Deus
é o Senhor da vida! Por isso ordenou: Não matarás. Um mandamento que nem sempre
o povo de Israel obedeceu.
Cidades
de Refúgio, crimes hediondos e o próprio mandamento demonstram-nos o quanto seria
duro para o povo de Israel conviver na terra de Canaã. O risco de se tornarem
iguais ao Egito, mesmo longe do Egito, era iminente. O sexto mandamento defende
a vida e afirma que todos têm direito a ela. É um dom de Deus que deve ser
respeitado como a própria imagem dEle. A vida é um milagre!
Não
é difícil esquecermos este mandamento quando nos revoltamos com os crimes
hediondos e tantos outros crimes praticados nos quatro cantos do mundo,
apoiando o fazer justiça com as próprias mãos. O Senhor Jesus foi vítima do
mais corrupto e cruel sistema de julgamento, mas qual foi o seu comportamento
nesse processo? Combatia a vingança com o perdão: "Não te digo que até
sete [que se deve perdoar], mas até setenta vezes sete" (Mt 18.22).
Criticava a mentalidade popular que dizia "Amarás o teu próximo e
aborrecerás o teu inimigo" com "Amai vossos inimigos, bendizei os que
vos maldizem, fazendo bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e
vos perseguem, para que sejais filhos do Pai que está nos céus" (Mt 5.43-45).
E deu o maior exemplo com a própria vida enquanto os soldados romanos o
crucificavam: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc
23.34). Que difícil!
O
"não matarás" é um mandamento para proteger a vida. Por mais que
sejamos tentados a defender o "olho por olho e dente por dente",
diante de uma tremenda injustiça, precisamos fazer o exercício diário de
olharmos para Jesus e nos lembrarmos de que, mesmo a sua vida esvaindo-se, o
nosso Senhor exalava o perdão contra os seus algozes.
Revista ensinador. Editora CPAD Ano 16 - N° 61. pag. 40.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O
homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, é a coroa da criação e o
representante de Deus na terra investido de autoridade sobre as demais
criaturas (Gn 1.26, 27; SI 8.5, 6). Todos os seres humanos são irmãos porque
vieram de um só casal e têm o mesmo sangue (At 17.26). O respeito à vida é o
respeito a Deus. A primeira tábua do Decálogo se refere à santidade de Deus, e
a segunda, à santidade da vida. O sexto mandamento inicia a série de proibições
absolutas expressas com duas palavras num ritmo lógico. Começa com a proteção
da vida, o bem maior e inalienável, em seguida vem a proteção da família, a
célula mater da sociedade; depois aparece a proteção da propriedade, dos bens e
da honra.
O
respeito à vida é o princípio dos deveres para com o próximo, a ordem divina de
amar o próximo como Jesus nos amou (Jo 13.34). "Não matarás” proíbe o
homicídio e os pecados vinculados à violência, tais como "o tirar a nossa
vida ou a de outrem, exceto no caso de justiça pública, guerra legítima, ou
defesa necessária; a negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários
para a preservação da vida; a ira pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de
vingança".
O
homicídio é o maior crime que um ser humano pode cometer. A proibição do
assassinato, apesar de constar dos códigos de leis anteriores ao sistema
mosaico, contudo, já havia sido estabelecida pelo próprio Criador desde o
limiar da raça humana: "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu
sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem" (Gn
9.6). É contra Deus que o assassino está desferindo seu golpe ao tirar a vida
de alguém. A imagem é a representação de uma pessoa ou coisa. Quando os
iraquianos derrubaram, destruíram e esmiuçaram a estátua de Saddam Hus- sein em
Bagdá, em 2003, não estavam simplesmente atacando um bloco trabalhado de pedra;
era a imagem do ditador que estava ali representada.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 87-88.
Os
mandamentos restantes parecem ter sido classificados a partir dos mais
claramente atrozes aos menos ostensivamente violentos. O sexto mandamento
afirma de forma sucinta, mas vigorosa: “Não matarás” (Êx 20.13), tradução do
verbo aceita pela maioria das versões modernas, com acerto, uma vez que,
claramente, o intento não era excluir o homicídio na guerra, na vingança e
outros casos sancionados pela lei. Ele também não cobre casos de homicídio
culposo ou
de homicídio acidental visto que estes, por definição, são involuntários e,
portanto, não podem ser proibidos.
Esse
mandamento, como todos os outros até aqui, também tem raiz em solo antigo,
muito anterior ao do surgimento de Israel como povo da aliança. Assim, esse
mandamento, como os outros, são de escopo universal e nunca devem ser
cancelados. Todavia, alguém escolhe entender que o relacionamento Israel-
igreja é irrelevante pelo fato de que os Dez Mandamentos, embora tenham sido
revelados para Israel, são, em sua presente forma, trans-históricos e trans dispensacionalistas. Já examinamos o texto da chamada aliança noética
que adverte: “Quem derramar sangue do homem, pelo homem seu sangue será
derramado; porque à imagem de Deus foi o homem criado” (Gn 9.6).
Eugene
H. Merrill. Teologia do Antigo
Testamento. Editora Shedd Publicações. pag. 334-335.
A
palavra hebraica rasah ê a única sem paralelo em outras sociedades do segundo
milênio a.C, Ela identifica "morte de pessoas” e inclui assassinatos premeditados
executados com hostil intenção e mortes acidentais ou homicídio culposo. Dentro
da comunidade da aliança, precisa va-se tomar um grande cuidado para que
ninguém perdesse a vida, mesmo por acidente. O termo rasah não é aplicado em
mortes na guerra ou em execuções judiciais.
RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia.
Uma análise de Gênesis a
Apocalipse capítulo por capítulo. Editora CPAD. pag. 64.
I. O SEXTO MANDAMENTO
1.
ABRANGÊNCIA.
Para
um leitor desatento ou menos avisado da Bíblia pode parecer haver uma
contradição entre o mandamento "Não matarás" (Êx 20.13; Dt 5.17) e a
guerra justa prescrita no capítulo 20 de Deuteronômio ou ainda a pena capital
estabelecida na lei de Moisés por diversos tipos de crimes e pecados, tema
discutido mais adiante. Ninguém pode afirmar e negar algo ao mesmo tempo. O que
acontece é que "Não matarás" se trata de um termo genérico que não
expressa com precisão o pensamento do sexto mandamento, pois no hebraico,
língua original em que o texto foi produzido, está registrado lô tirtsãh,
literalmente "não assassinarás" ou "não cometerás
assassinato". A proibição, portanto, diz respeito ao homicídio
premeditado, à violência, ao assassinato de um inimigo pessoal.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 88-89.
Por
ocasião desse exame, comentamos que a especial crueza do homicídio premeditado
repousa na extinção da vida de alguém criado à imagem de Deus. Por isso, a
única punição adequada é o governo, em nome de Deus, administrar a penalidade
máxima, a pena capital (cf. Rm 13.4).
O
homem, como imagem de Deus, está no cerne da proibição de matar, pois ele não
só carrega a imagem de Deus, como, de alguma maneira, reflete a Deus. Ele é, de
fato, essa imagem, o substituto ou vice-regente por intermédio do qual Deus
exerce sua soberania sobre toda a criação. Assim, pode-se entender a humanidade
como o embaixador do Reino do céu enviado pelo Rei a fim de representá-lo nos
negócios do Reino. O homem, como tal, carrega toda a autoridade magistral desse
Rei e deve ser tratado como se fosse o Rei. Portanto, matá-lo é o mesmo que
atacar a Deus, pelo menos simbolicamente, e é um ato tão grave de sublevação
que a única punição adequada é a aplicação da lex talionis. Isso é verdade quer
o perpetrador ou a vítima seja israelita, quer não seja; pois, conforme já
argumentamos, a lei é global em seu intento, cobrindo a gama completa das
inter-relações humanas.
Eugene
H. Merrill. Teologia do Antigo
Testamento. Editora Shedd Publicações. pag. 335.
A vida
é a possessão humana mais estimada e é errado privar alguém da vida sem justa causa.
A história de Israel mostra que este mandamento não é absoluto. Houve a adição
de outras cláusulas, como o homicídio desculpável (21.13), o homicídio
acidental (Nm 35.23) e o homicídio justificável (22.2). Israel também foi
autorizado a matar os inimigos. Não há exegese racional que condene a pena de
morte ou a guerra simplesmente com base neste mandamento.
Jesus
esclareceu seu significado quando o citou: “Não matarás” (Mt 19.18). Não há
justificativa para a instigação de motins e rebeliões desnecessárias ou outras condições
semelhantes que levem ao derramamento de sangue. Há responsabilidade evidente
pelo cuidado adequado em viagens, projetos construtivos e jogos esportivos onde
haja perigo. Esforços individuais e comunitários são necessários para a
preservação da vida humana. Mas este mandamento não requer nem justifica o
prolongamento da vida por meio de remédios e equipamentos auxiliares quando a esperança
pela vida normal se extingue.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Êxodo. Editora CPAD. pag. 191.
Êxo
20.13. Não matarás. Os três próximos mandamentos são lei apodíctica em sua
forma mais concisa. O hebraico emprega apenas duas palavras. O termo hebraico
raçaí} é uma palavra comparativamente rara para “ matar” e normalmente indica o
assassinato violento de um inimigo pessoal (Hyatt): “ Não assassinarás” é uma
tradução viável. O mandamento é pronunciado da forma mais geral possível, mas a
lei claramente distinguia entre o assassinato propriamente dito e o homicídio
acidental ou não premeditado (21:12-14). Evidentemente este mandamento jamais
foi entendido pelos israelitas como uma proibição à pena de morte (21:15),
embora esta normalmente seja expressa por um verbo correspondente a “ morrer” ,
e não pelo verbo “ matar” . Além disso, não havia pacifistas ao tempo do Velho
Testamento. Quer a luz da revelação mais completa no Novo Testamento exija tais
conclusões ou não, estas não podem ser provadas exclusivamente a partir do
Velho Testamento.
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 153.
2.
OBJETIVO.
O
Senhor Jesus Cristo discordou das autoridades religiosas de sua geração, dos
escribas e fariseus que restringiam o sexto mandamento ao derramamento de
sangue: "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que
matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se
encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu
irmão de raca será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu
do fogo do inferno" (Mt 5.21, 22). Jesus não está aqui contrapondo o
preceito da lei, mas a interpretação rabínica desse preceito, pois ao longo dos
anos a tradição havia despido o sexto mandamento de seu real significado. É
verdade que o sexto mandamento diz: "Não matarás" (Êx 20.13; Dt
5.17); é também verdade que o homicida será submetido a julgamento (Nm 35.30,
31). Mas a questão é que "Não matarás" não se restringe somente a
isso; inclui pensamentos e palavras, ira e insultos. O mais grave é que as
autoridades religiosas de Israel nada ensinavam sobre a condenação divina ao
homicídio, como se o castigo fosse restrito aos tribunais civis. Jesus trouxe à
tona o espírito do sexto mandamento.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 89.
(lAos
antigos»: Ê a tradução encontrada em várias versões, como AC AA IB e outras;mas
algumas traduções dizem pelos antigos. O grego, neste caso, é ambíguo, e pode
ser traduzido de uma ou de outra forma. O uso comum da LXX e do N.T. traz
«aoí», e provavelmente esse é o sentido que o autor queria transmitir aqui,
embora alguns bons intérpretes prefiram «pelos». «Pelos» significaria «por
Moisés, e pelos mestres, escribas e rabinos dos tempos antigos, que
interpretavam as Escrituras». A expressão «foi dito» usualmente é acompanhada
pela idéia «aos» (segundo diz Alford), e é verdade que—essa interpretação—era
comum entre os pais gregos. «Aos antigos» significaria o povo para quem Moisés
(e outros após ele) falou.
Outros
afirmam que significaria o povo para quem falaram diversos falsos mestres
(escribas, etc.). Jesus teria vinculado esses falsos mestres aos mestres falsos
de seus próprios dias. A expressão também pode significar «em tempos antigos»,
mas é claro que esse não é o sentido aqui.
«Não
matarás». Sexto mandamento, Êxo. 20:13. Mas também é um mandamento dado antes
da lei—Gên. 9:5,6.
*Quem
matar estará sujeito a julgamento». Essas palavras nâo se acham no V.T., mas
foram acrescentadas pelas autoridades judaicas. A adição reduziu o crime ao ato
de assassinar, tornando-o passível somente das penas da lei civil. Em cada
cidade havia tribunais (Deut. 16:18). Segundo Josefo, cada corte ou tribunal
era constituída por sete homens (outros dizem 23 homens), que tinham poder de
vida e morte. É óbvio que a morte por apredrejamento só podia ser infligida
pelo sinédrio (nota detalhada em Mat. 22:23), e era o sinédrio que tratava de
questões que envolvessem heresia ou blasfêmia.
«EU,
PORÊM». Jesus assume a posição de outro Moisés, em parte criando novas leis,
mas usualmente mostrando a correta interpretação das leis jâ existentes,
expondo o conteúdo espiritual dessas leis, em lugar do sentido superficial e
legalista (ver nota no vs. 38). No grego, o eu é enfático («as multidões
estavam maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem
autoridade, e não como osescribas»)—Mat. 7:28,29).
Sem
motivo. Aparece nos mss DEKLMSUV Gamma Delta Fam Pi e nas traduções KJ BR AC.
Omitem-nas Aleph BD vg Ju Or e as traduções ASV RSV PH WM WY NE GD AA IB. Os
melhores e mais antigos mss (gregos) omitem a frase. lustino, no século II, nâo
a cita em sua referência à passagem. Óbviamente a variante foi adicionada por
algum escriba a fim de evitar a aparente crueza da declaração que, se aceita
conforme diz, não permite exceção.
Irar...estará
sujeito a julgamento». Entre os judeus havia três níveis de culpa, tratados
pelos tribunais próprios e com julgamento próprio. A condenação mais severa era
a que determinava o lançamento do corpo no vale de Hinom ou Geena, porque
mostrava a grande desgraça da pessoa, ilustrando assim a gravidade do crime. Os
níveis de culpa e julgamento também diferem no reino do Messias. Jesus mostra
que todos os homens são «irmãos» (como na história do bom samaritano, Luc.
10:25-37). Assim ele elevou a dignidade da raça humana, bem como cada indivíduo
dessa r^a. Atribuindo tal valor a cada homem da raça, dificilmente um assassinaria
a outro. Para Jesus, a atitude de «ira» contra um membro da humanidade é crime
sério; tão sério que merece o mesmo castigo imposto ao assassínio (ver notas
sobre o vs. 21). Jesus não advoga que a ira seja punida com a morte, mas
ilustra, com essas palavras, quão sério era para ele esse pecado. A presença da
ira indica a falta de amor. O amor ao próximo foi classificado como segundo
mandamento na ordem da importância. (Ver Luc. 10:27). Portanto, dentro do
espirito da lei, aquele que se ira contra outrem quebra o espirito de um dos
mais importantes mandamentos.
Um
insulto.Tradução livre do hebraico raca. A palavra não consta em algumas
traduções como KJ AC IB. O sentido da palavra não é claro. As opiniões são as
seguintes; 1.Palavra sem sentido, interjeição, som que indica ódio, mas sem
definição própria; 2. equivalente (mas sem o mesmo significado) ao grego «su»,
que tem o sentido de «você», mas às vezes com ódio, manifesto no tom da voz; 3.
«Cuspir», termo usado para os heréticos; 4. «Vão», provavelmente com o sentido
de «tolo» (Tia. 2:20—«homem insensato» talvez seja o equivalente no grego).
Essa é a idéia mais comum, e tem ilustração no V.T., em Jui. 9:4; 11:3; Pro.
2:11.
«ESTARÃ
sujeito a julgamento do tribunal», que significa julgamento do sinédrio (nota
detalhada em Mat. 22:23), o conselho supremo judaico, que tinha poder de vida e
morte e podia infligir a pena de apedrejamento (morte vergonhosa), pois tratava
dos casos de heresia e blasfêmia.
«2b/o».
Há várias idéias sobre o sentido dessa palavra: 1. Por acaso, as letras dessa
palavra grega concordam com as letras de certo termo hebraico que significa
«rebelde». Alguns acham que esse é o sentido que o autor quis dar aqui, como se
tivesse usado outra palavra hebraica, como já usara «raca». Moisés e seu irmão
não puderam entrar na terra prometida, nem em parte, porque usaram esse termo
quando repreenderam o povo de Israel (ver Núm. 20:10). 2. Provavelmente a
palavra é grega, e significa «tolo». O termo era forte. Jesus mesmo usou essas
palavras contra os escribas e fariseus, em Mat. 23:17,19.
Estará
sujeito ao fogo do inferno*. De fato, ao fogo da «geena», o vale de Hinom, um
vale estreito e escuro, ao sul de Jerusalém, onde o fogo queimava
continuamente. Antes os judeus idólatras haviam usado o v5e para sacrificar
seus próprios filhos. Mais tarde o lugar foi usado como monturo da cidade. Além
do lixo, eram jogados ali os corpos dos animais e dos criminosos. O fogo que
queimava o lixo subia continuamente do vale, e por isso o lugar se tomou
símbolo do inferno.
HÃ
TRÊS classificações de pecados, cada qual com sua própria pena. Todas as três
envolviam assassinato: 1. Ira contra um ser humano—condenação, morte infligida por um tribunal inferior. 2. Ódio contra outrem—condenação, morte inflingida
por um tribunal superior: morte por apedrejamento (morte de herético). 3. Ódio intenso corra alguém— condenação, morte vergonhosa, pública, símbolo do juízo
da alma. Assim Jesus ilustrou o sexto mandamento. Mostrou que a intenção que
provoca o ato físico é passível da mesma condenação que o próprio ato.
Eu,
porém, vos digo».
ORIGINALMENTE,
a palavra traduzida aqui como amai, significava «acolher, entreter, agradar,
contentar», e é na LXX que vemos seu variegado uso. Porém, no N.T. com
freqüência o termo denota o amor de Deus ao homem e o amor do homem a Deus (ver
I João 3-5), bem como a benevolência que busca o bem-estar material e
espiritual do próximo (ver I Cor. 13). Vê-se claramente, portanto, que o
conceito de amor foi altamente elevado no uso do N.T. O amor é o verdadeiro
teste do caráter de um homem. Uma das—principais lições—que devemos aprender,
na jornada desta vida, é como amar aos outros. Pode-se ver o que significa o
amor, se considerarmos a atitude que cada qual tem para consigo mesmo. Quase
todos fazem tudo quanto está ao seu alcance, procurando seu próprio beneficio.
Temos o cuidado de prover todas as nossas necessidades físicas, nossa educação
e os cuidados médicos quando adoecemos, etc. Amar a um amigo ou a um inimigo,
por conseguinte, equivale a transferir para eles o cuidado que cada qual tem por
si mesmo. Amar a nossos semelhantes como amamos a nós mesmos seria a perfeita transferência deles cuidados que exercemos por nós. É muito raro que alguém
faça assim, mesmo de vez em quando, mas essa é a grande lição que nos compete
aprender, aquela que é exigida pela ética cristã. Quando, finalmente,
estivermos transformados segundo a imagem de Cristo, então amaremos desse modo,
porque foi assim que ele nos amou.
Amai
os vossos inimigos. Poderíamos compreender estas palavras se elas fossem «Não
detestai os vossos inimigos»; mas a ideia de amarmos os nossos inimigos é por demais elevada. Jesus não permite o ódio em quem quer que seja. O ódio, em si,
não é humano. «Esse é o mais sublime conceito moral jamais dado à humanidade»
(Adam Clarke). Ninguém, exceto Jesus, poderia ter proferido tais palavras com
convicção. A base desse mandamento é que Deus ama ao mundo inteiro, de modo
geral, sem acepção de Pessoas (João 3:16), e que Cristo agiu do mesmo modo
(Rom. 5:6-10). Paulo escreveu: «Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal
com o bem» (Rom. 12:21). Jesus mostra, neste passo, que—a lei do amor—é a lei
mais importante (Luc. 10:27), e que o amor a Deus implica em amor aos homens.
Mais do que isso, significa que essa extensão do amor a Deus (extensão essa que
abrange todos os homens) ocupa o segundo lugar, na ordem da importância, entre
todos os mandamentos. Nesta passagem Jesus mostra que esse amor, quando
compreendido corretamente, se aplica até aos inimigos porque, de conformidade
com a atitude de Deus, eles também são próximos, sim, e mais do que isso, são
irmãos.
«ORAI
pelos que vos perseguem». Provavelmente a idéia central é a de perseguição
religiosa. O ódio mais persistente e profundo é aquele citado pelas diferenças
religiosas. Mas até os que perseguem por causa da diferença da religião também
devem ser objeto de nosso amor e de nossas orações. Provavelmente essas são as
pessoas mais difíceis de ser ama:das. Parece que poucos, além de Jesus, têm
sido capazes de cumprir esse conceito moral. Certos comentaristas declaram que
esse conceito—«Amai os vossos inimigos»—não se encontra em nenhum outro livro
de nenhum outro povo, considerado «inspirado» por Deus ou pelos deuses. Talvez
a ideia mais aproximada dessa atitude, entre os antigos, foi a atitude
manifestada por Sócrates, conforme foi registrado por Platão.
«Abençoai
os que vos amaldiçoam, fazei o bem aos que vos odeiam». Essas palavras se acham
nas traduções KJ AC F M e nos mss DEKLMSU Delta Fam Pi. Não são encontradas nos
mss Aleph B Fam 1 S(i) Sah e nem nas traduções ASV RSV PH WM WY NE BR GD AA IB.
A adição é posterior e parece ser complementaçâo do que o versídúlo ensina
antes; porém, provavelmente foi tomada de empréstimo da passagem paralela de
Luc. 6:27,28, inserida por algum escriba no texto de Mateus.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag.310-311; 337.
Mt 5-21
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será
réu de juízo”. Jesus estava citando palavras dos Dez Mandamentos, chamadas de
Lei de Moisés. Os fariseus estavam ensinando que o mandamento contra matar,
encontrado em Êxodo 20.13, se referia apenas a tirar a vida de outra pessoa. Os
assassinos estavam sujeitos a um julgamento (isto é, à execução; veja Êx 21.12;
Lv 24.17) através de certos procedimentos legais, também descritos na lei.
Mt 5-22
“Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão
será réu de juízo”. Jesus ensinou que seus seguidores não deveriam nem pensar
em se encolerizar a ponto de cometer um assassinato, pois já teriam então
cometido um assassinato em seu coração. Aqui, a palavra “cólera” se refere a um
desespero planejado e revoltado que sempre ameaça fugir do controle, levando à
violência, aflição emocional, maior tensão mental, prejuízo espiritual e, sim,
até à morte. A cólera nos impede de desenvolver um espírito agradável a Deus. Jesus
acrescentou; “e qualquer que chamar a seu irmão de raca [ou tolo] será réu do
Sinédrio”. Rebaixar-se a ponto de insultar ou chamar um companheiro crente de
nomes ofensivos, torna a pessoa sujeita a um processo. Pronunciar palavras encolerizadas
ou ofender as pessoas revela um coração distante de Deus. “ E qualquer que lhe chamar
de louco será réu do fogo do inferno”.
Na
Bíblia são usadas três palavras em conexão com o castigo eterno: (1) A palavra
Seol, ou “sepultura”, é usada no Antigo Testamento para significar o lugar dos
mortos, geralmente entendido como debaixo da terra (veja Jó 24.19; SI 16.10; Is
38.10). A palavra Hades é o termo grego para o submundo, o reino dos mortos. E usada
no Novo Testamento em lugar de Seol (veja Mt 16.18; Ap 1.18; 20.13,14). A
palavra Geena (ou inferno) tinha esse nome por causa do Vale de Hinom, perto de
Jerusalém, onde crianças eram sacrificadas no fogo aos deuses pagãos (veja 2 Rs
23.10; 2 Cr 28.3).
Mt 5.43,44
“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo”. Os
fariseus interpretavam Levítico 19.18 como um ensino de que deviam amar apenas
aqueles que retribuíam esse amor. A palavra próximo refere-se a alguém da mesma
nacionalidade e fé. Embora nenhum verso da Bíblia diga explicitamente
“aborrecerás o teu inimigo”, os fariseus podem ter reinterpretado alguma das passagens
do Antigo Testamento a respeito do ódio pelos inimigos de Deus (veja, por
exemplo, SI 139.19-22 e 140.9-11). Mas Jesus explicou: “Amai a vossos
inimigos... e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem”. Se você puder fazer
isso, estará mostrando realmente que Jesus é o Senhor da sua vida. Ele explicou
aos seus seguidores que deviam viver de acordo com um padrão mais elevado do
que aquele esperado pelo mundo — um padrão que é impossível alcançar simplesmente
com a força humana. As pessoas que experimentaram o amor de Deus entendem
o que significa ser amado sem reservas. Somente com a ajuda do Espírito de Deus
seu povo poderá amar e orar por aqueles que procuram lhe fazer o mal (veja Rm
12.14-21).
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 40; 44-45.
Jesus
começa esclarecendo a justiça excedente através de três exemplos dos Dez
Mandamentos. Como primeiro exemplo Jesus cita o mandamento não matarás.
A
frase eu, porém, vos digo não quer ser um desprezo aos anciãos, um desprezo que
tenta se livrar do passado, um desdém, porém máxima consideração do antigo. A
lei é absolutamente santa, é inalterável, é o que persiste e perdura sem
mudanças nas modificações do tempo. Mas a lei de Deus não olha para a ação, ela
vê mais fundo, observa a origem da ação, a mentalidade que está por detrás
dela. “Pois do coração procedem os maus pensamentos: homicídio…” (Mt 15.19).
Dessa maneira Jesus vai à raiz, ele é radical (radix = raiz), mostrando-nos que
a ira é igual ao assassinato. Schlatter explica: “Para os judeus era difícil
reconhecer a natureza culposa de processos interiores do coração (i. é, os
processos na alma e as atividades mentais)”.
Quando
Jesus afirma: Eu, porém, vos digo: aquele que se irar contra seu irmão estará
sujeito ao julgamento, as palavras “vos” e “irmão” apontam para os discípulos.
É para eles que vale essa palavra do Senhor, porque os discípulos formam uma
irmandade.
Nessa
irmandade não pode existir a ira. Que significa irar-se? Com base no texto
original, a ira pode mostrar-se em duas direções: Para dentro e para fora.
Vista
para dentro, a ira eqüivale a estar amargurado, estar raivoso contra o irmão,
ficar exasperado, carregar rancor dentro de si, distanciar-se do irmão,
manter-se separado dele, consumir-se intimamente.
Para
fora, irar-se significa estar agitado, enfurecer-se, agredir, ser duro,
injusto, externar uma mentalidade áspera, ter acessos de cólera.
Tudo
isso é assassinato do irmão.
É
transgressão do mandamento: Não matarás.
É uma
palavra muito séria de Jesus, que alumia para dentro do último cantinho de
nosso coração e nos julga e purifica continuamente. Nosso constante fracasso é
trazido à luz. Ter de admitir sempre de novo esse fracasso nos preserva de toda
confiança no poder próprio e destroça integralmente toda presunção e todo
orgulho. “O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração” (1Sm 16.7). Quando
no coração se encontram todos os tipos citados de ira, o discípulo já se tornou
culpado do julgamento, porque tornou-se um assassino do irmão. Como Jesus é
extremamente severo com os seus! A sua palavra é “apta para discernir os
pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12).
Passamos
para o segundo aspecto.
Quando
a revolta interior ou a fúria exterior são seguidas do duro e amargo insulto
raka, i. é, “cabeça oca, não faz parte de nós”, então esse assassino do irmão
deve ser julgado pelo tribunal supremo desta terra, o Sinédrio (quanto ao
Sinédrio, cf. o exposto sobre 2.4).
Em o
terceiro ponto:
Quem
se deixa arrastar pela ira ao ponto de agredir o irmão com uma palavra ofensiva
como tolo, i. é, “vá para o inferno, desgraçado (descrente)”, esse próprio
deverá ir para o inferno.
De
tudo o que foi dito resulta para os membros da comunidade de Jesus que cada um
precisa cuidar com extrema exatidão do seu relacionamento com o irmão e
examinar sempre de novo, à luz da palavra de Deus, seus pensamentos e suas
palavras, e perguntar-se: Como estou em relação a meu irmão? Como ele está
comigo? Tão logo um tiver amargura no coração em relação ao outro, ou inveja,
ódio, desprezo, satisfação malévola, contrariedade, ou quando um guarda rancor
do outro, quando um, irritado, lança uma palavra dura contra o outro, isso é
assassinato. Qualquer aborrecimento que continua corroendo o coração é
assassinato do irmão.
Lutero
afirma: “Tantos membros quantos você possui, tantas maneiras você poderá achar
de matar, seja com a mão, a língua, o coração, o gesto, olhando alguém
amargamente… não gostando de ouvir falar dele: tudo isso significa „matar‟.
Porque nesse caso o coração e tudo o que há em você está disposto a desejar que
ele já estivesse morto. E, ainda que a mão fique parada, a língua silencie, os
olhos e ouvidos se escondam, de fato o coração está cheio de assassinato e
homicídio.”
Essa
atitude, entretanto, não é apenas assassinar o irmão, mas também escarnecer de
Deus. Pois enquanto persistir o rancor contra o irmão, estará interrompida
também a ligação com Deus. Podemos notá-lo logo quando tentamos orar (cf. At
9.5c).
Num
estado desses, desonraríamos a Deus se quiséssemos entoar hinos de louvor com a
comunidade em oração.
Entendemos
agora por que Jesus acrescenta os v. 23-26 diretamente depois da palavra do
assassinato e da ira.
Após a
advertência de teor negativo dos v. 21s, Jesus segue com dois exemplos
positivos: Que sejam o lema de nossa vida não a amargura, irritação, inveja e
ódio, mas sim o amor e a disposição para a paz.
Mais
uma última vez neste capítulo Jesus faz reluzir com força a palavra da
retaliação do amor ágape!
Para
entendermos a palavra do amor ao inimigo, precisamos olhar para Lv 19. Com
grande densidade se declara, nesse capítulo, a vigência dos deveres de amar o
amigo, irmão e concidadão. Aos poucos os fariseus, que eram apenas uma parte
restrita do povo, passaram a interpretar esse capítulo no sentido de que todos
os deveres de amor arrolados tinham validade somente para o círculo deles. O
fariseu chamava de irmão, companheiro, amigo e próximo apenas a outro fariseu.
Os demais eram para ele somente povo comum. Por isso o fariseu desprezava “o
outro” (Lc 18.9).
Faziam
parte dos “outros” os publicanos e pecadores, que não cumpriam os mandamentos
de Deus. A conseqüência era a inimizade entre os fariseus e “os outros”, os
publicanos e pecadores („am haarez = povo comum). Essa inimizade entre fariseus
e pecadores não perdia em nada para a inimizade entre judeus e gentios, e às
vezes até era mais forte (Tt 3.3).
Na
opinião dos fariseus tratava-se de uma inimizade por causa de Deus. Pensavam no
Salmo 139.21s: “Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem? […] Aborreço-os
com ódio consumado; para mim são inimigos de fato”. Por isso os fariseus
achavam que, por amor a Deus, precisavam odiar todos aqueles que não cumprem os
mandamentos de Deus. Sim, diziam até que o povo, que não sabe nada da lei, é
maldito (cf. Jo 7.49)! Jesus, agora, afirma: Amem os seus inimigos! Desse modo
ele anula todo o ódio como tal. Inclusive o chamado ódio religioso! Não é essa
a atitude que convém ao ser humano. Pois a missão de Jesus não era odiar os
pecadores; ele veio para salvar os pecadores… Ao dizer, ainda, para aos
discípulos: Orem pelos que perseguem vocês, ele está se referindo aos
perseguidores como sendo os fariseus, pois eram eles que perseguiam Jesus e
também seus discípulos. – Portanto, seguidores de Jesus devem reagir à inimizade
com amor, à perseguição com oração. – Assim, brilha mais uma vez com toda
clareza a lei da retaliação do amor ágape!
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica
Esperança.
3.
CONTEXTO.
Antes
de ser julgado pelo tribunal de Deus, o homem é julgado pelo tribunal da
consciência. O apóstolo deixa isso claro: Quando, pois, os gentios, que não têm
lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem
eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu
coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos,
mutuamente acusando-se ou defendendo-se (2.14,15).
Embora
todos os homens sejam pecadores e estejam em estado de depravação total, nem
todos se reduziram a um estado aviltante de decadência moral. Nem todos são
bandidos, vilões, ladrões, adúlteros e assassinos. Há muitas pessoas que honram
aos pais, são fiéis ao cônjuge, são bondosas com os filhos, têm um coração
voltado para os pobres, promovem a honestidade no governo, revelam coragem na
luta contra o crime, são honestas em seus negócios e comprometidas com os
castiços valores morais.
Como
explicar o fato de que, embora muitas dessas pessoas não tenham a lei, agem
como se a conhecessem? E que essas pessoas servem de lei para si mesmas, pois
quando Deus as criou as fez pessoas morais e autoconscientes. De tal forma que
elas demonstram por seu comportamento que as exigências da lei estão gravadas
em seu coração (2.15). Além de revelar-se aos homens nas obras da criação (1.20),
Deus também se revelou a eles em sua consciência (1.19; 2.14,15). A consciência
é um tribunal interior instalado por Deus dentro dos homens, por meio do qual eles
são julgados todos os dias. E aquele senso íntimo do certo e do errado. A
consciência é um alarme que dispara toda vez que alguém transgride a lei. O
filósofo alemão Emmanuel Kant dizia: “Duas coisas me encantam: o céu estrelado
acima de mim e a lei moral dentro de mim”. Todo ser humano tem uma noção inata
do bem e do mal. Mesmo os gentios que não têm lei, têm a lei gravada em seu
coração, e esta os acusa e os defende como num julgamento no qual interagem a
promotoria e a defesa. Essa consciência dá ao homem a capacidade de estar acima
de si mesmo e de ver os seus atos e o seu caráter objetivamente. Antes de o
homem ser julgado no tribunal de Deus, ele já é julgado no tribunal da
consciência. E bem verdade que o pecado obscureceu essa consciência, mas não a
anulou de todo.
LOPES. Hernandes Dias. ROMANOS O
Evangelho segundo Paulo. Editora Hagnos. pag. 115-116.
Rm 2.14
Alguns gentios que nada sabiam sobre a lei escrita de Deus tinham sensibilidade
moral e viviam como se a seguissem. Eles tinham a lei da consciência. O
conhecimento da natureza de Deus estava disponível para eles, pois eles distinguiam
o certo do errado. Sua consciência moral
será usada no lugar da lei para julgá-los. Paulo náo tenta provar que as
pessoas sáo incapazes de fazer o bem; seu ponto de vista é que nenhum de nós é
capaz de ter em si a bondade perfeita. No nível humano todos nos comportamos
mais ou menos em linha com os padrões da nossa sociedade. Mas a justiça náo é
determinada pelo que a maioria faz, ou mesmo pelo que a maioria das pessoas
pensa que possa ser possível para alguém que tente, com afinco, ser justo. A
justiça é o padráo de Deus, a natureza de Deus. Comparações com outros de nada
ajudam quando nos medimos utilizando os padrões de Deus. A final de contas, nós
seremos responsabilizados por Deus pela nossa vida.
Rm 2.15
Todas as culturas e nações, náo importando quáo diferentes sejam, têm o reconhecimento
comum de que algumas coisas sáo certas e outras sáo erradas. Os gentios que náo
conhecem a lei de Deus têm em seus corações uma sensibilidade moral que
equivale ao que a lei de Deus exige. A consciência é um monitor interno que nos
informa quando cometemos um erro. O que a lei faz para o judeu, a consciência
faz para o gentio, atuando como a lei de Deus escrita no seu coraçáo.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 27-28.
Rm
2.14 Alguns intérpretes imaginam em vão que, nesta passagem, Paulo armava um
argumento em que apresentava alguns gentios a obterem salvação, por serem
indivíduos moralmente mais elevados, ainda que estivessem destituídos das leis
mosaicas; isso fariam através da razão, observando a glória de Deus na
natureza, capazes de se alicerçarem na lei íntima da consciência, o que seria
algo equivalente ou muito similar à lei de Moisés.
Tal
lei da consciência se caracterizaria pelas mesmas exigências impostas pela lei
de Moisés; e, em conseqüência disso, tais gentios seriam capacitados a
obedecerem a essa lei da consciência, a ponto de receberem a justificação
mediante tal observância. A verdade, entretanto, é que o apóstolo não está
expressando aqui qualquer idéia semelhante, o que seria uma contradição total
com o que ele diz no décimo segundo versículo. Este versículo não faz contraste
nenhum com o décimo segundo versículo, como se «maus gentios» estivessem sendo
ali descritos, e que «bons gentios» estivessem sendo aqui descritos. Paulo
meramente quis demonstrar que a consciência humana, ativa e instrutiva, ainda
mesmo quando não conta com qualquer revelação específica, pode aproximar-se, de
maneira realmente notável, do conhecimento da moral que é requerida pela lei de
Moisés, a qual foi uma lei revelada pelo próprio Deus.
Luz E
Misericórdia
1.
Paulo parecia prestes a dizer: «Se os gentios seguirem o tanto de luz que
possuem, de modo realmente fiel, Deus se olvidará do resto, e eles serão
justificados». Porém, a sua teologia não lhe permitia ir até esse ponto,
naturalmente.
2. Que
dizer sobre os pagãos piedosos? Alguns intérpretes cristãos na verdade têm
tomado a posição sugerida sob o primeiro ponto. Porém, isso não pode ser
demonstrado nas páginas do N.T.
3. Paulo
salienta que não pode haver mais de um tipo de lei, e supõe que qualquer
lei, aprovada pela consciência humana, será similar à lei de Moisés. Mediante
essa teologia, a possessão de qualquer lei deve condenar afinal, pois o homem
não vive e nem pode viver à altura do que a sua consciência requer dele, se
essa consciência é inspirada por Deus, o que Paulo supõe como ponto assentado.
4.
Apesar de ser essa a Idéia subjacente em seu argumento, ele parece manter
alguns sentimentos ternos para com os gentios, nesse ponto. Parece que ele dá a
entender (embora não chegue a afirmá-lo) que Deus dá atenção aos pagãos
piedosos, como foi o caso de Cornélio, por exemplo, no décimo capítulo de Atos.
Isso parece indicar que quando um homem (qualquer homem) busca a luz, Deus, em
algum lugar, de alguma maneira', providencia para que ele receba a luz.
5. Mas
Paulo não pretendia ensinar que bons gentios, como exemplos notáveis à
semelhança de Sócrates e Sêneca, podiam ser salvos à parte de Cristo. Alguns
têm ensinado que as mais elevadas filosofias gregas, como a filosofia
platônica, tinham para os gentios os mesmos efeitos que as leis tinham para os
judeus, isto é, que preparara os gentios para a revelação em Cristo.
Provavelmente isso é verdade.
6.
Paulo não diz esse tanto aqui, embora possa ter asseverado, como o faz em Efé.
4:9,10 (ver as notas expositivas ali), que a descida de Cristo ao hades
garantiu que todos os gentios ouviriam o evangelho e teriam a oportunidade de
aceitar a Cristo, mesmo além do sepulcro. Porém, em I Ped. 3:18 e ss. e 4:6,
quase certamente são trechos que assim afirmam. Em caso contrário, pelo menos
um estado melhorado para os perdidos é antecipado através do ministério
universal do Logos, o qual é o restaurador e Salvador em todas as esferas. (Ver
sobre a missão universal de Cristo, nas notas em João 14:6).
7.
Apesar do fato de que o número dos eleitos será finalmente pequeno, a despeito
de quando e de onde os homens terão a oportunidade de aceitar a Cristo, a
missão de Cristo tem efeitos universais. (Ver as notas sobre Isso em Efé. 1:10
e João 12:32).
«...Estes
mostram a norma da lei, gravada nos seus corações, testemunhando-lhes também a
consciência, e os seus pensamentos mutuamente acusando-se ou defendendo-se...»
Este versículo apresenta uma expansão das idéias expostas no versículo
anterior, onde a tese é apresentada em termos gerais. Essa tese é que existe
realmente uma lei da consciência, desenvolvida pela razão, através da
observância da natureza, mesmo sem qualquer revelação divina direta, que cria
uma consciência extremamente parecida com aquela revelada pelo impulso divino
através da lei mosaica. Essa lei da consciência fica fazendo parte do próprio
coração, ou homem interior, e não pode ser ignorada. Mostra-se mais ativa nos
pagãos mais nobres, como um Sêneca ou um Sócrates, mas, em última análise, se
faz presente em todos os gentios. (Quanto a uma nota expositiva sobre o termo
«coração», conforme Paulo o emprega, ver Rom. 1:21).
A
consciência é um veículo natural da razão, utilizando-se dos informes prestados
pela razão, em seus cálculos morais. Paulo não duplica aqui a tese que aparece
no trecho de João 16:8-11, que diz que o Espírito Santo está diretamente
envolvido, onde também ele figura como quem dá aos homens o conteúdo da
consciência moral deles, provavelmente porque fazia uma referência especial aos
tempos anteriores à vinda de Cristo à terra; mas não podemos duvidar que o
apóstolo dos gentios concordaria em que o Espírito Santo, além das evidências
fornecidas pela natureza ou pela razão natural, desenvolve dentro dos homens a
consciência do bem e do mal, deixando-os moralmente sem desculpas. Pelo menos
isso faz parte do ensinamento bíblico sobre o assunto.
No
nível dos pensamentos, os homens também julgam uns aos outros, e não apenas cada
qual a si próprio, o que significa que essa atividade é social. Com base nesses
julgamentos, leis escritas são preparadas;e a idéia geral de Paulo parece ser
que tais leis contêm uma quantidade significativa de material, comparável com o
conteúdo da legislação mosaica. Ora, essas acusações e absolvições também fazem
parte da busca intelectual, tal como acontece na filosofia. Embora muitos
filósofos tivessem falado como deuses e tivessem vivido como beberrões,
todavia, havia entre eles uma comunidade superior em muito àquela que de
ordinário prevalecia entre os gentios, pelo menos do ponto de vista moral.
«Notemos
a similaridade desse conflito de consciência, com o seu testemunho, conforme é
descrito aqui, com a forma mais elevada e detalhada do mesmo conflito no
crente. (Ver Rom.7:16)». (Alford, in loc.).
«...norma
da lei...» Os eruditos estão divididos quanto ao sentido dessas palavras. As
principais opiniões são as três enumeradas abaixo;
1. O
sentido essencial de suas exigências, isto é, os requisitos da lei moral
mosaica.
2. A
conduta exigida por tal conhecimento.
3.
Fica inclusa uma porção significativa da intenção dos dez mandamentos, ainda
que em formas e modos de expressão variados.
«...gravada
nos seus corações...» Isso faz contraste com a lei de Moisés, escrita em tábuas
de pedra, e, em seguida, em livros sagrados; mas essas palavras igualmente
enfatizam a permanência e realidade dessa lei, tal como a sua distinta
veracidade. Não tem ela menos valor do que as leis morais escritas nos livros
sagrados, ainda que gravada de forma diferente, e ainda
que venha a ser conhecida pelos homens por meios diferentes. (Ver II Cor. 3:7;
Jer. 31:33, quanto a idéias similares). Por igual modo, o antigo poeta e
dramatista grego, Sófocles, como também Platão, o maior de todos os filósofos,
falaram sobre leis orais e escritas, as leis indeléveis dos deuses, contidas
nos corações dos homens. E Plutarco se referiu a uma lei «que não foi
externamente escrita nos livros, mas foi implantada no coração do homem». O
conceito geral, portanto, era muito generalizado, como também muito antigo.
«...testemunhando-lhes...»
Os homens exibem evidências da existência dessa lei, mediante os seguintes
modos de expressão: 1. Por seus pensamentos íntimos; 2. Mediante o juízo que
fazem de outros; 3. Pelas leis tradicionais da sociedade; 4. Pelas atividades
filosóficas e religiosas; 5. Pelo reconhecimento da existência de princípios
justos; 6. Pela tentativa de conduzirem uma vida moral superior; 7. Por terem
uma lei da consciência bem firmada.
«...a
consciência...» Em sua forma mais alta, a consciência é uma função da alma, a
verdadeira inteligência e guia do homem, que conhece inerentemente; e uma vez
que ela seja melhorada, empírica e racionalmente, torna-se o código moral do
universo. A consciência opera por intermédio da mente, o que explica a menção
que Paulo faz dos «...pensamentos...», os quais aprovam ou acusam, tanto aos
seus próprios possuidores como aos seus semelhantes.
«...mutuamente...»
Essa palavra tem sido considerada de várias maneiras pelos intérpretes, a
saber:
1.
Alguns pensam que o sentido dessa palavra é «uns com os outros», isto é, «seus
pensamentos entre eles», pensamento contra pensamento, numa espécie de debate
mental.
2.
Outros pensam que o sentido é «alternativamente», isto é, nesse debate, os
pensamentos algumas vezes absolvem e às vezes condenam.
3.
Outros pensam em uma combinação dessas possibilidades, — «pensamento contra
pensamento, em um conflito intimo», tudo ocorrido dentro de cada indivíduo.
4.
Finalmente, outros pensam em «acusações ou vindicações», entre gentios e
gentios, numa espécie de debate entre comunidades, em comparação e contraste de
conceitos morais, do que resulta o debate.
Na
realidade, não há modo adequado de resolvermos essa questão, ainda que seja
mais provável que devamos compreender que esse debate ocorre no nível mental
das pessoas envolvidas, e não pessoalmente umas contras as outras. No entanto,
aquela outra atividade de debates entre comunidades, tal como os debates que
havia entre as escolas filosóficas, era uma realidade inegável; devemos
compreender que tais debates, pelo menos, faziam parte do quadro geral aqui
apresentado, sem importar se este versículo menciona isso ou não diretamente.
«Esse
processo judicial, que ocorre neste versículo como algo que tem lugar no
coração do homem, é precursor daquele grande julgamento que haverá no fim do
mundo». (Philip Schaff, in loc., no Comentário de Lange).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 3. pag. 596-597.
II. IMPORTÂNCIA
1.
DA VIDA.
SUICÍDIO
Não
encontramos nenhum ensino direto sobre o suicídio na Bíblia, a não ser o
"Não matarás". Existem apenas três casos de suicídio no Antigo
Testamento, e o verbo "suicidar" não aparece nenhuma vez na Bíblia.
Saul "se lançou sobre a sua espada e morreu com ele" (1 Sm 31.5).
Aitofel "se enforcou: e morreu e foi sepultado na sepultura de seu
pai" (2 Sm 17.23). Zinri "queimou sobre si a casa do rei, e morreu (1
Rs 16.18). Além desses três breves relatos que mencionam suicídios, há mais um
no Novo Testamento, o de Judas Iscariotes (Mt 27.3-5). Não há
unanimidade sobre a morte de Sansão, muitos não consideram suicídio. Os
estoicos e epicureus viam o suicídio como saída honrosa da vida. O hinduísmo e
o budismo aprovam o suicídio, encarando-o como uma "peça das rodas do
carma". Na verdade, é o resultado do fracasso espiritual na maioria dos
casos atuais tanto quanto nos casos registrados na Bíblia. O suicídio é
auto assassinato, uma vez que a nossa vida não nos pertence. Quem não crê em
Deus e perdeu a esperança da vida futura, às vezes, procura na auto aniquilação
refúgio para escapar de suas misérias e das intempéries e dos açoites da vida.
É, no entanto, inconcebível que um cristão chegue a tal extremo: "É o
abandono do posto ao qual Deus nos destinou. É uma recusa deliberada de submete-nos à sua vontade. É um crime que não admite arrependimento e, consequentemente, envolve a perda da alma" (HODGE, 2001, p. 1294). A vida
é um dom de Deus, e ninguém tem o direito de tirá-la (Gn 9.6; Jó 33.4). Isso
vale para a nossa vida e também para a vida dos outros. Moisés, Elias e Jonas
pediram a morte, mas Deus não os atendeu (Nm 11.15; 1 Rs 19.4; Jn 4.3). O fim
da vida é prerrogativa exclusiva de Deus (SI 31.15; Ec 8.8). Ele sabe a hora em
que a vida humana deve cessar e é o soberano de toda a existência e de todo o
universo (Dt 32.29; 1 Sm 2.6; 2 Rs 5.7).
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 93.
VIDA
No AT, a vida é mencionada principalmente por nephesh e hay. Basicamente,
nephesh significa "respiração", "alma", "vida como
existência individual" ou "ser". Em conexão com a vida ela
significa: (1) o princípio da vida, aquele que respira (Gn 9.4,5; 35.18; Lv
17.11; 1 Rs 17.21,22); (2) a vida física (1 Sm 22.23; 23.15); (3) os animais
vivos (Gn 9.10,12); (4) os seres humanos (Gn 36.6; 46.15-27). A palavra
hebraica hay no singular geralmente refere-se à vida animal (KJV, "animais
selvagens", Gn 7.14; Êx 23.11; Lv 11.2; 26.6,22; Jó 5.23). Aforma plural
é
quase sempre usada para a vida humana e parece que estão envolvidos a
intensidade ou os vários aspectos da vida. No AT a vida está associada a uma
correta relação com Deus, e, sem esta, a verdadeira vida é impossível (Dt 8.3;
30.15,19,20). Deus é o soberano da vida (Gn 2.7; Nm 16.22). O AT prevê uma vida
que é alcançada através da ressurreição (Jó 19. 25-27; SI 16.10; Is 26.19; Dn
12.2).
No NT,
foram empregadas três palavras básicas. A mais comum é zoe, que basicamente
considera o princípio da vida (cf. Jo 6.63). Ela pode referir-se: (1) à vida
física (At 17.25; 1 Co 15.19); (2) à vida de Deus (Jo 5.26; Ef 4.18; Rm 5.10);
ou (3) à vida de Cristo no crente (2 Co 4.10,11; Cl 3.4). Essa nova vida (Rm
6.4) é uma dádiva presente (Jo 5.24), é eterna (Jo 6.51), tem uma manifestação
futura (Rm 5.17; 2 Co 5.4; 1 Tm 4.8), e é recebida através da fé (Jo 3.16). O
Próprio Senhor Jesus Cristo é a nossa vida (Jo 11.25; 14.6; Cl 3.4; 1 Jo
5.11,12,20). Veja Vida Eterna; Ressurreição.
A
segunda palavra do NT é bios que, basicamente, considera os aspectos exteriores
da vida neste mundo. Ela (ou seu cognato) descreve a nossa vida terrena atual
em relação a: (1) duração (1 Pe 4.2,3); (2) funções (Lc 8.14; 1 Tm 2.2; 2 Tm
2.4); (3) conduta (At 26.4); e (4) meios de subsistência (Mc 12.44; Lc 8.43;
15.12,30; 1 Jo 3.17). Ela nunca é usada em relação à vida eterna. A terceira
palavra é psyche, que é frequentemente traduzida como "alma", e
corresponde à palavra hebraica nephesh. Ela descreve, fundamentalmente, a vida
natural. Com respeito à vida, esta palavra multifacetada pode referir-se aos
seguintes aspectos: (1) ao fôlego da vida (em latim, anima), a força vital que
anima o corpo, ou o princípio da vida que deixa o corpo quando ocorre a morte
(Lc 12.20; At 20.10; Ap 8.9); (2) à vida física (Mt 2.20; Mc 10.45; Lc 12.22);
(3) ao ser que possui vida, seja humano ou animal (1 Co 15.45; Ap 16.3); (4) ao
centro da personalidade (Lc 12.19; Jo 12.27); e (5) à existência interior do
homem que pode ser salva, perdida, tentada e santificada (Tg 1.21; Mc 8.16; 1
Pe 2;11; 3 Jo 2).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 2016.
Gn 9.6
A dignidade do homem, que foi criado à imagem de Deus, não permite ae alguém
cometa impunemente o pecado capital, o homicídio. A declaração parece ser uma
antiga expressão judicial que sugere que esse crime vinha sendo repudiado desde
os tempos mais remotos. Coisa alguma é dita sobre tirar vingança desse tipo de crime,
embora a questão seja elaborada com detalhes pela legislação mosaica. Alguns
sugerem que a pena máxima só deve ser imposta no caso de assassinato, mas as
leis de muitos países ao redor do mundo requerem a pena capita! para outros
crimes,
como é o caso do crime de traição, mormente em tempos de guerra. Por igual
modo, o sequestro é algumas vezes castigado com a pena de morte. Contrariamente
ao que dizem alguns, a pena de morte não existe somente para impedir o crime,
mas também para fazer justiça.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 79.
Gn 9.6
A instrução, aqui, é que os assassinos que premeditam os seus crimes devem
morrer. Este é o pecado que aqui se deseja evitai' através do terror da
punição. (1) Deus punirá os assassinos: Da mão do homem e da mão do irmão de
cada um requererei a vida do homem, isto é, Eu vingarei, sobre o assassino, o
sangue do assassinado, 2 Crônicas 24.22. Quando Deus requer a vida de um homem
da mão daquele que a tirou injustamente, o assassino não pode entregá-la, e,
por esta razão, deve entregar a sua própria vida no lugar dela. Esta é a única
maneira que resta para se fazer a restituição. Observe que o Deus justo
certamente fará uma inquisição pelo sangue, mesmo que os homens não possam
fazê-la, ou não queiram fazê-la. Uma vez ou outra, neste mundo ou no vindouro,
o Senhor descobrirá assassinos escondidos, que estão ocultos dos olhos dos
homens, e punirá assassinos confessos que tentam se justificar, algo que seria
difícil demais para a mão do homem. (2) O magistrado deve punir os assassinos
(v. 6): Quem derramar o sangue do homem, seja por causa da provocação
repentina, ou tendo premeditado isso (porque a ira excessiva traz consigo o
assassinato de coração, como também a propensão à malícia, Mateus 5.21,22),
terá o seu sangue derramado por outro homem, isto é, pelo magistrado ou por
quem quer que seja designado a ser o vingador do sangue, ou que tenha esta
permissão. Há aqueles que são ministros
de
Deus para este propósito, para ser uma proteção ao inocente, sendo um terror
aos maliciosos e malfeitores, e eles não devem trazer debalde a espada, Romanos
13.4. Antes do dilúvio, como parece pela história de Caim, Deus tomou o castigo
de homicídio em suas próprias mãos. Mas agora Ele entregou este juízo aos
homens, a princípio aos chefes de família, e depois aos chefes das nações, que
deveriam ser fiéis à confiança neles depositada. Note que aquele que cometesse
um assassinato deliberadamente deveria ser sempre punido com a morte. Este é um
pecado que o Senhor não perdoaria nem mesmo em um príncipe (2 Rs 24.3,4), e
que, portanto, um príncipe jamais deveria perdoar em um súdito. Há uma razão
anexa para esta lei: Porque, no princípio, Deus fez o homem conforme a sua
imagem. O homem é uma criatura querida de seu Criador, e, portanto, deve ser
assim para nós. Se Deus colocou honra sobre o homem, não sejamos nós aqueles
que procuram colocar o desprezo sobre este. Aquilo que restou da imagem de Deus
ainda está sobre o homem caído, de modo que aquele que mata injustamente
desfigura a imagem de Deus e o desonra. Quando Deus permitiu que os homens
matassem seus animais, Ele os proibiu de matar os seus escravos. Porque estes
são de uma natureza muito mais nobre e excelente, sendo não apenas criaturas de
Deus, mas a sua imagem, Tiago 3.9. Todos os homens possuem, ao menos, uma parte
da imagem de Deus sobre si mesmos. Mas os magistrados têm, além disso, a imagem
do seu poder, e os santos têm a imagem da sua santidade. Assim sendo, aqueles
que derramarem o sangue de príncipes ou santos incorrerão em uma culpa dupla.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 64.
Gn 9.6
Um homem é acusado do crime de homicídio; deste crime que ele é culpado ou não
é: se ele é culpado de assassinato, ele deve morrer, se não, que ele seja
punido de acordo com o demérito de seu crime, mas sem ofensa mas o assassinato
que ele deveria perder a sua vida. Tirar a vida de outro é a maior ofensa que
se pode cometer contra o indivíduo e contra a sociedade, e o maior castigo que
um homem pode sofrer por tal crime é a perda de sua própria vida. Como punição
deve ser sempre proporcional aos crimes, então a mais alta punição devido à
maior crime não deve ser aplicada por um delito menor. A lei de Deus e dos
ditames eternos da razão dizer que, se um homem matar outro, a perda de sua
própria vida é ao mesmo tempo a maior pena que ele pode pagar, e um equivalente
para a sua ofensa, tanto quanto a sociedade civil está em causa. Se a morte do
assassino ser a maior penalidade que ele pode pagar pelo crime que cometeu, em
seguida, a imposição de tal punição para qualquer delito menor é a injustiça e
crueldade, e só serve para confundir as reivindicações de justiça, os
diferentes graus de moral torpeza e vice, e para tornar o desesperado
perdulários: daí o ditado tão frequente entre quase todos os fim dos
delituosos, "É tão bom ser enforcado por um carneiro como um cordeiro ,
que ao mesmo tempo marca o desespero, ea injustiça de aquelas leis penais que
infligem a maior punição para quase todas as espécies de crime. Quando é que
uma legislatura sábio e judicioso ver o absurdo e a injustiça de infligir o
castigo de morte por ter roubado um carneiro ou um cavalo, forjando umas 20
nota xelins, e assassinar um homem, quando este, em sua torpeza moral e
consequências ruinosas, ultrapassa infinitamente os outros? Nesta cabeça
piedosa desejo do médico tem sido realizado desde que este parágrafo foi escrito
editores.
ADAM
CLARKE. Comentário Bíblico de Adam
Clarke.
2.
NÃO MATAR.
O
verbo hebraico rãtsah,ss "assassinar, matar", cuja ideia é matar com
violência e matar de maneira injusta. Aparece aqui, no Decálogo, pela primeira
vez (Êx 20.13). Foi encontrado um só cognato nas línguas semíticas, no antigo
árabe do norte, que indica "quebrar em pedaço, estilhaçar, golpear".
Apesar de sua predominância como termo legal nas 47 ocorrências no Antigo
Testamento, e de ser usado na linguagem cotidiana, nenhuma raiz foi encontrada
nos códigos de lei do Antigo Oriente Médio.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 90.
Os
mandamentos restantes parecem ter sido classificados a partir dos mais claramente
atrozes aos menos ostensivamente violentos. O sexto mandamento afirma de forma
sucinta, mas vigorosa: “Não matarás” (Êx 20.13), tradução do verbo aceita pela
maioria das versões modernas, com acerto, uma vez que, claramente, o intento
não era excluir o homicídio na guerra, na vingança e outros casos sancionados
pela lei. Ele também não cobre casos de homicídio culposo ou de
homicídio acidental visto que estes, por definição, são involuntários e,
portanto, não podem ser proibidos.
Esse
mandamento, como todos os outros até aqui, também tem raiz em solo antigo,
muito anterior ao do surgimento de Israel como povo da aliança. Assim, esse
mandamento, como os outros, são de escopo universal e nunca devem ser
cancelados. Todavia, alguém escolhe entender que o relacionamento Israel-igreja
é irrelevante pelo fato de que os Dez Mandamentos, embora tenham sido revelados
para Israel, são, em sua presente forma, trans-históricos e trans-dispensacionalistas.
Já examinamos o texto da chamada aliança noética que adverte: “Quem derramar
sangue do homem, pelo homem seu sangue será derramado; porque à imagem de Deus
foi o homem criado” (Gn 9.6). Por ocasião desse exame, comentamos que a
especial crueza do homicídio premeditado repousa na extinção da vida de alguém
criado à imagem de Deus. Por isso, a única punição adequada é o governo, em
nome de Deus, administrar a penalidade máxima, a pena capital (cf. Rm 13.4).
O
homem, como imagem de Deus, está no cerne da proibição de matar, pois ele não
só carrega a imagem de Deus, como, de alguma maneira, reflete a Deus. Ele é, de
fato, essa imagem, o substituto ou vice-regente por intermédio do qual Deus
exerce sua soberania sobre toda a criação. Assim, pode-se entender a humanidade
como o embaixador do Reino do céu enviado pelo Rei a fim de representá-lo nos
negócios do Reino. O homem, como tal, carrega toda a autoridade magistral desse
Rei e deve ser tratado como se fosse o Rei. Portanto, matá-lo é o mesmo que
atacar a Deus, pelo menos simbolicamente, e é um ato tão grave de sublevação
que a única punição adequada é a aplicação da lex talionis. Isso é verdade
quer o perpetrador ou a vítima seja israelita, quer não seja; pois, conforme já
argumentamos, a lei é global em seu intento, cobrindo a gama completa das
inter-relações humanas.
Eugene
H. Merrill. Teologia do Antigo
Testamento. Editora Shedd Publicações. pag. 334-335.
Esse
mandamento proíbe o homicídio. O Antigo Testamento justificava, contudo, certas
formas de homicídio. Um escravo podia ser morto sem que seu proprietário fosse
punido (Êxo. 21.21). Quem invadisse uma casa podia ser morto, sem sanções
contra quem lhe tirasse a vida (Êxo. 22.2). O sexto mandamento não proibia os
sacrifícios de animais. Matar alguém, durante as batalhas, não era considerado
um crime (Deu. 20.1-4). É possível que, em alguns casos, fosse permitida a
eutanásia (segundo nos é sugerido em I Sam. 31.4,5). Presume-se que o suicídio
era proibido, embora não seja especificamente mencionado. De fato, os trechos
de 1
Sam. 17.23 e 31.4,5 até podem ser usados como defesa de alguns casos de
suicídio.
A
eutanásia, quando aprovada, é a mais conspícua exceção ao sexto manda- mento. A
lei proíbe 0 abuso da propriedade por meio do furto (Êxo. 20.15, o oitavo
mandamento). Ora, a vida de um homem é sua mais preciosa possessão, bem como o
veículo de que ele precisa para cumprir o desígnio divino em sua vida.
Portanto, o homicídio insulta Deus, e não somente o homem, porquanto interfere
no propósito de Deus que se está cumprindo nos homens. Desde os dias do Antigo
Testamento, tem aumentado o respeito peia vida humana; mas o homem está ainda
muito longe de ter um autêntico respeito pela sacralidade da vida humana. Os
homens chamam de yusías certas guerras. Mas é muito raro que ocorra uma guerra
dessas. Há ocasiões em que se torna imprescindível guerrear contra os
psicopatas, como certamente foi Hitler, a fim de serem salvas muitas vidas. Mas
mesmo assim, multas vítimas nocentes são ceifadas, até mesmo por parte dos
chamados poderes justos. Ficamos perplexos diante das chamadas matanças justas,
que, presumivelmente, teriam sido impulsionadas por Yahweh.
O
trecho de Mateus 5.21,22 expande o sexto mandamento para que inclua o ódio, a
inveja, a má vontade e o assassinato de caráter. A ira indevida e pensamentos
maliciosos, que se expressem em palavras ou ações, devem ser compreendidos como
implicações desse sexto mandamento.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 392-393.
A vida
é a possessão humana mais estimada e é errado privar alguém da vida sem justa causa.
A história de Israel mostra que este mandamento não é absoluto. Houve a adição
de outras cláusulas, como o homicídio desculpável (21.13), o homicídio
acidental (Nm 35.23) e o homicídio justificável (22.2). Israel também foi
autorizado a matar os inimigos. Não há exegese racional que condene a pena de
morte ou a guerra simplesmente com base neste mandamento. Jesus esclareceu seu
significado quando o citou: “Não matarás” (Mt 19.18).
Não há
justificativa para a instigação de motins e rebeliões desnecessárias ou outras condições
semelhantes que levem ao derramamento de sangue. Há responsabilidade evidente
pelo cuidado adequado em viagens, projetos construtivos e jogos esportivos onde
haja perigo. Esforços individuais e comunitários são necessários para a
preservação da vida humana. Mas este mandamento não requer nem justifica o
prolongamento da vida por meio de remédios e equipamentos auxiliares quando a
esperança pela vida normal se extingue.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Êxodo. Editora CPAD. pag. 191.
3.
ETIMOLOGIA.
Há
mais oito verbos hebraicos no Antigo Testamento para designar a matança: hãrag,
"destruir, matar, assassinar, ferir, golpear" (Gn 4.8); zãvah,'
"sacrificar, abater", que diz respeito ao abate de animal para
sacrifício, mas se aplica também ao abate de seres humanos (2 Rs 23.20); tãvah,
"abater, trucidar, matar, massacrar", empregado para o abate de
animais ou de pessoas numa guerra (Is 34.2, 6; Jr 48.15); müt "morrer,
matar, mandar executar" (Gn 2.17; 18.25; 1 Rs 17.18); nãchãh, "ferir,
golpear, abater, matar" (Êx 21.12; Nm 22.23; Êx 7.17; 17.6.); nqph
"pôr abaixo, derrubar, cortar" (Jó 19.26); qãtal, "matar"
(Jó 13.15; 24.14; SI 139.19) ,shãhat, "executar, matar, abater", que
aparece 84 vezes no Antigo Testamento, indicando o ato de matar animais (Gn
37.31) e pessoas (Is 57.5; Ez 16.21). No entanto, na maioria das vezes, o termo
diz respeito ao abate de animais no ritual de sacrifício (1 Sm 1.25).
Parece
que os verbos hãrag, müt e qãtal estão no mesmo contexto de rãtsah. Esta é a
conclusão apresentada no The Theological Dictionary of the Old Testament [O
Dicionário Teológico do Antigo Testamento] que apresenta como argumento o
paralelismo entre "matar" [hãrag] a viúva e "tirar a vida"
[rãtsah] (Sl 94.6) e da mesma forma o paralelismo entre rãtsah e qãtal.
"De madrugada levanta o homicida, [rôtsêah] mata \yiqtãl] o pobre e
necessitado e de noite é como o ladrão" (Jó 24.14). Apresenta também o uso
alternativo de müt, qãtal e rãtsah na instrução jurídica da pena capital (Nm
35.19, 21, 27, 30). Assim, esses três verbos parecem indicar o assassinato no
sentido vasto, sem detalhes adicionais sobre a maneira de praticar o homicídio.
Com isso, o referido dicionário conclui:
Estes
sinônimos têm ajudado a definir o significado de rãtsah e como assassinato
culpável pelo uso da força.
A
natureza do ato é deixada completamente indefinida. Negativamente, é digno de
nota que rãtsah nunca é usado para assassinato em batalha nem em autodefesa.
Nunca é usado para suicídio. Afirma-se frequentemente que também não é
empregado para a execução da pena de morte; no entanto, é contraditado por Nm
35.30, em que a raiz denota que a execução de um assassino pelo vingador do
sangue é devidamente autorizada (BOTTERWECK, RINGGREN, FABRY, vol. XIII, 2004,
p. 632).
Cada
ponto apresentado aqui será analisado juntamente com outros temas pertinentes
ao sexto mandamento. Não há necessidade de discutir sobre o aborto e a
eutanásia porque "Não matarás" inclui de maneira direta a proibição
dos referidos crimes. Isso é visto em toda a Bíblia com clareza meridiana. A
polêmica existe para quem procura desafiar o sexto mandamento, principalmente
por quem adota um estilo de vida contrário à vontade de Deus.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 89-91.
Êxo 20.13
— O sexto, o sétimo, o oitavo e o nono mandamentos foram moldados para
construir uma sociedade coesa na antiga Israel. Cada um foi baseado nos valores
que Deus pôs sobre os seres humanos (sua vida seus relacionamentos, sua propriedade
e sua reputação). Todos esses parâmetros foram reafirmados no Novo Testamento, O
sexto mandamento, não matarás, não proibiu todos os tipos de execução. A
própria Lei permitia que fosse tirada a vida como punição por alguns crimes (Êx
21.15-17,23), assim como no caso de guerra (Êx 17.8-16). O assassinato intencional
de outra pessoa (fora a legítima concessão de pena de morte ou a guerra)
violava flagrantemente a santidade da vida. Isso incluía as mortes praticadas
por oficiais de estado (leia a história de Nabote em 1 Rs 21).
A
primeira execução registrada na Bíblia foi o assassinato de Abel por Caim (Gn
4-8-14). Entretanto, a morte de Jesus, baseada em falsas acusações e julgamento
ilegal, foi a mais terrível execução de todos os tempos.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 166.
III. PROCEDIMENTO JURÍDICO
1.
SIGNIFICADO DO HOMICÍDIO.
Punição
capital é, obviamente, uma forma de homicídio, e o Antigo Testamento não
meramente permite este ato, mas o exige como vingança contra certos crimes.
Crimes que exigiram punição capital incluíram homicídio pre-meditado (Êxo.
20.13; Gên. 9.6); violência contra os pais (Êxo. 21.15); sequestro (Êxo. 21.16;
Deu. 24.7); abuso verbal contra os pais (Êxo. 21.17), O quinto mandamento foi
justamente contra este ato (Êxo. 20.12). Tal desrespeito era considerado uma
forma de homicídio dos pais, embora não matas-se literalmente.
Em
alguns casos, a punição capital podia ser evitada mediante negociação com os
parentes da vítima. Eram eles quem decidiam que multa seria exigida.
Provavelmente tais multas eram pesadas. Ver. Êxo. 21.30 para um exemplo deste
tipo de negociação. O primeiro assassino, Caim, que matou seu irmão Abel, foi
exilado por Yahweh, mas esta forma de punição não achou lugar na legislação
mosaica.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 393.
Esse
vocábulo vem do latim homo; «homem», e caedere, «matar" ou «cortar".
Em latim, um assassino é um homicida, tal como em português. Apesar de que,
estritamente falando, a morte de um homem, provocada por um animal, poderia ser
chamada de um homicidio, o termo refere-se sempre à morte de um ser humano
provocada por outro ser humano. Universalmente, os homicídios são divididos em justificáveis
e criminosos (ou não justificáveis). O homicídio justificado, por sua vez, é classificado sob diferentes titulas, conforme mostramos nos parágrafos abaixo.
Algumas autoridades categorizam o suicídio (vide) com base nas definições
acima, embora, como é óbvio, o suicídio seja uma categoria (do ponto de vista
moral) do homicídio.
O
sexto mandamento da lei mosaica condena todo homicídio ilegal (ver Êxo. 20:13).
A lei do amor, ensinada por Cristo, engloba a condenação do homicídio (ver Mat.
22:29). O assassino é tratado como um dos crimes humanos mais horrendos, nas Escrituras
Sagradas, devendo ser punido com a morte do culpado (Núm. 35:31). Caim foi o
primeiro homicida do mundo (Gên. 4:8). No entanto, recebeu o equivalente a uma
sentença perpétua. Casos de homicídio justificável, como nas execuções de criminosos,
são ilustrados em trechos bíblicos como Gên. 9:6 e Núm. 31:7,8. Jesus defendeu
a mulher apanhada em flagrante adultério, e impediu a sua execução, ainda que,
de acordo com as normas veterotestamentárias, ela devesse ser, sumariamente, executada.
Ver João 8:7. Porém, o N. T. concorda com o A. T., em defesa da lei (ver I Ped.
2:13,14); e se as leis requerem punição capital para os casos de homicidio não
justificável, podemos encontrar textos de prova neotestamentârios que aprovam
isso.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 153-154.
IMAGEM, SEMELHANÇA
No hebraico, tIeIem, «imagem». Essa palavra,
que tem a mesma forma no aramaico, é usada por trinta e duas vezes: Gên,
1:26,27; 5:3; 9:6; Núm. 33:52; I Sam. 6:5,11; II Reis 11:18; 11 c-e, 23:17;
Sal. 39:6; 73:20; Eze. 7:20; 16:17; 23:14; Amós5:26; Dan. 2:31,32,34,35;
3:1-3,5,7,10,12,14,15,18,19. No grego, eikôn, palavra que aparece por vinte e três
vezes no Novo Testamento: Mat. 22:20; Mat. 12:16; Luc. 20:24; Rom. 1:23; 8:29;
I Cor. 11:7; 15:49; II Cor. 3:18; 4:4; Col. 1:15; ,3:10; Heb. 10:1; Apo.
13:14,15; 14:9,11; 15:2; 16:2; 19:20; 20:4.
Esses dois termos, o hebraico e o grego,
vinculamos aqui à idéia de imagem, acerca da qual continuaremos a tecer
considerações:
Imagem. O homem foi criado à imagem de Deus;
e também haverá de receber a imagem de Cristo (Gên. 1:26,27 e Rorn, 8:29). As
palavras são plásticas, e seria legitimo pressionar a idéia de que a
participação na natureza essencial está em pauta. Por outra parte, as palavras
podem envolver a idéia de semelhança, sem a participação na natureza básica. Os
teólogos usualmente explicam que o homem participa da natureza moral e
espiritual de Deus, embora não de sua divindade essencial. Porém, a mensagem do
evangelho é que o homem poderá vir a participar da natureza essencial do Pai e
do Filho (II Cor. 3:18; Col. 2:10; II Ped. 1:4). Jesus Cristo aparece como o
eikon do Pai (II Cor. 4:4); e, uma vez mais, coisa alguma pode ser provada
somente pelo apelo ao significado da palavra. Ver o artigo sobre a Divindade de
Cristo.
Semelhança. Sob esse titulo devemos estudar
três palavras gregas diferentes, cada qual com seu sentido especializado, a
saber: morphê (forma), homoloma (semelhança) e schema (formato). Esses são
vocábulos importantes, que desempenham o seu papel no estudo sobre a encarnação
de Cristo, e os teólogos buscam entender perfeitamente o seu sentido. Há quem
pense que algumas dessas palavras indicam uma real participação na divindade, e
que outras indicam mais a participação na humanidade, por parte de Cristo, o Lagos.
Novamente, porém, nada pode ser provado meramente mediante o apelo ao sentido
das palavras. Apresento uma completa explicação a respeito nas notas
expositivas do NTI, em Fil. 2:6-8, onde são usadas essas três palavras.
Apresento aqui o sumário daquelas notas expositivas:
1. Morphê, Esse vocábulo pode significar mera
aparência externa, embora também possa indicar a participação na essência. O
fato de que o trecho de Fil. 2:6 salienta que o Filho é igual ao Pai, força-nos
a aceitar aqui a interpretação que pensa em identidade de natureza essencial.
2. Homoloma, Quando Cristo tomou a forma tmorphê)
de servo, também assumiu a semelhança (homotoma) de ser humano (Fil, 2:7).
Novamente, a palavra bomoloma poderia
apontar simplesmente para a idéia de aparência, mas não de substância idêntica com
a humanidade, em cujo caso a palavra apoiaria as idéias docéticas. Ver sobre o
Docetismo: No entanto, por si mesma, a palavra também pode indicar a participação
na essência, que produz a forma ou semelhança, o que, por sua vez, indicaria a
real e essencial participação na natureza humana, por parte de Jesus Cristo.
Podemos supor que Cristo não poderia ter tido a semelhança da natureza humana, sem
ter também a substância dessa natureza; no entanto, nada podemos prover através
do mero apelo ao sentido das palavras empregadas. O exame de um léxico mostrará
ao leitor a ambiguidade de que venho falando.
3. Schema, Lemos etn Filipenses 2:7 que
Cristo adquiriu a «figura humana». Isso indica a aparência externa, o formato.
O formato externo deste mundo, conforme se aprende em I Cor. 7:31, está
passando.
Esse termo grego refere-se à aparência
externa e não à essência. De fato, se Paulo tivesse empregado somente essa
palavra, teríamos de aceitar o docetismo. Uma vez mais, podemos supor que
Cristo assumiu a figura humana, mas isso porque participava da verdadeira
natureza humana, e não que fosse humano somente na aparência. A descrição
paulina sobre a humilhação de Cristo não é teologicamente precisa, e os vocábulos
por ele usados não devem ser pressionados. Antes, o ensino geral deve ser
extraido de vários textos correlatos.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 244.
IMAGEM DE DEUS O homem, criado à imagem de
Deus, é distinto de todas as outras criaturas. Ele é único por ter sido feito
para viver em comunhão com seu Criador, e ser responsável diante dele. Deus fez
o homem com algumas características que Ele mesmo possui, como um ser pessoal,
e para si mesmo, em um relacionamento "Eu-você" (Gn 1.26,27; 5.1,2;
9.6; 1 Co 11.7; Ef 4.24; Cl 3.10; Tg 3.9). Somente através de uma resposta
obediente a Deus, é que o homem pode verdadeiramente cumprir o propósito para o
qual foi criado. É somente em Jesus Cristo que a imagem de Deus pode ser vista
perfeitamente; ele é o homem verdadeiro e perfeito (Cl 1.15; 2 Co 4.4).
Três aspectos dessa doutrina podem ser
distinguidos:
1. A imagem como foi criada por Deus.
Aima-gem de Deus tem uma semelhança natural ou formal com Deus, que consiste em
personalidade, pois isto é essencialmente o que Deus é, um Espírito pessoal.
Ela também tem uma semelhança moral ou relacional, que consistia originalmente
em santidade positiva e justiça original. O homem não foi criado meramente em
um estado de inocência ou neutralidade moral; mas sua mente, afeições, e
vontades eram positivamente direcionadas a Deus e ao seu propósito supremo.
Como tal, a primeira natureza moral do homem era um reflexo finito da natureza
moral de Deus. No entanto, o homem era capaz de enfrentar testes e provações, e
de ter seu desenvolvimento e progresso através do exercício do livre-arbítrio
diante da tentação. O homem seria responsável pela sua própria liberdade. Era
possível para Adão escolher o bem ou o mal; sua condição moral não era imutável
ou infalível.
Como um dom de Deus ao homem, criado à imagem
de Deus, foi outorgada a imortalidade (isto não significa mera e naturalmente
possuir uma existência infinita, em virtude da simplicidade de sua alma). Ele
não estava sujeito à lei da morte, visto que não havia princípio de morte ou de
pecado em ação em seu estado original de bondade criada. Embora Deus seja
Espírito, há um sentido sob o qual o corpo do homem está incluído na imagem de
Deus, pois o homem é um ser unitário composto tanto de corpo como de alma e
espírito. Seu corpo é um instrumento adequado da auto-expressão de uma alma
feita para a comunhão com o Criador e está escatologicamente pronto para se tornar
um "corpo espiritual" (1 Co 15.44). Não havia nenhum antagonismo ou
contrariedade entre a alma e o corpo no estado original (o dualismo está
excluído). O corpo não era algo a ser desprezado como inferior à alma ou como
um obstáculo à vida mais elevada do homem. Não era algo fora do ego real de
Adão, mas era essencialmente um com ele. Como tal, havia uma sujeição dos
impulsos sexuais, que estavam sob o controle do espírito humano.
Incluído na criação de Adão à imagem de Deus,
estava seu domínio sobre a criação mais baixa, os animais e o mundo da
natureza. Isto indica a glória e a honra com as quais o homem foi coroado como
o cabeça e o ápice de toda a criação. Os arredores do jardim do Éden eram
adequados para trazer felicidade e favorecer o desenvolvimento da totalidade da
natureza. Veja Antropologia; sobre Cristo como a imagem de Deus (2 Co 4.4; Fp
2.6; Cl 1.15), veja Cristo, Humilhação de; Kenosis.
2. A imagem depois da queda. A desobediência
trouxe consequências desastrosas para a imagem original de Deus no primeiro
homem. O pecado deteriorou toda a semelhança natural (personalidade), de forma
que a mente, as emoções e vontades do homem tor-naram-se corruptas (depravação
total). Contudo, o homem não perdeu esta semelhança natural, embora ela tenha se
tornado manchada por causa do pecado, pois é isto que o
constitui como homem e o distingue de outras
criaturas. Isto é intrínseco à natureza humana e constitui sua receptividade
para a redenção. Mesmo os não regenerados retêm a imagem natural de Deus, pois,
de outra forma, deixariam de ser homens (seres racionais e morais).
Embora a semelhança natural ainda esteja
retida depois da queda, a imagem moral está inteiramente perdida. Agora o homem
está destituído da justiça original; ele está morto em seus delitos e pecados.
Os seus sentimentos e vontade não estão inclinados na direção de Deus e da
santidade, mas na direção carnal. Ele perdeu a comunhão com Deus e tornou-se um
estrangeiro e inimigo através da separação produzida pela desobediência (Gn
3.8-10; Rm 5.10a; Cl 1.21o). Cortado da Fonte da vida, ele tornou-se uma
criatura que está morrendo (Gn 2.17; Rm 6.23a). O corpo não é mais um
instrumento ajustado da alma; ele é frequentemente um obstáculo para a vida
mais elevada do homem porque facilmente entra em aliança com seus sentimentos
depravados e com sua vontade pervertida. A sujeição original do sensual ao
espiritual inverteu-se devido à queda. Adão foi expulso do jardim do Éden, e o
domínio sobre a natureza tornou-se difícil e trabalhoso.
3. A imagem restaurada por Cristo. Por meio
da redenção que está em Cristo, o crente é regenerado. Ele é renovado em
conhecimento, seus sentimentos são reorientados, sua vontade é transformada,
seu corpo torna-se o templo do Espírito Santo. A imagem de Deus é recriada em
justiça e verdadeira santidade e são restaurados a comunhão e o favor com Deus;
pela fé o homem herda a vida eterna. Na verdade, por meio da obra salvadora do
Senhor, o crente ganhou de volta muito mais do que foi perdido com o pecado de
Adão (1 Co 15.44-49). O cristão deve ser gradualmente transformado na própria
imagem do Filho de Deus, que no final envolverá não só a perfeita semelhança
moral e espiritual com Cristo, mas também um corpo glorificado como o do último
Adão ressurrecto (Rm 8.29; 2 Co 3.18; 1 Co 15.42 ss.). Opiniões divergentes com
relação à imagem de Deus. Na teologia católico-romana, uma distinção
injustificada é feita entre os termos sinônimos "imagem" e "semelhança". Eles afirmam que o primeiro designa a imagem natural, e
pertence à própria natureza do homem como homem, incluindo a espiritualidade, a
liberdade e a imortalidade. O segundo designa a imagem moral, a justiça e a
santidade, e é um dom adicionado, sobrenatural, concedido para tornar a obediência
mais fácil em vista da concupiscência, que é uma tendência natural dos apetites
mais baixos (mas não pecaminosos em si, de acordo com a teologia católica). As
vezes, a "semelhança" é descrita como um produto merecido da
obediência, uma recompensa para o uso próprio da natureza, para que por ela o
homem seja capacitado a merecer a vida eterna. Na queda, Adão perdeu apenas a
semelhança; a imagem natural permaneceu inalterada. Assim, o homem natural está
agora em uma condição moral semelhante à do Adão não-caído, mas antes de ser
dotado com a justiça original. Os católicos pensam que esta justiça original
pode ser novamente conseguida através dos sacramentos da Igreja Católica. Entre
outras opiniões modernas, encontra-se a doutrina muito influente de que a
imagem de Deus não é de forma alguma substancial - como é a personalidade - mas
é simplesmente relacional. Esta á a opinião de Sóren Kierkegaard, Karl Barth e
de muitos teólogos contemporâneos. Eles ensinam que o homem permanece na imagem
de Deus somente quando está espelhando a natureza espiritual de Deus em sua
própria vida. Isto ocorre quando o homem, de modo obediente, responde
positivamente à confrontação de Deus no ponto de contato entre Deus e o homem,
o que é experimentado em um ato de verdadeira adoração. Em tal experiência, o
homem, às vezes, lembra Deus e, assim (e então), permanece na imagem divina.
Uma opinião evolucionista faz a distinção entre a imagem que o homem
originalmente possuía e que ele perdeu devido à queda (felicidade e obediência
responsiva), e a imagem adquirida devido à queda (poderes racionais e
responsabilidade moral). Aqueles que aceitam esse raciocínio pensam que isso
aconteceu quando o Homo, ou o homem, tor-nou-se Homo sapiens, ou o homem
racional, por meio do primeiro ato que envolveu a responsabilidade moral. Nesse
ato, o homem teria perdido sua inocência e felicidade que eram semelhantes às
dos animais, e alcançado uma natureza racional e moral.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 953-955.
Gn 9.5,6
- Deus aqui explica por que o assassinato é táo errado: matar uma pessoa
significa matar alguém feito á imagem e semelhança de Deus. Porque todos os
seres humanos sào feitos à imagem de Deus, todas as pessoas possuem as
qualidades que as distinguem dos animais: moralidade, raciocínio, criatividade
e auto-estima. Quando interagimos com as outras pessoas, estamos interagindo
com seres humanos feitos por Deus, aos quais Ele oferece a vida eterna. Deus
deseja que reconheçamos a sua imagem em todas as pessoas.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 18.
Gn 9.6
segundo a sua imagem. A razão por que o ser humano podia matar animais, mas nem
animais e nem o ser humano podia matar um ser humano, está no fato de que
somente o ser humano foi criado à imagem de Deus.
MAC
ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade
Bíblica do Brasil. pag. 29.
2.
HOMICÍDIO DOLOSO (NM 35.16-21).
Homicídio
Não Justificado
A
expressão «homicídios premeditados» é usada para distinguir tais casos dos
homicídios justificáveis. Além disso, esses homicídios premeditados são divididos
em homicidios de primeiro grau e homicidos de segundo grau. Os homicídios de
primeiro grau incluem casos não somente em que houve malícia, mas também
premeditação, com o propósito voluntário e planejamento deliberado de destruir
a vida alheia. A condição mental que leva a essa classe de homicídios,
geralmente, chama-se «premeditação maliciosa». E, se alguém termina por matar a
uma pessoa a quem não queria matar, por causa de alguma vicissitude das
circunstâncias, embora o tenha feito com aquela atitude mental, isso é
considerado como um homicídio premeditado com «transferência de intenção».
Exemplifiquemos a situação com a ilustração de um homem que ataca a outro, o
qual é defendido por uma terceira pessoa. Essa terceira pessoa é morta, mas não
a vitima tencionada. Isso ainda envolve um homicídio premeditado de primeiro grau.
Esses homicídios de primeiro grau também incluem casos como a morte provocada
durante um assalto ou outro crime semelhante. Todos os indivíduos envolvidos em
casos de incêndio culposo, furto, estupro e roubo que resultem em mortes, embora
estas não tenham sido planejadas, são culpados de homicídio de primeiro grau.
Além disso, em alguns países, matar um policial ou outro oficial do governo é
considerado, automaticamente, um homicídio de primeiro grau. Homicídio de
segundo grau. Esse caso também não é justificável, embora considerado menos
culpado que os homicídios de primeiro grau. Por exemplo, os crimes que envolvem
paixão, quando um homem mata a um amante ou sedutor de sua esposa. Ou então, os
crimes cometidos durante discussões ou brigas, embora não houvesse malicia e
premeditação anteriores.
Os
homicídios não justificáveis podem assumir a forma de um acidente, provocado
pelo descuido com que alguém agia, sendo um acidente que poderia ter sido
evitado. Um homem que se alcoolize e mate a outrem em um acidente, em resultado
de estar embriagado, não pode justificar o seu crime. Porém, .casos assim não
envolvem homicídio de primeiro ou de segundo grau. Esses casos são rotulados como
homicídio culposo. Mas, se uma morte foi causada por puro acidente, então
trata-se de homicídio involuntário. Dentro dessa categoria cabem aqueles casos
em que, por exemplo, os pais não cuidam apropriadamente de seus filhos, no
tocante à saúde e à alimentação, e eles chegam a morrer por causa disso.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 154.
Como
orientação a todos, são dados exemplos para mostrar a diferença entre homicídio
culposo e homicídio doloso (assassinato premeditado). O homicídio culposo
estava sujeito à cláusula das cidades de refúgio, ao passo que o homicídio
doloso estava sujeito a outras leis e era punível com a morte.
A
morte causada por instrumentos especificados era, à primeira vista, prova de
que o assassinato fora planejado. Eram instrumento de ferro (16), pedra na mão
(17) ou instrumento de madeira (18; “instrumento de pau”, ARA) na mão. Quando a
premeditação era patente, o vingador poderia matar o homicida (19)
imediatamente. A mesma regra se aplicava se a vítima fosse ferida por inimizade
(21), ou seja, por qualquer instrumento usado com a intenção de prejudicar
outrem e com o propósito de matar.
Lauriston
J. Du Bois. Comentário Bíblico Beacon. Numeros.
Editora CPAD. pag. 395.
Num
35.16-21. São dados vários exemplos definindo o assassinato. Se havia evidências
claras de premeditação, o criminoso devia ser condenado por assassinato, e,
portanto, exigia-se a sua morte. O tipo de arma usada era prova do intento
assassino, como ferramenta de ferro ou ferramenta de pedra
ou de madeira com cabo (16-18). Contudo, a arma usada era irrelevante se
sabia-se que o assassino odiava antecipadamente a sua vítima; um simples soco
que levasse à morte era assassinato, se houvesse evidência de inimizade
anterior (21).
Gordon
J. Wenham. Numeros Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 247-248.
3.
HOMICÍDIO CULPOSO (NM 35.22-25).
Homicídio
Justificado.
Poderia-mos
estar justificados por tirar a vida a outrem? A Bíblia e as leis civis, de modo geral, respondem com um «sim». Abaixo damos as formas justificáveis de
homicídio:
1.
Segundo se vê no Antigo Testamento, a execução religiosa, por causa de crimes
morais ou religiosos. E não meramente por causa de crimes civis, ocorreu com
freqüência. Nos países árabes. por seguirem o Alcorão (vide), até hoje há
execuções religiosas ocasionais; mas, nos países ocidentais, esse tipo de execução
não é mais considerado justificável.
2. Por
motivo de defesa própria.
3. O
ato de matar que resulta da tomada da defesa de alguém que esteja correndo
perigo ou esteja sendo ameaçado ou assaltado de alguma maneira grave. A pessoa
defendida não precisa pertencer à família do defensor.
4. Uma
pessoa pode matar a outrem, de modo justificável, a fim de impedir um crime de
qualquer tipo, mesmo que tal crime não ameace a vida daquele contra quem isso é
feito. Por exemplo, um guarda, em um banco, pode tirar a vida a um assaltante
do banco. Ou um homem pode matar a um estuprador em potencial, que ameace
executar a sua ação.
5.
Execuções determinadas pelo Estado. Os criminosos que tiverem cometido crimes
graves, usualmente, quando tiraram a vida de alguém, em muitos paises do mundo
são, por sua vez, executados com a pena capital.
6. Em
tempos de guerra, os soldados não somente são solicitados a matar, mas também
são tidos por heróis quando matam a muitos. Audey Murphy, um famoso soldado do
exército norte-americano, de certa feita, estando sozinho, matou mais de
duzentos soldados alemães, destruiu vários tanques e equipamento pesado, e as
pessoas nunca deixaram de admirar-se de seus feitos, não só nessa, mas também em
outras ocasiões. Ele era uma máquina de matar, e tornou-se um herói nacional
por causa de sua incrivel habilidade. Na Bíblia, os trinta heróis guerreiros de
Davi ficaram com seus nomes gloriosamente registrados, por haverem morto a
muitos homens.
7.
Homicidios Acidentais. Temos ai um caso de homicídio desculpável, e não tanto
de homicidio justificável, porquanto esses homicidios acidentais resultam da
falta de cuidado, de estados de alcoolismo. etc. A lei é que decide quais
punições devem ser aplicadas, como breves períodos de encarceramento ou de
detenção doméstica. etc.
Acidentes
puros e inevitáveis, quando alguém mata, por exemplo, uma criança que passa
correndo, atravessando o trajeto de um veiculo, não são castigados segundo a
lei. Os homicídios desculpáveis, com freqüência, são denominados «homicídios
não premeditados», uma classe de matança sem culpa, diante dos quais a justiça
não se manifesta senão a fim de inocentar.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 153-154.
Entretanto,
mesmo naqueles dias se admitia que podia haver homicídio não intencional. Se
empurrar (apunhalar) uma pessoa de improviso, sem inimizade, ou contra ela
lançar algum instrumento sem desígnio (22), ou sobre ela fizer cair alguma pedra
sem o ver e nem procurava o seu mal (23), o assassino estaria sujeito à lei de
refúgio. A congregação (24) o julgaria e, se fosse inocente de assassinato
premeditado, o livraria da mão do vingador do sangue. Mas o assassino tinha de
ficar na cidade de refúgio, para a qual fugiu, até à morte do sumo sacerdote
(25).
Esta
lei destacava a importância da intenção como ingrediente básico para determinar
a natureza do crime. Este princípio é reconhecido na maioria dos países
civilizados como fator importante na determinação da culpa ou inocência do
suspeito. E também fator principal no conceito bíblico de pecado. E a
“transgressão voluntariosa” e não o “deslize involuntário” que Deus julga como
pecado.
Lauriston
J. Du Bois. Comentário Bíblico Beacon. Numeros.
Editora CPAD. pag. 395.
Mas se
descobrisse que tinha sido um acidente ou engano, e que o golpe tinha sido
desferido sem qualquer desígnio contra a vida da pessoa assassinada, ou
qualquer outra, então o homicida continuaria a salvo na cidade de refúgio, e o
vingador de sangue não poderia agir contra ele, v. 25. Ali ele deveria permanecer,
banido da sua própria casa e privado do seu patrimônio, até a morte do sumo
sacerdote. E, se em alguma ocasião ele saísse daquela cidade ou dos seus
arrabaldes, ele sairia da proteção da lei, e o vingador de sangue, se o
encontrasse, poderia matá-lo, w. 26-28. Agora: [1] Com a preservação da vida do
assassino, Deus deseja nos ensinar que os homens não devem sofrer por aquilo
que é sua desgraça e não seu crime, por algo que é um ato da Providência e não
o seu próprio ato, pois “Deus o fez encontrar nas suas mãos”, Êxodo 21.13. [2]
Com a expulsão do assassino da sua própria cidade, e o seu confinamento na
cidade de refúgio, onde seria, de certa maneira, um prisioneiro, Deus desejava
nos ensinar a alimentar um terror e um horror à culpa do sangue, e a sermos
muito cuidadosos com a vida. O Senhor quer que sempre temamos que, por engano
ou negligência, a morte de alguém seja ocasionada. [3] Com a limitação do
período de confinamento do criminoso à morte do sumo sacerdote, era atribuída
uma honra a este sagrado ofício. O sumo sacerdote devia ser considerado como
uma bênção tão grande para o seu país, que por ocasião da sua morte a tristeza
do povo deveria sufocar todos os outros ressentimentos. Sendo as cidades de
refúgio, todas elas, cidades dos levitas, e o sumo sacerdote sendo o líder
daquela tribo e, conseqüentemente, tendo um domínio peculiar sobre estas
cidades, aqueles que nelas estivessem confinados poderiam ser adequadamente
considerados seus prisioneiros, e por isto a morte do sumo sacerdote deveria ser
a sua libertação.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 557.
IV. PUNIÇÃO
1.
O SANGUE DE ABEL.
A voz
do sangue de teu irmão clama. O perverso coração de Caim se endureceu; mas Deus
ouvia o clamar amargo da vítima. As vítimas silentes não estão de fato
silentes, exceto para os homens. O solo havia repudiado o ato de Caim. O sangue
derramado clamava por vingança. Testemunhas se tinham levantado contra ele.
Ele tinha tido todo o cuidado para evitar tal testemunho; mas este não pudera
ser abafado.
Sangue.
No hebraico temos o plural, “sangues”, o que, para alguns intérpretes, indica que
os descendentes de Abel, ou dos justos, continuariam a clamar contra os abusos
cometidos pelos pecadores. Assim, o Targum de Onkelos diz: “A voz do sangue das
sementes ou gerações que deveriam vir de teu irmão”. Naturalmente, não há
registro de que Abel teve filhos. Assim, podemos entender que todas as gerações
de seres humanos, dali por diante, haveriam de relembrar aquele horrendo crime.
Jarchi dramatizou a questão falando em muitos ferimentos, de onde o sangue de
Abei teria esguichado. Cada um daqueles ferimentos testificava contra Caim.
Como é óbvio, isso é uma fantasia, embora seja instrutivo. A justiça divina não
esquece nenhum ferimento. “Assim, juntamente com a primeira golfada de sangue
humano que foi derramado, surgiu aquele pensamento medonho, divinamente
inspirado, de que a terra não conferiria tranqüilidade para 0 miserável que a
havia manchado de sangue” (Ellicott, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 46.
Gn 4.10.
Costumamos falar de erros que “ clamam” por reparação. O Novo Testamento
combina com o Velho Testamento nisto, e desenvolve a metáfora (por ex., Ap
6:9,10; Lc 18:7,8) que, todavia, deve ser vista como metáfora. Em tocante
contraste, o sangue de Jesus Cristo clama pela graça (Hb 12:24).
Gn 4.11,12.
O impenitente Caim ouve palavras mais severas do que as dirigidas a Adão, para
quem a maldição foi indireta, não tendo ele ouvido: “ És... maldito” .
Derek
Kidner. Gênesis. Introdução e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 71.
Mas
Caim não pôde evitar o SENHOR (9). Logo se desenvolveu a cena de julgamento. A
voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra (10) é vívida expressão idiomática
que significa: “Tu podes tentar esquecer teu ato de violência, mas eu não posso.
O que quer que aconteça com meus filhos é questão de preocupação pessoal para mim”.
O privilégio de cultivar a vida vegetal foi tomado de Caim e ele foi banido
para o deserto, a fim de ser fugitivo e errante (12).
George Herbert
Livingston, B.D., Ph.D. Comentário
Bíblico Beacon. Gênesis. Vol.1. pag. 44.
Hb12.24 Os crentes
também vêm a Jesus, e Mediador de uma nova aliança entre Deus e o povo. O único
acesso a Deus é por intermédio de Jesus Cristo, que é “o caminho” (Jo 14.6).
Este novo concerto ultrapassa em muito o antigo concerto; ninguém que entendesse
o novo concerto poderia jamais escolher inteligentemente voltar ao modo antigo.
Nós chegamos ao sangue da aspersão, porque somente por meio dele nós podemos receber
o gracioso perdão de Deus.
Em contraste com o
sangue redentor de Cristo, o sangue de Abel é retratado como pedindo vingança.
Abel é mencionado aqui porque o seu sacrifício é o primeiro mencionado na
Bíblia e porque este sacrifício forneceu o ímpeto para o sistema sacrificial do
antigo concerto. O sangue de Abel pedia vingança; o sangue de Cristo fala
“melhor”, chamando todas as pessoas ao arrependimento. A morte de Cristo trouxe
paz e esperança. O sangue de Cristo trouxe o fim do antigo concerto e selou o
novo.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 641.
Aqui nesta passagem, o
escritor sagrado fala da superioridade do sangue de Cristo sobre o sangue de
Abel, o primeiro mártir da fé. Deus respondeu à “voz do sangue” que clamava por
justiça desde a terra, pedindo por justiça (Gn 4.10). Mas no texto em foco, o
sangue de Cristo fala melhor do que o sangue de Abel, pois este fala lá do céu
e clama por salvação. A morte deste justo não deixa de ser importante, porque
seu exemplo de fé tem trazido ao povo eleito e ao cristianismo edificação
espiritual de suma importância. Contudo, sua morte não tem o significado que
tem a morte de Cristo, o Filho de Deus. O de Abel era, de fato, um sangue
justo, mas não podia purificar ninguém. O de Cristo, pelo contrário, por si
mesmo, sem nenhum acréscimo, “... nos purifica de todo pecado” (I Jo 1.7).
Severino Pedro Da Silva. Epistola aos Hebreus coisas novas e grandes que Deus preparou
para você. Editora CPAD. pag. 263-264.
2.
O VINGADOR.
VINGADOR
DO SANGUE
Esse
termo é aplicado ao parente mais próximo de uma pessoa assassinada (ver II Sam.
14:7,11; Jos. 20:3,5,9; Sal. 8:2), que tinha o direito de vingar o homicídio.
As culturas antigas, antes mesmo de Moisés, incorporavam essa provisão. Ver
Gên. 9:5. Todos os membros de uma tribo eram considerados como de um só sangue,
pelo que um crime de sangue que afetasse a um dos membros envolvia todos os
outros membros; e o parente mais próximo tinha a responsabilidade, e não apenas
o direito, de vingar o crime. A lei mosaica permitia que o vingador matasse o
assassino, mas ninguém mais da família do assassino (ver Deu. 24:16; II
Reis 14:6 e II Crô. 25:4). Provisões extraordinárias foram decretadas para o
caso de homicídios acidentais, havendo cidades de refúgio e lugares seguros
para os homicidas não-intemacionais, onde estes eram protegidos do vingador do
sangue. Essa provisão reconhecia gradações de culpa, o que está incluído em
quase todas as legislações. A vingança pelo sangue derramado persistia durante
o reinado de Davi (ver II Sam. 14:7,8; II Crô. 19: 10). De fato, a prática
sempre foi generalizada, sem importar se sancionada por lei, ou não. Os
ofensores, mesmo quando condenados, usualmente recebiam sentenças leves.
Prática
no seio do cristianismo. Muitos cristãos estão certos de que as provisões do
Antigo Testamento não somente permitem, mas também exigem a punição capital.
Certas leis, em todos os países cristãos, têm sido influenciadas pelas
provisões do Antigo Testamento. Porém, outros cristãos não vêem qualquer
solução na violência, preferindo apelar para a restauração e a aplicação da lei
do amor, mesmo no caso dos mais empedernidos criminosos. Ainda outros cristãos
tomam uma posição intermediária, dizendo que cada caso precisa ser julgado por
seus próprios méritos. Assim, alguns casos são melhor resolvidos por meio da
punição capital, mas não outros. Nenhum crente verdadeiro, entretanto, quererá
reverter a posição da antiga lei, tomando vingança pessoalmente e ignorando as
leis que regulamentam esses crimes. Aqueles que se opõem á punição capital
tomam uma posição intermediária, apontando para o caso de Paulo. Sem dúvida ele
foi culpado de muitos assassinatos, embora nunca tivesse pessoalmente matado
alguém. Mas enviava as pessoas para a morte certa. No entanto, foi perdoado, e
sabemos qual foi o resultado disso. Assim também, atualmente. Talvez a melhor
solução seja a posição intermediária, que evita ambas as posições extremas. O
meio-termo usualmente é o melhor. (ND UN Z)
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 660-661.
SANGUE,
VINGADOR DE No AT, se um homem matasse outro, o parente mais próximo do
assassinado tinha a obrigação de revidar essa morte, e era chamado de 'Vingador
de sangue" (em hebraico go'el haddam). Essa prática talvez possa ser
rastreada até Génesis 9.5s., quando, após o Dilúvio, Deus estabeleceu uma lei
para a humanidade pela qual aquele que derramasse o sangue de outrem deveria
ter seu sangue derramado por outro homem. A Antiguidade nos mostra a permanência
dessa regra entre muitas nações e tribos. No decorrer do tempo, não é de se
admirar que essa lei de vingança tenha incluído, junto com o assassinato
intencional, também a morte acidental, e essa prática tenha sido a fonte de uma
contenda feudal absolutamente nociva entre tribos e indivíduos.
A
necessidade de interromper essa tradição foi tão intensamente sentida na época
mosaica que nos regulamentos do pacto (Êx 20.22-23.33) foi introduzida uma
clara distinção entre o assassinato intencional e acidental e foram feitas
provisões para a salvaguarda do inocente (Êx 21.12-14) Isso levou à instituição
de cidades de refúgio (q.v.; Nm 35.9-34; Js 20.1-9) onde um homem que tivesse
acidentalmente matado alguém poderia refugiar-se contra o vingador de sangue e permanecer
seguro até que um tribunal declarasse sua culpa ou inocência. No primeiro caso,
ele seria entregue às devidas autoridades, mas no segundo exemplo, ele poderia
pleitear asilo na cidade de refúgio até à morte do sumo sacerdote encarregado.
Então, todo o caso era declarado encerrado, evidentemente um costume jurídico
comparável ao término de nosso período estatutário de limitações. Não há nada
que seja diretamente messiânico envolvido no termo 'Vingador de sangue".
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 1758-1759.
VINGADOR
DO SANGUE, remidor ( remidor do sangue).
O
significado do verbo '7X3 é soltar, libertar livre, redimir, vindicar; nos
casos de homicídio, vindicar o direito da vítima à vida, e libertar a terra da
poluição que segue o derramamento de sangue sem justa causa. Neste sentido,
vingar não é simplesmente buscar uma vingança mesquinha, mas vindicar a justiça
em favor de alguém, reparar um erro exigindo do malfeitor satisfação pela
ofensa cometida.
No
Antigo Testamento, o go’el (redentor, vingador) é aquele — geralmente o parente
mais próximo (o que “goe/” conseqüentemente passou a significar) — encarregado
de vindicar a justiça, tanto resgatando a propriedade da família, que foi
desapropriada ou vendida à força, ou (no caso do go'el had’dam, vingador do sangue)
vingando a morte ilegal de um membro da família.
O
vingador do sangue é uma figura que aparece na justiça primitiva. De acordo com
os costumes antigos, era um direito, ou até uma obrigação do parente mais
próximo vingar a morte de alguém da família. Talvez por isso Caim temeu por sua
vida depois de matar Abel (Gn 4.14) e Lameque se justificou (Gn 4.23,24).
Também é provável que Yahweh tenha sancionado esse tipo de justiça retaliativa
na sociedade ainda não institucionalizada do período imediatamente após o
dilúvio, quando anunciou o princípio de requerer e retaliar registrado em
Gênesis 9.5,6.
Por
ser a vingança individual de sangue muito comum no Oriente Médio, antes da
formação do povo de Israel, é evidente que não foi Moisés quem instituiu o
costume. A legislação mosaica, entretanto, o reconhecia e permitia; o Vingador
do Sangue era uma figura bem conhecida em Israel, pelo menos até a época de
Davi (2Sm 14.7,8).
Deve-se
notar, porém, que a legislação mosaica não deixou o costume da vingança
individual sem regulamentação. Primeiro, a lei fez uma distinção entre
homicídios acidentais e deliberados (Dt 19.4,5; Nm 35.22). Segundo,
providenciava um escape da ira do vingador, estabelecendo cidades de refugio,
para as quais qualquer homicida podia fugir para escapar da reação imediata e
(talvez) equivocada do vingador (Nm 35.9-15). Terceiro, interpunha entre o
homicida e o vingador o julgamento legal dos anciãos, representantes
reconhecidos da sociedade como um todo (Dt 19.12). Quarto, estipulava que
nenhuma pessoa devia ser morta pelo vingador mediante o testemunho de
apenas uma pessoa (Nm 35.30). Por estas provisões, o antigo costume da vingança
individual de sangue foi, de fato, considerado ilegal: o vingador, assim,
tomou-sè quase um carrasco público.
Deus ordenou
a Moisés que estabelecesse seis cidades de refúgio “para que, nelas, se acolha
o homicida que matar alguém involuntariamente” (Nm 35.11). Se o homicida fosse
apanhado e executado pelo Vingador antes de chegar a uma dessas cidades, a lei
nada poderia fazer por ele. Entretanto, uma vez dentro da segurança da cidade
de refúgio, o homicida seria julgado pelos anciãos. Se fosse considerado
inocente de crime deliberado (assassinato), estaria isento da punição, podendo
ficar naquela cidade até a morte do sumo sacerdote (Nm 35.25), quando então
podia ir embora em segurança. Se fosse considerado culpado, ser-lhe-ia negado
asilo, ficando então à mercê do Vingador.
Sob
esta legislação está o princípio geral de que a vida deve ser paga com outra
vida. Muitos cristãos acreditam que esta regra representa um princípio
legítimo, sendo assim válido para todas as épocas. Conseqüentemente, acreditam
que a pena de morte é um requisito divino perpétuo e inviolável. Outros
cristãos acreditam que “vida por vida” não chega a ser um princípio,
considerando a pena capital desumana e contrária ao princípio do Evangelho de
amor. Outro grupo de cristãos, endossando o princípio da justiça retaliativa,
acredita que a pena de morte é permissível, quando efetuada dentro de um processo
judicial adequado — embora não seja um mandamento; além disso, dentro das
circunstâncias da nossa existência humana, não é desejável. Nenhum cristão hoje
apoiaria o antigo Vingador do Sangue.
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 1138-1139.
3.
EXPIAÇÃO PELA VIDA.
PENA
DE MORTE
A
maior dificuldade do sexto mandamento é a suposta contradição entre "Não
matarás" e a guerra e a pena capital. Mas o verbo rãtsah nunca é usado em
referência a assassinatos em batalha ou autodefesa. O seu emprego uma única vez
na execução da pena de morte (Nm 35.30) é uma exceção; segundo Koehler &
Baumgartner (vol. II, 2001, p. 1283), tal uso parece ser a causa da maior
dificuldade. No entanto, considerando que originalmente a ideia do referido
verbo era de vingança de sangue (CHILDS, 1976, p. 420), a exceção do seu uso na
pena capital não muda o objetivo do mandamento em tela, que é a preservação da
vida e a proibição do assassinato premeditado, ou seja, o homicídio com
malícia.
A pena
de morte é um dos temas mais controvertidos da atualidade, mas ela é bíblica e
foi o próprio Deus quem a instituiu logo após o Dilúvio (Gn 9.6). Deus não
permitiu que ela fosse executada no caso de Caim (Gn 4.15). A lei de Moisés
traz instruções específicas sobre o procedimento jurídico do homicídio doloso,
quando há intenção de matar, e do homicídio culposo, quando não há intenção de
matar.
O
capítulo 35 de Números aborda exclusivamente esse tema. A pena capital não
viola o sexto mandamento porque não se trata de assassinato malicioso e
violento de um inimigo pessoal. É uma exigência da justiça para manter o
bem-estar e a segurança do povo e preservar a sociedade. Seu objetivo não era
restaurar a vida do assassinado ou reparar o prejuízo, pois somente Deus pode
dar a vida; era conter o crime. Deus delegou aos governantes a autoridade de
dirigir legitimamente o Estado. A execução de uma pena capital é determinada
pelo Estado, depois de julgamentos e de todo processo legal, tendo o réu amplos
direitos de defesa. A lei de Moisés exige pelo menos duas testemunhas, sem as
quais o processo não terá validade legal (Nm 35.30; Dt 17.6).
A lei
de Moisés traz a lista de crimes e pecados punidos com a morte: assassinato
premeditado (Êx 21.12, 13), invocação de mortos (Lv 20.27), sequestro
(êx21.16), blasfêmia (Lv 24.10-13), falsos profetas (Dt 13.5-10), sacrifício a
falsos deuses (Êx 22.20), filhos rebeldes (Dt 21.8-21), ferir e amaldiçoar o
pai ou a mãe (Êx 21.15, 17, Lv 20.9), adultério e estupro (Lv 20.10-21; Dt
22.22- 24), bestialidade (Êx 22.19; Lv 20.15, 16), homossexualismo (Lv 20.13),
incesto (Lv 20. 11, 12, 14) e a profanação do sábado (Êx 31.14, 15; 35.2).
O Novo
Testamento reconhece a pena de morte, mas não se trata de um mandamento
cristão. O Senhor Jesus se referiu a ela de maneira indireta quando disse que
não veio destruir e nem ab-rogar a lei, mas cumpri-la na sua íntegra (Mt 5.17,
18). Ele também se referiu à lei de maneira direta: "Porque Deus ordenou,
dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, que
morra de morte" (Mt 15.4). Esses dados reaparecem na passagem paralela (Mc
7.10). Jesus combinou o sexto mandamento (Êx 20.12; Dt 5.16) com a pena
estabelecida no sistema mosaico contra seus infratores (Êx 21.17; Lv 20.9), mas
não fez nenhuma observação contrária à pena de morte. Em Marcos, Jesus afirma
que "Moisés disse" (Mc 7.10); no entanto, aqui o texto declara:
"Deus ordenou". É evidente que toda a lei procede de Deus, e Moisés,
como mediador entre Deus e Israel, foi o promulgador da lei. O apóstolo Paulo
segue a mesma linha de pensamento. Ele reconhece a legitimidade da lei e admite
a pena capital na legislação de um país (Rm 13.1-6).
Não há
no Novo Testamento revelação contrária. O Espírito Santo permitiu que essa lei
permanecesse para proteger a vida de inocentes. Os grupos de direitos humanos
devem se preocupar também com os humanos direitos. Eles devem pensar no valor
da vida da vítima dos homicidas. A inaplicabilidade da pena capital se deve ao
mau uso que as autoridades vêm fazendo desse preceito ao longo dos séculos,
desde os tempos bíblicos (1 Rs 21.1-16; Mc 6.16-29; At 7.55-60). O
maior exemplo está na morte de Jesus, que prova não haver justiça na terra.
Isso é condenável à luz do Novo Testamento.
Todos
reconhecem que a pena de morte é uma lei que fere o espírito de perdão, amor e
misericórdia, que formam a essência do cristianismo; no entanto, ela está presente
no Novo Testamento. A diferença do Antigo Testamento é que ali a lei prescreve
como parte de um sistema legal, e aqui não é mandamento, conselho ou incentivo.
O Novo Testamento apenas reconhece que a pena capital existe. É como a bomba
atômica: existe mas não é para ser usada. Ela não vai resolver, como nunca
resolveu, o problema da violência e da criminalidade, e serve para satisfazer
caprichos de ditadores cruéis, muitos deles considerados fora da lei pela
comunidade internacional. Em resumo, a pena de morte combate a violência com
outra violência. A solução está na mensagem transformadora do Calvário. Jesus
deu o exemplo ao absolver a mulher adúltera dessa sentença 0o 8.1-11).
O
presente estudo não busca trazer soluções para questões complexas como a guerra
e a pena de morte. O assunto também não se esgota aqui. Essas coisas não se
resolvem com um simples discurso baseado em "Não matarás". É uma
reflexão sobre a dignidade do indivíduo, como ser humano, e sobretudo por ser a
vida um dom de Deus e somente o Criador ter o direito de tirá-la. O direito à
vida é natural e inalienável e é parte da responsabilidade do homem, como seu
administrador. O verbo rãtsah, na legislação mosaica, tem o sentido de proibir
o homicídio premeditado, ou seja, o assassinato violento de um inimigo pessoal.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 94-97.
Êxo 35.25
Livrará o homicida. Se o acusado fosse julgado inocente, seria dada uma ordem
ao vingador do sangue para deixar o réu em paz. Se ele desobedecesse a essa
ordem e matasse o homem, então seria declarado culpado de assassinato, por ter
tomado uma vingança ilegítima, sem base. Portanto, diante da declaração de
inocência, o acusado ficaria livre da morte. Mas teria de ir para uma cidade de
refúgio, para ali ficar até a morte do sumo sacerdote. Somente depois dessa
morte poderia circular livremente. Portanto, temos aí uma espécie de castigo
secundário. Nem mesmo o homicídio involuntário ficaria inteiramente sem punição.
Essa punição equivalia ao exílio. Um homem que matasse involuntariamente, ou
por acidente, era exilado. Presumivelmente, seu exílio seria tão agradável como
fosse possível para um residente regular de uma cidade de refúgio, o que
significa que não era uma vida de todo ruim. Mas não gozava o privilégio de
transitar livremente pelo território de Israel. Uma ideia talvez fosse mantê-lo
distante do vingador do sangue, que resolveria matar o acusado inocente, na
esperança de não descoberto em seu crime. Voltar à sua cidade de refúgio. Isso
dá a entender que o homem que havia cometido homicídio involuntário tinha sido
removido da cidade de refúgio, e tivera de ser julgado no lugar onde o
homicídio ocorrera. Alguns intérpretes supõem que fossem efetuados dois
julgamentos, um na cidade de refúgio e outro no lugar onde ocorrera o acidente,
embora o texto não sugira claramente um duplo julgamento. O vs. 12 deste
capítulo talvez subentenda um julgamento na cidade de refúgio; nesse caso,
pois, temos no texto uma indicação de duplo julgamento. Contudo, a questão não
está inteiramente clara.
Sumo
sacerdote. Os críticos percebem um anacronismo nessa expressão, porque 0
sacerdote, quer Arão, quer Eleazar, não foi chamado por esse título até este
ponto, e a expressão parece ser estranha para o período descrito no Pentateuco.
Somente mais tarde o principal sacerdote passou a ser chamado “sumo sacerdote”.
Alguns dizem que isso sucedeu durante 0 período persa. Mas alguns estudiosos
conservadores pensam que o termo “sumo”, aqui usado, foi uma glosa feita por
algum revisor posterior.
problema
da data do Pentateuco, e de cada um dos cinco livros que ο formam, é abordado
nos artigos sobre cada um deles.
Mesmo
um homicídio involuntário era evidentemente considerado um pecado, que
precisava de expiação. É possível que a morte do sumo sacerdote fosse vista
como expiação.
Que
foi ungido. Cada sumo sacerdote precisava ser ungido pessoalmente. A unção
geral, da consagração original dos sacerdotes, era suficiente para todos os
sacerdotes comuns, contanto que fossem descendentes diretos de Arão. Porém,
cada “sumo sacerdote” recebia a sua própria unção. Por essa razão, ele era
chamado de “sacerdote ungido”, conforme se vê neste texto.
A
“demora” pode ter tido por intuito permitir que os ânimos esfriassem, a fim de
que o homem que tivesse cometido homicídio involuntário deixasse de ator-
mentar a mente dos parentes do homem que fora acidentalmente morto. Esse
esfriamento salvaria a vida do homem, uma vez que lhe fosse permitido circular
livremente por Israel. Ademais, os principais envolvidos do caso também poderiam
já ter morrido, e isso seria o fim da questão.
Tipologia.
Nosso Sumo Sacerdote fez expiaçâo de uma vez por todas pelos pecados de todo o
povo, deixando-os assim livres da culpa e da punição.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 740.
Num 24-34.
Fossem quais fossem as circunstâncias da morte, o seu autor devia fugir para a
cidade de refúgio mais próxima, à qual ele era admitido se o seu caso parecesse
plausível para os anciãos da cidade (Js 20:4). Todavia, o seu julgamento era
feito diante da congregação, um grupo que representava todo o Israel (cf. acima
10:3; 14:10). Pode ser que essa reunião se realizasse fora da cidade de
refúgio. Cabia à congregação decidir se o homicídio fora premeditado ou não,
segundo estas leis, ouvindo às evidências apresentadas pelo acusado, pelo
vingador do sangue e pelos anciãos da cidade em que o crime ocorrera (Dt
19:12). Seguindo os costumes padrões orientais, uma testemunha era insuficiente
para a condenação; requeriam-se pelo menos duas (30; Dt 19:15). Se o homem
fosse condenado por assassinato, era entregue ao vingador de sangue para ser
morto (Dt 19:12), mas se a corte decidisse que era apenas homicídio, ele era
enviado de volta à cidade de refúgio para viver ali até a morte do sumo
sacerdote (25, 28). Desta forma, as cidades de refúgio tinham um propósito
duplo: proteger homicidas considerados inocentes do vingador de sangue, e
servir como lugares de banimento para homicidas condenados. Mas o banimento propriamente
dito não era considerado como expiação pelo sangue do falecido.
A
expiação pelo homicídio era efetuada pela morte do sumo sacerdote. Isto é
demonstrado pela proibição de se redimir assassinos e homicidas. Da mesma forma
como um assassino não podia comprar a sua vida por dinheiro (31), assim também
o homicida não podia comprar a sua liberdade (32). Ambos haviam causado a morte
de um ser humano, e só a morte de um homem podia fazer expiação pela morte. O
fato de que o que fazia expiação pela morte, era a morte do sumo sacerdote, e
não o exílio do homicida, é confirmado pela Mishnah: “Se depois de sentenciado
um homicida por homicídio acidental morrer o sumo sacerdote, ele não precisa ir
para o exílio” e o comentário do Talmude a este respeito: “Mas não é exílio que
faz expiação? Não é o exílio que faz expiação, mas a morte do sumo sacerdote.”
Esta
lei reafirma de maneira judicial a santidade da vida humana (cf. Gn 9:5-6; Ex
20:13). O mandamento simplesmente diz “Não matarás.”
A
palavra hebraica rasah “matar” é usada nesta lei tanto a respeito do
assassinato quanto de homicídio culposo (16, 25). Ambos os crimes incorrem em
culpa de sangue, e contaminam a terra,278 e ambos requerem expiação: o
assassino mediante a execução do assassino, e o homicídio culposo através do
falecimento natural do sumo sacerdote. Assim, esta lei é uma forma de lembrar
alguns dos grandes temas de Números. Deus anda no meio do Seu povo, e este
deve, portanto, ser preservado de toda impureza, especialmente a causada pela
morte (cf. 5:1-4; 9:15-23; caps. 16, 17, 19). Na tarefa de proteger o povo do
pecado e de fazer expiação, os sacerdotes e levitas desempenham o papel
principal (cf. caps. 3-4; 18; 25). De acordo com o capítulo 35, os levitas são
os habitantes permanentes das cidades de refúgio, e por isso são responsáveis
pela admissão de homicidas; e também, é a morte do sumo sacerdote que faz expiação
pelo homicida, e permite que o culpado volte para casa. Desta forma, o sumo
sacerdote de Israel antigo prefigurava o ministério de nosso Senhor, não apenas
em sua vida de oferecimento de sacrifícios e oração em favor do povo, mas
também em sua morte (cf. Hb 4-9).
Gordon
J. Wenham. Numeros Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 248-249.
No
antigo Oriente Médio, o costume era que, se uma vida fosse tirada, mesmo que
por acidente, esta tinha de ser vingada por um membro da família da vítima. Em
resposta a tal prática, Deus ordenou que seis cidades levíticas, a serem
escolhidas na terra, servissem de cidades de refúgio. Uma pessoa culpada de um
homicídio não intencional poderia escapar da vingança do parente da vítima
refugiando-se nessas cidades (Js 20). Não importaria onde esse indivíduo
morasse, sempre haveria um lugar seguro a uma distância razoável, pois todos
esses povoados seriam alocados estrategicamente por toda a terra— três a leste
do Jordão, e três a oeste.
O
termo hebraico traduzido como refúgio ou asilo designa um lugar de escape do
vingador, que era o homem que protegia os direitos da família, aquele que
tomava as atitudes corretas (o vocábulo hebraico para vingador ê o mesmo
utilizado para se referir a Boaz, traduzido como parente remidor Rt 2.1).
A
busca por refúgio não era uma atitude pessoal exercida por um cidadão. Algumas
regras determinavam se a proteção era aplicável a uma situação específica, e os
julgamentos aconteceriam para cada caso (Nm 35.22-25). As normas para a busca de
refúgio nas cidades apropriadas para tal fim foram estabelecidas
considerando-se alguns detalhes:
(1) o
homicídio deveria ter acontecido de forma acidental e não premeditada (Nm
35.16-21);
(2) a
pessoa tinha de p a rtir imediatamente para a cidade de refúgio, e só ficava a
salvo do vingador quando estivesse dentro da vila;
(3) o
indivíduo não estaria em segurança se decidisse sair da cidade de refúgio.
Basicamente, a execução não intencional de alguém tinha como pena a prisão
virtual em uma cidade murada (Nm 35.26-28);
(4) a
limitação à perseguição do ofensor tinha como base a morte do sumo sacerdote.
Quando este morria, o vingador não podia mais seguir o assassino, para
executá-lo. o refugiado estava livre para voltar para casa (Nm 35.25,28);
(5) a
lei do asilo protegia tanto o estrangeiro, como o cidadão (Nm 35.15); (6) o
ofensor não tinha direito de pagar um resgate, em vez de partir para ou estar
na cidade de refúgio. Caso isso acontecesse, uma pessoa pobre ficaria em grande
desvantagem (Nm 53.31).
Por
meio de todos esses regulamentos específicos, Deus demonstrou Sua graciosa
preocupação pelo inocente. Ele proveu um lugar para que o homem culpado pudesse
encontrar misericórdia e segurança da brutal prática primitiva de vingar-se
das mortes dos familiares.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 305.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
Deus te abençoe, por nos informar o próximo trimestre, fico feliz em saber que vamos estudar um evangelho
ResponderExcluirMUITO BOM MESMO DEUS CONT. ABEÇ
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