O HOMEM
VESTIDO DE LINHO
O capítulo que ora vamos estudar
encontra-se numa seção que se destaca dos capítulos sete a nove: a de dez a
doze. Estes aparecem como profecia que os remete a uma retrospectiva histórica
dos capítulos sete a nove.
A seção dos capítulos dez a doze dividi-se
basicamente em três partes: introdução longa que descreve a aparição do
emissário divino para Daniel (cap. 10); a revelação que envolve a história dos
quatro impérios mencionados em profecias anteriores (11.1—12.4); a consumação
dos segredos divinos até o tempo do fim (12.5-13).
O capítulo dez retrata o envio de um
emissário celestial, conhecido como o homem vestido de linho, que trouxe uma
mensagem a Daniel acerca do futuro das nações e do povo de Israel. O profeta
Daniel esgotou-se fisicamente diante da realidade espiritual permeada na
batalha entre anjos cuja maioria dos estudiosos conservadores diz serem aqueles
anjos guardiões das nações que habitavam a região da Palestina e adjacências.
Mais importante é destacar que neste
capítulo os anjos aparecem com uma missão específica em relação ao desenrolar
da história revelada em visão a Daniel. Os seres espirituais são enviados pela
parte de Deus para auxiliar o profeta concernente a interpretação de algo que
Daniel buscava compreender. Perceba que em nenhum momento há uma atitude de
deslumbramento por parte do profeta com relação aos seres espirituais. Pois o
seu desgaste físico tem haver com a dimensão do mundo espiritual que ele viu-se
imerso. Por isso, não podemos usar este texto para justificar os movimentos
contemporâneos de "cair no espírito". É um "assalto"
hermenêutico utilizar textos como este de Daniel para justificar movimentos que
nada tem haver com o desenrolar do futuro das nações onde Deus se predispõe a
revelar os mistérios divinos.
Não se pode deixar de apontar também que
no nascimento de Jesus de Nazaré esta dimensão celestial foi novamente
representada através dos anjos. O anjo Gabriel anunciou o advento do Messias.
Na tentação de Jesus, após Ele ser provado e ter vencido as tentações, anjos o
serviram. O apóstolo Paulo nos falou que a nossa luta não é contra carne e
sangue, mas contra as potestades nas regiões celestiais. Os anjos são reais, o
mundo espiritual é real e, por isso, não podem ser banalizados por meninices e
falta de bom senso e respeito às coisas de Deus.
Revista Ensinador
Cristão.
Editora CPAD. pag. 41.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O
título desse capítulo desperta curiosidade porque apresenta uma figura que
revela alguém singular, diferente de todas as figuras de linguagem que ilustra
o próprio Deus e, que, de forma teofânica, indica a Pessoa de Jesus Cristo.
Era, de fato, a revelação do Cristo pré-encarnado, que corresponde com a visão
de Ezequiel (Ez 1.26) e depois, no Novo Testamento, com o Apocalipse de João
(Ap 1.12-20). Em todo este capítulo, “o homem vestido de linho” é o personagem
central das revelações feitas a Daniel.
Temos
que considerar que os três últimos capítulos desse livro trazem a última visão
e revelação que Daniel teve da parte de Deus. O capítulo 10 se constitui, de
fato, numa preparação para a revelação que Deus queria dar a Daniel, O capítulo
11 apresenta a visão escatológica que destaca o futuro imediato de Israel em
relação às nações. Nesta visão, Daniel lembra quando chegou como exilado
político na Babilônia ainda bem jovem. Os anos se passaram, e agora nos
capítulos 10,11 e 12, ele era um homem com mais de 85 anos de idade. Ele lembra
o nome estrangeiro Belsazar que havia recebido da parte de Nabucodonosor e que
tinha por objetivo apagar a memória do seu povo e do seu Deus. Mas Daniel, ao
citá-lo em Dn 10.1, queria lembrar, também, que nada mudou na sua mente e coração
em relação à sua fidelidade ao Deus de Israel. Ele provou que apesar do
desterro de sua terra, nada havia mudado em relação à sua fé.
Fazendo
uma digressão ao capítulo 9, Daniel sabia que o dedo de Deus dirige a história
e o futuro do seu povo e nada o deteria de cumprir os seus desígnios para com o
seu povo, mesmo que o mesmo tenha pecado contra o Senhor. Haviam passado os 70
anos preditos na profecia de Jeremias e, então, Deus envia o anjo Gabriel (Dn
9.21) para revelar esse futuro do seu povo. Foi uma revelação depois de muitas
lágrimas e orações do profeta pelo seu povo. Daniel era um homem de lágrimas e
Deus se agradava da sua humildade.
No
capítulo 10, já era o terceiro ano do reinado de Ciro da Pérsia (534 a.C.), e
Daniel, mesmo estando idoso, permaneceu no palácio sob a égide dos reis que
sucederam Nabucodonosor. Assumiram o império Ciro, da Pérsia, e Dario, da
Média. Constituindo, portanto, o Império Medo-persa. Entre 538 e 536 a.C.,
Ciro, o persa, concedeu um decreto que autorizava os judeus exilados na
Babilônia a retornarem a Palestina, especialmente, em Jerusalém, para
reedificarem o templo judeu. Porém, esse retorno aconteceu, de fato, a partir
de 538 a.C. O edito real de Ciro emitido está registrado em Esdras nos
capítulos 1 ao 6. Segundo a história, uma grande maioria de judeus havia
aderido aos costumes estrangeiros e preferiu não voltar à sua terra, ficando na
Babilônia. Porém, o sonho de Daniel era concretizado mediante sua pesquisa no
livro do profeta Jeremias ao constatar que já haviam se passado os 70 anos
profetizados de cativeiro. Mesmo assim, Daniel não desistiu de orar pelo seu
povo e por sua cidade santa, Jerusalém. Daniel era um homem de oração. Neste
capítulo algo diferente de todas as visões que tivera anteriormente acontece.
Há uma manifestação teofanica quando o próprio Deus, prefigurativamente, na
pessoa de Jesus Cristo, se apresenta a Daniel de uma forma ímpar e gloriosa.
Há, também, no texto uma manifestação angelical em que anjos celestiais
obedecem aos desígnios de Deus em favor dos seus servos na terra.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 137-138.
Um
intercessor amado no céu (Daniel 10.1-21)
Daniel
é um dos maiores exemplos de oração que temos na Bíblia.
Ele
ora com seus amigos, e os magos são poupados da morte (Dn 2.17,18). Ele ora com
as janelas abertas para Jerusalém, e Deus o livra da cova dos leões (Dn 6.10).
Ele ora confessando seu pecado e os pecados do povo, pedindo a restauração do
cativeiro babilônico (Dn 9.3). Agora,
Daniel ora novamente em favor de sua nação (Dn 10.1-3).
Esse
texto tem muitas lições importantes a nos ensinar sobre oração e jejum. Também
nos fala dos reflexos que as orações da igreja produzem no céu. Esse texto
ainda nos ensina grandes lições sobre batalha espiritual.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 127.
Esse
capítulo, assim como os dois capítulos seguintes (que concluem esse livro),
fazem um resumo de toda a visão e profecia reveladas a Daniel e destinadas ao
uso da igreja, não através de sinais ou figuras como antes (capítulos 7 e 8),
mas por meio de palavras expressas. E isso aconteceu cerca de dois anos depois
da visão do capítulo anterior. Daniel orava diariamente e uma visão lhe era
concedida uma vez ou outra. Nesse capítulo se vê algumas introduções à
profecia, no capítulo décimo primeiro tem as previsões em particular, e no
capítulo
décimo segundo a conclusão final. Esse capítulo nos mostra: I. O solene jejum e
a solene humilhação de Daniel antes de ter essa visão (w. 1-3). II. A gloriosa
aparição do Filho de Deus e a profunda impressão que ela lhe causou (w. 4-9). III.
Como foi encorajado a descobrir os futuros acontecimentos que seriam
satisfatórios e úteis tanto para ele como para os outros e que, embora fosse
difícil, ele seria capacitado a entender o significado dessa descoberta e
permanecer forte sob o seu esplendor, mesmo sendo deslumbrante e terrível (w.
10-21).
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 889-890.
O
capítulo 10 faz parte da última visão que Deus deu a Daniel, cobrindo os
capítulos 10, 11 e 12. A visão foi dada dois anos após o retorno dos judeus à
Palestina. No capítulo 10.1 afirma-se que foi no terceiro ano de Ciro. Ora,
Ciro decretou o regresso dos judeus do Exílio no primeiro ano do seu reinado.
O
capítulo 10 contém a descrição da visão. O capítulo 11 relata eventos que
tiveram lugar durante o período grego, após a morte de Alexandre, culminando
com a perseguição movida por Antíoco Epifânio. O capítulo 11 (parte),
juntamente com o 12, descreve os amargos sofrimentos do povo judeu nos eventos
do final dos tempos.
Estes
três capítulos finais de Daniel revelam a culminância da crescente experiência
espiritual do profeta, a qual é para todos nós um chamamento para uma vida
profunda com Deus. De início, ele interpretou os sonhos e eventos de outros
(caps. 2,4,5). A seguir, descreve visões suas (cap. 7). Depois é transportado
em visão a outra terra (cap. 8). A isso segue-se a visita de um dos mais
celebrados anjos (cap. 9). Por fim o profeta vê em visão o próprio Filho de
Deus na sua preencarnação (cap. 10). Foi portanto uma experiência espiritual
sempre crescente. Assim deve ser a de cada um de nós.
Antônio
Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os
últimos dias. Editora CPAD.
I - UMA VISÃO CELESTIAL (10.1-3)
1.
“Foi revelada uma palavra a Daniel”.
Indiscutivelmente,
Daniel é um dos modelos de vida devocio- nal mais importante da Bíblia. Ele
soube conciliar sua atividade palaciana com a sua vida devocional. No exilio,
mesmo servindo a reis pagãos, Daniel não se descuidou de estar em oração, três
vezes por dia. Ele não estava em Jerusalém para adorar ao Senhor no Templo, mas
fazia do seu quarto de dormir o seu altar de adoração e serviço a Deus através
da oração. Foi desse modo que ele teve as grandes revelações dos desígnios de
Deus para o seu povo.
Daniel,
um homem de revelações de Deus (10.1)
“foi
revelada uma palavra a Daniel” (10.1). A palavra revelação significa,
essencialmente, trazer à luz alguma coisa nova. A Daniel foi revelado coisas
extraordinárias acerca do seu povo e acerca de coisas futuras, não apenas
concernentes a Israel, mas abrangentes a todo o mundo, inclusive à igreja.
Porém, nos capítulos 10, 11 e 12, toda a revelação fala de fatos que
acontecerão “nos últimos dias”. Daniel era um homem sensível à voz de Deus,
comprometido com a verdade e que dizia apenas o que Deus ordenasse. Daniel não
enfeitava a profecia. As figuras de linguagem utilizadas por Deus para ilustrar
as revelações eram extremamente fiéis ao que Deus queria revelar.
(10.2)
A tristeza de Daniel. “Estive triste por três semanas completas”. A tristeza
que afligiu o coração de Daniel o fez decidir por orar e jejuar por 21 dias,
abstendo-se de carnes e de vinho. As notícias negativas acerca do que estava acontecendo
com seu povo e com a reconstrução do templo em Jerusalém o fez perceber que
estava havendo confusão, posição e má vontade da parte de muitos judeus em
relação ao retorno para a sua cidade, o lugar do templo do Senhor em Jerusalém.
Os samaritanos e palestinos que habitavam neste tempo em Jerusalém, começaram a
criar obstáculos, principalmente, para a reconstrução do Templo. Os judeus
haviam retornado para Jerusalém com o propósito de reconstruir o templo
enfrentaram muita oposição, e Esdras confirmou esse fato, quando disse:
“Todavia o povo da terra (samaritanos e palestinos) debilitava as mãos do povo
de Judá, e inquietava-os no edificar” (Ed 4.4). Por causa dessa oposição
ferrenha dos inimigos de Israel, agindo com falsidades e mentiras, e procurando
desanimar o povo, tudo faziam para frustrar os propósitos da reconstrução do
templo. Mais uma vez Esdras registrou essa oposição e disse: “E alugaram contra
eles conselheiros, para frustrarem o seu plano, todos os dias âe Ciro, rei da
Pérsia" (Ed 4.5). Além desses opositores, Daniel percebeu, também, que
havia desinteresse de muitos exilados na Babilônia em voltar à sua terra, pois
haviam se acomodado à vida exilada. A ordem de reconstrução e da volta do seu
povo à Palestina já havia sido autorizada e, passados alguns anos, o povo não
se animava de voltar à sua terra. Daniel ficou triste e se pôs a lamentar e
chorar. Porém, ele não desistiu de interceder pela compaixão de Deus, o Deus de
Israel. Ele percebeu que o povo havia se esquecido do Senhor e pouco se
interessava em servi-lo, preferindo viver uma vida dissoluta e de acordo com os
padrões da vida pagã. Ele sentia o peso desse fardo espiritual e se pôs a orar
e jejuar diante de Deus por Israel (w. 3,12).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 138-140.
Dn
10.1 “Foi revelada uma palavra...” O termo “revelar” ou o seu equivalente no
presente versículo, tem o mesmo sentido e pode ser traduzido por “revelação”.
Isto é, uma revelação de “uma guerra prolongada” que seria desenvolvida e
consolidada no capítulo 11 deste livro, sendo aqui, porém, apenas o início da
visão. Em toda a extensão da Bíblia, encontramos a “revelação” com dois pontos
focais: a) Os propósitos de Deus. b) A pessoa de Deus. Por um lado, Deus
informa os homens a respeito de si mesmo, revelando quem é Ele, o que tem
feito, o que está fazendo, o que fará, e o que requer que os homens façam.
Assim é que o Senhor tomou Noé, Abraão e Moisés, aceitando-os em relação de confiança,
informando-os sobre o que havia planejado e qual era a participação deles nesse
plano (Gn 6.13-21; 12.1 e ss.; 15.13-21; Ex 3.7-22). Por outro lado, quando
Deus envia a sua palavra aos homens, Ele também os confronta consigo mesmo. “A
Bíblia não conhece a revelação como uma simples transmissão de informações,
divinamente garantidas, mas antes, como a vinda pessoal de Deus aos homens,
para tornar-se conhecido deles. (Ver Gn 35.7; Êx 6.3; Nm 12.6-8; G1 1.15 e
ss.). No texto em foco, Deus revelou a Daniel o que há de acontecer nos
“últimos dias”.
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 185-186.
Uma
idéia geral dessa profecia (v. 1): “A palavra é verdadeira”, e toda palavra de
Deus é assim. É verdade que Daniel teve essa visão e que tais coisas foram
ditas. Ele atesta esse fato solenemente, e jura na qualidade de profeta. Et hoc
pamtus est verificare - ele estava preparado para verificá-las. E, como essas
palavras tinham vindo do céu, não há dúvida de que seriam confiáveis e
imutáveis. Mas o período mencionado ainda demoraria muito para chegar. O
reinado de Antíoco ainda demoraria 300 anos, uma espera bastante longa. Além
disso, como é habitual que os profetas enxerguem nas profecias as coisas
espirituais e eternas, existe nessa profecia um aspecto que parece estar
dirigido ao fim do mundo e à ressurreição dos mortos. Sendo assim, ele poderia
muito bem dizer: O tempo determinado ainda vai demorar a chegar. Entretanto,
ficou bem claro para Daniel que seria mais uma história do que uma profecia. E
ele entendeu do que se tratava, pois foi transmitida com bastante clareza e
recebida de uma forma que ele poderia dizer que havia entendido a visão. Ela
não só operou em sua imaginação, mas também em seu entendimento.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 890.
1.
"foi revelada uma palavra..." (10.1). Há um Deus no Céu que pode
revelar o futuro, bem como qualquer assunto que for da sua vontade. Uma palavra
revelada do Céu é algo maravilhoso, certo e infalível.
Antônio
Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os
últimos dias. Editora CPAD.
2.
Daniel um homem de oração.
Sem
dúvida, Daniel é um grande exemplo da prática da oração. Durante toda a sua
vida e, especialmente da juventude à velhice, o velho Daniel não deixou de
orar. Era um homem determinado e consciente de suas limitações. Por três
semanas consecutivas (21 dias) o velho Daniel não deixou de orar em favor do
retorno do seu povo à sua terra. Ele nunca desistiu de clamar e pedir por esse
retorno, porque sabia que o tempo de Deus não está preso às circunstâncias
históricas. Ele não adianta nem atrasa. No tempo devido, seus desígnios são
concretizados. Entretanto, Daniel, havia entendido que o plano de Deus para o
seu povo não havia findado. Sua convicção era tão forte que não demorou muito
para que Deus lhe desse outra grande revelação.
Daniel
havia ficado triste por 21 dias por causa da profecia de Jeremias e havia nesta
profecia a promessa de restauração do seu povo. Por isso, ele sentiu motivado,
não apenas para lamentar, mas para orar suplicando que a promessa fosse
realizada. Ele levou a sério esta necessidade de orar e orava como hábito
cotidiano três vezes ao dia. Ele orava com seriedade, com reverência e com
contrição, pois confessava o pecado do povo e esperava a misericórdia de Deus
(Dn 9.3-15). No capítulo 10, Daniel é surpreendido pelo “homem vestido de linho”
que lhe revela coisas maravilhosas.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 140.
Dn
10.3: “Manjar desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca,
nem me ungi com ungüento, até que se cumpriram as três semanas”.
O
presente versículo apresenta um jejum intensivo ainda que parcial, feito por
Daniel. Uma boa parte das religiões da Antiguidade conheciam a prática do
jejum. Abster-se de alimento era considerado, o meio de escapar do poder de
demônios, que, teriam sua influência na ausência da oração e jejum. (Ver Mc
9.29). Antes de ser prática cultual oficialmente estabelecida, o jejum, é, no
Antigo Testamento, primordialmente, um ato de piedade individual ou coletiva, realizada
por ocasião de circunstâncias particulares pessoais ou nacionais. O israelita
jejua quando está de luto (1 Sm 31.13; 2 Sm 1.12; 3.35), ou quando está em
graves dificuldades e espera de Deus o auxílio de que necessita (2 Sm 12.16; 1
Rs 21.27; SI 35.13). Também se jejua em preparação para receber a revelação de
Deus, como bem pode ser depreendido do texto de Ex 34.28 e do presente texto,
ou antes de um empreendimento difícil (Ed 8.21-23; Et 4.16). O jejum é, pois, a
expressão de profundo arrependimento e de uma esperança futura de algo que
satisfaz (1 Rs 21.27; Jn 3.5).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 186-187.
Daniel
é um homem de lágrimas. Ele chora pelo povo (v. 2). Esse é o terceiro ano do
reinado de Ciro. Daniel tem aproximadamente 84 anos, já é um ancião. Ele orou, chorou
e jejuou pela libertação do cativeiro. Agora o povo está em Jerusalém, mas, sob
fogo cruzado. A oposição dos samaritanos interrompeu a construção do templo. O povo
voltou, mas a restauração plena ainda não aconteceu. Daniel, contudo, mesmo
distante, aflige sua alma e chora pelo povo. Os fardos do povo de Deus precisam
pesar em nosso coração. Jamais seremos verdadeiros intercessores a não ser que
sintamos o peso das aflições do povo sobre nossos ombros. Daniel jejua e ora
pelo povo (v. 3,12). Ele se abstém de alimentos. Daniel deixa por 21 dias o
convívio social e se recolhe para um tempo de quebrantamento, jejum e oração em
favor de sua nação. Muitos judeus preferiram ficar na Babilônia a voltar a
Jerusalém. Daniel, porém, não voltou por causa de sua idade e também porque na Babilônia
podia influenciar mais profundamente os reis persas. Mas durante os setenta
anos de cativeiro, mesmo ocupando altos cargos, nunca se esqueceu de Jerusalém.
Diariamente,
orava pela cidade (Dn 6.10).
Daniel
jejua e ora por duas razões: muitos judeus haviam se esquecido de Jerusalém e
mostravam pouco interesse em voltar do exílio; os poucos que voltaram,
enfrentavam dificuldades sem precedentes para reconstruir o templo e a cidade.
Os samaritanos haviam apelado ao rei da Pérsia e a obra ficou paralisada.
Parecia que os poucos que haviam retornado, fizeram-no sem um verdadeiro
motivo. Parecia que tudo fora em vão.112 Por essa razão, Daniel orava e jejuava.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 128-129.
Dn
10.2,3 A informação por três semanas completas refere-se à observância de Daniel
da Páscoa e da Festa dos Pães Asmos, que aconteceu durante o primeiro mês do
ano (Ex 12.1-20). A Páscoa dava-se no décimo quarto dia do mês e a Festa dos
Pães Asmos, nos oito dias seguintes. Toda a festividade terminava no vigésimo primeiro
dia do mês.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1290.
3.
A tristeza de Daniel.
Dn
10.2 “Estive triste...” O texto em foco tem seu paralelo em 2 Co 7.10, onde o
apóstolo Paulo escreve dizendo: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento
para a salvação, da qual ninguém se arrepende”. Daniel, já muito experiente,
via, nas visões escatológicas, descritos todos os acontecimentos futuros
envolvendo Israel; assim, cada visão por ele presenciada não lhe trazia
alegria, mas tristeza de alma. Nas palavras de Paulo, podemos observar a
similaridade de expressão, tanto no presente versículo como no anterior. Tal
tristeza é, de conformidade com a vontade divina, obra de Deus, é fruto de sua
atuação, a fim de Ele efetuar os seus propósitos no indivíduo. Não se trata de
uma realização humana. Se porventura for uma operação real não pode ser
efetuada sem a cooperação do livre arbítrio humano. Daniel sentiu-se “triste”
em ver diante de si um quadro verdadeiro da sentença divina, confrontado com
tanta indignidade.
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 186.
Um
relato da mortificação de Daniel antes de receber a visão. Ele não a esperava,
nem mesmo quando proferiu a sua solene oração (cap. 9). Ele não parecia
alimentar qualquer expectativa de uma visão que correspondesse a ela, e estava
sendo movido puramente por um princípio de devoção e de piedosa simpatia pelo
aflito povo de Deus. Ele esteve triste durante três semanas inteiras (v. 2) por
causa dos seus próprios pecados, e dos pecados e das lamentações do seu povo.
Alguns crêem que as razões da sua tristeza e abatimento tenham sido a preguiça
e a indiferença da maioria dos judeus que, embora tivessem a liberdade de
retornar à sua terra, ainda continuavam na terra do seu cativeiro, sem dar
valor aos privilégios que lhes haviam sido oferecidos. Talvez o que levasse
Daniel a se sentir ainda mais triste fosse o fato de que aqueles que assim
procediam tentassem se justificar através do exemplo de Daniel, embora não
tivessem as mesmas razões do profeta para lá permanecer. Outros dizem que
Daniel se entristeceu por ter ouvido a respeito da obstrução à construção do
templo, feita pelos inimigos dos judeus que haviam contratado conselheiros
contra eles a fim de frustrar os seus propósitos (Ed 4.4,5), durante todo o
reinado de Ciro. Esses judeus tinham obtido o apoio do seu filho Cambises, ou
de Artaxerxes, que governou enquanto Ciro esteve ausente na guerra da Cítia. Os
homens justos não podem deixar de se entristecer ao ver como a obra de Deus
anda devagar no mundo, e quanta oposição ela encontra. Como os seus amigos são
fracos e como os seus inimigos são ativos. Durante os seus dias de tristeza,
Daniel não comeu nenhum alimento desejável. Embora não pudesse viver sem se
alimentar adequadamente, ele reduziu drasticamente a sua alimentação, e se
mortificou tanto na qualidade como na quantidade daquilo que comeu. E isso pode
ser realmente entendido como um jejum, e um sinal de humilhação e tristeza. Ele
não comeu o pão que lhe era agradável e que costumava comer, mas somente aquele
que era rude e sem gosto, a fim de não ser tentado a comer mais do que era
necessário para apenas manter a sua natureza. Assim como os ornamentos, essas
iguarias são completamente inconvenientes em um dia de humilhação. Daniel não
comeu carne, não bebeu vinho, nem se ungiu com ungüento durante esse período de
três semanas (v. 3). Embora fosse agora um homem idoso e pudesse alegar que a
sua natureza exigisse aquilo que fosse nutritivo, e embora fosse um homem
importante e pudesse alegar qüe estando acostumado a refeições elegantes não
poderia passar sem elas, pois isso iria prejudicar a sua saúde, no entanto,
para que tudo isto pudesse servir para testemunhar e auxiliar sua devoção, ele
foi capaz de negar tais confortos a si mesmo. Que isso sirva para envergonhar
muitos jovens que pertencem às fileiras comuns da vida, e que não são capazes,
igualmente, de se convencer a se privarem de certas coisas.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 890.
Dn
10.2. A aflição de alma de Daniel (10.2,3). A razão do seu lamento e
retraimento acompanhado de jejum é certamente explicada pela data mencionada no
versículo 1: "No terceiro ano de Ciro". É que por volta do terceiro
ano de Ciro, a obra iniciada, de reconstrução do templo, fora embargada. (Ed
1-3; 4.4,5). Daniel, como patriota e membro da nação eleita, preocupava-se com
o futuro dela, como já vimos patenteado na sua oração do capítulo 9.
A
perseverança de Daniel na oração e no jejum por 21 dias ocasionou a resposta
divina. "Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia,
em que aplicas-te o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus,
foram ouvidas as tuas palavras; e por causa das tuas palavras é que eu
vim" (10.12). Nesse versículo vemos que as nossas próprias palavras, na
oração, são ouvidas no Céu!
Antônio
Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os
últimos dias. Editora CPAD.
II - A VISÃO DO HOMEM VESTIDO DE LINHO (10.4,5)
1.
Um “homem vestido de linho”.
O
tempo da resposta à oração de Daniel
“e
no dia vinte e quatro do primeiro mês” (10.4). Esse era o mês de Nisan
(março-abril) e Daniel cita esse dia para declarar que era o final das três
semanas que ele esteve confinado em oração e jejum. Essa data envolvia os dias
da celebração da Páscoa em Israel, que era o dia em que Deus havia tirado
Israel da escravidão egípcia. Neste contexto de oração e jejum, Daniel se
lembra da sua vida de juventude a setenta anos atrás quando, em Jerusalém,
podia celebrar com alegria a Páscoa e, naquele momento que estava vivendo,
estava fora da sua terra. Isso tudo o levou a um profundo sentimento de
recordações e de oração pela restauração do seu povo.
O
local da revelação divina a Daniel
“eu
estava à borda do grande rio Hidéquel” (10.4). Na verdade, o rio Hidekel é o
mesmo rio Tigre. E um rio que nasce nas montanhas da Armênia e atravessa a
planície da Mesopotâmia, por mais de 1.800 kilometros e, depois se junta ao rio
Eufrates desaguando no Golfo Pérsico. O rio Tigre (ou Hidekel), pela sua
importância geográfica foi o local onde, literalmente, Deus deu a grande visão
dos capítulos 10,11 e 12 a Daniel. E interessante notar que Daniel não fora
arrebatado em espírito para ver a grande visão, mas ele estava, literalmente
naquele local “à borda do rio” acompanhado de alguns homens. Estes homens não
viram a visão, apenas ficaram assustados com o ambiente e fugiram porque
notaram que estava acontecendo algo extraordinário (10.7). A Daniel foi dada a
visão e a mais ninguém. O texto do versículo 5 confirma,dizendo: “E levantei os
meus olhos, e olhei...”
A
aparição do homem vestido de linho “e eis um homem vestido de linho” (10.5).
Deus sempre utilizou figuras de linguagem que pudessem aclarar suas revelações.
O “homem vestido de linho” que lhe aparecera era literal, ainda que de forma
magnífica e angelical. Segundo alguns estudiosos, esse “homem” pode ser uma
aparição teofanica do próprio Cristo, cuja descrição pode ser comparada a visão
que João, o apóstolo, teve na Ilha de Patmos (Ap 1.13-16). Ora, uma teofania
significa Deus mani- festando-se, tomando formas distintas para falar com o
homem. Na Bíblia, temos teofanias (manifestações de Deus) e temos angelofanias
(manifestações angelicais). Geralmente, essas manifestações são com formas
humanas. No caso da experiência de Daniel, quem poderia ser: um anjo ou o
próprio Deus? Alguns exegetas não veem o “homem vestido de linho” como uma
teofania, mas insistem em que o personagem é o de um ser angelical. Porém, o
contexto bíblico fortalece a ideia de que seja, de fato, o próprio Deus
manifestando-se de modo pessoal e visível como “um homem” a Daniel.
O
que é uma teofania?
A
palavra teofania deriva de duas outras palavras na língua grega: teos efanis
que significam respectivamente “Deus” e “aparecer” ou (manifestar). Entende-se,
portanto, teofania como “uma forma visível da divindade”. Crê-se que a aparição
daquele ser angelical como “um homem vestido de linho” era uma teofania. O
texto fortalece a ideia de que era Jesus, a segunda Pessoa da Trindade, pelas
caraterísticas esplendorosas do personagem. A descrição desse personagem
espiritual lembra a visão que o apóstolo João teve de Jesus quando estava na
ilha de Patmos (Ap 1.13-16).
As
caraterísticas do homem vestido de linho.
(10.5,6)
A visão estrondosa e magnífica que Daniel teve do homem vestido de linho
desafia os estudiosos da Bíblia em definir essa aparição. A pergunta que todos
fazem é: Quem era aquele homem? Seria Gabriel, o embaixador de Deus em outras
vezes para com Daniel? Seria um anjo com poderes especiais para cumprir um desígnio
de Deus? Seria Miguel, o chefe das milícias de Deus que defende os interesses
de Deus para com Israel? Seria esse “homem vestido de linho” o Cristo
pré-encarnado, numa teofania especial? Percebe-se que essa aparição trazia um
homem com vestes de linho, com os ombros cingidos de ouro, com um corpo
semelhante a berilo, que tinha uma cor do tipo água marinha, ou verde-mar, o
rosto como relâmpago e olhos como tochas de fogo, braços e pés como bronze
polido e sua voz era como o barulho de uma multidão (Dn 10.5,6). Portanto,
essas caraterísticas o faziam um ser diferente e singular que o identificavam
com outras teofanias que aparecem na Bíblia. Entretanto, a visão de João, o
apóstolo, na Ilha de Patmos se ajusta perfeitamente com as caraterísticas desse
“homem” que apareceu a Daniel. Não devemos forçar uma interpretação, mas o
contexto contribui para que creiamos que esse “homem” especial não podia ser
outro senão Jesus Cristo, a segunda Pessoa da Trindade. Ele estava vestido de
“linho”(v. 5), um tecido utilizado especialmente na roupagem dos sacerdotes
segundo a liturgia hebraica e significa santidade, pureza e justiça. Em
Apocalipse 1.13, o Senhor Jesus aparece em visão a João, na Ilha de Patmos,
vestido de glória e majestade, e diz que: “um semelhante ao Filho do homem,
vestido até aos pés de um roupa comprida”.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 141-143.
Dn
10.4 “... rio Hidequel. O rio que traz este nome é o mesmo que o “Idiklart” em
assírio, e, grego, “Tigre”. Era um dos rios que assinalavam a localização do
jardim do Éden (Gn 4.2,14). Nasce nas montanhas da Armênia e corre na direção
sueste, atravessando 1.834 quilômetros, via Diabehr, através da planície da
Mesopotâmia, até reunir-se ao rio Eufrates, a 64 quilômetros ao norte do Golfo
Pérsico, onde finalmente deságua. É um rio bastante largo e que serpenteia em
muitos meandros através da Babilônia, e é alimentado por tributários que descem
das colinas persas. Quando as neves se derretem, o rio enche em março-maio e
ou- tubro-novembro. Nínive, Galá e Assur, ambas mencionadas em Gêneses capítulo
10, fixaram-se em suas margens. Daniel confessa que, em sua grande visão
futurística, se encontrava ali, na borda desse rio.
Dn
10.5 "... um homem vestido de linho”. O que Daniel diz neste versículo e
naqueles que seguem é dito também por João a respeito de Cristo, em Ap 1.13 e
ss. Ali Jesus é visto “vestido até os pés de um vestido comprido”. Era uma
vestimenta talar, usada exclusivamente pelos sacerdotes e juizes no desempenho
de suas funções. E isso realmente, a dupla função do Filho de Deus, atualmente
(2 Tm 4.8 e Hb 3.1). “O cinto de ouro cingido à altura do peito era também
usado pelos sacerdotes quando ministravam no santuário; e estava à altura do
peito e não nos rins, para ajustar as vestes, de modo a facilitar os
movimentos; é símbolo de dignidade e majestade, coisas que são inerentes ao
Filho de Deus, tanto no passado como no presente. Na Dispensação da Graça,
Cristo é o nosso sumo sacerdote perfeito para sempre” (Hb 7.28). Porém alguns
teólogos acham que aqui, em Daniel, refere-se a um anjo e não a Cristo porque
esse personagem não pôde vencer o “príncipe do reino da Pérsia” sem o auxílio
do arcanjo Miguel (v. 13). Seja como for, um elevado poder, uma autoridade
celestial, está em foco!
Dn
10.6: O presente versículo reúne vários elementos descritos em Ap 1.14 a 16,
aplicados à pessoa de Cristo. Em Ap 4.3 há uma visão similar, mas é evidente
que, ali, é a pessoa do Pai que está em foco. Ele está “assentado”, porquanto
assumiu a posição de autoridade, como um Rei, o qual se “assenta em um trono”,
enquanto que seus ministros estão “à sua mão direita e à sua esquerda”. O
profeta Ezequiel, outro profeta do cativeiro babilónico, viu a aparência de
Deus (Ez 1.26-28) junto ao rio Quebar, quando se encontrava em estado de
êxtase. Outras passagens das Escrituras falam em profundidade sobre a “forma de
Deus”. Na presente passagem, porém, deve ser um ser celestial que está em foco,
como uma figura expressiva daquele que havia de vir ao mundo. (Comp. Ez cap.
9).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 187-188.
Recebe
especial visitação do céu (Dn 10.4-12)
Daniel
recebe uma visitação angelical. O anjo que o visita é cheio de esplendor (v.
4-6). Alguns estudiosos como Stuart Olyott, Evis Carballosa e Young entendem que
a descrição desse anjo é uma teofania e trata-se da segunda Pessoa de
Trindade.113 A razão apresentada é que a descrição é muito semelhante àquela
apresentada em Apocalipse 1.13-17. Também entendem que só a presença de Jesus
provocaria tanto impacto em Daniel, e só o Senhor pode tocar e restaurar vidas.
Outros
estudiosos, porém, como Calvino, Osvaldo Litz e Ronald Wallace entendem que a
descrição é mesmo de um anjo, sobretudo, porque no versículo 13 há resistência
em relação a esse anjo, e ele precisa de reforço espiritual. As descrições do
anjo são magníficas e muito parecidas com a aparição gloriosa de Jesus a João, na
ilha de Patmos: sua vestimenta (v. 5); seu corpo (v. 6); seu rosto (v. 6); seus
olhos (v. 6); seus braços (v. 6); seus pés (v. 6) e sua voz (v. 6).
Daniel,
diante do esplendor do anjo, reage de três formas diferentes (v. 7-12). Em
primeiro lugar, ele tem claro discernimento (v. 7). Apenas Daniel conseguiu discernir
a voz do anjo. Os outros ouviram, temeram e fugiram, mas apenas Daniel
compreendeu. Foi assim também com Saulo de Tarso no caminho de Damasco (At 9.7;
22.9). Apenas aqueles que vivem na intimidade de Deus discernem a voz de Deus.
Houve uma irresistível percepção do céu na terra. Ao fugirem os demais, Daniel ficou
sozinho perante o anjo do Senhor.
Em
segundo lugar, ele passou por profundo quebrantamento (v. 8). Quando Daniel
ficou sozinho diante do ser celestial, seu corpo enfraqueceu. Daniel cai
prostrado diante do fulgor do anjo. Diante da manifestação da glória de Deus os
homens se prostram e se humilham. A glória de Deus é demais para o frágil ser humano
suportar.
Em
terceiro lugar, Daniel experimentou gloriosa consolação (v. 12). O Daniel que
está prostrado ouve, agora, palavras doces e encorajadoras. Ouve que é amado no
céu (v. 11). Toma conhecimento que suas orações foram ouvidas (v. 12). Ouve que
o que é ligado na terra é ligado no céu. Ouve que Deus aciona Seus anjos para atender
Seus filhos quando esses se pôe de joelhos em oração (v. 12b). Por isso, Daniel
não deve ter medo (v. 12).
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL
Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 129-130.
Uma
descrição da gloriosa pessoa que Daniel viu na sua visão e que, como em geral
acreditam, não podia ser outra a não ser o próprio Cristo, o Verbo eterno.
Daniel estava ao lado do rio Hidéquel (v.
4),
provavelmente caminhando por ah, não por diversão, mas por devoção e
contemplação, como Isaque caminhou pelos campos a fim de meditar. E, como era
uma pessoa distinta, os servos que o atendiam mantinham certa distância. Nesse
lugar ele olhou para cima e viu um homem, Cristo Jesus. Entende-se que era Ele,
pois tinha a mesma aparência Daquele que apareceu ao apóstolo João na ilha de
Patmos (Ap 1.13-15). As suas vestes eram sacerdotais, pois sendo o Sumo
Sacerdote da nossa profissão de fé, Ele estava vestido de linho, e como o
próprio sumo sacerdote se vestia no dia da expiação, os seus lombos estavam cobertos
(na visão de João, o peito estava coberto) com um cinto do mais fino ouro,
igual ao de Ufaz. Pois tudo o que se relaciona a Cristo deve ser o melhor que
existir. O cinto ao redor dos lombos significa a prontidão e a diligência dele
em relação ao seu trabalho, na qualidade de servo de Deus Pai, na obra da nossa
redenção. A sua aparência era amável e o seu corpo como o berilo, uma pedra
preciosa que tem a cor do céu. O seu semblante era terrível, suficiente para
inspirar terror nos espectadores, pois o seu rosto tinha a
aparência de um relâmpago. O brilho dos seus olhos trazia a sensação de beleza
e ameaça. Eram brilhantes e luminosos como tochas de fogo. Os seus braços e pés
brilhavam como o bronze polido (v. 6). A sua voz era alta, forte, e muito penetrante,
como a voz de uma multidão. A vox dei - a voz de Deus - pode se sobrepor à vox
populi - a voz do povo. Cristo se manifestou dessa forma gloriosa, e por esta
razão devemos: 1. Pensar nele com muito respeito e dignidade. Devemos
considerar como o Senhor Jesus Cristo é grande e importante. Ele deve ter a
preeminência em todas as coisas. 2. Admirar a sua condescendência em relação a
nós e à nossa salvação. Apesar de todo esse esplendor, Ele se cobriu com um véu
quando assumiu a forma de servo, e se esvaziou.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 890-891.
2.
“Eis que uma mão me tocou”.
“me
tocou os lábios” (10.16). Daniel tinha caído por terra por não ter tido
condições físicas e emocionais de suportar toda aquela revelação. Ficou sem
fala, mas ao ser tocado nos lábios, abriu a boca e começou a falar, à
semelhança do que aconteceu com o profeta Isaías (Is 6.7). Quando somos tocados
pelo Senhor, a sua santidade produz em nós um sentimento de indignidade e
impureza perante os seus olhos. Ao ser tocado nos lábios, Daniel, antes
emudecido diante da visão, começou a falar.
"Como
pois pode o servo deste meu Senhor falar com aquele meu Senhor”? (10.17). Dois
personagens se destacam nesta experiência, o anjo que falava com ele e o Ser
superior a quem Ele entendeu que não tinha condições de estar de pé diante
dEle. Quem era aquele “Senhor”? O contexto da escritura indica Alguém que era
mais que um ser angelical. Não poderia ser o Senhor Jesus Cristo? Não podemos
especular sobre isso, mas não há dificuldade alguma para entender a
possibilidade de ser o Senhor Jesus, pré-encarnado, numa aparição especial. Na
transfiguração de Jesus diante de seus três discípulos, Moisés e Elias viram a
glória de Deus na pessoa de Jesus Cristo, seu Filho amado (Êx 33.19; Lc
9.28-31).
(10.18,19)
Daniel foi confortado pelo anjo. Daniel descobriu que os opositores da obra em
Jerusalém, não eram apenas os sa- maritanos e palestinos que se opunham contra
tudo, mas tinha por trás de toda essa oposição, a ação de demônios. Mas Daniel
é confortado pelo anjo quando lhe diz que “era muito amado” por Deus.
(10.20)
O anjo revela a Daniel que “o príncipe da Grécia” na figura de um dos espíritos
satânicos também se levantaria para se opor ao povo de Deus num tempo bem
próximo daquele que ele, Daniel, estava vivendo. A revelação foi feita ainda
dentro do período do Império Medo-persa, mas logo passaria, e outro império
haveria de surgir, suplantando o medo-persa, que era o Império Grego. Aquele anjo
embaixador de Deus anunciou a Daniel que ele enfrentaria as milícias
espirituais com o apoio de Miguel, o príncipe de Deus a favor de Israel.
A
grande lição que aprendemos com este capítulo é que no mundo temos uma guerra
espiritual sobre as nossas cabeças.Trata- se de uma guerra invisível, mas temos
a promessa da vitória porque Deus cumpre a sua Palavra.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 147-148.
ANJO (hebraico
maUak e grego aggelos, "agente," "mensageiro").
Natureza e Hierarquia dos Anjos
Os
anjos são uma ordem sobrenatural de seres celestiais criados separadamente por
Deus antes da criação do mundo (cf. Jó 38.6,7) e chamados de espíritos (Hb
1.4,14). Embora sem organismo corpóreo, foi-lhes permitido aparecer
frequentemente na forma de homem (Gn 19.1,5,15; At 1.11). As Escrituras os
descrevem como seres pessoais, mais elevados que a raça humana (SI 8.4,5) e não
meras personificações. Eles não são seres humanos glorificados (1 Co 6.3; Hb
1.14). Possuem mais do que conhecimento humano, mas ainda assim não são
oniscien-tes (2 Sm 14.20; 19.27; Mt 24.36; 1 Pe 1.12). São mais fortes que os
homens, mas não são onipotentes (SI 103.20; 2 Pe 2.11; 2 Ts 1.7). Também não
são onipresentes (Dn 10.12-14). Às vezes são capacitados para realizar milagres
(Gn 19.10-11). O NT revela que existem grandes multidões de anjos no céu (Mt
26.53; Hb 12.22; Ap 5.11). Os anjos têm, individualmente, diferentes
capacitações e hierarquias (veja Querubim; Serafim), e são altamente
organizados (Rm 8.38; Ef 1.21; 3.10; Cl 1.16). Dois dos anjos mais importantes
são Gabriel (Dn 8.16; 9.21; Lc 1.19,26) e Miguel, o arcanjo (Dn 10.13,21; 12.1;
Judas 9; Ap 12.7). Satanás era um dos querubins e era chamado "querubim
ungido para proteger" (Ez 28.14). Portanto, ele era um dos mais elevados
bem como um dos mais dotados dentre as hostes celestiais (Ez 28.13-15) até que
caiu. Veja Satanás.
O Ministério dos Anjos
O
trabalho dos anjos é variado. Seu principal papel no NT é o de mensageiros ou
por-ta-vozes divinos. Um anjo falou com Zacarias (Lc 1.11-20), com Maria (Lc
1.26-38), com José (Mt 1.20-24; 2.13,19), com os pastores de ovelhas (Lc
2.9-15), com Cornélio (At 10.3,6,22), com Paulo (At 27.23), e com João no
Apocalipse. Anjos proclamam juízos divinos por todo o Apocalipse. Os santos
anjos permanecem na presença de Deus e o adoram (Mt 18.10; Hb 1.6; Ap 5.11,12).
Eles ministram aos santos (Hb 1.14) dando assistência, proteção e livramento
(Gn 19.11; SI 91.11; Dn 3.28; 6.22; At 5.19); guiam-nos (At 8.26; 12.7-10); às
vezes, trazem encorajamento (Dn 9.21; At 27.23,24); interpretam a vontade de
Deus (Dn 7.16; 10.5,11; Zc 1.9ss) e a executam com relação tanto aos indivíduos
quanto às nações (Gn 19.12-16; 2 Sm 24.16). Nesta qualidade os anjos de Deus
são frequentemente chama-dos de "anjos da guarda," e alguns crêem que
cada um deles é designado para assistir a um crente e representá-lo no céu (At
12.15; SI 34.7; Mt 18.10). Veja Vigilantes. Os seis homens de Ezequiel 9.1-7
eram aparentemente executores divinos. Anjos levaram o mendigo Lázaro para o
seio de Abraão (Lc 16.22). Eles são instrumentos de Deus para punir seus
inimigos (2 Rs 19.35; At 12.23) e punir até mesmo o seu próprio povo (2 Sm
24.16). Um de seus grandes privilégios é mostrar as características do céu aos
remidos (Ap 21.9-22.6), por cuja conversão eles se regozijaram (Lc 15.10). Os
anjos tiveram uma grande participação na vida de Cristo, aparecendo tanto antes
quanto após o seu nascimento (Mt 1.20; Lc 1.30; 2.9,13), para fortalecê-lo após
a sua tentação (Mt 4.11) e no jardim do Getsêmani (Lc 22.43). Um anjo rolou a
pedra em sua ressurreição (Mt 28.2-7), e dois apareceram e confirmaram seu
retorno em sua ascensão (At 1.11). O Senhor Jesus poderia ter solicitado a seu
Pai 12 legiões de anjos para livrá-lo de seus inimigos (Mt 26.52).
Anjos Caídos
Os
anjos malignos, dos quais Satanás é o príncipe (Jo 12.31; 14.30; Ef 2.2; cf.
6.12), se opõem aos bons (Dn 10.13), perturbam o bem-estar do homem às vezes
adquirindo o controle que Deus tem sobre as forças da natureza (Jó 1.12-19) e
as doenças (Jó 2.4-7; cf. Lc 13.16; At 10.38). Eles tentam o homem para pecar
(Gn 3.1-7; Mt 4.3; Jo 13.27; 1 Pe 5.8) e espalham falsas doutrinas (1 Rs
22.21-23; 2 Co 11.13,14; 2 Ts 2.2; 1 Tm 4.1). No entanto, sua liberdade para
tentar e testar o homem está sujeita à vontade permissiva de Deus (Jó 1.12;
2.6).
Embora
eles ainda tenham a sua habitação no céu e, às vezes, tenham acesso ao próprio
trono de Deus (Jó 1.6), serão lançados à terra por Miguel e seus anjos antes da
Grande Tribulação (Ap 12.7-9), e finalmente serão lançados no lago de fogo e
enxofre "preparado para o diabo e seus anjos" (Mt 25.41). Os anjos,
como seres criados separadamente. não se casam nem se dão em casamento (Mt 22.30;
Lc 20.36). Em contraste, os homens são todos participantes da raça humana e
descenderam do primeiro casal, Adão e Eva. Deus, portanto, não pode lidar com
os anjos através de um representante e, sendo assim, os anjos caídos não podem
ser remidos por um comandante federal como o homem (por exemplo, "em
Adão" e "em Cristo", Rm 5.12ss.; 1 Co 15.22). Com que base Deus,
então, separou os santos anjos (Mt 25.31; Mc 8.38) daqueles que pecaram (2 Pe
2.4; cf. Judas 6)? Com base em sua obediência, amor e lealdade a Ele. Aqueles
que seguiram a Lúcifer em sua rebelião contra Deus (Is 14.12-17; Ez 28.12-19)
desse modo pecaram e caíram. Alguns destes foram colocados em cadeias eternas
(Judas 6), mas os outros ainda estão livres e ativos e são chamados de
demónios. Aqueles anjos que continuaram firmes em amor, lealdade e obediência a
Deus foram confirmados em um caráter de justiça. Assim, os anjos podiam pecar
ou permanecer puros até serem totalmente testados e confirmados em justiça. Uma
vez que Deus é imutável, nós aprendemos disto que Adão e Eva da mesma forma
poderiam ter amado a Deus, permanecido leais a Ele, e lhe obedecido e sido
confirmados em justiça; ou se rebelado e pecado, como fizeram, e se perderem. A
grande diferença entre os anjos caídos e o homem é que, enquanto o homem pode
ser salvo através de um representante substituto, ou seja, Cristo, tomando-o
como Salvador e vindo sob seu comando total, os anjos caídos não podem. Cristo
teria que morrer uma vez para que cada anjo perdido e separado fosse salvo.
Veja Anjo do Senhor; Arcanjo; Demonolo-gia; Diabo.
ANJO DO SENHOR.
Discute-se se o anjo do Senhor (Gn 16.7-14; 22.11,14,15; Êx. 3.2; Jz 2.1,4;
5.23; 6.11-24; 13.3) ou anjo de Deus (Gn 21.17-19; 31.11-13) é um dos anjos ou
a aparição do próprio Deus. O fato de que o anjo fala, não meramente em nome de
Deus, mas como Deus, na primeira pessoa do singular, não deixa dúvida de que o
anjo do Senhor é uma teofania - uma automanifestação de Deus (Gn 17.7ss.;
22.llss.; 31.13). O anjo identifica-se com Deus e reivindica exercer as
prerrogativas de Deus. Às vezes ele é distinguido de Deus (2 Sm 24.16; Zc
1.12s.). Contudo, quando distinguido, a identidade como Divindade permanece
(cf. Zc 3.Is.; 12.8). Portanto, qualquer distinção entre o anjo e o Senhor é
apenas uma distinção entre o Senhor invisível e o Senhor manifestado. Uma vez
que o anjo do Senhor para de aparecer depois da encarnação de Cristo, é
frequentemente inferido que o anjo é, no AT, uma aparição pré-encarnada da
Segunda Pessoa da Trindade.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 138-139.
ANJOS.
Distribuição das tarefas.
Em geral, o trabalho dos anjos é executar a vontade universal de Deus no céu e
na terra. Eles louvam, reverenciam e obedecem a Deus. Promovem a bondade divina
e são mediadores do amor e do beneplácito de Deus para com o homem. Quanto à
relação deles com os homens, o livro de Hebreus declara sucintamente: “Não são
todos eles espíritos mi- nistradores, enviados para serviço a favor dos que hão
de herdar a salvação?” (Hb 1.14). O serviço dos anjos apresenta-se numa ampla
distribuição de tarefas, observando-se as seguintes categorias.
A. Anunciar e preanunciar.
Os anjos anunciaram com antecedência os nascimentos de alguns servos de Deus
especiais. Um anjo preanunciou a Abraão e Sara a concepção e o nascimento do
filho deles, Isaque (Gn 18.9ss.). Semelhantemente, um anjo predisse o
nascimento de Sansão aos seus pais, Manoá e sua esposa (Jz 13.2-24). Gabriel
anunciou o nascimento de João Batista ao seu pai Zacarias, antes que a esposa
deste, Isabel, ficasse grávida; anunciou também o nascimento de Jesus a Maria,
antes que ela engravidasse (Lc 1.13,30). Na noite do nascimento de Jesus, o
momento glorioso foi anunciado por um anjo aos pastores, imediatamente
unindo-se a ele um coro de anjos que louvaram a Deus e abençoaram os homens (Lc
2.8-15).
Os
anjos não somente anunciam eventos de bênção, mas, em certas ocasiões,
predisseram aos justos perigos iminentes ou desastres ameaçadores. Abraão e Ló
foram avisados por anjos sobre a destruição de Sodoma e Gomorra (Gn
18.16—19.29). José foi alertado por um anjo: “Dispõe-te, toma o menino e sua
mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de
procurar o menino para o matar” (Mt 2.13). Gabriel revelou acontecimentos
futuros envolvendo o juízo de Deus ao profeta Daniel: “Eis que te farei saber o
que há de acontecer no último tempo da ira, porque esta visão se refere ao
tempo determinado do fim” (Dn 8.19). De forma similar, um anjo revelou a João,
na ilha de Patmos, num caleidoscópio de visões, algumas cenas escatoló- gicas
incluindo a Ressurreição, o Juízo Final e a Nova Jerusalém (Ap 1—22).
B. Guiar e instruir.
Desde o dia em que Abraão saiu de sua casa em Ur dos Caldeus até que Josué
estabeleceu as tribos de Israel em Canaã, há uma clara implicação de que o povo
escolhido era divinamente liderado. Sempre e em todos os estágios da
peregrinação nômade dos patriarcas, a descida para o Egito e a jornada pelo
deserto até a Terra Prometida, parecia sempre haver um anjo por perto, visível,
ou invisível. Repetidamente Abraão conversou com anjos; quando ele enviou seu
servo Eliezer à Mesopotâmia para procurar uma esposa para Isaque,
assegurou-lhe: “Oh Senhor, Deus do céu, que me tirou da casa de meu pai e de
minha terra natal, e que me falou, e jurou, dizendo: A tua descendência darei
esta terra, ele enviará o seu anjo, que te há de preceder, e tomarás de lá
esposa para meu filho” (Gn 24.7,40). Tempos depois, quando Jacó estava, ele
próprio, numa missão similar, teve um sonho maravilhoso deanjos subindo e
descendo por uma escada que ia da terra até o céu; o Senhor lhe apareceu e lhe
assegurou: “Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e
te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo
que te hei referido” (Gn 28.12-15). Quando Moisés liderou os israelitas para
fora do Egito, “o Anjo de Deus, que ia adiante do exército de Israel, se
retirou e passou para trás deles” (Ex 14.19). Subseqüentemente, Moisés
confortou os israelitas com a promessa divina: “Eis que eu envio um Anjo
adiante de ti, para que te guarde pelo caminho e te leve ao lugar que tenho
preparado” (Ex 23.20). Ele reforçou esta promessa lembrando que o Senhor
“enviou o Anjo e nos tirou do Egito” (Nm 20.16). Direção e instrução eram
funções análogas, muitas vezes combinadas na mesma missão angelical. A
instrução mais abrangente no AT foi a lei recebida por Moisés de um anjo no
Monte Sinai. Quando estava sendo julgado diante do Sinédrio, Estevão mencionou,
em seu resumo da história de Israel, “o anjo que falou com [Moisés] no Monte
Sinai”, a seguir, responsabilizou os líderes dizendo: “Vós que recebestes a lei
por ministério de anjos e não a guardastes” (At 7.38,53). Paulo afirmou que a
lei foi “promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador” (G1 3.19). Eliú
visualizou “uma teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos”
(Sl 91.11). O anjo que falou com Daniel disse que fora o anjo guardião de
Dario. Afirmou também que Miguel era o anjo guardião de Daniel, provavelmente
no sentido mais amplo de guardião dos judeus, e que ele e Miguel tinham lutado
contra o príncipe (anjo) da Pérsia e que, mais tarde, o príncipe da Grécia
viria (Dn 10.13—11.1). Obviamente, então, nações e cidades, bem como
indivíduos, têm anjos da guarda. Poderíamos incluir também igrejas, como vemos
nos sete anjos das sete igrejas da Ásia Menor (Ap 2—3).
Na guarda do povo de Deus,
às vezes, os anjos se engajavam em ações militantes contra seus inimigos. “O
destruidor”, o anjo da morte, destruiu os primogênitos egípcios para forçar a
libertação dos israelitas da escravidão (Êx 12.23,29). Quando o exército de
Senaqueribe ameaçou destruir Jerusalém, nos dias do rei Ezequias e do profeta
Isaías, “naquela mesma noite, saiu o Anjo do Senhor e feriu, no arraial dos
assírios, cento e oitenta e cinco mil” (2Rs 19.35). O comentário mais
esclarecedor e confortador sobre a guarda dos anjos foi feito pelo próprio
Jesus, por ocasião de sua prisão no Jardim do Getsêmani. Pedro acabara de
tentar defender o mestre, desembainhando sua espada com uma certa eficácia,
quando Jesus o desarmou e pronunciou palavras impressionantes de confiança:
“Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento
mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26.53).
D. Ministrar os necessitados.
Todo serviço angélico prestado ao homem é ministrado para suas necessidades, de
alguma forma. Os anjos são mediadores do amor e da boa vontade de Deus para com
o homem, e sua missão é sempre benevolente, seja imediatamente ou em seu
objetivo final. Como já vimos, anjos ministraram a Abraão, Isaque e Jacó em
tempos de necessidade premente. O serviço angélico não se restringia aos homens
de honra e de posição, mas estendeu-se em gentil compaixão ao prestar a ajuda
necessária a uma jovem escrava, Hagar e seu pequeno filho, Ismael, quando ambos
estavam com a vida ameaçada pela sede e pela fome no deserto (Gn 21.17ss.).
Quando os israelitas sofriam no Egito, sob a severa opressão do chicote dos
feitores e pareciam sem esperança na escravidão, o anjo do Senhor apareceu a
Moisés e disse: “Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e
ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores.
Conheço-lhe
o sofrimento; por isso, desci a fim de livrá-lo” (Êx 3.7ss.). Quando Elias,
sentindo exaustão, medo e solidão, pegou no sono sob um zimbro no deserto, um
ser celeste ministrou suas necessidades. Um anjo o acordou e lhe serviu um bolo
quente e uma vasilha de água, proporcionando-lhe as forças para a longa jornada
que tinha pela frente (lRs 19.5-7). Depois que Jesus passou quarenta dias no
deserto, ameaçado por animais selvagens, enfraquecido pelo jejum e tentado pelo
diabo, “os anjos o serviam” (Mc 1.13). Na sua agonia, solidão e tristeza no
Getsêmani, “então lhe apareceu um anjo do céu que o confortava” (Lc 22.43).
Depois que Jesus foi colocado no túmulo (após a crucificação), “um anjo do
Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou- se sobre ela” (Mt
28.2). Pedro foi libertado das correntes e da prisão por um anjo, da mesma
maneira que, pouco antes, “de noite, um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere
e, conduzindo- os para fora, lhes disse: Ide e, apresentando-vos no templo,
dizei ao povo todas as palavras desta Vida” (At 5.19; 12.6-11).
E. Assistir no julgamento.
Finalmente, anjos auxiliam no julgamento de Deus. Há um número suficiente de
exemplos, registrados para mostrar que isso está continuamente ocorrendo na
história humana. Alguns notáveis exemplos já foram mencionados. Outro exemplo
impressionante deste ponto é a morte de Herodes Agripa: “No mesmo instante, um
anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e, comido de
vermes, expirou” (At 12.23). Alguns exemplos do papel dos anjos nos julgamentos
divinos são mostrados nas visões de João em Patmos. Um anjo com grande
autoridade e magnífico esplendor proclamou a queda de Roma, enquanto que um
anjo poderoso lançou uma enorme pedra no mar, simbolizando o mesmo evento (Ap
18.1,21). No final da guerra na qual Cristo e seus exércitos celestes
derrotaram a besta e suas hostes, um anjo ficou em pé no sol e invocou aves de
rapina para comerem os cadáveres dos inimigos de Deus, que foram destruídos no
conflito (Ap 19.17s.). Outro anjo amarrou Satanás e o atirou no abismo
(20.1-3). Jesus disse a Natanael que, aquilo que Jacó viu numa visão, ele veria
na realidade no seu ministério: “Em verdade, em verdade vos digo que vereis o
céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (Jo
1.51). Posteriormente, Jesus declarou à sua audiência: “Qualquer que de mim e
das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do Homem,
quando vier nasua glória e na do Pai e dos santos anjos” (Lc 9.26). Ele disse
também: “Todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do
Homem o confessará diante dos anjos de Deus; mas o que me negar diante dos
homens será negado diante dos anjos de Deus” (12.8,9). Além disso, Jesus disse
que os anjos o assistiriam em sua Segunda Vinda: “Quando vier o Filho do Homem
na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua
glória” e julgará todas as nações (Mt 25.31). Quando ele vier, “ele enviará os
seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus
escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus” (24.31; cp.
Mc 13.27). Sem dúvida a função principal dos anjos, na era vindoura, será
louvar a Deus continuamente (Ap 19.1-3; Lc 2.13).
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 310-314.
3.
“O príncipe do reino da Pérsia”.
“o
príncipe do reino da Pérsia” e “o príncipe do reino da Grécia”.
(10.13,20).
Subtende-se que Satanás designou dois dos seus anjos para influenciarem os reis
da Pérsia e da Grécia e colocá-los contra o povo de Deus, Israel. No contexto
do conflito no céu do capítulo 10, essas figuras procuraram impedir e resistir
ao anjo Gabriel, mensageiro de Deus que tinha a resposta à oração de Daniel.
Deus enviou o arcanjo Miguel, defensor dos interesses divinos para com Israel,
a fim de possibilitar o cumprimento da missão do anjo Gabriel. Satanás tem sua
própria organização angelical e esse texto indica que ele estabelece categorias
de comandos. No caso do texto de Dn 10.13,20, Satanás incumbe anjos perversos
com poder delegado para agir contra as nações do mundo. São espíritos que
assumem territórios, e alguns teólogos, interpretam esta ação demoníaca coino
ação de “espíritos territoriais”, que exploram culturas e crendices para
aprisionar mentes e corações contra a possibilidade de conhecerem o Deus
Verdadeiro. Segundo Paulo, esses espíritos atuam nas regiões celestiais para
resistirem e criarem obstáculos à obra de Deus e à realização da sua vontade.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 145.
O
Príncipe da Paz e os príncipes terrenos (10.2—11.1). Mais uma palavra
confortadora vem da experiência de Daniel. O Senhor que cuida presta atenção às
nossas orações. Três semanas Daniel esteve orando em santo desespero.
Porventura Deus o tinha ouvido? O Ser resplandecente fala: Não temas, Daniel,
porque, desde o primeiro dia [...] são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por
causa das tuas palavras (12).
Enquanto
João viu o Filho do Homem no meio do castiçal, no âmbito da Igreja, Daniel viu
o “homem vestido de linho” no meio de uma batalha com governos terrenos. O
mesmo Cristo eterno, que veio para ser revelado à Igreja e por meio dela,
também tem se preocupado com o curso da história humana.
Não
sabemos exatamente o que significavam as três semanas de luta com o príncipe do
reino da Pérsia (13) e qual foi a possível conseqüência dessa luta. Deve ter
sido difícil e intensa para que Miguel viesse ajudá-lo. A maioria dos
intérpretes entende que príncipe (sar) usado nesse texto refere-se a seres
sobrenaturais que tinham uma influência importante sobre as nações. Visto que o
príncipe dos persas bem como o príncipe da Grécia (20) estavam em conflito com
o Ser glorioso e seu ajudante, Miguel, parece evidente que pelo menos alguns
desses não são anjos.
Uma
das responsabilidades especiais do arcanjo Miguel é o bem-estar do povo de Israel.
Chamado em 10.13 como um dos primeiros príncipes, ele é conhecido em 10.21 como
Miguel, vosso príncipe. Judas 9 nos relata que foi “o arcanjo Miguel” que
“contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés”. Novamente
João nos conta que Miguel e suas hostes celestiais batalharão contra o dragão e
o expulsarão das regiões celestiais (Ap 12.7-9). Esse príncipe, um dos
príncipes mais elevados do céu, sujeito ao Redentor de Israel, tem um
importante papel sobre o destino de Israel. Daniel o viu nessa ocasião como
“alguém que parecia um homem mortal” (16, Moffatt).
Além
de o Anjo de Javé revelar uma batalha que trava pela vontade e as decisões de
Ciro e antever um conflito com o príncipe da Grécia (20), Ele revela que no
primeiro ano de Dario, rei dos medos, Ele levantou-se para animar e fortalecer
Daniel (11.1). Dessa forma, o Príncipe da Paz luta com os príncipes da terra
para alcançar seus propósitos.
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel.
Editora CPAD. Vol. 4. pag. 540.
Dn 10.13 — O príncipe do reino da Pérsia não
pode ser um governante humano, pois o conflito a que esse versículo faz menção
é espiritual. A alusão a Miguel garante isso. Logo, o príncipe deve ser entendido
como uma figura satânica que supervisionaria os negócios da Pérsia, inspirando
as suas estruturas religiosa, social e política para o mal. Paulo refere-se a
principados, poderes, príncipes das trevas deste século, bem como a hostes espirituais
da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12). O homem aqui diz que foi retido
por vinte e um dias, o mesmo tempo que Daniel levou em luto e jejum (v. 2,3). O
ímpio príncipe da Pérsia buscou deter o homem para que Daniel não pudesse ouvir
mais das revelações de Deus (v. 12,14).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1290.
III - DANIEL É CONFORTADO POR UM ANJO (10.10-12)
1.
Daniel é confortado por um anjo (10.10-12).
Daniel
é confortado por um anjo (10.10-12)
A
visão provocou um efeito extraordinário em Daniel. Ele não teve forças físicas
para se manter em pé e caiu adormecido pela glória do “homem vestido de linho”.
A mesma experiência que João teve na Ilha de Patmos com a visão do Cristo
glorificado (Ap 1.17,18) foi experimentada por Daniel junto ao rio Hidekel, ou
seja, o rio Tigre. Daniel reergueu-se de seu desmaio e foi confortado por um
anjo da parte de Deus depois da grande peleja que houve no céu entre os
comandados de Satanás e os anjos de Deus, naqueles 21 dias de oração do grande
servo de Deus. O anjo falou-lhe que era muito amado (10.12) por Deus.
A
REVELAÇAO DO CONFLITO ANGELICAL NO CÉU
Os
anjos são uma realidade espiritual (10.5,6,13,20)
A
realidade dos anjos é indiscutível. Os anjos não são meras figuras de retórica,
nem são invencionices de teólogos. Não são coisas, mas são seres pessoais
criados por Deus. Anjos e homens são criações distintas de Deus. Ambos são
seres pessoais, diferenciados nas finalidades da criação. Os anjos são criados
como espíritos sem a capacidade procriativa, que Deus deu apenas aos homens (Lc
20.36; Hb 1.14; SI 148.5).
Serviços
prestados pelos anjos
Na
criação dos anjos o Criador os classificou em categorias especiais de serviços
(Cl 1.16). Os anjos não são meras figuras de retórica. Eles são seres criados
por Deus para executarem a vontade divina. Eles existem para cumprirem os
interesses de Deus no universo. O autor da Carta aos Hebreus diz que os anjos
são “espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar
a salvação”(Hb 1.13,14). Da mesma sorte, os espíritos que se rebelaram e
acompanharam a Lúcifer na sua rebelião contra Deus, os quais denominamos como
“anjos caídos” obedecem as ordens do seu chefe, Satanás (Is 14.12-15; Ap
12.7-12; Mt 25.41). Eles são realidade invisíveis e muito atuantes no mundo que
se opõe contra toda a obra de Deus ( Ef 2.2; 6.12; Cl 1.13,16).
Existem
opiniões de que o ser espiritual do versículo 5 é o mesmo que fala com Daniel
nos versículos 10-12. Outros entendem que são dois seres angelicais. O primeiro
ser angelical do v. 5 é uma teofania, ou seja, uma aparição especial de Deus a
Daniel. O segundo ser angelical dos w. 10-12 é visto como um anjo com poderes
delegados por Deus para consolar o coração de Daniel e lhe revelar acerca do
conflito angelical nos céus por causa da oração de Daniel.
Duas
categorias de seres angelicais Neste capítulo nos deparamos com duas categorias
de seres angelicais. Os anjos da parte de Deus e os anjos da parte de Satanás.
Os anjos da parte de Satanás são identificados na Bíblia como “espíritos maus”,
“demônios” e que, na realidade, são considerados os anjos caídos da presença de
Deus e que seguiram a Lúcifer. Eles obedecem ao comando de seu chefe que é o
Diabo. Neste capítulo, eles aparecem com funções de liderança opositora aos
interesses de Deus contra Israel (vv.13,20). Eles podem tomar formas diferentes
do mundo físico sem ficarem retidos a essas formas porque são seres espirituais
apenas. Deus não os criou como demônios ou maus.
Todas
as milícias angelicais foram criadas para a glória de Deus (Jó 38.6,7). Foram
criados seres morais e livres. Porém, a Bíblia fala de anjos que pecaram e não
guardaram a sua dignidade, tornando-se maus (2 Pe 2.4;Jd 6;Jó 38.18-21). Pelo
fato de serem espíritos sem corpos materiais, eles podem tomar formas materiais
representando figurativamente coisas ou pessoas, como é o caso dos anjos que
representam “o príncipe do reino da Pérsia” e “o príncipe do reino da Grécia”
(Dn 10.13, 20).
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 143-145.
Dn
10.10: “E eis que uma mão me tocou, e fez que me movesse sobre os meus joelhos
e sobre as palmas das minhas mãos”.
Daniel,
o profeta da corte babilónica, teve a mesma experiência que João, o apóstolo do
amor, teria muitos anos depois, na “ilha de Patmos”, quando teve uma visão do
Cristo glorificado (Ap 1.17). Há diversos exemplos nas Escrituras, como já
focalizamos, de homens que ficaram sem forças ao lhe aparecerem anjos, porém,
este caso é muito evidente. Daniel tinha aplicado o seu coração a entender,
conforme está explícito no versículo 12 do presente capítulo, um problema
concernente ao seu povo. (Confronte o versículo 1 com o versículo 14). Ficou
sem forças, não só porque teve aquela grande visão, mas sobretudo, por causa do
aparecimento da grandeza do panorama celestial, dos grandes acontecimentos do
porvir. Eles tinham relações marcantes com a nação judaica, e Daniel era um dos
integrantes dela.
Dn
10.11: “Eme disse: Daniel, homem mui desejado, está a tento às palavras que te
vou dizer, e levanta-te sobre os teus pés; porque eis que te sou enviado. E,
falando ele comigo esta palavra, eu estava tremendo”.
“Homem
mui desejado”. Alguns teólogos acham que o personagem desta visão não é Cristo,
baseados no versículo 13 do capítulo em foco. Mas, para nós (nosso ponto de
vista), é que de fato a pessoa de Cristo é quem está em foco aqui. “A
vestimenta de linho fino, a veste celeste, os lombos cingidos de ouro puro, o
seu corpo luzente como berilo, o rosto como um relâmpago, os olhos como tochas
de fogo, os braços e os pés luzentes e como se fossem de bronze polido, e a voz
como a voz de muitas águas, são características inerentes ao Filho de Deus”.
(Comparar Ap caps. 1 e 10). Diante de tal majestade, Daniel se sente aterrado,
mas logo a seguir, entende o sentido daquela presença augusta. O seu fim não
era para matar, e, sim, para dar entendimento. Aquela voz animou o profeta e
pediu que estivesse atento ao que ia ouvir, pois, não devia haver temor, em
virtude de ele (Daniel) ser um “homem mui amado” na corte celestial.
Dn
10.12: “Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia, em que
aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas
as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras”.
“Não
temas”. O presente versículo tem seu fundo literário em várias conexões das
Escrituras Sagradas, mas seu paralelo profético está em Ap 1.17, onde o Senhor
Jesus consola a João com palavras similares, dizendo: “Não temas”. O texto de
Apocalipse nos mostra João caindo aos pés do Filho de Deus, como Paulo no
caminho de Damasco (At 9.4), porém as vozes ouvidas nos dois episódios são
completamente diferentes: a primeira diz “Por que me persegues?”, a segunda diz
“Não temas”. Essas palavras, observa o doutor Norman, podem ser comparadas a Is
44.2; Dn 10.12 (o texto em foco); Mt 14.2; 27.7; Lc 1.13, 30). Essa ordem é
dada a fim de consolar (Mt 14.27; Jo 6.20; At 27.24); a expressão ocorre na Bíblia
cerca de 365 vezes (uma para cada dia). Essas palavras dirigidas a Daniel e
semelhantemente a outros personagens da Bíblia, servem para nossa consolação em
tempo e crise. Para nós, o Senhor tem a mesma mensagem de esperança e firmeza:
“Tende bom ânimo! Sou Eu. Não temais”.
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 190-191.
Dn
10.10 Eis que certa mão me tocou. De sua posição prostrada, Daniel caiu de joelhos,
sobre as duas mãos. O toque do anjo efetuou essa mudança de posição, e assim o
profeta agora estava de “quatro”, tremendo. Sua consciência foi recobrada, pelo
que ele pôde conversar com o anjo. Ele foi restaurado e encorajado pelo toque
do anjo, para cum prir sua missão de profeta, que agora chegava ao fim. Agora ele
estava apenas meio de pé, mas outro toque terminaria o trabalho. No vs. 11
vemos Daniel de pé, ainda trêmulo, mas já recuperado.
Dn 10.11 Daniel, homem muito amado. Daniel é
novamente chamado de m uito amado por Yahweh, um homem que tinha recebido favor
especial de Deus e um bom destino. Cf. Dan. 9.23. Agora nós o vemos de pé. Cf.
II Esd. 2.1; Enoque 14.25 e Eze. 2.1. Daniel, embora idoso, foi novamente
enviado com uma mensagem. Ainda lhe restava receber o toque final para
completar sua missão. Restava-lhe mais uma volta, e então sua missão estaria
terminada. Ele completaria sua tarefa, sem nada deixar por favor, conforme diz
certa canção popular: Fiz o que tinha para fazer, e tudo terminei Sem exceção.
A
palavra encorajadora fez Daniel levantar-se e pôr-se de pé. Ele não estava sozinho
em seu empreendimento. Correria sua última volta vigorosamente, e não em
fraqueza.
Dn
10.12 Então me disse: Não temas, Daniel. A oração e a determinação do homem bom
tinham garantido, desde o começo, que ele seria divinamente ajudado naquilo que
deveria fazer, pelo que alcançaria sucesso retumbante. Cf. Luc. 1.11 ss., onde encontramos
algo similar envolvendo o ministério angelical. “Enquanto nossa paixão dominante
não for conhecer a Deus e à Sua verdade, não poderemos saber muito sobre Ele.
Que propósito maior poderia existir para um homem aprender sobre Deus? Firmamos
nossa mente para conseguir, mas poucos firmam sua mente para compreender. Mas
se alguém faz disso o seu alvo, poderá confiar na promessa de Jesus: “Pedi, e
dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mat. 7.7)" (Gerald
Kennedy, in loc.). Se assim são as coisas, não temos por que temer, pois se podemos
conhecer o futuro então conhecemos Aquele nas mãos de quem repousa nosso
futuro. Poderá haver empecilhos (conforme mostra o vs. 13), mas a vitória final
está assegurada, porque um homem bom não está sozinho naquilo que procura fazer.
Cf. este versículo com Dan. 9.23, onde encontramos algo similar.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3419.
2.
O conflito entre o Arcanjo Miguel e o príncipe do reino da Pérsia (10.13).
“Mas
o príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim vinte e um dias” (10.13).
Esses dois príncipes não os reis da Pérsia e da Grécia, mas são figuras
metafóricas de dois seres angelicais demoníacos
designados
pelo Diabo para atuarem sobre os reinos da Pérsia e da Grécia. O anjo Gabriel
declarou que a resistência de Satanás viria também da parte do “príncipe da
Grécia” na sua volta à presença de Deus. Esses dois príncipes terrenos
representavam neste conflito dois espíritos da parte do Diabo que atuavam sobre
aquelas nações. São espíritos territoriais. Alguns dos nossos teólogos rejeitam
a expressão “espíritos territoriais”, mas não podem negar a existência de
demônios designados pelo Diabo para interferirem e regerem sobre aquelas
nações. E interessante notar que “o homem vestido de linho” que falava com
Daniel declarou que Miguel, o anjo de Deus, era o “príncipe” de Israel, para
defender e proteger os interesses de Deus na vida desse povo (Dn 12.1). O anjo
Gabriel que trouxe a resposta de Deus, disse a Daniel que havia sido retido no
céu por 21 dias com a resposta de Deus às suas petições. Esses dois príncipes das
milícias satânicas:“o príncipe do reino da Pérsia”(v. 13) e o “príncipe da
Grécia” (v. 20) que tentaram impedir que Gabriel trouxesse a resposta eram, na
verdade, figuras desses príncipes satânicos que operam pelo poder do Diabo, de
forma organizada, sobre as nações do mundo. Sem dúvida, Satanás tem sua
hierarquia e dispõe de autoridades no mundo inteiro. Assim como Deus delegou ao
Arcanjo Miguel para ser o “guardião de Israel” (Dn 10.13), o diabo estabelece
os seus guardiões nas nações. São os opositores de Deus. Se o Príncipe da
Pérsia representa um príncipe satânico com a finalidade de criar obstáculos ao
projeto divino para que não alcance o seu objetivo, também, da parte de Deus, o
Príncipe de Israel é o Arcanjo Miguel, e foi ele que veio em ajuda do anjo
Gabriel para abrir espaço nos céus com a resposta divina para Daniel. Alguns
teólogos rejeitam a ideia de que esses príncipes, da Pérsia e da Grécia, sejam
anjos caídos. Defendem a ideia de que eram apenas reis desses impérios
terrenos.
Elienai
Cabral. Integridade Moral e Espiritual.
O Legado do Livro de Daniel para a Igreja
Hoje. Editora CPAD. pag. 145-146.
Dn
10.13 Devemos observar quatro pontos focais no presente versículo: 1) Esse
“príncipe” opositor do “mensageiro celestial” não era simplesmente o rei da
Pérsia ou qualquer outro oficial na terra, porque o anjo não pôde vencê-lo sem
o auxílio do Arcanjo Miguel, o anjo guerreiro da vasta expansão celestial (Jd
v. 9; Ap 12.9). 2) Como Deus tem anjos a seu dispor, também, Satanás os tem.
(Ver Mt 25.41 e Ap 12.7). 3) Os filhos de Deus, na presente Era, têm de lutar,
não contra a “carne e o sangue”, isto é, forças visíveis, mas contra hostes de
anjos iníquos e espíritos maus que infestam a atmosfera terrestre e celeste (Ef
6.12). Esses elevados poderes das trevas são chefiados por Satanás. 4) Não se
podem vencer esses seres invisíveis com armas humanas (2 Co 10.4). Essas forças
são forças espirituais, são forças do mal, que só podem ser enfrentadas por uma
força superior - O Espírito de Deus - fora disso, tudo fracassa.
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag.192.
"o
príncipe do reino da Pérsia" (v. 13). Esse príncipe não era de origem
terrena. Tratava-se de um anjo diabólico tão forte, que a vitória, no caso aí
abordado, só foi decidida quando Miguel, o poderoso arcanjo, entrou em ação e
assim a resposta da oração chegou a Daniel. Houve pois conflito no ar entre
anjos bons e maus. Assim como Deus tem anjos que protegem nações, Satanás
também tem os dele, que operam, mas a seu modo. Esse anjo mau da Pérsia
controlava os destinos desse país, mas foi desbancado pelos anjos de Deus.
"E eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia" (v. 13).
Há
muitos atos e práticas humanas por trás dos quais estão enganosamente os
agentes de Satanás, como é o caso das falsas religiões. Por exemplo, em 1
Coríntios 10.19,20, a Bíblia nos mostra que a adoração a ídolos tem como causa
motivante os demônios. Significa que por trás dos ídolos estão invisivelmente
os demônios.
Pelo
fato de os anjos maus serem invisíveis, aqui no mundo geralmente percebemos
apenas os efeitos das suas ações, e não a causa, que são eles mesmos. Assim
sendo, não adianta combatermos os efeitos surgidos e sim a causa, e somente
teremos vitória nisso, na força do Senhor. Diz Efésios 6.12: "Porque a
nossa luta não é contra a carne e o sangue, e sim, contra os principados e
potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças
espirituais do mal, nas regiões celestes". "Carne e sangue" é uma
outra forma de dizer homens visíveis.
"Miguel,
um dos primeiros príncipes" (v.13). "primeiros" é literalmente
"principais". Isto mostra que os anjos dividem-se me categorias,
"príncipe", no hebraico "sor", corresponde a chefe; aquele
que domina. O arcanjo Miguel é anjo guardião de Israel (10.21; 12.1).
Antônio
Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os
últimos dias. Editora CPAD.
O
Deus do céu é, e sempre será, o protetor do seu povo. E, sob as ordens dele, os
anjos do céu são os patronos e protetores desse povo. [1] Aqui temos o anjo
Gabriel ocupado a serviço da igreja, fazendo a sua parte na defesa dos vinte e
um dias contra o príncipe da Pérsia, e permanecendo naquela corte como cônsul
ou embaixador a fim de cuidar dos negócios dos judeus, prestando-lhes os seus
serviços (v. 13). E, embora os reis da Pérsia lhes tivessem feito muito mal
(mediante a permissão de Deus), é provável que maiores maldades tivessem sido
praticadas contra eles, e teriam ficado bastante arrumados (como exemplo desta
verdade, temos a conspiração de Hamã) se Deus não tivesse evitado essas
ocorrências nefastas através do ministério dos anjos. Gabriel decidiu, ao ser
despachado na missão a favor de Daniel, que iria retornar para lutar contra o
príncipe da Pérsia, que iria continuar a se opor a ele, e que, no final, iria
humilhar e derrotar aquela orgulhosa monarquia (v. 20), embora soubesse que
outra monarquia igualmente perniciosa, a da Grécia, surgiria mais tarde. [2]
Aqui está Miguel, o nosso príncipe, o grande encarregado de proteger a igreja,
e o patrono dessa causa justa, que está repleta de injustiças por parte dos
inimigos de Deus e do seu povo. Miguel é um dos principais príncipes de Deus
(v. 13). Alguns entendem que ele é um anjo criado, porém um arcanjo de ordem
mais elevada (1 Ts 4.16; Jd 9). Outros crêem que o arcanjo Miguel seja o
próprio Senhor Jesus Cristo, o Anjo da Aliança, e o Senhor dos anjos, Aquele
que Daniel viu na visão (v. 5). Ele “veio para ajudar-me” (v. 13) “e ninguém há
que se esforce comigo contra aqueles” (v. 21). Mas Cristo é o Príncipe da
igreja, não os anjos (Hb 2.5). Ele preside os assuntos da igreja, e com
eficiência provê aquilo que é o melhor para ela. O Senhor é quem capacita os
anjos, fazendo com que sejam úteis aos herdeiros da salvação. E, se Ele não
estivesse ao lado da igreja, a situação dela seria terrível. A igreja pode
dizer como Davi: “O Senhor está comigo entre aqueles que me ajudam” (SI 118.7).
“O Senhor está com aqueles que sustêm a minha alma” (SI 54.4).
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 894.
3.
A hostilidade espiritual contra o povo de Deus.
Deus
tem uma aliança com Israel e a cumprirá, porque Ele é imutável e cumpre suas
promessas. Quanto à igreja de Cristo, os mesmos espíritos do mal operam e
hostilizam a igreja e aos crentes em particular. Há resistência espiritual às
nossas orações. Quando oramos entramos em batalha contra as potestades do mal
(Ef 6.12). Israel tem o seu ajudador especial da parte de Deus. A igreja,
também, é guardada pelos anjos dos ataques satânicos.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O
Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 146-147.
Embora
o anjo devesse retornar em breve para continuar sua luta contra o
anjo-guardião-líder da Pérsia, primeiramente ele transmitiria a mensagem a
Daniel. Aquela era uma espécie de missão lateral. O anjo estava muito ocupado e
tinha muitas coisas das quais cuidar. No meio (ou depois) do conflito contra o
anjo da Pérsia, o anjo-guardião-líder da Grécia haveria de aparecer para
perturbá-lo. Somente Miguel seria seu aliado naquelas lutas celestiais (conforme
o vs. 21 passa a dizer). Alguns estudiosos pensam que o anjo da Grécia, neste
caso, é Alexandre, o Grande, mas é melhor supormos que o anjo guardião da
Grécia seria a força e a inspiração de Alexandre, e isso explicaria como esse
conquistador conseguiu fazer o que fez, incluindo a derrubada do império persa.
Alexandre e seus sucessores também teriam muito para perturbar a Israel, nação
à qual Gabriel e Miguel defenderiam.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3420.
Dn
10.20 “E, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia”. Havia entre os antigos
povos a opinião de que cada nação tinha o seu anjo guardião. Muitos
intérpretes, ajuntam, como figura disso, além de outros textos, Ap 16.5, onde
João faz referência ao “anjo das águas”. Para outros comentadores, o “anjo das
águas” não deve ser entendido em sentido literal, mas simbolicamente. E verdade
que as águas que existem na face e no interior da terra, são calculadas em
“sessenta e cinco quintilhões de pés cúbicos”; assim, segundo eles, Deus
designou um anjo para guardar essa parte da natureza. (Ver Jo 5.4; At 27.23,
24; Ap 10.2, 5). Desse modo, tomando Daniel 10.20, com sentido literal e Ap
16.5 e 17.15, com sentido figurado, podemos deduzir que o anjo das águas e o
anjo das nações referem-se a um “anjo-capitão”, que seria responsável pela
segurança das nações, tendo também a incumbência de executar juízos sobre eles
(Ver Êx 14.19; 20.23; Dn 10.13, 20 e 21).
Severino
Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD.
pag. 195.
Ef
6.12 Os cristáos têm que lutar contra o mal - esta expressão descreve um
combate corpo a corpo. Mas nós não estamos em uma campanha militar terrena -
nossa batalha náo é contra carne e sangue. Ao contrário, nós lutamos contra os
demônios sobre os quais Satanás tem controle. Os demônios trabalham para que as
pessoas pequem. Eles não foram criados por Satanás, pois Deus é o Criador de
tudo. Ao contrário, os demônios são anjos caídos que se juntaram a Satanás em
sua rebelião e, dessa forma, se tornaram maus e pervertidos. Adescrição revela
as características desses inimigos, bem como a sua esfera de atuação.
“Principados” e “potestades” sáo poderes cósmicos ou demônios, mencionados em
1.21. Esses seres espirituais têm poder limitado. Eles são invisíveis para nós
e operam no mundo invisível (nos lugares celestiais). “Potestades” refere-se
àqueles poderes espirituais que aspiram conquistar o mundo. Elas são a maldade
(das trevas) e atualmente governam este mundo. “As iiostes espirituais da
maldade, nos lugares celestiais” é uma expressão que se refere às moradas dos
demônios, planetas, e estrelas, a partir dos quais eles controlam a vida das pessoas.
Paulo utilizou os nomes de grupos das forças do mal não tanto para definir classes
ou diferenciar poderes demoníacos, mas para mostrar a completa extensão do armamento
de Satanás. Aqui está um exército de forças espirituais agrupadas contra nós, exigindo
que usemos a armadura completa de Deus. Esses são seres reais e poderosos, não meras
fantasias. Os crentes não devem subestimá-los. Os efésios haviam praticado magia
e feitiçaria (At 19.19) e estavam bem a par do poder das trevas. Enfrentamos um
poderoso exército cujo objetivo é derrotar a igreja de Cristo. Quando cremos em
Cristo, os seres satânicos tornam-se nossos inimigos e usam todos os truques
para nos afastar dele e nos levar de volta ao pecado. Embora nós, os crentes,
tenhamos certeza da vitória, devemos nos engajar na luta até que Cristo
retorne, porque Satanás luta constantemente contra todos que estáo ao lado de
Deus.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 353.
1.
O perigo e a necessidade que temos de revestir-nos de toda armadura,
considerando os tipos de inimigos com os quais precisamos lidar - o Diabo e
todos os poderes das trevas: “...porque não temos que lutar contra carne e
sangue” (v. 12). O combate para o qual precisamos estar preparados não é contra
inimigos humanos comuns, não contra homens constituídos de carne e sangue, nem
contra nossa própria natureza corrompida, mas contra os diversos graus de
demónios, que têm um controle que exercitam neste mundo. (1) Lidamos com um
inimigo sutil, um inimigo que usa manhas e estratagemas, como lemos no
versículo 11. Ele tem mil maneiras de iludir almas inconstantes; por isso é
chamado de serpente, em virtude de sua sutileza, a velha serpente, experimentada
na arte de tentar. (2) Ele é um inimigo poderoso: principados, potestades e
príncipes. Eles são numerosos e poderosos; eles governam as nações pagãs que
ainda estão nas trevas. As partes sombrias do mundo são o alicerce do império
de Satanás. Eles estão usurpando e destituindo príncipes sobre todos os homens que
ainda estão em um estado de pecado e ignorância. Satanás é um reino de trevas, enquanto
Cristo é um reino de luz. (3) Eles são inimigos espirituais: “...hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais”, ou espíritos maus, como alguns
traduzem. O Diabo é um espírito, um espírito mau; o perigo é maior porque
nossos inimigos são invisíveis e nos atacam antes de nos darmos conta deles. Os
demónios são espíritos maus, e eles especialmente aborrecem e provocam os
santos à perversidade, ao orgulho, à inveja, à malícia etc. Esses inimigos
ficam nos lugares celestiais, de acordo com o texto original (ou “regiões
celestes”, versão RA); nesse caso, o céu significa toda a expansão, ou além da
nossa atmosfera, o lugar entre a terra e as estrelas, de onde os demónios nos
assaltam. Ou, o significado pode ser: “Lutamos por lugares celestiais ou coisas
celestiais”; essa é a forma de alguns antigos interpretarem esse texto. Nossos
inimigos se esforçam para impedir nossa subida ao céu, para privar-nos de
bênçãos celestiais e para obstruir nossa comunhão com o céu. Eles nos atacam
nas coisas que pertencem à nossa alma e se esforçam para desfigurar a imagem
celestial em nosso coração; e, portanto, precisamos estar vigilantes contra
eles. Necessitamos de fé em nossa batalha cristã, porque temos inimigos
espirituais que precisamos combater, bem como fé em nosso trabalho cristão,
porque precisamos buscar força espiritual. O nosso perigo é grande.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição
completa. Editora CPAD. pag. 604-605.
O inimigo contra quem lutamos nessa batalha (6.11-13)
O apóstolo Paulo descreve nosso arqui-inimigo de forma clara:
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais permanecer
firmes contra as ciladas do Diabo; pois não é contra pessoas de carne e sangue
que temos de lutar, mas sim contra principados e poderios, contra os príncipes
deste mundo de trevas, contra os exércitos espirituais da maldade nas regiões
celestiais. Por isso, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir
no dia mau e, havendo feito tudo, permanecer firmes (6.11-13).
Não podemos lutar contra quem não conhecemos. Quais são as
características desse inimigo? Efésios 6.11,12 diz que o diabo, mesmo não sendo
onipresente, onisciente e onipotente, tem seus agentes espalhados por toda
parte, e esses seres caídos estão a seu serviço para guerrear contra o povo de
Deus.
Chamamos a atenção para algumas verdades: 1) o reino das trevas possui
uma organização. O diabo não é tão tolo a ponto de não ser organizado. É o que
podemos chamar de “a ordem da desordem”; 2) existe uma estratificação de poder
no reino das trevas. Paulo fala de principados, poderios, príncipes deste mundo
de trevas e exércitos espirituais do mal. Existe uma cadeia de comando. Existem
cabeças e subalternos. Líderes e liderados. Quem manda e quem obedece; 3) o
reino das trevas articula-se contra a igreja. O diabo e seus demônios rodeiam a
terra e passeiam por ela. Eles investigam nossa vida, buscando uma oportunidade
para nos atacar. Esse inimigo não dorme, não tira férias nem descansa. Esse
inimigo tem um variado arsenal. Ele usa “ciladas” imetodeiá). Para cada pessoa,
ele usa uma estratégia diferente. Ele ousa mudar os métodos.
Destacamos, agora, algumas características desse terrível inimigo:
Em primeiro lugar, é um inimigo invisível (6.11,12). O diabo e seus
agentes são seres reais, porém invisíveis. Esse inimigo espreita-nos 24 horas
por dia. Ele é como um leão que ruge ao nosso derredor. Ele escuta cada palavra
que você fala, vê cada atitude que você toma e acompanha cada ato que você
pratica escondido. Ele é um inimigo espiritual. Você não pode guerrear contra
ele com armas carnais. Ele não pode ser destruído com bombas atômicas. Ele age
de forma inesperada.
Em segundo lugar, é um inimigo maligno (6.11,12). A Bíblia o chama de
diabo, Satanás, assassino, ladrão, mentiroso, destruidor, tentador, maligno,
serpente, dragão, Abadom e Apoliom. Seu intento é roubar, matar e destruir. Ele
sabe que já está sentenciado à perdição eterna e quer levar consigo homens e
mulheres.
Em terceiro lugar, é um inimigo astuto (6.11). Ele usa ciladas,
armadilhas e ardis. Ele age dissimuladamente como uma serpente. Ele
disfarça-se. Ele transfigura-se em anjo de luz. Seus minitros parecem ser
ministros de justiça. Ele usa voz mansa. Ele usa muitas máscaras. Ele tenta
enganar as pessoas levando-as a duvidar da Palavra de Deus, exaltando o homem
ao apogeu da glória. Ele também age assustadoramente como um leão. Ele ruge
para assustar.
Paulo fala que precisamos tomar toda a armadura de Deus para poder
resistir no dia mau (6.13). O “dia mau” é o dia de duras provas, os momentos
mais críticos da vida, quando o diabo e seus subordinados sinistros nos
assaltam com grande veemência. O “dia mau” refere-se àqueles dias críticos de
tentação ou de constante assalto satânico que todos os filhos de Deus conhecem.
Nesses dias, somos subitamente assaltados, sem nenhum aviso, nenhum sinal de
tempestade, nenhuma queda do barômetro.
O diabo e seus asseclas ameaçam e intimidam as pessoas com o propósito
de destruí-las. Eles atacam com fúria no dia mau. Eles também agem com
diversidade de métodos. Eles estudam cada pessoa para saber o lado certo para
atacá-la. Sansão, Davi, Pedro foram derrubados porque o diabo variou seus
métodos.
Entre as histórias do livro Mil e uma noites encontramos a de Simbad
nos mares da índia. Enorme rocha magnética destacava-se no meio das águas
tranquilas com aspecto inocente, sem oferecer perigo. Mas, quando o navio de
Simbad se aproximou dela, a poderosa força magnética de que estava impregnada a
rocha arrancou todos os pregos e cavilhas que mantinham unida a estrutura do
barco. Desfeito em pedaços, o navio condenou à morte os que nele viajavam. As
forças do mal continuam em ação. Precisamos estar atentos para identificá-las;
do contrário sofreremos sérios danos.321 William Hendriksen, escrevendo sobre
essas ciladas do diabo, afirma:
Alguns destes manhosos ardis e malignos estratagemas são: confundir a
mentira com a verdade de forma a parecer plausíveis (Gn 3.4,5,22); citar
(melhor, citar erroneamente) as Escrituras (Mt 4.6); disfarçar-se em anjo de
luz (2Co 11.4) e induzir seus “ministros” a fazerem o mesmo, “aparentando ser
apóstolos de Cristo (2Co 11.13); arremedar a Deus (2Ts 2.1-4,9); reforçar a
crença humana de que ele não existe (At 20.22); entrar em lugar onde não se
esperava que entrasse (Mt 24.15; 2Ts 2.4); e, acima de tudo, prometer ao homem
que por meio das más ações pode-se chegar a obter o bem (Lc 4.6,7).
Em quarto lugar, é um inimigo persistente (6.13b). “E, havendo tudo
feito, permanecer firmes”. O diabo e suas hostes não ensarilham suas armas. Ao
ser derrotados, eles voltam com novas estratégias. Foi assim com Jesus no
deserto, onde foi tentado (Lc 4.13). Elias fugiu depois de uma grande vitória.
Sansão foi subjugado pelos filisteus depois de vencê-los. Davi venceu
exércitos, mas caiu na teia da luxúria. Pedro caiu na armadilha da
autoconfiança.
Em quinto lugar, é um inimigo numeroso (6.12). Paulo fala de
principados, poderios, príncipes deste mundo de trevas e exércitos espirituais
do mal. O diabo e seus anjos estáo tentando, roubando e matando pessoas em todo
o mundo. Eles são numerosos. Não podemos vencer esses terríveis exércitos do
mal sozinhos nem com nossas próprias armas.
Em sexto lugar, é um inimigo oportunista (6.11,14). Mesmo depois que o
vencemos, precisamos continuar firmes (6.11,14), porque ele sempre procura um
novo jeito de atacar. Quando o crente deixa de usar toda a armadura de Deus,
ele encontra uma brecha, entra e faz um estrago (4.26,27). Não podemos ter
vitória nessa guerra se não usarmos todas as peças da armadura. Não podemos permitir
que o inimigo nos encontre indefesos. O diabo e suas hostes buscam uma
estratégia para nos atacar de súbito, sem nenhum aviso, sem nenhum sinal de
tempestade.
Alistamos a seguir algumas dessas interferências do diabo na vida do
povo de Deus: 1) ele furta a Palavra do coração (Lc 8.12); 2) ele semeia o joio
no meio do trigo (Mt 13.24-30); 3) ele opõe-se ao pregador (Zc 3.1-5); 4) ele
intercepta a resposta às orações dos santos (Dn 10); 5) ele oprime pessoas com
enfermidades (Lc 13.10-17); 6) ele resiste à obra missionária (lTs 2.8); 7) ele
atormenta as pessoas em cujo coração não há espaço para o perdão (Mt 18.23-35);
8) ele usa a arma da dissimulação (2Co 11.14,15); 9) ele usa a arma da
intimidação (IPe 5.8); 10) ele age na disseminação de falsos ensinos (lTm 4.1);
e 11) ele ataca a mente dos homens (2Co 4.4)..
LOPES, Hernandes Dias. EFESIOS
Igreja, a noiva gloriosa de Cristo. Editora Hagnos. pag. 179-183.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
muito bom que deus te abençoe
ResponderExcluirDeus continue te abençoando.
ResponderExcluirParabéns pelo excelente trabalho
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