A RECIPROCIDADE DO AMOR CRISTÃO
Data: 22/09/2013 HINOS
SUGERIDOS 4, 244, 304.
TEXTO ÁUREO
Posso
todas as coisa naquele que me fortalece (Fp 4. 13).
VERDADE PRATICA
A
igreja de Cristo deve zelar pelo bem-estar dos que a servem, a fim de que não
haja necessitados entre os filhos de Deus.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Jo 10.10 Vida cristã transbordante
Terça - Fp 4.19 Deus
supre as necessidades
Quarta - Mt 6.19-21,3134 A confiança nos bens gera
ansiedade
Quinta - 1 Tm 5.17,18 A igreja cuidando de seus
líderes
Sexta - Rm 1 5.25-27 Socorro material como prova
de amor
Sábado - Fp 4.10-13 A fonte da nossa suficiência
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Filipenses
4.10-13
10
- Ora, muito me regozijei no Senhor por, finalmente, reviver a vossa lembrança
de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade.
11
- Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o
que tenho.
12
- Sei estar abatido e. sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas
as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter
abundância como a padecer necessidade.
13
- Posso todas as coisas naquele que me fortalece.
Chapter 4
10 I rejoice in the Lord greatly that now at length you have revived
your concern for me; you were indeed concerned for me, but you had no opportunity.
11 Not that I complain of want; for I have learned, in whatever state I
am, to be content.
12 I know how to be abased, and I know how to abound; in any and all circumstances
I have learned the secret of facing plenty and hunger, abundance and want.
13 I can do all things in him who strengthens me.
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Saber que as dádivas dos
filipenses era resultado da providência divina.
Compreender que o cristão tem o
contentamento de Cristo em qualquer situação.
Explicar a respeito da
principal fonte de contentamento do cristão.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor,
reproduza no quadro de giz os dois tópicos abaixo. Utilize-os para introduzir a
lição. Discuta com os alunos estes princípios. Explique que estas duas regras
devem nortear a nossa doação em favor daqueles que trabalham na obra do Senhor:
“Ao
entregar uma oferta o valor não é o mais importante, mas sim a disposição de
contribuir para o Reino”.
“A
doação deve ser como resposta a Cristo, e não pelas vantagens que podemos ter
por fazê-lo. O modo como doamos reflete a nossa devoção ao Senhor” (Bíblia de Aplicação Pessoal, CPAD, p. 1
620).
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Na
lição de hoje, aprenderemos a importância da generosidade da igreja para com
aqueles que a servem. Dependente das ofertas dos irmãos para sobreviver no
cárcere romano, Paulo expressava uma profunda gratidão à igreja de Filipos
pelos recursos enviados por intermédio de Epafrodito (4.10-20).
O
apóstolo estava agradecido aos filipenses pelo amor que lhe haviam demonstrado.
Ele, porém, destaca que sempre confiou à providência divina o seu sustento, e
que sua alegria maior estava não nas ofertas recebidas, e sim no fato de os filipenses
terem se lembrado dele.
I - AS
OFERTAS DOS FILIPENSES COMO PROVIDÊNCIA DIVINA
1. Paulo agradece aos
filipenses.
A igreja em Filipos já vinha contribuindo com o ministério de Paulo desde o seu
início (v.15). Agora, o apóstolo fora surpreendido pela segunda oferta enviada
a ele, exatamente quando estava preso em Roma. Por isso, agradece e regozija-se
pela lembrança dos irmãos (v. 10).
Ele
declara ainda que a oferta dos filipenses era o fruto da providência divina em
seu ministério, pois confiava plenamente em Deus, em qualquer situação. 2. Reciprocidade entre o apóstolo e a
igreja. Paulo amava a igreja em Filipos. Esta cidade foi a primeira da
Europa a receber a mensagem do Evangelho. Ali, Paulo enfrentou perseguições,
prisão e muito sofrimento. Porém, agora a igreja, firmada em Cristo, demonstra
sua gratidão ao apóstolo cuidando dele e ajudando-o em suas necessidades (vv.
10, 11,15-18).
3. A igreja cuidar
dos seus obreiros.
Nenhum obreiro deve fazer de sua missão um meio de ganhar dinheiro, Todavia, a
igreja precisa prover sustento digno àqueles que a servem. Paulo muito sofreu
com a falta de sensibilidade da igreja em Corinto (v.15). Por outro lado, a
igreja em Filipos procurou ajudar o apóstolo.
A
Palavra de Deus nos exorta quanto ao sustento daqueles que labutam na seara do
Senhor. “Não amordaces o boi, quando pisa o trigo” (1 Tm 5.18 ARA). No mesmo
versículo, o apóstolo completa que “digno é o obreiro do seu salário”. Por
isso, a igreja deve apoiar devidamente àqueles que são verdadeiramente
obreiros, ajudando-os * em suas necessidades (1 Tm 5.17). f
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Nenhum
obreiro deve fazer de sua missão um meio de ganhar dinheiro, todavia a igreja
precisa oferecer sustento digno àqueles que a servem.
II - O
CONTENTAMENTO EM CRISTO EM QUALQUER SITUAÇÃO
1. O contentamento de
Paulo.
O apóstolo aprendeu a contentar-se em toda e qualquer situação. Seu
contentamento estava alicerçado no fato de que Deus cuida dos seus servos e
ensina-os a viver de forma confiante. Aos coríntios, Paulo escreveu: “não que
sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a
nossa capacidade vem de Deus” (2 Co 3.5).
Paulo
deu o crédito de sua força e contentamento a Deus. Muitos se gabam de sua
robustez, coragem e até espiritualidade, esquecendo-se de que a nossa
capacidade vem do Senhor. Para agirmos de forma adequada em meio às provações e
privações * é preciso reconhecer que dependemos integralmente do Senhor.
2. “Sei estar
abatido” (v.12).
Paulo inicia o versículo doze dizendo: “Sei estar abatido e também ter
abundância”. Ele estava convicto do cuidado de Deus. Por isso, aceitava as
privações sem se envergonhar ou mesmo entristecer-se. Precisamos acreditar na
provisão divina e aprender a contentar-nos em toda e qualquer situação.
Talvez
você esteja passando por dificuldades. Não permita, porém, que elas o abatam.
Confie no, cuidado e na bondade do Pai Celeste. Ele é o nosso provedor. Para que
o Evangelho chegasse aos confins da terra, muitos homens e mulheres, às vezes
sem qualquer sustento oficial, deixaram suas famílias e saíram pregando a
Palavra de Deus e fundando igrejas. Esses pioneiros não desistiram, e os
resultados ainda podem ser vistos. Hoje, as igrejas, em sua maioria, possuem
recursos para enviar obreiros e missionários a outras nações e ali
sustentá-los, e devem fazê-lo. Cumpramos, pois, o nosso dever conforme a Bíblia
nos recomenda.
3. O contentamento
desfaz os extremismos. Apesar de o exemplo paulino e de a Bíblia ensinar-nos
acerca do contentamento, é necessário abordar o perigo da adoção dos
extremismos nessa questão. Muitos servos de Deus são obrigados, pela falta de
compromisso de suas igrejas, a abandonar a obra de Deus. Para que isso não aconteça,
sejamos fiéis no sustento daqueles que estão servindo a causa do Mestre (1 Tm
5.18).
Os
obreiros, por sua parte, não podem deixar-se dominar pela avareza e pela
ganância. Paulo nos dá uma importante lição quando afirma: “Aprendi a
contentar-me com o que tenho” (v. 11). O culto ao Senhor não pode ser
transformado em uma fonte de renda. É o próprio apóstolo Paulo quem ensina a
nos apartar daqueles que não se conformam “com as sãs palavras de nosso Senhor
Jesus Cristo e com a doutrina que é segundo a piedade”. Isto porque, os tais
apreciam “contendas de homens corruptos de entendimento e privados da verdade,
cuidando que a piedade seja causa de ganho” (1 Tm 6.5). O ensino paulino
demonstra que a piedade, com contentamento, já é, por si mesma, um “grande
ganho” (1 Tm 6.6).
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
O
crente pode contentar-se em toda e qualquer situação, pois seu contentamento
está no fato de que Deus cuida dos seus servos e ensina-os a viver de forma
confiante.
III - A
PRINCIPAL FONTE DO CONTENTAMENTO (4.13)
1. Cristo é quem
fortalece.
Paulo nos ensina, com a declaração do versículo 13, que sua suficiência sempre
esteve em Cristo. O que fez com que Paulo suportasse tantas adversidades? Havia
algum segredo? Não! O que fez do apóstolo um vencedor foi a sua fé em Jesus
Cristo, aquele que tudo pode. A força do seu ministério era o Senhor. Você quer
forças para vencer os obstáculos em seu ministério? Confie plenamente no
Senhor!
2. Cristo é a razão
do contentamento.
Nossa alegria e força vêm do Senhor Jesus. Segundo Matthew Henry, “temos
necessidade de obter forças de Cristo, para sermos capacitados a realizar não
somente as obrigações puramente cristãs. Precisamos da força dEle para nos
ensinar a como ficar contente em cada condição”. Busque ao Senhor e permita que
a alegria divina preencha a sua alma (Ne 8.10).
3. O cumprimento da
missão como fonte de contentamento. Uma vez que o objetivo de Paulo era pregar o
Evangelho em toda parte, nada lhe era mais importante que ganhar almas para o
Reino de Deus. Nenhuma dificuldade financeira roubaria a visão missionária do
apóstolo.
Ele
não se angustiava pela privação material e social. Pelo contrário, a alegria do
Senhor era a sua força. Paulo regozijava-se com a suficiência que tinha de
Cristo. O descontentamento é como uma planta má que faz brotar a avareza (Hb 13.5,6),
o roubo (Lc 3.14) e a preocupação com as coisas materiais (Mt 6. 25-34). Por
isso, contente-se em Cristo! Ele tomará conta de nós.
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
Cristo
é a razão do contentamento, nossa alegria e força vêm dEle.
CONCLUSÃO
Aprendemos
na lição de hoje, que a igreja de Cristo deve zelar pelo bem-estar dos seus
obreiros, a fim de que não venham a passar privações. Todavia, a real motivação
para servirmos à igreja de Deus jamais devem ser as recompensas materiais.
Confiemos na provisão divina, pois assim seremos felizes em toda e qualquer
situação.
Nosso
contentamento em meio às adversidades é resultado da nossa fé e comunhão com o Senhor
Jesus. Que estejamos na dependência do Senhor, para que Ele nos conceda alegria
e força a fim de vencermos as vicissitudes e tribulações da vida.
AUXILIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Teológico
"Graças
pelo dom e comunhão deles. A principal razão para Paulo escrever a essa igreja
e de estar agradecido por esses irmãos é a expressão concreta deles de apoio a
ele (4.1-18). Essa igreja enviou um presente em dinheiro para auxiliar Paulo
enquanto estava na prisão (4.10-18). Paulo chama esse presente de ‘comunicar
com ele, usando a forma verbal (ekoinõsen v. 15) da palavra grega para comunhão
(koinonia). Eles comungam com ele ao participar de seu ministério por meio
dessa expressão concreta de amor e de preocupação. Paulo não esperava nem
pretendia esse auxílio. Paulo aprendeu a se contentar seja qual fosse sua
situação, quer na pobreza quer na abundância. Na verdade, quando Paulo escreve
que pode todas as coisas por intermédio de Cristo que o fortalece (4.13), ele
quer dizer que pode enfrentar todo tipo de circunstância ou situação financeira
sem perder de vista o propósito de Deus para ele. Por isso, recebe o presente
deles com gratidão, no qual ele diz ser ‘oferta de aroma suave’ a Deus (4.18 -
NVI). A preocupação deles faz com que lhes assegure que Deus também cuida deles
(4.19)”’ (ZUCK, Roy B (Ed.). Teologia do
Novo Testamento, l. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p.365).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Teológico
“Nos
versos 15 e 16, Paulo alegremente relembra o apoio que os filipenses lhe
ofereceram. Relembra os dias anteriores, quando o evangelho foi proclamado pela
primeira vez em Filipos (At 16.4). Quando o apóstolo passou pela Macedônia até
a Acaia, em sua segunda viagem missionária, a igreja em Filipos foi a única a
sustentar seus esforços. Na linguagem emprestada do mundo comercial, o apóstolo
considerou sua parceria como uma questão de ‘dar e receber’ (termos
aproximadamente equivalente aos conceitos de débito e crédito). Paulo ‘deu’ o
evangelho aos filipenses e ‘recebeu’ seu apoio. De fato, o verso 16 indica que
por mais de uma vez enviaram sua assistência a Paulo antes que deixasse a
Macedônia, enquanto ainda estava na cidade vizinha de Tessalônica (At 17.1-9).
Os filipenses, por sua vez, ‘deram’ seu apoio material e moral a Paulo, tendo
recebido a mensagem das boas novas e agido de acordo com esta.
No
versículo 17, Paulo reitera a pureza de seus motivos em sua expressão de
gratidão aos cristãos de Filipos. Não está procurando ‘dádivas’ ou agradecendo
de alguma maneira que venha a ser a base para favores futuros. Sua motivação
visa o benefício deles. Sua descrição da recompensa que terão por associarem-se
a ele na obra de Deus é expressa em termos financeiros. Sua participação no
Evangelho produzirá juros ou dividendos (literalmente ‘fruto’), o que resultará
no ‘aumento da conta’ deles” (ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo
Testamento. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004. p.510).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
RICHARDS,
Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento, l. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
PEARLMAN, Myer. Epístolas Paulinas: Semeando
as Doutrinas Cristãs, l. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.
EXERCÍCIOS
1.
O que o apóstolo Paulo declara acerca da oferta dos filipenses?
R:
Ele declara ainda que a oferta dos filipenses era o fruto da providência divina
em seu ministério, pois confiava plenamente em Deus, em qualquer situação.
2.
Por que a igreja deve apoiar devidamente àqueles que são verdadeiramente
obreiros, ajudando-os em suas necessidades?
R:
Porque é bíblico. A Palavra de Deus nos exorta quanto ao sustento daqueles que
labutam na seara do Senhor: “Não amordaces o boi, quando pisa o trigo” (1 Tm
5.18- ARA). No mesmo versículo, o apóstolo completa que “digno é o obreiro do
seu salário”.
3.
Em que o contentamento de Paulo estava alicerçado?
R:
Seu contentamento estava alicerçado no fato de que Deus cuida dos seus servos e
ensina-os a viver de forma confiante.
4.
O que Paulo nos ensina na sua declaração do versículo 13?
R:
Paulo nos ensina, com a declaração do versículo 13, que sua suficiência sempre
esteve em Cristo.
5.
Qual tem sido a fonte do seu contenta mento?
R:
Resposta pessoal.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n°54, p.42.
"Amarás,
pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de
todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; [...] Amarás o teu próximo
como a ti mesmo" (Mc 12.30,31). Estes dois mandamentos era o estrado da
prática cristã na Igreja do Primeiro Século. Eles aparecem implicitamente na
porção escrita pelo apóstolo Paulo. Antes o apóstolo havia ordenado aos
filipenses a regozijarem-se, mas agora ele é quem se regozija em Deus pela
atitude amorosa dos irmãos para com a sua vida. Esses crentes, através das
ofertas, supriram a necessidade do apóstolo dos gentios.
O
amor mútuo e profundo dos irmãos filipenses pelo o apóstolo Paulo era forjado
nas raias do sofrimento. A alegria de Paulo não se deu pelo valor da oferta,
mas por aquilo que ela significava. Não era uma oferta negociada pelas regras
comerciais e de mercado, mas geradas pelo amor recíproco da comunidade de
Filipos para com seu pai na fé. Este ato de amor faz o apóstolo reviver
reminiscências entre ele e os filipenses. Como sofreram juntos pelo o amor do
Evangelho! Caminharam dia e noite objetivando demonstrar a verdade que gera
vida. Ao receber a oferta de amor da igreja tais recordações explodiram como
bomba no coração do apóstolo.
O
apóstolo não se turbava porque através da demonstração de amor dos seus filhos
na fé, ele compreendia que o próprio Cristo o fortalecera no amor partilhado
pelos seus irmãos. Paulo vivia uma vida de grande contentamento em Deus, pois
no amor recíproco ele sente-se recompensado por Deus em tudo. O contentamento
de Paulo o faz jamais elevar a sua voz para murmurar das circunstâncias que lhe
rodeavam. Ele compreende e aceita a vocação de padecer por amor ao Evangelho.
Interessante
ressaltar que, apesar de Paulo receber ofertas dos irmãos de Filipos, a sua
confiança não está nelas, pois o apóstolo estava instruído em tudo, seja no
abatimento, seja na abundância; a ter fartura como a passar fome. Esta
experiência não o permitia a dissimular e ser avarento. O apóstolo tinha
decidido há muito deixar o conforto do farisaísmo para padecer por Cristo. Ele
bem sabia o que isto representava. Por isso, Paulo tinha outro olhar quando
recebia a oferta de amor dos filipenses. Não para o dinheiro, mas para
motivação amorosa que se escondia por de trás daquele ato filipense.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Reciprocidade é um
sentimento de correspondência, de intenções ou ações entre duas pessoas ou
entre dois grupos. No contexto dessa temática, representa a manifestação
amorosa dos cristãos filipenses para com o seu pai na fé, o apóstolo Paulo. Essa
reciprocidade é típica da vida da igreja cujos interesses são comuns a todos.
Portanto, reciprocidade se constitui numa qualidade que desfaz o individualismo,
realça a fraternidade e desenvolve uma relação de paridade de sentimentos
representados no amor cristão.
O apóstolo Paulo,
inspirado pelo Espírito Santo, escreveu na Carta aos Coríntios: “O amor é
sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade,
não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses,
não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a
verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Co 13.4-7).
Nesse capítulo,
especialmente no texto de 4.10-13, o apóstolo Paulo expressa sua alegria e
gratidão à igreja de Filipos, que lhe enviara donativos. Eram ofertas que o
mantinham vivo na sua prisão, uma vez que ele não podia trabalhar fazendo
tendas como havia aprendido para poder se manter. Essa escritura nos ensina a
importância da reciprocidade que deve existir no seio da igreja. Paulo estava
agradecido aos filipenses por terem se lembrado dele, mas destaca que sempre
dependeu da providência divina para o seu sustento.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 142-143.
VIII. A Carta de Ação
de Graças; as Doações dos Crentes (4:10-20).
Tendo chegado agora
ao final de sua epístola, Paulo destaca um de seus principais propósitos ao
escrevê-la. Os crentes filipenses se tinham mostrado generosos em seu apoio financeiro,
reconhecendo as necessidades de Paulo e as crises de toda a ordem pelas quais
ele passava. Eles queriam aliviar pelo menos suas dificuldades financeiras, até
onde isso lhes fosse possível, pelo que lhe tinham enviado dinheiro em diversas
ocasiões. Ora, neste ponto Paulo faz uma pausa a fim de agradecer a essas doações.
A última ocasião em que os filipenses tinham enviado auxílio financeiro a Paulo
fora quando da vinda de Epafrodito, o qual agora retomaria a eles como o
portador da presente epístola, bem como seu representante, autorizado a
corrigir alguns problemas que afligiam aquela comunidade cristã.
O fato que Paulo
esperou até o fim desta epístola, para mencionar as doações recebidas mais
diretamente, agradecendo aos crentes filipenses pelas mesmas, é questão que tem
deixado perplexos a alguns intérpretes. Alguns deles têm pensado que Paulo não
tivesse ficado satisfeito ante a quantia recebida, tendo a mesma também chegado
tarde demais para fazer-lhe grande bem.
Mas outros veem nisso
uma demonstração da delicadeza dos sentimentos de Paulo: o apóstolo teria
adiado a menção da dádiva porque não queria que a questão parecesse ser demais
importante para ele, como se estivesse motivado pela cobiça. Entretanto, é perfeitamente
possível que ele já houvesse agradecido aos crentes filipenses pelo dinheiro
enviado, em alguma epístola anterior, que agora desconhecemos; ou então,
simplesmente, que as várias admoestações e instruções, necessárias para
correção de outros problemas, e que foram incluídas nesta epístola, tenham
forçado a menção da questão agora já no final da epístola.
A passagem que ora
consideramos aprova as doações feitas a ministros e missionários do evangelho,
como algo digno de louvor. A passagem de I Cor. 9:7-14 ainda se mostra mais
detalhada e dogmática, ao abordar esse mesmo problema.
Ordinariamente, Paulo
não recebia doações das igrejas que fundava, não apenas para dar exemplo de tal
parcimônia a outros, mas provavelmente porque não queria que seu serviço,
prestado à causa de Cristo, desse a impressão de ser feito a troco de uma «cobrança».
Estava muito mais interessado em prestar seus serviços gratuitamente, posto
que, antes de sua conversão a Cristo, havia perseguido à igreja do Senhor. Por
exemplo, no caso da igreja em Corinto, sob hipótese alguma aceitou doações da
mesma, visto que alguns de seus membros o tinham criticado concernente a essa
questão, ao passo que outros, mui provavelmente, tinham dito que ele trabalhava
no evangelho a fim de ter uma vida financeiramente abastada. Nessas críticas,
realmente, havia um ataque contra o seu próprio apostolado.
Além disso, ainda
outros explicavam como motivo do fato que ele não queria receber ajuda
financeira, dizendo :«Ele não aceita salário, e com razão, pois nem mesmo é um
apóstolo». Assim deveriam dizer especialmente os «judaizantes» que havia na comunidade
cristã de Corinto. (Ver igualmente o trecho de II Cor.11:8,9, sobre esse mesmo
problema). Esse versículo também menciona um dom anterior doado pelos
filipenses, evidentemente há tempo considerável atrás.
Embora Paulo não
recebesse ajuda financeira da parte de outras igrejas, exceto a dos filipenses,
pelo menos não tendo nós registro histórico a respeito, o fato é que ele
exortou, tanto aos crentes coríntios (ver I Cor. 9:7-14) como aos crentes
gálatas (ver Gal. 6 :6), para que fossem cuidadosos no desempenho fiel desse
dever. (Ver as notas expositivas nesses trechos citados, acerca desse tema em
geral). O texto presente, em sua aplicação, deveria ser dirigido mais
diretamente à questão da responsabilidade das igrejas locais para com os
missionários, sobretudo para com aqueles que labutam em países estrangeiros,
porquanto esse é o caso aqui especialmente ilustrado.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 65.
problema é que ele
parece mais um termômetro do que um termostato! Esse comentário de um dos
diáconos despertou a curiosidade do pastor. Estavam conversando sobre alguns
candidatos para o conselho, e alguém citou o nome de Jim.
- Digo isso, pastor -
o diácono explicou porque um termômetro não muda coisa alguma, apenas registra
a temperatura.
Está sempre subindo
ou descendo. Mas um termostato regula a temperatura do ambiente em que se
encontra e faz as alterações necessárias. Jim é como um termômetro: não tem
poder de mudar as coisas. Na verdade, ele se deixa afetar pelas coisas!
O apóstolo Paulo era
um termostato. Em vez de ter altos e baixos espirituais de acordo com a mudança
das situações, ele prosseguia com determinação, fazendo seu trabalho e servindo
a Cristo. Suas referências pessoais no final desta carta mostram que ele não
era vítima das circunstâncias, mas sim vitorioso sobre as circunstâncias:
"De tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência" (Fp
4:12); "Tudo posso" (Fp 4:13); "Recebi tudo e tenho
abundância" (Fp 4:18). Paulo não precisava ser paparicado para estar
contente; seu contentamento vinha dos recursos espirituais que Cristo lhe provia
abundantemente.
Contentamento não é o
mesmo que complacência, como também não é falsa paz com base na ignorância. O
cristão complacente não se preocupa com os outros, enquanto o cristão contente
deseja compartilhar suas bênçãos. O contentamento não é uma fuga da batalha,
mas sim paz e confiança permanentes em meio à batalha. "Aprendi a viver contente
em toda e qualquer situação" (Fp 4:11). Duas palavras desse versículo são
de importância crítica: "aprendi" e "contente".
O verbo
"aprender" refere-se a "aprender por experiência". Esse
contentamento espiritual não era algo que ele havia assimilado imediatamente
depois da conversão. O apóstolo teve de passar por várias experiências difíceis,
a fim de aprender a viver contente.
O adjetivo
"contente", na verdade, significa "contido, calmo". É a
descrição de um homem cujos recursos encontram-se dentro dele, de modo que não
precisa depender de substitutos externos. O termo grego significa
"auto-suficiente" e era uma das palavras prediletas dos filósofos
estóicos.
Mas o cristão não é
auto-suficiente; sua suficiência encontra-se em Cristo. Uma vez que Cristo vive
em nós, estamos à altura das exigências
da vida.
Neste capítulo, Paulo
fala de três recursos espirituais maravilhosos que nos dão suficiência e
contentamento.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 127.
I - AS
OFERTAS DOS FILIPENSES COMO PROVIDÊNCIA DIVINA
1. Paulo agradece aos
filipenses.
O Tributo de Gratidão
pelos Filipenses
O apóstolo Paulo faz
um tributo de gratidão à igreja de Filipos dando um testemunho de sua relação
com aquela igreja, a qual demonstrava o seu amor e desvelo pela obra
missionária.
O tributo de gratidão
de Paulo à igreja pelo seu “cuidado” para com ele (4.10)
Paulo começa dizendo:
“muito me regozijei no Senhor” para demonstrar a igreja de Filipos que ele
suportava as privações da prisão em Roma com uma atitude de gratidão a Deus, a
qual lhe proporcionava grande alegria no seu espírito. O gozo do Senhor na alma
e no espírito é nutriente de fortalecimento espiritual, moral e material quando
estamos limitados e privados de conforto. Todo crente em Cristo deve estar
consciente da presença imanente do Espírito em todas as circunstâncias da vida.
Já haviam se passado
quase dez anos desde a última oferta enviada a Paulo pelos filipenses. Ele agradecia
a Deus pelo suprimento feito pela igreja para ajudá-lo nas suas necessidades.
Ele se lembrava da primeira oferta quando esteve em Tessalônica e foi agraciado
pelo amor desses irmãos (4.15,16). Nessa Carta, Paulo agradece pela surpresa
agradável da segunda oferta enviada para ele, exatamente quando estava preso em
Roma. Ele agradece e se regozija pela lembrança dos irmãos. Foi por esse amor
demonstrado que ele declarou: “muito me regozijei no Senhor” (4.10). Ele estava
declarando que a oferta dos filipenses era o fruto da providência divina e da
reciprocidade quando lhes pregou o evangelho em Filipos. Ele coloca a
providência de Deus acima de qualquer sentimento porque entendia que era o
Senhor quem inspirava esse amor demonstrado pelos filipenses.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 143-144.
A questão mais
importante a decidir-se é se estes versículos estão em seu lugar adequado, no
final de uma carta única, à igreja filipense, ou se representam uma “nota de
agradecimento”, completa ou parcial, enviada anteriormente, em relação às
seções precedentes que formam, agora, nossa carta, e formando, tal bilhete, ou
nota, a primeira de uma longa série de cartas do apóstolo. De qualquer forma, o
propósito da seção é claro: agradecer a dádiva que Epafrodito (2:25-30) trouxe
(4:18). Quanto ao parágrafo todo, veja-se O. Glombitza, “Der Dank des Apostels:
Zum Verständnis von Philipper IV 10-20”, NovT 7 (1964-5), pp. 13541, o qual
também trata de outra questão levantada nestes versículos, isto é, será que
Paulo conscientemente emprega termos comerciais, do jargão bancário
contemporâneo, ou será que sua maior ênfase recai na resposta dos filipenses à
sua pregação, e em sua declaração de que “vivemos o tempo todo pela graça”? (p.
140).
10. Há uma partícula
conectora (gr. de) não traduzida na RSV e na ARA. Se esta seção pertence
integralmente ao que se segue, esta palavra (“mas”, “e assim”) marca uma
transição.
Alegrei-me
sobremaneira no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o
vosso cuidado. Esta é a maneira de Paulo dizer “obrigado”. Esta maneira
indireta, oblíqua, de Paulo aludir ao donativo da igreja deu ensejo a algumas
especulações entre os intérpretes. Por que aparece Paulo tão reticente, e não
sai ousadamente, com uma palavra de apreciação? Teríamos nós alguma
justificativa, na companhia de Dibelius, Lohmeyer e Gnilka, para falar de
“agradecimentos sem agradecimentos”? (danklose Dank).
Uma razão para a
expressão reservada seria encontrada se pudéssemos aceitar a opinião de J. H.
Michael (“The First and Second Epistles to the Philippians”, ExpT 34 (1922-3,
pp. 106-9), compartilhada por E. F. Scott, segundo a qual numa carta anterior à
igreja, Paulo dissera algo, que causara ressentimento em Filipos, isto é, que
ele não estava precisando de donativo em dinheiro. Esta sentença seria a
tentativa de Paulo de esclarecer a dificuldade. C. O. Buchanan (EQ 36 (1964),
pp. 161ss.) acha que Paulo, na verdade, está perturbado, porque os filipenses desobedeceram
suas ordens a respeito de sua recusa em aceitar ajuda financeira da parte das
igrejas (cf. 1 Co 9: 15-18). Podemos, contudo, questionar isto: será que esta
firme política de recusar ajuda financeira aplicava-se a todas as congregações?
Provavelmente a verdade é que Paulo sentiu um certo constrangimento com
respeito a assuntos de dinheiro, e que seu jeito ambíguo de escrever reflete um
pouco do conflito existente entre seu desejo de expressar gratidão pelo
donativo recebido, agora e anteriormente (v. 15) e o desejo de mostrar-se
superior a questões de dependência de outros, quanto a sustento financeiro.
Certamente é
inusitada a maneira de Paulo agradecer o donativo, seja em dinheiro ou em
espécie, vindo da igreja, principalmente se considerarmos as expressões que
usa. Ele coloca toda ênfase de sua alegria no Senhor, não na generosidade dos
filipenses — um traço peculiar que reaparecerá no versículo 18. Renovastes (gr.
anethalete, encontrado somente aqui, em todo o NT, mas presente na LXX, SI
27:7; Sab. 4:4; Sir. 46: 12; 49:10, sobre plantas “que florescem outra vez”
após a estação de hibernação). O verbo pode ser transitivo, sentido que é
encontrado na RSV, e aceito por Debelius, Bonnard e Beare — “agora, finalmente,
destes realidade ao vosso interesse”; ou melhor, o verbo pode ser factitivo
(veja-se AG, que dão o sentido de “causar o crescimento”, encontrado na LXX, em
Ez 17:24; Sir. 50:10). Outra alternativa é considerar o verbo como
intransitivo: “revivestes, tanto quanto vosso interesse por mim”. (Veja-se
Gnilka e N. Baumert, “Ist Philipper 4, 10 richtig übersetzt?”, BZ 13 (1969),
pp. 256-62 (260). Esta é preferível, se for verdade, como assevera Gnilka, que
Paulo, ao escrever seu agradecimento, vê o quadro inteiramente do ponto de
vista dos filipenses; esta interpretação é apoiada pelo que se segue.
a meu favor o vosso
cuidado usa o verbo chave desta epístola: gr. phronein, cf. 2:3s., e 1:7, que
contêm uma expressão paralela. Paulo sente profundo interesse pelos filipenses.
Agora, paga ele tributo ao envolvimento e ativo interesse deles em seus
assuntos pessoais. O qual também já tínheis antes, mas vos faltava
oportunidade. A primeira parte da sentença enfatiza desejo ardente e prontidão
dos filipenses em enviar ajuda (colhida nos w. 15s.: segundo Baumert, loc.
cit., pp. 260s.). Não foi a falta de interesse dos filipenses, mas as
circunstâncias desfavoráveis, que bloquearam o caminho da dádiva até o
apóstolo. “Vós tivestes a falta do tempo (kairos) certo para ajudar”, é o que
comenta Paulo ao usar esse verbo (gr. êkaireisthe).
Não está mencionada a
razão da falta de circunstâncias favoráveis. Este fato influencia de alguma
forma a data da carta. (Veja-se a Introdução, pp. 65s..) Quer fosse a situação
do apóstolo, num certo lugar inacessível, ou a própria pobreza dos filipenses,
ou a preocupação deles quanto à coleta para os santos de Jerusalém, não há
culpa atribuída ao descuido. Foi algo fora de seus controles.
Ralph P. Martin, Ph.
D.. Filipenses Introdução e Comentário. Editora Vida Nova.
pag. 175-177.
Emprestando a
expressão de Paulo, agora, uma vez mais, ele lhes agradece formalmente o
presente. Embora não dependesse da oferta, e nem mesmo a procurasse, ele se
alegra com tal sacrifício que agrada a Deus e beneficia quem recebeu.
10. Se Filipenses fosse
realmente uma carta de agradecimentos, as palavras de apreciação deveriam ter
vindo muito antes. O fato de aparecerem quase como um pós-escrito, empresta
plausibilidade à conjetura de Michael que diz que Paulo já tinha feito seus
agradecimentos e agora estava apenas esclarecendo algumas declarações, que
evidentemente causaram ressentimentos (pág. xxi f; pág. 209 e segs.). Anathalo,
"tornar a brotar novamente", descreve uma árvore cheia de brotos na
primavera. Alguns, para fugir ao que parece ser uma branda reprimenda, entendem
renovastes como indicando a recuperação de um período de terrível pobreza. A
falta de oportunidade poderia então ser uma falta de meios. Entretanto,
provavelmente significa que não havia ninguém disponível para a viagem.
Charles
F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody.
Editora Batista
Regular Filipenses. pag. 28-29.
2. Reciprocidade
entre o apóstolo e a igreja.
Houve demonstração de
reciprocidade entre o apóstolo e a igreja (v. 10)
A expressão “vossa
lembrança” está traduzida na ARA como “vosso cuidado”. A palavra “cuidado”
reveste-se de sentido especial na relação recíproca entre o apóstolo e a igreja
de Filipos. Quando diz: “por, finalmente, reviver a vossa lembrança” estava, de
fato, usando a palavra “reviver” com um modo de lembrar com carinho e
demonstrar a materialidade desse sentimento em donativos que davam condições de
sobrevida na sua prisão em Roma. O ato de reviver e lembrar experiências
passadas se constitui um conforto que não tem preço para quem é o objeto dessa
lembrança. A relação amorável entre os filipenses e seu pai na fé era
demonstrada de modo fraterno e reconhecimento pelas bênçãos recebidas através
de Paulo. Eles receberam as bênçãos do evangelho e não se esqueceram de
corresponder quando o servo do Senhor estava necessitado.
A igreja de Filipos
foi fundada por Paulo enfrentando muita oposição com perseguição, prisão e
muito sofrimento. Agora a igreja demonstrava sua gratidão ao apóstolo cuidando
dele e ajudando - o nas suas necessidades. Esse cuidado da igreja tinha um caráter
espiritual, pois o que importava nessa ação da igreja era a sua motivação. Essa
reciprocidade foi manifestada no reconhecimento da igreja de Filipos e a
necessidade do apóstolo. Essa reciprocidade envolvia o dar e receber entre
ambos (1 Co 9.11; Rm 15.27).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 144-145.
....reciprocidade na
relação com o obreiro (4.15). A igreja de Filipos tinha um lugar especial na vida
de Paulo. Desde o início, ela se tornou parceria do apóstolo e continuou assim
até o final. Era uma igreja constante no seu compromisso com Deus e com o
apóstolo.
Há igrejas que têm
picos de entusiasmo pela obra missionária por um tempo, fazem conferências
especiais, enviam o pastor para congressos missionários e fazem levantamento de
provisão para os obreiros que estão no campo, mas depois abandonam essa
trincheira e abraçam outras prioridades. A igreja de Filipos era uma igreja
fiel no seu envolvimento e engajamento com o missionário e com a obra
missionária.
A relação da igreja
com o apóstolo era uma avenida de mão dupla. Ela dava e recebia. Ela investia
bens financeiros e recebia benefícios espirituais (IC o 9.11; Rm 15.27). Ela investia
riquezas materiais e recebia riquezas espirituais. De Paulo, a igreja recebia
bênçãos espirituais; da igreja, Paulo recebia bênçãos materiais. Ela ministrava
amor ao apóstolo e recebia dele gratidão.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 244.
«...Alegrei-me...»
Temos aqui, um a vez mais, um a das notas chaves mais constantes da presente
epístola, a «alegria». (Ver as notas expositivas a respeito desse tema, em Fil.
1:4 e 4:4, onde são aludidas as passagens onde esse assunto reaparece). A
alegria é um a das facetas do «fruto do Espírito Santo», ou seja, um a
qualidade espiritual. (Ver Gál. 5:22,23 e as notas expositivas ali existentes).
Aqui Paulo usou o aoristo epistolar, no grego—traduzido em português por
«...Alegrei-me...», vendo a questão do ponto de vista de seus leitores. Quando
os crentes filipenses recebessem esta epístola, sua ação de agrade cimento já
seria considerado com o algo ocorrido no passado; por essa razão é que Paulo
escreveu o verbo no tempo passado. Normalmente, esses aoristos, a fim de se
adaptarem à nossa maneira de dizer as coisas, são vertidos para o tempo
presente, nas traduções modernas.
«...no Senhor...» (Quanto
a notas expositivas completas sobre essa expressão, usada por mais de quarenta
vezes nos escritos de Paulo, ver Fil. 4:1. Essa expressão indica a nossa união
e contato com o Senhor Jesus, bem como a nossa posição como membros da família
divina, juntam ente com ele; e também fica indicado o seu senhorio, que é
comentado no trecho de Rom. 1:4). Paulo se regozijara tanto em face do próprio
auxílio financeiro recebido como também porque o mesmo fora inspirado pelo amor
cristão, o que ele reconheceu como um a das boas qualidades dos crentes
filipenses.
«...agora, um a vez m
ais...» Essas palavras indicam a pluralidade das doações enviadas (quando as
consideramos juntam ente com a declaração «...renovastes a meu favor o vosso
cuidado...»). E na passagem de II Cor. 11:8,9 vemos que isso já havia ocorrido
relativamente cedo em seu ministério. Desde quase o princípio o apóstolo vinha
recebendo ajuda financeira dos crentes filipenses. Podemos supor, assim sendo,
que eles lhe prestavam ajuda regular, desde o tem pode sua segunda viagem missionária,
cujo início está registrado em Atos 15:26. E o versículo décimo sexto desse mesmo
capítulo m ostra que eles já lhe tinham enviado dádivas antes.
«...renovastes...»
Temos aqui um a metáfora, indicando um a planta que sofrera de um período de
estiagem, mas que agora revivia e florescia, e, assim, produzia fruto. Essa
expressão tem sido compreendida essencialmente de duas maneiras:
1. Se o verbo for
usado intransitivamente, então Paulo estaria dizendo: «Alegro-me que chegastes
ao estado de florescência, novamente, de modo a terdes podido pensar outra vez
em mim, resultando isso na oferta que me enviastes».
2. Mas se o verbo for
transitivo, então ele teria dito: «Recebi a vossa preocupação por mim», em que
a palavra «preocupação» seria o objeto do verbo. É provável que esta segunda
posição seja a forma mais correta de compreender o trecho, pode subentender
certa «reprimenda», porquanto deixaram aquela preocupação ficar amortecida por
algum tempo. Mas, para evitar que tal interpretação fosse lida em suas
palavras, Paulo teria adicionado que isso ocorrera por falta de oportunidade da
parte dos filipenses, e não por falta de interesse, conforme se vê no restante
do versículo.
«...o vosso cuidado...»
Pode-se notar aqui o uso do verbo no modo imperfeito—durante todo o tempo eles
tinham tido aquela preocupação, mas não havia como realizar isso na prática.
Isso Paulo observou a fim de evitar qualquer interpretação errônea de suas
palavras, no tocante ao intervalo que separava aquele envio das dádivas e a vez
anterior em que o tinham feito.
«...faltava
oportunidade...» Também no imperfeito. Por todo o tempo, embora quisessem fazer
um a doação ao apóstolo, nunca se lhes apresentava a chance de enviarem suas
dádivas. Os tipos de transporte antigo, bem como os assaltos frequentes nas
poucas estradas, dificultavam imensamente a questão. Os crentes filipenses
talvez não tivessem mesmo os fundos para um a doação, não possuíam prosperidade
financeira bastante para tal coisa, ou então talvez não contassem com um
mensageiro de confiança que estivesse livre, no momento, p ara o propósito de
levar ao apóstolo os meios pecuniários. Mas, finalmente, em Epafrodito,
encontraram o portador certo.
3. A igreja cuidar
dos seus obreiros.
A igreja tem a
obrigação de cuidar dos seus obreiros
Quando a igreja em
Filipos ainda não tinha uma estrutura organizacional com capacidade própria
para se autos sustentar não deixou de fazer o que era possível para fazer a
obra de Deus. Mesmo assim, a igreja em Filipos, não tendo um templo e ainda
reunindo-se em casas dos irmãos, tinha o coração aberto para fazer a obra
missionária. Em nossos tempos modernos não se justifica que uma igreja local
que tenha uma estrutura material e financeira não faça a obra missionária. E
princípio bíblico que deve nortear a igreja no sentido de sustentar seus
ministros. Para isso, a igreja deve organizar um sistema financeiro equilibrado
para a manutenção da vida eclesiástica. Nenhum obreiro pode fazer da missão
pastoral um modo de ganhar dinheiro. Não se justifica pastores ricos com
dinheiro das ofertas e dízimos da igreja. A igreja deve assumir a responsabilidade
de dar o sustento necessário aos seus pastores para que eles possam realizar a
obra sem ficarem restritos à falta de recursos para o sustento da própria
família. Paulo sofreu com a falta de sensibilidade da igreja de Corinto, que
deixou de pagar-lhe o que era devido. Por outro lado, a igreja de Filipos não
deixou de cuidar do sustento do velho apóstolo (2 Co 8.8,9; 12.13). A obra
missionária é responsabilidade da igreja no sentido de dar suporte aos
missionários em suas atividades evangelísticas.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 145.
Paulo não poderia levar
a cabo tudo o que fez sem o apoio e a ajuda da igreja de Filipos. Essa igreja
deu-lhe suporte financeiro e sustentação espiritual. Aqueles que estão na linha
de frente precisam ser encorajados pelos que ficam na retaguarda: “... porque qual
é a parte dos que desceram à peleja, tal será a parte dos que ficaram com a
bagagem; receberão partes iguais” (ISm 30.24). Deus chama uns para irem ao
campo missionário e aos demais para sustentar aqueles que vão.
A obra missionária é
um trabalho que exige um esforço conjunto da igreja e dos missionários. Neste
texto, vemos claramente como essa parceria funciona.
Em segundo lugar, o
missionário precisa estar vinculado a uma igreja, e a igreja precisa estar
comprometida com o missionário. A relação de Paulo com a igreja de Filipos era de
parceria. Paulo estava ligado à igreja, e a igreja o apoiava.
Havia uma troca
abençoadora entre o obreiro no campo e os crentes na base. A igreja não apenas
enviava ofertas ao missionário, mas estava efetivamente envolvida com ele.
A falta de vínculo
entre o missionário e a igreja local é um dos grandes problemas da missiologia
moderna. As agências missionárias precisaram assumir o papel das igrejas.
Os missionários vão
para os campos, mas perdem o contato com as igrejas. As igrejas enviam ofertas
aos missionários, mas não se envolvem com eles no sentido de dar e receber.
Assim, os
missionários ficam solitários nos campos, e as igrejas, alheias aos resultados
que acontecem nos campos.
Falta aos
missionários o encorajamento das igrejas, e, às igrejas, as informações dos
missionários.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 241-242.
II - O
CONTENTAMENTO EM CRISTO EM QUALQUER SITUAÇÃO
1. O contentamento de
Paulo.
O Contentamento em
toda e qualquer Situação
Seu contentamento era
gerado pela suficiência de Cristo
Paulo diz assim: “já
aprendi a contentar-me com o que tenho” (v. 11). O foco de sua vida era a
pregação do evangelho que pregava. Ele não se prendia a nenhuma circunstância
externa. Precisava de donativos para poder manter-se, mas contentava-se com o
que tinha. Ele satisfazia-se com a convicção de que Cristo lhe era plenamente
suficiente, por isso podia declarar: “Posso todas as coisas naquele que me
fortalece” (4.13).
A Bíblia nos mostra
que o descontentamento gera a avareza, e o autor da Carta aos Hebreus disse:
“Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque
ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei. E, assim, com confiança,
ousemos dizer: O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que me possa fazer o
homem” (Hb 13.5,6). Jesus ensinou o risco daqueles que se preocupam com as
coisas materiais quando diz: “Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo
que haveis de comer ou pelo que haveis de beber, nem quanto ao vosso corpo,
pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo,
mais do que a vestimenta?” (Mt 6.25). Nosso contentamento não pode ser
confundido com comodismo, mas deve ser expresso com atitude de reconhecimento
pela suficiência que só Cristo pode nos dar.
Quando o apóstolo
dizia que podia “contentar-se como o que tinha” (4.11), estava, de fato,
refutando a filosofia dos estóicos, que davam valor à virtude da
autossuficiência, ou de independência externa. Essa filosofia sustentava que o
homem deve bastar-se a si mesmo e contentar-se interiormente com todas as
coisas que lhe sobrevêm. Mas Paulo refuta essa filosofia declarando-se auto dependente
da providência divina. Seu contentamento baseava-se no fato de que Deus cuida
dos seus servos e os ensina a viver de forma inteligente e confiante nEle. Aos
coríntios, Paulo escreveu: “Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma
coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus” (2 Co 3.5). Na
tradução da ARA, o texto aclara ainda mais: “pelo contrário a nossa suficiência
vem de Deus”.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 146-147.
Contentamento é uma
virtude altamente valorizada, mas esquivo.
Embora se trata
apenas de ser corretamente relacionados com Deus e confiando na Sua soberana,
providência amorosa de propósito, as pessoas, no entanto, buscá-la onde ela não
pode ser encontrado em dinheiro, posses, poder, prestígio, relacionamentos,
empregos, ou a liberdade das dificuldades.
Mas por essa
definição, o contentamento é inatingível, pois é impossível neste mundo caído
para ser completamente livre de problemas. Em nítido contraste com a
compreensão do mundo de contentamento é a definição simples de contentamento
espiritual escrita por Jeremias, o puritano Burroughs: "o contentamento
cristão é aquele doce, para dentro, quadro, quieto graça do espírito, que
livremente se submete e se deleita em Deus sábio e paternal eliminação de todas
as condições "(A Jóia Rara do contentamento cristão [Reprint; Edinburgh:
Banner of Truth, 1964], 19).
A Bíblia tem muito a
dizer sobre o contentamento. Por exemplo, João Batista disse que alguns
soldados que perguntaram a ele como ao arrependimento genuíno manifesto,
"Seja feliz com o seu salário" (Lucas 3:14). Para Timóteo, Paulo
escreveu: "Se temos comida e cobertura, com estes estaremos contentes"
(1 Tim 6:8.), Um pensamento ecoou pelo escritor de Hebreus: "Certifique-se
de que seu personagem está livre do amor de dinheiro, estar contente com o que
você tem "(Hb 13:5). Paulo era mesmo "conteúdo bem com fraquezas, nas
injúrias, nas angústias, nas perseguições,
nas dificuldades, por
causa de Cristo" (2 Coríntios. 12:10), porque ele sabia que a
"piedade", produzido por esses estudos "na verdade é um meio de grande
ganho quando acompanhadas de contentamento "(1 Tim 6:6.). A Bíblia não só
identifica o contentamento como uma virtude, mas também prescreve como um
comando.
Antes de concluir
esta carta à sua congregação de Filipos amado, Paulo quis expressar sua
gratidão profunda para eles. Ele tinha uma relação especial com eles desde a
fundação da igreja em Filipos. Em um ponto no ministério de Paulo, muitos anos
antes, eles eram a única igreja que haviam apoiado financeiramente (4:15-16).
Agora eles tinham novamente mandou um presente, e é 4:10-19 Paulo nota de
agradecimento a eles por isso.
Filipenses "generosidade
foi especialmente significativo para Paulo porque ele chegou a ele durante um
tempo muito difícil em sua vida. Ele era um prisioneiro em Roma, confinado a um
pequeno apartamento (Atos 28:30) e vigiado o tempo todo por um soldado romano
(Atos 28:16). Ele já não podia ministro com a liberdade que outrora desfrutou.
Ser incapaz de trabalhar para se sustentar, ele estava em uma condição de
dependente, provavelmente existente em um nível de subsistência com a ajuda de
amigos generosos. O único contato que teve com as igrejas que estavam a sua preocupação
constante (2 Coríntios. 11:28) era através de cartas ou o visitante ocasional
que o procuravam. Constantemente paira sobre ele foi a antecipação de seu
julgamento perante o imperador Nero o infame (cf. Atos 25:11-12, 21; 26:32;
27:24; 28:19). Comentando sobre este período da vida de Paulo, FB Meyer
escreveu que ele foi "privado de todo o conforto, e lançado como um homem
solitário, às margens da grande metrópole estranha, com cada movimento da sua
mão clanking um grilhão, e nada antes dele, mas boca do leão ou a espada
"(Epístola aos Filipenses [Grand Rapids: Baker, 1952], 242).
Sob a superfície de
expressão de Paulo de agradecimento aos Filipenses é o retrato de um homem
totalmente o conteúdo, apesar de tais circunstâncias graves. Na declaração
direta de 4:9, Paulo ofereceu a si mesmo como um exemplo de estabilidade
espiritual. Nos versículos 10-19, como ele agradeceu aos Filipenses para seu
presente, ele indiretamente ofereceu-se como um exemplo de contentamento. Paulo
sabia como alegrar-se em todas as circunstâncias e estar livre de ansiedade e
preocupação, porque seu coração era guardado pela paz de Deus e o Deus da paz.
Seu exemplo é especialmente relevante para a nossa cultura totalmente descontente.
Cinco princípios de
fluxo de contentamento a esta conclusão aparentemente banais para a carta de
Paulo. Uma pessoa contente está confiante na providência de Deus, satisfeito
com pouco, independente de circunstâncias, fortalecido pelo poder divino, e preocupada
com o bem-estar dos outros.
Dez anos se passaram
desde que o ministério de Paulo em Filipos tinha resultou na fundação da igreja
naquela cidade. Os filipenses haviam apoiado generosamente quando ele deixou de
Filipe para ministrar nas cidades macedônio de Tessalônica e Beréia (At
17:1-13). Quando Paul e mudou para o sul em Acaia, Filipenses continuou o seu
apoio quando ele ministrou em Atenas e Corinto (Atos 17:14-18:18). Como o
passar dos anos que tinham sido consistentemente preocupado com Paul, mas não
tinha qualquer possibilidade de fornecer apoio a ele. A razão para esta falta
não é dado. Talvez tenha sido devido à sua preocupação com a sua esmagadora pobreza
(cf. 2 Coríntios. 8:1-2). Ou eles podem ter tido conhecimento das necessidades
do apóstolo, ou incapaz de localizá-lo.
Mas, recentemente,
oportunidade surgiu quando Epafrodito chegou a Roma, trazendo consigo uma
generosa doação de Filipenses (4:18) para que Paulo se alegrou no Senhor muito.
Ele fez isso não porque o dom conheceu sua necessidade, mas porque deu provas
de seu amor por ele. Sua alegria transbordava que agora, finalmente, após dez
anos, que tinham reavivado a sua preocupação para ele. O verbo grego traduzido
revivido é um termo que descreve um horticultura florescimento novamente.
Filipenses "afeição generosa para Paul, depois adormecida por quase dez
anos, mais uma vez floresceu. A declaração do apóstolo na verdade, você estava
preocupada antes, mas você faltou oportunidade foi destinado a dissipar
qualquer mal entendido sobre a filipenses parte. Paulo sabia que eles estavam
em causa, antes disso, mas ele compreendeu que não tivera oportunidade de
apoiá-lo (cf. 2 Cor. 8:12).
Atitude graciosa de
Paulo reflete a confiança do paciente na providência soberana de Deus. Ele
tinha certeza de que Deus, em devido tempo iria organizar suas circunstâncias,
para satisfazer suas necessidades.
Não houve pânico de
sua parte, nenhuma tentativa de manipular as pessoas, não importa tomar em suas
próprias mãos. Paulo estava contente porque sabia que os tempos, estações, e as
oportunidades da vida são controladas pelo Deus soberano ", que faz todas
as coisas segundo o conselho da Sua vontade" (Ef. 1:11), fazendo com que
"todas as coisas a trabalhar juntos para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito "(Rom. 8:28). Aqueles
que procuram controlar suas próprias vidas, inevitavelmente, serão frustradas.
A confiança confiante na providência de Deus é fundamental para o
contentamento.
JOHN MACARTHUR, JR.
Novo Testamento Comentário
Filipenses Comentário Expositivo.
Temos aqui uma
repetição virtual do trecho de II Cor. 2:16,17, ainda que encrustado o mesmo
pensamento em outras palavras. Nenhum homem é «suficiente» por si mesmo (ver II
Cor. 2:16). Mas esse pode ser um fato real; em outras palavras, um indivíduo
pode ser suficiente, em alto grau, para seu próprio chamamento; mas essa
suficiência vem da parte de Deus.
Também podem ser
utilizadas capacidades naturais inerentes, porquanto elas também procedem de
Deus, porquanto o que possuímos que não tenhamos recebido como um dom qualquer?
Nesse caso, entretanto, tais capacidades serão enriquecidas por Deus.
Além desses dotes
naturais, quando da conversão, é dado o dom do Espírito (ver Atos 2:4); e
então, através dos dons espirituais (ver I Cor. 12-14), o crente, no processo
de sua transformação segundo a imagem de Cristo, recebe habilidades que
ultrapassam em muito às suas capacidades naturais: Tais dons espirituais se
tornam naturais, entretanto, no sentido que passam a fazer parte de seu novo
caráter, e não meros instrumentos utilizados pelo crente. Tal como Jesus Cristo
era um ser dotado de poderes extremos, assim também nós, à proporção em que
vamos sendo transformados segundo a imagem de Cristo, vamos assumindo a sua natureza
e os seus poderes. Mas tudo é realmente nosso; faz parte do que somos, do nosso
«novo eu».
O fato que tudo
procede de Deus era um pensamento fundamental para Paulo (ver II Cor. 5:18).
Pela graça de Deus é que somos o. que somos. (Ver I Cor. 15:10). Alguns crentes
cedem mais rápida e prontamente ao poder divino; e nisso é que consiste a
diferença existente entre os crentes. O alvo final da vida cristã é o
recebimento da «perfeição», da parte de Deus, da perfeição absoluta; porquanto
é esse o destino natural do homem como ser espiritual que é. Ora, Cristo está
sendo formado em nós, os remidos, exatamente para produzir em nós as suas
perfeições. Ao longo do caminho, certos crentes, altamente dotados, possuidores
de muito daquilo que Cristo é, sobem aos níveis superiores; e esses se tornam
os verdadeiros líderes da igreja, colocados em sua devida posição, a fim de
ajudarem outros a atingirem terrenos mais elevados, espiritualmente falando.
Vou pressionando para
o caminho ascendente,
Novas alturas vou
obtendo a cada dia;
Oro ainda, a caminho
do alto:
‘Senhor, planta meus
pés em terreno mais alto.
(Johnson Oatman).
«.. .suficiência...»
No original grego temos o termo «hikanotes», que figura exclusivamente aqui em
todo o N.T. Essa palavra significa «aptidão», «capacidade», «qualificação».
«Mediante uma
derivação fantasiosa, El Shaddai, como um dos nomes divinos, algumas vezes era
interpretado como apelativo que significa Ό Suficiente’. No trecho de Rute
1:20,21, segundo a Septuaginta, ‘o Ikanos’, e em Jó 21:15; 31:2; 39:31 e 40:2,
‘Ikanos' é nome usado como um dos nomes de Deus.
É simplesmente
possível que o apóstolo tivesse isso em mente aqui.
‘Nossa suficiência
vem do Suficiente’». (Plummer, in loc.).
«O hábito que Paulo
tinha de demorar-se em um vocábulo, usando novamente o mesmo por diversas vezes
(um artifício que os retóricos latinos chamavam de ‘traductio’), é bem
ilustrado nesta passagem. Temos ‘ikanoi’, ‘ikanotes’, ‘ikanosen’, ‘gramma’,
‘eggegrammene’ (segundo versículo); ‘diakontheisa’, ‘diakonos’, ‘diakonia’; e
‘doksa’ por oito vezes, entre os versículos sétimo e décimo primeiro. Quanto ao
sentimento que ‘a nossa suficiência vem de Deus’ comparar com os trechos de I
Cor. 15:10 e II Cor. 12:9». (Bernard, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 313.
3.5 — Capaz nesse
trecho significa adequado, competente. Paulo depositava sua confiança não em si
próprio, ou em suas capacidades, mas no Senhor. Essa é a resposta à pergunta
feita em 2 Coríntios 2.16: para essas coisas, quem é idóneo?
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 458.
Ele repudia
totalmente a ideia de querer qualquer elogio para si mesmo e atribui toda a
glória a Deus: “não que sejamos capazes, por nós... (v. 5). Nunca poderíamos
ter deixado uma impressão tão boa no coração de vocês e em nosso próprio
coração. A nossa fraqueza e inabilidade são tão grandes que não poderíamos ter
bons pensamentos por conta própria, e muito menos fomentar qualquer pensamento
bom ou afeto em outros. Toda a nossa capacidade vem de Deus. A Ele, portanto, são
devidos todo o louvor e a glória pelo bem que é feito, e dele devemos receber
graça e força para fazer mais”.
Isso é verdadeiro em
relação aos ministros e a todos os cristãos. Os melhores não são mais do que o
que a graça de Deus os torna. Nossas mãos não são suficientes para nós, mas a
nossa suficiência vem de Deus; e a sua graça é suficiente para nos equipar para
toda boa palavra e obra.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 518.
5 “Não que, por nós
mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo
contrário, a nossa suficiência vem de Deus.” O sentido que Paulo confere nessa
passagem ao termo logisasthai (“pensar, imaginar, opinar”) é controvertido. O
objeto desse pensar ou avaliar é completamente indefinido, “alguma coisa”.
Logo, parece que Paulo deseja que essa expressão seja entendida da forma mais
geral e abrangente possível. A razão de tudo o que ele “imagina” ou “planeja”
como apóstolo, suas “opiniões”, nunca residem nele mesmo. Toda “suficiência”
para seu poderoso serviço “vem de Deus”. Isso não é apenas uma palavra humilde,
mas ao mesmo tempo também muito audaciosa, pois podia novamente ser mal
interpretada em Corinto como incabível “arrogância”. Mas sempre que uma pessoa
fala e age por incumbência de Deus isso é inevitável.
Mas Paulo não pode se
contentar em falar somente do pleno poder de seu serviço, enraizado em seu
total desprendimento pessoal e vínculo com Deus. Ele busca a compreensão
completa dos coríntios (2Co 1.13) para seu serviço. Por isso a igreja tem de
captar nitidamente o conteúdo de seu serviço quanto à sua singularidade,
novidade e glória. O poder peculiar de seu serviço está indissoluvelmente
ligado a esse seu conteúdo. Por isso Paulo dedica toda a parte subsequente da
carta, sobretudo 2Co 3.4-18; 5.11-21, à explanação exaustiva e aprofundada
daquilo que lhe cabe anunciar e efetuar. Justamente agora, quando a aliança
entre ele e a igreja foi restabelecida, a consolidação e o aprofundamento por
meio de uma compreensão correta de sua mensagem revestem-se de importância para
ele.
Paulo esclarece o
significado extraordinário de seu serviço dirigindo o olhar dos coríntios para
Moisés. A causa disso pode ser que ele, com provocadora audácia, vise medir seu
serviço pela maior grandeza que havia até o presente momento na história de
Deus com as pessoas. Onde quer que tenha existido fé no Deus vivo, ali Moisés
se destacava com magnitude incomparável. Hoje temos dificuldades para aquilatar
corretamente como as pessoas daquele tempo devem ter prendido a respiração
quando um homem não apenas se colocava ao lado Moisés, mas ousava asseverar:
minha incumbência da parte de Deus é infinitamente maior e mais gloriosa que
aquela que Moisés teve de cumprir! Mas é justamente isso que Paulo visa afirmar
o mais enfaticamente possível.
É possível que Paulo
também tenha falado de Moisés porque havia na igreja em Corinto grupos
importantes direcionados pelas ideias “judaico-cristãs”. Já em sua primeira
carta aparece um grupo de cristãos que se reporta a Pedro (1Co 1.12). De At 15
e da carta aos Gálatas sabemos com qual intensidade uma certa corrente
“judaico-cristã” se alastrava pelo novel cristianismo. Ela não contestava a fé
em Jesus como o “Cristo”. Mas Jesus era o “Messias de Israel”. Pessoas dentre
as “nações” somente podem chegar a Jesus e à salvação quando permitem ser
incorporadas ao povo da aliança e cumprem a lei. Também para alguns discípulos
de Jesus Moisés continua sendo o personagem destacado e determinante. Situa-se
bem acima de alguém como Paulo. A “glória” de Moisés é visível no Sinai e em
todo o AT. Em contraposição, onde fica a glória de Paulo, que faz discursos tão
grandes sobre si mesmo e, não obstante, se apresenta de forma tão deplorável?
Por isto Paulo se vê forçado a destacar com as mais aguçadas antíteses a
diferença entre seu serviço e o serviço de Moisés. Ele não polemiza contra o
serviço de Moisés nem tenta rebaixá-lo. Reconhece plenamente a glória divina
que paira sobre Moisés. Mas justamente desse modo salienta-se com nitidez o
quanto o serviço de um apóstolo de Jesus Cristo é infinitamente mais glorioso.
Dessa maneira Paulo ajuda o cristianismo de todos os tempos a encontrar as
constatações necessárias e decisivas na questão “antiga e nova aliança”, “lei e
evangelho”, “Moisés e Paulo”.
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos Coríntios.
II
Coríntios Editora Evangélica
Esperança.
2. “Sei estar
abatido” (v.12).
O aprendizado que
gera o contentamento (4.12)
Ainda no versículo
11, temos a palavra “aprendi”. Esse verbo está no pretérito perfeito, que
indica algo experimentado. Paulo aprendeu a arte do contentamento através de
uma experiência cotidiana em que dependia totalmente do Senhor para sobreviver
e para fazer a obra do evangelho. O contentamento cristão confia na suficiência
de Cristo e na sua providência para todas as necessidades. Paulo demonstra esse
cuidado de Deus na sua vida em meio às situações mais angustiantes, conforme
está registrado em 2 Coríntios 11.24-28. Está escrito naquela Carta aos
Coríntios:
Recebi dos judeus
cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma
vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no
abismo; em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de
salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos
na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos
irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias, muitas vezes, em fome e sede, em
jejum, muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime
cada dia o cuidado de todas as igrejas.
Ora, depois de um
testemunho como esse, Paulo tinha maturidade e experiência para apelar às
igrejas que o imitassem na vida cristã.
“Sei estar abatido e
também ter abundância” (v. 12). A vida cristã se baseia em convicções firmes.
Quando o apóstolo Paulo declara “sei”, referia-se à certeza absoluta de que
Deus lhe provia todas as necessidades, físicas, materiais, emocionais e
espirituais. Paulo experimentou pobreza várias vezes e aceitava esse estado de
vida como um privilégio em ser humilhado como Cristo foi humilhado. O ter e o
não ter, ter abundância e ter falta de coisas de primeira necessidade, não
faziam com que o apóstolo perdesse a paciência e o alvo maior de sua vida, que
era o de cumprir o desígnio de Cristo no mundo. Ele não tinha dificuldade
alguma para compreender qualquer situação negativa. Sua experiência com Cristo
era suficiente para ter fé absoluta no cuidado de Deus. Ser ou estar
“humilhado” ou “abatido” implica aceitar a privação material perante o mundo sem
se envergonhar. Em 1 Coríntios 4.11-13 e em 2 Coríntios 6.4-10, o apóstolo
Paulo ilustra o aprendizado a que se submeteu envolvendo todo tipo de
sofrimento físico, material e até espiritual, mas sem perder a confiança de que
valia a pena sofrer tudo isso por amor ao Senhor Jesus Cristo. O próprio Senhor
Jesus deu exemplo, porque sendo Filho de Deus, aprendeu a obediência pelas
coisas que sofreu (Hb 5.8).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 147-148.
O desprendimento do
ministério apostólico das condições terrenas tem um significado que está
reproduzido num texto rítmico, que tentaremos reproduzir:
a) tanto sei estar
humilhado
b) como também ser
honrado;
c) de tudo e em todas
as circunstâncias já tenho experiência,
a) tanto de fartura,
como de fome;
b) assim de
abundância, como de escassez;
c) tudo posso naquele
que me fortalece.
Na última linha, o
manuscrito TR, e Orígenes, têm “Cristo” em lugar do pronome, mas esta é uma
redação secundária.
Esta peça poética de
duas estrofes, seis linhas, é um tributo ao apostolado de Paulo. Estar
“humilhado” (gr. tapeinousthai lembra 2:8) é mais do que privação econômica,
mais do que seu destino como mártir (Loh- meyer); reflete sua visão global, e
seu desinteresse pelo conforto pessoal nesta vida. Cf. 1 Coríntios 4:11; 2
Coríntios 6:3-10; 11:23ss. “Abundância” (gr. perisseuein) tem sido interpretada
como elação espiritual (cf. 2 Co 12:1 ss.), quando Paulo, cheio do poder do
Espírito, exercia autoridade sobre as igrejas (1 Co 4:18-21; 2 Co 13:5-10). O
contraste fartura e fome normalmente é usado para suprimento (ou falta de)
material (Lc 6:21). O melhor esclarecimento é fornecido pela apologia pro vita
sua de Paulo, em 2 Coríntios 11:21ss.
A frase final dá o
sentido íntimo do todo. O aprendizado de Paulo do segredo da independência e
autocontrole só é igualado pelo seu senso de dependência do Senhor, e total
confiança nEle. (Já tenho experiência, gr. memyèmai, uma expressão técnica das
religiões misteriosas gregas, para denotar a iniciação e visão dos atos
simbólicos praticados nos cultos helenísticos: veja-se AG, “iniciar-se” nos
mistérios; há, também, o sentido geral do verbo: “aprender o segredo”.)
Ralph P. Martin, Ph.
D.. Filipenses Introdução e Comentário. Editora Vida Nova.
pag. 177-178.
12 Paulo, porém,
acrescenta a segunda metade: “Sei ter fartura… sei ter abundância.” Ambas as
coisas juntas – é isso que constitui a totalidade da liberdade. É verdade que
também Paulo “aprendeu” isso e não o “sabia” simplesmente. Essa liberdade não
lhe foi dada como mero presente.
É uma palavra útil
para nós, e que precisamos levar em conta. Nossos pensamentos equivocados sobre
a graça divina e a incapacidade humana para o bem com frequência geram em nós
expectativas tolas, impedindo-nos no “aprendizado” e no necessário engajamento
de nossa vontade. Agora, porém, Paulo “em tudo e em todas as circunstâncias
está iniciado” – evidentemente uma “iniciação” muito diferente da iniciação nas
solenes liturgias dos mistérios! Agora ele “é capaz” de “tudo”.
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses.
Editora
Evangélica Esperança.
“Sei estar abatido e
sei também ter abundância” (v. 12). Esse é um ato especial da graça: ajustar-nos
de acordo com cada condição de vida e ter uma disposição mental e espiritual
constante em todas as variedades do nosso estado.
(1) Para ajustar-nos
a uma condição angustiante - aceitar ser humilhado, estar com fome, sofrer
necessidade, e não ser dominado pelas tentações que vêm com ela, perdendo nosso
conforto em Deus ou desconfiando da sua providência, ou encontrando um caminho
próprio para suprir as necessidades.
(2) Para uma condição
próspera - saber ter em abundância, saber ser cheio sem ser orgulhoso, seguro
ou luxurioso. E essa é uma lição tão difícil quanto a outra; porque as
tentações em relação à abundância e prosperidade não são menores do que as que
temos em relação à aflição e à necessidade.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo
Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 620.
3. O contentamento
desfaz os extremismos.
Todo obreiro deve
aprender a contentar-se com o que Deus lhe deu na sua obra (Fp 4.11)
O profissionalismo
ronda o ministério cristão roubando o espaço dos que são, literalmente,
chamados para fazer a obra de Deus. O perigo reside no fato de que o
profissional na vida eclesiástica cumpre apenas o seu papel de profissional,
sem aquele ardor que domina o coração do vocacionado para o ministério
pastoral. O profissional, por mais honesto que seja, preocupa-se com a prebenda
a que tem direito. A renda financeira da igreja é o alvo da sua administração
tão somente. Entretanto, o chamado por Deus, quando pensa em dinheiro no
contexto da igreja, preocupa-se com os meios que podem fazer a igreja crescer.
O sustento (o
dinheiro) não deve ser o objeto da vida de um obreiro. Ele não pode deixar-se
dominar pela avareza e pela ganância. O apóstolo Paulo nos dá a grande lição
quando diz: "... aprendi a contentar-me com o que tenho” (v. 11). O ideal
que dominava o coração do apóstolo era pregar o evangelho em toda parte. Nada
era mais importante que isso. Nenhuma circunstância negativa, nenhuma
dificuldade financeira, nada, absolutamente nada roubaria a visão missionária
do apóstolo. Paulo não se angustiava pela privação material e social que estava
vivendo. Pelo contrário, a alegria do Senhor era a sua força de superação. Ele
vivia contente com a própria suficiência em Cristo. Ele sabia que o
descontentamento é como uma planta má que faz brotar a avareza (Hb 13.5,6), o
roubo (Lc 3.14) e a preocupação com as coisas materiais (Mt 6.25-34). A atitude
de Paulo contraria a falsa teologia da prosperidade, que não admite pobreza ou
privação na vida do crente.
....tanto a ter fartura
como a ter fome” (v. 12). A filosofia cristã capacita o crente a manter a sua
fé quando tem fartura e quando passa fome. Quantos homens e mulheres de Deus
saíram sem salário, sem casa, e enfrentaram a nudez, a fome, a fadiga, a
perseguição e a desonra para pregar o evangelho.
Minha experiência
pessoal quando menino, filho de pastor, em tempos de pobreza quando as igrejas
estavam iniciando apenas: Lembro-me quando em Chapecó (Santa Catarina), em
1954, faltaram os alimentos de primeira necessidade em nossa casa. Meu pai saiu
em busca de algum trabalho que lhe desse dinheiro para comprar comida. Viajou
para outra cidade de carona e só veio no seguinte. Entretanto, no dia em que
viajou, chorando, antes fez uma oração com minha mãe para que Deus não
permitisse a família passar fome. Naquela noite, fomos surpreendidos por alguém
que viajou mais de 100 quilômetros porque foi acordado de madrugada pelo Senhor
que lhe disse que a família de um servo de Deus estava passando fome. Ele
deveria juntar tanto quanto pudesse de alimentos e levá-los para esse servo de
Deus. Aquele homem não conhecia meu pai, nem sabia o endereço, mas obedeceu a
Deus. Preparou sua carroça e a encheu de mantimentos, pondo-se a viajar para
Chapecó. Chegou naquele dia à noite. Bateu à porta, depois da meia-noite, e
minha mãe, assustada, foi atender a pessoa que havia chegado. O homem perguntou
à minha mãe: “E aqui que um servo de Deus está passando necessidades?” Minha
mãe respondeu-lhe que sim. O homem, então, disse: “Deus meu acordou há três
dias em minha cama e me enviou a trazer alimentos para vocês”. Descarregou a
carroça, tirou os arreios dos cavalos, e entrou em nossa casa para agradecer a
Deus. Meu pai não tinha salário, nem igreja para levantar ofertas. A igreja
tinha duas ou três famílias de convertidos. Dependia totalmente do milagre de
Deus. O ideal do evangelho estava acima de qualquer adversidade.
A igreja de hoje tem
recursos suficientes para enviar missionários e sustentá-los sem problema
algum. A lição que aprendemos é que o ideal do evangelho precisa estar acima
das adversidades no meio do caminho.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 145-146, 149.
Fp 4.11 Por longo
tempo, porém, Paulo não havia recebido mais nada da igreja. Por isso alegrou-se
“imensamente” – ele recorre a uma palavra que é mais forte que nosso
desgastadíssimo “muito” – que Epafrodito trouxe consigo uma doação
considerável. Os filipenses permitiram que o “pensar nele” “florescesse” e
“brotasse” – trata-se do termo “pensar”, “ter em mente” que ocorre muitas vezes
na presente carta e designa agora o “cuidado por ele”. A metáfora empregada é a
da planta que torna a “brotar” ou “florescer” depois do inverno. Obviamente
Paulo está ciente de que se dedicavam sempre a “pensar nele”. Contudo
falta-lhes o kairós, o tempo apropriado, a oportunidade para ajudar. Já na
questão da coleta em 2Co 8.2 Paulo lembrara aos negligentes coríntios a pobreza
dos macedônios e as graves tribulações da igreja. Por isso não estavam em
condições de auxiliar o apóstolo. Agora Paulo volta a receber uma rica dádiva
de Filipos, trazida por Epafrodito (cf. acima, p. 264). Nada é dito acerca de
seu montante real. Paulo atesta “ter recebido tudo”, asseverando “ter agora em
abundância” e estar “repleto”. Obviamente isso são expressões bastante
relativas! Aquele que estava acostumado com carências e privações considera
“profusão” e “abundância” o que aos mimados poderia parecer bastante modesto. O
amor de alguém como Paulo com certeza aferiu a “magnitude” da doação mais pela
pobreza dos doadores que pelo montante de suas próprias necessidades.
Contudo ele não se
importa em absoluto com o “donativo” em si, ainda que seja capaz de se alegrar
“imensamente” com ele. Para ele importa o “fruto” [v. 17]. Por natureza o ser
humano é ganancioso ou pelo menos se agarra receosamente aos bens. O fato de
ser capaz de doar, ainda mais em uma situação pessoal difícil (a igreja ainda
continuava em luta, Fp 1.27-30), evidencia o efeito da palavra que o levou a
confiar no Deus vivo e libertou o coração para o amor. É esse “fruto” que Paulo
almeja. Vimos diversas vezes na presente carta que ele não apenas está ciente
de uma graça que paira como arco-íris promissor sobre uma vida invariavelmente
cinzenta, mas de uma graça que transforma a vida real, tornando-a de fato
frutífera para Deus. Ele tinha acabado de empregar a figura do comércio. Por
isso ele logo o utiliza mais uma vez, dizendo: esse fruto crescente é creditado
“na conta de vocês”. Ele aumenta o saldo de vocês. De maneira delicada Paulo
combina a gratidão pelo grande presente com a independência total frente aos
filipenses: ao produzir o fruto que se pode esperar do plantio do evangelho,
eles estão tão-somente elevando o saldo de sua própria conta. O verdadeiro
motivo da alegria do apóstolo não reside na ajuda que ele mesmo experimenta,
mas no progresso da igreja que se expressa nessas doações.
Porque para sua
pessoa Paulo aprendeu “a se manter pessoalmente na situação em que está”. Na sequência
ele descreve uma atitude de vida que novamente parece próxima de vários ideais
“gregos” ou “filosóficos”, mas que na verdade deixa esses “ideais” muito para
trás e deixa de ser um “ideal” para ser simples realidade. Quando o ser humano
descobre sua “condição humana”, seus impulsos se tornam para ele uma aflição que
o rotulam como mero ser natural e o amarram duramente às circunstâncias. Será
que só se tornarão verdadeiramente “seres humanos” depois de mortificarem os
impulsos na medida do possível e se libertarem da escravidão das
circunstâncias? O ser humano só será “livre” depois que possuir a “autarquia”,
a capacidade de se bastar a si mesmo, “manter-se pessoalmente.” Contudo
unicamente o “satisfeito” possui essa liberdade! Por isso o filósofo estóico e
cínico chega ao “ascetismo”, à configuração mais pobre e primitiva possível.
Dessa maneira ele espera salvar a liberdade e dignidade humanas. Quanto mais
desenfreadas e sofisticadas se tornavam as formas de desfrutar da vida e a
avidez por vida no ocaso da Antiguidade, tanto mais pessoas se sentiam
empurradas para esse caminho. O que aqui foi pensado e experimentado mais tarde
repetidamente desenvolveu seu poder interior sobre os corações humanos no seio
do cristianismo por meio do movimento monástico. Necessidades acorrentam,
desprendimento liberta. “Ascetismo” significa o caminho para essa liberdade.
Apesar disso, a liberdade adquirida desse modo é apenas meia liberdade. O
asceta declara, agradecido e orgulhoso: “Sei jejuar, sei sofrer fome, sei
suportar carestia”. Obviamente isso é “liberdade” diante daqueles que não são
capazes disso e que permanecem amarrados a suas muitas necessidades. Por isso o
“monge” continua representando um sério questionamento também para nós!
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos
Filipenses. Editora
Evangélica Esperança.
Ele cuida para que
não seja mal interpretado o fato de ele ressaltar tanto aquilo que foi enviado a
ele. Isso não foi decorrência de descontentamento e desconfiança (v. 11) ou da
cobiça e amor pelo mundo (v. 12). 1. Não foi decorrência de descontentamento ou
desconfiança da Providência: “Não digo isto como por necessidade” (v. 11); não
em relação a qualquer necessidade que sentisse, nem de alguma necessidade de
que tivesse medo. Ele estava contente com o pouco que tinha e isso o satisfazia;
ele dependia da providência de Deus para prover por ele dia após dia, e isso o
satisfazia, “...porque já aprendi a contentar-me com o que tenho”. Temos aqui um
relato do aprendizado de Paulo, não daquilo que recebeu aos pés de Gamaliel,
mas daquilo que recebeu aos pés de Cristo. Ele aprendeu a estar contente. Essa
lição ele tinha tanta necessidade de aprender quanto a maioria das pessoas,
levando em conta as privações e sofrimentos pelas quais foi exercitado. Ele
esteve frequentemente em cadeias, em prisões e necessidades; mas em todas essas
situações ele aprendeu a estar contente, isto é, no seu interior ele aceitava
essa condição e procurava tirar o máximo de proveito dela.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo
Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 629.
4. 11 - 0 significado
literal da palavra contentar- me é autossuficiente. Na filosofia estóica, esse
termo grego descrevia uma pessoa que, de modo imparcial, aceitava toda e
qualquer circunstância.
Para os gregos, tal
contentamento derivava da suficiência pessoal. Mas, para Paulo, a verdadeira
suficiência é encontrada na força de Cristo (v. 13).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 536.
III - A
PRINCIPAL FONTE DO CONTENTAMENTO (4.13)
1. Cristo é quem
fortalece.
A Principal Fonte do
Contentamento (4.13)
Depois de abrir o
coração e expor à igreja os sofrimentos que ele e outros apóstolos haviam
passado, e ainda padeciam privações e sofrimentos físicos, conclui de modo
triunfal a principal fonte do seu contentamento: “Posso todas as coisas naquele
que me fortalece”. Paulo nos ensina com a declaração desse versículo que Cristo
é toda a suficiência que fortalece a vida dos que servem a Deus. Ele não está
ensinando que os servos de Cristo precisam sofrer e suportar as vicissitudes da
vida. Ele está, de fato, dizendo que essas dificuldades são inevitáveis, mas
que o segredo da vitória está na autodisciplina e no autocontrole do cristão e
do obreiro na batalha da vida cristã. Paulo fortalece a ideia de que sua força
para superar todas essas coisas estava na confiança daquEle que tudo pode.
A vitória do apóstolo
sobre a ansiedade que rondava o seu ministério não foi obtida pela força do
pensamento positivo como alguns líderes cristãos ensinaram, tais como Norman
Vincent Peale, Robert Schuller e outros. Sua vitória interior foi conquistada e
vivida por um aprendizado com o exemplo de Jesus que sofreu tudo, mas foi
vencedor. A força motora do seu ministério era o Senhor e ainda é para aqueles
que confiam plenamente nEle.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 150.
Fp 4.13 Mas, apesar de todo o aprendizado e
da iniciação a “capacidade” não deixa de ser algo fundamentalmente diferente da
mera disciplina da vontade por parte de um asceta. “Tudo posso por meio daquele
que me fortalece (Cristo)”. Independentemente de ser necessário incluir o nome
“Cristo” de forma expressa ou não, de qualquer modo vem de Cristo a
“habilitação” para a liberdade plena que Paulo possui. Como “a vida” para ele é
“Cristo” (Fp 1.21), ele já não se apega ao que as pessoas chamam de “vida”. Por
essa razão pode tranquilamente, nessas circunstâncias, ter em abundância, viver
bem e se saciar, sem que torne um perigo para ele. Por isso, no entanto, também
pode alegremente abrir mão e passar fome sem temor e sem irritação. Logo não
precisa do donativo dos filipenses. Possui “autarquia”. Também o relacionamento
com essa igreja, à qual permitiu que lhe fizesse doações pessoais, não é
distorcido pelo desejo secreto daquilo que ela lhe concede. Está regiamente
livre. E de fato “regiamente”, e não “asceticamente”, livre. Por isso ele
tampouco precisa rejeitar, constrangida ou receosamente, a rica dádiva que
Epafrodito trouxe consigo, mas pode alegrar-se sobremaneira com ela e ter
novamente “abundância”. Esse é o efeito visível de Jesus! É verdade que a
“gloriosa liberdade dos filhos de Deus” virá somente em plenitude quando Jesus
consumar sua obra por ocasião de sua parusia. Mas o cristianismo seguramente é
mais que mero “consolo para o futuro ou o além”. Jesus já é hoje aquele que
habilita os humanos para essa gloriosa liberdade, aqui constatada em Paulo.
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos
Filipenses. Editora
Evangélica Esperança.
Tudo posso naquele que me fortalece. (4:13)
Não importa quão difícil a sua luta pode ter
sido, Paulo teve uma undergirding espiritual, um meio invisível de apoio. Sua
adequação e suficiência veio de sua união com o Cristo adequada e suficiente:
"Fui crucificado com Cristo; e já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em
mim, e a vida que agora vivo na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me
amou e Se entregou por mim "(Gl 2:20).
Quando Paulo escreveu que eu possa fazer
todas as coisas que ele tinha em mente físicas, as coisas não espirituais.
Ischuō (eu posso fazer) significa "ser forte", "ter poder",
ou "ter recursos". É comumente traduzida como "dominado"
(Atos 19:16), "predominante" (Atos 19:20), e "eficaz" (Tiago
5:16). O texto grego enfatiza a palavra traduzida como todas as coisas (uma
referência às necessidades físicas;. Cf. Vv 11-12), colocando-o em primeiro
lugar na frase. Paul era forte o suficiente para suportar qualquer coisa por
ele que fortalecer [ed]-lo (cf. 1 Tm 1:12;.. 2 Tm 4:17). O apóstolo não, é
claro, significa que ele poderia sobreviver fisicamente indefinidamente sem
comida, água, sono, ou abrigo. O que ele está dizendo é que quando ele atingiu
o limite de seus recursos e força, até o momento da morte, ele foi infundida
com a força de Cristo. Ele conseguiu superar as dificuldades mais terríveis
físicas por causa da força interior, espiritual, Deus havia lhe dado.
Nas palavras de Isaías, Ele dá força ao
cansado, e para ele que não tem nenhum aumenta a potência. Apesar de os jovens
se cansam e cansado, e vigorosos jovens tropeçam mal, mas aqueles que esperam
no Senhor vai ganhar nova força, pois eles vão sobem com asas como águias,
correm e não se cansam, caminham e não se cansam. (Isaías 40:29-31)
Talvez a mais clara ilustração dessa verdade
na vida de Paulo vem de 2 Coríntios 12:7-10:
Por causa da superando grandeza das
revelações, por isso, para me impedir de me exaltar, foi-me dado um espinho na
carne, mensageiro de Satanás para me atormentar, para me impedir de me exaltar!
Quanto a esta implorei o Senhor três vezes que ele pode me deixar. E Ele me
disse: "Minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na
fraqueza." Muito contente, então, eu me gloriarei nas minhas fraquezas,
para que o poder de Cristo habite em mim. Portanto, eu estou muito contente com
fraquezas, nas injúrias, nas angústias, nas perseguições, nas dificuldades, por
causa de Cristo, pois quando sou fraco, então sou forte. Paulo era atormentado
por um "espinho na carne", provavelmente um demônio que estava por
trás dos falsos mestres que rasgam a sua amada igreja em Corinto. Este foi o
pior de todos os ensaios para ele, por causa de sua "solicitude por todas
as Igrejas" (2 Coríntios. 11:28). Ele repetidamente pediu ao Senhor para
livrá-lo do tormento de que o ataque demoníaco na igreja.
Mas em vez de entregá-lo, o Senhor apontou
Paul para a suficiência de Sua graça. O contentamento vem aos crentes que
dependem da graça sustentadora de Cristo infundida em crentes quando eles não
têm força própria. Nesse sentido, o contentamento é um subproduto da angústia. Para
que qualquer dúvida a suficiência do poder de fortalecimento de Cristo, é o
mesmo poder que Paulo descreveu em sua oração em Efésios 3:
Por esta razão dobro os meus joelhos diante
do Pai, de quem toda família no céu e na terra toma o nome, que Ele vos
conceda, de acordo com as riquezas da sua glória, para ser corroborados com
poder pelo seu Espírito no homem interior .... Ora, àquele que é poderoso para
fazer infinitamente mais além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder
que funciona dentro de nós. (Ef 3:14-16, 20)
Poder de Deus que habita os crentes é muito
mais do que suficiente para reforçar e sustentá-los em qualquer julgamento.
Contentamento pertence àqueles que confiança confiar em que o poder em vez de
seus próprios recursos. Jeremiah Burroughs observa, Um cristão encontra
satisfação em todas as circunstâncias, obtendo força de outro, saindo de si
para Jesus Cristo, pela sua fé agindo sobre Cristo, e trazendo a força de Jesus
Cristo em sua própria alma, ele fica habilitado a suportar tudo o que Deus
estabelece sobre ele, pela força que ele acha de Jesus Cristo .... Há uma força
em Cristo, não só para santificar e salvar-nos, mas a força para nos apoiar em
todos os nossos fardos e aflições, e Cristo espera que quando estamos sob
qualquer encargo, devemos agir a nossa fé nele para desenhar a virtude ea força
dele. (A Jóia Rara do contentamento cristão, 63)
É importante notar que apenas aqueles que vivem
uma vida de obediência à vontade de Deus pode contar com o Seu poder para
sustentá-los.
Aqueles cujo contínuo pecado os levou para a
cova de desespero não pode esperar que Deus para trazê-los contentamento de
suas circunstâncias. Na verdade, Ele pode até mesmo adicionar às suas
dificuldades humilha-los e trazê-los ao arrependimento.
D. Martyn Lloyd-Jones compara o fluxo do
poder de Deus na vida do crente para a questão da saúde física:
Agora eu sugiro que que é análogo a este
assunto de todo o poder em sua vida como cristão. Saúde é algo que resulta de
estar certo. Saúde não pode ser obtida diretamente ou imediatamente ou em si
mesmo. Há um sentido no qual eu estou preparado para dizer que um homem não
deve pensar em sua saúde, como tal, em tudo. Saúde é o resultado de uma vida
direita, e eu digo exatamente a mesma coisa sobre esta questão do poder em
nossa vida cristã.
Ou deixe-me usar outra ilustração. Tome essa
questão da pregação.
Nenhum assunto é discutido com mais frequência
do que o poder da pregação. "Oh, que eu poderia ter poder na
pregação", diz o pregador, e ele vai de joelhos e reza pelo poder. Eu acho
que isso pode ser muito errado.
Certamente é se ele é a única coisa que o
pregador faz. A maneira de ter poder é preparar cuidadosamente a sua mensagem.
Estude a Palavra de Deus, acho que para fora, analisá-lo, colocá-lo em ordem,
fazer a sua máxima. Isso é que Deus mensagem é mais provável para abençoar-a
abordagem indireta em vez do direta. É exatamente o mesmo em matéria de poder e
capacidade de viver a vida cristã. Além disso a nossa oração de poder e
capacidade devemos obedecer certas regras primárias e as leis.
Por isso, posso resumir o ensinamento como
este. O segredo do poder é para descobrir e aprender com o Novo Testamento que
é possível para nós em Cristo. O que
tenho a fazer é ir a Cristo. Devo gastar meu tempo com ele.
Eu preciso meditar sobre ele, devo chegar a
conhecê-Lo. Isso era ambição de Paulo "para que eu possa conhecê-Lo."
Devo manter o meu contato e comunhão com Cristo e devo concentrar-se em
conhecê-Lo.
O que mais? Eu tenho que fazer exatamente o
que Ele me diz. Devo evitar as coisas que iriam prejudicar. Se no meio da
perseguição queremos nos sentir como Paulo sentiu, devemos viver como Paulo
viveu. Devo fazer o que Ele me diz, tanto para fazer e não fazer. Devo ler a
Bíblia, devo exercer, devo praticar a vida cristã, devo viver a vida cristã em
toda sua plenitude.
(Depressão Espiritual: Suas Causas e Cura
[Grand Rapids: Eerdmans, 1965], 298-99)
O poder de Deus vai trazer contentamento para
aqueles que não têm força própria, mas somente se eles têm vivido em retidão.
Não há nenhuma solução rápida, nenhum atalho para contentamento. Ele vem apenas
para aqueles reforçada pelo poder divino, e que o poder divino não vem de conselheiros,
terapia ou de auto-ajuda fórmulas, mas apenas de uma vida piedosa consistente.
JOHN MACARTHUR, JR.
Novo Testamento Comentário
Filipenses Comentário Expositivo.
Comenta Scott (in loc.) a respeito dessas
palavras: «Até este ponto Paulo se utilizara da linguagem do estoicismo, e isso
não foi por acidente. Até mesmo nos tempos antigos a semelhança entre o pensamento
estóico e o pensamento paulino foi notada; e essas semelhanças têm surgido em número
cada vez mais numeroso, à medida que a pesquisa moderna vai avançando. A cidade
nativa de Paulo, Tarso, era um a das principais sedes da filosofia estóica e é
óbvio que ele fora atraído por muitos aspectos de seu ensinamento. Seu discurso
em Atenas, conforme o registro do décimo sétimo capítulo do livro de Atos, foi
inteiram ente estóico, semelhante quanto ao pensamento e à linguagem. Todavia,
por debaixo dessa semelhança superficial há uma profunda diferença entre Paulo
e os estóicos, e a natureza dessa diferença transparece brilhantemente no presente
versículo. Os estóicos mantinham que no homem, como fragmento que ele é da alma
universal, existe um a força intrínseca que pode resistir e vencer todas as
pressões externas. Já o apóstolo Paulo estava convicto que o homem, por si mesmo,
nada pode fazer, mas antes, está em servidão desesperadora às maldades deste
mundo. Por essa razão é que Deus enviara um Libertador; e todo o esforço humano
deve ser fútil para sempre, a menos que contem os com o poder de Cristo que nos
ajude. Por conseguinte, quando Paulo diz-nos aqui como já havia aprendido a
contentar-se sob todas as condições de vida, sentindo-se auto-suficiente, ao
mesmo tempo teve o cuidado de adicionar que não dependia inteiramente de si
mesmo.
Antes, tinha consciência da presença íntima
de Cristo, o qual, a todo o tempo lhe supria as forças necessárias».
«...fortalece...» No original grego
encontramos o vocábulo «enduamoo», o qual significa « infundir forças», como
sua ideia básica. É palavra empregada para indicar a força da fé (ver Rom.
4:20); também indica a força espiritual em geral que possuímos no «Senhor» (ver
Efé. 6:10). Esse fortalecimento que nos vem da parte de Cristo, não apenas nos
confere forças, mas também transforma nossos próprios seres para que compartilhem
de sua natureza, o que permite que nos tornemos mais fortes em nós mesmos, embora
isso se deva inteiramente à sua graça; não obstante, isso é um a verdade. É
também desse modo que crescemos na «estatura» de Jesus Cristo. (Ver Éfé. 4:13).
«Ele (o apóstolo Paulo) declara aqui o seu poder
universal, tão triunfalmente, e, no
entanto, com quanta humildade!» (Meyer, in loc.).
Mediante tal ênfase, Paulo não somente nos
conta um a grande verdade sobre a fonte do poder nessa inquirição espiritual,
mas também resguarda-se contra a possível inferência de que ele se ufanava em
si mesmo, como se não precisasse de coisa alguma e de ninguém mais.
«...tudo...» Certamente essa palavra inclui
todas as questões relativas às coisas físicas, ainda que a declaração seja
universal, envolvendo toda a inquirição espiritual da vida.
«...naquele...» Algumas versões suprem a
palavra «Cristo», para maior clareza, porquanto é óbvio que Paulo encontrava
toda a força espiritual em Cristo. A respeito disso, consideremos os três
pontos seguintes: 1. A ideia pode ser «instrumental», indicando que havia no
caso de Paulo a instilação ativa do poder de Cristo. 2. O u podia esse poder
vir através da comunhão e da união com ele, mediante o contato místico. 3. E é
mediante a associação com Cristo que essa força nos é dada.
A força do apóstolo dos gentios residia em
sua «união viva e identificação com Cristo», o qual era o seu poder (Faucett,
in loc., referindo-se a Gál. 2:20). (Quanto a outros versículos que subentendem
que toda a força espiritual pode ser encontrada exclusivamente em Cristo, ou em
Deus Pai, ver Efé. 6:10; II Cor- 12:9; Atos 9:22; Rom. 4:20; I Tim. 1:12; II
Tim. 2:1 e 4:17).
«Toda a autoridade me foi dada no céu e na
terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações...» (M at. 28:18,19).
Se um crente tiver fé bastante, isto é, se entregar-se de alma aos cuidados de
Cristo, com profundeza suficiente, também poderá fazer as obras que Cristo fez,
e maiores ainda, conforme a promessa que nos fez o próprio Senhor Jesus, em João
14:12.
Soldados de Cristo, levantai-vos
E ponde a vossa armadura,
Fortes na força que Deus supre
Por meio de seu Filho eterno;
Fortes no Senhor dos exércitos,
E em seu grandioso poder,
Pois quem confia na força de Jesus
Ê mais do que vencedor.
(Charles Wesley)
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 67.
I Tm 6.5 — Privados
da verdade descreve a futilidade das discussões religiosas especulativas. Além disso,
os falsos mestres estavam usando a religião em seu próprio benefício e ganho
financeiro. É provável que esperassem que suas discussões lhes rendessem
lucros. Sã doutrina e exortação são a base de uma igreja saudável — não o falso
e atrativo brilho e a ganância desses pseudomestres.
6.6 — O verdadeiro
ganho está na piedade com contentamento (gr. autarkeia), ou seja, na suficiência
das necessidades da vida.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 600.
I Tm 6. 5 Por pessoas
cuja mente é pervertida e privadas da verdade: Ter perdido a verdade, ter-se
desviado da fé.
Pensam que a
beatitude é fonte de lucro: parece que a busca de ganhos materiais representou
desde o começo uma tentação para a igreja. Pelo fato de que a nova liberdade, o
direito do trabalhador ao pagamento (1Tm 5.18!) se tornou para muitos uma
tentação para o abuso, Paulo abriu mão desse direito e trabalhava para seu
próprio sustento.
O próspero comércio
que os representantes da igreja católica romana promoviam com as indulgências
do pecado tornou-se um dos impulsos decisivos que desencadearam a Reforma. Na
época as contribuições milionárias de verbas dos impostos que o Estado recolhia
para a igreja, até mesmo de pessoas incrédulas e totalmente alienadas dela, tornou-se
um motivo semelhante de escândalo.
6 A forma irônica é
típica para Paulo: os hereges têm toda a razão. A devoção realmente constitui
um grande lucro, ela é útil para muitas coisas, mas evidentemente não da forma
como eles imaginam (QI
15d). Nesse trecho a
fundamentação não tem cunho pedagógico-moral, mas é marcada pelo pensamento
bíblico. Paulo conhece o conceito do contentamento como clara decorrência da
abundância da graça divina, que se constitui através da generosidade material
dos cristãos em favor de outros. Autarquia não significa o auto provedor
independente, assim definido na filosofia clássica, mas aquela auto suficiência
que torna rico (extremamente rico) para doar, que capacita para cuidar das
pessoas carentes. Em contexto idêntico Paulo emprega a mesma palavra como
adjetivo. Sabe contentar-se, não porque tenha se tornado rico em bens e
consequentemente independente de pessoas, mas porque pelo poder de Cristo é
capaz de ambas as coisas: ser pobre e dependente, assim como ser rico e generoso
para outros (não independente!). O contentamento não é resultado de sabedoria e
auto provimento humanos, mas inteiramente fruto da graça: “Contenta-te com a
minha graça.” A mesma questão é formulada assim nas past: contentamento é fruto
da beatitude. A devoção de fato constitui um grande lucro, porque vive a partir
do grande mistério do Deus que se doa. O lucro é grande pelo fato de que traz
consigo a promessa da vida atual e futura (1Tm 4.8).
Hans
Bürki. Comentário Esperança Cartas a Timóteo. I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.
«...altercações...»No
grego é «diaparatribe», ou seja, «irritação mútua» ou «irritação constante». O
termo «paratribo» significa «esfregar contra»; e a preposição «dia» dá a essa
palavra o sentido de «continuação». Por conseguinte, temos aqui a ideia de
«brigas continuas», alimentando a má vontade devido à fricção constante. Alguns
dos pais da igreja ilustravam essa palavra com os carneiros sarnentos, que
espalhavam sua enfermidade esfregando-se nos outros. Conforme comenta Field (in
loc.), trata-se das «...irritações mútuas...» Esse vocábulo é encontrado
exclusivamente aqui, em todo ο N.T., sendo uma das cento e setenta e cinco
palavras exclusivas das «epístolas pastorais».
«...mente...
pervertida...» No grego é «diaphetheiro», que significa «estragar», «destruir»,
«arruinar», «corromper», tanto em sentido moral como em sentido físico. Sua
forma nominal, «diaphthora», significa «destruição», «corrupção». O processo
inteiro do raciocínio daqueles homens estava tão depravado e estragado que não
mais podiam raciocinar com bom senso, nem podiam ter pensamentos saudáveis.
Suas mentes haviam sido vencidas pela decadência. E isso tudo porque tinham
rejeitado as «sãs palavras», as palavras de Cristo. (Ver o terceiro versículo).
« ... o coração
corrompido está sendo focalizado aqui, pois é esse o abismo do qual procedem as
trevas, que obscurecem a visão espiritual». (Oosterzee, in loc.).
« ...privados... »No
grego é «apostrepho», que significa «afastar-se de», ou seja, «ser privado» de
algo, perder contato com alguma coisa, ficar destituído de certos benefícios .
Nas páginas do N.T., essa palavra é comumente usada com o sentido de
«defraudar». (Ver Marc. 10:19; I Cor. (7,8 e 7:5). Aqueles homens se tinham
privado da verdade que antes possuíam, ou que poderiam ter possuído. Haviam
preferido permanecer destituídos dessa verdade, a fim de edifica rem um
satânico sistema doutrinário.
«...verdade...»
Nestas epistolas, essa palavra significa a «verdade cristã», ou seja, o
«cristianismo ortodoxo», as «doutrinas do cristianismo bíblico», e não somente
o «evangelho», conforme tal palavra é empregada no resto do N.T. Naturalmente,
o evangelho é que criou esse sistema, mas nestas epístolas, encontramos uma ideia
mais formal a respeito. (Ver I Tim. 2:4,7; 3:15; 4:3; II Tim. 2:15,18;25;
3:7,8; 4:4 e Tito 1:1,14).
«...supondo que a
piedade é fonte de lucro...» Aquela gente ficara tão arruinada, devido às suas
crenças próprias, tão envolvidas em controvérsias fúteis e estéreis que,
finalmente, ocorreu-lhes que o único uso prático da religião é que esta é uma
maneira de ganhar dinheiro. Notemos como toda esta passagem se assemelha às
descrições de Platão acerca dos «sofistas», os quais também «vendiam o seu
conhecimento», cobrando altos estipêndios por suas «aulas», cujo principal
intuito era ajudar os homens a argumentar com astúcia. Os sofistas foram os
pragmáticos da antiguidade, que não acreditavam haver algo como a «verdade
objetiva». A verdade, para eles, seria tudo quanto é vantajoso para o
indivíduo, tudo quanto «funciona bem», tudo quanto Obtém os resultados
desejados; e isso significa que a verdade de hoje pode ser o erro de amanhã.
«...piedade...» Temos
aqui a familiar palavra «eusebeia», por tantas vezes usada nas «epístolas
pastorais»: por dez vezes na forma nominal e por duas vezes como advérbio. (Ver
I Tim. 2:2 quanto a notas expositivas a respeito).
A «santidade» fingida
por eles servia apenas para impressionar a outros, a fim de obterem maiores
ofertas e salários. Eles encaravam a piedade como «fonte de produzir dinheiro».
Para eles a religião era apenas um «negócio» que produzia dividendos. Sua
atitude se parecia com a dos sofistas, que não tinham consideração para com a
verdade, porquanto faziam da retórica um meio de ganhar dinheiro. Alguns sofistas
cobravam somas absurdas por suas lições. É interessante observarmos que a
profissão dos advogados começou entre eles, o que também se dá no caso dos
professores universitários. Esses se olvidam da dimensão superior da vida, no
que tudo quanto fazemos e somos determina o bem-estar de outros neste mundo, produzindo
julgamento até mesmo na existência após a morte física. Esses se esqueceram da
«dimensão eterna» da existência, reduzindo tudo a meras riquezas materiais.
Eram «materialistas práticos», ainda que, teoricamente, aceitassem a existência
do espírito. Sabemos que os gnósticos aceitavam o mundo espiritual, mas negavam
sua realidade na prática, pois não viviam tendo em vista aquele mundo superior.
E quantos são os cristãos que cabem dentro desse quadro! Esses não são
realmente diferentes, e nem agem diferentemente de qualquer materialista ou
ateu confesso, ainda que, «em teoria», aceitem as realidades espirituais.
Todos nós, algumas
vezes, tornamo-nos culpados dessa atitude.
Preocupamo-nos com o
futuro; procuramos obter segurança através de pensões e propriedades, e assim
nos tornamos escravos do dinheiro.
Quantos indivíduos
têm perdido de vista aquele chamamento, por lhes faltar a fé no poder que Deus
tem de lhes «prover o necessário», ao mesmo tempo que sua alta vocação é
cumprida. Preferem antes uma ocupação inferior, que ofereça segurança terrena.
Algumas traduções
dizem aqui «...supondo que o lucro é piedade...», como se a própria riqueza
material fosse sinal de aprovação divina na vida, assinalando-a como santa; mas
isso não é boa tradução. Também não devemos imaginar qualquer movimento de
«emancipação» de escravos, encabeçado pelos gnósticos, como se eles estivessem
pregando que, no cristianismo, o indivíduo deveria ser liberado, tornando-se
livre para viver a mais plena vida material. Essa é uma interpretação
inteiramente fantástica.
É bem possível que os
gnósticos, seguindo o exemplo dos sofistas, dessem lições especiais ou
efetuassem campanhas evangelísticas, como pregadores viajantes, cobrando largas
somas em dinheiro por seu trabalho; e assim recebiam mais dinheiro do que
usualmente receberiam como ministros do evangelho. (Ver outras referências a
isso, nas páginas do N.T., onde fica indicado que muitos indivíduos fazem da
religião um mero comércio, em II Cor. 11:12; 12:17,18; Tito 1:11 e II Ped. 2:3.
Ver também as descrições de Platão acerca dos sofistas, com paralelos nesta
passagem, em Górgias, capítulo 7 e Protag. capítulo 3).
Sobre o dinheiro
(6:6-10).
Esta pequena secção é
uma homilia sobre o assunto do dinheiro, no que se relaciona a uma vida séria e
santa. Recomenda-nos a moderação no desejo pelo dinheiro. Ê melhor abafar tal
desejo do que tentar satisfazê-lo, conforme Epícuro dizia. As riquezas materiais,
por si mesmas, não constituem vantagem real; antes, elas constituem um perigo,
pois, ao invés de serem um privilégio e oportunidade, podem tomar-se ameaças
espirituais. Dão maior conforto ao corpo, mas servem de empecilho para a alma,
pois levam os homens a se deixarem arrastar por suas vantagens, olvidando-se do
valor e das necessidades da alma eterna. Essa atitude foi denunciada pelo
Senhor Jesus (ver Mat. 6:19 e ss.), sendo atitude comum no estoicismo e
tradicional nas religiões, tendo invadido até mesmo o cristianismo. A denúncia
de Cristo, entretanto, não tem impedido que muitas pessoas religiosas, que figuram
nas fileiras do cristianismo, tomem essa atitude; mas fazem-no somente para seu
próprio detrimento.
O intuito da presente
secção é afastar os ministros do evangelho, mas igualmente todos os crentes, da
atitude dos falsos ministros, que transformam a fé religiosa em um comércio. Um
homem verdadeiramente piedoso não se preocupará demasiadamente com o lucro
material; mas haverá de buscar as riquezas materiais somente até ao ponto em que
isso é mister para sustentar a si mesmo e aos seus familiares, mas não com um
valor primário. Pois sabe que as verdadeiras riquezas se encontram nas
realidades espirituais, e que o mundo verdadeiramente rico e aquele do porvir,
no qual ele se interessa devido à sua genuína lealdade a Cristo. O interesse da
presente secção, pois, ultrapassa o que é meramente polêmico (na argumentação contra
os gnósticos), procurando estabelecer um principio ético relativo às riquezas,
em relação à fé religiosa. Esta secção inclui vários epigramas, que mui
provavelmente eram bem conhecidos rio mundo grego, em sistemas éticos como o
estoicismo, o que, em sua forma tipicamente romana, recomendava a moderação em
todas as ações.
A tradução inglesa de
Williams diz aqui: «Ora, o fato é que a religião, com o contentamento, é um
meio de grande lucro». A tradução inglesa RSV diz: «Há um grande lucro na
piedade com contentamento». O original grego não tem nada que equivalha às
palavras «...de fato...» Essas palavras foram supridas como uma interpretação.
« ...lucro... » No
grego é «porámos», «meio de ganho», «capacidade de
prover», «abundância
de recursos». A raiz é «poros», que significa «meio de atravessar um rio»,
«travessia», «vereda», ou então algum «recurso», «jeito».
Nos escritos
clássicos, quando esse vocábulo estava vinculado à ideia do dinheiro, indicava
«meio de levantar fundos». A forma verbal, «perao», significa «atravessar». A
piedade, que é a fé religiosa sincera, é vista aqui como meio de autêntico
benefício e vantagem. Naturalmente, esse «...lucro...» não é nem material e nem
financeiro. Não obstante, é real, porquanto beneficia às almas eternas, tanto
nesta esfera terrena como no mundo futuro. Isso pode ser confrontado com I Tim.
4:8, onde a mesma ideia está contida: «Pois o exercício físico para pouco é
proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida
que agora é e da que há de ser». A tradução inglesa de Williams diz: « .. .a
religiosidade é de utilidade em tudo, pois contém uma promessa para a vida
presente, como também para a futura». (Ver as notas expositivas nesses citados
trechos, quanto à expansão da ideia básica do presente versículo).
«.. .piedade...» No
grego é «eusebeia», tal como no versículo anterior. (Ver as notas expositivas a
respeito em I Tim. 2:2). Esse termo aponta para autêntica fé religiosa, com seu
acompanhamento de santidade prática.
Focaliza a santidade
prática da fé cristã, mediante o que o crente é moralmente transformado segundo
a imagem de Cristo. Quando alguém realmente está sendo transformado conforme a
imagem de Cristo, adquirindo assim a sua natureza moral, desse modo virá a
compartilhar de todas as suas perfeições e atributos (ver Gál. 5:22,23 e Efé.
1:23).
«....contentamento...»
No grego temos «autarkeia», que significa «suficiência», «competência», de onde
lhe veio a ideia de «contentamento», de «auto-suficiência», de «possuir o
bastante». Essa era uma das virtudes favoritas dos estóicos. (Ver Epict., Stob. III, pág. 101,16; Diog. L. 10,130; Sextus 98). Envolve o
sentimento que tudo está correndo bem no mundo, pelo menos até onde o próprio
indivíduo está envolvido, a alma está contente e em descanso, com o que possui;
o conflito cessou, reinam a paz e a harmonia no íntimo. «Bem-aventurado é o
homem de quem Deus se lembra com uma suficiência que lhe é conveniente» (Salmos
de Salomão 5:18).
A autêntica fé
religiosa ou piedade cria no indivíduo certa riqueza de autodomínio,· mediante
o que ele vive no contentamento. Esse é um benefício muito maior que aquele
conferido pelas riquezas materiais, que seryem somente para gerar a contenda, o
temor e até mesmo a violência. As riquezas materiais criam apenas uma «carga»,
imposta aos piedosos. Pois estes já são verdadeiramente ricos . Além disso, o
crente piedoso é «independente» do buliço louco do mundo, que corre atrás dos
bens materiais, visto que já encontrou o seu grande tesouro, na fé religiosa e
na dedicação a princípios espirituais elevados. O apóstolo dos gentios aprendera
a achar-se contente em qualquer circunstância em que se achasse. (Ver Fil.
4:11, que usa uma palavra correlata à deste texto).
Conforme diz Sir H.
Wotton: «Senhor de si mesmo, embora não dono de terras».
«Basta bem pouco dos
bens deste mundo para satisfazer ao indivíduo que se sente cidadão de outra
pátria, e que sabe que nesta não está o seu descanso». (Adam Clarke, in loc.).
(Ver o trecho de Rom. 8:17 quanto ao fato que o verdadeiro crente compartilha
da mesma herança celestial de Cristo, conforme se aprende em R om. 8 :29, 30,
posto que também compartilhará da glorificação de Jesus). Ora, esse é o maior
de todos os «lucros» que se possa imaginar. A verdadeira «piedade» nos confere
tal atitude, pois a salvação mesma é medida através da «santificação» (ver II Tes.
2:13).
«Os leõezinhos sofrem
necessidade e p assam fome, porém, aos que buscam o Senhor bem nenhum lhes
faltará» (Sal. 34:10).
«Quem é rico? Aquele
que se contenta com a sua sorte». (Talmude, Pirke Aboth jv.3).
«O treinamento de um
rabino judeu pode ser ainda mais exigente. Essa é a vereda da lei. Um pouco de
pão comerás com sal, e também beberás água por medida e dormirás no chão, e
viverás em tribulação, enquanto labutas na lei. Se assim fizeres, feliz serás,
e tudo te será bem no mundo vindouro».
(Pirke Aboth, vi.4).
«...Considera como as
riquezas acrescentam lenha às concupiscências, fornecendo nutrição ao seu
orgulho; como elas removem para longe os meios da esperança de salvação, e quão
frequentemente servem elas de passaporte para os portais da morte. As riquezas
são um privilégio quando desfrutadas e usadas como é preciso ser. Mas eu
temeria orar, pedindo riquezas, ou para mim mesmo ou para os meus filhos. ... a
observação mostra-nos que grandes possessões materiais servem muito mais para prejudicar-nos
e destruir-nos, do que nós mesmos gostamos de devotá-las a Deus». (Gardner
Spring).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 347-348.
2. Cristo é a razão
do contentamento.
A razão do
contentamento que nos torna capazes de superar todos os problemas da vida é a
pessoa de Jesus. Matthew Henry escreveu em seu comentário: “Temos a necessidade
de obter forças de Cristo, para sermos capacitados a realizar não somente as
obrigações puramente cristãs. Mas mesmo aquelas que são fruto da virtude moral.
Precisamos da força dele para nos ensinar a como ficar contente em cada
condição”.
Aprendemos neste
capítulo que devemos submeter nossa mente a Cristo e ter nossos pensamentos
controlados pelo Espírito Santo. Nosso fortalecimento espiritual resulta da
nossa relação de comunhão com o Senhor Jesus. Nunca seremos autossuficientes,
mas dependeremos dEle sempre.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 150.
CONTENTAMENTO
Há uma palavra
hebraica e três palavras gregas diretamente envolvidas, a saber:
1. Yaal, «estar
satisfeito... Palavra hebraica que aparece E.0r onze vezes com esse sentido.
Por exemplo: Exo. 2:21;.10s. 7:7; Jui. 17:11; 19:6; 11 Reis 5:23; 6:3; J6 6:28.
2. Arkéo, «considerar
suficiente... Palavra grega que ocorre por oito vezes: Mat. 25:9; Luc. 3:14;
João 6:7; 14:8; 11 Cor. 12:9; I Tim, 6:8; Heb. 13:5 e 111 João 10.
3. Autârkes,
«auto-suficiente». Palavra grega que figura apenas por uma vez, em Fil, 4:11.
4. Poiéo tô ikan6n,
«fazer o suficiente». Expressão grega que aparece somente em Mar. 15:15.
O. contentamento
consiste naquela perfeita fé ou confiança que toma o crente independente das circunstâncias
externas (Fil. 4:11; I Tim. 6:7,8). Assim sendo, o crente tem confiança no seu
destino final, sabendo que tudo foi adredemente preparado pela providência
misericordiosa de Deus. O homem destituído de fé, porém, não tem a certeza de
que Deus fez provisão acerca do que ele precisa realizar.
Na verdade, nem tem
certeza se tem uma missão na terra, pelo que olha para este mundo como se o mesmo
fosse governado pelo puro acaso e pelo caos. O contentamento também está
alicerçado sobre o espírito de humildade. Algumas pessoas são por demais
orgulhosas e egoístas para se contentarem com pouca coisa, dilapidando seus
poderes físicos e mentais na tentativa de acumular coisas que lhes confiram
segurança. O crente contente, porém, não se deixa perturbar pela inveja, pela
competição e pela ansiedade (Tia. 3:16; Mat. 6:25,26). As Escrituras consideram
o contentamento uma virtude, recomendando-o por diversas vezes (Luc. 3:14; Heb.
13:5). O contentamento está associado à piedade, pelo que também faz parte do desenvolvimento
espiritual (I Tim, 6:6). A espiritualidade de Paulo exibia grande dose de
contentamento (Fil, 4:11; I Tim, 6:8).
Convém distigarmos o
contentamento da inércia. Paulo conseguia estar contente e trabalha arduamente,
ao mesmo tempo. Parte .do seu segredo consistia no fato de que ele não cobiçava
as coisas materiais que excitam a maioria das pessoas. Os filósofos epicúreos
(que vide), reputavam o contentamento como uma das principais virtudes, pois se
o prazer, para eles, era o alvo da existência humana, esse prazer precisava ser
apreciado em meio ao espirito contente, salientando os prazeres mentais, e não
os prazeres carnais. Eles empregavam a. palavra grega ataraxia, «tranquilidade»,
<calma>, para indicar uma espécie de estado mental sereno e
imperturbável, o que, para eles, representava um grande prazer.
Uma antiga canção
popular falava sobre o homem dotado de mente contente. Os filósofos que
promoveram esse ideal foram: Demócrito, Epicuro, Pírro e Lucrécio. Cada um
deles merece um artigo separado, nesta enciclopédia. A apatia dos estoicos ia
além dos requisitos próprios a ataraxia, porquanto envolvia uma total liberdade
de toda forma de emoção positiva ou negativa, visto que, segundo a doutrina estoica,
das emoções é que procedem todos os nossos sofrimentos.
O contentamento
cristão envolve mais do que alguma emoção humana. Não depende da pessoa ajustar-se
ao status quo. Antes, trata-se de uma convicção intima de que nenhum mal pode
sobrevir ao homem piedoso, porquanto Deus proveu para ele tudo quanto é necessário,
em todas as ocorrências de sua vida, durante todos os seus. dias. Trata-se
também de uma influência do Espirito Santo, sobre a maneira do crente olhar
para as coisas. B o contrário da petulância, do egoísmo e da ansiedade. Exclui
a inveja (Tia. 3:16), a avareza (Heb. 3:5) e o espírito queixoso (I Cor.
10:10). Um crente contente não entra em pânico quando seus recursos materiais
escasseiam, porquanto ele sabe que a Fonte de todos os recursos jamais perde o
seu poder. Mais do que isso Deus nunca perde o interesse por qualquer de seus filhos.
O contentamento consiste em uma feliz dependência de Deus, mostrando-se
humilde, isento de
lutas insanas em prol das coisas materiais. Os cuidados do Pai celeste por seus
filhos toma a ansiedade tanto desnecessária quanto pecaminosa (Mat. 6:25-34).
Alguns indivíduos chegam a tentar obter vantagens materiais por serem
religiosos (I Tim, 6:5). Mas a piedade é o maior de todos os lucros e vantagens.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 884-885.
A natureza toda
depende de recursos ocultos.
Árvores de grande
porte lançam raízes profundas no solo para retirar dele a água e os minerais.
Rios nascem em montes cobertos de neve. A parte mais importante de uma árvore é
a que não podemos ver: seu sistema de raízes; e a parte mais importante da vida
do cristão é a que só Deus pode ver. A menos que lancemos mão dos recursos
profundos de Deus pela fé, não seremos capazes de suportar as pressões da vida.
Paulo dependia do poder de Cristo operando em sua vida (ver Fp 1:6, 21; 2:12,
13; 3:10). "Tudo posso - em Cristo!"
Esse era o lema de
Paulo e também pode ser o nosso.
A tradução de J. B.
Phillips de Filipenses 4:13 diz: "Estou pronto para qualquer coisa por
meio da força Daquele que vive dentro de mim". E a Bíblia Viva assim
traduz esse versículo: "porque eu posso fazer todas as coisas que Deus me
pede com a ajuda de Cristo, que me dá a força e o poder". Qualquer que
seja a tradução de nossa preferência, todas dizem a mesma coisa: o cristão tem
dentro de si todo o poder de que precisa para lidar com as exigências da vida.
Só temos de liberar esse poder pela fé.
Uma leitura essencial
para todo cristão é O segredo espiritual de Hudson Taylor [Editora Mundo
Cristão, esgotado], escrito por Howard Taylor e esposa, pois essa obra ilustra o
princípio do poder interior na vida do grande missionário aos chineses. Durante
muitos anos, Hudson Taylor trabalhou com afinco, achando que confiava em Cristo
para suprir suas necessidades, mas, de alguma forma, não sentia liberdade nem
alegria alguma em seu ministério. Então, um amigo lhe escreveu uma carta que
lhe abriu os olhos para a suficiência de Cristo. "Não temos poder quando
confiamos na própria fidelidade, mas sim quando olhamos fixamente para Aquele
que é fiel!", escreveu o amigo.
A partir de então, a
vida de Taylor não for mais a mesma. A cada momento, lançava mão do poder de
Cristo para lidar com todas as suas responsabilidades ao longo do dia, e o
poder de Cristo o fortaleceu.
Jesus ensina essa
mesma lição no sermão sobre a videira e os ramos em João 15.
Ele é a Videira e nós
somos os ramos. O único propósito do ramo é dar frutos; de outro modo, só serve
para ser queimado. O ramo não produz frutos com as próprias forças, mas sim
usando da vida que flui na Videira. "Porque sem mim nada podeis
fazer" (Jo 15:5). Quando o cristão permanece em comunhão com Cristo, o
poder de Deus o fortalece. "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp
4:13).
A providência
soberana de Deus e o amor imutável de Deus são dois recursos espirituais dos
quais podemos nos valer, a fim de ter suficiência para viver corretamente.
Existe, porém, um
terceiro recurso.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 129.
“Posso todas as
coisas naquele que me fortalece” (v. 13). Temos a necessidade de obter forças
de Cristo, para sermos capacitados a realizar não somente as obrigações puramente
cristãs, mas mesmo aquelas que são frutos da virtude moral. Precisamos da força
dele para nos ensinar a como ficar contente em cada condição. Parecia que o apóstolo
tinha se vangloriado quanto à sua própria força: “Sei estar abatido” (v. 12);
mas aqui ele transfere todo o louvor a Cristo.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 629.
3. O cumprimento da
missão como fonte de contentamento.
Fp 4.12,13 - Paulo
podia viver com alegria porque compreendia a vida sob o ponto de vista de Deus.
O apóstolo se concentrava naquilo que era sua obrigação fazer, e não naquilo
que pensava que deveria ter. Ele estabelecia corretamente suas prioridades e era
grato por tudo que Deus lhe havia concedido. Paulo se afastava daquilo que não
era essencial para poder se concentrar naquilo que é eterno. Muitas vezes, o
desejo de ter mais ou melhores posses é, na verdade, o desejo de preencher uma
lacuna existente na vida da pessoa.
A que você se dedica
quando sente um vazio interior? Como pode encontrar o verdadeiro contentamento?
A reposta está em sua perspectiva, em suas prioridades e na fonte de seu poder.
Fp 4.13 - Será que
podemos realmente fazer tudo? O poder que recebemos em nossa união com Cristo
será suficiente para fazermos a sua vontade e enfrentarmos os desafios que
surgirem devido ao nosso compromisso. Ele não nos outorga uma capacidade sobre-humana
para realizarmos tudo que pudermos imaginar, sem nos preocupar com os interesses
divinos. Ao lutar pela fé, enfrentaremos dificuldades, pressões e provações. Quando
estas chegarem, peça a Cristo para fortalecê-lo.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 1669.
A certeza de Paulo
O segredo supremo de
Paulo era sua profunda confiança em Jesus Cristo. Depois de explicar sua filosofia,
ele escreveu: "Tudo posso naquele que me fortalece" (4:13).
A palavra
"tudo" não quer dizer que Paulo cria ser algum super-homem, um operador
de milagres que podia "saltar edifícios com um único pulo". Ele
queria dizer que podia encarar qualquer situação que envolvesse necessidades
materiais e ainda manter uma atitude positiva e vitoriosa para com as
circunstâncias da vida.
O apóstolo não disse
que Deus sempre supria suas necessidades materiais. De maneira alguma! Antes,
Paulo estava certo de que não importavam as circunstâncias—"tanto de
fartura, como de fome; assim de abundância, como de escassez" —em toda situação
Cristo ajudá-lo-ia a manter uma atitude de confiança e contentamento. Era desta
necessidade que ele falava.
GETZ. Gene A. A Estatura de um Cristão, Estudos em Filipenses. Editora Vida. pag. 99.
«...sem avareza...» A
raiz da atitude de avareza é a falta de confiança em Deus. É uma atitude
egoísta, oposta do amor. Assim, enquanto o amor edifica e torna saudável, a
avareza derruba por terra e enferma. O termo grego aqui usado é «aphilarguros»,
forma privativa de «philarguros», que significa «amor ao dinheiro»,
«parcimônia». A forma primitiva se acha somente aqui e em I Tim. 3:3, onde
aparece uma lista de vícios e a avareza é um deles. (Quanto à forma positiva,
ver os trechos de Luc. 16:14 e II Tim. 3:2).
Avareza: Podemos
fazer diversas considerações acerca desse vicio, a saber:
1. A avareza parte do
coração (ver Marc. 7:22,23). 2. Apaixona o coração (ver Eze. 33:31 e II Ped.
2:14). 3. Ê idolatria (ver Efé. 5:5 e Col. 3:5). 4. Ê raiz de todos os males
(ver I Tim. 6:10). 5. Nunca se satisfaz (ver Ecl. 5:10 e Hab. 2:5). 6. Ê
vaidade (ver Sal. 39:6). 7. Não é conveniente aos santos, mas lhes é deletéria
(ver Efé. 5:3 e Heb. 13:5). 8. Ê especialmente condenável nos ministros da
Palavra (ver I Tim. 3:3). 9. Conduz à injustiça e à opressão (ver Pro. 28:20 e
Miq. 2:2); àinsensatez e a concupiscências prejudiciais (ver I Tim. 6:9); ao
desvio da fe (ver I Tim. 6:10); à mentira (ver II Reis 5:22-25); ao assassínio
(ver Pro. 1:18,19); ao furto (ver Jos. 7:21); à pobreza (ver Pro. 28:22); à
miséria (ver I Tim. 6:10); aos conflitos e aflições domésticos (ver Pro. 15:27).
10. É atitude abominável para Deus (ver Sal. 10:3). 11: È contra os dez mandamentos
básicos (ver Êxo. 20:17).
«...contentai-vos com
as cousas que tendes...» Comparar isso com Fil. 4:11, onde são dadas notas
expositivas completas sobre a ideia. Ver também I Tim. 6:6, que diz: « ...grande
fonte de lucro é a piedade com o contentamento»; e ver Mat. 6:19 e ss., que é o
manifesto de Jesus contra o materialismo e a chamada ao contentamento. O
vigésimo quinto versículo começa especificamente esse último aspecto. A falta
de contentamento, de alguma maneira, é uma perversão de valores. Esquecemo-nos
que as verdadeiras riquezas são as do espírito, na busca pelo mundo eterno. No entanto,
nem sempre agimos assim, mas buscamos satisfação nas coisas materiais.
«...de maneira alguma
te deixarei...» Não há aqui qualquer citação direta, embora os trechos de Gên.
28:15; Jos. 1:5 e Deut. 31:6 expressem sentimentos similares. O autor sagrado
parece combinar diferentes passagens na memória. Entretanto, há um paralelo bem
próximo em Filo, «Confus. Lign.» §32, e é
perfeitamente possível que o autor o tenha citado. Ou a declaração pode
ser uma ditado judaico popular, adaptado ao texto presente pelo autor,
e que também foi usado por Filo. Essas palavras afirmam a fidelidade e os
cuidados de nosso Criador. A melhor passagem neotestamentária que temos sobre
esse princípio é a de Mat. 6:25 e ss., onde se vê que até os animais
irracionais são objetos dos cuidados do Pai. (Ver também Mat. 10:29,31 quanto
ao mesmo ensino do grande interesse de Deus pelos homens).
«...nunca jamais te
abandonarei...» Os leitores originais da epístola sofriam perseguição. Estavam
familiarizados com os sofrimentos causados pela pervertida vontade humana.
Todavia, tinham á certeza da vitória final mediante a presença e as bênçãos
divinas. Suas propriedades tinham sido confiscadas; haviam sido reduzidos à
pobreza, por ações injustas e ilegais; contudo, possuíam a riqueza de espírito,
que nos é dada mediante a fé em Cristo, e também a promessa da recompensa e terna.
Tinham sido fisicamente assaltados; mas o seu espírito não fora atingido, e nem
mesmo poderia sê-lo. Portanto, poderiam sentir-se contentes com toda a razão.
Não
sobre reis ou sacerdotes somente
Se
faz sentir o poder daquela cara Palavra;
Ela
entoa a todos, em tons mui suaves,
A
lição humilde do contentamento.
(Keble)
«Uma nobre promessa
em períodos de depressão» (Robertson, in loc.). Mais de um intérprete observa o
fato que a impureza e a avareza com frequência se combinam nos ensinamentos
morais. (Ver também Efé. 5:5).
Ambas as atitudes são
apetites pervertidos da carne, e com frequência acompanham uma à outra, nas
mesmas pessoas. «A concupiscência e o lucro aparecem como qualidades afins,
ambas seduzindo o coração, desviando-o do Criador para a criatura». (Faucett,
in loc.).
«...raramente sucede
um homem avarento ser satisfeito com alguma coisa; pelo contrário, aqueles que
não se contentam com uma partilha moderada, sempre buscam, até mesmo mais do
que quando desfrutam de maior abundância». (Calvino, in loc.). A ganância nos
leva a desconfiar de Deus, buscando, desordenadamente, as vantagens temporais.
Quando assim fazemos, certamente nossa barganha é péssima.
Este versículo é mui
enfático, sobrecarregado de negativas: «Não, nunca te deixarei; não eu; eu
nunca, nunca te desampararei». (Adam Clarke, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 659.
Hb 13.5,6 — A avareza
é tratada no último dos Dez Mandamentos (Êx 19.17). Essa atitude destrói a
herança de uma pessoa no Reino (1 Co 6.9-10).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag.666.
A Segurança do Crente
(Hebreus 13:5-6)
Outra admoestação
contra o amor do dinheiro induz o autor a uma declaração mais genérica acerca
da segurança do crente. Tal declaração deve ter tido significado especial aos
leitores da carta, por causa do que enfrentavam ou estavam prestes a enfrentar.
13:5 / A avareza (NIV
diz “amor do dinheiro”) é um perigo a ser evitado por todos os que querem viver
pela fé. A avareza traz outros males consigo (1 Tm 6:9s.), e reflete um apego
impróprio a este mundo transitório. No passado, os leitores haviam demonstrado
uma atitude adequada, ao suportar com alegria a perda de propriedades, porque
sabiam "‘que tendes possessão superior e permanente” (10:34). Portanto, os
leitores deverão estar contentes (contentando-vos) com o que têm. Este tema
também é muito popular no Novo Testamento (cf. 1 Tm 6:6ss., onde os cristãos
são exortados a permanecer satisfeitos com o atendimento de suas necessidades
básicas da vida). Esta ênfase também deriva dos ensinos de Jesus (cf. Mt
6:24-34; Lc 12:15), como acontece em relação a tantos ensinos éticos do Mestre.
No entanto, os leitores deverão ir além de simplesmente estarem satisfeitos com
o que têm. Devem depositar fé total na segurança que Deus provê. A citação que
se inicia com as palavras pois ele mesmo disse foi tirada de Deuteronômio 31:6
(e de novo no v. 8). O autor de Hebreus, no entanto, alterou a terceira pessoa
do original (“ele não te deixará,” preferindo a primeira pessoa, mais vivida
(“não te deixarei, nem te desampararei”). Essa mesma promessa, grafada com
palavras ligeiramente diferentes, encontra-se na primeira pessoa em Josué 1:5
(cf. também Gn 28:15; 1 Cr 28:20). Ainda que as possessões materiais, pela sua
própria natureza, estejam sujeitas a perdas e são, por isso mesmo, indignas de
nossa fidelidade última, Deus e seu propósito salvifico são imutáveis.
13:6 A citação foi
tirada literalmente da LXX, Salmos 118:6.0 nitor afirma a fidelidade do Senhor
em todas as circunstâncias e, desse modo, argumenta que não existe lugar para o
medo quanto ao que o homem possj fazer contra o cristão. Está bem clara a
adequação deste lembrete para os
leitores. Se estes
forem convocados não só para sofrer perdas pessoais, como no passado, mas até
mesmo a perda da própria vida (cf. 12:4), recebem a certeza de que Deus está
com eles, e de que participam de um reino que não pode ser abalado (12:28).
Tendo o Senhor como seu auxílio os leitores podem enfrentar qualquer
eventualidade que possa ameaçá-los.
DONALD
A. HAGNER. Novo Comentário
Bíblico Contemporâneo Hebreus. Editora Vida. pag. 269-270.
3.10-14 — Mestre, o
que devemos fazer? Em resposta a esta pergunta das pessoas, João mostrou que
uma mudança genuína de pensamento e comportamento, valorizando relacionamentos éticos
e morais de umas com as outras, expressaria o real sentido do arrependimento e
mudaria a ação da multidão, dos publicanos e dos soldados.
O arrependimento era
estipulado a fim de haver doação para os necessitados, de fugir da ganância e
desonestidade, de alcançar a integridade no desempenho do trabalho, de
conseguir a contenção do abuso do poder e de obter a satisfação com o salário
básico.
3.12-14 — Os
publicanos eram agentes judeus empregados por aqueles que adquiriram o direito de
coletarem impostos para o estado romano. Os coletores de impostos
frequentemente cobravam a mais para cobrir suas despesas pessoais e aumentar o
seu rendimento. Eles eram malvistos tanto por suas práticas abusivas como por
apoiarem o estado dominante.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 153-154.
3.11-14 A mensagem de
João exigia pelo menos três atitudes específicas: (1) partilhe o que você tem
com aqueles que estão em necessidades; (2) qualquer que seja o seu trabalho,
faça-o bem e com justiça; (3) esteja satisfeito com o que tem.
João Batista não foi
designado para levar mensagens confortantes àqueles que viviam no pecado; ele
conclamou o povo a uma vida justa e santa. Que mudanças você precisa fazer para
compartilhar o que tem. fazer o seu trabalho bem feito e de forma honesta e
ficar satisfeito?
3.12 Os cobradores de
impostos eram conhecidos por sua desonestidade. Os romanos angariavam fundos
para seu governo, nomeando coletores judeus. Estes enriqueciam, ao acrescentar uma
cota extra considerável aos impostos, o máximo que conseguissem extorquir;
depois guardavam esta cota para eles. A menos que as pessoas revoltadas com
esta injustiça se arriscassem a uma retaliação romana, eram obrigadas a pagar a
quantia exigida. Obviamente, os judeus odiavam os publicanos, que geralmente
eram desonestos, gananciosos e estavam prontos para trair seus compatriotas por
dinheiro. Contudo, João disse que Deus aceitaria até estes homens caso se
arrependessem. Deus deseja derramar sua misericórdia sobre aqueles que confessam
e deixam seus pecados: Ele lhes dá poder para uma vida transformada.
3.12-14 - A mensagem
de João Batista germinou em ‘'solos” improváveis - no coração de pobres, de
pessoas desonestas e odiadas pelos judeus, como os publicanos e os soldados
romanos. Estas pessoas estavam dolorosamente cientes de suas necessidades. Com frequência,
confundimos respeitabilidade com vida correta; mas não são a mesma coisa. A
respeitabilidade pode até atrapalhar uma vida correta se ela nos impedir de
enxergar a necessidade que temos de Deus. Se você tivesse de escolher,
protegeria seu caráter ou sua reputação?
3.14 Esses soldados
pertenciam às tropas romanas, enviadas para manter a paz nessa província
distante. Muitos oprimiam os pobres e usavam seu poder para aproveitarem-se do
povo.
João os conclamou a
converterem-se de seus pecados e a mudarem de vida.
BÍBLIA APLICAÇÃO
PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. pag. 1350-1351.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
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