INTEGRIDADE EM TEMPOS DE CRISE
É possível ser íntegro em meio à
corrupção? É possível sujeitar-se a Deus quando ao nosso redor estamos cercados
de exemplos contrários ao ideal divino? Estas são as perguntas norteadoras
desta sétima lição.
A história
O capítulo seis de Daniel revela que o
profeta fora colocado como um alto oficial do Império de Babilônia no governo
de Nabucodonosor e, posteriormente, Dario o assentara como líder de governo do
império Medo-Persa. Dario dividiu a escala de poder do império Medo-Persa da
seguinte maneira: três príncipes supervisionavam os 120 presidentes
constituídos nas províncias do império (w. 1,2). Daniel era um dos príncipes.
Mas entre os três o profeta se destacara.
Os príncipes e os presidentes armaram
uma cilada política envolvendo a religião do império. Não podiam sujar o
caráter de Daniel nas esferas sociais, morais e políticas, então os príncipes e
presidentes do império usaram a religião para atingir a vida de Daniel. O
plano: durante trinta dias quem dirigisse uma prece a Deus ou a um homem seria
lançado na cova dos leões. Ainda assim, o profeta Daniel não alterou a sua
rotina. Todos os dias, Daniel dirigia-se para uma sala no andar superior da sua
casa, onde se punha de joelhos para orar (além de ajoelhar-se, os judeus
ficavam de pé com as mãos erguidas para o céu e também prostravam-se como
diante de Deus). Até que foi denunciado pelos seus colegas de governo e Daniel
condenado a cova dos leões.
Política e Religião
A história da humanidade registra
testemunhos contundentes acerca da mistura entre a religião e a política. A
exemplo dos inimigos de Daniel, muitos usaram a religião para se beneficiarem
politicamente. Eles não criam em nada: no culto que praticavam e no deus que
diziam servir. Apenas usavam e abusavam desses expedientes da religião com o
fim de colocar os seus interesses políticos em primeiro lugar. A história da
igreja confirma a tragédia do Corpo Institucional de Cristo quando se misturou
o poder temporal e o espiritual. "O meu Reino não é deste mundo"
disse Jesus.
A Igreja Católica Romana perdeu-se no
caminho por se achar detentora do poder temporal do "Sacro Império
Romano". Algumas Igrejas Protestantes se amalgamaram com o Estado. Vide a
divisão da Anglicana, Luterana e Reformada na Europa! O que dizer das igrejas
brasileiras envolvidas com a política partidária?
Revista Ensinador
Cristão.
Editora CPAD. pag. 39.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O
relato do capítulo 6 de Daniel é uma história que obedece a organização
cronológica na cabeça do escritor, por isso, os fatos dessa história acontecem
dentro do segundo império depois da Babilônia, de Nabucodonosor. Assume o reino
o novo império, com dois aliados da Média e da Pérsia e passou identificado
como o reino medo-persa, inicialmente, com Dario, o medo, de 522 a 486 a.C.
Neste tempo, Daniel não era um jovem quando iniciou-se o governo do novo reino.
Já haviam se passado, aproximadamente, 60 anos e Daniel estava com mais de 80
anos de idade e ainda gozava de prestígio e confiança no novo reino.
Porém,
a história do capítulo 6 é um testemunho pessoal de Daniel. É uma história que
destaca o valor da integridade moral e espiritual em meio à corrupção que
dominava o coração de alguns políticos do novo reino medo-persa. Daniel era um
ancião respeitado, não só pela idade avançada, mas pela história de fidelidade
aos demais monarcas, desde Nabucodonosor. Desde jovem, quando fora como exilado
judeu para a Babilônia até o início do novo império (medo-persa) haviam se
passado uns 60 anos. Durante todo esse tempo Daniel foi leal aos reis que
passaram e nunca se descuidou de sua relação com o seu Deus.
Diferente
dos outros homens do palácio, Daniel era um homem que tinha a lealdade como um
princípio de vida. Sabia ser fiel e leal aos seus chefes sem trair seus valores
morais e espirituais. Sua integridade moral chamava a atenção e causava inveja
dos outros príncipes dentro do palácio. “A vida de Daniel prova que um homem
pode ser íntegro tanto na adversidade como na prosperidade”, como escreveu
Hernandes Dias Lopes, em seu Comentário de Daniel. O sábio Salomão citou um
provérbio que retrata a pessoa de Daniel, quando diz: “A integridade dos retos
os guia; mas, aos pérfidos, a sua mesma falsidade os destrói”(Pv 11.3 —ARA).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 89-90.
“A
lição desta história é a lição da lealdade aos mandamentos de Deus sobre a fé
religiosa. Ele sempre honrará os que observarem -fielmente esses preceitos. A
religião consiste não somente nas observâncias públicas, mas também nas devoções
particulares. No cativeiro, os judeus tinham poucas oportunidades de realizar a
parte pública de suas práticas cúlticas. Portanto, as devoções pessoais e
particulares tiveram de ocupar o lugar da devoção pública. Potentados
poderosos, ou mesmo grupos de pessoas, que manobravam o Estado ocasionalmente esforçaram-se
por interferir na fé particular... Antioco Epifânio fez precisamente isso (ver
I Macabeus 1.42; II Macabeus 6.6). No entanto, Deus pode intervir e realmente
intervém em favor dos que permanecem fiéis. Ele pode humilhar e realmente
humilha governantes poderosos” (Arthur Jeffery, in loc.).
Este
relato bíblico também tem por finalidade assegurar-nos que os judeus, embora
oprimidos, foram ajudados por Yahweh e exaltados a despeito dos ataques pagãos.
Os deuses e a idolatria pagã não podiam igualar tais feitos, pelo que o
paganismo saiu derrotado, enquanto o judaísm o foi exaltado, por meio das seis
histórias do autor sagrado (Dan. 1-6).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3397.
A INTEGRIDADE PARECE SER Uma virtude em
extinção. Vivemos uma crise de integridade sem precedentes no mundo. Mudam os
governos, mudam os partidos, mudam as leis, mas a corrupção continua instalada
em todos os segmentos da política nacional e internacional. As CPIs destampam
os esgotos nauseabundos de contínuos atos de corrupção nos corredores do poder,
em que transitam desavergonhadamente as ratazanas esfaimadas que mordem sem piedade
o erário público. Os escândalos se multiplicam. Políticos sem escrúpulo se
abastecem das riquezas da nação e deixam os pobres de estômago vazio.
Há falta de integridade na família.
A fidelidade conjugal está ameaçada. A
multiplicação dos divórcios por motivos banais é proclamada como uma conquista.
O Brasil realizou, com ufanismo, a maior parada gay do mundo, com 1,5 milhão de
pessoas, em São Paulo, no ano de 2004, sob os aplausos de eminentes políticos
da nossa nação.
Há falta de integridade moral nos vários
segmentos da sociedade. A integridade está ausente na escola, no namoro, no
casamento, no comércio, na vida financeira, nas palavras e nos acordos
firmados, nos palácios e até nas igrejas. Rui Barbosa, o grande tribuno
brasileiro, chegou mesmo a vaticinar que chegaria o tempo em que os homens
teriam vergonha de ser honestos. Esse tempo chegou.
A história, porém, nos mostra que em meio à
corrupção há pessoas que se mantêm íntegras. O homem não é produto do meio como
pensava o filósofo John Locke. Há abundantes exemplos dignos de serem seguidos
nessa área da integridade. O jovem José, do Egito, foi íntegro ao preferir a
prisão à liberdade do pecado. O profeta Jeremias preferiu a prisão à
popularidade. João Batista, o precursor de Jesus, por ser íntegro, preferiu
perder a cabeça a perder a honra.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 79-80.
O
versículo final do capítulo 5 e o primeiro versículo do capítulo 6 nos
introduzem ao novo governo. Embora Ciro fosse o conquistador, Dario, o medo, é
apresentado como o monarca no poder na Babilônia. Parece que a política de Ciro
era deixar a administração do governo nas mãos de outros, enquanto seguia em
frente com novas conquistas.
Durante
muitos anos um dos problemas cruciais do livro de Daniel tem sido a identidade
de Dario, o medo, o filho de Assuero (5.31; 9.1). A história secular não
fornece nenhum tipo de ajuda para solucionar esse problema. O mesmo se podia
dizer de Belsazar, até que as inscrições cuneiformes começaram a revelar seus
segredos. Josefo acreditava que Dario era filho de Astiages, conhecido pelos
gregos por outro nome.13 Isso significaria que ele era neto de Ciaxeres, o
grande aliado medo de Nabucodonosor.
Alguns
têm tentado identificar Dario com Gobrias, o general do exército de Ciro que
venceu a Babilônia. Acredita-se que seu reinado foi breve. Mas, sua morte
dentro de dois meses após a captura da Babilônia dificilmente apoiaria essa
teoria.
Em
seu livro Darius the Mede (Dario, o medo), John C. Whitcomb oferece fortes
indícios que identificam Dario, o medo, com um Gubaru, cujo nome estava
separado nos registros cuneiformes. Esse Gubaru é chamado de “Governador da
Babilônia e do Distrito Além do Rio”. Debaixo da autoridade de Ciro, Gubaru
nomeou governadores para governar com ele na ausência de Ciro, que residia por
longos períodos em sua capital em Ecbatana. Gubaru recebeu um poder
praticamente ilimitado sobre a imensa satrapia da Babilônia. Mesmo no governo
de Cambises, o filho de Ciro, Gubaru continuou a exercer sua autoridade.
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel.
Editora CPAD. Vol. 4. pag. 518.
I - DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO EM UM MEIO POLÍTICO CORRUPTO (Dn
6.1-6)
Depois da conquista medo-persa, Dario, era um
tipo de vice-rei de Ciro, da Pérsia. Entretanto, foi Dario, um rei sobre o
reino, especialmente, sobre os caldeus. O poder de mando era maior com Ciro, da
Persia que era rei sobre todo o império, e vários textos bíblicos comprovam
esse fato (Is 44.21—45.5; 2 Cr 36.22,23; Ed 1.1-4). Independente da discussão
sobre quem reinava, de fato, é o nome de Dario que aparece no início do
capítulo 6.
Mais de 60 anos já se
haviam passado desde que Daniel e seus companheiros foram levados para o
Palácio da Babilônia. Eram jovens que, naquela época, demonstraram integridade
na sua crença no Deus Vivo e não se corromperam com as ofertas palacianas.
Agora, com 85 a 90 anos, aproximadamente, já era um ancião experimentado que
tinha ganhado a confiança dos reis que passaram por aquele reino. Estava agora,
no início do segundo Império, o medo-persa, sob o comando desses dois reis,
Dario, o medo e Ciro, da Pérsia. Daniel, por alguma razão especial continuou a
gozar da confiança do novo rei, especialmente, na Babilônia.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 90.
1.
Dario reorganiza o governo e delega autoridade administrativa (Dn 6.1-3).
“Pareceu
bem a Dario” (6.1). Coube a Dario a tarefa de governar o Império Babilónico que
estava em crise política desde os tempos de Belsazar.
Dificuldades administrativas enormes se avolumavam e Dario, inteligentemente,
colocou os negócios do império nas mãos de 120 “sátrapas”, ou seja, 120 homens
especiais que cuidariam de vários assuntos do império.
Esses
sátrapas eram, de fato, presidentes nomeados e delegados para dirigir os
negócios do reino, e Dario os submeteu à liderança de três príncipes, entre os
quais, Daniel (6.2).
Logo
Daniel se destacou entre todos porque Dario percebeu que havia nele “um
espirito excelente”(6.3). Daniel gozava da confiança do rei e estava apto a
servir os interesses do reino com lealdade. De algum modo, os outros
presidentes souberam que Dario pretendia constituí-lo com autoridade sobre todo
o reino (Dn 6.3). Essa possibilidade causou ciúmes e invejas dos demais que se
fizeram inimigos de Daniel.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 90-91.
Dn
6.1 Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino. O autor sacro recupera aqui o
fio de Dan. 5.31, e agora nos diz como Dario, o medo, perpetrou um ato abominável
contra o profeta Daniel, instigado pelas classes governantes invejosas do
“cativo de Judá" que tinha subido tão alto no favor divino. Foi Dario I
quem estabeleceu satrapias (isto é, províncias), cada qual com seu governador.
Mas Dario aqui é o medo referido em 5.31, onde apresento notas expositivas.
Em
Dan. 5.31 e no artigo mencionado, discuto os problemas históricos que circundam
o Dario deste texto.
A
divisão do pais em satrapias foi descrita por Heródoto [Hist. III.89-94), que afirmou
que Dario I dividiu o reino em vinte divisões. Essa mesma informação figura em
inscrições da época. As tradições judaicas, no entanto, aumentam esse número
para 127 divisões (ver Est. 1.1; 8.9). Josefo então aumentou o número das
satrapias para 1201 (A ntiq. X.11.4). É provável que os judeus usassem o
termo
“satrapias” em um sentido mais amplo do que faziam os persas. Note o leitor que
o vs. 1 deste capítulo dá o número judaico de 120 satrapias.
Dn
6.2,3 E sobre eles três presidentes. “Uma das primeiras responsabilidades de Dario
foi reorganizar o reino da Babilônia recentemente conquistado. Eie nomeou 120
sátrapas (cf. Dan. 3.2) para governar o reino e colocou-os sob as ordens de três
administradores, um dos quais era Daniel. Os sátrapas eram responsáveis diante
dos três presidentes ou administradores, talvez 40 sátrapas para cada presidente.
Daniel foi um adm inistrador extraordinário, em parte por causa de sua experiência
de 39 anos sob Nabucodonosor (ver Dan. 2.48). Assim sendo, Dario planejava
torná-lo responsável pela administração do reino inteiro. Isso, naturalmente, criou
atrito entre Daniel e os outros administradores e os 120 sátrapas" (J. Dwight
Pentecost, in loc.).
Daniel
tinha um “espírito excelente”, provável alusão a como o espirito dos deuses
(segundo a term inologia pagã) estava com ele (ver Dan. 4.8,9,18). Cf. Dan.
5.12, que nos transmite a mesma mensagem. Daniel era "preferido acima de outros
administradores, ou, literalmente, brilhava mais do que eles”.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3397-3398.
Avanço
Político de Daniel (6.1-3)
Na
reorganização do governo, Dario seguiu a política liberal de Ciro e logo
dividiu a responsabilidade da administração. A nomeação de 120 presidentes (1),
sobre os quais foram colocados três príncipes (2), pode ter sido um arranjo
temporário para assegurar a coleta regular dos impostos e manter um sistema de
arrecadação e contabilidade. A breve explicação do versículo 2 parece indicar
isso: aos quais esses presidentes dessem conta, para que o rei não sofresse
dano.
Dos
três presidentes, Daniel se distinguiu. E Dario encontrou nele um espírito
excelente (3) e planejava estender sua autoridade sobre todo o reino.
Daniel
devia ter em torno de 85 anos ou talvez se aproximasse dos 90 anos. Ele tinha
passado por diversas crises políticas. Agora, a sua reputação de homem íntegro
e honesto chegara ao conhecimento dos novos governantes. Talvez informantes
tenham aconselhado os novos governantes acerca da posição de Daniel na noite
fatal da queda de Belsazar. Quaisquer que fossem as circunstâncias, o homem de
Deus estava pronto para servir onde fosse necessário.
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel.
Editora CPAD. Vol. 4. pag. 518.
Um homem íntegro num
meio encharcado de corrupção (Dn 6.1-6)
A Babilônia tinha
caído, um novo império tinha se levantado, mas os homens que subiram ao poder continuavam
corruptos. O absolutismo do rei no império babilônico mudou para a
descentralização do poder no império medo-persa. O regime de governo mudou, mas
não o coração dos homens. É um grande engano pensar que as coisas vão mudar para
melhor em virtude das mirabolantes promessas dos políticos. Mudam-se os
partidos. Mudam-se as figuras, mas o espírito e a cultura do aproveitamento são
os mesmos.
O rei Dario estava
preocupado com o problema da corrupção, por isso, constituiu 120 prefeitos e
três governadores. Constituiu fiscais do erário público. Mas aqueles que
deveriam vigiar e fiscalizar se corromperam.
As riquezas caíram no
ralo dos desvios. A corrupção estava instalada dentro do palácio, nas rodas
mais altas do governo de Dario.
Nesse mar de lama,
floresce um lírio puro. A vida de Daniel nos mostra que é possível ser íntegro
mesmo cercado por um mar de lama de corrupção. Daniel mantém-se íntegro a
despeito do ambiente. O homem não é produto do meio. Daniel não vende sua
consciência. Ele não negocia os seus valores absolutos. Ele não se corrompe. A
base de sua integridade é sua fidelidade a Deus. Concordo com a afirmação de
Stuart Olyott: “A espiritualidade de Daniel é o alicerce de sua fidelidade diante
dos homens”. Sua fé é a pedra de esquina de sua moralidade privada e pública.
Os amigos de Daniel apagaram as chamas do fogo pela fé. Agora, Daniel fecha a
boca dos leões pela fé.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 80-81.
Dn
6.1: “E pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e vinte
presidentes, que estivessem sobre todo o reino”.
"...
pareceu bem a Dario...” Daniel menciona quatro reis da Babilônia e da Pérsia: -
Nabucodonosor; Belsazar; Dario, o Medo, e Ciro. O primeiro é bem conhecido, O
segundo é citado em Daniel como sendo filho de Nabucodonosor (já se deu
explicação sobre isso no capítulo anterior). Heródoto, o historiador (185-188)
registra que Belsazar era filho de Nabonido. As inscrições recentes,
encontradas, declaram que o exército persa, sob Gobrias, tomou Babilônia sem
luta; que foi morto o filho do rei; e que Ciro entrou mais tarde. Sob o reinado
de Dario, Daniel foi lançado à cova dos leões, isso não é mencionado nas
inscrições, mas é evidenciado no capítulo em foco. Pensa-se que ele foi o
Gobrias, referido nas placas babilónicas, ou, como diz Jo- sefo, Ciaxares,
medo, sogro de Ciro. Seja como for, Dario comandou também os exércitos que
conquistaram Babilônia; enquanto Ciro se ocupava em suas guerras, no Norte e no
Oeste, Dario reinava em seu lugar. Fora predito que os medos seriam os
conquistadores de Babilônia. (Ver Is 13.17; Jr 5 1.11, 29). Até Ciro assumir o
poder, a ordem era “medos e persas” (5.28 e 6.8). Depois, falava-se “persas e
medos” (Et 1.14,18,19 etc). (Ver notas sobre isso em 5.31).
Dn
6.2: “E sobre eles três príncipes, dos quais Daniel era um, aos quais, estes
presidentes dessem conta, para que o rei não sofresse dano”.
“E
sobre eles três príncipes, dos quais Daniel era um”. O presente versículo é
continuidade do versículo primeiro desta série de 28 que este capítulo contém.
Dario nomeou 120 “sátrapas” ou “protetores do reino” para cuidar do novo país
conquistado. O texto em foco nos informa que, desde que Daniel se distinguiu em
sua posição, a inveja apareceu entre os outros e procuravam um meio de
destruí-lo. Na simbologia profética das Escrituras, o número cento e vinte tem
sentido especial: 1) Deus reduziu a idade humana para “cento e vinte anos” (Gn
6.3). Essa expressa ordem de Deus teve cumprimento real na vida de Moisés que,
viveu “cento e vinte anos” (Dt 34.7). 2) Deus fez referência a “120.000”
ninivitas a seu servo Jonas (Jn 4.11). 3) No Pentecoste, o Espírito Santo
desceu sobre “120” irmãos que estavam reunidos (At 1.15; 2.1-13 e ss). Seja
como for, no presente texto, cada príncipe dos acima mencionados, tinha sob sua
regência cerca de “40 satrapias” e Daniel era um deles naquela corte.
Dn
6.3: “Então o mesmo Daniel se distinguiu destes príncipes e presidentes, porque
nele havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre todo o
reino”.
"...
um espírito excelente”. O espírito humano representa a natureza suprema do
homem, e nessa peculiaridade rege a qualidade de seu caráter. Aquilo que domina
o espírito torna-se atributo de seu caráter. Por exemplo, se o homem permitir
que o orgulho o domine, ele tem um “espírito altivo” (Pv 16.18). Conforme as
influências respectivas que dominem, o homem pode ter: um espírito perverso (Is
19.14); um espírito rebelde (SI 106.33); um espírito impaciente (Pv 14.29); um
espírito perturbado (Gn 41.18). Pode estar dominado por um espírito de servidão
(Rm 8.15), ou ser impelido pelo espírito de inveja, (Nm 5.14). Essa é a lista
negra daqueles que não dominam seu espírito; porém, é evidente que, aqueles
que, como Daniel, têm “um espírito excelente”, devem: dominar seu espírito (Pv
16.32); guardar seu espírito (Ml 2.15); pelo arrependimento, criar um novo
espírito (Ez 18.31) e, finalmente, confiar em Deus, para que Ele transforme seu
espírito (Ez 11.19). Daniel era possuidor de todas essas qualidades em grau
supremo (v. 2).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 109-111.
2.
Daniel se torna alvo de uma conspiração (Dn 6.4,5).
Dario,
distinguiu três desses presidentes para tratarem dos negócios do reino com
autoridade sobre os demais. Daniel, um dos três presidentes, se destacou entre
todos pela sabedoria, prudência, fidelidade e integridade. O rei chegou a
pensar em estabelecer Daniel como líder sobre todo o reino (v. 3). Essa
possibilidade encheu de inveja e ciúme os demais presidentes, os quais não
queriam a Daniel com tão importante posição uma vez que isso o faria superior a
todos os demais e seria o representante mais próximo do Rei Dario. Aqueles
homens não tinham outros motivos para afastá-lo dessa posição de destaque. Eles
não tinham do que acusar a Daniel por qualquer deslize político ou moral contra
o imperador. Ele não era inimigo de nenhum deles, mas era um dos poucos que
viera dos antigos oficiais e logo conquistou a confiança e o respeito de Dario,
e posteriormente, de Ciro, o persa.
A
integridade e a lealdade de Daniel eram tão pungentes que eles não encontravam
nada de que pudessem acusá-lo. Então tramaram alguma coisa que prejudicasse as
relações de Daniel com o rei e com o reino. Mas o quê? Nada relacionado com
dinheiro, ou com uso indevido de pi'opriedades do reino, ou alguma
desobediência às ordens do rei, nem mesmo qualquer tipo de vício (6.4).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 91.
Dn
6.4 Então os presidentes e os sátrapas. Daniel voava alto demais; as coisas corriam
bem demais; o homem precisava ser submetido a teste. Ele era um administrador
bom demais para que seus rivais encontrassem falhas nele. Portanto, a solução
foi levantar o antigo espírito de perseguição religiosa. O homem sustentava sua
fé judaica em meio à idolatria pagã; seus inimigos manipulariam isso para
vantagem própria, e fá-lo-iam ser executado oficialmente pelo Estado, por meio
de Dario, o medo, naturalmente. Dario tinha reputação de ser fraco e vacilante,
pelo que a tarefa deles seria fácil. Era preciso, porém, encontrar m otivos para
acusar Daniel com uma ‘illah, ou seja, uma acusação legal. Eles não queriam
apenas dim inuir o ritmo de Daniel. Queriam vê-lo morto. E buscaram encontrar
alguma talha (no hebraico, shehithah, “ação incorreta”) ou erro (no hebraico,
shalu, algum “deslize” ou “rem issão”), mas Daniel e seu trabalho mostravam-se
imaculados. Cf. Esd. 4.22 e 6.9, onde temos as idéias de negligência ou
relaxamento na execução das ordens oficiais. Daniel, porém, estava acima dessas
pequenas falhas humanas.
Dn
6.5 Disseram, pois, estes homens. O judaísmo nada era sem a prática da lei mosaica,
que exigia, antes de mais nada, lealdade a Yahweh, protesto contra qualquer forma
de idolatria e observância de uma longa série de leis e regulamentos que governavam
toda a vida. Ver sobre a distinção de Israel, em Deu. 4.4-8. O termo “lei”
usado neste versículo é o vocábulo iraniano dath, que indica a torah dos hebreus,
a lei como código ou conjunto de preceitos e práticas religiosos (cf. Dan. 7.25).
Ver também Esd. 7.12,14. Daniel era conhecido pelos frutos que produzia tanto
em sua vida profissional como em sua vida pessoal. Seus oponentes haveriam de
distorcer as coisas, colocando-o em uma situação perigosa. Tentariam
desacreditálo e livrar-se dele, o que é o abc da política. Eles diriam a
“grande mentira', o instrumento mais usado pelos políticos. Por outra parte, “a
vida correta é mais importante que o rótulo correto. O público, entretanto, por
muitas vezes anela escolher o rótulo acima da realidade” (Gerald Kennedy, in
loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3398.
A
vida de Daniel nos prova que um homem pode permanecer íntegro mesmo quando é
vítima de conspiração (Dn 6.4-5). O versúculo 4 nos informa que eles procuravam
uma “ocasião” para acusar Daniel. Essa palavra significa aqui que eles buscavam
um pretexto, um motivo.48 Procuraram também uma brecha na vida de Daniel.
Assim, tentaram pegá-lo em seu ponto forte. As circunstâncias adversas não
alteraram as convicções de Daniel. A promoção e a honra dos íntegros incomodam as
pessoas invejosas. A Bíblia diz: “Cruel é o furor, e impetuosa é a ira; mas
quem pode resistir à inveja?” (Pv 27.4).
Porque
Daniel era fiel a Deus, ele era fiel ao seu senhor terreno. Porque era
diferente dos outros líderes foi perseguido, e conspiraram contra ele para
mata-lo. Os inimigos de Daniel queriam afasta-lo do caminho deles. Mas como?
Nada encontraram para atacar em sua vida moral, assim, conspiraram contra ele
por intermédio de sua religião.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 81-82.
Dn
6.4: “Então os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra
Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma;
porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa”.
"...
ele era fiel. Hodge, declara: “A grande exigência básica para o ofício dos
despenseiros é a fidelidade. Um ministro (político ou religioso) deve, acima de
tudo, primar pela fidelidade. Daniel foi exemplo durante a sua vida naquela
corte. No campo religioso, o despenseiro é um servo e, como tal, deve ser fiel
ao seu Senhor. Na qualidade de um discípulo, deve ser fiel àquele que o
supervisiona. O despenseiro não deve mostrar-se negligente ao distribuir o
alimento; não deve adulterá-lo nem substituí-lo por um inferior. Assim também
se dá no caso dos ministros da Palavra”. Os servos infiéis se empenham mais em
servirem-se a si mesmos: esquecem-se das verdadeiras funções de um servo de
Deus, que consiste em anunciar a mensagem do Senhor, dedicando-se inteiramente
a Ele. Daniel era fiel em tudo que fazia, tanto para o rei como para Deus. Por
isso foi perseguido, mas triunfou!
Dn
6.5: “Então estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este
Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus”.
“Nunca
acharemos ocasião...” O espírito de inveja é, sem dúvida alguma, um espírito
destruidor. O rei Saul era um rei poderoso, mas a inveja o destruiu. Ele, após
o grande triunfo do jovem guerreiro Davi, ao invés de agradecer o que ele fez,
quis matá-lo (1 Sm cap. 18). O jovem José era justo e santo e seus irmãos o
venderam como escravo para o Egito (At 7.9). Em toda a extensão da Bíblia,
encontramos sempre a inveja associada à traição. Evidentemente, o invejoso é um
traidor. Judas Iscariotes traía a Jesus e, por essa razão, “buscava oportunidade
para entregá-lo sem alvoroço” (Lc 22.1-6). O verdadeiro obreiro pode ter sido
no passado até um Pedro (precipitado), mas nunca um Judas (traidor). Daniel, em
sua missão de estadista naquela corte, foi sempre traído, mas nunca foi
traidor!
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 111-112.
3.
O perigo das confabulações políticas.
“e
não se achava nele nenhum vicio ou culpa” (6.4) Quando abrimos os jornais ou
constatamos na mídia televisiva a realidade das confabulações mentirosas,
caluniosas envolvendo nossos políticos podemos entender como é difícil a vida
política. Os políticos cristãos que exercem suas atividades nas câmaras
municipais, estaduais e federais, precisam estar atentos para não negociarem a
fé. Por causa da fé, são desafiados com leis injustas e que afrontam os
princípios divinos. Para serem fiéis a Deus, essas pessoas tornam-se alvo de
calúnias, mentiras para serem prejudicadas. No mundo político, há possibilidade
de confabulações que denigrem a imagem moral daqueles que lutam por justiça e
moralidade. Daniel foi alvo dessa maldade dos seus pares dentro do palácio da
Babilônia. Aqueles homens se tornaram inimigos de Daniel, sem que ele tivesse
ofendido a qualquer um deles. Confabularam contra Daniel buscando alguma falha
moral, material e mesmo religiosa, mas foram frustrados pela integridade dele
(Dn 6.4,5). Osvaldo Litz escreveu em seu livro: “A estátua e a Pedra” que “o
sucesso sempre exige um tributo. Também o sucesso conseguido através da fidelidade
e do esmero. A intenção do rei de promover a Daniel para o posto de maior poder
no governo suscitou a inveja dos outros presidentes. Eles seriam passados para
trás e um estrangeiro teria poder sobre eles”. A integridade moral e política
de Daniel para com o rei eram incontestáveis. Porém, destacava-se, também, a
fidelidade de Daniel para com o seu Deus que era conhecida pelos seus inimigos.
“Nunca
acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a procurarmos contra ele na
lei do seu Deus” (6.5) A armadilha preparada para que Daniel caísse deveria ser
pela sua fidelidade ao seu Deus, e não por qualquer transgressão. Nossos
políticos cristãos são constantemente desafiados na sua fé para fazerem
concessões e desonrarem a Deus.
Uma
proposta para afetar a vida religiosa de Daniel (6.6-9)
Elaboraram
uma trama contra Daniel e falsamente exploraram a vaidade do Rei apresentando
uma proposta. A proposta seria um decreto real que expressava o apoio unânime
dos proponentes. Naturalmente, Daniel não sabia de nada porque agiram de forma
que todos os subordinados do reino, “presidentes, prefeitos, conselheiros e
governadores” concordaram com a proposta levada a Dario, o rei (6.7). A
falsidade desse grupo de elite do palácio, próximos do rei, explorou a vaidade
e o ego do rei para que, por 30 dias, ninguém fizesse oração a outro deus que
não fosse a Dario. A ideia falsa e mentirosa era o fortalecimento do poder real
do rei. Ora, a ideia agradou ao rei que desejava ser a corporificação da
deidade, recebendo adoração dos seus súditos. Daniel não havia sido consultado
sobre o edito e sabia que o objetivo era atingir a sua vida devocional de
oração e comunhão com Deus. O rei caiu na trama daqueles inimigos de Daniel
ficaram na espreita para encontrá-lo orando e, desse modo, ter de que acusar a
Daniel diante do Rei. Entretanto, Daniel continuou do mesmo modo, cumprindo
seus deveres políticos, bem como o seu tradicional costume de orar três vezes
por dia ao seu Deus (Dn 6.10).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 92-93.
Dn
6.6 Então estes presidentes e sátrapas foram juntos ao rei. Aqueles réprobos formaram
uma conspiração. Todos estavam na mesma equipe (pelo momento) porque tinham um
inimigo comum, ao qual queriam derrubar. E apresentaram ao rei Dario, o medo, a
questão que tinham planejado. Aproximaram-se do rei com o louvor usual,
incluindo a costum eira saudação “Vive para sem pre!” (ver Dan. 2.4).
O
vs. 21 deste capítulo mostra Daniel a dizer a mesma coisa. Essa saudação fazia
parte da “etiqueta da corte” .
Dn
6.7 Todos os presidentes do reino. A Ridícula Conspiração. O fraco e vacilante monarca
tomar-se-ia o único deus pelo espaço de 30 dias. Nem mesmo Bel (Marduque)
receberia atenção durante esse tempo, assim como Yahweh, o Deus dos judeus.
Haveria uma m aravilhosa lei de 30 dias, reforçada por um decreto real. Podemos
entender que os reis medo-persas já estavam levando-se dem asiadamente a sério,
pensando em si mesmos como se fossem deuses, pelo que ser o único deus por um
curto tem po parecia ser algo lógico e elogioso. Ademais, isso apelava para a
vaidade e o orgulho ridículo de Dario, fraquezas típicas dos políticos. O
conluio era ridículo, e seria necessário um homem absurdo para cair diante dele.
Mas o que o rei fez foi cair. Qualquer pessoa que desobedecesse seria entregue
aos leões famintos, os quais, inocentemente, cumpririam os desejos dos conspiradores.
Seja
lançado na cova dos leões. Um surpreendente número de antigos monarcas (incluindo
Salomão) tinha jardins zoológicos particulares para os quais traziam toda a
espécie de criaturas exóticas a fim de admirá-las. Note o leitor a imagem do
profeta, em Eze, 19.1-9, onde um ieão é posto em uma gaiola e levado para a
Babilônia. Dario tinha alguns leões de estimação. O termo aqui traduzido por
“cova” corresponde à palavra hebraica traduzida por “cisterna” , pelo que
devemos pensar em uma espécie de buraco que formava a cova dos leões. Nenhuma
pessoa que caísse naquela cova poderia esperar voltar dali.
Desde
os tempos mais remotos, na Mesopotâmia, os reis vinham sendo apodados de
divinos e eram adorados.
Dn
6.8 Agora, pois, ó rei, sanciona o interdito. O rei, em sua vaidade e agindo de
acordo com os costumes, recebeu bem a sugestão e imediatamente a implementou. O
decreto saiu: durante 30 dias, o único deus seria Dario, o medo. Para a
população em geral, não faria diferença qual dos deuses receberia atenção
especial durante um mês. Havia tantas divindades e os cultos eram tão
variegados que uma variação a mais não perturbaria a paz de ninguém, exceto,
naturalmente, uma pessoa como Daniel, que rejeitava toda a falta de bom senso
dos pagãos. Temos aqui uma lei escrita e, conforme todos sabemos, a lei dos
medos e persas não se alterava. Essa parte do versículo tornou-se famosa e
muito repetida, como um provérbio que indica coisas imutáveis. Ver os vss. 12 e
15, onde a afirmação é reiterada. Isso deve ser contrastado com o Brasil, a
terra das novas leis. Em Est. 1.19 e 8.8 também encontramos a lei imutável
daquele povo. O rei Dario foi infalível por 30 dias. O mito da infalibilidade
humana é outra mentira que até pessoas bem-intencionadas gostam de promover,
Dn
6.9 Por esta causa o rei Dario assinou a escritura e o interdito. Dario assinou
a lei que os governadores tinham traçado, pelo que ali estava ela, escrita e
fixa. Diodoro Sículo (XVII.30) diz-nos que Dario III chegou a reconhecer a lei
como perigosa e errada, mas até mesmo um rei não tinha poder para alterar uma
lei decretada. E então Heródoto (Hist. V.25) informa-nos que um certo Sisamnes,
juiz real, aceitou suborno para manifestar-se contra a lei e favorecer um
cliente. Mas foi apanhado e esfolado vivo. Sua pele foi então usada para forrar
um assento do tribunal, onde se assentariam outros juizes. E esses, podemos
estar certos, não seguiriam o mau exemplo deixado por aquele juiz!
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3398.
A
vida de Daniel nos ensina que a mesma pessoa que bajula é aquela que também
maquina o mal contra os justos (Dn 6.5-9). Sabiam que Daniel era um homem de
oração, bajularam o rei Dario, elevando-o ao posto de divindade por um mês. O
projeto trazia como isca a exaltação e a lealdade ao rei. Mas a intenção era outra.
O rei tornou-se refém de seu próprio orgulho e, por conseguinte, de seu próprio
decreto. E assim, sentenciaram à morte o homem de confiança do rei.
Além
da bajulação, usaram a mentira (v. 7). Atingiram Daniel com essa maniobra em
que ele era o alvo e a vítima.
A
vida de Daniel prova que um homem pode ser íntegro tanto na adversidade como na
prosperidade. Muitos fraquejam quando passam pelo teste da adversidade. Daniel
foi integro quando chegou a Babilônia como escravo. Ele resolveu firmemente não
se contaminar. Agora ele passa pelo teste da prosperidade. Foi o primeiro
ministro da Babilônia e agora e um governador do reino medo-persa. Sua
integridade é a mesma. Ele não se deixa seduzir pela fama nem pela riqueza. Ele
é um homem absolutamente confiável. A integridade nem sempre nos ajuda a
granjear amigos. Gente íntegra é uma ameaça ao sistema de corrupção. Daniel
incomodava a equipe de governo de Dario. Um funcionário honesto é uma ameaça
para o sistema viciado pela corrupção. Uma jovem que não transige em seu namoro
é vista como alguém antiquado. Um comerciante íntegro é uma ameaça para o
sistema de propinas.
A
vida de Daniel prova que a integridade implica em você fazer o que é certo
quando ninguém olha ou mesmo quando todos transigem. Uma pessoa íntegra procura
agradar a Deus mais que aos homens. Ela não depende de elogios nem muda sua
rota por causa das críticas. Uma pessoa íntegra cumpre com a palavra empenhada e
seu aperto de mão vale mais que um contrato. Daniel mantém-se íntegro apesar de
haver uma debandada geral no governo de Dario. Ele sabia que sua integridade o tornava
impopular diante dos outros líderes, mas sua consciência era cativa ao Senhor e
comprometida com a verdade. Os opositores de Daniel odiaram-no não porque ele
praticara o mal, mas porque ele praticara o bem. Eles bajularam e se tornaram
hipócritas para alcançar o fim que desejavam, a morte de Daniel. Eles agiram em
surdina, maquinaram nos bastidores, tramaram na escuridão.
Por
ser fiel, você pode ser perseguido com maior rigor. As trevas aborrecem a luz.
Os que andam na verdade perturbam os que vivem no engano. O íntegro é uma ameaça
aos corruptos.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 82-83.
Dn
6.6: “Então estes príncipes e presidentes foram juntos ao rei, e disseram-lhe
assim: O rei Dario, vive para sempre!
"...
foram juntos ao rei”. O presente versículo, nos lembra o Salmo dois (2), onde o
furor das nações se levanta contra o Senhor e contra o seu ungido. O poema
representa o mundo organizado contra o Senhor, deliberadamente contra o seu
governo. Historicamente, o objeto do ataque dos ímpios era o ungido do Senhor,
Davi. (Ver 1 Sm 24.6). Profeticamente falando, era o Messias, Jesus. (Ver At
4.25-27). Porém, quanto ao campo prático da vida, podemos aplicar isso à vida
de Daniel, na corte de Babilônia; ele também foi vítima de ataques mortais da
disputa ruidosa daqueles que imaginavam coisas vãs, isto é, que se rebelaram
contra a fidelidade daquele servo fiel. Eles se “mancomunaram” e juntos
compactuaram contra Daniel. Ainda hoje muitos servos de Deus têm sofrido as
mesmas injustiças. Só o Deus de Daniel nos pode socorrer destes golpes mortais!
Dn
6.7: “Todos os príncipes do reino, os prefeitos e presidentes, os capitães e
governadores, tomaram conselho, a fim de estabelecerem um edito real e fazerem
firme este mandamento: que qualquer que, por espaço de trinta dias, fizer uma
petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, e não a ti, á rei, seja lançado
na cova dos leões”.
"...
uma petição a qualquer deus... e não a ti”. A sugestão, tomada de maneira
falsa, tinha como objetivo envaidecer o ego do rei e dar uma expressão à sua
nova autoridade. Tal mostra de lealdade da parte dos seus funcionários civis
seria muito bem-vinda, sem dúvida, para aquele que durante sua vida vivia da
própria glória. Os antigos Césares arrogavam também para si adoração divina e
sob pena de morte que sofreria aquele que se recusasse a adorá-los. O
Anticristo invocará também para si essa mesma prática, durante seu sombrio
governo, “de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo
parecer Deus”. (Ver 2 Ts 2.4). O rei Dario, segundo nos parece, assinou aquele
edito para beneficiar-se a si mesmo, sem se lembrar de que, por trás disso
havia um inocente a ser condenado. Seus vassalos bem o sabiam. E é evidente que
o rei só teve conhecimento da tragédia horas depois. Mas, existem pessoas como
Herodes: só se arrependem depois. (Ver Mt 14.9 e ss.).
Dn
6.8: “Agora pois, ó rei, confirma o edito e assina a escritura, para que não
seja mudada, conforme a lei dos medos e dos pensas, que se não pode revogai
“O
rei, confirma o edito e assina a escritura”. O doutor Leon J. Wood, descreve o
que segue: “Na qualidade de cristãos, precisamos ficar avisados contra a
lisonja. Satanás usa essa ferramenta para realizar o seu trabalho maldoso. A
lisonja já causou a queda de muitos dos servos do Senhor. Foram influenciados a
fazer coisas que não fariam de outro modo. Isto tem causado sérios problemas
para eles mesmos e para o trabalho de Deus como resultado”. A última parte do
pedido - para que o rei sancionasse o decreto - seria a segurança de que não
poderia ser mudado. Quando os decretos persas e medos eram sancionados e
assinados pelo rei, tornavam-se irrevogáveis. Passavam a fazer parte da
imutável lei dos medos e dos persas. (Ver Et 1.19; 8.8, etc.). A lisonja fizera
a sua obra, e o rei concordou em assinar. Seu orgulho levou-o a ser enganado
por aqueles que alegavam querer honrá-lo.
Dn
6.9: “Por esta causa o rei Dario assinou esta escritura e edito”.
“Por
esta causa”. O texto em foco, dá continuidade à narrativa. Depois de organizada
a conspiração contra o grande servo de Deus, os homens se aproximaram do rei.
Vocês leitores são capazes de imaginar como fizeram, elogiando-o exageradamente
para fazê-lo crer que realmente desejavam honrá-lo! Depois apresentaram o
pedido de forma mentirosa, declarando que todos os presidentes, governadores,
príncipes, conselheiros e prefeitos desejavam que o decreto proposto fosse
assinado. Mas a justiça divina não falha! O profeta Isaias, assim descreveu em
seu livro, capítulo 10.1, 2: “‘Ai dos que decretam leis injustas, e dos
escrivães que escrevem perversidade, para prejudicarem os pobres em juízo, e
para arrebatarem o direito dos aflitos do meu povo...” Este “ai” vem da parte
de Deus e recai sobre aqueles inimigos de Daniel; eles nos versículos que se
seguem, foram colhidos por suas próprias armadilhas. (Ver Ec 10.8).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 112-114.
II - DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO QUE NÃO TRANSIGIU COM SUA FÉ EM
DEUS (Dn 6.10-16)
1.
Nenhuma trama política mudaria em Daniel o seu hábito devocional de oração (Dn
6.10).
“Daniel,...
três vezes no dia se punha de joelhos, e orava” (6.10). Nenhuma trama política
mudaria seu hábito devocional de oração. Daniel soube do decreto do rei, mas
não mudou seus hábitos cotidianos. De manhã, abria as janelas do seu quarto,
voltadas para Jerusalém, e orava a Deus e pedia pela restauração do seu povo à
sua terra. Daniel desde jovem entendeu que sua vida dependia da sua relação com
Deus. A oração era o canal inteligente e racional pela qual ele seria guiado em
suas decisões pessoais e políticas. A trama política visava neutralizar a voz
de oração de Daniel. Em nossos dias, nossos políticos cristãos, comprometidos
com o Senhor são desafiados a transigirem do conhecimento da Palavra de Deus
para apoiarem decisões contraditórias que ferem frontalmente os princípios
morais, éticos e religiosos da fé recebida em Cristo Jesus. Tão logo Daniel
soube do edito real não mudou seu hábito de orar a Deus três vezes por dia. Ele
não transigiria com sua fé, mesmo que lhe custasse a vida.
“Três
vezes por dia faz a sua oração” (6.11). Era tudo o que seus inimigos queriam:
encontrar um modo para acusar Daniel diante do rei e
roubar-lhe o lugar e a posição de destaque que Daniel tinha para com o Rei.
Teria que ser algo que atingisse o rei. Com ousadia, Daniel, mesmo sabendo do
decreto do rei, não alterou seus hábitos. Continuou a abrir as janelas do seu
quarto de dormir e, três vezes por dia, orava e dava graças a Deus. Não mudou
sua postura de oração ao orar de joelhos. Daniel não escondeu nenhum dos seus
hábitos.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 93-94.
Dn
6.10 Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada. Entrega o Teu
Fardo ao Senhor. Daniel tinha por costume orar três vezes ao dia, e parte de seu
ritual era recolher-se em seu pequeno quarto especial de oração, abrir as janelas
na direção de Jerusalém, sua terra natal e sede de Yahweh, ajoelhar-se e orar.
Parte de suas orações consistia em ações de graças. Assim, estando agora ameaçado,
ele continuou suas práticas, que eram bem conhecidas. Agora, porém, o homem era
vigiado, com o objetivo de constatar se ele interrom peria seus costumes de fé
religiosa durante aquele período crítico de 30 dias. Mas Daniel não interrompeu
sua prática, pelo que foi facilmente descoberto e acusado. Cf. isso com o
quarto construído para Eliseu pela m ulher sunamita (ver II Reis 4.10).
Essas
câmaras eram edificadas no eirado plano das casas, provendo um lugar fresco e
recluso para que ali o proprietário se ocupasse da adoração, oração e meditação.
Cf. Isa. 2.1; Sal. 102.7; I Reis 17.19; II Reis 1.2; Juí. 8.5; Atos 1.13; 9.36,39.
Daniel gostava de orar diante da janela aberta, enviando suas orações na direção
de onde estivera o templo de Jerusalém . Da mesma forma Sara, em Tobias 3.11,
orava defronte da janela aberta de sua casa, Berakhoth 4.1 menciona os três
períodos de oração, e o costume se generalizou no judaísm o posterior.
O
trecho de Eze. 8.16 menciona o costume de orar na direção do Oriente, a câm ara
do sol nascente, mediante o qual toda vida terrena é sustentada.
...
se punha de joelhos. Esta é uma das posturas comuns na oração, embora orar de
pé parecesse ser a mais comum. Quando alguém ora de pé, tem mais energia para
orar e não dorme. Mas ajoelhar em oração indica humildade e súplica intensa.
Cf. I Reis 8.54; II Crô. 6.13; Esd. 9.5; Luc. 22.41; Atos 9.40; 20.36; 21.5.
Quanto à posição de pé na oração, ver Mat. 6.5 e Mar. 11.25.
Diante
do seu Deus. É precisamente neste ponto que encontramos o “crim e” de Daniel.
Ele tinha desobedecido à ímpia regra dos 30 dias, e logo estaria à mercê
dos leões sem m isericórdia.
Vemos
pois o idoso homem Daniel, agora com mais de 80 anos, perseverando até o fim em
suas práticas piedosas, a despeito das perseguições que lhe ameaçavam a vida.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3398-3399.
Daniel
não muda sua agenda ao saber que estava sentenciado à morte. Ele foi perseguido
não por ser corrupto, mas por ser íntegro. Tramaram contra ele para afastá-lo
do poder.
Dario
caiu na armadilha da bajulação e se tornou refém de suas próprias leis. Daniel,
seu homem de maior confiança, foi sentenciado à cova dos leões por causa de sua
irretocável integridade. Daniel não foge nem transige, mas continua orando ao
Senhor como costumava fazer (v. 10). As circunstâncias mudaram, mas não Daniel.
Aprendeu
a ser íntegro na mocidade e jamais mudou sua rota. Mesmo ancião, prefere a morte
a transigir com sua consciência.
Estou
de acordo com a afirmação de Olyott: “A verdadeira cova dos leões de Daniel foi
seu quarto”. Ali foi seu Getsêmani, em que certamente foi tentado. Ele sabia que
poderia ser destroçado pelos leões. O diabo prefere que preservemos nossas
vidas e percamos nosso testemunho. Certamente, ele deve ter sido tentado a
transigir ao se ajoelhar para orar: “Por que não facilitar as coisas? Veja a posição
de privilégios de que goza. Pense na influência que continuará exercendo se
transigir só nesse ponto. Assegure seu futuro. Não ore a Deus em publico apenas
durante este mês. Ore secretamente em seu coração, se quiser, mas por que
fazê-lo como sempre fez? Certamente, você será notado e perderá tudo, inclusive
a vida”. Daniel foi denunciado, preso e jogado na cova dos leões. Sua
integridade não o livrou da inveja, fúria, astúcia e perseguição dos corruptos.
Mas Deus o sustentou em seu quarto de oração e fechou a boca dos leões na cova
da morte. Mesmo que você morra por causa de sua integridade, você ainda é
bem-aventurado porque felizes são aqueles que sofrem por causa da justiça! Daniel
enfrenta a conspiração de seus inimigos não com armas carnais, mas com oração
(Dn 6.10,11). Dario assina uma sentença irrevogável, pois a lei é maior do que o
rei. Dario caiu na arapuca da lei e da ordem. Não havia motivo para acusar
Daniel, então arranjaram um. Ao fim, os culpados seriam os inocentes e Daniel
seria morto pelas mãos do próprio rei, um inocente. O destino de Daniel estava
lavrado. Sua sentença de morte foi assinada.
Como
Daniel enfrentou aquela situação humanamente irreversível? Ele orou. Como ele
orou? Do mesmo jeito que sempre orara. Não mudou a postura, nem o lugar, nem o
conteúdo da oração. Vejamos algumas marcas de sua oração: em primeiro lugar,
sua oração foi constante. Daniel tinha o hábito de orar. Ele não suspendeu sua
prática de oração quando foi informado de que as circunstâncias eram
desfavoráveis a ele. As circunstâncias mudaram, mas Daniel não.
Em
segundo lugar, sua oração foi regular. Daniel ora três vezes ao dia (SI 55.17).
Ele não se escondeu nem diminuiu seu ritmo de oração. Se não agendarmos nossa
vida de oração, não orarmos. Tudo aquilo que é importante para nós deve estar
em nossa agenda.
Em
terceiro lugar, sua oração foi confiante. Ele orava com a janela aberta para as
bandas de Jerusalém. Ele acreditava na promessa de 1 Reis 8.46-49, quando o
templo foi consagrado. Ele orou com fé. Ele sabia que Deus podia intervir. Ele
já tivera experiências com Deus.
Em
quarto lugar, sua oração foi corajosa. Ele abre a janela como costumava fazer.
Ele não se preocupa em fechar a janela. Ele sabe que é Deus quem nos livra. Dele
vem nosso socorro.
Em
quinto lugar, sua oração foi cheia de gratidão.
Daniel
está sentenciado à morte, mas agradece a Deus em sua oração.
Finalmente,
sua oração foi cheia de intensidade. Daniel não apenas orou e deu graças, ele
também fez súplicas. Ele pôs toda a intensidade de sua alma em seu clamor a
Deus. Súplica é oração com forte grau de intensidade.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 84-86.
Dn
6.10: “Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em
sua casa (ora havia no seu quarto janelas abertas da banda de Jerusalém), e
três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante de seu
Deus, como também antes costumava fazei*’.
“...
três vezes ao dia se punha de joelhos, e orava”. O versículo nos dá interessante
evidência a respeito da oração no período bíblico posterior ao cativeiro, e ao
mesmo templo o cumprimento das palavras de Salomão em 1 Rs 8.46-49a, que diz:
“Quando pecarem contra ti (pois não há homem que não peque), e tu te indignares
contra eles, e os entregares nas mãos do inimigo, para que os que os cativarem
os levem em cativeiro à terra do inimigo, quer longe ou perto esteja; e na
terra aonde forem levados em cativeiro tornarem em si, e se converterem, e na
terra do seu cativeiro te suplicarem, dizendo: Pecamos, e perversamente
obramos, e cometemos iniqüidade; e se converterem a ti com todo o seu coração e
com toda a sua alma, na terra de seus Inimigos que os levaram em cativeiro, e
orarem a ti para a banda da sua terra que deste a seus pais, para esta cidade
que elegeste, e para esta casa que edifiquei ao teu nome, ouve então dos
céus...” Daniel, o grande servo de Deus, foi inspirado nesta oração de Salomão
e, a exemplo do salmista, orava de manhã, ao meio-dia e à tarde. Isto é,
9:00hs, 12:00hs, 15:00hs, respectivamente. (Ver SI 55.17).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 114.
2.
A momentânea vitória dos conspiradores.
(6.12-14)
Nestes versículos está escrito que aqueles homens acharam Daniel orando a Deus.
Imediatamente, se apresentaram diante do Rei e fizeram a acusação contra o
homem de maior confiança de Dario e exigiram que o decreto fosse cumprido e
Daniel sofresse a pena na cova dos leões.
(6.14)
O Rei se entristeceu por causa de Daniel e descobriu que ele fora alvo da trama
dos outros príncipes. Daniel era seu conselheiro fiel, e perde-lo seria uma
tragédia para o seu reino. Esforçou-se ao máximo para não cumprir o decreto e
livrar Daniel da cova dos leões, mas foi pressionado por aqueles homens e teve
que cumprir a pena.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 94.
Dn
6.11 Então aqueles homens foram juntos. Como leões, aqueles homens estavam de
emboscada, prontos a golpear o idoso homem assim que ele mostrasse que não
desistiria de suas práticas religiosas, nem mesmo por 30 dias. Eles continuaram
a observá-lo — e realmente ali estava ele, oferecendo suas abomináveis orações.
Os leões o atacaram, contando com várias testemunhas do “crime”. Os pecados
geralmente são com etidos em segredo, e por isso os culpados não são
detectados. Mas Daniel praticara seu “pecado" abertamente e logo foi
apanhado com a mão na massa.
Dn
6.12 O traiçoeiros governantes tinham o homem nas mãos. Conseguiram provas de
suas acusações. Triunfantes, eles correram para contar ao rei a ousada infração
de Daniel contra a lei real que não podia ser mudada nem retirada (vs. 8). O rei
precisou concordar que o decreto se tornara oficial e não podia ser alterado, uma
repetição do vs. 15. O rei foi apanhado (contra a própria vontade) por seu decreto,
tal como a filha de Herodias conseguiu apanhar Herodes (ver Mat. 14.3).
Essa
foi uma maneira crua mas eficaz de negociar. “Nabucodonosor estava acima da
lei, mas Dario, o medo, tinha de obedecer às leis dos medos e persas. Isso ficou
subentendido no contraste entre o ouro e a prata, na imagem do sonho de Nabucodonosor
(ver Dan. 2.32,39)” (J. Dwight Pentecost, in loc.).
Dn
6.13 Então responderam, e disseram ao rei. A acusação assacada contra Daniel foi
traição. Ele teria ignorado deliberadamente o ímpio decreto e continuado com suas
orações três vezes ao dia. Ele sabia que uma lei oficial e temporária tinha
sido assinada, mas desobedeceu abertamente. Além disso, ele era um daqueles
desprezíveis “estrangeiros" (um humilde cativo de Judá) em quem ninguém
podia confiar, conforme agora era comprovado. Cf. o preconceito contra os
estrangeiros, em Dan. 2.25 e 5.13. “Ali estava um estrangeiro que tinha
recebido os maiores favores por parte da corte, mostrando-se antagônico às leis
do reino!" (Ellicott, in loc.). “... um cativo judeu, dentre todos os
povos o mais odioso...” (John Gill, in loc).
Dn
6.14 Tendo ouvido o rei estas cousas. O rei tinha sido iludido e agora ficara “penalizado”
por ter-se permitido cair em tão ridícula situação. Ele era esperto o bastante
para reconhecer a razão real de ter sido tratado como um deus por um mês. A
exaltação ao rei não era sincera, mas objetivava a derrubada de Daniel.
Tinha
sido apenas um daqueles jogos doentios que os políticos geralmente jogam.
O
rei insensato não era mais que um animal que fora apanhado na rede por caçadores
maliciosos. O rei saiu totalm ente humilhado do episódio. Para seu crédito,
Dario tentou, até o pôr-do-sol, livrar-se da rede, livrando também Daniel. “Ele
resolveu salvar Daniel. Ficou trabalhando até o ocaso imaginando como poderia
salvá-lo” (NCV). Mas todo esforço foi inútii por causa da teoria de que a lei dos
medos e persas nunca muda. Caros leitores, esse incidente se parece com os
dogmas de algumas pessoas. De fato, há pessoas que passam a vida toda sem mudar
de mentalidade sobre coisa alguma. Porém, a verdade é que não existe
crescimento sem que haja mudanças.
Dn
6.15 Então aqueles homens foram juntos ao rei. Aqueles réprobos novamente foram
lembrar ao rei a natureza imutável das leis dos medos e dos persas (o que já
fora dito nos vss. 8 e 12). Isso pôs fim aos esforços do rei por livrar tanto a
si mesmo como a Daniel da maliciosa situação. Este versículo enfatiza a
impotência do homem perante o mal, a menos que alguma intervenção divina o
livre. O texto também ilustra que algumas leis são injustas, sendo também
verdade que homens injustos ditam leis visando seu próprio benefício. Portanto,
quando alguém diz “Assim determina a lei”, essa pessoa não está emitindo
necessariamente um julgamento moral. Além disso, é melhor obedecer a Deus do
que às leis dos homens, quando essas leis entram em conflito com a verdadeira
avaliação do que é justo (ver Atos 5.29).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3399.
Dn
6.11: “Então aqueles homens foram juntos, acharam a Daniel orando e suplicando
diante do seu Deus”.
“Acharam
a Daniel orando”. O presente texto e outros correlatos abordam um tema muito
vasto nas Escrituras. A oração! Ela é vista por toda a extensão da Bíblia,
tanto no Antigo como no Novo Testamento. “Quem quer que levante problemas
difíceis só obterá resposta após uma luta longa e sincera com o Criador,
quando, simultaneamente, deixará de questionar”. A oração é a primeira
providência a tornar. Neste caso a Bíblia defende a tese a respeito da questão
mais delicada: - Como é possível que um homem, embora íntegro, possa sofrer e
só vencer orando? Mas na Bíblia, esta questão é apresentada como sendo da
vontade de Deus, pois através deste método, Ele também mostra seu grande amor,
tanto a seus filhos como a seus inimigos. O Senhor Jesus neste campo é o divino
modelo: Ele entrou no mundo orando, viveu orando, e morreu orando. (Ver Lc
23.46; Hb 5.7; 10.5-7).
Dn
6.12: “Então se apresentaram, e disseram ao rei: No tocante ao mandamento real,
porventura não assinaste o edito pelo qual todo o homem que fizesse uma petição
a qualquer deus, ou a qualquer homem, por espaço de trinta dias, e não a ti, é
rei, seria lançado na cova dos leões? Respondeu o rei, e disse: Esta palavra é
certa, conforme a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar.
O
presente versículo abrange uma série de fatores discutidos pelos inimigos de
Daniel. No versículo anterior, os presidentes e príncipes que estavam por trás
desse sombrio esquema foram observar a liberdade de Daniel para com seu Deus.
Paulo, cerca de 595 anos depois, fala em seus escritos de falsos “irmãos”, e
salienta: “E isto por causa dos falsos irmãos que se tinham entremetido, e
secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para
nos porem em servidão” (G1 2.4). Na verdade, o próprio Satanás é chamado de o
grande “acusador dos irmãos” (Ap 12.10). Ele é assim chamado devido à sua
oposição a Deus e aos homens. Os cristãos precisam tomar muito cuidado para que
o Diabo não tenha motivos reais de acusação. Seja como for, o homem acusador de
seus irmãos está sendo um agente de Satanás e, por essa razão, põe por terra o
valor do sangue de Jesus Cristo, nosso Senhor. (Ver 1 Jo 1.7 e ss.).
Dn
6.13: “Então responderam e disseram diante do rei: Daniel que é dos
transportados de Judá, não tem feito caso de ti, é rei, nem do edito que
assinaste, antes três vezes por dia faz a sua oração”.
“Não
tem feito caso de tf’. Observamos neste versículo o mesmo espírito malicioso
que existia no grupo que acusou Sadraque, Mesaque e Abdenego; eles disseram
também a Nabucodonosor: “Há uns homens judeus, que tu constituíste sobre os
negócios da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque, Abdenego: estes homens,
ó rei, não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem à estátua de ouro,
que levantaste, adoram” (cap. 3.12). Certamente a coragem de Daniel é um
desafio para todos nós. Ele estava pronto a colocar os interesses de Deus em
primeiro lugar e a sua própria segurança em segundo. Por amor do seu testemunho,
estava pronto a enfrentar a cova dos leões famintos. Paulo foi também um crente
abnegado no serviço do mestre, chegou até dizer: "... estou pronto...” (Rm
1.15). O verdadeiro cristão está sempre pronto, pois não é mais ele que vive,
mas Crista é que “vive” em sua vida.
Dn
6.14: “Ouvindo então o rei o negócio, ficou muito penalizado, e a favor de
Daniel propôs dentro do seu coração livrá-lo, e até o pôr-do-sol trabalhou por
o salvai*’.
“E
até o pôr-do-sol trabalhou por o salvai. O versículo em foco diz que o rei, ao
ouvir que Daniel tinha caído na armadilha, “ficou muito penalizado”. Isso, sem
dúvida, pelo motivo de ser aquela lei por ele assinada irrevogável. Montgomery
cita um exemplo no reinado de Dario III (336- 331 a.C.), em que este rei
condenou à morte um homem que sabia ser inocente: “Imediatamente ele se
arrependeu e se lastimou por ter errado grandemente; mas não era possível
anular o que havia sido feito com autoridade real”. O texto em foco diz que o
rei tentou salvar Daniel. Aqui se cumprem as palavras proféticas ditas por
Daniel na interpretação do sonho do rei, descrita no capítulo dois deste livro.
Isto é, o reino agora é de “prata” e não de “ouro”, O monarca Nabucodonosor
matava a quem queria e conservava em vida a quem queria (Dn 2.38 e 5.19), coisa
que Dario não podia fazer, pois era apenas representante do reino de “prata”.
Dn
6.15: “Então aqueles homens foram juntos ao rei, e disseram ao rei: Sabe, ã
rei, que é uma lei dos medos e dos persas que nenhum edito ou ordenança, que o
rei determine, se pode mudar”.
O
presente texto mostra como os tiranos inimigos não permitiam ao rei ganhar
tempo. A sentença que eles queriam tinha de ser pronunciada ali mesmo. A lei
decretada pelo monarca medo era de caráter irrevogável, e aqueles servos maus,
aproveitando-se da armadilha em que o rei caíra prevaleciam-se da própria honra
do rei, sempre juntos,
dizendo: “Sabe ó rei, que uma lei dos medos e dos persas...” Diante de tal
oposição daqueles ministros, o rei só tinha um dos caminhos a seguir: ou
transgredir a lei ou permitir que Daniel fosse lançado na cova dos leões. Ele
optou pelo segundo caminho, ainda que contrário à vontade de Deus e à sua, mas
é evidente que o falso decreto, para condenar o justo Daniel, passou por falta
de vigilância da parte do monarca. (Ver 1 Pe 5.8).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 114-117.
Daniel
não foi poupado dos problemas, mas nos problemas (Dn 6.11-17). Seus inimigos
agiram com maldade, orquestrando e tramando nos bastidores. Nesse processo,
quatro coisas acontecem: em primeiro lugar, a descoberta (Dn 6.11). Os
orquestradores contra Daniel encontraram-no orando. Era tudo que eles
precisavam para levar adiante o plano de matá-lo. Em segundo lugar, a
informação (Dn 6.12-15). A informação estava cheia de veneno: 1) acentuava o preconceito,
falando de Daniel como um exilado, mesmo depois de setenta anos de integridade
como o homem mais importante do governo; 2) acrescentava uma informação falsa,
afirmando que Daniel não fazia caso do rei; e 3) ressaltava que tanto Daniel
como o rei foram vítimas de uma trama.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 86.
3.
Preservando a integridade (Dn 6.18-22).
Dn
6.18 Então o rei se dirigiu para o seu palácio. O pobre rei Dario ficou extrem
am ente desanim ado. Ele perdeu o apetite e nada com eu. Talvez ele estivesse
ocupado em um je ju m religioso, m ediante o qual esperava salvar Daniel “de
algum a m aneira” . Naquela noite ele não quis que houvesse a m úsica, a dança
e os entretenim entos que faziam parte regular das “noites do rei”. Ele não
dorm iu, e suponho que ele m uito orou ao Deus dos judeus, a despeito do
decreto restringidor. Sem dúvida o rei não estava confiando em si m esm o
naquela noite. Este versículo com bina adm iravelm ente com a experiência hum
ana. Há tem pos em que as coisas saem de nosso controle, e som ente Deus pode
fazer algum a diferença. Mas existe um a profunda agitação “lá fora”, pois as
pessoas são envolvidas por situações im possíveis e não têm fé suficiente para
livrar-se delas,
Esconder-m
e-ei na Rocha fendida,
Até
passarem as tempestades da vida;
Segura
nesse bendito refúgio,
Não
dando atenção à explosão m ais feroz.
(Mary
D. James)
Dn
6.19 Pela manhã, ao romper do dia. O rei agitou-se e rolou em seu leito real a
noite inteira, em meio a uma ansiedade nada real. Assim que o sol surgiu no
horizonte, ele foi com coração pesado dar uma olhada na miserável cova dos
leões. Ele tem ia olhar para dentro da cova. Talvez só houvesse ossos e pedaços
do profeta Daniel. Porém, em seu desespero, ele correu para a cova. Som os
lembrados de com o certas mulheres, e então um grupo de discípulos, correram
para o túm ulo de Jesus, pois se espalhara a notícia de que ele tinha escapado
daquele lugar miserável por meio de um milagre (ver João 20.4).
“Elevados
oficiais, nos países do Oriente, moviam-se com pom posa lentidão, como sinal de
sua dignidade. Se alguém era um a grande figura, não precisava andar com
pressa. P ortanto, a pressa, por parte do rei, foi um elem ento do efeito dram
ático deste relato” (A rthur Jeffery, in loc.). “Dario esperava... que o idoso
estadista teria sido salvo por Deus, a quem servia (ver Dan. 3.17; 6.16)” (J.
Dwight Pentecost, in loc.).
Dn
6.20 Chegando-se ele à cova, chamou por Daniel com voz triste. Chegando à cova,
o rei era um destroço nervoso e, com voz chorosa, lam entável de ser ouvida,
ele gritou pelo buraco, na esperança de que um homem vivo ouvisse e respondesse.
O rei estava todo entusiasm ado com a idéia de que o Deus vivo e verdadeiro dos
judeus, sobre o qual ele tinha ouvido, realm ente teria algum poder, a ponto de
reverter a m iserável situação de Daniel. Daniel tinha servido bem esse Deus e
estava disposto a ser um mártir, para evitar tornar-se um apostatado. Talvez
por essa razão, Deus tivesse baixado Sua mão poderosa e fechado a boca dos leões.
Por isso o rei perguntou: “Estás vivo, Daniei? Teu Deus fez algum grande feito
em teu favor? Grita de volta se puderes!". "Teu Deus, a quem sem pre
tens adorado, te salvou dos leões?” (NCV).
Dn
6.21 Então Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para sempre! Para profunda adm
iração do rei, uma voz saudávei e forte, a voz do próprio Daniel, respondeu. Ficam
os sem pre surpresos quando Deus faz outro feito em nosso favor, que ultrapassa
tudo quanto poderíam os fazer por nós mesmos. De fato, continuamos a ser surpreendidos,
sem importar quantas vezes isso volte a acontecer.
Portanto,
Senhor, continua enviando surpresas. Um homem tem de crer em tudo quanto vem de
Deus, pois é Dele que os m ilagres provêm. Sempre é melhor crer de mais do que
crer de menos. Oh! Senhor, concede-nos tal graça! Adem ais, tudo quanto temos a
fazer é p e d ir.“... foi algo tão grande, que encheu o rei de admiração. A
coisa foi realm ente extraordinária e adm irável" (John Gill, in loc.).
Daniel
introduziu o que tinha a dizer acerca de sua libertação com uma típica saudação
segundo a cortesia da corte: “Ó rei, vive para sem pre”.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3399-3400.
O
livramento (Dn 6.18-23). Você não pode evitar que os homens maus tramem contra
você, mas você pode orar, e Deus pode frustrar o propósito dos ímpios. Os
perversos não contavam com a intervenção de Deus, com o livramento do anjo do
Senhor. Stuart Olyott narra essa situação da seguinte maneira: Naquela noite,
Satanás não incomodou Daniel, porque este lhe havia resistido. Daniel teve a
com panhia do Senhor Jesus Cristo! O anjo do Senhor que gu iou Jacó do início
ao fim de sua longa vida, o anjo que andou com Sadraque, Mesaque e Abednego na forn
alha de fogo - esse mesmo anjo abençoou Daniel, ficando ao seu lado durante
aquela noite. A quele que, anos depois, mostraria Sua autoridade sobre os
ventos e as ondas do mar, naquela noite demonstrou Sua autoridade sobre os leões
ao restringir todos seus instintos naturais, a fim de não matarem brutalm ente
a vítima que lhes fora apresentada!
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 86-87.
Dn
6.18: “Então o rei dirigiu-se para o seu palácio, e passou a noite em jejum, e
não deixou trazer à sua presença instrumentos de música; e fugiu dele o sono”.
O
texto em foco nos mostra quão grande é a segurança daquele que habita no
esconderijo do Altíssimo, como bem descreve o salmista, no Salmo 91.1 e ss.
Daniel, na cova dos leões famintos, estava mais sossegado do que o rei no palácio
real. Assuero não dormiu uma noite e nela descobriu a dignidade e a nobreza de
Mardoqueu, um judeu cativo (Et cap. 6). Para o servo fiel a seu Deus, sua
confiança jamais será abalada por coisa alguma. Ainda que lhe seja necessário
morrer por Cristo, ele permanece firme em seu propósito. (Ver At 7.55 a 60).
João Evangelista foi deportado para a ilha de Patmos, só porque deu seu
testemunho de que Jesus Cristo era o Filho de Deus; ali teve visões sublimes da
glória de Cristo e das venturas eternas. Daniel também permaneceu firme e, como
recompensa, teve a companhia dos anjos (Hb 11.33).
6.19:
“Epela manhã cedo se levantou, e foi com pressa à cova dos leões”.
“E
foi com pressa á cova...” O monarca medo, não conseguindo dormir aquela noite,
levantou-se muito cedo e, com grande pesar na sua alma, foi à referida cova,
onde, num estado de tranqüilidade, encontrava-se Daniel! O rei era possuidor,
não de uma culpa simulada, mas sim, de uma culpa real. Um olhar introspectivo e
retrospectivo colocou-o a par destas razões, que provocavam a intranqüilidade
mental. No entanto, tais observações não são conseguidas facilmente. O homem
tem a tendência de fugir da realidade a seu respeito. A declaração bíblica
sobre isso é: “Os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas
obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz...” (Ver Jo
3.19,20). Dn 6.20: “E, chegando-se à cova, chamou por Daniel com voz triste; e,
falando o rei, disse: - Daniel, servo de Deus vivo! dar-se-ia o caso que o teu
Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?
“Daniel,
servo do Deus vivo. O profeta Jeremias, diz que o nosso Deus “é o Deus vivo e o
rei eterno” (Jr 10.10). O fato da existência de Deus era tão natural, que não
temos na Antiguidade remota nenhum vestígio de especulações sobre a origem ou o
destino de Deus, embora a teologia ocupasse um lugar considerável nas crenças
dos antigos povos. Assim, como a vida é uma realidade misteriosa que apenas se
pode constatar e que ninguém sonha contestar, assim Deus é uma realidade que se
impõe. Desde que Ele aparece nas primeiras páginas da Bíblia e da História, já
aparece como um Deus grande e soberano, por ser um Deus vivo. Assim sendo, a
expressão “Deus vivo” possui um caráter teológico menos contestado que outras
afirmações que são dedicadas à sua existência. E “porque Deus é vivo, podemos
falar dele como um ser vivo; mas também, porque dele falamos como de um ser
vivo, não deixamos nunca de lembrar que Ele está vivo”.
Dn
6.21: “Então Daniel falou ao rei: O rei, vive para sempre!
"...
vive para sempre.1”. A resposta de Daniel funciona como resposta à pergunta do
rei que também se refere ao Deus vivo. (Ver Dt 5.26; Js 3.10; Jr 10.10; Mt
16.16; 1 Tm 3.15; Ap 7.2; 10.6, etc.). A resposta em foco é uma prova de que
Deus realmente vive, e foi capaz de socorrê-lo. A eternidade de Deus é duração
sem princípio e sem fim: é existência sem intermediação, sem limites ou
dimensões; é um presente com ausência de limitações; em qualquer tempo Deus é
vivo, sem passado ou futuro quanto á medição de sua vida. Sua eternidade é
juventude sem infância ou velhice: vida sem nascimento ou morte; é hoje, sem o
ontem ou o amanhã. A eternidade de Deus é, sem dúvida alguma, um sempiterno
presente; Ele há de permanecer para sempre em majestade, e isolamento em si
mesmo. Ele é sempre o mesmo quanto ao tempo e à importância. Ele vive para
sempre. Não morre jamais!
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 118-120.
III - DANIEL NA COVA DOS LEÕES (Dn 6.16-24)
1.
Daniel preferiu morrer a se dobrar diante de um edito maligno (Dn 6.16,17).
Daniel
preferia ser sacrificado do que transigir com sua integridade
Daniel
não discutiu, nem questionou sua condenação com o rei. Sua convicção era de que
o seu Deus o livraria se assim o quisesse. Ele não deixou de orar e de manter
seu hábito devocio- nal. Daniel foi denunciado, preso e lançado na cova dos
leões. Sua integridade não o livrou da maldade e da inveja dos seus inimigos do
palácio. Ele, entretanto, preferiu não confrontar seus inimigos gratuitos,
porque suas orações o sustentavam em quaisquer situações. Ter o coração íntegro
tinha linha direta com Deus, dando- lhe paz interior para enfrentar aquela
situação. Como crentes em Cristo estaríamos dispostos a sacrificar nossa vida e
até morrer pelo nome de Jesus? O próprio Jesus declarou que no final dos tempos
os verdadeiros discípulos seriam odiados, atormentados e levados à
morte.Teríamos novos “daniéis” em nossos tempos modernos?
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 94.
Dn
6.16 Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel. O rei, impotente, e
confessando sua impotência, com relutância ordenou que Daniel fosse trazido e
lançado na cova onde os leões viviam, tal como os três amigos do profeta tinham
sido lançados na fornalha ardente (ver Dan. 3.11,21). Quando Daniel estava
sendo arriado na cova dos leões, o rei expressou o desejo de que Deus o
protegesse, pois Daniel confiava nele. Isso duplica a situação dos três amigos
(ver Dan. 3.17).
A
história, como é claro, exalta Judá e Yahweh, à custa do paganismo e de seus
inúmeros deuses de nada. E Daniel, profeta genuíno, também é exaltado, às
expensas dos profetas do paganismo. O livro de Daniel, em certo sentido, é uma
apologia do judaísm o e de sua fé monoteísta tradicional.
Dn
6.17 Foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova. A cova dos leões era
uma espécie de abismo, conforme a palavra usada dá a entender. Ao que tudo
indica, só havia uma saída, pelo que uma pedra tampou a cova, impedindo que
Daniel fugisse. Naturalmente, o idoso profeta não correria muito, mesmo que os
leões viessem em sua perseguição! A pedra foi selada com argila, e o pobre rei
“assinou” sobre ela com seu sinete, talvez fazendo uma impressão no barro com
seu anel real. Isso dizia às pessoas que se mantivessem afastadas sob pena de
morte. Ninguém ousaria tentar salvar Daniel, pois, se violasse a marca do anel do
rei, essa pessoa seria a próxima a descer à cova. Heródoto (Hist. 1.195) mencionou
o costume babilônico de fechar covas e selar a tampa, e esse costume continuou
com os persas (Est. 3.12; 8.8,10). Dario afixou seu selo a documentos oficiais,
conforme informou Heródoto (ver Hist. 111.128). Cf. I Reis 21.8 e Mat. 27.66.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3399.
Dn
6.16: “Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e o lançaram na cova dos
leões. E, falando o rei, disse a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente
serves, ele te livrara”.
O
texto em foco nos mostra o momento cruciante na vida daquele servo de Deus! E
evidente que o rei mandou chamar Daniel, por certo, para se certificar de que
as testemunhas falavam a verdade. Daniel confirmou que sim. O texto não nos
informa o diálogo havido entre o rei e o velho profeta, mas, pela linguagem do
mesmo rei, fica demonstrado que houve um diálogo com o rei, antes de Daniel ser
lançado. Há grande discrepância entre os comentadores quanto às palavras do rei
ao dizer: “O teu Deus... ele te livrará”. Para alguns, o rei disse apenas: “ele
que te livre”, mas o texto, em si, parece não autenticar essa interpretação. Ao
lançar Daniel na cova, o rei disse categoricamente e com firmeza: “O teu Deus,
a quem tu continuamente serves, ele te livrará”, Os descrentes, mesmo na
ignorância espiritual, sabem que servimos a Deus continuamente. “A religião é
para todos os dias e não somente para o tempo em que estamos nos cultos
públicos”.
Dn
6.17: “E foi trazida uma pedra e foi posta sobre a boca da cova: e o rei a
selou com o seu anel e com o anel dos seus grandes, para que se não mudasse a
sentença acerca de Daniel”.
"...
foi trazida uma pedra e foi posta sobre a boca da cova”. Tem sido interpretado
que, a “cova dos leões” onde Daniel foi lançado, tinha duas entradas: a
primeira era uma espécie de “rampa” pela qual os animais entravam e a segunda
uma espécie de “buraco”, na extremidade superior, pelo qual os animais eram
alimentados. Seja como for, Daniel foi lançado ali, e certamente só haveria uma
saída, talvez a do teto como já ficou explícito acima. Foi provavelmente para
evitar que alguém trouxesse uma corda e a colocasse por aquela porta, que foi
trazida uma pedra e foi colocada ali. Para que a entrada da cova não fosse
violada, o rei, à semelhança do que fez Pilatos, mandou que trouxessem o selo
real (o anel) e o selo de seus grandes, selando assim a pedra. Era esse o costume
daqueles dias: selar a entrada duma cova, quando havia nela alguém vivo ou
morto. (Ver Josué 10.16 e ss; Dn 6.17; Mt 27.66).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 117-118.
O
rei reconhece que todos os homens sábios da Babilónia haviam sido dispensados,
pois não conseguiam ler aquelas palavras, e muito menos interpretá-las (v. 16).
E: 4. Ele promete dar a Daniel as mesmas recompensas que havia prometido aos
sábios caso pudesse fazer a interpretação (v. 16). Era estranho que os mágicos,
mais de uma vez, tanto agora como na época de Nabucodonosor, tivessem ficado
embaraçados e não tentassem fazer alguma coisa que pudesse
salvar o nome deles. E mesmo que tivessem falado com alguma certeza: “Esse é o
significado desse sonho, ou dessa escrita”, quem iria desmenti-los? Mas Deus
havia ordenado que nada tivessem a dizer, da mesma maneira que aconteceu quando
Cristo nasceu e os oráculos pagãos ficaram totalmente emudecidos.
A
interpretação feita por Daniel desses caracteres místicos estava longe de
aliviar o rei dos seus temores e podemos supor que, ao contrário, até ajudou a
aumentá-los. Daniel já era muito velho, e Belsazar era muito jovem. Portanto,
parece que o profeta usou de grande liberdade para lidar direta e
categoricamente com o rei, muito além do que havia feito em ocasiões anteriores
com Nabucodonosor. Ao reprovar qualquer homem, especialmente os grandes homens,
é preciso ter sabedoria para considerar todas as circunstâncias, pois os erros
que eles cometem podem ser conseqüências dos ensinos equivocados que definiram
a maneira de viver deles. No discurso de Daniel, podemos ver que:
1.
Ele se oferece para ler os escritos que haviam deixado todos muito alarmados, e
também para fazer a sua interpretação (v. 17). Daniel ignorou a oferta das
recompensas, e não se mostrou muito satisfeito por terem sido mencionadas, pois
não era um homem como aqueles que adivinhavam por dinheiro. Ele recebia com
satisfação quaisquer gratificações oferecidas por Nabucodonosor, mas se negava
a visá-las em primeiro lugar, ou a ler os escritos para o rei, apenas por causa
de, ou em consideração a, quaisquer honras que lhe tivessem sido prometidas.
Não. “Os teus dons fiquem contigo, pois não irão te pertencer por muito tempo,
e dá os teus presentes a outro, a qualquer dos sábios que gostarias que os
tivessem ganhado, pois para mim não têm valor”. Agora, Daniel está observando
esse reino como um reino que está dando o seu último suspiro, e por isso
despreza as suas dádivas e recompensas. E assim que devemos desprezar todas as
dádivas e recompensas que esse mundo pode nos dar se entendermos, através da
fé, que o seu momento final está se aproximando. O rei podia oferecer os seus
últimos presentes a qualquer outro, pois existem presentes melhores aos quais
podemos dirigir os nossos olhos e corações. E com este pensamento que devemos
cumprir nosso dever no mundo, prestar todos os verdadeiros serviços que
pudermos, ler os escritos de Deus ao professarmos a nossa religião e, através
de uma agradável comunhão com o precioso Criador, sabermos a sua interpretação.
E, então, poderemos confiar que o Deus bondoso nos concederá as suas dádivas e
recompensas. Tudo que o mundo puder nos dar será simplesmente lixo e ninharias
quando comparado com as riquezas que o Deus maravilhoso tem reservado para
aqueles que o amam e o seguem.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 857.
2.
Daniel foi protegido da morte pelo anjo de Deus (Dn 6.22,23).
A
confiança do Rei no Deus de Daniel.
“O
rei disse a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, ele te livrará”
(6.16-18). Certamente o rei já havia ouvido falar das proezas do Deus de Daniel
nos anos em que Daniel esteve naquele palácio. O testemunho da grandeza do Deus
de Daniel era uma realidade que aquele palácio não podia deixar de reconhecer.
Mais uma vez Deus interfere numa situação que parecia impossível. Daniel era um
ancião com mais de 85 anos de idade e seus inimigos não tiveram complacência.
Pelo contrário, seus corações eram rancorosos e tudo o que queriam era
livrar-se do velho Daniel. O Rei não conseguiu dormir, nem comer. Seu coração
estava partido de tristeza. Restou-lhe um pouquinho de esperança de que o Deus
de Daniel o salvaria de ser estraçalhado pelos leões naquela cova. Nenhuma
ameaça afetaria sua integridade (6.19-22). A proposta de uma lei escondia nas
entrelinhas a maldade daqueles homens. A lei tinha que ser cumprida e o rei não
poderia voltar atrás depois de assinada (v. 17). Dario, o rei, percebeu que
havia caído na mesma armadilha que prepararam para Daniel. Viu-se forçado a
cometer uma injustiça em nome do sistema da lei e da ordem. Percebeu que, os
pretensos defensores da lei, ao seu redor, armaram uma situação para se cometer
a pior injustiça contra um homem íntegro. Por isso, ele se empenhou até ao pôr
do sol para evitar aquela injustiça contra Daniel.
Daniel
nos deixou o exemplo de que é possível permanecer íntegro mesmo quando somos
ameaçados e vítimas de conspiração contra nós. Foi o que aconteceu com Daniel.
Seus pares no reino de Dario conspiraram contra ele buscando ocasião para
acusá-lo diante do rei.
Integridade
é uma palavra que significa “inteireza, ser completo, ser inteiro”. Aprendemos
que uma pessoa íntegra não é dividida, não age com duplicidade, não finge, não
faz de conta. As pessoas íntegras não escondem nada porque são transparentes em
seus comportamentos. Daniel nunca escondeu que orava a Deus e não faria isso
escondido dos olhos dos outros. Sua fé em Deus jamais seria negada ou
transigida por qualquer pressão política. Os inimigos de Daniel orquestraram
uma situação de injustiça em que, Daniel não poderia escapar, nem o rei
retroceder.
“E
chegando-se à cova, chamou por Daniel “ (6.20,21). O rei estava triste mas
guardava a esperança de que o Deus de Daniel era poderoso para livrá-lo. Daniel
ouviu a voz do rei e gritou de dentro da cova: “O rei, vive para sempre”,
indicando que estava vivo porque o anjo do Senhor o livrou.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 95-96.
Dn
6.22 O meu Deus enviou o seu anjo. Deus, o Poder, a Deidade dos judeus, foi o
libertador de Daniel, e o anjo foi o Seu instrum ento. O anjo tinha o poder de manter
os leões tranqüilos e sem vontade de atacar o profeta, e foi isso o que ele
fez, conform e se entende pelas palavras “fechou a boca aos leões”. Este versículo
ensina a realidade do m inistério do anjos.
O
fato de Daniel ter sido livrado deveu-se à sua inocência diante de Deus e diante
do rei. O rei é que tinha pecado, assinando o ridículo decreto e assum indo uma
posição divina, o que não é certo ao homem fazer. Anjos já tinham estado ativos
em circunstâncias nas quais os am igos de Daniel estiveram envolvidos (ver Dan.
3.28). A história de Daniel na cova dos leões ilustra um dos atos de fé,
conform e registra Heb. 11. V er o vs. 33. Daniel era inocente e leal a Deus,
pelo que Deus usou Sua graça para conceder aquele grande milagre. É um exagero
fazer aqui do anjo o Cristo pré-encarnado, como se fosse e mesmo anjo que esteve
na fornalha ardente. Cf. o versículo com Sal. 34.7,10. O poder de Deus fecha a
boca do “leão que ruge" (I Ped. 5.8).
Dn
6.23 Então o rei se alegrou sobrem aneira. Daniel nunca mais foi sujeitado a abusos.
O rei ordenou que tirassem o profeta daquele buraco m iserável. Ele não tinha
sofrido nenhum dano físico, porquanto havia confiado em seu Deus, na hora de
provação. Antes disso, porém, havia dem onstrado extraordinário grau de
lealdade, pelo que era o tipo de pessoa da qual se podia esperar um milagre. O
paralelo, naturalm ente, é a história dos três amigos de Daniel que foram
libertados da fornalha ardente, e as m esm as qualidades morais governaram os
dois incidentes. Cf. Sal. 57.4-6 e 91.11,15.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3400.
Dn
6.22: “O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos leões, para que não me
fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; e também contra
ti, ó rei, não tenho cometido delito algum”.
“O
meu Deus enviou o seu anjo”. O escritor da epístola aos Hebreus diz que os
anjos são espíritos ministradores enviados para servir a favor daqueles que hão
de herdar a salvação (Ver Hb 1.14). Não só as Escrituras, mas também a teologia
judaica helenista desenvolveu uma noção sobre como Deus faz os anjos servirem
aos homens, protegendo- os, ajudando-os, de inúmeras maneiras. Vários
versículos do Antigo Testamento refletem algo sobre isso. Em o Novo Testamento,
o testemunho também sobre os anjos é abundante: Um anjo anunciou o nascimento
de João Batista (Lc 1.11-14), e deu-lhe o nome (Lc 1.13); um anjo anunciou a
Maria o nascimento de Jesus (Lc 1.26-37), e deu-lhe o nome (Mt 1.21); Um anjo
anunciou a José o mesmo acontecimento. Isso que apresentamos aqui é apenas o
início da vasta missão dos anjos no Novo Testamento. Por mais de 175 vezes
essas criaturas são mencionadas aí.
6.23:
“Então o rei muito se alegrou em si mesmo, e mandou tirar a Daniel da cova:
assim foi tirado Daniel da cova, e nenhum dano se achou nele, porque crera no
seu Céus?’.
“Então
o rei muito se alegrou em si mesmo”. Nas páginas áureas da Bíblia Sagrada,
aparece a alegria com vários sentidos: Há a alegria de caráter nacional e cultural
(Ver o livro de Ester, como exemplo.) Já nas páginas de Deutero- nômio, cap.
12.7 a 12, aparece a alegria como manifestação da piedade familiar; mas,
sobretudo nos Salmos, encontra ela acento verdadeiramente religioso e pessoal,
expressando a adoração transbordante de regozijo, própria de quem sabe estar na
presença de Deus (16.8 e ss.), e conhece sua lei como refrigério da alma (Salmo
119); suas promessas, seu perdão (SI 51), suas libertações. Há também
referências específicas de alegria escatológica, como por exemplo em Is 9.1; e,
nos últimos capítulos desse livro, ela se desabrocha em alegria cósmica
(Exemplificando: 49.13; 120 55.12). No texto em foco, a alegria do rei foi
motivada pela grande libertação que Deus deu à pessoa de Daniel. O crente fiel
sempre se alegra no Senhor, mas como o monarca não tinha Deus na sua vida,
“alegrou-se em si mesmo”.
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 120-121.
Em
nome de Deus, Daniel exibe os artigos que impedem Belsazar de exercer as suas
funções. Antes de começar a ler o seu destino, escrito na
parede, ele mostra os crimes que o rei havia cometido, para que Deus se
mostrasse justificado quando fosse falar, e bastante claro quando fosse julgar.
Agora, aquilo que ele expõe como sendo a sua acusação é: (1) Que o rei não
tinha tomado conhecimento dos castigos que Deus havia imposto ao seu pai (v.
22): “E tu, seu filho Belsazar, não humilhaste o teu coração, ainda que
soubeste de tudo isso”. Note que é uma grande ofensa a Deus quando o nosso
coração não se humilha perante Ele, não obedece aos seus preceitos, e não acata
as suas providências, e também quando não se humilha pelo arrependimento,
obediência e paciência. Além disso, ele espera dos grandes homens que humilhem
os seus corações reconhecendo que, embora sejam grandes, são responsáveis
perante Deus. E também representa severa agravante à altivez do nosso coração
quando, embora estejamos suficientemente cientes de que devemos humilhá-lo, não
nos importamos em melhorá-lo ou considerá-lo. Isto é particularmente agravado
quando sabemos que outros que também não se curvaram ficaram quebrados, e que
outros caíram embora não desejassem se inclinar. O problema é continuarmos,
mesmo assim, a ser inflexíveis e obstinados. E os pecados dos filhos ficam mais
infames se eles seguirem os passos da iniqüidade dos pais, embora tenham visto
como isso custou caro para eles, e como foram perniciosas as suas
conseqüências. Será que sabendo disso, de tudo isso, nós ainda não nos
humilhamos? (2) Que o rei havia afrontado a Deus mais impudentemente do que o
próprio Nabucodonosor, pois Daniel havia testemunhado as festanças daquela noite
e ficado horrorizado (v. 23): “Te levantaste contra o Senhor do céu”, te
encheste de ira contra Ele, e tomaste as armas contra o seu trono e dignidade
e, nessa ocasião em particular, profanaste os vasos da sua casa e transformaste
os utensílios do seu santuário em instrumentos da tua iniqüidade. E, em um
verdadeiro e planejado desprezo contra Ele, exaltaste os deuses de ouro e prata
que não podem ver, nem ouvir, e que não sabem nada, como se fossem os teus
deuses preferidos, ao invés do Deus que pode ver, ouvir, e que conhece todas as
coisas. Os pecadores que decidem permanecer no pecado se satisfazem plenamente
com os deuses que não podem ver, ouvir, e que não conhecem nada, porque assim
poderão pecar com toda a impunidade. Mas esses descobrirão, para sua confusão,
que embora tenham escolhido esses deuses, não serão julgados por esses deuses.
Pois o julgamento só será feito pelo verdadeiro e único Deus, diante de quem
todas as coisas estão nuas e patentes. (3) Que o rei não tinha correspondido à
finalidade da sua criação e manutenção: “A Deus, em cuja mão está a tua vida e
todos os teus caminhos, não glorificaste”. Esta é uma acusação geral, e que
serve para todos nós. Vamos considerar como devemos agir em resposta a ela.
Observe: [1] Nossa dependência de Deus, que é o nosso criador, protetor,
benfeitor, proprietário e governador. No princípio, a nossa alma estava em suas
mãos, e ela ainda continua nessa situação privilegiada. Pois é Ele que mantém a
nossa vida, e, quando decide tirar o fôlego de vida que está em nós, morremos.
O nosso tempo está na sua mão, e assim está o nosso fôlego de vida. E através
deste que o nosso tempo é medido. E em Deus que nós vivemos, e nos
movimentamos, e temos
a
nossa existência. Vivemos por Deus e para Deus. Vivemos por causa dele, e sem
Ele não podemos viver. O caminho do homem não está em si mesmo, nem sob o seu
próprio comando, ou à sua disposição. De Deus são todos os nossos caminhos. O
nosso coração está na sua mão, assim como o coração de todos os homens, e até o
coração dos reis que preferem se comportar como se pudessem agir da maneira que
quisessem. [2] Nosso dever para com Deus, considerando toda essa dependência.
Devemos glorificá-lo, nos devotar à sua honra e nos dedicar ao seu serviço,
procurando agradá-lo e louvá-lo. [3] Nossa falha ao cumprirmos esse dever,
apesar de toda essa dependência. Nós não praticamos esse dever, pecamos e não
consideramos a sua glória. Essa foi a acusação feita contra Belsazar, e não
havia necessidade de apresentar qualquer prova, pois os fatos gozavam de uma
notória evidência, e sua consciência nada podia fazer a não ser se declarar
culpada.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 858-859.
3.
Deus mais uma vez foi glorificado através da vida de Daniel (Dn 6.22,23,25-28).
Daniel
foi protegido da morte pelo anjo de Deus (6.22,23). Os leões podiam estraçalhar
seu corpo e deixar exposto apenas o seu esqueleto. Ele não podia fechar a boca
dos leões, mas estava certo de que Deus o faria pelo seu anjo. Sem trair sua fé
e sua integridade, Daniel não escapou da cova dos leões, mas o anjo de Deus
entrou com ele naquela cova e fechou a boca dos leões.
A
firmeza da fé de Daniel estava acima de qualquer trama diabólica, por isso,
Deus enviou o seu anjo que fechou a boca dos leões que não puderam devorá-lo.
Sua comunhão com Deus era algo vital e inalterável na relação entre ambos. A
Bíblia declara que “o anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os
livra” (SI 34.7). Dario, o rei estava triste, mas sabia que um milagre poderia
acontecer porque o Deus de Daniel era Poderoso e poderia livrá-lo, por isso,
foi à boca da cova (fosso) para constatar a possibilidade do milagre, sendo
surpreendido pela sua realização.
(6.24,25)
A maldição dos inimigos de Daniel caiu sobre a cabeça deles.Todos aqueles
homens foram lançados na cova dos leões e estraçalhados, e não escapou nem
mesmo suas famílias.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 96.
Dn
6.25 Então o rei Dario escreveu aos povos. “Assim com o Nabucodonosor, no terceiro
capítulo, sentiu-se im pelido a assinar um decreto no qual reconhecia a grandeza
do Deus dos judeus e convocava todos os seus súditos a respeitá-Lo, também
Dario se sentiu im pulsionado a fazer o mesmo, depois do m ilagre que ocorreu
com Daniel. De fato, os detalhes desse decreto seguem de perto o padrão de Dan.
3 29 ss., usando palavras e frases que já havíam os encontrado em Dan. 2.44;
4.1-3 e 5.19” (Arthur Jeffery, in loc.).
A
terra era o que eles conheciam. O império persa era bastante amplo e abarcava a
m aior civilização da época. Foi irônico que o homem que tinha acabado de
assinar um decreto, tornando a si mesmo um deus pelo espaço de 30 dias, tenha
precisado admitir que existe um Deus verdadeiro, vivo e eterno (ver o vs. 20),
que governa o tenpo todo e para sempre e merece a adoração dos homens. A pa z
foi m ultiplicada ao povo, quando foram libertados do prim eiro decreto e
sujeitados ao segundo. A paz na terra resulta da paz espiritual, quando os
homens endireitam os seus cam inhos diante de Deus (Rom. 5.1).
Dn
6.26,27 Faço um decreto. O Deus dos judeus faz-se sem pre presente com os homens
em Sua criação, punindo e recom pensando. Isso, no caso de Daniel, livrou-o de
maneira m iraculosa. O relato é uma apologia em favor do Deus dos judeus e
contra os não-deuses dos pagãos. Cf. este versículo com Dan. 3.29. O Deus
libertador, que opera m ilagres diante dos homens, é o Deus vivo (ver o vs. 20),
em contraste com os ídolos m ortos que nada podem fazer. Ele encabeça um reino
que é perm anente e eterno o tem po todo. Embora a destruição seja a sorte dos
reinos terrenos, ela não tem efeito sobre o reino de Deus. Deus domina até o
fim, até onde o olho pode enxergar ao longo dos corredores do futuro, em
contraste com os reis terrenos, que aparecem e desaparecem . O rei tentara
libertar Daniel, mas fora im potente para isso (vs. 14). Deus é quem salva
tanto o corpo como a alma (cf. com o vs. 16 e Dan. 3.28,29). Ele emprega sinais
e m aravilhas (ver Dan. 4.2). “Que excelente elogio ao grande Deus e ao Seu
servo fiel!” (Adam Clarke, in loc.).
Dn
6.28 Daniel, que por essa altura estava com m ais de 80 anos de idade, recebeu certo
número de anos a mais, a fim de term inar seu trabalho, prosperar e continuar a
buscar e a servir o seu Deus. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! Ele continuava
vivo no com eço do reinado de Ciro. Essa inform ação já fora dada em Dan. 1,21,
cujas notas devem ser consultadas. Dan. 10.3 m ostra-nos que Daniel continuava
vivo no terceiro ano do reinado de Ciro. Daniel tinha prosperado e continuava a
prosperar, porque o Espírito de Deus estava com ele.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3400.
Dn
6.25: “Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e gente de
diferentes línguas, que moram em toda a terra: A paz vos seja multiplicada”.
“A
paz vos seja multiplicada”. Esta era uma saudação oriental muito antiga. (Ver
Ed 7.12). No campo religioso, porém, a graça é um dom de Deus, que intercala a
paz que é o próprio Jesus Cristo: “Ele é a nossa paz” (Ef 2.14-17). Essa paz
que Ele estabeleceu é chamada “a paz pelo seu sangue da sua cruz” (Cl 1.20).
Por isso a pregação do Evangelho da paz também comporta as exortações: “Viver
em paz”, “Ter paz”, e “Seguir a paz com todos”. A saudação do rei Dario,
conforme é descrita no presente texto, compreendia o estado de paz que seu
reino desfrutava durante a sua gestão. Ele diz: “A paz vos seja multiplicada”.
Ainda
o decreto em foco lembra o de Nabucodonosor (3.29); contudo, enquanto o dele
fora expresso em termos negativos, no sentido de punir qualquer palavra contra
o Deus dos três hebreus, aqui o temor a Deus é positivamente recomendado por
toda a extensão do Império. Seja como for, em ambas as passagens Deus é sempre
quem triunfa!
Dn
6.26: “Da minha parte é feito um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu
reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus
vivo e para sempre permanente, e o seu reino não se pode destruir; o seu
domínio é até o fim”.
O
presente texto, repete o designativo “o Deus vivo” visto no versículo 20 do
capítulo em foco. Essa afirmativa do rei compreende o pensamento expresso na
saudação convencional ao rei humano: “Vive para sempre”, afirmando, contudo,
que há um Deus, em relação ao qual, isto é verdadeiro; o seu reino é eterno e
jamais terá fim, como aquela dinastia medo-persa que, certamente em breve,
chegaria ao seu fim. O Deus vivo de Daniel não é apenas um deus territorial,
cujo governo alcança somente uma nação, mas o Senhor de um reino eterno, que
alcançará todas as nações quanto à sua extensão, e chegará a todos os séculos,
quanto à sua duração. E, portanto, o Milênio de Cristo que está em foco aqui e
em outras passagens paralelas.
Dn
6.27: “Ele livra e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; ele
livrou Daniel, do poder dos leões”.
"...
sinais e maravilhas...” O termo grego “semeon” era a palavra que comumente
significava “sinal” ou “marca distintiva”; mas, nos Evangelhos e no livro de
Atos dos Apóstolos, com freqüência é usado para indicar um “milagre didático”,
uma “maravilha”, cuja finalidade é a de convencer os homens acerca de uma
intervenção divina. A expressão ocorre setenta e sete vezes no Novo Testamento.
Sendo que, nos Evangelhos, aparece quarenta e oito vezes. Treze vezes ocorre
somente em Atos, oito nas Epístolas de Paulo, sete no Apocalipse de João, e uma
vez em Hebreus. No Evangelho de João aparece com o significado de “sinal
milagroso”. (Ver Jo 2.11,18, 23). Os sinais operados por Jesus eram operados em
resposta a uma necessidade, ou necessidades prementes, porém tinham um significado
mais profundo, comunicando ensinos espirituais e contendo elementos proféticos.
No texto em foco, ainda que as palavras “sinais e maravilhas” foram
pronunciadas por lábios pagãos, contudo, têm o mesmo significado, isto é,
convencer os homens acerca de uma intervenção divina.
Dn
6.28: “Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Da- rio, e no reinado de
Ciro, o persa”.
"...
Daniel, pois, prosperou...” O presente capítulo termina com uma declaração
sobre a prosperidade de Daniel no reinado de Dario e de Ciro, o persa: Dario
era de uma nação diferente da de Ciro, isso é visto na designação do jogo de
palavras: “medo e persa”. Seja como for, Daniel prosperou ali; ele era, sem
dúvida, um varão bem- aventurado, como bem descreve o salmista Davi, no salmo
primeiro, onde afirma ser o homem fiel "... como a árvore plantada junto a
ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não
caem, e tudo quanto fizer prosperará” (v. 3). Este capítulo seis (6) é a
primeira divisão de uma série de doze (12), sendo porém, essa primeira parte
histórica, enquanto que, a segunda parte: os seis (6) últimos, são de conotação
profética ou de caráter esca- tológico. Neles são desenvolvidos temas de vasto
alcance que atravessarão o Milênio de Cristo e entrarão na eternidade. (Ver
Daniel 12).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 121-123.
Quando
cuidamos de nossa integridade, Deus cuida de nossa reputação. Daniel não podia
administrar a orquestração dos seus inimigos, nem fazer o rei retroceder, nem
mesmo se recusar a ir para a cova dos leões. Ele não podia tapar a boca dos
leões, mas podia manter-se íntegro. Ele podia orar e pôr sua confiança em Deus.
Isso ele fez. Cabe a nós manter-nos fiéis, velar pelo nosso testemunho e honrar
a Deus com nossa vida. Cabe ao Senhor nos livrar das garras do inimigo. Daniel
creu em Deus e o anjo fechou a boca dos leões. Deus livrou Daniel em meio do
problema e não do problema. Muitas vezes, Deus não nos poupa das aflições, mas
nos livra nelas ou mesmo na morte. Quando cuidamos de nossa integridade, Deus
defende nossa causa contra nossos inimigos (Dn 6.24). Daniel saiu da cova dos
leões. A maldição dos seus inimigos caiu sobre a cabeça deles (v. 24). Daniel
foi exaltado e honrado, enquanto seus inimigos foram desmascarados e
destruídos. Quando cuidamos de nossa integridade, Deus nos exalta (Dn 6.28).
Daniel viu a Babilônia cair. Ele foi promovido no reino de Dario, o medo, e
também no reino de Ciro, o persa. Deus honra aqueles que o honram. Deus é quem exalta
e também quem humilha.
Quando
cuidamos de nossa integridade, o nome de Deus é exaltado (Dn 6.26,27). Mais do
que o nome de Daniel, o nome de Deus foi proclamado e exaltado em todo o
império medo-persa. O fim último de nossa vida é glorificar a Deus. Devemos
viver de tal maneira que os homens vejam nossas boas obras e glorifiquem ao
nosso Pai que está nos céus.
Dario
exaltou a Déus dizendo: 1) Ele é o Deus vivo; 2) Ele é o Deus eterno que vive
para sempre; 3) Seu reino jamais será destruído; 4) o domínio de Deus jamais
terá fim; 5) Ele é o Deus que livra, salva e faz maravilhas; e 6) Ele é o Deus
que livrou Daniel.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 87-88.
O Decreto de
Dario (6.25-28)
Embora a
reação imediata de Dario tenha sido de corrigir a injustiça que havia feito a
Daniel e punir os verdadeiros ofensores, ele foi muito além disso. Ele
reconheceu que a verdadeira injustiça tinha sido cometida
contra o Deus de Daniel. Na verdade, o decreto que havia colocado Daniel na
cova dos leões tinha proscrito a lei do Deus vivo (26) no reino dos medos e
persas. Esse édito precisava ser neutralizado por um outro, amplo em seu
alcance e específico em suas implicações. Assim, onde o primeiro édito proibia
fazer uma oração a qualquer outro a não ser ao rei, o segundo ordenava
reverência ao Deus de Daniel em todo o reino. Provavelmente, a verdadeira
adoração não pode ser assegurada por um édito real, mas ela certamente pode ser
encorajada. A ordem do rei e a declaração de louvor expõem a glória de Deus em
termos quase tão abrangentes e claros quanto aquelas proclamadas pelo grande
Nabucodonosor, o caldeu. O Deus de Daniel [...] ele é o Deus vivo e para sempre
permanente, e o seu reino não se pode destruir; o seu domínio é até ao fim. Ele
livra, e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra (26-27).
O
reconhecimento de Dario acerca do caráter sobrenatural do livramento de Daniel
é manifesto em dois termos aramaicos usados no versículo 27 para descrever a
obra de Deus — ’athiyn e thiymhiyn, sinais e maravilhas. O substantivo singular
’ath sugere “um sinal ou farol”, ou seja, “um prodígio, um milagre ou sinal”. A
segunda palavra, temah, sugere “assombro, perplexidade, admiração”, ou seja,
“milagre, maravilha”. O fato de aqueles animais selvagens famintos ficarem com
as bocas fechadas, a ponto de deixar o homem de Deus ileso é, de fato, um
milagre. Pouco tempo depois, aqueles mesmos animais, libertos do poder que os
impedia de atacar, esmigalharam os ossos daqueles que haviam desafiado a Deus.
Esse tipo de milagre é totalmente inaceitável para aqueles que insistem em uma
explanação natural para cada acontecimento. Mas para aqueles que aceitam a
revelação de um Deus que é livre para agir dentro do seu próprio universo
criado, esse milagre não é mais impossível do que qualquer outro ato que Ele
escolheu para cumprir o seu propósito. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento
estão repletos desse tipo de acontecimentos. Dessa forma podemos ver o tipo de
Deus que servimos, o Deus vivo [...] para sempre permanente (26).
No capítulo
6, podemos ver a “Coragem e suas Conseqüências”. 1) Coragem para ser fiel
(1-10). 2) Coragem testada (11-17). 3) Coragem vindicada (18-23). 4) O Reino de
Deus fomentado (25-27) A. F. Harper.
O versículo
28 relaciona os reinos de Dario, o medo, e Ciro, o persa com Daniel, que serviu
aos dois monarcas. A história deixa claro que esses monarcas eram co-re-
gentes: Dario, o medo, servia na Babilônia sob o reinado de Ciro, que havia
consolidado os reinos dos medos e persas e era seu governante reconhecido.
Parece que Dario reinou no máximo dois anos. Outras referências mencionam
apenas o primeiro ano de Dario (9.1; 11.1).
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel.
Editora CPAD. Vol. 4. pag. 519-520.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
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