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3° LIÇÃO 2° TRIMESTRE 2015 A INFÂNCIA DE JESUS


A INFÂNCIA DE JESUS
Nesta lição, devemos informar aos alunos que não existe nenhuma narrativa extensa sobre a infância de Jesus na Bíblia. E se não está na Bíblia, principalmente nos Evangelhos, não há outra fonte digna de confiança e merecedora de crédito quanto à narrativa da infância de Jesus Cristo narrada nas Sagradas Escrituras.
Com essa afirmação queremos dizer que não há informação digna de confiança porque os documentos extras bíblicos, que reclamam tal status, e tentam dar conta desse lapso de tempo da infância de Jesus, são bem posteriores aos Evangelhos, e foram influenciados pelo gnosticismo, uma heresia combatida pela Igreja do primeiro século, fundamentalmente por intermédio das cartas apostólicas.
Em segundo lugar, por falta de material sobre a infância de Jesus, muitas são as especulações sobre ela, não contribuindo em nada para o nosso conhecimento sobre o Senhor e a sua história como menino.
É importante ressaltar na ministração da lição, a intenção do evangelista em destacar a infância de Jesus. Ao analisarmos o contexto das passagens que envolvem a infância e a adolescência do nosso Senhor, vemos que Lucas não tem o objetivo de descrever a infância de Jesus numa perspectiva biográfica El Embora haja dados biográficos no conteúdo, os Evangelhos não são relatos preponderantemente biográficos. E não apresenta uma preocupação cronológica com a estruturação das narrativas, embora o escrito lucano seja considerado, entre os Evangelhos, o mais cronológico.
O Evangelho de Lucas narra tudo o que sabemos sobre a infância e a adolescência de Jesus. O objetivo de o evangelista narrá-lo é o de apresentar a paternidade divina de nosso Senhor, pois Ele foi concebido no ventre de Maria pelo Espírito Santo. Nessa narrativa está presente "o anúncio do anjo Gabriel a Maria sobre o nascimento de Jesus (Lc 1.26-38)"; "a história do nascimento de Jesus e a presença de anjos juntamente com os pastores de Belém (Lc 2.1-20)". Nosso Senhor foi uma criança comum, crescendo e desenvolvendo- -se como qualquer criança da Antiga Palestina. Assim o texto lucano destaca a humanidade do nosso Senhor desde a tenra infância: "a apresentação do menino ao Senhor no Templo (Lc 2.21 -40)"; "e a única história do texto bíblico sobre Jesus na adolescência" (Lc 2.41-52). Portanto, a narrativa do nascimento de Jesus Cristo está alocada no Evangelho de Lucas como uma introdução de quem é a pessoa do meigo nazareno, destacando sua paternidade divina e a sua característica humana.
Revista ensinador. Editora CPAD Ano 16 - N° 62. pag. 37.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Os Anos Perdidos de Jesus
Há algum tempo encontrava-me manuseando um livro em uma livraria em Curitiba (PR), quando um senhor se aproximou de mim. Após se identificar como um teólogo tomou a iniciativa na construção de um diálogo. Através de sua fala tomei conhecimento que possuía uma sólida formação acadêmica, visto ter se formado em um conceituado Seminário evangélico brasileiro. Contou-me que a sua fé estava sofrendo uma reviravolta porque, segundo disse, estava convencido de que o ministério de Jesus não havia se limitado às terras bíblicas, porque, de acordo com suas leituras, Jesus não teria se limitado a ficar na palestina mas teria ido até a índia. Ali teria estudado com os monges e trabalhado a sua espiritualidade! Perplexo, perguntei-lhe em que se baseava para fazer uma afirmação tão ousada! Procurando ali mesmo nas prateleiras daquela livraria ele encontrou o livro que o havia convencido a mudar de ideia. O livro falava algo tipo: Os Anos Perdidos de Jesus.1
A busca pelos supostos “anos perdidos de Jesus” tem sido objeto de estudo de milhares de escritores em todo o mundo. Católicos, protestantes, espíritas, ateus, agnósticos, artistas e cineastas tem feito um esforço enorme para recontar a história de Jesus de Nazaré.2 Alguns se atêm ao registro neotestamentário, mas outros vão muito além daquilo que a Bíblia diz sobre o carpinteiro da Galileia. Para estes o registro bíblico é insuficiente, visto que a igreja institucional teria conspirado excluindo aqueles livros que continham relatos discordantes dos textos canônicos. Fundamentados, portanto, em textos não canônicos, escritos na sua maioria entre os séculos II e IV d.C., tentam descrever detalhes da infância, adolescência e idade adulta de Jesus. Procuram dar voz àquilo que a Bíblia silencia. Dessa forma seus argumentos não se fundamentam no que a Bíblia diz, mas naquilo que ela não diz. Um exemplo clássico de um autor que foi até as últimas conseqüências a esse respeito é Dan Brown, autor de O Código da Vinci, um dos livros mais lidos do mundo e que foi adaptado para o cinema. A tese de Brown, diga-se sem nenhum fundamento bíblico e histórico, é que Jesus não é o Filho de Deus, casou-se com Maria Madalena e a prole de ambos deu início a uma linhagem sagrada.
José Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 36-37.
Sim, Deus estava «...em Cristo...» porque o Filho de Deus é 0 agente ativo da reconciliação, em sua missão neste plano terreno. Essa expressão pode ser considerada como vinculada a vários elementos da sentença, a saber:
1. Com «...Deus...» — «...Deus estava em Cristo...», o que expressa a presença divina e a cooperação do Pai, em sua missão.
2. Outros pensam que a ligação é com «...reconciliação...»—Deus estaria reconciliando o mundo «em Cristo», isto é, através de sua agência. Nesse caso, isso seria um paralelo do versículo anterior, «...por meio de Cristo...», como declaração sobre como Deus reconciliou o homem consigo mesmo.
Ambas essas idéias são verdadeiras e aparecem inerentemente neste versículo, não havendo maneira certa de dizer qual idéia é especialmente indicada aqui. Se a segunda idéia está em foco, deveríamos compreender:
«Deus, em Cristo, reconciliava o mundo consigo mesmo». Mas se é a primeira idéia que está em foco, deveríamos entender aqui: «Deus, vivendo e operando em Cristo, reconciliava o mundo consigo mesmo». Se a segunda idéia é a correta, então «...estava...» faz parte de uma frase verbal que está ligada ao particípio «...reconciliando...» Mas se a primeira é que está correta, então «...estava...» expressa a presença permanente de Deus Pai com Jesus Cristo, em sua missão terrena. Ora, ambas as idéias são bíblicas, seja como for. Este versículo assevera claramente que a reconciliação vem da parte de Deus e é oferecida ao homem, não dependendo do esforço humano por restaurar-se a Deus; por semelhante modo, assevera a divindade de todo esse processo, ou seja, trata-se de algo que ultrapassa em muito aos esforços dos homens, conforme também ensina toda esta secção.
Causas de nossa alienação de Deus: A séparação que existe entre o homem natural e Deus é que requer a reconciliação. James Reid (in loc.), apresentou uma lista de quatro formas que essa separação assume:
1. A indiferença. O homem tem suas tribulações e fracassos, seus desejos, seus anelos, seu senso de futilidade, mas com freqüência não reconhece que o seu problema é essencialmente de ordem espiritual. Deixou Deus inteiramente fora de sua vida, e preferiu enfatizar os valores terrenos, com detrimento dos valores celestes. Por isso mesmo, ficou alienado do Pai celestial.
2. A separação também pode assumir a forma de ressentimento contra o Senhor Deus. Essa pode assumir uma forma ativa e consciente, ou então subconsciente. Alguns homens odeiam a Deus, especialmente por causa do - problema do mal, o moral e o natural. Os homens podem até mesmo aceitar a Deus como bom, dentro de um artigo de fé; mas se ressentem contra ele quando as coisas não correm bem e a tragédia os atinge. Essa forma de alienação pode ser um ressentimento contra toda e qualquer autoridade, e está identificada com Deus, direta ou indiretamente, por ser ele a autoridade suprema.
3. A alienação também se dá por causa do egoísmo, em que o indivíduo busca somente os seus próprios interesses, até mesmo quando a sua consciência reconhece a maldade das próprias ações, ou, pelo menos, quando percebe que Deus não vem apropriadamente servido. O egoísmo aliena o homem do homem, e também de Deus. Já o amor é uma poderosa força que os une.
4. O senso de separação também pode ocorrer através do senso de culpa, sobretudo se este for exagerado, mórbido. A psicologia tem revelado quão prevalente é esse senso , destrutivo do bem-estar físico e espiritual do homem.
Em Cristo é obtido o perdão dos pecados e a questão deveria ser deixada nesse ponto, até onde o abandono ao pecado diz respeito. Porém, os homens sj castigam criando auto-acusações mórbidas que estabelecem uma barreira entre eles mesmos e Deus, provocando a tribulação em suas vidas mentais e espirituais. E daí resulta uma espécie de alienação entre eles e Deus. Não obstante, o senso de culpa é algo garantido pelo Espírito de Deus, como parte integrante da existência humana. Para os psicólogos é errôneo mudar o erro em uma suposta razão, simplesmente para aliviar um complexo de culpa. É muito melhor remover a causa do sentimento de culpa através da mudança de conduta. Todos os pecados podem ser expiados por um homem honesto, e isso através da restauração, até onde isso for possível, em qualquer dada circunstância, e então através do arrependimento e do abandono do erro e das ações injuriosas.
Cristo, O Agente
A reconciliação se torna uma realidade por meio dele. Essa é a mensagem central do N.T., o que é reiterado de diversas maneiras. Em si mesmo, o N.T., de acordo com certo ângulo, consiste de uma longa polêmica que busca provar o ofício messiânico de Jesus, e como o Cristo eterno se encarnou nele.
«...não imputando aos homens as suas transgressões...» (Com isso se pode confrontar o trecho de Rom. 4:7,8). O oitavo versículo deste capítulo encerra a mesma ideia, onde tal pensamento é comentado. O pecado não é imputado sob a condição de fé; de outra maneira, se um homem não tem fé em Cristo e nem reconhece sua soberania, os seus pecados lhe serão imputados. O termo grego «logidzomai», aqui utilizado, significa «levar em conta», «pôr na conta de». Pois se os pecados não forem imputados à alma, isso significa que seus efeitos deletérios não poderão prejudicá-la. Isso não significa que os resultados derivados do pecado sejam removidos. Porquanto haveremos de colher aquilo que tivermos semeado, embora sejamos perdoados, do mesmo modo que o assassínio e o adultério de Davi lhe foram perdoados, mas mesmo assim teve ele de sofrer as conseqüências de seus pecados. Pois o pecado macula, e não há como evitar essa mácula, ainda que a alma escape da punição merecida.
«... .reconciliando consigo o mundo...» Não encontramos aqui uma expiação limitada. O mundo inteiro está em foco, e não meramente os eleitos. Pois o mundo inteiro é o objeto da reconciliação, embora isso só se torne eficaz no caso daqueles que confiam em Cristo. A misericórdia de Deus se prolonga até ao próprio hades, produzindo ali a confiança na missão terrena de Cristo; porém, até mesmo ali qualquer benefício só poderá ser obtido se houver fé como reação favorável à sua mensagem. (Ver I Ped. 3:18-20 e 4:6, bem como as notas expositivas ali existentes). Em qualquer nível ou esfera, em qualquer período da existência, assim deve suceder. (Ver o trecho de I João 2:2 e as notas expositivas sobre o mesmo, acerca do tema da «expiação universal»).
«....confiou a palavra de reconciliação...» Comentou Alford (in loc.), sobre essas palavras: «Observemos que a reconciliação aqui aludida, bem como no versículo próximo, vem de Deus para nós, de modo absoluto e objetivo, por meio do seu Filho; e que assim Deus pode contemplar e tolerar complacentemente um mundo pecaminoso, recebendo todos os que se aproximam dele em Cristo».
A Admirável Outorga
A outorga do ministério de reconciliação poderia ter sido feito aos anjos ou a outros seres (talvez desconhecidos de nós). Porém, foi entregue ao humilde homem, de tal maneira que, em amor, um ser humano pode ajudar a outro. Isso agradou a Deus, porquanto isso deu aos homens a oportunidade de viverem segundo a lei do amor, que é a prova mesma da espiritualidade (ver I João 4:7). Ouso dizer, entretanto, que essa missão não foi proporcionada exclusivamente ao homem. Elevadíssimas forças estão envolvidas no uso de homens como agentes, os quais (mui provavelmente), operam por si mesmos.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 348-349.
19 Uma “nova criação” começou. Não são as pessoas que alcançam a Deus com sua religiosidade, como pensavam os gentios devotos, da mesma forma como os israelitas devotos. Não, Deus é quem veio aos seres humanos perdidos. “A saber, que Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões.” Essa frase começa com uma conjunção que aparece apenas três vezes nas cartas de Paulo. Ao simples hoti (“que, porque”) é anteposto um “hõs”, que neste local ressalta particularmente o fato que a frase atesta. O v. 19 constitui um paralelo justificativo ao v. 18. Sublinhando e explicando, ele repete o que Paulo acaba de escrever. Evidentemente interessa ao apóstolo incutir mais uma vez profundamente nos coríntios sobre que alicerce repousa toda a sua existência como crentes e como “nova criação”. A ação soberana de Deus, mas também muito específica e extraordinária, se descortina diante de Paulo. Foi de fato o próprio Deus que “estava em Cristo”. Quando encontramos a Cristo, deparamo-nos com o Deus vivo. Porém não estava presente de modo indefinido e bem genérico como “Deus em Cristo”. Sua presença em Cristo foi de uma espécie bem determinada, a saber, “reconciliando consigo o mundo”. Como, porém, aconteceu essa sua obra de reconciliação? Paulo destaca que Deus afasta o maior empecilho que impedia uma “reconciliação”. Havia em nossa vida toda o fardo da culpa, toda a profusão de incontáveis “transgressões”. Quando Deus as “imputa”, não pode haver reconciliação. Paulo não nos dirá imediatamente como, afinal, o santo Deus, o juiz justo do mundo, pode “não imputar” a transgressão de seus mandamentos, tratando-a assim como não-acontecida. Por enquanto, ele constata apenas o maravilhoso fato de “não imputar às pessoas suas transgressões”. Como isso é sempre de novo admirável e incompreensível! Como isso proporciona paz integral e nítida certeza da salvação!
Cabe atentar mais uma vez à sintaxe de toda a frase. O sujeito dela é Deus! Ela expressa enfaticamente: Deus, realmente Deus, estava em Cristo. Facilmente nossa teologia, nossa proclamação, soa como se Jesus fosse o único que age na obra da reconciliação, e como se Deus apenas tolerasse a obra de Jesus, aceitando-a por clemência. Dessa maneira se minora a honra e a gratidão que cabe a Deus, o Pai. Ignora-se a natureza de Deus. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu próprio Filho”, testemunhou Jesus a Nicodemos [Jo 3.16]. Da mesma forma anuncia seu apóstolo Paulo: “A saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo.” Jesus não age por conta própria em relação a Deus e ao mundo. Deus jamais é “objeto”, nem mesmo objeto do Filho! Sempre e em todas as circunstâncias Deus é o soberano, que delibera e age a partir de si mesmo. Ele está plenamente presente quando se trata da reconciliação do mundo. Para nossa proclamação e para nosso pensamento teológico é importante que gravemos isso. Em seguida, porém, evidentemente é necessário que também a outra verdade seja testemunhada com toda a clareza: esse Deus reconciliador vem ao nosso encontro de nenhuma outra forma senão exclusivamente em Jesus. Quem busca Deus fora de Jesus, o Crucificado, depara-se somente com a incontornável ira de Deus. A reconciliação do pecador com o Deus santo existe unicamente em Jesus.
Acontece que Paulo escreve que Deus “estava” em Cristo. Ele usa o pretérito porque se trata de um evento histórico único e, por conseqüência, da obra da reconciliação totalmente consumada e trazida ao alvo. De uma vez por todas, como a carta aos Hebreus afirma constantemente, Deus veio ao mundo em Cristo. De uma vez por todas reconciliou consigo o mundo no episódio passado no Calvário.
A ação de Deus por intermédio de Cristo vale para “o mundo” em sua amplitude abrangente. Por princípio, nenhuma raça, nenhum povo, nenhuma pessoa foi excluída dele. Ao mesmo tempo podemos saber, quando desanimar nosso coração, que Deus não se enganou a nosso respeito nessa reconciliação, mas viu com o “mundo” toda a nossa perdição, culpabilidade e deformação. Justamente o “mundo”, esse mundo terrível cheio de ateísmo, ódio, injustiça, mentira e egoísmo, tem necessidade da reconciliação. Em razão disso, a ação reconciliadora de Deus em Cristo está direcionada para ele.
Cabe notar mais uma coisa: Deus reconciliou o mundo “consigo”, ou seja, com ele, o Deus vivo. Essa é a criação de uma nova comunhão. Deus não pára no “não lhes imputando as transgressões”. Ele quer e faz mais: pessoas “reconciliadas” têm paz entre si e acesso uns aos outros. Em decorrência, por causa da obra do Cristo na cruz, não apenas escapamos ilesos da punição, não apenas alcançamos a vida para nós mesmos, mas essa nova vida consiste justamente na maravilhosa comunhão com Deus, na condição de filhos e filhas de Deus.
Agora, porém, torna-se mais uma vez relevante para Paulo que esse feito único, reconciliador, de Deus em Cristo de fato apenas nos alcança porque vem a nós na mensagem, no evangelho. No entanto, o fato de que a mensagem atinge e comove a nós, inimigos de Deus, autocráticos, obstinados, pessoas fechadas contra Deus, isso por sua vez constitui integralmente uma obra de Deus. Por essa razão pertence direta e incondicionalmente à obra de reconciliação: “deitando em nós a palavra da reconciliação”. Nessa declaração Paulo deve ter em mente inicialmente que Deus deita a palavra da reconciliação em seus mensageiros, de sorte que possam levá-la às pessoas com autoridade. Contudo igualmente podemos lembrar o que acontece sob a proclamação e por meio dela: agora a palavra também é “deitada” no coração dos ouvintes, conferindo-lhes a reconciliação e tornado-os uma “nova criação”.
Werner de Boor. Comentário Esperança Cartas aos II Corinto. Editora Evangélica Esperança.
I - JESUS CRESCEU FISICAMENTE
1. A DIMENSÃO CORPÓREA DE JESUS.
Ao contrário da literatura apócrifa, os textos canônicos, mesmo sendo breves em seus relatos, revelam muito sobre o lado humano de Jesus. Jesus nasceu e cresceu como qualquer outro menino da sua idade da Palestina dos seus dias.
Os teólogos e educadores Eulálio Figueira e Sérgio Junqueira ao descreverem a educação no antigo Israel no tempo de Jesus, fizeram uma excelente exposição sobre essa dimensão humana de Jesus. Eles observam que Jesus era semelhante a nós em tudo, menos no pecado (Hb 4.15), e que viveu o mesmo processo de crescimento comum a todos os homens. Como todos os homens ele cresceu nas dimensões bio-psico-social.
Lucas destaca que ele cresceu em sabedoria, tamanho e graça, diante de Deus e dos homens (Lc 2.52). Enquanto viveu em Nazaré, um vilarejo da Galileia, Jesus “crescia e ficava forte, cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava com ele” (Lc 2.40). Mesmo durante o seu ministério público, fazendo discípulos, Jesus ia crescendo em contato com o povo. Cada ser humano que nasce neste mundo, destacam esses expositores bíblicos, pertence a um determinado lugar, a uma determinada família e a um determinado povo. Nasce, portanto, sujeito a vários condicionamentos. Com Jesus também foi assim. Não há como negar que fatores culturais, tais como o ambiente familiar, a língua e o lugar onde nascemos marcam a vida de cada um de nós de forma profunda. Esses fatores são independentes da nossa vontade. No entanto, fazem parte de nossa existência, sendo, portanto, o ponto de partida para tudo aquilo que queremos realizar. Elas fazem parte da realidade de cada um. Ao viver a nossa realidade, Jesus viveu a encarnação. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14).
Os diferentes aspectos desses condicionamentos da vida de Jesus, inclusive o seu crescimento, como bem observaram Figueira e Junqueira, só se tornaram possíveis devido a sua identificação plena com a raça humana. Em outras palavras, para alcançar a humanidade, Jesus, o Filho de Deus, se fez homem como os demais. Ele nasceu e cresceu à semelhança dos demais humanos! Todavia ao assim fazer, Ele não deixou de ser Deus, nem tampouco perdeu os seus atributos. Ele, portanto, abriu mão daqueles privilégios que lhes pertenciam por ser Filho de Deus. A teologia cristã denomina essa importante doutrina bíblica de kenosis.
Paulo, o apóstolo, lançou luz sobre essa importante verdade em sua carta aos Filipenses: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.5-11).
Ao analisar este texto, o teólogo Heber Carlos de Campos comenta:
“Quando dizemos que ele se ‘esvaziou’ não podemos dizer que ele deixou de ser o que era — Deus — mas que se colocou numa posição de alguém que ficou, por algum tempo, sem a honra devida neste mundo. Ele foi tratado entre os homens como alguém que não era visto no fulgor da glória divina. Embora ele tivesse, mesmo aqui neste mundo, todos os atributos próprios de sua divindade, sua divindade não foi manifestada de modo que todos os seus atributos fossem vistos pelos homens de maneira inequívoca.”
Esse esvaziamento humilhante na vida de Jesus, observa Campos, não foi algo fictício, mas real. Jesus não representou nada quando se humilhou perante Deus e os homens. Ele de fato tomou a condição de servo e dessa forma viveu, Foi como servo que ele foi reconhecido em figura humana, pois somente os homens podem assumir a natureza de servo.
Concluindo, diz ainda Heber Campos, “Paulo usa duas expressões que são hebraísmos: ‘tornando-se semelhança de homens’ e ‘reconhecido em figura humana’. Essas duas expressões apontam para o fato de o Redentor ser real e verdadeiramente homem. Embora a natureza humana tenha sido honrada pelos privilégios de estar unida à divindade do Redentor, a condição em que o Verbo assumiu a nossa humanidade era de humilhação. Ele a assumiu com todas as características resultantes da nossa pecaminosidade. O seu sofrimento e as suas dores não foram fictícios, mas reais, porque a sua humanidade era real. Ainda que, segundo a sua divindade, o Redentor não pudesse ser contido pelo universo, pois a sua divindade é semelhante à daquele que está acima e além do universo, não obstante, quando ele encarnou, passou a fazer parte da criação, sendo um homem como todos nós, tendo todas as propriedades que nós temos, inclusive tomando a nossa forma física. Eie não era um fantasma, com apenas uma aparência de homem, mas era de fato um ser humano com todos os outros que vieram da família de Adão, embora não tivesse sido contado como culpado.”
Entendendo o estado de esvaziamento e humilhação de Jesus passamos a compreender os condicionamentos que ele assumiu quando aqui viveu. Jesus, por exemplo, aprendeu a viver nos limites de suas dimensões: corporal; social-, psicológica e espiritual.
José Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 38-41.
Seu crescimento normal. Os escritores dos Evangelhos mantêm silêncio quase total acerca da juventude de Jesus. Não é seu propósito satisfazer esta curiosidade, mas inspirar a fé. Desta fase, este é o único incidente registrado, e só Lucas o menciona. E o faz em fidelidade a seu propósito de mostrar a perfeita humanidade do Filho de Deus - que Jesus cresceu como qualquer outra criança. Ele era verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem - Filho de Deus e Filho do homem, Filho do Céu e Filho da terra, Amigo de Deus e Amigo do homem, Habitante da eternidade e Habitante do tempo. Notemos:
2.1. Crescimento físico. Crescia em “estatura”. “E crescia Jesus”. Por vezes, representam-no os pintores pálido e doentio. É certo, porém, que o trabalho braçal na carpintaria e o tempo passado ao ar livre tenham-lhe dotado de corpo forte e saudável. Um corpo forte e saudável é de grande ajuda ao serviço cristão.
Myer Pearlman. Lucas, O Evangelho do Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 66-67.
Lc 2.52. Entremetes, Jesus continuava fazendo progresso em sabedoria e em estatura e em favor diante de Deus e dos homens. Em sabedoria, como já foi explicado em conexão com o semelhante versículo 40; em estatura, ou seja, em crescimento físico, não em extensão da vida (como em Mt 6.27; Lc 12.25); e em favor diante de Deus e dos homens. A última frase significa que ele continuou experimentando de forma crescente a bondade de seu Pai e também a amizade das pessoas que o rodeavam. As palavras de Provérbios se cumpriram nele.
Há uma estreita semelhança entre essa descrição e o que se disse de Samuel (em ISm 2.21b, 26). Não obstante, note que no caso de Jesus acrescenta-se “em sabedoria”.
Há também um grau de semelhança entre o que se disse acerca de Jesus e o que se disse acerca de João Batista (1.80). Ainda, porém, que João crescesse e se fortalecesse em espírito, é somente em relação com Samuel e Jesus que temos o acréscimo: "... continuava a progredir ... em favor diante de Deus e dos homens". É preciso ter em mente que no início de sua vida, João se separou do povo, criou-se em regiões desabitadas, e quando apareceu em público, teria impressionado seu auditório com seu aspecto severo e austero.
Quanto ao progresso da fé de Maria, veja João 2.5; Atos 1.14. Quanto a José, salvo a menção de seu nome na genealogia (Lc 3.32), não há mais referência a ele no terceiro Evangelho. Possivelmente, tenha morrido antes que Jesus começasse seu ministério público.
HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Lucas I. Editora Cultura Cristã. pag. 258-259.
2. O CUIDADO COM O CORPO.
O tempo imperfeito dos verbos «ioro» e «vinham», vinculados ao termo muitos, indica que houve grande interesse em assistir ao ministério de ensino de Jesus, de modo que se formou um movimento popular em tomo de sua pessoa. Alguns intérpretes vêem aqui, por igual modo, um «movimento político», algo da ordem do que ocorrera no caso de João Batista. Não se pode duvidar que houve tal movimento, pois o povo esperava encontrar em Jesus um campeão da causa da independência, que os livrasse do domínio romano.
Contudo, isso não significava que Jesus fosse um ativista politico radical, conforme alguns eruditos têm pensado. O mais provável é que a verdade da questão é que quando o povo, finalmente, descobriu que Jesus não cabia dentro da noção que tinham de um «salvador político», voltaram-se irados contra ele, disso resultando a crucificação. Seja como for, as grandes multidões que seguiam a Jesus, faziam-no principalmente por ser ele capaz de ajudá-las física e espiritualmente. Os que podem ajudar nesses campos são sempre procurados, até mesmo quando são muito menos poderosos que Jesus.
EM MEIO a toda essa atividade, Jesus buscava, para si mesmo e para seus discípulos, períodos de descanso.—Todos sabem que isso é necessário à vida e ao bem-estar, e se o próprio grande Jesus viu ser mister buscar esse descanso, muito mais nós. Podemos estar certos, porém, que esses períodos de descanso eram oportunidades em que ele se entregava à meditação, à oração e à renovação espiritual e não apenas a diversões e prazeres, o que, infelizmente, se dá no caso de homens menos espirituais. A maioria dos homens -em contraste com Jesus, ao buscarem períodos de relaxamento, usam os mesmos para atividades carnais e prazeres mundanos.
Outra lição que se pode tirar deste texto é que o <tdescanso» é «merecido» pelo trabalho árduo. Aquele que pouco ou nada faz dificilmente precisa de períodos de descanso. A vida ociosa é uma maldição, não sendo meritória e nem desejável para ninguém. Desenvolvemos a espiritualidade através do cumprimento apropriado de nossa missão; e essa missão necessariamente envolve muito trabalho.
O ENCONTRO com o próprio eu. Todo homem tem o direito e a necessidade de repousar ocasionalmente. Ninguém deve existir somente para fazer parte de uma grande máquina. O desenvolvimento espiritual de cada qual é questão individual. Certo homem de negócios, de nome Charles Lamb, queixou-se de nunca ser apenas «Charles Lamb», mas «Charles lamb & Cia.» O trecho de Apo. 2:17 promete a na pessoa e na missão pessoal, no tocante a este e ao estado etemo.Todo homem precisa de um encontro consigo mesmo; ou melhor, com muitos desses encontros, a fim de fazer o inventário de sua vida e a fim de tomar novas determinações sobre como poderá servir melhor ao próximo e a si mesmo, de acordo com os padrões espirituais. William Blake, o famoso poeta inglês, era conhecido por sua força espiritual, obtida mediante sua capacidade de ter comunhão intima com Deus.
O costumeiro barco surge em cena de novo, evidentemente muito usado por Jesus e seus discípulos, Lucas deixa de lado esse detalhe. Porém, diz (ver Luc. 9:10) que o lugar desértico para onde foram pertencia à área da cidade de Betsaida, num lugar não muito distante de Cafamaum, afastado do mar, na direção norte. Jesus quis afastar-se do povo por motivo de descanso, mas também por causa da morte recente de João. Isso poderia ter despertado «sentimentos políticos» entre o povo, ameaçando transformar o movimento espiritual de Jesus em outro levante político apenas. Jesus nada queria ter com esses levantes.
«O ponto de partida provavelmente foi Cafarnaum; e como estava à beira-mar era o li^ar mais provável para o encontro após a viagem. Marcos diz ‘a um lugar desértico’. Lucas diz que eles foram para Betsaida, a saber, a cidade do lado leste do lago. Mas quando conta a história da multiplicação de pães, também diz que o lugar era desértico (ver Luc. 9:10,12)». (Gould, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 710.
Mc 6.31 E ele lhes disse: Vinde, à parte, num lugar deserto. Encerrada a missão, Jesus renova o chamado imperioso ao discipulado (1.17) e para estar com ele (3.14), como ele valia antes do envio de 6.7. Para este estar-com-ele Marcos desenvolveu um sentido especial (cf. opr 1). Sempre de novo os discípulos, separados do povo, receberam revelações especiais sobre o “mistério do reinado de Deus”, sobre a pessoa de Jesus (4.10,34). A mesma coisa se anuncia aqui. O campo cristológico se abre. O lugar deserto, como lugar pouco habitado, serve de quadro para isto.
A partir daqui a sequência também ganha seu sentido decisivo: Vinde repousar um pouco. A convivência, como mostra o fim do versículo, também incluía refeições conjuntas. Comer com Jesus (1.31; 2.15), porém, era, muito distante de um banquete massificado, uma degustação da salvação (cf. 1.31). Com isto o “repousar” adquire um sentido pleno. Com certeza ele não objetiva simplesmente parar com alguma coisa, ficar sem movimento, também não afundar em si mesmo. Passagens como Mt 11.28; At 3.20; 7.49; 2Ts 1.7; Hb 3.7–4.13; Ap 14.13; Gn 2.2; Sl 95.11; Is 63.14; Jr 6.16; 31.2 retratam um descanso que demonstra a participação na salvação de Deus. “Entrar no descanso” está em paralelo com “entrar no reino de Deus”. Acima de tudo, o que mostra o caminho e “dá descanso” (Lutero: refrigera) é a revelação da vontade de Deus em sua Palavra. Evidentemente este é o contexto em Mt 11.28; 1Co 16.18; Fm 7; Hb 3.7. Portanto, devemos entender o descanso em nosso texto de modo tão pouco destacado como a comida. O objetivo é a restauração da pessoa toda em corpo, alma e espírito, com Jesus, o mestre divino. É verdade: Descansem um pouco! O que gozamos ainda é o “pequeno” descanso, um prelúdio antes do grande concerto final. Este “pouco” de Deus, todavia, sempre é algo grande para nós, ou seja, a ajuda decisiva.
A frase seguinte descreve a situação que motivou a ordem de Jesus: porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham. O movimento era fruto das curas que Jesus efetuava, como mostra o v. 56. Assim como em 1.38, surgiram pressões que entravam em conflito com a vontade de Deus. O Senhor, porém, retoma a iniciativa da ação.
32 Então, foram sós no barco para um lugar solitário. Portanto, eles embarcaram para, no isolamento, “descansar” e “comer”, ou seja, estamos diante de um trecho típico com os doze e a identidade de Jesus no centro, bem como a dos seus discípulos. O resultado de fato é este, apesar dos contratempos iniciais e das circunstâncias incomuns no fim. Uma multidão enorme é incluída desta vez no descanso (v. 39s) e na refeição (v. 42).
Adolf Pohl. Comentário Esperança Evangelho de Marcos. Editora Evangélica Esperança.
Trabalhar sem descanso; nunca tirar férias; realizar todas as tarefas difícies relativas à atividade missionária ou ministerial, e não fazer nenhum retiro para relaxamento, reflexão e oração, simplesmente não funciona. Até mesmo Jesus, devido a sua natureza humana e a grande responsabilidade que pesava sobre os seus ombros, necessitava de períodos de tranqüilidade (1.35). E, pelo fato de conhecer completamente todas as necessidades dos seus discípulos, ele os convidou a ir com ele para um lugar solitário, onde poderiam descansar.
O que revelou a urgência da necessidade do descanso foi o fato de uma multidão tumultuada e exigente, com as pessoas constantemente indo e vindo, haver tomado até mesmo a tarefa básica de se alimentarem, uma coisa impossível. Resultado: “Foram sós”, ou seja, Jesus e os Doze, sem ninguém mais, retiraram-se para um lugar tranqüilo, na vizinhança de Betsaida Júlia. Veja Lucas 9.10 e C.N.T. sobre João, Vol. I, pp. 216, 217. Eles usaram um barco para deslocarem-se para o lado nordeste do mar. Era aquele barco o mesmo mencionado em 3.9; 4.1 e 5.2? Ou é esse um caso onde o artigo grego não deveria ser traduzido, de modo que a tradução mais exata seria “de barco”, em vez de “no barco”? A passagem paralela de Mateus 14.13 parece favorecer essa possibilidade. No entanto, qualquer uma das duas opções são boas alternativas, e traduções excelentes de ambas podem ser citadas.
HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Marcos. Editora Cultura Cristã. pag. 317-318.
II - JESUS CRESCEU SOCIALMENTE
1. JESUS E A FAMÍLIA.
«Não compreenderam...» A declaração do vs. 50, de que não compreenderam o sentido das palavras da resposta de Jesus, demonstra além de qualquer dúvida que Lucas estava procurando ensinar algo de especial no vs. 49, as primeiras palavras registradas de Jesus, acerca de sua pessoa, de seu ministério, de suas relações sem-par com Deus Pai, etc., pois de outra forma essas palavras não teriam sido difíceis de entender, isto é, nada haveria de especial nelas para seus pais legais compreenderem. Alguns comentaristas têm empregado essa declaração sobre a ignorância de José e Maria para ensinar que as histórias sobre acontecimentos miraculosos, que teriam acompanhado o seu nascimento, não podem ser reputadas como ocorrências reais, mas que servem para mostrar que a fé deles era sempre constante e forte. Todavia, não precisamos tomar essa posição tão fraca, porquanto a experiência humana ensina que todos os seres humanos, por mais abençoados que sejam, ocasionalmente vacilam e duvidam, e todos nós tendemos a não aprender dessas lições. Lembremo-nos, igualmente, que quando Jesus se fez homem e realizou muitos milagres notáveis e inegáveis, nem os seus próprios irmãos, vizinhos e amigos creram nele, na sua própria cidade adotiva de Nazaré. O que encontramos aqui, entretanto, é uma demonstração de quão longo e difícil é o processo do aprendizado espiritual. Esperamos muito mais da parte dos antigos do que nós mesmos produzimos ou somos. «Seja como for, é patente que o escritor do evangelho não tinha consciência de incoerência alguma entre as últimas e as primeiras narrativas sobre a infância de Cristo» (Ellicott, in loc.). Não obstante, o texto, no vs. 51, indica que Maria não ficou totalmente sem compreensão, mas que continuava a entesourar todas essas ocorrências em seu coração, arquivando todos os acontecimentos que circundavam a vida de seu Filho e refletindo a respeito deles; e assim, sem dúvida, gradualmente foi obtendo um conhecimento mais profundo sobre o que significaria a vida dele, no tocante à sua identidade especial.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 39-40.
1. Ele era sujeito aos seus pais. Embora uma vez, para mostrar que era mais do que um simples homem, Ele tivesse se afastado dos seus pais, para tratar dos negócios do seu Pai celestial, Ele não fez disto um hábito, por muitos anos depois disto, mas “era-lhes sujeito”. Jesus obedecia às suas ordens e ia e vinha conforme eles lhe diziam, e, aparentemente, trabalhava com o seu pai no ofício de carpinteiro. Ele deu às crianças um exemplo para que sejam obedientes e respeitosas aos seus pais, no Senhor. Tendo “nascido de mulher”, Ele estava sob a lei do quinto mandamento, para ensinar à descendência de crentes que assim deveriam ser para que Ele os aprovasse, como uma descendência fiel. Embora os seus pais fossem pobres e humildes, embora o seu pai fosse apenas o seu suposto pai, ainda assim Ele era sujeito a eles; embora Ele estivesse fortalecido no espírito, e cheio de sabedoria, ou melhor, embora Ele fosse o Filho de Deus, ainda assim era sujeito aos seus pais; como, então, responderão aqueles que, sendo tolos e fracos, ainda assim são desobedientes aos seus pais?
2. A sua mãe, embora não compreendesse perfeitamente as palavras do seu Filho, ainda assim as guardava no coração, esperando que no futuro elas lhe fossem explicadas, e então ela as compreenderia completamente, e saberia como fazer uso delas. Ainda que possamos negligenciar as palavras dos homens, por serem obscuras (Si non vis intelligi debes negligi - Se não for compreensível, não tem valor), não devemos pensar a mesma coisa a respeito das palavras de Deus. Aquilo que, a princípio, é obscuro, para que não saibamos o que fazer pode, no futuro, ficar claro e fácil; portanto, nós devemos guardá-lo para o futuro. Veja João 2.22. Nós podemos, em outra ocasião, encontrar uso para aquilo que não nos parece ter utilidade agora. Um aluno memoriza aquelas regras gramaticais cujo uso ele não compreende no presente, porque lhe foi dito que no futuro elas lhe terão utilidade; a mesma coisa nós devemos fazer com as palavras de Cristo.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 538.
Sua perfeita obediência. “E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito”. Com estas palavras, informa-nos Lucas não ser a declaração no verso 49 um repúdio ao dever filial. Embora Filho de Deus, Jesus não exigia isenção de responsabilidades, obrigações e fardos da vida. Ainda na agonia da cruz, preocupou-se com o futuro de sua mãe (Jo 19.26).
Myer Pearlman. Lucas, O Evangelho do Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 65.
2. JESUS E A CULTURA LOCAL.
CULTURA
Ha muitas definições da cultura, como:
1. Um empreendimento coletivo, segundo o qual os homens conseguem estabelecer um estilo de vida distinto, com base em valores comuns.
2. Aquele todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, artes, princípios morais, leis, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelos homens, como membros da sociedade,.. (B.B. Tylor).
3. A totalidade da invenção e da realização humana, incluindo todos os princípios, assencias e sobre a natureza física e o comportamento humano, bem como todas as experiências pessoais e sociais que eles têm acumulado, intercambiado e transmitido, por meio de instrumentos e símbolos.
4. Todas as expressões criativas dos homens, em todos os campos do empreendimento humano.
5. Em sentido limitado, a expressão que os homens têm conseguido nas artes liberais.
6. Essa palavra vem do latim colere, cultivar. Portanto, a cultura é um cultivo, sem importar os meios empregados para tanto.
O vocábulo não entrou na linguagem senão já no século XVIII, embora o uso possa ser percebido ao longo da história, mas expresso de muitas formas diferentes.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 1029-1030.
A educação judaica era primeiramente religiosa e, até a época do Novo Testamento, dava-se em casa. Era dever do pai instruir seu filho sobre as tradições religiosas (Ex 12.26,27; Dt 4.9; 6.7).
Era essencial que a criança aprendesse a ler as Escrituras. Felizmente, o alfabeto hebraico com suas vinte e duas letras era muito mais fácil do que as centenas de caracteres cuneiformes e hieroglíficos dos vizinhos de Israel. Em Isaías 28.10, "mandamento e mais mandamento" é literalmente "s após s, e q após q", uma referência ao ensino do alfabeto. Em Isaías 10.19, lemos: "E o resto das árvores da sua floresta será tão pouco, que um menino as poderá contar". O homem jovem de Juízes 8.14 "escreveu" os nomes dos anciãos da cidade.
O ensino formal longe de casa não foi atestado até a era intertestamentária. Ben Sirach (aprox. 180 a.C.) fala de uma "casa de aprendizagem" (gr. oikos paideias, em heb. bethmidrash). Sob Jason (175-171 a.C), o sumo sacerdote helenizante, um ginásio foi estabelecido em Jerusalém (1 Mac 1.14; 2 Mac 4.9; Josefo, Ant. xii.5.1). No helenismo, o ginásio era a principal instituição educacional.
Simon ben Shetah (aprox. 75 a.C.) decretou uma lei que estabelecia que as crianças deveriam ir à escola. O desenvolvimento decisivo, entretanto, veio com a ordem de Josué ben Gamala, sumo sacerdote em 63-65 a.C, de que cada cidade deveria ter uma escola para crianças a partir de seis anos de idade.
De acordo com a declaração de Judah ben Tema (século II a.C) em Pirke Aboth 5.21, o programa de estudos a ser desempenhado era: (a) as Escrituras - aos cinco anos; (b) o Mishnah - tradições orais - aos dez anos; (c) a chegada da idade - aos treze anos; e (d) o Talmude - comentários sobre o Mishnah -aos quinze anos. Esperava-se que os rapazes se casassem aos dezoito anos. As meninas recebiam educação em casa, e frequentemente eram feitos casamentos arranjados quando tinham doze ou treze anos. Elas iam à sinagoga, e algumas conheciam bem as Escrituras (cf. alusões do Antigo Testamento no "Magnificai" de Maria, Lc 1.46-55).
A maioria dos pais não podia permitir que seus filhos tivessem mais do que o ensino primário. Alguns rabinos desprezavam aqueles que haviam estudado somente as Escrituras, tendo-os como ignorantes, 'am-ha'arets, "pessoas da terra" (cf. Jo 7.15; At 4.13). Aqueles que estudavam para se tornarem rabinos continuavam sua educação na academia de Jerusalém, e eram ordenados com aproximadamente vinte e dois anos de idade. As classes do primário reuniam-se nas sinagogas, tendo o hazzan, ou responsável pelos rolos, como professor. O professor tinha que ser um homem casado; nenhuma mulher tinha permissão para ensinar (cf. 1 Tm 2.12). As crianças de várias idades sentavam-se no chão diante do professor. A criança aprenderia a ler as Escrituras em voz alta, começando por Levítico. Em continuação, a criança prosseguia no conhecimento da maior parte das Escrituras, embora alguns livros do AT, como, por exemplo, Cantares de Salomão, não eram ensinados aos alunos imaturos.
A ênfase era colocada na memorização, e o método era a repetição. Dizia-se que um professor do Mishnah chegava a repetir uma lição 400 vezes! Os açoites eram usados nos casos de alunos recalcitrantes. O Mishnah não considerava o professor culpado se o aluno morresse em consequência de tais repreensões. A palavra heb. para educação, musar, origina-se da raiz ysr, "castigar, disciplinar". O ensino dos meninos começava ao amanhecer e frequentemente continuava até o pôr-do-sol. Algumas pessoas têm questionado se eles tinham horário de almoço! O período de aulas era reduzido para quatro horas durante os meses quentes de julho e agosto. No dia que antecedia o sábado havia apenas meio período de aulas, e as aulas eram suspensas por ocasião das festividades religiosas. A academia de Jerusalém para futuros rabinos era famosa por ter professores como Hilel e Samai (século I a.C). Aqui Paulo estudou aos pés do ilustre neto de Hilel, Gamaliel (At 22.3). Gamaliel era um dos poucos rabinos que permitia que os alunos aprendessem o grego. Os rabinos, como regra geral, não recebiam qualquer pagamento por ensinarem, mas se sustentavam trabalhando como moleiros, sapateiros, alfaiates, oleiros etc. (cf. At 18.3). De fato, cada pai tinha o dever de ensinar um ofício a seu filho.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 598-599.
A Sinagoga. Os eruditos supõem que, como uma instituição formal, a sinagoga desenvolveu-se durante o cativeiro babilónico. A palavra «sinagoga» encontra-se em Sal. 74:8, mas ali significa apenas «assembléia», não havendo qualquer alusão à instituição que recebeu esse nome. A palavra aparece por cinqüenta e seis vezes no Novo Testamento. Antes do exílio babilônico, o templo era o centro de todas as atividades religiosas. Quando o templo foi destruído, então as sinagogas tornaram-se células dessa atividade, bem como de aprendizado. Ê possível, contudo, que as sinagogas tenham surgido antes mesmo do exílio babilônico, e que este apenas consolidou a importância das mesmas. Seja como for, a sinagoga tornou-se um centro de todas as atividades religiosas, sociais e de instrução. Na sinagoga não havia altar e nem sacrifícios. O estudo e a leitura ida Tora, bem como a oração, tornaram-se as atividades centrais ali. A sinagoga era o centro do governo de Israel. Ela provia uma espécie de sistema de educação de adultos em massa, onde a Tora era estudada sistematicamente, semana após semana. Todos quantos frequentavam a sinagoga tornavam-se estudantes da lei. Quando o povo judeu não mais era capaz de entender o hebraico, as explicações eram feitas em aramaico.
O Desenvolvimento de Escolas. A primeira escola de um judeu era o seu lar. Os mestres eram os pais e os alunos eram os filhos. O lar nunca perdeu a sua importância como o lugar primário de aprendizado. Entre os cristãos, os mórmons são os que mais têm salientado esse aspecto da instrução. Então surgiram as escolas de profetas, que dirigiram o primeiro ensino sistemático e constante fora dos lares. Eles encontravam em Moisés a sua grande inspiração (Deu. 34:10; 18:15 ss). Os profetas tomaram-se os mestres e instrutores de Israel de uma classe de homens eruditos, que se tornaram líderes da nação. Pela época da monarquia, havia grupos ou companhias de profetas, de tal modo que eles formaram uma classe distinta dentro da nação (I Sam. 10:5,10; 19:20). Os «filhos dos profetas» eram os discípulos das escolas que haviam sido formadas. Ver I Reis 19:16; II Reis 2:3 ss. Então surgiram as sinagogas; que representaram um passo vital no desenvolvimento das escolas, confoíme nós as conhecemos. Entretanto, nenhuma escola era separada da sinagoga e nenhum sistema escolar formal formou-se em Israel, senão já dentro do período helenista e isso por motivo de competição com as escolas gregas. A literatura rabínica informa-nos que um sistema escolar compulsório foi criado pelos fariseus, no século I A.C. Sabemos que Simão ben Shetach (75 A.C.) ensinava às pessoas de uma maneira sistemática e regular; mas o texto que ele usava era a Tora. Em Israel não havia educação liberal. As escolas elementares, para as crianças, não parecem ter surgido antes do século I D.C. Joseph ben Gamala (cerca de 65 D.C.) tentou fazer a educação elementar tomar-se compulsória e universal, com escolas onde as crianças entravam com seis ou sete anos de idade. As escolas elementares eram chamadas Casa do Livro. O currículo continuava sendo, essencialmente, orientado segundo a Bíblia. Toda e qualquer referência às ciências, em quaisquer de suas formas, era feita de modo inteiramente incidental. Foram desenvolvidas escolas secundárias para os alunos mais promissores. A religião continuava sendo o centro de todas as atividades educacionais. Além da Bíblia e da Mishnah, foi instituído o debate teológico. As escolas que funcionavam desse modo eram chamadas Casas de Estudo. Finalmente, foram formadas academias autênticas, que eram reputadas lugares sagrados, e não apenas lugares de aprendizagem. O Talmude resultou das atividades dessas escolas e grandes líderes se salientaram então, como Hilel, Shamai e Gamaliel. Paulo educou-se na escola de Gamaliel.
Isso significa que, em Israel, havia três instituições de ensino diferentes: a sinagoga, as escolas elementares e as academias, ou casas de estudos. As academias funcionavam separadas das sinagogas, em seus próprios edifícios, ou talvez na residência do mestre principal.
O Lar. O lar era a unidade básica da sociedade, bem como a primeira escola que um menino judeu conhecia. O Antigo Testamento mostra o grande valor dado às crianças e grande responsabilidade pesava sobre os ombros dos pais, porquanto os filhos eram tidos como dons de Deus (Jó 5:25; Sal. 127:3; 128:3,4. Ver também Gên. 18,19 e Deu. 11:19 quanto à importância da instrução doméstica). As crianças eram treinadas em seus deveres, religiosos ou outros (I Sam. 16:11; II Reis 4:18). O treinamento artístico fazia parte da instrução recebida (Juí. 21:21; Lam. 5:14). Às meninas eram ensinadas prendas domésticas, por suas mães (Êxo. 35:25; II Sam. 13:8). Os meninos aprendiam negócios e ofícios. As casas numerosas, como aquelas de pessoas ricas, estavam sujeitas a uma instrução global (Gên. 18:19). O elemento religioso sempre ocupava o primeiro plano (Deu. 6:4-9; Sal. 78:3-6; Pro. 4:3). Algumas poucas mulheres, segundo todas as aparências, eram bem educadas e chegaram a tomar-se líderes (Juí. 4:4 ss, II Reis 22:14-20).
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 270-271.
III-JESUS CRESCEU PSICOLOGICAMENTE
1. A DIMENSÃO PSICOLÓGICA DE JESUS.
Por fim Jesus também possuía as dimensões psíquica e espiritual. David Nichols sublinha que foi Jesus mesmo quem reconheceu sua dimensão psicológica quando empregou a palavra grega psichê (alma) para descrever o que ocorria no seu interior quando agonizava no Getsêmani. Jesus, portanto, teve consciência de suas emoções quando externou em diferentes momentos de sua vida sentimentos de alegria e tristeza. “Então, chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai comigo” (Mt 26.36-38).
Por outro lado, observa Nichols, Jesus também tinha consciência de sua dimensão espiritual. Lucas nos informa que Jesus mesmo usou o termo grego pneuma, traduzido em português como espírito, quando expirou na cruz do calvário (Lc 23.46). Nichols destaca que no contexto do evangelho de Lucas, a palavra “espírito” (pneuma) sem sombra de dúvidas indica a dimensão da existência humana que continuará na eternidade depois da morte. Esse é um fato relevante porque demonstra que foi como um ser humano, de carne e osso, que Jesus morreu.
José Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 43.
«...infância...» O termo grego é «brephos», palavra usada para indicar «embrião humano» ou «feto». (Ver Plutarco Mor. 1052; Dióscuro 5,74; Josefo, Antiq. 20,18). Mas também era usado com o significado de «bebê», «infante». (Ver I Macabeus 1:61; II Macabeus 6:10 e Josefo, Guerras dos Judeus 6,205). Esse vocábulo indica que desde a idade mais infantil possível, quando uma criança começa a falar, Timóteo já vinha recebendo treinamento religioso específico. Esses mui dificilmente se afastam da fé, embora possa haver modificações posteriores, ao passo que a experiência humana mostra-nos que aqueles que se converteram mais tarde na vida se afastam mais facilm ente da fé, em favor de a lgum a outra coisa. Os costumes judaicos comuns obrigavam os pais a darem início ao treinamento religioso sério de seus filhos ao chegarem ao seu quinto ano de vida. Filo, em «Led ad Caium», pág. 562, cap. 16; Josefo, em «Apion» I. 12; o terceiro capítulo de Susana e IV Macabeus 18:9 confirmam isso.
«...sagradas letras...» No original grego temos «...escritos santos...» ou «...Sagradas Escrituras...», uma alusão ao A .T ., pois, naquele tempo, não havia ainda o «cânon» do N.T., e nem mesmo todos os livros do N.T. tinham sido escritos. Sendo normalmente uma alusão às Escrituras do A. T., essa expressão algumas vezes se reduz a «as Escrituras», conforme se vê em Mat. 21:42; 22:29; Luc. 24:27; João 5:39 e I Cor. 15:3.
Algumas vezes tal palavra é usada para indicar alguma passagem particular das Escrituras, um trecho selecionado. Algumas vezes essa palavra aparece no singular, e de outras vezes aparece no plural. (Ver a forma plural em I Ped. 2:6 e em II Ped. 1:20 e A s referências dadas acima são exemplos de seu uso no plural. O trecho de R om . 1:2 diz «Santas Escrituras» («graphais agiais»), ao passo que a q u i temos «Sagradas Escrituras», expressão que aparece exclusivamente aqui, em todo o N.T. Essa expressão se encontra em Josefo, Proem. to Ant. 3; Apion I e em Filo, Vit. Mos. 3:39, etc. Os livros do A.T. são focalizados nessa expressão (porquanto havia vários «cânones» do A.T. nos dias de Paulo), segundo se vê nas notas expositivas sobre o versículo seguinte, acerca das «Escrituras». Essas «Sagradas Escrituras», pois, são contrastadas com as fontes «estranhas» utilizadas pelos gnósticos, como seus mitos, suas imaginações, suas religiões misteriosas e seus livros de mágica e encantamento. (Ver Atos 19:19).
«...tornar-te sábio...» Temos aqui menção à sabedoria espiritual. As promessas messiânicas, bem como as interpretações que lhes dão a igreja cristã, mostram claramente como é que Deus outorga aos homens a salvação, e como ela pode e deve ser recebida. Aqueles que são «sábios» perceberão o significado de tudo isso, tirando benefícios espirituais dessa sabedoria celestial. A aceitação da mensagem bíblica, em que o indivíduo se firm a fortemente sobre ela, permitind o assim que a sua vida seja transformada, produzirá o conhecimento teórico, doutrinário, prático e místico, bem como a experiência espiritual, o que leva um ser humano à vida eterna. (Comparar com João 5:39, quanto ao fato que as autoridades judaicas criam que, nas «Escrituras», um homem recebe a vida eterna; e esses são aqueles que falam acerca de Cristo, de tal-modo que ele é o meio dessa vida.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 394.
«Crescia o menino...». Temos aqui uma espécie de sumário da vida inicial de Jesus, tal como Lucas já provera um sumário semelhante acerca da vida de João Batista, em Luc. 1:80. João Batista internou-se no deserto, vivendo como asceta, certamente como os essênios também costumavam fazer. Mas Jesus viveu como menino comum, no seio de sua família. João «crescia» no espírito. Mas Jesus era cheio de sabedoria e desfrutava do favor tanto de Deus como dos homens. O texto subentende o crescimento e o desenvolvimento espiritual de Jesus, e isso não nos deve surpreender, porquanto era homem autêntico. Desenvolvia-se tal como devia. Aprendeu a falar e a escrever. Falava-se o hebraico nas escolas e o aramaico nas conversas diárias. Também aprendeu a comunicar-se com Deus, e precisamos aprender a fazer outro tanto, segundo o modelo por ele deixado. Jesus estava sendo «aperfeiçoado», como também lemos no trecho de Heb. 2:10. Passou pelas mesmas experiências pelas quais devemos passar, e precisou aprender por meio dos seus sofrimentos. Contudo, sempre se mostrou obediente, e desenvolveu-se como todo homem deve desenvolver-se. Tal é o ensino da encarnação e da humanidade de Cristo. A igreja tende a esquecer-se de que Jesus também foi homem, e com demasiada freqüência subestima a importância da vida terrena de Jesus. Agiu do modo que fez porque desenvolveu as capacidades espirituais para tanto, e esse desenvolvimento está disponível a todos os homens.  Jesus compartilhou de nossa natureza e de nossa existência, a fim de que pudéssemos compartilhar de sua natureza e de sua vida celestiais.
«...enchendo-se de sabedoria,..». O particípio, no grego, subentende um processo contínuo de ser cheio, e por isso transmite o mesmo pensamento expresso no vs. 52 sobre o aumento de sua sabedoria. «A alma de Jesus era humana, isto é, sujeita às condições e limitações do conhecimento humano, e teve de aprender como devem fazê-lo todas as almas humanas. A heresia de Apolinário, que criou a teoria da encarnação sobre a suposição de que a Palavra divina (o Logos do evangelho de João), na humanidade de nosso Senhor, tomou o lugar da mente ou intelecto humano, é neste versículo, antecipada e condenada» (Ellicott, in loc.). A heresia docética floresceu em alguns quadrantes da igreja primitiva, e os evangelhos apócrifos a contêm. O docetismo ensina que Jesus era homem apenas na aparência. Contudo, apesar dessa declaração ser considerada herética pela igreja cristã moderna, as explicações dadas quanto à vida de Jesus e sobre como ele viveu esse tipo de vida, a saber, por ter feito tudo quanto fez impulsionado pela natureza divina, em realidade não diferem da antiga heresia docética. Mas Jesus era também verdadeiro homem, segundo este texto mostra.
«...e crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens... » Este versículo é uma repetição virtual de Luc. 2:40. Todos os comentários feitos ali se aplicam aqui também, especialmente as considerações que condenam o docetismo, a heresia que fazia da humanidade de Jesus o ato de um mero fantasma, e não a de um homem autêntico, que precisasse aprender, desenvolver-se e amadurecer, como todos os homens devem (ver Heb. 2:10; 5:9). Infelizmente, apesar da humanidade de Cristo ser declarada na igreja moderna, contudo, tão pouco do que Jesusfez ou foi é reputado como resultante de sua humanidade desenvolvida que, na realidade, o que encontramos é apenas outra modalidade de docetismo, com o resultado de que o sentido da vida terrena de Jesus é inteiramente eliminado do pensamento e do ensino cristão,este assunto é totalmente tratado na nota em Fil. 2:7, sobre a natureza da Humana de Cristo.
Contamos apenas com essas palavras para descrever cerca de dezoito anos da existência terrena de Jesus, anos passados em Nazaré como carpinteiro, provavelmente como o único carpinteiro da cidade. £ bem provável que José tivesse falecido durante esse período, e o sustento da família passou para os ombros de Jesus, por ser o filho primogênito. Jesus desenvolveu a sua vida espiritual como homem, obtendo assim poderes admiráveis, que ele posteriormente usou para benefício de seus semelhantes humanos, Justino Mártir (150 D.C.) diz-nos que em seu tempo, diversos objetos de madeira, que eram reputados feitos pelas mãos de Jesus, eram intensamente procurados.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 36;40.
E o menino crescia... (v.40): Sobre o desenvolvimento que o Senhor quer ver nos Seus filhos, vede 2 Pe 3.18; 1 Pe 2.1; 2 Pe 1.5-8; Hb 5.11-6.3.
Jesus, apesar de ser o Filho de Deus e Senhor de tudo, era tão humano como qualquer outro menino. Não convém pensar que era um menino anormal, com mentalidade de adulto, desenvolvido, nem que quando “se esvaziou, tomando a forma de servo”, deixou de ser divino. Era sempre Aquele que estava com o Pai antes que houvesse mundo. Quando, porém, se encarnou, foi feito “em todas as coisas à nossa semelhança, mas sem pecado.” Era um menino inteiramente normal e o nosso exemplo para criar filhos. Ele crescia física, intelectual e espiritualmente:
a) Fisicamente. “Crescia” (v.40) “em estatura” (v.52). O Moço não era nazareno melancólico, pálido e doentio. O labor na oficina de carpinteiro e a obediência às leis de Deus contribuíram para o desenvolvimento do físico. O servo de Deus carece de corpo sadio e robusto. 2) Intelectualmente, “Cheio de sabedoria” (v.40), “crescia Jesus em sabedoria” (v.52). Enquanto se desenvolvia no físico, crescia intelectualmente; não se tornou gigante em mentalidade de criança. 3) Espiritualmente.
“A graça de Deus estava sobre Ele.” O menino Jesus tinha, também, de crescer, como homem, no conhecimento do Deus invisível e guardar o contato com Ele por oração e leitura da Sua Palavra. O Seu crescimento era simétrico; enquanto crescia em corpo, crescia igualmente em mente, mas não foi de forma alguma a custo do Seu desenvolvimento espiritual.
Orlando S. Boyer. Espada Cortante 2. Editora CPAD. pag. 47.
Como Ele a passou, v. 40. Em todas as coisas, lhe era conveniente ser semelhante aos seus irmãos, e por isto Ele passou a infância como as outras crianças, embora sem pecado; ou melhor, com indicações manifestas de uma divina natureza em si. Como as outras crianças, Ele cresceu em estatura física, e aperfeiçoou a compreensão da sua alma humana, para que o seu corpo natural pudesse ser um modelo do seu corpo espiritual que, embora animado por um Espírito perfeito, ainda assim faz o aumento de si mesmo, até chegar a “varão perfeito”, Efésios 4.13,16. Mas: (1) Enquanto as outras crianças são frágeis em entendimento e determinação, Ele se fortalecia em espírito. Pelo Espírito de Deus, a sua alma humana foi dotada de um vigor extraordinário, e todas as suas faculdades realizavam as suas funções de uma maneira extraordinária. Ele raciocinava com veemência, e o seu juízo era objetivo e penetrante. (2) Enquanto as outras crianças têm tolices nos seus corações, que se manifestam em tudo o que dizem ou fazem, Ele estava cheio de sabedoria, não devido a qualquer vantagem de instrução ou educação, mas pela obra do Espírito Santo; tudo o que Ele fazia e dizia era sabiamente feito e sabiamente dito, para a sua idade. (3) Enquanto as outras crianças mostravam que a corrupção da natureza estava nelas, e o joio do pecado crescia juntamente com o trigo da razão, Ele deixava transparecer que nada além da graça de Deus estava nele (o trigo crescia sem joio) e que, enquanto as outras crianças eram, por natureza, filhos da ira, Ele era enormemente amado, e cheio da graça de Deus; pois Deus o amava, e o apreciava, e tinha um carinho especial por Ele.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 535.
2. JESUS E AS EMOÇÕES.
LC 20.26 A confusão em que se viram colocados, v. 26.
1. A armadilha se quebrou; eles “não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo”. Eles não conseguiram agarrar-se a nada que pudesse inflamar nem o governador nem o povo contra Ele.
2. Cristo é honrado - até mesmo a ira do homem foi feita para honrá-lo. Eles se maravilharam com a sua resposta, pois foi muito discreta e irrepreensível, e tal evidência daquela sabedoria e sinceridade faziam brilhar o rosto. 3. Suas bocas se fecharam: “Maravilhados com sua resposta, calaram-se”. Eles não conseguiram nada para objetar, e não lhe perguntaram mais nada, para que Ele não os envergonhasse e não os expusesse.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 698.
LC 20.26 Lucas dá uma descrição mais completa do efeito sobre os questionadores do que os demais Sinotistas. Revelaram-se incapazes de apanhá-lo. A pergunta deles parecia certeira para produzir o efeito desejado, mas revelara-se um rojão molhado. Ficaram, portanto, admirados, e foram reduzidos ao silêncio.
Leon L. Morris. Lucas. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 271.
LC 20.26 As palavras do Senhor evidenciam o equilíbrio correto entre o dever e a obrigação perante as autoridades e perante Deus. A segunda parte da frase constitui uma fundamentação da primeira, contendo ao mesmo tempo uma restrição, o limite correto da obediência.
Os ardilosos interrogadores que pretendiam armar uma cilada para o Senhor foram cabalmente dispersos por meio dessa resposta sucinta, porém sábia. Todos os sinóticos relatam a admiração dos interrogadores que se patenteou em seguida.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.
IV-JESUS CRESCEU ESPIRITUALMENTE
1. CRESCENDO NA GRAÇA E FORTALECENDO O ESPÍRITO.
Destaca ainda esses autores que Jesus assumiu estes condicionamentos lá onde pesam mais, isto é, no meio dos pobres (2 Co 8.9; Mt 13.55; Fp 2.6,7; Hb 4.15; 5.8). Ele se formou “crescendo em sabedoria, tamanho e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2.52). Estes três aspectos do crescimento em sabedoria, tamanho e graça se misturam entre si. Crescer em sabedoria é assimilar os conhecimentos da experiência humana diária, acumulada ao longo dos séculos nas tradições e costumes do povo. Isso se aprende convivendo na comunidade natural do povoado. Crescer em tamanho é nascer pequeno, crescer aos poucos e tornar-se adulto. E o processo de todo ser humano, com suas alegrias e tristezas, amores e raivas, descobertas e frustrações. Isto se aprende convivendo na família com os pais, os avós, os irmãos e as irmãs, com os tios e tias, sobrinhos e sobrinhas. Crescer em graça é descobrir a presença de Deus na vida, a sua ação em tudo que acontece, o seu chamado ao longo dos anos da vida, a vocação, a semente de Deus na raiz do próprio ser. Isto se aprende na comunidade de fé, nas celebrações, na família, no silêncio, na contemplação, na oração, na luta de cada dia, nas contradições da vida e, em tantas outras oportunidades”.
José Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 39.
Ele cresceu em sabedoria. A mãe, a natureza, a Escritura Sagrada, a vida e a oração representaram os ricos recursos que haviam sido proporcionados ao menino Jesus para amadurecer em direção de um saber claro e saudável.
Há algo admiravelmente grandioso em uma vida conduzida com sabedoria, na qual tudo é aquilatado e praticado à luz da eternidade, onde se aprende a incluir a totalidade da vida terrena - com suas preocupações, sofrimentos e alegrias, suas necessidades e demandas diárias, seus constrangimentos e tentações - de forma cada vez mais completa no grande acorde básico do “Uma coisa só importa” [hino de J. H. Schröder, † 1699, HPD, nº 171, cf. Lc 10.42], perguntando em todas as situações: Como o Senhor no céu pensa a esse respeito, e como você pensará a respeito disso um dia, quando a terra estiver a seus pés e você se escontrar na luz da eternidade? Isso é sabedoria. Posicionar-se dessa maneira aqui na terra a partir do mirante da eternidade - isso é sabedoria. Adquirir nela cada vez mais treino, experiência e agilidade - isso significa “crescer em sabedoria”.
Até onde posso ir em cada situação? Até que ponto devo falar ou silenciar no convívio com outros? Quando devemos dizer ao próximo que pecou contra nós, em particular? Quando e por quanto tempo temos de suportá-lo calados? E onde precisamos ceder, onde insistir em nossos direitos? Até que ponto devemos consolar ou primeiramente exortar um sofredor? Quanto descanso podemos requerer para nós? Quando e de que maneira temos de ajudar o empregado que falta ao trabalho? Até que ponto podemos ser “tudo para todos”? Como devemos posicionar-nos diante dos partidos na igreja e no Estado? Essas perguntas não são respondidas abrindo a Bíblia e selecionando mecanicamente um versículo qualquer, mas relacionando corretamente o conhecimento de Deus e do mundo obtido pela palavra de Deus, e quando levamos em consideração, mediante sábia apreciação, a situação e as pessoas envolvidas naquela ocasião.
Ele cresceu em graça diante de Deus e das pessoas. Aqui temos de pensar em um crescimento da graça da aprovação divina e da benignidade paterna sobre esse menino Jesus. Desde o começo ele foi objeto da graça, porém quanto mais ele crescia e o poder de Deus se disseminava nele, quanto mais ele superava todas as tentações com fé e sabedoria, aprendendo a obediência, tanto mais também se avolumava a graça de Deus sobre ele. Novamente deparamo-nos aqui com uma parte de sua humilhação, que é inegavelmente a maior e mais misteriosa. Ele despojou-se até mesmo de seu relacionamento original com o Pai. O Criador se rebaixou até sua criatura, que cresce e amadurece interiormente por meio da obediência.
No entanto, Jesus também cresceu em graça diante das pessoas. Afinal, de agora em diante o rapaz de doze anos mantinha cada vez mais contato com as pessoas. Em breve, pois, sua natureza amável, obediente, solícita, afetuosa e correta conquistou os corações das pessoas, de sorte que o tratavam com amizade e favor. Apesar de sua profunda condição pecaminosa, o mundo sempre respeita secretamente a grandeza de uma mentalidade inatacável, das obras e virtudes da bem-aventurança. Foi isso que também aconteceu com o Senhor. É uma maravilhosa dádiva de Deus quando alguém encontra graça também diante dos seres humanos. Essa amabilidade repleta e santificada da mente de Cristo, em atitude e caráter, que atrai e conquista involuntariamente as pessoas, é algo sumamente belo.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.
Lucas conclui esta passagem com um resumo do crescimento global de Jesus: intelectual (sabedoria), físico (estatura) espiritual (favor de Deus); e sociais (favor com os homens... ) (v. 52). Assim, Jesus define o padrão de crescimento de cada filho de Deus (comp. Efe. 4:15). Todo esse episódio mostra que Jesus sempre consagrado ao Pai, deve retornar a ele, através de sua morte, ressurreição e ascensão (cf. 09:51; 24 50-52). Em seguida, Lucas retoma a vida de Jesus em 03:21 com o evento do seu batismo no Jordão e no início "oficial" do seu ministério com a idade de (30 anos), momento em que os sacerdotes começaram o seu ministério pastoral; e em que os judeus encontraram a maioria e foram habilitadas socialmente em atividades públicas. Você pode observar claramente que o conceito de ligação entre os dois eventos é, sem dúvida, a vocação ea vocação de Jesus (cf. Fil 2.5).
No final dessas histórias inéditas sobre a infância de Jesus ("Evangelho da Infância"), entende-se, então, que são na verdade um resumo simbólico da Pessoa, palavras e atos de Jesus. Isto mostra, entre outras coisas, que o caminho é também o caminho de toda a humanidade, que chegou a encarnar, para ensinar, assim, o "caminho" para o Pai (cf. Jo 14, 6, Atos 24.14). Também enfatiza que Lucas diz duas naturezas de Jesus, divino e humano, a coabitação totalmente em toda a sua plenitude (comp. V. 52 com 1:35).
Daniel Carro; José Tomás Poe; Ruben O. Zorzoli. Comentário bíblico mundo hispano. Editora Mundo Hispanico. Casa Batista de Pulblicaiones.
2. JESUS E SUA MAIORIDADE.
Capacitado pelo Espírito
Desde o primeiro capítulo deste livro chamo a atenção para a teologia carismática de Lucas. Jesus foi capacitado pelo Espírito Santo para realizar as obras de Deus. Talvez em nenhum outro ponto ela é mais clara quanto no contexto da kenosis de nosso Senhor. Jesus como homem, vivendo as limitações que a encarnação lhe proporcionou, dependeu durante todo o seu ministério da ação do Espírito Santo. Esse é um fato observado por todos os manuais de teologia sistemática.
Heber Campos, por exemplo, destaca que o Filho, em si mesmo, não precisava de suporte ou da ajuda do Espírito Santo, mas quando o Verbo se fez carne, assumindo a nossa humanidade, ele se colocou na condição de Servo necessitando do socorro do Espírito Santo para exercer o seu ministério. Por essa razão, citando a passagem de Isaías 61, Jesus diz de si mesmo: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos” (Lc 4.18). Jesus precisou, por causa de sua humanidade, do suporte do Espírito Santo para realizar o seu ministério. Deus não quebra as suas leis nem mesmo com o seu Filho. Ao encarnar, Ele se tornou como um de nós, carente da ação do Alto para poder realizar sua missão entre os homens.
José Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 43-44.
«...não sabíeis...» Este versículo fornece-nos as primeiras palavras registradas que saíram dos lábios de Jesus. Ele deu início à sua manifestação extraordinária entre os homens que atuavam no templo de Deus, na companhia daqueles que eram reputados os homens mais eruditos e santos. Foi um começo digno para a tradição que envolve a Jesus; e, mesmo quando ainda menino, demonstrou possuir aquela—grande energia mental—que sempre caracterizou a sua vida. Podemos contrastar esta narrativa simples sobre o precoce menino Jesus com a história de Josefo, contada por ele mesmo, e que o mostra aos catorze anos de idade, ao tornar-se «filho da lei», admirando os mais velhos com a sua grande sabedoria e erudição, de tal modo que até mesmo alguns dentre os principais sacerdotes vinham consultá-lo acerca de pormenores difíceis da lei. Seja como for, isso é instrutivo, porquanto demonstra que aqueles doutores pelo menos se interessavam por jovens e promissores eruditos, dedicando tempo a conversar com eles, ensinando-os e encorajando-os.
Em algumas traduções encontramos aqui as palavras ocupar-me dos negócios de meu Pai», que substitui a tradução mais literal «nas coisas que são de meu Pai». A palavra «casa», segundo encontramos na tradução portuguesa AA, não aparece no texto grego, pelo que as palavras dessa citada tradução— «estar na casa de meu Pai» também são uma interpretação, e não uma tradução. A versão siríaca, contudo, traduz tal e qual a tradução portuguesa AA (Almeida Atualizada); mas isso parece estreitar o sentido tencionado. Apesar do fato que alguns intérpretes defendem esse sentido mais estreito, a indicação textual é antes que Jesus percebeu que seu destino e propósito na vida deveriam centralizar-se em torno das coisas de Deus, as coisas espirituais, e que elas serviriam como verdadeira expressão de sua existência terrena. Alford traduz aqui por «entre as questões de meu Pai», isto é, dando atenção aos interesses de Deus Pai.
Naturalmente que este texto tem por intenção ensinar algo sobre as relações especiais existentes entre Jesus e Deus Pai, além de destacar algo sobre a sua missão especial. Devemos compreender que Jesus mantinha uma relação sem-par com Deus Pai, embora essa relação não tenha sido definida neste texto.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 39.
Os sábios atônitos. Nesse período, o Templo exercia profundo fascínio sobre o menino Jesus, porque chegara a um momento crítico de sua vida: a consciência de sua natureza e missão divinas afetava-o poderosamente. O escritor foi inspirado a incluir este incidente para deixar claro aos leitores que, aos doze anos de idade, Jesus estava ciente de sua condição de Filho de Deus e de que tinha uma missão a cumprir. Nada mais natural, portanto, fosse Ele encontrado na casa do seu Pai, “assentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os”. Diz-se que havia uma sinagoga (casa de reuniões) dentro do Templo, onde os grandes ensinadores de Israel ministravam nos sábados e feriados religiosos. No decurso das preleções, os rabinos faziam perguntas aos ouvintes, que, por sua vez, tinham licença para interrogar o mestre. “E todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas”. E, se o debate era acerca do Messias e sua obra - o que é bem provável -, podemos entender a estupefação dos mestres ante as perguntas e respostas do menino. Sabendo ser o Messias, Jesus debatia o assunto com clareza, unção e autoridade.
Myer Pearlman. Lucas, O Evangelho do Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 64-65.
Um conflito perceptual priori entre Jesus e os seus "pais" históricos shows. É como se Jesus lhes disse: "Você não acha que há um propósito contra entre o que você me pedir e recriminações fazer agora?". A vocação de Jesus é descrito nos versos. 46 e 47: Eu estava no templo, sentado entre os mestres , ou doutores da lei (como sempre foi a de que o rabino estava no centro e os discípulos à sua volta), ouvindo-os e interrogando-os. Alguns acreditam que parte desse grupo de rabinos Hillel e Shammai eram. Frase do v. 46 descreve Jesus como um igual, não como um professor da escola antes dela. A palavra grega eperotáo 1905 ( fazer perguntas ) não expressa aqui a curiosidade típica de criança a perguntar, mas a sério questionamento, então, foram responsáveis pelos assuntos de seu pai real (49 v). Curiosamente, Jesus, num primeiro momento, não responder a perguntas; foi ele quem os fez, que o examinava. E, é claro, de ser um diálogo interativo, ele também respondeu a algumas perguntas de seus interlocutores (V.47), provocando um choque (existemi1839) entre eles. Eles estavam fora de si com espanto. Esse diálogo foi uma cadeira da mente queda de Jesus.
Vem a pergunta: Filho, por que fizeste assim conosco? Eis que teu pai e eu estávamos aflitos à tua procura (v. 48). Existem dois aspectos básicos que atraem a atenção aqui: Em primeiro lugar, a definição relacional faz Maria: Filho ; e, segundo, a carga (ou download) a mãe joga emocional no palco e, eventualmente, dificulta sua visão angústia . Que pena que Maria, pelo menos, não foi ver o que era óbvio para Jesus.
A frase de ouro nesta passagem (V. 49) é: Por que me buscais? Não sabíeis que nos assuntos do meu Pai, eu devo ser? Outras versões traduzem: "Será que eles não sabem que eu tenho que estar na casa de meu Pai?". O Jesus relação templo, Jesus-ministério é importante aqui. Neste ponto de sua vida, Jesus foi muito claro sobre as suas prioridades de vida. Você precisa comparar este texto com as palavras de Jesus na cruz, registradas por Lucas (comp. 23:46). As regras refletir com precisão e simplicidade, a identidade ea missão de Jesus.
Note que Jesus também estabelece um equilíbrio e contraste na relação vertical e horizontal: Meu pai antes de seu pai e Mary. É curioso que José não disse nada! É possível que ele foi claro neste caso que Maria.As mães são, por vezes nublada visão papel materno. Acho que houve uma espécie de urgência existencial em Jesus exibida "de corpo inteiro" em sua missão. Considere o cenário:. Jerusalém, o templo, a Páscoa, as autoridades religiosas, a iminência de sua apresentação pública ao judaísmo, entre outros detalhes Por que você procura é como se o Senhor increpara dizendo: "Eu não estou perdido. Estou plenamente consciente de que a minha identidade e propósito na vida. Se você entender exatamente quem eu sou e porque eu vim, não ser surpreendido com a minha pequena excursão teológica 'minha casa'.  ? Não sabíeis que nos assuntos do meu Pai, eu devo ser (v 49) É como dizer: "? Eles devem saber, né". Para José e Maria não deve ser nada de estranho estava acontecendo, uma vez que eles tinham recebido o suficiente desde o início do céu revelação sobre a identidade de Jesus e propósito real. Mesmo em uma idade precoce, Jesus estava ciente de sua vocação divina. Ele mostrou absoluta fidelidade ao propósito divino de sua encarnação. O desejo do Pai eterno era mais importante para fazer uma viagem juntos. Mas eles não entendiam esta palavra de Jesus (v. 50). Aparentemente, apesar de receber revelação direta, o papel dos pais que subjetivizó verdadeira identidade e missão de Jesus.
Daniel Carro; José Tomás Poe; Ruben O. Zorzoli. Comentário bíblico mundo hispano. Editora Mundo Hispanico. Casa Batista de Pulblicaiones.

ELABORADO: Pb Alessandro Silva.

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