O CUIDADO AO FALAR E A RELIGIÃO PURA
Revista Ensinador Cristão CPAD,
n° 59, p.38.
Há
na atualidade pouca disposição em se ouvir, estudar, entender, compreender para
expor um assunto. Não! Muitos querem falar sobre tudo. Ainda não se tem a
maturidade intelectual e querem sair por aí questionando e opinando sobre todos
os temas.
Ouvir
é uma arte. Quando se ouve alguém, quer através da comunicação verbal, escrita
ou oral, quer através da comunicação não verbal, admiti-se a possibilidade de
aprender para conhecer. Como ensinar se não aprendemos? Espera-se de quem fala
sobre um assunto o mínimo do conhecimento necessário a respeito do tema
proposto.
Professor,
você deve ter lido livros sobre como melhorar uma Escola Dominical. As dicas
são muitas: Marketing, café da manhã entre professores, café da manhã
trimestral; passeio no parque etc. Mas uma questão fundamental quase nunca
focada é o bom planejamento da aula do professor. Ou seja, se o professor não
tiver conteúdo de nada adiantarão fazer cafés, passeios e marketing para
desenvolver a ED. Mas para se ter conteúdo é preciso estar disposto a ouvir.
Este é o ensino central desta seção bíblica de Tiago.
Nas
seções anteriores (1.2-18) o assunto central era a necessidade de pedirmos a
sabedoria do alto. Na seção atual o escritor disseca mais sobre como devemos
usar esta sabedoria na comunidade cristã ou fora dela. Os crentes deveriam se
apresentar coerentes com o Evangelho. Na concepção do meio-irmão do senhor é
impossível que o discípulo de Cristo tenha um comportamento dobre. De que
adianta falar "Deus Pai Todo-Poderoso" e não viver segundo a vontade
de Deus Pai? Não é o discurso que determina quem somos, mas a nossa ação.
Vivemos
uma geração do discurso vazio: "Tudo posso!", "Sou mais que
vencedor", "É só vitória!" Mas estas palavras não passam de
discursos pobres, desprovidos de uma consciência oriunda do Evangelho. As
pessoas não saberão o tipo de fé ou sabedoria que tem pelo seu discurso, mas
pelas suas ações. Se elas falam na hora certa; do modo certo; se em tudo o que
fazem aparece o respeito, a ternura, o amor. Virtudes estas intensamente
comunicadas ao homem pelo Evangelho. Primeiro ouçamos com atenção! Depois
falemos!
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
É no aspecto dessa
última relação com a fala que a língua é citada nas Escrituras como uma força
poderosa. Afirma-se que a morte e a vida estão no seu poder (Pv 18.21). Tiago
elabora isso quando se refere à língua como indomável e um mal incontido, cheio
de veneno mortal (Tg 3.8) e como fogo, um mundo de iniquidade (3.6). Paulo, por
sua vez, refere-se à língua como um instrumento de engano (Rm 3.13),
caracterizando o homem não regenerado.
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 3. pag. 933.
Uso apropriado da Língua.
Jesus ensinou que os
homens terão de prestar contas, finalmente, de sua vida na terra, incluindo «toda
palavra frívola que proferirem». Esse é um pensamento seriíssimo. Ver Mat.
12:36. Se o juízo divino descer a pontos delicados e minuciosos como esse,
então o exame que teremos de enfrentar será, realmente, completo! O terceiro
capítulo de I Coríntios alude, figuradamente ao juízo a que os crentes serão
submetidos. Então as obras inúteis dos homens serão queimadas como palha, feno
ou madeira em contraste com aquelas coisas permanentes como o ouro, a prata e
as pedras preciosas (capazes de resistir ao teste do fogo de Deus). Um colega
de seminário disse de certa feita: «Haverá tanta fumaça em meu julgamento, que
ninguém poderá ver os outros sendo julgados» Tudo isso ilustra o quanto precisamos
da graça de Deus. O uso da linguagem é uma questão importante. Esta enciclopédia
contém um artigo intitulado Linguagem.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 830.
I - PRONTO PARA OUVIR E TARDIO PARA FALAR (Tg 1.19,20)
1. Pronto para ouvir.
Certa vez, Zenon, um
pensador clássico, disse que temos dois ouvidos e uma boca por um simples
motivo: para que possamos ouvir mais e falar menos. Por mais que essa ideia,
para algumas pessoas seja engraçada, traz uma realidade importante para a nossa
vida: Precisamos aprender a controlar melhor o nosso tempo gasto com essas duas
atitudes inerentes da nossa natureza: ouvir a falar.
O Ato de Ouvir
Por meio da audição,
podemos captar informações que influenciarão nossas vidas. Um toque de corneta
pode conduzir uma tropa inteira. Um comício inflamado pode trazer uma
revolução.
Uma pregação
direcionada pelo Espírito Santo pode trazer salvação a uma pessoa. Portanto, o
ato de ouvir pode definitivamente mudar nossa vida.
O ato de ouvir
implica a posterior tomada de decisão. Adão e Eva ouviram o conselho de Deus no
tocante ao fruto da ciência do bem e do mal, e obedeceram até que ouviram uma
opinião contrária, a da serpente, e resolveram acolher os conselhos que os
levariam à morte. Ouvir as palavras certas das pessoas certas faz muita
diferença.
A fé vem pelo ouvir
da Palavra de Deus. Ouvir o que Ele diz é o primeiro passo para que possamos
obedecê-lo. Além de ser um exercício que nos impulsiona à humildade, o ato de
ouvir o que Deus nos diz nos dá a certeza de que estamos no caminho que Ele
realmente preparou para que seguíssemos.
Ouvir as pessoas
também é recomendado por Tiago. Provérbios diz: “Porque com conselhos prudentes
tu farás a guerra; e há vitória na multidão dos conselheiros” (Pv 24.6). Ao tratar
do repasse dos seus ensinos a outros, o apóstolo Paulo recomenda a Timóteo: “E
o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que
sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2 Tm 2.2). O que Timóteo ouvira
de Paulo deveria ser repassado a outros homens que tivessem idoneidade e
fidelidade para que não alterassem a mensagem apostólica. Portanto, ouvir a
Deus é um dever, e ouvir para aprender com os outros é igualmente importante.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 59-60.
Tg 1.19 A expressão
“seja pronto para ouvir” é uma bela maneira de traduzir a ideia de uma audição ativa.
Não devemos simplesmente deixar de falar; devemos estar prontos e dispostos
para ouvir. Este ouvir com “prontidão” obviamente é feito com discernimento.
Devemos examinar o que ouvimos com a Palavra de Deus. Se não ouvirmos, tanto
atentamente quanto prontamente, podemos ser levados a todos os tipos de falsos
ensinos e enganos.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 667.
-...prontos para
ouvir...· Em outras palavras, ao invés de exibirem um mau temperamento,
forçando sua vontade sobre os outros, os crentes deveriam estar prontos a ouvir
e ver os pontos de vista dos outros. (Ver esse conceito, em termos gerais, cm
Rom. 12:16). Deve haver uma atitude de mútua condescendência, o que é apenas
outra maneira de se falar sobre o amor mútuo cm operação. O amor cristão
consiste em cuidarmos dos outros conforme cuidamos de nós mesmos. Aquele que
segue essa regra não explode em ira nem anseia por impor sua vontade aos outros.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 28.
Tg 1.19a – “Toda pessoa
seja rápida para ouvir”: um dom inconcebivelmente grande, ter a capacidade de
ouvir! Sem esse dom seríamos solitários e somente teríamos uma comunhão
precária com nosso semelhante. Como realmente sofrem os deficientes auditivos,
e que pesado fardo carregam pessoas que nasceram surdas ou então perderam a
audição mais tarde! Contudo toda dádiva traz consigo a tarefa de usá-la
corretamente. Já no contexto humano geral é importante aprender a ouvir
corretamente. Pessoas em posições de liderança têm necessidade disso para que
avaliem bem os que cooperam com eles, situando-os no lugar apropriado. É
necessário para aqueles que são apenas uma “engrenagenzinha” em um grande
empreendimento (e quem não é isso hoje?): se quiserem captar com clareza sua
incumbência e preencher adequadamente seu espaço, precisam ter aprendido a
ouvir. E se alguém quiser ser uma verdadeira ajuda para outras pessoas na
aflição, precisa saber ouvir, atentar para o que é dito ou não. Importante é
ser “rápido” no ouvir, ser “todo ouvidos”, sintonizar-se com o outro rápida e
integralmente mediante postergação de outras coisas que monopolizam a atenção.
No entanto, muitas vezes vale para nós humanos: “Cada um de nós seguia o seu
caminho” (Is 53.6). De forma análoga: cada um estava ocupado integralmente
consigo mesmo e nem sequer prestava atenção quando outro perguntava, pedia e se
lamentava. Jesus, porém, vivenciou a essência e o modo de ser de Deus: “Antes
que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei” (Is
65.24; cf. Jo 5.6; Lc 19.5).
Se já entre humanos é
importante ouvir corretamente, é duplamente necessário ser “rápido no ouvir”
onde e quando acontece a palavra de Deus, “a palavra da verdade” (v. 18). Ao
ouvirmos sua palavra, Deus semeia a nova vida em nós. É assim que ele a nutre,
cria espaço para ela e afasta o “inço” que tenta impedir e sufocar essa
“plantação” de Deus em nós (Lc 8.11; Mt 13.7,22; 1Co 3.9). Desse modo ele
fomenta a nova vida em nós e faz com que amadureça. Cumpre aqui ser sobretudo
“rápido para ouvir” (com que nos ocupamos primeiro pela manhã, a Bíblia ou o
jornal?) Para filhos de Deus a palavra dele constitui o elemento vital (Lc
2.49).
Contudo, “rápido para
ouvir” significa para cristãos também que dêem ouvidos a seres humanos:
independentemente de se tratar do serviço de amar ou de testemunhar. Temos de
saber o que falta ao outro e quais são suas indagações, pelo que devemos
ouvi-lo atentamente. Pedro afirma: “Estai sempre preparados para responder a
todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15). E Paulo
escreve: “Sabei como deveis responder a cada um” (Cl 4.6). Ou seja, pergunta-se
e são dadas respostas. Não um “disco” que simplesmente é posto para tocar. Cada
cristão vivo é convocado a ser conselheiro espiritual em seu entorno. A
premissa básica de todo serviço de aconselhamento é primeiro prestar atenção ao
outro.
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
I Sm 3.10 Chamou como
das outras vezes: Samuel, Samuel. Este foi o quarto e último chamado. As
primeiras palavras deste versículo mostram-nos que o Senhor não somente chamou
Samuel mediante aquela voz misteriosa, mas também fez sentir a Sua presença.
Todavia, tem-se a impressão de que o mesmo havia acontecido nas três vezes anteriores,
embora somente aqui isso nos seja dito. Nas ocasiões anteriores, Samuel ouviu
mas não interpretou corretamente a voz. E também não tomou consciência da
presença divina. Sua experiência, pois, estava crescendo em poder, conforme
avançava.
O Quarto Chamado. A
voz chamara Samuel pelo nome. Nessa quarta vez, porém, Samuel foi capaz de
receber a comunicação tencionada, visto que tinha obedecido às instruções dadas
por Eli. Responder diretamente à “voz” permitiu- lhe receber a mensagem
diretamente. O texto não indica que a glória shekinah de Deus se tenha
manifestado, mas talvez devamos entender que assim sucedeu. Ver no Dicionário o
artigo chamado Shekinah. A glória de Deus moveu-se do interior do Santo dos
Santos e pôs-se ao lado do leito de Samuel. Foi assim que o Deus infinito
condescendeu diante do homem finito. E essa é a própria natureza do drama
divino-humano em que o ser humano está envolvido. A maior e mais eficaz de
todas as condescendências divinas ocorreu quando o Logos se encarnou e se tornou
um homem entre os homens (ver João 1.14).
“Vede o quanto Deus
ama s. santidade nos jovens. O menino Samuel foi preferido por Ele, em lugar de
Eli, o idoso sumo sacerdote e juiz" (Teodoreto).
“... quando
finalmente Samuel respondeu à voz, esta se tornou uma visão" (George B.
Caird, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1137.
Finalmente, Samuel
foi preparado para receber a mensagem de Deus, não para permanecer com ela, mas
para se tornar um profeta íntegro. Para isso, ele teria de anunciá-la e
torná-la pública.
1. Eli, percebendo
que Samuel tinha ouvido a voz de Deus, deu instruções em como proceder em
relação a essa voz (v. 9). Isso foi feito de forma honesta. Embora fosse uma
desgraça perceber que o chamado de Deus havia passado por ele e se dirigido a
Samuel, ele o instruiu em como proceder diante desse chamado. Se Eli tivesse
sido invejoso por causa da honra dada a Samuel, teria feito todo o possível
para privá-lo disso. Uma vez que não tinha percebido essa voz, Eli poderia ter
pedido para Samuel voltar a se deitar e dormir, inferindo que se tratava
somente de um sonho. No entanto, Eli não era esse tipo de pessoa. Ele deu o
melhor conselho possível ao menino, para o favorecimento de sua promoção.
Assim, os mais idosos deveriam, sem ressentimento, fazer o possível para
auxiliar os mais jovens que estão sendo promovidos, mesmo que percebam que
poderão ser obscurecidos e ofuscados por eles. Jamais deveríamos abster-nos de
informar ou instruir aqueles que ocuparão o nosso lugar (Jo 1.30). A instrução
que Eli deu a Samuel foi que, quando Deus o chamasse novamente, dissesse: Fala,
SENHOR, porque o teu servo ouve. Ele deve autodenominar-se de servo de Deus e
desejar conhecer as intenções de Deus. “Feda, Senhor, fala comigo, fala agora”.
E Samuel deve estar preparado para ouvir e obedecer: o teu servo ouve. Observe:
Podemos esperar que Deus fale conosco quando nos dispomos a ouvir o que Ele tem
a dizer (SI 85.8; Hc 2.1). Quando nos dispomos a ler a Palavra de Deus e a
prestar atenção à sua pregação, devemos estar prontos a nos submeter à sua
imponente luz e poder: Fala, SENHOR, porque o teu servo ou vê.
2. Parece que Deus
falou pela quarta vez de uma maneira um pouco diferente. Embora o chamado fosse,
como das outras vezes, pelo seu nome, dessa vez Ele veio e ali esteve, que
infere que agora havia alguma manifestação visível da glória divina a Samuel,
uma visão que estava diante dele, como ocorreu com Elifaz, embora não
conhecesse a sua feição (Jó 4.16). Agradou a Samuel saber que não era Eli que o
chamava; porque agora viu a voz de quem falava com ele (Ap 1.12). Dessa vez,
ele também ouviu o seu nome duas vezes: Samuel Samuel, como se Deus se
deleitasse em mencionar o seu nome, ou de sugerir que agora deveria perceber
quem estava falando com ele. Uma coisa disse Deus, duas vezes a ouvi (SI
62.11). Era uma honra para Samuel saber que carecia bem aos olhos de Deus
conhecê-lo pelo seu nome (Êx 33.12); assim, o seu chamado foi
poderoso e eficaz quando o chamou pelo nome, tornando o assunto particular, como
ocorreu com Saído a caminho de Damasco. Da mesma forma, Deus chamou a Abraão
pelo nome (Gn 12.1). Samuel respondeu, como havia sido instruído: Fala, porque
o teu servo ouve-. Observe: Desde cedo, deveríamos colocar palavras agradáveis
na boca das crianças e expressões de piedade e devoção. Dessa forma, elas podem
sei' preparadas para familiarizar-se melhor com as coisas divinas. Ensine aos
mais novos o que devem dizer, porque nada podem pôr em boa ordem, por causa das
trevas (Jó 37.19). Samuel não se levantou e saiu correndo como da outra vez,
quando achava que Eli o chamava, mas ficou deitado em silêncio. Quanto mais
calmos e tranquilos nossos espíritos estiverem, tanto mais bem preparados
estaremos para as descobertas divinas. Permita que todos os pensamentos e
paixões tumultuosos sejam refreados e tudo esteja quieto e sereno na alma;
então estaremos prontos para ouvir a voz de Deus. Tudo deve estar quieto quando
Ele fala. Mas observe: Samuel deixou de lado uma palavra. Ele não disse: Fala,
Senhor, mas somente: Fala, porque o teu servo ouve, talvez, como sugere o bispo
Patrick, devido à incerteza se, de fato, era Deus que estava falando com ele.
No entanto, por meio dessa resposta: Fala, porque o teu servo ouve, foi aberto
o caminho para a mensagem que ele deveria receber. Assim, Samuel conheceu as
palavras de Deus e as visões do Todo-poderoso, e isso ocorreu antes que a
lâmpada de Deus se apagasse no templo do SENHOR (v. 3). Alguns dos escritores
judeus colocam um sentido místico nessas palavras. Antes da queda de Eli, e o
desaparecimento do Urim e Tumim, por algum tempo, Deus chamou Samuel e
transmitiu um oráculo a ele. Por isso, entre os doutores, eles utilizam uma
observação: nasce o sol, e põe-se o sol (Ec 1.5), isto é, eles dizem, antes que
Deus faça o sol se pôr sobre um justo, ele faz o sol de outro justo nascer.
Smith ex Rimchi.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 229-230.
2. Tardio para falar.
Falar é um presente
de Deus. Poder exprimir nossas opiniões, desejos e anseios não apenas é uma
dádiva divina, mas também exige uma grande responsabilidade, pois nossas
palavras podem tanto edificar vidas quanto podem também destruí-las. Por isso,
é necessário ter responsabilidade com aquilo que falamos.
Nossas palavras devem
acompanhar nossas atitudes. Como servos de Deus, somos chamados a usar nossas
palavras de forma sábia e edificante. “Não saia da vossa boca nenhuma palavra
torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos
que o ouvem” (Ef 4.29). Mas também somos chamados a ter um profundo compromisso
entre o que falamos e o que vivemos. De nada adianta ter um discurso ortodoxo
se nossa prática de vida não corresponde às palavras que falamos. Se levarmos a
sério isso, concluiremos que é melhor ficar calados até que nossas atitudes
sejam coerentes com nossas palavras.
Deus não nos impede
de falar, mas pede que o façamos de forma coerente e com sabedoria.
Lembremo-nos do conselho de Provérbios 13.3: “o que guarda sua boca conserva a
sua alma, mas o que muito abre os lábios tem perturbação”.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 61.
Tg 1.19 Ser pronto para
ouvir e tardio para falar podem ser interpretados em conjunto, como dois lados
da mesma moeda. A lentidão em falar significa falar com humildade e paciência, não
com palavras ásperas nem tagarelando sem parar. O falar constante impede que a pessoa
seja capaz de ouvir. A sabedoria nem sempre é ter algo a dizer; ela envolve o
ouvir cuidadosamente, o refletir piedosamente, e o falar mansamente. Quando
falamos demais e ouvimos pouco, mostramos aos outros que pensamos que as nossas
ideias são muito mais importantes do que as deles. Tiago nos adverte sabiamente
para revertermos este processo. Precisamos colocar um cronômetro mental nas
nossas conversas e observar o quanto falamos e o quanto ouvimos. Quando as
pessoas falam conosco, elas sentem que os seus pontos de vista e as suas ideias
têm valor?
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 667-668.
Abandone a Pressa no
Falar (1.19abc)
Hayes nos lembra que
Tiago não tem muito a dizer a respeito de pecados da carne, tão característicos
dos gentios do primeiro século. Em vez disso ele nos adverte em relação aos
pecados que os judeus estavam mais inclinados a praticar — orgulho, impaciência
e outros pecados do temperamento e da língua.16 Dessa forma, o apóstolo cita
três preceitos que provavelmente eram conhecidos aos seus leitores: Todo o
homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar (v. 19).
Visto que ele está prestes a apresentar uma advertência severa, Tiago inicia
suas palavra com uma expressão de profunda afeição e nela identifica-se com os
seus ouvintes — meus amados irmãos. Parece mais certo considerar o ouvir e o
falar em um sentido geral, em vez de restringir o significado (como alguns
fazem) ao ouvir e falar a mensagem do evangelho. Tiago mais tarde (w. 21-25)
trata especificamente do relacionamento do homem com a “palavra” salvadora.
Zeno ressalta que um
homem tem dois ouvidos mas somente uma boca; ele, portanto, deveria ouvir duas
vezes mais do que falar. Há uma conexão íntima entre o ouvir e o falar; também
entre o falar e a ira. Aquele que ouve mais atentamente entende melhor o seu
próximo; entender leva a um falar ponderado e a uma resposta branda que “desvia
o furor”. O falar impensado, por outro lado, com frequência produz a palavra
pesada que “suscita a ira” (Pv 15.1).
A.
F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 161.
Tg 1.19b Ao “rápido
para ouvir” Tiago contrapõe: cada um seja “vagaroso para falar”. Afinal, também
é necessário que, enquanto prestamos atenção no outro, já reflitamos sobre uma
resposta que o ajude e o leve adiante. Mas seria errado tentar dar o recado ao
outro precipitadamente e às pressas. O outro não se sentiria levado a sério:
“Ora, ele nem sequer se envolve com minha causa.” Um cristão torna-se mais
“vagaroso para falar” pelo fato de ao mesmo tempo conversar simultaneamente com
seu Senhor: “Ó Senhor, o que devo dizer agora? Será correto o que penso? Por
favor, concede-me agora a palavra certa. Autoriza-me. Usa a minha palavra, e
até mesmo fala pessoalmente com essa pessoa.” Em Jesus presenciamos como,
durante o diálogo com seus semelhantes, ele estava ao mesmo tempo conversando
com seu Pai, atento para a vontade e o direcionamento dele (Jo 2.4; 11.6,41s).
Ser “vagaroso para falar” importa principalmente também quando estamos “sob a
palavra”. Sem dúvida existe igualmente o diálogo em torno da palavra: “Antes,
direis, cada um ao seu companheiro e cada um ao seu irmão: Que respondeu o
Senhor? Que falou o Senhor?” (Jr 23.35). Não obstante, as muitas discussões
constituem hoje um perigo. Com frequência não conseguimos ouvir ao mesmo tempo
em que somos capazes de olhar por acima e para além do mensageiro,
perguntando-nos: “Senhor, que pretendes me dizer agora?” – Importa “falar
vagarosamente”, sob certas circunstâncias e em determinado sentido, até mesmo
perante Deus. Também para orar precisamos de silêncio se quisermos rogar no
sentido da vontade e dos alvos de Deus e, consequentemente, sob a promessa
plena (1Jo 5.14).
Porém, ser “vagaroso
para falar” de forma alguma significa que não devamos nunca falar,
principalmente quando se trata de testemunhar em favor de nosso Senhor. Na
Bíblia não consta o ditado “Falar é prata, e silenciar é ouro”.
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
Sl 141.3 Põe guarda,
Senhor, à minha boca. Os pecados da língua certamente são teimosos e universais
em sua prática. Os salmos dizem muito sobre o uso apropriado da linguagem. É
possível que, primariamente, este pedido se refira a declarações desleais
acerca de Deus e de Seus caminhos, com a aprovação (verbal) do que os pecadores
diziam e faziam. Existem pecados de blasfêmia, mentira, perjúrio, maldição,
calúnia e muitos outros, que são perpetuados pelos homens que falam demais e
não resguardam a língua. Quanto ao uso da fala e o uso apropriado da linguagem,
ver Sal. 5.9; 12.2; 15.3; 17.3; 34.12; 35.28; 36.3; 39.9; 55.21; 64.4; 66.17;
73.9; 94.1; 101.5; 109.2; 119.172; 120.3,4; 139.4 e 141.3. Ver no Dicionário o
artigo chamado Linguagem, Uso Apropriado da, que oferece declarações e poesias
ilustrativas.
Guarda. A alusão,
neste caso, é à guarda policial postada nos portões das cidades e nas muralhas,
para manter fora da cidade tudo o que era daninho.
A porta dos meus
lábios. Cf. Miq. 7.5. Xenócrates dizia: “Tenho-me arrependido muitas vezes por
ter falado, mas nunca por ter guardado silêncio”. Ver Sal. 39.1,9.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2501.
Sl 141.3 Davi temia o
pecado e implora a Deus para ser guardado de pecar, sabendo que sua oração só
seria aceita se tivesse o cuidado de vigiar contra o pecado. Devemos ser
zelosos com a graça de Deus em nós tanto quanto com seu favor conosco. 1. Ele
ora para não ser surpreendido em nenhuma palavra pecaminosa: “Põe, 6 Senhor,
uma guarda à minha boca (v. 3), já que a natureza fez de meus lábios a porta
para minhas palavras, que a graça guarde essa porta, que não seja permitido que
nenhuma palavra que, de alguma maneira, possa tender a desonrar a Deus ou a
ferir os outros saia por ela”. Os homens bons conhecem o mal da língua
pecaminosa e, como são propensos a ela (quando os inimigos nos provocam,
corremos o risco de deixar nosso ressentimento ir longe demais e de falar
irrefletidamente, como fez Moisés, apesar de ser o mais manso dos homens), por
isso eles são determinados com Deus para que os impeça de falar algo impróprio,
sabendo que, sem a graça especial de Deus, a vigilância e a determinação deles
mesmos não são suficientes para governar sua língua, muito menos seu coração.
Temos de enfrear [...] a [mossa] boca; mas isso só não adiantará: temos de orar
a Deus para que a guarde. Neemias orou para o Senhor quando pôs guarda contra
seus inimigos, devemos fazer o mesmo, pois sem Ele o guarda andaria em vão.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 692.
3- Controle a sua
ira.
Tiago nos incentiva a
ser pessoas que demoram a irar-se. Ele não diz que isso é fácil. Irar-se é uma
das coisas mais simples do mundo. Basta que nos deparemos com alguma
adversidade que nos impeça de realizar certos planos, ou com alguma situação
que aos nossos olhos seja injusta.
A ira é uma obra da
Carne. Ela tem a tendência de despertar as reações mais terríveis no ser
humano. Uma pessoa irada age de uma forma que não agiria se estivesse em seu
juízo perfeito.
A ira da qual Tiago
fala está vinculada com o ato de ouvir e falar: “... todo homem seja pronto
para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não
opera a justiça de Deus” (Tg 1.19b, 20). Pessoas que falam muito tendem a errar
muito, e pessoas iradas costumam destilar raiva e ódio em suas palavras.
Tiago encerra seu
pensamento de forma interessante: “A ira do homem não opera a justiça de Deus”.
Além de falar sobre ouvir muito e falar pouco, ele menciona dois elementos a
mais em seu discurso: a ira humana e a justiça divina.
Esses dois elementos
citados no mesmo verso estão extremamente distantes um do outro. A ira do homem
pode ser justa aos seus próprios olhos, mas isso não significa que ela é justa
aos olhos de Deus. E um momento de indignação pode colocar muitas coisas a
perder na vida de um cristão além de não garantir a bênção de Deus. O Eterno
não se deixa levar pela raiva humana, ainda que essa aparente ser lícita. E se
a ira humana fosse o referencial para que Deus agisse, não faltaria julgamento
divino para todas as pessoas. Por qual motivo Deus não age de acordo com a sua
justiça quando somos ofendidos, humilhados ou perseguidos?
Primeiro, porque Ele
é misericordioso. Mesmo os nossos ofensores podem ser alcançados pela graça de
Deus, da mesma forma que nós fomos alcançados. Segundo, o padrão de justiça
divina não é como o nosso. Temos a tendência de ser imediatistas, mas Deus tem
seu próprio tempo para agir em nosso favor e para julgar as injustiças com as
quais somos acometidos. E terceiro, Deus espera que controlemos nossas reações
emocionais. Deus sabe que tendemos à ira, mas Ele espera que não sejamos
dominados por ela.
Pregadores irados
provavelmente não conseguirão alcançar almas para o Reino de Deus. Professores
irados certamente não conseguirão repassar seus ensinos, e crentes iracundos
não conseguirão refletir a obra de Deus em suas vidas. Deus tem seu próprio
senso de justiça, e ele em nada se parece com o nosso. Isso pode nos parecer
injusto, mas precisamos aprender a confiar em Deus e em sua justiça.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 61-62.
Tg 1.19 Nós também
devemos ser tardios para nos irar. A ira fecha as nossas mentes à verdade de
Deus (veja um exemplo em 2 Rs 5.11; veja também Pv 10.19; 13.3; 17.28; 29.20).
É a ira que explode quando os nossos egos estão inflamados. E exatamente o tipo
de ira que nasce quando falamos muito depressa e não ouvimos o suficiente!
Quando a injustiça e
o pecado acontecem, nós devemos ficar irados, porque outros estão sendo
feridos. Mas não devemos ficar irados quando deixamos de “ganhar” uma discussão,
ou quando nos sentimos ofendidos ou negligenciados. A ira egoísta nunca ajuda ninguém
(veja Ec 7.9; Mt 5.21-26; Ef 4.26).
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 668.
Abandone a Ira
(1.19d,20)
A ira quase sempre
machuca tanto o nosso próximo como a nós mesmos. A ira carnal sempre machuca.
Portanto, todo o homem deve ser tardio [...] para se irar (v. 19). Ele deve
abandonar a ira que não opera a justiça de Deus (v. 20). A justiça de Deus significa
conduta certa, i.e., fazer o que Deus quer (cf. Mt 6.33). A ira carnal não só
nos leva a uma conduta sem amor e a desagradar a Deus, mas esse comportamento
irado em um cristão professo levanta dúvida na mente dos observadores e, dessa
forma, diminui o progresso do Reino de Deus. Poteat comenta: “A única ira que o
homem pode ter é uma ira que Cristo sentiu (cf. Mc 3.5). Esse tipo de ira não é
a expressão de uma petulância particular, mas de um ressentimento público
contra o comportamento e as ações que levam outros a sofrer sem culpa da pessoa
irada”.
Robertson esboça a
verdade do versículo 19 da seguinte forma: 1) Ouvir brilhante (v. 19a); 2)
Silêncio eloquente (v. 19b); 3) Ira insensível (v. 19c-f).
A.
F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 161-162.
Tg 1.19c “Vagaroso
para a ira”: a palavra deve ter em vista uma situação específica. Em Israel, a
“palavra da verdade” era comunicada p.ex. nas sinagogas. Nelas qualquer
israelita adulto podia fazer uso da palavra. Mensageiros de Jesus diziam,
agora, que as promessas de Deus já estariam cumpridas em grande medida, pelo
fato de Deus ter enviado o Messias, Jesus de Nazaré, para dentro da condição
humana. Isso era boa notícia, evangelho. Acontece que isso inflamava os ânimos
(At 13.45ss; 18.6). As testemunhas eram interrompidas. Cortava-se a palavra
delas. Os ouvintes indignavam-se. A exortação de Tiago de não se irar
rapidamente, refere-se antes de tudo à advertência de não cortar a palavra de
Deus, contradizendo-a, revoltando e opondo-nos a ela.
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
Paralelo a Lucas
19.45 A Purificação do Templo (Mt 21.12-13)
Esse episódio é
contado por Mateus imediatamente após a Entrada Triunfal, como se tivesse
acontecido no mesmo dia. Marcos 11.15-19 informa os detalhes, observando que a
purificação aconteceu em uma segunda-feira. Esse é outro exemplo do hábito de
Mateus descrever duas narrativas em conjunto, colocando-se na posição de um
observador. Nesse caso, Lucas acompanhou Mateus (Lc 19.45-48).
João registra uma
purificação do Templo (Jo 2.13-17) em uma ocasião próxima ao início do
ministério de Cristo. Os três Sinóticos (cf. Mc 11.15-19; Lc 19.45-48)
descrevem um evento semelhante no início da Semana da Paixão. A maioria dos
estudiosos entende que não houve duas purificações. Porém, Alfred Plummer diz:
“Não há nada de incrível em duas purificações”.50 E Salmon escreve: “Estamos à
vontade para aceitar o relato de João de que o nosso Senhor fez seu protesto
contra a profanação do Templo em uma visita anterior àquela Casa Sagrada, e
podemos acreditar que depois de uma ausência de um ano ou mais, ao retornar com
um grupo de discípulos da Galileia, Ele fizesse cumprir as suas exigências com
ainda mais rigor”.
A purificação do
Templo é descrita de forma vívida. Jesus expulsou todos os que vendiam e
compravam no templo (12) - hieron, a “Área do Templo”, compreendia cerca de
vinte e cinco acres. No Pátio dos Gentios havia um mercado onde ovelhas e bois
eram vendidos para os sacrifícios (cf. Jo 2.14). Como a Lei especificava que
esses animais deveriam ser “sem mácula” (Ex 12.5) era mais seguro comprá-los no
mercado do Templo que era dirigido por parentes do sumo sacerdote. Tudo que
fosse comprado ali seria aprovado. Da mesma forma, seria inconveniente para os
peregrinos da Galileia trazer animais em uma viagem tão longa. Aqueles que eram
demasiadamente pobres para oferecer uma ovelha tinham permissão de substituí-la
por uma pomba (Lv 12.8). Todo o dia era realizada uma animada venda desses
animais.
Os cambistas também
colhiam seus frutos. Todo judeu adulto tinha que pagar uma taxa anual de meio
siclo ao Templo (cf. 17.24). Mas esse pagamento deveria ser feito com a moeda
fenícia. Como o dinheiro que os judeus usavam habitualmente era grego ou romano,
isso queria dizer que a maioria das pessoas precisava trocar o seu dinheiro. Os
sacerdotes tinham permissão de cobrar algo em torno de 15 por cento para fazer
essa troca. Edersheim acredita que somente essa taxa poderia alcançar uma soma
entre 40.000 a 45.000 dólares por ano, isto é, uma renda exorbitante naquela
época.
Jesus lembrou aos
transgressores o que estava escrito nas Escrituras (13): A minha casa será
chamada casa de oração (uma citação de Isaías 56.7). Mas vós a tendes
convertido em covil de ladrões (citação de Jeremias 7.11) O texto grego diz
“uma caverna de salteadores”. Essa frase devia ser muito familiar aos judeus do
primeiro século.
A condenação feita
por Cristo aos comerciantes do mercado do Templo, chamando-os de “ladrões” ou
“salteadores” encontra sólido suporte nos escritos rabínicos. Eles falam de
“Bazares dos filhos de Anás” - o antigo sumo sacerdote que foi sucedido por
cinco dos seus filhos, e cujo genro, Caifás, era o sumo sacerdote nessa época.
Edersheim chama atenção para a declaração de que “o Sinédrio, quarenta anos
antes da destruição de Jerusalém [isto é, no ano 30 d.C., o ano da
Crucificação], transferiu seu local de reunião do Pátio das Pedras Lavradas (no
lado sul do Pátio dos Sacerdotes) para os Bazares e, em seguida, para a
Cidade”.
Pouco tempo depois, a
“indignação popular, três anos antes da destruição de Jerusalém, destruiu os
Bazares da família de Anás”. A gravidade da situação está refletida nessa
declaração: “O Talmude também registra a maldição que um renomado rabino de
Jerusalém (Abba Shaul) pronunciou sobre as famílias dos sumo sacerdotes
(inclusive a de Anás) que eram ‘eles mesmos os sumo sacerdotes, seus filhos os
tesoureiros, seus genros tesoureiros auxiliares, enquanto os seus servos batiam
no povo com varas”.
A purificação do
Templo foi o segundo ato messiânico de Jesus na Semana da Paixão. Ela
representava uma sequência apropriada à sua recepção como o “Filho de Davi” na
Entrada Triunfal, e era o cumprimento da profecia expressa em Malaquias 3.1-3.
Uma leitura cuidadosa
dos quatro relatos sobre a purificação do Templo não dará qualquer suporte à
ideia de que Jesus usou de violência física contra as pessoas, ou roubou-as de
suas posses. Ele simplesmente fez com que os homens - com seus pertences-se
retirassem da área sagrada.
Ralph
Earle. Comentário Bíblico Beacon. Mateus.
Editora CPAD. Vol. 6. pag. 145-146.
Mt 21.12,13 O sumo
sacerdote tinha autorizado um mercado com comerciantes e cambistas que
funcionava exatamente no pátio dos gentios, o imenso pátio externo do Templo. O
pátio dos gentios era o único lugar em que os gentios convertidos ao judaísmo
poderiam adorar. Mas o mercado enchia o espaço reservado para a sua adoração
com comerciantes, de modo que estes estrangeiros, que tinham viajado longas
distâncias, achavam impossível adorar. O caos naquele pátio deve ter sido
tremendo. Os cambistas trocavam todas as moedas internacionais pelas moedas especiais
do Templo - o único dinheiro que os comerciantes aceitavam. Os cambistas faziam
grandes negócios durante a Páscoa com aqueles que vinham de nações
estrangeiras. A taxa de câmbio inflacionada frequentemente enriquecia os
cambistas. E os preços exorbitantes dos animais tomavam os comerciantes ricos. Como,
tanto aqueles que compravam, quanto aqueles que vendiam, estavam desobedecendo
os mandamentos de Deus com respeito aos sacrifícios, Jesus expulsou todos do
Templo. Esta era a segunda vez que Jesus limpava o Templo (veja João 2.13-17).
Jesus enfureceu-se porque o lugar de adoração a Deus tornara-se lugar de
extorsão e barreira aos gentios que desejavam adorar.
Jesus citou Isaías
56.7 e usou essa passagem para explicar que o Templo de Deus deveria ser uma
casa de oração, mas os comerciantes e os cambistas o haviam convertido em um covil
de ladrões.
Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal.
Editora CPAD. Vol 1. pag. 126.
Lc 19.45 O zelo que
Jesus mostrou pela purificação do Templo. Embora ele devesse ser destruído
dentro de pouco tempo, não era motivo para que não se cuidasse dele, enquanto
isto.
1. Cristo o limpou
daqueles que o profanavam: “Entrando no Templo, começou a expulsar todos os que
nele vendiam e compravam”, v. 45. Com isto (embora Ele fosse representado como
um inimigo do templo, e este foi o crime de que Ele foi acusado diante do sumo sacerdote),
Ele demonstra que tinha um amor pelo Templo mais verdadeiro do que aqueles que
tinham a mesma veneração pelo seu corbã, o seu tesouro, como se fosse algo
sagrado, pois a sua glória estava mais na sua pureza do que na sua riqueza.
Cristo deu razões para desalojar os mercadores do Templo, v. 46. O Templo é
casa de oração, consagrado para a comunhão com Deus: os compradores e
vendedores fizeram dele um covil de salteadores, pelos negócios fraudulentos
que eram realizados ali, o que, de nenhuma maneira, devia ser permitido, pois
seria uma distração para aqueles que vinham até ali para orar.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo
Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 695.
Ef 4.26,27 Outra
característica da antiga natureza que tem que ser descartada é o mau humor, ou
um estilo de vida caracterizado pela ira. As palavras “irai-vos e não pequeis” são
tiradas de Salmos 4.4. A Bíblia não diz que não devemos nos irar, mas ela
mostra que é importante controlarmos adequadamente a nossa ira. Não devemos
ceder aos nossos sentimentos de ira ou permitir que eles nos levem ao orgulho,
ódio, ou hipocrisia. Jesus Cristo enfureceu-se com os mercadores no Templo, mas
esta era uma ira justa e não o levou a pecar. Os crentes devem seguir o exemplo
de Jesus. Devemos reservar nossa ira para quando vermos Deus desonrado ou as
pessoas tratadas injustamente. Se ficarmos irados, devemos fazê-lo sem pecar.
Para fazer isso, devemos lidar com nossa ira antes que o sol se ponha. De
acordo com o livro de Deuteronômio, o pôr-do-sol é a hora em que todo o mal
contra Deus e contra os outros deve ser corrigido (Dt 24.13,15).
A ira que é deixada
ardendo lentamente e queimando ao longo do tempo pode, por fim, explodir em
chamas e dar um poderoso ponto de apoio para o diabo, fazendo com que as
pessoas pequem, ao se tornarem amarguradas e ressentidas. E muito melhor lidar
com a situação imediatamente; talvez a admoestação anterior, para se falar a
verdade carinhosamente, possa resolver o problema.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 340.
Ef 4.26 Paulo fala
sobre a ira (4.26,27). “Quando sentirdes raiva, não pequeis; e não conserveis a
vossa raiva até o pôr do sol; nem deis lugar ao Diabo.” Há dois tipos de raiva:
a justa (4.26) e a injusta (4.31). Precisamos sentir raiva justa: a ira de
Wilberforce contra a escravidão na Inglaterra é um exemplo de raiva justa. A
raiva de Moisés contra a idolatria é outro exemplo clássico. A raiva de Lutero
contra as indulgências é um dos mais claros exemplos desse ensinamento de
Paulo. A raiva de Jesus no templo ao expulsar os cambistas é o exemplo por
excelência desse princípio bíblico.
Se Deus odeia o
pecado, seu povo também deve odiá-lo. Se o mal desperta sua raiva, também deve
despertar a nossa (SI 119.53). Ninguém deve ficar raivado a não ser que esteja
raivado contra a pessoa certa, no grau certo, na hora certa, pelo propósito
certo e no caminho certo.
Paulo qualifica sua
expressão permissiva sentirdes raiva com três negativos: 1) “Não pequeis”.
Devemos nos assegurar de que nossa raiva esteja livre de orgulho, despeito,
malícia ou espírito de vingança; 2) “Não conserveis a vossa raiva até o pôr do
sol”. Paulo não está permitindo a você ficar com raiva durante um dia, ele está
exortando a não armazenar a raiva, pois pode virar raiz de amargura; 3) “Nem
deis lugar ao Diabo”. O diabo gosta de ficar espreitando as pessoas zangadas
para tirar proveito da situação, como fez com Caim.
Jay Adams, em seu
livro O conselheiro capaz, fala sobre duas maneiras erradas de lidar com a
raiva: a primeira delas é a ventilação da raiva. Há pessoas que são explosivas,
que atiram estilhaços para todos os lados, ferindo as pessoas com seu
destempero emocional. A segunda maneira errada de lidar com a raiva é o
congelamento dela. O indivíduo não a joga para fora, mas para dentro. O
resultado disso é a amargura. A solução para o congelamento da raiva é o
perdão. E espremer o pus da ferida até o fim, fazendo uma assepsia da alma, uma
faxina da mente, uma limpeza do coração.
LOPES, Hernandes Dias. EFESIOS
Igreja, a noiva gloriosa de Cristo. Editora Hagnos. pag. 122-123.
Ef 4.26 Também a
instrução sobre a ira é dada no contexto de uma citação literal do Sl 4.4:
“Quando estais irados, não pequeis.” Com essas palavras Paulo lembra, em tom de
exortação, a rápida transição da ira para o pecado. A convivência (dentro e
fora da igreja) gera múltiplos motivos para a ira (cf. também Tg 1.19s –
possivelmente por causa de opiniões opostas na discussão doutrinária). Enquanto
o cristão deve ser “tardio para a ira” (Tg 1.19), no caso do perdão é preciso
ter pressa: “O sol não se ponha sobre a vossa ira.” A exortação para afastar-se
rapidamente do escândalo visa sobretudo combater o efeito devastador de uma
briga de longa duração: “Paulo exige que acabemos sem delongas com a ruptura da
comunhão. Rancor envelhecido é difícil de apagar. Se para restabelecer a
comunhão for necessária uma negociação com o irmão, devemos fazê-la de
imediato. Se conseguimos solucionar a questão sem ela, devemos perdoar imediatamente.
A mágoa torna-se bem mais perigosa quando é arrastada de um dia para o outro.
Também essa frase mostra, da mesma forma como aquela sobre o extermínio da
mentira, que para Paulo nssa nossa preocupação central deve ser a comunhão
concorde com os irmãos, em relação à qual qualquer outro interesse passa para o
segundo plano.
Por trás de tudo isso
está a reinterpretação do 5º mandamento no Sermão do Monte por Jesus (Mt
5.21ss): segundo ela, “irar-se contra o irmão” (o mesmo termo de Ef 4.26) é uma
transgressão da proibição de matar e torna culpado de condenação. Isso é
enfatizado pelas ofensas decorrentes da ira (“tolo”, “inútil”), tornando o
homem réu do mais alto tribunal humano ou divino (“Sinédrio”, “fogo do
inferno”). Paulo, portanto não arrola arbitrariamente instruções éticas, mas
argumenta no contexto das premissas dos Dez Mandamentos, que obtiveram a
interpretação decisiva nos ensinamentos de Jesus. Da mesma forma como os
comentários sobre o oitavo (mentira) e quinto (matar – ira) mandamentos seguem-se,
nos v. 28 (roubar) e 5.3 (adultério - devassidão e avidez), exortações ligadas
ao sétimo, sexto, nono e décimo mandamentos.
Eberhard
Hahn. Comentário Esperança Efésios. Editora
Evangélica Esperança.
II -
PRATICANTE E NÃO APENAS OUVINTE DA PALAVRA (Tg 1.21-25)
1. Enxertai-vos da
Palavra (21).
Tiago fala que
devemos receber com mansidão a Palavra que em nós foi colocada. Mas antes disso
ele diz que é preciso rejeitar toda a imundícia e acúmulo de malícia. O que
isso significa? Que além de receber a Palavra de Deus, é preciso rejeitar tudo
o que a Palavra de Deus condena. É uma questão de cumulatividade (recebo a
Palavra de Deus e rejeito o pecado). Nossa tendência é acumular imundícia e
malícia por causa de nossa natureza pecaminosa, mas esses dois elementos devem
ser substituídos pela Palavra de Deus e seus efeitos em nossas vidas. A
expressão “malícia”, no grego, é kakia, melhor traduzida como “maldade”. Em
todo o contexto, a maldade não pode conviver com um coração sábio e dominado
pelos princípios da Palavra de Deus. Ou praticamos o que Deus diz ou
privilegiaremos a maldade e as demais características rejeitadas pelo Senhor.
A recompensa por essa
atitude é a salvação da alma. Aqui encontramos mais uma característica dos
escritos de Tiago: a prática que espelha a salvação. Mais uma vez, Tiago mostra
que as obras são um reflexo (e não o caminho) da salvação.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 63.
Tg 1.21 Devemos
rejeitar toda imundícia e acúmulo de malícia. Segundo o texto grego, esta é uma
ação definitiva. Por que devemos fazer isto? O progresso na nossa vida
espiritual não pode ocorrer a menos que vejamos o pecado como ele é, deixemos
de justificá-lo, e decidamos rejeitá-lo. A imagem das palavras de Tiago aqui
nos apresenta livrando-nos dos nossos maus hábitos e atos como quem se despe de
roupas sujas. Depois de “nos livrarmos”, precisamos receber com mansidão a
palavra de Deus, procurando viver de acordo com ela, porque ela foi enxertada
em nossos corações e se torna parte do nosso ser. Deus nos ensina desde as
profundezas das nossas almas, com o ensino do Espírito e com o ensino de
pessoas orientadas pelo Espírito. O solo no qual a palavra é plantada deve ser
acolhedor, para que ela possa crescer. Para tornar o nosso solo acolhedor,
precisamos desistir de quaisquer impurezas nas nossas vidas. A Palavra de Deus
torna-se uma parte permanente de nosso ser, orientando-nos todos os dias. A palavra
implantada é suficientemente forte para poder salvar a nossa alma. Quando absorvemos
as características ensinadas na Palavra, estas se expressam no nosso modo de viver.
As provações e as tentações não podem nos derrotar se estivermos aplicando a
verdade de Deus às nossas vidas.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 668.
Abandone todo o Mal
(1.21)
Pelo que dá a
entender que há uma ligação com o texto anterior. Tiago acabou de falar da ira
e de sua relação com a vontade de Deus. Sua mente agora se move agora para o
contexto mais amplo da vontade de Deus e o mal do homem. Toda imundícia e
acúmulo de malícia não transmite uma verdade clara para o leitor de hoje.
Phillips traduz esse texto da seguinte maneira: “Livrando-se, portanto, de toda
impureza e de todo tipo de mal”. ANASB traduz: “Colocando de lado toda
imundícia e toda impiedade”. Rejeitando (apothemenoi) está no tempo aoristo e
sugere uma clara quebra com tudo que é contrário à vontade de Deus. Robertson
compara o significado deste texto com a figura de Paulo de despojar-se do
“velho homem” de pecado e revestir-se do “novo homem” de justiça (Ef 4.2; Cl
3.8). Ele comenta: “Certamente o mal aumenta se não for checado e arrancado
pela raiz”. Acúmulo de malícia (kakia, maldade) não deve ser entendido como “mais
do que necessário”. A maldade “por ínfima que seja já é excesso”.
O despojar de todo o
mal é a condição para a recepção subsequente da palavra [...] enxertada
(melhor, “implantada”, NVI). Moffatt apresenta a figura da semente e do solo.
Ele interpreta: “Prepare um solo de modéstia humilde para com a Palavra que
lança suas raízes no interior com poder para salvar a sua alma”. Knowling
observa que ‘“a palavra’ descrita dessa forma é raramente distinguível do
Cristo que habita em nós”. Essa é a palavra a qual pode salvar a vossa alma.
“Ela traz uma salvação presente aqui e agora (Jo 5.34); é uma nova vida de
pureza. Ela ajuda na salvação progressiva do homem completo na sua batalha com
o pecado e no crescimento na graça (2 Tm 3.15). Ela leva à salvação final no
céu com Cristo em Deus (1 Pe 1.9). O evangelho é o poder de Deus para a
salvação (Rm 1.16)”.
A.
F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 162.
Tg 1.21 “Por isso,
despojai-vos de toda impureza e acúmulo de maldade”: precisamos permitir que
“passo a passo” nos seja tirada publicamente a velha natureza e dada a nova.
Unicamente na proporção em que estivermos dispostos a abrir mão do antigo, o
novo terá espaço. Somente na medida em que os “brotos selvagens” são tirados,
terão espaço os “ramos nobres”. Também o acúmulo de conhecimento por meio da
palavra de Deus está relacionado à disposição de obedecer, assim como
inversamente a falta de capacidade de entendimento está ligada à falta de
obediência (Jo 7.17; Ef 4.18). Hoje (como em certa medida também já em épocas
passadas) várias coisas podem se opor à palavra de Deus nas pessoas, como
“tampões de ouvidos”: vínculos com o ocultismo, indisciplina sexual,
endeusamento das riquezas. Tudo o que podemos fazer é rogar que também hoje
sejam abertos os ouvidos e o coração de muitos (At 16.14). – Os citados empecilhos
também podem reaparecer ou surgir pela primeira vez em pessoas há muito
chamadas por Deus, impedindo que a nova vida chegue ao devido avanço,
fortalecimento e amadurecimento. Por isso também há espaço no seio da igreja,
como outrora nos dias de Tiago, para a exortação: “Despi-vos de toda sujeira, e
do mal de todo tipo.” “Desmascara tudo e consome o que não for puro em tua luz”
(G. Tersteegen).
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
2. Praticai a Palavra
(22-24).
Mais do que ter a
Palavra em nosso coração, é preciso exteriorizar o evangelho em nossas vidas. E
curiosa a observação de Lawrence O. Richards para esta parte do texto bíblico:
Tiago argumenta que
olhar para a Palavra de Deus e não agir de acordo como que vemos ali significa
que o que encontramos ali nas Escrituras não tem significado para nós.
Essa palavra,
“significado”, indica importância. Se lemos e ouvimos a Palavra de Deus e não
praticamos o que ela diz estamos dizendo que o que Deus falou não tem
importância alguma para nossas vidas. Se o que Ele falou não é importante,
podemos entender também que Ele mesmo não é importante para nós. Pensemos nisso
da próxima vez que formos ler ou ouvir a Palavra de Deus.
Tiago nos desafia em
seu escrito a ser praticantes da Palavra, e não apenas ouvintes. Primeiro
ouvimos o discurso e depois o praticamos. Não é razoável ler, estudar e ouvir a
Palavra de Deus se não temos o objetivo de seguir o que ela nos apresenta. Se
temos respeito pela Palavra, é imperativo obedecê-la.
Tiago parece um
mestre que ensina, lembra e relembra a seus alunos a que tenham uma vida
voltada para atitudes que espelham a salvação. É como se a expressão “pratique
a Palavra” fosse uma senha para uma questão difícil da uma prova. Para que façamos
a diferença neste mundo, pratiquemos a Palavra. Para que aprendamos a
domar nossa língua, pratiquemos a Palavra. Para nos afastarmos da maldade e de
toda impureza, pratiquemos a Palavra. Para sermos sábios, pratiquemos a
Palavra. A prática, como diz um ditado, conduz à perfeição, e no nosso caso,
nos aproxima cada vez mais de Deus.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 64-65.
Tiago enfatiza três
verdades vitais aqui.
Em primeiro lugar, o
verdadeiro crente nasce da Palavra de Deus (1.18). A Palavra de Deus é a divina
semente. Quando ela é aplicada em nosso coração pelo Espírito Santo, acontece o
milagre do novo nascimento. Nascemos, assim, de cima, de Deus, do Espírito.
Recebemos, portanto, uma nova natureza, uma nova vida.
Em segundo lugar, o
verdadeiro crente acolhe a Palavra (1.21). Há uma preparação própria para
receber a Palavra: “Pelo que, despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo
vestígio do mal...”. A Palavra de Deus é comparada a uma semente, e o coração
do homem, a um solo. Antes de lançarmos a semente precisamos preparar a terra.
Jesus falou de quatro tipos de solo: o solo endurecido, o superficial, o
congestionado e o frutífero (Mt 13.1-23). Antes de acolhermos a Palavra,
precisamos remover a erva daninha da impureza e da maldade. Também é requerida
uma atitude correta para receber a Palavra: “... recebei com mansidão a palavra
em vós implantada...” A mansidão é o oposto da ira (1.19). E necessário adubar
o terreno para que a semente frutifique. A Palavra deve ter raízes profundas em
nossa vida. Aceitamos de bom grado a transformação que Deus opera em nós
através da Palavra. Tiago fala ainda acerca do resultado da recepção da
Palavra: “... a qual é poderosa para salvar as vossas almas”. Quando nascemos da
Palavra, ouvimos a Palavra, recebemos a Palavra e praticamos a Palavra, podemos
ter garantia da salvação.
Em terceiro lugar, o
verdadeiro crente pratica a Palavra (1.22-25). Não basta ouvir ou ler a
Palavra, é preciso praticá-la. Não basta apenas o conhecimento da verdade, é necessário
também a prática da verdade. Muitos crentes marcam sua Bíblia, mas a Bíblia não
os marca.^° Há grandes benefícios em se praticar a Palavra.
Primeiro, quem
pratica a Palavra conhece a si mesmo (1.23,24). A Palavra aqui é comparada não
com a semente, mas com o espelho. O principal propósito do espelho é o
autoexame. Quando você olha para dentro da Palavra e compreende o que ela diz,
você conhece a você mesmo: seus pecados, suas necessidades, seus deveres e suas
recompensas. Ninguém olha no espelho e logo vai embora sem fazer nada. Você
olha no espelho para saber se já penteou o cabelo, se já lavou o rosto ou se a
roupa está bem passada. Você olha no espelho para ver as coisas como elas são.
Quando você olha no espelho, você descobre que tipo de pessoa você é e como
você está.
Há alguns perigos
quanto ao espelho que precisamos evitar: devemos evitar olhar apenas de relance
no espelho.
Muitas pessoas não
estudam a si mesmas quando leem a Bíblia. Muitas pessoas leem a Bíblia todo
dia, mas não são lidas por ela, não a observam. Muitos leem por um desencargo
de consciência, mas não se afligem por não colocar sua mensagem em prática. Há
sempre o perigo de você se ver no espelho e não fazer nada a respeito. Leia esta
história:
Conta-se a história
de um homem idoso basta-me míope, que tinha grande orgulho em atuar como
crítico de arte. Um dia, ele visitou um museu com alguns amigos e,
imediatamente. Como saber se minha religião é verdadeira começou a fazer suas
críticas sobre vários quadros. Parando diante de um quadro de corpo inteiro,
começou a dar a sua opinião. Ele havia deixado seus óculos em casa e não podia
ver a pintura com clareza. Com ar de superioridade, ele comentou; ‘A
constituição física desse modelo está simplesmente em desacordo com a pintura.
O sujeito (um homem) é bastante rústico e está miseravelmente vestido. De fato,
ele é repulsivo, e foi um grande erro para o artista selecionar esse modelo de segunda
classe para pintar o seu retrato’. O velho camarada foi seguindo em seu
caminho, quando sua esposa o puxou para o lado e sussurrou em seu ouvido:
‘Querido, você estava se olhando no espelho’.
Devemos tomar cuidado
para não esquecermos o que vemos no espelho. Muitas vezes lemos a Bíblia tão
distraidamente que nem conseguimos ver quem nós somos, como está a nossa
aparência. Não temos convicção de pecado.
Não sentimos sede de
Deus. Não falamos como Isaías: “Ai de mim!”. Não falamos como Pedro; “Senhor,
aparta-te de mim, porque eu sou um pecador”. Não falamos como Jó: “Eu me
abomino no pó e na cinza”. Devemos nos acautelar para não fracassarmos em fazer
o que o espelho mostra. Não basta ler a Bíblia, é preciso praticá-la. Não basta
falar, é preciso fazer. Reunimo-nos muito para conhecer e pouco para praticar.
Gastamos os assentos dos bancos e pouco as solas dos sapatos.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 32-34.
Tg 1.22 Apenas 1er ou
até mesmo estudar a Palavra de Deus não é benéfico para nós, se não cumprirmos
o que ela diz. Nós ouvimos a Palavra de Deus não apenas para conhecê-la, mas
também para realizá-la. Nós estaríamos nos enganando se nos felicitássemos pelo
conhecimento das Escrituras e não houvesse nada além disto. O conhecimento
valioso é um prelúdio à ação; a Palavra de Deus só consegue crescer no solo da
obediência.
Para que uma lição
faça a diferença na vida de um aluno, ela precisa penetrar no coração e na
mente, afetando a sua vida. É importante ouvir a Palavra de Deus, mas é muito
mais importante obedecê-la. Nós podemos avaliar a eficiência do nosso tempo de
estudo da Bíblia pelo efeito que ele tem no nosso comportamento e nas nossas
atitudes. Será que colocamos em prática aquilo que estudamos?
Tg 1.23,24 Algumas
pessoas leem a Palavra de Deus de uma forma casual, sem permitir que ela afete
as suas vidas. É como a pessoa que olha tão rapidamente no espelho, que as
imperfeições não são detectadas e nada é mudado. Elas ouvem, mas não agem. A outra
abordagem é o olhar atento, o estudo profundo e constante da Palavra de Deus,
que permite que uma pessoa veja as imperfeições e modifique a sua vida de
acordo com os padrões de Deus. O tipo de “espelho” que a Palavra de Deus
fornece é exclusivo. Ele nos mostra a nossa natureza interior da mesma maneira como um
espelho normal nos mostra as nossas características externas. Os dois espelhos
refletem o que está ali. Quando a Palavra de Deus nos mostra que algo em nós precisa
de correção, nós devemos ouvir e agir.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 668-669.
Tg1.22 1 – “Sede,
porém, praticantes da palavra”: o ouvir não pode ser apenas questão dos
ouvidos, de nosso pensar e de nosso sentir. A palavra, pela qual é depositada
em nós a nova vida, visa tomar forma em nossa vida toda. A palavra propicia
ambas as coisas: promessa e orientação, asserção e demanda. Ela proclama e traz
o agir misericordioso de Deus em nosso favor, e visa impelir-nos ao agir. Nosso
agir é resposta ao agir de Deus. Deus não quer atuar apenas em nós, mas também
através de nós. Jesus nos descreveu Deus como aquele que age (Jo 5.17), como o
Deus que faz história para a salvação, nossa e de todos os seres humanos. Dessa
maneira o Deus vivo se diferencia p.ex. dos deuses gregos, bem como das ideias
dos filósofos (e igualmente do Deus de uma teologia que se deixa condicionar
pela respectiva filosofia contemporânea). A história que Deus faz viabiliza, de
fato, verdadeira história humana. O ser humano que deseja acolher a palavra de
Deus somente em seu pensamento ou sentimento não a compreendeu corretamente,
tornando-se retardatário desobediente quando o Deus que age deseja envolver
também a ele. A palavra de Deus é palavra do Senhor, a qual nos compromete. Com
sua afirmação Tiago está junto de seu Senhor na doutrina (Mt 7.21,24-27) e se
move nas mesmas balizas do apóstolo Paulo (Rm 6.1,15).
“Não apenas ouvinte”:
não basta o constante “colocar-se sob a palavra”. É necessário obedecer à
palavra. Em contraposição, há hoje motivos para enfatizar que não existe
prática correta da vontade de Deus sem o devido ouvir prévio. Aqui nos são
dadas orientação e força para esse agir.
“Do contrário
enganais a vós mesmos”: a) Aquele que apenas ouve visa enganar a Deus: aparenta
interessar-se pela vontade de Deus, mas não se deixa mover para a obediência
(também entre pessoas constitui ofensa quando alguém aparentemente se interessa
por nossa questão, solicitando que lhe seja exposta largamente, mas depois se
afasta sem mexer um dedo sequer). b) Assim uma pessoa também engana seus
semelhantes: “correndo” aos cultos, estudos bíblicos, horas de comunhão (e
também pelo linguajar cristão), causando em seu entorno a expectativa de que
aqui alguém agirá como cristão. Depois percebem que foram enganados. A “baixa
audiência” de que os crentes tantas vezes desfrutam em seu entorno pode ser
derivada dessa desilusão. c) Não por último, porém – é disso que Tiago está
falando – desse modo uma pessoa também engana a si mesma: tranquiliza-se e
pensa que, desde que seja insaciável em ouvir a palavra e ler intensamente a
Bíblia, tudo estaria bem, e também outros o consideram um cristão favorecido
(Ap 3.1). Contudo Jesus diz que o ouvir e saber ainda não resolvem nada (Mt
7.26). Tampouco o falar resolve (Mt 7.21). O conhecimento claro até mesmo pode
tornar-se uma acusação para quem não vive de acordo (Lc 12.47).
2 – Nesse agir está
em jogo não apenas o que fazemos a outros, mas o que fazemos a nós para nossa
própria evolução. É o que mostram os v. 23-25.
Tg 1.23 “Se alguém é
(apenas) ouvinte da palavra e não (também) praticante, assemelha-se ao homem
que contempla, num espelho, o seu rosto natural”: aquele que ouve a palavra de
Deus é como alguém que se observa no espelho. Entre as duas capas de nossa
Bíblia nos são mostrados o “diagnóstico” e a “terapia” de Deus após a
catástrofe do pecado em relação a cada indivíduo e à humanidade como um todo.
a) A pessoa, pois,
que atenta para a palavra de Deus, ouve primeiramente o diagnóstico divino. Vê
a si mesma com toda a clareza e verdade, como em um espelho, por assim dizer. O
espelho não lisonjeia. Vemos o quanto nos sujamos por meio do pecado. O ser
humano natural prefere nem sequer observar-se nesse espelho. Esse é um motivo
central para o fato de que se “interessa” por tudo o mais, mas de forma alguma
pela palavra de Deus. No entanto, já que não consegue nem quer submeter-se
integralmente à palavra, tenta distanciar-se dela e “esquecê-la” o quanto
antes, para poder continuar como era (o ser humano esquece o que deseja
esquecer).
Tg 1.24 “Pois, após
contemplar-se e se retirar, logo se esquece de como era a sua aparência.” É
como quando uma dona de casa percebe no espelho que, ao acender o fogão a
lenha, sujou o rosto com a mão fuliginosa, mas não limpa de imediato a sujeira
porque não tira o devido tempo para isso. Mais tarde se esquece do que não está
em ordem com ela. Quando sai para fazer comprar, admira-se de que as pessoas
riem ao vê-la. O mesmo ocorre quando o espelho da palavra nos leva a constatar
um erro em nós mesmos e não tomamos imediatamente as atitudes cabíveis. Nesse
caso o espelho da palavra de Deus não nos prestou o serviço que poderia ter
prestado para a hora em que haveremos de comparecer perante Deus. Então, muitas
coisas boas que ouvimos, e até mesmo dissemos, hão de transformar-se em
acusação contra nós.
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
3. Persevere ouvindo
e agindo (v.25).
Tg 1.25 As pessoas
que atentam são aquelas que estudam a lei de Deus com séria atenção e, a seguir,
a escolhem como o seu estilo de vida. Elas estudam com atenção extasiada, e não
apenas uma vez, mas continuamente; como resultado, elas se lembram da Palavra
de Deus e a colocam em prática. Esta lei é perfeita, não é possível melhorá-la.
Esta lei dá
liberdade, porque é somente obedecendo à lei de Deus que a verdadeira liberdade
pode ser encontrada (compare com Jo 8.31,32). Como cristãos, nós somos salvos pela
graça de Deus, e a salvação nos liberta do controle do pecado. Como crentes,
nós somos livres para viver como Deus nos criou para viver. Naturalmente, isto
não quer dizer que somos livres para fazer o que quisermos (1 Pe 2.16) - agora
nós somos livres para obedecer a Deus.
A pessoa que atenta
para a Palavra de Deus, faz o que ela diz, não esquece o que ouviu e obedece
será bem-aventurada.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 669.
Tg 1:25 Este é
exatamente o tipo de passagens que tanto desgostava a Lutero na Epístola de
Tiago. O reformador alemão se contrariava extremamente com a ideia de Lei e,
junto com Paulo, teria dito "o fim da Lei é Cristo" (Romanos 10:4).
"Tiago — comenta Lutero — nos conduz à Lei e às obras."
Entretanto, para além
de toda dúvida há um sentido em que Tiago tem razão. No cristianismo há uma
demanda ética; há uma lei do viver que os cristãos têm que entender, aceitar e
tratar de pôr em prática. Esta lei encontra-se primeiro nos Dez Mandamentos, e depois
em todos os ensinos éticos de Jesus.
Tiago chama esta lei
de duas maneiras:
(1) Chama-a a lei
perfeita. Existem três razões pelas que essa lei é perfeita.
(a) É lei de Deus,
dada e revelada por Deus. O estilo de vida que Jesus estabeleceu para seus
seguidores é o estilo de vida que concorda com a vontade de Deus.
(b) É perfeita porque
não pode ser melhorada. A lei cristã é a lei do amor, e a demanda de amor nunca
pode ser satisfeita. Sabemos bem, quando amamos a alguém, que ainda que lhe
déssemos todo o mundo, e ainda que lhe servíssemos toda a vida, mesmo assim não
poderíamos satisfazer ou merecer seu amor. A lei cristã é perfeita porque não
pode haver lei superior à lei do amor.
(c) Mas há ainda
outro sentido no qual a lei cristã é perfeita. Teleios é a palavra que em nossa
versão foi traduzida como perfeita, e teleios quase sempre descreve a perfeição
para uma determinada finalidade. É perfeição com algum propósito e uso
determinados. Agora, se a pessoa obedecer a lei de Cristo, compreenderá o
propósito de sua condição de homem; cumprirá o propósito pelo qual Deus o pôs
no mundo, será a classe de pessoa que deve ser, fará no mundo a contribuição
que deve fazer. Será perfeito no sentido de que, obedecendo a lei de Deus, cumprirá
o propósito para o qual foi enviado a este mundo.
(2) Chama-a também
lei da liberdade. Quer dizer: uma lei que ao cumpri-la o indivíduo encontra sua
verdadeira liberdade. Todos os grandes homens estiveram de acordo em que
unicamente obedecendo a lei de Deus pode o ser humano tornar-se autenticamente
livre. "Obedecer a Deus é ser livre", disse Sêneca. "Somente o
sábio é livre, e tudo néscio é um escravo", afirmavam os estóicos. Filo
expressou: "Todos aqueles que estão sob a tirania do ódio, do desejo ou de
qualquer outra paixão são totalmente escravos; mas todos os que vivem com a 1ey
são livres." Na medida em que o homem não obedece a não ser as paixões,
emoções e desejos não é outra coisa senão um escravo. Quando o homem aceita a
vontade de Deus é quando também se torna realmente livre, porque então fica
livre para ser bom, livre para ser o que deve ser. Servir a Deus é desfrutar de
liberdade perfeita, e no fazer a vontade divina está nossa paz.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Tiago. pag. 71-73.
Tg 1.25 “Mas aquele
que contemplou a lei perfeita da liberdade…” (também é possível traduzir: “Quem
observa com precisão, inclinando-se para frente, a lei da liberdade…” Lutero
traduz: “Quem, porém, esquadrinha a lei perfeita da liberdade…”): sob a
influência do pecado tornamo-nos pessoas amarradas, e pela ação de nosso Senhor
tornamo-nos livres (Jo 8.34,36). Essa é a norma de uma vida com nosso Senhor, a
maravilhosa norma da verdadeira liberdade: tornamo-nos livres de pecado, do
mundo e do diabo e ficamos amarrados ao Senhor. Estar fixos em Deus e em sua
vontade constitui a verdadeira liberdade para nós. Consequentemente somos
também livres em relação às pessoas e, a partir de nosso Senhor, livres para as
pessoas.
“E nela persevera”: é
preciso viver voltado para o Senhor, também em meio a pessoas com as quais
partilhamos orações, e, cônscio da presença dele, “direcionado para ele em
pureza” (G. Tersteegen), permanecer na obediência, constantemente ligado a ele
e, consequentemente, em verdadeira liberdade.
“Esse será
bem-aventurado no que realizar”: será bem-aventurado na eternidade, mas também
desde já! Viver, pois, na comunhão com o Senhor, na consciência de que está
conosco, voltado para ele e a serviço dele (cf. Cl 3.23), isso constitui uma
felicidade indestrutível, uma vida plena de sentido, até mesmo neste mundo, até
mesmo em sofrimentos. “Tempo e hora, que me importa: estou na eternidade,
vivendo em Jesus” (August Hermann Francke).
3 – Na sequência é
acrescentada uma palavra fundamental sobre o “culto a Deus” que abrange nossa
vida (essa palavra define simultaneamente a ideia implícita anteriormente no
“agir” dos cristãos), ou – como também se pode traduzir – nossa “veneração a
Deus”, i. é, toda a nossa vida como cristãos.
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
III - A RELIGIÃO PURA E VERDADEIRA (Tg 1.26,27)
1. A falsa
religiosidade.
A palavra “religião”
vem do latim “religare”, e traz a ideia de religar o homem a Deus. Religião
pode ser considerada resumidamente como um conjunto de práticas que os fiéis
realizam, dentro de seus cultos.
Tiago fala da
religião pura e verdadeira em contraposição à religião falsa. Salvo melhor
juízo, esse texto de Tiago não nos parece indicar uma contraposição apologética
contra outras formas de manifestações religiosas não cristãs, como as outras
religiões que o mundo possuía na época. Ao que parece, Tiago está associando,
dentro da comunidade cristã, a verdadeira religião com práticas adequadas, e
mostrando que a fé verdadeira está associada não apenas à fé, mas com o que
fazemos para espelhar nossa fé.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 25.
Tg 1.26 A lei
perfeita de Deus deveria ser posta em prática nas nossas palavras. Aqui Tiago introduz
dois temas importantes que ele irá comentar detalhadamente mais adiante: o uso da
língua (3.1-12) e o tratamento das pessoas menos favorecidas (por toda a
carta). Saber como falar bem - como é o caso de um grande professor - não é, de
maneira nenhuma, tão importante como ter o controle das próprias palavras:
saber o que dizer, e quando, e onde dizé-lo. Se alguém entre vós cuida ser
religioso e não refreia a sua língua, antes, engana o seu coração, a religião
desse é vã. A maneira pela qual os outros saberão se a nossa fé é ou náo real é
pelas coisas que decidimos falar e pela maneira como falamos. Tiago irá
comentar isto um pouco mais no capítulo 3. Ter práticas religiosas que não
levam a um modo de vida ético é enganar-se a si mesmo. Até mesmo as nossas
práticas religiosas exteriores são inúteis sem a obediência. E não podemos ser
obedientes se não pudermos controlas as nossas bocas, Tiago não especifica como
a língua ofende, mas podemos imaginar uma série de maneiras pelas quais a nossa
língua desonra a Deus - mexericos, explosões de ira, críticas duras,
reclamações, julgamentos. As nossas ações verbais falam mais alto do que os
nossos rituais religiosos. Fingir sermos religiosos e convencer-nos de que
somos não é apenas enganar os outros, é também enganar-nos a nós mesmos
mortalmente. A conversão não tem significado a menos que ela leve a uma vida
transformada. Uma vida transformada não leva a lugar nenhum, a menos que sirva
aos outros.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 669.
Tg 1.26 Se alguém
cuida ser religioso... Noutras palavras, será que determinado crente se julga
um bom cristão, muito piedoso? A ênfase está no desempenho religioso, e
provavelmente inclui atos de culto como a oração, o jejum e o dízimo. Tiago não
condena tais atividades, mas acrescenta o seguinte: e não refreia a sua língua,
antes engana o seu coração, a sua religião é vã. Noutras palavras, as práticas
religiosas são ótimas, mas, se não vierem acompanhadas de um modo de viver
ético, nada valem, são menos do que inúteis, porque se (Tiago 1:1-27) transformam
em auto-enganos. O interesse específico de Tiago é o controle da língua, que é
sua maneira de referir-se ao controle do palavrório irado, das explosões de
raiva, da crítica ferina e das queixas (cf. 1:19; 3:1,13; 4:11-12; e 5:9). O criticismo,
o julgamento e o queixume impiedosos revelam corações ainda não submetidos ao
mandamento de Cristo. Trata-se de pessoas cujas práticas religiosas exteriores,
conquanto cristãs, são tão salvíficas quanto a idolatria (i.e., nulas), recebendo
ainda a alcunha de práticas vãs nas Escrituras (Atos 14:15; 1 Coríntios 3:20; 1
Pedro 1:18). Tiago, à semelhança de Jesus (Marcos 12:28-34; João 13:34) e os
profetas (Oséias 6:6; Isaías 1:1-10; Jeremias 7:21-28), desmascaram sem piedade
esse auto-engano, de modo tal que seus leitores podem reconhecer sua verdadeira
condição antes que seja tarde demais.
Peter
H. Davids. Comentário Bíblico
Contemporâneo. Editora Vida. pag. 60-61.
Tg 1.26 a) O que
destrói nosso culto a Deus. “Se alguém pensa que serve a Deus, deixando de
refrear a língua, mas pelo contrário enganando seu coração, seu culto a Deus é
vão.” Em última análise não podemos fabricar essa vida por meio do culto. Ela é
obra do Espírito Santo, do “Cristo em nós”. Mas podemos perturbá-lo e destruir
sua obra. Então esse culto é “vão”, um nada, “vazio”. Por mais que a engrenagem
gire em nossa vida, por mais que sejamos pessoas atarefadas no reino de Deus –
tudo isso não passa de rodar em ponto morto quando damos vazão à natureza
carnal natural, que desagrada a Deus, quando de alguma maneira permitimos que o
diabo enfie o pé na fresta da porta. Onde penetra um espírito falso, o Espírito
de Deus se retira (“Ele concede o Espírito aos que lhe são obedientes” – At 5.32.)
Na sequência Tiago nos diz que nosso falar é um ponto de entrada para esse
espírito falso muito
pouco considerado. Levamos a sério nosso agir, mas bem menos nossas palavras.
Quantas coisas são ditas ou (o que não é menos negativo) sugeridas em
conversas, mesmo depois daquilo que chamamos de “culto a Deus”, e quanta
inveja, ciúme e desprezo estão por trás disso! No cap. 3 Tiago nos trará
pormenores acerca dessa questão.
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
2. A verdadeira religião (v.27).
Aqui há uma expressão
que deve nos chamar a atenção: “A religião pura e imaculada para com Deus...”.
O conceito de religião está mais atrelado à ideia de espiritualidade
demonstrada dentro de uma comunidade. Tiago, em contraposição, mostra que Deus
se vincula às nossas práticas de amor e misericórdia para com pessoas que estão
à margem da sociedade: órfãos e viúvas nas suas tribulações.
Tiago apresenta uma
realidade que está vinculada à prática da verdadeira religião: cuidar daqueles
que nos estão próximos. A família, ou membros dela, deveriam ser assistidos
sempre. De acordo com Henry Daniel-Rops,
Os ensinamentos dos
rabinos enfatizavam a ideia de que “não cuidar do irmão” era de fato agir como
Caim, e elogiavam o exemplo de José, que perdoou os irmãos perversos que
tentaram matá-lo, e ao se tornar governador do Faraó, recebeu-os bem e estabeleceu-os
na terra de Gósen. Era assim que se comportava o verdadeiro israelita.
A orfandade ocorria
quando um dos membros da família com responsabilidade de ser o provedor morria,
deixando seus dependentes desassistidos. Filhos sem pais estariam à mercê de
tribulações não apenas financeiras, mas também relacionadas à fé.
A viuvez, como também
a orfandade, era advinda igualmente da morte, mas de um dos cônjuges. De acordo
com o texto, Tiago não cita viúvos, e sim viúvas. Claro que um homem poderia
ficar viúvo, mas não há indicações de que ele deveria ser ajudado da mesma
forma que a viúva pela igreja. Isso não significa que um viúvo não devesse ser
ajudado, pois a perda de um cônjuge tem efeitos dolorosos no cônjuge
sobrevivente. Entretanto, de forma geral, as mulheres geralmente cuidavam da
casa e da educação dos filhos, enquanto o homem deveria ser o provedor das
necessidades advindas do lar. Uma vez que a morte recolhia o provedor, não raro
a viúva ficava desassistida, caso seus filhos não tivessem a idade para se unirem
e manterem sua mãe.
Uma viúva não poderia
trabalhar nem mesmo ter herança, pois esta ia para o filho mais velho da
família. Se não houvesse socorro
dentro de casa, as viúvas acabariam mendigando ou se vendendo como escravas.
Nesses dois casos,
como vimos, os fatores em comum são a morte e as tribulações advindas dela. Um
exemplo clássico no Antigo Testamento é o caso da viúva de um profeta nos dias
de Eliseu. O esposo dessa mulher frequentava a escola de profetas, mas faleceu
e deixou dívidas que precisavam ser quitadas. Como a mulher não tinha bens para
adimplir as obrigações contraídas pelo seu esposo, os credores lhe bateram à
porta para serem ressarcidos ou levariam os filhos daquele casamento. Aquelas
duas crianças órfãs de pai seriam escravas dos credores. A situação era de fato
terrível. Não bastava que as crianças fossem privadas do convívio e do exemplo
de seu pai. Eles deveriam sair de casa e se tornarem escravos e isso deixou a
mãe apavorada. Mas havia um profeta em Israel, e essa mãe foi falar com o servo
de Deus.
O profeta Eliseu
orientou a viúva a que se provesse de vasos para colocar azeite. O líquido, por
mais que de pouco valor agregado em relação a custo, seria multiplicado e
deveria ser vendido para pagar a dívida e permitir que a família vivesse do que
sobrou (Eliseu não diz que a mulher deveria pegar os recursos adquiridos com a
venda do azeite e fugir da cidade para evitar quitar o compromisso, e Deus
honrou aquela mulher porque ela entendeu que deveria pagar a dívida contraída
pelo seu falecido marido).
Deus não se esquece
dos órfãos e viúvas, e ordena que os cristãos façam o mesmo, ou seja, que sejam
usados por Deus cuidando dessas pessoas. Acima de tudo, o desafio é que a
igreja hoje exerça a misericórdia para com as pessoas que justamente não podem
retribuir na mesma medida de bondade. Isso mostra não apenas a prática da
sabedoria, mas também a concretização daquilo que Deus deseja de nós.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 65-67.
Tg 1.27 De uma
religião que é capaz de argumentar facilmente a favor de qualquer comportamento,
Tiago agora se volta para um relacionamento no qual Deus pode ditar os termos
de comportamento - a religião pura e imaculada. Tiago explica a religião em
termos de um serviço prático e de pureza pessoal. Os rituais realizados com
reverência não são errados; mas, se uma pessoa se recusa a obedecer a Deus na
sua vida diária, a sua “religião” não é aceita por Deus.
A religião pura e
imaculada não é a observância perfeita de regras; na verdade, é um espírito que
se infiltra nos nossos corações e nas nossas vidas (Lv 19.18; Is 1.16,17).
Assim como Jesus, Tiago explica a religião em termos de uma fé interior vital, que
se expressa na nossa vida cotidiana. O nosso comportamento deve estar de acordo
com a nossa fé (1 Co 5.8). Órfãos e viúvas são frequentemente mencionados nas preocupações
da igreja primitiva, porque eles eram os mais obviamente “pobres” na Israel do
século I. As viúvas, por não terem acesso às heranças na sociedade judaica,
estavam praticamente à margem da sociedade. Por esta razão, Paulo teve que
organizar um procedimento completo a respeito das viúvas em suas próprias
igrejas, como se vê em 1 Timóteo 5. As viúvas não podiam ter empregos, e as
suas heranças iam para os seus filhos primogênitos. Era de se esperar que as viúvas
fossem sustentadas pelas suas próprias famílias, de modo que os judeus as
deixavam com
pouquíssimo sustento econômico. A menos que um membro da família estivesse disposto
a cuidar delas, elas se viam reduzidas a mendigar, se venderem como escravas, ou
passar fome. Ao cuidar destas pessoas desamparadas, a igreja colocava em
prática a Palavra de Deus. Quando doamos sem esperança de receber algo em
troca, nós mostramos o que significa servir aos outros.
Ainda hoje, a
presença de viúvas e órfãos nas nossas comunidades e cidades torna esta orientação
de Tiago muito contemporânea. A este grupo, nós também podemos acrescentar aquelas
pessoas que realmente se tornaram viúvas e órfãos através da destruição das
famílias pelo divórcio. Estas pessoas têm vidas complicadas. As necessidades
sempre ameaçam superar os nossos recursos humanos. Cuidar de pessoas magoadas é
um trabalho estressante. Ainda assim, nós somos convocados para nos envolver.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 669-670.
27. Precisamos ter em
mente que Tiago não está tentando aqui resumir tudo o que envolve a verdadeira
adoração a Deus. Segundo Calvino, “ele não dá uma definição geral de religião,
mas nos lembra de que a religião sem as coisas que ele menciona é nada...”.10
ritual religioso, se praticado com um coração reverente e num espírito de
adoração, não é errado — e a Palavra de Deus não pode ser “praticada” se
primeiro não for “ouvida”. Mas Tiago está preocupado com uma super-ênfase no
“ouvir”, em detrimento da “prática”. Neste versículo são apresentadas duas
outras áreas da vida que devem revelar evidências de nosso “ouvir” reverente da
Palavra: preocupação social e pureza moral. O cuidado pelos órfãos e as viúvas
é uma ordem do Antigo Testamento como uma forma de imitar o cuidado do próprio
Deus com estas pessoas — ele é o “pai dos órfãos e defensor das viúvas” (SI
68.5; PIB). Num texto que apresenta muitas semelhanças com esta passagem de
Tiago, Isaías anuncia que Deus não mais irá aceitar a adoração que seu povo lhe
oferece (a “religião” deles); eles precisam “se lavar... aprender a fazer o
bem; atender à justiça, repreender o opressor; defender o direito do órfão,
pleitear a causa das viúvas” (Is 1.10-17). O órfão e a viúva tornam-se tipos daqueles
que se encontram desamparados neste mundo. Os cristãos que professam uma
religião pura irão imitar seu Pai, intervindo para ajudar os desamparados.
Aqueles que passam necessidade no Terceiro Mundo, nas cidades; aqueles que
estão desempregados e sem dinheiro; aqueles que são precariamente representados
no governo ou na justiça — estas são as pessoas que deveriam ver abundantes
evidências da “religião pura” dos cristãos.
Douglas J. Moo. Tiago. Introdução
e Comentário. Editora
Vida Nova. pag. 86.
Tg 1.27 b) O que faz
parte do culto a Deus. “Um culto puro e imaculado perante Deus, o Pai, consiste
em visitar órfãos e viúvas em sua aflição e manter a si próprio incontaminado
do mundo”: Deus nos presenteou com seu grande amor, dando-nos seu Filho
unigênito como irmão e tornando-se assim pessoalmente nosso Pai e a nós, seus
filhos (Rm 5.8; 1Jo 3.1). Agora tudo depende de que nós lhe agrademos, como o
Filho primogênito de Deus (Mt 3.17). Duas coisas são citadas aqui como partes
integrantes do verdadeiro culto a Deus: dirigir-se para dentro do mundo e
preservar-se diante do mundo.
b.1 - “Visitar órfãos
e viúvas em sua aflição”: Tiago cita pessoas que naquele tempo eram
especialmente carentes de ajuda, bem como de proteção jurídica. Literalmente
consta: “olhar por eles”. Isso inclui o cuidado assistencial. Primeiramente ele
tinha em mente os co-cristãos na igreja, mas de forma alguma somente a eles (Gl
6.10). É condizente com a intenção de nosso Senhor e vale como dirigido a ele,
quando nos dedicamos com toda energia, amor e fantasia às pessoas em torno de
nós, perto e longe, em vista de suas mais diversas carências (Mt 25.45; 18.5).
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
3. Guardando-se da
corrupção (v.27)
Além de visitar
órfãos e viúvas nas suas necessidades, é preciso que nos resguardemos da
corrupção do mundo. E possível que uma pessoa corrupta faça atos de caridade em
prol dos mais desassistidos? Sim. Mas aos olhos de Deus, guardar-se do sistema
deste mundo e de suas tendências corruptas faz parte da demonstração da
verdadeira religião aos olhos de Deus. A corrupção do mundo pode contaminar
nossos corações, e por isso devemos ficar distantes dela.
Assim, é a fé que
agrada a Deus. Mais que cerimônias, Deus quer de nós atitudes.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 67-68.
Além disto, aqueles
que têm uma religião pura e imaculada se guardarão da corrupção do mundo. Para
nos protegermos da corrupção do mundo, precisamos nos comprometer com o sistema
ético e moral de Cristo, e não com o do mundo. Não devemos nos adaptar ao
sistema de valores do mundo, baseado no dinheiro, no poder, e no prazer. A
verdadeira fé não significa nada se estivermos contaminados com estes valores.
Tiago estava simplesmente ecoando as palavras do Senhor Jesus em sua oração que
é chamada “oração sumo sacerdotal” (Jo 17), em que Jesus enfatizou que estava enviando
os seus discípulos ao mundo, mas esperando que eles não fossem do mundo.
A medida que nos
colocamos à disposição para servir a Cristo no mundo, precisamos nos colocar
continuamente sob a proteção desta oração. A oração afirma duas coisas importantes:
(1) nós permanecemos no mundo porque este é o local onde Cristo quer que
estejamos; e (2) nós teremos a proteção de Deus.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 670.
Tg 127b A pureza
moral é outra marca da religião pura. O guardar-se incontaminado do mundo significa
evitar que pensemos e ajamos de acordo com o sistema de valores da sociedade
que nos cerca. Tal sociedade reflete amplamente crenças e práticas não-cristãs
ou, quem sabe, ativamente anticristãs. O cristão que vive “no mundo” corre o
constante perigo de ter sobre si a mácula do sistema. É importante e instrutivo
o fato de Tiago incluir esta última área, pois ela penetra além da ação,
chegando às atitudes e crenças das quais a ação brota. A “religião pura” do
“cristão perfeito” (v. 4) associa a pureza de coração à pureza de ação.
Douglas J. Moo. Tiago. Introdução
e Comentário. Editora
Vida Nova. pag. 86.
Tg 1.27b.2 - “E
manter a si próprio incontaminado do mundo.” É correto atuar no mundo, mas não
se sujar e infeccionar com ele. O Israel do AT foi encorajado repetidamente a
não se contaminar com os ídolos das nações em seu redor, ou seja, a não
acolhê-los (Jr 2.7; 7.30s; 32.34; Ez 5.11; 20.7,30; 22.3; 37.23; etc.). Também
nós podemos, quando entramos no mundo e nos relacionamos com ele – algo
necessário – contaminar-nos com os ídolos que predominam em nosso entorno e
adotá-los junto com seus parâmetros e seu espírito. Por exemplo, a mentalidade
carreirista, o espírito reivindicatório, a indiferença em relação a Deus e às
pessoas, o estresse desnecessário que leva as pessoas a se refugiarem da
meditação e no silêncio, a adaptação ao espírito da época no pensar, no
trabalho e no lazer, a indisciplina, o espírito de desrespeito e de rebeldia
para com pessoas e Deus, a adoção de uma ideologia que reivindica domínio
absoluto sobre o ser humano e o domina em todas as esferas da vida. Em nossa
época se exige muitas vezes que cristãos não se distingam em nada do mundo, que
a igreja de Cristo se dissolva na sociedade com seu serviço e suas tarefas. O
espírito do anticristo (2Ts 2.3-12; Ap 13), o espírito da “meretriz” (Ap 17)
tentam nos igualar, como cristãos, com todo o mundo. Nesse caso a única solução
é que permaneçamos “nele”, i é, em contato com ele, em diálogo com ele,
dando-lhe atenção, falando com ele, obedecendo-lhe, seguindo-o. Então ele
sempre ficará entre nós e o mundo, cujas forças demoníacas tentam se apoderar
de nós. “Cristo, em ti somente, estou seguro em corpo e mente” (cf. Zc 2.9; Pv
18.10).
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
ELABORADO:
Pb Alessandro Silva.
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