DONS DE PODER
Data: 27 de Abril de 2013 HINOS
SUGERIDOS 5, 30, 107.
TEXTO ÁUREO
“A
minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de
sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa
fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus” (1 Co 2.4,5).
VERDADE PRATICA
Os
dons de poder são capacitações especiais em situações que demandam a ação
sobrenatural do Espírito Santo na vida do crente.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Rm 1.16 O evangelho de poder
Terça - Rm 1 5-19 Sinais e prodígios
Quarta - 2 Co 4.7 A excelência do poder de Deus
Quinta -2 Co 1 3.4 O poder de Deus em nós
Sexta - 1 Co 14.12 Edificando a igreja mediante os
dons
Sábado - 1 Co 2.4 Demonstração de poder divino
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
1
Coríntios 12. 4,9-11
4
- Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
9
- e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons
de curar;
10
- e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom
de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a
interpretação das línguas.
11
- Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo
particularmente a cada um como quer.
INTERAÇÃO
Prezado
professor, na lição de hoje estudaremos os dons de poder, AquEle que concede os
dons é imutável e deseja que a sua Igreja continue a manifestar o Evangelho com
poder e graça. Todavia, sabemos que o Todo-Poderoso distribui os dons de poder
quando os seus servos tem como prioridade servir ao próximo. Sua prioridade tem
sido servir a Deus e ao próximo? Segundo Stanley Norton à medida que formos
ativos em alcançar o mundo, tornamo-nos vasos que podem ser usados pelo Senhor.
Busque com zelo os dons de poder, pois eles são indispensáveis a igreja atual.
OBJETIVOS
Após
a aula, o aluno deverá estar apto a:
Compreender o que significa o
dom da fé.
Analisar biblicamente os dons
de curar.
Saber a respeito do dom de
maravilhas.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor,
para introduzir a lição, indague: “O que é fé?” “Que diferença há entre fé
salvífica e o dom da fé?” Faça as perguntas diretamente aos alunos,
individualmente.
O
objetivo é avaliar o conhecimento dos alunos a respeito do tema. Depois de ouvi-los
escreva no quadro o esquema abaixo e discuta-o com a turma.
Fé
= “Firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não
veem” (Hb 11.1).
Fé
salvífica = "Proveniente da proclamação do Evangelho, esta fé leva-nos a
receber a Cristo como Salvador”.
Dom
da fé = “Capacidade que o Espírito Santo concede ao crente para este realizar
coisas que transcendem à vida natural”.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O
ministério terreno de Jesus foi marcado por inúmeros milagres, principalmente
curas. A história eclesiástica comprova que a Igreja do primeiro século também operou
maravilhas no poder do Espírito Santo. Entre os primeiros cristãos sobejavam os
dons de poder. Se Jesus não mudou e os dons espirituais são para a Igreja de
hoje, por que atualmente não vemos as manifestações dos dons de poder em nosso
ambiente com mais frequência? Será falta de conhecimento a respeito do assunto?
Ou será por causa do mau uso que alguns fazem das dádivas divinas?
Nesta
lição estudaremos a respeito dos dons de poder. Veremos como eles são
necessários à vida da igreja. Se você deseja recebê-los e usá-los para a glória
do nome do Senhor; proporcionando a edificação da igreja, busque-os com fé em
oração.
I - O
DOM DA FÉ (1 Co 12.9)
1. O que significa
fé?
Na epístola aos Hebreus lemos que “a fé é o firme fundamento das coisas que se
esperam e a prova das coisas que se não veem” (11.1).
Essa
é a definição bíblica sobre a fé, pois mostra a total confiança e dependência
em Deus. Aprendemos com o texto do capítulo 11 de Hebreus, conhecido como
a "galeria
dos heróis da fé”, que Deus é poderoso para fazer todas as coisas, sendo a
nossa fé em Deus, fundamental para as operações divinas entre os homens.
2. A fé como dom. É distinta daquela
que recebemos por ocasião da nossa conversão: a fé salvífica (Rm 10.17; Ef
2.8). Igualmente, se distingue da fé evidenciada como fruto do Espírito (Cl
5.22). O dom da fé é a capacidade que o Espírito Santo concede ao crente para
este realizar coisas que transcendem à esfera natural da vida, objetivando
sempre a edificação da igreja. De acordo com o teólogo Stanley Horton, esse dom
“é uma fé milagrosa para uma situação ou oportunidade especial”.
3. Exemplo Bíblico do
dom da fé.
Quando guiou o povo de Israel na saída do Egito e se aproximou do Mar Vermelho,
já na iminência de ser destruído por Faraó, Moisés disse: “Não temais; estai
quietos e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios,
que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre. O Senhor pelejará por vós, e
vos calareis” (Êx 14.13,14). Moisés “viu” pela fé o livramento do Senhor antes
de o fato acontecer. Esta é uma boa amostra bíblica do exercício do dom da fé.
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
O
Espírito Santo concede aos crente o dom da fé para que ele possa realizar
coisas que transcendem à esfera natural, visando à edificação da igreja.
II -
DONS DE CURAR (1 Co 12-9)
1. O que são os dons
de curar?
São recursos de caráter sobrenatural para atuarem na cura í de qualquer tipo de
enfermidade. Por isso a expressão está no plural. Deus é quem cura! Ele concede
os “dons” segundo o conselho da sua vontade, sabedoria e no momento certo. No
Antigo Testamento, o Todo-Poderoso se manifestou ao povo de Israel como “Jeová
Rafá” — O Senhor que sara (Êx 1 5.26; SI 103.3). A concessão desses dons à
Igreja deve-se à necessidade de o Evangelho ser anunciado como uma mensagem
poderosa ao não crente, que outrora não tinha fé, mas que agora passou a crer
no Evangelho, arrependendo-se dos seus pecados (Mc 16.1 7,1 8; At 3.1 1-26;
4.23-31).
2. A redenção e as
curas.
Apesar de o crente ser redimido pelo Senhor através da obra expiatória efetuada
por Jesus na cruz do Calvário, ele (o crente) ainda aguarda a redenção do seu
próprio corpo. Quando o apóstolo Paulo tratou dos males que afligem à criação
como resultado do pecado da humanidade, escreveu que “não só ela, mas nós
mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos,
esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.2 3). Enquanto
não recebermos o novo corpo imortal e incorruptível estaremos sujeitos a toda
sorte de doenças.
3. A necessidade
desses dons.
Os dons de curar são necessários à igreja da atualidade. Num mundo incrédulo em
que a medicina se desenvolve rapidamente, o ser humano pensa que pode superar a
Deus. A humanidade precisa compreender a sua limitação e convencer-se da
sublime realidade de um Deus Todo-Poderoso que, em sua misericórdia e amor,
concede sabedoria a homens e mulheres para multiplicar o conhecimento da
medicina visando o bem-estar de todos. Quanto aos dons de curas, são
manifestações de poder sobrenatural que o Espírito Santo colocou à disposição
da Igreja de j Cristo para que a humanidade reconheça que Deus tem o poder de
sanar todas as doenças.
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Existe
uma variedade de manifestações do dom de curas. Sua concessão à igreja deve-se
ao fato de que Deus quer dar saúde a seu povo.
III - O
DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS (1 Co 12.10)
1. O dom de operação
de maravilhas.
Este dom realiza obras extraordinárias além do poder humano. O dom de operação
de maravilhas altera a ordem natural das coisas consideradas impossíveis e
impensáveis.
2. Exemplos bíblicos. O ministério terreno
de Jesus foi marcado por operações de maravilhas. O Bom Mestre repreendeu o
vento e o mar, e estes logo se aquietaram (Mt 8.23-27). O nosso Senhor atestou
por muitas vezes o seu poder sobre a natureza criada para sua glória (Jo 1.3). Podemos
destacar outros exemplos de operação de maravilhas no ministério de Jesus: a
ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7.11 -1 7); a ressurreição da filha
de Jairo (Mc 5.21-43); a ressurreição de Lázaro, morto havia quatro dias (Jo
11.1-45). Nosso Senhor tem todo o poder sobre a morte, pois para Ele “nada é
impossível” (Lc 1.37). Nosso Deus não mudou.
O Pai Celestial deu dons a sua igreja a fim de
que ela atue no mundo moderno com poder e graça.
3. Distorções no uso
dos dons de curar e de operação de maravilhas. O cristão não tem
autorização divina para “de terminar”, “decretar” ou “exigir” a cura dos
enfermos. A nossa relação com Deus não se dá em forma de barganha. Quem somos
nós para exigir de Deus alguma coisa? Somos seres humanos limitados! Se (não fosse
a graça e a misericórdia de Deus, o que seria de nós? Como discípulos de
Cristo, devemos rogar ao Pai, buscando-o de todo o nosso coração para curar os
doentes, pois a Palavra de Deus recomenda que oremos pelos enfermos (Tg 5.14).
A
oração do justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16), e independe de se ter o
dom ou não. Jesus nos ensinou que em seu nome deveríamos impor as mãos sobre os
enfermos para que eles sejam curados (Mc 16.18). Nossa responsabilidade é orar
pedindo a cura. Quem sara o enfermo, de acordo com a sua soberana vontade, é
Deus.
O
crente que impõe as mãos sobre o enfermo não pode ser tratado como um ídolo na
igreja, principalmente se o enfermo for curado. Nem podemos imaginar que porque
aconteceu o milagre aquela vez, sempre haverá outros milagres. Que o Altíssimo
tenha misericórdia e proteja-nos dessa pretensão! Quem opera os sinais e as
maravilhas é o Senhor, não o homem. Toda ação decorrente dos dons vem do
Espírito Santo e, por isso, não podemos agendar dias nem marcar horários para
sua operação. Façamos a obra de Deus com honestidade e decência!
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
O
cristão não tem autorização divina para “determinar”, “decretar” ou “exigir” a
cura dos enfermos.
CONCLUSÃO
Deus
pode conceder a seus servos o dom da fé, dons de curar e o de operação de
milagres, mas sempre de acordo com a sua vontade e graça. Lembre-se de que os
dons de poder contribuem para legitimar a pregação do Evangelho. Infelizmente,
há pessoas que querem utilizar essas dádivas para obterem lucros financeiros e
enriquecimento pessoal. Isto envergonha o nome de Jesus e mancha a idoneidade
da Igreja na sociedade. Quem procede desta forma está suscetível ao juízo de
Deus, que virá no tempo próprio. Que nós, a Igreja, o povo do Senhor, façamos
uso dos dons de poder para propagar o Evangelho de nosso Senhor e glorificar o
nome do Pai no poder do Espírito Santo!
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Teológico
“Diferença
entre dom de fé e a operação de milagres
A
operação do dom de fé tem algo de semelhante ao dom de operação de milagres,
mas esses dons se distinguem pelo fato de o dom de fé operar sem que, às vezes,
seja visto seu efeito instantâneo, enquanto a operação de milagres tem efeito
imediato.
Quando
Jesus se aproximou da figueira sem fruto, disse: ‘Nunca mais coma alguém fruto
de ti. E seus discípulos ouviram isto (Mc 11.14). Os discípulos simplesmente
ouviram as palavras de Jesus, Parecia que nada havia acontecido. Entretanto,
‘passando eles pela manhã, viram que a figueira secara desde a raiz’ (Mc 11.20).
Enquanto o dom de operação de milagres tem ação instantânea, o dom de fé opera
com os mesmos resultados, embora não seja de modo tão espetacular. De certa
maneira a fé sobrenatural é acessível a quase todos os crentes na igreja, e
pela fé tudo podemos conseguir, pois ‘tudo é possível ao que crê"' (SOUZA,
Estêvam Ângelo de. Nos Domínios do
Espírito. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, v1987, p.l 85).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Teológico
“Dons
de Curas
No
grego, as palavras dons e curas estão no plural. Alguns entendem que isso
significa que há uma variedade de formas desse dom. Entre os que pensam assim,
há quem entenda que certas pessoas têm um dom de curar um tipo de doença ou
enfermidade, ao passo que outros curam outro tipo. Filipe, por exemplo, foi
especialmente usado para curar os paralíticos e os coxos (At 8.7). Outros,
ainda, entendem que Deus dá a uma pessoa um dom na forma de um suprimento de
curas numa ocasião específica, ao passo que outro suprimento é dado em outra
ocasião, talvez a outra pessoa, mas provavelmente no ministério do evangelista.
Ainda
outros entendem que toda cura é um dom especial, isto é, o dom é para o enfermo
que tem a necessidade. Logo, segundo esse ponto de vista, o Espírito Santo não
torna os homens curadores. Pelo contrário, Ele providencia um novo ministério
de cura para cada necessidade, à medida que ela surge na Igreja. Por exemplo, a
virtude (poder) que flui para dentro do corpo da mulher com o fluxo de sangue
trouxe para ela um gracioso dom de cura (Mt 9.20-22). Atos 3.6 diz,
literalmente: ‘O que tenho, isso te dou’. Isso está no singular e indica um dom
específico dado a Pedro para este dar ao coxo. Não parece significar que tinha
um reservatório de dons de curas dentro de si, mas um novo dom para cada
enfermo a quem ministrava” (HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12. ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.297).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
SOUZA,
Estêvam Ângelo de, Nos Domínios do
Espírito. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1987. HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e
Novo Testamento. 12. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
EXERCÍCIOS
1.
Defina fé segundo Hebreus 11.1.
R:
"A fé é o
firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não
veem” (Hb 11.1).
2.
O que é o dom da fé?
R:
É a capacidade
que o Espírito Santo concede ao crente para este realizar coisas que
transcendem à esfera natural da vida.
3.
O que são dons de curar?
R:
Recursos de
caráter sobrenatural para atuarem na cura de qualquer
tipo
de enfermidade.
4.
O que faz o dom de maravilhas?
R:
A operação de
maravilhas realiza obras extraordinárias que o ser humano jamais poderia fazer.
5.
Cite três exemplos de operação de maravilhas no ministério de Jesus.
R:
A ressurreição
do filho da viúva de Naim, a ressurreição da filha de Jairo e a ressurreição de
Lázaro.
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 58, p.38.
Nesta
lição, estudaremos os dons de poder. Neste grupo está relacionado o dom da fé,
os de curar e o de operação de milagres.
O
dom da fé - O que é a fé? Há na Bíblia pelo menos três tipos de fé: a comum, a
salvífica e o dom da fé. A melhor definição de fé pode ser encontrada em
Hebreus 11.1. Todo cristão possui esse tipo de fé. Já a fé que leva o homem à
salvação é resultado da pregação da Palavra e do convencimento do Espírito
Santo. É bom ressaltar que a fé é sempre o resultado da graça divina. Sem a ação
divina, não conseguimos crer. A Igreja precisa viver pela fé, como Jesus
afirmou em Marcos 9.23. Sem fé não podemos agradar a Deus, todavia o dom da fé
é algo específico. Segundo a Bíblia de Aplicação Pessoal o dom da fé "é
uma medida incomum de confiança no poder de Deus". Mediante este dom, os
cristãos do primeiro século fizeram muitas maravilhas, levando a igreja a
experimentar um crescimento vertiginoso.
O
dom de curar - Temos um Deus que se apresentou ao Seu povo, no Antigo
Testamento, como Jeová Rafa, o Deus que sara (Êx 15.27). No Novo Testamento,
podemos ver que Jesus curou muitos enfermos, glorificando o nome do Pai. Na
Igreja do primeiro século, o evangelho era confirmado mediante a operação de
curas (At 4.24-31). Este dom não cessou. Deus continua curando os enfermos
mediante os dons de curar. Em 1 Coríntios 12.9b a palavra cura é utilizada no
plural, isto indica que há cura para os vários tipos de moléstias. Por que,
mesmo havendo os dons de curar à disposição da igreja, nem todos são curados? Deus
é soberano e não sabemos por que uns recebem a cura e outros não. Mas para Deus
não há impossíveis. Paulo não pôde curar as frequentes enfermidades de seu
filho na fé, Timóteo (1 Tm 5.23). Certamente, na Igreja Primitiva, também havia
pessoas enfermas. Todavia, Deus concedeu à Sua Igreja os dons de curar.
Operação
de maravilhas - Este dom está relacionado ao dom da fé e cura. E como os dons
de curar, a palavra dons aqui aparece novamente no plural. Segundo o Comentário
Bíblico Pentecostal "este dom parece ter sido uma das credenciais dos
apóstolos, mas não era restrito a eles" (Rm 15.19). Os sinais e prodígios
faziam parte da Igreja Primitiva. Os crentes buscavam com poder os sinais
milagrosos a fim de que muitos recebessem Cristo como Salvador. Podemos ver, em
especial no livro de Atos, a manifestação deste dom. Pedro possuía este dom e
fez uso dele ao orar por Dorcas (At 9.40). Dorcas impactou sua comunidade com
seus talentos e Pedro com o dom de maravilhas. O milagre realizado na vida de
Dorcas foi notório em Jope (At 9.42).
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Paulo maior
intérprete do evangelho de Jesus Cristo, doutrinando através de sua Carta aos
Romanos, declarou: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o
poder de Deus para salvação de todo aquele que crê primeiro do judeu e também
do grego” (Rm 1.16 — grifo nosso). Na época em que se tornou discípulo de
Jesus, após sua dramática conversão, no caminho de Damasco, já havia muitos
“evangelhos” estranhos, apócrifos, que pregavam “outro Jesus” (2 Co 11.4). Mas
o evangelho genuíno tinha que ser um evangelho que demonstrasse ao mundo que
era a mensagem de Deus aos homens, através de sinais, prodígios e maravilhas,
que o diferençava dos “outros evangelhos”.
Jesus, em seu
ministério terreno, demonstrou que não viera trazer mais uma corrente
filosófica para o mundo. As nações já conheciam as filosofias gregas, de
Platão, Aristóteles, Heródoto, e outros. O Budismo, o Hinduísmo, o Xintoísmo e
outras religiões dominavam o Oriente. O Judaísmo era a religião consagrada na
Palestina. Mas não se viam sinais de poder impactante e transformador na vida
dos seus adeptos nem daqueles a quem pregavam seus ensinos. Mas Jesus começou,
transformando “água em vinho” (Jo 2.10). Curou cegos, paralíticos, ressicados,
lunáticos, e fez o que nenhum líder de religião fizera ou haveria de fazer:
ressuscitou mortos, inclusive Lázaro, cujo corpo já entrara em estado de
decomposição avançada (jo 11.43). O cristianismo apresentou-se como um
movimento do Espírito Santo para a salvação de almas e libertação dos males
resultantes do pecado.
Além de demonstrar o
poder sobre as forças das enfermidades, Jesus demonstrou que tinha poder sobre
as forças da natureza. Acalmou a tempestade, repreendendo o vento e o mar (Mt
8.23-27); andou por cima das águas e fez passar a tormenta (Mt 14.22-34). E, para
provar que tinha suprema autoridade sobre todos os poderes, expulsou demônios,
libertando os oprimidos do Diabo (Mt 8.28-34 e referências). A História da
Igreja é uma história de pregação e de poder de Deus. Neste capítulo,
meditaremos sobre os dons de poder, tão necessários à igreja, nestes tempos
trabalhosos a que se referiu Paulo (1 Tm 3.1).
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 43-44.
Dons de poder
Os dons de poder formam o segundo grupo dos
dons do Espírito Santo, e existem em função do sucesso e do cumprimento da
grande comissão dada por Jesus Cristo. Como o Evangelho é o poder de Deus, é
natural que tenha a sua pregação confirmada com sinais e maravilhas sobrenaturais,
que ratificam esse Evangelho e lhe dão patente divina.
Raimundo F. de Oliveira.
A Doutrina Pentecostal Hoje. Editora
CPAD.
I. Definições
A base da palavra
portuguesa poder é o latim, posse, ser capaz. O poder consiste na capacidade de agir;
é potência (vide); é uma virtude mediante a qual uma pessoa ou uma coisa pode
tomar algo uma realidade. Poder é capacidade em potencial; é força ativa em
operação; é o direito de ser ou de fazer alguma coisa; é qualquer forma de
energia. Na física, o poder é a taxa com que a energia é convertida ou transferida
em trabalho. Biblicamente falando, Deus é o Ser Todo-Poderoso (onipotente),
sendo ele a fonte originária de todos os outros estados e atos de poder.
Palavras Bíblicas
Envolvidas:
No hebraico: 1. koach
, «ser firme», «agir vigorosamente», «produzir•. Essa palavra figura por cento
e vinte e uma vezes, de Gên. 31:6 a Zac. 4:6. Esse termo é usado em todos os
tipos de conexão, divina e humana. 2. Oz, «força», «dureza», segurança.., «majestade».
Esse vocábulo ocorre por noventa e quatro vezes, conforme exemplificamos em
Lev. 26:19; Esd. 8:22; Sal. 59:16; 62:11; 63:2; 66:3; 78:26; 90 :11,' 150:1;
Eze. 30:6; Hab. 3:4. Também é palavra usada para indicar qualquer tipo de
poder. 3. Geburah, «valor», «poder.., «força», «domínios: usada por sessenta e
uma vezes, conforme se vê, por exemplo, em Deu. 3:24; Jui. 5:31; I Reis 15:23;
II Reis 10:34; I Crê. 29:12,30; Est. 10:2; Isa. 11:2; Jer. 9:23; 10:6; Eze.
32:29,30; Dan. 2:20,23; Miq. 3:3; 7:16. Um bom número de outras palavras
hebraicas também aparece, mas elas são, essencialmente, sinônimos dessas três
palavras hebraicas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. pag. 310.
I - O
DOM DA FÉ (1 Co 12.9)
1. O que significa
fé?
A palavra fé (gr.
pisteuó, lat. Fides) “E a confiança que depositamos em todas as providências de
Deus. E a crença de que Ele está no comando de tudo, e que é capaz de manter as
leis que estabeleceu. E a convicção de que a sua palavra é a verdade”.1 A
melhor definição de fé é enunciada pelo autor do livro aos Hebreus, que recebeu
uma profunda inspiração para a descrição dessa virtude cristã; “Ora, a fé é o
firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não
veem” (Hb 11.1). Vemos, nessa definição, três elementos essenciais à fé:
1) Ela é fundamento
ou base para a confiança em Deus;
2) Ela envolve a
esperança ou expectativa segura do que se espera da parte de Deus;
3) Ela é “a prova das
coisas que não se veem”, mas são esperadas, ou significa convicção antecipada.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 44.
O dom da fé envolve
uma fé especial, diferente da fé para salvação, ou da fé que é mostrada por
Paulo como aspecto do fruto do Espírito: G15.22. O dom da fé traduz uma fé
especial e sobrenatural, verdadeiro apelo a Deus no sentido de que Ele
intervenha, quando todos os recursos humanos se têm esgotado. Foi este o tipo
de fé com o qual foram dotados os grandes heróis mostrados na galeria de
Hebreus capítulo 11.
Por ter sido dotado desta fé especial,
Abraão “em esperança, creu contra a esperança que seria feito pai de muitas
nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência. E não
enfraqueceu na fê, nem atentou para o seu próprio corpo já amortecido, pois era
já de quase cem anos, nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara. E não
duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando
glória a Deus: E estando certíssimo de que o que Ele tinha prometido também era
poderoso para o fazer”, Rm 4.18-21.
À história do evangelismo e das missões
modernas está pontilhada de narrativas da maneira como Deus agiu em resposta ao
apelo deste dom, manifesto através de leigos, de pastores e de evangelistas
sinceros.
Raimundo F. de Oliveira.
A Doutrina Pentecostal Hoje. Editora
CPAD.
Fé. Oração fervorosa,
alegria extraordinária e coragem B incomum acompanham o dom da fé. Não se trata
da fé salvífica, mas da fé milagrosa para uma situação ou oportunidade
especial, tal como o confronto entre Elias e os profetas de Baal (1 Rs
18.33-35). Pode incluir a capacidade especial de inspirar fé nos outros, como
fez Paulo a bordo do navio em meio à tempestade (At 27.25).
HORTON. Staleym. Teologia Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD.
FÉ. Fé é uma palavra
do NT. Ela ocorre apenas duas vezes no AT (Dt 32.20; He 2.4). A versão ASV em
inglês traduz a primeira referência (heb.' emun) como "fidelidade". A
versão ASV conserva o termo "fé" no segundo texto (trazendo
"fidelidade" na margem, heb. 'emuna), possivelmente por causa da
frequente citação do texto no NT, no qual a ideia é claramente a de fé no
sentido ativo (cf. Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38). A palavra equivalente no AT é
"confiança". A palavra "confiança" e suas formas correlatas
ocorrem mais de 150 vezes no AT, como a tradução de várias palavras hebraicas
diferentes. A palavra do NT pistis (veja Arndt) é usada tanto no sentido de
fidelidade (Rm 3.3; Gl 5.22; Tt 2.10) quanto de confiança (Mc 11.22; Mt 8.10;
Lc 5.20; Rm 3.22,28 etc). Veja Fidelidade; Amém.
A fé é a virtude
básica no NT (1 Co 13.13; Hb 11.6; 2 Pe 1.5-7). Mesmo assim, alguns entendem
que não haja nenhuma definição formal de fé na Bíblia. Com relação à passagem
às vezes mencionada como a definição da fé iHb 11.1), Dean F. W. Farrar
observou: "As palavras famosas com as quais este capítulo é aberto não são
tanto uma definição, mas uma descrição. Elas não são uma definição, pois não
indicam, como disse Tomás de Aquino, a essência da fé. Elas nos dizem o que a
fé produz, e não o que ela é - suas questões, ao invés da sua natureza. A 'fé',
diz o escritor, 'é a base das coisas que se esperam, a demonstração de objetos
não vistos'. Isto é o que a fé é em seus resultados. Ela nos fornece
fundamentos sobre os quais a nossa segurança pode seguramente repousar, com uma
convicção de que estas coisas existem, não sendo ainda terrenas ou temporais, e
que, portanto, ainda não as podemos ver". Uma definição correta de fé deve
levar em consideração a sua complexidade, pois enquanto pode ser dito que o
exercício dela é a própria simplicidade, ela envolve toda a personalidade. O
conhecimento é necessário (Rm 10.13-17). No entanto, embora o entendimento
intelectual da verdade a ser crida não seja a fé, ele faz parte dela. A
concordância com a verdade a ser crida é necessária (Mt 9.28; Tg 2.19); porém,
a concordância pode não ser mais do que admitir a veracidade da coisa a ser
crida, sem trazer nenhuma obrigação consigo. O elemento sem o qual não temos a
fé bíblica, é o consentimento da vontade, ou "o consentimento da vontade
para a concordância do entendimento" (cf. Jo 8.30,31).
A fé salvadora,
portanto, envolve a confiança pessoal ativa, o compromisso de alguém para com o
Senhor Jesus Cristo. Mas não é a quantidade de fé que salva, é o objeto da fé
que salva. Uma grande fé no objeto errado não altera um til na condição perdida
do homem. Pouca fé (desde que seja fé) no objeto certo deve resultar em
salvação. Como um artigo de religião define: "Podemos assim confiar em
Cristo, seja de forma tímida ou ousada; mas qualquer que seja o caso, esta será
uma fé salvadora. Se, embora timidamente, confiarmos nele, em sua obediência
por nós na morte, instantaneamente, entramos em comunhão com ele, e seremos
justificados. Se, porém, confiamos nele com ousadia, então teremos o conforto
da nossa justificação. E simplesmente pela fé em Cristo que somos justificados
e salvos" (uso Episcopal Reformado). No uso bíblico geral, crer é ter uma
fé madura em Cristo, a ponto de se entregar a ele. O primeiro termo que os
cristãos usaram para se descrever foi "os que creram" (At 2.44; 4.32;
5.14 etc). Veja Crer; Crentes.
Deve ser observado
que existem resultados mais abençoados e reais quando um indivíduo realmente
confia no Senhor Jesus Cristo. Há não apenas uma mudança de posição diante de
Deus (justificação), mas há o início da obra redentora e santificadora de Deus.
Embora a transformação da vida não seja a base da salvação, ela é a evidência
da salvação. E sem tal evidência (em maior ou menor grau) deve ser levantada
uma questão quanto à autenticidade da fé do indivíduo. Dentro de alguns limites,
concordamos com a opinião de C. I. Scofield: "A fé que não leva à ação,
que não resulta em uma mudança de relacionamento para com Deus e Cristo, que
não opera de forma transformadora na vida, não é a fé bíblica". A
incredulidade é, ao longo de toda a Bíblia, igualada à desobediência (cf. Jo
3.36), e é considerada o mais grave dos pecados (Hb 3.12-18).
As boas obras de um
cristão são o resultado e a evidência da autenticidade da sua fé. E o
entendimento deste fato que resolverá o problema de alguns quanto a uma alegada
discrepância entre Paulo e Tiago. Paulo certamente relaciona as boas obras com
a fé (Ef 2.8-10). Pica claro que Tiago está falando da justificação diante dos
homens (Tg 2.18 - "mostra-me", "te mostrarei"; v. 22 -"bem
vês"; v. 24 - "vedes"; v. 26), e que a fé é provada pelas obras
(v. 22). A fé não está somente relacionada à salvação do pecado para o cristão,
ela está ligada à providência e à direção de Deus (Mc 11.22; Hb 11.6; Pv 3.5,6;
SI 37.3; At 27.25), à santificação (Gl 3.1-3; At 26.18; 2 Co 5.7; Gl 2.20; Cl
2.6,7), ao serviço (Rm 12.6; Gl 5.6; 1 Ts 1.3; 2 Ts 1.11; 1 Tm 6.12; Hb 11.33;
Tg 2.22) e à oração (Mt 21.22; Hb 11.6; Tg 1.5-8). A relação entre o
arrependimento e a fé é uma questão teológica frequentemente discutida. Ao
fazer uma síntese de seu ministério em Efeso, Paulo expressou-se da seguinte
forma: "Testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus
e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo" (At 20.21; cf. 11.17,18; 26.18-20). É
provável que o conhecimento (notitia) e a concordância (assensus) precedam o
arrependimento (uma mudança de pensamento) assim como precedem a confiança
(fiducia). O arrependimento, neste aspecto, precede a confiança. Assim, a fé
não será uma fé salvadora genuína a menos que ela envolva o arrependimento
iq.v.). Uma outra questão teológica envolvendo a fé é aquela que é levantada em
qualquer ordo salutis (ordem de salvação). Uma questão que preocupa é a relação
da regeneração com a fé. A diferença entre os evangélicos é representada pelas
concepções luteranas, arminianas e reformistas. Na opinião luterana, o chamado,
o arrependimento e a regeneração são preparatórios para a vinda do pecador a
Cristo; uma vez que a salvação não é conferida até que o pecador exerça a fé, é
necessário manter a fé. A opinião reformista considera a regeneração, o
arrependimento e a fé como "bênçãos da aliança da graça", não
meramente como preparatórias ou condições consumadas pela iniciativa humana. No
conceito arminiano, Deus confere a todos os homens a graça que lhes permite
crer e obedecer ao evangelho; um homem é justificado "por sua fé".
Seja qual for a opinião defendida, pode ser observado que deve haver a resposta
da fé para se ter a experiência da salvação (At 8.37; 16.31; Ef 2.8).
Certamente, tal conceito é ensinado no capítulo sobre o novo nascimento (Jo
3.14-16). Além disso, o próprio Senhor Jesus Cristo falou dos mortos ouvindo a
sua voz, e esta deve ser uma referência àqueles que estão espiritualmente
mortos (Jo 5.25-29; note o evidente contraste no v. 29). No entanto, não pode
haver nenhuma contestação no que diz respeito à escolha soberana de Deus (At
13.48; Rm 8.29; Ef 1.4,5), ou à necessidade de Deus de iniciar a salvação de
uma pessoa (Rm 3.106-18; 1 Co 2.14; Ef 2.8,9). A expressão "a fé" às
vezes refere-se "àquilo em que se crê, corpo de fé ou crença,
doutrina" (Arndt). O mesmo léxico diz que "esta objetivação do
conceito de pistis já era encontrada em Paulo". Até mesmo os estudiosos
que reconhecem o uso da "fé" neste sentido, diferem quanto às
referências nas quais ele aparece. Segue uma lista sugerida: Lucas 18.8; Atos
3.16; 6.7; 13.8; 14.22; 16.5; 24.24: 1 Coríntios 16.13; 2 Coríntios 13.5;
Gálatas 1.23; 3.23-25; Efésios 4.13; Filipenses 1.27; Colossenses 1.23; 2.7; 2
Tessalonicenses 3.2; 1 Timóteo 1.19; 3.9,13; 4.1,6; 5.8; 6.1o,21; 2 Timóteo
3.8; 4.7; Tito 1.13; Tiago 2.1; Judas 3; Apocalipse 14.12.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 779-780.
Fé em Hebreus 11:1
Ora, a fé é o firme
fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem.
A palavra «fé» ocorre
por duzentas e quarenta e quatro vezes nas páginas do N.T.; mas o conceito de fé,
mediante o uso de outros termos, ainda é mais frequente. A fé, em seus muitos
aspectos, conforme é demonstrado acima, é um dos princípios mais importantes do
N.T. Por toda a parte se insiste sobre essa qualidade e se requer a mesma. A fé
indica a apropriação de tudo quanto Deus nos oferece por meio de Cristo. e a
completa outorga da alma aos cuidados do Senhor.
A fé é a certeza das
coisa que se esperam. O grego, aqui traduzido por «certeza» é upostasis,
palavra grega comum para indicar a «natureza real» ou «natureza essencial» de
alguma coisa, com frequência traduzida por «substância». Significa a
«realidade» de algo, em contraste com seus meros «acidentes», Este último termo
indica algo «não essencial» à existência de qualquer coisa como a cor e outros
aspectos superficiais. No trecho de Heb. 1:3, esse vocábulo é usado para falar
sobre o ser de Cristo, que é a exata «substância» do ser do Pai, o que é
indicação extremamente clara de sua divindade. (Ver o artigo sobre a Divindade
de Cristo). O uso dessa palavra por parte do autor parece indicar que ele
encarava a fé como algo que dá «substâncias às realidades invisíveis, em nosso
consciente. A fé «consubstancia» o mundo eterno e-invisível para nós, trazendo
até nós as suas realidades, como se ele realmente se fizesse presente, embora
continue ausente. A fé é o meio que dispomos para «ver», «aceitar» e «aplicar. o
mundo invisível; é o meio através do qual «vivemos segundo as dimensões
eternas». Portanto, a fé é mais do que «certeza». Esta é um dos resultados da
fé. Temos certeza e convicção sobre O mundo espiritual e suas exigências, a nós
impostas; e isso nos vem pela fé; mas a fé nos traz essa «realidades, que fica consubstanciada
ao passo que, para outras pessoas, tal realidade permanece uma teoria, ou mesmo
um sonho louco.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. 697.
2. A fé como dom.
É a capacidade
concedida pelo Espírito Santo para o crente realizar coisas que transcendem à
esfera natural, visando o benefício e a edificação da igreja. Podemos entender
melhor o significado do dom da fé, através de declarações negativas em relação
a outros tipos de fé. Não é a fé salvífica, que é despertada pela proclamação
da Palavra de Deus (Rm 10.17; Ef 2.8); não é a fé como doutrina, que denota a
permanência do crente, vivendo de acordo com a Palavra de Deus, ou a sã doutrina
(2 Co 13.5); não é a fé como fruto do Espírito, que consiste nas virtudes, que
devem ser cultivadas pelo crente, na comunhão com o Espírito Santo. Não é dada,
é buscada e desenvolvida (G1 5.22); o dom da fé também não é a fé natural, que
resulta da observação da natureza. Se tudo existe, de maneira organizada e com
propósito, há pessoas que creem no Criador (Rm 1.19,20).
O dom da fé “Pode ser
considerado como um dom especial da fé para uma necessidade particular. Alguns
o definem como ‘a fé que remove montanhas’, trazendo manifestações incomuns ou
extraordinárias do poder de Deus”. Esse dom é concedido, num momento especial,
quando só um milagre resolve algo que não tem solução, no meio da igreja, ou na
vida de um servo de Deus, que atende a seus propósitos. Podemos entender que
esse dom foi usado por Moisés, quando o povo de Israel percebeu que Faraó
estava no seu encalço após a saída do Egito. De um lado e do outro, as
montanhas; pela frente, o Mar Vermelho; por trás o exército egípcio com carros e
cavalos.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 45.
A fé é um dom e operação do Espirito.
A fé isto, mas é uma
reação favorável da alma. E uma estrada com duas pistas: a humana e a divina. O
poder divino é que a cria; é um dom de Deus; mas a vontade humana, no nível da
alma, deve receber e apropriar-se da fé, e então aplicar a «outorga aos
cuidados de Cristo». (Ver Efé. 2:8; Col. 2:12 e Heb. 12:2, quanto ao fato de
que a fé é uma operação divina. O trecho de Gã1. 5:22 mostra-nos que se trata
de um dos aspectos do fruto do espírito, ver também Fil. 1:29; 11 Tes. 2:13 e
João 6:29 acerca desse tema).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 695.
(1) Ele mostra que a
palavra pregada é o recurso usual pelo qual se opera a fé: “De sorte que... ”,
ara - porém; mesmo que muitos que ouvem não creiam, aqueles que crerem,
primeiro terão ouvido, “...a fé épelo ouvir”. E o resumo do que foi dito antes
(v. 14). O início, o progresso e a força da fé ocorrem pelo ouvir. Por essa
razão, a palavra de Deus é chamada a palavra da fé: ela gera e nutre a fé.
Deus dá a fé, mas é
através da palavra como seu instrumento. O “...ouvir (o ouvir que opera a fé) é
pela palavra de Deus”. Não é ouvir encantadoras palavras da sabedoria humana,
mas ouvir a palavra de Deus, que favorecerá a fé, e ouvi-la como a palavra de
Deus (veja 1 Ts 2.13). (2) Aqueles que não crêem na notícia do evangelho, mesmo
a tendo escutado, nisso são indesculpáveis, e podem agradecer a si mesmos por
sua própria ruína (w. 18-21).
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 373.
O versículo 17 é uma
conclusão lógica do argumento de 13-15a: De sorte que a fé é pelo ouvir, e o
ouvir pela palavra de Deus. O termo Christou (Cristo) é mais atestado do que o
termo Deus (theou). “Então a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de
Cristo” (NASB). “Ouvir pela palavra de Cristo” (dia hrematos Christou)
significa “uma mensagem a respeito de Cristo”. “ ‘O que é ouvido’ éakoe, e
‘quando é falado’ é hrema, e esta é a condição da fé. A construção em hrema
Christou é a mesma de to hrema tes pisteos no versículo 8. As palavras não
podem significar uma ordem de Cristo”.540 A condição da fé cristã é “a pregação
de Cristo” (RSV; cf. vs. 6-9). Neste sentido, a fé é uma dádiva de Deus: a sua
base é “a palavra de Cristo”. Mas Deus não acredita por nós; se fosse assim, a
nação de Israel não seria culpada. Esta última idéia é precisamente o tema do
apóstolo no versículo seguinte.
William
M. Greathouse. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 8. pag. 147.
Rm 10.17 Depois de
refutar a idéia de um automatismo da fé sob a pregação, Paulo tem condições de
afirmar duas coisas sobre o surgimento da fé: E, assim, a fé vem pela pregação.
Antes que venha a fé, vem a mensagem (cf nota sobre o v. 16): a fé é aceitação
da mensagem. Mas a pregação, pela palavra de Cristo. Por trás da boca do mensageiro
está a boca do Cristo ressuscitado.
Adolf
Pohl. Comentário Esperança Romanos. Editora
Evangélica Esperança.
A incredulidade de
Israel foi deliberada (Rm 10.16,17). Citando Isaías 53.1, Paulo escreve: “Mas
nem todos obedeceram ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na
nossa pregação? E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de
Cristo”. Assim como os judaítas não creram na pregação de Isaías, os judeus
também não obedeceram ao evangelho. E, porque se recusaram a obedecer, fecharam
a porta da salvação, uma vez que a fé salvadora vem pela pregação da palavra de
Cristo. O reformador Calvino alerta: “O apóstolo Paulo não afirma que a fé
nasça de qualquer doutrina, ao invés disso, a limita propriamente à Palavra de
Deus (10.17). Esta limitação seria absurda se a fé pudesse ser fundada sobre as
determinações humanas. Por esta razão, é preciso deixar para trás todas as
fantasias dos homens, quando se trata da certeza da fé”.
LOPES. Hernandes Dias. ROMANOS O evangelho segundo Paulo. Editora
Hagnos. pag. 358.
Ef 2.8. Fazendo uma
ampliação no parêntese do versículo 5, Paulo apresenta “um dos grandes resumos
evangélicos do Novo Testamento”: Porque pela graça sois salvos, por meio da fé;
e isso não vem de vós; é dom de Deus (8). A segunda parte deste versículo é
paralela à primeira. Nossa salvação da escravidão ao pecado, brotando da graça
de Deus e apropriada pela fé, é o dom de Deus (cf. 1.7). Não obtemos por boas
obras (a essência da religião legalista) o direito à libertação do pecado e da
morte. Jamais! Graça significa que tudo começa e termina com Deus. A salvação
é, então, um presente de nosso Criador. O versículo 10 enfatiza este fato:
Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus. Simpson comenta: “Nós
causamos nossa própria ruína, mas nele reside nosso socorro. O Criador restaura
com as próprias mãos sua obra-prima arruinada, e não ‘reparte o louvor da graça”.
Enquanto a graça é a
origem ou fonte de nossa salvação, a fé é o seu meio ou instrumento. O pronome
demonstrativo isso, no versículo 8, não é alusão à fé como dom de Deus. Como
Wesley e outros sugerem, a referência é “à frase precedente: ‘Sois salvos, por
meio da fé’ ”. É a própria salvação que é o dom de Deus. A fé não faz
reivindicações, para que não seja dito que foi por “mérito” ou “obra”. Se tal
prevalecesse, o homem que crê teria o direito de gabar-se ou gloriar-se em si
mesmo (cf. Rm 4.2). Fé é a resposta livre e obediente do homem às propostas
divinas de salvação. Mas, quando ela opera e o pecador possui a alegria da nova
vida, sai a declaração espontânea: “E tudo de Deus!” Paulo recomenda-nos,
entretanto, que obras têm lugar na salvação de Deus. Quando a graça opera
através da fé, um novo homem é criado para boas obras (10), como Deus planejou
no princípio. As boas obras, que estão de acordo com os elementos da lei de
Deus, que estão retidos em Cristo, seguem a experiência da fé. E, para o homem
de fé, estas boas obras não são obras humanas, mas obras de Deus inspiradas
pela atuação do Espírito na vida do homem de fé. Por conseguinte, a nova vida
em Cristo é uma manifestação do poder grandioso de Deus!
Willard
H. Taylor. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 9. pag. 136-137.
Ef 2.8 Os v. 8-10
estão tão entrelaçados com formulações centrais de cartas “reconhecidas” de
Paulo que a autoria paulina da carta aos Efésios fica novamente documentada de
modo sustentável.
No começo repete-se
literalmente a inclusão do v. 5: “Porque pela graça sois salvos”. Por que a
redenção pela graça de Deus é mencionada de novo? Por que ocorre um acúmulo de
termos que apontam na mesma direção e enaltecem a obra redentora de Deus -
misericórdia, amor (Ef 2.4), graça, bondade (Ef 2.7)? Podemos responder com a
justificativa que Paulo fornece em Fp 3.1: “A mim, não me desgosta e é
segurança para vós que eu escreva sempre as mesmas coisas.” A plenitude do bem
da salvação não é posse, mas dádiva que brota unicamente da graça de Deus. Isso
deve ser constantemente afirmado e exaltado.
A salvação acontece
“por fé”. De forma comprimida acolhe-se aqui o que é formulado como segue na
exposição central da justificação em Rm 3.24s: “São justificados gratuitamente
(i. é, salvos), por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a
quem Deus propôs… como propiciação, mediante a fé.”
A própria fé que
propicia salvação, pela qual o cristão recebe a graça, é parte do presente
divino: “e isto não vem de vós, é dom de Deus”. Visto que a fé nasce de ouvir a
palavra de Deus (Rm 10.17), ela não é algo humanamente possível. No entanto é
uma fé que apreende a Jesus Cristo, obtendo assim a outorga de toda a riqueza.
Essa é a dádiva concedida por Deus. O conceito “dádiva” pertence ao mesmo grupo
semântico da palavra “gratuitamente” em Rm 3.24. O mesmo ocorre com a expressão
“dom”, que Paulo emprega, além de Rm 5.15ss e 2Co 9.15, em Ef 3.7 e 4.7.
Ef 2.9 O “não de vós”
é complementado por: “não por obras”. Também aqui é flagrante a relação com a
refutação da justificação por obras nas demais cartas de Paulo. Tudo o que o
ser humano visa realizar “a partir de si” para sua salvação é “obra”, e por
isso insuficiente. A graça de Deus exclui o sinergismo humano, porque somente
assim é e continua sendo cabalmente graça. Se continuar assim, sendo
exclusivamente dádiva, ela exclui também qualquer “gloriar-se”. Ademais, a
graça de Deus torna vãs as diversas modalidades do gloriar-se humano: o judeu
se gloria de seu cumprimento da lei, mas a justiça divina não procede das obras
da lei (Rm 2.23; 3.27). Deus responde à sabedoria humana com a tola pregação da
cruz, “para que ninguém se glorie diante de Deus” (1Co 1.29). Motivo para
gloriar-se existe unicamente por causa do Kýrios (1Co 1.31) e de sua cruz (Gl
6.14).
Ef 2.10 Fazendo uma
analogia com as obras de Deus na criação (Rm 1.20) Paulo emprega a mesma
expressão para a nova criação de Deus que se realiza em Jesus Cristo e, através
dele, em sua igreja: “Porque somos obra dele, criados em Cristo Jesus”.
Enquanto o velho ser humano é crucificado com Cristo e entregue à morte, Deus
cria o novo ser humano – sua obra (cf. Ef 4.24). Também dessa perspectiva da
nova criação cabe concluir que o gloriar-se por parte do ser humano não possui
fundamento algum (“porque”).
No mesmo contexto de
Ef 2, também Rm 6 fala da nova criação de Deus (cf. acima o exposto sobre Ef
2.5s). Chama atenção que em Rm 6.4 a “novidade da vida” também esteja ligada ao
compromisso com uma conduta correspondente. A referência à nova criação aparece
da mesma maneira em Gl 6.15 e 2 Co 5.17, sendo que em 2Co 5.18 é estabelecida a
conexão com o agir de Deus: “Ora, tudo (provém) de Deus.”
O alvo dessa nova
criação é descrito com uma dupla afirmação: “para boas obras…, para que
andássemos nelas”. Embora ninguém seja capaz de produzir ou favorecer sua
redenção através de obras próprias, o crente nunca existe sem obras. Pelo
contrário, a tarefa de sua vida consiste em realizar boas obras, andar “nessas
obras” (novamente o conceito espacial). Em Ef 1.15 o autor já mencionara que a
fé em Cristo sempre envolve o ser humano inteiro, visto que ela o transporta
“ao raio de ação de Jesus Cristo”. Tal fé sempre atua no amor (Gl 5.6), em boas
obras.
A oração subordinada
adjetiva “que Deus preparou de antemão” assegura que essas obras, por serem
fruto da gratidão a Deus, não podem furtivamente voltar a ser entendidas como
meritórias.
Além da presente
passagem, a expressão ocorre somente em Rm 9.23, que fala da livre eleição da
graça de Deus com vistas às “vasilhas” “que ele de antemão preparou para a
glória”.
Ao criar o novo ser
humano em Jesus Cristo, Deus também prepara o espaço para a ação desse ser
humano, de modo que os colossenses podem ser assim exortados: “Tudo o que
fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando
por ele graças a Deus Pai” (Cl 3.17).
Uma convocação desse
tipo passa a ser simultaneamente exortação e lembrança: pelo fato de que Deus
preparou boas obras para vocês, então agora também passem a realizá-las em sua
conduta.
Eberhard
Hahn. Comentário Esperança Efésios. Editora
Evangélica Esperança.
3. Exemplo Bíblico do
dom da fé.
A resposta do líder
do Êxodo foi uma demonstração de uma fé fora do comum. “Moisés, porém, disse ao
povo: Não temais; estai quietos e vede o livramento do Senhor, que hoje vos
fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre. O
Senhor pelejará por vós, e vos calareis” (Êx 14.13,14). Ele “viu” o livramento
de Deus antes que acontecesse. Se tivesse falhado em sua fé, teria havido uma
tragédia contra a sua liderança.
Vemos esse dom
operando na vida de Daniel. Quando soube do decreto do rei, proibindo que
alguém fizesse qualquer pedido ou súplica a qualquer pessoa ou a qualquer Deus,
e não unicamente ao rei, seria lançado na cova dos leões famintos, Daniel
continuou orando ao Senhor, como o fazia três vezes ao dia. Foi acusado pelos seus
adversários, e foi lançado na cova dos leões. O próprio rei viu que Daniel
tinha fé em seu Deus (Dn 6.16). Daniel foi salvo da morte (Dn 6.23).
Certamente, o exemplo
do profeta Elias, diante dos profetas de Baal e de Asera, no Monte Carmelo,
também envolveu o dom da fé. Ele fez um desafio aos profetas dos deuses falsos.
Propôs que o Deus que respondesse com fogo seria o verdadeiro Deus. E Deus
honrou sua fé, fazendo cair fogo do céu sobre o altar encharcado de água (1 Rs
18.22-39).
Em sua viagem a Roma,
o apóstolo Paulo foi vítima de um grande naufrágio. Escapando na Ilha de Malta,
ele e os demais náufragos foram acolhidos com hospitalidade. Ali, experimentou
um milagre extraordinário. Ao colocar alguns pedaços de madeira numa fogueira,
foi picado por uma cobra venenosa, conhecida na região. Os nativos logo
imaginaram que Paulo iria perecer dentro de poucas horas, pois sabiam que o
efeito do veneno era mortal. Mas o servo de Deus, simplesmente, sacudiu a mão e
a víbora cai no fogo, e nada lhe aconteceu (At 28.1-6). Esse dom da fé não se
desenvolve. E concedido, em ocasiões especiais, para a resolução de algum
problema insolúvel aos meios normais, racionais, ou naturais. E só é dado a
quem já tem fé em Deus e em suas promessas. “Esse dom em ação gera uma
atmosfera de fé, que dá convicção de que agora tudo é possível (cf. Jo
11.40-44; Mc 9.23). [...] Esse dom é um impulso poderoso à oração da fé (cf. Tg
5.17), pois impõe a certeza de que para Deus tudo é possível (cf. Lc 1.37; Mc
10.27).”3 Quando se diz que tudo é possível deve-se ter em mente que se tem em
mente tudo o que é de acordo com a vontade de Deus.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais
Servindo a Deus e aos homens com poder
extraordinário. Editora CPAD. pag. 45-46.
O propósito de Deus
(14.13-18). Como é frequente a fé fraquejar justamente quando Deus está pronto
para fazer sua maior obra! Mas Deus tinha seu homem de fé. O texto não diz o
quanto Moisés tremia por dentro, nem é perceptível que ele já soubesse o que Deus
ia fazer. Mas os encontros que teve com Deus lhe deram a certeza de que Deus estava
no controle. Não havia nada que as pessoas poderiam fazer, exceto aquietar os temores,
ficar quietas e ver o livramento do SENHOR (13). Deus disse a Moisés (4) que
ocorreria outra vitória, e ele creu na palavra de Deus. Ele pôde declarar: O
SENHOR pelejará por vós, e vos calareis (14). “Tão-somente acalmem-se” (14b,
NVI).
Não havia necessidade
de mais clamores a Deus. Chegara o momento de marchar.
Tratava-se de uma
marcha de fé, pois diante deles só havia águas traiçoeiras; mas a ordem de Deus
era clara: Marchem (15). Em nosso andar espiritual, chegamos a um ponto em que
as orações medrosas cessam e o passo de fé deve ser dado. Todas as vezes que os
filhos de Israel temeram o desamparo de Deus, Ele estava trabalhando em seus
propósitos. A barreira de água à frente deles se dividiria quando a mão de
Moisés se estendesse com a vara (16). O coração duro de Faraó o levaria a se apoiar
demasiadamente na bondade Deus e seguir Israel, mas o plano de Deus era
destruir o exército egípcio para, assim, obter glória e honra para si (17).
Seria tarde demais para Faraó e seus cavaleiros (18), mas o restante dos
egípcios saberia quem é o SENHOR. No versículo 15, observamos o desafio de Deus
ao seu povo: “Marchem!” 1) A história os impulsionava para frente, 1.13,14; 2)
O presente os empurrava para frente, 14.9,10; 3) O futuro os estimulava para
frente, 3.8; 14.13,14 (G. B. Williamson).
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 3. pag. 171.
O oportuno
encorajamento que Moisés lhes deu, nesta aflição, w. 13,14. Ele não respondeu a
estes tolos segundo a sua tolice. Deus suportou a provocação que lhe faziam, e
não (como poderia, com razão, ter feito) selecionou as suas ilusões para trazer
seus temores sobre eles. E, por isto, Moisés poderia igualmente bem ignorar a
afronta que eles lhe faziam. Em vez de repreendê-los, ele os consola, e com admirável
presença de espírito e controle, não os desencorajou, nem pelas ameaças do
Egito nem pelos temores de Israel. Ele acalma suas reclamações com a certeza de
uma libertação completa e rápida: “Não temais”. Observe que é nosso dever e
interesse, quando não podemos escapar dos nossos problemas, ainda assim superar
nossos medos, de modo que eles só sirvam para motivar nossas orações e
esforços, e não prevaleçam para silenciar a nossa fé e esperança. 1. Ele lhes
assegura de que Deus os libertaria, que Ele realizaria a sua libertação e que
Ele o faria na destruição completa dos perseguidores: “O Senhor pelejará por
vós”. O próprio Moisés confiava nisto, e desejava que eles também confiassem
embora ainda não soubesse como, ou de que maneira isto aconteceria. Deus lhe
tinha assegurado que Faraó e o seu exército seriam destruídos, e ele os consola
com os mesmos consolos com que tinha sido consolado. 2. Ele os instrui a
entregar o assunto nas mãos de Deus, em silenciosa expectativa dos
acontecimentos: “Fiquem tranquilos, e não pensem em salvar a si mesmos, seja
lutando ou fugindo. Esperem pelas ordens de Deus, e o observem. Não procurem o
caminho a tomar, mas sigam o seu líder. Esperem pelas manifestações de Deus, e
prestem atenção a elas, para que possam ver o quão tolos vocês são em não
confiar nele. Controlem-se, com completa confiança em Deus, em uma perspectiva
pacífica da grande salvação que Deus está prestes a realizar por vocês. Fiquem
em paz. Vocês não precisam gritai' contra o inimigo, como Josué 6.16. O trabalho
será feito sem nenhuma ajuda de vocês”. Observe que: (1) Se o próprio Deus
trouxer o seu povo a alguma dificuldade, Ele mesmo preparará uma maneira de
tirá-los dela. (2) Em tempos de grandes dificuldades e grandes expectativas, é
prudente que mantenhamos os espíritos calmos, tranquilos e serenos. Pois então
estaremos nas melhores condições, tanto para fazer nosso próprio trabalho,
quanto para considerar o trabalho de Deus. “No estarem quietos, estará a sua
força” (Is 30.7), pois os egípcios trabalharão em vão, e ameaçarão em vão.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 270-271.
Êx 14.13 Este
versículo brinda-nos com das mais admiráveis declarações do livro de Êxodo:
“Não temais; aquietai-vos e vede 0 livramento do Senhor que hoje vos
fará..."
Em cada vida há
momentos em que nada resolve, senão uma intervenção divina. Ocasionalmente,
todas as pessoas atingem esse ponto quando falham os recursos pessoais e até
mesmo os recursos de outras pessoas. A salvação não descansa, finalmente,
naquilo que somos e podemos fazer, pois só se satisfaz com o poder da redenção.
Algumas vezes, a intervenção divina ocorre dentro dos acontecimentos
históricos, conforme se vê no presente caso, quando toda uma nação se viu
envolvida. Mas a intervenção divina também ocorre na vida dos indivíduos. Se
quisermos crescer, usualmente somos forçados a fazer coisas por nós mesmos, de
acordo com os recursos que tivermos desenvolvido, usando nossa razão e
inteligência, nossa capacidade de planejar e nossas energias. No mais das
vezes, entretanto, 0 próprio “eu” fala, e os recursos humanos são inadequados.
E é então que ocorre a intervenção divina.
Quando Israel saiu da
escravidão,
Havia diante deles um
mar;
O Senhor estendeu Sua
poderosa mão,
E fez rolar o mar
para trás.
(H. J. Zelley)
Hoje. Assim diz o texto.
O exército egípcio aproximava-se rapidamente, pa- recendo tão ameaçador. Mas
“hoje” mesmo tudo aquilo terminaria. Nunca mais os filhos de Israel veriam
aqueles rostos distorcidos, aquelas ameaças, aquela brutalidade. “Hoje” é o dia
da redenção. Sim, naquele mesmo dia, aquele exército feroz seria reduzido a uma
massa de cadáveres a boiar nas águas revoltas e lamacentas (vs. 30).
Êx 14.14 O Senhor
pelejará por vós. O nome divino aqui usado é Yahweh. Moisés convidou os
israelitas a esperar por um milagre, que aconteceria naquele mesmo dia. Foram
palavras extremamente animadoras, talvez fáceis de ser ditas, mas que somente 0
poder divino poderia concretizar. Uma das grandes frustrações espirituais com
que um homem espiritual pode defrontar-se é a sua própria impotência. Ele profere
palavras grandiosas de poder espiritual, mas vê tão pouca coisa acontecendo. Se
sinais e milagres não devem ser buscados por causa da excitação que eles
proveem - pois a espiritualidade é muito mais do que isso -, um milagre bem
colocado aumenta nossa fé e nossas forças espirituais. O registro da ocorrência
nos confere fé. Por quantas vezes o Senhor providencia em nosso favor, de
maneira significativa e especial. Israel podia olhar para trás e ver quantas
pragas miraculosas tinham-nos livrado do Egito. Seria demais esperar mais um
milagre? No entanto, de cada vez em que mais um milagre tem lugar, somos
apanhados de surpresa. É verdade que soltamos um “aleluia!” em voz alta, mas,
logo depois de despertada, nossa fé volta à sua normalidade, e nova- mente começamos
a esperar, não muito encorajados.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 360-361.
II -
DONS DE CURAR (1 Co 12-9)
1. O que são os dons
de curar?
Os dons de curar são
recursos espirituais, de caráter sobrenatural, que atuam na cura de
enfermidades físicas, psicossomáticas ou emocionais. Sua concessão à igreja
deve-se ao fato de que Deus quer dar saúde a seu povo. No Antigo Testamento,
Ele se manifestava ao povo de Israel como o “Jeová Rofeca”, ou “Jeová Rafá” — O
Senhor que Sara (Êx 15.26; SI 103.3). São dons de grande valor na pregação do
evangelho. As pessoas em geral são descrentes do poder de Deus. Mas, quando veem
uma cura de impacto, como a cura de câncer, de diabetes, de paralisia, ou de
doenças degenerativas, com Alzheimer, doença de Parkinson, e outras, são
compelidas a ter sua fé despertada para o poder de Deus em suas vidas. Milagres
de cura, sem transformação de vidas, pelo poder do evangelho de Cristo,
tornam-se apenas elementos de “shows” para glorificação do pregador. Mas quando
as curas contribuem para a glorificação a Deus, têm grande valor para a
divulgação do evangelho.
E promessa de Jesus à
sua igreja a delegação de poder para curar enfermidades, como parte da missão
de pregar o evangelho (Mc 16.15-18).
Como os sinais devem
seguir “aos que crerem”, pode-se entender que pode haver curas, ministradas por
uma pessoa, que não tem o dom ou dons de curar. Num momento, um evangelizador,
num hospital, ou em outro lugar, pode dizer para um doente: “Em nome de Jesus
seja curado”, e o enfermo levantar-se sadio para glória do Senhor. No entanto,
no meio da congregação local, em qualquer lugar, é necessário que se busquem os
dons de curar, que poderão ser usados, em momentos ou situações em que Deus
queira manifestar o seu poder curador, para glória de Jesus Cristo.
É interessante notar
que todos os outros dons estão no singular. Mas os dons de curar estão no
plural. Não há, portanto, um “dom de curar”, mas uma variedade deles. Os
estudiosos não são unânimes na interpretação desse assunto. Há quem acredite
que um crente, que possui tais dons, tenha capacidade para curar qualquer
enfermidade. A pluralidade dos dons de curar parece indicar que há pessoas que
têm o dom de orar por determinadas enfermidades; e outras, para orar por outros
tipos de doenças.
Stanley Horton diz
“que ninguém pode dizer: ‘Eu tenho o dom de curar’, como se este dom pudesse
ser possuído e ministrado ao bel-prazer da pessoa. Cada cura necessita de um
dom especial, não à pessoa o dom, mas por meio daquela pessoa para o indivíduo
doente, de forma que Deus receba toda a glória. Ele é quem cura (At 4.30)”.4
Infelizmente, o que se vê, em muitos programas de TV, de determinadas igrejas,
é o endeusamento do pastor, do bispo ou apóstolo, que ministra curas de maneira
cotidiana. Não ousamos dizer que pessoas não são curadas, em tais igrejas. Mas
a exaltação do ministrante de curas ofusca a glória que só pertence a Deus.
Diz Boyd acerca desses
dons: “Não concordamos com a opinião de que este dom garante a libertação do
enfermo, independente da soberania divina ou das condições espirituais e morais
do enfermo”. De fato, há ensinos heréticos, desde o século passado, no seio de
igrejas evangélicas, notadamente das neopentecostais, que entendem que o
possuidor do dom ou dos dons de curar têm poderes ilimitados. Não é bem assim.
Se uma pessoa está doente, pode buscar a cura, através da oração da fé. No
entanto, Deus não está obrigado a atender todos os pedidos ou súplicas pela
cura de nenhuma pessoa. Pr. Eurico Bergstén corrobora esse entendimento, quando
afirma: “Esse dom não significa uma capacidade de curar quando e como a pessoa
quer, porém é sempre uma transmissão de poder do Espírito Santo. Por isso, é
indispensável que o portador do dom esteja ligado a Cristo e siga a sua
direção...”.
E desejável que os
crentes em Jesus procurem “com zelo os melhores dons” (1 Co 12.31). Certamente,
os dons de curar são muito necessários, num mundo em que as enfermidades têm-se
multiplicado assustadoramente, a despeito dos notáveis avanços da medicina.
Esses dons são recursos especiais à disposição da igreja do Senhor Jesus
Cristo, para, sob a soberania de Deus, e segundo a fé, os crentes sejam
beneficiados com a cura das enfermidades físicas ou emocionais.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 46-48.
No grego, tanto o dom
(curar), como o seu efeito, está no plural, o que dá a entender que existe uma
variedade de modos na operação deste dom. Assim, um servo de Deus pode não ter
todos os dons de curar, e, por isso, às vezes, muitos não são curados por sua
intercessão. Por exemplo, Paulo orou pelo pai de Públio, que se achava com
febre e disenteria, na ilha de Malta, e Jesus o curou (At 28.8), porém foi
forçado a deixar o seu amigo Trófimo doente em Mileto: 2 Tm 4.20.
Como são diferentes os tipos de
enfermidades, é evidente que há um dom de cura para cada tipo de enfermidade, sejam
elas orgânicas, psicossomáticas ou de patogenia espiritual.
Um dos mais belos exemplos de homens de
quem o Espírito Santo se apodera, através dos dons de curar, foi sem dúvida
Smith Wigglesworth, falecido em 1946, com 87 anos. De um simples bombeiro
hidráulico que era, veio a se tornar num dos mais famosos pregadores leigos da
Inglaterra.
Tão grande era a simpatia que Smith
Wigglesworth exercia em benefício dos que sofriam, que chegou a ser conhecido
como o “Grande Coração” (lembrando uma das personagens do sonho de João Bunyan,
narrado no livro “O Peregrino”).
Dentre o grande número de casos de pessoas
que foram ajudadas por esse humilde servo de Deus, citemos apenas um, relatado
pelo próprio Sr. Smith:
“Recebi diversos telegramas e cartas
pedindo-me que fosse orar por certa moça em Londres. Não me explicaram de que
se tratava; eu sabia apenas que ela estava muito angustiada. Ao chegar a casa,
o pai e a mãe da enferma me seguraram pela mão e romperam em choro. Então me
levaram até o andar de cima, onde me apontaram a porta dum quarto e voltaram.
Ao entrar nesse quarto, presenciei a cena mais triste que jamais tinha visto:
quatro homens robustos seguravam no chão uma linda moça, cuja roupa já estava
rasgada de lutar com eles.
“Ao entrar e olhar nos olhos da moça, ela
os volveu, sem poder falar. Estava nas mesmas condições do homem que, ao ver
Jesus, saiu do túmulo para estar com Ele. Logo ao chegar-se a Jesus, os
demônios falaram. Os demônios que estavam na moça falaram também, dizendo: ‘Nós
te conhecemos. Não podes nos expulsar; somos muitos’.
“Respondi-lhes: ‘Sim, sei que sois muitos,
mas o Senhor Jesus vai expulsar-vos a todos’. Foi um momento maravilhoso, um
momento em que somente Jesus podia enfrentar a situação. O poder que dominava a
moça era tão grande; que, automaticamente, ela se virou, libertando-se dos
quatro homens musculosos que a seguravam. O Espírito do Senhor sobreveio-me em
grande poder e avancei, fitei o rosto da moça e vi o poder do maligno; os olhos
dela cintilavam cheios do próprio poder dos demônios. Instintivamente, clamei:
‘Sei que sois muitos, mas vos mando no nome de Jesus que saiais, agora mesmo’.
Ela começou imediatamente a vomitar. Dentro duma hora vomitou trinta e sete
espíritos imundos e cada vez que o fazia dava o nome do espírito que lançava.
No mesmo dia ficou perfeitamente sã.”
A operação dos dons de curar tem aberto
muitos corações incrédulos à fé em Jesus Cristo, confirmando que Ele é o mesmo,
ontem, hoje e eternamente.
Raimundo F. de Oliveira.
A Doutrina Pentecostal Hoje. Editora
CPAD.
Dons de curar. Em
Atos dos Apóstolos, muitos aceitaram o Evangelho e foram salvos depois de
milagrosamente curados. No texto grego, a expressão inteira aparece no plural.
Assim, parece que ninguém recebe o dom exclusivo da cura. Pelo contrário,
muitos dons de cura estão à disposição para satisfazer as necessidades de casos
específicos em ocasiões específicas. Às vezes Deus cura soberanamente, e às
vezes, de conformidade com a fé do enfermo. O que ora pelo enfermo é mero
agente; o enfermo (quer tenha enfermidade física ou emocional) é quem precisa
do dom e realmente o recebe. Em todas essas ocasiões, a glória deve ser dada
exclusivamente a Deus. Podemos, no entanto, juntar a nossa fé com a do enfermo
e, juntos, estabelecer o ambiente de amor e aceitação no qual os dons da cura
fluem melhor. No corpo de Cristo há poder e força para a satisfação das
necessidades de um membro fraco. A cura possui aspecto encarnacional.
HORTON. Staleym. Teologia Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD.
Dons de cura: Temos aqui uma espécie de
subcategoria da classe anterior, embora tão comum que possa ser distinguida da
mesma . (Ver I Cor. 12:9,28,30). O dom supremo de Jesus, o Cristo, o qual,
acima de todos os homens, era um curador, sendo ele o Grande Médico. (Ver Mat.
4:23 e ss.). Esse dom foi exercido pelos doze apóstolos quase desde o princípio
(ver Mat. 10:1), bem como pelos setenta discípulos (ver Luc. 10:8 e ss.). E
isso também foi uma manifestação proeminente na igreja, após o pentecoste (ver
Atos 5:15 e ss. e Tia. 5:14 è ss.). Os escritos dos chamados pais da igreja
mostram-nos que esse dom persistiu até mesmo depois que outros haviam
desaparecido, nos séculos que se seguiram ao período apostólico. Hoje em dia as
curas são generalizadas, não sendo propriedade exclusiva da igreja cristã.
O dom de curas, segundo se pode dizer, atua
quando entra em operação o Espírito Santo, a despeito do «tipo» de poder que e
«usado» para efetuar essas curas, mesmo que esse poder seja a capacidade
inerente da natureza humana.
(Quanto ao fato pelo qual algumas pessoas não
são curadas, nem mesmo por poderosos curadores, ao passo que outras pessoas,
mais gravemente enfermas, são imediatamente curadas, ver as notas expositivas
no nono versículo deste mesmo capítulo).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 3. pag. 188.
Mc 16.17 Começa a descrição da comunidade dos
“crentes”. De forma alguma o Senhor tinha em vista apenas a primeira geração,
antes, conforme o v. 16, todos os batizados. Estes sinais hão de acompanhar
aqueles que creem. Eles não estão vinculados a cargos, mas em primeiro lugar à
fé que deixa Deus ser Deus (cf. 5.36; 9.23; 11.22s). Em segundo lugar eles
fazem parte do contexto missionário, pois o fato de eles “acompanharem”
pressupõe que os discípulos estão a caminho para difundir o evangelho. Conforme
o v. 20 os sinais reforçam a palavra missionária, de modo que esta não chega às
palavras como teoria desnuda, como afirmação rígida. Paulo não podia renunciar
à confirmação das suas palavras “por força de sinais e prodígios, pelo poder do
Espírito Santo” (Rm 15.19). Aos coríntios, que colocaram em dúvida sua condição
de apóstolo, ele lembrou que seu ministério entre eles contara com “as
credenciais do apostolado” (2Co 12.12; cf. Hb 2.4). Não se pensa em provas
convincentes; sinais sempre podem ser mal-interpretados (3.22). Aquele que foi
elevado, porém, legitima a entrada em cena dos seus mensageiros com sinais de
atenção.
Os cinco exemplos relacionados a seguir são
confirmados especialmente pelos Atos dos Apóstolos. Exorcismos encontramos ali
em 5.16; 8.7; 16.16ss; novas línguas em 2.1-11; 10.46; 19.6; milagres com
serpentes em 28.3-6 e curas em 3.1-10; 4.30; 5.12,15; 9.12,17,33s,29ss; 14.8ss;
19.11; 28.8s. Só para a preservação em caso de veneno falta um exemplo.
Como primeiro está um sinal que também tem
muito peso no evangelho de Marcos (1.34,39; 3.11,15; 6.7,13; 9.38): Em meu
nome, expelirão demônios. A mudança de governo pascal que os crentes proclamam
não agrada aos senhores anteriores. A má vontade deles também pode
manifestar-se com resistência em altos brados. Mas o nome de Jesus os faz
calar.
Em segundo lugar, falarão novas línguas. O NT
geralmente é mais curto: “falar em línguas”. Só duas vezes a expressão é mais
longa: “falar em outras línguas” (At 2.4), e: “falar em línguas estrangeiras”
(1Co 14.21. BV). Aqui a intenção é esclarecer: “falar novas línguas”. Será que
se pensa realmente na mudança para uma das línguas do mundo antigo, que só são
subjetivamente novas para a pessoa em questão porque não as conhecia até então?
Provavelmente a expressão “novas línguas” deve ser colocada ao lado de
expressões como “nova aliança, nova criação, novo céu, nova terra, nova
Jerusalém, novo cântico e novo nome”. Como parte da nova criação, elas se
distanciam da confusão de línguas babilônica, são “língua dos anjos” com Deus (1Co
13.1). É claro que se pode contar com manifestações diferentes, já que há
“variedade de línguas”, conforme 1Co 12.10. No contexto missionário elas podem
ser um sinal de condenação ou de advertência (1Co 14.22).
Mc 16.18 Pegarão em serpentes. Cumprimentos
literais temos em At 28.3-6 e na história recente de missões (p ex E. Seiler,
Wunderbar sind seine Wege, Hänssler V., 1970, p 7ss). Além disso, “pisar em
serpentes e escorpiões” ilustra já no AT a submissão dos poderes malignos. Lc
10.19 também está próximo deste sentido. O ser humano governa novamente sobre
os animais (Gn 1.26,28; Is 11.8). Anuncia-se a restauração da criação e do ser
humano.
E, se alguma coisa mortífera beberem, não
lhes fará mal. O acréscimo conduz a Ap 11.4-7, onde se promete proteção à
comunidade de testemunhas, igualmente vinculada ao tempo do seu testemunho.
Ninguém poderá encurtar o serviço delas, nem por um dia. Também em Mt 6.25-34
Jesus garante a existência terrena dos seus mensageiros até nos detalhes.
Segundo Jo 17.15, ele pede por milagres de proteção para eles, sempre tendo em
vista que eles buscam em primeiro lugar o reino de Deus e executam sua missão.
Se impuserem as mãos sobre enfermos, eles
ficarão curados. Como com seu Senhor, a imposição de mãos também para eles não é
um meio de transmitir poder (cf. 7.32), mas é um gesto de bênção e intercessão.
Os sinais não são demonstrações a bel-prazer, mas fazem parte do objetivo. Por
isso a relação pode ser ampliada, mas não reinterpretada, talvez em sentido
moralista: em nossas obras de amor, paz e justiça temos uma confirmação muito
melhor da Palavra (p ex Marti). Ou espiritualizando, trazendo a campo os
milagres interiores muito maiores: qualquer pessoa pode crer em todo o amor de
Deus. Recebe certeza do perdão e pode perdoar ao seu próximo. Experimenta paz e
alegria na dor. Albert Schweitzer acrescentou um ponto de vista da filosofia da
história (em: Allerlei Festfreuden II, em H.-H. Jenssen, Evangelische
Predigtmeditationen 1976/77, p 204): A atuação do Espírito é muito parecida com
um rio. Na proximidade da sua fonte, ele corre animado e ruidoso, espirra e
espuma, mas ainda tem pouca força. Mais abaixo, ele corre calmo e até parecendo
preguiçoso, mas carrega grandes cargas, abriga uma abundância de peixes e gira
turbinas elétricas. Assim, os milagres instigantes do primeiro tempo do
cristianismo diminuíram, tudo passou para dentro das margens organizadas da
vida eclesial, mas em vez disto a torrente de amor derramada por Jesus – e o
amor é maior que tudo! – aumentou tanto em largura e força no transcorrer da
história da igreja, que não há mais motivo para ter saudade dos começos. – Tão
cor-de-rosa não podemos mais ver o desenvolvimento no fim do século XX.
Mais cinco pontos de vista para classificar o
texto:
1. Os sinais não são a coisa em si mas, de
acordo com os v. 17 e 20, a acompanham, mais ou menos como na visita de uma
alta autoridade o carro oficial é escoltado por batedores. Mas, pela causa, a
ausência de sinais precisa ser considerada uma deficiência (cf. 1Co 14.24; Lc
7.18-23).
2. No território fora do cristianismo há
manifestações iguais ou semelhantes (9.38s), de modo que estes sinais não podem
servir, sem verificação, como prova de identificação com Cristo e de sua
autoridade. 3. Conforme 6.5; 8.10-13 e 15.31,32, de vez em quando os sinais
devem ser recusados legitimamente.
4. As listas de carismas no NT não são
idênticas, mas têm diferenças de comprimento, conteúdo e terminologia (Rm
12.7,8; 1Co 12.8-10,28-30; Ef 4.11; Hb 2.4; 1Pe 4.11 e Mc 16.17,18). O quadro é
necessariamente variado, porque as situações mudam. Por isso não se deve ceder
à tentação de pinçar dons à vontade. Não concordamos com brincadeiras
carismáticas em que a sequência de carismas é praticada para alegria própria e
mútua. Também não aceitamos a imposição de uma obrigatoriedade de sinais,
independente de necessidades concretas.
5. A passagem sobre os sinais apostolares em
2 Co 12.12 é acompanhada de uma observação chamativa: Paulo os fazia “com toda
a paciência” (BLH). Isto não parece combinar. Quem tem autoridade não precisa
mais de paciência! No entanto, a impaciência é exatamente o sinal dos profetas
falsos, é a maneira dos senhores mundanos. A paciência, por outro lado, é o
estilo do nosso Senhor. Jesus suportou a cruz renunciando às orações atendidas
e à alegria, e concordando com a vergonha e o mal-entendido (Hb 12.12; cf. 1Pe
2.20s). Também para Paulo a autoridade se combinou com as insígnias da
insignificância de Jesus. Sua autoridade não serviu ao seu próprio bem-estar, à
sua auto-estima, à sua reputação e à sua aparência. Repetiu-se com ele Mc
15.31: “Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se” (cf. 2Co 4.12). Todo
aquele que, em vista dos sinais apostólicos, é incendiado pelo desejo: “Também
a mim!” (At 8.19), pense nestes contextos.
Adolf Pohl. Comentário Esperança Evangelho de Marcos. Editora Evangélica
Esperança.
Mc 16.17. Falarão novas línguas. Vimos a
expulsão de demônios no ministério de Jesus. Porém, falar línguas entra na era
apostólica (At 2.3,4; 10.46; 19.6; 1 Co 12.28; 14.1-40).
Mc 16.18. Pegarão nas serpentes. Jesus
dissera algo semelhante em Lucas 10.19, e Paulo passou incólume pela serpente em
Malta (At 28.3-6).
E, se beberem alguma coisa mortífera. Este é
o único exemplo no Novo Testamento da antiga palavra grega (“mortífera”,
“fatal”). Tiago 3.8 tem (“mortal”). A. B. Bruce considera esses versículos em Marcos
“um grande lapso do alto nível da versão de Mateus das palavras de despedida de
Jesus” e defende que “pegar em serpentes venenosas e beber venenos mortais
parecem nos apresentar ao crepúsculo da história apócrifa”. A grande dúvida
relativa à autenticidade desses versículos (em minha opinião, são provas
bastante conclusivas contra eles) toma ininteligente aceitá-los como fundamento
de doutrina ou prática, a menos que sejam apoiados por outras porções genuínas
do Novo Testamento.
A.
T. ROBERTSON. Comentário Mateus &
Marcos. À Luz d o Novo Testamento Grego. Editora CPAD. pag. 545.
Mc 16, 17-18.O poder de que eles deveriam
estar revestidos, para a confirmação da doutrina que deveriam pregar (v. 17):
“E estes sinais seguirão aos que crerem”. Isto não significa que todos os que
crerem serão capazes de produzir esses sinais, mas aqueles que estiverem
empenhados na propagação da fé, e na atração de outros a ela; pois os sinais se
destinam àqueles que não creem (veja 1 Co 14.22). Aumenta muito a glória e a
evidência o fato de que os pregadores não somente realizavam milagres pessoalmente,
mas concediam a outros um poder de realizar milagres, poder este que seguia
alguns dos que criam, aonde quer que eles fossem pregar. Eles realizavam milagres
em nome de Cristo, o mesmo Nome no qual foram batizados, em virtude do poder
obtido dele, e alcançado através da oração. Alguns sinais em especial são mencionados.
(1) Eles expulsarão demônios; este poder era mais comum entre os cristãos do
que entre outras pessoas, e durava mais tempo, como podemos deduzir pelos
testemunhos de Justino Mártir, Orígenes, Irineu, Tertuliano, Minúcio Félix, e
outros, citados por Grotius a respeito dessa passagem. (2) Eles “falarão novas
línguas”, que nunca tinham aprendido, ou conhecido; e isto era tanto um milagre
(um milagre sobre a mente), para a confirmação da verdade do Evangelho, como um
meio de transmitir o Evangelho entre todas aquelas nações que não o tinham
ouvido. Alguns entendem que isso evitou que os pregadores fizessem um grande
esforço para aprender as línguas; e, sem dúvida, aqueles que, por milagre, receberam
o domínio das línguas, receberam o domínio completo delas e de toda a sua
elegância nativa, que era adequada tanto para ensinar quanto para influenciar, o
que muito lhes recomendava, bem como a sua pregação. (3) Eles “pegarão nas
serpentes”. Esta promessa se cumpriu na vida de Paulo, que não foi ferido pela
víbora que lhe acometeu a mão, o que foi reconhecido pelos bárbaros como um
grande milagre (At 28.5,6).
Os cristãos não serão feridos por aquela
geração de víboras entre as quais vivem, nem pela malícia da velha serpente.
(4) “Se beberem alguma coisa mortífera” por imposição dos seus perseguidores -
“não lhes fará dano algum”: muitos exemplos deste milagre são encontrados na
história da igreja cristã. (5) Eles não serão somente protegidos contra
ferimentos, mas também serão capacitados a fazer o bem aos outros; “imporão as
mãos sobre os enfermos e os curarão”, como tinha acontecido com as multidões
pelo toque curativo do seu Mestre.
Muitos dos presbíteros da igreja tinham esse
poder, como se pode ver em Tiago 5.14, onde, como um sinal instituído dessa
cura milagrosa, eles recebem a instrução de ungir os enfermos com azeite em
nome do Senhor Jesus. Com que certeza de sucesso eles podiam viajar, realizando
a obra que lhes fora confiada, tendo credenciais como essas para apresentar!
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 505.
2. A redenção e as
curas.
«...a redenção do
nosso corpo...» A filosofia grega e as religiões orientais pregavam, desde
muitos séculos antes de Cristo, a verdade da imortalidade da alma. A religião
judaica revelada também incluía esse conceito, ainda que não tivesse sido
declarada nos tempos mosaicos. Muito antes dos tempos de Jesus Cristo,
entretanto, essa era uma doutrina rabínica ordinária. Foi a religião dos
hebreus que desenvolveu a ideia da ressurreição do corpo; e embora essa
doutrina geralmente estivesse enclausurada em expressões cruas, apontava ela
para uma importante realização na redenção humana. Já o cristianismo incorporou
tanto a imortalidade da alma como a ressurreição do corpo, em seu corpo
doutrinário. (Ver II Cor. 5:1-10, onde ambos os conceitos se evidenciam).
O sistema religioso
do cristianismo requer a redenção da personalidade inteiramente, corpo e
espírito (ou alma). Intensa discussão se centraliza em volta da indagação se a
ressurreição exigirá os elementos do antigo corpo mortal para formação do novo
corpo espiritual, que será o novo veículo da alma, ou se não haverá necessidade
de tal apelo ao antigo corpo material. Bons intérpretes se encontram em ambos
os lados dessa questão. Mas ambos os grupos concordam que será através da
ressurreição, sem importar como ela seja considerada exatamente, que haverá a
redenção da personalidade humana em sua inteireza, quando a alma será
«revestida» do corpo celestial, preparado para ser usado por ela como veículo
ou instrumento.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 3. pag. 720.
O objeto dessa
expectativa. O que estamos, dessa forma, desejando e esperando? O que desejamos
ter? “...a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”. Embora a alma seja a
parte principal do homem, o Senhor também tem se declarado em favor do corpo, e
tem provido muita honra e felicidade para o corpo. A ressurreição aqui é
chamada de redenção do corpo. Então ele será resgatado do poder da morte e da
sepultura, e do cativeiro da corrupção; e, embora seja um corpo vil, será
purificado e embelezado, e feito como aquele corpo glorioso de Cristo (Fp 3.21;
A 1 Co 15.42). Isso é chamado de adoção. [1] E a adoção manifestada diante de
todo o mundo, dos anjos e dos homens. Agora nós somos os filhos de Deus, mas
isso ainda não se manifestou, a honra está encoberta; mas, então Deus
reconhecerá publicamente todos os seus filhos. O documento de adoção, o qual
agora está escrito, assinado e selado, então será reconhecido, proclamado e
publicado.
Como foi Cristo,
assim serão os santos, declarados como sendo os filhos de Deus com poder, pela
ressurreição dos mortos (cap. 1.4). Isso será então uma questão resolvida. [2]
A adoção é aperfeiçoada e completada. Os filhos de Deus têm tanto corpos como
almas; e, a adoção não é perfeita até que aqueles corpos sejam trazidos para a
liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Mas então, ela estará completa, quando o
capitão de nossa salvação trouxer os muitos filhos à glória (Hb 2.10). Isso é o
que aguardamos, em cuja esperança nossa carne repousa (SI 16.9,10). Estivemos
esperando todos os dias de nosso tempo designado, até vir essa mudança, quando
Ele chamará, e nós responderemos, e Ele se afeiçoará à obra de suas mãos (Jó
14.14,15).
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 356.
"a redenção dos
nossos corpos" - Este termo significa "comprar de volta". Este
conceito era usado no VT para descrever alguém que era liberto da escravidão por
um parente (go'eI). O termo passou a ser usado metaforicamente para representar
a libertação da escravidão do pecado providenciada por Deus para a humanidade
caída. O preço pago foi a vida sem pecado do Filho encarnado. A cristandade, de
igual modo que o judaísmo (Jó 14.14-15; 19.25-26; Dn 12.2), afirma que os
crentes terão um corpo físico na eternidade, embora não necessariamente igual
ao humano (1Co 15.35-49).
O corpo espiritual do
crente estará perfeitamente preparado para viver na nova época, numa vida de
íntima comunhão com Deus.
Dr.
Bob Utley. Comentário Bíblico Romanos.
3. A necessidade
desses dons.
“Alegrai-vos, não
porque os espíritos se vos submetem, e, sim, porque os vossos nomes estão
arrolados nos céus.” Jesus
As manifestações de
que tenho falado são manifestações de poder. Todo poder corre perigos. Quanto
maior o poder, maior o perigo. Torres de alta tensão, enfileiradas, carregam
cabos elétricos a uma boa altura, e ainda exibem sinais com a palavra perigo
com letras em destaque. Qualquer contato com os cabos é fatal.
O mesmo poder atômico
que ilumina uma cidade e fornece energia para as suas indústrias pode destruir
uma cidade quando fora de controle. Chernobyl foi um pesadelo que pode
repetir-se. A energia escondida por debaixo do capô de um automóvel pode matar
e mutilar uma pessoa. Toda energia pode ser usada de forma errada.
A energia espiritual,
ou seja, o poder espiritual também não é exceção a esta regra. Deus “assumiu o
risco” (se bem que essa não é a melhor maneira de expressar este ponto, já que
ele sabia exatamente o que fazia e o que aconteceria em seguida) de dar muito
poder a Satanás e às hostes de anjos que se rebelaram. Eles fugiram com o poder
que Deus lhes havia conferido, e uma catástrofe ocorreu. Uma guerra cósmica
começou e perdura até hoje. Mesmo assim Deus ainda confere poder a seres
humanos falíveis e imaturos, quando ele os faz seus colaboradores no evangelho.
Um poder à prova de perigos ainda está por ser inventado.
As pessoas que nunca
experimentaram o puro impacto do poder espiritual têm dificuldade em entender
que ele pode ser perigoso. A experiência do impacto do poder espiritual pode
ser comparada com a experiência da sexualidade. Após a primeira experiência
sexual a pessoa não é mais a mesma. Uma mudança ocorreu no seu modo de ver as
coisas, e de como daí para a frente encarará a si mesma, ao seu mundo e às
outras pessoas. Essa mudança nem sempre é para melhor. De fato ela poderá ser
igualmente para melhor ou para pior. Tudo o que podemos dizer é que uma mudança
ocorreu. Assim é também com a experiência do poder de Deus.
Essas duas situações
têm a ver com a experiência. Uma pessoa casta assemelha-se um pouco com um
cego. Algumas pessoas castas idealizam o sexo. Outras temem-no. Aquelas pessoas
castas que têm medo do sexo oposto podem expressar fortes opiniões sobre a
sexualidade, podem até mesmo se opor a ela e argumentar contra ela. Mas os seus
argumentos soarão como os do tio solteirão falando sobre como criar filhos.
Eu não estou dizendo
que as pessoas sexualmente experientes sejam superiores às pessoas castas. Nem
que os que tenham tido experiência do poder espiritual sejam superiores àqueles
que não o tenham experimentado. A primeira experiência sexual pode ser a de um
estupro violento, e a vítima de um estupro está numa condição muito pior por
ter tido “uma experiência sexual”. Há pessoas que tiveram uma primeira
experiência com o sobrenatural semelhante a um estupro espiritual, feito pelos
poderes das trevas. Nesse caso toda a sua visão do poder espiritual pode estar
distorcida.
O sexo, tanto em
sentido amplo como restrito, é algo poderoso. A experiência sexual é algo que
excita. Ela pode dar à pessoa uma obsessão pelo erotismo, e não por um cônjuge
amado. Isso
pode levar a pessoa a procurar sempre a perfeita experiência física. Mesmo
sabendo que amar o cônjuge é o que importa, ainda o problema continua. Enquanto
a pessoa estiver perseguindo uma relação perfeita, ainda é idólatra.
Tal como o sexo, o
poder espiritual é perigoso e excitante. Lembro-me de ter orado com minha
esposa por uma menina de dois anos de idade na Malásia. Seu corpo estava quase
todo coberto por eczemas em pele viva, soltando pruridos. Ela corria pela sala
agitadamente, o tempo todo, de forma que seus pais tiveram que pegá-la à força
para trazê-la até nós. Começamos a orar e impusemos nossas mãos sobre ela. No
momento em que nossas mãos a tocaram, ela caiu numa profunda e relaxada
sonolência nos braços de seus pais.
Mas algo mais estava
em curso. Jamais me esquecerei da alegria e da excitação que veio sobre nós
quando as áreas afetadas do corpo da menina começaram a secar, as feridas
encolhendo-se visivelmente diante de nossos olhos, tal como lagos se secando em
tempos de seca! Que poder!
Quem nunca tenha
vivido o impacto de ver algo assim não tem ideia do efeito emocional que isso
causa. Sabe-se de muitas pessoas que têm permanecido rindo e chorando por horas
sem parar, depois de presenciarem o poder miraculoso de Deus, especialmente se
um grande milagre aconteceu na vida de alguém de sua intimidade.
Se você um dia
ministrar um poder espiritual dessa ordem, se um dia você vir uma congregação
de centenas de pessoas chorando, quebrantadas em arrependimento, diante de sua
pregação, tal experiência pode fazer com que o amor sexual pareça ser algo banal,
como tomar um sorvete. Por isso Jesus precisou advertir os setenta discípulos
quando eles voltaram cheios de alegria depois de sua bem-sucedida missão. Sem
dúvida ele tinha visto Satanás cair como um relâmpago do céu. Sim, de fato, ele
lhes deu mais autoridade e um poder ainda maior. “Não obstante, alegrai-vos não
porque os espíritos se vos submetem, e, sim, porque os vossos nomes estão
arrolados nos céus” (Lc 10:20).
Há perigo no poder. O
poder sexual pode fazer que homens se tornem estupradores e mulheres,
ninfomaníacas. O poder espiritual de igual forma pode ser destrutivo. Há
portanto perigo em cada avivamento. Temos de ter todo o cuidado a nos atermos à
escala de valores de Jesus Cristo.
Vítimas do Poder
No capítulo três eu
destaquei o fato de que as manifestações ofendem algumas pessoas e se tomam
armadilhas paira outras. Aqueles que nunca as experimentaram muitas vezes negam
a sua realidade, ou até mesmo atribuem a Satanás o que foi obra do Espírito
Santo. Aqueles que experimentaram a excitação do poder de Deus podem ser
seduzidos a buscar de qualquer forma experiências de poder. Quando isso
acontece, tais pessoas não são diferentes daquele que tem obsessão pelo sexo e
que procura ter o perfeito orgasmo. Para pessoas assim, as manifestações são uma
armadilha.
O poder de Deus é um
poder santo. As pessoas que o recebem carregam uma carga pesada de
responsabilidade. Aqueles que reverenciam a fonte desse poder e percebem a
responsabilidade que vem com ele, respeitam esse poder. Outros que exerceram o
poder de Deus desagradaram a Deus pela forma como agiram. Moisés, afinal de
contas, deixou de respeitar o poder espiritual? Por que ele feriu a rocha em
Cades? Estava ele apenas sendo petulante? Ou a sua familiaridade com o poder
acarretou-lhe um desprezo à santidade e à palavra de Deus? Aparentemente Moisés
estava nervoso, mas a sentença pronunciada contra ele não foi contra a sua
petulância. Deus deixou bem claro a natureza da ofensa de Moisés: “Visto que
não crestes em mim, para me santificardes ... por isso não fareis entrar este
povo na terra que lhes dei” (Nm 20:12).
Você já considerou
por que a sentença contra Moisés foi tão pesada? Quem poderia ter sido mais
fiel, mais devotado tanto a Deus como ao povo de Israel do que Moisés? Que
líder na história humana fez mais do que ele? Contudo a Moisés foi negado o que
poderia ter sido a alegria máxima de sua vida.
Por quê? A palavra de
Deus e o poder de Deus são igualmente santos e perigosos. Podem destruir
aqueles que deles fazem uso. Moisés confiou em Deus, mas não o suficiente para
o santificar, como diz o texto.
Um profeta, sobre
quem tinha vindo um grande poder, perdeu a sua vida diante das garras selvagens
de um leão, porque não tinha levado a palavra do Senhor suficientemente a sério
(1 Reis 13:1-30). Uzá, filho de Abinadabe, não lidava com o poder de Deus, mas
lidou com algo extremamente santo. Ele foi morto quando chegaram à eira de
Nacom, em meio a cânticos de louvor e celebração, porque ele não tinha se dado
conta da santidade do Deus cuja presença pairava sobre a arca da aliança (2 Sm
6:1-8).
Mas note com cuidado.
Moisés tinha feito a vontade de Deus, pelo menos por ter ele reunido os anciãos
e o povo como tinha sido instruído, e por ter usado poder sobrenatural para
suprir água ao povo. Ele tinha feito a vontade de Deus com o poder de Deus.
Contudo o seu coração não tinha estado em comunhão com Deus. Jesus com toda a
clareza nos ensina que é possível fazer coisas piedosas com o poder divino, mas
não ter comunhão com Deus. “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: ‘Senhor,
Senhor! Porventura não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não
expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?’ Então lhes
direi explicitamente: ‘Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais
a iniquidade’.”
Eu não compreendo por
que Deus dá mais poder a outros do que a mim. As vezes fico ressentido. Mas
Deus tem as suas razões, e o meu ressentimento não tem sentido. Ele é Deus e
sabe o que está fazendo. Qualquer um de nós pode não fazer um uso correto de
qualquer dom que por sua graça ele nos conceda. Mesmo assim ele nunca deixa de
nos conceder.
Sendo pecadores e
fracos, podemos não utilizar adequadamente o poder que ele nos deu e cair em
dificuldades. Mas Deus não assume conosco os mesmos riscos que o feiticeiro
assumiu com o seu legendário aprendiz. Os propósitos de Deus jamais serão
frustrados, e muito menos os seus planos sofrerão qualquer dano em virtude de
nossa inabilidade. Mas conosco é diferente.
Sansão fazia uso do
poder espiritual para certos fins bastante sórdidos, mas Deus tinha seus
próprios propósitos (Jz 14:4). No entanto Sansão dificilmente agradava a Deus
pelas suas fúrias infantis, ou pelos seus folguedos com Dalila. Até hoje seu
uso do poder é bastante conhecido, mas ele mesmo sofria muito, e
desnecessariamente.
Já o exercício do
poder divino feito por Elias propicia uma das mais excitantes histórias dais
Escrituras. Através dele Deus enviou um período de intensa seca, enviou fogo do
céu na presença de muitas testemunhas, e depois enviou uma tempestade com muita
chuva. Que senso de triunfo ele deve ter tido! Mas o efeito final de tudo isso
em Elias foi devastador. Ele caiu numa horrível depressão suicida. Por quê? Não
podemos saber com total certeza, pois Elias não nos diz muito quanto ao que se
passava no seu interior. Mas há algumas pistas aqui e ali na sua subsequente
interação com Deus.
O que não devemos
pressupor é que como profeta ele tivesse um perfeito conhecimento de todos os
eventos futuros. Isso o tomaria onisciente. Parece provável que ele tenha tido
sua própria visão do que estava para acontecer politicamente. Jezabel e sua
poderosa influência parece ter sido o ponto central do seu pensamento.
Provavelmente ele esperava que ela viesse a ser vencida. Sendo assim, a sua
visão do seu próprio papel e da sua posição (veja 1 Reis 19:10) estava fora da
realidade. Isso, combinado com uma exaustão física e emocional, lançou-o num
redemoinho de terror e de desespero. Ele sofreu porque no seu exercício do
poder divino ele realmente não estava ligado a Deus, e com o que Deus estava
fazendo, mesmo sendo um profeta.
Estamos considerando
então o problema de Deus conferir poderes aos homens. E evidente que Deus
coloca muitas coisas boas em nosso poder, e elas podem ser mal empregadas, até
mesmo de forma danosa. Quanto mais afiada a faca, maior é o seu potencial tanto
para o bem como para o mal, para nós mesmos e para com os outros. As vezes
achamos que Deus deve estar mais preocupado com a sua própria reputação e que
não deve conceder poder espiritual a pessoas imperfeitas e imaturas. Mas o fato
é que ele assim faz.
Se não entendemos
isso, ficamos pensando que as pessoas que manifestam o poder de Deus devem ter
um relacionamento com ele mais chegado do que as demais. Mas não é
necessariamente assim. Sansão, como vimos, absolutamente não foi um modelo de
santidade. Acontece que adotamos uma mentalidade do tipo
“não-dá-pra-ser-as-duas-coisas”: ou o poder é de Deus, e então a pessoa que o
recebe deve estar agradando a Deus; ou então a pessoa está desagradando a Deus
e o poder (se real) deve estar provindo do abismo. Mas o poder miraculoso não é
jamais uma recompensa da santidade. Deus tem sido sempre tão cheio de graça
para confiar o seu poder a homens, sujeitos ao pecado, mas que o levam a sério,
apesar de terem uma santidade e um entendimento doutrinário muitas vezes inferiores
ao ideal.
O Abuso de uma
Confiança
O poder espiritual
concedido àqueles que estão na liderança de avivamentos tem grandes perigos. Os
excitantes efeitos do poder são sedutores e têm desvirtuado a muitos de várias
maneiras. As manifestações têm sido usadas para certas pessoas se justificarem
e para justificar o seu ponto de vista teológico pessoal. Têm contribuído para
o orgulho e para divisões entre cristãos. Têm exposto líderes à sedução do
poder e há os que têm sido levados a buscarem experiências para a sua
auto-satisfação.
John Wesley
justificou sua posição anticalvinista e sua ruptura eclesiástica com base nas
manifestações que ocorriam em suas reuniões. Esse seu procedimento não foi
sábio, já que manifestações idênticas vinham ocorrendo sob o ministério dos
Erskines na Escócia, cuja posição, bem diferente da de Wesley, era fortemente
calvinista, e Wesley tinha consciência disso. Entretanto ele viu os fenômenos
não apenas como uma confirmação de seu próprio chamado, mas também como um
sinal de que a sua doutrina estava correta.
Numa carta para o seu
irmão Carlos, datada de 23 de junho de 1739, ele refere-se ao seu chamado
ordinário (sua ordenação por um bispo) e ao seu chamado extraordinário. Deste
último ele escreveu: “O meu chamado extraordinário tem o respaldo da obra que
Deus tem feito por meu ministério; o que prova ser verdade que ele está comigo
neste exercício de meu ofício divino.” Talvez isso pudesse ser dito de outra
forma: Deus dá testemunho por uma maneira extraordinária (através do que Wesley
chamava de sinais e maravilhas) que assim o exercício de meu chamado ordinário
é agradável à sua vista.
Não há nada de errado
com isso. Mas ele vai mais além. Seu diário de quinta-feira, 23 de abril de
1739, registra um incidente em Bristol. É como segue: “Enquanto eu pregava em
Newgate, a respeito das palavras ‘quem crê tem a vida eterna’, eu fui
inconscientemente levado, sem que tivesse qualquer propósito nesse sentido, a
declarar de forma bem forte e com toda a clareza que Deus queria ‘que todos fossem
salvos’; e a orar ‘se isso não fosse verdade de Deus, que ele não permitisse
que o cego errasse o seu caminho; mas, se fosse, que a sua palavra fosse
testificada. Imediatamente um, e outro, e outro caíram no chão: eles caíam como
que fulminados. ...”
Ele solicitou uma
confirmação divina semelhante sobre uma afirmação doutrinária quase idêntica no
culto da noite daquele mesmo dia. Wesley era um homem de Deus, muito usado por
Deus. Por que então aquela nota do seu diário me perturbou?
Havia muita controvérsia
então, como ainda há hoje, acerca das questões da predestinação e da expiação
limitada, não universal. Whitefíeld, que havia confiado a Wesley o trabalho na
área de Bristol, tinha consciência de que muitos dos cristãos daquela
localidade eram fortes defensores da posição calvinista e insistiu com Wesley
para que não alimentasse controvérsias. De qualquer forma não era necessário
ficar malhando na questão da expiação não universal. Centenas de pessoas
estavam se voltando ao Senhor em resposta à pregação. Naquela noite,
entretanto, ele lançou sortes para saber se deveria continuar na linha de
ataque. A sorte lhe disse: “escreva e pregue”.
Dallimore nos diz:
“Mas Wesley vinha já preparando de antemão um sermão nessa linha. Consequentemente,
tendo recebido tais direções, ele o terminou e, apesar das advertências que lhe
tinham sido dadas pelos seus amigos, no domingo seguinte pela manhã ele o
pregou.... E fazia só quatro semanas que Whitefield o apresentara com toda
confiança ao seu povo em Bristol, naquele mesmo lugar, tendo ‘conjurado- o’ a
não fazer exatamente o que ele estava fazendo então!”3 Wesley estava usando as
manifestações para justificar a sua traição àquela confiança. Tudo indica que a
sua traição não tenha sido algo espontâneo, como ele proclamou; mas que tenha
sido pre-meditada.
Daquele dia em diante
as forças do avivamento ficaram divididas, e embora algumas tentativas de
reconciliação tenham sido tentadas, a cura nunca se completou. As repercussões
daquela divisão permanecem conosco até o dia de hoje. Não importa de quem seja
a culpa. O erro que temos que considerar é com respeito ao significado das
manifestações que ocorreram nas reuniões de Wesley. E ao criticar aquele erro
eu não desejo em nada diminuir a grandeza de John Wesley, mas deixar claro que
a sua grandeza nada tem a ver com os sinais e maravilhas que ocorreram em suas
reuniões, e que, infelizmente, tal como aconteceu com Elias, a sua visão da
questão foi distorcida por eles. Uma manifestação de poder não é um sinal
especial de Deus aprovando uma pessoa, ou a sua teologia, nem ainda valida
qualquer avaliação pessoal de uma situação nacional. Deus entristece-se com o
nosso espírito de partidarismo e não confere poder para provar que um grupo
está certo e que outro está incidindo em erro.
John Cennick,
preocupado com a tendência de Wesley fomentar manifestações por razões erradas,
escreveu:
A princípio ninguém
sabia o que dizer, mas logo as manifestações foram chamadas de agonias do novo
nascimento, obra do Espírito Santo, despojar-se do velho homem, etc., mas
algumas pessoas ofenderam-se e deixaram as Sociedades, quando viram o Sr.
Wesley incentivar aquelas manifestações. Muitas vezes eu mesmo duvidei se não
provinham do inimigo quando as vi, e discuti com o Sr. Wesley por ele as ter
chamado de obra de Deus; mas ele fortaleceu-se em sua opinião depois de ter
escrito a respeito ao Sr. Erskine na Escócia, e tendo recebido uma resposta
favorável. E, com frequência, quando ninguém se agitava nas reuniões, ele
orava: ‘Senhor, onde está a tua marca, onde estão os teus sinais?’ e eu não me
lembro de ter visto senão que, depois da oração, muitos foram tomados e
passaram a gritar. Cennick não foi o único que ficou perturbado e confuso. Se o
poder de Deus é que era responsável por essas últimas manifestações
(distinguindo-as das anteriores), eu não sei. O que sei é que o inimigo se
delicia em fazer imitações da obra de Deus, e semear confusão no meio dos
crentes. Suas ações quase que acabaram com a potencialidade de Cennick ser
usado pelo Senhor.
Excessos Danosos
A frase de John
Cennick “todos os tipos de fantasias mentais”5 descreve muito bem a estranha
variedade de excessos danosos que sempre têm sido um efeito colateral, uma consequência
indesejável e danosa, do que o Espírito de Deus possa estar fazendo numa
pessoa. Alguns creem ser impossível o poder do Espírito Santo ter consequências
não santas na vida de um indivíduo. Mas tem.
O trabalho do
Espírito Santo, Edwards percebeu, poderia tomar-se uma “ocasião propícia” para
o pecado.6 Com isso ele queria dizer que seria um meio ou uma causa, não um
meio necessário, mas apenas secundário e possível. Ele viu que algumas pessoas
instáveis, que eram tocadas pelo poder de Deus, eram levadas a estranhos erros.
Seus críticos, observando isso, condenaram o movimento do avivamento, vendo-o
como uma obra de Satanás. Os resultados estranhos bem podiam ser de Satanás,
tal como o estranho fogo oferecido no deserto, mas o movimento, como um todo,
procedia de Deus.
A excitação do poder,
das visões, do tocar o limiar de uma nova dimensão intoxica aqueles que são
instáveis e incautos. O bom senso vai embora e, na ausência de uma boa
supervisão pastoral, acabam surgindo excessos danosos. A onda predominante de
um movimento de avivamento corrige os erros que vão surgindo. Poder para uma
vida santa torna-se mais importante do que poder para excitantes tremores. Mas
nos primeiros estágios, a visão de manifestações poderosas vem a ser sedutora,
e assim toda sorte de marginalidades esquisitas desenvolvem-se junto com a onda
principal. A minha impressão pessoal é que a proporção de falsas manifestações
aumenta progressivamente com o passar do tempo, sendo que certos segmentos do
movimento veem as manifestações como uma garantia de que não se desviaram e de
que apenas os seus membros são os que foram autenticamente avivados.
O apóstolo Paulo teve
experiências espirituais extraordinárias, e Deus foi misericordioso para com
ele. Devido à abundância de suas revelações ele recebeu “um espinho na carne”,
para que assim ele não “se exaltasse”. Quem sabe que dano ele poderia ter
causado à igreja gentílica se as surpreendentes revelações que ele tinha
recebido tivessem subido à sua cabeça e tivessem seriamente afetado o seu
discernimento.
Se Edwards estiver
certo, há um sentido em que o poder divino pode tornar-se uma oportunidade para
a corrupção. O efeito, neste caso, não nos diz nada quanto à santidade de sua
causa. E se o poder divino pode ser uma oportunidade para a corrupção, podemos
dizer que um grande poder divino pode, se mal utilizado, dar oportunidade para
uma grande corrupção. Não foi este o caso de Lúcifer, a quem muito lhe fora
confiado?
Se você é um líder
cristão que tenha experimentado o poder do avivamento: cuidado! Use esse poder.
Ele foi dado para ser usado. Mas use-o com temor e tremor. Lembre-se de sua
santa origem. Tenha todo o cuidado para não fazer o papel de
“estrela”. Mas acima
de tudo tenha o cuidado de não buscar o poder para assegurar-se de que ainda
dele dispõe.
No início do ano de
1985 eu conheci um pastor de Vineyard por quem tenho um profundo respeito. Ele
me impressionou por ser íntegro, honesto e humilde. Ele tem também
experimentado o poder espiritual. Em duas ocasiões ele pediu a evidência da
obra do Espírito Santo. Na primeira ocasião, dentro de um minuto ou dois,
muitas pessoas presentes foram obviamente afetadas. Embora eu não tenha tido a
oportunidade de entrevistar pessoalmente aquelas pessoas, não tive dúvidas
quanto à genuinidade do que estava acontecendo, e só me restou agradecer a Deus
por isso.
Mas numa segunda
ocasião foi diferente. De novo houve manifestações, mas desta vez eu me
preocupei. Eu não podia identificar o que estava errado. Eu tinha uma suspeita
em meu interior de que o pastor tinha uma necessidade emocional de ver Deus
agindo sobrenaturalmente de novo e que a sua própria necessidade é que o teria
motivado a “invocar o Espírito”. Minhas suspeitas não tinham uma base sólida.
Eu dispunha apenas de impressões, das mais vagas e subjetivas, com que me
apoiar. Será que ele estaria repetindo o erro de John Wesley?
Algumas noites após,
mesmo não sendo eu alguém que tenha tal tipo de sonho, eu tive um sonho
marcante. Eu vi algumas pessoas tentando assentar um novo mastro de bandeira do
lado de fora de uma igreja. Tudo o que tínhamos que fazer era inserir a haste
dentro de um dispositivo cilíndrico numa base circular de cimento. Mas eu olhei
para o furo daquele dispositivo e vi que ele era muito estreito, muito frágil e
que não estava bem na vertical. Além disso, a base de cimento era muito pequena
e pouco profunda para aquele largo e pesado mastro que deveria suportar.
Dirigi-me aos demais que estavam comigo e lhes disse que teríamos que quebrar
aquela base e colocar no lugar uma bem maior, assegurando-nos de que o furo
onde se encaixaria a haste fosse suficientemente grande, forte, e que estivesse
bem na vertical.
Eu acordei com as
seguintes palavras ressoando em minha mente: “Tu tens dado uma bandeira aos que
temem a ti, por causa da verdade.”
Na minha mente a
bandeira e o mastro simbolizavam o testemunho público da igreja, que era
demonstrado para todos. Era crucial que o aparato refletisse a verdade de Deus.
Eu pensei naquela igreja na segunda vez em que o pastor exerceu poder
espiritual. Aquele aparato verdadeiramente refletia o que o reino de Deus é? Eu
chamei aquele pastor, descrevi-lhe o meu sonho, e falei-lhe de meus receios.
Ele ouviu sem se pôr na defensiva e prometeu-me pensar a respeito do assunto.
Um ano depois eu me
encontrei com ele e ele me pediu para ir até o seu gabinete para conversarmos.
Ele me agradeceu pelo que eu lhe dissera um ano atrás e disse-me que Deus lhe
tinha mostrado que a sua motivação de fato tinha sido sutilmente pervertida na
ocasião que eu lhe apontei. Ele havia observado a mesma coisa em outro irmão e
isso lhe fez ver o seu próprio perigo. “Eu acabaria destruindo o meu ministério
se tivesse persistido daquela forma”, disse ele.
Os Pecados dos Servos
que Estão Sendo “Usados com Poder”
Até mesmo Jesus foi
acusado por críticos religiosos de usar poder miraculoso de uma origem
demoníaca. A mesma acusação tem sido lançada em quase todos os avivamentos.
(Parece que há uma regra prática: se você não gosta do que está acontecendo e
não pode explicá-lo facilmente, então diga que é do diabo.) No próximo capítulo
vamos considerar com mais cuidado os milagres demoníacos e como eles podem ser
distinguidos da ação do Espírito Santo de Deus. Mas o incidente que eu acabei
de mencionar, na verdade tem a ver com uma outra coisa: com o que eu poderia
chamar de “demonização do poder”, ou seja, com o uso do poder da maneira como
os demônios agem.
Todo o poder no céu,
na terra — ou em qualquer outro lugar que possa existir — é de Deus. Ele é a
fonte de todas as variedades de poder.
Todo poder pertence a ele por direito, e a ele somente. E nunca deixa de ser
dele, por direito. Mas Deus parece delegar poder.
Eu preciso ter
cuidado neste ponto, pois eu não sou teólogo. E a própria afirmativa “Deus
parece delegar poder” pode ser contestada fervorosamente por alguém muito mais
erudito do que eu. Na realidade estamos mexendo com mistérios que desafiam a
compreensão humana. Talvez seja melhor dizer que as decisões humanas
influenciam os efeitos imediatos de algumas formas de poder.
Poder delegado, se é
que podemos usar essa expressão, permanece sendo o poder de Deus, mas os anjos
e os homens parecem ter recebido às vezes um tipo de “procuração” da parte de
Deus. Tornam-se servos com uma incumbência para usarem o poder segundo os
mandatos dados por Deus. Mas os homens e os anjos podem ser rebeldes e assim
agirem conforme a sua própria vontade. Em vez de agirem conforme a vontade de
Deus, eles podem usar esse poder de forma errada.
Podemos abusar do
poder que por direito pertence a Deus. Certamente podemos abusar do poder
físico. Que terríveis coisas temos feito com o poder no curso da história!
Usamos o poder para matar, para mutilar, para explorar, para corromper e para
incitar a depravação. Por exemplo, usamos o poder eletrônico para depravar,
empregando-o para promover pornografia, violência e degradação humana. O nosso
abuso do poder físico alcançou o seu mais hediondo clímax na crucificação de
Deus Filho. E o fato de que ele foi crucificado de acordo com o “propósito estabelecido
e com a presciência de Deus” de forma alguma atenua a horrenda natureza do
crime — o crime da demonização do poder.
Mas talvez você diga:
“No caso do poder físico, concordo. Mas certamente com o poder espiritual é
diferente. Deus concede o poder espiritual à medida em que andamos junto dele,
ao orarmos, ao lermos as Escrituras, ao buscarmos ser- lhe sujeitos em todas as
coisas.”
Não, não é bem assim.
O poder não é uma recompensa dada em troca da santidade — como se fosse um tipo
de insígnia espiritual recebida por mérito. O poder de Sansão parecia não
depender do seu estilo de vida, mas sim de seus cortes de cabelo — ou melhor,
da sua não execução. Você diz: “Sim, mas isso caracterizava uma obediência, não
é?” E claro, caracterizava. Mas o cabelo comprido não tomava Sansão santo,
exceto num sentido simbólico. Marcava-o como alguém separado. Afinal, todo
crente é alguém “separado”. Mas isso é apenas o meu ponto. Como Sansão, os
crentes que deixam de viver uma vida santa às vezes exercem poder divino. Ou
assim parece, pelos frutos piedosos que produzem.
Sansão fez uso da
força que lhe fora dada por Deus para fazer sexo com uma mulher filistéia e
sair ileso. Sabemos que Deus usou esses incidentes para os seus próprios
propósitos. O livro de Juízes enfatiza o fato de que Deus tem propósitos para
os quais até mesmo as fraquezas de seus servos automaticamente corroboram. Mas
será que, para realizar os seus propósitos e planos, Deus não se preocupava com
a maneira com que Sansão se comportava? Deus não se importava com o jogo que
Sansão fazia com prostitutas do inimigo?
Não, Sansão pecou, e
Deus detestou o seu pecado. Mas Deus perpetuamente usa os pecados dos pecadores
para atingir os seus santos propósitos. E uma maneira de vencer o inimigo. O
pecado é uma rebelião, e a rebelião contra Deus nunca dá certo. Não pode dar
certo porque Deus toma os resultados do mal que nós trouxemos à existência e os
transforma num bem maior. A rebelião nunca o atingirá. Mas não é ele o autor
dos pecados e do mal.
Estou convencido de
que Deus ainda delega o poder sobrenatural e de que ele ainda pode ser abusado.
Alguns dos que têm o dom da cura no tempo presente são como um Sansão que
recebeu poder, mas são como um Sansão que faz um mal uso do poder recebido.
Algumas igrejas são culpadas de relatórios exagerados, da perda da moral e do
uso do poder divino para a autopromoção e para o seu próprio engrandecimento.
Contudo, o poder é um
poder divino. A obra não representa uma fraude nem uma demonstração da
influência demoníaca. Os que curam têm abusado de seus dons e de seu chamado.
Se estão sendo enganados, e alguns deles parecem estar, o engano não é do tipo
em que os demônios os fazem crer estarem usando poder de Deus quando de fato a
fonte seria demoníaca.
Pelo contrário, é Deus
que lhes dá poder, tal como foi com Sansão. Mas, fascinados com esse excitante
jogo, deixam-se enganar ao crerem que ainda estão agradando a Deus e que estão
tendo comunhão com ele, pelo simples fato de estarem rodeados de entusiasmo e
de resultados. Os resultados provam apenas que o poder é real. O fato de que o
poder de muitos ministradores de cura, que não estão agindo corretamente,
provém de Deus apoia-se no fato de incontáveis vidas serem remidas através dos
ministérios deles. Deus cumpre com os seus propósitos. O seu coração cheio de
amor é satisfeito.
Porém os resultados
não provam nada com respeito ao caráter ou com respeito à santidade da pessoa
que opera com o poder. Os resultados não significam que a pessoa esteja
agradando a Deus ou que, por outro lado, tenha sido enganada de forma a usar um
poder maligno.
O poder é dado quando
Deus determina, a quem ele escolhe, na medida em que Deus quer. E quando ele
decide retirar o poder de um servo seu em pecado, o seu propósito em assim
proceder é ensinar a lição de Ai.
Quando os israelitas
venceram Jericó, receberam estritas instruções para consagrarem todo ouro, e
prata, e bronze e ferro ao tesouro do Senhor (Js 6:18-19). As pessoas não
deviam tomar esses despojos para a sua própria possessão. Mas um homem, Acã,
desobedeceu àquelas instruções. E daí? Quando Israel em seguida foi guerrear
com a cidade de Ai, Israel foi derrotado. Josué então clamou ao Senhor e
descobriu que a derrota era decorrente de haver pecado no meio do povo. Uma vez
que Josué e o povo puniram Acã, Israel então conquistou Ai (Js 7— 8).
O ponto não é
meramente que a desobediência leva à derrota, e certamente não é que a
santidade leva ao poder.
Antes, é que a
santidade é necessária se quisermos uma permanente comunhão com Deus. Deus queria
ter comunhão com o seu povo. Naquela ocasião ele permitiu que o povo sofresse
uma derrota porque ele vinha tentando imprimir neles o seu desejo de vê-los
andando em comunhão consigo. E por isso que Deus faz uso de qualquer meio
dolorido para nos atingir — porque ele quer a nossa comunhão.
As igrejas aos poucos
estão se acostumando com o fato de que este ou aquele líder cristão, que
“estava sendo tremendamente usado por Deus”, esteve todo o tempo envolvido com
pecados secretos de um tipo ou de outro. O pecado nos perturba, mas o que é
muito mais perturbador para nós é o fato de que “Deus continuou a usar” a
pessoa. (O fato é que aquele líder não estava “sendo usado” por Deus
absolutamente. Quando muito ele é que usava a Deus, ou pelo menos o poder de Deus.
E nisso é que residia o seu maior pecado, mais do que nas sórdidas coisas
feitas quando o seu coração se achava fora de sintonia com o de Deus.)
A expressão “usado
por Deus” pode ser um chavão religioso. Ela foi originalmente uma forma para se
atribuir a glória a Deus. Estávamos embaraçados com o poder espiritual, e de
forma errada supondo que ele fosse uma espécie de insígnia que nos era
conferida por nossa santidade, no lugar de o vermos como uma ferramenta prática
para o serviço de Deus. Satanás tem usado este conceito errado para nos cegar
diante dos horrores que podemos cometer com as sagradas coisas que Deus nos
confia. O diabo também atua naqueles que fazem mal uso do poder, não os
deixando ver a natureza do pecado em que estão, e também não os deixando ver
que, se persistirem no pecado, cairão nas mãos do inimigo e acabarão sendo
ainda muito mais enganados por ele. Veremos casos assim no próximo capítulo.
Nós temos a
capacidade de corromper o poder. Assim fazendo profanamos as coisas mais
sagradas. Não é bom enganarmo-nos dizendo que não temos tal capacidade. Podemos
abusar dos dons e dos privilégios que nos são dados. Abusar de todo poder é
pecado. Mas abusar dos sagrados
poderes, que se acham
próximos da pessoa de Deus, é um pecado horrendo. E o temos cometido todo o
tempo.
John
White. Quando o Espírito Vem Com Poder.
Sinais e Maravilhas Entre O Povo De Deus.
Editora Abu. pag. 132-149.
III - O
DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS (1 Co 12.10)
1. O dom de operação
de maravilhas.
Milagres (gr.
sêmeion) são a intervenção sobrenatural na ordem normal da natureza. O dom de
milagres provoca “o desprendimento da energia divina, a fim de operar grandes
mudanças na ordem natural das coisas. Um milagre é uma manifestação de poder
sobrenatural no reino natural”.7 Esse dom também é chamado de dom de operação
de maravilhas (gr. energemata dunameõn). Desses termos gregos derivam as
palavras “energia” e “dinamite”. São palavras plurais, no idioma original. Isso
dá a entender que pode haver uma variedade enorme de milagres, operados pelo
poder do Espírito Santo.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 48.
Ambas as palavras
aparecem no original grego, no plural, o que sugere que há uma variedade de
modos de milagres e de atos de poder. Por milagres ) ou maravilhas, entende-se
todo e qualquer fenômeno que altera uma lei preestabelecida. “Milagres” e
“Maravilhas”, são plurais da palavra “poder” em Atos 1.8, que significa: atos
de poder grandiosos, sobrenaturais, que vão além do que o homem pode ver.
A operação de milagres só acontece em
relação às operações de Deus (Mt 14.2; Mc 6.14; G14.5 e Fp 3.21) ou de Satanás:
2 Ts 2.7,9; Ef 2.2. Portanto, este dom opera especialmente em conexão com o
conflito entre Deus e Satanás.
Nesses atos de poder de Deus que infligem
derrota a Satanás, poderíamos incluir o juízo de cegueira sobre Elimas, o
mágico (At 13.9-11), e a expulsão de demônios. Também pode ser classificado
como milagre o resultado da operação divina na cura de determinadas
enfermidades, para as quais ainda não há remédio, como por exemplo: certos
tipos de câncer, alguns tipos de cegueira, surdez, mudez, e determinados tipos
de paralisia etc.
Havendo chegado à época dos foguetes para
a lua, do computador eletrônico, das comunicações via satélite, das viagens em
velocidade supersônica e da TV em cores, cabe-nos perguntar: - Será possível a
realização de milagres, hoje? - Tendo em vista que Deus é o mesmo e que o homem
ainda necessita de algo que está acima das suas possibilidades e não poucas
vezes acima da natureza, é lógico crer que milagres ainda acontecem hoje.
A capacidade de ação de Deus nunca esteve
condicionada ao tempo e ao espaço, mas à capacidade humana de crer naquilo que
Deus diz. Ontem, hoje e sempre prevalece a declaração divina: “Se creres
verás...”, Jo 11.40.
Raimundo F. de Oliveira.
A Doutrina Pentecostal Hoje. Editora
CPAD.
Operação de
maravilhas. "A operação de maravilhas" consiste em dois plurais: de
dunamis (façanhas de grande poder sobrenatural) e energêma (resultados
eficazes). Esse dom pode estar relacionado à proteção, provisão, expulsão de
demônios, alteração de circunstâncias ou juízo. Os evangelhos registram
milagres no contexto da manifestação do Reino (ou domínio) messiânico, da
derrota de Satanás, do poder de Deus e da presença e obra de Jesus. A palavra
grega para "milagre", em João, enfatiza o seu valor como sinal para
encorajar as pessoas a crer e a continuar crendo. Atos dos Apóstolos enfatiza a
continuação dessa obra na Igreja, demonstrando que Cristo é vencedor.
HORTON. Staleym. Teologia Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD.
Operação de Maravilhas
(12.10a)
A palavra maravilhas
(ou milagres; dynameon) enfatiza o elemento do poder, e pode se referir à
capacidade de realizar extraordinários esforços físicos (2 Co 11.23-28). João
Calvino relaciona esse tipo de poder milagroso a acontecimentos como a cegueira
de Elimas (At 13.11) e morte repentina de Ananias e Safira (At 5.1-10).
Donald
S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 8. pag. 336.
I Cor 12.9,10 “Dons
de curar” e “operações de milagres” estão no plural. Isso deve apontar para o
fato de que Paulo não está pensando que algumas pessoas sejam permanentemente
equipadas com o poder de curar ou de efetuar milagres. Constantemente é
concedido a cristãos que, pelo Espírito Santo, possam curar enfermos e realizar
milagres em situações de aflição especial. Ou seja, não é ―curadores de
enfermos‖ e ―realizadores de milagres‖ que o Espírito concede, mas sim ―dons de
curar‖ e ―operações de milagres‖. Em 2Co 12.12 Paulo arrola ―sinais e
prodígios‖ entre as necessidades de seu ministério apostólico. Nesse contexto
ele não cita expressamente os ―dons de curar‖. De acordo com Mc 16.18 há uma
imposição de mãos por parte dos mensageiros de Jesus, sim, de todos os crentes,
que cura, mas que não é necessariamente uma dotação com ―dons de curar‖, antes
caracterizando a respectiva ação com fé. Isso conduz às instruções de Tg 5.14.
Aqui fica muito claro que o enfermo não é remetido a presbíteros especiais com
dons de cura, mas que ele pode esperar que simples ―presbíteros da igreja‖ lhe
tragam auxílio na aflição da enfermidade por meio da ―oração da fé.
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos I Corinto.
Editora
Evangélica Esperança.
Operação de
milagres'. (Ver I Cor. 12:10,28,29). No grego encontramos a palavra «dynameis»
(poderes). Paulo exercia esse dom, e «autenticava» assim seu apostolado e
autoridade. (Ver II Cor. 12:12). Assim também autenticava ele o evangelho que
pregava. (Ver Rom. 15:18 e ss.). De maneira lata, esse dom pode incluir a
expulsão de espíritos malignos, e as curas (Atos 8:é e ss. 13; 19:11 e ss.),
como também a ressurreição de mortos (Atos 9:36 e ss. 20:9 e ss.).
Vários outros
prodígios podem ser incluídos> mais ou menos na categoria das coisas que
Jesus fez, como a multiplicação dos pães, a transformação de água em vinho, e
coisas similares. Nessa categoria cabem os «sinais» e «maravilhas» operados
pelos apóstolos, a exemplo de Jesus (ver Atos 2:43 e 22).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 3. pag. 188.
2. Exemplos bíblicos.
Assim como a dinamite
explode rochas consideradas impenetráveis, o dom de milagres anula a ordem
natural das coisas. Muitas vezes, é uma verdadeira explosão do poder de Deus,
no mundo natural ou na esfera espiritual. Na travessia do Mar Vermelho, temos
um exemplo extraordinário de um milagre, operado por Deus. O povo de Israel,
com cerca de 3 milhões de pessoas, jamais teria condições de adentrar as águas
à sua frente, acossado pelo exército de Faraó. Mas Deus fez o impossível,
alterando o curso dos elementos da natureza. “Então, Moisés estendeu a sua mão
sobre o mar, e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda
aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. E os filhos
de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas lhes foram como muro à
sua direita e à sua esquerda” (Ex 14.21,22).
Em meio a uma grave
crise climática, em Israel, uma viúva clamou ao profeta Eliseu para que seus
dois filhos não fossem levados cativos para pagar dívidas deixadas pelo seu
esposo. Eliseu indagou o que ela tinha em casa, e, em resposta, a mulher disse
que só tinham “uma botija de azeite” (2 Rs 4.2). Algo como meio litro ou um
pouco mais. Mas isso não significava nada diante do grande problema da dívida
que a mulher tinha que pagar, para não perder a guarda de seus dois filhos. A
ordem normal das coisas, à luz dos costumes e leis de seu tempo, exigia que ela
entregasse os filhos ao credor.
Mas a fé do profeta
ultrapassou os limites do plano natural e, confiando em Deus, disse à mulher
que conseguisse muitos vasos com seus vizinhos, e os enchesse com aquela
pequena quantidade de azeite. A mulher obedeceu ao profeta, e presenciou, com
seus filhos um milagre extraordinário. À proporção que derramava o azeite nas
vasilhas, o azeite aumentava. Aquilo que parecia ser o fim foi o começo de um
novo tempo na vida daquela pobre viúva. O profeta de Deus disse: “Então, veio
ela e o fez saber ao homem de Deus; e disse ele: Vai, vende o azeite e paga a
tua dívida; e tu e teus filhos vivei do resto” (2 Rs 4.7). O gravíssimo
problema só teve solução mediante a intervenção do poder de Deus na ordem
social e econômica daquela família.
O fenômeno em que o
sol se deteve por quase um dia inteiro, para que Josué pudesse vencer os
amorreus, é um exemplo típico de um milagre ou de maravilha operada por Deus
envolvendo seus servos. Pelas leis da mecânica celeste, o sol se põe, no final
da tarde, ou “se põe”, como se diz na linguagem figurada. Mas, se a noite
caísse, Israel não teria condições de vencer os poderosos exércitos inimigos.
Tal situação exigia uma ação de emergência. E Josué, o líder da tomada da terra
prometida, pôs sua fé em ação, e confiou em Deus, ao determinar que o Sol se
detivesse em Gibeão, e a lua se detivesse, no vale de Aijalom.
Diz a Bíblia que,
contrariando todas as leis da mecânica celeste, houve um fenômeno jamais visto:
“E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos.
Isso não está escrito no Livro do Reto? O sol, pois, se deteve no meio do céu e
não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro. E não houve dia semelhante a
este, nem antes nem depois dele, ouvindo o Senhor, assim, a voz de um homem;
porque o Senhor pelejava por Israel” (Js 10.13,14). Esse fato tem causado
críticas na mente dos incrédulos, pois imaginam que tal relato não passa de uma
lenda judaica. Tal visão é compreensível, pois os críticos usam o pensamento
racional, lógico, natural. Enquanto o milagre é sobrenatural, fora da lógica e
da humana. Deus não está sujeito às leis da natureza. Quando Ele quer, suspende
seus efeitos e cumpre os seus propósitos para o seu povo, ou para um servo seu.
Quem mais operou
milagres foi Jesus. Após ministrar sua palavra, Jesus entrou no barco com seus
discípulos, acompanhado de outros barquinhos. Inesperadamente, levantou-se, no
mar, um grande temporal de vento, provocando ondas que cobriam o barco. Talvez
pelo cansaço da jornada, Jesus estava repousando na popa da embarcação,
enquanto seus discípulos enfrentavam a tormenta. “E ele estava na popa dormindo
sobre uma almofada; e despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre, não te importa que
pereçamos? E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Cala-te,
aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança” (Mc 8.38,39). Nenhum
homem, até hoje, teve o poder de falar ao vento e ao mar, na tempestade, e os
elementos da natureza ouvirem a sua voz. Mas Jesus mostrou, mais de uma vez, que
tem poder sobre a natureza, que Ele mesmo criou (Jo 1.3).
O mais terrível
inimigo do homem, em sua condição humana, é a morte (1 Co 15.26). E decreto
divino, por causa do pecado (Gn 2.17). O homem nasce, desenvolve-se e morre. É
o curso natural da existência biológica. Uns morrem mais cedo; outros, mais
tarde. Mas Jesus, o criador, doador e Senhor da vida, pode, quando Ele quer,
interromper esse curso da natureza humana. Em seu ministério, Jesus demonstrou
seu poder sobre a morte física. Ele ressuscitou o filho único de uma viúva, de
Naim, quando o féretro já estava a caminho do cemitério (Lc 7.11-16).
Jesus ressuscitou a
filha de Jairo, que falecera fazia pouco tempo (Mc 5.22-24). Alguém poderia
alegar, em sua mente racionalista, que a menina experimentara apenas um estado
cataléptico, ou sono profundo e passageiro. Mas para que não pairassem dúvidas
sobre o poder sobrenatural de Cristo sobre a morte, Ele se deixou demorar onde
se encontrava, ao receber a notícia de que Lázaro, seu amigo, de Betânia, estava
muito enfermo. Em seguida, ele cientifica aos discípulos de que Lázaro houvera
morrido. Ao chegar em Betânia, já fazia quatro dias do seu falecimento. Não
havia a mínima condição para reverter aquela situação, pois o corpo do defunto
já estava sofrendo os efeitos da decomposição. Mas para Jesus, nada é
impossível (Lc 1.37).
Após consolar a
família, Jesus se dirigiu ao túmulo, mandou que fizessem o que as pessoas
poderiam fazer naturalmente, tirando a pedra que fechava a entrada da sepultura
(Jo 11.43-45). Completando a demonstração real de que a morte não vence o autor
da vida, Jesus ressuscitou, após três dias na sepultura, cumprindo o que Ele
predissera para seus discípulos (Lc 24.1-8).
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 48-51.
O poder e a graça de
Jesus Cristo vieram socorrê-los; então o Senhor acordou, como alguém renovado (SI
78,65), Cristo pode dormir enquantoigreja passa por lima tormenta, mas Ele não
dormirá demais: a hora, o tempo determinado para ajudar sua angustiada igreja,
chegará (SI 102,13).
1. Ele repreendeu os
discípulos (v. 26): “Por que temeis, homens de pequena fé?” Ele não os censura
por perturbá-lo com suas preces, mas por se inquietarem com seus medos. Cristo
os reprovou primeiro, e depois os salvou. Este é o seu método: prepara-nos para
receber a sua misericórdia, e então no-la concede. Observe: (1) Seu desagrado
pelos temores deles: “Por que temeis... vós, meus discípulos? Que os pecadores
em Sião temam, que os marinheiros pagãos estremeçam na tempestade, mas não
deveis ser assim. Pesquisai as razões do vosso medo e pesai-as” . (2) A
descoberta de Jesus da causa e da fonte dos medos dos discípulos: “Homens de
pequena fé”, Muitos que têm uma fé verdadeira são fracos nela, e por esta razão
a fé lhes traz pouco proveito. Note: [1] Os discípulos de Cristo têm a
tendência de se inquietar com os medos em um dia tempestuoso, de se atormentar
eom a desconfiança de que as coisas vão mal para eles, e com as sombrias conclusões
de que elas ficarão piores. [2] A preponderância de nossos medos exagerados em
um dia de tempestade se deve à fraqueza de nossa fê, que seria uma âncora para
a alma e manejaria o remo da oração. Pela fé, podemos ver através da tempestade
a margem tranquila e nos encorajar com a esperança de que chegaremos à região do
vento favorável. [3] O temor dos discípulos de Cristo em meio a uma tempestade,
á sua incredulidade e a causa desta, são muito desagradáveis para o Senhor Jesus,
pois lançam uma espécie de desonra sobre Ele, e geram inquietação para eles
próprios.
2. Jesus; “repreendeu
os ventos”. No ato; anterior, Ele havia agido como o Deus da graça e o Soberano
do coração, que pode fazer conosco aquilo que lhe aprouver.
Neste, Ele age como o
Deus da natureza, o Soberano do mundo, que pode fazer por nós aquilo que lhe
agradar. Este é o mesmo podei1 “que aplaca o ruído dos mares, o ruído das suas
ondas” e a confusão do medo (SI 65.7), Considere: (1) Como isto foi realizado
com facilidade, com a expressão da palavra. Moisés comandou as águas com uma
vara; Josué, com a arca da aliança; Eliseu, com a capa do profeta; mas Cristo,
com uma palavra. Veja seu domínio absoluto sobre todas as criaturas, o que
evidencia tanto a sua glória como a alegria daqueles que o têm a seu lado. (2)
Quão eficazmente foi feito. Houve “uma grande bonança” de repente. Normalmente,
depois de uma tempestade, as águas se agitam de tal maneira, que leva tempo até
que elas se acalmem; mas se Cristo pronuncia a sua palavra, não apenas a
tempestade cessa, mas todos os efeitos dela, todos os resquícios dela também
cessam. Grandes tempestades de dúvida e medo na alma, sob o poder do espírito
da servidão, às vezes terminam em uma calma maravilhosa, gerada e declarada pelo
Espírito de adoção.
S. O milagre instigou
a perplexidade dos discípulos (v. 27): “Aqueles homens se maravilharam”. Eles
estavam, havia muito, acostumados com o mar, e durante toda a sua vida nunca
tinham visto uma tempestade se acalmar tão imediatamente. Este fato tinha em si
todos os sinais e marcas de um milagre. “Isso foi feito pelo Senhor e é coisa
maravilhosa aos nossos olhos”. Observe: (1) A admiração dos discípulos por
Cristo: “Que homem é este!” Note que Cristo é sem igual; cada detalhe nele é admirável.
Ninguém é tão sábio, tão poderoso, e tão amável quanto Ele. {2) A razão da
admiração: “Até os ventos e o mar lhe obedecem?” Cristo deve ser admirado por
ter poder de comandar até mesmo os ventos e os mares. Alguns fingiam curar
doenças, mas Ele simplesmente se incumbiu de comandai- os ventos. Não sabemos para
onde vai o vento (Jo 3.8), muito menos podemos controlá-lo; mas Ele “tira os
ventos dos seus tesouros” (SI 135.7), e “encerra os ventos nos seus punhos” (Pv
30.4). Aquele que pode fazer isto, pode fazer qualquer coisa, pode fazer o que
for preciso para inspirar a nossa confiança e consolo em si mesmo no dia mais
agitado pelas tormentas - sejam elas internas ou externas (Is 26.4). O Senhor
se senta muito acima das marés, e “é mais poderoso do que o ruído das grandes
águas e do que as grandes ondas do mar”. Cristo, ao comandar ò mar, mostrou que
Ele é o mesmo que fez o mundo. Por sua repreensão, as águas fugiram (SI
104.7,8); agora, à sua repreensão, elas cederam.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 100-101.
A autoridade de Jesus
de realizar milagres chega ao auge. Jesus tem poder sobre as forças da
natureza, revela sua autoridade sobre os poderes demoníacos (8.28-34) e sobre os
poderes da morte (9.18-26).
Pelo plano indicado
em 8.18, Jesus também queria anunciar o evangelho na região além do mar da
Galiléia, na terra das Dez Cidades. Tendo falado longamente ao povo na margem
de cá, estava tão cansado que, segundo a informação muito exata de Marcos, nem
saiu do navio do qual tinha ensinado o povo. Seus discípulos o tinham levado
“assim como estava”, i. é, sentado no barco. Alguns outros barcos os
acompanhavam, formando uma pequena frota. O tempo estava calmo. Jesus, cedendo
ao cansaço, adormeceu. O pincel de Marcos preservou para nós o quadro com maior
exatidão. Jesus estava deitado na parte traseira do pesqueiro, sua cabeça
repousava sobre um travesseiro que uma mão amiga lhe tinha oferecido. A palavra
adormeceu significa no texto original “caiu em profundo sono”. É um termo do
grego tardio.
No lago cercado de
montanhas ocorre muitas vezes, sobretudo no final da tarde em dias quentes, que
súbitas tempestades intensas descem dos morros. Esse fenômeno conhecido é
indicado em Lc 8.23 com o termo “caiu sobre eles”, como diz o original. Mateus
expressa a vinda súbita e surpreendente da tempestade novamente com a palavra
eis (cf. o exposto em 1.18). Subitamente a tempestade veio sobre eles.
Os v. 25-27 mostram
um quadro com uma expressividade dificilmente igualada sobre a terra.
Os discípulos entram
com Jesus na tempestade, i. é, penetram repentinamente na aflição, no perigo
extremo, nas piores dificuldades.
O que os discípulos
fazem primeiro? Eles trabalham. São especialistas do ramo. Dirigem o barco como
pessoas capacitadas. Afinal, conhecem a tempestade e o clima. Várias vezes
essas tempestades já se abateram repentinamente sobre eles. E agora novamente
um furacão desses! As ondas se agitam às alturas, os marinheiros recorrem a
todas as forças para vencer o apuro e a tempestade. Empenham-se, trabalham
arduamente, controlam as velas etc.
É errado isso? Não,
pois o cristão deve trabalhar, sim. Deve ser o trabalhador mais dedicado.
O que é que os
discípulos precisam reconhecer? Que o perigo é maior que suas forças, as
dificuldades superam a sua capacidade.
Que fazem, pois, os
discípulos? Ficam nervosos! Gritam e perdem o controle. Sua maior aflição,
porém, é esta: O Senhor Jesus dorme, ele silencia! Isso os leva a uma agitação
maior ainda. Como Jesus pode ser tão indiferente, dormindo numa dificuldade
dessas? Isso é falta de amor e de consideração. É indiferença. Então irritam-se
com ele. Talvez até ficaram irados!
Essa atitude é certa?
Isto é fé? Não, porque fé não é perturbação, nervosismo, irritação, acusação,
não é agitar-se nem gritar. O próprio Jesus lhes diz: Homens de pequena fé!,
“descrentes, homens sem fé!” (Mc e Lc). Por que razão o Senhor realiza o
milagre? Por causa da fé deles ou por causa da sua falta de fé? É por causa da
falta de fé! Isso é estranho.
É uma palavra muito
séria! Que é falta de fé ou pequena fé? Podemos chamar os discípulos de
descrentes?
• Afinal, estão com
Jesus, foram junto com Jesus ao mar;
• Recorreram a ele na
aflição;
• Contaram com a sua
ajuda.
Não obstante, são
descrentes, pessoas sem fé. Por isso estão sendo censurados por Jesus!
Por que o Senhor
chama a atitude deles de falta de fé?
• Porque no apuro se
tornam nervosos, perdem a calma, gritam perturbados, irritam-se;
• Porque querem
forçar Deus a ajudar imediatamente e da maneira como eles imaginavam, como era
o programa deles.
• Porque queriam que
os seus problemas fossem eliminados.
Em Jesus nos é
mostrado o que é fé verdadeira.
• Na fé autêntica as
coisas acontecem muitas vezes de forma bem humana!
Também na pessoa de
Jesus. Havia passado um dia de trabalho cansativo. O afluxo de pessoas era tão
grande que ele nem sequer tinha tempo par comer, conforme relata Marcos. Ao
entardecer ele tinha ensinado a partir do barco. Agora necessitava de descanso.
Assim como estava, sentado no barco, eles o
levaram. Na terra de fato não tinha onde reclinar sua cabeça. Cansado e
esgotado, adormece. Esta é a única vez em que lemos que Jesus dormia (embora à
noite naturalmente costumasse dormir). Novamente somos colocados diante da
natureza plenamente humana de Jesus.
Ele foi um ser humano
igual a nós, teve fome e sede, chorou, sentiu compaixão, trabalhou até o
esgotamento total, andou sob o sol ardente em estradas poeirentas. Na fé
genuína as coisas acontecem de modo bem humano!
• Na fé verdadeira as
coisas acontecem muitas vezes de maneira bem desumana!
Todo o nosso
programa, o que planejamos e refletimos, às vezes é simplesmente deixado de
lado. Esforçamo-nos tanto, mas ainda assim só se fazem julgamentos negativos de
nós. Tudo é distorcido e pisado aos pés.
Quanta necessidade o
Senhor tinha do sono! Lá fora, sobre o mar calmo, ele espera que finalmente
possa descansar sem ser incomodado. Mas, no meio do sono, os discípulos o
interrompem sem a menor consideração. Contudo, em nenhum momento ele se altera
pelo súbito incômodo. Na fé autêntica não existe nervosismo, irritação,
contrariedade, lamentação, reação e murmuração.
• Na fé verdadeira a
pessoa sabe: Tudo é governado pelo melhor regente, tudo está nas melhores mãos.
Os discípulos pensam:
O vento e as ondas decidem sobre a nossa vida. A fé genuína sabe: Não são o
vento e as ondas, não são as pessoas que decidem sobre nós, mas tão somente
Deus!
Tudo está sob
controle. Jesus foi o único que, mesmo na tempestade, conservou sua posição
junto de Deus. Observava a fúria dos elementos da natureza com a certeza: Tudo
isso está sendo governado! Jesus não precisa recordar-se penosamente do Pai.
Pelo contrário, quando acorda e seus olhos vêem o perigo, de imediato e com a
mesma certeza ele vê também o Pai. Está aí não apenas a tormenta. Também o Pai
está presente e governa. A natureza repousa dócil em suas mãos, pois é criatura
dele. Acima da lei da natureza governa uma vontade, a vontade do Pai. E o
infinito dos espaços siderais é envolto pela sua mão. Vento e ondas e tudo o
que mais a natureza tiver, são propriedade de Deus, permanecendo por isso
incessantemente a seu serviço. Essa não era apenas a doutrina de Jesus. Isso
também ficava claro pela suas ações.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica
Esperança.
Mt 8.23: Então,
entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram. 24) E eis que sobreveio no
mar uma grande tempestade, de sorte que o barco era varrido pelas ondas.
Entretanto, Jesus dormia. Seguindo instruções anteriores, os discípulos haviam
preparado o barco. E, quando Jesus embarcou, as pessoas que lhe estavam mais
próximas e que formavam o círculo íntimo de seus seguidores, embarcaram com
ele. Cansado pelo volume de um dia de trabalho mental e físico, Jesus foi
dormir, embalado pelo movimento oscilante do barco. Inesperada e
repentinamente, abalou-se sobre o pequeno lago uma daquelas tempestades tão
temidas pela sua violência. Era como se fosse um maremoto ou um tufão violento,
diante do qual os experientes pescadores eram, absolutamente, inúteis. As ondas
se erguiam de ambos os lados, bem mais alto do que o barco, encobrindo-o. E, quebrando
sobre ele, encheram-no gradualmente d’água, sendo inútil querer esvaziá-lo. A
natureza estava em revolta. Vento e mar haviam conspirado para destruir tanto o
barco como seus passageiros. Anotemos o contraste: Cristo a dormir tranquilo em
meio a toda esta confusão, não sendo afetado pela grande agitação que levara os
homens mais fortes a tremer de medo. “Mas, agora, o dormir natural é uma
indicação certa para um homem real e natural. O evangelho diz que Cristo dormiu
no barco. O evangelista deseja mostrar-nos a Cristo como homem real e natural,
com corpo e alma, e que, por isso, tinha necessidade de comida e bebida, sono
e outras tarefas naturais que são feitas sem pecado, tal como as temos nós
também. Para que não caiamos no erro dos maniqueus, que acreditaram que Cristo
era só um espírito e não um verdadeiro homem.
O terror dos
discípulos diante da repreensão de Cristo, V.25: Mas os discípulos vieram
acordá-lo, clamando: Senhor, salva-nos! Perecemos! 26) Acudiu-lhes, então,
Jesus: Por que sois tímidos, homens de pequena fé? E, levantando-se, repreendeu
os ventos e o mar; e fez-se grande bonança. 27) E maravilharam-se os homens,
dizendo: Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem? Os discípulos,
chegando a Cristo, acordaram-no. Podem ter hesitado, por um pequeno período,
por respeito ao mestre amado. Mas seu medo se torna tão grande, que já não mais
se contém. Das suas bocas sai, antes, um grito, do que uma informação. Em sua
hora extrema Cristo é seu único pensamento. Um ponto importante: O primeiro
pensamento de Cristo é pela fé dos discípulos, não pelo alívio do seu medo. Por
que estar cheio de medo? Por que tão pouca fé? A repreensão, propositalmente,
foi áspera no tom, mas tinha oculta em si muita ternura. Seu destemor pessoal e
total devia acalmar o pânico deles. A falta de fé sempre torna medroso. A
confiança em Deus e em seu poder e ajuda, torna audacioso. Jesus, tendo
resolvido o mais importante, ergueu-se de seu travesseiro e proferiu uma
segunda repreensão, esta dirigida ao vento impetuoso e às ondas agitadas. “Paz!
Aquietai-vos!” É Ele quem lhes deu ordens, Mc.4.39. Ao soar da sua voz, um
silêncio obediente sobreveio à turbulência dos ventos e das ondas. O onipotente
Governador do universo havia falado. A voz humana de Cristo, por virtude do seu
poder e majestade divinos, concedidos à sua humanidade, controlaram as forças
da natureza, Pr.30.4. “Mas, quando ele repreende o mar e o vento, e tendo o mar
e o vento lhe obedecido, ele provou, com este ato, a sua onipotente divindade,
e que é Senhor sobre o vento e o mar. Pois, não é obra humana, ser capaz de,
com uma só palavra, aquietar o mar e fazer cessar o vento. É necessário poder
divino para, com só uma palavra, parar a turbulência do mar. Por isso, Cristo
não é só homem natural, mas é também verdadeiro Deus.” O efeito deste milagre
sobre os discípulos e sobre todos os que, depois, ouviram desta história, visto
que o repentino aquietar do mar deve ter sido observado da praia, foi enchê-los
de espanto. Que homem é este? Donde é ele? Havia diante deles uma evidência
adicional sobre a sua divindade, e também sobre o seu cuidado amoroso aos que
escolhera como discípulos. Ele está pronto e disposto a dissipar-lhes todo e
qualquer temor, e dar cuidadosa atenção a todas as suas preces, até mesmo
quando a fé for pequena.
KRETZMANN.
Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo
Testamento Volume 1. Editora
Concordia Publishing House.
3. Distorções no uso
dos dons de curar e de operação de maravilhas.
Se é a vontade de
Deus, e motivo para glorificação ao seu nome, ele pode conceder autoridade a
qualquer de seus servos para operar milagres extraordinários. No entanto,
quando o pregador, por permissão de Deus, opera milagres para sua promoção
pessoal, de seu ministério ou da igreja a que pertence, resta à dúvida se
aquele milagre foi de Deus ou de outra origem. Pior ainda, quando o operador de
milagres o faz, visando obter ganhos financeiros e enriquecimento pessoal. Isso
não glorifica a Deus. É procedimento lastimável, suscetível do juízo de Deus no
momento próprio.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 51.
1. O Privilégio da Cura Divina (5.14,15a)
A oração em tempos de
enfermidade é nosso dever e nosso privilégio em Cristo. Provavelmente,
deveríamos observar essa prática cristã mais do que fazemos. Tiago diz: Está
alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele. Os
presbíteros eram líderes reconhecidos ou apontados na congregação local desde
os anos 40- 50 d.C. (cf. At 11.30; 14.23). Sua função era um tanto semelhante à
do pastor dos nossos dias. Orar sobre ele significava orar estando em pé ao
lado (“sobre”) do leito do enfermo. Um significado secundário da palavra sobre
(epi) poderia ser orar junto a em vez de sobre ele.
A prática de ungir
com azeite em conexão com cura é mencionada somente mais uma única vez no Novo
Testamento (Mc 6.13). Para nós essa unção serve como um símbolo de obediência à
admoestação da Palavra de Deus e provavelmente como uma forma de encorajamento
à fé do doente. Nos tempos do Novo Testamento, esse pode ter sido um tratamento
medicinal natural usado em cooperação com a oração. Sabemos que a unção do
corpo com óleo era uma prática medicinal comum na Palestina do primeiro século.
O verbo ungindo (aleipsantes) significa literalmente “tendo ungido”. Moffatt
entende essa ação como untar o corpo do paciente com óleo. Parece claro, no
entanto, que se a unção era um meio natural de cura, ela também tinha um
significado espiritual, porque era para ser administrado em nome do Senhor. Em
todo caso, Tiago nos assegura que é a oração da fé (“oração oferecida com fé”,
NEB) que salvará o doente, e o Senhor o levantará (v. 15).
A Bíblia ensina a
doutrina da cura divina e cabe a nós procurar fazer a oração da fé pela cura do
doente. No entanto, recursos e intervenções providenciais, quando necessários,
não deveriam ser rejeitados. Aqueles que não conhecem a Cristo recorrem à
medicina e cirurgia sem oração. Nós que confiamos nEle devemos usar todos os
meios salutares que a ciência moderna tem nos oferecido e ao mesmo tempo
confiar a nossa cura inteiramente ao seu soberano poder.
Easton comenta: “O
autor deixa essa promessa sem qualificação, embora tanto ele quanto seus
leitores soubessem perfeitamente bem que nem todos os casos de enfermidade
seriam curados; aqui, como em todos os casos, quando a eficácia da oração é
ensinada, a condição ‘conforme a vontade de Deus’, deve ser entendida de forma
implícita. Contudo, todos sabem que quando existe uma fé viva e profunda, como
era o caso na época em que Tiago foi escrito, curas extraordinárias acontecem”.
2. Cura e Perdão (5.15b,16a)
Entre os judeus, a
doença geralmente era atribuída ao pecado. Jesus rejeitou essa visão como um
princípio universal (Jo 9.1-2), mas em outro texto sugere o que sabemos ser um
fato, que em muitos casos o pecado é a causa de uma enfermidade específica (cf.
Jo 5.14).
Nesses casos,
presume-se que a pessoa que procura a cura também se arrependeu do seu pecado e
está procurando o perdão divino. No versículo 16, a ordem da oração está
invertida. Aqui a pessoa é admoestada: “Portanto, confessem os seus pecados uns
aos outros e orem uns pelos outros para serem curados” (v. 16, NVI, grifo do
autor). Quando uma pessoa vem sinceramente a Deus com uma necessidade, receberá
ajuda. Essa ajuda aumenta sua fé em Deus, e ela provavelmente também encontrará
ajuda para outras necessidades.
Easton3 ressalta que
a admoestação Confessai as vossas culpas uns aos outros (v. 16) não deve ser
entendida como uma prática universal cristã mas, sim, ser entendida em seu
contexto, ou seja, a confissão sendo feita pelo doente e a oração pelos
visitantes. Embora essa pareça uma interpretação razoável, a gramática permite
uma exegese mais ampla. É certamente verdade que quando reconhecemos que agimos
erradamente e oferecemos orações mútuas de intercessão, isso fortalecerá
grandemente toda a vida espiritual da igreja e abrirá o caminho para bênçãos
crescentes de Deus.
3. Oração Eficaz (5.16b-18)
Quando devemos
esperar que nossas orações sejam respondidas por Deus? Tiago deixa claro que
orações desse tipo devem vir de um justo (v. 16), i.e., alguém que está num
relacionamento correto com Deus e o homem. Uma tradução da última frase do
versículo 16 é a seguinte:
“Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (ARA). A única oração de um
injusto que Deus promete ouvir é a oração de arrependimento. Baseado na palavra
traduzida por “oração fervorosa” (Bíblia Viva, energoumene), Mayor escreve a
sua própria interpretação: “Somos tentados a considerar como passivas as formas
que geralmente são consideradas médias e dessa forma entender a força aqui de
uma oração operada ou inspirada pelo Espírito, como ocorre em Romanos 8.26
(Benson traz ‘inspirada’; Macknight, ‘oração entretecida’; Bassett, ‘quando ativada
pelo Espírito de Deus’)”.
Cada pessoa que ora
sabe que há tempos em que o Espírito Santo a ajuda em sua oração. Mas Tiago
deixa claro que as pessoas que têm suas orações respondidas não precisam ser
santos sobre-humanos, diferente das pessoas comuns. O autor aqui apresenta um
exemplo de oração do Antigo Testamento como já tinha apresentado anteriormente
exemplos de fé nos versículos 10-11. “Elias era humano como nós” (v. 17, NVI.
Cf. 1 Rs 17.1; 18.1, 42-45).5 Ele era um homem exatamente igual a nós — com os
mesmos recursos disponíveis de Deus que estão disponíveis para nós. Todo
verdadeiro cristão que serve a Deus, como os presbíteros, é encorajado a orar a
oração da fé. A admoestação de Tiago para orar por cura do doente e sua
ilustração da oração de Elias por chuva nos assegura que Deus responde à oração
num domínio natural. A oração não apenas nos transforma, mas por meio dela,
Deus também muda as coisas.
A.
F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 10. pag. 195-196.
Tiago 5.14 “Está
alguém entre vós doente?”: para muitos é um tormento que haja enfermidade
também na vida do cristão.
a) A Bíblia vê a
enfermidade relacionada com o pecado humano. “O salário do pecado é a morte”
(Rm 6.23), e a enfermidade como precursora da morte é igualmente decorrência do
pecado. É verdade que Jesus baniu a conclusão de que o portador de uma
enfermidade especial também deve ter pecado de maneira especial (Jo 9.2ss). No
entanto, alguém pode constatar em si mesmo a doença como decorrência de seu
pecado e curvar-se debaixo dela – dando razão ao julgamento de Deus.
b) Acontece, porém,
que os pecados nos foram perdoados em decorrência do sofrimento expiatório de
Jesus. Será que nesse caso não deveriam ter sido retiradas também todas as consequências
do pecado? Afinal, Jesus não carregou também todas as nossas enfermidades (Is
53.4)? “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo” (Ec 3.11). Na consumação não
haverá mais enfermidade nem morte, nem “sofrimento” (pela perda de entes
queridos), “clamor” (de lamentação e acusação, de falta de paz e de guerras),
“dor” (da doença e das feridas). “E a morte não existirá mais” (Ap 21.4). Com a
primeira vinda de Jesus, Deus dá o primeiro passo e cura, sempre que for
acolhido, a causa oculta do mal: perdoa o pecado e concede a sua paz. Com a
segunda vinda, Deus dá o segundo passo e também anula todos os efeitos visíveis
do pecado: discórdia entre pessoas, enfermidade e morte (Ap 21.4). Afinal, se
Jesus não vier antes, também nós teremos de morrer. Vivemos em uma época de
“não ver e, apesar disso, crer” (Jo 20.29; 1Pe 1.8; 2Co 5.7; 1Co 13.12; Rm
8.24; 1Jo 3.2). Crer sem ver é o principal tema do exame de toda a nossa vida cristã
em nosso mundo.
c) Isso não exclui
que Deus conceda desde já aperitivos do que há de vir, uma primeira prestação
(cf. v. 15): os milagres de Jesus outrora e hoje são “sinais” (Jo 2.11; 3.2;
11.47) que mostram o que ele fará um dia de forma grandiosa e geral. As noites
do “não ver e, apesar disso, crer” não são tão escuras que não luzam nelas
também as estrelas. E Deus com certeza estaria disposto a nos dar mais se
confiássemos nele.
d) Logo vale a regra:
a salvação é presenteada por Deus em todos os casos a cada um que o pedir (Jl
2.32; Rm 10.13), mas a cura exterior, durante a presente era, é presenteada
onde e quando lhe aprouver. – Por isso ambas as posições estão biblicamente
erradas: d.1) A frase comum em vários “grupos pentecostais”: “Quem crê não está
enfermo, e quem está enfermo não crê corretamente.” d.2) A opinião já existente
desde o tempo do Iluminismo: “Que adiantará, pois, a oração contra a
enfermidade e outras dificuldades? Afinal, a vontade de Deus é perfeita.” Ou:
“Obviamente a oração não muda nada; apenas nos torna mais dóceis para a vontade
de Deus.” Por isso a única oração que deveria existir seria: “Seja feita a tua
vontade!” Isso tem conotação muito lógica e devota, mas não corresponde à
comunhão de vida que o Pai no céu concede a seus filhos neste mundo conforme as
Escrituras. Temos o privilégio de lhe dizer o que move nosso coração, e lhe
dirigir preces, deixando então por conta de sua sabedoria paterna o que ele
fará com essas orações. Jesus declara: “Peçam, e receberão” (Mt 7.7). Toda
oração correta é atendida, embora com freqüência de modo diferente e em momento
diferente do que imaginamos, porém de forma melhor e em tempo mais acertado.
2 – O enfermo e a
igreja (v. 14)
Enfermidade traz
solidão. Isso é particularmente doloroso para um cristão cujo lar é a igreja.
Tiago escreve que o próprio membro enfermo da igreja deve tomar a iniciativa:
“Chame os presbíteros da igreja”. Não é dito: “Fique resmungando em seu canto e
pense: vejamos quanto tempo demorará até que alguém tenha a idéia de me
visitar.” Tiago quer que o enfermo convide os visitadores da igreja com a mesma
naturalidade com que chama o médico. De acordo com o v. 14, o que cabe aos
visitadores fazer poderá ocorrer unicamente mediante o consentimento do
enfermo. Se o próprio enfermo chamou os anciãos, tudo fica claro nesse aspecto
desde o princípio. – O NT também fala do dom especial da graça (em grego
chárisma) de cura dos enfermos (1Co 12.9,28,30). Havia, nas igrejas, cristãos
em que a efusão do Espírito de Deus trouxe consigo esse dom, da maneira como
outros recebiam outras dádivas. Aqui não se fala de um carisma especial. É
possível que esses “anciãos”, em grego presbýteroi (literalmente: “mais
idosos”), naqueles primórdios do cristianismo e nas igrejas às quais Tiago escreveu,
ainda nem sequer fossem detentores de um cargo regulamentado, mas que
simplesmente se tratava de cristãos mais antigos, mais maduros. Confiando nessa
palavra da Bíblia também hoje, na hora da enfermidade, podemos chamar à nossa
casa tais cristãos, a fim de que nos prestem esse serviço.
3 – A igreja e seus
enfermos (v. 14).
“Estes façam oração
sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor”:
a) Quando alguém não
puder vir à igreja, a igreja tem de ir até ele: “Se um membro sofre, todos os
membros participam do seu sofrimento” (1Co 12.26 [TEB]). Por meio dos anciãos a
igreja visita o enfermo. O próprio Jesus atribuiu uma importância especial à
visita a enfermos e concedeu à oração conjunta uma promessa especial (Mt 25.36;
18.19).
b) Os anciãos da igreja
oram, não apenas, mas também por saúde. – Eles “ungem com óleo”. Esse era
também um remédio caseiro contra doença e contusão (Lc 10.34). Contudo o ungem
“em nome do Senhor”. Nesse sentido o óleo na Escritura sempre representa um
sinal para o Espírito Santo. Foi por isso que no AT reis e sacerdotes eram
ungidos (Êx 29.7; Nm 35.25; 1Sm 9.16; 10.1; 16.12). E João escreve: “Recebestes
a unção” (1Jo 2.27). O Espírito Santo concede força (Rm 15.13; 1Co 2.4; 2Tm
1.7) começando pelo íntimo e chegando ao físico.
Será que não é
suficiente impor a mão como sinal de bênção? É obrigatório que suceda ainda uma
unção com óleo? Em várias outras passagens da Escritura constatamos que há
imposição de mãos para bênção e cura sem a unção com óleo (At 5.12; 14.3;
19.11). Sem dúvida podemos aderir a essa regra. Contudo, quando alguém por
simples obediência à presente palavra da Bíblia deseja recorrer à unção com
óleo ou a solicita para si, ele de qualquer forma tem em seu favor uma boa
razão da Escritura.
4 – A tríplice promessa
dada a essa oração (v. 15).
15 “A oração da fé” é
a oração que se origina da fé. É a oração de um crente, ou seja, de uma pessoa
que está “em Cristo”, na comunhão de vida com ele, e que se dirige ao Senhor
com toda a sua confiança. É para uma oração desse tipo que foram dadas estas
promessas:
a) “A oração salvará
o enfermo”: se Deus quiser, também da morte física – podemos orar também por
isso. Em todos os casos, porém, salva da “segunda morte” (Ap 2.11; 20.6,14;
21.8), a eterna e consciente morte definitiva para Deus. É isso que o NT
entende consistentemente por “redenção”. A oração conjunta com aquele que jaz
enfermo – inclusive com confissão do pecado (v. 16) – obtém como resultado que
o doente chegue plenamente à presença de Deus.
b) “O Senhor o levantará”
(não fazem isso os que oram), concedendo-lhe alívio ou cura no corpo. Deus está
disposto a fazer mais do que geralmente imaginamos. Isto pode acontecer
presenteando-o interiormente com a força de suportar os sofrimentos com
paciência para o louvor de Deus (cf. Jó 1.21; Jo 21.19).
c) “Se houver
cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”: o serviço dos presbíteros não é mero
serviço de médico. Quem tem apenas o objetivo de “se livrar” o quanto antes da
enfermidade não compreendeu Tg 5.14. Quando, porém, alguém leva a totalidade de
sua miséria a Jesus na presença dos irmãos, tem sua vida colocada em ordem
também na totalidade. Não se trata aqui apenas de cuidado pelo corpo, mas ao
mesmo tempo e acima de tudo de cuidado espiritual.
5 – A premissa de
perdão e cura (v. 16).
16 a) “Confessai,
pois, os pecados uns aos outros”: aqui o foco principal é o enfermo. Que nos
dias de enfermidade não apenas esperemos uma “aprazível visita”, mas
aproveitemos essa situação limítrofe em que nos encontramos para um desnudamento
total de nossa vida perante Deus, na qual os irmãos são testemunhas e parceiros
de oração! E melhor ser envergonhado um pouco agora do que ser obrigado, por
ocasião do grande dia, a “ser manifesto com isso perante o tribunal de Cristo”
(2Co 5.10). Quando ele perdoa nossos pecados, eles serão eternamente esquecidos
(cf. Mq 7.18s; Is 38.17; Sl 32.1s). Por um lado, os irmãos visitantes não
precisam (toda vez que prestam esse tipo de serviço) também fazer uma confissão
completa acerca de sua vida, mas por outro deve ficar explícito que aquele que
está sentado à beira do leito depende do perdão de Deus tanto quanto o acamado.
b) “E orai uns pelos
outros”: não devemos deixar os companheiros cristãos que sofrem (e tampouco os
semelhantes em geral) tão sozinhos como ocorre com frequência, mas temos de
visitar e apoiá-los por meio desse serviço sério de oração. – No presente
versículo fica explícita a estreita ligação entre intercessão e arrependimento,
ou confissão dos pecados. Nossos pequenos círculos de intercessão poderiam ser
mais vigorosos e frutíferos se cada qual não tentasse preservar a imagem
perante o outro. Na verdade não temos de fazer constantes confissões de toda a
vida (basta que o façamos uma vez – se Deus não lembra mais nossos pecados,
tampouco nós temos de recordá-los). Mas é benéfico que no diálogo prévio ou na
própria oração seja expresso o que não foi correto em nossa vida, talvez em
relação ao assunto abordado nesta ou na última visita. Tiago escreve: “Todos
falhamos em muitas coisas” (Tg 3.2).
6 – Uma frase
genérica sobre a oração no presente contexto (v. 16).
“A oração de um
justo”: Tiago não tem em mente a oração de quem defende a “justiça própria”, de
quem pensa que pode produzir pessoalmente sua justiça (cf. Lc 18.11s). Ele diz:
“Deus dá graça aos humildes” (Tg 4.6). E Paulo escreve: “Cristo foi feito
pecado por nós, para que nele nos tornássemos a justiça de Deus” (2Co 5.21).
Tiago tem em vista a justiça perante Deus, que nos foi conquistada e
presenteada por Jesus. Em Jesus somos “justos”, direitos para Deus. – “De muito
é capaz, quando tornada eficaz, a súplica do justo”: Como isso acontece?
a) Por parte do ser
humano. No v. 17 afirma-se a respeito de Elias que ele orava “fervorosamente”.
Muitas vezes oramos mais seriamente em causa própria do que na prece em favor
de outros. Até mesmo em vista de nós mesmos às vezes temos de ser conduzidos
para a mais grave aflição, até que um grito de oração autêntica saia de nosso
coração.
b) Por parte de Deus.
Nossa oração é “tornada eficaz” por intermédio do grande sumo sacerdote Jesus
Cristo, que intervém em nosso favor (Rm 8.34; 1Jo 2.1; Hb 4.14; 7.25s; 8.1), e
através do Espírito Santo, que nos “assiste em nossa fraqueza” e nos representa
perante Deus “como lhe convém” (Rm 8.26s).
Fritz
Grünzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
Joseph Exell
interpretou a unção com óleo como um símbolo do poder divino, ao mesmo tempo
que era uma ajuda para a fé da pessoa enferma. Foi com esse propósito que Jesus
usou a saliva e o lodo em duas de Suas curas. Exell enumera quatro razões para
sustentar a sua tese; Em primeiro lugar, o óleo não é medicinal aqui em Tiago
porque o texto náo diz que o óleo cura nem que o óleo mais a oração curam, mas
que a oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o levantará.
Em segundo lugar, são
os presbíteros, autoridades espirituais e não sanitárias, que devem aplicar o
óleo em nome do Senhor. Se a unção fosse medicinal, ela poderia ser feita por
qualquer outra pessoa, sem a necessidade da convocação dos presbíteros.
Em terceiro lugar, a
cura não vem como o efeito terapêutico do óleo, mas como um conjunto de
fatores; imposição de mãos, unção com óleo, oração da fé, confissão de pecados
e perdão.
Em quarto lugar, as
palavras “em nome do Senhor” colocam os limites da cura. O poder está no nome
de Jesus.
A cura vem pelo poder
do nome de Jesus e não pelo efeito terapêutico do óleo. Na verdade, o uso do
nome do Senhor, no rito da unção, faz do ato um rito religioso e não uma
prática medicinal. Outro argumento que fortalece a tese da simbologia espiritual é que
Tiago recomenda o óleo para todas as espécies de doenças, enquanto o óleo
naqueles dias era usado apenas para alguns tipos de enfermidades.
Argumentando a
respeito da simbologia espiritual do rito prescrito em Tiago 5.14, William
MacDonald diz que O poder da cura não está no óleo, mas o óleo simboliza o
Espírito Santo em seu ministério de cura (ICo 12.9,28). Em momento nenhum Tiago
atribui ao óleo qualquer poder intrínseco de cura.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO
Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 145-146.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
a paz do senhor jesus cristo, estou gostando muito deste material, excelente, glórias a Deus. parabens, que o senhor jesus continue abençoando a vida do amado irmão.
ResponderExcluirebio carlos romão/ guarulhos