A MULTIFORME SABEDORIA DE DEUS
Data: 29 de Junho de 2014 HINOS SUGERIDOS 10, 330,
440.
TEXTO ÁUREO
“Para
que, agora, peia igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados
e potestades nos céus” (Ef 3.10).
VERDADE PRATICA
A
multiforme sabedoria de Deus vai além da compreensão humana e é demonstrada ao
mundo pela Igreja de Cristo.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Pv 2.6 Deus dá sabedoria
Terça - Pv 9-10 O princípio
da sabedoria
Quarta - Rm 11.33 A insondável
sabedoria divina
Quinta - Rm 11.34-36 Quem compreendeu o intento divino
Sexta - 1 Co 1.24 Cristo, a Sabedoria de Deus
Sábado - Ef1. 17 O espírito de sabedoria e revelação
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Efésios
3.8-10; 1 Pedro 4.7-10
Efésios
3
8
- A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre
os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo
9
- e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que, desde os
séculos, esteve oculto em Deus, que tudo criou;
10
- para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida
dos principados e potestades nos céus,
1
Pedro 4
7
- £ já está próximo o fim de todas as coisas; portanto, sede sóbrios e vigiai
em oração.
8
- Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros, porque o amor
cobrirá a multidão de pecados,
9
- sendo hospitaleiros uns para os outros, sem murmurações.
10
- Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da
multiforme graça de Deus.
INTERAÇÃO
Uma
das coisas mais maravilhosas quando estudamos a teologia da Santíssima Trindade
é identificar como o Pai, o Filho e o Espírito Santo estão em pleno
relacionamento numa unidade perfeita. É isto mesmo! A Santíssima Trindade
mostra-nos uma perfeita unidade. Portanto, não poderíamos esperar outra forma
de Deus agir pela Igreja, se não pela expressão da sua multiforme sabedoria em
trabalhar no mundo através do Corpo de Cristo. Para isso, Deus disponibilizou
ao seu povo dons de revelação, dons de poder, dons de expressão e dons ministeriais.
Que o Senhor nos use como instrumentos em suas mãos.
OBJETIVOS
Após
a aula, o aluno deverá estar apto a;
Conhecer o caráter diverso
dos dons espirituais e ministeriais.
Estudar as qualidades dos
bons despenseiros dos mistérios divinos.
Correlacionar os dons espirituais
com o fruto do Espírito.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor,
para introduzir a última lição do trimestre reproduza na lousa o esquema da
página seguinte. Em seguida, faça uma revisão dos assuntos tratados ao longo do
trimestre. Cite e comente cada dom estudado. O propósito desta revisão é para
que fique claro ao aluno o caráter múltiplo de Deus em lidar com a sua amada
Igreja. Por isso, podemos perceber através dos estudos dos dons a multiforme
sabedoria do Pai sobre o seu povo. Boa aula!
PALAVRA-CHAVE
Multiforme: Várias formas; diversas maneiras; numerosos estados.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O
Altíssimo revelou para a Igreja um mistério oculto desde a fundação do mundo.
Pelo Espírito Santo, o Senhor trouxe luz para o seu povo usando os “seus santos
apóstolos e profetas” para mostrar que esse mistério é Cristo em nós, a
esperança da glória. Era a multiforme sabedoria do Pai manifestando-se para
pessoas simples como eu e você.
I - OS
DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS
1. São diversos. Na passagem bíblica
de 1 Coríntios 1 2.8-10 são mencionados nove dons do Espírito Santo. Há outros
dons espirituais noutras passagens da Bíblia já mencionados em lições
anteriores deste trimestre, como Romanos 12,6-8; 1 Coríntios 12.28-30; 1 Pedro
4.10,11 e Hebreus 2.4. São dons na esfera congregacional. Em Efésios 4.7-11 e 2
Timóteo 1.6 vemos dons espirituais na esfera ministerial da igreja.
2. São amplos. A sabedoria de Deus
é multiforme e plural. É manifesta em seus dons espirituais e ministeriais nas
mais variadas comunidades cristãs espalhadas pelo mundo.
3. Dádivas do Pai. Outras excelentes
dádivas de Deus dispensadas à sua Igreja para comunicar o Evangelho a todos,
são:
a)
4 dádiva do amor. A grande manifestação de amor do Altíssimo para com a
humanidade foi enviar o seu Filho Amado para salvar o mundo Oo 3.16). Este amor
dispensado por Deus desafia-nos a que amemos aos nossos inimigos e ao próximo,
isto é, qualquer ser humano carente da graça do Pai (Jo 1.14).
b)
A dádiva da filiação divina. Deus torna um filho das trevas em filho de Deus Oo
1.12; 1 Pe 2.9). É a graça do Pai indo ao encontro da pessoa, tornando-a membro
da família de Deus (Ef 2.19).
c)
O ministério da reconciliação. O apóstolo Paulo explica o milagre da salvação
como resultado do “ministério da reconciliação” (2 Co 5.19). Todo ser humano
pode ter a esperança de salvação eterna, mas de salvação agora também. Quem
está em Cristo é uma nova criatura e o resultado disto é que Deus faz tudo novo
em sua vida (2 Co 5.17).
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Os
dons espirituais e ministeriais são diversos e amplos.
II -
BONS DESPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DIVINOS
1. Com sobriedade e
vigilância.
O despenseiro deve administrar a igreja locai, retirando da “despensa divina” o
melhor alimento para o rebanho. Paulo destaca a sobriedade e a vigilância do
candidato ao episcopado como habilidades indispensáveis ao exercício do
ministério (1 Tm 3.2). Por isso, o apóstolo recomenda ao obreiro não ser dado
ao vinho, pois bebida traz confusão, contenda e dissolução (1 Tm 3.2 cf. Ef 5.1
8). O fiel despenseiro é o oposto disso. Nunca perde a sobriedade e a
vigilância em relação ao exercício do ministério dado por Deus.
2. Amor e
hospitalidade.
Os despenseiros de Cristo têm um “ardente amor uns para com os outros, porque o
amor cobrirá a multidão de pecados” (1 Pe 4.8). Mediante a graça de Deus, o
obreiro pode demonstrar sabedoria e amor no trato com as pessoas. Amar sem
esperar receber coisa alguma é parte do chamado de Deus para os relacionamentos
(1 Jo 3.16). Esta atitude é a verdadeira identidade daqueles que se denominam
discípulos do Senhor Jesus (Jo 1 3.34,35). Aqui, também entra o caráter
hospitaleiro do obreiro, recomendado pelo apóstolo Pedro (1 Pe 4.9). Isso se
torna possível para quem ama incondicionalmente, pois a hospitalidade é
acolhimento, bom trato com todas as pessoas — crentes ou não, pobres ou ricas,
cultas ou não etc. Este é o apeio que o escritor aos Hebreus faz a todos os
crentes (Hb 1 3.2,3).
3. O despenseiro deve
administrar com fidelidade. A graça derramada sobre os despenseiros de Cristo tem de
ser administrada por eles com zelo e fidelidade. A Palavra de Deus nos adverte:
“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da
multiforme graça de Deus” (1 Pe 4.10). Pregando, ensinando ou administrando o
corpo de Cristo, tudo deve ser feito para a glória do Senhor, a quem realmente
pertence a majestade e o poder (1 Pe 4.11). Paulo ensina-nos ainda que devemos
ser vistos pelos homens
como “ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus” (1 Co 4.1; Cf
1.26,27). Por isso, os despenseiros de Deus devem ser fiéis em tudo; "para
que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos
principados e potestades nos céus” (Ef 3.10).
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Os
bons despenseiros dos mistérios divinos devem apresentar sobriedade,
vigilância, amor, hospitalidade e fidelidade ao Senhor.
III -
OS DONS ESPIRITUAIS E O FRUTO DO ESPÍRITO
1. A necessidade dos
dons espirituais.
Os dons espirituais são indispensáveis à Igreja. Uma onda de frieza e mornidão
tem atingido muitas igrejas na atualidade, as quais não estão vivendo a real
presença e o poder de Deus para salvar, batizar com Espírito Santo e curar
enfermidades (Ap 3.15-20). Em tal estado, os dons do Espírito são ainda mais
necessários. É no tempo de sequidão que precisamos buscar mais e mais a face do
Senhor, rogando-lhe a manifestação dos dons espirituais para o desperta- mento
espiritual dos crentes em Jesus (Hb 3.2).
2. Os dons
espirituais e o amor cristão. Paulo termina o capítulo sobre os dons
espirituais, dizendo: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos
mostrarei um caminho ainda mais excelente” (1 Co 1 2.31). Em seguida abre o
capítulo mais belo da Bíblia Sagrada sobre o amor— 1 Coríntios 13. Como já
dissemos, não é por acaso que o tema do amor (capítulo 1 3) está entre os
assuntos espirituais (capítulos 12 e 14). Ali, o apóstolo dos gentios refere-se
a vários dons, ensinando que sem o amor nada adianta tê-los.
3. A necessidade do
fruto do Espírito.
Uma vida cristã pautada pela perspectiva do fruto do Espírito (Gl 5.22) — o
amor — é o que o nosso Pai Celestial quer à sua Igreja. Uma igreja cheia de
poder, que também ama o pecador. Cheia de dons espirituais, mas que também
acolhe o doente. Zelosa da boa doutrina, mas em chamas pelo amor fraterno que,
como diz Paulo, “é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata
com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os
seus interesses, não se irrita, não suspeita mal” (1 Co 13.4,5). O caminho do
amor é mais excelente que o dos dons espirituais (1 Co 12.31).
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
Os
dons espirituais são ligados ao amor cristão, o mais autêntico fruto do
Espírito.
CONCLUSÃO
A
multiforme sabedoria de Deus manifesta-se na igreja através da intervenção
sobrenatural do Espírito Santo e a partir dos dons de Deus necessários ao
crescimento espiritual dos crentes. Sejam quais forem os dons, aqueles que os
possuem devem usá-los com humildade e fidelidade, não buscando os interesses
próprios, mas sobretudo o amor, pois sem amor de nada adianta possuir dons.
Estes são para a edificação dos salvos em Cristo Jesus.
AUXILIO BIBLIOGRÁFICO
Subsidio
Teológico “SABEDORIA
Embora
Paulo não tenha pregado de acordo com a sabedoria do mundo, todavia ele pregou
a sabedoria oculta de Deus que só pode ser discernida quando Deus dá ao homem a
direção e a ajuda do Espírito Santo (1 Co 2.7-1 4). Deus deseja que o homem
tenha e conheça sua sabedoria (Tg 1.5). Ela é espiritual e consiste no
conhecimento de sua vontade (Cl 1.9; Ef 1.8,9). Ela é ‘do alto’ e é contrastada
com a sabedoria terrena e humana deste mundo, que pode até ser inspirada pelos
demônios (Tg 3.1 3-1 7; cf, Cl 2.23; 1 Co 3.1 9,20; 2 Co 1.1 2). A sabedoria de
Deus deve ser revelada ou 'dada’ aos homens (Rm 11.33,34; 2 Pe 3,15; Lc 21.15).
Isto pode ser conferido pela Palavra de Deus e pelo ensino humano dela (Cl
3.16; 1.28; Ap 13,18; 1 7.9)” (PFEIFFER, Charles F.; REA, John; VOS, Howard F.
(Eds.). Dicionário Bíblico Wycliffe.
1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 1712).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
MENZIES,
William W.; HORTON, Stanley M. Doutrinas
Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. 5. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
HORTON,
Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal. 10. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
DONS ESPIRITUAIS E
MINISTERIAIS
Dons de Revelação Palavra de Sabedoria; Palavra da Ciência;
Discernimento de Espíritos.
Dons de Poder Dom
da Fé; Dons de Curar; Operação de Maravilhas.
Dons de Expressão Dom de Profecia; Variedade de Línguas; 1
Interpretação das Línguas.
Dons Ministeriais Apóstolos; Profetas;
Evangelistas; Pastores; Doutores.
EXERCÍCIOS
1.
Segundo a lição, quais são as dádivas de Deus dispensadas à sua Igreja para
comunicar o Evangelho a todos?
R:
A dádiva do
amor, a dádiva da filiação divina e o ministério da reconciliação.
2.
Segundo o apóstolo Paulo quais habilidades são indispensáveis ao exercício do
ministério (1 Tm 3.2)?
R:
A sobriedade e
a vigilância.
3.
Como Paulo termina o capítulo sobre os dons espirituais?
R:
Dizendo:
“Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho
ainda mais excelente” (1 Co 12.31).
4.
Qual o caminho ainda mais excelente que os dons, segundo a lição?
R:
O caminho do
amor.
5.
Sejam quais forem os dons, como aqueles que os possuem devem usá-los?
R:
Com humildade e
fidelidade, não buscando os interesses próprios, mas, sobretudo, o amor, pois
sem amor de nada adianta possuir dons.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n° 58, p.42.
Dons
Espirituais e Dons Ministeriais: Revelação - sabedoria, conhecimento e
discernimento de Espírito; Poder - fé, dons de curar e operação de maravilhas;
Elocução - profecia, variedades de línguas e interpretações de línguas;
Apóstolos; Profetas; Evangelistas; Pastores; Doutores. Quantas dádivas a serviço
da Igreja de Cristo! Quantas formas de Deus trabalhar pelo seu povo!
Diversidade na unidade! Unidade na diversidade! Por isso, o nosso Pai Celestial
age de acordo com a sua multiforme graça e sabedoria.
Além
de divina, e Igreja de Cristo é humana e terrena. Ela está alocada num tempo,
cultura e realidades sociais bem distintas uma das outras. As igrejas locais
são a expressão da Igreja Invisível. Esta é composta por todos os seres humanos
dos quatro cantos da Terra que têm em comum a fé centralizada em Jesus como
Senhor e Rei: África, Ásia, América Central, América do Norte, América do Sul,
Europa, Oceania e Antártida (cf. http://www.
waponline.it/ChurchinAntarctica/tabid/65/Default. aspx). Logo, os dons
espirituais e ministeriais são dados por Deus a homens e mulheres objetivando
servir o próximo, edificar a igreja local e fazê-la atingir o estado perfeito
de amor: "Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que
é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de
todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do
corpo, para sua edificação em amor" (Ef 4.15,16). Apenas há razão de
exercer os dons de Deus se o princípio fundamental da vida cristã ponderar o
outro em amor.
Portanto,
precisamos compreender os dons espirituais e ministeriais, não como
superstição, mas realização em Deus para o serviço e bem-estar da Igreja de
Cristo espalhada pelo mundo. Para isso que o Pai concede uns para apóstolos,
profetas, evangelistas, pastores e doutores. E a outros, os mune com dons de
profecia, discernimento de espíritos, cura, e tantos outros. Tudo para
demonstrar que, como na Santíssima Trindade, a relação do Pai com a sua Igreja
dar-se nos termos da diversidade e da multiforme graça e sabedoria divina.
Após
estudar um trimestre sobre dons espirituais e ministeriais, instiga os alunos a
buscarem essas dádivas de nosso Senhor para instrumentalizá-los ao ponto de
serem pessoas espirituais reconhecidas pela prática do amor, pois sem amor: de
nada vale os dons!
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Após o estudo sobre
os dons de Deus, podemos constatar que sua sabedoria transcende a tudo o que se
pode entender com a limitada percepção do homem. Enquanto a sabedoria humana é
compartimentada ou segmentada em áreas do conhecimento, a sabedoria de Deus é
multiforme. Ele a manifestou desde a criação, quando sua mente divina imaginou
trazer à realidade as coisas criadas, incluindo o universo imenso, formado de
planetas e estrelas, bem como o homem e os seres vivos da natureza, numa
demonstração de planejamento perfeito, jamais alcançado pela mente humana.
O salmista teve a
visão da sabedoria e do poder criador de Deus, ao exclamar: “O Senhor, quão
variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a
terra das tuas riquezas” (SI 104.24). Só o homem incrédulo, em sua arrogância e
presunção, não percebe que a grandeza do universo, ou do macrocosmo, bem como a
imensa complexidade do microcosmo, observado nos microuniversos das células ou
das moléculas dos elementos da natureza, não podem ter sido fruto do acaso
cego, mas de uma mente sobrenatural, dotada de sabedoria e inteligência além da
imaginação limitada do homem. O sábio Salomão, em suas reflexões sobre o
universo, declarou:
A MULTIFORME
SABEDORIA DE DEUS
“O Senhor, com
sabedoria, fundou a terra; preparou os céus com inteligência” (Pv 3.19). A
sabedoria de Deus e sua inteligência divina sempre agiram juntas para que o
Eterno alcançasse seus objetivos e propósitos, ao criar todas as coisas.
Mas foi no plano
espiritual, que transcende às coisas materiais do universo, que Deus demonstrou
sua multiforme sabedoria de forma tão elevada, que é considerada um verdadeiro
mistério que só a revelação divina pôde trazer à luz, ao conhecimento do homem,
por meio do Espírito Santo. Paulo diz que esse mistério foi revelado de maneira
muito especial, por misericórdia e bondade de Deus, pelo Espírito Santo, “aos
seus santos apóstolos e profetas”, bem como à Igreja do Senhor:
Essa multiforme
sabedoria de Deus, que tudo criou pelo poder sobrenatural de sua palavra, a
ponto de trazer à existência todas as coisas, a partir do nada absoluto,
transformou-se em uma relação de amor para com o homem. Mesmo sabendo de
antemão que o homem iria cair em desobediência, em seu plano divino, por sua
graça e misericórdia, Deus enviou Jesus, para salvar o homem da tragédia do
pecado. E Cristo manifestou-se como a encarnação da sabedoria de Deus: “Mas,
para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo,
poder de Deus e sabedoria de Deus” (1 Co 1.24 — grifo nosso).
A Igreja — o Corpo de
Cristo, reúne os “chamados, tanto judeus como gregos” ou gentios, para
proclamar a salvação de Deus à humanidade. Por ser a representante de Deus na
Terra, ela é alvo dos mais terríveis ataques do Inimigo de Deus, que, mesmo
condenado em última instância, no Tribunal Divino, e sabendo que seu fim é o
inferno, procura destruir a comunidade dos salvos e remidos por Cristo. Diante
dessa realidade, Deus tem concedido à igreja recursos especiais, que são os
dons espirituais e os dons ministeriais, já estudados nos capítulos anteriores,
para edificação e força para cumprir a sua missão. O dom de sabedoria, ao lado
dos outros dons, concede parte da multiforme sabedoria de Deus a seus servos
para que saibam como agir, como viver, como proceder e atuar, diante da missão
que lhes foi confiada de proclamar o evangelho por todo o mundo a toda a
criatura. Os dons ministeriais fazem parte da capacitação de Deus a homens
chamados e preparados para exercer a liderança nas igrejas que reúnem os salvos
em Cristo Jesus, até à sua vinda em glória para reinar para sempre.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 148-149.
SABEDORIA DE DEUS
Esboço:
I. Ideias Gerais
II. Deus Fez de Jesus Cristo Essa Sabedoria
III. Referências e Ideias. A Sabedoria de Deus
IV. A Multiforme Sabedoria de Deus se Toma Conhecida (Efé.3:10)
I. Ideias Gerais
1. Essa sabedoria é
um dos atributos divinos (ver I Sam. 2:3); é insondável (ver Rom. 11 :33); e é
a base de toda a bondade humana, sobretudo do bem-estar espiritual, particularizando-se
a salvação (ver Efé. 1:8).
2. O evangelho contém
os tesouros da sabedoria divina (ver I Cor. 2:7).
3. Paulo fez contraste
entre a sabedoria humana (ensinada na filosofia) e a sabedoria de Deus (que se manifesta
na mensagem do evangelho). A sabedoria humana gera o orgulho; a sabedoria
divina conduz à salvação da alma.
4. A sabedoria divina
se manifesta em Cristo (ver o artigo sobre Sabedoria).
5. O próprio Cristo é
a personificação da sabedoria divina, conforme ensinado em I Cor. 1:30. E
Cristo quem proporciona aos homens os benefícios prometidos pela sabedoria
divina.
Tudo quanto os homens
podem conhecer acerca da verdadeira sabedoria. precisam conhecerem Cristo;
pois, para os homens, Cristo é a sabedoria de Deus. A sabedoria de Deus é
demonstrada no seu plano, relativo à redenção da humanidade, plano esse que
concretiza algo que a sabedoria humana sob hipótese nenhuma poderia concretizar.
E a palavra ou a mensagem da cruz é o tema central dessa sabedoria (ver I Cor.
I: 18). Por igual modo, essa sabedoria é a única que permanecera de pé sob o teste
do juízo divino (ver I Cor. I: 19). Através da sabedoria de Deus é que o mundo
inteiro pode ser potencialmente salvo (ver I Cor. 1:31). Tudo isso pode parecer
um escândalo, uma insensatez e uma pedra de tropeço para os homens (ver I Cor.
1:22-23), mas Jesus Cristo é a própria personificação da sabedoria de Deus (ver
I Cor. I :24,30). A grande verdade é que a sabedoria de Deus, que tantos homens
reputam como insensatez, é mais sábia que a sabedoria humana, porquanto cumpre
aquilo que o engenho humano está impossibilitado de fazer (ver I Cor. I :25).
Mas esse cumprimento só se verifica no caso de homens humildes, que reconhecem
sua ignorância espiritual; pois Deus dá iluminação espiritual a esses, mas resiste
aos soberbos (ver I Cor. I :26-28). Sim, Cristo é a verdadeira sabedoria de
Deus, fazendo violento contraste com a falsa sabedoria humana.
II. Deus Fez de Jesus Cristo Essa Sabedoria
1. Mediante os seus
decretos, baixados desde a eternidade.
2. Mediante a
encarnação do Filho de Deus.
3. Mediante o
ministério terreno de Jesus Cristo.
4. Mediante a sua
exaltação à mão direita de Deus Pai, onde foi feito Senhor e Cristo, e de onde
brande toda a autoridade, nos céus e na terra, segundo também lemos em Mat. 28:
18. Ora, todos esses aspectos estavam designados de antemão com o propósito de
produzir a redenção humana.
III. Referências e Ideias. A Sabedoria de Deus
1. A sabedoria de
Deus é um de seus atributos (ver I Sam. 2:3 e Jó 9:4). 2. A sabedoria de Deus é
descrita como perfeita (ver Jó 36:4 e 37: 16).3. É poderosa (ver Jó 36:5).
4. É universal (ver
Jó 28:24; Dan. 2:22 e Atos 15: 18).
5. É infinita (ver
Sal 147:5 e Rorn, 11:3).
6. É insondável (ver
Isa. 40:28 e Rom. 11:33).
7. É maravilhosa (ver
Sal. 139:6).
8. Ultrapassa a
compreensão humana (ver Sal 139:6).
9. É incomparável
(ver Isa. 44:7 e Jer. 10:7).
10. Não é derivada
(ver Jó 21:22 e Isa. 40:44).
11.O evangelho contém
os tesouros da sabedoria divina (ver I Cor. 2:7).
12. A sabedoria dos
santos é derivada da sabedoria de Deus (ver Esd. 7: 25). 13. Toda a sabedoria
humana deriva da sabedoria divina (ver Dan. 2:2).
IV. A Multiforme Sabedoria de Deus se Torna Conhecida
(Efé. 3: 10)
A palavra multiforme
deriva do termo grego polupoikilos, em forma adjetivada encontrada somente aqui
em todo o Novo Testamento, cujo significado é «variegado», «multilateral»,
usado para indicar quadros, flores e vestimentas de várias cores. Na versão da Septuaginta
(tradução do original hebraico do Antigo Testamento para o grego, completada
cerca de duzentos anos antes da era cristã), a capa de «muitas cores» presenteada
por Jacó a José é descrita por palavra (ver Gên. 37:3). Esse vocábulo pinta a
sabedoria divina como algo que tem muitíssimas facetas com os mais variados modos
de manifestação e expressão, por ser algo que é digno de ser contemplado,
devido a suas muitas e excelentes variações e realizações.
Gregório de Nissa
(ver Hom. viii, sobre Cantares de Salomão) nos fornece uma notável
interpretação, a que - vários expositores - aludem. Diz ele: «Antes da encarnação
de nosso Salvador, os poderes celestiais conheciam a sabedoria de Deus como
algo simples e uniforme, que efetuava maravilhas de modo consoante com a
natureza de cada coisa. Nada havia de poikilon (multiforme, multicolorido). Mas
agora, por meio da oikonomia (dispensação, plano) que diz respeito à igreja e à
raça humana, a sabedoria de Deus não é mais conhecida como algo uniforme, e,
sim, como algo polupoikilos (multiforme, variegado), produzindo contrários por
meio de contrastes, mediante a morte, a vida, a desonra, a glória, o pecado e a
retidão; mediante a maldição e a bênção; mediante a fraqueza e o poder. O
invisível se manifestou em carne. Veio para remir cativos, sendo ele mesmo o adquiridor,
e sendo ele mesmo o preço» (lD lB LAN NTI).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 9-10.
I - OS
DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS
1. São diversos.
Os dons espirituais
são variados, como recursos usados pelo Espírito Santo para manifestar o poder
de Deus e sua multiforme sabedoria, através de instrumentos humanos, usados
para a edificação e o fortalecimento espiritual da igreja. Os dons devem ser
buscados com humildade e discernimento. “Assim, também vós, como desejais dons
espirituais, procurai sobejar neles, para a edificação da igreja” (1 Co 14.12).
A lista de dons espirituais pode ser vista em dois sentidos: restrito e amplo,
como resumimos a seguir.
NO SENTIDO ESTRITO
Normalmente, quando
se tratam dos dons espirituais, entende-se que eles são em número de nove. Essa
conclusão baseia-se na contagem dos dons, com base em 1 Coríntios 12: “Porque a
um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo
Espírito, a palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a
outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro, a operação de
maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos;
e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas” (1
Co 12.8-10).
De fato, a relação
acima indica que há nove tipos de dons espirituais. Entretanto, quando se
tratam dos dons de curar, no plural, não se pode precisar quantas manifestações
desse dom podem existir. Não há um só dom de curar, nem uma única maneira de se
fazer uso desses dons. Sua pluralidade certamente denota a vontade de Deus para
que seu povo tenha saúde e qualidade de vida, tanto espiritual, quanto
emocional ou física. A experiência cristã nos mostra que há homens de Deus que
parecem ter capacitação para orar por determinados tipos de enfermidades,
enquanto outros oram por outras doenças. Não podemos ser dogmáticos a respeito
dos dons, mas não se veem operadores de milagres com plena capacitação para
orar eficazmente por todos os tipos de males ou doenças. Dessa forma, os tipos
de dons espirituais são nove. E podem ser ampliados por causa da pluralidade
dos dons de curar. A Bíblia não nos autoriza especificar os dons de curar.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 150.
I Cor 12.8-11 Estes
nove dons especificam a variada distribuição necessária para uma manifestação
completa do Espírito: a palavra da sabedoria, é uma declaração espiritual, num
dado momento, pelo Espírito, sobrenaturalmente revelado a mente, o propósito e
o caminho de Deus aplicado a uma situação específica. A palavra da ciência é
uma revelação sobrenatural de informação relativa a uma pessoa ou
acontecimento, feita a um propósito específico, normalmente peculiar tendo a
ver com uma necessidade imediata. 0 dom da fé é uma forma de fé que vai além da
fé natural e da fé para salvação. Ela confia sobrenaturalmente e não duvida em
relação aos assuntos específicos envolvidos. Os dons de curar são aquelas curas
que Deus realiza sobrenaturalmente pelo Espírito. 0 plural sugere que, como
existem muitas doenças e moléstias, o dom está relacionado è cura de muitas
desordens. A operação de maravilhas é uma manifestação de poder além do curso
normal da lei natural. E uma permissão divina para se fazer algo que não
poderia ser feito naturalmente. Profecia é uma revelação divina em nome do
Espírito, uma revelação edificante do Espírito para o momento (14.3), um
discernimento súbito do Espírito, sugerindo exortação e conforto (14.3,30).
Discernir os espíritos é a capacidade de discernir o mundo do espírito e,
especialmente, detectar a verdadeira fonte das circunstâncias ou motivos das
pessoas. Variedade de línguas é o dom de falar sobrenaturalmente em uma língua
não conhecida ao indivíduo. 0 plural permite diferentes formas, possivelmente
harmonizando as línguas conhecidas faladas de At 2.4-6 e as declarações
transracionais desconhecidas em Coríntios, designadas especialmente para orar e
cantar no Espírito, na maior parte para adoração privada (14.14-19). A
interpretação das línguas é o dom de transmitir a mensagem transracional (mas
não irracional) significativa do Espírito para os outros, quando exercido em
público. Não é a tradução de uma língua estrangeira. Nota: Nenhum dos dons requer
um cenário "público", embora cada um possa e deva ser acolhido em
reuniões corporativas.
PLENITUDE.
Bíblia de Estudo Plenitude. Editora Sociedade
Bíblica, do Brasil. pag. 1139.
Agora o apóstolo
mostra como se manifestavam os vários dons do Espírito, nos quais a congregação
era tão rica, e qual o propósito que eles deviam guardar em mente: Mas a cada
um (cristão) está sendo dada a manifestação do Espírito visando o proveito
comum. Ele fala de modo muito geral, afirmando que cada cristão possui algum
dom da graça, um dom que não foi meramente derramado sobre ele em certa ocasião
no vago e distante passado, mas que lhe é concedido dia após dia. Por isso, seu
alvo e objetivo não é servir ao engrandecimento e gozo pessoal, mas ser
colocado à disposição e ao ministério do proveito espiritual da congregação
inteira e da igreja. Cada cristão devia revelar-se um bom despenseiro da
multiforme graça de Deus, 1.Pe. 4. 10; Mt. 25. 14-30.
Paulo mostra por meio
de certo número de exemplos como exatamente os talentos espirituais dos cristãos
individuais deviam servir para o benefício da congregação toda: A um foi dada
pelo Espírito, por meio do Seu poder, a palavra de sabedoria. Teve um saber excepcionalmente
completo das grandes verdades da Escritura, ou seja, do mistério do evangelho, da
palavra da cruz, e de modo claro e convincente pôde expô-las em seu conjunto.
Mas a outro foi dada a palavra de conhecimento, segundo o mesmo Espírito,
orientado pelo Seu poder. Teve o dom de aplicar a palavra de Deus a casos
individuais na vida, lançar de modo apropriado luz sobre eles, fazer as
conclusões corretas na base dum claro conhecimento. O saber é mais teórico, conhecimento
é mais prático. São estas em especial as qualificações do professor e pastor.
Na segunda série de
dons, a um outro é dada fé, no mesmo Espírito, unicamente no Seu poder e
outorga. Não é aquela fé que aceita a salvação em Cristo, ou seja, não a fé que
justifica, mas uma confiança forte e inabalável no Deus onipotente ou no poder
de Cristo, como algo capaz de se revelar em feitos extraordinários e realizar o
que aos homens parece impossível.18) Este dom de fé heroica foi especialmente
necessária nos dias antigos da igreja, mas desde então apareceu em muitos servos
do Senhor, que, com a assistência do Senhor, realizaram o aparentemente sobrenatural.
A um outro foram dados na concessão do mesmo Espírito os dons das curas. Nos
dias antigos houve cristãos que foram capazes de curar os doentes sem o uso de
medicamentos e para realizar outras coisas milagrosas, como sejam: ressuscitar
os mortos, castigar os maus por meio duma manifestação extraordinária da ira de
Deus, como no caso de Ananias e Safira, Elimas, etc.
Com estes dons
estiveram intimamente ligados os atos de poder, e a operação de milagres em
geral.
Paulo menciona no
terceiro grupo de dons, que a outro cristão é dada profecia, o que não só inclui
a habilidade de ver o futuro e pré-anunciar eventos vindouros, mas também a de
aplicar a palavra de Deus no ensino e na admoestação. “A profecia é que alguém
pode interpretar e explicar corretamente a Escritura, e dela comprovar, de modo
vigoroso, a doutrina da fé e a doutrina falsa; por meio dela também admoestar o
povo, ameaçar ou fortalecer e confortar, indicando, enquanto isto, a ira
vindoura, o castigo e a vingança sobre os descrentes e desobedientes, e, por
outro, o socorro divino e a recompensa para os cristãos e piedosos; assim como
os profetas o fizeram à base da palavra de Deus, tanto da lei como das
promessas.”19) A outro é dado o discernir espíritos, que é a capacidade de,
rapidamente, distinguir entre verdadeiros e falsos mestres, 2.Ts. 2. 9; 1.Jo.
4. 1.
Quando Satanás
descobriu que aberta inimizade e perseguição não tiveram o sucesso que seus planos
quiseram, então ele empregou a astúcia e atuação escondida, fazendo surgir
falsos mestres exatamente no meio das congregações cristãs, cujas línguas
fluentes muitas vezes conseguir introduzir doutrinas diferentes do puro
evangelho pregado pelos apóstolos. Por isso uma pessoa que tem a capacidade
para logo discriminar, para desmascarar a posição dúbia e perigosa dos falsos mestres,
foi uma valiosa aprovação na congregação. A mais outro cristão foram dadas
tipos de línguas, sendo ele capaz para falar as grandes coisas de Deus em
línguas estranhas, que jamais estudara, Mc. 16. 17, ou ele podia louvar o
Senhor numa língua totalmente nova e desconhecida, virtualmente na língua dos
anjos, cap. 13. 1. Contudo, visto que estes dons em si mesmo teriam sido
inúteis, o Senhor também havia concedido a um outro a interpretação de línguas,
ou seja, a capacidade de traduzir a língua desconhecida para o benefício da
congregação, para a edificação dos ouvintes.
Claramente o apóstolo
lembra seus leitores que, não importando a imensa diferença entre eles, não
importando a inclinação que houve entre os detentores dos diferentes talentos
para exaltar seus dons pessoais, todos estes dons haviam sido operadas por um e
o mesmo Espírito, quando distribuiu a cada pessoa individual exatamente como
Sua vontade o ditava. Aqui se destacam dois pensamentos: Que é tão somente o
Espírito que lida com cada indivíduo, que é Sua escolha e juízo que determinam
os dons, mas também que não podia haver qualquer ideia de mérito da parte de quem
os recebeu; a medida do Espírito Santo é a sua vontade e seu conselho pessoal e
gracioso.
Nota: Dos dons aqui
mencionados pelo apóstolo, “quatro desapareceram completamente do meio da
igreja cristã, os outros cinco ainda são encontrados, ainda que em medida
menor.
Desapareceram
completamente o dom de curar sem a aplicação de remédios, o dom de operar outros
milagres, o dom de falar línguas estranhas sem algum estudo e uso prévio, e por
último o dom de interpretar tais línguas que jamais se estudou. Este, porém,
não é o caso com os outros dons mencionados pelos apóstolos, a saber, com os
dons de falar pelo Espírito com sabedoria e com conhecimento, com o dom de
profetizar, isto é, de expor as Escrituras, com o dom de uma fé excepcionalmente
alta, forte e heroica, e por fim com o dom de distinguir entre os
espíritos.”20) Se estes dons ao menos tivessem sido empregados mais vezes, em
toda humildade, para o benefício da igreja!
KRETZMANN.
Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo
Testamento. Editora
Concordia Publishing House.
2. São amplos.
Considerando-se que a
sabedoria de Deus é “multiforme”, e que seu poder é ilimitado, e que, de igual
forma ele concede à Igreja a sua “multiforme” graça, podemos inferir que Deus
não está limitado a um número fixo ou fechado de dons. Após ensinar sobre os
dons espirituais, no capítulo 12 de 1 Coríntios, o apóstolo Paulo dirige sua
doutrina para a “excelência do amor fraternal”, no capítulo seguinte.
Certamente, podem ser considerados dons espirituais tantas outras dádivas de
Deus à sua igreja. Dessa forma, o leque dos dons de natureza espiritual pode
ser ampliado.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 151.
3. Dádivas do Pai.
1) O dom do amor. A
maior manifestação do amor de Deus foi o ter enviado a Jesus Cristo para salvar
o perdido. Ele próprio declarou de modo solene e incisivo: “Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16 — grifo nosso). Esse amor,
traduzido como o amor “ágape”, é a mais profunda demonstração de Deus, que se
doou, em Cristo, para redimir o homem da sua constrangedora situação como caído
e longe do criador. Cristo é o amor encarnado, que se “fez carne e habitou
entre nós” (Jo 1.14).
2) O dom da filiação
divina. Através da fé em Cristo, Deus torna o pecador seu filho, integrando-o
na família de Deus. João registrou esse fato: “Mas a todos quantos o receberam
deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus-, aos que creem no seu nome”
(Jo 1.12 — grifo nosso). Ninguém pode conquistar esse poder (ou direito). E
resultado da graça e do amor de Deus. “Assim que já não sois estrangeiros, nem
forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus” (Ef 2.19).
3) O dom do batismo
com o Espírito Santo. Na casa de Cornélio, enquanto Pedro ministrava a palavra,
o Espírito Santo caiu sobre os que ali estavam, conforme Pedro afirmou: “como
nós no princípio”; sem dúvidas com o sinal exterior de línguas estranhas (cf.
At 2.4). “Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando cremos no
Senhor Jesus Cristo, quem era, então, eu, para que pudesse resistir a Deus?”
(At 11.17; At 1.5; 1 Ts 4.8).
4) O dom do
crescimento. Doutrinando a igreja em Corinto, Paulo reprovou a atitude de
certos grupos que se levantaram na congregação, causando dissensão, divisões
internas e partidarismo em torno dos apóstolos. Havia, certamente, quem
atribuía a Pedro, a Apoio e a Paulo a preeminência pelo sucesso da
evangelização. Mas Paulo, como bom servo de Deus, lhes afirmou: “Eu plantei,
Apoio regou; mas Deus deu o crescimento. Pelo que nem o que planta é alguma
coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (1 Co 3.6,7). Esse
crescimento é acima de tudo espiritual.
5) O ministério da
reconciliação. Em sua segunda carta aos coríntios, Paulo, escrevendo sobre a
nova vida do salvo em Cristo, explica que o milagre da salvação, que inclui a
regeneração, a justificação e a santificação, “provém de Deus”, que nos
concedeu o “ministério da reconciliação”. “Assim que, se alguém está em Cristo,
nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo
isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos
deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da
reconciliação” (2 Co 5.17-19 — grifo nosso).
6) O espírito de
fortaleza, de amor e de moderação. Podemos dizer que Deus nos dá o equilíbrio
espiritual, quando nos submetemos à sua vontade. De um lado, concede o
“espírito de temor”, para que o sirvamos com profundo respeito e reverência (SI
128.1); de outro, dá-nos o “espírito de fortaleza”, ou de poder; mas, para que
esse poder não fique sem controle, concede o “espírito de amor e de moderação”
(cf. 2 Tm 1.7). Nenhum dom espiritual, no sentido estrito ou amplo, tem seu
exercício aprovado por Deus, se não for por amor e com a devida e sábia
moderação. Quando isso não acontece, o detentor do dom tende a aproveitar-se
dele para sua promoção pessoal. O Espírito Santo não autoriza a glória para
ninguém, exceto para Cristo, o que é a sua missão (Jo 16.14).
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 151-152.
Jo 3. 16. Porque Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (16). Esta é a primeira menção
ao amor de Deus neste Evangelho. E um tema dominante no livro, embora pouco se
fale até o capítulo 13. Deus amou o mundo de tal maneira. Aqui, novamente, está
a ideia do alcance universal. O evangelho é para todos os homens. Nenhum deles
está excluído. Isto descreve por que Deus fez o que fez. Ele amou! A palavra em
grego é egapesen. Este é o amor que se move pelos interesses do outro, sem
pensar nos próprios interesses. E um amor que deseja arriscar tudo por alguma
vantagem para outra pessoa, que não considera nenhum preço muito alto se outra
pessoa puder receber algum benefício. O tempo aoristo do verbo indica que o ato
de amor de Deus não é limitado pelo tempo e simultaneamente é único e completo.
E o amor absoluto!
Deu o seu Filho
unigénito. Embora este ato seja muito mais frequentemente descrito pelo verbo
“enviar” (e.g., 3.17,34; 6.29,38-40), aqui a ideia enfatizada é a do presente
de Deus para o homem (cf. 4.10). Outra vez, o tempo do verbo dar se refere a um
ato absoluto e completo (cf. Hb 10.14). Ele deu o seu Filho unigénito, ou seja,
a Dádiva que era mais preciosa, e “o título ‘unigénito’ é acrescentado para
destacar este conceito”.
... Todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. As alternativas estão definidas.
Elas são a vida e a morte! A Dádiva de Deus tornou possível que o homem faça a
escolha, a resposta da fé. Os verbos perecer e ter estão em tempos diferentes
no original. O primeiro está em aoristo e significa “de uma vez por todas”,
expulso para a escuridão exterior. O último está no presente, indicando uma
vida eterna presente e duradoura.
William
M. Greathouse. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 8. pag. 51-52.
Jo 3.16 O Evangelho
inteiro encaminha-se para esse versículo. O amor de Deus não está dirigido
somente a certo grupo de indivíduos, ele é oferecido ao mundo. O amor de Deus não
é estático ou egoísta, mas se propaga e atrai outros para si. Aqui os atos de
Deus definem o padrão do verdadeiro amor, a base de todos os seus
relacionamentos: quando você ama alguém está disposto a se sacrificar, com
ternura e de boa vontade, por essa pessoa. O amor sacrificial também é a
prática de procurar formas de atender às necessidades daqueles que são amados.
No caso de Deus, esse amor é infinitamente prático, pois se dispõe a salvar
aqueles que não têm a esperança de se salvarem sozinhos. Mas Deus pagou um
preço muito alto para nos salvar; Ele ofereceu o seu único Filho, o maior preço
que Ele podia pagar.
Essa oferta foi feita
a todo aquele que nele crê. “Crer” é mais do que aceitar intelectualmente que
Jesus é Deus. Significa colocar a nossa fé e confiança naquele que é o único
que pode nos salvar. Significa eleger a Cristo como o responsável pelos nossos
planos atuais, e pelo nosso destino eterno. Crer é ter certeza de que suas
palavras são seguras, e confiar nele para receber o poder de mudar.
Jesus aceitou o nosso
castigo e pagou o preço pelos nossos pecados para evitar a nossa morte. Aqui a
palavra perecer (ou morte) não significa a morte física, pois todos nós iremos
morrer algum dia, mas se refere a uma eternidade longe de Deus. Aqueles que creem
receberão essa bênção, a nova vida que Jesus comprou para nós - a vida eterna
com Deus.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 503.
Ef 2.19 Os gentios
não são mais estrangeiros nem forasteiros. Estas palavras descrevem pessoas que
vivem em um país que não é o seu, sem qualquer dos direitos de cidadania
daquele país. Os gentios eram “estrangeiros” em relação aos judeus, bem como a
qualquer esperança (sem Cristo) de um relacionamento com Deus (2.12). Esta era
a sua antiga posição. Por causa de Cristo, entretanto, os gentios tornaram-se
cidadãos, com todos aqueles que haviam sido chamados para serem os concidadãos
dos Santos. Os judeus e os gentios que depositam a sua fé em Jesus Cristo como
seu Salvador tornam-se membros da família de Deus. (Veja Fp 3.20; Hb 3.2-6.)
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 328.
Neste ponto, o
apóstolo volta a falar sobre o estado dos gentios e repete o linguajar do
versículo 12. Por Cristo, eles não são mais estrangeiros (xenoi) — “visitantes
estrangeiros sem direitos na comunidade” — e forasteiros (paroikoi) —
“residentes estrangeiros com direitos temporários e limitados”. A atual relação
com Deus na qualidade de redimidos do Senhor não é nem um pouquinho inferior
aos judeus. Paulo se serve de três ilustrações para expressar a unidade
extraordinária que prevalece na comunhão dos crentes judeus e gentios.
1. “Concidadãos dos
Santos” (19a)
Nesta metáfora,
retirada da vida citadina, o apóstolo garante aos gentios que “os seus nomes
estão inscritos no mesmo rol cívico com todos a quem ‘o Senhor contará quando
somar as pessoas”’. Antigamente, os judeus eram os santos, cidadãos da cidade
de Deus, e os gentios eram os estrangeiros. A situação não é mais esta. Os
crentes gentios fazem parte do novo Israel (G1 6.16), que é formado por todos
os cristãos. Eles compartilham todos os direitos e privilégios deste novo povo.
Willard H. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol.
9. pag. 142-143.
II Cor 5.18,19 Esta
renovação de vida não é nenhuma obra humana. O próprio Deus já iniciou o
trabalho. Somente Deus pode permitir que as pessoas se aproximem dele. Somente
Deus pode satisfazer as suas exigências de justiça. Somente Deus pode salvar.
Deus é o Autor e o Consumador da salvação (veja Hb 12.2). Deus reconciliou seu
povo consigo mesmo por Jesus Cristo.
Quando confiam em
Cristo, os crentes já não são mais inimigos de Deus. Por meio da obra
expiatória de Cristo na cruz, Deus tornou os crentes parte da sua família. Jesus
morreu no nosso lugar para que nós pudéssemos desfrutar da comunhão com Deus (1
Co 15.3). Como nós, os crentes, fomos reconciliados com Deus, recebemos o
ministério da reconciliação, para levar as
pessoas a se reconciliarem com Ele. Como Paulo tinha se reconciliado por
intermédio de Cristo, tornou-se a sua missão pregar aquela mensagem. Caso os
coríntios tivessem se esquecido do ponto central da mensagem de Paulo para
eles, o apóstolo o repetiu; Deus estava em Cristo reconciliando consigo o
mundo, não lhes imputando os seus pecados. Deus, por intermédio da morte de
Cristo na cruz, estava trazendo de volta todas as pessoas - judeus e gregos, igualmente
- que tinham pecado (Rm 5.10; Ef 2.14-17). Embora fôssemos inimigos de Deus,
Cristo nos alcançou e nos salvou da destruição certa. Ele até mesmo nos lavou para
que pudéssemos nos aproximar de Deus com corações limpos (Cl 1.21,22).
Esta é
verdadeiramente uma mensagem maravilhosa.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 215.
A reconciliação, com
uma dupla noção:
1. Como um privilégio
inquestionável (w. 18,19). A reconciliação pressupõe a ruptura de uma amizade.
O pecado causou essa ruptura. Ele quebrou a amizade entre Deus e o homem. O
coração do pecador é preenchido de inimizade contra Deus, e Deus é ofendido
verdadeiramente pelo pecador.
No entanto, existe a
possibilidade da reconciliação; o Deus ofendido do céu está disposto a se
reconciliar. E perceba: (1) Ele apontou o Mediador da reconciliação. Ele nos
reconciliou consigo por meio de Jesus Cristo (v. 18). Deus deve ser reconhecido
do início ao fim na tarefa e cumprimento do Mediador. Todas as coisas
relacionadas à nossa reconciliação com Jesus Cristo vêm de Deus, que pela
mediação de Jesus Cristo reconciliou o mundo consigo mesmo. Ele colocou-se na
condição de ser reconciliado com os ofensores, sem causar qualquer agravo ou
insulto à sua justiça ou santidade. Ele não imputa ao homem as suas
transgressões e desiste do rigor do primeiro concerto, que foi quebrado, não
insistindo na vantagem que Ele poderia ter legitimamente contra nós pela quebra
da aliança. Ele está disposto a formar um novo pacto, uma nova aliança de
graça, e, de acordo com o teor dela, Ele está livre para perdoar todos os
nossos pecados e justificar livremente, pela sua graça, todo aquele que crer.
(2) Ele estabeleceu o “...ministério da reconciliação” (v. 18). Pela inspiração
de Deus, foram escritas as Escrituras, que contêm a palavra da reconciliação, mostrando-nos
que a paz foi feita pelo sangue da cruz, que a reconciliação foi operada, e nos
orientou em como podemos estar interessados por ela. Ele estabeleceu o ofício
do ministério, que é o ministério da reconciliação.
Os ministros devem
abrir e proclamar aos pecadores os termos da misericórdia e reconciliação e
persuadi-los a concordar com eles. Porque: 2. A reconciliação é entendida aqui
como nosso dever indispensável (v. 20). Da mesma forma que Deus está pronto a
ser reconciliado conosco, nós também devemos nos reconciliar com Ele. E é o
grande alvo e plano do evangelho que a palavra da reconciliação prevaleça
contra os pecadores para que abandonem a sua inimizade contra Deus. Ministros
fiéis são embaixadores de Cristo, enviados parar tratar com os pecadores acerca
de paz e reconciliação: Eles vêm em nome de Deus, com suas súplicas, e agem em
nome de Cristo, fazendo aquilo que Ele fez quando esteve nesta terra e o que
Ele deseja que seja feito agora que está no céu. Que condescendência
maravilhosa! Embora Deus não possa ser considerado um perdedor na disputa ou
desavença, nem um ganhador na paz, no entanto, pelos seus ministros Ele suplica
para que os pecadores abandonem a sua inimizade e aceitem os termos que Ele
oferece, para que possam ser reconciliados com Ele, com todos os seus
atributos, com todas as suas leis, e com todas as suas providências, e creiam
no Mediador, e aceitem a redenção e concordem com todo o seu evangelho. Para
nos encorajar a fazer isso, o apóstolo acrescenta o que deveria ser bem entendido
e devidamente considerado por nós (v. 21), a saber: (1) A pureza do Mediador:
Ele “...não conheceu pecado”. (2) O sacrifício que ofereceu: Ele foi feito
“...pecado por nós”; não um pecador, mas pecado, isto é, uma oferta pelo
pecado, um sacrifício pelo pecado. (3) O fim e desígnio de tudo isso:
“...para que, nele,
fôssemos feitos justiça de Deus” e justificados livremente pela graça de Deus
pela redenção que está em Cristo Jesus. Observe: [1] Como Cristo, que não
conheceu pecado, foi feito pecado por nós, para que nós, que não temos justiça
própria, fôssemos feitos nele justiça de Deus. [21 Nossa reconciliação com Deus
somente ocorre por meio de Jesus Cristo e pelo seu mérito.
Portanto, devemos
somente confiar nele e na sua justiça.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo
Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 525.
Esta nova situação,
na qual os homens são novas criaturas em Cristo, se deve ao ato criativo de
Deus (cf. 4.6; Rm 3.25; 11.36). Tudo isso provém de Deus, testemunha o
apóstolo, porque Ele nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo (18-19).181
A reconciliação envolve a superação da alienação pessoal (Ef 4.18) ou da
hostilidade (Cl 1.21), causadas pela rebelião do homem contra o seu legítimo
Soberano. O resultado é uma nova condição de paz (Rm 5.1; G15.22; Ef 2.12-17;
Fp 4.7) e a restauração da comunhão.
E o homem que deve
ser reconciliado, e não Deus, como no judaísmo,182 pois é Deus quem realiza a
reconciliação. Certamente está envolvida a ira de Deus contra o pecado dos
homens (Rm 1.18; 2.5), caso contrário os pecados que praticaram não seriam
computados contra eles. Mas Deus, no seu amor sagrado, tomou a iniciativa. Na
cruz de Cristo, Ele se tornou o Agressor e invadiu a vida humana extraviada com
um amor cheio de perdão. “Se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus
pela morte de seu Filho... o amor de Deus está derramado em nosso coração” (Rm
5.10,5). A “maior mudança possível ocorreu no homem... na sua natureza completa
e na sua vida”,183 que estão alteradas por causa da mudança do relacionamento
entre Deus e o homem. O pecado é tratado adequadamente com (21) respeito ao que
ele causou ao homem (Rm 7.5-25; 8.2) e também com respeito ao que ele significa
diante da santidade de Deus (Rm 3.21-26).
Para Paulo e para os
coríntios a reconciliação foi realizada. O caminho agora está aberto para
todos, e ao apóstolo foi confiado o ministério da reconciliação. Este é o
clímax da passagem e a razão final pela qual ele não pode viver para si mesmo
(13-15). A sua tarefa é anunciar a novidade aos homens, isto é (“neste
sentido”),184 Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo. Nenhuma
vírgula deve ser colocada depois de Cristo (cf. ASV, RSV), pois o que Paulo
quer destacar é o que Deus fez em Cristo.185 O elo (Rm 5.9-10) entre a
reconciliação e a justificação (12) é mostrado na palavra imputando (“levando
em conta”, ASV; cf, Rm 4.3-8). A obra da reconciliação, no entanto, não está
completa no que diz respeito ao mundo,186 pois Deus pôs (“depositou”, Weymouth)
em Paulo a palavra181 da reconciliação (cf. 1 Co 1.18). A palavra (logos),
segundo Cullmann, “é a revelação final e definitiva como tal”.188 A palavra da
reconciliação é a essência do ministério da reconciliação. A palavra qualifica
plenamente todas as fases do ministério. Este ministério não trata basicamente
de dar bons conselhos, mas sim de comunicar aos homens as boas-novas do que
Deus fez em Cristo pelo mundo.
Frank
G. Carver. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 8. pag. 435-436.
II -
BONS DESPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DIVINOS
1. Com sobriedade e
vigilância.
Despenseiros são as
pessoas que tomam conta da despensa de uma casa, ou do lugar onde são guardados
os alimentos e outros itens necessários à manutenção da família. O apóstolo
Pedro exorta os destinatários da sua primeira carta, quanto à iminente vinda de
Jesus, fazendo solene advertência sobre como os cristãos devem comportar-se,
“como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pe 4.10).
1. O DESPENSEIRO DEVE
SER SÓBRIO E VIGILANTE
Deve guardar a
sobriedade e vigilância, em oração (1 Pe 4.7); essa advertência refere-se à
simplicidade que deve caracterizar um servo de Deus, sobretudo aquele que tem a
liderança, na casa do Senhor. Fala da constante vigilância sobre a vida cristã,
ante os ataques diuturnos do Adversário. Ele anda como leão, buscando destruir
vidas preciosas. O que administra o rebanho de Deus deve saber retirar da
“despensa” de Deus o melhor alimento. E vigiar por suas vidas. E Pedro quem dá
idêntica advertência em sua primeira carta: “Sede sóbrios, vigiai, porque o
diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem
possa tragar” (1 Pe 5.8; Mt 26.41).
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 152-153.
SÓBRIO ou SOBRIEDADE
1. A palavra grega
nepho, com suas derivadas, significa ser livre da embriaguez e de todas as
formas de excesso; consequentemente, ser calmo, moderado, sereno, ter
autocontrole e ser tranquilo no pensamento e nas ações (1 Ts 5.6,8; 1 Tm
3.2,11; 2 Tm 4.5; Tt 1.8; 2.2; 1 Pe 1.13; 4.7; 5.8).
2. A palavra grega
sophroneo, com suas derivadas, significa estar em seu juízo perfeito, ser
razoável ou sensato, agir prudente ou cuidadosamente (Mc 5.15; 1 Tm 3.2; Tt
1.8; 2.2,12; 1 Pe 4.7). É a antítese de existente, "estar fora de si"
(2 Co 5.13); portanto significa exercer autocontrole não se entregando a
paixões desenfreadas (Tt 2.6) nem ao orgulho (Rm 12.3). Sua forma nominal,
sophrosyne, "sobriedade" (1 Tm 2.9,15) tem o sentido de moderação, e
consequentemente modéstia e castidade (cf. Tt 2.5).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 1845.
«...temperante...» No
grego é «nephalios», que significa «temperado» especialmente no uso do vinho,
«sóbrio». Noutros pontos do N.T., essa palavra é usada em I Tim. 3:11 e Tito
2:2; mas é usada sob forma diferente, a forma verbal, em I Tes. 5:6,8; II Tim.
4:5; I Ped. 1:13; 4:7 e 5:8. Esse termo pode significar «ajuizado», sem
qualquer vinculação à ideia de bebidas alcoólicas, embora se possa pensar em um
uso temperado de bebidas fortes.
Contudo, a fim de ser
evitada a má aparência do mal, bem como da tentação ao alcoolismo, talvez seja
melhor a abstinência total. (Ver o trecho de Efé. 5:18 quanto à nota expositiva
geral contra o «alcoolismo»). Notar as palavras existentes no terceiro
versículo deste capítulo, «...não dado ao vinho...», que reforça o que é dito
neste versículo. Todo o pastor deveria evitar as leviandades da juventude.
«...sóbrio...» é
tradução de «sophron», vocábulo grego que quer dizer «prudente», «previdente», «autocontrolado»,
ao passo que, quando aplicado a mulheres, esse adjetivo significava «casta»,
«decente», «modesta». Em todo o N.T. é usado somente aqui e em Tito 1:8 e 2:2,5,
isto é, dentro das «epístolas pastorais». Trata-se de um dos cento e setenta e
cinco termos usados exclusivamente nas «epístolas pastorais», e não no restante
do N. T.
« ...modesto...» No
grego é «kosmos», que significa «digno», «bem comportado», «sereno», palavra
usada exclusivamente aqui e em I Tim. 2:9. Portanto, é uma daquelas cento e
setenta e cinco palavras usadas somente nas «epístolas pastorais», em todo o
N.T. Seu significado básico é «ordeiro». O «kosmos» (palavra correlata) é a
«beleza organizada» da criação de Deus.
A forma verbal,
«kosmeo», significa «ordenar», «arranjar» ou «adornar», mas também «dirigir».
Um líder espiritual, sobretudo um pastor ou «supervisor» deveria ser
autocontrolado, ordeiro, dono de boa conduta e de boa reputação.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 309.
2. Amor e
hospitalidade.
O DESPENSEIRO DEVE
SER AMOROSO
Em segundo lugar, o
despenseiro de Cristo deve ter “ardente caridade uns para com os outros, porque
a caridade cobrirá a multidão de pecados” (1 Pe 4.8); todo crente fiel deve ser
despenseiro de Deus; mas, como já refletimos, o obreiro, pastor, dirigente, ou
líder de uma igreja, pastoreia ovelhas que não são suas. E cada ovelha é diferente
da outra, em temperamento, formação, visão das coisas, e nem sempre é dócil e
obediente. Há crentes que dão muito trabalho aos líderes. Como despenseiro da
graça de Deus, o obreiro deve demonstrar amor em todas as ocasiões, no trato
com todo o tipo de ovelha. Com as mais fracas, deve ser mais compreensivo; com
as mais fortes, deve ser incentivador de sua fé e testemunho; com as feridas,
deve ter sempre o bálsamo do amor e da compreensão; e com as que pecam, fazer
uso da disciplina com amor, sem abuso de autoridade. Enfim, em qualquer
situação o despenseiro deve ter amor. É característica do verdadeiro discípulo
de Jesus (Jo 13.34,35).
O DESPENSEIRO DEVE
SER HOSPITALEIRO
Deve ter
hospitalidade para com “os outros, sem murmurações” (1 Pe 4.9); já foi visto que
hospitalidade é acolhimento, bom trato com todas as pessoas, na administração
da igreja local; ou do crente com seus irmãos, familiares, amigos e pessoas em
geral. “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque, por ela, alguns, não o
sabendo, hospedaram anjos” (Hb 13.2). Há quem faça acepção de pessoas,
discriminando os mais humildes ou menos favorecidos na vida humana. Essa não é
atitude do despenseiro da casa de Deus. Esse deve ser sempre atencioso com
todos, ajudando-os em suas necessidades espirituais emocionais e físicas,
dentro de suas possibilidades. Não agir assim, é pecado (Dt 16.19; Tg 2.9).
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 153-154.
I Ped 4.8 A caridade,
o apoio e o incentivo mútuos também seriam uma grande defesa. Nenhum cristão é
uma ilha; ninguém está sozinho.
Quando os crentes
sentem o profundo amor da comunhão, eles têm a rede de apoio que pode ajudá-los
em meio a qualquer crise. A mesma ideia de que a caridade cobrirá a multidão de
pecados é encontrada em Provérbios 10.12: “O ódio excita contendas, mas o amor
cobre todas as transgressões”. Pedro pode ter citado este provérbio, ou um
provérbio da sua época que se baseava ligeiramente neste versículo. Isto não significa
que o amor ignore, não preste atenção, ou tente esconder o pecado. Na verdade,
Pedro provavelmente estava pensando novamente nas suas palavras de 4.1,2, de
que os crentes devem viver o resto de sua vida de acordo com a vontade de Deus,
e não conforme os desejos humanos. Sendo crentes, eles devem deixar de pecar. A
“cobertura dos pecados”, portanto, é a capacidade que os crentes têm de perdoar
uns aos outros, porque Cristo os perdoou.
A caridade age como
um amortecedor, suavizando as irritações e os solavancos que são causados pelos
companheiros de fé.
I Ped 4.9 Ser
hospitaleiro é diferente de receber bem; é diferente de um entretenimento
social. Receber bem concentra-se no anfitrião - a casa deve estar impecável; a
comida deve estar bem preparada e ser abundante; o anfitrião deve parecer
relaxado e ter um bom temperamento. Ser hospitaleiro, por outro lado, é algo
que se concentra nos convidados. As suas necessidades -sejam um lugar onde se
hospedar, alimentos, um ouvido atento, ou aceitação — são a principal
preocupação. Isto pode acontecer em uma casa desarrumada; pode acontecer ao
redor de uma mesa de jantar em que o prato principal é uma sopa. Os crentes não
devem hesitar em compartilhar os seus recursos com aqueles que precisam de uma
refeição ou de um alojamento somente por estarem muito ocupados, ou por não
terem condições de receber bem. A hospitalidade é uma forte expressão de amor e
caridade, que Pedro já havia ordenado que os crentes demonstrassem (4.8).
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 728-729.
Demonstrando
Hospitalidade, 4.9,10
Onde houver um viver
vigilante haverá um viver digno. Isso significa que cada um deve usar aquilo
que possui, embora seja modesto e escasso, para suprir as necessidades dos
companheiros cristãos. Nos dias de Pedro isso podia ter significado aqueles que
haviam sido forçados a sair de suas casas pela perseguição ou estavam fazendo
uma longa jornada. Os cristãos devem ser hospitaleiros [...] sem murmurações,
mesmo que isso signifique um peso adicional para eles. Reclamar do preço rouba
as bênçãos de compartilhar com nossos irmãos.
O motivo por trás
dessa generosidade é o amor: amor ao irmão necessitado e amor ao Pai celestial,
de quem recebemos toda boa dádiva (cf. 1 Co 4.7). Nossos dons e talentos não
são para uso próprio. Eles são uma responsabilidade de Deus para serem usados
como Ele intenta, como bons despenseiros (10) devem usá-los: para abençoar
outros. Esse serviço é um ministério, quer seja de talentos, dinheiro, influência
ou outras bênçãos que Deus concedeu de maneira tão abundante; e todos receberam
dons que podem ser compartilhados (cf. Rm 12 e 1 Co 12).
Roy
S. Nicholson. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 10. pag. 239.
A hospitalidade (v.
9). A hospitalidade aqui requerida é o acolhimento espontâneo e amoroso de
estranhos e viajantes. O objetivo apropriado da hospitalidade cristã seria
abrigar os cristãos entre si. A intimidade da sua relação e a necessidade da
sua condição naquela época de perseverança e aflições obrigavam os cristãos a
serem hospitaleiros uns para com os outros. As vezes os cristãos eram privados
de tudo que tinham, e eram expulsos e levados a países distantes por sua
segurança. Nesse caso, morreriam de fome se os seus irmãos cristãos não os
recebessem.
Por isso, essa é uma
regra sábia e necessária que o apóstolo estabeleceu aqui. E ordenada também em outras
passagens (Hb 13.1; Rm 12.13). A maneira de cumprir esse dever é assim: precisa
ser cumprido de maneira espontânea, amorosa e generosa “...sem murmurações” diante
das despesas ou outras dificuldades. Aprenda: (1) Os cristãos devem não somente
ser caridosos, mas hospitaleiros uns para com os outros. (2) Tudo o que o cristão
fizer por conta da hospitalidade, deve fazê-lo com alegria, e sem murmurações.
“De graça recebestes, de graça dai” (Mt 10.8).
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 879.
I Ped 4.9 As hospedarias
da antiguidade viviam infestadas de prostitutas e assaltantes. Portanto, os
cristãos, segundo a prática oriental comum, acolhiam em seus lares outros
crentes que por ali passassem cm viagem, vindos de outras regiões. Pedro
encoraja aqui essa prática. Supomos que a hospitalidade e a generosidade
daqueles que viviam na mesma comunidade também está envolvida, e não meramente
o acolhimento de crentes vindos de outras terras. A hospitalidade é apenas uma
extensão do amor fraternal, uma subcategoria daquilo que aparece no versículo
anterior.
·...sem murmuração...·
No grego é gogausmos, ·queixa·, ·desprazer·.
Um homem que é
exortado a convidar um viajante a abrigar-se cm sua casa, pode pensar consigo
mesmo: ·Isso me custará dinheiro e perderei minha liberdade em casa·. Ao assim
meditar, ele registra um pensamento de desprazer, o que fará de sua oferta de
hospitalidade um motivo de murmuração. Tal hospitalidade não se baseia no amor;
portanto, não é uma hospitalidade autêntica, do ponto de vista do cristianismo
bíblico. Os supervisores e outros líderes eclesiásticos deveriam ser
·hospitaleiros, (ver I Tim. 3:2). Também deveriam ser ·amantes da
hospitalidade· (ver Tito 1:8), porquanto normalmente se esperava que os lideres
entre os cristãos é que receberiam em casa irmãos na fé em viagem.·
Nos dias de Pedro, os
hotéis eram raros e distantes uns dos outros. As hospedarias eram caras e
imorais. Os crentes em viagem encontravam abrigo nos lares de seus irmãos na
fé. Não há que duvidar que o acolhimento a pregadores e crentes em viagem se
tomou uma carga que podia ser sentida pesadamente pelos crentes. Agravando mais
ainda a situação, visto que os edifícios eclesiásticos eram poucos, os lares
eram usados como lugar de comunhão e culto. De fato, a causa missionária, tanto
no passado como no presente, deve uma soma incalculável àqueles cujos lares
foram abertos e que, em amor persistente c duradouro, praticaram a hospitalidade
sem murmuração... Nosso Senhor deu novo sentido a tal hospitalidade,
relacionando-a consigo mesmo: , ...era forasteiro e me hospedastes... sempre
que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes' (Mat.
25:35,40)». (Homrighausen, in loc.).
·De fato, sem a
prática literal dessa virtude, as missões da igreja cristã teriam sido
impossíveis». (Bigg, in loc.).
O crente que aceita a
hospitalidade de outro deve ser suficientemente sábio para não permanecer por
tempo demais. O trecho de Eclesiástico 29:25-28 descreve como um estranho que
exagera da hospitalidade recebida, primeiramente recebe trabalhos manuais para
fazer, e então é expulso. £ sinal de amor e consideração, da parte do
hospedado, não exigir uma benevolência exagerada de seu hospedeiro.
A hospitalidade na
antiga igreja cristã. Lemos que os cristãos primitivos determinavam até mesmo
jejuns, a fim de que o alimento poupado pudesse ser conferido aos necessitados,
aos estranhos e aos viajantes. Isso é amor verdadeiro cm operação.
I Ped 4.10 ·...Servi
uns aos outros...· De modo geral, mas particularmente aqui devemos entender
·trabalho físico», isto é, a partilha de alimentos, de abrigo e de dinheiro,
tal como na hospitalidade que acabara de ser recomendada.
·...conforme o dom
que recebeu...· O trecho de Rom. 12:7 focaliza um dom de ·ministério», isto é,
boas obras na forma de esmolas, de cuidados pelos enfermos, e de hospitalidade.
Alguns crentes são especialmente dotados pelo Espírito, tomando-se ricos em
atos de caridade, dispostos à realização de serviço bondoso, o que fazem com
maneiras graciosas e corteses. Talvez alguns médicos, enfermeiras e
filantropos, quando são também crentes espirituais, recebem tal dom, além de
outros, que têm a oportunidade especial de ministrar as necessidades físicas
dos outros. Algumas vezes tais pessoas também recebem amplos meios financeiros capacitando-se
assim de se mostrarem generosas cm alto grau. O judaísmo e o cristianismo
primitivo enfatizavam grandemente a importância das esmolas. (Isso é comentado
nas notas sobre Atos 3:2. Comparar também com Tia. 1:27, onde a ·religião pura·
é definida como a visita aos órfãos e às viúvas, em suas aflições, isto é, mediante
a ministração às suas necessidades, além de conservar-se o crente imaculado do
mundo). Tal ministração é a prática da regra áurea de Cristo, uma duplicação do
seu amor. Portanto, esse ·ministério· é apenas a concretização da lei do amor, mencionada
no oitavo versículo deste capítulo.
Este versículo,
naturalmente, não só fala do dom especial da ·ministração às necessidades
físicas», mas também impõe a todos os crentes o mesmo costume, ao ponto em que
suas habilidades e circunstâncias lhes permitirem a participação. Cada homem
tem um dom; e, no presente versículo, sem dúvida cada crente deve contribuir
com o seu próprio. Em outras palavras, p eu s abençoa um homem, e então ele tem
os meios para realizar um serviço de caridade para com outros, sem importar se
esse serviço consiste cm hospedar alguém, cm dar esmolas ou em cuidar de enfermos
ou necessitados. E assim aprendemos aquele principio básico, tão comum nas
páginas do N.T., e que determina: ·Recebemos a fim de dar, não a fim de
amontoar bens para nosso próprio conforto». Feliz é o homem que crê nisso e o
pratica. Todo crente é um «mordomo, e não um proprietário» daquilo que possui.
O mordomo deve mostrar-se ativo no uso de seus bens cm favor de outrem, e não
na tentativa de juntar mais ainda para si mesmo.
·...despenseiros...·
Cada pessoa é ímpar e tem uma missão sem igual, agora e na eternidade. (Ver as
notas expositivas a esse respeito, cm Apo. 2:17). Ele recebe habilidades
necessárias para o exercício apropriado de sua missão. Também recebe os meios
financeiros para poder realizar sua obra.
Sua missão o
transforma no tipo de pessoa que pode realizar um serviço específico. Um crente
também pode receber várias missões; e todas cias. coletivamente consideradas,
visam fazer dele um indivíduo sem-par. Uma missão é um meio de expressar a
graça de Deus para com outros, pois nenhuma missão visa apenas o benefício do
próprio indivíduo. Todos os dons de Deus se originam em sua ·graça. Essa é a
fonte de tudo de bom que possuímos. Portanto, quando ministramos a outros, cm
qualquer sentido que seja. meramente espalhamos ao redor a graça de Deus, do modo
que nos foi apontado. A mordomia subentende tanto que nos foi confiada certa
missão como também a existência de uma necessidade autêntica. A graça de Deus se
reveste de variedade infinita, resultando em dádivas abundantes aos homens.
Tornamo-nos ministros mediante quem essa abundância é distribuída. Não
·possuímos* aquilo que a graça de Deus nos dá pois tudo nos foi dado por
empréstimo, temporariamente. Se nos recusarmos a contribuir, logo deixaremos de
receber. Quando o povo de Israel ficou cobiçoso e recolheu mais maná do que era
mister para o suprimento de um dia, o maná se estragou e soltou mau cheiro,
tomando-se inútil. Assim, o homem que recebe, mas não dá logo se tornará inútil
como despenseiro da graça do Deus, e sua alma será estragada, perdendo toda a similaridade
com a natureza espiritual de Cristo. O próprio Cristo veio para servir, e não
para ser servido. (Ver Mat. 20:28).
«...multiforme
graça...» No grego, o adjetivo é·poikilos·, «diversificado», «de muitas
espécies*. A graça divina se manifesta de muitos modos e se concretiza na vida
humana de muitas maneiras. Cada crente recebeu tal graça, e está na obrigação
moral de concedê-la a outros.
·...graça...» (Quanto
a notas expositivas completas sobre a *graça*, ver Efé. 2:8). O que possuímos
que não tenhamos recebido de Deus? *Pois quem é que te faz sobressair? c que
tens tu que não tenhas recebido? e. se o recebeste, por que te vanglorias, como
se o não ti veras recebido?» (I Cor. 4:7). Alguns agem como se o que têm fora
produzido por eles mesmos. Concede-nos graça tal que possamos cumprir tua
vontade E proferir tuas palavras e andar diante de teu rosto.
Profundos e calmos,
como águas profundas e tranquilas. Concede-nos tal graça. (Christina Roasetti)
Dom: Consideremos os
pontos seguintes a respeito: 1. Envolve qualquer coisa doada gratuitamente. 2.
Indica alguma bênção dada graciosamente por Deus, de qualquer espécie, aos
pecadores (ver Rom. 5:15.16 e 11:29). 3. Indica a graça da salvação (ver Efé.
2:9), mediante a qual a salvação é conferida aos homens. 4. Indica um preparo
gracioso e divino para o serviço, algum dom espiritual, alguma operação
extraordinária do Espírito Santo (ver I Tim. 4:14) ou mesmo os dons do Espirito
Santo (ver os capítulos doze a catorze da primeira epistola aos Coríntios). 5.
Indica a abundância de possessões físicas, usadas para benefício alheio: ou
bens materiais suficientes para que deles possamos contribuir, embora não naquela
profusão que poderíamos chamar de «abundante». Esse é o sentido que está em
foco, talvez com alguma mistura com a quarta posição. Esta passagem pode ser
ilustrada pela parábola dos ·talentos», narrada pelo Senhor Jesus, em Mat.
25:15. Alguns intérpretes acreditam que Pedro alude aqui a essa tradição,
embora tal narrativa ainda não tivesse tomado forma escrita nos evangelhos
canônicos, porquanto esta primeira epistola de Pedro foi escrita antes dos
mesmos, com a única exceção possível do evangelho de Marcos.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 156-157.
Heb 13.2 A segunda
instrução é; Não vos esqueçais da hospitalidade para com estranhos. Este tipo
de hospitalidade era importante porque naquele tempo as hospedarias eram caras,
além de serem centros de práticas pagãs e atividades criminosas. Esta hospitalidade
também ajudava a transmitir o Evangelho, porque os missionários itinerantes poderiam
ir a mais lugares e ministrar a mais pessoas se não tivessem que se alojar em hospedarias.
Estes “estranhos” que deveriam ser hospedados, entretanto, não deviam ser pessoas
que trabalhassem contra o reino de Deus; ou seja, os crentes não deveriam
receber em suas casas falsos pregadores ou ensinadores (2Jo 10,11; 3 Jo 5-9).
Um incentivo
adicional a este tipo de hospitalidade vem do registro bíblico de que, com a
sua hospitalidade, alguns, não o sabendo, hospedaram anjos. Isto aconteceu com
Abraão (Gn 18.1-14) e Ló (Gn 19.1- 3). A hospitalidade estendida aos anjos e
recebida por eles mostra a importância da hospitalidade que os cristãos devem oferecer
uns aos outros. E melhor oferecer hospitalidade generosamente do que perder a oportunidade
de receber anjos.
Heb 13.3 A terceira
instrução concentra-se nos presos. Já houve uma alusão a esta recomendação em
10.32-34. Os crentes devem se compadecer dos prisioneiros, especialmente de
(mas sem se limitar a) cristãos aprisionados pela sua fé. Jesus disse que os
seus seguidores seriam seus representantes quando visitassem pessoas na prisão
(Mt 25.36). Outros que eram maltratados - espancados, assaltados, atacados, ou
humilhados – também precisavam ser lembrados. Os crentes devem sofrer com eles
e compartilhar a sua tristeza (veja também 1 Co 12.26; 2Tm 1.16).
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 643.
Heb 12.2 A
hospitalidade: “Não vos esqueçais da hospitalidade” (v. 2). Precisamos
acrescentar ao amor fraternal a hospitalidade. Observe aqui: 1. O dever exigido
- hospitalidade, tanto para com aquelas pessoas que são estranhas à comunidade
de Israel quanto para com aquelas que são estranhas à nossa pessoa,
especialmente os que sabem que são estrangeiros aqui e estão buscando uma nova
pátria, que é o caso do povo de Deus, e era assim nessa época: os judeus que
criam estavam numa condição desesperadora e angustiante. Mas ele parece
referir-se à hospitalidade em relação a estranhos como tais; embora não
saibamos quem são, nem de onde vêm, mesmo assim, vendo que estão sem um lugar
definido de hospedagem, devemos lhes dar lugar no nosso coração e na nossa
casa, à medida que tivermos oportunidade e condições.
2. O motivo:
“...porque, por ela, alguns, não o sabendo, hospedaram anjos”', foi assim no
caso de Abraão (Gn 18), e de Ló (Gn 19), e um dos que Abraão recebeu era o Filho
de Deus; e, embora não possamos supor que isso sempre seja o nosso caso, mas o
que fizermos aos estranhos, em obediência a Ele, Ele vai considerar e
recompensar como tendo sido feito a Ele mesmo (Mt 25.35): “Era estrangeiro, e
hospedastes-me”. Deus com frequência concedeu honras e favores aos seus servos
hospitaleiros, além de toda a imaginação e de forma inesperada. V A compaixão
cristã: “Lembrai-vos dos presos (v. 3). Observe aqui: 1. O dever - lembrar dos
presos, e dos maltratados.
(1) Deus com
frequência ordena as coisas de tal forma que enquanto alguns cristãos e igrejas
estão em meio a adversidades, outros desfrutam de paz e liberdade. Nem todos são
chamados ao mesmo tempo a resistirem até o sangue. (2) Aqueles que estão em
liberdade precisam ter compaixão daqueles que estão presos e em meio a
adversidades, como se estivessem presos com eles nas mesmas correntes; eles
precisam sentir os sofrimentos dos seus irmãos. 2. A razão desse dever:
“...como se estivésseis presos com eles [...] como sendo-o vós mesmos também no
corpo”; não somente no corpo natural, e assim propensos a sofrimentos
semelhantes, e vocês devem se compadecer deles agora para que outros se
compadeçam de vocês quando chegar o seu tempo de provações. Mas também no mesmo
corpo místico, debaixo da mesma cabeça: “De maneira que, se um membro padece,
todos os membros padecem com ele”. Não seria natural nos cristãos se não carregassem
os fardos uns dos outros.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 818.
Bondade para com o
estrangeiro (13.2). A mesma palavra philia, “amor”, que no versículo 1 está
associada com “irmãos”, está aqui associada com zenos, “estrangeiro”. Não
permitam que o calor da sua afeição e hospitalidade seja uma coisa exclusiva,
limitada ao seu círculo imediato de amigos crentes; portanto, não vos esqueçais
da hospitalidade (6.10), porque, por ela, alguns, não o sabendo, hospedaram
anjos (Gn 18—19). Isto não significa que devemos tratar cada maltrapilho que
passa como um convidado de honra, mas significa que há recompensas inesperadas
e escondidas em um espírito de hospitalidade generoso, que vale para os de fora
bem como para os de dentro. Nossa bondade pode não descobrir anjos, mas pode
contribuir para a formação de santos.
Compaixão pelos que
sofrem (13.3). Também devemos lembrar dos presos, como se estivéssemos presos
com eles. Não pode haver verdadeira empatia se nos restringirmos a lágrimas de
crocodilo em casa. Devemos entrar no sofrimento dos outros por meio da oração,
da escrita, da visitação, às vezes por meio de ajuda jurídica ou financeira.
Muitos estão presos pela doença em hospitais ou inválidos em casa. Estes também
precisam ser lembrados. Devemos ser atenciosos com todos que sofrem
adversidades, de qualquer tipo, como se nós mesmos estivéssemos sendo
maltratados no corpo. Se no momento não estamos passando por tribulações
semelhantes isto não deve ser motivo de presunção e, certamente, nenhuma
evidência de favoritismo divino; nem é uma garantia para o futuro. Estar no
corpo é ser igualmente exposto a todos os riscos que pertencem à vida na terra.
Os cristãos muitas vezes são protegidos sobrenaturalmente, mas nem sempre. Eles
não estão imunes a doenças ou isentos de sofrimento. Por que Deus permitiu que
Tiago fosse morto por Herodes, mas poupou Pedro de maneira miraculosa? Por que
Ele permite todas as outras injustiças aparentes? Isto é um mistério que está
escondido em sua soberania inescrutável e perfeita.
Richard
S. Taylor. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 10. pag. 123.
3. O despenseiro deve
administrar com fidelidade.
O DESPENSEIRO DEVE
ADMINISTRAR BEM A GRAÇA DE DEUS
Aqui, entendemos que
cada crente é um despenseiro de Deus. Pedro adverte quanto a sua mordomia,
dizendo: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons
despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as
palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus
dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a
glória e o poder para todo o sempre. Amém” (1 Pe 4.10, 11).
O DESPENSEIRO DEVE
SER FIEL
Escrevendo aos
coríntios, Paulo ensina que devemos ser vistos pelos homens, todos os crentes,
como “ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus” (1 Co 4.1). A
palavra ministro vem de diáconos, ou servo. Diante de Deus, cada um deve ser
servo a serviço da igreja e de sua missão na Terra. Tendo em vista sua grande
missão, diante de Deus, da Igreja e dos homens, os despenseiros devem ser fiéis
em tudo. Os “mistérios de Deus” não têm nada a ver com coisas ocultistas,
esoteristas ou místicas. A Bíblia nos declara que significa esse mistério.
Paulo, aos colossenses, diz: “o mistério que esteve oculto desde todos os
séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos-,
aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste
mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória (Cl
1.26,27). Aí, temos “o mistério” revelado: “Cristo em vós, esperança da
glória”! Esse mistério foi revelado “para que, agora, pela igreja, a multiforme
sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus” (Ef
3.10).
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 154.
I Ped 4.10 Cada
pessoa recebeu um ou mais dons espirituais da parte de Deus - um talento ou uma
habilidade concedidos pelo Espírito Santo que podem ser usados no ministério da
igreja. Os dons espirituais ajudam o povo de Deus a servir e amar uns aos
outros (4.8) e a prosseguir em sua tarefa de divulgar o Evangelho. Alguns destes
dons tão variados estão listados em Romanos 12.6-8, I Coríntios 12.4-11,27-31, e
Efésios 4.11,12 - estas listas são diferentes, e não são, de maneira alguma,
exaustivas. Quando os crentes reconhecem humildemente a sua parceria no corpo
de Cristo, os seus dons podem ser usados de maneira eficaz.
Quando os crentes
usam os seus dons no serviço humilde aos outros, a graça de Deus pode fluir
deles. Os dons que Deus dá aos crentes são tão variados e multifacetados quanto
os próprios crentes. Assim como a graça de Deus varia ao tratar as pessoas, os dons
de Deus (dados devido à sua graça) também variam na administração da sua graça como
corpo de Cristo na terra. Administrá-los bem significa não ocultar os dons, mas
usá-los como devem ser usados - para servir e edificar o corpo de Cristo.
I Ped 4.11 Pedro
encorajou os crentes para que usassem os seus dons (4.10). Os homens e mulheres
que têm o dom de falar devem ser responsáveis peio que dizem, falando segundo
as palavras de Deus. Da mesma maneira, aqueles que foram dotados com habilidades
que se centram em ajudar aos outros também têm uma responsabilidade - não
servir com as suas próprias forças, mas segundo o poder que Deus dá. Se os crentes
servirem unicamente com as suas próprias forças, ou para parecerem bons aos olhos
dos outros, eles começarão a pensar que servir é uma tarefa exaustiva. Mas servir
com o poder de Deus significa ser capaz de fazer mais do que é pedido, e
fazê-lo com um único objetivo: para que Deus seja glorificado por Jesus Cristo.
Quando os crentes usarem os seus dons como Deus ordena (para ajudar os outros e
edificar a igreja), os outros verão a Jesus Cristo neles e glorificarão ao
Senhor pela ajuda que receberam.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 729.
(1) A regra é que,
qualquer que seja o dom, comum ou extraordinário, quaisquer que sej am o poder,
a habilidade ou a capacidade para fazer o bem que nos foram dados, devemos
administrar, ou servir, uns aos outros com eles, não nos considerando senhores,
mas somente “...bons despenseiros da multiforme graça”, ou dos diversos dons de
Deus. Aprenda: [1] Seja qual for a habilidade que tivermos para fazer o bem,
precisamos reconhecê-la como um dom de Deus e atribuí-lo à sua graça. [2]
Quaisquer dons que tenhamos recebido, devemos considerá-los como recebidos para
o uso uns aos outros. Não podemos tomá-los para nós mesmos, nem escondê-los num
lenço, mas servir com eles aos outros da melhor maneira que conseguirmos. [3]
Ao recebermos os multiformes dons de Deus, precisamos considerar-nos apenas
despenseiros, e agir de acordo com isso. Os talentos que nos são confiados são
bens do nosso Senhor, e precisam ser empregados de acordo com a orientação
dele. E se exige de um despenseiro que seja encontrado fiel.
(2) O apóstolo
exemplifica as suas orientações acerca dos dons em dois aspectos particulares:
falar e administrar, acerca dos quais ele dá estas regras: [1] “Se alguém, seja
um ministro em público, seja um cristão numa reunião particular, falar ou
ensinar, precisa fazê-lo segundo as palavras de Deus”, que nos orientam acerca
dos assuntos da nossa fala. O que os cristãos em particular ou os ministros em
público ensinam e falam precisa ser a pura palavra e os oráculos de Deus.
Acerca da maneira de falar, precisa ser com seriedade, reverência e solenidade,
que convém à santa e divina palavra. [2] “Se alguém administrar, ou como um
diácono, distribuindo donativos da igreja e cuidando dos pobres, ou como pessoa
particular, por meio de dádivas e contribuições de caridade, administre segundo
o poder que Deus dá”. Aquele que recebeu abundância e habilidades de Deus deve
administrar com abundância, e de acordo com sua habilidade. Essas regras devem
ser seguidas e praticadas para este fim, “...para que em tudo, em todos os seus
dons, ministrações e serviços, Deus seja glorificado” (v.11), “...para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt
5.16), “...por Jesus Cristo” (v. 11), que obteve e concedeu esses dons aos
homens (Ef 4.8), e unicamente por meio de quem nós e nossos serviços são
aceitáveis a Deus (Hb 13.15), a quem, Jesus Cristo, “...pertence a glória e o
poder para todo o sempre. Amém.” Aprenda que, em primeiro lugar, é dever dos
cristãos em particular e dos ministros em público falar uns aos outros das
coisas de Deus (Ml 3.16; Ef 4.29; SI 145.10-12). Em segundo lugar, importa seriamente
a todos os pregadores do evangelho manter-se próximos da palavra de Deus, e
tratar essa palavra como os oráculos de Deus. Em terceiro lugar os cristãos não
devem somente cumprir com as suas obrigações, mas precisam cumpri-las com vigor
e de acordo com as suas melhores habilidades. A natureza da obra de um cristão,
que é trabalho sublime e difícil, a bondade e o favor do Mestre e a excelência
de toda a recompensa, tudo exige que os nossos esforços sejam sérios e
vigorosos, e tudo que somos chamados a fazer para a honra de Deus e o bem dos
outros, devemos fazer com todas as nossas forças. Em quarto lugar, em todos os
deveres e serviços da vida devemos almejar a glória de Deus como o nosso
propósito principal; todas as outras coisas precisam ser submetidas a isso, que
vai santificar nossos atos e coisas comuns (1 Co 10.31). Em quinto lugar, Deus
não é glorificado por nada do que fazemos se não oferecermos isso a Ele por
meio da mediação e dos méritos de Jesus Cristo. Em tudo Deus seja glorificado
por Jesus Cristo, que é o único caminho para o Pai. Em sexto lugar, a adoração
que o apóstolo presta a Jesus Cristo e o fato de lhe atribuir louvor e domínio
eternos provam que Jesus Cristo é o Deus Altíssimo, bendito acima de tudo para
sempre. Amém.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo
Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 879-880,
I Ped 4. 10 Cada um,
conforme recebeu um dom da graça – servi uns aos outros com ele como bons
administradores da multiforme graça de Deus. Visto que os dons da graça (em
grego: charisma) são dados pelo Espírito Santo, eles também são chamados de
“dons do Espírito” (1Co 14.1). Este versículo presta uma importante
contribuição para a pergunta a respeito do que são os carismas e como devem ser
exercidos. O contexto demonstra que ser hospitaleiro, falar a palavra de Deus e
exercer a diaconia são serviços dos dons da graça. O NT, portanto, não
restringe o termo “dom da graça” aos dons particularmente notórios, p. ex.,
cura de enfermos (1Co 12.9) ou línguas (1Co 12.10; 14.13). Quem pratica de modo
alegre e consciente a hospitalidade provavelmente obteve um carisma para isso.
Porém, todo aquele que recebeu um dom para a edificação da igreja é um
“carismático”. Pedro não escreve: “cada um, quando recebeu um dom da graça”,
mas como (ou: “na proporção em que”) recebeu. Logo tem por certo que cada
cristão participa da multiforme graça de Deus, que conseqüentemente também
possui dons da graça. Não é possível produzi-los a partir de si mesmo, mas
somente recebê-los. É verdade que podemos “buscá-los” (1Co 14.1), mas sempre
continuarão sendo dádiva de Deus através do Espírito Santo. Servi uns aos
outros com eles significa: os dons da graça foram dados para o serviço mútuo.
Obviamente os dons não devem ser mal usados pelo seu detentor, p. ex. para a
fama pessoal, pois então se tornam uma ameaça. Os dons da graça que nos foram
confiados não devem nos tornar “carismáticos” deslumbrados, mas servidores
humildes e singelos. Desse modo a dádiva se torna incumbência. Cada qual é
servo do outro, essa é a ordem da igreja de Jesus. Como bons administradores da
multiforme graça de Deus. A graça de Deus é sua dadivosa dedicação aos seus
(cf. o comentário a 1Pe 1.13). Multiforme ela é na medida em que exerce uma
obra diversificada na igreja e em cada cristão (cf., p. ex., 1Pe 5.10). Como
graça multiforme ela também é suficiente para todas as múltiplas carências da
igreja. Administradores é o nome dado pelo próprio Jesus a seus discípulos em
várias parábolas (Lc 16.1; cf. Mt 25.14ss). Um administrador é caracterizado
pelo fato de ter recebido dádivas em confiança para o serviço, que não são de
sua propriedade. Cabe-lhe prestar contas sobre seu uso, razão pela qual tem de
aproveitar tempo e oportunidade, enquanto possui os dons. Um laborioso empenho
em prol de seu Senhor com os dons da graça que lhe foram confiados constitui o
bom administrador.
I Ped 4. 11 Quando
alguém fala – em palavras de Deus; quando alguém serve – a partir da força que
Deus oferece. Uma vez que aqui se trata do serviço mútuo (v. 10), com “falar”
Pedro provavelmente tem em vista tanto o discurso na reunião da igreja como
também a palavra pessoal de irmão para irmão. Quando alguém fala, que sejam
palavras (ou: “enunciações”) de Deus. Aqui não se refere a palavras da Bíblia,
mas a palavras que brotam de ouvir a Deus, embora não dissociadas da Sagrada
Escritura. Trata-se do falar de Deus aqui e agora, de seu falar relativo a uma
situação específica. Quando alguém fala – em palavras de Deus não devemos
traduzir de forma atenuada: “como palavras de Deus”. No grego não apenas se usa
uma comparação, mas designa-se a realidade. Aquele que fala deve enunciar
palavras que de fato se originam de Deus. Quando isso acontece, será um falar
eficaz – para honra de Deus e não para a honra pessoal – determinado pelo
Espírito Santo e seus dons da graça (cf. também Cl 3.16): um “culto
carismático”. A presente palavra de Pedro corresponde à de Paulo: “Segui o amor
e procurai, com zelo, os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis.
(em grego propheteuein)” (1Co 14.1). Importa para Pedro a fala compreensível,
concedida por Deus e desmascarando o que está oculto no coração (1Co 14.24s).
Em 2Co 2.17 Paulo assevera: “É da parte de Deus, na presença de Deus, em Cristo
que falamos” [TEB]. É vontade do Senhor que isso aconteça na igreja de forma
abundante e clara. Quando alguém serve – a partir da força que Deus oferece. O
grego diakonein = “servir” formou o termo “diaconia”. Originalmente diakonein
significa “servir à mesa” e se refere, no NT, ao auxílio prestado em situações
de carência e necessidade física, mas também espiritual (cf. ThBl, artigo
“Dienen”). O fato de Pedro citar, dentre a grande variedade de carismas,
justamente o diakonein demonstra como ele é importante em uma igreja viva. Uma
vida eclesial apropriada sempre se manifestará através da diaconia. Não estamos
diante de uma exortação especial para diáconos e diaconisas, mas de uma
convocação para toda a igreja. Pedro conta naturalmente com o fato de que na
igreja existem muitos servidores. Todos os discípulos são instruídos a servir
(Jo 13.15-17). É verdade que nos primórdios do NT já houve exercício do
ministério do diácono
e da diaconisa (At 6.3; Fp 1.1); a exortação de Pedro à igreja toda, no
entanto, revela com nitidez e clareza que esses serviços organizados não devem
tornar desnecessário o agir diaconal específico de todos os membros da igreja.
A incumbência diaconal é tão grande que o “ministério” diaconal do indivíduo e
o agir diaconal de todos os membros da igreja precisam completar um ao outro.
Quando alguém serve – a partir da força (ou “vigor”) que Deus oferece. Na força
que Deus oferece residem, teológica e historicamente, as raízes da diaconia.
Por isso a diaconia verdadeira somente poderá ser exercida por alguém que vive
diariamente da força que Deus oferece. A miséria com que o cristão se depara
pode ser tão dura e desanimadora que não se pode enfrentá-la de outra forma que
não pela força suprida por Deus. Também nesse ponto fica evidente: a diaconia
somente pode ser realizada mediante oração e no poder de Deus.
É significativo como
o presente trecho termina: para que em tudo Deus seja exaltado por meio de
Jesus Cristo. Somos chamados a ser algo para o louvor da glória de Deus (Ef
1.12). É para isso que aponta toda a atuação do Filho (Mt 6.9s; Jo 17.4). É
para isso que aponta também o Espírito Santo em nós, que ele convocou. Não
existimos para nós mesmos. Quando nos transformamos no centro das atenções,
erramos nosso alvo. Sempre estão em jogo Deus e sua honra. Toda a vida, também
o amor fraternal, a hospitalidade e diaconia, têm em Deus seu fundamento e
alvo: para que em tudo Deus seja exaltado (ou: honrado, glorificado) por meio
de Jesus Cristo. Servindo ao irmão o cristão honra a Deus. Em tudo (ou: através
de todos) Deus deve ser exaltado. O alvo da exortação apostólica é que cada um
viva, em tudo que fizer, para a glória de Deus, engrandecendo assim o nome
dele. Além disso, importa que Deus seja exaltado através de todos. Um cristão
não pode fazer nada sem Jesus, nem mesmo prestar a Deus a honra que lhe é
devida. O que ele fizer para a honra de Deus acontece por meio de Jesus Cristo.
Consequentemente, também na glorificação de Deus a honra não cabe aos cristãos,
mas a Jesus Cristo. Para ele é (ou: ele possui) a honra e o poder para os éons
dos éons. Amém. O trecho encerra com uma exaltação, uma “doxologia” (de doxa =
honra). Como nosso Deus é grande! Aqui Pedro diz enfaticamente: “Para ele é a
honra e o poder”, não apenas “para ele seja” ou “a ele compete a honra”, como
normalmente. Devemos estar cientes disso no sofrimento. Éon significa “era”. A
Sagrada Escritura desconhece nosso conceito estático, onerado pela filosofia,
de “eternidade” em repouso. A Bíblia fala de forma mais dinâmica de éons,
referindo-se às diferentes eras marcadas pelo agir salvador de Deus. Quanto à
expressão: para os éons dos éons, lemos, p. ex., no Comentário Esperança sobre
Rm 16.27: “O futuro não é eternidade vazia, mas uma plenitude de novas eras,
que hão de desenvolver cada vez mais e de forma mais profunda a exuberante
riqueza de sua graça (Ef 2.7).”
Uwe
Holmer. Comentário Esperança Cartas aos I Pedro. Editora Evangélica
Esperança.
I Cor 4.1 A missão de
Paulo e de todos os que foram chamados para pregar o evangelho foi construída
sobre quatro elementos: serviço, mordomia, fidelidade e sensibilidade aos
juízos de Deus. Embora todos estes elementos estejam relacionados, há diferença
entre eles.
a) Serviço (4.1).
Paulo e Apoio não deveriam ser considerados como líderes de evangelhos diferentes.
Ambos eram ministros de Cristo. A palavra ministros (hyperetas) significa
“servos”. Originalmente o termo se referia a remadores que ajudavam a
impulsionar barcos através das águas do mar. A palavra sugere a labuta e o
trabalho contínuo envolvido na obra do evangelho.
b) Mordomia (4.1).
Paulo e Apoio também eram despenseiros dos mistérios de Deus. Um despenseiro
(oikonomos) era literalmente o “administrador de uma casa”. Freqüentemente ele
era um escravo respeitado e eficiente a quem o negociante ou o dono da terra
havia entregue a administração da propriedade. Como tal, o despenseiro tinha
autoridade sobre os ajudantes ou empregados. Ele atribuía trabalho e distribuía
mantimentos. Ele era o superintendente sobre a operação de todo o empreendimento.
Contudo, ele estava sempre ciente de que era um escravo, e estava sob a
obrigação de iniciar e executar a vontade do proprietário.
O termo mistérios se
refere a todo o plano da salvação (cf. o comentário sobre 2.7). Paulo e Apoio
não possuíam qualquer conhecimento secreto escondido de todos, exceto de alguns
escolhidos. Eles eram mestres e pregadores da verdade revelada sobre a salvação
em Jesus Cristo e através dele.
William
M. Greathouse. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 8. pag. 267.
I Cor 4.1 Como Paulo
deve ter se sentido profundamente mal-interpretado! Ao combater com
determinação uma parte dos novos mestres em Corinto com sua ―sabedoria‖, seu
interesse era exclusivamente a causa, a vigência única da ―palavra da cruz‖,
não a importância de sua pessoa. Por isso ele torna a dar uma instrução à
igreja, sobre como ―a gente‖ deve ―avaliar‖ a ele e todos os seus
colaboradores: “Assim sejamos avaliados: como servos de Cristo” [tradução do
autor]. Em 1Co 3.5 ele já descrevera Apolo e a si mesmo como ―servos, por meio
de quem crestes‖. Ali utilizou o termo diakonos, que designa o serviço de
acordo com o proveito que ele traz para aquele a quem se serve. Agora ele usa
uma palavra que designa sobretudo a subordinação e dependência do servo diante do
senhor. Desse modo deixa claros ambos os aspectos: de maneira alguma visa ser
―senhor‖ da igreja, ele é apenas ―servo‖; no entanto ele é servo de um Senhor e
está comprometido com ele, motivo pelo qual é impossível que fique subordinado
aos coríntios e a seus desejos. Isso é reforçado pelo adendo que fala sobre o
conteúdo de seu serviço: “administradores dos mistérios de Deus”. A ele foi
confiada a administração da causa magna: os mistérios de Deus. Com quanto zelo
um administrador precisa lidar com
essas preciosidades!
Paulo e seus colaboradores – afinal, Paulo volta a falar de ―nós‖ – não
determinam com pleno poderio pessoal o que dão à igreja. Mas tampouco a igreja
pode exigir o que deseja ouvir e obter. Trata-se de ―mistérios‖, de realidades
que se subtraem à nossa avaliação e transcendem nossas capacidades naturais,
para as quais precisamos nos abrir com reverência para obtê-las. E esses
mistérios foram planejados exclusivamente pelo próprio Deus antes dos éons e
concretizados unicamente na própria história da salvação, sobretudo na cruz de
Jesus (Cf. 1Co 2.7 e o comentário, acima, p. 63). Ninguém tem direito de mudar
algo disso, nem Paulo nem a igreja.
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos I Corinto.
Editora
Evangélica Esperança.
O ministro é um
mordomo fiel (4.1-6)
Paulo ainda está
corrigindo o mesmo problema identificado desde o capítulo 1, a divisão na
igreja em virtude do culto à personalidade. O mundo estava entrando na igreja
de Corinto e a filosofia do mundo conduzia os seus assuntos internos.
Corinto era uma
cidade grega e o grande hobby dessa cidade era ir para a praça, a ágora, a fim
de escutar os grandes filósofos e pensadores discutirem suas idéias e exporem a
maneira como viam o mundo ao seu redor. Eles se identificavam com um ou outro
líder, com esse ou aquele filósofo. Eles acabavam se tornando seguidores de
homens.
Centrando-se em seus
líderes, os coríntios estavam prestando fidelidade a homens; homens de Deus é
verdade, mas apenas homens. Essa era a maneira que o mundo se comportava e
ensinava. Sempre que a igreja segue os grandes nomes e gira em torno de homens,
está imitando o mundo.
Uma vez que eles
estavam acostumados a vivenciar isso no mundo, queriam, agora, fazer o mesmo
dentro da igreja. Por isso, diziam: Eu sou de Paulo, eu de Apoio, eu de Cefas e
eu de Cristo.
Como Paulo combate
essa idéia do culto à personalidade?
Após afirmar que os
obreiros da igreja são apenas servos ou diáconos, ele prossegue em seu
argumento, dizendo que eles são escravos condenados à morte que trabalham sob as
ordens de um superior (4.1). Vamos examinar alguns pontos importantes:
Em primeiro lugar, o
obreiro é um escravo sentenciado à morte. Paulo escreve: “Assim, pois, importa
que os homens nos considerem como ministros de Cristo” (4.1). A palavra - “ministro”
na língua portuguesa representa o primeiro escalão do governo. O ministro é uma
pessoa que ocupa uma alta posição política, de grande projeção na liderança, e
tem em suas mãos um grande poder e autoridade. Se olharmos a palavra “ministro”
no campo religioso, estaremos falando de alguém que exerce a função de líder na
igreja local. Todavia, a palavra usada pelo apóstolo Paulo para definir o
ministro nos dá uma idéia totalmente contrária. A palavra grega usada é
huperetes, que significa um remador de galés.
Essa palavra era
utilizada para a classe mais simples de servos. Os ministros são meros servos
de Cristo. Eles não têm autoridade procedente deles mesmos. A palavra huperetes
só aparece aqui em todo o Novo Testamento. Nos grandes navios romanos existiam
as galés, que eram porões onde trabalhavam os escravos sentenciados à morte.
Aqueles escravos sentenciados à morte prestavam um serviço antes de morrer.
Eles tinham os seus pés amarrados com grossas correntes e trabalhavam à
exaustão sob o flagelo dos chicotes até à morte. Paulo diz que o ministro não
deve ser colocado no pedestal como o dono da igreja ou como o capitão do navio,
antes deve ser visto como um escravo que serve ao capitão até à morte. Paulo
está dizendo para não colocarmos os holofotes sobre um homem, porque importa que
os homens nos considerem como huperetes e não como capitães do navio. O obreiro
da igreja é um escravo já sentenciado à morte, que deve obedecer as ordens do
capitão do navio, o Senhor Jesus Cristo.
Em segundo lugar, o
obreiro éu m mordomo que obedece as ordens do seu Senhor (4.1). Paulo usa agora
uma nova figura. Ele diz que o obreiro é um despenseiro ou mordomo. A palavra
grega usada por Paulo é oikonomos, de onde vem a nossa palavra mordomo. O
ministro é um despenseiro, aquele que toma conta da casa do seu senhor. Em
relação ao dono da casa, o mordomo era um escravo, mas em relação aos outros
serviçais, ele era o superintendente. Sua função era cuidar dos interesses do
seu senhor. Ele cuidava da alimentação da casa. Ele prestava contas, não aos
seus colegas, mas ao seu senhor.
Os mistérios de Deus
representam aqui o evangelho, a Palavra de Deus. O mordomo ou oikonomos era a
pessoa que cuidava da despensa, da dieta, da alimentação de toda a família. O
oikonomos era um administrador, mordomo, dirigente de uma casa, com freqüência
um escravo de confiança que era encarregado de todos os negócios do lar. A
palavra enfatiza que a pessoa recebe uma grande responsabilidade, pela qual
deve prestar contas. O que isso nos sugere?
a) Não era
competência do mordomo prover o alimento para a família; essa era uma
responsabilidade do dono, do senhor da casa. O ministro do evangelho não tem de
prover o alimento, porque esse já foi providenciado. Esse alimento é a Palavra
de Deus. Compete ao ministro dar a Palavra de Deus ao povo. O ministro não é o
provedor, ele é o garçom que serve as mesas. Ele não coloca alimento na
despensa, mas prepara o alimento e o serve. Ele não pode sonegar o alimento que
está na despensa, ou adulterá-lo nem substituí-lo por outro.75 Ele precisa ser
íntegro e fiel, dando ao povo o mesmo alimento que o dono da casa proveu para a
família.
Sabemos, porém, que é
possível ter na despensa os melhores alimentos e, mesmo assim, ter na mesa a
pior refeição. A competência do mordomo era pegar a riqueza do alimento que
estava na despensa, que é a Palavra de Deus, e preparar uma refeição gostosa,
saborosa, e balanceada: Leite para a criança, alimento sólido para aqueles que
podem suportá-lo. Não é conveniente preparar a mesma refeição todos os dias. O
ministro precisa ensinar todo o desígnio de Deus. Paulo diz: “Toda a Escritura
é inspirada por Deus é útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para
a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16, 17).
b) Nao era função do
mordomo buscar nova provisão ou servir qualquer alimento que não fosse provido
pelo senhor. A Palavra de Deus deve ser ensinada de formas variadas. Paulo diz
para ensinarmos todo o conselho de Deus (At 20.27). Hoje, não temos mais
profetas nem apóstolos como tinham as igrejas primitivas! Eles pregavam
mensagens de revelação. Quando os profetas diziam Assim diz o Senhor, eles
estavam recebendo uma mensagem inspirada, inédita, e nova da parte de Deus. E
essa mensagem iria fazer parte do cânon das Escrituras.
Nos dias atuais,
porém, nenhum homem e nenhuma mulher recebe mensagens novas de Deus. Tudo o que
Deus tem para nós já está nas Escrituras. Mesmo que um anjo descesse do céu e
pregasse outra mensagem que vá além daquela que está nas Escrituras, deve ser
prontamente rejeitada e considerada como anátema! (G11.6-9). A Bíblia já tem
uma capa posterior. Ela já está concluída, fechada e é por isso que no livro do
Apocalipse diz que nós não podemos acrescentar ou retirar mais nada do que nela
está escrito (Ap 22.18,19). A pregação hoje não é revelável, mas expositiva.
Você não acrescenta mais nada ao que está na Palavra, mas expõe apenas o que
está na Palavra.
Não recebemos
mensagens novas, mas damos ao povo o conteúdo da Palavra de Deus já revelada. c)
A função do mordomo era servir as mesas com integridade.
O ministro não é um
filósofo que cria a sua própria filosofia. Não é assim o despenseiro. Ele não
cria uma doutrina, uma teologia ou uma idéia a fim de aplica-la e ensiná-la.
Cabe a ele transmitir o que recebeu. E Paulo sempre usa essa expressão: “[Eu]
vos entreguei o que também recebi” (ICo 15.3). O despenseiro não pode entregar o
que não recebeu. E o que é que ele recebeu? E o que está na Palavra! Sendo
assim, o despenseiro não podia mudar o alimento. De igual forma, nós não
podemos mudar a mensagem. Também o despenseiro não podia adulterar o alimento,
ou seja, ele não podia mudar o conteúdo, a substância, e a essência do alimento.
Nós não podemos mudar
nem diluir a Palavra de Deus. Ainda, o despenseiro não podia acrescentar nenhum
alimento no cardápio além daquele que estava na despensa. Nós não podemos
pregar o evangelho e mais alguma coisa. E o evangelho, somente o evangelho e,
todo o evangelho. Finalmente, o despenseiro não podia reter as iguarias que o
senhor da casa havia provido para toda a casa, para toda a família. Ele tinha
de distribuir todo o alimento que o seu senhor providenciara para a família e
para o restante da casa. E isso significa dizer que o despenseiro precisa
pregar para a igreja todo o conselho de Deus. Não pode pregar apenas as
doutrinas da sua preferência. A melhor maneira de fazer isso é pregando
expositivamente, livro por livro. Essa é a maneira mais adequada de se colocar
na mesa todas as iguarias providenciadas pelo Senhor.
LOPES, Hernandes Dias. 1
Coríntios Como resolver conflitos na Igreja. Editora Hagnos. pag. 69-74.
III -
OS DONS ESPIRITUAIS E O FRUTO DO ESPÍRITO
1. A necessidade dos
dons espirituais.
No capítulo 2, vimos
o Propósito dos Dons Espirituais. Neste item, podemos identificar a necessidade
dos dons para as igrejas em todos os tempos e lugares. Hoje, mais do que nunca,
com o esfriamento do amor e a multiplicação da iniquidade (cf. Mt 24.12), a
Igreja do Senhor Jesus necessita de mais poder, de mais unção, de “mais
demonstração do Espírito e de poder” (1 Co 2.4). Os teólogos cessacionistas,
que ensinam que os dons espirituais cessaram com o fechamento do Cânon do Novo
Testamento, e não há mais necessidade deles. Cometem equívoco elementar em sua
exegese sobre a atualidade dos dons. O fechamento do Cânon nada tem a ver com
doutrina. Quer dizer que não se pode acrescentar mais nenhum livro ao Novo
Testamento.
No que concerne aos
dons espirituais, os ensinos cessacionistas não se firmam na boa interpretação
da Bíblia, porque carecem de fundamento escriturístico. Eles se baseiam em
premissas equivocadas, que aprenderam com seus mentores, nos seminários, ou em
seus tratados teológicos. Para esses teólogos, suas conclusões cessacionistas
tornaram- se dogmas, a exemplo do que ocorreu na teologia católica. São
postulados intocáveis, sagrados, infalíveis. Eles defendem, corretamente, o
postulado da “Sola Scriptura”, fundamento da Reforma, mas, em seus estudos,
valorizam mais a opinião dos teólogos do que a própria Palavra de Deus. Em
nenhum lugar, na Bíblia, está escrito que os dons espirituais deixaram de
operar na igreja. Os dons espirituais, hoje, são mais necessários do que no
tempo dos apóstolos. Há uma “frente fria”, passando pelos seminários, por
faculdades teológicas, e por muitas igrejas, em que não se vê a presença de
Deus, através dos dons espirituais, ou dos sinais do poder de Deus, na vida das
pessoas.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais
Servindo a Deus e aos homens com poder
extraordinário. Editora CPAD. pag. 155.
Ap 3.15,16 Esta
alusão ao abastecimento de água de Laodicéia é uma metáfora adequada para as atividades
desta igreja. Laodicéia sempre tinha tido um problema com o seu abastecimento de
água. A cidade de Hierápolis, a noroeste, era famosa pelas suas fontes minerais
de águas quentes. Um aqueduto tinha sido construído para trazer água das fontes
à cidade. Mas, quando a água chegava à cidade, ela não estava nem quente nem
refrescante - somente morna e cheia de minerais (impura), de maneira que tinha
um sabor terrível. De acordo com Cristo, estes crentes não eram nem frios nem quentes,
mas mornos, tão insípidos quanto a água morna que chegava à cidade.
Muitos pensaram que as
palavras “quente” e “frio” se referem à espiritualidade, e que Cristo preferiria
ter pessoas “frias” (sem nenhuma fé, ou sem nenhum tipo de crescimento) a
crentes “mornos” (que tinham um pouco de fé). Eles interpretaram a palavra
“frio” como sendo negativa, e “quente”, como sendo positiva, com a palavra
“morno” como um meio-termo entre estes dois estados. Na verdade, tanto “frio”
quanto “quente” devem ser interpretados como estados positivos. Cristo desejava
que aquela igreja tivesse uma pureza refrescante (fria), ou um valor
terapêutico (quente), mas ela não tinha nada disso.
Ap 3.17 Laodicéia era
uma cidade rica, e aparentemente a igreja também era rica. Não está claro se os
crentes de Laodicéia estavam reivindicando riqueza espiritual ou material.
Eles podem ter sido
materialmente ricos e imaginado que as riquezas eram um sinal das bênçãos de
Deus sobre eles. Com a sua riqueza, vinha uma atitude de auto-sufidênda – um sentimento
de que de nada tinham falta. Eles estavam materialmente seguros e sentiam-se espiritualmente
a salvo - sem a necessidade de mais crescimento. Infelizmente, esta atitude os cegou
para a sua própria condição verdadeira - desgraçados, miseráveis, pobres,
cegos, e nus. Compare isto com a situação da igreja de Esmirna; eles eram pobres,
mas Cristo os chamou de ricos (2.9). Os crentes de Laodicéia podem ter sido
ricos, mas estavam espiritualmente empobrecidos. Embora a cidade se orgulhasse
da sua grande riqueza financeira, de uma indústria têxtil produtiva, e da
pomada oftálmica especial, a verdadeira condição espiritual da igreja deixava a
cidade pobre, nua, e cega (veja 3.18).
Ap 3.18 Laodicéia era
conhecida pela sua grande riqueza, mas Cristo disse aos crentes de Laodicéia
que comprassem ouro dele; então, teriam verdadeiros tesouros espirituais (veja
1 Tm 6). Eles tinham ouro de tolos nas suas contas bancárias, ouro deste mundo,
sem nenhum valor espiritual ou eterno. Eles só enriqueceriam com o ouro de
Cristo.
A cidade orgulhava-se
das suas indústrias de tecido e tintura. Eles tinham desenvolvido uma lã negra
que tinha ficado famosa por todo o império romano e que alcançava preços elevados.
Embora se vestissem ricamente, estavam nus diante de Deus. Eles eram egoístas.
Mas Cristo lhes disse
que comprassem vestes brancas (a sua justiça) dele, para que náo aparecesse a
vergonha da sua nudez. Laodicéia orgulhava-se de uma pomada oftálmica preciosa que
curava muitos problemas dos olhos, mas os seus habitantes estavam
espiritualmente cegos. Cristo lhes disse que ungissem os olhos com o colírio dele,
para que vissem a verdade Jo 9.39). Cristo estava mostrando aos crentes de Laodicéia
que o verdadeiro valor não está nas posses materiais, mas em um relacionamento correto
com Deus. As suas posses e realizações não tinham valor algum, quando comparadas
com o futuro eterno do Reino de Cristo.
Ap 3.19 Havia uma
segunda chance para esta igreja; Cristo lhes oferecia a oportunidade de se arrependerem.
A sua repreensão e castigo viriam por causa do seu amor pela igreja (Pv 3.12). Cristo
“vomitará” aqueles que desobedecerem (3.16), mas disciplinará aqueles que Ele
ama. Devido a esta misericórdia, os crentes devem se arrepender
voluntariamente, percebendo a necessidade que têm de Cristo em todas as áreas
de suas vidas e ministérios. Então, eles serão eficazes para Ele.
Ap 3.20 A igreja de
Laodicéia era complacente e rica. Eles sentiam-se satisfeitos consigo mesmos, mas
não tinham a presença de Cristo entre eles. Cristo batia à porta dos seus
corações, mas eles estavam tão ocupados desfrutando os prazeres mundanos, que
não percebiam que Ele estava tentando entrar. Os prazeres deste mundo — dinheiro,
segurança, bens materiais – podem ser perigosos, porque a satisfação temporária
que eles trazem pode tornar as pessoas – até mesmo os crentes - indiferentes à
oferta de Deus de uma satisfação permanente e eterna.
Muitos interpretaram
este versículo como uma ajuda na evangelização, retratando Cristo tentando
entrar no coração de um indivíduo.
O contexto é Cristo
realmente falando a uma igreja toda. As pessoas da igreja de Laodicéia precisavam
aceitar Cristo pela primeira vez, pois algumas delas nunca tinham assumido este
compromisso. Outras precisavam tornar a crer nele de todo o seu coração. Cristo
está batendo à sua porta, desejando que a igreja de Laodicéia se lembre da
necessidade que tem dele e abra a porta. Ele entraria e cearia com os crentes,
retratando a comunhão à mesa.
No costume oriental,
este “cear” referia-se à principal refeição do dia, que os amigos íntimos compartilhariam.
Esta refeição retrata o tipo de comunhão que existirá no Reino vindouro do Messias
(19.9; Is 25.6-8; Lc 22.30). A igreja precisava se arrepender da sua
auto-suficiência e da sua transigência e retornar a Cristo.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 848-849.
Laodicéia Não É
Quente Nem Fria (Ap 3.15-17)
"Eu sei as tuas
obras, que nem és frio nem quente: oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és
morno, e não és nem frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes:
Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um
desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu ".
Aparentemente, os
crentes em Laodicéia estavam agindo como se tivessem esquecido quem era Jesus e
porque havia Ele morrido. O Senhor Jesus faz-lhes, então, uma advertência muito
forte por não serem nem "frios" nem "quentes". Antes de
haverem aceitado a fé, eram frios. Ao receberem a Jesus, haviam se tornado
quentes - zelosos seguidores do Mestre. Agora, porém, encontravam- se num
perigoso estado intermediário - a mornidão espiritual. Não estavam mais
desejosos de corresponder ao movimento do Espírito, nem estavam frios o
suficiente para perceber quão grandes eram suas necessidades. Além de nada
fazerem à obra de Deus, não respondiam ao seu chamado ao arrependimento. Por
isso, Jesus deseja que fossem frios ou quentes, pois, assim, poderia fazer
alguma coisa por eles.
O Senhor aquieta-se
quando lida com um povo a quem não pode usar nem abençoar. Os de Laodicéia não
se opunham ao Senhor, mas também não se aproximavam dEle. Como água morna não
serve para se beber, de igual modo os crentes mornos jamais se tornarão aptos a
seguir a Cristo.
Por isso, Ele os
"cuspirá" (literalmente, "vomitar"), ou rejeita-los-á.
Agiam como o segundo filho da Parábola dos Dois Filhos, onde o pai pediu a um
que fosse trabalhar na vinha. Embora este dissesse: "Eu vou, e não o
foi" (Mt 21.30). Eles reivindicavam serem cristãos, mas não faziam a
vontade do Pai Celestial.
Laodicéia era um rico
centro de comércio. A prosperidade era a causa da mornidão daquela igreja. Eles
haviam se tornado ricos e cheios de bens materiais. Com o dinheiro que já
tinham, multiplicavam ainda mais suas posses. Estavam, agora, tão envolvidos
com a vida material que eram induzidos a negligenciar a espiritual (Mt 13.22).
Esta igreja não havia sofrido nenhuma perseguição. Não havia sido invadida
pelas falsas doutrinas nem pelos falsos apóstolos. Para as outras igrejas, sua
situação era excelente, ideal. Os cristãos de Laodicéia haviam se tornado tão
satisfeitos e eufóricos com as coisas que o dinheiro pode comprar, que foram
levados a perder o desejo pelas coisas de Deus. Infelizmente, não haviam
aprendido ainda a "viver em prosperidade" (Fp 4.12). Como resultado,
sua satisfação era falsa por ignorarem as coisas de Deus.
Como na Parábola do
Rico Tolo (que por ter muito, só cogitava em construir celeiros cada vez
maiores), os crentes daquela cidade achavam que não tinham mais necessidades.
Deus, contudo, os viu, não como se estivessem usufruindo de bênçãos, mas como
desgraçados, miseráveis, pobres, cegos e nus". Eram tão miseráveis como os
não salvos, tão desgraçados como os piores pecadores. Eram pobres porque não
possuíam as verdadeiras alegrias do céu. Cegos, porque não tinham percebido que
poderiam usar suas riquezas para levar o Evangelho a outros. A prosperidade que
possuíam tinha lhes roubado o fervor e a esperança, por isso não mais
aguardavam o retorno de Cristo com o anelo que uma vez tiveram. Estavam nus,
porque achavam-se despidos da justiça de Cristo. Confiavam na prosperidade como
suposta evidência das bênçãos divinas.
Laodicéia É Desafiada
(Ap 3.18,19)
"Aconselho-te
que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos
brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas
os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos
quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te. "
Apesar de Jesus não
ter nenhum motivo de elogio a esta igreja, mas somente repreensões, ainda assim
oferece-lhe esperanças. Em vez de procurar as riquezas deste mundo, deveriam
eles comprar de Jesus "ouro provado no fogo", testado e refinado,
livre de impurezas. Este é o ouro da fé, que vale muito mais do que todo o ouro
deste mundo, não importando
quão puro e valioso
este possa vir a ser (1 Pe 1.7). Deus quer que sejamos ricos na fé.
Comprar de Jesus não
significa necessariamente dar dinheiro pelo seu trabalho, embora isto talvez
esteja implícito aos crentes de Laodicéia. Seria bom, contudo, se observássemos
o clamor do Senhor em Isaías 55.1,2 que diz: "O vós todos os que tendes
sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei;
sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Porque gastais o
dinheiro naquilo que não é pão? e o produto de vosso trabalho naquilo que não
pode satisfazer? Ouvi- me atentamente, e comei o que é bom e a vossa alma se
deleite com a gordura".
Eles poderiam comprar
de Jesus também "vestidos brancos" - a veste triunfante da justiça
(Ap 9.89). Isto, através do sangue do Cordeiro, onde adquiririam uma justiça
imputada por Cristo. Uma justiça que fosse real, em suas vidas, através do
processo santificador do Espírito Santo.
Precisavam comprar
também "colírio" (produto pelo qual Laodicéia tornara-se conhecida).
Lembra-nos isto a unção espiritual para os olhos. Deste modo, poderiam ver o
seu verdadeiro estado espiritual, e receber a ajuda do Espírito e da Palavra.
Então, teriam uma visão clara de Cristo, do céu, e das demais coisas do
Espírito. Em João 16.13, Jesus promete que o Espírito Santo nos guiará em toda
a verdade, isto é, a verdade do Evangelho, da Palavra de Deus.
No caso de os
laodicenses confundirem essas repreensões, pensando ser Jesus mau e vingativo,
o Senhor assinala-lhes que Ele repreende e disciplina a todos quantos ama. Seu
amor é caloroso e pessoal, não distante. O "eu", aqui, é enfático. O
Pai castiga e disciplina a todo aquele que recebe por filho (Pv 3.11,12; Hb
12.5,6).
"Repreendo"
é traduzido da mesma palavra grega usada para "reprovo" em João 16.8,
onde é empregada para um trabalho específico do Espírito Santo. A palavra
inclui a ideia de "expor, repreender, refutar, e mostrar-se culpado".
Isto é: o Espírito convence através de prova. Jesus faz aos laodicenses a mesma
coisa que fez a João. E, do mesmo modo, o Espírito Santo fará tanto ao mundo,
ao çrente carnal e ao cristão espiritual.
Haveria esperança aos
laodicenses caso eles se arrependessem. Mas isto implicaria numa mudança de
atitude, de coração; enfim: um retorno ao antigo fervor. Acontecendo isto,
deveriam consagrar-se a si mesmo num zelo contínuo, como mostra o tempo verbal
grego.
Cristo Está à Porta
(Ap 3.20)
"Eis que estou à
porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua
casa, e com ele cearei, e ele comigo."
As palavras finais de
Cristo à igreja em Laodicéia são uma outra demonstração maravilhosa de seu
amor. Após repreendê-los, Jesus coloca-se a si mesmo do lado de fora da porta
da igreja, e bate repetidamente, esperando que alguém lhe responda. Apesar de
havê-los advertido severamente, seu desejo real não é cuspi-los fora de sua
boca, mas "cear" com eles. Jesus está buscando a restauração da
comunhão perdida com tais crentes.
Este convite de
Cristo era endereçado também a todas as igrejas que não mais possuíam o fogo do
avivamento, que tinham se tornado meras organizações ao invés de organismos
vivos. Se alguém lhe abrisse a porta, e lhe aceitasse a oferta de renovação
espiritual, o avivamento com certeza viria.
Podemos também
aplicar esta verdade de forma individual. Jesus não forçará nenhuma igreja, ou
pessoa, a aceitá-lo. Mas se alguém abrir-lhe o coração, Ele entrará, trar-lhe-á
sua bênção, proporcionando-lhe a maravilhosa comunhão no Espírito.
Além do mais, a
Bíblia fala-nos de uma grande ceia que está para vir - as Bodas do Cordeiro.
Somente os que ceiam com Ele, agora, ceiarão com Ele no porvir.
HORTON. Staleym. M. Serie Comentário Bíblico Apocalipse As coisas que Brevemente devem acontecer. Editora CPAD.
Ap 3.15 O inquérito
judicial (EXCURSO 1c) trata essa igreja como um bloco único. Não há os ―demais‖
(Ap 2.24) ou ―alguns‖ (Ap 3.4 [BLH]) que se mantêm fiéis. Conheço as tuas
obras, que nem és frio nem quente. Água fervente ou fria tem utilidade.
Contudo, a quem fortaleceria ou refrescaria água morna? Nessa passagem, ela
está sendo oferecida a Cristo, pois ele a degusta em sua boca (v. 16). Ela o
repugna. Ele é hóspede em Laodicéia e, com a maior tranqüilidade, os anfitriões
servem-lhe água morna. Servem-no com seu serviço lerdo, com seus cultos
sonolentos, com orações de ladainhas e com seu cuidado pastoral negligente.
Conheço, diz o Senhor diante dessa atividade. Obviamente ele o sabe, pois ele
tem de experimentá-lo. Toda a mornidão na comunidade, toda atitude lerda e
desligada, também diante das pessoas, fere a ele. O que é feito a um de seus
mais humildes irmãos, é praticado contra ele.
Não somente Cristo,
também Satanás conhece a maré espiritual baixa da comunidade (cf. o comentário
a Ap 3.1). Por isso ele os deixa integralmente em paz. Por isso não se informa
nada sobre tentação e perseguição, negação, apostasia ou abalos. Tudo está
intacto e tudo se realiza. O quadro de membros não dá razão para preocupações.
Sim, os membros mornos consideram o Senhor Jesus Cristo tão inócuo, que nem
sequer se desligam.
Quem dera fosses frio
ou quente! Essa exclamação denota uma avaliação definida. O grau mais alto é
―quente‖, p. ex., nos termos de Rm 12.11: ―sede fervorosos de espírito‖. Depois
segue-se na escala de valores a rejeição clara e fria. No nível mais baixo, porém,
está a mornidão. É nele que se abafa de modo suave, mas determinado, o ardor e
rugir do Espírito, evitando-se de toda forma ser um adversário. Normalmente,
esse caminho intermediário entre os extremos é considerado o ―equilíbrio
áureo‖. Contudo, o cristão ―nem a favor nem contra‖ na verdade não se encontra
no meio, mas sim em queda livre, no ponto mais baixo da escala de valores.
Entre a acusação e a
palavra de ameaça (EXCURSO 1d) normalmente encontra-se o chamado ao
arrependimento. Na presente missiva, porém, precipita-se uma ira tão
incandescida sobre a situação da comunidade que a ameaça é acrescentada no
mesmo fôlego. Isso não significa que não seja mais possível o arrependimento,
pois mais adiante segue-se o convite para ele. Antes significa que diante da
igreja amornada não se apresenta nenhum Senhor morno. Seu ardor é esperança
para todos os mornos.
16 Assim, porque és
morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca. Com
vistas a quatro igrejas o Senhor dissera: ―Tenho algo contra ti!‖ Agora é
declarado: ―Tu me repugnas!‖ Esse é o ápice da condenação. Ainda assim – ele
ainda suporta os insuportáveis por algum tempo. Justamente nesse ponto segue-se
uma palavra de arrependimento extraordinária (EXCURSO 1d), um lutar e requestar
por Laodicéia.
Ap 3.17 Agora a
igreja toma a palavra, revelando uma arrasadora ignorância diante do conhecimento
de seu Senhor no v. 15: pois dizes: Estou rico e abastado. Foi assim que falou
em outra ocasião o rico fazendeiro em Lc 12.19. No presente texto fala um
comerciante rico. ―Sim‖, pondera ele, ―tornei-me rico‖. Conhecemos a opinião
das pessoas bem-sucedidas, como se refestelam em suas recordações sobre como
levantaram seus negócios. No passado assumiram um pequeno comércio, agora
possuem uma gigantesca loja de departamentos! A conclusão talvez soe como Zc
11.5: ―Não o consideram pecado algum, e dizem: louvado seja Deus, agora sou
rico!‖ (tradução do autor). Da mesma maneira acontece aqui, que a gabolice com
o sucesso material transita para a presunção de uma posse religiosa.
Não preciso de coisa
alguma. Em 1Co 12.21 essa formulação ocorre em relação a outro membro da
igreja: o irmão não tem nada de significativo para me oferecer. O que ele fala
não é importante. Comigo mesmo tenho o suficiente. No presente texto, porém, o
orgulho do que providencia tudo por si mesmo levanta-se diante do próprio Senhor.
Jo 15.5 é virado de pernas para o ar: ―Sem ti podemos realizar tudo!‖ É
assustador formulá-lo dessa maneira, mas quantas vezes isso é praticado na vida
(1Co 4.8)! Nessa auto-suficiência diante de Jesus, nesse afastamento do trono
de sua graça residem o pecado originário da igreja, bem como o começo do fim.
Entretanto, nem mesmo
Sansão notou que sua força o abandonara: e nem sabes que tu és infeliz, sim,
miserável (―e nem sabes que és miserável e digno de pena‖ [tradução do autor]).
É assim que se apresenta o quadro da realidade do homem ativo nos negócios e
conformado com o mundo, que acompanha tudo. Ele está tenso e desgastado, o tipo
de atribulado de Mt 11.28 (o mesmo vocábulo em Rm 7.24). Ele deveria chegar a
Jesus, porém não o sabe. Ele se considera independente: ―Não careço de nada‖.
Contudo, tem necessidade dos remédios e da cura para o coração. Toda vez que
alcança o sossego, busca o divertimento e os compromissos, saindo logo de novo
às pressas. Sobretudo teria necessidade da compaixão e, finalmente, do
arrependimento. E por estar tão sobrecarregado, é digno de pena. A ira não
torna Jesus cego para o pecador. Ele preserva o olhar pela pobre criatura. Ela
lhe dá pena, e muito mais quando ela mesma não tem consciência de si, mas ainda
se auto-engrandece. O estado espiritual é caracterizado com três ilustrações:
pobre, cego e nu (cf. abaixo).
Ap 3.18 A esses três
pontos enfermos correspondem os três conselhos. Aconselho-te. Talvez haja aqui
uma conotação do linguajar comercial. Jesus se apresenta como comerciante (Mt
13.45), oferecendo três especialidades de Laodicéia famosas naquele tempo. Pelo
que se evidencia, a igreja entrementes misturou-se intimamente com o mundo que
a envolve. Enquanto antes constituía um templo de Deus nessa cidade de lojas,
agora ela própria se tornou um estabelecimento comercial (Jo 2.16), estando
acomodada ao seu contexto. O espírito de negócios, de compra e de regateio,
havia deslocado o Espírito Santo. Por amor à igreja, porém, Jesus se transforma
num mercador, que tenta superar todos os seus concorrentes: ―de mim compres,
com toda a certeza receberás boa mercadoria‖. Com tenacidade, quase como de um
mascate, ele oferece ora isso, ora aquilo, sempre apresentando ao freguês
reticente novas mercadorias. O Filho Eterno se rebaixa a um ponto tão humilde.
Fez-se um laodicense para os laodicenses, a fim de conquistá-los.
Com o que Laodicéia
deverá pagar? Seguramente essa resposta teria de ser respondida com Is 55.1:
―Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes
dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem
preço, vinho e leite‖ Também Ap 22.17 conhece essa curiosa ―aquisição‖. Com
certeza reside nisso um indício dos altos ―preços‖ que o ser humano paga nesse
mundo por artigos de pouco valor, comprometendo pureza, honra, paz e saúde.
Junto desse novo ―comerciante‖ na verdade se comprará com vantagens, sim, de
forma extraordinariamente vantajosa, a saber, de graça. Ele começa com suas
ofertas:
De mim compres ouro
refinado pelo fogo para te enriqueceres. O ouro dos bancos de Laodicéia tinha
boa fama por causa da consistência de seu valor (cf. nota 243). Ao adquiri-lo,
o freguês estava bem atendido. Contudo o mercador adverte: ―Todos vocês que se
abasteceram do ouro de Laodicéia, são pobres e terrivelmente enganados. Façam
rapidamente negócios comigo e tornem-se verdadeiramente ricos.‖ Nesse texto,
―ouro‖ é expressão da verdadeira posse. Todas as missivas às igrejas falaram
sobre ter e não ter (nota 185). Cristo faz o balanço. Ele encontra prateleiras
totalmente vazias. Contudo, ainda há tempo. Ele quer ajudar a igreja a passar
do passivo para o disponível, ou seja, para que tenha amor, fé, serviço,
testemunho, esperança (cf. 1Pe 1.7,18; 1Co 12,13).
Vestiduras brancas
para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez.
Laodicéia possuía uma indústria têxtil produtiva, sobretudo para tecidos
pretos, da moda (cf. nota 243) – Diz-se que os acusados compareciam de preto
diante do tribunal. Os condenados eram despidos (aqui, no v. 17; também Jesus
foi despido antes da crucificação), réus absolvidos recebiam uma veste branca
(cf. o comentário a Ap 3.4). São essas as correlações do nosso texto. O Senhor
não deseja a nudez de sua igreja. Ele lhe oferece purificação e absolvição.
E colírio (―pomada‖)
para ungires os olhos, a fim de que vejas. No Oriente as doenças nos olhos eram
muito freqüentes, causadas pela forte irradiação solar, por constante poeira,
exigüidade da água e falta geral de higiene. Por isso havia muitos cegos, muitos
médicos de olhos e centenas de
diferentes remédios
na forma de pomadas, talcos e gotas. Também Laodicéia comercializava uma famosa
marca desses produtos (cf. nota 243).
Quando o v. 17 chama
a igreja de cega, sintetiza-se toda a miséria. Muitas vezes os cegos são
pobres, e os pobres andam precariamente vestidos. A causa da pobreza e nudez
reside na cegueira. A cegueira espiritual, da qual o AT fala com tanta
freqüência, refere-se ao direito de Deus de fazer reivindicações, às
conseqüências da desobediência, bem como à subestimação do pecado e de Satanás.
De acordo com Jo 9.41 essa cegueira espiritual acomete aquele que a nega.
Imaginemos uma pessoa cega que se porta como se pudesse ver, não permitindo que
seja conduzida, nem tateando cautelosamente no seu caminho. ―Não preciso de
ninguém, sei fazer tudo sozinho!‖ É essa a desastrosa cegueira que se apresenta
no presente texto (v. 17).
Foi por isso que o
grande médico de olhos diagnosticou primeiro: ―Estás cego!‖ e agora declara:
―Vendo para ti pomada para os olhos!‖
Ap 3.19 Nesse
instante o Senhor tira a máscara do comerciante aplicado aos negócios,
revelando-se como aquele que ele é: como amigo de todas as igrejas: Eu
repreendo e disciplino a quantos amo. O amor de amigo (Jo 15.14,15, aqui no v.
20) expressa-se em duas atividades que, na formulação, constituem uma
repercussão de Pv 3.12 (e Hb 12.7), mas que novamente devem ser examinadas no
seu contexto. Lá elas estão inseridas na relação pai-filho, e naquele contexto
a disciplina é sofrer castigo. Contudo, é estranho a João falar de Cristo como
o Pai dos discípulos. Igualmente falta no trecho qualquer vestígio de
sofrimento por castigo. Por um lado, entre amigos focaliza-se a palavra da
verdade: Eu repreendo (―corrijo‖). O amigo rejeita tudo o que não for verdade.
Inexoravelmente ele examina as obras e cita de forma aberta o que for
imprestável. Segue-se a palavra da punição: Eu disciplino. Ele ameaça com ira
ardente, destroça a presunção, exige conseqüências e ordena o arrependimento.
Tudo isso se espelha na mensagem à igreja. Ela também está entremeada da busca
pela atenção, o chamado para despertar e convidar. Ainda que não seja possível
o elogio, nem por isso há falta do amor. Também na ira o Senhor se lembra de
sua misericórdia e ―não é com prazer que ele nos causa sofrimento ou dor‖ (Lm
3.33 [BLH]).
Sê, pois, (daqui em
diante) zeloso e arrepende-te. A primeira das duas exortações está na forma
verbal de continuidade. Aos anos de mornidão (v. 16) devem seguir-se anos de
zelo. Que sejam tomados do zelo de Jesus quando purificou o templo (Jo 2.17) e
que seja queimado o zelo antigo, impuro, que fez da comunidade uma casa de
comércio. Fora com o ativismo afundado no mundo, com o regatear, acumular,
trabalhar, correr e apressar-se por nada! O nome, o reino e a vontade de Deus
passam a determinar os pensamentos de forma nova.
20 Arrependimento
desencadeia-se diante de Cristo, e somente diante dele (EXCURSO 1d): Eis que
estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em
sua casa. Na Antigüidade se podia solicitar ingresso numa casa de duas
maneiras: ou se batia com uma argola metálica, ou simplesmente se chamava. Aqui
ressoam ambos, a batida e a voz, um sinal da premência da vontade. Como é que
os laodicenses ouviam a voz de Jesus? Por doença, sofrimento ou acontecimentos
históricos? Conforme Jo 10.3,27; 18.37 e sobretudo conforme as sete exortações
―ouça!‖ nos ditos de gravação, cabe considerar o falar do Espírito precisamente
nessas mensagens às igrejas. Nelas o Senhor se apresentava e se apresenta às
suas igrejas, fazendo ressoar a sua voz.
Embora não lhe faltem
chaves (Ap 1.18; 3.7), ele deixa a abertura por conta das próprias pessoas.
Distancia-se de todos os meios violentos de penetrar no pecador, abordando-o
com o amor mais nobre. Não existem hóspedes mais distintos que ele e seu
Espírito. Diante dele pessoas se tornam novamente verdadeiros seres humanos,
responsáveis até o extremo. Por isso também são culpadas ao extremo quando
trancam esse amor do lado de fora.
Quando Jesus entra no
recinto daquele que lhe abre? Na sua segunda vinda? Em passagem alguma é
ensinado que o Senhor entra em pessoas isoladas na ocasião de sua volta. Ou
será que essa entrada sucede quando se celebra a Ceia do Senhor? Como tentamos
evidenciar pela tradução, o texto usa uma palavra muito genérica para falar de
uma refeição comunitária, que não deveria ser relacionada de imediato com a
celebração da Ceia do Senhor: e cearei com ele. Como comparação devem ser
observados versículos de João que falam da vinda do Senhor exaltado por meio do
Espírito: Jo 14.23,18; 16.7,13,22. Ele passa imediatamente por cada porta que
se abre para ele por meio do arrependimento. Lá dentro não há necessidade de
esperar pela próxima celebração da Ceia do Senhor.
Sua presença no
Espírito Santo (à semelhança de Mt 28.20; 18.20) é caracterizada assim: e
cearei com ele, e ele, comigo. Talvez a inversão indique uma troca de papéis. O
hóspede torna-se anfitrião. O Jesus que entrou providencia o copo cheio e o pão
da vida. Visto que em última análise o arrependimento acontece às suas custas,
arrependermo-nos é para nós uma ―obra alegre‖ (Lutero).
Adolf
Pohl. Comentário Esperança Apocalipse. Editora
Evangélica Esperança.
2. Os dons
espirituais e o amor cristão.
No capítulo 12, de
sua primeira Carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo discorre de maneira
inigualável sobre os dons espirituais. Ele termina o capítulo sobre os dons,
dizendo: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um
caminho ainda mais excelente” (1 Co 12.31). Na sequência do tema dos dons
espirituais, ele continua seu ensino, demonstrando o valor do amor em ação, ou
da caridade, no uso dos dons espirituais. E prova, de modo cabal, que os dons
sem o amor de Deus não significam nada. O amor, no exercício dos dons
espirituais, é o “caminho mais excelente”.
No capítulo 13 de
Coríntios, sobre a “excelência do amor”, Paulo refere-se a vários dons espirituais,
afirmando que sem amor de nada adianta ter tais dons (1 Co 13.1-3).
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 153-154.
I Cor 12.31 A
exortação de Paulo em relação aos melhores dons procura corrigir as aplicações
errôneas do uso público das línguas. 0 uso privado, que é designado
principalmente para a auto-edificação, estava sendo confundido com 0 exercício
público. "Melhor" pode ser definido como aquele ou aqueles dons mais
adequados a uma determinada situação, e há um exemplo presente: por exemplo, a
profecia é funcionalmente "melhor" do que as línguas em público, pois
edifica a igreja (14.4-5), a menos, é claro, que a "língua" seja
interpretada. Entretanto, 0 exemplo do corpo humano exclui toda classificação
de valor de dons (12.22-25). Não se pode tirar legitimamente nenhuma conclusão
sobre 0 valor das línguas do fato dela aparecer por último nas listas. 0
autocontrole é uma virtude de menor importância no fruto do Espírito por estar
listado por último (Gl 5.22-23)? Usando a mesma lógica, 0 amor deveria ser
menos importante do que a fé e a esperança, mas Paulo diz que é 0 maior (1 Co
13.13). Um caminho ainda mais excelente não é uma comparação negativa entre
dons e amor, visto que 0 advérbio ainda indica a continuação do assunto. Todas
as manifestações do Espírito devem, ao mesmo tempo, manifestar 0 lado do amor,
pois 0 amor é a questão definitiva que está por trás de todas as coisas.
PLENITUDE.
Bíblia de Estudo Plenitude. Editora
Sociedade Bíblica, do Brasil. pag. 1190.
Dando-lhes a sugestão
de um caminho mais excelente, a saber, da caridade, do amor mútuo e da boa
vontade. Esse era o único caminho correto para tranquilizá-los e uni-los, e
fazer com que seus dons voltassem a ser a vantagem e a edificação da igreja.
Isso os tornaria amáveis uns com os outros e preocupados mutuamente, e,
portanto, acalmaria seus espíritos e colocaria um fim a seus pequenos
ressentimentos e pelejas, suas disputas sobre precedência. De acordo com o
apóstolo, apareceriam no primeiro nível aqueles que tinham mais do verdadeiro amor
cristão. Note que a verdadeira caridade deve ser grandemente preferida aos mais
gloriosos dons. Ter o coração incandescido com o amor mútuo é imensamente melhor
do que resplandecer com os mais pomposos títulos, cargos e poderes.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo
Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 483.
1Co 12.31b Em 1Co
12.31a Paulo incentivou os coríntios a buscar com zelo os dons especialmente
valiosos do Espírito. A essa solicitação ele poderia ter acrescentado sem
problemas as explanações de 1Co 14. Pois ali fala do ―valor‖ dos dons
espirituais, mostrando porque ―profetizar‖ é mais valioso e importante do que
orar em línguas. No entanto, ele interrompe seu raciocínio para dizer aos
coríntios algo decisivo. “Muito além disso eu vos mostro um caminho” [tradução
do autor]. Não sabemos se o ―muito além disso‖ deve ser ligado ao verbo, como
em 2Co 1.8; 4.17 ou se pertence, como adjetivo, ao ―caminho‖. De acordo com a
construção da frase ambas as alternativas são possíveis. Na primeira opção o
próprio Paulo estaria sob a impressão de que neste momento sua instrução à
igreja ultrapassa amplamente tudo o que disse até agora, atingindo aqui seu
verdadeiro ápice. No segundo caso estaríamos sendo lembrados de que a expressão
―caminho‖ – sobretudo em Atos – é usada para designar o cristianismo
propriamente dito (At 9.2; 24.14; mas também 13.10; 16.17; 18.25). Paulo está
mostrando aos coríntios em que consiste a essência do cristianismo e porque ele
é um “caminho” tão inusitado, que sobrepuja a tudo.
Segue-se o ―cântico
dos cânticos sobre o amor‖. Porém 1Co 13 não tem nada de efusão lírica! Esse
capítulo não tem nada a ver com um ―cântico‖. Ele é um dos ensinamentos mais
sérios exatamente diante das aflições da vida da igreja de Corinto. É uma
poderosa palavra de condenação e ao mesmo tempo uma palavra sobre derradeiras e
vívidas certezas.
Paulo escreve sobre o
―amor‖. Este é realmente o conceito central. Mas precisamente por isso Paulo
tem um receio perceptível de falar a esse respeito. Parece até que ele já está
vendo com que facilidade essa palavra pode ser mal-compreendida. Também na
carta aos Romanos ―o amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor‖ é a
certeza definitiva e que sustenta a tudo. Porém Paulo seleciona primeiramente a
dura palavra da ―justiça de Deus‖, fazendo com que todo o capítulo seja
dominado por esse tópico, antes de colocar o amor de Deus diante da igreja em
Rm 5.5ss e Rm 8.35-39. De igual maneira ele mencionou o amor pela primeira vez
na presente carta apenas em 1Co 8.1. E agora, em 1Co 13, ele o coloca no
centro, obviamente com uma intensidade e determinação incomparáveis.
Como todo o NT, ele
escolhe o termo agape para ―amor‖, que praticamente não era usado no mundo em
que vivia o cristianismo. Ele conhecia o eros, o amor desejoso, que obviamente
no caso de alguém como Platão também podia conter o mais nobre anseio, mas que
ainda assim não deixa de ser um amor desejoso, voltado para o próprio eu. Com
agape, no entanto, o primeiro cristianismo designava a experiência maravilhosa
que tivera a partir de Deus em Cristo: um amor que não quer nada para si, mas
entrega e sacrifica tudo, especialmente para indignos, culpados, inimigos, para
pessoas que não podem retribuir nada nem
agradecer realmente.
Por isso esse agape é em primeiro lugar e em sua origem o amor de Deus (1Co
13.13; 1Jo 4.16), o amor de Cristo (2Co 5.14; Gl 2.20), o amor do Espírito (Rm
15.30). Ele não é uma possibilidade humana, não é a ―maior virtude‖. Muito
menos ele é o que corriqueiramente entendemos por ―amor‖, até mesmo por ―amor
cristão‖. Até mesmo o mundo é muito bem capaz de produzir, sem o cristianismo,
um pouco de cordialidade e disposição para ajudar. O costumeiro ―amor cristão‖
verdadeiramente ainda não seria o caminho para “muito além disso”. Ele ainda
não é o ―fazer a mais‖ de que Jesus falou em Mt 5.43-48. O agape somente pode
ser proporcionado em Cristo por intermédio do Espírito Santo (Rm 5.5b) como uma
realidade radicalmente nova, oposta à velha natureza egocêntrica. Assim, porém,
ele é o que importa no ser cristão agora e na eternidade.
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos I Corinto.
Editora
Evangélica Esperança.
3. A necessidade do
fruto do Espírito.
Este estudo não
estaria consistente, se não fosse abordado, ainda que resumidamente, o tema do
fruto do Espírito Santo na vida dos salvos. Acima, vimos que os dons
espirituais sem amor nada significam para Deus. E o fruto do Espirito — O amor
(G1 5.22) — é o que faz a diferença entre um crente salvo e um crente perdido.
O que tem dons de Deus, ou dons do Espírito Santo, necessita ser coberto pelo
amor de Deus em seu coração, e em suas ações. Por isso, Paulo diz que “A
caridade [o amor, em outras versões] é sofredora, é benigna; a caridade não é
invejosa; a caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta
com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal”
(1 Co 13.4,5 — colchete inserido).
A prática da
caridade, ou do amor em ação, age no caráter do crente. Não admite inveja,
irresponsabilidade, orgulho, indecência, e “não busca seus interesses”, ou
seja, não é egoísta (1 Co 13.5), “não se irrita”, ou seja, não permite que o
crente viva irritado com os outros, o tempo todo, e não dá lugar a suspeitas
infundadas, como o texto citado bem evidencia. O dom do Espírito deve ser
exercido com amor e humildade, sem presunção ou orgulho (1 Co 13.4).
O uso dos dons deve
dar lugar a um exercício constante em busca da maturidade cristã. A falta de
maturidade leva os detentores de dons a serem carnais e infantis na fé. A
igreja de Corinto possuía em seu seio todos os dons, mas os crentes não estavam
maduros na fé. Diz Paulo: “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais,
mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei e não com
manjar, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis; porque ainda
sois carnais, pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois,
porventura, carnais e não andais segundo os homens (1 Co 3.1-3 — grifo nosso).
Exortando a igreja,
Paulo diz da necessidade de deixarem de ser meninos na fé. “Quando eu era
menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas,
logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino” (1 Co 13.11). A
prática do fruto do Espírito, aliada ao exercício dos dons, é o que evita a
meninice espiritual, e leva o crente a alcançar a maturidade espiritual, como
diz Paulo: “logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino”. É a
falta do fruto do Espírito da temperança, da bondade, da benignidade e acima de
tudo do amor, que tem sido causa de escândalos e decepções nas igrejas.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 156-157.
5.22-23 Essas
virtudes são caracterizadas como fruto em contraste a "obras".
Somente o Espírito Santo pode produzi-las, e não nossos próprios esforços. Um
outro contraste é que, enquanto as obras da carne são mais de uma, o fruto do
Espírito é um e indivisível. Quando o Espírito controla completamente a vida de
um crente, ele produz todas essas graças. As três primeiras dizem respeito à
nossa atitude em relação a Deus, a segunda tríade lida com os relacionamentos
sociais, e o terceiro grupo descreve os princípios que guiam a conduta de um
cristão.
PLENITUDE.
Bíblia de Estudo Plenitude. Editora Sociedade
Bíblica, do Brasil. pag. 1220.
Gl 5.22,23 A
apresentação da palavra “fruto”, por Paulo, está cheia de significado. Com ela,
Paulo queria transmitir o significado de uma colheita cheia de virtudes. O
fruto é um subproduto; leva tempo para crescer e requer cuidado e cultivo. O
Espírito produz o fruto; a nossa função é entrar em sintonia com o Espírito. Os
crentes exibem o fruto do espírito, não porque eles trabalham nele, mas
simplesmente porque o Espírito controla as suas vidas. O fruto do Espírito separa
os cristãos do mundo mau e sem Deus, revela o seu poder dentro deles, e os ajuda
a serem mais parecidos com Cristo na sua vida cotidiana. Em contraste com a lista
que se segue, Paulo não descreveu estas características como sendo óbvias. As primeiras
residem em nós; as outras vêm como resultado da presença do Espírito.
Mais uma vez, as
características classificam-se em categorias. As três primeiras são interiores
e só podem vir de Deus:
• Caridade (ou amor)
- este é o amor como demonstrado por Jesus, que é auto-sacrificial e imutável,
e como demonstrado por Deus, que enviou seu Filho para morrer pelos pecadores (Rm
5.5). O amor forma a base para todas as demais características do fruto aqui
listadas. Em outra passagem, Paulo subdivide o amor em vários componentes (veja
1 Co 13), para que o “amor” (ou caridade) passe a ter pouca semelhança com o
significado emocional tão frequentemente atribuído à palavra.
• Gozo - uma alegria
interior que persiste apesar das circunstâncias externas. Esta característica
tem pouco a ver com felicidade e pode existir em tempos de infelicidade. É uma
satisfação profunda e saudável que continua mesmo quando uma situação na vida
parece vazia e insatisfatória. O relacionamento com Deus, por meio de Cristo,
preserva-se mesmo nos desertos e vales da vida.
• Paz - uma tranquilidade
interior e uma fé na soberania e na justiça de Deus, mesmo face a
circunstâncias adversas. É um profundo concordar com a verdade de que Deus, e
não nós, é quem está a cargo do universo.
As três seguintes
dizem respeito ao relacionamento de cada crente com os demais:
• Longanimidade (ou
paciência, de acordo com a versão NTLH) – suportar pacientemente as pessoas que
nos irritam continuamente. A obra do Espírito Santo em nós aumenta a nossa
tolerância.
• Benignidade - agir
com delicadeza, com benevolência com relação aos outros, como Deus fez conosco.
A benignidade toma a iniciativa de responder às necessidades das outras
pessoas.
• Bondade — estender
a mão para fazer o bem aos outros, mesmo que eles não o mereçam. A bondade não
reage ao mal, mas absorve a ofensa e reage com ações positivas.
As três últimas
apresentam traços mais gerais de caráter, que deveriam guiar a vida de todo
crente:
• Fé (ou fidelidade,
de acordo com a versão RA) - a pessoa que é confiável, digna de confiança.
• Mansidão - a pessoa
é humilde, considera os demais, sujeita-se a Deus e à sua Palavra. Mesmo quando
a ira é a resposta adequada, como quando Jesus limpou o Templo, a mansidão
conserva a expressão da ira orientada na direção correta. A mansidão aplica até
mesmo a força na direção correta.
• Temperança (ou
domínio próprio, de acordo com a versão RA) - o domínio sobre os desejos
humanos pecaminosos e a sua falta de controle. Ironicamente, os nossos desejos
pecaminosos, que prometem
auto-realizaçáo e poder, inevitavelmente nos levam à escravidão.
Quando nos rendemos
ao Espírito Santo, inicialmente sentimos como se tivéssemos perdido o controle,
mas Ele nos leva a exercer o autocontrole que seria impossível somente com as
nossas próprias forças. Deus deu a lei para tornar as pessoas conscientes dos
seus pecados e restringir o mal. Mas ninguém faria uma lei contra as características
deste fruto (virtudes), pois elas não são nem pecaminosas nem más. Na verdade,
uma sociedade onde todas as pessoas agissem assim precisaria de poucas leis.
Como Deus, que enviou a lei, também enviou o Espírito, os subprodutos da vida
cheia do Espírito harmonizam-se perfeitamente com o objetivo da iei de Deus.
Uma pessoa que exibe o fruto do Espírito satisfaz a lei muito melhor do que uma
pessoa que mantém os rituais, mas tem pouco amor no seu coração.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 297-298.
O Fruto do Espírito
(5.22,23)
O contraste entre a
carne e o Espírito atinge um clímax adequado quando Paulo faz a lista do fruto
do Espírito (22). No âmago de sua exortação há o apelo para que o crente seja
atraído pelo fruto ao mesmo tempo em que é repelido pelas “obras”. Embora Paulo
aceitasse a opinião prevalecente na igreja primitiva, que dizia que a presença
e atividade do Espírito eram evidenciadas pelos dons sobrenaturais,59 ele
reconhecia que estas não eram necessariamente prova de caráter moral. Por
conseguinte, deu o mais sublime valor e destaque ao fruto do Espírito, que se
relaciona diretamente às qualidades éticas e morais.60
Dos versículos 22 e
23, Alexander Maclaren analisa “O Fruto do Espírito”. Ele mostra: 1) Os três
elementos do caráter; 2) A unidade do fruto; 3) A cultura da árvore; 4) Este é
o único fruto digno.
A escolha de Paulo do
termo fruto é importante quando comparado com “obras”. “Uma obra é algo que o
homem produz para si mesmo; um fruto é algo que é produzido por um poder que
não é dele mesmo. O homem não pode fazer o fruto.”61 E frequente a observação
de que o fruto está no singular. Embora indique a unidade das virtudes cristãs,
não devemos dar muito foco a esse quesito, porque Paulo usa constantemente a
forma singular quando o termo tem um significado figurativo.
a) Amor (5.22). Paulo
está dizendo que estes produtos são resultado do Espírito divino operando no
espírito humano. A lista do apóstolo começa necessariamente com agape
(caridade; “amor”, ACF, AEC, BAB, BJ, BV, CH, NTLH, NVI, RA), porque este é a
maior de todas as virtudes (cf. 1 Co 13.13), é o manto que une tudo com
perfeição (cf. Cl 3.14). O amor cristão é uma categoria abrangente e fonte
exclusiva dos outros frutos, no mesmo sentido em que o tronco sustenta os
galhos, ou o prisma quando reflete as cores da luz. Considerados desta
perspectiva, os frutos que se seguem são amor em ação e expressões descritivas
do agape (ágape, amor, amor-caridade).
A palavra grega agape
é um termo distintamente cristão, criado da necessidade de descrever
adequadamente o evangelho da nova criatura.66 Mais adiante, o termo agape é
usado primariamente para se referir ao amor que os indivíduos têm, ou deveriam
ter, uns pelos outros, que é reflexo do amor de Deus por eles. Eles devem fixar
seu padrão de acordo com o padrão do Senhor. A definição de Barclay é concisa e
abrangente: ‘Agape é benevolência inconquistável, boa vontade imbatível”. Como
tal, é uma preocupação compartilhada e uma identificação generosa com as
necessidades dos outros. Esta preocupação abrange tudo, embora as pessoas que a
recebem sejam indignas; resulta na transformação de quem é amado e de quem ama.
Agape por vezes é mal-entendido e confundido com o conceito de amor aceito hoje
em dia. Mas há uma diferença. Em vez de ser um sentimento impulsivo pelo qual a
pessoa é levada, agape é a resposta da pessoa inteira envolvendo a vontade, o
sentimento e o intelecto. Não é fraco e nocivamente permissivo, mas forte e
disciplinado.
Talvez a melhor
definição de agape seja o que ele faz e o que ele é. Este tipo de amor tem de
agir com generosidade e perdão expansivos. O amor cumpre a lei (14),
proporcionando atmosfera que caracteriza e motiva a totalidade da vida cristã
(cf. Ef 5.2). Ele habilita a verdade — que frequentemente dói — para que seja
falada como pedido e não como ofensa (cf. Ef 4.15). É o laço que une o corpo de
Cristo (cf. Cl 2.2); evitando que a liberdade se transforme em licenciosidade
(13) e edificando os membros do povo de Deus (cf. 1 Co 8.1; Ef 4.16), enquanto
vivem juntos em paciência (cf. Ef 4.2; Rm 14.15).
Não surpreende a
conclusão de Paulo de que agape deva ser a “busca”69 do crente. Ele não deve se
satisfazer com recompensa menor. Contudo, isto não é algo que parte dele
próprio. Compreensivelmente, o “caminho ainda mais excelente” (cf. 1 Co 12.31)
não é opção fácil. Talvez alguém pergunte: “Quem poderá, pois, salvar-se?” (Mc
10.27). A resposta não poderia ser mais apropriada: Tara os homens é
impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis”!
Pelo visto, este é o fato mais importante sobre agape. No uso cristão, veio a
representar uma qualidade divina. Deus não só nos ama, Ele ama através de nós
(13), “porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito
Santo que nos foi dado” (Rm 5.5). O amor é o finito do Espírito.
b) Alegria e paz
(5.22). Os próximos dois frutos do Espírito têm relação vital um com o outro.
Gozo (chara) é a “alegria” (BJ, BV, CH, NTLH, NVI, RA) ou felicidade que
irradia da vida do crente — uma expressão externa de paz interior. Em si, a
alegria é vista e conhecida pelos outros. Esta é a atmosfera do Novo
Testamento. O cristão basicamente infeliz é uma contradição. O Reino de Deus é
caracterizado por alegria (gozo), junto com justiça e paz (cf. Rm 14.17).
A forma comum de
saudação no grego secular era “regozijai” (chairein). Ainda que isto não tenha
significado mais específico que o moderno “Como vai?”, deve ter havido nova
significação para os alegres homens de fé. Embora não seja saudação
distintamente cristã, era usada de vez em quando no Novo Testamento. Barclay
captura o espírito de tal saudação com: “Que a alegria esteja com você”.
A alegria acrescenta
brilho a todas as virtudes cristãs, e ilumina toda experiência de vida, mas em
nenhum momento brilha mais intensamente do que nas adversidades. Uma das
primeiras lições que o novo crente deve aprender é que a alegria não depende
das circunstâncias; pelo contrário, as provações são transformadas pela
alegria. Não basta suportar ou até vencer as tribulações, pois sem alegria o
triunfo está incompleto (cf. Cl 1.11). Não é surpresa que alegria e aflição
estejam quase sempre juntas quando o homem de fé sofre alegremente por amor a
Jesus.
Esta alegria cristã
não é efervescência superficial, mas jorra de fontes profundas e interiores da
vida cheia do Espírito. E um fruto do Espírito! A alegria é a manifestação
externa da paz (eirene) interna. Esta paz não é mera ausência de dificuldade,
ansiedade e preocupação. Trata-se de serenidade que é o resultado de viver numa
relação certa com Deus, com os homens e consigo mesmo. Pela fé em Cristo, o
homem encontra paz com Deus (cf. Rm 5.1), e esta nova relação se torna o
fundamento para uma vida de paz nas outras duas dimensões.
Na saudação
tipicamente cristã, havia paz: “Graça a vós e paz”. Embora a paz seja dom do
“Deus de paz”, esta não deve ser mal-entendida. Não é questão de pouca monta
viver em paz, sobretudo com certas pessoas! Paulo precisou exortar: “Se for
possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens” (Rm 12.18). O
crente tem de procurar o prêmio da paz (cf. 1 Pe 3.11; Hb 12.14), a qual só
será encontrada quando ele andar pelo Espírito, porque a paz é fruto de uma
vida cheia do Espírito.
c) Longanimidade
(5.22). A “paciência” (makrothumia, BV, CH, NTLH, NVT) é seguramente o fruto
que torna o homem semelhante a Deus. Como ocorre com outros termos, esta é
característica de Deus; e do homem, segundo Deus quer que ele seja. Como Deus é
paciente com os homens, então eles são pacientes nele, tanto quanto em relação
a seus semelhantes; pois as circunstâncias e os acontecimentos estão nas mãos
de Deus.
Esta virtude bíblica
vital não deve ser confundida com mera disposição tranqüila, que permanece
impassível diante de toda e qualquer perturbação. Tal modo de vida é mais uma
característica nativa da personalidade do que uma qualidade do espírito.
Longanimidade é exatamente o que a palavra sugere: ânimo longo, firmeza de
ânimo, constância de ânimo, alguém que permanece animado por muito tempo sem se
deixar abater. Sua essência primária é a perseverança (Desistir? Nunca!),
suportando as pessoas e as circunstâncias. Como Deus é longânimo para conosco
(cf. 1 Tm 1.12-16), assim devemos ser longânimos para com nossos semelhantes
(Ef 4.2), nunca admitindo a derrota por mais que os homens sejam irracionais e
difíceis (cf. 1 Ts 5.4). E este tipo de paciência que reflete verdadeiramente o
amor cristão (agape; cf. 1 Co 13.4). Tal amor paciente não é nossa realização.
É o trabalho de Deus no coração dos homens, pois é o fruto do Espírito.
d) Benignidade
(5.22). Os crentes não devem ser longânimos em um ambiente de isolamento moral.
O homem de fé deve expressar benignidade (chrestotes), talvez mais bem
traduzida por “amabilidade” (NVI). No Novo Testamento, a bondade de Deus não é
uma qualidade moral apavorante que repele o homem; trata-se de amabilidade
acompanhada de paciência (Rm 2.4). Mas quando é imposta, com esta benignidade
há a severidade (Rm 11.22). A amabilidade de Deus tem o propósito de levar ao arrependimento,
de forma a poder expressar-se em perdão (cf. Rm 2.4). Vemos melhor esta
amabilidade nos homens quando perdoamos os outros assim como Cristo nos perdoou
(cf. Ef 4.32). Esta é a maior bondade que o homem pode ter, contudo, poucos são
perdoadores por natureza. E o fruto do Espírito.
e) Bondade (5.22). O
próximo fruto é bondade (agathosyne). Está estritamente ligada a benignidade;
mas, da lista de Paulo, bondade é a que fornece a definição menos precisa. A
conclusão de Barclay é que significa uma generosidade sincera que é imerecida,
mais que uma justiça relutante ou até mesquinhamente conferida ainda que
merecida e digna. E certo que tal generosidade amplia o significado de
“amabilidade que perdoa”, e é realmente fruto do Espírito.
f) Fé (5.22). A fé
(pistis) é o fruto mais mal-entendido de todos. Esta é uma das raras ocasiões
em que o termo grego é mais ambíguo que o equivalente em nosso idioma. Ao longo
do Novo Testamento, pistis refere-se principalmente à ação do crente depender
totalmente da obra de Cristo. O fruto do Espírito são virtudes éticas que lidam
primariamente com as relações interpessoais.80 Em poucos exemplos, o termo
grego pistis tem o significado ético de “fidelidade”, que é obviamente como
devemos entendê-lo aqui. Em si, descreve lealdade, probidade e confiança. Como
se dá com bondade, o padrão humano da fidelidade é não menos que o próprio Deus
(cf. Rm 3.3). Como Deus é fiel, assim seus mordomos devem ser (cf. 1 Co 4.2).
Fidelidade não diz
respeito somente a manter-se fiel a Deus diante das provas e coações, mas
também a ser leal ao próximo. O elogio de Paulo aos seus colaboradores fiéis (1
Co 4.17; Ef 6.21) e aos santos fiéis (Ef 1.1; Cl 1.2) certamente engloba tal
confiança nas relações humanas. Muito corretamente, a fidelidade representa o
nível mais alto de responsabilidade entre o marido e a mulher (cf. 1 Tm 3.11).
“Não há igreja ou casamento que permaneça, a menos que esteja fundamentado na
lealdade.” É mais que virtude humana, é fruto do Espírito!
g) Mansidão (5.22).
Este fruto é um dos mais difíceis de definir, principalmente porque é
impossível traduzir prautes (mansidão) por um único termo em nosso idioma. Ser
manso não tem a conotação de ser “desalentado, desanimado, mole, fraco ou
destituído de energia ou força moral”. Mansidão é a combinação de força e
suavidade.84 “Quando temos prautes, tratamos todas as pessoas com cortesia
perfeita, reprovamos sem rancor, argumentamos sem intolerância, enfrentamos a
verdade sem ressentimento, iramos, mas não pecamos, somos gentis, mas não
fracos.”
A mansidão tem de
estar associada com a verdadeira humildade (cf. Mt 11.29; Cl 3.12), o contrário
de orgulho e arrogância. Este é o melhor tipo de força, e inspira o enlevo de
Deus. Mansidão é uma qualidade de Moisés (Nm 12.3), que de modo magnífico
harmonizou força e suavidade em seu difícil papel. O maior exemplo é aquele que
era maior que Moisés, Jesus Cristo. Mansidão é a própria essência do caráter
daquele que é capaz de limpar o Templo e perdoar uma infeliz adúltera. E este
“jugo” que o discípulo é convidado a tomar sobre si (cf. Mt 11.19), pois é
supremamente característico da semelhança com Cristo. O crente possui mansidão
apenas como fruto do Espírito.
h) Temperança (5.22).
O último fruto é temperança (egkrateia), mais bem traduzida por “autocontrole”.
Embora este fruto descreva a coibição de todas as paixões e desejos do homem (1
Co 9.25), também tem a aplicação específica de ser sexualmente moderado (1 Co
7.9). Isto é compreensível no mundo daquela época, como também no nosso. A pureza
moral era virtude distintamente cristã, e tende a sê-lo hoje. O propósito de
Deus é que seus filhos vivam no mundo, mas permaneçam puros da depravação moral
que há no mundo. Isto é possível quando o crente anda pelo Espírito, porque
autocontrole é fruto do Espírito. Este autocontrole, ou melhor, controle do
Espírito, atinge todas as áreas da vida cotidiana.
R.
E. Howard. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 9. pag. 73-77.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva
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