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4° LIÇÃO 4 TRIMESTRE 2014 A PROVIDÊNCIA DIVINA NA FIDELIDADE HUMANA

A PROVIDÊNCIA DIVINA NA FIDELIDADE HUMANA
O primeiro tópico da quarta lição, sob o título "a tentativa de se instituir uma religião mundial" leva-nos a pensar o assunto do Ecumenismo e do Diálogo Inter-Religioso. Uma característica da sociedade brasileira é a pluralidade das religiões e dos costumes. Igualmente, as denominações cristãs no Brasil são plurais. Por isso é importante definirmos expressões tão mal compreendidas no meio evangélico como o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso.

Ecumenismo
Em primeiro lugar começaremos dizendo o que não é o Ecumenismo. Ele não é a tentativa de reunir várias religiões numa só. Há muitas afirmações equivocadas sobre o conceito de Ecumenismo. Em parte, devido a propagação de um conceito errôneo da própria mídia brasileira. Entretanto, a palavra Ecumenismo provém da grega oikouméne que designa a ideia de "toda a terra habitada". Em outras palavras, do ponto de vista da Teologia Cristã, e segundo o pastor Claudionor de Andrade, Ecumenismo é "a concretização do ideal apostólico de agregação de todos os que professam o nome de Cristo". Isto é, um movimento dialogai e cooperativo entre as igrejas cristãs, especificamente, "a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa e a Igreja Protestante". Devido aos muitos aspectos culturais e teológicos, o ecumenismo cristão até agora não foi possível.
Diálogo Inter-Religioso
O Dicionário Teológico do pastor Claudionor de Andrade, acerca do termo Ecumenismo diz que "com o passar dos tempos, porém, a palavra foi sendo desvirtuada até ser tomada como um perfeito sinônimo para o sincretismo religioso". O termo passou por uma série de evoluções tanto no cenário religioso quanto no secular. Entretanto, os conceitos modernos da Teologia vêm resgatando a ideia do diálogo entre as igrejas de tradição cristã como sendo a identidade do Ecumenismo. Por outro lado, a expressão Diálogo Inter-Religioso dará conta da tentativa de se agregar as diversas religiões da sociedade. Ou seja, o Diálogo Inter-Religioso reúne os representantes das diversas religiões para dialogarem. Portanto, quando você assiste a um sacerdote, um pastor, um rabino e um imã (o dirigente muçulmano) reunidos num mesmo lugar o que ocorre ali não é um ato ecumênico, mas o diálogo inter-religioso. Entretanto, a tradição reformada e a pentecostal, ambas de tradição cristã, entendem as Escrituras como exclusivistas em matéria de fé e prática, por isso, ambas rejeitam o diálogo entre religiões
Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD. pag. 38.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Neste capítulo percebe-se a obsessão do rei Nabucodonosor pelo poder quando ele se engrandece e se endeusa perante os súditos do seu império. Supõe-se que a história desse capítulo ocorreu quase ao final do seu reinado (Jr 32.1; 52.29).
O capítulo três é mais uma prova de que vale a pena ser fiel a Deus até mesmo quando somos desafiados em nossa fé. Percebe- se que Nabucodonosor já havia se esquecido da manifestação do poder de Deus na revelação dos seus sonhos, mas ele parecia embriagado pelo poder e pelo fulgor de sua própria glória. A presunção chegou ao ápice da paciência de Deus e ele não se contentou em ser apenas “a cabeça de ouro” da grande estátua do seu sonho no capítulo dois. Ele perde o bom senso e constrói uma estátua toda de ouro de mais de 27 metros de altura aproximadamente, e ordena que os representantes das nações, súditos seus, se ajoelhassem e adorassem à sua estátua que representava ele mesmo.Tornou-se um déspota que exigia dos seus súditos um servilismo irracional. No meio da multidão dos súditos estavam os três jovens hebreus fiéis ao Deus de Israel, o qual não transigiram de modo algum.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 55-56.
Temos aqui uma história que ilustra a convicção judaica de que o martírio é preferível à apostasia. A imagem colossal de Nabucodonosor teria de ser adorada por todos. Essa imagem de ouro (cap. 5) provavelmente representava o panteão do império, e talvez deificasse o próprio rei como seu deus-mensageiro. O sonho do segundo capítulo, em que Nabucodonosor figura como a cabeça de ouro da imensa e grotesca imagem, pode ter-lhe sugerido que seria apropriado construir uma imagem dele próprio, para efeitos de autoglorifícação. Essa história ignora a humilhação do rei diante de Yahweh-Elohim (vs. 46). Não seria demais que um pagão esquecesse esse incidente. Além disso, era comum que os antigos potentados levantassem tais imagens.
Daniel não aparece nessa história. Seus três amigos foram os perseguidos. Talvez devamos supor que o profeta, em sua glória (ver Dan. 2.48), estivesse fora do alcance do decreto e do desígnio do rei, mas seus amigos, em posições inferiores, foram assediados.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3383.
O MAIS IMPORTANTE NÃO É VIVER, mas ser fiel a Deus. Pessoas comprometidas com Deus resistem o pecado até o sangue e estão prontas a morrer, não a pecar.
Em Daniel 3, algumas verdades preliminares nos chamam a atenção:
Em primeiro lugar, tome cuidado, pois, a sede pelo poder pode tornar você cego e louco. Nabucodonosor era um homem embriagado pelo poder. Ficou cego pelo fulgor de sua própria glória.
Ele não se contentou em ser rei de reis, em ser o maior rei da terra, mas quis ser adorado como deus.
Em segundo lugar, acautele-se com a síndrome de dono do mundo.
Nabucodonosor não se contentou em ser a cabeça de ouro (capítulo 2). Agora constrói uma estátua toda de ouro, de trinta metros de altura, e ordena que todos os súditos de seu reino a adorem.
Esse rei megalomaníaco quer ser o centro do mundo.
Em terceiro lugar, o poder dos tiranos esbarra na fidelidade dos servos de Deus. O poder dos tiranos e dos déspotas sempre encontra seu limite em pessoas fiéis a Deus. Os três jovens hebreus são uma nota dissonante no meio daquela sinfonia de servilismo. Eles são intransigentes, inconformistas. A verdade é inegociável para eles. Não transigem com os absolutos de Deus. Não vendem a consciência. Preferem a morte à infidelidade. Estão prontos a morrer, não a pecar.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 51-52.
I – A TENTATIVA DE SE INSTITUIR
UMA RELIGIÃO MUNDIAL
1. A grande estatua.
“O rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro” (3.1). Na verdade, o Império Babilônico foi o primeiro grande império mundial a construir uma grande estátua que deveria ser adorada por todos os súditos do império (Dn 3). Era interessante notar que em nenhum momento se identifica a estátua com algum deus babilônico. A omissão de algum nome para essa estátua sugere que o rei fez uma estátua que fosse identificada com ele mesmo que assumia uma postura de deidade. Era comum naqueles tempos dos assírios e babilônicos que os seus reis construíssem suas próprias imagens nas entradas dos palácios e diante das imagens dos deuses para que ficassem protegidos de males e fossem felizes em seus reinados. Porém, aquela imagem de 27 metros de altura fora construída para ser adorada pelos súditos em obediência ao edito soberano de Nabucodonosor. Em ocasiões especiais como a que o rei propiciou, quando as homenagens aos reis aconteciam diante dos deuses, Nabucodonosor exigia obediência cega dos seus súditos de todos os territórios do império fortalecendo seu domínio. De todas as nações presentes com seus exilados estavam lá os judeus que serviam ao Deus vivo de Israel. Mas o rei testava seu poder de dominação requerendo dos exilados que renegassem suas crenças e substituíssem seus deuses pelos deuses da Babilônia. Na história contada por Daniel, estavam lá os seus três amigos. Não há uma explicação plausível para a ausência de Daniel naquele evento. O que importa, de fato, é que os três hebreus deram uma lição de fé no seu Deus.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 56.
Dn 3.1 O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro. A imagem erigida foi imensa, tendo cerca de 30 m de altura, equivalente a oito andares de um edifício. Era feita de ouro. Talvez o sonho do rei, no qual ele aparecia como a cabeça de ouro, tenha influenciado a escolha do metal. A largura era de apenas 3 m, e é provável que a imagem não tivesse o formato de um homem. Se tivesse, seria uma figura muito grotesca. Foi levantada na planície de Dura (ver a respeito no Dicionário, quanto a detalhes). O termo dura era comumente usado na Mesopotâmia para indicar qualquer lugar fechado por uma parede ou por montanhas. Provavelmente o lugar ficava perto da Babilônia. Quanto a detalhes, ver o artigo. Essa construção provavelmente era uma coluna com inscrições, talvez uma imagem esculpida que representasse o deus honrado. Continua em debate a quantidade de ouro que havia nessa coluna. Provavelmente ela era apenas recoberta de ouro.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3383.
Um Auto-endeusamento do Imperador
J. A. Seiss faz uma defesa vigorosa de Nabucodonosor e de seu intento. Ele argumenta que o conceito audacioso da grande imagem era resultado direto do sonho do rei. Ele próprio não tinha caído em adoração diante do homem que transmitiu a mensagem do Deus dos céus?
Agora todo o seu reino se curvaria diante dessa maravilhosa ideia revelada a ele. Em sua mente pagã confusa esse era um tributo maravilhoso ao Deus de Daniel e seus amigos hebreus. Isso tornaria a recusa deles (em se curvar diante da estátua) ainda mais irracional e irascível.
Diante da luz da revelação clara e completa e dos princípios divinos que Nabucodonosor não tinha, fica evidente que ele cometeu um grande equívoco que não pode ser justificado ou desculpado de acordo com os padrões bíblicos. Mas o erro estava no método e não nos motivos. Era o erro da educação defeituosa, não da intenção. Ele honestamente queria reconhecer e glorificar o Deus dos céus que tinha se comunicado com ele de forma tão marcante. Ele desejava que o seu império, por meio de todos os seus representantes reunidos, reconhecesse que Deus era a cópia tangível da imagem dada a ele em sonho. A profundidade da sua natureza religiosa, das suas experiências e convicções se intensificaram no sentido de fazer obedecer ao que ele havia arranjado e ordenado de maneira tão devota e honesta”.
Mas é provável que esse esforço em defender o rei pagão da Babilônia não cubra todos os pontos. Não parece provável que Nabucodonosor tenha erigido uma imagem a um dos antigos deuses da Babilônia, visto que a terra estava cheia de deidades e templos competindo entre si. É possível, no entanto, que esse sonho tivesse marcado profundamente o rei, em relação ao seu lugar no mundo e na história. Afinal, não era ele a cabeça de ouro? Não era ele o primeiro e maior de todos os reis da terra? Não é difícil imaginar a crescente vaidade desse déspota oriental, cuja mente pagã falhou em sondar o verdadeiro significado das percepções espirituais que Deus havia tentado compartilhar com ele. Essa estátua de dois metros e sessenta de largura e vinte e sete metros de altura, que se elevava acima do campo de Dura (1), sendo visível a quilômetros de distância, proclamava a todos o esplendor do homem que a havia projetado e a glória do rei que ela simbolizava. O campo de Dura certamente ficava próximo de Babilônia, mas sua localização exata é desconhecida.
Qualquer que tenha sido o motivo de Nabucodonosor, o decreto que convocava todos os líderes políticos do reino, grandes e pequenos (3), não deixava dúvida quanto à exigência do rei. Instantaneamente, após o sinal combinado de antemão se o som da orquestra imperial (5), cada homem deveria prostrar-se em adoração diante da imagem.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 509.
"... uma estátua de ouro...” Alguns comentadores de renome têm pensado que a estátua do presente texto fosse uma “imagem do deus Merodaque, o padroeiro da cidade de Babilônia; ou do deus Nebo, do qual derivava o nome do rei. Outros porém são de opinião que a estátua ali erigida era do próprio monarca Nabucodonosor. (Ver Jz 8.27; 2 Sm 18.18). Entre os antigos conquistadores era natural que, após uma grande conquista, o conquistador fizesse uma estátua de sua própria pessoa, gravando nela o seu nome e o nome de seu deus. Segundo Heródoto, a “estátua de Sesostris, do Egito, tinha na largura do peito, de ombro a ombro, uma inscrição com os caracteres sagrados do Egito, onde se lia: ‘Com meus próprios ombros conquistei esta terra”’. E, segundo Cícero, havia “uma bela estátua de Apoio, em cuja coxa estava o nome de Miro, em minúsculas letras de prata”. Pode, de fato, ser imaginado que a estátua erigida ali, fosse a do próprio rei, contendo, na altura do peito, o nome de seu deus (Comp. com Ap 13.15). Quanto ao testemunho da Arqueologia, Operte, que fez escavações nas ruínas de Babilônia, em 1854, achou o pedestal de uma colossal estátua que pode ter sido um resto da gigante imagem de ouro de Nabucodonosor.
"... no campo de DURA...” A palavra persa que dá origem a esse nome significa: lugar rodeado por muros. E uma abreviação de um nome mais longo, composto com Duru, tal como Duru-sha-Karrabi, um subúrbio de Babilônia. Ali, pois, foi levantada uma estátua que media 30 metros por 3, aproximadamente. O côvado babilônico, segundo o “Dic. Davis”, media 0,56 a 0,58 centímetros, o que daria, em números redondos, aproximadamente, transformando côvados em metros, 34,00 a 35,00 m de altura por 3,40 de largura, ou seja, 60 x 6 côvados.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 53-54.
2. A diferença entre as estátuas.
A obsessão pelo poder faz a pessoa perder o bom senso. O rei Nabucodonosor estava dopado pela ideia de ser o maior e perdeu a autocrítica embriagado pelo próprio poder e cego pelo fulgor de sua própria glória. Ele não se contentou em ser apenas a cabeça de ouro da estátua do seu sonho. No capítulo dois havia uma estátua no seu sonho e no capítulo três ele constrói literalmente uma estátua para si. Essa presunção vislumbra profeticamente outra estátua (imagem) que será erguida pelo último império mundial gentílico profetizado como o reino do Anticristo e será no “tempo do Fim” (Ap 13.14,15).
Outra lição que aprendemos neste capítulo é a diferença entre a estátua do capítulo 2 e a do capítulo 3. A estátua do capítulo 2 era simbólica que surgiu no sonho do rei Nabucodonosor e a estátua do capítulo 3 era literal, construída pelos homens. A estátua do capítulo 3 tinha a forma de um obelisco e tinha um desenho um tanto grotesco que revelava a intenção vaidosa de Nabucodonosor de impor-se pela idolatria do homem e sua auto deificação aos olhos dos súditos.
“o campo de Dura, na província de Babilônia” (3.1). O nome Dura vem do acadiano, de onde vem o aramaico. O seu significado é “lugar cercado”, e entende-se que se tratava de um lugar fechado e cercado, que ficava numa planície pertencente à Babilônia.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 56-57.
Dn 3.1. A estátua e sua inauguração (3.1-3). A estátua do capítulo 2 foi em sonho; esta é real. Tinha sessenta côvados de altura - cerca de 29 metros. (O côvado babilônico tinha mais ou menos 48 cm). Tudo aqui era à base de seis, indicando coisas puramente humanas. (Ver 1 Samuel 17.4 e Apocalipse 13.18, onde também sobressai o número humano.)
Antônio Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos dias. Editora CPAD.
Foi pelo sonho e sua interpretação que Nabucodonosor foi trazido por um momento ao limiar de grandes e novas possibilidades para uma dedicação pessoal. Teve percepções que poderiam contribuir para um novo entendimento de si mesmo, e obteve, pelo menos, uma cura temporária de seus sonhos perturbadores.
Não fez, porém, uma plena dedicação de sua vida a Deus, o que então seria possível, e portanto não ficaremos surpresos ao lermos o que acontece no presente capítulo. Nabucodonosor agora reage contra o reino de Deus com o mesmo grau de tensão com que anteriormente se sentira atraído em direção a ele. Fez uso da ajuda que Deus lhe dera para avançar cada vez mais para uma posição de independência de Deus. Logo permitiu que o sistema em que estava vivendo o tragasse de novo, e imediatamente o achamos pervertendo a própria mensagem através da qual Deus procurara ganhá-lo. Agora, facilmente excluiu da sua mente a parte mais distante e desagradável da mensagem, o trecho acerca da pedra e do seu impacto esmagador sobre todas as estruturas terrestres;1 e começou a regalar-se no encorajamento que a parte agradável do sonho lhe deu, no louvor indubitável dos esforços que estava fazendo.
2 Aquela mesma palavra da parte do Deus de Daniel, tu és a cabeça de ouro, veio a ser para ele uma nova licença para continuar com as suas obras!
Mas pelo menos lembrou-se da única parte da visão que de imediato era relevante à tarefa de construir a grande nova sociedade. Era a parte dos pés muito frágeis sobre os quais a cabeça de ouro e o restante do corpo se firmavam, e a mistura de ferro e barro que não se ligam mas que se desintegram facilmente, com a qual, eles foram moldados. Tomou esta parte do sonho como uma advertência a si mesmo quanto à falta de coesão na sociedade que estava reestruturando. Pensando nisso ficava perturbado e era impulsionado para a frente. Talvez acreditasse que ele mesmo pudesse ver a tendência à desintegração, ilustrada pela estátua, já operando ao seu redor no seu império de ouro. Sentia que devia garantir a seus sucessores um desenvolvimento melhor. Tinha de injetar um cimento forte, durável, que formasse uma boa liga naquela sociedade em desenvolvimento.
Que cimento melhor e mais durável poderia haver do que uma só religião para todos e uma cultura profundamente influenciada por essa religião em comum? Nisso, acreditava ele, conseguiria o núcleo em redor do qual uma consciência comunitária verdadeiramente forte poderia desenvolver-se e crescer. Organizaria as coisas em prol desse desenvolvimento.
Não é, portanto, surpresa alguma, depois do sonho, vermos Nabucodonosor com um novo ímpeto de planejamento social, levado a efeito com urgência, idealismo e convicção. O que mais o preocupa agora é acabar com todas as possíveis fontes de divisão e de desintegração. Sendo ele um militar, podemos até mesmo imaginar que desejava criar na vida civil o mesmo sentimento de união e comunhão que decerto experimentara nas suas campanhas militares! De qualquer maneira, cada um deve ser levado a sentir que pertence a alguma coisa que vale a pena, que é vital e basicamente atraente. O alvo de Nabucodonosor é desenvolver e unificar a cultura. Mas, antes de tudo, precisa de uma religião unificante, já que religião era definida, naquele mundo antigo, como sendo “aquilo que liga” e era amplamente reconhecida como sendo o melhor cimento para conservar unida a sociedade.
Ronald S. Wallace. A Mensagem de Daniel. Editora ABU. pag. 56-57.
3. A inauguração da estatua de ouro.
Um rei embriagado por sua própria glória (3.1-5). Nabucodonosor foi seduzido por seu ego presunçoso que se via superior a tudo e todos. Ele estava embriagado por sua própria glória temporal e passageira, por isso seu coração se engrandeceu e ele desejou ser adorado como deus. Não lhe bastou a revelação de que o único Deus verdadeiro triunfaria na história conforme está expresso no capítulo dois. Ele preferiu exaltar a si mesmo e para tal instituiu o culto a si e a adoração, também, dos seus deuses. O objetivo era escravizar as consciências e obrigá-las a servirem aos seus deuses.
A ameaça da fornalha ardente (3.6). Era a punição mais terrível que alguém poderia sofrer: ser queimado vivo numa fornalha grandemente aquecida. Era um modo de forçar a que todos os seus súditos, principalmente, os príncipes que viviam no palácio, a obedecerem o edito real e adorarem a imagem que o rei construiu. Todos deveriam, ao som dos instrumentos musicais, se prostrar e adorar a imagem de ouro do rei (Dn 3.5). Aos súditos que eram idólatras e serviam a deuses pagãos, mais um não faria muita diferença. Mas para os servos do Deus Altíssimo que é adorado em espírito e em verdade era uma questão de fé e ousadia. O decreto do rei era inevitável e quem o desobedecesse sofreria a punição na fornalha ardente. Segundo o profeta Jeremias, o rei Zedequias de Judá foi queimado no fogo na Babilônia (Jr 29.22).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 57-58.
Dn3.2 Então o rei Nabucodonosor m andou ajuntar os sátrapas. A importância da imagem para Nabucodonosor é demonstrada pelo convite geral (ordem, decreto) aos oficiais babilônicos para a dedicação da imagem. Essas comemorações festivas eram comuns na Babilônia. A lista dos oficiais é similar a outras descobertas no antigo Oriente Próximo e Médio. Sargão, em suas inscrições, bem como Esar-Hadom, apresentou listas similares. Os títulos aqui usados eram quase todos persas, e isso tem provocado um problema histórico. Inscrições neobabilônicas não mostram nenhuma influência das palavras persas. Alguns críticos vêem nesta circunstância evidência de uma data posterior do livro.
Nomes:
1. Sátrapas. Cf. Esd. 8.36; 3.12; 8.9 e 9.3. Foi Dario I quem dividiu o império em satrapias e suas datas foram 521-495 A. C. Eram os principais representantes do rei, pois eram os cabeças do governo provincial.
2. Prefeitos. Cf. Dan. 2.48 e 6.7. Esdras e Neemias usaram o termo para certos oficiais secundários de Jerusalém . Mas alguns estudiosos acreditam tratar-se de comandantes militares.
3. Governadores. Ver Esd. 5.14. Esses eram “senhores de distritos”, os bel pahati dos babilônios. Oficiais im portantes e subalternos eram assim cham ados, o que significa que essa palavra pode apontar para ambas as coisas.
Eram administradores civis de várias categorias.
4. Conselheiros. Conforme os nomes persas subentendem, eram conselheiros do povo (handarza, conselheiro + /cara, povo), Essa palavra pode significar qualquer pessoa que tinha a autoridade do governo por ela representada.
5. Tesoureiros. Cf. Esd. 7.21, onde a palavra existe com uma variante de diferente soletração. Eles eram administradores dos fundos públicos.
6. Juízes. Essa palavra vem do hebraico, data bara (sustentador da lei). Eram os especialistas na administração das leis.
7. Magistrados. Ao que parece, a palavra deriva-se de um termo persa, pat, “chefe”. Oficiais militares e palacianos eram assim chamados, mas alguns estudiosos vinculam esse ofício com o de número seis, supondo que eles fossem executores da lei.
8. Todos os oficiais. O autor sagrado usou essa expressão para evitar deixar de lado qualquer oficial que tivesse autoridade. Ninguém que tivesse um mínimo de importância foi ignorado no convite (ordem, decreto). Todas as autoridades da terra se puseram de pé diante da imagem, dando a ela sua sanção e aprovação, confirmando o decreto de que todos os habitantes do reino deveriam adorar àquela monstruosidade. Toda idolatria é abominação.
Nabucodonosor teve sua abominação forçada, e não permitiria uma única voz discordante. Os desobedientes seriam brutalmente executados, conforme o restante da história demonstra claramente.
Dn 3.3 Então se ajuntaram os sátrapas... O decreto real foi autenticado pela liderança coletiva da nação. Este versículo repete os nomes dos oficiais do versículo anterior, para compreendermos que todos aqueles oficiais concordaram com o decreto.
Não houve absolutamente voto democrático. Nem havia permissão para que alguém desobedecesse às ordens reais. Desobedecer seria considerado uma traição ao estado. Foi assim que o rei pensou em um absurdo, e a liderança secundária inteira promoveu a causa com entusiasmo. Os oficiais do governo vieram de todos os lugares. Nenhum oficial seria capaz de ocultar-se e escapar dessa prática idólatra.
Aqueles homens ridículos ficaram de pé enquanto a imagem era dedicada, pois seria considerado um sacrilégio alguém sentar-se. Eles respeitaram o que não deveria ser respeitado. Ninguém proferiu um comentário crítico contra a imagem, e certamente ninguém lhe deu pontapés. A lealdade foi jurada àquele culto, a qual seria a “religião do estado” em todos os lugares do império.
Dn 3.4 Nisto o arauto apregoava em alta voz. Um arauto foi comissionado para exprimir a convicção da liderança babilônica. Visto que fora o rei quem ordenara aquele culto, todos eram cem por cento favoráveis. Todos os povos dentro dos limites do império babilônico foram obrigados a adorar a imagem. Isso significa que praticamente todo o mundo então conhecido foi forçado a adorar o monstro da planície. Quanto a “povos, nações e línguas”, cf. os vss. 7 e 29; 4.1; 5.19; 6.25 e 7.14. Isso fala em universalidade. Judite 3.8 pinta Nabucodonosor decidido a eliminar todas as religiões não-babilônicas. Isso se tornou um ato de patriotismo.
Talvez exista um paralelo aqui a Antíoco (ver Dan. 11.36). A ordem era “ou obedece, ou é queimado”.
Dn 3.5 No momento em que ouvirdes o som da trombeta. “A música daria o sinal para o ponto alto do culto de dedicação. Isso ocorreria não somente porque todos os reunidos deviam saber o momento preciso em que deveriam obedecer ao decreto real, mas também porque, na antiguidade, era costume que instrumentos musicais acompanhassem as cerimônias públicas” (Arthur Jeffery, in Ioc.).
Os nomes dos instrumentos foram dados em grego, talvez outra indicação da data tardia do livre de Daniel, Cf. as palavras empregadas para os oficiais, no vs. 2. Pode-se argumentar que as edições posteriores do livro mudaram os nomes desses instrumentos para que se tornassem inteligíveis aos leitores da época — mas esse é um argumento fraco. Além disso, era cedo demais para os críticos afirmarem que palavras gregas influenciaram uma lista inteira de instrumentos da época de Nabucodonosor. Logo, que o problema fique como está, e que aqueles que quiserem incomodar-se com ele, que se incomodem.
“A orquestra incluiu instrumentos de sopro (a trom beta e o pífaro, cf- Dan. 3.10,15); um instrumento de palheta (a flauta); e instrumentos de corda (a harpa, a citara e o saltério)” (J. Dwight Pentecost, in ioc).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3384.
Uma convocação geral dos estados do império para comparecerem à solenidade de consagração dessa imagem (w. 2,3). Mensageiros são enviados a todas as partes do reino para reunir os sátrapas, os prefeitos, os presidentes, todos os pares do reino, com todas as autoridades civis e militares, os capitães e comandantes das forças, os juízes, os tesoureiros ou recebedores gerais, os conselheiros, os oficiais, e os governantes das províncias. Todos eles devem vir para a consagração dessa estátua, sob pena de sofrerem a dor e o perigo do que lhes sobrevirá depois disso. Ele convoca os grandes homens, para a grande honra do seu ídolo. É, portanto, mencionado para a glória de Cristo que os reis lhe trarão presentes. Se esse governante pode trazê-los para prestar homenagens à sua estátua de ouro, ele não tem dúvida de que as pessoas inferiores farão o mesmo. Em obediência às convocações do rei, todos os magistrados e oficiais desse vasto reino deixam os serviços dos seus respectivos países, e vêm para a Babilônia, para a consagração dessa estátua de ouro. Muitos deles fizeram viagens longas e caras, em uma missão muito tola. Mas, assim como os ídolos são coisas insensíveis, os adoradores também o são.
Uma proclamação é feita ordenando que todos os tipos de pessoas se apresentem diante da imagem, e que ao sinal dado, caiam prostradas, e adorem a imagem, sob o tratamento e o título: “A imagem de ouro que o rei Nabucodonosor erigiu”. Um arauto proclama isso em voz alta por toda essa reunião de pessoas eminentes, com a sua numerosa comitiva de servos e atendentes, e uma grande multidão de pessoas, sem dúvida, que não foram convocadas. Que todos eles observem: 1. Que o rei rigorosamente exigiu e ordenou que todos os tipos de pessoas se prostrassem e adorassem a estátua de ouro. Não importavam quais eram os deuses que eles adoravam em outros tempos. Agora, eles deveriam adorar esse. 2. Que todos eles deveriam fazer isso exatamente ao mesmo tempo, em sinal de sua comunhão uns com os outros nesse serviço idólatra, e que, para esse fim, a notícia deveria ser comunicada através de um concerto de música, que igualmente serviria para adornar a solenidade, amenizar e suavizar o pensamento daqueles que estivessem relutantes a ceder, e levá-los a obedecer à ordem do rei. Essa alegria e júbilo na adoração seriam muito condizentes com as mentes sensuais e carnais, que são estranhas à adoração espiritual que é devida a Deus, que é espírito.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 838-839.
Dn 3.2: “E o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátra- pas, os prefeitos e presidentes, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, os oficiais, e todos os governadores das províncias, para que viessem à consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado”.
"... tinha levantado”. O original pode verter as palavras da seguinte forma: “O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro. E levantou-a”. Estas palavras formam um refrão que percorre a primeira metade do capítulo (versículos 1 a 18). O grande ídolo de Nabucodonosor era uma imagem nova e nacional. E, evidentemente, o objetivo do monarca era consolidar todas as nacionalidades do mundo em uma só nação. A nação babilônica. “Para alcançar tal coisa, era essencial que o governo fosse supremo em tudo, tanto no sentido religioso como no civil. A Roma pagã, séculos depois, fez o mesmo, perseguindo os crentes, não somente porque faziam cultos a Cristo, mas porque não adoravam a César, o imperador, como um ser divino...” Nota-se nas palavras, repetidas vezes, que o rei ajuntou “os sátrapas, os prefeitos, e presidentes, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, os oficiais, e todos os governadores... para que viessem à consagração”. Isso era, sem dúvida, uma forma para dar prestígio à inauguração da nova religião, ajuntando, assim, as autoridades de todas as províncias do seu vasto reino.
Dn 3.3: “Então se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos e presidentes, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, os oficiais, e todos os governadores das províncias, para a consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado, e estava em pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha levantado”.
O leitor deve observar a repetição exata da lista de oficiais de grandes patentes, bem como dos instrumentos musicais, pode estar refletindo um estilo de retórica semítica; isso, podemos observar no próprio Pentateuco, era uma forma hebraica; enquanto a forma grega era abreviada. A lista de autoridades segue o estilo grego daqueles dias. Sátrapas, é uma transliteração da palavra grega que, por sua vez, representa um original medo. A palavra significa “protetor” e era usada no Império Persa para o governador de uma província. As demais patentes são palavras de vasto sentido no mundo ocidental e principalmente no oriental. Quase que as funções da lista restante, são traduzidas por magistrados, como se todos fossem juízes. Mas é evidente que os governantes daqueles dias eram considerados juízes, conselheiros, etc.
Dn 3.4: “E o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ópovos, nações e gente de todas as línguas”.
"... o arauto...” Em toda a extensão da Bíblia, apenas aqui, há referência especificada a esta palavra. Verdade é, que em o Novo Testamento o vocábulo grego “kêryx” se traduz como “pregador” em 1 Tm 2.7 e 2 Tm 1.11 e 2 Pe 2.5. No idioma aramaico, o verbo “kãrôz” se traduz por “o que clama”, derivado, provavelmente, não como se tem pensado, do termo grego “kêryx”, mas do persa antigo “khraus”, que quer dizer: “o que clama”. Aqui, no presente texto, o vocábulo é aplicado ao locutor (em termos modernos) encarregado da divulgação feita por expressa ordem do rei, para a consagração da estátua. Diz-se que ele “apregoava em alta voz”. A forma causativa da raiz verbal, “krz”, é encontrada em Daniel 5.29, onde lemos: "... e proclamassem a respeito dele...”. Nos dias hodiernos se traduz, na versão portuguesa, o vocábulo grego .kêryx como “pregoeiro”, mensageiro, etc. Seja como for, o arauto era um homem revestido de grande autoridade, na proclamação daquela corte.
Dn 3.5: “Quando ouvirdes o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte de música, vos prostrareis, e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado”.
"... buzina...” Essa palavra tem um sentido lato nas Escrituras Sagradas, sendo, porém, no grego clássico, traduzida também por trombeta. Como trombeta, há menção freqüente desse instrumento, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Tratava-se de um instrumento feito de um chifre longo com uma extremidade virada: era dessa forma a trombeta nacional dos israelitas. Era usada em ocasiões militares e religiosas. Paulo fala que o arrebatamento da Igreja, será precedido pela trombeta de Deus (1 Ts 4.16).
"... pífaro...” Essa é a tradução dada por nossa versão do termo aramaico “mashrôqitâ”. Ocorre apenas no presente versículo e naqueles que se seguem. Deriva-se da raiz “shãraq”, uma palavra onomatopéica que significa “assobiar” ou “chiar”. O som deste instrumento é acompanhado por um som sibilante. E razoável, embora improvável, que o instrumento acima mencionado pertencia a uma classe de flata.
"... harpa...” Originalmente, esse instrumento tinha um formato triangular, com sete cordas. Mais tarde, o número de cordas foi aumentado para onze (11) e Josefo menciona em seus escritos harpas contendo dez cordas, as quais eram tangidas com um “plectum” ou pequena peça de marfim. A harpa é instrumento já mencionado em Gn 4.21. Também nos salmos há alusão a esse instrumento em várias conexões (SI 33.2; 98.5; 147.7).
"... sambuca...” Sobre esse instrumento há várias opiniões: 1) “Um instrumento de sopro, usado na Idade Média, consistindo de um longo tubo de bronze, com uma chave móvel para mudar o som das notas da música, à semelhança de um trombone. 2) O instrumento mencionado em Dn 3.5, pertence a uma classe muito diversa: é instrumento de cordas, que em aramaico se denomina “sabbe- kã”. 3) A “sabbekã” é usualmente identificada com o grego “sambykê” sendo esse o vocábulo usado para traduzi-lo no texto em foco, e na Septuaginta. Tem sido descrita como uma pequena harpa triangular. Seja como for, era um instrumento de cordas, e não de sopro, que, segundo Estrabão, era de origem bárbara.
"... saltério...” Esta palavra se deriva do vocábulo grego “psaltêrion”, que denota um instrumento tocado com os dedos, e não com um plectro. O verbo grego “psaltõ” significa tocar vigorosamente. Para nós, essa palavra “saltério” se traduzia também por “viola”. O saltério era bem conhecido do povo de Israel. (Ver 1 Sm 10.5; SI 33.2 e ss.) O saltério, como já ficou demonstrado acima, era um instrumento de dez cordas, sempre citado em conexão com o louvor.
"... gaita de foles...” Essa é a tradução de nossa versão da palavra aramaica “sumpônyã”, que é geralmente considerada como uma palavra emprestada do grego. Em toda a extensão da Bíblia ocorre apenas no presente capítulo. Todavia, parece que tal tradução é bem adequada, pois trata- se, realmente, de alguma espécie de instrumento de sopro. “A tradução italiana moderna é ‘sanpogna’, uma espécie de gaita de foles em uso corrente naquele país”.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 54-57.
II – O DESAFIO À IDOLATRIA
1. A ordem do rei a todos os seus súditos (vv.4-7).
A tentativa de criar uma religião totalitária (3.7). Ele queria uma religião que fosse capaz de garantir a devoção e a lealdade dos súditos pela força imposta por seus decretos. Na verdade, ele queria conquistar as pessoas, não pelo coração, mas pela subserviência moral e física. Os súditos do reino dobrariam os seus joelhos por medo, não por devoção. Nos tempos modernos nos deparamos com religiões que causam terror e medo. A imposição de Nabucodonosor era, de fato, uma inquisição instituída para obrigar as pessoas a se submeterem às exigências do império.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 58.
Dn 3.6 Qualquer que se não prostrar e não a adorar. Urn modo temível de execução esperava os desobedientes ao decreto. O tipo de fornalha evidentemente recebia o combustível pelo alto, ao passo que era fechado por tijolos nos quatro lados. Execuções pelo fogo eram comuns entre os antigos, em altares munidos de fogueiras, grelhas em brasa, na fogueira ou em fornalhas. O código de Hamurabi (25,110,157) menciona as fornalhas, embora essa forma de execução parecesse reservada a criminosos especialmente perigosos. Heródoto (Hist. I.86; IV.69) diznos que Ciro e os citas executavam dessa m aneira bárbara. Ver Diodoro Sículo (1.58.1-4; 77.8). Os hebreus antigos também não devem ser isentados. Ver Gên. 38.24; Lev. 21.9; Jos. 7.15,25; Jer. 29.22; Jubileus 20.4; 30.7. E II Macabeus 7.3 ss. e IV Macabeus 18.20 mostram-nos que essa forma de execução foi usada nos tempos dos monarcas selêucidas. No caso presente, a alegada impiedade religiosa era punida dessa maneira, e podemos supor que a desobediência era considerada um crime sério contra o Estado.
Dn 3.7 Portanto, quando todos os povos ouviram o som da trombeta. A Adoração da Imagem. Ao ouvir o som de todos os instrumentos listados no vs. 5 (com a exceção única da gaita de foles), todos os povos, de todas as classes, de todas as nações, prostraram-se e adoraram a grotesca imagem de Nabucodonosor. Quem enfrentaria o horroroso castigo ameaçado contra os desobedientes à ordem real? Representantes de todo o povo adoravam, e em breve todos “lá fora" estavam fazendo a mesma coisa. A superstição e a idolatria ganharam o dia. Mas ainda raiaria outro dia quando a bondade e a justiça seriam as vitoriosas.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3384.
A concordância geral da assembléia a essa ordem (v. 7). Eles ouviram o som dos instrumentos musicais, tanto instrumentos de sopro como instrumentos de mão, a buzina e o pífaro, a harpa, a sambuca, o saltério, e a gaita de foles, a melodia dos quais eles a consideraram arrebatadora (e adequada o bastante para estimular uma devoção que eles deveriam então prestar), e imediatamente todos eles, como um só homem, como soldados que estão acostumados a se exercitar pela batida de tambores, todos os povos, nações, e línguas, caíram prostradas e adoraram a imagem de ouro. E não foi surpresa quando foi proclamado que qualquer que não adorasse essa imagem de ouro deveria ser imediatamente lançado no meio de uma fornalha de fogo ardente, preparada para esse propósito (v. 6). Aqui estavam os encantos da música para atraí-los a uma submissão, e os terrores da fornalha de fogo para aterrorizá-los até a submissão. Assim cercados pela tentação, todos cederam (exceto os servos de Deus). Note que a maioria seguirá o caminho que lhe for indicado. Não há nada tão ruim que não possa atrair o mundo negligente por meio de um concerto musical, ou que faça com que seja impelido por uma fornalha de fogo ardente. E através de métodos como esses, a falsa adoração tem sido estabelecida e mantida.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 839.
Dn 3.6: “E qualquer que se não prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado dentro do forno de fogo ardente”.
“E qualquer que não se prostrar...” O presente versículo nos mostra a crueldade existente naquela corte. A punição para qualquer um que fosse insensato (segundo o rei) seria a sua morte iminente no lago de fogo ardente, que, sem dúvida, ficava ali perto do grande cortejo religioso. O presente texto e outros - correlatos nos dão a entender que a fornalha de fogo seria fechada por uma porta, pois a pessoa tinha de ser lançada ali no seu interior; isso também, segundo a tecnologia, era um meio natural de aumentar o calor forçando a entrada de ar e eliminando o oxigênio. E difícil vislumbrar qual teria sido a aparência daquela fornalha na velha Babilônia, a não ser o que pode ser depreendido dos textos em foco, pois a despeito de escavações, raramente dispomos de maquetes ou desenhos com dimensões apropriadas.
Dn 3.7: “Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, e de toda a sorte de música, prostraram- se todos os povos, nações e línguas, e adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado”.
"... prostraram-se todos os povos...” O original traz literalmente, “assim que começaram a ouvir, começaram a prostrar-se”. Houve uma resposta total e imediata. O rei havia atingido seu objetivo e a unidade que buscava. Devemos observar como são repetidas na narrativa, as expressões: “o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, etc”. (Ver os vv. 5, 7, 10,15). “Nesse culto religioso de Nabucodonosor não havia coisa alguma para a alma. Consistia apenas de coisas para agradar os olhos e ouvidos. Era apenas um culto de formalismo com cerimônias atraentes perante a imagem grande em tamanho, mas tudo tão-somente para despertar as emoções do povo. Tudo era muito oco e vazio. Não havia coisa alguma de sacrifício, de sangue, de perdão de pecados, do Espírito Santo, nem do novo nascimento com poder de livrar o pecador de seus pecados. Tudo era fantasia”.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 57-58.
2. A intenção do rei e o espírito do anticristo.
Nabucodonosor teve duas motivações principais para construir a grande estátua. A primeira motivação era exibir perante os povos do mundo representados naquele evento a sua soberba e vanglória. O texto diz literalmente que “ele fez uma estátua de ouro” (3.1). As dimensões e a magnitude da estátua eram impressionantes. Imaginem uma estátua de Tl metros de altura e 6 metros de largura aproximadamente. A soberba do Rei o tornou altamente arrogante e insolente, sem limites. A Bíblia diz que “a soberba precede a ruína”(Pv 16.18).
A segunda motivação de Nabucodonosor era o anelo de ser adorado como deus pelos seus súditos, por isso Ele deu ordens de que todos os oficiais do reino se reunissem naquele evento no campo de Dura (Dn 3.1) para adorarem à sua estátua. Sua intenção prenunciava o espírito do Anticristo que levantará a imagem da Besta para ser adorada no tempo do Fim (Mt 4.8-10; Ap 13.14-17). A intenção do Rei era impor a religião diabólica de sua imagem para dominar o mundo, não só no campo material e político, mas espiritualmente.
A acusação dos caldeus contra os judeus (3.8-12). Os três hebreus estavam lá na grande praça por força da ordem do rei. Todos os ilustres homens do império, os chefes de governos, os sátrapas, os governadores das províncias, os sábios, os sacerdotes dos vários cultos pagãos, todos estavam lá. A ordem era que quando a música fosse tocada todos deveriam ajoelhar-se e adorar a estátua do rei. Quem não obedecesse seria lançado na fornalha de fogo ardente. Os três jovens hebreus preferiam morrer queimados naquela fornalha do que negar a fé no Deus de Israel. Os três jovens hebreus, Ananias, Misael e Azarias quando foram para a Babilônia não tinham mais que 18 a 20 anos de idade. Nesta experiência do capítulo três, eles estavam na faixa dos 40 anos de idade, mas não sucumbiram nem fizeram concessões que comprometessem a sua fé em Deus. Eles não esmoreceram moral ou espiritualmente ante a ameaça de Nabucodonosor e a discriminação dos outros príncipes do Palácio. Diante da ameaça da fornalha ardente eles estavam seguros do cuidado de Deus, como falou o profeta Isaías: “Quando passares pelas águas, estarei contigo e, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 58-59.
I. Definição e caracteristica Geral da IDOLATRIA
1. Essa palavra vem do grego, eídolo. «idolo»., e latreueín, «adorar». Esse termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc., que tome o lugar de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos. Nesse sentido mais amplo, todos os homens, com bastante freqüência, se não mesmo continuamente, são idólatras. Naturalmente, essa condição surge em muitos graus; e um dos principais propósitos da fé religiosa e do desenvolvimento espiritual é livrar-nos totalmente de todas as formas de idolatria. Paulo, em Colossenses 3:5, ensina-nos que a cobiça é uma forma de idolatria. Isso posto, qualquer desejo ardente, que faça sombra ao amor a Deus, envolve alguma idolatria.
2. ~A idolatria consiste na adoração a algum falso deus, ou a prestação de honras divinas ao mesmo. Esse deus falso pode ser representado por algum bjeto ou imagem. Esse termo usualmente inclui a idéia da dendrolatria, da litolatria, da necrolatria, da pirolatria e da zoolatria... O estado mental dos idólatras é radicalmente incompativel com a fé monoteísta. A idolatria é má porque seus devotos, em vez de depositarem sua confiança em Deus, depositam-na em algum objeto, de onde não pode provir o bem desejado; e, em vez de se submeterem a Deus, em algum sentido submetem-se às perversões de valor representadas por aquela imagem».
3. Na idolatria há certos elementos da criação que usurpam a posição que cabe somente a Deus. Podemos fazer da autoglorificação um ídolo, como também das honrarias, do dinheiro, das altas posições sociais. Praticamente, tudo quanto se torne excessivamente importante em nossa vida pode tornar-se um ídolo para nós. A idolatria não requer a existência de qualquer objeto físico. Se alguém adora a um deus falso, sem transformar em deus a alguma imagem, ainda assim é culpado de idolatria, porquanto fez de um conceito uma falsa divindade.
4. Uma Rua de Mão Dupla de Trânsito. A antropologia tem mostrado amplamente que as religiões dos povos geralmente começam na idolatria, e então progridem para uma forma de fé mais pura, que finalmente, rejeita os tipos primitivos de conceitos que requeiram a presença de algum ídolo. Quando a fé de um povo vai-se tornando mais intelectual e espiritual, menor se vai tornando a necessidade de crassas representações materiais. Por outro lado, algumas vezes a idolatria resulta da degeneração de uma fé anteriormente superior. Vemos isso no Novo Testamento, em vários lugares, no tocante a Israel, a certas alturas de sua história. É admirável como a crueza domina essa questão. Em muitos lugares do' mundo, da Índia à Sibéria, da Melanésia às Américas, simples toras de madeira têm sido erigidas em memória de pessoas amadas ou de heróis já falecidos; e, então, essa tora de madeira ou pedra torna-se um objeto de adoração, porquanto muitos supõem que o espírito da pessoa retoma para residir ali. Um culto religioso então desenvolve-se, quando tal imagem é alvo de preces e oferendas, a fim de aplacar aquele suposto espírito. Na Escandinávia e nos países germânicos, os arqueólogos têm encontrado pedras e toras de madeira escavadas, com propósitos religiosos.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 206-207.
O Anticristo e seu falso profeta.
Tanto o Anticristo como o seu profeta aparecem aqui no capítulo 13, sob a figura de duas bestas. O Anticristo é a besta que sobe do mar em 13.1. O Falso Profeta é a besta que sobe da terra em 13.11. O Anticristo é assim chamado por duas razões. Ele se opõe a Cristo no sentido de resistir e hostilizar. Mas também se chama assim porque procura imitar a Cristo no seu papel de redentor.
Satanás estará na terra já durante a primeira metade da 70ª semana, mas não se revelará como o Anticristo até a metade da semana, quando cancelará sua aliança com Israel. As duas testemunhas profetizarão durante a primeira metade da semana, quando ele as perseguirá e as matará. É provável que nesse tempo a Besta coloque sua imagem no templo, já reconstruído em Jerusalém e exija adoração à sua pessoa.
A segunda besta ou o Falso Profeta procura imitar o Espírito Santo, como veremos ao estudarmos sobre ela neste mesmo capítulo.
l. A besta que subiu do mar - o Anticristo (13.1-10).
Versículo 1. "uma besta". A palavra usada no original indica animal selvagem. Isso mostra o caráter bestial, animalesco, baixo e vil do Anticristo, quando ele se manifestar abertamente. "Dez chifres... e sobre os chifres, dez diademas", o que indica a sua procedência satânica, pois o dragão aparece em 12.3 com sete cabeças e dez chifres. Mas há uma diferença entre os dois. Os diademas do dragão estavam nas cabeças (12.3), e os da besta nos chifres (13.1). Deste modo, os diademas do dragão eram sete, é os da besta dez. O profeta Daniel viu esse animal sob outro ângulo, porém tinha também sete cabeças e dez chifres (Dn 7.23,24).
Versículo 2. Aqui temos o que podemos chamar um retrato da besta: Parecida com leopardo, com pés de urso e boca de leão. Isso nos leva ao capítulo 7 de Daniel. Ali o leopardo é a Grécia; o urso é a Pérsia e o leão é Babilônia. O leopardo fala de rapidez; o urso, de força e o leão, de soberba. Certamente isso também significa que o domínio da besta será caracterizado por princípios que predominaram em Babilônia, na Pérsia e na Grécia e também no Império Romano, porque os dez chifres, como veremos logo mais, figuram uma expressão última daquele império. "E deu-lhe o dragão o seu poder". Assim, temos no início do capítulo a revelação de uma trindade satânica operando nesse tempo: o Dragão, que procura imitar Deus; a Besta, que imita o Senhor Jesus; e o Falso Profeta (a segunda besta), que imita o Espírito Santo. Que dias tenebrosos serão esses!
Versículo 5. O domínio da Besta será de 3 anos e meio. "Quarenta e dois meses", diz o versículo. "Foi-lhe dada uma boca que..." A Besta terá inigualável habilidade de influenciar as massas à ação com seus discursos inflamados. Com os modernos meios de comunicação por satélites, alcançará o mundo todo com sua demagogia saturada de poder maligno.
Versículo 7. Os "santos" aqui são aqueles que crerão durante a Grande Tribulação: judeus e gentios. Eles morrerão como mártires. A superigreja mundial encabeçada pelo Falso Profeta matará nesse tempo muito dos santos. Apocalipse 17.6: "Então vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus..."
Versículo 8. "dó Cordeiro que foi morto, desde a fundação do mundo". Significa que cada cordeiro que era imolado como sacrifício no Antigo Testamento, desde o primeiro que Abel imolou (Gn 4.4), era uma prefiguração do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Portanto, Cristo e sua obra redentora é o tema central das Escrituras. Em 1 Pedro 1.20 confirma isto: "conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vos".
2. A besta que subiu da terra - o Falso Profeta (13.11-18). Ele é chamado por esse nome em três lugares do Apocalipse: 16.13; 19.20; 20.10.
Versículo 11. "possuía dois chifres". O chifre é símbolo de poder em qualquer sentido. Podem indicar seu poder político e religioso, pois no versículo 12 está dito que ela exerce a autoridade da primeira besta e compele todos à adoração da primeira besta, "parecendo cordeiro, mas falava como dragão". A segunda besta é descrita como cordeiro, o que indica o seu caráter religioso, que é confirmado pelo seu título "falso profeta". Profeta de quê? Só pode ser uma falsa religião.
Versículos 12,13. A leitura desses versículos mostra que haverá muita religiosidade naqueles dias. O versículo 13 indica que será um período de muitos milagres. Porém em 2 Tessalonicenses 2.9, o Espírito Santo, falando
por meio de Paulo, diz: "Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios da mentira". Portanto, serão como sempre, milagres falsos, como acontece hoje em dia no espiritismo. Quando, por meio do espiritismo, o demônio sai de uma pessoa, muitos outros ficam doentes. O que acontece lá não é cura nem libertação, é um acordo entre os demônios, mas sempre com prejuízo do ser humano escravizado.
É a operação do erro, para crerem na mentira, como está escrito em 2 Tessalonicenses 2.11.
O Falso Profeta será, pois, um superlíder religioso. Pelos versículos 12 e 15 vê-se que ele promoverá uma religião universal em torno da primeira besta. O movimento religioso do ecumenismo já bem configurado por toda parte, visando unir todas as igrejas, e aceitando pessoas de todas as procedências religiosas (bastando que "creiam" em Deus) está aí. O palco já está armado; só faltam os atores para o drama...
Versículo 15. A imagem da Besta falará. Sim, falará como atualmente os demônios falam através dos médiuns espíritas.
Versículos 16-18. O nome e o número da Besta. Será fácil saber isto pelos que estiverem aqui quando a Besta surgir no cenário mundial. Para nós, os salvos, aguardamos o arrebatamento da Igreja, muito antes da manifestação desse Anticristo. "Número de homem" (v. 18). A Besta não será o Diabo, nem um homem ressuscitado, masi um homem personificando o Diabo. Três coisas são ditas dela, no versículo 17: sua marca, seu nome, e seu número.
O número "666" é número de homem ou humano (v. 18). O homem foi criado no sexto dia. Ao homem foi determinado que trabalhe seis dias na semana. O escravo hebreu servia por seis anos de cada vez. O homem cultivava a terra por seis anos de cada vez. Encontramos o número "666" no Antigo Testamento, mas sem qualquer relacionamento com o da Besta (1 Rs 10.14; 2 Cr 9.13). Muitos, através dos tempos, têm encontrado o número "666" nos nomes de muitas personagens da história, mas tudo não passa de especulação.
Conclusão sobre as duas bestas. Estes dois homens de que acabamos de tratar representam dois grandes movimentos mundiais nos últimos dias dos tempos dos gentios: uma confederação de nações para fins políticos, e uma confederação (também mundial) de igrejas para fins religiosos.
Observando com atenção a profecia, vemos que os tempos dos gentios começaram com a adoração compulsória de uma imagem idolátrica (Dn 3), e findarão, como acabamos de ver, com a adoração, também compulsória, de uma imagem, desta vez, da Besta, o último governante mundial dos tempos dos gentios.
Antônio Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos dias. Editora CPAD.
VIII - A Segunda Besta que se Levanta da Terra (Ap 13.11,12)
"E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão. E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada."
A primeira besta levantou-se do mar (isto é, das nações do mundo). Agora, a segunda besta há de se levantar da terra. Está claro, pois, que não vem do céu, apesar de sua proclamação e da ostentação que faz de seus poderes sobrenaturais. E "uma outra" besta; ou seja: é do mesmo tipo que a primeira. Sua aparência de cordeiro contrasta com suas palavras, pois fala "como dragão".
Ela procura dar a impressão de ser um cordeiro - gentil e cuidadoso, cheio de amor. Mas tudo não passa de encenação. Ela é má. Suas palavras, embora convincentes, são enganosas. Faz parte do trio diabólico, que é uma imitação da trindade. A verdadeira Trindade é uma tri-unidade composta por três pessoas divinas num único Ser Eterno. Este trio, porém, é constituído de seres separados; formam uma unidade somente nos planos satânicos.
A segunda besta exercerá toda a autoridade e poder diante da primeira besta. Isto significa que o dragão, o próprio Satanás, é também a fonte de poder da segunda besta.
Com seu poder, ela ajudará a primeira besta. Forçará a terra e todos os seus habitantes a adorá-la, mostrando como aquela ferida mortal foi curada. Fica claro, pois, que não somente a sua cabeça, mas todo o seu corpo achava-se mortalmente ferido. Todavia, foi esta restaurada. (Ver comentário no versículo 3). Observamos que a preocupação da segunda besta será com a religião; ela é, portanto, identificada como o Falso Profeta (16.13; 19.20; 20.10).
Alguns creem que o Falso Profeta estará à frente da igreja apóstata durante a primeira parte da Grande Tribulação (os verdadeiros crentes já terão sido arrebatados para o encontro com Senhor Jesus nos ares). Assim, o Falso Profeta tornar-se-á o líder do sistema religioso mundial que o Anticristo estabelecerá na última parte da Grande Tribulação. Ao glorificar a besta e a sua falsa ressurreição, o Falso Profeta imita o Espírito Santo, cuja missão é, entre outras coisas, glorificar o Cristo ressuscitado. IX - Milagres Enganosos e Falsos (Ap 13.13-15)
"E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens. E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia. E foi- lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta."
A segunda besta, o falso profeta, opera muitos sinais e milagres ("sinais" no versículo 13 é a tradução da mesma palavra grega (semeia) usada no Evangelho de João para descrever os milagres de Jesus). Na presença dos povos, o falso profeta faz até com que fogo, aparentemente vindo do céu, caia na terra. Trata-se de uma imitação clara do milagre realizado por Elias ao desafiar os israelitas a decidirem entre o Senhor e Baal. Apesar dos sacerdotes de Baal não puderem realizar o prodígio (1 Rs 18.22-34), o Falso Profeta, através do poder de Satanás, o fará. Todos ficarão impressionados. Até mesmo nesta era tão científica, há pessoas ingênuas dispostas a seguir os falsos profetas; são enganadas pelos milagres que não têm por objetivo a glorificação de Deus.
Os pretensos milagres do Falso Profeta têm por objetivo enganar a humanidade (1 Ts 2.9-12). Mas Israel é advertido em Deuteronômio 13.1-3 a precaver-se contra os profetas que, apesar dos sinais e milagres que operam, levam o povo a desviar-se do verdadeiro Deus. Os tais devem ser considerados impostores.
Pois os verdadeiros profetas falam por Deus, e encorajam o povo a servi-lo e a adorar a Cristo.
Pode ser que o Falso Profeta tente criar uma igreja ecumênica, aglutinando todas as religiões numa só, fazendo com que todos adorem o Anticristo. Seus pretensos milagres serão uma imitação dos sinais e portentos bíblicos; constituir-se-ão numa tentativa de copiar o ministério do Espírito Santo (ver comentário no versículo três).
Com os seus falsos sinais e milagres, a segunda besta confundirá os habitante da terra (isto é, os incrédulos que forem aqui deixados). Estes, afinal, já se encontram no caminho largo da destruição por rejeitarem o Cordeiro de Deus. Jesus advertiu que falsos profetas e falsos cristos levantar-se-iam no final dos tempos (Mt 24.24). O Anticristo e o Falso Profeta representam o clímax de todos estes enganos. As pessoas, contudo, não conseguirão enxergar que os milagres do Falso Profeta são enganosos. Hão de aceitá-los como prova de que a besta é o Cristo verdadeiro.
Na realidade, o Falso Profeta persuade a todos a dedicar uma estátua ao Anticristo - a besta que sobreviveu a ferida mortal. Tal estátua será como a idealizada por Nabucodonosor visando a adoração de si mesmo (Dn 3.1). A estátua, ao que parece, será colocada no templo a ser reconstruído em Jerusalém (Dn 9.26; Mt 24.15; 2 Ts 2.4). Consequentemente, ela tornar-se-á num ponto central de adoração à Besta.
Ao Falso Profeta é dado poder para comunicar vida à estátua da besta. O termo grego pneuma que pode ser usado como referência a qualquer tipo de espírito. Que tipo de trapaça, ou fraude, capacitou a besta a realizar tal portento, a Bíblia não revela. Talvez o Falso Profeta tenha ordenado ao espírito demoníaco que animasse a estátua. Ao fazê-lo, o Falso Profeta reivindica poder divino para si mesmo e à primeira besta - o Anticristo. Este é um dos seus maiores enganos. A Bíblia deixa claro que somente Deus pode criar e dar a vida. O verbo hebraico bara, "criar", é sempre mostrado na Bíblia em estreito relacionamento com Deus. De diversas formas a Bíblia proclama o Senhor Deus tanto Criador como Redentor.
Através deste "espírito" a estátua da besta põe-se a falar, induzindo a humanidade a crer que o Anticristo seja realmente um ser divino. A estátua da besta, então, baixa um decreto, determinando que sejam mortos os que se recusarem a adorar o Anticristo. Isto reforçará a exigência do Falso Profeta quanto a uma religião única. Mas os que resistirem ao Anticristo e continuarem a adorar a Jesus, serão martirizados por sua fé (Ap 6.9; 14.12,13; 17.9- 17). Fica patente, pois, que o Anticristo não seguirá uma filosofia ateísta. Seu sistema será religioso. Ele usará a religião para exaltar-se a si mesmo como Deus, como o fizeram os antigos reis da Assíria, Babilônia e Roma.
X - A Marca da Besta (13.16-18)
"E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas; para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis."
O Falso Profeta não fará exceções em sua exigência para que todos os habitantes da terra recebam a marca do Anticristo (isto é, da primeira besta). O texto diz claramente que todos serão marcados - "pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos".
A marca da besta é o substitutivo de Satanás para a marca com a qual o 144.000 serão selados (Ap 7.3), e que servirá para identificar os que pertencem a Deus. A marca da besta identificará os seus seguidores, os que se acham sob o controle de Satanás.
A palavra "marca" (grego charagma) era usada para designar o selo, que poderia ser gravado, colado ou impresso. Era destinado a marcar cavalos, autenticar documentos e cunhar moedas. (2) Não há, contudo, evidência de que algum tipo de selo haja sido usado, nos dias de João, para marcar seres humanos. (3) Nenhuma marca era impressa naqueles que juravam lealdade aos imperadores de Roma. Isto evidencia estar completamente equivocada a perspectiva preterista usada para interpretar o Apocalipse. A natureza da marca da besta, ou o método pela qual é aplicada, não é descrita, exceto a indicação do seu número. Fica claro que, desde o momento em que a for aplicada, tornar-se-á permanente. Os que a aceitam, farão como testemunho de sua rejeição a Cristo. A pressão econômica os ajudará a decidir-se por receber a marca.
Entende-se pelo texto que a marca da besta controlará a economia de todo o mundo, pois ninguém poderá comprar ou vencer sem esta identificação. Nada disto aconteceu durante as perseguições romanas, ou nos períodos mais negros da história da Igreja.
O domínio sobre a economia mundial será usado como incentivo aos reticentes para que aceitem a marca da besta. Desde que a marca é identificada com o nome da primeira Besta, ela tem a ver com a sua natureza e caráter. A marca simboliza ainda plena submissão ao Anticristo e ao Falso Profeta. Lendo o versículo 15, tem-se a impressão de que os que se recusam a recebê-la serão identificados, descobertos e martirizados.
O versículo 18 oferece uma pequena lista para se entender o sentido da marca e do nome, ou caráter, da besta. O número 666, no entanto, tem-se tornado mui controvertido, e vem promovendo mais especulações que qualquer outra coisa da Bíblia.
Antes da invenção dos números arábicos (0,1,2,3...), os judeus e gregos tinham de escrever os números por extensos. Com o passar do tempo, começaram a substituir as letras do alfabeto pelo nome dos números. Assim, as primeiras dez letras eram usadas para os números de 1 até 10. A letra seguinte designava o 20, a outra 30, e daí por diante.
Vem se constituindo num passatempo popular adicionar letras aos mais diversos nomes para se obter a identidade da besta. Alguns concluem que o Anticristo haja sido Nero César, pois tal nome em caracteres hebraicos soma 666. Contudo, o Apocalipse está no grego, e fala do Alfa e do Omega, letras do alfabeto grego; e não "Alefe" e "Tau", letras do alfabeto hebraico. Assim, há somente especulação ao atribuir-se o número 666 a Nero.
Através da história, vem-se tentando identificar o Anticristo nos ditadores e tiranos. Quando me encontrava em Israel em 1962, um judeu convertido disse-me para prestar atenção no nome de Richard Nixon, pois vertido em hebraico soma exatamente 666. Mais tarde, um irmão da Itália contou-me que a inscrição dedicada ao papa, e que pode ser vista no interior da basílica de São Pedro, em Roma, em algarismos latinos, também soma 666. E digno de nota que alguns escribas antigos substituíssem deliberadamente o número 666, por 616, para que se encaixasse com o nome de Calígula. A Igreja Primitiva, unanimemente, rejeitou o artifício.
O Apocalipse, contudo, nada fala sobre a soma de números do nome da besta. A única chave é esta: "é o número de um homem". Expositores da Bíblia interpretam o seis para simbolizar a raça humana. O três para designar a Trindade. As tripla repetição - 666 - pode simplesmente significar que o Anticristo é um homem que crê ser um deus, membro de uma trindade composta pelo Anticristo, Falso Profeta e Satanás (2 Ts 2.4; Ap 13.8)
HORTON. Stanley. M. Serie Comentário Bíblico Apocalipse As coisas que Brevemente devem acontecer. Editora CPAD.
3. Coragem para não fazer concessões à idolatria (Dn 3.12).
Três acusações graves contra os judeus (3.12).
A primeira acusação: “não fizeram caso de Ti”(v. 12). Esta expressão é o mesmo que dizer: eles não te respeitaram como rei. Os seus acusadores passaram a ideia de que os jovens, quando não se ajoelharam nem adoraram a estátua do rei, voluntária e maliciosamente, decidiram desafiar publicamente a autoridade do rei.
A segunda acusação: “a teus deuses não servem” (v. 12). Estavam afirmando ao rei que os jovens hebreus não prestavam culto aos deuses da Babilônia, uma vez que havia um politeísmo babilônico exacerbado com muitos deuses e deusas. Os jovens hebreus mantiveram a fé recebida de seus pais em Jerusalém. Eles não serviriam a outros deuses, senão a Jeová, o Deus de Israel.
A terceira acusação: “não servem, nem a estátua de ouro que levantaste, adoram” (v. 12). Os caldeus entendiam que a atitude dos jovens hebreus era de total rebelião e contra as demais religiões representadas pelas nações exiladas na Babilônia.
A lição que aprendemos com esses jovens hebreus é que eles conheciam a Deus e sabiam que Ele tinha poder para interferir naquela situação e livrá-los da morte.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 59.
O presente versículo mostra os acusadores em plena atividade, prestando um serviço à pessoa de Satanás, o acusador de nossos irmãos, "... o qual diante de nosso Deus os acusava de dia e de noite” (Ap 12.10). Eles bem sabiam das circunstâncias em que estes judeus haviam sido designados para os cargos, e estavam ressentidos pelo fato de ter o rei promovido estrangeiros para estarem acima deles. Agora, porém, segundo eles, estava ali a oportunidade de obter o favor do rei, revelando-lhes a traição daqueles jovens inocentes. Eles esqueceram que Deus “se curva para ver o que está nos céus e na terra. Que do pó [do próprio cativeiro] levanta o pequeno, e do monturo ergue o necessitado, para o fazer assentar com os príncipes...” (SI 113.6-8). Sadraque, Mesaque e Abdenego, foram promovidos ali, exclusivamente pela misericórdia de Deus (Dn 2.49).
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 60.
O coração dos três judeus (vv. 8-12).
No entanto, naquela imensa multidão, três homens permaneceram em pé, mesmo quando todo o resto prostrou-se com o rosto em terra. Sua fé estava no verdadeiro Deus vivo e na Palavra que ele havia dado a seu povo. Conhecendo a história do povo judeu, tinham certeza de que o Senhor estava no controle e de que não havia nada a temer.
O profeta Isaías havia escrito: "Mas agora, assim diz o S en h o r , que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti" (is 43:1, 2). Ter fé significa obedecer a Deus apesar dos sentimentos dentro de nós, das circunstâncias a nosso redor ou das conseqüências diante de nós.
E difícil reconstruir os detalhes dos acontecimentos, mas tudo indica que o rei Nabucodonosor e seus conselheiros ("caldeus") não estavam juntos enquanto assistiam à cerimônia e o rei não havia exigido que se juntassem ao povo em sua adoração. E possível que tivessem declarado sua lealdade em particular por considerarem um insulto juntar-se "à ralé". Uma vez que os três homens hebreus tinham cargos nas províncias (Dn 2:49), deviam estar presentes, mas não sabemos exatamente onde.3 Ao que parece, Nabucodonosor não tinha como observá-los, mas os caldeus podiam ver o que eles faziam e, sem dúvida, esses homens perversos vigiavam e esperavam uma oportunidade de acusar os três estrangeiros que haviam sido promovidos a líderes dos babilônios.
Não sabemos se esse grupo de conselheiros era o mesmo que havia sido envergonhado quando Daniel interpretou o sonho do rei, mas se esse é o caso, esqueceram-se rapidamente de que os "estrangeiros" haviam salvo a vida deles.
A verdadeira fé não teme as ameaças, não se impressiona com as multidões nem se abala com cerimônias supersticiosas. A verdadeira fé obedece ao Senhor e confia que ele cuidará das conseqüências. Esses três homens judeus conheciam a lei de Deus:
"Não terás outros deuses diante de mim [...]. Não as adorarás, nem lhes darás culto" (Êx 20:3, 5). Uma vez que o Senhor falou sobre um assunto, isso está resolvido e não há espaço para discussão nem necessidade de transigência. Prostrar-se diante de uma imagem, ainda que uma só vez, quaisquer que fossem as desculpas que pudessem dar, teria acabado com seu testemunho e rompido sua comunhão com Deus. O tempo do verbo grego, em Mateus 4:9, indica que Satanás pediu a Jesus que o adorasse apenas uma vez, e o Salvador se recusou. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego não se prostrariam diante da imagem de ouro nenhuma vez, pois isso os levaria a servir os falsos deuses de Nabucodonosor para o resto da vida.
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. IV. Editora Central Gospel. pag. 323-324.
III – A FIDELIDADE A DEUS ANTE A
FORNALHA ARDENTE (Dn 3.8-12)
1. Os jovens hebreus foram acusados e denunciados (vv.8-12).
A punição foi inevitável. A ordem do rei não podia voltar atrás. Os inimigos dos três jovens hebreus não deram tréguas aos judeus. Depois de acusados e denunciados tiveram que enfrentar e submeter-se à punição do rei. Os seus algozes foram os mesmos que haviam sido poupados anteriormente da pena de morte no episódio do sonho do rei no capítulo 2 e não tiveram a menor consideração com seus pares dentro do Palácio. O rei, tão logo foi informado da desobediência dos jovens hebreus, ficou enfurecido e os chamou diante de si. Foram interrogados e, mais uma vez ameaçados com a punição da fornalha ardente, mas os servos do Deus Altíssimo mantiveram sua fidelidade à fé judaica. Eles não se intimidaram diante das ameaças porque sabiam que Deus poderia intervir naquela situação, e estavam prontos a serem queimados vivos sem trair a sua fé.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 60.
Dn 3.8 Ora, no mesmo instante, se chegaram alguns homens caldeus. O rei se fizera entender claramente. Ninguém poderia dizer-se ignorante da lei. Alguns oficiais provinciais observaram que havia três jovens judeus que não cumpriam seus “deveres religiosos”. Esses jovens estavam cometendo um claro ato de traição. Não temos aqui menção ao grupo de judeus no cativeiro, mas somente aos três jovens companheiros de Daniel, o que indica claramente que as massas dos judeus estavam obedecendo ao edito real. O três tinham sido colocados em posição de autoridade (ver Dan. 2.49 e 3.12), o que os tornara conspícuos.
E acusaram os judeus. Diz a Revised Standard Version: “acusaram maliciosamente”.
Isso é justificado pelas palavras literais: “e comeram seus pedaços”. Esta é uma expressão idiomática no aramaico, que comumente significava “acusar” , o que demonstra uma atitude virulenta. O aramaico também usava a expressão “comeram a carne deles” (Quran, 49.12). Cf. as palavras akalo karsi, das cartas de Tel-el-Amarna (e ver Sal. 27.2). Pode ter havido inveja política na questão, em que um partido tentava derrubar outro. A única coisa pior do que a perseguição política é a perseguição religiosa.
Dn 3.9 Disseram ao rei Nabucodonosor. Aqueles pequenos oficiais locais, em sua tremenda inveja, certificaram-se de que o rei ouvisse sobre a clara infração que tinham descoberto. Dessa maneira, demonstraram quão competentes e patriotas eram revelando a questão assim que puderam. Demonstraram respeito pelo rei, desejando que ele “vivesse para sempre”, e não dando valor algum à vida dos três “criminosos”, “Um prefácio de lisonja foi seguido de perto pela crueldade. Assim também, em Atos 24.2,3, onde Tértulo, ao acusar Paulo diante de Félix, começou lisonjeando o governador romano” (Fausset, in Ioc.). O restante dos judeus acom panhava o movimento de apostasia; Daniel era importante e favorecido demais para alguém tentar atingi-lo. Assim sendo, a ira recaiu sobre os três amigos de Daniel, que são m encionados por nome no vs. 12.
Dn 3.10 Tu, ó rei, baixaste um decreto, Aqueles réprobos lembraram a Nabucodonosor que fora ele próprio quem decretara, de modo “justo e sábio”, que, ao começarem a tocar os instrumentos m usicais (já listados por duas vezes nos vss. 5 e 7), todos deveriam prostrar-se e adorar a imagem feita pelo monarca. Os instrumentos tinham sido tocados, O decreto entrara em efeito. Mas certos jovens preferiram desobedecer ao decreto real. Este versículo é uma repetição virtual do vs. 5, onde são oferecidas notas expositivas.
Dn 3.11 Qualquer que não se prostrasse e não adorasse. Este versículo repete essencialmente o vs. 6 — o resultado para quem não obedecesse ao decreto, ou seja, a fornalha ardente. Ver notas alí. Aqueles homens ímpios e desvairados agora “exigiam” que a execução ocorresse. Provavelmente eles seriam galardoados de alguma maneira, ainda que somente com a satisfação de ver a queda dolorosa de inimigos políticos que, além do mais, eram estrangeiros desprezados.
Dn 3.12 Há uns homens judeus. Os réprobos não demoraram a identificar os “traidores”: eram aqueles três estrangeiros, os desprezíveis cativos judeus, a saber, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, homens desobedientes e ímpios que ousavam desafiar o rei e o seu decreto, dignos da punição ameaçadora. Quanto aos nomes desses três homens, seus nomes hebraicos originais e seus novos nomes babilônicos, ver Dan. 1.6,7. O texto não menciona a razão pela qual Daniel (que também, sem dúvida, desobedecera ao decreto real) não estava entre os acusados.
Por isso floresceram várias conjecturas: 1. Daniel era alto demais para ser tocado; 2. ele estaria viajando; 3. ele teria seu próprio julgamento severo (capítulo 6), pelo que pôde ter-se mostrado culpado no caso, mas fora deixado em paz propositadamente.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3384-3385.
As pessoas ingratas têm memória curta (v. 8). Os caldeus tinham sido poupados da morte pela intervenção de Daniel e seus amigos (Dn 2.5,18). Agora eles, de forma ingrata, acusam as pessoas que lhes ajudaram, no passado, a se livrar da morte. A ingratidão é uma atitude que fere as pessoas e entristece a Deus. A acusação dos caldeus é maliciosa. A palavra hebraica significa “comer a carne de alguém”.
As pessoas invejosas tentam se promover buscando a destruição dos concorrentes (v. 12). Os caldeus usam a arma da bajulação ao rei antes de acusar os judeus. Eles acrescentam um fato inverídico: “Não fizeram caso de ti”. Eles não querem informar, mas distorcer os fatos e destruir os judeus. Isso, apenas porque esses judeus foram constituídos sobre os negócios da província. A inveja foi o pecado que levou Lúcifer a ser um querubim descontente, mesmo no céu, e a tornar-se um demônio. A inveja provoca contendas, brigas, mortes e desastres. As pessoas fiéis, entretanto, entendem que fidelidade é uma questão inegociável. A fidelidade a Deus é mais importante que a preservação da própria vida. Esses jovens entenderam que agradar a Deus é mais importante que preservar a própria vida. A principal lição desse texto não é o livramento miraculoso, mas a fidelidade inegociável.
Três jovens têm coragem de discordar de todos; de preferir a morte ao pecado. Estão dispostos a morrer, não a pecar. Transigir era uma palavra que não constava do vocabulário deles.
A fidelidade incondicional não é uma barganha com Deus. Muitas vezes, nossa fidelidade a Deus nos levará à fornalha, à cova dos leões, à prisão, a sermos rejeitados pelo grupo, a sermos despedidos de uma empresa, a sermos rejeitados na escola. Nosso compromisso não é com o sucesso, mas com a fidelidade a Deus.
Ceder à pressão da maioria pode destruir sua vida mais que o fogo da fornalha. Muitos jovens crentes são tentados a ceder. Jovens cristãos são instados a se embriagar com seus amigos ou a perder a virgindade antes do casamento. São tentados a mentir aos pais, a ver filmes indecentes, a curtir músicas maliciosas do mundo. O mundo tem sua própria fornalha ardente à espera daqueles que não se conformam em adorar seus ídolos. E a fornalha de ser desprezado, ridicularizado. Os que são fiéis a Deus são chamados de retrógrados. Cuidado com a opinião da maioria, ela pode estar errada e, via de regra, está.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 53-54.
E estranho ver que Sadraque, Mesaque, e Abede-Nego estavam presentes nessa reunião, sabendo, provavelmente, qual era o intento dessa convocação. Podemos supor que Daniel estivesse ausente porque os seus negócios o requisitavam, ou porque ele tivesse a dispensa do rei para se retirar, a menos que suponhamos que ele estivesse tão elevado no favor do rei que ninguém ousasse se queixar dele pela sua desobediência. Mas por que os seus companheiros não se afastaram do caminho? Certamente porque queriam obedecer ao rei até onde fosse possível, e estariam prontos a dar um testemunho público contra essa idolatria grosseira. Eles não acharam suficiente não se prostrarem diante da imagem, mas, estando no evento, se viram obrigados a ficar de pé diante dela, embora fosse a estátua que o rei, seu senhor, havia levantado, e uma estátua de ouro para aqueles que a adorassem. Então: IA denúncia é trazida ao rei por alguns caldeus, contra esses três homens que não obedeceram ao decreto real (v. 8). Talvez esses caldeus que os acusaram fossem alguns daqueles magos ou astrólogos que foram particularmente chamados de caldeus (cap. 2.2,4). Eles eram aqueles que guardavam rancor contra os companheiros de Daniel por causa dele, devido ao fato de ele tê-los ofuscado junto com esses companheiros. Os amigos de Daniel, por suas orações, tinham obtido a misericórdia que salvou a vida desses caldeus. Mas estes retribuíram o bem com o mal. Eram adversários daqueles que demonstraram amor. Isto também aconteceu com Jeremias, que intercedeu diante de Deus por aqueles que mais tarde cavaram uma cova para a sua vida (Jr 18.20). Não devemos estranhar o fato de nos depararmos com homens ingratos. Ou talvez esses fossem os caldeus que esperavam pelos cargos aos quais esses homens foram promovidos, e invejavam o favorecimento deles. E quem pode suportar a inveja? Eles apelaram ao próprio rei a respeito do decreto. Apresentaram-se com o devido respeito à sua majestade, fazendo a saudação habitual: “O rei, vive eternamente!” (como se não visassem nada além da honra do rei, e quisessem servir aos seus interesses, quando, na verdade, estavam colocando sobre o rei aquilo que ameaçava a ruína dele e do seu reino). Então pedem licença: 1. Para lembrá-lo da lei que ele havia feito recentemente, pela qual toda sorte de pessoa, sem exceção de nação ou língua, deveria se prostrar e adorar a imagem de ouro. Eles também o lembraram da penalidade que pela lei deveria ser infligida aos que se recusassem: deveriam ser lançados no meio do forno de fogo ardente (w. 10,11). Não pode ser negado que essa era a lei. Ela deveria ser considerada, quer fosse uma lei justa ou não. 2. Para informá-lo de que esses três homens, Sadraque, Mesaque, e Abede-Nego, não haviam obedecido ao seu decreto (v. 12). E provável que Nabucodonosor não tivesse qualquer propósito específico de apanhá-los em uma armadilha ao fazer a lei, porque então ele mesmo estaria de olho neles, e não teria precisado dessa informação. Mas os seus inimigos, que buscavam uma oportunidade contra eles, aproveitaram isso, e se apressaram a acusá-los. Para agravar a situação, e incitar mais o rei contra os servos de Deus: (1) Eles o lembram da dignidade com que os criminosos tinham sido favorecidos. Embora fossem judeus, estrangeiros, cativos, homens de uma nação e religião desprezíveis, o rei os havia constituído sobre os negócios da província de Babilônia. Era, portanto, uma ingratidão e uma insolência intolerável desobedecerem à ordem do rei, depois de terem recebido tantos favores daquele monarca. E, além disso, a elevada posição em que estavam tornava a recusa deles ainda mais escandalosa. Isto seria um mau exemplo, e teria uma má influência sobre os outros. Portanto, era necessário que essa atitude fosse punida com muito rigor. Desse modo, os príncipes que são suficientemente incitados contra pessoas inocentes geralmente têm muitos ao redor deles que farão tudo o que puderem para agravar a situação. (2) Eles sugerem que isso foi feito maliciosamente, obstinadamente, e em desprezo ao monarca e à sua autoridade: “Eles não fizeram caso de ti. A teus deuses não servem, nem a estátua de ouro, que levantaste, adoraram.”
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 839-840.
2. A resposta corajosa dos jovens hebreus (Dn 3.16-18).
“agora, se estais prontos” (3.15). Eles estavam prontos, não para obedecer a imposição do rei quanto à sua fé. Eles estavam prontos, sim, para manter a sua fé no Deus que podia mudar toda aquela situação. Aqueles jovens entendiam que fidelidade é algo inegociável. A fidelidade desses jovens era mais que uma qualidade de caráter, era uma confiança inabalável em Deus que haveria de intervir naquela situação. A resposta resultava do conhecimento prévio que tinham do mandamento divino: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Ex 20.3-5). Deus busca homens e mulheres que tenham a fibra de manter a fidelidade a Ele mesmo quando ameaçados.
“Não necessitamos de te responder sobre este negócio” (3.16). A confiança em Deus e a certeza de que Deus faria alguma coisa lhes deu a convicção de que valia a pena enfrentar a fornalha pelo nome de Jeová.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 60-61.
Dn 3.16 Responderam Sadraque, Mesaque e A bede-Nego ao rei. O rei não precisou mandar tocar de novo a música, nem os três cativos vacilaram , debateram e ficaram jogando na tentativa de escapar do inevitável, por meio de argumentos espertos. O caso era fácil: eles precisavam ser fiéis a Yahweh e entregaram sua vida nas mãos Dele, incondicionalmente. Assim , os três judeus responderam que não tinham necessidade de defender-se. A defesa deles era Yahweh, ou então não tinham defesa algum a. Se ser alguém leal a Yahweh era um crime, então eles eram os piores crim inosos, pois a lealdade deles era grande e sem hesitações.
“A hesitação ou a parlamentação com o pecado é fatal. Uma decisão sem hesitação é a única vereda segura quando a vereda do dever é clara (ver Mat. 10.19,28)” (Fausset, in Ioc.). “Há certa demonstração de orgulho aqui, como no caso da resposta de Daniel ao rei, em Dan. 5.17. Era um orgulho derivado da consciência de que, na qualidade de seivos de Deus, eles eram superiores a qualquer potentado, e, assim, não precisavam de sua clemência ou de seus dons" (Arthur Jeffery, in Ioc.).
Dn 3.17 Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos... Elohim, o Poder (relativo a Elah, a palavra caldaica que aparece neste versículo), era capaz. Eles estavam dispostos a submeter o Senhor a teste. Esperavam livramento — ser tirados da fornalha, e não postos dentro dela. Esse seria um livramento da mão perversa do rei idólatra. A tarefa era impossível para a instrumentalidade humana.
Nesse caso, somente o Ser divino poderia fazê-lo. Ocasionalmente, todos os homens enfrentam situações em que “somente Deus é capaz” e então são obrigados a entregar a vida nas mãos Dele.
Oh, Senhor, concede-nos tal graça!
Ao serem submetidos a teste, eles também estavam submetendo Yahweh a teste.
Dn 3.18 Se não, fica sabendo, ó rei. Se eles seriam livrados ou não, não fazia nenhuma diferença. Eles sabiam que a idolatria estava errada, mesmo quando se tratasse da idolatria do governo, a lei da terra, mas eles não se envolveriam nisso, sem importar o que essa atitude lhes custaria. O tema principal da história, pois, emerge: O martírio é preferível à apostasia, uma lição que poucos judeus, na época do ataque babilônico e do cativeiro, tinham aprendido. Judá estava perdida em sua idolatria-adultério-apostasia. Este livro praticamente não usa o nome divino Yahweh, o qual, para os judeus piedosos, tinha-se tornado santo demais para que fosse proferido. Portanto, o nome Deus é usado aqui, e aquele título especial é evitado.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3385.
Eles respondem algo com que todos concordam, que eles ainda permanecem firmes em sua decisão de não adorarem a estátua de ouro (w. 16-18). Temos aqui um exemplo de firmeza e magnanimidade que são raramente encontrados. Chamamos esses servos de Deus de “os três jovens”, mas deveríamos chamá-los de “os três campeões”, “as três preciosidades do reino de Deus entre os homens”. Eles não explodiram em qualquer violência ou paixão imoderada contra aqueles que adoravam a imagem de ouro, não os insultaram ou os afrontaram. Nem se lançaram precipitadamente a um tribunal, ou saíram do seu caminho para ir ao martírio da corte. Mas, quando foram devidamente chamados à prova de fogo, se comportaram corajosamente, com uma conduta e coragem que convinha aos sofredores de uma causa tão nobre. O rei não foi tão ousado e mal ao fazer esse ídolo, mas eles foram corajosamente bons quando testemunharam contra ele. Eles mantiveram a sua calma de uma forma admirável e exemplai; não chamaram o rei de tirano ou de idólatra (a causa de Deus não precisa da ira do homem), mas, com uma calma e tranqüilidade de espírito exemplar, eles deram sua resposta, pela qual resolveram aceitar as conseqüências. Observe:
1. O desprezo bondoso e generoso deles em relação à morte, e a nobre indiferença com a qual olham para o dilema que lhes é apresentado: “O Nabucodonosor, não necessitamos de te responder sobre este negócio”. Eles não lhe negam com mau humor uma resposta, nem permanecem mudos. Mas lhe dizem que não estão preocupados com isso. Não há necessidade de uma resposta (assim se lê). Eles decidem não obedecer, e o rei está decidido que eles morrerão se não obedecerem. A questão, portanto, está decidida, e por que isso deveria ser discutido? Mas é melhor ler: “Não queremos dar uma resposta para ti, nem temos de procurar uma, mas viemos preparados”.
(1) Eles não precisavam de tempo para deliberar a respeito desse negócio. Pois não tiveram a mínima hesitação se iriam obedecer ou não. Era uma questão de vida ou morte, e alguns diriam que eles poderiam ter pensado melhor antes de decidir. A vida é desejável, e a morte é terrível. Mas quando o pecado e a obrigação que estavam envolvidos no caso foram imediatamente determinados pela letra do segundo mandamento, e nenhum espaço foi deixado para se questionar o que era certo, então a vida e a morte que estavam envolvidos no caso não deveriam ser consideradas. Note que aqueles que querem evitar o pecado não devem negociar com a tentação. Quando aquilo a que somos atraídos ou aquilo que nos aterroriza é manifestadamente mal, o impulso deve ser rejeitado com indignação e repulsa, sem que haja qualquer hesitação. Não queira discutir o assunto, mas diga então, como Cristo nos ensinou: “Para trás de mim, Satanás”.
(2) Eles não precisavam de tempo para planejar como responderiam. Enquanto fossem defensores de Deus, chamados para testemunhar a favor de sua causa, eles não tinham dúvidas de que lhes seria dado na mesma hora o que deveriam falar (Mt 10.19). Eles não estavam planejando uma resposta evasiva, quando uma resposta direta estava sendo esperada deles. Não, nem iriam rogar ao rei que não insistisse nisso. Não há nada na resposta deles que pareça alguma saudação. Eles não começaram como os seus acusadores: “O rei, vive eternamente!” Também não fizeram nenhuma insinuação ardilosa, a captandam benevolentiam - para deixá-lo de bom humor, mas disseram tudo de forma clara e direta: “O Nabucodonosor, não precisamos te responder sobre este negócio”. Observe que aqueles que fazem da sua obrigação a sua preocupação principal, não precisam se preocupar com as várias situações que possam vir a enfrentar.
2. A forte confiança deles em Deus e a sua dependência dele (v. 17). Foi isso que os capacitou a olhar para a morte com tanto desprezo, a morte em seu esplendor, a morte em todos os seus terrores. Eles confiavam no Deus vivo, e por esta fé escolheram antes sofrer do que pecar. Por essa razão não temeram a ira do rei, mas resistiram, porque, pela fé, tinham o seu olhar fixo Naquele que é invisível (Hb 11.25,27): “Se for assim, se formos trazidos a essa dificuldade, se formos lançados na fornalha de fogo ardente a menos que sirvamos aos teus deuses, saiba, então:” (1) “Que embora não adoremos os teus deuses, não somos ateus. Há um Deus que podemos chamar de nosso, a quem nós fielmente estamos ligados.” (2) “Que servimos a esse Deus precioso. Temos nos dedicado à sua honra. Estamos empenhados em sua obra, e dependemos dele para nos proteger, suprir as nossas necessidades, e nos recompensar”. (3) “Que temos plena certeza de que este Deus é capaz de nos livrar da fornalha de fogo ardente. Quer Ele nos livre ou não, temos certeza de que Ele pode impedir que sejamos lançados na fornalha, ou de nos resgatar dela.” Note que os servos fiéis de Deus confiarão que o Senhor é capaz de sustentá-los nos seus serviços, controlando e dominando todos os poderes que são armados contra eles. ‘Senhor, se quiseres, tu podes’. (4) “Que temos motivos para esperar que Ele nos livre”, em parte porque, em um vasto comparecimento de idólatras como esse, seria muito oportuno, para a honra do seu nome grandioso, livrá-los, e em parte porque Nabucodonosor o havia desafiado a fazer isto - Quem é o Deus que irá vos livrar? Deus às vezes se manifesta de forma extraordinária para calar as blasfêmias do inimigo, como também para responder as orações do seu povo (SI 74.18-22; Dt 32.27). “Mas, se Ele não nos livrar da fornalha ardente, Ele nos livrará da tua mão”. Nabucodonosor pode apenas atormentar e matar o corpo. E, depois disso, não há mais nada que ele possa fazer. Então eles são afastados do seu alcance, e livrados da sua mão. Observe que os bons pensamentos a respeito de Deus, e uma plena certeza de que Ele está conosco enquanto estivermos com Ele, nos ajudará muito a passarmos pelos sofrimentos. E, se Ele for por nós, não precisaremos temer o que os homens possam nos fazer, mesmo que tentem fazer o pior. Deus nos livrará da morte ou na morte.
3. A firme decisão deles de permanecerem fiéis aos seus princípios, quaisquer que possam ser as conseqüências (v. 18): “Mas se não for assim, mesmo que Deus ache por bem não nos livrar da fornalha ardente (o que sabemos que Ele pode fazer), se Ele permitir que caiamos na tua mão, saiba ó rei, que não serviremos estes deuses, embora eles sejam os teus deuses, nem adoraremos esta imagem de ouro, embora tu mesmo a tenhas levantado”. Eles não estão envergonhados nem com medo de reconhecer a sua religião, e dizem ao rei, face a face, que não têm medo dele, e que não lhe prestarão obediência. Se eles tivessem consultado a carne e o sangue, muito poderia ter sido dito para trazê-los a uma concordância, especialmente diante da impossibilidade de evitar a morte, uma morte tão sofrida. (1) Não foi exigido que eles renunciassem ao seu próprio Deus, ou que abandonassem a sua adoração. Não, nem que por uma confissão ou declaração verbal reconhecessem essa imagem de ouro como sendo um deus, mas apenas se prostrassem diante dela, o que eles poderiam fazer com uma reserva secreta em seus corações pelo Deus de Israel, detestando essa idolatria interiormente, assim como Naamã se inclinou na casa de Rimom. (2) Eles não iriam cair no caminho da idolatria. Era exigido deles apenas um simples gesto, que seria feito em um minuto, e o perigo teria acabado, e poderiam depois disso declarar a sua tristeza por isso.
(3) O rei que ordenou isso tinha um poder absoluto. Eles estavam sujeitos a ele, não só como súditos, mas como cativos. E, se eles fizessem isso, seria puramente por coerção e coação, o que serviria para desculpá-los. (4) Ele havia sido o benfeitor deles, os havia educado e favorecido, e em gratidão a ele, eles deveriam ir até onde pudessem, embora isso fosse exigir demais de sua consciência. (5) Eles estavam agora sendo forçados a entrar em um país estranho, e para aqueles que eram assim forçados a sair, foi dito, na verdade: “Vai, serve a outros deuses” (1 Sm 26.19). Foi considerado como certo que, na disposição deles, eles serviriam a outros deuses, e isto se tornou uma parte do juízo (Dt 4.28). Eles poderiam ser desculpados se tivessem seguido a corrente que era muito forte. (6) Os seus reis, os seus príncipes, os seus pais, e os seus sacerdotes também, levantaram ídolos até mesmo no Templo de Deus, e os adoraram ali, e não só se incli naram diante deles, mas levantaram altares, queimaram incenso, e ofereceram sacrifícios a esses ídolos, sim, até mesmo os seus próprios filhos. Não adoraram todas as dez tribos, por muitas gerações, deuses de ouro em Dã e Betei? Serão eles mais exigentes do que os seus pais? Communis errorfacitjus - O que todos fazem deve estar certo. (7) Se eles concordassem salvariam as suas vidas e manteriam os seus cargos, e assim estariam em condições de prestar um grande serviço aos seus irmãos na Babilônia, e por muito tempo. Porque eles eram jovens, e estavam prosperando. Mas há o suficiente naquela única palavra de Deus com a qual se deve responder e calar estes e muitos outros argumentos carnais: Não te inclinarás diante de nenhuma imagem, nem a adorarás. Eles sabem que devem obedecer a Deus antes de ao homem. Eles devem, antes, sofrer do que pecar, e não devem fazer o mal para que o bem possa vir. Portanto, nenhuma dessas coisas os toca. Eles estão decididos, antes, a morrer em sua integridade do que a viver em sua iniquidade. Enquanto os seus irmãos, que ainda permaneciam em sua própria terra, estavam adorando imagens espontaneamente, eles na Babilônia não seriam levados a isso pela força, mas, curiosamente, se mostravam mais zelosos contra a idolatria estando em um país idólatra. E verdadeiramente, considerando todas as coisas, guardá-los dessa obediência pecaminosa era um milagre tão grande no reino da graça quanto guardá-los da fornalha ardente era um milagre no reino da natureza. Esses eram aqueles que anteriormente decidiram não se contaminar com a porção do manjar do rei, e, naquele momento, eles decidiram tão corajosamente não se contaminar com os seus deuses. Observe que, uma firme renúncia, uma forte devoção a Deus e ao dever, em ocasiões menores, nos qualificará e nos preparará para fazer o mesmo em ocasiões maiores. E nisto devemos ser resolutos em nunca, sob nenhum pretexto, adorarmos imagens, ou fazermos “uma aliança” com aqueles que o fazem.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 840-842.
“Não necessitamos de te responder sobre este negócio”. O presente versículo mostra os três jovens hebreus diante do poderoso monarca; eles, tecnicamente, são culpados diante daquela corte, e nada há que os três possam dizer em sua defesa. Eles responderam ao rei dizendo: “Não necessitamos de te responder”. Há uma interpretação feita com base no original aramaico, que diz: “Nós não te responderemos! Deus te responderá! Ele pode, tanto nos livrar como nos entregar nas tuas mãos, depende dele”. O verdadeiro cristão não faz sua defesa prévia, mas deixa tudo por conta do Senhor que disse: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor”. E evidente, portanto, que Deus recompensará, tanto o ofendido como o ofensor: o primeiro com sua bênção; o segundo com seu castigo.
"... o nosso Deus, a quem nós servimos...” O presente texto, declara claramente a posição dos três jovens hebreus, quanto à ordem do rei. Eles apelam tanto para “providência” como para “o poder de Deus”. Seja como for, Deus livra como quer! Se Deus usasse a providência no presente caso, os moços não teriam ido para dentro do forno de fogo ardente, porém, é evidente que o monarca não teria reconhecido a soberania do Criador. (Ver v 29). Assim, Deus permitiu que seus servos fossem parar ali; não os livrou do forno, mas os livrou no forno. Deus permitiu que José, mesmo inocente, fosse parar na prisão, vítima de uma calúnia da mulher de Potifar, capitão da guarda de Faraó (Gn cap. 40), mas dali Deus o exaltou, fazendo-o assentar-se no trono, ao lado de Faraó. Deus é sempre o mesmo, tanto no passado como no presente. Ele não muda. O apóstolo Paulo entendeu isso, quando disse: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto” (Rm 8.28).
"... não serviremos a teus deuses...” Os jovens judeus, como já ficou demonstrado em outro capítulo deste livro, mesmo numa terra de cativeiro, permaneceram fiéis à lei do seu Deus, que dizia: “Não terás outros deuses diante de mim (Ex 20.3). E perfeitamente compreensível que Deus, disposto a ser o único Deus suficiente e o recurso sobrenatural do seu povo proíba um apelo a quaisquer outros poderes sobrenaturais. Por isso, entendemos que o espiritismo é proibido a quem crê num Deus vivo. No conceito divino, é impossível a criatura humana fazer uma representação superior à sua própria idéia, e por isso é-lhe impossível apresentar dignidade à divindade, pois Deus há de ser infinitamente superior ao nosso mais sublime pensamento. Nabucodonosor não compreendia esse princípio emanado do supremo Deus, mas aqueles hebreus sim, o conheciam muito bem.
Severino Pedro da Silva. Daniel versículo por versículo. Editora CPAD.
3. Reação à intimidade (Dn 3.16-18).
“Eis que o nosso Deus, a quem servimos; é que nos pode livrar” (3.17). Esta declaração dos três judeus tinha a convicção da intervenção de Deus naquela situação. O rei ficou enfurecido e intimidado, além dos jovens terem sido desafiados na sua fé com a ousadia do Rei em dizer-lhes: “Quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” (Dn 3.15), eles não tiveram dúvidas de que valia a pena permanecerem fiéis a Deus. Então, sem temor e com grande fé responderam ao Rei: “Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste” (Dn 3.17,18). Esta resposta dos jovens hebreus se confrontada com o cristianismo de muitos crentes hoje nos deixa preocupados. Quão facilmente cedemos; negamos nossa fé; fugimos do caminho da provação, mas Deus conta com crentes fiéis que sejam capazes de responder às ameaças satânicas de que não as tememos.
“E, se não” (3.18). Duas palavras pequenas foram capazes de mostrar a todo o Império da Babilônia que aqueles jovens tinham um Deus diferente que lhes dava a certeza de que ninguém pode confrontar Jeová. Eles sabiam que nada os demoveria de sua fé e eles não a negariam, mesmo que fossem queimados vivos naquela fornalha. Na vida cristã, estas duas palavrinhas “se não” estão fazendo na confissão de fé de tantos crentes. Satanás, nosso arqui-inimi- go, quer que nos rendamos às ameaças e armadilhas preparadas para sufocar a nossa fé (1 Pe 5.8).
“não serviremos a teus deuses” (3.18). Os três jovens foram ousados. Não transigiram, nem cederam às ameaças. Eles não trocaram o seu Deus pelos deuses de Nabucodonosor. A ira do rei manifestou-se com exagero ao ordenar que se aquecesse muito mais a fornalha. Eles não foram livrados da fornalha porque Deus os esperava dentro daquela fornalha ardente. A fornalha tem o poder da intimidação, que pode nos levar à desistência de nossos valores espirituais. A verdade é que nem sempre podemos evitar a fornalha das angústias, das decepções pessoais, das enfermidades físicas. Aqueles jovens hebreus não se deixaram intimidar, mas foram ousados em não transigir, nem ceder às ameaças.
Eles enfrentaram a fornalha ardente sem temor (3.19-22)
Os judeus foram lançados na fornalha. Diz o texto que tudo que dizia respeito a eles em termos materiais, suas roupas e chapéus foram atados juntamente com eles e lançados na fornalha ardente. Os homens que os lançaram caíram mortos pela chama do fogo e todos inimigos do lado de fora imaginavam que os judeus seriam reduzidos a cinza dentro da fornalha.
“O aspecto do quarto homem é semelhante ao filho dos deuses" (3.23-25). Foram lançados três judeus, mas um quarto homem os esperava dentro da fornalha. O poder do quarto homem visto pelo rei dentro da fornalha os tornou incólumes e nenhum fio de cabelo se queimou. Esse quarto homem não era outro senão o próprio Deus entre eles que os tornou aptos a superarem a força do fogo destruidor. E uma perfeita identificação com a Pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Não era um anjo enviado de Deus. Ele era, teofanicamente, o próprio Deus. É interessante que Ele não apagou o fogo, nem tirou os três hebreus da fornalha. Ele os capacitou a estarem e passarem pelo meio do fogo sem serem destruídos. Tudo isso porque aqueles hebreus confiaram na providência divina que tem o poder de intervir, a tempo e fora de tempo, para nos livrar da destruição. As vezes, a vontade permissiva de Deus nos ensina que Deus pode permitir que soframos tribulações, angústias e dissabores como o fogo da fornalha, mas Ele nos livra no tempo próprio. Sua presença imanente é capaz de impedir que as chamas das tribulações nos destruam.
O poder providencial de Deus os tornou incólumes no meio da fornalha (3.26-28). O impacto ante à visão que o rei teve ao olhar para dentro da fornalha deixou o rei perplexo e todos os que estavam com ele. Os jovens hebreus estavam vivos e tranquilos andando no meio da fornalha. Deus honrou aqueles judeus. O rei e seus príncipes tiveram que reconhecer o poder do Deus de Israel. A providência divina não só os protegeu da força do fogo, mas os manteve vivos para testemunharem da grandeza desse Deus. O rei reconhecia que o Deus dos judeus era poderoso, mas não o aceitava como seu Deus. Para o rei, era mais um entre outros deuses, mas na mente e no coração dos jovens hebreus, Ele era o Único Deus sobre todos os demais. O apóstolo Paulo nos dá uma lição preciosa de fé e disposição para servir a Deus, quando diz: “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos, quer morramos, somos do Senhor” (Rm 14.8).
Uma doxologia do rei ao Deus de Israel (3.29,30). Ainda que Nabucodonosor não tenha desistido dos seus deuses, reconheceu a religião judaica em seu império, especialmente, para os exilados judeus. Ele fez um decreto reconhecendo a grandeza do Deus dos judeus e admitiu que nenhum outro deus poderia fazer o que Ele fez ao livrar os judeus dentro da fornalha ardente.
Restaurados e promovidos dentro do império (3.30). Os três jovens foram restaurados às suas posições palacianas e investidos de autoridade da parte do rei. Segundo o Comentário de Charles Pfeiffer, da Editora Batista Regular: “A vitória da fé tinha cinco objetivos: (1) Foram soltos de suas amarras (v. 25); (2) Foram protegidos do mal (v. 27); (3) Foram confortados na provação (vv. 24,25,28); (4) Seu Deus foi glorificado (v. 29); (5) Como servos de Deus foram recompensados (v. 30).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 61-63.
O equilíbrio e a calma dos três servos do Deus Altíssimo estavam em claro contraste com a fúria incontida do rei. A ousadia da fé deles era equiparada à sua serenidade. Os três responderam ao rei Nabucodonosor: Não necessitamos de te responder (“defender-nos”, NVI) sobre este negócio. Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei.
E, se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste (16-18).
A verdadeira fé não está ligada às circunstâncias nem às conseqüências. Ela está fundada na imutável fidelidade de Deus. E a fé é decisiva no que tange à questão da fidelidade no crente. Poderia ter parecido algo de menor valor racionalizar apenas um pouco. Afinal, eles não deviam uma certa consideração ao rei? Porventura, eles não poderiam dobrar seus joelhos, mas ficar em pé em seus corações? Uma pequena concessão à limitada compreensão das coisas divinas por parte do rei seria uma questão insignificante.
Mas não! A reputação do caráter do Deus vivo e verdadeiro dependia desse momento. Multidões de pagãos de muitos países estavam observando. Quer Deus os libertasse das chamas, quer não, eles deveriam ser fiéis em honrar o seu nome.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 510.
A firmeza (v. 13-18)
E importante entender que não fomos chamados para sermos advogados de Deus, mas Suas testemunhas (v.16-18). Os três jovens não entraram numa discussão infrutífera. Eles não tentaram defender Deus. Eles apenas testemunharam dEle, mostrando que estavam prontos a morrer, mas não a ser infiéis a Deus. Nabucodonosor tenta intimidá-los, dizendo que deus nenhum poderia livrá-los de sua mão (v. 15). Mas eles não tentam defender a reputação de Deus, procuram apenas obedecê-Lo (v. 16,17).
É importante entender, também, que nossa fé náo pode ser arrogante (v. 17,18). Os três jovens dizem que Deus pode livrar, mas náo dizem que Deus o fará. Eles não são donos da agenda de Deus. Eles não decretam nada para Deus. Eles não dizem: “Eu não aceito isto”; “Eu rejeito aquilo”; “Eu repreendo o fogo”; “O rei está amarrado”.
Eles não determinam o que Deus deve fazer. Nem sempre é da vontade de Deus livrar Seus filhos dos padecimentos e da morte. O patriarca Jó, no auge da sua dor gritou: “Ainda que Deus me mate, eu ainda confiarei nele” (Jó 13:15 ARA). Tiago, Paulo, John Huss, W illiam Tyndale foram mortos, não poupados. Às vezes, Deus livra Seus filhos da morte; outras vezes, da morte. Não importa, pois “se vivemos para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, quer vivamos quer morramos, somos do Senhor” (Rm 14.8).
Devemos ser fiéis a Deus, não apenas pelo que Deus faz, mas por quem Deus é (v. 17,18). Aqueles jovens não serviam a Deus por causa dos benefícios recebidos. A religião deles não era um negócio, uma barganha com Deus. Eles serviam a Deus por causa do caráter de Deus.
Eles tinham uma fé teocêntrica, não antropocêntrica.
Hoje as pessoas buscam a Deus, não por causa de Deus, mas por causa das dádivas de Deus. Querem bênçãos, não Deus.
Devemos fazer o que é certo e deixar as conseqüências nas mãos de Deus (v. 17,18). Nossa função é sermos fiéis, não administrar resultados. Olyott, corretamente, diz que é melhor ser morto prematuramente e encontrar o reto Juiz em paz que viver um pouco mais com vida repreensível e encontrá-Lo em terror.17 Precisamos continuar crendo em Deus apesar das circunstâncias. Viver não é preciso, andar com Deus sim. A morte por causa de Cristo não é uma tragédia, mas uma promoção. Os que morrem no Senhor são bem-aventurados. Ainda hoje, muitos cristãos preferem a morte nas prisões à liberdade no pecado. Prova disso é que mais da metade de todos os mártires da história viveram no século 20.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 54-56.

ELABORADO: Pb Alessandro Silva.

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