O DEUS QUE INTERVÉM NA HISTÓRIA
O livro do profeta Daniel, através do
sonho do rei Nabucodonosor, resume os grandes impérios do mundo: Babilônia,
Média/Persia, Grécia e Roma. O capítulo dois se divide em Introdução, Três
episódios e Conclusão.
Introdução (v.1)
O primeiro versículo introduz o sonho de
Nabucodonosor como ocorrência do segundo ano de reinado. Os estudiosos do
Antigo Testamento concordam que neste tempo o profeta Daniel era bem jovem e há
três anos ele fora deportado para a Babilônia.
Primeiro Episódio (vv.2-13)
O primeiro relato do sonho imperial
revela Nabucodonosor chamando os Magos, os Astrólogos, os Encantadores, e os
Caldeus, isto é, todos os sábios e os feiticeiros do império para interpretarem
o sonho. Os intérpretes pediram ao rei que lhes contasse o sonho para em
seguida o decifrarem. Nabucodonosor recusou afirmando: "se me não fizerdes
saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas
serão feitas um monturo". O rei não se contentava somente com a interpretação,
pois os adivinhadores teriam também de prenunciar o sonho.
Segundo Episódio (vv.14.24)
O capitão da guarda do rei, Arioque,
saiu para matar os sábios. Quando Daniel prudentemente o interrogou sobre a
ordem imperial. Recebendo a explicação de Arioque o profeta solicitou uma
audiência ao rei e pediu um tempo para contar o sonho e dar a interpretação.
Daniel procurou os seus amigos para buscarem a Deus. O Senhor os respondeu!
Terceiro e Ultimo Episódio (vv.25-45)
Levado por Arioque ao rei Nabucodonosor,
Daniel lhe contou o sonho e o interpretou. Chocado, o rei da Babilônia
prostrou-se aos pés de Daniel e reconheceu a sabedoria que lhe fora dada pelo
Deus de Israel.
Conclusão (vv.46-49)
A conclusão do capítulo dois é
surpreendente. Nabucodonosor promoveu Daniel ao mais alto cargo imperial e a
pedido do profeta elevou os seus amigos Sadraque, Mesaque e Abede-Nego às altas
posições.
O segundo capítulo revela-nos que o
Reino de Deus não se confunde com o reino dos homens. Segundo o conselho da sua
soberania, o Eterno intervém na história humana. Ele trabalha a fim de que
todos os moradores da Terra reconheçam a sua majestade e, em Cristo, resistamos
as injustiças do governo humano.
Revista
Ensinador. Editora CPAD. pag. 37.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O capítulo
dois do livro de Daniel se constitui da revelação do plano divino para com o
povo judeu e os povos gentios, para os quais Deus revela a sua soberania sobre
os governos mundiais e o estabelecimento do reino messiânico. Deus intervém na
história para fazer valer seus desígnios na vida da humanidade. Neste capítulo,
a Babilônia aparece como dona do mundo e Nabucodonosor é o grande rei.
Aproximadamente em 604 a.C., num período em que a Babilônia atingiu o seu
apogeu, quando, de repente, a tranquilidade de Nabucodonosor foi ameaçada por
um sonho perturbador que o deixou sem dormir. Por providência divina, o rei
esqueceu o sonho para que os desígnios divinos fossem revelados ao profeta
visionário Daniel. Na primeira parte do capítulo 2 temos a intervenção divina
para salvar Daniel e seus amigos. A ordem do texto ajudará a entender como Deus
trabalha nas circunstâncias adversas.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 37.
O
livro de Daniel compõe-se essencialmente de seis histórias e quatro visões. As histórias
ocupam os capítulos 1-6, e as visões os capítulos 7-12. Quanto a detalhes a respeito,
ver a seção “Ao Leitor”, quinto e sexto parágrafo, antes da exposição a Dan. 1.1.
Agora movemo-nos para a segunda história: O sonho de Nabucodonosor. Este longo
capítulo, como é natural, divide-se em duas grandes parles: vss. 1-13, prólogo;
e vss. 14-45, Daniel como intérprete de sonhos. Esta história ensina a
debilidade da sabedoria humana, em comparação com a sabedoria conferida por
Deus” [O xford Annotated Bible, na Introdução ao capítulo). A história é um
paralelo da experiência de José, em Gên. 41. Há uma correspondência na
fraseologia, o que provavelmente mostra que o autor sacro tinha aquela história
na mente, quando escreveu o relato presente. Os temas principais são: Toda a
sabedoria humana é destituída de valor quando confrontada com a sabedoria
conferida por Deus; uma filosofia da história; as eras deste mundo são guiadas
pelo decreto divino; Deus humilha os orgulhosos e eventualmente faz com que
eles O reconheçam. Ver como o teism o domina o relato. O Criador continua
presente em toda a Sua criação — intervindo, recompensando e punindo.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3376.
Esse
capítulo é histórico, mas é a história de uma profecia, por meio de um sonho e
sua interpretação. O sonho de Faraó e a interpretação de José diziam respeito
somente aos anos de fartura e de fome e o interesse do Israel de Deus neles.
Mas o sonho de Nabucodonosor aqui, e a interpretação de Daniel deste sonho,
parecem muito mais elevados, para as quatro monarquias, e os interesses de
Israel nelas, e o reino do Messias, que deveria ser estabelecido no mundo sobre
as suas ruínas. Nesse capítulo temos: I. A grande perplexidade em que ficou
Nabucodonosor por um sonho que havia esquecido, e a sua ordem aos magos para
lhe dizer do que se tratava. Algo que eles não podiam fazer (w. 1-11). II.
Ordens dadas para a destruição de todos os sábios da Babilônia, e de Daniel
entre os demais, com os seus companheiros (w. 12-15). III. A revelação do
segredo a ele, em resposta à oração, e a ação de graças que ele ofereceu a Deus
por isso (w. 16-23). IV A sua aceitação por parte do rei, e a revelação que ele
lhe fez tanto do seu sonho como de sua interpretação (w. 24-45). V A grande
honra que Nabucodonosor pôs sobre Daniel, como recompensa por esse serviço, e a
honra dos seus companheiros, com ele (w. 46-49).
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel.
Editora CPAD. Vol. 4. pag. 828.
I – O SONHO PERTURBADOR DE NABUCODONOSOR
(Dn
2.1-15)
1.
Tempo do sonho(v.1).
“E
no segundo ano do reinado de Nabucodonosor” (2.1). Daniel volta aos primeiros
anos de sua vida no Palácio da Babilônia entre os anos 603 e 602 a.C., e relata
a experiência que teve com Nabucodonosor quando o mesmo teve um sonho. O texto
apresenta um aparente conflito de datas quando fala do “segundo ano do reinado
de Nabucodonosor”, porque no primeiro capítulo nos deparamos com os três anos
de treinamento de Daniel e seus companheiros. Segundo os historiadores, tanto
os judeus quanto os babilônios contavam as frações de um ano como um ano
inteiro, por isso, a vigência do terceiro ano, obedecia a cronologia do
calendário da Babilônia. Os estudiosos procuram aclarar essa cronologia em que
explicam o seguinte: No ano 605 a 604 a.C., Nabucodonosor torna-se rei. Era seu
primeiro ano de reinado, quando Daniel e seus companheiros tiveram o seu
primeiro treinamento palaciano. Em 604-603 a.C., no segundo ano de
Nabucodonosor, foi quando o mesmo teve o sonho e ficou perturbado pela
lembrança e os detalhes do mesmo. Já era o terceiro ano de treinamento de
Daniel e seus companheiros, quando deveriam se apresentar diante do rei.
“Nabucodonosor
teve sonhos” (2.1). Entre os muitos modos de Deus falar e revelar a sua vontade
aos homens estão os sonhos. É uma via especial pela qual Deus revela sua
vontade. Segundo o Dicionário Aurélio, “sonho pode ser “sequência de fenômenos
psíquicos com imagens, atos, figuras e ideias que, involuntariamente ocorrem
durante sono de uma pessoa”. Pode ser a sequência de pensamentos, de ideias
vagas, mais ou menos agradáveis, mais ou menos incoerentes, às quais o espírito
se entrega em estado de vigília. Naturalmente, temos que entender que nem todo
sonho é alguma revelação. Sabe-se, também, que os sonhos podem advir de imagens
que o subconsciente absorve durante o dia e que se manifestam durante o sono.
As vezes, incompreensíveis e fantasiosos e, outras vezes, com sequência de
imagens que se formam na mente e expressam a preocupação que está na mente da
pessoa. No campo espiritual, Deus se utiliza desses recursos da natureza humana
para falar aos seus servos. Não existe uma regra que favoreça a ideia de que
Deus tenha que falar por meios de sonhos e visões. E apenas um modo pelo qual
Deus se revela, tanto a crentes como a não crentes. Nabucodonosor era um rei
pagão que servia a outros deuses, mas o Deus de Daniel usou uma via indireta de
revelar a esse rei o seu próprio futuro e o das nações do mundo.
“e o
seu espírito se perturbou, e passou-lhe o sono” (2.1). Não foi a primeira vez
que Deus falou a pessoas que não lhe serviam nem o reconheciam como Deus. Nos
tempos de Faraó do Egito, quando a família de Israel ainda se formava, para ser
o grande povo, posteriormente, Jeová deu sonhos a Faraó. José, como escravo no
Egito, e vendido por seus irmãos, foi o homem que Deus escolheu para aparecer
diante de Faraó e revelar-lhe os detalhes do seu sonho (Gn 41). O sonho de
Faraó tinha a ver com o seu próprio reino no Egito. Porém, a Nabucodonosor, rei
da Babilônia, Deus revelou em sonho a política mundial a partir do seu próprio
império. Naturalmente, o seu sonho era fruto de sua preocupação com o futuro do
seu império. Ele se perturbou em espírito porque precisava entender do que se
tratava aquele sonho. Deus intervém de modo espetacular para honrar os seus
servos que viviam naquele palácio e Daniel foi lembrado como alguém que sabia
interpretar sonhos.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 37-39.
Esta
história é datada no segundo ano do reinado de Nabucodonosor. “Desde os dias de
Josefo, tem sido exercida grande engenhosidade para explicar como Daniel pôde
ter estado ativo em alguma capacidade oficial, no segundo ano do rei, quando se
declarou que somente após três anos de treinamento é que Daniel foi introduzido
à presença de Nabucodonosor. Mas a data precisa é apenas um artificio literário
que pertence ao arcabouço histórico, e a incoerência que nos impressiona nada
teria significado para o escritor sacro e seus contemporâneos” (Arthur Jeffery,
in Ioc.).
2.1 No
segundo ano do reinado de Nabucodonosor. Ao rei foram dados por Deus alguns
sonhos inspirados — esse é o sentido óbvio do versículo. Ele ficou perturbado e
foi forçado a apelar para a ajuda de Daniel a fim de compreender esses sonhos.
Se a maioria dos sonhos é inspirada pelo cumprimento dos desejos, existem
sonhos espirituais e psíquicos que vão além desses limites. Assim sendo, os
homens idosos sonham, e os jovens vêem visões (Joel 2.28), por divina direção e
inspiração.
Nabucodonosor,
sendo um grande rei, naturalmente sonharia com coisas seculares. E também não
precisava ser um judeu para ser guiado pelo Espírito Santo.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3376.
A perplexidade
em que se encontrava Nabucodonosor por motivo de um sonho que havia tido, mas
que havia esquecido (v. 1): Ele teve uns sonhos, isto é, um sonho que consistia
de diversas partes distintas, ou que encheu o seu pensamento como se tivessem
sido muitos sonhos. Salomão fala de uma multidão de sonhos, estranhamente
incoerentes, nos quais há diversas vaidades (Ec 5.7). Esse sonho de
Nabucodonosor não tinha nada de mais em si além do que poderia ser comparado
com muitos sonhos comuns, nos quais são freqüentemente representadas aos homens
coisas tão estanhas quanto as que são mencionadas aqui. Mas houve algo na
impressão que causou nele, que trouxe consigo uma incontestável evidência da
sua origem divina e do seu significado profético. Observe que os maiores homens
não estão isentos, mas estão ainda mais expostos aos cuidados e aflições da
mente que perturbam o seu descanso à noite, enquanto o sono do homem
trabalhador é doce e profundo, e o sono do homem sóbrio e moderado é livre dos
sonhos confusos. A abundância dos ricos não deixará que eles durmam por causa
da preocupação, e os excessos dos glutões e bêbados não deixarão que eles
durmam tranquilos por causa dos sonhos. Mas o que foi registrado aqui não foi
fruto de causas naturais. Nabucodonosor era um perturbador do Israel de Deus.
Mas Deus aqui o perturbou, sim, porque aquele que criou a alma pode fazer a sua
espada se aproximar dela. Ele tinha os seus guardas ao seu redor, mas eles não
podiam impedir a perturbação do seu espírito. Não conhecemos a inquietude de
muitos que vivem em grande pompa e prazeres deste mundo. Olhamos para dentro
das suas casas, e somos tentados a invejá-los. Mas, se pudéssemos olhar para
dentro dos seus corações, sentiríamos pena deles. Todos os tesouros e todos os
prazeres dos filhos dos homens que estavam sob o domínio desse poderoso
monarca, não podiam lhe conseguir um pequeno repouso quando o seu sono fugia
devido às perturbações da sua mente. Mas Deus dá aos seus amados o sono, sim,
àqueles que consideram o Senhor como o seu descanso.
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel.
Editora CPAD. Vol. 4. pag. 828.
Nabucodonozor
teve um sonho que lhe tirou o sono. Seu sonho perturbou seu
espírito (v.l). A palavra “perturbou” significa golpear. O rei foi golpeado e
encheu-se de ansiedade, insegurança e medo.
Seu
sonho revelou a fragilidade dos poderosos. Aparentemente nada nem ninguém podia
ameaçar a fortaleza do reino de Nabucodonosor. Ele tinha poder, riqueza e fama.
Sua palavra era lei. Suas ordens não podiam ser questionadas. Mas, agora o rei
foi abalado. Sentiu que alguém maior que ele o ameaçava. A segurança de seu império
estava ameaçada por algo fora de seu controle, algo invisível e além deste
mundo. Ficou inseguro, inquieto e perturbado.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 41-42.
2.
A habilidade dos sábios é desafiada no palácio (2.2).
“o
rei mandou chamar” (2.2). O rei desafiou a habilidade desse grupo de sábios,
magos, adivinhos e encantadores dentro do palácio para que revelassem o seu
sonho e dessem a interpretação. Nabucodonosor ficou agitado pelo sonho, mas o
esqueceu. Entretanto, o rei sabia que o sonho era importante e que trazia uma
simbologia relacionada com o seu reino e o seu futuro. Naqueles tempos os reis
tinham a pretensão de serem privilegiados com sonhos divinamente inspirados (1
Rs 3.5-14; Gn 20.3). Porém, quando não podiam interpretá-los, convocava os
sacerdotes caldeus que serviam na corte para que adivinhassem e interpretassem
os sonhos (1.4).
"magos,
os astrólogos, os encantadores e os caldeus” (2.2). O Império Babilônico tinha
uma mescla de culturas e religiões. Essa casta de “magos, astrólogos,
encantadores e caldeus (sábios)” serviam no palácio para prescreverem,
adivinharem, promoverem encantamentos e os caldeus eram próprios da Babilônia.
Os magos possuíam conhecimentos nas ciências ocultas; os astrólogos procuravam
ler os corpos celestes para predizerem eventos futuros; os encantadores
realizavam exorcismos e invocavam os espíritos malignos e dos mortos; os
caldeus pertenciam a uma casta de sacerdotes dentro do Palácio que lidavam com
mistérios e códigos próprios para adivinharem e interpretarem sonhos. Neste
contexto, Daniel e seus companheiros ainda não faziam parte oficialmente dos
que se apresentavam diante do Rei, porque estavam no período do treinamento
imposto pelo Rei. Porém, a ira de Nabucodonosor se acendeu de tal modo que não
escaparia ninguém que estivesse dentro do palácio sem sofrer a pena do rei.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 39-40.
MAGOS
Magos (do grego
emagoi») significa Astrólogos ou Mágicos. Algumas vezes a palavra se refere
àqueles que se ocupavam das ciências, geralmente acompanhadas de magia e
fraude. A tradução homens sábios não é bem entendida. A antiga interpretação da
história, o seu sentido espiritual que vem dos pais Inicio, Justino,
Tertuliano, Origenes e Hilário é que a «astrologia» e a «magia» se curavam,
reconhecendo e confessando que seus dias estavam contados, em face do saber que
vem do alto. Essa interpretação parece concordar com o objetivo do autor. Tais
pessoas teriam observado algo de diferente no céu, algum fenômeno comum dos
planetas, ou algum sinal especial de Deus. Nada mais de definido se sabe sobre eles,
como seus nomes, número e posição na vida, e as tradições criadas em torno
deles são forçadas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 27.
Dn 2.2
Então o rei mandou chamar os magos... A m aior parte dos povos antigos levava a
sério os sonhos. Certamente isso se dava com os hebreus. Aqui e ali na Bíblia
encontramos sonhos espirituais que são quase visões. Em minha própria experiência,
tenho tido sonhos que definitivamente não podem ser classificados como sonhos
comuns e profanos. Sonhar é, de modo geral, uma herança espiritual, e
ocasionalmente uma pessoa atinge o outro mundo e traz dali algo de especial. Cf.
este versículo com Dan. 1.17,21. Daniel tinha habilidades especiais como intérprete.
Dos sábios da Babilônia, esperava-se que tivessem discernimento profético.
Portanto,
foi apenas natural que o rei os convocasse para testar suas habilidades. O
termo “caldeus” fala da casta coletiva dos sábios. Os sonhos e as visões são a
mesma coisa e originam-se da alma e da psique humana. Fazem parte do estoque
inerente de conhecimentos dos homens. Algumas vezes, porém, um bom intérprete
pode ter discernimentos que ultrapassam suas próprias habilidades, e podemos
com razão supor que, vez por outra, nossos anjos guardiães nos ajudam em nossos
sonhos, concedendo-nos entendimento. Talvez o Espírito Santo ocasionalmente
condescenda em intervir pessoalmente na questão. Freud escreveu o primeiro
estudo científico sobre os sonhos, com consideráveis habilidades de
interpretação, embora tenha exagerado nas questões sexuais. Atualmente, grande
riqueza de literatura ajuda-nos a com preender melhor os sonhos.
“Parece
que Daniel ultrapassava todas as classes da erudição mágica, sem importar se
isso requeria conhecimento, sabedoria ou sonhos” (Ellicott, in Ioc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3376.
Dn
2.2. Os magos, os encantadores, os feiticeiros e os caldeus. Sobre os magos e
encantadores, veja observações em 1:20. Feiticeiros. No hebraico, mekashshepîm.
Possivelmente de uma raiz semita significando "cortar"; daí, picar os
elementos para poções mágicas e fórmulas. Conseqüentemente o grego pharmakoi,
isto é, farmacêutico. Mestres modernos preferem uma ideia complementar de
"recitadores de ditos mágicos, feiticeiros". A mesma raiz aparece no
acadiano em relação a feiticeiros e feiticeiras. A prática da feitiçaria é
proibida pelo V.T. (Êx. 22:18, na Bíblia Hebraica, v. 17, feitiçaria, no
feminino; Dt. 18:10; Is. 47:9). Caldeus. Não usado no amplo sentido etnológico
de 1:4, mas no estreito sentido profissional, indicando a classe sacerdotal da
religião babilônica. Embora seja usado neste sentido apenas em Daniel, dentro
dos livros bíblicos, era comumente usado assim pelos escritores clássicos, dos
quais o mais antigo é Heródoto (Histories 1, 181, c. 440 A.C.; veja Driver, op.
cit., págs. 12-16 e Young, op. cit., págs. 271-273). A maioria das autoridades
concorda que os quatro termos não foram usados indicativamente mas antes
distributivamente para incluir todas as categorias de conselheiros reais.
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel.
Editora CPAD. Vol. 4. pag. 506.
3.
O fracasso da sabedoria pagã (2.3-13).
“E
os caldeus disseram ao rei em aramaico” (2.4). É interessante destacar que o
aramaico era a língua dos caldeus que se originou na Mesopotâmia e se estendeu
até o Ocidente. Como o aramaico era a língua oficial do império, Daniel,
conhecedor da língua, não só falava o aramaico, mas a partir de Daniel 2.4 até
ao final do capítulo 7 do seu livro, Daniel escreveu somente em aramaico, que era
a língua popular imposta pela Babilônia. Posteriormente, o povo judeu adotou o
aramaico como língua do dia a dia judaico até a chegada do domínio grego. A
língua grega foi adotada pelo povo judeu, mesmo que não tivessem abandonado o
hebraico tradicional do povo judeu.
A
dificuldade dos caldeus e seus magos para trazerem à tona 0 sonho do rei (2.4).
Nabucodonosor suspeita que os seus magos e encantadores se aproveitavam da
situação para quererem usar de engano com vãs palavras e os ameaça com pena de
morte (2.13). Essa casta de sábios, magos e encantadores era mantida pelo
palácio para prestarem serviços especiais ao Rei. Porém, diante do desafio,
eles foram incapazes e inoperantes para revelarem o sonho do rei. Pof isso, o
rei deu o decreto segundo o qual deviam ser mortos todos os sábios do palácio,
uma vez que não podiam resolver o problema do rei.
O
conflitivo diálogo do Rei com os sábios e magos do palácio (2.5-9). Nenhum
homem das castas sacerdotais e dos sábios conseguiu descobrir o sonho do rei. A
tensão palaciana provocou a ira do rei que esperava daqueles homens respostas
que eles não podiam dar. Nenhum deles pode trazer à lembrança o sonho do rei. O
rei ameaçou com a pena de morte para aqueles sábios e magos que viviam à custa
do palácio e não podiam resolver o problema do rei. Estava entre os sábios do
palácio, Daniel e seus companheiros, ainda não oficialmente apresentados diante
do rei, acabaram por correr o risco de morte com os outros sábios do palácio.
O
desespero dos caldeus e sábios do palácio (2.10,11). Os caldeus e todos os
sábios do palácio, desesperados ante a ameaça de Nabucodonosor, apenas
disseram ao rei: “Não há ninguém sobre a terra que possa declarar a palavra ao
rei” (2.10). No versículo 11 está escrito assim: “Porque o assunto que o rei
requer é difícil; e ninguém há que o possa declarar diante do rei”. Ora, esses
sábios e magos do palácio não só confessavam sua incapacidade de revelar o
sonho, mas admitiam que, apesar de suas pretensões de comunicação com os
espíritos, reconheciam que havia algo mais poderoso que eles referem-se a
“deuses cuja morada não é com a carne” (v. 11). Todos os demais sábios do
palácio eram politeístas. Somente Daniel e seus amigos eram monoteístas. Quando
Daniel teve a oportunidade de se apresentar diante do Rei, disse-lhe: “Há um
Deus no céu, o qual revela os mistérios” (2.28).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 40-41.
Dn 2.6
Mas se me declarardes o sonho e a sua interpretação... Qualquer indivíduo, dentre
os magos, ou a coletividade deles, se fosse capaz de dizer qual fora o sonho
esquecido do rei, e então o interpretasse corretamente, obteria riquezas e honras
e seria elevado a um alto ofício no reino. E o rei disse: “Portanto, agora façam
isso!”. Talvez o rei tenha raciocinado que, se um vidente não pudesse lembrar o
passado, então também não poderia predizer o futuro Os estudos dos fenômenos
psíquicos têm demonstrado que o retroconhecimento e a precognição não andam de
mãos dadas, necessariamente, na mesma pessoa. Mas é verdade que a maioria das
pessoas que onde prever o futuro tem outras habilidades psíquicas, de alguma
sorte. Todas as pessoas, em seus sonhos, têm discernimento quanto ao futuro,
especialmente nos sonhos que ocorrem ao alvorecer do dia.
Dn 2.7,8
Responderam segunda vez, e disseram. Os magos insistiram em ouvir primeiramente
o sonho, mas este desaparecera da memória do rei. Para preservar os sonhos, uma
pessoa geralmente tem de anotá-los por escrito imediatamente. Se não fizer
isso, na maior parte dos casos, os sonhos são esquecidos. Eles se encontram nos
arquivos do cérebro, mas não podem ser lembrados conscientemente. A hipnose,
entretanto, pode trazê-los de volta, O rei acusou os “magos” de tentarem
“ganhar tempo”, pois falavam e não agiam (vs. 8). O rei mencionou novamente
despedaçá-los e destruir suas casas (vs. 5), caso eles não conseguissem fazer o
que era requisitado. E por causa dessa tremenda ameaça eles tentavam ganhar
tempo, esperando que algo acontecesse, sem que tivessem de revelar sua total
ignorância. Se eles continuassem tentando ganhar tempo, o rei poderia esquecer
a questão ou então relembrar o sonho.
Dn 2.9
Isto é: Se não me fazeis saber o sonho... A queles psíquicos profissionais ocupavam
sua posição de confiança com o conselheiros do rei, por serem capazes de
realizar o seu serviço. Os fenômenos psíquicos funcionam melhor quando não são
forçados, mas o rei não sabia disso nem ouviria tal argumento.
Se
os magos não dessem resposta ao rei, não passariam de mentirosos com uns. O
rei chegou a acusá-los de consolação. Eles tinham acordado em enganar ao monarca.
Continuavam a contar mentiras, esperando algum a mudança da parte do rei,
conforme é sugerido no vs. 8. Alguns psíquicos muito poderosos podem produzir
fenômenos quando solicitados, mas não são muitos os que conseguem esse feito. E
aqueles que conseguem nem por isso solucionam os problemas das pessoas. Este
versículo revela a crença de que tais poderes operam melhor em certos dias.
Cf. Est 3.7. Estudos demonstram que, de fato, há dias melhores e piores para
os fenômenos psíquicos, e outro tanto acontece no caso dos sonhos. Algumas
vezes, sonhos significativos nos ocorrem como se fossem enxurradas. Mas não
entendem os a razão de tudo isso. Essas razões podem ser cósmicas ou pessoais.
Se tais poderes se devem a energias genuínas da personalidade humana, então
tais energias podem ser influenciadas pelos campos magnéticos que nos rodeiam
ou por outras energias naturais. Ou, então, conforme diz certo cântico popular:
“Em um dia claro, pode-se ver para sempre"
Dn 2.10,11
Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige. Os psíquicos
profissionais da Babilônia apelaram então para a história. Não havia nenhum
caso registrado de homem, rei ou não, que tivesse feito tal exigência a um
psíquico, para receber com sucesso a resposta que buscava. Nabucodonosor exigia
o tipo de coisa que som ente um deus seria capaz de realizar (vs. 11). A queles
homens confessaram as limitações de sua profissão, limitações que
desaparecem quando o Espírito de Deus está envolvido.
Daniel
mostrou estar à altura da tarefa. A sabedoria humana, pois, aparece nesse caso
com o débil, e esse é um dos grandes tem as do capítulo. “Os deuses não vivem
no meio do povo" (afirmaram eles), pelo que não podiam ser invocados para
ajudar, Mas Yahweh, o Deus de Daniel, estava sem pre presente, e daria poder a
Seu servo para fazer o que som ente o poder divino era capaz de realizar. O
judaísmo é glorificado às expensas do paganismo, e esse é, igualmente, um
tem a do livro de Daniel. A queles magos tinham deuses deístas, os quais nunca
intervém na histeria humana, mas estão em algum outro lugar, ocupados em seus
próprios negócios.
Dn 2.12,13
Então o rei muito se irou e enfureceu. Nabucodonosor perdeu a paciência e
ordenou um decreto terrível: toda a classe dos psíquicos profissionais (magos de
vários tipos) seria executada. Entre eles estavam Daniel e seus amigos. Torna-se
óbvio, através do vs. 13, que Daniel, em sua educação geral, fora treinado para
ser um dos sábios (o grupo com binado dos mágicos, astrólogos e feiticeiros,
vs. 2). Essa não é a linguagem evangélica. Os judeus naturalmente estabeleciam uma
distinção: Daniel era inspirado por Yahweh, e os demais eram dotados apenas de
sabedoria humana, inspirados quem sabe por qual tipo de poderes estranhos.
“
... a coletividade inteira de sábios, que, de acordo com Dan. 1.20, incluía Daniel
e seus amigos. A expressão “sábios” ocorre onze vezes no livro como nome geral
para os sábios da corte, e duas vezes (2.27 e 5.15) com o nome para uma classe
como tal: astrólogos, mágicos, encantadores. No Oriente Próximo, esses
adivinhos, feiticeiros sacerdotais etc. formavam uma espécie de classe. O rei
estava decidido a livrar-se daquele corpo inteiro de sábios. Decreto: A mesma
palavra era usada para indicar uma sentença judicial (vs. 9)”.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3378-3379.
As Exigências Impossíveis do Déspota (Dn
2.4-13)
O
rei apresentou a esses homens sábios o problema da sua profunda preocupação
acerca do sonho que o havia acordado e fizera seus pensamentos fluir em uma
correnteza inquietante. Os representantes sacerdotais, os caldeus (4),
tornaram-se os porta-vozes para o restante do grupo e pediram uma descrição
mais exata do problema. Eles pediram detalhes específicos do sonho antes de
aventurar uma interpretação. Esse pedido irritou o rei. Ele os acusou de falar
até que se mude o tempo (9), i.e., simplesmente protelando para conseguir mais
tempo. Se a habilidade sobrenatural deles era genuína, eles deveriam garantir
sua interpretação ao contar-lhe o sonho. Isso, obviamente, tirou a máscara da
sua hipocrisia, porque não tinham meios de contar-lhe o sonho.
Visto
que o rei tinha tornado isso uma questão de vida ou morte para todos os sábios,
eles começaram desesperadamente a procurar uma forma de sobrevivência. Quando
descobriram que nem mesmo o rei poderia ajudá-los porque havia esquecido seu
sonho, eles perceberam como a sua situação era desesperadora. Postos contra a
parede, eles foram impelidos à verdade. Porquanto a coisa que o rei requer é
difícil, e ninguém há que a possa declarar diante do rei, senão os deuses, cuja
morada não é com a carne (11).
Keil1
insiste em que o rei, na verdade, não tinha esquecido o sonho, mas estava
determinado a testar a veracidade das habilidades desses denominados sábios. Se
eles pudessem relatar os detalhes do seu sonho, ele estaria certo de que a
interpretação deles teria validade. Mas se eles não tinham a habilidade nem
mesmo de descrever o sonho, a professa habilidade sobrenatural deles era uma
farsa e o castigo horrendo com que o rei os havia ameaçado seria o seu justo
destino. Quer o sonho tenha sido esquecido, quer não, a situação dos sábios
havia se tornado desesperadora.
O
castigo decretado por Nabucodonosor era bastante comum entre os babilônios
(veja 3.29). A despedaçamento de cativos de guerra havia sido praticado até
pelos hebreus (1 Sm 15.33) como uma manifestação de julgamento extremo.
Nabucodonosor acrescentou a esse horror o confisco de propriedade e a
profanação das casas das vítimas, tornando-as um monturo (5), i.e., depósitos
de lixo públicos.
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel.
Editora CPAD. Vol. 4. pag. 506.
A
impotência dos sábios (v.10,11)
A
sabedoria dos sábios deste mundo tem limites. O rei mandou chamar os sábios da
Babilônia, mas eles não puderam contar o sonho nem dar sua interpretação ao
rei. A sabedoria deles era limitada. Quem eram esses sábios? Em primeiro lugar,
os magos. Eles eram possuidores de conhecimentos dos mistérios sagrados e das ciências
ocultas. Em segundo lugar, os encantadores. Eles eram astrólogos, ou seja,
aqueles que se dedicavam a contemplar o céu e buscar sinais nas estrelas com o
propósito de predizer o futuro. Em terceiro lugar, os feiticeiros. Eram aqueles
que usavam a magia, invocando o nome de espíritos malignos. Finalmente, os
caldeus, uma casta sacerdotal de homens sábios.
A
resposta desses sábios acerca da incapacidade deles era baseada em vários
argumentos, conforme os versículos 10 e 11: 1) Não há mortal sobre a terra que
possa revelar o que o rei exige; 2) Era um assunto sem precedentes na história da
humanidade; 3) O pedido do rei era extremamente difícil; 4) A solução do
problema era supra-humano.
A
teologia dos sábios deste mundo é deficiente (v. 11).
Eles
reconhecem que há uma divindade acima e além, mas não têm uma visão do Deus
pessoal, presente entre Seu povo (Is 57.15).
A
prepotência dos poderosos (v.5,8,12,13)
Nabucodonosor revela sua prepotência até mesmo na hora da perturbação de espírito. Ele
demonstrou isso de três maneiras. Primeiro, exigindo dos homens o que eles não
poderiam oferecer (v. 5,10,11). Há coisas que são impossíveis aos homens.
Exigir deles isso é um ato de prepotência. Os magos da Babilônia tinham
limitações.
Segundo,
oferecendo vantagens financeiras e promoções (v. 6). O rei tem poder e riqueza
nas mãos. Com essas duas armas deseja o mundo aos seus pés. Terceiro,
determinando o extermínio dos sábios para satisfazer um capricho pessoal (v.
5,8,9,12,13). O rei não respeitou a limitação dos sábios. Acusou-os de
esperteza (v. 8), conspiração (v. 9) e determinou o extermínio sumário deles
(v. 12). Reinhold Niebuhr diz que esse sentimento de insegurança, bem como esse
complexo de ansiedade, é a causa da tirania política moderna. Quanto mais alto um
homem sobe, mais medo ele tem de perder o poder, mais inseguro se torna. Isso
prova que o poder, a riqueza e a fama não dão segurança ao homem nem satisfazem
sua alma.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 42-43.
II – ATITUDE SÁBIA DE DANIEL
1.
A cautela de Daniel (vv. 16-18).
A
atitude de Daniel que adiou a sentença de morte dos sábios da Babilônia Daniel
“falou avisada e prudentemente com Arioque, o capitão da guarda do rei” (2.14).
Quando o chefe da Guarda do rei recebeu ordens para matar a todos os sábios da
Babilônia, inclusive a Daniel e seus companheiros, Deu entrou em ação
interferindo naquele episódio. Ele deu inteligência a Daniel para falar com
Arioque e pedir-lhe tempo para a execução ordenada pelo rei. Arioque deu a
entender que não poderia adiar o mandado do rei (2.15). Daniel pediu que
Arioque pedisse ao rei para ser ouvido e foi-lhe concedida a audiência com o
Rei. Daniel achou graça diante de Arioque porque Deus amenizou seu coração para
que a soberana vontade de Deus prevalecesse naquele situação. Foi-lhe concedida
a oportunidade de se apresentar diante do Rei e ele, com respeito ao Rei e com
palavras prudentes se identificou e pediu tempo ao rei para trazer,
posteriormente, a revelação do sonho.
Daniel
pede tempo ao Rei para trazer a revelação (2.16). Daniel foi ousado com a
iniciativa de entrar na presença do rei e pedir-lhe tempo a fim de poder
trazer-lhe a revelação do sonho. Sua ousadia não era essencialmente dele,
porque Daniel tinha algo muito mais forte que era a sua fé no seu Deus, o Deus
de Israel. Daniel conhecia o seu Deus e havia entendido que nada há que não
possa ser revelado por Ele. Daniel convidou seus amigos para orarem ao Senhor
com eficiência, até porque suas vidas estavam sob a mesma pena emitida pelo rei
contra todos os sábios do palácio. Ele não agiu isoladamente, mas procurou seus
amigos Ananias, Misael e Azarias para orarem a Deus e obterem a resposta
divina. Ele sabia que o mistério do sonho do rei só poderia ser revelado
através da oração. Ele sabia que a oração é o canal mais eficaz de obter
respostas de Deus às nossas necessidades (2.17,18). Os sonhos são um dos modos
de Deus falar com o homem e revelar sua vontade.
A
revelação dos mistérios de Deus pela oração (2.18,19)
“Então
foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite” (2.19). No versículo 18
está escrito que “Daniel foi para a sua casa” que era o lugar da sua intimidade
com Deus, onde ninguém mais o perturbaria. Foi na sua casa que ele pediu ao Pai
que revelasse aquele mistério a fim de salvar a sua própria vida e a dos seus
amigos hebreus, bem como dos demais sábios do palácio. Sua intimidade com Deus
lhe propiciou a graça divina para receber a revelação do sonho do rei em visão
de noite. Uma prova indiscutível de que Deus se utiliza desses meios para
revelar a sua glória aos seus servos.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 41-43.
Dn 2.16
Foi Daniel ter com o rei e lhe pediu designasse o tempo. Daniel aproximou-se
ousadamente do rei, sem dúvida com a mediação de Arioque (ver o vs. 24),
solicitando uma entrevista pessoal. Dessa forma, Daniel deixaria a questão descansar,
satisfazendo a demanda do rei por informações. Daniel dependia do auxílio da
fonte divina, Yahweh. Ele não tinha tal confiança em si mesmo. “A providência
sem dúvida influenciou sua mente. A Daniel seria concedido algum favor
especial” (Fausset, in loc.). A hora era de ousadia, e não de humildade, pelo que
o profeta agiu com grande decisão. A humildade seria apropriada para uma ocasião
menos dramática.
Dn 2.17
Então Daniel foi para casa. O A poio da Oração. Tanto a experiência quanto a
experimentação (incluindo a de variedade científica) mostram que a oração é m
ais poderosa quando feita em grupo. Energias espirituais geradas por pessoas
unidas em um propósito não podem ser geradas por indivíduos comuns. Dessa form
a, Daniel buscou apoio na oração. Ele apelou para seus três amigos. Quatro
amigos tinham uma só mente, e esperavam grandes coisas da parte de Yahweh.
Dn 2.18
Para que pedissem misericórdia ao Deus do céu. ‘Naquele tempo de testes,
Daniel manteve a calma. Ele voltou para casa, procurou seus três amigos, e,
juntos, eles oraram pedindo misericórdia da parte do Deus do céu.
No contexto
do livro de Daniel, aponta para Yahweh com o o Deus Altíssimo, em contraste
com os deuses babilônicos ausentes (ver o vs. 11). Os babilônios tinham uma
espécie de deísmo idólatra, pois a força criativa era vista com o inativa
entre os homens, porquanto abandonara sua criação às leis naturais. Em
contraste com isso, a fé dos hebreus era teísta. O teismo ensina que o poder
criativo continua no universo, intervindo, recompensando e punindo, de acordo
com as demandas da lei moral. “O Deus do céu é o equivalente judaico do nome
cananeu Ba’al samem.
Esse
era o título que os persas usavam para referir-se ao Deus dos judeus. Parece
que caiu de uso em tem pos posteriores, por assemelhar-se muito ao term grego Zeus Ouranioá' (Arthur Jeffery, in
loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3379.
Deus
Concede a Daniel a Interpretação (2.14-23)
Embora
Daniel e seus companheiros tivessem escapado da convocação do rei, não
escaparam da inclusão no decreto de matar os sábios (14). Eles também estavam
entre aqueles que seriam executados. Quando Daniel ficou sabendo da natureza do
decreto e do motivo da sua severidade, imediatamente se dirigiu ao rei. O fato
de ter esse tipo de acesso testemunha a alta posição que havia herdado nos exames
ocorridos tão recentemente (1.19-20). Na presença de Nabucodonosor, Daniel
corajosamente prometeu que daria a interpretação (16), se lhe desse tempo. O
rei, antes tão furioso com as manipulações desesperadas dos sábios, estava
evidentemente impressionado com a sinceridade, firmeza e confiança de Daniel.
A
própria ação de Daniel foi coerente com o homem de Deus que era. Ele chamou
seus três companheiros para juntos com ele passar um tempo em oração
intercessora fervorosa. A resposta a essa oração não demorou a chegar. Quando
Daniel recebeu o sonho em uma visão noturna, ele irrompeu em um hino de louvor
exultante a Deus.
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 507.
A
intervenção de Daniel (v. 14-18)
Daniel
toma três atitudes importantes na solução daquele intrincado problema. Em
primeiro lugar, ele vai ao rei e pede tempo (v.16). Daniel tem iniciativa e
ousadia. Ele não foge, não se esconde, nem tenta enrolar o rei. Ele reconhece
sua limitação, mas demonstra confiança na intervenção divina.
Em
segundo lugar, Daniel vai aos amigos e pede oração (v. 17). Quando, para o
mundo, só resta o desespero, para os filhos de Deus ainda há o recurso da
oração. Os magos suplicaram ao rei da Babilônia que lhes contasse o sonho, mas
Daniel fez o mesmo pedido ao Rei dos reis, o Senhor Deus Todo-Poderoso. Daniel
compreendeu a importância de termos um grupo de oração. Ele sabia que quando os
crentes se unem em oração, isto agrada a Deus, e a vitória é certa. Precisamos
buscar ajuda nas pessoas certas na hora da crise.
Em
terceiro lugar, Daniel vai a Deus e pede misericórdia (v. 18). Ele ora ao Deus
do céu. O nosso Deus está acima do céu, isto é, acima do sol, da lua e das
estrelas que os babilônios adoravam. Enquanto os caldeus adoravam os astros,
Daniel adorava o Deus criador dos astros. Ele revela sua fé no Deus vivo.
Daniel chega a Deus pedindo misericórdia. A oração é um ato de humildade, não
de arrogância.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 43-44.
2.
Deus ainda revela mistérios (vv. 19-27).
Daniel
oferece a Deus sua ação de Graças pela revelação (2.20-23)
Daniel
exalta a Deus reconhecendo que Ele tem todo o poder e sabedoria acima do poder
de Nabucodonosor e de todos os sábios e poderosos do mundo. Só Ele poderia
revelar, por sua onisciência, as coisas obscuras ao homem comum. A resposta
veio a Daniel em sonho pelo qual ele bendisse ao Senhor (w. 19,20). Como
Criador do universo, a terra estava sob o seu controle e providência, porque só
Ele tem o poder de mudar o tempo e as estações do ano (v. 21;At 1.7).
Daniel
teve a revelação e imediatamente foi procurar o homem responsável por cumprir a
ordem do rei. Contou-lhe o que Deus lhe revelara e pediu que o mais depressa
possível o introduzisse à presença do rei para contar-lhe a revelação do sonho
real. A semelhança do que Deus revelou a José no Egito (Gn 41), Daniel foi
agraciado por Deus pela revelação .
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 43.
Dn 2.19
Então foi revelado o mistério a Daniel. O mistério do sonho do rei foi resolvido
por m eio de um a visão noturna. Talvez esse term o fosse distinguido dos
sonhos com o algo superior, conforme se vê em Joel 2.28. Mas parece que no
livro de Daniel o sonho espiritual é considerado de mesmo nível que as visões.
É verdade que na experiência humana algum as vezes precisam os de uma orientação
especial que vem por meio da inspiração mística. A Daniel foi conferida essa
bênção, em sua hora de necessidade. Oh, Senhor, concedemos tal graça! O próprio
Daniel algum as vezes mostrou-se incapaz de obter orientação por sua sabedoria,
a qual era muito superior à nossa. Assim sendo, é óbvio que, algumas vezes,
precisam os de orientação especial por meio de eventos extraordinários. Cf.
este versículo com Gên. 46.2 e Jó 33.14,15. Daniel e seus amigos oraram
durante a noite, e eis que no meio da noite a resposta chegou. Algumas vezes
precisamos de respostas rápidas!
Daniel
estava abordando um mistério, mas, através da oração, até mistérios podem ser
revelados pela sabedoria de Deus (vs. 30)”.
Dn 2.20
Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus. A grande vitória alcançada foi a
inspiração para o significativo hino de agradecimento e louvor ao Poder que prestara
grande favor aos jovens judeus. Os que conhecem a literatura poética, conforme
ela existia na antiga nação de Israel, dizem-nos que o poema a seguir consiste
em quatro estrofes de três e quatro linhas, sendo corretamente classificado como
um hino. Trata-se de um tem a que louvava a sabedoria e o poder de Deus. Cf. I
Cor. 1.24. Deus intervém na história humana, e nós agradecemos e O louvamos por
isso. Encontramos sentimentos similares em Sal. 41.13; Jó 12.12,12; Nee. 9.5 e
Est. 1.13.
O
segredo foi revelado facilmente, pois Deus sabe de tudo. A visão noturna deu a
Daniel toda a informação de que ele precisava, e eram informações salvadoras.
A fonte dessas informações foi o Deus do céu. Ver as notas expositivas sobre o
vs. 18 quanto a esse título. A oração dos quatro amigos mostrou ser realmente
poderosa.
Dn 2.27
Respondeu Daniel na presença do rei, e disse. Daniel não piscou quando seu
olhar encontrou o olhar do rei. Ele sabia que tinha consigo a resposta divina. Ele
concordou com os psíquicos profissionais: somente um deus poderia resolver aquele
caso (vs. 11). Mas como Daniel tinha consigo o seu Deus, tudo estava bem. A
casta inteira dos magos foi mencionada por suas partes constitutivas: sábios,
encantadores, magos, astrólogos, adivinhos, tal como se vê no vs. 2. Eles estavam
certos quanto a um detalhe. Eles não podiam, nem individual nem coletivamente, solucionar
o problema do rei. Porém, um único indivíduo, com a ajuda divina, poderia
resolver o problema do rei. E Daniel era esse homem. O profeta, pois, estava
mostrando a debilidade da sabedoria divina, que não é inspirada pela Fonte
divina de toda a sabedoria; e é possível ser essa a mensagem principal que a
história tenciona ensinar. Pode ficar subentendido que os sábios da Babilônia não
conseguiriam solucionar o problema, mesmo que se consorciassem com os deuses
(falsas divindades). Há coisas que só podem ser resolvidas pelo Deus do céu
(vs. 28). Poderes preditivos são atribuídos somente a Deus. Cf. Gên. 20.3; 41.16,25,28;
Núm. 22.35. Estudos demonstram que o poder de prever o futuro é uma habilidade
natural da psique humana, e certamente existem profetas não bíblicos na
antiguidade e na modernidade, Mas isso era ignorado pelos hebreus. Esse fato,
porém, não enfraquece o argumento de Daniel (vs. 28).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3379-3380.
Sonhos
e visões em Daniel
A
habilidade dada por Deus a Daniel de interpretar sonhos e visões (Dn 1.17) foi
importante para sua função como conselheiro do rei da Babilônia, Nabucodonosor,
um homem de sonhos problemáticos e misteriosos.
A
seguinte comparação de um sonho de Nabucodonosor com um sonho e com uma visão
de Daniel revela um tema recorrente no livro de Daniel: a frequente sucessão de
reinos.
No
sonho de Nabucodonosor, havia uma estátua cuja cabeça [era] de ouro fino; peito
e braços, de prata\ ventre e coxas, de cobre; pernas, de ferro e pés, em parte
de ferro e em parte de barro (Dn 2.32).
No
sonho de Daniel, havia um animal semelhante a um leão, masque tinha asas de
águia: um semelhante a um urso, masque tinha na boca três costelas entre os
seus dentes; um semelhante a um leopardo, mas que tinha quatro asas de ave nas
suas costas, e um, diferente de todos os animais que apareceram antes dele,
cujos dentes grandes eram de ferro e que, além disso, possuía dez chifres] (Dn 7.4-7).
Na
visão de Daniel, havia um carneiro, o qual tinha duas pontas, uma mais alta do
que a outra (Dn 8.3) e um bode com uma ponta notável entre os olhos. Em um dado
momento, o bode se engrandeceu e [...] a grande ponta foi quebrada, e subiram
no seu lugar quatro [também] notáveis [...] e de uma delas saiu uma ponta mui
pequena (Dn 8.5-9).
Na
interpretação dada por Deus a Daniel, a Babilônia se estabeleceria como o
primeiro império mundial (Dn 2.38; 7.17); a Babilônia, como o segundo império
(Dn 2.39; 7.17; 8.20); a Grécia derrubaria o império medo-persa e se
estabeleceria como o terceiro (Dn 2.39; 7.17; 8.21); e a Roma derrubaria a
Grécia e se estabeleceria como o quarto (Dn 2.40-43; 7.17).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1278.
Dn
2.19. Coisas que estavam ocultas para os sábios da Babilônia foram reveladas a
Daniel. Onde os primeiros haviam sido impotentes (10), o Deus do céu se mostrou
capaz de revelar aos Seus servos o que estes precisavam saber. Numa visão de
noite ("visão noturna", BJ), Daniel “viu" o que o rei tinha
visto em seu sonho e ainda compreendeu do que se tratava. Pelo uso do conceito
'Visões noturnas" em Jó 4:13 e 33: 15, parece que aquele que recebia a
visão se achava num sono profundo, embora dele não se diga que estivesse
sonhando (talvez pelo fato de que as imagens não vinham da sua própria mente,
mas por uma intervenção direta de Deus).
Dn
2.20-23. O fato de ter sido socorrido encontrou expressão em um hino espontâneo
de gratidão ao único Deus que poderia atender de tal modo a uma oração; mas
havia também temor e espanto pelo fato de esse mesmo Deus, invisível e
infinitamente grande, ter estado diretamente em contato pessoal com ele. Este
último pensamento está por trás da primeira linha do seu luno: o nome de Detis
é revelado somente pelo próprio Deus (cf. Êx 6:3; Jz 13:17, 18) e representa ao
que pode ser conhecido a Seu respeito. Daniel acabara de ver algo da sua
sabedoria e poder, tendo recebido de Deus o poder compartilhar desses atributos
divinos (23). O poder de Deus, explicitamente aqui de controlar a ordem natural
e de governar a política humana, antecipa já o sentido do sonho, que o autor
até então ainda não revelara. A sabedoria de Deus, da mesma forma, é
todo abrangente (22). ilimitada; a ênfase que perpassa o texto, contudo, está no
fato de Deus colocar Sua sabedoria à disposição: ele dá sabedoria ... e
entendimento.. ele revela,. me deste... me fizeste saber... nos fizeste saber
(aos que juntos oraram pedindo por conhecimento do sonho do rei). Sabedoria aos
sábios (21) significa não que só os sábios recebem o dom da sabedoria “extra”,
mas que onde houver sabedoria, esta foi recebida como um dom do único Deus que
é a sua fonte. De conformidade com isso, há uma ênfase neste salmo sobre o
Doador. Nas linhas 3-5 eleé enfático e do mesmo modo a ti na linha 6. Esta
miraculosa resposta à oração relembra Daniel de tudo que ouvira dos
maravilhosos feitos de Deus no passado, sentindo assim a continuidade entre ele
e os que foram antes dele; por isso, louva ao Deus de meus pais (23).
Este
pequeno salmo é um modelo de ação de graças. Nenhuma palavra é meramente
repetitiva; cada uma das primeiras 9 linhas enaltecendo a grandeza de Deus faz
a sua contribuição própria ao cântico de louvor, estando todas relacionadas com
a experiência de Daniel. As últimas 4 linhas expressam a sua própria admiração
pelo privilégio de compartilhar da sabedoria e poder de Deus (cf. o v. 20; as
mesmas palavras são repetidas no aramaico.
ligando
assim o fim do salmo com o seu início). A simetria e beleza da poesia fazem
também a sua contribuição ao louvor a Deus.
Dn
2.24. Faltava agora ir ter com Arioque, dando-lhe as boas novas de que as
execuções não precisariam ter lugar, pois Daniel pode revelar e Dn 2.25.
Arioque deprecia as credenciais de Daniel, creditando a si próprio o ter achado
alguém que satisfizesse os desejos do rei.
Dn
2.26. A pergunta do rei traz implicada a incredulidade: “Podes tu...? ”
Joyce
G. Baldwin,. Daniel Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag 95-97.
3.
O carater profetico do sonho de Nabucodonosor (vv.28-29).
Daniel
revela ao rei que o sonho tinha um caráter profético e escatológico (2.26-29) “Podes
tu jazer-me saber o sonho que tive e a sua interpretação? ” (2.26). O rei Nabucodonosor
está ainda incrédulo de que aquele jovem ousado pudesse trazer a revelação do
seu sonho. Ele não conhecia o poder do Deus de Daniel. Deus não se deixaria
zombar por um rei pagão, adorador de deuses fictícios existentes na Babilônia.
Daniel não se engrandece nem ostenta qualquer virtude própria capaz de revelar
segredos. Daniel foi objetivo e demonstrou sua audácia diante do rei, não se
apressando em dar a revelação do sonho antes de dizer ao rei que ele não era
mais sábio que os demais, destacando o fato de que a revelação devia-se
unicamente ao seu Deus, ao Deus de Israel, cujo propósito era o de tornar
conhecidos os seus planos ao rei da Babilônia.
“Há um Deus no céu, o qual revela os
mistérios” (2.27). Daniel fez questão de dizer ao rei que o mistério do seu
sonho “nem sábios, nem astrólogos, nem adivinhos o podem declarar ao rei” (v.
27), mas fez questão de ressaltar que “há um Deus no céu o qual revela os
mistérios” (v. 28). O sonho do rei dizia respeito ao próprio reino da
Babilônia, mas continha uma visão futura dos próximos reinos que haveriam de
suceder ao reino da Babilônia. Daniel usou a expressão “fim dos dias” (v.28)
que é escatológica e não significa simplesmente a sucessão dos impérios
representados no texto. Segundo a escatologia judaica do Antigo Testamento “o
fim dos dias” pode significar todo o espaço de tempo desde o começo do
cumprimento da profecia até a inauguração do reino messiânico na terra.
A
preocupação do Rei com o seu reino no futuro (2.29)
No
sonho do rei, ainda que ele tenha tido dificuldades para entender o seu
significado, estava revelado o porquê do sonho, ou seja, causa ou o motivo do
sonho que dizia respeito à preocupação do rei quanto ao seu futuro e o futuro
do seu reino. Na verdade, Deus usou um ímpio para algo especial acerca do
futuro do povo de Israel e das nações do mundo. O esquecimento do rei acerca do
seu sonho e a inquietação acerca do mesmo por não ter se lembrado tinha o dedo
de Deus para revelar a sua glória através do seu servo Daniel.
“a
mim me foi revelado esse mistério” (2.30). Não havia presunção ou vaidade no
coração de Daniel quando atribui a si a revelação do mistério, mas era uma
demonstração da sua humildade e reconhecimento pela soberania do seu Deus.
Daniel professa solenemente que não há nenhum mérito seu na revelação do
mistério, mas a glória pertence ao Deus que revelou a ele, por sua imensurável
graça e poder.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 43-44.
Dn 2.28
Mas há um Deus nos céus. Onde psíquicos profissionais e sábios e deuses pagãos
falham, o Deus do céu é bem-sucedido. Ver o vs. 18 quanto a esse título. A
expressão “nos últimos dias" é sempre usada do ponto de vista do autor, e
não de nosso século! Portanto, significa “mais tarde” ou, talvez, “em tempos
remotos do nosso”, e não necessariamente nos últimos dias, imediatamente antes
da era do reino etc. Se as profecias deste capítulo atingem a época dos
romanos, então o tempo estava bastante afastado de Daniel para merecer a
expressão; mas a verdade é que a visão de Daniel mergulhou num tempo ainda mais
distante. “Do ponto de vista de Jacó (ver Gên. 49.1), isso significou o fim da
ocupação de Israel da Terra de Canaã. Do ponto de vista de Balaão (ver Núm.
24.4), significou o fim da independência de Moabe e Edom... Mais
freqüentemente, porém, essa frase é usada escatologicamente para indicar o fim
da era presente, os últimos dias antes do Reino de Deus, a nova era. O teu
sonho e as visões da tua cabeça. Se Joel 2.28 faz distinção entre as duas
coisas, no livro de Daniel esses term os parecem sinônimos.
Ambas
as coisas são consideradas reveladoras dos propósitos e da vontade de Deus, uma
maneira pela qual um homem pode olhar para além dos lim ites do conhecimento
humano ordinário. Daniel não tomou o crédito para si mesmo.
Dn 2.29
Estando tu, ó rei, no teu leito. A Nabucodonosor, embora fosse ele um rei pagão,
foi dada uma visão. A tentativa de limitar as visões aos judeus e aos cristãos
não passa nos testes da investigação. O Logos opera universalmente, e Ele tem
agentes e servos não-cristãos. Os Logoi Sperm atikoi (as sementes do Logos)
estão por toda a parte. Ver sobre esse term o na Enciclopédia de Bíblia, Teologia
e Filosofia.
Deus
é aquele que revela, e Ele não escolhe, necessariamente, agentes que merecem
nossa aprovação. O rei pode ter estado a meditar sobre o futuro. Seu coração (a
sede da inteligência) estava ativo. Mas a visão ocorreu espontaneamente, de
acordo com o propósito divino.
Escopo
da Visão. A visão cobriu a história do mundo em grandes lances, a começar pelos
tempos de Nabucodonosor, tocando de leve em vários impérios mundiais e
terminando com o reino eterno. “Esse mesmo periodo é chamado de ‘tempo dos
gentios’, em Luc. 21.24" (J. Dwight Pentecost).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3380-3381.
Ele
confirmou o rei em sua opinião de que o sonho cuja lembrança ele estava desejoso
de recuperar era realmente valioso. Ele tinha uma mensagem de grande
importância e de vasta conseqüência, e não era um sonho comum, a diversão
ociosa de uma imaginação ridícula e luxuriante, que não valesse a pena se
lembrar ou contar novamente, mas era uma revelação divina, um raio de luz
lançado em sua mente vindo do mundo superior, relacionado aos grandes assuntos
e reviravoltas deste mundo inferior. Deus, nesse sonho, revelou ao rei o que
aconteceria nos últimos dias (v. 28), isto é, nos dias que estavam por vir,
chegando até ao estabelecimento do reino de Cristo no mundo, que deveria
ocorrer nos últimos dias (Hb 1.1). Além disso, “os pensamentos que subiram à
tua mente não foram as repetições do que havia sido antes, como os nossos
sonhos geralmente são” (v. 29):
Omnia
quae sensu volvuntur vota diurno Tempore sopito reddit amica quies. Os
sentimentos que nutrimos durante todo o dia Freqüentemente se misturam com os
cochilos agradáveis da noite.
Claudiano
“Mas
foram predições do que há de ser depois disso, e que Aquele que revela os
segredos te fez saber. Portanto, tens o dever de aceitar o sinal e procurar
entendê-lo.” Observe que as coisas que deverão acontecer no futuro são coisas
secretas, que somente Deus pode revelar. E o que Ele revelou sobre essas
coisas, especialmente com referência aos últimos dias, ao fim dos tempos, deve
ser muito séria e diligentemente analisado e considerado por cada um de nós.
Alguns entendem que os pensamentos que subiram à mente do rei em sua cama,
sobre o que havia de ser depois disso, eram os próprios pensamentos que teve
quando estava acordado. Pouco antes de dormir, e de ter tido esse sonho, ele
estava distraindo a sua própria mente com aquilo que seria o resultado da sua
grandeza crescente, pensando no que aconteceria mais tarde com o seu reino. E
assim, o sonho foi uma resposta a estes pensamentos. Deus, desse modo, prepara
os homens para as revelações que Ele, por tão grande bondade, pretende fazer.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 833.
III – DANIEL CONTA O SONHO E INTERPRETA-O
(2.31-45)
1.
A correta descrição do sonho (vv. 31-35).
O
sonho de Nabucodonosor tinha uma estrutura de uma mensagem profética. Os
estudiosos veem o capítulo 2 apenas numa perspectiva histórica, porque os
quatro impérios pagãos que a visão anunciava já passaram. Porém, a visão tinha
também um sentido escatológico, porque estabelece ao final o reino universal de
Cristo. É algo que Deus tem preparado para o futuro. A visão contém quatro
divisões principais.
A
imagem da grande estátua (2.31 -33)
A
estátua que Nabucodonosor viu tinha uma cabeça de ouro (v.32); o peito e os
braços eram de prata (v.32); o ventre e as coxas da estátua eram de cobre
(v.32); as pernas eram de ferro (v.33) e os pés da estátua continham ferro e
barro (v.33). No versículo 34 temos “uma pedra que foi cortada, sem mãos”, a
qual feriu a estátua nos pés destruindo-a completamente. Naqueles tempos, o
misticismo e a utilização de figuras de representação faziam parte das
crendices existentes na cultura pagã. Na mente de Nabucodonosor havia essa
cultura e Deus aproveita para revelar realidades presentes e futuras daquele
império através de sonhos.Todavia o rei esqueceu o sonho mas sabia que havia
sonhado algo importante que tinha algum significado para si mesmo e para o seu
império.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 44-45.
Dn 2.31
Tu, ó rei, estavas vendo. A Essência dos Sonhos e das Visões. O rei vira uma imagem
gigantesca e grotesca, sob a forma de um imenso homem. A imagem rebrilhava como
bronze fundido; era “gigantesca, rebrilhante e assustadora” (NCV). A imagem exalava
poder e esplendor. Os sonhos espirituais envolvem imagens incomuns que deixam a
pessoa estonteada, e foi isso o que aconteceu a Nabucodonosor. Os antigos do
Oriente Próximo e Médio costumavam fazer imagens colossais, mas essa imagem tomou
de surpresa o próprio Nabucodonosor, embora ele fosse um ativo construtor.
“Suas
dimensões e sua aparência eram formidáveis, fazem ao rei parecer
insignificante diante dela” (J. Dwight Pentecost, in Ioc.).
Os
vss. 31-36 fornecem a visão. Em seguida, os vss. 36-38 dão a interpretação. Portanto,
sigo o mesmo plano, apresentando a interpretação naqueles versículos, e não no
começo. Conforme veremos, as várias porções da imagem representavam reinos
mundiais.
“Havia
algo na fisionomia da imagem que era ameaçador e terrível. A forma inteira, tão
gigantesca, encheu o rei com profunda admiração, pois lhe pareceu terrível.
Talvez isso denote o terror que os reis, sobretudo os arbitrários e despóticos,
projetam sobre seus súditos” (John Gill, in Ioc.).
Dn 2.32,33
A cabeça era de fino ouro. Os Elementos da Imagem Representam Quatro Reinos:
1. A
cabeça era de ouro
2.
Os braços e o peito eram de prata
3. O
ventre e as coxas eram de bronze
4.
As pernas eram de ferro, enquanto os artelhos eram parte de ferro e parte de barro
Essas quatro partes representam quatro reinos, que surgiriam sucessivamente. Seriam
impérios mundiais. Os vss. 37-43 dão as interpretações sobre as figuras.
Observações
sobre os Ites. 32-33:
1.
Note o leitor a qualidade descendente dos metais: ouro, prata, bronze, ferro, ferro
misturado com barro.
2. O
grego de épocas remotas, Hesíodo, falava em eras do m undo em termos de metais.
Aqui descem os do ouro ao barro. A descida parece ser de valor, e não de força.
O quarto reino seria mais forte que os demais, tal como o ferro é mais forte
(porém menos valioso) que os outros metais listados.
3. A
prata é um metal nobre, mas não tão valioso quanto o ouro. O bronze é ainda
menos valioso, porém mais forte que a prata. Provavelmente está em vista o
cobre, que, misturado com o estanho, fica mais forte do que o simples cobre, e
essa liga produz o bronze.
4. O
ferro é o mais forte e o mais útil dos m etais listados, mas essa força é debilitada
pela mistura com o barro, ou melhor, com o barro cozido, duro, mas não tão duro
quanto um metal. O barro cozido fala de vulnerabilidade e fraqueza inerente, a
despeito da demonstração de força. Todos os reinos, como é natural, têm os pés
feitos de barro.
5.
Os quatro reinos representam toda a história da humanidade, contada
rapidamente, e o Reino de Deus é o quinto reino. A vasta porção da história do
mundo é deixada de fora. A visão é um símbolo do que acontece no mundo e mostra
as limitações do escopo do profeta, que só podia ver essa parte do total, e
teve de fazê-la representar os reinos do mundo, ou os tempos dos gentios (ver
Luc. 21.24).
Dn 2.34
Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada. Tem os aqui, na “pedra”, o
quinto império, não feito por mãos humanas. A pedra era uma Grande Pedra, que
demoliu a imagem, em suas partes de metal. A imagem e suas diversas partes eram
produtos humanos e, por isso mesmo, teriam de chegar ao fim. Eram apenas
temporais. Já a Grande Pedra é eterna, e não está sujeita à dissolução.
Com
um simples golpe nos pés, ela levou a imagem feita pelo homem a cair em forma
de poeira, ou seja, de form a irrecuperável. A interpretação sobre essa Pedra
aparece nos vss. 44-45.
Dn 2.35
Então foi juntam ente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro.
Continua aqui o poder destruidor da Grande Pedra. Os metais, de várias qualidades,
não puderam resistir ao golpe da Grande Pedra, e todos se reduziram a uma
poeira finíssima, que o vento levou embora. As eiras eram lugares abertos
situados de tal m aneira que podiam ser tangidos por qualquer brisa que passasse,
para que o grão, lançado ao alto, fosse facilmente separado da palha, que era
então levada pelo vento. Essa é uma figura usada com freqüência nas Escrituras.
Cf. Osé.13.3; Sal. 35.5; Jó 21.18; Isa. 41.15,16; Mat. 3.12. “Os fragmentos
desapareceram tão com pletam ente que nem um traço deles podia ser encontrado.
Assim mostram Sal. 103.16; Jó 7.10; 20.9 e Apo. 20.11. A finalidade do golpe
desfechado pelo Pedra foi assim indicada, uma característica da literatura
apocalíptica” (Arthur Jeffery, in Ioc.). A Pedra veio a tornar-se uma grande
montanha, que encheu toda a terra.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3381.
Daniel
aqui dá plena satisfação a Nabucodonosor no que diz respeito ao seu sonho e à
sua respectiva interpretação. Aquele grande príncipe havia sido bom para com o
pobre profeta em seu sustento e educação. Ele havia sido criado sob as expensas
do rei, havia sido honrado na corte, e a terra do seu cativeiro havia aqui se
tomado muito mais confortável para ele do que para muitos dos seus irmãos. E
agora o rei recebe uma abundantemente retribuição por todo o gasto que havia
tido com ele. E por receber esse profeta, embora não como um profeta, ele teve
o galardão de um profeta, que nesse caso foi uma recompensa que somente um
profeta poderia dar, e que o príncipe rico e poderoso estava agora feliz por
receber. Aqui está, O sonho em si (w. 31,45). Talvez Nabucodonosor fosse um
admirador de estátuas, e tivesse o seu palácio e os seus jardins adornados com
elas. No entanto, ele era um adorador de imagens, e agora via uma grande imagem
colocada diante de si em um sonho, o que poderia lhe sugerir o que eram as
imagens às quais ele dava tanto valor e prestava tanto respeito. Elas eram
meros sonhos. As criaturas da imaginação também poderiam agradar a sua
imaginação. Pelo poder da imaginação ele poderia fechar os olhos, e representar
para si mesmo as formas que pensasse ser adequadas, e embelezá-las como
quisesse, sem a despesa e o incômodo de uma escultura. Esta era uma imagem de
um homem de pé: Ele estava diante dele, como um homem vivo. E, devido a essas
monarquias que foram criadas para serem representadas pela estátua e serem
admiráveis aos olhos dos seus amigos, o esplendor dessa imagem era excelente. E
devido a serem tremendas para os seus inimigos, e temidas por todos à sua
volta, a forma dessa imagem é considerada terrível. Tanto as características do
rosto como a postura do corpo a tornavam assim. Mas o que era mais notável
nessa imagem eram os diferentes metais dos quais ela era composta - a cabeça de
ouro (o metal mais valioso e mais durável), o peito e os braços de prata (o
segundo metal em termos de valor), a barriga e os lados (ou coxas) de bronze,
as pernas de ferro (metais ainda mais inferiores), e por fim os pés,
parcialmente de ferro e parcialmente de barro. Veja como são as coisas deste
mundo: quanto mais nos aproximamos delas, menos valor aparentam. Na vida de um
homem a juventude é a cabeça de ouro, mas ela fica cada vez menos digna da
nossa estima. A velhice é metade barro. Nesta etapa, o homem tem o seu vigor
físico extremamente reduzido. E assim com o mundo, as épocas posteriores trazem
consigo a degeneração. A primeira era da igreja cristã, a da reforma, era uma
cabeça de ouro. Mas, em minha opinião, se é que esta comparação pode ser feita,
vivemos em uma era que é de ferro e de barro. Alguns fazem uma alusão a isto na
descrição do hipócrita, cuja prática não está de acordo com o seu conhecimento.
Ele tem uma cabeça de ouro, mas pés de ferro e de barro: ele conhece o seu
dever, mas não o cumpre. Alguns observam que nas visões de Daniel as monarquias
foram representadas por quatro animais (cap. 7), porque ele olhava para a
sabedoria de baixo para cima. Nesta situação elas se tornavam terrenas e
sensuais, e um poder tirânico, tendo, nelas mesmas, mais características dos
animais do que do homem. E assim a visão estava de acordo com a noção que
Daniel tinha das coisas. Mas para Nabucodonosor, um príncipe gentio, elas foram
representadas por uma imagem vistosa e pomposa de um homem, porque ele era um
admirador dos reinos deste mundo e da glória deles. Para ele, a visão era tão
encantadora que estava impaciente para vê-la outra vez. Mas o que aconteceu com
essa imagem? A parte seguinte do sonho nos mostra que ela está calcinada, e foi
transformada em nada. Ele viu uma pedra cortada da montanha por um poder
invisível, sem mãos, e esta pedra caiu sobre os pés da imagem, que eram de
ferro e de barro, e os despedaçou. E então, conseqüentemente, a imagem deve
cair, e assim o ouro, a prata, o bronze, e o ferro foram todos despedaçados
juntos, e esmiuçados de tal forma que se tornaram como a pragana das eiras no
estio, e ali não seria achado nem sinal deles. Mas a pedra cortada do monte
tornou- se um grande monte, e encheu a terra. Veja como Deus pode provocar
grandes efeitos através de causas fracas e improváveis. Quando Ele quer, um
pequenino pode se tornar mil. Talvez a destruição desta imagem de ouro, de
prata, de bronze, e de ferro tivesse a intenção de representar a extinção da
idolatria do mundo no devido tempo. Os ídolos dos gentios são de prata e de
bronze, como era esta imagem, e elas perecerão na terra e debaixo destes céus
(Jr 10.11; Is 2.18). E seja qual for o poder que destruir a idolatria, ele estará
no caminho preparado para glorificar e exaltar a si mesmo, como esta pedra que,
após esmiuçar a imagem, tomou-se um grande monte.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 834.
2.
A interpretação dos elementos materiais da grande estátua (2.34-45).
Em
primeiro lugar, “a cabeça de ouro” (w.32,36-38) representava o próprio Rei
Nabucodonosor, o rei mais poderoso da terra na época. Sua palavra era lei e
governou por 41 anos e transformou a Babilônia no maior império do mundo.
Obteve grandes conquistas e alargou suas fronteiras e domínio tomando posse das
riquezas das nações conquistadas, inclusive dos reinos de Judá e de Israel. Em
segundo lugar, “o peito e os braços de prata” (vv.32,39) simbolizavam o império
que sucedeu a Nabucodonosor, o Império Medo-persa. Os dois braços ligados pelo
peito simbolizam a união dos medos e dos persas. Nesse tempo prevaleceu muito
mais as leis instituídas que a autoridade dos reis desses povos. Em terceiro
lugar, Daniel fala do “ventre e os quadris” da estátua (vv.32,39) que eram de
cobre e representavam o terceiro reino que sucedeu ao medo-persa,
o
Império Grego. Foi Alexandre Magno, o grande rei e general, que dominou o mundo
inteiro até desintegrar-se com a sua morte. Em quarto lugar, aparece as “pernas
de ferro” (v.33,40-43) que representavam o último império dessa visão, o
Império Romano. Esta interpretação baseia-se na visão política de um rei pagão.
Em quinto lugar, "os pés de ferro e barro ” indicavam a fragilidade dessa
grande estátua. A mistura de ferro e barro não dá liga, nem sustenta aquele
império que viria, o Romano. Ainda que não seja citado o Império Romano, o
contexto histórico e profético denuncia que se tratava desse império. As pernas
de ferro indicavam a dureza do poder militar que tornou Roma muito forte, mas
diluiu-se moralmente demonstrando a fragilidade do barro. Os elementos
constitutivos da estátua são materiais porque indicam esta visão política para
a compreensão de Nabucodonosor.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 45-46.
Dn 2.37
O autor deixa claro que Nabucodonosor e seu império babilônico eram a cabeça de
ouro. Esse m onarca era um rei de reis entre os homens, pleno de grande força e
glória. Foi o “Deus do céu” (ver as notas em Dan. 2.18) que predestinou esse
reino e seu rei. Pois Yahweh é quem se encarrega dos destinos humanos,
individuais e coletivos (as nações). Deus é soberano (ver sobre Soberania, no
Dicionário). Ele é tanto o Criador como o Interventor em Sua criação, recompensando,
punindo e dirigindo em consonância com a lei moral. “Rei de reis” era um título
com umente dado aos reis da Pérsia (ver Esd.7.12). Encontra-se em inscrições do
antigo Oriente Próximo e Médio, incluindo o caso de reis vassalos, como os reis
armênios ou os reis selêucidas. É usado para indicar Nabucodonosor, em Eze.
36.7 e Isa. 36.4. O título, claramente, é atribuído a Yahweh e, então, a Jesus,
o Rei-Messias. Cf. Dan. 47.5; Jer. 27.6,7; Apo. 17.14 e 19.16. Cf. Jer. 52.32.
Dn 2.38
A cujas mãos foram entregues os filhos dos homens. Continua aqui a descrição do
poder do “rei dos reis” (Nabucodonosor). A cabeça de ouro era a cabeça de tudo
em seus dias. Yahweh havia entregado todas as coisas em suas mãos, tanto os
seres humanos com o os animais. Nabucodonosor se tornou o governante universal
do mundo conhecido em sua época, através de muitas e brutais conquistas que não
deixaram adversário de pé. Os “animais do campo são animais ferozes, e não
domesticados. A Septuaginta adiciona “e os peixes do mar, o que, obviamente, é
secundário. Os monarcas antigos do Oriente Próximo e Médio (incluindo Salomão)
tinham seus jardins zoológicos particulares, onde criavam toda a espécie de
animais estranhos, desconhecidos nas regiões onde esses reis governavam. A
expressão, seja como for, enfatizava a universalidade do governo de
Nabucodonosor. A vida, tanto animal quanto humana, foi posta a seus pés. Cf. isso
com o vs. 44 deste mesmo capitulo e também com 7.17,24. O império neobabiiônico
durou de 626 a 539 A. C., ou seja, oitenta e sete anos.
Ouro
provavelmente refere-se às riquezas da Babilônia, e não à sua força. Dignidade
e glória fazem parte da figura como descrições que os versículos esclarecem.
O
Peito e os Braços de Prata (2.39a)
Dn 2.39ª
Depois de ti se levantará outro reino. Este segundo reino (mencionado em meio
versículo) significa: 1. os medos e os persas; ou 2. De acordo com alguns intérpretes
antigos e modernos, apenas os medos. O império medo-persa, em seu conjunto,
perdurou por mais de duzentos anos (539-330 A. C.). Eles conquistaram a
Babilônia em 539 A. C.
O
Ventre e as Coxas de Bronze (2.39b)
Dn 2.39b
Esse terceiro reino, de acordo com vários intérpretes antigos e modernos é formado:
1. pelos persas, em distinção aos medos; ou 2. pelo império grego. O leitor deve
tomar consciência de que a identificação do quarto império como Roma não aconteceu
senão quando Roma realmente apareceu, e então a interpretação do quarto império
foi ajustada a esse fato. O quarto rei dos medos, Artiages, foi traído por suas
próprias tropas em 550 A. C., e seu poder foi entregue a Ciro, o persa, que tinha
sido um de seus vassalos. Foi dessa forma que Ciro se tomou o cabeça do reino
medo-persa. Assim também, nos capítulos 5 e 6 de Daniel, essas duas potências aparecem
intimamente ligadas. Ver as obsenvações sobre os vss. 32-33, que preenchem
detalhes quanto à natureza desses reinos.
As
Pernas de Ferro, com os Artelhos em parte de Barro Cozido (vs. 40)
Dn 2.40
O quarto reino será forte como ferro. Esse quarto reino era: 1. ou o império de
Alexandre. 2. Ou Roma. No início prevalecia a primeira dessas posições, mas a
segunda passou a predominar quando Roma apareceu. O quinto capítulo sofre a
mesma variação quanto à interpretação. O ferro é o mais forte dos metais, e
certamente essa interpretação se adapta à Grécia ou a Roma. Mas a mistura de
ferro cozido com ferro (vs. 41) fala de uma fraqueza inerente e, provavelmente,
de divisão, como quando o império grego foi dividido entre os quatro generais
de Alexandre. A descrição do vs. 40 pode aplicar-se igualmente bem a Alexandre
ou aos romanos, pois ambos se ocuparam de uma conquista mundial, quebrando e
subjugando os povos.
Como
o ferro quebra todas as cousas. “Todos os outros reinos" é a tradução da
NCV, que contudo provavelmente está incorreta. A ideia não é que esse poder
esmagaria todos os reinos que existiram antes, mas, antes, que esmagaria todos
os oponentes de sua própria época e, assim, obteria domínio mundial.
Alexandre
derrotou todos os oponentes e espalhou o idioma e a cultura grega por todas as
partes. O mundo foi “helenizado". Mas outro tanto sucedeu com Roma, que se
transformou no maior dos impérios antigos, quando o m ar Mediterrâneo se tornou
o “lago" romano. O latim veio a tornar-se outro idioma universal, e,
através do latim vulgar, espalhou-se por toda a Europa. Linguagens separadas
surgiram a partir do latim vulgar, incluindo o nosso idioma português, a última
das línguas neolatinas a desenvolver-se, sendo a caçula desses idiomas.
Dn 2.41,42
Quanto ao que viste dos pés e dos dedos. Esse poderoso quarto império tinha
herdado fraquezas porque seus pés eram feitos de ferro e barro cozido, um misto
de fortalezas e fraquezas. Neste ponto não são mencionados os dez artelhos, mas
é natural vinculá-los aos dez chifres de Dan. 7.24. Se a Grécia está em vista, então
a divisão do reino significa a distribuição do império de Alexandre entre os seus
quatro generais, quando ele morreu. As duas pernas, nesse caso, apontariam para
as duas principais divisões dessa divisão, os selêucidas e os ptolomeus. Mas a palavra
“dividido”, aqui usada, poderia ser mais bem traduzida por “composto”, uma referência
à mistura do ferro e do barro cozido que representa fortaleza e fraqueza.
Mas
se Roma está em pauta, então pode estar em mira a divisão desse império em dez
partes subordinadas. A visão dispensacionalista deste versículo, em seguida,
liga os dez artelhos, e os dez chifres, aos dez chifres de Apo. 17.3.
Esses
dez chifres, por parte de alguns estudiosos, são então as dez nações do Mercado
Comum Europeu, ou dez centros de poder no mundo, concebidos como um
reavivamento do império romano nos últimos dias, o qual será encabeçado pelo
anticristo. Visto que o Mercado Comum Europeu consiste agora em mais do que dez
nações membros, a teoria do “poder central” atualmente é mais popular. Não
sabemos o quanto dessa forma de interpretação está correta e quanto dela não
passa de fantasia. Os críticos pensam que é ridículo tentar adaptar tais profecias
(ou história!) ao mundo conhecido atualmente.
Barro
de oleiro. Dizem assim muitas traduções, mas barro cozido (ver o vs. 33)
provavelmente é o que está em vista. O barro cozido é aparentemente duro, mas
inerentemente fraco, e o fato de estar misturado com o ferro tornava a liga mais
precária. O barro cozido é quebradiço, embora pareça ser forte. O vs. 43 diz “barro
cozido” (NIV), mas algumas traduções dizem “barro de lodo”, conforme se vê em
nossa versão portuguesa.
Dn 2.43
Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo. O ferro e o barro são
elementos precários quando se misturam, sem im portar se o barro estiver cozido
ou em sua forma semilíquida. O resultado é a fraqueza, conforme vimos nas notas
sobre o vs. 42. Houve uma mistura dos homens fortes de Alexandre com as filhas
das nações, pelo que o caráter grego distintivo foi poluído. O próprio
Alexandre encorajava casamentos mistos, com povos conquistados, em sua visão
universalista das coisas, e ele, como é natural, seria o rei do império mundial.
Os reis selêucidas e ptolomeus continuaram a política dos casamentos mistos, e
em breve o que era grego transformou-se em apenas outra forma de expressão
gentílica. Se Roma está em mira, então temos o declínio gradual da força
romana. A descentralização destruiu o império romano. A anarquia passou a reinar
em alguns lugares: houve o governo da plebe, ou seja, das classes populares. Em
outros lugares, a democracia enfraqueceu o poder centralizado, e o resultado
foi a fragmentação. Portanto, vários tipos de “casamento” debilitaram o que
antes fora muito forte. Não está em vista a mistura do cristianismo com o paganismo,
na época da igreja, embora certamente isso tenha acontecido e continue acontecendo.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3382.
A interpretação
desse sonho. Vejamos agora qual é o significado disso. Ela veio de Deus.
Portanto, convém que consigamos a explicação que Ele se dispõe a
nos dar. Ao que parece, Daniel tinha os seus companheiros consigo, e fala por
eles bem como por si mesmo, quando diz: A interpretação dele diremos (v. 36).
Agora:
1.
Essa imagem representava os reinos da terra que governariam sucessivamente
entre as nações, e teriam influência sobre as questões da congregação judaica.
As quatro monarquias não eram representadas por quatro estátuas diferentes, mas
por uma única imagem, pelo fato de todas elas serem de um mesmo espírito e
caráter, e por todas serem mais ou menos contrárias à igreja. Foi o mesmo
poder, conferido a apenas quatro nações diferentes, ficando as duas primeiras
ao oriente da Judéia, e as outras duas ao ocidente. (1) A cabeça de ouro
representava a monarquia dos caldeus, que estava em ação (w. 37,38): Tu, ó rei,
és (ou antes, serás) rei de reis, um monarca universal, a quem muitos reis e
reinos serão tributários. Ou, Tu és o mais elevado dos reis sobre a terra neste
momento (como um servo dos servos é o servo mais inferior). Tu ultrapassas em
brilho a todos os outros reis. Mas que ele não atribua a sua elevação à sua
própria política e coragem. Não. Foi o Deus dos céus que deu a ti um reino,
poder, força, e glória, um reino que exerce grande autoridade, permanece firme,
e brilha intensamente, agindo através de um exército poderoso, com um poder
arbitrário. Note que o maior dos príncipes não tem nenhum poder além daquele
que lhe é dado do alto. A extensão do seu domínio é apresentada (v. 38): onde
quer que habitem filhos de homens, em todas as nações daquela parte do mundo.
Ele era príncipe sobre todas elas, sobre elas e tudo o que lhes pertencesse,
sobre todo o seu gado, não só aquele que possuíssem, mas aquele que fosse ferae
naturae - selvagem, ou seja, os animais do campo e as aves do céu. Ele era
senhor de todos os bosques, florestas, e animais de caça, e ninguém tinha
permissão de caçar sem a sua autorização. Assim “tu és a cabeça de ouro; tu, e
teu filho, e o filho de teu filho, por setenta anos.” Compare esta palavra com
Jeremias 25.9,11, especialmente com Jeremias 27.5-7. Havia outros reinos
poderosos no mundo nessa época, como o dos citas. Mas foi o reino da Babilônia
que reinou sobre os judeus, e isto iniciou o governo que continuou na sucessão
aqui descrita até o tempo de Cristo. Ele é chamado de cabeça, por sua
sabedoria, eminência, e poder absoluto, uma cabeça de ouro por causa de sua
riqueza (Is 14.4). Era uma cidade de ouro. Alguns posicionam essa monarquia
começando em Ninrode, e depois percorrendo todos os reis da Assíria, cerca de
cinqüenta monarcas ao todo, e calculam que ela tenha durado mais de 1.600 anos.
Mas ela não foi uma monarquia tão longa, de extensão e poder tão vastos quanto
a que aqui é descrita, nem algo semelhante a essa. Portanto, outros consideram
que somente Nabucodonosor, Evil-Merodaque e Belssazar pertencessem a essa
cabeça de ouro. Eles tinham um trono glorioso e alto, e talvez exercessem um
poder mais despótico do que qualquer dos reis que viveram antes deles.
Nabucodonosor reinou quarenta e cinco anos ininterruptos. Evil-Merodaque, vinte
e três anos ininterruptos, e Belssazar, três. A Babilônia era a metrópole
deles. E Daniel esteve com eles, neste local, durante setenta anos. (2) O peito
e os braços de prata representavam a monarquia dos medos e persas, das quais o
rei recebe informações bastante resumidas: E, depois de ti, se levantará outro
reino,
inferior ao teu (v. 39), não tão rico, poderoso, ou vitorioso. Este reino foi fundado
por Dario, o medo, e Ciro, o persa, em aliança um com o outro. Portanto, ele é
representado por dois braços que se encontram no peito. Ciro era persa por
parte de pai, e medo por parte de mãe. Alguns calculam que essa segunda
monarquia durou 130 anos. Outros calculam 204 anos. O primeiro cálculo está
mais de acordo com a cronologia das Escrituras. (3) A barriga e as coxas de
bronze representavam a monarquia dos gregos, fundada por Alexandre, que
derrotou Dario Codomano, o último dos imperadores persas. Este é o terceiro
reino, de bronze, inferior à monarquia persa em riqueza e extensão de domínio.
Mas com Alexandre, pelo poder da espada, o reino dominará sobre toda a terra.
Porque Alexandre vangloriou-se de ter conquistado o mundo, e então sentou e chorou
porque não tinha outro mundo para conquistar. (4) As pernas e pés de ferro
representavam a monarquia romana. Alguns creem que isto diz respeito à parte
final da monarquia grega, os dois impérios da Síria e do Egito, o primeiro
governado pela família dos Selêucidas, de Seleuco, o segundo pela família de
Lagidae, de Ptolomeu Lago. Estes formam as duas pernas e os pés dessa imagem:
Grótio, Júnio e Broughton entendem desta maneira. Mas a opinião mais aceita tem
sido a de que a referência feita aqui seja à monarquia romana, porque foi na
época desta monarquia, e quando ela estava no seu auge, que o reino de Cristo
foi estabelecido no mundo pela pregação do Evangelho eterno. O reino romano era
forte como o ferro (v. 40). O testemunho disso é o domínio desse reino contra
todos aqueles que contenderam com ele por muitos anos. Esse reino despedaçou o
império grego e depois disso destruiu boa parte da nação dos judeus. Durante a
parte final da monarquia romana ele enfraqueceu muito, e se dividiu em dez
reinos, que eram como os dedos desses pés. Alguns deles eram fracos como o
barro, e outros fortes como o ferro (v. 42). Várias tentativas foram feitas
para misturá-los e uni-los para o fortalecimento do império, mas foi tudo em
vão: Não se ligarão um ao outro (v. 43). Esse império dividiu o governo por
muito tempo entre o senado e o povo, os nobres e os comuns, mas eles não se
fundiram inteiramente. Houve guerras civis entre Mário e Sila, César e Pompeu,
cujos aliados eram como o ferro e o barro. Alguns entendem essas palavras como
uma referência aos tempos de declínio desse império, quando, para o
fortalecimento do império contra as irrupções das nações bárbaras, os ramos da
família real se casaram entre si. Mas a política não teve o efeito desejado,
quando chegou o dia da queda desse império.
2. A
pedra cortada sem mãos representava o reino de Jesus Cristo, que deveria ser
estabelecido no mundo na época do império romano, e sobre as ruínas do império
de Satanás nos reinos do mundo. Esta é a pedra cortada do monte sem mãos, pois
Ele não seria levantado nem apoiado pelo poder humano nem pela política humana.
Nenhuma mão visível deveria agir no seu estabelecimento, mas isto deveria ser
feito invisivelmente pelo Espírito do Senhor dos Exércitos. Essa foi a pedra
que os edificadores rejeitaram, porque não foi cortada pelas mãos deles, mas
agora se tornou a pedra fundamental, a pedra de esquina. (1) A igreja do
Evangelho é um reino, do qual Cristo é o monarca único e soberano, no qual Ele
governa pela sua palavra e pelo seu Espírito, ao qual Ele dá proteção e lei, e
do qual Ele recebe honras e tributos. Não é um reino deste mundo, porém está
estabelecido nele. E o reino de Deus entre os homens. (2) O Deus dos céus
estabeleceria esse reino para dar autoridade a Cristo para executar juízo, para
estabelecê-lo como Rei sobre o seu monte santo de Sião, e para trazer em
obediência a Ele um povo bem disposto. Sendo estabelecido pelo Deus do céu, o
reino é freqüentemente chamado no Novo Testamento de o Reino dos céus, pois a
sua origem é do alto e a sua tendência é para cima. (3) Ele deveria ser
estabelecido nos dias desses reis, os reis da quarta monarquia, da qual se faz
uma menção especial (Lc 2.1): Cristo nasceu quando, pelo decreto do imperador
de Roma, todo o mundo foi tributado, o que era uma clara indicação de que esse
império havia se tornado tão universal quanto qualquer império terreno poderia
ser. Quando esses reis estiverem competindo uns com os outros, e em todas as
lutas em que cada uma das partes em conflito quiser encontrar a sua própria
razão, Deus fará a sua própria obra e cumprirá os seus próprios conselhos.
Todos esses reis são inimigos do reino de Cristo. No entanto, Ele será
estabelecido, o que constitui um desafio a todos eles. (4) Esse é um reino que
não conhece declínio, não corre o risco de ser destruído, e não admitirá
qualquer sucessão ou revolução. Ele nunca será destruído por alguma força
estrangeira invasora, como ocorre com muitos outros reinos. O fogo e a espada
não podem consumi-lo. Os poderes conjuntos da terra e do inferno não podem
privar os súditos do seu Príncipe ou o Príncipe dos seus súditos. Esse reino
não será deixado para outros povos, como acontece com os reinos desta terra.
Assim como Cristo é um monarca que não tem sucessor (porque Ele mesmo reinará
para sempre), o seu reino também é uma monarquia que não está sujeita a nenhuma
revolução. O reino de Deus foi certamente tirado dos judeus e entregue aos
gentios (Mt 21.43), mas ainda assim foi o cristianismo que governou, sim, o
reino do Messias. A igreja cristã ainda é a mesma. Ela está edificada sobre a
rocha, enfrentando muita oposição. Mas as portas do inferno jamais prevalecerão
contra ela. (5) É um reino que será vitorioso sobre toda a oposição. Ele
despedaçará e consumirá todos esses reinos, assim como a pedra cortada do monte
sem mãos esmiuçará a imagem (w. 44,45). O reino de Cristo assolará todos os
outros reinos, sobreviverá a eles, e florescerá quando eles afundarem com o seu
próprio peso. Eles ficarão tão destruídos, que não se conhecerá mais o seu
lugar. Todos os reinos que aparecerem contra o reino de Cristo serão quebrados
com uma vara de ferro, como um vaso de oleiro (SI 2.9). E nos reinos que se
sujeitarem ao reino de Cristo, a tirania, a idolatria, e tudo o que for
reprovado neles, até onde o Evangelho de Cristo se estender, serão quebrados.
Está chegando o dia em que Jesus Cristo abaterá todo governo, principado, e
potestade, e colocará todos os seus inimigos debaixo dos seus pés. E então essa
profecia terá o seu pleno cumprimento no momento preparado pelo Senhor Deus, e
não antes (1 Co 15.24,25). O nosso Salvador parece se referir a isso (Mt
21.44), quando, falando de si mesmo como a pedra rejeitada pelos edificadores
judeus, Ele diz que aquele sobre quem esta pedra cair ficará reduzido a pó. (6)
Ele
será um reino eterno. Aqueles reinos da terra que haviam despedaçado todos ao
seu redor vieram, em sua vez, a ser despedaçados da mesma maneira. Mas o reino
de Cristo despedaçará outros reinos e permanecei'á para sempre. O seu trono
será como os dias do céu. A sua semente e os seus súditos serão como as
estrelas do céu, não só inumeráveis, mas imutáveis. Do aumento do governo de
Cristo, e da paz de Cristo, não haverá fim. O Senhor reinará para sempre, não
só até o fim dos tempos, mas quando o tempo e os dias não mais existirem. E
Deus será tudo em todos por toda a eternidade.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 834-836.
3.
A pedra cortada, sem ajuda de mãos (2.45).
Os
reinos descritos de cima para baixo representados na grande estátua revelam a
progressiva decadência dos reinos desse mundo, pois começam no ouro e terminam
no barro. Esta “pedra” representa o reino que virá que é o Reino messiânico de
Cristo intervindo no poder dos reinos do mundo. Ele é a pedra cortada que virá
para desfazer no último tempo o poder mundial do Anticristo (Dn 2.45; SI
118.22; Zc 12.3). O sentido da pedra cortada vinda do monte indica
figuradamente a vinda de Cristo que esmiuçará o domínio configurado dos 10
dedos dos pés da estátua, formando um grande montão (Dn 2.44,45).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 46.
Dn 2.44,45
Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino. O quinto reino é o
Reino Divino da era do reino e do Messias. Este versículo interpreta a Grande
Pedra dos vss. 34-35. O reino universal de Deus destruirá todos os outros reinos,
reduzindo-os a um pó tão fino que qualquer brisa será capaz de soprar para
longe. Mas o próprio reino do Messias será invencível e indestrutível.
Perdurará para sempre. Tornar-se-á ím par e único. Os dispensacionalístas vêem
os dez artelhos como, especificamente, reinos a serem esmigalhados. A Grande
Pedra é a Rocha, o Messias. Cf. Sal. 118.22; Isa. 8.14; 28.16; I Ped. 2.6-8. A
Grande Pedra tornou-se uma montanha, tão poderosa e imensa será (ver Dan.
2.35). Essa montanha encherá toda a terra. A montanha simboliza um grande
reino. Essa montanha é distinta da imagem. É de origem divina e tem uma
qualidade eterna, ao passo que a imagem feita pelo homem é reduzida a pó. “Os
reinos anteriores tinham sido destruídos ou pela corrupção interna ou por algum
conquistador vindo de fora. Mas esse novo reino nunca será destruído, pois permanecerá
para sempre. A soberania de Deus jam ais passará... O escritor sacro, pois,
estava dizendo que o Novo Reino não será apenas outro reino, que chegou e logo
passará. Não estará nas mãos de algum grupo nacional, mas nas mãos de
Deus" (Arthur Jeffery, in Ioc.). Esse intérprete passa então a fazer do quinto
reino a nação de Israel, o que, em certo sentido, é verdadeiro, porquanto o reino
do Messias será manifestado através da restaurada nação de Israel. No entanto,
será mais do que isso.
“Por
ocasião de Sua volta, o Messias subjugará todos os reinos a Seus pés, levando-os
assim ao fim (ver Apo. 11.15; 19.11-20). E então Ele governará para sempre no
milênio e no estado eterno” (J. Dwight Pentecost, in Ioc.). Os amilenistas
acreditam que o reino milenar foi estabelecido por Cristo em Seu primeiro
advento, e que a Igreja é esse reino. Eles também imaginam que o cristianismo
crescerá até tornar-se uma grande montanha. Os pré-milenaristas acreditam que o
reino messiânico será estabelecido por ocasião do segundo advento de Cristo. História
ou Profecia? Alguns intérpretes crêem que as chamadas profecias de Daniel são,
de fato, “declarações de fatos já acontecidos’ . Também supõem que o autor não
tenha sido o profeta Daniel, que viveu entre os judeus cativos na Babilônia, e,
sim, um pseudo-Daniel, que teria vivido em cerca de 165 A. C., durante o
período dos macabeus. O autor sagrado teria falado sobre coisas que já haviam
acontecido, exceto o império romano, que foi então adicionado às tradições interpretativas,
quando surgiu em cena. E eles pensam de evidências históricas para essas tais
afirmações. Ver a introdução a este livro, seção III, Autoria, Data e Debates a
Respeito. Seria útil ao leitor ler toda a Introdução, pois há inúmeras
observações sobre o livro de Daniel.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3382-3383.
Tendo
Daniel então interpretado o sonho, a satisfação de Nabucodonosor foi tão
grande, que não o interrompeu nenhuma vez. A interpretação foi tão completa, a
ponto de o rei não ter perguntas a fazer, e foi tão clara que ele não teve
nenhuma objeção a fazer. E assim, o homem de Deus encerra tudo com uma
declaração solene:
1.
Da origem divina desse sonho: O Deus grande (assim ele o chama, para expressar
os seus próprios pensamentos elevados a respeito dele, e para gerar o mesmo na
mente desse grande rei) fez saber ao rei o que há de ser depois disso, o que os
deuses dos magos não puderam fazer. E assim, uma confirmação completa foi dada
a esse grande argumento que Isaías havia muito tempo antes exortado contra os
idólatras, e particularmente os idólatras da Babilônia, quando ele desafiou os
deuses que eles adoravam a anunciarem as coisas que ainda haviam de vir, para
que soubessem que eram de fato deuses (Is 41.23). Através de tudo isso, Daniel
provou que o Deus de Israel é o Deus verdadeiro, que só Ele é capaz de declarar
o final de todas as coisas desde o princípio (Is 46.10). 2. Da inequívoca
certeza das coisas preditas por esse sonho. Aquele que faz saber essas coisas é
o mesmo que as criou e as determinou, e por sua providência as realizará. E
temos a certeza de que o seu conselho permanecerá, e não poderá ser alterado.
Portanto, o sonho é certo e a sua interpretação é segura. Observe que podemos
confiar em tudo aquilo que Deus quiser nos revelar.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 836.
ELABORADO:
Pb Alessandro Silva.
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