NÃO COBIÇARÁS
"Não
cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o
seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma
do teu próximo" (Êx 20.17).
Este mandamento tem uma particularidade que o
faz diferir dos outros nove. Enquanto os mandamentos anteriores referem-se ao
comportamento exterior e direto da pessoa, o décimo mandamento reporta-se ao
comportamento subjetivo, íntimo e interior do indivíduo. Ou seja, este
mandamento está relacionado ao que a pessoa pensa e sente quando da sua
peregrinação existencial.
Quem
pode entrar na consciência de alguém e desvendar o que se passa por lá? Graças
a Deus ninguém possui tal capacidade, exceto o próprio Deus na pessoa
consoladora do Espírito Santo. Este fala à nossa consciência e coração.
Quaisquer crentes têm uma voz interna a falar automaticamente ao coração quando
o desejo insano de se apropriar do que pertence aos outros brota no coração. O
Espírito Santo fala conosco!
Atentai
para o ensinamento do Evangelho: "Ouvis-tes que foi dito aos antigos: Não
cometerás adultério. Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher
para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela" (Mt 5.27,28).
Quer dizer que basta um olhar para caracterizar o pecado de adultério? Mas quem
julgará isso? Ora, simples: o Espírito Santo fala consciência da pessoa. O que
Jesus nunca propôs é que apenas os atos visíveis sejam transformados. O nosso
Senhor ataca a raiz dos problemas. Enquanto muitos escribas supervalorizavam o
exterior e as obras que faziam, Jesus de Nazaré queria saber da motivação das
pessoas. Qual a nossa motivação de ir à Igreja? De estar com pessoas? Será que
a motivação é nobre? Autêntica? Legítima? Pura?
Hoje
em dia, propagandas na televisão, no rádio, nas revistas, na internet e em todo
lugar possível são feitas para alimentar o consumismo no povo. Tais propagandas
criam pseudo-necessidades para as pessoas sentirem-se infelizes, até mesmo
inferiores as outras enquanto não tiver adquirido aquele objeto da propaganda. Fabricantes
de marcas famosas não têm o pudor de usarem os corpos das mulheres para
popularizar suas marcas. Usam as mulheres como iscas em anzol para atrair
consumidores a fabricas dos seus produtos. O consumismo tem dominado tanto a
vida das pessoas que leva quase todos a violarem o princípio do décimo
mandamento.
Revista ensinador. Editora CPAD Ano 16 - N° 61. pag. 42.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O
Decálogo conclui com um mandamento que proíbe o desejo ilícito, a cobiça sem
sugestão alguma de ato, pois diz respeito primariamente à motivação, e não à
ação concreta. A cobiça é um mal devastador muito comum ainda hoje em nossa
cultura ocidental materialista. Trata-se de uma atitude de natureza interna que
pode expressar-se em ato real. Toda ação boa ou ruim começa no pensamento. Os
outros mandamentos proíbem atos; aqui, a proibição diz respeito ao desejo, não
ao desejo em si, mas ao desejo daquilo que pertence a outro. Não é pecado
desejar bens e conforto, as coisas boas de que necessitamos na vida.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 131-132.
Controlando
os desejos (v. 17). O primeiro e o décimo mandamentos tratam daquilo que se
encontra no coração, enquanto os outros oito concentram-se em ações exteriores.
Pessoas gananciosas transgridem todos os mandamentos de Deus a fim de satisfazer
seus desejos, pois o coração do pecado é o pecado no coração (Mt 15:19). Cobiçar
é alimentar desejos interiores por qualquer coisa que Deus considera
pecaminosa. Foi esse mandamento que "abateu" Saulo de Tarso e que
convenceu esse fariseu bem-sucedido de que ele era um pecador (Rm 7:1-14; ver
Lc 12:15; Ef 5:3; Cl 3:5).
Os dez
mandamentos terminam com uma ênfase no bom relacionamento com nosso próximo,
pois o segundo maior mandamento é amar ao próximo como a si mesmo (Mt 22:34-40;
Lv 19:18). Se amamos nosso próximo, não cobiçamos o que ele tem, não roubamos
dele, não mentimos sobre ele nem fazemos qualquer uma das coisas que Deus
proíbe em sua Palavra. Por isso, o amor é o cumprimento da lei (Rm 13:8-10). No
entanto, só Deus pode mudar o coração pecaminoso (Hb 10:14-18), dando-nos o
amor de que precisamos para lhe obedecer e levando-nos a nos preocupar com os
outros (Gl 5:22-26; Rm 5:1-5).
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 291.
O
Décimo Mandamento (v. 17). não cobiçarás ... O verbo traduzido cobiçam , em hebraico,
significa um "messy, desejo egoísta e indomável" e "ter prazer
em". Então, tem um duplo significado; é um desejo secreto de algo que
pertence a outro, e é uma ação que vem da vontade de assumir desejada (ver
34:24, Dt 07:25) .. Este comando e o oitavo garantia do direito fundamental à
propriedade privada.
O
mandamento é uma proibição contra a inveja. O membro da comunidade não deve cobiçar
a família de nosso vizinho, ou sua propriedade, ou qualquer coisa dela. Tudo
que você precisa é um outro dom de Deus, e cobiçar o que seu vizinho é
desprezar o que ele tem. Então, a cobiça é rejeitar a providência de Deus. O
primeiro mandamento havia estabelecido o relacionamento correto com Deus. A
última é a correta relação um ao outro; no entanto, isso depende da relação
primária com o Senhor.
Daniel Carro; José Tomás
Poe; Ruben O. Zorzoli. Comentário bíblico mundo hispano. Editora Mundo Hispanico.
Casa Batista
de Pulblicaiones.
I. O DÉCIMO MANDAMENTO
1.
ABRANGÊNCIA.
O
décimo mandamento aborda a responsabilidade do israelita sobre o pecado do
pensamento. É um recurso divino que Deus proveu para habilitar o israelita a
obedecer os mandamentos anteriores. A cobiça é um dos piores pecados, o pecado
que não se vê. Essa é a sua característica distintiva em relação aos outros,
pois não é possível ser conhecido. Isso mostra que o Legislador divino é
onisciente, pois ele conhece o mais íntimo do coração humano, nossos desejos e
intenções (1 Rs 8.39; 1 Cr 28.9; Jr 17.10; At 1.24). Deus se interessa não só
pelos corretos atos concretos, não apenas pelo cerimonialismo na adoração, mas
principalmente pela pureza de um coração sincero. Isso mostra o lado espiritual
do Decálogo; nem tudo é apenas jurídico. A ideia central é não desejar aquilo que
pertence ao outro.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 132.
O
último dos mandamentos (Êx 20.17), de alguma maneira, é um resumo dos outros e,
ao mesmo tempo, é muitíssimo diferente deles em termos da perceptibilidade da
ofensa em pauta. A ofensa tem que ver com uma disposição ou
inclinação interior que, na verdade se não for verificada, pode se manifestar
no comportamento, mas que pode nunca ser detectada por um sinal exterior.
Entretanto, a cobiça por algo que pertence a outro, quer visível quer não, é
pecado contra Deus, o doador de todas as coisas, e contra o indivíduo que é o
receptor da graciosa concessão dele. Cobiçar a propriedade de um irmão equivale
a roubá-la; pois se, na verdade, a ânsia de ter a posse for forte o bastante
pode bem levar ao roubo, uma clara violação do oitavo mandamento. Da mesma
forma, o homem que cobiça a esposa de seu irmão já tem propósitos adúlteros em
relação a ela e, se não for reprimido, é provável que quebre o sétimo
mandamento e tenha um caso ilícito com ela. Se for impedido de fazer isso pelo
marido da mulher, o infrator pode chegar até mesmo a cometer homicídio a fim de
satisfazer seus impulsos lascivos.
Vista
dessa maneira, a cobiça parece bem menos benigna que à primeira vista; pois é
um indício de uma atitude pecaminosa que não precisa encontrar expressão ativa
a fim de ser ofensiva à aliança e à comunidade da aliança. Esse último dos
mandamentos, em alguns aspectos, é o mais sugestivo do ponto de vista teológico
porque localiza a nascente do comportamento pecaminoso do homem exatamente ao
lugar a que pertence, bem no fundo do coração e da mente. Jesus entendeu bem
isso ao dizer: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não adulterarás’. Mas eu lhes
digo: Qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério
com ela no seu coração” (Mt 5.27,28).
Eugene
H. Merrill. Teologia do Antigo
Testamento. Editora Shedd Publicações. pag. 337-338.
Neste
ponto, no tocante ao décimo mandamento, aprendemos que a lei aplica-se não
somente aos atos, mas também aos sentimentos e intenções do coração. Em outras
palavras, a lei envolvia sentimentos interiores, e não apenas atos externos. O
sétimo mandamento proíbe o sexo com a mulher de outro homem; e o décimo
mandamento proíbe o desejo disso. Neste ponto, a lei aproxima-se da abordagem
feita por Jesus a respeito, em Mat. 5.21 ss. Todos os pensamentos devem ser
levados ao cativeiro a Cristo (II Cor. 10.5). Se o oitavo mandamento proíbe o
roubo, 0 décimo proíbe até mesmo o desejo de roubar.
Por
conseguinte, o décimo mandamento opera como uma espécie de limiar das noções
neotestamentárias sobre essas mesmas questões. O Novo Testamento repete dez dos
mandamentos, deixando de fora aquele atinente ao sábado. Mas o dia do Senhor ou
domingo, embora não seja um sábado ou descanso, envolve as implicações
espirituais do mandamento relativo ao sábado, enaltecendo e iluminando o
sentido espiritual do sábado.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 395.
Este
último mandamento está por baixo dos quatro precedentes, visto que atinge o propósito
do coração. Matar, adulterar, roubar e mentir são resultados de desejos errados
que inflamam nosso ser. E singular que a lei hebraica inclua este desafio ao
nosso pensamento e intenção. “Os antigos moralistas não reconheciam esta
condição” e não condenavam os desejos maus. Mas é no coração onde se inicia
toda a rebelião, e este mandamento revela o aspecto interior de todos os
mandamentos de Deus. Paulo reconheceu este aspecto interior da lei quando se
conscientizou de sua condição pecaminosa (Rm 7.7). Muitas pessoas são
absolvidas de crimes com base em atos exteriores, mas são condenadas quando
levam em conta os pensamentos interiores. Estes desejos cobiçosos são, por
exemplo, pela propriedade ou pela mulher pertencente ao próximo (17). Tais
desejos criminosos precisam ser purgados pelo Espírito de Deus; só assim
viveremos em obediência perfeita à santa lei de Deus.
Leo
G. Cox. Comentário Bíblico Beacon.
Êxodo. Editora CPAD. pag. 192.
2.
OBJETIVO.
A
vontade de Deus expressa nesse último mandamento do Decálogo é que haja pleno
contentamento com aquilo que temos e com a nossa condição: "Contentai-vos
com o vosso soldo" (Lc 3.14), ensino de João Batista para os militares.
"Mas é grande ganho a piedade com contentamento" (1 Tm 6.6). Quem tem
Jesus não está obcecado pelas riquezas materiais, pois tem em seu interior algo
muito mais valioso que os tesouros do mundo. A NTLH traduz esse versículo da
seguinte forma: "É claro que a religião é uma fonte de muita riqueza, mas
só para a pessoa que se contenta com o que tem”. A Bíblia nos exorta ainda:
"contentando-vos com o que tendes" (Hb 13.5). Há aqui certo paralelo
com Filipenses 4.11. Mas convém ressaltar que todas essas exortações não são
uma apologia à pobreza nem uma defesa do status quo econômico; é uma
recomendação para que nossos desejos não vendam desagradar a Deus nem causar
danos ao nosso próximo (Rm 12.15).
A
conduta do cristão deve ser a de se alegrar com que os se alegram e chorar com
os que choram (Rm 12.15). Ninguém deve ser dominado pela inveja (G1 5.26; Tg
4.14-16) nem alimentar o sentimento de tristeza pelo sucesso alheio (Ne2.10;Sl
112.9,10). Glorifique a Deus pelas bênçãos e pelo sucesso do seu irmão, e você
será abençoado também, a seu tempo (Ec 3.1-8).
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 138.
Este
proíbe qualquer desejo desenfreado de ter aquilo que será uma satisfação para
nós mesmos. “Oh! Se a casa deste homem fosse minha! Se a mulher daquele fosse
minha! Se a propriedade deste fosse minha!” Esta é, certamente, a linguagem do
descontentamento com a nossa própria sorte, e inveja da do nosso próximo. E
estes são principalmente os pecados que são proibidos aqui. O apóstolo Paulo,
quando a graça de Deus fez com que caíssem escamas dos seus olhos, percebeu que
esta lei: “Não cobiçarás”, proibia todos os desejos irregulares que sáo os
primogênitos da natureza corrupta, o primeiro despertar do pecado que reside em
nós, e o início de todo o pecado que é cometido por nós. Esta é aquela luxúria,
diz ele, cujo mal ele não teria conhecido, se este mandamento, quando veio à
sua consciência não lhe tivesse mostrado, Romanos 7.7. Deus nos
permite, a todos, vermos o nosso rosto na lente desta lei, e a colocar nossos
corações sob o seu governo!
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 296.
"Este
é um preceito mais excelente moral, a observância do que irá prevenir todos os
crimes públicos, pois quem sente a força da lei que proíbe o desejo desordenado
de qualquer coisa que é propriedade de outro, nunca pode abrir uma brecha no
paz da sociedade por um ato de errado a qualquer um dos seus mais fraco até
mesmo membros."
ADAM
CLARKE. Comentário Bíblico de Adam
Clarke.
Êxo 20.17
— Cobiçar (hb. hamad) significa possuir enorme desejo por. Cobiçar não era
apenas apreciar algo à distância, e sim possuir uma vontade incontrolável, excessiva
e egoísta de apoderar-se do bem de outrem. O décimo mandamento aborda uma
disposição interior: o pecado também ocorre no pensamento. Isso
demonstra que Deus queria que os israelitas não só evitassem praticar as ações
malignas previamente estabelecidas em sua mente, como também descartassem todos
os pensamentos perversos que levavam às atitudes de cobiça.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 166-167.
3.
CONTEXTO.
O
décimo mandamento aparece expandido em Deuteronômio em relação ao texto de
Êxodo e inclui o campo do próximo na lista das coisas que não devem ser
cobiçadas. Alguns críticos estranham a inversão das cláusulas, pois a
fraseologia de Êxodo começa por não cobiçar a casa do próximo e em seguida vem
a proibição
de não cobiçar a mulher do próximo, mas em Deuteronômio essa ordem é
invertida: primeiro vem a mulher e depois a casa. Ambos textos, contudo,
proíbem a cobiça de bens e pessoas, além da mulher ou do esposo, pois a mulher
pode também cobiçar o marido alheio, o servo e a serva do
próximo;propriedades-, casa e campo; o termo "casa" aparece muitas
vezes na Bíblia com o sentido de "família" (Js 24.15; At 16.31), mas
parece não ser essa a ideia aqui; e semoventes: boi, jumento ou qualquer outra
coisa. A frase final "nem coisa alguma do teu próximo" inclui posição
social ou ascensão no trabalho.
Há
discussão sobre a substituição de hãmad por ’ãwãh na segunda cláusula do décimo
mandamento (Dt 5.21). O verbo hãmad aqui aparece com a esposa do próximo e
’ãwãh com as demais coisas. Isso pode levar alguém a pensar em hãmad como um
tipo sensual de desejo, mas isso não procede por duas razões principais: a) é
usado para bens móveis e imóveis (Js 7.21; Mq 2.2); b) ambos os termos aparecem
como sinônimos (Gn 3.6; Pv 6.25; Sl 68.17). Parece que 'ãwãh diz respeito a um
tipo de desejo casual. O formato textual de Êxodo está adaptado ao estilo
nômade de vida de Israel no deserto, ao passo que Deuteronômio, quase 40 anos
depois, é o modelo para o povo prestes a ser estabelecido na terra de Canaã
como país.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 134-135.
Outras
notáveis variações deuteronômicas no Decálogo são o inverso da ordem das
palavras mulher e casa no décimo mandamento, e a adição aqui de seu campo (Dt.
5:21). Este último foi acrescentado porque Israel estava para começar uma
existência assentada na terra, enquanto que durante as peregrinações no deserto
tal legislação teria sido irrelevante. Este é um bom exemplo do tipo de
modificações legislativas encontradas nas antigas renovações dos tratados
seculares.
Charles
F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody.
Editora Batista
Regular Deuteronômio. pag. 20.
E não
cobiçarás (21). Cf. Êx 20.17 nota. Diferente de todos os outros, o décimo mandamento
não diz respeito à conduta externa, mas antes a uma qualidade do espírito. Por
isso só Deus é testemunha de quando o mandamento porventura é violado. Na sua
forma negativa proíbe-nos desejar ilicitamente aquilo que aos outros pertence.
Positivamente
ensina-nos a contentarmo-nos com o que temos e a não perder a fé (Hb 13.5-6).
As
pequenas variantes entre a forma que o mandamento apresenta aqui e a que lemos
em Êx 20.17 vem lembrar que só após a entrada na Terra de Promissão os campos e
até os animais e os criados se tornaram objeto de justificadas invejas.
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Deuteronômio. pag. 31-32.
4.
ESCLARECIMENTO.
Já
vimos que o Decálogo está estruturado em duas seções identificadas com a
primeira e a segunda tábuas, as tábuas de pedra em que foram escritos os Dez
Mandamentos, literalmente as dez palavras. A primeira contém os compromissos do
israelita diante de Deus, e a segunda de sua responsabilidade para com o
próximo. Os dois grandes mandamentos citados por Jesus podem ser um resumo
dessas duas tábuas. Esses mandamentos estão dispostos numa sequência lógica. O
quinto mandamento é uma ponte que une o conteúdo das duas tábuas. Em seguida
vem a proteção da vida: “Não matarás"; depois a proteção da família:
"Não adulterarás"; a proteção da propriedade: "Não
furtarás"; a proteção da honra: "Não dirás falso testemunho contra o
teu próximo"; e o último protege o israelita de ambições erradas.
Os
católicos romanos e os luteranos mantiveram a tradição catequética medieval do
Decálogo esboçada por Agostinho de Hipona e que predominou durante a Idade
Média. Os dois primeiros mandamentos são considerados um só, e o décimo é
dividido em dois. "Não cobiçarás a casa do teu próximo" é o nono, e
Não cobiçarás a mulher do teu próximo" (Êx 20.17), o décimo. Qualquer
pessoa pode observar sem muito esforço que tal arranjo e uma camisa de força,
pois não corresponde à divisão natural (Êx 20.1-17; Dt 5.7-21). Além disso, o
Decálogo do catolicismo romano não é bíblico, trata-se de uma interpretação com
lentes papistas. Nós seguimos o arranjo das igrejas ortodoxas e protestantes reformadas,
que vem desde os antigos judeus (JOSEFO, Antiguidades Judaicas, Livro 3, 4.113,
edição CPAD).
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 132; 134.
Contra
todas as formas de cobiça. De acordo com muitos eruditos, esse é o décimo dos
mandamentos mosaicos. Mas os luteranos e os católicos romanos pensam que o
primeiro mandamento incorpora os vss. 3-6. E assim, neste ponto, eles fazem o
vs. 17 desdobrar-se em dois mandamentos, para ser conseguido o número dez. Na
Septuaginta, neste versículo e em Deu. 5.21, a esposa é mencionada antes de
casar, para que haja um mandamento específico para que não se cobice a mulher
do próximo, ao passo que fica criado um décimo mandamento, relativo à cobiça
acerca dos bens materiais do próximo.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 395.
II. COBIÇA
1.
SIGNIFICADO.
O
verbo hebraico hãmad, "desejar, ter prazer em, cobiçar, ter concupiscência
de", aparece 14 vezes no Antigo Testamento. O termo em si é neutro e se
aplica também a coisas boas (SI 19.10 [11]; 68.16 [17]). Essa palavra é
repetida no décimo mandamento no texto de Êxodo 20.17 e uma só vez no registro
do Decálogo, em Deuteronômio 5.21: "E não cobiçarás a mulher do teu
próximo". Na segunda cláusula, "e não desejarás a casa do teu próximo",
aparece outro verbo ’ãwãh, "desejar ardentemente, ansiar, cobiçar,
anelar". Ambos os verbos aparecem como sinônimos no relato da tentação do
Éden: "agradável aos olhos... e desejável para dar entendimento" (Gn
3.6). A Septuaginta traduz pelo verbo epithyméõ, literalmente "fixar desejo
sobre", da preposição epí, "sobre", e do substantivo thymós,
"paixão, ira, furor".
Esse
verbo grego aparece no Novo Testamento para se referir ao décimo mandamento (Rm
7.7; 13.9) e também para expressar desejo por tudo o que é proibido (Mt 5.28; 1
Co 10.6). O substantivo derivado dele, epithymia,136 é usado para
"concupiscência" em 1 João 2.16: "Porque tudo o que há no mundo,
a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não
é do Pai, mas do mundo". Concupiscência é desejo desordenado; trata-se do
"forte e continuado desejo de fazer ou de ter o que Deus não quer que
façamos ou tenhamos" (KASCHEL & ZIMMER, 2006, p. 45). Mas todos esses
termos, hebraicos e gregos, são neutros, podendo se referir a coisas boas ou a
coisas más, dependendo do contexto (Mt5.28; 13.17).
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 133.
COBIÇA
Há
várias palavras hebraicas e gregas envolvidas, a saber:
1.
Avvah, «desejo por si mesmo». Palavra hebraica usada por quatro vezes: Deu.
5:21; Pro. 21:26; Sal. 45:11; Pro. 23:3.
2.
Chamad, «desejar». Verbo hebraico usado por catorze vezes. Por exemplo: Êxo.
20:17; Jos. 7:21; Miq. 2:2; Deu. 5:21; 7:25; Jó 20:20; Isa. 1:29; 53:2.
3.
Batsa, «ganhar (ilegalmente)». Palavra hebraica usada por oito vezes com o
sentido de cobiçar. Por exemplo: Hab. 2:9; Pro. 1:19; 15:27.
4.
Epithuméo, «fixar a mente sobre». Palavra grega usada por dezesseis vezes: Mat.
5:28; 13:17; Luc. 15:16; 16:21; 17:22; 22:15; Atos 20:33; Rom. 7:6; 13:9
(citando Êxo. 20:15,17); I Cor. 10:6; Gál. 5:17; I Tim. 3:1; Heb. 6:11; Tia.
4:2; I Ped. 1:12; Apo. 9:6.
5.
Orégomai, «estender os braços para». Termo grego usado por três vezes: I Tim.
3:1; 6:10; Heb. 11:16.
6.
Pleoneksía, «desejo de mais». Substantivo grego usado por dez vezes: Mar. 7:22;
Luc. 12:15; Rom. 1:29; II Cor. 9:5; Efé. 4:19; 5:3; Col. 3:5; I Tes. 2:5; II
Ped. 2:3,14. O adjetivo, pleonéktes, «cobiçoso», aparece por quatro vezes: I
Cor. 5:10,11; 6:10; Efé. 5:5.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 774.
COBIÇAR,
COBIÇA. Um pecado mencionado freqüentemente no AT e no NT. É considerado como a
raiz de outras iniquidades sérias e mortais.
Várias
palavras hebraicas e gregas são assim traduzidas. Muitas possuem pequenas
variações de significado, todas estão relacionadas à lei mosaica que proíbe
expressamente a cobiça. O termo que aparece em Êxodo 20.17 é o hebraico,
significando “desejar intensamente”. Assim como os outros termos para “cobiça”,
nas Escrituras, esta palavra tem em vista o amor e o desejo intenso por
qualquer objeto ou pessoa, um desejo ao qual é dado importância humana e comum,
e que se toma substituto da devoção e amor devidos a Deus. Por causa da sua
intensidade, este desejo tende a ofuscar as exigências morais da lei e a
permitir que o fim. a posse do objeto cobiçado, justifique quaisquer meios para
sua obtenção. Outros termos para desejo e amor são usados no mesmo sentido no
AT, “TK (Dt 5.21 et al.), e o m (Hc 2.9, et al.). No NT o verbo grego. “desejo”, “anseio”, é usado freqüentemente para traduzir os
termos hebraicos acima, na LXX e em muitas outras passagens do NT. onde nem
sempre é traduzido como “cobiçar”. Ele aparece em Lucas 22.15, e a forma
substantiva aparece em muitas outras passagens. Outro substantivo comum é o
grego significando literalmente “ganância”, “desejo insaciável” (Lc 12.15). Um
termo muito interessante, freqüentemente traduzido como “cobiça”, é o grego uma
combinação de “amor” + “prata”, a ilustração mais clara de avareza dada nas
Escrituras (Lc 16.14; lTm 6.10). Todos estes termos descrevem o intenso
materialismo e hedonismo que caracterizaram a era helenística e que levaram à
fundação de escolas filosóficas como o Epicurismo.
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 1081-1082.
2.
COBIÇAR.
Os
relatos bíblicos estão repletos de cobiças destruidoras, a começar pelo primeiro
casal. "E vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e
agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu
fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela" (Gn 3.6).
Aqui se expressa exatamente o que afirma o Novo Testamento: "a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida"
(1 Jo 2.16).
Os
irmãos de José desejavam a posição dele no coração de seu pai, Jacó (Gn 37.4).
A cobiça causou a ruína de Acã: "Quando vi entre os despojos uma boa capa
babilônica, e duzentos siclos de prata e, uma cunha de ouro do peso de
cinqüenta siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra,
no meio da minha tenda, e a prata, debaixo dela" Os 7.21). O verbo
"cobiçar" aqui é hãmad, o mesmo usado no Decálogo (Êx 20.17; Dt
5.21). Acã cobiçou e se apropriou dos despojos de Jericó, objetos que não lhes
pertencia (Js 6.19).
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 135-136.
A
cobiça pode ser definida como o desejo desordenado de adquirir coisas, posição
social, fama, proeminência secular ou religiosa, etc. Pode incluir a tentativa
de apossar-se do que pertence ao próximo. A cobiça geralmente aumenta com a
idade, ao invés de diminuir, dando origem a certo número de males. A cobiça
promove a alienação de Deus, a opressão e a crueldade contra o próximo, a
traição e as manipulações e desonestidades de toda espécie. £ um dos principais
fatores por detrás de todas as guerras. Os indivíduos e os grupos mostram-se
cobiçosos. As nações incorporam o princípio da cobiça em suas leis. Os hebreus
condenavam esse pecado, que aparece como um dos dez mandamentos (que vide).
Aparece em Êxodo 20:17. A mensagem é que coisa alguma pertencente a outrem,
deve ser desejado. Quase sempre, o desejo desordenado da cobiça provoca alguma
ação para que o cobiçoso adquira o que quer, ou para que persiga o possuidor do
objeto ou da pessoa cobiçados. Esse mandamento chega perto do adultério, visto
que uma das coisas que pode ser cobiçada é a esposa de outro homem.
O Novo
Testamento Condena Também a Cobiça. Os cobiçosos anelam por ter mais dinheiro
(Atos 20:33; I Tim. 6:9; Rom. 7:7). A cobiça pode expressar-se sob a forma de
violência (II Cor. 2:11; 7:2). Mas Jesus repudiou o espírito ganancioso (Mat.
7:22). A cobiça é alistada entre os pecados frisados por Paulo, em Efésios
4:19. A cobiça é uma forma de auto-adoração que expulsa Deus de nossas vidas
(Efé. 5:5; Col. 3:5). Aparece na lista dos vícios dos povos pagãos, em Romanos
1:29.' Apesar de não ser especificamente alistada entre-as obras da carne, em
Gálatas 5:19-21, a cobiça é uma das causas de várias daquelas obras carnais,
como o adultério, o ódio, as dissensões, a beligerância, etc., devendo ser
incluída entre as «tais coisas» que Paulo mencionou, e que não permitem que uma
pessoa chegue ao reino de Deus (Gál. 5:21).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 774.
DESEJO.
O termo grego assim traduzido é epithumia, «cupidez», que ocorre por trinta e
oito vezes: Mar. 4:19; Luc. 22:15; João 8:44; Rom. 1:24; 6:12; 7:7,8; 24:14; Gáí.
5:16,24; Efé. 2:3; 4:22; Fli. 1:23; Col. 3:5; 1 Tes. 2:17; 4:5; I Tim. 6:9; II
Tim. 2:22; 3:6; 4:3; Tito 2:12; 3:3; Tia. 1:14,15; I Ped. 1:14; 2:11; 4:2,3; II
Ped. 1:4; 2:10,18; 3:3; I João 2:16,17; Jud. 16:18; Apo. 18:14. O verbo,
epithuméo, aparece por dezesseis vezes: Mat. 5:28; 13:17; Luc. 15:16; 16:21;
17:22; 22:15; Atos 20:33; Rom. 7:7; 13:9 (citando Êxo. 20:15,17); I Cor. 10:6;
Gál. 5:17; I Tim. 3:1; Heb. 6:11; Tia. 4:2; I Ped. 1:12; Apo. 9:6.
O
vocábulo grego é neutro, referindo-se a qualquer apetite legítimo, ou a
qualquer desejo negativo, neste caso, geralmente com alguma conotação sexual. A
palavra foi usada em sentido positivo, para exemplificar, ao aludir ao anelo
que Jesus sentia por participar da última páscoa, com os seus discípulos (Luc.
22:15). Em Romanos 7:7,8, algumas traduções traduzem essa palavra por «cobiça»,
conforme se vê, igualmente, em nossa versão portuguesa. O termo grego refere-se
a alguma forma de disposição pecaminosa, alguma perversão e exagero dos
desejos. Em Col. 3:5 e I Tes. 4:5, encontramos a conotação sexual.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 80.
O DÉCIMO MANDAMENTO:
DESEJO ILEGAL . - Verso 21
"Assim como o
sexto, sétimo, e oitavo mandamentos nos proíbem de ferir o nosso próximo em
obras, o nono nos proíbe de prejudicá-lo em palavra, eo décimo em pensamentos.
Nenhum olho humano pode ver o coração cobiça; isso é testemunhado apenas por
aquele que o possui, e por Ele para quem todas as coisas estão nuas e patentes.
Mas é a raiz de todos os pecados contra o nosso próximo em palavra ou em ação.
(Tiago 1:14, 15). O homem que é aceitável diante de Deus, andando retamente,
não caluniando com sua língua, nem faz mal ao seu próximo, é aquele que
"fala a verdade no seu coração . "(Sl 15:02, 3) -.Sp. Com .
I. A maneira em que este
mandamento é violado . Por esse descontentamento com a nossa sorte na vida que
nos leva a se preocupe, repine e se rebelam contra a providência de Deus.
"Nem vos murmúrio, como alguns deles murmuraram." (1 Coríntios.
10:10). Por inveja ou de luto em bom do nosso vizinho."Grudge não uns
contra os outros (Tiago 5:9). Ao ceder desejos ilícitos para coisas que
pertencem ao nosso próximo. Desejo excessivo após riquezas e bens de outra é
marcado por este mandamento como pecado. "Acautelai-vos e vos da
avareza."
II. O espírito que leva
à violação deste mandamento . "Não cobiçarás." As palavras indicam a
intensa espiritualidade e santidade da lei. St. James (1:15) olha para o pecado
como um ato exterior. São Paulo olha para ela em sua fonte e estágios iniciais.
A província de lei humana é a ação, que a lei divina o coração, os pensamentos
da qual brotam as ações. O pensamento eo desejo pode levar à execução do mal.
Concupiscência mal é a raiz de todo o pecado, especialmente dos crimes que os
homens cometem contra seus semelhantes (Mateus 15:19, Marcos 7:21). Eva e Achan
"viu, cobiçado, e tomou." Cobiça instigado Judas para trair o
Salvador, e induziu Ananias e Safira para "tentar o Espírito Santo".
"Eu não teria conhecido o pecado (clara e completamente como habitação e
princípio virulento) , mas pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência
(desejo irregular e sem governo), se a lei (Mosaic) havia dito: Não cobiçarás
"(Rm 7:7).
III. O método de
corrigir esse espírito . Hipócrates aconselhou uma consulta a todos os médicos
em todo o mundo para a cura de cobiça. O que eles não podiam descobrir a Bíblia
prescreve. 1. Formar uma estimativa direito de mundana bom . Nós cobiçar o que
nunca satisfaz. "Solomon tinha colocado todas as criaturas em uma
réplica", diz Watson singular ", e destilou a sua essência, e eis que
'tudo era vaidade" (Ec. 2:11). 2. estar satisfeito com presentes posses
.Por ingrato porque não temos mais e outros menos. Quanto mais temos, maior
será a nossa conta no último dia. Vamos acreditar que condição melhor que Deus
nos deu. Contentamento, diz Sócrates, "é a riqueza da natureza."
"Eu tenho o suficiente", gritou Jacob (Gn 33:11). "Eu aprendi,
no estado de tudo quanto eu sou, com isso a ser o conteúdo ( ou seja ,
suficiente em si mesmo, auto-suficiente, em oposição às bênçãos exteriores).
(Filipenses 4:11-13). 3. Ore por graça divina para ajudar . Isso por si só pode
subjugar a luxúria. Cherish fé em Deus, que alimenta os pássaros e veste os
lírios. A fé é o remédio para o cuidado ea cobiça. Ele vence o mundo, purifica
o coração, e faz parte de Deus, nosso (Sl 16:05). Peça ao Espírito Santo para
fazer você celeste minded, e corrigir seus pensamentos sobre Cristo e as coisas
acima. "Procurai com zelo os melhores dons."
O mandamento de
fechamento é de grande importância em dois pontos de vista distintos, primeiro
, como expor o espírito de todos os mandamentos anteriores, e em segundo lugar
, como estabelece as bases para justas e consistentes pontos de vista de todas
as doutrinas do Evangelho. Ela exibe o espírito da lei divina , como
estendendo-se até os desejos do coração; as atuações mais sutis da mente, bem
como as ações visíveis da vida. Em outros mandamentos, um homem pode perder de
vista o verdadeiro caráter do governo sob o qual ele é colocado, e pode
imaginar que, se ele assegura a confiança dos seus semelhantes, ele é seguro.
Este é o estado de espírito predominante de homens de todas as classes.
Pensa-se que se não violar os direitos dos outros, não aproveitar sua
propriedade, nem malignamente difamar seus personagens-nem desenfreadamente pôr
em perigo as suas vidas, somos moral. Mas este mandamento nos traz sob o olhar
de um governante onisciente, sob a autoridade de um governo espiritual. Ensina-nos
que os nossos pensamentos e desejos são minuciosamente inspecionado. Ele nos
persegue aos nossos sigilo-perfura o véu das aparências externas, e coloca
abrir as dobraduras de auto-ilusão. Ele examina nossas almas, e nos faz sentir
a onipresença da Divindade. Ele traz as sanções da Sua lei seja exercida
diretamente sobre a nossa consciência presente; liga os momentos de nossa
existência ao último julgamento, e derrama para as câmaras mais íntimos do
espírito à luz de um mundo futuro. "Eu não teria conhecido o pecado, se a
lei não disse," Não cobiçarás ". " Em segundo lugar . A
importância deste mandamento será sentida quando nós consideramos isso como
lançar as bases para justas e consistentes pontos de vista das doutrinas do
evangelho . As verdades sublimes de um são do mesmo Deus que "falou as
palavras" do outro. É só por invalidar a autoridade, ou subjugar o tom
altivo, dos mandamentos, que um homem pode resistir a provas ou perverter o
significado do evangelho.Como pode um homem, por exemplo, de forma consistente
negar a depravação total da raça humana, sem antes destruir o rigor
intransigente da lei divina, trovejando suas maldições sobre até mesmo um
desejo irregular? Como pode um homem convencer-se de que não é o seu dever de
acreditar no nome de Jesus Cristo para a salvação, sem primeiro convencer-se de
que não é o seu dever de amar a Deus com todo o coração e ao próximo como a si
mesmo, em uma palavra, que nada é devido a ele por Deus, e, conseqüentemente,
de que ele não é um assunto de governo moral de Deus? A grande promessa do
evangelho aos nossos primeiros pais, foi entregue em circunstâncias
ilustrativos desse sentimento; para os pontos de vista que tinham da sentença
passou sobre eles, os fez sentir a necessidade e o valor dessa promessa. Quantas
vezes nos discursos públicos de Jesus, e em mais diálogos privados, com várias
classes em torno dele, é que vamos ver a sua ansiedade para produzir uma
impressão de santidade e rigor dos mandamentos, evidentemente, com a finalidade
de silenciar o opositor e preparar ele "receber o reino de Deus?" Com
o mesmo espírito os apóstolos pregaram e escreveram. A consciência de culpa vai
levar você a contar com a perfeita obediência de Cristo. Aqui nós não temos
simplesmente, uma exposição de misericórdia, mas de "misericórdia e
verdade" congregar-não apenas o triunfo da graça, mas de "graça
reinando pela justiça , para a vida eterna. "" Deus o colocou diante,
não só como propiciação, mediante a fé no seu sangue, para a remissão dos pecados
", mas também," para demonstrar a sua justiça, que ele poderia ser
apenas , e justificador daquele que tem fé em Jesus "-. Desde Dr. Stowel .
REV. JAMES Wolfendale. Homilética completa do Pregador. Comentário No Livro De Moisés Chamado Quinta. Deuteronômio. FUNK &
WAGNALLS COMPANY.
Rm 7.7 «...pois não
teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás...» (Ver os
trechos de Êxo. 20:17 e Deut. 5:21). O apóstolo Paulo, iniciando aqui a sua
descrição sobre o conflito referido nas notas dos parágrafos anteriores,
mostra-nos, inicialmente, os efeitos negativos da lei mosaica nesse conflito,
demonstrando ainda mais profundamente o seu argumento que a lei não nos pode
ajudar nessa luta, e nem pode propiciar-nos a vitória; e chega mesmo a
demonstrar que essa vitória só pode ser obtida em Cristo, através do Espírito
Santo. E como ilustração, ele escolheu o décimo mandamento da lei mosaica,
«...cobiçarás...», neste caso, é a simples proibição do desejo que leva à
cobiça, ou seja, o desejo de possuir aquilo que é proibido, sem importar se se
trata da casa do próximo, de suas terras, de suas possessões ou de sua esposa.
Em outras palavras, se não houvesse nenhum mandamento da lei, descrevendo o mal
desse tipo de desejo, o pecado da cobiça não seria reconhecido. É verdade que a
própria consciência nos diria alguma coisa a respeito, conforme também Paulo dá
a entender no primeiro capítulo desta sua epístola; mas esse conhecimento
através da consciência, é fraco, em comparação com aquele que nos é revelado
por meio da lei. Assim, a cobiça, «como pecado», vem a ser plenamente
reconhecida através da lei, embora a experiência humana comum possa perceber
algo de sua verdadeira natureza. E que a lei tem por resultado levar o homem a
defrontar-se com a realidade do pecado, de um modo que não poderia ele fazer
doutro modo. Assim é que a lei ensina que o mero «desejo» de possuirmos aquilo
que nos é proibido já é um pecado, quanto mais a tentativa franca de posse ou a
posse mesma do objeto desejado? Quem, pois, pode estar livre do pecado, até
mesmo desse pecado em particular? Paulo, pois, exorta aqui aos seus leitores,
que «ouçam a lei falar».
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 688.
Rm 7.7 Se a lei não é
pecado (7.7) nem provoca a morte (7.13), qual é seu papel? Qual é seu
ministério? Qual é seu propósito? Paulo oferece três respostas:
O propósito da lei é
revelar o pecado (7.7). O pleno conhecimento do pecado vem pela lei (3.20). A
lei é um espelho que revela o ser interior e mostra como somos imundos (Tg
1.22-25). E como um prumo que mostra a sinuosidade da nossa vida. E como um
raio-X que diagnostica os tumores infectos da nossa alma. A lei detecta as
coisas ocultas na escuridão e as arrasta à luz do dia. É a lei que destampa o
fosso do nosso coração e traz à tona a malignidade do nosso pecado.
Digno de nota é o fato
de Paulo mencionar o décimo mandamento do decálogo como aquele que o tornou cônscio
do seu pecado e abriu seus olhos para a própria devassidão: “Não cobiçarás”
(7.7) Os nove primeiros mandamentos da lei são objetivos: “Nao terás outros
deuses diante de mim”; “Não farás para ti imagem de escultura”; “Não tomarás o
nome do Senhor teu Deus em vão”; “Lembra-te do dia do sábado para o
santificar”; “Honra a teu pai e a tua mãe”; “Não matarás”; “Não adulterarás”; “Não
furtarás”; “Não dirás falso testemunho”. Todos esses mandamentos são objetivos,
e qualquer tribunal da terra pode legislar sobre eles, fiscalizá-los e
condená-los. Mas o décimo mandamento (“Nao cobiçarás”) é subjetivo, pertence à
jurisdição do foro íntimo, e nenhum tribunal da terra tem competência para
julgar foro íntimo. A lei de Deus, porém, penetra como uma câmara de raio-X e
faz uma leitura dos propósitos mais secretos do nosso coração, trazendo à luz
seus desejos pervertidos.
William Greathouse
escreve oportunamente: “A lei não é um simples reagente pelo qual se pode
detectar a presença do pecado; é também um catalisador que ajuda e até mesmo inicia
a ação do pecado sobre o homem. A lei insufla o desejo ilícito”. A cobiça, do
grego epithymia, é algo que se expressa internamente — é um desejo, um impulso,
uma concupiscência.
Na verdade, inclui todo
tipo de desejo ilícito, sendo em si mesma uma forma de idolatria, uma vez que
põe o objeto do desejo no lugar de Deus. Segundo F. F. Bruce, epithymia pode
ser tanto um desejo ilícito como um desejo lícito em si, mas de tão egocêntrica
intensidade que usurpa o lugar que somente Deus deve ocupar na alma humana.
LOPES. Hernandes Dias. ROMANOS O
Evangelho segundo Paulo. Editora Hagnos. pag. 264-265.
3.
O TEXTO PARALELO.
Dt 5.21.
A última lei do Decálogo, referente à cobiça, exige comentários especiais.
Trata da motivação intrínseca. A fraseologia difere um pouco da utilizada em
Êxodo 20: 17, onde a casa do próximo (possivelmente “família e propriedades”) é
mencionada antes da mulher do próximo e aparece separadamente com o verbo
hàmad, ao passo que outros itens são mencionados numa outra frase, juntamente
com a esposa, governados pelo mesmo verbo. Em Deuteronômio a esposa aparece em
primeiro lugar, com o verbo hãmãd, ao passo que os outros itens são agrupados com
um verbo diferente (hifawwâ). A passagem em Deuteronômio sugere uma atitude
diferente da demonstrada em Êxodo para com as mulheres. Há exemplos desta
atitude mais sensível para com as mulheres em Deuteronômio, como por exemplo,
21: 1-5.
I. A. Thompson. Deuteronômio Introdução e Comentário.
Editora Vida Nova. pag. 47-48.
Exemplo
BIblico de Cobiça. Labão (Gên. 31:41); Acã (Jos. 7:21); os filhos de Eli (I
Sam. 2:12); Saul (I Sam. 15:9,19); Acabe (I Reis 21:2); os nobres dos judeus
(Nee. 5:7); a Babilônia (Jer. 51:13); Judas Iscariotes (Mat. 26:14.15); os
fariseus (Luc. 16:14); Aaanias (Atos 5:1-10); Félix (Atos 24:26); Balaão (II Ped.
2:15; Jud. 11).
A
cobiça é alistada como um dos pecados mortais, pela Igreja Católica Romana.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 774.
O Décimo Mandamento 5:21 (Exo. 20:17). Décimo
mandamento proíbe cobiçar o que pertence a outros. O objetivo deste comando é
ir além da ação humana. A liminar proíbe
os desejos do coração, a fonte interna de problemas que se manifestam na
sociedade. O autor do Deuteronômio alterar a ordem de Êxodo 05:17. Em Êxodo, a
casa ou a propriedade de outras pessoas, incluindo sua esposa, servos e
animais. O autor do Deuteronômio mulher separada do marido possuía. Esta ênfase
humanitária é característica do Deuteronômio e é consistente com o desejo do
autor para atualizar as leis mosaicas para corrigir problemas sociais da
comunidade do século VII. BC Neste e em outros casos, o livro de Deuteronômio, que
altera várias leis para elevar o status da mulher na sociedade israelense.
Daniel Carro; José Tomás
Poe; Ruben O. Zorzoli. Comentário bíblico mundo hispano. Editora Mundo Hispanico.
Casa Batista
de Pulblicaiones.
III. AVINHA DE NABOTE
1.
PROPOSTA RECUSADA.
O
Vinhedo de Nabote (21.1-29)
A
Iniqüidade de Acabe e Jezabel. A essência da história é a seguinte: Acabe
queria comprar o terreno adjacente a seu palácio, em Jezreel, sem dúvida com
propósitos de edificar alguma coisa. Ele queria tomar-se mais glorioso.
Embelezaria o lugar com um belo jardim e talvez alguma plantação. No entanto,
Nabote recusou- se a vender a terra que era sua herança ancestral. Acabe voltou
para casa para lamentar-se e adoeceu a tal ponto que nem ao menos comia.
Jezabel, sua esposa, perguntou-lhe a causa de toda aquela melancolia. Quando
ela soube o motivo da tristeza de Acabe, simplesmente ordenou que Nabote fosse
executado com base em uma falsa acusação, a de ter blasfemado contra Deus e
contra o rei. Acabe então tomou conta das terras. Elias ouviu a história e
proferiu uma maldição contra Acabe e sua família. As coisas haveriam de
terminar mal para eles. Haveria desastre e morte no seu caminho. Acabe humilhou-se
diante de Yahweh, pelo que o julgamento contra a sua casa foi adiado por uma
geração, mas isso não impediu que Acabe tivesse um fim violento, o que também
sucedeu no caso de Jezabel.
I Reis
21.1 Sucedeu depois disto. O incidente ocorreu algum tempo depois dos eventos
registrados no capítulo 20. A Septuaginta apresenta-nos a mesma ordem. O
incidente mostrou que Acabe, bem como Jezabel, em nada tinha mudado. Portanto,
as temíveis profecias contra Acabe dadas no capítulo 20 por certo ocorreriam.
Nabote,
o jezreelita. Nabote tinha uma pequena vinha localizada no terreno de sua
família. Mas ele não haveria de vender a herança de sua família nem que fosse
para agradar o rei, nem para conseguir uma vinha maior e melhor. Acabe teria de
tolerá-lo ali, ao lado do palácio real de Jezreel. Acabe aceitou essa derrota e
foi para casa lamentar-se entristecido. Mas Jezabel não suportaria a arrogância
de Nabote. Antes, Nabote seria um homem morto. Nabote estava dentro de seus
direitos, mas Jezabel tinha o poder, e, de acordo com alguns, “o poder é
direito”.
I Reis
21.2 Razões Estéticas. O rei Acabe, pelo menos por enquanto, estava livre da
guerra. Ele tinha derrotado os sírios (capítulo 20) quando estes tinham muito
maior número de homens de guerra, mas só ganhou a guerra devido à ajuda de
Yahweh. Portanto, ali estava ele, em sua residência de verão, a desfrutar de
uma vida amena. Então teve a idéia de embelezar sua propriedade. Seu palácio
era um lugar suntuoso, mas pareceria melhor ainda se contasse com um jardim
adjacente. A dificuldade, porém, foi que Nabote era o proprietário das terras
vizinhas ao palácio, e isso impedia a aventura estética de Acabe. Ver a
introdução a este capítulo quanto a um sumário da história.
Acabe
Mostrou-se Generoso. Ele ofereceu a Nabote uma vinha muito melhor em troca da
sua. Mas Nabote estava impedido (pela lei) de vender sua propriedade, visto ser
sua herança ancestral, que deveria passar adiante a seus descendentes. As leis,
contudo, podem ser violadas e mudadas de acordo com a vontade dos políticos,
usualmente em troca de alguma vantagem pessoal.
Kimchi
informa-nos que era costumeiro às pessoas mais ricas ocupar-se de pequenos
projetos agrícolas, próximo de suas casas, a fim de embelezá-las, além de
dar-lhes um suprimento de verduras frescas.
Acabe
ofereceu uma vinha melhor, ou dinheiro, se Nabote assim preferisse; mas esse
homem não queria fazer nenhum tipo de negócio. Isso lhe custaria a própria
vida. A oferta de Acabe, pois, foi “cortês e liberal” (Ellicott, in loc.). Mas
era contrária à herança dos hebreus. Ver o vs. 3 deste capítulo.
I Reis
21.3 Yahweh não toleraria tal transação, pois, afinal de contas, Sua lei, dada
através de Moisés, proibia esse tipo de negociação. Ver Lev. 25.13-28 e Núm.
36.7. Nabote era homem de razoáveis riquezas financeiras e estava contente com
o que possuía. Ademais, queria obedecer à lei mosaica. De acordo com a lei, seu
terreno poderia ser temporariamente alienado, para mais tarde ser redimido.
Havia preceitos que governavam as negociações de terras. Mas Acabe, como é
óbvio, queria ter a terra de forma permanente. Aquelas terras precisavam ser
dele.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1450.
A
recusa de Nabote de vender sua vinha para Acabe (21.1-4). Nabote era um
israelita de Jezreel que tinha um pedaço de terra cobiçado por Acabe. Jezreel
estava localizada na base do monte Gilboa, na região oriental do vale e da
planície de mesmo nome. A vinha de Nabote era próxima ao palácio real, isto é,
da casa de verão, e, aparentemente, Acabe, levado por um capricho, desejava
transformá-la em um jardim.
Nabote
tinha todo o direito de se recusar a vendê-la. Na verdade, ele teria
transgredido não só uma tradição, como também a sua consciência, se fizesse
essa venda (cf. Lv 25.23-28; Nm 36.7ss.). Acabe reconhecia que Nabote estava
religiosamente obrigado a conservar a posse de sua terra e que essa obrigação
não poderia ser contrariada. Entretanto, ele ainda assim queria essa área; ele
se irritou, adoeceu e deixou de comer. A única coisa pior que uma criança
mimada é um adulto amuado.
Harvey
E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e
II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 338.
I Reis
21.1-3 Acabe cobiçando a vinha de seu vizinho, que infelizmente está perto de
seu palácio e que poderia servir muito bem de horta. Talvez Nabote estivesse
satisfeito de ter uma vinha cuja localização dava, de maneira vantajosa, vista
para os jardins reais, ou de vender a sua produção à família real; mas a sua
localização mostrou- se fatal para ele. Se ele não tivesse nenhuma vinha, ou
ela ficasse em algum lugar distante, teria preservado a sua vida. Porém, muitas
posses de um homem são a sua armadilha e o viver próximo da nobreza tem sido de
perniciosa conseqüência. Acabe colocou seus olhos e o seu coração nessa vinha
(v. 2). Ela será uma bela adição ao seu domínio, uma passagem conveniente para
o seu palácio; e nada lhe satisfará a não ser que ela se torne dele. Ele é
bem-vindo para desfrutar de seus frutos, bem-vindo para passear por ela. Talvez
Nabote fizesse um arrendamento por toda sua vida, para agradá-lo; mas nada
satisfará a Acabe, a não sei’ que ele tenha absoluta propriedade dela, ele e
seus herdeiros para sempre. Mas ele não é um tirano para tomá-la à força, mas
de modo conveniente propõe ou dar a Nabote dinheiro pelo pleno valor dela ou
uma vinha melhor em troca. Ele tinha mansamente abandonado as grandes vantagens
que Deus lhe tinha dado de expandir seus domínios para a honra do seu reino,
com sua vitória sobre os sírios, mas agora está ansioso por aumentar seu
jardim, apenas para a conveniência da sua casa, como se ser cauteloso nas
pequenas coisas o redimisse de ser tolo nas grandes. Não era mal desejar algo
bom para sua propriedade (não haveria nenhuma compra se não houvesse nenhum
desejo pelo que é comprado. A mulher virtuosa examina uma herdade e
adquire-a)', mas desejar qualquer coisa imoderadamente, embora a adquirindo por
meios legítimos, é um fruto do egoísmo, como se nós devêssemos absorver todas
as conveniências, e ninguém devesse viver, ou viver confortavelmente, junto a
nós, contrariando a lei do contentamento, e a letra do décimo mandamento: não
cobiçareis a casa do teu próximo.
A
recusa que ele encontrou em relação ao seu desejo. De forma alguma Nabote
desistiria dela: guarde-me o Senhor (v. 3); e o Senhor tinha mesmo proibido a
negociação, do contrário ele não teria sido tão rude e descortês para com o seu
príncipe não o satisfazendo em um assunto tão pequeno. De forma peculiar, Canaã
era a terra de Deus, os israelitas eram os seus arrendatários, e essa era uma
das condições do seu arrendamento, que eles não alienassem (não, nunca para
outra pessoa) qualquer parte daquilo que caísse como seu lote, a menos em caso
de extrema necessidade, e então apenas até o ano do jubileu (Lv 25.28). Agora
Nabote previa que, se a sua vinha fosse vendida para a coroa, ela jamais
retornaria para seus herdeiros, não mesmo, nem no jubileu. De bom grado ele
favoreceria ao rei, mas devia obedecer a Deus mais do que aos homens, e por
isso, deseja ser desculpado quanto a esse assunto. Acabe conhecia a lei, ou
devia conhecê-la, e por essa razão fez mal em pedir aquilo que o seu súdito não
poderia conceder sem pecar. Alguns imaginam que Nabote olhava com respeito a
sua herança terrestre como uma garantia da sua parte na Canaã celestial, e por
isso não poderia desfazer-se da primeira, para que não perdesse o direito à
segunda. Parece que ele foi um homem consciencioso, que preferia arriscar-se a
desagradar ao rei a ofender a Deus, e provavelmente era um dos sete mil que não
tinham se curvado diante de Baal, pelo que, talvez, Acabe lhe tivesse rancor.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 532.
2.
O DIREITO DE PROPRIEDADE.
PROPRIEDADE
Esse
vocábulo vem do latim, proprus, «próprio», «pertencente a alguém».
Popularmente, a palavra indica algum objeto de valor que pertence a uma pessoa
como sua possessão. Mas também significa aquilo que pertence a um objeto, como
uma característica ou qualidade distintiva. Na filosofia, indica aquilo que é
comum a todos os membros de alguma classe, ou aquilo que uma pessoa possui.
Idéias
dos Filósofos:
1.
Aristóteles fazia da propriedade um dos cinco tipos de atribuição. Esses cinco
tipos são: espécie, genero, diferença, propriedade e acidente. O uso dessas
definições dá-nos uma boa ideia sobre a natureza e a manifestação das coisas.
Uma propriedade não faz parte da essência de uma coisa, apesar de pertencer
exclusivamente a ela. Por exemplo, uma propriedade do homem é a sua capacidade
de aprender as regras da gramática. Não se pode definir a essência de um homem
ao dizer que ele possui essa habilidade; mas podemos atribuir alguma coisa a
ele, ao mesmo tempo em que hesitaríamos atribuir tal capacidade a outros
objetos ou entidades.
2.
Locke falava nas propriedades no sentido de um «direito natural». Ele
acreditava que a possessão de uma propriedade é um direito outorgado por Deus,
algo básico à existência humana.
3.
Hegel, concordando com Locke, referia-se ao direito de ter alguma propriedade
como a primeira manifestação da liberdade humana. Para ele, negar o direito à
propriedade privada a um homem era furtar-lhe a sua liberdade, que é sua mais
preciosa possessão.
4.
Marx e o marxismo (vide), por outro lado, fazem do Estado o único proprietário.
E isso impôs o que Hegel temia, o arrebatamento da liberdade básica de um
homem. Marx pensava que aqueles que buscam ter propriedades ou as mantêm
usualmente estão envolvidos em alguma forma de divisão. No entanto, ele não
hesitou em viver do dinheiro e das propriedades que Engel lhe deixara, em seu
testamento.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 467.
I Reis
21.4 Então Acabe veio desgostoso e indignado para sua casa. O arrogante Nabote
havia negado ao “pobre rei” o seu brinquedo. Desgostoso, o rei voltou para casa
e deitou-se, tremendamente amuado. Usualmente sendo um bom garfo, dispondo de
todas as espécies de acepipes importados, ele parou de comer totalmente. E
ficou deitado em sua cama, adoentado e desapontado. “Pobre alma! Ele era senhor
sobre dez doze avos da terra, e, no entanto, sentia-se miserável porque não
podia obter a vinha de um homem pobre!... Toda privação e cruz faz uma alma
imunda sentir-se infeliz” (Adam Clarke, in loc.).
O
descontentamento de Acabe terminaria em um crime franco. O grande rei Acabe
agia como uma criança, mas Jezabel seria a executora.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1450.
I Reis
21.4 Por causa disso, o grande descontentamento e inquietação de Acabe. Ele se
sentiu como antes (20.43), descontente e indignado (v. 4), tornou-se
melancólico com isso, lançou-se em sua cama, e não queria comer nem conversar.
Ele não podia suportar de forma alguma a afronta. O seu espírito orgulhoso
piorou a injúria que Nabote lhe fez ao negá-lo, como algo intolerável. Ele
amaldiçoou o escrúpulo da consciência de Nabote, que ele fingiu consultar em
paz, e secretamente planejou vingança. Ele não podia suportar o desapontamento
que lhe cortava o coração ao ser contrariado em seus desejos e estava
completamente aborrecido. Note: (1)
O
descontentamento é um pecado que é a sua própria punição e faz com que nos
atormentemos a nós mesmos; ele faz que o espírito se entristeça, o corpo
adoeça, e todas as alegrias se tornem amargas; é o maior peso do coração e a
maior corrupção dos ossos. (2) E um pecado que é seu próprio pai. Ele não se
levanta da condição, mas da mente. Como nós encontramos Paulo satisfeito em uma
prisão, também vemos Acabe insatisfeito em seu palácio. Ele tinha todos os
deleites de Canaã, aquela terra prazerosa, às ordens, a riqueza de um reino, os
prazeres de uma corte e as honras e poderes de um trono; mas nada disso lhe
valia sem a vinha de Nabote. Desejos imoderados expõem os homens a contínuos
vexames, e aqueles que estão dispostos a se afligir, mesmo estando felizes,
sempre encontrarão alguma coisa de que se lamentar.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 533.
I Reis
21.4 Após ouvir o juízo de Deus (20.42), Acabe foi para sua casa aborrecido.
Tomado de furor e rebelião contra o Senhor, teve um acesso de ira quando Nabote
se recusou a vender-lhe sua vinha. O mesmo sentimento que o levou a procurar
apossar-se do poder, trouxe-lhe um forte ressentimento em relação ao seu
vizinho. A ira gerou o ódio que o levou a um assassinato. Nabote. porém, quis
obedecer ãs leis de Deus: Era considerado um dever rnanter em família a terra
de seus ancestrais. Este incidente mostra a cruel interação entre Acabe e
Jezabel. dois dos lideres mais impiedosos na história de Israel.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 497.
3.
O PECADO DE ACABE E JEZABEL.
O rei
Acabe cobiçou vinha de Nabote e isso resultou num escândalo nacional que levou
à ruína a casa real (1 Rs 21.1-16). Ele e sua esposa, Jezabel, violaram o sexto
mandamento: "Não matarás"; o oitavo: "Não furtarás"; o
nono: "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo"; e o décimo:
"Não cobiçarás". Dois outros casos de cobiça aconteceram na casa de
Davi: seu filho Amnom violentou a própria irmã, Tamar, movido pela lascívia (2
Sm 13.15), e Absalão desejou ocupar o trono de seu pai enquanto Davi ainda era
vivo e reinava em Israel (2 Sm 15.16).
No
Novo Testamento, encontramos Ananias e Safira, que desejavam prestígio na
Igreja, mas tentaram consegui-lo de maneira pecaminosa (At 5.1-11). Simão Mago,
de Samaria, tentou comprar os dons de Deus com dinheiro, pois almejava poderes
sobrenaturais para ostentação pessoal (At 8.18). Diótrefes, personagem
desconhecida, cuja única menção no Novo Testamento é desabonadora, já que ele
procurava ter o primado na Igreja (3 Jo 9).
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 136.
I Reis
21.9 Apregoai um jejum, e trazei a Nabote para a frente do povo. Nabote deveria
ser zombeteiramente exaltado e louvado. Ele era um homem bom, e o público
reconheceria isso. Muitas pessoas estariam presentes para honrá-lo, mas ao lado
dele haveria dois patifes que, de repente, acusariam o bom homem de blasfêmia
contra o rei e contra Elohim (o Deus de Israel, ou, talvez os deuses, conforme
a palavra hebraica pode ser traduzida). Seja como for, a acusação, nunca ouvida
nem provada em tribunal, resultaria em sua execução (vs. 13). Bastava que duas
testemunhas testificassem contra uma pessoa para que as acusações tomassem um
aspecto legal. Os dois patifes “cumpriram” a exigência legal. Ver Deu. 17.6,7.
Quanto a uma interpretação alternativa, ver a seguir.
O
texto hebraico original aceita outra interpretação. Em lugar da idéia de
exaltação, a colocação de Nabote à frente do povo pode significar “seja
submetido a julgamento”. Mas, quer ele fosse exaltado, quer fosse submetido a
julgamento, o pobre Nabote seria atraiçoado e executado por crimes que não
tinha cometido. Disse John Gill (in loc.): “...trazei-o ao tribunal e julgai-o.
Talvez em seus tribunais de juizo houvesse lugares mais elevados, acima da
cabeça das pessoas, onde os criminosos acusados costumavam pôr-se de pé, quando
estavam sendo julgados, a fim de que pudessem ser vistos e ouvidos por todos”.
Um
jejum. Jezabel fingiu que Israel estava enfrentando os pecados de Nabote.
Jejuns eram decretados em tempos de emergência nacional. Yahweh estaria prestes
a punir um povo desviado. Era necessário um arrependimento em massa, e pecados
secretos tinham de vir à luz. Algumas poucas execuções avivariam tais questões,
e isso aliviaria a ira divina. O jejum alegadamente prepararia o povo para
aproximar-se da deidade. A presença divina revelaria por que o país enfrentava
o perigo. Um jejum de sete dias era comum nos sepultamentos, em lamentação
pelos mortos (ver I Sam. 31.13), de modo que um jejum era com freqüência
associado à morte, e quase sempre ao pecado. Nas religiões modernas, essa não é
a razão principal para que haja jejum.
I Reis
21.10 Dois homens malignos. Nossa versão portuguesa provavelmente mostra-se
correta ao fazer do nome Belial um adjetivo que significa “homens malignos”. Esta
nova versão portuguesa concorda com a Revised Standard Version. Somente mais
tarde a palavra hebraica veio a significar um nome para Satanás, visto que essa
doutrina só se desenvolveu no judaísmo posterior. Eram essenciais duas
testemunhas, de acordo com a lei antiga (ver Deu. 17.6; 19.15; Núm. 35.30; Mat.
26.60). Isso deixava a questão aberta para a injustiça, porquanto não seria
dificíl conseguir duas “testemunhas” que concordassem em levantar uma acusação
qualquer contra alguém inocente. É admirável que o testemunho tenha sido
aceito, e não tenha havido nenhum julgamento como estamos acostumados a ver
hoje em dia.
"...
eles eram uns coitados inúteis, que tinham lançado fora o jugo da lei, visto
que belial significa criaturas abandonadas e sem lei, que não têm consciência
de coisa alguma” (John Gill, in loc.).
Blasfêmia.
Falar coisas pesadas e perversas contra Deus e o rei, esse foi o alegado
“crime” de Nabote. Entrementes, a abominável e idólatra Jezabel saiu livre de
qualquer punição, embora ela fosse um caso público e escandaloso de alguém que
deveria ser executado de acordo com os padrões da legislação mosaica. Esse era
um crime passível de execução e uma violação direta do segundo mandamento (Êxo.
20.4). Ver Deu. 17.2-5 quanto à pena de morte (por apedrejamento), que era o
castigo contra esse crime.
A
blasfêmia era punida com o apedrejamento, conforme aprendemos em Lev. 24.16 e
Deu. 13.9,10. A palavra hebraica aqui usada e traduzida como “blasfêmia”
usualmente significa “abençoar”, mas em um uso eufemístico significa também
“amaldiçoar”.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1450-1451.
O
plano de Jezabel (21.5-16). A consciência de Jezabel, de Tiro, não tinha sido
desenvolvida pelas tradições israelitas e pelo respeito aos direitos alheios.
Como Acabe não se apossou imediatamente da vinha de Nabote, uma coisa que
dificilmente seria capaz de entender (7), ela continuou com seu plano
diabólico. Os filhos de Belial (10) seriam homens desonestos. Nunca foi exposta
a falsa acusação de blasfêmia levantada contra Nabote perante a assembléia dos
anciãos e dos nobres. Este sincero israelita foi apedrejado de acordo com a lei
(13; cf. Lv 24.13-16), sob o testemunho de duas pessoas que teriam presenciado
a suposta ofensa (cf. Dt 17.6,7). Com a eliminação de Nabote, Acabe tomou posse
do jardim (15-16) que, sem dúvida, havia perdido grande parte de seus antigos
atrativos.
Harvey
E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e
II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 338-339.
Para satisfazê-lo,
ela planeja e maquina a morte de Nabote. Não menos do que o seu sangue servirá
para reparar a afronta que fizera a Acabe, o qual deseja com mais avidez por
causa da sua adesão à lei Deus de Israel.
1.
Tivesse ela desejado apenas suas terras, suas falsas testemunhas podiam ter
jurado falsamente por meio de um fato forjado (ela não podia ter emitido um
documento tão fraco, mas os anciãos de Jezreel teriam julgado que ele era muito
bom); mas a adúltera anda à caça de preciosa vida. (Pv 6.26). A vingança é
doce. Nabote deve morrer, e morrer como um malfeitor, para satisfazê-la. (1)
Nunca ordens mais perversas do que aquelas que Jezabel enviou aos magistrados
de Jezreel foram enviadas por qualquer príncipe (w. 8-10). Ela empresta o selo
pessoal do rei, mas o rei não sabe o que ela fará com ele. E provável que essa
não fosse a primeira vez que ele o emprestava a ela, mas que com ele ela
houvesse assinado ordens para matar os profetas. Ela usa o nome do rei, sabendo
que isso lhe agradaria quando estivesse terminado, mas temendo que ele pudesse
ter escrúpulos quanto ao jeito de fazê-lo. Resumindo, ela os ordena, com a
submissão deles, que condenem Nabote à morte sem lhes dar qualquer motivo para
fazerem isso.Tivesse ela enviado testemunhas para denunciá-lo, os juizes (que
devem proceder secundum allegata et probata — de acordo com as alegações e
provasj poderiam ter sido enganados, e a sua sentença podia ter sido mais
infeliz do que seu crime; mas obrigá-los a encontrarem testemunhas, filhos de
Belial, para eles mesmos suborná-las, e depois darem o veredicto sobre um
testemunho que eles sabiam ser falso, era uma provocação sem vergonha a tudo o
que era justo e sagrado, como não esperamos que possa ter paralelo em qualquer
história. Ela devia ter considerado os anciãos de Jezreel como homens
perfeitamente perdidos em relação a qualquer coisa que é honesta e honrável ao
esperar que essas ordens fossem obedecidas. Mas ela lhes ensinará um jeito de
fazer isso, tendo tanto da sutileza da serpente como tinha do seu veneno. [1]
Isso devia ser feito sob as aparências da religião: “apregoai um jejum; indicai
a vossa cidade que estais apreensivos acerca de um terrível julgamento que é
iminente sobre vós, ao qual deveis vos esforçar em evitar, não apenas pela
oração, mas descobrindo e excluindo a coisa amaldiçoada; fingi estardes
temerosos de haver escondido entre vósum grande infrator, por cuja causa Deus
está irado com a vossa cidade; encarregai o povo, se ele souber de algo assim,
de denunciá-lo naquela ocasião solene, quando o povo estiver preocupado com o
bem-estar da cidade; e finalmente, que Nabote seja preso como o suspeito,
provavelmente porque ele não se junta aos seus vizinhos na adoração. Isso
poderá servir de pretexto para que ele seja posto acima do povo, sendo
convocado à corte. Fazei proclamação que, se alguém puder acusá-lo diante da
corte, e provar que ele seja o Acã, deve ser ouvido; e então deixai que as
testemunhas apareçam para testemunharem contra ele”. Note: Não existe
perversidade tão desprezível, tão horrenda, para a qual algumas vezes a
religião não tenha sido feita de manto e cobertura para ela. De qualquer modo,
não devemos pensar o pior do jejum e da oração por eles terem sido usados às
vezes de forma abusiva como aqui; porém, devemos pensar muito pior daqueles
planos perversos que, em qualquer tempo, têm sido levados a efeito sob o abrigo
deles. [2] Isso também deve ser feito sob a aparên cia da justiça e nas
formalidades de um processo legal. Tivesse ela enviado a eles para alugar
alguns de seus bandidos, alguns rufiões perigosos, para assassiná-lo, para
golpeá-lo quando estivesse andando pelas ruas à noite, o feito teria sido mau o
suficiente; mas destruí-lo através da lei, usando para assassinar ao inocente
aquele poder que devia protegê-lo, foi tanto uma perversão violenta da justiça
e do julgamento quanto algo verdadeiramente monstruoso, e ainda somos
orientados a não nos maravilharmos com isso (Ec 5.8). O crime de que deviam
acusá-lo era o de haver blasfemado contra Deus e contra o rei — uma blasfêmia
confusa. Com certeza ela não podia pensar em um sentido de blasfêmia na
resposta que ele tinha dado a Acabe, como se lhe negar a sua vinha fosse
blasfemar do rei, e dar razão à lei divina fosse blasfemar de Deus. Não, ela
não finge ter nenhum fundamento para a acusação. Embora não houvesse nenhuma
plausibilidade nisso, as testemunhas deveriam jurar, e a Nabote não se devia
permitir que se defendesse, ou examinasse as testemunhas, mas, imediatamente,
sob o pretexto de um ódio universal ao crime, eles deviam levá-lo para fora da
cidade e apedrejá-lo. Por haver blasfemado de Deus ele teria o confisco da sua
vida, mas não a de sua propriedade, e por isso ele também foi acusado de
traição ao blasfemar do rei, por cujo ato sua propriedade devia ser confiscada,
de maneira que Acabe pudesse ter a vinha que lhe pertencera.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 533-534.
4.
O CASAL NÃO CONTAVA COM UMA TESTEMUNHA VERDADEIRA.
I Reis
21.15 As boas novas foram comunicadas a Acabe. Agora ele tinha um brinquedo com
o qual brincar, a saber, a vinha de Nabote. Não fora Acabe quem inventara o
plano para assassinar Nabote, mas ele estava ansioso por tirar vantagem dos
resultados desse plano, e assim tornou-se cúmplice de sua mulher, Jezabel. O
infantil e velho rei levantou-se de seu “leito de enfermidade” e imediatamente
foi até o terreno de Nabote para preparar ali um jardim (vs. 2). II Reis 9.26
mostra- nos que os filhos de Nabote também foram executados, e isso só serviu
para complicar a questão inteira, a saber, acarretando a morte violenta de
Jezabel e Acabe. O dia do castigo deles estava próximo.
I Reis
21.16 Josefo (Antiq. VIII.13.8) diz-nos que “Acabe alegrou-se diante do que
tinha sido feito e levantou-se imediatamente do leito onde tinha jazido”. Acabe
tinha menos força de vontade e má imaginação que Jezabel, mas era, igualmente,
constituído de consciência. A Septuaginta, por outra parte, pinta Acabe como
entristecido pela execução, mencionando que ele “rasgou suas roupas e vestiu-se
de cilício". É possível que essas vestes rasgadas impliquem a verdade dos
fatos, e que o texto massorético removeu essa porção, pensando exaltar demais
ao ímpio Acabe. Até o cruel Acabe poderia ter ficado temporariamente chocado
por causa daquele assassinato. Mesmo sua mente embrutecida poderia ter
compreendido, naquele momento, a grande injustiça que fora cometida.
Jezreel
ficava a cerca de vinte e seis quilômetros de Samaria, de modo que Acabe fez
uma pequena viagem para dar outra olhada em “suas terras”, que se tornariam o
“seu jardim” para embelezar sua residência de verão. John Gill (in loc.)
imaginou que ele tenha ido até lá em meio a grande pompa e glória, sendo
acompanhado por altos oficiais para celebrar a feliz ocasião.
A
Intervenção e a Retaliação de Elias (21.17-29)
Acabe
e Jezabel tinham semeado o vento e logo colheriam o tufão (ver Osé. 8.7). O
sangue de Nabote e de seus filhos (ver a história anterior) seria vingado.
“A
dinastia de Onri, pai de Acabe, seria desmantelada, tal como aconteceu à
família de Nabote, e pelas mesmas razões. Nenhuma dessas linhagens reais fora
fiel aos ideais deuteronômicos" (Norman H. Snaith, in loc.). “Novamente,
Deus escolheu Elias para levar uma mensagem de julgamento a Acabe, que estava,
naquele momento, na vinha de Nabote. Deus transmitiu a Elias o que ele deveria
dizer (vs. 19)” (Thomas L. Constable). A abominável e ímpia Jezabel tinha
cometido o duplo crime de assassinato e confisco ilegal de uma herança
familiar. Acabe foi o cúmplice declarado desses crimes e sofreria sorte
igualmente horrível.
I Reis
21.17,18 A palavra do Senhor (Yahweh) veio novamente a Elias. Ele teve uma
visão, um sonho incomum, ouviu uma voz direta ou, de outra maneira qualquer,
esteve em comunicação com o Ser Divino. Cf. I Reis 18.1, a primeira ocasião em
que a palavra do Senhor veio a Elias, ordenando-lhe proferir julgamento contra
Acabe.
localização
de Acabe foi dada a Elias. Naquele exato instante, Acabe estava tomando posse
da vinha de Nabote, que ele tinha obtido através de assassinato. Elias haveria
de “apanhá-lo com a mão na botija”, porquanto estaria tomando posse ilegal de
uma herança de família. O versículo à nossa frente parece indicar a localização
da vinha em Samaria, mas Nabote era de Jezreel, e podemos supor que sua vinha
estivesse ali. Acabe tinha uma residência de verão naquele lugar. É possível
que a declaração feita pelo autor, neste versículo, tenha sido um equívoco.
Acabe tinha palácios em dois lugares, porém o mais provável é que a vinha
ficasse perto de Jezreel e a herança da família de Nabote também estivesse
nessa última cidade.
Elias
desceu no dia seguinte após as matanças (ver II Reis 9.26).
I Reis
21.19 A mensagem a ser transmitida foi direta e brutal. Acabe era um homem
morto. Além disso, morreria em desgraça. No próprio lugar onde os cães tinham
vindo lamber o sangue de Nabote, também lamberiam o sangue de Acabe, e dessa forma
a Lei Moral da Colheita segundo a Semeadura teria exato cumprimento. Essa foi a
Lex Talionis divina (ver no Dicionário), isto é, uma punição em termos iguais,
como olho por olho e dente por dente.
A
profecia não se cumpriu em termos exatos, mas, sim, quanto à sua essência,
conforme salientou John Gill (in loc.): “... a profecia teve cumprimento em
seus filhos, que eram sua carne e seu sangue (ver II Reis 9.26), porquanto o
castigo foi adiado em seus dias e transferido para os seus filhos (ver o vs.
29). Os cães, entretanto, lamberam-lhe o sangue, embora não no mesmo local (ver
I Reis 22.8)”. O arrependimento de Acabe alterou, até certo ponto, o
cumprimento final da profecia, conforme vemos no vs. 29.
“É
inútil procurarmos um cumprimento literal dessa predição. Esta teria sido assim
cumprida, mas a humilhação de Acabe induziu um Deus misericordioso a dizer:
'Não trarei este mal nos seus dias, mas nos dias de seu filho o trarei sobre a
sua casa’ (vs. 29)” (Adam Clarke, in loc.). Os cães lamberam o sangue de Nabote
em Jezreel, e o de Acabe perto de Samaria.
“Quando
os cães lambiam o sangue de alguém, isso indicava uma morte desgraçada,
especialmente no caso de um rei, cujo corpo normalmente seria guardado e
sepultado com grande respeito” (Thomas L. Constable, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1451-1452.
A Jezabel,
muito alegre por sua conspiração ter sido bem sucedida, leva a notícia a Acabe
de que Nabote não vive, mas é morto; por isso, diz ela, levanta-te e possui a
vinha de Nabote (v. 15). Ele podia ter tomado posse através de um de seus
oficias, mas ele está tão satisfeito com o acesso aos bens de Nabote, que ele
mesmo viajará até Jezreel para tomar posse deles. E parece que ele foi com
grande pompa também, como se tivesse obtido alguma grande vitória, pois muito
tempo depois Jeú se lembra que ele e Bidcar o acompanharam naquela ocasião (2
Rs 9.25). Se os filhos de Nabote foram todos executados, Acabe pensou ter
direito à propriedade ob defectum san- guinis — por falta de herdeiros (como
nossa lei o expressa); se não, ainda assim, Nabote tendo morrido como um
criminoso, Acabe a reclamou como ob delictum criminis — como alguém que teve
seus bens confiscados por seu crime. Ou, se nada o justificasse, o poder
absoluto de Jezabel lhe daria os bens de Nabote, e quem ousaria se opor à sua
vontade? Com freqüência o poder prevalece contra o direito e é admirável que a
divina paciência tolere que isso aconteça. Certamente Deus é tão puro de olhos,
que não pode ver o mal, e ainda por um tempo se cala quando o ímpio devora
aquele que é mais justo do que ele (Hb 1.13).
Podemos
observar nesses versículos:
A má
reputação que é atribuída a Acabe (w. 25,26), que entra aqui para justificar
Deus em relação à pesada sentença que lhe impôs, e para mostrar que embora lhe
fosse imposta por ocasião do seu pecado no que tocava ao assunto de Nabote
(muito parecido com o pecado de Davi no assunto relacionado a Urias), ainda
Deus não o teria punido de maneira tão severa, se ele não fosse culpado de
muitos outros pecados, principalmente da idolatria. Ao passo que Davi, com
exceção daquele erro, fez o que era reto. Mas, quanto a Acabe, ninguém fora
como ele, tão engenhoso e industrioso em relação ao pecado, e que fez dele uma
ocupação. Ele se vendera para fazer o que era mau, isto é, tornou-se um
completo escravo de suas luxúrias, e esteve tanto à disposição e às ordens
delas quanto qualquer criado às ordens de seu senhor. Ele entregou-se
completamente ao pecado, e com a condição de que pudesse desfrutar dos prazeres
que dele vêm, ele receberia a paga por ele, a qual é a morte (Rm 6.23). O
bendito Paulo queixou-se de que ele estava vendido sob o pecado (Rm 7.14), como
um pobre cativo contra a sua vontade; mas Acabe era voluntário: ele se vendera
ao pecado; por escolha, e como seus próprios atos e escolha, ele se submeteu ao
domínio do pecado. Não era desculpa para seus crimes o fato de que Jezabel, sua
mulher; o incitava a proceder perversamente e o fazia, em muitos aspectos, pior
do que de outra forma teria sido. A que grau de impiedade chegou ele, que tinha
tanto material inflamável em seu coração e tal temperamento em seu peito para
acender o fogo dentro dele! Ele fez o mal em muitas coisas, porém, o pior foram
as abominações, seguindo os ídolos, como os cananeus. Suas imoralidades
provocavam muito a Deus, mas principalmente sua idolatria. A situação de Israel
era triste quando um príncipe de um caráter como esse reinava sobre ele.
A
mensagem com a qual Elias foi enviado para ele, quando foi tomar posse da vinha
de Nabote (w. 17-19).
1. Até
aqui Deus se manteve em silêncio, não interferiu na correspondência de Jezabel,
nem suspendeu o processo dos anciãos de Jezreel; mas agora Acabe é reprovado e
o seu pecado é posto diante de seus olhos. (1) Elias é a pessoa enviada. Um
profeta de posição inferior tinha sido enviado a ele com mensagens de bondade
(20.13). Mas o pai dos profetas é enviado para afligi-lo e condená-lo por seu
assassinato. (2) O lugar é a vinha de Nabote e o tempo, justamente quando Acabe
está tomando posse dela; então, e ali, a sua sentença deve ser lida para ele.
Ao tomar posse, ele aprovava tudo o que fora feito, e fez a si mesmo culpado ex
post facto — como um cúmplice após o fato. Ele foi pego por autorizar os erros,
e por isso a condenação cairia sobre ele com muito mais força. “O que tens tu
para fazer nesta vinha? Que bem podes esperar dela quando a adquiriste com
sangue (Hb 2.12) e sufocaste a alma do seu dono (Jó 31.39). Agora que ele está
se alegrando com o seu bem adquirido desonestamente, e dando orientações para
mudar a vinha em um jardim de flores, a sua comida se mudará nas suas
entranhas. Porquanto não sentiu sossego. Haja, porém, ainda de que encher o seu
ventre, e Deus mandam sobre ele o ardor da sua ira (Jó 20.14,20,23). 2. Vejamos
o que se passou entre ele e o profeta. (1) Acabe desabafou sua ira contra Elias,
encolerizou-se ao vê-lo, e, em vez de humilhar-se diante do profeta, como devia
ter feito (2 Cr 36.12), estava pronto para voar em seu pescoço. Já me achaste,
inimigo meu? (v. 20). Isso mostra: [1] Que Acabe o odiava. A última vez em que
os encontramos juntos separaram-se como bons amigos (18.46). Na ocasião, Acabe
tinha permitido a reforma e por isso, tudo estava bem entre ele e o profeta;
mas agora ele tinha reincidido e estava pior que nunca. A sua consciência lhe
dizia que havia feito de Deus seu inimigo e, por essa razão, ele não poderia
esperar que Elias fosse seu amigo. Note: A condição do homem que fez da palavra
de Deus sua inimiga é muito miserável, e a sua condição, quando considera os
ministros daquela palavra seus inimigos porque lhe clizem a verdade (G1 4.16),
é muito desesperada. Tendo-se vendido ao pecado, Acabe estava resolvido a
manter o negócio e não podia tolerar aquele que o teria ajudado a se recuperar.
[2] Que Acabe o temia: Já me achaste? Insinuando que ele o evitava o quanto
podia, e que agora era um terror para ele ter de vê-lo. Ver o profeta era, para
Acabe, como a visão da mão escrevendo sobre a parede para Belsazar; então se
mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram. As juntas dos seus
lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro. Nunca houve um
pobre devedor ou criminoso tão confuso diante do oficial que veio para
prendê-lo. Os homens podem se culpar se fazem de Deus e da sua palavra um
terror para si. (2) Elias pronunciou a ira de Deus contra Acabe: Achei-te (diz
ele no v. 20), porquanto já te vendeste para fazeres o que é mau. Note: Aqueles
que se entregam ao pecado certamente serão descobertos, cedo ou tarde, para o
seu horror e assombro. Agora, Acabe está no lugar do réu, como esteve Nabote, e
treme mais do que Nabote tremeu. [1] Elias declara a sua acusação contra ele e
o condena pelas evidências notórias do fato (v. 19): Não mataste e tomaste a
herança? Assim ele foi responsabilizado pelo assassinato de Nabote, e não lhe
adiantaria dizer que a lei o havia matado (a justiça pervertida é a maior das
injustiças), nem que, se ele foi processado injustamente, não era sua culpa —
que ele não sabia nada disso; pois tudo foi feito para agradá-lo e ele se
mostrou feliz com isso e, dessa forma se fez culpado por tudo que tinha
ocorrido na condenação injusta de Nabote. Ele matou, pois ele tomou posse. Se
ele toma o jardim, leva a culpa junto com ele. Terra transit cum onere — a
terra com o encargo. [2] Elias dá a sentença sobre ele. Ele lhe fala da parte de
Deus que a sua família será arruinada e arrancada (v. 21) e cortada toda a sua
posteridade — que seria feito à sua casa como às de seus predecessores
pervertidos, Jeroboão e Baasa (v. 24), particularmente, que aqueles que
morressem na cidade seriam alimento para os cães e aqueles que morressem no
campo, para os pássaros (v. 24); o que tinha sido predito a respeito da casa de
Jeroboão (14.11) e da casa de Baasa (16.4) — que Jezabel, particularmente,
seria devorada pelos cães (v. 23); o que se cumpriu (2 Rs
9.86) — e, para o próprio Acabe, que os cães lamberiam o seu sangue no mesmo
lugar onde lamberam o de Nabote (v. 19 — “o teu sangue, o teu mesmo, embora
seja sangue real, embora ele aumente em tuas veias com orgulho e ferva em teu
coração com ira, em breve será diversão para os cachorros”), o que se cumpriu
em 22.88. Isso implica que ele morreria de morte violenta, seria trazido ao seu
túmulo com sangue, e que a desgraça o visitaria, cuja previsão deve
necessariamente ser uma grande mortificação para um homem tão orgulhoso. Aqui
se insiste nas punições após a morte, as quais, embora afetassem apenas o
corpo, talvez fossem planejadas como figuras das misérias da alma depois da
morte.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 534-535.
A
SENTENÇA de Deus (1 Rs 21:16-29)
"Certamente,
o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos
seus servos, os profetas" (Am 3:7). Elias saiu de cena desde que chamou
Eliseu para ser seu sucessor, mas agora Deus colocava seu servo no centro do
palco, a fim de confrontar o rei. Como sempre faz quando dá uma tarefa a ser
cumprida, o Senhor disse a Elias exatamente o que falar ao rei perverso.
Acabe
havia derramado sangue inocente, e o sangue culpado do rei seria lambido pelos cães.
Que maneira mais trágica de um rei de Israel terminar seu reinado! Numa ocasião
anterior, Acabe havia chamado Elias de "perturbador de Israel" (18:1
7), mas dessa vez levou a questão a um nível mais pessoal e chamou o profeta de
"inimigo meu". Na verdade, ao lutar contra o Senhor, Acabe foi seu
próprio inimigo e trouxe sobre si a sentença pronunciada por Elias.
Acabe
morreria de forma desonrosa, e os cães lamberiam seu sangue. Jezabel morreria e
seria consumida pelos cães. Mais cedo ou mais tarde, toda sua posteridade seria
erradicada da terra. Haviam desfrutado seus anos de prazeres pecaminosos e de
interesses egoístas, mas tudo isso acabaria em julgamento.
Em vez
de ir para casa e ficar amuado, Acabe se arrependeu! O texto não diz o que sua
esposa pensou dessa atitude, mas o Senhor, que vê o coração, aceitou sua
humilhação e falou dela a seu servo. O Senhor não cancelou o julgamento
anunciado, mas o adiou até o início do reinado de jorão, filho de Acabe (ver 2
Rs 9:14-37). Acabe foi morto no campo de batalha, e os cães lamberam seu sangue
ju n to ao a çud e de Samaria (1 Rs 22:37, 38). Em função desse adiamento do
julgamento, os cães lamberam o sangue de Jorão, filho de Acabe, na propriedade
de Nabote, exatamente como Elias havia prenunciado (2 Rs 9:14-37).
Acontecimentos posteriores mostraram que o arrependimento de Acabe durou pouco,
mas, pelo menos, o Senhor lhe deu outra oportunidade de deixar seu pecado e de
obedecer à Palavra. De quantas provas mais Acabe precisava? No entanto, não era
fácil romper
a influência de sua esposa, pois quando Acabe casou-se com ela, vendeu-se para o
pecado.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
A.T. Vol. III. Editora Central Gospel. pag. 481-482.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
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