EVASÃO NA ESCOLA DOMINICAL
RESPONSÁVEIS
POR INCENTIVAR A FREQUÊNCIA DE ALUNOS NA EBD, PROFESSORES DEVEM ESTAR ABERTOS À
QUALIFICAÇÃO E ÀS MUDANÇAS DO MUNDO MODERNO.
POR
MARCOS FILHO
Todos
os domingos, às 8h 45min, o professor Jarbas já estava no templo para a Escola
Bíblica Dominical. Antecipava-se aos alunos, que chegavam sempre após as 9h.
Sistemático e meticuloso, ele cumpria o seu “ritual” introdutório com oração e
leitura do texto da lição para, em seguida, iniciar a sua preleção, que se
estendia por cerca de 25 minutos, sem a interferência dos alunos.
Após
essa primeira parte, o professor Jarbas fazia uma pausa para ingerir o seu
medicamento, preenchia o tempo escolhendo um aluno para contar um testemunho e,
em seguida, narrava o que lhe ocorrera durante a semana, principalmente como a
sua enfermidade o incomodara e que novas receitas naturais ele houvera
descoberto. Após todos Responsáveis por incentivar a frequência de alunos na
EBD, professores devem estar abertos à qualificação e às mudanças do mundo
moderno esses passos, restava apenas a conclusão da lição, geralmente
acompanhada de um lamento pela exiguidade do tempo.
Neste
relato, guardadas as devidas proporções, podemos contemplar o retrato do que ocorre
nas classes de EBD do Brasil. Os professores, em sua maioria, talvez por falta
de preparo, são muito parecidos com o professor Jarbas: salvos por Jesus,
movidos de intensa paixão pelo ensino da Palavra de Deus, anos a fio
trabalhando no afã de edificar vidas e contribuir para o engrandecimento do Reino
de Deus. Porém, estão totalmente desconectados da realidade. Utilizam somente o
método da preleção, limitam-se à leitura da lição bíblica, não permitem a
participação do aluno e falam exaustivamente sobre si mesmos e sobre suas experiências.
Embora
existam outros fatores que contribuem para a evasão na EBD, o despreparo do professor
tem sido determinante nesse cenário e até mesmo impedido o ingresso de novos alunos.
Para
escrever este artigo, retomei e analisei uma pesquisa acerca das causas da
evasão na Escola Bíblica Dominical, realizada em 1993 como parte dos trabalhos
de uma pós-graduação em Docência Superior. Para minha surpresa, os motivos de
hoje não são tão diferentes dos encontrados naquela época. Lamentavelmente, alguns
se tornaram até mais críticos e acentuados, ou seja, as mudanças ocorridas não
sanaram o grande problema da evasão na EBD. Dentre as causas encontradas
naquela época, as mais comuns eram a falta de recursos didático-pedagógicos,
falta de incentivo e de participação da liderança da igreja, classe única, infraestrutura
precária ou inexistente e professores não vocacionados e despreparados.
Por
ser aluno da Escola Dominical desde a infância e por haver atuado por cinco
anos como superintendente da Escola Dominical da Assembleia de Deus na Ilha do
Governador (RJ), acompanhei de perto os problemas e desafios de um líder de
EBD. Por isso, creio não ser precipitado afirmar que a principal causa da
evasão de alunos da EBD é o professor. Não há nada mais importante e
determinante para atrair novos alunos e mantê-los em classe do que a pessoa do
professor. O homem-chave da EBD é o professor. Se ele for espiritual e
devidamente treinado para o magistério cristão, será um instrumento poderoso
para edificação dos alunos e para o sucesso da EBD.
Por
outro lado, não há nada mais desanimador do que lidar com professores que se
julgam capazes a ponto de não precisarem mais de instrução. Não observam o que
diz Provérbios 9.9: Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio; ensina ao
justo, e ele aumentará em entendimento. Isso me faz recordar quando organizamos
um curso preparatório para professores da EBD.
Tomamos
todos os cuidados para oferecermos o melhor, elaboramos um manual especialmente
para ser usado no curso e lançamos mão de todos os recursos disponíveis à
época. Alguns professores não quiseram inscrever-se, e a alegação mais comum
era: “Depois de tantos anos ministrando, será que não sabemos dar aula?”. Qual
não foi a minha surpresa e decepção!
O
que posso deduzir dessa experiência é que não basta investir no preparo do
professor oferecendo-lhe cursos para melhorar o seu desempenho.
É
necessário conscientizá-lo da necessidade de manter-se atento às mudanças que ocorrem
no mundo, em especial àquelas que influenciam e atingem os seus alunos.
Professor atente para
isso...
A
Escola Dominical é um dos instrumentos utilizados por Deus para manter, mudar e
fazer crescer a Sua Igreja. Manter os princípios doutrinários, que devem ser
imutáveis; mudar o caráter e o modo de agir de seus alunos, confrontando- os
com a Palavra de Deus, e visar à formação de novos discípulos segundo o modelo divino;
coibir os elementos e ingredientes que impedem o crescimento da Igreja,
proporcionando-lhe um ambiente saudável. Portanto, a EBD pode ser usada por
Deus para produzir mudanças necessárias no meio sociocultural, na população em
geral e dentro da própria igreja.
Para
que isso ocorra, o professor da EBD precisa entender que a igreja deve
envolver-se com as questões do mundo, buscando e ensinando soluções para os
problemas e misérias que atingem a sociedade. Se o professor tem a consciência
de que a vida não é uma existência em duas esferas – uma espiritual e outra
física –,então o conteúdo a ser transmitido, o testemunho e a ação da igreja
não devem ser alterados de acordo com o local onde ela está inserida. Pelo
contrário, ela deve agir no mundo, apresentando as verdades e os princípios
bíblicos para que os problemas sociais e culturais sejam solucionados.
Outro
aspecto a ser considerado é a importância da EBD para a mudança e para a
formação de novos crentes. Embora tenhamos muitas palavras para definir esse
processo, a maior responsabilidade da igreja, depois de evangelizar, é promover
o discipulado do novo crente. Se a igreja deseja crescer, irá deparar-se com os
problemas sociais e culturais. Assim, deverá instruir os crentes naquilo que
crê e em como essa crença deverá afetar a vida cotidiana de seus membros.
Novamente,
entra em cena a atuação imprescindível do professor da Escola Dominical. Quando
o professor tem consciência da importância de sua função e que esta deve sempre
visar ao crescimento do aluno e, em consequência, ao crescimento da igreja,
buscará alternativas para acompanhar seus alunos e estreitar os laços de
amizade para além da sala de aula.
Professores
que se preocupam somente com a sua preleção semanal e com a sua capacidade de
armazenar e transmitir informações desconhecem a realidade e as necessidades de
seus alunos. Quando isso ocorre, o aluno tende a ficar desmotivado, perdendo
gradativamente a vontade de participar dos estudos bíblicos, podendo até mesmo
deixar de frequentar a EBD. Professor, o seu aluno deseja algo além do conteúdo.
Os alunos se identificam com os professores que mostraram interesse especial e cuidaram
deles antes de se lembrarem daqueles que tinham bons dotes de oratória.
Além
de reconsiderar o seu papel, o professor precisa agir apresentando soluções
práticas, como ligar para os alunos ausentes ou visitá-los a fim de ajudá-los
em suas necessidades; vencer as barreiras próprias de um imigrante digital e começar
a utilizar recursos audiovisuais; elaborar premiações, mesmo simbólicas, para
os alunos mais assíduos, assim como outras campanhas motivacionais.
Sobretudo,
o professor da EBD deve sentir-se vocacionado. Quando o professor é vocacionado
e cumpre o conselho descrito em Romanos 12.7b: Se é ensinar, haja dedicação ao
ensino (Rm 12.7b), ele se transforma em ferramenta poderosa nas mãos de Deus
para exercer influência sobre vidas e mostrar-lhes todo o conselho divino.
Precisamos
urgentemente de uma multiplicação de professores fiéis, espirituais e bem preparados,
porque certamente isso reduzirá drasticamente a evasão de alunos na EBD e contribuirá
de forma significativa para a edificação, a formação e o crescimento da Igreja
do Senhor Jesus.
GERAÇÃO DO MILÊNIO
Para
cativar os seus alunos, o professor necessita entender a realidade das gerações
mais modernas, denominadas pelos sociólogos como gerações Y e Z.
A
geração Y é definida como a geração dos nascidos em meados da década de 1970
até meados da década de 1990. É também chamada de geração do milênio ou geração
da Internet. A geração Z compreende os nascidos entre 1993 e 1995, geração que corresponde
à idealização e ao nascimento da World Wide Web, uma época de grandes avanços
tecnológicos e prosperidade econômica.
Trata-se
de uma geração que nunca concebeu a vida sem computador e, por isso mesmo, é
totalmente influenciada, desde o berço, por um mundo repleto de informações que
a fazem pensar, relacionar-se e viver de um modo bastante diferente da geração
que a antecedeu.
Aqueles
que não fazem parte das gerações Y e Z são os chamados imigrantes digitais, que
geralmente são os pais, os professores, os pastores, os superintendentes e
demais pensadores que nasceram antes de 1970. Entender isso levará o professor
a estudar o mundo do aluno e a lançar mão dos métodos mais eficientes para
alcançá-lo.
O autor é
pedagogo, pós-graduado em Docência Superior, diretor do Instituto Bíblico da
Assembleia de Deus da Ilha do Governador (RJ), diretor do Centro Educacional
Nova Esperança (CENE) e vice-presidente da Assembleia de Deus na Ilha do Governador.
FONTE:
Revista educação cristã. Editora Central Gospel. ed 1. pag. 25-27.
EVASÃO
ESCOLAR NA IGREJA.
IDENTIFIQUE
OS PRINCIPAIS VILÕES QUE PROVOCA AUSÊNCIA NA ED.
O
impulso básico na vida dos servos do Senhor deverá sempre ser o forte desejo de
conhecer e prosseguir conhecendo o seu Deus (Os 6.3), procurando agradá-lo na prestação
de um culto racional (Rm 12.1-2) e estando sempre entre os fiéis da Terra (SI
101.6).
É
na Escola Dominical que encontramos um ambiente propício para o estabelecimento
de uma relação mais íntima com Deus. E aí que o Senhor se desvela e dá de comer
do maná escondido (Ap 2.17). O que se alimenta deste maná toma sua posição à
mesa do Senhor e torna-se partícipe de sua herança, e, como agente
multiplicador da graça divina, faz-se apto para dar de conhecer a outros que
estão carentes da glória de Deus.
Não
é difícil entender porque tanta dificuldade é enfrentada por aqueles que lutam
em estabelecer e manter um programa que atenda plenamente a necessidade do
funcionamento, adequado e produtivo, da Educação Cristã em suas igrejas. A ausência
dos alunos na ED é, sem dúvida, um fator de grande preocupação por parte
daqueles que estão envolvidos nessa obra. Avaliar a ausência, partindo de suas
causas, é o objeto deste estudo. A análise de duas questões básicas - a
cultural e a espiritual - pode abrir um caminho para as reflexões que deverão
se conduzidas nesta área.
Questão cultural
Não
apenas a ED, mas também outras atividades da igreja que demandam um maior
envolvimento pessoal e compromisso de seus participantes, sofrem muitas baixas.
Sente-se na pele os efeitos desta ausência também nas reuniões de oração e nos
cultos de ensinamentos doutrinários.
Justamente
nestas atividades é que deveriam estar uma grande parte daqueles crentes que só
frequentam os cultos de domingo à noite.
Vive-se
um tempo de superficialidades, em que as pessoas estão de tal forma envolvidas consigo
mesmas e seus afazeres que falta tempo para Deus e para servi-lo em sua obra. O
perfil das igrejas vem se modificando e em alguns casos não há mais uma
nutrição na Palavra de Deus que satisfaça integralmente a alma e o espírito
humano. O extenso período do louvor roubou o tempo que deveria ser dedicado ao
estudo da Bíblia. A sobremesa é servida antes da refeição a tal ponto que,
quando chega a vez da explanação da Palavra, as pessoas se levantam e vão embora,
levando consigo a fome de Deus e o vazio existencial que só as Escrituras
Sagradas podem preencher. A falta de uma mensagem vibrante e ungida nos cultos
impede o desenvolvimento do gosto pela leitura da Bíblia e sua meditação, além
de não proporcionar a tomada de consciência da necessidade que o ser humano tem
de conhecer Deus.
Aliado
a esta falta de mensagem, encontra-se, ainda, igrejas que foram projetadas e
construídas sem um ambiente adequado para o ensino. Em se tratando de ED, o
estudo em classes é fundamental, e, por não se sentirem à vontade, bem situados,
ouvindo e entendendo o que está sendo falado, num estudo direcionado para sua faixa etária, os
alunos vêm e não voltam.
Os
ministros tem a suprema tarefa de provocar uma mudança radical na condução do
povo de Deus e em sua forma de pensar a sua espiritualidade. E a ED tem o seu
lugar como ferramenta eficaz no combate a tudo aquilo que distancie o povo das
verdades espirituais e o influencie diretamente em sua capacidade de discernir
o que é melhor para o desenvolvimento de uma vida cristã saudável.
Ainda
que não se mude a cultura de um povo da noite para o dia, ainda que muitas
coisas estejam tão arraigadas no dia-a-dia das igrejas, a ponto de não
oferecerem perspectivas de vislumbrar novos tempos, todavia, é mister prosseguir
acreditando em Deus e na força do seu poder; acreditando que Ele vai adiante do
seu povo, endireitando os caminhos tortos e quebrando as portas de bronze (Is
45.2-3); acreditando que Deus sempre levanta homens e mulheres com visão espiritual
e consciência crítica para conduzir o seu rebanho. O aspecto cultural é tão
amplo que abarca grande parte dos itens dessa análise. Muitas das grandes dificuldades
enfrentadas pela liderança da igreja têm suas raízes nas expressões culturais
do povo. Entretanto, seria muita inocência deixar de lado a questão espiritual
e achar que tudo é resultado da cultura.
Questão espiritual
O
ponto de partida para essa reflexão encontra-se em 2 Coríntios 4.4, quando a
Palavra diz que "o deus deste século cegou os entendimentos dos
incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, que é a imagem de Deus".
A
neutralização das atividades de Satanás se dá por duas vias principais: a
oração e a pregação do Evangelho no poder do Espírito Santo. É ouvindo a
Palavra de Deus que o povo a entende e decide crer ou não nas verdades eternas.
No
mundo moderno, Deus se encontra afastado do cotidiano das pessoas, dos grupos sociais,
e para alguns Ele chega a estar morto. Nesse processo, chamado de
secularização, é a vez da razão e da ciência rebaixarem a religião a uma
posição alienante, ou no dizer do filósofo Karl Marx, "correntes com
flores que mantêm os indivíduos aprisionados, sem fantasia e sem consolo".
Karl
Marx passou com sua ideologia, e hoje está cada vez mais restrito aos ambientes
acadêmicos, onde até estes concordam que o marxismo não respondeu às
necessidades humanas. A Palavra de Deus, porém, permanece e continua
transformando vidas, tirando-as da situação de anomia (caos espiritual) e
devolvendo-lhes o sentido de sua existência. Quanto mais consciente a criatura
se torna neste mundo secularizado, mais ela percebe a necessidade do
reconhecimento da existência de um Deus que tem todo o poder no Céu e na Terra
e que está para além do saber humano.
E
preciso acompanhar as transformações que vêm acontecendo no mundo, mas não se
pode esquecer que são nos bancos das igrejas, nas reuniões dominicais, que se
vai crescendo na graça e no conhecimento de Deus, e isto depende diretamente da
ação do Espírito Santo no íntimo das pessoas (Rm 10.17). Isto quer dizer que
aquele que ensina também precisa estar em constante aprendizado. Além disso, para um ensinador ter palavras
cheias do Espírito vai depender do grau de intimidade que ele possui com Deus.
A
tomada de consciência pelo mundo plural é o impulso para se buscar cada vez
mais a Deus. Já não é tão simples preparar uma aula e apresentá-la a um determinado
grupo. A alta tecnologia e a massificação de informações penetram diariamente nos
lares, mas não podem subsistir diante do preparo espiritual daquele que busca
apresentar a simplicidade e a universalidade da mensagem cristã. Mais do que
nunca é preciso estar preparado para saber responder com mansidão e temor a
qualquer que nos pedir a razão da esperança que há em nós (lPd 3.15).
Não
é fácil ser aluno assíduo de uma ED, muito menos liderá-la. O deus deste século
continua trabalhando em todos os turnos para impedir o florescimento desta
obra, para impedir que as pessoas aprendam as coisas espirituais e estejam
fundamentadas na Palavra de Deus. A ausência de alunos, e até mesmo a evasão, na
ED precisa ser vencida com jejum e oração, compromisso e responsabilidade, desprendimento
e muito gosto pelas coisas de Deus. Não há como manter um trabalho desta
envergadura simplesmente com boa vontade.
Para
se combater problemas dessa natureza é preciso avaliar as questões culturais e
espirituais do povo. São nas matrizes culturais e religiosas que se encontram
os indicadores do que precisa ser trabalhado para que todos os membros da
igreja reconheçam que sua ausência na ED implicará em perda de qualidade
espiritual.
Em
termos didáticos, é possível fornecer uma lista dos procedimentos necessários
para se evitar a evasão nas escolas dominicais. Essa abordagem já foi trazida
pela 10a edição da Ensinador Cristão, em seu artigo de capa,
intitulado Como manter meu aluno atento e interessado? Se o aluno é mantido
atento e interessado, ele não apenas será assíduo como também trará outros para
experimentar dos doces sabores da mesa do Senhor.
É
da responsabilidade de cada professor conhecer seu contexto e trabalhar com as
ferramentas que dispõe. E da competência da equipe envolvida com a ED, buscar
soluções para as dificuldades que se apresentam, num diálogo aberto e franco.
Os grandes autoritários, os grandes poderosos, os grandes arrogantes não dialogam
e nem são capazes disso, eles carecem do elemento fundamental para o diálogo
acontecer, que é a consciência da limitação. Mas o que prega, prega uma palavra
que não é sua, vive uma vida na expectativa do que há de vir e reconhece que é
frágil e carente da graça de Deus.
Todos
nós sabemos que Deus nos „ chamou, apesar de sermos o que somos, e nos
capacitou para irmos e darmos frutos. Ele é o Senhor da obra, Ele vai na frente
e, assim, cumpre-se o que foi dito em Daniel 12.3: "Os entendidos, pois,
resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a
justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente".
Elienai de Oliveira
Carvalho Castellano é professora de ED na Assembléia de Deus em Juiz de Fora
(MG), professora de Hebraico e mestrando em Ciências da Religião.
FONTE:
Revista Ensinador. Editora CPAD. pag. 30-32.
COMBATENDO A EVASÃO ESCOLAR
Parte 1.
Recentemente
participei do encerramento trimestral da ED na AD em Picos, cidade que fica há
aproximadamente 350 quilômetros da capital do Estado do Piauí, Teresina. Tendo
sido o comentarista das Lições Bíblicas do quarto trimestre de 2009, cuja temática
se deu em torno de Davi, fui convidado para fazer o fechamento da revista
naquele evento.
Pois
bem, alguém já disse que a "primeira impressão é a que fica". Isso
para mim se tornou uma verdade incontestável, quando pude ver a estrutura que aquela
igreja tem em relação à Escola Dominical. O evento ocorreu no Centro de Eventos
da Assembleia de Deus (Ceade), um espaçoso ginásio coberto, que aquela igreja
construiu para grandes eventos. Ali foi feita uma chamada nominal das mais de
vinte congregações que formam aquela igreja, e o que se podia o sucesso daquela
igreja, o processo educacional é muito complexo e não admite soluções
simplistas. Até mesmo o êxito dos irmãos daquela igreja não foge a essa rega.
Quando nos propomos a avaliar qualquer processo educacional, seja ele eficaz ou
não, precisamos levar em conta um conjunto de fatores responsáveis pela sua
construção. Isso tem a ver com a ideologia ou filosofia da educação do sistema
de ensino adotado, bem como a estrutura física, além, é claro, dos atores mais
importantes desse processo - o educando e o educador constatar facilmente era a
presença em massa dos alunos. São mais de 1,2 mil alunos matriculados na ED e,
pelo que pude observar, pelo menos, noventa por cento deles estavam ali naquela
manhã. Algo que realmente me fez pensar. Por que aquela igreja, que fica em uma
cidade de porte médio e no interior do Estado, possui uma grande estrutura e
outras que são até mesmo maiores não? Não estou aqui superestimando o trabalho
daquela igreja, basta vermos que o Departamento de Escola Dominical dali já
recebeu reconhecimento nacional em concurso promovido pela Casa Publicadora das
Assembleias de Deus.
Mais
uma vez, me pergunto: Por que eles possuem uma Escola Dominical que funciona e
outras não? Acredito que há uma resposta para isso. Todavia, é bom esclarecer
que embora eu esteja convencido de saber a resposta para Passos para o sucesso da
ED A eficácia do ensino da ED que se realiza eficazmente em qualquer igreja, obedece
alguns princípios elementares. Aqui quero focalizá-los.
Entenda
os motivos que podem estar influenciando o afastamento dos alunos. 1. Filosofia da Educação
Nenhum
sistema de ensino sobrevive sem um princípio filosófico que lhe dê sustentação.
Por filosofia da educação, me refiro ao embasamento teórico que dá sustentação
a uma determinada ideologia ou cosmovisão. Isso não quer dizer que para uma
igreja ter eficácia em sua missão educacional seu líder ou membros devam
necessariamente serem filósofos ou algo parecido. Não! Quando falamos de uma
filosofia da educação ou de qualquer outra ciência, seja ela empírica ou não,
estamos nos referindo aos princípios que governam determinada disciplina ou
ciência. Isso é muito importante porque determinará a forma como enxergamos o
mundo à nossa volta. Na verdade, todo sistema possui sua ideologia ou forma de enxergar
as coisas. Os comunistas, por exemplo, viam o mundo como matéria e essa forma
de ver as coisas levou-os a negar a realidade do espírito e a formar uma
sociedade de ateus. Por outro lado, muitas filosofias orientais atualmente fazem
exatamente o oposto, negam a existência da matéria e afirmam somente a
existência do espírito.
A
educação ocidental, da qual fazemos parte, tem sido dominada por dois paradigmas
educacionais - o moderno, que nos modelou nos últimos três séculos, e o
pós-moderno, que está procurando se firmar a partir dos anos 70.0 paradigma da
modernidade, também conhecido como cientificista ou cartesiano, foi o
responsável por uma educação mais técnica, mais racional e menos humanizada. Por
outro lado, o modelo pós-moderno ou ainda holista busca formar uma consciência sistêmica
do mundo. A educação pós-moderna não está interessada apenas nas partes como os
modernos queriam, mas sobretudo no todo.
É
bom lembrar que nenhum modelo ou paradigma científico ou educacional é
perfeito. Observo hoje que se tenta jogar pedra no modelo cartesiano, como se
nada produzido pela modernidade prestasse mais, que ficou obsoleto e que, por
isso, deve ser totalmente abandonado.
Se
fala hoje que um modelo de educação para sei' eficaz precisa ser construtivista,
interacionista, sociocultural e transcendente. Eu também acredito, mas como
educador não posso aceitar como válidas todas as implicações geradas por essa
cosmovisão. Explico. Quando se fala, por exemplo, numa educação construtivista,
a ideia é aquela do aluno "fazendo sozinho", isto é, ele mesmo vai
construindo seus próprios valores. Isto se explica quando se sabe que nessa
forma de enxergar o mundo não existe valores absolutos e que, por isso, ninguém
tem o direito de impor sua verdade ou verdades a ninguém.
O
mesmo pode ser dito quanto se fala em uma educação sistêmica, que é ao mesmo
tempo interacionista, sociocultural e transcendente. A ideia aqui é de um
universo panteísta onde o homem se funde com a própria natureza e esta com Deus
ou deuses. Tudo faz parte de um único todo, desaparecendo quase por completo a
ideia de sujeito e objeto construído na modernidade. Isso, supostamente, estaria
provado pela física quântica e pelo princípio da incerteza. Nada agora é
absoluto e definitivo, tudo é relativo e depende de quem analisa os fenômenos.
Vamos
filtrar o que eu disse e trazer isso para uma compreensão mais simples. Quando estive
naquela igreja a qual já me referi anteriormente, pude ver que o pastor dela possui
a cosmovisão correta da vida. Isso é mais verdade ainda em relação ao ensino cristão.
Por acreditar que o crente necessita formar valores cristãos que são
fundamentais na sua vida social e espiritual, ele investiu pesado no ensino
teológico sistematizado através da ED.
Se
o pastor não gosta do ensino sistemático da Bíblia e não se envolve com ele,
fatalmente a sua ED será um colapso. E necessário o engajamento do pastor na
ED. É por isso que falei que necessitamos ter uma correta filosofia ou
cosmovisão da educação.
Um
pastor que não se envolve com a ED, às vezes, nem mesmo assiste à Escola
Dominical da sua igreja, revela não ter uma correta compreensão da importância
do ensino cristão. O que é pior: isso se refletirá em toda a igreja que
produzirá crentes com problema de crescimento espiritual ou com caráter deformado.
Uma tragédia.
José Gonçalves é
pastor em Teresina (PI), escritor e comentaristas das Lições Bíblicas de jovens
e alunos.
FONTE:
Revista Ensinador. Editora CPAD.N°42. pag. 30-31.
COMBATENDO A EVASÃO ESCOLAR
Parte 2.
1. 0 educando
Uma
ED, para ser eficaz evidentemente necessita possuir uma correta compreensão da
importância do educando. Os modelos convencionais de educação colocavam como
ator principal no processo educacional a figura do educador. O educando ou
aluno era apenas receptor do conhecimento ou conteúdo que eram despejados nele.
Com o passar dos anos, se verificou a anomalia desse processo. O educando passa
agora a ser o ator principal da educação. Mas, há uma coisa que devemos prestar
bem atenção nesse pensamento. As teorias em voga hoje em dia que exaltam a
figura do educando mais do que a do educador estão impregnadas de conceitos
anticristãos. A ideia é que o homem é um ser produto da evolução das espécies,
destituído de valores espirituais e até mesmo morais.
A
sua vida será construída por ele mesmo e, por isso, o educador precisa ter
muito cuidado para não interferir ou interferir o mínimo possível nesse
processo. É aí que os princípios religiosos se tomam uma ameaça para esse
modelo educacional. O homem deve ser educado tomando por base apenas
fundamentos humanistas e, quando quiser, se quiser, adotará valores espirituais
que julgar necessários. É por isso que o ensino e símbolos religiosos estão
sendo suprimidos do processo educacional.
Feita
essa observação, devemos, a bem da verdade, dizer que o aluno merece atenção
especial. Quando observo que uma ED está agonizando, logo verifico que ali não
se possui uma compreensão correta do papel do educando. O aluno é negligenciado
ou esquecido. Isso pode ser visto na estrutura arquitetônica de nossas igrejas,
que muitas vezes não possuem salas de aulas adequadas para os alunos. Em muitos
casos, porque não se acha isso importante. No outro lado, está a falta de
preparo adequado por parte dos professores.
2. O educador
Antônio
Vieira, famoso escritor do século 17, fez uma pergunta para em seguida responder.
Após analisar a parábola do Semeador, Vieira conclui que a razão da semente não
frutificar em determinados tipos de solos não foi culpa de Deus. De quem seria
então a culpa? "Sendo pois certo de que a Palavra divina não deixa de frutificar
por parte de Deus; segue-se que ou é por falta do pregador, ou por falta dos ouvintes.
Por qual será? Os pregadores deitam a culpa aos ouvintes, mas não é assim. Se
fora por parte dos ouvintes, não fizera a Palavra de Deus muito grande fruto,
mas não fazer nenhum fruto, e nenhum efeito, não é por parte dos ouvintes. Provo.
Os ouvintes ou são maus ou são bons: se são bons, faz neles grande fruto a
Palavra de Deus; se são maus, ainda que não faça neles fruto, faz efeito (...)
Supostas estas duas demonstrações; suposto que o fruto e efeitos da Palavra de
Deus, não fica, nem por parte de Deus, nem por parte dos ouvintes, segue-se por
consequência clara que fica por parte do pregador. E assim é. Sabeis, cristãos,
porque não faz fruto a Palavra de Deus? Por culpa dos pregadores. Sabeis,
pregadores, porque não faz fruto a Palavra de Deus? Por culpa nossa" (Antônio
Vieira, Sermão da Sexagésima, Ed. Lelo & Irmãos, Porto, Portugal).
Se
trocássemos a palavra "pregador" por "educador" ou ainda
"pastor", dava no mesmo. Muitas escolas dominicais não funcionam por
culpa dos pastores.
Lógico
que isso é uma exceção, mas é uma verdade. Se o pastor não acompanha a PD, como
ele irá fazer uma correta avaliação das classes? Como ele* saberá que professor
necessita ser reciclado ou até mesmo substituído? Se o pastor acompanha de
perto o desenvolvimento de sua ED, ele terá condições de por à frente do
trabalho um superintendente de ED à altura. Já substituí colegas em igrejas
que, mesmo sendo homens sem muita cultura, demonstravam um grande cuidado com a
ED. O resultado era uma Escola Dominical bem assistida. Se o obreiro não
demonstra essa interação com a igreja e a ED, então ele terá como frequência na
Escola Dominical apenas Pedro, Tiago e João.
José Gonçalves é
pastor em Teresina (PI), escritor e comentarista das Lições Bíblicas de jovens
e alunos.
FONTE:
Revista Ensinador. Editora CPAD.N°43. pag. 30.
"Tenho um acervo com mais de 5 mil LIVROS, para compartilhar." A paz do Senhor, irmão! Esses livros que você menciona estão digitalizados? Como faço para ter acesso? Grata, Deus o abençoe, pois seus comentários sobre as lições são muito bons.
ResponderExcluirA paz do Senhor, peço a irmã que entre em contato comigo atravé de E-mail na pagina CONTATO.
ResponderExcluirDeus te abençoe.