JESUS ESCOLHE SEUS DISCÍPULOS
Quem
eram os discípulos escolhidos por Jesus? Pessoas simples, habitantes de uma
cidade sem importância para a antiga Palestina. Pessoas que não tinham alto
grau de instrução, mas que acreditaram na mensagem do meigo nazareno.
Na
presente aula, devemos ressaltar que o nosso Senhor não chamou os doze homens
para serem apóstolos objetivamente, mas, primeiramente, para discípulos.
Pessoas disponíveis a aprender, e igualmente, desaprender os equívocos
aprendidos ao longo da vida religiosa e, principalmente, ansiosos em imitar o
Mestre de Nazaré.
O
discipulado de Jesus é assim. Chama pessoas, do ponto de vista humano,
incapazes de desenvolver algum projeto de vida. E mostra-lhe o maior projeto
que ser humano algum pôde imaginar: o Reino de Deus. Quando fomos chamados por
Jesus a viver o Evangelho, percebemos que não estávamos prontos a dizer
"sim" para o seu projeto. O nível do Evangelho é alto de mais para a
nossa natureza caída. Mas ao despirmo-nos de nós mesmos e procurarmos ser mais
parecido com Jesus, o Evangelho será parte da nossa vida e ficará impregnado à
nossa natureza. Então passamos a ser uma nova criação, ter outra mente e outra
perspectiva de vida que só encontramos com o meigo nazareno.
O
chamado de Jesus é um convite para não mais olhar para si mesmo, uma convocação
para olhar para o outro. Uma decisão de renunciar aos próprios anseios e uma
atitude de viver a vida que não é mais sua, mas de Deus.
A
mensagem do Reino de Deus é absolutamente oposta ao modo de o mundo comunicar
seus valores às pessoas. O Reino de Deus não faz violência para convencer
alguém de alguma ideia, enquanto que o sistema de vida mundano é violento,
arrogante e predatório em convencer o outro acerca dos seus valores. Embora
saibamos que os valores do mundo são destruidores para um projeto de vida
digna, não fazemos terrorismo ou algo do tipo. Simplesmente somos chamados a
sermos pescadores de homens, de almas, de sentimentos, de pessoas. Levar vida,
onde há morte; paz, onde reina a guerra; alegria, onde reina a tristeza;
bondade, onde reina a perversidade; esperança, onde reina a ausência dela.
Em
Jesus, somos chamados a sermos arautos do Evangelho para pessoas sem Deus, sem
dignidade, sem alegria de viver. Nele, todo dia somos estimulados a testemunhar
com a vida a verdade daquilo em que acreditamos e cremos. Sim, Jesus, a nossa
razão de ser. É o sentido último da nossa vida. Podemos dizer "sim"
ao seu convite? — Vem e segue-me!
Revista ensinador. Editora CPAD. Ano 16 - N° 62. pag. 38.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A
Natureza do Chamado
Uma
outra coisa posta em destaque diz respeito à natureza do chamado de Jesus. Esse
chamado é de graça e não tem nenhum custo a mais. Todavia, o grau de
compromisso dessa decisão é muito alto. Jesus não engana ninguém nem camufla as
implicações envolvidas no seu chamado. E um chamado que deve ser aceito de
forma consciente por aquele que o abraça (Mc 1.15).
Nesse
aspecto o chamado é começar tudo de novo (Jo 3.3-8). O compromisso com o Reino
e o chamado deve estar acima de qualquer vinculo familiar (Lc 9.60). Quem o
acolheu não pode mais voltar atrás (Lc 9.62). E uma pérola preciosa e quem a
achou deve se desprender de tudo para tê-la. Enfim quem o aceita deve se
desprender de tudo para se dedicar a Ele (Mt 13.4446).
O
Perfil dos Chamados
E
interessante também o perfil dos chamados por Jesus. Figueira e Junqueira põe
em evidência esses perfis. Eram humanos, limitados e imperfeitos.
Os
exemplos:
Pedro
— era generoso e entusiasta (Mc 14.29,31), mas, na hora do perigo e da decisão,
o seu coração encolhia e ele voltava atrás (Mt 14.30; Mc 14.66-72).
Tiago
e João - estavam dispostos a sofrer por Jesus (Mc 10.39), mas queriam ter mais
poder que os outros (Mc 10.35-41), e eram temperamentais (Lc 9.54). Jesus
deu-lhes o apelido de “filhos do trovão” (Mc 3.17).
Filipe
— tinha muito jeito para colocar os outros em contato com Jesus (Jo 1.45,46),
mas não era prático em resolver os problemas (Jo 6.5-7; 12.20-22). Jesus certa
vez o censurou (Jo 14.8,9).
Natanael
— era bairrista 0o 1.46), mas diante da evidência reconhece que Jesus é o
Messias (Jo 1.49).
André
- era mais prático. Foi ele que encontrou o menino com cinco pães e dois peixes
(Jo 6.8,9).
Tomé -
era generoso, disposto a morrer com Jesus (Jo 11.16). Mas também era cabeçudo e
teimoso, capaz de sustentar a sua opinião, uma semana inteira, contra o
testemunho de todos os outros (Jo 20.24,25).
Mateus
— era publicano e como tal era excluído da religião judaica.
Simão
- era Cananeu ou Zelote (Mc 3.18). Fazia parte de um partido dos zelotes que se
opunha ao governo romano.
Judas
- guardava o dinheiro do grupo (Jo 12.6; 13.29).
Joana
— era esposa de Cusa, procurador de Herodes, que governava a Galileia. Junto
com Susana e outras mulheres, ela seguia a Jesus e o servia com seus bens (Lc
8.2-3).
Maria
Madalena — era nascida na cidade de Magdala. Jesus libertou-a de sete demônios
(Lc 8.2).
Marta
e Maria - eram irmãs, que junto com Lázaro, o irmão delas, viviam em Betânia,
perto de Jerusalém (Jo 11.1).
Nicodemos
- Era membro do Sinédrio, o Supremo Tribunal da época.
Jesus,
o Discipulado e o Espírito Santo
Por
último, desejo pôr em destaque o papel do Espírito Santo no discipulado. O
terceiro evangelho, como faz em outras partes, aqui também põe os carismas do
Espírito a serviço do discipulado. “Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca
de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar, até ao dia em que foi
recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos
apóstolos que escolhera; aos quais também, depois de ter padecido, se
apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por
espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino de Deus. E, estando
com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que
esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na
verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo,
não muito depois destes dias” (At 1.1-5).
Lucas
destaca que Jesus deu mandamentos aos apóstolos através do Espírito Santo (At
1.2). O Espírito Santo foi um instrumento eficaz no amoldamento dos discípulos
de Jesus. Sem a participação efetiva do Espírito do Senhor nenhum programa de
discipulado ou recrutamento cristão será eficaz.
José
Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora
CPAD. pag. 63-65; 67.
A
escolha que Jesus fez dos doze discípulos que gradualmente se reuniram ao seu
redor é uma importante referência na história do evangelho.
Tal
ato divide o ministério do nosso Senhor em duas partes provavelmente muito semelhantes
quanto à duração, mas diferentes quanto à extensão e a importância do trabalho
realizado em cada uma. No período inicial Jesjjs trabalhou sozinho; suas obras
milagrosas estavam confinadas a uma área limitada, e seu ensino era, em sua
maior parte, de caráter elementar. Mas na ocasião em que os doze foram
escolhidos, a obra do reino "assumiu dimensões que requeriam organização e
divisão de trabalho. O ensino de Jesus estava começando a ser de natureza mais profunda
e elaborada, e suas atividades beneficentes estavam crescendo muito.
E
provável que a escolha de um número limitado de discípulos para ser seus
companheiros íntimos e constantes tenha se tornado uma necessidade para Cristo,
em conseqüência de seu próprio sucesso ao fazer discípulos. Seus seguidores
eram tão numerosos a ponto de serem um impedimento aos seus movimentos,
especialmente nas longas jornadas que marcam a parte posterior de seu
ministério. Era impossível que todos os que criam pudessem então continuar a
segui-lo de modo literal, para onde quer que Ele fosse: o grande número de
pessoas agora poderia ser apenas de seguidores ocasionais. Mas era seu desejo
que alguns homens escolhidos estivessem consigo em todos os momentos e em todos
os lugares — seus companheiros de viagem em todas as suas jornadas, testemunhando
toda a sua obra e ministrando às suas necessidades diárias. E assim, nas
palavras singulares de Marcos: “E subiu ao monte e chamou para si os que ele
quis; e vieram a ele. E nomeou doze para que estivessem com ele...
Estes
doze, contudo, como sabemos, deveriam ser mais que meros companheiros de viagem
ou servos comuns do Senhor Jesus Cristo. Eles deveriam ser, então, aprendizes
da doutrina cristã, e ocasionais cooperadores das obras do reino, e mais tarde
agentes treinados, escolhidos por Cristo para propagar a fé depois que Ele
deixasse a terra. A partir do momento em que foram escolhidos, de fato, os doze
iniciaram um aprendizado regular para o grande ofício do apostolado, no curso do
qual deveriam aprender, na privacidade de um relacionamento íntimo diário com
seu Mestre, como deveriam ser, agir, crer, e ensinar como suas testemunhas e
seus embaixadores no mundo. Doravante o treinamento desses homens deveria ser
uma parte constante e proeminente da obra pessoal de Cristo. Ele os orientava à
noite a respeito do que deveriam falar de dia, e falava aos seus ouvidos o que
nos anos posteriores anunciariam publicamente.
A
ocasião em que ocorreu essa eleição (embora não se conheça tal data com
precisão) é fixa em relação a certos eventos-chave da história do evangelho.
João se refere aos doze como uma companhia organizada na ocasião em que o
Senhor realizou o milagre de alimentar mais de cinco mil pessoas, e do discurso
sobre o Pão da vida na sinagoga de Cafarnaum, proferido pouco tempo após aquele
milagre. Desse fato aprendemos que os doze foram escolhidos pelo menos um ano
antes da crucificação; pois o milagre da multiplicação dos alimentos ocorreu,
de acordo com o quarto evangelista, logo após a festa da Páscoa. A partir das
palavras ditas por Jesus aos homens que havia escolhido, transmitindo a sua
pergunta em relação à fidelidade devida a ele depois da multidão tê-lo
abandonado: “Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo”4,
concluímos que a escolha não era tão recente. Os doze haviam estado juntos
durante tempo suficiente para dar ao falso discípulo a oportunidade de mostrar
o seu verdadeiro caráter.
Voltando
agora aos evangelistas sinópticos, encontramo-los tentando estabelecer a
posição da eleição em referência a dois outros eventos ainda mais importantes.
Mateus fala pela primeira vez dos doze como um corpo distinto em relação à sua
missão na Galiléia. Ele não diz, contudo, que foram escolhidos imediatamente
antes e com referência direta a tal missão. Antes, fala como se a fraternidade
apostólica já existisse anteriormente, sendo estas as suas palavras: “E,
chamando os seus doze discípulos...”
Lucas,
por outro lado, faz um relato formal da eleição, como um prefácio de seu
relatório do Sermão ia Montanha, dando a impressão de que um evento ocorreu
logo após o outro5. Finalmente, a narrativa de Marcos confirma o ponto de vista
sugerido por essas observações de Mateus e Lucas, isto é, os doze foram
chamados pouco antes da realização do Sermão da Montanha, e um tempo considerável
antes de terem sido enviados em missão para pregar e curar. Está escrito: “E
subiu ao monte (t )6 e chamou para si os que ele quis” — a subida obviamente se
refere à ocasião em que Jesus subiu antes de pregar seu grande discurso.
Marcos
continua: “E nomeou doze para que estivessem com ele e os mandasse a pregar e
para que tivessem o poder de curar as enfermidades e expulsar os demônios”.
Aqui há uma alusão feita a uma intenção da parte de Crist® de enviar seus
discípulos em uma missão, mas a intenção não é representada e imediatamente
executada. Nem pode ser dito que a execução imediata esteja implícita, embora
não tenha sido expressa; o evangelista faz um relato da missão como consta em
vários capítulos seguintes em seu Evangelho, iniciando com estas palavras:
“Chamou a si os doze, e começou a enviá-los de dois a dois...
Deve
ser considerado, então, como toleravelmente certo, que o chamado dos doze tenha
sido um prelúdio à pregação do grande sermão sobre o reino, em cuja fundação
eles teriam, posteriormente, uma participação ainda mais distinta. Não podemos
determinar com exatidão em que período do ministério de nosso Senhor o sermão
em si deve ser precisamente alocado. Nossa opinião, contudo, é que o Sermão da
Montanha foi proferido próximo ao primeiro ministério prolongado de Cristo na
Galiléia, durante o tempo passado entre as duas visitas a Jerusalém em ocasiões
de festas mencionadas no segundo e no quinto capítulo do Evangelho de João.
O
número da companhia apostólica é significativo e, sem dúvida, uma questão de
escolha, assim como a composição daquele grupo seleto.
Um
número maior de homens elegíveis poderia ser facilmente encontrado no círculo
de discípulos que, mais tarde, não se tornou menor que setenta auxiliares na
obra evangelística; e um número menor pode ter servido a todos os propósitos
presentes ou futuros do apostolado. O número doze foi recomendado por óbvias
razões simbólicas. Expressava de uma forma feliz e figurada o que Jesus
reivindicava ser e o que veio fazer e, deste modo, fornecia apoio à fé e
estímulo à devoção de seus seguidores. Isto sugeriu de forma significativa que
Jesus era o divino Rei messiânico de Israel, que veio para estabelecer o reino
cujo advento fora anteriormente previsto pelos profetas em linguagem fervorosa,
sugerida pelos dias de felicidade da história de Israel, quando a comunidade teocrática
existia em sua integridade, e todas as tribos da nação escolhida eram unidas
sob a casa real de Davi. Sabemos que o número doze estava designado a conter
tal significado espiritual através das próprias palavras de Cristo aos
apóstolos em uma ocasião posterior, quando, ao descrever as recompensas que os
esperavam no reino pelos serviços e sacrifícios prestados, Ele disse: “Em
verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho «do
Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze
tronos, para julgar as doze tribos de Israel”.
E
possível que os apóstolos conhecessem muito bem a importância espiritual do seu
número, e tenham encontrado nele o encorajamento para a terna e ilusória
esperança de que a vinda do reino não deveria ser apenas um cumprimento
espiritual das promessas, mas uma restauração literal de Israel em relação à
sua independência e integridade política. O risco de tal equívoco era um dos
obstáculos relacionados ao número doze em particular, mas não foi considerado
por Jesus como uma razão suficiente para estabelecer outro. Seu método de
procedimento nesse caso, como em todas as coisas, era continuar o que era verdadeiro
e certo, e então corrigir os equívocos à medida que surgissem.
A.
B. BRUCE. O Treinamento Dos Doze. Editora CPAD. pag. 45-48.
I - O MESTRE
1.
SEU ENSINO.
Aqui
Jesus conclui o seu discurso—«Quando Jesus acabou de proferir estas
palavras...» expressão essa nem sempre encontrada apôs os principais discursos
de Jesus, no evangelho de Mateus. Essas palavras assinalam a conclusão de cada
um dos cinco trechos principais dos "discursos (ensinos) de Jesus, em
Mateus. Tal expressão se acha também em 11:1; 13:53; 19:1 e 26:1. Essas cinco
principais secções formam a base sobre a qual foi escrito) o evangelho. Essas
secções são 1. Caps. 3 a 7. 2. Caps. 8 a 10. 3. Caps. 11a 13. 4. Caps. 14 a 18.
5. Caps. 19 a 25. Os capítulos 26 a 28 formam a conclusão, sem discursos de
ensinos.
^Maravilhadas»,
‘lespantadas». Literalmente, são expressões fortes como «fora de si» ou
“atônitas”. As amostras dos discursos dos rabinos, na Miskna, na Gemara e no
Talmude, usualmente eram secas, insípidas, desconjuntadas, que continham declarações
desconexas sobre todos os problemas humanos. P^ciam ter receio de falar, a nâo
ser com o apoio de ãlgum antecessor. Tem', todavia, grandes trechos no Talmude.
Jesus falava por si mesmo, escudado em sua própria autoridade, pelo Espírito de
Deus, na hora certa; mas até hoje hâ casas (vidas) edificadas sobre a areia, e
por isso caem. Ver nota sobre o Talmude, em Marc. 7:3.
Alguns
mss, como C(l) 33, e certo número de versões latinas e siríacas, adicionam, no
fim destes versículos, «...e os fariseus». Não é acréscimo autêntico. Talvez
tenha resultado de uma extensão natural do texto. Entre as traduções, somente F
contém o acréscimo. Ver nota detalhada sobre os «escribas», em Marc. 3:22;
sobre os «fariseus», em Marc. 3:6; e sobre os «saduceus», em Mat. 22:23; e
também sobre o «sinédrio», em Mat. 22:23.
Principais
diferenças entre Cristo e as autoridades religiosas dos judeus:
1.
Jesus falou sobre coisas de grave importância, e não sobre ritos, lavagens,
etc. 2. Jesus praticava o que ensinava. 3. Jesus ensinava com energia e clareza
notáveis. 4. Jesus confirmava os seus ensinos por meio de milagres, comprovando
assim que era aprovado por Deus. 5. Jesus ensinava como quem tem o direito de
acrescentar ensinos à lei, qual novo Moisés, e nâo como as autoridades religiosas
dos judeus, que sempre citavam outros, por lhes faltar autoridade pessoal. 6.
Jesus sempre falou para aumentar a glória do Pai, ao passo que muitos falavam
só para aumentar a glória e a reputação de si mesmos entre os homens. 7. Jesus
tinha o poder de outorgar compreensão aos seus ouvintes (graça divina). S. A
doutrina de Jesus era perfeita e espiritual,—com os conceitos humanos
acrescidos à lei pelas autoridades religiosas. 9. Jesus falava como Messias,
Rei do reino dos céus, posiçâo essa que os mestres da lei nâo tinham o direito
de imitar. 10. Jesus àlava como ser desenvolvido, mesmo sendo homem, algo que
os outros não obtiveram.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 337.
Nos dois últimos versículos, tomamos
conhecimento da impressão criada pelo diseurso de Cristo nos seus ouvintes. Foi
um excelente sermão, provável que Ele tenha falado muito mais, porém estas palavras
não foram registradas. Sem dúvida, as palavras que saíram da sua boca, de cujos
lábios se derramava a graça, contribuíram poderosamente para isso. Portanto:
1. Eles ficaram admirados com a sua doutrina.
Acredita-se que poucos tenham sido levados a segui-lo, mas naquele momento
todos ficaram maravilhados. Veja bem: Será que é possível acreditar que as
pessoas admirem um bom sermão e ainda assim permaneçam na ignorância e na
incredulidade? Ficam admiradas, mas não se tornam santificadas?
2. Talvez a razão disso seja que, apesar de ensinar
com autoridade, Ele não era como os escribas. Os escribas pretendiam ter a
mesma autoridade de qualquer um dos mestres, e eram apoiados por todas as
vantagens externas que conseguiam. Porém, a sua pregação era pobre, vazia e
insípida. Falavam como se não fossem mestres daquilo que pregavam, suas
palavras não vinham de alguém que tivesse força ou vida, e repetiam as palavras
como os alunos repetem as lições. Mas Cristo pronunciava o seu discurso da
mesma maneira que um juiz pronuncia uma sentença. Ele realmente fazia seus
discursos com um tom de autoridade. Suas lições eram leis, e a sua palavra era
uma palavra, de comando. Cristo, sobre a montanha, mostrava mais autoridade que
os escribas na cadeira de Moisés. Dessa forma, quando Cristo ensina às almas através
do seu Espírito, Ele ensina com autoridade. Ele disse: “Haja luz. E houve luz”
.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 90.
Quando
Jesus parou de falar, a grande multidão, que fascinada o ouvia, estava em estado
de espanto. Em nosso idioma é muito difícil, talvez impossível, reproduzir o
exato sabor do pitoresco verbo usado no original para descrever o estado do
coração e da mente do povo. As várias versões em português traduzem o termo por
“maravilhadas” (Atualizada), “admirou-se” (Corrigida), “extasiadas” (Bíblia de
Jerusalém). The Amplified New Testament traz: “estavam atônitos e dominados de
perplexa admiração." Essas traduções são todas elas muito úteis. O
significado literal do original é “ficaram como que fora de si”. Tem-se
sugerido “tirados de seus sentidos”. Compare-se também com o alemão “ser
trazido para fora de si” (Lenski, op. cit., p.305) e o holandês “derrotados para
fora do campo ”. O tempo do verbo mostra que esse estado de assombro não foi só
uma experiência momentânea, mas que durou algum tempo. Poder-se-ia muito bem
perguntar: Quais foram algumas das razões desse sentimento de admiração e
assombro? Mt 13.54,55 poderia fornecer parte da resposta. Não obstante, com
base no próprio sermão e em 7.28 (“não como os seus escribas”), os seguintes
temas merecem consideração: a. Ele falava a verdade (Jo 14.6; 18.37). O
arrazoado corrupto e evasivo caracterizava os sermões de muitos dos escribas (Mt
5.21 ss.).
b. Ele
apresentava assuntos de grande relevância, questões de vida, morte e eternidade
(ver todo o sermão). Eles com freqüência desperdiçavam seu tempo com
trivialidades (Mt 23.23; Lc 11.42).
c.
Havia sistema na pregação de Jesus. Segundo o Talmude deles comprova, eles com
freqüência divagavam sem parar.
d. Ele
excitava a curiosidade ao fazer uso generoso de ilustrações (5.13-16; 6.26-30;
7.24-27; etc.) e exemplos concretos (5.21—6.24; etc.), como o sermão o revela
do princípio ao fim.
Os
discursos deles eram com freqüência áridos como o pó.
e. Ele
falava como aquele que amava os homens, como aquele que se preocupava com o
bem-estar eterno de seus ouvintes e apontava para o Pai e seu amor (5.44-48). A
falta de amor por parte deles é evidente com base em passagens tais como
23.4,13-15; Mc 12.40; etc.
f.
Finalmente, e este aspecto é o mais importante, pois ele é especificamente
declarado aqui (v.28). Ele falava “com autoridade” (Mt 5.18,26; etc.), porque
sua mensagem vinha diretamente do coração e mente do Pai (Jo 8.26), daí também
vir do mais profundo de seu próprio ser e das Escrituras (5.17; 7.12; cf.
4.4,7,10). Eles estavam constantemente aproveitando fontes falíveis, citando um
escriba ou outro. Eles tentavam tirar água de cisternas rotas. Ele extraía de
si mesmo, pois era (e é) “a fonte de águas vivas” (Jr 2.13).
HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Mateus I. Editora Cultura Cristã.
pag. 540-541.
2.
SEU EXEMPLO.
O supremo
exemplo:
1.
Três coisas um pai deve a seus filhos, três coisas um mestre deve a seus alunos:
Exemplo... exemplo... exemplo.
2.
Jesus deu o supremo exemplo, ver notas em Fil. 2:3-11.
3.
Paulo servia de um subexemplo notável, ver notas em I Cor. 11:1.
4. Há
algumas crenças que têm grande importância. Certamente, uma delas é: seguir o
exemplo de Cristo. Se seguires meu exemplo, poderás fazer as obras que eu faço
e até maiores! (João 14:12). Deve haver poder nesse exemplo.
5. Não
basta saber; é mister seguir. Senhor, não é de conhecimento que precisamos; é
de força de vontade.
6. O
versículo nos deixa bracejando em águas profundas. Quem é o Ideal? Do que
consiste a vereda? C risto é o ideal; e o seu cam inho é a vereda. Pode o homem
mortal atingir esse alvo? Em seu Espírito, sim; mas jamais por iniciativa
própria apenas.
7. O
exemplo específico que aqui nos é recomendado seguir é o do serviço humilde
prestado ao próximo. Jesus destacou, no versículo seguinte, que essa é a
essência mesma da grandeza autêntica.
O
último pensamento destacado neste versículo pelo autor sagrado é ouve dos
púlpitos evangélicos, porque expressa não só a necessidade da conformidade
moral com Deus, mas também a própria participação em sua natureza.
Whittier
expressou esse conceito como segue:
Por
tudo quanto ele requer de mim, Sei o que Deus deve ser.
Essa
verdade, ainda que de formam odificada, tam bém tem transparecido no sistema do
estoicismo, conforme é expressa, ainda que debilmente, nesta citação de Sêneca:
«Precisamos escolher algum homem bom, tendo-o sempre diante dos olhos, para que
vivamos como se ele nos vigiasse e para que pratiquemos tudo como se ele nos
estivesse vendo». Se substituirmos aqui homem bom por «Deus», teremos atingido
em cheio a verdade encerrada nesta passagem do evangelho de João.
John
Stuart Mill ( Três Ensaios sobre a Religião ) descobriu o princípio contido
neste texto, e, considerando-o elevadíssimo, comentou: «Até hoje não seria
fácil, mesmo para um incrédulo, encontrar melhor exemplo da regra da virtude,
passando-a do abstrato para o concreto, do que esforçar-se alguém por viver de
tal modo que Cristo aprove».
Além
disso, salienta-se a necessidade de alguma alma grande e nobre seguir à frente
das outras, a fim de guiar no caminho, preparando-lhes a vereda, pela qual
todos finalmente terão de seguir e da qual se beneficiarão, conquistando,
eventualmente, o mesmo terreno que foi conquistado pelo pioneiro; Esse ideal
teve o seu cumprimento na pessoa de Jesus.
«Não é
tanto aquilo que vos tenho feito, e, sim, como eu vos fiz, façais vós também. A
imitação não deve ser realizada senão mediante a aplicação do mesmo princípio
de amor e de abnegação, em todas as variegadas circunstâncias da vida em que
somos postos». (Ellicott, in loc.): No tocante à questão do serviço humilde e
mútuo, entre os crentes, Jesus estabeleceu o grande exemplo. Ele baixou-se a
fim de lavar os pés de seus discípulos, embora, mais do que qualquer outro, ele
é quem deveria ter sido servido. A vida inteira, pois, deve servir-nos de palco
no qual atos de serviço humilde, em favor de nossos semelhantes, devem ser
feitos; e isso com o propósito de exibir o espírito humilde demonstrado por
Jesus, em nossa vida. A exposição acima tem procurado enfatizar os aspectos
simbólicos e espirituais do ato do lava-pés, realizado por Jesus em favor dos
discípulos; e também tem salientado como em todas as facetas da vida, devemos
seguir o exemplo de humilde serviço humanitário. Porém, dar atenção exclusiva a
essa parte do sentido do texto sagrado é fazer injustiça ao versículo que ora consideram
os. O autor deste evangelho obviam ente tencionava que a cerim ônia do lava-pés
fosse p raticad a pela igreja cristã inteira, como símbolo daquele serviço leal
que devemos incorporar no coração mesmo de nossas vidas cristãs. Os versículos
catorze e quinze deste décimo terceiro capítulo servem de defesa da
perpetuidade e da obrigação dessa prática; porquanto a leitura simples e
honesta dos mesmos convence qualquer crente sincero do que não é fácil qualquer
outra interpretação. (Quanto a um tratamento completo acerca da obrigação (ou
da não-obrigação) dessa prática do lava-pés, conforme ela tem sido encarada
pela igreja cristã, através dos séculos, ver as notas expositivas referentes ao
vs. 5 deste mesmo capítulo).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 506.
Jo 13:15
/ exemplo, para que façais o que eu fiz: o contexto demonstra que Jesus tem em
mente primordialmente um exemplo moral. Contudo, de modo algum fica excluído o
exemplo litúrgico (i.e., os discípulos em seu culto deverão literalmente
encenar o simbolismo do lava-pés). Isso é verdade de forma especial à luz do
fato que, neste Evangelho, o ato simbólico de lavar os pés substitui o ato
simbólico da instituição da Ceia do Senhor. João conhece, ou está advogando, a
prática do lava-pés nas comunidades cristãs com as quais está familiarizado.
Essa prática seria um meio de a comunidade cristã dramatizar a responsabilidade
de seus membros de serem servos uns dos outros e, desse modo, concretizar
integralmente no mundo o perdão e o amor de Jesus.
Entretanto,
não é provável que João tenha em mente estabelecer uma “ordenança” ou um
“sacramento”, o lava-pés, a fim de com ele substituir a Ceia do Senhor, que
está no centro do culto cristão. A omissão da Santa Ceia no Evangelho de João
explica-se, talvez, pela inclusão, antes, do sermão da sinagoga, cujo tema é o
pão da vida (esp. 6:52-58), que tomou supérfluo o registro da instituição da
Ceia do Senhor. Se João houvesse considerado o lava-pés como prática litúrgica,
provavelmente o teria visto como apenas uma parte do que aconteceu ao redor da
mesa do Senhor, talvez como preparativo para a eucaristia propriamente dita.
J.
Ramsey Michaels. Comentário Bíblico
Contemporâneo. João. Editora Vida. pag. 256.
Jo 13.15
―Porque eu vos dei um exemplo, para que vós façais como eu vos fiz.‖ Representa
uma distorção do evangelho se virmos em Jesus apenas um ―exemplo‖, ao qual
queremos imitar com nossas próprias forças. Nessa leitura se ignoraria o que
Jesus disse em Jo 3.1ss ao sério fariseu Nicodemos sobre a necessidade do novo
nascimento. Por outro lado, também não podemos nem devemos negar que Jesus é
―exemplo‖. Em consonância, ele próprio está se colocando a seus discípulos como
―exemplo‖ precisamente em sua função apostólica. Acrescenta-se que no grego a
palavra ―como‖ (kathos) não possui apenas um sentido comparativo, mas também
uma conotação de justificativa. Devem ―fazer como Jesus fez‖; porém somente
podem fazê-lo porque Jesus agiu primeiro dessa forma com eles.
Werner de Boor. Comentário Esperança Evangelho de João. Editora Evangélica
Esperança.
II - O CHAMADO
1.
O MÉTODO.
O
Recrutamento
A
forma como Jesus chama as pessoas é bastante simples e variada. Muitas vezes
Jesus toma iniciativa no chamado. Ele vê as pessoas e as chama (Mc 1.16-20).
Mas em outros casos este chamado se dá através da rede de entrelaçamento
familiar quando um membro da família conduz algum parente ou amigo até Jesus
(Jo 1.40-42; 45-46). João, o batista, também tem participação nesse chamado quando
orienta seus discípulos a seguir o Mestre (Jo 1.35-39). Em outros casos as
pessoas decidem espontaneamente seguir Jesus (Lc 9.57,58; 61,62).
José
Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora
CPAD. pag. 63.
Nós o
vemos orando a Deus, a sós, v. 12. Este evangelista menciona freqüentemente os
retiros de Cristo para nos dar um exemplo de oração a sós pela qual mantemos
diariamente nossa comunhão com Deus, e sem a qual é impossível que a alma possa
evoluir. Naqueles dias em que seus inimigos estavam cheios de ódio contra Ele,
e estavam conferenciando sobre o que lhe fariam, Ele saiu para orar. Esta
atitude foi tipificada por Davi (SI 109.4): “Em paga do meu amor, são meus
adversários; mas eu faço oração”. Observe: 1. Ele estava sozinho com Deus. E le
“subiu ao monte a orar”, onde não seria perturbado ou interrompido. Nós nunca
estamos mais sós do que quando estamos assim sozinhos. Pareceme muito incerto o
pensamento de alguns, de que houvesse algum lugar conveniente construído nessa montanha
para pessoas religiosas se retirarem para as suas devoções particulares, e que
aquele oratório ou local de oração seja indicado aqui por he proseuche tou
theou. Ele subiu ao monte em busca de privacidade, e por essa razão,
provavelmente, não iria a um lugar freqüentado por outras pessoas. 2. Ele ficou
muito tempo sozinho com Deus: Ele “passou a noite em oração a Deus”. Alguns pensam
que meia hora é um tempo longo demais para dedicarmos às nossas devoções
particulares; mas Cristo permaneceu a sós durante a noite inteira em meditação e
oração. Nós temos muitos assuntos para apresentar diante do trono da graça, e
deveríamos nos comprazer muito na comunhão com Deus. E devido a essas duas
razões, devemos dedicar longos períodos à oração.
Nós o
temos nomeando seus acompanhantes imediatos como sua família, que deveriam ser
constantes ouvintes da sua doutrina e testemunhas oculares de seus milagres -
para que no futuro pudessem ser enviados como apóstolos, seus mensageiros para
o mundo, para pregar seu Evangelho e estabelecer nele a sua igreja, v. 13.
Depois que Ele havia permanecido a noite toda em oração, poder-se-ia pensar que
quando fosse dia, Ele descansaria e dormiria um pouco. Mas não foi assim. Logo
que amanheceu, Ele “chamou a si os seus discípulos”. Servindo a Deus, nossa
grande preocupação deveria ser não perder tempo, mas fazer, do fim de um bom
trabalho, o início de outro. Os ministros cristãos devem ser ordenados mais com
oração do que com simples solenidades. O número de apóstolos era doze: Ele
“escolheu doze deles”. Os seus nomes estão registrados aqui - é a terceira vez
que nós os encontramos, e em cada uma das três passagens a ordem deles difere.
Este exemplo serve para ensinar tanto aos ministros quanto aos cristãos em
geral a não serem exigentes quanto à primazia, nem ao dá-la nem ao recebê-la,
mas olhar para ela como algo sem importância; não importa quem seja mencionado primeiro,
e quem seja mencionado depois. Aquele que em Marcos é chamado Tadeu, e em
Mateus “Lebeu, apelidado Tadeu”, é aqui chamado de “Judas, filho de Tiago”, o
mesmo que escreveu a epístola de Judas. Simão é chamado de “Simão, chamado
Zelote”, talvez por seu grande zelo pela religião. No tocante a esses doze aqui
nomeados nós temos razão para dizer, como a rainha de Sabá disse dos criados de
Salomão: “Bem-aventurados os teus homens, e bem-aventurados estes teus servos, que
estão sempre diante de ti e ouvem a tua sabedoria!” Homem nenhum havia sido tão
privilegiado como estes, e ainda assim um deles tinha um demônio, e demonstrou ser
um traidor (v. 16). Apesar disso, quando o escolheu, Cristo não se enganou a
respeito dele.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 563.
Jesus
passou a noite nas montanhas, vigiando em oração. Mais de uma vez Lucas
salientou essa necessidade íntima que o Redentor tinha de orar, que com
freqüência impelia Jesus a lugares ermos (Lc 4.42; 5.16). Contudo os termos
aqui utilizados contêm uma ênfase muito especial. A palavra “vigiar por toda a noite”
ocorre unicamente aqui.
A
escolha dessa expressão incomum, bem como a forma verbal analítica (imperfeito
e particípio), destacam a persistência determinada e incessante dessa vigília
noturna. A expressão proseuché tou theou, literalmente “oração de Deus”, é
também única no Novo Testamento. Essa formulação não designa nenhum pedido
peculiar, mas um estado da mais profunda devoção na presença santa e direta de
Deus, uma invocação que transita para a mais íntima comunhão com Deus. Durante
essa noite Jesus apresentou a Deus sua obra no estágio decisivo em que
ingressara naquele momento, aconselhando-se com ele. Durante essa longa luta de
oração, por toda a noite, Jesus provavelmente havia apresentado todos os seus
discípulos individualmente a seu Pai, para que o Pai designasse aqueles que o
Filho deveria tornar emissários da salvação. O que será que os discípulos, que
haviam se ajuntado em grande número em torno de Jesus, sentiram quando Jesus,
como um general, chamou um por um do meio deles, até que ficasse completo o
número dos doze?
“Simão”,
começou ele. Com quanta expectativa cada novo nome era aguardado! Com que
estremecimento cada um ouvia, então, o chamado do próprio nome. Dentre o grupo
de discípulos “ele escolheu os doze”, “aos quais também chamou de apóstolos”.
Isso é significativo. Os demais discípulos tiveram de tolerar que esses doze
obtivessem uma posição especial do Senhor. O Redentor os havia escolhido em
virtude de ordem divina. Deus é soberano.
Os
discípulos não têm outra opção a não ser obedecer a esse Senhor extraordinário.
“Chamou-os a si”. Mas, se desejou aqueles que o Pai lhe concedeu, de agora em
diante sabemos a quem recorrer quando desejamos chegar ao Pai. Porque ele os
“ordenou” para duas finalidades.
1)
Primeiramente, devem estar junto dele. Devem perseverar com ele em suas
tentações até chegarem ao Getsêmani; afinal, devem tornar-se testemunhas dele
até os confins do mundo (At 1.8). Precisavam conhecer suas “horas silenciosas”,
conviver com ele no dia-a-dia, observar seu trabalho, obter uma visão dos
mistérios de sua sabedoria de educador, e até mesmo familiarizar-se com os
objetivos de sua ação.
2) O
segundo aspecto é que eles partilharão de sua autoridade. Dessa maneira ele
providencia, de certo modo, pernas e pés, línguas e lábios que levem adiante
sua obra.
Mateus
relata a convocação e o credenciamento dos apóstolos em uma ocasião (Mt
10.1ss), e Lucas o faz em dois trechos, mais precisamente como segue: de acordo
com Lucas, o primeiro passo de Jesus foi nomeá-los, provavelmente para que
passassem a ser seus alunos de modo especial. Isso aconteceu aqui em Lc
6.12-16. A capacitação é relatada em Lc 9.1-6, onde Jesus lhes confere a
autoridade para servir como apóstolos. O relato mais preciso indica que esse
deve ter sido o processo. Mateus reúne em uma só ocasião as duas ações de
Jesus. Isso tem a ver com sua característica de enfatizar tão-somente o aspecto
doutrinário e fundamental.
Dessa
forma o Redentor obteve, portanto, um grupo de auxiliares para sua obra. Ele, o
maravilhoso canal da poderosa benignidade de Deus, fora multiplicado por doze.
Mas de antemão os doze não obtiveram nem poder nem incumbência para a ação
espiritual propriamente dita.
Quanto
ao título “apóstolo”, cf. o exposto no Comentário Esperança, Marcos, sobre Mc
3.13-19, bem como Jo 17.18; 20.21; At 1.8. Essas passagens não devem levar à
conclusão que a tarefa dos apóstolos consistia tão somente em ser testemunhas
de Jesus. O próprio nome expressa mais, cf. 2Co 5.20: “Somos mensageiros de
Cristo… e rogamos que vos reconcilieis com Deus.”
Com a
escolha dos doze estava organizada a obra de Jesus. Passou do estágio de
fenômeno local e isolado para o estágio de instituição que abrange e cuja
intenção arrebata povos e épocas. A obra do Senhor obteve um solo histórico
firme e uma perspectiva clara para o futuro, com todas as suas esperanças e
todos os seus perigos.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica
Esperança.
A
escolha dos Doze (6:12-16)
12.
Mais uma vez, a referência ao tempo em Lucas é vaga {Naqueles dias). Não está
dedicando sua atenção à seqüência exata. Jesus estava enfrentando uma decisão
momentosa. Os incidentes anteriores demonstraram que Seus inimigos estavam
aumentando. Um dia, O matariam. O que deveria Ele fazer? Caracteristicamente,
Lucas nos diz que Ele orava. E então, escolheu um grupinho de homens que
continuariam Sua obra depois dEle.
13. Ao
amanhecer, Jesus chamou a si os seus discípulos. Deve tratar-se de um grupo de
pessoas que se ligaram a Ele de modo informal.
Um
discípulo era um aprendiz, um estudante. No século I, o estudante não estudava
simplesmente uma matéria; estudava com um mestre. Há um elemento de ligação
pessoal no “discípulo” que falta no “estudante.” Deste grupo maior de
aderentes, Jesus escolheu doze. Este é o número das tribos de Israel, número
este que significa que Jesus estava estabelecendo o povo de Deus, o verdadeiro
Israel. Em Jesus e nos Seus seguidores “as pessoas podiam ver uma dramatização
do quadro vétêrotestamentário de Deus trazendo as doze tribos de Israel à terra
prometida” (Tinsley). Jesus nunca estabeleceu uma organização. Estes doze
homens representam a totalidade da Sua máquina administrativa. Alguns deles eram
claramente homens de destaque, mas, de modo geral, parecem ter sido nada mais
do que medianos. A maioria deles deixou pouquíssimas marcas na história da
igreja. Jesus preferia operar, naqueles tempos como também agora, através de
pessoas perfeitamente comuns.
A
estes doze Jesus deu o nome de apóstolos. O termo é derivado do verbo
“enviar" e significa “uma pessoa enviada ” “um mensageiro.” Lucas emprega
a palavra seis vezes (com mais vinte e oito em Atos), ao passo que cada um dos
demais Evangelistas a emprega uma só vez (é possível que Marcos a tenha duas
vezes, dependendo da solução de um problema textual). Nos Evangelhos, o grupo
usualmente é referido simplesmente como “os doze.” Marcos explica que Jesus os
escolheu “para estarem com ele e para os enviar a pregar, e a exercer a
autoridade de expelir demônios” (Mc 3:14-15). Esta expressão ressalta a noção
de missão e a centralidade da pregação na sua função.
14-16.
Há variações mínimas na ordem, mas se dividirmos os nomes em três grupos de
quatro, os mesmos nomes ocorrem em cada grupo em todas as nossas listas, O
mesmo nome lidera cada grupo, embora varie a ordem dentro dos grupos. O
primeiro nome em todas as listas é Simão. Jesus lhe deu outro nome, Pedro, que
significa “Rocha.” Deste momento em diante, Lucas sempre emprega este nome, e
nio Simão como anteriormente. Não diz quando o nome foi dado (ver Jo 1:42). O
outro Simão é chamado Zelote. Talvez tenha pertencido ao grupo radical dos
“Zelotes” que eram notórios por sua resistência violenta a Roma, ou o nome pode
sugerir que era caracterizado por um zelo fogoso. Para Judas, filho de Tiago
(outra vez em At 1:13) Mateus e Marcos têm Tadeu, que parece ser outro nome
para o mesmo homem. Todas as três listas colocam Judas Iscariotes no fim, e
mencionam sua traição, mas somente Lucas diz que se tomou traidor. Parece que
era fiel no início. Iscariotes provavelmente significa “homem de Queriote,” uma
cidade na Judeia (Js 15:25) ou em Moabe (Jr 48:24). Se for assim, Judas era o
único não galileu entre os Doze.
Leon L. Morris. Lucas. Introdução
e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 118-119.
2.
O CUSTO.
O Custo do Discipulado
No
texto: A Educação no Antigo Israel e no Tempo de Jesus encontramos uma
excelente exposição sobre o processo do chamado de Jesus. O texto põe em
evidência alguns desses princípios. É dada atenção para o fato de que o chamado
de Jesus não é algo que vem pronto e acabado, mas se constrói através de
repetidas idas e vindas, de avanços e recuos. Tem início na beira do mar da
Galileia (Mc 1.16), e termina com a ascensão (Mt 28.18-20). Depois da
ressurreição começa de novo à beira do mesmo lago (Jo 21.2-17). É um recomeçar
sempre!
José
Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora
CPAD. pag. 63.
Como
as pessoas eram zelosas ao seguirem a Cristo (v. 25): Ia com Ele uma grande
multidão, muitos por amor e, talvez, um número ainda maior por companhia, porque
onde houver muitas pessoas, outras tantas se aglomerarão. Aqui estava uma
multidão mista, como aquela que foi com Israel na saída do Egito; podemos
esperar que haja sempre a mesma situação na igreja. Portanto será necessário
que os ministros façam uma cuidadosa separação entre os preciosos e os vis.
O zelo
e a atenção que o Senhor espera dos seus seguidores. As vezes, aqueles que se
comprometem a seguir a Cristo devem contar com o pior, e estar preparados
apropriadamente.
1. O
Senhor lhes diz qual é o pior com que eles devem contar. Em boa parte, eles
poderiam esperar enfrentar muitas coisas que o próprio Senhor havia enfrentado
antes deles, e por amor a eles. Ele sabia que eles queriam ser seus discípulos,
para que pudessem estar qualificados a uma posição honrosa em seu Reino. Eles
esperavam que Ele dissesse, “Se qualquer homem vier a mim, e for meu discípulo,
terá riquezas e honras em abundância; Eu mesmo, sozinho, farei dele um grande
homem”. Mas o Senhor lhes diz o contrário.
(1)
Eles deveriam estar dispostos a abandonar aquilo que prezavam muito; deste
modo, deveriam ir a Ele afastados de todos os confortos que agradam à criatura,
estando mortos para eles, deixando-os alegremente em vez de abandonarem o seu
interesse por Cristo, v. 26. Um homem não pode ser discípulo de Cristo a menos que
aborreça seu pai, sua mãe, e sua própria vida. Ele não será sincero, constante
e perseverante, a menos que ame mais a Cristo do que qualquer coisa neste
mundo. Ele deverá estar disposto a deixar aquilo que pode e deve deixar, desde
que este tipo de sacrifício possa ser um motivo de glorificação ao Senhor Jesus
Cristo (assim como os mártires, que não amaram as suas vidas, mas foram fiéis
até à morte). Também é necessário deixar tudo aquilo que possa ser como uma
tentação, pois assim recebemos a capacidade de servir melhor a Cristo. Dessa forma,
Abraão deixou a sua própria terra, e Moisés a corte de Faraó. Nenhuma menção é
feita aqui de casas e terras; a filosofia ensina o homem a olhar estas coisas com
desprezo; mas o cristianismo leva isto a um nível mais elevado. [11 Todo homem
bom ama seus familiares. No entanto, se ele for um discípulo de Cristo, podem ocorrer
algumas diferenças e ele pode não se dar com alguns; assim foi dito que Léia
foi preterida enquanto Raquel foi mais amada. Não que as pessoas devam ser
odiadas em qualquer grau, mas nosso conforto e satisfação nelas devem ser
perdidos e eliminados através de nosso amor a Cristo, como aconteceu com Levi,
quando disse a respeito de seu pai, Nunca o vi, Deuteronômio 33.9. Quando nosso
devei' para com nossos pais competirem com nosso dever evidente para com
Cristo, devemos dar-Lhe a preferência. Se tivermos que escolher entre negar a Cristo
ou ser banidos do convívio com nossas famílias e parentes (como foram muitos
dos primeiros cristãos), devemos antes perder a companhia deles do que perder o
favor do Senhor. [2] Todo homem ama a sua própria vida, e nenhum homem jamais a
odiou; e não podemos ser discípulos de Cristo, se não o amarmos mais do que à nossa
própria vida. Podemos até ter uma vida angustiada pela escravidão cruel, ser
eliminados por mortes cruéis, porém jamais podemos desonrar a Cristo, ou
abandonar quaisquer de suas verdades e caminhos. A experiência dos prazeres da
vida espiritual, e a crença nas esperanças e perspectivas da vida eterna,
tornarão esta palavra tão dura, um pouco mais suave. Quando a tribulação e
a perseguição surgirem por causa da Palavra, então podemos saber que estamos
sendo provados; amamos mais a Cristo ou aos nossos familiares e à nossa vida?
No entanto, mesmo em dias de paz, este assunto é às vezes trazido à prova.
Aqueles que não se dispõem a servir a Cristo, e a aproveitar as oportunidades
de comunhão com Ele, e se envergonham de confessá-lo por medo de ofenderem um
parente ou amigo, ou de perderem um cliente, dão motivos para que se suspeite
que eles amam mais a si mesmos do que a Cristo.
(2)
Que eles devem estar dispostos a suportar aquilo que era muito pesado (v. 27):
E qualquer que não levar sua cruz, como fizeram aqueles que foram condenados a serem
crucificados, em submissão à sentença e em uma expectativa de sua execução, e
não vier após mim, não pode ser meu discípulo; isto é (diz o Dr. Hammond), este
não é por mim; e o meu serviço que, certamente, traz consigo a perseguição, não
será desempenhado por pessoas deste tipo. Embora os discípulos de Cristo não
sejam todos crucificados, todos levam sua cruz como se contassem com a
possibilidade de serem crucificados. Eles devem ficar contentes por receberem
uma má reputação, e serem carregados de infâmia e desgraça; porque nenhum nome
é mais ignominioso do que Furcifer – aquele que leva o patíbulo. Ele deve levar
sua cruz, e seguir a Cristo; isto é, ele deve levá-la no caminho de sua
obrigação, sempre que ela aparecer neste caminho. Ele deve levá-la, quando
Cristo o chamar para ela; e, ao levá-la, deve ter Cristo em vista, e ser
encorajado por Ele, e viver na esperança de ter uma recompensa da parte dele.
2. O
Senhor os exorta a contar com isso, e então considerar.
Visto
que Ele tem sido tão justo para conosco nos dizendo claramente quais as
dificuldades que enfrentaremos ao segui-lo, sejamos também justos conosco,
avaliando a questão seriamente antes de assumirmos uma profissão de fé. Josué
obrigou o povo a considerar o que fizeram quando prometeram servir ao Senhor,
Josué 24.19.
E
melhor nunca começar do que não proceder; portanto, antes de começarmos,
devemos considerar que jamais devemos abandonar nossa chamada. Isto é agir
racionalmente, como cabe ao homem, e como fazemos em outras situações. A causa
de Cristo produz um exame minucioso. Satanás mostra aquilo que parece melhor,
mas esconde aquilo que é realmente o pior, porque o seu melhor não compensará o
seu pior. Mas em se tratando de Cristo, o melhor que o Senhor Jesus tem a
oferecer compensará abundantemente qualquer dificuldade que venhamos a enfrentar.
A consideração disto é necessária para a perseverança, especialmente em
períodos de sofrimento.
Nosso
Salvador, aqui, ilustra a necessidade disso por meio de duas analogias, a
primeira mostrando que devemos considerar os custos da nossa religião, e a
segunda mostrando que devemos considerar os perigos dela.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 646-647.
Ainda
que não seja dito expressamente, provavelmente trata-se aqui da lenta marcha
pela Peréia até Jerusalém (Lc 13.32s). A adesão do numeroso séquito em sua caminhada estimulou-o a instruir o povo acerca do que realmente faz parte do
tornar-se um verdadeiro discípulo. Estabeleceu condições para tornar-se seu
discípulo, a fim de examinar o número de seus seguidores.
A
exigência de odiar os familiares mais próximos e sua própria vida ocorre
diversas vezes com variações secundárias quanto à forma literal. Mateus cita-a
na instrução aos apóstolos (Mt 10.37-39) e nós a encontramos no anúncio de seu
sofrimento (Lc 9.23s; Mc 8.34s; Mt 16.24s).
Pelo
fato de que essa sentença doutrinária corresponde às ocasiões específicas
respectivas, a forma de expressão do Senhor difere nas diversas passagens. Jesus
emprega aqui a forte expressão “odiar pai, mãe, mulher, filhos e irmãos”. Até
mesmo sem a versão mais amena em Mt 10.37-39 o leitor dessas palavras precisa
convencer-se de que Jesus não visa descarrilar aqui os mandamentos do amor ao
próximo e da honra aos pais (cf. Lc 10.27; 18.20). Mas o Senhor emprega a forte
expressão “odiar” a fim de revestir a exigência de uma ênfase especial. Para
entender esta palavra é preciso avaliar o contexto, pois fixar-se na letra leva
ao mal-entendido. Odiar é o contrário de amar. No entanto, Jesus não está
afirmando que o amor aos pais e familiares e à própria vida precisa
converter-se em ódio. Não! O amor ao Senhor exige que se odeie tudo o mais no
mundo no sentido de que é preciso acabar de vez com a busca unilateral e
exclusiva por outro objetivo de vida. O discipulado de Jesus demanda a
prontidão para sofrer até mesmo a morte mais cruel e infame por amor a Jesus.
Por meio dessa exigência séria e de dura conotação, Jesus visa explicitar ao
povo a entrega total do coração a ele. Suportar sofrimentos por causa de Jesus
é descrito aqui figuradamente como carregar uma cruz. A expressão é retirada do
costume de que os condenados à morte na cruz tinham de carregar pessoalmente
sua cruz (cf. Mt 27.32). Jesus, portanto, demanda dos discípulos que levem a
cruz ao local da execução junto com ele, que andem com ele rumo à morte.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica
Esperança.
(25,
26) O parágrafo poderia ser intitulado: “Quem se qualifica como discípulo?”
(vs. 26,27,33). Essas palavras foram ditas em vista da paixão de Jesus que
estava próxima e deveriam separar o verdadeiro discípulo dos seguidores
indiferentes. O primeiro teste do discipulado se referia aos parentes mais
próximos (cf. 18:29). Jesus apoiava o amor familiar, mas mesmo este precisa ser
subordinado ao amor a Deus. Aborrece é um termo duro, mas o paralelo em Mateus
10:37 indica que significa “amar menos” (também Gn 29:30; Dt 21:15). Além da
família, a pessoa precisa amar a sua própria vida menos do que ama Jesus. Vida
abrange todos os interesses mundanos, até mesmo o nosso próprio ser (cf. Jo
12:25).
(27)
A cruz, sugerindo um criminoso desprezado seguindo para a sua morte terrível,
amplia a ideia de aborrecer a própria vida (veja notas em 9:23). É preciso estar disposto,
se necessário, a sofrer um destino assim horrível por causa de Jesus. Essas
palavras teriam ainda maior significado para os cristãos depois da crucificação
e ressurreição de Jesus (cf. G1 2:20; 6:14).
Anthony
Lee Ash. O Evangelho Segundo Lucas. Editora Vida Cristã. pag. 235.
III - O TREINAMENTO
1.
MUDANÇA DE DESTINO.
As
Dimensões do Chamado
Ainda
segundo o pensamento desses autores o discipulado de Jesus possui três
dimensões:
•
Tomar o Mestre como Exemplo
Jesus
se torna o referencial na vida do discípulo (Jo 13.13-15).
• Ter
participação na cruz
Seguir
Jesus estava muito longe de algo meramente teórico. Seguir Jesus era sofrer com
Ele, era participar de suas provações (Lc 22.28) e perseguições (Jo 15.20; Mt
10.24,25). Era se sujeitar a viver sob o peso da cruz e até mesmo morrer com
Jesus (Mc 8.34,35; Jo 11.16).
•
Viver a vida de Jesus
Essa
nova dimensão vem logo após a ressurreição de Jesus e a vinda do Espírito
Santo. Seus discípulos estão convictos de que Jesus vive neles através do
Espírito Santo: “Vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim” (G1 2.20).
Como seus seguidores, cheios do Espírito, e com a presença de Jesus no meio
deles, agora continuam a obra que Jesus começou entre eles. Entregam-se totalmente
à palavra de Deus e à oração.
José
Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora
CPAD. pag. 65.
A
respeito dos sofrimentos deles por Cristo.
Eles
deveriam procurar não pensar em como evitar os sofrimentos dele, mas, antes, em
se preparar para seus próprios sofrimentos.
1.
Devemos nos acostumar a todos os exemplos de renúncia e paciência, v. 23. Este
é o melhor preparativo para o martírio. Devemos viver uma vida de renúncia, mortificação,
e desprezo em relação ao mundo. Não devemos ser indulgentes com nossa
tranqüilidade e com nosso apetite, porque então será difícil suportar o
trabalho árduo, as fadigas, e a necessidade, por Cristo. Estamos sujeitos
diariamente à aflição, e devemos nos ajustar a ela, e concordar com a vontade
de Deus para ela, e devemos aprender a suportar as dificuldades. Freqüentemente
nos deparamos com cruzes no caminho da obediência; e, embora não devamos
forçá-las sobre as nossas próprias cabeças, quando elas se apresentam no nosso caminho,
devemos tomá-las, carregá-las após Cristo, e agirmos da melhor maneira
possível.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 588.
1)
Negar-se a si mesmo é despedir-se. Dar adeus à vontade própria, às inclinações
e aos desejos pessoais, essa é a “negação de si mesmo” que nos cabe realizar.
Negar-se
a si mesmo significa viver como se não nos importássemos mais conosco e nossa
vontade.
2)
Tomar sobre si a cruz refere-se ao fardo que devemos nos dispor a carregar. A
cruz é a mais infame pena de morte que jamais existiu. Jesus compromete os seus
com a morte. Ao mostrar-lhes o desfecho que esperava por ele em Jerusalém,
asseverou-lhes: “Minha cruz mostra a vocês para onde eu conduzo. Vocês estão
seguindo atrás de mim como expulsos, malditos, condenados à morte, iguais
àqueles que carregam sua cruz para o local de execuções. Para essas pessoas, o
mundo passou e a vida está encerrada; o que ainda têm diante de si é somente
infâmia, dor e morte.”
A
crucificação do “eu” acontece paulatinamente, de acordo com a medida
determinada por Deus para cada um e para cada etapa da vida. É o que dizem as
palavras “dia a dia” e “sua cruz”. A razão de Lucas para inserir a expressão
“dia a dia” só pode ter sido que ele entendia esta exigência como uma ação
constantemente repetida no discipulado de Jesus. A disposição de um seguidor do
Senhor de contribuir pessoalmente para o desfecho penoso da vida dificilmente
pode ser melhor explicitada do que por meio da figura do condenado que carrega
a cruz; afinal, não há qualquer dúvida de que está indo ao encontro do doloroso
sofrimento da morte.
3)
Siga-me é o caminho que nos cabe percorrer, é andar a cada instante o caminho
traçado por Cristo e em cada passo seguir as pegadas dele. Não se trata de
mortificação pessoal, ou meio de santificação, ou atividade para o reino de
Deus conforme o nosso próprio arbítrio! Desta forma, a vontade própria
supostamente sacrificada na verdade apenas tornaria a manifestar-se.
Portanto,
a frase “siga-me” não é uma repetição do primeiro: “Vem após mim!” Pelo
contrário, ressalta a ideia mais profunda do ser discípulo. Expressa que o
discípulo de forma alguma passa à frente do Mestre e tampouco deve esquivar-se
furtivamente atrás dele, mas que o segue decididamente no cumprimento obediente
da vontade de Deus, sedimentado em sua palavra e em seus mandamentos.
Talvez
diversas pessoas agora digam: gostaria muito de assumir a cruz de acordo com a
palavra do Senhor e entregar minha vida velha à morte. Já tentei diversas vezes
negar a mim mesmo – mas subitamente descubro que minha velha natureza
pecaminosa ainda não se afastou, mas continua exercendo uma poderosa influência
sobre mim. Estas experiências realmente estão entre os fatos mais tristes de
nossa vida interior. Felizes, porém, os que não se deixam abalar por isso, mas
sempre recomeçam! Devem precaver-se do equívoco de pensarem que primeiro
precisam abrir o caminho. Jesus foi à frente, e ao discípulo cumpre seguir.
Cumpre erguer o olhar para ele, para a sua obediência, sua fidelidade quando o
desânimo e o cansaço começam (Riggenbach).
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica
Esperança.
Aqui
Jesus estabelece as condições do serviço daqueles que o seguem.
(1)
Negar-se a si mesmo. O que significa isto? Um grande erudito dá o significado
seguinte: Pedro uma vez negou a seu Senhor. Disse: "Não conheço esse
homem." Negar-nos a nós mesmos quer dizer: "Não me conheço a mim
mesmo." É ignorar a existência de si mesmo. É tratar o eu como se não
existisse. Quase sempre tratamos a nós mesmos como se nosso eu fora com muito o
mais importante do mundo. Se queremos seguir ao Jesus devemos destruir o eu e
nos esquecer de que existe.
(2)
Tomar sua cruz. O que significa isto? Jesus sabia muito bem o que significava a
crucificação. Quando era menino de uns onze anos, Judas o Galileo tinha
encabeçado uma rebelião contra Roma. Tinha atacado ao exército real em Seforis,
que estava a uns seis quilômetros de Nazaré. A vingança dos romanos foi rápida
e repentina. Queimaram a cidade integralmente; seus habitantes foram vendidos
como escravos; e dois mil rebeldes foram crucificados com o passar do caminho
para que fossem uma terrível advertência para outros que queriam fazer o mesmo.
Tomar nossa cruz significa estar preparados para enfrentar coisas como esta por
nossa fidelidade a Deus; significa estar dispostos a suportar o pior que um
homem nos possa fazer pela graça de ser fiéis para com Deus.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Lucas. pag. 106.
2.
MUDANÇA DE VALORES.
O Senhor
os exorta a não ficarem apreensivos com os cuidados perturbadores e
desconcertantes pelas coisas necessárias para a manutenção da vida: Não
estejais apreensivos pela vossa vida, v. 22. Na parábola anterior Ele havia nos
dado aviso contra o ramo da avareza do qual os ricos estão em maior perigo; ou
seja, uma complacência sensual quanto à abundância dos bens deste mundo. Agora
os seus discípulos poderiam pensar que não estavam correndo este risco, pois
eles não tinham fartura nem variedade em que pudessem se gloriar.
Portanto,
o Senhor aqui os adverte contra um outro ramo da avareza, ao qual eles estão
mais sujeitos à tentação, o de terem apenas um pouco neste mundo (que, na melhor
hipótese, era o caso dos discípulos, muito mais agora que haviam deixado tudo
para seguir a Cristo), sentindo uma ansiosa solicitude pelas coisas que são
necessárias para a manutenção da vida: “Não estejais apreensivos pela vossa
vida, seja pela preservação dela, se estiver em perigo, ou pela provisão que
deve ser feita para ela, seja de comida ou de roupas, o que comereis ou o que
vestireis” . Esta é a advertência que o Senhor havia enfatizado, Mateus 6.25 e
versículos seguintes. E os argumentos usados aqui são em boa parte os mesmos,
tendo como propósito o nosso encorajamento para lançarmos todo o nosso cuidado
sobre Deus, que é o modo correto de nos tranquilizarmos.
Uma
busca excessiva e ansiosa das coisas deste mundo, mesmo das coisas necessárias,
não é algo que convenha aos discípulos de Cristo (w. 29,30): “A despeito daquilo
que outros façam, não pergunteis o que haveis de comer ou o que haveis de
beber. Não andeis inquietos com preocupações confusas, nem vos canseis com
trabalhos constantes. Não vos apresseis em perguntar o que haveis de comer ou
beber como os inimigos de Davi que vagueavam buscando o que comer (SI 59.15) ou
como a águia que, de longe, descobre a sua presa, Jó 39.29. Que os discípulos
de Cristo, portanto, não apenas trabalhem pelo alimento, mas peçam-no a Deus
todos os dias; que eles não tenham mentes duvidosas; me meteorizesthe - Não
sejam como os meteoros no ar, que são lançados aqui e ali por todo vento; não
subam ou caiam, como eles, mas mantenham uma constância em si mesmos; sejam equilibrados
e firmes, e tenham seus corações fixos; não vivam em suspense cuidadoso; não
deixem que suas mentes fiquem continuamente perplexas entre a esperança e o
medo, permanecendo sempre angustiados”.
Que os
filhos de Deus não fiquem apreensivos; porque:
(1)
Isto seria agir como os filhos deste mundo: “Porque os gentios do mundo buscam
todas essas coisas, v. 30. Aqueles que só buscam os cuidados do corpo, e não os
da alma, só para este mundo, e não para o porvir, não olham além daquilo que
comerão e beberão; e, não tendo um Deus totalmente suficiente para buscar e em
quem confiar, eles se sobrecarregam com cuidados ansiosos sobre estas coisas.
Mas isto não vos convém. Vós, que fostes chamados deste mundo, não deveis vos conformar
com este mundo, nem andar no caminho deste povo, Isaías 8.11,12. Quando os
cuidados excessivos dominam a nossa vida, devemos pensar: “O que sou eu, um
cristão ou um pagão? Batizado ou não batizado? Sendo um cristão batizado, será
que devo me igualar aos gentios, unindo-me a eles naquilo que buscam?”
(2) E
desnecessário que eles estejam apreensivos com os cuidados pelas coisas
necessárias para o sustento da vida; porque eles têm um Pai no céu que sempre
cuida deles, que toma conta deles: “Vosso Pai sabe que necessitais delas, e
considera isto, e suprirá todas as vossas necessidades de acordo com as riquezas
da sua glória. Pois Ele é o vosso Pai, que vos fez sujeitos a estas coisas; portanto,
Ele mesmo usará sua compaixão e suprirá todas elas. Vosso Pai, que vos
sustenta, vos educa e reserva uma herança para vós, portanto, Ele cuidará para que
não vos falte nada”.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 625-626.
Por
causa disso, pelo fato de que a vida não depende de bens terrenos, porém
exclusivamente de Deus, o crente não precisa preocupar-se ansiosamente. O
crente não somente está livre da busca ávida por bens terrenos e do apego
doentio aos mesmos (veja o oposto: o agricultor), mas está igualmente isento da
torturante preocupação com as necessidades imperiosas do corpo. Porventura Deus,
que concedeu o bem maior, a vida física, não poderia e não desejaria cuidar
também da coisa menor, a saber, sua preservação?
A
falta de confiança na providência paternal de Deus é desmascarada pela
referência aos corvos, que não providenciam nem armazenam sua comida e apesar
disso são alimentados por Deus. Lucas expressa-se com extrema precisão. Ele não
afirma que os corvos não colhem, mas que não possuem depósitos nem paiol, e nem
por isso morrem de fome. Ao contrário de Mateus, o presente evangelista cita os
corvos, por ser proverbial o cuidado que Deus tem com seus filhotes (Jó 38.41;
Sl 147.9).
A
santa despreocupação que Jesus recomenda aos discípulos não tem nada a ver com
descuido leviano. Preocupar-se confiando na bondade paternal de Deus impele à oração
denodada, mas ao mesmo tempo também ao trabalho dedicado. Jesus critica a
preocupação que acredita que tudo depende unicamente de si mesmo. Lutero
distingue com precisão: “A preocupação vinda do amor foi ordenada; porém a que
passa ao largo da fé, essa é proibida.”
Às
preocupações que atormentam as pessoas no mundo (v. 29s) Jesus contrapõe a
única preocupação que deve tomar conta do crente (v. 31ss). Com a expressão
“povos do mundo” Jesus não se refere apenas aos gentios – nesse caso teria
afirmado sucintamente: os gentios – mas também aos judeus que, ao se recusarem
a ingressar no reino de Deus e do Messias, condenam-se a tornar-se “povo deste
mundo” como os demais, e a permanecer fora do verdadeiro povo de Deus, ao qual
as palavras do v. 30ss se dirigem com exclusividade.
O
Senhor recomenda empenho absoluto pelo reino de Deus. Essa demanda não é
distinta da forma “Buscai primeiro!” (Mt 6.33). Também ali trata-se de uma
procura que exclui qualquer outra. Crisóstomo diz acerca dessa demanda do
Senhor: “Não fomos criados com o propósito de alimentar-nos, beber e
vestir-nos, mas para agradar a Deus.”
Jesus
visa dizer: no entanto, resta unicamente uma preocupação e busca digna para
vós, discípulos, a busca pelo reino de Deus. Aqui retornamos ao terreno do Pai
Nosso. O reino de Deus significa o senhorio de Deus. A vontade de Deus deve
acontecer, razão pela qual a pessoa deve estar íntima e integralmente dedicada
a Deus em todos os momentos. Então já não é necessário pensar na segurança
exterior por meio de dinheiro e bens. Ao libertarem-se da posse passageira
adquirem um patrimônio não-transitório, a riqueza em Deus. Nesse caso,
eventuais bens existentes passam a ser somente um penhor de Deus, confiado a
seus filhos e destinado a ser usado para tornar o reino de Deus real em nós e
por meio de nós. A fé entrega tudo completamente nas mãos de Deus, para que
ainda “acrescente” o que considerar correto.
Em
Mateus (Mt 6.33) o texto do v. 31: “Antes buscai, aspirai a, almejai o seu
reino, e isso (trata-se das coisas terrenas) vos será acrescentado!” ocorre em
uma passagem do Sermão do Monte, quando Jesus confronta os fariseus com sua
ganância.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica
Esperança.
Lc 22,23.
As palavras anteriores foram dirigidas à multidão, mas estas aos discípulos de
Jesus. O que Jesus passa agora a dizer advém das Suas palavras anteriores,
conforme demonstra Por isso eu vos advirto.
É aos
Seus que Jesus diz: Não andeis ansiosos pela vossa vida. O crente pode tomar
providências razoáveis de antemão para as suas necessidades, mas não deve
preocupar-se com a comida e com as roupas. A vida é maior do que tais coisas
(cf. 12:15).
Lc 29,30.
Jesus ordena (e não aconselha) Seus seguidores a não se preocuparem. A
preocupação é uma grande inibidora da ação: viver preocupado é perder tudo
quanto é de importante na vida. Os discípulos não devem indagar (com
preocupação) acerca da comida e da bebida. Isto, naturalmente, não exclui o
esforço legítimo, mas certamente proíbe a concentração nestes itens. Phillips
consegue o sentido com: “Não deveis colocar vosso coração naquilo que comeis ou
bebeis” (cf. o rico tolo, 12:16-20). De modo semelhante, os discípulos não
devem entregar-se a inquietações. A preocupação com a comida e as roupas pode
ser apropriada para os gentios de todo o mundo (uma designação rabínica comum dos
gentios; ver SB), mas não é apropriada para o povo de Deus. Vosso Pai sabe que
necessitais delas; e Aquele que conhece a necessidade a suprirá.
Leon L. Morris. Lucas. Introdução
e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 201-203.
IV - A MISSÃO
1.
PREGAR E ENSINAR.
No
Novo Testamento há um total de quatro palavras usadas para indicar a
«pregação», indicando as idéias de «dizer as boas novas», «pregar», «ensinar»,
«proclamar», «mestre», «pregador», etc.:
1.
Euangelizesthai, «anunciar as boas novas». Esse verbo é usado por cinqüenta e
cinco vezes, conforme exemplificamos em seguida.
A
forma nominal, euaggélion, «boa nova», é usada por quase cento e cinqüenta
vezes.
2.
Kataggéllein, «proclamar», «pregar», «proclamar as boas novas». Essa forma
verbal é usada por dezoito vezes no Novo Testamento.
A
forma nominal, kataggeleús, «pregador», «proclamador», ocorre por apenas uma
vez, em Atos 17:18.
3.
Kerússein, «anunciar», «proclamar». Esse verbo é usado por sessenta e uma
vezes. A kérugma é a «coisa pregada» a «mensagem do evangelho». Essa palavra é
usada por oito vezes no Novo Testamento.
Essa
palavra indica a pregação apostólica, que é a mensagem central e o fundamento
do Novo Testamento.
4.
Didaché, «ensino». Essa palavra aparece por trinta vezes no Novo Testamento,
referindo-se à doutrina de Jesus e de seus apóstolos.
O
adjetivo didáskalos, «mestre», um título dado a Jesus, e então aos mestres em
geral, é usado por cinqüenta e oito vezes.
Didásko,
o verbo, «ensinar», é utilizado por noventa e sete vezes.
2.
Importância da Pregação e do Ensino
Temos
enfatizado essa importância no artigo intitulado Ensino. A grande abundância de
referências ao ensino e à pregação demonstra o papel primordial dessas funções,
no Novo Testamento. O texto de I Cor. 1:18,21 mostra-nos que, no conceito dos
gregos incrédulos, a pregação era uma «tolice». Eles preferiam a sabedoria
filosófica. Porém, através da pregação do evangelho é que a salvação é outorgada
aos homens. O trecho de Rom. 10:14,15 mostra que o pregador é uma figura
necessária dentro do modus operandi de Deus, para anunciar a mensagem de Deus
aos homens. O próprio Senhor Jesus deixou-nos o exemplo, tendo sido ele o
supremo pregador, não somente à face da terra, mas também no hades (ver I Ped.
3:19 e 4:6).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 367.
Jesus
anunciou o Reino pregando a Palavra de Deus e curando os enfermos. Se Ele
tivesse se limitado a pregar, as pessoas poderiam imaginar o seu Reino com um
caráter apenas espiritual. Por outro lado. se tivesse curado
sem pregar, talvez elas não percebessem a importância espiritual da missão de
Jesus.
A
maioria dos ouvintes esperava um Messias que traria riqueza e poder à nação
judaica; o povo preferia os benefícios materiais ao discernimento espiritual. A
verdade sobre Jesus é que Ele é o Deus encarnado, tem duas naturezas: uma
divina e outra humana; possui espírito, alma e corpo; a salvação que Ele
oferece é tanto para a alma quanto para o corpo. Qualquer ensino que enfatize a
salvação da alma à custa do corpo ou o contrário distorce as Boas Novas de
Jesus Cristo.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 1366-1367.
Para
Jesus, o motivo primordial do envio dos doze foi a grande miséria do povo
eleito, completamente abandonado por seus mestres e líderes (cf. Mt 9.35-38).
Seus apóstolos, ou “os doze”, como costuma ocorrer em Lucas o termo técnico do
grupo mais restrito de discípulos do Senhor (Lc 9.10; 17.5; 22.14; 24.10),
deveriam fazer soar a voz do grande Pastor entre um povo que definhava e se
encontrava disperso, que vagava como ovelhas sem pastor.
O
Senhor tinha o objetivo de conduzir seus eleitos, que até então apenas o
acompanhavam como testemunhas, a um trabalho vocacionado autônomo. Por
intermédio deles ele visava disseminar a notícia do reinado de Deus em todas as
cidades e localidades da Galileia. A verdadeira proclamação da salvação, para a
qual somente a efusão do Espírito Santo os capacitaria, ainda não estava
associada a essa atuação. Cumpria-lhes apenas anunciar que o reino de Deus,
alvo do anseio geral, apareceria e que Jesus, o fundador desse governo de Deus,
estava no meio deles.
A
expressão synkalesámenos = “ele convocou” designa uma reunião solene e é mais
expressiva que o termo proskáleisthai = “chamar a si”, que ocorre em Marcos e
Mateus.
A
tarefa recebida pelos apóstolos não era ir “à frente” do Senhor, mas seguir os
rastos dele aqui e acolá. Não os envia para semear, mas para colher; não para
começar, mas para continuar o que ele mesmo já começara. Por essa razão eles
tinham de examinar caso a caso quem era digno de recebê-los. Por isso tinham de
sacudir o pó quando, depois da pregação de seu Senhor, sua nova tentativa era
outra vez desprezada. Somente assim passamos a compreender a proibição de levar
grande equipamento de viagem. Afinal, os discípulos não iam como estranhos para
o meio de inimigos, mas como amigos para uma região em que o próprio Senhor já
lhes havia aberto os caminhos. Quanto mais Jesus vislumbra o desenvolvimento da
grande tarefa de sua vida, tanto mais ele insiste na grave e dura seriedade da
decisão. Para que os pensamentos do coração se revelassem com clareza, ele envia
agora seus apóstolos.
Os
exorcismos e curas de enfermos por parte dos apóstolos enviados tinham a
finalidade de confirmar a verdade de sua proclamação e apontar para Jesus, o
doador dessas dádivas da graça. O reinado de Deus não deveria ser fundado e construído
sobre força humana. Por isso também Jesus concedeu aos discípulos o carisma
extraordinário da cura.
Por um
lado, a incumbência dos discípulos era retomar a atividade de João Batista, que
em breve encerraria sua carreira na terra. Mas, por outro lado, havia mais (cf.
Lc 7.28). Para esses filhos do reino de Deus, o Senhor havia acrescentado à
pregação também a capacidade e a autoridade de realizar milagres. Não há
relatos de que João Batista tenha realizado milagres.
A
transmissão do poder milagroso de Jesus a seus alunos foi de certo modo
prefigurada na transmissão do espírito de Elias para Eliseu. Com o mesmo manto
com que Elias dividiu as águas do rio Jordão, Eliseu o divide ao retornar [2Rs
2.8-15].
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica
Esperança.
2.
LIBERTAR E CURAR.
Aqui
está um relato geral das muitas curas que Cristo realizou. Esta cura da sqgra
de Pedro trouxe-lhe pacientes em grande número. “Ele curou alguém assim, por
que não eu? O amigo de alguém, por que não o meu?” Agora nos é contado: 1. O
que Cristo fez (v. 16). (1) Ele expulsou os demônios. Ele expulsou os espíritos
malignos “com a sua palavra”. Deve haver muitos representantes de Satanás, por permissão
divina, naquelas doenças para as quais causas naturais são apontadas (como no
caso das feridas de Jó), especialmente nas doenças mentais; mas, na época em
que Cristo estava no mundo, parece ter ocorrido uma maior liberdade do diabo
para possuir e atormentar os corpos das pessoas. Ele veio com grande ira, pois sabia
que seu tempo era curto. E Deus sabiamente ordenou que assim fosse, para que
Cristo pudesse ter oportunidades mais freqüentes e claras de mostrar o seu
poder sobre Satanás, e o propósito e desígnio de sua vinda ao mundo, que eram
desarmar e despojar Satanás, para acabar com o seu poder e destruir as suas
obras. E o sucesso do Senhor Jesus foi tão glorioso quanto o seu desígnio.
(2)
Ele “curou todos os que estavam enfermos”; todos sem exceção, embora os
pacientes tivessem sempre uma condição muito ruim, e os casos fossem sempre muito
difíceis.
2,
Como as Escrituras foram cumpridas neste caso (v. 17). O cumprimento das
profecias do Antigo Testamento era o grande objetivo que Cristo tinha em vista,
e a grande prova de que Ele era o Messias, Dentre outras coisas que foram
escritas a respeito dele, temos (Is 53.4): “Verdadeiramente, ele tomou sobre si
as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si” - isto se refere a 1
Pedro 2.24, e neste texto é interpretado que Ele levou os nossos pecados.; aqui
podemos interpretar que Ele levou as nossas enfermidades; os nossos pecados se
tornam as nossas enfermidades, em meio aos nossos sofrimentos. Cristo levou
embora o pecado por meio da sua morte e levou embora as doenças por meio dos milagres
da sua vida. Assim, podemos dizer que Ele, então, levou sobre si as nossas
enfermidades quando carregou os nossos pecados em seu próprio corpo sobre o madeiro;
pois o pecado é a causa e o aguilhão das enfermidades. Muitas são as doenças e
flagelos aos quais o nosso corpo está sujeito: e há mais sobre este assunto nos
evangelhos - para nos apoiar e confortar - do que em todos os escritos dos
filósofos. Ele “ tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou
sobre si” ; Ele os levou, ou seja, Ele os tirou de nós. Embora Ele nunca tenha
estado doente, Ele sentia fome, sede e cansaço, foi atormentado em espirito,
aflito e muito oprimido. Ele os carregou por nós em sua paixão e os sofreu
conosco em sua compaixão, sendo tocado com o sentimento de nossas fraquezas; e
desse modo Ele as carrega de nós e as torna leves, a não ser que retenhamos a
nossa própria culpa. Observe quão enfaticamente isso está expresso aqui: “Ele
tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças” . Ele tinha
tanto a capacidade como o desejo de intervir nesse assunto, e, como nosso
médico, está interessado em lidar com nossas fraquezas e doenças, Essa parte do
flagelo da natureza humana era uma preocupação particular que Ele evidenciou através
da sua grande disposição para curar enfermidades. E Ele. não é menos poderoso
ou menos compassivo agora, pois sabemos que a dificuldade para se chegar ao céu
não foi reduzida com o passar do tempo.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 97-98.
«ELE
MESMO tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças». Profecia
messiânica, que se acha em Is. 53:4. A citação foi tirada do hebraico, porque a
LXX interpreta essa profecia como referência ao pecado. No grego a expressão é
enfática. O Messias, Cristo Jesus, veio com a finalidade de aliviar o
sofrimento humano. Esse versículo tem recebido diversas interpretações: 1.
Refere-se ao ministério espiritual do Messias, ao levar o pecado do mundo. O
texto de Isaías aborda exatamente isso, e a LXX reflete isso na tradução. 2.
Segundo o uso de Mateus, indica apenas as doenças físicas. A profecia, pois,
expõe outro aspecto do ministério de Cristo; sem mencionar aqui a expiação pelo
pecado. 3. Refere-se a ambas as_ coisas—o pecado e as enfermidades—,
provavelmente considerando as doenças como resultantes do pecado, ou então com
ligação direta ao' pecado; o Messias veio para tratar da enfermidade espiritual
e física da natureza humana. Provavelmente o autor do evangelho concordaria com
esta interpretação. Essa doutrina tem recebido várias interpretações
exageradas, como: 1. A cura física está incorporada na expiação pelo pecado, e
assim sendo, nunca é da vontade de Deus que seu povo adoeça. É verdade que, no
fim, a expiação terá o efeito de eliminar as enfermidades físicas, mas isso só
ocorrerá da transformação operada na ressurreição. Não é menos ridículo dizer
que a morte física é agora eliminada pela expiação.
isto é, a morte no presente. A
morte física, mais do que as doenças, demonstra que estados enfermos, e
geralmente resulta das doenças. A expiação também e/immarti a morte na raça
humana, mas isso só será total depois do milênio (I Cor. 15:24-26). A expiação
eliminará finalmente as doenças, mas dizer que isso ocorre no presente é
exagerar a doutrina. O próprio Paulo sofreu fisicamente. (Ver II Cor. 12:7).
Paulo nunca atingiu a perfeição nesta vida (FU. 3:12). João declarou
enfaticamente a permanência do pecado (I João 1:8), e somente o equivoco pode
levar as pessoas a pensar de outro modo. Enquanto permanecer o pecado,
permanecerão as enfermidades. 2. Outros abusam desse versículo, dizendo que
Jesus sofreu de esgotamento espiritual por haver carregado os nossos pecados e
doenças em oportunidades como esta. Não há que duvidar que algumas vezes ele
sofreu de esgotamento físico e mental. Ver Marc. 5:30, quando dele saiu poder,
ao curar; ver também Luc. 22:44 e Marc. 15:21.
Finalmente,
seria um erro não notar que este versículo (além de ensinar certas doutrinas)
mostra principalmente a simpatia e o espirito de misericórdia de Jesus para com
a raça humana. Jesus não operou milagres para mostrar sua divindade, ilustrar
as doutrinas, etc. , mas para aliviar o sofrimento humano, porquanto, como
homem, participou desses sofrimentos e simpatizou com os homens. O versículo
demonstra, mais do que qualquer outra coisa, a compaixão de Jesus.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 342.
Sem
dúvida, tinha ensinado e pregado, e certamente se teria encontrado com seus
acérrimos adversários. Agora tinha chegado a tarde. Deus deu aos homens o dia
para trabalhar e a noite para o descanso. A tarde é o momento quando se deixa
de lado o trabalho e começa o repouso. Mas não era assim para Jesus. No momento
em que ele também necessitava o descanso, viu-se rodeado das clamorosas
necessidades humanas e sem egoísmo, sem protestar, com uma generosidade divina,
saiu ao encontro dos homens. Enquanto houvesse uma alma necessitada, não haveria
descanso para Jesus.
Esta
cena traz à mente de Mateus certas palavras de Isaías (Isaías 53:4) onde se diz
que o Servo de Deus levou nossas enfermidades e sofreu nossas dores.
O
discípulo de Cristo não pode procurar descanso quando ainda há quem necessita
ajuda e saúde; e o mais estranho é que seu cansaço desaparecerá e sua fraqueza
se fortalecerá quando usar suas energias para ajudar a outros. De algum modo,
quando chegarem as demandas, também virá o poder. E sentirá que pode seguir
adiante por amor dos outros quando por si mesmo não daria mais nenhum passo.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Lucas. pag. 335.
Mt 8.17
Mateus destaca o cumprimento da profecia por Jesus, citando Isaías 53.4. Jesus
tinha autoridade sobre todos os poderes malignos e todas as enfermidades
terrenas. Ele também tem o poder e a autoridade para vencer o pecado. A doença
nem sempre é a punição para o pecado, mas pode ser mais bem interpretada como
uma possibilidade real e constante da vida num mundo caído. A cura física num
mundo caído é sempre temporária. No futuro, quando Deus remover todo o pecado,
não haverá mais doenças nem morte. Os milagres de cura de Jesus eram uma
amostra do que todos os crentes irão um dia sentir no Reino de Deus.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 58.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
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