O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA
Data: 25 de Maio de 2014 HINOS SUGERIDOS 18, 129,
224.
TEXTO ÁUREO
“Mas
tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre
o teu ministério" (2 Tm 4.5).
VERDADE PRATICA
O
evangelista proclama o pleno Evangelho de Cristo com ousadia; é um arauto de
Deus no mundo.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Lc 4.18 Jesus - o maior evangelista
Terça - 2 Tm 4.5 A obra de um evangelista
Quarta - At 21.8 Filipe, o evangelista
Quinta - 1 Co 1.17 Enviado para evangelizar
Sexta - 1 Co 9-18 O prêmio do evangelista
Sábado - Lc 4.18,19 O evangelista apregoa a libertação do mal
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Atos
8.26-35; Efésios 4.11
Atos
8
26
- E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te e vai para a banda do
Sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserto.
27
- E levantou-se e foi. E eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de
Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus
tesouros e tinha ido a Jerusalém para adoração,
28
- regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías.
29
- E disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro.
30
- E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías e disse: Entendes tu o que
lês?
31
- E ele disse: Como poderei entender, se alguém me não ensinar? E rogou a
Filipe que subisse e com ele se assentasse.
32
- E o lugar da Escritura que Ha era este: Foi levado como a ovelha para o
matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim não abriu
a sua boca.
33
- Na sua humilhação, foi tirado o seu julgamento; e quem contará a sua geração?
Porque a sua vida é tirada da terra.
34
- E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta?
De si mesmo ou de algum outro?
35
- Então, Filipe, abrindo a boca e começando nesta Escritura, lhe anunciou a
Jesus.
Efésios
4
11
- E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores.
INTERAÇÃO
A
grande tarefa da igreja no mundo é pregar o Evangelho de Jesus de Nazaré.
O
ministério de evangelista foi concedido por Deus para que, com graça e paixão,
as pessoas fossem tocadas pela mensagem do Evangelho. É um carisma de ordem
ministerial que o nosso Pai do Céu dispensou ao seu povo. É urgente que a
igreja no Brasil proclame o Evangelho simples aos quatro cantos deste país,
apontando para temas acerca da salvação, do perdão do pecado em Jesus e do amor
ao próximo. É bem possível haver frequentadores de uma igreja evangélica que
nunca ouviram faiar desses temas.
OBJETIVOS
Após
a aula, o aluno deverá estar apto a:
Estudar sobre o envio dos
setenta.
Refletir sobre a tarefa
inacabada da Grande Comissão.
Compreender o papel do
evangelista em o Novo Testamento.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado
professor, para concluir a aula desta semana, reproduza o esquema da página
seguinte. Utilize-o para falar um pouco a respeito da vida de John Wesley,
Jonathan Edwards e David Wilkerson. Naturalmente, houve muitos outros homens e
mulheres de Deus que igualmente impactaram a própria nação e o mundo com a
proclamação do Evangelho e o testemunho de amor ao próximo. Mas queremos neste
pequeno espaço refletir um pouco sobre como Deus usou pessoas de forma poderosa
para executar o chamado da Grande Comissão. Conclua enfatizando que Deus conta
conosco também para dar continuidade a esta tão nobre tarefa.
PALAVRA-CHAVE
Evangelista: Obreiro especialmente vocacionado, a fim de
proclamar o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O
ministério de evangelista é dado por Deus à igreja como um dom valioso. Por
isso, o estudaremos procurando vislumbrar como o Senhor Jesus o considerou, e
como esse dom ministerial por Deus concedido é tratado em o Novo Testamento,
bem como sua destacada operação nas igrejas de Corinto e Éfeso. Temos de Jesus
a ordem para pregar o Evangelho, e em sua multiforme sabedoria Deus dispõe para
a igreja o poder necessário para proclamar o Evangelho com ousadia.
I - JESUS
ENVIA OS SETENTA (LC 10.1-20)
1. São poucos os que
anunciam.
Quando Jesus enviou os setenta para anunciarem as boas novas do Reino de Deus
na região da Galileia, Ele asseverou: “Grande é em verdade, a seara, mas os
obreiros são poucos” (v.2). São poucos porque, primeiramente, os discípulos não
podem proclamar a si mesmos ou uma mensagem própria. Em segundo lugar, porque
os discípulos do Senhor são enviados a falar única e exclusivamente de Jesus e
do Reino de Deus, jamais de si mesmos. Lamentavelmente, ao longo dos séculos,
muitos foram aqueles que
na Seara do Senhor falaram em seu próprio nome e pregaram a sua própria
mensagem. Os discípulos segundo o coração do Nazareno ainda são poucos, mas o
Senhor continua a convocar obreiros para a sua seara (v.2b).
2. Enviados para o
meio de lobos.
Proclamar o Evangelho num mundo contrário à mensagem do Reino de Deus
certamente levaria os arautos de Cristo a serem perseguidos. Os setenta que
Jesus enviou seriam rejeitados, perseguidos e até ameaçados de morte. A
história da igreja nos mostra que pessoas pagaram com a vida por professar a fé
em Cristo. Nas últimas décadas, mais cristãos foram mortos no mundo que em
qualquer outra época da história da igreja. Os verdadeiros evangelistas
enfrentarão ainda muitas perseguições, sobretudo em países dominados por
religiões anticristãs e fundamentalistas. Eles são comparados a cordeiros que
se dirigem para o meio dos lobos (v.3).
3. Os sinais e as
maravilhas confirmam a Palavra. Os setenta discípulos receberam poder em
nome de Jesus para pregar a mensagem do Reino de Deus com graça (vv.9,10; Mt
10.1,8). Quando voltaram da missão, os evangelistas, maravilhados e
surpreendidos, diziam: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam
(v.17). Mas naquele momento Jesus falou-lhes de uma realidade que eles não
compreendiam: aquele poder era para confirmar a Palavra do Reino, não a palavra
do homem. O verdadeiro significado de desfrutar da alegria no Espírito não é primeiramente
ver milagres, mas saber que através da exposição do Evangelho de poder temos os
nossos nomes escritos nos céus (v.20).
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Jesus
enviou os setenta para pregar a mensagem do Reino de Deus e deu-lhes poder para
confirmar a Palavra.
II - A
GRANDE COMISSÃO (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20)
1. O alcance da
Grande Comissão.
A ordem dada por Jesus aos seus discípulos, após a sua ressurreição, foi:
"ide, ensinai todas as nações, batizando-as em E nome do Pai, e do Filho,
e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado”
(Mt 28.19,20). Esta ordem é chamada comumente de A Grande Comissão. É o apelo
de Jesus para os discípulos anunciarem o Evangelho até as últimas consequências.
Foi nesse “espírito” que o apóstolo Paulo encarou a tarefa da evangelização (1
Co 9.16).
2. O mundo está
dividido em dois grupos. “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer
será condenado” (Mc 16.16). Aqui, o Evangelho de Marcos destaca que há dois
grupos de pessoas diante
da mensagem de Jesus: Os que creem e os que não creem. Acerca da salvação, os
Evangelhos não se preocupam com nacionalidade, raça, sexo ou condição
socioeconômica do homem (Gl 3.28) Não há judeu, não há gentio (Rm 13.9,10, 23).
Toda a humanidade é carente da graça de Deus e precisa decidir o seu futuro
eterno crendo ou não no Evangelho.
3. A Grande Comissão
hoje.
A tarefa da evangelização do mundo está inacabada. Apenas 33% da população
mundial é composta por cristãos das várias confissões de fé. Há regiões em que
número de cristãos está diminuindo, como na Europa. Recentemente, na Alemanha,
cerca de 340 igrejas fecharam as portas; em Portugal, quase 300.
A
Holanda e a Inglaterra são países considerados “pós-cristãos”. Ainda na Europa,
cerca de 1500 templos cristãos foram transformados em mesquitas, restaurantes,
bibliotecas e casas de shows. Se a Igreja não experimentar um real e poderoso
avivamento espiritual, em poucas décadas a Europa se tornará mulçumana ou o
cristianismo não mais a influenciará. Precisamos reevangelizar o continente
europeu.
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
A
Grande Comissão ordenada por Jesus de Nazaré ainda é uma tarefa inacabada.
Ill - O
DOM MINISTERIAL DE EVANGELISTA
1. O conceito de
evangelista.
O termo “evangelista” deriva do verbo grego evangelizo, isto é, transmitir boas
novas (do evangelho). Como dom, refere-se àquele que é chamado para pregar o
Evangelho. Foi concedido pelo Pai através de uma capacitação ministerial objetivando
propagar o Evangelho de Cristo para toda a humanidade. O evangelista tem paixão
pela salvação dos perdidos. Esmera-se por buscar da parte de Deus mensagens
inspiradas para tocar os corações e quebrantar a alma dos pecadores.
2. O papel do
evangelista.
O evangelista é, por excelência, o pregador das boas-novas de salvação. Através
da sua mensagem, vidas são alcançadas e conduzidas a Deus. Muitas vezes, o
evangelista torna-se um plantador de igrejas, como tem ocorrido em diversos
lugares do Brasil e pelo mundo afora. Um evangelista cheio da graça de Deus
poderá tocar corações com a mensagem do Evangelho de modo tão convincente que
leva o povo a crer e acatar as boas-novas da salvação e ao Salvador Jesus.
3. A finalidade do
ministério do evangelista. Da mesma forma que o ministério do apóstolo e do profeta,
o do evangelista tem por finalidade preparar os santos do Senhor para uma vida
de serviço cristão, bem como à edificação do Corpo de Cristo (Ef 2.20-22). Por
isso, espera-se desse obreiro que o fundamento do seu ministério seja Jesus
Cristo, o nosso Senhor. Não pode haver outro fundamento, senão Cristo!
O
evangelista deve também, em tudo, ser sensível à voz do Espírito Santo.
A
exemplo de Filipe, o obreiro deve ser obediente ao Senhor, seja para pregar a
multidões, seja para faiar a uma única pessoa (At 8.6,26-40). Outro aspecto
importante desse ministério é a habilidade que o evangelista deve ter na
transmissão das boas-novas. O arauto de Deus precisa ser capaz de responder à
seguinte pergunta dirigida ao pecador: “Entendes o que lês?” (At 8.30).
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
O
papel do evangelista é exercer o ministério dado pelo Altíssimo como arauto de
Deus.
CONCLUSÃO
O
dom ministerial de evangelista é concedido por Deus a algumas pessoas conforme
o propósito do Espírito Santo para o fortalecimento e a edificação lidas
igrejas locais. Isto, porém, não significa desobrigar os crentes individualmente
do labor da evangelização. Todo seguidor de Cristo, isto é, todo aquele que se
acha discípulo de Jesus, tem em sua caminhada cristã o firme compromisso de
propagar a mensagem do Evangelho. E deste compromisso não pode se apartar um único
milímetro. Que Deus levante mais evangelistas para a S sua grande seara!
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Teológico
“A
palavra [evangelista] é encontrada três vezes no Novo Testamento. Os
evangelistas estão relacionados junto com os apóstolos, profetas, pastores e
doutores, como aqueles que são chamados para compartilhar a construção da
igreja (Ef 4.11ss). Filipe foi chamado de evangelista' (At 21.8). Embora fosse
um dos sete escolhidos para aliviar os apóstolos da tarefa de distribuir
alimentos (At 6.5), ele foi especialmente notado por sua atividade
evangelizadora. De Jerusalém, ele foi até Samaria e pregou com grande sucesso
(At 8.4ss). Dali, foi enviado para evangelizar um oficial da corte etíope, que
estava viajando para casa depois de visitar Jerusalém (At 8.26ss). Então pregou
o Evangelho desde Azoto até Cesárea, onde tinha sua casa (At 8.40; 21.8)”
(PFEIFFER, Charles F.; REA, ohn; VOS, Howard F. (Eds,). Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed. Rio de janeiro: CPAD, 2009,
pp.725,26).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Teologia Pastoral
“O
Evangelho do Reino
A
mensagem de Jesus inclui um chamado ao arrependimento, semelhante ao de João Batista
(Mc 1.4). Donald English adverte quanto ao perigo de entender o arrependimento
de uma forma estreita demais, como os pregadores evangélicos o fazem
geralmente* Ele declara: ‘Fundamentalmente isso significa uma mudança de
direção, dar meia volta, mudar a mente’. Quando respondemos ao evangelho,
mudamos a direção da nossa vida em que deixamos de confiar no ‘eu’ e outros
ídolos para confiar em Deus.
Contudo,
tanto João Batista quanto Jesus foram bem específicos em relação às coisas das
quais as pessoas precisam se arrepender. João disse a distintas categorias de
pessoas as diferentes maneiras como podiam expressar seu arrependimento. Ele
disse para as multidões: ‘Quem tiver duas túnicas, que reparta com o que não
tem, e quem tiver alimentos, que faça da mesma maneira’. João Batista pediu aos
publicanos para não coletar mais do que estavam autorizados a pegar. Disse aos
soldados: 'A ninguém trateis mal, nem defraudeis e contentai-vos com o vosso
soldo’ (Lc 3.7-14). Jesus disse ao jovem rico para vender tudo o que tinha e
dar o dinheiro aos pobres, para depois disso vir e segui-lo (Le 1 8.22-25). As
coisas específicas ajudam as pessoas a entender o que o arrependimento envolve.
Tanto
João Batista quanto Jesus também foram diretos em advertir seus ouvintes das
consequências de não se arrepender. Sabemos que a maioria das declarações da
Bíblia sobre o inferno saiu dos lábios de Cristo. [Como] Paulo disse [...] (1
Co 6.9,10).
Hoje,
muitos de nossos ouvintes reagiriam de modo muito negativo se falássemos da
maneira que Jesus e Paulo falavam. Desenvolvemos uma atitude em relação à nossa
vida privada que quando os pregadores mencionam especificamente pecados que
exigem arrependimento, eles são acusados de ser intrometidos e de estar, de
algum modo, fazendo algo inapropriado” (FERNANDO, Ajith. Ministério dirigido por Jesus. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013,
p.128).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ARAÚJO,
Carlos Alberto R. A Igreja dos
Apóstolos. l. ed. Rio de janeiro: CPAD, 2012.
FERNANDO,
Ajith. Ministério dirigido por Jesus.
l. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
NORTON,
Stanley M. A Doutrina do Espirito Santo:
no Antigo e Novo Testamento. 12. ed. Rio de janeiro: CPAD, 2012.
EXERCÍCIOS
1.
Segundo a lição, qual a consequência para quem proclama o Evangelho num mundo
contrário ao Reino de Deus?
R:
Os arautos de
Cristo serão perseguidos.
2.
De acordo com a lição, qual o verdadeiro significado de desfrutar da alegria no
Espírito?
R:
O verdadeiro
significado de alegria no Espírito não é ver milagres, mas saber que através da
exposição do Evangelho temos os nossos nomes escritos nos céus (v.20).
3.
O que é a Grande Comissão?
R:
É o apelo de
Jesus para os discípulos anunciarem o Evangelho até as últimas consequências.
4.
Qual é o papel dos evangelistas?
R:
O evangelista
exerce o papel de pregador das boas novas de salvação. Através do seu anúncio,
vidas são alcançadas e reconduzidas a Deus.
5.
Qual a finalidade do ministério de evangelista?
R:
Preparar os
santos do Senhor para uma vida de serviço, bem como à edificação do Corpo de
Cristo (Ef 2.20-22).
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n° 58, p.39.
Houve
um tempo no Brasil, como na América, que a Igreja Evangélica, principalmente a
pentecostal, priorizava o ato de evangelizar. A igreja evangelizava com a graça
de Deus e amor visível. Os agentes da evangelização sentiam dor na própria alma
em ver pessoas gastando sua juventude naquilo que não traz plena felicidade.
Era possível vê-los chorando em favor de uma vida. Angustiando-se pelas pessoas
perdidas em pecados. Neste contexto, era possível observar ministros
destacando-se por levar essa real experiência até as últimas consequências.
Quem
nunca ouviu falar do grande evangelista do século recente, David Wilkerson?
Além de verdadeiro profeta, ele ficou conhecido pela evangelização realizada na
cidade de Nova Iorque, na Time Square, numa época onde as gangues de rua
dominavam a cidade nova iorquina. O livro "Entre a Cruz e o Punhal",
logo depois transformado em filme, conta a história desse grande evangelista que,
pela graça do Pai, ganhou aquelas gangues para Cristo e plantou a maior igreja
evangélica da localidade. Eis um exemplo real de um evangelista separado por
Deus.
O
Dom Ministerial do Evangelista foi repartido pelo Pai para que o arauto de
Deus, através da mensagem centralizada na cruz de Cristo, ganhasse pessoas para
o reino divino. Uma das maiores características de um evangelista é a sua
paixão por pregar às pessoas. Não importa o número, se dezenas, centenas ou
milhares. O que importa é pregar Jesus, o crucificado. Esta é a mensagem do bom
evangelista.
Sabemos
que hoje, pelo advento midiático, muitos evangelistas são tentados em mudar a
mensagem da Cruz para uma pregação centralizada no homem. Temos de deixar bem
claro a missão de um evangelista: pregar o Evangelho. Anunciar o ministério da
reconciliação de Deus com o mundo, porque foi para isso que o Senhor enviou o
Filho: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes
imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação" (2Co
5.19). Esta é a boa nova que o autêntico evangelista tem de proclamar.
Embora
o Senhor nosso Deus separe uns para Evangelista e os dê a sua Igreja, o
privilégio de anunciar o Evangelho para o ser humano é de todo aquele que se
chama por discípulo de Jesus de Nazaré. Portanto, a distribuição desse dom
ministerial deve despertar em nós a consciência do quanto Deus leva a sério
esta tão nobre tarefa.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Neste capítulo,
analisaremos a missão do evangelista, um dom ministerial ao lado de outros da
maior importância, como o de pastor, apóstolo, profeta ou doutor. A Bíblia fala
muito pouco sobre esse dom. Se compulsamos uma concordância bíblica, só
encontramos três referências a esse termo (At 21.8; Ef 4.11; 2 Tm 4.5). Nem por
isso, o papel do evangelista pode ser considerado de somenos importância, no
contexto dos ofícios ministeriais, que devem contribuir para o crescimento e
para a edificação da Igreja do Senhor Jesus Cristo.
A tradição do governo
da igreja tem levado a entender que o evangelista é um cargo ou uma função
hierárquica, inferior à de pastor, ou de apóstolo ou doutor, e superior à de
presbítero. Porém, à luz da boa hermenêutica ou interpretação dos textos
bíblicos, podemos constatar que não é bem assim. Há homens, dentre os que se
colocam à disposição da obra do Senhor, que têm uma vocação prioritária para a
pregação do evangelho, para a proclamação das Boas-Novas de salvação, ou do
kerigma, numa linguagem mais bíblica ou teológica. Por isso, o evangelista
consta da lista dos “dons-ministeriais”, que são “dons de Deus”, concedidos por
Cristo aos homens, após sua retumbante vitória sobre a morte (cf. Ef 4.8-11).
E há homens, que têm
a vocação para cuidar do rebanho, que são os pastores, enquanto há os que são
mais usados por Deus na área do ensino da Palavra. Ninguém é superior a
ninguém, no Reino de Deus (Rm 12.5).
Nas últimas décadas,
os evangelistas têm sido muito solicitados para participarem de eventos, nas
igrejas evangélicas. Alguns são excelentes pregadores, que transmitem mensagens
na unção de Deus, demonstrando verdades bíblicas com profundidade, atraindo os
pecadores para Cristo. Outros, lamentavelmente, são verdadeiros “profissionais”
da oratória. Que pregam em troca de cachês polpudos. Preferimos considerar que
este tipo é exceção. Graças a Deus, há homens cristãos, que têm a vocação para
serem evangelistas, e prestam excelente serviço à Igreja do Senhor Jesus.
Normalmente, os evangelistas têm ministério itinerante. Vão buscar as almas,
para que elas sejam acolhidas nas igrejas locais, aos cuidados dos verdadeiros
pastores, auxiliados pelos discipuladores. A evangelização intensa só pode ter
êxito se houver um discipulado intensivo junto aos que se convertem por meio
das pregações dos evangelistas. Evangelizar sem discipular é semear sem cuidar
das almas que se convertem.
Os evangelistas são
aqueles que dizem aos pecadores: “Venham para Cristo”, e os pastores, que
cuidam do rebanho, são os que dizem: “Sejam transformados pelo poder Deus, e se
integrem ao Corpo de Cristo, que é a Igreja”. Os ministérios se complementam.
Sem pastores, não faz sentido haver evangelistas. Sem evangelistas, os pastores
não veem o rebanho crescer. Nessa complementaridade de ministérios, podemos ver
a palavra do profeta Isaías: “Um ao outro ajudou e ao seu companheiro disse:
Esforça-te!” (Is 41.6).
Assim, vamos estudar
o papel e a missão do evangelista, com base nos textos bíblicos que nos
permitem avaliar esse importante dom ministerial, tão necessário à igreja como
os demais que constam das listas de ministérios necessários ao bom
funcionamento do Corpo de Cristo, que é a Igreja, da qual Ele é a Cabeça.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 94-95.
I - JESUS
ENVIA OS SETENTA (LC 10.1-20)
1. São poucos os que
anunciam.
Após a eleição dos
Doze, que constituíam o “Colégio Apostólico”, tempos depois, Jesus resolveu
escolher outros discípulos, em número de setenta, para enviá-los como
evangelistas a “a todas as cidades onde ele havia de ir” e os organizou em
equipes de evangelizadores, “de dois em dois” (Lc 10.1, 2). O texto de Lucas,
referente ao envio dos “outros setenta” é o mais substancial em informações
quanto ao seu desempenho apostólico. Algumas das mais importantes afirmações de
Jesus sobre seus enviados constam desse texto, ainda que não são considerados
participantes do “colégio apostólico”. Para distingui-los dos 12, nesta
análise, são chamados de evangelistas.
OS OBREIROS SÃO
POUCOS
Ao enviar os setenta,
Jesus asseverou que “Grande é, em verdade a seara, mas os obreiros são poucos”
(Lc 10.2a). Diante dessa realidade, Jesus exorta a que devemos rogar ao Senhor
da seara, para “que envie obreiros para a sua seara” (Lc 10.2b).
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 95-96.
SETENTA, MISSÃO DOS
Ver Lucas 10: 1-24. O
evangelho de Lucas, no capítulo 10, apresenta uma grande complexidade de fontes
informativas, e não é fácil traçar as declarações aqui encontradas em relação à
suas respectivas origens. A maior parte desse material procede da fonte
informativa Q, até o vs. 30, embora a aplicação dada por Mateus, sobre esta seção,
diga respeito aos doze, ao passo que Lucas aplica as mesmas declarações à
missão dos setenta. Não há motivos para alguém duvidar que ambas as missões
foram uma realidade, embora somente Lucas mencione a missão dos setenta. A
questão por que Mateus omitiu a narrativa dessa missão não é fácil de
responder, mas resposta menos satisfatória parece ser que realmente não houve
tal missão, como alguns intérpretes declaram. O melhor que podemos dizer parece
ser que essa missão dos setenta pertenceu ao último período do ministério de
Jesus, onde os registros são comparativamente escassos, tendo envolvido partes da
Peréia e da Judéia embora certamente tivesse sido outra parte do circuito pela
Galiléia. Isso constituiu o terceiro circuito galileu. O primeiro foi feito por
Jesus em companhia de quatro pescadores; o segundo se compôs dos doze
apóstolos, seguidos mais tarde por Jesus, quando eles partiram de dois em dois.
Aqui, igualmente, Jesus também enviou os setenta discípulos de dois em dois,
tendo seguido mais tarde.
Pode-se salientar,
igualmente, que posto os doze não terem feito parte desse circuito, veio o
mesmo a ocupar uma posição menos importante na tradição evangélica. E bem
provável que Lucas soube do fato, incluindo os detalhes oferecidos nesta seção,
mediante as suas investigações pessoais.
O Simbolismo do Número
Setenta
Os judeus acharam
significados importantes nos números.
O número das nações
do mundo (Gên, 10) foi setenta; Moisés designou setenta presbíteros para o
ajudar a governar Israel no deserto (Núm. 11:16,17,24,25); o número do sinédrio,
o corpo governante mais alto de Israel (em tempos posteriores), foi fixado em
setenta; a Septuaginta (LXX), a tradução da Bíblia hebraica, para o grego,
recebeu seu nome da tradição de que setenta tradutores fizeram aquela tarefa.
É possível que Jesus
tenha escolhido setenta discípulos especiais, seguindo o exemplo de Moisés. Por
conseguinte, parece que o material que é reunido em um único bloco, no
evangelho de Lucas, é disperso em seis diferentes capítulos no evangelho de
Mateus. Tudo isso mostra o desígnio de cada autor no arranjo de seu material,
porquanto cada um deles tinha um propósito diverso ao apresentar as informações
onde e como desejavam fazê-lo.
Problemas de harmonia
não têm nenhum efeito sobre a veracidade da fé cristã, nem anulam a
historicidade dos evangelhos. Somente perturbam os harmonistas restritos que
esperam mais dos evangelhos do que os próprios evangelistas intencionaram
fornecer.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 190-191.
Designou o Senhor
ainda outros setenta (1). Lucas não quer dizer que Cristo tinha enviado setenta
anteriormente, mas que os setenta eram adicionais aos doze que haviam sido
enviados. Lucas é o único autor de Evangelho que registra este episódio, mas
ele é, também, o único a tratar (em detalhes) o ministério na Peréia, do qual é
parte.
O número setenta
parecia ter um significado especial entre os judeus. Havia setenta anciãos
designados por Moisés, setenta membros do Sinédrio (setenta e um, incluindo o presidente
ou nasi) e, de acordo com a lenda judaica, os setenta povos ou nações da Terra,
além dos judeus. O simples fato de que Jesus tinha estes muitos discípulos
dignos de confiança é significativo. Muitas vezes nos esquecemos de que Ele
tinha muitos seguidores leais.
Mandou-os... de dois
em dois. Para ajuda mútua e encorajamento. A todas as cidades e lugares aonde
ele havia de ir. Estes deveriam preparar a visita dele a essas cidades. Neste
momento, os doze apóstolos estavam com Ele; os setenta foram adiante da sua
face. E possível que cada uma dessas duplas de discípulos fosse a apenas uma
cidade e ficasse por lá, pregando, ensinando e preparando, em outros aspectos,
a visita de Jesus. Isto totalizaria trinta e cinco cidades e aldeias visitadas
por Jesus em seu ministério na Peréia, e Ele dificilmente visitaria muitas mais
em um período de seis ou sete meses, a menos que suas visitas fossem muito
breves.
Do versículo 2 até o
16, Jesus dá instruções e admoestações aos setenta. Muitas destas são
instruções iguais ou semelhantes às instruções dadas em várias ocasiões aos
doze apóstolos. Alguns críticos tropeçam nesta similaridade entre as passagens.
Porém é mais razoável que Jesus tenha dado as mesmas admoestações por duas
vezes, se as exigências das situações fossem as mesmas. Qualquer líder da
igreja admoestando grupos de obreiros inevitavelmente repetiria vários pontos,
pois todos eles precisariam basicamente das mesmas instruções.
Grande é, em verdade,
a seara, mas os obreiros são poucos (2). A metáfora da seara parece ter sido
uma das favoritas de Jesus. A seara das almas humanas sempre foi grande e os
obreiros sempre foram, tragicamente, poucos. É a fatal falta de interesse do
homem pelos seus companheiros que mantém este número tão pequeno. Mas o Mestre
torna claro, através de seu Evangelho, que este interesse é um teste do
discipulado. Seus discípulos estão trabalhando na seara. Aqueles que não estão
trabalhando não merecem ser chamados de discípulos.
Rogai, pois, ao
Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara. Levar a seara ao celeiro é
nossa responsabilidade. E conseguir os obreiros necessários é, em parte, nossa
responsabilidade. Devemos enxergar as necessidades e rogar que o Senhor envie
obreiros adicionais, mas nenhum homem tem o direito de orar pedindo ajuda na
seara, até que esteja fazendo o melhor de si. Deus não enviará obreiros para
ajudar um preguiçoso - ele não precisa de ajuda para fazer o que está fazendo.
Charles
L. Childers. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 6. pag. 409-410.
Temos aqui o envio
dos setenta discípulos, dois a dois, em diversas partes da região, para
anunciarem o Evangelho, e para operarem milagres naqueles lugares que o próprio
Cristo designou que visitassem, para prepararem a sua estada. Isto não é
observado pelos outros evangelistas; mas as instruções aqui dadas a eles são,
em boa parte, as mesmas daquelas que foram dadas aos doze. Observe:
I O número deles:
eles eram setenta. Assim como na escolha dos doze apóstolos Cristo tinha em
mente os doze patriarcas, as doze tribos, e os doze príncipes das doze tribos,
aqui Ele tinha em mente os setenta anciãos de Israel. Muitos subiram com Moisés
e Arão ao monte, e viram a glória do Deus de Israel (Êx 24.1,9), e muitos foram
depois disso escolhidos para ajudar a Moisés no governo, a fim de que o
Espírito de profecia viesse sobre eles, Números 11.24,25. As doze fontes de
água e as setenta palmeiras que estavam em Elim eram uma figura dos doze apóstolos e
dos setenta discípulos. Êxodo 15.27. Eles eram setenta anciãos dos judeus que
foram empregados por Ptolomeu, rei do Egito, para traduzir o Antigo Testamento
para o grego; desde então esta tradução é chamada de Septuaginta. O grande
Sinédrio consistia deste número. Agora:
1. Estamos felizes
por descobrir que Cristo teve tantos seguidores qualificados para serem
enviados; o trabalho dele jamais foi em vão, embora o Senhor tenha encontrado muita
oposição. Note que o interesse de Cristo é um interesse crescente, e os seus
seguidores, como Israel no Egito, embora afligidos se multiplicarão.
Estes setenta, embora
não o servissem de forma tão próxima e tão constantemente quanto os doze, eram,
no entanto, os ouvintes constantes de sua doutrina, as testemunhas dos seus
milagres, e criam nele. Aqueles três mencionados no final do capítulo anterior
poderiam ter feito parte destes setenta, se tivessem se dedicado com mais
fervor ao que deveriam fazer. Estes setenta são aqueles de quem Pedro fala como
“os varões que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e
saiu dentre nós,” e faziam parte dos cento e vinte ali mencionados, Atos
1.15,21. Podemos supor que muitos destes que foram os companheiros dos
apóstolos, de quem lemos em Atos e nas Epístolas, faziam parte destes setenta
discípulos.
2. Estamos felizes
por descobrir que havia trabalho para tantos ministros, e ouvintes para tantos
pregadores; assim o grão da semente de mostarda começou a crescer, e o sabor do
fermento a se espalhar pela refeição, para a fermentação do todo.
II O trabalho e a
atividade deles: Ele os mandou de dois em dois, para que pudessem fortalecer e
encorajar um ao outro. Se um cair, o outro o ajudará a levantar- se. Ele os
mandou, não a todas as cidades de Israel, como fez com os doze, mas, apenas, a
todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir (v. 1), como seus precursores;
e devemos supor, embora não esteja registrado, que Cristo logo em seguida foi a
todos estes lugares em que agora os enviou, embora Ele pudesse ficar apenas por
pouco tempo em um lugar. Duas coisas eles foram ordenados a fazer, o mesmo que
Cristo fez onde quer que tenha ido: 1. Eles deviam curar os enfermos (v. 9),
curá-los em nome de Jesus, o que faria com que as pessoas desejassem ver este
Jesus, e estivessem prontas a receber aquele cujo Nome era tão poderoso. 2.
Eles deviam anunciar a chegada do Reino de Deus, a sua chegada até eles:
“Dizei-lhes: É chegado a vós o Reino de Deus, e agora sereis admitidos nele, se
apenas olhardes ao vosso redor. Agora é o dia da vossa visitação, sabei e entendei”.
E bom estarmos conscientes das nossas vantagens e oportunidades, para que
possamos aproveitá-las. Quando o Reino de Deus chega até nós, devemos prosseguir,
indo de encontro a ele.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 596-597.
10.1 Muito mais que
doze pessoas vinham seguindo a Jesus. De acordo com 1 Coríntios 15.6, Jesus
tinha pelo menos quinhentos seguidores na época em que concluiu seu ministério.
Um grupo de 120 destes seguidores foi a Jerusalém para dar início à igreja ali (At
1.15). Aqui Jesus designa um grupo de setenta para preparar algumas cidades
para sua visita posterior.
O número 72 é
encontrado nos primeiros manuscritos gregos. Este número é significativo porque
era, de acordo com Gn 10, o número de nações do mundo, de acordo com a
Septuaginta.
Outros manuscritos
gregos apresentam o número 70. Esta alternativa pode ter sido influenciada pelo
Antigo Testamento hebreu, que mantinha setenta nomes em Gn 10. Ao escolher e
enviar setenta [ou setenta e dois] discípulos, Jesus estava mostrando
simbolicamente que todas as nações do mundo um dia ouviriam a mensagem. Isto incluiria
os gentios um ponto importante para o público de Lucas.
10.2 Jesus estava
enviando trinta e seis [ou trinta e cinco] grupos de duas pessoas para alcançar
as muitas cidades e aldeias que Ele não tinha podido visitar. Jesus comparou este
trabalho com uma seara - o alcance de novos crentes para o seu reino (veja
também Jo 4.35). Para se ter uma seara, no entanto, é necessário ter obreiros no
campo. Assim, muitas pessoas precisam ouvir a mensagem, mas há poucos obreiros
dispostos a reuni-los.
Embora Jesus tivesse
enviado os Doze, e agora mais setenta e dois [ou setenta], Ele lhes disse: rogai,
pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara. No serviço
cristão, não há desemprego. Deus tem trabalho suficiente para todos. Nenhum
crente deve ficar sentado e olhar os outros trabalhando, porque a seara é
grande.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 392.
2. Enviados para o
meio de lobos.
CORDEIROS NO MEIO DE
LOBOS
No tempo de Jesus, os
evangelizadores, ou evangelistas, enfrentariam situações comparáveis a
cordeiros no meio de lobos (Lc 10.3). Certamente, os setenta puderam sentir de
perto o cumprimento da advertência do Senhor. Devem ter sido rejeitados,
aborrecidos e perseguidos, até com ameaça de morte. Nos dias atuais, os que são
enviados por Cristo, para levarem a mensagem do evangelho a certas regiões do
mundo, vivem em constante risco de morrer. Desde o século passado, e no
presente, de cada três pessoas que morrem por causa de sua fé, uma é cristã.
Mais cristãos foram mortos nas últimas décadas, do que em toda a história de
Igreja de Cristo. Daí, porque a maior parte dos missionários está radicada onde
já existem muitos obreiros. E Smartphone Desbloqueado Tim L4 II Dual E467 Tv
Digital Preto Android 4.1 Tela de 3.8” Câmera 3MP 3G Processador Cortex A9 de
1.0GHz poucos são os que se destinam a lugares inóspitos e ameaçadores. E
compreensível, até certo ponto, mas Jesus mandou pregar o evangelho a toda
criatura.
E a tendência da
perseguição aos servos de Jesus é de acentuar-se cada vez mais. Na maioria dos
países do Ocidente, o Diabo tem levantado a perseguição institucional, através
de governos, dos legislativos e do Judiciário, mediante a elaboração e aprovação
de leis que dificultam e ameaçam a liberdade para a pregação do evangelho. São
“as portas do inferno”, através das “leis injustas” (Is 10.1). Elas não
prevalecerão, como profetizou Jesus, mas perturbarão e causarão grandes
problemas à missão da Igreja. Mas será por um tempo. Quando Jesus intervier, na
sua Vinda, os “lobos” serão aniquilados.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 96-97.
Eis que vos mando
como cordeiros ao meio de lobos (3). Que paradoxo: Cordeiros saindo para salvar
ovelhas de lobos! Aqui está a simplicidade unida ao desamparo: nenhuma arma
carnal como defesa. Mas Deus tem uma maneira de criar a força a partir da
fraqueza, e de usar até a morte como uma arma da vitória e da vida. Aqui vemos
a supremacia de Cristo. Ele é o maior Vencedor do mundo, e ainda assim as suas
forças não foram utilizadas no que se refere à defesa carnal ou terrena. Os
cristãos têm sido assassinados aos milhares, mas o avanço triunfal continua. A
esta altura temos que parar e meditar e ganhar uma nova luz e inspiração para a
tarefa e a batalha dos dias atuais. Não estamos desprotegidos, pois Cristo está
conosco. Uma vez que a própria morte não nos vence, podemos começar a entender
que somos imbatíveis. Mas, se começarmos a nos equipar com armas carnais,
estaremos caminhando em direção à derrota.
Charles
L. Childers. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 6. pag. 410.
Lc 10.3 Estes setenta
e dois estavam sendo enviados a um mundo que não era um lugar agradável. A
seara envolveria um trabalho intenso e possíveis perigos. Jesus ordenou que eles
fossem, explicando que eles iriam como cordeiros ao meio de lobos. O uso da
palavra “cordeiros” se refere à sua vulnerabilidade (veja Is 11.6; 65.25).
Porém o importante são as três palavras: “eu vos mando”. Se Jesus não os
estivesse enviando, eles estariam tentando ir por seus próprios planos, por seu
próprio poder, de acordo com o seu próprio itinerário, sendo cordeiros entre
lobos, pedindo para serem mortos. Mas como Jesus os estava enviando, eles
poderiam enfrentar o perigo por parte da oposição. A sua própria vulnerabilidade
poderia fazer com que eles dependessem mais de Deus.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 392.
Junto com a ordem
“Ide!”, o Senhor sinaliza aos setenta (setenta e dois) que se defrontarão com
hostilidades muito severas por parte das pessoas, em cujas mãos estarão
indefesos. É impossível que eles ofereçam a menor resistência às pessoas
hostis. Quando anunciam a mensagem do reino de Deus, eles são iguais a ovelhas
no meio de lobos. Cabe notar que os discípulos não são enviados “aos lobos”,
mas “para o meio de lobos”. Isso ilustra o aspecto indizivelmente penoso do
envio dos mensageiros de Jesus. Essa palavra anuncia aos mensageiros a
perseguição de sua pessoa e a rejeição de sua mensagem. Isso é muito mais que
“não acolher” ou “não ouvir” a pregação.
O envio das ovelhas
para o meio de lobos era proverbial em Israel. Se a penetração dos lobos em um
rebanho de ovelhas já representa um grande perigo, quanto mais perigoso será
enviar e remeter, contrariando todo o bom senso, ovelhas isoladas para dentro
de uma alcatéia de lobos! As indefesas ovelhas devem viver, atuar e permanecer
entre lobos, e até mesmo superá-los. Isto é inimaginável e inconcebível!
Contudo, Deus assim o determinou! Que não esqueçamos isso especialmente quando
os lobos se tornarem cada vez mais numerosos e temíveis nos tempos finais! Foi
o Senhor que o disse!
Recordando Mt 7.15,
“lobos” são os falsos pastores e falsos profetas de Israel, cuja atitude
natural é receber o mensageiro do Senhor com ódio mortal. Jesus revela toda a
perspectiva de sofrimento abertamente e sem escrúpulos aos discípulos.
A segurança para um
envio tão perigoso, o equipamento para uma incumbência tão avessa à sensatez na
luta entre ovelhas e lobos não está em levar qualquer tipo de armamento, mas
nas palavras: “Eu vos envio”. E isso basta.
Assim como, pois, os
setenta discípulos não devem estar munidos de armas de defesa diante dos
perigos no meio de lobos, assim eles também não devem equipar-se com a bagagem
usual de viagem. A instrução de que nem sequer levem consigo algo além da roupa
necessária para a caminhada, tem o objetivo de que fiquem única e
exclusivamente atentos ao cumprimento de seu envio.
Interpreta-se de
diferentes maneiras o adendo de não saudar ninguém no trajeto ou a caminho.
Essa instrução de comportamento tem um protótipo no AT (2Rs 4.29). De acordo
com uma das interpretações, a palavra de não saudar representa uma ordem
referente à urgência. Outros comentaristas consideram essa instrução como proibição
de buscar o favor de alguém. Essa segunda explicação, de buscar obter um favor
saudando alguém, por mais cerimoniosa que seja, é bastante inconcebível. A
saudação oriental é muito demorada. Em um encontro desses, todos os votos
costumeiros de bênção, abraços, beijos, pedidos de informação e discursos podem
causar uma parada que consome tempo, e que é indesejável para quem tem pressa.
Esta proibição de forma alguma veta a simples e singela saudação: “Paz seja
contigo!”
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica
Esperança.
3. Os sinais e as
maravilhas confirmam a Palavra.
AUTORIDADE PARA
OPERAR SINAIS E MARAVILHAS
Os setenta
evangelistas foram autorizados a curar os enfermos que encontrassem nas cidades
por onde haveriam de passar (Lc 10.9). Receberam o mesmo poder que os Doze
receberam da parte do Senhor (Mt 10.8). Nos tempos apostólicos, a operação de
milagres fazia parte integrante da missão. Evangelização com milagres, sinais e
prodígios era a característica da atividade ministerial. Receberam “poder sobre
os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e
todo o mal” (Mt 10.1). Da mesma forma, os setenta evangelistas também estavam
investidos da mesma autoridade espiritual. Ao retornarem da missão, deram um
relatório positivo e vibrante do que lhes acontecera, quando saíram, em
cumprimento ao mandado de Jesus, de dois em dois (Lc 10.17).
O MAIOR PRIVILÉGIO
DOS EVANGELISTAS
Na palavra aos
setenta, Jesus os surpreendeu com uma declaração desconcertante, ante a alegria
e a comemoração pelos milagres que viram ser realizados por seu intermédio.
Curas, libertação de endemoninhados e outros milagres, não seriam o auge do
sucesso ministerial? Porém Jesus lhes fez saber que maior privilégio do que
operar milagres era ter o seus nomes “escritos nos céus” (Lc 10.20). Discurso
semelhante, Jesus proferiu, em determinada ocasião, quando advertia seus
seguidores acerca da operação de milagres, sem que a vida do obreiro ou do
pregador esteja em consonância com aquilo que prega.
No Sermão do Monte
(Mt 7.21-23), de forma alguma Jesus quis decepcionar ou minimizar o valor do
trabalho dos evangelizadores. Mas quis conscientizá-los de que ter o nome nos
céus é o maior privilégio que um servo de Deus pode ter.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 97.
Lc 10. 17-20. E
voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os
demônios se nos sujeitam (17). Eles estavam maravilhados com o poder miraculoso
que lhes fora permitido exercer. Estavam jubilosos com a lembrança de suas
realizações. Mas Jesus lhes mostrou (20) que sua alegria não era correta, pois
tinha o foco errado. Entretanto, Ele não os repreendeu por sua alegria ao verem
o reino de Satanás sofrer perdas.
Eu via Satanás, como
raio, cair do céu (18). Aqui Jesus estava tanto relembrando como profetizando.
Satanás havia sofrido algumas importantes derrotas - especialmente no que se
refere à tentação de Cristo. Mas Jesus aguardava ansiosamente a queda de
Satanás; a sua completa derrota nas mãos do próprio Cristo.
Eis que vos dou poder
para pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo (19). Esta
escritura tem, de fato, uma implicação literal,5 mas o contexto parece exigir
que o principal significado seja espiritual. Note como Jesus faz uma analogia
entre serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo. Tanto os versículos
anteriores como os posteriores se referem às forças satânicas. A gramática
desses versículos implica, também, que essas serpentes e escorpiões estão
incluídos nas forças do inimigo. O simbolismo é comum para as forças satânicas
ou demônios e até para o próprio Satanás. O significado principal é que os
cristãos têm poder para pisar triunfantemente sobre os exércitos de Satanás,
através do auxílio e da graça de Jesus Cristo.
Mas... (20) mostra
que o que se segue não era uma repreensão. ...não vos alegreis porque se vos
sujeitem os espíritos; alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome escrito nos
céus. Esta é a ênfase correta, o terreno próprio para alegrar-se. O poder e sua
manifestação são muito deslumbrantes, mas a vida eterna é mais importante. Ter
a cidadania do céu é mais importante do que atemorizar o inferno.
Charles
L. Childers. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 6. pag. 411.
Lc 10. 17-20. Cristo
enviou os setenta discípulos, enquanto estava subindo a Jerusalém para a festa
dos tabernáculos. Ele subiu, não abertamente, mas como em oculto (Jo 7.10), tendo
enviado para outra terra uma parte tão grande de sua comitiva; e o Dr.
Lightfoot pensa que isto foi antes de seu retorno da festa, e enquanto Ele
ainda estava em Jerusalém, ou Betânia. Por isso teria sido difícil (por estar ali,
v. 38), pelo menos para alguns deles, voltar até Ele. Agora aqui somos
informados:
I Que relato eles lhe
deram do sucesso de sua expedição:
Voltaram os setenta
com alegria (v. 17); não reclamando da fadiga de suas jornadas, nem da oposição
e do desencorajamento com que eles se depararam, mas alegres com o seu sucesso,
especialmente por terem expulsado muitos espíritos imundos: Senhor, pelo teu nome,
até os demônios se nos sujeitam. Embora apenas a cura dos enfermos seja
mencionada em seu comissionamento (v. 19), não há dúvida de que a expulsão de
demônios estava incluída, e nisto eles tiveram um sucesso maravilhoso. 1. Eles
dão a Cristo a glória por todo este resultado positivo: É através do Teu Nome.
Note que todas as nossas vitórias sobre Satanás são obtidas pelo poder que vem
de Jesus Cristo. Devemos, em seu Nome, entrar na disputa com os nossos inimigos
espirituais, e, sejam quais forem as vantagens que ganharmos, Ele deve ter todo
o louvor; se a obra for feita em seu Nome, a honra será devida ao seu Nome. 2.
Eles se alegram com o conforto que há nisto; eles falam deste assunto com um ar
de exultação: Até os demônios, aqueles inimigos poderosos, se nos sujeitam.
Note que os santos não têm maior alegria ou satisfação em quaisquer de seus
triunfos do que quando triunfam sobre Satanás. Se os demônios se nos sujeitam,
quem pode nos resistir? Que aceitação eles acharam no Senhor, e como Ele
recebeu este relato.
1. Ele confirmou o
que eles disseram, por concordar com a sua própria observação (v. 18): “O meu
coração e os meus olhos acompanharam vocês; eu notei o sucesso que tiveram, e
vi Satanás, como um raio, cair do céu”.
Note que Satanás e o
seu reino caem diante da pregação do Evangelho. “Entendam como é”, disse
Cristo, “enquanto vocês ganham terreno, o diabo perde terreno.” Ele cai como um
raio do céu, tão repentinamente, tão irrecuperavelmente, tão visivelmente, que
todos podem percebê-lo, e dizer, “Veja como o reino de Satanás cambaleia, veja
como ele tropeça.” Eles triunfaram ao expulsarem demônios dos corpos das
pessoas; mas Cristo vê e se alegra pela queda do diabo devido ao interesse que
Ele tem pelas almas dos homens. E assim temos uma referência ao seu poder nos
lugares celestiais, Efésios 6.12. Ele prevê isto como sendo apenas um desejo do
que agora deveria ser feito em breve, e que já havia começado - a destruição do
reino de Satanás no mundo pela eliminação da idolatria e pela conversão das
nações à fé em Cristo. Satanás cai do céu quando cai do trono nos corações dos
homens, Atos 26.18. E Cristo previu que a pregação do Evangelho, que voaria
como o raio através do mundo, onde quer que fosse derrubaria o reino de
Satanás. Agora é expulso o príncipe deste mundo.
Alguns têm dado um
outro sentido a isso - tendo em vista a queda dos anjos - como se o propósito
aqui fosse advertir estes discípulos, para que o sucesso deles não os tornasse
soberbos: “Eu vi os anjos se tornarem demônios por causa do orgulho; este foi o
pecado pelo qual Satanás foi expulso do céu, onde ele havia sido um anjo de luz.
Eu vi, e vos dou um aviso para que não vos ensoberbeçais pelo orgulho, para não
cairdes na condenação do diabo, que caiu pelo orgulho”, 1 Timóteo 3.6.
2. Ele repetiu,
ratificou, e aumentou o comissionamento deles: Eis que vos dou poder para pisar
serpentes, v. 19. Note que para aquele que possui, e usa bem o que possui, mais
lhe será dado. Eles haviam empregado seu poder vigorosamente contra Satanás, e
agora Cristo lhes confia um poder maior. (1) Um poder ofensivo, poder para
pisar serpentes e escorpiões, demônios e espíritos malignos, a antiga serpente:
“Esmagareis a cabeça da serpente em meu Nome”, de acordo com a primeira promessa,
Gênesis 3.15. Vinde, calcai os vossos pés nos pescoços destes inimigos;
pisareis estes leões e serpentes onde quer que vos encontreis com eles; vós os
calcareis debaixo dos vossos pés, Salmos 91.13. Pisareis todos os poderes do
inimigo; e o Reino do Messias será estabelecido em todos os lugares sobre as
ruínas do reino de Satanás. Assim como os demônios se vos sujeitam agora, eles
ainda vos serão sujeitos. (2) Um poder defensivo:
“Nada vos fará dano
algum; nem serpentes, nem escorpiões, se fordes castigados com eles ou lançados
em prisões e calabouços entre eles; não sereis feridos pelas criaturas mais
venenosas,” como aconteceu com Paulo (At 28.5), como é prometido em Marcos
16.18. “Se os homens perversos forem como as serpentes para vós, e habitardes entre
estes escorpiões (como Ez 2.6), podereis desprezar a fúria deles, e pisar
neles; isto não precisará vos perturbar, pois eles não têm nenhum poder contra vós,
além do que eles receberam do alto; eles podem fazer barulho, mas não podem
ferir”. Podeis brincar sobre a toca da áspide, pois a própria morte não ferirá
nem destruirá, Isaías 11.8,19; 25.8.
3. Ele os instruiu a
canalizarem a sua alegria para o motivo certo (v. 20): “Não vos alegreis porque
se vos sujeitam os espíritos, por serem assim, e por continuarem assim. Não vos
alegreis nisso meramente como se fosse a vossa honra, e uma confirmação da
vossa missão, e como se isso vos colocasse em um grau acima das outras pessoas
boas. Não vos alegreis somente nisso, ou principalmente nisso, mas alegrai-vos,
antes, por estar o vosso nome escrito nos céus, porque sois escolhidos de Deus para
a vida eterna, e sois os filhos de Deus pela fé.” Cristo, que conhecia os
conselhos de Deus, podia lhes dizer que os seus nomes estavam escritos nos
céus, porque é no livro da vida do Cordeiro que eles estão escritos. Todos os
crentes são, pela graça, eleitos para a herança de filhos, e receberam a adoção
de filhos, e o Espírito de adoção, que é o desejo desta herança. E assim são
incluídos entre a sua família; agora isto é motivo de alegria, alegria muito
maior do que expulsar demônios. Note que o poder de serem feitos filhos de Deus
deve ser mais valorizado do que o poder de operar milagres; porque lemos daqueles
que no nome de Cristo expulsaram demônios, como fez Judas, mas que não serão
reconhecidos por Cristo no grande dia. Mas aqueles cujos nomes estão escritos
nos céus jamais perecerão; eles são as ovelhas de Cristo, a quem será dada a
vida eterna. As graças da salvação devem gerar mais alegria do que os dons espirituais;
o amor santo é um caminho mais excelente do que o falar em línguas.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 599-600.
Lc 10.8,9 Quando as
duplas de discípulos entrassem em uma cidade, e fossem recebidos em uma casa,
Jesus lhes disse para comer do que lhes pusessem diante. Poderia acontecer que
eles fossem recebidos em casas não judias, onde as refeições não cumpririam
todas as leis cerimoniais dos judeus. Jesus lhes disse que não se preocupassem
com o que estivessem comendo, mas que fizessem o que tinham vindo fazer - curar
os enfermos (o que era um sinal de que o reino era chegado) e proclamar às pessoas
que era chegado o reino de Deus (veja também 10.11; 21.31).
Esta “proximidade” do
reino significava tanto “já estar aqui” quanto “chegar em breve”. O reino que
Jesus iniciou na terra não eliminaria a opressão romana nem traria a paz
universal imediatamente. Na verdade, era um reino que começava nos corações das
pessoas e estava tão próximo quanto a vontade das pessoas de fazerem de Jesus o
Rei de suas vidas.
Lc 10.10,11 Jesus
também deu instruções caso seus discípulos entrassem em uma cidade e não fossem
recebidos. Ele deixou claro que eles iriam enfrentar rejeição em alguns lugares.
Mas a rejeição à sua mensagem não mudaria a mensagem. Mesmo que o povo a rejeitasse,
o reino de Deus ainda continuaria próximo, mas aqueles que o recusassem iriam perdê-lo.
Jesus repetiu a instrução de sacudir o pó daquela cidade dos seus pés como um anúncio
público da sua condenação (9.5).
Lc 10.17 Algum tempo
se passou entre 10.16 e 10.17. Os setenta e dois discípulos completaram a sua
missão em várias cidades e aldeias (10.1) e retornaram com alegria.
Eles tinham visto
resultados tremendos ao ministrar em nome de Jesus e com a sua autoridade. Eles
estavam exultantes pelas vitórias que tinham testemunhado - que até mesmo os
demónios tinham se sujeitado a eles em nome de Jesus. Provavelmente eles tinham
sido capazes de libertar endemoninhados, e isto os emocionou.
Lc 10.18,19 Isto
queria dizer que Jesus via, como numa visão, Satanás, como raio, cair do céu (isto
é, de uma posição de poder) durante o ministério dos discípulos. Satanás sofreu
uma derrota notável quando estas trinta e seis [ou trinta e cinco] duplas de
homens viajaram pelo país expulsando demônios.
Satanás poderia
tentar desencorajar e fazer mal aos discípulos de Jesus, mas quando eles
estavam em sua missão, nada poderia lhes acontecer. Jesus lhes tinha dado poder
contra toda a força do inimigo. Pisar serpentes, e escorpiões pode ser uma
alusão a SI 91.13, onde as serpentes estão entre as criaturas perigosas das
quais Deus protege o povo de Israel. Veja também Deuteronômio 8.15 onde os
escorpiões e as serpentes estão relacionados.
Lc 10.20 Tal poder e
autoridade podem ser uma experiência emocionante, mas os discípulos foram
advertidos a não se alegrarem somente porque os maus espíritos se sujeitavam a
eles. A razão
principal para a alegria era que seus nomes estavam escritos nos céus. O seu
ministério não deveria se tornar uma experiência de poder que levasse ao
orgulho, mas uma experiência de serviço cujas únicas motivações fossem o amor a
Deus, e o desejo de que mais pessoas se unissem a eles no reino.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 394-395.
Lc 10. 17-20. Esse
bloco que narra o retorno dos setenta pertence ao material exclusivo do
evangelho de Lucas. Os discípulos retornados relatam, cheios de alegria, que
até mesmo os demônios tiveram de lhes obedecer quando eram enfrentados na
autoridade de Jesus. Cabe considerar que ao ordenar aos discípulos que curassem
enfermos Jesus não deu a instrução expressa de expelir demônios. A alegria dos
setenta é muito compreensível porque no passado os nove apóstolos fracassaram
na tentativa de curar o menino endemoninhado (Lc 9.37ss). Jesus teve de
enfrentar o perigo de superestimarem a sua autoridade pessoal sobre os
demônios. Ele corrige isso com sincero amor por seus mensageiros, de forma que
não ressoa a menor reprimenda. Com palavras memoráveis, o Senhor lhes diz que
ele foi testemunha ocular quando Satanás foi precipitado do céu.
A promessa de andar
sobre serpentes e escorpiões e derrotar com autoridade todo o exército do
inimigo sem sofrer danos é uma recordação do Salmo 91 (cf. Sl 91.13). Ali se
menciona, além de serpentes e leões, também o dragão, nome também dado a
Satanás (Ap 12.3,9; 20.2).
As vitórias
conquistadas até então sobre Satanás e a promessa do Senhor de que farão
façanhas ainda maiores são inúteis se não tiverem como fundamento a salvação
pessoal. Incomparavelmente mais preciosa do que possuir todas as dádivas da
graça é a própria graça de Deus, transmitida a todos os verdadeiros discípulos
do Senhor pelo fato de que seus “nomes estão inscritos no livro da vida”.
Muitas vezes salienta-se na Escritura a importante ideia da inscrição nos céus
ou no livro da vida (cf. Êx 32.32; Sl 69.28; 87.6; 139.16; Is 4.3; Dn 12.1; Fp
4.3; Ap 3.5,12; 13.8; 20.12,15; 21.27; Hb 12.23). Ela é o motivo da maior das
alegrias e uma firme comprovação da certeza da salvação pessoal.
Toda a salvação e,
por isso, também o mais profundo alicerce de nossa alegria não reside em nosso
agir para ele, mas no agir de Deus por nós, justamente na forma exclusiva,
muito particular e única, em sua graça eletiva divina que já foi expandida
sobre nós antes da fundação do mundo.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.
II - A
GRANDE COMISSÃO (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20)
1. O alcance da
Grande Comissão.
Nas suas palavras
finais aos seus “onze” discípulos, após a ressurreição, Jesus lhes deu a mais
importante missão que poderia ser confiada a homens. A ordem de irem “por todo
o mundo” e pregarem “o evangelho a toda a criatura” (Mc 16.15). Aquele mandato
seria extensivo a todos os demais discípulos, que o seguiam, e a todos os que
haveriam de segui-lo ao longo dos tempos, e até à sua vinda em glória. Foi o
que se convencionou chamar de “A Grande Comissão”. Eles foram comissionados
para continuar a obra que o Mestre iniciou, em seu ministério terreno. Começou
com 12, mas só onze estavam ali para receber aquela tão honrosa, difícil e
gloriosa missão. Após a ascensão de Jesus, Matias foi escolhido para substituir
Judas (At 1.23-26).
1. O ALCANCE DA
GRANDE COMISSÃO
Tem alcance mundial. Os seguidores de Jesus deveriam ir
“por todo o mundo” para levar as Boas-Novas de salvação. Antes de qualquer
outra incumbência, eles teriam que realizar o papel de evangelistas,
evangelizadores ou missionários, para buscarem as almas perdidas para Cristo.
Outras funções ministeriais, de pastor, presbítero, diácono e as demais são
consequência dos resultados da evangelização. E a tarefa não se restringia aos
arredores de Jerusalém. A missão de propagar o evangelho de Cristo teria que
ser local, regional, nacional e transcultural, “por todo o mundo”.
Destina-se a todos os povos. Enquanto os judeus
entendiam que a salvação seria exclusiva para eles, que esperavam o Messias,
Jesus ultrapassou aquela visão limitada, e deu ordem a seus seguidores para que
levasse a mensagem do evangelho “a toda criatura”. A Igreja de Jesus é
“inclusiva” para os que o aceitam e abandonam o pecado. E é “exclusiva” para quem
quer ficar ao lado de Cristo (Mt 12.30).
Os sinais aos que
crerem. Ante a preocupação dos discípulos com a grave incumbência de serem os
responsáveis pelo início da evangelização do mundo, Jesus lhes tranquilizou,
mostrando-lhes que a eles e aos que haviam de crer no evangelho, seriam
concedidos recursos espirituais jamais entregues a outras pessoas, para que
pudessem alcançar a missão que lhes era confiada naquele momento especial. Ante
os olhares ansiosos e tensos, Jesus lhes asseverou: “E estes sinais seguirão
aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas;
pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano
algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão” (Mc 16.17, 18). Eles
já tinham visto muitos sinais, operados por Cristo. Eles próprios tiveram
experiências com sinais, operados por Cristo. Mas, na sua despedida, Jesus lhes
assegurou que aqueles sinais não seriam apenas para eles e sim para os “que
crerem”.
Nos primórdios da
Igreja, no período apostólico, todos esses sinais foram realizados, exceto o de
“beberem alguma coisa mortífera” (ou veneno) sem sofrer qualquer dano. Os
críticos dos evangelhos dizem que essa parte do evangelho de Marcos não consta
dos originais. Foi inserida pelos escribas para que a despedida de Jesus não
deixasse um “clima” de desconforto ou de frustração. E introduziram uma seção
triunfalista, incluindo a possibilidade de um crente tomar veneno e não morrer.
E evidente que nenhum cristão deve experimentar tomar veneno para provar que
Deus o guarda de morrer. Mas, se um crente em Jesus ingerir uma “coisa
mortífera”, acidentalmente, ou por imposição do Diabo, se Deus quiser, e
estiver em seus propósitos, pode perfeitamente evitar qualquer dano a seu
servo, “Porque para Deus nada é impossível” (Lc 1.37).
O revestimento de
Poder. A Grande Comissão exigiria um revestimento de poder sobrenatural para
sua eficácia. Antes de subir aos céus, Jesus disse aos seus discípulos: “ficai,
porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder. (Lc
24.49 — grifo nosso).
O revestimento de
poder a que Jesus se referia era a descida do batismo com o Espírito Santo. Não
era a salvação, como creem alguns evangélicos de algumas denominações. Os
discípulos já eram salvos. Já tinham recebido o Espírito Santo, no sopro de
Jesus sobre eles (Jo 20.22). Mas, para evangelizar, cumprindo a Grande
Comissão, teria necessidade de um revestimento de poder sobrenatural, que lhes
daria graças, poder e unção para saírem pelo mundo afora, enfrentando os mais
difíceis obstáculos, e as mais cruéis perseguições humana, de reis, imperadores
e até de muitos que se dizem cristãos.
Os discípulos estavam
preparados para a Missão, pois aprenderam aos pés de Jesus, ao longo de uma
convivência de cerca de três anos. Porém os desafios seriam inimagináveis para
eles. De fato sofreram, foram perseguidos, amarrados e mortos. Lucas registra,
em Atos dos Apóstolos, algumas palavras de Jesus, antes da ascensão, Jesus
prometeu o poder aos seus seguidores, a fim de que, diante das lutas e
provações, não desistissem de cumprir a sagrada comissão (At 1.8).
A virtude do Espírito
Santo era o que estava faltando aos apóstolos ou evangelistas. Eles já eram
salvos, mas teriam que aguardar “a virtude do Espírito Santo”, para serem
testemunhas corajosas, enviadas ao meio de “lobos devoradores” (Mt 7.15). E o
revestimento veio sobre os discípulos, no Dia de Pentecostes, quando receberam
o batismo com o Espírito Santo (At 2.1-13).
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais
Servindo a Deus e aos homens com poder
extraordinário. Editora CPAD. pag. 98-100.
Mt 28.18-20 Quando
alguém está morrendo ou nos deixando, nós prestamos atenção às suas últimas
palavras. Jesus deixou os discípulos com algumas últimas palavras de instrução.
Deus deu a Jesus todo o poder sobre o céu e a terra. Com base neste poder,
Jesus disse aos seus discípulos ide e fazei discípulos (versão RA), pregando, batizando
e ensinando. “Fazer discípulos” significa educar novos crentes sobre como seguir
a Jesus, submeter-se à soberania de Jesus e assumir a sua missão de serviço misericordioso.
Batizar é importante porque une o crente a Jesus Cristo em sua morte para o
pecado, e em sua ressurreição para uma nova vida. O batismo simboliza a submissão
a Cristo, a disposição para viver segundo a vontade de Deus, e a identificação com
o povo da aliança de Deus. Batizar em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo
é um gesto que afirma a realidade da Trindade, o conceito que veio diretamente do
próprio Senhor Jesus. Ele não disse para batizar “nos nomes”, mas “em nome” do Pai,
e do Filho, e do Espírito Santo.
Embora em missões
anteriores Jesus tivesse enviado os discípulos somente aos judeus (10.5,6), a
sua missão a partir de então seria a todas as nações. Isto é chamado de Grande
Comissão. Os discípulos tinham sido bem treinados, e tinham visto o Senhor
ressuscitado. Eles estavam preparados para ensinar as pessoas de todo o mundo a
guardar todas as coisas que Jesus tinha mandado. Isto também mostrava aos discípulos
que haveria um período entre a ressurreição de Jesus e a sua segunda vinda.
Durante este período, os seguidores de Jesus tinham uma missão a cumprir -
evangelizar, batizar e ensinar as pessoas a respeito de Jesus para que elas, por
sua vez, pudessem fazer a mesma coisa.
As boas novas do
Evangelho deveriam ser transmitidas a todas as nações. Com este mesmo poder e
autoridade, Jesus ainda nos ordena que contemos a outros sobre as boas-novas, e
os façamos discípulos do reino. Nós devemos ir – seja à porta ao lado ou a
outro país - e fazer discípulos. Esta não é uma opção, mas um mandamento a
todos os que chamam Jesus de “Senhor”. Quando obedecermos, sentiremos conforto
sabendo que Jesus está conosco todos os dias. Isto irá acontecer por meio da presença
do Espírito Santo na vida dos crentes. O Espírito Santo será a presença de
Jesus que nunca os deixará (Jo 14.26; At 1.4,5). Jesus continua a estar conosco
hoje, por meio do seu Espírito. Da mesma maneira como este Evangelho se
iniciou, ele termina - Emanuel, “Deus conosco” (1.23).
As profecias do
Antigo Testamento e as genealogias do livro de Mateus apresentam as credenciais
de Jesus que o qualificam para ser o Rei do mundo - não um líder militar ou político,
como os discípulos originalmente tinham esperado, mas o Rei espiritual que pode
derrotar todo o mal e governar no coração de cada pessoa. Se nos recusarmos a
servir fielmente ao Rei, seremos súditos desleais. Precisamos fazer de Jesus o
Rei da nossa vida, e adorá-lo como nosso Salvador, Rei e Senhor.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 171.
À palavra de
autoridade do Ressuscitado segue a ordem plenipotenciária do Príncipe da vida,
que diz: Ide! O magnífico e único enviado Jesus Cristo, ressuscitado, vivo e
poderoso – está enviando. Agora o envio não é provisório, limitado, transitório
e para uma vez, como em Mt 10, mas definitivo, ilimitado, permanente,
duradouro. Rompeu-se o estreitamento étnico da sinagoga e abriu-se a
universalidade da comunidade. A comunidade de Jesus que abrange o mundo inteiro
substituiu o modo etnicamente fechado de pensar da velha aliança pela nova
aliança que rompe todas as barreiras.
Por isso a ordem com
autoridade universal: Ide!
A essa ordem
poderosa, Ide!, acrescenta-se a tríplice ordem de serviço ou ordem de missão de
Jesus:
• Façam que todos os
povos sejam discípulos!;
• Batizem-nos!;
• Ensinem-nos!
a. Façam que todos os
povos sejam discípulos!
A expressão “façam
que todos os povos sejam discípulos”, de acordo com o texto original grego,
significa algo bem diferente e muito mais amplo que a tradução com o sentido de
“ensinar todos os povos”. – O próprio Jesus mostrou e representou o que
significa “fazer discípulos”. Seus discursos nada mais eram que um chamado ao
discipulado, a segui-lo. Seguidor de Jesus é aquele que se voltou com toda a
seriedade ao Senhor e está empenhado em viver conforme a vida do Senhor, ou
seja, em buscar a santificação com disposição total.
Não é, de modo algum,
uma questão óbvia que todos os povos devam ser convocados ao discipulado. Isto
é um milagre nada menor que a própria ressurreição do Senhor, um milagre que já
se anunciava na história do Encarnado e que acontece de modo poderoso ao se
abrirem as portas para o mundo, depois que Israel fechou suas portas para Deus
e rejeitou o Cristo com descrença!
É esse o sentido de
“façam que todos os povos sejam discípulos!”. Convoquem para a decisão por
Jesus, o Exaltado! Para isto, façam uso da “palavra” da cruz e da ressurreição!
b. O segundo ponto é:
Batizem os povos no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
A fórmula em tríade
do batismo, que aparece aqui pela primeira vez, ainda não constitui uma
confissão de fé trinitária elaborada, mas sim uma fórmula litúrgica
correspondente aos três mergulhos da pessoa a ser batizada. Nela naturalmente
se prepara o posterior desenvolvimento para uma confissão de fé. A locução “no
nome de” significa a entrega do batizando ao Pai, Filho e Espírito. A realidade
de Deus é desdobrada em três aspectos num só nome. O nome único previne o
mal-entendido de que seriam três deuses aos quais o batizando é consagrado e
aos quais a fé se dirige em três perspectivas (K. Barth).
O tríplice
desdobramento, porém, atesta como o Deus único se volta para nós e se revela no
batismo.
Tanto a palavra como
o batismo adquirem seu sentido e sua força do fato de que é o Ressuscitado quem
transmite ambos (palavra e batismo) aos seus discípulos. Estão imbuídos da vida
a partir da morte, inerente ao Ressuscitado, e têm o propósito de concretizar
essa vida.
Em relação ao batismo
de João, este batismo tem um novo sentido, mesmo que, como aquele constitua a
sentença de morte sobre o velho homem e o selo da salvação eterna. A novidade
deste batismo, instituído pelo Ressuscitado, é que Jesus Cristo entrou nele e tornou-se
o seu conteúdo, através da sua morte e ressurreição. Ser batizado significa,
agora, morrer com Cristo e erguer-se com
ele para uma vida
nova (Rm 6.1ss; cf. G. Bornkamm, em: Göttinger Meditationen, 1947, vol. 4, p.
411ss).
c. À palavra e ao
batismo que expusemos acima agrega-se ainda outra palavra: Ensinem-nos a
cumprir tudo o que eu tenho mandado.
Palavra – batismo –
palavra: esta é, portanto, a tríplice ordem de serviço do Ressuscitado.
Este ministério do
ensino é a condução e liderança do grupo de seguidores de Jesus, realizadas
através da palavra. A palavra não é apenas palavra de arauto, palavra de
chamado, que visa a decisão, mas a palavra também é de aprofundamento, de cura
de almas, de ensino, de exortação, de consolo, a palavra que deve conduzir de
conhecimento a conhecimento, que deve desvelar mais e mais a riqueza da vocação
celestial em Jesus Cristo.
A tríplice ordem
missionária é emoldurada pela palavra da onipresença: Eis que estou convosco
todos os dias até a consumação do tempo.
A palavrinha “eis”
sempre aponta para algo muito especial, importante e digno de atenção. Nesta
palavra o especial e importante é que Jesus exteriormente deixa de ser visível,
porém interiormente permanece com eles, invisível, e precisamente em todo o
tempo (“todos os dias”) e em todo o lugar (“com vocês”). A essência da
comunidade de Jesus é que o Jesus Ressuscitado continua vivo e atuante. É a
comunhão oculta dos cristãos com o Cristo, dos chamados com o que chama, dos
enviados com o que envia.
Essa promessa do
Senhor é a verdadeira preparação e legitimação da comunidade de Jesus, que a
potencia e capacita para o serviço. Ela retira os discípulos do presente
século. Sem ela, seguir a Cristo seria uma ação movida por recordações, presa
aos altos e baixos da história, ao destino de viver e morrer. Sob essa
promessa, no entanto, ser discípulo constitui, em meio ao presente século, um
pedaço do novo mundo de Deus. A comunidade não está isenta das angústias deste
mundo, pelo contrário, de acordo com a vontade de Jesus Cristo, e sendo seus
discípulos, está ainda mais exposta a elas. Não obstante, ela já as atravessou,
porque está com ela aquele Senhor para cuja revelação se direciona todo o curso
do mundo, quando o estou com vocês todos os dias será mudado para estaremos com
o Senhor para sempre (1Ts 4.17; Jo 14.3; cf. G. Bornkamm).
Mateus não encerra
com a ascensão de Jesus. O fim de seu evangelho é dado com as palavra da
autoridade, do serviço e da onipresença. Esse acontecimento não representa o
encerramento apenas em sentido formal, mas também de modo mais profundo perfaz
o alvo de toda a mensagem de alegria. Constitui a culminância da história de
Jesus Cristo, e ao mesmo tempo a última palavra sobre o mundo e sobre sua
última incumbência e o legado do Ressuscitado para a sua comunidade.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica
Esperança.
TODAS AS NAÇÕES
Jesus enviou Seus
servos para fazer discípulos em todas as nações (ethne, povos; M t 28 .19).
Essa ordenança pode parecer óbvia para nós hoje em dia; afinal de contas, vivem
os numa era cristã que já dura mais de dois mil anos. o cristianismo hoje é uma
religião praticam ente gentílica que representa aproximadamente um terço da
população mundial. E, com a tecnologia moderna, a obra de anunciar o evangelho
nos quatro cantos da terra parece uma tarefa relativamente muito simples.
No entanto, em certas
áreas estamos como os primeiros discípulos de Jesus. Eles queriam um herói
local, um Messias apenas para Israel, alguém que seguisse seus costumes e
ratificasse seus preconceitos. Foi por isso que, sem dúvida algum a, ficaram estarrecidos
com a visão transcultural proposta por Jesus de ultrapassar todas as fronteiras
e levar a todos a mensagem da salvação pela cruz. Ele estava demonstrando ser
muito mais do que o Rei dos judeus; Ele é o Cristo mundial, o Salvador do mundo
inteiro.
Na verdade, Jesus
vinha mostrando-lhes isso desde o início de Seu ministério. M ateus deixou
registrada Sua obra entre os gentios (Mt 8.10; 15.24) e citou Isaías 42 .1 -4
para afirmar que Jesus anunciaria aos gentios [as nações] o juízo e que, no seu
nome, os gentios esperarão (M t 12 .14-21). Todavia, os discípulos levaram
muito tempo para acreditar nisso. Será que seu Senhor poderia estar mesmo
interessado em “todas as nações”? Eles mesmos não estavam. Seria fácil aceitar
a ideia de Jesus se importar com todo o mundo. M as não seria mais fácil ainda
seguir um Cristo que se adequasse apenas à cultura deles?
Cultura, afinal, é a
chave de tudo. Jesus mandou Seus servos galileus “fazer discípulos”, e eles
fizeram — discípulos judeus.
M as eles tiveram um
grande choque cultural quando o Espírito Santo trouxe um novo grupo à com
unhão, inclusive discípulos helenistas, samaritanos e, enfim, gentios de todos
os tipos (A t 6.1-7; 8 .4 -2 5 ; 10.1— 11.18; 15.1-21).
Hoje, a maior parte
dos discípulos não é de origem caucasiana nem oriental [é semítica]. E não é de
estranhar que eles tenham trazido à Igreja uma visão cultural diferente. Por
essa razão, um dos maiores desafios que os cristãos enfrentarão nos próximos anos
é o mesmo que os discípulos enfrentaram no início de seu movimento: não som
ente crer em Jesus, mas também reconhecer que Ele de fato veio para todas as
nações. Deus nos mandou fazer discípulos em todo o mundo porque isso faz parte
de Seu grande propósito de, a longo prazo, tornar Seu nome conhecido em todas
as nações (M l 1.11).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 87.
I Cor 9.16. Em
seguida, o apóstolo indica que não merece nenhum crédito por pregar o
evangelho. Ninguém merece crédito por fazer a sua obrigação. Ele escreve: Pois
me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho! (16) Sem
dúvida, ele está se referindo à missão especial que havia recebido no caminho
de Damasco (At 9.6). Ele havia sido um “vaso escolhido” para levar o nome de
Cristo diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel (At 9.15) e havia
sido separado pelo Espírito Santo para esse trabalho especial (13.2). Portanto,
seria impossível fazer outra coisa, a não ser pregar o evangelho, sem se
rebelar diretamente contra Deus (Rm 1.14; G11.15).
Pregar era a própria
vida de Paulo, e ele “não podia parar de fazê-lo, da mesma forma como não podia
parar de respirar”. A palavra imposta significa “fortemente impulsionado”.
Assim, pregar era uma “função que ele foi forçado a executar”.
Donald
S. Metz. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 8. pag. 314-315.
I Cor 9.16. Em que
consiste essa ―glória‖? Novamente Paulo difere profundamente do pensamento
predominante em Corinto. Lá as pessoas também se gloriavam, e ali se gloriavam
todo tipo de novos mestres e mensageiros. Gloriam-se de seus dons e realizações
no serviço da proclamação. Isso é completamente inaceitável para Paulo. “Pois,
quando evangelizo, isso na verdade não é glória para mim. Afinal, uma obrigação
pesa sobre mim; pois ai de mim se não evangelizasse” [tradução do autor]. Paulo
tem consciência da objetiva gravidade da sua história de vida. Não se tornou um
apóstolo ―espontaneamente‖. Ele foi confrontado como perseguidor de Jesus e
transformado em apóstolo como inimigo vencido e indultado. A palavra do Senhor
citada por Paulo em sua prestação de contas perante Agripa, ―Dura coisa é para
ti recalcitrar contra o aguilhão‖ (At 26.14), caracteriza com exatidão a
situação de Paulo. Ele é como um animal de tração atrelado, que a cada
resistência e pinote afunda o ferrão do peão ainda mais na carne. Por isso
“pesa sobre ele uma obrigação”.
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos I Corinto.
Editora
Evangélica Esperança.
Ele mostra que esta
autonegação era mais honrosa em si mesma, e permitia-lhe muito mais
contentamento e conforto do que sua pregação “Porque, se anuncio o evangelho,
não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se
não anunciar o evangelho! E meu encargo, meu negócio; é o trabalho para o qual
eu fui constituído apóstolo (cap. 1.17). Este é um dever expressamente colocado
sobre mim. Não é em grau algum um assunto de liberdade. É me imposta essa
obrigação. Eu seria falso e infiel à minha crença, eu violaria uma ordem clara
e expressa, e ai de mim se não anunciar o evangelho!”
Aqueles que são
separados para o ofício do ministério têm o encargo de pregar o evangelho. Ai
deles se não o fizerem. Disso nada é esperado. Mas não é dado como encargo a
todos, nem a qualquer pregador do evangelho, fazer o seu trabalho
gratuitamente, pregar e não ter nenhum sustento dele. Não é dito: “Ai dele se
não pregar o evangelho e sustentar-se a si mesmo”. Ele está em mais liberdade
neste ponto. Pode ser seu dever pregar em algumas ocasiões, e em algumas
circunstâncias, sem receber sustento por ele; mas, em geral, ele tem direito ao
sustento e pode esperá-lo daqueles entre os quais trabalha. Quando ele renuncia
ao seu direito por causa do evangelho e das almas dos homens, embora ele não
faça mais que a obrigação, ainda assim nega-se a si mesmo, renuncia a seu
privilégio e direito; ele faz mais do que seu encargo e ofício em geral (e
todas as vezes) o obriga a fazer. Ai dele se não pregar o evangelho, mas pode
às vezes ser seu dever insistir em seu sustento, e em qualquer tempo que ele se
abstenha de reivindicá-lo, ele desiste de seu direito, embora um homem possa às
vezes ser obrigado a fazer assim por deveres gerais do amor a Deus e caridade
aos homens. Note que é uma alta realização na religião renunciar a nossos
próprios direitos para o bem de outros; isto dará direito a uma recompensa peculiar
da parte de Deus.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo
Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 465.
2. O mundo está
dividido em dois grupos.
O mundo seria
dividido entre dois grupos. Os crentes e os incrédulos. Os salvos e os
perdidos. “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será
condenado” (Mc 16.16). Em sua visão divina, Jesus não vê nacionalidade,
condição social, a cor da pele, raça, sexo, condição financeira ou econômica
(G1 3.28). Ele só vê dois tipos de pessoas. Os salvos pela fé e os perdidos por
causa da descrença nEle e em seu evangelho. Os homens não têm alternativa. Ou
creem para serem salvos ou permanecem na incredulidade para serem perdidos. Os
discípulos entenderam que a Grande Comissão é questão de vida ou de morte. A
escolha é de cada um. A responsabilidade é individual. Mas a missão de pregar o
evangelho é coletiva. E da Igreja. Os evangelistas têm um papel de vanguarda.
Mas a ninguém é dado o direito de escusar-se de ser testemunha de Jesus.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 98-99.
Mc 16.16 Os
discípulos receberam a ordem de batizar as pessoas, porque o batismo une cada crente
a Jesus Cristo na morte dele ou dela para o pecado, e na ressurreição para uma
nova vida. Não é a água do batismo que salva, mas a graça de Deus aceita
através da fé em Cristo. Por causa da resposta de Jesus ao criminoso que morreu
ao seu lado na cruz, sabemos que é possível sermos salvos sem sermos batizados (Lc
23.43). Jesus não disse que aqueles que não fossem batizados seriam condenados,
mas que quem não crer será condenado. O batismo simboliza a submissão a Cristo,
uma disposição para seguir o caminho de Deus e a identificação com o povo que
tem uma aliança com Deus.
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 304-305.
Qual é o resumo do
Evangelho que eles devem pregar (v. 16): “Apresentem ao mundo a vida e a morte,
o bem e o mal. Digam aos filhos dos homens que todos eles estão em uma condição
de infelicidade e perigo, condenados pelo seu príncipe, e derrotados e
escravizados pelos seus inimigos”. Isto está implícito no fato de serem salvos,
coisa de que não precisariam se não estivessem perdidos. “Vão, e digam a eles”
: (1) “Que, se eles crerem no Evangelho, e se entregarem para ser discípulos de
Jesus Cristo; se eles renunciarem ao demônio, ao mundo e à carne, e forem
devotados a Jesus Cristo como seu profeta, sacerdote, e rei, e a Deus, em Cristo,
como seu Deus em concerto, evidenciando, pela sua constante adesão a este
concerto, a sua sinceridade, eles serão salvos da culpa e do poder do pecado. O
pecado não os governará mais; ele não os destruirá.
Aquele que for um
verdadeiro cristão será salvo, através de Cristo” . O batismo era designado
como o rito inaugural, pelo qual aqueles que aceitavam a Cristo passavam a
pertencer a Ele; mas aqui o objetivo está mais direcionado ao significado do
que ao sinal, pois Simão, o Mágico, creu e foi batizado, mas não foi salvo (At 8.13).
Crer no Senhor Jesus com/) coração, e confessá-lo com a boca (Rm 10.9), parece
ser a mesma coisa que está indicada aqui. Isto também significa que nós devemos
estar em conformidade com as verdades do Evangelho, e com os termos do
Evangelho. (2) “Se eles não crerem, se não receberei ha informação que Deus dá a
respeito do seu Filho, não poderão esperar nenhum outro caminho de salvação,
mas inevitavelmente perecerão; eles serão condenados pela sentença de um Evangelho
desprezado, somado à de uma lei infringida”. E é isto que o Evangelho é, é boas
novas, o fato de que nada além da incredulidade poderá destruir o homem. A
falta de fé é um pecado contra a cura. O Dr. Whitby observa aqui que aqueles
que “deduzirem que a semente recém-nascida dos crentes não tem a possibilidade
do batismo, porque não pode crer, devem também deduzir que não poderão ser
salvos; pois, para a salvação, a fé é mais expressamente exigida do que o
batismo. E que na última frase o batismo está omitido, porque não é
simplesmente a falta do batismo, mas a negligência desdenhosa dele, que torna
os homens culpados de condenação; de outra forma, as crianças seriam condenadas
pelos erros ou profanações de seus pais”.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 505.
Mc 16.16. E for
batizado. A omissão de batizado com não-crer mostra que Jesus não torna o
batismo essencial para a salvação. A condenação apoia-se na não-crença e não na
falta de batismo. Portanto, a salvação apoia-se na crença. O batismo é
meramente a figura da nova vida, e não o meio de obtê-la. Mesmo que o texto
ligue o batismo com a salvação, a sua canonicidade questionável não pode
exceder em valor outros textos indisputáveis que claramente ensinam que só a fé
(não a obra do batismo) é necessária para a salvação.
A.
T. ROBERTSON. Comentário Mateus &
Marcos. À Luz do Novo Testamento Grego. Editora CPAD. pag.
545.
Gl 3. 28. Tendo
descrito a unidade que o crente tem com Cristo, Paulo se afasta momentaneamente
para considerar as implicações desta unidade. Não só o crente e seu Senhor
foram unidos, mas todos os crentes foram unidos como um em Cristo. Nisto não há
judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos
vós sois um em Cristo Jesus (28). Paulo foi feliz na lista que fez das
inerradicáveis distinções
sexuais, raciais e sociais. Isto mantém cristalinamente claro o fato de que o
significado pretendido por Paulo é espiritual. A existência destas distinções
terrenas continuará, mas desaparecem como obstáculos à comunhão no corpo de
Cristo, e é sobre isso que ele está falando. Esta é a visão inspirada de Paulo
da unidade existente em Cristo, porque Deus não faz acepção de pessoas. Não nos
esqueçamos de que Paulo está lidando com a questão de posição preferencial com
Deus. Na sociedade judaica, os judeus, os livres e os homens eram superiores;
ao passo que os gentios, os escravos e as mulheres eram inferiores. Estas
discriminações também se aplicavam à relação do indivíduo com Deus. Paulo
argumenta que, à vista de Deus, todos são um e iguais quando eles se chegam a
Deus com base na fé em Cristo.
Lógico que esta
verdade não significa, nestes dias de crescente esclarecimento na área social e
racial, que o crente pode se retirar à sua cidadela de unidade espiritual e
ignorar suas responsabilidades como membro da sociedade. Temos aqui uma verdade
dedutível: As pessoas, que são de valor igual aos olhos de Deus, não devem ser
discriminadas por que professam ser seguidoras de Cristo.
R.
E. Howard. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 9. pag. 52-53.
Gl 3. 28. Essa
dificuldade é removida quando o apóstolo diz: “...todos quantos fostes
batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo”. Por essa razão, parece que
com o evangelho o batismo ocupa o lugar da circuncisão, e que aqueles que pelo
batismo são consagrados a Cristo, e sinceramente creem nele, devem receber todos
os privilégios da condição cristã como os judeus receberam por meio da
circuncisão (Fp 3.3), e, portanto, não havia motivo para a continuação desse
ritual judaico. Observe que, em segundo lugar, em nosso batismo nos revestimos
de Cristo. Com isso professamos nosso discipulado da parte dele e somos
obrigados a comportar-nos como seus servos fiéis. Quando somos batizados em
Cristo, somos batizados na sua morte, para que como Ele morreu e ressuscitou,
nós também morramos para o pecado e caminhemos em novidade de vida (Rm 6.3,4).
Seremos grandemente beneficiados se lembrarmos disso com maior frequência.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 557.
Gl 3.28 — O contexto
desse versículo é a justificação pela fé em Cristo Jesus, o fato de Jesus ter redimido
todos aqueles que creem nele, seja judeu ou gentio (Gl 3.26—4-27). Distinções
raciais, sociais e sexuais que tão facilmente causam divisões não impedem uma
pessoa de chegar a Cristo para receber sua misericórdia. Todas as pessoas podem
se tornar herdeiros de Deus e receber suas promessas eternas (Gl 4-5-7).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 489-490.
Pois quê? (9).137 “Então,
qual é o estado das coisas? A que resultado chegamos?”138 A segunda pergunta é:
Somos nós mais excelentes? “São os judeus melhores, de alguma maneira?” (RSV)
Phillips parafraseia: “Estamos nós, os judeus, à frente de outros homens?” Este
parece ser o sentido correto do verboproechometha. “Você disse que pertencer à
nação judaica é uma vantagem. Isto não quer dizer que somos superiores àqueles
gentios que não têm os privilégios que nós temos?”139 De maneira nenhuma!,
responde Paulo. “De modo nenhum!” (NEB). Pois já dantes demonstramos que, tanto
judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado. Pela lógica incessante e
pelo discernimento psicológico penetrante, Paulo acaba de provar que os judeus
estão na mesma situação pecadora que os gentios; ambos estão igualmente sob o
pecado. Estar debaixo do pecado significa não somente estar sob a culpa mas
também sob o poder do pecado. “Estes dois significados, o pecado como uma
transgressão e o pecado como um poder, são exigidos pelo contexto”.140 Mas
muito mais importante do que qualquer análise deste tipo que eu possa ter
feito, prossegue Paulo, é o fato de que este é o veredicto das Escrituras -
como está escrito: Não há um justo, nem um sequer (10).
O pecado é tão
universal que não admite sequer uma única exceção. Para provar esta acusação,
Paulo faz seis citações do Antigo Testamento nas quais se resume a
característica pecadora geral da humanidade. Estas citações concluem uma causa
já estabelecida por vários argumentos.
William
M. Greathouse. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 8. pag. 62-63.
Rm 3. 9-12. Paulo,
depois de remover essas objeções, revive em seguida sua afirmação da culpa e
corrupção geral da humanidade como um todo, tanto dos judeus como dos gentios
(w. 9-18). “Somos nós mais excelentes do que eles, nós judeus, a quem foram
confiados os oráculos de Deus? Isso nos recomenda a Deus ou isso nos justificará?
Não, De maneira nenhuma!” Ou: “Somos, nós cristãos (judeus e gentios), tanto
melhores anteriormente do que a parte descrente a ponto de ter merecido a graça
de Deus? Não: antes que a graça gratuita fizesse a diferença, aqueles de nós
que tinham sido judeus e aqueles que tinham sido gentios eram todos igualmente corruptos”,
“...todos estão debaixo do pecado”. Debaixo da culpa do pecado: debaixo dele
como debaixo de uma sentença; debaixo dele como debaixo da escravidão, pela qual
elas estão destinados à ruína e à condenação eternas; debaixo dele como debaixo
de um fardo (SI 38.4), que os afundará ao mais profundo inferno: nós somos culpados
diante de Deus (v. 19). Sob o governo e domínio do pecado: debaixo dele como
debaixo de um tirano e cruel feitor, escravizados a ele; debaixo dele como
debaixo de um jugo; sob o seu poder, vendidos para operar a impiedade. E isso
ele provou, proetiasametha. E uma condição da lei: Nós os acusamos com isso, e
provamos nossa acusação; nós provamos a denúncia, nós os condenamos pela
evidência notória do fato. Essa acusação e condenação ele aqui também ilustra
com diversas passagens do Antigo Testamento, que descrevem o estado corrupto e
depravado de todos os homens, até que o túmulo os detenha ou os mude, de
maneira que aqui como por um espelho nós podemos contemplar nossa face natural.
Os versículos 10, 11
e 12 são tomados de Salmos 14.1-3, que são repetidos por conter uma verdade de muito
peso (SI 53.1-3). O restante que se segue é encontrado na tradução da
Septuaginta de Salmos 14, que alguns consideram que o apóstolo escolhe seguir
por ser mais conhecida; mas eu prefiro pensar que Paulo tomou essas passagens
de outras partes da Escritura aqui referidas, que em cópias posteriores da LXX
foram todas acrescentadas a Salmos 14 por causa deste discurso de Paulo. E
observável que, para provar a corrupção geral da natureza, ele cita algumas
escrituras que falam das corrupções particulares de pessoas individuais, como
de Do egue (SI 140.3), dos judeus (Is 59.7,8), o que mostra que os mesmos
pecados que são cometidos por uns estão na natureza de todos. Os tempos de Davi
e Isaías foram alguns dos melhores tempos, e, no entanto, ele se refere aos
seus dias. O que é dito em Salmos 14 é expressamente dito a respeito de todos
os filhos dos homens, e isso de um ponto de vista e inspeção particular, feita
pelo próprio Deus. O Senhor olhou para baixo, como sobre o mundo antigo (Gn
6.5).
E esse juízo de Deus
foi de acordo com a verdade.
Aquele que, quando
Ele mesmo tinha feito tudo, olhou para tudo que havia feito, e viu que tudo era
muito bom, agora que o homem arruinou tudo, Ele olhou, e viu que tudo era muito
mau. Vejamos os indivíduos. Observe:
1. Aquilo que é
habitual, que é duplicado:
(1) Um defeito
habitual de tudo que é bom. [1] “Não há um justo”, nenhum que tenha um
princípio bom e honesto de virtude, ou é governado por um tal princípio, ninguém
que retenha qualquer coisa daquela imagem de Deus, que consiste na justiça, na
qual o homem foi criado; não, “...nem um sequer”; implicando que se houvesse
apenas um, Deus o teria descoberto. Quando todo o mundo era corrupto, Deus
colocou seus olhos sobre um justo, Noé. Mesmo aqueles que através da graça são
justificados e santificados não são, nenhum deles, justos por natureza. Nenhuma
justiça nasce conosco.
O homem segundo o
coração do próprio Deus declara-se concebido em pecado. [2] “Não há ninguém que
entenda” (v. 11). A falta está na corrupção do entendimento, que é cego,
depravado e pervertido. A religião e a justiça têm tanta razão a seu lado que
se as pessoas tivessem algum entendimento elas seriam melhores e fariam o
melhor. Mas eles não compreendem. Pecadores são loucos. [3] “...ninguém que
busque a Deus”, isto é, ninguém que tenha qualquer respeito por Deus, qualquer desejo
por Ele. Esses que não buscam a Deus podem com razão ser considerados como não
tendo entendimento.
A mente carnal está
tão longe de buscar a Deus que realmente se torna inimizade contra Ele. [4] “...juntamente
se fizeram inúteis” (v. 12). Aqueles que abandonaram a Deus logo não servem
para nada, são fardos inúteis da terra. Os que estão em estado de pecado são as
criaturas mais infrutíferas debaixo do sol; por isso a sequência: [5] “Não há
quem faça o bem”; não, nem um homem justo sobre a terra, que faça o bem, e não
peque (Ec 7.23). Mesmo naquelas ações dos pecadores em que há alguma bondade,
há um erro fundamental no princípio e no fim; de maneira que se pode dizer: Não
há ninguém que faça o bem. Malum oritur ex quolibet defectu - Todo defeito é
fonte do mal.
(2) Um defeito
habitual em cada coisa que é má: “Todos se extraviaram...”. Não é de admirar-se
que esses que erram o caminho certo não busquem a Deus, a finalidade mais
sublime. Deus fez o homem no caminho, colocou-o na direção certa, mas esse o
abandonou. A corrupção da humanidade é uma apostasia.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo
Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 323-324.
3. A Grande Comissão
hoje.
O começo da Grande
Comissão. O livro de Atos dos Apóstolos registra o início do mandato da Grande
Comissão. Foi o início da obra missionária da Igreja de Cristo. Após a descida
do espírito Santo, aqueles discípulos que estavam amedrontados, após a morte de
Jesus, tornaram-se intrépidos evangelistas e saíram levando o evangelho aonde
puderam chegar, mesmo por causa da perseguição religiosa. O apóstolo Pedro, que
negara Jesus três vezes, antes de ser revestido pelo Espírito Santo, em sua
primeira pregação, com altivez e coragem, viu quase três mil almas aceitarem a
Cristo como Salvador. Suas palavras foram simples e objetivas: “E disse-lhes
Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo
para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a
promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe:
a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.38-41).
A Grande Comissão
continua até à volta e Jesus. E “tarefa inacabada”. Segundo estatísticas de
organizações evangélicas, o mundo tem 33% de cristãos, incluindo católicos
evangélicos, espíritas, Testemunhas de Jeová, e outros. Os evangélicos só
alcançam 11 % do total da população mundial. Há muito o que se fazer ainda,
antes da vinda de Jesus. Há muito trabalho para as igrejas, em busca das almas
perdidas. Nesse contexto, o papel dos evangelistas, dos pregadores e
missionários é de grande valia e necessidade. Que Deus desperte mais obreiros
genuínos para fazer a sua obra evangelizadora no mundo. Que os verdadeiros
evangelistas e missionários se disponham a ganhar almas para Cristo.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 100-101.
COMISSÃO, A GRANDE.
1. Ocasião Histórica
2. Versões Bíblicas
1. Ocasião Histórica
O ministério de Jesus
Cristo havia terminado. A ressurreição fora comprovada como uma realidade, pelos
discípulos de Jesus, mediante Suas diversas aparições a eles, de tal modo que
todas as possíveis dúvidas haviam sido dirimidas. Agora, a partida do Senhor
para as dimensões celestes era iminente. Um novo movimento religioso havia sido
inaugurado, que só esperava ser mundialmente propagado. Era preciso contar com
a colaboração de obreiros para esse mister. Esses obreiros precisavam ser
devidamente instruídos e comissionados. A obra missionária de Jesus precisava
ter prosseguimento, pelo esforço dos apóstolos e de seus discípulos. A Grande
Comissão, pois, foi a autoridade e a grande inspiração para esse imenso
empreendimento.
2. Versões Bíblicas
O primeiro dos
evangelhos, o de Marcos, conta com uma outra versão, segundo a qual o seu
último capitulo conta com um término mais longo. O original grego de Marcos vai
somente até 16:8. Mas, o término que finalmente foi consagrado pelo uso envolve
até 16:20, o que significa um acréscimo de doze versículos, que procuram
sumariar o que os outros evangelhos e o começo do livro de Atos historiam.
Quanto a uma completa
discussão sobre esse problema, ver as notas expositivas no NTI em Mar. 6:9. No
evangelho de Marcos, essa comissão acha-se nos vs. lS e 16, onde se lê: «E
disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer
e for batizado será salvo; quem, porém, não crer, será condenado». Além dessa
comissão, temos uma adição concernente aos sinais que acompanhariam aos que creem
e pregam o evangelho. Eles expulsariam demônios, falariam novas línguas, não seriam
prejudicados com picadas de serpentes ou com a ingestão de algum veneno, e
curariam os enfermos. Tudo isso é material adicional àquilo que encontramos no
relato sobre a Grande Comissão, nos outros evangelhos e em outras porções do
Novo Testamento. Todo esse acréscimo foi provido por escribas posteriores, com
base naquilo que estava ocorrendo na Igreja primitiva. O autor ou autores desse
acréscimo injetou na Grande Comissão a ideia de regeneração batismal (ver também
Atos 2:38), para consternação de muitos intérpretes de todos os séculos, que
têm procurado extrair a ideia por meio de interpretações forçadas. O problema
só é resolvido, de fato, quando se reconhece que esses doze versículos finais
do evangelho de Marcos não fazem parte do original grego desse evangelho. A ideia
das picadas de cobras provavelmente foi tomada por empréstimo de Salmos 91:13.
Certas seitas modernas têm procurado demonstrar a sua espiritualidade
manuseando serpentes venenosas durante as suas reuniões, somente para ficar
provado frequentemente que eles não são imunes ao veneno dos ofícios.
Quanto à Grande
Comissão a versão de Mateus é a mais comumente citada. Ela reza como segue:
Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade foi dada no céu e
na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as
causas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias, até à
consumação do século» (Mat. 28:18-20). O que há de mais surpreendente no
evangelho de Mateus é que ali não está registrado o relato da ascensão de
Jesus. Podemos entender que a Grande Comissão é uma espécie de sumário das
afirmações finais de Jesus, e não uma única declaração. Outras informações, que
aparecem nos demais evangelhos e no livro de Atos, certamente confirmam essa
opinião.
A versão lucana da
Grande Comissão aparece em U1C. 24:46-49, vinculada à aparição de Jesus aos
seus discípulos, imediatamente antes de sua ascensão. Esse evento é registrado
como se tivesse ocorrido no mesmo dia da ressurreição, sem qualquer intervalo
de tempo. O livro de Atos, entretanto, informa-nos que entre a ressurreição e a
ascensão houve um período de quarenta dias, durante o qual Jesus apareceu por diversas
vezes a seus discípulos, para instrui-los acerca do reino de Deus. Ver o artigo
sobre a Ascensão, que discute sobre essa questão e sobre o problema de harmonia
que isso envolve. No terceiro evangelho, a Grande Comissão diz como segue:
«...e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer, e
ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia, e que em seu nome se pregasse
arrependimento para remissão de pecados, a todas as nações, começando de
Jerusalém. Vós sois testemunhas destas cousas. Eis que envio sobre vós a
promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais
revestidos de poder». No evangelho de Mateus, pois, aprendemos que a autoridade
divina foi investida nos apóstolos mediante o dom do Espírito. Em Marcos, essa
autoridade é ilustrada mediante os feitos miraculosos que os discípulos seriam
capazes de realizar. Novamente, devemos supor que todas as narrativas sumariam
o conteúdo geral de diversas declarações de Jesus, provavelmente feitas em
diversas ocasiões, e
não em uma única oportunidade.
No evangelho ele João. No quarto evangelho a Grande Comissão
é bastante diferente. não se tendo apoiado sobre as mesmas fontes informativas
que os evangelhos sinópticos, Ver João 20:21-23: «...Assim como o Pai me
enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles, e disse:
Recebei o Espirito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhe
perdoados; se lhos retiverdes, são retidos». Tal como no caso do evangelho de
Lucas, encontramos menção ao Espirito, que dá poder e autoridade. Tal como no
caso desse evangelho, temos também a questão do perdão dos pecados, com ênfase
sobre o poder apostólico de perdoar ou de reter os pecados, mediante o
ministério deles. Quanto aos problemas teológicos envolvidos na versão de João,
ver no NTI, nessa referência joanina.
No livro de Atos. Nesse livro há menção ao intervalo de
quarenta dias entre a ressurreição e a ascensão de Jesus (Atos 1:3). Ali a
Grande Comissão é vinculada de perto com a promessa do Espirito (Atos 1:8), mas
também é associada ao diálogo entre Jesus e seus discípulos sobre os tempos
dispensacionais, em conexão com a restauração de Israel (Atos 1:6,7). Isso é
completamente diferente do que se vê no contexto dos outros registros sobre a
Grande Comissão. A própria Grande Comissão está contida nestas palavras: «...
mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espirito Santo, e sereis minhas
testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos
confins da terra» (Atos J:8). A menção a Jerusalém, Judéia, Samaria, e,
finalmente, os confins da terra, é peculiar ao livro de Atos. E a ascensão é
registrada como se tivesse ocorrido imediatamente após Jesus haver dado
instruções e anunciado a Grande Comissão.
a. Esse variegado
testemunho acerca da Grande Comissão assegura-nos a sua autenticidade. b, Mas essa
mesma variedade também revela-nos que as várias formas em que aparece a Grande
Comissão devem corresponder a porções ou sumários de uma série de ensinos de
Jesus, após a sua ressurreição. c. A porção final de tais instruções
aparentemente foi dada imediatamente antes da ascensão, e isso deve ter
adicionado vigor ao que Jesus dizia, pois, afinal de contas. a Grande Comissão
representa as palavras finais de Cristo, selando suas instruções. d. A Grande Comissão
teve por propósito encorajar a continuação de sua missão, e também ampliá-la,
até tomar-se absolutamente universal. O provincialismo relativo de judaísmo foi
assim deixado para trás, e o cristianismo haveria de ser uma fé realmente
universal, no sentido de estar dispersa pelo mundo inteiro. e. Não há como cumprir
a Grande Comissão sem o concurso do poder, da autoridade e do batismo no
Espírito Santo. f. A Grande Comissão convoca os homens de todos os lugares para
arrependerem-se e confiarem no evangelho. Ela tem um intuito evangelizador, e a
salvação das almas encontra-se no foco das atenções. g. Uma grande
responsabilidade é posta sobre os homens, porquanto a eles cumpre executar a
Grande Comissão. Entretanto, o trecho de I Pedro 3:18-4:6 mostra que o próprio
Cristo mostrou-se e continua mostrando-se ativo na ampliação de sua missão salvaticia,
até mesmo no hades. Destarte, o Senhor é sempre o Senhor, é sempre o poder
principal no evangelismo. Ele compartilha dessa tarefa com os crentes, mas
nunca se ausenta dessa atividade.
Portanto. o resultado
será absolutamente universal, conforme Efésios 1:10 nos assegura. Os homens, em
sua falsa espiritualidade e em seu orgulho, pensam que a evangelização depende
inteiramente deles. Mas o Salvador sempre, e em toda parte será o Salvador. Se
isso não fosse verdade, então o propósito da Grande Comissão teria falhado
desde há muitos séculos. (ANO FRO GLO)
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 814-815.
Ill - O
DOM MINISTERIAL DE EVANGELISTA
1. O conceito de
evangelista.
É um dom de Deus,
concedido através da capacitação espiritual e ministerial para a propagação do
evangelho de Cristo a todas as pessoas que estiverem ao alcance da mensagem do
obreiro que tem a chamada para cuidar da evangelização, como prioridade em sua
missão. Enquanto o pastor tem a missão de cuidar do ensino e do discipulado,
diretamente on auxiliado por pessoas que amam cuidar dos novos decididos, o
evangelista esmera-se em buscar de Deus mensagens inspiradas e cheias de unção
para tocarem os corações dos pecadores. O evangelista é por excelência o
pregador das Boas-Novas de salvação. O salmista viu o trabalho dos
evangelistas, em mensagem profética: “O Senhor deu a palavra; grande era o
exército dos que anunciavam as boas-novas” (Sl 68.11). Nos dias presentes, há
muitos evangelistas, espalhados pelo Brasil e pelo mundo afora, difundindo a
pregação do evangelho de salvação em Cristo Jesus. Seus corações ardem de amor
pelas almas perdidas, e elaboram mensagens, com oração, jejum e estudo da
Palavra, para que, na hora do sermão, sejam instrumentos nas mãos de Deus para
alcançar a mente e o coração dos que precisam de Cristo.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 101.
EVANGELISTA Aquele
que é chamado para pregar o Evangelho em muitos lugares. Palavra derivada do
verbo evangelizo. Evangelizar significa trazer boas novas a alguém,
especificamente anunciar informações a respeito da salvação cristã (1 Co 15.1-4;
veja Evangelho; Testemunha; Comissão, A Grande).
A palavra é
encontrada três vezes no Novo Testamento. Os evangelistas estão relacionados
junto com os apóstolos, profetas, pastores e doutores, como aqueles que são
chamados para compartilhar a construção da igreja (Ef 4.11ss). Filipe foi
chamado de "o evangelista" (At 21.8). Embora fosse um dos sete
escolhidos para aliviar os apóstolos da tarefa de distribuir alimentos (At
6.5), ele foi especialmente notado por sua atividade evangelizadora. De
Jerusalém, ele foi até Samaria e pregou com grande sucesso (At 8.4ss). Dali foi
enviado para evangelizar um oficial da corte etíope, que estava viajando
para casa
depois de visitar Jerusalém (At 8.26ss). Então pregou o Evangelho desde Azoto
até Cesárea, onde tinha sua casa (At 8.40; 21.8).
Timóteo, o jovem
ministro, foi exortado a realizar o trabalho de um evangelista (2 Tm 4.5) como
um acompanhamento de sua supervisão pastoral. Está claro que, embora os
apóstolos e outros compartilhassem o trabalho de evangelização, havia homens
que Deus chamava especialmente para essa tarefa. Nos anos posteriores, os
escritores dos quatro Evangelhos foram chamados de evangelistas porque
registraram, de forma persuasiva, os fundamentos do Evangelho de Cristo.
N. B. B.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 725-726.
EVANGELISTAS
Os evangelistas eram
os «missionários., pátrios ou estrangeiros. Algumas traduções, como a de
Goodspeed, dizem mesmo «missionários». Os apóstolos eram evangelistas. e muitos
profetas também o eram; mas, além desses, havia outros, especialmente talentosos,
dotados do dom da fé, da exortação e de outras manifestações espirituais
apropriadas para seu oficio, os quais eram presenteados à igreja para multiplicá-la
em número. O grupo dos evangelistas, era aquele que efetuava a missão
evangelizadora da igreja
entre os judeus ou os gentios, em posição subordinada aos apóstolos, Geralmente os
evangelistas não estavam limitados a qualquer comunidade cristã local, mas
foram de lugar em lugar, estabelecendo
novas congregações locais, conduzindo os homens à fé e à conversão a Cristo.
Devemos observar que
na categoria registrada em I Cor. 12:28, o «terceiro. lugar é conferido aos «mestres». Em Efê.
4:11, entretanto, os «evangelistas» ocupam essa posição. Além disso, a lista da
primeira epistola
aos Coríntios não menciona especificamente os evangelistas, embora diversos dos dons
espirituais ali
aludidos sejam instrumentos necessários para o evangelismo, o que nos dá a entender
que essa função determina
evangelística realmente existia no seio da igreja cristã primitiva. Outrossim,
nem na primeira epistola aos Coríntios e nem na epístola aos Efésios se vê qualquer
tentativa de
enumerar todas as gradações do ministério cristão. Por exemplo, nenhum desses livros
inclui os «diáconos»,
o que, naquele tempo, era um oficio distintivo na igreja, e apenas a epístola
aos Efésios menciona especificamente os «pastores». Os evangelistas são os
pioneiros no trabalho propagandístico da Igreja cristã. Os evangelistas lançam
uma trilha que, em seguida, transforma-se em auto--estrada, mediante o trabalho
dos pastores e dos mestres. Ministros especiais do evangelho, com poderes quase
apostólicos. eram chamados «evangelistas" no Novo Testamento, como os casos
de Filipe (Atos 21:8) e Timóteo (11 Tim. 4:5).
Os evangelistas são
concedidos à Igreja como um «dom» divino à mesma, a fim de expandir as suas fronteiras
e aumentar o número de seus membros (Efé. 4:11). Também é responsabilidade dos
pastores evangelizar, mas os dois ofícios - o de pastor e o de evangelista - na
verdade são distintos um do outro.
Alguns pastores
modernos têm caído no grave erro de se tomarem pouco mais do que evangelistas,
deixando a sua gente essencialmente sem ensino e sem a capacidade de pensar por
si mesma. Os modernos evangelistas, que vão de igreja em igreja, promovendo reuniões
evangelísticas dentro das próprias comunidades cristãs, são verdadeiros
evangelistas. No entanto, fazem um trabalho menos útil e satisfatório do que
aqueles outros evangelistas que vão de porta em porta e também pregam em
lugares públicos, a fim de darem inicio a novas igrejas. O vocábulo «missionário»,
conforme é usado em nossa época, está mais próximo da ideia dos evangelistas
dos dias do Novo Testamento, do que a palavra «evangelistas", quando
aplicada a pregadores itinerantes, que fazem das igrejas locais o centro de
suas atividades.
Os Documentos
Sagrados e os Evangelistas. Na antiga Igreja cristã falava-se sobre os
evangelistas, que seriam os autores dos quatro evangelhos canônicos. Faziam
isso com base no fato de que a mensagem evangelizadora fundamental está contida
nesses quatro primeiros livros do Novo Testamento, embora saibamos que isso não
deve ser entendido literalmente. A mensagem do evangelho cristão é exposta
também no livro de Atos, nas epístolas e até mesmo no livro de Apocalipse.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 606.
EVANGELISTA, aquele
que anuncia as boas novas). As palavras gémeas euaggélion. “evangelho” e
euaggelistes, “evangelista”, vem do uso bíblico com o advento de Jesus.
"Boas novas” fez jus a “um mensageiro de boas novas”. A palavra
“evangelista" aparece três vezes no NT. referindo-se à pessoa, ao trabalho
e ao chamado.
Filipe é o exemplo
típico de um evangelista. Paulo, em sua reunião após o retomo de sua terceira
viagem missionária, “entrou em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos
sete e ficou com ele" (At 21.8). Anteriormente, Filipe conduziu uma
campanha evangelística bem-sucedida em S amaria, converteu e batizou um oficial
etíope enviando-o de volta para casa com o Evangelho (At 8.4-40). Foi o
primeiro dos “sete” (diáconos) eleitos pela igreja para servir às viúvas e não
foi apóstolo ou ordenado ministro. Mas era um evangelista porque "pregava
acerca do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo” (8.12). Assim, todo aquele
que é “um portador de boas novas” é um evangelista. Portanto, o próprio Deus é
um evangelista porque “anunciou primeiro o evangelho a Abraão” (G13.8). E
então, foram o anjo anunciador (Lc 2.10). o próprio Jesus (20.1). os apóstolos
e novos convertidos em geral (At 8.4).
Paulo advertiu
Timóteo a “fazer a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2Tm 4.5).
Primeiramente, o trabalho do evangelista é “proclamar as boas novas” em novas
áreas. E a vanguarda do Cristianismo, anunciando as boas novas do Reino e de
Cristo onde não tinha sido ouvido antes. Paulo, como Filipe, fez esse tipo de
trabalho como fez Timóteo e outros cristãos viajantes. Eles plantaram o
Cristianismo (1 Co 3.6) e em seguida o levaram a outras terras virgens. O
pregador-pastor e professor foi pastorear e ensinar o rebanho, enquanto o
evangelista foi de lugar em lugar arrolando novos convertidos. Mais tarde, os
autores dos quatro evangelhos foram chamados de “evangelistas” porque foram os
primeiros a proclamar as boas novas através da escrita.
A vocação do
evangelista é distinta. Paulo disse de Cristo: “E ele mesmo deu uns para
apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para
pastores e doutores querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério” (Ef 4.11). A sabedoria divina previa o crescimento da Igreja e a
consequente necessidade por obreiros com dons diversificados (ICo 12.28). E
preciso um talento especial para a proclamação pioneira do Evangelho,
encontrando novas missões e construindo novas igrejas. O evangelista é dotado
de dons espirituais apropriados para revelar pagãos, idólatras, caminhos
pecaminosos e dar acesso à salvação de Cristo.
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia.
Editora Cultura Cristã. Vol. 2. pag. 661.
2. O papel do
evangelista.
HOMENS CAPACITADOS
PARA PREGAR
Filipe era um dos
sete diáconos, escolhidos para cuidarem da assistência social aos primeiros
crentes, na igreja nascente, nos primórdios do cristianismo (At 6.1-3). Tinha
qualidades espirituais que o credenciavam a ser mais que um diácono,
encarregado de ações sociais em favor dos pobres. A igreja viu nele um diácono.
Deus o viu como evangelista. Era homem que tinha intimidade com Deus. O
Espírito Santo lhe mandou para uma estrada deserta, entre Jerusalém e Gaza.
Obedecendo à voz de Deus, Filipe descobriu que um alto funcionário do reino da
Etiópia viajava em seu carro (carruagem), e foi compelido a aproximar-se do
viajante. Ao ouvir o texto que o homem lia, Filipe percebeu que Deus lhe dera
grande mensagem para transmitir ao sedento viajante. (At 8.27-29).
O papel do
evangelista é entendido de maneira bastante restrita nas igrejas. No entanto,
quando Paulo escreve sua segunda carta ao jovem obreiro Timóteo, mostra que
além de ser um arauto da pregação do evangelho, tem o dever, também, de ampliar
sua visão e ministério, dependendo da ocasião, e na unção de Deus, proferir
mensagem de repreensão e de exortação. Mas é preciso ter muito cuidado neste
aspecto. Se o evangelista usar o púlpito de uma igreja para simplesmente
repreender e exortar os crentes de forma gratuita e para demonstrar autoridade,
poderá ser visto como presunçoso e autossuficiente (2 Tm 4.1, 2).
Há exemplos de
pregadores, que, no meio de uma pregação, são usados por Deus para entregar uma
mensagem de exortação às vezes severa. Quando isso acontece, os efeitos sobre o
auditório e sobre a liderança são de aprovação e quebrantamento. No entanto,
quando o evangelista resolve exortar a igreja porque não está ouvindo brados de
aprovação à sua prédica; quando resolve dar indiretas para o pastor ou para a
igreja, os resultados são sempre constrangedores. Já ouvimos alguns pregadores
dizer: “Eu vou dizer o que sinto, doa em quem doer. Ainda que seja a última vez
que venha aqui, que nunca mais seja convidado, vou dar a mensagem...”. E passa
a vociferar mensagens humanas e carnais contra a igreja. E sinal de falta de
maturidade, de respeito e de humildade.
O papel do
evangelista envolve a demonstração do poder de Deus na mensagem. O evangelista
Filipe foi a Samaria e fez um trabalho digno de ter seu registro no Novo
Testamento (At 8.5-8).
O RESULTADO DO
TRABALHO DO EVANGELISTA
A mensagem do
evangelista foi tão impactante, que o homem converteu-se e desejou ser um
seguidor de Cristo. Após a bem-sucedida evangelização, ao lado do alto
dignitário etíope, Filipe deve ter-lhe falado sobre a necessidade do batismo em
águas. Sem perda de tempo, o novo convertido a Jesus quis logo ser batizado em
águas. Diz o texto (At 8.36, 37). Ali, na estrada deserta, entre Jerusalém e
Gaza, três coisas importantes ocorreram, na vida do evangelista Filipe.
Ele pregou o
evangelho, na unção do Espírito Santo; o atento ouvinte aceitou a Cristo como
Salvador; o discipulado foi tão eficaz, que o novo decidido quis logo
batizar-se em águas; e Filipe mostrou qual é a condição para um novo crente ser
batizado: “E lícito, se crês de todo o coração ’. Essa é a razão porque não se
deve batizar crianças, quando não sabem discernir a fé em Cristo. E necessário
que o novo crente creia de todo o coração. E, para isso, é indispensável o
ensino ou o discipulado consciente e fundamentado na Palavra de Deus. “E mandou
parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o
batizou” (At 8.38). Aquele foi um caso especial, em que o novo convertido foi
batizado no mesmo dia em que ouviu a mensagem evangelística. Nos dias
presentes, é aconselhável só batizar quem tem consciência do que é ser um
cristão verdadeiro, e não apenas congregado ou membro de uma denominação.
Quando não há esse cuidado, de um discipulado eficaz, cumpre-se o que dizia um
velho pastor, em relação ao batismo em águas de pessoas que náo têm certeza nem
testemunho da conversão: “mergulha-se um pecador enxuto e sai das águas um
pecador molhado”.
Elinaldo
Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a Deus e aos
homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 102-103.
O Ofício de Evangelista Brian
Schwertley
O terceiro ofício
listado por Paulo é o de evangelista. Este ofício é frequentemente mal
interpretado hoje, pois muitas denominações ainda têm um oficial chamado
evangelista. O moderno “evangelista” é alguém que prega o evangelho onde ele
ainda não é conhecido. Assim, os plantadores de igreja, missionários e
pregadores de rua são frequentemente chamados de evangelistas. De fato, o
evangelista moderno gasta a maior parte do tempo fazendo a obra de evangelismo.
Contudo, mesmo o título de “evangelista” estando ainda em uso hoje, se deve
fazer distinção entre o ofício de evangelista do Novo Testamento e seu conceito
moderno. Há várias razões por que o ofício de evangelista durante os primeiros
tempos da igreja foi único.
(1) Todos os
evangelistas nomeados no Novo Testamento (exceto talvez Estevão e Filipe)
tinham ministérios que estavam intimamente ligados à obra dos apóstolos (e.g.,
Barnabé, Timóteo, João, Marcos, Tito, Silas, Lucas).
Eles frequentemente
trabalhavam como assistentes especiais para os apóstolos. “Quanto a Tito, é meu
companheiro e cooperador convosco; quanto a nossos irmãos, são mensageiros das
igrejas e glória de Cristo” (2 Co. 8:23).
(2) Os evangelistas
do Novo Testamento tinham recebido poderes sobrenaturais do Espírito para
operar sinais e milagres (e.g., Estevão – At. 6:8; Filipe – At. 8:13; Barnabé –
At. 14:3). Os dons miraculosos foram necessários para autenticar a mensagem do
evangelho a cada vez que havia nova revelação (cf. Ex. 4:5; 1 Re. 17:4; Jo
17:4; 2 Co. 12:12; etc.); durante o período de fundação da igreja. Por causa de
sua habilidade para operar milagres e da intima conexão com o apostolado, o
ofício de evangelista foi considerado temporário e fundador pelos primeiros
teólogos e comentaristas reformados. “
(3) Os evangelistas
do Novo Testamento frequentemente
se envolviam em obras especiais. Quando os
apóstolos tinham um trabalho especial para fazer eles escolhiam um evangelista
para a tarefa. Eles eram em certo sentido vigários apostólicos; isto é, eram
homens investidos com poderes especiais para um propósito específico. Eles
desempenharam tarefas ministeriais que somente alguém especialmente
comissionado por um apóstolo poderia fazer.
Os enviados se
igualam aos apóstolos como superintendentes das igrejas.
“Espero, porém, no
Senhor Jesus, mandar-vos Timóteo, o mais breve possível, a fim de que eu me
sinta animado também, tendo conhecimento da vossa situação.” (Fp. 2:19). Paulo
ordenou Tito para “constituir presbíteros em cada cidade” (Tt. 1:5; cf. At.
15:22; 2 Tm. 4:9; Tt. 3:12).
(4) Sempre que Paulo
lista os oficiais da igreja ele sempre coloca o evangelista antes do pastor.
Esta posição é logicamente determinada pelas habilidades do evangelista para
operar sinais e milagres e suas funções como representantes apostólicos para
inspecionar as igrejas, designar presbíteros e assim por diante.
Extraído de Spiritual
Gifts, Part 3 – Evangelist. Copyright © 2004 Brian Schwertley, Haslett, MI. Tradução:
Márcio Santana Sobrinho.
3. A finalidade do
ministério do evangelista.
No versículo 20, a
igreja é comparada a um edifício. Os apóstolo e profetas são o fundamento desse
edifício. Eles podem ser chamados assim em um sentido secundário, onde Cristo é
o fundamento principal. Mas, nós temos de entender esse aspecto no contexto da
doutrina anunciada pelos profetas do Antigo Testamento e os apóstolos do Novo.
Lemos então: “...de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”. Nele,
judeus e gentios se reúnem e constituem uma igreja; e Cristo sustenta o
edifício pela sua força: “...no qual todo o edifício, bem ajustado...” (v. 21).
Todos os crentes, que formam a igreja, estando unidos em Cristo pela fé, e
entre si pela caridade cristã, “...crescem para templo santo...”, tornando-se
uma sociedade sagrada, na qual há muita comunhão entre Deus e seu povo, como no
templo. Na igreja eles o adoram e servem, e Ele se manifesta no meio deles.
Eles oferecem sacrifícios espirituais a Deus, e Ele reparte suas bênçãos e
favores a eles. Assim, o edifício, pela sua natureza, é um templo, um templo
santo; porque a igreja é o lugar que Deus escolheu para colocar o seu nome, e
ela se tornou um templo pela graça e força obtida dele - no Senhor. A igreja
universal sendo edificada sobre Cristo como a pedra fundamental, e unida em
Cristo como a principal pedra da esquina, vem finalmente a ser glorificada nele
como a pedra mais elevada:
“...no qual também
vós juntamente sois edificados...” (v. 22). Observe: Não somente a igreja
universal é chamada de templo de Deus, mas as igrejas locais também o são. Cada
crente verdadeiro é um templo vivo, um edifício “...para morada de Deus no
Espírito”. Deus habita em todos os crentes que se tornaram o templo de Deus por
meio da operação do abençoado Espírito, e essa moradia agora é uma garantia da
moradia deles junto com Ele na eternidade.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo
Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 585.
“Templo Santo no
Senhor” (20-22)
O uso da palavra
“família” (oikeioi), no versículo 19, conduziu a esta caracterização da igreja.
Oikeioi é derivado da palavra que significa “casa” no sentido de residência,
moradia, habitação. Robinson comenta: “Eles não são meros membros da casa, mas
fazem parte da casa de Deus”. A igreja é um santo templo em construção, e é uma
habitação de Deus no Espírito (22).
Estes versículos
expõem quatro aspectos da metáfora. Primeiro, os apóstolos e profetas são as
pedras da fundação do templo (20a). Recebem esta designação, porque sua função
é proclamar a Palavra do Senhor. Wesley observa que “a palavra do Senhor,
declarada pelos apóstolos e profetas, sustenta a fé de todos os crentes”.
Certos estudiosos veem uma contradição no pensamento de Paulo ao usar esta
metáfora aqui e em 1 Coríntios 3.11. Lá, Cristo é o fundamento. O problema se
resolve quando nos damos conta de que ele emprega a metáfora em sentidos
diferentes. Na passagem coríntia, o pensamento gira em torno de si mesmo e de
outros como construtores. Na relação aqui está claro que Cristo é o fundamento
sobre o qual eles constroem. Paulo está enfatizando as pedras usadas na
construção. Nesta relação, Cristo é a pedra da esquina. Todos os outros são
pedras de menor significação. Mas, mesmo sendo de menor importância, os
apóstolos e outros ministros na igreja são pedras de fundação no edifício de
Deus.
O segundo aspecto é
que Cristo é a principal pedra da esquina do templo (20b,21). A palavra
principal não precisava aparecer aqui. Os léxicos concordam que a palavra grega
significa “pedra angular”. A história deste pensamento remonta ao próprio
Cristo (Mc 12.10). Ele o retirou do Salmo 118.22, que diz: “Apedra que os
edificadores rejeitaram tornou-se cabeça de esquina”. Duas opiniões prevalecem
sobre o lugar preciso desta pedra nas estruturas construtivas de antigamente.
1) Era a pedra colocada na fundação em um canto, não só para firmar tudo, mas
para estabelecer o alinhamento para os muros. Esta opinião está de acordo com 1
Pedro 2.7 e apoia a ideia de que Cristo é aquele de quem a construção depende.
2) Era a pedra colocada no “topo do edifício, como vértice e conclusão”. Bruce
favorece esta interpretação, quando escreve: “A pedra angular é cortada de
antemão, e não só firma a estrutura quando é colocada no lugar, mas serve de
‘pedra de teste’ para mostrar que o edifício foi construído segundo as
especificações do arquiteto”. Seja qual for a interpretação que aceitemos, a
intenção do apóstolo é afirmar que Cristo controla a configuração e a forma da
igreja.
O terceiro aspecto é
que os crentes em Cristo são as pedras vivas, que bem ajustadas, crescem para
templo santo. Os manuscritos mais antigos diferem quanto a uma frase aqui (21).
Alguns têm a expressão pasa he oikodome, todo o edifício (i.e., o edifício
inteiro); outros têm expressão pasa oikodome, “todo edifício” (i.e., cada
edifício). Para certos comentaristas, a segunda tradução dá a entender um
complexo de edifícios (cf. BAB). Portanto, Paulo fala da construção de outros
edifícios relacionados ao santuário principal. Por outro lado, é mais provável
que Paulo esteja interessado em mostrar que a igreja ainda está no processo de
construção. Por isso, emprega a metáfora do crescimento. Mackay comenta: “E
permanente o acréscimo de outras pedras vivas ao edifício inacabado. As pedras
que já estão e as que ainda serão postas na estrutura sagrada devem ‘crescer
para templo santo no Senhor’”.29 Este crescimento ocorre e fica bonito somente
quando seus novos membros, “pela qualidade do seu discipulado em manter-se
estritamente fiel ao Senhor, contribuem para a unidade, força e perfeição da
igreja”.30
O quarto aspecto é
que o templo no qual os gentios são edificados é a habitação de Deus (22). Na
antiga ordem, o Tabernáculo e o Templo existiam apenas para proporcionar um
lugar para o Santo de Israel.31 Mas Paulo escreveu aos crentes coríntios: “Não
sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”
(1 Co 3.16). No novo concerto, Deus não só chama um povo, mas mora com eles.
Como afirma Mackay: “A Igreja Cristã, quando é verdadeiramente a Igreja, é a
Casa da Presença”.32
Nos versículos 4 a
22, temos o assunto: “A Igreja, a Morada de Deus”. A unidade da Igreja
Invisível é o tema de fundo. 1) A fundação da Igreja, 20; 2) A construção da
Igreja: inclusiva, 11-19; exclusiva, 4-11; de projeto simétrico — bem ajustado;
cresce até à conclusão — cresce para templo santo no Senhor, 21; 3) “Em
Cristo”, a Igreja é a morada de Deus no Espírito, 22 (G. B. Williamson).
Willard
H. Taylor. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 9. pag. 143-144.
“No qual todo o
edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor” (Ef 2.19-23). O que
quer que possa nos dividir, Cristo nos une. Quaisquer que sejam os medos ou as
desconfianças que gerem hostilidade, Cristo traz a paz. E devemos permitir que
Ele faça isso. Pois o “templo santo no Senhor” que Jesus está edificando hoje
só surge quando o seu povo está “bem ajustado”.
Não permita que algum
partidário lhe divida. Não deixe que um pregador estridente de divergências
doutrinárias lhe isole de irmãos e irmãs cuja fé é uma com a sua, só porque as
crenças deles são diferentes das suas. E não deixe que a raça, ou a idade, ou a
posição social, ou a educação, ou a riqueza ou a pobreza, lhe dividam. Tente
alcançar os outros, e de mãos dadas sejam edificados “para morada de Deus no
Espírito”.
Lawrence
O. Richards. Comentário Devocional da
Bíblia. Editora CPAD. pag. 856.
Atos 8.6-8 A
eficiência do ministério de Filipe é destacada aqui à medida que as multidões reuniam-se
e viam Filipe realizar sinais que davam autenticidade à mensagem. Espíritos imundos
saíam das pessoas. Os seus clamores revelavam a sua fúria ao encontrar um poder
maior do que o deles. Os demônios nunca ficam felizes quando alguém lhes diz que
deixem as suas moradias humanas, mas eles não têm escolha a não ser se
submeterem à autoridade maior (veja Mc 9.25,26). Filipe também curava em Nome
do Senhor Jesus. Como resultado das curas e da mensagem que ele trazia, havia
grande alegria naquela cidade.
8.26-28 Um anjo do
Senhor apareceu em várias ocasiões nas Escrituras, dando instruções às pessoas.
Neste caso, Filipe recebeu a instrução de ir para o Sul. De acordo com a
estratégia soberana de Deus, Filipe saiu
para o lado da estrada quando encontrou o tesoureiro da Etiópia voltando para
casa depois de uma peregrinação a Jerusalém. A Etiópia está localizada na África,
ao sul do Egito. O eunuco era obviamente dedicado a Deus, porque tinha viajado
uma distância tão grande para adorar em Jerusalém. Este homem pode ter sido um
gentio convertido ao judaísmo. O fato de que ele tivesse uma cópia do livro do
profeta Isaías indica esta possibilidade. Da mesma maneira, possuir um
pergaminho das Escrituras (manuscritas, e, portanto, raras) era um sinal de
riqueza.
8.29,30 O Espírito
Santo instruiu Filipe a caminhar ao lado do carro. Uma vez mais, Filipe
obedeceu imediatamente. Ele ouviu o homem lendo o profeta Isaías. Depois de observar
por um momento, Filipe perguntou: “Entendes tu o que lês?” Ao fazer isto,
Filipe exibiu duas das mais importantes características de um evangelista
eficiente: a primeira delas é a paciência. Ele esperou para descobrir como
estava a compreensão do homem antes de mergulhar no Evangelho. Uma segunda característica
é o poder de observação. Filipe esperou uma oportunidade para conduzir o homem
a um nível significativo.
8.31-34 O oficial da
corte expressou a frustração que todo estudante da Bíblia, ao longo dos
séculos, sentiu de tempos em tempos: “Como poderei entender, se alguém me não
ensinar?” Esta perfeita introdução ao Evangelho foi até melhor, considerando a
passagem que ele estava lendo. Tendo sido convidado a acompanhar o eunuco no
carro, Filipe descobriu o lugar da Escritura que o eunuco lia – Isaías 53. Aqui
Deus continuou o seu trabalho soberano. Não há passagem melhor do que Isaías 53
para se ler no Antigo Testamento quando se deseja visualizar um retrato de Jesus
Cristo. A passagem é a profecia de Isaías a respeito do grande Servo sofredor -
a sua rejeição, o seu silêncio diante de seus acusadores, a sua morte
juntamente com pecadores, a natureza substitutiva do seu sofrimento, o seu
sepultamento no sepulcro de um homem rico, e a sua ressurreição.
8.35 Filipe,
começando nesta Escritura, e acrescentando outras, anunciou-lhe as boas novas a
respeito de Jesus. E importante observar que Filipe começou onde o homem estava
lendo. Somente então o levou direta e claramente até onde precisava ir. Isto
significa que ele ouviu, pensou, adaptou a mensagem ao seu ouvinte e então
explicou as boas novas.
8.36 E óbvio que o
oficial da corte veio à fé, a despeito daquilo que Filipe lhe tenha dito. Evidentemente
incluído no que Filipe tinha ensinado, estava o fato de que ser batizado era o
passo seguinte de obediência em sua fé recém descoberta. Filipe começou onde o
etíope estava, mas não ficou por ali. Filipe mostrou ao etíope o restante da
história - talvez a conclusão de Isaías 53 - incluindo a vinda de Cristo, a sua
morte substitutiva, a sua ressurreição, e a sua oferta de vida eterna. A
maioria dos manuscritos gregos mais antigos não inclui o versículo 37.
8.38 Depois de mandar
parar o carro, o oficial e Filipe desceram à água. Ali Filipe o batizou. As
testemunhas do batismo incluíam pelo menos Filipe e o condutor do carro, embora
um homem de tal importância pudesse estar viajando com um cortejo considerável.
Ordenado pelo Senhor
Jesus Cristo (Mt 28.18-20), o batismo nas águas é um sinal exterior e visível
da identificação de um indivíduo com Cristo e com a comunidade cristã. Este era
um dos primeiros atos dos novos convertidos na igreja primitiva. Submetendo-se ao
batismo, este oficial estava proclamando a sua fé em Cristo. Profundamente
simbólico e significativo, o batismo envia uma poderosa mensagem aos
espectadores a respeito da obediência do indivíduo a Cristo.
8.39,40 Filipe foi
subitamente transportado pelo Espírito do Senhor a outra cidade (provavelmente
o local do seu próximo trabalho). Azoto é uma das antigas capitais dos
filisteus, cerca de trinta quilômetros ao norte de Gaza. Este sinal maravilhoso
pode estar aqui para mostrar a urgência de se transmitir a mensagem aos
gentios.
Filipe anunciou o
Evangelho. Filipe desaparece da história de Atos neste ponto, mas na verdade ele
acabou chegando a Cesárea. A única outra menção a Filipe está em 21.8,9. Vinte
anos depois, Filipe ainda estava em Cesárea e tinha quatro filhas, e todas elas
profetizavam. Nada mais está registrado sobre o eunuco recém convertido, exceto
este maravilhoso relato de que ele continuou o seu caminho, jubiloso - uma
evidência clara da obra do Espírito na vida deste novo crente (G1 5.22).
Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag.659; 661-662.
Filipe em Samaria
(8.4-8)
Aqueles que tinham
sido dispersos pela perseguição (cf. 1) iam por toda parte (4). Uma tradução
mais precisa é “passavam de um lugar para outro” (ASV). O verbo grego é um
termo favorito de Lucas, que usa-o dez vezes em seu Evangelho e vinte e duas
vezes no livro de Atos — de um total de 42 ocorrências. No livro de Atos, é
usado para descrever uma atividade missionária da igreja.
Aonde quer que
fossem, estes leigos — cf. “exceto os apóstolos” (1) — estavam anunciando a
palavra. O verbo euangelizo é um outro termo favorito de Lucas. Ele usa-o
aproximadamente na metade do total das ocorrências no Novo Testamento. Com o
significado de “anunciando novidades jubilosas”, é uma palavra que se encaixa
perfeitamente para descrever a pregação do Evangelho, por estes missionários do
século I.
Dos sete homens
escolhidos para cuidar dos assuntos materiais da igreja (6.1-6), dois
representaram papéis importantes. Estêvão tornou-se o primeiro mártir. Filipe
(5) foi o primeiro a ser chamado de “evangelista” (21.8). Este capítulo conta o
início dos seus esforços para evangelizar.
Ele desceu a Samaria
(5). Embora Samaria esteja ao norte da Judéia, na mente dos judeus, as pessoas
sempre “subiam” a Jerusalém e “desciam” dali para qualquer outro lugar. Samaria
era um local lógico para iniciar a missão evangelística do mundo cristão. Como
diz Macgregor: “Os samaritanos formaram uma casa no meio do caminho entre o
mundo judaico e o mundo gentílico”.’
Descendo Filipe à
cidade de Samaria. No Antigo Testamento, Samaria é o nome da capital do Reino
no Norte de Israel, embora às vezes a palavra se refira à nação. Mas, no Novo
Testamento, o termo normalmente se refere ao distrito localizado entre a
Judéia, ao sul, e a Galiléia, ao norte (ver o mapa 1). A velha cidade de
Samaria foi reconstruída por Herodes o Grande, e chamada Sebaste — o
equivalente grego ao termo latino “Augusto”. Isto ainda se conserva no nome da
atual vila Sebastiyeh, que está situada no antigo monte Samaria. Mas Josefo
indica que, no século I, Sebaste foi algumas vezes mencionada como Samaria.
Assim, não há necessariamente qualquer anacronismo aqui.
Filipe pregava. Esta
palavra é kerysso, “anunciar” ou “proclamar como um arauto”, e não euangelizo
(cf. 4). Para os samaritanos, ele “estava proclamando” (imperfeito de uma ação
continua) Cristo — lit., o Cristo; i.e., “o Messias”. Os samaritanos,
juntamente com os judeus, estavam procurando o Messias que viria (Jo 4.25).
Os ouvintes de Filipe
prestavam atenção (6) ao que ele anunciava. Eles ouviam as palavras que ele
dizia e viam os sinais (trad. literal) que ele realizava. A realização de
milagres representou um papel importante no ministério de Jesus e no início da
evangelização dos judeus e samaritanos. Paulo declarou: “Porque os judeus pedem
sinal, e os gregos buscam sabedoria” (1 Co 1.22). Quando a pregação do
Evangelho penetrou no mundo dos gentios, a realização de milagres passou a ter
menos importância.
Estes “sinais”
consistiam principalmente em expulsar espíritos imundos (demônios) e curar os
enfermos e aflitos (7). Muitos paralíticos e coxos é a tradução literal do
grego (cf. Phillips).
O resultado desta
manifestação de poder divino foi grande alegria naquela cidade (8). Quando Deus
nos abençoa, segue-se sempre um período de regozijo.
Testemunhando ao
Eunuco Etíope, 8.26-40
Filipe era um
evangelista versátil, cheio do Espírito e guiado pelo Espírito. Ele podia
pregar para grandes multidões em um “avivamento que alcançasse uma cidade
inteira”. Mas ele também podia realizar um trabalho pessoal com um único
indivíduo em uma estrada deserta. A eternidade pode revelar que, quanto aos
seus resultados finais, a segunda destas atividades era tão fértil quanto a
primeira. A lição essencial a ser aprendida é que, quando o Espírito Santo nos
impele a levar algum ministério a outros, Ele nos dá o poder necessário para
cumprirmos a missão. Onde Deus guia, Deus provê. Outra lição é que, aos olhos
do Senhor, nenhuma tarefa orientada pelo Espírito é pequena. Somente a
onisciência divina pode antever os resultados dos poucos momentos de um
testemunho dado a uma pessoa cujo coração o Espírito Santo preparou para
acolher este testemunho.
1. Um Peregrino
Buscando a Deus (8.26-31)
No meio das
atividades de Filipe na cidade samaritana, com muitos convertidos para cuidar,
o anjo — lit., “um anjo” — do Senhor chamou-o para uma nova tarefa. O contexto
sugere que esta é uma outra maneira de dizer que o Espírito conduziu-o (cf. 29,
39). A ordem era: Levanta-te — tempo aoristo de ação imediata — e vai — tempo
imperfeito de ação continua, “ir” — para a banda do sul (26). No único outro
ponto do Novo Testamento em que aparece a palavra grega para sul, ela é
traduzida como “meio- dia” (22.6). Alguns estudiosos preferem esta tradução.
Mas “para a banda do sul” parece ser o significado correto da frase.
Filipe devia ir ao
caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que estava deserto. Gaza estava a
cerca de 96 quilômetros a sudoeste de Jerusalém. Era a cidade mais ao sul da
Palestina, quase na fronteira do Egito (ver o mapa 1). Nos tempos do Antigo
Testamento, era uma das cinco cidades dos filisteus. Que está deserto pode
referir-se ao caminho; ou seja, “Pegue a estrada deserta”, em vez de uma outra
rota. Esta é a opinião de Schuerer28 e Gloag. Mas Lake e Cadbury empregaram a
frase à cidade. A antiga Gaza, que estava situada a aproximadamente quatro
quilômetros do Mediterrâneo, foi destruída por Alexandre o Grande (332 a.C.) e
ainda estava deserta. Poderia muito bem ser chamada deserto de Gaza. A nova Gaza
Helénica ficava na costa. Bruce aceita esta interpretação.31 Em qualquer caso,
a missão envolvia diversos dias de viagem. Talvez fossem 56 quilômetros de
Samaria a Jerusalém e cerca de 96 quilômetros a mais para Gaza.
Filipe levantou-se e
foi (27). Os dois verbos estão no tempo aoristo e sugerem obediência imediata,
Como ele foi imediatamente, encontrou um homem. Se tivesse demorado por
qualquer razão, Filipe teria perdido seu encontro divino com o eunuco.
Seguindo orientações
divinas, Filipe viu um etíope, que tinha ido a Jerusalém para adoração, ou “em
peregrinação”, e estava agora voltando. Etiópia era o nome de um reino no Nilo,
entre a atual Assuã e Khartoum. A maioria dos estudiosos atuais reconhece que a
referência aqui não é à Abissínia, hoje conhecida comumente como Etiópia.
Entretanto, o Westminster Dictionary ofthe Bible afirma que a profecia de
Salmos 68.31 — “A Etiópia cedo estenderá para Deus as suas mãos” — “foi
cumprida com a conversão do eunuco etíope (At 8.26-40) e a introdução do
Evangelho na Abissínia”.
O viajante que Filipe
encontrou era um eunuco, mordomo-mor (ou alto official) de Candace, rainha dos
etíopes. Alei mosaica proibia um eunuco de ser membro da congregação do Senhor
(Dt 23.1). Mas a proibição parece ter sido suspensa posteriormente (Is 56.3-5).
Mordomo-mor é dynastes, que significa “príncipe”. Candace era um título, como
Faraó. Lake e Cadbury observam: “O título era dado à rainha-mãe, chefe real do
governo”. O eunuco era superintendente de todos os seus tesouros, portanto, um
homem de alto cargo e grande responsabilidade.
Como um homem digno
de sua posição, o eunuco tinha um dos melhores meios de transporte da época.
Assentado no seu carro [uma carruagem], lia o profeta Isaías (28). Pergaminhos
escritos à mão eram raros e dispendiosos, mas ele era um homem rico e podia
tê-los. De acordo com os costumes da época, ele lia em voz alta, pois Filipe o
ouviu (30). Os rabinos determinavam que a Lei devia ser lida em voz alta por
quem estivesse viajando.
Em obediência à voz
interior do Espírito (29), Filipe correu (30) para emparelhar- se ao carro.
Ouvindo o eunuco ler o pergaminho de Isaías, ele perguntou: Entendes tu o que
lês? — uma questão pertinente em qualquer época. Entendes significa
literalmente: “Você conhece?” Que lês significa literalmente: ‘Você conhece
novamente”. Há um jogo de palavras em grego que não pode ser convertido para o
nosso idioma. Estes dois verbos aparecem juntos em 2 Coríntios 3.2 — “conhecida
e lida por todos os homens”.
A resposta do eunuco
etíope foi quase patética: Como poderei entender, se alguém me não ensinar?
(31) Ensinar é o mesmo verbo usado por Jesus em João 16.13 como “guiar” —
“Quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade”.
Filipe, cheio do Espírito, era capaz de dar orientações sobre as Escrituras.
Ávido por aprender o
verdadeiro significado da passagem profética, o eunuco rogou que Filipe subisse
à carruagem. O verbo rogou (parakaleo) é muito forte, significando “exigiu” ou
“suplicou”.
2. Uma Profecia
Incomum (8.32-33)
A expressão O lugar
da Escritura (32) pode ser traduzida como “a passagem da Escritura”. Lugar
[perioche, somente aqui no NT) é a palavra usada pelos pais da igreja para as
lições das Escrituras que são lidas em público. Literalmente significa “uma porção
circunscrita, uma seção”.
A citação em 32-33
foi copiada quase literalmente da Septuaginta de Isaías 53.7-8, e é uma parte
de uma das “Canções do Servo” de Isaías, encontrada em um importante capítulo
messiânico do Antigo Testamento. A profecia, Assim não abriu a sua boca, foi
cumprida quando Jesus “nada respondeu”, quando foi falsamente acusado perante
Pilatos (Mt 27.12). A frase difícil, foi tirado o seu julgamento, provavelmente
significa: “lhe negaram justiça” (RSV). Gloag assim a interpreta: “O seu
julgamento — o julgamento que lhe era devido — os seus direitos de justiça —
lhe foram negados por seus inimigos”.
A próxima frase, quem
contará a sua geração? tem causado mais dificuldades. Gloag opina que ela
significa: Quem deveria “expor a maldade de seus contemporâneos?” Mas Meyer diz
que, embora anteriormente sustentasse aquela opinião, ele definitivamente
escolheria esta interpretação: “Quão indescritivelmente grande é a multidão daqueles
que pertencem a Ele”. A frase final, porque a sua vida é tirada da terra,
reconhecidamente parece se adequar melhor à primeira destas explicações do que
à segunda.
3. Um Pregador Cheio
do Espírito (8.34-40)
A questão que preocupava
o eunuco etíope era: de quem diz isto o profeta? De si mesmo ou de algum outro?
(34). Lumby escreve: “Alguns dos judeus interpretaram esta passagem como
tratando de um profeta sofredor, mas geralmente ela se aplicava à nação
sofredora”. O eunuco pareceu sentir que ela deveria ser aplicada a um
indivíduo. Mas a quem?
Filipe estava à
altura das exigências da situação. Abrindo a boca e começando nesta Escritura,
lhe anunciou a Jesus (35). Esta era a resposta. O Servo sofredor do Senhor, de
quem Isaías falara, não era nenhum outro senão Jesus, o Messias escolhido por
Deus.
Sem dúvida, a
carruagem já havia percorrido uma grande distância enquanto Filipe comentava a
passagem de Isaías e revelava Jesus. Finalmente, chegaram ao pé de alguma água
(36), e o eunuco solicitou o batismo. Talvez Filipe tivesse repetido as
palavras de Pedro no dia de Pentecostes: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados...” (2.38).
O versículo 37 é a
teologia sólida do Novo testamento, mas é omitido nas versões revisadas porque
não está nos melhores e mais antigos manuscritos gregos. Talvez represente uma
tradição autêntica, mas tem todo o aspecto de ser uma nota explicativa,
adicionada por algum escriba para fornecer uma resposta à questão do versículo
36 e, por fim, encontrar seu caminho dentro do texto.
O eunuco mandou parar
o carro (38), enquanto ele e Filipe desceram para um lago ou riacho. A água
corrente era considerada preferível para o batismo cristão na Igreja Primitiva
(Didache 7.1).
Quando os dois homens
saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe (39). Ele desapareceu.
O eunuco... jubiloso, continuou o seu caminho, como todos fazem quando
encontram Cristo como Salvador. Este é um contraste com o jovem governante
rico, que “retirou-se triste” (Mt 19.22).
Filipe se achou —
i.e., apareceu — em Azoto (40). Esta é a Asdode do Antigo Testamento, uma das
cinco cidades dos filisteus. Estava situada cerca de 32 quilômetros ao norte de
Gaza, a mais ou menos metade do caminho entre aquela cidade e Jope (ver o mapa
1). Em seu caminho para o norte, pela costa, Filipe anunciava o evangelho em
todas as cidades — lit„ “ia evangelizando todas as cidades”. Estas incluiriam
Lida e Jope, onde os crentes são mencionados logo depois disso (9.32-42).
Filipe evangelizou as cidades litorâneas no extremo norte, como Cesaréia, onde
o encontramos na próxima vez em que aparece no livro de Atos (21.8). Esta
cidade foi construída por Herodes o Grande, e passou a chamar-se Cesaréia
Sebaste em honra ao Imperador Augusto de Roma. Concluída em aproximadamente 13
a.C., foi a sede do governo romano na Judéia nos dias de Jesus.
Este capítulo pode
ser usado para enfatizar a importância dos “Dois Tipos de Evangelização”:
evangelização em massa (4-25) e evangelização pessoal (26-40). Sob a primeira,
se destacam: 1. O método é pregar (5); 2. A mensagem é Cristo (5); 3. O motivo
é que as pessoas sejam salvas e santificadas (12-17). Sob a evangelização
pessoal, chamamos a atenção para: 1. A importância da obediência imediata (27,
ver comentários); 2. A oportunidade oferecida (27-29); 3. O lugar da Escritura
profética (30-32); 4. A interpretação da passagem, (34-35); 5. A aplicação à
necessidade pessoal (36-39).
Ralph
Earle. Comentário Bíblico Beacon.
Editora CPAD. Vol. 7. pag. 265-266; 270-273.
“Descendo Filipe à
cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo” (At 8.4-7). Filipe era um dos sete
“diáconos” escolhidos para distribuir alimento aos necessitados (6.1-7). Aqui,
nós o vemos pregando e realizando milagres em Samaria. Outro “entregador de
alimentos” tinha sido promovido no exército de Deus!
O que é realmente
importante, no entanto, é o fato de Filipe ter pregado em Samaria. A religião
samaritana era uma forma pervertida de judaísmo, e os samaritanos eram vistos
com hostilidade e desprezo pelos judeus. Filipe, no entanto, os considerava
seres humanos, pelos quais Cristo tinha morrido, e lhes pregou Cristo.
A maneira como
classificamos as pessoas determina, em grande parte, a maneira como nos
relacionamos com elas. Nós, cristãos, não devemos classificar as outras pessoas
por grupos raciais ou socioeconômicos, nem mesmo por categorias como viciado em
drogas, homossexual ou condenado. Devemos considerar os outros crentes como
irmãos e irmãs no Senhor. E devemos considerar cada não cristão como um
candidato à salvação — como uma pessoa a quem Deus ama, e por quem Cristo
morreu.
“E eis que um homem
etíope, eunuco... regressava” (At 8.26-35). Normalmente, “eunuco” indica um
homem que foi castrado. Era muito comum, em tempos antigos, que os governantes
castrassem rapazes e os treinassem para tarefas administrativas. A teoria era
que, sem terem uma família com que se preocupar, eles seriam mais fiéis ao
governante ao qual servissem.
Na época, o termo
“eunuco” era usado em algumas sociedades como um título para determinados
oficiais, fossem eles castrados ou não. Assim, não podemos ter a certeza de que
esse importante oficial etíope fosse um eunuco no sentido literal do termo. E
tentador pensar que fosse, simplesmente porque a Lei do Antigo Testamento
proibia que essas pessoas participassem da adoração no Templo. Como deve ter
sido emocionante, para o etíope, quando Filipe o ensinou a perceber que, em
Cristo, Deus receberia até mesmo a ele. Todos são bem vindos em Cristo. Quaisquer
que sejam os antecedentes da pessoa, o que quer que ela tenha feito, ou não, há
lugar para ela. As Boas-Novas para todos os desprezados e parias são: pode
entrar!
“Como poderei... se
alguém me não ensinar?” (At 8.31-40). Muitas pessoas não compreendem
verdadeiramente o que leem. Isso é frustrante para aqueles dentre nós cujo
ministério é o de escrever. Mas é emocionante para todos os demais. Eu me
comunico pelo computador. Mas você tem a oportunidade de explicar aos amigos,
ou a vizinhos, ou a pessoas que você encontra, face a face, a maravilhosa
mensagem que levou à feliz conversão do eunuco etíope.
Fiquei sabendo (pelos
editores) que os autores são (ou eram, antes que aparecessem os evangelizadores
da televisão) os “astros” do cristianismo. Tendo recebido pouca bajulação, não
estou convencido disso. Mas estou convencido de que o ministério mais eficiente e mais
emocionante que há é a simples explicação, face a face, do evangelho a alguém
que deseja compreender o que leu ou ouviu.
Por que não pedir a
Deus que o envie, hoje, a alguém como o eunuco etíope?
Lawrence
O. Richards. Comentário Devocional da
Bíblia. Editora CPAD. pag. 729-730.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
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