A VERDADEIRA SABEDORIA SE MANIFESTA NA PRÁTICA
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n° 59, p.40.
Aonde
há inveja, espírito faccioso e o mal, não se pode dizer que há ali uma
sabedoria do alto. Tiago responde que ela "é terrena, animal e
diabólica". Onde existe esta sabedoria reina a inveja, o espírito
faccioso, a perturbação e toda espécie de perversidade. É incrível o poder que
os sentimentos ora citados têm em produzir danos terríveis à saúde psíquica das
pessoas por eles atingidos. Imagine conviver num lugar durante anos, onde se
presencie apenas a inveja, a disputa, a perturbação e a perversidade? E se este
lugar for o ambiente que pensamos ser o mais perfeito do mundo, a igreja?
Sabemos
que a igreja local não é um lugar perfeito. Basta que eu ou você esteja presente
e logo perceberemos que realmente ela não é perfeita. Entretanto, há um abismo
entre os defeitos naturais da uma igreja local e o ambiente eclesiástico que
mina a saúde psíquica e espiritual de uma pessoa. Quando a igreja, que antes de
tudo é a comunhão dos santos, não é mais um lugar de saúde espiritual, paz,
harmonia, alegria e de comunhão com o outro, alguma coisa está errada. Pode ser
com a pessoa ou pode ser com a própria instituição.
Esta
aula é uma rica oportunidade de refletirmos sobre a saúde do nosso
relacionamento pessoal com os nossos irmãos. Geralmente, passamos vários anos
em uma única igreja local. É comum que em sua igreja, se ela é antiga, haja
irmãos de 20,30 ou até mais de 40 anos de congregados. Ao longo desses anos,
pessoas encontraram ali aconchego espiritual para as suas vidas. Mas por outro
lado, você encontrará pessoas há muito tempo em uma igreja local, se
perguntadas, dizendo que não estão satisfeitas com a forma como aquela
instituição lida com os segredos das pessoas, as suas privacidades, etc. Uma
grande decepção está instaurada!
O
nosso desafio, prezado professor, é expor a Palavra de Deus ensinando que este
tipo de comportamento não pode ser normal entre nós, nem em nossa família e
jamais em nossa comunidade cristã. Ainda que haja discordância, o que é normal,
mas nunca pode haver dissimulação e desejo de fazer o mal entre um povo que diz
amar a Deus e ao próximo. Quem faz estas coisas nada tem haver com o Evangelho,
senão com a sabedoria animal, terrena e diabólica. Que o Senhor nosso Deus nos
dê o privilégio e a alegria de viver a autêntica comunhão do Corpo de Cristo
até Ele voltar!
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Tiago fala sobre a
sabedoria para lidar com as circunstâncias e com as pessoas. Assim como o rei
Salomão pediu sabedoria para Deus, nós também podemos pedir. O que é sabedoria?
Sabedoria é o uso correto do conhecimento. Uma pessoa pode ser culta e tola.
Hoje se dá mais valor à inteligência emocional do que à inteligência intelectual.
Uma pessoa pode ter muito conhecimento e não saber se relacionar com as
pessoas. Ela pode ter muito conhecimento e não saber viver consigo e com os
outros.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 71.
É comum pensar em
sabedoria como uma forma avançada de conhecimento ou aprendizado, ou como um
senso de compreensão e visão extraordinário e profundo. Esta visão da sabedoria
possui um toque de misticismo, como se aqueles que a possuíssem houvessem, de
alguma forma, aprendido verdades profundas e enigmáticas de eras passadas.
No entanto, não há
mistério a respeito da sabedoria sobre a qual Provérbios discorre, nem
necessariamente ela está restrita a uns poucos privilegiados. A palavra
traduzida como sabedoria aparece em Provérbios mais de 50 vezes e em Eclesiastes
29 vezes e vem do termo hebraico chokmah, que significa habilidades para a
vida. Esta sabedoria é prática, e não teórica. Implica a pessoa viver de forma
responsável, produtiva e próspera.
Desse ponto de vista,
a sabedoria retratada em Provérbios ajuda-nos a compreender a forma como o
mundo funciona. A questão não é tanto como a pessoa é dotada intelectualmente,
mas o que ela faz na prática. É a verdade aplicada.
É por isso que
Provérbios trata de tantas questões da vida cotidiana, especialmente as que
envolvem escolhas morais e outras decisões que afetam o futuro. 0 sábio (hb.
chakam) evita o mal e promove o bem observando as ações das outras pessoas e seus
resultados, tomando então a decisão sobre sua vida. Assim, os Provérbios não
são exatamente promessas de Deus, e sim observações e princípios sobre a vida.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 950.
I - A CONDUTA PESSOAL DEMONSTRA SE A NOSSA SABEDORIA É DIVINA OU
DEMONÍACA (Tg 3.13-15)
1. Sabedoria não se
mostra com discurso (v. 13).
Um cristão desejoso
de crescer na vida cristã certamente privilegia a palavra falada e escrita.
Lemos a Bíblia e ouvimos as pregações em nossas igrejas, e cremos que os
discursos são elementos de comunicação que atingem sua finalidade: convencer
pessoas e motivá-las a que tenham atitudes que agradem a Deus.
Entretanto, devemos
nos lembrar de que a sabedoria não é demonstrada apenas em nossos discursos,
mas também em nossas atitudes. Palavras, como diz a sabedoria popular, o vento
leva. Entretanto, atitudes falam mais alto do que nossas próprias palavras, e
ficam marcadas em nossas vidas.
A Carta de Tiago é um
conjunto de sermões que tratam de modo muito prático a forma como um servo de
Deus deve viver, e isso inclui agir com sabedoria em todos os momentos. Na vida
cristã não vale a máxima Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. Na
visão do apóstolo, mais que palavras sendo apresentadas de forma correta e com
sentido, valem as atitudes corretas. Essas sim, tem mais sentido do que
palavras vazias e sem exemplo de vida.
Discursos, por mais
elaborados que sejam, tornam-se inócuos se desprovidos de atitudes que os
espelhem. Se uma organização anuncia como parte de seus valores o respeito por
seus clientes, e na prática trata de forma desleixada essas mesmas pessoas,
cairá no descrédito e ainda poderá ter dificuldades judiciais por danos
causados, gerando um comprometimento sério à sua imagem. Da mesma forma ocorre
com um discurso cristão que acaba sendo visto como vazio por estar distante da
prática. Deus espera ver em nós atitudes condizentes com o que ensinamos e
pregamos, para que a mensagem do evangelho seja não apenas um conjunto de
palavras bem apresentadas, mas acima de tudo, o poder de Deus manifesto em
nossas vidas, moldando-nos de acordo com a sua vontade e mostrando ao mundo a
diferença que Deus faz.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 105-106.
Tg 3.13 A pessoa
verdadeiram ente sábia demonstra a compreensão que tem de Cristo pela maneira
como vive. As nossas obras mostram em que investimos os nossos corações (Mt
6.19-21,33). As nossas atitudes e motivações estão de acordo com os nossos atos?
Embora não possamos afirmar que sejamos sábios, podemos almejar viver de maneira
sábia — uma vida de constante bondade. A orientação que nos é dada pela Palavra
de Deus é uma sabedoria confiável.
Mas, se nós quisermos
realizar boas obras, devemos tomar cuidado com o orgulho. Orgulho é ter uma
atitude de valorização própria superior aos talentos e capacidades que Deus nos
deu e usar estes dons para se colocar como alguém superior, ou provocar discórdias
nos nossos relacionamentos com os outros. A sabedoria, portanto, envolve tanto as
ações quanto as atitudes da vida. Uma vida sábia exibirá não apenas bondade,
mas também humildade.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 680.
Tg 3.13 Essa seção
tem somente uma conexão vaga com os versículos precedentes. Talvez o sábio (v.
13) pode ser comparado à fonte de água doce, não misturada com a amarga (v.
11), ou à árvore cuja natureza é tal que produz “bons frutos” (vv. 12, 17). Mas
fundamentalmente, o pensamento do autor tem conexão com os versículos 1- 2a em
que apresenta conselhos aos mestres cristãos — ou pretendentes a mestres — na
Igreja. O sempre prático Tiago aplica o teste da bondade aos líderes cristãos e
mais amplamente a todos que se chamam cristãos. Sêneca disse: “A sabedoria nos
ensina a fazer, bem como a falar”. The New English Bible reflete de forma
correta o significado do versículo 13: “Quem entre vós é sábio ou inteligente?
Que o demonstre por sua conduta correta, mediante obras práticas, com modéstia
que provém da sabedoria”.
O verdadeiramente
sábio e inteligente (epistemon) é aquele que conhece a Deus.
O sábio do Antigo
Testamento escreveu: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e a ciência
do Santo, a prudência” (Pv 9.10). Este é o significado que Tiago emprega aqui
(cf. 1.5). O bom trato é “seu bom procedimento” (NVI). Suas obras seriam os
resultados específicos ou ações que brotam da sua vida reta. Todas essas ações
devem ser realizadas em mansidão de sabedoria, i.e., com a humildade que é
decorrente de ser semelhante a Cristo.
A.
F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 178.
Tg 3.13 Sabedoria é
também olhar para a vida com os olhos de Deus. A pergunta do sábio é; em meus
passos, o que faria Jesus? Como ele falaria, como agiria, como reagiria? Cristo
não foi um mestre da escola clássica. Ele ensinou os seus discípulos na escola
da vida. Ensinar a sabedoria é mais importante do que apenas transmitir
conhecimento. Tiago está contrastando dois diferentes tipos de sabedoria: a
sabedoria da terra e a sabedoria do céu. Qual sabedoria governa a sua vida? Por
qual caminho você está trilhando? Que tipo de vida você está vivendo? Que
frutos esse estilo de vida está produzindo? A sua fonte é doce ou salgada
(3.12)? Tiago mostra, também, que essa sabedoria se reflete nos relacionamentos
(3.13.14). Sábio é aquele que é santo em caráter, profundo em discernimento e
útil nos conselhos. Você conhece o sábio e o inteligente pela mansidão da sua
sabedoria e pelas suas obras, ou seja, imitando a Jesus, que foi manso e
humilde de coração (Mt 11.29). Warren Wiersbe, comparando a sabedoria de Deus
com a sabedoria do mundo, faz três contrastes: quanto à sua origem, quanto às
suas características e quanto aos resultados.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag.
TG 3.13 Para cada
época e geração se apresenta a pergunta pelo caminho certo. A terra incógnita
do futuro se estende diante do indivíduo, particularmente diante de pessoas
jovens e de toda a geração sucessora como um campo coberto de neve na
cordilheira, jamais tocado, belo, interessante e também cheio de perigos e
abismos escondidos. Era assim também nos dias de Tiago com o jovem
cristianismo, que se dirigia ao mundo. Havia perguntas como a da convivência
com o contexto gentílico e judaico, a do relacionamento com o judaísmo e o
Estado romano, a pergunta a respeito da organização das igrejas e do convívio
entre os próprios cristãos.
Da mesma forma
apresentam-se também para nós hoje, em um mundo de estonteantes e aceleradas
mudanças, as perguntas a respeito da atitude correta no fazer e deixar de
fazer, seja para nós como pessoas, seja como congregação e igreja.
I – COMO ENCONTRAR O
CAMINHO? – TG 3.13
1 – Há necessidade de
mestres – Tiago já falou deles em Tg 3.1 – e além disso, de modo geral,
cristãos que sejam sábios e sensatos e consequentemente não encontram o rumo
apenas para si mesmos, mas também sejam capazes de dar orientação a outros.
2 – Como equipamento
para sua tarefa carecem de sabedoria, em grego sophía (cf. o exposto sobre Tg
1.5-8). Ter sabedoria significa encontrar, no pensar e agir, o caminho correto,
com objetivos lúcidos e apontados por Deus. Ao lado da sabedoria Tiago coloca a
“sensatez”. Essa palavra refere-se à compreensão clara e sóbria da situação em
que alguém se encontra. Portanto, diante da “sensatez” e da “sabedoria”
precisamos ter em mente a apreciação da situação e o “programa de ação”, o
diagnóstico e a terapia.
Tg 3.13 Tiago indaga:
“Quem é sábio e sensato entre vós?” Isso significa: quem de vocês é capaz de
mostrar o caminho, inicialmente para a igreja, mas também para todos os buscam
entre os cristãos o caminho certo? Evidentemente havia nas igrejas às quais
Tiago escrevia, um bom número de pessoas que precipitadamente e seguras de si
levantavam a mão, dizendo: “Eu!” (Tg 3.1).
3 – A pergunta a
respeito dos critérios da verdadeira sabedoria, do espírito correto.
Tiago diz: Por favor,
devagar! (cf. Tg 3.1). Se vocês pretendem mostrar o caminho a outros, vocês
precisam admitir primeiramente algumas perguntas. Como cristãos vocês precisam
perguntar algumas coisas àqueles a cuja liderança vocês se entregam. Nessa
passagem da Escritura está em jogo a pergunta, tão relevante também para nós,
pelo discernimento dos espíritos, pela verdadeira sabedoria, pelo Espírito do
alto, ao qual podemos confiar nossa vida. Afinal, a liderança poderia se tornar
sedução, e a direção, desencaminhamento. Qual é a pergunta de Tiago? “Mostre em
mansidão de sabedoria, mediante conduta correta, as suas obras.” Não busca
erudição, exames, acuidade de idéias, desenvoltura de palavras, força de
convencimento, ainda que também tudo isso sejam boas dádivas que igualmente
devem ser colocadas a serviço. Mas elas não bastam de forma isolada. Por trás
de tudo isso é possível que ainda se oculte um espírito falso, que pretexta
sabedoria, que confunde e que, ao invés de levar ao alvo, leva à perdição (cf.
o comentário a Tg 2.19). O que Tiago cita como critério para a verdadeira
sabedoria e o espírito genuíno?
a) “Conduta”:
trata-se do caminho trilhado pela própria pessoa que ensina. Não pode ser como
uma placa de trânsito, que nunca seguiu de fato o rumo para o qual aponta
incessantemente. Jesus é o verdadeiro mestre. Ele fez o caminho e o abriu para
nós. Chama também a nós para essa trajetória: “Vem e segue-me!”
b) “Obras”: são os
frutos da fé e da sabedoria (cf. o comentário a Tg 2.14-26). Haveria algo de
errado com a fé e a sabedoria se não trouxessem frutos. Esboços teológicos
inteligentes ou “profundidade” de reflexão devota que deixa de atingir o
cotidiano não bastam como demonstração de autenticidade para um cristão líder
na igreja e sua sabedoria. A totalidade da existência tem de ser determinada
pela fé em Jesus.
c) Tiago ainda
acrescenta que conduta e obra do cristão em geral e do mestre em particular
devem ser determinadas pela “mansidão”, em grego praýtes. “Mansidão” não é uma
palavra popular (cf. o exposto sobre Tg 1.21). Ela contraria a natureza do ser
humano. O mundo usa os cotovelos, tanto na vida profissional como econômica e
política. Cada um justifica isso alegando que essa, afinal, é a lei do mundo de
hoje. A luta é dura. De outro modo não seria possível ter sucesso. É assim que
as pessoas constroem sua vida, seus empreendimentos, seus poderes e suas
constelações de poder. Enquanto isso também Jesus constrói, silenciosamente e
sem alarde, a sua igreja, o reino de Deus. Estranho é que, enquanto aquilo que
os outros constroem constantemente cai por terra, a causa dele persiste por
séculos. Verdade é que ele constrói de forma bem diferente. Não pressiona nem
violenta. Tem fôlego perseverante. Age com diligência. Requesta os seres
humanos. Calmamente contorna a aldeia samaritana que o rejeitou (Lc 9.51-57).
Mais tarde os samaritanos aceitaram o evangelho até mesmo de impotentes
fugitivos cristãos (o mesmo Lucas informa a esse respeito em At 8.3-8). Paulo
assevera: “A fraqueza de Deus é mais forte que os seres humanos” (1Co 1.25).
Esse modo de agir de Jesus é chamado pela Bíblia de “mansidão”. É assim que a
profecia do AT já o anuncia (Zc 9.9, comparado com Mt 21.5). Ele próprio a
assume (Mt 11.29). E também espera mansidão de seus seguidores, concedendo-lhe
uma grande promessa (Mt 5.5). Mesmo agora, como Senhor exaltado, ele a
vivencia. Declara: “Eis que estou à porta e bato” (Ap 3,20). É assim que
oferece sua paz: está diante da porta, bate e espera. Não que não tivesse
poder, mas ele (ainda) não o utiliza. Essa atitude existe somente em Jesus e
naqueles que se encontram sob a sua influência, sob a condução de seu Espírito.
O princípio humano da não-violência não se refere à mesma coisa. Porque também
através dela pessoas tentam se impor, apenas de outra maneira. Não conseguimos
viver por força própria a mansidão de Jesus. Ele é quem precisa ter ingressado
em nossa vida com sua palavra e seu Espírito, ter ocupado a posição de
“comando” e conduzir o “leme”.
Na sequência Tiago
apresenta outras características da sabedoria falsa e verdadeira, do espírito
enganador e verdadeiro, para que não nos confiemos a uma liderança falsa.
Também para nossa época confusa tudo isso propicia importantes ajudas para o
discernimento de espíritos.
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
2. Inveja e facção
(v. 14).
Inveja e facção são
dois sentimentos que andam muito próximos de nós. Tida como um dos sete pecados
capitais, a inveja é caracterizada pelo desgosto que uma pessoa tem em relação
a outra pessoa e contra o que essa outra pessoa possui. Diferente da
arrogância, que faz com que o arrogante veja outras pessoas como se ele
estivesse em uma posição superior, o invejoso vê a si próprio como uma pessoa
que está em posição inferior. Ele imagina que a pessoa alvo de seu sentimento
não é digna de ter o que tem, e se imagina como merecedora daqueles talentos,
dons ou bens que a pessoa tem.
A facção é o desejo
de divisão. E aquele sentimento que não se contenta em presenciar a unidade de
um grupo. Pessoas unidas tendem a ser mais exitosas em seus intentos, mas
grupos divididos não costumam ter força suficiente para alcançar desafios. Por
isso o sentimento faccioso é tão importante para Satanás. Ele sabe que quando
há unidade na igreja local, as pessoas oram mais umas pelas outras, são mais
misericordiosas, ajudam-se e buscam sempre a solução de possíveis conflitos, de
forma que a igreja fica fortalecida. Mas se uma igreja é dominada pelo espírito
faccioso, não poderá crescer, mesmo que seja rica em dons e manifestações
espirituais.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 106-107.
Tg 3.14 Sentir amarga
inveja é o resultado de um zelo mal orientado que traz a agressividade. É sentir
raiva pelas realizações de outras pessoas. Sempre que nós encontrarmos algum
defeito em um líder, devemos nos perguntar o que está nos motivando a este
sentimento tão forte a respeito do defeito desta pessoa. Será que nós não
compartilhamos esta mesma fraqueza? Nós nos imaginamos melhores naquela função?
Ou, na verdade,
estamos simplesmente com inveja das capacidades ou do talento que Deus lhe
permitiu ter? Uma resposta afirmativa a qualquer destas perguntas deve nos
fazer tomar muito cuidado na maneira como expressamos as nossas críticas.
Aqui, como em
Filipenses 2.3, o egoísmo (versão NTLH) refere-se aos líderes da igreja que
estão desenvolvendo um “espírito partidário”. Isto produz facções que são favoráveis
ou contrárias ao pastor ou a determinados programas, que apoiam ou não questões
não necessariamente essenciais à fé cristã. O egoísmo é o desejo de viver para
si mesmo e para nada ou ninguém mais, somente para aquilo que se pode
aproveitar. Em um esforço para persuadir a outros, esta pessoa pode perder a razão
e se tornar fanática. Tendo confiança somente no seu conhecimento. ela comporta-se
de maneira arrogante e com superioridade em relação aos outros. Pessoas assim
não devem se gabar como se fossem sábias, pois este é o pior tipo de mentira.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 680
Tg 3.14 Aqueles que
têm amarga inveja e sentimento faccioso no coração (v. 14) não são humildes.
Essa falha indica que eles não têm a sabedoria de Deus da qual brota a
mansidão. Essa “inveja amarga e ambição egoísta” (NVI) está em vosso coração —
o âmago da pessoa, de onde se originam as ações (cf. Mt 15.19). Tiago diz: Se
você encontrar esse tipo de espírito, “não se glorie disso e dessa forma esteja
em rebeldia e contrário à Verdade” (NT AmpL). O apóstolo pode estar usando a
verdade no seu sentido costumeiro. No entanto, em vista do significado
específico que ele dá a esse termo em 1.18 e 5.19, ele pode ser entendido como
sendo sinônimo da palavra evangelho. Assim “as pessoas são advertidas contra
expressões e ações que contradizem ‘a fé do nosso Senhor Jesus Cristo’” (2.1).
A.
F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 179.
Tg 3.14 a) “Inveja
amargurada”: Tiago fala a cristãos. Quantas ciumeiras existem também em nossas
igrejas e congregações! Basta que se dê um pouco de preferência a um em
detrimento de outro para que de imediato se manifeste o que está dentro do ser
humano. Alguém enunciou belas e devotas palavras, e basta que seja um pouco
criticado sem (ou também com) motivos para que se irrite e se exalte como se o
outro tivesse cometido um delito de lesa-majestade. Revela-se o que no fundo
foi o importante para ele: ele mesmo e sua honra pessoal.
b) “Discórdia”: uma
igreja ou congregação pode ouvir impecáveis sermões e estudos bíblicos, receber
profundos conhecimentos das Escrituras, executar consideráveis tarefas
diacônicas e levantar substanciais ofertas. Mas tensões e discórdias entre
pessoas privam o trabalho como um todo da bênção de Deus. Cada qual busca sua
afirmação pessoal. No espírito errado, o ser humano busca a si mesmo. Nessa
situação é forçoso que surjam colisões e dissensões (1Co 3.1-4).
2 – Nenhuma ilusão
própria e nenhuma ilusão do próximo! (v. 14)
“Portanto não vos
glorieis”. Tiago diz: não se posicionem com tanta autoconfiança diante dos
demais. Realmente não existe motivo para isso. – “Nem mintais…”, existe aí um
espírito falso. Não enganem aos outros nem a si mesmos! “… contra a verdade”: a
palavra “verdade” não apenas significa oposição à mentira no sentido de uma
declaração isolada inverídica, mas algo muito mais abrangente: Jesus é “o
caminho e a verdade e a vida” (Jo 14.6). Segui-lo em todas as situações:
somente isso é verdadeira vida cristã. “Seguem o Cordeiro para onde quer que
vá” (Ap 14.4). Qualquer outra suposta vida cristã não passa de uma grande mentira.
Somente possui verdadeira sabedoria, somente pode ser verdadeiro mestre e
dirigente da igreja aquele que se converteu a Jesus no sentido bíblico, que
está voltado para ele e vive no discipulado dele. É assim que será dirigido
pela trajetória de Jesus, o caminho de baixo, o caminho da mansidão. É assim
que estará em Cristo e Cristo estará nele. Tudo o mais é “mentira contra a
verdade” manifesta em Jesus. Por mais que alguém seja controlado e por melhor
que desempenhe seu papel, não poderá impedir que aqui e acolá o “calcanhar de
Aquiles” de sua velha natureza ainda se manifeste.
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
Tg 3.14 Há uma
sabedoria que vem do alto e outra que vem da terra. Há uma sabedoria que vem de
Deus e outra engendrada pelo próprio homem.
A Bíblia traz alguns exemplos
da tolice da sabedoria do homem: primeiro, a torre de Babel parecia ser um
projeto sábio, mas terminou em fracasso e confusão (Gn 11.9).
Segundo, pareceu
sábio a Abraão descer ao Egito em tempo de fome em Canaã, mas os resultados
provaram o contrário (Gn 12.10-20).
Terceiro, o rei Saul
pensou que estava sendo sábio quando colocou a sua armadura em Davi (ISm
17.38,39).
Quarto, os discípulos
pensaram que estavam sendo sábios pedindo a Jesus para despedir a multidão no
deserto, mas o plano de Cristo era alimentá-la por meio deles (Mt 14.15,16).
Quinto, os
especialistas em viagens marítimas pensaram que era sábio viajar para Roma e
por isso não ouviram os conselhos de Paulo e fracassaram (At 27.9-11).
A sabedoria da terra
tem três características; terrena, animal (não espiritual) e demoníaca.
Em primeiro lugar,
ela é terrena (3.15). É a sabedoria deste mundo (iCo 1.20,21). A sabedoria de
Deus é tolice para o mundo e a sabedoria do mundo é tolice para Deus.
A sabedoria do homem
vem da razão, enquanto a sabedoria de Deus vem da revelação. A sabedoria do
homem desemboca no fracasso, a sabedoria de Deus dura para sempre.
Augusto Comte é o pai
do Positivismo. O Positivismo prega que o problema básico da humanidade é a
educação.
As pessoas são más,
dizem, porque são ignorantes. Desde o Iluminismo francês do século 18, o homem
começou a sentir orgulho de seu conhecimento, da sua razão, de suas conquistas.
Embalado pelo otimismo do humanismo idolátrico, o homem pensou em construir um
paraíso na terra com as suas próprias mãos. Mas esse sonho dourado transformou-se
em pesadelo. No auge do otimismo humanista, o século 20 foi sacudido por duas
sangrentas guerras mundiais. A sabedoria terrena não conseguiu resolver o problema
da humanidade. O homem tem conhecimento, dinheiro, poder, ciência, mas é um ser
corrompido e mau. mais amante dos prazeres que de Deus. Em regue a si mesmo, o
homem é apenas um monstro, ainda que bafejado de requintado conhecimento.
Em segundo lugar, ela
é animal ou não-espiritual (3.15).
A palavra grega é
psykikos. Essa palavra é traduzida por natural, (ICo 2.14; 15.44,46) como
oposto de espiritual.
Em Judas 19, essa
palavra é traduzida como sensual. Essa sabedoria está em oposição à nova
natureza que temos em Cristo. É uma sabedoria totalmente à parte do Espírito de
Deus. Essa sabedoria escarnece das coisas espirituais. O mundo está cada vez
mais secularizado. As coisas de Deus não importam. A Palavra de Deus náo
governa a vida familiar, econômica, profissional, sentimental das pessoas.
Empurramos Deus para
dentro dos templos.
Em terceiro lugar,
ela é demoníaca (3.15). Essa foi a sabedoria usada pela serpente para enganar
Eva, induzindo-a a querer ser igual a Deus e fazendo-a descrer de Deus para crer
nas mentiras do diabo. As pessoas hoje continuam crendo nas mentiras do diabo
(Rm 1.18-25). O diabo se transfigura em anjo de luz para enganar as pessoas.
Pedro revelou essa sabedoria quando tentou induzir Cristo a fugir da cruz (Mc 8.32,33).
Norman Champlin sintetiza esses três tipos trágicos de sabedoria da seguinte
maneira: Essa sabedoria é “terrena” porque busca distinções terrenas e pertence
a categorias terrenas. Além disso, ela é sensual, isto é, natural, porque é o
resultado de princípios que atuam sobre os homens naturais, como a inveja, a
ambição, o orgulho, etc.
Finalmente, ela é
demoníaca, porque, primeiramente, veio do diabo, constituindo a imagem mesma de
seu orgulho, de sua ambição, de sua malignidade e de sua falsidade.
Agora, Tiago fala
sobre a sabedoria do alto. A verdadeira sabedoria vem de Deus, do alto, visto
que ela é fruto de oração (1.5), ela é dom de Deus (1.17). Essa sabedoria está em
Cristo: Ele é a nossa sabedoria (iCo 1.30). Em Jesus nós temos todos os tesouros
da sabedoria (Cl 2.3). Essa sabedoria está na Palavra, visto que ela nos torna
sábios para a salvação (2Tm 3.15). Ela nos é dada como resposta de oração (Ef
1.17; Tg 1.5).
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 72-75.
3. Sabedoria do alto
e sabedoria diabólica (v. 15).
Tg 3.15 A origem e os
padrões deste tipo de sabedoria são do mundo, e não de Deus. Os seus
professores são egocêntricos e superficiais. Esta sabedoria não vem com a fé -
ela é terrena e animal. “Animal” pode se referir ao homem natural. A palavra para
“animal” é usada no Novo Testamento a respeito da pessoa que não tem o Espírito
de Deus (3.15), ou que não aceita a orientação que vem do Espírito de Deus (I
Co 2.14). Este tipo de pessoa ensina somente a sabedoria desta vida, baseada unicamente
nos sentimentos humanos e no raciocínio humano. A verdadeira origem destes
pensamentos é o diabo, cujos objetivos são sempre destrutivos e podem produzir
na igreja, no lar e no trabalho uma atmosfera que prejudica os relacionamentos.
Pense na rapidez com que as palavras, a linguagem e o tom de voz podem criar uma
atmosfera destrutiva.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 680
Tg 3.15 Essa [...]
sabedoria (v. 15) — o espírito errado que Tiago descreve no versículo 14 — não
vem do alto. Inveja e ambição egoísta não são os frutos de uma vida cheia de
Deus. Há uma progressão decrescente na descrição do apóstolo acerca da origem
dessas atitudes. Essa sabedoria é terrena em contraste com a celestial. Ela
reflete uma preocupação com os valores passageiros em vez da preocupação com as
coisas de Deus (cf. Jo 8.23; Fp 3.19). Esse espírito é animal. A KJV traz
“sensual” e a ASV traz “natural” na margem. “O grego é psychikos, que descreve
o homem como ele é em Adão (i.e., ‘natural’) em contraste compneumatikos
(‘espiritual’)”.2 O termo é, às vezes, entendido como quase equivalente a
“carnal” ou “mundano”.3 Tiago alcança o grau máximo na descrição das atitudes
más de egoísmo e discórdia quando as chama de diabólica[s] (daimoniodes), i.e.,
procedendo de Satanás e assemelhando-se ao espírito de demônios.
A.
F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 179.
Tg 3.15 “Essa
sabedoria não vem do alto”: Deus está “em cima”, não no sentido de que isso
seja um lugar diferente, longe de nós (“nele vivemos, existimos e somos” – At
17.28), mas no sentido da suprema importância (cf. o comentário a Tg 1.17).
Onde existe ciúme e discórdia e onde as pessoas buscam a si mesmas não há o
Espírito de Deus, por mais belo e devoto que seja o palavreado.
Esse espírito e essa
sabedoria são: a) “terrenos”, ou seja, são espírito e sabedoria da terra,
entendida como moradia da humanidade pecaminosa. “Terra” ocorre aqui no sentido
de “mundo” (cf. o comentário a Tg 1.27). O mundo tem esse estranho semblante
duplo: a nobreza como criação de Deus e a mácula do pecado. Está inundado de
outro espírito. “O mundo jaz no maligno” (1Jo 5.19). Jesus fala do diabo como o
“príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.11). O ser humano acompanha a
correnteza da mentalidade e da natureza do mundo. b) “Da alma”, em grego
psychikós. A palavra se refere ao ser humano natural e seu modo de ser. Tiago
emprega o mesmo termo que Paulo em 1Co 2.14. Lá ele afirma que o ser humano
“psíquico”, “natural”, “carnal” não percebe nada do Espírito de Deus. O ser
humano carnal não está apenas no mundo, o mundo é que está nele. Sua natureza é
totalmente determinada pelo modo de ser do mundo. c) “Diabólicos”, literalmente
“demoníacos”: “terrena” é a sabedoria do mundo que cerca o ser humano.
“Psíquica” é a
sabedoria vinda do
próprio coração. “Diabólicos” são espírito e sabedoria vindos “de baixo”, que
contaminam o ser humano com o orgulho, a autocracia e o amor próprio do inimigo
(de Gn 3.5 a Ap 13.6).
Quando nos esquivamos
do Espírito do alto, de sua disciplina e orientação, abrimo-nos para o espírito
de baixo. Quando nos fechamos para Deus, abrimo-nos para o inimigo. Quando,
porém, buscamos estar abertos para Deus, fechamo-nos para o inimigo. Ambas as
coisas estão praticamente “aliadas” uma à outra. Em outro local Tiago afirma:
“Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós; chegai-vos a Deus, e ele se chegará a
vós” (Tg 4.7s).
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
Pv 9.10 O temor do Senhor é o princípio da
sabedoria, A parte inicial deste versículo reitera um tema e uma declaração
central do livro de Provérbios. Ver Pro. 1.7 quanto ao temor do Senhor, Quanto
a essa mesma declaração no livro de Salmos, ver 119,38, Ver também, no
Dicionário, o artigo chamado Temor, quanto a completos detalhes sobre esse
conceito. No Antigo Testamento, essa expressão era um sinônimo para a
espiritualidade.
Neste caso, a palavra para “princípio” é
tehiiiah, que é o primeiro princípio da sabedoria, ou seja, o preceito ou
princípio com o qual se inicia toda a sabedoria — a reverência pelo Senhor. A
declaração paralela faz o conhecimento do Santo ser o princípio da sabedoria, A
sabedoria consiste no entendimento, na aplicação da sabedoria à vida do
indivíduo. Ver Pro. 1.2 sobre o entendimento. Quanto ao Santo de Israel, ver no
Dicionário o verbete intitulado Deus, Nomes Bíblicos de. Quanto a nome santo,
ver Sai. 30.4 e 33,21.
O Santo (chamado exatamente assim, forma encontrada
somente aqui e em Pro. 30.3) é Aquele que nos dá discernimento espiritual sobre
o que é exatamente a vida espiritual. E o Seu nome, Santo, significa que o
temor do Senhor resultará em um andar santo, por parte de Seu povo. Ver no
Dicionário o verbete denominado Andar. Ter conhecimento do Santo é andar na
santidade, de acordo com as instruções da lei mosaica. É esse andar correto que
é o temor do Senhor. Cf. Isa. 11.2, “o espírito do conhecimento".
Este versículo tem sido cristianizado para
falar sobre Cristo, que é a nossa sabedoria (ver I Cor. 1.30), e o crente anda
segundo os ensinamentos de Cristo.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2582.
II - ONDE PREVALECEM A INVEJA E SENTIMENTO FACCIOSO, PREVALECE
TAMBÉM O MAL (Tg 3.16)
1. A maldade do
coração humano.
Uma das questões mais
difíceis com que temos de lidar é a capacidade de o coração humano ser mal. Há
muitos gestos de bondade, generosidade e altruísmo ao longo da história em todas
as culturas, mas há muito mais registros da capacidade má do homem agindo tanto
em grupo quanto individualmente.
A maldade humana se
desenvolve na mais tenra idade, e não são poucos os atos maldosos cometidos por
crianças e adolescentes. Gênesis 8.21 fala: “E o SENHOR cheirou o suave cheiro
e disse o SENHOR em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa
do homem, porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice;
nem tornarei mais a ferir todo vivente, como fiz”. É importante que saibamos
desse detalhe para que invistamos na apresentação do evangelho também para as
crianças, a fim de que ainda pequenas tenham a oportunidade de conhecer a Jesus
Cristo e receberem a salvação.
A maldade do coração
humano é vista não apenas entre as pessoas que não conheciam ao Senhor, mas
igualmente entre o povo de Israel. Jeremias, usado por Deus, reclamou com os
habitantes de Jerusalém sobre suas atitudes: “Lava o teu coração da malícia, ó
Jerusalém, para que sejas salva; até quando permanecerão no meio de ti os teus
maus pensamentos?” (Jr 4.14). Até entre o povo de Deus houve manifestação de
maldades e de pensamentos ruins. Jeremias ainda reitera a capacidade má que o
coração humano possui: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e
perverso; quem o conhecerá?” (Jr 17.9). Mas o mesmo Jeremias, depois de
advertir da existência da perversidade do coração humano, declara também o
resultado dela: “Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos;
e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas
ações” (Jr 17.10).
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 107-108.
CORAÇÃO
I. Uso Geral
Coração. Nas páginas
da Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamentos, é o vocábulo mais completo
para indicar todas as faculdades humanas, como os sentimentos (ver Rom. 9:2), a
vontade (ver I Cor. 4:5) e o intelecto (ver Rom. 10:6). e assim apontado o
homem interior, o homem essencial, aquela porção da personalidade humana que
possui os meios naturais através dos quais todo o homem deveria elevar seu
conhecimento de Deus a níveis mais altos, em gratidão. Todavia, é justamente o
coração que se toma obscurecido. O «coração» pode ser o lar do Espírito Santo
(ver Rom, 5:5), ou a maldade pode dominar ali (ver Rom, 1:24). A passagem de
Mar. 7:21 e ss , alista os vicias que podem proceder do homem interior, ali
também chamado de -coração».
II. A Perversão de
Rom. 1:21 descreve de
forma abreviada como as faculdades naturais do homem, que lhe permitem vir a
conhecer a Deus e a ter comunhão natural com ele, foram pervertidas, através de
uma degeneração progressiva, mediante a rejeição proposital do conhecimento de
Deus e da distorção da verdade, tudo o que faz parte do misterioso e primeiro deslocamento
do homem para fora da harmonia original que ele desfrutava com Deus.
O homem só tem razão
quando pensa corretamente, e só pensa corretamente se está em harmonia com o
Criador.
Antes se tornaram
nulos em seus próprios raciocínios, Rom, 1:21.
A palavra nulos,
neste caso, significa «inúteis» «vãos", «vazios». «A compreensão humana foi reduzida a
trabalhar em um 'vácuo'. De certo modo se tomou fútil•. (Godet em Rom, 1:21).
Ou, conforme diz
Vincent. «Suas ideias perderam o valor intrínseco, correspondente à verdade».
O vocábulo e vaidade,
nos contextos judaicos (o que também deve ser verdade nos escritos de Paulo),
diz respeito às
práticas e tendências idólatras dos homens, os quais loucamente, em lugar do Deus
vivo, colocam
alguma outra coisa, usualmente uma imagem de escultura, feita por seus pr6prios
dedos, ainda
que isso também possa ser expresso na forma da adoração aos corpos celestes, em lugar de
adoração ao
próprio criador dos corpos celestes, (Ver ler. 2:5; 11 Reis 17:15 e Atos 14:15).
Raciocínios. Alguns
intérpretes preferem a tradução
alternativa - imaginações, o que se referia à intranquilidade da mente depravada,
que começa
por inventar ideias, por especular, por raciocinar, mas tudo com resultados
negativos, pervertendo tão somente qualquer luz à verdade que porventura já
possua a «verdade humana» que os homens substituem pela «verdade de Deus». A verdade
dos homens leva os homens à perversão moral, conforme se vê tão patentemente no
nosso mundo atual. Os males, portanto, exercem um efeito cumulativo, e isso
concorda com a experiência humana.
Tudo isso esclarece
por quais razões e como os homens são inescusáveis. Os pr6prios homens fizeram descer
o dilúvio sobre eles, e isso deu inicio a um espírito de ingratidão.
«A injustiça deles
consiste nisso – imediatamente afogaram, por sua própria depravação, a semente.
Do correto conhecimento, antes que esta pudesse amadurecer. (Calvino).
Quanto a essa verdade
bíblica podemos examinar um trecho paralelo no livro ap6crifo de Enoque 99:8,9,
onde também se reflete a ideia e a mentalidade judaica sobre essa questão: «E
eles 'os homens' tornar-se-ão limpos em razão da insensatez de seus corações e
seus olhos serão cegos pelo temor que haverá em seus corações, bem como através
das visões de seus sonhos. Mediante essas coisas se tomarão ímpios e temerosos,
porquanto fazem todas as suas obras na mentira, e adoram um pedra.
III. A Variedade de
uso da palavra
1. Como paralelo de
«inteligência» (ver Rom. 1:21: II Cor. 3:15; 4:6 e Efé. 1:18).
2. Como equivalente a
escolha moral (ver I Cor. 7:37 e n Cor. 9:7).
3. Como algo que dá
impulso e caráter às ações (ver Rom. 6:17; Efé. 6:6: I Cor. 3:3; I Tim. 1:5 e
11 Tito. 2:22). A obra da lei está escrita no coração do homem (ver Rom. 2:15).
A igreja em Corinto foi inscrita como epístola de Cristo, em corações de carne
(ver 11 Cor. 2:23).
4. Especificamente, o
coração é a sede do Espirito divino (ver Gal. 4:6; Rom. 5:5; 11 Cor. 1:22).
Essa é a esfera das diversas operações, orientações, consolos e confirmações do
Espírito Santo (ver Fil. 4:7;: Cal. 3:15: I Tes. 3:13; 11Tes. 2:17 e 3:5). O
coração igualmente a sede da fé e o 6rgão do louvor espiritual'. (ver Rom.
10:9;' Efé. 5:19; Col. 3:16). 5. O coração equivale ao homem interior (ver Efé.
3:16,17).
Assim, pois, podemos
falar sobre o homem essencial, o homem real, que é a alma humana, em contraste
com o mero homem físico, o homem animal.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 899.
Mt 20.24,25 Os outros
dez discípulos indignaram-se com o fato de que Tiago e João tivessem tentado
usar o seu relacionamento com Jesus para obter as posições mais altas. Por que
tanta ira? Provavelmente porque todos os discípulos desejassem honra no reino.
Talvez Pedro, dominado pelo seu gênio, estivesse liderando os dez discípulos
indignados, pois ele era o terceiro, juntamente com Tiago e João no grupo mais próximo
a Jesus. Isto provavelmente parecia como um verdadeiro desprezo a ele. As
atitudes dos discípulos degeneraram em pura inveja e rivalidade. Jesus
imediatamente corrigiu suas atitudes, pois eles nunca realizariam a missão para
a qual tinham sido chamados se não amassem e servissem uns aos outros,
trabalhando juntos para o bem do reino. Assim, Jesus pacientemente reuniu os
seus discípulos e explicou-lhes a diferença entre os reinos que eles viam no
mundo e o reino de Deus, que eles ainda não tinham experimentado.
Os reinos dos gentios
(um exemplo óbvio era o império romano) têm líderes que dominam o povo,
exercendo autoridade e exigindo submissão (veja 1 Pedro 5.1-3). Nos reinos
gentios, a grandeza das pessoas depende da sua posição social ou do nome da família.
Mas Jesus explicou que o seu reino seria completamente diferente.
Mt 20.26-28 Em uma
frase, Jesus ensinou a essência da verdadeira grandeza: Todo aquele que quiser,
entre vós, fazer-se grande, que seja vosso serviçal. A grandeza é determinada
pelo serviço. O verdadeiro líder coloca as suas necessidades em último lugar,
como Jesus exemplificou na sua vida e na sua morte. Ser um “servo” não
significa ocupar uma posição servil, mas sim ter uma atitude na vida que atende
livremente às necessidades dos outros sem esperar nem exigir nada em troca. Os líderes
que são servos apreciam o valor dos outros e percebem que não são superiores a
ninguém; eles também entendem que o seu trabalho não é superior a nenhum outro
trabalho. Procurar honra, respeito e atenção dos outros vai em direção
contrária às exigências de Jesus para os seus servos. Jesus descreveu a
liderança a partir de uma nova perspectiva. Ao invés de usar as pessoas, nós
devemos servi-las. A missão de Jesus era servir aos outros e dar a sua vida por
eles. Um verdadeiro líder tem o coração de um servo. Os discípulos devem estar
dispostos a servir porque o seu Mestre deu o exemplo. Jesus explicou que Ele
não veio para ser servido, mas para servir a outros. A missão de Jesus era
servir — em última análise, dando a sua vida para salvar a humanidade pecadora.
A sua vida não foi “tomada”, Ele a “deu”, oferecendo-a como sacrifício pelos pecados
do povo. Um resgate era o preço pago para libertar um escravo da escravidão.
Jesus pagou um resgate por nós, e o preço exigido foi a sua vida. Jesus tomou o
nosso lugar, Ele morreu a morte que nós mereceríamos.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 123-124.
Aqui estão a
repreensão e a instrução que Cristo deu aos outros dez discípulos, diante do desprazer
que demonstraram pelo pedido de Tiago e João. O Senhor teve de suportar muitas
fraquezas por parte de todos eles, que eram muito fracos no conhecimento e na
graça; no entanto, Ele os suportou com amor.
1. A irritação
causada aos dez discípulos (v. 24):
“Indignaram-se contra
os dois irmãos”; não porque desejassem ser preferidos antes deles que foi o
pecado de Tiago e João, pelo qual Cristo se entristeceu, mas porque queriam ter
a honra para si mesmos, o que revelava descrédito em relação aos dois irmãos.
Muitos parecem ter uma indignação pelo pecado; porém, não a sentem pelo pecado
em si, mas porque tal pecado os toca. Eles se indignarão contra um homem que
amaldiçoa; mas somente o farão se ele lhes amaldiçoar, e lhes afrontar, não
porque tal homem esteja desonrando a Deus. Esses discípulos estavam com raiva
da ambição de seus irmãos, embora eles mesmos fossem igualmente ambiciosos. E
comum que as pessoas se enfureçam com os pecados dos outros, os quais elas
permitem e toleram em si mesmas. Aqueles que são orgulhosos e cobiçosos não
gostam de ver outros assim. Nada causa mais dano entre irmãos, ou é a causa de
mais indignação e contenda, do que a ambição e o desejo de grandeza. Nós nunca
encontramos os discípulos de Cristo discutindo; mas eles enfrentaram uma
situação de contenda nessa ocasião.
2. A correção que
Cristo lhes fez foi muito suave, por meio da instrução sobre o que eles
deveriam ser, e não por meio da repreensão pelo que eles eram. Ele havia reprovado
esse mesmo pecado antes (cap. 18.3), e lhes dissera que deveriam ser humildes
como crianças pequenas; no entanto, eles reincidiram nesse pecado, mas Cristo
os repreendeu de forma moderada. “Então, Jesus, chamou-os para junto de si”, o
que sugere um grande carinho e familiaridade. Ele não lhes ordenou, com raiva, que
saíssem de sua presença, mas os chamou, com amor, para virem à sua presença.
Ele está sempre pronto a ensinar, e nós somos convidados a aprender dele,
porque ele é “manso e humilde de coração”.
O que Ele tinha a
ensinar dizia respeito tanto aos dois discípulos como aos outros dez; portanto,
ele reúne todos. E lhes diz que enquanto estavam perguntando qual deles deveria
ter o domínio em um reino temporal, não havia realmente tal domínio reservado
para nenhum deles. Porque:
(1) Eles não deveriam
ser como os “príncipes dos gentios”. Os discípulos de Cristo não deveriam ser
como os gentios, nem como os príncipes dos gentios. O principado não torna
ninguém ministro, da mesma forma que o “gentilismo” não torna ninguém cristão.
Observe: [1] Qual é a
maneira dos príncipes dos gentios (v. 25): exercer domínio e autoridade sobre
aqueles que lhes são sujeitos (mesmo que só possam alcançar o domínio com mão
forte), e uns sobre os outros também. O que os sustenta nessa posição é que
eles são grandes, e os homens grandes acham que podem fazer qualquer coisa.
Domínio e autoridade são as grandes coisas que os príncipes dos gentios
procuram, e de que se orgulham; eles deteriam o poder, venceriam todas as
dificuldades, teriam todos sujeitos a si, e todo feixe inclinado ao deles.
Eles queriam ter a
seguinte proclamação diante de si: “Inclinai-vos”; como Nabucodonosor, que
matava, e deixava viver, ao seu bel-prazer. [2] Qual é a vontade de Cristo com
relação aos seus apóstolos e ministros, nesta questão. Em primeiro lugar: ‘“Não
será assim entre vós’. A constituição do reino espiritual é bem diferente
dessa. Deveis ensinar os súditos desse reino, instruí-los e exortá-los,
aconselhá-los e consolá-los, esforçarem-se com eles, e sofrer com eles, não
exercer domínio e autoridade sobre eles; não ter ‘domínio sobre a herança de
Deus’ (1 Pe 5.3), mas trabalhar em benefício dela” . Isto proíbe não só a
tirania e o abuso de poder, mas a reivindicação ou o uso de qualquer autoridade
secular, como os príncipes dos gentios legitimamente exercem. E tão difícil para
os homens vaidosos, mesmo para os homens bons, terem tal autoridade, e não
ficarem envaidecidos com ela, e fazerem mais mal do que bem com ela, que nosso Senhor
Jesus considerou necessário bani-la totalmente da igreja. Até mesmo o apóstolo
Paulo rejeita o domínio sobre a fé de qualquer pessoa (2 Co 1.24). A pompa e a grandeza
dos príncipes dos gentios não convém aos discípulos de Cristo. Então, se o
poder e a honra não foram planejados para estar na igreja, era uma insensatez
deles estarem disputando quem deveria tê-los. Eles não sabiam o que pediam.
Em segundo lugar,
então qual será o relacionamento entre os discípulos de Cristo? O próprio
Cristo havia sugerido uma grandeza entre eles, e aqui Ele explica: “Todo aquele
que quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja vosso serviçal; e qualquer
que, entre vós, quiser ser o primeiro, que seja vosso servo” (w. 26,27).
Observe aqui: 1. Que é dever dos discípulos de Cristo servirem uns aos outros,
para a edificação mútua. Isto inclui tanto a humildade como a utilidade. Os
seguidores de Cristo devem estar prontos a se submeter aos ofícios de amor mais
inferiores para o bem mútuo; devem ser sujeitos uns aos outros (1 Pe 5.5; Ef
5.21), para a edificação de uns para com os outros (Rm 14.19), agradar ao seu
próximo para o bem (Rm 15.2). O grande apóstolo se comportou como servo de
todos (veja 1 Co 9.19). 2. A dignidade dos servos de Cristo está relacionada ao
fiel cumprimento dessa obrigação. O modo de ser grande, e o primeiro, é ser
humilde e servil. Esses serão mais considerados e mais respeitados na igreja, e
será assim para todos aqueles que entenderem as coisas de forma correta. Os
mais honrados não são aqueles que são dignificados com nomes elevados e
poderosos, como os nomes dos grandes na terra, que aparecem em pompa, e assumem
para si mesmos um poder proporcional; os mais honrados serão aqueles que forem
mais humildes e que mais renunciarem a si mesmos, aqueles que mais planejarem fazer
o bem, embora diminuam a si mesmos.
Esses honram mais a
Deus, e a esses Ele honrará. Assim como o que quer ser sábio deve se fazer de
tolo, quem quiser ser o primeiro deverá se comportar como servo. O apóstolo
Paulo foi um grande exemplo disso; ele trabalhou mais abundantemente do que
todos tornou-se (como diriam alguns) um escravo do seu trabalho.
E ele não é o
primeiro? Não o chamamos por unanimidade de “o grande apóstolo”, embora ele se
autodenomine o menor entre os menores? E talvez o nosso Senhor Jesus estivesse
pensando em Paulo quando disse: “Haverá derradeiros que serão primeiros”;
porque Paulo nasceu fora do tempo devido, como um abortivo (1 Co 15.8); ele não
foi apenas o filho mais novo da família dos apóstolos, mas, póstumo, tornou-se
o maior dentre eles.
E talvez fosse para
ele que o primeiro posto de honra no reino de Cristo estivesse reservado e
preparado por Deus Pai, e não para Tiago e João, que o buscaram. Portanto, antes
de Paulo começar a ser famoso como um apóstolo, a Providência o ordenou, de
forma que Tiago foi excluído (At 12.2), para que, no colegiado dos doze, Paulo
pudesse ser o seu substituto. (2) Eles devem ser como o próprio Mestre; e é
muito apropriado que eles o fossem, pois, enquanto estivessem no mundo,
deveriam ser como Ele foi quando estava no mundo. Porque para ambos o estado
atual é um estado de humilhação; a coroa e a glória estavam reservadas para
ambos no estado futuro. Eles precisavam considerar que “o Filho do Homem não
veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de
muitos” (v. 28). O nosso Senhor Jesus aqui se coloca diante dos seus discípulos
como um padrão de duas qualidades anteriormente recomendadas: a humildade e a
utilidade.
[1] Nunca houve um
exemplo de humildade e condescendência como houve na vida de Cristo, que não
veio para “ser servido, mas para servir”. Quando o Filho de Deus entrou no
mundo - o Embaixador de Deus para os filhos dos homens alguém poderia pensar
que Ele deveria ser servido, que deveria ter se apresentado em um aparato que
estivesse de acordo com a sua pessoa e caráter; mas Ele não fez isso; Ele não
agiu como uma celebridade, Ele não teve nenhum séquito pomposo de servos de
Estado para servi-lo, nem se vestiu em túnicas de honra, porque tomou sobre si
a “forma de servo”. Ele, na verdade, viveu como um homem pobre, e isto fez
parte da sua humilhação. Houve pessoas que o serviram com as “suas fazendas”
(Lc 8.2,3); mas Ele nunca foi servido como um grande homem. Ele nunca tomou a
pompa sobre si, não foi servido em mesas, como um dos grandes deste mundo.
Jesus, certa vez, lavou os pés dos seus discípulos, mas nunca lemos que eles
tenham lavado os pés dele. Ele veio para ajudar a todos quantos estivessem em
aflição. Ele se fez servo para os doentes e debilitados; estava pronto para
atender aos seus pedidos como qualquer servo estaria pronto para atender à
ordem do seu senhor, e se esforçou muito para servi-los. O Senhor Jesus serviu
continuamente visando este fim, negando a si até mesmo o alimento e o descanso
para cumprir essa tarefa. [2] Nunca houve um exemplo de beneficência e
utilidade como houve na morte de Cristo, que “deu a sua vida em resgate de muitos”.
Ele viveu como um servo, e fez o bem; mas morreu como um sacrifício, e com isso
Ele fez o maior bem de todos. Ele entrou no mundo com o propósito de dar a sua
vida em resgate; isto estava primeiro em sua intenção. Os aspirantes a
príncipes dos gentios fizeram da vida de muitos um resgate para a sua própria honra,
e talvez um sacrifício para a sua própria diversão. Cristo não age assim; o
sangue daqueles que lhe são sujeitos é precioso para Ele, e Ele não é pródigo
nisso (SI 72.14); mas, ao contrário, Ele dá a sua honra e a sua vida como
resgate pelos seus súditos. Note, em primeiro lugar, que Jesus Cristo
sacrificou a sua vida como um resgate. A nossa vida perdeu o direito nas mãos
da justiça divina por causa do pecado. Cristo, entregando a sua vida, fez a
expiação pelo pecado, e assim nos resgatou. Ele foi feito “pecado” e uma
“maldição” por nós, e morreu, não só para o nosso bem, mas “em nosso lugar” (At
20.28; 1 Pe 1.18,19). Em segundo lugar, foi um resgate por muitos. Ele foi
suficiente para todos, mas eficaz para muitos; e se foi eficaz para muitos,
então diz a pobre alma
duvidosa: “Por que não por mim?” Foi por muitos, para que por ele muitos
pudessem ser feitos justos.
Esses muitos eram a
sua semente, pela qual a sua alma sofreu (Is 53.10,11). “De muitos”, assim eles
serão quando forem reunidos, embora parecessem então um pequeno rebanho.
Então esse é um bom
motivo para não disputarmos a precedência, porque a cruz é a nossa bandeira, e
a morte do nosso Senhor é a nossa vida. Esse é um bom motivo para pensarmos em
fazer o bem, e, em consideração ao amor de Cristo ao morrer por nós, não
hesitarmos em “sacrificar as nossas vidas pelos irmãos” (1 Jo 3.16). Os
ministros devem estar mais ansiosos do que os outros para servir e sofrer pelo
bem das almas, como o bendito apóstolo Paulo estava (At 20.24; Fp 2.17). Quanto
mais interessados, favorecidos e próximos estivermos da humildade e da
humilhação de Cristo, mais prontos e cuidadosos estaremos para imitá-las.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 260-262.
2. A inveja e a
facção instauram a desordem.
Já identificamos a
inveja e a facção como dois sentimentos ruins. Então pensemos no mal que essas
duas podem fazer em nossas vidas e até na igreja.
A igreja de Corinto é
um exemplo clássico de comunidade que foi atingida pela desordem, fruto de
facções. Nessa igreja, conforme vemos no texto sagrado, encontravam-se cristãos
que haviam recebido dons espirituais. Infelizmente, há cristãos que rotulam a
igreja de Corinto como uma igreja pentecostal: cheia de dons espirituais e
problemática, como se ser pentecostal e crer na contemporaneidade dos dons
fosse uma porta de entrada para uma bagunça generalizada. Na verdade, não eram os
dons que traziam problemas para a igreja de Corinto, pois eles foram dados por
Deus. O problema no caso era o espírito faccioso que havia naquela congregação.
Os dons de Deus não
trazem confusão, e ainda que algumas reações humanas aos dons espirituais
possam ser novidade e até questionáveis, elas não esvaziam a intenção de Deus:
edificar o corpo de Cristo e promover o crescimento dos crentes. Corinto não
tinha uma igreja com graves problemas por causa dos dons espirituais, mas
porque aqueles crentes viviam em uma cultura que ia na mão oposta à lei de
Deus, e esses mesmos crentes precisavam aprender que era necessário melhorar em
muitos aspectos. A igreja, por desconhecer a forma correta de utilização dos
dons, passou por diversos problemas, até que fosse orientada pelo apóstolo
Paulo não apenas em relação ao uso correto dos dons, mas igualmente quanto à
prática da comunhão.
Mas voltemos ao centro
do assunto: o problema não estava nos dons espirituais, pois eles foram dados
por Deus para a edificação da igreja. O problema estava no partidarismo daquela
congregação. Aqueles crentes eram muito divididos. Uns eram de Paulo, outros de
Apoio, outros de Pedro e outros, de Jesus. Como pode uma igreja ser sadia se
seus membros competem entre si, e trabalham em prol de grupos internos? O
problema não eram os dons espirituais, e sim a desunião do grupo.
E o que dizer da
inveja? De acordo com Tiago, ela colabora com a perturbação e toda obra
perversa. Pessoas dominadas pela inveja não conseguem contribuir nem com sua
própria vida nem com as pessoas que a cercam. A inveja faz a pessoa perder o
foco em si mesma e em Deus, além de fazer com que ela se concentre em outras
pessoas, como se elas tivessem tudo e o invejoso, nada. Os talentos e bens dos
outros são o alvo dos invejosos, que buscam ter justamente aquilo que outras
pessoas têm. Não raro, pessoas dominadas pela inveja não desejam apenas ter o
que o outro tem, mas se possível, desejam ver aquela pessoa sem aquilo que tem.
Quer dizer, não basta
para o invejoso ter alguma coisa; ele precisa ver o outro sem nada. Isso mostra
que a inveja é um dos sentimentos mais negativos do ser humano. Se o orgulho
faz com que as pessoas olhem os outros como se eles estivessem abaixo, a inveja
faz com que o invejoso esteja numa posição acima. O invejoso deseja tudo o que
o seu alvo tem, desde a aparência, relacionamentos, estudos, bens, sucesso. Inveja
não é olhar para as pessoas como uma fonte de inspiração com o objetivo de ser
como elas. Inveja é desejar ter o que o outro tem, mas desejar também que o
outro não tenha nada. Pessoas invejosas não conseguem ser agradecidas, pois
estão em busca do que ainda não possuem e não conseguem agradecer a Deus por
aquilo que já conquistaram e receberam. Elas só enxergam o que ainda lhes
falta.
Não há possibilidade
de crescimento espiritual para pessoas cheias de inveja e facciosas, a menos
que elas renunciem esses sentimentos e sejam cheias do Espírito Santo, a fim de
que sejam controladas por Ele.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 108-110.
Contraste sobre as
características da sabedoria (Tg 3.13,14,17)
Desde que as duas
sabedorias procedem de origens radicalmente opostas, elas também operam em
caminhos diferentes.
Qual é a evidência da
falsa sabedoria?
Em primeiro lugar,
ela se manifesta por meio de uma inveja amargurada (3.14,16). Essa ambição está
ligada à cobiça de posição e status. Tiago alertou para o perigo de se cobiçar
ofícios espirituais na igreja (3.1). A sabedoria do mundo diz: promova a você
mesmo. Você é melhor do que os outros. Os discípulos de Cristo discutiam quem
era o maior dentre eles. Os fariseus usavam suas atividades religiosas para se
promoverem diante dos homens (Mt 6.1-18). A sabedoria do mundo exalta o homem e
rouba a Deus da sua glória (ICo 1.27-31). O invejoso, em vez de alegrar-se com
o triunfo do outro, alegra-se com seu fracasso. Ele não apenas deseja ter como
o outro, mas tem tristeza porque não tem o que é do outro. O invejoso é alguém
que tem uma super preocupação com sua posição, dignidade e direitos.
Em segundo lugar, a
falsa sabedoria manifesta-se através de um sentimento faccioso (3.14b,26b). Há
grandes feridas nos relacionamentos dentro das famílias e das igrejas. A palavra
que Tiago usa, erithia, significa espírito de partidarismo.
Subentende a
inclinação por usar meios indignos e divisórios para promover os próprios interesses.
Era a palavra usada por um político à cata de votos. As pessoas estão a seu
favor ou então contra você. Paulo alertou em Filipenses 2.3 sobre o perigo de
estarmos envolvidos na obra de Deus com motivações erradas: vanglória e
partidarismo.
Norman Champlin faz o
seguinte comentário.
As rivalidades entre
os mestres logo criam rivalidades na igreja. Os homens esforçam-se por ser,
cada qual, o líder mais poderoso; e aqueles que os apoiam adicionam combustível
ao fogo, até que tudo é consumido pelas chamas devoradoras da carnalidade.
Todos são “zelotes”, mas não em favor de Cristo; são todos ambiciosos, mas
somente em proveito próprio; todos estão consumidos de ardor, mas não do fogo
celestial, e, sim, do fogo do inferno. As dissensões eclesiásticas sempre foram
caracterizadas por situações assim, e quanto mais homens carnais são exaltados
e transformados em heróis, ou se apresentam a outros como tais, maior é o
desastre.
Em terceiro lugar, a
falsa sabedoria está misturada com a mentira (3.14c). A inveja produz
sentimento faccioso. Este promove a vaidade, e a vaidade se alimenta da mentira
(ICo 4.5).
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag.75-76.
·...inveja e
sentimento faccioso... · Temos aqui as mesmas duas palavras empregadas no
décimo quarto versículo, onde os conceitos sào comentados.
As rivalidades entre
os mestres cristãos, e as tentativas de cada qual por se exaltarem acima uns
dos outros, o que resulta cm cismas na igreja, ou, pelo menos, em facções, são
evidências seguras dc que muitos outros pecados existem em segundo plano,
escondidos sob a capa de piedade. Isso se deve ao fato que o homem carnal, que
exibe a carnalidade de certo modo, naturalmente pode exibi-la de outras
maneiras também. Quando alguém deixa de viver sendo a ·dimensão eterna», então
passa a viver segundo a dimensão carnal, em muitas áreas de sua vida. dessa maneira, pode haver total naufrágio
espiritual em uma congregação local de crentes. O falso ·sábio conduz a si
mesmo e a outros a toda a espécie de males, quando deveria estar liderando
outros a Cristo. Quão grande é a sua dívida diante de Deus! Algum dia ele terá
de encontrar-se consigo mesmo, e será julgado conforme aquilo que tiver
praticado! Sua elevada posição perante os homens de nada lhe valerá, quando
estiver perante Deus.
·...confusão... No
grego, ·akatastasia», isto é, «desordem», *perturbação », *tribulação·. A
igreja cai em uma série de conflitos c lutas por poder, cm que os chamados
·mestres sábios» encabeçam, por assim dizer, exército adversários. Logo a
igreja local caí em total confusão c desordem, mas nunca por inspiração do
Espírito dc Deus. (Ver I Cor. 14:33). Esse termo foi empregado por Políbio
(1.70) para indicar a instabilidade política que se seguiu à morte de Alexandre.
(Quanto a seu emprego espiritual, comparar com os trechos de Pro. 26:28; I Cor.
14:33 e II Cor. 12:20).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 60.
Tg 3.16 “Onde há
inveja e sentimento faccioso, aí há estrago e toda espécie de atos ruins” (em
grego = pragma, relacionado com praxis): A sabedoria de baixo não torna o ser
humano pequeno, mas grande; não manso, mas exigente e violento; não humilde e
dócil, mas orgulhoso; não livre de si mesmo, mas egoísta. Isso perturba e
destrói qualquer comunhão, nas coisas pequenas e nas grandes, na igreja e no
mundo. Quantos grupos e obras cristãos, cheios de esperança no início, já foram
divididos e destruídos pela invasão desse espírito! Paulo diz, acerca do
inimigo: “Não ignoramos o que tem em mente” (2Co 2.11). Temos o dever de
examinar e discernir os espíritos (1Co 12.10; 14.29; 1Ts 5.21; 1Jo 4.1). Não há
como exagerar a vigilância diante desse mau espírito, sobretudo em relação a
nós mesmos. “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os
meus pensamentos” (Sl 139.23s). Tiago é um pregador do arrependimento difícil
de ser igualado.
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
3. Obras perversas.
Tiago trata em sua
Carta sobre boas obras, mas ele também fala sobre obras perversas. Enquanto as
boas obras são um fruto da sabedoria divina e demonstração da nossa fé em
Cristo, as obras perversas são uma extensão da malignidade humana. Tiago recomenda
que se esses sentimentos já estão no coração do leitor ou ouvinte da carta, que
ele não se glorie nem se dê à mentira. Pode haver pessoas que se consideram
corretas com essas coisas, mas aos olhos de Deus, precisam agir de forma a
renunciar tudo isso e abandonar tais práticas, e não ocultá-las.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 110.
Tg 3.16 Paulo declara
que “Deus não é Deus de confusão” (1 Co 14.33). Tiago confirma essa verdade ao
destacar que onde as forças satânicas estão agindo, aí há perturbação (v. 16).
Inveja e espírito faccioso confundem o homem que os abriga, até que não
consegue mais pensar claramente, nem agir com inteligência. Esses dois males
também corrompem e confundem todos os relacionamentos, as atitudes e ações dos
homens. Phillips traduz esse versículo da seguinte maneira: “Porque onde você
encontrar inveja e rivalidade, também encontrará desarmonia e todo tipo de
mal”.
A.
F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 179.
Tg 3.16b...cousas
ruins...» No grego, o adjetivo é «phaulos», que significa ·vil, depravado·,
«indigno·, ·ruim*. O autor sagrado não enumera as coisas que ele tinha em
mente, porque, provavelmente, deixa isso em aberto, para ser preenchido pela imaginação
dos seus leitores. Podemos pensar em imoralidades, desonestidade, furtos dos
fundos da igreja, desrespeito à autoridade, filhos desobedientes. O que tiver
de entortar, será entortado, porquanto a base espiritual da igreja já foi
destruída. Em suma cada uma das *obras da carne» (ver Gál. 5:19-21) será
praticada. O estado da igreja local inteira tornar-se-á vil. contrário
totalmente às exigências morais do evangelho.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 60.
Tg 3.16b Agora,
Tiago mostra como as atitudes egocêntricas e egoísticas levam inevitavelmente à
confusão e toda espécie de coisas ruins. Akatastasia (confusão) é a forma
nominativa do adjetivo usado por Tiago em 1.8 e 3.8, para caracterizar o homem
de “ânimo dobre” e a língua que profere “palavras dúbias”. O termo conota um
estado irrequieto e turbulento. Ele é empregado no Evangelho de Lucas para
descrever os “tumultos”, os levantes e as revoluções que serão típicos do
período anterior à parousia (Lc 21.9). Paulo, apelando aos coríntios para que
evitassem uma demonstração desenfreada e desorganizada dos dons espirituais dos
indivíduos na assembleia, lembra-lhes que “Deus não é de confusão; e, sim, de
paz” (1 Co 14.33). “Confusão”, “desordem” e “tumultos” surgirão inevitavelmente
na igreja onde cristãos, em especial os líderes, estiverem mais interessados em
satisfazer suas ambições e causas partidárias, em lugar da edificação do corpo
como um todo. Isto acaba em “toda espécie de coisas más” (BLH). Onde o coração
dos indivíduos é errado, também será achada uma variedade de pecados sem fim.
Douglas J. Moo. Tiago. Introdução
e Comentário. Editora
Vida Nova. pag. 133.
III - AS QUALIDADES DA VERDADEIRA SABEDORIA (Tg 3.17,18)
1. Características da
verdadeira sabedoria.
A sabedoria tem
características específicas, e pela forma como estão descritas, entendemos que
são demonstradas na prática do dia a dia. Lembremo-nos de que Deus é a fonte
dessa sabedoria, e, portanto, suas características estão estampadas na Palavra
de Deus.
Ela é moderada.
Moderação é sinônimo de equilíbrio. Nesse sentido, nossas atitudes precisam ser
da mesma forma conduzidas pela imparcialidade e capacidade de manter-nos
isentos. Deus não é parcial, e espera que sua sabedoria manifesta em nós siga
esse mesmo modelo. Isso requer um grande trabalho de nossa parte, pois nossa
tendência sempre é pender para algum “lado da balança” na tomada de decisões ou
ações. Ser imparcial, ser moderado, é, sem dúvida, sinônimo de racionalidade.
Ela é cheia de
misericórdia. O homem sábio tende a ser misericordioso. Ele sabe que Deus é
misericordioso com nossas falhas e está pronto a oferecer seu perdão, Deus nos
mostra a importância da misericórdia em diversas passagens bíblicas.
Por ocasião do pecado
do rei Davi, este “reconheceu que se Deus o tratasse apenas com justiça, e não
com misericórdia, ele seria destruído pela ira de Deus. Frequentemente queremos
que Deus nos mostre sua misericórdia e, às outras pessoas, justiça. Na sua
bondade, Deus nos perdoa, em vez de nos dar o que merecemos”. Deus é
misericordioso, e espera que aqueles que receberam sua sabedoria sejam
misericordiosos também.
Ela é cheia de bons
frutos. A sabedoria é vista não apenas em uma única característica, mas em
várias. Os frutos são o produto final de uma semente que foi plantada, germinou
e cresceu,
e que depois se multiplicou em várias outras sementes. Os frutos não aparecem
de um dia para o outro; precisam de tempo para crescer, e quando amadurecidos,
podem dar continuidade à vida.
Ela é sem
parcialidade. De acordo com o grande pregador clássico Matthew Henry, “A
palavra original, adiakritos, significa sem suspeição, ou livre de julgamento,
não fazendo conjecturas ou diferenças indevidas na nossa conduta maiores a uma
pessoa do que a outra.” A pessoa parcial é aquela que trata ou julga outras
pessoas com definições pré-constituídas, ou seja, não vai se deixar ser
conduzida pelo bom senso. A parcialidade mostra que somos capazes de julgar e
agir de acordo com nossas preferências, e não de acordo com os fatos.
Ela é sem hipocrisia.
A falsidade ou o fingimento não acham lugar dentro do coração da pessoa sábia,
pois tal pessoa sabe que a hipocrisia pode atrapalhar nosso relacionamento com
Deus e com o próximo. Jesus foi tão enfático em seus ensinamentos no tocante à
falsidade que recomendou que quando seus seguidores trouxessem suas ofertas ao
altar e se lembrassem de que tinham desavenças com outro irmão, que deixassem
sua oferta diante do altar, voltassem e se reconciliassem com seus desafetos,
para depois, sim, apresentar ao altar a oferta. Já foi dito que a hipocrisia é
a arte de exigir dos outros aquilo que não praticamos. Ela é tão danosa que
pode nos levar a ofertar pelos motivos errados, apenas para demonstrar o quanto
estamos aparentemente bem com Deus.
Jesus encarou em seu
ministério terreno pessoas que se diziam religiosas, mas que em suas práticas
demonstravam sua hipocrisia.
Jesus expôs repetidas
vezes as atitudes hipócritas dos que conheciam as Escrituras, mas não obedeciam
a elas. Não se importavam em ser santos, mas apenas em parecer santos, para
receber a
admiração e o louvor do povo. Hoje, como os fariseus, muitas pessoas que
conhecem a Bíblia não permitem que ela modifique suas vidas.
Esse é o padrão de
Deus na demonstração de sua sabedoria. Que assim possamos ser para realmente
fazer um diferencial no Reino de Deus neste mundo.
Alexandre
Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã
Autêntica. Editora CPAD. pag. 110-113.
...sabedoria... ..lá
do alto...» No grego é *anothen», que significa ·do alto», isto é, do «mundo
celestial·, em contraste com a sabedoria demoníaca e sensual dos mestres
pervertidos (ver o décimo quinto versículo). Temos aqui a alusão à sabedoria
divina, pois o ·alto· é o lugar da habitação de Deus. É possível que essa expressão,
além disso, seja um eufemismo para Deus, porquanto os judeus relutavam em usar
o nome divino, substituindo-o por algum outro titulo, como reino dos céus, ao
invés de ·reino de Deus·. A sabedoria celestial é inspirada por Deus, e é sua
propriedade particular. Os homens a recebem mediante a iluminação do Espírito
Santo. (Ver Efè. 1:17,18).
...pura... isto é,
·não-contaminada», sem qualquer defeito moral, sem motivos ulteriores: livre do
«espirito faccioso»; livre da ambição humana e da autoglorificação. Não é algo
meio bom. meio mau; porquanto isso não poderia mesmo descrever a verdadeira
sabedoria. (Ver Sabedoria 7:25).
Trata-se de uma
expressão pura, do íntimo; não tem falhas ocultas. Essa é sua qualidade
primária; e dessa qualidade se originam todas as outras, conforme se vê na lista
abaixo. Tal sabedoria é isenta das corrupções humanas, que fazem parte
integrante da sabedoria mundana; não conduz qualquer facção e nem exaltação de
um homem sobre outro: não contempla maldade moral, mas seu intuito constante é
a prática do bem. É inocente de quaisquer motivo dúbio, e seu intuito é
glorificar unicamente a Deus.
O trecho de Sabedoria
7:25 atribui a sabedoria a uma emanação pura da parle de Deus que retém a sua glória e
pureza, e assim não pode ser atingida por nenhuma contaminação.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 60-61.
3:17 Contrastando de
modo completo com a “sabedoria” demoníaca, temos a sabedoria que vem do alto.
Para salientá-la, Tiago relaciona um catálogo de virtudes que podem ser
comparadas, tanto em forma quanto em conteúdo, com o catálogo de Paulo quanto
ao amor e ao Espírito (1 Coríntios 13; Gálatas 5:22ss).
Esta sabedoria é
primeiramente pura, o que significa que a pessoa está sincera e totalmente
comprometida de seguir com fidelidade as diretrizes morais de Deus; não existem
motivos pérfidos ou injustos por trás de sua santidade.
Peter
H. Davids. Comentário Bíblico
Contemporâneo. Editora Vida. pag. 118-119.
Tg 3.17 A verdadeira
sabedoria desce do céu como dom de Deus para o crente que a pede (Tg 1.5,17).
Essa sabedoria toma-se evidente quando a pessoa toma decisões que são
dependentes da vontade de Deus e estão em harmonia com essa vontade. A
sabedoria celeste tem sua própria característica: ela é “pura”.
Nesse texto, a pureza
é a primeira de sete palavras ou frases que Tiago usa para descrever a
sabedoria. Ela representa a sabedoria como imaculada, inviolada, inocente, como
o próprio Cristo é puro (lJo 3.3).
Por que a pureza é
mencionada como primeira característica da sabedoria? A sabedoria que tem sua
origem em Deus é pura, porque o próprio Deus é puro, isto é, santo. Assim, a
expressão pura é sinônima de “santa”. Comparamos a pureza com a luz que afasta
as trevas, que a tudo ilumina, mas que não é influenciada por nada. A sabedoria
celestial, portanto, entra neste mundo pecaminoso, mas não é afetada por ele.
Simom
J. Kistemaker. Comentário do Novo Testamento
Tiago e Epistola de João. Editora Cultura Cristã. pag. 169-170.
2. Mais sete características.
Tg 3.17ª ·...pacifica...·
A sabedoria não é ·contenciosa·, nem «facciosa» e nem *beligerante·. Não busca
seus próprios interesses, às expensas de outrem, conforme faz a carnal
sabedoria humana. Pelo contrário, confere a paz; alimenta-se da harmonia. O
trecho de Pro. 3:17, diz acerca da sabedoria: Os seus caminhos são caminhos
deliciosos e todas as suas veredas de paz. Bem-aventurados são os
pacificadores, porquanto serão chamados filhos de Deus. conforme se aprende em
Mat. 5:9. (Quanto a notas expositivas detalhadas sobre a ·paz», com poemas
ilustrativos, ver João 14:27 e 16:33).
·...indulgente... No
grego temos o termo ·piekes·. isto é. Razoável cheio de consideração»,
·moderado», ·gentil», qualidades essas que os homens facciosos e por demais
ambiciosos não possuem. Antes, a sabedoria do homem espiritual é tratável,
moderada, sem temperamento radical.
·...tratável...· No
grego é «eupeithes», isto é. ·facilmente persuadido·, o contrário de
·obstinado», que normalmente é o caráter dos homens por demais ambiciosos, que
se tornam ditadores na igreja. Essa sabedoria é «aberta à razão·. Pode ver o
ponto de vista alheio, mudando suas próprias opiniões.
·...plena de
misericórdia... Os homens por demais ambiciosos tendem para a crueldade e para
o mau temperamento. A verdadeira sabedoria produz profundo sentimento de
misericórdia no homem interior. Notemos que o homem verdadeiramente sábio será pleno
de misericórdia, tal como Deus. Através de sua misericórdia nos é permitido
continuar em nosso caminho, na direção de Deus e da verdade, apesar de nossas
muitas quedas e erros. O homem sábio segundo 0 mundo, entretanto, não demonstra
misericórdia para com ninguém, e procura fazer nome para si mesmo, de modo
brutal. Tal homem considera as pessoas meramente como objetos a serem usados
para sua própria satisfação e exaltação. Não tem espírito de amor e nem senso
altruísta genuíno; é alguém completamente egocêntrico, e acredita que deveria
ser o centro da vida de outras pessoas, igualmente. Fez de si mesmo um deus, e
destronizou Deus, até onde diz respeito à sua própria pessoa. Tornou-se em um
ateu prático, a despeito das crenças que porventura professe. O indivíduo
dotado de sabedoria falsa, outrossim, tem a boca cheia de maldição c amargura;
mas o homem verdadeiramente sábio é cheio de misericórdia. Este último aplica o
principio do amor cristão em sua vida diária. (Ver Tia. 1:27 e 2:13 quanto à
simpatia do homem bom por aqueles que padecem necessidade, com o resultado que
está sempre pronto a dar do que tem. Já o homem falsamente sábio nada dá;
antes, recolhe tudo quanto pode obter).
Misericórdia:
Consideremos os pontos seguintes, a respeito dessa qualidade cristã: I. Deus é
o exemplo supremo de misericórdia (ver Luc. 6:36). 2. A misericórdia nos 6 ordenada nas
Escrituras (ver Rom. 12:30 e Col. 2:12). 3. Deve essa qualidade ser gravada no
coração (ver Pro. 3:3). 4. Deve ser uma das características dos crentes (ver
Pro. 37:26 e Isa. 57:1). 5. Deve ser demonstrada com ânimo alegre (ver Rom.
12:8). quanto aos irmãos na fé (ver Zac. 7:9), para com os que sofrem aflições
(Luc. 10:37) e até mesmo quanto aos animais (ver Pro. 12:10). 6. £ beneficente
para com aqueles que a exibem (ver Pro. 11:17). 7. Quem usa de misericórdia é bem-aventurado
(ver Mat. 5:7; Pro. 14:21).
...de bons frutos... A sabedoria tem o caráter
da misericórdia, cultivando o fruto do Espírito (ver Gál. 5:22.23); e assim sua
vida é repleta de piedade, sendo transformada para receber a imagem moral de
Cristo, que é o supremo possuidor dessas qualidades. Neste caso. os ·bons
frutos· indicam as ·boas obras·. (Comparar com Mat. 21:45: Gál. 5:22; Efé. 5:8
e Fil. 1:11). Uma vez mais Tiago enfatiza a questão das ·boas obras·. (Ver as notas
expositivas sobre isso, cm Tia. 2:14). Os feitos de bondade e de misericórdia
(tal como se vê cm Tia. 1:27), mui provavelmente estão praticamente em foco.
·...imparcial...·
Este adjetivo, no grego, é ·adiákritos», literalmente, «não-dividido em julgamento»,
sem variação, de todo o coração.
Provavelmente isso
alude à situação dos versículos nono e décimo deste capítulo, onde vemos os
homens sem sabedoria a abençoarem a Deus e a amaldiçoarem aos homens. Essa
palavra também pode subentender que o homem verdadeiramente sábio é livre de
·incertezas· espirituais; e, nesse caso, a questão da ·mente dúplice· está em
foco, tal como cm Tia. 1:6-8. O homem verdadeiramente sábio já se desfez, da
mente dúplice, entre as coisas terrenas e as celestiais; vive exclusivamente para
a dimensão eterna; também pode julgar com imparcialidade, tratando dos homens
com justiça e com honestidade.
·...sem fingimento...·
O homem verdadeiramente sábio não precisa ser «insincero·, e nem hipócrita,
porquanto nada tem a ocultar, e não busca suas próprias vantagens. O vocábulo
aqui usado é, especificamente, ·sem hipocrisia·. Tal homem não precisa viver
como um ator, desempenhando um papel falso (que é o sentido original do
vocábulo). Antes, vive na sinceridade. (Ver Rom. 12:9; II Cor. 6:16 quanto a
outros versículos de natureza similar). A sabedoria não opera por detrás de uma
máscara, supostamente para o bem de outros, mas na realidade, visando apenas os
seus próprios interesses, conforme fazem certos mestres e lideres exageradamente
ambiciosos nas igrejas.
·Verdadeiramente,
essa sabedoria 'não pode ser obtida em troca de ouro, e nem a prata será pesada
como seu preço'. Feliz é o homem que a encontra'.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 60.
Tg 3.17 As seis
características que vêm em seguida formam três categorias, das quais a primeira
tem os adjetivos pacífica, indulgente e tratável. Esses adjetivos representam
as atitudes de uma pessoa sábia. a. Atitude. O crente que exercita o dom da
sabedoria celestial possui um controle de seu temperamento que expressa paz.
Através de sua atitude para com os outros, ele mostra que ama a paz. A paz de Deus
domina seus pensamentos, de modo que todos os que com ele se encontram vêem-no
como uma torre forte. De fato, todos os seus caminhos são agradáveis e “as suas
veredas [são] paz” (Pv 3.17).
Um outro atributo da
sabedoria é a indulgência. A pessoa “indulgente” é justa, razoável, amável em
todas as suas deliberações. Calmamente, ela junta todos os fatos antes de dar sua
opinião. Ela evita colocar-se em primeiro lugar e sempre considera os outros
superiores a si (Fp 2.3; 4.5). A terceira característica nessa categoria é o
ser “submissa”, ou seja, a pessoa sábia está aberta a sugestões, sempre pronta
para ouvir as opiniões dos outros e disposta a aceitar admoestações e
correções. b. Ação. A categoria seguinte descreve a sabedoria como “cheia de
misericórdia e de bons frutos”. Esses atributos implicam a pessoa sábia
envolver-se com aqueles que estão ao seu redor. A pessoa cheia de sabedoria
celestial coloca as palavras de Jesus em prática: “Bem-aventurados os
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5.7; ver também Tg 2.13).
Mostramos misericórdia para com as pessoas necessitadas que não a merecem: de
outro modo, não seria misericórdia. Concedemos misericórdia, porque Deus mostra
o caminho e espera que o sigamos (ver, por exemplo, Mq 6.8). O homem sábio está
pleno de misericórdia. Também está repleto de bons frutos.
Tiago não especifica
quais são esses frutos, mas eles podem ser encontrados entre as consequências
da religião (Tg 1.26,27).
c. Julgamento. A
última categoria de características está relacionada ao julgamento discutidor
da pessoa sábia. Tiago diz que a sabedoria é “imparcial e sincera”. Uma pessoa
sábia não toma partido numa discussão quando está servindo de árbitro. Ela ouve
cuidadosa e objetivamente os argumentos apresentados a ela e oferece, então, um
julgamento que é, primeiramente, imparcial e, depois, sincero. Essa pessoa
sábia é capaz de evitar envolver-se pessoalmente e de não mostrar favoritismo
e, ainda assim, agir sem fingimento (Rm 12.9; 2Co 6.6; lPe 1.22). Tal pessoa
recebe o respeito da comunidade na qual vive e trabalha.
Simom
J. Kistemaker. Comentário do Novo Testamento
Tiago e Epistola de João. Editora Cultura Cristã. pag. 170-171.
Essa sabedoria do
alto é um fruto do Espírito do alto. A respeito dele se afirma: “O Senhor é o
Espírito” (2Co 3.17). Por intermédio do Espírito ele habita com seu ser em
nossos corações (Ef 3.17). Em Gl 5.22 Paulo arrola as características do ser
humano renovado por Cristo: “O fruto do Espírito é amor, alegria, paz,
paciência…” No fundo descreveu simplesmente o modo de ser de Jesus (cf. a forma
“fruto” no singular). Desdobra-se em um sem-número de características
essenciais, assim como a luz do sol se desdobra nas cores do arco-íris. É a
mesma coisa que Tiago faz aqui:
a) “Pura”:
provavelmente não se pensa em primeiro lugar na pureza sexual, mas na
sinceridade do pensamento perante Deus e humanos, que não busca a si próprio. –
b) “Pacífica”: Jesus é o grande construtor de pontes entre Deus e ser humano.
Quer que também nós sejamos construtores de pontes, elos de ligação em sua
igreja e entre as pessoas no mundo. Na construção do reino de Deus (1Pe 2.5) há
muitas pedras angulosas e com frequência também desproporcionais. É bom que
nesse caso prestemos o serviço discreto, mas necessário, da argamassa. – c)
“Amável”: quando se deseja ligar pessoas a Deus é preciso ser “solícito” (no
sentido da amabilidade). Foi assim que Jesus, quando esteve na terra, foi ao
encontro daqueles que estavam acostumados a ser alvo de críticas. – “Tratável”:
quem está submetido à educação de Deus e de seu Espírito torna-se apto para a
comunhão. É assim que se chega a que “um considere ao outro maior que a si
próprio” (Fp 2.3), o que vale também para cristãos antigos, experientes e
cheios de mérito na visão humana perante jovens, iniciantes e com poucos dons.
Não sabemos o que Deus ainda fará com ele e que nível ele conferirá a cada um
na eternidade. Nossa distribuição de papéis (cf. acima no comentário a Tg 2.1)
neste mundo é apenas muito provisória. É tolice tornar teimosamente a si mesmo
parâmetro de tudo. d) ”Plena de misericórdia”: Deus é misericórdia (Êx 34.6 –
veja também o comentário a Tg 2.13). Jesus é misericórdia de Deus em pessoa que
se manifestou a nós, que entrou em cena, que se sacrificou por nós. Quem
experimentou essa misericórdia e chegou assim à comunhão com Jesus, deixa-se
arrastar para uma misericórdia idêntica. “Porque a misericórdia nos foi feita,
não desfalecemos” (2Co 4.1). – e) “… e de bons frutos”: o ser humano natural,
que está no mundo e no qual o mundo está, não traz frutos para Deus. “Não há
ninguém que faça o bem, não há nem um sequer” (Rm 3.12; cf. também Gl 5.19-21).
Somente quem foi “enobrecido” pelo arrependimento e pela fé, em quem o ramo
nobre “importado” foi implantado por Deus, seu Espírito, é capaz de produzir
frutos para Deus: uma vida em consonância com Jesus (cf. Gl 5.22; Mt 7.17-19;
12.33; Jo 15.16). f) “Sem dúvidas”: sem desconfiança perante as pessoas, com as
quais eventualmente
estamos lidando,
embora não nos enganemos acerca do modo de ser das pessoas (nós as conhecemos,
porque conhecemos nosso próprio coração). Pretendemos ir ao encontro de todos
com franqueza, dando-lhes um crédito de confiança. – g) “Sem hipocrisia”:
encenar um teatro diante dos outros significaria não levá-los a sério, mas
humilhá-los. A maneira de Jesus vai ao encontro do próximo com seriedade e
amor, para ajudá-lo assim a consertar a vida e chegar ao alvo.
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
3. O fruto da justiça
(v.18).
Tg 3.18 Os que
exercitam a paz podem plantar as sementes da paz e ter uma colheita de bondade
(versão NTLH). Esta seção oferece três sugestões para o controle da língua:
1. Procurar a
sabedoria de Deus.
2. Admitir o ciúme e
a arrogância sem tentar disfarçá-los.
3. Criar uma
atmosfera de paz onde quer que Deus lhe leve.
Em Mateus 5.9, Jesus
promete que os pacificadores serão bem aventurados. A sua recompensa será ver
relacionamentos corretos entre Deus e o povo. (Para mais informações sobre
semear sabedoria e verdade e colher justiça)
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 681.
Tg 3.18 No versículo
18, o autor promete uma bênção final àqueles que servem a Deus e à sua causa
sem egoísmo e sentimento faccioso. A linguagem é difícil e a tradução varia,
mas Moffatt apresenta uma interpretação exata e clara: “Os pacificadores que
semeiam em paz colherão a justiça”. Justiça é o fruto da semente que semeia-se
na paz. O espírito do nosso testemunho cristão é quase tão importante para o
progresso do Reino quanto a verdade que proclamamos. O autor aqui ecoa o
ensinamento do nosso Senhor quando Ele disse: “Bem-aventurados os
pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9).
A.
F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 180.
Tg 3.18 Contraste
sobre os resultados (Tg 3.16,18)
A origem determina os
resultados. A sabedoria do mundo produz resultados mundanos; a sabedoria
espiritual, resultados espirituais.
A sabedoria do mundo
produz problemas (3.16b). Inveja, confusão, e todo tipo de coisas ruins são o
resultado da sabedoria do mundo. Muitas vezes, esses sintomas da sabedoria do
mundo estão dentro da própria igreja (3.12; 4.1-3; 2Co 12.20). Pensamentos
errados produzem atitudes erradas. Uma das causas do porquê deste mundo estar tão
bagunçado é que os homens têm rejeitado a sabedoria de Deus. A palavra “confusão”
significa desordem que vem da instabilidade.^^ Essas pessoas são instáveis como
a onda (1.8) e indomáveis como a língua (3.8). Essa palavra é usada por Cristo
para revelar a confusão dos últimos dias (Lc 21.9).
A sabedoria de Deus
produz bênçãos (3.18). Tiago lista três coisas: primeiro, vida reta (3.13). Uma
pessoa sábia é conhecida pela sua vida irrepreensível, conduta santa. Segundo,
obras dignas de Deus (3.13). Uma pessoa sábia não apenas fala, mas faz.
Terceiro, fruto de justiça (3.18). A vida cristã é uma semeadura e uma
colheita. Nós colhemos o que semeamos. O sábio semeia justiça e não pecado. Ele
semeia paz e não guerra. O que nós somos, nós vivemos e o que nós vivemos, nós
semeamos. O que nós semeamos determina o que nós colhemos. Temos que semear a
paz e não problemas no meio da família de Deus. Como poderemos conhecer uma
pessoa sábia? Uma pessoa sábia é sempre uma pessoa humilde. Aquele que proclama
as suas próprias virtudes carece de sabedoria.
Como poderemos
identificar uma pessoa que não tem sabedoria? Suas palavras e atitudes provocarão
inveja, rivalidades, divisão, guerras.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 79-80.
Tg 3.18 “O fruto da
justiça, porém, se semeia na paz por aqueles que promovem a paz”: o “fruto da
justiça” é aquele que agrada a Deus e propicia ajuda aos seres humanos. – Ele é
“semeado”: pode-se lavrar cinco vezes um campo e aplicar muito adubo. Nada
disso produz frutos. É preciso semear. Jesus diz o que é a semente: “A semente
é a palavra de Deus” (Lc 8.11; cf. também Tg 1.21).
O fruto de uma vida
humana não é produzido por bons propósitos que ele decide assumir, e tampouco
por apelos por parte de terceiros. O fruto precisa ser semeado, a palavra de
Deus tem de ser anunciada.
Precisa ser semeada
“na paz”. Isso significa duas coisas: a) unicamente “na paz”, quando somos
ouvintes, a semeadura acontece corretamente em nossa própria vida. Porém não
“se semeia na paz” entre nós quando damos vazão ao sentimento de antipatia
contra a testemunha, à irritação com qualquer coisa que nos incomoda no escrito
dela ou de outras, quando nos deixamos monopolizar pela ideia de que nós
obviamente faríamos as coisas de forma muito melhor, ou quando nos deixamos
atormentar pela agitação interior que trouxemos conosco. “Deus lança a âncora
somente em uma alma tranquila.” b) Isso, no entanto, vale também quando temos
de anunciar a palavra de Deus a outros. É importante que semeemos “na paz”. Na
paz com Deus: por isso é importante a prece de que nada se interponha entre ele
e nós. Do contrário semearemos vento e colheremos tempestade. Na paz com as
pessoas: é necessário pedir-lhes perdão e concedê-lo a elas. Ademais não é
possível anunciar o evangelho em tom de reprimenda, nem o amor com raiva.
Tampouco deveria se alastrar uma polêmica teológica quando desejamos anunciar a
mensagem de forma positiva e convidativa, por mais que seja necessária uma
refutação do erro.
“Pelos que promovem a
paz”: “Anunciar paz” aos de perto e de longe (Ef 2.17), essa é tarefa
primordial que nos cabe realizar por incumbência de Jesus. Não basta que
sejamos pessoas pacíficas. Em nossa atuação precisa haver o objetivo da paz,
primeiro e acima de tudo a paz entre ser humano e Deus, e depois também,
igualmente, a paz entre os humanos. Não por último isso faz parte da marca de
autenticidade do Espírito e da sabedoria do alto: o Espírito Santo aproxima
pessoas e as torna humildes. Contudo um espírito que sugere a ideia de que
alguém seria “especial”, afastando assim as pessoas umas das outras, não é do
alto, por mais religioso que pareça ser e por maior que seja a sua eficácia
(cf. v. 15).
Fritz
Grunzweig. Comentário Esperança Carta De
Tiago. Editora Evangélica Esperança.
ELABORADO:
Pb Alessandro Silva.
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