumes dos Tempos Bíblicos. 2,ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012. Dicionário Bíblico Wycliffe. I. ed. Rio
de Janeiro: CPAD, 2009. MERRIL, Eugene H. História
de Israel no Antigo Testamento: O
reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6. ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2007.
EXERCÍCIOS
1.
Atualmente somos limpos mediante quê?
R:
Atualmente o
crente é limpo pela Palavra (Jo 15.3) e pelo sangue de Cristo (1 Jo 1.7).
2.
O que o azeite simboliza?
R:
O azeite é
símbolo do Espírito Santo que viria habitar no crente pelo ministério
intercessor de Jesus (Jo 14.16,17,26).
3.
O que deveria ser feito com o restante do sangue do segundo carneiro?
R:
O restante do
sangue deveria ser derramado sobre o altar.
4.
Cristo era Sacerdote segundo qual ordem?
R:
Ordem de
Melquisedeque.
5.
De acordo com a lição, qual o significado do vocábulo “perpétuo”?
R:
O vocábulo
“perpétuo” significa “inalterável”.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n°57, p.42.
Moisés,
segundo as instruções divinas, separou a Arão e seus filhos, Nadabe, Abiú,
Eleazar e Itamar para o sacerdócio (Êx 28.1). Todos os dias o sacerdote deveria
oferecer no altar do holocausto sacrifícios. Primeiro era necessário que um
animal inocente fosse morto em resgate da vida do próprio sacerdote, e em
seguida outro animal morreria em favor do povo de Deus.
Vários
eram os ritos de purificação que os sacerdotes eram submetidos diariamente.
Eles não poderiam jamais se apresentar diante do Altíssimo de qualquer maneira.
As roupas deveriam estar limpas e em ordem, e os cabelos bem penteados. A
Antiga Aliança não permitia falhas. Tudo apontava para Jesus Cristo, o homem
perfeito, único capaz de cumprir toda a lei.
Água
era aspergida sobre Arão e seus filhos, pois se tratava de uma lavagem
simbólica: "Então, farás chegar Arão e seus filhos à porta da tenda da
congregação e os lavarás com água" (Êx 29.4). Qual era o propósito da
lavagem? Era apontar para a pureza e perfeição de Cristo. A purificação se dava
na porta da tenda para que todos os israelitas vissem. Deus é santo e o
sacerdote deveria também ser santo: [...] "Santos sereis, porque eu, o
Senhor, vosso Deus, sou santo" (Êx 19.2). Nossa santidade precisa ser
vista por aqueles que não conhecem a Cristo a fim de que glorifiquem a Deus.
Somos chamados para sermos "sal" e "luz" deste mundo,
precisamos fazer a diferença no meio de uma sociedade perversa.
A
água simboliza também a Palavra de Deus. Jesus declarou: "Vós já estais
limpos pela palavra que vos tenho falado" (Jo 15.3). A Palavra de Deus é
pura e santa, por isso ela pode nos tornar limpos. Ela também tem o poder de
penetrar no mais íntimo do nosso ser, ela chega onde nenhum homem pode alcançar
(Hb 4.12).
O
azeite da santa unção era derramado sobre a cabeça de Arão e seus filhos:
"E disto farás o azeite da santa unção, o perfume composto segundo a obra
do perfumista; este será o azeite da santa unção" (Êx 30.15). Este azeite
era santo (separado) e só poderia ser utilizado neste ritual. O templo do
Senhor, assim como seus móveis e objetos são santos e só devem ser utilizados
na obra de Deus. Sabemos que um dos símbolos do Espírito Santo é o azeite.
Em
o Novo Testamento vemos que Jesus, nosso Sumo Sacerdote, recebeu a unção do
Espírito Santo antes de iniciar seu ministério, durante o seu batismo. Jesus
foi ungido para servir (At 10.38; Lc 4.18,19). O batismo com o Espírito Santo
nos torna aptos para o serviço a Deus.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A cerimônia de
consagração para o sacerdócio levítico evidenciava a grande responsabilidade e
a importância desse ministério tanto para quem haveria de exercê-lo quanto para
o seu beneficiado direto — o povo, que assistia a essa solenidade. Essa
cerimônia tinha tanta relevância, que Deus deu a Moisés todos os detalhes de
como ela deveria ocorrer. Eles estão registrados em Êxodo 29.1-46 e incluíam
uma cerimônia de santificação do altar para o sacrifício.
Deus estabeleceu o
sacerdócio como “estatuto perpétuo” (Êx 29.9), o que significa que ele era
imutável e deveria ocorrer enquanto o Santuário existisse. A expressão hebraica
traduzida por “perpétuo” nessa passagem traz a ideia de “imutável”.
Para aqueles que
iriam exercer esse ministério, ao final das orientações referentes à cerimônia,
Deus promete abençoar todas as obras do seu ofício. O Senhor é assim: Ele não
apenas nos cobra responsabilidades; Ele também promete estar conosco e nos
abençoar em tudo o que precisamos fazer para a sua glória e a bênção do seu
povo.
Vejamos a seguir
alguns aspectos dessa cerimônia e como ela aponta para princípios que todo
obreiro do Senhor não deve olvidar, objetivando o seu amadurecimento espiritual
no serviço do Mestre.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 138.
Tríplice Divisão Da
Hierarquia
O sacerdócio era
dividido em três grupos: (1) o sumo sacerdote, (2) os sacerdotes comuns e (3)
os levitas. Todos os três descendiam de Levi. Todos os sacerdotes eram levitas,
mas nem todos os levitas eram sacerdotes. A ordem mais baixa do sacerdócio era
a dos levitas, que cuidavam do serviço do santuário. Eles tomaram o lugar dos
primogênitos que pertenciam a Deus por direito (Êx 13.2,12,13; 22.29; 34.19,20;
Lv 27.26; Nm 3.12,13,41,45; 8.14-17; 18.15; Dt 15.19). Os filhos de Arão,
separados para o ofício especial de sacerdote, estavam acima dos levitas.
Apenas eles podiam ministrar nos sacrifícios do altar. O nível mais elevado do
sacerdócio era o sumo sacerdote. Ele representava fisicamente o cume da pureza
do sacerdócio. Carregava os nomes de todas as tribos de Israel em seu peitoral
para o interior do santuário, representando todo o povo perante Deus (Êx
28.29). Apenas ele podia entrar o santo dos santos e apenas um dia no ano, para
fazer expiação pelos pecados de toda a nação.
Consagração de
sacerdotes
As cerimônias ligadas
com a consagração dos sacerdotes estão descritas em Êxodo 29 e Levítico 8. Elas
incluíam um banho de consagração, unção, vestimenta e sacrifícios. A lavagem
simbolizava a limpeza do coração para as obrigações ligadas à pureza da nação
perante Deus. A unção (Lv 8.10,11) envolvia o derramar óleo na cabeça do sumo
sacerdote e respingá-lo nas vestimentas dos outros sacerdotes (w. 22-24). As
vestimentas dos sacerdotes e é especialmente a do sumo sacerdote eram caras e
bonitas (Êx 28.3-5; Lv 8.7-9). Os sacrifícios de consagração incluíam a oferta
pelo pecado (8.14-17), oferta queimada (vv. 18-21) uma oferta de consagração
especial (w. 22-32). O sangue do carneiro era aplicado na orelha, no dedo
polegar e no dedo do pé direitos de Arão e de seus filhos, para simbolizar
consagração física completa ao Senhor.
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 5. pag. 302.
I - A
CONSAGRAÇÃO DE ARÃO E SEUS FILHOS
1. A lavagem com
água.
A Cerimônia de
Consagração
Eis alguns aspectos
importantes dessa cerimônia de consagração:
A lavagem com água (Êx
29.4), utilizando a água da pia de bronze (Êx 30.17-21). Ela nos fala de
purificação, pureza, santificação, perfeição. Essa lavagem com água simboliza a
purificação pelo sangue de Jesus e a Palavra de Deus (1 Jo 1.7; Jo 15.3; 17.17).
O escritor da Epístola aos Hebreus nos lembra que sem santificação, “ninguém
verá o Senhor” (Hb 12.14). A mensagem aqui, enfim, é que ninguém pode se
apresentar ao serviço do Senhor sem santificação, sem procurar viver uma vida
de santidade.
Colocação, em
seguida, das vestes especiais para o ofício (Êx 29.5,6,8,9). Após a lavagem,
eles estavam prontos para colocar suas novas vestimentas, próprias e
específicas para o trabalho que exerceriam. Sobre o significado dessa
indumentária, já falamos bastante no capítulo anterior. A mensagem aqui é que
“não era suficiente que removessem a corrupção do pecado [pela lavagem da
água]”, mas também “deveriam vestir as graças do Espírito, vestirem-se de
justiça (SI 132.9). Eles deveriam ser cingidos, como homens preparados e
fortalecidos para o seu trabalho. E deveriam ser vestidos e coroados, como
homens que consideravam o seu trabalho e as suas funções uma verdadeira honra”.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 141.
A Lavagem com Água
Já frisámos que Arão
e seus filhos representam Cristo e a Igreja, porém nos primeiros versículos
deste capítulo é dado o primeiro lugar a Arão. "Então, farás chegar Arão e
seus filhos à porta da tenda da congregação e os lavarás com água"
(versículo 4). A lavagem da água tornava Arão simbolicamente aquilo que Cristo
é intrinsecamente, isto é: santo. A Igreja é santa em virtude de estar ligada a
Cristo na vida de ressurreição. Ele é a definição perfeita daquilo que ela é
perante Deus. O ato cerimonial da lavagem da água representa a ação da palavra
de Deus (veja-se Ef 5:26).
"E por eles me
santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade"
(Jo 17:19), disse o Senhor Jesus. Separou-Se para Deus no poder de uma perfeita
obediência, orientando-Se em todas as coisas, como homem, pela Palavra,
mediante o Espírito eterno, a fim de que todos aqueles que são d'Ele pudessem
ser inteiramente separados pelo poder moral da verdade.
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 29.4 Moisés, pois,
deveria trazer os homens a serem consagrados, a saber, Arão e seus filhos, e
lavá-los ritualmente à entrada (primeira cortina) do tabernáculo. Ver a
extremidade oriental do tabernáculo, comentada e ilustrada em Êxo. 27.14.
Ninguém podia entrar no Lugar Santo ou no Santo dos Santos, senão depois de
terminados os vários atos de ordenação, que começavam com a lavagem.
Naturalmente, os intérpretes cristãos veem aqui, em símbolo, o batismo. A
lavagem a ter lugar era do corpo inteiro (cf. João 13.10; Heb. 10.22), e não
somente das mãos e dos pés (Êxo. 30.19-21). Primeiramente havia uma lavagem por
inteiro, e depois uma lavagem menor. Naturalmente 0 método usado era o da
imersão, mesmo que não disponhamos de um texto de prova a respeito. O Targum de
Jonathan diz-nos que essa lavagem foi realiza- da em quarenta grandes
receptáculos, cheios de água extraída de mananciais correntes, e que esses
receptáculos eram grandes o bastante para que o corpo inteiro dos sacerdotes
fosse imerso. Jarchi também alude a como o corpo inteiro de cada sacerdote foi
mergulhado na água. A lavagem mesma era um emblema da corrupção retirada, para
que a santidade pudesse ser derramada sobre os sacerdotes.
Temos aqui a primeira
menção bíblica à ablução cerimonial. A água é um símbolo natural da pureza e de
um agente natural de purificação.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 434.
Introdução (29.1-9).
Em preparação à cerimônia de posse do sacerdócio, foram predispostos um
novilho, e dois carneiros sem mácula (1), com pão asmo, bolos asmos e coscorões
(ou filhós) asmos em um cesto (2,3). Asmos quer dizer “sem fermento” (NVI).
Amassados com azeite, ou óleo, significa “misturados com óleo”, e untados com
azeite tem o sentido de “aspergidos com óleo” (VBB). Estes itens deviam ser levados
com Arão e seus filhos (4) à porta da tenda da congregação, ou seja, do Tabernáculo.
Ali, os sacerdotes seriam lavados com água. Esta lavagem exterior é símbolo da
limpeza interior e corresponde ao batismo nas águas. Os sacerdotes usavam a pia
de cobre (30.17-21) para este propósito (cf. Diagrama B).
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 1. pag. 217.
2. A unção com azeite
(Êx 30.23 33).
A unção com azeite
(Êx 29.7; 30.22-33). O azeite da unção deveria ser derramado sobre a cabeça de
Arão e de seus filhos. A unção simboliza a presença e o poder do Espírito
Santo. Também Jesus, o nosso Sumo Sacerdote, foi ungido pelo Espírito Santo (Lc
4.18,19; At 10.38), bem como os seus discípulos (Lc 24.49; At 1.5,8; 2.1-4).
Cada crente em Cristo, desde o dia em que aceitou Jesus como Senhor e Salvador
de sua vida, recebeu o Espírito Santo como penhor da nossa salvação (2 Co
1.21,22). Entretanto, é preciso que busquemos o batismo no Espírito Santo para
dinamizar mais ainda o nosso serviço a Deus (At 1.8; 19.1-6), além de buscarmos
ser sempre cheios do Espírito Santo (Ef 5.18).
Tanto o sumo
sacerdote como os demais sacerdotes eram ungidos (Êx 29.7; 30.30). Todos
aqueles que são chamados para o serviço de Deus precisam da unção de Deus, isto
é, do poder do Espírito Santo sobre suas vidas para realizarem com excelência a
obra que o Senhor confiou em suas mãos para fazer. O azeite tinha que ser
especial (Êx 30.22-25), não poderia ser misturado, nem com composição
diferente. Sua fórmula era exclusiva, não podendo ser usada para outro fim nem
aplicada em estranhos, mas só para o serviço na obra de Deus (Êx 30.31-33).
Deus não aceita mistura. Sua unção não poderá ser misturada com fórmulas
mundanas. Não há concórdia entre a luz e as trevas (1 Co 6.14-18).
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 142.
A Unção
"E tomarás o
azeite da unção e o derramarás sobre a sua cabeça " (versículo 7). Nestas palavras
temos o Espírito, mas é preciso notar que Arão foi ungido antes de o sangue ser
derramado, porque nos é apresentado como figura de Cristo, que, em virtude
daquilo que era em Sua Própria Pessoa, foi ungido com o Espírito Santo muito
antes que fosse cumprida a obra da cruz. Em contrapartida, os filhos de Arão
não foram ungidos senão depois de ser espargido o sangue, "degolarás o
carneiro, e tomarás do seu sangue, e o porás sobre a ponta da orelha direita de
Arão, e sobre a ponta da orelha direita de seus filhos, como também sobre o
dedo polegar da sua mão direita, e sobre o dedo polegar do seu pé direito: e o
resto do sangue espalharás sobre o altar ao redor" (¹). "Então,
tomarás do sangue que estará sobre os altar e do azeite da unção e o espargirás
sobre Arão e sobre as suas vestes e sobre seus filhos, e sobre os as vestes de
seus filhos com ele" (versículos 20 e 21). No que diz respeito à Igreja, o
sangue da cruz é o fundamento de tudo. Ela não podia ser ungida com o Espírito
Santo até que a sua Cabeça ressuscitada tivesse subido ao céu e depositado
sobre o trono da Majestade divina o relato do sacrifício que havia oferecido.
"Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas. De
sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai e promessa do
Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis" (At 2:32-33);
comparem-se também Jo 7:39; At 19:1 - 6). Desde os dias de Abel que haviam sido
regeneradas almas pelo Espírito Santo e experimentado a Sua influência, sobre
as quais operou e a quem qualificou para o serviço; porém a Igreja não podia
ser ungida com o Espírito Santo até que o Seu Senhor tivesse entrado vitorioso
no céu e recebesse para ela a promessa do Pai. A verdade desta doutrina é
ensinada, da forma mais direta e completa, em todo o Novo Testamento; e a sua
integridade estreita é mantida, em figura, no símbolo que temos perante nós,
pelo fato claro que, embora Arão fosse ungido antes de o sangue haver sido
derramado (versículo 7), contudo os seus filhos não o foram, e não podiam ser
ungidos senão depois (versículo 21).
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 30.22-23 Toma das
mais excelentes especiarias. Temos aqui a composição do azeite santo. Em Israel
era questão muito séria como esse azeite era prepara- do e usado. Devia ser
resguardado de qualquer profanação, e somente os sacerdotes sabiam como
prepará-lo com exatidão. Era usado para propósitos e para pessoas específicos.
Um homem comum não podia ser ungido com o óleo santo. As mais finas especiarias
eram tão valiosas quanto o ouro. Podiam ser usadas como presentes mais seletos,
sendo dados até à realeza (I Reis 10.2,10,15). Todos os elementos mencionados
nos vss. 22-24 são comentados no Dicionário. Ver os verbetes separados: Mirra,
Cinamomo; Cálamo Aromático; Cássia e Azeite.
Siclos... siclos...
siclos. Ver as notas sobre 0 vs. 13 deste capítulo, onde essa palavra é
explicada quanto ao seu valor. Se adicionarmos todas as quantidades aqui dadas
(incluindo as do vs. 25), teremos um peso de pouco mais de cinquenta
quilogramas, incluindo cerca de seis litros de azeite. Está aqui em pauta o
antigo sido (fenício), que pesava cerca de 112 gramas.
Êx 30.24 Cássia.
Todos os ingredientes do azeite da unção recebem um artigo separado no
Dicionário. Quanto a todos esses ingredientes o sido era a unidade de peso
usada, o que foi anotado em Êxo. 30.13.
Him. Quanto a essa
medida, ver as notas sobre Êxo. 29.40.
Êx 30.25 O óleo
sagrado. Ou seja, a mistura de azeite de oliveira com as várias especiarias
acima mencionadas, em suas medidas exatas, conhecidas somente pelos sacerdotes.
Era um produto composto que incorporava especiarias tão valiosas quanto o ouro.
Uma vez preparado, tornava-se um líquido especial de unção. O peso total dos
ingredientes pode ser calculado em ligeiramente acima de cinquenta quilogramas,
e o volume do azeite era de cerca de seis quilogramas. Era misturado por um
apotecário especialista. As especiarias não podiam ser misturadas de maneira
crua ou inexata. Os intérpretes judeus dizem-nos que as essências eram
primeiramente extraídas dos materiais naqueles pesos respectivos, e, então,
essas essências eram misturadas com o azeite.
Na introdução ao vs.
22, vemos o azeite como um tipo. “Simbolizava 0 Santo Espírito de Deus e as
Suas graças, aquele óleo de alegria com que Cristo e 0 Seu povo são ungidos; e
essa é a unção que nos ensina todas as coisas. Ver Sal. 45.7; Isa. 61.1,3; Atos
10.38; I João 2.20,27. Essa unção espiritual é comparada a essas várias
especiarias e ao azeite de oliveira por causa de seu perfume e por causa de sua
natureza animadora e reavivadora... por seu valor e preciosidade, e acerca da qual há um
certo peso e medida, posto que Cristo tenha sido ungido sem medida” (John Gill,
in loc.).
Êx 30.26-29 As coisas
que deviam ser ungidas ou santificadas por meio do azeite da unção são
alistadas nesses quatro versículos. Tal azeite não podia ser usado para ungir
pessoas comuns (vs. 32), mas os sacerdotes podiam usá-lo. Cf. Êxo. 40.9-11
quanto a outras instruções acerca do assunto, embora mais breves em sua
natureza. A unção do próprio tabernáculo é mencionado aqui, mas era a presença
de Deus que realmente ungia. A nuvem que representava a presença de Deus é
frisada como aquilo que realmente santificara o santuário (Êxo. 40.34-38).
Uma Lista Completa. A
lista de objetos a serem ungidos, preparada pelo autor sacro, é todo-inclusiva,
Todos os vasos e utensílios do tabernáculo deviam ser ungidos com o óleo santo.
“o tabernáculo e todo o seu conteúdo foram, primeiramente, consagrados; em
seguida, os sacerdotes (vs. 30). No tabernáculo, a consagração teve início pela
arca no Santo dos Santos. Daí passou-se para o Lugar Santo... e, finalmente,
passando-se para fora do segundo véu, chegou-se ao átrio externo, onde foi
aspergido o óleo santo sobre o altar de bronze e a bacia de bronze” (Ellicott,
in loc). Cf. esta passagem com Lev. 8.10,11. A arca foi 0 primeiro item a ser
mencionado, na construção dos móveis e utensílios do tabernáculo (Êxo.
25.10-22), e esse foi também o primeiro item a ser ungido. A importância
capital do item provavelmente estava sendo destacada mediante ambos os atos.
Todo o que locar
nelas será santo. Os sacerdotes foram ungidos, ficando entendido que eles eram
homens espirituais, pois, de outro modo, não teriam recebido a incumbência que
receberam. Assim sendo, podemos pensar que eles faziam seu trabalho dotados de
espiritualidade. Portanto, devemos entender aqui que, por baixo da unção com
azeite santo, havia uma espécie de pureza ou santificação mística e que
constituía a verdadeira unção deles. Entretanto, outros eruditos pensam que a
questão deve ser entendida apenas metaforicamente. Todavia, sempre fez parte do
ensino místico que os objetos podem absorver e emitir poderes espirituais. Isso
já foi dito a respeito do altar de bronze (Êxo. 29.37).
Êx 30.30 Um homem
comum (que não fosse sacerdote) não podia profanar o azeite da unção usando-o
para efeitos medicinais ou estéticos (vs. 32). Mas os sacerdotes eram ungidos
com o mesmo. Já vimos sobre a unção dos sacerdotes, nas notas sobre Êxo. 29.7,
onde há notas expositivas sobre esse ponto. No artigo Unção, no Dicionário, há
muitos outros detalhes. Um sacerdote não estava apto para seu serviço enquanto
não fosse ungido, e outro tanto se dá com qualquer obreiro no campo espiritual.
São necessárias tanto a chamada quanto a preparação. O Espírito Santo deve
fazer-se presente, pois do contrário nada de espiritual resultará. O Espírito
Santo confere-nos dons, os quais tornam-se eficazes mediante a Sua unção.
“Geração após geração, os descendentes dos sacerdotes ha- veriam de herdar o
ofício e ser firmados no mesmo mediante a unção sagrada” (J. Edgar Park, in
loc.). Cf. Lev. 8.10,11. Entre outras coisas, a unção era emblema do ensino
divino. Os sacerdotes, entre os seus muitos deveres, estavam incumbidos de
ensinar o povo. A unção do Espírito leva-nos a saber as coisas do Espírito.
Nessa unção existe iluminação. Ver I João 2.20,27. Uma vez ilumina- dos,
procuramos iluminar a outras pessoas.
Êx 30.31 Nas vossas
gerações. O relato acerca do tabernáculo enfatiza repetidamente a necessidade
de continuação, de perpetuidade, pois os ritos e os costumes deveriam prolongar-se
por todo o tempo, geração após geração. Os hebreus não antecipavam o fim de seu
sistema de adoração, supondo-o perfeito e final, por haver sido dado por
Yahweh. Quase todas as religiões supõem que com elas terminam as revelações
religiosas e que Deus estagnou nelas. Mas o cristianismo levou a fé religiosa a
um novo estágio, e sem dúvida, haverá ainda outros estágios e avanços, no
estado eterno, conforme o Espírito levar adiante 0 plano divino. Os homens
pouco sabem sobre isso, mas a última coisa que Deus poderia fazer seria
estagnar. Provi em Êxo. 29.42 uma lista de referências que enfatizam a esperada
perpetuidade do tabernáculo e seu cerimonial.
Parte das
responsabilidades dos sacerdotes levíticos era preservar a fórmula do óleo da
unção, não permitindo que o mesmo fosse alterado ou corrompido. E esse óleo
santo também não podia ser usado para fins profanos.
Êx 30.32 O óleo
sagrado nem podia ser manufaturado e nem podia ser usado por homens comuns. O
trecho de Êxo. 31.11 mostra-nos que aos sacerdotes cabia a preparação do óleo
da unção. Entre eles havia apotecários habilitados. Um sacerdote não podia dar
um pouco desse óleo santo à sua esposa, e nem a algum vizinho ou amigo. Também
não podia ensinar a fórmula de sua fabricação a quem não fosse sacerdote. Se
tal coisa fosse feita, o óleo santo automaticamente tomar-se-ia profano.
As festividades e os
entretenimentos incluíam comumente alguma forma de unção (ver Sal. 23.5; Luc.
7.46). O óleo preparado pelos sacerdotes não podia ser usado nessas ocasiões.
Mas outros óleos perfumados podiam ser usados para esse mister. Nenhum outro
óleo podia ter os mesmos ingredientes que o óleo santo, mesmo que fosse em
proporções diferentes. Nenhum óleo similar ao óleo santo podia ser prepara- do,
a fim de que permanecesse sem igual, não podendo ser confundido com qualquer
outra composição do perfumista.
Um Ensino Espiritual.
Pode haver muitas imitações da unção do Espírito. Há fogo estranho e óleo
estranho. Jesus ensinou essa mesma verdade usando termos diferentes, em Mat.
7.21 ss. Cf. I João 4.1.
Êx 30.33 Será
eliminado do seu povo. A profanação do azeite da unção era tida como um crime,
e tão grave que o indivíduo que ousasse fazer isso, seria elimina- do. Alguns
eruditos veem nisso a ideia de exclusão, mas o mais provável é que está em
pauta a execução (talvez por apedrejamento). Em diversas oportunidades foi
imposta a pena de morte contra os sacerdotes que não cumprissem corretamente as
suas ordens no tocante aos ritos do tabernáculo. Ver Êxo. 28.35,43; 30.20,21.
Se um sacerdote podia morrer por motivo de profanação, quanto mais um homem do
povo.
Ou dele puser sobre
um estranho, ou seja, quem não fosse sacerdote. Não está primariamente em foco
um gentio, ainda que, obviamente, neste último caso o ato também seria considerado
um crime. Salomão foi ungido com o azeite santo, mas a ameaça de morte não foi
executada, e isso por razões desconhecidas (I Reis 1.39).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 442-443.
O óleo da santa unção
(30.22-33). Deus mandou Moisés fazer um óleo especial de unção. Os ingredientes
eram pura mirra, canela aromática, cálamo aromático, cássia e azeite de
oliveiras (23,24). Os siclos (23) aqui se referem diretamente a peso e não a
valor monetário como ocorre no versículo 15. As quatro especiarias (duas vezes mais
de mirra e cássia que os outros dois ingredientes) seriam misturadas com um him
de azeite de oliva (cerca de 6,6 litros). O perfumista (25) era um farmacêutico
ou boticário.
Estes produtos
aromáticos, por terem propriedades curativas e fragrância, tornavam a
substância perfumada apropriadamente típica do Espírito Santo, que santifica e unge
o povo de Deus.
A Instituição da
Adoração Êxodo 30.26—31.2 Esta composição foi usada primeiramente para ungir a
tenda da congregação (o Tabernáculo) e sua mobília (26-29). Estas peças
sagradas ficariam santificadas (29), ou seja, seriam separadas para uso santo.
Tendo sido santificada, a mobília do Tabernáculo só poderia ser tocada pelo que
fosse santo (cf. comentários em 13.2).
Depois da consagração
do Tabernáculo, Moisés ungiu os sacerdotes para a função especial que
desempenhariam (30; cf. 29.21). Este ato os consagraria ao ofício sagrado, simbolizando
a unção do Espírito Santo nos servos de Deus. Moisés disse a Israel que este
óleo tinha de ser permanente (31); nunca deveria ser usado na carne do homem
(32), ou seja, para propósitos comuns; e sua fórmula nunca deveria ser copiada.
Haveria uma maldição em quem fizesse um óleo santo como este, ou o aplicasse
impropriamente (33).
O Espírito Santo é
muito semelhante a esta combinação de substâncias odoríferas e óleo! Ele
perfuma e cura a alma ungida; toma santo todos que o recebem; não pode ser falsificado
e quem procura substituí-lo cai na condenação de Deus; não é dado ao mundo, mas
a quem é redimido pelo sangue de Cristo; e sempre é o mesmo.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 1. pag. 221-222.
21 Na sequência, em
2Co 1.23–2.4, ele lhes dirá os motivos para o adiamento de sua visita. Agora
importa mais uma vez deixar clara a firme validade de seu sim aos coríntios e a
irrevogável comunhão com eles, o que Paulo faz novamente com o olhar voltado
para Deus. Apóstolo e igreja formam uma unidade inseparável, porque possuem o mesmo
fundamento de vida em Cristo. “Mas aquele que nos alicerçou convosco firmemente
em Cristo e nos ungiu é Deus.” Paulo e seus colaboradores estão “firmemente
alicerçados em Cristo”. Mas os coríntios também o são apesar de tudo o que é
aflitivo e errado em Corinto. Porque essa fundamentação em Cristo é
repetidamente efetivada por Deus e não é uma realização de resoluções humanas e
de força de vontade própria. Se fosse isso, realmente seria necessário
desconfiar de sua solidez e durabilidade e, por isso, olhar também uns para os
outros com permanente suspeita. Sendo, porém, que o próprio Deus alicerça o
apóstolo e a igreja conjuntamente sobre Cristo com seu sim divino, apesar de
todas as dificuldades e tensões em seu relacionamento recíproco, está lançada uma
base firme, que sustenta todos em conjunto.
Contudo Deus não
somente nos concede conjuntamente o alicerce firme, ele também nos “ungiu”. Por
meio dessa palavra os ouvintes da carta eram lembrados do “Ungido”, do
“Cristo”. Como “Ungido” Jesus tornou-se plenipotenciário profético, sacerdotal
e real de Deus. Cada pessoa que pertence a Jesus tem participação nesse poder.
Os “santos” também são “ungidos”. Quando Paulo escreve que Deus “nos” ungiu,
esse “nos” não se refere apenas a ele e seus colaboradores. O “nos convosco”
deve determinar a frase inteira. Em analogia com 1Jo 2.20,27, Paulo deve ter
considerado como “unção” basicamente que obtemos o Espírito e somos equipados
com força espiritual.
22 Ao prosseguir:
“Ele, que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nossos corações”,
Paulo não precisa forçosamente ter em mente um fato novo que transcenda o
“ungir com o Espírito”! Pelo contrário, essa unção do Espírito é vista sob dois
novos pontos de vista. O Espírito é o claro nítido “selo” que nos identifica
como propriedade de Deus e nos torna invulneráveis. Esse “selo” obviamente não
nos foi impresso ou anexado exteriormente. Ele é uma realidade viva que
perpassa e determina toda a nossa vida e natureza, que nos caracteriza como
“santos”, como pessoas que pertencem a Deus. Foi isso que o apóstolo também
atestou em Rm 8.14-16; Gl 4.6s e Ef 1.13, ainda que utilize a expressão “selar”
somente na última referência. Com isso, no entanto, foi lacrada também a
comunhão essencial da igreja com seu apóstolo. O selo de Deus protege essa
participação recíproca, também quando estiver exposta às mais intensas provas
de fogo.
Com o Espírito Santo
entra em nosso coração a realidade da vida divina. Evidentemente não da maneira
como há de acontecer em nossa transformação total, quando o Espírito de Deus
determinará e configurará até todo o nosso novo corpo (Rm 8.11; 1Co 15.42-55).
Porém já recebemos agora uma “primeira prestação” disso, que como “penhor” nos
assegura a perfeição futura. Para Paulo sempre era muito importante deixar
claro às igrejas, com toda a sobriedade, que a nova vida nos é concedida agora
apenas em medida restrita. Não somos eximidos de uma ardente espera e esperança
e por isso gememos com toda a criação (Rm 8.23-25). Ao mesmo tempo, porém, essa
espera não é um aguardar incerto e humano. Deus concede o Espírito “como o
penhor” (Ef 1.13s), “selando-nos” dessa maneira “para o dia da redenção” (Ef
4.30). Porque o Espírito de Deus é o elemento essencial de vida da nova
criação. Nele “provamos… os poderes do mundo vindouro” (Hb 6.5). Não brincamos
com sonhos insustentáveis, mas já vemos em um “primeiro feixe de espigas” a
maravilhosa colheita para a qual nos movemos.
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos II
Coríntios. Editora
Evangélica Esperança.
Por fim, quando temos
a consciência limpa, também nos relacionamos devidamente com o Espírito de Deus
(2 Co 1:21-24).
o termo confirmar é
de origem comercial e se refere à garantia de cumprimento de um contrato. A
confirmação significava que o vendedor garantia a autenticidade e qualidade do
produto que vendia ou, ainda, que prestaria o serviço conforme o prometido.
O Espírito Santo nos
garante que Deus é confiável e cumprirá todas as suas promessas. Paulo cuidava
para não entristecer o Espírito Santo e, uma vez que o Espírito não lhe
indicava o contrário, sabia que seus motivos eram puros e que sua consciência estava
limpa.
Todos os cristãos
foram ungidos pelo Espírito (2 Co 1:21). No Antigo Testamento, as únicas
pessoas que recebiam a unção de Deus eram os profetas, os sacerdotes e os reis.
Ao nos sujeitarmos ao Espírito, ele nos capacita a levar uma vida piedosa e a
servir a Deus de maneira aceitável (1 102:20, 27).
O Espírito também nos
selou (2 Co 1:22; Ef 1:13), de modo que pertencemos a Cristo, que nos tomou
para si. O testemunho do Espírito dentro de nós garante que somos filhos
legítimos de Deus (Rm 5:5; 8:9).
O Espírito também
garante sua proteção, pois somos sua propriedade.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
N.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 828-829.
I Cor 21-22. Nestes
versículos podemos ver por que Paulo introduziu a idéia da natureza inequívoca
de Cristo, aquele em quem as promessas de Deus encontram seu sim. É que foi no
inequívoco Cristo que Paulo e seus colaboradores se fundamentaram e foram
comissionados por Deus, como mensageiros do evangelho, e é nesse Cristo também
que receberam o selo do Espírito. Trocada em miúdos, a resposta de Paulo aos
que lhe atribuem inconstância, por causa das mudanças que ele introduziu em seus
planos de viagem, é que a obra de Deus em sua vida garante a confiabilidade de
tudo quanto ele diz. A fim de explicar a natureza dessa obra de Deus em sua
vida, Paulo introduz quatro importantes expressões.
Primeiramente, diz
Paulo: Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo, e nos ungiu, é Deus. A
palavra “confirmar” (bebaioó) é empregada com sentido legal nos papiros a
respeito de uma garantia concedida de que certos compromissos serão cumpridos.
No Novo Testamento, bebaioõ é usado de modo semelhante em conexão com a
proclamação do evangelho, a qual é “confirmada” por sinais miraculosos, ou pela
concessão de dons espirituais (Mc 16:20; 1 Co 1:6). Quando esse verbo é
empregado a respeito de seres humanos, indica seu fortalecimento, ou sua
confirmação, de modo que passam a exibir certas características. Por exemplo,
em 1 Coríntios 1:8, Paulo escreve a respeito de crentes que são confirmados
para serem “ irrepreensíveis” no dia do Senhor. Aqui, Paulo diz que Deus o
fortaleceu e o confirmou, como também a seus colaboradores (e aos coríntios)
para que sejam dignos de confiança.
Em segundo lugar, diz
Paulo que Deus nos ungiu. Este verbo no grego é chriõ, ungir; visto que a unção
com freqüência era um rito de comissionamento (Êx 28:41; 1 Sm 15:1; 1 Rs
19:16), a RSV traduziu o verbo como “ comissionou”, o que é justificável.
Entretanto, esta tradução obscurece o fato de que houve uma unção no
comissionamento de Paulo e seus colaboradores. Chriõ encontra-se em outros
quatro lugares no Novo Testamento, uma vez em Hebreus 1:9 (“Deus, o teu Deus,
te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros”), e três
vezes nos escritos de Lucas (Lc 4:18; At 4:27; 10:38). Duas referências em
Lucas são explicitamente à unção com o Espírito, sendo discutível se a terceira
é referência implícita. Em face da ênfase no Espírito, no presente contexto, é
melhor ver aqui uma referência a Paulo e seus companheiros sendo ungidos pelo
Espírito, reconhecendo que sua comissão está inextricavelmente amarrada a tal
unção.
Em terceiro lugar,
diz Paulo: que também nos selou. O verbo sphragizõ, “ colocar um selo em”, é
empregado em documentos comerciais encontrados entre os papiros a respeito de
selagem de cartas e envelopes, de modo que ninguém possa mexer em seu conteúdo.
Usado de modo figurado, como no Novo Testamento, “ selar” significa manter em
segredo, ou marcar com um sinal identificador (cf. Ap 7:3-8). Efésios fala de
os cristãos serem “selados com o Santo Espírito da promessa” (Ef 1:13; cf.
4:30). Aqui, com a frase que também nos selou, é quase certo que Paulo tinha em
mente que Deus nos dotou do Espírito Santo (cuja presença é a marca
identificadora de todo crente verdadeiro, Rm 8:9).
Em quarto lugar,
lemos: e nos deu o penhor do Espírito em nossos corações. A palavra grega
arrabõn, traduzida aqui por penhor, é um termo comercial, à semelhança de
sphragizõ. Trata-se do depósito feito pelo comprador ao vendedor, como garantia
de que o pagamento total será efetuado no devido tempo. O termo é aplicado de
modo figurado por Paulo, referindo-se ao Espírito que Deus concedeu aos
crentes, como garantia da total participação deles nas bênçãos da era vindoura
(cf. 5:5; Ef 1:14).
A maior ênfase,
portanto, dos versículos 21-22, está em que Paulo e seus companheiros foram
confirmados por Deus como mensageiros fiéis, tendo sido ungidos pelo Espírito.1
Mas, por que faz Paulo estas afirmações neste ponto de sua carta? Só para
mostrar que a integridade do grupo apostólico, e a verdade do evangelho
baseiam-se em nada mais senão na obra de Deus. É o Espírito de Deus que
confirma e unge os apóstolos; a presença do Espírito é que autentica e sela a
missão e a mensagem deles. A implicação é que se a obra de Deus em suas vidas
garante a confiabilidade dos apóstolos nessa grandiosa obra superior da proclamação
do evangelho, é certo que garantirá também confiabilidade em questões de menor
importância como seus planos de viagem. Quaisquer mudanças nos planos de viagem
não significam mera inconstância, mas genuína necessidade eventual e
imprevisível.
Colin
Kruse. I Coríntios. Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 82-84.
3. Animais são
Imolados como sacrifício (Êx 29.10-18).
O sacrifício (Êx
29.10-18). Primeiro, era feita uma oferta pelos pecados dos próprios sacerdotes
(Êx 29.10-14). Eles deveriam colocar a mão na cabeça do animal a ser
sacrificado (Êx 29.10), como confissão de que eram pecadores e pelos seus
pecados deveriam morrer. Ora, Cristo é a expiação pelos nossos pecados (Jo
3.16; 1 Co 15.3; 1 Jo 1.7). Quem serve na obra de Deus deve se lembrar de que é
um pecador e se apoiar totalmente nos méritos de Cristo para sua salvação. Como
Paulo disse a Timóteo, o obreiro de Deus deve cuidar primeiro de si mesmo, da
sua própria salvação, da sua vida espiritual, para depois levar a salvação e a
bênção e Deus aos outros: “Tem cuidado de ti mesmo [...] fazendo isto, te
salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4.16). Como alguém
poderá ajudar perfeitamente aqueles que se encontram doentes enquanto ele mesmo
ainda se encontra doente?
Em seguida, deveria
haver ainda um holocausto não de expiação de culpas, mas especificamente em
honra a Deus, e a oferta sobre ele deveria ser totalmente queimada,
simbolizando a dedicação total daqueles homens ao serviço do Senhor (Êx 29.15-18).
O fogo consumindo toda a oferta fala de entrega total ao serviço. E o fato de
essa oferta só poder ser apresentada após a oferta pela expiação dos pecados
desses sacerdotes significa que “até que a iniquidade seja retirada, nenhum
serviço aceitável pode ser realizado”,3 o que nos lembra da purificação de
Isaías para poder servir no ministério profético como Deus queria (Is 6.7).
A oferta pacífica
vinha depois, o chamado “carneiro das consagrações” (Êx 29.19-37) ou
“sacrifício da posse”. Todos esses sacrifícios apontavam para o Calvário, para
a obra de Cristo na cruz. Nesse sacrifício em especial, o sangue da vítima
inocente deveria ser aspergido tanto sobre o altar quanto sobre as vestes e o
corpo dos sacerdotes — no caso, sobre a ponta da orelha direita, o dedo polegar
da mão direita e o dedo do pé direito de todos eles. O azeite também era
espargido sobre eles e suas vestes. Isso tudo era para santificação de todos
eles (Êx 29.20,21). Significava santificação de sua atenção (orelha direita),
do seu trabalho (mão direita) e de seu andar, seu proceder (pé direito); e o
sangue e o azeite juntos falam do sangue de Cristo e do Espírito Santo, da
justificação e da santificação, do perdão e do poder purificadores. Aliás, o
Espírito Santo é quem aplica a obra de Cristo em nossa vida, operando a
santificação.
O restante do ritual,
conforme descrito no texto sagrado, é muito bem sintetizado pelo Comentário
Bíblico Beacon:
Moisés poria nas mãos
dos sacerdotes partes deste carneiro das consagrações, junto com porções do
pão, bolos e coscorões que estavam na cesta (Ex 29.22,23; ver v.2). Por um
movimento horizontal em direção ao altar, os sacerdotes tinham de apresentá-los
como oferta ritualmente removida, simbolizando entrega a Deus (v.24). Depois,
Moisés queimava a porção de Deus no altar (v.25) por cheiro agradável ao
Senhor. Retinha o peito do carneiro das consagrações para si (v.26), a parte
que normalmente ia para o sacerdote que oficiava a oferta do peito do
movimento. O peito e o ombro dos sacrifícios pacíficos — como pode ser chamado
este tipo de oferta (v.28) — eram porções habituais para o sacerdote (v.27). O
peito era movido em movimento horizontal e o ombro era alçado (ou erguido) em
movimento vertical em atos simbólicos de dá-los a Deus.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 142-144.
As Ofertas pelo
Pecado e as Ofertas Queimadas (29.10-18)
Já foi apresentado o
detalhado artigo chamado Sacrifícios e Ofertas, que descreve a questão inteira.
Além disso, sob o título Ofertas, provi vários artigos sobre as ofertas
específicas.
Os vss. 10-14
descrevem o sacrifício do novilho. Os animais e o material para as ofertas de
cereal já tinham sido trazidos até a entrada do tabernáculo (vss. 1-3). Agora,
o novilho era separado para ser sacrificado. Era a oferta pelo pecado,
realizada em certas ocasiões importantes, em favor tanto de indivíduos quanto
em favor da comunidade inteira. A maior dessas ocasiões era 0 dia da expiação.
Mas havia outras oportunidades, em dias festivos, como a semana da páscoa (Eze.
46.22,23). Um novilho era oferecido como sacrifício pelo pecado em favor dos
sacerdotes (Lev. 4.1 -12). O sumo sacerdote realizava o mais central desses
sacrifícios, mas no caso presente foi Moisés quem ofereceu o sacrifício em
favor do sumo sacerdote, o qual, por ser homem, também tinha a necessidade de
seu pecado ser removido, para que estivesse apto para cumprir os deveres de seu
ofício. Também foi feito um sacrifício pelo pecado em favor dos sacerdotes, e pelas
mesmas razões.
Êx 29.10 Porão as
mãos sobre a cabeça dele. Desse modo, identificavam-se com o novilho. Assim, o
que acontecia ao novilho, acontecia, em tipo e espiritualmente, ao sacerdote. O
salário do pecado é a morte. O sangue faz expiação. Temos aqui uma ideia
vicária, tal como Cristo, o Cordeiro de Deus que foi morto, tira o pecado do
mundo (João 1.29). A imposição de mãos apontava para a transferência dos
pecados do sacerdote para o novilho. A morte do animal punha fim à questão. Cf.
Lev. 16.21,22. O animal, por ter ficado simbolicamente com os pecados do homem,
era maldito; mas a sua morte e o derramamento de seu sangue deixavam o homem em
liberdade. Ver Gál. 3.13 quanto à aplicação cristã desses fatos.
Êx 29.11 Imolarás o
novilho. O animal agora era maldito. Seu sangue tinha que ser derramado, para
que morresse. O homem tinha-se identificado com o animal mediante a imposição
de mãos. Portanto, o que sucedesse ao animal, em tipo, sucedia a ele. O homem
morria para os seus pecados, tal como requer o trecho de Rom. 6.23. Cf. Apo.
5.6,12; 13.8, que nos fornece a aplicação cristã do caso. Cf. Lev. 16.21,22. O
abate do animal teve lugar no lado norte (lado direito; Lev. 1.11) do altar. E,
então, houve a cerimônia de sacrifício sobre o próprio altar.
Êx 29.12 Tomarás do
sangue do novilho. E quanto à aplicação cristã, ver na Enciclopédia de Bíblia,
Teologia e Filosofia o verbete chamado Expiação Pelo Sangue de Cristo.
O sangue do animal
sacrificado era posto sobre os chifres do altar. Quanto a esses chifres, ver as
notas em Êxo. 27.2. No dia da expiação, o sangue também era posto sobre os
chifres do altar. As notas em Êxo. 272 fornecem alguns detalhes. A virtude do
altar, segundo se aceitava, residia sobretudo nos chifres. Um fugitivo da
justiça se agarrava a essa parte de um altar, para não ser atingido pelo
vingador do sangue (I Reis 1.50; 2.28). Algum sangue era posto sobre os
chifres, e o resto do sangue (que tinha sido recolhido em baldes, quando o
animal fora abatido) era atirado à base do altar (Lev. 4.7,18,30,34). As
descrições que há em Lev. 4.5,17 dão-nos as regras concernentes às ofertas
normais pelo pecado. O sacerdote mergulhava um dedo no sangue e ungia os chifres
do altar; e, então, aspergia o sangue por sete vezes, diante do terceiro véu,
aquele que separava o Lugar Santo do Santo dos Santos. Ό sangue servia de
cobertura para o pecado acerca do qual o sacrifico estava sendo feito, sem
importar se esse pecado fosse especificado ou não (Lev. 4.26,35). Servia de
sinal do perdão” (J. Edgar Parkey, in Ioc).
Êx 29.13,14 Coisa
alguma, em absoluto, podia ser comida da oferta pelo pecado. Certas porções do
animal eram queimadas sobre o próprio altar (vs. 13), e outras porções eram
queimadas fora do acampamento (vs. 14). Assim como o animal era totalmente consumido
a fogo, assim também o homem ficava totalmente livre de seu pecado. Certas
porções gordurosas que se encontravam no interior da carcaça do animal, como
aquelas que lhe encobriam as entranhas, o fígado e os rins, eram queimadas
sobre o altar.
Os intérpretes esforçam-se
para explicar por que a gordura era tão alta- mente valorizada nas ofertas. Ao
que parece, a gordura era considerada uma delícia, e, portanto, algo próprio
para ser sacrificado. Outros estudiosos, porém, sugerem que era queimada sobre
o altar porque facilmente era total- mente consumida pelas chamas, ao passo que
outras porções resistiam mais ao fogo. Em outras palavras, a gordura era
facilmente consumível, e seria difícil queimar até desaparecerem certas porções
mais grosseiras da carcaça do animal. Além disso, certos valores simbólicos
eram emprestados à gordura: 1. É o melhor que o homem tem a oferecer. 2. Ou,
pelo contrário, representava a natureza carnal do homem, a qual precisava ser
subjugada mediante o sacrifício.
As entranhas talvez
apontem, simbolicamente, para a corrupção interior do homem (o que Paulo tanto
fustigou no sétimo capítulo da epístola aos Romanos).
O redenho do fígado.
A membrana que cobre a porção superior do fígado, que alguns chamam de
“apêndice”. Essa era outra porção que facilmente podia ser consumida no fogo,
razão pela qual era posta sobre o altar.
A carne, a pele e os
excrementos. Sendo essas as porções mais grosseiras do animal, eram consumidas
a fogo fora do arraial. Portanto, o animal era totalmente consumido, um tipo de
Cristo e de Sua absoluta morte expiatória em nosso favor (I João 2.2). Ver Heb.
13.11,12, quanto à aplicação cristã da questão desses restos do animal
sacrificado serem consumidos fora do acampamento.
Este texto deve ser
comparado com o trecho de Levítico 4.11,12,21.0 animal inteiro, por ser um
sacrifício pelo pecado, era considerado impuro, servindo somente para ser
queimado. No caso de todos os demais sacrifícios, certas porções do animal
sacrificado podiam ser comidas pelos sacerdotes e pelos adoradores. “No caso de
sacrifícios ligados aos cultos regulares do santuário, aqueles que eram
oferecidos em ocasiões festivas e em favor do povo todo, os animais eram
abatidos, esfolados e cortados em pedaços pelos sacerdotes... certas porções
eram comidas pelos sacerdotes e por aquele que trouxera o animal a ser
sacrificado” Unger, Dictionary, sobre Sacrifícios. Ver Lev. 8.31 e Êxo. 29.32 e
suas notas expositivas.
Êx 29.15 Um carneiro.
Dois carneiros eram sacrificados. Esse era o primeiro. O outro animal era trazido
até a entrada do tabernáculo (vss. 1,3); e agora era sacrificado.
O sacrifício de um
carneiro era comum em outros casos, e também era requerido na consagração de
sacerdotes. Era uma oferenda de louvor e dedicação, e não um sacrifício pelo
pecado, o que fora coberto pelo sacrifício do novilho. Alguns estudiosos,
porém, pensam que havia uma dupla oferta pelo pecado, por meio de um novilho e
por meio de um carneiro.
Havia imposição de
mãos sobre o carneiro, tal como no caso do novilho (vs. 10). Alguns pensam que
o sentido dessa imposição era o mesmo que no caso do novilho, embora outros
estudiosos pensem que a razão disso era outra, ou seja, símbolo de louvor e
dedicação. Ellicott é daqueles que veem uma diferença entre esses dois
sacrifícios. Disse ele: “Novamente, identificando-se com o animal (via
imposição de mãos), tal como no vs. 10, mas com um propósito diferente. Em
seguida, transferiam seus pecados para a vítima; e agora, eles reivindicavam
uma parte na dedicação da vítima a Deus, oferecendo-se e tornando-se, eles
mesmos, ‘um aroma agradável’ em oferta queimada ao Senhor” (Ellicott, in Ioc.).
Verovs. 18.
Tomarás um carneiro.
Mediante esse segundo carneiro é que se processava, realmente, a consagração
dos sacerdotes, ou seja, a autoridade para eles exercerem o sacerdócio. Ver os
vss. 19 ss, mas especialmente 0 vs. 22.
Êx 29.16 O mesmo modo
de proceder era usado no abate desse carneiro, como se fazia com o novilho. Mas
em vez de seu sangue ser aspergido sobre os chifres do altar (vs. 12), era
aspergido em torno do altar. Portanto, a oferta pelo peca- do e a oferta de
louvor e consagração diferiam um pouco em seu modo de proceder. A aspersão do
sangue provavelmente era feita mediante o uso de um ramo de hissopo, comumente
usado para essa finalidade. Todavia, alguns intérpretes, apesar do fraseado
diferente, supõem que tudo quanto está em pauta aqui é que o sangue era vertido
ao pé do altar, tal como no caso do novilho (vs. 12). Não há como ter certeza
quanto a esse modo de proceder, mas uma oferenda diferente provavelmente
envolvia um modo de proceder diferente. Outros estudiosos pensam que tudo
quanto era requerido era que todos os quatro lados do altar fossem aspergidos
com sangue (conforme Middoth, iii.2).
Dessa maneira, o
sangue era aplicado de forma plena, e o sacrifício mostrava-se totalmente
eficaz.
Êx 29.17 A divisão do
animal em pedaços separados facilitava sua queima sobre o altar. Se o animal
não fosse assim despedaçado, poderia ficar queimando por muito tempo, sem ser
consumido. Heródoto (Hist, ii.40) menciona tal prática entre os egípcios, havendo
evidências de que os gregos e os romanos também usavam essa prática no tocante
aos animais oferecidos em holocausto.
A lavagem apontava
para a pureza, em um sentido simbólico. Todos os pedaços do animal, em seu
conjunto, indicavam uma completa dedicação, uma oferenda sem qualquer defeito
ou falta. Os estudiosos cristãos veem as ideias de perfeição e de algo completo
na morte expiatória de Cristo, e, subsequentemente, a necessidade dessas mesmas
ideias no sacrifício vivo do crente (Rom. 12.1,2).
Êx 29.18 A oferta
queimada requeria que o carneiro todo fosse consumido a fogo. Yahweh aspiraria
o aroma e ficaria satisfeito. E isso significava, metaforicamente, que o
sacerdote estava louvando ao Senhor e dedicando-se ao serviço do tabernáculo.
Aroma agradável. Ver
Gên. 8.21 e suas notas expositivas. Era noção comum entre os antigos que os
deuses e poderes celestes, em geral, deleitavam-se diante do odor dos
sacrifícios de animais. Alguns eruditos pensam que os hebreus compartilhavam de
tais crenças no período mais antigo de sua história, representado pelo texto à
nossa frente; mas outros acham que devemos entender metaforicamente essa
questão. Cf. Lev. 1.9. Metaforicamente, a expressão indica a aceitação das oferendas.
A oferta de Cristo, o Cordeiro de Deus, foi uma oferenda fragrante, ou seja,
aceitável diante de Deus.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 434-435.
Os Sacrifícios
Animais (Para a Consagração). Estes incluíam ofertas pelo pecado (v. 14),
holocaustos (v. 18), o exótico ritual de sangue dos versículos 19-21, bem como
a simbólica “oferta movida” dos versículos 22-28. Estas não diferem,
essencialmente, do mesmo tipo de oferta em outras ocasiões (à exceção do
intrigante ritual dos versículos 19-21) e portanto não exigem exegese detalhada
aqui.
10. Porão as mãos
sobre a cabeça do novilho. Como de costume em toda oferta pelo pecado, a
imposição de mãos significa identificação. Isto significa claramente que a
morte do animal é aceita como equivalente à morte do indivíduo. Este sacrifício
é seguido pelo ritual de sangue, no qual parte do sangue era colocada sobre as
pontas do altar (como sinal visível e definitivo) e o resto era derramado sobre
os lados e a base do altar, correndo até o chão (v. 12).
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 197.
As ofertas
(29.10-18). Os sacerdotes fariam primeiramente a oferta pelo pecado e o
holocausto. Considerando que eram homens e pecadores, tinham de oferecer pelos
próprios pecados e também pelos pecados do povo (Hb 5.3). O novilho (10) seria
morto depois de ser levado ao altar e de Arão e seus filhos terem posto as mãos
sobre a cabeça do novilho. Este ato significa que os pecados destas pessoas
foram postos no animal. A morte imediata mostrava a pena do pecado, mas também
indicava a expiação no sacrifício de Jesus na cruz. A ação de pôr o sangue do
novilho (12) nas pontas do altar e em sua base enfatizava a necessidade de dar
a vida pela salvação. Partes do corpo do animal, inclusive a gordura, eram
queimadas sobre o altar e o restante era levado para fora do acampamento, a fim
de ser queimado (13,14), tipificando Cristo que “padeceu fora da porta” (Hb
13.11,12). O redenho era o “lóbulo ou apêndice” do fígado. Nenhuma parte desta
oferta era comida pelos sacerdotes, como geralmente não se comiam as ofertas
pelo pecado (Lv 4.11,12; cf. Lv 10.17-20).
O holocausto (18) era
um dos carneiros levado à cerimônia de consagração (1). Era morto de modo
semelhante à oferta pelo pecado e o sangue era aspergido sobre o altar. O versículo
17 fica mais claro assim: “Corte o [carneiro] em pedaços, lave as vísceras e as
pernas e coloque-as ao lado da cabeça e das outras partes” (NVI). O carneiro
inteiro era queimado no altar como cheiro suave (18) para o SENHOR. No
holocausto, a idéia intencional era de abnegação e não de expiação. Esta
abnegação é agradável a Deus. visto que a oferta pelo pecado nunca era
considerada de cheiro suave. Esta oferta representava a entrega das pessoas a
Deus para servi-lo em espírito de adoração.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 1. pag. 218.
Segunda prova - as
Escrituras do Antigo Testamento (vv. 3, 4). A expressão antes de tudo significa
"o que é de suma importância".
O evangelho é a
mensagem mais importante que a Igreja pode proclamar. Apesar de o envolvimento
com as ações sociais e com o aperfeiçoamento humano ser algo louvável, não há
motivo algum para esses ministérios tomarem o lugar do evangelho.
"Cristo morreu
[...] foi sepultado [...] ressuscitou [...] e apareceu [...]" - esses são
os fatos históricos fundamentais nos quais o evangelho encontra-se apoiado (1
Co 15:35). "Cristo morreu pelos nossos pecados" (ênfase do autor) -
essa é a explicação teológica dos fatos históricos. Os romanos crucificaram
muita gente, mas apenas uma dessas "vítimas" morreu pelos pecados do mundo.
Quando Paulo escreveu
"segundo as Escrituras" (1 Co 15:3), referia-se às Escrituras do
Antigo Testamento. Grande parte do sistema sacrificial do Antigo Testamento
apontava para Cristo como nosso substituto e Salvador. Também deve ter se
lembrado do Dia da Expiação, observado anualmente (Lv 16), e de profecias como
Isaías 53.
Mas em que parte do
Antigo Testamento é declarada a ressurreição de Cristo no terceiro dia? Jesus
fala da experiência de Jonas (Mt 12:38-41). Paulo também compara a ressurreição
de Cristo com as primícias apresentadas a Deus no dia depois do shabbath seguinte
à Páscoa dos judeus (Lv 23 :9-14; 1 Co 15:23). Uma vez que o shabbath deve ser
sempre o sétimo dia, então o dia depois do shabbath é, necessariamente, o
primeiro dia da semana, ou seja, o domingo, o dia da ressurreição de Cristo. No
calendário judaico, esse período equivale a três dias. Além da Festa das
Primícias, havia outras profecias sobre a ressurreição do Messias no Antigo Testamento:
Salmos 16:8-11 (ver At 2:25-28); Salmos 22:22ss (ver Hb 2:12); Isaías 53:10-12 e
Salmos 2:7 (ver At 13:32, 33).
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
N.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag.
1 Co 15.3. A natureza
derivativa do Evangelho é acentuada. Paulo não deu origem à mensagem que lhes
transmitiu. Esta era algo que ele próprio recebera (recebi; quanto a este verbo
e a entreguei, ver as notas sobre 11:23). Antes de tudo provavelmente não se
refere ao tempo, mas à importância. “ Coloco no primeiro lugar...” Esta
introdução do sumário da mensagem do Evangelho é importante. Mostra que é um sumário
bem antigo. Paulo não nos está dando a sua interpretação do que lhe fora dito.
Isto nos remete retrospectivamente ao Evangelho como foi pregado originalmente,
o kêrugma, para usar a expressão que C. H. Dodd tornou popular. O primeiro
ponto é que Cristo morreu pelos nossos pecados. A cruz está no coração do
Evangelho. A morte que Cristo sofreu foi morte expiatória. Foi pelos nossos
pecados.
Segundo as Escrituras
indica que o Evangelho não foi nenhuma idéia tardia. A morte salvadora de
Cristo foi algo predito muito tempo antes na Escritura Sagrada. Paulo não
menciona passagens especificas, mas Is 53 estará particularmente em mente.
Leon
Monis. I Coríntios. Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 164-165.
I Cor 15.3 Agora,
porém, ele apresenta mais uma vez o próprio evangelho aos coríntios, sendo que
toda a ênfase recai cada vez mais sobre a ―ressurreição‖. “Antes de tudo, vos
transmiti o que também recebi.” O evangelho é uma rica mensagem, porém existe
nele um ―acima de tudo‖, um centro que a tudo domina. E esse ―acima de tudo‖
não é um centrum Paulinum! Paulo, que na carta aos Gálatas é capaz de enfatizar
(Gl 1.12) que ele ―não o recebeu [o evangelho], nem o aprendeu de homem algum,
mas mediante revelação de Jesus Cristo‖, emprega aqui propositadamente os
termos técnicos dos rabinos sobre o aprender de outros que lhe são familiares
desde a juventude: “receber – transmitir”. Os coríntios não devem ter nenhuma
possibilidade de esquivar-se de suas colocações com a desculpa de que se trata
apenas de uma opinião particular de Paulo. Não, o apóstolo se encontra de
maneira plena e integral no fluxo da tradição geral e não está reproduzindo
seus próprios pensamentos. Isso não é uma contradição com Gl 1.12. A palavra do
Senhor ressuscitado a Saulo de Tarso às portas de Damasco é tão sucinta quanto
possível: ―Eu sou Jesus a quem persegues.‖ A revelação direta de Jesus tornou
certeza para quem até então o perseguia, somente esse único fato, de que aquele
Jesus pregado à cruz está verdadeiramente vivo e é o kyrios. Todo o resto,
todos os detalhes, todas as correlações históricas de Jesus tiveram de ser
aprendidas daqueles que estiveram desde o início com Jesus.
Em seu encontro com
Paulo Jesus nem mesmo havia falado do sentido e da finalidade de seu sofrimento
e morte. Com certeza foi por meio do próprio Espírito Santo que resplandeceu
para o convertido Paulo a solução básica do enigma escandaloso, isto é, por que
o Messias Jesus, expulso por Israel, teve de morrer como maldito (Gl 3.13) no
madeiro: “que Cristo morreu pelos nossos pecados”. Porque ele de imediato anunciou
a Jesus e somente três anos mais tarde visitou Pedro em Jerusalém. Ao mesmo
tempo, porém, foi da maior importância para ele que ele ouvisse de Pedro e da
primeira igreja a mesma coisa: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras.”
Estamos tão
acostumados com essa frase curta que podemos ouvi-la sem ficarmos singularmente
abalados. Contudo, quanto ela diz! Como devem ser terríveis os nossos pecados
se tornaram essa terrível morte maldita do Messias necessária para a nossa
salvação. Como é certa, porém, nossa redenção, nossa posição limpa perante
Deus, se Deus realizou esse ato extremo em favor de nós! Nesse ponto Paulo é
completamente unânime com a tradição do primeiro cristianismo. Não obstante
toda a riqueza de palavras e feitos de Jesus relatados, os evangelhos são acima
de tudo ―história da paixão‖ e correm em direção da cruz. O que Jesus realizou
curando enfermidades, libertando pessoas endemoninhadas, consertando vidas
humanas, tudo está de antemão alicerçado em sua morte por nossos pecados e
selado por essa morte. Com toda a razão e com plena convicção Paulo por isso
estava decidido a ―nada saber senão a Jesus Cristo e este crucificado‖ (1Co
2.2). Também nisso tinha certeza da concordância com ―as Escrituras‖. Agora não
precisava fornecer aos coríntios diversas provas da Escritura. De suas cartas
depreendemos que Paulo constantemente aponta para o que está escrito ao fazer
suas exposições. Seu interesse não reside num sistema teológico do Antigo
Testamento, mas sempre em palavras isoladas decisivas que representam para ele
a voz convincente das ―Escrituras‖.
Werner
de Boor. Comentário Esperança I Coríntios. Editora Evangélica
Esperança.
I Ped 1.18. Começa
efetivamente agora um trecho com verbos no indicativo que, apondo-se ao trecho anterior
(13-17), funciona como fundamentador ou reforçador das razões que levam às
exortações que o precederam. NA 26 traz o texto 18-21 em estrutura poética, em
quatro versos duplos. Junto com o v. 17, eles formam uma única longa
sentença.101 Sa bendo
que (gr. eidotes) ressalta que a estrutura lógica dos vv. 17-21 é: “se...
então... uma vez que...”, ou seja, fato - agir conseqüente – fundamentação teórica.
O termo indica que o que vai ser dito já é conhecido; funcionalmente, serve
para ligar fatos na mente dos leitores e lembrar-lhes o fundamento teológico
sobre o qual constroem a sua nova vida em Cristo. A importância dessa lembrança
aparece em 2 Pedro (1.12-15; 3.1-2) e Judas (1.3,17).
O que é lembrado aos
leitores é a sua redenção (resgate), e o preço que ela custou. Todo esse trecho
(18-20) tem como pano de fundo duas imagens do Antigo Testamento: em primeiro
lugar está o motivo de Isaías 53 (cântico do Servo de Deus); em segundo lugar,
o motivo da páscoa e do cordeiro pascal (Ex 12). Provavelmente a tônica está na
passagem do Servo, de Isaías 53, mediada na tradição cristã pelo dito de Jesus
em Marcos 10.45: “o Filho do Homem veio para servir, e dar sua vida em resgate
por muitos”. Dentro de um uso livre, a essa figura associam-se motivos do sacrifício
do cordeiro pascal.
Primeiramente, é
feita a constatação: fostes resgatados. Por trás dessa concepção há algumas
suposições que devem ser entendidas, porque têm raízes bem profundas na
concepção teológica da Bíblia como um todo. W. Mundle descreveu muito bem a
situação básica (nos termos da condição humana que gera todo o processo
descrito como “redenção”): “Sempre que os homens, por sua própria culpa ou
através de algum poder superior, ficam submetidos ao controle de outra pessoa e
perdem sua liberdade para implementar a sua vontade e as suas decisões, e
quando os seus próprios recursos são inadequados para enfrentar aquele outro
poder, podem obter de novo a sua liberdade somente mediante a intervenção de um
terceiro”. Na concepção corrente na Bíblia, o homem, afastando-se de Deus,
chegou a se tomar escravizado pelo pecado e pelas forças do mal, não tendo
capacidade em si próprio para resistir a essa dominação interna e externa. Isso
é o que, basicamente, desencadeia todo o processo de injustiça, de dominação e
opressão que caracteriza a sociedade como um todo. As mentes mais sensíveis aos
propósitos de Deus, sentindo esse aprisionamento dentro dos limites da condição
humana, e a impotência para resolver as causas fundamentais do problema, chegam
ao âmago do dilema humano clamando desesperados, como Paulo: “desventurado
homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.24). E justamente
aí entra a boa nova do evangelho: a chegada de um terceiro (Jesus Cristo) para
promover, para toda a humanidade, a superação do dilema; isto aconteceu no Seu
sacrifício, na Sua morte na cruz, de modo que se pode assim alegremente
exclamar como o mesmo Paulo, ao conhecer essa nova realidade que invadiu o
mundo: “Graças a Deus por Jesus Cristo!” (Rm 7.25).
Vários termos são
usados no Novo Testamento para expressar essa intervenção libertadora de Deus.
Aqui é usada uma forma do verbo lytroomai, que significa “resgatar”, “redimir”
por meio de um lytrõn (ou antilytrõn), “resgate”, “preço de resgate”. No mundo
helênico, era muito usado em referência à alforria de escravos, havendo todo um
processo institucional de resgate sacramental, pelo qual o escravo podia
adquirir sua liberdade. Na versão grega do AT, o verbo e seus derivados traduzem
principalmente palavras das raízes hebraicas gaal e pada, que “tinham estreita
associação com a ideia de libertar escravos e resgatar pessoas ou coisas”,
sendo usados assim “como os termos mais apropriados para descrever a libertação
da escravidão, daqueles que tinham sido conquistados pelo Egito e depois pela
Babilônia, e a recuperação por Deus, para ser Sua propriedade legal, do [que
assim ficou designado] “povo da Sua possessão”.105 Este sentido teológico
específico foi incorporado e define muito do uso dos termos no Novo Testamento,
na maioria das vezes em que aparecem. Assim, o uso do aoristo passivo do verbo aponta
inconfundivelmente para o ato redentor de Deus em Cristo. Nele, descortina-se a
libertação do secular cativeiro da humanidade, cuja expressão aqui é o fútil
procedimento, aquelas vaidade e ilusão sem sentido que vão se perpetuando de
geração a geração (que vossos pais vos
legaram).
Patroparadotou é “herdado”, “legado dos pais”; como observa Goppelt, o termo
“descreve ‘sociologicamente’ o que a tipologia Adão-Cristo, de Rm 5.12-21,
expressa teologicamente”. Pela terceira vez neste trecho aparece a palavra
anastrofe (cf. 1.15,17), traduzida por procedimento', o sentido aqui é amplo,
abarcando, em última instância, toda ex pressão anterior ou social da vida. Antes da
redenção por Cristo, tudo era futilidade (cf. IBB: “vossa vã maneira de
viver”).
Em segundo lugar, o
versículo descreve em termos negativos o preço do resgate, dizendo que ele não
se deu mediante cousas corruptíveis (fthartois é o oposto de um dos adjetivos
usados para descrever a herança dos crentes, em 1.4: “incorruptível”).
Especialmente estão em vista prata ou ouro, que usualmente serviam para o
pagamento de resgates no comércio. Há um desafio implícito nestas palavras, uma
vez que é consenso que o ouro, por exemplo, tem tanto valor exatamente pela sua
resistência à deterioração, sendo signo de estabilidade no mercado. Este mesmo
desafio aparece vividamente em Tg 5.1-6, onde se diz do ouro que “enferruja”
(cf. o dito de Jesus sobre o acúmulo de riquezas, em Mt 6.19-20). E bem
possível que haja aqui uma reminiscência da passagem de Isaías 52.3, onde ao
povo no cativeiro é dito: “sem dinheiro sereis resgatados” (LXX: ou meta
argyrio lytrothesesthe). Em Cristo, essa promessa alcança uma grandeza
definitiva.
19. Finalmente, o
preço do resgate é agora descrito positivamente. Dinheiro não poderia comprá-lo
(cf. a passagem altamente sugestiva de SI 49.6-8); só o precioso sangue... o
sangue de Cristo. Esta expressão descreve a morte de Cristo numa cruz,
interpretada na linha de Mc 10.45, como já vimos; Jesus “deu sua vida em
resgate por muitos”. A imagem de fundo é a da legislação dos sacrifícios do
Antigo Testamento, onde o pecado era expiado pela morte sacrificial de um
animal (cf. principalmente Lv4-5). O mais comum (especialmente pensando-se no grande
ritual do dia da expiação; Lv 16) era matar-se um cordeiro, que, para ser
aceito, tinha de ser sem defeito (gr. arriõmou) e sem mácula (gr. aspilou: os
dois termos são virtualmente sinônimos, estando juntos aqui, provavelmente, para
reforçar o fato de que só Jesus Cristo podia se situar nessa categoria e ser
aceito para o sacrifício vicário). As exigências da lei levítica a esse
respeito estão descritas em Lv 22.17-25. O Cordeiro de Deus (Jo 1.29), ao ser
Ele próprio oferecido como sacrifício pelos pecados (pelos pecados de todo o
mundo, 1 Jo 2.2), leva sobre Si definitivamente a culpa que pesa sobre a
humanidade. Por efeito desse sacrifício, desse preço de resgate, somos
“comprados” de volta para Deus (Ap 5.9, numa bela descrição do caráter universal
dessa transação; cf. também Ap 7.9).
É digna de nota a
nova referência ao ouro e seus limites (no v. 19; cf. 1.7). Talvez também o
adjetivo precioso (ligado ao “sangue de Cristo”) ressalte essa inversão de
valores. Em virtude do estamento social de onde procedem, provavelmente a
grande maioria daqueles a quem a carta foi primeiramente dirigida é pobre. Por
causa da sua adesão a Cristo, talvez estejam ainda mais empobrecidos (cf. Hb
10.34, que parece fazer alusão a uma espoliação dos bens dos cristãos, e diante
da qual eles não contam com recursos judiciais). Todavia, e não para arrefecer
os ânimos no empenho por uma sociedade mais justa, a verdadeira e mais profunda
medição dos valores tem de ser posta na perspectiva do eterno que irrompe em
Cristo; na sua gratuidade, ele põe em cheque as nossas falsas perspectivas e
valores.
Ênio
R. Mueller. I Pedro. Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 106-110.
I Ped 1.18 Sabendo
que não fostes redimidos com coisas transitórias, prata ou ouro, de vossa
conduta vã, transmitida pelos pais. Vale notar que não se diz: podeis ter
esperança de um dia vos tornardes bem-aventurados, mas “sabeis que fostes
redimidos”. Da experiência da redenção forma-se a certeza. Contudo, a certeza
de redenção, de salvação, não é farisaísmo autoconfiante, mas dádiva alegradora
de Deus para aquele que experimentou a libertação real por intermédio de Jesus.
E uma conduta correta se torna viável quando há consciência de quanto custou a
redenção. Por que não a recaída na vida antiga, por que andar com temor? Porque
a redenção da conduta antiga custou um prêmio de resgate infinitamente elevado.
É palpável aqui a comparação com o antigo comércio escravista. Um escravo era
liberto do domínio de um proprietário por um prêmio elevado, para viver para o
novo senhor. Desse modo Jesus nos redimiu na cruz da conduta vã, transmitida
pelos pais. Na Bíblia latina, a Vulgata, consta: redimidos… da tradição
paterna.
Por natureza todas as
pessoas encontram-se na tradição dos pais. Enquanto, pois, a geração mais velha
em geral está convicta de que transmite à juventude bons valores básicos, de
que com razão se pode esperar uma vida sensata e disciplinada, a Bíblia diz
algo bem diferente: os pais de qualquer modo apenas transmitem à juventude o
que já receberam, a saber, uma conduta vã. O ser humano separado de Deus em
geral não se conscientiza do que significa conduta vã. Sim, ele só consegue
suportar a vida presente porque e enquanto não se conscientizar disso até as
mais extremas conseqüências. Porque o veredicto vão atinge até mesmo muitas
coisas das quais o ser humano acredita que perdurarão “eternamente”. A isso se
agrega um segundo ponto: áreas do conhecimento moderno como a doutrina da
hereditariedade, a psicologia, a pedagogia e a sociologia nos explicitam que
poder possui para o ser humano a conduta legada pelo pai e pela mãe.
Características hereditárias e a educação dos primeiros anos de vida determinam
o ser humano para toda a sua vida. Quando, pois, o pai ainda vive na incredulidade
e no paganismo, sua perdição e seus pecados configuram a vida dos filhos desde
o primeiro instante. Um olhar para o paganismo antigo e novo evidencia para
onde vão as coisas quando as pessoas vivem sem lei e sem Deus durante várias
gerações. Forma-se um estilo de vida, uma conduta transmitida pelos pais, do
qual o indivíduo dificilmente se distanciará. Esse estilo de vida e o absurdo
dessa conduta se impõem como uma escravidão sobre a vida dos filhos. O ser
humano não consegue salvar-se sozinho dessa conduta marcada pela tradição dos
pais. É somente o resgate por outro que traz a ajuda necessária.
Qual foi o preço
desse resgate para Deus? Não coisas transitórias, prata ou ouro. São esses os
meios usuais de pagamento. Com eles se podia comprar a liberdade de escravos.
Porém o resgate de que a humanidade escravizada precisava é incomparavelmente
mais pesado! Prata e ouro, os mais importantes meios de pagamento na terra, são
insignificantes demais para libertar da velha conduta e possibilitar a nova.
Embora de alto valor, não deixam de ser passageiros como a terra.
I Ped 1.19 Contudo “o
que Deus investiu em nós” é incomparavelmente mais precioso. Por isso consta
aqui: redimido… com o precioso sangue de Cristo como um cordeiro sem defeito e
sem mácula. Nem prata nem ouro são capazes de libertar uma pessoa do cativeiro
da conduta vã. De fato, porém, é o precioso sangue do Cristo que tem o poder de
libertar e transformar pessoas de tal maneira que toda a sua vida seja
renovada. Aqui como em outros textos o grego christós de forma alguma consta
somente como nome, mas com a conotação plena do título de majestade do AT e do
elevado predicado para o Ungido de Javé, há muito previsto por Deus e anunciado
de forma correspondente pelos profetas. Isso decorre com toda a clareza tanto
da metáfora inserida a respeito do “Cordeiro”, que na realidade, como ainda
veremos na sequência, evoca a profecia messiânica de Is 53 e a profecia sobre o
Messias contida no serviço sacrifical do AT, como também da frase relativa
subsequente (v. 20). E por isso o sangue dele é tão precioso, por ser o Messias
Filho unigênito, a coisa mais preciosa que o Pai no céu possui. Está sendo
definido como Cordeiro sem defeito e sem mácula. No NT isso não constitui
apenas uma comparação, mas ele realmente “é” o Cordeiro de Deus. Em Jo 1.29 é
chamado de Cordeiro de Deus que leva embora o pecado do mundo, acabando com
ele, eliminando-o para sempre. Sim, até na eternidade Jesus, nosso Senhor, será
exaltado e adorado também no céu como “o Cordeiro”. Pois consta expressamente
no louvor de miríades de anjos: “Digno é o Cordeiro que se deixou imolar…” (Ap
5.12). Os intérpretes na realidade não concordam na questão se, além de Is
53.7, Pedro também pensava no cordeiro pascal (Êx 12.3) e nas prescrições
sacrificais do AT (p. ex., em Êx 29.1; Lv 22.17-25), mas com certeza é esse o
caso. No Crucificado contemplamos o Cordeiro de Deus, no qual não apenas se
realizou a profecia messiânica de Is 53, mas também se cumpriu o significado
profético do cordeiro pascal, bem como de todos os sacrifícios que foram
oferecidos no templo em Jerusalém. O fato de que temos de recordar Is 52s já é
evidenciado por Is 52.3: “Sereis resgatados não com prata.” Em contraposição, a
formulação do Cordeiro sem defeito e sem mácula vai além de Is 53, apontando
sem dúvida para as determinações gerais de oferendas no AT, segundo as quais
somente se podiam sacrificar animais sem defeitos. Aliás, a primeira igreja de
forma alguma se fixou em passagens bíblicas específicas, mas via o serviço
sacrifical de sangue do AT de forma bem genérica como um tipo, como
prefiguração de Jesus Cristo. “Sem derramamento de sangue não acontece
remissão”, como se pode sintetizar o sentido do serviço sacrifical (Hb 9.22).
Por que, no entanto, sacrifícios tão terríveis e esse derramamento de sangue?
Porque o ser humano desperdiçou sua vida perante Deus através do pecado. A
consequência disso foi que ele de fato perdeu sua verdadeira “vida” (Gn 2.17).
Porque o ser humano pode ter a verdadeira vida somente na comunhão com seu
Criador, a fonte da vida. Separada do Criador, a criatura somente encontrará a
morte (Rm 5.12; 6.21b,23a). Nessa situação os sacrifícios de animais no AT
tinham a finalidade de ser para o ser humano uma permanente recordação de sua
carência maior, do pecado como separação de Deus – e ao mesmo tempo de uma
profecia messiânica: indicativo e preparação para o Prometido, que um dia
levaria o pecado dos humanos definitivamente embora. Assim Jesus como Cordeiro
de Deus é a revelação da santa ira de Deus sobre o pecado e ao mesmo tempo a
revelação do maravilhoso amor de Deus, que não consegue suportar a morte do
pecador. Essa mensagem constitui o centro da Bíblia. Por isso Paulo declara:
“Decidi nada conhecer entre vós senão unicamente a Jesus Cristo, e a ele como
Crucificado” (1Co 2.2).
Quem é capaz de
produzir redenção de pecados para outros? Que qualidades o cordeiro precisa
ter? Pedro complementa a exigência do AT sem defeito (Êx 29.1; Lv 22.17-25; Ez
43.22) com uma segunda: sem mácula. Pois, enquanto no AT era necessária uma
perfeição meramente física do animal sacrificado, o Cordeiro da nova aliança
tinha de ser livre de todas as manchas. No NT “mancha” (em grego spilos, também
mancha de sujeira ou vergonha) tem conotação espiritual e moral, não física, como
mostra Ef 5.3s. Cordeiro sem mácula significa, portanto: o Cordeiro de Deus não
podia ter nem uma mancha sequer, nenhum pecado, ao pretender colocar-se no
lugar das pessoas, sacrificar-se por elas e redimi-las. Unicamente Jesus atende
a essa condição. Unicamente ele podia redimir a humanidade, o único puro e sem
pecados. Ele entregou por nós seu precioso sangue. Fez tudo isso para nos
resgatar para a nova vida! Isso fundamenta a exortação: levem a sério sua vida,
andem com temor! Saibam que foi paga com alto preço. Lidamos com cautela com
aquilo que teve um alto custo!
Uwe
Holmer. Comentário Esperança I Pedro. Editora
Evangélica Esperança.
II - O
SACRIFÍCIO DA POSSE
1. O segundo carneiro
da consagração (Êx 29.19-35).
Êx 29.19 Tomarás o
outro carneiro. O terceiro animal. O primeiro animal sacrificado, nos ritos de
consagração de sacerdotes, era o novilho, uma oferta pelo pecado (ver os vss.
10 ss.). O segundo animal sacrificado era o primeiro carneiro, oferecido como
oferta de louvor e consagração (vs. 15). O terceiro animal sacrificado era o
segundo carneiro. Esse carneiro era oferecido como sacrifício de consagração do
sacerdote. Ver o vs. 22. O trecho de Levítico 8.22 chama esse animal de “o
carneiro da consagração”. Era consagrado a Deus; e o homem que o tinha oferecido era assim
também cerimonialmente consagrado a Deus. Seu sangue era usado, juntamente com
o azeite, tendo em vista a consagração dos sacerdotes (vss. 20,21). Suas
porções mais sagradas foram postas por Moisés nas mãos dos sacerdotes, de tal
modo que eles ofereciam com elas a sua primeira oferenda a Deus. Ver os vs.
22-24. Era uma espécie de ato coroado da cerimônia. Tudo isso fazia parte da
consagração de sacerdotes. Ver os vários estágios do ritual de consagração nas
notas sobre o primeiro versículo deste capítulo. impulsionara
O segundo carneiro
chegou a ser chamado de “carneiro do enchimento”, porque estava associado ao
último estágio do rito, “o enchimento das mãos” do sacerdote com as oferendas
de cereais (vss. 23-25). Tudo isso simbolizava a autoridade, a graça, os dons e
os poderes próprios do oficio sacerdotal.
Êx 29.20 Os
intérpretes veem vários sentidos na aplicação do sangue, bem como nos lugares
onde o sangue era posto:
1. O sangue era posto
em lugares estratégicos, dando a entender, metaforicamente, uma aplicação
completa, ou seja, uma completa consagração.
2. Especificamente: A
ponta da orelha direita. Um sacerdote era alguém que de- via estar preparado
para ouvir tudo quanto Yahweh ordenasse, a fim de cumprir Suas ordens. O polegar
das suas mãos direitas. Um sacerdote devia estar preparado para fazer tudo
quanto Yahweh ordenasse, visto que as mãos são o instrumento de ação. O polegar
dos seus pés direitos. Um sacerdote devia andar pelos caminhos de Yahweh, pois
caminhar é aquilo que fazemos com os nossos pés.
3. É possível que,
originalmente, tais ritos tivessem por intuito prover completa proteção contra
os ataques de poderes demoníacos sinistros, falando assim sobre uma plena
proteção divina, diante de qualquer mal.
sem dúvida estava em
foco a intenção que eles deveriam dedicar todas as suas capacidades a Deus”
(Adam Clarke, in Ioc.).
O sangue era então
aspergido sobre o altar, como no caso do primeiro carneiro (ver 0 vs. 16).
Ficava assim simbolizada a total aplicação do sangue, exibindo a total eficácia
do sacrifício.
Êx 29.21 A unção das
vestes de Arão e de seus filhos sacerdotes foi feita com azeite (ver a esse
respeito no Dicionário) e com sangue. Não se sabe se o sangue foi misturado ou
não com o azeite. O fato é que assim elas foram consagradas. O vs. 7 já havia
falado sobre a unção com azeite, mas temos aqui um outro tipo, em adição
àquele. Portanto, o culto de consagração incluía dois tipos. Os estudiosos
cristãos veem nisso a unção dos crentes em Cristo, a outorga de autoridade e de
graças para cumprirem sua missão. Como é claro, dispomos do poder e dos dons do
Espírito, representados no azeite, bem como dos poderes justificadores e
santificadores de Cristo, representados no sangue. Ver Sal. 45.8 e Apo. 7.14.
Nessa dupla unção, alguns eruditos veem a justificação e a santificação
simbolizadas. O trecho de Lev. 8.30 parece indicar apenas uma unção, e alguns
críticos pensam que o vs. 21 deste capítulo foi uma adição posterior feita
sobre o relato original.
Êx 29.22 A gordura.
Ver as notas sobre o uso da gordura para propósitos de sacrifícios, no vs. 13.
As porções mencionadas neste versículo eram as mesmas comumente usadas nas
ofertas pacíficas (Lev. 3.9-11). O termo cauda gorda indica a cauda larga e
pesada que caracteriza as ovelhas orientais. Heródoto (Hist, iii.113) disse
algo similar.
Redenho do fígado. A
membrana que encobre a porção superior do fígado, que alguns chamam de
“apêndice”. Ver Lev. 4.8-10.
A coxa direita.
Usualmente era a porção que ficava com o sacerdote, para comê-la (vs. 27; Lev.
7.31,32). Somente o holocausto ou oferta queimada era totalmente consumido no
fogo. Em todas as outras modalidades de sacrifício uma parte era deixa- da
inteira para consumo dos sacerdotes, e por aqueles que tivessem trazido esses sacrifícios.
O carneiro da
consagração. Ou seja, o terceiro animal a ser sacrificado. Esses animais eram:
o novilho, o primeiro carneiro e o segundo carneiro. Cada qual tinha sua
própria finalidade, conforme é explicado nas notas sobre o vs. 19. O animal era
dedicado a Deus; e o sacerdote, ao oferecer o animal, consagrava-se em sentido
simbólico por meio do animal sacrificado. Um sacerdote precisava mostrar-se
entusiasta e dedicado a seus labores; e o terceiro animal sacrificado
simbolizava exatamente isso. Um sacerdote era alguém que pertencia de corpo e
alma a Yahweh. Essa era a razão mesma de sua vida. Conforme disse Paulo,“..
.para mim o viver é Cristo...” (RI. 1.21), exprimindo o espírito dessa
consagração. Essa atitude fazia parte essencial da consagração dos sacerdotes,
como uma espécie de intenção confirmadora do propósito do rito.
O termo hebraico aqui
traduzido por consagração significa, literalmente, “da consagração”, resultando
nas últimas palavras deste versículo, “o carneiro da consagração”, que tem
ligações com o que se lê no vs. 24 deste capítulo. As mãos dos sacerdotes eram
cheias com as ofertas de cereais, representando a sua inauguração nas lides
sacerdotais. Essas ofertas de cereais, além de certas porções do carneiro da
consagração, eram oferecidas sobre o altar; e o resto era comido pelos
sacerdotes. Portanto, esse carneiro estava vinculado à ideia do “encher as
mãos”, conforme foi explicado nas notas sobre os vss. 24 e 25.
Êx 29.23 Um pão, um
bolo de pão azeitado e uma obréia. Temos aqui as ofertas movidas. Esses itens
confeccionados de cereais (descritos no vs. 2) faziam parte das ofertas
movidas. “Algo dos órgãos do segundo carneiro, um pão, um bolo e uma obréia
(bolos asmos bem finos) foram entregues a Arão e seus filhos como uma oferta
movida diante do Senhor. O movimento que se fazia, em que pese nossa versão
portuguesa que diz, “de um lado para outro” (vs. 24), não era da esquerda para
a direita e da direita para a esquerda, e, sim, para frente e para trás, para
frente e para trás, na direção do altar. Com esse gesto, o sacerdote dava a
entender que a oferta estava sendo dada a Deus. E então esses mesmos itens eram
queimados sobre o altar'’ (John D. Hannah, in be.). o movimento servia para
atrair, por assim dizer, a atenção de Deus, como se se pedisse que Ele
aceitasse a oferenda. A oferenda era feita daquelas coisas que são necessárias
para 0 homem, pelo que esse sacrifício também era uma ação de graças pelo
suprimento recebido, em reconhecimento diante Daquele que nos supre de tudo quanto
é bom (Tia. 1.17).
“Os objetos
mencionados formavam a oferenda de cereais, que sempre acompanhava as ofertas
pacíficas” (Ellicott, in ioc.).
A adoração, em certo
sentido, consiste em reconhecer a Deus, como Aquele que é o Provedor, o Juiz e
o Salvador. Todos os sacrifícios e todas as oferendas enfatizavam uma ou outra
dessas qualidades.
Êx 29.24 O enchimento
das mãos era parte importante de qualquer final de culto de ordenação
sacerdotal. As porções a serem queimadas eram primeiramente postas nas mãos dos
sacerdotes. Simbolismos: 1. Deus nos deu tudo, e devemos usar bem aquilo que
recebemos da parte Dele. Temos os Seus dons (Tia. 1.17), e uma vida a ser-Lhe
consagrada. 2. O sacerdote era assim autorizado a realizar seu serviço
espiritual, utilizando aquilo que lhe fora dado. Assim sendo, devolvia o que
lhe fora dado sob a forma de dedicação a Yahweh. 3. Além disso, era
prerrogativa dos sacerdotes viverem do altar, ou seja, comer certa porção das
ofertas para seu sustento físico, excetuando-se somente o caso das ofertas pelo
pecado, que eram totalmente queimadas, porquanto essas ofertas eram tidas como
contaminadas pelo pecado, que tinha que ser destruído. A porção que cabia ao
sacerdote era movida diante do Senhor, conforme já foi destacado nas notas sobre
o vs. 23. Essa lei foi 0 começo do conceito que um ministro do evangelho deve
viver do evangelho, para que possa ser um obreiro de tempo integral. Ver I Cor.
9.13,14 no Novo Testamento interpretado quanto a plenas explicações sobre essa
questão. Cf. I Sam. 2.12-17. Encher as mãos (tradução literal do hebraico) era
uma antiga expressão para indicar ser investido nas prerrogativas sacerdotais
(Juí. 17.5; I Reis 13.33). Ver sobre as ofertas movidas com detalhes, em Lev.
7.29-36. Ver também os vss. 23 e 26 deste capítulo, quanto a outras
informações.
Êx 29.25 Os itens que
os sacerdotes receberam (no momento de suas mãos serem cheias), foram então
devolvidos a Moisés, e, então, foram postos sobre o altar, a fim de serem consumido
fogo. Mas a coxa direita (vs. 22) sempre ficava com os sacerdotes, para dela se
alimentarem, e outro tanto se dava com o peito (vs. 26). Dessa maneira, os
sacerdotes sobreviviam, vivendo do altar, conforme mostrei na exposição do
versículo anterior. A gordura (ver o vs. 13) era a porção principal das ofertas
queimadas.
De agradável aroma,
Há notas a esse respeito no vs. 18 deste capítulo. Yahweh, ao sentir o aroma do
sacrifício, aceitava tanto a oferenda quanto o sacerdote que a tinha oferecido.
Êx 29.26 O peito do
carneiro. Essa parte era do sacerdote, ao que vários intérpretes adicionam a
coxa direita. E alguns eruditos dizem tudo o mais (na maioria dos sacrifícios),
exceto a gordura. Ver as notas sobre o vs. 24 quanto à porção dos sacerdotes e
o sentido que isso tinha no que toca a como os ministros deviam viver do altar.
Uma vez fossem movidos os itens, então uma parle era queimada sobre o altar,
enquanto que outra porção ficava com os sacerdotes. Desse modo recebia Yahweh e
recebiam os sacerdotes; Yahweh dava e os sacerdotes também davam, ficando assim
cumprida a lei do amor. Cf. este versículo com Lev. 7.29-34 e 10.14. Naquela
primeira ocasião, Moisés, como sacerdote oficiante, por ocasião da cerimônia de
consagração, recebeu uma porção. Posteriormente, os sacerdotes é que recebiam essa
porção.
Êx 29.27 O peito e a
coxa direita são aqui especificamente mencionados como porções dadas aos
sacerdotes. “A oferta movida indica o ato de mover o sacrifício para a frente e
para trás, diante do altar, simbolizando a apresentação da dádiva a Deus e o
recebimento de volta como uma porção” (Oxford Annotated Bible, in loc.).
Verdadeiramente, é dando que recebemos. Esse é um fato bem conhecido, assim
como uma lei espiritual bem comprovada. Ver as notas sobre o vs. 23 quanto às
ofertas movidas, e ver também o artigo intitulado Sacrifícios e Ofertas, no
Dicionário, onde são abordados os diferentes tipos de sacrifícios e ofertas, e
onde são ventilados os propósitos dos mesmos.
Êx 29.28 Yahweh impôs
aqui uma obrigação perpétua. Os sacerdotes deveriam viver do altar. O povo de
Israel estava na obrigação de desincumbir-se desse dever. Disso dependia a
continuação do sacerdócio levítico. Nenhum homem poderia cuidar de ovelhas, no
campo, e também trabalhar no tabernáculo. Yahweh queria obreiros de tempo integral
nas atividades espirituais. Oh, Deus, concede-nos tal graça! O trecho de Êxo.
28.29,30 mostra que o trabalho dos sacerdotes devia prosseguir continuamente.
Os sacerdotes deviam estar sempre ocupados com seus deveres sagrados, e outros
deviam sustentá-los materialmente.
Êx 29.29 As vestes
santas deviam passar de pai para filho, até o tempo em que, de velhas, chegasse
o tempo de serem substituídas. Os filhos, ao receberem as vestes santas, dariam
continuação à obra do sacerdócio. Assim sendo, o oficio tomou-se hereditário,
até que Cristo viesse substituir o sistema inteiro com Ele mesmo e Seus
discípulos, os reis-sacerdotes (Apo. 1.6). Cf. Núm. 2.26,28. Santidade e
dedicação simbólicas estavam vinculadas a essas vestes sacerdotais, pelo que
essas vestes permitiam a continuação da linhagem sacerdotal.
A consagração do sumo
sacerdote fazia-se por meio de uma espécie de investidura que incluía o ato de
vestir as vestes sacerdotais de seu pai. Mas não somos informados sobre o que
sucedia no caso dos sacerdotes simples. Cf. II Reis 2.13,14. Entendemos que os
sumos sacerdotes subsequentes não passavam por elaborados ritos sacrificiais
para serem ordenados, conforme sucedeu no caso de Arão. Os elementos da
consagração eram: O ato de vestir as vestes; a unção; um período de espera de
sete dias (vs. 30). Eleazar recebeu as vestes de seu pai (Núm. 20.28), e assim,
a regra baixada aqui foi aplicada segundo foi requerido. As tradições judaicas
afirmam que essa lei foi sempre aplicada. Havia um rito de unção, conforme o versículo
presente deixa claro; mas parece que não havia ritos sacrificiais.
Êx 29.30 Outra parte
do rito de transferência da autoridade sacerdotal consistia no período de sete
dias, durante os quais o filho vestia as vestes sacerdotais de seu pai. Esse período
era um período de consagração (vs. 35), e como parte integrante da instalação
de um novo sumo sacerdote. Somente depois desse período é que ele assumia os
seus deveres.
“O sacerdote, em sua
consagração, durante sete dias e sete noites ficava à entrada do tabernáculo,
mantendo a vigília do Senhor. Ver Lev. 8.33. O número sete era considerado o
número da perfeição, pelos hebreus; esse número é, com frequência, usado para
denotar o término, o cumprimento, a plenitude ou a perfeição de alguma coisa”
(Adam Clarke, in loc.).
Êx 29.31 “Na oferta
pacífica, depois que as porções do altar e do sacerdote tinham sido dadas (vs.
27), os adoradores que tinham trazido o sacrifício, deviam consumir o resto no
recinto sagrado, enquanto estavam em estado de pureza ritual (Lev. 7.15-21). O
sacerdote cozia a carne para eles (I Sam. 2.13). Neste caso, Moisés atuou como
sacerdote, e o sacrifício foi trazido a Arão e seus filhos (cf. Lev. 8.31). O
ato de cozer é geralmente considerado método mais antigo que 0 ato de assar (cf.
12.18; Deu. 16.7” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.). Cf. Lev. 8.31 e Eze.
46.19-34. O cozimento era efetuado à entrada do tabernáculo, onde também era
comida a carne. Além disso, o que restasse dos cereais (ver os vss. 2 e 3), era
comido juntamente com a carne, conforme somos informados em Lev. 8.31. Qualquer
coisa que não fosse então comida tinha que ser queima- da (vs. 34).
Êx 29.32 O banquete
combinava a carne do carneiro com o conteúdo da cesta com seus produtos de
cereais (ver o vs. 2). Desse modo, os sacerdotes comiam do altar, ou seja, eram
sustentados materialmente pelos subprodutos de seu labor. Ver notas sobre isso
no vs. 24 deste capítulo.
Os intérpretes
cristãos veem neste versículo o sustento espiritual que Cristo oferece aos Seus
discípulos, sendo Ele o Pão da Vida. Sua carne foi oferecida por nós em Seu ato
expiatório.
À porta da tenda da
congregação. Talvez esteja em foco simplesmente 0 átrio onde o povo comum podia
entrar e circular. Mas no caso da ordenação de sacerdotes, nenhum leigo podia entrar
no átrio e nem participar do cerimonial (vs. 33).
Êx 29.33 A expiação.
Os eruditos têm feito uma clara distinção entre os tipos de sacrifício feitos:
o novilho (pelo pecado); o primeiro carneiro (para a consagração); e o segundo
carneiro (para a ordenação e a dedicação). Ver os vss. 11,15 e 19,
respectivamente, no que tange a esses três sacrifícios. Apesar de poder
sustentar essas distinções, a palavra expiação neste caso, no que se aplica à
cerimônia inteira, dá a entender que 0 sacrifício dos dois carneiros também
incluía a ideia de expiação, e não somente no caso do novilho. Alguns eruditos,
porém, não aceitam a palavra expiação em seu sentido ordinário, e referem-se
somente às ofertas pacíficas como “coberturas”. Mas é difícil ver 0 que poderia
estar sendo coberto, senão o pecado. Seguiam-se sete dias mais de ofertas sacrificiais
como expiação, em que um novilho era oferecido a cada dia (vss. 36,37).
Portanto, é difícil perceber um sentido diferente dessa palavra no vs. 33,
senão aquele sentido tencionado em outras porções do contexto. A preocupação
com a expiação pelo pecado era realmente grande na mente dos hebreus! Adam
Clarke suspirou de alívio ao observar que todas aquelas mortes de animais foram
substituídas por Cristo, em Sua morte única, pondo fim aos sacrifícios
sangrentos do Antigo Testamento.
O estranho não
comerá. Não se deve entender aqui os estrangeiros, os que não eram hebreus, e,
sim, os leigos, estranhos ao culto de consagração de sacerdotes. O Targum de
Jonathan traduz esse vocábulo como “profano”, isto é, uma pessoa que não
estivesse apta para participar da cerimônia, mesmo que fosse um israelita. O
rito limitava-se à família de Arão.
Êx 29.34 Se sobrar
alguma cousa. Fragmentos santos do banquete, sem importar se animais ou
vegetais (cereais), não podiam ser deixados abandonados, para serem profanados.
Logo, o que quer que sobrasse, precisava ser queimado. Isso pode ser comparado
com as instruções acerca da páscoa, que requeriam a mesma coisa. Ver Êxo.
12.10. Aquilo que fosse devotado a um uso sagrado, não podia ser comido por
algum passante, por um cão ou por outro animal qualquer. Alguns cristãos têm
seguido isso em espírito, fazendo os elementos da Ceia ou eucaristia serem
consumidos ou destruídos, para nada restar para ser usado em sentido comum.
Êx 29.35,36 Por sete
dias os consagrarás. Esse era o período necessário para a instalação dos
sacerdotes. A lavagem cerimonial, a investidura e a unção (vss. 29,30) tinham
lugar no primeiro dia. Seguiam-se então sacrifícios repetidos a cada dia.
Enquanto isso estivesse em processo, os sacerdotes tinham que permanecer no
átrio (Lev. 8.33). Uma vez terminado esse prazo, então os sacerdotes estavam
autorizados a iniciar seu serviço sagrado. O capítulo oitavo de Levítico não
menciona qualquer oferta pelo pecado (o que, afinal, tinha tido lugar no
sacrifício do novilho e dos dois carneiros); e sua presença aqui, de acordo com
alguns críticos, é apenas uma adição posterior, feita por algum editor. Esses
críticos pensam que essas oferendas adicionais, no tocante à consagração de
sacerdotes são anacrônicas. Nesse caso, as adições teriam sido feitas por um
editor que tentou reconciliar a questão com as descrições que se veem em
Ezequiel 43.18-27.
Sete dias. Sete era o
número da perfeição. Ver as notas sobre Êxo. 29.30. A ideia de perfeição, simbolizada
pelo número sete, vefrida história da criação em sete dias (Gên. 1 e 2). Ver no
Dicionário os artigos intitulados Número (Numeral, e Números na Bíblia. Quanto
ao sacrifício do novilho, ver as notas sobre os vss. 11-14 deste capítulo. O
texto não repete a informação sobre o sacrifício dos dois carneiros.
E o ungirás para
consagrá-lo. Está em pauta o altar. O altar era ungido mediante a aspersão do
azeite santo por sete vezes sobre o mesmo. O altar era assim consagrado para os
serviços santos que os sacerdotes tinham a realizar. O altar era um lugar do
tabernáculo onde Yahweh se manifestava mais clara- mente.
A Eficácia do Sangue.
Ver as notas sobre isso no vs. 12 deste capítulo. No Dicionário ver os artigos
Sangue e Expiação pelo Sangue. Ver Lev. 1.5. “O sangue, a sede do mistério da
vida (Êxo. 17.11; Deu. 12.23; Gên. 9.4) era considerado como particularmente
sagrado diante de Deus. Portanto, com base no princípio do sacrifício de vida
por vida, o derramamento de sangue era eficaz para perdão de pecados e para a
reconciliação do homem com Deus. O ato de derramar o sangue ao pé do altar
simbolizava a participação de Deus na cerimônia de expiação (Exo. 24.6-8)"
(Oxford Annotated Bible, sobre Lev. 1.5).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 438-453.
Êx 29.19-28 — Um dos mais obscuros ritos no livro
de Êxodo é o uso do carneiro das consagrações. A expressão no hebraico
significa o cordeiro do preenchimento, isto é, o carneiro resulta no preenchimento
das mãos dos sacerdotes em sua divina tarefa (v. 9). Muitas partes desta
passagem continuam, de certa forma, um mistério para nós. Contudo,
compreendemos que os sacerdotes preparavam cuidadosamente esse tipo de
sacrifício para adoração ao Deus santo.
2 9.19 — O termo outro carneiro se refere ao segundo
dos dois carneiros mencionados no versículo 1 (compare com o primeiro carneiro,
v. 15-18).
Êx 29.20,21 — Espargir o sangue nos
sacerdotes significa que eles estavam inteiramente sob o sangue que reparava o
pecado (Ex 12.7). É possível que o ato de aspergi-lo na orelha represente a
audição da Palavra de Deus, e, no polegar da mão direita, o cumprimento da
vontade do Senhor. Já a unção do dedo do pé direito pode significar a jornada e
a caminhada junto a Yahweh. Não só os homens deveriam ser aspergidos com sangue
e azeite da unção, mas também suas vestes. Desta forma, as belas roupas dos
sacerdotes seriam consagradas ou santificadas. A morte de um animal apontava
para a posterior morte de Cristo (Hb 10.1-14).
Êx 29.22-24 — Uma oferta com movimento
deveria ser feita com a gordura do carneiro e com o pão asmo (descrito no v.
2). Os elementos tinham de ser erguidos e depois movidos para trás e para frente
diante do altar. A oferta deixava claro que tudo acontecia em prol do Senhor,
mas recebiamse muitas bênçãos como presentes de Deus. [Para mais informações
acerca das ofertas movidas, leia Lv7.30;10.14.]
Êx 29.25 — Após esse ato simbólico (v.
22-24), a gordura e os pães asmos eram queimados como holocaustos (v. 18). Isso
também é chamado de oferta queimada.
Êx 29.26 — O peito do carneiro era movido
diante do altar do Senhor como gesto simbólico de dar e receber, e depois era
usado pelos sacerdotes para o consumo, representando assim um presente do Senhor.
Êx 29.27 — Uma oferta de movimento e uma
oferta alçada são termos gerais que representam diferentes tipos de
sacrifícios. As expressões são usadas neste versículo como partes da oferta de
comunhão (Lv 7.29-34). Mas elas também são empregadas para se referir à oferta
especial de grãos (Nm 15.19-21) e ao dízimo (Nm 18.24-29).
Êx 29 .27 ,28 — A palavra traduzida como
oferta alçada (hb. terúmâ) significa algo que se ergueu (diante do Senhor).
Outro significado é contribuição. Êx 29.29-34 — Os sacerdotes deveriam comer a carne
do carneiro das consagrações (v. 19-28) em uma refeição de celebração junto com
o pão (v. 2,23) que não fora queimado. Uma pessoa de fora não podia consumir
esses alimentos, nem mesmo as sobras. Tudo que não fosse comido na cerimónia tinha
de ser queimado.
Êx 29.35-39 — Os ritos de consagração (v. 9) duravam
sete dias. A repetição desses atos, dia após dia, enfatizava o quão necessárias
eram a santidade e a fidelidade na adoração.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 184.
Heb 9.22 A palavra
que fundamenta todos os atos sacrificiais no AT, Lv 17.11, alcança, neste
versículo, sua confirmação expressa no solo do NT: “Porque a vida da carne está
no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa
alma”. O apóstolo declara: sem derramamento de sangue, não há remissão. Com
esta frase ele fundamenta os fatos da salvação que ele formulara nos v. 12-14.
O sangue do Cristo realiza a remissão eterna, que reside no perdão de nossos
pecados (cf. Ef 1.7). Deste modo, todos os sacrifícios sangrentos da antiga
aliança chegam ao encerramento no sacrifício sangrento da nova aliança. Constitui
uma ordem de salvação inquebrantável da vontade de Deus que, para reconciliar
os pecados perante Deus, no AT e no NT, era preciso ser derramado sangue. Com
nossa capacidade natural de raciocínio não conseguimos apreender a justificação
dessa ordem, porque na terra nos são vedados entendimentos últimos (cf. 1Co
13.9). Temos de submeter-nos reverentes a isto pela fé.
Comentário Esperança
Carta Hebreus. Editora Evangélica
Esperança.
O coração da
verdadeira religião (9.22). A necessidade de derramamento de sangue,
tipificando a doação de vida, é resumida no versículo 22. No que tange à
purificação cerimonial, as coisas, i.e., o Tabernáculo e seus acessórios de
adoração, lemos o seguinte: E quase todas as coisas, segundo a lei, se
purificam com sangue. Mas ainda mais indispensável é o sangue remidor oferecido
em favor dos pecadores. Coisas requerem o aspergir de sangue quando são
consagradas. Mas pessoas requerem perdão; e embora possa haver exceções em
relação às coisas, não há exceção no perdão; porque sem derramamento de sangue
não há remissão de forma alguma.21 Esta é a grande diferença entre o caminho de
Deus e o caminho do homem, entre a verdadeira religião e a falsa. O homem tem
uma visão inadequada do pecado e despreza o sangue como inerentemente necessário
para o perdão. Mas ao exigir sangue, Deus ressalta a excessiva pecaminosidade
do pecado; e ao prover o Sangue, Ele revela o seu infinito amor. O sangue do
pecador pode ser poupado — mesmo o de animais — porque Deus sacrificou seu
próprio “Cordeiro [...] que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
Richard S. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10.
pag. 83.
Os sacerdotes
levíticos, quando das abluções batismais, tinham de ser totalmente imersos e
purificados, a fim de poderem servir em seu ofício (Ex 29.21; Lv 8.30). Arão e
seus filhos passaram rigorosamente por esta espécie de purificação. “Moisés fez
chegar a Arão e a seus filhos, e os lavou com água” (Lv 8.6). Isso era símbolo
da purificação moral, da purificação da alma e de todos os seus vícios,
excessos e pecados. Os cristãos também reconhecem que além do batismo cristão,
eles têm sido “... santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita
uma vez” (Hb 10.10). Em suma, cada crente então procura andar em santidade de
vida, “... renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas” (Tt 2.12) e
dedicando-se inteiramente ao serviço do Mestre. Cada cristão deve ser um vaso
santificado para uso santo do Senhor, para que por meio da santificação possa
ouvir de seus lábios as solenes palavras: “... este é para mim um vaso
escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de
Israel” (At 9.15).
Severino
Pedro Da Silva. Epístola aos Hebreus.
Editora CPAD. pag. 195.
Hb 9. 22. A conclusão
geral sobre este tema é que, de acordo com a lei, quase todas as coisas... se
purificam com sangue. A palavra quase (schedon) qualifica a declaração inteira
e tem o significado de “quase se pode dizer,” como se fosse uma declaração
geral que se aplicava na maioria dos casos. Alguns ritos judaicos de
purificação eram feitos através da água ou através do fogo, mas os mais
significantes eram através de sacrifícios que envolviam o derramamento do
sangue de uma vítima. Vale notar que as palavras com sangue (en haimati) podem
ser traduzidas “em sangue”, como a esfera em que a purificação é feita. Todas
as coisas (panta), embora traduza uma palavra neutra, visa incluir as pessoas
bem como os objetos, os sacerdotes e a congregação igualmente.
A declaração final
aqui — sem derramamento de sangue não há remissão - é baseada na declaração de
Levítico 17.11. Resume o propósito dos sacrifícios com sangue de acordo com a
lei. O derramamento de sangue indica a morte do animal e o derramamento
cerimonial do seu sangue. Subentende mais do que a doação da vida. Sua eficácia
reside na aplicação do sangue. Desta maneira, o escritor está edificando uma
explicação da necessidade da morte de Cristo. Deve ser notado que Levítico 5.1,
faz uma exceção no caso de extrema pobreza, quando, então, uma décima parte de
uma efa de farinha fina é aceita como oferta pelo pecado. Mas esta é
uma concessão e não anula o princípio que ainda está ali na intenção.
o texto original,
seguido por ARA, somente tem a palavra remissão (aphesis) sem qualificação, o
que é digno de nota, porque e' o único caso deste tipo no Novo Testamento (a
não ser na citação da LXX em Lc 4.18). O uso absoluto da palavra toma sua
aplicação mais geral. Fica sendo uma referência ao livramento bem como ao
perdão dos pecados específicos.
O alvo dos sacrifícios
era trazer algum tipo de remissão do pecado, mas a palavra aphesis nunca
recebeu a importância que lhe toca até a era do Novo Testamento, quando, então,
imediatamente tomou-se uma característica da proclamação cristã primitiva (cf.
At 2.38). Compare, também, o relato de Mateus das palavras da instituição da
ceia do Senhor (Mt 26.28).
Donald
Guthrie. Hebreus. Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag.183-184.
2. Sacrifícios
diários.
As ofertas diárias se
seguiam durante sete dias, que era o tempo que durava a cerimônia de posse do
novo sacerdote. Arão e seus filhos cozinhavam e comiam juntamente com o que
sobrava do cesto do pão e as porções de carne não queimadas do altar ou que
haviam sido dadas a Moisés. O mesmo também ocorria no caso da oferta pacífica.
Esse pão e essa carne dos quais os sacerdotes participavam, e que os
santificavam, representavam o corpo de Cristo cuja carne era simbolizada no Novo Testamento
pelo pão da Santa Ceia (Mt 26.26; 1 Co 11.24) Um detalhe interessante e que as
vestes do sumo
sacerdote eram passadas para o seu filho por ocasião da consagração deste como
novo sumo sacerdote (Ex 29.29,30). O novo sumo sacerdote deveria passar pelo
mesmo
cerimonial de consagração de seu pai, com o azeite sendo derramado sobre
aquelas vestes mais uma vez — e sobre ele, pela primeira vez. A indumentária
não seria nova — seria a mesma usada por seu pai —, mas a experiência seria
nova para o novo sumo sacerdote. Isso fala que as responsabilidades,
representadas aqui pela indumentária, se transferem, mas a consagração e a
unção, não. O novo ministro tem que ter a sua própria experiência de
confirmação e capacitação para o ofício dadas por Deus.
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 144-145.
Lv 6.12,13 O fogo...
sempre arderá sobre o altar. As chamas sobre o altar eram perenes. Esses dois
versículos dão-nos duas afirmações garantindo-nos que não podiam apagar-se as
chamas sobre o altar de bronze. Os sacerdotes estavam encarregados de garantir
que essas chamas nunca se apagassem. O vs. 9 deste capítulo já deixara isso
entendido, onde comentei sobre a questão e seus possíveis simbolismos. O
sacerdote tinha de usar de cuidado ao remover as cinzas, a fim de não perturbar
os pedaços de gordura que continuassem queimando. Pela manhã, o fogo era
avivado com lenha, para que as chamas não se apagassem Uma madeira santa era
escolhida para esse mister, pelo que sempre havia em depósito bastante lenha
com esse propósito. Ver Lev. 1.7 e suas notas expositivas.
O vs. 13 repete a
questão do fogo santo. Foi o Senhor quem enviara o fogo do céu (Lev. 9.24), e o
homem era agora responsável por sua continuidade. Durante os dias do segundo
templo, o fogo perpétuo consistia em três partes ou pilhas separadas de lenha
sobre o altar, mas isso representava uma complicação da ordenança original. As
maiores fogueiras eram usadas nos holocaustos diários; a segunda fogueira
supria os incensários e a queima do incenso; e a terceira era o fogo perpétuo,
que alimentava continuamente as outras duas fogueiras. Esse fogo nunca se
apagava, até que Nabucodonosor forçou o fim desse fogo continuo, devido ao
cativeiro babilônico. A mitologia diz que os sacerdotes judeus foram capazes de
manter as chamas vivas em algum lugar oculto, e que, nos dias de Neemias, elas
foram renovadas publicamente.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 496.
A Lei do Holocausto
(6.8-13)
A seção introdutória
de Levítico (1.1—6.7) é endereçada aos israelitas (1.2) e é a palavra de Deus
para eles sobre os sacrifícios que o Senhor exigia. Agora, Deus se dirige aos
sacerdotes, Arão e seus filhos (9), que têm de executar estes rituais. Estas
instruções são prestimosas para entendermos mais acerca do sistema
sacrificatório levítico e súa significação.
Primeiramente,
ficamos sabendo que o fogo tinha de ser mantido aceso continuamente no altar
(9-13). O texto de Êxodo 29.38,39 nos informa que um holocausto era oferecido
pela manhã e outro à tardinha. Era a gordura do sacrifício da tarde que mantinha
o fogo do altar queimando a noite toda. Uma chama permanente queimando diante
da deidade não é exclusividade da religião bíblica. E expressão da intuição
humana que louvor e adoração contínuos devam subir do homem para Deus. Se esta realidade
é sentida por quem conhece pouco da graça divina, quanto mais relevante que o
coração do crente seja cheio de oração incessante e louvor permanente! Acerca
do fogo, Micklem comenta:
[O fogo] chama a
atenção dos cristãos para o sacerdócio eterno do Senhor Jesus Cristo, o grande
Sumo Sacerdote, que vive “sempre para interceder por” nós (Hb 7.25) e é
“sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 5.6). Ele Levítico
6.9-23 Um Manual de Adoração oferece sua obediência eterna ao Pai, um
sacrifício aceitável, em benefício de todos; ele é o sacerdote, e sua
obediência e seu amor perfeito a Deus são o cordeiro: estes ele oferece em nome
de todos os homens, porque “não se envergonha de lhes chamar irmãos” (Hb 2.11).
O sacerdote recebe instruções relativas à roupa que usaria para, todas as
manhãs, retirar as cinzas do altar (11). Os trajes sacerdotais regulares não
deviam ser usados para esta tarefa. Muitos ficam surpresos ao constatarem
quanto espaço é dedicado na Bíblia à roupa. Ainda mais quando diz respeito às
vestes dos sacerdotes.
A idéia transmitida é
que nossa aparência perante Deus é importante. Esta verdade é mais desenvolvida
no Novo Testamento e na hinologia cristã. Jesus falou sobre a necessidade de
“veste nupcial” (Mt 22.11-14). Em Apocalipse, somos aconselhados a comprar
“vestes brancas” (Ap 3.18) e a guardar as “vestes” (Ap 16.15). O registro bíblico
também afirma que a noiva do Cordeiro se veste “de linho fino, puro e
resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos” (Ap 19.8). O
assunto tratado em Levítico diz respeito à roupa do mediador que fica entre
Deus em sua santidade e o adorador.
Dennis
F. Kinlaw. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 269-270.
O sacerdote deveria
tomar conta do fogo sobre o altar, para que fosse mantido sempre aceso. Isto é
insistido aqui (w. 9,12), e esta lei expressa é dada: fogo arderá continuamente
sobre o altar. Não se apagará, v. 13. Podemos supor que nenhum dia passava sem
sacrifícios extraordinários, os quais eram sempre oferecidos entre o cordeiro
de manhã e da noite. De forma que desde a manhã até a noite o fogo do altar era
mantido aceso. Mas para mantê-lo a noite toda até de manhã (v. 9) eram
necessários alguns cuidados. Aqueles que cuidam de boas casas nunca deixam o
fogo da cozinha se apagar. Portanto, Deus, desse modo, daria um exemplo de seu
zelo pela casa. O primeiro fogo sobre o altar veio do céu (cap. 9.24), para
que, mantendo-o aceso continuamente com uma provisão constante de combustível,
todos os seus sacrifícios por todas as suas gerações pudessem ser considerados
como sendo consumidos pelo fogo do céu, que era o sinal da aceitação de Deus.
Se, por descuido, eles deixassem o fogo se apagar, não poderiam esperar tê-lo
aceso da mesma forma novamente. Assim os judeus nos contam que o fogo nunca se
apagou no altar, até o cativeiro na Babilônia, Isto é mencionado em Isaías
31.9, onde é dito que Deus tem o seu fogo em Sião, e a sua fornalha em
Jerusalém. Por esta lei somos ensinados a manter em nossas mentes uma
disposição constante a todos os atos de piedade e devoção, uma afeição habitual
às coisas divinas, de forma a estarmos sempre prontos para toda boa palavra e
para toda boa obra. Nossa obrigação não se limita a não extinguir o Espírito,
mas devemos despertar o dom que há em nós. Embora não estejamos, continuamente,
oferecendo sacrifícios ao Senhor, devemos manter o fogo do amor santo sempre
ardendo. E assim, devemos orar sem cessar.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 371.
I Cor 4.16 Paulo olha
para sua vida e atuação, que trazem consigo de forma totalmente real “a
imolação de Jesus”. Ele sabe que não se trata de períodos isolados de aflição
que são superados, dando lugar a períodos tranquilos e felizes. Não, a corrente
de tribulações e perseguições não se rompe. Será que isso finalmente não o
deixará “desanimado” e cansado? Justamente agora, porém, depois de olhar para o
necessário sofrimento de sua vida, Paulo repete o que havia assegurado aos
coríntios em 2Co 4.1: “Por isso, não desanimamos (ou: cansamos).” “Por isso”
não, uma vez que o olhar para a vida que ele vive, tornou-se um olhar para a
glória vindoura. Na nova existência da ressurreição eles serão “apresentados”
diante da face do Deus vivo em conjunto com a amada igreja. Como poderia haver
cansaço e desânimo diante desse alvo?
É essa a certeza que
Paulo explicita mais uma vez a si e aos coríntios. Desde já, sua experiência em
meio a todos os sofrimentos é esta: “mesmo que o nosso homem exterior se
desgaste, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.” Sem dúvida,
em Paulo e seus colaboradores pode-se ver nitidamente que seu “homem exterior
se desgasta”. Esse constante engajamento, essas lutas e tribulações reiteradas
consomem a força, e na verdade não apenas a força física, mas também a
intelectual e psíquica. Também ela pertence àquilo que Paulo chama de “homem
exterior”. Mas dentro disso tudo Paulo experimenta que seu “homem interior se
renova de dia em dia”. Esse “homem interior” não é simplesmente o aspecto
interior intelectual do ser humano. Quem esteve pessoalmente em um sofrimento
constante sabe que justamente também sua “vida interior” inata é corroída e
ameaça afundar em desânimo, cansaço e amargura. Não, Paulo refere-se à pessoa
que tem o “mesmo espírito da fé”, o ser humano que “com o rosto descoberto
reflete a glória do Senhor e é transformado na mesma imagem” (2Co 3.18; 4.13).
Esse “homem interior” “se renova” dia após dia, pela maneira e razão pela qual
ele é “transformado” dia após dia. A fé está presente de forma renovada e cada
vez mais profunda e aprovada. Experimenta-se o “consolo” de Deus em
encorajamentos e libertações de formas sempre novas. Esse ser humano de fé não
se esgota, mas é incansável e constantemente livre e disposto a servir, a
sofrer, a morrer, para que por intermédio dele a vida de Jesus se torne eficaz
em outros.
Werner
de Boor. Comentário Esperança I
Coríntios. Editora Evangélica Esperança.
2 Cor 4.16-17. Estava
certo de que suas tribulações cooperariam para seu bem (vv. 16, 17). "Não
desanimamos", era o testemunho confiante de Paulo (ver 2 Co 4:1). Que
importa se o "ser exterior" se deteriora quando o "ser
interior" experimenta renovação espiritual diária? Paulo não sugere, aqui,
que o corpo não é importante nem que devemos ignorar seus sinais de aviso e
necessidades. Uma vez que nosso corpo é o templo de Deus, devemos cuidar dele.
No entanto, não podemos controlar a deterioração natural do corpo humano.
Quando pensamos em todas as provações físicas que Paulo suportou, não nos
admiramos de ele ter escrito essas palavras.
Como cristãos,
devemos viver um dia de cada vez. Nenhuma pessoa, por mais rica ou competente
que seja, pode viver dois dias de cada vez. Deus provê "de dia em
dia", à medida que oramos a ele (Lc 11 :3). Ele nos dá as forças de que
precisamos de acordo com o que cada dia exige de nós (Dt 33:25). Não se pode
cometer o erro de tentar "armazenar bênçãos" para emergências
futuras, pois Deus dá a graça de que precisamos, quando precisamos (Hb 4:16).
Quando aprendemos a viver um dia de cada vez, certos do cuidado de Deus, sentimos
alívio de boa parte das pressões da vida.
De metro em metro se
vive, sempre a duras penas!
De centímetro em centímetro,
as coisas são serenas!
Quando vivemos pela
fé em Cristo, adquirimos uma perspectiva correta do sofrimento. Convém observar
os contrastes que Paulo apresenta em 2 Coríntios 4:17: leve tribulação - peso
de glória; trabalhando contra nós - trabalhando em nosso favor. O apóstolo refere-se
a valores eternos. Compara as tribulações presentes com a glória futura e descobre
que suas provações, na verdade, trabalham a seu favor (ver Rm 8:18).
Não devemos
interpretar esse princípio equivocadamente e pensar que o cristão pode viver
como bem entender e esperar que, no final, tudo se transforme em glória.
Paulo escreve sobre
tribulações que sofria dentro da vontade de Deus e enquanto realizava a obra do
Senhor. Deus pode transformar o sofrimento em glória, e é exatamente isso o que
ele faz; mas Deus não pode transformar pecado em glória. O pecado deve ser
julgado, pois não possui glória alguma.
Deve-se relacionar 2
Coríntios 4:16 com 3:18, pois os dois versículos referem-se à renovação espiritual
do filho de Deus. Em si mesmo, o sofrimento não tem poder para nos tornar
homens e mulheres mais santos. A menos que nos entreguemos ao Senhor, busquemos
sua Palavra e confiemos que ele irá operar, o sofrimento só servirá para
prejudicar nossa vida cristã. Em meu ministério pastoral, tenho visto pessoas
que se tornam críticas e amarguradas e que vão de mal a pior, em vez de se
desenvolverem "de glória em glória". Precisamos desse "espírito
da fé" que Paulo menciona em 2 Coríntios 4:13.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
N.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 842.
16. Assim, ele pode
apelar para que sejam seus imitadores, que é o sentido da palavra (mimetai).
Apelos desta espécie Paulo os faz mais vezes do que esperaríamos. Mas ele não
deseja ligar os seus seguidores a si pessoalmente. Isto entraria em contradição
com o teor geral desta passagem. Se quer que o imitem é a fim de que aprendam
desse modo a imitar a Cristo (cf. 11:1; 1 Ts 1:6). Embora nas diferentes
circunstâncias de hoje os pregadores bem possam hesitar em convocar outros a
imitá-los, ainda continua sendo verdade que, se havemos de recomendar o
Evangelho, há de ser porque as nossas vidas revelam o seu poder.
Leon
Monis. I Coríntios. Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 67.
III - CRISTO,
PERPÉTUO SUMO SACERDOTE
1. Sacerdócio segundo
a ordem de Melquisedeque.
A Preeminência de
Cristo
Porém, aprendemos
alguma coisa mais com a ordem da unção neste capítulo, além da do Filho é-nos também
apresentada. "Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso Deus,
o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros"
(SI 45:7; Hb 1:9). É preciso que o povo de Deus mantenha sempre esta verdade
nas suas convicções e experiências. Por certo, a graça infinita de Deus é manifestada
no fato maravilhoso que pecadores culpados e dignos do inferno sejam chamados
companheiros do Filho de Deus; mas nunca devemos esquecer, nem por um momento,
o vocábulo "mais". Por mais íntima que seja a união—e é tão íntima
quanto os desígnios eternos do amor divino a podiam fazer—, é, contudo,
necessário que Cristo tenha em tudo a preeminência" (Cl 1:18). Não podia
ser de outra maneira. Ele é Cabeça sobre todas as coisas — Cabeça da Igreja,
Cabeça sobre a criação, Cabeça sobre os anjos, o Senhor do universo. Não existe
um só astro de todos os que se movem no espaço que não Lhe pertença e não se
mova sob a Sua orientação. Não existe um verme sequer que se arrasta sobre a
terra, que não esteja sob os Seus olhos incansáveis. Ele está acima de todas as
coisas; é toda a criatura "o primogénito de entre os mortos" "o princípio
da criação de Deus" (Cl l:15-18;Ap 1:5). "Toda a família nos céus ena
terra" (Ef 3:15) deve alinhar, na classe divina, sob Cristo. Tudo isto
será reconhecido com gratidão por todo o crente espiritual; sim, a sua própria
articulação produz um estremecimento no coração do crente. Todos os que são
guiados pelo Espírito regozijar-se-ão com cada nova manifestação das glórias
pessoais do Filho; da mesma maneira que não poderão tolerar qualquer coisa que se
levante contra elas. Que a Igreja se eleve às mais altas regiões e glória, será
seu gozo ajoelhar aos pés d'Aquele que se baixou para a elevar, em virtude do
Seu sacrifício, à união Consigo; o qual havendo plenamente correspondido a
todas as exigências da justiça divina, pode satisfazer todos os afetos divinos,
unindo-a em um Consigo Mesmo, em toda a aceitação infinita com o Pai, na Sua
glória eterna: "Não se envergonha de lhes chamar irmãos" (Hb 2:11).
C.
H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De
Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Gn 14.18 Melquisedeque.
Achamos aqui um homem misterioso que tem arrebatado à imaginação dos
intérpretes. Dai haver tantas e tão variegadas tentativas de identificação. Não
reitero aqui os detalhes, visto que no verbete sobre esse homem, no Dicionário,
forneço abundantes informações. As referências veterotestamentárias a ele
aparecem em Gên. 14.18 e Sal. 110.4. No Novo Testamento, todas as referências
acham-se na epístola aos Hebreus (5.6,10; 6.20; 7.1,10,11,15,17,21). Mas há
muitas tradições sobre ele, que aumentam tão escassas informações bíblicas. O
autor do tratado aos Hebreus faz dele um tipo de Cristo, o originador do tipo
de sacerdócio que Cristo tinha, que já existia antes do sacerdócio aarônico e
até lhe era superior. Os mórmons dizem ser continuadores tanto do sacerdócio de
Aarão quanto do sacerdócio de Melquisedeque, e este segundo reveste-se de maior
importância que o primeiro.
Salém. No hebraico,
completa. Esse nome é uma forma abreviada de Jerusalém (ver no Dicionário a
esse respeito). Embora ocorra apenas por quatro vezes nas Escrituras, o nome
Salém é a primeira designação dessa cidade (Gên. 14.18), identificando o lugar
da cobertura, tenda ou habitação de Deus (Sal. 76.2). O titulo dado a
Melquisedeque, ou seja, rei de Salém (Heb. 7.1), significa “rei de paz”, no
versículo seguinte, destacando-se o seu sentido de segurança, prosperidade e
bem-estar. Salém talvez também seja nome ligado a alguma divindade cananéia
desse nome, adorada pelos seus habitantes jebuseus originais. A emenda de nossa
versão portuguesa, em Gên. 33.18, para “chegou Jacó são e salvo à cidade de
Siquém”, segue de perto a Revised Standard Version, em inglês.
Pão e vinho. É
provável que estejam em mira alimentos e bebidas de vários tipos. Talvez
devamos pensar aqui em uma refeição providenciada por Melquisedeque. Mas alguns
veem na cena uma espécie de sacrifício religioso, algum rito ou cerimônia.
Talvez tenha havido algum tipo de rito religioso de ação de graças, diante da
vitória, com bênção conferida aos participantes vitoriosos. É possível que
Melquisedeque, como tipo do Rei dos Reis que viria, tenha previsto as
necessidades tanto do corpo quanto da alma dos presentes. O amor de Deus sempre
provê o necessário tanto para um quanto para outra.
Deus Altíssimo.
Melquisedeque era o sacerdote de El Eiyon. O nome E/era comumente aplicado a
Deus entre os povos de origem semita, e tornou-se na Biblia um dos nomes
principais de Deus, em sua forma singular ou plural, respec- tivamente, El e
Elohim. (Ver no Dicionário 0 verbete Deus, Nomes Bíblicos de.) El significa
“poder”, “força”. É nome usado de forma composta com outros titulos. Assim,
temos Deus Todo-poderoso, em Gên. 17.1; Deus, o Deus de Israel, em Gên. 33.20;
e El-Betel (Deus de Betei), em Gên. 31.13. Por sua vez, Elyon é apelativo usado
com frequência no Antigo Testamento para indicar o Senhor (Sal. 78.35).
Alguns estudiosos têm
sugerido que El Elyon seria uma antiga divindade do santuário de Jerusalém que,
mais tarde, veio a ser identificada com Yahweh. Os Macabeus foram chamados
“sacerdotes do Deus Altíssimo” no livro Assunção de Moisés 6.1. Em Salmos 7.17,
Elyon é aplicado a Yahweh. No vs. 22 deste capituIo, Abraão jurou por Yahweh,
El Elyon.
Sacerdote. Temos aqui
a primeira menção ao termo “sacerdote” na Biblia. Embora talvez Melquisedeque
fosse cananeu, seu sacerdócio e adoração foram reconhecidos por Abraão como
ligados ao mesmo Deus que o seu. Alguns intérpretes judeus pensam que
Melquisedeque é outro nome dado a Sem, a fim de evitarem o problema criado por
um rei pagão. Mas isso já é eisegesis, e não exegese, ou seja, é ler no texto
aquilo que queremos ver ali, e não o que realmente faz parte do texto sagrado.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo
por versículo. Editora Hagnos. pag. 114.
Melquisedeque (18), o honorável sacerdote-rei
de Salém (Jerusalém), deu comida e bebida aos vencedores e pronunciou uma
bênção a Abrão (19). O nome Deus Altíssimo (18) era, naqueles dias, designação
comum da divindade no país da Palestina. Em atenção aos atos do sacerdote-rei,
Abrão deu o dízimo de tudo (20) a Melquisedeque. O rei de Sodoma (21) tinha
menos inclinação religiosa. Pediu seu povo de volta, contudo foi bastante
generoso em oferecer a Abrão todo saque procedente do combate. Abrão tinha
pouco respeito por este homem e respondeu que fizera o voto de não ficar com
nenhum bem que pertencesse ao rei de Sodoma, para que, depois, isso não fosse
usado contra ele por aquele indivíduo repulsivo. Abrão também deixou claro que
o seu Deus tinha o título de SENHOR (22) e não era apenas outra deidade
cananéia. A única coisa que Abrão pediu foi que os soldados fossem
recompensados pelos serviços prestados e que seus aliados, Aner, Escol e Manre
(24), tivessem participação no saque.
O caráter robusto de Melquisedeque e seu
status como respeitado sacerdote-rei tornaram-se significativos em posteriores
pronunciamentos sobre o muito esperado Messias.
O Salmo 110.4 relaciona o Messias na “ordem
de Melquisedeque” e o escritor da Epístola aos Hebreus cita esta porção dos
Salmos para mostrar que Cristo é este tipo de ordem sacerdotal no lugar da
ordem arônica (Hb 5.6,10; 6.20; 7.1-21).
O escritor de Hebreus enfatiza o significado
do nome e status de Melquisedeque para assinalar que ele e Cristo eram homens
de justiça e paz (Hb 7.1,2). A próxima correlação é um destaque na força e
valor pessoal e não na linhagem. Seu ofício não passou automaticamente a outro.
Cristo é Sumo Sacerdote e não somente sacerdote, e em vez de dar somente uma
bênção, Cristo salva “perfeitamente” (Hb 7.25,26).
George Herbert Livingston, B.D., Ph.D. Comentário Bíblico
Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 61.
Começa para Abrão a
batalha mais dura, pois há profundo contraste entre os dois reis que vieram encontrar-se
com ele. Melquisedeque, rei e sacerdote, nome e título expressando a esfera do
direito e do bem (ver Hb 7:2), oferece-lhe, para celebração, algo singelo da
parte de Deus para satisfazê-lo, pronuncia uma bênção em termos gerais
(frisando o Doador, não a dádiva), e aceita custoso tributo. Isso tudo só tem sentido
para a fé. Por outro lado, o rei de Sodoma faz uma bela oferta em termos
comerciais. Sua única desvantagem também só é perceptível à fé. A esses
benfeitores rivais, Abrão expressa o seu Sim e o seu Não, negando-se a
comprometer a sua vocação.
Tal clímax mostra o
que de fato estava em jogo neste capítulo de acontecimentos internacionais. A
luta dos reis, as longas fileiras dos exércitos e os despojos de uma cidade
constituem a pequena guinada no rumo da narrativa; o ponto crucial é a fé ou a
falácia de um homem. Da distância em que nos encontramos, podemos ver que este
julgamento nada tem de artificial. Maior é a dependência disto do que da mais
retumbante vitória ou do destino de qualquer reino.
17. Derrota (RSV) é
tradução mais precisa do que massacre (AV, RV). Literalmente é “o ferimento”
(ver AA: “ferir” ). O vale de Savé (c. 2 Sm 18:18), evidentemente bem próximo
de Jerusalém, foi o cenário, não da batalha, mas do encontro que está para ser
descrito.
18,19. Salém é
Jerusalém; sobre esse nome, “paz”, e o de Melquisedeque, rei de justiça, ver Hb
7:2. A união do rei e o sacerdote em Jerusalém haveria de levar Davi (o
primeiro israelita a sentar-se no trono de Melquisedeque) a entoar cânticos
sobre um Melquisedeque mais grandioso que havia de vir (SI 110:4).
Deus Altíssimo Çèl
‘elyôn). O que quer que esse título significasse para os predecessores e
sucessores de Melquisedeque, para ele significava o verdadeiro Deus, em certa
medida auto revelado, como suas palavras subsequentes mostram. Em todo caso, o
dizimo de Abrão (c/. Hb 7:4-10) e a junção que fez o nome Yahweh (Senhor, 22)
com a expressão usada por Melquisedeque, Deus Altíssimo, decidem a questão. Este
título é empregado frequentemente nos Salmos.
Derek
Kidner. Gênesis. Introdução e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 112-113.
Hb 14.18 Este
versículo tem provocado toda a forma de dificuldade para aqueles que pensam ser
necessário interpretar essas coisas literalmente, no tocante à personagem
retratada no A.T., Melquisedeque. Se realmente ele não tinha nem pai e nem mãe,
se ele não nasceu e nem morreu, então é impossível que tenha sido um homem.
Portanto, só nos restaria pensar que ele foi alguma figura angelical, ou o
próprio Cristo, em uma encarnação no A.T., preliminar à sua missão messiânica,
sobre a qual fala ο N.T., ou então que ele era o Espírito Santo. Mas essa forma
de interpretação ignora a própria natureza da interpretação «alegórica». O
autor sagrado não quis dizer mais do que o fato que Melquisedeque não tinha
«genealogia», isto é, que não foram registrados seus laços de família, nem o
seu nascimento e nem a sua morte. Até onde diz respeito ao «registro sagrado»,
ele não começou e nem terminou, mas é eterno, para o passado e para o futuro.
Tais declarações e usos (que não devem ser compreendidos literalmente), dentro
da interpretação alegórica, no primeiro século de nossa era não seriam reputados
incomuns. Naturalmente, o autor sagrado vai muito além do que se poderia
deduzir do A.T., acerca da natureza de Melquisedeque, e se utiliza aqui do
«silêncio» (o que simplesmente indica que foram omitidas tais descrições
humanas sobre ele) como seu instrumento principal. O que fica «subentendido»
acerca de Melquisedeque, pelo «silêncio» (não houve «registro» que marcasse seu
começo e seu fim) é literalmente verdadeiro no caso do Filho de Deus, a quem
simbolizava. Ver mais do que isso nessas declarações bíblicas é ignorar a
própria natureza da interpretação alegórica, que não se atém rigidamente à
história e de acordo com a qual a história é apenas «incidental». Os problemas
de interpretação se originam quando ignoramos isso e procuramos fazer a
história tornar-se «vital e central» na alegoria. Mas, a verdade é bem outra.
O argumento se baseia
no silêncio, do que Filo muito se aproveitava, mas que não deve ser pressionado
exageradamente. O registro do livro de Gênesis não nos dá q u a lq u e r
genealogia (sobre Melquisedeque).
Melquisedeque aparece
sozinho. Mas nem por isso devemos compreender que se tratasse de um ser
miraculoso, sem nascimento ou sem morte física.
Melquisedeque tem
sido feito uma personagem mais misteriosa do que realmente é quando se coloca,
na interpretação, o que não se acha no registro bíblico». (Robertson, in loc.).
Melquisedeque
«representa» as qualidades «possuídas» pelo Filho de Deus, pois ele é seu «tipo
simbólico». Não possuía em si mesmo tais qualidades. No dizer de Newell (in
loc.): «Aquilo que Cristo é ‘realmente’, Melquisedeque é apenas na ‘aparência’;
e isso é tudo quanto fica exigido».
«A inferência é que o
silêncio (nas páginas do A.T.) é intencional e significativo» (A.C. Kendrick,
Hebrews, pág. 86). Por igual modo, Westcott (in loc.), supõe que o autor
sagrado dá grande importância ao «silêncio» que há nas páginas do A.T. a cerca
dos primórdios e do destino de Melquisedeque. Entretanto, ele vê essa importância no
«uso profético» que o autor sagrado faz sobre essa passagem, e não que o
escritor original do livro de Gênesis tivesse visto qualquer importância na
omissão desse material, tendo querido subentender elementos sutis da verdade,
através de tal silêncio. E não duvidemos que isso expressa a verdade do caso.
A aplicação do que é
dito aqui, como é óbvio, não visa o homem Jesus de Nazaré. Antes, visa o
«logos», o Cristo eterno. (Ver as notas expositivas sobre o título «Filho de
Deus», em Marc. 1:1).
O Sumo Sacerdote da
nossa confissão, que é Cristo, não precisava ser de descendência aarônica. O
versículo é polêmico, antecipando o problema levantado no décimo quarto
versículo, e, uma vez mais, em Heb. 8:4. Se o seu sacerdócio fosse meramente
«terreno», ele não poderia qualificar-se como sacerdote, porquanto veio da
tribo de Judá, que não era a tribo sacerdotal. O autor sagrado não soluciona o
problema apontando para o fato que houve muitas exceções a essa regra, desde
que os Macabeus chegaram ao poder. Antes, o sacerdócio de Cristo é celestial,
pelo que também não precisa seguir o padrão do sacerdócio aarônico, que foi uma
instituição terrena. O autor sagrado, na realidade, faz com que o fato de Cristo
não ser descendente de Aarão, ser um ponto definitivo a seu favor. O verdadeiro
sumo sacerdote deveria pertencer à ordem de Melquisedeque, que não teve
genealogia terrena, e que não teve começo e nem fim. Isso significa que o Sumo
Sacerdote da nossa confissão precisava ser um ser eterno e celestial. Se
pudéssemos atribuir-lhe qualquer «árvore genealógica», ficaria desqualificado
para o seu ofício sumo sacerdotal.
Portanto, podemos
observar os pontos seguintes, no argumento do autor sagrado. 1. A descendência
terrena não tem qualquer aplicação ao sacerdócio eterno de Cristo. 2. De fato,
tal descendência o desqualificaria para esse sacerdócio, já que só pode ser
conservada pelo Logos divino, que transcende a quaisquer instituições terrenas.
3. A autoridade desse sumo sacerdócio repousa sobre a «nomeação divina» (ver
Heb. 5:5 e ss.). 4. A autoridade desse sacerdócio repousa sobre a «dignidade»
da pessoa de Cristo, bem como de seu caráter majestático e sacerdotal, tudo o
que transcende a quaisquer instituições terrenas de natureza sacerdotal.
«...sem pai, sem
mãe...» As seguintes explicações sobre essa expressão são possíveis: 1. A
explicação literal: Na qualidade de algum elevado ser espiritual, ele não tinha
descendência terrena. Essa interpretação, popular entre os antigos, que em
seguida se esforçavam heroicamente por adivinhar quem teria sido Melquisedeque,
é rejeitada por quase todos os estudiosos modernos. O método alegórico é
contrário a considerarmos o «tipo simbólico» como se já fosse a realidade. 2.
Melquisedeque teria «perdido» (mediante a morte física), seu pai e sua mãe.
pelo que também estaria «sem eles». Apesar de que a expressão bíblica poderia
indicar exatamente isso nenhuma coisa assim é indicada no texto. 3. Seu pai e
sua mãe seriam figuras «desconhecidas», pelo que também não se fez qualquer
registro genealógico. Porém, não parece haver aqui tal significado, embora as
próprias
palavras possam revestir-se de tal sentido. 4. Seu pai e sua mãe teriam sido de
natureza «ignóbil», razão pela qual não foram mencionados; mas essa
interpretação a inda se a fasta mais do alvo. 5. Antes, Melquisedeque
simplesmente não tem «genealogia registrada» nas Escrituras, e o autor sagrado
aproveita-se desse fato a fim de ensinar certa verdade espiritual a respeito de
Cristo, que é o «antítipo» de Melquisedeque.
«...sem
genealogia...» Algumas traduções preferem dizer aqui «...sem descendência ...»
Em toda a literatura grega, o vocábulo grego figura exclusivamente aqui.
Literalmente interpretada, essa palavra pode significar somente «sem
genealogia», embora vários sentidos tenham sido emprestados a essa ideia, a
saber: 1. A genealogia de Melquisedeque era conhecida, mas não foi
«registrada». 2. A genealogia era conhecida, mas «propositadamente não foi
registrada», para que Melquisedeque tivesse a possibilidade de ser um «tipo
simbólico» de Cristo, em seu sumo sacerdócio. 3. A genealogia não foi
registrada porque era desconhecida. 4. Não havia genealogia a registrar porque
Melquisedeque, na realidade, não era uma personalidade humana. 5. A genealogia
não foi registrada porque o autor do livro de Gênesis não se interessava em
fazer tal registro; e foi dessa circunstância que tirou proveito o autor da
epístola aos Hebreus para destacar uma verdade espiritual. Esta última posição,
bem provavelmente, expressa a verdade da questão, em consonância com a tradição
da interpretação alegórica, que não precisava de material histórico sólido para
ali ter a sua premissa.
«.. .não teve princípio
de dias, nem fim de existência... » No que diz respeito a Melquisedeque, isso
indica somente que não houve «registro» desses pormenores. No que diz respeito
a Cristo, deve ser entendido literalmente, por ser ele o Verbo eterno. Todavia,
não podem essas palavras ser aplicadas ao homem Jesus de Nazaré, cujas
genealogias são registradas nos evangelhos.
«.. .semelhante ao
Filho de Deus. ..» Novamente, não literalmente, em sua própria natureza, mas
apenas «aparentemente», por ser ele «tipo» de Cristo. «...permanece sacerdote
perpetuamente...» No que concerne a Melquisedeque, isso significa somente que
não houve «fim registrado» de seu sacerdócio. Os sacerdotes aarônicos tinham de
provar sua legítima reivindicação ao ofício, mediante registros genealógicos.
Viviam certo período de anos, exercendo o ofício sacerdotal. Mas a morte física
interrompia isso, e eles tinham de ser «substituídos». Nada disso se deu no caso
de Melquisedeque, pelo menos «até onde vão os registros bíblicos». E o que é
verdade sobre Melquisedeque, dentro do registro bíblico, na realidade é verdade
no caso de Cristo. O fato que seu sacerdócio não tem fim mostra-nos que até
mesmo na eternidade o Filho é o mediador entre Deus Pai e os homens; ele é a
fonte da qual nos abeberamos de «toda a plenitude de Deus» (ver Efé. 3:19).
Segundo a sua imagem é que seremos transformados continuamente, para graus cada
vez maiores de glória; o alvo consiste em compartilharmos de sua natureza
essencial; e, através disso, compartilharem os de seus atributos e perfeições,
tal como ele compartilha desses atributos com Deus Pai. (Ver Efé. 3:19).
«De acordo com seu
propósito, ele (o autor sagrado) a presenta as seguintes características do
sacerdócio ideal: real, justo, pacificador—e tudo pessoal, eterno, e não como
qualidades herdadas. (Comparar com Isa. 9:6,7; 11:4,10; 32:17 e52:7)».
(Vincent, in loc., o qual passa a chamar o uso feito pelo autor sagrado de
«artificial», como se nada ficasse comprovado em favor de seu argumento). De
fato, se pensarmos apenas em termos históricos, Vincent está com a razão em sua
estimativa. Porém, o autor sagrado expunha um argumento alegórico, para
apresentar uma verdade mística; e isso faz sentido. Seus leitores originais não
teriam encontrado nisso qualquer coisa capaz de ser combatida, embora tal
argumento nos pareça «artificial», pois normalmente não alegorizamos a
história.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 551-552.
Hb 7.3 O apóstolo, porém, não para na
explicação dos nomes. Ele ultrapassa em muito aquilo que o relato de
Melquisedeque no AT expressa. De certo modo ele confere à imagem do rei e
sacerdote do AT traços fáceis de gravar. Sobre isto escreve O. Michel: “Nosso
autor não tem a percepção de que ressaltando Melquisedeque estaria prejudicando
a figura de Jesus. Pelo contrário: quanto mais se puder afirmar sobre
Melquisedeque, tanto mais fortemente brilha a glória do Filho de Deus”. Gn
14.17-20 informa tão-somente o transcurso histórico do episódio. O apóstolo,
porém, caracteriza a pessoa de Melquisedeque com mais detalhes: ([…] sem pai,
sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência,
entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus), permanece sacerdote
perpetuamente. O que primeiramente salta à vista na presente sentença é o fato
de que o apóstolo está afirmando mais do que consta no AT. O apóstolo retira
uma importante conclusão para a sua explicação da circunstância da inexistência
de dados, ou seja, que determinados detalhes não se encontram na Bíblia. Com
este método ele acompanha o pensamento rabínico do judaísmo tardio, que
defendia a tese de que: “O que não consta na Torá (lei, Escritura), não existe
no mundo!”. Resta uma pergunta que não pode ser respondida cientificamente, mas
apenas espiritualmente: a base do NT nos dá a liberdade interior e o direito de
aplicar este método exegético do judaísmo tardio também na instrução da igreja
cristã? Seja como for, o apóstolo procedeu assim. E reclama o direito de estar
emitindo uma explicação do AT compromissiva para toda a igreja. É justamente
desse modo que ele quer ressaltar que o AT e o NT formam uma unidade, que Jesus
Cristo somente pode ser compreendido a partir do AT, mas que também
inversamente o AT adquire sentido através de Jesus Cristo.
O apóstolo alinha sete afirmações sobre a
pessoa de Melquisedeque. “Sem pai”, em grego apátor, era originalmente uma
designação de crianças órfãs, rejeitadas ou ilegítimas, possivelmente para
crianças abandonadas, cuja ascendência era ignorada. A palavra “sem mãe”, em
grego amétor, indica para a origem sem mãe. Ambos os termos ocorrem no NT
somente no presente texto e servem para designar a origem celestial de
Melquisedeque. O terceiro dado sobre a pessoa de Melquisedeque, “sem
genealogia”, em grego agenealógetos, é um conceito totalmente incomum, que no
mais é desconhecido na língua grega e que igualmente ocorre no NT apenas no
presente versículo.
Quando em Israel um sacerdote pretendia
prestar serviço no santuário, tinha de ser descendente de Arão (Êx 28.1; Nm
3.10; 18.1-7). Seu direito sacerdotal residia exclusivamente sobre a sua
ascendência. Além disto, sua mãe tinha de ser uma israelita de boa fama (Lv
21.7; Ez 44.22). Ademais, um sacerdote tinha de ser capaz de comprovar a
qualquer instância que descendia de uma geração de sacerdotes (cf. Ed 2.61-63;
Ne 7.63-65). Todas as premissas inevitáveis para o sacerdócio
israelita faltam em Melquisedeque. Nessas
alusões já podemos registrar indicações ocultas de Cristo. Sua descendência
terrena não tinha pai, sua origem celestial não tinha mãe, ele provinha de uma
tribo, de Judá, que não tinha direitos para exercer o sacerdócio (Hb 7.14).
Contudo, o apóstolo sequer visa ressaltar o
que é escândalo e irritação para um judeu, ou seja, que um homem sem origem
segura é convocado para o serviço sacerdotal. Não pretende somente constatar
objetivamente que “a Sagrada Escritura não contém registros genealógicos de
Melquisedeque, enquanto traz com tanto cuidado as árvores genealógicas dos
patriarcas”. Trata-se de algo muito mais importante! Melquisedeque não teve
princípio de dias, nem fim de existência. “Também nesse aspecto revela-se um
mistério. Na Escritura não são mencionados nem o seu nascimento nem a sua
morte. Contudo, o que não é contado na Escritura não pode ser comprovado
historicamente ou não aconteceu. O sacerdote sem origem sacerdotal tampouco
possui delimitação de vida e atuação definidas pela Escritura. Esta constatação
extrapola os limites da existência humana”. O apóstolo não somente diz que o AT
silencia acerca do nascimento e da morte de Melquisedeque. De suas palavras
fica evidente o seguinte: falta, nesse personagem, a correlação terrena,
Melquisedeque está fora da ordem normal da vida. Ele não recebeu o seu
sacerdócio, nem o transmitiu adiante. Sua origem é de natureza celestial, inexplicável,
e aponta para a existência perpétua de Melquisedeque. É o que nos confirmam as
palavras: “Dele se testifica que vive” (v. 8), “Ele é sacerdote segundo o poder
de vida indissolúvel” (v. 16) e “Ele tem, porque permanece perpetuamente, um
sacerdócio imutável” (v. 24).
Ao se aproximar do fim de seu raciocínio o
apóstolo levanta um pouco o véu do mistério: feito semelhante ao Filho de Deus,
permanece sacerdote perpetuamente. Pelo que se evidencia, foi a esta frase que
o apóstolo deu o peso maior. É por isto que ele volta a recorrer à palavra do
salmo. Contudo, pela autoridade do Espírito Santo ele altera, na sua
interpretação, o seu sentido. No Sl 110.4 consta: “Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedeque”. O Messias é que está sendo interpelado. A
ele é que se promete o sacerdócio eterno. Melquisedeque é colocado como figura
inicial, o Messias é sua réplica, não inversamente. A ordem de Melquisedeque é
um exemplo para o sacerdócio messiânico. Este sentido original é que o apóstolo
está invertendo. Ele afirma: Melquisedeque foi feito idêntico ao Filho de Deus.
Cristo é a imagem original, nele persiste desde a eternidade a verdadeira ordem
sacerdotal, Melquisedeque é a réplica, que por sua vez aponta para o
cumprimento pleno de todo sacerdócio em Cristo. Melquisedeque é o personagem
terreno precoce desse sacerdócio eterno, a réplica, no qual porém não se perdeu
nada do conteúdo da imagem original. É por isto que este sacerdócio de
Melquisedeque continua eternamente.
Em poucas frases marcantes, o apóstolo
elaborou para a comunidade o entendimento da pessoa excelsa de Melquisedeque.
Concedeu-lhe a chave para o mistério espiritual das declarações do AT em Gn
14.17-20 e no Sl 110.4. Melquisedeque é semelhante ao Filho de Deus, é imagem
do Filho. A figura de Melquisedeque torna-se transparente para Jesus Cristo. Em
Melquisedeque o Senhor vem ao nosso encontro (cf. Jo 8.56).
Fritz Laubach. Comentário
Esperança Hebreus. Editora Evangélica Esperança.
As descrições sem
pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida (3),
devem ser entendidas em referência à ordem do sacerdócio de Melquisedeque, não
à sua pessoa física. Na mente de um judeu, letrado nas ideias levíticas
rígidas, era inconcebível que alguém servisse como sacerdote sem ser
descendente de pais sacerdotes, sem genealogia. Mas, foi o próprio Moisés que
chamou Melquisedeque de “sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14.18); e ele foi
reconhecido como tal mesmo sem credenciais formais. Ele não tinha uma linhagem
oficial. Não havia o Sacerdócio de Cristo é Definitivo Hebreus 7.3-7 registro
da sua data de nascimento ou da sua morte. Neste sentido, ele foi feito
semelhante ao Filho de Deus, que também não tinha uma linhagem sacerdotal
normal.
O aspecto importante
a ser ressaltado é que este Melquisedeque permanece sacerdote para sempre. Aqui
está a proposta-chave. Tudo o mais é subordinado e descritivo. Primeiro, os
fatos da história são reafirmados. Então, o padrão tipológico é desenhado,
basicamente como um argumento do silêncio. E as ideias essenciais que o autor
vai ressaltar são: 1) esta certamente não é uma ordem de sacerdócio levítica;
2) ela é uma ordem superior e 3) um sacerdócio que é caracterizado pela
perpetuidade.
Richard
S. Taylor. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 10. pag. 62-63.
2. O sacrifício
perfeito de Cristo.
Cristo, nosso Sumo
Sacerdote Perfeito e Eterno.
A ordem sacerdotal de
Cristo não era a de Levi, mas a de Melquisedeque (Hb 5.6,10; 7.1-28), e a
Bíblia nos apresenta Jesus como aquEle que tem um “sacerdócio perpétuo” (Hb
7.24), isto é, imutável.
A perpetuidade do
sacerdócio levítico era garantida por meio da continuação da linhagem levítica,
pelo “grande número” de seus sacerdotes que se sucediam com o passa dos séculos
(Hb 7. 23). Só que o “sacerdócio perpétuo” de Jesus é muito mais poderoso, pois
se assenta na sua eternidade, além da perfeição e do caráter definitivo de seu
sacrifício (Hb 7.24-27). Ele era perfeito, por isso seu sacrifício e serviço
foram perfeitos (Hb 7.26-28).
Louvemos a Cristo,
que nos deu livre acesso à presença de Deus por meio do seu ministério perfeito
e definitivo, um ministério perpétuo em nosso favor, no qual Ele está “sempre
vivendo para interceder por todos” nós (Hb 7.25b).
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de
Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 145.
Hb 7.25 Todas as
declarações que o apóstolo fez na comparação entre o sacerdócio de Arão e o
sumo sacerdócio de Jesus, o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque, culminam
nessa única frase: Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se
chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. O que a lei e o
sacerdócio do AT não puderam realizar, isto Jesus realiza com base em sua vida
divina eterna: pode salvar integralmente! Ele “pode socorrer!” (Hb 2.18 [RC]).
Foi isto o que o apóstolo havia ressaltado primeiramente como efeito do serviço
de sumo sacerdócio de Jesus. Agora ele avança mais um passo em sua declaração.
Jesus nos trouxe a redenção total.
Conquistou uma
salvação perfeita, eternamente válida. Esta redenção eterna, de validade plena,
vigora para todas as pessoas, é oferecida a cada ser humano, sendo porém eficaz
somente para aquele que volta para Deus. De modo semelhante como em Hb 2.16, o
apóstolo também delimita aqui o círculo de pessoas em quem a salvação se
realiza. Lá ele havia afirmado: Ele “socorre a descendência de Abraão”. Aqui
ele assevera: “Jesus pode salvar aqueles que por meio dele chegam a Deus!” A
salvação dos pecados somente é concretizada naqueles que se convertem ao Senhor
com arrependimento e fé (cf. At 3.19). Quem acolheu a Jesus Cristo como seu
Salvador e Senhor por decisão pessoal e voluntária de fé (Jo 1.12), quem veio a
Deus, o Pai, por intermédio de Jesus Cristo (Jo 14.6), este obtém perdão e
experimenta a proteção na tribulação, na aflição e na necessidade. O eterno
Sumo Sacerdote (Ap 1.18) não somente é o Redentor de seu povo, mas ao mesmo
tempo também o Advogado, o Intercessor eterno dos fiéis (Rm 8.34; 1Jo 2.1).
26-28 O apóstolo
expõe esta realidade de salvação abrangente perante uma comunidade que ele visa
preparar para sofrimentos futuros: salvação, preservação e aperfeiçoamento nos
são doados por meio de nosso eterno Sumo Sacerdote. O autor dirige nosso olhar
para a obra de libertação consumada por Jesus, que se ofereceu a si mesmo a
Deus como sacrifício plenamente válido e impossível de ser repetido, e que
pagou a culpa do pecado da humanidade. Com a mesma clareza ele nos exibe a
magnitude e santidade do Sumo Sacerdote do NT. Com efeito, nos convinha um sumo
sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e
feito mais alto do que os céus. Nossa salvação está alicerçada não somente na
ação redentora de Jesus, porém da mesma maneira na natureza de sua pessoa
divina. O que se exigia em termos de pureza cultual dos sacerdotes do AT foi
ultrapassado infinitamente por meio de Cristo. Jesus é santo – totalmente sem
natureza pecaminosa, santo, como Deus o Pai é santo, perfeitamente santo
segundo a lei. Contudo, a sua santidade não assusta a nós, pecadores, pois é
precisamente por meio dela que ele pode nos representar perante Deus. Ele é
inculpável – “sem traição e ardil”, sem mácula – tinha condições de perguntar
verdadeiramente: “Quem dentre vós pode me argüir de um pecado?” (Jo 8.46),
separado dos pecadores – ser humano como nós (Hb 2.14), tentado como nós (Hb
4.15), e não obstante o único que permaneceu sem pecado, sendo por isto feito
mais alto do que os céus. Por meio da ressurreição e ascensão, Jesus conquistou
o acesso direto à glória de Deus. Esta riqueza imensurável da essência divina
na pessoa de Jesus já tem efeitos para a sua vida na terra, para o seu serviço
terreno de Sumo Sacerdote. De modo consciente o apóstolo contrapõe o sacrifício
diário do sumo sacerdote do AT e o sacrifício único de Jesus. O sumo sacerdote
tinha de oferecer sacrifício primeiro por si mesmo, a fim de realizar expiação
por sua própria culpa. Jesus não teve necessidade disso. O sumo sacerdote do AT
ofertava sacrifícios de dádivas, Jesus sacrificou-se pessoalmente! Qual é o
fundamento deste contraste? Com esta pergunta, o apóstolo retorna ao ponto
inicial de suas reflexões no presente bloco. A lei sacerdotal do Sinai escolhia
para sumos sacerdotes a homens sujeitos à fraqueza. Somente muito mais tarde,
no tempo do rei Davi, Deus revelou a palavra do juramento, do Sl 110, pela qual
ele convocou o Filho, que é perfeito eternamente. Lei e juramento divino estão
na mesma relação entre si como os sacerdotes humanos, marcados pela fraqueza,
i. é, sujeitos à tentação, e o Filho eterno e perfeito.
Síntese
Em Hb 1–6 diversas
menções, sobretudo também as advertências e exortações, repetidamente
intercaladas, permitiram delinear os contornos de uma conjuntura comunitária, à
qual o apóstolo dirige sua pregação. Em contrapartida, Hb 7, o capítulo com o
qual começa a seção principal da carta, não contém nenhuma referência à
situação concreta da comunidade. A maneira como são contrapostas a antiga e a
nova alianças não possui o caráter de uma controvérsia de um fiel do NT contra
a devoção legalista do AT, assim como é feito pelo apóstolo Paulo, p. ex., na
carta aos Gálatas. Tampouco podemos afirmar que as elaborações do apóstolo se
voltam contra um reavivamento das ordens de culto do AT na comunidade. Parece
que o autor, ao anotar os pensamentos de Hb 7, está retirado dos problemas de
seu presente imediato. Assim como na carta aos Efésios Paulo medita,
inicialmente sem relação direta com os problemas atuais da comunidade, acerca
da deliberação salutar de Deus de eternidade a eternidade, assim o nosso autor
reflete em Hb 7 sobre as palavras de Gn 14.17-20 e Sl 110.4. Estas palavras
tornam-se para ele uma indicação viva da magnitude, superior a tudo, de Jesus
Cristo. Unicamente Jesus – maior que tudo que Deus havia concedido como
revelação a seu povo Israel e ao mundo. É o que se descortina diante de seu
olhar espiritual. A
elaboração da
natureza e da autoridade de Jesus, nos v. 25,26, constitui o cerne da
declaração, em torno da qual ele agrupa seus pensamentos: o que distingue Jesus
dos sacerdotes do AT e o eleva extremamente acima deles são sua condição sem
pecado, o sacrifício único de sua vida divina, a exaltação ao céu, sua
imortalidade e seu serviço perpétuo de intercessão. Como o autor já vislumbra
atrás da pessoa de Melquisedeque o fulgor da glória da pessoa de Jesus Cristo,
sendo que o rei sacerdote da antiga aliança se torna uma indicação direta para
o Sumo Sacerdote real eterno da nova aliança, por isto o serviço sumo
sacerdotal de Jesus é infinitamente superior ao sumo sacerdócio de Arão.
O apóstolo fundamenta
suas afirmações em três argumentações, que ele executa de forma rigorosamente
estruturada.
1. Como fundamental
ele destaca que Melquisedeque é superior ao patriarca Abraão, a seu descendente
Levi e aos sacerdotes de Arão.
a. Os levitas
descendem de Abraão; Melquisedeque não tem antepassados, é de origem celestial.
A este fato corresponde que os levitas são pessoas mortais, mas que
Melquisedeque tem vida infindável.
b. Os levitas recebem
o dízimo de seus irmãos; Melquisedeque recebeu o dízimo do ancestral.
c. Também os levitas
estão obrigados a pagar o dízimo a Melquisedeque, pois seu ancestral Levi
estava nos “quadris” do patriarca quando Abraão se encontrou com Melquisedeque.
d. No final
Melquisedeque abençoou Abraão, e esta relação de bênção não pode ser invertida.
2. O apóstolo
igualmente desenvolve a contraposição de sacerdócio e lei em quatro etapas:
a. Lei e sacerdócio
estão indissoluvelmente ligados entre si. A constituição de um novo sacerdócio
traz necessariamente consigo que também se institua uma nova ordem.
b. O sacerdócio
antigo era baseado na “ordem de Arão”, enquanto o novo sacerdócio se baseia na
“ordem de Melquisedeque”.
c. A antiga ordem foi
outorgada a Israel no Sinai. A nova ordem vem a ser a mais antiga, a original.
Possui seu fundamento na eternidade de Deus.
d. A introdução da
nova ordem sacerdotal tornou-se necessária porque através do sacerdócio de Arão
não foi possível chegar a um encerramento da história da salvação. Os
sacrifícios no AT são apenas prefigurações, o verdadeiro sacrifício foi
ofertado somente pelo Sumo Sacerdote do povo de Deus do NT.
3. A certeza última
de que a nova ordem sacerdotal alcançou vigência em Cristo é constatada pelo
apóstolo no seguinte fato: o santo Deus fez de sua divindade a garantia, e
comprometeu-se por juramento a cumprir as suas promessas. O autor destaca
quatro correlações entre o juramento de Deus e sacerdócio:
a. A lei e a ordem
sacerdotal levítica estão ultrapassadas através do juramento, por meio do qual
Jesus foi constituído Sumo Sacerdote. Arão tornou-se sacerdote através da
palavra da lei, que não trouxe consigo um encerramento da ordem de salvação.
Jesus foi convocado para ser Sacerdote por meio da palavra do juramento divino,
que aponta para a consumação definitiva de uma ordem original de Deus.
b. A lei trouxe “a
introdução da esperança pelo melhor”, o juramento de Deus trouxe sua
realização.
c. A pluralidade dos
sacerdotes foi instituída sem juramento. Eles eram pessoas mortais, marcadas
pela fraqueza. O Sacerdote único foi instituído com um juramento, ele é imortal
e perfeito de acordo com a lei. Por isto também pode ser fiador do melhor
testamento.
d. De maneira
idêntica como o juramento divino é superior à lei, também o serviço sacerdotal
de Jesus é melhor que o de Arão, e a nova aliança é melhor que a antiga.
O cumprimento da
esperança do AT por uma nova ordem sacerdotal inclui que alguém que pela lei de
Moisés não tem nenhuma promessa para isto pode tornar-se sacerdote. Não mais
Levi – mas Judá é, na nova aliança, a casa matriz do sacerdócio. As
conseqüências desta nova ordem de Deus refletem-se sobre a igreja do NT. Agora
pessoas são chamadas para serem sacerdotes de Deus, para as quais, pela base do
AT, faltavam todas as premissas para isto. Os membros da igreja de Jesus são a
geração de sacerdotes do NT (1Pe 2.9; Ap 1.6; 5.9,10). O sumo sacerdócio de
Jesus, bem como o sacerdócio de sua igreja, não se alicerçam sobre a lei do AT,
mas, como no caso de Melquisedeque,
sobre a riqueza
interior da pessoa do Senhor, sobre sua glória divina: “… não com base numa lei
de determinações humanas, porém com base e no poder de uma vida indissolúvel”.
No sumo sacerdócio de Jesus “segundo a ordem de Melquisedeque” manifesta-se com
perfeição a ordem sacerdotal original intencionada por Deus.
Poderíamos concluir
que os pensamentos teológicos do autor transbordam de uma copiosidade
esbanjadora. Será que diante deles o apóstolo se esqueceu da realidade? Acaso
não se lembra da aflição e dos problemas da comunidade à qual dirige seu
escrito? Isto ele faz – contudo ensina a seus leitores, e por isto também a nós
hoje – uma descoberta espiritual necessária. Sempre quando a aflição e
tribulações ou problemas práticos da vida nos assediam, corremos o perigo de
nos deixarmos prender pelas dificuldades. Certamente confessamos a Cristo como
nosso Senhor, certamente ainda permitimos que fale a nós por sua palavra e
falamos com ele na oração. Mas apesar disso nossos pensamentos giram
incessantemente em torno da dificuldade iminente, procurando por uma saída.
Isto traz consequências funestas: não sabemos mais avaliar corretamente nossa
situação. Subitamente nossas necessidades parecem ser esmagadoras. Começamos a
ter pena de nós mesmos ou a nos resignar. Muito pior: privamo-nos assim da
força espiritual para superar a crise. No presente capítulo o apóstolo mostra o
caminho acertado: ter tempo para Jesus! Não rememorar sempre as dificuldades,
mas aprofundar-se em oração na palavra de Deus, a fim de contemplar a magnitude
de Jesus. Nele residem as fontes ocultas de nossa vida espiritual e de nossa
força. Permitamos que o apóstolo nos abra o entendimento para as correlações da
história da salvação. Então desenvolveremos uma percepção para a revelação de Deus
na história, precisamente também no seu desdobramento por longos períodos.
Igualmente aprendemos a ver nossa vida pessoal nessas grandes correlações, que
se ordenam todas sob a mão de Deus num plano perfeito, bem como a louvar e
adorar a Deus por tudo isto.
Fritz Laubach. Comentário
Esperança Hebreus. Editora Evangélica Esperança.
Hb 7.25. Aqui, o
resultado do sumo-sacerdócio inviolável é especificamente declarado como sendo
Sua capacidade contínua de salvar. Teria sido totalmente diferente se Seu cargo
sumo-sacerdotal tivesse sido apenas temporário. Realmente, a força inteira do
argumento nesta Epístola depende da continuidade do cargo de Jesus. A
capacidade de Jesus Cristo já fora focalizada antes nesta Epístola, mas em
nenhum lugar tão compreensivamente quanto aqui. Em 2.18, tratava-se da Sua
capacidade de ajudar, em 4.15 da Sua capacidade de simpatizar, mas aqui, da Sua
capacidade de salvar. A salvação já foi mencionada, mas somente aqui é que o
verbo usado é aplicado a Jesus. Assim fica mais pessoal. Mas fica sendo ainda
mais compreensivo pelo fato de que Sua capacidade de salvar é, segundo é
declarado aqui “para todo o tempo” (eis to panteles). O grego geralmente
significa totalmente (ARA), mas um significado temporal é justificado pelos
paralelos nos papiros (MM). O significado parece ser que, enquanto o Sumo
Sacerdote funcionar, é poderoso para salvar, pensamento este que é reforçado
pelas palavras vivendo sempre (pantotezòn).
Os que por ele se
chegam a Deus já foram referidos no v. 19, embora um verbo diferente seja usado
aqui. Há uma conexão recíproca entre a capacidade de Jesus se salvar e a
disposição do homem de vir. Nenhuma provisão é feita para aqueles que vêm por
qualquer outra maneira senão através de Jesus Cristo. Este escritor compartilha
com os demais escritores do Novo Testamento a convicção de que a salvação é
inseparável da obra de Cristo.
Nesta carta, a obra
intercessória de Cristo já foi aludida de modo indireto. Sua simpatia e Sua
ajuda estão em harmonia com esta obra, mas é nesta passagem que é ressaltada
mais claramente. A palavra para interceder (entynchanein) não ocorre em
qualquer outro lugar nesta Epístola, mas é usada por Paulo para a intercessão
do Espírito (Rm 8.27) e para a intercessão de Cristo (Rm 8.34). A função do
nosso Sumo Sacerdote é pleitear a nossa causa. Isto, também, Ele pode fazer de
modo mais eficaz do que Arâo ou qualquer dos descendentes deste poderia fazer.
Este ministério intercessório de Cristo demonstra Sua atividade atual em prol
do Seu povo e é uma continuação direta do Seu ministério terrestre. 26. Aqui o
escritor passa a resumir algumas daquelas qualidades que são características
específicas de um sumo sacerdote ideal e que são vistas perfeitamente em Jesus
Cristo.
Anteriormente nesta
Epístola o escritor usou a mesma fórmula convinha (eprepen) que é usada aqui,
i.é, em 2.10. Nos dois casos refere-se à perfeição das atividades de Jesus
Cristo. Aqui, subentende que nenhum outro tipo de sumo sacerdote cumpriria as
exigências. Este fato não somente se aplica às qualidades que serão
mencionadas, como também àquelas já mencionadas no v. 25, porque a palavra de
ligação (grego gar) com efeito olha para trás e para a frente. É tomado por
certo que a declaração acerca do sumo sacerdote é relevante somente para os cristãos,
conforme subentende o nos (hèminj. Não parece ser apropriado para todos, mas
somente àqueles que se chegam a Deus mediante Jesus Cristo (como no v. 25).
Em primeiro lugar,
são mencionadas três características pessoais do sumo sacerdote ideal, sendo que
todas elas estão estreitamente ligadas entre si — santo, inculpável, sem
mácula. A primeira refere-se à santidade pessoal.
Tem um aspecto
positivo, um cumprimento perfeito de tudo quanto Deus é e tudo quanto Ele
requer, um caráter que nunca poderá ser acusado de erro ou de impunidade. As
outras qualidades dizem respeito ao impacto do seu caráter sobre outras
pessoas. Ninguém pode acusá-lo de apostasia moral ou de corrupção. A palavra
inculpável (akakos) significa “inocente” no sentido de não ter dolo, ao passo
que a palavra sem mácula (amiantos) significa “incontaminado.” As três palavras
se combinam entre si para oferecer um quadro completo da pureza de nosso Sumo
Sacerdote.
Ele não somente é
inerentemente puro, como também permanece puro em todos os Seus contatos com os
homens pecaminosos. Ao passo que anteriormente na Epístola o escritor deu-se ao
trabalho de ressaltar a identificação de Jesus Cristo com Seus “irmãos,” aqui
enfatiza que estava separado dos pecadores. Isto é verdadeiro em dois sentidos.
Seu caráter isento de
pecado imediatamente O coloca à parte doutros homens, sendo que todos eles são
pecadores. Além disto, Seu cargo também o coloca à parte, porque somente o sumo
sacerdote, até mesmo na ordem levítica, tinha licença de entrar no Santo dos
Santos, e isto somente depois de purificar seu próprio pecado. É um aspecto
principal do Novo Testamento que Jesus Cristo, a despeito da Sua semelhança aos
homens, não deixa de ficar acima deles, de ser sem igual. É somente quando esta
singularidade é reconhecida que a plena glória do ministério de Jesus em prol
dos homens pode ser apreciada.
A expressão feito
mais alto do que os céus descreve a posição presente de nosso Sumo Sacerdote e
relembra a declaração em 1.3 acerca dEle assentado à destra da Majestade nas
alturas. Há muitas passagens no Novo Testamento que são paralelos deste
pensamento (cf. Ef 4.10; At 1.10-11; 1 Pe 3.22). A exaltação de Jesus é
vividamente ressaltada por Paulo em Filipenses 2.9. Em contraste com a glória
limitada do sacerdócio levítico, a glória de Cristo acha-se na Sua exaltação
etema. Não há ninguém comparável a Ele.
27. Sua superioridade
aos sacerdotes arônicos é vista, ainda mais, no fato de que nenhum sacrifício
diário (todos os dias) é necessário nem para Ele nem para Seu povo. Suige um
problema a respeito da aplicação da expressão todos os dias (kath hémeran) aos
sacerdotes arônicos, porque se o escritor tem em mente o ritual do Dia da
Expiação, este era realizado somente uma vez ao ano, e não diariamente. Bruce66
pensa que a oferta ocasional pelo pecado talvez estivesse na mente do nosso
autor quando usou a expressão “todos os dias.” Do outro lado, Davidson67
considera que o Dia da Expiação resume todas as ofertas ocasionais no decurso
do ano. Mas o problema pode ser resolvido ao restringir as palavras ao
ministério de Jesus, e neste caso as palavras acompanhantes com os sumos
sacerdotes se refeririam somente à necessidade de os sacerdotes oferecerem
sacrifícios.
A frase inteira pode,
então, ser traduzida: “Ele não tem necessidade, no Seu ministério diário, de
oferecer sacrifícios por Si mesmo como faziam aqueles sacerdotes...” Este modo
de entender a expressão todos os dias estaria de acordo com as declarações
anteriores já feitas no v. 25 acerca do caráter contínuo da intercessão de
Cristo. O fato de que o sumo sacerdote arônico precisava de um sacrifício tanto
para ele quanto para seu povo demonstra uma nítida distinção da ação de Cristo,
que a si mesmo se ofereceu uma vez por todas. O sacrifício no caso dEle não era
para Si mesmo, porque não tinha pecado algum. Além disto, o sacrifício era uma
vez por todas, e não precisava de repetição. É importante notar que a razão da diferença
é achada exclusivamente no caráter do Sumo Sacerdote e não no Seu cargo.
28. Aqui temos um resumo
dos dois versículos anteriores. O contraste entre as duas ordens é resumido
como sendo um contraste entre a lei e o juramento. Trata-se de tirar uma
conclusão do argumento a partir de 6.13ss. Diz-se que os dois constituem,
embora fique claro que esta nomeação vem da parte dAquele que constituiu tanto
a lei quanto o juramento. A diferença aqui é explicada pela diferença do
caráter daqueles que foram nomeados. Homens sujeitos à fraqueza contrasta-se
fortemente com o Filho, perfeito para sempre, especialmente porque a natureza
humana do Filho já foi ressaltada mais de uma vez nesta Epístola. A lei somente
podia usar o tipo de pessoa disponível para o cargo de sumo sacerdote, e
quem era
escolhido sofria das fraquezas que todos os homens têm em comum.
Isto inevitavelmente
fazia o sistema legal de sumos sacerdotes igualmente fraco. O propósito do
escritor, no entanto, não é censurar a ineficácia da linhagem de Arão, mas,
sim, glorificar a superioridade da de Cristo.
A ordem de
Melquisedeque, estando livre dos embaraços de sucessão humana, estava isenta da
fraqueza inerente no sistema de Arão, e podia ser concentrada numa única pessoa
sem igual.
A declaração acerca
da palavra do juramento, que foi posterior à lei parece surpreendente à
primeira vista, tendo em mira 6.13ss. que demonstra que o juramento foi feito a
Abraão. Este juramento, portanto, antecede a lei em vários séculos. Mas aquilo
que o escritor evidentemente tinha em mente aqui é a nomeação de Cristo para o
cargo de Sumo Sacerdote, que historicamente coloca-o séculos depois da lei. o
escritor pode ter sido influenciado pela referência ao juramento no Salmo 110, já
citado nos w. 20-21. O pensamento principal, no entanto, diz respeito à
perfeição, introduzida na Epístola pela primeira vez em 2.10. Com o Sumo
Sacerdote perfeito, o cargo fica sendo permanente, porque nada há para tomá-lo
inválido. O cristão pode aproximar-se com confiança, visto que tem tal Sumo
Sacerdote.
Donald
Guthrie. Hebreus. Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag.
156-160.
3. O sacrifício
eterno de Cristo.
A imortalidade
garante a continuidade ininterrupta; e ambas essas coisas garantem a qualidade
suprema da obra de Cristo, no que tange aos homens. O sacerdócio agora não se
encontra mais nas mãos de homens que erram, que são fracos e que são
perecíveis.
«...imutável...» No
grego é «aparabatos», que pode significar «inviolável», isto é, que não pode
ser corrompido ou prejudicado; ou «imutável», que não pode ser modificado; ou
«intransmissível». A última dessas possibilidades, apesar de não ser de uso
comum, está mais de acordo com o texto sagrado. Seja como for, a idéia é que o
sacerdócio de Cristo é «imutável», não mais se caracterizando pela «sucessão»
de seus titulares (homens mortais que morriam e precisavam ser substituídos,
como se dava no sacerdócio aarônico). O tipo de «imutabilidade» representado
pelo sacerdócio de Cristo, segundo as exigências do contexto, deve incluir o
conceito de intransmissibilidade. Desde os tempos mais antigos tem sido
contestada o sentido exato desse vocábulo; mas tal debate é fútil e
desnecessário, posto que o contexto xleixa evidente que o sacerdócio de Cristo
tanto é imutável como é do tipo que não pode ser transmitido a outrem. Pois
quem poderia ocupar,
juntamente com Cristo, o mesmo sacerdócio que ele ocupa? Cristo não tem
associados em seu sumo sacerdócio, pois essa posição equivale à sua posição
como Salvador. Portanto, pensar que o sacerdócio de Cristo pode ser
compartilhado, é afirmar que ele precisa de ajuda como Salvador.
Ora, isso dentro do
terreno neotestamentário, é impossível. O ensinamento bíblico é que Cristo
permanece «continuamente» como Sumo Sacerdote, como o propósito específico de
mostrar que não há «sucessão» no seu sacerdócio, conforme havia no sacerdócio
aarônico. (Ver os versículos terceiro, oitavo, décimo sexto e vigésimo primeiro
deste capítulo, quanto a essa continuidade). A primeira porção do presente
versículo é outra afirmação da mesma coisa.
A antiga polêmica·. O
sacerdócio ideal, agora estabelecido em Cristo, ultrapassou e assim eliminou o
sacerdócio aarônico, um sacerdócio caracterizado por mudança e sucessão.
A moderna polêmica·.
O sacerdócio ideal de Cristo torna fútil qualquer sacerdócio moderno que tenha
o princípio de «sucessão», segundo se vê em certos segmentos da cristandade.
Isso como que dá a entender que o sacerdócio de Cristo tem algum defeito, e
precisa de ajuda.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 5. pag. 561.
Hb 7.23,24 O apóstolo
considera a glória do sumo sacerdócio do NT que reluz sobre todas as coisas não
apenas fundamentada no fato de que a convocação e instalação neste ministério
aconteceu através do juramento de Deus. Ele também considera que a palavra do
salmo se dirige somente a uma pessoa: “Tu és sacerdote para sempre!” Quando
Arão e seus filhos foram convocados no Sinai para serem sacerdotes, Deus falou:
“isto será estatuto perpétuo para ele e para sua posteridade depois dele” (Êx
28.43). Desde o começo tinha-se em mente uma pluralidade de sacerdotes. O
sacerdócio do AT tinha uma delimitação no tempo, o ministério tinha de ser
passado adiante de geração em geração. Aquele, porém, a quem Deus falou no
juramento: “Tu és sacerdote para sempre” não passa seu ministério de sumo sacerdote
a nenhum sucessor. Como a morte não possui mais poder sobre ele, ele detém um
sacerdócio imutável. O sumo sacerdócio de Jesus vai de eternidade a eternidade,
ele é “ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre” (Hb 13.8).
Fritz Laubach. Comentário
Esperança Hebreus. Editora Evangélica Esperança.
O sacerdócio de
Cristo é eterno, porque é exercido por alguém cuja natureza divina tem como um
de seus atributos a imortalidade. Assim, o tipo de imutabilidade representado
pelo sacerdócio de Cristo, segundo o pensamento que é depreendido do contexto,
deve incluir o conceito de intransmissibilidade. Nenhuma mudança será
encontrada em Cristo e nem em seu sacerdócio. Durante a era milenial, “... os
sacerdotes levitas, que são da semente de Zadoque” voltarão a oferecer alguns
sacrifícios e exercerão algumas funções como anteriormente, na antiga aliança.
Estas ofertas terão um caráter retrospectivo, olhando para trás, para a cruz,
pois as ofertas antigas eram prospectivas, olhando para adiante, para a cruz.
As primeiras apontavam para sua morte — as do Milênio também apontarão para lá,
mas apenas para rememorar a morte de Cristo, e não para tirar o pecado de
alguém (Ez 43.19-27).
Severino
Pedro Da Silva. Epístola aos Hebreus. Editora
CPAD. pag. 134-135.
Porque, sendo homens,
os sacerdotes morriam (vv. 23-25). O sacerdócio não apenas era imperfeito como
também era interrompido pela morte. Houve muitos sumos sacerdotes, pois nenhum
sacerdote viveria para sempre. A Igreja, pelo contrário, tem um Sumo Sacerdote,
Jesus, o Filho de Deus, que vive para sempre! Um Sacerdote imutável significa
um sacerdócio imutável, o que, por sua vez, significa segurança e confiança para
o povo de Deus. "Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para
sempre" (Hb 13:8). "Tu és sacerdote para sempre" (Sl 110:4).
De vez em quando,
encontramos no jornal alguma notícia sobre fraudes de testamentos.
Um parente ou sócio
inescrupuloso apropria-se do testamento e o emprega para propósitos egoístas.
Mas isso jamais aconteceria com a aliança que Cristo firmou com seu sangue. Ele
firmou essa aliança e morreu para que ela pudesse entrar em vigor.
Mas, então,
ressuscitou dentre os mortos e subiu ao céu, de onde está
"administrando" sua aliança.
O fato de o Cristo
imutável continuar sendo Sumo Sacerdote significa, logicamente, que existe um
"sacerdócio imutável" (Hb 7:24). O termo grego traduzido por
"imutável" dá a idéia de "válido e inalterável".
Em função disso,
podemos ter segurança em meio a este mundo de tantas transformações e agitação.
Qual é a conclusão
dessa questão? Hebreus 7:25 declara: "Por isso [porque ele é o Sumo
Sacerdote eternamente vivo e imutável], também pode salvar totalmente [completamente,
para sempre] os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por
eles". Por certo, Cristo pode salvar qualquer pecador que se encontra em qualquer
situação, mas não é a isso que o versículo se refere. A ênfase é sobre o fato
de que ele salva completamente e para sempre todos os que crêem nele. Uma vez
que é nosso Sumo Sacerdote para sempre, pode salvar para sempre.
A base para essa
salvação completa é a intercessão celestial do Salvador. O termo traduzido por
"interceder" significa "ir ao encontro, abordar, apelar para,
fazer uma petição". Não se deve imaginar que Deus Pai esteja irado conosco
de tal modo que Deus Filho deve sempre apelar a ele e suplicar que não julgue
seu povo! O Pai e o Filho estão de pleno acordo quanto ao plano da salvação (Hb
13:20, 21). Também não devemos imaginar Jesus proferindo orações em nosso favor
no céu ou "oferecendo seu sangue" repetidamente como sacrifício. Essa
obra foi consumada na cruz de uma vez por todas.
A intercessão diz
respeito à forma de Cristo representar seu povo diante do trono de Deus. Por
meio de Cristo, os cristãos podem achegar-se a Deus em oração e também oferecer
sacrifícios espirituais para Deus (Hb 4:14-16; 1 Pe 2:5). Alguém disse bem que
a vida de Cristo no céu é sua oração por nós. É sua identidade que determina suas
ações.
Ao recapitular o
raciocínio desta seção extensa (Hb 7:11-25), ficamos impressionados com a
lógica do autor. O sacerdócio de Jesus Cristo segundo a ordem de Melquisedeque é
superior ao sacerdócio de Arão e tomou seu lugar. Tanto o argumento histórico quanto
o doutrinário são perfeitos. Mas o autor acrescenta um terceiro argumento.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 390-391.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
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