CONTRAPONDO A ARROGÂNCIA COM A HUMILDADE
Data 17 de Novembro de
2013 HINOS SUGERIDOS 244,
289, 337.
TEXTO ÁUREO
“A
soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda’’(Pv 16.18).
VERDADE PRATICA
A
humildade é uma virtude que deve ser zelosamente cultivada, pois a arrogância
leva à destruição e à morte eterna.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Pv 11.2 A humildade afasta a soberba
Terça - Pv 16.5 Deus abomina os soberbos
Quarta - Pv 16.18 A soberba precede a queda
Quinta - Pv 22.4 A humildade será galardoada
Sexta - Pv 14.31 Deus honra quem socorre os humildes
Sábado - Pv 3.34; Tg 4.6 Deus resiste ao soberbo, mas dá graça aos
humildes
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Provérbios
8.13-21
13
- 0 temor do Senhor é aborrecer o mal; a soberba, e a arrogância, e o mau
caminho, e a boca perversa aborreço.
14
- Meu é o conselho e a verdadeira sabedoria; eu sou o entendimento, minha é a
fortaleza.
15 - Por mim, reinam os reis, e os príncipes ordenam justiça.
16
- Por mim governam os príncipes e os nobres; sim, todos os juízes da terra.
17
- Eu amo os que me amam, e os que de madrugada me buscam me acharão.
18
- Riquezas e honra estão comigo; sim, riquezas duráveis e justiça.
19
- Melhor é o meu fruto do que o ouro, sim, do que o ouro refinado; e as minhas
novidades, melhores do que a prata escolhida.
20
- Faço andar pelo caminho da justiça, no meio das veredas do juízo.
21
- Para fazer herdar bens permanentes aos que me amam e encher os seus tesouros.
INTERAÇÃO
A
epístola do apóstolo Paulo aos filipenses descreve o despojamento do Senhor
Jesus. Leia e medite no texto de Filipenses 2.4-8. Imagine, o Deus Todo-Poderoso
humilhando-se e sujeitando-se à morte de cruz. E nós, seres humanos
imperfeitos, quantos vezes nos exaltamos com coisas banais?
A
lição desta semana convida-nos a ter o mesmo sentimento de Jesus. A mesma
disposição em despojar-nos de nós mesmos. Somente pela prática da humildade
poderemos contrapor o veneno da arrogância.
OBJETIVOS
Após
a aula, o aluno deverá estar apto a:
Dissertar sobre a relação entre
a humildade e a arrogância.
Explicar os contrastes
ilustrativos: o sábio e o insensato; o justo e o injusto; o rico e o pobre; o
príncipe e o escravo.
Cultivar a virtude da
humildade e rejeitar a arrogância.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor,
reproduza na lousa, o quadro da página seguinte. Para introduzir a lição desta
semana inicie a aula com a seguinte pergunta: “Que atitudes humanas refletem a
humildade e a arrogância?” Ouça os alunos com atenção. À medida que forem
falando preencha as colunas. Em seguida, afirme que o Evangelho nos desafia a
viver um estilo de vida humilde. Por isso, devemos tomar uma firme resolução de
rejeitar as atitudes que caracterizam a arrogância e cultivar as virtudes da
humildade. Esta atividade permitirá uma participação ativa do aluno e a sua
aprendizagem será eficaz.
PALAVRA-CHAVE
Humildade: Qualidade de humilde. Virtude caracterizada pela
consciência das próprias limitações.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A
humildade, a honra e a coragem são a base do bom relacionamento entre as pessoas.
Mas a arrogância, a desonra e a covardia são a causa de inimizades e conflitos.
Nesta lição, veremos a relação entre a humildade e a arrogância à luz de alguns
contrastes bastante didáticos e ilustrativos: o sábio e o insensato, o justo e
o injusto, o rico e o pobre, o príncipe e o escravo.
Em
qual grupo você se encontra? É hora de aplicarmos à nossa vida as preciosas
lições do livro de Provérbios.
I - O
SÁBIO VERSUS O INSENSATO
1. Sabedoria e
humildade. A
sabedoria é entendida como a aplicação correta do conhecimento em nosso dia a
dia. Em Provérbios, ela é vista como um antídoto contra a arrogância. Daí a
insistência do sábio em que se busque adquirir a sabedoria (Pv 16.16). A
sabedoria retratada em Provérbios demonstra ser eficaz contra a arrogância e a
soberba, pois quem é sábio age com humildade (Pv 1 1.2).
Em
o Novo Testamento, o apóstolo Paulo sabia dessa verdade e, por isso, orou para
que o Senhor concedesse aos crentes '“espírito de sabedoria e de revelação” (Ef
1.1 7).
2. Insensatez, arrogância
e altivez.
Na visão de Provérbios, o arrogante é uma pessoa insensata e desprovida de
qualquer lucidez e bom senso. Verdadeiramente, o arrogante está pronto a fazer
o mal, pois age com soberba e altivez (Pv 6.1 8). É uma pessoa inexperiente,
sem domínio próprio (Pv 25.28), ingênuo (Pv 27.1 2), sem bom-senso (Pv 27.7) e
que se comporta como um animal ou um bêbado (Pv 26.3,9).
Por
isso, o insensato não pode ser designado para um serviço (Pv 26.6,10). Ele é
fanfarrão, preguiçoso e incorrigível (Pv 25.14; 26.1 1,1 3-26; 27.22). Sua
presença é
um perigo, pois além de falso e maldizente é ignorante (Pv 26.18- 22).
Ele não age com a razão e não sabe controlar a própria vontade, sendo,
portanto, uma abominação para o Senhor (Pv 1 6.5),
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
O
que caracteriza o sábio é a sua atitude de humildade e sensatez; mas o
insensato é altivo e arrogante, desprovido de qualquer lucidez e bom senso.
II - O
JUSTO VERSUS O INJUSTO
1. Justiça e
humildade.
Em Provérbios, a humildade e a justiça são inseparáveis. Ali, o princípio de
vida proposto pelo sábio é simples: quem é justo deve agir com humildade, quem
é humilde deve agir com justiça. Salomão, ainda bem jovem, pediu humildemente
sabedoria a Deus para governar Israel com justiça (1 Rs 3.7-10). Ele queria que
a justiça alcançasse todo o seu reino (Pv 1.1-3).
A
pessoa humilde e justa sabe que a justiça vem diretamente de Deus (Pv 29.26).
Por isso, ela deve ser amorosa e sabiamente exercitada.
2. Injustiça e
arrogância.
A insensatez e a arrogância são categorias morais que aparecem associadas à
prática da injustiça. Nenhum arrogante agirá com humildade e tampouco o injusto
procederá com justiça. O arrogante possui uma escala de valores distorcida e
não se dá conta dos malefícios das suas ações. O pior é que ele não possui
humildade para reconhecer o fato.
A
palavra hebraica para “arrogante” é gabahh, que significa orgulhoso, alto e
exaltado. Por outro lado, o termo hebraico traduzido como “humildade” vem da
raiz de um vocábulo que significa afligir, oprimir e humilhar. Na prática, a
Bíblia nos mostra que quem se sente acima dos outros pode ser tentado a|
pisá-los, oprimi-los e humilhá-los, e essas são atitudes impensáveis para um
servo de Deus.
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Segundo
o livro dos Provérbios, do justo se espera justiça e humildade, mas do injusto,
injustiça e arrogância.
III - O
RICO VERSUS O POBRE
1. Riqueza e
arrogância. Uma
primeira leitura de Provérbios deixa claro que Deus condena tanto a riqueza
adquirida por meios injustos, como a pobreza gerada pela preguiça. Por isso, a
riqueza pode ser fruto da justiça, e a pobreza, às vezes, resultado da indolência
e do ócio (Pv 28.1 9,20; 29.3). Ninguém, portanto, deve ser elogiado meramente
por ser pobre nem tampouco estigmatizado por ser rico.
Salomão,
contudo, sabe que os muitos bens do rico podem levá-lo à prepotência e à
arrogância (Pv 1 8.23).
2. Pobreza e
humildade. Devemos
considerar, também, que "há um tipo de pobreza que é resultado de um
determinado contexto sócio-histórico (Pv 28.6). Em Provérbios é evidente que os
sábios demonstram uma preferência pelo pobre. Este, mesmo não tendo uma vida
econômica confortável, age com integridade e justiça (Pv 28.11). Tal pobre é
identificado como sábio, pois ele sabe que os valores divinos são melhores que
as riquezas (Pv 22.1; 23.5).
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
Uma
leitura de Provérbios deixa claro que Deus condena tanto a riqueza adquirida
por meios injustos, quanto à pobreza gerada pela preguiça.
IV - O
PRÍNCIPE VERSUS O ESCRAVO
1. Realeza:
arrogância e humildade. Quando o livro de Provérbios foi escrito, a nação de
Israel era uma monarquia. Nesta, a figura do rei recebe destaque especial. Em
Israel, isso não seria diferente. Salomão era rei e sabia que, para governar,
precisava da sabedoria divina, a fim de discernir entre o bem e o mal (1 Rs 3.1-10).
A sabedoria (Pv 17.7) e a sobriedade (Pv 31.4) são elementos indispensáveis ao
rei para exercer a justiça e promover o bem-estar social de seu povo (Pv 29.4).
O
governante que teme a Deus dará mais atenção ao pobre e ao humilde. Agindo
assim, será abençoado perpetuamente (Pv 29.14). Mas o que não teme ao Senhor
procederá arrogante e perversamente (Pv 29.2).
2. Escravidão:
humildade e realeza.
A verdade de Provérbios 17.2 se cumpriu quando Jeroboão, servo de Salomão,
tornou-se príncipe das dez tribos do Norte de Israel (1 Rs 12.16- 25). Mas um
sentido metafórico e interessante para destacarmos nesse texto é que as pessoas
provenientes de uma condição humilde, quando agem com prudência, sobressaem-se
aos arrogantes. Os que, porém, desprezam a humildade, quando chegam ao topo
agem como os soberbos.
Um
ditado popular descreve isso com precisão: "Dê poder ao homem e você
saberá o seu verdadeiro caráter”. Tudo é uma questão de princípios, de atitudes
e de caráter. Para que este se forme no indivíduo não depende da sua classe
social, mas dos valores que lhe são germinados desde a mais tenra idade. Tudo é
uma questão de princípios e de atitudes!
Que
o pobre, ao tornar-se rico, não se esqueça de sua origem. Os seus valores lhe
dirão o que ele se tornará: uma pessoa arrogante e egoísta ou alguém compassivo
e generoso.
SINOPSE
DO TÓPICO (4)
A
monarquia caracteriza-se pela prepotência e a exuberância do seu reino. Mas o
governante que teme ao Senhor dará maior atenção ao pobre e ao humilde.
CONCLUSÃO
Na
presente lição, vimos os contrastes entre o sábio e o insensato, entre o justo
e o injusto, entre o rico e o pobre e entre o príncipe e o escravo. Estudamos
também que a humildade ou a arrogância distinguirão uma pessoa da outra.
A
Bíblia nos orienta a cultivarmos a virtude da humildade e a rejeitarmos a
arrogância, pois “Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes” (Tg
4.6).
VOCABULÁRIO
Versus:
Contra; em comparação com; em relação a; alternativamente a.
Estigmatizado:
Que ou aquele que se estigmatizou; marcado ou cicatrizado de uma ferida.
Sócio-Histórico: Relativo aos fatos ou circunstâncias sociais que fazem a
história de uma sociedade.
Audazes:
Quem realiza ações difíceis, afronta obstáculos e situações difíceis.
Exuberância:
Fartura ou superabundância.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Vida Cristã “Humildade
Os
humildes não reivindicam autoridade absoluta. Não fingem ter uma sabedoria
perfeita. A palavra humildade deriva da palavra latina humus, que significa
‘solo’ e ‘terra’. Os atos de humildade não soam com as palavras ‘eu tenho’. Sua
música começa com ‘eu venho do pó’. Tanto em meio à crise quanto à bonança, a
maneira como agem proclama ‘eu sou limitado. Não possuo todo o conhecimento,
toda a força, todas as habilidades e nunca possuirei’. Tenham eles lido as
Escrituras profundamente ou não, eles conhecem em seus corações a sabedoria que
se encontra nelas [...].
Agir
com humildade não é de modo algum intimidar-se ou esquivar-se. Na verdade,
quando se tem de lidar com questões difíceis, os humildes sempre se tornam os
mais audazes. Conhecendo suas limitações, eles ficam livres de qualquer
necessidade de fingir ser mais do que na verdade são. Conhecendo seu lugar em
relação àquele que conhece a todos, eles se abrem a Deus e aos outros de um
jeito que o orgulho jamais permitiria. Eles possuem uma forma de liderança que
brota de raízes completamente diferentes das que alimentam o ‘eu tenho’. Sua
liderança é nova e revigorante” (DOUGHTY, Steve. Vivendo Com Integridade: Liderança espiritual em tempos de crise.
l. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp.60-61).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Vida Cristã
“Você Tem Sede de
Poder?
Quem
são os sedentos de poder? Como saberemos se essas tendências estão adormecidas
em nossos corações, esperando apenas a oportunidade certa para subir à
superfície?
Certos
traços são comuns à maioria das pessoas que aspiram ao poder. Essas
características estão bem escondidas sob um manto de engano. Assim fica difícil
identificá-las, até que a ânsia pelo poder tenha afetado negativamente sua
vítima.
Algumas
destas se aplicam a você?
Você deixa de falar
quando algo está errado, a fim de proteger sua posição.
Você
sempre reluta em tomar posição num caso cujo resultado não seja proveitoso para
sua pessoa.
Você
tem a consciência embotada quanto a algumas coisas que estão certas ou erradas?
Está sempre tão certo de que tem razão, que jamais lhe ocorre ser errado o seu
silêncio.
[...]
Temos ordem para não deixar de fazer o que sabemos ser o certo. Devemos levar a
sério o mal que outros fazem ao rebanho da humanidade. Precisamos alertar as
pessoas com cautela. E esperar humildemente sermos lembrados das nossas
palavras ao vermos os erros alheios [...].
Você tem um espírito
altivo.
Arrogância,
poder e mentira andam de mãos dadas. Eles pertencem à mesma gangue e protegem o
seu território mediante o engano.
Você
não tem de prestar contas a ninguém. Seu lema é: ‘Se parecer bom para você,
faça!’ Contanto que obtenha o que quer, é isso que importa.
Você mente ou faz o
que é necessário para conservar sua posição de poder.
Sei
por experiência pessoal e pela observação de outros que, na busca pelo poder,
estamos dispostos a pagar qualquer preço. Quando você tem sede de poder - e
pensa nele - começa então a manipular situações e pessoas em sua mente"
(DORTCH, Richard W. Orgulho Fatal: Um
ousado desafio a este mundo faminto de poder. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD,
1996, pp. 59,61,63,64).
EXERCÍCIOS
1.
Segundo a lição, como a sabedoria é vista no livro de Provérbios?
R:
Como um antídoto contra a arrogância.
2.
Quem é o arrogante na visão do livro de Provérbios?
R:
O arrogante é uma pessoa insensata e desprovida de qualquer lucidez e bom
senso.
3.
Qual o princípio de vida proposto pelo sábio?
R:
Quem é justo deve agir com humildade, quem é humilde deve agir com justiça.
4.
Como os Provérbios condenam a “riqueza” e a “pobreza"?
R:
Deus condena tanto a riqueza adquirida por meios injustos, como a pobreza
gerada pela preguiça.
5.
De acordo com a lição, a quem um governante temente a Deus dará mais atenção em
seu governo?
R:
Ao pobre e ao humilde.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
DORTCH,
Richard W. Orgulho Fatal: Um ousado
desafio a este mundo faminto de poder. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1 996.
GILBERTO, Antônio. O Fruto do Espírito: A
Plenitude de Cristo na vida do crente. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n° 56, p.39.
Contrapondo a
Arrogância com a Humildade.
Muitos
ainda confundem humildade com a falta de bens e recursos materiais. Porém,
humildade não tem nada a ver com os bens materiais que uma pessoa possui. Ser
humilde é ser consciente das fraquezas, falhas, erros, imperfeições. Humildade
também não é complexo de inferioridade. Muitos não têm uma auto- estima
saudável e acabam adoecendo e confundido humildade com baixa autoestima. Quando
uma pessoa não tem uma visão correta de si mesma, ela corre o perigo de
desenvolver um complexo de inferioridade ou de se tornar uma pessoa altiva,
arrogante, soberba. Deus pode e quer curar a forma como nos vemos.
A
humildade nas Sagradas Escrituras está associada a uma atitude mental de que
tudo que temos ou somos vem do Senhor. O apóstolo Pedro exorta-nos a que
venhamos nos revestir de humildade (1 Pe 5.5). O livro de Provérbios exorta-nos
a trilhar o caminho da humildade (Pv 15.33; 18.12; 22.4). Jesus, enquanto homem
perfeito, é nosso maior exemplo de humildade (Mt 11.29). O Mestre não apenas
falou, ensinou a respeito do assunto. Ele deu uma lição prática aos discípulos
e a nós a respeito do que é ser humilde (Jo 13.3-16). Outra importante passagem
cristológica que trata do assunto em o Novo Testamento é encontrada em
Filipenses 2.5-11.
A
soberba é o antônimo da humildade, e segundo o livro de Provérbios a arrogância
evidencia a insensatez de uma pessoa. O temor ao Senhor é o princípio da
sabedoria (Pv 1.7), logo quem teme a Deus aborrece o mal; a soberba e a
arrogância (Pv 8.13). O temor ao Senhor é um antídoto contra o mal (Pv 16.6).
Sem o reverente temor, nos tornamos vulneráveis ao mal, ao pecado.
A
soberba não somente desagrada a Deus, mas ela destrói nossos relacionamentos e
a nós mesmos. Salomão já era rei quando reconheceu que sem Deus não teria
condição de governar o seu povo com justiça. Ele num gesto de humildade pede a
Deus sabedoria, pois reconheceu suas limitações. O soberbo não consegue
reconhecer suas deficiências.
Atualmente
falamos muito a respeito de aviva- mento. Realmente precisamos de um, porém uma
das condições para experimentarmos um avivamento genuíno é a humilhação. Isso
mesmo. Observe o que nos diz 2 Crônicas 7.14: "E se o meu povo, que se
chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face [...].
Que
tenhamos consciência de que Deus resiste e continuará resistindo aos soberbos
(Tg 4.6). Todavia, o Pai Celeste dá e dará graças àqueles que têm o coração quebrantado
e contrito, que se chega a Ele com humildade.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
No livro de minha
autoria, Por que Caem os Valentes?, escrevi sobre as fontes da moralidade
ocidental. Destaquei que esse fundamento se firma em um desses tripés: Deus, a
natureza ou o homem. A construção da moralidade ocidental, portanto, oscila
entre aquilo que é relativo e o que é absoluto. Muitos filósofos não pouparam
nem tinta nem papel para discorrer sobre esse assunto. O mais impetuoso deles
foi Friedrich Nietzsche.'
Na sua análise sobre
os valores, Nietzsche atacou duramente os pensadores gregos Sócrates e Platão,
acusando-os de “domesticar” o ser humano por meio de princípios morais. Para
ele, antes desses dois pensadores, o homem primitivo não seguia a normas morais
inventadas, mas agia de acordo com seus instintos. Prevalecia então o que ele
denominava de “vontade de potência”. Nietzsche, para ilustrar o seu pensamento,
recorreu a dois personagens da mitologia grega — os deuses Apoio e Dionísio. Na
mitologia grega, Dionísio é a imagem da força instintiva, é a fonte dos
prazeres e da paixão sensual. Por outro lado, Apoio é o deus da moderação,
aquilo que faz as coisas seguirem o seu equilíbrio. Para ele, o que Sócrates e
Platão fizeram foi “anular” o lado dionisíaco do homem, negando seus instintos
e afirmando somente o seu lado racional. Essa “anulação” foi feita através de
princípios morais ardilosamente inventados. Em seu famoso livro, A Genealogia
da Moral, ele procura provar que todos os valores morais são criação do próprio
homem. Nietzsche acusou também os cristãos de anular esse lado dionisíaco do
homem, implantando aquilo que ele denominava de “moral de escravo”. Na sua
fúria contra o cristianismo, esse pensador chegou a chamar o apóstolo Paulo de
“o mais sanguinário dos apóstolos”. Mas o seu furor contra os valores morais
cristãos está bem sintetizado nessa frase de sua autoria: “Sócrates foi um
equívoco, toda a moral do aperfeiçoamento, inclusive a cristã, foi um equívoco”.
Por que essa análise
sobre a construção do pensamento nietzschiano é importante quando estudamos a
humildade no contexto dos Provérbios? Porque assim como a coragem é uma
virtude, a humildade também o é. Se por um lado Nietzsche acaba por incentivar
a arrogância, por outro lado Salomão exalta a humildade. “Antes da ruína,
gaba-se o coração do homem, e diante da honra vai a humildade” (Pv 18.12); “A
soberba precede a ruína e a altivez
de espírito a queda”
(Pv 16.18). Como podemos observar, não há espaço para a virtude da humildade dentro
da filosofia nietzschiana. Em vez disso ele exalta a “vontade de potência”,
como um valor a ser cultivado por todos que querem viver com autenticidade.
Dentro desse modelo distorcido, a arrogância e não a humildade seria o alvo a
ser alcançado.
Por natureza, o homem
que não conhece a Deus é arrogante. A arrogância é uma marca distintiva da
natureza humana não regenerada. Na história bíblica há o registro de vários
aconteci mentos em que a arrogância, a prepotência e a presunção estão
presentes na vida de homens sem Deus.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 79-81.
O RELATIVISMO MORAL E A QUEDA DOS VALENTES
"Não há nenhum
relativista que goste de ser tratado relativamente."
Josh MacDowell
Séculos após séculos
o padrão moral da civilização ocidental vem sofrendo corrosão. O impacto
provocado por essa relatividade da cultura têm surtido um efeito devastador. A
linha divisória entre o moral e o imoral é cada vez mais tênue. Sem padrões
morais bem definidos, o valente está à mercê das investidas do Diabo. Ainda me
lembro de que quando fazia faculdade de filosofia em uma Universidade Federal,
tínhamos uma professora de história da filosofia que era uma verdadeira
sumidade. Todos gostavam das suas aulas, ela se destacava dos demais
professores graças a sua erudição. Certa vez, durante uma de suas aulas,
exaltava o pensamento de determinado filósofo. Quando eu e outros colegas nos
posicionamos contrariamente àquele pensamento, ela esbravejou: "Eu não
aceito juízo de valores". Podíamos tudo, menos emitir uma ideia contrária
ao pensamento daquele filósofo a quem ela fizera referência. Por quê? Por que
tudo era relativo, não havia verdades absolutas, ninguém segundo ela podia
dizer que estava com a verdade.
Afinal, não há um
certo e um errado? É impossível falarmos de valores que norteiam a vida do
cristão, sem nos referirmos a problematicidade da ética e da moral.
Mas o que é moral? Ou
em palavras mais simples: o que é certo e o que é errado? É possível
estabelecermos um padrão que distinga o certo do errado?
A discussão em torno
dos problemas éticos e morais não é nova. Aristóteles escreveu um volumoso
tratado em dez volumes denominado de "Ética a Nicômaco", no qual
trata em minúcias dos problemas éticos. Todavia, muito tempo antes do filósofo
grego, Hamurabi (século XVIII a. C.) deu ao mundo o seu famoso "Código de
Hamurabi", um tratado sobre problemas éticos, jurídicos e morais. No
Antigo Testamento, encontramos o Pentateuco, obra escrita pelo legislador
hebreu Moisés, onde nos seus cinco livros encontra-se uma vasta explanação
acerca de problemas éticos e morais.
Adolfo Sanchez
Vazquez faz distinção entre ética e moral. Para esse filósofo mexicano, a ética
"é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em
sociedade", enquanto a moral "é um conjunto de normas, aceitas livre
e conscientemente, que regulam o comportamento individual e social dos
homens".
Pela definição de
Vazquez, a moral seria aquilo que está no campo da prática — normas sociais que
regulam o nosso dia-a-dia — e a ética, uma reflexão acerca dessa prática moral.
Em palavras mais simples, a ética e a moral se complementam, enquanto uma (a
moral) regula as nossas ações em sociedade, a outra (ética) reflete sobre o
significado dessa ação.
Pois bem, tudo que
falamos até aqui nos leva a um outro questionamento não menos importante: qual
a origem da ética e da moral? Em outras palavras, qual a origem ou a causa dos
nossos valores?
A Fonte da Moral
Ao longo da história,
três fontes são dadas como originadoras do comportamento moral: Deus, a
natureza e o homem.
Deus - Se Deus é a
origem de nosso comportamento moral, isso significa dizer que nesse caso a
moral é algo exterior ao homem, isto é, a moral não é criação humana, mas algo
que lhe é dado. A moral baseada na divindade é uma moral revelada, que
transcende ao próprio homem. Podemos denominá-la de moral vertical.
Natureza - A crença
de que o homem em nada difere das outras coisas criadas gerou uma moralidade
horizontalizada. O instinto biológico seria então o agente regulador do
comportamento moral humano. Com o advento do pós-modernismo, corrente
filosófica que ganhou força a partir das décadas de 60 e 70, esse pensamento
ficou em evidência. Para os holístas, o homem deve estar em perfeita harmonia
com a natureza, afinal é um todo harmônico, dizem.
O homem - Nesse caso
os valores morais são criação do próprio homem. É o homem quem estabelece os
valores. Mais adiante neste trabalho, veremos como essa forma de pensar
influenciou drasticamente o pensamento ocidental.
Valores Absolutos e
Relativos
Definir o que é
absoluto e o que é relativo tem sido um desafio, tanto para a teologia como
para a filosofia.
Podemos dizer que um
valor é absoluto quando ele vale para todos os povos, em todas as épocas e em
todos os lugares; por outro lado o valor relativo seria o oposto disso. Um
valor absoluto tem validação universal, enquanto aquilo que se é relativo não
goza dessa prerrogativa. É contingente ou circunstancial.
Na Grécia antiga,
surgiu uma escola filosófica denominada "A Sofistica" (os sábios). O
seu principal expoente foi Protágoras de Abdera (490-410 a. C). Não há como
negar que Protágoras é o pai do relativismo ocidental. Ele negava que houvesse
valores absolutos e eternos. Segundo ele, todos os valores são humanos. É
conhecida a frase atribuída a ele: "O homem é a medida de todas as
coisas". E interessante conhecermos melhor o pensamento desse filósofo
grego, para entendermos o que acontece hoje em nossa cultura no que diz
respeito aos valores morais.
Giovanni Reale,
famoso historiador da filosofia, comenta sobre Protágoras:
A proposta basilar do
pensamento de Protágoras era o axioma: "O homem é a medida de todas as
coisas, daquelas que são por aquilo que são e daquelas que não são por aquilo
que não são". Por medida, Protágoras entendia a "norma de
juízo", enquanto por todas as coisas entendia todos os fatos e todas as
experiências em geral. Tornando-se muito célebre, o axioma foi considerado — e
efetivamente é — quase a magna carta do relativismo Ocidental. Com esse
princípio, Protágoras pretendia negar a existência de um critério absoluto que
discriminasse o verdadeiro e o falso.
O único critério é
somente o homem, o homem individual: "Tal como cada coisa aparece para
mim, tal ela é para mim; tal como aparece para ti, tal é para ti". Este
vento que está soprando, por exemplo, é frio ou quente? Segundo o critério de
Protágoras, a resposta é a seguinte: "Para quem está com frio, é frio;
para quem não está, não é". Então, sendo assim, ninguém está no erro, mas
todos estão com a verdade (a sua verdade).
A Genealogia da Moral
Esse relativismo
radical de Protágoras influenciou muitos pensadores. O alemão Friedrich
Nietzsch (1844 - 1900) absorveu profundamente a filosofia de Protágoras. Ele tornou-se
um dos mais fortes inimigos da moral cristã. A sua filosofia influenciou e
continua influenciando o mundo acadêmico.
Nietzsch atacou
duramente os pensadores gregos Sócrates e Platão, acusando-os de
"domesticar" o ser humano através de princípios morais. Para ele,
antes desses dois pensadores, o homem primitivo não seguia a normas morais
inventadas, mas agia de acordo com seus instintos. Prevalecia então o que ele
denominava de "vontade de potência". Nietzsch, para ilustrar o seu
pensamento recorreu a duas personagens da mitologia grega — os deuses Apoio e
Dionísio. Na mitologia grega, Dionísio é a imagem da força instintiva, é a
fonte dos prazeres e da paixão sensual. Por outro lado, Apoio é o deus da
moderação, aquilo que faz as coisas seguirem o seu equilíbrio. Para ele, o que
Sócrates e Platão fizeram foi "anular" o lado dionisíaco do homem,
negando seus instintos e afirmando somente o seu lado racional. Essa
"anulação" foi feita através de princípios morais ardilosamente inventados.
Em seu famoso livro: A Genealogia da Moral, ele procura provar que todos os
valores morais são criação do próprio homem.
Nietzsch acusou
também os cristãos de anular esse lado dionisíaco do homem, implantando aquilo
que ele denominava de "moral de escravo". Na sua fúria contra o
cristianismo, esse pensador chegou a chamar o apóstolo Paulo de "o mais
sanguinário dos apóstolos". Mas o seu furor contra os valores morais
cristãos está bem sintetizado nessa frase de sua autoria: "Sócrates foi um
equívoco, toda a moral do aperfeiçoamento, inclusive a cristã, foi um
equívoco".
O Existencialismo e o
Relativismo
Um outro pensador que
influenciou grandemente a nossa cultura foi Jean, Paul Sartre (1905-1980).
Sartre sofreu influências diretamente de Heidegger e indiretamente de Nietzsch.
Sartre afirmou:
Se Deus não
existisse, tudo seria permitido. Ai se situa o ponto de partida do
existencialismo. Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe, fica o homem,
por conseguinte, abandonado, já que não encontra em si, nem fora de si, uma
possibilidade a que se apegar [...] Se por outro lado Deus não existe, não
encontramos diante de nós valores ou imposições ou desculpas [...] o
existencialismo não pensará que o homem pode encontrar auxílio num sinal dado
sobre a terra, e que o há de orientar, porque pensa que o homem o decifra mesmo
esse sinal como lhe aprouver.
A moral sartriana não
necessita de um ser transcendente, ela é construída a partir da existência do
próprio homem.
A Fonte da Moral
Cristã
Vemos, pois, que a
problemática ético e moral está centrada naquilo que a fundamenta, ou seja, em
sua origem. Foi Schopenhauer (1788-1860) quem disse: "Pregar a moral é
fácil, fundamentar a moral é difícil".
Como vimos, quando
Deus não é a fonte ou origem dos valores morais, nós não temos uma base sólida
para fundamentá-la. Para nós cristãos, o alicerce de nossos valores morais está
em Deus, não em um deus qualquer, mas no Deus que se revelou ao longo da
história (Gn 12.1-3; Êx 3.1-12). Essa revelação está codificada na Bíblia
Sagrada, nossa única regra de fé e prática. Para o Cristão, há sim um modelo ou
paradigma para as questões morais - Deus.
Assim sendo, o
cristão pode falar de valores universais e eternos. Ele não está sujeito ao
relativismo moral, pois o Deus a quem ele serve é universal e eterno.
Josh MacDowell,
pensador cristão contemporâneo, ilustra a questão da universalidade e
eternidade dos valores em sua regra dos três "P" - preceito,
principio e pessoa. Por trás de todo preceito bíblico, quer seja uma norma quer
um mandamento, há um princípio, que por sua vez se fundamenta em uma pessoa,
que é Deus. Nesse caso, para o cristão a norma moral "não
adulterarás" tem valor absoluto (universal), pois esse preceito (norma)
traz o princípio de que ninguém quer ser traído, e que esse princípio tem sua
origem em um Deus fiel e que não tolera a infidelidade. Da mesma forma, a norma
"não matarás" trás em si o princípio de que todos têm direito à vida,
e a pessoa que a fundamenta — Deus — é o originador da vida. Esse princípio de
universalidade dos valores morais foi um dos pilares da filosofia kantiana:
"Age de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer-te sempre como
princípio de uma legislação universal".
Fica, pois,
estabelecido que a origem dos valores morais para o cristão, bem como a sua
fundamentação, está em Deus, e que a sua forma codificada é a Bíblia Sagrada.
Como se comportam
aqueles que não têm um padrão que distinga o certo do errado? A filósofa Maria
Lúcia de Arruda Aranha, ao falar dos "jeitinhos brasileiros", traz
uma revelação interessante sobre o assunto:
Todo mundo já ouviu
falar do "jeitinho brasileiro". Poder, não pode, mas sempre se dá um
jeito... Muitos até chegam a achar que se trata de virtude a complacência com a
qual as pessoas "fecham os olhos" para certas irregularidades e ainda
favorecem outras tantas.
Certos
"jeitinhos" parecem inocentes ou engraçados, e às vezes até são
vistos como sinal de vivacidade e esperteza; por exemplo, quando se fura a fila
do banco. Ou então pegar o filho na escola, que mal há em pararem fila dupla?
Outros
"jeitinhos" não aparecem tão às claras, mas nem por isso são menos
tolerados: notas fiscais com valor declarado acima do preço para o comprador
levar sua comissão, compras sem emissão de nota fiscal para sonegar impostos,
concorrências públicas com "cartas marcadas".
O que intriga nessa
história toda é que as pessoas que estão sempre "dando um jeitinho"
sabem, na maioria das vezes, que transgridem padrões de comportamento. Mas
raciocinam como se isso fosse absolutamente normal, visto que é comum; só eu? e
os outros? Todo mundo age assim, quem não fizer o mesmo é trouxa. Quem não
gosta de levar vantagem em tudo?
É esse relativismo
que enfraquece a vida espiritual de muitos valentes. Certo dia recebi em minha
casa a visita de um amado irmão. A nossa amizade permitia-nos compartilhar
nossas alegrias e tristezas. Pois bem, aquele irmão trazia em mãos uma folha de
papel escrita, e pediu para que eu a lesse. Lendo-a, logo nas primeiras linhas
percebi que se tratava de uma carta de amor, havia frases como: "Meu bem,
eu te amo", "Não posso viver sem você", etc. Contou-me que uma
jovem da sua igreja havia endereçando-lhe aquela carta. O mesmo filme de sempre
— ele estava dando uma de "conselheiro" para aquela jovem. Após uma
longa conversa, mostrando-lhe os perigos que ele estava correndo, aconselhei-o
a tomar imediatamente uma decisão radical a respeito daquilo, peguei a carta e
rasguei na sua frente. Disse-lhe que da mesma forma ele deveria tratar com
aquela situação. Todavia, procurou relativizar o problema. Disse que não era
tão grave como eu pensava, e que estava no controle da situação. Afinal, estava
ajudando alguém. Estava equivocado. A última vez que o vi, estava afastado dos
caminhos do Senhor.
Quando lemos as
Escrituras somos informados do alto padrão moral exigido para os valentes de
Deus. Paulo deixou isso bem claro na sua carta endereçada a Tito: "Por
esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas que ainda
restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei:
aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis,
que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. Porque convém
que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem
iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;
mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante,
retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja
poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os
contradizentes"(1.5-9). Acredito que esse texto que o apóstolo escreveu a
Tito é uma das mais belas exposições bíblicas acerca dos valores cristãos.
No versículo 5, Paulo
usa a expressão: epidiorthosê que vem do verbo grego epidiorthoô, significando
"colocar em linha reta, colocar em ordem, endireitar". Para Paulo, os
valores que ele iria exigir daqueles que viessem a ser líderes tinham o poder
de "endireitar, corrigir e colocar em linha reta". Lembramos que a
palavra epidiorthoô é formada pela junção de três palavras gregas: epi, que é
uma preposição significando "sobre, acima de"; dia, uma outra
preposição significando "através de" e orthós cujo significado é
"direito, correto" etc, esta última aparece em Atos 14.10, onde Paulo
disse ao paralítico: "Levanta-te direito sobre teus pés" (grifo do
autor). O verbo grego na sua forma composta tem seu significado intensificado.
Em outras palavras, o propósito do apóstolo era que Tito seguisse as suas
recomendações, e seguindo-as com certeza estava colocando os valentes de Deus
em uma linha reta. Analisemos alguns desses valores:
v. 6. Anenklêtos -
nossas Bíblias traduzem esta palavra como "irrepreensível". O
clássico Dicionário do Novo Testamento Grego de Vine, assim define esta
palavra:
Significa que não
pode ser chamada a pedir contas, isto é, sem acusação alguma (como resultado de
uma investigação pública), irrepreensível (1 Co 1.8; Co 1.22; Tt 3.10, 1.6,7).
Implica não somente mera absolvição, mas a inexistência de qualquer tipo de
acusação contra uma pessoa.
v. 7. Oikonomos -
"mordomo, administrador da casa. A palavra enfatiza a tarefa a alguém e a
responsabilidade envolvida. É uma metáfora extraída da vida contemporânea e
retrata o administrador de uma casa ou estado."" Esta palavra deu
origem a nossa palavra portuguesa "economia" e significa
primeiramente o governo de uma família ou dos assuntos de uma família (oikos -
uma casa, nomos - lei), isto é, o governo ou administração da propriedade dos
outros, e por isso se usa de uma mordomia, Lc 16.2 [...] nas epístolas de
Paulo, se aplica:
a) A responsabilidade
que lhe foi confiada de pregar o evangelho (1 Co 9.17).
b) Da administração
que lhe foi entregue para que anunciasse "cabalmente a palavra de
Deus".
c) Em Efésios 1.10 se
usa da disposição ou administração de Deus.
v. 7. Authade - não
arrogante. "Obstinado em sua própria opinião, teimoso, arrogante, alguém
que se recusa a obedecer a outras pessoas. E o homem que mantém obstinadamente
a sua própria opinião, ou assevera seus próprios direitos e não leva em
consideração os direitos, sentimentos e interesses de outras pessoas."
Autocomplacente (autos, auto, e hêdomai, complacente), denota uma pessoa que,
dominado pelo seu próprio interesse, e sem consideração alguma pelos demais,
afirma arrogantemente sua própria vontade, "soberbo" (Tt 1.7);
"contumaz" (2 Pe 2.10) o oposto de epiekês, amável, gentil (1 Tm
3.3), "um que supervaloriza de tal maneira qualquer determinação a que ele
mesmo chegou no passado que não permitirá ser afastado dela".
v. 7. Orgilos - que
não seja: irascível, inclinado à ira, de temperamento quente.15
v. 7. Pároinos - não
dado ao vinho. Um adjetivo, literalmente, que tem seu entretenimento no vinho
(para, en, oinos, vinho), dado ao vinho [...], é provável que tenha o sentido
secundário, dos efeitos da embriaguez, isto é, um ébrio.lb
v. 7. Pléktês - não
violento. Briguento, espancador. A palavra pode ser literal: "não pronto a
bater em seu oponente".
v. 7. Aischrokerdés -
não cobiçoso. Alguém que lucra desonestamente, adaptando o ensinamento aos
ouvintes a fim de ganhar dinheiro deles [...], refere-se ao engajamento em
negócios escusos. Este vocábulo é formado por duas palavras gregas: aischros
(vergonhoso) e kerdos (ganância).
v. 8. Philóksenos -
amor aos estranhos, hospitaleiro.
v. 8. Philágathos -
amigo do bem, amante do que é bom. Denota devoção a tudo o que é excelente.
v. 8. Sóphrona -
sóbrio. Denota mente sã (sozo - salvar, phren - a mente); daí, com domínio
próprio, sóbrio, se traduz "sóbrio" em Tito 1.8 (a Reina - Valera
traduz como "temperado"); em Ti to 3.2, significa
"prudente".
v. 8. Díkaion -
justo, aquele que age com justiça.
v. 8. Hósios -
devoto, santo. Significa religiosamente reto, santo, em oposição ao que é torto
ou contaminado. Está comumente associada a retidão. Refere-se a Deus em
Apocalipse 15.4; 16.5 [...] Em Tm 2.8 e Tt 1.8 se utiliza do caráter do
cristão, na Septuaginta hósios é frequentemente tradução da palavra hebraica
hasid, que varia entre os significados de "santo" e "mi-sericordioso".
v. 8. Enkratê - que
tenha domínio de si. A Bíblia de Jerusalém traduz como
"disciplinado". Significa também "autocontrole, completo
autodomínio, que controla todos os impulsos apaixonados e mantém a vontade leal
à vontade de Deus". Denota ainda o "exercício do domínio próprio, alguém
que é dono de si mesmo".
v. 9. Antechómenon -
apegado a, firme aplicação. Na voz média significa "manter-se firmemente
ao lado de uma pessoa". Paulo usa o termo associando ao líder que é
apegado à Palavra de Deus.
Para nós cristãos, a
fronteira entre a verdade e o erro está bem demarcada. Há sim um padrão divino
que estabelece a diferença entre o certo e o errado. Os valentes de Deus devem
ter isso bem definido em suas mentes. Agindo de acordo com o modelo divino exposto
na Palavra de Deus, o valente não irá ter problemas com o relativismo moral.
GONÇALVES,
José,. Por que caem os valentes? Uma análise bíblica e teológica acerca do
fracasso ministerial. Editora CPAD.
I - O
SÁBIO VERSUS O INSENSATO
1. Sabedoria e
humildade.
SABEDORIA (destreza,
habilidade, consequentemente: criterioso, usando razão habilmente',
inteligência ampla e cheia e entendimento. Estas são de longe as palavras mais
comuns na Bíblia a serem traduzidas pelo termo “sabedoria”, embora existam
outros termos de ocorrência menos frequente traduzidos também como “sabedoria”:
em hebraico, discernimento', prudente; conselho ou entendimento).
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 5. pag. 276.
TERMOS RELATIVOS AOS
TIPOS DE SABEDORIA
I. Chokmah (também
transliterado como hokmah): habilidade ou destreza na arte (Exo. 28.3; 31.6, et
ai.); habilidade mais elevada de raciocínio, prudência, inteligência (Deu.4.6;
34:9; Pro. 10.1, et ai.).
2. Sakal, ser
prudente, circunspecto (l Sam. 18.30;Jó 22.2, et al)o
3. Tushiyah, retidão,
bom conselho e compreensão (Já 11.6; 12.16; Pro. 3.21, etal.).
4. Binah,
compreensão, introspeção, inteligência (Pro. 4.7; 5.5; 39.26; Deu. 4.6; I Crô.
12.32; Dan. 1.20; 9.22; 10.1, et ai.).
5. Sophia (no Novo Testamento),
palavra geral para todos os tipos de sabedoria, divina e humana (Luc. 1.17;
11.31,49; Atos 6.3,1O;,Rom. 11.31;I Cor. 1.17,19;Efé. 1.8,17;Tia. 1.5; 3.13,15,
17; II Ped. 3.15;Apo. 5.12; 13.18; 17.9,etal.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 5.
HUMILDADE. Apenas na
fé bíblica a humildade é tida como uma virtude, as outras religiões relacionam
a humildade à falta de honra e não a reconhecem como virtude. Filósofos, com
exceção daqueles claramente influenciados pela tradição judaico-cristã, ou
ignoram essa virtude ou a depreciam. Assim Aristóteles, na hábil sistematização
da sabedoria pré-cristã, A Ética Nicomaquéia, exalta uma magnânima
auto-suficiência que é justamente o contrário. Séculos depois Friedrich
Nietzsche condena a humildade como parte inseparável de uma moralidade
pervertida, a qual a transformação cristã de valores faz com que indivíduos
inferiores como Paulo, com ressentimento, metamorfoseiem sua baixeza e
fraqueza, exaltando a condição servil ao ápice da excelência. A humildade,
portanto, é atacada por Nietzsche como uma negação da genuína humanidade que
seria personificada no anticristão e aristocrático Super-homem.
Dentro da estrutura
do teísmo revelacional, contudo, a humildade é de fato uma virtude, a atitude
apropriada da criatura humana para com seu divino Criador. É o reconhecimento
espontâneo da dependência absoluta da criatura em relação ao seu Criador; um
reconhecimento de bom grado, não hipócrita, do abismo que separa o Ser que
existe por si só do ser absolutamente contingente, a “infinita diferença
qualitativa entre Deus e o homem” postulada por Kierkegaard. E a postura de
ajoelhar-se em respeito e gratidão, ciente de que a existência é um dom da
graça, inescrutável misericórdia que, tendo chamado uma pessoa para fora do
não-ser, sustenta-a a todo instante para que ela não caia de volta na
inexistência. A humildade, assim, é explicada pela confissão de Abraão de que
ele não é mais do que “pó e cinzas” (Gn 18.27). É explicada novamente pela
veemente lembrança de Paulo aos orgulhosos coríntios de que a posição do homem
diante de Deus é necessariamente a posição de alguém que recebe, a de um
mendigo cujas mãos estão vazias até que a benevolência divina as encha (ICo 4.6,7).
Além do mais, dentro
da estrutura teísta, a humildade é a reação completamente correta de uma
criatura culpada na presença de seu Criador santo. E o reconhecimento por parte
do pecador de que sua irredutível insuficiência, enquanto criatura finita, tem
sido, apesar disso, incomensuravelmente diminuída pela rebelião contra seu
Criador. No AT é o grito do jovem profeta quando vê o Senhor: “Ai de mim! Estou
perdido! Porque sou homem de lábios impuros” (Is 6.5). No NT é a honesta
autodepreciarão do apóstolo quando se dá conta de sua teimosa desobediência em
relação à verdade (ICo 15:9; Ef 3.8; lTm 1.15). Humildade é o corolário lógico
da consciência do pecado. Apesar de sua dignidade, contudo, seu inestimável
valor como imago dei, o homem como um agente finito de rebelião é, na verdade,
“pó e cinzas”.
Segue-se disso que a
humildade é a essência da piedade do AT. Um tema frequente no livro de
Provérbios (3.34; 11.2; 15.33; 16.19; 25:7), ela é exemplificada por Abraão (Gn
32.10); por Moisés, que proeminentemente “era homem mui manso, mais do que
todos os homens que havia sobre a terra” (Nm 12.3); por Saul no início de sua
carreira (ISm 9.21); e por Salomão cujo conhecimento de si mesmo motivou sua
sincera auto humilhação (IRs 3.7). Como um fundamento da piedade, essa virtude
é expressa de forma clássica em Miqueias 6.8, “o que o Senhor requer de ti,
senão que pratiques a justiça, e ames a benevolência, e andes humildemente com
o teu Deus?” Assim o Rabino Joshua ben Levi estava simplesmente resumindo o AT
quando, ao discutir o mérito comparativo de várias graças, ele insistiu: “A
humildade é a maior de todas, pois está escrito, ‘O Espírito do Senhor Deus
está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos
quebrantados’ (Is 61.1). Não foi dito ‘aos santos, mas ‘aos humildes’, de onde
aprendes que a humildade é a maior de todas” (citado por Morton Scott Enslin,
The Ethics of Paul [1930], 249).
A humildade é, da
mesma forma, a essência da piedade do NT. Como poderia ser de outra maneira
tendo-se em vista o próprio exemplo de Cristo? Como Paulo apresenta na maior de
todas as passagens sinóticas, o Salvador “a si mesmo se humilhou”, abandonando
voluntariamente seu status divino, renunciando sua beatitude e dignidade para
viver como homem no mais baixo nível de pobreza e obscuridade, no devido tempo
descendo aos níveis mais profundos de ignomínia e agonia (Fp 2.5-8). No agape
de dar-se a si mesmo está a antítese e a contradição de todo eras narcisista.
Além disso, o caráter de Jesus não exibiu nem um pouco de orgulho ou
arrogância. Apesar de inabalavelmente corajoso e, às vezes, severamente
sincero, ele era “manso e humilde de coração” (Mt 11.29). Assim, seus ensinos
acerca da pobreza de espírito não tinham nenhuma associação hipócrita (Mt 5.3).
Em vez de aceitar a glória, ele dava testemunho da dependência total de seu Pai
como fonte de sua própria sabedoria e poder; em vez de apegar-se à glória, ele
atribuía toda glória a seu Pai (Jo 5.19; 6.38; 7.16; 8.28,50; 14.10,24). Quando
se inclinou para lavar os pés de seus discípulos, Jesus não estava se
entregando a uma representação de ostentação teatral; pelo contrário, estava
simbolizando com perfeita integridade todo o significado e mensagem de seu
ministério. Nesse ato o motivo fundamental de sua pessoa e obra abre caminho, o
motivo que atinge seu ápice na cruz.
Consequentemente, uma
vez que a imitatio Christi é o imperativo do NT, a vida de todo discípulo fiel
deve ser uma vida de humildade. Preocupado em exaltar o Salvador, assim como o
Salvador estava preocupado em exaltar o Pai, o discípulo declara, como aquele
que batizou o Salvador: “E necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo
3.30). O discípulo dá as costas para a posição social, para a segurança e ao
sucesso, pedindo apenas uma oportunidade para servir, ainda que modestamente
(Mt 23.8,10; Mc 10.3545). Gloriando-se apenas na cruz (G1 6.14), ele luta para
alcançar uma avaliação apropriada de si mesmo, não irrealisticamente esvaziada
nem egoisticamente concebida (Rm 12.3). Ele se propõe seriamente a fazer da
atitude de Jesus seu princípio controlador da vida, quer em relação a Deus quer
em relação a seus irmãos (Rm 12.10; Tg 4.10; I Pe 5.5,6). Em resumo, o
discípulo fiel trava uma batalha contínua contra o orgulho, o qual é a raiz do
pecado, aquele egoísmo que dá origem ao egocentrismo, à auto exaltação, à
obstinação, à presunção, à autoconfiança, à glorificação pessoal e, portanto, à
decepção com seu último fruto de frustração e desespero (Rm 10.2). Na medida em
que ele se mantém vencendo a batalha contra o orgulho e a presunção, ele
amadurece naquela santidade que floresce apenas no solo da humildade.
Essa virtude pode ser
grosseiramente mal interpretada. Falando claramente, portanto, a humildade
bíblica não é o conceito oposto que utiliza o disfarce da humildade. E aquela
atitude que resulta em uma avaliação pessoal destemidamente honesta, uma auto
avaliação que nem diminui as realizações pessoais nem aumenta as falhas de
ninguém. A
humildade não é o masoquismo sutil que se deleita em sua própria humilhação.
Não é aquela covardia que protege o indivíduo por meio de um servilismo
ultrajante. Não é, além do mais, uma virtude puramente particular. É o produto
daquele teocentrismo radical que agradecidamente reconhece a soberana concessão
de dons por Deus e sua soberana capacitação para o serviço; isso elimina,
assim, a arrogância que destrói a comunidade. Completamente desprovida de
arrogância, a humildade, portanto, regozija-se com Maria, “Porque me fez
grandes coisas o Poderoso; e Santo é o seu nome” (Lc 1.49).
Agostinho, portanto,
estava certo. O segredo da santidade é, como ele deu uma ênfase tríplice,
“Humildade! Humildade! Humildade!” Ou nas palavras penetrantes de Kenneth Kirk:
“Sem humildade não pode haver serviço digno do termo; o serviço protetor é
autodestrutivo — pode ser o maior dos desserviços. Portanto, para servir seus
companheiros — para evitar causar-lhes dano maior do que o bem a que se
propusera fazer — um homem deve encontrar um lugar para a adoração em sua
vida.... Se procurarmos fazer o bem com alguma esperança segura de que virá a
ser o bem e não o mal, devemos agir com espírito de humildade; apenas a
adoração pode nos tomar humildes” {The Vision of God [1931], pág. 449).
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 3. pag. 156-158.
Pv 11.2 Em vindo a
soberba, sobrevêm a desonra. O orgulho é inerentemente associado à vergonha,
porquanto envolve o indivíduo em atos altivos, deprimentes e, algumas vezes,
até violentos. Sua antítese é a humildade, um dos aspectos da sabedoria. Quanto
a outros versículos no livro de Provérbios que exaltam a humildade mas condenam
o orgulho, ver Pro. 13.10; 15.33; 16.18,19; 18.22; 22.4. Ver no Dicionário os
verbetes denominados Orgulho e Humildade quanto a detalhes e referências bíblicas.
Aristóteles fazia da humildade um dos vícios de deficiência, mas tanto o Antigo
como o Novo Testamento a encaram como virtude positiva.
Com os humildes está
a sabedoria. “Humildes" é tradução do vocábulo hebraico çanua, encontrado
somente aqui e em Miq. 6.8, em forma verbal, “andai humildemente” na presença
de Deus. Deve fazer parte do caminho da vida, parte integrante do Andar (ver a
respeito no Dicionário).
O orgulho (olhos
altivos) é uma das sete coisas que Deus odeia (Pro. 6.17). A palavra hebraica
para orgulho é zadon, que significa, literalmente, “ferver”, ou então zid,
“cozinhar” (ver Gên. 25.29). Os arrogantes fervem em sua auto importância e
gostam de perseguir homens menores. Mas os humildes é que, eventualmente, serão
exaltados (ver Luc. 14.11). O arrogante Nabucodonosor teve o reino tirado de
suas mãos (ver Dan. 4.30,31).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2591.
11.2 — Muitos
provérbios comparam o arrogante ao humilde, assim como podemos ver aqui. A
palavra soberba em hebraico provém de uma raiz que significa ferver; refere-se
a uma arrogância ou insolência exagerada. Esta imagem é da postura presunçosa
ou arrogante da pessoa sem Deus. Esta postura conduz sempre à afronta.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 959.
Ef 1.17 « ...espírito
de sabedoria...» Isso poderia significar «o Espírito de sabedoria», referindo-se
ao Espírito Santo. No entanto, no original grego, a palavra «espírito» não é
acompanhada pelo artigo definido, o que esperaríamos como provável, se o
Espírito de Deus estivesse em foco. Nem sempre essa ausência do artigo, porém,
significa algo, pois a sua presença não faz o termo «espírito» significar,
necessariamente, no grego, o Espírito divino. No original grego, essa palavra
nunca aparece grafada com inicial maiúscula; e assim não temos meios de
distinguir se está em foco o Espírito Santo, ou um espírito ou atitude
qualquer, segundo se verifica na maioria dos idiomas modernos. Mas, como é
óbvio, não há maneira de alguém adquirir a sabedoria divina não sendo através
da influência do Espírito de Deus, o que também fica subentendido por toda esta
oração que pede que os elevados alvos da vida cristã sejam atingidos por meio
dele. Finalmente, se é o espírito humano que está aqui em foco, então é esse
alto elemento da personalidade humana que está em vista aqui.
A tradução «...um
espírito de sabedoria...», conforme dizem alguns, dá a ideia de uma simples
«disposição» ou «inclinação» para a sabedoria. Mas isso fica muito aquém do
sentido verdadeiro dessas palavras. Outrossim, deve significar mais do que um
mero «espírito acolhedor» uma «disposição íntima», o desejo de entrar mais
profundamente nos mistérios de Deus, que são a sua «sabedoria». O sentido
essencial dessas palavras, pois, deve ser o «espírito humano», a porção
espiritual do homem, iluminada pelo Espírito Santo, a fim de poder participar
da sabedoria divina, e assim ser capaz de compreender a grandiosidade do
chamamento e da esperança que temos em Cristo.
O espirito humano
iluminado, pois, será possuidor da sabedoria divina.
(Com isso pode-se
comparar o oitavo versículo deste capítulo, onde a mesma sabedoria é vista como
a base de todo o «mistério» da vontade de Deus, que é a restauração de tudo, a
unidade universal em Cristo. Ver as notas expositivas ali existentes sobre o
significado da «sabedoria»). Esse entendimento espiritual sobre as questões fundamentais,
sobre seus sentidos e subentendidos, bem como sobre os alvos futuros, nos é
conferido através do Espírito de Deus, fazendo parte da presença habitadora de
Deus entre os homens, porquanto tal sabedoria jamais poderá ser fruto da erudição
ou intelectualidade humana. A sabedoria sempre ensina aos homens qual a
«exigência divina» sobre a vida, mostrando que ela deve ser, por fim, totalmente
entregue às mãos de Deus, porquanto nenhum outro destino é digno da vida.
Assim, pois, a sabedoria humana e mundana, que tende por desperdiçar a vida em
algo que é muitíssimo inferior, é repreendida aqui. A sabedoria autêntica
ensina-nos que Deus não é apenas a fonte, mas é igualmente o alvo de tudo. O
«conhecimento» de Deus é o alvo especial e precípuo dessa sabedoria; mas esse
conhecimento diz respeito àquilo que se aplica a nós, àquilo que nos
transforma, conforme as exigências impostas sobre as nossas almas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 545-546.
Pede espírito de
sabedoria. A palavra que usa para sabedoria é sofia: já sabemos que sofia é a
sabedoria das coisas profundas de Deus. Paulo roga que a Igreja possa
aprofundar cada vez mais no conhecimento das verdades eternas. Para que isto
aconteça na igreja se requerem certas condições.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Efésios. pag. 38.
Ef 1.16,17 - Paulo
orou para que os efésios conhecessem melhor a Cristo. Jesus é o nosso modelo. E
quanto mais soubermos a seu respeito mais nos tornaremos semelhantes a Ele.
Estude sobre a vida de Jesus através dos Evangelhos para saber como Ele era em
sua vida terrena há quase dois mil anos. Conhecer pessoalmente a Cristo mudará
a sua vida.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 1646.
2. Insensatez,
arrogância e altivez.
Em Provérbios 11.2,
lemos: “Em vindo a soberba, sobrevêm a desonra, mas com os humildes está a
sabedoria”. Matthew Henry comentando Provérbios 11.2, destaca:
O orgulho é uma
vergonha para o homem, o qual foi formado do pó da terra, vive de esmola, já
que depende de Deus em tudo e, com o orgulho perde o direito de possuir tudo o
que tem. O altivo se faz a si mesmo depreciável; é um pecado porque Deus, com
muita frequência, abate os homens ao nível mais baixo, como fez com
Nabucodonosor e Elerodes, cuja vergonha veio imediatamente depois de sua
vanglória. Assim como o orgulho é necedade, pois, acaba em desonra, com os
humildes está a sabedoria. O vocábulo hebraico para “humilde” só ocorre aqui e
em Miqueias 6.8, porção sublime.
Por outro lado, “o
orgulhoso”, observa Derek Kidner, “é colocado entre os piores pecadores em
Provérbios, sendo o primeiro na lista das “sete abominações” em 6.17, e sua
condenação é garantida com a do adúltero (6.29), o qual faz juramento falso
(19.5), e outros pecadores dos mais destacados, embora ele possa “dar graças a
Deus” por não se assemelhar a eles (...) o mal especial do orgulhoso e que se
opõe aos primeiros princípios da sabedoria (o temor do Senhor e os dois grande
mandamentos. O orgulhoso, portanto, está mal consigo mesmo (8.36), com seu
próximo (13.10) e com o Senhor (16.5). Por isso, a ruína pode chegar, apropriadamente,
de qualquer direção”.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 85.
Pv 25.28 Como cidade
derribada, que não tem muros. Este versículo elogia o autocontrole. O sentido
aqui é, essencialmente, o oposto de Pro. 16.32. Cf. também Pro. 14.29 quanto a
outras ideias. A primeira vitória de que uma pessoa precisa é sobre si mesmo.
Ver no Dicionário o artigo chamado Autocontrole. Ver Pro. 16.32 quanto a um
poema ilustrativo e citações sobre a questão. O homem que não controla a si
mesmo é como uma cidade exposta a todo o tipo de ataque, porquanto não tem
defesas, o que já é uma ideia da segunda linha, sinônima. Cf. Pro. 29.11.
“O autocontrole
caracterizado pela oração e pela vigilância é o muro da cidade. Devemos cuidar
para que não haja nenhuma brecha nesse muro, causada pela auto dependência e
indolência espiritual” (Fausset, in toe).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2668.
Como cidade derribada
que não tem muros, assim é o homem que não tem domínio próprio (v. 28). Não são
muitas as pessoas a quem se pode aplicar esta sabedoria, isto é, pessoas que
não se dominam a si mesmas. Tais pessoas não podem dominar os outros, não podem
governar o povo.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
Pv 27.12 O prudente
vê o mal e esconde-se. Um homem prudente pode ver a aproximação do perigo, e
isso resulta de tipos específicos de atos. Vendo a aproximação do perigo, ele
se esconde e, assim, escapa. Talvez esta linha tenha um tom moral: ele vê os
perigos produzidos pelo pecado. Pro. 22.3 é virtualmente igual, e o leitor deve
examinar ali as notas expositivas. A segunda linha também é igual a Pro. 22.3b.
O homem bom avança pela estrada correta, porque parte de ser bom consiste em
antecipar as consequências dos atos e das situações. Já o homem mau trilha o
caminho ruim, porquanto ou não vê os efeitos adversos do que está fazendo, ou
então pensa que, através de algum ato emergencial, pode evitar os maus efeitos
de seus atos.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2674.
Pv 2712 São ensinos
análogos e que os homens de Ezequias repetiriam, por acharem interessantes os
seus ensinos. O homem prudente afasta-se do mal, mas o tolo mete-se nele. Ficar
por fiador é fato que Provérbios condena sem misericórdia; e tomar por penhor
aquele que se obriga à mulher estranha é ensino que a gente não entende.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
Pv 27.7 A alma farta
pisa o favo de mel. Se um homem comeu muito e está de barriga cheia, ficará
doente ao pensar em comer coisas tão deliciosas como o mel. E chegará a odiar
as coisas que ordinariamente ama.
Antítese. Um homem
faminto estará ansioso por comer até mesmo coisas amargas que satisfaçam sua
fome. “A fome é o melhor tempero” (Charles Fritsch, in loc.). “O versículo pode
estar ensinando que a atitude de alguém para com as possessões materiais é
influenciada por quanto esse alguém possui. Os que têm muito não apreciam ou
não valorizam um presente tanto como os que têm pouco” (Sid S. Fritsch, in
loc.). Ou então o provérbio é apenas uma simples observação sobre certas coisas
comuns na vida, sem intenção de encobrir um significado oculto ou moral.
Este versículo tem
sido espiritualizado e cristianizado para falar na fome e na sede de justiça
(ver Mat. 5.6), bem como no apreciar a boa mensagem do evangelho, que satisfaz
a fome da alma destituída. Alguns, entretanto, abusam de seus privilégios
espirituais, como foi o caso do filho pródigo (ver Luc. 15.23-32). Essas
pessoas têm abundância de coisas boas, mas não as apreciam. Negligenciam os
valores espirituais por estarem estragadas pelas oportunidades excessivas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2673.
Pv 27.7 — Quem tem
tudo não aprecia o que tem, enquanto que para a alma faminta tudo é gostoso.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 984.
Pv 27.7 O luxo e a
indolência da riqueza deixam as melhores coisas sem sabor, enquanto a pessoa
que trabalha pesado e passa fome encontra doçura em qualquer coisa amarga. Esse
provérbio se aplica além da comida para as coisas em geral, que significam muito
mais para os que têm pouco.
MAC
ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade
Bíblica do Brasil. pag. 827.
Pv 26.3 O açoite é
para o cavalo, o freio para o jumento. A essência deste provérbio é o fato de
um insensato não poder ser controlado pela razão. Cf. Pro, 10.13 e
19.29. O cavalo
precisa ser controlado por um rebenque, O jumento, o animal preferido para
servir de montaria, não precisava ser açoitado, mas tinha de ser controlado
pela brida. Nenhum desses dois animais faria o que o cavaleiro quisesse, não fosse
algum mecanismo de controle. Não havia poder controlador dirigido pela razão,
inerente nesses animais.
Sinônimo. Por
semelhante modo, um insensato precisa ser controlado pela vara (punição física
ou ameaça de tal punição), porquanto não se pode apelar para o seu intelecto
(Cf. Pro. 10.13; 14.3 e 19.29). “A correção é tão apropriada a um tolo como o
chicote é apropriado ao cavalo ou o freio ao jumento” (Adam Clarke, in loc.). O
insensato é alguém que não foi capaz de estudar a lei de Moisés, ou então não
quis mesmo estudá-la, e, afinal, não está em busca da sabedoria, pelo que
também nunca muda. Você terá de aplicar sempre a torça para que ele faça o que
é direito. As versões da Septuaginta, siríaca e árabe dizem “espora” em lugar
de “freio”, mas isso não se recomenda como o texto original. Os insensatos são
como feras brutas (ver Sal. 32.9; Judas 10). Meras palavras são gastas à toa
com eles. Instruí-los é algo doloroso.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2668.
Pv 26.3 — O cavalo, bem
como o jumento, precisa de algum mecanismo de controle para exercer alguma
tarefa. Como o tolo não tem nenhuma motivação interior para nada, nem mesmo
intelecto para ser dirigido pela razão, precisa também da vara [punição ou
ameaça de punição] para fazer algo direito.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 983.
Pv 26.9 Como galho de
espinhos na mão do bêbado. Um homem, no auge da bebedeira, perde
temporariamente o controle. Ele se encaminha na direção de um arbusto
espinhento e fere com espinhos sua mão. Desse modo, faz algo insensato que um
homem sóbrio teria evitado. Um bêbado sofre danos por causa de sua loucura.
Várias coisas têm sido imaginadas sobre esta porção do versículo, a saber: 1. O
bêbado fica com um punhado de espinhos nas mãos, algo doloroso para ele. 2.0
homem apanha um arbusto de espinhos e o sacode, algo potencialmente doloroso
para outras pessoas. 3. O bêbado, amortecido pela bebida alcoólica, não sente a
dor causada pelos espinhos. Está insensível. 4. Esse homem é incapaz de tirar
os espinhos das mãos. Provavelmente devemos pensar no primeiro ponto.
Sinônimo. Esses
problemas “espinhosos”, ridículos e potencialmente maléficos como são,
acompanham os homens quando um insensato alegadamente diz coisas sábias, ou
declarações sábias, que, contudo, se tornam ridículas na boca do insensato. Cf.
esta parte do versículo com II Ped. 3.16. Gussetius fez do espinho mencionado
neste versículo um anzol, aumentando a dor envolvida na ilustração.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2669.
Pv 26.9 -
Normalmente, quando ferimos nossa mão num espinho, ficamos alerta, a fim de
descobrir outros espinhos e removê-los antes que nos firamos novamente. Porém,
uma pessoa embriagada pode não sentir a dor do primeiro toque; e o espinho
poderá penetrar em sua carne e causar maiores danos. Semelhantemente.
um tolo pode não
sentir o perigo de uma palavra, uma ideologia ou atitude. E. em vez meditar
cuidadosamente sobre o que foi dito, ele poderá aplicar a ideia na sua igreja,
no seu trabalho, no seu casamento ou contra quem se rebelar. Da próxima vez que
ficar surpreendido e disser "tal pessoa realmente deveria prestar atenção
nisto” , pare e pergunte a si mesmo se isto também não se aplica a você.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 866.
Pv 26.6 Os pés corta,
e o dano sofre. Quanto a provérbios sobre os mensageiros, ver Pro. 13.17, onde
apresento a nota de sumário. Ver também sobre a palavra mensageiros, no
Dicionário. Naqueles dias em que não havia comunicação de massa, o ofício de um
mensageiro era muito importante e requeria fidelidade, prontidão e decisão.
Jamais alguém empregaria um insensato como mensageiro.
Sinônimo. Os
insensatos têm pés, mas não os usam corretamente ao transmitir mensagens. O
homem que confia a um insensato esse mister metaforicamente corta os próprios
pés. Pois aquele haverá de esquecer que sua mensagem deve ser entregue
prontamente, sendo provável que a mensagem acabará nunca sendo entregue.
Sinônimo. Aquele que
confia em um insensato acabará bebendo a violência. O negócio que ele quer conduzir
falhará e criará hostilidade com o destinatário da mensagem. Talvez a mensagem
diga respeito à conciliação em tempos de guerra, ou envolva animosidades
pessoais que o remetente queria ver resolvidas. Haverá o envolvimento de
asneiras que produzirão prejuízo, e não o bem que se esperava. Beber a
violência significa “dano auto-imposto”. Cf. Jó 15.16 e Pro. 4.17. A má conduta
do insensato ocasionará contendas, e delas certamente resultará alguma forma de
dano.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2668-2669.
Os versos 6 e 7 dão
outra doutrina. Não mandes mensagem por um tolo; quem faz isso é o mesmo que
cortar os pés, pois as pernas do insensato são bambas; ele é coxo; não responde
à missão. Os tolos devem ser deixados a sós. A palavra na boca do tolo é o
mesmo que um coxo de pernas bambas. Comparações ferinas e até um tanto
descaridosas, pois o insensato
não se fez a si
mesmo, a não ser o que, assim sendo, pensa ser entendido. Então deve ser
tratado como petulante. Pela sabedoria antiga, só os sábios podiam e tinham
direitos na sociedade; talvez não seja este o fim desse ensinamento, mas, sim,
o fato de os de menos capacidade não deverem ser guindados a postos de mando ou
de ensino. Em tempo de eleições no Brasil, o que vemos muitas vezes são os
menos capazes fazendo barulho para se elegerem.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
Pv 26.10 Como um
flecheiro que a todos fere. No original hebraico, este versículo é totalmente
obscuro, pelo que provoca diferentes conjecturas sobre a intenção do autor
sagrado. Considere o leitor estes pontos:
1. O grande Deus, que
criou todas as coisas, recompensa tanto o insensato quanto o transgressor,
segundo eles merecem (no dizer a King James Version).
2. Um arqueiro, se é
insensato e não tem suficiente capacidade, fere a todos, sem distinguir entre
amigos e inimigos. O mesmo acontece quando um homem contrata um insensato ou um
beberrão para trabalhar para ele: dano e caos, no dizer da Revised Standard
Version, da tradução da Imprensa Bíblica Brasileira e da Atualizada.
3. Ou então um mestre
habilidoso em sua arte produz tudo por meio de sua sabedoria e previsão, em
contraste com o homem que contrata um insensato para fazer algum trabalho, ou
como alguém que contrata a outrem que está passando, tal qual um beberrão. O
desastre será o resultado.
A segunda linha, que
poderia ser um sinônimo (tudo dependendo de como a primeira linha for
compreendida), é fácil: o mal e o caos resultarão para quem contrata um
trabalhador que tanto é incapacitado quanto é inepto para o trabalho para o
qual estiver sendo contratado.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2669.
O verso de três
linhas do versículo 10 nos estimula a não abandonarmos antigos amigos da
família: melhor é o vizinho perto do que o irmão longe.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 408.
Pv 25.14 Como nuvens
e ventos que não trazem chuva... Um homem ridículo qualquer se jacta de um
presente que “ele vai dar”, mas que nunca dá. Diz o hebraico original,
literalmente, “dom da falsidade”, que toma o lugar de um presente real. Esse
homem não vive a lei do amor; não se mostra generoso; é um homem hipócrita e mesquinho,
que faz promessas falsas. Ver no Dicionário o artigo chamado Liberalidade,
Generosidade.
Sinônimo. Esse homem
é como as nuvens lá em cima, a flutuar, encorajando as esperanças dos homens
pela chuva necessária, mas nunca satisfaz, pois não chove. Os homens eram e
continuam sendo totalmente dependentes de nuvens “produtoras” de chuvas. Se não
chover, a vida cessa. A água pode ser diretamente obtida dos oceanos, mas eles
também dependem da chuva para encher de novo os depósitos de água.
Estes homens são...
nuvens sem água impelidas pelos ventos. (Judas 12)
O indivíduo instruído
na lei será genuinamente generoso, amará ao próximo como a si mesmo, e será
como uma nuvem que supre água abundante. O homem que é uma nuvem seca
desobedece à lei e desconsidera as declarações da sabedoria.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2666.
O verso 14 diz
respeito ao vangloriador, o sujeito que sempre se gaba dos seus feitos e das
suas virtudes. O tal é como nuvens e ventos que não trazem chuvas. Só vento.
Isso não interessa, pois vento sem chuva seca ainda mais a terra.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
Pv 26.11 Como o cão
que toma ao seu vômito. Algumas espécies caninas se em- panturram com muito
alimento e então vomitam uma porção para os filhotes comerem. Sendo esse o
caso, não é grande coisa que um cão coma o próprio vômito. Isso para nós é
motivo de asco, mas é deleitoso para o cão, porquanto concorda com a sua
natureza. II Ped. 2.22 cita este versículo e aplica-o aos apóstatas que
retornam a seus pecados anteriores, depois de terem sido libertados por algum
tempo.
Sinônimo. Um
insensato parece-se com um cão. Talvez tenha períodos em que fica livre de sua
insensatez, mas seguindo os ditames de sua natureza inerente (pois ele é um
insensato!), nunca se reforma; nunca aprende. Volta sempre a praticar seus
horrendos hábitos pecaminosos, os quais, para ele, são o seu bom vômito. Para
os hebreus, o cão era um animal imundo, e outro tanto era considerado o
insensato. Ver no Dicionário o artigo chamado Limpo e Imundo. Os textos falam
da “sem-vergonhice do insensato pecaminoso, sua voracidade no pecado e a
imundícia de seus pecados” (John Gill, in ioc.). Ver Êxo. 8.15 quanto a um
exemplo bíblico dessa insensatez.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2669.
O verso 11 deve ser
comparado com II Ped. 2:23 e ls. 19:14. O insensato que reafirma a sua tolice é
como cão que volta ao seu vômito. A capacidade de ficar calado é próprio dos
sábios. O insensato, porém, fala a tempo e fora dele. Esta doutrina deve ser
aplicada a muitos oradores em nossas convenções, que de tudo falam e de tudo
sabem e entendem. Já se tornaram motivo de troça.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
O preguiçoso era um
tipo desprezível em Israel, e ao redor da sua preguiça giravam então diversos
provérbios, como o do leão na rua, e, com pretexto de medo o preguiçoso ficava
em casa, remexendo-se na cama ou no catre como a porta se move nos seus gonzos
para lá e para cá e nunca sai do lugar. Ou então como quem mete a mão no prato,
mas não tem coragem de a levar à boca (vv. 14 e 15). Todavia, o preguiçoso
também tem suas opiniões, e é isso que diz o verso 16, pois se julga mais capaz
do que sete homens que sabem o que dizem. A preguiça recebe no livro dos
Provérbios a sua condenação, porque ela é a causa do atraso de muitos povos,
que ficam de braços cruzados, à espera do que os outros fazem, de que os outros
pesquem o peixe para eles comerem.
Se o preguiçoso é um
elemento inútil na sociedade, o tratante é elemento perigoso. Dos dois, não
temos escolha; nada queremos com qualquer deles. O intrometido em tudo se mete.
Diz o verso 17: Quem se mete em questão alheia é o mesmo que pegar pelas
orelhas o cão que passa. Muitos, que se metem a desapertar brigas, levam o
pior, um tiro pela frente. Mas há um pior do que o que se intromete em questões
dos outros: é o que faz mal ao seu próximo e diz: "foi por brincadeira".
Tal pessoa é como um louco, que lança fogo e flechas e morte (vv. 18 e 19),
pois ninguém deve prejudicar a outrem nem por brincadeira, pois não há
cabimento para tal brincadeira. Rouba um porco ou um cabrito e diz: "Foi
por brincadeira!" A moral do provérbio é bem clara: o ladrão pratica o
roubo. Se for descoberto, sairá com esta: "Foi por brincadeira." Se
não for descoberto, ficará com o roubo.
Sem lenha, o fogo se
apaga; o sem maldizente (mexeriqueiro), cessa a contenda (v. 20). Tipo
repulsivo é esse, que anda de casa em casa, ateando fogo em desentendimentos
antigos ou recentes. Este autor já sofreu com essa gente, ao ponto de uma sua
igreja decidir, em sessão, ser excluída qualquer pessoa que fosse pegada
intrigando ou mexericando, que é a mesma coisa. As nossas igrejas já têm
sofrido muito com essa casta de gente. Os tempos estão melhorando, felizmente.
O mesmo ensino está no verso 21: Como o carvão para a brasa o a lenha para o
fogo, assim é o homem contencioso para acender rixas. Se não houver carvão, o
fogo se apaga; se não houver mexeriqueiro, a contenda cessa. Muitos
desentendimentos entre irmãos e amigos nascem dessa casta de gente que se mete
na vida dos outros para fazer o mal. O fuxiqueiro deveria ser marcado com ferro
em brasa na testa. Assim todos o conheceriam; no entanto, as nossas leis são
omissas nesse ponto. Deveria ser incluído um artigo no Código Penal para cuidar
dessa gente. As palavras dos tais são como a comida que desce para o estômago e
é depois evacuada.
Como o vaso de barro,
coberto de escórias de prata, assim são os lábios amorosos e o coração
perverso. É o beijo de Judas. Mas há muitos judas neste mundo, pessoas que
louvam com os lábios, mas seu coração está cheio de rapina (Luc. 11:39 e Mat.
23:25). Quem pode livrar-se deles? É caso de desconfiar de certos elogios, pois
algumas vezes, mesmo bem intencionados,
são forjados por
Satanás, para encher de vaidade a pessoa e botá-la a perder. Certo pregador
moço, elogiado uma vez por um bom sermão que pregara, respondeu: "O Diabo
já ma disse isso mesmo." Uma resposta grosseira, sem dúvida. Melhor nada
falar e não acreditar em tudo que se nos diz. Há elogios sinceros e há os de
segundas intenções. O que aborrece dissimula com os lábios... quando te falar
suavemente, não creias nele (vv. 24 e 25). É o mesmo que já afirmamos: não
aceitemos todos os elogios, pois quem sabe como está o coração da pessoa que
elogia? No entanto, tal criatura será descoberta, porque o seu ódio encobre com
engano, porém a sua malícia se descobrirá publicamente (v. 26). É o mesmo que
dizer: "A malícia não fica encoberta para sempre." Nós vivemos num
mundo mau, cheio de Invejosos, de frustradores, que não têm coragem de se
declarar publicamente. Um dia se mostrarão tais como são, porque nada há encoberto
que não haja de ser revelado (Mat. 4:22 e I Ped. 3:4). Pouco se perde por
esperar que a luz se faça. Deus mesmo se encarrega de a fazer brilhar.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
Pv 26.13-15 — Estes
versículos acerca da preguiça — um tema que recorre em muitas partes das Escrituras
(Pv 19.15) — têm um quê de exagero que cria alívio cômico. Cada um deles
ressalta as inúmeras desculpas esfarrapadas que, muitas vezes, os preguiçosos
usam para se justificarem.
Pv 26.16,17 — O problema
de tomar um cão pelas orelhas é que o cachorro provavelmente não vai gostar e
vai morder você. O mesmo vale quando se envolve na briga de outros. E invasão
de privacidade.
Pv 26.18-21 — A fogueira
não queima sem combustível. As rixas [brigas] funcionam do mesmo jeito.
Pv 26.22 — O caluniador
vê as suas palavras como guloseimas, deliciosos bocados de intriga. Muita gente
tem apetite insaciável por fofocas maliciosas. 26.23 — O significado deste
provérbio não está distante das declarações de Jesus a Seus inimigos de que
eram como sepulcros caiados (Mt 23.27). Mesmo a melhor pintura numa fachada não
disfarça um interior pútrido.
Pv 26.24-27 — O
rancoroso não fala como quem odeia. Enquanto guarda raiva no seu interior, professa
amar e preocupação por outrem. Sua declaração, porém, é hipócrita. A sua
malícia se descobrirá na congregação. Quando lamentamos a injustiça da
prosperidade do ímpio e comparamos nossa situação com a dele, precisamos manter
em vista o Salmo 73.17. Seu destino há de compensar-lhe muito bem pelo mal que
praticaram (Rm 6.23).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 983.
Pv 27.22 Ainda que
pises o insensato com mão de gral entre grãos pilados. Os insensatos resistem a
qualquer tentativa de correção e mudança. Somente um insensato ou um morto
nunca muda. “É muito difícil separar o insensato de sua insensatez”. Esta
metáfora vê a pulverização de grãos com um instrumento para obter grãos puros
separados das porções que não podem ser usadas como alimento. Cf. Núm. 11.8, a
preparação do maná. Pequenas quantidades de trigo eram preparadas em pequenos
vasos, mediante esmagamento, ao passo que grandes quantidades eram preparadas
nos moinhos.
Antítese. Um
insensato, por outro lado, resistirá a todas as nossas tentativas para
reformá-lo, separando a escória do pecado e da insensatez que há nele, mesmo
que seja severamente espancado. Ele ignorará as repreensões, em contraste com o
que acontece aos sábios (ver Pro. 27.5). “As ronchas causadas pelos testes e
castigos não conseguirão reformar o insensato. Assim sucedeu com Acaz (II Crô.
28.22) e Judá (Isa. 1.5,6; 9.3)” (Fausset, in loc.). Uma criança pode ser
corrigida por meio da vara (ver Pro. 22.15), mas não um insensato empedernido.
Um espancamento público pode curar alguns homens (ver Pro. 20.30), mas não o
insensato endurecido. O insensato que esteja apenas começando sua carreira de
tolices pode até ser reformado pelo temor causado quando vê outrem receber um
espancamento público (ver Pro. 19.25). Entretanto, isso não funciona no caso de
um insensato endurecido. Ele prefere morrer ali mesmo, na praça pública, a
mudar seus caminhos. A lição que aprendemos aqui é que o pecado endurece um
homem como o calor endurece os metais.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2675.
Os versículos 18-19 significam ou que o
brincalhão experiente que engana o seu próximo para a sua própria diversão será
condenado, ou, que será condenado o homem que engana o seu próximo e depois,
para salvar a sua pele, diz: Fiz isso por brincadeira. Nos versículos 20-21, o
maldizente (que faz fofoca) é condenado.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 408.
Pv 26.18-21 — A fogueira não queima sem combustível.
As rixas [brigas] funcionam do mesmo jeito.
Pv 26.22 — O caluniador vê as suas palavras como
guloseimas, deliciosos bocados de intriga. Muita gente tem apetite insaciável
por fofocas maliciosas.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O
Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 983.
Pv 16.5 Abominável é
ao Senhor todo arrogante de coração. Pessoas de coração orgulhoso são
abomináveis ao Senhor. Ver Pro. 11.1 quanto a essa palavra; compará-la com Pro.
15.8,9,26. Quanto aos orgulhosos, ver Pro. 11.2 e Cf. Pro. 11.20,21 e 13.10, e,
quanto aos olhos altivos, ver Pro. 14.3. Notas expositivas adicionais também
aparecem em Pro. 6.17 e 15.25. Ver no Dicionário o artigo chamado Orgulho,
quanto a detalhes e ilustrações.
Sinônimo. Os
pecadores orgulhosos certamente receberão retribuição divina contra suas
atitudes e atos. O autor queria dar a entender calamidades e, finalmente, morte
violenta e/ou prematura, o que era extremamente temido pelos hebreus. Diz o
Targum: “Ele não conseguirá livrar-se do mal”.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2618.
16.5 — Ser altivo de
coração significa orgulho, no sentido pejorativo da palavra. Uma pessoa com
orgulho no coração rouba o crédito do Provedor que abençoa com tanta
generosidade e não agradece pela provisão recebida. E por isso que Deus o
considera uma abominação, uma palavra que em todo o livro de Provérbios se
refere àquilo que deixa o Senhor enojado (Pv 15.26).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 967.
II - O
JUSTO VERSUS O INJUSTO
1. Justiça e
humildade.
Nos Provérbios a
humilde é característica de uma pessoa sensata, modesta e mansa e por isso sabe
que a justiça é de origem divina (Pv 29.26); que ela exalta as nações (Pv
14.34); livra da morte (Pv 10.2); guarda o que anda em integridade (Pv 13.6); é
amada por Deus (Pv 15.9) e por isso deve ser exercitada (Pv 21.3).
Comentando Provérbios
14.34, Antônio Neves de Mesquita destaca:
O pecado é o opróbrio
dos povos. Aqui está toda a sabedoria de Provérbios. O pecado, sempre o pecado,
que cria o invejoso, o prepotente, o opressor e toda essa coorte de sinistros
elementos que infelicitam a vida. A falta de justiça na terra também resulta do
pecado. Todo o mal é produto ou subproduto do pecado na vida. A seguir vem o
texto áureo deste capítulo. A justiça exalta as nações... Há um folheto
publicado por Howard Hoton sobre o título A Justiça Exalta as Nações (...) é um
estudo socioeconômico das nações antigas e modernas a respeito das suas
práticas de justiça social. No conceito desse autor citado, só a Justiça é capaz
de dar aos povos a paz e harmonia que desejam, e essa justiça só pode vir do
uso e prática da Bíblia. Fora dela não há justiça possível, nos termos em que a
mesma Bíblia compreende. Os povos mais justos do mundo são os mais prósperos e
os mais pacíficos, porém os menos justos são os mais pobres e os menos
pacíficos.
Em seu comentário do
Livro de Provérbios, Warren W. Wiersbe destaca: “Vários teólogos acreditam que
o orgulho é o “pecado dos pecados”, pois foi o orgulho eu transformou um anjo
no Diabo (Is 14.12-15). As palavras de Lúcifer “serei semelhante ao Altíssimo”
(v. 14), foram um desafio ao próprio trono de Deus e, no jardim do Éden,
transformaram-se na declaração “como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal”
(Gn 3.5). Eva acreditou nessas palavras, e o restante da história é conhecido.
“Glória ao homem nas maiores alturas” — esse é o grito de guerra da humanidade
orgulhosa e ímpia que continua desafiando Deus e tentando construir o céu na
terra (11.1-9; Ap 18). Quanto ao soberbo e presumido, zombador é o seu nome;
procede com indignação e arrogância (Pv 21.24). “Antes da ruína, gaba-se o
coração do homem, e diante da honra vai a humildade” (Pv 18.12, ARA; ver
29.23). Deus aborrece “olhos altivos” (6.16,17) e promete destruir “a casa dos
soberbos” (15.25). Quase todo cristão sabe Provérbios 16.18 de cor, mas nem
todos nós atentamos para o que esse versículo diz:
“A soberba precede a
ruína, e altivez do espírito precede a queda”.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 86-87.
I Reis 3.7 Salomão, o
Rei-menino. Fora a providência divina que fizera Salomão tornar- se o rei de
Israel, mas ele ainda era “verde”, ainda estava “imaturo”, ainda era uma
“criança”. Ver no Dicionário o artigo intitulado Providência de Deus, e
comparar isso com as passagens de 1.37 e 2.4 quanto ao propósito divino que
operava na vida de Salomão. Ele se tornou parte integral do pacto davidico, o
primeiro a perpetuar sua linhagem, que apontava para o rei Messias, o Filho
Maior de Davi.
Notemos os títulos
divinos: fora Yahweh-Elohim quem fizera Salomão ser rei. Esse é o Deus Eterno e
Todo-poderoso.
“Jeremias falou sobre
sí mesmo como uma criança por causa de sua chamada (Jer. 1.6), e Salomão, por
semelhante modo, referiu-se a si mesmo como uma “criança". Essa palavra
tenciona, pelo menos em parte, denotar a humildade da inexperiência, mas em
parte enfatiza o senso de chamado divino de Salomão a uma tarefa mais do que
humana” (Norman H. Snaith, in loc.). Algumas versões e intérpretes mais antigos
tomavam a expressão literalmente, pensando que Salomão teria começado a reinar
ainda muito jovem. A Septuaginta declara que ele tinha apenas 12 anos de idade.
Para Josefo (ver Antiq. Vlll.7.8) ele tinha 14 anos e reinou por oitenta anos!
Provavelmente ele tinha cerca de 20 anos, uma idade muito tenra para a tarefa
de ser rei. Ele nasceu mais ou menos no tempo da guerra contra os amonitas (ver
II Sam. 12.24), e provavelmente isso ocorreu em meados do quinquagésimo
aniversário de Davi.
Comparar este
versículo com I Crô. 22.5 e 29.1. Salomão não sabia como administrar, como sair
e entrar, como um pastor agia com suas ovelhas. Ele estava livre de inimigos
principais, o que tinha sido obra de Davi (ver II Sam. 10.19).
I Reis 3.8 Teu servo
está no meio do teu povo. O Peso da Responsabilidade de Salomão. O rei-criança
(metaforicamente falando) estava enfrentando uma tarefa formidável. Cabia-lhe
governar um povo divinamente escolhido, um povo muito numeroso. O último recenseamento
feito por Davi mostrou que havia cerca de 1.300.000 capazes de ir à guerra (ver
II Sam. 24.9), o que indicaria que a população total de Israel, incluindo
homens fora da idade militar, mulheres e crianças, era de cerca de 6.000.000 de
habitantes. Assim sendo, apesar de esse número dificilmente justificar as
palavras “tão numeroso que se não pode contar”, era, contudo, suficientemente
grande para deixar consternada a mente de Salomão. E/e era responsável por toda
essa gente! Comparar as expressões “como a areia do mar” (ver II Sam. 17.11) e
“como as estrelas do céu” (ver Êxo. 32.13). Parte do Pacto Abraâmico (ver as
notas expositivas a respeito em Gên. 15.18) dizia que seus descendentes seriam
numerosíssimos. Quanto ao caráter distintivo dos israelitas, que incluía o fato
de terem sido divinamente escolhido, ver as notas expositivas em Deu. 4.4-8. A
grande responsabilidade de Salomão levou-o a buscar sabedoria acima de todas as
coisas, acima de todas as outras vantagens, e seu pedido lhe foi concedido.
I Reis 3.9 Dá, pois,
ao teu servo coração compreensivo. Não somente com vistas à administração e
para manter em cheque os inimigos de Israel; nem somente visando à expansão e à
prosperidade econômica, coisas que realmente caracterizaram o seu reinado. Mas
especial e especificamente para que Salomão pudesse julgar Israel com justiça
(ver no Dicionário). Assumida a posição de juiz, o rei era um super juiz que
tinha de enfrentar diariamente inúmeros problemas relativos ao bem-estar do
povo e tomar delicadas decisões. Ele seria forçado a decidir sobre questões
criminais; relativas a disputas de terras; relativas a casos de fraude. Mães e
filhos olhariam para que ele fizesse justiça contra os ataques de homens
iníquos e desarrazoados.
Salomão precisaria de
um “coração ouvinte”, que é a tradução literal do hebraico, aqui traduzido por
“coração compreensivo”. Salomão precisaria daquele tipo de coração que podia
ouvir o som ciciante a dizer: “Esta é a vereda. Anda por ela”. Ver I Reis
19.12.
Coração. Essa palavra
“representa o âmago interior de uma pessoa, e assim pode ser usada para
referir-se à sede do intelecto, da vontade e das emoções” (Norman H. Snaith, in
loc.). Salomão, pois, queria um “coração condicionado por Deus”, isto é, dotado
de suprema sabedoria e dedicação, para sempre fazer o que era certo. Ver no
Dicionário o artigo chamado Coração. Salomão queria receber a “verdadeira
ciência do governo” (Adam Clarke, in loc.). Ele procurava poderes e sabedoria
sobre-humanos, que o tomassem preparado para a tarefa que tinha à frente.
I Reis 3.10 Yahweh
ficou satisfeito com o pedido de Salomão. Ele se agradou de que o rei não
estava preocupado com questões tais como riquezas materiais, fama e poder. Mas
Salomão, pela misericórdia divina, haveria de receber todas essas coisas como
brindes. Para Salomão, o que realmente importava era a sabedoria.
Porque o Senhor dá a
sabedoria, da sua boca vem a inteligência e o entendimento. (Provérbios 2.6)
Feliz o homem que
acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento. (Provérbios 3.13)
Adquire a sabedoria,
adquire o entendimento. (Provérbios 4.4)
“Da perspectiva
divina, seus valores estavam no lugar certo. Portanto, Deus prometeu dar-lhe o
que ele requereu” (Thomas L. Constable, in loc.).
Os sábios, embora
todas as leis fossem abolidas, levariam a mesma vida. (Aristófanes)
“... visando a honra
e a glória de Deus, que o tinha estabelecido sobre o Seu povo escolhido, e
sendo ele o vice-regente" (John Gill, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1357.
Sou ainda menino
pequenino (7). A nossa versão ultrapassa o hebraico em que apenas se lê
"sou ainda menino"; de qualquer modo a expressão é um característico
exemplo do exagero oriental em que, por amor à humildade, frequentemente se
cai. 1Rs 14.21 mostra-nos que Salomão tinha já um filho. A tradição a que
atendem a Septuaginta (alguns manuscritos) e Josefo, segundo a qual Salomão
teria apenas doze ou catorze anos de idade, é inteiramente desprovida de valor.
Nem sei como sair nem como entrar (7); é uma referência às suas funções
públicas, à rotina de todos os dias. Ver 2 Cr 1.10 e Cf. 1Sm 18.16.
Que nem se pode...
numerar pela sua multidão (8); Cf. 8.5. O fato de algumas pessoas tomarem
perversamente à letra tais expressões, não pressupõe que os orientais o
fizessem. Não haviam ainda decorrido muitos anos sobre o recenseamento levado a
cabo por Davi (2 Sm 24).
Um coração entendido
(9); segundo outra versão, que consideramos preferível, "um coração
receptivo, um coração pronto a ouvir". Ele não queria ser arrebatado pela
precipitação, pela paixão ou pelo preconceito.
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. I Reis pag. 13-14.
Pv 1.2 Para aprender
a sabedoria, e o ensino. Os homens precisam conhecer e seguir a sabedoria.
Crawford H. Toy (International Criticai Commentary, in loc.) disse que o
reconhecimento intelectual vem em primeiro lugar. A ideia é um tanto semelhante
à doutrina de Sócrates do “conhece-te a ti mesmo”, na qual o conhecimento
racional é muito importante. Mas não há que duvidar da ideia da agência do
Espírito, que usa a sabedoria adquirida para operar a vontade de Deus.
Portanto, isso deve incluir a iluminação da alma.
A sabedoria. Ver o
artigo sobre esta palavra no Dicionário, quanto a explicações completas. O
original hebraico diz hokhmah, palavra que, “neste versículo, significa
inteligência moral e religiosa, ou seja, o conhecimento da lei moral de Deus,
no que diz respeito às questões práticas da vida. Não se trata da sabedoria
especulativa e filosófica dos gregos” (Charles Fritsch, in loc.). Quanto ao que
se supõe que a lei significava para Israel, ver Sal. 1.2.
O ensino. A palavra
hebraica correspondente é musar, que tem o sentido básico de disciplina, ou
punição. Visto que aparece aqui de forma paralela com sabedoria, sem dúvida
significa o corpo e a atividade de ensino aplicados aos homens mais jovens,
para indicar seu treinamento no judaísmo. O principal manual, como é lógico,
seria a lei, porquanto, sem a lei, o judaísmo não seria o judaísmo. Esta
palavra implica a submissão às autoridades que eram mestres, como pai, mãe e,
especialmente, os mestres da lei, sábios cuja atividade se constituía em
ensinar às gerações mais jovens. O próprio livro mostra que tais mestres não se
apegavam à Bíblia, conforme a conheciam em seus dias, mas, antes, inventaram
muitas declarações e discursos que ultrapassavam os dizeres da lei, embora
tivessem suas raízes apegadas a ela.
Pv 1.3 Para entender
as palavras de inteligência. “Compreensão” significa discernimento, distinguir
o certo do errado e seguir o caminho certo, pois, caso não acompanhasse a parte
que segue, uma pessoa não seria dotada de real discernimento. A sabedoria pode
passar de pai para filho, e de mestre para estudante. As palavras devem ser
inteligentes e vigorosas, mas por trás delas deve haver a força do exemplo. No
livro de Provérbios, há sessenta e cinco convites para que os leitores tenham
entendimento. Ver Pro. 5.1.
Um pai deve três
coisas a seus filhos: exemplo; exemplo; exemplo. Cf. este versículo
com Heb. 5.14: para discernir não somente o bem, mas também o mal”.
Os homens possuem
capacidades para tanto, mas precisam ser treinados para distinguir o bem do
mal. Cf. I Reis 3.9. De outra sorte, o coração tornar-se-á néscio, ou seja,
insensível (ver Isa. 6.10). Ver também Fil. 1.10.
Para obter o ensino
do bom proceder. O autor sagrado continuava a explicar por qual motivo
escrevera esta porção e compilara este livro. Não basta ensinar. O estudante
deve estar motivado a aprender, isto é, receber o que lhe for ensinado. Um
estudante sente-se motivado quando se assenta aos pés de seu mestre. O
professor deve possuir muito mais conhecimento que o seu aluno. Além disso, o
aprendiz tem de ver que o próprio mestre pratica o que diz, dando o exemplo
correto.
Tornai-vos, pois,
praticantes da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a nos mesmos. (Tiago
1.22)
Resultados Práticos.
Um estudante deve obter sabedoria, praticando a retidão, cumprindo a justiça e
a equidade. Em outras palavras, deve ter as principais características de um
homem espiritual, cuja filosofia o salva de seus atos profanos.
Bom proceder. No
hebraico original temos a palavra haskei, e não a mesma palavra para
“sabedoria”, do vs. 2. Esta palavra significa “bom senso”. Um homem viverá de acordo
com o bom senso em todos os seus atos e relacionamentos com outras pessoas.
Alicerçado sobre esse fundamento, ele praticará as coisas que se seguem,
listadas após a palavra sabedoria.
A justiça. Esta
palavra, no original hebraico, é cedheq, “reto". Tal homem não se
envolverá em veredas tortuosas. Antes, caminhará ao longo da “vereda reta e
estreita”.
O juízo. No hebraico,
mishpat, “decisão" em favor do que é reto, atos e relações retas, a
retidão em todas as situações.
A equidade. No
hebraico, mesharim, que tem o sentido básico de suave ou reto. Ver Isa. 25.6,
onde se fala sobre a vereda de um homem reto. O homem vive “no mesmo nível” de
outros homens, ou seja, de maneira honesta e justa. “Aquilo que é reto,
verdadeiro e honesto” (Ellicott, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2537.
O leitor é convidado
a aprender sabedoria o ensino, para entender as palavras da Inteligência (vv.
2, 3). Esta introdução é categórica em que o livro se destina a conceder
sabedoria e tino ou correção da vida, que é o sentido do termo traduzido em
Heb. 12:5: correção que vem do Senhor. A intenção do livro é, pois, ensinar,
corrigir e fazer capaz de entender os caminhos do Senhor. Isto o autor de Hebreus
torna bem claro.
Para obter o ensino
do bom proceder, a justiça, o juízo e a equidade (v. 3), a fim de que os
simples, os menos entendidos nas coisas de Deus, possam capacitar-se para os
deveres da vida e da religião.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
Pv 1.1 — O prólogo do
livro de Provérbios (Pv 1.1-7) tem três partes: (1) título (v. 1), (2) objetivo
(v. 2-6) e (3) tema (v. 7). O título, Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei
de Israel (v. 1), pode sugerir três coisas: (1) Salomão é autor do livro, (2)
Salomão foi autor das principais contribuições ao livro, ou (3) Salomão é o
patrono da sabedoria em Israel, então seu nome está neste título como honorífico.
Como há outros autores (ex.: Agur [cap. 30] e Lemuel [Pv 31.1-10]), e algum material
de Salomão foi editado muitíssimo depois de sua morte (Pv 25.1), parece mais
sensato interpretar as palavras de abertura do livro como uma combinação da
segunda e terceira opções. Salomão não pode ser o autor de todo o livro, mas é seu
contribuinte mais notável e o modelo do ideal de sabedoria de Israel.
Pv 1.2,3 — Os
versículos 2 a 6 explicam o objetivo do livro de Provérbios. Os verbos
conhecer, entenderem e receber referem-se às formas de adquirir sabedoria.
A palavra sabedoria
se refere à capacidade, o que pode ser adquirida em sua vida quando se põe em
prática os ensinamentos dados por Deus. O termo instrução também pode ser
traduzido como disciplina [NVI]; refere-se ao processo de recepção de
conhecimento e posterior aplicação à sua vida diária.
Pv 1.3 — A expressão
traduzida como instrução do entendimento, assim como a sabedoria, denota uma
habilidade em prática, tal como a de um artesão ou músico. Ou seja, a sabedoria
afeta a vida como a habilidade dos artistas afeta a prática de sua arte. As
palavras justiça, juízo e equidade dão um contexto moral à sabedoria, instrução
e palavras que dão entendimento. A sabedoria bíblica permeia a vida inteira;
exige uma mudança de comportamento e comprometimento com a justiça.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 950.
Pv 29.26 Muitos
buscam o favor do que governa. Durante os tempos da monarquia, um homem devia
obediência a uma grande autoridade, o que poderia ser bom ou mau para ele. Os
homens naturalmente buscavam favores daquele que nas mãos tinha as questões de
vida e morte. Eles buscavam favores para prejudicar a outros, e favores para
beneficiar a si próprios. O rei tinha poderes para satisfazer tanto a uns como
a outros. Por essa razão, era muito procurado. Essa era uma das razões pelas
quais o acesso à pessoa do rei tinha de ser severamente resguardado. De outra
sorte, ele ter-se-ia transformado em mera máquina de dar coisas, satisfazendo
necessidades ou caprichos da multidão.
A segunda linha deste
versículo dá-nos a entender que buscar o rei ou mesmo obter favores da parte
dele não servia de garantia de que a justiça sempre era servida. Um bom rei
tentava cumprir bem o seu governo, mas, sendo ele homem falível, podia cometer
equívocos. Mesmo em ótimas circunstâncias, sob as ordens de um monarca os
ímpios podiam prosperar, e os bons podiam sofrer perdas. Ver Pro. 19.6 quanto a
um paralelo direto da primeira linha do presente versículo.
Antítese. Há somente
um Rei que é o despenseiro de justiça firme, e Ele jamais se equivoca; esse Rei
é o Rei celestial. Este versículo condena a dependência ao poder humano e
convida-nos a considerar o poder divino. Fazemos isso mediante o estudo da lei
de Moisés, fomentada pelos dizeres da sabedoria, e também mediante a confiança
em Deus (vs. 25). Fazemos isso mediante as boas obras e as experiências
místicas (ver no Dicionário o artigo chamado Misticismo).
Este versículo diz
respeito, principalmente, àqueles que têm sido injustiçados em tribunal ou em
outras circunstâncias, por parte de homens iníquos. Eles são convocados a
voltar-se para Deus, buscando vindicação, finalmente. Para Emanuel Kant, a
verdadeira justiça só pode vir da parte de Deus e, plenamente, só no pós vida.
Ele argumentou em favor da existência de Deus e da alma imaterial defendendo
que a justiça terá de ser servida, finalmente. Se isso não for feito, então o
caos é o verdadeiro deus deste mundo. E é claro que a justiça não é plenamente
servida nesta vida. Por conseguinte, deve ocorrer após a morte, na outra vida.
Deve haver um Poder suficientemente inteligente para recompensar o bem e
castigar o mal. E a esse Poder e Inteligência é que chamamos de Deus. Além
disso, os seres humanos têm de sobreviver à morte física para receber o bem ou
o mal que tiverem praticado, o que significa que a alma deve existir e também
sobreviver à morte biológica. Esse argumento é chamado de Argumento Moral.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2664.
O último ensino deste
capítulo ainda é o temor do Senhor. Muitos buscam favor de quem governa, mas
para o homem a justiça vem do Senhor. O Senhor promete fazer justiça aos seus,
mesmo que pareça tardio para com eles (Luc. 18:7, 8). Pelo menos 127 escrituras
podemos relacionar com respeito à justiça de Deus, justiça em todos os
quadrantes da vida. Graças a Deus, não estamos abandonados à mercê dos
malfeitores. Contra o justo se levanta o perverso, o ímpio, para quem o justo é
abominável, e todo o seu caminho, uma abominação ao mesmo perverso (vv. 26 e
27).
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
2. Injustiça e
arrogância.
ORGULHO
Esboço:
1. Definição nos Léxicos
2. Referências e Ideias Bíblicas
3. Notáveis Exemplos Bíblicos de Espírito Orgulhoso
4. Na Literatura de Sabedoria do Antigo Testamento
S. O Homem Esquece-se de Seu Legítimo Lugar
6. Opinião de Aristóteles a Respeito
7. O Orgulho e sua Detecção
1. Definição nos Léxicos
«Um exagerado senso
de superioridade pessoal, uma auto-estima desordenada, arrogância e altivez de espirito,
presunção». Temos aí uma definição negativa. Mas a palavra «orgulho» também tem
conotações positivas, como «um devido senso de dignidade e valor, auto-respeito
honroso, uma justa causa de exultação-, Isso posto, os sinônimos podem ser
negativos: ostentação, presunção, vaidade. Ou podem ser positivos: auto-estima,
admiração, espírito de exultação, ufania.
2. Referências e Ideias Bíblicas
O orgulho é um pecado
(Pro. 21:4); é abominável diante de Deus (Pro. 6:16); é uma expressão de
justiça própria (Luc. 18:11,12); procede de privilégios religiosos (Sof. 3:11);
vem de um conhecimento não-santificado (I Cor. 8:1); procede da inexperiência (I
Tim. 3:6); origina-se na possessão de poder e autoridade (Lev, 26:19); é
contaminador (Mar. 7:20,22); endurece a mente (Dan. 5:20); deve ser rejeitado
pelos santos (Sal. 131:1); serve de obstáculo às operações de Deus (Sal. 10:4;
Osé, 7:10); é um empecilho ao aprimoramento pessoal (Pro. 26:12); caracteriza
supremamente ao diabo (I Tim. 3:6); foi o principal fator na queda de Lúcifer
ou Satanás (Isa, 14: 12 ss): é uma atitude comum da humanidade, em sua
hostilidade contra Deus (I João 2: 16); é característica dos falsos mestres (I
Tim. 6:3,4); origina-se na própria alma humana (Mar. 7:21 ss); leva à atitude
contenciosa (Pro. 13:10; 16:18); será uma das características dos ímpios nos
últimos dias (11 Tim. 3:2). Além disso, os orgulhosos serão humilhados (Sal.
18:27; Isa. 2:12); e o castigo divino aguarda aos orgulhosos (Sof. 2:10,11;
Mal. 4:1).
3. Notáveis Exemplos Bíblicos de Espírito Orgulhoso
Aitofel (11 Sam.
17:23); Ezequias (11 Crô. 32:25); o próprio Satanás (Isa. 14:12 ss); Harnã
(Est, 3:5); Moabe (Isa. 16:6);Tiro (Isa, 23:9); Israel (Isa. 28:1); Judá (Jer.
13:9); Babilônia (Jer, 50:28,32); Assíria (Eze. 31:3,10); Nabucodonosor (Dan.
4:30); Belsazar (Dan. 5:22,23); Edom (Oba. 3); os escribas dos dias de Jesus
(Mar. 12:38,39); os crentes de Laodicêia (Apo. 3:17).
4. Na Literatura de Sabedoria do Antigo Testamento
Esse material
concentra-se em tomo do pecado que é o orgulho, em consonância com os
provérbios canônicos (ver Pro. 16:18). O espírito religioso reconhece a
inutilidade da pretensão e da vaidade humanas.
5. O Homem Esquece-se de seu Legitimo Lugar
Os pagãos olvidam-se
de Deus, embora exaltando porções da criação divina; e assim terminam em uma insensata
idolatria (ver Rom. 1:21,25). Talvez a pior modalidade de idolatria seja a
auto-exaltação. Há ocasiões em que a jactância é apenas um mecanismo psicológico,
que busca reconhecimento e apoio da parte de outras pessoas. Mas, com
frequência, a jactância é apenas uma avaliação exagerada do individuo acerca de
si mesmo.
6. Opinião de Aristóteles a Respeito
Esse antigo filósofo
grego fazia do orgulho uma virtude. Porém, ele tinha em mente o meio-termo entre
a humildade excessiva e a vaidade, ou seja, os extremos negativo e positivo do
orgulho. Para ele, um homem não deve humilhar-se e autodegradar-se, o que é uma
insensatez. Mas também não deve ser jactancioso e inchado. Antes, deve
ufanar-se no bom senso de ter uma adequada auto-estima, de fazer uma correta
avaliação de suas potencialidades e de seu valor. Falando dentro do contexto
cristão, podemos dizer que a vida caracterizada por um orgulho negativo é
incompatível com a vida em Cristo, onde «viver é Cristo». Todavia, esse fato de
vivermos «em Cristo» empresta-nos um grande valor; e podemos ter uma dignidade
própria da autêntica humanidade, o que é impossível à parte de Cristo, o qual
empresta aos homens o valor que eles têm.
7. O Orgulho e sua Detecção
Sempre será mais
fácil vermos o orgulho manifesto em nossos semelhantes, e não em nós mesmos.
Algumas pessoas
arrogantes chamam de orgulhosas a outras pessoas. É que o orgulho é uma atitude
muito sutil. Podemos ter o orgulho de sermos mais espirituais que outras
pessoas, conforme os fariseus se imaginavam. Podemos até ter orgulho de nossa humildade,
de nossa suposta bondade. Todavia, há formas de orgulho justificáveis e até
desejáveis (ver I Cor. 1:29-31; Gâl. 6:14; Fil. 3:3); e a essas formas damos o
nome de «ufania». Alguns falam em um «orgulho justo» acerca de alguma coisa, o
que é perfeitamente possível. Por outra parte, o orgulho pecaminoso constitui
um grande mal. Agostinho e Tomás de Aquino viam no orgulho a essência própria do
pecado, um vício cardeal.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 4. Editora Hagnos. pag. 621-622.
ORGULHO. O orgulho é
mais facilmente reconhecido do que definido, e mais facilmente detectado em
outros do que em si mesmo. O conceito admite muitos sinônimos que refletem
atitudes e atos, como arrogância, presunção, prepotência, vaidade e
auto-satisfação. O orgulho é incessantemente egoísta, uma pessoa orgulhosa
perde, então,
qualquer equilíbrio que possa surgir de um reconhecimento de sua posição com
relação a Deus ou com relação a habilidade e valor dos outros. Visto que a
verdadeira natureza do homem é compreendida principalmente por sua dependência
e contingência para com Deus e encontra cumprimento e enriquecimento em relação
ao homem, segue que o orgulho é uma atitude auto-isolante e independente que
exclui o homem de seus relacionamentos necessários e perverte sua verdadeira
humanidade. Dessa forma, orgulho é pecado. Ele é considerado um traço do
caráter pelo qual um indivíduo compara-se com outros para sua própria
satisfação. O orgulho não é compreendido a menos que seja visto que o desprezo
pelos outros não permite qualquer comparação ou competição. E uma perversidade
da natureza, indiferente a outras opiniões, valores e virtudes dos outros.
Nesta indiferença fria e odiosa o orgulho é mais mortal.
A satisfação do
orgulho é a auto-satisfação sem fim: orgulho do mal, da bondade, do nascimento
e posição e até mesmo da humildade. Nenhuma persuasão ou direção moral pode
interrompê-lo, pois a auto-satisfação é completa em si mesma.
As raízes hebraicas
do AT significam “elevar”, “estar no alto”. As palavras do NT refletem uma gama
de sinônimos e equivalentes que permitem traduzi-las como “exibição vazia” ou
“vangloriar-se”, “gloriar-se” ou “gabar-se”, “arrogância” .Segundo Thayer
(Greek-English Lexicon of the New Testament, 25), o orgulho condenado na Bíblia
é “uma certeza insolente e vazia, que confia em seu próprio poder e recursos, e
despreza e viola as leis divinas e humanas”. Quando o orgulho foi aprovado,
como por exemplo em 1 Coríntios 1.29-31; Gálatas 6.14; Filipenses 3.3 etc., foi
apoiado na suficiência de Cristo, e não na de Paulo.
Agostinho, Tomás de
Aquino e outros fazem do orgulho (como o egoísmo e a sensualidade) a própria
essência do pecado.
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 4. pag. 677-678.
ORGULHO Atitude de
auto-exaltação, com seu conceito de superioridade, pisando arrogantemente sobre
os outros e, em sua independência espiritual, rebelando-se contra Deus com uma
suposta auto-suficiência. O uso de nove palavras hebraicas pelo AT indica a
universalidade, natureza, efeitos e condenação do orgulho (cf. a obra de Young,
Analytical Concordance to the Bible). A revelação do NT, em relação ao orgulho,
é transmitida por três palavras gregas que indicam muitas características da
natureza e da operação do orgulho. Elas ocorrem juntas e também de forma
alternada em Romanos 1.30.
1. A palavra grega
alazoneia (presunção em palavras ou soberba) se refere à pretensão e arrogância
do alazon ("soberbo", Rm 1.30; 2 Tm 3.2), o jactancioso que usa as
palavras em seu próprio benefício e promete o que não pode cumprir. Ela
descreve o homem que ignora a soberania de Deus, que tenta controlar a sua vida atual (1
Jo 2.16) e modelar o seu próprio futuro.
2. A palavra grega
hyperephania (orgulhoso e arrogante em pensamentos) descreve o homem que exalta
a si próprio acima dos outros, não através de atos exteriores de bazó-fia, mas
com uma atitude interior do coração, que ergue um altar a si próprio em seu íntimo
onde realiza o seu próprio culto ("orgulho", Rm 1.30; 2 Tm 3.2; Lc
1.51; Tg 4.6; 1 Pe 5.5; cf. Mc 7.22).
3. Apalavra grega
hybris (insolente e injurioso em atitudes) representa o orgulho que faz o homem
agir com violenta e arrojada insolência contra Deus e os homens. Em relação a
Deus, hybris leva o homem a esquecer a sua criação, permite que as paixões o
dominem de tal forma que a superioridade perante os demais é conquistada
através da injúria (2 Co 12.10). Em Mateus 22.6, hybris se refere à insolente
rejeição do homem ao convite de Deus (a forma substantiva ocorre em Romanos
1.30 como "insultuoso" e em 1 Tm 1.13 como "injuríador",
"opressor", "insolente". O verbo é encontrado em Mateus
22.6; Lucas 11.45; 18.32; Atos 14.5; 1 Ts 2.2; Tt 1.11). Veja Georg Bertram,
''Hybris etc", TDNT, VIII, 295-307.
O crente aprende nas
Escrituras que o orgulho foi o pecado de Satanás (1 Tm 3.6); que ele engana o
coração (Jr 49.16) e endurece a mente (Dn 5.20), que é uma abominação perante
Deus. É algo que Ele odeia (Pv 16.5; 6.16-17) e que Ele trará ajuízo (Pv
16.18). Dessa forma, o crente deverá entender a absoluta necessidade de que
Espírito Santo implante em seu ser a mente de Cristo, que é o exemplo supremo
da humildade, e que está livre de todas as formas do pernicioso orgulho nas
palavras, no pensamento e nas atitudes. F. D. L.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 1425.
HUMILDADE. Apenas na fé bíblica a humildade é
tida como uma virtude, as outras religiões relacionam a humildade à falta de
honra e não a reconhecem como virtude. Filósofos, com exceção daqueles
claramente influenciados pela tradição judaico-cristã, ou ignoram essa virtude
ou a depreciam. Assim Aristóteles, na hábil sistematização da sabedoria
pré-cristã, A Ética Nicomaquéia, exalta uma magnânima auto-suficiência que é
justamente o contrário. Séculos depois Friedrich Nietzsche condena a humildade
como parte inseparável de uma moralidade pervertida, a qual a transformação
cristã de valores faz com que indivíduos inferiores como Paulo, com ressentimento,
metamorfoseiem sua baixeza e fraqueza, exaltando a condição servil ao ápice da
excelência. A humildade, portanto, é atacada por Nietzsche como uma negação da
genuína humanidade que seria personificada no anticristão e aristocrático
Super-homem.
Dentro da estrutura do teísmo revelacional,
contudo, a humildade é de fato uma virtude, a atitude apropriada da criatura
humana para com seu divino Criador. É o reconhecimento espontâneo da
dependência absoluta da criatura em relação ao seu Criador; um reconhecimento
de bom grado, não hipócrita, do abismo que separa o Ser que existe por si só do
ser absolutamente contingente, a “infinita diferença qualitativa entre Deus e o
homem” postulada por Kierkegaard. E a postura de ajoelhar-se em respeito e
gratidão, ciente de que a existência é um dom da graça, inescrutável
misericórdia que, tendo chamado uma pessoa para fora do não-ser, sustenta-a a
todo instante para que ela não caia de volta na inexistência. A humildade,
assim, é explicada pela confissão de Abraão de que ele não é mais do que “pó e
cinzas” (Gn 18.27). É explicada novamente pela veemente lembrança de Paulo aos
orgulhosos coríntios de que a posição do homem diante de Deus é necessariamente
a posição de alguém que recebe, a de um mendigo cujas mãos estão vazias até que
a benevolência divina as encha (ICo 4.6,7).
Além do mais, dentro da estrutura teísta, a
humildade é a reação completamente correta de uma criatura culpada na presença
de seu Criador santo. E o reconhecimento por parte do pecador de que sua
irredutível insuficiência, enquanto criatura finita, tem sido, apesar disso,
incomensuravelmente diminuída pela rebelião contra seu Criador. No AT é o grito
do jovem profeta quando vê o Senhor: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou
homem de lábios impuros” (Is 6.5). No NT é a honesta auto-depreciação do
apóstolo quando se dá conta de sua teimosa desobediência em relação à verdade
(ICo 15:9; Ef 3.8; lTm 1.15). Humildade é o corolário lógico da consciência do
pecado. Apesar de sua dignidade, contudo, seu inestimável valor como imago dei,
o homem como um agente finito de rebelião é, na verdade, “pó e cinzas”.
Segue-se disso que a humildade é a essência
da piedade do AT. Um tema frequente no livro de Provérbios (3.34; 11.2; 15.33;
16.19; 25:7), ela é exemplificada por Abraão (Gn 32.10); por Moisés, que
proeminentemente “era homem mui manso, mais do que todos os homens que havia
sobre a terra” (Nm 12.3); por Saul no início de sua carreira (ISm 9.21); e por
Salomão cujo conhecimento de si mesmo motivou sua sincera auto-humilhação (IRs
3.7). Como um fundamento da piedade, essa virtude é expressa de forma clássica
em Miqueias 6.8, “o que o Senhor requer de ti, senão que
pratiques a justiça, e ames a benevolência, e andes humildemente com o teu
Deus?” Assim o Rabino Joshua ben Levi estava simplesmente resumindo o AT
quando, ao discutir o mérito comparativo de várias graças, ele insistiu: “A
humildade é a maior de todas, pois está escrito, ‘O Espírito do Senhor Deus
está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos
quebrantados’ (Is 61.1). Não foi dito ‘aos santos, mas ‘aos humildes’, de onde
aprendes que a humildade é a maior de todas” (citado por Morton Scott Enslin,
TheEthics ofPaul [1930], 249).
A humildade é, da mesma forma, a essência da
piedade do NT. Como poderia ser de outra maneira tendo-se em vista o próprio
exemplo de Cristo? Como Paulo apresenta na maior de todas as passagens
senóticas, o Salvador “a si mesmo se humilhou”, abandonando voluntariamente seu
status divino, renunciando sua beatitude e dignidade para viver como homem no
mais baixo nível de pobreza e obscuridade, no devido tempo descendo aos níveis
mais profundos de ignomínia e agonia (Fp 2.5-8). No agape de dar-se a si mesmo
está a antítese e a contradição de todo eras narcisista. Além disso, o caráter
de Jesus não exibiu nem um pouco de orgulho ou arrogância. Apesar de
inabalavelmente corajoso e, às vezes, severamente sincero, ele era “manso e
humilde de coração” (Mt 11.29). Assim, seus ensinos acerca da pobreza de
espírito não tinham nenhuma associação hipócrita (Mt 5.3). Em vez de aceitar a
glória, ele dava testemunho da dependência total de seu Pai como fonte de sua
própria sabedoria e poder; em vez de apegar-se à glória, ele atribuía toda
glória a seu Pai (Jo 5.19; 6.38; 7.16; 8.28,50; 14.10,24). Quando se inclinou
para lavar os pés de seus discípulos, Jesus não estava se entregando a uma
representação de ostentação teatral; pelo contrário, estava simbolizando com
perfeita integridade todo o significado e mensagem de seu ministério. Nesse ato
o motivo fundamental de sua pessoa e obra abre caminho, o motivo que atinge seu
ápice na cruz.
Consequentemente, uma vez que a imitatio
Christi é o imperativo do NT, a vida de todo discípulo fiel deve ser uma vida
de humildade. Preocupado em exaltar o Salvador, assim como o Salvador estava
preocupado em exaltar o Pai, o discípulo declara, como aquele que batizou o
Salvador: “E necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). O discípulo
dá as costas para a posição social, para a segurança e ao sucesso, pedindo
apenas uma oportunidade para servir, ainda que modestamente (Mt 23.8,10; Mc
10.3545). Gloriando-se apenas na cruz (G1 6.14), ele luta para alcançar uma
avaliação apropriada de si mesmo, não irrealisticamente esvaziada nem egoisticamente
concebida (Rm 12.3). Ele se propõe seriamente a fazer da atitude de Jesus seu
princípio controlador da vida, quer em relação a Deus quer em relação a seus
irmãos (Rm 12.10; Tg 4.10; IPe 5.5,6). Em resumo, o discípulo fiel trava uma
batalha contínua contra o orgulho, o qual é a raiz do pecado, aquele egoísmo
que dá origem ao egocentrismo, à auto-exaltação, à obstinação, à presunção, à
autoconfiança, à glorificação pessoal e, portanto, à decepção com seu último
fruto de frustração e desespero (Rm 10.2). Na medida em que ele se mantém
vencendo a batalha contra o orgulho e a presunção, ele amadurece naquela
santidade que floresce apenas no solo da humildade.
Essa virtude pode ser grosseiramente mal
interpretada. Falando claramente, portanto, a humildade bíblica não é o
conceito oposto que utiliza o disfarce da humildade. E aquela atitude que
resulta em uma avaliação pessoal destemidamente honesta, uma auto-avaliação que
nem diminui as realizações pessoais nem aumenta as falhas de ninguém. A humildade não é o masoquismo sutil
que se deleita em sua própria humilhação. Não é aquela covardia que protege o
indivíduo por meio de um servilismo ultrajante. Não é, além do mais, uma
virtude puramente particular. É o produto daquele teocentrismo radical que
agradecidamente reconhece a soberana concessão de dons por Deus e sua soberana
capacitação para o serviço; isso elimina, assim, a arrogância que destrói a
comunidade. Completamente desprovida de arrogância, a humildade, portanto,
regozija-se com Maria, “Porque me fez grandes coisas o Poderoso; e Santo é o
seu nome” (Lc 1.49).
Agostinho, portanto, estava certo. O segredo
da santidade é, como ele deu uma ênfase tríplice, “Humildade! Humildade!
Humildade!” Ou nas palavras penetrantes de Kenneth Kirk: “Sem humildade não pode
haver serviço digno do termo; o serviço protetor é autodestrutivo — pode ser o
maior dos desserviços. Portanto, para servir seus companheiros — para evitar
causar-lhes dano maior do que o bem a que se propusera fazer — um homem deve
encontrar um lugar para a adoração em sua vida.... Se procurarmos fazer o bem
com alguma esperança segura de que virá a ser o bem e não o mal, devemos agir
com espírito de humildade; apenas a adoração pode nos tomar humildes”
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 3. pag. 156-158.
HUMILDADE
1. O termo aparece apenas uma vez na versão
KJV em inglês (Cl 3.12), e nenhuma vez na versão RSV em inglês, porém aparece
11 vezes na versão ARC em português. A palavra gr. tapeinophrosyne é usada
outras seis vezes e traduzida na versão KJV em inglês como
"humildade" de pensamento (Fp 2.3; Ef 4.2), e como
"humildade" (At 20.19; Cl 2.18,23; 1 Pe 5.5). Várias versões o
traduzem, de forma geral, como "humildade" (Fp 2.3; At 20.19; 1 Pe
5.5; Ef 4.2; Cl 2.18,23).
2. Uma característica cristã, resumida em
Romanos 12.3: "Porque... digo a cada um dentre vós que não saiba mais do
que convém saber". A humildade (gr. tapeinophrosyne, 1 Pe 5.5) é uma
atitude mental de inferioridade (Ef 4.2; Fp 2.3), o oposto do orgulho (q.v.). E
aquela graça específica desenvolvida no cristão pelo Espírito de Deus, em que
ele sinceramente reconhece que tudo o que tem e é deve-se ao Deus Trino, que
opera de forma dinâmica a seu favor. Ele então se submete voluntariamente à mão
de Deus (Tg 4.6-10; 1 Pe 5.5-7). Assim, a humildade não deve ser equiparada a
um piedoso complexo de inferioridade. Ela pode ser fingida pelos falsos mestres
(Cl 2.18,23) por meio de atos de auto-humilhação.
Esta qualidade é louvada no AT (Pv 15.33;
18.12; 22.4). O termo heb. 'anawa (de 'anah, "ser afligido") sugere
que a humildade de espírito é frequentemente o resultado da aflição. A vida de
muitos reis de Judá e de Israel foram avaliadas de acordo com esta
característica (1 Rs 21.29; 2 Cr 32.26; 33.23; 34.27; 36.12). Humilhar-se é o
primeiro passo para o verdadeiro avivamento (2 Cr 7.14; cf. Mq 6.8). O próprio
Deus, que é sublime e grandioso, deleita-se em habitar com aquele que tem um
espírito contrito e humilde, a fim de avivá-lo (Is 57.15). Jesus Cristo, como o
supremo exemplo de humildade (Mt 11.29), forneceu aos seus discípulos uma
demonstração visível de humildade ao lavar-lhes os pés (Jo 13.3-16). Uma
importante passagem cristológica no NT (Fp 2.5-11) encontra seu ponto-chave no
cultivo desse traço de Jesus Cristo por parte do crente. Veja Humildade;
Cristo, Humilhação de.
F. R. H.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 940.
III - O
RICO VERSUS O POBRE
1. Riqueza e
arrogância.
Riqueza e arrogância
O rico orgulhoso
“Vive do jeito que
gosta Pisando sobre os pequenos,
Levando o mundo nas
costas E vomitando veneno.
Mas quando a hora é
chegada E a morte dele se agrada,
Nem mesmo o doutor
socorre,
Não tem orgulho que
empate,
O seu cachimbo ele
bate Do jeito que os pobres morrem.
Quando um orgulhoso
morre,
Se alguém tem pena e
perdoa,
Depois que a notícia
corre,
Outro diz: ô coisa
boa!
Ele agora vai pagar.
Já outro diz, de
acolá:
Cadê tanta soberbia
E tanta perversidade?
Toma, bicho sem
piedade,
Era o que você
queria!
A riqueza passa a ser
estimada pelo próprio Deus quando atende aos seus propósitos: “O que oprime ao
pobre insulta aquele que o criou, mas a este honra o que se compadece do
necessitado” (Pv 14.31, ARA). Nesse aspecto, riqueza e humildade podem até
mesmo andarem juntas: “O galardão da humildade e o temor do Senhor são
riquezas, e honra, e vida” (Pv 22.4)
R. N. Champlin
destaca que “em contraste com a situação dos pobres, devemos considerar o caso
do homem arrogante, que não tem medo da face de ninguém. Ele se pavoneia como se
fosse um galo, emitindo o seu cântico tolo. Ele pode dar a outros respostas
duras e apimentadas, sem temer o que possam fazer e sem se importar se eles
gostam ou não do que ele faz. Portanto, bendito seja o dinheiro! Os ricos
respondem duramente aos pobres, quando estes querem dinheiro. Talvez seja essa
a principal questão tencionada nessas respostas. O pobre é mal recebido quando
se dirige ao rico, para pedir-lhe que aumento seu salário, que lhe dê um
empréstimo ou alguma importância em dinheiro para alguma necessidade especial.
“A pobreza gera a impotência e a humildade; as riquezas geram a
autossuficiência e a arrogância” (Fausset, in loc.).
Os versículos 11 de
Provérbios 28 é entendido pelo Comentário Beacon da seguinte forma: “A
presunção do rico é o tema do versículo 11. 0 homem arrogante pensa que a sua
habilidade para os negócios é uma indicação de sabedoria superior, mas o pobre
consegue perceber coisas por trás das limitações desse homem e possuir a
verdadeira sabedoria e segurança (veja comentário de 18.11)”.
Lawrence O. Richards
destaca em seu comentário o que chama de “vantagens de ser pobre”:
1. Os pobres sabem
que têm necessidade urgente de redenção.
2. Os pobres conhecem
não somente a sua dependência de Deus e de pessoas poderosas, como também a sua
dependência dos outros.
3. Os pobres
descansam na sua segurança, não em coisas, mas em pessoas.
4. Os pobres não têm
um sentimento exagerado sobre a sua própria importância, nem uma necessidade
exagerada de privacidade.
5. Os pobres esperam
pouco da competição, e muito da cooperação.
6. Os pobres podem
distinguir entre as necessidades e os supérfluos.
7. Os pobres podem
esperar, porque adquiriram um tipo de paciência tenaz, nascida da dependência
reconhecida.
8. Os medos dos
pobres são mais realistas e menos exagerados, porque eles já sabem que é
possível sobreviver a grandes sofrimentos e necessidades.
9. Quando o evangelho
é pregado aos pobres, fica bastante claro que são as Boas-Novas, e não uma
ameaça ou uma repreensão.
10. Os pobres podem
responder ao chamado do evangelho com certo abandono e uma totalidade
descomplicada, porque têm muito pouco a perder, e estão dispostos a tudo.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 87-89.
Pv 28.19 O que lavra
a sua terra virá a fartar-se de pão. Este versículo é similar a Pro. 27.23-27.
O autor sagrado encorajou os leitores a fazer da vida agrícola a profissão
deles, em contraste com realizações sem valor. A leitura das notas nas referências
dadas ilustra o assunto com interessantes detalhes. Pro. 12.11 é quase igual ao
presente versículo, e as notas expositivas dadas ali também se aplicam aqui.
Ali, a segunda linha apresenta o indivíduo que busca alvos sem valor como se
fosse um insensato sem bom senso. Aqui o homem fica pobre, em vez de
enriquecer, sua motivação para as buscas “exóticas” ou profissões improváveis.
Antítese. O homem
decidiu que não seria agricultor. Portanto, começou a atirar-se a buscas vãs, o
que, provavelmente, significa profissões sem futuro. O homem que assim age é
insensato (ver Pro. 12.11) e termina a sua carreira na pobreza. Temos um
paralelo deste versículo nas Instruções de Amen-em-Ope (ver a respeito dessa
obra literária em Pro. 22.2). Essa obra serviu de base para certas porções do
iivro de Provérbios ou, pelo menos, houve um fundo comum de provérbios no qual
ambas as obras — as instruções de Amen-em-Ope e o livro de Provérbios — se
firmaram. O paralelo diz como segue:
Ara teus próprios
campos, e então descobrirás o que existe, E obterás pão de tua própria eira.
Pv 28.20 O homem fiel
será cumulado de bênçãos. O homem que merece confiança não empregará esquemas
que tentem levá-lo à riqueza rápida. Antes, procurará ser um trabalhador árduo,
obtendo seu ganho pela força do trabalho. De acordo com ele, esse é o homem que
tem sabedoria e entendimento. Apesar de não enriquecer, não lhe falta coisa
alguma; pelo contrário, ele obtém muitas bênçãos com o labor das próprias mãos,
da parte de outros homens, que aprovam a sua conduta, e também da parte de
Deus, que controla todos os acontecimentos.
Pro. 13.11 é quase
idêntico a este versículo, mas as linhas estão invertidas. O homem que obtém o
que possui mediante trabalho enriquecerá com as bênçãos de Deus. Encontramos
algo similar em Pro.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2679.
28.17-19 — A
expressão lavrar a sua terra é um chamado ao trabalho árduo, uma promessa de
recompensa e um alerta contra os ociosos.
28.20 — O homem fiel
tem êxito. Ou seja, é a fidelidade a Deus, e não a ambição, que determina o
sucesso na vida.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 984.
Pv 29.3 O homem que
ama a sabedoria alegra o seu pai. O pai, neste versículo, pode ser o pai
biológico, mas também pode ser o pai espiritual, cujo filho se desviou dos
ensinos de sua escola e correu para a vida mundana, incluindo a companhia de
mulheres de vida fácil. Isso se ajusta bem a várias passagens da parte inicial
do livro de Provérbios. Ver contra os pecados sexuais em Pro. 2.16-19; 5.3-23;
6.20-25; todo o capítulo 7 e 9.13-18. Cf. também Pro. 10.1; 23.15-24 e 27.11.
Quando um filho segue os ensinamentos de seu pai, há alegria; mas os desvios
para longe dessa norma arruínam tudo.
Antítese. O homem que
mantém a companhia de prostitutas desperdiça suas riquezas, um elemento notável
nessa espécie de pecado, embora não seja a única coisa deprimente. Ver Pro.
5.9,10; 6.26; 28.7 e Luc. 15.13,30. A sabedoria pode salvar um homem dos
pecados sexuais, mormente o adultério. Ver Pro. 2.12,16 e 5.1-3,7-11. Quando um
pai vê um filho seu misturado com esse tipo de vida, sente tristeza, em contraste
com a alegria que vemos na primeira linha.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2681.
Todavia, há alguns
que amam a sabedoria e alegram o seu pai; MAS o companheiro de prostitutas desperdiça
os bens (v. 3). Compare com Lucas 15:11-30, especialmente 30. Esta praga social
tem sido a ruína de muitos jovens, embora pareça não haver jeito. Recordamos
quando um chefe de polícia, certa vez no Rio, determinou extirpar da cidade
essa gente e como tantos se levantaram contra ele. Logo caiu, também por causa
do jogo do cavalo. Certos pecados sociais parecem invencíveis, e o meretrício e
o jogo são dois deles. Só seria possível se reformássemos a sociedade. Como? O
evangelho é o único remédio.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
Pv 18.23 O pobre fala
com súplicas. O homem pobre, que não tem poder por causa da falta de dinheiro,
tem de passar a vida esmolando pelo que quer. A própria vida o humilha na
presença de outras pessoas dotadas de meios financeiros. Talvez ele não peça
por um pedaço de pão nas esquinas das ruas, mas o seu estilo de vida é uma
espécie de esmolar contínuo, implorando que outros sejam generosos, lhe façam
empréstimos etc. Cf. Pro. 10.15,16 quanto a uma afirmação semelhante. Este
versículo, incidentalmente, pode falar contra a preguiça, a qual atrai pobreza
(ver Pro. 6.10,11), visto que, com frequência essa é a origem do estado de
pobreza. Por outra parte, existem aqueles pobres que trabalham, mas são
explorados pelos seus empregadores. Ademais, há o problema do desemprego, que
garante que “os pobres sempre os tendes convosco” (Mat. 26.11). Ver Pro. 14.21
quanto à questão dos pobres; e ver no Dicionário o verbete intitulado Pobre,
Pobreza.
Antítese. Em
contraste com a situação dos pobres, devemos considerar o caso do homem rico e
arrogante, que não tem medo da face de ninguém. Ele se pavoneia como se fosse
um galo, emitindo o seu cântico tolo. Ele pode dar a outros respostas duras e
apimentadas, sem temer o que possam fazer e sem se importar se eles gostam ou
não do que ele faz. Portanto, bendito seja o dinheiro! Os ricos respondem
duramente aos pobres, quando estes querem dinheiro. Talvez
seja essa a principal
questão tencionada, nessas respostas. O pobre é mal recebido quando se dirige
ao rico, para pedir-lhe que aumente o seu salário, que lhe dê um empréstimo ou
alguma importância em dinheiro para alguma necessidade especial. “A pobreza
gera a impotência e a humildade; as riquezas geram a auto-suficiência e a arrogância”
(Fausset, in loc.).
“Encontramos aqui uma
advertência contra os efeitos endurecedores das riquezas. Cf. Mar. 10.23”
(Ellicott, in loc.). “Eles respondem a outros com palavras duras e brutas,
especialmente com os que lhes são inferiores e, particularmente, com os pobres.
Não é assim que as coisas deveriam ocorrer, mas é o que comumente acontece”
(John Gill, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2631.
18.23 - Este
versículo não aprova a atitude de alguns de insultar os pobres: simplesmente
reconhece um fato infeliz da vida.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 855.
O pobre fala com
súplicas, mas o rico respondo com dureza (v. 23). O pobre é sinônimo de
humildade, mas nem sempre, pois há pobres arrogantes e malcriados. O que se
ensina é que o pobre, por sua condição, é pessoa humilde, enquanto o rico se
supõe senhor de tudo e é arrogante. Nem um nem outro tem de que se valer da sua
condição, porque o pobre apenas é um deserdado da sorte; e o que o rico tem não
é seu. Então ombreiam-se as condições de ambos. Um que não tem, e outro que tem
o que não é seu.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
2. Pobreza e
humildade.
Pv 28.6 Melhor é o
pobre que anda na sua integridade... É melhor alguém padecer necessidades
materiais, mas possuir riquezas espirituais, do que possuir riquezas e ser uma
pessoa iníqua. A primeira linha deste versículo é idêntica a Pro. 19.1a, onde
apresento as notas expositivas.
Antítese. O homem
rico tem o que sempre foi cobiçado pelos indivíduos profanos; riquezas
materiais, muito dinheiro, propriedades, prata, ouro, pedras preciosas e bens
de consumo de toda espécie, grande parte deles importados. Se os homens a quem
ele prejudicou não o perseguirem para fazer-lhe o mal, a retribuição divina o
fará, porquanto ele vive pleno de transgressões e não pode ter uma vida longa
em paz. Ver sobre o perverso, em Pro. 2.15. Esse é o homem perverso, que
caminha em sua vereda pervertida.
Nos seus caminhos.
Ver sobre a metáfora da vereda, em Pro. 4.11; ver Pro. 4.27 quanto aos
caminhos bom e mu contrastados-, e ver sobre a metáfora do andar, no
Dicionário. A questão dos caminhos pode ser traduzida por “perverso em dois
caminhos”, o que poderia significar o homem que tenta seguir dois caminhos
diferentes, o reto caminho da lei e o seu próprio caminho tortuoso. Se esse é o
verdadeiro significado aqui, então temos Eclesiástico 2.12 como um mandamento
direto contra tal tentativa. Ver sobre o vs. 5, no fim, quanto às citações.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2677.
28.6 — Os provérbios
fazem considerações equilibradas a respeito do rico e do pobre. Em nenhum
momento, presumem que a retidão leve à riqueza, nem que as pessoas ricas são
necessariamente fiéis a Deus. Conforme indicado por este versículo 6, é melhor
padecer necessidades e ter riquezas espirituais, do que possuir muitos bens e ser
uma pessoa ímpia.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 984.
Pv 28.11 O homem rico
é sábio aos seus próprios olhos. Um homem rico, visto ter dinheiro e poder,
engana-se para pensar que é um verdadeiro líder de homens. Porém, não possuindo
espiritualidade, ele se engana a si mesmo quanto às verdadeiras riquezas e à
verdadeira grandeza. Um homem verdadeiramente grande pode ver a falácia que é a
sua vida. Cf. esta primeira linha com Pro. 26.5 e algo similar em Eclesiastes
9.11,15.
Nem sabes que tu és
infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. (Apocalipse 3.17)
Antítese. Em
contraste, o homem pobre, mas espiritual, tem a verdadeira compreensão que se
deriva da lei de Moisés. Ele sabe quais são as verdadeira riquezas e a
espiritualidade, e também sabe que o homem rico e orgulhoso não tem esse tipo
de possessão. Eie percebe a farsa com a maior facilidade.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2678.
Pv 28.11 - Os ricos frequentemente pensam que
são maravilhosos; por acharem que não dependem dos outros, atribuem a si mesmos
o mérito por tudo o que fazem. Mas este orgulho não tem valor. Os pobres, por
que dependem de Deus para ajudá-los em suas lutas, podem ter uma riqueza
espiritual que dinheiro algum pode comprar. Os bens materiais podem ser perdidos
ou roubados, mas não o bom caráter de uma pessoa. Não tenha inveja dos ricos; o
dinheiro pode ser a única coisa que eles têm.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 869.
Pv 22.1 Mais vale o
bom nome do que as muitas riquezas. O bom nome corresponde à natureza real da
pessoa. O indivíduo não pode ser hipócrita. Uma vez cumprida essa condição,
então esse bom nome é algo que deve ser valorizado. O bom nome é preferível às
grandes riquezas, que é o que a maioria dos homens busca tão diligentemente. O
bom nome é o nome de um homem sábio, que estuda a lei e a segue. Pirke Aboth
4.17 tem uma excelente declaração que ilustra o versículo: “Existem três
coroas, a coroa da Torah, a coroa do sacerdócio e a coroa do reinado; mas a
coroa de um bom nome excede a todas essas coroas”.
Sinônimo. O favor de
Deus e dos homens (que reconhecem um bom homem quando vêem um) deve ser
preferível à prata e ao ouro. Já vimos que o valor da lei ultrapassa o
valor do ouro, da prata e das pedras preciosas (ver Pro. 3.14; 8.10,19; 16.16).
O homem que labora na lei e adquire sabedoria obterá o favor do Senhor, que também
é algo dotado de grande valor. Esse homem viverá uma vida longa e próspera, por
meio desse favor, e terá a ajuda do Senhor a cada passo do caminho. Um homem
ganha um bom nome por meio de uma vida boa. Ele não pode ganhá-lo por meio de
suas vãs riquezas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2647-2648.
Há de contínuo uma
representação do rei, ora em sua bondade, ora em sua fereza. O rei, nos antigos
tempos, era mesmo o fiel da balança. Tudo estava na sua mão: dava e tirava como
e de quem queria. Nos tempos modernos, felizmente, já não é tanto assim, porque
há justiça para discernir os casos, mesmo admitindo-se todas as fraquezas
humanas. No caso do nosso texto - Como ribeiros de águas, assim é o coração do
rei na mão do Senhor... (v. 1). Admite-se aqui que o Senhor é quem guiava o
coração do rei; no caso de Salomão assim foi por muitos anos. Depois que se
entregou aos desatinos das suas - mulheres, até a direção divina se foi.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
Pv 23.5 Porventura
fitarás os teus olhos naquilo que não é nada? Encontramos aqui um trio. Um
homem nada mais faz senão trabalhar, e o dinheiro é o seu alvo. Subitamente,
porém, todo o fruto de seu labor desaparece como se fosse uma águia a voar,
conforme diz o livro de Provérbios, em lugar do ganso referido nas Instruções
de Amen-em-Ope. As riquezas foram ganhas mediante enorme esforço, mas se trata
de um esforço baldado. Esse trabalho simplesmente desaparece. Ver no Dicionário
o verbete chamado Materialismo. Essa é uma sacola cheia de vermes. A águia voa
e fica fora de nosso alcance. Existem fatores que controlam as coisas, mas que
o homem não pode trocar. O homem que não busca, em primeiro lugar, o reino de
Deus, também descobre que essas outras coisas não lhe serão adicionadas de
forma permanente (ver Mat. 6.33). “A águia voa por mais tempo, cobrindo as
maiores distâncias, e as riquezas imitam isso” (Fausset, in loc).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2654.
Pv 23.5. Fitarás os
teus olhos. Literalmente, se você fizer os seus olhos voarem sobre as riquezas,
eles acabarão fugindo. O alegado paralelo egípcio refere-se às riquezas
adquiridas pelo roubo.
Charles
F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody.
Editora Batista
Regular Provérbios. pag. 59.
IV - O
PRÍNCIPE VERSUS O ESCRAVO
1. Realeza:
arrogância e humildade.
Casos Clássicos de
Arrogância na Bíblia
Faraó (Êx 5.1-9)
'Depois, foram Moisés
e Arão e disseram a Faraó: Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Deixa ir o meu
povo, para que me celebre uma festa no deserto. Respondeu Faraó: Quem é o
Senhor para que lhe ouça eu a voz e deixe ir a Israel? Não conheço o Senhor,
nem tampouco deixarei ir a Israel. Eles prosseguiram: O Deus dos hebreus nos
encontrou; deixa-nos ir, pois, caminho de três dias ao deserto, para que
ofereçamos sacrifícios ao Senhor, nosso Deus, e não venha ele sobre nós com
pestilência ou com espada. Então, lhes disse o rei do Egito: Por que, Moisés e
Arão, por que interrompeis o povo no seu trabalho? Ide às vossas tarefas. Disse
também Faraó: O povo da terra já é muito, e vós o distraís das suas tarefas.
Naquele mesmo dia, pois, deu ordem Faraó aos superintendentes do povo e aos
seus capatazes, dizendo: Daqui em diante não torneis a dar palha ao povo, para
fazer tijolos, como antes; eles mesmos que vão e ajuntem para si a palha. E
exigireis deles a mesma conta de tijolos que antes faziam; nada diminuireis dela;
estão ociosos e, por isso, clamam: Vamos e sacrifiquemos ao nosso Deus.9
Agrave-se o serviço sobre esses homens, para que nele se apliquem e não deem
ouvidos a palavras mentirosas.
Golias (1 Sm
17.42-49)
Olhando o filisteu e
vendo a Davi, o desprezou, porquanto era moço ruivo e de boa aparência. Disse o
filisteu a Davi: Sou eu algum cão, para vires a mim com paus? E, pelos seus
deuses, amaldiçoou o filisteu a Davi. Disse mais o filisteu a Davi: Vem a mim,
e darei a tua carne às aves do céu e às bestas-feras do campo. Davi, porém,
disse ao filisteu: Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com escudo;
eu, porém, vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos
de Israel, a quem tens afrontado. Hoje mesmo, o Senhor te entregará nas minhas
mãos; ferir-te-ei, tirar-te-ei a cabeça e os cadáveres do arraial dos filisteus
darei, hoje mesmo, às aves dos céus e às bestas- feras da terra; e toda a terra
saberá que há Deus em Israel. Saberá toda esta multidão que o Senhor salva, não
com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará nas
nossas mãos. Sucedeu que, dispondo-se o filisteu a encontrar-se com Davi, este
se apressou e, deixando as suas fileiras, correu de encontro ao filisteu. Davi
meteu a mão no alforje, e tomou dali uma pedra, e com a funda lha atirou, e
feriu o filisteu na testa; a pedra encravou-se-lhe na testa, e ele caiu com o
rosto em terra.
Senaqueribe (2 Cr
32.9-20)
Depois disto,
enquanto Senaqueribe, rei da Assíria, com todo o seu exército sitiava Laquis,
enviou os seus servos a Ezequias, rei de Judá, que estava em Jerusalém,
dizendo: Assim diz Senaqueribe, rei da Assíria: Em que confiais vós, para vos deixardes
sitiar em Jerusalém? Acaso, não vos incita Ezequias, para morrerdes à fome e à
sede, dizendo: O Senhor, nosso Deus, nos livrará das mãos do rei da Assíria?
Não é Ezequias o mesmo que tirou os seus altos e os seus altares e falou a Judá
e a Jerusalém, dizendo: Diante de apenas um altar vos prostrareis e sobre ele
queimareis incenso? Não sabeis vós o que eu e meus pais fizemos a todos os
povos das terras? Acaso, puderam, de qualquer maneira, os deuses das nações
daquelas terras livrar o seu país das minhas mãos? Qual é, de todos os deuses
daquelas nações que meus pais destruíram, que pôde livrar o seu povo das minhas
mãos, para que vosso Deus vos possa livrar das minhas mãos? Agora, pois, não
vos engane Ezequias, nem vos incite assim, nem lhe deis crédito; porque nenhum
deus de nação alguma, nem de reino algum pôde livrar o seu povo das minhas
mãos, nem das mãos de meus pais; quanto menos vos poderá livrar o vosso Deus
das minhas mãos? Os seus servos falaram ainda mais contra o Senhor Deus e
contra Ezequias, seu servo. Senaqueribe escreveu também cartas, para blasfemar
do Senhor, Deus de Israel, e para falar contra ele, dizendo: Assim como os
deuses das nações de outras terras não livraram o seu povo das minhas mãos,
assim também o Deus de Ezequias não livrará o seu povo das minhas mãos.
Clamaram os servos em alta voz em judaico contra o povo de Jerusalém, que
estava sobre o muro, para os atemorizar e os perturbar, para tomarem a cidade.
Falaram do Deus de Jerusalém, como dos deuses dos povos da terra, obras das
mãos dos homens. Porém o rei Ezequias e Isaías, o profeta, filho de Amoz,
oraram por causa disso e clamaram ao céu.
Nabucodonosor (Dn
4.29-37)
Ao cabo de doze
meses, passeando sobre o palácio real da cidade de Babilônia, falou o rei e
disse: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o
meu grandioso poder e para glória da minha majestade? Falava ainda o rei quando
desceu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o
reino. Serás expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do
campo; e far-te-ão comer ervas como os bois, e passar-se-ão sete tempos por
cima de ti, até que aprendas que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos
homens e o dá a quem quer. No mesmo instante, se cumpriu a palavra sobre
Nabucodonosor; e foi expulso de entre os homens e passou a comer erva como os
bois, o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceram os
cabelos como as penas da águia, e as suas unhas, como as das aves. Mas ao fim
daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o
entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive
para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geraçáo em geração.
Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua
vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem
lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes? Tão logo me tornou a vir o
entendimento, também, para a dignidade do meu reino, tornou- me a vir a minha
majestade e o meu resplendor; buscaram-me os meus conselheiros e os meus
grandes; fui restabelecido no meu reino, e a mim se me ajuntou extraordinária
grandeza. Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalço e glorifico ao Rei do
céu, porque todas as suas obras são verdadeiras, e os seus caminhos, justos, e
pode humilhar aos que andam na soberba.
Herodes (At 12.20-23)
Ora, havia séria
divergência entre Herodes e os habitantes de Tiro e de Sidom; porém estes, de
comum acordo, se apresentaram a ele e, depois de alcançar o favor de Blasto,
camarista do rei, pediram reconciliação, porque a sua terra se abastecia do
país do rei. Em dia designado, Herodes, vestido de trajo real, assentado no trono,
dirigiu-lhes a palavra; e o povo clamava: E voz de um deus, e não de homem! No
mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a
Deus; e, comido de vermes, expirou.
No contexto do livro
de Provérbios os termos contrastantes: “humildade” e “arrogância” ocorrem com
muita frequência.
Mas um fato a se
observar é que eles ocorrem sempre dentro do contexto das interações humanas.
Dessa forma para se conhecer quem é o sábio, o autor de Provérbios põe no
cenário, como figura contrastante, o insensato. Da mesma forma o injusto será
contrastado com o justo; o rico com o pobre; o escravo com o príncipe.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 81-85.
Os reis e
governadores. Julgava-se que especialmente os reis eram possuidores da
sabedoria, e isto normalmente por causa da sua relação com alguma fonte divina
de entendimento. Salomão é lembrado como o mais sábio dos homens, e seu pai,
Davi, possuía sabedoria mesmo quando era jovem (I Sm 16.18), o qual continuou
com ele até seus últimos dias (2Sm 14.20). Davi estava ciente de que Salomão
possuía sabedoria, e o aconselhou por ocasião de sua sucessão ao trono a agir
“segundo a tua sabedoria” (lRs 2.6). Salomão foi confirmado e fortalecido na
sua posse da sabedoria pela aparição de Deus a ele num sonho. Deus ofereceu
conceder-lhe tudo que ele pedisse. Em resposta disse Salomão: “dá-me, pois,
agora, sabedoria e conhecimento” (2Cr 1.7-13). Esta sabedoria foi logo
demonstrada na decisão que ele tomou no famoso caso das duas mulheres que
reivindicavam a mesma criança, dando a criança à mulher que não pôde
testemunhar a morte e divisão
da criança, como o rei havia ordenada, o resultado de tudo isso foi que “todos
tiveram profundo respeito ao rei, porque viram que havia nele a sabedoria de
Deus” (lRs 3.16-28). Salomão não apenas gozou de profundo respeito por seu
próprio povo, mas pessoas vieram de muitas nações para testar a sua sabedoria,
nenhuma delas é mais memorável que a rainha de Sabá (10.1-13), e foi
acrescentada a seguinte observação “assim, o rei Salomão excedeu a todos os
reis do mundo, tanto em riqueza como em sabedoria” (10.23). Tão grande foi a
sabedoria atribuída a Salomão por sucessivas gerações que foi atribuído a ele o
Livro de Provérbios, o de Cantares de Salomão o de Eclesiastes e, entre os
livros não-canônicos, o Sabedoria de Salomão.
Os reis das nações
pagãs eram tidos como possuidores de sabedoria, mas a sabedoria deles foi
escarnecida e ridicularizada pelos profetas. Isaías anunciou que Deus
castigaria o rei da Assíria por causa do seu orgulho arrogante e ostentação de
que foi por sua própria sabedoria que havia triunfado (10.12,13). Igualmente
ele declarou que os príncipes de Egito eram totalmente tolos: “os sábios
conselheiros de Faraó dão conselhos estúpidos” (Is 19.11-13). Ezequiel
denunciou o rei de Tiro em nome do Senhor porque, disse o profeta, “se
considere tão sábio quanto Deus” (Ez 28.2-9 NVI).
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 5. pag. 276-277.
Pv 17.17 Em todo o
tempo ama o amigo. A literatura de sabedoria salienta o valor da amizade. Cf. o
capítulo 27, onde o tema é dominante. “O alto valor da amizade:
Aquele que tem um
amigo possui um dos melhores dons que a vida pode trazer a um indivíduo. Um
amigo ama o tempo todo. As mudanças nas condições atmosféricas não alteram a
devoção de um amigo... Robert Louis Stevenson tinha razão quando disse: ‘Nenhum
homem é inútil, enquanto tem um amigo’... A amizade pode aproximar uma pessoa
mais do que o parentesco chegado" (Rolland W. Schloerb, in Ioc.).
Aristóteles definiu a
amizade como “dois corpos que compartilham uma só mente”. “Se você quiser ser
amado, ame” (Hecate).
O amor não é um tolo
do tempo, embora lábios róseos e bochechas
Apareçam dentro de
compasso da foice curva;
O amor não se altera
com a passagem das horas e das semanas,
Mas resiste a tudo,
até a beira da condenação. (Shakespeare)
Sinônimo. Um bom
amigo torna-se um companheiro mais chegado que um irmão (ver Pro. 18.24). Esse
bom amigo pode surgir na adversidade. Os que atravessam juntos alguma
adversidade profunda têm o coração entretecido um ao outro. Então o nascimento
de irmãos chegados ajuda-os a enfrentar outras adversidades. “Um amigo, em
tempos de tribulação, torna-se como um parente em seu apego e devoção” (Charles
Fritsch, in Ioc.). Amigo e irmão, neste trecho bíblico, são sinônimos. Não
devemos iniciar a segunda linha com a palavra “mas”, contrastando-a com a
primeira, conforme fazem alguns intérpretes e traduções. Esse provérbio não
pretende diminuir a importância das relações de sangue, pois, afinal de contas,
usualmente “o sangue é mais espesso do que a água". Pelo contrário, este provérbio
está meramente exaltando uma amizade autêntica. Mas, em Pro. 18.24, um
verdadeiro amigo é exaltado acima do irmão médio.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
Pv 17.17 — Este
versículo enaltece a fidelidade. Ao contrário dos colegas inconstantes, o amigo
verdadeiro é constante, e um irmão de verdade ajuda nas horas de aflição.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 971.
Este grupo de
provérbios analisa as diversas facetas da vida, realçando as suas boas
qualidades. Nada há igual a um amigo, que o é em todo tempo e na angústia se
faz como irmão (v. 17). A verdadeira amizade é como a nata do leite, sem a qual
ele se torna pobre. O convívio dos homens sem esta qualidade é uma conduta
fraca e sem calor humano, que não se compadece dos necessitados. Uma das
alegações de Jesus, a mandar para a perdição os maus, é de que não se compadeceram
dos que tinham fome, frio e falta de pão (Mat. 25:40-45). A negativa da
humanidade propriamente não é que determina a condenação, e, sim, a
incredulidade do coração, que produz esta falta. Uma é resultante da outra, e o
pecador é condenado pela sua conduta total. Quando pensamos nos milhões que se
esbanjam inutilmente em "comes e bebes", quando há milhares de
milhares que não tem um pedaço de pão, temos presente o quadro que se desenha
no mundo inteiro, não por falta de pão, mas por falta de amor humano. Isso
descreve a natureza do homem sem Deus. Parece que a loucura tomou conta do
mundo, e parte dela está em que um fica por fiador do outro, levando sobre si
as consequências dessa loucura (veja Jó 16:19; Prov. 6:1; Is. 38:14).
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
Pv 31.4 Não é próprio
dos reis, Lemuel. Os vss. 2-7 fornecem uma longa advertência contra o uso
imoderado das bebidas fortes, o que também é um tema comum no livro de
Provérbios. Essa prática, tão usual entre os monarcas orientais, era um “vício
de corte” especial. Os festejos constantes eram sempre acompanhados pela
bebedeira. Lemuel estaria subjugado à pressão de seus pares para dar festas de
vinho. Cf. este texto com Pro. 20.1; 23.20,21,29-35. Um rei precisa ter a mente
desanuviada, se quiser governar bem. As bebidas alcoólicas anuviam a mente,
atrapalham a memória e causam uma conduta escandalosa, coisas impróprias para
um rei alegadamente sábio.
Sinônimo. Essa linha
estende a proibição da ingestão de vinho a todos os governantes, incluindo os
subordinados do rei, os seus oficiais. Como é natural, eles também se envolviam
nas festas de vinho e no deboche que, naturalmente, as acompanhava. Ver no
Dicionário os seguintes verbetes; Bebida Forte, Bebedice; Bebida, Beber e Alcoolismo,
quanto a um tratamento completo sobre o assunto. Cf. também este versículo com
l Reis 16.9; 20.16; Eclesiastes 10.17. “A perversão da justiça como resultado
da folia também foi observada por isa. 5.22,23. Cf. com o conselho de Paulo
contra esse abuso, em I Cor. 7.31.
Maus Exemplos. Ver os
casos de Elá (I Reis 16.8,9), Ben-Hadade (I Reis 20.16) e Belsazar
(Dan. 5.2-4), e cf. Osé. 7.5; Isa. 28.7; 56.12 e Efé. 5.18.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2592.
30.4 — Este versículo
mostra a charada que deixou Agur intrigado. As questões são enigmáticas. Culminam
em: Qual é o seu nome, e qual é o nome de seu filho, se é que o sabes? Neste
ponto, não há resposta à charada. O AT responderia que a expressão seu nome
refere-se ao Senhor, mas não havia um nome para o seu filho. Esta charada
ficaria sem solução até que Jesus a respondeu a Nicodemos (Jo 3.13). Estes
versículos enquadram entre os textos mais messiânicos em toda a Bíblia.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 986.
Pv 29.4 O rei justo
sustém a terra. Cf. esta primeira linha com Pro. 16.10-15. O bom rei, instruído
na lei e obediente a ela, promove justiça, e isso estabiliza o reino, porquanto
elimina os elementos destruidores. Quanto ao fato de a justiça estabelecer uma
nação, ver os vss. 2,7,14 do presente capítulo; e ver também Pro. 14.34; 16.12;
20.8,26; 21.15 e 28.12.
Antítese. No entanto,
um governante ganancioso pode causar confusão e desassossego generalizado.
Literalmente, no original hebraico, ele é um “homem de cobranças”, sempre
desejoso por mais e mais no sentido de impostos e expectação de presentes. A
palavra hebraica correspondente é terumah, a qual comumente se refere a
oferendas rituais, mas não é o que está em vista aqui. É provável que subornos
também estejam em mira (ver Pro. 15.27). Reoboão é um bom exemplo dessa espécie
de atitude. Sua ganância foi instrumental na divisão do reino em parte norte —
Israel — e sul — Judá. Ver I Reis 12.1-19.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2682.
29:4. O amigo de
impostos. A palavra impostos geralmente se refere às ofertas alçadas do Templo.
Mas refere-se claramente aos impostos em Ez. 45:13, 16; portanto aqui pode ser
aceito como referindo-se a impostos pesados demais, ou a presentes com o efeito
de suborno. Não é a palavra geralmente usada para "suborno".
Charles
F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody.
Editora Batista
Regular Provérbios. pag. 71.
Pv 29.14 O rei, que
julga os pobres com equidade... Os reis evitam praticar abominações e cometer
iniquidade (ver Pro. 16.12a), e também agem com justiça em favor das classes
menos privilegiadas. Esses são elementos necessários para o bem-estar e a
continuação de um reino. Cf. a primeira linha deste versículo com Sal.
72.2,4,13,17. Deve haver bondade no tocante aos menos capazes, para
protegê-los. Também não pode haver parcialidade em prol dos ricos.
Pobres. No hebraico,
dal, apontando para os que não apenas passam por privações materiais, mas
também são fracos e débeis, não dispõem de recursos, nem interna nem
externamente.
Sinônimo. Mediante
ações justas, o rei garante a continuação de seu reino. O reino será
estabelecido pela cooperação dos homens bons e pelo poder divino. Ver Pro.
16.12b, quanto à mesma ideia, em uma passagem que omite as palavras “para
sempre” usadas neste versículo. Ver também Pro. 20.28, onde a misericórdia
transmite longa vida e poder a um rei. O autor sagrado tinha fé de que o
Benfeitor divino paga o rei com o bem, por seus cuidados com as pessoas débeis
de seu reino.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2682.
29.13,14 — Deus é
responsável por ter concedido a vida tanto ao pobre como ao opressor [NVI].
Jesus atestou que Deus faz chover sobre o justo e o injusto (Mt 5.45).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 985.
Pv 29.2 Quando se
multiplicam os justos o povo se alegra. A primeira linha deste versículo é
similar a Pro. 28.12a e 28.b. Quando os justos aumentam em poder ou recebem
autoridade, isso é causa de alegria. Diz o original hebraico, literalmente: “No
aumento dos retos”, ou seja, quando eles aumentam a ponto de receber
autoridade. Um grande número de homens bons provavelmente não é o que está em
vista aqui e, sim, o crescimento nas forças. Ver também Pro. 11.10. Os homens
retos são conhecidos por sua justiça e equidade. Então desaparecem os roubos e
os assassinatos insensatos. O povo fica livre e seguro para dedicar-se aos
negócios e ao estudo da lei, coisas essas que são aproveitáveis.
Antítese. Em
contraste, quando os ímpios estão em ascendência, as pessoas se lamentam,
porque então o reino entra em um estado de morte e decadência. Cf. Est. 3.15.
Ver Pro. 28.12 e 28.15. Nessas ocasiões, o povo é oprimido e geme como escravos
quando estão sendo espancados.
“Homens ímpios e a
impiedade são encorajados e promovidos; pesadas taxas lhes são impostas; o
número de homens é diminuído pelo assassinato; a crueldade e as injustiças se
espalham; um poder arbitrário é exercido; nenhum indivíduo e sua propriedade
estão seguros” (John Gill, in loc.).
Oh, seguro, para a
Rocha que é mais alta do que eu,
Minha alma em seus
conflitos e tristezas voaria.
Por quantas vezes no
conflito, quando oprimido pelo inimigo,
Fugi para o meu
Refúgio e deixei escapar o meu ai. (William O. Cushing)
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2681.
29.2-4 — As palavras
os justos se engrandecem também poderiam ser traduzidas como os justos têm
autoridade. O povo sempre reage bem a um bom governo e a uma boa justiça, a
qual não é feita com subornos.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 985.
2. Escravidão:
humildade e realeza.
Em seu Comentário
Devocional da Bíblia, o expositor bíblico Lawrence O. Richard, discorre sobre o
sentido de Provérbios 31.1-9:
Esses versículos de
conselho, dados por um rei que escrevia sob o pseudônimo de Lemuel, revelam uma
visão elevada da responsabilidade real. O rei é servo do seu povo, e deve
proteger os oprimidos e julgar com justiça. A indulgência pessoal “não é
própria dos reis”. Eles devem despender a sua força e o seu vigor servindo ao
seu povo, não procurando mulheres ou embriagando-se.
Essas palavras de uma
mãe nos lembram de que devemos considerar toda autoridade no contexto da
servidão. O homem, que é o “cabeça da casa”, como o rei desses versículos, não
deve usar a sua autoridade para explorar ou “dominar” a sua esposa, mas para
servir tanto a ela, como aos filhos que tiver com ela.
Dessa forma, através
da sabedoria o rei justo deveria promover o bem-estar social: “O rei justo
sustém a terra, mas o amigo de impostos a transtorna” (Pv 29.4, ARA). Quando
esse governante não teme a Deus, mas age de forma perversa e arrogante o povo
logo sente os reflexos: “Quando se multiplicam os justos, o povo se alegra,
quando, porém, domina o perverso, o povo suspira” (Pv 29.2, ARA). Por isso o
governante sábio dará atenção especial aos mais humildes: “O rei que julga os
pobres com equidade firmará o seu trono para sempre” (Pv 29.14, ARA).
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 90.
Pv 17.2 O escravo
prudente dominará sobre o filho que causa vergonha. Até mesmo o escravo de um
homem, se trabalhar fiel e sabiamente, será mais favorecido pelo pai de uma
casa do que o próprio filho, caso esse se conduza de maneira vergonhosa e traga
desgraças sobre sua mãe e seu pai. Cf. este provérbio com Gên. 15.2,3 e I Crô.
2.35. Tal escravo acabará governando o filho desviado, e, de fato, o pai do
rapaz dará ao escravo o cuidado de todas as tarefas domésticas.
Essa porção do
versículo tem sido cristianizada para fazê-la referir-se aos gentios que
tiravam proveito dos judeus, por terem estes rejeitado a missão e o governo do
Messias. Eles eram descendentes de Abraão, mas quem não era filho se apossava
da filiação deles.
Sinônimo. Não somente
um escravo governaria um filho que tivesse desgraçado a si mesmo e ao nome de
sua família, mas também ficaria como parte da herança como se fosse um filho do
dono da casa, e um irmão dos filhos naturais daquele homem. A segunda linha
deste provérbio tem sido cristianizada para falar da herança dos gentios, que
se tornaram a igreja, ao passo que os judeus foram rejeitados, preferindo
permanecer na incredulidade. Ver Rom. 8.17. (Quanto a um exemplo
veterotestamentário desta segunda linha, ver II Sam. 16.) Eliezer teria sido o
herdeiro de Abraão, não fora o nascimento oportuno de Isaque. Escravos fiéis
com frequência eram elevados a posições de poder e confiança e eram libertados
diante da morte de seus proprietários. Ver Gên. 24.2; 39.4-6. Ver no Dicionário
o artigo chamado Escravidão. Jeroboão prevaleceu sobre Roboão, o filho
desgraçado de Salomão, e o reino de Israel foi dividido em dois (ver I Reis
12). Jeroboão terminou ficando com a maior parte — dez dentre as doze tribos.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2623.
17.2 — Azares súbitos
poderiam acontecer se o servo prudente fosse muito habilidoso e o filho e seus
irmãos fossem indignos. Boa parte do livro de Gênesis fala sobre a ascensão de
um filho caçula inesperado em desfavor de seu irmão mais velho (Gn 25.23-34).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 970.
O escravo prudente
dominará sobra o filho que causa vergonha,. Isso aconteceu logo depois da morte
de Salomão, quando um serventuário, por nome de Jeroboão, dominou e roubou a
herança do filho louco Roboão. Este é um dos casos mais tristes da história
hebraica, de que resultaram tantos malefícios (veja I Reis 12:1-15). Jeroboão
era sagaz, enquanto Roboão era insensato. Aquele ficou com a parte do leão,
dominando sobre 10 tribos, enquanto o herdeiro ficou com apenas duas.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios. Editora
JUERP.
I Reis 12.16 A Casa Real
de Davi foi prontamente rejeitada pelos representantes das dez tribos do norte.
Eles formariam uma nova casa real, a casa de Jeroboão, que seria um governo
mais são. As tribos do norte tinham uma longa história de antagonismos, e já
haviam rejeitado o governo de Davi (ver II Sam. 19.41-20.22). Fora com
relutância que a parte norte do país aceitara, finalmente, o reinado de Davi.
Além disso, havia o temor da guerra civil e de outras confusões. Agora, através
da resposta tola dada por Roboão, antigos antagonismos rebentaram sob a forma
de rebelião e cisma. Duas nações surgiram onde antes havia uma única. Ver o
artigo do Dicionário intitulado Rei, Realeza, quanto a uma lista dos reis
dessas duas nações, Israel e Judá, em comparação a potências estrangeiras.
Não há para nós
heranças no filho de Jessé! Cf. II Sam. 20.1, que contém elementos quase
idênticos. O antigo espírito de contenção e rebelião de súbito se renovou. Mas,
naquele caso, Davi conseguiu corrigir as atitudes populares. Roboão, porém, não
seria capaz de duplicar o feito de seu avô, nem mesmo tentou fazê-lo. Pairou
uma ameaça de guerra civil, que por fim foi evitada (ver I Reis 12.21-24). Para
tanto, porém, foi mister uma intervenção divina. A divisão foi necessária, mas
não a guerra civil. A vontade divina impediu isso.
Às vossas tendas, ó
Israel! Em outras palavras, os representantes das tribos do norte “voltaram
para suas casas”. Não há nessas palavras nenhuma indicação de preparação para a
guerra. Nos dias das perambulações pelo deserto, a população vivia em tendas.
Embora agora contassem com casas que lhes serviam de residências fixas, estas
continuavam, ocasionalmente, a ser chamadas de “tendas”. Cf. II Sam. 20.1.
Cuida agora da tua
casa, ó Davi! Em outras palavras: “Agora tens teu próprio reino. Esqueça-te da
parte norte, que não mais te pertence. Tu perdeste as dez tribos!”. Roboão, em
sua arrogância, havia garantido para si mesmo um pequeno reino, a saber, a
tribo isolada de Judá, que já havia absorvido as tribos de Simeão e Benjamim.
Que Davi cuidasse daquele lugar miserável. De súbito, Roboão perdera a grandeza
de Salomão e encerrara para sempre a época áurea de Israel. E o próprio Salomão
era a causa desse lamentável estado de coisas (ver I Reis 11.11,12). “A ameaça
ditatorial de Roboão alienou os súditos que sofriam. Ali eles secionaram e
quebraram a unidade das doze tribos” (Thomas L. Constable, in loc).
I Reis 12.17 Quanto
aos filhos de Israel. Os nortistas que tinham vindo residir em Judá decidiram
permanecer onde estavam e suportar a Roboão como rei. Este versículo não
aparece na Septuaginta, mas sua base é II Crô. 11.16, sendo possível que ela
tenha sido acrescentado aqui por algum editor posterior, a bem da harmonização
com o trecho paralelo. Todavia, em II Crônicas, a ideia é outra; trata das
pessoas que deixaram o norte, por causa da adoração idólatra que ali havia sido
instalada, para viver no sul. Eles queriam viver no sul por causa da adoração
centralizada no templo de Jerusalém. Essa fé religiosa parecia-lhes mais
importante do que acompanhar o cisma nortista, por mais justo que tenha sido
esse cisma. O movimento para o sul, da parte de algumas pessoas, ocorreu quando
Jeroboão expulsou os sacerdotes levíticos e criou um sacerdócio todo seu.
Ademais, ele já havia entrado nos estágios iniciais da idolatria (ver II Crô.
11.15), Assim, o povo fugiu dali e submeteu-se ao governo de Roboão, a fim de
conservar as antigas formas religiosas do yahwismo. Assim sendo, quando a
poeira assentou, houve algumas mudanças de residência. Mas, na maior parte, o
norte continuou o norte, e o sul continuou o sul.
I Reis 12.18 Adorão,
superintendente dos que trabalhavam forçados. Esse homem é mencionado aqui e em
II Sam. 20.24. Formas variantes de seu nome são Adonirão e Hadorão. Era um dos
oficiais de Salomão, e então passou a ser um dos oficiais de Roboão,
encarregado do trabalho forçado e do tributo. Ao que tudo indica, o rei Roboão
o tinha acompanhado, ou então não estava distante, porque, quando Adorão foi
apedrejado, o rei precisou fugir para permanecer vivo. Parece que Roboão enviou
Adorão como embaixador ao norte, talvez para tentar endireitar as coisas. Ou, o
que é menos provável, para tentar continuar recebendo tributos das dez tribos
do norte. Seja como for, Roboão continuava agindo como um tolo, tomando más
decisões. Adorão era odiado de forma especial, e dificilmente era o homem certo
para atuar como embaixador. E tentar obter mais tributos das tribos do norte
era outro absurdo. O resultado foi que os homens do norte, sem fazer nenhuma
pergunta, simplesmente apedrejaram o pobre homem até a morte. Ver no Dicionário
o verbete chamado Apedrejamento.
Josefo ajunta que a
missão de Adorão era de reconciliação e de um esperado diálogo (Antiq. 1.8,
cap. 8, sec. 3). Mas Adam Clarke (in loc), supõe que o objetivo dele era de
recolher os impostos regulares. Não há como solucionar essa questão. “A visão do
homem que fora o capataz da opressão naturalmente despertou a multidão a uma
nova explosão de fúria, do que resultou o assassinato deste, e talvez até ameaças
a seu senhor, o qual teve de fugir apressadamente para Jerusalém” (Ellicott, in
loc.).
I Reis 12.19 O
assassinato de Adorão foi outro acontecimento decisivo que confirmou a divisão
do reino de Israel, As coisas tinham evoluído para além da possibilidade de
reparo e, quando o autor sagrado escreveu este livro, a divisão continuava.
Naturalmente, isso implica uma data pré-exílica, pelo menos quanto à seção à
nossa frente, enquanto outras partes, com toda a probabilidade, foram
adicionadas após os cativeiros (ver a respeito no Dicionário). O cativeiro
assírio pôs fim às dez tribos, do norte. Até então, as duas nações continuaram
a existir, frequentemente em antagonismo.
I Reis 12.20 Tendo
ouvido todo o Israel que Jeroboão tinha voltado. O norte como um todo, exceto
os poucos que migraram para o sul, por razões religiosas (ver o vs. 17),
concordou em fazer de Jeroboão o novo rei. Não houve quem discordasse, nem
houve tentativas de rebelião. Por consentimento unânime, Jeroboão foi
reconhecido como o homem do momento, cumprindo assim a profecia de Aias (ver I
Reis 11.35-37). O versículo sugere uma coroação formal, visto que Jeroboão foi
chamado para tomar parte em uma assembleia formal. Essa assembleia
provavelmente ocorreu em Siquém (ver I Reis 12.1 e suas notas expositivas).
Senão somente a tribo
de Judá. Essa foi a tribo que permaneceu com Roboão, concordando com a
expressão “uma tribo” de I Reis 11.13,32 e 36. Mas a Septuaginta adiciona aqui
a tribo de Benjamim, porque o número tradicional das tribos era de doze. Não
obstante, Benjamim havia sido absorvida por Judá, tendo deixado de existir como
uma tribo separada e funcional, pelo que, de fato, só havia uma tribo no sul.
Juizes 20 fala da quase aniquilação da tribo de Benjamim e, daquele tempo em
diante, ela nunca foi uma tribo poderosa. O vs. 21 retém, contudo, a tribo de
Benjamim. Havia uma distinção territorial, mas não uma distinção real, entre
Judá e Benjamim.
Jeroboão fez de
Siquém a sua capital (ver o vs. 25). Ele se tornou o rei de Israel, título que,
para os nortistas, sem dúvida indicava que ele era “o único rei de Israel”,
fazendo de Roboão um dissidente e um rei falso, que tinha seu pequeno reino
para o sul.
I Reis 12.21 Vindo,
pois, Roboão a Jerusalém. Ameaças de Guerra Civil. Reduzido a duas tribos (Judá
e Benjamim), onde Benjamim quase nem era mais uma tribo (ver a última seção nas
notas sobre o versículo anterior), Roboão tentou ser um “herói nacional” e
reuniu um exército. Ele conseguiu ajuntar 180.000 guerreiros, entre os quais
havia alguns realmente valentes. Isso significava que poderia haver muito
derramamento de sangue, em que irmão mataria a irmão, outra das loucuras de
Roboão. A maioria dos políticos toma boas e más decisões, mas Roboão, até este
ponto da narrativa bíblica, só tomara péssimas decisões. Ele ia de um desastre
para outro. A época áurea de Israel havia definitivamente terminado.
O propósito de Roboão
era reunificar Israel, o que ele poderia ter conseguido tratando com mais
humanidade as dez tribos do norte (ver I Reis 12.4). Tendo perdido essa
oportunidade, ele decidiu apelar para a guerra e para a matança, a fim de
realizar o seu propósito.
I Reis 12.22,23 Porém veio a palavra
do Senhor a Semaías. Nova Intervenção Divina. Roboão, com os maduros soldados
do exército de Salomão, simplesmente poderia ter apanhado o homem, Jeroboão, em
um momento fora de guarda, derrotando-o no campo de batalha. Mas a vontade de
Deus era a divisão (I Reis 11.11,12,30 ss.), uma medida necessária em punição à
idolatria de Salomão. Além disso, Jeroboão tinha de ser o rei das tribos do
norte (ver I Reis 11.37). Estava sendo preparado um destino que não era
inteiramente compreendido. Mas a vontade e o poder de Yahweh controlavam a
situação. Ver as notas sobre os vss. 13 e 15 quanto a uma discussão mais
detalhada a respeito.
Foi assim que o
profeta Semaías (ver no Dicionário) foi levantado. A ele foi concedido o poder
de impedir a guerra civil. Deus é aqui, no original hebraico, Elohim, o
Todo-poderoso. Seu poder é reconhecido no fato de ter impedido a guerra civil.
Ver no Dicionário o verbete chamado Deus, Nomes Bíblicos de.
Não estamos
informados sobre como a Palavra de Deus veio a Semaías. Provavelmente isso
ocorreu em alguma visão noturna, um sonho incomum. Ver no Dicionário os artigos
chamados Sonhos, Visão (Visões) e Misticismo. A fé dos hebreus sempre incluiu a
ideia de intervenções divinas por meio de iluminação especial, através de algum
profeta ou homem santo. A experiência humana atesta essa possibilidade, embora,
em algumas seções da Igreja atual, a questão seja exagerada e, algumas vezes,
trivializada. Há muitas vozes estranhas que nada têm que ver com o Espírito de
Deus e, além disso, há capacidades psíquicas naturais que podem imitar o que é
verdadeiramente espiritual. Não obstante, a realidade espiritual faz-se
presente, manifestando-se ocasionalmente.
E ao resto do povo. O
profeta Semaías tinha uma mensagem destinada às duas tribos que se tinham
tornado o remanescente de Israel. O Espírito de Deus prepararia os corações
para acolher a mensagem. Pelo menos por uma vez. Roboão tomou uma boa decisão.
Alguns intérpretes insistem que a palavra aqui traduzida por “remanescente”, em
algumas versões, deveria ser simplesmente “resto” (ou seja, aqueles além dos
que foram especificamente mencionados). A palavra formal, remanescente, parece ocorrer,
pela primeira vez, em Isa. 7.3 e 10.21-23. Não obstante, Judá era, na ocasião,
somente o remanescente de um reino, um dos pedaços da veste rasgada do profeta
Aias (ver I Reis 11.30).
I Reis 12.24 Assim
diz o Senhor. O Espírito de Deus fez aqueles corações duros e violentos ouvir a
voz do profeta Semaías, deitando fora as armas e esquecendo- se da guerra
civil. Não era bom fazer guerra contra irmãos, o que Israel (o norte) era para
Judá (o sul). Por conseguinte, temos aqui um caso de intervenção divina para
deter a loucura humana. Por muitas vezes, Deus oculta-se nas sombras, para
observar o que faremos com nossos dons e oportunidades. Ocasionalmente, porém,
as coisas tornam-se demais para nós. Em seguida, o poder divino invade a cena e
provê uma intervenção divina que nos impede de cair e nos permite cumprir os
propósitos que nos tiverem sido destinados. Oh, Senhor, concede-nos tal graça!
Ver no Dicionário o artigo chamado Providência de Deus. A mão interventora de
Deus é uma realidade. Isso reflete o teísmo (ver a respeito no Dicionário), em
contraste com o deísmo (que também aparece como um artigo do Dicionário). O
Criador faz-se presente para intervir, para abençoar, para punir e para
dirigir. Ele não está divorciado do universo (conforme afirma o deísmo), nem
deixou as coisas criadas nas mãos das leis naturais apenas.
Jeroboão Consolida
Seu Reino e Toma Providências acerca de Jerusalém
(12.25-33)
I Reis 12.25 A
capital das dez tribos do norte era Siquém. Foi uma boa escolha, embora nada no
plano divino pudesse ter substituído Jerusalém, que se tornara o lugar
centralizado de governo e de fé religiosa. Coisa alguma poderia substituir o
templo de Jerusalém, mas em breve Jeroboão, mergulhado na idolatria, inventaria
seu próprio sacerdócio e seu próprio sistema de adoração (vss. 28 e 29). Ele
não queria que peregrinos do norte fossem a Jerusalém.
“Jeroboão fez de Siquém sua capital, tomando
assim plenas vantagens das antigas tradições do lugar como centro da história
do norte de Israel. Penuel ficava às margens do ribeiro de Jaboque, na parte
leste do rio Jordão e na mesma latitude de Siquém. Dominava a estrada para o
oriente, saindo do vale do rio Jordão, a rota favorita dos invasores nômades
(ver Juí. 8.8). Penuel, pois, foi assim edificada como uma defesa avançada para
Siquém” (Norman H. Snaith, in loc.).
Jeroboão fez tudo
quanto pôde para impedir que os israelitas do norle visitassem Judá, porque era
ali que o templo estava. Desde o princípio, ele havia desobedecido à voz de
Yahweh, que o tinha chamado para ser o rei do norte (ver I Reis 11.38). Como
todos os reis, ele deveria andar em estrita obediência à lei mosaica. Assim,
com a mesma facilidade com que se desfez do jugo da casa de Salomão, também
seguiu em seu próprio caminho idólatra. Ver o primeiro versículo deste capítulo
quanto a notas expositivas sobre Siquém, e ver a respeito especialmente o
Dicionário.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1409-1410.
I Reis 12.16 — Que
parte temos nós com Davi? A antiga rivalidade sentida pelas tribos do norte chegaram
ao limite no ressentimento contra a tribo de Judá e contra a casa de Davi. Saul
foi da tribo de Benjamim e foi considerado “um deles” . Davi pareceu distante
do sul. A insensibilidade de Roboão à volátil situação levou a nação à divisão.
I Reis 12.17 —
Cidades de Judá. A parte sul também incluiu as terras da tribo de Simeão. Mas
Simeão foi absorvida por Judá; as suas terras foram no meio da herança dos filhos
de Judá (Js 19.1b).
I Reis 12.18 — A
resistência das tribos do norte ao agente do rei Adorão foi rigorosa e decisiva
— eles o mataram!
I Reis 12.19 — Assim
se desligaram os israelitas da casa de Davi até ao dia de hoje. Em outras
palavras, até
o dia do narrador. A rebelião de Israel foi a sua própria destruição.
I Reis 12.20
—Jeroboão, rei. A coroação de Jeroboão foi profetizada por Aias, o profeta do
Senhor (1 Rs 11.29-31). Apesar de tudo, a coroação aparentemente foi feita sem
o intermédio de sacerdotes ou profetas do Senhor; não houve unção divina nem cerimônia verdadeiramente religiosa. Somente os reis do Reino do Sul tinham a
sanção da aliança davídica (2 Sm 7).
I Reis 12.21 — A
primeira inclinação de Roboão quando ele chegou a Jerusalém foi para liderar uma
guerra em represália a Israel. Benjamim. Nem todo o povo da tribo da fronteira
deve ter seguido este caminho.
I Reis 12.22 — De
acordo com 2 Crônicas 12.15, Ido, o profeta, e Semaías escreveram uma história sobre
o reinado de Roboão. O seu nome significa Yahweh foi ouvido. O cronista também
relata que Semaías profetizou a humilhação de Judá na invasão de Sisaque (2 Cr
12.5-8). A Septuaginta indica que Aias foi o profeta que predisse a divisão do
reino (1 Rs 11.29-39). Homem de Deus é um dos muitos termos usados para se
designar um profeta de Deus (1 Rs 13.1).
I Reis 12.23,24 — Eu
é que fiz esta obra. O comportamento tolo de Roboão gerou a divisão da nação em
dois novos reinos, efetuada por Deus.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 575-576.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
Muito bom - Parabéns!
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