AS SETENTA SEMANAS
O capítulo nove de Daniel é um dos mais
controvertidos e especulados da Bíblia. Quantas datas foram marcadas para a
vinda de Jesus a partir desse capítulo? Quantas pessoas pensaram que o
Anticristo foi o Hitler? Ou o Papa? Tudo a partir da leitura desse capítulo.
O que se tem no capítulo nove é a
terceira visão dos mistérios proféticos a respeito do tempo do fim onde de
forma direta e através do anjo Gabriel o profeta Daniel recebeu de Deus tais
informações. Duas divisões naturais aparecem neste capítulo: a oração de Daniel
(vv.3-19) e a resposta divina transmitida pelo anjo Gabriel (vv.20-27).
A respeito da oração de Daniel é
importante que o professor considere algumas questões importantes:
1. A oração de Daniel foi motivada por
uma reflexão acerca das profecias de Jeremias. O povo judeu passaria setenta
anos cativo e desolado (v.2);
2. Enquanto empenhava-se por entender a
mensagem do profeta Jeremias, Daniel humilhou-se na presença de Deus e jejuou
(v.3);
3. Daniel suplica ao Senhor confessando
o pecado do povo e colocando-se, juntamente com o povo cativo, responsável por
aquele pecado (vv.4-14);
4. Suplicou também pela misericórdia
divina lembrando esta mesma misericórdia quando o Senhor livrou o Seu povo do
Egito e, igualmente, usou de justiça para castigar o pecado de Jerusalém
(vv.15,16).
5. Por fim, Daniel pede a Deus para
libertar a cidade santa, Jerusalém, e a nação cujo Deus é o Senhor (vv.17-19);
6. O anjo Gabriel responde a Daniel após
o processo de busca por resposta divina. É interessante destacar que é a
primeira vez que um anjo aparece se locomovendo no Antigo Testamento. Antes,
outros anjos apenas apareciam.
O capítulo pelo qual estamos estudando
revela a disposição e a motivação de Daniel em buscar os desígnios de Deus. Embora
não seja, neste espaço, a nossa intenção criar uma espécie de receita de bolo
para buscarmos a Deus, pois entendemos que as experiências espirituais são de
caráter subjetivo, cada pessoa tem a sua experiência com o Pai, mas é
impossível não observarmos algumas características que chama-nos atenção na
atitude de Daniel: a sua sede de conhecer a vontade de Deus, a humildade; a
sinceridade; a disposição em orar e jejuar. Que a atitude de Daniel
estimule-nos a buscarmos a vontade de Deus para a nossa vida!
Revista Ensinador
Cristão.
Editora CPAD. pag. 41.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O
capítulo 9 é, indiscutivelmente, a profecia mais importante do livro de Daniel.
Neste capítulo a profecia ganha um sentido histórico especial e ao mesmo tempo
escatológico, tanto em relação a Israel, quanto em relação ao mundo.
Diferentemente dos capítulos anteriores, esta revelação não se preocupa com os
poderes mundiais, mas trata de uma revelação especial sobre o futuro de Israel
que afeta, indiscutivelmente, todo o mundo. Nos capítulos anteriores, tais como
os capítulos 2,4, 7 e 8, se percebe que Deus utilizou figuras diferentes do
mundo mineral (metais), bem como, figuras do mundo animal para ilustrar os
acontecimentos futuros do mundo. Na realidade, Deus usa elementos neutros como
os metais (ouro, prata, cobre, ferro e barro), e elementos do mundo animal,
para tratar de aspectos políticos, morais e espirituais. Todos esses capítulos
tem uma relação especial com Israel que é o alvo da profecia. No capítulo 9,
Deus revela a Daniel fatos futuros do povo de Israel utilizando número de
semanas, dias e anos. Esses números ganham uma linguagem especial na sua
interpretação em relação ao povo de Israel. Daniel, ao rever o livro do profeta
Jeremias descobriu uma profecia literal que estava chegando ao seu cumprimento.
O período de 70 anos predito para um tempo de escravidão e exílio do povo judeu
em terras estrangeiras estava chegando ao fim. Porém, Deus toma esta
circunstância histórica para revelar outra verdade futura acerca do seu povo. Seria
outro período de 70 semanas de anos totalizando 490 anos literais, sob o qual
Israel experimentaria a força da soberania de Deus sobre Israel que afetaria o
mundo inteiro. Depois da visão estarrecedora dos capítulos 7 e 8, quando Daniel
visualiza espiritualmente o futuro com “um rei feroz de semblante” que
prefigura numa perspectiva escatológica o futuro Anticristo, ou seja, “o homem
do pecado”, Daniel enfraqueceu física e emocionalmente e lhe restou, tão
somente, orar e buscar o socorro de Deus.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 127-128.
As
setenta semanas de anos (cap. 9)
As
duas principais profecias do livro de Daniel são as do capítulo 2 e do capítulo
9. A do capítulo 2, como já vimos, revela o futuro do mundo gentílico,
terminando pelo reino dos dez dedos dos pés da grande estátua, quando a pedra
(que representa Cristo na sua vinda para julgar) bateu violentamente nos pés da
estátua e esmiuçou-a. Três vezes está dito isto (2.34,40,44). Portanto, as
nações ímpias não findarão pacificamente, mas de modo violento e catastrófico,
como veremos à vinda de Jesus, com poder e grande glória. Vemos ainda que o
reino final será o do Céu (2.44).
A
segunda profecia mais importante do livro de Daniel é esta do capítulo 9,
revelando o futuro da nação israelita, incluindo também o período da Igreja, se
bem que parentético, como veremos durante o estudo. Podemos dizer que esta
profecia é o futuro de Israel no plano de Deus.
Se
não entendermos bem a profecia das Setenta Semanas, tampouco entenderemos o
Sermão Profético de Mateus 24, e nem o livro de Apocalipse, uma vez que ela
abrange esses dois. Quase todo o livro de Apocalipse (caps. 6 a 22) é apenas
uma aplicação da profecia preditiva das Setenta Semanas de Daniel. Noutras
palavras: Deus deu a Daniel um quadro geral dos eventos futuros relacionados
com Israel; e a João, no Apocalipse, deu os detalhes desses eventos.
Antônio
Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os
últimos dias. Editora CPAD.
Temos,
nesse capítulo: I. A oração de Daniel pedindo a reintegração dos judeus que
estavam no cativeiro, e na qual ele confessa o pecado, reconhece a presença da
justiça de Deus nas calamidades, e implora as promessas divinas de misericórdia
que o Senhor ainda havia reservado para eles (w. 1-19). II. A resposta recebida
em seguida à sua oração e que foi transmitida por um anjo. Nesta,
1.
Ele recebe garantias sobre a imediata libertação dos judeus do seu cativeiro
(w. 20-23). 2. Ele é informado a respeito da redenção do mundo por Jesus Cristo
(que o próprio Daniel estava tipificando), de como seria a natureza dessa
redenção, e quando ela seria realizada (w. 24-27). E essa é a profecia mais
clara e luminosa em todo o Antigo Testamento a respeito do Messias.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 879.
I - DANIEL INTERCEDE A DEUS PELO SEU POVO
(Dn 9.3 19)
1.O
tempo da profecia de Jeremias (vv. 1,2).
Daniel
examina o tempo da profecia de Jeremias (9.1-4)
“No
ano primeiro de Dario,filho deAssuero, da nação dos medos” (9.1). Em 539 a. C.,
Daniel já tinha mais de 80 anos de idade. Era um ancião respeitado por mais de
60 anos em reinos anteriores, mas ainda exercia atividades políticas sob o
domínio de Dario. Dario era filho de Assue- ro, rei conhecido pelo nome que não
pode ser confundido com o rei Assuero da história de Ester (Et 1.1).
Entretanto, o rei Dario de Dn 5.31; 6.1 e 9.1 é a mesma pessoa, a quem Ciro da
Pérsia o designou para ser o rei da Babilônia. E interessante notar que o rei
Dario de 9.1 é o que veio a ser rei sobre o reino dos caldeus (Babilônia).
(9.2)
Daniel entende que o número de anos da profecia de Jeremias havia chegado. Ele
disse: “entendi pelos livros que o número de anos, de quefalou o Senhor ao
profeta feremias”. Consultando a profecia, Daniel descobre o que Deus disse ao
profeta Jeremias: “quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade
do rei da Babilônia”(]v 25.11,12). Uma vez que a punição já havia acontecido
contra a Babilônia, Daniel entendeu que o momento de cessarem as assolações de
Jerusalém havia chegado. Ele descobre que a profecia que o tempo dos 70 anos de
cativeiro estava chegando ao fim, “Setenta anos” era o tempo da indignação
divina contra Jerusalém e as cidades de Judá conforme falou Zacarias 1.12, que
disse: “Então o anjo do Senhor respondeu e disse: O Senhor dos Exércitos, até
quando não terás compaixão de Jerusalém e das cidades de Judá, contra as quais
estiveste irado estes setenta anos?” Outra profecia está descrita em 2 Cr 36.21
que diz: “para que se cumprisse a palavra do Senhor, pela boca de Jeremias, até
que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou,
até que os setenta anos se cumpriram”. No texto de Daniel 9.2, o servo de Deus
orou com todas as suas forças pedindo a Deus que cumprisse a promessa da sua
graça sobre Israel, restaurando o seu reino e a sua cidade.
Daniel
ora objetivamente a Deus: “e eu dirigi o meu rosto ao Senhor” (9.3). Daniel
demonstrou que a oração precisa ter ousadia e temor de Deus no coração. Ele
dirigiu seu rosto ao Senhor, isto é, ele não usou de subterfúgios para falar
com Deus, mas expôs sua face para se apresentar ao Senhor. A oração foi o meio
providencial para que se cumprisse o que já estava determinado por Deus (Is
42.24,25; 43.14,15; 48.9-ll;Jr 49.17-20; 50.4,5,20).
Daniel
orou e intercedeu pelo seu povo. “E orei ao Senhor, meu Deus, e confessei... ”
(9.4-6). Daniel teve a humildade de confessar o pecado do seu povo incluindo
ele mesmo. Ele não viu apenas a culpa da sua gente, mas a sua também. Ele usa a
expressão: “pecamos cometemos iniquidade” (9.5). A despeito de ser homem
íntegro, não foi presunçoso diante da justiça de Deus. mas colocou-se debaixo
da mesma culpa pedindo perdão a Deus. Daniel teve uma atitude de intercessão
que dominou seu coração diante de Deus. Essa atitude em favor do seu povo foi
demonstrada com total humildade. Ele estava convencido da soberania de Deus e
seu poder para manifestar o seu perdão, mas acima de tudo, para cumprir a sua
palavra. Daniel sabia que não podia adiantar nem atrasar o cumprimento dos
desígnios divinos para com Israel. Ele preferia colocar-se diante de Deus como
alguém que sabia da incapacidade do seu povo para entender que a disciplina do
Senhor estava se cumprindo, mas que havia algo futuro que ainda se cumpriria na
história de Israel. Daniel depois de haver expressado seu reconhecimento da
grandeza de Deus, se volta para si mesmo e para seu povo, se identificando com
os pecados de Israel (Dn 9.5,6).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 128-129.
Dn
9.1 O assunto principal deste capítulo que, em suma, encerra uma série de 27
versículos, é a oração do profeta Daniel, para que Deus desse início ao
regresso de seu povo. (Ver Salmo 126). Podemos dividir o presente capítulo da
seguinte maneira: 1) A introdução (versículos 1 e 3). 2) A oração propriamente
dita (versículos 4 a 19). 3) A resposta da oração: Deus enviando o anjo Gabriel
(versículos 20 a 27). Então o capítulo é dividido em duas partes: 1) A
introdução (versículos 20 a 23). 2) A resposta propriamente dita (versículos 24
a 27). Agora a consolidação: A grande profecia das “setenta semanas”. Os
versículos 1 e 2 do presente capítulo, apontam no tempo esta oração: foi no
primeiro ano do governo de Dario, filho de Assuero, da nação dos medos. Não
sabemos determinar se o “Assuero” do texto em foco é o mesmo que vem citado no
livro de Ester 1.1. Alguns comentadores aceitam que o Assuero do texto é
Xerxes, e o nome “Assuero” pode ser um “título real aque- mênida”. Seja como
for, nós aceitamos o que fica depreendido dos textos divinos, o mais são
especulações humanas.
Dn
9.2 “Era de setenta anos”. Daniel primeiro examina com cuidado as predições do
profeta Jeremias sobre os “setenta anos de cativeiro” (Jr 25.11, 12). Setenta
anos de cativeiro sobre a nação foi para “que a terra se agradasse dos seus
sábados; todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se
cumpriram” (2 Cr 36.21). Deus ordenou a Israel, no deserto, que trabalhasse
seis dias em sete e, semelhantemente, seis anos em sete. (Ver Ex 20.9, 10; Lv 25.1-7).
A guarda do sábado à risca foi observada por Israel logo no deserto, e um homem
foi morto porque apanhou lenha no sábado. (Ver Nm 15.32-36). A segunda ordem de
Deus para que se guardasse o ano sabático só entraria em vigor com a entrada da
nação na terra prometida. (Ver Lv 25.2-4). Isto significa que todo o “tempo
pertence a Deus”. Durante esse ano (de repouso), a terra não era lavrada, o
fruto era livre, e a confiança do povo em Deus era provada. Aprendemos de
Deuteronômio 31.10-13, que este ano era empregado para dar instrução religiosa
ao povo. Durante os 490 anos da monarquia, esta lei não foi observada, como
devia ter sido por 70 vezes. Por isso, foram dados ao povo 70 anos de
cativeiro. Deus, apenas, como sempre, só exigiu o dízimo dos 490 anos. (Ver 2
Cr 36.21). Daniel sabia que Deus é o “Justo Juiz” e só cobraria o “dízimo” dos
anos, e pôs-se a orar confiantemente por um repatriamento. (Comp. SI 126).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 165-166.
O
estudo desta profecia torna-se mais edificante e empolgante quando consideramos
que estamos vivendo agora no “tempo do fim”, de que falou o profeta Daniel em
8.17,19; 10.14; 12.4.
1.
O cenário histórico da profecia (9.1,2). "No primeiro ano de Dario"
(v. 1). Isso teve então lugar após 5.31. Estava chegando o final dos setenta
anos de cativeiro do povo judeu. "Eu, Daniel, entendi pelos livros"
(v. 2). Daniel possuía uma biblioteca, cujos livros ele estudava, e entre esses
estavam os da Bíblia de então. Ele menciona aqui, no versículo 2, as profecias
de Jeremias. Hoje podemos ter mais conhecimentos ainda, porque dispomos de
livros das Escrituras como o de Apocalipse, que ele não tinha. A profecia de
Jeremias, em apreço, diz: "Toda esta terra virá a ser um deserto e um
espanto; estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos. Acontecerá,
porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade do rei
de Babilônia..." (Jr 25.11,12). Esse rei de que fala
a
profecia já fora castigado. Daniel considerava então que já estava no tempo
para terminarem as "assolações de Jerusalém", a qual continuava
destruída.
2.
A oração de Daniel (9.3-19). Daniel era homem de oração e jejum. Certamente
temos aí uma das razões por que sempre permaneceu firme na fé, vivendo e
trabalhando nas "alturas" palacianas. Davi deu o mesmo testemunho no
Salmo 18.33. "E me firmou nas minhas alturas". Deus pode guardar o
crente nas altas posições, sejam quais forem que venha a ocupar. Muitos
crentes, ao subirem nesse sentido, infelizmente começam a "descer"
espiritualmente. O caminho certo nesses casos é o da oração e da Palavra, como
fez Daniel.
Uma
coisa tocante nesta oração de Daniel (vv. 3-19) é o fato de ele confessar os
pecados da sua nação como se fossem os seus, identificando-se, assim, com o seu
povo. "Temos pecado e cometido iniquidades, procedemos perversamente, e
fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos" (v.
5). Ele sabia conjugar os verbos bíblicos na primeira pessoa...
Antônio
Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os
últimos dias. Editora CPAD.
A
Ocasião da Oração de Daniel (9.1-3)
Uma
mudança no governo trouxe à mente de Daniel a convicção aguda de que alguma
mudança providencial de grandes proporções estava para acontecer com o
remanescente do seu povo no exílio. O reino dos caldeus tinha chegado ao fim
com a queda da Babilônia (5.30-31). O govemo dos persas e seus aliados medos o tinha
destituído. Se Dario, que foi constituído rei sobre o reino dos caldeus (1),
era, na verdade, o parente idoso do persa Ciro, a situação política continuava
instável. O equilíbrio do poder estava passando da Média para a Pérsia. Ciro,
dentro de dois anos, assumiria a liderança civil e militar.
Mas
Daniel estava acima do cenário secular. Ele entendeu pelos livros [...] que
falou o Senhor (2). Daniel estava ciente de quão minuciosamente exato havia
sido o cumprimento das advertências que Deus tinha dado ao seu povo. Ele tinha
passado pelos dias angustiantes de calamidade descritos detalhadamente em
Levítico 26.14-35. O castigo imposto por causa da negligência dos anos
sabáticos estava ficando claro. A promessa de Deus de misericórdia e
restauração baseadas na aliança que Ele havia feito com os pais (Lv 26.40-45),
com a condição indispensável de arrependimento, continuava valendo. Deus estava
aguardando a reação do povo. Então Daniel lembrou da referência profética
alarmante de Jeremias em relação a uma série de ciclos sabáticos que culminava
naqueles dias: “Porque assim diz o Senhor: Certamente que, passados setenta
anos na Babilônia, vos visitarei e cumprirei sobre vós a minha boa palavra,
tornando-vos a trazer a este lugar” (Jr 29.10; cf. 29.11-13; 2 Cr 36.12). Ele
sabia que o tempo estava próximo e sabia exatamente o que deveria fazer. Na
profecia de Jeremias, Daniel descobriu o plano de Deus para a época em que
vivia.
A
seriedade da luta na oração de Daniel pode ser percebida na seguinte frase: E
eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração, e rogos, e
jejum, e pano de saco, e cinza (3).
Aqui
estava um homem empenhado em uma busca profunda e sincera pela ajuda divina.
Calvino observa que “quando Deus promete algo singular e valioso, devemos estar
alertas e sentir essa expectativa como um estímulo aguçado”. Calvino então
ressalta que o uso do pano de saco, da cinza e do jejum por Daniel, foi usado,
não como obras meritórias para alcançar o favor de Deus, mas como auxílio para
aumentar o ardor na oração. “Assim, observamos que Daniel fez o uso correto do
jejum, não desejando agradar a Deus por meio dessa disciplina, mas em
conferir-lhe mais seriedade em suas orações”.
Em
Daniel 9.1-3, encontramos os “Fatores da Oração Eficaz”: 1) Um coração aberto
para “a palavra do Senhor” (2a, NVI). 2) Uma convicção esmagadora de que o
tempo de Deus é agora (2b). 3) A observância das disciplinas da oração
insistente (3).
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel.
Editora CPAD. Vol. 4. pag. 532-533.
2.
A confissão dos pecados de um povo (vv.3-11,20).
A
preparação para a oração (Dn 9.3)
Daniel,
em sua preparação para a oração, nos ensina quatro coisas importantes: em
primeiro lugar, uma busca intensa. Ele voltou o rosto para o Senhor. Isso
demonstra a intensidade de sua oração. Ele tinha vida de oração metódica e
regular, mas agora esse homem se concentra em oração.
Em
segundo lugar, um clamor fervoroso. Daniel ora e suplica. O decreto de Dario o
leva a ser mais enfático em sua oração e clamor.
Em
terceiro lugar, uma urgência inadiável. Daniel ora e jejua. Quem jejua tem
pressa. Quem jejua não pode protelar. Daniel tem urgência em seu clamor. Faltam
apenas mais dois anos para o cumprimento da profecia e ele não vê em seu povo o
quebrantamento necessário. Ele sabe que a profecia passa pelo arrependimento do
povo. Por isso, ora com tanta urgência.
Em
quarto lugar, um quebrantamento profundo. Ele se humilha. Veste-se com pano de
saco e cinza. Ele era um homem do palácio, mas despoja-se de sua posição.
Os
atributos da oração (Dn 9.4-19)
A
oração feita por Daniel contém os pontos mais importantes de uma oração. Ele
começa adorando a Deus (Dn 9.4). Daniel se aproxima de Deus com santa
reverência. Sua oração não era daquele tipo que chama Deus de paizinho, tão popular
hoje, que descreve intimidade na verbalização, mas distância na comunhão. Daniel
tinha intimidade com Deus, mas reconhecia a majestade e a grandeza de Deus
diante de quem os serafins cobrem o rosto. Confiança filial não é inconsistente
com profunda reverência. Daniel adora a Deus por causa de sua fidelidade ao
pacto. Ele pode confiar em Deus por saber que Deus é fiel a Sua Palavra. Daniel
adora a Deus também por causa de Sua misericórdia e prontidão em perdoar (Dn
9.4,9).
Daniel,
depois de adorar a Deus, é tomado por profunda contrição, faz confissão de seus
pecados e dos pecados do povo (Dn 9.5-15). Quais foram as características da
sua confissão? Em primeiro lugar,
Daniel
fez uma confissão coletiva (v. 7,8). Daniel compreendeu que ele, os líderes de
seu povo e o povo pecaram contra Deus. Aqui não há justificativa nem transferência
de culpa. Todos pecaram. Todos são culpados: os líderes e o povo. Deus falou, e
eles não ouviram. Deus ordenou, e eles não obedeceram. Deus fez grandes
maravilhas, e eles não agradeceram.
Em
segundo lugar, Daniel faz uma confissão específica (v.5,6). Ele não faz
confissões genéricas: Daniel usa vários termos para expressar o pecado do povo:
pecado, iniqüidade, procedimento perverso, rebeldia, desvio dos mandamentos e
juízos (v. 5), desobediência (v. 10), transgressão da lei (v. 11) e
procedimento perverso (v. 15).
Em
terceiro lugar, Daniel faz uma confissão sincera (v. 7,14). Daniel está corado
de vergonha. Ele sabe que os males que vieram sobre o povo foram provocados pela
desobediência e rebeldia do povo. O pecado traz opróbrio, vergonha, dor,
humilhação e derrota. Daniel reconhece que as aflições do povo são por causa de
seu pecado, e, por isso, Deus é justo em castigar seu povo (v. 11). Daniel
entende que o mal veio sobre o povo por causa de seu pecado (v. 11-13). Deus já
havia alertado o povo sobre esse perigo, Mas a despeito da maldição vir, do mal
chegar, o povo ainda não havia se quebrantado.
O
povo não tinha atendido nem mesmo à voz do chicote de Deus.
Em
último lugar, Daniel, em sua confissão, reconhece a ingratidão do povo (v. 15).
Deus tirara Israel do Egito com mão forte e poderosa. Realizara tantos milagres
e providências em sua vida e o engrandecera aos olhos das nações. Mas Israel,
em vez de agradar a Deus, rebelou-se contra Ele. Depois de confessar seus
pecados e os pecados do povo, Daniel faz súplicas a Deus (Dn 9.16-19). Seus pedidos
são específicos (v. 16-18): Daniel pediu por Jerusalém e pelo monte santo (v.
16). Pediu pelo templo assolado (v. 17) e pela cidade que é chamada pelo nome de
Deus (v. 18). Seus pedidos são urgentes (v. 19). Daniel tem pressa.
Ele
não pode esperar. Ele pede a Deus urgência na resposta.
Seus
pedidos são importunos (v. 15-19). No versículo 15 ele diz: “Já fizeste grandes
coisas por este povo, não o farás de novo? Não peço algo novo, mas o que já
fizeste no passado”. No versículo 16 Daniel diz: “É a tua cidade. É o teu monte
santo. Não deverias, portanto, fazer algo por eles? E o teu povo que está sendo
desprezado”.
Ficará
Deus impassível? No versículo 17 Daniel diz: “O teu santuário é o único lugar
que escolheste para tua habitação. Deixarias tu este lugar desolado para
sempre?”.
No
versículo 18 Daniel diz: “E a cidade chamada pelo teu nome”. O apelo de Daniel
não é para que Deus simplesmente liberte Seu povo, mas que o faça por amor de
Seu nome. E a glória do nome de Deus que está em jogo. Não é simplesmente por
causa do povo, ele não o merece. É por causa do nome de Deus! A desolação refletirá
no caráter de Deus. As pessoas poderão questionar Seu poder e Sua bondade. Se
Deus não agir, Seu nome será blasfemado. No versículo 19 a oração alcança seu
ápice: “O Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e põe mãos à
obra sem tardar, por amor de ti mesmo, ó Deus meu, porque a tua cidade e o teu
povo se chamam pelo teu nome”.
Quando
foi a última vez que você orou assim? Esse é o tipo de oração que Deus ouve.
Precisamos conhecer as promessas de Deus e orar por elas dessa forma. Quando um
remanescente ora dessa forma a história é mudada.
Seus
pedidos são cheios de clemência (v. 19). Daniel não pede justiça, mas
misericórdia. Ele pede perdão. Ele não pede por amor ao povo, mas por amor a
Deus. Seus pedidos são fundamentados na misericórdia (v.18). A oração
verdadeira é sempre marcada por profunda humildade. Nossas orações devem ser
fundamentadas não na justiça humana, mas na misericórdia divina. Não nos méritos
do homem, mas no nome de Jesus.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 112-115.
Dn
9.3 Daniel, como já ficou demonstrado, sabia que Deus só exigia o que é seu e,
numa confiança inaudita na grande misericórdia dele, e numa inteireza de fé,
pediu a Deus que virasse o cativeiro do seu povo "... como as correntes do
sul”. (Ver SI 126.4). O ardente desejo deste servo fiel era ver seu povo
perdoado, e a cidade de Jerusalém, mormente o templo do Senhor, reedificados.
Ele permaneceu em oração “velando nela com ação de graças”. (Ver Cl 4.2). Até
as três horas da tarde (a hora do sacrifício da tarde), Daniel permaneceu em
oração, exemplificando o centurião Cornélio (At 10.30). Então chegou Gabriel,
um embaixador da corte celestial. A oração, na vida de Daniel, era um costume
regular. No seu aposento de janelas abertas, na direção de Jerusalém, ele podia
ser encontrado orando três vezes por dia. (Ver 6.10). Há uma promessa para
aqueles que, em tempo de angústia, buscam a Deus virados para o santo templo.
(Ver 1 Rs 46-49). Davi orava a Deus três vezes no dia e, por essa razão, era
bem sucedido (SI 55.15). - Quantas vezes o leitor ora por dia? Dn 9.4 "...
e confessei, e disse”. O texto em foco mostra Daniel assumindo a posição de
sacerdote (ainda que não o fosse) e fazendo confissão. A confissão é a
expressão pública da fé. Enquanto o testemunho se dirige aos homens, a
confissão dirige-se a Deus, num movimento espontâneo de gratidão e louvor. No
Novo Testamento, a “confissão” possui três significados especiais: 1) Louvar ou
celebrar. 2) Proclamar o Senhor e sua libertação. 3) Reconhecer as próprias
culpas. Nessa parte da Bíblia, a palavra traduzida por “confessar” significa,
inicialmente, “entrar em conciliação, concordar sobre uma base comum”. Daniel,
o grande servo de Deus, não se sentia culpado, mas, mesmo assim, não se dava
por justificado. (Ver Rm 8.33). Ainda no N.T., a confissão acompanha o
ministério do Senhor Jesus Cristo (Lc 5.8; 19.8), e está em parábolas por Ele
proferidas. (Veja Lucas 15). Acompanha também o ministério apostólico. (Ver Jo
20.23; At 19.18). Faz também parte das recomendações apostólicas (1 Jo 1.9; Tg
5.16).
Dn
9.5 “Pecamos, e cometemos iniqüidade”. Daniel demonstra sua grande humildade
diante de Deus, em confessar o pecado de seu povo, mas se coloca também numa
posição de culpa, como se fosse um pecador: Ele se apresenta como se fosse um
anátema diante da situação. Paulo desejou também ser até separado de Cristo por
amor a Israel. (Ver 1 Rm 9.3). Moisés desejava ser riscado do livro da vida se
porventura Deus não perdoasse o seu povo (Ex 32.33). Daniel, como já ficou
explícito em outras notas expositivas, sabia que, segundo as Escrituras, o
pecado “cortava” quaisquer laços de comunhão entre o homem e Deus, como declara
o profeta Isaías (Is 59.2). Em relação a Jesus, Ele disse aos judeus de seus
dias: “Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque, se não
crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados” (Jo 8.24). Jesus retrata a
vida humana ideal, de comunhão com Deus, em todo o Novo Testamento. O pecado é
a falta dessa comunhão. Jesus também localiza a fonte do pecado no íntimo dos
homens. O pensamento de Jesus, em cada elemento de seus ensinos, aprofunda
muito o senso de culpa. Daniel, sendo possuidor do mesmo Espírito de Deus,
aprofunda-se também nele o senso da culpa do seu povo e pede a Deus remissão.
Dn
9.6 "... não demos ouvidos aos teus servos, os profetas”. A presente
passagem nos lembra as recomendações do Senhor Jesus em seus ensinamentos
doutrinários, tanto nos Evangelhos como no Apocalipse. Esta recomendação para
“ouvir” a Palavra de Deus, da parte de Cristo, é feita em solene aviso, nos
evangelhos. (Ver Mt 13.9,43; Mc 4.23). No texto de Ap 3.6, a recomendação é
feita a “todas as igrejas”, e se repete nos caps. 2 e 3 por sete vezes. Os
ouvidos de um homem são sua sensibilidade espiritual, e o seu “ouvir” e o uso de
meios espirituais que produzem mudanças em seu íntimo, conforme se vê exigido
nas advertências e promessas anteriores. Daniel nos informa que o castigo caído
sobre a nação israelita era resultado do “não ouvir” a Palavra de Deus enviada
pelos profetas do Senhor. Um dos mais solenes estudos da Bíblia inteira é
aquele concernente ao “ouvido que ouve”.
Dn
9.8 “Porque pecamos contra tf. O velho profeta em sua oração intercessora
continua pedindo a Deus a expurgação do pecado, tanto praticado no presente
como no passado. Daniel conhecia muito bem os males que o grande tirano (o
pecado), tinha causado ao seu povo. Há o pecado congênito, herdado de Adão. Há
ainda o pecado praticado; este é transgressão (Ver 1 Jo 1.9). O primeiro vem no
singular, o segundo no plural. Quanto à prática do pecado, há duas espécies de
pecado: a primeira por comissão. (Ver Tg 1.15). A segunda por omissão. (Ver Tg
4.17). Há pessoas que se exercitam conscientemente na prática do pecado, e, por
conseguinte, são os obreiros da iniqüidade (SI 14.4). Ainda no que diz respeito
aos aspectos maus do pecado, podemos analisar a posição do crente em relação ao
pecado. 1) Somos salvos do pecado, mas não de sua presença que tão de “perto
nos rodeia” (Hb 12.1). 2) Na mudança e transladação dos santos, que se chama “a
redenção do corpo”, seremos para sempre salvos da presença do pecado. (Ver Rm
8.23; 1 Co 15.52, 53).
Dn
9.9 “...a misericórdia e o perdão”. Essa é uma das mais conhecidas palavras da
Bíblia. Isto é, a palavra “perdão”. Toda uma série de expressões, no Antigo e
no Novo Testamento designam o ato de perdão e permitem definir sua natureza. A
expressão mais correta é “remir”, “abandonar” (uma transgressão), em comparação
com a remissão de uma dívida (SI 32.1; Mt 9.2; Lc 7.48). Há as expressões “não
imputar” (Nm 12.11; SI 32.2; Rm 4.8), “cobrir”, como algo que mais não se quer
ver. (Ver SI 85.3; Rm 4.7). Paulo diz que o perdão humano está baseado no
perdão divino: “antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos,
perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef
4.32). Em Mt 26.28, essa palavra é também traduzida por “remissão”; ela
significa “mandar embora”. No Novo Testamento há diversos pontos notáveis. Um
deles é que o pecador perdoado deve também perdoar aos outros. Isso é
manifestado em Lc 6.37, na oração do Pai Nosso, e noutras passagens paralelas.
No texto em foco, porém, Daniel pede a Deus, um perdão de cunho nacional, isto
é, um perdão extensivo à nação como um todo.
Dn
9.10 "... não obedecemos à voz do Senho/’. São muitas as passagens
correlatas da Bíblia, quanto ao assunto da desobediência. 1) Por um lado, esta
revolta dos homens não desconcerta a Deus: os desobedientes não escapam do seu
controle. Deus leva a sério a desobediência deles: Deus não os abandona a si
mesmos: Ele endurece o homem desobediente (Êx 7.3; Jo 12.40). Ele o entrega ao
pecado (Rm 1.24). Porém, muito mais: Deus usa a desobediência do homem, a qual,
em lugar de contrariar a salvação divina, colabora com ela tornando-a
“gratuita”. 2) Por outro lado, Deus prepara o caminho para a vida de uma
humanidade nova, obediente. Ele escolheu Abraão, elegeu Israel, deu sua lei, e,
assim, a “queda” se torna em “elevação” (Comp. Rmcap. 11).
Dn
9.11 “Por isso a maldição”. A maldição é uma palavra pela qual Deus faz cair a
desgraça e a morte sobre o homem ou sobre as coisas, por causa do pecado. A
serpente foi alvo de maldição (Gn 3.14), e até o solo (Gn 3.17 e 5.29), e
também Caim, o fratricida (Gn 4.11): todos esses são malditos. Na boca de um
homem a maldição atrai o julgamento de Deus para o inimigo (Nm 22.6; 23.8; 2 Rs
2.24; Lm 3.65). A cidade de Jericó foi também alvo de maldição por parte de
Josué (Js 6.26), caindo muito depois sobre Hiel, o betelita, e fazendo morrer
seus dois filhos (1 Rs 16.34). Há também aquela dirigida contra o próprio Deus.
(Ver Lv 24.11,15; Jó 2.9). Ela é o pecado por excelência e conduz à morte:
aquele que maldiz a Deus se exclui da aliança e da vida. O mesmo acontece com
aquele que maldiz seus pais, pois é por intermédio deles que Deus lhe deu a
vida (Êx 21.17; Pv 20.20; 30.11), ou com aquele que maldiz o rei, representante
terrestre do rei divino. Morrerá sem misericórdia (1 Rs 21.13, etc). No texto
em foco, Daniel nos diz que a maldição veio a seu povo por causa da desobediência
contra Deus. O homem, por esta razão, foi privado da bênção.
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 166-171.
Oração
de Confissão de Daniel (9.4-14)
Quando
Daniel se engajou nesse ministério da intercessão ele fez o que cada verdadeiro
intercessor deveria fazer. Ele identificou-se com aqueles por quem estava
intercedendo. Os pecados do seu povo eram os seus pecados. A aflição deles era
a sua aflição. O castigo deles era o seu castigo, plenamente merecido. Ele não
se colocou acima do seu povo, julgando-o de uma posição exaltada. E verdade que
Daniel pessoalmente não era um rebelde idólatra contra Deus. Mas ele escolheu
descer ao vale da humilhação onde estava seu povo errante e tomou a culpa e
vergonha deles sobre si. Isso ilustra de forma vívida o estado do nosso Senhor
ao levar sobre si os pecados de um mundo perdido! Quão claramente isso sugere a
todos que entram na comunhão do seu sofrimento que devemos de uma maneira real
identificar-nos com o pecador que apresentamos diante do trono da graça!
Ao
aproximar-se de Deus, Daniel teve uma clara visão da natureza do caráter de
Deus, cuja face buscava. Deus era pessoal e acessível, porque Daniel se dirigiu
a Ele como meu Deus (4). Ele também era soberano e santo, Deus grande e
tremendo. Deus era fiel, que guarda o concerto e a misericórdia para com os que
o amam.
A
confissão de Daniel era mais do que generalizações e chavões. Ele foi
específico ao abrir os horrores do pecado do seu povo. Existe um significado
profundo nos quatro termos hebraicos que Daniel usa para descrever o mal de
Israel. Pecamos (5; chata) significa dar um passo em falso ou afastar-se do que
é justo. Cometemos iniqüidade (’awah) se aprofunda nos motivos; iniqüidade
implica em ser perverso. Procedemos impiamente (rasha’) significa proceder mal
em rebelião contra Deus. Fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos,
serve para reforçar esse terceiro termo. Confusão do rosto (7 e 8) significa
vergonha ou ignomínia.
O
pecado de Israel era muito mais sério do que algum tipo de erro superficial.
Era uma maldade profundamente enraizada que controlava as ações de maneira
perversa. Essa maldade tinha fechado os ouvidos e cegado os olhos e endurecido
os corações do rei e do povo de tal forma que os esforços de Deus para
influenciá-los por meio dos seus servos, os profetas, foram em vão. Deus é
justo e santo. Os homens são maus e corruptos. Deus é misericordioso e
gracioso. O povo é rebelde e teimoso. Os julgamentos de Deus são justos. A
adversidade de Israel é merecida; ela é simplesmente o cumprimento exato do
juramento que está escrito na Lei de Moisés, servo de Deus (11). A maldade do
homem serve para ressaltar a justiça de Deus.
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel.
Editora CPAD. Vol. 4. pag. 533-534.
3.
Daniel reconheceu a justiça de Deus (vv.7,16).
“A
ti, Senhor, pertence a justiça” (9.7). Esta é uma declaração teológica que dá
sustentação à nossa fé. Em relação aos homens, toda
justiça
é relativa, porque nossas justiças são como trapos de imundícia. Porém, em
relação à natureza divina, a justiça de Deus faz parte da sua essência, isto é,
a justiça “é a maneira ou modo pela qual sua essência é expressa para com o
mundo”. A santidade é sua essência, por isso, a justiça é a retidão da natureza
divina que o revela como um Deus justo. Deus sendo Deus, ele é o que ele é, e
não precisa ser nem se esforçar. Quando Daniel confessa e declara que a
“justiça pertence a Deus”está, de fato, proclamando a perfeição dessas
qualidades morais como intrínsecas a Deus. No caso da oração de confissão de
Daniel sobre o seu povo, mesmo que não pudesse entender totalmente a
manifestação da justiça de Deus contra sua gente permitindo sua humilhação e
extradição, Daniel sabia que a justiça de Deus é perfeita. Ele mesmo diz: “A
ti, Senhor, pertence a justiça” (9.7).
“mas
a nós, a confusão de rosto” (9.7). Ora, o que isto quer significar? “Confusão
de rosto” significa “corar de vergonha”, ficar com a cara vermelha de vergonha.
Por quê? Por causa dos pecados enumerados por Daniel e que estavam na sua
memória, tanto para as tribos do norte como as tribos do sul. Todo o Israel,
por causa dos seus pecados foi deportado para fora de sua terra. Porque “a
confusão de rosto”? Na oração, Daniel é específico e diz: “Porque pecados
contra Ti” (9.8). O pecado de Israel em toda a sua dimensão de prevaricação,
desobediência, impiedade, e toda sorte de pecados que afastou Israel dos
mandamentos divinos, provocou a manifestação da justiça de Deus.
“A
solução para o pecado”. “Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o
perdão”(9.9,10). Esta declaração enfática do profeta revela que a justiça de
Deus manifesta-se em ações de misericórdia e perdão. Jeremias contribui com este
conceito, quando diz: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos
consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim”(Lm 3.22). Subtende-se por
estes versículos que Israel não tinha nada que pudesse evitar a punição divina,
senão a misericórdia e o perdão, que são manifestações do caráter de Deus. Não
há nada que justifique Israel dos seus pecados e Daniel sabia disso. Então,
apelou ao caráter de Deus para perdoar e restaurar o seu povo.
(9.11-14)
“Daniel reconhece a soberania de Deus sobre todas as coisas. No versículo 7,
Daniel vê a Deus como Deus justo em sua natureza divina, e no versículo 9, ele
o vê como alguém que sabe perdoar e usar de misericórdia. Nos versículos 10-14,
Daniel mostra os pecados do seu povo e declara que a maldição por isso, trouxe
o exílio, a opressão, a perda de sua terra, a exploração estrangeira e,
permitindo tudo isso, Deus estava ensinando Israel a manter a sua fidelidade
para com Ele.
(9.15-19)
Daniel intercede pelo seu povo e relembra a libertação milagrosa do Egito (v.
15).No versículo 16, ele ora e intercede pela sua cidade de Jerusalém que ficou
sob o domínio dos inimigos estrangeiros. No versículo 17, Daniel ora pela
restauração do Templo de Jerusalém, que foi destruído por Nabucodonosor no ano
586 a. C. Esses versículos revelam a oração de Daniel que se apresenta diante
de Deus sem apelar para própria justiça, mas amparado nas “muitas
misericórdias” de Deus. No versículo 19, Daniel pede a Deus “que não tarde em
responder” a sua oração. Esse pedido é típico do homem em relação a Deus.
Sempre temos pressa em nossa angústia e desejamos respostas imediatas. Mas Deus
não tarda nem se atrasa em suas respostas. Ele é Deus Soberano e absoluto sobre
todas as coisas.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 129-131.
Dn
9.7 "... prevaricaram contra ti’. Numerosas são as palavras com a
significação de pecado, na Bíblia. Se bem que o Antigo Testamento as empregue
facilmente umas pelas outras. (Ver Dt 19.15: a iniqüidade, a falta, o pecado.)
E interessante retomar aos seus significados primários, que nos revelam a
essência bíblica de pecado. Os sábios traduziram a palavra “hamartia” por
pecado, no idioma português, que toma o sentido: 1) Tortuosidade (sentido
próprio). 2) Errar o alvo (sentido religioso). Na Bíblia são numerosos os
“pecadores”, cujas ações são definidas como desvio. Outra palavra corrente para
o pecado vem de uma raiz que significa algo que é “torto” ou “curvo”. No
sentido nacional, é a do presente texto: a nação inteira é tomada como um todo,
na prática do pecado, como por exemplo: “Israel pecou, e até transgrediram o
meu concerto...” (Js 7.11). Mas havia também a prática, mesmo em Israel, no
sentido individual, como por exemplo: “sacerdote... príncipe... congregação...
qualquer outra pessoa...” (Ver Lv capítulo 4). Daniel, em sua oração a Deus,
inclui a nação como um todo.
Dn
9.16 O presente versículo mostra como Daniel se sentia humilhado, aos olhos de
todas as nações, porque o cativeiro de Judá e a não-existência do santuário de
Jerusalém eram interpretados pelas nações como significando que o Deus de Judá
ou Israel não tinha poder, que tudo era uma ilusão. Assim sendo, o fato de o
nome de Deus ter sido desonrado pelas medidas disciplinares que o povo o forçou
a tomar, exige, do apelo vindicado por Daniel, que Deus tome uma providência urgente
a favor do seu povo. O templo do Senhor e a cidade de Jerusalém, tudo estando
em grandes ruínas, era considerado por todo o judeu como “um opróbrio”. (Ver Ne
1). Daniel estava consciente de tudo isso e pediu a Deus que, através da sua
justiça e retidão, tirasse de seus servos esse opróbrio. Quando o povo de Deus
em qualquer tempo ou lugar fracassa, os inimigos zombam! Pois o pecado é o
“opróbrio” das nações, e, se uma “nação santa” como é chamada a Igreja na
simbologia profética, pecar, traz sobre si esse “opróbrio” sombrio da zombaria.
(Comp. 2 Sm 12.14 e ss.).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 168-169; 173-174.
Temos,
nesse capítulo: I. A oração de Daniel pedindo a reintegração dos judeus que
estavam no cativeiro, e na qual ele confessa o pecado, reconhece a presença da
justiça de Deus nas calamidades, e implora as promessas divinas de misericórdia
que o Senhor ainda havia reservado para eles (w. 1-19). II. A resposta recebida
em seguida à sua oração e que foi transmitida por um anjo. Nesta, 1. Ele recebe
garantias sobre a imediata libertação dos judeus do seu cativeiro (w. 20-23).
2. Ele é informado a respeito da redenção do mundo por Jesus Cristo (que o
próprio Daniel estava tipificando), de como seria a natureza dessa redenção, e
quando ela seria realizada (w. 24-27). E essa é a profecia mais clara e
luminosa em todo o Antigo Testamento a respeito do Messias.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 879.
II - DEUS REVELA O FUTURO DO SEU POVO
(Dn 9.24-27)
1.
As setenta semanas (v.24).
“setenta
semanas estão determinadas...” (9.24). A profecia ganha um sentido especial,
porque depois que Daniel descobriu que o profeta Jeremias, seu contemporâneo,
havia profetizado que o exílio de Israel duraria setenta anos, ele entendeu que
esse número tinha um significado especial (Jr 25.11-13; 19.10). Não se tratava
de um tempo aleatório, mas, de fato, significava um tempo especial de anos que
envolveria o seu povo Israel. O número setenta, então, ganha um sentido
escatológico, para significar, na linguagem bíblica, cada dia da semana
significando um ano, e assim, cada semana pode referir-se a um período de sete
anos. Portanto, as setenta semanas compreendem, a 70 x 7 = 490 anos. A contagem
dessas setenta semanas teria o seu início a partir do decreto de Artaxerxes
(445 a.C.). No versículo 24 está escrito que estas semanas “estão determinadas”
por Deus.
A
profecia divide as “setenta semanas” em três períodos distintos. O primeiro
período de “sete semanas”, é equivalente a 49 anos, ou seja, sete períodos de
sete anos. O segundo período seria de sessenta e duas semanas. Subtende-se que
se trata de 62 x 7= 434 anos. Essas sessenta e duas semanas, somadas às sete
primeiras semanas, chegariam ao tempo da restauração de Jerusalém até a vinda
do Messias. O terceiro período implica em “uma semana”, ou seja, sete anos,
quando haverá uma invasão do Anticristo e se iniciará um tempo de tribulação
para Israel. E o período denominado como “o da grande tribulação”(9.27).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 132-133.
Dn
9.24 “Setenta semanas...” Entre os hebreus, em lugar da palavra “semana”
usava-se a palavra “shabua”. Em hebraico “shabua” significa, literalmente, um
“sete”. Pode ter o sentido de um “sete” de dias como também um “sete” de anos.
Precisamente nesta profecia tem o sentido profético de anos e não de dias. (Ver
Nm 14.34 e Ez 4.6). Assim sendo, estas “setenta semanas” são setenta “grupos de
sete anos”, ou seja, 490 anos. A grande profecia das setenta semanas, visava,
não somente ao “povo” mas também à restauração da cidade que se encontrava em
grande ruína. (Ver Ne 1.3). Seis acontecimentos marcantes deviam acontecer no
decorrer das setenta semanas escatoló- gicas: 1) Extinguir a transgressão, em
grego é “anomia”, e significa “violação da lei, desordem, anarquia; declínio
para a margem esquerda ou direita da linha da santidade”; tudo isso Israel
tinha praticado em grau supremo e, segundo o anjo intérprete, esta
“transgressão” na vida da nação israelita não podia ultrapassar a “septuagésima
semana”. 2) Dar fim aos pecados. O termo “pecado”, no grego, é “hamartia”,
significa “tortuosidade” no sentido próprio, e “errar o alvo” no sentido
religioso. Segundo o anjo, o pecado tinha de ser "tirado” da vida da
nação, antes da introdução do reino milenar de Cristo. (Ver Rm 11.26). 3)
Expiar a iniqüidade. O termo “iniqüidade” tem sentido lato, tanto no Antigo
como no Novo Testamento, como por exemplo: “rãshã”, “ponêros”, “athesmos”, etc.
Isso significa “desobediência, insubordinação”. Essa iniqüidade na vida de
Israel seria “expiada”, de acordo com o texto em foco, dentro dos limites das
setenta semanas. Isso porém, não aconteceu por desobediência de Israel, de não
aceitar Jesus como seu Messias. (Ver Jo 1.11). 4) Trazer a justiça eterna. A
“justiça eterna” do presente texto é a “Justiça de Cristo”, que ele ganhou na
cruz. A promessa para Israel é que, antes do reino milenar Cristo será
introduzido no mundo com essa “justiça”, e a nação inteira desfrutará dela em
plenitude. 5) Selar a visão e a profecia. A “profecia” do texto em foco, sem
dúvida, é a das setenta semanas; ela precisava ser selada com seu cumprimento.
Isso terá seu cumprimento em plenitude, quando Deus “restaurar o reino a
Israel”. (Ver At 1.6). 6) Ungir o Santo dos santos. Em algum sentido, todos os
templos, isto é, o de Salomão; o de Esdras; o de Herodes, e o que será usado
pelos judeus descrentes sob a aliança com o Anticristo (Dn 9.27; Mt 24.15; 2 Ts
2.4), e o templo escatológico de Eze- quiel (Ez caps. 40 a 48), todos são
tratados como uma só casa: a “casa de Deus”. Assim, Cristo purificou o “templo
dos seus dias”, embora construído (ou reconstruído) por um usurpador idumeu
(Herodes) para agradar aos judeus. A nova promessa, segundo o anjo, é de que
este “santuário” onde ficava o “Santo dos santos”, será “ungido” por Cristo
antes que as setenta semanas expirem. Todas essas “seis coisas” terão seu
cumprimento pleno com o retorno de Cristo a este mundo com poder e grande
glória, isto é, sete anos após o arrebatamento da igreja deste mundo. (Ver Ap
1.7).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 178-179.
"Setenta
semanas estão determinadas sobre o teu povo..." (9.24). Circunstâncias e
observações sobre a profecia das setenta semanas:
a.
Findaram-se os 70 anos e não ocorria o repatriamento dos judeus. (Ler Daniel
9.2; Jeremias 25.11,12; 29.10.)
b.
Por que 70 anos de cativeiro e nem mais nem menos? Tratava-se de disciplina de
Israel por quebra deliberada dos preceitos divinos exarados em Levítico 25.3-5;
26.14, 33-35; 2 Crônicas 36.21. O cativeiro de Judá foi, em grande parte, fruto
da desobediência dos judeus quanto às palavras do Senhor, acima exaradas. Vemos
na passagem de Levítico que Deus determinou a observância de um ano sabático,
ou de descanso, quando a terra descansava. Isso devia ser observado cada 7
anos. Ora, durante os quase 500 anos que vão da monarquia de Israel ao seu
cativeiro, eles não cumpriram o preceito do Senhor. Resultado: Deus mesmo fez a
terra repousar, mantendo seus maus "inquilinos" fora por 70 anos.
Ora, 70 anos é o total de anos sabáticos ocorridos no espaço de 490 anos.
Deus
lida muito bem com pessoas e nações que quebram as suas leis, mesmo as civis,
como esta que acabamos de mencionar.
c.
As setenta semanas da profecia em foco (9.24-27) são semanas de anos; não de
dias. Eis o porquê disso:
1)
O original não diz "semana", e sim "setes" ("setenta
setes"). Quando se trata de semana de dias, como em Daniel 10.2,3, é
acrescentado, em hebraico, a palavra para dias: "yamin".
2)
É bíblica a expressão "semana de anos". (Ler Levítico 25.8; Números
14.34; Ezequiel 4.7.) Aplicação prática de uma "semana de anos" (Gn
29.20,27).
3)
Os seis ditosos eventos preditos, a respeito de Israel, em 9.24, ainda não se
cumpriram.
4)
Em 9.27, por ocasião da última das setenta semanas, a Bíblia diz: "E ele
fará firme aliança com muitos por uma semana". É algo ridículo um pacto
entre nações por uma semana de dias, quando somente o protocolo e as
celebrações muitas vezes tomam mais de uma semana...
d)
A autenticidade desta profecia (9.24-27) foi atestada por Jesus, em Mateus
24.15, onde ele também mostra que a última das setenta semanas é ainda futura,
uma vez que o fato ali citado por Jesus ainda não ocorreu depois que Ele
proferiu aquelas palavras.
5.
A divisão das 70 semanas em três grupos. A leitura da passagem (w. 24-27)
mostra que as semanas estão divididas em três grupos. Sendo semanas de anos,
totalizam 490 anos. Os três grupos são: um de 7 semanas, um de 62, e um de uma.
Comparando-se
Apocalipse 12.6 com 13.5 vê-se que o ano bíblico ou profético é de 360 dias,
pois 1.260 dias dá 42 meses de 30 dias. Também em Gênesis 7.11 e 8.4 temos a
expressão "cinco meses", e, em 7.24 e 8.3, do mesmo livro, vemos que
esses cinco meses equivalem a 150 dias, ou seja, 5 meses de 30 dias, o que
significa anos de 360 dias na Bíblia. O calendário religioso de Israel era
lunar. A lua nova marcava o início dos meses, sendo essa uma ocasião festiva.
Esse ano era de 354 dias, mas nos fatos gerais e nas profecias era arredondado
para 360 dias. O calendário solar é posterior, e é relacionado com as estações
do ano.
a.
O 1º grupo de semanas - 7 semanas ou 49 anos (v. 25). Esse período começaria
com a expedição do decreto de reconstrução de Jerusalém, o qual foi baixado em
445 a.C. por Artaxerxes Longímano, de acordo com as maiores autoridades no
assunto. O capítulo 2 de Neemias descreve a ocasião desse decreto; Neemias foi
comissionado pelo rei para dar cumprimento a esse ato. De acordo com a profecia
em estudo, no fim dos 49 anos a cidade de Jerusalém estaria reconstruída (ano
397 a.C.)
Houve
dois decretos ligados à reconstrução de Jerusalém, que muitos estudiosos da
Bíblia confundem. Um em 457 a.C., de embelezamento do templo e restauração do
culto, a cargo de Esdras (Ed cap 7). O outro foi o da reconstrução dos muros e,
portanto, da cidade, a cargo de Neemias. É deste que estamos tratando - foi
baixado o ato em 445 a.C. A partir daí, começaria a contagem das setenta
semanas proféticas.
b.
O 2º grupo de semanas - 62 semanas ou 434 anos (vv. 25,26). Nesse período surge
o Messias e é morto. A cidade de Jerusalém é destruída e há guerras até o fim.
Os 434 anos vão de 397 a.C. até os dias da morte de Cristo. Logo depois ocorreu
a destruição de Jerusalém pelos romanos, em 70 d.C. Conforme o versículo 26,
após a morte de Jesus seguiu-se a destruição de Jerusalém. Assim, de acordo com
a profecia (v. 26), o Messias morreria antes da destruição da cidade, o que de
fato ocorreu.
Um
retrospecto histórico do nosso calendário. O nosso calendário, isto é, o que
está em uso entre nós, foi primeiramente organizado por Rômulo, tido como o
primeiro rei de Roma. Tinha dez meses. Numa Pompílio - outro rei de Roma -
acrescentou-lhe dois meses. Júlio César reformou-o posteriormente. Em 526 d.C.
Dionísio elaborou novo calendário, mas enganou-se nos cálculos, resultando num
erro de atraso de quase 5 anos. O ano 33 do atual calendário corresponde ao 29
do calendário correto, mas inexistente. (O limitado escopo deste livro não
permite um tratamento minucioso deste ponto, mas o estudante que ignorar isso
ver-se-á em complicações quando quiser situar a revelação divina no tempo,
quando lidar com os tempos do Novo Testamento.)
c.
O 3º grupo de semanas - o de uma semana, isto é, 7 anos (v.27). Esta semana é
futura. Para ver isso é bastante comparar o versículo 27 com as palavras de
Jesus em Mateus 24.15, que ainda não se cumpriram. Esta última semana não
começará enquanto Israel estiver fora da sua terra, disperso, o que pode ser
visto no versículo 26. No começo deste século, Israel iniciou a volta à
Palestina e continua o retorno enquanto escrevemos estas linhas (março/1983).
Há
um intervalo de tempo entre 69º e a 70º semanas, indicado no versículo 26, pela
expressão "e até o fim". Neste intervalo (que já vai para 2.000
anos), enquanto Israel é rejeitado (ver Lucas 13.34,35), a Igreja é formada e
arrebatada para o Céu. Realmente, à luz de Daniel 9.24, a profecia das Setenta
Semanas nada tem com a Igreja, a não ser indiretamente, como já mostramos, no
caso do intervalo: "e até o fim".
Após
o arrebatamento da Igreja terá início então a 70º semana - os sete anos em que
ocorrerá a Grande Tribulação, a qual é descrita em detalhes em Apocalipse,
capítulos 6 a 18. É assombrosa a precisão da profecia bíblica!
6.
Análise resumida das Setenta Semanas. Essas semanas tratam das provações e
sofrimentos pelos quais Israel terá de passar antes que o seu Libertador
apareça, para que, como diz o final do versículo 24 da profecia em estudo, os
pecados de Israel tenham fim, e para trazer a justiça eterna. Estas
"semanas" não se referem à Igreja, mas a Israel. "Sobre o teu povo
[o povo de Daniel], e sobre a tua santa cidade" (a cidade de Jerusalém -
v. 24).
a.
"Setenta semanas estão determinadas". Terão seu fiel cumprimento,
pois estão determinadas por Deus.
b.
As seis coisas preditas, que estão para acontecer durante as setenta semanas
(ou 490 anos) a Israel: 1) "fazer cessar a transgressão": o tipo de
transgressão do seu povo, que Daniel acabara de confessar em oração. 2)
"dar fim aos pecados". O sentido original é de reter, deter,
restringir. O mesmo vocábulo original é traduzido "tornar inativo" em
Jó 37.7. 3) "expiar a iniquidade". A obra realizada por Cristo no
Calvário operará então em favor de Israel. 4) "trazer a justiça
eterna". Isto terá lugar em Israel pela transformação interior, conforme o
que está escrito em Jeremias 31.33,34. 5) "selar a visão e a
profecia". Quando o povo andar em retidão, abandonando as suas
transgressões, a visão e a profecia podem ser seladas. (Ver Jeremias 31.34.) 6)
"ungir o Santo dos santos". Certamente isto tem a ver com a
purificação do templo de Jerusalém que foi profanado pela "abominação
desoladora" mencionada em Daniel 11.31 e à qual se referiu Jesus em Mateus
24.15.
c.
Estas seis coisas, para terem lugar, necessário se faz que Cristo venha e que
Israel seja restaurado e convertido.
Antônio
Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os
últimos dias. Editora CPAD.
A
revelação das setenta semanas (9.24-27). De modo estranho, a mensagem de
explicação que Gabriel trouxe a Daniel parece não se restringir ao assunto
imediato da oração do profeta. Ele havia refletido acerca da profecia de
Jeremias dos setenta anos e sobre o fato de que o término desse tempo estava
próximo. Esse cumprimento, de fato, ocorreu por intermédio do decreto de Ciro,
não muito tempo depois. Os judeus estavam livres para voltar a Jerusalém. Mas
na mensagem que Gabriel trouxe, mais uma porta de percepção profética se abre
em uma dimensão mais ampla em torno do propósito de Deus, não somente para
Israel, mas para o mundo. Essa dimensão mais ampla de revelação diz respeito à
obra e ao reino do Messias. Esse assunto tinha sido introduzido em visões e sonhos
anteriores, como na grande imagem de Nabucodonosor (2.44-45) e na visão dos
quatro animais por Daniel (7.13-14). Mas aqui a mensagem vem de outro anjo e em
maiores detalhes.
1)
O ministério e o tempo do Messias (9.24-25). Alguns intérpretes limitam o escopo
das setenta semanas ao povo de Israel, à terra da Palestina e à cidade de
Jerusalém. Parece que para essa terra e esse povo há uma relevância especial
nessa mensagem porque a primeira parte da frase diz: Setenta semanas estão
determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade (24). Mas, à medida
que a mensagem se desenvolve, torna-se claro que essa frase tem uma conotação
inclusiva e não exclusiva. O plano de Deus por meio do Messias é, de fato, para
Israel, e os eventos da redenção ocorrem na Palestina e em Jerusalém. Mas na
salvação de Israel está incluída a salvação de todos (Rm 11.1,11-12,25-26).
Porque a salvação somente ocorre por meio de Cristo, quer seja judeu, quer
gentio.
a)
A sêxtupla obra do Messias (24). Dentro da totalidade das sete semanas
simbólicas deve ocorrer uma obra completa de redenção. Parece que em relação ao
tempo, essa obra se estenderá mesmo além das desolações, “até a consumação”
(27), isto é, até o fim desse mundo. Além disso, visto que a chave dessa
passagem é o Messias, é evidente que essa obra é a obra do Messias. Encontramos
seis aspectos da obra de redenção do Messias no versículo 24:
1.
Acabar com a transgressão
2.
Dar fim ao pecado
3.
Operar a reconciliação devido à iniqüidade
4.
Trazer uma justiça eterna
5.
Selar a visão e a profecia
6.
Ungir o Santo dos santos
Os
três primeiros aspectos têm que ver com a conquista do pecado. Os últimos três
têm que ver com os aspectos positivos em completar a redenção; trazer todas as
coisas para todo sempre debaixo do governo justo de Deus; selar a visão e
profecia ao cumpri-las; e ungir o Santo dos santos, o santuário celestial que é
o antítipo do Santo dos santos terreno.
Keil
afirma o seguinte:
Também
devemos associar esse sexto aspecto (ungir o Santo dos santos) ao tempo da
consumação e entendê-lo como o estabelecimento do novo Santo dos santos que foi
mostrado ao vidente santo em Patmos como “o tabernáculo de Deus com os homens”,
no qual Deus habitará com eles, “e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará
com eles e será o seu Deus” (Ap 21.1-3). Nessa cidade santa, não haverá templo,
porque o Senhor, o Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro serão o seu templo e a
glória de Deus a iluminará (22-23). Nela não entrará coisa alguma que contamine
ou cometa abominação (27), porque o pecado então será fechado e selado; lá
habitará a justiça (2 Pe 3.13), e a profecia cessará (1 Co 13.8) com o seu
cumprimento.
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel.
Editora CPAD. Vol. 4. pag. 535-536.
2.
Os três príncipes são mencionados na profecia (vv.25,26).
O
primeiro período contém “sete semanas” equivalentes a 49 anos literais, que
começaram ainda no reino de Artaxerxes, no mês de Nisã (abril) de 445 a.C. O
seu início deu-se a partir “da saída da ordem para restaurar e para edificar a
Jerusalém” (9.25). Nesse período de 49 anos (sete semanas) foram reconstruídos
os muros e a cidade de Jerusalém.
O
segundo período contém “sessenta e duas semanas” equivalentes a 434 anos
literais (9.25). Esse segundo período refere-se ao tempo do fmal da Antiga
Aliança com Israel até a chegada do “Ungido”, o Messias profetizado, revelado,
porém ultrajado e rejeitado pelo seu povo, foi morto e foi cortado (9.26).
O
terceiro período contém apenas “uma semana” equivalente à “sete anos” quando o
3° príncipe”, identificado no Novo Testamento como “Anticristo” “Jarâ uma
aliança com muitos por uma semana” (9.27). Profeticamente, esta “última semana”
complementa as “setenta semanas profetizadas”. Entretanto, uma vez cumpridos os
dois períodos de sessenta e nove semanas, resta, tão somente, a última semana.
Independente das interpretações discordantes, o pensamento pré-tribulacionista,
entende que esse período de “uma semana” chegará ao seu cumprimento após um
intervalo profético entre a 69a e 70a semanas. Esse
intervalo profético é identificado na Bíblia como “o tempo dos gentios” quando
a união entre judeus e gentios formaria um novo povo, a igreja (Ef 2.12-16).
Estamos vivendo esse tempo da igreja (1 Pe 2.9). Outrossim, esse período de
“uma semana” é, também, identificado pelas profecias bíblicas como um tempo de
“grande tribulação”, especialmente, para o povo judeu. Nesse tempo virá “o
assolador”(Anticristo), ou seja, “o homem do pecado”, “o filho da perdição”, o
“anticristo” que virá sobre “a asa das abominações” (Dn 9.27).
A
igreja de Cristo não entrará nessa fase das abominações praticadas pelo “homem
do pecado”, ainda que sintamos os sinais da sombra desse personagem, a igreja
será, antes, arrebatada. Os que esperam entrar na primeira fase da Grande
tribulação esquecem que só se justifica o arrebatamento da Igreja pelo fato de
que ela não conhecerá o anticristo, nem experimentará a força do seu domínio no
mundo (1 Co 15.51,52; 1 Ts 4.14-17).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 134-135.
Dn
9.25 As setenta semanas do capítulo em foco apresentam três divisões
principais, e a última semana está dividida em dois períodos de três anos e
meio cada um.
a)
“Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar
Jerusalém, até o Messias, o Príncipe, sete semanas”. Aqui está o ponto de
partida para a contagem das setenta semanas: a saída da ordem”. São encontradas
duas ordens nesse tempo do cativeiro; a primeira foi promulgada por Ciro, rei
dos persas, e a segunda por Arta- xerxes Longímano. Examinando Esdras 1.2, 3,
fica esclarecido que a primeira “ordem”, dada por Ciro, não foi para “restaurar
e para edificar Jerusalém”, e sim, para edificar o templo. (Ver 2 Cr 36.23; Ed
1.2). É evidente que a “ordem” referida por Gabriel não é a de Ciro e sim, a de
Arta- xerxes, que a promulgou no dia 14 do mês de Nisã (abril) do ano 445 a.C.,
data da ordem para reedificação da cidade Santa (Ne cap. 2): durou “sete
semanas” segundo o calendário profético. Mas a construção levou 49 anos pelo
calendário humano. (A frase 49 anos aparece também em Lv 25.8 com sentido
especial), b) “E sessenta e duas semanas: as ruas (praças) e as tranqueiras
(circunvalações) se reedificarão, mas em tempos angustiosos”. O primeiro
período que começou no ano 445 a.C., terminou em 396 a.C. A partir daí se
iniciaria um novo período que cobriria um lapso de tempo de 434 anos, dando
seqüência ao primeiro que foi de 49 anos. O segundo período que é o das
“sessenta e duas semanas” está ligado ao primeiro que, juntos, somam 483 anos,
tempo esse em que “as ruas e as tranqueiras” seriam reedificadas, "mas em
tempos angustiosos”. Esses tempos sombrios, marcam as atrocidades sofridas por
Israel debaixo do poder dos monarcas selêucidas, e do domínio romano. Dentro
deste período de 69 semanas, (483 anos), um fato notável deveria acontecer: o
nascimento do Messias, o Príncipe, e só depois da morte do Messias é que viria
o terceiro período: uma semana, c) “E ele firmará um concerto com muitos por
uma semana”. Essa terceira divisão seria dividida em duas seções de três anos e
meio cada. Ela se refere ao tempo sombrio da Grande Tribulação. Observemos
agora um cômputo geral das semanas: vejamos desde seu ponto de partida até sua
chegada, no Novo Testamento. A primeira divisão é de 49 anos; a segunda de 434
anos; as duas somam 483 anos. O ponto de contagem dos 483 anos, foi marcado no
ano 445 a.C. Se somarmos os 49 a.C. com os 33 da vida de Cristo, temos apenas,
478 e não 483 anos. Mas é evidente que, 69 semanas não são 478 anos, mas 483. A
predição dizia que o Messias, o Príncipe, seria morto no final das 69 semanas.
(Ver v. 26), e realmente foi o que aconteceu. Cristo morreu, como sabemos, na
69s semana. (Ver Lc 24.44). O nosso calendário atual teve sua origem em
Dionísio Exiguus, abade romano, tendo como ponto de partida a fundação de Roma
em 754 a.C. Segundo os anais da história deste império, na hora da coroação de
Rô- mulo, houve um eclipse lunar; os astrônomos calcularam que esse eclipse
teria ocorrido no ano 750 a.C. Há, portanto, uma diferença de 4 anos não
computados; isso é realmente o que lemos nas margens e rodapés de nossas
Bíblias: 4 anos antes de Cristo. Observemos: de 445 a.C. a 33 d.C. são 478
anos. De 1 a.C. a 1 d.C. é um ano. Este ano, junto aos 478, com mais 4 não
computados, soma exatamente 483 anos; assim, as profecias são imortais e se
combinam entre si em cada detalhe! A 69s semana terminou no dia 10 de Nisã
(abril) - segunda-feira, quando Jesus entrou em Jerusalém montado em um
jumentinho e “chorou sobre ela”. (Ver Lc 19.41). Há apenas uma diferença de 4
dias, em virtude de 483 anos divididos por séculos, teriam 119 anos bissextos,
pois os anos proféticos não marcam décadas, mas séculos. “A duração de um ano
solar é de 365 dias e 1/4. Esta fórmula não se acha primariamente nos livros;
está descrita nos céus, na mecânica celeste que rege os astros. O dia solar por
exemplo, é o espaço em horas e minutos em que a Terra faz uma revolução completa
em torno do seu eixo. A duração exata do dia solar é de 23 horas, 56 minutos, 4
segundos e 9/10 de segundos. Os anos hebraicos são de 12 meses, e os meses são
de 30 dias. Notemos que, tanto os acréscimos em dias como a diminuição em horas
e minutos aqui são significativos; além disso, os anos contados em séculos
absorvem os anos bissextos.
“Em
4 séculos temos um verdadeiro ano bissexto”. (Sir R. Anderson). Com o aumento
de dias em anos, e com a diminuição de horas em dias no que diz respeito à
mecânica celeste, e com a absorção dos anos bissextos pelos séculos, temos os 4
dias computados pela mecânica divina. (Ver Jr 1.12). Deus vela sobre os dias,
horas e meses e anos no cumprimento de suas predições (comp. Ap 9.15).
Dn
9.26 “E depois das sessenta e duas semanas será tirado o Messias”. "... do
príncipe, que há de vir”. Dois príncipes são citados nos versículos 25 e 26; o
primeiro está seu nome escrito com “p” maiúsculo, enquanto que o segundo, com
“p” minúsculo. No versículo 25, o “Príncipe” escrito com “P” maiúsculo é
chamado também, o Messias. No versículo 27, o “príncipe” escrito com “p”
minúsculo é chamado “ele” que fará um concerto com muitos por uma semana. Aí
surge grande dificuldade entre os comentadores, se “ele” aí se refere a Cristo
ou ao Anticristo. “Gramaticalmente falando, poderia referir-se a qualquer um,
porém, a presunção favorece o último por estar mais perto do pronome”. O
primeiro Príncipe (é Cristo) aparecerá dentro das 69 semanas; o segundo, porém,
só na última semana. Observe bem a frase “e o povo do príncipe, que há de vir,
destruirá a cidade e o santuário”. O texto em foco, não diz que “o príncipe”
destruiria a cidade, e sim, o “seu povo”. Essa profecia se refere ao “povo
romano” que destruiu a cidade de Jerusalém no ano 70 d.C. Portanto, o
“Príncipe” (O Anticristo), ainda virá, não para destruir a cidade e o
santuário, mas para o profanar. (Ver 2 Ts 2.4).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 179-182.
Dn
9.25 a. "desde a saída da ordem para restaurar e para edificar
Jerusalém". Aqui temos a indicação do tempo em que começaria a primeira
semana. Essa ordem ou decreto, como já abordamos (Ne 2.1), foi entregue a
Neemias para sua execução no ano 445 a.C.
b.
"até o Messias, sete semanas e sessenta e duas semanas". Isso
totaliza 69 semanas de anos, ou seja, 483 anos. É o tempo que vai da
reconstrução de Jerusalém pelos repatriados até a morte e ascensão do Messias.
Dn
9.26 a. "sessenta e duas semanas". A isso acrescentem-se mais as 7
semanas do versículo 25, com o que perfaz 69 semanas até a morte e ascensão de
Jesus.
b.
"será morto o Ungido". (Ler Isaías 53.8 onde isso é mais bem
explicado.)
c.
"e já não estará". (Ler Mateus 23.39.)
d.
"e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário".
Jerusalém foi destruído no ano 70 d.C.
O
povo que a destruiu foi o romano. Logo, de acordo com as palavras deste
versículo, é de área do antigo Império Romano que deve proceder o futuro
Anticristo. [Essa área incluía a Grécia, que era parte do dito império, bem
como os demais territórios situados em todo o contorno do mar Mediterrâneo.]
e.
"o seu fim". Isto é, o fim da cidade (Jerusalém) e seu santuário ( o
templo). Isso fala de sua destruição no ano 70 d.C., à qual já nos referimos.
f.
"será como num dilúvio". Isto é, será irresistível e esmagador, assim
como foi quando Tito, o general, arrasou a cidade e o povo, com suas tropas.
g.
"e até o fim haverá guerra". Esse tempo indefinido entre as semanas
69? e 70º não é contado como parte delas, como está bem claro mediante o exame
dos versículos 26 e 27. Tal tempo não determinado: "até o fim", já
vai para 2.000 anos! Ê esse o tempo em que a Igreja está sendo constituída,
edificada, e preparada para ser arrebatada da Terra para o Céu. Os eventos
desse tempo não concernem a "teu povo e tua santa cidade" (isto é, de
Daniel). Por que o tempo chamado "até o fim", situado entre a 69ºe a
70º não é contado quanto a Israel? É pelo fato de Israel durante esse tempo
estar fora de sua terra, o que ocorreu após o ano 70 d.C. até 1948. Mas o certo
é que há ainda muitos milhões de judeus fora da Palestina.
Há
na Bíblia outros exemplos de longos intervalos de tempo numa mesma passagem,
como:
Isaías
61.1,2. O ano aceitável do Senhor, e o dia da vingança do nosso Deus. Hão já
decorridos quase 2.000 anos entre esses eventos citados num mesmo versículo.
Isaías
9.6,7. Entre o nascimento do Menino e a época do "Deus Forte" estão
muitos séculos, como bem sabemos pela história.
Gênesis
1.1,2. Entre esses dois versículos devem ter ocorrido muitos milênios.
h.
"Desolações são determinadas". Os tempos do fim serão caracterizados
por guerras e suas misérias.
Antônio
Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os
últimos dias. Editora CPAD.
3.
O intervalo que precede a septuagésima semana (v.27).
Dn
9.27 "... ele firmará um concerto com muitos por uma semana”. Tem sido
afirmado por alguns que o hebraico “he- rith” (aliança), empregado aqui não
pode ser uma “aliança” entre homens, mas tem de referir-se a uma aliança da
parte de Deus. Eles porém, se esquecem de que o mesmo termo hebraico é usado
acerca da aliança entre Acabe e Benadabe. (Ver 1 Rs 20.34), da aliança entre
Efraim e a Assíria. (Ver Os 12.1), e também da aliança entre Antíoco e
Ptolomeu. (Ver Dn 11.22). Essa “aliança” ou “concerto” é o que o profeta Isaías
chama de “concerto com a morte” (Is 28.15), e continua o profeta: “O vosso
concerto com a morte se anulará; e a vossa aliança com o inferno não
subsistirá”. (Ver v. 18). O objetivo do Anticristo neste concerto é
exclusivamente tomar o lugar santo (o templo) e profaná-lo. (Ver 11.31). O
Anticristo se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus (2
Ts 2.4); será esse o momento em que “a abominação da desolação de que falou o
profeta Daniel, está no lugar santo” (Mt 24.15). Os judeus não aceitarão esse
tipo de “abominação” na casa de Deus, e, certamente, reclamarão ao Anticristo;
ele, indignado, “romperá” o concerto com eles, deflagrando uma grande
perseguição. (Ver Mt 24.15-22). Eis a razão, por que, no retorno de Cristo à
terra para exterminar o Anticristo e estabelecer o reino milenar, Ele
purificará novamente o “santuário” e “ungirá o Santo dos santos”, conforme a
profecia.
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 184.
Dn
9.27 Cinco coisas terão lugar durante a última "semana ", os sete
anos de ascendência do Anticristo:
a.
Ele fará uma aliança de peso, com os judeus, por sete anos. Note as palavras da
profecia "fará firme aliança".
b.
A aliança ele (o Anticristo) a quebrará no meio da semana, isto é, decorridos
três anos e meio.
c.
A Grande Tribulação terá início sobre Israel. "Sobre a asa das abominações
virá o assolador".
d.
O Anticristo dominará "até que a destruição... se derrame sobre ele".
e.
Cristo aparecerá para destruir o Anticristo e suas hostes, livrando assim
Israel da destruição total quando toda esperança de salvação estiver perdida,
"até que a destruição que está determinada, se derrame sobre ele".
Isso ocorrerá na batalha do Armagedom.
a.
"Ele". Trata-se do Anticristo.
b.
"fará firme aliança". Deve ser uma falsificação do divino concerto
prometido por Deus em Jeremias 31.31-33.
c.
"com muitos". Uma referência ao povo de Israel, já reunido em sua
terra.
d.
"por uma semana". É a última das Setenta Semanas proféticas, que terá
lugar na terra, após o arrebatamento da Igreja.
e.
"na metade da semana". Isto é, após três anos e meio. (Ler aqui
Daniel 7.24,25; Apocalipse 11.2,3; 12.6,14; 13.5.) Nos últimos três anos e meio
ocorre a Grande Tribulação propriamente dita, de que falou Jesus em Mateus
capítulo 24. Disso também se ocupa o livro de Apocalipse, nos capítulos 11 a
18.
f.
"fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares". Isso demonstra que
o templo de Jerusalém estará então reconstruído. Disso falou Jesus em Mateus
24.15b ("está no lugar santo"). (Ver também 2 Tessalonicenses 2.3,4.)
g.
"sobre a asa das abominações". Esta expressão é de mui difícil
interpretação. O termo "abominação" é muito usado na Bíblia para
significar ídolos. Comparando-se as passagens paralelas de Daniel 11.31; 12.11
e Mateus 24.15, vê-se que se trata de um ídolo que será colocado no Lugar Santo
do templo, que estará então reconstruído. Outras passagens que falam da
reconstrução do templo são 2 Tessalonicenses 2.4 e Apocalipse 11.1-2.
h.
"virá o assolador". Uma referência ao Anticristo.
i.
"até que a destruição, que está determinada se derrame sobre ele".
Essas palavras da profecia referem-se à derrota total e completa do Anticristo
e seus exércitos confederados, ao descer Jesus em glória sobre o monte das
Oliveiras, conforme Zacarias 14.1-5; Mateus 24.30; Atos 1.11; Apocalipse
19.11-16.
Sim,
a última semana culminará com a vinda de Jesus em glória com todos os seus
santos para socorrer Israel, destruir a Besta e seus exércitos, e julgar as
nações.
Virá
em seguida o Milênio, que será uma preparação do mundo por mil anos, sob o
governo de Cristo, seguindo-se o Juízo Final ou do Grande Trono Branco, e o
perfeito Estado Eterno, conforme 1 Coríntios 15.24,25; Apocalipse 20.5,6.
É
com o Milênio que terá início o cumprimento das seis bênçãos de Deus sobre
Israel, preditas no versículo 24 da profecia que estamos estudando.
Antônio
Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os
últimos dias. Editora CPAD.
A
respeito da destruição final de Jerusalém, da congregação judaica, e da nação
judaica. Isso aconteceu imediatamente após a morte do Messias, não só por ser
um justo castigo àqueles que o haviam condenado à morte, que era o pecado que
enchia a medida da iniqüidade deles, e lhes trazia a ruína, mas porque de certa
maneira era necessário ao aperfeiçoamento de um dos grandes objetivos da sua
morte. Ele morreu para colocar um fim à lei cerimonial, para abolir
completamente aquela lei que era repleta de mandamentos, e também para anular a
obrigação de cumpri-la. Mas os judeus não seriam facilmente persuadidos a
abandoná-la. Eles continuaram a mantê-la com mais zelo do que nunca, e não
desejavam sequer ouvir falar em separar-se dela. Eles apedrejaram Estêvão (o primeiro
mártir cristão) por ter dito que Jesus iria mudar os costumes que Moisés lhes
havia entregado (At 6.14). Portanto, não havia outra maneira de abolir a
organização mosaica a não ser com a destruição do templo, da cidade santa e dos
sacerdotes levíticos, inclusive de toda aquela nação por quem eram tão
irremediavelmente amados. Isso foi efetivamente realizado menos de quarenta
anos depois da morte de Cristo, e se tornou uma desolação que até hoje não pôde
ser reparada. E isso é o que foi largamente previsto, que os judeus que
retornaram do cativeiro não poderiam se levantar através da reconstrução da sua
cidade e do templo, porque no decorrer do tempo eles seriam finalmente
destruídos, e não seria como agora que haviam ficado destruídos apenas durante
setenta anos. Eles poderiam, ao invés disso, se regozijar com a esperança da
vinda do Messias e com o estabelecimento do seu reino espiritual nesse mundo. O
reino do Messias jamais será destruído. Então: [1] Aqui foi previsto que o povo
do príncipe que viria seria o instrumento dessa destruição, isto é, os
exércitos romanos que pertenceriam a uma monarquia futura (Cristo é o príncipe
que virá, e esse povo será usado ao seu serviço e formará os seus exércitos,
Mateus 22.7), ou os gentios (que, embora fossem agora estrangeiros, se
transformariam no povo do Messias), e eles destruiriam os judeus. [2] Também
foi previsto que a destruição ocorreria através de uma guerra, e que essa
guerra traria a sua desolação. As guerras dos judeus contra os romanos foram
causadas pela obstinação deles, e eram muito longas e sangrentas. E, por fim,
elas terminaram com o extermínio da nação judaica. [3] De maneira particular, a
cidade e o santuário seriam destruídos e transformados em um deserto. Tito, o
general romano, pouparia o Templo de bom grado. Mas os seus soldados estavam
tão enfurecidos contra os judeus que ele não conseguiu impedir que o Templo
fosse reduzido a cinzas. E assim se cumpriu a profecia. [4] Toda a resistência
preparada para evitar essa destruição seria inútil, e o fim aconteceria como
uma inundação. Seria o dilúvio da destruição, igual àquele que havia varrido o
velho mundo. Nenhum ser humano seria capaz de deter tamanha destruição. [5]
Dessa maneira, cessariam todos os sacrifícios e ofertas. E precisariam mesmo
cessar, porque todos os sacerdotes haviam sido eliminados, e os seus
descendentes tinham ficado muito confusos. Pois (diziam eles) não existia
nenhum homem no mundo que pudesse provar que era da semente de Arão. [6]
Haveria uma difusão de abominações, uma corrupção geral da nação judaica, e uma
abundância de iniqüidades, tudo isso aconteceria entre eles. Por isso ela se
tornaria uma desolação (1 Ts 2.16). Também poderíamos entender que se tratava
dos exércitos romanos que eram abomináveis aos judeus (eles não conseguiriam
suportá-los) e se espalharam pela nação. Através deles, a nação se tornou uma
desolação. Essas foram as palavras de Cristo, registradas em Mateus 24.15.
Quando vissem a abominação da desolação, mencionada por Daniel, que estaria no
lugar santo, seria necessário que aqueles que estivessem na Judéia fugissem, e
isso é explicado em Lucas 21.20. E quando vissem Jerusalém cercada por
exércitos, então eles deveriam fugir. [7] Essa desolação seria total e final:
Ele a tornará desolada, até que seja completamente consumida. Isto é, Ele a
tornará completamente desolada. Essa destruição já havia sido determinada e
seria levada a um nível máximo. E, quando se tornasse desolada, parece que
alguma coisa mais havia sido determinada, e seria derramada sobre os desolados
(v. 27). Seria o espírito de um profundo sono (Em 11.8,25), de uma cegueira que
tomaria conta de Israel até que a plenitude dos gentios tivesse entrado. E,
então, todo o povo de Israel seria salvo.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 889.
Dn
9.27 Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana. Os defensores do ponto
de vista sobre o primeiro advento 19.24-27, nota) compreendem que o "Ungido"
"fará firme aliança", ou seja, poria em execução seu ministério
público.
Entretanto. os defensores do ponto de vista do
segundo advento postulam um intervalo de tempo entre os vs. 26-27.
compreendendo que o "príncipe" faria "firme aliança" com
muitos. Além disso. eles interpretam que o "príncipe" será o
anticristo o qual estabelecerá uma aliança com o povo judeu. reunido no
território de Israel durante um período de "tribulação" (12.1; Mt
24.21; Ap 7.14) de sete anos la septuagésima "semana").
cessar
o sacrifício. De acordo com os defensores do ponto de vista do primeiro advento
(924-27, nota). isso se refere ao término do sistema de sacrifícios do Antigo
Testamento. por motivo da morte de Cristo. De conformidade com os defensores do
ponto de vista do segundo advento. há aqui uma referência à proibição.
determinada
pelo anticr'rsto. do "sacrifício e a oferta de manjares" ! talvez representando
a prática religiosa em geral) pelo povo judeu reunido após três anos e meio IAp
11.2; 12.6, 14) do período da tribulação.
o
assolador. De acordo com o ponto de vista do primeiro advento 19.24-27, nota).
isso descreve a destruição de Jerusalém, ocorrida em 70 a.C. De acordo com o
ponto de vista do segundo advento. ·isso descreve uma catástrofe que atingirá a
cidade de Jerusalém em conexão com as atividades do anticristo. Frases semelhantes
a "asa das abominações" ocorrem em Dn 8.13; 11.31; 12.11 Inatas).
bem
como em 1Macabeus1.54. Dn 8.13 e 1Macabeus1.54 são claras referências às
atividades de Antíoco IV. Jesus refere-se a essa "abominação" em sua predição
de eventos futuros IMt 24.15; Me 13.14).
Bíblia de Estudo de
Genebra.
Editoras Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 999.
III - OS PROPÓSITOS DA SEPTUAGÉSIMA SEMANA (Dn 9.27)
1.
Revelar o “homem do pecado” (2 Ts 2.3).
O
versículo 27 nos obriga a reconhecer que nem Antíoco Epifânio, nemTito têm
cumprido os terríveis presságios da declaração dessa escritura do v. 27. As
ações realizadas neste versículo não correspondem ao personagem do versículo
26. Na realidade, a predição do versículo 27 remonta a uma época escatológica.
A
escritura começa com o pronome “ele” (v. 27). Quem? Que personagem será esse? O
personagem é identificado, também, como “o rei de cara feroz”;“o chifre
pequeno” que surge do “animal terrível e espantoso”, representando o império
romano. Do ressurgimento desse antigo império romano surgirá “o príncipe
romano” (Dn 7.25). Esse personagem é, também, identificado na linguagem do Novo
Testamento como “o anticristo” (1 Jo 2.18; 4.3) e como “a Besta que saiu do
mar”(Ap 13.1). O personagem é apresentado numa linguagem figurada mas a sua
existência será literal. Ele será um líder mundial que chamará a atenção das
nações da terra pela inteligência que demonstrará na diplomacia e na astúcia
política.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 135.
2
Ts 2.3 A chegada do dia do Senhor se dará “como o ladrão de noite” (1 Ts 5.2);
mesmo assim, alguns eventos deverão precedê-lo. O dia final do Senhor não virá
sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado. Esta
“apostasia” ou rebelião será uma revolta enorme contra Deus. Ela poderá começar
entre aqueles que crêem em Deus e se espalhar entre todas as pessoas que se
recusam a aceitar Cristo. Assim, ela incluirá os judeus que abandonaram a Deus
e alguns membros da igreja cuja fé é apenas simbólica. Embora a rebelião contra
Deus pareça bastante difundida hoje, à medida que a vinda de Cristo se
aproxima, esta apostasia e oposição ativa contra Deus irá se intensificar. Durante
a apostasia, um homem fora do comum virá a público. Ele terá considerável poder
de Satanás e personificará o mal. Ao longo de toda a história, determinados indivíduos
personificaram o mal e foram hostis a tudo o que Cristo representa (veja 1 Jo 2.18;
4.3; 2 Jo 7). Estes “anticristos” viveram em todas as gerações, e outros como
eles irão continuar a realizar o mal. Então, pouco antes da segunda vinda de Cristo,
“o homem do pecado”, um homem completamente maligno, surgirá. Ele será um
instrumento de Satanás, equipado com o poder de Satanás (2.9). Este homem irá
se opor à lei, tanto às leis morais de Deus quanto às leis civis. Ele promoverá
a imoralidade e a anarquia. Este homem “sem lei” e iníquo será o Anticristo. Ele
estará no mundo e entáo alcançará poder e notoriedade. Este fato é demonstrado
pela palavra “manifeste”. O livro do Apocalipse fala de uma “besta” que
simboliza o Anticristo (Ap 13.5-8). A besta simboliza o Anticristo — não
Satanás, mas alguém sob o poder e o controle de Satanás (veja também Ap 16.13 e
19.20, onde ele é o segundo membro da falsa trindade). O mal de Satanás irá
culminar em um Anticristo final, um homem que irá concentrar todos os poderes
do mal contra Jesus Cristo e seus seguidores, trazendo destruição. Mas até
mesmo este homem, com todo o poder que terá, estará, em última análise,
condenado à destruição (veja Ap 20.10).
Deus
ainda reina e a sua vitória é certa. O iníquo será destruído, mas náo antes que
Deus o use de acordo com os propósitos divinos. Durante este período de grande rebelião
e apostasia, será demonstrada toda a extensáo da maldade, e a rebelião contra
Deus será exibida em todo o seu horror e feiúra. Sempre,
em meio a todo o sofrimento, em todos os tempos. Deus está atraindo as pessoas a
si, chamando-as ao arrependimento. Isto irá continuar durante estes últimos
dias.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 465.
Uma
revelação desse homem do pecado (v. 3): o anticristo surgirá dessa apostasia
geral. O após tolo mais tarde fala da revelação do iníquo (v.
8), mencionando a revelação que deveria ser feita da sua iniquidade, para a sua
destruição. Parece que aqui ele fala da sua ascensão, que deveria ocorrer na
apostasia geral que o apóstolo havia mencionado, e menciona que toda sorte de
doutrinas falsas e corrupções se concentrariam nele. Grandes discussões
ocorreram ao longo da história em relação a quem de fato é e o que se tenciona
com esse homem do pecado e filho da perdição: e, se não está claro que são o
poder e a tirania papal que estão principalmente ou unicamente planejados aqui,
uma coisa é certa: O que foi dito aqui está exatamente de acordo com isso.
Observe: 1. Os nomes dessa pessoa, ou melhor, o estado e o poder aqui
considerado. Ele é chamado de o homem do pecado, para indicar sua
extraordinária iniquidade. Não somente ele é dedicado ao mal e o pratica, mas
também promove, encoraja e comanda o pecado e a iniquidade em outros; e ele é o
filho da perdição, porque ele mesmo está dedicado à destruição certa e é o
agente para destruir muitos outros, tanto o corpo quanto a alma. Por esses
motivos, esses nomes podem ser aplicados adequadamente ao estado papal.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 675-676.
A
IGREJA DE Tessalônica cometeu dois sérios equívocos acerca da doutrina da
segunda vinda de Cristo. Ambos perigosos e de conseqüências danosas. Quais foram
esses equívocos?
1.
O equívoco de marcar datas quanto à segunda vinda de Cristo (2.1,2).
Alguns
crentes de Tessalônica estavam sendo enredados pelo engano, pensando que a
vinda de Cristo já havia acontecido. Eles fixaram uma data e na mente deles essa
data já havia chegado.
Paulo
já havia ensinado a igreja sobre a segunda vinda (iTs 2.19) e a necessidade de
estar preparado para ela (1Ts 5; 1-11), mas eles confundiram a vinda súbita com
uma vinda imediata. O problema dos tessalonicenses não era a questão da demora da
parousia, mas, sim, sua crença de que estava esmagadoramente iminente.
E
bem provável que após a leitura da primeira carta de Paulo à igreja, alguns
intérpretes fantasiosos tivessem chegado a essa equivocada interpretação e
perturbado a igreja com suas conclusões. O verbo “perturbar” sugere ser agitado
num vento tempestuoso, e é usado metaforicamente para ficar tão perturbado a
ponto de perder sua compostura e bom senso normais. É ficar transtornado pela
notícia. O erro doutrinário traz perturbação em vez de edificação e consolo.
Sempre que alguém tenta administrar essa agenda que pertence à economia da
soberania de Deus cai em descrédito e colhe decepção. Somente Deus conhece esse
Dia.
2.
O equívoco de não observar os sinais da segunda vinda de Cristo (2.3). Se por
um lado não podemos marcar datas acerca do dia da segunda vinda de Cristo, por
outro, não podemos fechar os olhos aos seus sinais. O apóstolo pontua para a
igreja que a segunda vinda de Cristo não acontecerá sem que primeiro venha a
apostasia e seja manifestado o homem da iniqüidade.
Dois
sinais precederão a segunda vinda de Cristo: a. A apostasia (2.3). A palavra
grega apostasia significa queda, caída, rebelião, revolta. Trata-se de uma
apostasia final que ocorrerá imediatamente antes da parousia. Essa apostasia
será uma intensificação e culminação de uma rebelião que já começou, pois o
mistério da iniqüidade já opera no mundo.^^® O fato de que o Dia do Senhor será
precedido pela apostasia também já fora claramente predito pelo Senhor no Seu
sermão profético (Mt 24.10-13). O que é apostasia? Como podemos entendê-la?
Concordo com a descrição de Howard Marshall: Apostasia é uma palavra utilizada
no grego secular para uma revolta política ou militar e era usada na
Septuaginta para a rebeldia contra Deus (Js 22.22; 2Cr 22.19; 33.10; Jr 2.19).
Em especial, referia-se ao desvio da Lei. Nos últimos dias a oposição dos
homens a Deus, bem como a imoralidade e a iniqüidade crescerão grandemente (Mt 24.12;
2Tm 3.1-9). Estas coisas estão associadas com um aumento de guerras entre as
nações (Mt 13.7,8) e com a atividade de falsos profetas e mestres (Mc 13.22;
ITm 4.1-3; 2Tm 4,3,4).
William
Hendriksen alerta para o fato de que a apostasia futura de modo algum ensina
que os que são genuínos filhos de Deus “cairão da graça”. Tal queda não existe
(2.13,14). Significa, porém, que a fé dos pais - fé a qual os filhos aderem por
algum tempo de uma maneira meramente formal será afinal e completamente abandonada por
muitos dos filhos. O mesmo escritor ainda
diz: “O uso do termo apostasia aqui em 2Tessalonicenses 2.3, sem um adjetivo
adjunto coloca em realce o fato de que, de modo geral, a Igreja visível
abandonará a fé genuína”.
b.
O aparecimento do homem da iniqüidade (2.3). O movimento de apostasia chegará
ao seu apogeu quando seu líder maior, o arquioponente de Deus, o homem da iniqüidade,
for revelado. Esse homem da iniqüidade, também chamado de “o filho da perdição”
e “o iníquo” é uma designação paulina do anticristo. Assim como Jesus terá Sua
revelação, apocalipse, também o anticristo terá sua manifestação. Isso enfatiza
o caráter “sobre-humano” da pessoa mencionada, pois a coloca como contraparte
da revelação do próprio Senhor Jesus Cristo.
O
texto que estamos considerando foca sua atenção na pessoa, na atividade e na
derrota do anticristo. William Barclay entende que estamos diante de uma das
passagens o anticristo, o inimigo consumado de Deus e da Igreja mais difíceis
de todo o Novo Testamento. Vamos, agora, examinar mais detidamente esse tema.
Sua
identidade revelada (2.3)
A
palavra anticristo significa um cristo substituto ou um cristo rival. O prefixo
grego anti pode significar duas coisas: “contrário a” e “no lugar de”. Antonio
Hoekema diz, portanto, que a palavra “anticristo” significa um cristo substituto
ou um cristo rival. Assim, o anticristo é ao mesmo tempo um cristo rival e um
adversário de Cristo.
Satanás
náo apenas se opõe a Cristo, mas também deseja ser adorado e obedecido no lugar
de Cristo. Satanás sempre desejou ser adorado e servido como Deus (Is 14.14; Lc
4.5-8). Um dia produzirá sua obra-prima, o anticristo, que levará o mundo a
adorá-lo e acreditar em suas mentiras. No livro de Daniel o anticristo é
representado inicialmente não como uma pessoa, mas como quatro reinos (leão,
urso, leopardo e outro animal terrível), numa descrição clara dos impérios da
Babilônia, Medo-persa, Grego e Romano (Dn 7.1-6,17,18). Outro símbolo do
anticristo no livro de Daniel é Antíoco Epifânio, que profanou o templo, quando
o consagrou ao deus grego Zeus e mais tarde sacrificou porcos em seu altar (Dn
7.21,25). No ensino de Jesus, o anticristo é visto como o imperador romano
Tito, que no ano 70 d.C. destruiu a cidade de Jerusalém e o templo (Mt
24.15-20), bem como um personagem escatológico (Mt 24.21,22). A profecia
bíblica vai se cumprindo historicamente e avança para a sua consumação final
(Mt 24.15-28).
Nas
cartas de João o termo anticristo é empregado em um sentido impessoal (IJo
4.2,3). Ele se referiu também ao anticristo de forma pessoal. Mas João vê o
anticristo como uma pessoa que já está presente, ou seja, como alguém que representa
um grupo de pessoas. Assim, o anticristo é um termo utilizado para descobrir
uma quantidade de gente que sustenta uma heresia fatal (IJo 2.22; 2Jo 7). João
fala ainda tanto do anticristo que virá quanto do anticristo que já está
presente. Assim, João esperava um anticristo que viria no tempo do fim. Os
anticristos são precursores do anticristo (IJo 2.28). Para João, o anticristo
sempre esteve presente nos seus precursores, mas ele se levantará no tempo do
fim como expressão máxima da oposição a Cristo e Sua Igreja.
Na
teologia do apóstolo Paulo, o anticristo é visto como o homem do pecado (2.3).
Ele surgirá da grande apostasia (2.3); será uma pessoa (2.3), será objeto de
adoração (2.4), usará falsos milagres (2.9), só pode ser revelado depois que aquilo
e aquele que o detém for removido (2.6,7) e será totalmente derrotado por
Cristo (2.8).
Seu
caráter descrito (2.3,8)
Paulo
não usa o termo anticristo nesta carta. Essa designação é utilizada no Novo
Testamento apenas por João (IJo 2.18,22; 4.3; 2Jo 7). Mas esse é o nome pelo
qual identificamos o último grande ditador mundial que Paulo chama de “homem da
iniqüidade”, “filho da perdição” (2.3), aquele que “[...] se opoe a Deus”
(2.4), aquele que se exalta acima de todos os demais (2.4), que se proclama Deus
(2.4), também chamado de “iníquo” (2.8). Vamos examinar três aspectos do
caráter do anticristo: 1. Ele é o homem da iniqüidade (2.3). Vale pontuar que o
anticristo escatológico não é um sistema nem um grupo, mas um homem. Toda a
descrição apresentada por Paulo é de caráter pessoal. O homem da iniqüidade “se
opõe”, “se exalta”, “se assenta no templo de Deus”, “proclama a si mesmo como
Deus”, e será “morto”. À luz de 2Tessalonicenses 2.3,4,8 e 9 podemos afirmar
com sólida convicção que Paulo está fazendo uma predição exata acerca de uma pessoa
certa e específica que se manifestará e que receberá sua condenação quando
Cristo voltar.
vMguns
eminentes teólogos como Benjamim Warfield defenderam a tese de que o homem da
iniqüidade deveria ser identificado como a linhagem de imperadores romanos, como
Calígula, Nero, Vespasiano, Tito e Domiciano. John Wyclif, Martinho Lutero e
muitos outros líderes da Reforma defenderam a tese de que o papa era o
anticristo. A Confissão de Fé de Westminster é categórica neste ponto: Não há
outro Cabeça da Igreja senão o Senhor Jesus Cristo. Em sentido algum pode ser o
papa de Roma o cabeça dela, senão que ele é aquele anticristo, aquele homem do
pecado e filho da perdição que se exaltava na Igreja contra Cristo e contra
tudo o que chama Deus (XXV. vi).
William
Hendriksen, destacado escritor reformado, entretanto, discorda dessa
interpretação, dizendo que o papa pode ser chamado “um anticristo”, um entre
muitos dos precursores do anticristo final. Em tal pessoa o mistério da iniqüidade
já está em operação. Chamar, porém, o papa de o anticristo é algo que contraria
toda a sã exegese. O anticristo é o homem sem lei que viverá e agirá na absoluta
ilegalidade. Ele será um transgressor consumado da lei de Deus e dos homens.
Será um monstro absolutista. A palavra grega anomia, iniqüidade, descreve a
condição de quem vive de modo contrário à lei. Ele é a própria personificação da
rebelião contra as ordenanças de Deus. O homem da iniqüidade realizará os
sonhos de Satanás sobre a terra, liderando a mais ampla e mais profunda
rebelião contra Deus em toda a História.
William
Hendriksen coloca esse fato com clareza; É importante observar, que assim como
a apostasia não será meramente passiva, mas ativa (não meramente negação de
Deus, mas também uma rebelião contra Deus e Seu Cristo), assim também o homem
da iniqüidade será um transgressor ativo e agressivo. Ele não leva o título de
“homem sem lei” por jamais ter ouvido a lei de Deus, e, sim, porque publicamente
a despreza!
2.
Ele é o filho da perdição (2.3). Não apenas seu caráter é sumamente corrompido,
mas seu destino é claramente definido. Ele procede do maligno e se destina
inexoravelmente à perdição. Ele é um ser completamente perdido e designado para
a perdição. Ele será lançado no lago de fogo (Ap 19.20; 20.10). A palavra grega
“perdição”, traz a idéia de que o anticristo está destinado a ser destruído.
3.
Ele é o iníquo (2.8). A palavra grega anomos, traduzida por “iníquo”, significa
ilegal, iníquo, aquele que vive ao arrepio da lei. O anticristo será um homem
corrompido em grau superlativo. Ele será inspirado pelo poder de Satanás e terá
um caráter tão perverso quanto o daquele que o inspira. Podemos afirmar,
acompanhado por uma nuvem de testemunhas, de que o conceito de Paulo sobre o
anticristo procede da profecia de Daniel. Observemos os seguintes pontos: 1) O
homem da iniqüidade (2.3 - Dn 7.25; 8.25); 2) O filho da perdição (2.3 - Dn
8.26); 3) Aquele que se opõe (2.4 - Dn 7.25); 4) E que se exalta contra tudo
[que é] chamado Deus ou é adorado (2.4 - Dn 7.8,20,25; 8.4,10,11); 5) De modo
que se assenta rio santuário de Deus, proclamando a si mesmo como Deus (2.4 -
Dn 8.9-14).
LOPES. Hernandes Dias. 1 e 2 Tessalonicenses. Como se preparar para a
segunda vinda de Cristo. Editora Hagnos. pag. 175-181.
2.
A Grande Tribulação (Mt 24.15,21).
O
texto diz que “ele fará uma aliança com muitos por uma semana” (9.27). Será, na
verdade, uma aliança que Ele fará com Israel. O texto diz: “com muitos”,
indicando que ele não terá a unanimidade do apoio israelense, mas o suficiente
para se impor com sua liderança política, que inicialmente alcançará sucesso e
aceitação. Sua força política será notada e reconhecida no estabelecimento de
um sistema político, alavancado e apoiado pelo velho mundo, a Europa, ou seja, o
antigo império romano ressurgido. Os três primeiros anos e meio, a metade da
semana, serão marcados pela quebra do pacto feito entre esse Líder e Israel, e
se iniciará um grande período de sofrimento, perseguição e morte em Israel. Na
interpretação pré-tribulacionista. A igreja já não estará na terra, porque
antes, ela será arrebatada e estará com Cristo na sua glória nos céus.
Portanto, a igreja não entrará na Grande Tribulação. Ela não estará na terra,
quando o Anticristo fizer o acordo com Israel (Dn 9.27). A Tribulaçao diz
respeito ao mundo de então e a Israel especialmente.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 136.
Mt 24.15,16 Jesus
advertiu contra a procura de sinais, mas como uma parte final da sua resposta à
segunda pergunta dos discípulos (24.3) Ele lhes falou do evento definitivo que
iria significar a destruição vindoura.
A abominação da
desolação se refere à profanação do Templo pelos inimigos de Deus. Mateus
insiste para que os seus leitores entendam as palavras de Jesus à luz da
profecia do profeta Daniel, no Antigo Testamento (veja Dn 9.27; 11.31; 12.11).
O primeiro cumprimento
da profecia de Daniel aconteceu em 168 a.C., com Antíoco Epifânio, quando ele
sacrificou a Zeus um porco no altar do Templo sagrado e fez do judaísmo uma
religião ilegal, punível com a morte. Isto incitou a guerra dos macabeus.
O segundo cumprimento aconteceu
quando se concretizou a predição de Jesus sobre a destruição do Templo (24.2).
Dentro de poucos anos (70 d.C.), o exército romano iria destruir Jerusalém e
profanar o Templo.
Com base em 24.21, o
terceiro cumprimento ainda está por acontecer. As palavras de Jesus se referem
ao final dos tempos e ao anticristo.
No final dos tempos, o
anticristo irá cometer o sacrilégio final, colocando uma imagem de si mesmo no
Templo e ordenando a todos que a adorem (2Ts 2.4; Ap 13.14,15).
Muitos dos seguidores de
Jesus estariam vivos durante a época da destruição de Jerusalém e do Templo, em
70 d.C. Jesus advertiu os seus seguidores para que saíssem de Jerusalém e da
Judéia e fugissem para os montes, cruzando o rio Jordão, quando vissem o Templo
sendo profanado. Isto provaria ser para a sua proteção, pois quando o exército
romano invadisse, a nação e a sua cidade principal seriam destruídas.
Mt 24.21 Jesus avisou
sobre fugir rapidamente porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve
desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais. Grandes
sofrimentos aguardavam o povo de Deus nos anos que se seguiriam. O historiador judeu
Josefo registrou que quando os romanos saquearam Jerusalém e devastaram a
Judéia, cem mil judeus foram levados prisioneiros, e um milhão e cem mil
pessoas morreram assassinadas ou de fome. As palavras de Jesus também indicam,
em última análise, o período final de tribulações no fim dos tempos, porque nada
como isto já terá sido visto, ou será visto novamente. Ainda assim, a grande
tribulação é aliviada por uma grande promessa de esperança para os crentes
verdadeiros.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 142.
Mt
24.15 1. Os romanos trarão “a abominação da desolação” ao “lugar santo” (v. 15).
Considere que: (1) Alguns entendem que uma imagem, ou estátua, colocada no
Templo por alguns dos governantes romanos, e que era muito ofensiva aos judeus,
os levou a se rebelarem, e desta maneira trouxe a desolação sobre eles. A
imagem de Júpiter (um dos deuses do Olimpo), que Antíoco mandou colocar sobre o
altar de Deus, é chamada Bdelygma eremoseos - A abominação da desolação, a
mesma palavra usada aqui pelo historiador (1 Macabeus 1.54). Desde o cativeiro
na Babilônia, nada era, nem poderia ser, mais desagradável para os judeus do
que uma imagem no lugar santo, como se pode perceber pela poderosa oposição que
eles fizeram quando Calígula se ofereceu para colocar a sua estátua ali, o que
teria tido conseqüências fatais, se não tivesse sido evitado, e a questão
apaziguada, pelo comportamento de Petrônio. No entanto, Herodes colocou a
imagem de uma águia sobre a porta do Templo e, dizem alguns, a estátua de Tito
foi colocada dentro do Templo. (2) Outros preferem explicar isso com o trecho
paralelo (Lc 21.20): “quando virdes Jerusalém cercada de exércitos”. Jerusalém
era a cidade santa, Canaã era a terra santa, e o monte Moriá, que está próximo de
Jerusalém, pela sua proximidade com o Templo, era, de uma maneira especial,
considerado solo sagrado; o exército romano estava acampado na região ao redor
de Jerusalém, e isto teria sido a abominação que produziu a desolação. A terra
de um inimigo é considerada como “a terra de que te enfadas” (Is 7.16), de modo
que um exército inimigo, para um povo fraco, mas voluntarioso, pode perfeitamente
ser chamado de abominação. Diz-se que isto se refere a Daniel, que falou mais
claramente do Messias e do seu reino que qualquer outro dos profetas do Antigo
Testamento. Ele fala de uma “abominação desoladora”, o que seria feito por
Antíoco (Dn 11.31; 12.11), mas isto a que se refere o nosso Salvador nós temos
na mensagem trazida pelo anjo (Dn 9.27) do que aconteceria no final de setenta
semanas, muito tempo depois da anterior; pois com o aumento das abominações,
ou, como diz a anotação na margem, com os exércitos abomináveis (o que
esclarece a profecia),/Ele trará a desolação. Exércitos de idólatras podem ser
chamados de exércitos abomináveis; e alguns pensam que os tumultos,
insurreições, facções e sedições abomináveis, na cidade e no Templo, podem,
pelo menos, ser interpretados como parte da abominação causando desolação.
Cristo lembra aos discípulos a profecia de Daniel, para que eles possam ver
como a destruição da sua cidade e do seu Templo foi mencionada no Antigo
Testamento, o que confirmaria a sua predição e, ao mesmo tempo, removeria a ira
da sua profecia. Da mesma maneira, eles poderiam, a partir de então, começar a
contar o tempo logo depois da morte do Messias, o príncipe. O pecado cometido
quando os judeus o rejeitaram e a certeza da destruição são uma desolação
determinada. Assim como Cristo, pelos seus preceitos, confirmou a lei, também
pelas suas predições Ele confirmou as profecias do Antigo Testamento, e isto
será útil para a comparação de ambas.
Tendo
sido feita referência a uma profecia, que normalmente é obscura, Cristo insere
este lembrete: “Quem lê, que entenda” . Aquele que lê a profecia de Daniel,
compreenda que ela deverá se cumprir então, dentro de pouco tempo, na
destruição de Jerusalém. Observe que aqueles que lêem as Escrituras, devem se
esforçar para entendê-las, caso contrário a sua leitura terá pouco propósito.
Nós não podemos utilizar aquilo que não compreendemos. Veja Jo 5.39; At 8.30.
O
anjo que trouxe esta profecia a Daniel o estimulou para que a conhecesse e
entendesse (Dn 9.25). E nós não devemos perder a esperança de entender, nem mesmo
as profecias obscuras; a maior profecia do Novo Testamento é chamada de
“revelação”, e não de segredo. Agora as coisas reveladas pertencem a nós; portanto,
elas devem ser investigadas com humildade e diligência. Também podemos
compreender não apenas as Escrituras que falam dessas coisas, mas pelas
Escrituras devemos compreender os tempos (1 Cr 12.32). Observemos e prestemos
atenção; assim alguns interpretam isso. Que nos asseguremos de que, apesar das esperanças
vãs com as quais as pessoas iludidas se alimentam, os exércitos abomináveis
trarão desolação.
Mt
24.21 Os grandes problemas que se seguiriam imediatamente (v. 21): “Haverá,
então, grande aflição”; então, quando a medida da iniqüidade está completa;
então, quando os servos de Deus estão selados e protegidos, então vem os
problemas. Nada pode ser feito contra Sodoma até que Ló tenha chegado a Zoar, e
então podemos procurar fogo e enxofre imediatamente. “Haverá, então, grande
aflição”. Grande, realmente, quando dentro da cidade as pragas e a fome se
enfureceram, e (pior do que qualquer coisa) houve facção e divisão, de modo que
a espada de cada homem estava contra o seu companheiro. Foi então, e ali, que
as mãos das mulheres desprezíveis esfolaram os seus próprios filhos. Fora da
cidade, estava o exército romano, pronto para engoli-los, com uma ira especial
contra eles, não somente como judeus, mas como judeus rebeldes. A guerra foi o
único dos três julgamentos dolorosos de que Davi foi isento. Mas seria isso o
que destruiria os judeus. E houve fome e pestes extremas, além da guerra.
(História das Guerras dos Judeus), de Josefo, contém mais passagens trágicas do
que, talvez, qualquer outra história.
(1)
Foi uma desolação incomparável, “como nunca houve desde o princípio do mundo
até agora, nem tampouco haverá jamais”. Muitas cidades e reinos foram
desolados, mas nenhum com uma desolação como essa. Os pecadores ousados não
devem pensar que Deus fez o pior que podia fazer. Ele pode aquecer a fornalha
sete vezes e ainda outras sete vezes mais quente, e o fará, quando
vir abominações maiores e ainda maiores. Os romanos, quando destruíram
Jerusalém, estavam destituídos da honra e da virtude dos seus ancestrais, o que
tornou as suas vitórias mais fáceis de serem obtidas. E a determinação e
teimosia dos próprios judeus contribuíram muito para o aumento da tribulação.
Não é de admirar que a destruição de Jerusalém tenha sido uma destruição sem
paralelos, quando o pecado de Jerusalém foi um pecado sem paralelos - a
crucificação de Cristo por eles. Quanto mais próximo alguém está de Deus, em profissão
de fé e privilégios, maior e mais grave será o julgamento divino sobre tal
pessoa, se usar mal os seus privilégios, e for falso à sua profissão de fé (Am
3.2).
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag.315; 317-318.
A GRANDE TRIBULAÇÃO
Mt
24.21. “Porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve desde o
princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais.”
Começando
com 24.15, Jesus trata de sinais especiais que ocorrerão durante a grande
tribulação (as expressões “grande aflição”, de 24.21, e “grande tribulação”, de
Ap 7.14, são idênticas no grego).
Tais
sinais indicam que o fim dos tempos está muito próximo (24.15-29). São sinais
conducentes à, e indicadores da volta de Cristo à terra, depois da tribulação
(24.30,31; cf. Ap 19.11–20.4).
O
maior desses sinais é “a abominação da desolação” (24.15), um fato específico e
visível, que adverte os fiéis vivos durante a grande tribulação de que a vinda
de Cristo à terra está prestes a ocorrer. Esse sinal-evento, visível,
relaciona-se primeiramente com a profanação do templo judaico daqueles dias em
Jerusalém, pelo Anticristo (ver Dn 9.27 nota; 1Jo 2.18; ver o estudo O PERÍODO DO
ANTICRISTO). O Anticristo, também chamado o homem do pecado, colocará uma
imagem dele mesmo no templo de Deus, declarando ser ele mesmo Deus (2Ts 2.3,4;
Ap 13.14,15).
Seguem-se
fatos salientes a respeito desse evento crítico.
(1)
A “abominação da desolação” marcará o início da etapa final da tribulação, que
culmina com a volta de Cristo à terra e o julgamento dos ímpios em Armagedom
(24.21,29,30; ver Dn 9.27; Ap 19.11-21).
(2)
Se os santos da tribulação atentarem para o fator tempo desse evento (“Quando,
pois, virdes”, 24.15), poderão saber com bastante aproximação quando terminará
a tribulação, época em que Cristo voltará à terra (ver 24.33 nota). O decurso
de tempo entre esse evento e o fim dos tempos é mencionado quatro vezes nas
Escrituras como sendo três anos e meio ou 1260 dias (ver Dn 9.25-27; Ap 11.1,2;
12.6; 13.5-7).
Por
causa da grande expectativa da volta de Cristo (24.33), os santos daqueles dias
devem acautelar-se quanto a informes afirmando que Cristo já voltou. Tais
informes serão falsos (24.23-26). A “vinda do Filho do homem” depois da
tribulação será visível e conhecida de todos os que viverem no mundo (24.27-30;
Ap 1.7).
Outro
sinal que ocorrerá, então, será o dos falsos profetas que, a serviço de
Satanás, farão “grandes sinais e prodígios” (24.24).
(1)
Jesus admoesta a todos os crentes a estarem especialmente alerta para discernir
esses profetas, mestres e pregadores, que se declaram cristãos sendo falsos,
porém apesar disso, operam milagres, curas, sinais e maravilhas e que
demonstram ter grande sucesso nos seus ministérios. Ao mesmo tempo, torcerão e
rejeitarão a verdade da Palavra de Deus.
(2)
Noutra parte, as Escrituras admoestam os crentes a sempre testarem o espírito
que atua nos mestres, líderes e pregadores (ver 1Jo 4.1 nota). Deus permite o
engano acompanhado de milagres, a fim de testar os crentes no tocante ao seu
amor por Ele e sua lealdade às Sagradas Escrituras (Dt 13.3). Serão dias
difíceis, pois Jesus declara em 24.24, que naqueles últimos tempos o engano religioso
será tão generalizado que será difícil até mesmo para “os escolhidos” (i.e., os
crentes dedicados) discernirem entre a verdade e o erro.
(3)
Quem entre o povo de Deus não amar a verdade será enganado. Não terá mais
oportunidade de crer na verdade do evangelho, depois do surgimento do
Anticristo (ver 2Ts 2.11 nota).
Finalmente,
a “grande tribulação” será um período específico de terrível sofrimento e
tribulação para todos que viverem na terra. Observe:
(1)
Será de âmbito mundial (ver Ap 3.10 nota).
(2)
Será o pior tempo de aflição e angústia que já ocorreu na história da
humanidade (Dn 12.1; Mt 24.21).
(3)
Será um tempo terrível de sofrimento para os judeus (Jr 30.5-7).
(4)
O período será controlado pelo “homem do pecado” (i.e., o Anticristo; cf. Dn
9.27; Ap 13.12; ver o estudo O PERÍODO DO ANTICRISTO).
(5)
Os fiéis da igreja de Cristo recebem a promessa de livramento e “escape” dos
tempos da tribulação (ver Lc 21.36 nota; 1Ts 5.8-10; Ap 3.10 nota).
(6)
Durante o período da tribulação, muitos entre os judeus e gentios crerão em
Jesus Cristo e serão salvos (Dt 4.30,31; Os 5.15; Ap 7.9-17; 14.6,7).
(7)
Será um tempo de grande sofrimento e de perseguição pavorosa para todos quantos
permanecerem fiéis a Deus (Ap 12.17; 13.15).
(8)
Será um tempo de ira de Deus e de juízo seu contra os ímpios (1Ts 5.1-11; Ap
6.16,17).
(9)
A declaração de Jesus de que aqueles dias serão abreviados (24.22) não pressupõe
a redução dos três anos e meio, ou 1260 dias preditos. Pelo contrário, parece
indicar que o período é tão terrível que se não fosse de curta duração a
totalidade da raça humana seria destruída.
(10)
A grande tribulação terminará quando vier Jesus Cristo em glória, com sua noiva
(Ap 19.7,8,14), para efetuar o livramento dos fiéis remanescentes e o juízo e
destruição dos ímpios (Ez 20.34-38; Mt 24.29-31; Lc 19.11-27; Ap 19.11-21).
(11)
Não devemos confundir essa fase da vinda de Jesus, no fim da grande tribulação,
com a sua descida imprevista do céu, em 24.42-44 (ver notas sobre estes
versículos, que tratam da vinda de Jesus, na sua fase do arrebatamento dos
crentes), a qual ocorrerá num momento diferente do da sua volta final, no fim
da tribulação.
(12)
O trecho principal das Escrituras que descreve a totalidade da tribulação de
sete anos de duração é encontrado em Ap 6–18.
STAMPIS. Donald C. (Ed) Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e
Novo testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
3.
Revelar a vitória gloriosa do Messias.
Jesus
Cristo, o Messias prometido, se revelará de modo especial na sua vinda pessoal
e visível sobre o Monte das Oliveiras (Zc 9.9,10).Ele virá e instalará um reino
de paz e harmonia no mundo, desfazendo por completo o Anticristo, o falso
profeta e ao próprio Diabo (Ap 19.19-21). Na Grande Tribulação, os juízos de
Deus serão manifestos sobre Israel, mas na vinda pessoal, Israel será
restaurado e governará com Cristo por mil anos (Ap 20.2,5).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 136.
Ap 19.19 Esta besta é a
mesma que tinha vindo do mar (capítulo 13; veja o comentário ali). Os reis da
terra referem-se aos “dez chifres” que João tinha visto na besta (veja 13.1),
e, muito provavelmente, o seu número simboüza todos os reis da terra que
prometem lealdade ao Anticristo. Com o derramar da sexta taça da ira de Deus,
“espíritos de demônios, que fazem prodígios... vão ao encontro dos reis de todo
o mundo para os congregar para a batalha, naquele grande Dia do Deus
Todopoderoso... no lugar que em hebreu se chama Armagedom” (16.14-16). O
capítulo 16 nos deu uma prévia daquilo que estava por vir e de como viria; o
capítulo 19 descreve o evento propriamente dito. Aqui, o versículo 19 fala da congregação
para a batalha do Armagedom.
A besta e os reis da
terra e seus exércitos retmiram-se para fezerem guerra àquele que estava
assentado sobre o cavalo (Cristo) e ao seu exército (os redimidos). As linhas
da batalha tinham sido traçadas, e o maior confronto da história mundial estava
prestes a acontecer.
Ap 19.20 Os dois
exércitos posicionaram-se um de frente para o outro - a besta e todos os reis
da terra versus o Cavaleiro do cavalo branco e o seu povo redimido. De repente,
a batalha tinha se acabado. Náo houve luta, pois, em um segundo, o fim tinha
chegado. Não havia necessidade de uma batalha, porque a vitória tinha sido
obtida séculos antes, quando o Cavaleiro do cavalo branco. Cristo, tinha
morrido em uma cruz.
Naquela ocasiáo,
Satanás tinha sido derrotado; aqui, no Armagedom, ele é finalmente despido de
todo o seu poder. A besta de Satanás (o Anticristo, descrito em 13.1-10) foi
presa, juntamente com o seu falso profeta, que tinha enganado os que receberam
o sinal da besta.
Isto está descrito em
13.11-18. A besta e o íàlso profeta foram presos e lançados vivos no ardente
lago de fogo e de enxofre. Este é o destino final de todos os ímpios. Neste
ponto, entretanto, somente estes dois seres iníquos receberam esta puniçáo.
Este lago é diferente do abismo mencionado em 9.1; ele é mencionado em 14.10,11
e 19.3. Há diversas declarações a respeito de poderes espirituais e pessoas
sendo lançados no lago de fogo. Aqui, o Anticristo e o falso profeta foram
lançados no lago ardente. A seguir, o seu líder, o próprio Satanás, será
lançado naquele lago (20.10), e finalmente a morte e o inferno também serão lançados
ali (20.14). Depois disto, aqueles cujos nomes não estáo escritos no Livro da
Vida seráo atirados no lago de fogo (20.15).
Ap 19.21 Com os dois
líderes presos (a besta e o falso profeta), o exército ficou abandonado pata ser
destruído. Cristo, com a espada que saia da sua boca (19.15), mata todo o
exército de reis e soldados rebeldes com um único ataque mortal. A sua espada
do julgamento atinge e destrói tudo. As aves de rapina, que tinham sido chamadas
anteriormente pelo anjo (19.17,18), se fartaram das carnes dos mortos. Como náo
havia sobrado ninguém da batalha para sepultar estes mortos, eles foram
abandonados para que as aves de rapina os devorassem.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 907-908.
A Derrota do Anticristo
e de seus Exércitos (Ap 19.19-21)
"E vi a besta, e
os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra àquele que
estava assentado sobre o cavalo, e ao seu exército. E a besta foi presa, e com
ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou os que
receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados
vivos no ardente lago de fogo e de enxofre. E os demais foram mortos com a
espada que saía da boca do que estava assentado sobre o cavalo, e todas as aves
se fartaram das suas carnes."
As aves de rapina são
chamadas (Ap 19.17) numa antecipação do desfecho da batalha. Elas estarão
prontas e esperando o Anticristo entrar no grande vale ao sul de Nazaré. Este
lugar já foi designado em Apocalipse 16.16 como Armagedom, o monte ou a colina
de Megido que, em hebraico, significa "o lugar de rebeliões unidas".
Há os que o definem como "a cidade ou monte de matança". O profeta
Joel (3.12) designou o lugar como "o vale de Josafá", ou seja:
"o vale onde Jeová julga".
Megido não é o vale
referido em Zacarias 14.4,5, onde Jesus aparecerá quando de sua volta em toda
sua glória. Seus pés pisarão o monte das Oliveiras, que será rachado em duas
partes, uma metade se movendo em direção ao norte, e a outra em direção ao sul,
deixando um grande vale entre o Leste e o Oeste. Depois, aparentemente, irá Ele
locomover-se em direção a Megido. (Megido é também o nome do vale de Taanaque
(Jz 5.19), que é a Planície de Esdrelom. Foi neste lugar que Débora e Baraque
derrotaram os cananeus. Foi aqui que Josias foi morto por Faraó-Neco, rei do
Egito (2 Rs 23.29). Não foram poucas as batalhas travadas no vale do Megido).
João vê ainda o
Anticristo acompanhado pelo seu falso profeta e os "reis e outros
governadores da terra", cujos exércitos haviam sobrevivido à Grande
Tribulação. Por haverem se submetido ao Anticristo (Ap 17.13), estes reis
finalmente são chamados, e ajuntam-se aos espíritos demoníacos. Os exércitos de
todas as nações unem-se sob a bandeira do Anticristo para desafiar a Cristo que
estará acompanhado por todos seus verdadeiros seguidores.
As agências demoníacas
fazem, nesta hora, exatamente o que Deus quer; preparam-se para a guerra (Jr
25.32,33; Sf 3.8; Zc 14.2,3; Ap 16.12,16). A guerra termina com a derrota do
Anticristo e de seus exércitos, mas o julgamento divino afetará todo o resto do
mundo (Jr 25.29-33).
Muitos falsos mestres
ensinam que o bem gradualmente triunfará sobre o mal; que uma melhor educação
trará a paz e a prosperidade ao um mundo. Até mesmo alguns crentes apegam-se a
certas promessas bíblicas que falam de amor e esperança, achando que o mundo
mudará antes da volta de Cristo. Sem dúvida, haverá bom solo para receber a
palavra de Deus. Haverá arrependimento e mudança de vidas até o tempo da volta
de Jesus (At 3.19). Mas é totalmente oposta ao ensino bíblico a suposição de
que todos os seres humanos serão eventualmente salvos. Pelo contrário: quase
todo o mundo, nesta hora, seguirá o Anticristo, e há de tomar a marca da besta.
Consequentemente, quando Jesus voltar para reinar, será necessário, antes de
mais nada, julgar os que aqui tiverem ficado.
Embora o capítulo 19 de
Apocalipse não descreva esta grande batalha, a aparência de Cristo sobre o
cavalo branco há de confundir os exércitos do Anticristo (Ap 6.15-17). A
batalha é de pouca duração. O Anticristo e o Falso Profeta serão imediatamente
presos.
O Falso Profeta é o
último de uma longa fila de falsos cristos e profetas que vêm operando enganos
e mentiras (Mt 24.24). Seus milagres haviam enganado os que levavam a marca da
Besta. Com os seus feitos, conseguia enganar a muitos (2 Ts 2.9,10; Ap
13.13-15), mas nada disto o ajuda a escapar. Juntamente com o Anticristo, é
lançado vivo no "lago de fogo que arde com enxofre". Embora o lago de
fogo tenha sido preparado para Satanás e seus anjos, esses seus dois agentes
nele perecerão.
Satanás não é lançado
imediatamente no lago de fogo (Ap 20.10). Somente o será depois do Milênio.
Quando isto acontecer, lá encontrará o Anticristo e o Falso Profeta. Os demais
ímpios serão afiançados após o juízo do grande trono branco (Ap 20.15). O lago
de fogo é o destino final dos ímpios.
No Novo Testamento, há
três palavras traduzidas como "inferno" - hades, tártaro e geena.
Hades é usado para referir-se ao estado intermediário, onde os ímpios vão
quando morrem (Mt 11.23; 16.18; Lc 10.15; 16.23; At 2.27,31; Ap 1.18; 6.8;
20.13,14). As vezes, é usado para traduzir a palavra hebraica "sheol"
do Antigo Testamento. "Tártaro" é praticamente sinônimo de
"hades", porque também é um estado intermediário entre a vida e o
juízo, do qual não há retorno ou possibilidade de mudança (2 Pe 2.4).
"Geena", entretanto, é o estado final, "inferno", ou
"fogo de inferno" (Mt 5.22,29,30; 10.28; 18.9; 23.15,33; Mc
9.43,45,47; Lc 12.5; Tg 3.6) e refere-se ao "lago de fogo".
"Geena" foi o
nome aramaico para o vale de Hinon, onde eram oferecidas crianças em holocausto
a Moloque. No Novo Testamento, "geena" tinha se tornado o lugar da
queima de lixo. Jesus usou-a por causa do seu fogo intenso e contínuo, como um
tipo do julgamento divino, e fez deste nome um sinônimo para o fogo do castigo
eterno.
Para os outros
seguidores do Anticristo, também não há escape. O remanescente dos reis da
terra e seus exércitos são mortos. Jesus usará a "espada de sua
boca", isto é: falará a palavra de Deus e a "espada do juízo divino"
matará a todos. Estes são os povos que rejeitaram o Evangelho pregado a
"toda nação, tribo, língua e povo" pelo primeiro dos três anjos do
capítulo 14 durante a Grande Tribulação. Todos os mortos no Armagedom já haviam
tido a oportunidade de ouvir o Evangelho. Mas por haverem rejeitado a Cristo,
foi-lhes permitido cair em completo engano para que creiam na mentira, e para
que sejam julgados todos os que não creram na verdade (2 Ts 2.11,12). Pelo seu
modo de viver, já haviam esgotado qualquer possibilidade de herdar o Reino de
Deus (1 Co 6.9-11; G1 5.21).
Mais uma vez, João
chama a atenção às aves de rapina que agora estão fartas com as carnes dos
mortos. Finalmente, não se encontra mais ninguém sobre a terra para impedir o
estabelecimento do reino milenial de Cristo.
HORTON. Stanley. M. Serie Comentário Bíblico Apocalipse As coisas que Brevemente devem acontecer. Editora CPAD.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
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