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3°LIÇÃO DO 4 TRI 2013 TRABALHO E PROSPERIDADE


TRABALHO E PROSPERIDADE
Data 20 de Outubro de 2013                               Hinos Sugeridos 77, 104, 294.
TEXTO ÁUREO
“A bênção do Senhor é que enriquece, e ele não acrescento dores” (Pv 10.22).

VERDADE PRÁTICA
A Bíblia condena a inércia e a preguiça, pois é através do trabalho e da bênção de Deus que prosperamos.
LEITURA DIARIA
Segunda         - Pv 10.22                           A bênção do Senhor prospera
Terça              - Pv 3.9,10                         A generosidade gera prosperidade
Quarta           - Pv 3.13-15                        O conhecimento gera prosperidade
Quinta            - Pv 22.1 3; 24.34               A preguiça afasta a prosperidade
Sexta             - Pv 24.30                           A preguiça gera displicência
Sábado          - Pv 30.25                           Poupar também é prosperar
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Provérbios 3.9,10; 22.13; 24.30-34
3.9,10
9 - Honra ao Senhor com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda;
10 - e se encherão os teus celeiros abundantemente, e trasbordarão de mosto os teus lagares.
22.13
13 - Diz o preguiçoso: Um leão está lá fora; serei morto no meio das ruas.
24.30-34
30 - Passei pelo campo do preguiçoso e junto à vinha do homem falto de entendimento;
31 - e eis que toda estava cheia de cardos, e a sua superfície, coberta de urtigas, e a sua parede de pedra estava derribada.
32-0 que tendo eu visto, o considerei; e, vendo-o, recebi instrução.
33 - Um pouco de sono, adormecendo um pouco, encruzando as mãos outro pouco, para estar deitado,
34 - assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado.
INTERAÇÃO
O trabalho é um dom de Deus para a humanidade. Ele eleva a dignidade do homem e a da mulher. Esta, no entanto, conquistou um papei de destaque no mercado profissional. Não se pode ignorar o advento da mulher no mercado de trabalho como elemento revolucionário para o modelo tradicional da família. Hoje, na maioria dos casos, mesmo que a mulher opte por não mais trabalhar fora, o homem não consegue prover a família com o próprio salário. O custo de vida é caro, o salário é pequeno, fazendo com que até os aposentados retornem ao mercado formal do trabalho. O fato é que para prosperarem na vida, tanto o homem quanto a mulher devem trabalhar, trabalhar... É através do trabalho que prosperamos.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Compreender as quatro metáforas da lição (do celeiro e do lagar, da formiga, do leão e do espinheiro).
Reconhecer a importância e o valor do trabalho.
Saber que a prosperidade é fruto da bênção de Deus, mas de muito trabalho também.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, reproduza o esquema da página seguinte na lousa ou tire cópias. Ao concluir a lição de hoje faça uma síntese das metáforas estudadas usando o auxílio do respectivo esquema. Em seguida, afirme à classe que essas metáforas são símbolos linguísticos empregados pela Bíblia para demonstrar a importância e o valor do trabalho na vida do ser humano.
PALAVRA-CHAVE Conjunto de atividades produtivas ou criativas, que o homem exerce para atingir determinado fim.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nas lições anteriores, aprendemos que um provérbio bíblico utiliza a linguagem metafórica para expressar o seu real significado. De fato a palavra hebraica machal — traduzida em nossas Bíblias como provérbio —, possui um leque de significados: parábola, comparação, alegoria, fábula, provérbio, dito enigmático, símbolo, argumentação ou apologia. Tais recursos linguísticos permeiam todo o livro dos Provérbios.
Na lição de hoje, veremos algumas das metáforas usadas pelos sábios para tratar da natureza do trabalho e sua importância. Elas revelam que o labor é uma condição necessária à expressão humana. Ao observarmos o campo, a imagem de um animal ou mesmo a atividade dos insetos, aprenderemos acerca da grandeza do trabalho. Era dessa forma que os sábios da antiguidade ensinavam, pois quando se entende tais metáforas, compreende-se melhor a natureza do trabalho.
I - A METÁFORA DO CELEIRO E DO LAGAR (Pv 3.9,10)
1 A dádiva que faz prosperar. Em Provérbios 3.9,10, está escrito que devemos honrar ao Senhor com nossas posses e com o melhor de nossa renda. Tal atitude, segundo o sábio, fará com que os nossos “celeiros” se encham abundantemente e que trasbordem de mosto os nossos “lagares”. O celeiro e o lagar transbordantes são metáforas que representam uma vida abundante! O celeiro, tradução do hebraico asam, é o lugar onde se deposita a produção de grãos. Quando transbordava era sinal de casa farta! Vemos isso nas bênçãos decorrentes da obediência (Dt 28.8). Mas o conselho do sábio mostra que isso só é possível quando há generosidade em fazermos a vontade de Deus.
2. A bênção que enriquece. No mesmo texto, Salomão fala dos bens e da renda adquiridos como fruto do trabalho. Mas a verdadeira prosperidade não vem apenas de nosso esforço, mas principalmente do resultado direto da bênção do Senhor. É exatamente isso o que diz o sábio em Provérbios 10.22.
O celeiro e o lagar somente se encherão e trasbordarão quando a bênção de Deus estiver neles. É a bênção divina que faz a distinção entre ter posses e ser verdadeiramente próspero, pois é possível ser rico, mas não ser feliz. A prosperidade integral só é possível com a presença de Deus em nossa vida.
SINOPSE DO TÓPICO (1)
O celeiro e o lagar transbordantes são metáforas que representam uma vida abundante.
II - A METÁFORA DA FORMIGA (Pv 6.6-11)
1. As formigas sabem poupar. Na metáfora da formiga, o sábio nos exorta a tomarmos uma atitude prudente diante da realidade da vida: “Vai ter com a formiga”.
A palavra hebraica usada aqui é yalak, e possui o sentido de “mover- se”, tomar uma atitude na vida (Pv 6.6)! Até os insetos podem nos dar lições sobre o trabalho! Mas não é , apenas isso que aprendemos com as formigas. Ainda em Provérbios, o sábio Agur invoca o exemplo desses pequenos insetos (Pv 30.25). As formigas possuem uma noção sofisticada de trabalho — “no verão [elas] preparam a sua comida”. Isto é, as formigas sabem poupar! Elas não apenas trabalham, mas também poupam. O cristão deve aprender igualmente a poupar recursos para eventualidades futuras.
2. As formigas sabem ser autônomas. O texto de Provérbios diz que a formiga, mesmo “não tendo superior, nem oficial, nem domi-" nador, prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento” (Pv 6.7,8).
As formigas também são responsáveis e trabalham sem serem vigiadas. O erudito Derek Kidner observa o contraste entre elas e o preguiçoso, quando informa que a formiga não precisa de fiscal, enquanto
o preguiçoso precisa ser advertido o tempo todo. A formiga discerne os tempos, o preguiçoso não!
SINOPSE DO TÓPICO (2)
Na metáfora da formiga o sábio nos exorta a tomarmos uma atitude prudente diante da realidade da vida: trabalhar.
III - A METÁFORA DO LEÃO (Pv 22.13; 26.13)
1. Conhecendo o leão. A metáfora do leão se encontra em duas passagens do livro de Provérbios (22.13 e 26.13). Há uma pequena variante nesses provérbios, mas o sentido é o mesmo — o preguiçoso sempre arranja uma desculpa para fugir do trabalho! Ora o leão está “lá fora”, ora está “no caminho” e ora está “nas ruas!”. O leão é o mais forte dos animais, e a sua presença causa medo. O fato de o preguiçoso ver o trabalho como um leão significa que ele o encara como uma realidade difícil de ser enfrentada. Tem medo do trabalho, assim como tem medo do leão! É desnecessário dizer que essa é uma visão completamente equivocada do labor.
2. Matando o leão. Há alguns provérbios populares que expressam um sentido semelhante aos provérbios estudados acima. Por exemplo: “a vida é dura para quem é mole”; “matando um leão por dia”. Tais ditos populares revelam que a vida pode ser difícil, dura, mas tem de ser enfrentada.
Não adianta ficar com medo do leão! O pastor Matthew Henry observa que esse “leão” é fruto da imaginação do preguiçoso e só serve para reforçara sua inércia. Se há um leão lá fora, é o leão do qual falou o apóstolo Pedro, e ele está rugindo em busca de quem possa devorar (1 Pe 5.8). O preguiçoso será a sua principal presa!
SINOPSE DO TÓPICO (3)
A metáfora do leão torna-se fruto da imaginação do homem, quando I este busca um álibi para reforçar a sua inércia.
IV - O TRABALHO E A METÁFORA DOS ESPINHEIROS (Pv 24.30-34)
1. Trabalho, prosperidade e espiritualidade! Já vimos que o trabalho possui também uma dimensão espiritual (Pv 3.9). Isso vai de encontro àquilo que pensa o senso comum acerca do trabalho. A ideia que ficou associada ao trabalho é a de que ele é algo meramente material e totalmente destituído de valor espiritual. Mas não é assim que pensa o sábio (Pv 24.30). Quando ele viu o campo do preguiçoso totalmente abandonado, cheio de espinheiros, a primeira sensação que teve foi de um “homem falto de entendimento”.
É interessante observarmos que, no hebraico, essa expressão vem carregada de valores espirituais. A palavra hebraica usada para “entendimento” é leb, significando coração, entendimento e mente. A ideia é mostrar o que há no interior do homem — a espiritualidade. Andrew Bowling, especialista em hebraico bíblico, destaca que esse vocábulo é usado para indicar as funções imateriais da personalidade humana. Portanto, o trabalho é algo extremamente espiritual. Ninguém será menos crente porque trabalha, aliás, a verdade é justamente o contrário (Ef 4.28; 2 Ts 3.10)!
2. Trabalho, ócio e lazer. A análise do sábio sobre a inércia do preguiçoso, que favoreceu o nascimento de espinheiros dentro da plantação, é uma forma de ironizar o ócio dele (Pv 24.33,34). Não dá para prosperar mantendo-se de braços cruzados, e muito menos ficando eternamente em repouso! É preciso se mexer. Todavia, esse é apenas um aspecto da questão, pois quem trabalha precisa de descanso e também de lazer! Deus criou
o princípio do descanso semanal (Gn 2.2). Precisamos, inclusive, de tempo livre para estarmos a sós com Deus e com a nossa família.
SINOPSE DO TÓPICO (4)
Apesar de sua importância material, o trabalho é um assunto extremamente espiritual.
CONCLUSÃO
O trabalho dignifica o homem e é por isso que devemos levá-lo a sério. Trabalhando, alcançaremos a verdadeira e bíblica prosperidade.
Essa recomendação é valida também para os obreiros, pois se não tiverem cuidado, acabarão por mergulhar numa inércia pecaminosa.
Não devemos, todavia, nos fazer escravos do trabalho. Devemos estar disponíveis também a cultuara Deus, cuidar de nossa família e, com ela, recrear-nos. Enfim, se nos dedicarmos ao trabalho, conforme recomenda- nos a Bíblia, teremos uma vida digna e tranquila na presença de Deus.
SÍNTESE DAS METÁFORAS
METÁFORA                                                                        SIGNIFICADO

Do celeiro e do lagar                                  Uma vida abundante em Deus.

Da formiga                                                               O compromisso intenso com o trabalho e a capacidade de se poupar o que ganhou.

Do leão                                                         A concepção equivocada acerca do trabalho. Este não deve causar medo, mas satisfação e dignidade.

Dos espinheiros                                         Ociosidade na vida. A capacidade de não se apresentar qualquer disposição para o trabalho
VOCABULARIO
Alegoria: Modo de expressão ou interpretação que consiste em representar pensamentos, ideias, qualidades sob forma figurativa.
Fabula: Narrativa curta, em prosa ou verso, com personagens animais que agem seres humanos, e que ilustra um preceito moral.
Estrênuo: Que é valente ou que age com valentia; destemido; corajoso.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Teológico
“O Lazer e o Renascimento da Vida Sabática
Os teólogos cristãos há muito têm afirmado que para que a vida atinja seu potencial espiritual pleno, deve ser vivida de maneira dialética e rítmica. O lazer e o trabalho merecem quantidades proporcionadas de tempo e energia. Deste modo a alma pode ser nutrida na contemplação e o corpo ocupado no trabalho. O trabalho não é o inimigo. O inimigo é um estilo de vida que revolve-se exclusivamente em torno do trabalho. A inteireza na vida vem de reconhecer e experimentar a interação dos ritmos de trabalho, descanso, adoração e divertimento. Surge o reconhecimento da capacidade deles revitalizarem-se uns aos outros quando lhes é dado o devido lugar. Uma volta aos ritmos do sábado tem implicações refrescantes para indivíduos, famílias e a sociedade, embora integrá-los com os padrões de vida agitados e destrutivos de fins do século XX venha a testar a resolução até do mais devoto” (VOLF, Miroslav. Trabalho in PALM ER, Michael D. (Ed.) Panorama do Pensamento Cristão. 1 .ed. RJ: CPAD, 2001, p.272).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Teológico
“O que é Trabalho?
‘Se ninguém me perguntasse, eu saberia; se quero explicar a quem me pergunta, não sei.’ Era assim que Agostinho expressava sua dificuldade em definir ‘tempo’. O mesmo parece verdade com ‘trabalho’. Pensamos que sabemos o que é trabalho, mas, quando tentamos pôr em palavras o que pensamos que sabemos o que é trabalho, gaguejamos.
Começarei explicando o que é trabalho destacando algumas coisas. Primeiro, embora muito estrénuo, trabalho não é simplesmente labuta e fadiga, como alguns tendem a pensar, interpretando Gênesis 3 em parte incorretamente. Na verdade, muitos gozam do trabalho que fazem e os que fazem são os melhores trabalhadores. Não seria estranho dizer que os melhores trabalhadores não trabalham? Segundo, trabalho não é simplesmente emprego remunerado. Embora a maioria das pessoas nas sociedades industrializadas esteja empregada pela remuneração que percebem, muitos trabalham duro sem receber pagamento. Pegue, por exemplo, as donas de casa (raramente donos de casa) que gastam quase todas as horas em que estão acordadas mantendo uma casa em ordem e criando os filhos. Muitas delas com razão se ressentem quando as pessoas insinuam que não trabalham; isto é acrescentar um insulto (‘você não trabalha’) a uma injúria (elas não recebem pagamento)..
Precisamos de uma definição abrangente de trabalho, uma que inclua o trabalho desfrutado e o trabalho sofrido, o trabalho remunerado e o trabalho voluntário. Uma definição muito simples de trabalho seria ‘uma atividade que serve para satisfazer as necessidades humanas’: Você prepara uma refeição para ter algo que comer; você digita manuscritos para receber um cheque. Em contraste, o propósito de jogar é jogar: Você joga futebol, porque gosta de jogar futebol; você lê um livro, porque gosta de ler livros. Claro que cozinhar pode ser seu passatempo, então você cozinha, porque você gosta de cozinhar, e encher estômagos vazios é, nesse caso, um benefício colateral. Semelhantemente, jogar futebol (se você á jogador profissional) ou ler livros (se você é aluno ou professor) pode ser seu trabalho; então você joga, porque precisa de dinheiro ou reconhecimento, e lê livros, porque precisa passar nos exames ou preparar uma conferência; a pura diversão de jogar ou ler é, então, uma coincidência feliz. Portanto, trabalhar é uma atividade instrumental: Não é feito para o seu próprio bem, mas para satisfazer necessidades humanas” (VOLF, Miroslav. Trabalho in PALMER, Michael D. (Ed.) Panorama do Pensamento Cristão, l. ed. Rio de janeiro: CPAD, 2001, pp.225-26).
EXERCÍCIOS
1. O que representam as metáforas do lagar e do celeiro?
R: Representa uma vida abundante.
2. Qual a exortação do sábio na metáfora da formiga?
R: Termos uma atitude prudente diante da realidade da vida.
3. Segundo o erudito Derek Kidner, qual o contraste entre as formigas e o preguiçoso?
R: A formiga não precisa de fiscal, enquanto o preguiçoso precisa ser advertido o tempo todo.
4. Segundo Matthew Henry, por que não elevemos temer "o leão do trabalho”? R: Esse “leão" é fruto da imaginação do preguiçoso e só serve para reforçar a sua inércia.
5. De acordo com a conclusão da lição, elabore uma frase ressaltando a visão bíblica e equilibrada entre o trabalho, Deus, a família e o lazer.
R; Resposta pessoal.
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 56, p.37.
Quem não deseja ter uma vida próspera e abençoada? E o desejo de todo ser humano e não há nada de errado em ser bem-sucedido. Mas, o que é ser próspero? Embora cada um tenha uma definição própria, para respondermos a essa questão temos que recorrer às Escrituras Sagradas e observar o que é ser bem-sucedido à luz da Palavra.
A prosperidade em Provérbios está diretamente relacionada à obediência à Bíblia e à dedicação ao trabalho. No Antigo Testamento, a verdadeira prosperidade é primeiramente espiritual - bem diferente do que os admiradores da teologia da prosperidade têm pregado e ensinado.
Uma vida bem-sucedida não é somente resultado do sucesso financeiro, mas, sim, da obediência a Deus, da fidelidade e da santidade (Pv 3.3,4).
Como cristãos, podemos afirmar que nossas riquezas são e serão sempre intangíveis e nunca somente monetárias. Atualmente, os crentes têm sido iludidos quando o assunto é prosperidade. Eles tendem a relacionar o ser bem-sucedido ao dinheiro e bens materiais. Muitos estão buscando desesperadamente os bens materiais. Querem ser ricos a todo o custo e acabam desprezando a Deus, tropeçando e perdendo o nosso bem precioso, a nossa salvação. Por isso Jesus a adverte em Mateus 16.26. Não podemos ser influenciados pela maneira de pensar deste mundo (Rm 12.2). Par alguns, o "ter" passou a ser mais importante que o "ser". Pertencer ao Reino de Deus está diretamente ligado ao "ser" - ser benigno, ético, compassivo etc.
Sabemos que a prosperidade não é somente resultado direto do trabalho e do esforço do homem, todavia sem trabalho não há prosperidade. A preguiça impede o homem de prosperar. O preguiçoso sonha, deseja, mas dificilmente alcança seus objetivos (Pv 13.4; 20.13; 23.21). Precisamos nos dedicar ao trabalho, pois este dignifica o homem. Em Provérbios, encontramos uma série de exortações ao trabalho. O indolente é seriamente advertido (Pv 10.26; 19.15; 24.30-34). Muitos oram a Deus, mas não agem, não fazem a sua parte. Deus não vai fazer o nosso trabalho. A Palavra de Deus relata que Jesus era um homem de dores e trabalho (Jo 5.17). Sigamos os passos do Mestre.
Além da preguiça, vejamos alguns outros obstáculos que impedem a prosperidade:
• Falta de comprometimento, de inteireza de coração (2Cr 25.2);
• Infidelidade a Deus. Não honra ao Senhor com as nossas primícias (Pv 3.9,10);
• Desobediência deliberada a Deus (Dt 28.15);
• Falta de confiança no Todo-Poderoso.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
No livro de minha autoria, A Prosperidade à Luz da Bíblia, escrevi sobre a relação existente entre trabalho e prosperidade. Nessa obra observei que a ideia de prosperar e enriquecer por outros meios que não seja o trabalho, é completamente estranho à Escritura. Ainda no paraíso coube como tarefa ao primeiro homem cuidar do Jardim, vigiando-o e lavrando-o (Gn 2.15). A teologia do Antigo Testamento refuta a prática que transforma Deus em uma espécie de gênio da lâmpada. O Deus do Antigo Concerto faz prosperar, mas Ele o faz através do trabalho. O livro de Deuteronômio diz que o Senhor “é o que te dá força para adquirires poder” (Dt 8.18). A palavra hebraica koach traduzida como “força” nessa passagem significa vigor e força humana. A referência é claramente ao esforço humano como resultado do seu trabalho. Por outro lado, a palavra “poder”, traduzida do hebraico chayil, nessa mesma passagem mantém a ideia de eficiência, fartura e riqueza. A ideia aqui é que prosperidade e trabalho são como as duas faces de uma mesma moeda. Onde um está presente o outro também deve estar.
Hans Walter Wolff (2008, p. 203) destacou que “A riqueza não é considerada como algo dado, mas como algo que pode se originar das mãos do ser humano responsável. Quanto às diferenças sociais de riqueza e pobreza, em todo caso, também devem ser observadas a laboriosidade e a desídia, a fim de não ignorar a verdadeira realidade do ser humano (...) até a liberdade e a servidão, a superioridade e a opressão também dependem da dedicação ao trabalho (Pv 13.4; 12.24)”.1
Observei ainda naquela obra que esse fato é ampliado na literatura hebraica sapiencial que condena veementemente a indolência e a preguiça. Salomão, o homem mais sábio, e um dos mais ricos do antigo oriente, observa que “o desejo do preguiçoso o mata, porque as suas mãos recusam-se a trabalhar” (Pv 21.25). O trabalho além de dignificar o homem, o faz prosperar. Diante do Senhor ninguém será considerado “mais crente” por se ocupar somente de coisas espirituais e negligenciar as práticas materiais. Em muitos casos, aqueles que alegam “trabalharem somente para Jesus”, na verdade, estão dando trabalho para a igreja. Dizem que vivem da fé, mas na verdade vivem da boa fé dos outros. A esses, mais uma vez Salomão aconselha: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos e sê sábio” (Pv 6.6). Os homens mais espirituais da Bíblia viviam nos labores dos seus trabalhos.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 33-34.
Um problema hermenêutico
Leonildo Campos (1997, p. 368) observa que os ensinos atuais sobre a prosperidade se baseiam quase que exclusivamente em passagens do Antigo Testamento. Ele fez a importante constatação que um famoso pregador da teologia da prosperidade citou: "38 trechos das escrituras judaicas contra apenas dois das escrituras cristãs, o que equivale a um índice de apenas 5% de citações de um, contra 95% do outro".
Não podemos negar que o Antigo Testamento põe em relevo a prosperidade do povo de Deus. De fato, o hebraico possui mais de duas dúzias de vocábulos que são traduzidos respectivamente como prosperidade, riquezas ou bens. O mais frequente desses termos é tsalach, que mantém o sentido de viver em prosperidade (Gn 39.2; Js 1.8; SI 1.3). Todavia, essa verdade tem sido usada de uma forma desvirtuada pelos pregadores da prosperidade hodiernos. Esses fatos nos revelam a necessidade de fazermos uma reflexão mais aprofundada sobre esse assunto. Primeiramente devemos nos conscientizar de que um estudo sério sobre a prosperidade bíblica não pode ignorar a teologia veterotestamentária sobre esse assunto. Em segundo lugar, e a meu ver muito mais importante, é que isso serve para nos alertar que alguma coisa está errada quando se verifica que somente o Antigo Testamento, com poucas exceções, serve de fundamentação para esse importante ensino.
Isso nos leva à constatação de que o problema com a doutrina da prosperidade pregada hoje em dia, e que em muito tem se afastado daquilo que o cristianismo ortodoxo tem ensinado, é de natureza hermenêutica. O velho princípio alegórico de interpretação, usado pela escola de Alexandria em tempos passados, foi ressuscitado modernamente por muitos mestres da fé.  Essa antiga escola de interpretação tinha como princípio espiritualizar ou alegorizar as Escrituras. Convém dizer que essa forma de interpretar a Bíblia, isto é, atribuindo-lhe um sentido alegórico ou espiritualizado e não o seu real sentido literal, está muito em voga hoje em dia entre as igrejas neopentecostais. Todavia, convém destacar que esse princípio de interpretação foi rejeitado ainda nos dias dos reformadores protestantes do século XVI. Mas no que consiste esse princípio? Aldair Dutra de Assis (1997, p. 30,31) descreve esse método de interpretação como sendo a atualização ou transposição das experiências religiosas de personagens bíblicos para os dias atuais. A Bíblia é vista como um livro de experiências religiosas, que começa com Israel, no Antigo Testamento, e termina com a humanidade, em Apocalipse, experiências essas que podem ser repetidas nos mesmo moldes, nos dias atuais. Assim, a repetição ou reencenação de episódios e eventos bíblicos é utilizada como ferramenta hermenêutica, que lhes permite usar a Bíblia como base de sua prática. Nesta tentativa de repetir os episódios bíblicos, existe uma grande dose de alegorização dos textos bíblicos e total desrespeito pelo contexto histórico dos mesmos, bem como a falta de distinção entre o que é descritivo na Bíblia e o que é normativo para as experiências dos cristãos.
Não é possível ter uma radiografia correta da prosperidade bíblica tomando por base apenas textos do Antigo Testamento e ignorando aquilo que o Novo Testamento diz sobre esse assunto. Somente interpretando o Antigo Testamento à luz do Novo é possível termos um estudo equilibrado sobre a prosperidade bíblica. Quando se faz uma exegese apenas de uma via, isto é, tomando-se por base apenas o Antigo Testamento e negligenciando-se o Novo, atribui-se um sentido totalmente estranho àquilo que as Escrituras definem como sendo um viver próspero. Em outras palavras, prosperar tem mantido o sentido em nossa cultura apenas como sendo o acúmulo de posse, bens ou de alguém que possui saúde perfeita. Mas uma exegese de mão dupla, isto é, aquela que leva em conta o que dizem os dois Testamentos, nos revelará que a prosperidade na Antiga Aliança se baseia fundamentalmente sobre um correto relacionamento com o Senhor, e não apenas com a possessão de riquezas.
GONÇALVES. José,. A Prosperidade a Luz da Vida. Editora CPAD. pag. 15-17.
I - A METÁFORA DO CELEIRO E DO LAGAR (Pv 3.9,10)
1 A dádiva que faz prosperar.
Dízimos e ofertas como fontes de bênçãos
Os dízimos, ofertas e votos que eram feitos a Deus no Antigo Testamento jamais devem ser interpretados como uma prática de barganha. A ideia de que Deus nos dará algo em troca ou que Ele agora é devedor, ficando na obrigação de pagar tudo que nos deve, porque como dizimistas nos candidatamos a receber as bênçãos sem medida, caracteriza sem dúvida alguma a prática da barganha. O barganhista faz esperando receber algo em troca. Ele condiciona a sua fé em Deus ao cumprimento dos seus desejos. Em outras palavras, se Deus fizer o que o barganhista pede ou necessita então ele em contrapartida também fará o que prometeu. E o que no capítulo 12 denomino de "troco na troca".
Um dos textos bíblicos muito usado para justificar essa prática é Gênesis 28.10-22, quando Jacó fez um voto ao Senhor:
Partiu, pois, Jacó de Berseba, e foi-se a Hará. E chegou a um lugar onde passou a noite, porque já o sol era posto; e tomou uma das pedras daquele lugar, e a pôs por sua cabeceira, e deitou-se naquele lugar. E sonhou: e eis era posta na terra uma escada cujo topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela. E eis que o Senhor estava em cima dela e disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão, teu pai, e o Deus de Isaque. Esta terra em que estás deitado ta darei a ti e à tua semente. E a tua semente será como o pó da terra; e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul; e em ti e na tua semente serão benditas todas as famílias da terra. E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra, porque te não deixarei, até que te haja feito o que te tenho dito. Acordado, pois, Jacó do seu sono, disse: Na verdade o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia. E temeu e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a Casa de Deus; e esta é a porta dos céus. Então, levantou-se Jacó pela manhã, de madrugada, e tomou a pedra que tinha posto por sua cabeceira, e a pôs por coluna, e derramou azeite em cima dela. E chamou o nome daquele lugar Betei; o nome, porém, daquela cidade, dantes, era Luz. E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestes para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor será o meu Deus; e esta pedra, que tenho posto por coluna, será Casa de Deus; e, de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.
Uma leitura equivocada do hebraico original está por trás desse erro de interpretação. Clyde T. Francisco (1987, p. 277), erudito em Antigo Testamento, observa que é muito mais razoável traduzir voto, como o hebraico permite, de forma que "o Senhor será o meu Deus" seja parte da prótase (a cláusula "se"): "Se Deus for comigo... me guardar... me der... e o Senhor for o meu Deus, então esta pedra...".
Por outro lado, o comentarista bíblico Warren W. Wiersbe (2008, p. 161) acrescenta que o "se" que aparece em várias traduções no versículo 20 também pode ser entendido como "uma vez que". Jacó não estava negociando com Deus; estava afirmando sua fé em Deus. Uma vez que Deus havia prometido cuidar dele, ficar com ele e levá-lo de volta ao lar em segurança, Jacó afirmaria sua fé em Deus e buscaria adorá-lo e honrar somente ao Senhor.
Essas explicações são necessárias porque nos permitem ver as bênçãos de Deus, decorrentes de nossa fidelidade, como devem ser vistas, isto é, sem aquela ideia de troca tão comum em muitas igrejas. Nas Escrituras, portanto, é possível verificarmos que as bênçãos de Deus alcançam os dizimistas e ofertantes.
Multiplicação
Tanto o Antigo como o Novo Testamento demonstram que Deus reconhece e recompensa a fidelidade do povo de Deus. Quando o crente é liberal em contribuir com o Reino de Deus, uma consequência natural do seu gesto é a bênção da multiplicação dada pelo Senhor. Deus promete derramar bênçãos sem medida e fazer abundar em toda graça (Ml 3.10; 2 Co 9.6-10). Paulo reconhece que a generosidade dos crentes é como sementes que estão sendo plantadas e são vistas por Deus como atos de justiça. Essa semente que foi plantada em solo fértil não apenas crescerá, mas será multiplicada pelo Senhor.
Proteção
Uma das necessidades básicas do ser humano é a de ser protegido. Proteção tanto na vida pessoal como na profissional. A Escritura revela que Deus se interessa e cuida da proteção dos seus filhos. A Bíblia também mostra que essa bênção da proteção está sobre os negócios do crente que é generoso em contribuir com seus bens para a causa de Deus (Ml 3.11). O profeta Ageu denunciou a infidelidade do povo no Antigo Testamento e responsabilizou-a como a causa da falta de prosperidade entre o povo (Ag 1.3-11).
Por outro lado, lemos no livro de Êxodo que uma das bênçãos de Deus sobre o seu povo era a proteção contra as doenças (Ex 15.26). Havia, portanto, uma bênção específica concernente à saúde. Todavia, o texto é claro em condicionar essa bênção à obediência aos mandamentos de Deus e à guarda de todos os seus estatutos (Ex 15.26). É lógico que a prática do dízimo como uma das leis do código mosaico estava incluída na observância desses preceitos.
Restituição
A Bíblia mostra que o Senhor é um Deus de restituição (Nm 5.7; Jl 2.25). Israel, como uma sociedade de economia agrícola, tinha suas lavouras constantemente atacadas por pragas que as devoravam. A Bíblia mostra essas pragas como sendo gafanhotos em diferentes estágios de desenvolvimento. A consequência natural dessa invasão de insetos era a destruição da lavoura. Para que a nação sobrevivesse era necessário a restituição feita por Deus daquilo que fora perdido (Jl 1.4; 2.25; Na 3.16). Malaquias associa o devorador como aquele "que consome o fruto da terra" (Ml 3.11). A referência aplica-se num primeiro plano às pragas de gafanhotos já citadas e em um segundo plano a toda ação do mal sobre o povo.
Provisão
Na Antiga Aliança Deus prometeu "derramar bênçãos sem medida" sobre o seu povo (Ml 3.10). Na Nova Aliança, Ele deseja que o crente tenha "ampla suficiência" (2 Co 9.8). A prosperidade bíblica é viver na suficiência de Cristo (2 Co 3.5; 9.8). Essa suficiência é vista como sendo a provisão de Deus para seus filhos. Deve ser lembrado, no entanto, que essa suficiência não deve ser confundida simplesmente com a aquisição de posses materiais, mas ter na vida material o necessário para viver com dignidade e na espiritual, paz com Deus (Fp 4.11; 2 Ts 3.16). Por toda a Escritura observamos o cuidado do Senhor no sentido de prover para o seu povo aquilo que é necessário para o seu viver.
Vimos, pois, que a prática dos dízimos e ofertas sempre esteve presente na história do povo de Deus. Evidentemente que fica para nós o princípio de que somos abençoados não porque contribuímos, mas contribuímos porque já somos abençoados. Deus reconhece a voluntariedade do crente em contribuir para o seu Reino, e por graça e misericórdia derrama sobre nós a suas muitas e ricas bênçãos.
GONÇALVES. José,. A Prosperidade a Luz da Bíblia. Editora CPAD. pag. 147-150.
Pv 3.9,10 Honra ao Senhor com os teus bens. Deixando para trás as considerações sobre o que ajuda a boa saúde, de súbito são oferecidos dois versículos sobre o uso correto das riquezas. Se um homem honra ao Senhor cumprindo as leis concernentes aos dízimos, às ofertas, à ajuda aos pobres, coisas requeridas pela lei, então esse homem pode esperar corretamente ter bênçãos materiais e prosperar. É dando que recebemos. Essa é uma lei espiritual que opera o tempo todo. Os que experimentam esse método descobrem que ele é funcional. “Essa é uma lei espiritual que homens tementes a Deus têm descoberto ser válida em todas as épocas” (Charles Fritsch, in loc.). É um aspecto da Lei Moral da Colheita segundo a Semeadura (ver a respeito no Dicionário). Os judeus piedosos traziam as primícias de suas plantações ao templo de Jerusalém, para serem usadas pelos sacerdotes e pelos levitas como forma de exprimir sua gratidão a Yahweh, que lhes dera boa colheita (Deu. 26.1-3,9-11). A recompensa antecipada para quem cuidasse das realidades espirituais era ter celeiros cheios de grãos e armazéns repletos de bons vinhos.
Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. (Mateus 6.33)
Cf. Mal. 3.9-12, onde são feitas promessas semelhantes aos que pagassem os dízimos. Ver também Ageu 1.6,9,13; 2.15-19 e I Reis 17.10-16.
Transbordarão de vinho os teus lagares. Um lagar era um dispositivo simples que consistia em duas parles. Na parte superior havia a prensa (no hebraico, gath), onde eram pisadas as uvas. E na parte inferior (no hebraico, yeqebh) se recolhia o suco. Portanto, o homem que dá, terá grande abundância de uvas para pisar, e assim poderá recolher imensa quantidade de suco de uva. Ver sobre Lagar, no Dicionário.
O serviço que prestamos a outras pessoas é, realmente, o aluguel que pagamos pelo nosso espaço nesta terra. Um homem é um viajante, pelo que ter e manter não é o lema da vida. Pelo contrário, esse lema é dar e servir. Não há outro significado para a vida. (Sir Wilfred Grenfell)
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2548.
Nos versículos 9-10, temos um apelo a favor do uso apropriado das posses materiais. No final das contas, o homem é um mordomo, e tudo que ele tem pertence a Deus (SI 50). Quando ele honra a Deus com parte do seu progresso, ele vai ser abençoado materialmente — e se encherão os teus celeiros (10). Temos aqui um princípio de mordomia e não uma garantia de riquezas materiais. Podemos confiar a Deus as nossas dádivas e que ele garante a provisão das nossas necessidades materiais (Mt 6.33). O mordomo cristão nunca precisa temer que vai ser o perdedor ao dar a Deus (Ml 3.8-10). Ninguém perde porque crê ou porque obedece. O homem de Deus não é um servo relutante, mas um mordomo feliz e responsável.
EARL C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 3. pag. 366.
3.9,10 - Estes versículos se referem ã prática de oferecer a Deus a primeira e melhor porção do fruto de seu trabalho (Dt 26.9-11). Muitas pessoas dão ao Senhor as sobras. Se tiverem condições de ofertar depois de as contas serem pagas, elas o fazem. Estas pessoas podem ser sinceras e contribuir de boa vontade, mas não estão obedecendo ao que a Palavra diz. Deus quer a primeira parte de nossa renda, isto demonstra que Ele. não as posses, tem prioridade em nossa vida e é a fonte de nossos recursos (nós apenas os administramos). Ofertar a Deus nos ajuda a vencer a cobiça, a administrar corretamente os recursos que Deus provê para nós e habilita-nos a receber bênçãos especiais das mãos do Senhor.
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 836-837.
Assim, em lugar de refrigério, medula, em lugar de saúde, remédio, e, em lugar de ossos, umbigo. Ossos sem medula não funcionam; é a sua base de existência. O temor ao Senhor determina todos esses favores divinos.
Tais ensinos nos levam aos versos 9 e 10, onde lemos: Honra ao Senhor com os teus bens (tua fazenda), e com as primícias de toda a tua renda. A reverência devida a Deus leva ao reconhecimento de que é o Senhor de tudo, e então somos atraídos a honrá-lo com os nossos bens e com a nossa renda. Esta doutrina está em conformidade com Mal. 3:10 e 1I Cor. 9, bem assim com a parábola dos talentos e a das minas. A doutrina do dizimo e das primícias era preceito muito sério entre os hebreus. Podiam estar errados muitas vezes, mas nos pagamentos devidos ao Senhor eram pontuais, inclusive na remissão de todos os primogênitos de animais ditos impuros. Os primeiros frutos da terra eram trazidos ao templo para os sacerdotes, assim como os dízimos do azeite, do vinho, do trigo e de tudo quanto colhiam, sendo entregues ao mordomo para sustento dos mesmos. Quando os hebreus negligenciavam essa doutrina, os sacerdotes tinham de ir para as suas chácaras, cultivar a terra para comerem.
A verdade é que os crentes devem temer ao Senhor em primeiro lugar, para então entregar-lhe os dízimos e as ofertas. Se, porém, não temem ao Senhor, não lhe pagam nada. É isso que acontece com 70% dos crentes; não temem a Deus e nada levam à sua casa. Será que isso ficará assim mesmo? Não, não ficará. O verso seguinte diz: E se encherão fartamente os teus celeiros e transbordarão de vinho os teus lagares. É fartura sempre ausente nas casas dos faltosos. Não há crente que prospere roubando a Deus, como não há crente empobrecido quando dizima a sua renda Agora todo brasileiro é obrigado a pagar 15% e até muito mais, conforme a sua renda, para o governo. Não pague, para ver uma coisa. Mas em roubar a Deus nada acontece; Deus não vem cobrar, como pensam os tais, e então podem ficar devendo. Este autor acha que Deus não perdoa. Mais dia menos dia, ele vem buscar o seu, de um modo ou de outro; e, não fora assim, de nada valeria a promessa. Uma virada ao Antigo Testamento ajudaria muito os crentes desobedientes e incrédulos nessa doutrina (ver Deut. 26:1-15 e referências). O Senhor, que ordenou a doutrina d o dizimo e das primícias, é o mesmo que exige em Provérbios, honra a Deus com os teus bens e com toda a tua renda,
Antônio Neves de Mesquita. Provérbios.
Dt 28.8 O Senhor determinará. Aqui 0 autor sagrado reforçou certos aspectos das bênçãos que já haviam sido proferidas. Os celeiros do povo de Israel viveriam cheios (cf. 0 vs. 5, que aponta para a quarta bênção). Toda obra dos israelitas obedientes prosperaria. Temos aqui uma declaração geral, que cobre todas as bênçãos proferidas até este ponto. Aqueles que “entrassem” prosperariam e acha- riam segurança (quinta bênção; vs. 6). E aqueles que “saíssem” achariam prosperidade (sexta bênção; vs. 6). De modo geral, os israelitas seriam abençoados na Terra Prometida, que Deus lhes havia dado como herança, em consonância com o Pacto Abraâmico (ver Gên. 15.18). Israel permaneceria no seu território, se fosse obediente ao Senhor.
Cf. Pro. 3.9,10. Aqueles que honrassem 0 Senhor com os seus “bens” (sob a forma de dízimos e ofertas), teriam seus celeiros sempre cheios, e suas adegas só faltariam rebentar de tanto vinho.
Uma vida longa na terra era uma das bênçãos prometidas pela lei. Por isso mesmo lemos em Deuteronômio 5.33: "... para que vivais, bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuirá (Ver também Deu. 4.1 e 6.2.) É claro que isso também promete a permanência de Israel na Terra Prometida, e não somente vida longa para os israelitas, como indivíduos.
“Tudo, nos campos espiritual e temporal, viria através dos mandamentos imediatos de Deus” (Adam Clark, in loc.). Oh, Senhor, concede-nos tal graça!
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 856,858.
8,11,12a. Todos os empreendimentos de Israel (lit. “o estender a mão”) serão abençoados, de modo que seus celeiros se encherão e a nação desfrutará de prosperidade completa, ao enviar Javé a chuva para abençoar o trabalho do povo.
J. A. Thompson. Comentário Bíblico Deuteronômio. Editora Vida Nova. pag. 259.
2. A bênção que enriquece.
A Bênção do Senhor Enriquece
Reconhecer o Senhor como a fonte de toda prosperidade é a melhor forma de se proteger da ganância que tenazmente assedia quem possui riquezas (Si 127.1,2). Hans Walter Wolf (2007, p.206), que prestou uma grande contribuição à antropologia bíblica, observa oportunamente que: “quem quer ver a realidade humana precisa aprender a contar com a intervenção de Javé. Sem isso, a pessoa não percebe que nem a aplicação humana ao trabalho já leva ao resultado e que a riqueza não é um valor evidente. Deve-se atentar ao sentido ambíguo dos fenômenos e das vicissitudes’'. WoííF ainda comenta: “A seguinte tese opõe-se categoricamente ao pensamento seguro de si, o qual julga por inferir do trabalho necessariamente o resultado (Pv 10.22): “Somente a bênção de javé torna rico, o esforço próprio não acrescenta nada”. A expectativa geral de que o trabalho traz ganho nunca se realiza concretamente sem a decisão da bênção de javé. Também é javé que está atuante na diferença entre a vontade do ser humano e a execução do trabalho (Pv 16.1l)”.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 35.
Pv 10.21-22 Os lábios do justo apascentam a muitos. Os lábios de prata do homem reto (vs. 20) são úteis para alimentar muitos, dando-lhes valiosas instruções para a aplicação na vida boa. O homem bom é uma fonte constante de bênçãos para outros. Ele lidera os homens no caminho da sabedoria, ou seja, para a vida (ver Pro. 4.13; 9.6,11; 10.11,17).
Antítese. Os insensatos, longe de serem capazes de dar vida a outros, nem ao menos podem cuidar de si mesmos, e, por falta de sabedoria, morrem. Ademais, a bondade sempre esteve associada à prosperidade material na mente dos hebreus, ao passo que a pobreza esteve vinculada ao julgamento divino. Porém, é difícil acreditar que o autor falaria sobre isso e esqueceria as riquezas da alma, conhecendo a lei e pondo-a em prática, o sinal de um povo ímpar, pertencente ao pacto abraâmico (ver Gên. 15.18). “Salomão recebeu suas riquezas pelas bênçãos especiais do Senhor, sem ao menos perguntar por elas (I Reis 3.13); e outro tanto aconteceu com Isaque (ver Gên. 26.12)” (Fausset, in loc.).
Sinônimo. Usualmente as riquezas terrenas têm essa mistura de tristeza, mas as riquezas materiais ideais, dadas por Deus, não têm essa adição perniciosa. Ou então a ideia pode ser que as riquezas de Deus, sendo do tipo espiritual, naturalmente não têm nenhuma mistura com as tristezas, conforme as riquezas terrenas inevitavelmente têm. Nenhum acúmulo de trabalho humano pode produzir o tipo de riquezas que Deus concede. Se essa é a ideia desta declaração, então um trecho paralelo é o de Mat. 6.33, que diz:
Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
“As bênçãos de Deus dão um aprazimento simplesmente, e Ele não impõe nenhum imposto sobre esse conforto” (Adam Clarke, in loc.).
Existem tragédias associadas ao lucro ganho de modo ilegítimo (ver Pro. 10.2), e o versículo pode significar apenas que o sábio, trabalhando arduamente, adquire riquezas sem que tenha de sofrer qualquer calamidade juntamente com elas, pois obteve seu ganho honestamente.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2589.
10.22 - Deus concede habilidades pessoais e financeiras a muitas pessoas, de modo que possam atender às necessidades de outras. Se todos nós percebêssemos como Deus nos abençoou e continua nos abençoando, e se todos usássemos nossos recursos para fazer a sua vontade, a fome e a pobreza seriam eliminadas. A riqueza só é uma bênção quando utilizada conforme os preceitos de Deus.
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 845.
v. 22. Esse é um provérbio bem conhecido de confiança na bondade de Deus. O hebraico é enfático: A bênção do Senhor (somente ela) traz riqueza, não inclui dor alguma', a ARA traz “ele não traz desgosto” e é melhor porque deixa a iniciativa com Deus.
CHARLES G. MARTIN. Comentário Bíblico NVI. Editora Vida. Livro de Provérbios. pag. 919-920.
II - A METÁFORA DA FORMIGA (Pv 6.6-11)
1. As formigas sabem poupar.
Lições de economia doméstica — as formigas sabem poupar No capítulo 6.6-10 de Provérbios, encontramos uma outra metáfora usada por Salomão para ilustrar o valor do trabalho. Nessa metáfora ele contrasta o trabalho das formigas com a inércia do preguiçoso. “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus cominhos e sê sábio. Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, no estio, prepara o seu pão, na sega, ajunta o seu mantimento. O preguiçoso, até quando ficarás deitado? Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado.” No seu comentário sobre o livro de Provérbios, Antônio N. Mesquita pôs em destaque o valor dessa metáfora: “As formigas não tem rei nem senhores, porém devem ter uma organização qualquer. Com efeito, elas oferecem uma sabedoria admirável. No verão, se dirigem a lugares distantes, abrem um carreirinho e lá se vão, cada qual carregando um grão de qualquer cereal, para seus celeiros subterrâneos. No inverno têm o que comer. Não são perdulárias; são uma sociedade trabalhadora, ordeira, cada qual ajudando a outra, num esforço comum, para o bem da coletividade. Que fartura de ensino elas oferecem. Os preguiçosos devem aprender esta lição”.
Conheço bem o trabalho das formigas. Grande parte da minha vida, na verdade toda a minha infância e uma boa parte da adolescência, vivi numa propriedade rural que meu pai adquirira. Ali vivíamos praticamente da agricultura de subsistência. Foi naquela propriedade, cerca de 22 quilômetros da cidade de Altos, estado do Piauí onde observei durante muitos anos como vivem as formigas. Algumas coisas me deixavam impressionado quando observava esses pequenos insetos. Elas são extremamente dedicadas ao trabalho. Bastava contemplar os grandes formigueiros e a enorme quantidade de barro extraído para se saber que elas haviam feito um enorme esforço para construir seus abrigos. Outras vezes eu observava as longas trilhas que elas faziam entre a vegetação. Elas roçavam com grande perícia todo o capim existente, deixando atrás de si verdadeiras estradas com o propósito de conduzir através delas o mantimento que haviam encontrado. Meu pai costumava me dizer que essas formigas eram denominadas de formigas de roça. Uma outra coisa que me chamava a atenção era a habilidade com que elas conduziam para dentro do formigueiro pequenos pedaços de folhas de árvores que haviam selecionado para servir de mantimento. Os pesquisadores descobriram que uma formiga é capaz de transportar algo que equivale até cinco vezes o peso do seu corpo. De fato o preguiçoso tem muito a aprender com a formiga!
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 36-37.
FORMIGA
A palavra hebraica significa rut9ude. Ocorre em Pro. 6:6 e 30:25. Pertence à família Bimen6ptera (que significa asas membranosas), da qual há mais de mil espécies. As formigas aladas são o elo sexual da espécie, as demais são operárias e soldados assexuados, formando a esmagadora maioria. As formigas vivem em colônias de algumas poucas dúzias até aos milhões. Algumas são vegetarianas, outras carnívoras. Algumas vivem em árvores, e outras em formigueiros, escavados no solo. Algumas vivem independentes dos homens, mas outras sio pestes domésticas. Uso metafórico: Ver Pro. 6:6-8 e 30:35. O texto sugere a saúva, embora muitas espécies ajuntem seu mantimento durante o verão. Estão em foco previsão e prudência, paralelamente ao trabalho árduo, características essas que os homens fariam bem em imitar.
Devemos fazer nosso trabalho com sabedoria, aproveitando as oportunidades, ou criando oportunidades para nosso bem-estar. A saúva, durante a primavera e o começo do verão coleta sementes provindas de uma vasta área, as quais são levadas ao formigueiro. Os talos são tirados e levados para fora do formigueiro, o que toma a entrada do formigueiro conspícua, O trabalho árduo e a previsão envolvidos na operação proveem a base de uma lição moral. O trecho de Pro. 30:25 aponta para a debilidade física das formigas; mas, a despeito disso, mostram que são diligentes.
Fatos concernentes às formigas: 1. Ajuntam vastas quantidades de grãos em seus formigueiros. 2. Localizam seus formigueiros perto de boas áreas de suprimento. 3. Comem suas provisões recolhidas durante os meses frios. 4. Encorajam certos outros insetos a recolherem e armazenarem os ovos das formigas, juntamente com seus próprios ovos, havendo nisso um fator adicional para a sobrevivência da espécie. Lições morais podem ser extraídas de cada um desses fatores. (FA S UN Z)
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 807.
FORMIGA CEIFEIRA, Espécie Messor. As formigas são excessivamente abundantes em toda a Palestina; são conhecidos agora 31 tipos. Raramente as formigas entram em casas feitas de pedras ou tijolos de barro; assim, um antigo agouro listava as horrendas consequências para uma casa ou para o seu dono se uma das muitas variedades de formigas fosse vista nela (Bodenheimer, Animal and Man in Bible Lands, pp. 97s.).
Os formigueiros na Palestina são normalmente subterrâneos, para sua proteção contra o calor excessivo. Frequentemente têm câmaras especiais que servem como berçários, celeiros ou jardins de fungos. Particularmente interessantes são as referências em Provérbios 6.6-8 e 30.25,com relação às formigas que estocam grãos no verão. Em uma época, os críticos duvidaram da atividade dessas formigas ceifeiras. Até mesmo sugeriu-se que essas referências eram o resultado de uma observação imprecisa: que Salomão tinha visto os casulos brancos de larvas e os tinha confundido com grãos de trigo. Agora se sabe que diversas espécies desse género constroem celeiros, câmaras achatadas conectadas através de galerias e espalhadas irregularmente em uma área com dimensão média de quase dois metros de diâmetro e com cerca de trinta centímetros de profundidade. Elas recolhem sementes do solo, ou arrancam das plantas, retiram os invólucros e descartam os resíduos e as cápsulas vazias em montes de restos fora do formigueiro. Durante o inverno, um formigueiro médio pode conter cerca de um quarto de litro de sementes. As formigas primeiramente mordem a cabeça ou uma pequena raiz, a parte mais macia da semente, o que evita que ela germine, ou podem espalhar as sementes ao sol para que sequem; apesar disso, algumas sementes germinam. Os celeiros individuais podem ter aproximadamente 13 cm de diâmetro por um centímetro e meio de altura. Alguns formigueiros podem ter de oito a treze metros de diâmetro, e aproximadamente dois metros de profundidade, com diversas entradas.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 131-132.
Pv 6.6 O autor mudou de assunto, mas continuou a advertir sobre questões financeiras. Mais frequente que o problema do fiador, abordado nos vss. 1-5, é o da pobreza produzida pela negligência e preguiça. Em ambos os casos, a sabedoria é um auxílio do homem, e havia declarações sábias que os mestres podiam manipular para tentar ajudar aos que estivessem enfrentando outro tipo de angústia financeira.
Vai ter com a formiga. Há no Dicionário um artigo chamado Formiga, que apresenta material que pode ser usado para ilustrar a presente seção. A despeito de seu minúsculo tamanho e fraqueza (ver Pro. 30.25), as formigas são trabalhadoras diligentes e conseguem sobreviver galhardamente, seja qual for a sua espécie. Elas atacam quando o ferro ainda está quente, conforme dizemos em uma expressão idiomática moderna, fazendo provisões completas para os meses frios do inverno, quando o tempo se torna menos propício para juntar alimentos. Em contraste com as formigas, os homens, presumivelmente fortes e inteligentes, sofrem para simplesmente sobreviver, com frequência por causa de uma desavergonhada preguiça.
Ó preguiçoso. No hebraico, ‘acel. Esta palavra hebraica confina-se ao livro de Provérbios. Significa preguiça e negligência física, mas pode ter outras conotações. Em Pro. 15.19, esse homem é contrastado com o homem reto, subentendendo que há algum pecado, na vida do preguiçoso, que o faz ser o que é. Ou então a preguiça é chamada pecado, ou ambas as coisas. O homem preguiçoso é um irresponsável (ver Pro. 30.25). Quanto aos usos dessa palavra, ver Pro. 6.6,9; 10.26; 13.4; 20.4 e 26.16. Ver no Dicionário os verbetes chamados Preguiça e Preguiçoso. Cf. Pro. 22.13 e 24.30-34.
Como é óbvio, a preguiça é um problema social. Se a pobreza tem muitas causas, uma delas é que certas classes de pessoas não têm o desejo de trabalhar nem podem ser inspiradas a fazê-lo. Elas preferem a pobreza ao trabalho. Ver no Dicionário o verbete denominado Pobre, Pobreza. Há pessoas tão preguiçosas que, se apanham um pouco de alimento com uma das mãos, acabam não comendo, por serem preguiçosas demais para levá-lo à boca (ver Pro. 19.24).
“O ócio é apenas o refúgio das mentes fracas e o feriado dos insensatos” (Lord Chesterfield). Os homens são perseguidos por muitas pragas, e a que é desculpada mais facilmente é a praga da inatividade infrutífera.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2563.
Pv 6.6 A formiga. Mencionada apenas nesta passagem da Bíblia e em Pv. 30:25 embora não haja provavelmente nenhuma dúvida quanto à tradução. Antigamente levantou-se o problema quanto ao armazenamento de comida pela formiga (veja Toy). Uma espécie de formiga do Oriente Próximo, entretanto, age assim. As formigas têm organização social, mas não têm nenhum chefe que corresponda à abelha rainha. Ó preguiçoso. Este nome se encontra quatorze vezes nos Provérbios e em nenhum outro lugar. Geralmente define-se como "pessoa que não gosta de trabalhar". Embora a palavra inclua esta ideia, pode conter nuances, tais como "incapaz", que não se refere apenas a um "fracassado". O seu uso em Provérbios prova que "preguiçoso" não é a conotação integral. Em 15:19, o contraste é de um homem honesto – não simplesmente um "trabalhador".
Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora Batista Regular Provérbios. pag. 24.
O PREGUIÇOSO (6.6-11). Em O peregrino, Indolente, na companhia de Simples e de Presunção, é visto pelo Cristão a dormir à beira do caminho. Ensinando "os outros a presumirem que tudo lhes sairia bem no fim". Indolente e seus companheiros levam outros a seguir seu exemplo. Porém, quando o Cristão vai passando, vê que "estão pendurados em ferros, a pequena distância". Esse quadro se equipara ao que é dado Provérbios. Um provérbio tirado da natureza, tal como o composto por Salomão (1Rs 4.33), é empregado para envergonhar o preguiçoso e fazê-lo agir (6-9); todavia, se ele não atender, logo seu sono
será rudemente interrompido (10-11) pelo inflexível fato da pobreza e da necessidade - outro exemplo de um insensato apanhado nas cordas de sua própria loucura (verso 22).
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Provérbios. pag. 27-28.
Pv 30.25 As formigas, povo sem força. Que o leitor acompanhe os pontos a seguir:
1. Cf. Pro. 6.6-8, que elogia as formigas. As formigas não formam um “povo” forte, mas são sábias e industriosas. Elas sabem que têm de preparar-se para os
meses de inverno, trabalhando arduamente nos meses produtivos, a fim de juntar um estoque adequado de alimentos. Assim sendo, o indivíduo preguiçoso é chamado a ir ter com a formiga para obter sabedoria (ver Pro. 6.6).
Antítese. As formigas demonstram sabedoria e industriosidade trabalhando nos meses de verão, quando os alimentos são abundantes, e estocando alimentos extras para os meses de inverno, quando o alimento lá fora será difícil de conseguir. Para fazer isso, a formiga trabalha duplamente nos bons meses, “As formigas sobrevivem por causa de sua previsão” (Sid S. Buzzell, in Ioc.). Porém, não é bastante ser previdente: a pessoa precisa ser industriosa, aplicando às coisas aquilo que ela sabe. As formigas são fracas em comparação a muitos animais. Os árabes tinham um provérbio que dizia: “Tão fraco como uma formiga". Mas de seu forte trabalho surgiu outro provérbio árabe: “Mais forte do que uma formiga", que significa “fortíssima”. O “povo” fraco é forte em sabedoria.
Povo. As formigas são um povo organizado. O poeta grego Focilides chamou as formigas de tribo ou nação (Poem. Admon. vs. 158, 159). Homero e Virgílio chamavam as abelhas de povo. Ver Ilíada 2. vs. 87, e Georgic. 1.4, vs. 4 e 5).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2690.
2. As formigas sabem ser autônomas.
Pv 6.7 Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante. As pessoas preguiçosas deveriam ser inspiradas pelas formigas. Abaixo, nas notas expositivas sobre este versículo e o seguinte, o leitor poderá acompanhar algumas questões importantes nos dois pontos abaixo:
1. Sem líder evidente. As formigas, de pleno acordo, concordam em fazer o que precisa ser feito. A maioria dos homens, para trabalhar, precisam de alguém que lhes diga o que fazer.
Pesquisas modernas demonstram que as formigas dispõem de um intrincado sistema de organização, mas não é claro que elas comuniquem seu sistema umas às outras. Um formigueiro é um lugar muito atarefado. Todos os membros do formigueiro trabalham. Portanto, é verdade o que diz Poor Richard, em seu Almanaque: “Ninguém prega melhor do que a formiga, e, no entanto, ela nada diz”. Já o homem preguiçoso diz: “Há um leão nas ruas” (ver Pro. 26.13). E assim o preguiçoso nada tenta, pois engana-se e desiste antes mesmo de começar.
Chefe... oficial... comandante. Talvez o autor sagrado quisesse comunicar os tipos de poderes que os governantes exercem sobre o povo: o sistema judicial, a polícia e o poder executivo sobre uma comunidade. Ou, simplesmente, talvez tenha multiplicado palavras que implicam autoridade somente para dizer-nos que as formigas nada têm de análogo e, no entanto, são capazes de envidar um esforço coordenado que lhes salva a vida. Quanto mais podem fazer os homens com seu intrincado sistema de líderes?
Pv 6.8 No estio prepara o seu pão. O autor sacro continua aqui a mostrar as qualidades da formiga, que deveriam inspirar as pessoas preguiçosas:
2. A provisão diligente para o futuro, trabalhando no presente propicio, é uma característica da formiga, que as pessoas preguiçosas não seguem. Os meses frios seriam fatais para as formigas, caso elas não fizessem estoque de alimentos para o inverno. As formigas trabalham durante o verão e dão toques finais nos preparativos durante o outono, isto é, o tempo da colheita, justamente antes de iniciar o frio. A Septuaginta e outras versões parecem pensar que é um erro deixar de fora do quadro a industriosa abelha, pelo que insuflam esse inseto no texto sãcro, mas certamente isso é apenas uma glosa. Era costume, entre os árabes, pôr uma formiga na mão de uma criança recém-nascida e proferir bênçãos como: “Que este menino cresça para ser um homem esperto!”. Mas os preguiçosos não se importam em ser espertos como as formigas. Plínio (História Natural 1.11.cap. 30) dá-nos um exemplo da esperteza das formigas. Elas mordem as pontas das sementes para que não cresçam, mas permaneçam alimentos para serem guardados durante o inverno, John Gil! (in loc.) recomendava que os jovens, que têm a juventude e a força ao seu lado, juntassem riquezas para a idade avançada e períodos de enfermidade. Por certo essa é uma coisa que as pessoas poderiam fazer, e que os modernos planos de pensão têm atrapalhado tanto. Mas algumas pensões de aposentadoria são tão pequenas que até uma pessoa que formalmente se aposenta de algum trabalho realmente não conta com coisa alguma para terminar seus anos finais. Tais pessoas terminam dependentes de seus filhos ou da caridade pública. Algumas terminam em total angústia e pobreza abjeta.
Pv 6.9 Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? A partir deste versículo, o mestre deixa de lado a metáfora sobre as formigas e ataca diretamente o homem preguiçoso. Tal homem faz bem algumas coisas, como dormir e comer. Ali está ele agora, dormindo. Descansa por nada ter feito. O mestre procura despertá-lo do sono, mas ele continua deitado ali. Ainda não morreu de inanição porque alguém tem misericórdia dele, dando-lhe o bastante para comer. Ele possui pouco dinheiro, também dado pela caridade alheia, mas se encaminha rapidamente para a mais severa pobreza (vs. 11). As pessoas acabarão cansando de dar dinheiro a ele, sem resultado positivo algum. Esse homem dorme durante a noite e também durante o dia. Em contraste com tal homem, as formigas trabalham até durante a noite, à luz da lua. “O tempo não deve ser passado dormindo, com a negligência dos negócios desta vida, e certamente não com a negligência das realidades espirituais e da vida vindoura. Os homens não devem mostrar-se ociosos, nem nas coisas físicas nem nas coisas espirituais” (John Gill, in loc.).
Não há lugar na civilização para o preguiçoso;
Nenhum de nós tem direito ao lazer. (Henry Ford)
Pv 6.10 Um pouco para dormir, um pouco para toscanejar. Este versículo refaz ironicamente o vs. 9. O homem preguiçoso estava praticamente cataléptico. A carreira dele era feita do ato de dormir. O mestre gritou para ele, e ele conseguiu mexer-se um pouco. Mas logo recaiu no sono, dobrando as mãos sobre o peito, atitude de quem estava para dormir “um longo sono de inverno”, conforme diz certo cântico de Natal. Esse homem sem dúvida tinha um problema tanto de atitude quanto de motivação.
O Ato Mais Preguiçoso Já Feito por um Homem. Um industrioso vendedor viajava velozmente em seu carro para certo destino. Mas ele fez uma curva errada e terminou em uma estrada que não lhe era familiar. Em breve estava inteiramente perdido. Viu um homem deitado debaixo de uma árvore, pelo que parou, dirigiu-se a ele e pediu orientação. O homem não se moveu de sua posição deitada, mas levantou uma das pernas e, com o artelho grande do pé, apontou para o lado certo. O industrioso vendedor disse a ele: “Se você me puder mostrar um ato mais preguiçoso do que esse, eu lhe darei cinco dólares”. O preguiçoso replicou: “Basta que você me role de barriga para baixo e ponha os cinco dólares no bolso de trás”.
Pv 6.11 Assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão. O homem era um vagabundo, alguém que saiu de alguma rua deserta, inesperadamente. Mas alguns estudiosos apontam para uma pessoa má, que andava à caça de alguma má ação para praticar, um mero ladrão. Ou então a figura era simplesmente de alguém que viajava passo a passo, até que, finalmente, chegou ao seu destino. Nesse caso, está em foco a inevitabilidade da chegada da pobreza. Ellicott diz aqui: “Alguém que se move rapidamente”, e então aponta para Sal. 104.4, que fala sobre Deus “movendo as asas do vento”. Enquanto o preguiçoso dorme, a pobreza ocorre rapidamente a ele. Quando, finalmente, ele acorda, a pobreza será sua companhia constante e indesejada.
Como um homem armado. Ele seria atacado e destruído por um soldado, mostrando-se indefeso. Ou então um ladrão armado pode estar em vista. Seja como for, a incapacidade de defender-se do que possa acontecer eventualmente está sendo enfatizada. As versões da Septuaginta, da Vulgata e árabe tentam dar alguma esperança ao homem, com outra exortação feita pelo mestre: “Mas se fores diligente, tua colheita será como uma fonte, e a pobreza fugirá para longe de ti”, o que certamente é uma glosa. Ver as declarações sobre os vss. 10 e 11, que se repetem em Pro. 24.33,34.
Décimo Segundo Discurso: Valor da Sabedoria para Salvar da Dissensão
(6.12-19)
Encontramos aqui o décimo segundo discurso dentre os dezesseis que constituem o primeiro livro de Provérbios (1.8-9.18). Certas pessoas enganadoras e naturalmente descontentes costumam despertar a contenda como um passatempo. Elas se engajam em sete pecados específicos que são odiosos para Deus (ver os vss. 16-19). Os desastres comunais resultam da obra impensada delas. O homem perverso, para despertar as dissensões que tanto apreciam, rebaixar-se-á e mentirá para conseguir seus propósitos distorcidos. Mediante olhares furtivos e referências crípticas, ele dá a impressão de que sabe mais do que realmente sabe, e o que ele sabe tem poder de criar sentimentos maus na comunidade. “Por onde quer que vá, tal pessoa lança suspeitas e cria discórdias entre os seus conhecidos. É a perdição da sociedade” (Charles Fritsch, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2563, 2565.
6.6-11 — Este trecho alerta contra a armadilha da preguiça. O preguiçoso é refém do lazer. Tudo de que ele precisa para sobreviver pode ser aprendido com a formiga, uma criatura humilde que se ocupa em armazenar comida no verão para enfrentar o inverno que virá. Como a formiga, a pessoa sábia trabalha duro. Por outro lado, o preguiçoso é viciado em dormir e perdeu todo o interesse em trabalhar (Pv 26.13-16).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 954.
Não Seja Preguiçoso (6.6-11)
A segunda advertência trata das virtudes da diligência e do zelo pelo trabalho. As advertências contra a indolência são frequentes em Provérbios (10.26; 13.4; 19.15; 24.3034). O mestre acreditava que a preguiça atrapalhava a prosperidade (10.4; 12.11; 20.13; 23.21; 24.33-34; 28.19). Salomão se volta aqui à natureza para apresentar um exemplo de diligência (cf. 1 Rs 4.33). A formiga (6), mencionada somente aqui e em 30.25, pode nos ensinar algumas lições sobre o zelo pelo trabalho e a previdência. Ela trabalha diligente e voluntariamente (7) para preparar no verão o alimento para o inverno que está adiante (8).
A ocorrência tripla da expressão um pouco (10) destaca o fato de que pequenas negligências resultam em grandes deficiências. Hoje, só mais um gole antes de pegar o volante pode resultar em grandes tragédias. O sábio adverte que, como resultado da indolência repetida, a pobreza e a necessidade sobrevirão ao preguiçoso (11).
EARL C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 3. pag. 372.
6.6-11 - Os últimos momentos de sono são deliciosos; os saboreamos à medida que resistimos a iniciar outro dia de trabalho.
Mas no livro de Provérbios há advertências contra ceder à tentação de dormir, em vez de trabalhar. Isto não significa que nunca devamos descansar. Deus deu aos judeus o sábado, um dia sagrado para descanso e restauração de forças. Porém, não devemos descansar nas ocasiões em que deveríamos estar trabalhando.
A formiga foi usada corno um exemplo, porque utiliza sua energia e seus recursos economicamente. Se a preguiça nos afastar de nossas responsabilidades, a pobreza poderá afastar-nos do legítimo descanso que deveríamos desfrutar (ver também o quadro referente a este assunto no cap. 27).
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 840-841.
III - A METÁFORA DO LEÃO (Pv 22.13; 26.13)
1. Conhecendo o leão.
A terceira metáfora que destaco no livro de Provérbios é a que contrasta o preguiçoso e o leão. Em Provérbios 22.13, lemos: “Diz o preguiçoso: Um leão está lá fora; serei morto no meio das ruas”. Por outro lado, Provérbios 26.13 destaca: “Diz o preguiçoso: Um leão está a caminho; um leão está nas ruas”.
Não falta desculpa para quem não quer trabalhar! O nordestino, que no dizer que Euclides da Cunha, “é antes de tudo um forte” está acostumado ao trabalho duro. Certa vez uma rede de televisão exibiu uma matéria sobre os efeitos da seca no sertão nordestino. Quem assistiu aquela reportagem não pôde deixar de se emocionar com o drama do sertanejo frente a esse fenômeno climático. A estiagem dizima tudo o que encontra pela frente, ficando bem pouco para o camponês sobreviver. O programa encerrou-se naquela noite com uma frase antológica de um dos heróis que vivem no semiárido nordestino. Perguntado como o sertanejo consegue viver na seca, o camponês respondeu: “A cana (de açúcar) não passa 110 engenho? Assim nós passamos na seca”!
O que sobra da cana após passar pelas moendas de um engenho é somente o bagaço. Mesmo a vida sendo dura dessa forma, o sertanejo não tem medo de enfrentá-la. Ele não teme o leão. Talvez seja por isso que não é raro vermos o sertanejo fazendo gracejos com quem é preguiçoso. Ouvi certa vez de um homem que de tão preguiçoso que era, pediu que o levassem para o cemitério e o enterrassem vivo! Ele não queria trabalhar. Quando era conduzido em cortejo “fúnebre”, alguém resolveu livrar aquele homem da morte. Pondo-se próximo do candidato a defunto, ele indagou: “O senhor aceita um saco de arroz para não ser enterrado vivo”? Olhando fixamente nos olhos do seu interlocutor, o morto-vivo respondeu, também com uma pergunta: “O arroz está pelado”? Obtendo “não” como resposta, ele disse: “Podem prosseguir com o enterro”.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 37-38.
LEÃO.
I PALAVRAS E REFERENCIAS BÍBLICAS.
Seis palavras hebraicas e uma palavra grega estio envolvidas:
 a. Gor, «memador-. No hebraico, indica um leão jovem (Gên, 49:9; Deu. 33:20; Jer. 51:38).
b. Kephir, «felpudo», «hirsuto». No hebraico, um leão jovem que acabou de tomar-se independente (Eze. 19:2,3; Sal. 19:13; Pro. 19:12).
c. Ari, «que despedaça.': Um leio adulto. caçador e destruidor (Naum 2:12; IISam. 17:10; Núm. 23:24).
No Antigo Testamento, esse é o nome mais comum desse grande felino.
d. Schachal,«rugidor... O leio que assusta com suas ameaças; algumas vezes, o leão negro. (Jó 4:10; 10:16; Pro. 26:13; Osé, 5:13; 13:7).
e. Layish, «forte». No hebraico, o leão feroz (Jó 4:11; Pro. 30:30; lsa. 30:6).
f. Labiah, «rugidora», No hebraico, a leoa 4:11).
Sob essas diversas formas, a palavra «leão» aparece por cerca de cento e cinqüenta e cinco vezes no Antigo Testamento.
g. No grego, léon, Aparece por nove vezes no Novo Testamento: II Tim. 4:17; Heb. 11:33; I Ped. 5:8; Apo. 4:7, 5:5; 9:8,17; 10:3 e 13:2. 2. DESCRIÇÃO E CARACTERÍSTICAS
O leão é o maior e mais formidavelmente armado de todos os animais carnívoros. Somente o tigre da Índia lhe oferece competição. Um leão adulto da Ásia pode chegar até os 205 kg de peso, e um leio africano, aos 230 kg de peso. Um leão pode matar um homem com um simples golpe de pata; suas garras podem causar talhos de dez centímetros de profundidade, em uma fração de segundo. Com um único golpe de pata, um leão pode quebrar as vértebras de um novilho. Um leão geralmente chega aos 3,60 m de comprimento. O recorde é 3,90 m de comprimento, da ponta do focinho à ponta da cauda. As leoas são menores e mais leves que os leões. Os leões vivem, em média, trinta anos. As fêmeas não têm juba, mas a cabeça dos machos tem pelos luxuriantes, que descem até o pescoço, ao que chamamos de juba. São necessários cerca de sete anos para que a juba se forme por completo em um leão adulto. A reprodução e a concepção podem ocorrer em qualquer época do ano, e a fêmea dá à luz a três ou quatro filhotes, uma vez por ano.
Os leões comem muitas espécies de animais, pequenos e grandes, além de também caçarem certas aves. O leão usualmente mata suas vitimas quebrando-lhes o pescoço, o que pode fazer facilmente, devido às suas poderosas queixadas. Há leões que se tomam devoradores de seres humanos. O leão tem excelente audição, como também visão e olfato muito bem desenvolvidos.
O leão é famoso por seu espantoso rugido, que, usualmente, solta para advertir a outros leões para que se mantenham longe de seu territ6rio e de suas fêmeas. Alguns estudiosos dizem que os leões são polígamos, mas outros insistem que eles são monógamos, Talvez ambas as condições existam entre eles, dependendo do estilo de cada macho. Seja como for, os leões brigam muito entre si e por causa das fêmeas. Além do homem, que é o inimigo mais perigoso do leão, este tem de enfrentar parasitas e certas enfermidades. Quase todos os leões, selvagens ou mansos, vivem infectados por vermes, havendo uma elevada taxa de mortalidade entre os filhotes.
Há cerca de dez espécies conhecidas de leões africanos. Também há várias espécies de leões asiáticos, ligeiramente menores que seus primos africanos. Em nossos dias, o habitat dos leões anda muito reduzido, em comparação com o que sucedia na antiguidade. Na remota antiguidade, os leões vagueavam por grande parte do suleste europeu, por todo o -continente africano, pela parte ocidental da Ásia e pelo subcontinente indiano. Os romanos entretinham-se lançando aos leões os criminosos e os cristãos. Quando esse cruel esporte se popularizou, havia grande demanda pelo rei dos felinos. Lê-se que os romanos chegaram a cruzar leões em cativeiro, para garantir que seu feroz entretenimento tivesse continuidade. As referências bíblicas são muito numerosas no tocante ao leão e com base nisso; sabe-se que essa espécie de animal era muito comum nas terras bíblicas.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 746-747.
Leão, Panthera leopérsica. O leão é um grande carnívoro de cor amarelo-castanho que caça principalmente mamíferos sobre cascos e ataca com uma série de saltos e pulos. Dentro do período histórico, o leão é encontrado na Europa e na Palestina. O animal palestino era o leão asiático ou persa. Os machos têm uma juba pesada. A juba para na altura dos ombros, mas recobre uma boa parte da barriga. Ele não pode escalar e é principalmente noturno, retornando para a sua toca ou para a mata durante o dia (Jr 4.7; 25.38; Ne 2.11,12).
Os leões eram comuns nos tempos bíblicos em todas as partes da Palestina. A língua hebraica tem ao menos sete palavras para leão e leãozinho, e a fera é mencionada mais de 130 vezes na Bíblia. Ele gradualmente diminuiu e tornou-se extinto pouco depois de 1.300 d.C. O leão estava presente na Mesopotâmia até o final do século XIX. A caça ao leão era o esporte dos reis na Assíria (ANEP, # 184) e no Egito (ANET, p. 243).
0 rugido do leão acontece apenas com o estômago cheio, isto é, depois dele ter consumido a sua presa (SI 22.13; Ez 22.25; Am 3.4). O leão é um animal corajoso (2 Sm 17.10; Pv 28.1), destrutivo (SI 7.2; Jr 2.30; Os 5.14; Mq 5.8), o inimigo do rebanho (Am 3.12), cujo rugido inspira o medo nos animais domésticos (Am 3.8; veja VBW, III, 174-235;
1 Pe 5.8). Como todos os grandes felinos, os leões às vezes tornam-se animais que atacam os homens (1 Rs 13.24-28; 20.36; 2 Rs 17.25,26; SI 57.4; Dn 6.7-27). Eles preferem campos abertos, savanas e planícies.
Os leões desempenhavam um papel importante no simbolismo político (1 Rs 10.19,20) e religioso do Oriente Próximo (veja muitas referências na ANEP). Na Assíria e na Babilónia o leão era considerado um animal real (Dn 7.4). Uma grande placa de basalto da metade do segundo milénio a.C. foi encontrada em Bete-Seã retratando um cachorro e um leão lutando (ANEP, # 228). O leão era a mais poderosa das feras para o judeu e ilustrava o porte suntuoso de um rei (Pv 30.29-31). Dessa forma ele simbolizava o governo (Gn 49.9; Nm 24.9) e até se tornou um título de Cristo (Ap 5.5). O leão permanece um animal de zoológico favorito entre os governantes de estilo oriental; o imperador da Etiópia ainda exibe os leões reais.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 117.
Pv 22.13 Diz o preguiçoso: Um leão está lá fora. O homem preguiçoso apresenta desculpas absurdas para não ir trabalhar. Hoje ele ficará em casa porque pode suceder que um leão esteja nas colinas e venha encontrá-lo na rua! Havia muitos leões da montanha na Palestina, mas a chance de que algum deles descesse até as vilas ou cidades era mínima. Ademais, apresentar desculpas dessa natureza significaria que um homem nunca iria trabalhar. Pro. 26.13 repete a mesma ideia  Talvez o autor sacro tenha escolhido um exemplo absurdo sobre o tipo de coisas que homens preguiçosos poderiam apresentar como desculpa para não trabalhar, mas não esperava que tomássemos a sério a desculpa. Ver Pro. 6.6 e 19.15 quanto ao preguiçoso, e ver no Dicionário os verbetes intitulados Preguiça e Preguiçoso.
Sinônimo. O homem é uma presa fácil para um animal feroz, em contraste com outros animais, que podem lutar. Somente homens como Sansão podem vencer leões. Não faz muito tempo, uma mãe defendeu seu filhinho contra o ataque de um puma, não muito longe de Los Angeles, e obteve grande sucesso, armada apenas com uma vara! Mas isso foi uma exceção, e só podemos concluir que ela contou com alguma espécie*de ajuda angelical. Também não era tempo de o menino morrer. O homem preguiçoso, entretanto, não confiava em casos excepcionais. Ele simplesmente ficou em casa, sem nada fazer, e dormiu por boa parte do dia (ver Pro. 6.9,10; 19.15; 20.13). Esse homem estava definitivamente enfermo. Quanto à vitória de Sansão sobre o leão, ver Juí. 14. Outros, entretanto, não tiveram tal sorte (ver I Reis 13.24).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2649.
Pv 22.13 - Este provérbio se refere â desculpa que uma pessoa preguiçosa poderia usar para não trabalhar. Esta pode parecer tola para nós, mas é frequentemente assim que nossas desculpas soam para os outros. Jamais devemos ceder à preguiça. Devemos levar nossa responsabilidade a sério e trabalhar.
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 861-862.
Coitado do preguiçoso (vv. 13-16)
Um leão está lá fora; serei morto no meio da rua, diz ele (v. 13). Esse é um pobre a quem se deve apenas misericórdia e paciência. Não vai à rua, com medo de ser morto pelo leão; e não vai à cidade, com medo de ser assassinado. Então fica em casa dormindo. Parece ser igual ao nosso Jeca-Tatu de Monteiro Lobato. Quanto a mulheres estranhas (v. 14), ver as anotações de 5:7 e 7:1-27. É praga social muito antiga e que jamais encontrou solução. O Senhor é contra esta situação, mas até em Israel desde tempos imemoriais, havia essas mulheres. Um provérbio, cuja doutrina nos surpreende: A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela (v. 15). Interpretemos "estultícia" por "inocência" ou "simplicidade" mesmo. Todavia, o ensino do mestre é que a disciplina levará a criança a fugir das consequências da sua inocência ou estultícia. De qualquer modo, vale o ensino porque tem sido referido diversas vezes. Está de acordo com o verso 6, que manda ensinar à criança o caminho em que deve andar. Cabe aos pais e preceptores esta tarefa. Depois vem um provérbio muito rico de ensinamentos: O que oprimo ao pobre para enriquecer a si, ou o que dá ao rico, certamente vai empobrecer (v. 16). Tirar do pobre para dar ao rico é uma iniquidade, mas acontece e era já coisa conhecida de Salomão e do seu tempo. É fato estranho e que exige imaginação.
Antônio Neves de Mesquita. Provérbios.
Pv 26.13 Diz o preguiçoso: Um leão está no caminho. Cf. esta seção com Pro. 6.6; 19.15 e 24.30-34. Este versículo é idêntico a Pro. 22.13, onde ofereço notas expositivas. Mas aqui a porção que diz que o preguiçoso teme ser “morto” pelo leão é deixada de lado; mas compreendemos Isso. Ele permanecerá em seu leito, porquanto tem certeza de que a morte se esconde lá fora, no caso de ele ir trabalhar, mesmo que não houvesse outro perigo. Esse homem é assediado pela síndrome do pânico. Algumas pessoas têm um temor patológico que as mantém dentro de casa. Nas cidades populosas, onde há tantos crimes, muitas pessoas estão desenvolvendo esse tipo de fobia. Mas um preguiçoso é apenas patologicamente preguiçoso, pois, na realidade, não é atacado por nenhum pânico.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2670.
Pv 26.13-16 - Se uma pessoa não estiver disposta a trabalhar, poderá encontrar infinitas desculpas para não fazê-lo. A preguiça é mais penosa do que um leão. Quanto menos o preguiçoso faz, menos quer fazer e mais inútil se toma. Para superar a preguiça, devem ser dados alguns pequenos passos em direção à mudança.
É necessário estabelecer uma meta concreta e realista, verificar quais são os passos necessários para alcançá-la e segui-los. Deve-se orar. pedindo a Deus força e persistência. Para que as desculpas não tornem alguém inútil, é necessário parar de dar desculpas vãs.
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 866.
O livro dos indolentes (vv. 13-16;22:13;19:24)
O preguiçoso era um tipo desprezível em Israel, e ao redor da sua preguiça giravam então diversos provérbios, como o do leão na rua, e, com pretexto de medo o preguiçoso ficava em casa, remexendo-se na cama ou no catre como a porta se move nos seus gonzos para lá e para cá e nunca sai do lugar. Ou então como quem mete a mão no prato, mas não tem coragem de a levar à boca (vv. 14 e 15). Todavia, o preguiçoso também tem suas opiniões, e é isso que diz o verso 16, pois se julga mais capaz do que sete homens que sabem o que dizem. A preguiça recebe no livro dos Provérbios a sua condenação, porque ela é a causa do atraso de muitos povos, que ficam de braços cruzados, à espera do que os outros fazem, de que os outros pesquem o peixe para eles comerem.
Antônio Neves de Mesquita. Provérbios.
2. Matando o leão.
Não há jeito para quem é preguiçoso e não quer trabalha.
Ao escrever sobre a preguiça, o escritor Os Guinnes destaca que: “A preguiça é o quarto dos sete pecados capitais e — ao contrário das expectativas — quarto pecado do espírito, e não o primeiro pecado da carne. Sua exclusividade está no fato de ser um pecado de omissão, e não um de comissão, a ausência de uma atitude positiva, e não a presença de uma atitude negativa. De forma distinta, é o mais moderno dos vícios (um vício ausente na lista grega ou romana) e também o mais religioso. Muitos neste mundo conseguem ir bastante longe na procura de compreender o orgulho, a inveja, a ira, a avareza, a glutonaria e a cobiça sem fazer qualquer referência a Deus, porém fazer o mesmo com a preguiça muda completamente seu significado original. A preguiça é muito mais do que indolência, ociosidade física ou estado de letargia viciada em televisão (“mais perto de Ti, meu sofá”, como o New York Times intitulou). Ela é a condição de desânimo espiritual explícito que desistiu de buscar a Deus, a verdade, o bom e o belo”.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 38.
O fato que devemos deixar todas as nossas preocupações com Cristo não visa tornar-nos ·descuidados· quanto à caminhada espiritual, pois há um poderosíssimo inimigo que busca nossa ruína.
*...sóbrios...· No grego é «nepho», ·ser sóbrio·, «ser vigilante». Era palavra usada para indicar a sobriedade física, isto é. a temperança, o evitar bebidas alcoólicas; mas também indicava a vigilância de toda sorte, o estado de alerta espiritual. Este verbo também tem sido usado em I Ped. 1:13 e 4:7. Os leitores do apóstolo são exortadas a exercer ·autocontrole·, autor estrição. sob as circunstâncias difíceis que atravessavam. Provavelmente a ideia também inclui a necessidade de «vigiar» quanto à volta de Cristo para breve; considerando-se tal acontecimento, embora futuro, é melhor que os crentes vigiem sua conduta. (Comparar com I Ped. 4:13,17 e 5:4). A ·parousia» ou segundo advento de Cristo está cm foco no presente contexto. (Quanto a notas expositivas completas sobre o ·arrebatamento».
*...vigilantes...· No grego é *gregoreo», «manter-se desperto», *ficar alerta», ·>manter-se vigilante·. Foi o mesmo mandamento dado por Jesus a Pedro, Tiago e João, n o jardim , durante os momentos de sua imensa provação (\e r Marc. 14:38 c seu contexto). Na qualidade*de crentes, temos paz no intimo; mas isso não significa que nos podemos retirar para um campo de férias. Há um amargo conflito cm progresso, c temos de combater contra poderes espirituais da maldade, e não meramente contra homens mortais, que se opõem e perseguem o evangelho. (Ver Efe. 6:11 e ss., bem como as notas ali existentes, sobre a elaboração desse conceito).
«...o diabo ...· Deriva-se de uma palavra que significa caluniador», equivalente ao termo hebraico ·satã». As Escrituras o descrevem a caluniar dos homens santos e de Deus. Ele assaca ·acusações hostis· contra os crentes. Foi o acusador de Jó, e é pintado como se vagueasse pela terra, espiando a fraqueza daqueles que procuram a vitória na inquirição espiritual. E um leão que vagueia destruidor e sem misericórdia, o exemplo máximo do mal e da depravação. Em seu ser não há bem algum, embora goste de apresentar-se como ser bom. Provavelmente está auto enganado ao ponto de pensar que realmente é melhor que Deus, merecedor da lealdade dos homens. Por toda a parte as Escrituras falam dele como uma personalidade, a epítome do mal, assim como Deus é a epítome do bem.
(Há notas expositivas completas sobre «Satanás— derivado do hebraico, e que significa ·adversário»—em Luc. 10:18 e João 8:44. Quanto a seu título e ·Belzebu·, ver Mat. 10:25 e Luc. 10:18. Quanto aos ·demônios, seus auxiliares», ver Marc. 5:2). De certo ângulo, a própria história é a luta entre as forças do bem e do mal, em que a lealdade do homem é reivindicada constantemente. Ê preciso muito tempo para que os homens se convençam de que o bem é melhor do que o mal. Muitas lições repetidas são necessárias a fim de aprendermos essa lição. Mas, enquanto isso não é aprendido, os homens, até certo ponto, continuam escravos do mal inspirado por Satanás.
A redenção, pelo menos parcialmente, consiste na história de como homens são libertados dessa servidão, pois, verdadeiramente, os remidos são libertados do domínio satânico.
«...leão...» Dado que o leão é sem misericórdia ao buscar sua presa, destruindo-a totalmente, sem qualquer consciência; e dado que o leão é poderoso, nada podendo resistir-lhe—por essas razões. Satanás é bem representado aqui por esse felino. «O leão ruge» porque busca sua presa em fome e furor. Quando a vítima é dominada, o leão a devora·, o que indica, metaforicamente, *total destruição». Isso é que Satanás faz contra uma alma. impedindo-a de possuir a salvação divina, destruindo o indivíduo quanto à missão mencionada por ele para o Senhor. (Ver Jó 1:7 e 2:2 quanto às ·atividades de Satanás»). Sem dúvida Pedro aqui relembra suas próprias experiências. Satanás desejava «peneirá-lo», e teria obtido sucesso se o próprio Jesus não lhe tivesse oferecido proteção no momento crítico. (Ver Luc. 22:31).
Cristo é chamado leão’ (ver Ap. 5:5) por causa de sua coragem. O diabo, por causa de sua ferocidade. Um leão veio para conquistar, o outro, para ferir» (Agostinho).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 167-168.
8. Buscar a Deus, e a libertação que Ele pode conceder, toma-se ainda mais importante quando a gente se lembra de que os problemas que os cristãos enfrentam não têm uma explicação tão somente sociológica, embora seja no meio social que eles se expressem. Há forças espirituais em movimento, e elas não devem ser desconsideradas. As forças do mal já foram derrotadas por Cristo, e sabem disso (3.18-22); pouco é o tempo que lhes resta, antes de serem finalmente destruídas (Ap 12.12), por ocasião da tão esperada revelação de Jesus Cristo, quando Ele dará fim ao presente curso da história. Nesse tempo, elas estão se mobilizando para de alguma maneira lutarem ainda contra o seu fim, já irremediavelmente decretado; e lutam contra Deus e o Seu povo (todo o capítulo 12 de Apocalipse é iluminador no nosso contexto). Os cristãos têm de reconhecer esta realidade, tomando suas precauções, e sobretudo voltando-se para Deus, firmes na sua fé em Cristo (Senhor sobre todas as forças espirituais deste mundo, 3.22). Aí, nada têm a temer.
Sede sóbrios e vigilantes é uma conduta recomendada em vários lugares do N.T., especialmente em contextos escatológicos (Mc 13.33-35; 1 Co 16.13; 1 Ts 5.6; este último texto combina os dois elementos aqui mencionados). Nepsate (sede sóbrios) já apareceu antes em 1.13, onde é combinado com o esperar a revelação de Cristo, e em 4.7, onde a isso são acrescentadas as orações (importantes nesse processo). Vigilantes indica a atitude de esperar de olhos abertos, acompanhando o que se passa e sempre perscrutando o horizonte na expectativa da chegada do Senhor. Novamente é relevante a parábola, Mat 24. 45-51. Aqui a mais uma razão bem ´próxima dele para este estado de alerta e de sobriedade criteriosa. O diabo, vosso adversário, anda em derredor. As forças do mal são, assim congregadas e representadas na pessoa de um só, o “maioral dos demônios” (Mc 3.22,-aplicado a Belzebu, que é a mesma entidade aqui mencionada). No N.T., vários nomes são dados a esse “príncipe” dos demônios, que encarna em si a maldade e o poder da corrupção e do pecado (cf. Ap 12.9, onde recebe cinco designações: “o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo mundo “). Em João 14. 30 ele é ainda o príncipe deste mundo”. Diabo que se tornou o seu nome mais comum muitas vezes nem lembra mais o sentido deste nome (acusador, difamador, aquele que traz confusão). A sua principal característica, no tocante ao povo cristão, é que ele é o seu adversário (gr. antidikos, palavra que descreve o movimento de que se fala em Ap 12.10; um acusador num tribunal), ou seja, aquele que está tentando derrotá-los, apesar de ser ele próprio o grande derrotado por Cristo. Ele anda em derredor, sempre presente, na espreita, como leão que ruge procurando alguém para devorar. Esta figura lembra o Salmo 22. 13, que era lido pelos cristãos como se referindo a paixão de Cristo. Não sé está querendo  dar importância demasiada ao diabo ao representá-lo como um leão, mas simplesmente descreve-se o modo como ele se movimenta. O seu rugir poderia ser interpretado pelos leitores como as acusações e difamações que contra eles são feitas, as ameaças que eles sofrem. Katapiein (devorar) sintetiza o objetivo do diabo com relação aos crentes: dissuadi-los da sua fé, fazê-los desviarem-se de Deus, o que representa a sua perdição, a sua morte. Ao negarem a sua fé, eles estariam sendo tragados para dentro daquela massa informe do mundo sem Deus, onde o mal os irá despersonalizando e fazendo com que, no fim, percam de todo o propósito para o qual foram criados por Deus.
Ênio R. Mueller. Introdução e Comentário I Pedro Série Cultura Bíblica. Editora Vida Nova. pag. 261-262.
5.8 — Sede sóbrios. Isso significa ter disciplina, pensar de maneira sensata, e não tola.
Vigiai. Devemos estar atentos a toda cilada espiritual que a vida nos prepara e andar corretamente, para evitarmos tropeçar.
Vosso adversário. Satanás é nosso inimigo declarado.
Ele nunca deixa de ser hostil para conosco e está constantemente nos acusando diante de Deus (Jó 1.9—2.7; Zc 3.1; Lc 22.31; Ap 12.10).
Bramando como leão. Satanás é astuto e cruel. Ele nos ataca quando menos esperamos e sua intenção é destruir-nos completamente.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 703-704.
IV - O TRABALHO E A METÁFORA DOS ESPINHEIROS (Pv 24.30-34)
1. Trabalho, prosperidade e espiritualidade!
A última metáfora contrastando a preguiça com o trabalho que encontramos em Provérbios é da figura dos espinheiros.
“Passei pelo campo do preguiçoso e junto à vinha do homem falto de entendimento; eis que tudo estava cheio de espinhos, a sua superfície, coberta de urtigas, e o seu muro de pedra, em ruínas. Tendo o visto, considerei; vi e recebi a instrução. Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e atua necessidade, como um homem armado” (Pv 24.30-34).
Como nas outras metáforas, aqui também o Sábio fala da falta de dedicação ao trabalho por parte do preguiçoso: “Passei pelo campo do preguiçoso e junto á vinha do homem falto de entendimento; eis que tudo estava cheio de espinhos”. A roça ou fazenda do preguiçoso estava cheia de espinhos. Em vez de legumes, havia espinheiros! O capítulo 8 do Evangelho de Lucas mostra que uma das razões da semente não ter frutificado foi por que esta foi sufocada pelos espinhos. Se o lavrador não demonstrar diligência na sua lavoura, os espinhos e as ervas daninhas tomam conta da mesma. É o que acontece com a roça do preguiçoso.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 39.
TRABALHO A tradução de uma variedade de palavras gregas e hebraicas usadas para indicar uma variedade ainda maior de funções (físicas, mentais, espirituais). Todas são, porém, de alguma forma relacionadas à atividade regular (tanto no sentido de manutenção como de produtividade) de se cumprir o propósito da existência de algo. A ênfase não está na atividade que é difícil, pesada ou necessária, mas naquela que é real, produtiva e valiosa.
O conceito bíblico do trabalho do homem no mundo é predito na declaração da obra de Deus ao criar e sustentar o mundo e o homem nele. A atividade criadora de Deus é mencionada como "toda sua obra que tinha feito [na criação]" (Gn 2.2,3). Enquanto descansava de seu trabalho de criação inicial que estava então "terminado", Deus é citado como ainda trabalhando criativamente não só na sustentação ativa de sua criação (Hb 1.3), mas em sua responsabilidade providencial para a qualidade dinâmica da auto propagação com a qual Ele dotou sua criação (S119.1SS.; 104.24; Is 61.11). Depois de Deus ter criado o universo, foi observado que "não havia homem para lavrar a terra" (Gn 2.5), e assim "plantou o Senhor Deus um jardim no Éden... e pôs ali o homem que tinha formado" ,(v.8) "para o lavrar e o guardar" (v.15). É importante notar que este compromisso do homem com o trabalho assemelha-se à sua criação; e esta, por sua vez, está diretamente relacionada com a necessidade do trabalho. Não só o homem é necessário para completar a criação, mas o trabalho do homem também é necessário. Seu trabalho é tão reflexivo e derivado do trabalho de Deus quanto é seu ser e, por esta razão, é tão importante e digno. Visto que o trabalho é um elemento integral da constituição de Deus do homem como o administrador de sua criação, o trabalho é o resultado da criação e não do pecado.
O homem pecou quando procurou fugir do trabalho humano, e obter a posição de Deus. O efeito do pecado sobre o trabalho não foi criá-lo (pois ele havia sido dado antes da queda), mas frustrar seu desempenho e empobrecer as suas recompensas. O homem que deveria lavrar a terra e guardá-la (Gn 2.15) é agora informado de que, "maldita é a terra" por causa dele; e com dor comeria dela (3.17) e "no suor do rosto" comeria seu pão (v.19). A essência do trabalho, então, torna-se sobrecarregada por acidentes trazidos pelo pecado.
A palavra "trabalho" é usada em todos estes sentidos: heb. aseb (Is 58.3) e 'eseb (Pv 5.10) são fardos penosos, e 'amai (Dt 26.7; 20 vezes em Eclesiastes etc.) é uma atividade pesada. O termo heb. y'gia (Jó 39.11; Ag 1.11) é o produto do trabalho, ou a propriedade adquirida; ma'aseh (Êx 23.16) é o trabalho feito. O termo heb. mela'ka (Ne 4.22; que consta mais de 120 vezes como "trabalho") é a ocupação, negócio ou trabalho de uma pessoa; 'aboda (Ex 1.14; 39.32; Lv 23.7; SI 104.23) é o trabalho escravo ou a tarefa diária de uma pessoa. O termo heb. pe'illa (Pv 10.16; Ez 29.20) é geralmente encontrado no plural como "realizações" ou "paga". A LXX usa o termo gr. kopos para traduzir 'amai, e o NT o usa para expressar as obras dos justos ao realizarem a vontade de Deus (Jo 4.38; Hb 6.10). Este é um termo caracteristicamente palestino (1 Co 3.8; 15.58 etc). Aqueles que trabalham excessivamente a ponto de chegarem à exaustão (kopiao) para carregarem o jugo da lei e atenderem às suas exigências são convidados pelo Senhor Jesus a virem a Ele (Mt 11.28). O NT também usa o termo grego geral para trabalho ou negócio (ergon) neste sentido especial do trabalho ou da obra de um homem (1 Co 3.13-15). Os hebreus sempre tinham o trabalho em elevada consideração (Pv 22.29) e, ao contrário dos gregos e romanos, respeitavam o trabalho manual: "Quem a ajunta pelo trabalho [lit. pelas mãos] terá aumento" (Pv 13.11). No Talmude existem provérbios como os que se seguem: "Aquele que não ensina a seu filho um ofício é como se o guiasse para o roubo"; e "O trabalho deve ser grandemente premiado, pois ele exalta o trabalhador, e o sustenta". Os apóstolos trabalhavam com as próprias mãos (At 18.3), e ensinavam que os cristãos deveriam fazer o mesmo (1 Ts 4.11; 2 Ts 3.10ss.). Veja Trabalhador; Ocupações; Serviço; Salário. W.A.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1954-1956.
Assumindo a nossa espiritualidade
A teologia da prosperidade conseguiu implantar na cultura evangélica a ideia de que o verdadeiro bem-estar espiritual não pode ser conciliado com qualquer forma de sofrimento. Se o crente está sofrendo, então não está sendo próspero. Talvez o único sofrimento ainda possível dentro dessa ótica seja aquele que ocorre em decorrência de uma perseguição religiosa. Sofrer, por exemplo, em consequência de uma enfermidade ou em decorrência de um revés financeiro demonstra decadência e falta de fé.
Todavia, a Bíblia mostrará que o sofrimento também tem seu lado pedagógico na vida do crente (SI 119.67). Em outras palavras, Deus também nos ensina por meio das adversidades, o que inclui também o sofrimento em determinadas circunstâncias da vida. Jó, por exemplo, sofreu não em decorrência de um pecado pessoal ou por possuir uma fé fraca (Jó 1.1-3). R. C. Sproul (1998, p. 51) comenta:
Jó implorou para que Deus respondesse a suas perguntas. Desesperadamente ele queria saber por que tinha sido chamado para suportar tanto sofrimento. Finalmente Deus lhe respondeu do meio do redemoinho. Mas a resposta não foi a que Jó esperava. Deus se recusou a apresentar a Jó uma explicação detalhada das suas razões para o sofrimento. O conselho secreto de Deus não foi revelado a Jó. Em última análise, a única resposta que Deus deu a Jó foi uma revelação de si mesmo. E como se Deus tivesse dito: "Jó, Eu sou a sua resposta". Jó não foi chamado a confiar num plano, mas numa Pessoa, num Deus pessoal que é soberano, sábio e bom. E como se Deus tivesse dito a Jó: Aprenda que eu sou. Quando você me conhecer, saberá o suficiente para enfrentar qualquer coisa.
Da mesma forma Paulo tinha o sofrimento como um dos instrumentos do Senhor para lapidar a sua vida espiritual. Para ele o sofrimento que passou era uma garantia de não se deixar possuir pelo orgulho (2 Co 12.7-10).
A prosperidade bíblica vai além da vida em total saúde ou riqueza, por reconhecer que o cristão passa por adversidades, doenças e reveses financeiros. Por outro lado, a prosperidade bíblica não possui apenas o lado espiritual; ela é também material. Não nega o valor dos bens espirituais por meio de uma idealização da pobreza, mas reconhece o direito às posses como bênçãos do Senhor sem, contudo, colocá-las como primazia em sua vida (Mt 6.33; 6.19.20)
GONÇALVES. José,. A Prosperidade a Luz da Vida. Editora CPAD. pag. 180-181.
Pv 24.30 Passei pelo campo do preguiçoso... Esta sexta nova declaração é, na realidade, um pequeno discurso, um dos significados possíveis da palavra provérbio,
conforme usada no livro presente. Diz respeito ao preguiçoso, um tema comum do livro de Provérbios. Ver a nota de sumário sobre o preguiçoso, em Pro. 6.6, e ver também outras notas em Pro. 19.25. Ver no Dicionário os verbetes chamados Preguiça e Preguiçoso, quanto a detalhes completos.
“A preguiça é fortemente censurada pelos sábios hebreus. Cf. Pro. 6.6-11. Os últimos versículos desta passagem são similares aos últimos versículos desta seção. Ver também Pro. 10.4; 12.24,27; 13.4; 15.19; 18.9; 19.15; 20.4,13 e 21.25' (Charles Fritsch, in ioc.).
l/s. 30. Este versículo atua como introdução ao pequeno discurso. Na primeira linha, vemos o sábio caminhando pelos campos de um agricultor preguiçoso; na segunda linha, sinônima, ele caminha pelo vinhedo de um preguiçoso que não tem bom senso. Esses dois homens preguiçosos não têm inclinação para o trabalho, e seu local de trabalho vive em um caos total. O sábio sabe que o caos que se vê no campo e no vinhedo é equivalente ao caos na mente do agricultor e do vinhateiro. Ao preguiçoso (ver Pro. 19.24) falta bom juízo. Cf. Pro. 6.32 e 10.13. Ele não estudou a lei de Moisés, ou, se a estudou, desconsidera suas declarações, que comandam o entusiasmo e as ações corretas. As declarações de sabedoria fomentam a lei e dão força a suas demandas. O preguiçoso, porém, é por demais dorminhoco para cuidar das demandas da lei. A lei do preguiçoso é o próprio lazer. Ele espera que outras pessoas supram as suas necessidades.
Este versículo deve ser conferido com Mat. 21.33. Este discurso tem sido espiritualizado para falar da receptividade espiritual e do trabalho enérgico, em contraste com a indiferença espiritual. Ver Gál. 5.22,23 quanto à metáfora agrícola. Ver no Dicionário o artigo chamado Agricultura.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2663.
Seguem algumas observações a respeito do preguiçoso, em figura ridícula, tantas vezes repetida nos provérbios. Passei Pelo campo do preguiçoso o eis que tudo estava cheio de espinhos... (v. 31). Só o trabalho constrói; a preguiça é uma doença que tudo destrói. Para ridicularizar o preguiçoso, o sábio diz que passou pelo seu campo e tudo estava cheio de mato e espinhos, e o muro da divisa, arrombado. Isso lhe deu uma oportunidade de dar outra lição, um aforisma interessante:
"Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, Um pouco para cruzar os braços, em repouso, Assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão" (vv. 33 e 34).
Como o açoite para o preguiçoso, não há coisa melhor, porque um pouco disto e um pouco daquilo, lá se vai a fazenda do homem que não trabalha. Quantos terão usado este aforisma nas suas ilustrações?
Antônio Neves de Mesquita. Provérbios.
Ef 4.28 - A frase trabalhe, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade significa que, em vez de tomar o que é de outra pessoa, o cristão deve ganhar o suficiente para dividir parte de seus ganhos com os necessitados. Não se trata de um simples chamado para que o indivíduo deixe de roubar ou ser ganancioso, mas, sim, para que ele seja generoso e tenha uma verdadeira mudança de atitude.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 510.
Ef 5.28. Antes trabalhe. O cristão, além de não dever roubar, deve também trabalhar pelo bem-estar seu e de sua prática. As Escrituras recomendam o trabalho honesto (cons. I Ts. 4: 11. 12). Na verdade, o apóstolo afirma que aquele que não quiser trabalhar não deve comer (II Ts. 3: 10).
Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Efésios. Editora Batista Regular. pag. 29.
Se alguém não quer trabalhar, também não coma (10). Isto bem pode ser um provérbio judaico, baseado em Gn 3.17 e segs. Mesmo os rabinos sabiam ganhar a vida por trabalhos manuais, para não fazerem do ensino da lei meio de lucro. Paulo se sustentava trabalhando com couro.
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. II Tessalonicenses. pag. 13.
Trabalhe ou não coma. 3:10.
10. O tempo imperfeito de vos ordenamos mostra que mais de uma vez Paulo insistiu com eles a serem diligentes, usando as palavras: Se alguém não quer trabalhar, também não coma. Não quer indica que esta é uma inatividade proposital. Este ditado pode ter sua base na interpretação judia de Gn. 3:19.
Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. II Tessalonicenses. Editora Batista Regular. pag.14.
Mui provavelmente temos aqui o reflexo de um provérbio judaico, que expressa uma moralidade simples e prática. Declarações similares a esta têm sido encontradas nas tradições judaicas de séculos posteriores. É possível que estivesse fundamentada, originalmente, sobre Gên. 3:19. Palavras quase exatas podem ser encontradas no Talmude, Bereshit Rabba (secção 14, foi. 13:1), em Echa Rabbat (foi. 48:4) e em Midrash Kohelet (foi. 65:4). E no Talmude Babilônico, Avo da Zara (foi. 3:1), encontramos um sentimento parecido. Lemos ali: «Aquele que trabalhar na noite do sábado (ou seja, em dias de semana), comerá no dia de sábado; mas aquele que não trabalhar na noite do sábado, de onde tirará o seu sustento (ou que autoridade terá para comer) no dia de sábado?» Isso pode ser confrontado com «Chartism», capítulo terceiro, de autoria de Carlyle, onde se lê: «Em todos os sentidos precisa ser dito, especialmente nestes nossos dias, e em altas vozes, que para os ociosos não há lugar nesta Inglaterra... aquele que não quiser trabalhar, segundo suas faculdades, que pereça de acordo com suas necessidades».
Dentro das antigas leis romanas, c om o no caso das Doze Tábuas, encontramos quase a mesma declaração: «Se algum homem prefere não trabalhar, que também não coma». Existe algo na consciência humana que nos diz que é errôneo alguém ser indolente, ocioso; e há algo de bom no trabalho, ainda que seja daquela espécie que não produza o que poderíamos denominar de resultado espiritual. Através dessa declaração, pois, Paulo adverte aos crentes tessalonicenses contra o «falso amor» que galardoa o ócio com suprimentos adequados. É bem possível que, por meio desse estratagema, aqueles ociosos assim conseguissem sustentar-se, explorando o senso de caridade dos crentes, de seus amigos ou de seus parentes.
Tanto o judaísmo como o cristianismo primitivo davam grande importância às esmolas (o que é comentado em Atos 3 :2); mas essas esmolas eram dadas para os que realmente padeciam necessidade, e não para aqueles que podiam prover para si mesmos, se assim quisessem fazê-lo.
Alguns estudiosos têm pensado que a igreja de Tessalônica havia copiado às igrejas da Judéia, adotando alguma forma de «comunidade de bens», compartilhando de seus bens e propriedades (ver Atos 4:32 e ss.). E isso poderia explicar como os ociosos eram capazes de viver tão facilmente às custas da igreja, e também por qual razão algumas regras tinham de ser baixadas, para regulamentar a questão. Naturalmente, isso é apenas conjectura, não tendo nós meio de negar ou de confirmar o fato. O trecho de I Tes. 2:14, que menciona aqueles crentes como «imitadores» das igrejas da Judéia, talvez nada signifique senão que as imitavam c om o grupos perseguidores. (Isso pode ser comparado com o trecho de Sal. 128:2, que diz: «Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem. E Pro. 10:4 estipula: «...a mão dos diligentes vem a enriquecer-se»).
«Não há que duvidar que a indolência e o ócio são amaldiçoados por Deus. Além disso, sabemos que o homem foi criado com isso em vista—que ele fizesse algo. Não apenas as Escrituras nos dão esse testemunho, mas a própria natureza assim o ensina aos pagãos. .. Paulo censura aqueles preguiçosos e indolentes, que viviam do suor alheio, ao mesmo tempo que não contribuíam com serviço algum para ajudar à raça humana». (Calvino, in loc.).
A regra áurea do labor: Lemos, em Marc. 6 3 : «Não é este o  carpinteiro...?» Isso indica que o Senhor Jesus se ocupava do labor físico. O trabalho é apresentado como um dever moral, embora existam vários tipos de trabalho que não exigem muito esforço físico, dos músculos, e, sim, é principalmente mental. Não obstante, a atividade mental também é trabalhosa, e às vezes é mais exaustiva que o trabalho manual, que pode ser benéfico para o corpo, ao passo que o trabalho mental serve somente para desgastar o corpo físico. O trabalho é a quilo que nos faz ocupar proveitosamente o nosso tempo, mediante o que podemos ganhar a própria vida, não tendo de depender de esmolas e atos caridosos de outros. E esse trabalho, ainda que honesto, pode envolver esforço físico ou não.
Outrossim, nenhuma reprimenda é lançada, neste versículo, contra aqueles que, por diversas razões, não podem trabalhar, como os insanos ou os enfermos.
Em João 21:3, nas notas expositivas, expomos várias citações acerca da santidade do trabalho, que ilustram admiravelmente bem o presente versículo. O trabalho é visto como algo santificado em Cristo, pois todo o trabalho secular e espiritual faz parte de seu planoc sendo feito em favor dele. Por isso mesmo, não existe realmente o que os homens convencionaram chamar de trabalho «secular». Tudo faz parte do desígnio divino para nós, e, potencialmente, todo o trabalho honesto honra a Deus.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 261.
2. Trabalho, ócio e lazer.
Quem ler os Provérbios sem muita atenção fica com a impressão de que Salomão exalta o trabalho e não deixa espaço para o lazer. Se por um lado o Sábio exalta o valor do trabalho nos Provérbios, por outro ele mostra que há também espaço para o lazer. Isso fica mais claro no seu livro de Eclesiastes. Todavia o que deve ser observado é que até mesmo no nosso trabalho podemos encontrar satisfação, alegria e prazer.
O lazer, portanto, pode ser obtido quando nos vemos e nos reconhecemos naquilo que fazemos. Para o filósofo Mário Sérgio Cortella, precisamos ver o trabalho como algo no qual nos reconhecemos e não como um castigo que merecemos. Em uma excelente exposição sobre as várias concepções que as sociedades atribuíram ao trabalho ao longo da história, ele diz: “Etimologicamente, a palavra ‘trabalho’ em latim é labor. A ideia de tribalium aparecerá dentro do latim vulgar como sendo, de fato, forma de castigo. Mas a gente tem de substituir isso pela ideia de obra, que os gregos chamavam de poiesis, que significa minha obra, aquilo que faço, que construo, em que me vejo. A minha criação, na qual crio a mim mesmo na medida em que crio no mundo ...
[...] Porque um bombeiro, que não ganha muito e trabalha de uma maneira contínua em algo que a maioria de nós não gostaria de fazer, volta para casa cansado, mas de cabeça erguida? Por causa do sentido que ele vê no que faz. Por causa da obra honesta, a serviço do outro, independentemente do status desse outro, da origem, da etnia, da escolaridade etc. Aí, não é suplício”.
Em seu livro O Ócio Criativo, o sociólogo italiano Domenico De Masi, mostra a relação entre o trabalho e o lazer. Para ele estamos passando de uma sociedade industrial, de trabalho puramente mecânico para uma outra onde até mesmo o ócio é valorizado. Mas para De Masi a palavra ócio não possui o mesmo sentido que nós lhe atribuímos no cotidiano, isto é, desocupação, preguiça, moleza e, indolência. Não, não é isso. Na introdução do seu livro, feita por Maria Serena Palieri é destacado que De Masi está mais preocupado com a inovação existencial do que logística. Ela destaca que ócio para ele: “E a mistura entre as suas atividades: quanto de trabalho, quanto de estudo e quanto de jogo existem em cada uma delas. A sua nova sabedoria, diz, exige que em toda ação estejam presente trabalho, jogo (lazer) e aprendizado. Quando dá uma aula ou uma entrevista, quando assiste a um filme ou discute animadamente com os amigos, deve sempre existir a criação de um valor e, junto com isso, divertimento e formação. E justamente isso que ele chama de “ócio criativo”.
Embora a tese de De Masi tenha como ponto de partida a realidade do primeiro mundo, em que as condições de trabalho são diametralmente opostas às de um trabalhador terceiro-mundista, todavia o principio de que devemos desfrutar do lazer como um fruto do trabalho permanece válido.12 Nesse aspecto, ócio não é ficar sem fazer nada, mas justamente o contrário — é aproveitar de forma agradável cada momento de nossa vida, quer estejamos trabalhando com amigos ou em nossa casa.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 39-41.
Pv. 24.33. Este versículo duplica o trecho de Pro. 6.10, onde ofereço as notas expositivas. O preguiçoso dorme a noite inteira, e então, no dia seguinte, descansa por nada haver feito. E novamente se deita; novamente dorme; ele fez do sono o seu objetivo na vida, bem como o seu estilo de vida. Os homens que seguiam esse estilo de vida tinham-se arruinado e lançaram suas terras no caos. Esperamos somente que eles não tivessem filhos.
Pv 24.34. A pobreza cai subitamente sobre o preguiçoso, tal como o ladrão ataca a sua presa (conforme dizem a Revised Standard Version e a tradução da Imprensa Bíblica Brasileira, que substituíram o termo hebraico mithhallekh pelo vocábulo kimehallekh. A primeira dessas palavras significa viajante, sendo usada no trecho paralelo de Pro. 6.11, onde ofereço a exposição).
Sinônimo. O homem armado ataca subitamente e sem aviso prévio, e depois faz ainda outra vítima, Ele se enriqueceu, mas suas orações empobreceram proporcionalmente. Um dos significados é que a vítima não pode resistir ao atacante, que está armado. Foi assim que o homem preguiçoso, através de anos de cultivo, criou circunstâncias de pobreza, e algum dia se verá impotente contra a mais abjeta pobreza.
Todos aqueles para quem trabalhei tomaram o caminho de fuga mais fácil. Não estamos lutando por coisa alguma.
Somos tão mentalmente preguiçosos, que já poderíamos ser considerados mortos. (Beatie Bryant)
Essa senhora nunca trabalhou para mim. Ela, entretanto, deve ter sido uma funcionária pública. Verdadeiramente, os empregadores que trabalham para o governo, e seus “empregados”, ajustam-se à descrição dada acima. Ou seja, “muitos deles”, porquanto a filosofia nos ensina que todas as generalizações falham em alguma coisa.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2665-2664.

ELABORADO: Pb Alessandro Silva.

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