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13° LIÇÃO 3 TRI 2013 O SACRIFÍCIO QUE AGRADA A DEUS


O SACRIFÍCIO QUE AGRADA A DEUS
29/09/2013               HINOS SUGERIDOS 400, 432, 546.
TEXTO AUREO
“Eu te oferecerei voluntariamente sacrifícios; louvarei o teu nome, ó Senhor, porque é bom” (SI 54.6).

VERDADE PRATICA
Ajudando os nossos irmãos, contribuímos para a obra de Deus, e, ao Senhor, oferecemos a mais pura ação de graças.
LEITURA DIÁRIA
Segunda                   - Gn 4. 1-7                Os primeiros sacrifícios
Terça                         - SI 50.7-23              Os sacrifícios que Deus quer
Quarta                       - SI 51.17                 Sacrifícios para Deus
Quinta                        - Hb 13.15               Sacrifício de louvor
Sexta                         - Is 58.1-12              O sacrifício do jejum
Sábado                     - Fp 4.14-18            O auxílio como oferta a Deus
LEITURA BÍBLICA EIVI CLASSE
Filipenses 4.14-23
14 - Todavia, fizestes bem em tomar parte na minha aflição.
15 - E bem sabeis também vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente.
16 - Porque também, uma e outra vez, me mandastes o necessário a Tessalônica.
17 - Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que aumente a vossa conta.
18 - Mas bastante tenho recebido e tenho abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus.
19 – O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus.
20 - Ora, a nosso Deus e Pai seja dada a glória para todo o sempre. Amém.
21 - Saudai a todos os santos em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo vos saúdam.
22 - Todos os santos vos saúdam, mas principalmente os que são da casa de César.
23 - A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos. Amém!
14 Yet it was kind of you to share my trouble.
15 And you Philippians yourselves know that in the beginning of the gospel, when I left Macedo'nia, no church entered into partnership with me in giving and receiving except you only;
16 for even in Thessaloni'ca you sent me help once and again.
17 Not that I seek the gift; but I seek the fruit which increases to your credit.
18 I have received full payment, and more; I am filled, having received from Epaphrodi'tus the gifts you sent, a fragrant offering, a sacrifice acceptable and pleasing to God.
19 And my God will supply every need of yours according to his riches in glory in Christ Jesus.
20 To our God and Father be glory for ever and ever. Amen.
21 Greet every saint in Christ Jesus. The brethren who are with me greet you.
22 All the saints greet you, especially those of Caesar's household.
23 The grace of the Lord Jesus Christ be with your spirit.
INTERAÇÃO
Professor, com a graça de Deus chegamos ao final de mais um trimestre. Durante os encontros dominicais você e seus alunos, com certeza foram edificados, exortados e consolados por intermédio da Epístola aos Filipenses. Paulo foi um homem que colocou sua vida a disposição do Mestre. Seu ministério esteve sempre em primeiro lugar. Muitos foram os sacrifícios que este abnegado servo de Deus teve que fazer para que o Evangelho chegasse até aos confins da terra. Nem mesmo a prisão foi capaz de impedi-lo de levar as boas novas aos perdidos. Ele pregou, ensinou e fez muitos discípulos, mesmo estando no cárcere. Paulo padeceu muito, todavia ele ensinou os crentes de Filipos e a nós também a termos uma vida cristã feliz. Sigamos o seu exemplo!
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Compreender como foi a participação da igreja de Filipos nas tribulações de Paulo.
Explicar o ato de reminiscência entre Paulo e os filipenses.
Analisar a oblação e a generosidade dos filipenses.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Para o encerramento do trimestre reproduza o quadro da página seguinte conforme as suas possibilidades. Utilize-o ao concluir a lição. Apresente aos seus alunos alguns temas importantes que encontramos na Epístola aos Filipenses. Conclua perguntando à classe o que eles aprenderam de mais significativo durante o trimestre e o que gostariam de relatar para toda a classe.
PALAVRAS-CHAVE
Oblação: Oferta sacrifical comestível; na lição é a oferta que os filipenses entregaram ao apóstolo Pauto.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Além de apresentar assuntos de ordem doutrinária, a Epístola aos Filipenses destaca a gratidão e a alegria do apóstolo Paulo. Nela, temos uma das mais belas expressões de amor, confiança e contentamento de toda a Bíblia. Na última lição deste trimestre, veremos Paulo apresentando a assistência que recebera dos filipenses como oferta de amor e sacrifício agradável a Deus.
O apóstolo descreve o quanto o seu coração se aqueceu com a
demonstração de amor e carinho dos filipenses. No final da epístola, ele revela a sua total confiança na suficiência de Cristo, pois esta lhe concedeu força para desenvolver o seu ardoroso ministério.
I - A PARTICIPAÇÃO DA IGREJA NAS TRIBULAÇÕES DE PAULO (4.14)
1. Os filipenses tomam parte nas aflições do apóstolo. Paulo via a participação dos filipenses em suas tribulações como o agir de Deus para fortalecer o seu coração. A expressão “tomar parte” (v.14) sugere a ideia de “partilhar com, ou coparticipar de”. A igreja de Filipos estava participando das aflições e tribulações com o apóstolo. Ela sentia as agrura de sua prisão. Por outro lado, o apóstolo sentia-se abençoado por Deus pelo fato de ser lembrado com tamanho amor e ternura pela comunidade cristã filipense.
2. O exemplo da igreja após o Pentecostes. A igreja de Filipos vivia a mesma dimensão de serviço da comunidade de Jerusalém nos dias de Pentecostes (At 2.45-47). Com o seu exemplo, os filipenses nos ensinam que “tomar parte”, ou “associar-se”, nas tribulações de nossos irmãos é mostrar-se amorosamente recíproco. Ou seja: devemos nos amar uns aos outros, pois assim também Cristo nos amou.
3. O padrão de amor para a Igreja. O amor dos filipenses para com o apóstolo Paulo mostramos que esse deve ser o padrão de nosso cotidiano: a generosidade no repartir constitui-se em “sacrifícios que agradam a Deus” (Hb 13.16).
SINOPSE DO TÓPICO (1)
A igreja de Filipos vivia a mesma dimensão de serviço da comunidade de Jerusalém nos dias de Pentecostes.
II - REMINISCÊNCIA: O ATO DE DAR E RECEBER (4,15-17)
1. Paulo relembra o apoio dos filipenses. O versículo 15 destaca a generosidade dos crentes filipenses em relação a Paulo. Mesmo sendo uma igreja iniciante e pobre, assim que tomou conhecimento das necessidades do apóstolo, a comunidade de fé de Filipos o apoiou integralmente (v. 16). Com isso, os filipenses tornaram-se cooperadores do apóstolo na expansão do Reino de Deus até aos confins da terra. É por isso que Paulo não podia esquecer do amor que lhe demonstraram os crentes daquela igreja.
2. O necessário para viver. O versículo 16 revela-nos outro grande fato. Enquanto o apóstolo estava em Tessalônica, a igreja em Filipos continuava a enviar-lhe “o necessário” à sua subsistência. No ato de “dar e receber”, os filipenses participavam do ministério de Paulo, pois não tinham em mente os seus interesses, mas as urgências do Reino de Deus.
Por outro lado, Paulo não se deixava cair na tentação do dinheiro. As ofertas que ele recebia eram aplicadas integralmente na Obra Missionária. O apóstolo bem sabia da relação perigosa que há entre o dinheiro e a religião (1 Tm 6.10,11). Tal atitude leva-nos a desenvolver uma consciência mais nítida quanto às demandas do Reino. Fujamos, pois, das armadilhas das riquezas deste mundo, pois, como disse o sábio Salomão, “quem ama o dinheiro, jamais dele se farta” (Ec 5.1 0).
3. “Não procuro dádivas”. Para o apóstolo, a oferta que lhe enviara a igreja em Filipos tinha um caráter espiritual, pois ele não andava a procura de “dádivas” (v.17). Quem vive do ministério deve aprender este princípio áureo: o ministro de Deus não pode e não deve permitir que o dinheiro o escravize. No final de tudo, o autêntico despenseiro de Cristo deve falar com verdade: “Não procuro dádivas”! Sua real motivação tem de ser o benefício da igreja de Cristo. Assim agia Paulo. Ele dava oportunidade aos filipenses, a fim de que exercessem a generosidade, tornando-os seus cooperadores na expansão do Reino de Deus (v.17 cf. Hb 13.16).
SINOPSE DO TÓPICO (2)
Paulo não caiu na tentação do dinheiro. As ofertas que ele recebia eram aplicadas integralmente na Obra Missionária.
III - A OBLAÇÃO DE AMOR E SAUDAÇÕES FINAIS (4.18-23)
1. A oblação no Antigo Testamento. A palavra “oblação” está relacionada à linguagem proveniente do sistema sacrifical levítico. O termo remete-nos a estas expressões: “cheiro de suavidade” e “sacrifício agradável e aprazível” (v. 18). E estas, por sua vez, estão relacionadas às “ofertas de consagração” a Deus identificadas como “holocaustos” (Lv 1.3-17), “oferta de manjares” (Lv 2; 6.14-23), oferta de libação e oferta pacífica (Nm 15.1-10).
Portanto, quando falamos de oblação, referimo-nos a uma oferta sacrifical comestível — azeite, flor de farinha etc. Uma parte era queimada para memorial e a outra direcionada ao consumo dos sacerdotes (Lv 2.1-3).
2. A oblação e a generosidade dos filipenses. Paulo encara como verdadeira oblação a assistência que lhe ofereciam os filipenses. Tais ofertas eram-lhe como um “cheiro suave, como sacrifício agradável a Deus” (v. 1 8). Assim, tendo em vista a generosidade praticada pelos filipenses, Paulo declara com plena convicção: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (v.19).
A expressão “o meu Deus” aponta para aquEle que haveria de suprir não somente as suas necessidades, como também as dos filipenses e também as nossas. Aleluia!
3. Doxologia. Os versículos 20 a 23 trazem a saudação final do apóstolo à igreja em Filipos. E, como podemos observar, Paulo não poderia concluir a sua carta de forma mais adequada: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos. Amém!” (v.23).
Ele denota, assim, que todo o enfoque da carta é Cristo, e que nós, seus seguidores, temos de nos lembrar e viver por sua graça, pois “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados” (2 Co 5.19).
SINOPSE DO TÓPICO (3)
O ministro de Deus não pode e não deve permitir que o dinheiro o escravize, pois sua real motivação tem de ser o benefício da í, igreja de Cristo.
CONCLUSÃO
Após estudarmos esta tão rica epístola, o nosso desejo é que você ame cada vez mais o Senhor Jesus, e dedique-se a ser uma “oblação de amor” a Ele. O Senhor é o meio providenciado pelo Pai, a fim de reconciliar o mundo com Deus. Exalte o Eterno, pois você foi reconciliado com Ele em Cristo Jesus. A exemplo da igreja em Filipos, não esqueça: "a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10).
TEMAS IMPORTANTES ENCONTRADOS NA EPÍSTOLA AOS FILIPENSES TEMA EXPLICAÇÃO IMPORTÂNCIA
Autossacrifício
Cristo sofreu e morreu para que pudéssemos ganhar a vida eterna. Com coragem e vigor, Paulo se sacrificou por seu ministério.
Cristo nos dá poder para deixar de lado as nossas necessidades e preocupações pessoais. Não devemos nos atrever a ser egoístas.
Unidade
Em cada igreja, em cada geração, aparecem influências decisivas (questões de lealdade e conflitos). Paulo encorajou os filipenses a se entenderem, a deixarem de se queixar e a trabalharem em conjunto.
Sendo crentes, não devemos discutir com nossos companheiros, mas nos unir contra nosso inimigo comum. Quando estamos unidos pelo amor, a força de Cristo se torna mais abundante.
Vida Cristã
Paulo nos mostra como viver uma vida cristã feliz. Cristo é, ao mesmo tempo, nossa fonte de poder e o nosso guia.
O desenvolvimento do nosso caráter começa com a obra que Deus realiza em nós. Mas o crescimento também exige autodisciplina, obediência à Palavra de Deus e concentração de nossa parte.
Alegria
Não importa o que venha a acontecer, os crentes podem ter profunda alegria, serenidade e paz. Essa alegria vem do conhecimento pessoal de Cristo e da dependência de sua força, em vez da nossa.
Podemos sentir alegria mesmo nos infortúnios. A alegria não se origina de circunstâncias exteriores, mas da força interior. Sendo cristãos, não devemos confiar no que temos ou experimentamos, mas no Cristo que está dentro de nós.
Adaptado da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD, p. 1659.
VOCABULÁRIO
Doxologia: Manifestação de louvor e enaltecimento à divindade através de expressões de exaltamentos (Deus seja louvado!) e hinos.
Graça vicária: O sacrifício de Cristo que nos substituiu.
Reminiscência: Lembrança.
AUXILIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Teológico
“Saudações Finais de Paulo (4.21-23)
Considerando que as cartas seculares eram frequentemente concluídas com um desejo de boa sorte ou boa saúde, do autor, para o destinatário, Paulo concluiu tipicamente suas cartas oferecendo palavras de saudação (por exemplo, Rm 6.3; 1 Co 16.19; 1 Ts 5.26). A epístola aos filipenses reflete este estilo, pelo fato de o apóstolo concluir esta carta com algumas saudações finais. Esta parte final da carta pode ter sido uma observação realmente escrita pelo próprio Paulo, após seu escriba ter concluído a parte mais formal da carta. Esta parte é destinada a várias pessoas dentro da igreja— possivelmente os líderes mencionados no capítulo 1.1 (daí o uso do plural imperativo: 'Saudai a todos os santos em Cristo Jesus’).
No verso 21, Paulo não está somente trazendo uma saudação coletiva à Igreja em Filipos, no mesmo sentido em que uma pessoa hoje pede a alguém que ‘cumprimente a todos’ em seu nome. Mantendo seu relacionamento afetuoso e sincero com os filipenses, está pedindo que cada um, e todos os cristãos da congregação, recebam a sua saudação. As palavras finais de bênçãos proferidas por Paulo repercutem suas palavras de saudação. Seus seguidores são lembrados da‘graça’ que lhes foi estendida, pela obra vicária realizada em seu favor pelo Senhor exaltado (2.6-11)” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 4.ed. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2009. p.511).
AUXILIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Teológico
‘A Origem dos Sacrifícios
Em relação à origem dos sacrifícios, existem duas opiniões: (1) que eles têm sua origem nos homens, e que Israel apenas reorganizou e adaptou os costumes de outras religiões, quando inaugurou, seu sistema sacrificial; e (2) que os sacrifícios foram instituídos por Adão e seus descendentes em resposta a uma revelação de Deus.
É possível que o primeiro ato sacrificial em Gênesis tenha ocorrido quando Deus vestiu Adão e Eva com peles para cobrir sua nudez (Gn 3.21). O segundo sacrifício mencionado foi o de Caim, que veio com uma oferta do ‘fruto da terra’, isto é, daquilo que havia produzido, expressando sua satisfação e orgulho. Entretanto, seu irmão Abel ‘trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura’ como forma de expressar a contrição de seu coração, o arrependimento e a necessidade da expiação de seus pecados (Gn 4.3,4). [Também é possível que a razão do sacrifício de Abel ter sido agradável a Deus, em contraste com sua rejeição ao sacrifício de Caim, tenha sido o fato de Abel ter trazido o que tinha de melhor (‘primogênitos’ e ‘sua gordura’) enquanto Caim simplesmente obedeceu aos procedimentos estabelecidos - Ed.
Em Romanos 1.21, Paulo refere-se à revelação e ao conhecimento inicial que os patriarcas tinham a respeito de Deus, e explica a apostasia e o pecado dos homens do seguinte modo: ‘Tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças’.
Depois do Dilúvio, ‘edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo animal limpo e de toda ave limpa e ofereceu holocaustos sobre o altar’ (Gn 8.20). Muito tempo antes de Moisés, os patriarcas Abrão (Gn 12.8; 13.18; 15.9-17; 22.2ss), Isaque (Gn 26.2 5), e Jacó (Gn 33.20; 35,3) também ofereceram verdadeiros sacrifícios.
Um grande avanço na organização e na diferenciação dos sacrifícios ocorreu com a entrega da lei no Monte Sinai. Um estudo dos diferentes sacrifícios indicados revela seu desenvolvimento final, visando atender às necessidades do indivíduo e da comunidade” (Dicionário Bíblico Wydiffe. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 1723).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, l. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. PEARLMAN, Myer. Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas Cristãs, l. ed. Rio de janeiro: CPAD, 1998.
EXERCÍCIOS
1. Como o apóstolo Paulo via a participação dos filipenses em suas tribulações?
R: Paulo via a participação dos filipenses em suas tribulações como o agir de Deus para fortalecer o seu coração.
2.0 que sugere a expressão “toma parte?
R: A expressão “tomar parte” (v. 14) sugere a ideia de “partilhar com, ou coparticipar de”.
3. Qual o conselho do sábio Salomão em relação ao dinheiro?
R: “Quem ama o dinheiro, jamais dele se farta” (Ec 5.10).
4. O que são ofertas de oblação?
R: Oferta sacrifical comestível — azeite, flor de farinha etc. Uma parte era queimada para memorial e a outra direcionada ao consumo dos sacerdotes (Lv 2.1-3).
5. Como Paulo conclui a Carta aos Filipenses?
R: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos. Amém!” (v.23).
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 54, p.42.
Chegamos ao fim da Epístola do apóstolo Paulo aos Filipenses. É importante recordar que o tema geral deste trimestre objetivou aprendermos a humildade de Jesus como exemplo para a igreja contemporânea. Em cada lição víamos a humildade do Meigo Nazareno desdobrando-se na comunidade cristã antiga. À luz da relação do apóstolo Paulo com a igreja filipense ao longo da epístola, pode-se destacar três lições maravilhosas para vida eclesiástica contemporânea:
Uma igreja participante das aflições alheias. Quando estudamos a Epístola aos Filipenses percebemos que a igreja não se fechava em si mesma. Incentivada pelo apóstolo, os membros daquela comunidade eram incansáveis no amor mútuo. Sua preocupação em repartir o que tinham com o apóstolo preso denota a predisposição que os cristãos devem ter em repartir generosamente com o outro aquilo que tem. Este é o sacrifício que agrada a Deus: "E não vos esqueçais da beneficência e comunicação, porque, com tais sacrifícios, Deus se agrada" (Hb 13.16).
Dar e receber: um ato amoroso. O apóstolo mantém o tom de gratidão pelo carinho dispensado dos crentes de Filipos ao longo de toda a Epístola. Era uma recíproca permanente. Paulo tinha as suas necessidades materiais supridas pelos filipenses, enquanto estes achavam-se espiritualmente sanados pelo apóstolo dos gentios. Uma relação como esta é o que Deus requer para sua igreja. Um relacionamento baseado no amor, sem interesse egoísta, mas pelo fato de estarmos ligados com o outro irmão pelo amor do Pai.
O verdadeiro sacrifício. Se tiver uma igreja que sabia adequadamente o significado da palavra sacrifício ou oblação era a de Filipos. Ela encarnou exatamente o que o apóstolo escreveu para os crentes romanos: "Rogo-vos, pois irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus" (Rm 12.1). Os filipenses encarnaram isso até a última consequência. Mente, coração e corpo estavam em plena sintonia para fazer o bem, pois quem faz o bem em Deus, ama, e "quem ama aos outros cumpriu a lei" (Rm 13.8). Aqui, não há sacrifício maior que amar. Deus não o rejeita.
Que a igreja de Filipos nos ensine o verdadeiro significado de humildade, serviço e amor. Uma comunidade simples que nasceu a partir de uma simples mensagem do Evangelho, mas que tem o poder de, com simplicidade, mudar o mais duro dos corações. Ouçamos o que o Espírito diz através da comunidade de Filipos!
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A palavra oblação, na cultura religiosa judaica, faz parte dos vários tipos de ofertas que existiam em alguns atos rituais e litúrgicos na relação do povo de Israel com o próprio Deus. Cada oferta tinha sua finalidade e a sua importância na liturgia judaica. Havia dois tipos de ofertas: as ofertas expiatórias e as ofertas de consagração. As ofertas expiatórias eram identificadas como a oferta pelo pecado (Lv 4.1-35; 6.24-30) e a oferta pela culpa (Lv 5.14-16; 7.1-7). As ofertas de consagração eram identificadas como holocaustos — “aquilo que sobe” — (Lv 1.3-17; 6.8-13) e as ofertas de manjares (oblação), feitas com cereais, animais e elementos que podiam ser comidos, especialmente, pelos sacerdotes e levitas (Gn 4.3-5; Jz 6.18; 1 Sm 2.17).
Esta Carta contém assuntos doutrinários e assuntos de caráter pessoal da parte de Paulo, além do preito de gratidão e da alegria do Senhor que enchia o seu coração. No texto de 4.10-13 temos uma das mais bonitas expressões de confiança e contentamento que se acha em toda a Bíblia. Paulo revela, neste final de carta, sua vida de confiança em Cristo lhe dando força interior para continuar a cumprir o seu ministério. No versículo 13 ele declara que Cristo é a razão de sua fortaleza moral e espiritual. Não é a sua idade, o seu conhecimento, a sua influência, nem os seus talentos, mas Cristo. Neste final de carta, em especial, Paulo fala da oferta dos filipenses como uma oblação, como um sacrifício agradável a Deus.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 152.
A vertente final da tapeçaria tecida de contentamento por Paulo é preocupação para os outros. Aqueles que vivem só para si nunca vai estar contente, porque contentamento para eles só pode vir quando as circunstâncias são exatamente como eles querem ser. E isso nunca vai acontecer. Somente aqueles que, desinteressadamente, colocar os outros "bem-estar acima de sua própria encontrará contentamento. Paulo orou para que os filipenses "amor cresça ainda mais e mais" (1:9), uma das qualidades do verdadeiro amor bíblico é a generosidade (1 Coríntios 13:5.). Ele também exortou, "Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas com a humildade de respeito mente um do outro como mais importante do que vós; não se limitam a olhar para seus próprios interesses pessoais, mas também para os interesses dos outros" (2: 3-4). Essa é a atitude "que houve também em Cristo Jesus" (2:5); Se ele tivesse olhado para fora apenas para seus próprios interesses, ele nunca teria deixado o céu a sacrificar-se para os pecadores, pessoas caídas.
No entanto introduz uma importante transição no pensamento de Paulo. O que ele tinha escrito em versos 10-13 poderia facilmente ter enviado a mensagem errada aos Filipenses. Apesar da sua pobreza (cf. 2 Coríntios. 8:1-2), que tinha enviado um presente de sacrifício para Paulo através de Epafrodito (4:18). Depois de ficar em Roma por um tempo e ministrando ao apóstolo, Epafrodito voltou para Filipos, trazendo essa carta de Paulo com ele. Em que a igreja dizia: "Não digo isto por falta, porque já aprendi a viver contente em qualquer circunstância eu sou"; "Aprendi o segredo de ser preenchido e passando fome, tanto de ter abundância e sofrer necessidade" e "Posso todas as coisas naquele que me fortalece" (4:11-13). Se a letra tinha terminado naquele momento, Filipenses teria concluído que Paulo não precisava nem apreciado seu presente sacrificial para ele. Para ter certeza de que os filipenses não entenda mal a ele, Paulo apressou-se a assegurar-lhes que eles tinham feito bem (kalos, algo nobre ou bela personagem) para compartilhar com ele em sua aflição. Mas então ele precisava explicar para eles como o presente poderia ter sido um ato nobre, se não precisar dele.
Paul começou por tirar os leitores de volta dez anos de sua primeira pregação do Evangelho em Filipos. Durante esse tempo, e mesmo depois que ele deixou Macedónia para as cidades Achaian de Atenas e Corinto, nenhuma outra igreja compartilhou com ele na questão de dar e receber. Essa frase reflete terminologia de negócios. A matéria palavra traduzida às vezes é traduzida "Contas" (Mateus 18:23; 25:19) ou "contabilidade" (Lucas 16:2) e os termos dar e receber pode significar "crédito" e, evidentemente, Paul foi "débito". um gestor cuidadoso de seus recursos e manteve um relato de suas receitas e despesas. Mesmo antes de deixar Macedónia Filipenses apoiou, durante o seu ministério em Tessalônica, eles mandaram um presente mais de uma vez para as suas necessidades. A sua generosidade, junto com o trabalho do próprio Paulo rígido, permitiu-lhe ministro gratuitamente em Tessalônica (1 Tessalonicenses 2:9;.. 2 Tessalonicenses 3:8) e Corinto (Atos 18:5; 2 Coríntios. 11:8).
Paulo pôde alegrar-se em seu dom ainda assim ser o conteúdo da provisão soberana de Deus para ele porque ele era altruísta. Esse desprendimento levou a escrever, não que eu procurar o presente em si, mas procuro o lucro que aumenta a sua conta (cf. Mt 6:19-20;. 1. Tim 6:17-19). Seu dom trouxe Paulo alegria não por causa de seu benefício material pessoal para ele, mas por causa de seu benefício espiritual para eles. O princípio de que aqueles que dão generosamente será abençoado é ensinada repetidamente nas Escrituras.
Salomão escreveu: "Não é aquele que espalha, e ainda aumenta ainda mais, e há um que retém o que é justamente devido, e ainda resulta apenas na miséria.
O homem generoso será próspero, e quem águas vão-se ser regado "(Prov. 11:24-25). Mais tarde, em Provérbios, ele acrescentou: "Aquele que é a graça de um homem pobre empresta ao Senhor, e Ele irá recompensá-lo por sua boa ação" (Prov. 19:17), "Quem é generoso será abençoado" (Prov. 22:9), e "Quem dá aos pobres nunca mais vai querer" (Provérbios 28:27). Em Lucas 6:38 Jesus disse: "Dai, e será dado a você. Eles vão deitar em seu colo uma boa medida, recalcada, sacudida, e atropelamento. Pelo seu padrão de medida que será usada para medir vocês em troca. "Aos Coríntios, Paulo escreveu:" E agora digo isto, aquele que semeia pouco, pouco também ceifará, e aquele que semeia em abundância também ceifará "(2 Cor . 9:6). O próprio Paulo foi um exemplo de alguém que generosamente aos pobres, como ele lembrou os anciãos de Éfeso: "Em tudo o que eu mostrei que, trabalhando duro desta maneira você deve ajudar os fracos e lembrar as palavras do Senhor Jesus, que Ele mesmo disse: 'Há mais felicidade em dar que em receber "(Atos 20:35).
Três declarações resumir a alegria de Paulo e gratidão. O verbo grego na frase que recebi tudo em plena era comumente usado em um sentido comercial extra-bíblica grega para designar o pagamento integral. Esta afirmação é no recebimento efeito de Paulo aos Filipenses para seu presente.
Já possui uma abundância traduz um verbo grego que significa "a transbordar", "ter um excesso", ou "ter mais do que suficiente." O verbo grego na declaração final de Paulo Estou amplamente suprido fala de ser cheio completamente. Em conjunto essas três frases mostram que Paulo, tendo recebido de Epafrodito o que tinha enviado para ele, foi esmagada pela Filipenses 'generosidade.
Usando uma linguagem sacrificial do Antigo Testamento, Paulo descreveu a filipenses presente como um aroma perfumado (cf. Gn 8:20-21;. Ex 29:18; Lev 1:9, 13, 17,.. Num 15:03 ), um sacrifício aceitável (cf. Lv 19:5;. 22:29;. Isa 56:7), bem agradável a Deus (cf. Sl 51:19).. Paul viu o filipenses presente como um ato de sacrifício de adoração a Deus. Tais sacrifícios espirituais são necessários de crentes da Nova Aliança, em vez dos sacrifícios de animais da Antiga Aliança. Em Romanos 12:1 comandos crentes Paulo: "Apresentei os vossos corpos em sacrifício vivo e santo e agradável a Deus, que é o vosso culto espiritual de adoração." O autor de Hebreus exorta: "Por Ele, então, vamos continuar a oferecer um sacrifício de louvor a Deus, isto é, o fruto dos lábios que dão graças ao Seu nome. E não se esqueçam de fazer o bem e de partilha, porque com tais sacrifícios Deus se agrada "(Hebreus 13:15-16). Pedro lembra aos crentes que eles são um "sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo" (1 Pedro 2:5). A alegria de Paulo aos filipenses que faria tal sacrifício aceitável a Deus ultrapassou em muito a sua alegria ao receber seu presente.
Paulo sabia que os filipenses não só receber as bênçãos espirituais nos céus pela sua generosidade, mas também que Deus iria suprir todas as suas necessidades físicas nesta vida. Os filipenses tinham sacrificialmente (cf. 2 Coríntios. 8:1-3) dada de suas posses terrenas para apoiar o servo de Deus, Paul. Em troca, Deus seria amplamente suprir suas necessidades, Ele não estaria em sua dívida. Tendo semeado em abundância, eles ceifará (2 Cor 9:6.); Ter "honra [va] o Senhor a partir de [sua] riqueza e do primeiro de todos os [seus] produzir ... celeiros [sua] será preenchido com bastante e cubas de [sua] transbordarão de vinho novo "(Provérbios 3:9-10). Eles descobrem que é impossível dar mais do que Deus.
A frase de acordo com Suas riquezas na glória em Cristo Jesus revela na medida em que Deus iria suprir as necessidades dos filipenses. Ele iria fazê-lo segundo as suas riquezas, e não fora deles; Seu dando a eles seria em relação à imensidão de sua riqueza eterna, isto é, tão generosamente quanto é consistente com suas riquezas na glória em Cristo Jesus. O Novo Testamento repetidamente apresenta Cristo Jesus como a fonte de todas as riquezas de Deus. Nele "estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento" (Cl 2:3), para o Paul Colossenses escreveu: "Pois foi bom prazer do Pai por toda a plenitude a habitar nele .... Porque nele todos os plenitude da divindade habita em forma corpórea "(Col. 1:19; 2:9). "O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo ... nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo" (Ef 1:3). Em Efésios 1:23 o apóstolo descreveu Jesus como "Aquele que preenche tudo em todos", e lembrou o Corinthians de "a graça de Deus que foi dada [eles] em Cristo Jesus, que em tudo [que] foram enriquecidos nEle "(1 Cor. 1:4-5). Repetindo esse pensamento, Pedro escreveu: "Seu divino poder concedido a tudo nos diz respeito à vida e à piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou por Sua própria glória e virtude" (2 Pedro 1:3).
As lições cruciais na contentamento ilustrados aqui na vida de Paulo pode ser resumida em cinco palavras: fé, humildade, submissão, dependência, altruísmo e. Essas virtudes caracterizam todos os que já aprendi a contentar.
JOHN MACARTHUR, JR. Novo Testamento Comentário Filipenses Comentário Expositivo.
I - A PARTICIPAÇÃO DA IGREJA NAS TRIBULAÇÕES DE PAULO (4.14)
1. Os filipenses tomam parte nas aflições do apóstolo.
No versículo 13, Paulo diz que podia fazer, ou suportar todas as coisas com a força de Cristo Jesus. Com esta declaração ele não estava depreciando as ofertas recebidas dos filipenses. Ele estava, na realidade, removendo toda e qualquer possibilidade de má interpretação de suas palavras, uma vez que preferia sustentar-se com o seu trabalho manual. Mas ele assegura aos filipenses que estava agradecido pelas ofertas dos irmãos que demonstravam uma atitude de oblação a Deus.
1. O amor dos filipenses era um consolo nas tribulações de Paulo
Paulo disse aos filipenses: “fizestes bem” (v. 14). Ele estava não só elogiando, mas interpretando o gesto amoroso dos filipenses como participação nas aflições do apóstolo. No texto grego, a expressão é kalos poiein, que significa “vós agistes bem”. A participação dos filipenses nas suas tribulações, segundo o sentimento do coração de Paulo, era um dos modos de Deus agir em seu favor para torná-lo forte. Era, também, uma demonstração da obra regeneradora do Espírito na vida desses irmãos.
O que Paulo queria passar para a igreja em Filipos era que, em sua penúria material, ele não se sentia pobre, e na abundância, ele usufruía daquilo que Deus dava, de consciência tranquila. Paulo não apenas aprendeu a não levar em conta as circunstâncias adversas, os apetites e desejos naturais, porque podia dizer: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (4.13).
No versículo 15, Paulo declara que, provavelmente, doze anos atrás, no início da obra em Filipos e em toda a Ásia Menor, nenhuma igreja da Macedônia o ajudou com qualquer donativo para sustentá-lo. Somente a igreja de Filipos teve a iniciativa de ajudá-lo e, por isso, ele era agradecido a Deus e aos filipenses.
2. “Tomar parte na minha aflição (tribulação)” (v. 14)
A comunhão fraternal vivida entre Paulo e a igreja de Filipos o fez alegrar-se. Essa comunhão era demonstrada na participação das suas aflições. A expressão “tomar parte” sugere a ideia de “compartilhar com, ou coparticipar de”, e Paulo se sente abençoado pelo Senhor pelo fato de a igreja de Filipos coparticipar da sua aflição (material e física) com aquele gesto de amor enviando o donativo.
O compartilhamento da igreja no sustento de seus obreiros implica contribuir para a causa de Cristo. Era uma demonstração de maturidade espiritual da igreja, e não uma imposição para que as pessoas o sustentassem. Paulo sabia que havia entre os irmãos os recalcitrantes e fracos na fé que sempre interpretavam e julgavam seu ministério de forma maldosa. Entretanto, ele não levava em conta essas oposições, uma vez que tantos outros eram fiéis, leais e entendiam seu ministério. Os filipenses viam o ministério de Paulo como uma santa oblação para suas vidas; por isso, cooperavam em tudo que podiam. Era, de fato, uma prática demonstrada desde os dias da igreja pós-Pentecostes e, agora, a igreja de Filipos fazia o mesmo com muito amor e consideração ao apóstolo.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 152-154.
Tudo quanto Paulo dissera acerca de sua «auto-suficiência» (ver o décimo primeiro versículo) e de sua atitude indiferente para com as coisas materiais (ver o décimo segundo versículo), e também de sua «iniciação» na vida de contentamento e de poder (ver novamente esses dois versículos), não foi dito para deixar entendida qualquer atitude de indiferença para com o ato de bondade dos crentes filipenses; antes, Paulo assegurou-lhes que a doação que tinham feito aliviaria parte de sua miséria presente. Em bora ele estivesse livre das contingências terrenas e das inquirições terrenas comuns, não haveria ele de deixar de reconhecer a bondade deles, e nem haveria de ignorar qualquer expressão de amor, de onde quer que ela partisse.
«...fizestes bem ...», palavras que também podem ser traduzidas por «agistes com nobreza». Paulo mostrou-se generoso aqui em seu louvor, não se contentando apenas em mencionar de passagem o que tinham feito, como se isso nada representasse. Antes, reconheceu ter sido um a ação bela e nobre, de acordo com as exigências do evangelho, como demonstração do amor cristão. (Quanto à expressão «fazer bem», ver também os trechos de M arc. 7:37; Luc. 6:27 e I Cor. 7:37).
«...associando-vos na minha tribulação...» Conforme diz Lightfoot (in loc.)·. «Compartilhastes com a minha aflição». E Vincent (in loc.) diz: «Fizestes causa comum com as minhas aflições». Sim, os crentes filipenses sentiam «comunhão» com Paulo, em um a aflição comum. Sentiam a tensão da situação do apóstolo e fizeram o que estava ao alcance deles, como se eles mesmos estivessem afligidos. Essa é a indicação do verbo aqui usado, «sunkoinoneo», que quer dizer «associar-se com», «compartilhar», «ser sócio em». Na forma nominal, essa palavra era usada para indicar os «colegas obreiros» nas lides do evangelho. Aqueles crentes filipenses haviam demonstrado a regra da preocupação fraternal, a lei do amor, o princípio normativo da família de Deus.
Não há nenhum a apologia nessas palavras, conforme alguns estudiosos pensam erradamente, porquanto o apóstolo não havia repreendido àqueles crentes. Tão-somente havia posto em sua perspectiva apropriada a questão das riquezas materiais, ao mesmo tempo que se mostrara agradecido por tudo quanto Deus dá, o que é um a atitude cristã típica. Ao mesmo tempo, Paulo reconhecia que Deus usa instrumentos em suas bênçãos, e esses instrumentos merecem o crédito que lhes cabe.
«Essa simpatia, por parte dos crentes filipenses com os sofrimentos representativos de Cristo e de sua causa, é a própria característica de caráter que o Juiz seleciona para ser elogiada no último dia. (Ver Mat. 25:25 e ss.)». (Hackett, no Comentário de Lange).
A importância de nossas doações não pode ser superestimada. Esse é o sinal da verdadeira religiosidade, porquanto se origina em um coração amoroso, que foi tornado tal por operação do Espírito Santo (ver Gál. 5:22), e, por isso mesmo, é sinal de crescimento e maturidade espirituais. (Ver o trecho de Atos 3:2 e as notas expositivas ali existentes, a cerca da «importância das esmolas», pois apesar desse não ser o tema diretamente aqui abordado, contudo, juntam ente com outras dádivas gentis, ilustra a disposição do amor cristão, que realmente consiste da participação no amor cristão e no desenvolvimento espiritual).
As ofertas às missões deveriam ser encaradas sob esse prisma; e é um a afirmativa geral verdadeira que quando Deus toma conta de nossos corações, também conquista nosso bolso. Aqueles que assim contribuem «fazem bem»; e nenhum a dádiva dessa natureza deixará de ser reconhecida e recompensada por Deus, porquanto até mesmo um copo de água fria, dado em seu nome, não deixará de receber galardão, segundo se aprende em Mat. 10:42. Paulo muito se alegrou ao receber aquela dádiva dos filipenses, porque isso servia de prova do amor Cristão deles. E isso lhe era mais importante do que a própria dádiva.
«...tribulação...» No original grego temos o vocábulo «thlipsis», palavra que usualmente significava «sofrimento», «aflição», «perseguição» de qualquer forma; derivava-se de «thlibo», que quer dizer «pressionar», «restringir», «oprimir». Mui provavelmente Paulo sofreu pressões tanto financeiras quanto mentais, o que servia tão-somente para aumentar ainda mais suas aflições; e por essa razão, aquela demonstração de simpatia da parte dos crentes filipenses muito o ajudou naquele momento, em mais de um sentido.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 67.
V 14. Paulo é cuidadoso para não deixar a impressão de que o donativo tinha sido supérfluo e que não tinha sido apreciado. Ao contrário, ele declara que ele [o donativo] lhe foi sobejamente agradável. Porquanto, ele diz: Não obstante, fizeram bem partilhando de minhas aflições. Isso foi, no dizer de Paulo, uma bela e nobre ação, como a de Maria de Betânia (Mc 14.6). Se os filipenses não sentissem verdadeira simpatia por Paulo, de forma que fizessem suas as aflições dele, jamais teriam levado a bom termo tão generosa ação. O donativo era sinal de que haviam feito causa comum com as tribulações do apóstolo, participando realmente delas. Que bela manifestação de verdadeira comunhão (Ver sobre Fp 1.5)!
HENDRIKSEN. William. Exposição de Filipenses. Editora Cultura Cristã. pag. 595-596.
4.14 - Os filipenses cooperaram financeiramente com Paulo enquanto ele estava na prisão.
Nota do Tradutor: Naquela época, as prisões não eram como as de nossos dias. Os presos eram responsáveis por seu próprio sustento dentro das prisões. Aqueles que não tivessem o apoio de familiares ou amigos estavam sujeitos a morrer de fome ou por enfermidades, pois os cuidados médicos também não eram fornecidos.
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 1669.
O VALOR DO DONATIVO
Filipenses 4:14-20
A generosidade para com Paulo da Igreja filipense tinha já uma longa trajetória. Em Atos 16 e 17 lemos como Paulo pregou o Evangelho em Filipos e partiu dali a Tessalônica e Beréia. Desde essa época a Igreja filipense demonstrou virtualmente seu grande amor ao apóstolo. A relação de Paulo com os filipenses era única. De nenhuma outra Igreja tinha aceito jamais algum donativo ou ajuda. Esta era precisamente a circunstância que irritava e zangava aos coríntios (2 Coríntios 11:7-12). O laço entre Paulo e os filipenses não se dava com nenhuma outra Igreja.
Paulo diz logo algo muito delicado. Diz: "Não é que deseje um donativo ou um presente de sua parte por mim, ainda que seus dons toquem meu coração e me deem muita alegria. Não necessito nada porque tenho mais que suficiente. Mas me alegro por vocês mesmos por seu donativo porque sua bondade, solicitude e generosidade pesarão enormemente a seu favor na presença de Deus". A generosidade dos filipenses alegra a Paulo não por razão de si mesmo, mas por motivo deles. Logo o apóstolo usa palavras que fazem do dom dos filipenses não um presente para Paulo, mas sim um sacrifício para Deus. Chama-o "aroma fragrante". Esta frase era comum no Antigo Testamento para um sacrifício aceito e bem visto por Deus. É como se o aroma do sacrifício fosse agradável ao olfato de Deus (Gênesis 8:21; Levítico 1:9,13,17). A alegria de Paulo no dom não está no que este significava para ele, mas no que significava para eles. Não é que não apreciasse o valor do dom a seu favor, nem desprezasse o que eles tinham feito por ele; citava sua maior alegria em que o dom da Igreja dos filipenses e o amor que o tinha inspirado eram agradáveis a Deus.
Na última sentença Paulo diz que nenhuma dádiva faz mais pobre ao doador. A riqueza divina está aberta para os que amam a Deus e ao próximo. O doador não se faz mais pobre, mas sim mais rico, porque seu próprio dom o abre aos dons e às riquezas de Deus.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag. 100.
2. O exemplo da igreja após o Pentecostes.
O melhor exemplo foi relatado por Lucas em Atos 2.42-47:
E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade. E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At 2.42-47).
O ato de “tomar parte” ou “associar-se” na tribulação de Paulo implicava uma reciprocidade entre ele e os irmãos na fé.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 154.
A ICREJA CAMINHANDO NO ESPÍRITO (AT 2:42-47)
Os cristãos continuaram a usar o templo como lugar de reunião e de ministério, mas também passaram a encontrar-se nos lares de várias pessoas. Os três mil novos convertidos precisavam ser instruídos na Palavra e ter comunhão com o povo de Deus, a fim de crescer e de se tornar testemunhas eficazes.
A Igreja primitiva não se ateve a converter pessoas, também as discípulou (Mt 28:19, 20).
Convém explicar duas frases de Atos 2:42. "Partir do pão", provavelmente, é uma referência às refeições regulares, mas, no final de cada refeição, é bem possível que fizessem uma pausa para se lembrar do Senhor celebrando o que chamamos de "Ceia do Senhor" ou "Santa Ceia". O pão e o vinho eram elementos comuns sempre presentes na mesa dos judeus. O termo comunhão não significa apenas "estar juntos". Quer dizer "ter em comum", podendo ser uma referência ao compartilhamento de bens materiais praticado na Igreja primitiva.
Por certo, não se tratava de uma forma de comunismo, pois foi um programa inteiramente voluntário, temporário (At 11 :27-30) e motivado pelo amor.
A igreja foi unificada (At 2:44), exaltada (At 2:47a) e multiplicada (At 2:47b). Seu testemunho entre os judeus era poderoso, não apenas em função dos milagres realizados pelos apóstolos (At 2:43), mas também pelo amor que os membros da comunidade tinham uns pelos outros e por seu serviço ao Senhor. O Senhor ressurreto continuou a operar por meio deles (Mc 16:20), e o povo continuou a ser salvo. Uma igreja e tanto. Os cristãos que vemos no Livro de Atos não se contentavam em se encontrar uma vez por semana para "o culto habitual". Encontravam-se diariamente (At 2:46), cuidavam uns dos outros diariamente (At 6:1), ganhavam almas diariamente (At 2:47), examinavam as Escrituras diariamente (At 17:11) e cresciam em número diariamente (At 16:5). A fé cristã era uma realidade diária, não uma rotina semanal. Isso porque o Cristo ressurreto era uma verdade viva para eles, e seu poder de ressurreição operava na vida deles por meio do Espírito.
A promessa ainda vale para nós hoje: "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (At 2:21; Rm 10:13). Você já invocou o nome do Senhor? Já creu em Jesus Cristo como seu Salvador?
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 531.
Vv. 42-47. Nestes versículos encontramos a história da Igreja verdadeiramente primitiva, de seus primeiros tempos; seu estado de verdadeira infância, e, como tal, o seu estado de maior inocência.
Mantiveram-se próximos às santas ordenanças e abundaram em piedade e devoção; o cristianismo, uma vez que admite alguém em seu poder, dispõe a alma à comunhão com Deus em todas estas formas estabelecidas, para que nos encontremos com Ele, e em que Ele tem prometido reunir-se conosco.
A grandeza deste acontecimento os colocou em uma posição mais elevada que o mundo, e o Espírito Santo os encheu com tal amor, que cada um era para o outro como para si mesmo. E deste modo, fez com que todas as coisas fossem comuns, sem destruir a propriedade, mas suprimindo o egoísmo e incentivando o amor. Deus, que moveu-os a isto, sabia que eles seriam rapidamente expulsos de suas propriedades na Judéia. O Senhor, dia após dia, inclinava mais os corações a abraçarem o Evangelho; não os simples professos, mas os que eram realmente levados a um estado de aceitação diante de Deus, sendo participantes da graça regeneradora. Aqueles que Deus tem designado para a salvação eterna serão eficazmente levados a Cristo até que a terra seja cheia do conhecimento de sua glória.
HENRY. Matthew. Comentário Bíblico Matthehw Henry. Editora CPAD. Atos. pag. 6-7.
Agora Lucas traça um quadro da primeira congregação cristão de Jerusalém, tendo como núcleo os apóstolos e os cento e vinte discípulos, e como corpo os três mil convertidos de pentecostes. O crescimento da igreja não foi só em número, mas também na fé e na caridade. Os membros da congregação continuaram, perseveraram, com grande fidelidade e devoção, nos ensinos, na doutrina dos apóstolos. Estes homens, por Cristo estabelecidos e ordenados como os mestres de toda a cristandade, foram naquela ocasião os mestres da congregação de Jerusalém. E a doutrina deles foi a doutrina de Cristo; eles ensinaram o que havia ouvido de Cristo; a palavra deles foi a palavra de Deus. Os discípulos, permanecendo firmemente nesta palavra, também conservaram a comunhão. Estiveram unidos na mesma fé e no mesmo amor ao seu Senhor e Mestre; estiveram em comunhão um com o outro, e em união com Cristo e o Pai, que foi uma intimidade maravilhosa e abençoada, pela qual estiveram mais unidos entre si do que irmãos e irmãs de sangue. Cada um sentia o interesse mais solícito pelas alegrias e tristezas do outro. Sua comunhão estreita era expressa no partir do pão. Caso esta expressão não se referir só à celebração da Santa Comunhão, ela certamente não exclui o sacramento. Cf. 1. Co. 10. 16. Ela, claramente, não se refere a uma refeição regular, e provavelmente foi usada por Lucas para descrever resumidamente a refeição em comum que os cristãos, nos primeiros tempos da igreja, ligaram à celebração da Ceia do Senhor. E da mesma maneira como os cristãos ouviram a palavra, da mesma forma como observaram a Eucaristia, assim também foram diligentes, assíduos, na oração pública. Os discípulos de Jerusalém manifestaram, por meio de oração, louvor e agradecimento comum, sua comunhão fraterna e sua unidade de espírito. Todos estes fatos, com certeza, não podiam ficar sem o conhecimento do povo da cidade, nem mesmo se os membros da congregação assim o tivessem desejado. O modo cristão no viver foi uma confissão constante e uma admoestação a todos os habitantes da  idade. O resultado foi, que muitos dos judeus, tantos quantos entraram em contato com os cristãos, foram tomados de grande temor; o espanto solene que os milagres e sinais operados pelos apóstolos inspiraram, aumentou pela veneração requerida pelo seu viver sem dolo. A presença de Deus e do Cisto exaltado, por meio da manifesta operação do Espírito, em meio à congregação, precisou ser admitida por todos os que entraram em contato com eles. E este temor também serviu para a difusão do evangelho; serviu como freio sobre o ódio dos judeus, impedindo-os de qualquer manifestação pública de sua inimizade. Foi intenção de Deus, que a plantinha jovem de sua igreja devia gozar por algum tempo dum crescimento em paz.
Enquanto isto o amor fraterno dos discípulos mostrou seu poder na vida e nos atos deles. Estiveram juntos; seus corações e suas mentes estiveram direcionados a sua causa comum, o fato que naturalmente os levou a se reunirem tantas vezes quantas possíveis, fosse no tempo ou em casas particulares, e isto não só para os cultos públicos, mas também para o trato social no verdadeiro espírito cristão. E eles tiveram tudo em comum; não praticaram o comunismo e não ab-rogaram o direito da propriedade particular. Não a posse, mas o uso e o benefício dos bens foi comum. Cf. cap. 4. 32. Cada membro da congregação considerava sua propriedade como um talento do Senhor, com o qual devia servir seu próximo. Este amor fraterno em muitos casos realizou ainda mais. Venderam suas posses e bens, toda sua propriedade, e dividiram o produto entre os irmãos, tal como as necessidades o exigiam. Esta não foi uma lei proposta ou reforçada pelos apóstolos, mas foi uma livre manifestação de verdadeira caridade. Os cristãos abastados estiveram dispostos e desejosos para realizar estes sacrifícios, sempre que era evidente que esta era a única maneira pela qual as necessidades dos irmãos podiam ser supridas. Não qualquer sinal da arrogante indiferença que agora caracteriza o intercurso dos ricos com os pobres. Expressões de amor como esse poucas vezes, ou jamais, haviam sido vistas anteriormente na terra. E tudo isto foi feito sem qualquer tentativa de ostentação. Como era de se esperar, os cristãos, de comum acordo e em plena unidade de espírito, tinham suas reuniões públicas no templo, onde tinham oportunidade para testificar aos outros de sua nação a respeito da esperança que os animava. E não somente no templo eram feitas reuniões diárias, mas também se encontravam de casa em casa, principalmente para a celebração da Santa Comunhão e da ceia comum conhecida como ágape, onde juntos tomavam a refeição com grande alegria e exultação e também com toda a simplicidade de coração. Os membros mais ricos não se indignavam sobre o fato que os irmãos mais pobres compartilhavam do alimento que de sua abastança haviam provido, nem julgavam ser-lhes algo indigno sentar-se à mesma mesa. E os membros pobres nada possuíam da ridícula vaidade da pobreza de serem obrigados a aceitar a generosidade de outros. Todos estavam unidos nesta uma obra sublime, de dar louvor a Deus por todos os dons que ele derramara sobre eles. Não é de admirar que acharam as boas graças de todo povo. Cada judeu honesto e sincero naturalmente estimava os cristãos pela simplicidade, pureza e caridade de suas vidas. E, sendo a confissão da boca apoiada e confirmada pela evidência das obras, o resultado foi que diariamente se registravam adesões ao número dos cristãos. Mas Lucas afirma expressamente que o Senhor juntava à congregação aqueles que deviam ser salvos. A conversão de cada pessoa é somente um ato do Senhor, e é o resultado de sua vontade graciosa e boa pela salvação dos pecadores. Notemos: A congregação de Jerusalém é em tudo um exemplo luzente para as congregações cristãs e para os cristãos de todos os tempos. Se o mesmo amor à palavra de Deus, ao uso do sacramento, se esta mesma caridade desinteressada aos irmãos fosse evidente em nossos dias, então cada congregação também se sobressairia da mesma forma. E esta é a vontade de Cristo, o Cabeça da igreja.
KRETZMANN. Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo Testamento Volume 1. Editora Concordia Publishing House.
3. O padrão de amor para a Igreja.
O crente tem a efetuar sacrifícios de adoração e certo serviço a prestar; mas isso transcende ao que é meramente terreno, simbólico, típico. O versículo anterior mostra que os sacrifícios de ações de graças e de vida diária devem ser continuamente prestados pelo crente. E esses sacrifícios devem visar a pessoa de Deus, como expressão da alma, e não apenas como parte de uma adoração formal, em momentos determinados. Os sacrifícios de serviço do crente também devem beneficiar ao próximo, por meio de provas de amor e generosidade, na prática do bem, na comunhão com os outros, em suas necessidades físicas e espirituais. Com tais sacrifícios é que Deus se agrada, ao passo que nos antigos sacrifícios de animais o Senhor não tinha qualquer prazer. (Ver Osé. 6:6; I Sam. 15:22 e Sal. 40:6). Até os judeus tinham um ditado que dizia: «Maior é aquele que dá esmolas do que aquele que oferece todos os sacrifícios». (Talmude Bab. Succa., foi. 49:2).
(Ver João 14:21 e 15:10 quanto ao «amor» como princípio normativo da vida, na família cristã).
O amor é um dos aspectos do fruto do Espírito Santo, sendo o alicerce básico de todas as virtudes. Surge devido à comunhão com o Espírito, como resultante do desenvolvimento e do aperfeiçoamento espirituais. Todo o amor se baseia sobre o amor divino. (Ver acerca do «amor de Deus», nas notas expositivas sobre João 3:16; e ver acerca de «Deus é amor», em I João 4:8). Quando entramos na natureza moral de Deus, amando como ele ama, começamos a ser transformados segundo a imagem de Cristo, através do que chegamos a participar de sua própria natureza; e assim nos tornamos filhos de Deus, semelhantes ao Filho de Deus. O autor agora nos conclama a perceber a importância da vida diária que expresse continuamente o amor de Deus, em que a natureza moral de Cristo vá sendo realmente formada em nós, mediante a atividade do Espírito. Esse é um tipo de sacrifício que nunca pode tornar-se obsoleto, e nem nunca poderá perder seu valor diante de Deus.
«O indivíduo sem compaixão, que reputa a vida como um cacho de uvas que devem ser espremidas em sua própria taça e sorvidas para seu próprio prazer, nega a Deus. Se nossa fé cristã é autêntica, então somos apenas mordomos, e não proprietários dos bons dotes de Deus. Para expressar a fé, precisamos ‘transmiti-la’. ‘Ora, aquele que possuir recursos deste mundo e vera seu irmão padecer necessidade e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?’ (I João 3:17)». (Cotton, in loc.).
«...prática do bem...» Isso significa todas as formas de boas obras, em público ou particularmente, em vinculação com a igreja local ou individualmente. Jesus é descrito como homem que saiu fazendo o bem» (ver Atos 110:38). Ele ensinava, encorajava, curava, repreendia—tudo em benefício daqueles que o ouviam e o seguiam.
«...mútua cooperação...» No grego temos a palavra «koinonia», que significa «associação», «comunhão», «companheirismo», «generosidade», «altruísmo», «participação». É o último desses sentidos que se aplica ao presente texto. A mesma verdade é destacada em I João 3:17; generosidade para com os outros, suprindo suas necessidades físicas. Um bom crente estará disposto a compartilhar de suas possessões e de seus recursos financeiros, a fim de ajudar a outros. O judaísmo antigo salientava grandemente a importância das esmolas, e o cristianismo primitivo compartilhava dessa virtude moral. (Quanto a notas expositivas completas sobre essa questão, que ajudam a ilustrar o presente texto, ver Heb. 3:2). É levando as cargas uns dos outros que cumprimos a lei de Cristo (ver Gál. 6:2), eminentemente caracterizada pelo amor. Uma das poucas declarações de Jesus, que não aparecem nos evangelhos, é a que figura em Atos 20:35: «Mais bem-aventurado é dar que receber». Essas palavras foram ditas pelo
Apóstolo Paulo este último, em seu ministério, jamais cobiçou as riquezas alheias. aos trabalhava para ganhar a própria vida, e até chegava a sustentar aos que viajavam em sua companhia (ver Atos 20:34), embora pudesse com toda a razão ter exigido dinheiro das igrejas. Mas os crentes filipenses, que o ajudaram financeiramente por várias vezes, foram altamente elogiados peto apóstolo dos gentios. (Ver Fil. 4:14.17,18). Paulo chamou os donativos de «sacrifício aceitável e agradável a Deus»; e assim via esses donativos como uma espécie de sacrifício de «aroma suave» (conforme algumas ofertas do A .T. eram classificadas), o que também é o conceito dos versículos quinze e dezesseis do presente capítulo. Tais «sacrifícios» jamais poderão ser reputados obsoletos e sem importância; nunca poderão ser abandonados, conforme foram descontinuados os ritos levíticos. Alguns compreende as palavras sobre a «partilha» em sentido mais lato, isto é, como se fosse qualquer atividade mutuamente benéfica, para quem pratica e para quem a recebe. Porém, está em foco, principalmente, a questão da generosidade, embora a outra ideia também possa estar implícita.
«...Deus se compraz...» A apreciação divina por aqueles crentes perduraria para sempre, porquanto tinham expressado seu amor para com outros seres humanos- Era contraste com isso, os sacrifícios vetotestamentários, até mesmo nos dias do A.T., eram reconhecidos como tipos de coisas que, na realidade, não podem agradar ao Senhor. (Ver Osé. 6:6; I Sam. 15:22 e Sal. 40:6).
Com tais vidas Deus se agrada—com aqueles que o louvam e vivem na atmosfera da gratidão, e com aqueles que são bondosos e generosos. São esses que prosseguem até ao fim com uma oração de ações de graça, cujas vidas são uma bênção e um sucesso. John Inskip, cuja vida foi assim uma bênção para outros, ao falecer, proferiu as suas últimas palavras: Vitória!
Triunfo! Triunfo! E diz-se acerca de Susana Wesley, mãe de João e Carlos Wesley, que seu último pedido foi: «Filhos, asam que eu for liberta, entoai um salmo de louvor a Deus».
«As três grandes definições de adoração ou de culto religioso no N.T., se acham em Heb. 13:15,16; Rom. 12:1,2 e Tia. 1:27». (Moffatt, in loc.). Sucesso. «Obteve sucesso quem viveu bem, riu com frequência e amou muito; quem obteve o respeito de homens inteligentes e o amor das criancinhas; quem preencheu o seu lugar e cumpriu a sua tarefa, sem importar se foi uma papoula melhorada, um poema perfeito ou uma alma salva; a quem nunca faltou apreciação pelas belezas terrenas e nem deixou de expressá-las; quem buscou o melhor nos outros, e deu do melhor-que tinha; cuja vida foi uma inspiração, e cuja memória é uma bênção». (Robert Louis Stevenson).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 664-665.
Hb 13. 10-17. Não temos nenhum sacrifício a fazer; em Cristo já foi feito um sacrifício por nós; por isso possuímos um altar. As ordenanças do V.T, conforme aqui descritas já não têm mais valor. Quando Cristo sofreu a morte fora do arraial sobre a cruz, uma das coisas realizadas foi o descartar-se dos costumes levíticos. Agora eles são supérfluos. A identificação do crente é com Cristo fora do arraial. Isto significa rejeição do Judaísmo de um lado e rejeição pelos judeus do outro. Para esses cristãos hebreus, esse era o vitupério que tinham de levar.
Tendo Cristo morrido como oferta pelos pecados, os crentes deviam demonstrar, por meio de Jesus, uma conduta adequada aos redimidos (vs. 14-17). 1) Deviam fixar sua esperança não nas ordenanças do V.T., mas na cidade celestial e na perspectiva celestial; 2) deviam louvar e agradecer a Deus, uma vez que o fruto dos lábios devia ser o transbordamento de um coração cheio; 3) deviam mostrar benevolência de todo o tipo, pois Deus não se esquece disto; e 4) deviam ser obedientes e submissos. Agradar a Deus poderia finalmente ser reduzido a três práticas ou atitudes fundamentais, todas mencionadas nesta passagem – louvor, obediência e submissão. Isto, pouco comentário exige à luz da verdade neotestamentária. A benevolência é o que se segue naturalmente. No versículo 17 a submissão se relaciona praticamente à atitude dos crentes para com os seus próprios líderes. Com estas palavras de responsabilidade colocada sobre ambos, discípulos e líderes, o escritor encerra a composição prática e exortatória que começou com 10:19. O restante é pessoal.
Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora Batista Regular  Filipenses. pag. 61-62.
O SACRIFÍCIO FALSO E O VERDADEIRO
Hebreus 13:9-16
Pode ser que ninguém chegue a descobrir jamais o significado preciso desta passagem. Certamente existia alguma doutrina falsa que se estava difundindo na Igreja e a que se refere esta Carta. O autor não precisa descrevê-la para o povo ao qual se dirige, porque era bem conhecida, até alguns tinham caído em suas redes e todos estavam sob sua ameaça. Quanto a no que consistia, só possuímos algumas indicações e podemos fazer deduções e conjeturas.
Começaremos com um fato básico. O autor está convencido de que a verdadeira fortaleza do homem só provém da graça divina e que o que o povo come e bebe não tem nada a ver com sua força espiritual. Assim, pois, na Igreja a qual se dirige a Carta havia alguns que davam muita importância às leis alimentares. Eis aqui algumas observações.
(1) Os judeus tinham suas leis rígidas sobre mantimentos, estabelecidas por extenso em Levítico 11. Todo mundo sabe que nenhum judeu come carne de porco. O judeu cria que podia servir e agradar a Deus comendo ou não comendo certos mantimentos. Possivelmente haveria nesta Igreja cristãos dispostos a abandonar a liberdade cristã para voltar de novo ao jugo das leis e prescrições judias sobre mantimentos, pensando que agindo dessa maneira adicionariam vigor à sua vida espiritual e às suas almas.
(2) Havia alguns gregos que tinham ideias muito definidas sobre os mantimentos. Já Pitágoras pensava algo pelo estilo; cria na reencarnação; em que a alma do homem passava de corpo em corpo até merecer finalmente a libertação. Essa libertação podia apressar-se pela oração, a meditação, a disciplina e o ascetismo. Por esta razão os pitagóricos eram vegetarianos e se abstinham de carne. Os chamados gnósticos formavam
um grupo com as mesmas características. Pensavam que a matéria era completamente má e que o homem devia concentrar-se no espírito, que era inteiramente bom. Portanto criam que o corpo era inteiramente mau e que o homem devia castigá-lo e tratá-lo com o maior rigor e austeridade. Reduziam a alimentação ao mínimo possível e se abstinham também da carne. Eram muitos os gregos que pensavam que pelo que comiam ou deixavam de comer se fortaleciam espiritualmente e libertavam suas almas.
(3) Mas nada de tudo isto parece ter tido a ver no caso. Aqui o comer e o beber têm algo que ver com o corpo de Cristo. O autor de Hebreus se remonta às prescrições do Dia da Expiação. Agora, segundo essas prescrições, os corpos do bezerro devotado pelos pecados do sumo sacerdote e do bode emissário devotado pelos pecados do povo, deviam ser consumidos inteiramente pelo fogo num lugar fora do acampamento (Levítico 16:27). Eram ofertas pelo pecado e ainda que os que rendiam o culto tivessem desejado comer essa carne não podiam fazê-lo.
O autor considera Jesus como o sacrifício perfeito. O paralelismo é completo porque, além disso, Jesus foi sacrificado fora da porta; efetivamente, o Calvário estava fora dos muros de Jerusalém. As crucificações sempre se levavam a cabo fora de uma população. Jesus também foi a oferta pelo pecado em favor dos homens. Em consequência, assim como ninguém podia comer a carne da oferta do pecado no Dia da Expiação tampouco ninguém pode comer a carne de Cristo. Pode ser que aqui tenhamos a chave; é possível que existisse nessa Igreja um pequeno grupo que, seja no sacramento, seja em alguma comida comum, consagrassem seus mantimentos a Jesus e pretendessem de fato e verdadeiramente comer o corpo de Cristo. Poderiam ter-se convencido a si mesmos de que pelo fato de consagrar seus mantimentos a Cristo, o corpo dEle entrava neles. Isto era efetivamente o que as religiões gregas pensavam de seus próprios deuses.
Quando um grego sacrificava recebia parte da carne. Com frequência fazia uma festa para si mesmo e seus amigos dentro do
templo, onde teve lugar o sacrifício, crendo que quando ingeria a carne do sacrifício, o deus que estava na carne sacrificada entrava em sua pessoa. Com a carne a vida do deus entrava em seu corpo e em seu coração. Bem pode ser que alguns gregos tivessem introduzido no cristianismo suas próprias ideias e falassem de comer o corpo de Cristo.
O autor cria com toda a força de seu ser que nenhuma comida podia introduzir a Jesus Cristo no interior do homem; que Cristo jamais pode entrar num homem a não ser pela graça. É muito provável que tenhamos aqui uma reação contra a demasiada ênfase nos sacramentos. É notável que o autor jamais menciona os sacramentos, que não parecem entrar absolutamente dentro de sua colocação. É provável que até naquela época tão primitiva existissem os que tinham uma concepção muito mecânica dos sacramentos e esqueciam que nenhum sacramento do mundo é útil por si mesmo; o único proveito está na graça de Deus acolhida pela fé do homem. Não é a carne, mas sim a fé e a graça o que importa.
Mas esta colocação estranha dava o que pensar a nosso autor. Cristo tinha sido crucificado fora da porta como proscrito e expulso pelos homens; foi acusado de ser um criminoso; foi contado entre os transgressores. Aqui o autor descobre uma imagem: também nós devemos nos separar da vida do mundo, nos submeter a sair fora das portas do mundo, carregar sobre nós a mesma recriminação que Cristo carregou. A separação, o isolamento e a humilhação podem sobrevir sobre o cristão como sobrevieram sobre Cristo. Os cristãos devem estar preparados para suportar o mesmo tratamento do mundo que suportou seu Mestre.
Mas o autor vai mais além. Se no sacramento o cristão não pode oferecer de novo o sacrifício de Cristo, qual é o sacrifício que pode oferecer? O autor diz que várias coisas.
(1) Pode oferecer a Deus seu contínuo louvor e ação de graças. Os povos antigos sustentavam às vezes que uma oferta de gratidão era mais aceita a Deus que uma oferta pelo pecado, porque quando um homem a oferecia, buscava obter algo de Deus, o perdão de seus pecados, enquanto que uma oferta de gratidão era uma oferta incondicional de seu coração agradecido. O sacrifício de ação de graças é aquele que todos podem oferecer e ao qual devem sentir-se obrigados.
(2) Pode oferecer uma profissão pública e prazerosa de sua fé em Cristo. Esta é uma oferenda de lealdade. O cristão sempre pode oferecer a Deus uma vida que não se envergonha de mostrar de quem é e a quem serve. Não envergonhar-se jamais do Evangelho de Jesus Cristo é também uma oferta.
(3) O cristão pode oferecer a Deus como sacrifício obras de amor e o compartilhar com seu próximo. De fato isto era algo que o judeu sabia muito bem. Depois do ano 70 de nossa era os sacrifícios do templo chegaram a seu fim. Já não eram possíveis, porque nesse ano o templo tinha sido destruído. O que ficou? Os rabinos ensinavam que nesses dias tardios em que o ritual do templo tinha concluído, a teologia, a oração, a penitência, o estudo da Lei e a caridade eram ainda sacrifícios equivalentes aos do antigo ritual.
O rabino Jônatas Ben Zakkai se consolava nesses tristes dias crendo que "com a prática da caridade ainda possuía um sacrifício válido pelo pecado".
Um escritor cristão antigo diz: "Espero que seu coração renda frutos: que dê culto ao Deus Criador de tudo, e que lhe ofereça continuamente suas orações por meio da compaixão porque a compaixão que os homens mostram pelos homens é um sacrifício incruento e santo a Deus."
Finalmente, Jesus mesmo disse: “Sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus 25:40). E o melhor sacrifício de todos é ajudar a um dos filhos de Deus que padece necessidade.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag. 205-208.
II - REMINISCÊNCIA: O ATO DE DAR E RECEBER (4,15-17)
1. Paulo relembra o apoio dos filipenses.
O verbo «...sabeis...» exibe um apelo do apóstolo ao conhecimento que os crentes de Filipos tinham do fato que somente eles vinham contribuindo com o apóstolo dos gentios, financeiramente falando. Mas isso não visou deixar as demais comunidades cristã sem posição desfavorável, mas simplesmente serviu para enfatizar a posição ímpar dos crentes filipenses sobre aquela questão, a qual fazia parte do louvor que Paulo lhes faz, sem com isso querer diminuir a qualquer outra igreja local cristã. Essa questão de conhecimento, no que tange à ajuda financeira, tem por intuito incluir outras ações passa das de benevolência, e não apenas a ação presente daqueles crentes. As palavras «...também vós...» significam que, além do apóstolo dos gentios, os próprios crentes filipenses tinham «conhecimento» desse fato.
«...ó filipenses...» Usualmente o apóstolo dos gentios não se dirigia a seus leitores originais, chamando-os pelo nome. Mas outros exemplos dessa prática que aqui vemos aparecem em II Cor. 6:11 e Gál. 3:1. Isso acrescenta certo toque pessoal às palavras de Paulo, expressando sua afeição profunda e intensa. Sabe-se bem que o uso do nome de alguém é agradável para a pessoa assim chamada, e isso muito aumenta o interesse pessoal no diálogo.
«...no início do evangelho...» Os versículos que se seguem mostram-nos que Paulo indicava «a primeira vez em que o evangelho fora pregado na Macedônia», isto é, o «início do ministério do evangelho» naquela região.
Paulo faz aqui alusão ao dinheiro que eles lhe tinham enviado mais ou menos ao tempo de sua partida da Macedônia. (Ver Atos 17:14). Contudo, alguns estudiosos supõem que essa expressão não indica algum ponto do tempo, mas de «importância», como se para Paulo o evangelho então tivesse começado realmente a prosperar, na missão europeia, embora ele ainda estivesse em meio à sua carreira, no tocante ao tempo. Assim pensa também Lightfoot (in loc.): «A fé de Cristo, por assim dizer, tivera um novo começo». Mas isso é ornar desnecessariamente e complicar demais o sentido simples das palavras de Paulo. O décimo sexto versículo menciona uma dádiva anterior àquela que é aqui mencionada, quando Paulo ainda se encontrava em Tessalônica. É perfeitamente possível que tenha havido outras ofertas semelhantes, que não são aqui aludidas. No presente versículo, pois, Paulo se refere a uma ocasião cerca de dez anos antes de haver ele escrito estas palavras.
«...Macedônia...» (Quanto a notas expositivas completas sobre essa província, ver Atos 16:9. Quanto a «Filipos», cidade pertencente àquela província, ver Atos 16:12). Paulo costumava referir-se, em suas cartas, a distritos ou províncias por onde passara em suas viagens, ao invés de mencionar cidades. (Com parar isso com os trechos de Rom. 16:5; I Cor. 16:15; II Cor. 2:13; 7:5; 8:1 9:2).
«...se associou comigo...» No original grego temos o verbo «koinoneo», que significa «compartilhar», «fazer parte», «participar», «contribuir com uma porção». Nenhuma outra comunidade cristã, exceto a de Filipos, se associara a Paulo no tocante a participar de sua conta de débito e crédito.
Nenhuma outra igreja cristã local entrara em «sociedade» com ele nesse particular. Somente os crentes filipenses se tinham tornado seus sócios no evangelho, enquanto ele se encontrava distante deles, compartilhando de seu trabalho; e isso através de meios financeiros.
«...dar e receber...» Paulo emprega aqui a terminologia das finanças, talvez de modo brincalhão, ou seja, «crédito» e «débito». No décimo sétimo versículo ele usa a expressão «...vosso crédito...», dando assim prosseguimento à metáfora mercantil. Conforme comenta Robertson (in loc.): «Paulo não precisava manter conta corrente com nenhum a outra igreja local, embora, mais tarde, Tessalônica e Beréia se tenham unido àquele em apoio ao trabalho de Paulo em Corinto (ver II Cor. 11:8 e ss.)».
Depois disso, várias outras igrejas locais gentílicas contribuíram para a oferta que foi enviada aos santos pobres de Jerusalém; mas isso não foi uma dádiva pessoal a Paulo. (Ver Rom. 15:25 sobre essa questão, bem como notas expositivas adicionais em II Cor. 9:2, acerca das áreas específicas que participaram dessa citada coleta).
Os intérpretes têm elaborado sobre a metáfora mercantil, vendo nela os significados possíveis seguintes:
1. Talvez Paulo se estivesse referindo a uma conta de «dois lados»: Paulo lhes dera realidades espirituais e recebera coisas materiais; os crentes filipenses tinham recebido realidades espirituais e haviam dado coisas materiais.
2. Ou o lado devedor talvez esteja em branco nessa conta corrente, do lado dos crentes filipenses, ao passo que o lado «credor» estivesse vago do lado do apóstolo, embora tudo ainda fosse um a questão de «dar e receber».
No dizer de Vincent (in loc.). «A dádiva dos filipenses e o recebimento por parte de Paulo formam os' dois lados da conta corrente».
3. Naturalmente, não há aqui qualquer indicação de «dádiva mútua», como se Paulo houvesse enviado dádivas em dinheiro para o trabalho evangelístico em Filipos.
4. Mui provavelmente, nada de especial e particular está em foco, com o uso dessa expressão, quanto a quem teria dado e quem teria recebido, ou quanto ao que teria sido dado; mas está em pauta apenas a ideia bem geral de alguma forma de transação financeira entre Paulo e os filipenses, o que provocou o uso de um a terminologia financeira.
«...igreja...» (Quanto a notas expositivas completas sobre a «igreja», em seu aspecto universal e local, ver o trecho de Efé. 3:10).
«...unicamente vós outros...» Neste ponto Paulo se refere a doações voluntárias, que podem ser incluídas ou separadas da remuneração que os ministros do evangelho merecem. Sobre essa questão, ver os trechos de I Cor. 9:6-18; II Cor. 11:7-10 e I Tes. 2:9. D ar «ofertas», em adição ao que era requerido (o dízimo), é algo firmemente baseado nos preceitos do antigo pacto. Naturalmente, Paulo em parte alguma ensina que se pague o dízimo; mas a experiência mostra-nos que essa é um a quantia prática, nada havendo, em todo o N.T., contrário a essa prática, embora não existam ali ensinamentos específicos que o recomendem. Não há que duvidar que os crentes filipenses sustentavam seus ministros locais. Mas, além disso, davam ofertas a Paulo, para a sua missão no estrangeiro, que para eles importava em autêntico sacrifício. Isso serve de bom exemplo para a igreja cristã de qualquer época. Um crente sincero contribuirá com pelo menos a décima parte do que ele ganha, para o trabalho do evangelho; e talvez mais ainda. Nossa preocupação não deve ser quão pouco podemos dar, a fim de cumprir um a «obrigação», mas antes, quanto podemos dar, ainda que isso envolva em sacrifício, para garantir a abundância do sucesso no trabalho.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 67-68.
Paulo reconhece com gratidão o fato de que o presente donativo era o segmento de uma série de donativos. Ele menciona algo que tanto os filipenses quanto ele mesmo sabiam muito bem, a saber, que quando a igreja filipense estava em seus primórdios, recém-fundada – isso aconteceu há uma década pelo menos –, então já naqueles primeiros dias da proclamação do evangelho naquela região, eles, e somente eles, partilharam com ele no tocante (e seguem alguns termos comerciais) a despesas e receitas, isto é, uma conta em que os filipenses eram os doadores e Paulo o recipiente. Determinando a ocasião mais precisamente quanto ao tempo, o apóstolo diz que essa generosidade foi demonstrada em conexão com sua partida da Macedônia (onde se localizavam Filipos e a vizinha Tessalônica), partida um tanto precipitada, como temos indicado em Atos 17.14. Os amigos filipenses ouviram das tribulações de Paulo em Tessalônica, e imediatamente correram em seu auxílio em termos materiais, permitindo-lhe continuar seu trabalho em outros lugares (em Acaia, Atenas e Corinto; cf. 2Co 11.8,9).
HENDRIKSEN. William. Exposição de Filipenses. Editora Cultura Cristã. pag. 596.
4.15 - Dar e receber. Paulo considerava a relação entre ele e os filipenses como uma via de mão dupla, com ambas as partes ativamente envolvidas no sentido de partilhar tanto dádivas materiais como espirituais.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 536.
15. No início do evangelho. Quando o Evangelho foi proclamado pela primeira vez na Macedônia. Quando parti provavelmente se refere à oferta feita por ocasião da partida (cons. Atos 17:14), e não posteriormente (cons. lI Co. 11:9). A dar e receber. A primeira das diversas alusões feitas a transações financeiras. Talvez fosse um gentil lembrete de que o pagamento em troca de bens espirituais não era de todo descabido (cons. I Co. 9:11).
Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora Batista Regular  Filipenses. pag. 29-30.
4.15 no início do evangelho. Quando Paulo pregou o evangelho em Filipos pela. primeira vez (At 16.13). quando parti. Quando Paulo deixou Filipos pela primeira vez, aproximadamente dez anos antes (Al 16.40). Macedônia. Além de Filipos, Paulo também ministrou em duas outras cidades na Macedônia: Tessalônica e Bereia (Al 17.1-14). no tocante a dar e receber. Paulo utilizou três termos empresariais. "No tocante" pode ser traduzido por "compulando".
"Dar e receber" diz respeito a despesas e receitas. Paulo era um fiel mordomo dos recursos de Deus e registrava cuidadosamente tudo o que recebia e gastava, senão unicamente vós. Somente os filipenses enviaram provisões para Paulo a fim de suprir suas necessidades.
MAC ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 1624.
2. O necessário para viver.
Agora Paulo se lembra de duas outras ocasiões, anteriores, em que recebera dinheiro da parte dos crentes filipenses. Após a sua primeira visita a Filipos, Paulo se dirigiu diretamente a Tessalônica, um porto de mar da Macedônia, evidentemente tendo ficado em dificuldades financeiras de alguma sorte, sobre o que o livro de Atos nada nos informa. Mas os crentes filipenses o ajudaram naquele momento de crise; e assim o seu trabalho pôde continuar. Paulo lhes devia grande gratidão, portanto; e aqui tece apreciações sobre o espírito fraternal que haviam demonstrado, até mesmo mais que sobre a própria ajuda financeira, porquanto aquela atitude amorosa era evidência de que Cristo operava neles, tornando-os segundo a sua própria imagem.
Em Tessalônica, Paulo viveu principalmente através do seu próprio labor manual (ver I Tes. 2:9 e II Tes. 3:8). Mas talvez tenha havido alguma suavização dessa situação, ou talvez ele não ganhasse o bastante para viver decentemente. Porém, os crentes filipenses se prontificaram a ajudá-lo naquela questão, a fim de que ele pudesse continuar devotado ao seu trabalho de evangelismo; e isso, afinal de contas, é o motivo mesmo pelo qual contribuímos para os obreiros cristãos. Essas contribuições liberam-nos para o trabalho do evangelho.
Em confronto com a cronologia do livro de Atos, Paulo se refere aqui a eventos registrados no décimo sétimo capítulo desse citado livro. Mais tarde, quando estava ele a caminho de Corinto (ver o décimo oitavo capítulo do livro de Atos), Paulo recebeu novamente dádivas, trazidas por Timóteo e Silas (aquelas mencionadas no décimo quinto versículo deste capítulo). Ambas as instâncias representam estágios de sua «partida da Macedônia», em que a primeira dessas instâncias ocorreu antes de haver ele realmente abandonado esse território.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 68.
A gora Paulo se lembra de duas outras ocasiões, anteriores, em que recebera dinheiro da parte dos crentes filipenses. Após a sua primeira visita a Filipos, Paulo se dirigiu diretamente a Tessalônica, um porto de mar da Macedônia, evidentemente tendo ficado em dificuldades financeiras de alguma sorte, sobre o que o livro de Atos nada nos informa. Mas os crentes filipenses o ajudaram naquele momento de crise; e assim o seu trabalho pôde continuar. Paulo lhes devia grande gratidão, portanto; e aqui tece apreciações sobre o espírito fraternal que haviam demonstrado, até mesmo mais que sobre a própria ajuda financeira, porquanto aquela atitude amorosa era evidência de que Cristo operava neles, tornando-os segundo a sua própria imagem.
Em Tessalônica, Paulo viveu principalmente através do seu próprio labor manual (ver I Tes. 2:9 e II Tes. 3:8). Mas talvez tenha havido alguma suavização dessa situação, ou talvez ele não ganhasse o bastante para viver decentemente. Porém, os crentes filipenses se prontificaram a ajudá-lo naquela questão, a fim de que ele pudesse continuar devotado ao seu trabalho de evangelismo; e isso, afinal de contas, é o motivo mesmo pelo qual contribuímos para os obreiros cristãos. Essas contribuições liberam-nos para o trabalho do evangelho.
Em confronto com a cronologia do livro de Atos, Paulo se refere aqui a eventos registrados no décimo sétimo capítulo desse citado livro. Mais tarde, quando estava ele a caminho de Corinto (ver o décimo oitavo capítulo do livro de Atos), Paulo recebeu novamente dádivas, trazidas por Timóteo e Silas (aquelas mencionadas no décimo quinto versículo deste capítulo). Ambas as instâncias representam estágios de sua «partida da Macedônia», em que a primeira dessas instâncias ocorreu antes de haver ele realmente abandonado esse território.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 68.
16. De Filipos, os missionários apostólicos vieram a Tessalônica (At 17:19). Até lá os filipenses enviaram ajuda. As melhores tradições textuais (Sinaítica, Vaticanus, etc.) acrescentam “para as minhas necessidades”, como na ARA. Há várias questões levantadas por esta referência à ajuda recebida durante o ministério de Paulo em Tessalônica; porque até para Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades.
Paulo se refere a seu “labor e fadiga” (1 Ts 2:9; 2 Ts 3:8), durante este período, e pode-se presumir que, numa época de crise econômica, aliviada parcialmente pelo seu trabalho manual, as dádivas de Filipos chegaram em boa hora. Que tais donativos se repetiram, se deduz de não somente uma vez, mas duas (veja-se L. Morris quanto a esta frase, NovT
I (1956), pp. 203-8; B. Rigaux, Les építres aux Thessaloniciens, Paris, 1956, p. 461). Se a primeira palavra da sentença kai hapax kai dis não fizer parte da expressão, mas, serve apenas de conetivo, então o sentido será: “tanto quando eu estava em Tessalônica, e mais de uma vez quando eu estava em outros lugares” (de acordo com Morris, loc. cit., p. 208). Esta frase implica em que houve frequente remessa de donativos a Paulo, provavelmente enquanto estava em Tessalônica, durante um período mais longo do que Atos 17 dá a entender. (Veja-se E. Haenchen, The Acts of the Apostles, pp. 51 ls. Assim pensam Gnilka, Michaelis e Collange).
Ralph P. Martin, Ph. D.. Filipenses Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 181.
1 Tm 6.10 — O dinheiro em si não é um problema, mas o amor do dinheiro é. O amor ao dinheiro é a raiz dos males. O amor ao dinheiro pode levar uma pessoa a todo tipo de males. A cobiça pode levar um cristão até a desviar-se da fé. A ganância e o materialismo podem cegar o cristão a ponto de ele se distanciar de sua fé. Muitas dores. Uma vida centrada em coisas materiais produz somente dor.
1 Tm 6.11 — Paulo faz uma séria advertência contra o materialismo. Foge é uma ordem firme. Segue é determinação para perseguir ou ir atrás de algo ou alguém. A justiça, a piedade e a fé são qualidades de caráter. A caridade, a paciência e a mansidão são frutos da vida controlada pelo Espírito (Gl 5.22). Homens e mulheres de Deus devem, com todo o seu ser, seguir a piedade, não objetivos puramente materiais.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 601.
O apóstolo afirma que o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males (v. 10). Tendo o amor do dinheiro, por quais pecados o homem não será atraído? Particularmente, isto estava na base da apostasia de muitos da fé cristã; enquanto cobiçavam dinheiro, eles se desviavam da fé, abandonavam o cristianismo e traspassavam a si mesmos com muitas dores. Observe: [1] Qual é a raiz de toda espécie de males? O amor ao dinheiro. As pessoas podem ter dinheiro, e mesmo assim não amá-lo. Mas, se o amarem imoderadamente, ele as levará para toda espécie de males. [2] Pessoas cobiçosas renunciarão a sua fé, se isso as levar a ganhar dinheiro: Nessa cobiça alguns se desviaram da fé. D emas me desamparou, amando o presente século (2 Tm 4.10). O mundo era mais precioso para ele do que o cristianismo.
Observe: Aqueles que se afastam da fé, se traspassam com muitas dores. Aqueles que se afastam de Deus, apenas acumulam dores para si mesmos.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 702.
O motivo de seus ensinamentos (w. 5b-10). Esses falsos mestres imaginavam que a "piedade é fonte de lucro". Aqui (1 Tm 6:5), o termo "piedade" refere-se à "profissão da fé cristã" e não à vida autêntica de santidade pelo poder do Espírito. Usavam sua profissão religiosa como um meio de ganhar dinheiro. O que faziam não era um ministério real, mas apenas um negócio religioso.
Paulo sempre tinha o cuidado de não usar seu chamado e ministério como um meio de ganhar dinheiro. Chegou até a recusar o sustento da igreja de Corinto para que ninguém o acusasse de ganância (1 Co 9:15-19). Em momento algum usou sua pregação com "intuitos gananciosos" (1 Ts 2:5). Como é triste ver os charlatães religiosos de hoje se aproveitarem de pessoas ingênuas, prometendo-lhes ajuda enquanto tomam seu dinheiro.
A fim de advertir Timóteo - e de nos advertir - sobre os perigos da ganância, Paulo apresenta quatro fatos: A riqueza não traz contentamento (v. 6). O termo "contentamento" significa "uma suficiência interior que nos mantém em paz apesar das circunstâncias exteriores". Paulo usa a mesma palavra quando diz: "Porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação" (Fp 4:11). O verdadeiro contentamento vem da piedade no coração, não do dinheiro na mão. A pessoa que depende de bens materiais para ter paz e segurança nunca ficará satisfeita, pois as coisas sempre acabam perdendo seu atrativo. São os ricos, não os pobres, que consultam os psiquiatras e que se mostram mais propensos a cometer suicídio.
A riqueza não é duradoura (v. 7). Gosto de traduzir esse versículo com as palavras de Jó: "Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele" (ver Jó 1:21). Quando uma pessoa morre e o espírito deixa o corpo, não pode levar coisa alguma consigo, pois ao vir ao mundo não trouxe coisa alguma. Todos os seus bens vão para o governo, para seus herdeiros ou, talvez, para organizações filantrópicas e para a igreja. A resposta à pergunta:
"quanto ele deixou?" é de conhecimento geral: tudo!
Nossas necessidades físicas podem ser supridas com facilidade (v. 8). O alimento e a "cobertura" (roupas e abrigo) são necessidades básicas; se as perdemos, ficamos desprovidos da capacidade de obter outras coisas. Um avarento sem comida pode morrer de fome contando seu dinheiro. Isso me lembra a história de um quacre que levava uma vida muito simples observando seu vizinho novo se mudar com todos os apetrechos e "brinquedos" que as "pessoas de sucesso" acumulam. Por fim, o quacre foi até a casa do vizinho e disse: - Senhor, se precisares de alguma coisa, avisa-me, e eu te direi como poderás viver sem ela.
Henry David Thoreau, naturalista do século XIX, dizia que a riqueza de um homem é diretamente proporcional ao número de coisas sem as quais ele é capaz de viver.
As crises que o mundo enfrenta na economia e energia provavelmente serão usadas por Deus para estimular as pessoas a simplificar seu modo de viver. Muita gente "sabe o preço de tudo, mas não sabe o valor de coisa alguma". Estamos tão saturados de luxos que nos esquecemos de como desfrutar as coisas mais essenciais.
O desejo de riqueza conduz ao pecado (w. 9, 10). A tradução exata é: "os que ficarão ricos" e descreve pessoas que precisam de cada vez mais coisas para ser felizes e se sentirem bem-sucedidas. Mas as riquezas são uma armadilha; conduzem à escravidão, não à liberdade. Em vez de saciar, as riquezas criam outras concupiscências (desejos) a serem satisfeitas. Paulo dá uma descrição vívida dos resultados: "muitas concupiscências insensatas e perniciosas [...] afogam os homens na ruína e perdição" (1 Tm 6:9). Vemos aqui a imagem de um homem se afogando! Ele confiava em suas riquezas e navegava tranquilamente pela vida, quando veio a tempestade e o afundou.
É perigoso usar a religião como fachada para obter riquezas. Por certo, o obreiro de Deus é digno de seu salário (1 Tm 5:1 7, 18), mas sua motivação para trabalhar não é o dinheiro. Se fosse, ele seria apenas um "mercenário", não um verdadeiro pastor (Jo 10:11-14). Não devemos perguntar: "Quanto vou ganhar com isso?", mas sim: "Quanto posso dar?"
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 305-306.
Atitudes Corretas dos Verdadeiros Mestres. 6:6-10.
6. Grande fonte de lucro. Esta palavra parece ter o significado uniforme de "causa de ganho", "meio de vida", o que lhe dá um sentido melhor aqui. Paulo quer dizer: "A fé cristã com suficiência nesta vida é um grandioso meio de vida". Ele já disse (em 4:8, que é paralela e um bom comentário) que a piedade é proveitosa sob todos os aspectos, dando a promessa não apenas para esta vida mas também para a vida futura. É esta ênfase escatológica que Paulo pretende destacar no restante da epístola. Nos versículos 7, 8 o apóstolo mostra a loucura de se colocar as esperanças e os desejos neste mundo, que é temporário. É preciso contentar-se com o alimento e abrigo.
9,10. Nestes versículos ele desenvolve a ideia da loucura de se concentrar na acumulação de riqueza como um fim em si mesmo. A tradução de Hendriksen (op. cit.) parece a preferível: Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Nessa cobiça (referindo-se ao dinheiro) alguns se desviaram da fé. Amor ao dinheiro é idolatria (Cl. 3:5; Ef. 5:5; I Jo. 2:15) e afasta da verdadeira esperança o cristão.
Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora Batista Regular  Filipenses. pag. 31-32.
3. “Não procuro dádivas”.
Paulo reitera aqui o seu desinteresse pelas coisas materiais, conforme se vê nos versículos onze a treze deste capítulo, pela primeira vez. Porém, apesar de declarar-se assim desinteressado, reconheceu que o que os crentes filipenses tinham feito era um a coisa boa, em favor de um seu irmão na fé; e ele pôde apreciar como tal a ação. E aqui declara que isso seria lançado no «crédito» deles, ou seja, receberiam a recompensa da parte do Senhor.
Haveriam de ganhar uma bênção por terem dado, sendo isso um resultado natural da lei da colheita de conformidade com a semeadura, conforme se aprende no trecho de Gál. 6:7,8, onde o leitor pode examinar as respectivas notas expositivas.
«...que eu procure...» No tempo presente, no original grego, a fim de assinalar um a ação habitual do apóstolo. Paulo não cobiçava o dinheiro de quem quer que fosse (ver Atos 20:33), mas labutava com as suas próprias mãos a fim de suprir as suas necessidades pessoais.
«...donativo...» No grego temos o vocábulo «doma», usado somente aqui e em Efé. 4:8, em todo o N.T. Paulo não procurava tal ·donativo, e nem qualquer outra forma de dádiva, mas estava antes interessado no «fruto espiritual», produzido pelas vidas de seus convertidos. Paulo reitera aqui o verbo «procurar», para dar maior força à sua asseveração. Ele não procurava uma coisa, mas procurava a outra (embora nossa versão, na segunda ocorrência desse verbo, traduza-o por «...o que realmente me interessa...»).
« ...fruto...» Essa palavra era frequentemente usada para indicar o «incremento» produzido pelo dinheiro aplicado. Portanto, Paulo continuava empregando a metáfora mercantil, iniciada no versículo décimo quinto deste capítulo. Os crentes filipenses poderiam estar certos de que tinham feito um excelente investimento, porquanto o Senhor da ceifa, que mantém o registro de todas as contas correntes, providenciaria para que não somente outras almas fossem trazidas aos pés de Cristo, através daquele donativo, mas também que os próprios doadores seriam enriquecidos, depois de terem tido suas almas salvas do julgamento, assim aumentando a glória de Cristo, que é o Salvador. O galardão da parte do Senhor está aqui em foco. (Ver o trecho de II Cor. 5:10 quanto a notas expositivas sobre o «tribunal de Cristo»; e ver I Cor. 3:8,14, onde também são discutidos os «galardões» que serão conferidos aos crentes). Os crentes filipenses seriam enriquecidos eternam ente em troca de um serviço temporal que haviam emprestado, feito mediante o impulso do Espírito Santo.
« ...aumente ...» No grego, «pleonadzo», que quer dizer «abundar», «tornar-se mais», «estar presente em abundância». O investimento dos filipenses produziria ·dividendos abundantes, enriquecendo-os espiritualmente.
A ênfase recai sobre a ideia de abundância. É como se Paulo estivesse dizendo: «Não quero o capital, e, sim, os juros; e isso para ser lançado em vossa conta, e não na minha». (Scott, in loc.). Por essa mesma razão é que o Senhor Jesus disse: «Mais bem-aventurado é dar que receber» (Atos 20:35). E essa é a maior das razões por que assim são as coisas, embora não se trate da única razão. Nenhuma dádiva, conferida com sinceridade de coração, poderá jamais perder-se. Deve trazer com isso suas recompensas. Ora, tudo isso serve de grande motivo para contribuirmos financeiramente para o trabalho do evangelho, particularmente para as missões no estrangeiro.
«...vosso crédito...» Tem continuação, com essas palavras, a metáfora mercantil. Os crentes filipenses são pintados como quem tem uma conta corrente com o Senhor; mas, tendo feito um donativo a Paulo, o Senhor assinalou o aumento correspondente ao crédito deles, nos livros de contabilidade dos céus. A recompensa ainda será futura, eterna; mas não há que duvidar que também alguma coisa lhes seria dada até mesmo nesta vida terrena, por haverem sido generosos para com alguém. Isso se dá com todos quantos se mostram generosos, sobre tudo com os ministros e missionários do evangelho. Os que assim agirem estarão aumentando o seu crédito, o seu investimento. Poderão fazer retiradas agora, desse crédito, mas, no «dia de Cristo», todas as contas serão acertadas. Paulo promete a Cristo um a grande vantagem nessa questão, por causa do serviço fiel que lhe tinham prestado; e isso é que realmente o interessava, por ser ele um bom pastor, interessado no bem-estar eterno de suas ovelhas.
O sentimento deste versículo pode ser comparado com o trecho de Pro. 19:17, que diz: «Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta, e este lhe paga o seu benefício».
Paulo ansiava por livrar-se da possibilidade de ser acusado de desejar receber sempre donativos, ao mesmo tempo que situava na sua respectiva apropriada a questão inteira das doações cristãs. Conforme comenta Adam Clarke (in loc.) ׳. «Não vos falo assim para incitar-vos a enviar-me mais donativos; mas falo acerca do tema em geral, porque quero que produzais tal fruto que seja lançado em vossa conta no dia do Senhor».
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 68-69.
...maior interesse no bem espiritual dos crentes do que no dinheiro deles (4.17). A maior alegria de Paulo não era receber o donativo enviado pela igreja, mas saber que os dividendos espirituais da igreja aumentaram por conta da sua generosidade. Paulo manteve a tônica dessa carta: os interesses do outro vêm antes dos interesses do eu.
F. F. Bruce corretamente afirma que o apóstolo enfatiza que sente gratidão não apenas porque eles lhe enviaram uma oferta, mas, também, porque esse enviar serviu de sinal da graça celestial na vida deles. Usando uma figura de linguagem, seria um depósito que efetuaram no banco celeste, que se multiplicaria a juros compostos, para benefício deles mesmos. O objetivo dos filipenses fora que sua generosidade tivesse Paulo como alvo, e isso, de fato, aconteceu; todavia, no âmbito espiritual, o lucro permanente pertence aos filipenses. Ralph Martin, na mesma linha de raciocínio, diz que esse versículo está cheio de termos comerciais, “...procure o donativo” talvez seja um termo técnico para a exigência de pagamento de juros. Já a palavra “fruto” é lucro ou juros. A expressão grega pleonazein, “que aumente”, é um termo bancário regular para crescimento financeiro; “vosso crédito” significa conta. Assim, a sentença toda é um jogo de palavras que procura exprimir a esperança de Paulo, num jargão comercial: “aguardo os juros que serão creditados em vossa conta”, de tal forma que Paulo, no último dia, estará satisfeito com os seus investimentos em Filipos.
Quando ofertamos, nos beneficiamos a nós mesmos na mesma medida em que socorremos os necessitados (2Co 9.10-15). Quem dá ao pobre, a Deus empresta. Quem semeia com abundância, com abundância também ceifará (2Co 9.7). O texto bíblico de Hebreus 6.10 diz: “Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos”. O doador enriquece as duas pessoas: a que recebe e a si próprio. Nessa mesma trilha de pensamento, William Hendriksen diz que o donativo era realmente um investimento que entrava como crédito na conta dos filipenses, um investimento que lhes acresce paulatinamente ricos dividendos.457 A Palavra de Deus é enfática em afirmar que um donativo feito de modo correto sempre enriquece o doador. “A alma generosa prosperará” (Pv 11.25). “Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta” (Pv 19.17). “Mais bem-aventurado é dar que receber” (At 20.35). Hoje, muitos obreiros, pastores e missionários estão atrás do dinheiro do povo, e não interessados na alma do povo (2Co 12.14-18). São obreiros fraudulentos e ganancioso.
que usam toda sorte de esperteza para explorar o povo, em vez de apascentar o povo. São pastores de si mesmos, e não do rebanho de Deus. São exploradores das ovelhas, e não pastores das ovelhas. São mercenários, e não missionários.
LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 250-252.
4.17 fruto. A palavra grega pode ser traduzida por "lucro". aumente o vosso crédito. Os filipenses estavam, de fato, armazenando para si mesmos tesouros no céu (Mt 6.20). As ofertas que eles deram para Paulo estavam acumulando dividendos para crédito espiritual deles (Pv 11.24-25; 19.17; Lc 6.38; 2Co 9.6).
MAC ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 1624.
13.15,16 — Embora os sacrifícios do Antigo Testamento houvessem se tornado, com Cristo, obsoletos (Hb 8.13), os crentes poderiam e deveriam oferecer a Deus sacrifícios espirituais, entre os quais seu louvor, seus bens, sua vida (Rm 12.1,2).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 667. 
III - A OBLAÇÃO DE AMOR E SAUDAÇÕES FINAIS (4.18-23)
1. A oblação no Antigo Testamento.
1. O sentido da palavra oblação (w. 17,18)
Explicando a palavra “oblação” de modo mais explícito, já sabemos que se trata de uma palavra típica da linguagem litúrgica da vida religiosa dos judeus. Vários tipos de ofertas faziam parte do sistema sacrificial do Antigo Testamento. Essa palavra está contida No contexto da expressão “cheiro de suavidade e sacrifício agradável” (v. 18). O sentido da palavra é “dádiva, oferta” que se oferecia nos atos de entrega a Deus, conforme dissemos acima, “ofertas de consagração”. Portanto, entre todos os tipos de ofertas do sistema sacrifical, a “oblação” é a oferta de algo comestível (“de cereais ou de animais”), fruto da gratidão pelas provisões materiais da parte de Deus ao seu povo. Essas ofertas não eram queimadas, mas podiam ser comidas.
2. A oblação dos filipenses na mente de Paulo (v. 18)
Paulo usa expressões do culto a Deus e diz que a oferta dos filipenses era “cheiro suave, como sacrifício agradável a Deus”. A frase “cheiro suave” encontramos repetidamente no Antigo Testamento, a começar pelo sacrifício de Noé depois que a arca pousou num dos montes Ararat (Gn 8.20,21). O texto de Gênesis diz que “o Senhor cheirou o suave cheiro” do sacrifício que Noé lhe ofereceu. Na mente de Paulo, a dádiva dos filipenses exalava um aroma suave, como um sacrifício aceitável e aprazível a Deus (Ex 29.18; Gn 4.4). Ele entendia, como uma prática de justiça e misericórdia, como sendo um sacrifício agradável ao Senhor. No Novo Testamento, Cristo é sacrifício pelos pecados do mundo e é “oblação de cheiro suave” como oferta a Deus (Ef 5.2). A atitude dos filipenses era vista por Paulo como se fosse uma oferta de manjares oferecida a Deus que exalava um “cheiro suave” diante do Senhor.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 155-156.
OBLAÇÃO Uma oferta voluntária a Deus. A palavra é frequentemente encontrada na versão KJV em inglês, tanto em Levítico quanto nos profetas maiores. Ela é usada para traduzir três palavras hebraicas: minha, a palavra geral para oferta; Fruma, que é frequentemente traduzida como "ofertas movidas"; e qorban, usada em relação a uma oferta de manjares. Os termos hebraicos incluem ofertas de todos os tipos, desde a oferta pacífica até utensílios de ouro e prata ou mesmo uma terra dedicada ao Senhor (Ez 48.12). Em Números 31.50, existe uma nota distinta de propiciação, mas sua ênfase usual é um reconhecimento geral da elevada honra e bondade de Deus. As vezes, a oblação pode expressar uma consciência no ofertante de que ele pertence a Deus. Desde que o Senhor Jesus Cristo fez sua oferta única e suficiente, o crente passou a ter a obrigação de ofertar seu próprio corpo (um "sacrifício vivo", Rm 12.1), como um "sacrifício de louvor" (Hb 13.15). Cada crente tem o dever de oferecer o melhor de si, seus dons, para a obra do Senhor (Fp 4.18).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1384.
SACRIFÍCIOS
Termos e Procedimentos
Os termos hebraicos básicos do AT para a oferta sacrificial são: (1) minha, "presentes" (2 Cr 32.23; Jz 6.18), "oferta" (Gn 4.3-5; Nm 5.15-26), "oblação ou oferta de manjares" (1 Rs 18.29,36), presente oferecido à divindade; (2) qorban, "oferta" (Lv 1.2 etc), aquilo que é trazido para perto (cf. Mc 7.11; veja Corbã); (3) zebah, "sacrifício" (Gn 31.54; Êx 10.25; 12.27; 23.18 etc), animal morto (de zabah, "matar para o sacrifício"), cujos restos podiam ser ingeridos pelo ofertante como um ato de comunhão com seu deus (Dt 12;27), chamado de sacrifício como oferta pacífica (Lv 3); (4) 'ola, "holocausto" ou "oferta queimada" (Gn 8.20; 22.2-13) que se eleva como agradável aroma, oferta queimada ao Senhor (veja Êx 29.25), que é reduzida a cinzas (Lv 6.10) a fim de torná-la uma oferta irrevogável e lhe dar uma forma espiritual ao elevar-se do altar como fumaça em direção a Deus; (5) 'asham "oferta pela culpa ou expiação" (Lv 5.6), "oferta pelo pecado", sacrifício de sangue realizado para a expiação dos pecados, que são infrações da fé contra Deus e o homem, e resultam em uma culpa tão grande que exige a pena de morte, usada como uma referência ao sacrifício vicário de Cristo (Is 53.10); (6) hatta't, "sacrifício pelo pecado" (Êx 29.14,36; Lv 4), um sacrifício de sangue feito para expiar pecados involuntários. Em hebraico, os dois primeiros termos estão combinados (qorban minha) para dar a ideia de uma oblação ou oferta de manjares (cereais; Lv 2). Essa oferta geralmente assumia a forma de bolos asmos perfurados (hallot) feitos de fina farinha misturada com azeite e temperada com sal (Veja Alimentos: Bolo), ou de panquecas delgadas (fqiqim) cobertas com azeite. Também podia consistir de grãos recentemente colhidos, torrados e cobertos com azeite e incenso, e queimados no altar. A oferta de manjares era sempre acompanhada por uma oferta líquida ou libação de vinho (Êx 29.40,41; Lv 23.13,18; Nm 15.4-10; 28.1-31). Um termo mais geral é 'isheh, "oferta no fogo", uma oferta consumida pelo fogo que incluía o sacrifício de animais (Êx 29.18) e de bolos assados (Lv 2.11; 24.7). A n'daba, "oferta voluntária", era oferecida como expressão de devoção, além de ser completamente voluntária, como seu próprio nome determina (Lv 22.18-23); como tal, o animal podia ser grande ou pequeno (v. 23). A oferta votiva (neder) era uma espécie de oferta pacífica (Lv 7.15,16) apresentada por quem estava fazendo o voto, ou quando o voto era feito (Nm 15.3; Jo 1.16). O termo zebah hattoda era o "sacrifício de louvores" ou a "oferta de ação de graças" (Lv 7.12,13; SI 50.14,23; 107.22; 116.17; Jr 17.26; Am 4.5), e uma outra forma de oferta de paz que muitas vezes tornava-se parte de uma refeição de comunhão ingerida pelo adorador. Veja também Primícias; Dízimos. No NT, a palavra grega mais comum para "sacrifício" é thysia (Mt 9.13; Rm 12.1; Ef 5.2; Hb 7.27 etc), e vem de thyo, "sacrificar" (At 14.13,18; 1 Co 5.7), "abater" (Mt 22.4; cf. Lc
15.23,27,30), "matar" (Jo 10.10). Com referência ao sacrifício de Cristo como o Cordeiro de Deus, sphage foi a palavra usada para "assassinato" (matadouro; Atos 8.32, citando Is 53.7). Um termo mais genérico para "oferta" é prosphora (At 21.26; Rm 15.16; Ef 5.2; Hb 10.5,8,10,14,18) significando aquele que é levado à frente. O termo doron, "dons" é usado na epístola aos Hebreus como um termo paralelo a "sacrifícios" (Hb 5.1; 8.3,4; 9.9). De acordo com Levítico 1 e 3, o ofertante, em primeiro lugar, "oferecia" ou "trazia" (hiqrib, 1.3) seu animal no sentido de fazer com que ele se aproximasse (1.2, o mesmo verbo hebraico) trazendo-o para o lado norte (1.11) do átrio do Tabernáculo ou Templo. Em seguida, ele estendia (samak) sua mão sobre a cabeça do animal, evidentemente para identificar-se com a oferta que iria substituí-lo. Não se pode afirmar com certeza que esse ato também significava uma transferência de pecado ou culpa. A vítima era "morta" ou assassinada {shahat) pelo próprio adorador, exceto no caso dos sacrifícios nacionais (Lv 16.15; 2 Cr 29.24). O sacerdote recolhia o sangue em uma bacia e o espargia (zaraq), isto é, borrifava ou o lançava com as mãos (cf. o uso desse verbo em Ex 9.8) contra o altar. A parte que sobrava do sangue era derramada (shapak) na base do altar. Em seguida, o ofertante esfolava ou descarnava (hiphshit) o animal e o cortava (natah) em pedaços, isto é, dividia-o pelas juntas (Lv 1.6,12). Em todas as ocorrências, os rins, juntamente com sua gordura, o fígado, as entranhas e toda a cauda de um novilho/bezerro (Lv 1.8; 3.3,4,9,10; 4.8-10; cf. Gn 4.4; 1 Sm 2.16) eram apresentados ao Senhor (em toda oferta queimada não era necessário fazer distinções). O sacerdote "queimava" (hiqtir) e "oferecia em fumaça" tudo isso no altar. Na oferta queimada, todas as partes do animal, exceto a pele, eram igualmente queimadas no altar. Na oferta pelo pecado, depois que a gordura e os rins eram removidos, toda a carcaça, incluindo o couro, eram levados para fora do acampamento e queimados (sarap, 4.11,12). No caso das ofertas pacíficas, as partes restantes do animal abatido eram ingeridas pelos sacerdotes e pelos adoradores na refeição do sacrifício; essa refeição era considerada uma forma de comunhão com o Senhor (Dt 12.6,7; Êx 18.12; 24.5,11). Em Levítico 7.28-34, porções do sacrifício das ofertas pacíficas eram especialmente reservadas para o sacerdote e sua família, e eram chamadas de ofertas alçadas (tenupa) e ofertas movidas (teruma). Essa última correspondia ao peito do animal e era assim chamada porque era "movida", isto é, movia-se para frente e para trás em direção ao altar como símbolo da apresentação da oferta a Deus e a devolução, feita por Deus, ao sacerdote. Essa oferta foi reconhecida no termo ugarítico snpt que ocorre no texto de um ritual que obedece a uma relação de sacrifícios de paz - selem (BASOR #198 [1970], p. 42). A oferta alçada correspondia ao ombro ou coxa direitos (shoq), alguma coisa que era levantada ou que se elevava (do hebraico rum; veja o substantivo e o verbo em Números 15.20; 18.30,32) para o Senhor, e que era separada como uma "contribuição" para Ele (Lv 7.14,32,34) para uso dos sacerdotes (Nm 18.8-19). J. R.
A Origem dos Sacrifícios
Em relação à origem dos sacrifícios, existem duas opiniões: (1) que eles têm sua origem nos homens, e que Israel apenas reorganizou e adaptou os costumes de outras religiões, quando inaugurou seu sistema sacrificial; e (2) que os sacrifícios foram instituídos por Adão e seus descendentes em resposta a uma revelação de Deus. E possível que o primeiro ato sacrificial em Génesis tenha ocorrido quando Deus vestiu Adão e Eva com peles para cobrir sua nudez (Gn 3.21). O segundo sacrifício mencionado foi o de Caim, que veio com uma oferta do "fruto da terra", isto é, daquilo que havia produzido, expressando sua satisfação e orgulho. Entretanto, seu irmão Abel "trouxe dos primogénitos das suas ovelhas e da sua gordura" como forma de expressar a contrição de seu coração, o arrependimento e a necessidade da expiação de seus pecados (Gn 4.3,4). [Também é possível que a razão do sacrifício de Abel ter sido agradável a Deus, em contraste com sua rejeição ao sacrifício de Caim, tenha sido o fato de Abel ter trazido o que tinha de melhor ("primogénitos" e "sua gordura") enquanto Caim simplesmente obedeceu aos procedimentos estabelecidos - Ed.]
Em Romanos 1.21, Paulo refere-se à revelação e ao conhecimento inicial que os patriarcas tinham a respeito de Deus, e explica a apostasia e o pecado dos homens do seguinte modo: "Tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças". Depois do Dilúvio, "edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo animal limpo e de toda ave limpa e ofereceu holocaustos sobre o altar" (Gn 8.20). Muito tempo antes de Moisés, os patriarcas Abrão (Gn 12.8; 13.18; 15.9-17; 22.2ss.), Isaque (Gn 26.25), e Jacó (Gn 33.20; 35.3) também ofereceram verdadeiros sacrifícios.
Um grande avanço na organização e na diferenciação dos sacrifícios ocorreu com a entrega da lei no Monte Sinai. Um estudo dos diferentes sacrifícios indicados revela seu desenvolvimento final, visando atender às necessidades do indivíduo e da comunidade.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1722- 1723.
Sacrifícios do Mundo Antigo
É inútil isolar os sacrifícios hebraicos e suas formas de outros sistemas do mundo antigo, pois havia um tipo de semelhança e mesmice, sugerindo que ocorreram empréstimos e adaptações no sistema hebraico. Em outras palavras, nem toda a legislação do Antigo Testamento era exclusiva. No mundo mesopotâmico, as ideias dominantes eram a expiação e a provisão de alimentos para os deuses.
O deus, feliz com os sacrifícios oferecidos, consideraria "seus adoradores" com maior gentileza e acumularia benefícios para eles. Diziam-se que Marduque, o deus chefe dos babilônicos, criou os homens (chamados de "aqueles de cabeças negras") com o propósito específico de que o servissem com seus sacrifícios e rituais religiosos.
Seus templos o agradariam, pois ele estaria recebendo bastante atenção daqueles que os haviam construído. Os deuses ficavam felizes com a provisão de alimentos, que, de alguma forma misteriosa os agradava, especialmente os cheiros deliciosos produzidos que se propagavam pelo ar, chegando às narinas dos deuses. Cf. Gên, 8.21; Exo. 29.25; Lev, 1.9, 13, 17; Núm. 15.3.
Os deuses do antigo Sumer tinham seus próprios santuários e cidades dedicadas a seus cultos. Orações e ritos eram realizados e incenso era queimado. O sacrifício era sempre central. Como na cultura hebreia, ofertas de animais e vegetais faziam parte do sistema. Gêneros alimentícios eram colocados diante dos deuses e então retirados para serem comidos pelo rei e pela família real.
De alguma forma misteriosa, os deuses conseguiam saciar-se com esses rituais e então retribuíam aos homens, ajudando-os e livrando-os de perigos.
Os vizinhos de Israel não tinham regras sobre o uso apenas de certos animais domésticos "aprovados" para sacrifício. Sabemos que, no norte da Síria e na Anatólia, burros eram usados em ritos sacrificiais, Um livro hitita de rituais fala do sacrifícios de cães. Soldados no campo de batalha, na esperança de apaziguar os deuses e conseguir sua ajuda, não hesitavam em sacrificar animais silvestres, algo que um hebreu jamais faria.
Tabuletas ugaríticas e fenícias informam sobre sacrifícios que nos fazem lembrar do Antigo Testamento, no tocante tanto a sacrifícios animais como vegetais, e EI (o poder), um nome semita comum (também usado pelos hebreus) para representar Deus, figura com destaque no ritual. Os sacerdotes de Baal tinham terminologia e práticas similares às dos israelitas (ver I Reis capo 18; II Reis 10.18-27).
Os gregos eram um povo muito religioso desde os dias de Homero, até a época do Novo Testamento. Sacrifícios aparecem com destaque em toda a sua história (ver llíada, 1.11.446-476). Os sacrifícios envolviam animais, vegetais e a refeição sagrada da qual compartilhavam homens e deuses. Os sacrifícios eram oferecidos tanto às deidades do submundo como àquelas do augusto Olimpo. Além do uso do boi e do cordeiro, os gregos empregavam cães e outros animais "sujos", da perspectiva hebraica.
Sacrifícios no Antigo Testamento
Os sacrifícios específicos do sistema hebraico eram os que seguem:
1. Oferta por pecados (Lev. capo 4). Do hebraico hattath , "ofensa". Os pecados de ignorância eram reparados através de sacrifício animal (Lev. 4.2). Pecados premeditados não tinham reparação (Lev. 15.30). O reparo adequado resultava no perdão do pecado cometido (Lev. 4.20,26, 31, 35; 5.10). O sangue e a gordura eram a porção de Yahweh. Os sacerdotes ficavam com os cortes de escolha, e o povo, com o que sobrava. Uma refeição sagrada, comunal, encerrava o rito. A gordura era queimada no altar e o sangue era espalhado pelos lados, na direção do altar, ou derramado na sua base. Pensava-se que a "vida" do animal estava em seu sangue (Lev. 17.11, 14). Portanto, Yahweh recebia a "vida" do animal, o que Lhe agradava, e por isso Ele perdoava o "dono" que havia trazido o animal para sacrifício: em outras palavras, era realizado um rito vicário. Os materiais usados para este tipo de sacrifício eram bois jovens, cabritos e cabras, ovelhas, rolas e pombas (para os pobres que não possuíam animais grandes, e para os ritos de purificação de mulheres). Ver Lev. capsa, 5, 6, 14,15 para descrições.
Ver ainda Núm. caps. 6, 8, 28.
2. Ofertas por transgressões, para infrações específicas da Lei, do hebraico asham (falha). A reparação era o objeto desta oferta. Fornecia-se uma recompensa para um tipo específico de erro. A oferta pelo pecado era geral, enquanto a oferta por transgressões era específica, mas os objetivos eram os mesmos. Um cordeiro era o animal comum neste ritual (Lev. 4.14, 15; 6.6; 19.21). O animal usado para os leprosos e para os nazireus era o cordeiro.
3. Ofertas queimadas, do hebraico olah, que se refere a "fumaça ascendente". Neste holocausto (ver), o animal inteiro era queimado até sobrar quase nada. Apenas a pele era guardada e dada ao sacerdote que estava realizando o ritual. A oferta era tanto reparatória como restauradora de uma comunhão e simbolizava o compromisso de um homem com Deus. Foi uma oferta de pacto especial que vinculou Israel a Yahweh, e essa era realizada todas as manhãs e nos finais de tarde, em todos os sábados e em certos dias festivos.
Ofertas queimadas especiais também estavam na ordem para a purificação de mulheres, para a limpeza de leprosos, para a promessa dos nazireus e para ofertas voluntárias. Os animais usados para este tipo de oferta eram bois jovens, cordeiros, cabritos, carneiros e, no caso dos pobres, rolas ou pombas, independentemente do sexo (Lev. 1.3, lO, 14).
4. A oferta de paz, do hebraico skelamim, "sacrifício de paz". Havia três classificações para este tipo de oferta: a. a oferta de graças por alguma bênção recebida (ver Lev, 7.12, 22,29); b. uma oferta que correspondia a uma promessa específica (ver Núm. 6.14; 15.3; 17.16);c. uma oferta de boa vontade (ver Lev. 17.16; 22.18, 21). Gado (bois e vacas) podia ser usado para esses tipos de ofertas; até mesmo um animal defeituoso podia ser usado no caso de ofertas voluntárias (Lev. 22.23), pois esses sacrifícios iam além das exigências da Lei e, assim, poderiam representar um gasto menor para o adorador. Os sacrifícios eram sempre acompanhados por ofertas de cereais e derramamento de líquidos (Lev 7. 11) Aparentemente não eram utilizadas aves nesses rituais.
5. Ofertas de cereais e de líquidos derramados. Do hebraico minhah, ou "oferta". Essas ofertas eram feitas em conjunção com os rituais de ofertas queimadas e de paz. Os bolos de cereais eram assados, num total de dez, exceto no caso em que os bolos preparados representavam todo o Israel, e então eram usados doze. Os bolos significavam alimento para Yahweh e para os sacerdotes e pessoas. Aplicações especiais das ofertas de cereais: a. a oferta diária do Sumo Sacerdote (Lcv. 6.14 ss.); b. parte do ritual da consagração dos sacerdotes (Lev. 6.20); C. substituição para uma oferta de pecado no caso de pobreza (Lev. 5.11, 12). O derramamento de vinho sempre acompanhava as ofertas de paz.
6. As ofertas de levantamento e de acenos: levantamento (do hebraico terumah, "levantar"), referentes a como os sacerdotes levantavam e abaixavam o material das ofertas, isto é, as porções dos animais sacrificiais ou material vegetal (Êxo. 25.2 ss.; 35.24; 36.3; Lev. 7.14; Núm. 15.19 ss.; 18.19). Nessas ofertas, acenavam-se os materiais, do hebraico tenuphah, "ondear" (Lev. 2.2,9; 7.32; 10.15). Elas indicavam: "Veja, Yahweh, levanto ou aceno ante o Senhor tudo o que tenho c sou, entregando tudo ao Ti". Presentes eram oferecidos ao templo e ao seu ministério. Essas eram ofertas verdadeiras, em contraste com os sacrifícios. Ofertas de graças envolviam este tipo de ritual (Lev. 14.12; Núm. 6.20). Os sacerdotes eram consagrados por tais tipos de ofertas, numa demonstração de entrega completa a Yahweh.
7. A oferta de cinzas da novilha vermelha. Este animal era reduzido a cinzas, que depois eram usadas em purificações (Núm. 19.1) e ofertas de pecados (Núm. 19.9, 17). O pecado causa a morte; as cinzas removem a causa e limpam o adorador. As pessoas purificavam-se de qualquer tipo de impureza através deste ritual. Os "impuros" ficavam, assim, "limpos", de acordo com a lei de Moisés. Ver Limpo e Imundo para detalhes sobre as coisas que deixavam o homem impuro.
Ocasiões (Momentos) para Ofertas
1. Diariamente (Núm. 28.3-8), pela manhã e à tarde: dois cordeiros sacrificados em uma oferta queimada, acompanhados de uma oferta de cereal e do derramamento de líquidos.
2. Aos sábados (Núm. 28.9, 10; Lev. 24.8): as ofertas diárias regulares mais dois cordeiros para uma oferta queimada; uma oferta de cereal com derramamento de líquidos e doze pães novos da proposição colocados nos lugares apropriados.
3. Na lua nova (Núm. 28. 11-15): a oferta diária mais dois bois jovens, um carneiro, sete ovelhas para ofertas queimadas; uma oferta de cercai e o derramamento de líquidos.
4. Na Festa das Trombetas (Núm. 29.1-6): os sacrifícios diários mais as ofertas de lua nova; sacrifícios de um boi jovem, um carneiro e sete cordeiros para uma oferta queimada; ofertas de cereais, mais derramamentos de líquidos.
5. Na Páscoa (Êxo. 12.1 ss.): as oferta diárias, mais outra oferta de um cordeiro jovem cujo sangue era esparramado nos batentes e nos arcos das portas.
6. Na Festa dos Pães Asmas (Núm. 28.17-24): as ofertas diárias mais o sacrifício de um cabrito (oferta por pecados); dois bois jovens, um carneiro e sete ovelhas jovens (oferta queimada), acompanhados por ofertas de cereal e de líquidos derramados. O programa todo era repetido por sete dias, com variações a cada dia.
7. No Pentecoste (Núm. 28.27-31; Lev. 23.16-20): os sacrifícios diários mais a oferta de um cabrito para uma oferta de pecado; dois bois jovens, um carneiro, sete cordeiros para uma oferta queimada, acompanhados com ofertas de cereais e líquidos derramados, além de ofertas de aceno e de paz, com diversas variações durante o dia.
8. No Dia da Expiação (Lev, 16.3; Núm. 29.7-11): as ofertas diárias mais um boi jovem para uma oferta de pecado; um cordeiro para uma oferta queimada, especialmente para os sacerdotes, dois cabritos para uma oferta de pecado, um carneiro para uma oferta queimada, especialmente para o povo, um boi jovem, um carneiro, sete cordeiros para uma oferta queimada, acompanhados por ofertas de cereais e líquidos derramados. 9. Na Festa dos Tabernáculos (Núm. 29. 13 ss.): ocasião campeã da complexidade, durava oito dias. Além dos sacrifícios diários regulares, incluía: primeiro dia – 13 bois jovens, dois carneiros, 14 cordeiros e 1 cabrito sacrificados; segundo dia - 12 bois, dois carneiros, 14 cordeiros e I cabrito; terceiro dia - Ii bois, 2 carneiros, 14 cordeiros e 1 cabrito; quarto dia - 10 bois, 2 carneiros, 14 carneiros e I cabrito; quinto dia - 9 bois, 2 carneiros, 14 cordeiros e I cabrito; sexto dia - 8 bois, 2 carneiros, 14 cordeiros e I cabrito; sétimo dia - 7 bois, dois cordeiros, 14 carneiros e I cabrito; oitavo dia - I boi, 1 carneiro, 7 cordeiros e I cabrito. Esse emaranhado de sacrifícios ainda era acompanhado por ofertas de cereais e derramamento de líquidos.
O sistema sacrificial dominou toda a história da fé religiosa hebraica, mas alguns dos profetas posteriores começaram a sentir que o sistema não satisfazia as necessidades mais profundas da espiritualidade humana.
A "rejeição" do sistema estava no ar. Ver Amós 5.21-27; Isa. 1.10-20; Sal. 51.16-17. Uma mudança total veio com o Messias, Jesus Cristo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 27-29.
Um sacrifício (v. 18). Para o apóstolo, a oferta também é um sacrifício espiritual colocado sobre o altar para a glória de Deus.
A vida cristã tem certos "sacrifícios espirituais" (ver 1 Pe 2:5). Devemos entregar o nosso corpo como sacrifício espiritual (Rm 12:1, 2) e também o louvor de nossos lábios (Hb 13:1 5). As boas obras são um sacrifício para o Senhor (Hb 13:16), como também o são as almas perdidas que temos o privilégio de ganhar para Cristo (Rm 15:16). Aqui, Paulo vê os cristãos filipenses como sacerdotes, entregando suas ofertas como sacrifícios ao Senhor. Lembrando das palavras de Malaquias 1:6-14, devemos apresentar ao Senhor o que temos de melhor.
No entanto, Paulo não considera essa oferta uma dádiva apenas dos filipenses. Para ele, é o suprimento divino de suas necessidades.
O apóstolo depositava sua confiança no Senhor. Há um contraste interessante entre Filipenses 4:18 e 19, e podemos parafrasear a declaração do apóstolo da seguinte maneira: "Vocês supriram a minha necessidade, e Deus suprirá a sua necessidade.
Vocês supriram uma das minhas necessidades, mas meu Deus proverá todas as suas necessidades. Vocês contribuíram apesar da sua pobreza, mas Deus suprirá suas necessidades usando das riquezas da glória dele!" Deus não prometeu suprir nossa ganância.
O filho de Deus que vive de acordo com a vontade de Deus, servindo para a glória de Deus, tem todas as necessidades supridas.
Hudson Taylor costumava dizer: "Quando a obra de Deus é realizada à maneira de Deus e para a glória de Deus, nunca falta a provisão de Deus".
Um jovem pastor assumiu o ministério em uma igreja acostumada a levantar os fundos necessários para as despesas anuais por meio de jantares, bazares e outros eventos do gênero. Deixou claro para o conselho da igreja que ele não concordava com esse procedimento.
- Vamos orar e pedir que Deus supra todas as necessidades - sugeriu. - No final do mês, paguem todas as contas e deixem meu salário por último. Se não houver dinheiro suficiente para me pagar, ficarei sem salário, mas a igreja não será prejudicada.
Creio, porém, que haverá o suficiente e que ninguém passará necessidade.
O conselho imaginou que seria o fim daquele pastor e da igreja. No entanto, todas as contas foram pagas todos os meses e, no final do ano, pela primeira vez em muito tempo, ainda havia dinheiro no caixa.
O contentamento é resultante de recursos adequados. Nossos recursos são a providência de Deus, o poder de Deus e as promessas de Deus. Esses recursos capacitaram Paulo para lidar com tudo o que a vida exigiu dele e podem fazer o mesmo por nós.
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 129-130.
2. A oblação e a generosidade dos filipenses.
A recompensa da generosidade dos filipenses (v. 19)
A igreja em Filipos não tinha muitos recursos financeiros. Por isso, a sua contribuição envolvia sacrifício e muito amor. Era uma igreja que dava, não do que sobrava, mas fazia além do que tinha e o fazia com um sentimento de amor ao Senhor Jesus. O apóstolo Paulo estava feliz pela generosidade dos filipenses e declara que aquela atitude de amor da parte deles lhes seria uma porta aberta para as suas vidas com todas as bênçãos e riquezas materiais e espirituais. Paulo lembra os filipenses de que a sua atitude magnânima para com ele era o fruto do verdadeiro doador de todas as coisas, que é o Senhor por quem somos abençoados e a quem fazemos todas as coisas por gratidão. “Ele suprirá todas as vossas necessidades” (v. 19). Sem dúvida, eles seriam amplamente recompensados pelo Senhor. Ao falar das “riquezas” de Deus, Paulo fortalecia a fé dos filipenses em um Deus que haveria de suprir todas as suas necessidades. De modo muito pessoal, o apóstolo usa a expressão “o meu Deus”, dando um sentido particular de quem tinha essa intimidade para garantir que Ele supriria todas as necessidades dos filipenses. Quando diz ”em glória”, subentende-se que Deus haveria de suprir as necessidades dos filipenses de maneira gloriosa. A palavra “suprir” significa “fazer transbordar”. Os filipenses deveriam continuar a ajudar a obra de Deus com desprendimento. As igrejas que investem na obra missionária são abundantemente abençoadas.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 156-157.
Epafrodito fora fiel em sua missão, evidentemente tendo adoecido ao longo do caminho, ou depois de sua chegada; mas mesmo assim conseguira cumpri-la. (Ver Fil. 2:25-30). No vigésimo quinto versículo do segundo capítulo desta epístola há notas expositivas a respeito de «Epafrodito».
«...Recebi tudo...» O grego original, «apecho», aqui usado, tem sido encontrado em vários papiros encontrados no Egito, em recibos, para indicar «pagamento total». Portanto, parece que aqui Paulo dá prosseguimento à sua metáfora mercantil. E como se ele houvesse escrito: «Vós me pagastes tudo quanto me devíeis». A substância real do donativo deles era a simpatia e o amor fraternal; e isso servia de oferta especialmente fragrante a Deus; porquanto aquele que dessa maneira serve a seus irmãos na fé, serve a Deus. Amamos a Deus por meio de outros homens, sendo essa a maneira pela qual todos os homens possam demonstrar amor a Deus.
Dessa forma, pois, Paulo assegurou-lhes que não buscava donativos da parte dos crentes filipenses, mas antes, a vantagem espiritual deles nessas dádivas; e reforçou essa ideia dizendo que eles tinham «pago tudo», não necessitando enviar mais qualquer donativo.
«...tenho abundância...» Novamente é usado o termo «perisseo», que quer dizer «ter em excesso», «extravasar», assinalando o fato que os crentes filipenses lhe tinham enviado uma oferta generosa, e não suficiente apenas para satisfazer algumas de suas necessidades. Aquele que sem eia em abundância, também colherá em abundância; e aquele que semeia com parcimônia, também colherá com parcimônia. (Ver II Cor. 9:6).
«...estou suprido...» No original grego é «pleroo», que significa «tornar cheio», na voz passiva, ou «ficar cheio». Não havia mais necessidade de lhe serem enviados donativos. Isso salienta, uma vez mais a abundância da oferta, servindo-nos de lição sobre como devemos contribuir p ara a causa cristã. Paulo também indicava, com essa palavra, a sua «satisfação íntima»; mas parece bem certo que ele se referia ao donativo dos crentes filipenses como abundante. Essa segunda palavra, pois, reitera e intensifica aquela anterior: «Recebi tudo, e tenho abundância...» «...aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus...» Trata-se de um á expressão comum no A .T., referindo-se aos sacrifícios aceitáveis aos olhos do Senhor Deus. O aroma das ofertas queimadas é aqui pintado como algo que ascende até aos céus, onde Deus se encontra; o Senhor sente tal aroma, fica agradado pelo que tem sido feito em sua honra. O incenso de aroma suave também era oferecido naquelas ocasiões, aumentando o odor agradável. Naturalmente, as culturas pagãs se utilizavam de práticas similares, pensando que os deuses sentiam, literalmente, o odor de seus sacrifícios, e ficavam satisfeitos. (Ver o uso dessa expressão nos trechos de Gên. 8:21; Lev. 1:9,13,17. Quanto a trechos do N.T. que falam sobre isso, ver II Cor. 2:15,16 e Efé. 5:2).
O donativo que os filipenses deram a Paulo fora um «sacrifício» para eles, porquanto tinham dado de sua pobreza, em um ato de autonegação, pois os seus corações haviam sido tangidos a isso pelo amor de Cristo. Dois incidentes bíblicos podem ser relembrados como ilustração desse tipo de sacrifício. Com perigo de perderem a própria vida, alguns dos homens de Davi foram-lhe buscar um pouco de água, quando ele se sentiu sedento; e essa água tornou-se tão preciosa para que fosse apenas bebida, que ele a derramou como libação a Deus. Essa água fora tirada dos mananciais de Belém, lugar onde o Salvador nasceria mil anos mais tarde. (Ver lI Sam. 23:16). Também temos a ilustração do oferecimento feito por Maria de Betânia, o caríssimo unguento, um a fragrância que encheu a casa inteira. (Ver João 12:3).
«....aceitável e aprazível...» Estas palavras podem ser comparadas com a linguagem de Rom. 12:2, que também falam de nosso sacrifício do próprio «eu» a Jesus Cristo, como algo «aceitável», «bom» e «perfeito». O primeiro dos adjetivos aqui empregado é «dektos», que significa «aceitável», «bem acolhido», «recebido favoravelmente». Trata-se da única ocorrência desse termo nos escritos paulinos, excetuando o trecho de II Cor. 6:2. No restante do N.T. é encontrado apenas em Luc. 4:24, onde se lê que um profeta não é «aceito» em sua própria terra; em Atos 10:35, onde se aprende que Deus acolhe homens de todas as nações, contanto que o temam e façam o que é justo a seus olhos. Em II Cor. 6:2 se lê sobre o «tempo aceitável» de se buscar a Deus.
O outro adjetivo que aqui aparece é «euarestos», palavra comum que significava «agradável», de uso frequente nas epístolas aos Romanos e aos Hebreus. (Ver Rom. 12:1, acerca de nossa dedicação a Cristo; ver Rom. 14:18, acerca daqueles que são «aprovados», por terem o cuidado de não ofender a algum irmão, os quais servem ao reino de Deus com retidão e paz, com alegria no Espírito Santo. Ver igualmente II Cor. 5:9. Nosso labor em prol de Cristo visa sermos «aceitos» por Cristo, tanto agora como quando do nosso julgamento. (Ver Efé. 5:10 e Heb. 13:21).
«...a Deus...», como um a oferenda apresentada ao Senhor, recebida e
aprovada por ele. Na passagem de I Ped. 2:5, os crentes são apresentados como «sacerdócio santo», que oferecem «...sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo». No dizer de Braune (in loc.)’. «Cada dádiva e ação de amor deveriam ser reputa dos como uma oferta de agradecimento a Deus; pois por isso é que se tornam aceitáveis e agradáveis a ele.»
«Ai da nossa indolência!—a qual transparece nisto, que enquanto Deus nos convida com tanta bondade, para a honra do sacerdócio, e até mesmo deposita sacrifícios em nossas mãos, não obstante, nós mesmos não nos sacrificamos a ele; e aquelas coisas que foram separadas como oblações sagradas, não apenas desviam os para usos profanos, mas também as desperdiçamos iniquam ente nas contaminações mais poluídas. Pois os altares, onde os sacrifícios dos nossos recursos deveriam ser apresentados, são deficientes e pobres servos de Cristo. Negligenciando essas coisas importantes, alguns de nós dilapidam os seus recursos em toda a forma de luxo, ao passo que outros nos prazeres dá mesa, outros ainda em vestes sem modéstia, e ainda outros em mansões suntuosas». (Calvino, in loc.).
« ...fazer o bem e compartilhar do que tem os com os outros, (são) sacrifícios com os quais Deus se agrada». (Ver Heb. 13:16).
« ...o meu Deus... » O próprio Deus é aquele que recompensará aos dadivosos; e bastaria isso para assegurar-nos um galardão abundante e justo, porquanto a recompensa devida jamais poderá ser olvidada ou negligenciada pelo Senhor. Paulo não podia recompensar pessoalmente aos crentes filipenses, mas o seu Senhor podia, pois Cristo é quem se torna o fiador de todas essas dívidas.
«...segundo a sua riqueza em glória...» Visto que o suprimento consiste das «riquezas divinas», certamente procedem de um tesouro «infinito». Os crentes filipenses deram de sua pobreza, como um sacrifício, e estavam limitados acerca de quando e quanto poderiam dar. Com Deus, entretanto, não há tais limitações. Se o apóstolo Paulo ficou repleto de bens materiais, através do donativo dos filipenses (ver o décimo oitavo versículo), então os filipenses poderiam esperar com um a esperança bem fundada, de que haveriam de prosperar extraordinariamente, por terem sido tão generosos com o seu dinheiro para a causa do evangelho.
«...em glória...» Essas palavras têm sido compreendidas de diversas maneiras:
1. Alguns pensam que estaria em foco o mundo de cumprimento, ou seja, o Senhor supriria todas as necessidades dos crentes filipenses de maneira «gloriosa»; e assim a glória de Deus séria revelada mediante o suprimento abundante, porquanto, nesta explicação de Paulo, a glória é vinculada ao «suprimento».
2. Outros compreendem a palavra «en» como instrumental, traduzindo a frase na forma «com glória». Em outras palavras, Deus daria glória aos crentes filipenses. E alguns intérpretes compreendem isso como um a alusão velada à «parousia» ou segundo advento de Cristo. Quando da vinda de Cristo, os doadores fiéis seriam galardoados com glória, recebendo glória, bênção e louvor da parte do Senhor. Conforme esta e as interpretações que se seguem, a palavra «glória» está vinculada a «riquezas». Por isso é que Lightfoot(in loc.) comentou: «(Isso Deus fará) pondo-vos na glória», isto é, naquele estado de glória que haverá quando da segunda vinda de Cristo.
Em bora Paulo visse esse retorno como bem próximo, a sua alusão, no presente versículo, ainda que vise especificamente a «parousia», deve incluir todo o período de tempo que se passe até chegar aquele evento. Assim, pois, até mesmo agora os doadores fiéis têm suas necessidades abundantemente supridas.
3. Ainda outros compreendem que devemos pensar aqui em «riquezas na glória», como se o termo «glória» se referisse às glórias celestes, às glórias da habitação de Deus. Em consonância com o vasto tesouro dos céus é que Deus supriria todas as nossas necessidades. Os céus são aqui pintados como um vastíssimo depósito, de onde nossas pequenas necessidades, comparativamente falando, recebem o seu suprimento.
4. Também há intérpretes que pensam estar em pauta a própria natureza gloriosa de Deus; mas, nesse caso, o suprimento não seria apenas financeiro, mas até mesmo a participação na natureza divina (ver II Ped. 1:4), o que serve de riquíssimo suprimento para a alma. Em outras palavras, o galardão divino estaria ligado à própria natureza gloriosa de Deus e à participação e manifestação dessa natureza, ficando assim supridas tanto as necessidades materiais como as necessidades espirituais.
É difícil sabermos qual dessas quatro possibilidades era a que estava na mente do apóstolo, pois nenhum a boa razão gramatical pode ser aduzida em favor desta ou daquela posição. Talvez, de alguma maneira geral, possamos ter aqui a combinação de todos esses significados. O suprimento de Deus é abundantemente rico e glorioso; mas tudo também procede de seu próprio ser glorioso, bem como dos tesouros celestes. Seja como for, essa é a verdade da questão, sem importar o que está especificamente em pauta, nesta passagem. Podemos comparar esta expressão com o que se lê em Rom. 8:21 e Efé. 1:18, isto é, «as riquezas da glória» (onde, no grego original, se vê o genitivo, e não o dativo). E nisso se deve ver um a alusão à «parousia» e ao reino messiânico, embora também esteja em m ira um suprimento p ara as necessidades presentes. (Ver igualmente a expressão «riquezas de sua graça», em Efé. 1:7).
«...em Cristo Jesus...» Se no original grego tivermos o locativo, então «Cristo» é a esfera da comunhão aqui aludida; mas, se tivermos ali o instrumental—no qual caso deveríamos traduzir «por Cristo Jesus»—, então se deveria pensar que essas bênçãos nos são dadas por intermédio dele, porquanto o temos como nosso Senhor. Alguns estudiosos veem nisso o fortalecimento do sentido escatológico da expressão anterior. Cristo é aqui assinalado como a base de todas as bênçãos celestiais, tal como temos em Efé. 1:3, além de várias outras referências do mesmo primeiro capítulo da epístola aos Efésios. Por estarem «em Cristo» (ou seja), em «comunhão mística» com ele, ver I Cor. 1:4,. é que os crentes recebem o suprimento abundante de todas as bênçãos, por intermédio dele.
Naturalmente, o presente versículo é motivo de profundo consolo para todos nós, mais ou menos semelhante àquele em que Davi declara: «Fui moço, e agora já sou velho, porém, jamais vi o justo desamparado, nem sua descendência a mendigar o pão» (Sal. 37:25). Porém, se por um lado é verdade que Deus cuida daqueles que pertencem a Cristo, notemos que o abundante suprimento prometido aqui é oferecido aos que contribuem generosamente para a causa das missões evangelizadoras. Como aplicação prática, podemos ter a certeza que essa promessa envolve igualmente aqueles que contribuem financeiramente para sustento do ministério cristão em qualquer lugar.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 69-70.
18. Com toda probabilidade, a fraseologia comercial continua nas palavras: Mas tenho recebido pagamento pleno e estou amplamente suprido. Segundo a evidência fornecida pelos papiros, o termo apecho (avpe,cw) aqui empregado significa “Tenho recebido”. O sentido técnico é: “Este é meu recibo.” A. Deismann (Light from the Ancient East, quarta edição, pp. 111, 112, 331) também nos informa que em recibos apecho é freqüentemente (como também aqui em Fp 4.18) combinado com panta (pa,nta), significando tudo que era devido, pagamento total. De uma maneira mais ou menos bem-humorada, pois, o apóstolo está dizendo aqui: “Tenho recebido pagamento completo, e ainda mais” (ou, “e estou rico”, assim Erdman). Ele continua: Estou amplamente suprido, tendo recebido de Epafrodito as ofertas que (vieram) de vocês. Não temos nenhuma informação sobre o conteúdo daqueles donativos. Eis algumas possibilidades: dinheiro para cobrir despesas, material de leitura, roupas (cf. 2Tm 4.13 para os últimos dois itens, objetos que Paulo pediria em outra ocasião). Sobre Epafrodito, ver sobre Filipenses 2.25-30. O melhor que se pode dizer sobre esses donativos é o seguinte: São descritos como um aroma suave, como sacrifício aceitável e mui agradável a Deus.
Paulo não poderia ter tributado melhor louvor aos doadores. Os donativos são “aroma de suave perfume”, uma oferenda apresentada a Deus, grata e muito agradável a ele. São comparáveis à oferta de gratidão de Abel (Gn 4.4), de Noé (Gn 8.21), dos israelitas quando no estado de ânimo correto apresentavam seus holocaustos (Lv 1.9,13,17) e dos crentes em geral ao dedicar suas vidas a Deus (2Co 2.15,16), como fez Cristo, ainda que de uma maneira única (Ef 5.2). Se uma oferta é ou não realmente aceitável e agradável a Deus (cf. Rm 12.1), depende do motivo que move o ofertante ao trazê-la (Gn 4.1-15; Hb 11.4).
“Não o que damos, mas a intenção do coração; Pois a dádiva sem doador é vã ilusão.” (Lowel)
O apóstolo atribui aos doadores o mérito de um espírito reto, isto é, a atitude de fé, de amor, de gratidão. Ele reconhece que suas ações não eram meros atos de simpatia demonstrados a um amigo em necessidade, mas uma genuína oferenda apresentada a Deus para promover sua Causa, e assim a Paulo como representante de Deus. Esta é a razão por que a ação era tão grande e tão bela!
HENDRIKSEN. William. Exposição de Filipenses. Editora Cultura Cristã. pag. 597-598.
4.18 - Cheiro de suavidade. Paulo apreciou as dádivas que os filipenses lhe enviaram porque as vê mais como uma oferta a Deus do que um presente para ele. Ao doarem a Paulo, os cristãos de Filipos se ofereceram como sacrifício agradável ao Senhor (Rm 12.1,2).
4.19 - No versículo 18, Paulo disse que está cheio porque os filipenses lhe enviaram ofertas. Neste versículo, ele escreveu que Deus supriria todas as necessidades deles. Os filipenses, por sua vez, estariam cheios por causa das dádivas que o Senhor lhes daria. Segundo as suas riquezas, Deus cuidará dos filipenses de maneira extraordinária.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 536-537.
O apóstolo assegura que Deus aceitou a bondade feita a ele e que a recompensará. 1. Ele a aceitou “...como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus”. Não um sacrifício de expiação, porque ninguém faz expiação pelo pecado, senão Cristo; mas um sacrifício de reconhecimento e aprazível a Deus. Esse sacrifício foi mais agradável a Deus por ser o fruto da graça deles do que o foi a Paulo por ser o suprimento das suas necessidades, “...com tais sacrifícios, Deus se agrada” (Hb 13.16). 2. Ele a recompensará: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (v. 19). Ele saca um título do tesouro do céu e deixa que Deus retribua a bondade que tinham mostrado a ele. “Ele o fará, não somente como seu Deus, mas como meu Deus, que toma aquilo que foi feito a mim como se fosse feito a Ele mesmo. Vocês supriram minhas necessidades, de acordo com sua pobreza; e Ele suprirá a de vocês, de acordo com riquezas dele”. Mas esse ato ocorre por meio de Cristo Jesus; por meio dele temos a graça de fazer aquilo que é bom, e por meio dele devemos esperar a recompensa disso. Não como dívida, mas como graça; porque quanto mais fazemos para Deus mais estamos em dívida com Ele, porque tanto mais recebemos dele.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 629-630.
3. Doxologia.
Nos versículos 20 ao 23 temos uma doxologia que Paulo faz a Deus em gratidão por tudo quanto havia recebido em sua vida. Ele saúda a todos os santos em Cristo e encerra sua carta com a tradicional saudação: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos” (v. 23). A palavra “nosso” ganha um sentido especial, porque nesse contexto não se trata de um pronome possessivo, mas significa um pronome fraternal de relacionamento. Deus é “nosso Pai”, e por Jesus Cristo, seu Filho amado, somos filhos de Deus; por isso, a palavra “nosso” está em nossos corações. A Ele prestamos nosso louvor e glória que é eterna pelos “séculos dos séculos”.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 157.
DOXOLOGIA (do grego, doxologia, de doxa, "glória", e logia, "palavra"). Usada no grego eclesiástico para descrever fórmulas de expressão de louvor e glória à Trindade. Embora a palavra em si não ocorra na Bíblia, as expressões de louvor são frequentemente encontradas. Na adoração judaica, expressões como "para a tua glória, para sempre", acompanham orações hebraicas. Fórmulas semelhantes são encontradas no Novo Testamento e caracterizavam a adoração na igreja primitiva (cf. 1 Co 14.16). Mesmo exibindo uma considerável variedade de expressões, elas demonstram uma estrutura básica. Westcott (na obra Epistle to the Hebrews, pp. 466-467) menciona dezesseis doxologias no Novo Testamento (Rm 11.36; 16.27; Gl 1.5; Ef 3.21; Fp 4.20; 1 Tm 1.17; 6.16; 2 Tm 4.18; Hb 13.21; 1 Pe 4.11; 5.11; 2 Pe 3.18; Jd 25; Ap 1.6; 5.13; 7.12). Estas doxologias sao classificadas como os três grupos principais: aquelas que atribuem a glória somente a Deus, quer esta seja diretamente direcionada a Ele, ou lhe seja dada através do Senhor Jesus Cristo (Rm 16.27; Jd 25); e aquelas que atribuem a glória ao Senhor Jesus Cristo (2 Tm 4.18; 2 Pe 3.18; Ap 1.6). Somente três doxologias são encontradas no encerramento das epístolas (Rm 16.27; 2 Pe 3.18; Jd 25). Todas as doxologias, com apenas uma exceção (2 Pe 3.18, de acordo com os melhores manuscritos), terminam com o Amém característico. Alguns estudiosos incluem entre as doxologias os textos que começam com a expressão "Bem-aventurado". Na história posterior da igreja, o texto em Lucas 2.14, juntamente com outros, era chamado de "a grande doxologia" enquanto que o "Gloria Patri" (totalmente extrabíblico) era chamado de "a doxologia menor".
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 586.
DOXOLOGIA
Vem dos termos gregos dou, «louvor», «honra», «glória», e logos, «palavra», ou seja, algo dito que expressa louvor, atribuindo glória e honra a alguém, a alguma circunstância ou a algum estado.
1. Algumas Doxologias Bíblica. Todos os cinco livros que compõem os Salmos. terminam em doxologias. O último salmo de cada série é uma doxologia. Ali o termo aparece por cinco vezes. Ver Sal. 41:13; 72:18 ss; 89:52; 106:48; 150:1-6. Em Lucas 2:14 há o registro de uma doxologia entoada pelos anjos, em celebração ao nascimento de Jesus. O Domingo de Ramos incluía uma doxol9Kia por parte da multidão (Luc. 19:37). A oração do Pai Nosso termina com uma linda doxologia: c... pois teu é o reino, o poder e a gl6ria para sempre. Amém». No entanto, essas palavras não aparecem nos manuscritos gregos mais antigos. Era, contudo, uma doxologia comum nos tempos pré-cristãos, tendo aparecido pela primeira vez em I Cro. 29:11, e então foi usada tanto pelos judeus quanto pelos cristãos. Nos escritos de Paulo há várias doxologias. Ver Rom. 11:36; 16:27; Efê. 3:21; I Tim. 1:17. Judas tem a mais longa e abrangente de todas as doxologias do Novo Testamento, os versículos 24 e 25 de sua epistola: «Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém».
Uma outra notável doxologia é a de Hebreus 13:20,21, onde se lê: -Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança, vos aperfeiçoe em todo bem, para cumprirdes a sua vontade, operando em vós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém».
No Apocalipse também encontramos doxologias celestiais. Ver Apo. 5:13 e 19:1.
2. Usos das Doxologias, Uma doxologia, antes de tudo, é uma entusiástica e emocional declaração de agradecimentos a Deus, com base em certo senso de admiração, em face de sua pessoa e de suas obras. Quando lemos as doxologias, também aprendemos que as mesmas contêm matéria). didático. Na liturgia cristã (ver o terceiro ponto, abaixo), as doxologias são usadas como porções do culto em ocasiões especiais a fim de enfatizar a necessidade de exaltarmos a Deus, ou como porções divis6rias da liturgia, pondo fim a um pensamento para introduzir algum outro. As doxologias também são usadas por indivíduos particulares.
3. Na Liturgia Cristã. a. A Doxologia Menor. Essa pode envolver uma única sentença, como: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espirito Santo, para todo o sempre. Amém». Mais tarde, foram acrescentadas as palavras:
Como no principio, agora e para sempre». O quarto concilio de Toledo adicionou a palavra «honras», pelo que a doxologia passou a ser : «Glória e honra ao Pai... » Isso foi tomado por empréstimo do salmo de ação de graças de Davi, em I Crê, 16:27. Não há certeza, porém, acerca de quando isso foi inserido.
Alguns supõem que a inserção data de antes do concilio de Nicéia. Seja como for, tornou-se comum, e apareceu no segundo concilio de Vaison (529 D.C.).
b, A Doxologia Maior ou hino angelical, o Gloria in Excelsis, utilizando-se das palavras da doxologia que houve por ocasião do nascimento de Jesus (ver Luc. 2:14): c, Glória a Deus nas maiores alturas», etc. Essa doxologia era usada principalmente no culto de comunhão, mas também nas devoções particulares climas. Na liturgia moçarâbica, essa doxologia é citada antes das lições sobre o dia de Natal.
Crisóstomo informa-nos de que os ascetas que se retiravam da sociedade humana reuniam-se diariamente para entoar esse hino. Alguns supõem que essa doxologia surgiu na época de Luciano (começo do século 11 D.C.), mas não há certeza quanto à questão.
c. O Trisagion era usado no século 11 D.C. Começava com as palavras: «Portanto, com os anjos e os arcanjos, e com toda a hoste celestial, louvamos e magnificamos o Teu glorioso nome».
d. Uma doxologia comum protestante, entoada todos os domingos em muitas igrejas, é o hino do bispo Thomas Ken (anglicano), e que termina com as seguintes palavras:
«Louvado seja Deus, de quem fluem todas as bênçãos;
Louvai-O. todas as criaturas cá debaixo;
Louvai-O nas alturas, v6s, exércitos celestiais;
Louvai ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo».
Todas as doxologias acima são utilizadas por alguns segmentos da Igreja cristã atual, em várias adaptações e circunstâncias. Nas igrejas protestantes, tornou-se comum ouvir o uso de doxologias bíblicas como encerramento do culto de adoração.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag.229-230.
.....reconhece que o fim último da vida é a glória de Deus (4.20). Para Paulo, a doutrina nunca é uma matéria árida. Sempre que ocupa a sua mente, também enche o seu coração de louvor. Paulo é um homem  da vida uma doxologia constante. A sua teologia governa as suas atitudes. Ele prega o que vive e vive o que prega. A sua vida está centrada em Deus, e não nele mesmo. Não busca glória pessoal. Não constrói monumentos a si mesmo.
Não busca as luzes da ribalta nem procura os holofotes do sucesso. Vive com os pés na terra, mas com o coração no céu. Fecha as cortinas da sua vida proclamando a verdade central das Escrituras: a glória de Deus é o grande vetor da vida humana.
Paulo conclui essa carta magna da alegria, esse monumento formoso da providência divina, como um pastor que se lembra de cada uma das suas ovelhas (4.21) e invoca sobre elas a graça do Senhor Jesus (4.23). E, também, como um evangelista que dá relatórios dos milagres da pregação do evangelho, cujos frutos são vistos até mesmo na casa de César (4.22). Essa expressão não se refere necessariamente aos familiares ou parentes do imperador, mas a todas as pessoas que estavam a seu serviço nos departamentos domésticos e administrativos da casa imperial. Esses membros da casa de César eram pessoas convertidas, possivelmente, por intermédio do apóstolo durante a sua prisão em Roma.
Assim, Paulo transformou a sua prisão em um campo missionário, e os frutos apareceram mesmo entre algemas. Esse fato nos ensina que não é o lugar que faz a pessoa, mas é a pessoa que faz o lugar. Ensina-nos, outrossim, que no Reino de Deus não existe lata de lixo, ou seja, não há vida irrecuperável.
Há santos até mesmo na casa de César. Esse era um lugar de traições, opressão e violência. Muitos poderiam pensar que o evangelho jamais entraria nessa casa. Todavia, Paulo teve o privilégio de ganhar pessoas para Cristo ali, mesmo estando preso e algemado. Finalmente, nos ensina que as oportunidades estão ao nosso redor. Paulo poderia esperar a sua liberdade para depois continuar seu trabalho missionário. Entretanto, ele entendeu que a prisão também era um campo missionário. Ele aproveitou as oportunidades, e os frutos surgiram mesmo na cadeia.
William Hendriksen apresenta esta bendita verdade assim:
Ainda mais importante é o fato de que o cristianismo penetrara até mesmo nos círculos desses servidores palacianos. Sua posição no ambiente completamente pagão, onde muitos adoravam o imperador como se fosse deus, não os impedia de permanecer fiéis a seu único Senhor e Salvador, de anunciar as boas-novas a outros e de reanimar a igreja de Filipos com suas saudações. A eternidade revelará quão grandes bênçãos devem ter emanado das vidas daqueles que se dedicaram a Cristo no seio de ambientes tão mundanos!
Deus abre as portas, mas nós devemos entrar por elas.
Deus aponta o caminho, mas nós devemos seguir por ele.
Deus põe diante de nós oportunidades, mas nós devemos aproveitá-las.
LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 253-255.
4.20 - A prática judaica de terminar orações com a palavra amém foi adotada pela Igreja cristã.
Quando encontrado no final de uma frase, como acontece neste versículo, o termo pode ser traduzido como que assim seja ou que isso se cumpra. No início de uma sentença, significa sem dúvida, verdadeiramente ou em verdade.
4.21 - Irmãos. Paulo fez com que eles se lembrassem de que faziam parte da família do Senhor Jesus Cristo.
4.22 - Os que são da casa de César. E possível que estes cristãos tenham sido oficiais no governo romano (como membros da guarda pretoriana; Fp 1.13) ou servos que viveram e serviram no palácio do imperador.
4.23 - Assim como começou, a carta também termina com uma bênção graciosa. E uma prática própria da vida cristã.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 537.
Saudações finais (4.20-23)
A glória por todas as coisas, em última análise, pertence a Deus “pelos séculos dos séculos”. Finalizando, Paulo envia saudações pessoais a todos os santos em Filipos. Também seus companheiros e missionários, seus colegas, bem como os santos em Roma, alguns dos quais pertencendo ao círculo íntimo do próprio imperador, igualmente os saudavam - não os conheciam de vista, mas pertenciam à mesma família de Deus (vv. 21,22).
“A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos. Amém” (v. 23).
Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses, Hebreus. Editora CPAD. pag. 77.

ELABORADO: Pb Alessandro Silva.

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