TRABALHO E PROSPERIDADE
Data 20 de Outubro de
2013 Hinos
Sugeridos 77, 104, 294.
TEXTO ÁUREO
“A
bênção do Senhor é que enriquece, e ele não acrescento dores” (Pv 10.22).
VERDADE PRÁTICA
A
Bíblia condena a inércia e a preguiça, pois é através do trabalho e da bênção
de Deus que prosperamos.
LEITURA DIARIA
Segunda - Pv 10.22 A bênção do Senhor prospera
Terça - Pv 3.9,10 A generosidade gera
prosperidade
Quarta - Pv 3.13-15 O conhecimento gera prosperidade
Quinta - Pv 22.1 3; 24.34 A preguiça afasta a prosperidade
Sexta - Pv 24.30 A preguiça gera displicência
Sábado - Pv 30.25 Poupar também é prosperar
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Provérbios
3.9,10; 22.13; 24.30-34
3.9,10
9
- Honra ao Senhor com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda;
10
- e se encherão os teus celeiros abundantemente, e trasbordarão de mosto os
teus lagares.
22.13
13
- Diz o preguiçoso: Um leão está lá fora; serei morto no meio das ruas.
24.30-34
30
- Passei pelo campo do preguiçoso e junto à vinha do homem falto de
entendimento;
31
- e eis que toda estava cheia de cardos, e a sua superfície, coberta de
urtigas, e a sua parede de pedra estava derribada.
32-0
que tendo eu visto, o considerei; e, vendo-o, recebi instrução.
33
- Um pouco de sono, adormecendo um pouco, encruzando as mãos outro pouco, para
estar deitado,
34
- assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um
homem armado.
INTERAÇÃO
O
trabalho é um dom de Deus para a humanidade. Ele eleva a dignidade do homem e a
da mulher. Esta, no entanto, conquistou um papei de destaque no mercado
profissional. Não se pode ignorar o advento da mulher no mercado de trabalho
como elemento revolucionário para o modelo tradicional da família. Hoje, na
maioria dos casos, mesmo que a mulher opte por não mais trabalhar fora, o homem
não consegue prover a família com o próprio salário. O custo de vida é caro, o
salário é pequeno, fazendo com que até os aposentados retornem ao mercado
formal do trabalho. O fato é que para prosperarem na vida, tanto o homem quanto
a mulher devem trabalhar, trabalhar... É através do trabalho que prosperamos.
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Compreender as quatro metáforas
da lição (do celeiro e do lagar, da formiga, do leão e do espinheiro).
Reconhecer a importância e o
valor do trabalho.
Saber que a prosperidade é
fruto da bênção de Deus, mas de muito trabalho também.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado
professor, reproduza o esquema da página seguinte na lousa ou tire cópias. Ao
concluir a lição de hoje faça uma síntese das metáforas estudadas usando o
auxílio do respectivo esquema. Em seguida, afirme à classe que essas metáforas
são símbolos linguísticos empregados pela Bíblia para demonstrar a importância
e o valor do trabalho na vida do ser humano.
PALAVRA-CHAVE
Conjunto de atividades produtivas ou criativas, que o homem
exerce para atingir determinado fim.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nas
lições anteriores, aprendemos que um provérbio bíblico utiliza a linguagem
metafórica para expressar o seu real significado. De fato a palavra hebraica
machal — traduzida em nossas Bíblias como provérbio —, possui um leque de
significados: parábola, comparação, alegoria, fábula, provérbio, dito
enigmático, símbolo, argumentação ou apologia. Tais recursos linguísticos
permeiam todo o livro dos Provérbios.
Na
lição de hoje, veremos algumas das metáforas usadas pelos sábios para tratar da
natureza do trabalho e sua importância. Elas revelam que o labor é uma condição
necessária à expressão humana. Ao observarmos o campo, a imagem de um animal ou
mesmo a atividade dos insetos, aprenderemos acerca da grandeza do trabalho. Era
dessa forma que os sábios da antiguidade ensinavam, pois quando se entende tais
metáforas, compreende-se melhor a natureza do trabalho.
I - A
METÁFORA DO CELEIRO E DO LAGAR (Pv 3.9,10)
1 A dádiva que faz
prosperar.
Em Provérbios 3.9,10, está escrito que devemos honrar ao Senhor com nossas
posses e com o melhor de nossa renda. Tal atitude, segundo o sábio, fará com
que os nossos “celeiros” se encham abundantemente e que trasbordem de mosto os
nossos “lagares”. O celeiro e o lagar transbordantes são metáforas que
representam uma vida abundante! O celeiro, tradução do hebraico asam, é o lugar
onde se deposita a produção de grãos. Quando transbordava era sinal de casa
farta! Vemos isso nas bênçãos decorrentes da obediência (Dt 28.8). Mas o
conselho do sábio mostra que isso só é possível quando há generosidade em
fazermos a vontade de Deus.
2. A bênção que
enriquece.
No mesmo texto, Salomão fala dos bens e da renda adquiridos como fruto do
trabalho. Mas a verdadeira prosperidade não vem apenas de nosso esforço, mas
principalmente do
resultado direto da bênção do Senhor. É exatamente isso o que diz o sábio em
Provérbios 10.22.
O
celeiro e o lagar somente se encherão e trasbordarão quando a bênção de Deus
estiver neles. É a bênção divina que faz a distinção entre ter posses e ser
verdadeiramente próspero, pois é possível ser rico, mas não ser feliz. A
prosperidade integral só é possível com a presença de Deus em nossa vida.
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
O
celeiro e o lagar transbordantes são metáforas que representam uma vida
abundante.
II - A
METÁFORA DA FORMIGA (Pv 6.6-11)
1. As formigas sabem
poupar.
Na metáfora da formiga, o sábio nos exorta a tomarmos uma atitude prudente
diante da realidade da vida: “Vai ter com a formiga”.
A
palavra hebraica usada aqui é yalak, e possui o sentido de “mover- se”, tomar
uma atitude na vida (Pv 6.6)! Até os insetos podem nos dar lições sobre o
trabalho! Mas não é , apenas isso que aprendemos com as formigas. Ainda em
Provérbios, o sábio Agur invoca o exemplo desses pequenos insetos (Pv 30.25).
As formigas possuem uma noção sofisticada de trabalho — “no verão [elas]
preparam a sua comida”. Isto é, as formigas sabem poupar! Elas não apenas
trabalham, mas também poupam. O cristão deve aprender igualmente a poupar
recursos para eventualidades futuras.
2. As formigas sabem
ser autônomas.
O texto de Provérbios diz que a formiga, mesmo “não tendo superior, nem
oficial, nem domi-" nador, prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o
seu mantimento” (Pv 6.7,8).
As
formigas também são responsáveis e trabalham sem serem vigiadas. O erudito
Derek Kidner observa o contraste entre elas e o preguiçoso, quando informa que
a formiga não precisa de fiscal, enquanto
o
preguiçoso precisa ser advertido o tempo todo. A formiga discerne os tempos, o
preguiçoso não!
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Na
metáfora da formiga o sábio nos exorta a tomarmos uma atitude prudente diante
da realidade da vida: trabalhar.
III - A
METÁFORA DO LEÃO (Pv 22.13; 26.13)
1. Conhecendo o leão. A metáfora do leão
se encontra em duas passagens do livro de Provérbios (22.13 e 26.13). Há uma
pequena variante nesses provérbios, mas o sentido é o mesmo — o preguiçoso
sempre arranja uma desculpa para fugir do trabalho! Ora o leão está “lá fora”,
ora está “no caminho” e ora está “nas ruas!”. O leão é o mais forte dos
animais, e a sua presença causa medo. O fato de o preguiçoso ver o trabalho
como um leão significa que ele o encara como uma realidade difícil de ser
enfrentada. Tem medo do trabalho, assim como tem medo do leão! É desnecessário
dizer que essa é uma visão completamente equivocada do labor.
2. Matando o leão. Há alguns provérbios
populares que expressam um sentido semelhante aos provérbios estudados acima.
Por exemplo: “a vida é dura para quem é mole”; “matando um leão por dia”. Tais
ditos populares revelam que a vida pode ser difícil, dura, mas tem de ser enfrentada.
Não
adianta ficar com medo do leão! O pastor Matthew Henry observa que esse “leão”
é fruto da imaginação do preguiçoso e só serve para reforçara sua inércia. Se
há um leão lá fora, é o leão do qual falou o apóstolo Pedro, e ele está rugindo
em busca de quem possa devorar (1 Pe 5.8). O preguiçoso será a sua principal
presa!
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
A
metáfora do leão torna-se fruto da imaginação do homem, quando I este busca um
álibi para reforçar a sua inércia.
IV - O
TRABALHO E A METÁFORA DOS ESPINHEIROS (Pv 24.30-34)
1. Trabalho,
prosperidade e espiritualidade! Já vimos que o trabalho possui também uma
dimensão espiritual (Pv 3.9). Isso vai de encontro àquilo que pensa o senso
comum acerca do trabalho. A ideia que ficou associada ao trabalho é a de que
ele é algo meramente material e totalmente destituído de valor espiritual. Mas
não é assim que pensa o sábio (Pv 24.30). Quando ele viu o campo do preguiçoso
totalmente abandonado, cheio de espinheiros, a primeira sensação que teve foi
de um “homem falto de entendimento”.
É
interessante observarmos que, no hebraico, essa expressão vem carregada de
valores espirituais. A palavra hebraica usada para “entendimento” é leb,
significando coração, entendimento e mente. A ideia é mostrar o que há no
interior do homem — a espiritualidade. Andrew Bowling, especialista em hebraico
bíblico, destaca que esse vocábulo é usado para indicar as funções imateriais
da personalidade humana. Portanto, o trabalho é algo extremamente espiritual.
Ninguém será menos crente porque trabalha, aliás, a verdade é justamente o
contrário (Ef 4.28; 2 Ts 3.10)!
2. Trabalho, ócio e
lazer.
A análise do sábio sobre a inércia do preguiçoso, que favoreceu o nascimento de
espinheiros dentro da plantação, é uma forma de ironizar o ócio dele (Pv 24.33,34).
Não dá para prosperar mantendo-se de braços cruzados, e muito menos ficando
eternamente em repouso! É preciso se mexer. Todavia, esse é apenas um aspecto
da questão, pois quem trabalha precisa de descanso e também de lazer! Deus
criou
o
princípio do descanso semanal (Gn 2.2). Precisamos, inclusive, de tempo livre
para estarmos a sós com Deus e com a nossa família.
SINOPSE
DO TÓPICO (4)
Apesar
de sua importância material, o trabalho é um assunto extremamente espiritual.
CONCLUSÃO
O
trabalho dignifica o homem e é por isso que devemos levá-lo a sério.
Trabalhando, alcançaremos a verdadeira e bíblica prosperidade.
Essa
recomendação é valida também para os obreiros, pois se não tiverem cuidado,
acabarão por mergulhar numa inércia pecaminosa.
Não
devemos, todavia, nos fazer escravos do trabalho. Devemos estar disponíveis
também a cultuara Deus, cuidar de nossa família e, com ela, recrear-nos. Enfim,
se nos dedicarmos ao trabalho, conforme recomenda- nos a Bíblia, teremos uma
vida digna e tranquila na presença de Deus.
SÍNTESE
DAS METÁFORAS
METÁFORA SIGNIFICADO
Do celeiro e do lagar Uma vida abundante em Deus.
Da formiga O
compromisso intenso com o trabalho e a capacidade de se poupar o que ganhou.
Do leão A
concepção equivocada acerca do trabalho. Este não deve causar medo, mas
satisfação e dignidade.
Dos espinheiros Ociosidade
na vida. A capacidade de não se apresentar qualquer disposição para o trabalho
VOCABULARIO
Alegoria: Modo de expressão
ou interpretação que consiste em representar pensamentos, ideias, qualidades
sob forma figurativa.
Fabula: Narrativa curta, em
prosa ou verso, com personagens animais que agem seres humanos, e que ilustra
um preceito moral.
Estrênuo: Que é valente ou
que age com valentia; destemido; corajoso.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Teológico
“O
Lazer e o Renascimento da Vida Sabática
Os
teólogos cristãos há muito têm afirmado que para que a vida atinja seu
potencial espiritual pleno, deve ser vivida de maneira dialética e rítmica. O
lazer e o trabalho merecem quantidades proporcionadas de tempo e energia. Deste
modo a alma pode ser nutrida na contemplação e o corpo ocupado no trabalho. O
trabalho não é o inimigo. O inimigo é um estilo de vida que revolve-se
exclusivamente em torno do trabalho. A inteireza na vida vem de reconhecer e
experimentar a interação dos ritmos de trabalho, descanso, adoração e
divertimento. Surge o reconhecimento da capacidade deles revitalizarem-se uns
aos outros quando lhes é dado o devido lugar. Uma volta aos ritmos do sábado
tem implicações refrescantes para indivíduos, famílias e a sociedade, embora
integrá-los com os padrões de vida agitados e destrutivos de fins do século XX
venha a testar a resolução até do mais devoto” (VOLF, Miroslav. Trabalho in
PALM ER, Michael D. (Ed.) Panorama do
Pensamento Cristão. 1 .ed. RJ: CPAD, 2001, p.272).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Teológico
“O
que é Trabalho?
‘Se ninguém me perguntasse, eu saberia; se
quero explicar a quem me pergunta, não sei.’ Era assim que Agostinho expressava
sua dificuldade em definir ‘tempo’. O mesmo parece verdade com ‘trabalho’.
Pensamos que sabemos o que é trabalho, mas, quando tentamos pôr em palavras o
que pensamos que sabemos o que é trabalho, gaguejamos.
Começarei
explicando o que é trabalho destacando algumas coisas. Primeiro, embora muito
estrénuo, trabalho não é simplesmente labuta e fadiga, como alguns tendem a
pensar, interpretando Gênesis 3 em parte incorretamente. Na verdade, muitos
gozam do trabalho que fazem e os que fazem são os melhores trabalhadores. Não
seria estranho dizer que os melhores trabalhadores não trabalham? Segundo,
trabalho não é simplesmente emprego remunerado. Embora a maioria das pessoas
nas sociedades industrializadas esteja empregada pela remuneração que percebem,
muitos trabalham duro sem receber pagamento. Pegue, por exemplo, as donas de
casa (raramente donos de casa) que gastam quase todas as horas em que estão
acordadas mantendo uma casa em ordem e criando os filhos. Muitas delas com
razão se ressentem quando as pessoas insinuam que não trabalham; isto é
acrescentar um insulto (‘você não trabalha’) a uma injúria (elas não recebem
pagamento)..
Precisamos
de uma definição abrangente de trabalho, uma que inclua o trabalho desfrutado e
o trabalho sofrido, o trabalho remunerado e o trabalho voluntário. Uma
definição muito simples de trabalho seria ‘uma atividade que serve para
satisfazer as necessidades humanas’: Você prepara uma refeição para ter algo
que comer; você digita manuscritos para receber um cheque. Em contraste, o
propósito de jogar é jogar: Você joga futebol, porque gosta de jogar futebol;
você lê um livro, porque gosta de ler livros. Claro que cozinhar pode ser seu
passatempo, então você cozinha, porque você gosta de cozinhar, e encher
estômagos vazios é, nesse caso, um benefício colateral. Semelhantemente, jogar
futebol (se você á jogador profissional) ou ler livros (se você é aluno ou
professor) pode ser seu trabalho; então você joga, porque precisa de dinheiro
ou reconhecimento, e lê livros, porque precisa passar nos exames ou preparar
uma conferência; a pura diversão de jogar ou ler é, então, uma coincidência
feliz. Portanto, trabalhar é uma atividade instrumental: Não é feito para o seu
próprio bem, mas para satisfazer necessidades humanas” (VOLF, Miroslav.
Trabalho in PALMER, Michael D. (Ed.) Panorama
do Pensamento Cristão, l. ed. Rio de janeiro: CPAD, 2001, pp.225-26).
EXERCÍCIOS
1.
O que representam as metáforas do lagar e do celeiro?
R:
Representa uma vida abundante.
2.
Qual a exortação do sábio na metáfora da formiga?
R:
Termos uma atitude prudente diante da realidade da vida.
3. Segundo o erudito Derek Kidner, qual o
contraste entre as formigas e o preguiçoso?
R: A formiga não precisa de fiscal, enquanto
o preguiçoso precisa ser advertido o tempo todo.
4. Segundo Matthew Henry, por que não
elevemos temer "o leão do trabalho”? R: Esse “leão" é fruto da
imaginação do preguiçoso e só serve para reforçar a sua inércia.
5. De acordo com a conclusão da lição,
elabore uma frase ressaltando a visão bíblica e equilibrada entre o trabalho,
Deus, a família e o lazer.
R; Resposta pessoal.
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 56, p.37.
Quem não deseja ter uma vida próspera e
abençoada? E o desejo de todo ser humano e não há nada de errado em ser
bem-sucedido. Mas, o que é ser próspero? Embora cada um tenha uma definição
própria, para respondermos a essa questão temos que recorrer às Escrituras
Sagradas e observar o que é ser bem-sucedido à luz da Palavra.
A prosperidade em Provérbios está diretamente
relacionada à obediência à Bíblia e à dedicação ao trabalho. No Antigo
Testamento, a verdadeira prosperidade é primeiramente espiritual - bem
diferente do que os admiradores da teologia da prosperidade têm pregado e
ensinado.
Uma vida bem-sucedida não é somente resultado
do sucesso financeiro, mas, sim, da obediência a Deus, da fidelidade e da
santidade (Pv 3.3,4).
Como cristãos, podemos afirmar que nossas
riquezas são e serão sempre intangíveis e nunca somente monetárias. Atualmente,
os crentes têm sido iludidos quando o assunto é prosperidade. Eles tendem a
relacionar o ser bem-sucedido ao dinheiro e bens materiais. Muitos estão
buscando desesperadamente os bens materiais. Querem ser ricos a todo o custo e
acabam desprezando a Deus, tropeçando e perdendo o nosso bem precioso, a nossa
salvação. Por isso Jesus a adverte em Mateus 16.26. Não podemos ser
influenciados pela maneira de pensar deste mundo (Rm 12.2). Par alguns, o
"ter" passou a ser mais importante que o "ser". Pertencer
ao Reino de Deus está diretamente ligado ao "ser" - ser benigno,
ético, compassivo etc.
Sabemos que a prosperidade não é somente
resultado direto do trabalho e do esforço do homem, todavia sem trabalho não há
prosperidade. A preguiça impede o homem de prosperar. O preguiçoso sonha,
deseja, mas dificilmente alcança seus objetivos (Pv 13.4; 20.13; 23.21).
Precisamos nos dedicar ao trabalho, pois este dignifica o homem. Em Provérbios,
encontramos uma série de exortações ao trabalho. O indolente é seriamente
advertido (Pv 10.26; 19.15; 24.30-34). Muitos oram a Deus, mas não agem, não
fazem a sua parte. Deus não vai fazer o nosso trabalho. A Palavra de Deus
relata que Jesus era um homem de dores e trabalho (Jo 5.17). Sigamos os passos
do Mestre.
Além da preguiça, vejamos alguns outros
obstáculos que impedem a prosperidade:
• Falta de comprometimento, de inteireza de
coração (2Cr 25.2);
• Infidelidade a Deus. Não honra ao Senhor
com as nossas primícias (Pv 3.9,10);
• Desobediência deliberada a Deus (Dt 28.15);
• Falta de confiança no Todo-Poderoso.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
No livro de minha
autoria, A Prosperidade à Luz da Bíblia, escrevi sobre a relação existente
entre trabalho e prosperidade. Nessa obra observei que a ideia de prosperar e
enriquecer por outros meios que não seja o trabalho, é completamente estranho à
Escritura. Ainda no paraíso coube como tarefa ao primeiro homem cuidar do
Jardim, vigiando-o e lavrando-o (Gn 2.15). A teologia do Antigo Testamento
refuta a prática que transforma Deus em uma espécie de gênio da lâmpada. O Deus
do Antigo Concerto faz prosperar, mas Ele o faz através do trabalho. O livro de
Deuteronômio diz que o Senhor “é o que te dá força para adquirires poder” (Dt
8.18). A palavra hebraica koach traduzida como “força” nessa passagem significa
vigor e força humana. A referência é claramente ao esforço humano como
resultado do seu trabalho. Por outro lado, a palavra “poder”, traduzida do
hebraico chayil, nessa mesma passagem mantém a ideia de eficiência, fartura e
riqueza. A ideia aqui é que prosperidade e trabalho são como as duas faces de
uma mesma moeda. Onde um está presente o outro também deve estar.
Hans Walter Wolff
(2008, p. 203) destacou que “A riqueza não é considerada como algo dado, mas
como algo que pode se originar das mãos do ser humano responsável. Quanto às
diferenças sociais de riqueza e pobreza, em todo caso, também devem ser
observadas a laboriosidade e a desídia, a fim de não ignorar a verdadeira
realidade do ser humano (...) até a liberdade e a servidão, a superioridade e a
opressão também dependem da dedicação ao trabalho (Pv 13.4; 12.24)”.1
Observei ainda
naquela obra que esse fato é ampliado na literatura hebraica sapiencial que condena
veementemente a indolência e a preguiça. Salomão, o homem mais sábio, e um dos
mais ricos do antigo oriente, observa que “o desejo do preguiçoso o mata,
porque as suas mãos recusam-se a trabalhar” (Pv 21.25). O trabalho além de
dignificar o homem, o faz prosperar. Diante do Senhor ninguém será considerado
“mais crente” por se ocupar somente de coisas espirituais e negligenciar as
práticas materiais. Em muitos casos, aqueles que alegam “trabalharem somente
para Jesus”, na verdade, estão dando trabalho para a igreja. Dizem que vivem da
fé, mas na verdade vivem da boa fé dos outros. A esses, mais uma vez Salomão
aconselha: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos e
sê sábio” (Pv 6.6). Os homens mais espirituais da Bíblia viviam nos labores dos
seus trabalhos.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 33-34.
Um problema
hermenêutico
Leonildo Campos
(1997, p. 368) observa que os ensinos atuais sobre a prosperidade se baseiam
quase que exclusivamente em passagens do Antigo Testamento. Ele fez a
importante constatação que um famoso pregador da teologia da prosperidade
citou: "38 trechos das escrituras judaicas contra apenas dois das
escrituras cristãs, o que equivale a um índice de apenas 5% de citações de um,
contra 95% do outro".
Não podemos negar que
o Antigo Testamento põe em relevo a prosperidade do povo de Deus. De fato, o
hebraico possui mais de duas dúzias de vocábulos que são traduzidos respectivamente
como prosperidade, riquezas ou bens. O mais frequente desses termos é tsalach,
que mantém o sentido de viver em prosperidade (Gn 39.2; Js 1.8; SI 1.3).
Todavia, essa verdade tem sido usada de uma forma desvirtuada pelos pregadores
da prosperidade hodiernos. Esses fatos nos revelam a necessidade de fazermos
uma reflexão mais aprofundada sobre esse assunto. Primeiramente devemos nos
conscientizar de que um estudo sério sobre a prosperidade bíblica não pode
ignorar a teologia veterotestamentária sobre esse assunto. Em segundo lugar, e
a meu ver muito mais importante, é que isso serve para nos alertar que alguma
coisa está errada quando se verifica que somente o Antigo Testamento, com
poucas exceções, serve de fundamentação para esse importante ensino.
Isso nos leva à
constatação de que o problema com a doutrina da prosperidade pregada hoje em
dia, e que em muito tem se afastado daquilo que o cristianismo ortodoxo tem
ensinado, é de natureza hermenêutica. O velho princípio alegórico de
interpretação, usado pela escola de Alexandria em tempos passados, foi
ressuscitado modernamente por muitos mestres da fé. Essa antiga escola de interpretação tinha
como princípio espiritualizar ou alegorizar as Escrituras. Convém dizer que
essa forma de interpretar a Bíblia, isto é, atribuindo-lhe um sentido alegórico
ou espiritualizado e não o seu real sentido literal, está muito em voga hoje em
dia entre as igrejas neopentecostais. Todavia, convém destacar que esse
princípio de interpretação foi rejeitado ainda nos dias dos reformadores protestantes
do século XVI. Mas no que consiste esse princípio? Aldair Dutra de Assis (1997,
p. 30,31) descreve esse método de interpretação como sendo a atualização ou
transposição das experiências religiosas de personagens bíblicos para os dias
atuais. A Bíblia é vista como um livro de experiências religiosas, que começa
com Israel, no Antigo Testamento, e termina com a humanidade, em Apocalipse,
experiências essas que podem ser repetidas nos mesmo moldes, nos dias atuais. Assim,
a repetição ou reencenação de episódios e eventos bíblicos é utilizada como
ferramenta hermenêutica, que lhes permite usar a Bíblia como base de sua
prática. Nesta tentativa de repetir os episódios bíblicos, existe uma grande
dose de alegorização dos textos bíblicos e total desrespeito pelo contexto
histórico dos mesmos, bem como a falta de distinção entre o que é descritivo na
Bíblia e o que é normativo para as experiências dos cristãos.
Não é possível ter
uma radiografia correta da prosperidade bíblica tomando por base apenas textos
do Antigo Testamento e ignorando aquilo que o Novo Testamento diz sobre esse
assunto. Somente interpretando o Antigo Testamento à luz do Novo é possível
termos um estudo equilibrado sobre a prosperidade bíblica. Quando se faz uma
exegese apenas de uma via, isto é, tomando-se por base apenas o Antigo
Testamento e negligenciando-se o Novo, atribui-se um sentido totalmente
estranho àquilo que as Escrituras definem como sendo um viver próspero. Em
outras palavras, prosperar tem mantido o sentido em nossa cultura apenas como
sendo o acúmulo de posse, bens ou de alguém que possui saúde perfeita. Mas uma
exegese de mão dupla, isto é, aquela que leva em conta o que dizem os dois
Testamentos, nos revelará que a prosperidade na Antiga Aliança se baseia
fundamentalmente sobre um correto relacionamento com o Senhor, e não apenas com
a possessão de riquezas.
GONÇALVES. José,. A Prosperidade a Luz da Vida. Editora
CPAD. pag. 15-17.
I - A
METÁFORA DO CELEIRO E DO LAGAR (Pv 3.9,10)
1 A dádiva que faz
prosperar.
Dízimos e ofertas
como fontes de bênçãos
Os dízimos, ofertas e
votos que eram feitos a Deus no Antigo Testamento jamais devem ser
interpretados como uma prática de barganha. A ideia de que Deus nos dará algo
em troca ou que Ele agora é devedor, ficando na obrigação de pagar tudo que nos
deve, porque como dizimistas nos candidatamos a receber as bênçãos sem medida,
caracteriza sem dúvida alguma a prática da barganha. O barganhista faz
esperando receber algo em troca. Ele condiciona a sua fé em Deus ao cumprimento
dos seus desejos. Em outras palavras, se Deus fizer o que o barganhista pede ou
necessita então ele em contrapartida também fará o que prometeu. E o que no
capítulo 12 denomino de "troco na troca".
Um dos textos
bíblicos muito usado para justificar essa prática é Gênesis 28.10-22, quando
Jacó fez um voto ao Senhor:
Partiu, pois, Jacó de
Berseba, e foi-se a Hará. E chegou a um lugar onde passou a noite, porque já o
sol era posto; e tomou uma das pedras daquele lugar, e a pôs por sua cabeceira,
e deitou-se naquele lugar. E sonhou: e eis era posta na terra uma escada cujo
topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela. E
eis que o Senhor estava em cima dela e disse: Eu sou o Senhor, o Deus de
Abraão, teu pai, e o Deus de Isaque. Esta terra em que estás deitado ta darei a
ti e à tua semente. E a tua semente será como o pó da terra; e estender-se-á ao
ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul; e em ti e na tua semente serão
benditas todas as famílias da terra. E eis que estou contigo, e te guardarei
por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra, porque te não
deixarei, até que te haja feito o que te tenho dito. Acordado, pois, Jacó do
seu sono, disse: Na verdade o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia. E
temeu e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a Casa
de Deus; e esta é a porta dos céus. Então, levantou-se Jacó pela manhã, de
madrugada, e tomou a pedra que tinha posto por sua cabeceira, e a pôs por
coluna, e derramou azeite em cima dela. E chamou o nome daquele lugar Betei; o
nome, porém, daquela cidade, dantes, era Luz. E Jacó fez um voto, dizendo: Se
Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e
vestes para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor será o meu
Deus; e esta pedra, que tenho posto por coluna, será Casa de Deus; e, de tudo
quanto me deres, certamente te darei o dízimo.
Uma leitura
equivocada do hebraico original está por trás desse erro de interpretação.
Clyde T. Francisco (1987, p. 277), erudito em Antigo Testamento, observa que é
muito mais razoável traduzir voto, como o hebraico permite, de forma que
"o Senhor será o meu Deus" seja parte da prótase (a cláusula
"se"): "Se Deus for comigo... me guardar... me der... e o Senhor
for o meu Deus, então esta pedra...".
Por outro lado, o
comentarista bíblico Warren W. Wiersbe (2008, p. 161) acrescenta que o
"se" que aparece em várias traduções no versículo 20 também pode ser
entendido como "uma vez que". Jacó não estava negociando com Deus;
estava afirmando sua fé em Deus. Uma vez que Deus havia prometido cuidar dele,
ficar com ele e levá-lo de volta ao lar em segurança, Jacó afirmaria sua fé em
Deus e buscaria adorá-lo e honrar somente ao Senhor.
Essas explicações são
necessárias porque nos permitem ver as bênçãos de Deus, decorrentes de nossa
fidelidade, como devem ser vistas, isto é, sem aquela ideia de troca tão comum
em muitas igrejas. Nas Escrituras, portanto, é possível verificarmos que as
bênçãos de Deus alcançam os dizimistas e ofertantes.
Multiplicação
Tanto o Antigo como o
Novo Testamento demonstram que Deus reconhece e recompensa a fidelidade do povo
de Deus. Quando o crente é liberal em contribuir com o Reino de Deus, uma
consequência natural do seu gesto é a bênção da multiplicação dada pelo Senhor.
Deus promete derramar bênçãos sem medida e fazer abundar em toda graça (Ml
3.10; 2 Co 9.6-10). Paulo reconhece que a generosidade dos crentes é como
sementes que estão sendo plantadas e são vistas por Deus como atos de justiça.
Essa semente que foi plantada em solo fértil não apenas crescerá, mas será
multiplicada pelo Senhor.
Proteção
Uma das necessidades
básicas do ser humano é a de ser protegido. Proteção tanto na vida pessoal como
na profissional. A Escritura revela que Deus se interessa e cuida da proteção
dos seus filhos. A Bíblia também mostra que essa bênção da proteção está sobre
os negócios do crente que é generoso em contribuir com seus bens para a causa
de Deus (Ml 3.11). O profeta Ageu denunciou a infidelidade do povo no Antigo
Testamento e responsabilizou-a como a causa da falta de prosperidade entre o
povo (Ag 1.3-11).
Por outro lado, lemos
no livro de Êxodo que uma das bênçãos de Deus sobre o seu povo era a proteção
contra as doenças (Ex 15.26). Havia, portanto, uma bênção específica
concernente à saúde. Todavia, o texto é claro em condicionar essa bênção à
obediência aos mandamentos de Deus e à guarda de todos os seus estatutos (Ex
15.26). É lógico que a prática do dízimo como uma das leis do código mosaico
estava incluída na observância desses preceitos.
Restituição
A Bíblia mostra que o
Senhor é um Deus de restituição (Nm 5.7; Jl 2.25). Israel, como uma sociedade
de economia agrícola, tinha suas lavouras constantemente atacadas por pragas
que as devoravam. A Bíblia mostra essas pragas como sendo gafanhotos em
diferentes estágios de desenvolvimento. A consequência natural dessa invasão de
insetos era a destruição da lavoura. Para que a nação sobrevivesse era necessário
a restituição feita por Deus daquilo que fora perdido (Jl 1.4; 2.25; Na 3.16).
Malaquias associa o devorador como aquele "que consome o fruto da
terra" (Ml 3.11). A referência aplica-se num primeiro plano às pragas de
gafanhotos já citadas e em um segundo plano a toda ação do mal sobre o povo.
Provisão
Na Antiga Aliança
Deus prometeu "derramar bênçãos sem medida" sobre o seu povo (Ml
3.10). Na Nova Aliança, Ele deseja que o crente tenha "ampla
suficiência" (2 Co 9.8). A prosperidade bíblica é viver na suficiência de
Cristo (2 Co 3.5; 9.8). Essa suficiência é vista como sendo a provisão de Deus
para seus filhos. Deve ser lembrado, no entanto, que essa suficiência não deve
ser confundida simplesmente com a aquisição de posses materiais, mas ter na
vida material o necessário para viver com dignidade e na espiritual, paz com
Deus (Fp 4.11; 2 Ts 3.16). Por toda a Escritura observamos o cuidado do Senhor
no sentido de prover para o seu povo aquilo que é necessário para o seu viver.
Vimos, pois, que a
prática dos dízimos e ofertas sempre esteve presente na história do povo de
Deus. Evidentemente que fica para nós o princípio de que somos abençoados não
porque contribuímos, mas contribuímos porque já somos abençoados. Deus
reconhece a voluntariedade do crente em contribuir para o seu Reino, e por
graça e misericórdia derrama sobre nós a suas muitas e ricas bênçãos.
GONÇALVES. José,. A Prosperidade a Luz da Bíblia. Editora
CPAD. pag. 147-150.
Pv 3.9,10 Honra ao
Senhor com os teus bens. Deixando para trás as considerações sobre o que ajuda
a boa saúde, de súbito são oferecidos dois versículos sobre o uso correto das
riquezas. Se um homem honra ao Senhor cumprindo as leis concernentes aos
dízimos, às ofertas, à ajuda aos pobres, coisas requeridas pela lei, então esse
homem pode esperar corretamente ter bênçãos materiais e prosperar. É dando que
recebemos. Essa é uma lei espiritual que opera o tempo todo. Os que
experimentam esse método descobrem que ele é funcional. “Essa é uma lei
espiritual que homens tementes a Deus têm descoberto ser válida em todas as épocas”
(Charles Fritsch, in loc.). É um aspecto da Lei Moral da Colheita segundo a
Semeadura (ver a respeito no Dicionário). Os judeus piedosos traziam as
primícias de suas plantações ao templo de Jerusalém, para serem usadas pelos
sacerdotes e pelos levitas como forma de exprimir sua gratidão a Yahweh, que
lhes dera boa colheita (Deu. 26.1-3,9-11). A recompensa antecipada para quem
cuidasse das realidades espirituais era ter celeiros cheios de grãos e armazéns
repletos de bons vinhos.
Buscai, pois, em
primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas. (Mateus 6.33)
Cf. Mal. 3.9-12, onde
são feitas promessas semelhantes aos que pagassem os dízimos. Ver também Ageu
1.6,9,13; 2.15-19 e I Reis 17.10-16.
Transbordarão de vinho
os teus lagares. Um lagar era um dispositivo simples que consistia em duas
parles. Na parte superior havia a prensa (no hebraico, gath), onde eram pisadas
as uvas. E na parte inferior (no hebraico, yeqebh) se recolhia o suco.
Portanto, o homem que dá, terá grande abundância de uvas para pisar, e assim
poderá recolher imensa quantidade de suco de uva. Ver sobre Lagar, no
Dicionário.
O serviço que
prestamos a outras pessoas é, realmente, o aluguel que pagamos pelo nosso
espaço nesta terra. Um homem é um viajante, pelo que ter e manter não é o lema
da vida. Pelo contrário, esse lema é dar e servir. Não há outro significado
para a vida. (Sir Wilfred Grenfell)
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2548.
Nos versículos 9-10,
temos um apelo a favor do uso apropriado das posses materiais. No final das
contas, o homem é um mordomo, e tudo que ele tem pertence a Deus (SI 50).
Quando ele honra a Deus com parte do seu progresso, ele vai ser abençoado materialmente
— e se encherão os teus celeiros (10). Temos aqui um princípio de mordomia e
não uma garantia de riquezas materiais. Podemos confiar a Deus as nossas
dádivas e que ele garante a provisão das nossas necessidades materiais (Mt
6.33). O mordomo cristão nunca precisa temer que vai ser o perdedor ao dar a
Deus (Ml 3.8-10). Ninguém perde porque crê ou porque obedece. O homem de Deus
não é um servo relutante, mas um mordomo feliz e responsável.
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 366.
3.9,10 - Estes
versículos se referem ã prática de oferecer a Deus a primeira e melhor porção
do fruto de seu trabalho (Dt 26.9-11). Muitas pessoas dão ao Senhor as sobras.
Se tiverem condições de ofertar depois de as contas serem pagas, elas o fazem.
Estas pessoas podem ser sinceras e contribuir de boa vontade, mas não estão
obedecendo ao que a Palavra diz. Deus quer a primeira parte de nossa renda,
isto demonstra que Ele. não as posses, tem prioridade em nossa vida e é a fonte
de nossos recursos (nós apenas os administramos). Ofertar a Deus nos ajuda a
vencer a cobiça, a administrar corretamente os recursos que Deus provê para nós e
habilita-nos a receber bênçãos especiais das mãos do Senhor.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 836-837.
Assim, em lugar de
refrigério, medula, em lugar de saúde, remédio, e, em lugar de ossos, umbigo.
Ossos sem medula não funcionam; é a sua base de existência. O temor ao Senhor
determina todos esses favores divinos.
Tais ensinos nos
levam aos versos 9 e 10, onde lemos: Honra ao Senhor com os teus bens (tua
fazenda), e com as primícias de toda a tua renda. A reverência devida a Deus
leva ao reconhecimento de que é o Senhor de tudo, e então somos atraídos a
honrá-lo com os nossos bens e com a nossa renda. Esta doutrina está em
conformidade com Mal. 3:10 e 1I Cor. 9, bem assim com a parábola dos talentos e
a das minas. A doutrina do dizimo e das primícias era preceito muito sério
entre os hebreus. Podiam estar errados muitas vezes, mas nos pagamentos devidos
ao Senhor eram pontuais, inclusive na remissão de todos os primogênitos de
animais ditos impuros. Os primeiros frutos da terra eram trazidos ao templo
para os sacerdotes, assim como os dízimos do azeite, do vinho, do trigo e de
tudo quanto colhiam, sendo entregues ao mordomo para sustento dos mesmos.
Quando os hebreus negligenciavam essa doutrina, os sacerdotes tinham de ir para
as suas chácaras, cultivar a terra para comerem.
A verdade é que os
crentes devem temer ao Senhor em primeiro lugar, para então entregar-lhe os
dízimos e as ofertas. Se, porém, não temem ao Senhor, não lhe pagam nada. É
isso que acontece com 70% dos crentes; não temem a Deus e nada levam à sua
casa. Será que isso ficará assim mesmo? Não, não ficará. O verso seguinte diz:
E se encherão fartamente os teus celeiros e transbordarão de vinho os teus
lagares. É fartura sempre ausente nas casas dos faltosos. Não há crente que
prospere roubando a Deus, como não há crente empobrecido quando dizima a sua renda
Agora todo brasileiro é obrigado a pagar 15% e até muito mais, conforme a sua
renda, para o governo. Não pague, para ver uma coisa. Mas em roubar a Deus nada
acontece; Deus não vem cobrar, como pensam os tais, e então podem ficar
devendo. Este autor acha que Deus não perdoa. Mais dia menos dia, ele vem
buscar o seu, de um modo ou de outro; e, não fora assim, de nada valeria a
promessa. Uma virada ao Antigo Testamento ajudaria muito os crentes
desobedientes e incrédulos nessa doutrina (ver Deut. 26:1-15 e referências). O
Senhor, que ordenou a doutrina d o dizimo e das primícias, é o mesmo que exige
em Provérbios, honra a Deus com os teus bens e com toda a tua renda,
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios.
Dt 28.8 O Senhor
determinará. Aqui 0 autor sagrado reforçou certos aspectos das bênçãos que já
haviam sido proferidas. Os celeiros do povo de Israel viveriam cheios (cf. 0
vs. 5, que aponta para a quarta bênção). Toda obra dos israelitas obedientes
prosperaria. Temos aqui uma declaração geral, que cobre todas as bênçãos
proferidas até este ponto. Aqueles que “entrassem” prosperariam e acha- riam
segurança (quinta bênção; vs. 6). E aqueles que “saíssem” achariam prosperidade
(sexta bênção; vs. 6). De modo geral, os israelitas seriam abençoados na Terra
Prometida, que Deus lhes havia dado como herança, em consonância com o Pacto
Abraâmico (ver Gên. 15.18). Israel permaneceria no seu território, se fosse
obediente ao Senhor.
Cf. Pro. 3.9,10.
Aqueles que honrassem 0 Senhor com os seus “bens” (sob a forma de dízimos e
ofertas), teriam seus celeiros sempre cheios, e suas adegas só faltariam
rebentar de tanto vinho.
Uma vida longa na
terra era uma das bênçãos prometidas pela lei. Por isso mesmo lemos em
Deuteronômio 5.33: "... para que vivais, bem vos suceda, e prolongueis os
dias na terra que haveis de possuirá (Ver também Deu. 4.1 e 6.2.) É claro que
isso também promete a permanência de Israel na Terra Prometida, e não somente
vida longa para os israelitas, como indivíduos.
“Tudo, nos campos
espiritual e temporal, viria através dos mandamentos imediatos de Deus” (Adam
Clark, in loc.). Oh, Senhor, concede-nos tal graça!
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 856,858.
8,11,12a. Todos os
empreendimentos de Israel (lit. “o estender a mão”) serão abençoados, de modo
que seus celeiros se encherão e a nação desfrutará de prosperidade completa, ao
enviar Javé a chuva para abençoar o trabalho do povo.
J.
A. Thompson. Comentário Bíblico
Deuteronômio. Editora Vida Nova. pag. 259.
2. A bênção que
enriquece.
A Bênção do Senhor
Enriquece
Reconhecer o Senhor
como a fonte de toda prosperidade é a melhor forma de se proteger da ganância
que tenazmente assedia quem possui riquezas (Si 127.1,2). Hans Walter Wolf
(2007, p.206), que prestou uma grande contribuição à antropologia bíblica,
observa oportunamente que: “quem quer ver a realidade humana precisa aprender a
contar com a intervenção de Javé. Sem isso, a pessoa não percebe que nem a
aplicação humana ao trabalho já leva ao resultado e que a riqueza não é um
valor evidente. Deve-se atentar ao sentido ambíguo dos fenômenos e das
vicissitudes’'. WoííF ainda comenta: “A seguinte tese opõe-se categoricamente
ao pensamento seguro de si, o qual julga por inferir do trabalho necessariamente
o resultado (Pv 10.22): “Somente a bênção de javé torna rico, o esforço próprio
não acrescenta nada”. A expectativa geral de que o trabalho traz ganho nunca se
realiza concretamente sem a decisão da bênção de javé. Também é javé que está
atuante na diferença entre a vontade do ser humano e a execução do trabalho (Pv
16.1l)”.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 35.
Pv 10.21-22 Os lábios
do justo apascentam a muitos. Os lábios de prata do homem reto (vs. 20) são
úteis para alimentar muitos, dando-lhes valiosas instruções para a aplicação na
vida boa. O homem bom é uma fonte constante de bênçãos para outros. Ele lidera
os homens no caminho da sabedoria, ou seja, para a vida (ver Pro. 4.13; 9.6,11;
10.11,17).
Antítese. Os
insensatos, longe de serem capazes de dar vida a outros, nem ao menos podem
cuidar de si mesmos, e, por falta de sabedoria, morrem. Ademais, a bondade
sempre esteve associada à prosperidade material na mente dos hebreus, ao passo
que a pobreza esteve vinculada ao julgamento divino. Porém, é difícil acreditar
que o autor falaria sobre isso e esqueceria as riquezas da alma, conhecendo a
lei e pondo-a em prática, o sinal de um povo ímpar, pertencente ao pacto
abraâmico (ver Gên. 15.18). “Salomão recebeu suas riquezas pelas bênçãos
especiais do Senhor, sem ao menos perguntar por elas (I Reis 3.13); e outro
tanto aconteceu com Isaque (ver Gên. 26.12)” (Fausset, in loc.).
Sinônimo. Usualmente
as riquezas terrenas têm essa mistura de tristeza, mas as riquezas materiais
ideais, dadas por Deus, não têm essa adição perniciosa. Ou então a ideia pode
ser que as riquezas de Deus, sendo do tipo espiritual, naturalmente não têm
nenhuma mistura com as tristezas, conforme as riquezas terrenas inevitavelmente
têm. Nenhum acúmulo de trabalho humano pode produzir o tipo de riquezas que
Deus concede. Se essa é a ideia desta declaração, então um trecho paralelo é o
de Mat. 6.33, que diz:
Buscai, pois, em
primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas.
“As bênçãos de Deus
dão um aprazimento simplesmente, e Ele não impõe nenhum imposto sobre esse
conforto” (Adam Clarke, in loc.).
Existem tragédias
associadas ao lucro ganho de modo ilegítimo (ver Pro. 10.2), e o versículo pode
significar apenas que o sábio, trabalhando arduamente, adquire riquezas sem que
tenha de sofrer qualquer calamidade juntamente com elas, pois obteve seu ganho
honestamente.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2589.
10.22 - Deus concede
habilidades pessoais e financeiras a muitas pessoas, de modo que possam atender
às necessidades de outras. Se todos nós percebêssemos como Deus nos abençoou e
continua nos abençoando, e se todos usássemos nossos recursos para fazer a sua
vontade, a fome e a pobreza seriam eliminadas. A riqueza só é uma bênção quando
utilizada conforme os preceitos de Deus.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 845.
v. 22. Esse é um
provérbio bem conhecido de confiança na bondade de Deus. O hebraico é enfático:
A bênção do Senhor (somente ela) traz riqueza, não inclui dor alguma', a ARA traz
“ele não traz desgosto” e é melhor porque deixa a iniciativa com Deus.
CHARLES
G. MARTIN. Comentário Bíblico NVI. Editora
Vida. Livro de Provérbios. pag. 919-920.
II - A
METÁFORA DA FORMIGA (Pv 6.6-11)
1. As formigas sabem
poupar.
Lições de economia
doméstica — as formigas sabem poupar No capítulo 6.6-10 de Provérbios,
encontramos uma outra metáfora usada por Salomão para ilustrar o valor do
trabalho. Nessa metáfora ele contrasta o trabalho das formigas com a inércia do
preguiçoso. “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus cominhos e
sê sábio. Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, no estio, prepara o
seu pão, na sega, ajunta o seu mantimento. O preguiçoso, até quando ficarás
deitado? Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para
encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e
a tua necessidade, como um homem armado.” No seu comentário sobre o livro de
Provérbios, Antônio N. Mesquita pôs em destaque o valor dessa metáfora: “As
formigas não tem rei nem senhores, porém devem ter uma organização qualquer.
Com efeito, elas oferecem uma sabedoria admirável. No verão, se dirigem a
lugares distantes, abrem um carreirinho e lá se vão, cada qual carregando um
grão de qualquer cereal, para seus celeiros subterrâneos. No inverno têm o que
comer. Não são perdulárias; são uma sociedade trabalhadora, ordeira, cada qual
ajudando a outra, num esforço comum, para o bem da coletividade. Que fartura de
ensino elas oferecem. Os preguiçosos devem aprender esta lição”.
Conheço bem o
trabalho das formigas. Grande parte da minha vida, na verdade toda a minha
infância e uma boa parte da adolescência, vivi numa propriedade rural que meu
pai adquirira. Ali vivíamos praticamente da agricultura de subsistência. Foi
naquela propriedade, cerca de 22 quilômetros da cidade de Altos, estado do
Piauí onde observei durante muitos anos como vivem as formigas. Algumas coisas
me deixavam impressionado quando observava esses pequenos insetos. Elas são
extremamente dedicadas ao trabalho. Bastava contemplar os grandes formigueiros e
a enorme quantidade de barro extraído para se saber que elas haviam feito um
enorme esforço para construir seus abrigos. Outras vezes eu observava as longas
trilhas que elas faziam entre a vegetação. Elas roçavam com grande perícia todo
o capim existente, deixando atrás de si verdadeiras estradas com o propósito de
conduzir através delas o mantimento que haviam encontrado. Meu pai costumava me
dizer que essas formigas eram denominadas de formigas de roça. Uma outra coisa
que me chamava a atenção era a habilidade com que elas conduziam para dentro do
formigueiro pequenos pedaços de folhas de árvores que haviam selecionado para
servir de mantimento. Os pesquisadores descobriram que uma formiga é capaz de
transportar algo que equivale até cinco vezes o peso do seu corpo. De fato o
preguiçoso tem muito a aprender com a formiga!
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 36-37.
FORMIGA
A palavra hebraica significa rut9ude. Ocorre
em Pro. 6:6 e 30:25. Pertence à família Bimen6ptera (que significa asas
membranosas), da qual há mais de mil espécies. As formigas aladas são o elo
sexual da espécie, as demais são operárias e soldados assexuados, formando a
esmagadora maioria. As formigas vivem em colônias de algumas poucas dúzias até
aos milhões. Algumas são vegetarianas, outras carnívoras. Algumas vivem em
árvores, e outras em formigueiros, escavados no solo. Algumas vivem independentes
dos homens, mas outras sio pestes domésticas. Uso metafórico: Ver Pro. 6:6-8 e
30:35. O texto sugere a saúva, embora muitas espécies ajuntem seu mantimento
durante o verão. Estão em foco previsão e prudência, paralelamente ao trabalho
árduo, características essas que os homens fariam bem em imitar.
Devemos fazer nosso trabalho com sabedoria, aproveitando
as oportunidades, ou criando oportunidades para nosso bem-estar. A saúva,
durante a primavera e o começo do verão coleta sementes provindas de uma vasta
área, as quais são levadas ao formigueiro. Os talos são tirados e levados para
fora do formigueiro, o que toma a entrada do formigueiro conspícua, O trabalho
árduo e a previsão envolvidos na operação proveem a base de uma lição moral. O trecho
de Pro. 30:25 aponta para a debilidade física das formigas; mas, a despeito
disso, mostram que são diligentes.
Fatos concernentes às formigas: 1. Ajuntam
vastas quantidades de grãos em seus formigueiros. 2. Localizam seus
formigueiros perto de boas áreas de suprimento. 3. Comem suas provisões
recolhidas durante os meses frios. 4. Encorajam certos outros insetos a
recolherem e armazenarem os ovos das formigas, juntamente com seus próprios
ovos, havendo nisso um fator adicional para a sobrevivência da espécie. Lições
morais podem ser extraídas de cada um desses fatores. (FA S UN Z)
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 807.
FORMIGA
CEIFEIRA, Espécie Messor. As
formigas são excessivamente abundantes em toda a Palestina; são conhecidos
agora 31 tipos. Raramente as formigas entram em casas feitas de pedras ou
tijolos de barro; assim, um antigo agouro listava as horrendas consequências
para uma casa ou para o seu dono se uma das muitas variedades de formigas fosse
vista nela (Bodenheimer, Animal and Man in Bible Lands, pp. 97s.).
Os formigueiros na Palestina são normalmente
subterrâneos, para sua proteção contra o calor excessivo. Frequentemente têm
câmaras especiais que servem como berçários, celeiros ou jardins de fungos.
Particularmente interessantes são as referências em Provérbios 6.6-8 e
30.25,com relação às formigas que estocam grãos no verão. Em uma época, os
críticos duvidaram da atividade dessas formigas ceifeiras. Até mesmo sugeriu-se
que essas referências eram o resultado de uma observação imprecisa: que Salomão
tinha visto os casulos brancos de larvas e os tinha confundido com grãos de
trigo. Agora se sabe que diversas espécies desse género constroem celeiros,
câmaras achatadas conectadas através de galerias e espalhadas irregularmente em
uma área com dimensão média de quase dois metros de diâmetro e com cerca de
trinta centímetros de profundidade. Elas recolhem sementes do solo, ou arrancam
das plantas, retiram os invólucros e descartam os resíduos e as cápsulas vazias
em montes de restos fora do formigueiro. Durante o inverno, um formigueiro
médio pode conter cerca de um quarto de litro de sementes. As formigas primeiramente
mordem a cabeça ou uma pequena raiz, a parte mais macia da semente, o que evita
que ela germine, ou podem espalhar as sementes ao sol para que sequem; apesar
disso, algumas sementes germinam. Os celeiros individuais podem ter
aproximadamente 13 cm de diâmetro por um centímetro e meio de altura. Alguns
formigueiros podem ter de oito a treze metros de diâmetro, e aproximadamente
dois metros de profundidade, com diversas entradas.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 131-132.
Pv 6.6 O autor mudou
de assunto, mas continuou a advertir sobre questões financeiras. Mais frequente
que o problema do fiador, abordado nos vss. 1-5, é o da pobreza produzida pela
negligência e preguiça. Em ambos os casos, a sabedoria é um auxílio do homem, e
havia declarações sábias que os mestres podiam manipular para tentar ajudar aos
que estivessem enfrentando outro tipo de angústia financeira.
Vai ter com a
formiga. Há no Dicionário um artigo chamado Formiga, que apresenta material que
pode ser usado para ilustrar a presente seção. A despeito de seu minúsculo
tamanho e fraqueza (ver Pro. 30.25), as formigas são trabalhadoras diligentes e
conseguem sobreviver galhardamente, seja qual for a sua espécie. Elas atacam
quando o ferro ainda está quente, conforme dizemos em uma expressão idiomática
moderna, fazendo provisões completas para os meses frios do inverno, quando o
tempo se torna menos propício para juntar alimentos. Em contraste com as
formigas, os homens, presumivelmente fortes e inteligentes, sofrem para
simplesmente sobreviver, com frequência por causa de uma desavergonhada
preguiça.
Ó preguiçoso. No
hebraico, ‘acel. Esta palavra hebraica confina-se ao livro de Provérbios.
Significa preguiça e negligência física, mas pode ter outras conotações. Em
Pro. 15.19, esse homem é contrastado com o homem reto, subentendendo que há
algum pecado, na vida do preguiçoso, que o faz ser o que é. Ou então a preguiça
é chamada pecado, ou ambas as coisas. O homem preguiçoso é um irresponsável
(ver Pro. 30.25). Quanto aos usos dessa palavra, ver Pro. 6.6,9; 10.26; 13.4;
20.4 e 26.16. Ver no Dicionário os verbetes chamados Preguiça e Preguiçoso. Cf.
Pro. 22.13 e 24.30-34.
Como é óbvio, a
preguiça é um problema social. Se a pobreza tem muitas causas, uma delas é que
certas classes de pessoas não têm o desejo de trabalhar nem podem ser
inspiradas a fazê-lo. Elas preferem a pobreza ao trabalho. Ver no Dicionário o
verbete denominado Pobre, Pobreza. Há pessoas tão preguiçosas que, se apanham
um pouco de alimento com uma das mãos, acabam não comendo, por serem
preguiçosas demais para levá-lo à boca (ver Pro. 19.24).
“O ócio é apenas o
refúgio das mentes fracas e o feriado dos insensatos” (Lord Chesterfield). Os
homens são perseguidos por muitas pragas, e a que é desculpada mais facilmente
é a praga da inatividade infrutífera.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2563.
Pv 6.6 A formiga.
Mencionada apenas nesta passagem da Bíblia e em Pv. 30:25 embora não haja
provavelmente nenhuma dúvida quanto à tradução. Antigamente levantou-se o
problema quanto ao armazenamento de comida pela formiga (veja Toy). Uma espécie
de formiga do Oriente Próximo, entretanto, age assim. As formigas têm
organização social, mas não têm nenhum chefe que corresponda à abelha rainha. Ó
preguiçoso. Este nome se encontra quatorze vezes nos Provérbios e em nenhum
outro lugar. Geralmente define-se como "pessoa que não gosta de
trabalhar". Embora a palavra inclua esta ideia, pode conter nuances, tais
como "incapaz", que não se refere apenas a um "fracassado".
O seu uso em Provérbios prova que "preguiçoso" não é a conotação
integral. Em 15:19, o contraste é de um homem honesto – não simplesmente um
"trabalhador".
Charles
F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody.
Editora Batista
Regular Provérbios. pag. 24.
O PREGUIÇOSO
(6.6-11). Em O peregrino, Indolente, na companhia de Simples e de Presunção, é
visto pelo Cristão a dormir à beira do caminho. Ensinando "os outros a
presumirem que tudo lhes sairia bem no fim". Indolente e seus companheiros
levam outros a seguir seu exemplo. Porém, quando o Cristão vai passando, vê que
"estão pendurados em ferros, a pequena distância". Esse quadro se
equipara ao que é dado Provérbios. Um provérbio tirado da natureza, tal como o
composto por Salomão (1Rs 4.33), é empregado para envergonhar o preguiçoso e
fazê-lo agir (6-9); todavia, se ele não atender, logo seu sono
será rudemente
interrompido (10-11) pelo inflexível fato da pobreza e da necessidade - outro
exemplo de um insensato apanhado nas cordas de sua própria loucura (verso 22).
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Provérbios. pag. 27-28.
Pv 30.25 As formigas,
povo sem força. Que o leitor acompanhe os pontos a seguir:
1. Cf. Pro. 6.6-8,
que elogia as formigas. As formigas não formam um “povo” forte, mas são sábias
e industriosas. Elas sabem que têm de preparar-se para os
meses de inverno,
trabalhando arduamente nos meses produtivos, a fim de juntar um estoque
adequado de alimentos. Assim sendo, o indivíduo preguiçoso é chamado a ir ter
com a formiga para obter sabedoria (ver Pro. 6.6).
Antítese. As formigas
demonstram sabedoria e industriosidade trabalhando nos meses de verão, quando
os alimentos são abundantes, e estocando alimentos extras para os meses de
inverno, quando o alimento lá fora será difícil de conseguir. Para fazer isso,
a formiga trabalha duplamente nos bons meses, “As formigas sobrevivem por causa
de sua previsão” (Sid S. Buzzell, in Ioc.). Porém, não é bastante ser
previdente: a pessoa precisa ser industriosa, aplicando às coisas aquilo que
ela sabe. As formigas são fracas em comparação a muitos animais. Os árabes
tinham um provérbio que dizia: “Tão fraco como uma formiga". Mas de seu
forte trabalho surgiu outro provérbio árabe: “Mais forte do que uma
formiga", que significa “fortíssima”. O “povo” fraco é forte em sabedoria.
Povo. As formigas são
um povo organizado. O poeta grego Focilides chamou as formigas de tribo ou
nação (Poem. Admon. vs. 158, 159). Homero e Virgílio chamavam as abelhas de
povo. Ver Ilíada 2. vs. 87, e Georgic. 1.4, vs. 4 e 5).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2690.
2. As formigas sabem
ser autônomas.
Pv 6.7 Não tendo ela
chefe, nem oficial, nem comandante. As pessoas preguiçosas deveriam ser
inspiradas pelas formigas. Abaixo, nas notas expositivas sobre este versículo e
o seguinte, o leitor poderá acompanhar algumas questões importantes nos dois
pontos abaixo:
1. Sem líder
evidente. As formigas, de pleno acordo, concordam em fazer o que precisa ser
feito. A maioria dos homens, para trabalhar, precisam de alguém que lhes diga o
que fazer.
Pesquisas modernas
demonstram que as formigas dispõem de um intrincado sistema de organização, mas
não é claro que elas comuniquem seu sistema umas às outras. Um formigueiro é um
lugar muito atarefado. Todos os membros do formigueiro trabalham. Portanto, é
verdade o que diz Poor Richard, em seu Almanaque: “Ninguém prega melhor do que
a formiga, e, no entanto, ela nada diz”. Já o homem preguiçoso diz: “Há um leão
nas ruas” (ver Pro. 26.13). E assim o preguiçoso nada tenta, pois engana-se e
desiste antes mesmo de começar.
Chefe... oficial...
comandante. Talvez o autor sagrado quisesse comunicar os tipos de poderes que
os governantes exercem sobre o povo: o sistema judicial, a polícia e o poder
executivo sobre uma comunidade. Ou, simplesmente, talvez tenha multiplicado palavras
que implicam autoridade somente para dizer-nos que as formigas nada têm de
análogo e, no entanto, são capazes de envidar um esforço coordenado que lhes
salva a vida. Quanto mais podem fazer os homens com seu intrincado sistema de
líderes?
Pv 6.8 No estio
prepara o seu pão. O autor sacro continua aqui a mostrar as qualidades da
formiga, que deveriam inspirar as pessoas preguiçosas:
2. A provisão
diligente para o futuro, trabalhando no presente propicio, é uma característica
da formiga, que as pessoas preguiçosas não seguem. Os meses frios seriam fatais
para as formigas, caso elas não fizessem estoque de alimentos para o inverno.
As formigas trabalham durante o verão e dão toques finais nos preparativos
durante o outono, isto é, o tempo da colheita, justamente antes de iniciar o
frio. A Septuaginta e outras versões parecem pensar que é um erro deixar de
fora do quadro a industriosa abelha, pelo que insuflam esse inseto no texto
sãcro, mas certamente isso é apenas uma glosa. Era costume, entre os árabes, pôr
uma formiga na mão de uma criança recém-nascida e proferir bênçãos como: “Que
este menino cresça para ser um homem esperto!”. Mas os preguiçosos não se
importam em ser espertos como as formigas. Plínio (História Natural 1.11.cap.
30) dá-nos um exemplo da esperteza das formigas. Elas mordem as pontas das
sementes para que não cresçam, mas permaneçam alimentos para serem guardados
durante o inverno, John Gil! (in loc.) recomendava que os jovens, que têm a
juventude e a força ao seu lado, juntassem riquezas para a idade avançada e
períodos de enfermidade. Por certo essa é uma coisa que as pessoas poderiam
fazer, e que os modernos planos de pensão têm atrapalhado tanto. Mas algumas
pensões de aposentadoria são tão pequenas que até uma pessoa que formalmente se
aposenta de algum trabalho realmente não conta com coisa alguma para terminar
seus anos finais. Tais pessoas terminam dependentes de seus filhos ou da
caridade pública. Algumas terminam em total angústia e pobreza abjeta.
Pv 6.9 Ó preguiçoso,
até quando ficarás deitado? A partir deste versículo, o mestre deixa de lado a
metáfora sobre as formigas e ataca diretamente o homem preguiçoso. Tal homem
faz bem algumas coisas, como dormir e comer. Ali está ele agora, dormindo.
Descansa por nada ter feito. O mestre procura despertá-lo do sono, mas ele
continua deitado ali. Ainda não morreu de inanição porque alguém tem
misericórdia dele, dando-lhe o bastante para comer. Ele possui pouco dinheiro,
também dado pela caridade alheia, mas se encaminha rapidamente para a mais
severa pobreza (vs. 11). As pessoas acabarão cansando de dar dinheiro a ele,
sem resultado positivo algum. Esse homem dorme durante a noite e também durante
o dia. Em contraste com tal homem, as formigas trabalham até durante a noite, à
luz da lua. “O tempo não deve ser passado dormindo, com a negligência dos
negócios desta vida, e certamente não com a negligência das realidades
espirituais e da vida vindoura. Os homens não devem mostrar-se ociosos, nem nas
coisas físicas nem nas coisas espirituais” (John Gill, in loc.).
Não há lugar na
civilização para o preguiçoso;
Nenhum de nós tem
direito ao lazer. (Henry Ford)
Pv 6.10 Um pouco para
dormir, um pouco para toscanejar. Este versículo refaz ironicamente o vs. 9. O
homem preguiçoso estava praticamente cataléptico. A carreira dele era feita do
ato de dormir. O mestre gritou para ele, e ele conseguiu mexer-se um pouco. Mas
logo recaiu no sono, dobrando as mãos sobre o peito, atitude de quem estava
para dormir “um longo sono de inverno”, conforme diz certo cântico de Natal.
Esse homem sem dúvida tinha um problema tanto de atitude quanto de motivação.
O Ato Mais Preguiçoso
Já Feito por um Homem. Um industrioso vendedor viajava velozmente em seu carro
para certo destino. Mas ele fez uma curva errada e terminou em uma estrada que
não lhe era familiar. Em breve estava inteiramente perdido. Viu um homem
deitado debaixo de uma árvore, pelo que parou, dirigiu-se a ele e pediu
orientação. O homem não se moveu de sua posição deitada, mas levantou uma das
pernas e, com o artelho grande do pé, apontou para o lado certo. O industrioso
vendedor disse a ele: “Se você me puder mostrar um ato mais preguiçoso do que
esse, eu lhe darei cinco dólares”. O preguiçoso replicou: “Basta que você me
role de barriga para baixo e ponha os cinco dólares no bolso de trás”.
Pv 6.11 Assim
sobrevirá a tua pobreza como um ladrão. O homem era um vagabundo, alguém que
saiu de alguma rua deserta, inesperadamente. Mas alguns estudiosos apontam para
uma pessoa má, que andava à caça de alguma má ação para praticar, um mero
ladrão. Ou então a figura era simplesmente de alguém que viajava passo a passo,
até que, finalmente, chegou ao seu destino. Nesse caso, está em foco a
inevitabilidade da chegada da pobreza. Ellicott diz aqui: “Alguém que se move rapidamente”,
e então aponta para Sal. 104.4, que fala sobre Deus “movendo as asas do vento”.
Enquanto o preguiçoso dorme, a pobreza ocorre rapidamente a ele. Quando,
finalmente, ele acorda, a pobreza será sua companhia constante e indesejada.
Como um homem armado.
Ele seria atacado e destruído por um soldado, mostrando-se indefeso. Ou então
um ladrão armado pode estar em vista. Seja como for, a incapacidade de
defender-se do que possa acontecer eventualmente está sendo enfatizada. As
versões da Septuaginta, da Vulgata e árabe tentam dar alguma esperança ao
homem, com outra exortação feita pelo mestre: “Mas se fores diligente, tua
colheita será como uma fonte, e a pobreza fugirá para longe de ti”, o que
certamente é uma glosa. Ver as declarações sobre os vss. 10 e 11, que se
repetem em Pro. 24.33,34.
Décimo Segundo
Discurso: Valor da Sabedoria para Salvar da Dissensão
(6.12-19)
Encontramos aqui o
décimo segundo discurso dentre os dezesseis que constituem o primeiro livro de
Provérbios (1.8-9.18). Certas pessoas enganadoras e naturalmente descontentes
costumam despertar a contenda como um passatempo. Elas se engajam em sete
pecados específicos que são odiosos para Deus (ver os vss. 16-19). Os desastres
comunais resultam da obra impensada delas. O homem perverso, para despertar as
dissensões que tanto apreciam, rebaixar-se-á e mentirá para conseguir seus
propósitos distorcidos. Mediante olhares furtivos e referências crípticas, ele
dá a impressão de que sabe mais do que realmente sabe, e o que ele sabe tem
poder de criar sentimentos maus na comunidade. “Por onde quer que vá, tal
pessoa lança suspeitas e cria discórdias entre os seus conhecidos. É a perdição
da sociedade” (Charles Fritsch, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2563, 2565.
6.6-11 — Este trecho
alerta contra a armadilha da preguiça. O preguiçoso é refém do lazer. Tudo de
que ele precisa para sobreviver pode ser aprendido com a formiga, uma criatura
humilde que se ocupa em armazenar comida no verão para enfrentar o inverno que
virá. Como a formiga, a pessoa sábia trabalha duro. Por outro lado, o preguiçoso
é viciado em dormir e perdeu todo o interesse em trabalhar (Pv 26.13-16).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 954.
Não Seja Preguiçoso
(6.6-11)
A segunda advertência
trata das virtudes da diligência e do zelo pelo trabalho. As advertências
contra a indolência são frequentes em Provérbios (10.26; 13.4; 19.15; 24.3034).
O mestre acreditava que a preguiça atrapalhava a prosperidade (10.4; 12.11;
20.13; 23.21; 24.33-34; 28.19). Salomão se volta aqui à natureza para
apresentar um exemplo de diligência (cf. 1 Rs 4.33). A formiga (6), mencionada
somente aqui e em 30.25, pode nos ensinar algumas lições sobre o zelo pelo
trabalho e a previdência. Ela trabalha diligente e voluntariamente (7) para
preparar no verão o alimento para o inverno que está adiante (8).
A ocorrência tripla
da expressão um pouco (10) destaca o fato de que pequenas negligências resultam
em grandes deficiências. Hoje, só mais um gole antes de pegar o volante pode
resultar em grandes tragédias. O sábio adverte que, como resultado da
indolência repetida, a pobreza e a necessidade sobrevirão ao preguiçoso (11).
EARL
C. WOLF. Comentário Bíblico Beacon. Editora
CPAD. Vol. 3. pag. 372.
6.6-11 - Os últimos
momentos de sono são deliciosos; os saboreamos à medida que resistimos a
iniciar outro dia de trabalho.
Mas no livro de
Provérbios há advertências contra ceder à tentação de dormir, em vez de
trabalhar. Isto não significa que nunca devamos descansar. Deus deu aos judeus
o sábado, um dia sagrado para descanso e restauração de forças. Porém, não
devemos descansar nas ocasiões em que deveríamos estar trabalhando.
A formiga foi usada
corno um exemplo, porque utiliza sua energia e seus recursos economicamente. Se
a preguiça nos afastar de nossas responsabilidades, a pobreza poderá
afastar-nos do legítimo descanso que deveríamos desfrutar (ver também o quadro referente
a este assunto no cap. 27).
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 840-841.
III - A
METÁFORA DO LEÃO (Pv 22.13; 26.13)
1. Conhecendo o leão.
A terceira metáfora
que destaco no livro de Provérbios é a que contrasta o preguiçoso e o leão. Em
Provérbios 22.13, lemos: “Diz o preguiçoso: Um leão está lá fora; serei morto
no meio das ruas”. Por outro lado, Provérbios 26.13 destaca: “Diz o preguiçoso:
Um leão está a caminho; um leão está nas ruas”.
Não falta desculpa
para quem não quer trabalhar! O nordestino, que no dizer que Euclides da Cunha,
“é antes de tudo um forte” está acostumado ao trabalho duro. Certa vez uma rede
de televisão exibiu uma matéria sobre os efeitos da seca no sertão nordestino.
Quem assistiu aquela reportagem não pôde deixar de se emocionar com o drama do
sertanejo frente a esse fenômeno climático. A estiagem dizima tudo o que
encontra pela frente, ficando bem pouco para o camponês sobreviver. O programa
encerrou-se naquela noite com uma frase antológica de um dos heróis que vivem
no semiárido nordestino. Perguntado como o sertanejo consegue viver na seca, o
camponês respondeu: “A cana (de açúcar) não passa 110 engenho? Assim nós
passamos na seca”!
O que sobra da cana
após passar pelas moendas de um engenho é somente o bagaço. Mesmo a vida sendo
dura dessa forma, o sertanejo não tem medo de enfrentá-la. Ele não teme o leão.
Talvez seja por isso que não é raro vermos o sertanejo fazendo gracejos com
quem é preguiçoso. Ouvi certa vez de um homem que de tão preguiçoso que era,
pediu que o levassem para o cemitério e o enterrassem vivo! Ele não queria
trabalhar. Quando era conduzido em cortejo “fúnebre”, alguém resolveu livrar
aquele homem da morte. Pondo-se próximo do candidato a defunto, ele indagou: “O
senhor aceita um saco de arroz para não ser enterrado vivo”? Olhando fixamente
nos olhos do seu interlocutor, o morto-vivo respondeu, também com uma pergunta:
“O arroz está pelado”? Obtendo “não” como resposta, ele disse: “Podem
prosseguir com o enterro”.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 37-38.
LEÃO.
I PALAVRAS E REFERENCIAS BÍBLICAS.
Seis palavras
hebraicas e uma palavra grega estio envolvidas:
a. Gor, «memador-. No hebraico, indica um leão jovem (Gên, 49:9;
Deu. 33:20; Jer. 51:38).
b. Kephir, «felpudo»,
«hirsuto». No hebraico, um leão jovem que acabou de tomar-se independente (Eze. 19:2,3; Sal.
19:13; Pro. 19:12).
c. Ari, «que
despedaça.': Um leio adulto. caçador e destruidor (Naum 2:12; IISam. 17:10; Núm.
23:24).
No Antigo Testamento,
esse é o nome mais comum desse
grande felino.
d. Schachal,«rugidor...
O leio que assusta com suas ameaças; algumas vezes, o leão negro. (Jó 4:10;
10:16; Pro.
26:13; Osé, 5:13; 13:7).
e. Layish, «forte».
No hebraico, o leão feroz (Jó 4:11; Pro. 30:30; lsa. 30:6).
f. Labiah,
«rugidora», No hebraico, a leoa 4:11).
Sob essas diversas
formas, a palavra «leão» aparece por cerca de cento e cinqüenta e cinco vezes
no Antigo Testamento.
g. No grego, léon,
Aparece por nove vezes no Novo Testamento: II Tim. 4:17; Heb. 11:33; I Ped.
5:8; Apo. 4:7, 5:5; 9:8,17; 10:3 e 13:2. 2. DESCRIÇÃO E CARACTERÍSTICAS
O leão é o maior e
mais formidavelmente armado de todos os animais carnívoros. Somente o tigre da Índia
lhe oferece competição. Um leão adulto da Ásia pode chegar até os 205 kg de
peso, e um leio africano, aos 230 kg de peso. Um leão pode matar um homem com
um simples golpe de pata; suas garras podem causar talhos de dez centímetros de
profundidade, em uma fração de segundo. Com um único golpe de pata, um leão
pode quebrar as vértebras de um novilho. Um leão geralmente chega aos 3,60 m de
comprimento. O recorde é 3,90 m de comprimento, da ponta do focinho à ponta da
cauda. As leoas são menores e mais leves que os leões. Os leões vivem, em
média, trinta anos. As fêmeas não têm juba, mas a cabeça dos machos tem pelos
luxuriantes, que descem até o pescoço, ao que chamamos de juba. São necessários
cerca de sete anos para que a juba se forme por completo em um leão adulto. A
reprodução e a concepção podem ocorrer em qualquer época do ano, e a fêmea dá à
luz a três ou quatro filhotes, uma vez por ano.
Os leões comem muitas
espécies de animais, pequenos e grandes, além de também caçarem certas aves. O
leão usualmente mata suas vitimas quebrando-lhes o pescoço, o que pode fazer
facilmente, devido às suas poderosas queixadas. Há leões que se tomam devoradores
de seres humanos. O leão tem excelente audição, como também visão e olfato
muito bem desenvolvidos.
O leão é famoso por
seu espantoso rugido, que, usualmente, solta para advertir a outros leões para que
se mantenham longe de seu territ6rio e de suas fêmeas. Alguns estudiosos dizem
que os leões são polígamos, mas outros insistem que eles são monógamos, Talvez
ambas as condições existam entre eles, dependendo do estilo de cada macho. Seja
como for, os leões brigam muito entre si e por causa das fêmeas. Além do homem,
que é o inimigo mais perigoso do leão, este tem de enfrentar parasitas e certas
enfermidades. Quase todos os leões, selvagens ou mansos, vivem infectados por
vermes, havendo uma elevada taxa de mortalidade entre os filhotes.
Há cerca de dez
espécies conhecidas de leões africanos. Também há várias espécies de leões asiáticos,
ligeiramente menores que seus primos africanos. Em nossos dias, o habitat dos
leões anda muito reduzido, em comparação com o que sucedia na antiguidade. Na
remota antiguidade, os leões vagueavam por grande parte do suleste europeu, por
todo o -continente africano, pela parte ocidental da Ásia e pelo subcontinente
indiano. Os romanos entretinham-se lançando aos leões os criminosos e os cristãos.
Quando esse cruel esporte se popularizou, havia grande demanda pelo rei dos
felinos. Lê-se que os romanos chegaram a cruzar leões em cativeiro, para
garantir que seu feroz entretenimento tivesse continuidade. As referências
bíblicas são muito numerosas no tocante ao leão e com base nisso; sabe-se que
essa espécie de animal era muito comum nas terras bíblicas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 746-747.
Leão, Panthera
leopérsica. O leão é um grande carnívoro de cor amarelo-castanho que caça
principalmente mamíferos sobre cascos e ataca com uma série de saltos e pulos.
Dentro do período histórico, o leão é encontrado na Europa e na Palestina. O
animal palestino era o leão asiático ou persa. Os machos têm uma juba pesada. A
juba para na altura dos ombros, mas recobre uma boa parte da barriga. Ele não
pode escalar e é principalmente noturno, retornando para a sua toca ou para a
mata durante o dia (Jr 4.7; 25.38; Ne 2.11,12).
Os leões eram comuns
nos tempos bíblicos em todas as partes da Palestina. A língua hebraica tem ao
menos sete palavras para leão e leãozinho, e a fera é mencionada mais de 130
vezes na Bíblia. Ele gradualmente diminuiu e tornou-se extinto pouco depois de
1.300 d.C. O leão estava presente na Mesopotâmia até o final do século XIX. A
caça ao leão era o esporte dos reis na Assíria (ANEP, # 184) e no Egito (ANET,
p. 243).
0 rugido do leão
acontece apenas com o estômago cheio, isto é, depois dele ter consumido a sua
presa (SI 22.13; Ez 22.25; Am 3.4). O leão é um animal corajoso (2 Sm 17.10; Pv
28.1), destrutivo (SI 7.2; Jr 2.30; Os 5.14; Mq 5.8), o inimigo do rebanho (Am
3.12), cujo rugido inspira o medo nos animais domésticos (Am 3.8; veja VBW,
III, 174-235;
1 Pe 5.8). Como todos
os grandes felinos, os leões às vezes tornam-se animais que atacam os homens (1
Rs 13.24-28; 20.36; 2 Rs 17.25,26; SI 57.4; Dn 6.7-27). Eles preferem campos
abertos, savanas e planícies.
Os leões desempenhavam
um papel importante no simbolismo político (1 Rs 10.19,20) e religioso do
Oriente Próximo (veja muitas referências na ANEP). Na Assíria e na Babilónia o
leão era considerado um animal real (Dn 7.4). Uma grande placa de basalto da
metade do segundo milénio a.C. foi encontrada em Bete-Seã retratando um
cachorro e um leão lutando (ANEP, # 228). O leão era a mais poderosa das feras
para o judeu e ilustrava o porte suntuoso de um rei (Pv 30.29-31). Dessa forma
ele simbolizava o governo (Gn 49.9; Nm 24.9) e até se tornou um título de
Cristo (Ap 5.5). O leão permanece um animal de zoológico favorito entre os
governantes de estilo oriental; o imperador da Etiópia ainda exibe os leões
reais.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 117.
Pv 22.13 Diz o
preguiçoso: Um leão está lá fora. O homem preguiçoso apresenta desculpas
absurdas para não ir trabalhar. Hoje ele ficará em casa porque pode suceder que
um leão esteja nas colinas e venha encontrá-lo na rua! Havia muitos leões da
montanha na Palestina, mas a chance de que algum deles descesse até as vilas ou
cidades era mínima. Ademais, apresentar desculpas dessa natureza significaria
que um homem nunca iria trabalhar. Pro. 26.13 repete a mesma ideia Talvez o
autor sacro tenha escolhido um exemplo absurdo sobre o tipo de coisas que
homens preguiçosos poderiam apresentar como desculpa para não trabalhar, mas
não esperava que tomássemos a sério a desculpa. Ver Pro. 6.6 e 19.15 quanto ao
preguiçoso, e ver no Dicionário os verbetes intitulados Preguiça e Preguiçoso.
Sinônimo. O homem é
uma presa fácil para um animal feroz, em contraste com outros animais, que
podem lutar. Somente homens como Sansão podem vencer leões. Não faz muito
tempo, uma mãe defendeu seu filhinho contra o ataque de um puma, não muito
longe de Los Angeles, e obteve grande sucesso, armada apenas com uma vara! Mas
isso foi uma exceção, e só podemos concluir que ela contou com alguma
espécie*de ajuda angelical. Também não era tempo de o menino morrer. O homem
preguiçoso, entretanto, não confiava em casos excepcionais. Ele simplesmente
ficou em casa, sem nada fazer, e dormiu por boa parte do dia (ver Pro. 6.9,10;
19.15; 20.13). Esse homem estava definitivamente enfermo. Quanto à vitória de
Sansão sobre o leão, ver Juí. 14. Outros, entretanto, não tiveram tal sorte
(ver I Reis 13.24).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2649.
Pv 22.13 - Este
provérbio se refere â desculpa que uma pessoa preguiçosa poderia usar para não
trabalhar. Esta pode parecer tola para nós, mas é frequentemente assim que nossas
desculpas soam para os outros. Jamais devemos ceder à preguiça. Devemos levar
nossa responsabilidade a sério e trabalhar.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 861-862.
Coitado do preguiçoso
(vv. 13-16)
Um leão está lá fora;
serei morto no meio da rua, diz ele (v. 13). Esse é um pobre a quem se deve
apenas misericórdia e paciência. Não vai à rua, com medo de ser morto pelo
leão; e não vai à cidade, com medo de ser assassinado. Então fica em casa
dormindo. Parece ser igual ao nosso Jeca-Tatu de Monteiro Lobato. Quanto a
mulheres estranhas (v. 14), ver as anotações de 5:7 e 7:1-27. É praga social
muito antiga e que jamais encontrou solução. O Senhor é contra esta situação,
mas até em Israel desde tempos imemoriais, havia essas mulheres. Um provérbio,
cuja doutrina nos surpreende: A estultícia está ligada ao coração da criança,
mas a vara da disciplina a afastará dela (v. 15). Interpretemos
"estultícia" por "inocência" ou "simplicidade"
mesmo. Todavia, o ensino do mestre é que a disciplina levará a criança a fugir
das consequências da sua inocência ou estultícia. De qualquer modo, vale o
ensino porque tem sido referido diversas vezes. Está de acordo com o verso 6,
que manda ensinar à criança o caminho em que deve andar. Cabe aos pais e
preceptores esta tarefa. Depois vem um provérbio muito rico de ensinamentos: O
que oprimo ao pobre para enriquecer a si, ou o que dá ao rico, certamente vai
empobrecer (v. 16). Tirar do pobre para dar ao rico é uma iniquidade, mas
acontece e era já coisa conhecida de Salomão e do seu tempo. É fato estranho e
que exige imaginação.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios.
Pv 26.13 Diz o preguiçoso:
Um leão está no caminho. Cf. esta seção com Pro. 6.6; 19.15 e 24.30-34. Este
versículo é idêntico a Pro. 22.13, onde ofereço notas expositivas. Mas aqui a
porção que diz que o preguiçoso teme ser “morto” pelo leão é deixada de lado;
mas compreendemos Isso. Ele permanecerá em seu leito, porquanto tem certeza de
que a morte se esconde lá fora, no caso de ele ir trabalhar, mesmo que não
houvesse outro perigo. Esse homem é assediado pela síndrome do pânico. Algumas
pessoas têm um temor patológico que as mantém dentro de casa. Nas cidades
populosas, onde há tantos crimes, muitas pessoas estão desenvolvendo esse tipo
de fobia. Mas um preguiçoso é apenas patologicamente preguiçoso, pois, na
realidade, não é atacado por nenhum pânico.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2670.
Pv 26.13-16 - Se uma pessoa
não estiver disposta a trabalhar, poderá encontrar infinitas desculpas para não
fazê-lo. A preguiça é mais penosa do que um leão. Quanto menos o preguiçoso
faz, menos quer fazer e mais inútil se toma. Para superar a preguiça, devem ser
dados alguns pequenos passos em direção à mudança.
É necessário
estabelecer uma meta concreta e realista, verificar quais são os passos
necessários para alcançá-la e segui-los. Deve-se orar. pedindo a Deus força e
persistência. Para que as desculpas não tornem alguém inútil, é necessário
parar de dar desculpas vãs.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 866.
O livro dos
indolentes (vv. 13-16;22:13;19:24)
O preguiçoso era um
tipo desprezível em Israel, e ao redor da sua preguiça giravam então diversos
provérbios, como o do leão na rua, e, com pretexto de medo o preguiçoso ficava
em casa, remexendo-se na cama ou no catre como a porta se move nos seus gonzos
para lá e para cá e nunca sai do lugar. Ou então como quem mete a mão no prato,
mas não tem coragem de a levar à boca (vv. 14 e 15). Todavia, o preguiçoso
também tem suas opiniões, e é isso que diz o verso 16, pois se julga mais capaz
do que sete homens que sabem o que dizem. A preguiça recebe no livro dos
Provérbios a sua condenação, porque ela é a causa do atraso de muitos povos,
que ficam de braços cruzados, à espera do que os outros fazem, de que os outros
pesquem o peixe para eles comerem.
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios.
2. Matando o leão.
Não há jeito para
quem é preguiçoso e não quer trabalha.
Ao escrever sobre a
preguiça, o escritor Os Guinnes destaca que: “A preguiça é o quarto dos sete
pecados capitais e — ao contrário das expectativas — quarto pecado do espírito,
e não o primeiro pecado da carne. Sua exclusividade está no fato de ser um
pecado de omissão, e não um de comissão, a ausência de uma atitude positiva, e
não a presença de uma atitude negativa. De forma distinta, é o mais moderno dos
vícios (um vício ausente na lista grega ou romana) e também o mais religioso.
Muitos neste mundo conseguem ir bastante longe na procura de compreender o
orgulho, a inveja, a ira, a avareza, a glutonaria e a cobiça sem fazer qualquer
referência a Deus, porém fazer o mesmo com a preguiça muda completamente seu
significado original. A preguiça é muito mais do que indolência, ociosidade
física ou estado de letargia viciada em televisão (“mais perto de Ti, meu
sofá”, como o New York Times intitulou). Ela é a condição de desânimo
espiritual explícito que desistiu de buscar a Deus, a verdade, o bom e o belo”.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 38.
O fato que devemos
deixar todas as nossas preocupações com Cristo não visa tornar-nos
·descuidados· quanto à caminhada espiritual, pois há um poderosíssimo inimigo
que busca nossa ruína.
*...sóbrios...· No
grego é «nepho», ·ser sóbrio·, «ser vigilante». Era palavra usada para indicar
a sobriedade física, isto é. a temperança, o evitar bebidas alcoólicas; mas
também indicava a vigilância de toda sorte, o estado de alerta espiritual. Este
verbo também tem sido usado em I Ped. 1:13 e 4:7. Os leitores do apóstolo são
exortadas a exercer ·autocontrole·, autor estrição. sob as circunstâncias difíceis
que atravessavam. Provavelmente a ideia também inclui a necessidade de «vigiar»
quanto à volta de Cristo para breve; considerando-se tal acontecimento, embora
futuro, é melhor que os crentes vigiem sua conduta. (Comparar com I Ped.
4:13,17 e 5:4). A ·parousia» ou segundo advento de Cristo está cm foco no
presente contexto. (Quanto a notas expositivas completas sobre o
·arrebatamento».
*...vigilantes...· No
grego é *gregoreo», «manter-se desperto», *ficar alerta», ·>manter-se
vigilante·. Foi o mesmo mandamento dado por Jesus a Pedro, Tiago e João, n o jardim
, durante os momentos de sua imensa provação (\e r Marc. 14:38 c seu contexto).
Na qualidade*de crentes, temos paz no intimo; mas isso não significa que nos
podemos retirar para um campo de férias. Há um amargo conflito cm progresso, c
temos de combater contra poderes espirituais da maldade, e não meramente contra
homens mortais, que se opõem e perseguem o evangelho. (Ver Efe. 6:11 e ss., bem
como as notas ali existentes, sobre a elaboração desse conceito).
«...o diabo ...· Deriva-se
de uma palavra que significa caluniador», equivalente ao termo hebraico ·satã».
As Escrituras o descrevem a caluniar dos homens santos e de Deus. Ele assaca
·acusações hostis· contra os crentes. Foi o acusador de Jó, e é pintado como se
vagueasse pela terra, espiando a fraqueza daqueles que procuram a vitória na inquirição
espiritual. E um leão que vagueia destruidor e sem misericórdia, o exemplo máximo
do mal e da depravação. Em seu ser não há bem algum, embora goste de
apresentar-se como ser bom. Provavelmente está auto enganado ao ponto de pensar
que realmente é melhor que Deus, merecedor da lealdade dos homens. Por toda a parte
as Escrituras falam dele como uma personalidade, a epítome do mal, assim como
Deus é a epítome do bem.
(Há notas expositivas
completas sobre «Satanás— derivado do hebraico, e que significa ·adversário»—em
Luc. 10:18 e João 8:44. Quanto a seu título e ·Belzebu·, ver Mat. 10:25 e Luc.
10:18. Quanto aos ·demônios, seus auxiliares», ver Marc. 5:2). De certo ângulo,
a própria história é a luta entre as forças do bem e do mal, em que a lealdade
do homem é reivindicada constantemente. Ê preciso muito tempo para que os
homens se convençam de que o bem é melhor do que o mal. Muitas lições repetidas
são necessárias a fim de aprendermos essa lição. Mas, enquanto isso não é
aprendido, os homens, até certo ponto, continuam escravos do mal inspirado por
Satanás.
A redenção, pelo
menos parcialmente, consiste na história de como homens são libertados dessa
servidão, pois, verdadeiramente, os remidos são libertados do domínio satânico.
«...leão...» Dado que
o leão é sem misericórdia ao buscar sua presa, destruindo-a totalmente, sem
qualquer consciência; e dado que o leão é poderoso, nada podendo
resistir-lhe—por essas razões. Satanás é bem representado aqui por esse felino.
«O leão ruge» porque busca sua presa em fome e furor. Quando a vítima é
dominada, o leão a devora·, o que indica, metaforicamente, *total destruição».
Isso é que Satanás faz contra uma alma. impedindo-a de possuir a salvação
divina, destruindo o indivíduo quanto à missão mencionada por ele para o Senhor. (Ver Jó
1:7 e 2:2 quanto às ·atividades de Satanás»). Sem dúvida Pedro aqui relembra
suas próprias experiências. Satanás desejava «peneirá-lo», e teria obtido
sucesso se o próprio Jesus não lhe tivesse oferecido proteção no momento
crítico. (Ver Luc. 22:31).
Cristo é chamado leão’
(ver Ap. 5:5) por causa de sua coragem. O diabo, por causa de sua ferocidade.
Um leão veio para conquistar, o outro, para ferir» (Agostinho).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 167-168.
8. Buscar a Deus, e a
libertação que Ele pode conceder, toma-se ainda mais importante quando a gente
se lembra de que os problemas que os cristãos enfrentam não têm uma explicação
tão somente sociológica, embora seja no meio social que eles se expressem. Há
forças espirituais em movimento, e elas não devem ser desconsideradas. As
forças do mal já foram derrotadas por Cristo, e sabem disso (3.18-22); pouco é
o tempo que lhes resta, antes de serem finalmente destruídas (Ap 12.12), por
ocasião da tão esperada revelação de Jesus Cristo, quando Ele dará fim ao presente
curso da história. Nesse tempo, elas estão se mobilizando para de alguma
maneira lutarem ainda contra o seu fim, já irremediavelmente decretado; e lutam
contra Deus e o Seu povo (todo o capítulo 12 de Apocalipse é iluminador no
nosso contexto). Os cristãos têm de reconhecer esta realidade, tomando suas
precauções, e sobretudo voltando-se para Deus, firmes na sua fé em Cristo (Senhor
sobre todas as forças espirituais deste mundo, 3.22). Aí, nada têm a temer.
Sede sóbrios e
vigilantes é uma conduta recomendada em vários lugares do N.T., especialmente
em contextos escatológicos (Mc 13.33-35; 1 Co 16.13; 1 Ts 5.6; este último
texto combina os dois elementos aqui mencionados). Nepsate (sede sóbrios) já
apareceu antes em 1.13, onde é combinado com o esperar a revelação de Cristo, e
em 4.7, onde a isso são acrescentadas as orações (importantes nesse processo). Vigilantes
indica a atitude de esperar de olhos abertos, acompanhando o que se passa e
sempre perscrutando o horizonte na expectativa da chegada do Senhor. Novamente é
relevante a parábola, Mat 24. 45-51. Aqui a mais uma razão bem ´próxima dele
para este estado de alerta e de sobriedade criteriosa. O diabo, vosso
adversário, anda em derredor. As forças do mal são, assim congregadas e
representadas na pessoa de um só, o “maioral dos demônios” (Mc 3.22,-aplicado a
Belzebu, que é a mesma entidade aqui mencionada). No N.T., vários nomes são dados
a esse “príncipe” dos demônios, que encarna em si a maldade e o poder da
corrupção e do pecado (cf. Ap 12.9, onde recebe cinco designações: “o grande
dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo
mundo “). Em João 14. 30 ele é ainda o príncipe deste mundo”. Diabo que se
tornou o seu nome mais comum muitas vezes nem lembra mais o sentido deste nome
(acusador, difamador, aquele que traz confusão). A sua principal
característica, no tocante ao povo cristão, é que ele é o seu adversário (gr.
antidikos, palavra que descreve o movimento de que se fala em Ap 12.10; um
acusador num tribunal), ou seja, aquele que está tentando derrotá-los, apesar
de ser ele próprio o grande derrotado por Cristo. Ele anda em derredor, sempre
presente, na espreita, como leão que ruge procurando alguém para devorar. Esta
figura lembra o Salmo 22. 13, que era lido pelos cristãos como se referindo a
paixão de Cristo. Não sé está querendo dar importância demasiada ao diabo ao representá-lo
como um leão, mas simplesmente descreve-se o modo como ele se movimenta. O seu
rugir poderia ser interpretado pelos leitores como as acusações e difamações
que contra eles são feitas, as ameaças que eles sofrem. Katapiein (devorar)
sintetiza o objetivo do diabo com relação aos crentes: dissuadi-los da sua fé,
fazê-los desviarem-se de Deus, o que representa a sua perdição, a sua morte. Ao
negarem a sua fé, eles estariam sendo tragados para dentro daquela massa
informe do mundo sem Deus, onde o mal os irá despersonalizando e fazendo com
que, no fim, percam de todo o propósito para o qual foram criados por Deus.
Ênio
R. Mueller. Introdução e Comentário I
Pedro Série Cultura Bíblica. Editora Vida Nova. pag. 261-262.
5.8 — Sede sóbrios.
Isso significa ter disciplina, pensar de maneira sensata, e não tola.
Vigiai. Devemos estar
atentos a toda cilada espiritual que a vida nos prepara e andar corretamente, para
evitarmos tropeçar.
Vosso adversário.
Satanás é nosso inimigo declarado.
Ele nunca deixa de
ser hostil para conosco e está constantemente nos acusando diante de Deus (Jó
1.9—2.7; Zc 3.1; Lc 22.31; Ap 12.10).
Bramando como leão.
Satanás é astuto e cruel. Ele nos ataca quando menos esperamos e sua intenção é
destruir-nos completamente.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 703-704.
IV - O
TRABALHO E A METÁFORA DOS ESPINHEIROS (Pv 24.30-34)
1. Trabalho,
prosperidade e espiritualidade!
A última metáfora
contrastando a preguiça com o trabalho que encontramos em Provérbios é da
figura dos espinheiros.
“Passei pelo campo do
preguiçoso e junto à vinha do homem falto de entendimento; eis que tudo estava
cheio de espinhos, a sua superfície, coberta de urtigas, e o seu muro de pedra,
em ruínas. Tendo o visto, considerei; vi e recebi a instrução. Um pouco para
dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso,
assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e atua necessidade, como um homem
armado” (Pv 24.30-34).
Como nas outras
metáforas, aqui também o Sábio fala da falta de dedicação ao trabalho por parte
do preguiçoso: “Passei pelo campo do preguiçoso e junto á vinha do homem falto
de entendimento; eis que tudo estava cheio de espinhos”. A roça ou fazenda do
preguiçoso estava cheia de espinhos. Em vez de legumes, havia espinheiros! O
capítulo 8 do Evangelho de Lucas mostra que uma das razões da semente não ter
frutificado foi por que esta foi sufocada pelos espinhos. Se o lavrador não
demonstrar diligência na sua lavoura, os espinhos e as ervas daninhas tomam
conta da mesma. É o que acontece com a roça do preguiçoso.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 39.
TRABALHO A tradução
de uma variedade de palavras gregas e hebraicas usadas para indicar uma
variedade ainda maior de funções (físicas, mentais, espirituais). Todas são,
porém, de alguma forma relacionadas à atividade regular (tanto no sentido de
manutenção como de produtividade) de se cumprir o propósito da existência de
algo. A ênfase não está na atividade que é difícil, pesada ou necessária, mas
naquela que é real, produtiva e valiosa.
O conceito bíblico do
trabalho do homem no mundo é predito na declaração da obra de Deus ao criar e
sustentar o mundo e o homem nele. A atividade criadora de Deus é mencionada
como "toda sua obra que tinha feito [na criação]" (Gn 2.2,3).
Enquanto descansava de seu trabalho de criação inicial que estava então
"terminado", Deus é citado como ainda trabalhando criativamente não
só na sustentação ativa de sua criação (Hb 1.3), mas em sua responsabilidade
providencial para a qualidade dinâmica da auto propagação com a qual Ele dotou
sua criação (S119.1SS.; 104.24; Is 61.11). Depois de Deus ter criado o
universo, foi observado que "não havia homem para lavrar a terra" (Gn
2.5), e assim "plantou o Senhor Deus um jardim no Éden... e pôs ali o
homem que tinha formado" ,(v.8) "para o lavrar e o guardar"
(v.15). É importante notar que este compromisso do homem com o trabalho
assemelha-se à sua criação; e esta, por sua vez, está diretamente relacionada
com a necessidade do trabalho. Não só o homem é necessário para completar a
criação, mas o trabalho do homem também é necessário. Seu trabalho é tão reflexivo e
derivado do trabalho de Deus quanto é seu ser e, por esta razão, é tão
importante e digno. Visto que o trabalho é um elemento integral da constituição
de Deus do homem como o administrador de sua criação, o trabalho é o resultado
da criação e não do pecado.
O homem pecou quando
procurou fugir do trabalho humano, e obter a posição de Deus. O efeito do
pecado sobre o trabalho não foi criá-lo (pois ele havia sido dado antes da
queda), mas frustrar seu desempenho e empobrecer as suas recompensas. O homem
que deveria lavrar a terra e guardá-la (Gn 2.15) é agora informado de que,
"maldita é a terra" por causa dele; e com dor comeria dela (3.17) e
"no suor do rosto" comeria seu pão (v.19). A essência do trabalho,
então, torna-se sobrecarregada por acidentes trazidos pelo pecado.
A palavra
"trabalho" é usada em todos estes sentidos: heb. aseb (Is 58.3) e
'eseb (Pv 5.10) são fardos penosos, e 'amai (Dt 26.7; 20 vezes em Eclesiastes
etc.) é uma atividade pesada. O termo heb. y'gia (Jó 39.11; Ag 1.11) é o
produto do trabalho, ou a propriedade adquirida; ma'aseh (Êx 23.16) é o
trabalho feito. O termo heb. mela'ka (Ne 4.22; que consta mais de 120 vezes
como "trabalho") é a ocupação, negócio ou trabalho de uma pessoa;
'aboda (Ex 1.14; 39.32; Lv 23.7; SI 104.23) é o trabalho escravo ou a tarefa
diária de uma pessoa. O termo heb. pe'illa (Pv 10.16; Ez 29.20) é geralmente
encontrado no plural como "realizações" ou "paga". A LXX
usa o termo gr. kopos para traduzir 'amai, e o NT o usa para expressar as obras
dos justos ao realizarem a vontade de Deus (Jo 4.38; Hb 6.10). Este é um termo
caracteristicamente palestino (1 Co 3.8; 15.58 etc). Aqueles que trabalham
excessivamente a ponto de chegarem à exaustão (kopiao) para carregarem o jugo
da lei e atenderem às suas exigências são convidados pelo Senhor Jesus a virem
a Ele (Mt 11.28). O NT também usa o termo grego geral para trabalho ou negócio
(ergon) neste sentido especial do trabalho ou da obra de um homem (1 Co
3.13-15). Os hebreus sempre tinham o trabalho em elevada consideração (Pv
22.29) e, ao contrário dos gregos e romanos, respeitavam o trabalho manual:
"Quem a ajunta pelo trabalho [lit. pelas mãos] terá aumento" (Pv
13.11). No Talmude existem provérbios como os que se seguem: "Aquele que
não ensina a seu filho um ofício é como se o guiasse para o roubo"; e
"O trabalho deve ser grandemente premiado, pois ele exalta o trabalhador,
e o sustenta". Os apóstolos trabalhavam com as próprias mãos (At 18.3), e
ensinavam que os cristãos deveriam fazer o mesmo (1 Ts 4.11; 2 Ts 3.10ss.).
Veja Trabalhador; Ocupações; Serviço; Salário. W.A.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 1954-1956.
Assumindo a nossa
espiritualidade
A teologia da
prosperidade conseguiu implantar na cultura evangélica a ideia de que o
verdadeiro bem-estar espiritual não pode ser conciliado com qualquer forma de
sofrimento. Se o crente está sofrendo, então não está sendo próspero. Talvez o
único sofrimento ainda possível dentro dessa ótica seja aquele que ocorre em
decorrência de uma perseguição religiosa. Sofrer, por exemplo, em consequência
de uma enfermidade ou em decorrência de um revés financeiro demonstra decadência
e falta de fé.
Todavia, a Bíblia
mostrará que o sofrimento também tem seu lado pedagógico na vida do crente (SI
119.67). Em outras palavras, Deus também nos ensina por meio das adversidades,
o que inclui também o sofrimento em determinadas circunstâncias da vida. Jó,
por exemplo, sofreu não em decorrência de um pecado pessoal ou por possuir uma
fé fraca (Jó 1.1-3). R. C. Sproul (1998, p. 51) comenta:
Jó implorou para que
Deus respondesse a suas perguntas. Desesperadamente ele queria saber por que
tinha sido chamado para suportar tanto sofrimento. Finalmente Deus lhe
respondeu do meio do redemoinho. Mas a resposta não foi a que Jó esperava. Deus
se recusou a apresentar a Jó uma explicação detalhada das suas razões para o
sofrimento. O conselho secreto de Deus não foi revelado a Jó. Em última
análise, a única resposta que Deus deu a Jó foi uma revelação de si mesmo. E
como se Deus tivesse dito: "Jó, Eu sou a sua resposta". Jó não foi
chamado a confiar num plano, mas numa Pessoa, num Deus pessoal que é soberano,
sábio e bom. E como se Deus tivesse dito a Jó: Aprenda que eu sou. Quando você
me conhecer, saberá o suficiente para enfrentar qualquer coisa.
Da mesma forma Paulo
tinha o sofrimento como um dos instrumentos do Senhor para lapidar a sua vida espiritual.
Para ele o sofrimento que passou era uma garantia de não se deixar possuir pelo
orgulho (2 Co 12.7-10).
A prosperidade
bíblica vai além da vida em total saúde ou riqueza, por reconhecer que o
cristão passa por adversidades, doenças e reveses financeiros. Por outro lado,
a prosperidade bíblica não possui apenas o lado espiritual; ela é também
material. Não nega o valor dos bens espirituais por meio de uma idealização da
pobreza, mas reconhece o direito às posses como bênçãos do Senhor sem, contudo,
colocá-las como primazia em sua vida (Mt 6.33; 6.19.20)
GONÇALVES. José,. A Prosperidade a Luz da Vida. Editora
CPAD. pag. 180-181.
Pv 24.30 Passei pelo
campo do preguiçoso... Esta sexta nova declaração é, na realidade, um pequeno
discurso, um dos significados possíveis da palavra provérbio,
conforme usada no
livro presente. Diz respeito ao preguiçoso, um tema comum do livro de
Provérbios. Ver a nota de sumário sobre o preguiçoso, em Pro. 6.6, e ver também
outras notas em Pro. 19.25. Ver no Dicionário os verbetes chamados Preguiça e
Preguiçoso, quanto a detalhes completos.
“A preguiça é
fortemente censurada pelos sábios hebreus. Cf. Pro. 6.6-11. Os últimos
versículos desta passagem são similares aos últimos versículos desta seção. Ver
também Pro. 10.4; 12.24,27; 13.4; 15.19; 18.9; 19.15; 20.4,13 e 21.25' (Charles
Fritsch, in ioc.).
l/s. 30. Este
versículo atua como introdução ao pequeno discurso. Na primeira linha, vemos o
sábio caminhando pelos campos de um agricultor preguiçoso; na segunda linha,
sinônima, ele caminha pelo vinhedo de um preguiçoso que não tem bom senso.
Esses dois homens preguiçosos não têm inclinação para o trabalho, e seu local
de trabalho vive em um caos total. O sábio sabe que o caos que se vê no campo e
no vinhedo é equivalente ao caos na mente do agricultor e do vinhateiro. Ao
preguiçoso (ver Pro. 19.24) falta bom juízo. Cf. Pro. 6.32 e 10.13. Ele não
estudou a lei de Moisés, ou, se a estudou, desconsidera suas declarações, que
comandam o entusiasmo e as ações corretas. As declarações de sabedoria fomentam
a lei e dão força a suas demandas. O preguiçoso, porém, é por demais dorminhoco
para cuidar das demandas da lei. A lei do preguiçoso é o próprio lazer. Ele
espera que outras pessoas supram as suas necessidades.
Este versículo deve
ser conferido com Mat. 21.33. Este discurso tem sido espiritualizado para falar
da receptividade espiritual e do trabalho enérgico, em contraste com a
indiferença espiritual. Ver Gál. 5.22,23 quanto à metáfora agrícola. Ver no
Dicionário o artigo chamado Agricultura.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2663.
Seguem algumas
observações a respeito do preguiçoso, em figura ridícula, tantas vezes repetida
nos provérbios. Passei Pelo campo do preguiçoso o eis que tudo estava cheio de
espinhos... (v. 31). Só o trabalho constrói; a preguiça é uma doença que tudo
destrói. Para ridicularizar o preguiçoso, o sábio diz que passou pelo seu campo
e tudo estava cheio de mato e espinhos, e o muro da divisa, arrombado. Isso lhe
deu uma oportunidade de dar outra lição, um aforisma interessante:
"Um pouco para
dormir, um pouco para tosquenejar, Um pouco para cruzar os braços, em repouso,
Assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão" (vv. 33 e 34).
Como o açoite para o
preguiçoso, não há coisa melhor, porque um pouco disto e um pouco daquilo, lá
se vai a fazenda do homem que não trabalha. Quantos terão usado este aforisma
nas suas ilustrações?
Antônio
Neves de Mesquita. Provérbios.
Ef 4.28 - A frase
trabalhe, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade significa
que, em vez de tomar o que é de outra pessoa, o cristão deve ganhar o
suficiente para dividir parte de seus ganhos com os necessitados. Não se trata
de um simples chamado para que o indivíduo deixe de roubar ou ser ganancioso,
mas, sim, para que ele seja generoso e tenha uma verdadeira mudança de atitude.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 510.
Ef 5.28. Antes
trabalhe. O cristão, além de não dever roubar, deve também trabalhar pelo
bem-estar seu e de sua prática. As Escrituras recomendam o trabalho honesto
(cons. I Ts. 4: 11. 12). Na verdade, o apóstolo afirma que aquele que não
quiser trabalhar não deve comer (II Ts. 3: 10).
Charles
F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody.
Efésios. Editora
Batista Regular. pag. 29.
Se alguém não quer
trabalhar, também não coma (10). Isto bem pode ser um provérbio judaico,
baseado em Gn 3.17 e segs. Mesmo os rabinos sabiam ganhar a vida por trabalhos
manuais, para não fazerem do ensino da lei meio de lucro. Paulo se sustentava
trabalhando com couro.
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. II Tessalonicenses. pag. 13.
Trabalhe
ou não coma. 3:10.
10. O tempo
imperfeito de vos ordenamos mostra que mais de uma vez Paulo insistiu com eles
a serem diligentes, usando as palavras: Se alguém não quer trabalhar, também
não coma. Não quer indica que esta é uma inatividade proposital. Este ditado
pode ter sua base na interpretação judia de Gn. 3:19.
Charles
F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody.
II Tessalonicenses. Editora Batista Regular. pag.14.
Mui provavelmente
temos aqui o reflexo de um provérbio judaico, que expressa uma moralidade
simples e prática. Declarações similares a esta têm sido encontradas nas
tradições judaicas de séculos posteriores. É possível que estivesse
fundamentada, originalmente, sobre Gên. 3:19. Palavras quase exatas podem ser
encontradas no Talmude, Bereshit Rabba (secção 14, foi. 13:1), em Echa Rabbat
(foi. 48:4) e em Midrash Kohelet (foi. 65:4). E no Talmude Babilônico, Avo da
Zara (foi. 3:1), encontramos um sentimento parecido. Lemos ali: «Aquele que
trabalhar na noite do sábado (ou seja, em dias de semana), comerá no dia de
sábado; mas aquele que não trabalhar na noite do sábado, de onde tirará o seu
sustento (ou que autoridade terá para comer) no dia de sábado?» Isso pode ser
confrontado com «Chartism», capítulo terceiro, de autoria de Carlyle, onde se
lê: «Em todos os sentidos precisa ser dito, especialmente nestes nossos dias, e
em altas vozes, que para os ociosos não há lugar nesta Inglaterra... aquele que
não quiser trabalhar, segundo suas faculdades, que pereça de acordo com suas
necessidades».
Dentro das antigas
leis romanas, c om o no caso das Doze Tábuas, encontramos quase a mesma
declaração: «Se algum homem prefere não trabalhar, que também não coma». Existe
algo na consciência humana que nos diz que é errôneo alguém ser indolente, ocioso;
e há algo de bom no trabalho, ainda que seja daquela espécie que não produza o
que poderíamos denominar de resultado espiritual. Através dessa declaração,
pois, Paulo adverte aos crentes tessalonicenses contra o «falso amor» que
galardoa o ócio com suprimentos adequados. É bem possível que, por meio desse estratagema,
aqueles ociosos assim conseguissem sustentar-se, explorando o senso de caridade
dos crentes, de seus amigos ou de seus parentes.
Tanto o judaísmo como
o cristianismo primitivo davam grande importância às esmolas (o que é comentado
em Atos 3 :2); mas essas esmolas eram dadas para os que realmente padeciam
necessidade, e não para aqueles que podiam prover para si mesmos, se assim
quisessem fazê-lo.
Alguns estudiosos têm
pensado que a igreja de Tessalônica havia copiado às igrejas da Judéia, adotando
alguma forma de «comunidade de bens», compartilhando de seus bens e
propriedades (ver Atos 4:32 e ss.). E isso poderia explicar como os ociosos
eram capazes de viver tão facilmente às custas da igreja, e também por qual razão
algumas regras tinham de ser baixadas, para regulamentar a questão.
Naturalmente, isso é apenas conjectura, não tendo nós meio de negar ou de
confirmar o fato. O trecho de I Tes. 2:14, que menciona aqueles crentes como
«imitadores» das igrejas da Judéia, talvez nada signifique senão que as
imitavam c om o grupos perseguidores. (Isso pode ser comparado com o trecho de
Sal. 128:2, que diz: «Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te
irá bem. E Pro. 10:4 estipula: «...a mão dos diligentes vem a enriquecer-se»).
«Não há que duvidar
que a indolência e o ócio são amaldiçoados por Deus. Além disso, sabemos que o
homem foi criado com isso em vista—que ele fizesse algo. Não apenas as
Escrituras nos dão esse testemunho, mas a própria natureza assim o ensina aos pagãos.
.. Paulo censura aqueles preguiçosos e indolentes, que viviam do suor alheio,
ao mesmo tempo que não contribuíam com serviço algum para ajudar à raça
humana». (Calvino, in loc.).
A regra áurea do
labor: Lemos, em Marc. 6 3 : «Não é este o
carpinteiro...?» Isso indica que o Senhor Jesus se ocupava do labor
físico. O trabalho é apresentado como um dever moral, embora existam vários
tipos de trabalho que não exigem muito esforço físico, dos músculos, e, sim, é principalmente
mental. Não obstante, a atividade mental também é trabalhosa, e às vezes é mais
exaustiva que o trabalho manual, que pode ser benéfico para o corpo, ao passo
que o trabalho mental serve somente para desgastar o corpo físico. O trabalho é
a quilo que nos faz ocupar proveitosamente o nosso tempo, mediante o que
podemos ganhar a própria vida, não tendo de depender de esmolas e atos
caridosos de outros. E esse trabalho, ainda que honesto, pode envolver esforço
físico ou não.
Outrossim, nenhuma
reprimenda é lançada, neste versículo, contra aqueles que, por diversas razões,
não podem trabalhar, como os insanos ou os enfermos.
Em João 21:3, nas
notas expositivas, expomos várias citações acerca da santidade do trabalho, que
ilustram admiravelmente bem o presente versículo. O trabalho é visto como algo
santificado em Cristo, pois todo o trabalho secular e espiritual faz parte de
seu planoc sendo feito em favor dele. Por isso mesmo, não existe realmente o
que os homens convencionaram chamar de trabalho «secular». Tudo faz parte do
desígnio divino para nós, e, potencialmente, todo o trabalho honesto honra a
Deus.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 261.
2.
Trabalho, ócio e lazer.
Quem
ler os Provérbios sem muita atenção fica com a impressão de que Salomão exalta
o trabalho e não deixa espaço para o lazer. Se por um lado o Sábio exalta o
valor do trabalho nos Provérbios, por outro ele mostra que há também espaço
para o lazer. Isso fica mais claro no seu livro de Eclesiastes. Todavia o que
deve ser observado é que até mesmo no nosso trabalho podemos encontrar
satisfação, alegria e prazer.
O lazer, portanto,
pode ser obtido quando nos vemos e nos reconhecemos naquilo que fazemos. Para o
filósofo Mário Sérgio Cortella, precisamos ver o trabalho como algo no qual nos
reconhecemos e não como um castigo que merecemos. Em uma excelente exposição
sobre as várias concepções que as sociedades atribuíram ao trabalho ao longo da
história, ele diz: “Etimologicamente, a palavra ‘trabalho’ em latim é labor. A
ideia de tribalium aparecerá dentro do latim vulgar como sendo, de fato, forma
de castigo. Mas a gente tem de substituir isso pela ideia de obra, que os
gregos chamavam de poiesis, que significa minha obra, aquilo que faço, que
construo, em que me vejo. A minha criação, na qual crio a mim mesmo na medida
em que crio no mundo ...
[...]
Porque um bombeiro, que não ganha muito e trabalha de uma maneira contínua em
algo que a maioria de nós não gostaria de fazer, volta para casa cansado, mas
de cabeça erguida? Por causa do sentido que ele vê no que faz. Por causa da
obra honesta, a serviço do outro, independentemente do status desse outro, da
origem, da etnia, da escolaridade etc. Aí, não é suplício”.
Em seu livro O Ócio
Criativo, o sociólogo italiano Domenico De Masi, mostra a relação entre o
trabalho e o lazer. Para ele estamos passando de uma sociedade industrial, de
trabalho puramente mecânico para uma outra onde até mesmo o ócio é valorizado.
Mas para De Masi a palavra ócio não possui o mesmo sentido que nós lhe
atribuímos no cotidiano, isto é, desocupação, preguiça, moleza e, indolência.
Não, não é isso. Na introdução do seu livro, feita por Maria Serena Palieri é
destacado que De Masi está mais preocupado com a inovação existencial do que
logística. Ela destaca que ócio para ele: “E a mistura entre as suas
atividades: quanto de trabalho, quanto de estudo e quanto de jogo existem em
cada uma delas. A sua nova sabedoria, diz, exige que em toda ação estejam
presente trabalho, jogo (lazer) e aprendizado. Quando dá uma aula ou uma
entrevista, quando assiste a um filme ou discute animadamente com os amigos,
deve sempre existir a criação de um valor e, junto com isso, divertimento e
formação. E justamente isso que ele chama de “ócio criativo”.
Embora a tese de De
Masi tenha como ponto de partida a realidade do primeiro mundo, em que as
condições de trabalho são diametralmente opostas às de um trabalhador
terceiro-mundista, todavia o principio de que devemos desfrutar do lazer como
um fruto do trabalho permanece válido.12 Nesse aspecto, ócio não é ficar sem
fazer nada, mas justamente o contrário — é aproveitar de forma agradável cada
momento de nossa vida, quer estejamos trabalhando com amigos ou em nossa casa.
GONÇALVES. José,. Sábios Conselhos para um Viver Vitorioso
Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Editora CPAD. pag. 39-41.
Pv. 24.33. Este
versículo duplica o trecho de Pro. 6.10, onde ofereço as notas expositivas. O preguiçoso
dorme a noite inteira, e então, no dia seguinte, descansa por nada haver feito.
E novamente se deita; novamente dorme; ele fez do sono o seu objetivo na vida,
bem como o seu estilo de vida. Os homens que seguiam esse estilo de vida
tinham-se arruinado e lançaram suas terras no caos. Esperamos somente que eles
não tivessem filhos.
Pv 24.34. A pobreza
cai subitamente sobre o preguiçoso, tal como o ladrão ataca a sua presa
(conforme dizem a Revised Standard Version e a tradução da Imprensa Bíblica Brasileira,
que substituíram o termo hebraico mithhallekh pelo vocábulo kimehallekh. A
primeira dessas palavras significa viajante, sendo usada no trecho paralelo de
Pro. 6.11, onde ofereço a exposição).
Sinônimo. O homem
armado ataca subitamente e sem aviso prévio, e depois faz ainda outra vítima,
Ele se enriqueceu, mas suas orações empobreceram proporcionalmente. Um dos
significados é que a vítima não pode resistir ao atacante, que está armado. Foi
assim que o homem preguiçoso, através de anos de cultivo, criou circunstâncias
de pobreza, e algum dia se verá impotente contra a mais abjeta pobreza.
Todos aqueles para
quem trabalhei tomaram o caminho de fuga mais fácil. Não estamos lutando por
coisa alguma.
Somos tão mentalmente
preguiçosos, que já poderíamos ser considerados mortos. (Beatie Bryant)
Essa senhora nunca
trabalhou para mim. Ela, entretanto, deve ter sido uma funcionária pública.
Verdadeiramente, os empregadores que trabalham para o governo, e seus
“empregados”, ajustam-se à descrição dada acima. Ou seja, “muitos deles”,
porquanto a filosofia nos ensina que todas as generalizações falham em alguma
coisa.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2665-2664.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário