Seguidores do Blog

12° LIÇÃO 1° TRIMESTRE 2015 NÃO COBIÇARÁS


NÃO COBIÇARÁS
"Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo" (Êx 20.17).
Este mandamento tem uma particularidade que o faz diferir dos outros nove. Enquanto os mandamentos anteriores referem-se ao comportamento exterior e direto da pessoa, o décimo mandamento reporta-se ao comportamento subjetivo, íntimo e interior do indivíduo. Ou seja, este mandamento está relacionado ao que a pessoa pensa e sente quando da sua peregrinação existencial.
Quem pode entrar na consciência de alguém e desvendar o que se passa por lá? Graças a Deus ninguém possui tal capacidade, exceto o próprio Deus na pessoa consoladora do Espírito Santo. Este fala à nossa consciência e coração. Quaisquer crentes têm uma voz interna a falar automaticamente ao coração quando o desejo insano de se apropriar do que pertence aos outros brota no coração. O Espírito Santo fala conosco!
Atentai para o ensinamento do Evangelho: "Ouvis-tes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela" (Mt 5.27,28). Quer dizer que basta um olhar para caracterizar o pecado de adultério? Mas quem julgará isso? Ora, simples: o Espírito Santo fala consciência da pessoa. O que Jesus nunca propôs é que apenas os atos visíveis sejam transformados. O nosso Senhor ataca a raiz dos problemas. Enquanto muitos escribas supervalorizavam o exterior e as obras que faziam, Jesus de Nazaré queria saber da motivação das pessoas. Qual a nossa motivação de ir à Igreja? De estar com pessoas? Será que a motivação é nobre? Autêntica? Legítima? Pura?
Hoje em dia, propagandas na televisão, no rádio, nas revistas, na internet e em todo lugar possível são feitas para alimentar o consumismo no povo. Tais propagandas criam pseudo-necessidades para as pessoas sentirem-se infelizes, até mesmo inferiores as outras enquanto não tiver adquirido aquele objeto da propaganda. Fabricantes de marcas famosas não têm o pudor de usarem os corpos das mulheres para popularizar suas marcas. Usam as mulheres como iscas em anzol para atrair consumidores a fabricas dos seus produtos. O consumismo tem dominado tanto a vida das pessoas que leva quase todos a violarem o princípio do décimo mandamento.
Revista ensinador. Editora CPAD Ano 16 - N° 61. pag. 42.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O Decálogo conclui com um mandamento que proíbe o desejo ilícito, a cobiça sem sugestão alguma de ato, pois diz respeito primariamente à motivação, e não à ação concreta. A cobiça é um mal devastador muito comum ainda hoje em nossa cultura ocidental materialista. Trata-se de uma atitude de natureza interna que pode expressar-se em ato real. Toda ação boa ou ruim começa no pensamento. Os outros mandamentos proíbem atos; aqui, a proibição diz respeito ao desejo, não ao desejo em si, mas ao desejo daquilo que pertence a outro. Não é pecado desejar bens e conforto, as coisas boas de que necessitamos na vida.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 131-132.
Controlando os desejos (v. 17). O primeiro e o décimo mandamentos tratam daquilo que se encontra no coração, enquanto os outros oito concentram-se em ações exteriores. Pessoas gananciosas transgridem todos os mandamentos de Deus a fim de satisfazer seus desejos, pois o coração do pecado é o pecado no coração (Mt 15:19). Cobiçar é alimentar desejos interiores por qualquer coisa que Deus considera pecaminosa. Foi esse mandamento que "abateu" Saulo de Tarso e que convenceu esse fariseu bem-sucedido de que ele era um pecador (Rm 7:1-14; ver Lc 12:15; Ef 5:3; Cl 3:5).
Os dez mandamentos terminam com uma ênfase no bom relacionamento com nosso próximo, pois o segundo maior mandamento é amar ao próximo como a si mesmo (Mt 22:34-40; Lv 19:18). Se amamos nosso próximo, não cobiçamos o que ele tem, não roubamos dele, não mentimos sobre ele nem fazemos qualquer uma das coisas que Deus proíbe em sua Palavra. Por isso, o amor é o cumprimento da lei (Rm 13:8-10). No entanto, só Deus pode mudar o coração pecaminoso (Hb 10:14-18), dando-nos o amor de que precisamos para lhe obedecer e levando-nos a nos preocupar com os outros (Gl 5:22-26; Rm 5:1-5).
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 291.
O Décimo Mandamento (v. 17). não cobiçarás ... O verbo traduzido cobiçam , em hebraico, significa um "messy, desejo egoísta e indomável" e "ter prazer em". Então, tem um duplo significado; é um desejo secreto de algo que pertence a outro, e é uma ação que vem da vontade de assumir desejada (ver 34:24, Dt 07:25) .. Este comando e o oitavo garantia do direito fundamental à propriedade privada.
O mandamento é uma proibição contra a inveja. O membro da comunidade não deve cobiçar a família de nosso vizinho, ou sua propriedade, ou qualquer coisa dela. Tudo que você precisa é um outro dom de Deus, e cobiçar o que seu vizinho é desprezar o que ele tem. Então, a cobiça é rejeitar a providência de Deus. O primeiro mandamento havia estabelecido o relacionamento correto com Deus. A última é a correta relação um ao outro; no entanto, isso depende da relação primária com o Senhor.
Daniel Carro; José Tomás Poe; Ruben O. Zorzoli. Comentário bíblico mundo hispano. Editora Mundo Hispanico. Casa Batista de Pulblicaiones.
I. O DÉCIMO MANDAMENTO
1. ABRANGÊNCIA.
O décimo mandamento aborda a responsabilidade do israelita sobre o pecado do pensamento. É um recurso divino que Deus proveu para habilitar o israelita a obedecer os mandamentos anteriores. A cobiça é um dos piores pecados, o pecado que não se vê. Essa é a sua característica distintiva em relação aos outros, pois não é possível ser conhecido. Isso mostra que o Legislador divino é onisciente, pois ele conhece o mais íntimo do coração humano, nossos desejos e intenções (1 Rs 8.39; 1 Cr 28.9; Jr 17.10; At 1.24). Deus se interessa não só pelos corretos atos concretos, não apenas pelo cerimonialismo na adoração, mas principalmente pela pureza de um coração sincero. Isso mostra o lado espiritual do Decálogo; nem tudo é apenas jurídico. A ideia central é não desejar aquilo que pertence ao outro.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 132.
O último dos mandamentos (Êx 20.17), de alguma maneira, é um resumo dos outros e, ao mesmo tempo, é muitíssimo diferente deles em termos da perceptibilidade da ofensa em pauta. A ofensa tem que ver com uma disposição ou inclinação interior que, na verdade se não for verificada, pode se manifestar no comportamento, mas que pode nunca ser detectada por um sinal exterior. Entretanto, a cobiça por algo que pertence a outro, quer visível quer não, é pecado contra Deus, o doador de todas as coisas, e contra o indivíduo que é o receptor da graciosa concessão dele. Cobiçar a propriedade de um irmão equivale a roubá-la; pois se, na verdade, a ânsia de ter a posse for forte o bastante pode bem levar ao roubo, uma clara violação do oitavo mandamento. Da mesma forma, o homem que cobiça a esposa de seu irmão já tem propósitos adúlteros em relação a ela e, se não for reprimido, é provável que quebre o sétimo mandamento e tenha um caso ilícito com ela. Se for impedido de fazer isso pelo marido da mulher, o infrator pode chegar até mesmo a cometer homicídio a fim de satisfazer seus impulsos lascivos.
Vista dessa maneira, a cobiça parece bem menos benigna que à primeira vista; pois é um indício de uma atitude pecaminosa que não precisa encontrar expressão ativa a fim de ser ofensiva à aliança e à comunidade da aliança. Esse último dos mandamentos, em alguns aspectos, é o mais sugestivo do ponto de vista teológico porque localiza a nascente do comportamento pecaminoso do homem exatamente ao lugar a que pertence, bem no fundo do coração e da mente. Jesus entendeu bem isso ao dizer: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não adulterarás’. Mas eu lhes digo: Qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração” (Mt 5.27,28).
Eugene H. Merrill. Teologia do Antigo Testamento. Editora Shedd Publicações. pag. 337-338.
Neste ponto, no tocante ao décimo mandamento, aprendemos que a lei aplica-se não somente aos atos, mas também aos sentimentos e intenções do coração. Em outras palavras, a lei envolvia sentimentos interiores, e não apenas atos externos. O sétimo mandamento proíbe o sexo com a mulher de outro homem; e o décimo mandamento proíbe o desejo disso. Neste ponto, a lei aproxima-se da abordagem feita por Jesus a respeito, em Mat. 5.21 ss. Todos os pensamentos devem ser levados ao cativeiro a Cristo (II Cor. 10.5). Se o oitavo mandamento proíbe o roubo, 0 décimo proíbe até mesmo o desejo de roubar.
Por conseguinte, o décimo mandamento opera como uma espécie de limiar das noções neotestamentárias sobre essas mesmas questões. O Novo Testamento repete dez dos mandamentos, deixando de fora aquele atinente ao sábado. Mas o dia do Senhor ou domingo, embora não seja um sábado ou descanso, envolve as implicações espirituais do mandamento relativo ao sábado, enaltecendo e iluminando o sentido espiritual do sábado.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 395.
Este último mandamento está por baixo dos quatro precedentes, visto que atinge o propósito do coração. Matar, adulterar, roubar e mentir são resultados de desejos errados que inflamam nosso ser. E singular que a lei hebraica inclua este desafio ao nosso pensamento e intenção. “Os antigos moralistas não reconheciam esta condição” e não condenavam os desejos maus. Mas é no coração onde se inicia toda a rebelião, e este mandamento revela o aspecto interior de todos os mandamentos de Deus. Paulo reconheceu este aspecto interior da lei quando se conscientizou de sua condição pecaminosa (Rm 7.7). Muitas pessoas são absolvidas de crimes com base em atos exteriores, mas são condenadas quando levam em conta os pensamentos interiores. Estes desejos cobiçosos são, por exemplo, pela propriedade ou pela mulher pertencente ao próximo (17). Tais desejos criminosos precisam ser purgados pelo Espírito de Deus; só assim viveremos em obediência perfeita à santa lei de Deus.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora CPAD. pag. 192.
2. OBJETIVO.
A vontade de Deus expressa nesse último mandamento do Decálogo é que haja pleno contentamento com aquilo que temos e com a nossa condição: "Contentai-vos com o vosso soldo" (Lc 3.14), ensino de João Batista para os militares. "Mas é grande ganho a piedade com contentamento" (1 Tm 6.6). Quem tem Jesus não está obcecado pelas riquezas materiais, pois tem em seu interior algo muito mais valioso que os tesouros do mundo. A NTLH traduz esse versículo da seguinte forma: "É claro que a religião é uma fonte de muita riqueza, mas só para a pessoa que se contenta com o que tem”. A Bíblia nos exorta ainda: "contentando-vos com o que tendes" (Hb 13.5). Há aqui certo paralelo com Filipenses 4.11. Mas convém ressaltar que todas essas exortações não são uma apologia à pobreza nem uma defesa do status quo econômico; é uma recomendação para que nossos desejos não vendam desagradar a Deus nem causar danos ao nosso próximo (Rm 12.15).
A conduta do cristão deve ser a de se alegrar com que os se alegram e chorar com os que choram (Rm 12.15). Ninguém deve ser dominado pela inveja (G1 5.26; Tg 4.14-16) nem alimentar o sentimento de tristeza pelo sucesso alheio (Ne2.10;Sl 112.9,10). Glorifique a Deus pelas bênçãos e pelo sucesso do seu irmão, e você será abençoado também, a seu tempo (Ec 3.1-8).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 138.
Este proíbe qualquer desejo desenfreado de ter aquilo que será uma satisfação para nós mesmos. “Oh! Se a casa deste homem fosse minha! Se a mulher daquele fosse minha! Se a propriedade deste fosse minha!” Esta é, certamente, a linguagem do descontentamento com a nossa própria sorte, e inveja da do nosso próximo. E estes são principalmente os pecados que são proibidos aqui. O apóstolo Paulo, quando a graça de Deus fez com que caíssem escamas dos seus olhos, percebeu que esta lei: “Não cobiçarás”, proibia todos os desejos irregulares que sáo os primogênitos da natureza corrupta, o primeiro despertar do pecado que reside em nós, e o início de todo o pecado que é cometido por nós. Esta é aquela luxúria, diz ele, cujo mal ele não teria conhecido, se este mandamento, quando veio à sua consciência não lhe tivesse mostrado, Romanos 7.7. Deus nos permite, a todos, vermos o nosso rosto na lente desta lei, e a colocar nossos corações sob o seu governo!
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 296.
"Este é um preceito mais excelente moral, a observância do que irá prevenir todos os crimes públicos, pois quem sente a força da lei que proíbe o desejo desordenado de qualquer coisa que é propriedade de outro, nunca pode abrir uma brecha no paz da sociedade por um ato de errado a qualquer um dos seus mais fraco até mesmo membros."
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.
Êxo 20.17 — Cobiçar (hb. hamad) significa possuir enorme desejo por. Cobiçar não era apenas apreciar algo à distância, e sim possuir uma vontade incontrolável, excessiva e egoísta de apoderar-se do bem de outrem. O décimo mandamento aborda uma disposição interior: o pecado também ocorre no pensamento. Isso demonstra que Deus queria que os israelitas não só evitassem praticar as ações malignas previamente estabelecidas em sua mente, como também descartassem todos os pensamentos perversos que levavam às atitudes de cobiça.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 166-167.
3. CONTEXTO.
O décimo mandamento aparece expandido em Deuteronômio em relação ao texto de Êxodo e inclui o campo do próximo na lista das coisas que não devem ser cobiçadas. Alguns críticos estranham a inversão das cláusulas, pois a fraseologia de Êxodo começa por não cobiçar a casa do próximo e em seguida vem a proibição de não cobiçar a mulher do próximo, mas em Deuteronômio essa ordem é invertida: primeiro vem a mulher e depois a casa. Ambos textos, contudo, proíbem a cobiça de bens e pessoas, além da mulher ou do esposo, pois a mulher pode também cobiçar o marido alheio, o servo e a serva do próximo;propriedades-, casa e campo; o termo "casa" aparece muitas vezes na Bíblia com o sentido de "família" (Js 24.15; At 16.31), mas parece não ser essa a ideia aqui; e semoventes: boi, jumento ou qualquer outra coisa. A frase final "nem coisa alguma do teu próximo" inclui posição social ou ascensão no trabalho.
Há discussão sobre a substituição de hãmad por ’ãwãh na segunda cláusula do décimo mandamento (Dt 5.21). O verbo hãmad aqui aparece com a esposa do próximo e ’ãwãh com as demais coisas. Isso pode levar alguém a pensar em hãmad como um tipo sensual de desejo, mas isso não procede por duas razões principais: a) é usado para bens móveis e imóveis (Js 7.21; Mq 2.2); b) ambos os termos aparecem como sinônimos (Gn 3.6; Pv 6.25; Sl 68.17). Parece que 'ãwãh diz respeito a um tipo de desejo casual. O formato textual de Êxodo está adaptado ao estilo nômade de vida de Israel no deserto, ao passo que Deuteronômio, quase 40 anos depois, é o modelo para o povo prestes a ser estabelecido na terra de Canaã como país.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 134-135.
Outras notáveis variações deuteronômicas no Decálogo são o inverso da ordem das palavras mulher e casa no décimo mandamento, e a adição aqui de seu campo (Dt. 5:21). Este último foi acrescentado porque Israel estava para começar uma existência assentada na terra, enquanto que durante as peregrinações no deserto tal legislação teria sido irrelevante. Este é um bom exemplo do tipo de modificações legislativas encontradas nas antigas renovações dos tratados seculares.
Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora Batista Regular Deuteronômio. pag. 20.
E não cobiçarás (21). Cf. Êx 20.17 nota. Diferente de todos os outros, o décimo mandamento não diz respeito à conduta externa, mas antes a uma qualidade do espírito. Por isso só Deus é testemunha de quando o mandamento porventura é violado. Na sua forma negativa proíbe-nos desejar ilicitamente aquilo que aos outros pertence.
Positivamente ensina-nos a contentarmo-nos com o que temos e a não perder a fé (Hb 13.5-6).
As pequenas variantes entre a forma que o mandamento apresenta aqui e a que lemos em Êx 20.17 vem lembrar que só após a entrada na Terra de Promissão os campos e até os animais e os criados se tornaram objeto de justificadas invejas.
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Deuteronômio. pag. 31-32.
4. ESCLARECIMENTO.
Já vimos que o Decálogo está estruturado em duas seções identificadas com a primeira e a segunda tábuas, as tábuas de pedra em que foram escritos os Dez Mandamentos, literalmente as dez palavras. A primeira contém os compromissos do israelita diante de Deus, e a segunda de sua responsabilidade para com o próximo. Os dois grandes mandamentos citados por Jesus podem ser um resumo dessas duas tábuas. Esses mandamentos estão dispostos numa sequência lógica. O quinto mandamento é uma ponte que une o conteúdo das duas tábuas. Em seguida vem a proteção da vida: “Não matarás"; depois a proteção da família: "Não adulterarás"; a proteção da propriedade: "Não furtarás"; a proteção da honra: "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo"; e o último protege o israelita de ambições erradas.
Os católicos romanos e os luteranos mantiveram a tradição catequética medieval do Decálogo esboçada por Agostinho de Hipona e que predominou durante a Idade Média. Os dois primeiros mandamentos são considerados um só, e o décimo é dividido em dois. "Não cobiçarás a casa do teu próximo" é o nono, e Não cobiçarás a mulher do teu próximo" (Êx 20.17), o décimo. Qualquer pessoa pode observar sem muito esforço que tal arranjo e uma camisa de força, pois não corresponde à divisão natural (Êx 20.1-17; Dt 5.7-21). Além disso, o Decálogo do catolicismo romano não é bíblico, trata-se de uma interpretação com lentes papistas. Nós seguimos o arranjo das igrejas ortodoxas e protestantes reformadas, que vem desde os antigos judeus (JOSEFO, Antiguidades Judaicas, Livro 3, 4.113, edição CPAD).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 132; 134.
Contra todas as formas de cobiça. De acordo com muitos eruditos, esse é o décimo dos mandamentos mosaicos. Mas os luteranos e os católicos romanos pensam que o primeiro mandamento incorpora os vss. 3-6. E assim, neste ponto, eles fazem o vs. 17 desdobrar-se em dois mandamentos, para ser conseguido o número dez. Na Septuaginta, neste versículo e em Deu. 5.21, a esposa é mencionada antes de casar, para que haja um mandamento específico para que não se cobice a mulher do próximo, ao passo que fica criado um décimo mandamento, relativo à cobiça acerca dos bens materiais do próximo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 395.
II. COBIÇA
1. SIGNIFICADO.
O verbo hebraico hãmad, "desejar, ter prazer em, cobiçar, ter concupiscência de", aparece 14 vezes no Antigo Testamento. O termo em si é neutro e se aplica também a coisas boas (SI 19.10 [11]; 68.16 [17]). Essa palavra é repetida no décimo mandamento no texto de Êxodo 20.17 e uma só vez no registro do Decálogo, em Deuteronômio 5.21: "E não cobiçarás a mulher do teu próximo". Na segunda cláusula, "e não desejarás a casa do teu próximo", aparece outro verbo ’ãwãh, "desejar ardentemente, ansiar, cobiçar, anelar". Ambos os verbos aparecem como sinônimos no relato da tentação do Éden: "agradável aos olhos... e desejável para dar entendimento" (Gn 3.6). A Septuaginta traduz pelo verbo epithyméõ, literalmente "fixar desejo sobre", da preposição epí, "sobre", e do substantivo thymós, "paixão, ira, furor".
Esse verbo grego aparece no Novo Testamento para se referir ao décimo mandamento (Rm 7.7; 13.9) e também para expressar desejo por tudo o que é proibido (Mt 5.28; 1 Co 10.6). O substantivo derivado dele, epithymia,136 é usado para "concupiscência" em 1 João 2.16: "Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo". Concupiscência é desejo desordenado; trata-se do "forte e continuado desejo de fazer ou de ter o que Deus não quer que façamos ou tenhamos" (KASCHEL & ZIMMER, 2006, p. 45). Mas todos esses termos, hebraicos e gregos, são neutros, podendo se referir a coisas boas ou a coisas más, dependendo do contexto (Mt5.28; 13.17).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 133.
COBIÇA
Há várias palavras hebraicas e gregas envolvidas, a saber:
1. Avvah, «desejo por si mesmo». Palavra hebraica usada por quatro vezes: Deu. 5:21; Pro. 21:26; Sal. 45:11; Pro. 23:3.
2. Chamad, «desejar». Verbo hebraico usado por catorze vezes. Por exemplo: Êxo. 20:17; Jos. 7:21; Miq. 2:2; Deu. 5:21; 7:25; Jó 20:20; Isa. 1:29; 53:2.
3. Batsa, «ganhar (ilegalmente)». Palavra hebraica usada por oito vezes com o sentido de cobiçar. Por exemplo: Hab. 2:9; Pro. 1:19; 15:27.
4. Epithuméo, «fixar a mente sobre». Palavra grega usada por dezesseis vezes: Mat. 5:28; 13:17; Luc. 15:16; 16:21; 17:22; 22:15; Atos 20:33; Rom. 7:6; 13:9 (citando Êxo. 20:15,17); I Cor. 10:6; Gál. 5:17; I Tim. 3:1; Heb. 6:11; Tia. 4:2; I Ped. 1:12; Apo. 9:6.
5. Orégomai, «estender os braços para». Termo grego usado por três vezes: I Tim. 3:1; 6:10; Heb. 11:16.
6. Pleoneksía, «desejo de mais». Substantivo grego usado por dez vezes: Mar. 7:22; Luc. 12:15; Rom. 1:29; II Cor. 9:5; Efé. 4:19; 5:3; Col. 3:5; I Tes. 2:5; II Ped. 2:3,14. O adjetivo, pleonéktes, «cobiçoso», aparece por quatro vezes: I Cor. 5:10,11; 6:10; Efé. 5:5.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 774.
COBIÇAR, COBIÇA. Um pecado mencionado freqüentemente no AT e no NT. É considerado como a raiz de outras iniquidades sérias e mortais.
Várias palavras hebraicas e gregas são assim traduzidas. Muitas possuem pequenas variações de significado, todas estão relacionadas à lei mosaica que proíbe expressamente a cobiça. O termo que aparece em Êxodo 20.17 é o hebraico, significando “desejar intensamente”. Assim como os outros termos para “cobiça”, nas Escrituras, esta palavra tem em vista o amor e o desejo intenso por qualquer objeto ou pessoa, um desejo ao qual é dado importância humana e comum, e que se toma substituto da devoção e amor devidos a Deus. Por causa da sua intensidade, este desejo tende a ofuscar as exigências morais da lei e a permitir que o fim. a posse do objeto cobiçado, justifique quaisquer meios para sua obtenção. Outros termos para desejo e amor são usados no mesmo sentido no AT, “TK (Dt 5.21 et al.), e o m (Hc 2.9, et al.). No NT o verbo grego. “desejo”, “anseio”, é usado freqüentemente para traduzir os termos hebraicos acima, na LXX e em muitas outras passagens do NT. onde nem sempre é traduzido como “cobiçar”. Ele aparece em Lucas 22.15, e a forma substantiva aparece em muitas outras passagens. Outro substantivo comum é o grego significando literalmente “ganância”, “desejo insaciável” (Lc 12.15). Um termo muito interessante, freqüentemente traduzido como “cobiça”, é o grego uma combinação de “amor” + “prata”, a ilustração mais clara de avareza dada nas Escrituras (Lc 16.14; lTm 6.10). Todos estes termos descrevem o intenso materialismo e hedonismo que caracterizaram a era helenística e que levaram à fundação de escolas filosóficas como o Epicurismo.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 1081-1082.
2. COBIÇAR.
Os relatos bíblicos estão repletos de cobiças destruidoras, a começar pelo primeiro casal. "E vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela" (Gn 3.6). Aqui se expressa exatamente o que afirma o Novo Testamento: "a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida" (1 Jo 2.16).
Os irmãos de José desejavam a posição dele no coração de seu pai, Jacó (Gn 37.4). A cobiça causou a ruína de Acã: "Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata e, uma cunha de ouro do peso de cinqüenta siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata, debaixo dela" Os 7.21). O verbo "cobiçar" aqui é hãmad, o mesmo usado no Decálogo (Êx 20.17; Dt 5.21). Acã cobiçou e se apropriou dos despojos de Jericó, objetos que não lhes pertencia (Js 6.19).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 135-136.
A cobiça pode ser definida como o desejo desordenado de adquirir coisas, posição social, fama, proeminência secular ou religiosa, etc. Pode incluir a tentativa de apossar-se do que pertence ao próximo. A cobiça geralmente aumenta com a idade, ao invés de diminuir, dando origem a certo número de males. A cobiça promove a alienação de Deus, a opressão e a crueldade contra o próximo, a traição e as manipulações e desonestidades de toda espécie. £ um dos principais fatores por detrás de todas as guerras. Os indivíduos e os grupos mostram-se cobiçosos. As nações incorporam o princípio da cobiça em suas leis. Os hebreus condenavam esse pecado, que aparece como um dos dez mandamentos (que vide). Aparece em Êxodo 20:17. A mensagem é que coisa alguma pertencente a outrem, deve ser desejado. Quase sempre, o desejo desordenado da cobiça provoca alguma ação para que o cobiçoso adquira o que quer, ou para que persiga o possuidor do objeto ou da pessoa cobiçados. Esse mandamento chega perto do adultério, visto que uma das coisas que pode ser cobiçada é a esposa de outro homem.
O Novo Testamento Condena Também a Cobiça. Os cobiçosos anelam por ter mais dinheiro (Atos 20:33; I Tim. 6:9; Rom. 7:7). A cobiça pode expressar-se sob a forma de violência (II Cor. 2:11; 7:2). Mas Jesus repudiou o espírito ganancioso (Mat. 7:22). A cobiça é alistada entre os pecados frisados por Paulo, em Efésios 4:19. A cobiça é uma forma de auto-adoração que expulsa Deus de nossas vidas (Efé. 5:5; Col. 3:5). Aparece na lista dos vícios dos povos pagãos, em Romanos 1:29.' Apesar de não ser especificamente alistada entre-as obras da carne, em Gálatas 5:19-21, a cobiça é uma das causas de várias daquelas obras carnais, como o adultério, o ódio, as dissensões, a beligerância, etc., devendo ser incluída entre as «tais coisas» que Paulo mencionou, e que não permitem que uma pessoa chegue ao reino de Deus (Gál. 5:21).
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 774.
DESEJO. O termo grego assim traduzido é epithumia, «cupidez», que ocorre por trinta e oito vezes: Mar. 4:19; Luc. 22:15; João 8:44; Rom. 1:24; 6:12; 7:7,8; 24:14; Gáí. 5:16,24; Efé. 2:3; 4:22; Fli. 1:23; Col. 3:5; 1 Tes. 2:17; 4:5; I Tim. 6:9; II Tim. 2:22; 3:6; 4:3; Tito 2:12; 3:3; Tia. 1:14,15; I Ped. 1:14; 2:11; 4:2,3; II Ped. 1:4; 2:10,18; 3:3; I João 2:16,17; Jud. 16:18; Apo. 18:14. O verbo, epithuméo, aparece por dezesseis vezes: Mat. 5:28; 13:17; Luc. 15:16; 16:21; 17:22; 22:15; Atos 20:33; Rom. 7:7; 13:9 (citando Êxo. 20:15,17); I Cor. 10:6; Gál. 5:17; I Tim. 3:1; Heb. 6:11; Tia. 4:2; I Ped. 1:12; Apo. 9:6.
O vocábulo grego é neutro, referindo-se a qualquer apetite legítimo, ou a qualquer desejo negativo, neste caso, geralmente com alguma conotação sexual. A palavra foi usada em sentido positivo, para exemplificar, ao aludir ao anelo que Jesus sentia por participar da última páscoa, com os seus discípulos (Luc. 22:15). Em Romanos 7:7,8, algumas traduções traduzem essa palavra por «cobiça», conforme se vê, igualmente, em nossa versão portuguesa. O termo grego refere-se a alguma forma de disposição pecaminosa, alguma perversão e exagero dos desejos. Em Col. 3:5 e I Tes. 4:5, encontramos a conotação sexual.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 80.
O DÉCIMO MANDAMENTO: DESEJO ILEGAL . - Verso 21
"Assim como o sexto, sétimo, e oitavo mandamentos nos proíbem de ferir o nosso próximo em obras, o nono nos proíbe de prejudicá-lo em palavra, eo décimo em pensamentos. Nenhum olho humano pode ver o coração cobiça; isso é testemunhado apenas por aquele que o possui, e por Ele para quem todas as coisas estão nuas e patentes. Mas é a raiz de todos os pecados contra o nosso próximo em palavra ou em ação. (Tiago 1:14, 15). O homem que é aceitável diante de Deus, andando retamente, não caluniando com sua língua, nem faz mal ao seu próximo, é aquele que "fala a verdade no seu coração . "(Sl 15:02, 3) -.Sp. Com .
I. A maneira em que este mandamento é violado . Por esse descontentamento com a nossa sorte na vida que nos leva a se preocupe, repine e se rebelam contra a providência de Deus. "Nem vos murmúrio, como alguns deles murmuraram." (1 Coríntios. 10:10). Por inveja ou de luto em bom do nosso vizinho."Grudge não uns contra os outros (Tiago 5:9). Ao ceder desejos ilícitos para coisas que pertencem ao nosso próximo. Desejo excessivo após riquezas e bens de outra é marcado por este mandamento como pecado. "Acautelai-vos e vos da avareza."
II. O espírito que leva à violação deste mandamento . "Não cobiçarás." As palavras indicam a intensa espiritualidade e santidade da lei. St. James (1:15) olha para o pecado como um ato exterior. São Paulo olha para ela em sua fonte e estágios iniciais. A província de lei humana é a ação, que a lei divina o coração, os pensamentos da qual brotam as ações. O pensamento eo desejo pode levar à execução do mal. Concupiscência mal é a raiz de todo o pecado, especialmente dos crimes que os homens cometem contra seus semelhantes (Mateus 15:19, Marcos 7:21). Eva e Achan "viu, cobiçado, e tomou." Cobiça instigado Judas para trair o Salvador, e induziu Ananias e Safira para "tentar o Espírito Santo". "Eu não teria conhecido o pecado (clara e completamente como habitação e princípio virulento) , mas pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência (desejo irregular e sem governo), se a lei (Mosaic) havia dito: Não cobiçarás "(Rm 7:7).
III. O método de corrigir esse espírito . Hipócrates aconselhou uma consulta a todos os médicos em todo o mundo para a cura de cobiça. O que eles não podiam descobrir a Bíblia prescreve. 1. Formar uma estimativa direito de mundana bom . Nós cobiçar o que nunca satisfaz. "Solomon tinha colocado todas as criaturas em uma réplica", diz Watson singular ", e destilou a sua essência, e eis que 'tudo era vaidade" (Ec. 2:11). 2. estar satisfeito com presentes posses .Por ingrato porque não temos mais e outros menos. Quanto mais temos, maior será a nossa conta no último dia. Vamos acreditar que condição melhor que Deus nos deu. Contentamento, diz Sócrates, "é a riqueza da natureza." "Eu tenho o suficiente", gritou Jacob (Gn 33:11). "Eu aprendi, no estado de tudo quanto eu sou, com isso a ser o conteúdo ( ou seja , suficiente em si mesmo, auto-suficiente, em oposição às bênçãos exteriores). (Filipenses 4:11-13). 3. Ore por graça divina para ajudar . Isso por si só pode subjugar a luxúria. Cherish fé em Deus, que alimenta os pássaros e veste os lírios. A fé é o remédio para o cuidado ea cobiça. Ele vence o mundo, purifica o coração, e faz parte de Deus, nosso (Sl 16:05). Peça ao Espírito Santo para fazer você celeste minded, e corrigir seus pensamentos sobre Cristo e as coisas acima. "Procurai com zelo os melhores dons."
O mandamento de fechamento é de grande importância em dois pontos de vista distintos, primeiro , como expor o espírito de todos os mandamentos anteriores, e em segundo lugar , como estabelece as bases para justas e consistentes pontos de vista de todas as doutrinas do Evangelho. Ela exibe o espírito da lei divina , como estendendo-se até os desejos do coração; as atuações mais sutis da mente, bem como as ações visíveis da vida. Em outros mandamentos, um homem pode perder de vista o verdadeiro caráter do governo sob o qual ele é colocado, e pode imaginar que, se ele assegura a confiança dos seus semelhantes, ele é seguro. Este é o estado de espírito predominante de homens de todas as classes. Pensa-se que se não violar os direitos dos outros, não aproveitar sua propriedade, nem malignamente difamar seus personagens-nem desenfreadamente pôr em perigo as suas vidas, somos moral. Mas este mandamento nos traz sob o olhar de um governante onisciente, sob a autoridade de um governo espiritual. Ensina-nos que os nossos pensamentos e desejos são minuciosamente inspecionado. Ele nos persegue aos nossos sigilo-perfura o véu das aparências externas, e coloca abrir as dobraduras de auto-ilusão. Ele examina nossas almas, e nos faz sentir a onipresença da Divindade. Ele traz as sanções da Sua lei seja exercida diretamente sobre a nossa consciência presente; liga os momentos de nossa existência ao último julgamento, e derrama para as câmaras mais íntimos do espírito à luz de um mundo futuro. "Eu não teria conhecido o pecado, se a lei não disse," Não cobiçarás ". " Em segundo lugar . A importância deste mandamento será sentida quando nós consideramos isso como lançar as bases para justas e consistentes pontos de vista das doutrinas do evangelho . As verdades sublimes de um são do mesmo Deus que "falou as palavras" do outro. É só por invalidar a autoridade, ou subjugar o tom altivo, dos mandamentos, que um homem pode resistir a provas ou perverter o significado do evangelho.Como pode um homem, por exemplo, de forma consistente negar a depravação total da raça humana, sem antes destruir o rigor intransigente da lei divina, trovejando suas maldições sobre até mesmo um desejo irregular? Como pode um homem convencer-se de que não é o seu dever de acreditar no nome de Jesus Cristo para a salvação, sem primeiro convencer-se de que não é o seu dever de amar a Deus com todo o coração e ao próximo como a si mesmo, em uma palavra, que nada é devido a ele por Deus, e, conseqüentemente, de que ele não é um assunto de governo moral de Deus? A grande promessa do evangelho aos nossos primeiros pais, foi entregue em circunstâncias ilustrativos desse sentimento; para os pontos de vista que tinham da sentença passou sobre eles, os fez sentir a necessidade e o valor dessa promessa. Quantas vezes nos discursos públicos de Jesus, e em mais diálogos privados, com várias classes em torno dele, é que vamos ver a sua ansiedade para produzir uma impressão de santidade e rigor dos mandamentos, evidentemente, com a finalidade de silenciar o opositor e preparar ele "receber o reino de Deus?" Com o mesmo espírito os apóstolos pregaram e escreveram. A consciência de culpa vai levar você a contar com a perfeita obediência de Cristo. Aqui nós não temos simplesmente, uma exposição de misericórdia, mas de "misericórdia e verdade" congregar-não apenas o triunfo da graça, mas de "graça reinando pela justiça , para a vida eterna. "" Deus o colocou diante, não só como propiciação, mediante a fé no seu sangue, para a remissão dos pecados ", mas também," para demonstrar a sua justiça, que ele poderia ser apenas , e justificador daquele que tem fé em Jesus "-. Desde Dr. Stowel .
REV. JAMES Wolfendale. Homilética completa do Pregador. Comentário No Livro De Moisés Chamado Quinta. Deuteronômio. FUNK & WAGNALLS COMPANY.
Rm 7.7 «...pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás...» (Ver os trechos de Êxo. 20:17 e Deut. 5:21). O apóstolo Paulo, iniciando aqui a sua descrição sobre o conflito referido nas notas dos parágrafos anteriores, mostra-nos, inicialmente, os efeitos negativos da lei mosaica nesse conflito, demonstrando ainda mais profundamente o seu argumento que a lei não nos pode ajudar nessa luta, e nem pode propiciar-nos a vitória; e chega mesmo a demonstrar que essa vitória só pode ser obtida em Cristo, através do Espírito Santo. E como ilustração, ele escolheu o décimo mandamento da lei mosaica, «...cobiçarás...», neste caso, é a simples proibição do desejo que leva à cobiça, ou seja, o desejo de possuir aquilo que é proibido, sem importar se se trata da casa do próximo, de suas terras, de suas possessões ou de sua esposa. Em outras palavras, se não houvesse nenhum mandamento da lei, descrevendo o mal desse tipo de desejo, o pecado da cobiça não seria reconhecido. É verdade que a própria consciência nos diria alguma coisa a respeito, conforme também Paulo dá a entender no primeiro capítulo desta sua epístola; mas esse conhecimento através da consciência, é fraco, em comparação com aquele que nos é revelado por meio da lei. Assim, a cobiça, «como pecado», vem a ser plenamente reconhecida através da lei, embora a experiência humana comum possa perceber algo de sua verdadeira natureza. E que a lei tem por resultado levar o homem a defrontar-se com a realidade do pecado, de um modo que não poderia ele fazer doutro modo. Assim é que a lei ensina que o mero «desejo» de possuirmos aquilo que nos é proibido já é um pecado, quanto mais a tentativa franca de posse ou a posse mesma do objeto desejado? Quem, pois, pode estar livre do pecado, até mesmo desse pecado em particular? Paulo, pois, exorta aqui aos seus leitores, que «ouçam a lei falar».
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 688.
Rm 7.7 Se a lei não é pecado (7.7) nem provoca a morte (7.13), qual é seu papel? Qual é seu ministério? Qual é seu propósito? Paulo oferece três respostas:
O propósito da lei é revelar o pecado (7.7). O pleno conhecimento do pecado vem pela lei (3.20). A lei é um espelho que revela o ser interior e mostra como somos imundos (Tg 1.22-25). E como um prumo que mostra a sinuosidade da nossa vida. E como um raio-X que diagnostica os tumores infectos da nossa alma. A lei detecta as coisas ocultas na escuridão e as arrasta à luz do dia. É a lei que destampa o fosso do nosso coração e traz à tona a malignidade do nosso pecado.
Digno de nota é o fato de Paulo mencionar o décimo mandamento do decálogo como aquele que o tornou cônscio do seu pecado e abriu seus olhos para a própria devassidão: “Não cobiçarás” (7.7) Os nove primeiros mandamentos da lei são objetivos: “Nao terás outros deuses diante de mim”; “Não farás para ti imagem de escultura”; “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão”; “Lembra-te do dia do sábado para o santificar”; “Honra a teu pai e a tua mãe”; “Não matarás”; “Não adulterarás”; “Não furtarás”; “Não dirás falso testemunho”. Todos esses mandamentos são objetivos, e qualquer tribunal da terra pode legislar sobre eles, fiscalizá-los e condená-los. Mas o décimo mandamento (“Nao cobiçarás”) é subjetivo, pertence à jurisdição do foro íntimo, e nenhum tribunal da terra tem competência para julgar foro íntimo. A lei de Deus, porém, penetra como uma câmara de raio-X e faz uma leitura dos propósitos mais secretos do nosso coração, trazendo à luz seus desejos pervertidos.
William Greathouse escreve oportunamente: “A lei não é um simples reagente pelo qual se pode detectar a presença do pecado; é também um catalisador que ajuda e até mesmo inicia a ação do pecado sobre o homem. A lei insufla o desejo ilícito”. A cobiça, do grego epithymia, é algo que se expressa internamente — é um desejo, um impulso, uma concupiscência.
Na verdade, inclui todo tipo de desejo ilícito, sendo em si mesma uma forma de idolatria, uma vez que põe o objeto do desejo no lugar de Deus. Segundo F. F. Bruce, epithymia pode ser tanto um desejo ilícito como um desejo lícito em si, mas de tão egocêntrica intensidade que usurpa o lugar que somente Deus deve ocupar na alma humana.
LOPES. Hernandes Dias. ROMANOS O Evangelho segundo Paulo. Editora Hagnos. pag. 264-265.
3. O TEXTO PARALELO.
Dt 5.21. A última lei do Decálogo, referente à cobiça, exige comentários especiais. Trata da motivação intrínseca. A fraseologia difere um pouco da utilizada em Êxodo 20: 17, onde a casa do próximo (possivelmente “família e propriedades”) é mencionada antes da mulher do próximo e aparece separadamente com o verbo hàmad, ao passo que outros itens são mencionados numa outra frase, juntamente com a esposa, governados pelo mesmo verbo. Em Deuteronômio a esposa aparece em primeiro lugar, com o verbo hãmãd, ao passo que os outros itens são agrupados com um verbo diferente (hifawwâ). A passagem em Deuteronômio sugere uma atitude diferente da demonstrada em Êxodo para com as mulheres. Há exemplos desta atitude mais sensível para com as mulheres em Deuteronômio, como por exemplo, 21: 1-5.
I. A. Thompson. Deuteronômio Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 47-48.
Exemplo BIblico de Cobiça. Labão (Gên. 31:41); Acã (Jos. 7:21); os filhos de Eli (I Sam. 2:12); Saul (I Sam. 15:9,19); Acabe (I Reis 21:2); os nobres dos judeus (Nee. 5:7); a Babilônia (Jer. 51:13); Judas Iscariotes (Mat. 26:14.15); os fariseus (Luc. 16:14); Aaanias (Atos 5:1-10); Félix (Atos 24:26); Balaão (II Ped. 2:15; Jud. 11).
A cobiça é alistada como um dos pecados mortais, pela Igreja Católica Romana.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 774.
O Décimo Mandamento 5:21 (Exo. 20:17). Décimo mandamento proíbe cobiçar o que pertence a outros. O objetivo deste comando é ir além da  ação humana. A liminar proíbe os desejos do coração, a fonte interna de problemas que se manifestam na sociedade. O autor do Deuteronômio alterar a ordem de Êxodo 05:17. Em Êxodo, a casa ou a propriedade de outras pessoas, incluindo sua esposa, servos e animais. O autor do Deuteronômio mulher separada do marido possuía. Esta ênfase humanitária é característica do Deuteronômio e é consistente com o desejo do autor para atualizar as leis mosaicas para corrigir problemas sociais da comunidade do século VII. BC Neste e em outros casos, o livro de Deuteronômio, que altera várias leis para elevar o status da mulher na sociedade israelense.
Daniel Carro; José Tomás Poe; Ruben O. Zorzoli. Comentário bíblico mundo hispano. Editora Mundo Hispanico. Casa Batista de Pulblicaiones.
III. AVINHA DE NABOTE
1. PROPOSTA RECUSADA.
O Vinhedo de Nabote (21.1-29)
A Iniqüidade de Acabe e Jezabel. A essência da história é a seguinte: Acabe queria comprar o terreno adjacente a seu palácio, em Jezreel, sem dúvida com propósitos de edificar alguma coisa. Ele queria tomar-se mais glorioso. Embelezaria o lugar com um belo jardim e talvez alguma plantação. No entanto, Nabote recusou- se a vender a terra que era sua herança ancestral. Acabe voltou para casa para lamentar-se e adoeceu a tal ponto que nem ao menos comia. Jezabel, sua esposa, perguntou-lhe a causa de toda aquela melancolia. Quando ela soube o motivo da tristeza de Acabe, simplesmente ordenou que Nabote fosse executado com base em uma falsa acusação, a de ter blasfemado contra Deus e contra o rei. Acabe então tomou conta das terras. Elias ouviu a história e proferiu uma maldição contra Acabe e sua família. As coisas haveriam de terminar mal para eles. Haveria desastre e morte no seu caminho. Acabe humilhou-se diante de Yahweh, pelo que o julgamento contra a sua casa foi adiado por uma geração, mas isso não impediu que Acabe tivesse um fim violento, o que também sucedeu no caso de Jezabel.
I Reis 21.1 Sucedeu depois disto. O incidente ocorreu algum tempo depois dos eventos registrados no capítulo 20. A Septuaginta apresenta-nos a mesma ordem. O incidente mostrou que Acabe, bem como Jezabel, em nada tinha mudado. Portanto, as temíveis profecias contra Acabe dadas no capítulo 20 por certo ocorreriam.
Nabote, o jezreelita. Nabote tinha uma pequena vinha localizada no terreno de sua família. Mas ele não haveria de vender a herança de sua família nem que fosse para agradar o rei, nem para conseguir uma vinha maior e melhor. Acabe teria de tolerá-lo ali, ao lado do palácio real de Jezreel. Acabe aceitou essa derrota e foi para casa lamentar-se entristecido. Mas Jezabel não suportaria a arrogância de Nabote. Antes, Nabote seria um homem morto. Nabote estava dentro de seus direitos, mas Jezabel tinha o poder, e, de acordo com alguns, “o poder é direito”.
I Reis 21.2 Razões Estéticas. O rei Acabe, pelo menos por enquanto, estava livre da guerra. Ele tinha derrotado os sírios (capítulo 20) quando estes tinham muito maior número de homens de guerra, mas só ganhou a guerra devido à ajuda de Yahweh. Portanto, ali estava ele, em sua residência de verão, a desfrutar de uma vida amena. Então teve a idéia de embelezar sua propriedade. Seu palácio era um lugar suntuoso, mas pareceria melhor ainda se contasse com um jardim adjacente. A dificuldade, porém, foi que Nabote era o proprietário das terras vizinhas ao palácio, e isso impedia a aventura estética de Acabe. Ver a introdução a este capítulo quanto a um sumário da história.
Acabe Mostrou-se Generoso. Ele ofereceu a Nabote uma vinha muito melhor em troca da sua. Mas Nabote estava impedido (pela lei) de vender sua propriedade, visto ser sua herança ancestral, que deveria passar adiante a seus descendentes. As leis, contudo, podem ser violadas e mudadas de acordo com a vontade dos políticos, usualmente em troca de alguma vantagem pessoal.
Kimchi informa-nos que era costumeiro às pessoas mais ricas ocupar-se de pequenos projetos agrícolas, próximo de suas casas, a fim de embelezá-las, além de dar-lhes um suprimento de verduras frescas.
Acabe ofereceu uma vinha melhor, ou dinheiro, se Nabote assim preferisse; mas esse homem não queria fazer nenhum tipo de negócio. Isso lhe custaria a própria vida. A oferta de Acabe, pois, foi “cortês e liberal” (Ellicott, in loc.). Mas era contrária à herança dos hebreus. Ver o vs. 3 deste capítulo.
I Reis 21.3 Yahweh não toleraria tal transação, pois, afinal de contas, Sua lei, dada através de Moisés, proibia esse tipo de negociação. Ver Lev. 25.13-28 e Núm. 36.7. Nabote era homem de razoáveis riquezas financeiras e estava contente com o que possuía. Ademais, queria obedecer à lei mosaica. De acordo com a lei, seu terreno poderia ser temporariamente alienado, para mais tarde ser redimido. Havia preceitos que governavam as negociações de terras. Mas Acabe, como é óbvio, queria ter a terra de forma permanente. Aquelas terras precisavam ser dele.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1450.
A recusa de Nabote de vender sua vinha para Acabe (21.1-4). Nabote era um israelita de Jezreel que tinha um pedaço de terra cobiçado por Acabe. Jezreel estava localizada na base do monte Gilboa, na região oriental do vale e da planície de mesmo nome. A vinha de Nabote era próxima ao palácio real, isto é, da casa de verão, e, aparentemente, Acabe, levado por um capricho, desejava transformá-la em um jardim.
Nabote tinha todo o direito de se recusar a vendê-la. Na verdade, ele teria transgredido não só uma tradição, como também a sua consciência, se fizesse essa venda (cf. Lv 25.23-28; Nm 36.7ss.). Acabe reconhecia que Nabote estava religiosamente obrigado a conservar a posse de sua terra e que essa obrigação não poderia ser contrariada. Entretanto, ele ainda assim queria essa área; ele se irritou, adoeceu e deixou de comer. A única coisa pior que uma criança mimada é um adulto amuado.
Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 338.
I Reis 21.1-3 Acabe cobiçando a vinha de seu vizinho, que infelizmente está perto de seu palácio e que poderia servir muito bem de horta. Talvez Nabote estivesse satisfeito de ter uma vinha cuja localização dava, de maneira vantajosa, vista para os jardins reais, ou de vender a sua produção à família real; mas a sua localização mostrou- se fatal para ele. Se ele não tivesse nenhuma vinha, ou ela ficasse em algum lugar distante, teria preservado a sua vida. Porém, muitas posses de um homem são a sua armadilha e o viver próximo da nobreza tem sido de perniciosa conseqüência. Acabe colocou seus olhos e o seu coração nessa vinha (v. 2). Ela será uma bela adição ao seu domínio, uma passagem conveniente para o seu palácio; e nada lhe satisfará a não ser que ela se torne dele. Ele é bem-vindo para desfrutar de seus frutos, bem-vindo para passear por ela. Talvez Nabote fizesse um arrendamento por toda sua vida, para agradá-lo; mas nada satisfará a Acabe, a não sei’ que ele tenha absoluta propriedade dela, ele e seus herdeiros para sempre. Mas ele não é um tirano para tomá-la à força, mas de modo conveniente propõe ou dar a Nabote dinheiro pelo pleno valor dela ou uma vinha melhor em troca. Ele tinha mansamente abandonado as grandes vantagens que Deus lhe tinha dado de expandir seus domínios para a honra do seu reino, com sua vitória sobre os sírios, mas agora está ansioso por aumentar seu jardim, apenas para a conveniência da sua casa, como se ser cauteloso nas pequenas coisas o redimisse de ser tolo nas grandes. Não era mal desejar algo bom para sua propriedade (não haveria nenhuma compra se não houvesse nenhum desejo pelo que é comprado. A mulher virtuosa examina uma herdade e adquire-a)', mas desejar qualquer coisa imoderadamente, embora a adquirindo por meios legítimos, é um fruto do egoísmo, como se nós devêssemos absorver todas as conveniências, e ninguém devesse viver, ou viver confortavelmente, junto a nós, contrariando a lei do contentamento, e a letra do décimo mandamento: não cobiçareis a casa do teu próximo.
A recusa que ele encontrou em relação ao seu desejo. De forma alguma Nabote desistiria dela: guarde-me o Senhor (v. 3); e o Senhor tinha mesmo proibido a negociação, do contrário ele não teria sido tão rude e descortês para com o seu príncipe não o satisfazendo em um assunto tão pequeno. De forma peculiar, Canaã era a terra de Deus, os israelitas eram os seus arrendatários, e essa era uma das condições do seu arrendamento, que eles não alienassem (não, nunca para outra pessoa) qualquer parte daquilo que caísse como seu lote, a menos em caso de extrema necessidade, e então apenas até o ano do jubileu (Lv 25.28). Agora Nabote previa que, se a sua vinha fosse vendida para a coroa, ela jamais retornaria para seus herdeiros, não mesmo, nem no jubileu. De bom grado ele favoreceria ao rei, mas devia obedecer a Deus mais do que aos homens, e por isso, deseja ser desculpado quanto a esse assunto. Acabe conhecia a lei, ou devia conhecê-la, e por essa razão fez mal em pedir aquilo que o seu súdito não poderia conceder sem pecar. Alguns imaginam que Nabote olhava com respeito a sua herança terrestre como uma garantia da sua parte na Canaã celestial, e por isso não poderia desfazer-se da primeira, para que não perdesse o direito à segunda. Parece que ele foi um homem consciencioso, que preferia arriscar-se a desagradar ao rei a ofender a Deus, e provavelmente era um dos sete mil que não tinham se curvado diante de Baal, pelo que, talvez, Acabe lhe tivesse rancor.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 532.
2. O DIREITO DE PROPRIEDADE.
PROPRIEDADE
Esse vocábulo vem do latim, proprus, «próprio», «pertencente a alguém». Popularmente, a palavra indica algum objeto de valor que pertence a uma pessoa como sua possessão. Mas também significa aquilo que pertence a um objeto, como uma característica ou qualidade distintiva. Na filosofia, indica aquilo que é comum a todos os membros de alguma classe, ou aquilo que uma pessoa possui.
Idéias dos Filósofos:
1. Aristóteles fazia da propriedade um dos cinco tipos de atribuição. Esses cinco tipos são: espécie, genero, diferença, propriedade e acidente. O uso dessas definições dá-nos uma boa ideia sobre a natureza e a manifestação das coisas. Uma propriedade não faz parte da essência de uma coisa, apesar de pertencer exclusivamente a ela. Por exemplo, uma propriedade do homem é a sua capacidade de aprender as regras da gramática. Não se pode definir a essência de um homem ao dizer que ele possui essa habilidade; mas podemos atribuir alguma coisa a ele, ao mesmo tempo em que hesitaríamos atribuir tal capacidade a outros objetos ou entidades.
2. Locke falava nas propriedades no sentido de um «direito natural». Ele acreditava que a possessão de uma propriedade é um direito outorgado por Deus, algo básico à existência humana.
3. Hegel, concordando com Locke, referia-se ao direito de ter alguma propriedade como a primeira manifestação da liberdade humana. Para ele, negar o direito à propriedade privada a um homem era furtar-lhe a sua liberdade, que é sua mais preciosa possessão.
4. Marx e o marxismo (vide), por outro lado, fazem do Estado o único proprietário. E isso impôs o que Hegel temia, o arrebatamento da liberdade básica de um homem. Marx pensava que aqueles que buscam ter propriedades ou as mantêm usualmente estão envolvidos em alguma forma de divisão. No entanto, ele não hesitou em viver do dinheiro e das propriedades que Engel lhe deixara, em seu testamento.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 467.
I Reis 21.4 Então Acabe veio desgostoso e indignado para sua casa. O arrogante Nabote havia negado ao “pobre rei” o seu brinquedo. Desgostoso, o rei voltou para casa e deitou-se, tremendamente amuado. Usualmente sendo um bom garfo, dispondo de todas as espécies de acepipes importados, ele parou de comer totalmente. E ficou deitado em sua cama, adoentado e desapontado. “Pobre alma! Ele era senhor sobre dez doze avos da terra, e, no entanto, sentia-se miserável porque não podia obter a vinha de um homem pobre!... Toda privação e cruz faz uma alma imunda sentir-se infeliz” (Adam Clarke, in loc.).
O descontentamento de Acabe terminaria em um crime franco. O grande rei Acabe agia como uma criança, mas Jezabel seria a executora.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1450.
I Reis 21.4 Por causa disso, o grande descontentamento e inquietação de Acabe. Ele se sentiu como antes (20.43), descontente e indignado (v. 4), tornou-se melancólico com isso, lançou-se em sua cama, e não queria comer nem conversar. Ele não podia suportar de forma alguma a afronta. O seu espírito orgulhoso piorou a injúria que Nabote lhe fez ao negá-lo, como algo intolerável. Ele amaldiçoou o escrúpulo da consciência de Nabote, que ele fingiu consultar em paz, e secretamente planejou vingança. Ele não podia suportar o desapontamento que lhe cortava o coração ao ser contrariado em seus desejos e estava completamente aborrecido. Note: (1)
O descontentamento é um pecado que é a sua própria punição e faz com que nos atormentemos a nós mesmos; ele faz que o espírito se entristeça, o corpo adoeça, e todas as alegrias se tornem amargas; é o maior peso do coração e a maior corrupção dos ossos. (2) E um pecado que é seu próprio pai. Ele não se levanta da condição, mas da mente. Como nós encontramos Paulo satisfeito em uma prisão, também vemos Acabe insatisfeito em seu palácio. Ele tinha todos os deleites de Canaã, aquela terra prazerosa, às ordens, a riqueza de um reino, os prazeres de uma corte e as honras e poderes de um trono; mas nada disso lhe valia sem a vinha de Nabote. Desejos imoderados expõem os homens a contínuos vexames, e aqueles que estão dispostos a se afligir, mesmo estando felizes, sempre encontrarão alguma coisa de que se lamentar.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 533.
I Reis 21.4 Após ouvir o juízo de Deus (20.42), Acabe foi para sua casa aborrecido. Tomado de furor e rebelião contra o Senhor, teve um acesso de ira quando Nabote se recusou a vender-lhe sua vinha. O mesmo sentimento que o levou a procurar apossar-se do poder, trouxe-lhe um forte ressentimento em relação ao seu vizinho. A ira gerou o ódio que o levou a um assassinato. Nabote. porém, quis obedecer ãs leis de Deus: Era considerado um dever rnanter em família a terra de seus ancestrais. Este incidente mostra a cruel interação entre Acabe e Jezabel. dois dos lideres mais impiedosos na história de Israel.
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 497.
3. O PECADO DE ACABE E JEZABEL.
O rei Acabe cobiçou vinha de Nabote e isso resultou num escândalo nacional que levou à ruína a casa real (1 Rs 21.1-16). Ele e sua esposa, Jezabel, violaram o sexto mandamento: "Não matarás"; o oitavo: "Não furtarás"; o nono: "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo"; e o décimo: "Não cobiçarás". Dois outros casos de cobiça aconteceram na casa de Davi: seu filho Amnom violentou a própria irmã, Tamar, movido pela lascívia (2 Sm 13.15), e Absalão desejou ocupar o trono de seu pai enquanto Davi ainda era vivo e reinava em Israel (2 Sm 15.16).
No Novo Testamento, encontramos Ananias e Safira, que desejavam prestígio na Igreja, mas tentaram consegui-lo de maneira pecaminosa (At 5.1-11). Simão Mago, de Samaria, tentou comprar os dons de Deus com dinheiro, pois almejava poderes sobrenaturais para ostentação pessoal (At 8.18). Diótrefes, personagem desconhecida, cuja única menção no Novo Testamento é desabonadora, já que ele procurava ter o primado na Igreja (3 Jo 9).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 136.
I Reis 21.9 Apregoai um jejum, e trazei a Nabote para a frente do povo. Nabote deveria ser zombeteiramente exaltado e louvado. Ele era um homem bom, e o público reconheceria isso. Muitas pessoas estariam presentes para honrá-lo, mas ao lado dele haveria dois patifes que, de repente, acusariam o bom homem de blasfêmia contra o rei e contra Elohim (o Deus de Israel, ou, talvez os deuses, conforme a palavra hebraica pode ser traduzida). Seja como for, a acusação, nunca ouvida nem provada em tribunal, resultaria em sua execução (vs. 13). Bastava que duas testemunhas testificassem contra uma pessoa para que as acusações tomassem um aspecto legal. Os dois patifes “cumpriram” a exigência legal. Ver Deu. 17.6,7. Quanto a uma interpretação alternativa, ver a seguir.
O texto hebraico original aceita outra interpretação. Em lugar da idéia de exaltação, a colocação de Nabote à frente do povo pode significar “seja submetido a julgamento”. Mas, quer ele fosse exaltado, quer fosse submetido a julgamento, o pobre Nabote seria atraiçoado e executado por crimes que não tinha cometido. Disse John Gill (in loc.): “...trazei-o ao tribunal e julgai-o. Talvez em seus tribunais de juizo houvesse lugares mais elevados, acima da cabeça das pessoas, onde os criminosos acusados costumavam pôr-se de pé, quando estavam sendo julgados, a fim de que pudessem ser vistos e ouvidos por todos”.
Um jejum. Jezabel fingiu que Israel estava enfrentando os pecados de Nabote. Jejuns eram decretados em tempos de emergência nacional. Yahweh estaria prestes a punir um povo desviado. Era necessário um arrependimento em massa, e pecados secretos tinham de vir à luz. Algumas poucas execuções avivariam tais questões, e isso aliviaria a ira divina. O jejum alegadamente prepararia o povo para aproximar-se da deidade. A presença divina revelaria por que o país enfrentava o perigo. Um jejum de sete dias era comum nos sepultamentos, em lamentação pelos mortos (ver I Sam. 31.13), de modo que um jejum era com freqüência associado à morte, e quase sempre ao pecado. Nas religiões modernas, essa não é a razão principal para que haja jejum.
I Reis 21.10 Dois homens malignos. Nossa versão portuguesa provavelmente mostra-se correta ao fazer do nome Belial um adjetivo que significa “homens malignos”. Esta nova versão portuguesa concorda com a Revised Standard Version. Somente mais tarde a palavra hebraica veio a significar um nome para Satanás, visto que essa doutrina só se desenvolveu no judaísmo posterior. Eram essenciais duas testemunhas, de acordo com a lei antiga (ver Deu. 17.6; 19.15; Núm. 35.30; Mat. 26.60). Isso deixava a questão aberta para a injustiça, porquanto não seria dificíl conseguir duas “testemunhas” que concordassem em levantar uma acusação qualquer contra alguém inocente. É admirável que o testemunho tenha sido aceito, e não tenha havido nenhum julgamento como estamos acostumados a ver hoje em dia.
"... eles eram uns coitados inúteis, que tinham lançado fora o jugo da lei, visto que belial significa criaturas abandonadas e sem lei, que não têm consciência de coisa alguma” (John Gill, in loc.).
Blasfêmia. Falar coisas pesadas e perversas contra Deus e o rei, esse foi o alegado “crime” de Nabote. Entrementes, a abominável e idólatra Jezabel saiu livre de qualquer punição, embora ela fosse um caso público e escandaloso de alguém que deveria ser executado de acordo com os padrões da legislação mosaica. Esse era um crime passível de execução e uma violação direta do segundo mandamento (Êxo. 20.4). Ver Deu. 17.2-5 quanto à pena de morte (por apedrejamento), que era o castigo contra esse crime.
A blasfêmia era punida com o apedrejamento, conforme aprendemos em Lev. 24.16 e Deu. 13.9,10. A palavra hebraica aqui usada e traduzida como “blasfêmia” usualmente significa “abençoar”, mas em um uso eufemístico significa também “amaldiçoar”.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1450-1451.
O plano de Jezabel (21.5-16). A consciência de Jezabel, de Tiro, não tinha sido desenvolvida pelas tradições israelitas e pelo respeito aos direitos alheios. Como Acabe não se apossou imediatamente da vinha de Nabote, uma coisa que dificilmente seria capaz de entender (7), ela continuou com seu plano diabólico. Os filhos de Belial (10) seriam homens desonestos. Nunca foi exposta a falsa acusação de blasfêmia levantada contra Nabote perante a assembléia dos anciãos e dos nobres. Este sincero israelita foi apedrejado de acordo com a lei (13; cf. Lv 24.13-16), sob o testemunho de duas pessoas que teriam presenciado a suposta ofensa (cf. Dt 17.6,7). Com a eliminação de Nabote, Acabe tomou posse do jardim (15-16) que, sem dúvida, havia perdido grande parte de seus antigos atrativos.
Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 338-339.
Para satisfazê-lo, ela planeja e maquina a morte de Nabote. Não menos do que o seu sangue servirá para reparar a afronta que fizera a Acabe, o qual deseja com mais avidez por causa da sua adesão à lei Deus de Israel.
1. Tivesse ela desejado apenas suas terras, suas falsas testemunhas podiam ter jurado falsamente por meio de um fato forjado (ela não podia ter emitido um documento tão fraco, mas os anciãos de Jezreel teriam julgado que ele era muito bom); mas a adúltera anda à caça de preciosa vida. (Pv 6.26). A vingança é doce. Nabote deve morrer, e morrer como um malfeitor, para satisfazê-la. (1) Nunca ordens mais perversas do que aquelas que Jezabel enviou aos magistrados de Jezreel foram enviadas por qualquer príncipe (w. 8-10). Ela empresta o selo pessoal do rei, mas o rei não sabe o que ela fará com ele. E provável que essa não fosse a primeira vez que ele o emprestava a ela, mas que com ele ela houvesse assinado ordens para matar os profetas. Ela usa o nome do rei, sabendo que isso lhe agradaria quando estivesse terminado, mas temendo que ele pudesse ter escrúpulos quanto ao jeito de fazê-lo. Resumindo, ela os ordena, com a submissão deles, que condenem Nabote à morte sem lhes dar qualquer motivo para fazerem isso.Tivesse ela enviado testemunhas para denunciá-lo, os juizes (que devem proceder secundum allegata et probata — de acordo com as alegações e provasj poderiam ter sido enganados, e a sua sentença podia ter sido mais infeliz do que seu crime; mas obrigá-los a encontrarem testemunhas, filhos de Belial, para eles mesmos suborná-las, e depois darem o veredicto sobre um testemunho que eles sabiam ser falso, era uma provocação sem vergonha a tudo o que era justo e sagrado, como não esperamos que possa ter paralelo em qualquer história. Ela devia ter considerado os anciãos de Jezreel como homens perfeitamente perdidos em relação a qualquer coisa que é honesta e honrável ao esperar que essas ordens fossem obedecidas. Mas ela lhes ensinará um jeito de fazer isso, tendo tanto da sutileza da serpente como tinha do seu veneno. [1] Isso devia ser feito sob as aparências da religião: “apregoai um jejum; indicai a vossa cidade que estais apreensivos acerca de um terrível julgamento que é iminente sobre vós, ao qual deveis vos esforçar em evitar, não apenas pela oração, mas descobrindo e excluindo a coisa amaldiçoada; fingi estardes temerosos de haver escondido entre vósum grande infrator, por cuja causa Deus está irado com a vossa cidade; encarregai o povo, se ele souber de algo assim, de denunciá-lo naquela ocasião solene, quando o povo estiver preocupado com o bem-estar da cidade; e finalmente, que Nabote seja preso como o suspeito, provavelmente porque ele não se junta aos seus vizinhos na adoração. Isso poderá servir de pretexto para que ele seja posto acima do povo, sendo convocado à corte. Fazei proclamação que, se alguém puder acusá-lo diante da corte, e provar que ele seja o Acã, deve ser ouvido; e então deixai que as testemunhas apareçam para testemunharem contra ele”. Note: Não existe perversidade tão desprezível, tão horrenda, para a qual algumas vezes a religião não tenha sido feita de manto e cobertura para ela. De qualquer modo, não devemos pensar o pior do jejum e da oração por eles terem sido usados às vezes de forma abusiva como aqui; porém, devemos pensar muito pior daqueles planos perversos que, em qualquer tempo, têm sido levados a efeito sob o abrigo deles. [2] Isso também deve ser feito sob a aparên cia da justiça e nas formalidades de um processo legal. Tivesse ela enviado a eles para alugar alguns de seus bandidos, alguns rufiões perigosos, para assassiná-lo, para golpeá-lo quando estivesse andando pelas ruas à noite, o feito teria sido mau o suficiente; mas destruí-lo através da lei, usando para assassinar ao inocente aquele poder que devia protegê-lo, foi tanto uma perversão violenta da justiça e do julgamento quanto algo verdadeiramente monstruoso, e ainda somos orientados a não nos maravilharmos com isso (Ec 5.8). O crime de que deviam acusá-lo era o de haver blasfemado contra Deus e contra o rei — uma blasfêmia confusa. Com certeza ela não podia pensar em um sentido de blasfêmia na resposta que ele tinha dado a Acabe, como se lhe negar a sua vinha fosse blasfemar do rei, e dar razão à lei divina fosse blasfemar de Deus. Não, ela não finge ter nenhum fundamento para a acusação. Embora não houvesse nenhuma plausibilidade nisso, as testemunhas deveriam jurar, e a Nabote não se devia permitir que se defendesse, ou examinasse as testemunhas, mas, imediatamente, sob o pretexto de um ódio universal ao crime, eles deviam levá-lo para fora da cidade e apedrejá-lo. Por haver blasfemado de Deus ele teria o confisco da sua vida, mas não a de sua propriedade, e por isso ele também foi acusado de traição ao blasfemar do rei, por cujo ato sua propriedade devia ser confiscada, de maneira que Acabe pudesse ter a vinha que lhe pertencera.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 533-534.
4. O CASAL NÃO CONTAVA COM UMA TESTEMUNHA VERDADEIRA.
I Reis 21.15 As boas novas foram comunicadas a Acabe. Agora ele tinha um brinquedo com o qual brincar, a saber, a vinha de Nabote. Não fora Acabe quem inventara o plano para assassinar Nabote, mas ele estava ansioso por tirar vantagem dos resultados desse plano, e assim tornou-se cúmplice de sua mulher, Jezabel. O infantil e velho rei levantou-se de seu “leito de enfermidade” e imediatamente foi até o terreno de Nabote para preparar ali um jardim (vs. 2). II Reis 9.26 mostra- nos que os filhos de Nabote também foram executados, e isso só serviu para complicar a questão inteira, a saber, acarretando a morte violenta de Jezabel e Acabe. O dia do castigo deles estava próximo.
I Reis 21.16 Josefo (Antiq. VIII.13.8) diz-nos que “Acabe alegrou-se diante do que tinha sido feito e levantou-se imediatamente do leito onde tinha jazido”. Acabe tinha menos força de vontade e má imaginação que Jezabel, mas era, igualmente, constituído de consciência. A Septuaginta, por outra parte, pinta Acabe como entristecido pela execução, mencionando que ele “rasgou suas roupas e vestiu-se de cilício". É possível que essas vestes rasgadas impliquem a verdade dos fatos, e que o texto massorético removeu essa porção, pensando exaltar demais ao ímpio Acabe. Até o cruel Acabe poderia ter ficado temporariamente chocado por causa daquele assassinato. Mesmo sua mente embrutecida poderia ter compreendido, naquele momento, a grande injustiça que fora cometida.
Jezreel ficava a cerca de vinte e seis quilômetros de Samaria, de modo que Acabe fez uma pequena viagem para dar outra olhada em “suas terras”, que se tornariam o “seu jardim” para embelezar sua residência de verão. John Gill (in loc.) imaginou que ele tenha ido até lá em meio a grande pompa e glória, sendo acompanhado por altos oficiais para celebrar a feliz ocasião.
A Intervenção e a Retaliação de Elias (21.17-29)
Acabe e Jezabel tinham semeado o vento e logo colheriam o tufão (ver Osé. 8.7). O sangue de Nabote e de seus filhos (ver a história anterior) seria vingado.
“A dinastia de Onri, pai de Acabe, seria desmantelada, tal como aconteceu à família de Nabote, e pelas mesmas razões. Nenhuma dessas linhagens reais fora fiel aos ideais deuteronômicos" (Norman H. Snaith, in loc.). “Novamente, Deus escolheu Elias para levar uma mensagem de julgamento a Acabe, que estava, naquele momento, na vinha de Nabote. Deus transmitiu a Elias o que ele deveria dizer (vs. 19)” (Thomas L. Constable). A abominável e ímpia Jezabel tinha cometido o duplo crime de assassinato e confisco ilegal de uma herança familiar. Acabe foi o cúmplice declarado desses crimes e sofreria sorte igualmente horrível.
I Reis 21.17,18 A palavra do Senhor (Yahweh) veio novamente a Elias. Ele teve uma visão, um sonho incomum, ouviu uma voz direta ou, de outra maneira qualquer, esteve em comunicação com o Ser Divino. Cf. I Reis 18.1, a primeira ocasião em que a palavra do Senhor veio a Elias, ordenando-lhe proferir julgamento contra Acabe.
localização de Acabe foi dada a Elias. Naquele exato instante, Acabe estava tomando posse da vinha de Nabote, que ele tinha obtido através de assassinato. Elias haveria de “apanhá-lo com a mão na botija”, porquanto estaria tomando posse ilegal de uma herança de família. O versículo à nossa frente parece indicar a localização da vinha em Samaria, mas Nabote era de Jezreel, e podemos supor que sua vinha estivesse ali. Acabe tinha uma residência de verão naquele lugar. É possível que a declaração feita pelo autor, neste versículo, tenha sido um equívoco. Acabe tinha palácios em dois lugares, porém o mais provável é que a vinha ficasse perto de Jezreel e a herança da família de Nabote também estivesse nessa última cidade.
Elias desceu no dia seguinte após as matanças (ver II Reis 9.26).
I Reis 21.19 A mensagem a ser transmitida foi direta e brutal. Acabe era um homem morto. Além disso, morreria em desgraça. No próprio lugar onde os cães tinham vindo lamber o sangue de Nabote, também lamberiam o sangue de Acabe, e dessa forma a Lei Moral da Colheita segundo a Semeadura teria exato cumprimento. Essa foi a Lex Talionis divina (ver no Dicionário), isto é, uma punição em termos iguais, como olho por olho e dente por dente.
A profecia não se cumpriu em termos exatos, mas, sim, quanto à sua essência, conforme salientou John Gill (in loc.): “... a profecia teve cumprimento em seus filhos, que eram sua carne e seu sangue (ver II Reis 9.26), porquanto o castigo foi adiado em seus dias e transferido para os seus filhos (ver o vs. 29). Os cães, entretanto, lamberam-lhe o sangue, embora não no mesmo local (ver I Reis 22.8)”. O arrependimento de Acabe alterou, até certo ponto, o cumprimento final da profecia, conforme vemos no vs. 29.
“É inútil procurarmos um cumprimento literal dessa predição. Esta teria sido assim cumprida, mas a humilhação de Acabe induziu um Deus misericordioso a dizer: 'Não trarei este mal nos seus dias, mas nos dias de seu filho o trarei sobre a sua casa’ (vs. 29)” (Adam Clarke, in loc.). Os cães lamberam o sangue de Nabote em Jezreel, e o de Acabe perto de Samaria.
“Quando os cães lambiam o sangue de alguém, isso indicava uma morte desgraçada, especialmente no caso de um rei, cujo corpo normalmente seria guardado e sepultado com grande respeito” (Thomas L. Constable, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1451-1452.
A Jezabel, muito alegre por sua conspiração ter sido bem sucedida, leva a notícia a Acabe de que Nabote não vive, mas é morto; por isso, diz ela, levanta-te e possui a vinha de Nabote (v. 15). Ele podia ter tomado posse através de um de seus oficias, mas ele está tão satisfeito com o acesso aos bens de Nabote, que ele mesmo viajará até Jezreel para tomar posse deles. E parece que ele foi com grande pompa também, como se tivesse obtido alguma grande vitória, pois muito tempo depois Jeú se lembra que ele e Bidcar o acompanharam naquela ocasião (2 Rs 9.25). Se os filhos de Nabote foram todos executados, Acabe pensou ter direito à propriedade ob defectum san- guinis — por falta de herdeiros (como nossa lei o expressa); se não, ainda assim, Nabote tendo morrido como um criminoso, Acabe a reclamou como ob delictum criminis — como alguém que teve seus bens confiscados por seu crime. Ou, se nada o justificasse, o poder absoluto de Jezabel lhe daria os bens de Nabote, e quem ousaria se opor à sua vontade? Com freqüência o poder prevalece contra o direito e é admirável que a divina paciência tolere que isso aconteça. Certamente Deus é tão puro de olhos, que não pode ver o mal, e ainda por um tempo se cala quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele (Hb 1.13).
Podemos observar nesses versículos:
A má reputação que é atribuída a Acabe (w. 25,26), que entra aqui para justificar Deus em relação à pesada sentença que lhe impôs, e para mostrar que embora lhe fosse imposta por ocasião do seu pecado no que tocava ao assunto de Nabote (muito parecido com o pecado de Davi no assunto relacionado a Urias), ainda Deus não o teria punido de maneira tão severa, se ele não fosse culpado de muitos outros pecados, principalmente da idolatria. Ao passo que Davi, com exceção daquele erro, fez o que era reto. Mas, quanto a Acabe, ninguém fora como ele, tão engenhoso e industrioso em relação ao pecado, e que fez dele uma ocupação. Ele se vendera para fazer o que era mau, isto é, tornou-se um completo escravo de suas luxúrias, e esteve tanto à disposição e às ordens delas quanto qualquer criado às ordens de seu senhor. Ele entregou-se completamente ao pecado, e com a condição de que pudesse desfrutar dos prazeres que dele vêm, ele receberia a paga por ele, a qual é a morte (Rm 6.23). O bendito Paulo queixou-se de que ele estava vendido sob o pecado (Rm 7.14), como um pobre cativo contra a sua vontade; mas Acabe era voluntário: ele se vendera ao pecado; por escolha, e como seus próprios atos e escolha, ele se submeteu ao domínio do pecado. Não era desculpa para seus crimes o fato de que Jezabel, sua mulher; o incitava a proceder perversamente e o fazia, em muitos aspectos, pior do que de outra forma teria sido. A que grau de impiedade chegou ele, que tinha tanto material inflamável em seu coração e tal temperamento em seu peito para acender o fogo dentro dele! Ele fez o mal em muitas coisas, porém, o pior foram as abominações, seguindo os ídolos, como os cananeus. Suas imoralidades provocavam muito a Deus, mas principalmente sua idolatria. A situação de Israel era triste quando um príncipe de um caráter como esse reinava sobre ele.
A mensagem com a qual Elias foi enviado para ele, quando foi tomar posse da vinha de Nabote (w. 17-19).
1. Até aqui Deus se manteve em silêncio, não interferiu na correspondência de Jezabel, nem suspendeu o processo dos anciãos de Jezreel; mas agora Acabe é reprovado e o seu pecado é posto diante de seus olhos. (1) Elias é a pessoa enviada. Um profeta de posição inferior tinha sido enviado a ele com mensagens de bondade (20.13). Mas o pai dos profetas é enviado para afligi-lo e condená-lo por seu assassinato. (2) O lugar é a vinha de Nabote e o tempo, justamente quando Acabe está tomando posse dela; então, e ali, a sua sentença deve ser lida para ele. Ao tomar posse, ele aprovava tudo o que fora feito, e fez a si mesmo culpado ex post facto — como um cúmplice após o fato. Ele foi pego por autorizar os erros, e por isso a condenação cairia sobre ele com muito mais força. “O que tens tu para fazer nesta vinha? Que bem podes esperar dela quando a adquiriste com sangue (Hb 2.12) e sufocaste a alma do seu dono (Jó 31.39). Agora que ele está se alegrando com o seu bem adquirido desonestamente, e dando orientações para mudar a vinha em um jardim de flores, a sua comida se mudará nas suas entranhas. Porquanto não sentiu sossego. Haja, porém, ainda de que encher o seu ventre, e Deus mandam sobre ele o ardor da sua ira (Jó 20.14,20,23). 2. Vejamos o que se passou entre ele e o profeta. (1) Acabe desabafou sua ira contra Elias, encolerizou-se ao vê-lo, e, em vez de humilhar-se diante do profeta, como devia ter feito (2 Cr 36.12), estava pronto para voar em seu pescoço. Já me achaste, inimigo meu? (v. 20). Isso mostra: [1] Que Acabe o odiava. A última vez em que os encontramos juntos separaram-se como bons amigos (18.46). Na ocasião, Acabe tinha permitido a reforma e por isso, tudo estava bem entre ele e o profeta; mas agora ele tinha reincidido e estava pior que nunca. A sua consciência lhe dizia que havia feito de Deus seu inimigo e, por essa razão, ele não poderia esperar que Elias fosse seu amigo. Note: A condição do homem que fez da palavra de Deus sua inimiga é muito miserável, e a sua condição, quando considera os ministros daquela palavra seus inimigos porque lhe clizem a verdade (G1 4.16), é muito desesperada. Tendo-se vendido ao pecado, Acabe estava resolvido a manter o negócio e não podia tolerar aquele que o teria ajudado a se recuperar. [2] Que Acabe o temia: Já me achaste? Insinuando que ele o evitava o quanto podia, e que agora era um terror para ele ter de vê-lo. Ver o profeta era, para Acabe, como a visão da mão escrevendo sobre a parede para Belsazar; então se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram. As juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro. Nunca houve um pobre devedor ou criminoso tão confuso diante do oficial que veio para prendê-lo. Os homens podem se culpar se fazem de Deus e da sua palavra um terror para si. (2) Elias pronunciou a ira de Deus contra Acabe: Achei-te (diz ele no v. 20), porquanto já te vendeste para fazeres o que é mau. Note: Aqueles que se entregam ao pecado certamente serão descobertos, cedo ou tarde, para o seu horror e assombro. Agora, Acabe está no lugar do réu, como esteve Nabote, e treme mais do que Nabote tremeu. [1] Elias declara a sua acusação contra ele e o condena pelas evidências notórias do fato (v. 19): Não mataste e tomaste a herança? Assim ele foi responsabilizado pelo assassinato de Nabote, e não lhe adiantaria dizer que a lei o havia matado (a justiça pervertida é a maior das injustiças), nem que, se ele foi processado injustamente, não era sua culpa — que ele não sabia nada disso; pois tudo foi feito para agradá-lo e ele se mostrou feliz com isso e, dessa forma se fez culpado por tudo que tinha ocorrido na condenação injusta de Nabote. Ele matou, pois ele tomou posse. Se ele toma o jardim, leva a culpa junto com ele. Terra transit cum onere — a terra com o encargo. [2] Elias dá a sentença sobre ele. Ele lhe fala da parte de Deus que a sua família será arruinada e arrancada (v. 21) e cortada toda a sua posteridade — que seria feito à sua casa como às de seus predecessores pervertidos, Jeroboão e Baasa (v. 24), particularmente, que aqueles que morressem na cidade seriam alimento para os cães e aqueles que morressem no campo, para os pássaros (v. 24); o que tinha sido predito a respeito da casa de Jeroboão (14.11) e da casa de Baasa (16.4) — que Jezabel, particularmente, seria devorada pelos cães (v. 23); o que se cumpriu (2 Rs 9.86) — e, para o próprio Acabe, que os cães lamberiam o seu sangue no mesmo lugar onde lamberam o de Nabote (v. 19 — “o teu sangue, o teu mesmo, embora seja sangue real, embora ele aumente em tuas veias com orgulho e ferva em teu coração com ira, em breve será diversão para os cachorros”), o que se cumpriu em 22.88. Isso implica que ele morreria de morte violenta, seria trazido ao seu túmulo com sangue, e que a desgraça o visitaria, cuja previsão deve necessariamente ser uma grande mortificação para um homem tão orgulhoso. Aqui se insiste nas punições após a morte, as quais, embora afetassem apenas o corpo, talvez fossem planejadas como figuras das misérias da alma depois da morte.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 534-535.
A SENTENÇA de Deus (1 Rs 21:16-29)
"Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas" (Am 3:7). Elias saiu de cena desde que chamou Eliseu para ser seu sucessor, mas agora Deus colocava seu servo no centro do palco, a fim de confrontar o rei. Como sempre faz quando dá uma tarefa a ser cumprida, o Senhor disse a Elias exatamente o que falar ao rei perverso.
Acabe havia derramado sangue inocente, e o sangue culpado do rei seria lambido pelos cães. Que maneira mais trágica de um rei de Israel terminar seu reinado! Numa ocasião anterior, Acabe havia chamado Elias de "perturbador de Israel" (18:1 7), mas dessa vez levou a questão a um nível mais pessoal e chamou o profeta de "inimigo meu". Na verdade, ao lutar contra o Senhor, Acabe foi seu próprio inimigo e trouxe sobre si a sentença pronunciada por Elias.
Acabe morreria de forma desonrosa, e os cães lamberiam seu sangue. Jezabel morreria e seria consumida pelos cães. Mais cedo ou mais tarde, toda sua posteridade seria erradicada da terra. Haviam desfrutado seus anos de prazeres pecaminosos e de interesses egoístas, mas tudo isso acabaria em julgamento.
Em vez de ir para casa e ficar amuado, Acabe se arrependeu! O texto não diz o que sua esposa pensou dessa atitude, mas o Senhor, que vê o coração, aceitou sua humilhação e falou dela a seu servo. O Senhor não cancelou o julgamento anunciado, mas o adiou até o início do reinado de jorão, filho de Acabe (ver 2 Rs 9:14-37). Acabe foi morto no campo de batalha, e os cães lamberam seu sangue ju n to ao a çud e de Samaria (1 Rs 22:37, 38). Em função desse adiamento do julgamento, os cães lamberam o sangue de Jorão, filho de Acabe, na propriedade de Nabote, exatamente como Elias havia prenunciado (2 Rs 9:14-37). Acontecimentos posteriores mostraram que o arrependimento de Acabe durou pouco, mas, pelo menos, o Senhor lhe deu outra oportunidade de deixar seu pecado e de obedecer à Palavra. De quantas provas mais Acabe precisava? No entanto, não era fácil romper a influência de sua esposa, pois quando Acabe casou-se com ela, vendeu-se para o pecado.
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. III. Editora Central Gospel. pag. 481-482.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário