HONRARÁS PAI E MÃE
Até
aqui, estudamos quatro mandamentos em relação direta ao Deus Criador. Esses
primeiros mandamentos objetivam mostrar-nos a natureza de Deus, Sua
manifestação santa e o quanto Ele nos leva a sério, não permitindo nos
relacionarmos com a sua pessoa através da mera reprodução de imagens elaboradas
pelas mãos e a imaginação humanas.
A
partir de agora, do quinto ao décimo mandamentos, vamos nos dedicar a conhecer
uma dimensão prática do Decálogo em relação ao nosso próximo.
Do quinto ao décimo mandamento, Deus claramente nos ordena a relacionarmo-nos com o próximo sob a mesma reverência que nos chegamos a Ele. O quinto mandamento: Honra o teu pai e a tua mãe para que os seus dias se prolonguem sobre a terra.
Do quinto ao décimo mandamento, Deus claramente nos ordena a relacionarmo-nos com o próximo sob a mesma reverência que nos chegamos a Ele. O quinto mandamento: Honra o teu pai e a tua mãe para que os seus dias se prolonguem sobre a terra.
A
Bíblia é clara quanto ao nosso dever de honrarmos o nosso pai e a nossa mãe.
Quando falamos de honrar pai e mãe, nos referimos à família instituída por Deus
e basicamente formada por pai, mãe e filhos. Todavia, no contexto bíblico,
quando o mandamento em relação a honrar os pais fora exposto ao povo, a família
hebreia tinha uma dimensão mais ampla que a família entendida por nós no
contexto ocidental. Respeitar o pai e a mãe também implicava respeitar os pais
das diversas tribos hebreias. Os pais de Levi, os pais de Judá, os pais de
Efraim, os pais de Rubem, etc. Digno de nota é que o primeiro mandamento para
honrar um ser humano não foi no sentido de prestar honras ao rei ou uma
autoridade religiosa, mas ao pai e a mãe.
Fazer
a manutenção da honra e do respeito aos pais seria garantir que a sociedade
antiga de Israel não sucumbisse à cultura dos estrangeiros. O quinto mandamento
deveria ser observado igualmente pelos líderes religiosos, o sumo-sacerdote e
os sacerdotes. Mas não foi isso que Jesus denunciou em Marcos 7.9-13. A revelia
da Lei, os líderes religiosos criaram uma tradição dizendo que a pessoa que
consagra a sua vida a Deus, quer dizer, ao serviço do Templo, os bens pelos
quais poderiam socorrer os seus pais em suas necessidades não poderiam ser
desviados do Templo. Com a desculpa de que "eram fieis a Deus"
tornavam-se infiéis aos seus pais. Jesus denuncia com clareza!
Pai
e mãe devem ser amados e respeitados por todos nós. Honrá-los é o primeiro
mandamento com promessa. A promessa de que a família não se desfará. De que a
sociedade permanecerá. De que a vida será respeitada.
Revista ensinador. Editora CPAD. pag. 39.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O mandamento
"Honra a teu pai e a tua mãe" (Êx 20.12) se referia originalmente aos
pais numa estrutura familiar, mas com o desenvolvimento da revelação se torna
claro que se refere também aos pais espirituais e às autoridades constituídas.
O preceito instrui no tocante ao nosso relacionamento com os superiores segundo
idade, hierarquia social e espiritual, e conhecimento. O mundo está hoje às avessas,
e o quinto mandamento nunca foi tão necessário quanto é agora no século 21. Oito
dos dez mandamentos do Decálogo são proibições cuja formulação é negativa, e
dois são positivos: o quarto e o quinto mandamentos.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 77-78.
O
primeiro dos seis últimos mandamentos toca diretamente em um ponto teológico
muitíssimo relevante em torno do qual gira boa parte da nossa abordagem, e este
é a inter-relação inerente à criação e à ordem da criação (Êx 20.12). Deus,
como Criador, é soberano, mas ele escolheu executar seu governo por intermédio
da humanidade. Contudo, há esferas de soberania na humanidade, pessoas ou
instituições que, por natureza ou indicação, são designadas para exercer
senhorio benemérito sobre outros. Isso começa na esfera do casamento e da
família, matéria de que tratamos de passagem. O modelo do Antigo Testamento é
claramente patriarcal, mas não patriarcal ditatorial. Conforme observaremos,
muitas estipulações da aliança que regulamentam o comportamento dos filhos
exigem que eles tratem pai e mãe exatamente da mesma maneira.
Eugene
H. Merrill. Teologia do Antigo
Testamento. Editora Shedd Publicações. pag. 334.
Pais
são instrumentos de Deus na vida dos filhos, para ir ao encontro das
necessidades físicas deles e introduzir a criança nos caminhos de Deus. A prioridade
espiritual dos pais é observada no fato de que muitas das cerimônias, tal como
a ceia da Páscoa, eram conduzidas no seio da família. Em Deuteronômio 6 e 11, é
destacada a responsabilidade pela educação no lar, E significativo que no mundo
do A predominantemente masculino* seja dado à “mãe' uma posição igual, sendo
apresentada primeiramente no texco em hebraico de Levítico 19.3.
RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia.
Uma análise de Gênesis a
Apocalipse capítulo por capítulo. Editora CPAD. pag. 64.
Êxo 20.12 teu pai e tua
mãe. Neste quinto mandamento, o Decálogo volta-se para as relações humanas,
começando pela família. A honra aos pais é a âncora da sociedade, e liga os
filhos aos pais na comunidade da fé. A promessa e a advertência implícita deste
mandamento são ímpares nesta série. O desrespeito aos pais era uma questão
séria, pois também desonrava o Senhor.
Bíblia de Estudo de
Genebra.
Editoras Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 103.
I. O QUINTO MANDAMENTO
1.
OS PAIS BIOLÓGICOS.
Não
existe na vida alguém mais importante para o filho do que o pai e a mãe; eles
são seus heróis. Esse relacionamento é análogo ao de Javé com o seu povo Israel
(Dt 1.31). O profeta Malaquias apresenta uma analogia ainda mais profunda
comparando o dever do homem honrar a Deus com o do filho de honrar o pai (Ml
1.6).
Há
certo vínculo entre o quinto mandamento e os três primeiros pela natureza desse
relacionamento. O termo "a teu pai e a tua mãe" é amplo: certamente
diz respeito aos nossos genitores, àqueles que nos geraram, mas não fica apenas
nisso.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 79-80.
MÃE
Ver o
artigo geral sobre a Família. A palavra hebraica correspondente é ’em; e no
grego é meter. Naturalmente, tanto no Antigo quanto no Novo Testamentos, «mãe»
é uma palavra muito comum. Aparece cerca de duzentas e dez vezes no Antigo
Testamento e oitenta e duas vezes no Novo Testamento (começando em Mat. 1:18 e
terminando em Apo. 17:5).
Apesar
de ser bem sabido que as mulheres, em geral, não ocupavam posição muito
proeminente na antiga cultura dos hebreus, pode-se dizer que a mãe, entre eles,
era mais honrada do que sucedia entre outras culturas da mesma época. Nos casos
de casamentos polígamos, a mãe de um filho era sempre a sua verdadeira mãe; e
as demais mulheres do complexo não eram chamadas assim por aquele filho. Ver
Gên. 43:29. É verdade que uma madrasta podia ser chamada de «mãe» (ver Gên.
37:10). Porém, uma madrasta geralmente era distinguida da verdadeira mãe, ao
ser chamada de «mulher» do pai. Entretanto, a palavra «mãe», como também as
palavras «pai», «filho», etc., eram usadas em um sentido muito amplo entre os
hebreus, podendo indicar qualquer antepassado do sexo feminino (ver Gên. 3:20 e
I Reis 15:10).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 4. Editora Hagnos. pag. 20.
PAI, Significado
A
palavra grega, pater, está relacionada à raiz que significa «nutridor» ou
«protetor». Porém, no uso comum, havia muitas aplicações do vocábulo, como ao
pai de uma pessoa, ao chefe de um clã ou nação, ao cabeça espiritual dos
mesmos, ou a um líder espiritual, ou a alguém que ajudava a outrem para
conseguir um significativo avanço espiritual, como o originador de alguma
organização, filosofia ou religião; e também era usado como titulo de honra e
respeito, incluindo os nomes Pai, Filho e Espírito Santo, da triunidade divina,
ou então, Deus como o Pai dos seres humanos e de outros seres inteligentes.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 12.
Ml 1.6
Se eu sou Pai, onde está a minha honra? Aqui temos a acusação formal de Yahweh
contra os líderes religiosos do país. Por causa das muitas iniqüidades e
corrupções (deles mesmos e do povo que os imitou), eles caíram sob a maldição
divina (Mal. 2.2). O Israel pós-exílico não prosperaria enquanto tivesse tais
homens na liderança. Aqueles ímpios desprezaram Yahweh e Sua lei, rejeitando
sua missão exaltada como sacerdotes. Eram os maiores infratores da lei mosaica
e o próprio padrão de perversidade. A ira divina os golpearia, Deus era Pai, e eles,
Seus filhos, mas violaram esse relacionamento exaltado.
Não
somos capazes de entender a essência de Deus, mas podemos alcançar algum
conhecimento através de termos aplicados a Ele e da observação de Suas
operações no mundo. Podemos ver o amor de Deus expressando-se mesmo em meio ao
nosso mundo violento.
Uma
Lição da África. Os missionários evangelizaram certa parte da África e fundaram
algumas igrejas. Certo membro, antes zeloso, parecia ter esfriado. Um
missionário perguntou a razão de sua aparente indiferença. Ele respondeu: “O
senhor
nos informa que Deus é nosso Pai. Não preciso saber mais nada'. Das relações
entre os homens, a de pai-filho é a mais exaltada. Aqueles religiosos tinham
esquecido que Yahweh-Sabaote era Pai, e agiam como filhos do diabo,
desrespeitando sua missão sagrada e o amor de Deus-Pai.
Honra
a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa). (Etésios 6.2)
Além
de ser Pai, Yahweh era também Senhor, e todos os homens sábios respeitam os
senhores com autoridade sobre eles. A alusão é à escravidão. Os senhores tinham
poder absoluto sobre seus escravos, que não tinham vontade própria. Os ímpios,
que se revoltaram contra o Senhor, pagariam alto preço por sua rebeldia.
Yahweh-Sabaote (título divino usado 24 vezes neste livro; ver as notas em Mal.
1.4) não olharia noutra direção, como eles pensaram em vão. Pelo contrário,
eles seriam chicoteados com aquelas 39 chicotadas que lhes tirariam sua
rebeldia e arrogância. Eles colocaram sua vontade contra a vontade divina, um
erro crasso e custoso.
Deus
era Senhor, e eles, Seus escravos, mas eles não tinham respeito nem receio do
Senhor Celestial. Eram alegadamente homens religiosos, mas na verdade ateus
práticos. Em teoria honravam a Deus, mas na prática honravam o diabo. Falavam
de Deus em discursos eloqüentes, mas viviam de forma esquálida.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3705-3706.
MALAQUIAS
INICIA essa mensagem fazendo uma declaração indiscutível: “O filho honra o pai
e o servo ao seu Senhor” (1.6). Assim, ele conquista a atenção dos sacerdotes
antes de acusá-los.51 A primeira relação envolve afeição e a segunda respeito.
Mas os sacerdotes não demonstraram amor nem respeito a Deus. Desde o início,
Deus tratou Israel como um filho amado, tirando-o do Egito, dando-lhe uma
herança, proteção, revelação sobrenatural e missão especial. Não obstante
Israel ser o filho primogênito de Deus (Êx 4.22), ele tornou-se um filho
ingrato (Os 11.1) e rebelde (Is 1.2).
Malaquias,
também, acusa Israel de uma ingratidão inegável. Como foi que Israel retribuiu
ao Senhor Seu amor gracioso? Do amor de Deus, o profeta volta-se para a
ingratidão do povo. Deus o tratou como filho, mas Israel não o honrou como pai.
Não houve honra nem respeito a Deus.
LOPES. Hernandes Dias. MALAQUIAS A Igreja no tribunal de Deus. Editora
Hagnos.
Metáforas
Espirituais e a Famllla
1. A
Igreja é a casa espiritual de Deus (Efé. 2:19; Heb. 3:1-6).
2. A
Igreja é a casa da fé (Gál. 6:10).
3. A
salvação consiste na filiação e os filhos de Deus chegam a participar da
própria natureza de seu Pai celeste (Rom. 8:29; Col. 2:10; II Ped. 1:4).
4.
Como membros da família espiritual de Deus, somos herdeiros das riquezas
celestiais e espirituais (Rom. 8:15-17).
5. Ter
Deus como pai significa que devemos buscar as suas perfeições (Mat. 5:48), como
membros da família divina e isso implica em muitas e grandes responsabilidades
morais e espirituais.
6. —
Ter Deus como pai também significa que contamos com os seus cuidados. Aquele que
nota até a queda dos pardais, cuida de cada um de seus filhos (Mat. 10:31). Ver
também Mat. 6:8. O Pai sempre tem consciência de nossas necessidades. Esse é o
pensamento introdutório da oração do Pai Nosso, no sexto capítulo de Mateus.
Ver o artigo separado sobre a Paternidade de Deus.
7.
Cristo é o Filho e o herdeiro da casa de Deus, e, através dele, também somos
filhos e ele é o Filho mais velho da casa de Deus (Gál. 3:23 — 4:7; Rom.
8:15-17).
8. Os
crentes também são servos e mordomos na casa de Deus (I Cor. 9:17; I Ped.
4:10).
9. Os
laços matrimoniais envolvem elementos místicos, com a comunicação de energias
vitais, conforme presumimos. Assim, de algum modo misterioso, — os cônjuges
tornam-se uma só carne. Isso ilustra o mistério ainda maior da comunhão que há
entre Cristo e a sua Igreja, — que é chamada de sua noiva. Ver Efé. 5:30 ss.
10. O
trecho de Apo. 21:2,9 mostra-nos que a futura glória da Igreja pode ser
comparada a uma noiva que se prepara para seu noivo. Portanto, o casamento pode
ilustrar a união que vincula Cristo (o noivo) à Igreja (a sua noiva).
11.
Disciplina. Todos os filhos cometem erros; e os pais, em determinadas ocasiões,
precisam discipliná- los. Outro tanto ocorre na família celestial. Os filhos
legítimos estão sempre sujeitos à disciplina do Senhor. Todavia, essa
disciplina existe com a finalidade de beneficiar os filhos, e não meramente de
castigá-los. Esse princípio é apresentado em Heb. 12:5 ss. Creio que esse
princípio aplica-se a qualquer juízo divino. Pois, apesar dos juízos de Deus
parecerem severos (serão tão severos quanto for necessário), seu propósito é
beneficiar os julgados, mesmo no caso dos incrédulos. Certamente isso fica
entendido em I Pedro 4:6, onde vemos que o juizo produzirá certa medida de vida
espiritual; e o contexto (I Ped. 3:18 — 4:6, a descida de Cristo ao hades; que
vede) ensina-nos que estão em foco os desobedientes e não crentes. Ver o artigo
separado sobre o julgamento. Deus é o Pai de todos os seres vivos, e não apenas
dos seus eleitos. Logo, é natural esperarmos que o seu amor, expresso por meio
de julgamento, venha a aplicar-se a todos.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 682.
2.
OS PAIS ESPIRITUAIS.
O
mandamento se refere também aos pais espirituais. É como Eliseu se dirigia ao
profeta Elias: "Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus
cavaleiros!" (2 Rs 2.12). Isso aponta para um relacionamento íntimo entre
o profeta e o discípulo que justifica uma linguagem familiar. Era uma maneira
honrosa de tratar o mestre. O rei de Israel também se dirigiu ao profeta Eliseu
com as mesmas palavras (2 Rs 13.14). Era algo atípico para um rei; no entanto,
revela o reconhecimento por parte do rei Jeoás quanto à autoridade profética de
Eliseu, que se encontrava moribundo. O profeta representava uma segurança para
a nação. O relacionamento entre o rei e o profeta era de intimidade. Esse tipo
de relacionamento entre Elias e Eliseu é visto também no Novo Testamento, pois
Timóteo e Tito são reconhecidos também como filhos na fé do apóstolo Paulo (1
Tm 1.2; 2.1; Tt 1.4). Esses exemplos nos ensinam a amar, respeitar e honrar
aqueles a quem Deus constituiu autoridade espiritual sobre nossa vida.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 80.
Ele
falou de Elias de forma muito honrável, mostrando o motivo de tanto lamentar
sua ausência.
Ele
próprio tinha perdido o guia de sua mocidade: Meu pai, meu pai. Ele viu sua
própria condição como a da criança sem pai atirada ao mundo, e lamentou isto da
forma adequada. Quando Cristo deixou seus discípulos, não os deixou órfãos (Jo
14.15), mas Elias teve que fazê-lo.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 549.
II
Reis 2.12 — O termo pai neste versículo denota duas coisas: (1) mentor
espiritual. Assim o era Elias para Eliseu; (2) a grandeza da reputação de Elias.
Eliseu também é chamado de pai quando morre (2 Rs 13.14). Nessa ocasião, isso
foi um verdadeiro tributo a Elias. As ações seguintes de Eliseu indicaram sua
tristeza pela perda do seu mestre espiritual e amigo.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 598.
II
Reis 2.12 Meu pai. Os discípulos dos profetas reconheciam o líder ou grupo ao
qual pertenciam como seu pai espiritual. Esse título a respeito para uma
pessoa de autoridade (Gn 45.8; Jz 17.10} foi .sadomais tarde para Fliseu (6.21;
13.14).
MAC
ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade
Bíblica do Brasil. pag. 477.
II Reis 2.12 Meu pai, mau pai.
Esse título respeitoso endereçado a uma pessoa de autoridade (Gn 45.8; Jz
17.10; Mt 23.9) seria usado mais tarde com Eliseu (6.21; 13 14).
O profeta Malaquias declarou
que Elias retomaria antes da vinda do "Dia do SENHOR" (MI 4.5, nota).
Elias prepararia o povo para o ministério do Senhor (1.8, nota).
Bíblia de Estudo de
Genebra.
Editoras Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 430.
3.
OS PAIS INTELECTUAIS.
O
quinto mandamento se aplica também ao relacionamento secular, pois a figura do
governante se assemelha à de um pai. Débora se considera mãe de Israel (Jz
5.7). O respeito e a honra se devem também a quem se destaca pelo conhecimento
em qualquer área. Embora Faraó fosse a maior autoridade no Egito, ele honrou e
respeitou um escravo hebreu simplesmente porque este tinha o conhecimento da
vontade de Deus: "senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por
senhor de toda a sua casa" (Gn 45.8). O rei do Egito nos dá o exemplo
mesmo séculos antes da promulgação da lei. Isso deve servir como exemplo hoje
nas igrejas. Esse respeito e essa consideração não se restringem apenas aos
membros da Igreja e a seu pastor, mas vale também entre os próprios pares e
companheiros de ministério. A hierarquia, portanto, é esta: Deus, os pais e as
autoridades eclesiásticas e civis.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 80-81.
... me
pôs por pai de Faraó. Parece que temos aqui um título honorífico conferido ao
primeiro-ministro, pois seu trabalho, na realidade, era o de um pai, que
cuidava de todos os filhos ou súditos do reino, entre os quais Faraó era o
irmão mais velho. Os imperadores romanos chamavam de pais aos prefeitos do
pretório, segundo se vê nas missivas de Constantino a Ablávio. E os califas
davam a mesma alcunha aos seus primeiros-ministros” (Adam Clarke, in loc.).
José, no oficio de primeiro-ministro, combinava as funções de pai, senhor e
governador, tendo-se tomado a segunda maior autoridade do Egito.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 271.
Gn 45.8
pai de Faraó. Título pertencente a um vizir e que designava uma pessoa que, não
aparentada com Faraó, desempenhava uma valiosa função e ocupava elevada
posição, que no caso de José era "senhor em toda a terra do Egito"
(v. 9). Nessa época, reinava um Faraó novo e mais jovem, Senusert III, c.
1878-1841 a.C.
MAC
ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade
Bíblica do Brasil. pag. 78.
Versículo
8. Fez-me um pai de Faraó
Já foi
suspeitado de que o pai era um nome de escritório no Egito, e que o pai do
faraó poderia significar entre eles o mesmo que o primeiro- ministro ou o
ministro do rei faz entre nós. Calmet observou que entre os fenícios, persas,
árabes e romanos, o título de pai foi dado a certos oficiais do Estado. Os
imperadores romanos deram o nome de pai para os prefeitos do pretório, como
parece, pelas cartas de Constantino para Ablavius. Os califas deu o mesmo nome
para os seus ministros . Em Juízes 17:10, Micá diz para o jovem levita, Dwell
comigo, e sê-me um PAI e um padre . E observações Diodoro da Sicília que o
professores e conselheiros dos reis do Egito foram escolhidos fora do
sacerdócio.
ADAM
CLARKE. Comentário Bíblico de Adam
Clarke.
II. OBEDIÊNCIA
1.
O VERBO HONRAR.
O
quinto mandamento é construído de forma positiva: "Honra a teu pai e a tua
mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá"
(Êx 20.12). O preceito começa com o verbo no imperativo intensivo kabbêd,
"honra", do verbo kãbêd, "ser pesado, rico, honrado,
glorioso". A construção
intensiva hebraica traz a nuança de curvar-se em honra ou respeito. A segunda
parte esclarece e especifica o significado do mandamento, que aparece de forma
expandida em Deuteronômio: "Honra a teu pai e a tua mãe, como o SENHOR,
teu Deus, te ordenou, para que se prolonguem os teus dias e para que te vá bem
na terra que te dá o SENHOR, teu Deus" (Dt 5.16). Esta forma diferenciada
será analisada mais adiante.
A raiz
do verbo kãbêd aparece em todas as línguas semíticas, com exceção do aramaico.
O significado é de "ser pesado", com o sentido figurado de ser
importante. O adjetivo derivado desse termo aparece duas vezes no Antigo
Testamento com sentido literal para designar o peso do sacerdote Eli e o peso
do cabelo de Absalão, filho de Davi (1 Sm 4.18; 2 Sm 14.26). A Septuaginta
traduz esse verbo por diversos termos gregos que não é possível enumerar aqui,
mas entre eles podem ser destacados doxazõ, "ser de opinião, pensar,
honrar, glorificar", e seus derivados; e timaõ, "dar valor a,
considerar digno, estimar, honrar, reverenciar", e seus derivados. Em
ambos os verbos e seus respectivos derivados, como doxa e timê,m
"glória" e "honra", o peso é figurado. Uma pessoa de peso
significava alguém honrado, digno, importante, respeitado (Nm 22.15). Esses
termos hebraico e grego lançam luz sobre a abrangência do quinto mandamento. A
Bíblia aplica-os a Deus (Sl 79.9; Is 40.5), que é "o rei da glória"
(Sl 24.7-10), mesmo título dado ao Senhor Jesus Cristo no Novo Testamento (1 Co
2.8).
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 78-79.
A
Palavra e Seus Sentidos Básico.
Honra
é a consideração que o indivíduo merece receber, na forma de dinheiro, de
título, de recompensa de qualquer tipo, em forma verbal, material ou
espiritual. A honra envolve o respeito que é devido, que pode ser expresso de
muitos modos. No artigo referido acima, damos as definições verbais básicas das
palavras latinas, hebraicas e gregas envolvidas. Além dessas, há certas
palavras que não foram levadas em conta ali, mas que precisam ser consideradas
agora, a saber:
1.
Doksa, «glória», «honra». Palavra usada por cento e cinqüenta e sete vezes,
conforme se vê, por exemplo, em João 5:41,44; 8:54; II Cor. 6:8; Apo. 19:7.
2.
Time, «honra». Palavra que aparece por trinta e duas vezes com esse
significado, conforme se vê, por exemplo, em João 4:44; Atos 28:10; Rom.
2:7,10; 9:21; 12:10; 13:7; Col. 2:23; I Tes. 4:4; Heb. 2:7,9; 3:3; 5:4; I Ped.
1:7; II Ped. 1:17; Apo. 4:9,11; 5:12,13; 19:1 e 21:24,26.
Honra
envolve estima e recompensa. Pode ser prestada por meio de palavras ou de
ações. Somos convidados a honrar a Deus com nossas possessões materiais (Pro.
3:9). Honramos ao próximo, e assim cumprimos a lei do amor e honramos ao Pai de
todas as almas, o qual se preocupa como o bem-estar de todos. Nossa maior
possessão é o dom da vida, que deve ser utilizado no serviço e na adoração ao
Senhor.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 159-160.
HONRA
A honra é o alto respeito ou estima mostrada a uma outra pessoa ou recebida
dela, ou ainda uma demonstração de tal respeito. O conceito é expresso
figurativamente no AT por palavras que também são traduzidas como beleza,
majestade, talento, preciosidade, valor e glória. Os paralelos são
significativos: glória e honra (1 Cr 16.27; SI 8.5); glória e majestade (SI
21.5; 96.6; 104.1); honra e distinção (Et 6.3); dádivas, prêmios e grandes
honras (Dn 2.6); riquezas e glória (1 Rs 3.13). Dessa forma, o conceito
insere-se na adoração (q.v.), que é o reconhecimento do valor.
O
próprio Deus merece toda a honra: o reconhecimento daquilo que Ele é, e a
atribuição do louvor que lhe é devido. Deus também pode fazer com que os homens
sejam reconhecidos pelos outros: "Deus deu riquezas, fazenda e honra"
(Ec 6.2). Ele ordenou que fosse mostrado respeito aos pais (Êx 20.12) e aos
mais velhos (Lv 19.32). Uma esposa virtuosa merece a estima de seu marido (Pv
31.25; 11.16; 1 Pe 3.7). Aqueles que honram a Deus serão por sua vez honrados
(1 Sm 2.30). O homem que persegue a justiça e a lealdade da aliança encontrará
a honra (Pv 21.21).
Uma
sugestão para o motivo pelo qual Deus restaura a honra aos homens de modo
redentor é dada no Salmo 8.5: Deus fez o homem um pouco menor do que os anjos.
O homem mais representativo, o Senhor Jesus, coroado com glória e honra por seu
sofrimento de morte, traz a redenção e a glória final para os seus redimidos
(veja Hb 2.5-10). A honra, como um subproduto da sabedoria e da piedade, é
associada à vida no sentido de que só poderia encontrar seu cumprimento em uma
imortalidade abençoada (Pv 3.16; 8.18; 21.21; 22.4; cf. Rm 2.7,10). No NT
grego, palavras significando valor e glória são traduzidos como honra. Os
valores éticos estão em perspectiva. A honra descreve de forma majestosa a
aprovação e a estima mútua entre o Pai e o Filho (2 Pe 1.17; Hb 2.9; Jo
8.49,54). A honra em glória redentora é concedida por Deus aos homens (Rm 2.10;
1 Pe 1.7; Jo 12.26). Os homens e os anjos dão glória e honra a Deus (1 Tm 1.17;
Ap 4.9; 19.1) e a Cristo (Jo 5.23; Ap 5.12ss.). Os homens devem buscar a honra
ou a aprovação que vem de Deus ao invés da aprovação dos homens (Jo 12.43).
Entretanto, não devemos negar a honra que é devida aos outros (Rm 12.10): aos
pais (Mt 15.4), às viúvas (1 Tm 5.3), aos mestres (1 Tm 6.1), e ao rei (1 Pe
2.17). O casamento, também, deve ser honrado por todos (Hb 13.4).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 936.
2.
FILHO ADULTO.
Entrada
na idade adulta.
O
menino judeu era reconhecido como entrando na idade adulta aos treze anos de
idade, mas nao se sabe quando essa prática começou. Na época do Novo
Testamento, o menino de treze anos se tornava um “filho da lei”. O relato sobre
Jesus ter sido deixado para trás no templo, mostra que Ele estava deixando a
infância (Lc 2.41-49). Essa foi a última vez em que Ele compareceu à uma Páscoa como criança. Só
depois dos treze anos o menino se qualificava para tornar-se um dos dez homens
que podiam formar uma sinagoga.
GOWER.
Ralph. Usos e Costumes dos Tempos
Bíblicos. Editora CPAD. pag. 63.
O
quinto mandamento da lei de Deus ordena os filhos a honrar os pais.
Este é
o primeiro mandamento com promessa. Os filhos que honram os pais recebem de
Deus duas preciosas promessas: vida longa e prosperidade. O contrário também é
verdade: os filhos que desonram os pais encurtam seus dias sobre a terra e
fazem provisão para o desastre. Nenhum filho pode ter um relacionamento certo
com Deus se desonra pai e mãe. Os filhos honram os pais quando os respeitam e
os obedecem no temor de Deus; quando seguem seus conselhos e pautam sua conduta
pelos princípios cristãos aprendidos no lar; quando buscam sábia orientação
destes para suas decisões na vida; quando são convertidos a eles e quando
cuidam deles na velhice.
Um dos
sinais de decadência da sociedade é a desobediência dos filhos aos pais. A
rebeldia é como o pecado da feitiçaria. Os filhos rebeldes são a tristeza de
seus pais, mas os filhos obedientes são o seu deleite. Filhos bem aventurados são
aqueles que honram pai e mãe. Honram pela obediência; honram pelo amor
desvelado; honram pelo cuidado protetor.
Vivemos
hoje o drama de pais matando filhos e filhos assassinando os pais. Há uma
guerra dentro da família. Como disse Jesus, os inimigos do homem são os da sua
própria casa. A Palavra de Deus, porém, diz que os filhos que honram pai e mãe
recebem duas promessas especiais de Deus: vida longa e vida feliz. A felicidade
é resultado da obediência.
Nenhum
filho pode ser feliz sendo um pesadelo para os pais. Nenhuma filha pode
construir sua felicidade com o cimento da rebeldia. Os filhos que desobedecem
os pais colhem infortúnio. Os filhos que desonram os pais colhem tragédias.
Muitos filhos encurtam seus dias porque seguem pela estrada escorregadia da
desobediência e se envolvem com amizades perniciosas e frequentam lugares
perigosos.
Muitos
filhos se afundam no pântano do desespero e são o desgosto de seus pais porque
tapam os ouvidos para escutar os conselhos de seus pais. Filhos obedientes são
filhos felizes. Filhos que honram os pais são filhos que dilatam seus dias na
terra. A felicidade está no banquete da obediência e não nos balcões da
rebeldia.
LOPES. Hernandes Dias. Família,
nosso maior tesouro.
3.
A LUZ DA EXEGESE.
O mandamento
de honrar pai e mãe não se restringe à infância e adolescência. Em nenhum
lugar, a Bíblia ensina ser essa ordem somente para esta fase da vida. Quando o
moço e a moça chegam à maioridade ou mesmo se casam, seus pais continuam sendo
seus pais, e os filhos devem honrá-los e respeitá-los enquanto eles viverem. O
apóstolo Paulo fala sobre a família e sobre a submissão da mulher ao marido (Ef
5.22ss). Isso faz alguns pensarem que a obediência dos filhos aos pais é um
discurso dirigido apenas aos filhos menores. Mas tal linha de pensamento não se
sustenta nem no Antigo Testamento nem no pensamento paulino aqui analisado. O
texto traz o termo grego tekna,ss "filhos", plural de teknon. A
ideia é de "descendente imediato ou direto de alguém, sem referência
específica a sexo ou idade" (LOUW & NIDA, 2013, p. 106). Das cinco
ocorrências do termo em Efésios, o contexto mostra que pelo menos três delas
dizem respeito de forma inconfundível a adultos: "filhos da ira"
(2.3); "filhos amados" (5.1); "filhos da luz" (5.8). Apenas
uma delas sugere criança ou adolescente (6.4). Em 6.1, o termo parece ambíguo,
mas seria precipitação aplicar esse ensino apenas a crianças e adolescentes. O
verbo "obedecer" está na voz ativa, mostrando que se trata de pessoas
moralmente livres para assumirem uma responsabilidade diante de Deus. Todas as
pessoas vivem sob e sobre autoridade; ninguém escapa dessa responsabilidade.
Jesus disse: "Porque eu descido céu não para fazer a minha vontade, mas a
vontade daquele que me enviou" (Jo 6.38). Se aquele que é a maior
autoridade no céu e na terra faz uma declaração como essa, o que não diremos
nós?
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 62.
A
palavra «...obedecei...», no original grego, é «upakouo», que quer dizer
«obedecer», «seguir», «estar sujeito a». Fica subentendido que aquilo que aos
filhos é ordenado, seja justo, moral, correto, visando o desenvolvimento
espiritual da criança, ou simplesmente apropriado para a vida e a conduta
diárias. Seu trecho paralelo, de Col. 3:20, acrescenta «em tudo». Mas tudo deve
estar sujeito à mesma condição de justiça, incluindo até mesmo questões
indiferentes, atinentes à vida diária, que não têm conteúdo «certo» ou
«errado». O pai da família deve assumir a «direção» do lar, tanto nas coisas
importantes como nas incidentais. Mas, ao assim fazer, o pai deve manter uma
atitude razoável, a fim de não alienar de si os seus filhos, satisfazendo os
desejos razoáveis dos filhos o tanto que lhe for possível, para que seja
reputado como gentil e cheio de consideração por eles, que dessa maneira o
amarão e respeitarão, sujeitando-se naturalmente à sua autoridade,
não querendo subjugá-los pelo temor ou pelo mero senso de obrigação.
Devemos
notar que, em Rom. 1:30, a desobediência aos pais é nomeada entre os pecados
sérios dos povos pagãos, que são reprovados por Deus. E a própria natureza nos
ensina a conveniência dos mais jovens e menos experientes se sujeitarem aos
mais velhos, que já têm bastante experiência de vida, em suas exigências e
inúmeras situações. Outrossim, dos pais crentes se espera que entendam as
implicações espirituais da necessidade de obediência, para que assim exerçam a
devida autoridade sobre seus filhos.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 635.
Duas
palavras resumem o dever dos filhos para com os pais: obediência e honra.
Quando Paulo escreveu essa carta aos efésios, estava em vigência no Império
Romano o regime do pater postestas. O pai tinha direito absoluto sobre o filho:
podia casá-lo, divorciá-lo, escravizá-lo, vendê-lo, rejeitá-lo, prendê-lo e até
mesmo matá-lo.
O
dever dos filhos com os pais (6.1-3)
O
apóstolo menciona três motivos que devem levar os filhos a ser obedientes aos
pais: a natureza, a lei e o evangelho:
Em
primeiro lugar, a natureza (6.1). “Filhos, sede obedientes a vossos pais no
Senhor, pois isso é justo.” A obediência dos filhos aos pais é uma lei da
própria natureza; é o comportamento-padrão de toda a sociedade. Os moralistas
pagãos, os filósofos estoicos, a cultura oriental (chineses, japoneses e
coreanos), as grandes religiões, como confucionismo, budismo e islamismo,
também defendem essa bandeira. Lloyd-Jones tem razão quando diz que é algo antinatural os filhos desobedecerem aos pais.293 A desobediência aos pais é um
sinal de decadência moral da sociedade e um sinal do fim dos tempos (Rm
1.28-30; 2Tm 3.1-3).
Em
segundo lugar, a lei (6.2,3). “Honra teu pai e tua mãe; este é o primeiro
mandamento com promessa, para que vivas bem e tenhas vida longa sobre a terra.”
Honrar é mais do que obedecer (Ex 20.12; Dt 5.16). Os filhos não devem prestar
só obediência aos pais, mas também devotar amor, respeito e cuidado a eles. É
possível obedecer sem honrar. O irmão do filho pródigo obedecia ao pai, mas não
o honrava. Há filhos que desamparam os pais na velhice. Há filhos que trazem flores
para o funeral dos pais, mas jamais os presentearam com um botão de rosa
enquanto estavam vivos.
Honrar
pai e mae é honrar a Deus (Lv 19.1-3). A desonra aos pais era um pecado punido
com a morte (Lv 20.9; Dt 21.18-21). Resistir a autoridade dos pais é
insurgir-se contra a autoridade do próprio Deus.
Honrar
pai e mãe traz benefícios (6.2,3). A promessa consiste em prosperidade e
longevidade. No Antigo Testamento, as bênçãos eram terrenas e temporais, como a
posse da terra. No Novo Testamento, nós somos abençoados com toda sorte de
bênçãos espirituais em Cristo (Ef 1.3). O filho obediente livra-se de grandes
desgostos. Vejamos, por exemplo, algumas coisas que são importantes: 1) ouvir
os pais — quantos desastres, casamentos errados, perdas, lágrimas e mortes
seriam evitados se os filhos escutassem os pais; 2) ter cuidado com as seduções
(Pv 1.10) — drogas, sexo, namoro, abandono da igreja e amigos.
Em
terceiro lugar, o evangelho (6.1): “Filhos, sede obedientes a vossos pais no
Senhor” (grifo do autor). Colossenses 3.20 fala que os filhos devem obedecer
aos pais em tudo; já Efésios 6.1 equilibra a ordem dizendo que devem obedecer
no Senhor. O que Paulo está ensinando? Os filhos devem obedecer aos pais porque
eles são servos
LOPES, Hernandes Dias. EFESIOS
Igreja, A Noiva Gloriosa de Cristo. Editora Hagnos. pag. 161-164.
1
Diferente do caso das mulheres, a exortação aos filhos (como também aos
escravos nos v. 5ss) é introduzida com o imperativo “obedecei”. Também essa
expressão remete a uma ordem à qual os interpelados devem se ajustar.
A
desobediência a essa ordem é expressão do castigo divino e ao mesmo tempo sinal
do iminente fim dos tempos: “Nos últimos dias” serão “desobedientes aos pais”
(2Tm 3.2; Rm 1.30; cf. também Tt 1.6).
No
entanto, também neste caso a exortação geral é inserida imediatamente no
horizonte da comunhão de Cristo, que envolve pais e filhos: “Obedecei a vossos
pais no Senhor.”
No
texto paralelo de Cl 3.18-4.1 a ênfase nesse relacionamento singular com o
Senhor da igreja ocorre com freqüência e de maneira bastante similar:
“Submetei-vos… no Senhor” (Cl 3.18; cf. v. 20); “no temor do Senhor” (Cl 3.22);
“Fazei tudo no Senhor” (Cl 3.23); “Recebereis do Senhor a recompensa” (Cl
3.24); “Considerai que também vós tendes um Senhor no céu” (Cl 4.1). Isso
explicita que também a ordem para o relacionamento entre pais e filhos,
estabelecida na criação, não é anulada no âmbito da igreja cristã, sendo antes
colocada sob o governo do Cristo. Portanto, também aqui são combatidas todas as
distorções dessa ordem causadas pelo pecado.
Por um
lado, a justificativa para a obediência aos pais é genérica: “Porque isso é
justo.” Via de regra Paulo utiliza o termo “justo” em oposição a “pecador”:
embora por natureza “ninguém seja justo, nem sequer um só” (Rm 3.10), todavia
“o justo viverá por fé” (Rm 1.17). Apesar disso ele também usa o termo “no
sentido da justiça na vivência, que corresponde ao direito divino”.
2 A
menção do quarto mandamento deixa claro que tal obediência é concretamente
exigida pela ordem de Deus. Ele é reproduzido textualmente da versão da LXX
para Êx 20.12. Contudo, a locução “na boa terra que o Senhor teu Deus te dará”
é abreviada para “na terra”. Dessa forma Paulo adapta a citação à realidade dos
leitores gentios cristãos: para eles a terra prometida Canaã foi substituída
pela “riqueza da glória de sua herança”, que está pronta no céu (cf. Ef 1.18).
O
sentido de “honrar pai e mãe” é elucidado por Jesus em Mt 15.3ss (par. Mc
7.10ss): o cuidado com os pais necessitados é dever irrenunciável dos filhos,
que tampouco pode ser eliminado consagrando (korban) o dinheiro disponível ao
templo (i. é, a Deus). Por meio deste exemplo Jesus deixa claro que a
explicação que os escribas dão para esse mandamento na realidade visa
dissimular seu esvaziamento: em nome de uma suposta “finalidade” superior
(templo/Deus) contorna-se a dedicação aos pais concretamente demandada pelo
mandamento de Deus. Assim os supostos praticantes da lei revelam-se hipócritas.
Jesus também cita esse mandamento ao enumerar os mandamentos para o “jovem
rico” (Mt 19.19; par.).
A
relevância da instrução é sublinhada pelo adendo: “Esse é o primeiro mandamento
com promessa.” Depois da primeira parte dos Dez Mandamentos, que se referem ao
relacionamento do ser humano com Deus, a exigência de honrar pai e mãe aparece
em primeiro lugar na lista das regulamentações para a convivência. Desse modo o
cerne da sociedade, a família, é colocado debaixo da proteção do mandamento
divino. Por essa razão também o desprezo dessa exigência (“desobediente aos
pais”; cf. o exposto sobre o v. 1) aponta para a dissolução escatológica da
ordem divina e, conseqüentemente, para o iminente caos, ou juízo. Em
contrapartida, a obediência ao mandamento recebe uma promessa especial.
Eberhard
Hahn. Comentário Esperança Efésios. Editora
Evangélica Esperança.
III. SUSTENTO
1.
CUIDADO.
Honrar
pai e mãe é muito abrangente e envolve cuidar dos pais, principalmente na
velhice: "Ouve a teu pai, que te gerou, e não desprezes a tua mãe, quando
vier a envelhecer” (Pv 23.22). O termo "filho meu", frequentemente
empregado em Provérbios, em geral se aponta para o aconselhamento de um mestre
a seus discípulos, mas aqui ambos são mencionados, pai e mãe, referindo-se,
portanto, aos pais naturais. O quinto mandamento vai além do sustento dos pais
na velhice. É dever dos filhos proteger os pais, a sanção da lei é dura contra
os que descumprem o quinto mandamento: "O que ferir a seu pai ou a sua mãe
certamente morrerá... E quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe certamente
morrerá" (Êx 21.15, 17). O v. 15 fala sobre violência fisica, e o v. 17,
que é reiterado mais adiante de forma expandida (Lv 20.9), vai além do desprezo
e do abandono. Amaldiçoar aqui significa depreciar e repudiar a autoridade dos
pais. Além da agressão e do menosprezo em relação aos progenitores, a lei
estabelecia a pena capital para o filho desobediente, o rebelde contumaz (Dt
21.18-21). Qualquer atitude de desonra era um grave insulto, e a punição da lei
era a mesma para ambos os casos: agressão física e moral, violência e
desrespeito. Por isso, a lei impõe respeito e honra aos pais (Êx 20.12; Dt
5.16). Desonrar a pai e mãe é desonrar a Deus.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 63.
A
vontade de Deus é que os filhos tenham uma alta estima pela sabedoria e
experiência de seus pais. Devem considerar que a sabedoria não se adquire na
escola, mas sim num longo aprendizado da vida. A experiência de errar e
acertar, meditar e avaliar, ganhar e perder vão formando uma base para conduzir
outros na vida.
Quando
os filhos apreciam seus pais, é fácil respeitá-los e honrá-los. O respeito
brota de uma atitude interior de reconhecimento e apreço pela função dos pais.
Esse respeito se manifesta pelo trato cordial, amável, cuidadoso. O contrário,
ou seja, faltar de respeito se manifesta por gestos e palavrões, prepotência,
altivez e desprezo. Isto é muito comum no mundo. Ao se converter, o jovem terá
que aprender como tratar seus pais. Será como que remar contra a correnteza
deste mundo e não se deixar influenciar pelos exemplos negativos tão abundantes
hoje em dia.
Muitos
pais, quando atingem uma idade avançada, são abandonados e considerados como
algo pesado. Sobretudo quando ficam enfermos e precisam de cuidados especiais.
São deixados de lado, ignorados e muitos são levados aos asilos para que
morram. Isso é fruto da rebelião e do menosprezo.
Honrar
os pais é o primeiro mandamento com promessa. Quem o fizer, pode ter a
segurança de que será próspero e terá longa vida (1Tm 5.4,8; Lv 19.32).
Honrar
é um ato de amor, por exemplo: dizer a eles o quanto são importantes, falar
deles a outros, presenteá-los fora das datas especiais, passar tempo com eles e
conversar sobre o que eles gostam, etc.
A
Família Série de Conselhos de Deus.
2.
OFERTA CORBÃ.
«Corbã»
simplesmente significa «oferta»; mas, neste caso, alude a algo dedicado a
propósitos religiosos, como o templo. Jesus frisa que eles, com uma piedade
fingida, tinham descoberto um meio de desobedecer ao quinto mandamento.
Isso é bastsmte comum. Muitas pessoas acham conveniente ignorar princípios
espirituais encastoados em passagens bíblicas claras, mediante algum «caso
especial» ou «necessidade pessoal», o que, para eles, transcende a claros
ensinamentos espirituais. Essa tradição de «Corbã» proferida
sobre uma oferta, era tão forte que quem fazia tal voto era proibido de usar
tal coisa, qualquer que fosse, com outras finalidades. No entanto, tinham
descoberto
um modo de evitar isso, tomando vagos os seus votos, a fim de que pudessem
interpretá-los como bem quisessem.
A má
intenção resulta no feito perverso. A mãe do indivíduo passa fome, os credores
roubam-lhe sua propriedade, o filho retém o dinheiro, enganando tanto sua
mãe quanto o templo; e tudo isso é possibilitado por uma tradição humana
que
fora elevada à posição de verdade divina. Mas desde o começo era péssima
tradição.
Mesmo que aquele filho desse uma dádiva ao templo, devido às circunstâncias,
o que poderia ser digno de encômios torna-se um ato vergonhoso.
Esse princípio pode ser lato bastante para servir de cautela aos ministros,
para que cuidem de seus familiares e não negligenciem aos mesmos devido
ao trabalho religioso em que se acham, sacrificando tudo pelo trabalho.
Sem duvida
os ministros devenam buscar um—equibrio—apropriado em tomo da questão. E é óbvio
que o «principio» exarado no texto, mesmo que não seja o
problema em foco, muito tem a ver com responsabilidade dos pais para com
seus filhos. Pensemos nos missionários que permitem que seus filhos sejam
criados por outros, a fim de que não se ocupem com os cuidados de uma família.
Essa prática, apesar de ter algum senso prático —está longe de ter «senso
espiritual». Não é mal maior negligenciar a própria mãe do que negligenciar
um filho ou uma filha. Pois três coisas um pai deve a seus filhos; exemplo,
exemplo, exemplo. Como pode um pai dar exemplo á um filho ausente?
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 718.
Eles
rejeitaram jeitosamente o preceito de Deus (7.9-12). Os escribas e fariseus
chegaram a ponto de anular e invalidar um preceito infalível de Deus para
confirmar sua tradição fraca e miserável. Jesus fala sobre o arranjo jeitoso
que os rabinos fizeram para deturpar o quinto mandamento e liberar os filhos
avarentos da responsabilidade de cuidarem de seus pais na velhice. Esses
líderes proclamavam amar a Deus, mas não tinham amor pelos pais. O mandamento
para honrar pai e mãe está fartamente documentado nas Escrituras. Honrar pai e
mãe é mais do que simplesmente obedecer-lhes. O que realmente importa é a
atitude interior do filho em relação aos seus pais. Essa atitude é o que, na
verdade, produz honra. Toda obediência interesseira e relutante, ou produzida
pelo terror é, descartada. Honra implica amor e alta consideração.
Como
os escribas e fariseus anularam esse preceito bíblico? Pela errada aplicação da
lei de Corbã. Quando um filho mau tinha a intenção de desamparar pai e mãe,
sonegando a eles a assistência devida, dizia a eles que não poderia ajudá-los,
porque havia dedicado esses recursos financeiros como oferta ao Senhor. Dessa
maneira, ficavam “legalmente” isentos de socorrer os pais e não
necessariamente, dedicavam essas ofertas a Deus. O filho que declarava: É
Corbã, poderia, simplesmente, conservar o dom para seu próprio uso. Ernesto
Trenchard coloca essa questão como segue:
A
palavra Corbã quer dizer “dedicado a Deus”, e se empregava quando um homem
queria dedicar seus bens à tesouraria do Templo. Contudo, por um acordo com os
sacerdotes israelitas, podia “dedicar” seu dinheiro ou sua propriedade ao
Templo, ao mesmo tempo, em que os desfrutava durante a sua vida, deixando-os
como um legado a serviço do Templo. Caso esse homem, segundo a santa obrigação
natural e legal, tivesse o dever de manter os pais idosos ou enfermos, os
mesmos sacerdotes lhe impediam de ajudá-los com esses fundos que eram “Corbã”,
para não subtrair o legado do Templo. Esse caso suscitou a justa indignação do
Senhor, pois por um ímpio subterfúgio, e sob uma aparência de piedade, se
violava um dos principais mandamentos de Deus.
LOPES. Hernandes Dias. Marcos O
Evangelho dos milagres. Editora Hagnos.
E
fácil deduzir que é dever dos filhos, se os pais são pobres, ajudá-los,
conforme a sua capacidade; e se os filhos que maldizem os seus pais merecem a
morte, muito mais a merecem aqueles que não os sustentam. Se alguém estivesse
de acordo com todos os pontos da tradição dos anciãos, eles descobririam um
expediente pelo qual ele poderia ser liberado dessa obrigação (v. 11). Se os pais
estivessem em necessidade, e o filho tivesse os recursos necessários para ajudá-los,
mas não tivesse a intenção de fazer isso, ele poderia jurar pelo Corbã, ou
seja, pelo “ouro do templo”, e pela “oferta que está sobre o altar”, e assim os
seus pais não seriam beneficiados por ele; esse filho não os ajudaria. E, se
eles lhe pedissem qualquer coisa, bastava que ele lhes respondesse isso, e
seria suficiente.
Como
se pela obrigação desse juramento iníquo alguém pudesse se liberar da obrigação
imposta pela santa lei de Deus. Observe a interpretação do Dr. Hammond: Um antigo
cânone dos rabinos diz que os juramentos devem acontecer com referência a
coisas ordenadas pela lei, e também a coisas indiferentes, para que, se alguém
fizer um juramento (ou um voto) que não possa ser ratificado sem infringir um
mandamento, o juramento seja ratificado, e o mandamento violado. Esta opinião
está de acordo com a interpretação do Dr. Whitby. Os papistas ensinam uma
doutrina como essa, isentando os filhos de qualquer obrigação para com os seus
pais, por meio dos seus juramentos (ou votos) monásticos, e da sua admissão à
religião, como eles os chamam. O Senhor Jesus conclui: “E muitas coisas fazeis
semelhantes a estas”.
Onde
os homens irão parar, quando tiverem feito com que a Palavra de Deus dê lugar
às suas tradições? Esses que avidamente impunham tais cerimônias, no início
somente menosprezavam os mandamentos de Deus em comparação com as suas
tradições; mas, posteriormente, anulavam os mandamentos de Deus, se estes
entrassem em conflito com as suas tradições. Tudo isso, na verdade, Isaías
tinha profetizado; aquilo que ele dizia sobre os hipócritas na sua época,
aplicava-se também aos escribas e fariseus (v. 6). Observe que quando vemos a iniquidade dos tempos atuais, e reclamamos dela, se dissermos que os dias
passados foram melhores do que estes, estaremos mostrando que não investigamos
esse assunto mais a fundo (Ec 7.10). O pior dos hipócritas e malfeitores já
teve os seus predecessores.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 441.
3.
ENSINO DE JESUS.
JESUS
CONTRASTA aqui as práticas humanas errôneas com a milenarmente honrada Palavra
de Deus. Há quem professe honrar a essa Palavra acima de tudo, mas vive repleto
de falhas morais perversas, que destroem o sentido espiritual das Escrituras.
«À
tradução de Goodspeed sobre essas palavras é muito sugestiva—e embaraçosa;
‘Anulais o que Deus disse pelo que transmitistes'. Levanta a questão; Qual é
vosso ato privativo de anulação? Que porção da Palavra de Deus apagais e
deixais sem efeito? Podemos dizer que nunca fizemos tal coisa? As de nós
anulam as palavras de Jesus: ‘perdoai setenta vezes sete’. Nesse ponto o
‘galileu é graiide demais para nossos minúsculos corações'. Além de inflexíveis
e vingativos, achamos que essas palavras são desconcertantes. ‘Invalidais’,
disse Jesus. ‘Tomai a cruz e segui-me’ (Marc. 8:34). Mas é dificílimo
tomar uma cruz. Isso estraga nossa carreira ansiosa, desimpedida através da
vida». (Luccock, in loc.).
NOTEMOS
como Jesus lança as Escrituras contra sua interpretação farisaica. Esse tipo de
contraste, se for honestamente empregado, além de servir de estudo informativo,
poderia melhorar nosso conhecimento e nossas ações, livrando-nos de certos
dogmas que se baseiam somente sobre as tradições humanas.
O
«etc.» de Jesus —muitas outras cousas semelhantes—, no fim deste versículo,
envolve a todos nós, e não meramente aqueles fingidos religiosos. O seu «etc.»
foi uma frase «retórico redundante... que expressa desprezo». (Bruce, in loc.).
Essas são as «muitas coisas semelhantes» em que os modernos religiosos se
envolvem. Todo aquele que segue os dogmas de qualquer denominação certamente se
vê envolvido nessas coisas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 719.
Eles
invalidaram a Palavra de Deus (7.13). Os escribas e fariseus estavam não apenas
ignorando, mas também invalidando a Palavra de Deus. Eles estavam retirando a
autoridade divina do quinto mandamento. De outro lado, estavam colocando em seu
lugar uma tradição injusta e iníqua. Jesus deixa claro que a oferta de Corbã
era apenas um exemplo dos muitos desvios desses falsos mestres.
O
grande pilar da ortodoxia evangélica é a verdade de que a Palavra de Deus é
nossa única regra de fé e prática. Esse marco tem sido removido ainda hoje.
Preceitos de homens têm sido colocados no lugar da bendita Palavra de Deus.
LOPES. Hernandes Dias. Marcos O
Evangelho dos milagres. Editora Hagnos.
Mc 7.13
Pela terceira e última vez (v. 8,9,13) Jesus pronuncia uma acusação fulminante
contra aqueles que se consideravam guardiães da Torá e se tinham colocado como
juízes dele: invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós
mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes. Na passagem
paralela de Mt 15.13s, Jesus nega diretamente que a motivação deles tenha
qualquer origem divina. Por isso Deus haveria de exterminá-los. A seus
discípulos ele ordena que se separem radicalmente deles. No fundo da cena
pode-se ver a figura do tentador para a apostasia de Dn 7.15, cuja principal
característica é a anulação dos mandamentos de Deus. Emoção semelhante, à beira
da explosão, constatamos no missionário Paulo quando encontra tendências
judaizantes nas igrejas (Gl 1.6-9; 2.5,14; 3.1; 4.16-20; Fp 3.2). Legalismo e
missões combinam como fogo e água.
Adolf Pohl. Comentário Esperança Evangelho de Marcos. Editora Evangélica
Esperança.
Mc
7.13 O voto Corbã colocava efetivamente a tradição acima da Palavra de Deus.
Ser capaz de se isentar de um dos mandamentos de Deus, adotando um voto humano,
significava que os fariseus estavam invalidando a Palavra de Deus.
Jesus
acrescentou que os fariseus faziam muitas e muitas coisas como essa. E esse era
apenas um exemplo da premeditada mesquinhez desses líderes religiosos que se colocavam
acima de todas as pessoas, mas que, de fato, destruíam as leis que tinham tanto
orgulho de parecer obedecer. Nesse exemplo, Jesus deixou claro a esses líderes
religiosos hipócritas que a lei de Deus, e não a tradição oral, deveria ser a
verdadeira autoridade na vida das pessoas.
Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal.
Editora CPAD. Vol. 1. pag. 234.
IV. ENTRE A LEI E A GRAÇA
1.
AUTORIDADE DOS PAIS.
Os
judeus colocam o quinto mandamento como dever do homem para com Deus. Os
mandamentos de caráter vertical, do compromisso do israelita com Deus, de amar
a Deus acima de todas as coisas, de acordo com o ensino de Jesus, são
teológicos e estão registrados na primeira tábua; os outros são de caráter
horizontal, são preceitos éticos que constam da segunda tábua, resumidos no
segundo mandamento de amar o próximo como a si mesmo. Esta é a interpretação
judaica. Esta linha de pensamento mostra a relevância de honrar os pais, os
quais são representantes de Deus. Honrar pai e mãe ocupa um lugar de elevada
consideração na lei porque a autoridade deles foi delegada por Deus.
Desobedecer a eles, portanto, é desobedecer a Deus, pois eles estão investidos
de autoridade sobre a vida e receberam a responsabilidade do bem-estar dos
filhos.
O
apóstolo Paulo ensina obedecer aos pais e explica, "porque isto é
justo" (Ef 6.1). Ele está falando a respeito de uma lei natural que existe
desde o princípio do mundo. Deus já havia colocado a sua lei no coração de
todos os homens, mesmo antes de se revelar a Moisés no Sinai (Rm 1.19; 2.14,
15). Essa prática existe em todas as civilizações antes e depois de Moisés.
Todos esses povos já reconheciam a importância de obedecer e respeitar aos pais
como fundamento para uma sociedade estável. Sua inobservância sinaliza a
decadência da estrutura social. Infelizmente, o que se vê na atualidade é
inversão desses valores; os pais estão perdendo o direito de opinar e decidir
sobre a vida dos filhos adolescentes por imposição até do Estado.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 81.
1. A
obediência dos filhos a seus pais é algo moralmente justo, porque segue a
ordenança divina.
2. Tal
obediência também é socialmente correta, por refletir um arranjo conveniente e
correto na sociedade humana.
3.
Também é beneficentemente correta, devido aos seus bons resultados.
4.
Também é biblicamente correta, pois concorda tanto com o Antigo como com o Novo
Testamentos, em suas respectivas revelações.
5.
Também é legalmente correta, pois foi ordenada nas Escrituras Sagradas,
escritas por inspiração divina.
6.
Também é naturalmente correta, pois segue as leis naturais.
7.
Essa obediência dos filhos a seus pais é justa de acordo com os ditames do bom
senso, porquanto é óbvio que uma pessoa mais velha, de forma geral, sabe o que
deve ser feito nesta ou naquela oportunidade, do que os jovens inexperientes.
8.
Portanto, tal obediência também é racionalmente correta, isto é, apropriada
para as relações entre pais e filhos, pois seria uma monstruosidade se os
filhos ditassem as ordens e seus pais as obedecessem.
9.
Finalmente, a obediência dos filhos a seus pais é humanamente correta, pois
todas as culturas humanas reconhecem quão prudente é que assim seja.
É
interessante que vários intérpretes argumentam, com base neste versículo, em
favor do «batismo infantil» ou do «batismo de crianças», supondo que a
obediência exigida deve ser efetuada dentro dás relações cristãs, e pensando
que somente o batismo em água pode levar a criança, a tal relação. Mas isso
reflete uma maneira absurda de caçar textos do N.T. em favor de alguma prática,
boa ou má, mas que não conta com qualquer apoio dogmático da parte do novo
pacto.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 636.
E da
mesma forma que aquele relacionamento começou com a chamada à submissão, aqui
também os filhos são chamados: obedecei a vossos pais. Tanto aqui como em
Colossenses 3:20 a “honra” do primeiro mandamento recebe a orientação
especifica de obediência. Então, no modo típico desta epístola, o apóstolo
acrescenta a expressão no Senhor. Seu uso aqui não se deve ao fato de o
apóstolo ter em mente “a situação onde as ordens dos pais possam contrariar a
lei de Cristo” (Bruce), e sim, a situação de um lar cristão. A epístola aos
Colossenses pode ajudar a interpretar esta passagem quando diz que o fato de os
filhos obedecerem aos pais “é grato diante do Senhor”. (RV) . Mesmo uma criança
em sua simplicidade pode saber o que significa amar no Senhor e obedecer por
Sua causa. Então a razão dada para a obediência choca por sua austeridade: pois
isto é justo. Talvez seu pensamento seja o de que isso é aceito como correto em
cada sociedade; é certo segundo a lei do Antigo Testamento; está de acordo com
o exemplo do próprio Cristo (Lc 2:51). Ou pode ser que a forma de sua expressão
tivesse o objetivo de lembrar que em algumas coisas as crianças devem aceitar e
obedecer antes de poderem compreender todas as razões.
Francis
Foulkes. Efésios Introdução e comentário. Editora Vida Nova. pag. 134-135.
O
apóstolo presume que entre aqueles que estarão ouvindo a leitura desta carta
nas várias congregações se incluem as crianças. Elas integram o pacto de Deus (Gn
17.7; At 2.38,39), e Jesus as ama (Mc 10.13-16). Se Paulo estivesse conosco
hoje, sem dúvida que ficaria estupefato ante o espetáculo de crianças que
assistem à Escola Dominical e logo depois vão embora sem se importarem com o
culto de adoração que vem em seguida. Ele tem uma mensagem direta e
especialmente dirigida às crianças. A implicação é evidente, ou seja, que
também os sermões de hoje devem ser de tal natureza que mesmo as crianças
possam entendê-los e receber deles alegria, ao menos em certo grau, segundo sua
idade, etc., e em certas ocasiões o pastor deve dirigir sua atenção
especialmente para elas. A mensagem do apóstolo às crianças é que elas devem
obedecer a seus pais. Além disso, essa obediência deve fluir não só do
sentimento de amor, gratidão e estima por seus pais, embora essas motivações sejam
muito importantes, mas também, e especialmente, da reverência devida ao Senhor
Jesus Cristo. Paulo diz que essa obediência deve ser no Senhor, e acresce:
porque esta obediência é justa. A atitude correta do filho ao obedecer a seus
pais deve ser, portanto, esta: Devo obedecer a meus pais porque o Senhor me
ordena que assim o faça. O que ele diz é justo pela simples razão de ser ele
quem o diz! É ele quem determina o que é justo e o que é injusto. Por isso,
quando desobedeço a meus pais, estou desobedecendo e contrariando a Deus mesmo.
É verdade que, quando Deus – ou, se se preferir, Cristo – dá esta ordem, ele
está exibindo sua sabedoria e amor. Por uma mercê de Deus, esses filhos devem
sua própria existência a seus pais. Além do mais, os pais, por sua vez, têm
mais ideais, mais experiência, sabem mais, e por via de regra são mais sábios.
Por outro lado, dadas as condições normais, até o tempo do matrimônio, ninguém
ama a esses filhos com mais ternura do que seus pais. E mesmo depois que a
relação pais-filhos tenha sido substituída (em certo sentido) pelos laços mais
íntimos de esposoesposa, os pais, se ainda vivem, continuam a amar seus filhos
não menos que antes.
HENDRIKSEN. William. Exposição De Efésios.
Editora Cultura Cristã. pag. 306-307.
2.
O SISTEMA MOSAICO.
Os
quatro primeiros mandamentos da lei mosaica tratam dos deveres do homem para
com Deus. Os últimos seis, tratam dos relacionamentos humanos. Por isso mesmo,
as tábuas do testemunho, onde tinham sido inscritos os mandamentos, eram duas.
Essas duas tábuas da lei incorporavam todas as atitudes apropriadas aos seres
humanos.
Honrar
aos próprios progenitores não somente é uma forma de piedade do mais alto
calibre, como também é uma regra social de suprema importância, pois os
conflitos domésticos naturalmente têm reflexos sobre a sociedade como um todo.
Visto que os pais atuam como representantes de Deus, ocupando o lugar de Deus
no seio da família, este quinto mandamento, na realidade, é uma aplicação dos
dois primeiros mandamentos. Assim, honrar a Yahweh implica em honrar aos
pais. A solidariedade familiar jamais poderá tomar-se um fato nos lugares onde
houver filhos desobedientes, que tentem impingir sua voluntariedade às expensas
dos pais. Dentro do contexto hebreu, honrar os próprios pais era uma parte
vital da existência, tão vital quanto a respiração. Um filho que ousasse ferir
seus pais sofria a pena de morte (Êxo. 21.15). Idêntico castigo cabia a quem
amaldiçoasse qualquer de seus pais (Êxo. 21.17). Somente os zombadores
insensatos rejeitariam esse princípio de respeito pelos próprios pais, e o fim
deles é triste (Pro. 30.17).
Paulo
reitera esse mandamento em Efésios 6.1-3. Todavia, o apóstolo também frisou
sabiamente a responsabilidade dos pais para com seus filhos (vs. 4). E lembrou
que o quinto mandamento é o primeiro mandamento que envolve uma promessa, ou
seja, que os filhos obedientes serão abençoados com uma vida longa e feliz
(Efé. 6.3). Nesse ponto, Paulo citou o trecho de Deuteronômio 5.16. A punição
capital (ver a esse respeito no Dicionário) era imposta no caso de quatro
crimes, mencionados em Êxo. 21.12-17 (que vide). Entre esses queremos destacar
aqui a quebra do sexto mandamento (o homicídio; Êxo. 21.12,14) e a quebra do
quinto mandamento (os abusos contra os pais; Êxo. 21.17).
Entre
certas tribos indígenas do Rio Negro, no estado do Amazonas, Brasil, somente
dois atos são tidos como aquilo que chamamos de pecados, ou seja, atos errados:
abusar de qualquer modo da própria mãe e furtar. Entre eles, esses atos são
considerados piores do que o homicídio, o qual, entre eles, é tão comum que
deixou de ser censurado. Assim sendo, o código de ética daqueles indígenas
incorpora somente o quinto e o oitavo mandamentos do decálogo mosaico.
Aristóteles
pensava que as relações entre filho e progenitor são análogas àquelas que existem entre o homem e Deus (Ethics, Nic. vii.12 par.5). O confucionismo
alicerça toda a sua moralidade sobre as relações entre pais e filhos. Os
egípcios enfatizavam a questão a ponto de ameaçarem a uma má vida pós-túmulo
aos filhos que fossem desobedientes a seus pais (apud Lenormant, Histoire
Ancienne, vs. 1, pág. 343 s.).
Interessante
é notar que se os egípcios prometiam uma boa vida pós-túmulo aos filhos
obedientes, o código mosaico só prometia uma boa vida neste mundo, uma vida
longa e abençoada, mas nenhuma promessa de vida pós-túmulo, o que é típico no
Pentateuco. Se existem alguns indícios sobre uma vida para além da morte
biológica (como na doutrina do homem como partícipe da imagem divina; Gên.
1.26,27), essa doutrina só passou a ser destacada formalmente, no Antigo
Testamento, nos Salmos e nos Profetas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 392.
Na
verdade, esse mandamento diz: “Honra teu pai e ma mãe” (Êx 20.12). O verbo
honrar (hebraico, kabbêct) tem o sentido literal de “ver com intensidade, ou
seja, intensa autoridade e responsabilidade e, portanto, digno de máximo
respeito”. Portanto, a atitude do indivíduo em relação aos pais não devia ser
de fidalga indiferença, isso para não mencionar a atitude de zombaria e de
insubordinação. Na hierarquia da criação, eles representavam a autoridade
divina, assim, deviam ser reverenciados como se o Senhor fosse avaliado pela
atitude deles. Como isso devia ser realizado na vida diária fica para ser visto
junto com suas implicações para a vida contemporânea à parte da estrutura
teocrática do Antigo Testamento.
Eugene
H. Merrill. Teologia do Antigo
Testamento. Editora Shedd Publicações. pag. 334.
12.
Honra a teu pai e a tua mãe. Tal como o versículo 8, este é um mandamento
categórico formulado positivamente. O mesmo princípio sob outra forma pode ser
encontrado em 21:15,17: “ Quem ferir/amaldiçoar seu pai ou sua mãe, será morto”
. Este é chamado “ o primeiro mandamento com promessa” (Ef 6:2), e assim o é,
no sentido mais estrito da palavra, embora o versículo 6, onde Deus demonstra “
o amor da aliança” aos que O amem e obedeçam, também seja virtualmente uma
promessa. A promessa divina, contudo, é mais clara aqui, produzindo seus
resultados na sociedade. Os que constroem uma sociedade na qual a velhice ocupa
lugar de honra podem esperar confiantemente desfrutar do mesmo lugar algum dia.
Tal doutrina não é muito popular em nossos dias, quando a juventude é adorada,
e a velhice temida ou desprezada. O resultado é a loucura que leva homens e
mulheres a lutarem por permanecer eternamente jovens, e acabar descobrindo ser
isso impossível. Este mandamento é parte da atitude geral para com a Velhice em
Israel (como símbolo e, idealmente, personificação da sabedoria prática da
vida), elogiada em todo o Velho Testamento (Lv 19:32), c encontrada em muitos
outros povos antigos, notavelmente entre os chineses. Não se pode precisar se o
mandamento está relacionado à ideia de que sendo a vida sagrada e dom de Deus,
os doadores humanos da vida devem ser tratados com respeito: talvez um
israelita não analisasse o mandamento deste modo. Para que se prolonguem os
teus dias. Às vezes, indivíduos supersensíveis questionam a validade de uma
promessa ligada a um mandamento. O hebraico, entretanto, não implica
necessariamente em que a bênção prometida seja nosso motivo para obedecer o
mandamento, ao passo que assegura definitivamente qual seja o resultado de tal
obediência.
Outros
questionam a natureza material da promessa. Em dias do Velho Testamento,
todavia, as promessas divinas eram normalmente formuladas em termos materiais,
compreensíveis para aqueles que, por assim dizer, ainda estavam no
jardim-de-infância de Deus. Para aqueles que, até àquela altura, não tinham
conhecimento definido de uma vida futura, “ dias prolongados” significavam
possibilidade de continuada comunhão com Deus, e eram por isso muito
importantes. Por outro lado, alguns consideram esta promessa como um seguro de
propriedade da terra que Deus lhes daria: isto, por sua vez, traria glória a Deus,
por demonstrar Sua fidelidade às Suas promessas. Nós, com revelação mais
completa, podemos “ espiritualizar” tal promessa sem esvaziá-la de seu
conteúdo. Este mandamento é o ponto em que a atenção é desviada do
relacionamento para com Deus e se concentra no relacionamento com a comunidade
que Ele criou. Assim, o conteúdo total dos dez mandamentos pode ser resumido em
duas “ palavras” , não uma apenas: amor a Deus e amor ao nosso próximo (Dt 6:5;
Lv 19:18). Mais uma vez, não há contradição: a realidade de nosso amor declarado
a Deus é demonstrada pela realidade de nosso amor expresso para com nossos
semelhantes (Jr 22:16).
R.
Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e
Comentário. Editora Vida Nova. pag. 152-153.
3.
ADAPTADO SOB A GRAÇA.
Nós
vivemos essas coisas como resultado da nossa nova vida em Cristo e não por
coerção da lei, que condena à morte os filhos rebeldes (Êx 21.15,17; Lv 20.9;
Dt 21.18-21). O cristão está debaixo da graça e é guiado pelo Espírito Santo
para as boas obras que "Deus preparou para que andássemos nelas" (Ef
2.10). Cabe a cada um de nós não desperdiçarmos o privilégio e a oportunidade
de honrar pai e mãe para não perdermos as bênçãos de Deus.
Esequias
Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em
Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 85.
Ef 6.2,3
Paulo acrescentou a autoridade da lei revelada à lei natural descrita em 6.1,
citando o quinto mandamento, registrado em Exodo 20.12: Honra a teu pai e a tua
mâe. Obedecer e honrar são coisas diferentes. Obedecer significa fazer aquilo
que o outro diz para fazer; honrar significa respeitar e amar.
Os
filhos devem obedecer enquanto estiverem sob os cuidados de seus pais, mas
devem honrá-los por toda vida. Este é o primeiro mandamento com promessa, a
promessa de uma vida longa, cheia de bênçãos. De que modo este é realmente o
primeiro mandamento que tem uma promessa? Alguns pensam que ele não é, nem o
primeiro mandamento, nem o primeiro com uma promessa, pois o segundo mandamento
contém uma promessa. Os comentaristas oferecem muitas explicações. Duas delas
são muito úteis: (1) Este é o primeiro mandamento (após os primeiros quatro,
que são mandamentos gerais) que trata de envolvimentos sociais e normas comportamentais.
(2) Mais provavelmente, este é o primeiro mandamento básico destinado aos
filhos, e contém uma promessa que se aplica a eles. Quando os filhos obedecem o
mandamento de honrar os seus pais, demonstram uma atitude de amor e respeito e
a levam para o seu relacionamento com Deus. Tal atitude cria uma comunidade que
sustenta e protege os mais velhos. Em nível individual, quando cada pessoa
cuida dos mais velhos, estes vivem mais, e os mais jovens ajudam a transmitir
esses valores para a próxima geração.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 350.
Ef 6.2
A menção do quarto mandamento deixa claro que tal obediência é concretamente
exigida pela ordem de Deus. Ele é reproduzido textualmente da versão da LXX
para Êx 20.12. Contudo, a locução “na boa terra que o Senhor teu Deus te dará”
é abreviada para “na terra”. Dessa forma Paulo adapta a citação à realidade dos
leitores gentios cristãos: para eles a terra prometida Canaã foi substituída
pela “riqueza da glória de sua herança”, que está pronta no céu (cf. Ef 1.18).
O
sentido de “honrar pai e mãe” é elucidado por Jesus em Mt 15.3ss (par. Mc
7.10ss): o cuidado com os pais necessitados é dever irrenunciável dos filhos,
que tampouco pode ser eliminado consagrando (korban) o dinheiro disponível ao
templo (i. é, a Deus). Por meio deste exemplo Jesus deixa claro que a
explicação que os escribas dão para esse mandamento na realidade visa
dissimular seu esvaziamento: em nome de uma suposta “finalidade” superior
(templo/Deus) contorna-se a dedicação aos pais concretamente demandada pelo
mandamento de Deus. Assim os supostos praticantes da lei revelam-se hipócritas.
Jesus também cita esse mandamento ao enumerar os mandamentos para o “jovem
rico” (Mt 19.19; par.).
A
relevância da instrução é sublinhada pelo adendo: “Esse é o primeiro mandamento
com promessa.” Depois da primeira parte dos Dez Mandamentos, que se referem ao
relacionamento do ser humano com Deus, a exigência de honrar pai e mãe aparece
em primeiro lugar na lista das regulamentações para a convivência. Desse modo o
cerne da sociedade, a família, é colocado debaixo da proteção do mandamento
divino. Por essa razão também o desprezo dessa exigência (“desobediente aos
pais”; cf. o exposto sobre o v. 1) aponta para a dissolução escatológica da
ordem divina e, conseqüentemente, para o iminente caos, ou juízo. Em
contrapartida, a obediência ao mandamento recebe uma promessa especial.
Ef 6.3
Não é possível transferir a abastança, vida longa e propriedade de terras
diretamente para a nova aliança. Já mencionamos que “na terra” generaliza a
expressão original. Ao mesmo tempo isso impede a espiritualização da promessa
no sentido da vida eterna ou da herança celestial.
A promessa
é conscientemente mantida no contexto do AT, mas ao mesmo tempo é aplica aos
destinatários cristãos da carta aos Efésios. Da mesma maneira como riqueza e
vida longa são a essência da bênção no AT, a múltipla bênção espiritual dos que creem é a dádiva singular enviada em Jesus Cristo (cf. Ef 1.3). A comunhão com Cristo é a bênção concedida àquele que anda no amor como “seguidor de Deus” (Ef
5.1s), cumprindo assim os mandamentos de Deus. Sem dúvida uma bênção possui um
significado essencialmente espiritual, porém também pode ter aspectos físicos.
No entanto, cabe levar em conta que – na perspectiva humana – também
circunstâncias sumamente adversas, como sofrimento, aflição ou perseguição, são
capazes de transmitir a bênção de Deus.
Eberhard
Hahn. Comentário Esperança Efésios. Editora
Evangélica Esperança.
A
palavra «...honra...», é tradução do termo grego «timao», que quer dizer «dar
um preço a», «valorizar», «estimar», ou seja, honrar, através do respeito
apropriado. Inclui também a ideia de «reverência». No fundo de tudo rebrilha o
«amor cristão», que se expressa mediante palavras e ações. Assim, pois, a
criança que ama a seus pais mui naturalmente «honrará» ou «estimará» os mesmos,
procurando fazer aquilo que lhes agrada. Esse amor e essa honra são o alicerce
mesmo da obediência verdadeira, tornando-a uma atitude voluntária e livre, e
não como se fora uma imposição, que a criança só atende aos muxoxos.
O
mandamento aqui aludido é aquele que figura nos trechos de Êxo. 20:12 e Deut.
5:16, conforme o mesmo aparece na Septuaginta (versão grega do A.T., completada
cerca de duzentos anos antes da era cristã). (Ver igualmente Mat. 15:4). Ã
criança compete servir, amar e estimar seus pais, estando sujeita às suas
ordens. Uma criança nada deveria fazer que desonre o nome de seus pais, mas
tão-somente aquilo de que seus pais se possam sentir orgulhosos, e através do
que o nome deles é exaltado perante outros, e ao seus próprios olhos.
«...o
primeiro mandamento com promessa...» Essa declaração de Paulo tem provocado
dificuldades entre os intérpretes. Alguns pensam que os dez mandamentos da legislação
mosaica estão em foco. Nesse caso, esse é o único mandamento com promessa, e
não apenas o «...primeiro...», embora também seja exatamente isso. O mandamento
em pauta é o quinto do decálogo. Também existem intérpretes que consideram que
o mandamento relativo ao sábado envolve uma espécie de «promessa geral», a
saber, que Deus abençoou esse dia e o santificou, ficando subentendida alguma
forma de promessa de bênção àqueles que o guardarem. Nesse caso, então o
«segundo»
mandamento, e não o «quinto» é que tem a promessa aqui anexa. Ainda outros
intérpretes argumentam que o quinto mandamento do decálogo ainda assim foi o
primeiro mandamento divino a ser instituído, pois tal obediência foi
determinada muito antes do sábado haver sido instituído como mandamento, como
também a todos os demais mandamentos da legislação mosaica.
Tudo
isso, entretanto, parece ser mero jogo de palavras, criado pelos intérpretes,
na tentativa de oferecer explicações razoáveis sobre o que o autor sagrado
queria dizer. E a tudo isso acrescente-se ainda o fato que alguns estudiosos
pensam que a palavra «primeiro» deve ser traduzida aqui como «principal». Na
opinião deles, esse seria o mandamento «mais importante», pois há uma promessa
vinculada ao mesmo.Também há aqueles que pensam que esse teria sido o
«primeiro» mandamento da segunda tábua, ao passo que há quem pense que se trata
do primeiro mandamento quanto ao «tempo», e que o decálogo nem está em vista
aqui. especificamente. Orígenes costumava explicar que todos os dez mandamentos
eram «primeiros», isto é, em relação à legislação mosaica inteira; mas tal
explicação não tem aplicação aqui.
Talvez
a melhor explicação seja simplesmente aquela que diz que esse mandamento é o
«primeiro e único com uma promessa a ele vinculada». Ou então, o que quer que
Paulo tivesse em mente, ao assim dizer, isso se perdeu para nós, pois quiçá
somente seus leitores judeus pudessem entendê-lo, embora nós mesmos não
possamos alcançar seu raciocínio, motivo pelo qual sua ideia caiu para nós em obscuridade. Seja como for, não há nada de vital nessa questão. O que importa é
que tal mandamento era tão importante, dentro da legislação do A.T., que
mereceu o adorno de uma promessa a ele ligada, para encorajar a sua
observância.
A
passagem de Êxo. 12:20 é citada aqui. Tratava-se de promessa de bem-estar e de
vida macróbia na terra de Canaã. Não se deve pensar aqui em vida eterna ou em
vida espiritual, embora isso também esteja implícito. De fato, a observância de
todos os mandamentos mosaicos estava vinculada à «vida», talvez tanto em seu
aspecto físico como em seu aspecto espiritual. (Ver os trechos de Lev. 18:5 e
Rom. 10:5, onde a «vida» é vinculada à observância dos mandamentos de Deus).
É
interessante observarmos que uma longa vida física foi prometida àquele que se
mostrasse tão terno com as aves que não matasse a mãe dos filhotes, que
porventura encontrasse em um ninho, embora pudesse retirar dali os filhotes ou
os ovos ainda em processo de incubação (ver Deut. 22:6,7).
«...sobre
a terra...» No grego e no hebraico há palavras diferentes para indicar o globo
terrestre e uma região qualquer, embora em português ambas as idéias possam ser
expressas pela palavra «...terra...» Portanto, erri português não se nota a
modificação havida na citação. A passagem de Êxodo falava na região
de Canaã, mas Paulo usou em grego a palavra que significa o «globo terrestre»,
a fim de dar-lhe um sentido geral, não limitado à nação de Israel e à Terra
Prometida.
Tal
promessa de longa vida, naturalmente, não se revestiria de interesse particular
para os cristãos primitivos, quando perseguições e martírios se multiplicavam.
Além disso, a «adversidade» em geral caracteriza o homem abençoado, de
conformidade com o N.T., ao passo que o A.T. ligava a «prosperidade material»
com as bênçãos divinas. Outrossim, tal motivação não parece da mais elevada
ordem para os crentes do N.T.. como deveria sê-lo para os judeus, que
enfatizavam tão-somente a vida terrena e seus benefícios. O cristianismo se
prende muito mais ao «outro mundo» do que o judaísmo. De fato, Crisóstomo
sugeriu uma motivação superior a essa para os crentes, em relação a seus
filhos: «Buscai não uma longa vida terrena para as crianças, mas que elas
tenham vida sem limites e interminável no além». (Eph. Hom. xxi, 161A). Isso
está mais de conformidade com o ponto de vista do cristianismo, que antecipa as
felicidades celestes mais do que fixa os olhos na prosperidade atual. Não
obstante, nada há de errado com uma vida longa à face deste
planeta, contanto que essa vida seja usada para cumprir missões dignas, em prol
da causa de Cristo, bem como para benefício da humanidade em geral. Outrossim,
os crentes, como toda e qualquer outra pessoa, fazem tudo quanto lhes é
possível para terem vida longa, com a ajuda da medicina, de condições de vida melhoradas,
etc. Nada há de errado com essa promessa. Ela é desejável, ainda que não seja a
bênção mais elevada que um crente possa buscar.
Não há
neste texto qualquer indício de espiritualização de uma promessa do A.T., como
se a «vida eterna» estivesse inclusa na mesma, mesmo que a lei mosaica não
incorporasse o pensamento de outra vida que não a física, conforme já pudemos
salientar nas notas sobre este versículo. Nenhuma «Canaã celestial» é prometida
aqui.Tal promessa deve ser aceita literalmente, em seu contexto terrestre. E
devemos notar que, além de vida física prolongada, é prometido «bem-estar». O
que aqui é prometido é uma vida longa, próspera e feliz, o que dá a este
mandamento e sua promessa um ponto de vista tipicamente judaico. No dizer de Barry
(in loc.): «Essa promessa não é tão importante para nós como o era para os
antigos; mas mesmo assim continua entre nós»..
Devemos
acrescentar, ainda, que neste texto não há qualquer ideia que a antiga lei mosaica continua em vigor para os crentes do N.T., e que somente os «acidentes»
da lei mosaica, isto é, como ela era particularmente aplicada a Israel, em seu
arcabouço cerimonial, foram eliminados. É uma estupidez um intérprete cristão
tirar tal conclusão, porquanto é algo totalmente contrário ao que reza os
trechos de Rom. 10:4 e Gál. 3:23-25, bem como contrário à teologia paulina e
neotestamentária em geral. No entanto, não há nenhum erro ou dano para aquele
que pensa que a ação moral correta, de conformidade com as recomendações da
lei, não trazem as mesmas bênçãos que a ação moral correta o faz em qualquer
época. A justificação não está em foco aqui. Mas a moralidade, em qualquer
período da história, será acompanhada pelas bênçãos divinas, da maneira como
ele resolver abençoá-la. Deus pode conferir vida longa na terra aos obedientes;
e o presente texto promete exatamente isso aos filhos que obedecerem e honrarem
a seus pais, de acordo com a vontade de Deus, em cada caso, não deixando de
haver exceções—quando os pais exigirem de seus filhos coisas errôneas, ou
quando o próprio Deus quiser que alguém tenha vida curta à face da terra. Para
isso, só Deus sabe as razões. O que é dito aqui, pois, é dito em sentido geral,
não visando necessariamente cada criança em particular.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 636-637.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
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