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5° LIÇÃO 4 TRIMESTRE 2014 DEUS ABOMINA A SOBERBA


DEUS ABOMINA A SOBERBA
Imagine um rei que controla as vidas das pessoas e decide se elas vivem ou morrem, mas de repente, de uma hora para outra se tornar um louco, um lunático e um irracional? Este rei foi Nabucodonosor.

O capítulo 4 de Daniel traz a imagem de uma árvore florescente representando a figura de Nabucodonosor, o imperador da Babilônia. Num belo dia o rei olhou para todas as criações do seu império e, consigo mesmo, viveu a síndrome de Narciso: pensou que era o responsável por todas as realizações do império babilônico. Na imagem apresentada a Nabucodonosor um homem anuncia que a árvore seria cortada e ficariam apenas as raízes. Esta árvore era o rei Nabucodonosor. Daniel foi corajoso em anunciar isso a ele!
O conceito de soberba
O relato do quarto capítulo de Daniel demonstra o sutil, mas desastroso, efeito da soberba. Um comportamento excessivamente orgulhoso, arrogante e presunçoso caracteriza o sentimento da soberba. A ideia de poder sobre os outros por si só é uma loucura. Segundo a psicóloga Rosemeire Zago, "a soberba leva o homem a desprezar os superiores e a desobedecer as leis. Ela nada mais é que o desejo distorcido de grandeza" e completa: "a pessoa que manifesta a soberba atribui apenas a si próprio os bens que possui. Tem ligação direta com a ambição desmedida, a vanglória, a hipocrisia, a ostentação, a presunção, a arrogância, a altivez, a vaidade, e o orgulho excessivo, com conceito elevado ou exagerado de si próprio". Nabucodonosor concentrou todas estas características perdendo-se em si mesmo no mundo obscuro do orgulho.
Não percamos a lucidez
Quantas vezes sentimos a síndrome de narciso como a que se abateu sobre Nabucodonosor? Pretendemos usar o nosso raio de influência para fazer um pequeno império onde nós determinamos, impomos e mandamos sobre o "destino" das pessoas. Por isso que Tomás de Aquino atribuiu a soberba um pecado específico, embora, como bem retratou a psicóloga Rosemeire Zago, num artigo publicado no UOL, a soberba apareça em outros pecados. A soberba adoece a alma. Não fomos chamados para ser irracionais ou lunáticos no exercício das nossas funções humanas. Por isso, o verdadeiro antídoto contra as ambições das nossas almas é Jesus de Nazaré, o homem "manso e humilde de coração".
Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD. pag. 38.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Aproximadamente 25 anos depois da sua ascensão e volta ao trono da Babilônia, Nabucodonosor teve mais um sonho perturbador que requereu a presença dos sábios do Palácio para o interpretarem. Sete anos se passaram desde o estado de loucura do rei, quando Deus o restaurou ao trono da Babilônia. Na sua volta ao Trono, ele dá um testemunho pessoal da experiência com o Deus de Daniel e reconhece a soberania desse Deus dos exilados e cativos de judá. Ele reconhece que sua loucura era resultante de sua soberba, que o levou a viver como um animal do campo por sete anos, até que Deus o tirou daquela condição. E a história que mostra o que acontece com os que se exaltam e se tornam soberbos ante a majestade do Todo-Poderoso Deus de Israel. E uma história que revela a soberania de Deus sobre toda a criação e que nenhuma criatura sua usurpa a glória que lhe pertence. Ao mesmo tempo, Deus revela sua misericórdia e justiça capazes de salvar um homem arrependido. Nos desígnios divinos, Nabucodonosor preenchia o propósito de Deus para o mundo de então. Não há nada que diga que esse rei tenha se convertido. Entretanto, seu testemunho pessoal acerca do Deus de Israel, depois de toda a humilhação que passou, o levou a reconhecer e proclamar a todo o mundo que o senhorio dos reinos do mundo não era dele, mas pertencia ao Deus Altíssimo.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 65.
A Insanidade de Nabucodonosor (4.1-37)
Esta quarta história aparece sob a forma de uma epístola de Nabucodonosor a seus súditos. O material move-se do passado (seu sonho-visão interpretado por Daniel) para o presente (a profecia sobre a insanidade do rei). A lição moral e espiritual a ser comunicada é que até o maior dos poderes pagãos mostra-se impotente diante da história e das vicissitudes que estão sob o controle de Yahweh. Nabucodonosor foi reduzido ao estado dos animais, completam ente humilhado pelo decreto divino que anulou tudo quanto ele era e podia fazer. No entanto, manifesta-se nessa história a misericórdia divina, pois o rei recebeu permissão de voltar e recuperar sua antiga glória. Os registros babilônicos nada dizem sobre isso, nem sobre um período de insanidade para o rei, nem sobre sua ausência do trono por algum tempo, por alguma razão. Há um relato sobre Nabonido, o último rei neobabilônico, que esteve afastado da capital por vários anos, tendo vivido no deserto; mas certamente Nabucodonosor não está em pauta nesse relato secular.
Por esse motivo, os críticos supõem que a história encontrada no livro de Daniel seja uma adaptação do incidente histórico de Nabonido, mas isso é apenas uma conjectura. Seja com o for, sem importar o que possam os pensar sobre a historicidade do evento, não devem os permitir que a falta de confirmação secular nos furte de lições espirituais e morais.
Eusébio (Preparações para o Evangelho, IX.41) relatou a curiosa história de como Nabucodonosor, em estado de êxtase, previu que a Mula Persa se apoderaria dele. A mula era ajudada por uma mulher midianita. A história é interessante, mas não sabemos se reflete algum incidente real na vida de Nabucodonosor.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
A graça de Deus é soberana, Seu chamado é irresistível. Os propósitos de Deus não podem ser frustrados. Ele leva a cabo tudo o que determina fazer. Agindo Deus, ninguém o impedirá. O apóstolo Paulo declara: “Aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou” (Rm 8.30). Daniel, no capítulo 4, mostra a luta de Deus na salvação de Nabucodonozor. Deus move os céus e a terra para levar esse soberbo rei à conversão. O livro de Daniel mostra a soberania de Deus na história e também na salvação de cada pessoa.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 59.
O autor deste capítulo é o próprio Nabucodonosor. A história concernente a ele, aqui registrada, chegou até nós através das suas próprias palavras, pois ele mesmo as escreveu e publicou. Mas Daniel, um profeta, por inspiração, insere- a em seu livro, e faz dela uma parte memorável do documento sagrado. Nabucodonosor foi o rival mais ousado da soberania do Deus Supremo do que qualquer outro mortal jamais pudesse ter sido. Mas aqui ele reconhece que foi justamente vencido e admite, talvez a contragosto, que o Deus de Israel está acima dele. Temos então: I. O prefácio dessa narrativa, no qual o rei reconhece o domínio de Deus sobre si (w. 1-3). II. A própria narrativa, onde relata: 1. O sonho que teve e que deixou os mágicos perplexos (w. 1-18). 2. A interpretação desse sonho, feita por Daniel, mostrando que representava um prognóstico da sua ruína, advertindo-o, portanto, que deveria se arrepender e se reformar (w. 19-27). 3. O cumprimento desse sonho, quando Nabucodonosor ficou completamente louco durante sete anos para depois recuperar novamente a razão (w. 28-36). 4. E a conclusão dessa narrativa com uma humilde aceitação e adoração a Deus como Senhor de tudo e de todos (v. 37). Isso foi extraído dele através do poderoso domínio do Deus que tem o coração dos homens em suas mãos, e se afirma como um registro da eterna comprovação da supremacia divina, um monumento à sua glória, um troféu à sua vitória e uma advertência para ninguém pensar que poderá prosperar se colocando acima de Deus ou endurecendo o coração contra Ele.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 845-846.
I – A PROVA DA SOBERANIA DIVINA (Dn 4.1-3).
1. Nabucodonosor chamado por Deus para um desígnio especial (Jr 25.9).
Nabucodonosor não foi obrigado a servir ao Deus de Israel, mas não pode fugir a humilhação a que foi submetido por querer usurpar a glória que só pertence ao Deus Altíssimo e a nenhum outro deus. Não há dúvida que ele foi submetido a um desígnio especial do Deus do Céu, o Deus de Daniel, Ananias, Misael e Azarias. Segundo a história, Nabucodonosor foi rei da Babilônia no período de 605 a 462 a.C. Mesmo sendo um rei pagão cumpria um desígnio especial de correção divina aos reis de Israel e de Judá, por terem se corrompido com o sistema mundano que havia entrado em Israel. Ora, Deus tem o cetro do domínio de todos os reinos do mundo, e tinha poder para fazer com que aquele homem pagão, por um desígnio especial, se tornasse próspero em seu reino e crescesse em extensão, a ponto de se autodenominar “rei de reis”. O profeta Jeremias, contemporâneo do período do exílio de Israel e Judá na Babilônia, diz que Deus chamou a Nabucodonosor de “meu servo”( Jr 25.9). Na verdade, Nabucodonosor foi a vara de Deus de punição ao seu povo por ter abandonado o Senhor e tomado o caminho da idolatria e dos costumes pagãos. Aprendemos que Deus, em sua soberania é Aquele “que muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis” (Dn 2.21).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 66.
Este versículo afirma com clareza que Yahweh era a causa real dos acontecimentos. Nabucodonosor chega a ser chamado de servo de Yahweh, e ele saberia realizar bem a sua tarefa. Haveria total destruição de Judá e das nações circundantes. Essas nações tornar-se-iam uma piada internacional, lugares de desolação perpétua. Animais selvagens se mudariam para as desolações que antes tinham sido Jerusalém, a Dourada. Ver Jer. 9.11 e 10.22. Quanto a Nabucodonosor como servo de Yahweh, ver também Jer. 27.6 e 43.10.
“Jer. 40.2 mostra-nos que Nebuzaradã, capitão de Nabucodonosor, tinha alguma consciência da missão divina que o rei da Babilônia cumpria” (Fausset, in ioc.). Cf. Isaías a falar sobre Ciro como o pastor, o ungido de Yahweh (ver Isa. 44.28; 45.1). Deus era a causa primária, mas também havia causas secundárias.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3066.
Nabucodonosor [...] meu servo. Essa expressão não significa que o monarca babilónio adorava o Deus de Israel, mas apenas que era usado pelo Senhor para cumprir seus propósitos (como no caso de Ciro, que é chamado de ungido do Senhor, em Isaías 45.1).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1157.
Meu servo (9) não está nos LXX, porém seu significado evidentemente é "meu instrumento". O rei babilônio e seus aliados deixariam a terra se perder e levariam para o exílio quem quisessem. Gerações do norte (9). O Império Babilônico, tal como seu predecessor, o Assírio, fora feito de muitas raças, muitas "gerações".
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia.  pag. 55.
2. A soberba de Nabucodonosor.
Exemplos negativos de pessoas que se tornaram soberbas
A Bíblia não conta apenas as vitórias e conquistas dos homens, mas revela suas fraquezas e derrotas para que se aprenda lições que envolvem nossas relações com Deus e com as pessoas.
Nabucodonosor é o grande exemplo do perigo da arrogância. Por esta causa ele perdeu seu trono e seu reino. A soberba é um dos pecados do espírito humano que afeta diretamente a soberania de Deus. Por causa da sua arrogância contra o Cetro do Deus Altíssimo, Nabucodonosor, assim como a árvore do sonho, foi cortado até a raiz (v. 18). A profecia cumpriu-se integralmente na vida de Nabucodonosor, e ele, depois de humilhado, perdeu a capacidade moral de pensar e decidir porque seu coração foi mudado, de “coração de homem”(v. 16) para “um coração de animal”. A punição levaria “sete tempos” (v. 16). Na linguagem bíblica, sete tempos equivalem a sete anos em que o monarca da Babilônia estaria agindo como um animal do campo em total demência racional. A estupidez da experiência amarga de Nabucodonosor foi demonstrada por uma licantropia, ou seja, ele foi dominado por uma insanidade sem precedente. Passou a agir como um animal do campo, tendo o seu corpo molhado pelo orvalho do céu e com um comportamento irracional, comendo a erva do campo (Dn 4.25). Esse estado de decadência do rei foi resultado de sua soberba que o levou a perder o reino e o trono e a Babilônia esteve em decadência política.
O Rei Hewdes é outro personagem que se destaca na Bíblia por sua soberba. Ele era neto de Herodes, o Grande, e seu nome era Agripa I que governou a Palestina nos anos 37-44 d.C., mas foi o imperador de Roma que lhe deu o título de rei sobre Israel. Ele não gozava de aprovação entre os judeus, porque era um homem altivo, presunçoso e teve um fim triste para a sua história. Em Atos dos Apóstolos está registrado que ele mandou matar Tiago, irmão de João, um dos apóstolos de Jesus Cristo para ganhar o coração de judeus inimigos dos cristãos naqueles primeiros dias da Igreja (At 12.1,2). Depois, percebendo que isto agradaria os judeus que não o recebiam bem, mandou prender outros cristãos e, principalmente Pedro, mandando-o para a prisão (At 12.3-11) quando foi libertado pelo anjo do Senhor de modo excepcional. Herodes não conseguiu matar Pedro. Mais tarde, a soberba de Herodes lhe rendeu desprezo do próprio povo (At 12.21,22). Para que todos entendessem que Deus não aceita que se zombe da sua soberania e justiça, enviou o seu anjo que “feriu-o..., porque não deu glória a Deus e, comido de bichos, expirou” (At 12.23). Ninguém usurpa a glória que só pertence a Deus, a glória de sua soberania.
O Rei Saul é outro exemplo negativo do significado da soberba. Foi o primeiro rei de Israel. Saul começou bem o seu reinado, até que se deixou dominar por inveja, ciúmes e, então, começou a agir irracionalmente. A presunção de se achar superior a tudo, o levou a agir com atitudes arbitrárias dentro do Palácio e nos assuntos do reino. Foram atitudes que feriam princípios morais, políticos e espirituais de Israel. Sua arrogância o fez praticar ações que não competiam à sua alçada e, por isso, foi lhe tirado a graça de Deus na sua vida. Então passou a agir irrefletidamente dominado pela soberba que fez Deus rejeitá-lo, porque sua desobediência era fruto da soberba (1 Sm 9.26; 10.1; 15.2,3,9; 15.23).
A soberba é como vírus contagiante
A soberba é o orgulho excessivo que uma pessoa demonstra e não tem nenhum senso de autocrítica. A soberba é como uma doença contagiosa que se aloja no coração do homem e ele perde a capacidade de admitir que para viver no mundo dos homens ele precisa lembrar que o outro existe. A falta do senso de autocrítica o faz agir irracionalmente (SI 101.5; 2 Cr 26.16). A soberba é contagiosa porque contamina todo o homem (Mc 7.21-23). A Bíblia nos mostra que a soberba torna os olhos altivos (Pv 21.4) e cega a vista (1 Tm 3.6; 6.4).
A soberba foi o pecado de Lúcifer
A história de Lúcifer infere-se em dois textos proféticos de Isaías e Ezequiel nos quais, encontramos em linguagem metafórica, a história literal da queda de Lúcifer, perdendo sua posição na presença de Deus. Ele é identificado na Bíblia como Diabo, Satanás (Is 14.13-16; Ez 28.14,16). Essas duas escrituras revelam que Lúcifer perdeu seu status celestial na presença de Deus por causa da sua soberba. Por isso, a soberba é um pecado do espírito humano, que afeta diretamente as relações verticais do homem com Deus.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 73-75.
A destruição da terra de Judá pelo rei dos exércitos da Babilônia é aqui decretada (v. 9). Deus lhes enviou seus servos, os profetas, e eles não lhes deram ouvidos, e por isso Deus lhes enviará seu servo, o rei da Babilônia, ao qual não poderão ridicularizar, desprezar, e perseguir, como fizeram com os seus servos, os profetas. Observe que os mensageiros da ira de Deus serão enviados contra aqueles que não desejarem receber os mensageiros da sua misericórdia. De uma maneira ou de outra, Deus será ouvido, e fará com que os homens saibam que Ele é o Senhor. Nabucodonosor, embora fosse um estranho ao Deus verdadeiro, ao Deus de Israel, na verdade, um inimigo dele, e posteriormente, seu rival, foi, no ataque que fez sobre a sua nação, servo de Deus, cumpriu seus objetivos, foi usado por Ele e foi um instrumento na sua mão para a correção do seu povo. Ele realmente estava servindo aos desígnios de Deus, quando pensava estar servindo aos seus próprios objetivos. Com razão, portanto, aqui Deus se refere a si mesmo como o “Senhor dos Exércitos” (v. 8), pois aqui está um exemplo do seu domínio soberano, não somente sobre os habitantes, mas sobre os exércitos desta terra, dos quais Ele faz o uso que desejar. Ele os tem, a todos, sob seu comando. Os monarcas mais potentes e absolutos são seus servos. Nabucodonosor, que é um instrumento da sua ira, é tão verdadeiramente seu servo quanto Ciro, que é um instrumento da sua misericórdia. Com a terra de Judá prestes a ser desolada, aqui Deus convoca o seu exército que deverá abatê-la. Ele o reúne, toma todas as famílias do norte, pois talvez haja ocasião para elas, e as lidera como seu comandante, trazendo-as contra essa terra, e dá-lhes sucesso, não somente contra Judá e Jerusalém, mas contra todas as nações em redor para que não confiem nelas como aliadas ou auxiliares contra essa força ameaçadora.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 473.
Dn 4.28 Todas estas cousas sobrevieram ao rei Nabucodonosor. Ao que tudo indica, Nabucodonosor não foi sábio o bastante para aproveitar seu período de graça e endireitar a sua vida e substituir seus pecados por atos de bondade. Ele perdeu a oportunidade, pelo que o decreto de julgamento teve de ser implementado.
Tudo quanto fora predito aconteceu, em seus mais minúsculos detalhes. “A interpretação de Daniel foi logo esquecida, e suas exortações foram ignoradas. Nabucodonosor continuou em seu orgulho pecaminoso. O rei não se arrependeu, conforme lhe ordenara o profeta. Continuou dominado pelo egoísmo” (J. Dwight Pentecost, In loc.).
Dn 4.29,30 Ao cabo de doze meses. Talvez esses doze meses (um ano) tenham sido mencionados por formarem o período de graça concedido ao rei para limpar sua vida, alterar suas atitudes e substituir a opressão por atos de bondade. Mas agora vemos Nabucodonosor a andar sobre o eirado plano do palácio real (literalmente, o palácio do reino), com o nariz empinado e o peito estufado, como se fosse um galo insensato. Ele caminhava solenemente e falava sobre quão grande era a Babilônia e como ele tinha construído seu magnífico palácio. A arqueologia encontrou inscrições de Nabucodonosor que são similares às jactâncias citadas neste versículo. Talvez o autor, ao escrever este versículo, estivesse imitando tal coisa. Expedições m ilitares e matanças tinham feito a Babilônia ser o que ela era, e Nabucodonosor usara todo esse dinheiro para embelezar a cidade e o império. Tudo fora feito por seu “grandioso poder” (no hebraico, hisni) que pode ser traduzido “riqueza”).
A grande Babilônia. Até m esmo segundo os padrões modernos, a antiga cidade de Babilônia era uma cidade grandiosa. Era a Nova Iorque do antigo Oriente Próximo e Médio. Tinha uma área de 520 km 2e era cercada por muralhas com 26 m de espessura e 102 m de altura. Nas entradas, portões de bronze conduziam a vários terraços que davam frente para o rio Eufrates. Dentro das muralhas havia cidades satélites menores, espacejadas por jardins e plantações que emprestavam beleza estética ao lugar. Havia nada menos que oito templos, e muitos edifícios públicos im pressionantes.
O Rei é Humilhado (4.31-35)
Dn 4.31 Falava ainda o rei quando desceu uma voz do céu. O período da graça divina se havia esgotado, pelo que o julgamento adiado foi aplicado. O rei continuava todo estufado em seu orgulho; permanecia imerso em sua idolatria; ainda participava de seus atos opressivos. Sua vida era autocentralizada. Alguma coisa tinha de mostrar-lhe quem era o verdadeiro Rei. Portanto, a Voz veio do céu, a Bath Kol (Qol) (ver a respeito no Dicionário). Foi uma comunicação divina miraculosa, uma medida da intervenção de Deus. O tempo do cumprimento da visão tinha chegado.
O reino sairia do domínio de Nabucodonosor. Em breve o rei teria de afastar-se de seu trono, e passaria a viver com as feras do campo. Cf. este versículo com Isa. 9.8; Testamento de Levi 18.6; II Baruque 13.1; Mat. 3.17. Quando o rei ainda proferia suas palavras profanas, uma Voz quebrou o silêncio e pronunciou a sua condenação. Cf. o vs. 14: o vigilante clamou em “voz alta". “Quão terrível foi a voz para um rei vitorioso e orgulhoso: ‘O teu reino foi-se de ti! Todos os teus bens e os teus deuses desapareceram em um único momento!’” (Adam Clarke, in loc.).
Dn 4.32 Serás expulso de entre os homens. Este versículo repete a essência dos vss. 14-16 e 25 (o sonho e sua interpretação), a respeito da insanidade temporária do rei e sua alienação do reino; quem decretou a sorte do rei, conforme o vs. 25 diz. Esse título aparece treze vezes no livro. Ver comentários e uma lista de referências nas notas sobre Dan. 3.2. O rei passou viver nos campos, como se fosse um animal. Daniel, mais adiante, adicionou que ele passou viver como um jumento montês (ver Dan. 5.21).
Dn 4.33 No mesmo instante se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor. Instantaneamente o que tinha sido predito aconteceu. O pobre rei foi expulso dentre os homens, passando a viver nos campos e a comer grama, sujeito às precipitações atmosféricas, esbofeteado pelos animais ferozes, tendo como companheiros outras feras, em vez de outros seres humanos. Nabucodonosor era agora uma fera para todos os propósitos práticos, seus cabelos cresceram como os pelos de um gorila ou como as penas de uma águia, as unhas das mãos ficaram como garras de felinos ou como das aves de rapina. Em sua loucura, o rei perdeu toda a noção de higiene pessoal. Mas apenas ontem ele era um rei exaltado, caminhando ao redor e jactando-se de tudo quanto tinha feito, o mais esplendoroso dos homens.
É provável que seus súditos misericordiosos o tenham escondido em algum parque fechado. O povo não podia assistir a tal cena! Alguns intérpretes vêem aqui uma punição divina mediante a qual o rei passou por uma espécie de metamorfose física, mudando o seu aspecto para uma espécie de homem-lobo, ou licantropia.
Existe uma insanidade dessa espécie, não ela não transforma, de fato, um homem nessa espécie de fera.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3390.
A soberania de Deus para salvar um homem
Vários pontos merecem destaque nesse trecho do livro de Daniel. Em primeiro lugar, vejamos a paciência generosa de Deus (Dn 4.29). Ele não derrama Seu juízo antes de chamar o homem ao arrependimento. Deus deu doze meses para Nabucodonosor se arrepender. Deus também tem lhe falado. Ele não quer que você pereça. Ele tem lhe dado muitas oportunidades. Noé pregou durante 120 anos. Sodoma teve o testemunho de Ló. Jerusalém, antes de ser levada cativa, ouviu o brado dos profetas que a convocaram ao arrependimento. Hoje Deus está lhe dando mais uma chance. Cada dia é um dia de graça. É mais uma chance que Deus lhe dá. Em segundo lugar, vejamos a dureza do homem que rejeita ouvir a voz de Deus (Dn 4.4,29). Nabucodonosor estava feliz e calmo passeando no palácio a despeito do solene aviso de Deus (Dn 4.29). Ah! Se você pudesse perceber o perigo em que se encontra sua alma, você cairia com o rosto em terra. Você gritaria por socorro. O inferno está com a boca aberta para lhe devorar. Há um abismo debaixo de seus pés. Os demônios querem levá-lo à perdição. O tempo é de emergência, não de folguedo.
Nabucodonosor exalta-se em vez de dar glória a Deus (Dn 4.30). Ele diz: “Eu edifiquei”; “pela força do meu poder” “para a glória da minha majestade”. Ele era a causa, o meio e a finalidade de tudo que acontecia em seu reino. Tudo girava em torno da realeza imperial. A soberba precede a ruína. A auto-exaltação torna o homem cego, tolo e endurecido. A prosperidade não é garantia contra a adversidade. Babilônia era a cidade mais rica e poderosa do mundo. Ela tinha 96 km de muros, com 25 metros de largura, 25 portões de cobre, com uma imagem de Marduque no grande templo com 22.500 kg de ouro. Evis Carballosa diz que havia mais de cinqüenta templos dentro da cidade, sendo o maior de todos, aquele dedicado a Marduque. Nabucodonosor era rei de reis, um grande conquistador e construtor. A cidade estava cheia de prédios, palácios e templos. Lá estavam os Jardins Suspensos, uma das sete maravilhas do mundo antigo, construídos para sua esposa, uma princesa da Média, que sentia falta das montanhas de sua terra natal. Ele era um homem que tinha poder, riqueza e fama. Seu reino era glorioso e extenso. Mas as nações são para Deus como um pingo, como um pó, como um vácuo, como nada. O rei cairia, Babilônia cairia. Só o Reino de Deus é eterno. Em terceiro lugar, vejamos a humilhação do homem impenitente (Dn 4.31-33). Ela vem do céu (Dn 4.31).
Quando o homem não escuta a voz da graça, ouve a trombeta do juízo. Deus abriu para o rei a porta da esperança e do arrependimento, ele porém, não entrou. Então, Deus o empurrou para o corredor do juízo. Deus o humilhou. O poder e a prosperidade sem o temor de Deus podem intoxicar a alma (Dt 18.11-18). O orgulho é algo abominável para Deus, pois Ele resiste ao soberbo.
A humilhação do homem é repentina (Dn 4.31,33). A paciência de Deus tem limite. O cálice da ira de Deus se enche. Chega um ponto que Deus diz: “Basta! Ainda estava a palavra na boca do rei...”. A humilhação é terrível (Dn 4.32,33). O rei ficou louco. Deus o fez descer ao fundo do poço, tirou seu entendimento e deu-lhe um coração de animal. Seu cabelo cresceu como penas de águia, suas unhas cresceram como as das aves. Vivia como animal no campo, comendo capim, pastando no meio dos bois. Sua doença era chamada de insânia zoantrópica, licantropia ou boantropia, ou seja, considerar-se um animal, agir como um animal. Stuart Olyott afirma que as pessoas que sofrem desta terrível enfermidade agem como o animal que imaginam ser e emitem os ruídos que o caracterizam. Deus colocou o homem mais poderoso do mundo no meio dos bois. Deus golpeou seu orgulho para levá-lo à conversão. Ele passou a comer capim, a rolar no chão com os cascos crescidos. O poderoso Nabucodonosor virou bicho, foi pastar.
A humilhação é irremediável (Dn 4.32,33). Ninguém pôde ajudar Nabucodonozor, embora fosse o homem mais rico e mais poderoso da terra.
A humilhação finalmente é proposital (Dn 4.27). 1) E cheia de esperança (v. 26,32); 2) Visa o arrependimento (v. 27). Deus o mandou comer capim para não o mandar para o inferno. Essa é a eleição da graça, que leva o homem ao fundo do poço e depois o tira de lá. Deus não fez o mesmo com Belsazar que foi condenado inapelavelmente. Herodes, por não dar glória a Deus, foi comido de vermes. O Deus que fere é o Deus que cura. O que humilha, também exalta. E melhor ficar louco e ser salvo que ser lançado eternamente no inferno.
Em quarto lugar, vejamos a conversão do homem quebrantado (Dn 4.34-37). Como Deus operou a conversão de Nabucodonosor? Não foi exaltando-o, mas humilhando-o. E assim que Deus converte as pessoas. Quem não se fizer como criança, não pode entrar no Reino de Deus. Primeiro, o homem precisa ser confrontado com seu pecado e saber que está perdido. Depois, a lei o condena e o leva ao pó para reconhecer sua indignidade. No céu só entram pessoas quebrantadas. Nabucodonosor via a glória de sua cidade. Ele tocava trombeta para si mesmo. Gostava de viver sob as luzes da ribalta. Aplaudia sua própria glória. Deus, portanto, o humilhou. Jogou-o no pó. Mandou-o para o pasto comer grama. Tirou suas roupas palacianas e molhou seu corpo com o orvalho do céu. Suas unhas esmaltadas viraram casco.
A conversão de Nabucodonosor pode ser vista por intermédio de quatro evidências: ele glorifica a Deus (Dn 4.34). Agora, ele olha para o céu, para cima. Nossa vida sempre segue a direção de nosso olhar. Até agora ele só olhava para baixo, para a terra. Como aquele rico insensato que construiu só para esta vida, e Deus o chamou de louco. Muitos levantam os olhos tarde demais, como o rico que desprezou Lázaro. Ele levantou seus olhos, mas já estava no inferno. Nabucodonosor confessou a soberania de Deus (Dn 4.35). Testemunhou sua restauração (Dn 4.36) e adorou a Deus (Dn 4.37). Stuart Olyott, afirma que da conversão de Nabucodonozor podemos aprender três lições práticas:
Em primeiro lugar, nunca devemos desistir da conversão de qualquer pessoa. Aquele que arruinou Jerusalém destruiu o templo, carregou os vasos sagrados, esmagou a cidade, levou cativo o povo, adorava deuses falsos e era cheio de orgulho converteu-se. Se aquele que manda matar seus próprios feiticeiros e também jogar na fornalha os filhos de Deus; se aquele que exige adoração de seus súditos e força as pessoas a adorarem falsos deuses; se aquele que era o homem mais poderoso do mundo converteu-se, podemos crer que não há conversão impossível para Deus.
Creia na conversão do ateu, do agnóstico, do cínico, do apático, do blasfemo, do feiticeiro, do idólatra, do viciado, da prostituta, do homossexual, do drogado, do assassino, do presidiário, do político, do universitário, do patrão, do cônjuge, do filho e dos pais. Creia! Evangelize! O Deus que salva está no trono. Quando Deus age, nem os loucos errarão o caminho.
Em segundo lugar, a razão pela qual você ainda não se converteu é porque ainda não está suficientemente quebrantado. É o publicano que bate no peito e chora pelos seus pecados que desce justificado. O grande perseguidor da igreja, Saulo de Tarso, só se converteu quando Jesus o joga no chão, e ele, cego, humildemente, volta-se para Jesus, quebrantado. Jesus não veio chamar justos, mas pecadores. Não veio curar os que se julgam sãos, mas os que reconhecem que são doentes e carentes.
Em terceiro lugar, quem reluta em se prostrar será quebrantado ou perecerá eternamente. Deus poderia tornar qualquer pessoa louca. Quem sabe como Deus reagirá a sua constante rejeição, a despeito das constantes advertências. Deus pode quebrar você sem que haja cura (Pv 29.1). Se Deus tornar você louco sem lhe restaurar, como você clamará por sua misericórdia? Se Ele chamar você agora, que desculpas você lhe daria? Deus chamou de louco àquele que confia apenas no dinheiro e não se prepara para o dia de sua morte. Erga seus olhos ao céu enquanto é tempo. O homem rico o fez tarde demais e pereceu eternamente, nas chamas inextinguíveis do inferno. O tempo de Deus é agora. É melhor ser quebrado por Deus agora que perecer eternamente no inferno. Reconheça hoje também a soberania de Deus e volte-se para o Senhor, pois Ele é rico em perdoar e tem prazer na misericórdia!
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 62-67.
3. Nabucodonosor proclama a sabedoria de Deus (Dn 4.1-3).
Antes de contar o seu segundo sonho, Nabucodonosor em seu discurso fez uma proclamação na forma de um edito real que reconhecia os sinais e milagres que o Deus Altíssimo havia realizado, especialmente, na vida do rei. Ele diz no versículo 2: “pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo”. Nesta proclamação Nabucodonosor deseja fazer pública a experiência que teve com o Deus dos judeus.
“Quão grandes são os seus sinais” (4.3). A ideia teológica de um “sinal ou sinais” pode significar um dos meios pelos quais Deus comunica seu pensamento aos homens e indica a sua vontade. “Sinais” podem significar demonstrações espirituais que não podem ser produzidas pelo homem. Na língua hebraica “sinal” é môpheth no sentido de algo que dá notabilidade. Podia significar ou indicar “um milagre” que se distinga. Os sinais de Deus são, acima de tudo, sobrenaturais, porque Deus é o Criador e Senhor dos céus e da terra. O rei Nabucodonosor podia lembrar o livramento dos jovens hebreus na fornalha ardente sem se queimarem. Ele entendeu, também, que o Deus dos judeus tinha um modo especial de revelar coisas futuras através de sonhos que os homens comuns não podem interpretá-los. Ele quis que fosse comunicado a todos os povos sob sua liderança que o Deus dos judeus não se assemelhava a nenhum deus dos súditos do seu império. Ele era quem tinha o Domínio e o cetro de governo sobre toda a terra. Nabucodonosor, depois de ter experimentado a punição pela sua soberba e ter-se arrependido da mesma, foi restaurado de sua demência, sob a qual ficou longos sete anos num nível irracional como os animais do campo. Matthew Henry disse em seu comentário que “Nabucodonosor foi o rival mais ousado da soberania do Deus Supremo do que qualquer outro mortal jamais pudesse ter sido”. Porém, foi vencido por essa presunção e teve que reconhecer que o Deus Altíssimo estava acima dele.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 66-67.
Dn 4.1 O rei Nabucodonosor a todos os povos. Esta carta foi enviada a todos os povos e terras sujeitados à Babilônia, bem como ao próprio povo babilônico, uma grande massa de gente de Io d a a terra". O rei lhes desejou a “paz”, uma introdução comum nas cartas do antigo Oriente Próximo e Médio. Esse era o homem que fizera guerra universal, mas agora descrevia seu avanço espiritual, por meio de experiências incomuns. Por assim dizer, essa carta foi uma epistola pastoral, na qual o rei figura como o pastor de seus súditos-ovelhas. Cf. a saudação de paz em Esd. 4.18 e 7.12. No Novo Testamento, a saudação tornou-se uma saudação espiritual.
Dn 4.2 Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas. Para o rei pagão, o Deus Altíssimo comunicara importantes mensagens. Esse título aparece treze vezes no livro, conforme mostro nas notas sobre o versículo citado. É feito um contraste entre os “deuses” deste mundo, que não passam de ilusão (ver Dan. 2.11), razão pela qual freqüentemente desapontam os homens, e o Deus dos israelitas. Em contraste, o Deus dos judeus tinha exibido diante do rei grandes sinais e maravilhas, em visões que Daniel autenticara e interpretara. Quanto aos sinais e maravilhas,
Dn 4.3 Quão grandes são os seus sinais. Os sinais do Deus Altíssimo são grandes, e suas maravilhas são poderosas, em contraste com os deuses-ídolos dos pagãos. O Deus Altíssimo também tem um reino que é eterno e, finalmente, destruirá e substituirá todos os reinos da terra (Dan. 2.44,45). Seu domínio, em contraste com o dos reis da terra, continua interminavelmente, passando de uma geração a outra. A lição espiritual assim ensinada é que o Deus dos judeus é incomparável. O paganismo e a idolatria são atacados. A lição m oral é que devemos lealdade ao Deus Altíssimo, ao mesmo tempo que podemos ignorar, com segurança, todas as imitações. O vs. 3 tem linhas métricas, e estas assumem a forma de um hino de louvor, Cf. Sal. 145.5,13. “Esses são excelentes sentimentos que mostram quão profundamente sua mente ficara impressionada com a majestade de Deus” (Adam Clarke, in toe).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3387-3388.
Um exemplo do modelo usado geralmente nos documentos, proclamações ou cartas circulares emitidos pelo rei no versículo 1. O estilo real usado por Nabucodonosor não apresenta nenhuma pompa ou extravagância, mas é simples, breve e sem afetação - diz apenas: Nabucodonosor, o rei. Embora em outras ocasiões ele tivesse feito uso de palavras grandiosas e cheias de vaidade para acompanhar o seu nome, agora elas foram deixadas de lado, pois estava velho e havia ultimamente se recuperado de uma perturbação mental que o havia humilhado e mortificado. Agora ele se encontrava numa verdadeira contemplação da grandeza e da soberania de Deus. Essa declaração foi dirigida não só aos seus súditos, mas a todos aqueles que viessem a ler esses escritos, a todos os povos, nações e línguas que habitavam a terra. Ele pretende que eles sejam não só lidos, pois trazem em si um relato da sua própria infâmia (que talvez ninguém ousasse relatar se ele mesmo não a tivesse relatado. Portanto, Daniel publicou o documento original) como também recomenda e ordena estritamente a todos os tipos de pessoas que devem tomar conhecimento dele, pois a todos deveria não só interessar, como também lhes poderia ser útil. Ele saúda a quem está escrevendo de acordo com a fórmula habitual: “Paz vos seja multiplicada”. Observe que compete ao rei, através das suas ordens e comunicados, transmitir ao povo os melhores votos e. como responsável pela sua nação, abençoar os seus súditos. Essa é a maneira habitual, entre nós, de enviar saudações. Omnibus quibus hae praesentes literae pervenerint salatem - Saúde, a todos a quem a presente mensagem possa chegar. E às vezes Salutem sempitre- nam - Saúde e salvação eternas.
Algo sobre o assunto e conteúdo. Ele escreve isto:
1. Para informar aos outros quais providências Deus tomou a seu respeito (v. 2): “Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, (portanto, ele está reconhecendo o verdadeiro Deus) tem feito para comigo”. Como se tratava de uma dívida que tinha para com Deus e o mundo, agora que estava recuperado da sua perturbação mental, ele achava que tinha o dever (assim dizem suas palavras), e que a ele competia relatar aos lugares distantes, e registrar para as futuras gerações, como havia sido justamente humilhado por Deus e como, de maneira tão bondosa, Ele o havia recuperado no final. Não há dúvida de que todas as nações tinham ouvido falar sobre aquilo que acontecera a Nabucodonosor e festejado. Mas ele achou que seria apropriado que recebessem um relato completo feito por ele mesmo a fim de ficarem sabendo que a mão de Deus estivera presente nisso, que impressões a situação causou sobre o seu espírito, e depois discorrer sobre o assunto não como se fosse uma notícia nova, mas como uma questão de religião. Os acontecimentos relacionados com ele não foram apenas maravilhas a serem admiradas, mas também sinais a serem transmitidos ao mundo para mostrar que Jeová é maior que todos os outros deuses. Note que devemos mostrar aos outros o comportamento de Deus para conosco, não só as censuras às quais fomos submetidos, como também os favores que recebemos. E embora esse relato possa trazer alguma vergonha para nós, como aconteceu com Nabucodonosor, não devemos omiti-lo desde que possa redundar em glória para Deus. Muitos poderão se apressar em descrever o que Ele fez pela sua alma, embora isso possa revelar uma auto-exaltação, e não se importam de dizer o que Deus fez contra eles (por merecimento). No entanto, devemos dar glória a Deus não só com louvores pelas suas misericórdias, mas confessando os nossos pecados, aceitando o castigo pela nossa iniqüidade e nos envergonhando, da mesma maneira que esse poderoso monarca aqui faz. 2. Para mostrar o quanto ele mesmo foi afetado por essas providências, e como elas o convenceram (v. 3). Devemos sempre falar a respeito da palavra e das obras de Deus com interesse e seriedade, e mostrar como fomos afetados por aquelas grandes coisas divinas que gostaríamos que os outros conhecessem. (1) Ele está admirando as obras de Deus. Ele fala sobre elas como alguém que estivesse assombrado, sobre como eram grandes os seus sinais e como eram poderosas as suas maravilhas! Então, Nabucodonosor estava velho, havia reinado durante mais de quarenta anos, havia visto muito do mundo e todas as suas revoluções, mais do que a maioria dos homens e como nunca, até então, havia sido afetado e conduzido a admirai' os eventos como sinais de Deus e das suas maravilhas. Agora ele podia dizer: “Quão grandes são os seus sinais e quão poderosas as suas maravilhas!” Note que quanto mais entendermos os acontecimentos como obras do Senhor, e virmos neles o produto do divino poder e as condutas da divina sabedoria, mais maravilhosos eles parecerão aos nossos olhos (SI 118.23; 66.2). (2) Assim ele percebe o domínio de Deus. No final, a isso foi levado a concordar, isto é, que o reino de Deus é um reino eterno, bem diferente do seu próprio reino, que ele tinha visto e previsto há muito tempo num sonho, e que se apressava a acontecer num certo período. Ele agora reconhece que existe um Deus que governa o mundo e que tem um incontestável e completo domínio sobre todos os assuntos dos homens, que são seus filhos. A glória do reino de Deus é eterna. Outros reinos estão confinados numa única geração, e outras dinastias em poucas gerações. Mas o domínio de Deus passa de geração em geração. Parece que aqui Nabucodonosor está se referindo àquilo que Daniel havia previsto a respeito de um reino que o Deus do céu implantaria e que nunca seria destruído (cap. 2.44) e que, mesmo significando o reino do Messias, ele estava entendendo como sendo um reino miraculoso. Dessa maneira, podemos fazer um uso prático da aplicação dessas escrituras proféticas cuja total compreensão ainda não alcançamos e cujo significado talvez não possamos alcançar.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 846-847.
4.1: “Nabucodonosor; rei: a todos os povos, nações, e línguas, que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada”.
“Nabucodonosor, rei”. Esse poderoso monarca (605 a 562 a.C.), é freqüentemente referido pelos profetas Jeremias, Ezequiel e Daniel, e, de um modo especial, na história dos últimos dias do reino de Judá. “Seu nome em hebraico é que talvez signifique “Nabu protegeu os direitos de sucessão”. O texto hebraico alternativo ver o grego Nabucodonosor pode derivar-se de uma forma aramaica do mesmo nome. Segundo a crônica babilônica, esse filho do fundador da dinastia caldaica, Nabopolassar, primeiramente comandou o exército babilônico na qualidade de “príncipe herdeiro”, em 605 a.C. E no ano seguinte derrotou Neco II e os egípcios em Carquemis e Hamate (2 Rs 23.29 e ss; 2 Cr 35.20 e ss; Jr 46.2). Fala-se dele nas crônicas babilônicas, dizendo: “Nesse tempo ele conquistou a Hatti inteiro”. No primeiro capítulo deste livro, Daniel fala dele como uma figura que surge de repente.
4.2: “Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo”.
"... sinais e maravilhas...” O presente texto nos mostra o rei Nabucodonosor convencido do supremo poder de Deus; ele deseja que os sinais e maravilhas que Deus operava na sua vida e no seu reino se tomem extensivos a todos os seus súditos. O termo “sinal”, no texto em foco, no grego, é “semeion”; era uma palavra comumente usada para significar “sinal” ou “marca distintiva”; mas, nos Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos, com freqüência é usado para indicar um “milagre didático”, uma “maravilha”, cuja finalidade é a de convencer os homens acerca de alguma intervenção divina, ensinando lições espirituais objetivas. No versículo em foco, porém, os “sinais e maravilhas” visam tornar Deus conhecido no mundo pagão.
4.3: “Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosos as suas maravilhas! o seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio de geração em geração”.
“O seu reino é um reino sempiterno”. O monarca Nabucodonosor, no maior apogeu de sua glória, reconhece, contudo, que os remos terrenos são transitórios, mas enaltece o Reino de Deus como sendo um Reino eterno. Uma declaração desta natureza pela boca dum rei pagão é, de fato, muito significativa. Este capítulo descreve Nabucodonosor fazendo as seguintes proclamações: 1) Reconhece a Deus como sendo o Altíssimo (superioridade de Deus sobre todos os ídolos); 2) que os seus sinais e maravilhas são poderosos; 3) que o seu reino é um reino sempiterno; 4) que o domínio de Deus é de geração em geração. O monarca estava plenamente convencido de que só Deus é Deus e Senhor, e que o governo de Deus é para todas as épocas ou séculos. O reino de Deus é eterno, porque seu Rei é um Rei eterno.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 71-72.
II – DEUS FALA NOVAMENTE A NABUCODONOSOR POR MEIO   DE SONHOS (Dn 4.4-9).
1. Deus adverte Nabucodonosor através de sonho.
Sonhos e visões são vias pelas quais Deus se comunica com o homem. No campo das manifestações espirituais, os sonhos e visões são um modo de comunicação, não uma regra espiritual.
Os sonhos, segundo a Enciclopédia Bíblica de Merrill C. Tenney, “um sonho é uma série de pensamentos, imagens, ou emoções que ocorrem durante o sono; qualquer semelhança com a realidade que ocorre durante o sono; uma sequência de imagens, mais ou menos coerente que ocorre durante o sono”. No campo da psicologia, entende-se que os sonhos são impressões reavivadas e ajuntadas ao acaso no subconsciente e que se manifestam em imagens durante o sono. As vezes, ideias, imagens e eventos presentes no sonho podem ser interpretados como símbolos de ansiedades reprimidas, medos ou desejos. No campo espiritual e na experiência de homens e mulheres bíblicos, os sonhos podem ser naturais (Ec 5.3), mas também, podem ter origem divina (Gn 28.12), através dos quais Deus revela acerca de eventos futuros e presentes. Os sonhos podem, também, ter origem maligna (Dt 13.1,2;Jr 23.32). Podemos entender, portanto, que da parte de Deus, os sonhos são um modo de Deus falar profeticamente aos seus servos. Por exemplo: os sonhos de José (Gn 37.5-11; 40.5-22; 41.1-32).
As visões fazem parte dos meios que Deus se utiliza para comunicar a sua palavra aos homens. Na Bíblia, essas manifestações divinas acontecem através de sonhos, revelações, oráculos e visões. Ora, uma visão pode ser uma revelação especial e sobrenatural que Deus utiliza para se comunicar com as pessoas, independente de ser um sonho. Por exemplo homens como Abraão (Gn 15.1); Isaías (Is 6.1-8); Ezequiel (Ez 1.1); Daniel (Dn 1.17). No Novo Testamento, temos Mt 17.9;At 9.10,12; 10.3,17,19; 11.5; 12.9; 16,9,10. Daniel era agraciado por Deus com a revelação divina através de visões. Não há dúvida, que ainda hoje, Deus fala por meio de visões, mas Ele não revelará nada além do que já está revelado na sua Palavra.
“Eu, Nabucodonosor, estava sossegado em minha casa eflorescente no meu palácio” (4.4). As grandes conquistas militares haviam sido feitas em tempos anteriores. Aquele era, naquele momento, quando “ele estava sossegado” em sua casa, um tempo de inatividade militar e sem maiores preocupações. Seus projetos arquitetônicos eram os mais extraordinários pois havia progresso e o acúmulo de riquezas era uma realidade. Ele estava satisfeito e sentia-se senhor de tudo a ponto de, mais uma vez, se permitir dominar por uma arrogância inconcebível.
“tive um sonho” (4.5). À semelhança do capítulo dois quando teve o sonho da grande estátua representando seu reino e os reinos que o sucederiam, no capítulo quatro, mais uma vez Deus fala com Nabucodonosor. Mais uma vez ele ficou aflito por não entender o seu significado. E interessante perceber que o modo como Deus falava com os homens nos antigos tempos era diverso. Ele utilizava de canais possíveis para se fazer inteligível aos seus servos. Pelo fato dos antigos, especialmente, os caldeus darem muita importância aos sonhos e a sua interpretação, Deus usou esse canal de comunicação para revelar o significado das imagens do sonho na cabeça do rei. É claro que esse modo de falar e revelar a sua vontade não seja o único modo da comunicação divina. Portanto, essa via de comunicação não era e não é uma regra que obrigue Deus ter que falar somente por meio de sonhos. Mas Ele o fez, porque os antigos acreditavam piamente que os sonhos tinham um sentido divino. Hoje, temos a Palavra de Deus como o canal revelador da fala de Deus aos homens. E bom que se diga que não existe dom de sonhar como afirmam alguns cristãos. Mas é certo que Deus pode usar esse meio e outros mais para revelar a sua vontade soberana aos seus servos. E interessante notar o contraste entre o sonho do capítulo 2 e o sonho do capítulo 4. O primeiro sonho foi esquecido pelo rei, mas o segundo sonho ele não o esqueceu (2.1,6 e 4.10-17).
Como da vez passada (capítulo 2), todos os sábios da Babilônia, com seus magos, astrólogos, caldeus e os adivinhadores foram convocados à presença do Rei para darem a interpretação do sonho e, mais uma vez, falharam (4.6,7).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 67-69.
Dn 4.4 Eu, Nabucodonosor, estava tranqüilo em minha casa. A Septuaginta data os acontecimentos descritos no décimo oitavo ano do reinado de Nabucodonosor. Trata-se, porém, como é claro, de uma glosa. O rei diz-nos quão pacífica e livre de cuidados era sua vida pagã, a qual foi perturbada pela intervenção do Deus de Israel, o Deus Altíssimo. Ele descansava em seu palácio. Suas conquistas tinham sido essencialmente realizadas. Ele estava apreciando a boa vida, em todos os seus prazeres e excitações. De repente, tornou-se instrumento da revelação divina. O impacto foi tão grande que esta carta saiu inspirada. Ele precisava contar a seus súditos as maravilhas que tinham sacudido sua vida. Tal perturbação espiritual, porém, produziria mudanças para melhor e, através dessa mudança, outras pessoas seriam instruídas. O homem estava florescendo em sua vida material, mas estava em um deserto quanto à sua vida espiritual.
Dn 4.5 Tive um sonho, que me espantou. A agitação da revelação, através de um sonho-visão, perturbou a vida descansada do rei. As experiências místicas com freqüência aterrorizam no começo, e foi isso o que ocorreu. Após o primeiro susto, a mente do homem foi tomada de ansiedade. Ele sabia que algo importante havia sido comunicado, mas não tinha capacidade de interpretar o sonho. Os fantasmas da visão continuaram a circular por seu cérebro e não lhe deram descanso. Ele estava alarmado e espantado. A mesma palavra também é usada em Dan. 5.6,9,10; 7.15,28, sempre para falar de uma mente perturbada. Em contraste com Joel 2.28, este livro não parece fazer diferença entre sonhos e visões espirituais.
Dn 4.6,7 Por isso expedi um decreto. Para tentar compreender a nova visão, o rei (ele não mencionou a primeira, sobre a imagem, cap. 2) usou o mesmo procedimento que antes. Ele expediu um decreto, convocando todos os psíquicos profissionais e outras classes de sábios a interpretar o sonho-visão. O vs. 7 lista esses sábios, mas há uma lista mais ampla em Dan. 2.2. Aqui foram adicionados os “encantadores", mas devemos subentendê-los no capítulo 2. Os caldeus são a casta coletiva dos sábios. Esta narrativa ignora a questão das ameaças de morte para os sábios e seus familiares, caso houvesse falha na interpretação (ver Dan. 2.5). E o apelo passa diretamente a Daniel, uma vez constatado que os sábios não podiam solucionar a enigmática visão do rei. Cf. este versículo com Dan. 2.27, onde a enumeração da casta dos sábios se parece mais com a dos presentes versículos.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3388.
Dn 4.4: “Eu, Nabucodonosor, estava sossegado em minha casa, e florescente no meu palácio”.
“Estava sossegado em minha casa”. O palácio de Nabucodonosor, onde Daniel muitas vezes esteve, era um dos mais magnificentes edifícios da Antiguidade. Suas vastas ruínas foram descobertas por Koldwey em 1899-1912. As paredes do lado Sul da sala do trono tinham 6 metros de grossura. O lado Norte do palácio era protegido por três muros. Bem ao norte deles, havia mais muros, de 16 metros de espessura. Um pouco mais adiante, outros muros mais sólidos. E, cerca de 1.600 metros para fora, ficava a muralha interior da cidade, que consistia em dois muros paralelos de alvenaria, cada qual de uns 7 metros de espessura e 13 de distância um do outro, sendo o espaço no meio preenchido de cascalho, fazendo uma espessura total de uns 26 metros, com uma vala (canal) larga e profunda do lado de fora. Alguns historiadores a denominaram também como “A Fortaleza”.
Dn 4.5: “Tive um sonho, que me espantou; e as imaginações na minha cama e as visões da minha cabeça me turbaram”. O poderoso monarca babilónico, considerava-se o homem mais seguro do mundo; ninguém podia transpor os umbrais de seu palácio (a não ser com sua ordem) e depois viver. Mas é curioso notar como muitas vezes Deus cruzou todos aqueles portões até a recâmara do monarca e, através de “sonhos”, revelou-lhe mistérios por ele ignorados. (Ver Jó 33.14 a 16). O texto em foco mostra que o sonho do rei era de espantar mesmo. Muitas vezes as poderosas manifestações de Deus no mundo habitável produzem medo nos ímpios e temor nos santos. O poder de Deus foi manifestado na terra do Egito de duas maneiras focais: 1) De forma gloriosa, salvando Israel. 2) De forma punitiva, destruindo Faraó e seus exércitos. Seja como for, em qualquer batalha Deus é quem triunfa.
Dn 4.6: “Por mim pois se fez um decreto, pelo qual fossem introduzidos à minha presença todos os sábios de Babilônia, para que me fizessem saber a interpretação do sonho”.
Conforme o costume daquela corte real, foram imediatamente introduzidos os sábios de Babilônia, os magos, os encantadores, os astrólogos, e o rei, como sempre, esperava que, após contar-lhes o sonho, eles fizessem a interpretação de acordo com aquilo que do sonho poderia ser depreendido. O leitor deve observar que, no sonho do capítulo 2 deste livro, o monarca exige algo mais profundo dos seus magos e encantadores; no presente versículo, porém, o rei apenas exige a interpretação do sonho, mas, mesmo assim, seus súditos falharam. E evidente que aquele sonho tinha um caráter espiritual, e, por essa razão, tornara-se impossível a sua interpretação pelos súditos do rei, pois “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14). O mistério estava aí; eles falharam, mas Daniel triunfou!
Dn 4.7: “Então entraram os magos, os astrólogos, os caldeus, e os adivinhadores, e eu contei o sonho diante deles, mas não me fizeram saber a sua interpretação”.
O presente texto demonstra que aqueles sábios eram apenas uma classe de exploradores do rei, nada sabendo dos mistérios de Deus. O que mais nos admira é que, depois de ter verificado a futilidade e incompetência dos sábios, o rei ainda os convocasse antes de convocar Daniel. Parece que ele ainda estava indeciso quanto ao verdadeiro Deus, ou, segundo alguns teólogos, cumpria um dever oficial, chamando essa gente, pois era paga e sustentada pelo Estado justamente para decifrar sonhos e visões naquela corte real, onde existia tanta superstição. Daniel desta vez não pediu prazo ao rei para fazer a interpretação, pois para ela já estava habilitado por Deus. No campo secular, todos são dignos, mas nem todos são capazes; no campo espiritual a escala é a mesma. Há trabalhos que não se realizam pela nossa dignidade, mas sim pela nossa capacidade. Se todos os obreiros do Senhor entendessem assim, o resultado seria satisfatório. (Ver Êx 17.9 e 18.21).
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 72-74.
Antes de relatar os castigos que Deus lhe enviara por causa do seu orgulho, Nabucodonosor menciona a justa advertência que havia recebido antes da sua chegada e o devido cuidado que poderia ter tomado para evitar esses castigos. Mas, antes que acontecessem esses castigos, o rei já havia sido avisado sobre a questão deles. Desse modo, quando realmente lhe fossem aplicados, ele poderia compará-los com a sua previsão e ver e dizer que eram obra do Senhor, e ser levado a crer que existe uma revelação divina no mundo, assim como uma divina Providência, e que as obras do Senhor fazem parte desse mundo e o beneficiam. Agora, no relato que está fazendo sobre o seu sonho, através do qual tomou conhecimento do que iria acontecer, podemos observar:
I O momento em que esse alarme lhe foi dado (v. 4). Quando estava descansando em sua casa e florescendo no seu palácio. Fazia pouco que havia conquistado o Egito e, com isso, havia completado suas vitórias e terminado suas guerras, tornando-se rei de todas essas regiões do mundo. Isso aconteceu aproximadamente no trigésimo quarto ou trigésimo quinto ano do seu reinado (Ez 29.17). Então, ele teve esse sonho, que se cumpriu cerca de um ano depois. Sete anos durou sua perturbação mental, e foi depois de recuperado que escreveu essa declaração. No entanto, ele morreu dois anos depois, isto é, quando tinha quarenta e cinco anos. Ele sentiu um longo cansaço depois das suas guerras, havia realizado uma tediosa e perigosa campanha nos campos de batalha, mas agora estava finalmente descansando na sua casa, sem nenhum adversário ou qualquer concorrente maldoso. Note que Deus pode alcançar o maior dos homens com os seus terrores, mesmo quando eles se sentem mais seguros e acreditam estar descansando e florescendo.
II A impressão que o sonho causou sobre ele (v. 5): “Tive um sonho, que me espantou”. Poderíamos pensar que poucas coisas seriam capazes de assustá-lo, pois havia sido um homem de guerras desde a sua juventude,
acostumado a enfrentar os perigos da guerra sem se alterar. No entanto, quando Deus quer, até mesmo um sonho é capaz de aterrorizar um homem como esse. Não há dúvida de que a sua cama era macia, confortável, e muito bem guardada. Apesar disso, os pensamentos que teve sobre essa cama trouxeram a ele grande preocupação. As visões da sua cabeça e as criaturas da sua própria imaginação, tudo isso o deixaram transtornado. Note que Deus pode fazer com que até mesmo os grandes homens se sintam preocupados, mesmo quando dizem à sua alma: “Não se importe. Coma, beba e alegre-se”. Ele pode fazer com que aqueles que perturbaram o mundo e atormentaram a milhares de pessoas sejam seus próprios algozes e atormentadores, e aqueles que foram o terror dos poderosos, se tornem um terror para eles mesmos. Pela consternação à qual foi levado por esse sonho, e pela impressão que lhe causou, ele percebeu que não se tratava de um sonho comum, mas que havia sido enviado por Deus com uma missão especial.
As consultas que, em vão, ele fez a seus mágicos e astrólogos a respeito do significado desse sonho. Ele não havia esquecido o sonho, como acontecera anteriormente, no capítulo 2. Esse sonho estava suficientemente claro em sua mente. Sendo assim, o rei queria saber a sua interpretação e o que estava sendo previsto através dele (v. 6). Todos os sábios da Babilônia foram imediatamente convocados, sim, todos aqueles que eram suficientemente tolos para fingir que eram mágicos, adivinhos, inspetores das entranhas dos animais, ou observadores das estrelas. Através de todas essas feitiçarias eles tentavam predizer as coisas futuras. Todos eles deveriam vir juntos para ver se algum deles, ou em conjunto, poderia fazer suas consultas e interpretar o sonho do rei. E provável que, em algum caso parecido, algumas dessas pessoas tivessem dado ao rei algum tipo de satisfação e que, através das regras da sua arte, tivessem respondido às perguntas do rei deixando-o satisfeito com respostas certas ou erradas, que mais tarde se cumpririam ou não. Mas agora as suas expectativas foram frustradas. Ele contou a respeito do seu sonho (v. 7). No entanto, eles foram incapazes de interpretá-lo, embora tivessem se gabado com grande segurança (cap. 2.4,7) de que caso tivessem sido consultados, seguramente teriam sido capazes de interpretá-lo. Mas a chave para esse sonho era uma profecia sagrada (Ez 31.3ss) onde, por causa do seu orgulho, os assírios, como Nabucodonosor, são comparados a uma árvore cortada. Esse era um livro que eles não tinham estudado e do qual não tinham tomado conhecimento. Caso contrário, poderiam ter penetrado no mistério desse sonho. A Providência havia organizado esse sonho de maneira que a princípio eles ficassem perplexos, e que a interpretação posterior de Daniel pudesse redundar em glória para o seu Deus. Havia se cumprido, agora, aquilo que Isaías havia previsto (cap. 47.12,13), isto é, que quando a ruína da Babilônia estivesse se aproximando, os seus encantos e feitiçarias junto com os seus astrólogos e leitores de estrelas, não seriam capazes de lhe prestar qualquer serviço.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 487.
2. Daniel é convocado (Dn 4.8).
DANIEL VOLTA AO CENÁRIO PROFÉTICO
O detalhe desse capítulo é que o próprio rei está contando o sonho. Os seus sábios, astrólogos e caldeus o decepcionaram, e ele lembrou-se de que havia apenas um homem no palácio em que a ciência de Deus era demonstrada e o único que podia revelar os mistérios do sonho que tanto o perturbaram. O próprio rei reconhecia que o Deus de Daniel era superior a todos os deuses da Babilônia. Ele mesmo reconhece que havia sido arrogante e Deus o adverte e revela seu futuro num sonho que ele não conseguia entender. Não se tratava de um sonho comum, mas uma revelação divina acerca do futuro de Nabucodonosor.
Daniel é convocado a entrar na presença do Rei (4.8). Nabucodonosor contou-lhe o sonho e queria que Daniel lhe desse a interpretação. Daniel ouviu atentamente o sonho do rei e pediu-lhe tempo porque, por quase uma hora, Daniel esteve atônito e sem coragem para revelar a verdade do sonho. Interpretar sonhos era uma habilidade espiritual de Daniel reconhecido desde quando entrou no palácio da Babilônia conforme está escrito: "Ora, a esses quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda visão e sonhos”(Dn 1.17)
“Beltessazar,príncipe dos magos” (4.9). Como aceitar esse aspecto na vida de Daniel? E bom que se diga, que o nome Beltessazar era um nome dado a Daniel e que ele não podia evitar, porque vinha da parte do rei. Entretanto, o seu papel de liderança e de chefia sobre os “sábios e magos do palácio” implicava em que Daniel cumpria sua função oficial sem se envolver com a magia daqueles homens que ele não podia mudar. Ele continua a ser Daniel, fiel e temente a Deus.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 69-70.
Dn 4.8 Por fim se me apresentou Daniel. Esta história deixa de lado a busca por Daniel, conforme se vê no capítulo 2, como se ela não tivesse ocorrido. É provável que as duas histórias sejam independentes. Este quarto capítulo por certo não é visto como dependente do segundo, de modo algum. Não apresenta nenhuma progressão. Faz-nos pensar que o rei, em seguida, descobriu Daniel. Daniel também é chamado de Beltessazar. Ver a mudança do nome de Daniel em Dan. 1.7. Ele recebeu novo nome de acordo com Bel (Marduque), o principal deus da Babilônia. E, acima de todas as pessoas que o rei conhecia, Daniel estava cheio do Espírito dos deuses santos. Essa linguagem é pagã, naturalmente. O rei deveria ter dito “cheio com o Espírito de Deus”. Daniel era um homem inspirado, um gigante espiritual de quem se poderia esperar toda a forma de maravilhas, acima do que se poderia esperar de qualquer homem mortal. O Ser divino estava com ele, e isso o tomava um homem extraordinário.
O rei aferrou-se ao seu paganismo e às suas expressões, mas reconheceu que tinha muito para aprender de Daniel e sua fé hebraica.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3388.
Dn 4.8: “Mas por fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome de meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu contei o sonho diante dele”.
“Daniel, cujo nome é Beltessazar; O texto em foco diz que este nome de Daniel, que herdara naquela corte, era segundo o nome dos deuses principais ali. Bei e Nebo eram as principais divindades babilônicas. (Ver Is 46.1). Seus nomes tornaram-se também sinônimos do fim de Babilônia e do seu domínio (Jr 50.2 e 51.44). Nessa conexão, Bei tem seu nome ligado ao deus Nebo, que era considerado seu filho. Bei (em sumeriano, “em, senhor”, e em hebraico, “Baal”, “o senhor da noite”, era uma das divindades da tríade original sumeriana, juntamente com Anu e Enki, e esse seu nome era um título ou epíteto do deus do vento e da tempestade. Ao tornar-se Marduque o deus principal de Babilônia, no segundo século a.C., recebeu o nome adicional de Bei. Daniel recebeu o nome desta imagem, mas nada daquilo afetou sua conduta espiritual (Rm 14.14 e Tt 1.15).
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 74-75.
O reconhecimento que fez a Daniel a fim de incumbi-lo de interpretar esse sonho. Por fim, Daniel veio à sua presença (v. 8). Pode ser que Daniel tenha se recusado a se associar ao resto dos intérpretes por causa da incapacidade deles, ou talvez o próprio rei tenha preferido que os seus próprios mágicos tivessem essa honra em lugar de Daniel, ou mesmo porque Daniel fosse o governador de todos os homens sábios da Babilônia (cap. 2.48). Mas o fato é que, como era habitual, ele foi o último a ser consultado. Muitos fazem da palavra de Deus o seu último refúgio e somente recorrem a ela quando se sentem privados de qualquer outro auxílio. O rei cumprimenta Daniel com toda consideração, menciona o nome do profeta, cuja escolha ele acredita ter sido muito feliz, pois significava um bom prenúncio: Seu nome é Beltessazar, e vem de Bei, o nome do deus deles. Ele elogia as suas raras qualidades: “Ele tem o espírito dos deuses santos e eu contei o sonho diante dele” (v. 9). Por causa dessas palavras podemos supor que Daniel estava longe de sentir qualquer sentimento de orgulho e, pelo contrário, ficou muito mais preocupado em ouvir que aquilo que possuía como um dom recebido do Deus de Israel, o verdadeiro Deus vivo, estava sendo atribuído a um deus de Nabucodonosor, que era uma divindade falsa e imunda. Eis aqui a estranha mistura de pensamentos e opiniões que encontramos nesse rei. Mas isso é encontrado geralmente naqueles que se colocam ao lado das suas corrupções, e contra as convicções corretas. 1. Ele mantém a linguagem e o dialeto da sua idolatria, portanto, fica claro que não havia no coração do rei uma conversão à fé e à adoração ao Deus vivo. Esse rei é um idólatra, e isso se revela através da sua linguagem. Pois fala sobre muitos deuses e aceita que apenas um seja bastante, mas não para ele que se julga suficiente em tudo. E alguns acreditam que, quando fala sobre o espírito dos deuses sagrados, esteja supondo a existência de algumas divindades malignas que os homens se preocupam em adorar apenas para evitar que elas lhes façam alguma maldade. E também a existência de algumas divindades beneficentes, sendo que essas últimas impulsionavam o espírito de Daniel. Ele reconhece que Bei ainda era o seu deus, embora uma ou mais vezes tivesse reconhecido o Deus de Israel como sendo o Senhor de tudo e de todos (cap. 2.47; 3.29). Ele também elogia Daniel, não por ser um servo de Deus, mas como mestre dos mágicos (v. 9), e supõe que a sua sabedoria seja diferente da deles, não em espécie, mas em grau. Além disso, Daniel não estava sendo consultado como profeta, mas como um mágico notável, extremamente dedicado a salvar o crédito da magia, quando os outros tropeçavam e se confundiam embora fossem mestres nessa arte. Veja como a idolatria estava arraigada em Nabucodonosor. O rei tinha noção da existência de muitos deuses, havia escolhido Bei para ser o seu deus particular, e não conseguia se convencer de que deveria abandonar essa noção ou a sua escolha. A insanidade desta escolha já lhe havia sido demonstrada mais de uma vez, e estava acima de qualquer contradição. Assim como acontece com outros pagãos, ele não iria trocar os seus deuses, embora não fossem deuses (Jr 2.11). Muitos persistem em continuar nesse caminho falso somente por pensarem que não poderiam abandoná-lo com dignidade. Veja como as suas convicções eram frágeis, e com que facilidade foi capaz de abandoná-las. Certa vez, ele havia chamado o Deus de Israel de Deus dos deuses
(cap. 2.47). E agora ele está colocando esse Deus precioso e bendito em um nível igual ao daqueles a quem chama de deuses sagrados. Note que se as convicções não forem colocadas em prática rapidamente, existe a chance de, em pouco tempo, serem totalmente perdidas e esquecidas. Como Nabucodonosor não prosseguiu em direção ao reconhecimento da soberania do verdadeiro Deus, ele logo retrocedeu e voltou a cair na mesma veneração que sempre teve pelos seus falsos deuses. No entanto: 2. Ele confessa ter uma grande admiração por Daniel, pois sabe que é um grande servo do verdadeiro Deus, e somente dele. Ele acreditava que o profeta era possuidor de uma grande visão interior como, por exemplo, uma inspiração e capacidade de previsão, que nenhum dos seus mágicos possuía: “Sei que há em ti o espírito dos deuses santos”. Observe que o espírito de profecia é totalmente superior ao espírito de adivinhação, mesmo quando os próprios inimigos são os juizes, como foi manifestado aqui depois de um justo julgamento de habilidades.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 487-488.
3. Daniel ouve o sonho e dá a sua interpretação (Dn 4.19-26).
O Rei conta a Daniel todo o seu sonho. O rei viu uma grande árvore de dimensões enormes que produzia belos frutos e que era visível em toda a terra. Os animais do campo se abrigavam debaixo dela e os pássaros faziam seus ninhos nos seus ramos (Dn 4.10-12). O rei viu descer do céu “um vigia, um santo” (v. 13) e esse vigia clamava forte: “Derribai a árvore e cortai-lhe os ramos” (v. 14).
A árvore majestosa (w. 11,12). O texto diz que era “uma árvore no meio da terra” (4.10). Isto é, a árvore chamava a atenção porque tinha uma posição central, para simbolizar o Império Babilônico naqueles dias. A Babilônia destacava-se por concentrar todo o poder conquistado por Nabucodonosor na capital, uma figura simbólica da Babilônia escatológica que aparece em Apocalipse nos capítulos 17 e 18. A “árvore” do sonho de Nabucodonosor era formosa e bela. A visão esplêndida dessa árvore indicava a formosura, a grandeza, o poder e a riqueza que representavam a glória de Nabucodonosor. Ninguém na terra havia alcançado todo esse poder antes dele. Daniel declarou ao rei que aquela árvore que seria cortada era o próprio rei e disse: “Es Tu, ó Rei” (Dn 4.22).
Imaginemos a tristeza de Nabucodonosor ao ouvir esta declaração. Como resignar-se serenamente ante um fato inevitável revelado pelo Deus de Daniel. Assim é a glória dos homens, como uma árvore que cresce e se torna frondosa e, de repente, é derribada. Assim Deus destrói os soberbos.
“um vigia, um santo, descia do céu” (4.13). A linguagem figurada para falar do papel dos anjos designados por Deus para executarem a sua vontade é o termo “vigia” ou “um santo” vindo do céu. Não há dúvida de que os anjos de Deus trabalham com missão delegada para proteger e para cumprir as ordens de Deus. Na visão do rei, ele viu “um vigia” que descia do céu com a missão de proclamar os juízos de Deus (Dn 4.14,15). No Antigo Testamento, os anjos tinham uma atividade mais presente na vida do povo de Deus. No Novo Testamento, eles continuam suas atividades em obediência a Deus, mas hoje a igreja de Cristo tem o Espírito Santo que vive na igreja e a orienta em tudo. Alguns teólogos creem numa teofania, referindo-se ao próprio Deus como “o vigia, o santo”. Alguns estudiosos interpretam como sendo o Senhor Jesus Cristo, uma vez que Ele se apresenta em outros eventos bíblicos numa teofania especial. Entretanto, ainda que mereça apreciação esta ideia é discutível na sua interpretação. Preferimos a ideia de que se trata de um anjo da parte de Deus com poder delegado para fazer juízo contra esta árvore.
Juízo e misericórdia são demonstrações da Soberania de Deus (4.14,15). No versículo 14 a ordem delegada de Deus ao seu anjo de juízo era o de derribar a árvore, seus ramos e suas folhas. O texto do versículo 15 deixa claro que Deus não queria destruir tudo daquela árvore, mas ele deu ordem ao seu anjo para que “o tronco com suas raízes” fossem deixadas na terra. A intenção divina não era destruir Nabucodonosor sem dar-lhe a oportunidade de se converter e reconhecer a glória de Deus. Mas o próprio rei testemunhou que foi inevitável a consequência de sua arrogância. Ele foi tirado do meio dos homens e ficou completamente louco, indo conviver com os animais do campo por sete anos (Dn 4.25). Depois de sete anos, Nabucodonosor voltou ao normal, mas o seu reino logo depois foi sucedido por Belsazar que fez cair o reino nas mãos de Dario, o persa.
Daniel dá a interpretação do sonho (4.19-26)
“Então Daniel,... esteve atônito quase uma hora” (4.19). Mais uma vez, o servo de Deus tinha uma missão difícil e ficou perplexo porque a revelação era forte e havia dificuldade para entender o sonho. O tempo que levou para interpretar significava que ele ficou amedrontado em contar ao rei a verdade da revelação. De certo modo, Daniel gozava da confiança do rei como conselheiro e preferia, como homem, que as revelações do sonho não atingissem a pessoa do rei. Mas Daniel não pôde evitar, porque o próprio rei, percebendo a perplexidade de Daniel, o instou a que não tivesse medo e contasse exatamente o que o seu Deus havia revelado.
“Respondeu Beltessazar e disse: Senhor meu, o sonho seja contra o que te tem ódio, e a sua interpretação para os teus inimigos” (4.19). Daniel reconhecia que o rei havia sido bondoso e complacente com ele e seus amigos e, por isso, preferia que o juízo fosse contra os inimigos do rei. Daniel sabia que havia dentro do palácio complôs contra o rei e, por isso, ele preferia que o juízo fosse para punir os inimigos do monarca. Mas Daniel não pôde evitar falar a verdade.
“Es tu, ó rei” (v. 22). Daniel foi incisivo e objetivo em informar ao rei que ele mesmo era, simbolicamente, a árvore frondosa do sonho, mas não evitaria a tragédia moral e espiritual do seu reino. Ele perderia a grandeza que tinha durante os “sete tempos” (sete anos). No versículo 26, a revelação assegurava ao rei a sua restauração, mas para que isso acontecesse, ele deveria dar sinais de arrependimento e provar a si mesmo e ao seu império a mudança interior na sua vida.
Daniel aconselha ao rei que reconheça os seus pecados e mude de atitude para que a misericórdia divina o alcance (4.27-38). Passaram-se um ano (doze meses) e houve, até certo ponto, um prolongamento da tranquilidade de Nabucodonosor. Mas ele não se humilhou e não mudou de atitude. Pelo contrário, se empolgou com a beleza de suas construções e seus jardins suspensos para agradar a sua esposa, segundo escreveu o historiador Josefo. Nos versículos 34 a 37, depois dos sete anos de insanidade, ele recuperou seu entendimento e acordou para a realidade quando louvou a Deus. Aprendemos com esta história que o orgulho é sempre insano e inaceitável diante de Deus e que a mais sóbria atitude é reconhecer a soberania de Deus e louvá-lo.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 70-73.
Daniel Provê a Interpretação (4.19-24)
Dn 4.19 Então Daniel, cujo nome era Beltessazar. Daniel ficou assustado pela visão, não tanto por causa de suas vividas imagens, mas por causa do seu significado. Ele sentiu prontamente o que estava sendo comunicado, e isso o fez silenciar-se. Grandes emoções podem paralisar as cordas vocais e estontear a mente. Assim sendo, por uma hora inteira Daniel nada disse. Recuperando o autocontrole, o profeta emitiu um desejo impossível: que aquilo que tinha sido visto acontecesse aos inimigos do rei, não ao próprio rei. Esse desejo não lhe seria concedido, mas a verdade é que fora um desejo inspirado pela melancolia do momento. O profeta proferiu sua “fórmula a fim de desviar o m al”, algo comum no Oriente, quando se proferiam palavras potencialmente daninhas. Mas a fórmula de Daniel seria inútil, ao passo que a profecia propriamente dita seria cumprida de modo preciso. Não é fácil prever uma grande provação sobre um ente amado, ou um amigo, e é ainda menos fácil contá-la. Não obstante, a oração é mais forte que a profecia, de modo que a profecia pode ser anulada. Que esse sem pre seja o nosso caso! Nabucodonosor tinha de passar por uma provação, da qual sairia melhor. Os julgamentos de Deus são dedos de Sua mão amorosa.
Dn 4.20,21 A árvore que viste, que cresceu. Os vss. 20-21 retomam os detalhes da visão explicada nos vss. 10-12. O profeta repetiu todos os detalhes, antes de dizer o temível “és tu, ó rei” (vs. 22).
“Daniel recapitulou a questão do sonhos. As pequenas variações em relação ao que é dito nos vss. 10-17 não devem ser consideradas significativas” (Arthur Jeffery, In loc.). A interpretação adiciona alguns detalhes que não aparecem no relato original.
Dn 4.22 És tu ó rei, que cresceste. A árvore, antes tão exaltada, mas depois humilhada até o quase nada, falava do próprio rei. Para apreciar a grandeza da Babilônia e de seu rei, ver no Dicionário o artigo chamado Babilônia. O rei era alto e forte e espalhou-se como os galhos de uma árvore por todas as partes do mundo então conhecido. Neste ponto, a Septuaginta tem uma longa adição que quase certamente relaciona o texto presente ao período dos macabeus. O império babilônico foi o maior e mais poderoso que houve até aquele tempo, conforme demonstra o artigo citado. Era pequeno segundo os padrões modernos, mas gigantesco para os padrões antigos. Cf. este versículo com Jer. 27.6-8. “Ele ultrapassou a todos os reis da terra, em poder e honra, e aspirou atingir a própria divindade, conforme seus galhos se estendiam até os confins da terra (vs. 11)” (John Gill, in loc.).
Dn 4.23 Quanto ao que viu o rei, um vigilante. Este versículo repete os elementos dos vss. 13-16, onde ofereço notas expositivas. A repetição faz parte do estilo literário do autor.
Dn 4.24 Esta é a interpretação, ó rei. Os vss. 24-25 passam a interpretar os vss. 13-16 (repetidos no vs. 23). O que aconteceria ao rei devia-se a um decreto do Deus Altíssimo. Quanto a notas sobre esse titulo divino (que aparece treze vezes no livro), ver Dan. 3.26. Nabucodonosor tinha de pagar por todos os tipos de pecados, especialmente o pecado do orgulho (vss. 27,30,31). Assim sendo, o decreto divino era justo e precisava ser cumprido. Cf. o vs. 17. O Rei verdadeiro e celestial tinha de ser exaltado e não toleraria competição. Nabucodonosor precisava ser derrubado. Ver o vs. 25.
Dn 4.25 Serás expulso de entre os homens. A derrubada da árvore faria com que as aves que se tinham alojado em seus ramos saíssem voando. E quando a árvore caísse, os animais que tinham feito suas covas ao pé da árvore correriam para lugares seguros. Os frutos que cresciam em seus ramos cairiam de súbito. Tal descrição pode parecer significar a destruição do império babilônico pelos medos e persas. Mas sabemos que a confusão dizia respeito ao próprio rei. Em sua insanidade temporária (que o deixaria completamente arrasado pelo golpe divino), o rei correria para a floresta e viveria como um animal. Comeria relva como um boi e viveria exposto à chuva e aos elementos da natureza em geral. Nabucodonosor continuaria nesse estado por sete anos. E assim viria a reconhecer quem é o Rei verdadeiro, a saber, o Deus Altíssimo (ver as notas sobre Dan. 3.26). Ver os vss. 14-16, que este versículo interpreta. O governo e os governantes terrenos são levantados e derrubados, conforme chega o tempo de seu governo (ver Atos 17.26), por meio de decretos divinos, e não pelo poder e pelo engenho humano. Juí. 3.8 dá a entender que Nabucodonosor se estabelecera como se fosse um deus e requeria honrarias correspondentes. Foi lembrado pelos judeus não como um grande construtor, mas como quem tinha destruído a cidade sagrada e reduzido a nação a praticamente nada, em seus ataques e subsequentes cativeiros. Portanto, se havia alguém que precisava ser derrubado, esse homem era Nabucodonosor.
Existe uma desordem mental conhecida como zoantropia, segundo a qual a pessoa se imagina um animal e passa a agir como um ser irracional. Talvez esse tenha sido o caso de Nabucodonosor. Sem importar a natureza específica da sua enfermidade, o fato é que ela foi um instrumento da mão de Deus, primeiramente para humilhar e então para restaurar Nabucodonosor. Todos os juízos de Deus são restauradores. Dn 4.26 Quanto ao que foi dito, que se deixasse a cepa. N abucodonosor voltaria; ele se recuperaria; ele aprenderia a lição e então receberia de volta seu poder e glória. É esse o símbolo da cepa da árvore, que restaria e teria o poder de reproduzir-se, form ando um a nova árvore, desde as raízes, Este versículo interpreta o vs. 15. O rei precisava aprender que o céu é que governa, conforme se lê a respeito do Deus Altíssimo no vs. 25. Esse uso não se acha em nenhum outro trecho do Antigo Testamento, em bora seja bastante com um nos livros dos Macabeus. “Deus governa! Essa é a palavra de esperança para a nossa loucura. Devemos aprender que o Altíssimo governa sobre a terra, e que os reis não formam exceção... É uma lição de mordomia... Quando rei Tiago VI, da Escócia, se jactava de seus direitos, Andrew Melville segurou a fímbria de suas vestes e disse; ‘Você, tolo vassalo de Deus! Existem dois reinos na Escócia e existem somente dois reis: o rei Tiago e o Rei Cristo Jesus. Nesses reinos, você não é nem Senhor nem Cabeça, mas súdito'” (Gerald Kennedy, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3388-3389.
Dn 4.19: “Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito quase uma hora, e os seus pensamentos o turbavam; falou pois o rei, e disse: Beltessazar, não te espante o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar, e disse: Senhor meu: o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação para os teus inimigos”.
O presente texto nos mostra o grande espanto do velho profeta. Ele viu logo o sentido daquela visão, e ficou atônito, porque tudo aquilo se referia ao rei, e era muito duro o que ele tinha de lhe dizer. Daniel era, sem dúvida, um homem muito fiel; acima de qualquer coisa, para ele o importante era a verdade. Acreditamos que, à proporção que o rei descrevia o sonho da grande árvore, o Espírito de Deus em Daniel desenvolvia a sua interpretação, conferida em cada detalhe; ele desejava o bem daquele monarca, mas percebia, em cada elemento do sonho, que o sonho, continha o anúncio de um julgamento contra o rei, da parte de Deus. Muitos servos do Senhor têm sofrido na vida só por causa da verdade, mas isso é sempre gratificante. Os mentirosos ficarão fora do Céu (Ap 22.15). Daniel não renunciou à interpretação, e a fez a contento, como se vê nos versículos seguintes.
Dn 4.20: “A árvore que viste, que cresceu, e se fez forte, cuja altura chegava até ao céu, e que foi vista por toda a terra”.
No texto em foco, Daniel lembra ao monarca o que ele mesmo afirma ter visto em sonho no versículo 10 do presente capítulo. O rei babilônico nunca jamais tinha visto em toda a sua vida uma árvore que tivesse tal tamanho; sua altura ultrapassa qualquer possibilidade de uma árvore crescer na terra. As coisas ou meios pelos quais Deus sempre fala são grandes, porque Deus é um Deus grande. Deus é grande em todos os aspectos: 1) na sua misericórdia (Lm 3.22); 2) na sua fidelidade que é descrita também como sendo grande. (Ver Lm 3.23); 3) no seu amor (Rm 5.5); 4) na sua salvação que é mui grande (Hb 2.3). Os reinos do mundo também têm suas grandezas por algum tempo, mas depois declinam; o reino de Deus e de Cristo, pelo contrário: não terá fim. (Ver Lc 1.33)
Dn 4.21: “Cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante, e em que para todos havia mantimento; debaixo da qual morava os animais do campo, e em cujos ramos habitavam as aves do céu”.
Daniel, como já fizera num sonho anterior (cap. 2), continua na descrição, e, depois, inicia a interpretação. Nesse cenário favorável, a manifestação do poder de Deus, que revela os mistérios ou coisas ocultas, é indispensável nas interpretações feitas por Daniel. Na condição de muito superior a todos os magos, o profeta não fora consultado entre eles, pois desconhecia o poder das trevas que agia naqueles sábios caldeus. No versículo 19, vemos Daniel demorando para falar, até ser encorajado pelo rei e por Deus a fazê-lo. O verdadeiro crente é sempre “moderado”; ele primeiro medita e depois fala. O livro de Provérbios é o grande manual de instrução para todo o homem. A advertência divina nesse sentido é: “Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus” (Ec 5.2). Daniel, como servo fiel, estava ali diante de Deus e do monarca babilônico, por isso toda prudência era pouca!
Dn 4.22: “Es tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; a tua grandeza cresceu, e chegou até o céu, e o teu domínio até a extremidade da terra”. “A tua grandeza cresceu... até o céu”. A presente expressão sempre tem conexão com Babilônia e o seu povo. O texto em foco também nos faz lembrar a semelhança do pecado de Sodoma (Gn 18.21), e o da cidade de Nínive (Jn 1.2); e o pecado da grande Babilônia descrita em Ap 18.5, que diz: “...já os seus pecados se acumularam até o céu...” Isso significa que o pecado concebido, nasce, cresce e, estando na sua fase de amadurecimento, toca nos céus. O profeta Jeremias segue um paralelismo semelhante a este, em seu livro (Jr 51.9). O julgamento de Babilônia, aí, atinge os céus, sendo elevado até o firmamento. O domínio de Nabucodonosor se processava em ordem crescente e já estava atingindo até o céu, e certamente o mau cheiro que sobe da terra, conforme descreve João séculos depois, aborrece a alma de Deus. Qualquer dessas idéias nos fornece um indício de como o pecado pode acumular-se, produzindo, necessariamente, o amadurecimento para o juízo de Deus.
Dn 4.23: “E quanto ao que viu o rei, um vigia, um santo, que descia do céu, e que dizia: Cortai a árvore, e destruí-a, mas o tronco com as suas raízes deixai na terra, e com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e a sua porção com os animais do campo, até que passem sobre ele sete tempos”.
“... Um vigia, um santo...” Apresente expressão é também citada no versículo 13, onde é retratado como sendo “um vigilante eterno”, “um ser que não dorme”. Somente um indivíduo é referido aqui. Todos os comentadores da atualidade têm seguido a mesma opinião quanto ao “guarda eterno”, isto é, identificando-o como o Senhor a quem Daniel servia, aquele que “não dormita, nem dorme”. (Ver SI 121.4). Ele tem poder para fazer decretos e cumpri-los, com o propósito de mostrar aos homens o fato de que o Altíssimo governa nas questões humanas. No decreto do Altíssimo, o juízo sobre o monarca era pesado mas não era total; ainda o tronco da árvore haveria de brotar. Nas palavras de Jó, há uma inferência sobre a presente passagem: “Porque há esperança para a árvore, que se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e morrer o seu tronco no pó, ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como a planta” (Jó 14.7-9). Qualquer que fosse seu castigo, Deus o preservaria, como preservou dois ramos: Nabonido e Belsazar, no império babilônico.
Dn 4.24: “Esta é a interpretação, á rei: e este é o decreto do Altíssimo que virá sobre o rei meu senhor.
O texto em foco mostra-nos como Daniel começou a interpretação da grande árvore que o rei tinha visto em sonho. Declarou que aquele monarca era a árvore e que realmente seria cortada como quando o lenhador corta a árvore do bosque. Mas Daniel acrescentou que um cepo fora deixado. Nabucodonosor devia saber que, ao passar o tempo de castigo, seria restaurado novamente no seu posto como governante do império babilônico. O Deus de Daniel que, por via de regra, é também o nosso Deus, sempre que aplica uma sentença, ela vem mesclada de misericórdia. (Ver 75.8 do livro de Salmos). Porém, é evidente que chegará o dia quando não mais essa misericórdia insistirá, e, a partir daí, Deus dará aos seus inimigos um “vinho que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira. (Ver Ap 14.10). Na presente Era, os homens são convidados a tomarem parte no “dia da salvação”, porém em breve chegará o momento em que eles tomarão parte no dia da ira de Deus e do Cordeiro. (Ver 2 Co 6.2 e Ap 6.17).
4.25: “Serás tirado de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti: até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer!’.
“Até que conheças que o Altíssimo tem domínio...” No livro de Daniel, a expressão “O Deus Altíssimo” é freqüente, em várias conexões (3.26; 4.17, 24, 25, 32, 34; 5.18, 21; 7.18, 22, 25, 27). No Antigo Testamento, Deus aparece pela primeira vez com este título, em Gn 14.18, quando o monarca Melquizedeque, trazendo pão e vinho, abençoou a Abraão. O vocábulo no original hebraico é “EL elyôn”. - O Deus Altíssimo era o título de Deus, adorado pelo rei de Salém. Este nome de Deus, quando era usado, mostrava a superioridade dele sobre os ídolos do paganismo. Comumente, os antigos habitantes da velha Mesopotâmia usavam a expressão “Deus lá de cima”. (Ver Jó 3.4). O salmista Davi escolhia este nome para sua habitação. (Ver SI 91.9). E, portanto, evidente que Daniel usava a linguagem mais acessível para aquela gente babilônica. (Ver 1 Co 9.20,22).
Dn 4.26: “E quanto ao que foi dito, que deixasse o tronco com as raízes da árvore, o teu reino voltará para ti, depois que tiveres conhecido que o céu reina”. O presente versículo enfatiza o que muitos psicólogos evangélicos já afirmaram em seus escritos: “doença mental”. Aquele rei era um homem esmagado pelo ódio que, vez após outra, o dominava e que se tornou patológico. O homem iracundo virá a cair no mal, como bem é declarado, tanto pela Palavra de Deus como pelos psicólogos: “Para um homem esmagado pela consciência de culpa, a Bíblia oferece a certeza de perdão e graça. Mas, àquele que nega sua culpa, ela lhe traz ameaças terríveis, para fazer com que ele se auto-análise”. A correção de Deus no monarca caldeu era a “operação severidade”, mas não era o esmagamento completo, pelo contrário, era sua salvação. Deus precisava retirá-lo do círculo vicioso dos seus esforços naturais e cruéis contra seus semelhantes.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 80-84.
A Interpretação de Daniel (4.19-27)
Quando os filósofos e cientistas pagãos da corte desistiram de interpretar o sonho e estavam em completa confusão, Daniel foi introduzido e saudado pelo rei com deferência respeitosa, reveladora de sua alta estima por esse servo de Deus. Tu podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos (18), disse o rei. Mas Daniel, quando ouviu o sonho, foi dominado por um grande espanto e ficou sem falar durante uma hora. Então, encorajado pelo rei, ele expressou o motivo do seu espanto: Senhor meu, o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação, para os teus inimigos (19).
A enorme árvore era, na verdade, o próprio rei. Seu crescimento e força estupenda apresentavam um quadro exato do seu grande poder. A tua grandeza cresceu e chegou até ao céu, e o teu domínio, até à extremidade da terra (22). Mas o resultado trágico era que essa grandeza estava com os dias contados. O rei, conhecido em toda a terra pela sua capacidade, perderia a razão e se arrastaria pelo chão como um animal do campo. Ele, que era honrado como o maior entre os seres humanos, perderia sua condição de humano e se tornaria como um boi que se alimenta de ervas. Até que passem sobre ele sete tempos (23) indicava sete anos de insanidade para o rei.
Mas no meio desse presságio chocante de julgamento, que para o rei deve ter soado mais terrível do que a morte, veio a garantia da infinita fidelidade e misericórdia de Deus. Embora a árvore fosse cortada, o tronco (23; “toco”, NVI) foi deixado para reviver e crescer novamente. Além disso, ele foi cercado de cadeias de ferro e de bronze, um símbolo da firmeza e constância da promessa de Deus de sobrevivência e restauração. No final da sua interpretação, Daniel estava parado diante do rei rogando para que ele se arrependesse dos seus pecados de injustiça e opressão, a fim de que Deus prolongasse a sua tranqüilidade (27).
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 513-514.
III – A PREGAÇÃO DE DANIEL
1. A pregação de Daniel.
A conclusão da interpretação descreve o piedoso conselho que Daniel, como profeta, deu ao rei (v. 27). Caso o rei se mostrasse preocupado com a interpretação desse sonho seria muito adequado que nesse momento o profeta lhe oferecesse algum conselho se estivesse despreocupado, as suas palavras teriam a finalidade de despertá-lo. Caso contrário, usaria palavras para consolá-lo, e elas deveriam ser consistentes com o sonho e a sua interpretação, pois Daniel sabia que a interpretação não poderia ser condicional, como no caso da destruição de Nínive. Observe: 1. A humildade com que Daniel oferece o seu conselho, e também a sua grande ternura e respeito. E como se ele dissesse, em outras palavras: “Portanto, ó rei, aceite o meu conselho com um coração aberto, pois ele é dado com boa intenção e vem de um sentimento de amor, e não permita que seja mal-interpretado”. Note que devemos procurar os pecadores visando o seu próprio bem, e eles devem ser respeitosamente solicitados a agir corretamente. O profeta está suplicando aos homens que suportem uma palavra de exortação (Hb 13.22). Creio que seremos bastante úteis se as pessoas forem persuadidas a aceitar de boa vontade o nosso conselho e se o aceitarem com muita paciência. 2. Qual era o seu conselho. Daniel não está aconselhando o rei a tomar qualquer remédio a fim de evitar o desequilíbrio da sua mente, mas a se desfazer dos pecados que estava cometendo, e reformar a sua vida.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 851.
O versículo 27 do presente capítulo declara que Daniel insistiu com o monarca caldeu, para que ele se arrependesse, mas, caso Daniel tenha previsto isto, ou seja, uma mudança naquela vida, isto não aconteceu, porque tudo indica que o rei continuou a sua vida como antes. Herodes, o tetrarca idumeu, ao ser repreendido por João não se arrependeu, pelo contrário, acrescentou às suas maldades outras mais. (Ver Lc 3.19, 20). O monarca Faraó também, ao ser repreendido pelo castigo divino, não se arrependeu, pelo contrário, endureceu o seu coração dez vezes mais; e pereceu nas águas do mar Vermelho. (Ver Êx 14.10; 15.1, 21; SI 136.15). Aqueles que se endurecem maior dureza encontrarão; não é debalde que diz a Escritura: “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (1 Pe 5.5). Nabucodonosor não deu ouvidos à Palavra divina a clamar ao seu redor, e viu-se cercado por um montão de ruínas!
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 84-85.
Daniel exorta o rei a evitar a tragédia por meio de uma atitude imediata. conforme o seu conselho, assemelhando-se ele aqui aos profetas clássicos (p. ex., Am 5:15), no fato de haver um elemento contingente ou condicional em sua profecia: põe termo em teus pecados pela justiça (27) Não temos aqui um determinismo passivo. Pelo contrário, o autor insiste com um incentivo a uma mudança de estilo-de-vida. Não se trata de que por meio de boas obras o rei possa se salvar, mas de que mudando o seu modo de vida ele estará demonstrando a sua aceitação da verdade das palavras de Daniel (cf At 26:20). Misericórdia para com os pobres chaina a atenção a injustiças no Estado, as quais o rei tinha poder para corrigir. Justiça (si(fqâ) é traduzido pela LXX como “dar esmolas” , e o verbo põe fim (peruq) como “redime”. Assim compreendido, este versículo parecia dar apoio a uma doutrina de méritos alcançados por boas obras, tornando-se um centro de controvérsia no tempo da Reforma. O sentido da raiz do verbo se vê claramente em contextos tais como Gênesis 27:40, “sacudirás o seu jugo da tua cerviz” e Êxodo 32:3, “tirai as argolas de ouro”.
O sentido é “romper com os velhos hábitos” e “fazer o que é certo” , um mandamento que tem significado mesmo sem a revelação especial, somente no nível humano. A tradução “dar esmolas” reflete o ponto-de-vista corrente quando a LXX foi traduzida.87 e que fica claro no Sermão do Monte, onde “exercer justiça” (Mt 6:1) é exposto em termos de dar esmolas, orar e jejuar. Exatamente quais os ideais que o rei babilônico poderia ter não podemos saber, mas evidentemente seria preciso mais do que advertências e exortações para levá-lo à ação.
Joyce G. Baldwin,. Daniel Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag 121-122.
2. O pecado de Nabucodonosor em reação aos pobres.
Dn 4.27 Portanto, ó rei, aceita o meu conselho. Os pecados teriam de ser derrotados pela prática da retidão, e a idolatria era a principal ofensa. A opressão é o pecado especial da classe dominante. Ela teria de ser abandonada e substituída pela justiça social. Se tais coisas fossem feitas, o severo juizo divino dos sete anos de insanidade teria sido evitado. Cf. o conselho deste versículo com Eclesiástico 3.30,31 e Tobias 4.7-11, que dizem coisas similares. Talvez ao rei tenha sido conferido um período de graça (vs. 29), a oportunidade para reverter o curso do pecado. Nabucodonosor tinha de “pôr fim aos seus pecados”, ou seja, literalmente, teria de “redimir-se”. Mas a palavra hebraica peraq pode referir-se ao afrouxamento do jugo. O rei era cativo de seus pecados e tinha de livrar-se deles, caso quisesse escapar da punição. Além disso, tinha de anular suas opressões pela caridade (possivelmente pela doação de esmolas), mas está em vista a prática da lei do amor, que cobre uma multidão de pecados (ver Tia. 5.20). A Septuaginta apresenta aqui o substantivo grego eieeimosunais, “esmolas”, mas esse é um uso posterior da palavra.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3390.
O rei costumava ofender os seus súditos e se comportar injustamente com seus aliados, mas devia mudar tudo isso agindo com justiça, concedendo-lhes tudo aquilo a que tinham direito, consertando o que havia feito de errado sem triunfar sobre o direito através do abuso de seu poder. Ele havia sido cruel para com os pobres, para com os pobres de Deus, para com os pobres judeus. E agora devia acabar com essa iniquidade mostrando-se misericordioso com esses pobres, compadecendo-se dos oprimidos, libertando-os ou tornando o seu cativeiro um pouco mais fácil para eles. Observe que, quando se trata do arrependimento, não é necessário apenas parar de fazer o mal, mas aprender a fazer o bem. Não só deixar de fazer o mal, mas passar a fazer o bem a todos. 3. Qual foi o argumento que Daniel usou para justificar o seu conselho: ele iria prolongar a tranqüilidade do rei. Embora o seu conselho não fosse evitar totalmente o castigo, ainda assim ele poderia ser uma forma de obter a suspensão temporária da sentença, como aconteceu com Acabe quando se humilhou (1 Rs 21.29). O transtorno poderia ser mais longo ou mais curto, quando chegasse, e isso Daniel não detalharia. Observe que a simples possibilidade de evitar um castigo temporal é uma razão suficientemente válida para se praticar uma obra tão boa como abandonarmos os nossos pecados e reformarmos a nossa vida. Quanto mais importante é agirmos deste modo com a finalidade de evitarmos a nossa ruína eterna! “Essa será a cura dos teus erros” (alguns entendem o texto sagrado deste modo), “dessa maneira o desentendimento será interrompido, e tudo ficará bem novamente”.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 851.
Dn 4.27. Quebre teus pecados pela justiça Faça justiça. Tu tens sido um homem opressor ; mostrar misericórdia para com os pobres, muitos dos quais foram feitos tais por ti mesmo: testemunhar toda a nação dos judeus. Ele devia cessar de seu pecados arrepender e produzir frutos dignos de arrependimento, a fim de que ele possa encontrar misericórdia na mão de Deus.
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke. Daniel.

ELABORADO: Pb Alessandro Silva.

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