A PROVIDÊNCIA DIVINA NA FIDELIDADE HUMANA
O
primeiro tópico da quarta lição, sob o título "a tentativa de se instituir
uma religião mundial" leva-nos a pensar o assunto do Ecumenismo e do
Diálogo Inter-Religioso. Uma característica da sociedade brasileira é a
pluralidade das religiões e dos costumes. Igualmente, as denominações cristãs
no Brasil são plurais. Por isso é importante definirmos expressões tão mal
compreendidas no meio evangélico como o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso.
Ecumenismo
Em
primeiro lugar começaremos dizendo o que não é o Ecumenismo. Ele não é a
tentativa de reunir várias religiões numa só. Há muitas afirmações equivocadas
sobre o conceito de Ecumenismo. Em parte, devido a propagação de um conceito
errôneo da própria mídia brasileira. Entretanto, a palavra Ecumenismo provém da
grega oikouméne que designa a ideia de "toda a terra habitada". Em
outras palavras, do ponto de vista da Teologia Cristã, e segundo o pastor
Claudionor de Andrade, Ecumenismo é "a concretização do ideal apostólico
de agregação de todos os que professam o nome de Cristo". Isto é, um
movimento dialogai e cooperativo entre as igrejas cristãs, especificamente,
"a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa e a Igreja Protestante". Devido
aos muitos aspectos culturais e teológicos, o ecumenismo cristão até agora não
foi possível.
Diálogo
Inter-Religioso
O
Dicionário Teológico do pastor Claudionor de Andrade, acerca do termo
Ecumenismo diz que "com o passar dos tempos, porém, a palavra foi sendo
desvirtuada até ser tomada como um perfeito sinônimo para o sincretismo
religioso". O termo passou por uma série de evoluções tanto no cenário
religioso quanto no secular. Entretanto, os conceitos modernos da Teologia vêm
resgatando a ideia do diálogo entre as igrejas de tradição cristã como sendo a
identidade do Ecumenismo. Por outro lado, a expressão Diálogo Inter-Religioso
dará conta da tentativa de se agregar as diversas religiões da sociedade. Ou
seja, o Diálogo Inter-Religioso reúne os representantes das diversas religiões
para dialogarem. Portanto, quando você assiste a um sacerdote, um pastor, um
rabino e um imã (o dirigente muçulmano) reunidos num mesmo lugar o que ocorre
ali não é um ato ecumênico, mas o diálogo inter-religioso. Entretanto, a
tradição reformada e a pentecostal, ambas de tradição cristã, entendem as
Escrituras como exclusivistas em matéria de fé e prática, por isso, ambas
rejeitam o diálogo entre religiões
Revista Ensinador Cristão.
Editora CPAD. pag. 38.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Neste
capítulo percebe-se a obsessão do rei Nabucodonosor pelo poder quando ele se
engrandece e se endeusa perante os súditos do seu império. Supõe-se que a
história desse capítulo ocorreu quase ao final do seu reinado (Jr 32.1; 52.29).
O
capítulo três é mais uma prova de que vale a pena ser fiel a Deus até mesmo
quando somos desafiados em nossa fé. Percebe- se que Nabucodonosor já havia se
esquecido da manifestação do poder de Deus na revelação dos seus sonhos, mas
ele parecia embriagado pelo poder e pelo fulgor de sua própria glória. A presunção
chegou ao ápice da paciência de Deus e ele não se contentou em ser apenas “a
cabeça de ouro” da grande estátua do seu sonho no capítulo dois. Ele perde o
bom senso e constrói uma estátua toda de ouro de mais de 27 metros de altura
aproximadamente, e ordena que os representantes das nações, súditos seus, se
ajoelhassem e adorassem à sua estátua que representava ele mesmo.Tornou-se um
déspota que exigia dos seus súditos um servilismo irracional. No meio da
multidão dos súditos estavam os
três jovens hebreus fiéis ao Deus de Israel, o qual não transigiram de modo
algum.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 55-56.
Temos
aqui uma história que ilustra a convicção judaica de que o martírio é
preferível à apostasia. A imagem colossal de Nabucodonosor teria de ser adorada
por todos. Essa imagem de ouro (cap. 5) provavelmente representava o panteão do
império, e talvez deificasse o próprio rei como seu deus-mensageiro. O sonho do
segundo capítulo, em que Nabucodonosor figura como a cabeça de ouro da imensa e
grotesca imagem, pode ter-lhe sugerido que seria apropriado construir uma
imagem dele próprio, para efeitos de autoglorifícação. Essa história ignora a
humilhação do rei diante de Yahweh-Elohim (vs. 46). Não seria demais que um
pagão esquecesse esse incidente. Além disso, era comum que os antigos
potentados levantassem tais imagens.
Daniel
não aparece nessa história. Seus três amigos foram os perseguidos. Talvez
devamos supor que o profeta, em sua glória (ver Dan. 2.48), estivesse fora do
alcance do decreto e do desígnio do rei, mas seus amigos, em posições inferiores,
foram assediados.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3383.
O
MAIS IMPORTANTE NÃO É VIVER, mas ser fiel a Deus. Pessoas comprometidas com
Deus resistem o pecado até o sangue e estão prontas a morrer, não a pecar.
Em
Daniel 3, algumas verdades preliminares nos chamam a atenção:
Em
primeiro lugar, tome cuidado, pois, a sede pelo poder pode tornar você cego e
louco. Nabucodonosor era um homem embriagado pelo poder. Ficou cego pelo fulgor
de sua própria glória.
Ele
não se contentou em ser rei de reis, em ser o maior rei da terra, mas quis ser adorado
como deus.
Em
segundo lugar, acautele-se com a síndrome de dono do mundo.
Nabucodonosor não se contentou em ser a cabeça de ouro (capítulo 2). Agora constrói uma
estátua toda de ouro, de trinta metros de altura, e ordena que todos os súditos
de seu reino a adorem.
Esse
rei megalomaníaco quer ser o centro do mundo.
Em
terceiro lugar, o poder dos tiranos esbarra na fidelidade dos servos de Deus. O
poder dos tiranos e dos déspotas sempre encontra seu limite em pessoas fiéis a Deus.
Os três jovens hebreus são uma nota dissonante no meio daquela sinfonia de
servilismo. Eles são intransigentes, inconformistas. A verdade é inegociável para
eles. Não transigem com os absolutos de Deus. Não vendem a consciência.
Preferem a morte à infidelidade. Estão prontos a morrer, não a pecar.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 51-52.
I – A TENTATIVA DE SE INSTITUIR
UMA RELIGIÃO MUNDIAL
1.
A grande estatua.
“O
rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro” (3.1). Na verdade, o Império Babilônico foi o primeiro grande império mundial a construir uma grande estátua
que deveria ser adorada por todos os súditos do império (Dn 3). Era
interessante notar que em nenhum momento se identifica a estátua com algum deus babilônico. A omissão de algum nome para essa estátua sugere que o rei fez uma
estátua que fosse identificada com ele mesmo que assumia uma postura de
deidade. Era comum naqueles tempos dos assírios e babilônicos que os seus reis
construíssem suas próprias imagens nas entradas dos palácios e diante das imagens
dos deuses para que ficassem protegidos de males e fossem felizes em seus
reinados. Porém, aquela imagem de 27 metros de altura fora construída para ser
adorada pelos súditos em obediência ao edito soberano de Nabucodonosor. Em
ocasiões especiais como a que o rei propiciou, quando as homenagens aos reis
aconteciam diante dos deuses, Nabucodonosor exigia obediência cega dos seus
súditos de todos os territórios do império fortalecendo seu domínio. De todas
as nações presentes com seus exilados estavam lá os judeus que serviam ao Deus
vivo de Israel. Mas o rei testava seu poder de dominação requerendo dos
exilados que renegassem suas crenças e substituíssem seus deuses pelos deuses
da Babilônia. Na história contada por Daniel, estavam lá os seus três amigos.
Não há uma explicação plausível para a ausência de Daniel naquele evento. O que
importa, de fato, é que os três hebreus deram uma lição de fé no seu Deus.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 56.
Dn 3.1
O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro. A imagem erigida foi imensa, tendo
cerca de 30 m de altura, equivalente a oito andares de um edifício. Era feita
de ouro. Talvez o sonho do rei, no qual ele aparecia como a cabeça de ouro,
tenha influenciado a escolha do metal. A largura era de apenas 3 m, e é
provável que a imagem não tivesse o formato de um homem. Se tivesse, seria uma
figura muito grotesca. Foi levantada na planície de Dura (ver a respeito no
Dicionário, quanto a detalhes). O termo dura era comumente usado na Mesopotâmia
para indicar qualquer lugar fechado por uma parede ou por montanhas.
Provavelmente o lugar ficava perto da Babilônia. Quanto a detalhes, ver o
artigo. Essa construção provavelmente era uma coluna com inscrições, talvez uma
imagem esculpida que representasse o deus honrado. Continua em debate a
quantidade de ouro que havia nessa coluna. Provavelmente ela era apenas
recoberta de ouro.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3383.
Um
Auto-endeusamento do Imperador
J.
A. Seiss faz uma defesa vigorosa de Nabucodonosor e de seu intento. Ele
argumenta que o conceito audacioso da grande imagem era resultado direto do
sonho do rei. Ele próprio não tinha caído em adoração diante do homem que
transmitiu a mensagem do Deus dos céus?
Agora
todo o seu reino se curvaria diante dessa maravilhosa ideia revelada a ele. Em
sua mente pagã confusa esse era um tributo maravilhoso ao Deus de Daniel e seus
amigos hebreus. Isso tornaria a recusa deles (em se curvar diante da estátua)
ainda mais irracional e irascível.
Diante
da luz da revelação clara e completa e dos princípios divinos que Nabucodonosor
não tinha, fica evidente que ele cometeu um grande equívoco que não pode ser
justificado ou desculpado de acordo com os padrões bíblicos. Mas o erro estava
no método e não nos motivos. Era o erro da educação defeituosa, não da
intenção. Ele honestamente queria reconhecer e glorificar o Deus dos céus que
tinha se comunicado com ele de forma tão marcante. Ele desejava que o seu
império, por meio de todos os seus representantes reunidos, reconhecesse que
Deus era a cópia tangível da imagem dada a ele em sonho. A profundidade da sua
natureza religiosa, das suas experiências e convicções se intensificaram no
sentido de fazer obedecer ao que ele havia arranjado e ordenado de maneira tão
devota e honesta”.
Mas
é provável que esse esforço em defender o rei pagão da Babilônia não cubra
todos os pontos. Não parece provável que Nabucodonosor tenha erigido uma imagem
a um dos antigos deuses da Babilônia, visto que a terra estava cheia de
deidades e templos competindo entre si. É possível, no entanto, que esse sonho
tivesse marcado profundamente o rei, em relação ao seu lugar no mundo e na
história. Afinal, não era ele a cabeça de ouro? Não era ele o primeiro e maior
de todos os reis da terra? Não é difícil imaginar a crescente vaidade desse
déspota oriental, cuja mente pagã falhou em sondar o verdadeiro significado das
percepções espirituais que Deus havia tentado compartilhar com ele. Essa
estátua de dois metros e sessenta de largura e vinte e sete metros de altura,
que se elevava acima do campo de Dura (1), sendo visível a quilômetros de
distância, proclamava a todos o esplendor do homem que a havia projetado e a
glória do rei que ela simbolizava. O campo de Dura certamente ficava próximo de
Babilônia, mas sua localização exata é desconhecida.
Qualquer
que tenha sido o motivo de Nabucodonosor, o decreto que convocava todos os
líderes políticos do reino, grandes e pequenos (3), não deixava dúvida quanto à
exigência do rei. Instantaneamente, após o sinal combinado de antemão se o som
da orquestra imperial (5), cada homem deveria prostrar-se em adoração diante da
imagem.
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel.
Editora CPAD. Vol. 4. pag. 509.
"...
uma estátua de ouro...” Alguns comentadores de renome têm pensado que a estátua
do presente texto fosse uma “imagem do deus Merodaque, o padroeiro da cidade de
Babilônia; ou do deus Nebo, do qual derivava o nome do rei. Outros porém são de
opinião que a estátua ali erigida era do próprio monarca Nabucodonosor. (Ver Jz
8.27; 2 Sm 18.18). Entre os antigos conquistadores era natural que, após uma
grande conquista, o conquistador fizesse uma estátua de sua própria pessoa,
gravando nela o seu nome e o nome de seu deus. Segundo Heródoto, a “estátua de
Sesostris, do Egito, tinha na largura do peito, de ombro a ombro, uma inscrição
com os caracteres sagrados do Egito, onde se lia: ‘Com meus próprios ombros
conquistei esta terra”’. E, segundo Cícero, havia “uma bela estátua de Apoio,
em cuja coxa estava o nome de Miro, em minúsculas letras de prata”. Pode, de
fato, ser imaginado que a estátua erigida ali, fosse a do próprio rei,
contendo, na altura do peito, o nome de seu deus (Comp. com Ap 13.15). Quanto
ao testemunho da Arqueologia, Operte, que fez escavações nas ruínas de
Babilônia, em 1854, achou o pedestal de uma colossal estátua que pode ter sido
um resto da gigante imagem de ouro de Nabucodonosor.
"...
no campo de DURA...” A palavra persa que dá origem a esse nome significa: lugar
rodeado por muros. E uma abreviação de um nome mais longo, composto com Duru,
tal como Duru-sha-Karrabi, um subúrbio de Babilônia. Ali, pois, foi levantada
uma estátua que media 30 metros por 3, aproximadamente. O côvado babilônico,
segundo o “Dic. Davis”, media 0,56 a 0,58 centímetros, o que daria, em números
redondos, aproximadamente, transformando côvados em metros, 34,00 a 35,00 m de
altura por 3,40 de largura, ou seja, 60 x 6 côvados.
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 53-54.
2.
A diferença entre as estátuas.
A
obsessão pelo poder faz a pessoa perder o bom senso. O rei Nabucodonosor estava
dopado pela ideia de ser o maior e perdeu a autocrítica embriagado pelo próprio
poder e cego pelo fulgor de sua própria glória. Ele não se contentou em ser
apenas a cabeça de ouro da estátua do seu sonho. No capítulo dois havia uma
estátua no seu sonho e no capítulo três ele constrói literalmente uma estátua
para si. Essa presunção vislumbra profeticamente outra estátua (imagem) que
será erguida pelo último império mundial gentílico profetizado como o reino do
Anticristo e será no “tempo do Fim” (Ap 13.14,15).
Outra
lição que aprendemos neste capítulo é a diferença entre a estátua do capítulo 2
e a do capítulo 3. A estátua do capítulo 2 era simbólica que surgiu no sonho do
rei Nabucodonosor e a estátua do capítulo 3 era literal, construída pelos
homens. A estátua do capítulo 3 tinha a forma de um obelisco e tinha um desenho
um tanto grotesco que revelava a intenção vaidosa de Nabucodonosor de impor-se
pela idolatria do homem e sua auto deificação aos olhos dos súditos.
“o
campo de Dura, na província de Babilônia” (3.1). O nome Dura vem do acadiano,
de onde vem o aramaico. O seu significado é “lugar cercado”, e entende-se que
se tratava de um lugar fechado e cercado, que ficava numa planície pertencente
à Babilônia.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 56-57.
Dn
3.1. A estátua e sua inauguração (3.1-3). A estátua do capítulo 2 foi em sonho;
esta é real. Tinha sessenta côvados de altura - cerca de 29 metros. (O côvado
babilônico tinha mais ou menos 48 cm). Tudo aqui era à base de seis, indicando
coisas puramente humanas. (Ver 1 Samuel 17.4 e Apocalipse 13.18, onde também
sobressai o número humano.)
Antônio
Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os
últimos dias. Editora CPAD.
Foi
pelo sonho e sua interpretação que Nabucodonosor foi trazido por um momento ao
limiar de grandes e novas possibilidades para uma dedicação pessoal. Teve
percepções que poderiam contribuir para um novo entendimento de si mesmo, e
obteve, pelo menos, uma cura temporária de seus sonhos perturbadores.
Não
fez, porém, uma plena dedicação de sua vida a Deus, o que então seria possível,
e portanto não ficaremos surpresos ao lermos o que acontece no presente
capítulo. Nabucodonosor agora reage contra o reino de Deus com o mesmo grau de
tensão com que anteriormente se sentira atraído em direção a ele. Fez uso da
ajuda que Deus lhe dera para avançar cada vez mais para uma posição de
independência de Deus. Logo permitiu que o sistema em que estava vivendo o
tragasse de novo, e imediatamente o achamos pervertendo a própria mensagem
através da qual Deus procurara ganhá-lo. Agora, facilmente excluiu da sua mente
a parte mais distante e desagradável da mensagem, o trecho acerca da pedra e do
seu impacto esmagador sobre todas as estruturas terrestres;1 e começou a
regalar-se no encorajamento que a parte agradável do sonho lhe deu, no louvor
indubitável dos esforços que estava fazendo.
2
Aquela mesma palavra da parte do Deus de Daniel, tu és a cabeça de ouro, veio a
ser para ele uma nova licença para continuar com as suas obras!
Mas
pelo menos lembrou-se da única parte da visão que de imediato era relevante à
tarefa de construir a grande nova sociedade. Era a parte dos pés muito frágeis
sobre os quais a cabeça de ouro e o restante do corpo se firmavam, e a mistura
de ferro e barro que não se ligam mas que se desintegram facilmente, com a
qual, eles foram moldados. Tomou esta parte do sonho como uma advertência a si
mesmo quanto à falta de coesão na sociedade que estava reestruturando. Pensando
nisso ficava perturbado e era impulsionado para a frente. Talvez acreditasse
que ele mesmo pudesse ver a tendência à desintegração, ilustrada pela estátua,
já operando ao seu redor no seu império de ouro. Sentia que devia garantir a
seus sucessores um desenvolvimento melhor. Tinha de injetar um cimento forte,
durável, que formasse uma boa liga naquela sociedade em desenvolvimento.
Que
cimento melhor e mais durável poderia haver do que uma só religião para todos e
uma cultura profundamente influenciada por essa religião em comum? Nisso,
acreditava ele, conseguiria o núcleo em redor do qual uma consciência
comunitária verdadeiramente forte poderia desenvolver-se e crescer. Organizaria
as coisas em prol desse desenvolvimento.
Não
é, portanto, surpresa alguma, depois do sonho, vermos Nabucodonosor com um novo
ímpeto de planejamento social, levado a efeito com urgência, idealismo e
convicção. O que mais o preocupa agora é acabar com todas as possíveis fontes
de divisão e de desintegração. Sendo ele um militar, podemos até mesmo imaginar
que desejava criar na vida civil o mesmo sentimento de união e comunhão que
decerto experimentara nas suas campanhas militares! De qualquer maneira, cada
um deve ser levado a sentir que pertence a alguma coisa que vale a pena, que é
vital e basicamente atraente. O alvo de Nabucodonosor é desenvolver e unificar
a cultura. Mas, antes de tudo, precisa de uma religião unificante, já que
religião era definida, naquele mundo antigo, como sendo “aquilo que liga” e era
amplamente reconhecida como sendo o melhor cimento para conservar unida a
sociedade.
Ronald
S. Wallace. A Mensagem de Daniel. Editora
ABU. pag. 56-57.
3.
A inauguração da estatua de ouro.
Um
rei embriagado por sua própria glória (3.1-5). Nabucodonosor foi seduzido por
seu ego presunçoso que se via superior a tudo e todos. Ele estava embriagado
por sua própria glória temporal e passageira, por isso seu coração se
engrandeceu e ele desejou ser adorado como deus. Não lhe bastou a revelação de
que o único Deus verdadeiro triunfaria na história conforme está expresso no
capítulo dois. Ele preferiu exaltar a si mesmo e para tal instituiu o culto a
si e a adoração, também, dos seus deuses. O objetivo era escravizar as
consciências e obrigá-las a servirem aos seus deuses.
A
ameaça da fornalha ardente (3.6). Era a punição mais terrível que alguém
poderia sofrer: ser queimado vivo numa fornalha grandemente aquecida. Era um
modo de forçar a que todos os seus súditos, principalmente, os príncipes que
viviam no palácio, a obedecerem o edito real e adorarem a imagem que o rei
construiu. Todos deveriam, ao som dos instrumentos musicais, se prostrar e
adorar a imagem de ouro do rei (Dn 3.5). Aos súditos que eram idólatras e
serviam a deuses pagãos, mais um não faria muita diferença. Mas para os servos
do Deus Altíssimo que é adorado em espírito e em verdade era uma questão de fé
e ousadia. O decreto do rei era inevitável e quem o desobedecesse sofreria a
punição na fornalha ardente. Segundo o profeta Jeremias, o rei Zedequias de
Judá foi queimado no fogo na Babilônia (Jr 29.22).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 57-58.
Dn3.2
Então o rei Nabucodonosor m andou ajuntar os sátrapas. A importância da imagem
para Nabucodonosor é demonstrada pelo convite geral (ordem, decreto) aos
oficiais babilônicos para a dedicação da imagem. Essas comemorações festivas
eram comuns na Babilônia. A lista dos oficiais é similar a outras descobertas no
antigo Oriente Próximo e Médio. Sargão, em suas inscrições, bem como Esar-Hadom,
apresentou listas similares. Os títulos aqui usados eram quase todos persas, e
isso tem provocado um problema histórico. Inscrições neobabilônicas não mostram
nenhuma influência das palavras persas. Alguns críticos vêem nesta circunstância
evidência de uma data posterior do livro.
Nomes:
1.
Sátrapas. Cf. Esd. 8.36; 3.12; 8.9 e 9.3. Foi Dario I quem dividiu o império em
satrapias e suas datas foram 521-495 A. C. Eram os principais representantes do
rei, pois eram os cabeças do governo provincial.
2.
Prefeitos. Cf. Dan. 2.48 e 6.7. Esdras e Neemias usaram o termo para certos oficiais
secundários de Jerusalém . Mas alguns estudiosos acreditam tratar-se de
comandantes militares.
3.
Governadores. Ver Esd. 5.14. Esses eram “senhores de distritos”, os bel pahati
dos babilônios. Oficiais im portantes e subalternos eram assim cham ados, o que
significa que essa palavra pode apontar para ambas as coisas.
Eram
administradores civis de várias categorias.
4.
Conselheiros. Conforme os nomes persas subentendem, eram conselheiros do povo
(handarza, conselheiro + /cara, povo), Essa palavra pode significar qualquer
pessoa que tinha a autoridade do governo por ela representada.
5.
Tesoureiros. Cf. Esd. 7.21, onde a palavra existe com uma variante de diferente
soletração. Eles eram administradores dos fundos públicos.
6. Juízes. Essa palavra vem do hebraico, data bara (sustentador da lei). Eram os especialistas na administração das leis.
7.
Magistrados. Ao que parece, a palavra deriva-se de um termo persa, pat, “chefe”.
Oficiais militares e palacianos eram assim chamados, mas alguns estudiosos
vinculam esse ofício com o de número seis, supondo que eles fossem executores
da lei.
8.
Todos os oficiais. O autor sagrado usou essa expressão para evitar deixar de lado
qualquer oficial que tivesse autoridade. Ninguém que tivesse um mínimo de
importância foi ignorado no convite (ordem, decreto). Todas as autoridades da
terra se puseram de pé diante da imagem, dando a ela sua sanção e aprovação,
confirmando o decreto de que todos os habitantes do reino deveriam adorar
àquela monstruosidade. Toda idolatria é abominação.
Nabucodonosor
teve sua abominação forçada, e não permitiria uma única voz discordante. Os
desobedientes seriam brutalmente executados, conforme o restante da história
demonstra claramente.
Dn 3.3
Então se ajuntaram os sátrapas... O decreto real foi autenticado pela liderança
coletiva da nação. Este versículo repete os nomes dos oficiais do versículo anterior,
para compreendermos que todos aqueles oficiais concordaram com o decreto.
Não
houve absolutamente voto democrático. Nem havia permissão para que alguém
desobedecesse às ordens reais. Desobedecer seria considerado uma traição ao
estado. Foi assim que o rei pensou em um absurdo, e a liderança secundária inteira
promoveu a causa com entusiasmo. Os oficiais do governo vieram de todos os
lugares. Nenhum oficial seria capaz de ocultar-se e escapar dessa prática
idólatra.
Aqueles
homens ridículos ficaram de pé enquanto a imagem era dedicada, pois seria
considerado um sacrilégio alguém sentar-se. Eles respeitaram o que não deveria
ser respeitado. Ninguém proferiu um comentário crítico contra a imagem, e certamente
ninguém lhe deu pontapés. A lealdade foi jurada àquele culto, a qual seria a
“religião do estado” em todos os lugares do império.
Dn 3.4
Nisto o arauto apregoava em alta voz. Um arauto foi comissionado para exprimir
a convicção da liderança babilônica. Visto que fora o rei quem ordenara aquele
culto, todos eram cem por cento favoráveis. Todos os povos dentro dos limites
do império babilônico foram obrigados a adorar a imagem. Isso significa que praticamente todo o mundo então conhecido foi forçado a adorar o monstro da
planície. Quanto a “povos, nações e línguas”, cf. os vss. 7 e 29; 4.1; 5.19;
6.25 e 7.14. Isso fala em universalidade. Judite 3.8 pinta Nabucodonosor
decidido a eliminar todas as religiões não-babilônicas. Isso se tornou um ato
de patriotismo.
Talvez
exista um paralelo aqui a Antíoco (ver Dan. 11.36). A ordem era “ou obedece, ou
é queimado”.
Dn 3.5
No momento em que ouvirdes o som da trombeta. “A música daria o sinal para o
ponto alto do culto de dedicação. Isso ocorreria não somente porque todos os
reunidos deviam saber o momento preciso em que deveriam obedecer ao decreto
real, mas também porque, na antiguidade, era costume que instrumentos musicais
acompanhassem as cerimônias públicas” (Arthur Jeffery, in Ioc.).
Os
nomes dos instrumentos foram dados em grego, talvez outra indicação da data
tardia do livre de Daniel, Cf. as palavras empregadas para os oficiais, no vs. 2.
Pode-se argumentar que as edições posteriores do livro mudaram os nomes desses
instrumentos para que se tornassem inteligíveis aos leitores da época — mas
esse é um argumento fraco. Além disso, era cedo demais para os críticos afirmarem
que palavras gregas influenciaram uma lista inteira de instrumentos da época de
Nabucodonosor. Logo, que o problema fique como está, e que aqueles que quiserem
incomodar-se com ele, que se incomodem.
“A
orquestra incluiu instrumentos de sopro (a trom beta e o pífaro, cf- Dan. 3.10,15);
um instrumento de palheta (a flauta); e instrumentos de corda (a harpa, a citara
e o saltério)” (J. Dwight Pentecost, in ioc).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3384.
Uma convocação
geral dos estados do império para comparecerem à solenidade de consagração
dessa imagem (w. 2,3). Mensageiros são enviados a todas as partes do reino para
reunir os sátrapas, os prefeitos, os presidentes, todos os pares do reino, com
todas as autoridades civis e militares, os capitães e comandantes das forças,
os juízes, os tesoureiros ou recebedores gerais, os conselheiros, os oficiais,
e os governantes das províncias. Todos eles devem vir para a consagração dessa
estátua, sob pena de sofrerem a dor e o perigo do que lhes sobrevirá depois
disso. Ele convoca os grandes homens, para a grande honra do seu ídolo. É,
portanto, mencionado para a glória de Cristo que os reis lhe trarão presentes.
Se esse governante pode trazê-los para prestar homenagens à sua estátua de
ouro, ele não tem dúvida de que as pessoas inferiores farão o mesmo. Em
obediência às convocações do rei, todos os magistrados e oficiais desse vasto
reino deixam os serviços dos seus respectivos países, e vêm para a Babilônia,
para a consagração dessa estátua de ouro. Muitos deles fizeram viagens longas e
caras, em uma missão muito tola. Mas, assim como os ídolos são
coisas insensíveis, os adoradores também o são.
Uma
proclamação é feita ordenando que todos os tipos de pessoas se apresentem
diante da imagem, e que ao sinal dado, caiam prostradas, e adorem a imagem, sob
o tratamento e o título: “A imagem de ouro que o rei Nabucodonosor erigiu”. Um
arauto proclama isso em voz alta por toda essa reunião de pessoas eminentes,
com a sua numerosa comitiva de servos e atendentes, e uma grande multidão de
pessoas, sem dúvida, que não foram convocadas. Que todos eles observem: 1. Que
o rei rigorosamente exigiu e ordenou que todos os tipos de pessoas se prostrassem
e adorassem a estátua de ouro. Não importavam quais eram os deuses que eles
adoravam em outros tempos. Agora, eles deveriam adorar esse. 2. Que todos eles
deveriam fazer isso exatamente ao mesmo tempo, em sinal de sua comunhão uns com
os outros nesse serviço idólatra, e que, para esse fim, a notícia deveria ser
comunicada através de um concerto de música, que igualmente serviria para
adornar a solenidade, amenizar e suavizar o pensamento daqueles que estivessem
relutantes a ceder, e levá-los a obedecer à ordem do rei. Essa alegria e júbilo
na adoração seriam muito condizentes com as mentes sensuais e carnais, que são
estranhas à adoração espiritual que é devida a Deus, que é espírito.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 838-839.
Dn 3.2: “E o rei
Nabucodonosor mandou ajuntar os sátra- pas, os prefeitos e presidentes, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, os oficiais, e todos os governadores
das províncias, para que viessem à consagração da estátua que o rei
Nabucodonosor tinha levantado”.
"... tinha
levantado”. O original pode verter as palavras da seguinte forma: “O rei
Nabucodonosor fez uma imagem de ouro. E levantou-a”. Estas palavras formam um
refrão que percorre a primeira metade do capítulo (versículos 1 a 18). O grande
ídolo de Nabucodonosor era uma imagem nova e nacional. E, evidentemente, o
objetivo do monarca era consolidar todas as nacionalidades do mundo em uma só
nação. A nação babilônica. “Para alcançar tal coisa, era essencial que o
governo fosse supremo em tudo, tanto no sentido religioso como no civil. A Roma
pagã, séculos depois, fez o mesmo, perseguindo os crentes, não somente porque
faziam cultos a Cristo, mas porque não adoravam a César, o imperador, como um
ser divino...” Nota-se nas palavras, repetidas vezes, que o rei ajuntou “os
sátrapas, os prefeitos, e presidentes, os juízes, os tesoureiros, os
conselheiros, os oficiais, e todos os governadores... para que viessem à
consagração”. Isso era, sem dúvida, uma forma para dar prestígio à inauguração
da nova religião, ajuntando, assim, as autoridades de todas as províncias do
seu vasto reino.
Dn 3.3: “Então se
ajuntaram os sátrapas, os prefeitos e presidentes, os juízes, os tesoureiros,
os conselheiros, os oficiais, e todos os governadores das províncias, para a
consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado, e estava em pé
diante da imagem que Nabucodonosor tinha levantado”.
O leitor deve
observar a repetição exata da lista de oficiais de grandes patentes, bem como
dos instrumentos musicais, pode estar refletindo um estilo de retórica
semítica; isso, podemos observar no próprio Pentateuco, era uma forma hebraica;
enquanto a forma grega era abreviada. A lista de autoridades segue o estilo
grego daqueles dias. Sátrapas, é uma transliteração da palavra grega que, por
sua vez, representa um original medo. A palavra significa “protetor” e era
usada no Império Persa para o governador de uma província. As demais patentes
são palavras de vasto sentido no mundo ocidental e principalmente no oriental.
Quase que as funções da lista restante, são traduzidas por magistrados, como se
todos fossem juízes. Mas é evidente que os governantes daqueles dias eram
considerados juízes, conselheiros, etc.
Dn 3.4: “E o arauto
apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ópovos, nações e gente de todas as
línguas”.
"... o
arauto...” Em toda a extensão da Bíblia, apenas aqui, há referência
especificada a esta palavra. Verdade é, que em o Novo Testamento o vocábulo
grego “kêryx” se traduz como “pregador” em 1 Tm 2.7 e 2 Tm 1.11 e 2 Pe 2.5. No
idioma aramaico, o verbo “kãrôz” se traduz por “o que clama”, derivado,
provavelmente, não como se tem pensado, do termo grego “kêryx”, mas do persa
antigo “khraus”, que quer dizer: “o que clama”. Aqui, no presente texto, o
vocábulo é aplicado ao locutor (em termos modernos) encarregado da divulgação
feita por expressa ordem do rei, para a consagração da estátua. Diz-se que ele
“apregoava em alta voz”. A forma causativa da raiz verbal, “krz”, é encontrada
em Daniel 5.29, onde lemos: "... e proclamassem a respeito dele...”. Nos
dias hodiernos se traduz, na versão portuguesa, o vocábulo grego .kêryx como
“pregoeiro”, mensageiro, etc. Seja como for, o arauto era um homem revestido de
grande autoridade, na proclamação daquela corte.
Dn 3.5: “Quando
ouvirdes o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, da
gaita de foles, e de toda a sorte de música, vos prostrareis, e adorareis a
imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado”.
"... buzina...”
Essa palavra tem um sentido lato nas Escrituras Sagradas, sendo, porém, no
grego clássico, traduzida também por trombeta. Como trombeta, há menção
freqüente desse instrumento, tanto no Antigo como no Novo Testamento.
Tratava-se de um instrumento feito de um chifre longo com uma extremidade
virada: era dessa forma a trombeta nacional dos israelitas. Era usada em
ocasiões militares e religiosas. Paulo fala que o arrebatamento da Igreja, será
precedido pela trombeta de Deus (1 Ts 4.16).
"... pífaro...”
Essa é a tradução dada por nossa versão do termo aramaico “mashrôqitâ”. Ocorre
apenas no presente versículo e naqueles que se seguem. Deriva-se da raiz
“shãraq”, uma palavra onomatopéica que significa “assobiar” ou “chiar”. O som
deste instrumento é acompanhado por um som sibilante. E razoável, embora
improvável, que o instrumento acima mencionado pertencia a uma classe de flata.
"... harpa...”
Originalmente, esse instrumento tinha um formato triangular, com sete cordas.
Mais tarde, o número de cordas foi aumentado para onze (11) e Josefo menciona
em seus escritos harpas contendo dez cordas, as quais eram tangidas com um
“plectum” ou pequena peça de marfim. A harpa é instrumento já mencionado em Gn
4.21. Também nos salmos há alusão a esse instrumento em várias conexões (SI
33.2; 98.5; 147.7).
"... sambuca...”
Sobre esse instrumento há várias opiniões: 1) “Um instrumento de sopro, usado
na Idade Média, consistindo de um longo tubo de bronze, com uma chave móvel
para mudar o som das notas da música, à semelhança de um trombone. 2) O
instrumento mencionado em Dn 3.5, pertence a uma classe muito diversa: é
instrumento de cordas, que em aramaico se denomina “sabbe- kã”. 3) A “sabbekã”
é usualmente identificada com o grego “sambykê” sendo esse o vocábulo usado para
traduzi-lo no texto em foco, e na Septuaginta. Tem sido descrita como uma
pequena harpa triangular. Seja como for, era um instrumento de cordas, e não de
sopro, que, segundo Estrabão, era de origem bárbara.
"...
saltério...” Esta palavra se deriva do vocábulo grego “psaltêrion”, que denota
um instrumento tocado com os dedos, e não com um plectro. O verbo grego
“psaltõ” significa tocar vigorosamente. Para nós, essa palavra “saltério” se
traduzia também por “viola”. O saltério era bem conhecido do povo de Israel.
(Ver 1 Sm 10.5; SI 33.2 e ss.) O saltério, como já ficou demonstrado acima, era
um instrumento de dez cordas, sempre citado em conexão com o louvor.
"... gaita de
foles...” Essa é a tradução de nossa versão da palavra aramaica “sumpônyã”, que
é geralmente considerada como uma palavra emprestada do grego. Em toda a
extensão da Bíblia ocorre apenas no presente capítulo. Todavia, parece que tal
tradução é bem adequada, pois trata- se, realmente, de alguma espécie de
instrumento de sopro. “A tradução italiana moderna é ‘sanpogna’, uma espécie de
gaita de foles em uso corrente naquele país”.
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 54-57.
II – O DESAFIO À IDOLATRIA
1.
A ordem do rei a todos os seus súditos (vv.4-7).
A tentativa de criar
uma religião totalitária (3.7). Ele queria uma religião que fosse capaz de
garantir a devoção e a lealdade dos súditos pela força imposta por seus
decretos. Na verdade, ele queria conquistar as pessoas, não pelo coração, mas
pela subserviência moral e física. Os súditos do reino dobrariam os seus
joelhos por medo, não por devoção. Nos tempos modernos nos deparamos com
religiões que causam terror e medo. A imposição de Nabucodonosor era, de fato,
uma inquisição instituída para obrigar as pessoas a se submeterem às exigências
do império.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 58.
Dn 3.6
Qualquer que se não prostrar e não a adorar. Urn modo temível de execução esperava
os desobedientes ao decreto. O tipo de fornalha evidentemente recebia o
combustível pelo alto, ao passo que era fechado por tijolos nos quatro lados.
Execuções pelo fogo eram comuns entre os antigos, em altares munidos de
fogueiras, grelhas em brasa, na fogueira ou em fornalhas. O código de Hamurabi (25,110,157)
menciona as fornalhas, embora essa forma de execução parecesse reservada a
criminosos especialmente perigosos. Heródoto (Hist. I.86; IV.69) diznos que
Ciro e os citas executavam dessa m aneira bárbara. Ver Diodoro Sículo (1.58.1-4;
77.8). Os hebreus antigos também não devem ser isentados. Ver Gên. 38.24; Lev.
21.9; Jos. 7.15,25; Jer. 29.22; Jubileus 20.4; 30.7. E II Macabeus 7.3 ss. e IV
Macabeus 18.20 mostram-nos que essa forma de execução foi usada nos tempos dos
monarcas selêucidas. No caso presente, a alegada impiedade religiosa era punida
dessa maneira, e podemos supor que a desobediência era considerada um crime
sério contra o Estado.
Dn 3.7
Portanto, quando todos os povos ouviram o som da trombeta. A Adoração da
Imagem. Ao ouvir o som de todos os instrumentos listados no vs. 5 (com a exceção
única da gaita de foles), todos os povos, de todas as classes, de todas as
nações, prostraram-se e adoraram a grotesca imagem de Nabucodonosor. Quem
enfrentaria o horroroso castigo ameaçado contra os desobedientes à ordem real?
Representantes de todo o povo adoravam, e em breve todos “lá fora" estavam
fazendo a mesma coisa. A superstição e a idolatria ganharam o dia. Mas ainda
raiaria outro dia quando a bondade e a justiça seriam as vitoriosas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3384.
A
concordância geral da assembléia a essa ordem (v. 7). Eles ouviram o som dos
instrumentos musicais, tanto instrumentos de sopro como instrumentos de mão, a
buzina e o pífaro, a harpa, a sambuca, o saltério, e a gaita de foles, a
melodia dos quais eles a consideraram arrebatadora (e adequada o bastante para
estimular uma devoção que eles deveriam então prestar), e imediatamente todos
eles, como um só homem, como soldados que estão acostumados a se exercitar pela
batida de tambores, todos os povos, nações, e línguas, caíram prostradas e
adoraram a imagem de ouro. E não foi surpresa quando foi proclamado que qualquer
que não adorasse essa imagem de ouro deveria ser imediatamente lançado no meio
de uma fornalha de fogo ardente, preparada para esse propósito (v. 6). Aqui
estavam os encantos da música para atraí-los a uma submissão, e os terrores da
fornalha de fogo para aterrorizá-los até a submissão. Assim cercados pela
tentação, todos cederam (exceto os servos de Deus). Note que a maioria seguirá
o caminho que lhe for indicado. Não há nada tão ruim que não possa atrair o
mundo negligente por meio de um concerto musical, ou que faça com que seja
impelido por uma fornalha de fogo ardente. E através de métodos como esses, a
falsa adoração tem sido estabelecida e mantida.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 839.
Dn 3.6:
“E qualquer que se não prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado
dentro do forno de fogo ardente”.
“E
qualquer que não se prostrar...” O presente versículo nos mostra a crueldade
existente naquela corte. A punição para qualquer um que fosse insensato
(segundo o rei) seria a sua morte iminente no lago de fogo ardente, que, sem
dúvida, ficava ali perto do grande cortejo religioso. O presente texto e outros
- correlatos nos dão a entender que a fornalha de fogo seria fechada por uma
porta, pois a pessoa tinha de ser lançada ali no seu interior; isso também,
segundo a tecnologia, era um meio natural de aumentar o calor forçando a
entrada de ar e eliminando o oxigênio. E difícil vislumbrar qual teria sido a
aparência daquela fornalha na velha Babilônia, a não ser o que pode ser
depreendido dos textos em foco, pois a despeito de escavações, raramente
dispomos de maquetes ou desenhos com dimensões apropriadas.
Dn 3.7:
“Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da buzina, do
pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, e de toda a sorte de música,
prostraram- se todos os povos, nações e línguas, e adoraram a estátua de ouro
que o rei Nabucodonosor tinha levantado”.
"...
prostraram-se todos os povos...” O original traz literalmente, “assim que
começaram a ouvir, começaram a prostrar-se”. Houve uma resposta total e
imediata. O rei havia atingido seu objetivo e a unidade que buscava. Devemos
observar como são repetidas na narrativa, as expressões: “o som da buzina, do
pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, etc”. (Ver os vv. 5, 7, 10,15).
“Nesse culto religioso de Nabucodonosor não havia coisa alguma para a alma.
Consistia apenas de coisas para agradar os olhos e ouvidos. Era apenas um culto
de formalismo com cerimônias atraentes perante a imagem grande em tamanho, mas
tudo tão-somente para despertar as emoções do povo. Tudo era muito oco e vazio.
Não havia coisa alguma de sacrifício, de sangue, de perdão de pecados, do
Espírito Santo, nem do novo nascimento com poder de livrar o pecador de seus
pecados. Tudo era fantasia”.
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 57-58.
2.
A intenção do rei e o espírito do anticristo.
Nabucodonosor
teve duas motivações principais para construir a grande estátua. A primeira
motivação era exibir perante os povos do mundo representados naquele evento a
sua soberba e vanglória. O texto diz literalmente que “ele fez uma estátua de
ouro” (3.1). As dimensões e a magnitude da estátua eram impressionantes.
Imaginem uma estátua de Tl metros de altura e 6 metros de largura
aproximadamente. A soberba do Rei o tornou altamente arrogante e insolente, sem
limites. A Bíblia diz que “a soberba precede a ruína”(Pv 16.18).
A
segunda motivação de Nabucodonosor era o anelo de ser adorado como deus pelos
seus súditos, por isso Ele deu ordens de que todos os oficiais do reino se
reunissem naquele evento no campo de Dura (Dn 3.1) para adorarem à sua estátua.
Sua intenção prenunciava o espírito do Anticristo que levantará a imagem da
Besta para ser adorada no tempo do Fim (Mt 4.8-10; Ap 13.14-17). A intenção do
Rei era impor a religião diabólica de sua imagem para dominar o mundo, não só
no campo material e político, mas espiritualmente.
A
acusação dos caldeus contra os judeus (3.8-12). Os três hebreus estavam lá na
grande praça por força da ordem do rei. Todos os ilustres homens do império, os
chefes de governos, os sátrapas, os governadores das províncias, os sábios, os
sacerdotes dos vários cultos pagãos, todos estavam lá. A ordem era que quando a
música fosse tocada todos deveriam ajoelhar-se e adorar a estátua do rei. Quem
não obedecesse seria lançado na fornalha de fogo ardente. Os três jovens
hebreus preferiam morrer queimados naquela fornalha do que negar a fé no Deus
de Israel. Os três jovens hebreus, Ananias, Misael e Azarias quando foram para
a Babilônia não tinham mais que 18 a 20 anos de idade. Nesta experiência do
capítulo três, eles estavam na faixa dos 40 anos de idade, mas não sucumbiram
nem fizeram concessões que comprometessem a sua fé em Deus. Eles não
esmoreceram moral ou espiritualmente ante a ameaça de Nabucodonosor e a
discriminação dos outros príncipes do Palácio. Diante da ameaça da fornalha
ardente eles estavam seguros do cuidado de Deus, como falou o profeta Isaías: “Quando
passares pelas águas, estarei contigo e, quando pelos rios, eles não te
submergirão; quando passares.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 58-59.
I.
Definição e caracteristica Geral da IDOLATRIA
1.
Essa palavra vem do grego, eídolo. «idolo»., e latreueín, «adorar». Esse termo
refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu
sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a veneração ou
adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc., que tome o lugar
de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos. Nesse sentido mais amplo,
todos os homens, com bastante freqüência, se não mesmo continuamente, são
idólatras. Naturalmente, essa condição surge em muitos graus; e um dos
principais propósitos da fé religiosa e do desenvolvimento espiritual é livrar-nos
totalmente de todas as formas de idolatria. Paulo,
em Colossenses 3:5, ensina-nos que a cobiça é uma forma de idolatria. Isso
posto, qualquer desejo ardente, que faça sombra ao amor a Deus, envolve alguma
idolatria.
2.
~A idolatria consiste na adoração a algum falso deus, ou a prestação de honras
divinas ao mesmo. Esse deus falso pode ser representado por algum bjeto ou
imagem. Esse termo usualmente inclui a idéia da dendrolatria, da litolatria, da
necrolatria, da pirolatria e da zoolatria... O estado mental dos idólatras é
radicalmente incompativel com a fé monoteísta. A idolatria é má porque seus
devotos, em vez de depositarem sua confiança em Deus, depositam-na em algum
objeto, de onde não pode provir o bem desejado; e, em vez de se submeterem a Deus,
em algum sentido submetem-se às perversões de valor representadas por aquela
imagem».
3.
Na idolatria há certos elementos da criação que usurpam a posição que cabe
somente a Deus. Podemos fazer da autoglorificação um ídolo, como também das
honrarias, do dinheiro, das altas posições sociais. Praticamente, tudo quanto
se torne excessivamente importante em nossa vida pode tornar-se um ídolo para
nós. A idolatria não requer a existência de qualquer objeto físico. Se alguém
adora a um deus falso, sem transformar em deus a alguma imagem, ainda assim é
culpado de idolatria, porquanto fez de um conceito uma falsa divindade.
4.
Uma Rua de Mão Dupla de Trânsito. A antropologia tem mostrado amplamente que as
religiões dos povos geralmente começam na idolatria, e então progridem para uma
forma de fé mais pura, que finalmente, rejeita os tipos primitivos de conceitos
que requeiram a presença de algum ídolo. Quando a fé de um povo vai-se tornando
mais intelectual e espiritual, menor se vai tornando a necessidade de crassas
representações materiais. Por outro lado, algumas vezes a idolatria resulta da
degeneração de uma fé anteriormente superior. Vemos isso no Novo Testamento, em
vários lugares, no tocante a Israel, a certas alturas de sua história. É
admirável como a crueza domina essa questão. Em muitos lugares do' mundo, da
Índia à Sibéria, da Melanésia às Américas, simples toras de madeira têm sido
erigidas em memória de pessoas amadas ou de heróis já falecidos; e, então, essa
tora de madeira ou pedra torna-se um objeto de adoração, porquanto muitos supõem
que o espírito da pessoa retoma para residir ali. Um culto religioso então
desenvolve-se, quando tal imagem é alvo de preces e oferendas, a fim de aplacar
aquele suposto espírito. Na Escandinávia e nos países germânicos, os
arqueólogos têm encontrado pedras e toras de madeira escavadas, com propósitos
religiosos.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 206-207.
O
Anticristo e seu falso profeta.
Tanto
o Anticristo como o seu profeta aparecem aqui no capítulo 13, sob a figura de
duas bestas. O Anticristo é a besta que sobe do mar em 13.1. O Falso Profeta é
a besta que sobe da terra em 13.11. O Anticristo é assim chamado por duas
razões. Ele se opõe a Cristo no sentido de resistir e hostilizar. Mas também se
chama assim porque procura imitar a Cristo no seu papel de redentor.
Satanás
estará na terra já durante a primeira metade da 70ª semana, mas não se revelará
como o Anticristo até a metade da semana, quando cancelará sua aliança com
Israel. As duas testemunhas profetizarão durante a primeira metade da semana,
quando ele as perseguirá e as matará. É provável que nesse tempo a Besta
coloque sua imagem no templo, já reconstruído em Jerusalém e exija adoração à
sua pessoa.
A
segunda besta ou o Falso Profeta procura imitar o Espírito Santo, como veremos
ao estudarmos sobre ela neste mesmo capítulo.
l. A
besta que subiu do mar - o Anticristo (13.1-10).
Versículo
1. "uma besta". A palavra usada no original indica animal selvagem.
Isso mostra o caráter bestial, animalesco, baixo e vil do Anticristo, quando
ele se manifestar abertamente. "Dez chifres... e sobre os chifres, dez
diademas", o que indica a sua procedência satânica, pois o dragão aparece
em 12.3 com sete cabeças e dez chifres. Mas há uma diferença entre os dois. Os
diademas do dragão estavam nas cabeças (12.3), e os da besta nos chifres
(13.1). Deste modo, os diademas do dragão eram sete, é os da besta dez. O
profeta Daniel viu esse animal sob outro ângulo, porém tinha também sete
cabeças e dez chifres (Dn 7.23,24).
Versículo
2. Aqui temos o que podemos chamar um retrato da besta: Parecida com leopardo,
com pés de urso e boca de leão. Isso nos leva ao capítulo 7 de Daniel. Ali o
leopardo é a Grécia; o urso é a Pérsia e o leão é Babilônia. O leopardo fala de
rapidez; o urso, de força e o leão, de soberba. Certamente isso também
significa que o domínio da besta será caracterizado por princípios que
predominaram em Babilônia, na Pérsia e na Grécia e também
no Império Romano, porque os dez chifres, como veremos logo mais, figuram uma
expressão última daquele império. "E deu-lhe o dragão o seu poder".
Assim, temos no início do capítulo a revelação de uma trindade satânica
operando nesse tempo: o Dragão, que procura imitar Deus; a Besta, que imita o
Senhor Jesus; e o Falso Profeta (a segunda besta), que imita o Espírito Santo.
Que dias tenebrosos serão esses!
Versículo
5. O domínio da Besta será de 3 anos e meio. "Quarenta e dois meses",
diz o versículo. "Foi-lhe dada uma boca que..." A Besta terá
inigualável habilidade de influenciar as massas à ação com seus discursos
inflamados. Com os modernos meios de comunicação por satélites, alcançará o
mundo todo com sua demagogia saturada de poder maligno.
Versículo
7. Os "santos" aqui são aqueles que crerão durante a Grande
Tribulação: judeus e gentios. Eles morrerão como mártires. A superigreja
mundial encabeçada pelo Falso Profeta matará nesse tempo muito dos santos.
Apocalipse 17.6: "Então vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e
com o sangue das testemunhas de Jesus..."
Versículo
8. "dó Cordeiro que foi morto, desde a fundação do mundo". Significa
que cada cordeiro que era imolado como sacrifício no Antigo Testamento, desde o
primeiro que Abel imolou (Gn 4.4), era uma prefiguração do Cordeiro de Deus que
tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Portanto, Cristo e sua obra redentora é o
tema central das Escrituras. Em 1 Pedro 1.20 confirma isto: "conhecido,
com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos,
por amor de vos".
2. A
besta que subiu da terra - o Falso Profeta (13.11-18). Ele é chamado por esse
nome em três lugares do Apocalipse: 16.13; 19.20; 20.10.
Versículo
11. "possuía dois chifres". O chifre é símbolo de poder em qualquer
sentido. Podem indicar seu poder político e religioso, pois no versículo 12
está dito que ela exerce a autoridade da primeira besta e compele todos à
adoração da primeira besta, "parecendo cordeiro, mas falava como
dragão". A segunda besta é descrita como cordeiro, o que indica o seu
caráter religioso, que é confirmado pelo seu título "falso profeta".
Profeta de quê? Só pode ser uma falsa religião.
Versículos
12,13. A leitura desses versículos mostra que haverá muita religiosidade
naqueles dias. O versículo 13 indica que será um período de muitos milagres.
Porém em 2 Tessalonicenses 2.9, o Espírito Santo, falando
por
meio de Paulo, diz: "Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de
Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios da mentira". Portanto,
serão como sempre, milagres falsos, como acontece hoje em dia no espiritismo.
Quando, por meio do espiritismo, o demônio sai de uma pessoa, muitos outros
ficam doentes. O que acontece lá não é cura nem libertação, é um acordo entre
os demônios, mas sempre com prejuízo do ser humano escravizado.
É a
operação do erro, para crerem na mentira, como está escrito em 2
Tessalonicenses 2.11.
O
Falso Profeta será, pois, um superlíder religioso. Pelos versículos 12 e 15
vê-se que ele promoverá uma religião universal em torno da primeira besta. O
movimento religioso do ecumenismo já bem configurado por toda parte, visando
unir todas as igrejas, e aceitando pessoas de todas as procedências religiosas
(bastando que "creiam" em Deus) está aí. O palco já está armado; só
faltam os atores para o drama...
Versículo
15. A imagem da Besta falará. Sim, falará como atualmente os demônios falam
através dos médiuns espíritas.
Versículos
16-18. O nome e o número da Besta. Será fácil saber isto pelos que estiverem
aqui quando a Besta surgir no cenário mundial. Para nós, os salvos, aguardamos
o arrebatamento da Igreja, muito antes da manifestação desse Anticristo.
"Número de homem" (v. 18). A Besta não será o Diabo, nem um homem
ressuscitado, masi um homem personificando o Diabo. Três coisas são ditas dela,
no versículo 17: sua marca, seu nome, e seu número.
O
número "666" é número de homem ou humano (v. 18). O homem foi criado
no sexto dia. Ao homem foi determinado que trabalhe seis dias na semana. O
escravo hebreu servia por seis anos de cada vez. O homem cultivava a terra por
seis anos de cada vez. Encontramos o número "666" no Antigo
Testamento, mas sem qualquer relacionamento com o da Besta (1 Rs 10.14; 2 Cr
9.13). Muitos, através dos tempos, têm encontrado o número "666" nos
nomes de muitas personagens da história, mas tudo não passa de especulação.
Conclusão
sobre as duas bestas. Estes dois homens de que acabamos de tratar representam
dois grandes movimentos mundiais nos últimos dias dos tempos dos gentios: uma
confederação de nações para fins políticos, e uma confederação (também mundial)
de igrejas para fins religiosos.
Observando
com atenção a profecia, vemos que os tempos dos gentios começaram com a
adoração compulsória de uma imagem idolátrica (Dn 3), e findarão, como acabamos
de ver, com a adoração, também compulsória, de uma imagem, desta vez, da Besta,
o último governante mundial dos tempos dos gentios.
Antônio
Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os
últimos dias. Editora CPAD.
VIII
- A Segunda Besta que se Levanta da Terra (Ap 13.11,12)
"E
vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um
cordeiro; e falava como o dragão. E exerce todo o poder da primeira besta na
sua presença, e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta,
cuja chaga mortal fora curada."
A
primeira besta levantou-se do mar (isto é, das nações do mundo). Agora, a
segunda besta há de se levantar da terra. Está claro, pois, que não vem do céu,
apesar de sua proclamação e da ostentação que faz de seus poderes
sobrenaturais. E "uma outra" besta; ou seja: é do mesmo tipo que a
primeira. Sua aparência de cordeiro contrasta com suas palavras, pois fala
"como dragão".
Ela
procura dar a impressão de ser um cordeiro - gentil e cuidadoso, cheio de amor.
Mas tudo não passa de encenação. Ela é má. Suas palavras, embora convincentes,
são enganosas. Faz parte do trio diabólico, que é uma imitação da trindade. A
verdadeira Trindade é uma tri-unidade composta por três pessoas divinas num
único Ser Eterno. Este trio, porém, é constituído de seres separados; formam
uma unidade somente nos planos satânicos.
A
segunda besta exercerá toda a autoridade e poder diante da primeira besta. Isto
significa que o dragão, o próprio Satanás, é também a fonte de poder da segunda
besta.
Com
seu poder, ela ajudará a primeira besta. Forçará a terra e todos os seus
habitantes a adorá-la, mostrando como aquela ferida mortal foi curada. Fica
claro, pois, que não somente a sua cabeça, mas todo o seu corpo achava-se
mortalmente ferido. Todavia, foi esta restaurada. (Ver comentário no versículo
3). Observamos que a preocupação da segunda besta será com a religião; ela é,
portanto, identificada como o Falso Profeta (16.13; 19.20; 20.10).
Alguns
creem que o Falso Profeta estará à frente da igreja apóstata durante a primeira
parte da Grande Tribulação (os verdadeiros crentes já terão sido arrebatados
para o encontro com Senhor Jesus nos ares). Assim, o Falso Profeta tornar-se-á
o líder do sistema religioso mundial que o Anticristo estabelecerá na última
parte da Grande Tribulação. Ao glorificar a besta e a sua falsa ressurreição, o
Falso Profeta imita o Espírito Santo, cuja missão é, entre outras coisas,
glorificar o Cristo ressuscitado. IX - Milagres Enganosos e Falsos (Ap
13.13-15)
"E
faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista
dos homens. E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido
que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem
uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia. E foi- lhe
concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da
besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem
da besta."
A
segunda besta, o falso profeta, opera muitos sinais e milagres
("sinais" no versículo 13 é a tradução da mesma palavra grega
(semeia) usada no Evangelho de João para descrever os milagres de Jesus). Na
presença dos povos, o falso profeta faz até com que fogo, aparentemente vindo
do céu, caia na terra. Trata-se de uma imitação clara do milagre realizado por
Elias ao desafiar os israelitas a decidirem entre o Senhor e Baal. Apesar dos
sacerdotes de Baal não puderem realizar o prodígio (1 Rs 18.22-34), o Falso
Profeta, através do poder de Satanás, o fará. Todos ficarão impressionados. Até
mesmo nesta era tão científica, há pessoas ingênuas dispostas a seguir os
falsos profetas; são enganadas pelos milagres que não têm por objetivo a
glorificação de Deus.
Os
pretensos milagres do Falso Profeta têm por objetivo enganar a humanidade (1 Ts
2.9-12). Mas Israel é advertido em Deuteronômio 13.1-3 a precaver-se contra os
profetas que, apesar dos sinais e milagres que operam, levam o povo a
desviar-se do verdadeiro Deus. Os tais devem ser considerados impostores.
Pois
os verdadeiros profetas falam por Deus, e encorajam o povo a servi-lo e a
adorar a Cristo.
Pode
ser que o Falso Profeta tente criar uma igreja ecumênica, aglutinando todas as
religiões numa só, fazendo com que todos adorem o Anticristo. Seus pretensos
milagres serão uma imitação dos sinais e portentos bíblicos; constituir-se-ão
numa tentativa de copiar o ministério do Espírito Santo (ver comentário no
versículo três).
Com
os seus falsos sinais e milagres, a segunda besta confundirá os habitante da
terra (isto é, os incrédulos que forem aqui deixados). Estes, afinal, já se
encontram no caminho largo da destruição por rejeitarem o Cordeiro de Deus.
Jesus advertiu que falsos profetas e falsos cristos levantar-se-iam no final
dos tempos (Mt 24.24). O Anticristo e o Falso Profeta representam o clímax de
todos estes enganos. As pessoas, contudo, não conseguirão enxergar que os
milagres do Falso Profeta são enganosos. Hão de aceitá-los como prova de que a
besta é o Cristo verdadeiro.
Na
realidade, o Falso Profeta persuade a todos a dedicar uma estátua ao Anticristo
- a besta que sobreviveu a ferida mortal. Tal estátua será como a idealizada
por Nabucodonosor visando a adoração de si mesmo (Dn 3.1). A estátua, ao que
parece, será colocada no templo a ser reconstruído em Jerusalém (Dn 9.26; Mt
24.15; 2 Ts 2.4). Consequentemente, ela tornar-se-á num ponto central de
adoração à Besta.
Ao
Falso Profeta é dado poder para comunicar vida à estátua da besta. O termo
grego pneuma que pode ser usado como referência a qualquer tipo de espírito.
Que tipo de trapaça, ou fraude, capacitou a besta a realizar tal portento, a
Bíblia não revela. Talvez o Falso Profeta tenha ordenado ao espírito demoníaco
que animasse a estátua. Ao fazê-lo, o Falso Profeta reivindica poder divino
para si mesmo e à primeira besta - o Anticristo. Este é um dos seus maiores
enganos. A Bíblia deixa claro que somente Deus pode criar e dar a vida. O verbo
hebraico bara, "criar", é sempre mostrado na Bíblia em estreito
relacionamento com Deus. De diversas formas a Bíblia proclama o Senhor Deus tanto
Criador como Redentor.
Através
deste "espírito" a estátua da besta põe-se a falar, induzindo a
humanidade a crer que o Anticristo seja realmente um ser divino. A estátua da
besta, então, baixa um decreto, determinando que sejam mortos os que se recusarem
a adorar o Anticristo. Isto reforçará a exigência do Falso Profeta quanto a uma
religião única. Mas os que resistirem ao Anticristo e continuarem a adorar a
Jesus, serão martirizados por sua fé (Ap 6.9; 14.12,13; 17.9- 17). Fica
patente, pois, que o Anticristo não seguirá uma filosofia ateísta. Seu sistema
será religioso. Ele usará a religião para exaltar-se a si mesmo como Deus, como
o fizeram os antigos reis da Assíria, Babilônia e Roma.
X -
A Marca da Besta (13.16-18)
"E
faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja
posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas; para que ninguém possa
comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o
número do seu nome. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o
número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e
sessenta e seis."
O
Falso Profeta não fará exceções em sua exigência para que todos os habitantes
da terra recebam a marca do Anticristo (isto é, da primeira besta). O texto diz
claramente que todos serão marcados - "pequenos e grandes, ricos e pobres,
livres e servos".
A
marca da besta é o substitutivo de Satanás para a marca com a qual o 144.000
serão selados (Ap 7.3), e que servirá para identificar os que pertencem a Deus.
A marca da besta identificará os seus seguidores, os que se acham sob o
controle de Satanás.
A
palavra "marca" (grego charagma) era usada para designar o selo, que
poderia ser gravado, colado ou impresso. Era destinado a marcar cavalos,
autenticar documentos e cunhar moedas. (2) Não há, contudo, evidência de que
algum tipo de selo haja sido usado, nos dias de João, para marcar seres
humanos. (3) Nenhuma marca era impressa naqueles que juravam lealdade aos
imperadores de Roma. Isto evidencia estar completamente equivocada a
perspectiva preterista usada para interpretar o Apocalipse. A natureza da marca
da besta, ou o método pela qual é aplicada, não é descrita, exceto a indicação
do seu número. Fica claro que, desde o momento em que a for aplicada,
tornar-se-á permanente. Os que a aceitam, farão como testemunho de sua rejeição
a Cristo. A pressão econômica os ajudará a decidir-se por receber a marca.
Entende-se
pelo texto que a marca da besta controlará a economia de todo o mundo, pois ninguém
poderá comprar ou vencer sem esta identificação. Nada disto aconteceu durante
as perseguições romanas, ou nos períodos mais negros da história da Igreja.
O
domínio sobre a economia mundial será usado como incentivo aos reticentes para
que aceitem a marca da besta. Desde que a marca é identificada com o nome da
primeira Besta, ela tem a ver com a sua natureza e caráter. A marca simboliza
ainda plena submissão ao Anticristo e ao Falso Profeta. Lendo o versículo 15,
tem-se a impressão de que os que se recusam a recebê-la serão identificados,
descobertos e martirizados.
O
versículo 18 oferece uma pequena lista para se entender o sentido da marca e do
nome, ou caráter, da besta. O número 666, no entanto, tem-se tornado mui
controvertido, e vem promovendo mais especulações que qualquer outra coisa da
Bíblia.
Antes
da invenção dos números arábicos (0,1,2,3...), os judeus e gregos tinham de
escrever os números por extensos. Com o passar do tempo, começaram a substituir
as letras do alfabeto pelo nome dos números. Assim, as primeiras dez letras
eram usadas para os números de 1 até 10. A letra seguinte designava o 20, a
outra 30, e daí por diante.
Vem
se constituindo num passatempo popular adicionar letras aos mais diversos nomes
para se obter a identidade da besta. Alguns concluem que o Anticristo haja sido
Nero César, pois tal nome em caracteres hebraicos soma 666. Contudo, o
Apocalipse está no grego, e fala do Alfa e do Omega, letras do alfabeto grego;
e não "Alefe" e "Tau", letras do alfabeto hebraico. Assim,
há somente especulação ao atribuir-se o número 666 a Nero.
Através
da história, vem-se tentando identificar o Anticristo nos ditadores e tiranos.
Quando me encontrava em Israel em 1962, um judeu convertido disse-me para
prestar atenção no nome de Richard Nixon, pois vertido em hebraico soma
exatamente 666. Mais tarde, um irmão da Itália contou-me que a inscrição
dedicada ao papa, e que pode ser vista no interior da basílica de São Pedro, em
Roma, em algarismos latinos, também soma 666. E digno de nota que alguns
escribas antigos substituíssem deliberadamente o número 666, por 616, para que
se encaixasse com o nome de Calígula. A Igreja Primitiva, unanimemente,
rejeitou o artifício.
O
Apocalipse, contudo, nada fala sobre a soma de números do nome da besta. A
única chave é esta: "é o número de um homem". Expositores da Bíblia
interpretam o seis para simbolizar a raça humana. O três para designar a
Trindade. As tripla repetição - 666 - pode simplesmente significar que o
Anticristo é um homem que crê ser um deus, membro de uma trindade composta pelo
Anticristo, Falso Profeta e Satanás (2 Ts 2.4; Ap 13.8)
HORTON. Stanley. M. Serie Comentário Bíblico Apocalipse As coisas que Brevemente devem acontecer. Editora CPAD.
3.
Coragem para não fazer concessões à idolatria (Dn 3.12).
Três
acusações graves contra os judeus (3.12).
A
primeira acusação: “não fizeram caso de Ti”(v. 12). Esta expressão é o mesmo
que dizer: eles não te respeitaram como rei. Os seus acusadores passaram a
ideia de que os jovens, quando não se ajoelharam nem adoraram a estátua do rei,
voluntária e maliciosamente, decidiram desafiar publicamente a autoridade do
rei.
A
segunda acusação: “a teus deuses não servem” (v. 12). Estavam afirmando ao rei
que os jovens hebreus não prestavam culto aos deuses da Babilônia, uma vez que
havia um politeísmo babilônico exacerbado com muitos deuses e deusas. Os jovens
hebreus mantiveram a fé recebida de seus pais em Jerusalém. Eles não serviriam
a outros deuses, senão a Jeová, o Deus de Israel.
A
terceira acusação: “não servem, nem a estátua de ouro que levantaste, adoram”
(v. 12). Os caldeus entendiam que a atitude dos jovens hebreus era de total
rebelião e contra as demais religiões representadas pelas nações exiladas na
Babilônia.
A
lição que aprendemos com esses jovens hebreus é que eles conheciam a Deus e
sabiam que Ele tinha poder para interferir naquela situação e livrá-los da
morte.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 59.
O
presente versículo mostra os acusadores em plena atividade, prestando um
serviço à pessoa de Satanás, o acusador de nossos irmãos, "... o qual
diante de nosso Deus os acusava de dia e de noite” (Ap 12.10). Eles bem sabiam
das circunstâncias em que estes judeus haviam sido designados para os cargos, e
estavam ressentidos pelo fato de ter o rei promovido estrangeiros para estarem
acima deles. Agora, porém, segundo eles, estava ali a oportunidade de obter o
favor do rei, revelando-lhes a traição daqueles jovens inocentes. Eles
esqueceram que Deus “se curva para ver o que está nos céus e na terra. Que do
pó [do próprio cativeiro] levanta o pequeno, e do monturo ergue o necessitado,
para o fazer assentar com os príncipes...” (SI 113.6-8). Sadraque, Mesaque e
Abdenego, foram promovidos ali, exclusivamente pela misericórdia de Deus (Dn
2.49).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 60.
O
coração dos três judeus (vv. 8-12).
No
entanto, naquela imensa multidão, três homens permaneceram em pé, mesmo quando
todo o resto prostrou-se com o rosto em terra. Sua fé estava no verdadeiro Deus
vivo e na Palavra que ele havia dado a seu povo. Conhecendo a história do povo
judeu, tinham certeza de que o Senhor estava no controle e de que não havia
nada a temer.
O
profeta Isaías havia escrito: "Mas agora, assim diz o S en h o r , que te
criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi;
chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas, eu serei contigo;
quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não
te queimarás, nem a chama arderá em ti" (is 43:1, 2). Ter fé significa
obedecer a Deus apesar dos sentimentos dentro de nós, das circunstâncias a
nosso redor ou das conseqüências diante de nós.
E
difícil reconstruir os detalhes dos acontecimentos, mas tudo indica que o rei
Nabucodonosor e seus conselheiros ("caldeus") não estavam juntos
enquanto assistiam à cerimônia e o rei não havia exigido que se juntassem ao
povo em sua adoração. E possível que tivessem declarado sua lealdade em
particular por considerarem um insulto juntar-se "à ralé". Uma vez
que os três homens hebreus tinham cargos nas províncias (Dn 2:49), deviam estar
presentes, mas não sabemos exatamente onde.3 Ao que parece, Nabucodonosor não
tinha como observá-los, mas os caldeus podiam ver o que eles faziam e, sem
dúvida, esses homens perversos vigiavam e esperavam uma oportunidade de acusar
os três estrangeiros que haviam sido promovidos a líderes dos babilônios.
Não
sabemos se esse grupo de conselheiros era o mesmo que havia sido envergonhado quando
Daniel interpretou o sonho do rei, mas se esse é o caso, esqueceram-se
rapidamente de que os "estrangeiros" haviam salvo a vida deles.
A
verdadeira fé não teme as ameaças, não se impressiona com as multidões nem se
abala com cerimônias supersticiosas. A verdadeira fé obedece ao Senhor e confia
que ele cuidará das conseqüências. Esses três homens judeus conheciam a lei de
Deus:
"Não
terás outros deuses diante de mim [...]. Não as adorarás, nem lhes darás
culto" (Êx 20:3, 5). Uma vez que o Senhor falou sobre um assunto, isso
está resolvido e não há espaço para discussão nem necessidade de transigência.
Prostrar-se diante de uma imagem, ainda que uma só vez, quaisquer que fossem as
desculpas que pudessem dar, teria acabado com seu testemunho e rompido sua comunhão
com Deus. O tempo do verbo grego, em Mateus 4:9, indica que Satanás pediu a
Jesus que o adorasse apenas uma vez, e o Salvador se recusou. Sadraque, Mesaque
e Abede-Nego não se prostrariam diante da imagem de ouro nenhuma vez, pois isso
os levaria a servir os falsos deuses de Nabucodonosor para o resto da vida.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. IV. Editora Central Gospel. pag. 323-324.
III – A FIDELIDADE A DEUS ANTE A
FORNALHA ARDENTE (Dn 3.8-12)
1.
Os jovens hebreus foram acusados e denunciados (vv.8-12).
A
punição foi inevitável. A ordem do rei não podia voltar atrás. Os inimigos dos
três jovens hebreus não deram tréguas aos judeus. Depois de acusados e
denunciados tiveram que enfrentar e submeter-se à punição do rei. Os seus
algozes foram os mesmos que haviam sido poupados anteriormente da pena de morte
no episódio do sonho do rei no capítulo 2 e não tiveram a menor consideração
com seus pares dentro do Palácio. O rei, tão logo foi informado da
desobediência dos jovens hebreus, ficou enfurecido e os chamou diante de si.
Foram interrogados e, mais uma vez ameaçados com a punição da fornalha ardente,
mas os servos do Deus Altíssimo mantiveram sua fidelidade à fé judaica. Eles
não se intimidaram diante das ameaças porque sabiam que Deus poderia intervir
naquela situação, e estavam prontos a serem queimados vivos sem trair a sua fé.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 60.
Dn 3.8
Ora, no mesmo instante, se chegaram alguns homens caldeus. O rei se fizera
entender claramente. Ninguém poderia dizer-se ignorante da lei. Alguns oficiais
provinciais observaram que havia três jovens judeus que não cumpriam seus
“deveres religiosos”. Esses jovens estavam cometendo um claro ato de traição.
Não temos aqui menção ao grupo de judeus no cativeiro, mas somente aos três
jovens companheiros de Daniel, o que indica claramente que as massas dos judeus
estavam obedecendo ao edito real. O três tinham sido colocados em posição de
autoridade (ver Dan. 2.49 e 3.12), o que os tornara conspícuos.
E
acusaram os judeus. Diz a Revised Standard Version: “acusaram maliciosamente”.
Isso
é justificado pelas palavras literais: “e comeram seus pedaços”. Esta é uma
expressão idiomática no aramaico, que comumente significava “acusar” , o que
demonstra uma atitude virulenta. O aramaico também usava a expressão “comeram a
carne deles” (Quran, 49.12). Cf. as palavras akalo karsi, das cartas de
Tel-el-Amarna (e ver Sal. 27.2). Pode ter havido inveja política na questão, em
que um partido tentava derrubar outro. A única coisa pior do que a perseguição
política é a perseguição religiosa.
Dn 3.9
Disseram ao rei Nabucodonosor. Aqueles pequenos oficiais locais, em sua tremenda
inveja, certificaram-se de que o rei ouvisse sobre a clara infração que tinham descoberto.
Dessa maneira, demonstraram quão competentes e patriotas eram revelando a
questão assim que puderam. Demonstraram respeito pelo rei, desejando que ele
“vivesse para sempre”, e não dando valor algum à vida dos três “criminosos”, “Um
prefácio de lisonja foi seguido de perto pela crueldade. Assim também, em Atos
24.2,3, onde Tértulo, ao acusar Paulo diante de Félix, começou lisonjeando o
governador romano” (Fausset, in Ioc.). O restante dos judeus acom panhava o
movimento de apostasia; Daniel era importante e favorecido demais para alguém
tentar atingi-lo. Assim sendo, a ira recaiu sobre os três amigos de Daniel, que
são m encionados por nome no vs. 12.
Dn 3.10
Tu, ó rei, baixaste um decreto, Aqueles réprobos lembraram a Nabucodonosor que
fora ele próprio quem decretara, de modo “justo e sábio”, que, ao começarem a
tocar os instrumentos m usicais (já listados por duas vezes nos vss. 5 e 7),
todos deveriam prostrar-se e adorar a imagem feita pelo monarca. Os
instrumentos tinham sido tocados, O decreto entrara em efeito. Mas certos jovens
preferiram desobedecer ao decreto real. Este versículo é uma repetição virtual
do vs. 5, onde são oferecidas notas expositivas.
Dn 3.11
Qualquer que não se prostrasse e não adorasse. Este versículo repete essencialmente
o vs. 6 — o resultado para quem não obedecesse ao decreto, ou seja, a fornalha
ardente. Ver notas alí. Aqueles homens ímpios e desvairados agora “exigiam” que
a execução ocorresse. Provavelmente eles seriam galardoados de alguma maneira,
ainda que somente com a satisfação de ver a queda dolorosa de inimigos
políticos que, além do mais, eram estrangeiros desprezados.
Dn 3.12
Há uns homens judeus. Os réprobos não demoraram a identificar os “traidores”: eram
aqueles três estrangeiros, os desprezíveis cativos judeus, a saber, Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego, homens desobedientes e ímpios que ousavam desafiar o rei
e o seu decreto, dignos da punição ameaçadora. Quanto aos nomes desses três
homens, seus nomes hebraicos originais e seus novos nomes babilônicos, ver Dan.
1.6,7. O texto não menciona a razão pela qual Daniel (que também, sem dúvida,
desobedecera ao decreto real) não estava entre os acusados.
Por
isso floresceram várias conjecturas: 1. Daniel era alto demais para ser tocado;
2. ele estaria viajando; 3. ele teria seu próprio julgamento severo (capítulo 6),
pelo que pôde ter-se mostrado culpado no caso, mas fora deixado em paz propositadamente.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3384-3385.
As
pessoas ingratas têm memória curta (v. 8). Os caldeus tinham sido poupados da
morte pela intervenção de Daniel e seus amigos (Dn 2.5,18). Agora eles, de
forma ingrata, acusam as pessoas que lhes ajudaram, no passado, a se livrar da
morte. A ingratidão é uma atitude que fere as pessoas e entristece a Deus. A
acusação dos caldeus é maliciosa. A palavra hebraica significa “comer a carne
de alguém”.
As
pessoas invejosas tentam se promover buscando a destruição dos concorrentes (v.
12). Os caldeus usam a arma da bajulação ao rei antes de acusar os judeus. Eles
acrescentam um fato inverídico: “Não fizeram caso de ti”. Eles não querem
informar, mas distorcer os fatos e destruir os judeus. Isso, apenas porque
esses judeus foram constituídos sobre os negócios da província. A inveja foi o pecado
que levou Lúcifer a ser um querubim descontente, mesmo no céu, e a tornar-se um
demônio. A inveja provoca contendas, brigas, mortes e desastres. As pessoas
fiéis, entretanto, entendem que fidelidade é uma questão inegociável. A
fidelidade a Deus é mais importante que a preservação da própria vida. Esses
jovens entenderam que agradar a Deus é mais importante que preservar a própria
vida. A principal lição desse texto não é o livramento miraculoso, mas a
fidelidade inegociável.
Três
jovens têm coragem de discordar de todos; de preferir a morte ao pecado. Estão
dispostos a morrer, não a pecar. Transigir era uma palavra que não constava do
vocabulário deles.
A
fidelidade incondicional não é uma barganha com Deus. Muitas vezes, nossa
fidelidade a Deus nos levará à fornalha, à cova dos leões, à prisão, a sermos
rejeitados pelo grupo, a sermos despedidos de uma empresa, a sermos rejeitados
na escola. Nosso compromisso não é com o sucesso, mas com a fidelidade a Deus.
Ceder
à pressão da maioria pode destruir sua vida mais que o fogo da fornalha. Muitos
jovens crentes são tentados a ceder. Jovens cristãos são instados a se
embriagar com seus amigos ou a perder a virgindade antes do casamento. São
tentados a mentir aos pais, a ver filmes indecentes, a curtir músicas
maliciosas do mundo. O mundo tem sua própria fornalha ardente à espera daqueles
que não se conformam em adorar seus ídolos. E a fornalha de ser desprezado,
ridicularizado. Os que são fiéis a Deus são chamados de retrógrados. Cuidado
com a opinião da maioria, ela pode estar errada e, via de regra, está.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 53-54.
E
estranho ver que Sadraque, Mesaque, e Abede-Nego estavam presentes nessa
reunião, sabendo, provavelmente, qual era o intento dessa convocação. Podemos
supor que Daniel estivesse ausente porque os seus negócios o requisitavam, ou
porque ele tivesse a dispensa do rei para se retirar, a menos que suponhamos
que ele estivesse tão elevado no favor do rei que ninguém ousasse se queixar
dele pela sua desobediência. Mas por que os seus companheiros não se afastaram
do caminho? Certamente porque queriam obedecer ao rei até onde fosse possível,
e estariam prontos a dar um testemunho público contra essa idolatria grosseira.
Eles não acharam suficiente não se prostrarem diante da imagem, mas, estando no
evento, se viram obrigados a ficar de pé diante dela, embora fosse a estátua
que o rei, seu senhor, havia levantado, e uma estátua de ouro para aqueles que
a adorassem. Então: IA denúncia é trazida ao rei por alguns caldeus, contra
esses três homens que não obedeceram ao decreto real (v. 8). Talvez esses
caldeus que os acusaram fossem alguns daqueles magos ou astrólogos que foram
particularmente chamados de caldeus (cap. 2.2,4). Eles eram aqueles que
guardavam rancor contra os companheiros de Daniel por causa dele, devido ao
fato de ele tê-los ofuscado junto com esses companheiros. Os amigos de Daniel,
por suas orações, tinham obtido a misericórdia que salvou a vida desses
caldeus. Mas estes retribuíram o bem com o mal. Eram adversários daqueles que
demonstraram amor. Isto também aconteceu com Jeremias, que intercedeu diante de
Deus por aqueles que mais tarde cavaram uma cova para a sua vida (Jr 18.20). Não
devemos estranhar o fato de nos depararmos com homens ingratos. Ou talvez esses
fossem os caldeus que esperavam pelos cargos aos quais esses homens foram
promovidos, e invejavam o favorecimento deles. E quem pode suportar a inveja?
Eles apelaram ao próprio rei a respeito do decreto. Apresentaram-se com o
devido respeito à sua majestade, fazendo a saudação habitual: “O rei, vive
eternamente!” (como se não visassem nada além da honra do rei, e quisessem
servir aos seus interesses, quando, na verdade, estavam colocando sobre o rei
aquilo que ameaçava a ruína dele e do seu reino). Então pedem licença: 1. Para
lembrá-lo da lei que ele havia feito recentemente, pela qual toda sorte de
pessoa, sem exceção de nação ou língua, deveria se prostrar e adorar a imagem de
ouro. Eles também o lembraram da penalidade que pela lei deveria ser infligida
aos que se recusassem: deveriam ser lançados no meio do forno de fogo ardente
(w. 10,11). Não pode ser negado que essa era a lei. Ela deveria ser
considerada, quer fosse uma lei justa ou não. 2. Para informá-lo de que esses
três homens, Sadraque, Mesaque, e Abede-Nego, não haviam obedecido ao seu
decreto (v. 12). E provável que Nabucodonosor não tivesse qualquer propósito
específico de apanhá-los em uma armadilha ao fazer a lei, porque então ele
mesmo estaria de olho neles, e não teria precisado dessa informação. Mas os
seus inimigos, que buscavam uma oportunidade contra eles, aproveitaram isso, e
se apressaram a acusá-los. Para agravar a situação, e incitar mais o rei contra
os servos de Deus: (1) Eles o lembram da dignidade com que os criminosos tinham
sido favorecidos. Embora fossem judeus, estrangeiros, cativos, homens de uma
nação e religião desprezíveis, o rei os havia constituído sobre os negócios da
província de Babilônia. Era, portanto, uma ingratidão e uma insolência
intolerável desobedecerem à ordem do rei, depois de terem recebido tantos
favores daquele monarca. E, além disso, a elevada posição em que estavam
tornava a recusa deles ainda mais escandalosa. Isto seria um mau exemplo, e
teria uma má influência sobre os outros. Portanto, era necessário que essa
atitude fosse punida com muito rigor. Desse modo, os príncipes que são
suficientemente incitados contra pessoas inocentes geralmente têm muitos ao
redor deles que farão tudo o que puderem para agravar a situação. (2) Eles
sugerem que isso foi feito maliciosamente, obstinadamente, e em desprezo ao
monarca e à sua autoridade: “Eles não fizeram caso de ti. A teus deuses não
servem, nem a estátua de ouro, que levantaste, adoraram.”
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 839-840.
2.
A resposta corajosa dos jovens hebreus (Dn 3.16-18).
“agora,
se estais prontos” (3.15). Eles estavam prontos, não para obedecer a imposição
do rei quanto à sua fé. Eles estavam prontos, sim, para manter a sua fé no Deus
que podia mudar toda aquela situação. Aqueles jovens entendiam que fidelidade é
algo inegociável. A fidelidade desses jovens era mais que uma qualidade de
caráter, era uma confiança inabalável em Deus que haveria de intervir naquela
situação. A resposta resultava do conhecimento prévio que tinham do mandamento
divino: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás imagem de escultura,
nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem
nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque
eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos
filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Ex 20.3-5).
Deus busca homens e mulheres que tenham a fibra de manter a fidelidade a Ele
mesmo quando ameaçados.
“Não
necessitamos de te responder sobre este negócio” (3.16). A confiança em Deus e
a certeza de que Deus faria alguma coisa lhes deu a convicção de que valia a
pena enfrentar a fornalha pelo nome de Jeová.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 60-61.
Dn 3.16
Responderam Sadraque, Mesaque e A bede-Nego ao rei. O rei não precisou mandar
tocar de novo a música, nem os três cativos vacilaram , debateram e ficaram
jogando na tentativa de escapar do inevitável, por meio de argumentos espertos.
O caso era fácil: eles precisavam ser fiéis a Yahweh e entregaram sua vida nas
mãos Dele, incondicionalmente. Assim , os três judeus responderam que não
tinham necessidade de defender-se. A defesa deles era Yahweh, ou então não
tinham defesa algum a. Se ser alguém leal a Yahweh era um crime, então eles
eram os piores crim inosos, pois a lealdade deles era grande e sem hesitações.
“A
hesitação ou a parlamentação com o pecado é fatal. Uma decisão sem hesitação é
a única vereda segura quando a vereda do dever é clara (ver Mat. 10.19,28)”
(Fausset, in Ioc.). “Há certa demonstração de orgulho aqui, como no caso da
resposta de Daniel ao rei, em Dan. 5.17. Era um orgulho derivado da consciência
de que, na qualidade de seivos de Deus, eles eram superiores a qualquer
potentado, e, assim, não precisavam de sua clemência ou de seus dons" (Arthur
Jeffery, in Ioc.).
Dn 3.17
Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos... Elohim, o Poder (relativo
a Elah, a palavra caldaica que aparece neste versículo), era capaz. Eles estavam
dispostos a submeter o Senhor a teste. Esperavam livramento — ser tirados da
fornalha, e não postos dentro dela. Esse seria um livramento da mão perversa do
rei idólatra. A tarefa era impossível para a instrumentalidade humana.
Nesse
caso, somente o Ser divino poderia fazê-lo. Ocasionalmente, todos os homens
enfrentam situações em que “somente Deus é capaz” e então são obrigados a
entregar a vida nas mãos Dele.
Oh,
Senhor, concede-nos tal graça!
Ao
serem submetidos a teste, eles também estavam submetendo Yahweh a teste.
Dn 3.18
Se não, fica sabendo, ó rei. Se eles seriam livrados ou não, não fazia nenhuma
diferença. Eles sabiam que a idolatria estava errada, mesmo quando se tratasse
da idolatria do governo, a lei da terra, mas eles não se envolveriam nisso, sem
importar o que essa atitude lhes custaria. O tema principal da história, pois, emerge:
O martírio é preferível à apostasia, uma lição que poucos judeus, na época do
ataque babilônico e do cativeiro, tinham aprendido. Judá estava perdida em sua
idolatria-adultério-apostasia. Este livro praticamente não usa o nome divino Yahweh,
o qual, para os judeus piedosos, tinha-se tornado santo demais para que fosse
proferido. Portanto, o nome Deus é usado aqui, e aquele título especial é
evitado.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3385.
Eles
respondem algo com que todos concordam, que eles ainda permanecem firmes em sua
decisão de não adorarem a estátua de ouro (w. 16-18). Temos aqui um exemplo de
firmeza e magnanimidade que são raramente encontrados. Chamamos esses servos de
Deus de “os três jovens”, mas deveríamos chamá-los de “os três campeões”, “as
três preciosidades do reino de Deus entre os homens”. Eles não explodiram em
qualquer violência ou paixão imoderada contra aqueles que adoravam a imagem de
ouro, não os insultaram ou os afrontaram. Nem se lançaram precipitadamente a um
tribunal, ou saíram do seu caminho para ir ao martírio da corte. Mas, quando
foram devidamente chamados à prova de fogo, se comportaram corajosamente, com
uma conduta e coragem que convinha aos sofredores de uma causa tão nobre. O rei
não foi tão ousado e mal ao fazer esse ídolo, mas eles foram corajosamente bons
quando testemunharam contra ele. Eles mantiveram a sua calma de uma forma
admirável e exemplai; não chamaram o rei de tirano ou de idólatra (a causa de
Deus não precisa da ira do homem), mas, com uma calma e tranqüilidade de
espírito exemplar, eles deram sua resposta, pela qual resolveram aceitar as
conseqüências. Observe:
1. O
desprezo bondoso e generoso deles em relação à morte, e a nobre indiferença com
a qual olham para o dilema que lhes é apresentado: “O Nabucodonosor, não
necessitamos de te responder sobre este negócio”. Eles não lhe negam com mau
humor uma resposta, nem permanecem mudos. Mas lhe dizem que não estão preocupados
com isso. Não há necessidade de uma resposta (assim se lê). Eles decidem não
obedecer, e o rei está decidido que eles morrerão se não obedecerem. A questão,
portanto, está decidida, e por que isso deveria ser discutido? Mas é
melhor ler: “Não queremos dar uma resposta para ti, nem temos de procurar uma,
mas viemos preparados”.
(1)
Eles não precisavam de tempo para deliberar a respeito desse negócio. Pois não
tiveram a mínima hesitação se iriam obedecer ou não. Era uma questão de vida ou
morte, e alguns diriam que eles poderiam ter pensado melhor antes de decidir. A
vida é desejável, e a morte é terrível. Mas quando o pecado e a obrigação que
estavam envolvidos no caso foram imediatamente determinados pela letra do
segundo mandamento, e nenhum espaço foi deixado para se questionar o que era
certo, então a vida e a morte que estavam envolvidos no caso não deveriam ser
consideradas. Note que aqueles que querem evitar o pecado não devem negociar
com a tentação. Quando aquilo a que somos atraídos ou aquilo que nos aterroriza
é manifestadamente mal, o impulso deve ser rejeitado com indignação e repulsa,
sem que haja qualquer hesitação. Não queira discutir o assunto, mas diga então,
como Cristo nos ensinou: “Para trás de mim, Satanás”.
(2)
Eles não precisavam de tempo para planejar como responderiam. Enquanto fossem
defensores de Deus, chamados para testemunhar a favor de sua causa, eles não
tinham dúvidas de que lhes seria dado na mesma hora o que deveriam falar (Mt
10.19). Eles não estavam planejando uma resposta evasiva, quando uma resposta
direta estava sendo esperada deles. Não, nem iriam rogar ao rei que não
insistisse nisso. Não há nada na resposta deles que pareça alguma saudação.
Eles não começaram como os seus acusadores: “O rei, vive eternamente!” Também
não fizeram nenhuma insinuação ardilosa, a captandam benevolentiam - para
deixá-lo de bom humor, mas disseram tudo de forma clara e direta: “O
Nabucodonosor, não precisamos te responder sobre este negócio”. Observe que
aqueles que fazem da sua obrigação a sua preocupação principal, não precisam se
preocupar com as várias situações que possam vir a enfrentar.
2. A
forte confiança deles em Deus e a sua dependência dele (v. 17). Foi isso que os
capacitou a olhar para a morte com tanto desprezo, a morte em seu esplendor, a
morte em todos os seus terrores. Eles confiavam no Deus vivo, e por esta fé
escolheram antes sofrer do que pecar. Por essa razão não temeram a ira do rei,
mas resistiram, porque, pela fé, tinham o seu olhar fixo Naquele que é
invisível (Hb 11.25,27): “Se for assim, se formos trazidos a essa dificuldade,
se formos lançados na fornalha de fogo ardente a menos que sirvamos aos teus
deuses, saiba, então:” (1) “Que embora não adoremos os teus deuses, não somos
ateus. Há um Deus que podemos chamar de nosso, a quem nós fielmente estamos
ligados.” (2) “Que servimos a esse Deus precioso. Temos nos dedicado à sua
honra. Estamos empenhados em sua obra, e dependemos dele para nos proteger,
suprir as nossas necessidades, e nos recompensar”. (3) “Que temos plena certeza
de que este Deus é capaz de nos livrar da fornalha de fogo ardente. Quer Ele
nos livre ou não, temos certeza de que Ele pode impedir que sejamos lançados na
fornalha, ou de nos resgatar dela.” Note que os servos fiéis de Deus confiarão
que o Senhor é capaz de sustentá-los nos seus serviços, controlando e dominando
todos os poderes que são armados contra eles. ‘Senhor, se quiseres, tu podes’.
(4) “Que temos motivos para esperar que Ele nos livre”, em parte porque, em um
vasto comparecimento de idólatras como esse, seria muito oportuno, para a honra
do seu nome grandioso, livrá-los, e em parte porque Nabucodonosor o havia
desafiado a fazer isto - Quem é o Deus que irá vos livrar? Deus às vezes se
manifesta de forma extraordinária para calar as blasfêmias do inimigo, como
também para responder as orações do seu povo (SI 74.18-22; Dt 32.27). “Mas, se
Ele não nos livrar da fornalha ardente, Ele nos livrará da tua mão”.
Nabucodonosor pode apenas atormentar e matar o corpo. E, depois disso, não há mais
nada que ele possa fazer. Então eles são afastados do seu alcance, e livrados
da sua mão. Observe que os bons pensamentos a respeito de Deus, e uma plena
certeza de que Ele está conosco enquanto estivermos com Ele, nos ajudará muito
a passarmos pelos sofrimentos. E, se Ele for por nós, não precisaremos temer o
que os homens possam nos fazer, mesmo que tentem fazer o pior. Deus nos livrará
da morte ou na morte.
3. A
firme decisão deles de permanecerem fiéis aos seus princípios, quaisquer que
possam ser as conseqüências (v. 18): “Mas se não for assim, mesmo que Deus ache
por bem não nos livrar da fornalha ardente (o que sabemos que Ele pode fazer),
se Ele permitir que caiamos na tua mão, saiba ó rei, que não serviremos estes
deuses, embora eles sejam os teus deuses, nem adoraremos esta imagem de ouro,
embora tu mesmo a tenhas levantado”. Eles não estão envergonhados nem com medo
de reconhecer a sua religião, e dizem ao rei, face a face, que não têm medo
dele, e que não lhe prestarão obediência. Se eles tivessem consultado a carne e
o sangue, muito poderia ter sido dito para trazê-los a uma concordância,
especialmente diante da impossibilidade de evitar a morte, uma morte tão
sofrida. (1) Não foi exigido que eles renunciassem ao seu próprio Deus, ou que
abandonassem a sua adoração. Não, nem que por uma confissão ou declaração
verbal reconhecessem essa imagem de ouro como sendo um deus, mas apenas se
prostrassem diante dela, o que eles poderiam fazer com uma reserva secreta em
seus corações pelo Deus de Israel, detestando essa idolatria interiormente,
assim como Naamã se inclinou na casa de Rimom. (2) Eles não iriam cair no
caminho da idolatria. Era exigido deles apenas um simples gesto, que seria
feito em um minuto, e o perigo teria acabado, e poderiam depois disso declarar
a sua tristeza por isso.
(3)
O rei que ordenou isso tinha um poder absoluto. Eles estavam sujeitos a ele,
não só como súditos, mas como cativos. E, se eles fizessem isso, seria
puramente por coerção e coação, o que serviria para desculpá-los. (4) Ele havia
sido o benfeitor deles, os havia educado e favorecido, e em gratidão a ele,
eles deveriam ir até onde pudessem, embora isso fosse exigir demais de sua
consciência. (5) Eles estavam agora sendo forçados a entrar em um país
estranho, e para aqueles que eram assim forçados a sair, foi dito, na verdade:
“Vai, serve a outros deuses” (1 Sm 26.19). Foi considerado como certo que, na
disposição deles, eles serviriam a outros deuses, e isto se tornou uma parte do
juízo (Dt 4.28). Eles poderiam ser desculpados se tivessem seguido a corrente
que era muito forte. (6) Os seus reis, os seus príncipes, os seus pais, e os
seus sacerdotes também, levantaram ídolos até mesmo no Templo de Deus, e os adoraram
ali, e não só se incli naram diante deles, mas levantaram altares,
queimaram incenso, e ofereceram sacrifícios a esses ídolos, sim, até mesmo os
seus próprios filhos. Não adoraram todas as dez tribos, por muitas gerações,
deuses de ouro em Dã e Betei? Serão eles mais exigentes do que os seus pais?
Communis errorfacitjus - O que todos fazem deve estar certo. (7) Se eles
concordassem salvariam as suas vidas e manteriam os seus cargos, e assim
estariam em condições de prestar um grande serviço aos seus irmãos na
Babilônia, e por muito tempo. Porque eles eram jovens, e estavam prosperando.
Mas há o suficiente naquela única palavra de Deus com a qual se deve responder
e calar estes e muitos outros argumentos carnais: Não te inclinarás diante de
nenhuma imagem, nem a adorarás. Eles sabem que devem obedecer a Deus antes de
ao homem. Eles devem, antes, sofrer do que pecar, e não devem fazer o mal para
que o bem possa vir. Portanto, nenhuma dessas coisas os toca. Eles estão
decididos, antes, a morrer em sua integridade do que a viver em sua iniquidade.
Enquanto os seus irmãos, que ainda permaneciam em sua própria terra, estavam
adorando imagens espontaneamente, eles na Babilônia não seriam levados a isso
pela força, mas, curiosamente, se mostravam mais zelosos contra a idolatria
estando em um país idólatra. E verdadeiramente, considerando todas as coisas,
guardá-los dessa obediência pecaminosa era um milagre tão grande no reino da
graça quanto guardá-los da fornalha ardente era um milagre no reino da
natureza. Esses eram aqueles que anteriormente decidiram não se contaminar com
a porção do manjar do rei, e, naquele momento, eles decidiram tão corajosamente
não se contaminar com os seus deuses. Observe que, uma firme renúncia, uma
forte devoção a Deus e ao dever, em ocasiões menores, nos qualificará e nos
preparará para fazer o mesmo em ocasiões maiores. E nisto devemos ser resolutos
em nunca, sob nenhum pretexto, adorarmos imagens, ou fazermos “uma aliança” com
aqueles que o fazem.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 840-842.
“Não necessitamos de
te responder sobre este negócio”. O presente versículo mostra os três jovens
hebreus diante do poderoso monarca; eles, tecnicamente, são culpados diante
daquela corte, e nada há que os três possam dizer em sua defesa. Eles
responderam ao rei dizendo: “Não necessitamos de te responder”. Há uma
interpretação feita com base no original aramaico, que diz: “Nós não te
responderemos! Deus te responderá! Ele pode, tanto nos livrar como nos entregar
nas tuas mãos, depende dele”. O verdadeiro cristão não faz sua defesa prévia,
mas deixa tudo por conta do Senhor que disse: “Não vos vingueis a vós mesmos,
amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu
recompensarei, diz o Senhor”. E evidente, portanto, que Deus recompensará,
tanto o ofendido como o ofensor: o primeiro com sua bênção; o segundo com seu
castigo.
"... o nosso
Deus, a quem nós servimos...” O presente texto, declara claramente a posição
dos três jovens hebreus, quanto à ordem do rei. Eles apelam tanto para
“providência” como para “o poder de Deus”. Seja como for, Deus livra como quer!
Se Deus usasse a providência no presente caso, os moços não teriam ido para
dentro do forno de fogo ardente, porém, é evidente que o monarca não teria
reconhecido a soberania do Criador. (Ver v 29). Assim, Deus permitiu que seus
servos fossem parar ali; não os livrou do forno, mas os livrou no forno. Deus
permitiu que José, mesmo inocente, fosse parar na prisão, vítima de uma calúnia
da mulher de Potifar, capitão da guarda de Faraó (Gn cap. 40), mas dali Deus o
exaltou, fazendo-o assentar-se no trono, ao lado de Faraó. Deus é sempre o
mesmo, tanto no passado como no presente. Ele não muda. O apóstolo Paulo
entendeu isso, quando disse: “E sabemos que todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por
seu decreto” (Rm 8.28).
"... não
serviremos a teus deuses...” Os jovens judeus, como já ficou demonstrado em
outro capítulo deste livro, mesmo numa terra de cativeiro, permaneceram fiéis à
lei do seu Deus, que dizia: “Não terás outros deuses diante de mim (Ex 20.3). E
perfeitamente compreensível que Deus, disposto a ser o único Deus suficiente e
o recurso sobrenatural do seu povo proíba um apelo a quaisquer outros poderes sobrenaturais.
Por isso, entendemos que o espiritismo é proibido a quem crê num Deus vivo. No
conceito divino, é impossível a criatura humana fazer uma representação
superior à sua própria idéia, e por isso é-lhe impossível apresentar dignidade
à divindade, pois Deus há de ser infinitamente superior ao nosso mais sublime
pensamento. Nabucodonosor não compreendia esse princípio emanado do supremo
Deus, mas aqueles hebreus sim, o conheciam muito bem.
Severino
Pedro da Silva. Daniel versículo por versículo. Editora CPAD.
3.
Reação à intimidade (Dn 3.16-18).
“Eis
que o nosso Deus, a quem servimos; é que nos pode livrar” (3.17). Esta
declaração dos três judeus tinha a convicção da intervenção de Deus naquela
situação. O rei ficou enfurecido e intimidado, além dos jovens terem sido
desafiados na sua fé com a ousadia do Rei em dizer-lhes: “Quem é o Deus que vos
poderá livrar das minhas mãos?” (Dn 3.15), eles não tiveram dúvidas de que
valia a pena permanecerem fiéis a Deus. Então, sem temor e com grande fé responderam
ao Rei: “Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele
nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei. E, se não, fica
sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de
ouro que levantaste” (Dn 3.17,18). Esta resposta dos jovens hebreus se
confrontada com o cristianismo de muitos crentes hoje nos deixa preocupados.
Quão facilmente cedemos; negamos nossa fé; fugimos do caminho da provação, mas
Deus conta com crentes fiéis que sejam capazes de responder às ameaças
satânicas de que não as tememos.
“E,
se não” (3.18). Duas palavras pequenas foram capazes de mostrar a todo o
Império da Babilônia que aqueles jovens tinham um Deus diferente que lhes dava
a certeza de que ninguém pode confrontar Jeová. Eles sabiam que nada os
demoveria de sua fé e eles não a negariam, mesmo que fossem queimados vivos
naquela fornalha. Na vida cristã, estas duas palavrinhas “se não” estão fazendo
na confissão de fé de tantos crentes. Satanás, nosso arqui-inimi- go, quer que
nos rendamos às ameaças e armadilhas preparadas para sufocar a nossa fé (1 Pe
5.8).
“não
serviremos a teus deuses” (3.18). Os três jovens foram ousados. Não
transigiram, nem cederam às ameaças. Eles não trocaram o seu Deus pelos deuses
de Nabucodonosor. A ira do rei manifestou-se com exagero ao ordenar que se
aquecesse muito mais a fornalha. Eles não foram livrados da fornalha porque
Deus os esperava dentro daquela fornalha ardente. A fornalha tem o poder da
intimidação, que pode nos levar à desistência de nossos valores espirituais. A
verdade é que nem sempre podemos evitar a fornalha das angústias, das decepções
pessoais, das enfermidades físicas. Aqueles jovens hebreus não se deixaram
intimidar, mas foram ousados em não transigir, nem ceder às ameaças.
Eles
enfrentaram a fornalha ardente sem temor (3.19-22)
Os
judeus foram lançados na fornalha. Diz o texto que tudo que dizia respeito a
eles em termos materiais, suas roupas e chapéus foram atados juntamente com
eles e lançados na fornalha ardente. Os homens que os lançaram caíram mortos
pela chama do fogo e todos inimigos do lado de fora imaginavam que os judeus
seriam reduzidos a cinza dentro da fornalha.
“O
aspecto do quarto homem é semelhante ao filho dos deuses" (3.23-25). Foram
lançados três judeus, mas um quarto homem os esperava dentro da fornalha. O
poder do quarto homem visto pelo rei dentro da fornalha os tornou incólumes e
nenhum fio de cabelo se queimou. Esse quarto homem não era outro senão o
próprio Deus entre eles que os tornou aptos a superarem a força do fogo
destruidor. E uma perfeita identificação com a Pessoa de Jesus Cristo, o Filho
de Deus. Não era um anjo enviado de Deus. Ele era, teofanicamente, o próprio
Deus. É interessante que Ele não apagou o fogo, nem tirou os três hebreus da fornalha.
Ele os capacitou a estarem e passarem pelo meio do fogo sem serem destruídos.
Tudo isso porque aqueles hebreus confiaram na providência divina que tem o
poder de intervir, a tempo e fora de tempo, para nos livrar da destruição. As
vezes, a vontade permissiva de Deus nos ensina que Deus pode permitir que
soframos tribulações, angústias e dissabores como o fogo da fornalha, mas Ele
nos livra no tempo próprio. Sua presença imanente é capaz de impedir que as
chamas das tribulações nos destruam.
O
poder providencial de Deus os tornou incólumes no meio da fornalha (3.26-28). O
impacto ante à visão que o rei teve ao olhar para dentro da fornalha deixou o
rei perplexo e todos os que estavam com ele. Os jovens hebreus estavam vivos e
tranquilos andando no meio da fornalha. Deus honrou aqueles judeus. O rei e
seus príncipes tiveram que reconhecer o poder do Deus de Israel. A providência
divina não só os protegeu da força do fogo, mas os manteve vivos para
testemunharem da grandeza desse Deus. O rei reconhecia que o Deus dos judeus
era poderoso, mas não o aceitava como seu Deus. Para o rei, era mais um entre
outros deuses, mas na mente e no coração dos jovens hebreus, Ele era o Único
Deus sobre todos os demais. O apóstolo Paulo nos dá uma lição preciosa de fé e
disposição para servir a Deus, quando diz: “Porque, se vivemos, para o Senhor
vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos, quer
morramos, somos do Senhor” (Rm 14.8).
Uma
doxologia do rei ao Deus de Israel (3.29,30). Ainda que Nabucodonosor não
tenha desistido dos seus deuses, reconheceu a religião judaica em seu império,
especialmente, para os exilados judeus. Ele fez um decreto reconhecendo a
grandeza do Deus dos judeus e admitiu que nenhum outro deus poderia fazer o que
Ele fez ao livrar os judeus dentro da fornalha ardente.
Restaurados
e promovidos dentro do império (3.30). Os três jovens foram restaurados às suas
posições palacianas e investidos de autoridade da parte do rei. Segundo o
Comentário de Charles Pfeiffer, da Editora Batista Regular: “A vitória da fé
tinha cinco objetivos: (1) Foram soltos de suas amarras (v. 25); (2) Foram
protegidos do mal (v. 27); (3) Foram confortados na provação (vv. 24,25,28);
(4) Seu Deus foi glorificado (v. 29); (5) Como servos de Deus foram recompensados
(v. 30).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 61-63.
O
equilíbrio e a calma dos três servos do Deus Altíssimo estavam em claro
contraste com a fúria incontida do rei. A ousadia da fé deles era equiparada à
sua serenidade. Os três responderam ao rei Nabucodonosor: Não necessitamos de
te responder (“defender-nos”, NVI) sobre este negócio. Eis que o nosso Deus, a
quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo
ardente e da tua mão, ó rei.
E,
se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a
estátua de ouro que levantaste (16-18).
A
verdadeira fé não está ligada às circunstâncias nem às conseqüências. Ela está
fundada na imutável fidelidade de Deus. E a fé é decisiva no que tange à
questão da fidelidade no crente. Poderia ter parecido algo de menor valor
racionalizar apenas um pouco. Afinal, eles não deviam uma certa consideração ao
rei? Porventura, eles não poderiam dobrar seus joelhos, mas ficar em pé em seus
corações? Uma pequena concessão à limitada compreensão das coisas divinas por
parte do rei seria uma questão insignificante.
Mas
não! A reputação do caráter do Deus vivo e verdadeiro dependia desse momento.
Multidões de pagãos de muitos países estavam observando. Quer Deus os
libertasse das chamas, quer não, eles deveriam ser fiéis em honrar o seu nome.
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel.
Editora CPAD. Vol. 4. pag. 510.
A firmeza (v. 13-18)
E
importante entender que não fomos chamados para sermos advogados de Deus, mas
Suas testemunhas (v.16-18). Os três jovens não entraram numa discussão infrutífera.
Eles não tentaram defender Deus. Eles apenas testemunharam dEle, mostrando que
estavam prontos a morrer, mas não a ser infiéis a Deus. Nabucodonosor tenta intimidá-los,
dizendo que deus nenhum poderia livrá-los de sua mão (v. 15). Mas eles não
tentam defender a reputação de Deus, procuram apenas obedecê-Lo (v. 16,17).
É
importante entender, também, que nossa fé náo pode ser arrogante (v. 17,18). Os
três jovens dizem que Deus pode livrar, mas náo dizem que Deus o fará. Eles não
são donos da agenda de Deus. Eles não decretam nada para Deus. Eles não dizem:
“Eu não aceito isto”; “Eu rejeito aquilo”; “Eu repreendo o fogo”; “O rei está
amarrado”.
Eles
não determinam o que Deus deve fazer. Nem sempre é da vontade de Deus livrar
Seus filhos dos padecimentos e da morte. O patriarca Jó, no auge da sua dor
gritou: “Ainda que Deus me mate, eu ainda confiarei nele” (Jó 13:15 ARA).
Tiago, Paulo, John Huss, W illiam Tyndale foram mortos, não poupados. Às vezes,
Deus livra Seus filhos da morte; outras vezes, da morte. Não importa, pois “se
vivemos para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte
que, quer vivamos quer morramos, somos do Senhor” (Rm 14.8).
Devemos
ser fiéis a Deus, não apenas pelo que Deus faz, mas por quem Deus é (v. 17,18).
Aqueles jovens não serviam a Deus por causa dos benefícios recebidos. A religião
deles não era um negócio, uma barganha com Deus. Eles serviam a Deus por causa
do caráter de Deus.
Eles
tinham uma fé teocêntrica, não antropocêntrica.
Hoje
as pessoas buscam a Deus, não por causa de Deus, mas por causa das dádivas de
Deus. Querem bênçãos, não Deus.
Devemos
fazer o que é certo e deixar as conseqüências nas mãos de Deus (v. 17,18).
Nossa função é sermos fiéis, não administrar resultados. Olyott, corretamente,
diz que é melhor ser morto prematuramente e encontrar o reto Juiz em paz que
viver um pouco mais com vida repreensível e encontrá-Lo em terror.17 Precisamos
continuar crendo em Deus apesar das circunstâncias. Viver não é preciso, andar
com Deus sim. A morte por causa de Cristo não é uma tragédia, mas uma promoção.
Os que morrem no Senhor são bem-aventurados. Ainda hoje, muitos cristãos preferem
a morte nas prisões à liberdade no pecado. Prova disso é que mais da metade de
todos os mártires da história viveram no século 20.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 54-56.
ELABORADO:
Pb Alessandro Silva.
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