DEUS ABOMINA A SOBERBA
Imagine
um rei que controla as vidas das pessoas e decide se elas vivem ou morrem, mas
de repente, de uma hora para outra se tornar um louco, um lunático e um
irracional? Este rei foi Nabucodonosor.
O
capítulo 4 de Daniel traz a imagem de uma árvore florescente representando a
figura de Nabucodonosor, o imperador da Babilônia. Num belo dia o rei olhou
para todas as criações do seu império e, consigo mesmo, viveu a síndrome de
Narciso: pensou que era o responsável por todas as realizações do império babilônico. Na imagem apresentada a Nabucodonosor um homem anuncia que a árvore
seria cortada e ficariam apenas as raízes. Esta árvore era o rei Nabucodonosor.
Daniel foi corajoso em anunciar isso a ele!
O
conceito de soberba
O
relato do quarto capítulo de Daniel demonstra o sutil, mas desastroso, efeito
da soberba. Um comportamento excessivamente orgulhoso, arrogante e presunçoso
caracteriza o sentimento da soberba. A ideia de poder sobre os outros por si só
é uma loucura. Segundo a psicóloga Rosemeire Zago, "a soberba leva o homem
a desprezar os superiores e a desobedecer as leis. Ela nada mais é que o desejo
distorcido de grandeza" e completa: "a pessoa que manifesta a soberba
atribui apenas a si próprio os bens que possui. Tem ligação direta com a
ambição desmedida, a vanglória, a hipocrisia, a ostentação, a presunção, a
arrogância, a altivez, a vaidade, e o orgulho excessivo, com conceito elevado
ou exagerado de si próprio". Nabucodonosor concentrou todas estas
características perdendo-se em si mesmo no mundo obscuro do orgulho.
Não
percamos a lucidez
Quantas
vezes sentimos a síndrome de narciso como a que se abateu sobre Nabucodonosor?
Pretendemos usar o nosso raio de influência para fazer um pequeno império onde
nós determinamos, impomos e mandamos sobre o "destino" das pessoas.
Por isso que Tomás de Aquino atribuiu a soberba um pecado específico, embora,
como bem retratou a psicóloga Rosemeire Zago, num artigo publicado no UOL, a
soberba apareça em outros pecados. A soberba adoece a alma. Não fomos chamados
para ser irracionais ou lunáticos no exercício das nossas funções humanas. Por
isso, o verdadeiro antídoto contra as ambições das nossas almas é Jesus de
Nazaré, o homem "manso e humilde de coração".
Revista Ensinador Cristão.
Editora CPAD. pag. 38.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Aproximadamente
25 anos depois da sua ascensão e volta ao trono da Babilônia, Nabucodonosor
teve mais um sonho perturbador que requereu a presença dos sábios do Palácio
para o interpretarem. Sete anos se passaram desde o estado de loucura do rei,
quando Deus o restaurou ao trono da Babilônia. Na sua volta ao Trono, ele dá um
testemunho pessoal da experiência com o Deus de Daniel e reconhece a soberania
desse Deus dos exilados e cativos de judá. Ele reconhece que sua loucura era
resultante de sua soberba, que o levou a viver como um animal do campo por sete
anos, até que Deus o tirou daquela condição. E a história que mostra o que
acontece com os que se exaltam e se tornam soberbos ante a majestade do
Todo-Poderoso Deus de Israel. E uma história que revela a soberania de Deus
sobre toda a criação e que nenhuma criatura sua usurpa a glória que lhe
pertence. Ao mesmo tempo, Deus revela sua misericórdia e justiça capazes de
salvar um homem arrependido. Nos desígnios divinos, Nabucodonosor preenchia o
propósito de Deus para o mundo de então. Não há nada que diga que esse rei
tenha se convertido. Entretanto, seu testemunho pessoal acerca do Deus de
Israel, depois de toda a humilhação que passou, o levou a reconhecer e proclamar
a todo o mundo que o senhorio dos reinos do mundo não era dele, mas pertencia
ao Deus Altíssimo.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 65.
A Insanidade de Nabucodonosor (4.1-37)
Esta
quarta história aparece sob a forma de uma epístola de Nabucodonosor a seus
súditos. O material move-se do passado (seu sonho-visão interpretado por Daniel)
para o presente (a profecia sobre a insanidade do rei). A lição moral e espiritual
a ser comunicada é que até o maior dos poderes pagãos mostra-se impotente
diante da história e das vicissitudes que estão sob o controle de Yahweh. Nabucodonosor
foi reduzido ao estado dos animais, completam ente humilhado pelo decreto
divino que anulou tudo quanto ele era e podia fazer. No entanto, manifesta-se
nessa história a misericórdia divina, pois o rei recebeu permissão de voltar e
recuperar sua antiga glória. Os registros babilônicos nada dizem sobre isso,
nem sobre um período de insanidade para o rei, nem sobre sua ausência do trono
por algum tempo, por alguma razão. Há um relato sobre Nabonido, o último rei
neobabilônico, que esteve afastado da capital por vários anos, tendo vivido no deserto;
mas certamente Nabucodonosor não está em pauta nesse relato secular.
Por
esse motivo, os críticos supõem que a história encontrada no livro de Daniel seja
uma adaptação do incidente histórico de Nabonido, mas isso é apenas uma conjectura.
Seja com o for, sem importar o que possam os pensar sobre a historicidade do evento,
não devem os permitir que a falta de confirmação secular nos furte de lições
espirituais e morais.
Eusébio
(Preparações para o Evangelho, IX.41) relatou a curiosa história de como
Nabucodonosor, em estado de êxtase, previu que a Mula Persa se apoderaria dele.
A mula era ajudada por uma mulher midianita. A história é interessante, mas não
sabemos se reflete algum incidente real na vida de Nabucodonosor.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
A
graça de Deus é soberana, Seu chamado é irresistível. Os propósitos de Deus não
podem ser frustrados. Ele leva a cabo tudo o que determina fazer. Agindo Deus,
ninguém o impedirá. O apóstolo Paulo declara: “Aos que predestinou, a estes
também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que
justificou, a estes também glorificou” (Rm 8.30). Daniel, no capítulo 4, mostra
a luta de Deus na salvação de Nabucodonozor. Deus move os céus e a terra para
levar esse soberbo rei à conversão. O livro de Daniel mostra a soberania de
Deus na história e também na salvação de cada pessoa.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 59.
O
autor deste capítulo é o próprio Nabucodonosor. A história concernente a ele,
aqui registrada, chegou até nós através das suas próprias palavras, pois ele
mesmo as escreveu e publicou. Mas Daniel, um profeta, por inspiração, insere- a
em seu livro, e faz dela uma parte memorável do documento sagrado.
Nabucodonosor foi o rival mais ousado da soberania do Deus Supremo do
que qualquer outro mortal jamais pudesse ter sido. Mas aqui ele reconhece que
foi justamente vencido e admite, talvez a contragosto, que o Deus de Israel
está acima dele. Temos então: I. O prefácio dessa narrativa, no qual o rei
reconhece o domínio de Deus sobre si (w. 1-3). II. A própria narrativa, onde
relata: 1. O sonho que teve e que deixou os mágicos perplexos (w. 1-18). 2. A
interpretação desse sonho, feita por Daniel, mostrando que representava um
prognóstico da sua ruína, advertindo-o, portanto, que deveria se arrepender e
se reformar (w. 19-27). 3. O cumprimento desse sonho, quando Nabucodonosor
ficou completamente louco durante sete anos para depois recuperar novamente a
razão (w. 28-36). 4. E a conclusão dessa narrativa com uma humilde aceitação e
adoração a Deus como Senhor de tudo e de todos (v. 37). Isso foi extraído dele
através do poderoso domínio do Deus que tem o coração dos homens em suas mãos,
e se afirma como um registro da eterna comprovação da supremacia divina, um
monumento à sua glória, um troféu à sua vitória e uma advertência para ninguém
pensar que poderá prosperar se colocando acima de Deus ou endurecendo o coração
contra Ele.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 845-846.
I – A PROVA DA SOBERANIA DIVINA (Dn 4.1-3).
1.
Nabucodonosor chamado por Deus para um desígnio especial (Jr 25.9).
Nabucodonosor
não foi obrigado a servir ao Deus de Israel, mas não pode fugir a humilhação a
que foi submetido por querer usurpar a glória que só pertence ao Deus Altíssimo
e a nenhum outro deus. Não há dúvida que ele foi submetido a um desígnio
especial do Deus do Céu, o Deus de Daniel, Ananias, Misael e Azarias. Segundo a
história, Nabucodonosor foi rei da Babilônia no período de 605 a 462 a.C. Mesmo
sendo um rei pagão cumpria um desígnio especial de correção divina aos reis de
Israel e de Judá, por terem se corrompido com o sistema mundano que havia
entrado em Israel. Ora, Deus tem o cetro do domínio de todos os reinos do
mundo, e tinha poder para fazer com que aquele homem pagão, por um desígnio
especial, se tornasse próspero em seu reino e crescesse em extensão, a ponto de
se autodenominar “rei de reis”. O profeta Jeremias, contemporâneo do período do
exílio de Israel e Judá na Babilônia, diz que Deus chamou a Nabucodonosor de
“meu servo”( Jr 25.9). Na verdade, Nabucodonosor foi a vara de Deus de punição
ao seu povo por ter abandonado o Senhor e tomado o caminho da idolatria e dos
costumes pagãos. Aprendemos que Deus, em sua soberania é Aquele “que muda os
tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis” (Dn 2.21).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 66.
Este
versículo afirma com clareza que Yahweh era a causa real dos acontecimentos.
Nabucodonosor chega a ser chamado de servo de Yahweh, e ele saberia realizar
bem a sua tarefa. Haveria total destruição de Judá e das nações circundantes.
Essas nações tornar-se-iam uma piada internacional, lugares de desolação
perpétua. Animais selvagens se mudariam para as desolações que antes tinham
sido Jerusalém, a Dourada. Ver Jer. 9.11 e 10.22. Quanto a Nabucodonosor como
servo de Yahweh, ver também Jer. 27.6 e 43.10.
“Jer.
40.2 mostra-nos que Nebuzaradã, capitão de Nabucodonosor, tinha alguma
consciência da missão divina que o rei da Babilônia cumpria” (Fausset, in
ioc.). Cf. Isaías a falar sobre Ciro como o pastor, o ungido de Yahweh (ver
Isa. 44.28; 45.1). Deus era a causa primária, mas também havia causas
secundárias.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3066.
Nabucodonosor [...] meu servo. Essa expressão
não significa que o monarca babilónio adorava o Deus de Israel, mas apenas que
era usado pelo Senhor para cumprir seus propósitos (como no caso de Ciro, que é
chamado de ungido do Senhor, em Isaías 45.1).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1157.
Meu servo (9) não está nos LXX, porém seu
significado evidentemente é "meu instrumento". O rei babilônio e seus
aliados deixariam a terra se perder e levariam para o exílio quem quisessem.
Gerações do norte (9). O Império Babilônico, tal como seu predecessor, o
Assírio, fora feito de muitas raças, muitas "gerações".
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. pag.
55.
2.
A soberba de Nabucodonosor.
Exemplos
negativos de pessoas que se tornaram soberbas
A
Bíblia não conta apenas as vitórias e conquistas dos homens, mas revela suas
fraquezas e derrotas para que se aprenda lições que envolvem nossas relações
com Deus e com as pessoas.
Nabucodonosor
é o grande exemplo do perigo da arrogância. Por esta causa ele perdeu seu trono
e seu reino. A soberba é um dos pecados do espírito humano que afeta
diretamente a soberania de Deus. Por causa da sua arrogância contra o Cetro do
Deus Altíssimo, Nabucodonosor, assim como a árvore do sonho, foi cortado até a
raiz (v. 18). A profecia cumpriu-se integralmente na vida de Nabucodonosor, e
ele, depois de humilhado, perdeu a capacidade moral de pensar e decidir porque
seu coração foi mudado, de “coração de homem”(v. 16) para “um coração de
animal”. A punição levaria “sete tempos” (v. 16). Na linguagem bíblica, sete
tempos equivalem a sete anos em que o monarca da Babilônia estaria agindo como
um animal do campo em total demência racional. A estupidez da experiência
amarga de Nabucodonosor foi demonstrada por uma licantropia, ou seja, ele foi
dominado por uma insanidade sem precedente. Passou a agir como um animal do
campo, tendo o seu corpo molhado pelo orvalho do céu e com um comportamento
irracional, comendo a erva do campo (Dn 4.25). Esse estado de decadência do rei
foi resultado de sua soberba que o levou a perder o reino e o trono e a
Babilônia esteve em decadência política.
O
Rei Hewdes é outro personagem que se destaca na Bíblia por sua soberba. Ele era
neto de Herodes, o Grande, e seu nome era Agripa I que governou a Palestina nos
anos 37-44 d.C., mas foi o imperador de Roma que lhe deu o título de rei sobre
Israel. Ele não gozava de aprovação entre os judeus, porque era um homem
altivo, presunçoso e teve um fim triste para a sua história. Em Atos dos
Apóstolos está registrado que ele mandou matar Tiago, irmão de João, um dos
apóstolos de Jesus Cristo para ganhar o coração de judeus inimigos dos cristãos
naqueles primeiros dias da Igreja (At 12.1,2). Depois, percebendo que isto
agradaria os judeus que não o recebiam bem, mandou prender outros cristãos e,
principalmente Pedro, mandando-o para a prisão (At 12.3-11) quando foi
libertado pelo anjo do Senhor de modo excepcional. Herodes não conseguiu matar
Pedro. Mais tarde, a soberba de Herodes lhe rendeu desprezo do próprio povo (At
12.21,22). Para que todos entendessem que Deus não aceita que se zombe da sua
soberania e justiça, enviou o seu anjo que “feriu-o..., porque não deu glória a
Deus e, comido de bichos, expirou” (At 12.23). Ninguém usurpa a glória que só
pertence a Deus, a glória de sua soberania.
O
Rei Saul é outro exemplo negativo do significado da soberba. Foi o primeiro rei
de Israel. Saul começou bem o seu reinado, até que se deixou dominar por
inveja, ciúmes e, então, começou a agir irracionalmente. A presunção de se
achar superior a tudo, o levou a agir com atitudes arbitrárias dentro do
Palácio e nos assuntos do reino. Foram atitudes que feriam princípios morais, políticos
e espirituais de Israel. Sua arrogância o fez praticar ações que não competiam
à sua alçada e, por isso, foi lhe tirado a graça de Deus na sua vida. Então
passou a agir irrefletidamente dominado pela soberba que fez Deus rejeitá-lo,
porque sua desobediência era fruto da soberba (1 Sm 9.26; 10.1; 15.2,3,9;
15.23).
A soberba é como vírus contagiante
A
soberba é o orgulho excessivo que uma pessoa demonstra e não tem nenhum senso
de autocrítica. A soberba é como uma doença contagiosa que se aloja no coração
do homem e ele perde a capacidade de admitir que para viver no mundo dos homens
ele precisa lembrar que o outro existe. A falta do senso de autocrítica o faz
agir irracionalmente (SI 101.5; 2 Cr 26.16). A soberba é contagiosa porque
contamina todo o homem (Mc 7.21-23). A Bíblia nos mostra que a soberba torna os
olhos altivos (Pv 21.4) e cega a vista (1 Tm 3.6; 6.4).
A soberba foi o pecado de Lúcifer
A
história de Lúcifer infere-se em dois textos proféticos de Isaías e Ezequiel
nos quais, encontramos em linguagem metafórica, a história literal da queda de
Lúcifer, perdendo sua posição na presença de Deus. Ele é identificado na Bíblia
como Diabo, Satanás (Is 14.13-16; Ez 28.14,16). Essas duas escrituras revelam
que Lúcifer perdeu seu status celestial na presença de Deus por causa da sua
soberba. Por isso, a soberba é um pecado do espírito humano, que afeta
diretamente as relações verticais do homem com Deus.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 73-75.
A destruição
da terra de Judá pelo rei dos exércitos da Babilônia é aqui decretada (v. 9).
Deus lhes enviou seus servos, os profetas, e eles não lhes deram ouvidos, e por
isso Deus lhes enviará seu servo, o rei da Babilônia, ao qual não poderão
ridicularizar, desprezar, e perseguir, como fizeram com os seus servos, os
profetas. Observe que os mensageiros da ira de Deus serão enviados contra
aqueles que não desejarem receber os mensageiros da sua misericórdia. De uma
maneira ou de outra, Deus será ouvido, e fará com que os homens saibam que Ele
é o Senhor. Nabucodonosor, embora fosse um estranho ao Deus verdadeiro, ao Deus
de Israel, na verdade, um inimigo dele, e posteriormente, seu rival, foi, no
ataque que fez sobre a sua nação, servo de Deus, cumpriu seus objetivos, foi
usado por Ele e foi um instrumento na sua mão para a correção do seu povo. Ele
realmente estava servindo aos desígnios de Deus, quando pensava estar servindo
aos seus próprios objetivos. Com razão, portanto, aqui Deus se refere a si
mesmo como o “Senhor dos Exércitos” (v. 8), pois aqui está um exemplo do seu
domínio soberano, não somente sobre os habitantes, mas sobre os exércitos desta
terra, dos quais Ele faz o uso que desejar. Ele os tem, a todos, sob seu
comando. Os monarcas mais potentes e absolutos são seus servos. Nabucodonosor,
que é um instrumento da sua ira, é tão verdadeiramente seu servo quanto Ciro,
que é um instrumento da sua misericórdia. Com a terra de Judá prestes a ser
desolada, aqui Deus convoca o seu exército que deverá abatê-la. Ele o reúne,
toma todas as famílias do norte, pois talvez haja ocasião para elas, e as
lidera como seu comandante, trazendo-as contra essa terra, e dá-lhes sucesso,
não somente contra Judá e Jerusalém, mas contra todas as nações em redor para
que não confiem nelas como aliadas ou auxiliares contra essa força ameaçadora.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 473.
Dn 4.28
Todas estas cousas sobrevieram ao rei Nabucodonosor. Ao que tudo indica,
Nabucodonosor não foi sábio o bastante para aproveitar seu período de graça e
endireitar a sua vida e substituir seus pecados por atos de bondade. Ele perdeu
a oportunidade, pelo que o decreto de julgamento teve de ser implementado.
Tudo
quanto fora predito aconteceu, em seus mais minúsculos detalhes. “A interpretação
de Daniel foi logo esquecida, e suas exortações foram ignoradas. Nabucodonosor
continuou em seu orgulho pecaminoso. O rei não se arrependeu, conforme lhe
ordenara o profeta. Continuou dominado pelo egoísmo” (J. Dwight Pentecost, In
loc.).
Dn 4.29,30
Ao cabo de doze meses. Talvez esses doze meses (um ano) tenham sido mencionados
por formarem o período de graça concedido ao rei para limpar sua vida, alterar
suas atitudes e substituir a opressão por atos de bondade. Mas agora vemos
Nabucodonosor a andar sobre o eirado plano do palácio real (literalmente, o
palácio do reino), com o nariz empinado e o peito estufado, como se fosse um galo
insensato. Ele caminhava solenemente e falava sobre quão grande era a Babilônia
e como ele tinha construído seu magnífico palácio. A arqueologia encontrou inscrições
de Nabucodonosor que são similares às jactâncias citadas neste versículo.
Talvez o autor, ao escrever este versículo, estivesse imitando tal coisa.
Expedições m ilitares e matanças tinham feito a Babilônia ser o que ela era, e
Nabucodonosor usara todo esse dinheiro para embelezar a cidade e o império. Tudo
fora feito por seu “grandioso poder” (no hebraico, hisni) que pode ser
traduzido “riqueza”).
A
grande Babilônia. Até m esmo segundo os padrões modernos, a antiga cidade de
Babilônia era uma cidade grandiosa. Era a Nova Iorque do antigo Oriente Próximo
e Médio. Tinha uma área de 520 km 2e era cercada por muralhas com 26 m de
espessura e 102 m de altura. Nas entradas, portões de bronze conduziam a vários
terraços que davam frente para o rio Eufrates. Dentro das muralhas havia cidades
satélites menores, espacejadas por jardins e plantações que emprestavam beleza
estética ao lugar. Havia nada menos que oito templos, e muitos edifícios
públicos im pressionantes.
O
Rei é Humilhado (4.31-35)
Dn 4.31
Falava ainda o rei quando desceu uma voz do céu. O período da graça divina se
havia esgotado, pelo que o julgamento adiado foi aplicado. O rei continuava todo
estufado em seu orgulho; permanecia imerso em sua idolatria; ainda participava de
seus atos opressivos. Sua vida era autocentralizada. Alguma coisa tinha de mostrar-lhe
quem era o verdadeiro Rei. Portanto, a Voz veio do céu, a Bath Kol (Qol) (ver a
respeito no Dicionário). Foi uma comunicação divina miraculosa, uma medida da
intervenção de Deus. O tempo do cumprimento da visão tinha chegado.
O
reino sairia do domínio de Nabucodonosor. Em breve o rei teria de afastar-se de
seu trono, e passaria a viver com as feras do campo. Cf. este versículo com
Isa. 9.8; Testamento de Levi 18.6; II Baruque 13.1; Mat. 3.17. Quando o rei
ainda proferia suas palavras profanas, uma Voz quebrou o silêncio e pronunciou
a sua condenação. Cf. o vs. 14: o vigilante clamou em “voz alta". “Quão
terrível foi a voz para um rei vitorioso e orgulhoso: ‘O teu reino foi-se de
ti! Todos os teus bens e os teus deuses desapareceram em um único momento!’”
(Adam Clarke, in loc.).
Dn 4.32
Serás expulso de entre os homens. Este versículo repete a essência dos vss.
14-16 e 25 (o sonho e sua interpretação), a respeito da insanidade temporária do
rei e sua alienação do reino; quem decretou a sorte do rei, conforme o vs. 25
diz. Esse título aparece treze vezes no livro. Ver comentários e uma lista de
referências nas notas sobre Dan. 3.2. O rei passou viver nos campos, como se
fosse um animal. Daniel, mais adiante, adicionou que ele passou viver como um
jumento montês (ver Dan. 5.21).
Dn 4.33
No mesmo instante se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor. Instantaneamente o
que tinha sido predito aconteceu. O pobre rei foi expulso dentre os homens,
passando a viver nos campos e a comer grama, sujeito às precipitações atmosféricas,
esbofeteado pelos animais ferozes, tendo como companheiros outras feras, em
vez de outros seres humanos. Nabucodonosor era agora uma fera para todos os
propósitos práticos, seus cabelos cresceram como os pelos de um gorila ou como as penas de uma águia, as unhas das mãos ficaram como garras de felinos ou como
das aves de rapina. Em sua loucura, o rei perdeu toda a noção de higiene
pessoal. Mas apenas ontem ele era um rei exaltado, caminhando ao redor e jactando-se
de tudo quanto tinha feito, o mais esplendoroso dos homens.
É
provável que seus súditos misericordiosos o tenham escondido em algum parque fechado.
O povo não podia assistir a tal cena! Alguns intérpretes vêem aqui uma punição
divina mediante a qual o rei passou por uma espécie de metamorfose física,
mudando o seu aspecto para uma espécie de homem-lobo, ou licantropia.
Existe
uma insanidade dessa espécie, não ela não transforma, de fato, um homem nessa
espécie de fera.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3390.
A
soberania de Deus para salvar um homem
Vários
pontos merecem destaque nesse trecho do livro de Daniel. Em primeiro lugar,
vejamos a paciência generosa de Deus (Dn 4.29). Ele não derrama Seu juízo antes
de chamar o homem ao arrependimento. Deus deu doze meses para Nabucodonosor se
arrepender. Deus também tem lhe falado. Ele não quer que você pereça. Ele tem
lhe dado muitas oportunidades. Noé pregou durante 120 anos. Sodoma teve o
testemunho de Ló. Jerusalém, antes de ser levada cativa, ouviu o brado dos
profetas que a convocaram ao arrependimento. Hoje Deus está lhe dando mais uma
chance. Cada dia é um dia de graça. É mais uma chance que Deus lhe dá. Em
segundo lugar, vejamos a dureza do homem que rejeita ouvir a voz de Deus (Dn
4.4,29). Nabucodonosor estava feliz e calmo passeando no palácio a despeito do solene
aviso de Deus (Dn 4.29). Ah! Se você pudesse perceber o perigo em que se
encontra sua alma, você cairia com o rosto em terra. Você gritaria por socorro.
O inferno está com a boca aberta para lhe devorar. Há um abismo debaixo de seus
pés. Os demônios querem levá-lo à perdição. O tempo é de emergência, não de
folguedo.
Nabucodonosor exalta-se em vez de dar glória a Deus (Dn 4.30). Ele diz: “Eu edifiquei”; “pela
força do meu poder” “para a glória da minha majestade”. Ele era a causa, o meio
e a finalidade de tudo que acontecia em seu reino. Tudo girava em torno da
realeza imperial. A soberba precede a ruína. A auto-exaltação torna o homem cego,
tolo e endurecido. A prosperidade não é garantia contra a adversidade. Babilônia
era a cidade mais rica e poderosa do mundo. Ela tinha 96 km de muros, com 25
metros de largura, 25 portões de cobre, com uma imagem de Marduque no grande
templo com 22.500 kg de ouro. Evis Carballosa diz que havia mais de cinqüenta
templos dentro da cidade, sendo o maior de todos, aquele dedicado a Marduque. Nabucodonosor era rei de reis, um grande conquistador e construtor. A cidade estava cheia de
prédios, palácios e templos. Lá estavam os Jardins Suspensos, uma das sete maravilhas
do mundo antigo, construídos para sua esposa, uma princesa da Média, que sentia
falta das montanhas de sua terra natal. Ele era um homem que tinha poder, riqueza
e fama. Seu reino era glorioso e extenso. Mas as nações são para Deus como um
pingo, como um pó, como um vácuo, como nada. O rei cairia, Babilônia cairia. Só
o Reino de Deus é eterno. Em terceiro lugar, vejamos a humilhação do homem impenitente
(Dn 4.31-33). Ela vem do céu (Dn 4.31).
Quando
o homem não escuta a voz da graça, ouve a trombeta do juízo. Deus abriu para o
rei a porta da esperança e do arrependimento, ele porém, não entrou. Então,
Deus o empurrou para o corredor do juízo. Deus o humilhou. O poder e a
prosperidade sem o temor de Deus podem intoxicar a alma (Dt 18.11-18). O
orgulho é algo abominável para Deus, pois Ele resiste ao soberbo.
A
humilhação do homem é repentina (Dn 4.31,33). A paciência de Deus tem limite. O
cálice da ira de Deus se enche. Chega um ponto que Deus diz: “Basta! Ainda estava
a palavra na boca do rei...”. A humilhação é terrível (Dn 4.32,33). O rei ficou
louco. Deus o fez descer ao fundo do poço, tirou seu entendimento e deu-lhe um
coração de animal. Seu cabelo cresceu como penas de águia, suas unhas cresceram
como as das aves. Vivia como animal no campo, comendo capim, pastando no meio
dos bois. Sua doença era chamada de insânia zoantrópica, licantropia ou
boantropia, ou seja, considerar-se um animal, agir como um animal. Stuart Olyott
afirma que as pessoas que sofrem desta terrível enfermidade agem como o animal
que imaginam ser e emitem os ruídos que o caracterizam. Deus colocou o homem
mais poderoso do mundo no meio dos bois. Deus golpeou seu orgulho para levá-lo
à conversão. Ele passou a comer capim, a rolar no chão com os cascos crescidos.
O poderoso Nabucodonosor virou bicho, foi pastar.
A
humilhação é irremediável (Dn 4.32,33). Ninguém pôde ajudar Nabucodonozor,
embora fosse o homem mais rico e mais poderoso da terra.
A
humilhação finalmente é proposital (Dn 4.27). 1) E cheia de esperança (v.
26,32); 2) Visa o arrependimento (v. 27). Deus o mandou comer capim para não o
mandar para o inferno. Essa é a eleição da graça, que leva o homem ao fundo do
poço e depois o tira de lá. Deus não fez o mesmo com Belsazar que foi condenado
inapelavelmente. Herodes, por não dar glória a Deus, foi comido de vermes. O
Deus que fere é o Deus que cura. O que humilha, também exalta. E melhor ficar
louco e ser salvo que ser lançado eternamente no inferno.
Em
quarto lugar, vejamos a conversão do homem quebrantado (Dn 4.34-37). Como Deus
operou a conversão de Nabucodonosor? Não foi exaltando-o, mas humilhando-o. E
assim que Deus converte as pessoas. Quem não se fizer como criança, não pode
entrar no Reino de Deus. Primeiro, o homem precisa ser confrontado com seu
pecado e saber que está perdido. Depois, a lei o condena e o leva ao pó para
reconhecer sua indignidade. No céu só entram pessoas quebrantadas. Nabucodonosor via a glória de sua cidade. Ele tocava trombeta para si mesmo. Gostava de viver
sob as luzes da ribalta. Aplaudia sua própria glória. Deus, portanto, o humilhou.
Jogou-o no pó. Mandou-o para o pasto comer grama. Tirou suas roupas palacianas
e molhou seu corpo com o orvalho do céu. Suas unhas esmaltadas viraram casco.
A
conversão de Nabucodonosor pode ser vista por intermédio de quatro evidências:
ele glorifica a Deus (Dn 4.34). Agora, ele olha para o céu, para cima. Nossa
vida sempre segue a direção de nosso olhar. Até agora ele só olhava para baixo,
para a terra. Como aquele rico insensato que construiu só para esta vida, e
Deus o chamou de louco. Muitos levantam os olhos tarde demais, como o rico que
desprezou Lázaro. Ele levantou seus olhos, mas já estava no inferno. Nabucodonosor confessou a soberania de Deus (Dn 4.35). Testemunhou sua restauração (Dn 4.36)
e adorou a Deus (Dn 4.37). Stuart Olyott, afirma que da conversão de
Nabucodonozor podemos aprender três lições práticas:
Em
primeiro lugar, nunca devemos desistir da conversão de qualquer pessoa. Aquele
que arruinou Jerusalém destruiu o templo, carregou os vasos sagrados, esmagou a
cidade, levou cativo o povo, adorava deuses falsos e era cheio de orgulho
converteu-se. Se aquele que manda matar seus próprios feiticeiros e também
jogar na fornalha os filhos de Deus; se aquele que exige adoração de seus
súditos e força as pessoas a adorarem falsos deuses; se aquele que era o homem
mais poderoso do mundo converteu-se, podemos crer que não há conversão impossível
para Deus.
Creia
na conversão do ateu, do agnóstico, do cínico, do apático, do blasfemo, do
feiticeiro, do idólatra, do viciado, da prostituta, do homossexual, do drogado,
do assassino, do presidiário, do político, do universitário, do patrão, do
cônjuge, do filho e dos pais. Creia! Evangelize! O Deus que salva está no
trono. Quando Deus age, nem os loucos errarão o caminho.
Em
segundo lugar, a razão pela qual você ainda não se converteu é porque ainda não
está suficientemente quebrantado. É o publicano que bate no peito e chora pelos
seus pecados que desce justificado. O grande perseguidor da igreja, Saulo de
Tarso, só se converteu quando Jesus o joga no chão, e ele, cego, humildemente,
volta-se para Jesus, quebrantado. Jesus não veio chamar justos, mas pecadores.
Não veio curar os que se julgam sãos, mas os que reconhecem que são doentes e
carentes.
Em
terceiro lugar, quem reluta em se prostrar será quebrantado ou perecerá
eternamente. Deus poderia tornar qualquer pessoa louca. Quem sabe como Deus reagirá
a sua constante rejeição, a despeito das constantes advertências. Deus pode
quebrar você sem que haja cura (Pv 29.1). Se Deus tornar você louco sem lhe
restaurar, como você clamará por sua misericórdia? Se Ele chamar você agora,
que desculpas você lhe daria? Deus chamou de louco àquele que confia apenas no
dinheiro e não se prepara para o dia de sua morte. Erga seus olhos ao céu
enquanto é tempo. O homem rico o fez tarde demais e pereceu eternamente, nas chamas
inextinguíveis do inferno. O tempo de Deus é agora. É melhor ser quebrado por
Deus agora que perecer eternamente no inferno. Reconheça hoje também a
soberania de Deus e volte-se para o Senhor, pois Ele é rico em perdoar e tem
prazer na misericórdia!
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 62-67.
3.
Nabucodonosor proclama a sabedoria de Deus (Dn 4.1-3).
Antes
de contar o seu segundo sonho, Nabucodonosor em seu discurso fez uma
proclamação na forma de um edito real que reconhecia os sinais e milagres que o
Deus Altíssimo havia realizado, especialmente, na vida do rei. Ele diz no
versículo 2: “pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus,
o Altíssimo, tem feito para comigo”. Nesta proclamação Nabucodonosor deseja
fazer pública a experiência que teve com o Deus dos judeus.
“Quão
grandes são os seus sinais” (4.3). A ideia teológica de um “sinal ou sinais”
pode significar um dos meios pelos quais Deus comunica seu pensamento aos
homens e indica a sua vontade. “Sinais” podem significar demonstrações espirituais
que não podem ser produzidas pelo homem. Na língua hebraica “sinal” é môpheth
no sentido de algo que dá notabilidade. Podia significar ou indicar “um
milagre” que se distinga. Os sinais de Deus são, acima de tudo, sobrenaturais,
porque Deus é o Criador e Senhor dos céus e da terra. O rei Nabucodonosor podia
lembrar o livramento dos jovens hebreus na fornalha ardente sem se queimarem.
Ele entendeu, também, que o Deus dos judeus tinha um modo especial de revelar
coisas futuras através de sonhos que os homens comuns não podem interpretá-los.
Ele quis que fosse comunicado a todos os povos sob sua liderança que o Deus dos
judeus não se assemelhava a nenhum deus dos súditos do seu império. Ele era
quem tinha o Domínio e o cetro de governo sobre toda a terra. Nabucodonosor,
depois de ter experimentado a punição pela sua soberba e ter-se arrependido da
mesma, foi restaurado de sua demência, sob a qual ficou longos sete anos num
nível irracional como os animais do campo. Matthew Henry disse em seu
comentário que “Nabucodonosor foi o rival mais ousado da soberania do Deus
Supremo do que qualquer outro mortal jamais pudesse ter sido”. Porém, foi
vencido por essa presunção e teve que reconhecer que o Deus Altíssimo estava
acima dele.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 66-67.
Dn 4.1
O rei Nabucodonosor a todos os povos. Esta carta foi enviada a todos os povos e
terras sujeitados à Babilônia, bem como ao próprio povo babilônico, uma grande
massa de gente de Io d a a terra". O rei lhes desejou a “paz”, uma
introdução comum nas cartas do antigo Oriente Próximo e Médio. Esse era o homem
que fizera guerra universal, mas agora descrevia seu avanço espiritual, por
meio de experiências incomuns. Por assim dizer, essa carta foi uma epistola
pastoral, na qual o rei figura como o pastor de seus súditos-ovelhas. Cf. a
saudação de paz em Esd. 4.18 e 7.12. No Novo Testamento, a saudação tornou-se
uma saudação espiritual.
Dn 4.2
Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas. Para o rei pagão, o
Deus Altíssimo comunicara importantes mensagens. Esse título aparece treze
vezes no livro, conforme mostro nas notas sobre o versículo citado. É feito um
contraste entre os “deuses” deste mundo, que não passam de ilusão (ver Dan.
2.11), razão pela qual freqüentemente desapontam os homens, e o Deus dos
israelitas. Em contraste, o Deus dos judeus tinha exibido diante do rei grandes
sinais e maravilhas, em visões que Daniel autenticara e interpretara. Quanto
aos sinais e maravilhas,
Dn 4.3
Quão grandes são os seus sinais. Os sinais do Deus Altíssimo são grandes, e
suas maravilhas são poderosas, em contraste com os deuses-ídolos dos pagãos. O
Deus Altíssimo também tem um reino que é eterno e, finalmente, destruirá
e substituirá todos os reinos da terra (Dan. 2.44,45). Seu domínio, em contraste
com o dos reis da terra, continua interminavelmente, passando de uma geração a
outra. A lição espiritual assim ensinada é que o Deus dos judeus é incomparável.
O paganismo e a idolatria são atacados. A lição m oral é que devemos lealdade
ao Deus Altíssimo, ao mesmo tempo que podemos ignorar, com segurança, todas as
imitações. O vs. 3 tem linhas métricas, e estas assumem a forma de um hino de
louvor, Cf. Sal. 145.5,13. “Esses são excelentes sentimentos que mostram quão
profundamente sua mente ficara impressionada com a majestade de Deus” (Adam
Clarke, in toe).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3387-3388.
Um exemplo
do modelo usado geralmente nos documentos, proclamações ou cartas circulares
emitidos pelo rei no versículo 1. O estilo real usado por Nabucodonosor não
apresenta nenhuma pompa ou extravagância, mas é simples, breve e sem afetação -
diz apenas: Nabucodonosor, o rei. Embora em outras ocasiões ele tivesse feito
uso de palavras grandiosas e cheias de vaidade para acompanhar o seu nome,
agora elas foram deixadas de lado, pois estava velho e havia ultimamente se
recuperado de uma perturbação mental que o havia humilhado e mortificado. Agora
ele se encontrava numa verdadeira contemplação da grandeza e da soberania de
Deus. Essa declaração foi dirigida não só aos seus súditos, mas a todos aqueles
que viessem a ler esses escritos, a todos os povos, nações e línguas que
habitavam a terra. Ele pretende que eles sejam não só lidos, pois trazem em si
um relato da sua própria infâmia (que talvez ninguém ousasse relatar se ele
mesmo não a tivesse relatado. Portanto, Daniel publicou o documento original)
como também recomenda e ordena estritamente a todos os tipos de pessoas que
devem tomar conhecimento dele, pois a todos deveria não só interessar, como
também lhes poderia ser útil. Ele saúda a quem está escrevendo de acordo com a
fórmula habitual: “Paz vos seja multiplicada”. Observe que compete ao rei,
através das suas ordens e comunicados, transmitir ao povo os melhores votos e.
como responsável pela sua nação, abençoar os seus súditos. Essa é a maneira
habitual, entre nós, de enviar saudações. Omnibus quibus hae praesentes literae
pervenerint salatem - Saúde, a todos a quem a presente mensagem possa chegar. E
às vezes Salutem sempitre- nam - Saúde e salvação eternas.
Algo
sobre o assunto e conteúdo. Ele escreve isto:
1.
Para informar aos outros quais providências Deus tomou a seu respeito (v. 2):
“Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo,
(portanto, ele está reconhecendo o verdadeiro Deus) tem feito para comigo”.
Como se tratava de uma dívida que tinha para com Deus e o mundo, agora que
estava recuperado da sua perturbação mental, ele achava que tinha o dever
(assim dizem suas palavras), e que a ele competia relatar aos lugares
distantes, e registrar para as futuras gerações, como havia sido justamente
humilhado por Deus e como, de maneira tão bondosa, Ele o havia recuperado no
final. Não há dúvida de que todas as nações tinham ouvido falar sobre aquilo
que acontecera a Nabucodonosor e festejado. Mas ele achou que seria apropriado que
recebessem um relato completo feito por ele mesmo a fim de ficarem sabendo que
a mão de Deus estivera presente nisso, que impressões a situação causou sobre o
seu espírito, e depois discorrer sobre o assunto não como se fosse uma notícia
nova, mas como uma questão de religião. Os acontecimentos relacionados com ele
não foram apenas maravilhas a serem admiradas, mas também sinais a serem
transmitidos ao mundo para mostrar que Jeová é maior que todos os outros
deuses. Note que devemos mostrar aos outros o comportamento de Deus para
conosco, não só as censuras às quais fomos submetidos, como também os favores
que recebemos. E embora esse relato possa trazer alguma vergonha para nós, como
aconteceu com Nabucodonosor, não devemos omiti-lo desde que possa redundar em
glória para Deus. Muitos poderão se apressar em descrever o que Ele fez pela
sua alma, embora isso possa revelar uma auto-exaltação, e não se importam de
dizer o que Deus fez contra eles (por merecimento). No entanto, devemos dar
glória a Deus não só com louvores pelas suas misericórdias, mas confessando os
nossos pecados, aceitando o castigo pela nossa iniqüidade e nos envergonhando,
da mesma maneira que esse poderoso monarca aqui faz. 2. Para mostrar o quanto
ele mesmo foi afetado por essas providências, e como elas o convenceram (v. 3).
Devemos sempre falar a respeito da palavra e das obras de Deus com interesse e
seriedade, e mostrar como fomos afetados por aquelas grandes coisas divinas que
gostaríamos que os outros conhecessem. (1) Ele está admirando as obras de Deus.
Ele fala sobre elas como alguém que estivesse assombrado, sobre como eram
grandes os seus sinais e como eram poderosas as suas maravilhas! Então,
Nabucodonosor estava velho, havia reinado durante mais de quarenta anos, havia
visto muito do mundo e todas as suas revoluções, mais do que a maioria dos
homens e como nunca, até então, havia sido afetado e conduzido a admirai' os
eventos como sinais de Deus e das suas maravilhas. Agora ele podia dizer: “Quão
grandes são os seus sinais e quão poderosas as suas maravilhas!” Note que
quanto mais entendermos os acontecimentos como obras do Senhor, e virmos neles
o produto do divino poder e as condutas da divina sabedoria, mais maravilhosos
eles parecerão aos nossos olhos (SI 118.23; 66.2). (2) Assim ele percebe o
domínio de Deus. No final, a isso foi levado a concordar, isto é,
que o reino de Deus é um reino eterno, bem diferente do seu próprio reino, que
ele tinha visto e previsto há muito tempo num sonho, e que se apressava a
acontecer num certo período. Ele agora reconhece que existe um Deus que governa
o mundo e que tem um incontestável e completo domínio sobre todos os assuntos
dos homens, que são seus filhos. A glória do reino de Deus é eterna. Outros
reinos estão confinados numa única geração, e outras dinastias em poucas
gerações. Mas o domínio de Deus passa de geração em geração. Parece que aqui
Nabucodonosor está se referindo àquilo que Daniel havia previsto a respeito de
um reino que o Deus do céu implantaria e que nunca seria destruído (cap. 2.44)
e que, mesmo significando o reino do Messias, ele estava entendendo como sendo
um reino miraculoso. Dessa maneira, podemos fazer um uso prático da aplicação
dessas escrituras proféticas cuja total compreensão ainda não alcançamos e cujo
significado talvez não possamos alcançar.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 846-847.
4.1:
“Nabucodonosor; rei: a todos os povos, nações, e línguas, que moram em toda a
terra: Paz vos seja multiplicada”.
“Nabucodonosor,
rei”. Esse poderoso monarca (605 a 562 a.C.), é freqüentemente referido pelos
profetas Jeremias, Ezequiel e Daniel, e, de um modo especial, na história dos
últimos dias do reino de Judá. “Seu nome em hebraico é que
talvez signifique “Nabu protegeu os direitos de sucessão”. O texto hebraico
alternativo ver o grego Nabucodonosor pode derivar-se de
uma forma aramaica do mesmo nome. Segundo a crônica babilônica, esse filho do
fundador da dinastia caldaica, Nabopolassar, primeiramente comandou o exército babilônico na qualidade de “príncipe herdeiro”, em 605 a.C. E no ano seguinte
derrotou Neco II e os egípcios em Carquemis e Hamate (2 Rs 23.29 e ss; 2 Cr
35.20 e ss; Jr 46.2). Fala-se dele nas crônicas babilônicas, dizendo: “Nesse
tempo ele conquistou a Hatti inteiro”. No primeiro capítulo deste livro, Daniel
fala dele como uma figura que surge de repente.
4.2:
“Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo,
tem feito para comigo”.
"...
sinais e maravilhas...” O presente texto nos mostra o rei Nabucodonosor
convencido do supremo poder de Deus; ele deseja que os sinais e maravilhas que
Deus operava na sua vida e no seu reino se tomem extensivos a todos os seus
súditos. O termo “sinal”, no texto em foco, no grego, é “semeion”; era uma
palavra comumente usada para significar “sinal” ou “marca distintiva”; mas, nos
Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos, com freqüência é usado para
indicar um “milagre didático”, uma “maravilha”, cuja finalidade é a de
convencer os homens acerca de alguma intervenção divina, ensinando lições
espirituais objetivas. No versículo em foco, porém, os “sinais e maravilhas”
visam tornar Deus conhecido no mundo pagão.
4.3:
“Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosos as suas maravilhas! o seu
reino é um reino sempiterno, e o seu domínio de geração em geração”.
“O
seu reino é um reino sempiterno”. O monarca Nabucodonosor, no maior apogeu de
sua glória, reconhece, contudo, que os remos terrenos são transitórios, mas
enaltece o Reino de Deus como sendo um Reino eterno. Uma declaração desta
natureza pela boca dum rei pagão é, de fato, muito significativa. Este capítulo
descreve Nabucodonosor fazendo as seguintes proclamações: 1) Reconhece a Deus como
sendo o Altíssimo (superioridade de Deus sobre todos os ídolos); 2) que os seus
sinais e maravilhas são poderosos; 3) que o seu reino é um reino sempiterno; 4)
que o domínio de Deus é de geração em geração. O monarca estava plenamente
convencido de que só Deus é Deus e Senhor, e que o governo de Deus é para todas
as épocas ou séculos. O reino de Deus é eterno, porque seu Rei é um Rei eterno.
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 71-72.
II – DEUS FALA NOVAMENTE A NABUCODONOSOR
POR MEIO DE SONHOS (Dn 4.4-9).
1.
Deus adverte Nabucodonosor através de sonho.
Sonhos
e visões são vias pelas quais Deus se comunica com o homem. No campo das
manifestações espirituais, os sonhos e visões são um modo de comunicação, não
uma regra espiritual.
Os
sonhos, segundo a Enciclopédia Bíblica de Merrill C. Tenney, “um sonho é uma
série de pensamentos, imagens, ou emoções que ocorrem durante o sono; qualquer
semelhança com a realidade que ocorre durante o sono; uma sequência de imagens,
mais ou menos coerente que ocorre durante o sono”. No campo da psicologia,
entende-se que os sonhos são impressões reavivadas e ajuntadas ao acaso no
subconsciente e que se manifestam em imagens durante o sono. As vezes, ideias,
imagens e eventos presentes no sonho podem ser interpretados como símbolos de
ansiedades reprimidas, medos ou desejos. No campo espiritual e na experiência
de homens e mulheres bíblicos, os sonhos podem ser naturais (Ec 5.3), mas
também, podem ter origem divina (Gn 28.12), através dos quais Deus revela
acerca de eventos futuros e presentes. Os sonhos podem, também, ter origem
maligna (Dt 13.1,2;Jr 23.32). Podemos entender, portanto, que da parte de Deus,
os sonhos são um modo de Deus falar profeticamente aos seus servos. Por
exemplo: os sonhos de José (Gn 37.5-11; 40.5-22; 41.1-32).
As
visões fazem parte dos meios que Deus se utiliza para comunicar a sua palavra
aos homens. Na Bíblia, essas manifestações divinas acontecem através de sonhos,
revelações, oráculos e visões. Ora, uma visão pode ser uma revelação especial e
sobrenatural que Deus utiliza para se comunicar com as pessoas, independente de
ser um sonho. Por exemplo homens como Abraão (Gn 15.1); Isaías (Is 6.1-8);
Ezequiel (Ez 1.1); Daniel (Dn 1.17). No Novo Testamento, temos Mt 17.9;At
9.10,12; 10.3,17,19; 11.5; 12.9; 16,9,10. Daniel era agraciado por Deus com a
revelação divina através de visões. Não há dúvida, que ainda hoje, Deus fala
por meio de visões, mas Ele não revelará nada além do que já está revelado na
sua Palavra.
“Eu,
Nabucodonosor, estava sossegado em minha casa eflorescente no meu palácio”
(4.4). As grandes conquistas militares haviam sido feitas em tempos anteriores.
Aquele era, naquele momento, quando “ele estava sossegado” em sua casa, um
tempo de inatividade militar e sem maiores preocupações. Seus projetos
arquitetônicos eram os mais extraordinários pois havia progresso e o acúmulo de
riquezas era uma realidade. Ele estava satisfeito e sentia-se senhor de tudo a
ponto de, mais uma vez, se permitir dominar por uma arrogância inconcebível.
“tive
um sonho” (4.5). À semelhança do capítulo dois quando teve o sonho da grande
estátua representando seu reino e os reinos que o sucederiam, no capítulo
quatro, mais uma vez Deus fala com Nabucodonosor. Mais uma vez ele ficou aflito
por não entender o seu significado. E interessante perceber que o modo como
Deus falava com os homens nos antigos tempos era diverso. Ele utilizava de
canais possíveis para se fazer inteligível aos seus servos. Pelo fato dos
antigos, especialmente, os caldeus darem muita importância aos sonhos e a sua
interpretação, Deus usou esse canal de comunicação para revelar o significado
das imagens do sonho na cabeça do rei. É claro que esse modo de falar e revelar
a sua vontade não seja o único modo da comunicação divina. Portanto, essa via
de comunicação não era e não é uma regra que obrigue Deus ter que falar somente
por meio de sonhos. Mas Ele o fez, porque os antigos acreditavam piamente que
os sonhos tinham um sentido divino. Hoje, temos a Palavra de Deus como o canal
revelador da fala de Deus aos homens. E bom que se diga que não existe dom de
sonhar como afirmam alguns cristãos. Mas é certo que Deus pode usar esse meio e
outros mais para revelar a sua vontade soberana aos seus servos. E interessante
notar o contraste entre o sonho do capítulo 2 e o sonho do capítulo 4. O
primeiro sonho foi esquecido pelo rei, mas o segundo sonho ele não o esqueceu
(2.1,6 e 4.10-17).
Como
da vez passada (capítulo 2), todos os sábios da Babilônia, com seus magos, astrólogos,
caldeus e os adivinhadores foram convocados à presença do Rei para darem a
interpretação do sonho e, mais uma vez, falharam (4.6,7).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 67-69.
Dn 4.4
Eu, Nabucodonosor, estava tranqüilo em minha casa. A Septuaginta data os
acontecimentos descritos no décimo oitavo ano do reinado de Nabucodonosor. Trata-se,
porém, como é claro, de uma glosa. O rei diz-nos quão pacífica e livre de
cuidados era sua vida pagã, a qual foi perturbada pela intervenção do Deus de
Israel, o Deus Altíssimo. Ele descansava em seu palácio. Suas conquistas tinham
sido essencialmente realizadas. Ele estava apreciando a boa vida, em todos os
seus prazeres e excitações. De repente, tornou-se instrumento da revelação
divina. O impacto foi tão grande que esta carta saiu inspirada. Ele precisava
contar a seus súditos as maravilhas que tinham sacudido sua vida. Tal
perturbação espiritual, porém, produziria mudanças para melhor e, através
dessa mudança, outras pessoas seriam instruídas. O homem estava florescendo em
sua vida material, mas estava em um deserto quanto à sua vida espiritual.
Dn 4.5
Tive um sonho, que me espantou. A agitação da revelação, através de um sonho-visão,
perturbou a vida descansada do rei. As experiências místicas com freqüência
aterrorizam no começo, e foi isso o que ocorreu. Após o primeiro susto, a mente
do homem foi tomada de ansiedade. Ele sabia que algo importante havia sido
comunicado, mas não tinha capacidade de interpretar o sonho. Os fantasmas da
visão continuaram a circular por seu cérebro e não lhe deram descanso. Ele estava
alarmado e espantado. A mesma palavra também é usada em Dan. 5.6,9,10; 7.15,28,
sempre para falar de uma mente perturbada. Em contraste com Joel 2.28, este
livro não parece fazer diferença entre sonhos e visões espirituais.
Dn 4.6,7
Por isso expedi um decreto. Para tentar compreender a nova visão, o rei (ele não
mencionou a primeira, sobre a imagem, cap. 2) usou o mesmo procedimento que antes.
Ele expediu um decreto, convocando todos os psíquicos profissionais e outras classes
de sábios a interpretar o sonho-visão. O vs. 7 lista esses sábios, mas há uma lista
mais ampla em Dan. 2.2. Aqui foram adicionados os “encantadores", mas
devemos subentendê-los no capítulo 2. Os caldeus são a casta coletiva dos
sábios. Esta narrativa ignora a questão das ameaças de morte para os sábios e
seus familiares, caso houvesse falha na interpretação (ver Dan. 2.5). E o apelo
passa diretamente a Daniel, uma vez constatado que os sábios não podiam
solucionar a enigmática visão do rei. Cf. este versículo com Dan. 2.27, onde a
enumeração da casta dos sábios se parece mais com a dos presentes versículos.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3388.
Dn 4.4:
“Eu, Nabucodonosor, estava sossegado em minha casa, e florescente no meu
palácio”.
“Estava
sossegado em minha casa”. O palácio de Nabucodonosor, onde Daniel muitas vezes esteve,
era um dos mais magnificentes edifícios da Antiguidade. Suas vastas ruínas
foram descobertas por Koldwey em 1899-1912. As paredes do lado Sul da sala do
trono tinham 6 metros de grossura. O lado Norte do palácio era protegido por
três muros. Bem ao norte deles, havia mais muros, de 16 metros de espessura. Um
pouco mais adiante, outros muros mais sólidos. E, cerca de 1.600 metros para
fora, ficava a muralha interior da cidade, que consistia em dois muros
paralelos de alvenaria, cada qual de uns 7 metros de espessura e 13 de
distância um do outro, sendo o espaço no meio preenchido de cascalho, fazendo
uma espessura total de uns 26 metros, com uma vala (canal) larga e profunda do
lado de fora. Alguns historiadores a denominaram também como “A Fortaleza”.
Dn 4.5:
“Tive um sonho, que me espantou; e as imaginações na minha cama e as visões da
minha cabeça me turbaram”. O poderoso monarca babilónico, considerava-se o
homem mais seguro do mundo; ninguém podia transpor os umbrais de seu palácio (a
não ser com sua ordem) e depois viver. Mas é curioso notar como muitas vezes
Deus cruzou todos aqueles portões até a recâmara do monarca e, através de
“sonhos”, revelou-lhe mistérios por ele ignorados. (Ver Jó 33.14 a 16). O texto
em foco mostra que o sonho do rei era de espantar mesmo. Muitas vezes as
poderosas manifestações de Deus no mundo habitável produzem medo nos ímpios e
temor nos santos. O poder de Deus foi manifestado na terra do Egito de duas
maneiras focais: 1) De forma gloriosa, salvando Israel. 2) De forma punitiva,
destruindo Faraó e seus exércitos. Seja como for, em qualquer batalha Deus é
quem triunfa.
Dn 4.6:
“Por mim pois se fez um decreto, pelo qual fossem introduzidos à minha presença
todos os sábios de Babilônia, para que me fizessem saber a interpretação do
sonho”.
Conforme
o costume daquela corte real, foram imediatamente introduzidos os sábios de
Babilônia, os magos, os encantadores, os astrólogos, e o rei, como sempre,
esperava que, após contar-lhes o sonho, eles fizessem a interpretação de acordo
com aquilo que do sonho poderia ser depreendido. O leitor deve observar que, no
sonho do capítulo 2 deste livro, o monarca exige algo mais profundo dos seus
magos e encantadores; no presente versículo, porém, o rei apenas exige a
interpretação do sonho, mas, mesmo assim, seus súditos falharam. E evidente que
aquele sonho tinha um caráter espiritual, e, por essa razão, tornara-se
impossível a sua interpretação pelos súditos do rei, pois “o homem natural não
compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14). O
mistério estava aí; eles falharam, mas Daniel triunfou!
Dn 4.7:
“Então entraram os magos, os astrólogos, os caldeus, e os adivinhadores, e eu
contei o sonho diante deles, mas não me fizeram saber a sua interpretação”.
O
presente texto demonstra que aqueles sábios eram apenas uma classe de
exploradores do rei, nada sabendo dos mistérios de Deus. O que mais nos admira
é que, depois de ter verificado a futilidade e incompetência dos sábios, o rei
ainda os convocasse antes de convocar Daniel. Parece que ele ainda estava
indeciso quanto ao verdadeiro Deus, ou, segundo alguns teólogos, cumpria um
dever oficial, chamando essa gente, pois era paga e sustentada pelo Estado
justamente para decifrar sonhos e visões naquela corte real, onde existia tanta
superstição. Daniel desta vez não pediu prazo ao rei para fazer a
interpretação, pois para ela já estava habilitado por Deus. No campo secular,
todos são dignos, mas nem todos são capazes; no campo espiritual a escala é a
mesma. Há trabalhos que não se realizam pela nossa dignidade, mas sim pela
nossa capacidade. Se todos os obreiros do Senhor entendessem assim, o resultado
seria satisfatório. (Ver Êx 17.9 e 18.21).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 72-74.
Antes
de relatar os castigos que Deus lhe enviara por causa do seu orgulho,
Nabucodonosor menciona a justa advertência que havia recebido antes da sua
chegada e o devido cuidado que poderia ter tomado para evitar esses castigos.
Mas, antes que acontecessem esses castigos, o rei já havia sido avisado sobre a
questão deles. Desse modo, quando realmente lhe fossem aplicados, ele poderia
compará-los com a sua previsão e ver e dizer que eram obra do Senhor, e ser
levado a crer que existe uma revelação divina no mundo, assim como uma divina
Providência, e que as obras do Senhor fazem parte desse mundo e o beneficiam.
Agora, no relato que está fazendo sobre o seu sonho, através do qual tomou
conhecimento do que iria acontecer, podemos observar:
I O
momento em que esse alarme lhe foi dado (v. 4). Quando estava descansando em
sua casa e florescendo no seu palácio. Fazia pouco que havia conquistado o
Egito e, com isso, havia completado suas vitórias e terminado suas guerras,
tornando-se rei de todas essas regiões do mundo. Isso aconteceu aproximadamente
no trigésimo quarto ou trigésimo quinto ano do seu reinado (Ez 29.17). Então,
ele teve esse sonho, que se cumpriu cerca de um ano depois. Sete anos durou sua
perturbação mental, e foi depois de recuperado que escreveu essa declaração. No
entanto, ele morreu dois anos depois, isto é, quando tinha quarenta e cinco
anos. Ele sentiu um longo cansaço depois das suas guerras, havia realizado uma
tediosa e perigosa campanha nos campos de batalha, mas agora estava finalmente
descansando na sua casa, sem nenhum adversário ou qualquer concorrente maldoso.
Note que Deus pode alcançar o maior dos homens com os seus terrores, mesmo
quando eles se sentem mais seguros e acreditam estar descansando e florescendo.
II A
impressão que o sonho causou sobre ele (v. 5): “Tive um sonho, que me
espantou”. Poderíamos pensar que poucas coisas seriam capazes de assustá-lo,
pois havia sido um homem de guerras desde a sua juventude,
acostumado
a enfrentar os perigos da guerra sem se alterar. No entanto, quando Deus quer,
até mesmo um sonho é capaz de aterrorizar um homem como esse. Não há dúvida de
que a sua cama era macia, confortável, e muito bem guardada. Apesar disso, os
pensamentos que teve sobre essa cama trouxeram a ele grande preocupação. As
visões da sua cabeça e as criaturas da sua própria imaginação, tudo isso o
deixaram transtornado. Note que Deus pode fazer com que até mesmo os grandes
homens se sintam preocupados, mesmo quando dizem à sua alma: “Não se importe.
Coma, beba e alegre-se”. Ele pode fazer com que aqueles que perturbaram o mundo
e atormentaram a milhares de pessoas sejam seus próprios algozes e
atormentadores, e aqueles que foram o terror dos poderosos, se tornem um terror
para eles mesmos. Pela consternação à qual foi levado por esse sonho, e pela
impressão que lhe causou, ele percebeu que não se tratava de um sonho comum,
mas que havia sido enviado por Deus com uma missão especial.
As
consultas que, em vão, ele fez a seus mágicos e astrólogos a respeito do
significado desse sonho. Ele não havia esquecido o sonho, como acontecera
anteriormente, no capítulo 2. Esse sonho estava suficientemente claro em sua
mente. Sendo assim, o rei queria saber a sua interpretação e o que estava sendo
previsto através dele (v. 6). Todos os sábios da Babilônia foram imediatamente
convocados, sim, todos aqueles que eram suficientemente tolos para fingir que
eram mágicos, adivinhos, inspetores das entranhas dos animais, ou observadores
das estrelas. Através de todas essas feitiçarias eles tentavam predizer as
coisas futuras. Todos eles deveriam vir juntos para ver se algum deles, ou em
conjunto, poderia fazer suas consultas e interpretar o sonho do rei. E provável
que, em algum caso parecido, algumas dessas pessoas tivessem dado ao rei algum
tipo de satisfação e que, através das regras da sua arte, tivessem respondido
às perguntas do rei deixando-o satisfeito com respostas certas ou erradas, que
mais tarde se cumpririam ou não. Mas agora as suas expectativas foram
frustradas. Ele contou a respeito do seu sonho (v. 7). No entanto, eles foram
incapazes de interpretá-lo, embora tivessem se gabado com grande segurança
(cap. 2.4,7) de que caso tivessem sido consultados, seguramente teriam sido
capazes de interpretá-lo. Mas a chave para esse sonho era uma profecia sagrada
(Ez 31.3ss) onde, por causa do seu orgulho, os assírios, como Nabucodonosor,
são comparados a uma árvore cortada. Esse era um livro que eles não tinham
estudado e do qual não tinham tomado conhecimento. Caso contrário, poderiam ter
penetrado no mistério desse sonho. A Providência havia organizado esse sonho de
maneira que a princípio eles ficassem perplexos, e que a interpretação
posterior de Daniel pudesse redundar em glória para o seu Deus. Havia se
cumprido, agora, aquilo que Isaías havia previsto (cap. 47.12,13), isto é, que
quando a ruína da Babilônia estivesse se aproximando, os seus encantos e
feitiçarias junto com os seus astrólogos e leitores de estrelas, não seriam
capazes de lhe prestar qualquer serviço.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 487.
2.
Daniel é convocado (Dn 4.8).
DANIEL
VOLTA AO CENÁRIO PROFÉTICO
O
detalhe desse capítulo é que o próprio rei está contando o sonho. Os seus
sábios, astrólogos e caldeus o decepcionaram, e ele lembrou-se de que havia
apenas um homem no palácio em que a ciência de Deus era demonstrada e o único
que podia revelar os mistérios do sonho que tanto o perturbaram. O próprio rei
reconhecia que o Deus de Daniel era superior a todos os deuses da Babilônia.
Ele mesmo reconhece que havia sido arrogante e Deus o adverte e revela seu
futuro num sonho que ele não conseguia entender. Não se tratava de um sonho
comum, mas uma revelação divina acerca do futuro de Nabucodonosor.
Daniel
é convocado a entrar na presença do Rei (4.8). Nabucodonosor contou-lhe o sonho
e queria que Daniel lhe desse a interpretação. Daniel ouviu atentamente o sonho
do rei e pediu-lhe tempo porque, por quase uma hora, Daniel esteve atônito e
sem coragem para revelar a verdade do sonho. Interpretar sonhos era uma
habilidade espiritual de Daniel reconhecido desde quando entrou no palácio da
Babilônia conforme está escrito: "Ora, a esses quatro jovens Deus deu o
conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel deu
entendimento em toda visão e sonhos”(Dn 1.17)
“Beltessazar,príncipe
dos magos” (4.9). Como aceitar esse aspecto na vida de Daniel? E bom que se
diga, que o nome Beltessazar era um nome dado a Daniel e que ele não podia
evitar, porque vinha da parte do rei. Entretanto, o seu papel de liderança e de
chefia sobre os “sábios e magos do palácio” implicava em que Daniel cumpria sua
função oficial sem se envolver com a magia daqueles homens que ele não podia
mudar. Ele continua a ser Daniel, fiel e temente a Deus.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 69-70.
Dn 4.8
Por fim se me apresentou Daniel. Esta história deixa de lado a busca por Daniel,
conforme se vê no capítulo 2, como se ela não tivesse ocorrido. É provável que as
duas histórias sejam independentes. Este quarto capítulo por certo não é visto como
dependente do segundo, de modo algum. Não apresenta nenhuma progressão. Faz-nos
pensar que o rei, em seguida, descobriu Daniel. Daniel também é chamado de
Beltessazar. Ver a mudança do nome de Daniel em Dan. 1.7. Ele recebeu novo nome
de acordo com Bel (Marduque), o principal deus da Babilônia. E, acima de todas as
pessoas que o rei conhecia, Daniel estava cheio do Espírito dos deuses santos. Essa
linguagem é pagã, naturalmente. O rei deveria ter dito “cheio com o Espírito de
Deus”. Daniel era um homem inspirado, um gigante espiritual de quem se poderia esperar
toda a forma de maravilhas, acima do que se poderia esperar de qualquer homem
mortal. O Ser divino estava com ele, e isso o tomava um homem extraordinário.
O
rei aferrou-se ao seu paganismo e às suas expressões, mas reconheceu que tinha
muito para aprender de Daniel e sua fé hebraica.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3388.
Dn 4.8:
“Mas por fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo
o nome de meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu contei o
sonho diante dele”.
“Daniel,
cujo nome é Beltessazar; O texto em foco diz que este nome de Daniel, que herdara
naquela corte, era segundo o nome dos deuses principais ali. Bei e Nebo eram as
principais divindades babilônicas. (Ver Is 46.1). Seus nomes tornaram-se também sinônimos do fim de Babilônia e do seu domínio (Jr 50.2 e 51.44). Nessa
conexão, Bei tem seu nome ligado ao deus Nebo, que era considerado seu filho.
Bei (em sumeriano, “em, senhor”, e em hebraico, “Baal”, “o senhor da noite”,
era uma das divindades da tríade original sumeriana, juntamente com Anu e Enki,
e esse seu nome era um título ou epíteto do deus do vento e da tempestade. Ao
tornar-se Marduque o deus principal de Babilônia, no segundo século a.C.,
recebeu o nome adicional de Bei. Daniel recebeu o nome desta imagem, mas nada
daquilo afetou sua conduta espiritual (Rm 14.14 e Tt 1.15).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 74-75.
O
reconhecimento que fez a Daniel a fim de incumbi-lo de interpretar esse sonho.
Por fim, Daniel veio à sua presença (v. 8). Pode ser que Daniel
tenha se recusado a se associar ao resto dos intérpretes por causa da
incapacidade deles, ou talvez o próprio rei tenha preferido que os seus
próprios mágicos tivessem essa honra em lugar de Daniel, ou mesmo porque Daniel
fosse o governador de todos os homens sábios da Babilônia (cap. 2.48). Mas o
fato é que, como era habitual, ele foi o último a ser consultado. Muitos fazem
da palavra de Deus o seu último refúgio e somente recorrem a ela quando se
sentem privados de qualquer outro auxílio. O rei cumprimenta Daniel com toda
consideração, menciona o nome do profeta, cuja escolha ele acredita ter sido
muito feliz, pois significava um bom prenúncio: Seu nome é Beltessazar, e vem
de Bei, o nome do deus deles. Ele elogia as suas raras qualidades: “Ele tem o
espírito dos deuses santos e eu contei o sonho diante dele” (v. 9). Por causa
dessas palavras podemos supor que Daniel estava longe de sentir qualquer
sentimento de orgulho e, pelo contrário, ficou muito mais preocupado em ouvir
que aquilo que possuía como um dom recebido do Deus de Israel, o verdadeiro
Deus vivo, estava sendo atribuído a um deus de Nabucodonosor, que era uma
divindade falsa e imunda. Eis aqui a estranha mistura de pensamentos e opiniões
que encontramos nesse rei. Mas isso é encontrado geralmente naqueles que se
colocam ao lado das suas corrupções, e contra as convicções corretas. 1. Ele
mantém a linguagem e o dialeto da sua idolatria, portanto, fica claro que não
havia no coração do rei uma conversão à fé e à adoração ao Deus vivo. Esse rei
é um idólatra, e isso se revela através da sua linguagem. Pois fala sobre
muitos deuses e aceita que apenas um seja bastante, mas não para ele que se
julga suficiente em tudo. E alguns acreditam que, quando fala sobre o espírito
dos deuses sagrados, esteja supondo a existência de algumas divindades malignas
que os homens se preocupam em adorar apenas para evitar que elas lhes façam alguma
maldade. E também a existência de algumas divindades beneficentes, sendo que
essas últimas impulsionavam o espírito de Daniel. Ele reconhece que Bei ainda
era o seu deus, embora uma ou mais vezes tivesse reconhecido o Deus de Israel
como sendo o Senhor de tudo e de todos (cap. 2.47; 3.29). Ele também elogia
Daniel, não por ser um servo de Deus, mas como mestre dos mágicos (v. 9), e
supõe que a sua sabedoria seja diferente da deles, não em espécie, mas em grau.
Além disso, Daniel não estava sendo consultado como profeta, mas como um mágico
notável, extremamente dedicado a salvar o crédito da magia, quando os outros
tropeçavam e se confundiam embora fossem mestres nessa arte. Veja como a
idolatria estava arraigada em Nabucodonosor. O rei tinha noção da existência de
muitos deuses, havia escolhido Bei para ser o seu deus particular, e não
conseguia se convencer de que deveria abandonar essa noção ou a sua escolha. A
insanidade desta escolha já lhe havia sido demonstrada mais de uma vez, e
estava acima de qualquer contradição. Assim como acontece com outros pagãos,
ele não iria trocar os seus deuses, embora não fossem deuses (Jr 2.11). Muitos
persistem em continuar nesse caminho falso somente por pensarem que não
poderiam abandoná-lo com dignidade. Veja como as suas convicções eram frágeis,
e com que facilidade foi capaz de abandoná-las. Certa vez, ele havia chamado o
Deus de Israel de Deus dos deuses
(cap.
2.47). E agora ele está colocando esse Deus precioso e bendito em um nível
igual ao daqueles a quem chama de deuses sagrados. Note que se as convicções
não forem colocadas em prática rapidamente, existe a chance de, em pouco tempo,
serem totalmente perdidas e esquecidas. Como Nabucodonosor não prosseguiu em
direção ao reconhecimento da soberania do verdadeiro Deus, ele logo retrocedeu
e voltou a cair na mesma veneração que sempre teve pelos seus falsos deuses. No
entanto: 2. Ele confessa ter uma grande admiração por Daniel, pois sabe que é
um grande servo do verdadeiro Deus, e somente dele. Ele acreditava que o
profeta era possuidor de uma grande visão interior como, por exemplo, uma
inspiração e capacidade de previsão, que nenhum dos seus mágicos possuía: “Sei
que há em ti o espírito dos deuses santos”. Observe que o espírito de profecia
é totalmente superior ao espírito de adivinhação, mesmo quando os próprios
inimigos são os juizes, como foi manifestado aqui depois de um justo julgamento
de habilidades.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 487-488.
3.
Daniel ouve o sonho e dá a sua interpretação (Dn 4.19-26).
O
Rei conta a Daniel todo o seu sonho. O rei viu uma grande árvore de dimensões
enormes que produzia belos frutos e que era visível em toda a terra. Os animais
do campo se abrigavam debaixo dela e os pássaros faziam seus ninhos nos seus
ramos (Dn 4.10-12). O rei viu descer do céu “um vigia, um santo” (v. 13) e esse
vigia clamava forte: “Derribai a árvore e cortai-lhe os ramos” (v. 14).
A
árvore majestosa (w. 11,12). O texto diz que era “uma árvore no meio da terra”
(4.10). Isto é, a árvore chamava a atenção porque tinha uma posição central,
para simbolizar o Império Babilônico naqueles dias. A Babilônia destacava-se
por concentrar todo o poder conquistado por Nabucodonosor na capital, uma
figura simbólica da Babilônia escatológica que aparece em Apocalipse nos
capítulos 17 e 18. A “árvore” do sonho de Nabucodonosor era formosa e bela. A
visão esplêndida dessa árvore indicava a formosura, a grandeza, o poder e a
riqueza que representavam a glória de Nabucodonosor. Ninguém na terra havia
alcançado todo esse poder antes dele. Daniel declarou ao rei que aquela árvore
que seria cortada era o próprio rei e disse: “Es Tu, ó Rei” (Dn 4.22).
Imaginemos
a tristeza de Nabucodonosor ao ouvir esta declaração. Como resignar-se
serenamente ante um fato inevitável revelado pelo Deus de Daniel. Assim é a
glória dos homens, como uma árvore que cresce e se torna frondosa e, de
repente, é derribada. Assim Deus destrói os soberbos.
“um
vigia, um santo, descia do céu” (4.13). A linguagem figurada para falar do
papel dos anjos designados por Deus para executarem a sua vontade é o termo
“vigia” ou “um santo” vindo do céu. Não há dúvida de que os anjos de Deus
trabalham com missão delegada para proteger e para cumprir as ordens de Deus.
Na visão do rei, ele viu “um vigia” que descia do céu com a missão de proclamar
os juízos de Deus (Dn 4.14,15). No Antigo Testamento, os anjos tinham uma
atividade mais presente na vida do povo de Deus. No Novo Testamento, eles
continuam suas atividades em obediência a Deus, mas hoje a igreja de Cristo tem
o Espírito Santo que vive na igreja e a orienta em tudo. Alguns teólogos creem
numa teofania, referindo-se ao próprio Deus como “o vigia, o santo”. Alguns
estudiosos interpretam como sendo o Senhor Jesus Cristo, uma vez que Ele se
apresenta em outros eventos bíblicos numa teofania especial. Entretanto, ainda
que mereça apreciação esta ideia é discutível na sua interpretação. Preferimos
a ideia de que se trata de um anjo da parte de Deus com poder delegado para
fazer juízo contra esta árvore.
Juízo
e misericórdia são demonstrações da Soberania de Deus (4.14,15). No versículo
14 a ordem delegada de Deus ao seu anjo de juízo era o de derribar a árvore,
seus ramos e suas folhas. O texto do versículo 15 deixa claro que Deus não
queria destruir tudo daquela árvore, mas ele deu ordem ao seu anjo para que “o
tronco com suas raízes” fossem deixadas na terra. A intenção divina não era
destruir Nabucodonosor sem dar-lhe a oportunidade de se converter e reconhecer
a glória de Deus. Mas o próprio rei testemunhou que foi inevitável a
consequência de sua arrogância. Ele foi tirado do meio dos homens e ficou
completamente louco, indo conviver com os animais do campo por sete anos (Dn
4.25). Depois de sete anos, Nabucodonosor voltou ao normal, mas o seu reino logo
depois foi sucedido por Belsazar que fez cair o reino nas mãos de Dario, o
persa.
Daniel
dá a interpretação do sonho (4.19-26)
“Então
Daniel,... esteve atônito quase uma hora” (4.19). Mais uma vez, o servo de Deus
tinha uma missão difícil e ficou perplexo porque a revelação era forte e havia
dificuldade para entender o sonho. O tempo que levou para interpretar
significava que ele ficou amedrontado em contar ao rei a verdade da revelação.
De certo modo, Daniel gozava da confiança do rei como conselheiro e preferia,
como homem, que as revelações do sonho não atingissem a pessoa do rei. Mas
Daniel não pôde evitar, porque o próprio rei, percebendo a perplexidade de
Daniel, o instou a que não tivesse medo e contasse exatamente o que o seu Deus
havia revelado.
“Respondeu
Beltessazar e disse: Senhor meu, o sonho seja contra o que te tem ódio, e a sua
interpretação para os teus inimigos” (4.19). Daniel reconhecia que o rei havia
sido bondoso e complacente com ele e seus amigos e, por isso, preferia que o
juízo fosse contra os inimigos do rei. Daniel sabia que havia dentro do palácio
complôs contra o rei e, por isso, ele preferia que o juízo fosse para punir os
inimigos do monarca. Mas Daniel não pôde evitar falar a verdade.
“Es
tu, ó rei” (v. 22). Daniel foi incisivo e objetivo em informar ao rei que ele
mesmo era, simbolicamente, a árvore frondosa do sonho, mas não evitaria a
tragédia moral e espiritual do seu reino. Ele perderia a grandeza que tinha
durante os “sete tempos” (sete anos). No versículo 26, a revelação assegurava
ao rei a sua restauração, mas para que isso acontecesse, ele deveria dar sinais
de arrependimento e provar a si mesmo e ao seu império a mudança interior na
sua vida.
Daniel
aconselha ao rei que reconheça os seus pecados e mude de atitude para que a
misericórdia divina o alcance (4.27-38). Passaram-se um ano (doze meses) e
houve, até certo ponto, um prolongamento da tranquilidade de Nabucodonosor. Mas
ele não se humilhou e não mudou de atitude. Pelo contrário, se empolgou com a
beleza de suas construções e seus jardins suspensos para agradar a sua esposa,
segundo escreveu o historiador Josefo. Nos versículos 34 a 37, depois dos sete
anos de insanidade, ele recuperou seu entendimento e acordou para a realidade
quando louvou a Deus. Aprendemos com esta história que o orgulho é sempre insano
e inaceitável diante de Deus e que a mais sóbria atitude é reconhecer a
soberania de Deus e louvá-lo.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 70-73.
Daniel
Provê a Interpretação (4.19-24)
Dn 4.19
Então Daniel, cujo nome era Beltessazar. Daniel ficou assustado pela visão, não
tanto por causa de suas vividas imagens, mas por causa do seu significado. Ele
sentiu prontamente o que estava sendo comunicado, e isso o fez silenciar-se.
Grandes emoções podem paralisar as cordas vocais e estontear a mente. Assim
sendo, por uma hora inteira Daniel nada disse. Recuperando o autocontrole, o
profeta emitiu um desejo impossível: que aquilo que tinha sido visto
acontecesse aos inimigos do rei, não ao próprio rei. Esse desejo não lhe seria
concedido, mas a verdade é que fora um desejo inspirado pela melancolia do
momento. O profeta proferiu sua “fórmula a fim de desviar o m al”, algo comum no
Oriente, quando se proferiam palavras potencialmente daninhas. Mas a fórmula de
Daniel seria inútil, ao passo que a profecia propriamente dita seria cumprida de
modo preciso. Não é fácil prever uma grande provação sobre um ente amado, ou um
amigo, e é ainda menos fácil contá-la. Não obstante, a oração é mais forte que
a profecia, de modo que a profecia pode ser anulada. Que esse sem pre seja o
nosso caso! Nabucodonosor tinha de passar por uma provação, da qual sairia melhor.
Os julgamentos de Deus são dedos de Sua mão amorosa.
Dn 4.20,21
A árvore que viste, que cresceu. Os vss. 20-21 retomam os detalhes da visão
explicada nos vss. 10-12. O profeta repetiu todos os detalhes, antes de dizer o
temível “és tu, ó rei” (vs. 22).
“Daniel
recapitulou a questão do sonhos. As pequenas variações em relação ao que é dito
nos vss. 10-17 não devem ser consideradas significativas” (Arthur Jeffery, In
loc.). A interpretação adiciona alguns detalhes que não aparecem no relato
original.
Dn 4.22
És tu ó rei, que cresceste. A árvore, antes tão exaltada, mas depois humilhada até
o quase nada, falava do próprio rei. Para apreciar a grandeza da Babilônia e de
seu rei, ver no Dicionário o artigo chamado Babilônia. O rei era alto e forte e
espalhou-se como os galhos de uma árvore por todas as partes do mundo então conhecido.
Neste ponto, a Septuaginta tem uma longa adição que quase certamente relaciona
o texto presente ao período dos macabeus. O império babilônico foi o maior e
mais poderoso que houve até aquele tempo, conforme demonstra o artigo citado.
Era pequeno segundo os padrões modernos, mas gigantesco para os padrões
antigos. Cf. este versículo com Jer. 27.6-8. “Ele ultrapassou a todos os reis
da terra, em poder e honra, e aspirou atingir a própria divindade, conforme seus
galhos se estendiam até os confins da terra (vs. 11)” (John Gill, in loc.).
Dn 4.23
Quanto ao que viu o rei, um vigilante. Este versículo repete os elementos dos
vss. 13-16, onde ofereço notas expositivas. A repetição faz parte do estilo literário
do autor.
Dn 4.24
Esta é a interpretação, ó rei. Os vss. 24-25 passam a interpretar os vss. 13-16
(repetidos no vs. 23). O que aconteceria ao rei devia-se a um decreto do Deus Altíssimo.
Quanto a notas sobre esse titulo divino (que aparece treze vezes no livro), ver
Dan. 3.26. Nabucodonosor tinha de pagar por todos os tipos de pecados, especialmente
o pecado do orgulho (vss. 27,30,31). Assim sendo, o decreto divino era justo e
precisava ser cumprido. Cf. o vs. 17. O Rei verdadeiro e celestial tinha de ser
exaltado e não toleraria competição. Nabucodonosor precisava ser derrubado. Ver
o vs. 25.
Dn 4.25
Serás expulso de entre os homens. A derrubada da árvore faria com que as aves
que se tinham alojado em seus ramos saíssem voando. E quando a árvore caísse,
os animais que tinham feito suas covas ao pé da árvore correriam para lugares
seguros. Os frutos que cresciam em seus ramos cairiam de súbito. Tal descrição
pode parecer significar a destruição do império babilônico pelos medos e persas.
Mas sabemos que a confusão dizia respeito ao próprio rei. Em sua insanidade temporária
(que o deixaria completamente arrasado pelo golpe divino), o rei correria para
a floresta e viveria como um animal. Comeria relva como um boi e viveria
exposto à chuva e aos elementos da natureza em geral. Nabucodonosor continuaria
nesse estado por sete anos. E assim viria a reconhecer quem é o Rei verdadeiro,
a saber, o Deus Altíssimo (ver as notas sobre Dan. 3.26). Ver os vss. 14-16,
que este versículo interpreta. O governo e os governantes terrenos são levantados
e derrubados, conforme chega o tempo de seu governo (ver Atos 17.26), por meio
de decretos divinos, e não pelo poder e pelo engenho humano. Juí. 3.8 dá a
entender que Nabucodonosor se estabelecera como se fosse um deus e requeria honrarias
correspondentes. Foi lembrado pelos judeus não como um grande construtor, mas
como quem tinha destruído a cidade sagrada e reduzido a nação a praticamente
nada, em seus ataques e subsequentes cativeiros. Portanto, se havia alguém que precisava ser derrubado, esse homem era Nabucodonosor.
Existe
uma desordem mental conhecida como zoantropia, segundo a qual a pessoa se
imagina um animal e passa a agir como um ser irracional. Talvez esse tenha sido
o caso de Nabucodonosor. Sem importar a natureza específica da sua enfermidade,
o fato é que ela foi um instrumento da mão de Deus, primeiramente para humilhar
e então para restaurar Nabucodonosor. Todos os juízos de Deus são
restauradores. Dn 4.26 Quanto ao que foi dito, que se deixasse a cepa. N
abucodonosor voltaria; ele se recuperaria; ele aprenderia a lição e então
receberia de volta seu poder e glória. É esse o símbolo da cepa da árvore, que
restaria e teria o poder de reproduzir-se, form ando um a nova árvore, desde as
raízes, Este versículo interpreta o vs. 15. O rei precisava aprender que o céu
é que governa, conforme se lê a respeito do Deus Altíssimo no vs. 25.
Esse uso não se acha em nenhum outro trecho do Antigo Testamento, em bora
seja bastante com um nos livros dos Macabeus. “Deus governa! Essa é a palavra
de esperança para a nossa loucura. Devemos aprender que o Altíssimo governa
sobre a terra, e que os reis não formam exceção... É uma lição de mordomia...
Quando rei Tiago VI, da Escócia, se jactava de seus direitos, Andrew Melville
segurou a fímbria de suas vestes e disse; ‘Você, tolo vassalo de Deus! Existem
dois reinos na Escócia e existem somente dois reis: o rei Tiago e o Rei Cristo
Jesus. Nesses reinos, você não é nem Senhor nem Cabeça, mas súdito'” (Gerald
Kennedy, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman,
Antigo Testamento Interpretado versículo
por versículo. Editora Hagnos. pag. 3388-3389.
Dn 4.19:
“Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito quase uma hora, e os
seus pensamentos o turbavam; falou pois o rei, e disse: Beltessazar, não te
espante o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar, e disse:
Senhor meu: o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação para
os teus inimigos”.
O
presente texto nos mostra o grande espanto do velho profeta. Ele viu logo o
sentido daquela visão, e ficou atônito, porque tudo aquilo se referia ao rei, e
era muito duro o que ele tinha de lhe dizer. Daniel era, sem dúvida, um homem
muito fiel; acima de qualquer coisa, para ele o importante era a verdade.
Acreditamos que, à proporção que o rei descrevia o sonho da grande árvore, o
Espírito de Deus em Daniel desenvolvia a sua interpretação, conferida em cada
detalhe; ele desejava o bem daquele monarca, mas percebia, em cada elemento do
sonho, que o sonho, continha o anúncio de um julgamento contra o rei, da parte
de Deus. Muitos servos do Senhor têm sofrido na vida só por causa da verdade,
mas isso é sempre gratificante. Os mentirosos ficarão fora do Céu (Ap 22.15).
Daniel não renunciou à interpretação, e a fez a contento, como se vê nos
versículos seguintes.
Dn 4.20:
“A árvore que viste, que cresceu, e se fez forte, cuja altura chegava até ao
céu, e que foi vista por toda a terra”.
No
texto em foco, Daniel lembra ao monarca o que ele mesmo afirma ter visto em
sonho no versículo 10 do presente capítulo. O rei babilônico nunca jamais tinha
visto em toda a sua vida uma árvore que tivesse tal tamanho; sua altura
ultrapassa qualquer possibilidade de uma árvore crescer na terra. As coisas ou
meios pelos quais Deus sempre fala são grandes, porque Deus é um Deus grande.
Deus é grande em todos os aspectos: 1) na sua misericórdia (Lm 3.22); 2) na sua
fidelidade que é descrita também como sendo grande. (Ver Lm 3.23); 3) no seu
amor (Rm 5.5); 4) na sua salvação que é mui grande (Hb 2.3). Os reinos do mundo
também têm suas grandezas por algum tempo, mas depois declinam; o reino de Deus
e de Cristo, pelo contrário: não terá fim. (Ver Lc 1.33)
Dn 4.21:
“Cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante, e em que para todos havia
mantimento; debaixo da qual morava os animais do campo, e em cujos ramos
habitavam as aves do céu”.
Daniel,
como já fizera num sonho anterior (cap. 2), continua na descrição, e, depois,
inicia a interpretação. Nesse cenário favorável, a manifestação do poder de
Deus, que revela os mistérios ou coisas ocultas, é indispensável nas
interpretações feitas por Daniel. Na condição de muito superior a todos os
magos, o profeta não fora consultado entre eles, pois desconhecia o poder das
trevas que agia naqueles sábios caldeus. No versículo 19, vemos Daniel
demorando para falar, até ser encorajado pelo rei e por Deus a fazê-lo. O
verdadeiro crente é sempre “moderado”; ele primeiro medita e depois fala. O
livro de Provérbios é o grande manual de instrução para todo o homem. A
advertência divina nesse sentido é: “Não te precipites com a tua boca, nem o
teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus” (Ec 5.2).
Daniel, como servo fiel, estava ali diante de Deus e do monarca babilônico, por
isso toda prudência era pouca!
Dn 4.22:
“Es tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; a tua grandeza cresceu, e
chegou até o céu, e o teu domínio até a extremidade da terra”. “A tua grandeza
cresceu... até o céu”. A presente expressão sempre tem conexão com Babilônia e
o seu povo. O texto em foco também nos faz lembrar a semelhança do pecado de
Sodoma (Gn 18.21), e o da cidade de Nínive (Jn 1.2); e o pecado da grande
Babilônia descrita em Ap 18.5, que diz: “...já os seus pecados se acumularam
até o céu...” Isso significa que o pecado concebido, nasce, cresce e, estando
na sua fase de amadurecimento, toca nos céus. O profeta Jeremias segue um
paralelismo semelhante a este, em seu livro (Jr 51.9). O julgamento de
Babilônia, aí, atinge os céus, sendo elevado até o firmamento. O domínio de Nabucodonosor se processava em ordem crescente e já estava atingindo até o céu, e
certamente o mau cheiro que sobe da terra, conforme descreve João séculos
depois, aborrece a alma de Deus. Qualquer dessas idéias nos fornece um indício
de como o pecado pode acumular-se, produzindo, necessariamente, o
amadurecimento para o juízo de Deus.
Dn 4.23:
“E quanto ao que viu o rei, um vigia, um santo, que descia do céu, e que dizia:
Cortai a árvore, e destruí-a, mas o tronco com as suas raízes deixai na terra,
e com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho
do céu, e a sua porção com os animais do campo, até que passem sobre ele sete
tempos”.
“...
Um vigia, um santo...” Apresente expressão é também citada no versículo 13,
onde é retratado como sendo “um vigilante eterno”, “um ser que não dorme”.
Somente um indivíduo é referido aqui. Todos os comentadores da atualidade têm
seguido a mesma opinião quanto ao “guarda eterno”, isto é, identificando-o como
o Senhor a quem Daniel servia, aquele que “não dormita, nem dorme”. (Ver SI
121.4). Ele tem poder para fazer decretos e cumpri-los, com o propósito de
mostrar aos homens o fato de que o Altíssimo governa nas questões humanas. No
decreto do Altíssimo, o juízo sobre o monarca era pesado mas não era total;
ainda o tronco da árvore haveria de brotar. Nas palavras de Jó, há uma
inferência sobre a presente passagem: “Porque há esperança para a árvore, que
se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos. Se
envelhecer na terra a sua raiz, e morrer o seu tronco no pó, ao cheiro das
águas brotará, e dará ramos como a planta” (Jó 14.7-9). Qualquer que fosse seu
castigo, Deus o preservaria, como preservou dois ramos: Nabonido e Belsazar, no
império babilônico.
Dn 4.24:
“Esta é a interpretação, á rei: e este é o decreto do Altíssimo que virá sobre
o rei meu senhor.
O
texto em foco mostra-nos como Daniel começou a interpretação da grande árvore
que o rei tinha visto em sonho. Declarou que aquele monarca era a árvore e que
realmente seria cortada como quando o lenhador corta a árvore do bosque. Mas
Daniel acrescentou que um cepo fora deixado. Nabucodonosor devia saber que, ao
passar o tempo de castigo, seria restaurado novamente no seu posto como
governante do império babilônico. O Deus de Daniel que, por via de regra, é
também o nosso Deus, sempre que aplica uma sentença, ela vem mesclada de
misericórdia. (Ver 75.8 do livro de Salmos). Porém, é evidente que chegará o
dia quando não mais essa misericórdia insistirá, e, a partir daí, Deus dará aos
seus inimigos um “vinho que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira.
(Ver Ap 14.10). Na presente Era, os homens são convidados a tomarem parte no
“dia da salvação”, porém em breve chegará o momento em que eles tomarão parte
no dia da ira de Deus e do Cordeiro. (Ver 2 Co 6.2 e Ap 6.17).
4.25:
“Serás tirado de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo,
e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e
passar-se-ão sete tempos por cima de ti: até que conheças que o Altíssimo tem
domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer!’.
“Até
que conheças que o Altíssimo tem domínio...” No livro de Daniel, a expressão “O
Deus Altíssimo” é freqüente, em várias conexões (3.26; 4.17, 24, 25, 32, 34;
5.18, 21; 7.18, 22, 25, 27). No Antigo Testamento, Deus aparece pela primeira
vez com este título, em Gn 14.18, quando o monarca Melquizedeque, trazendo pão
e vinho, abençoou a Abraão. O vocábulo no original hebraico é “EL elyôn”. - O
Deus Altíssimo era o título de Deus, adorado pelo rei de Salém. Este nome de
Deus, quando era usado, mostrava a superioridade dele sobre os ídolos do
paganismo. Comumente, os antigos habitantes da velha Mesopotâmia usavam a
expressão “Deus lá de cima”. (Ver Jó 3.4). O salmista Davi escolhia este nome
para sua habitação. (Ver SI 91.9). E, portanto, evidente que Daniel usava a
linguagem mais acessível para aquela gente babilônica. (Ver 1 Co 9.20,22).
Dn 4.26:
“E quanto ao que foi dito, que deixasse o tronco com as raízes da árvore, o teu
reino voltará para ti, depois que tiveres conhecido que o céu reina”. O
presente versículo enfatiza o que muitos psicólogos evangélicos já afirmaram em
seus escritos: “doença mental”. Aquele rei era um homem esmagado pelo ódio que,
vez após outra, o dominava e que se tornou patológico. O homem iracundo virá a
cair no mal, como bem é declarado, tanto pela Palavra de Deus como pelos
psicólogos: “Para um homem esmagado pela consciência de culpa, a Bíblia oferece
a certeza de perdão e graça. Mas, àquele que nega sua culpa, ela lhe traz
ameaças terríveis, para fazer com que ele se auto-análise”. A correção de Deus
no monarca caldeu era a “operação severidade”, mas não era o esmagamento
completo, pelo contrário, era sua salvação. Deus precisava retirá-lo do círculo
vicioso dos seus esforços naturais e cruéis contra seus semelhantes.
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 80-84.
A
Interpretação de Daniel (4.19-27)
Quando
os filósofos e cientistas pagãos da corte desistiram de interpretar o sonho e
estavam em completa confusão, Daniel foi introduzido e saudado pelo rei com
deferência respeitosa, reveladora de sua alta estima por esse servo de Deus. Tu
podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos (18), disse o rei. Mas
Daniel, quando ouviu o sonho, foi dominado por um grande espanto e ficou sem
falar durante uma hora. Então, encorajado pelo rei, ele expressou o motivo do
seu espanto: Senhor meu, o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua
interpretação, para os teus inimigos (19).
A
enorme árvore era, na verdade, o próprio rei. Seu crescimento e força estupenda
apresentavam um quadro exato do seu grande poder. A tua grandeza cresceu e
chegou até ao céu, e o teu domínio, até à extremidade da terra (22). Mas o
resultado trágico era que essa grandeza estava com os dias contados. O rei,
conhecido em toda a terra pela sua capacidade, perderia a razão e se arrastaria
pelo chão como um animal do campo. Ele, que era honrado como o maior entre os
seres humanos, perderia sua condição de humano e se tornaria como um boi que se
alimenta de ervas. Até que passem sobre ele sete tempos (23) indicava sete anos
de insanidade para o rei.
Mas
no meio desse presságio chocante de julgamento, que para o rei deve ter soado
mais terrível do que a morte, veio a garantia da infinita fidelidade e
misericórdia de Deus. Embora a árvore fosse cortada, o tronco (23; “toco”, NVI)
foi deixado para reviver e crescer novamente. Além disso, ele foi cercado de
cadeias de ferro e de bronze, um símbolo da firmeza e constância da promessa de
Deus de sobrevivência e restauração. No final da sua interpretação, Daniel
estava parado diante do rei rogando para que ele se arrependesse dos seus
pecados de injustiça e opressão, a fim de que Deus prolongasse a sua
tranqüilidade (27).
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel.
Editora CPAD. Vol. 4. pag. 513-514.
III – A PREGAÇÃO DE DANIEL
1.
A pregação de Daniel.
A
conclusão da interpretação descreve o piedoso conselho que Daniel, como
profeta, deu ao rei (v. 27). Caso o rei se mostrasse preocupado com a
interpretação desse sonho seria muito adequado que nesse momento o profeta lhe
oferecesse algum conselho se estivesse despreocupado, as suas palavras teriam a
finalidade de despertá-lo. Caso contrário, usaria palavras para consolá-lo, e
elas deveriam ser consistentes com o sonho e a sua interpretação, pois Daniel
sabia que a interpretação não poderia ser condicional, como no caso da
destruição de Nínive. Observe: 1. A humildade com que Daniel oferece o seu
conselho, e também a sua grande ternura e respeito. E como se ele dissesse, em
outras palavras: “Portanto, ó rei, aceite o meu conselho com um coração aberto,
pois ele é dado com boa intenção e vem de um sentimento de amor, e não permita
que seja mal-interpretado”. Note que devemos procurar os pecadores visando o
seu próprio bem, e eles devem ser respeitosamente solicitados a agir
corretamente. O profeta está suplicando aos homens que suportem uma palavra de
exortação (Hb 13.22). Creio que seremos bastante úteis se as pessoas forem
persuadidas a aceitar de boa vontade o nosso conselho e se o aceitarem com
muita paciência. 2. Qual era o seu conselho. Daniel não está aconselhando o rei
a tomar qualquer remédio a fim de evitar o desequilíbrio da sua mente, mas a se
desfazer dos pecados que estava cometendo, e reformar a sua vida.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 851.
O
versículo 27 do presente capítulo declara que Daniel insistiu com o monarca
caldeu, para que ele se arrependesse, mas, caso Daniel tenha previsto isto, ou
seja, uma mudança naquela vida, isto não aconteceu, porque tudo indica que o
rei continuou a sua vida como antes. Herodes, o tetrarca idumeu, ao ser
repreendido por João não se arrependeu, pelo contrário, acrescentou às suas
maldades outras mais. (Ver Lc 3.19, 20). O monarca Faraó também, ao ser
repreendido pelo castigo divino, não se arrependeu, pelo contrário, endureceu o
seu coração dez vezes mais; e pereceu nas águas do mar Vermelho. (Ver Êx 14.10;
15.1, 21; SI 136.15). Aqueles que se endurecem maior dureza encontrarão; não é
debalde que diz a Escritura: “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos
humildes” (1 Pe 5.5). Nabucodonosor não deu ouvidos à Palavra divina a clamar
ao seu redor, e viu-se cercado por um montão de ruínas!
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 84-85.
Daniel
exorta o rei a evitar a tragédia por meio de uma atitude imediata. conforme o
seu conselho, assemelhando-se ele aqui aos profetas clássicos (p. ex., Am
5:15), no fato de haver um elemento contingente ou condicional em sua profecia:
põe termo em teus pecados pela justiça (27) Não temos aqui um determinismo
passivo. Pelo contrário, o autor insiste com um incentivo a uma mudança de
estilo-de-vida. Não se trata de que por meio de boas obras o rei possa se
salvar, mas de que mudando o seu modo de vida ele estará demonstrando a sua
aceitação da verdade das palavras de Daniel (cf At 26:20). Misericórdia para
com os pobres chaina a atenção a injustiças no Estado, as quais o rei tinha
poder para corrigir. Justiça (si(fqâ) é traduzido pela LXX como “dar esmolas” ,
e o verbo põe fim (peruq) como “redime”. Assim compreendido, este versículo
parecia dar apoio a uma doutrina de méritos alcançados por boas obras,
tornando-se um centro de controvérsia no tempo da Reforma. O sentido da raiz do
verbo se vê claramente em contextos tais como Gênesis 27:40, “sacudirás o seu
jugo da tua cerviz” e Êxodo 32:3, “tirai as argolas de ouro”.
O
sentido é “romper com os velhos hábitos” e “fazer o que é certo” , um mandamento
que tem significado mesmo sem a revelação especial, somente no nível humano. A
tradução “dar esmolas” reflete o ponto-de-vista corrente quando a LXX foi
traduzida.87 e que fica claro no Sermão do Monte, onde “exercer justiça” (Mt
6:1) é exposto em termos de dar esmolas, orar e jejuar. Exatamente quais os
ideais que o rei babilônico poderia ter não podemos saber, mas evidentemente
seria preciso mais do que advertências e exortações para levá-lo à ação.
Joyce
G. Baldwin,. Daniel Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag 121-122.
2.
O pecado de Nabucodonosor em reação aos pobres.
Dn 4.27
Portanto, ó rei, aceita o meu conselho. Os pecados teriam de ser derrotados pela
prática da retidão, e a idolatria era a principal ofensa. A opressão é o pecado
especial da classe dominante. Ela teria de ser abandonada e substituída pela
justiça social. Se tais coisas fossem feitas, o severo juizo divino dos sete anos
de insanidade teria sido evitado. Cf. o conselho deste versículo com
Eclesiástico 3.30,31 e Tobias 4.7-11, que dizem coisas similares. Talvez ao rei
tenha sido conferido um período de graça (vs. 29), a oportunidade para reverter
o curso do pecado. Nabucodonosor tinha de “pôr fim aos seus pecados”, ou seja,
literalmente, teria de “redimir-se”. Mas a palavra hebraica peraq pode
referir-se ao afrouxamento do jugo. O rei era cativo de seus pecados e tinha
de livrar-se deles, caso quisesse escapar da punição. Além disso, tinha de
anular suas opressões pela caridade (possivelmente pela doação de esmolas), mas
está em vista a prática da lei do amor, que cobre uma multidão de pecados (ver
Tia. 5.20). A Septuaginta apresenta aqui o substantivo grego eieeimosunais,
“esmolas”, mas esse é um uso posterior da palavra.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3390.
O
rei costumava ofender os seus súditos e se comportar injustamente com seus
aliados, mas devia mudar tudo isso agindo com justiça, concedendo-lhes tudo
aquilo a que tinham direito, consertando o que havia feito de errado sem
triunfar sobre o direito através do abuso de seu poder. Ele havia sido cruel
para com os pobres, para com os pobres de Deus, para com os pobres judeus. E
agora devia acabar com essa iniquidade mostrando-se misericordioso com esses
pobres, compadecendo-se dos oprimidos, libertando-os ou tornando o seu
cativeiro um pouco
mais fácil para eles. Observe que, quando se trata do arrependimento, não é
necessário apenas parar de fazer o mal, mas aprender a fazer o bem. Não só
deixar de fazer o mal, mas passar a fazer o bem a todos. 3. Qual foi o
argumento que Daniel usou para justificar o seu conselho: ele iria prolongar a
tranqüilidade do rei. Embora o seu conselho não fosse evitar totalmente o
castigo, ainda assim ele poderia ser uma forma de obter a suspensão temporária
da sentença, como aconteceu com Acabe quando se humilhou (1 Rs 21.29). O
transtorno poderia ser mais longo ou mais curto, quando chegasse, e isso Daniel
não detalharia. Observe que a simples possibilidade de evitar um castigo
temporal é uma razão suficientemente válida para se praticar uma obra tão boa
como abandonarmos os nossos pecados e reformarmos a nossa vida. Quanto mais
importante é agirmos deste modo com a finalidade de evitarmos a nossa ruína eterna!
“Essa será a cura dos teus erros” (alguns entendem o texto sagrado deste modo),
“dessa maneira o desentendimento será interrompido, e tudo ficará bem
novamente”.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 851.
Dn
4.27. Quebre teus pecados pela justiça Faça justiça. Tu tens sido um homem opressor
; mostrar misericórdia para com os pobres, muitos dos quais foram feitos tais
por ti mesmo: testemunhar toda a nação dos judeus. Ele devia cessar de seu
pecados arrepender e produzir frutos dignos de arrependimento, a fim de que ele
possa encontrar misericórdia na mão de Deus.
ADAM
CLARKE. Comentário Bíblico de Adam
Clarke. Daniel.
ELABORADO:
Pb Alessandro Silva.
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