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2° LIÇÃO 3 TRI 2013 ESPERANÇA EM MEIO À ADVERSIDADE


ESPERANÇA EM MEIO À ADVERSIDADE
Data: 14/07/ 2013.                          Hinos sugeridos:131, 404,422.
TEXTO ÁUREO
“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho”.
VERDADE PRÁTICA
Nenhuma adversidade poderá reter a graça e o poder do evangelho.
LEITURA DIÁRIA
Segunda       - Atos 16. 23-25                  O louvor supera os açoites.
Terça             - 1 Pedro 1. 3-9                   Guardados pela fé.
Quarta           - Gálatas 5. 16-21               Guiados pelo Espirito no conflito.
Quinta            - Gálatas 5. 22-26               O fruto do Espírito garante vitória.
Sexta              - Filipenses 1.12-14.          A alegria na defesa do evangelho.
Sábado          - Filipenses 1.15-21.          A motivação correta do anúncio.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Filipenses 1.12-21.
12 - E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho.
13 - De maneira que as minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda pretoriana e por todos os demais lugares;
14 - e muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor.
15 - Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa mente;
16 - uns por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho;
17 - mas outros, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões.
18 - Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento, ou em verdade, nisto me regozijo e me regozijarei ainda.
19 - Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo,
20 - segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte.
21 - Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.
PHILLIPPIANS FILIPENSES
Chapter 1. 12-21.
12 I want you to know, brethren, that what has happened to me has really served to advance the gospel,
13 so that it has become known throughout the whole praetorian guard and to all the rest that my imprisonment is for Christ;
14 and most of the brethren have been made confident in the Lord because of my imprisonment, and are much more bold to speak the word of God without fear.
15 Some indeed preach Christ from envy and rivalry, but others from good will.
16 The latter do it out of love, knowing that I am put here for the defense of the gospel;
17 the former proclaim Christ out of partisanship, not sincerely but thinking to afflict me in my imprisonment.
18 What then? Only that in every way, whether in pretense or in truth, Christ is proclaimed; and in that I rejoice.
19 Yes, and I shall rejoice. For I know that through your prayers and the help of the Spirit of Jesus Christ this will turn out for my deliverance,
20 as it is my eager expectation and hope that I shall not be at all ashamed, but that with full courage now as always Christ will be honored in my body, whether by life or by death.
21 For to me to live is Christ, and to die is gain.
Bíblia Sagrada Novo Testamento, Aprendendo inglês lendo a Palavra de Deus. pag. 206.
INTERAÇÃO
A prisão do apóstolo Paulo em Roma foi crucial para a propagação do Evangelho na região de Fiiipos. A partir de uma experiência de sofrimento, Deus usou pessoas para propagar a mensagem das Boas Novas. É verdade que alguns pregadores usavam o sofrimento do apóstolo para proclamar Cristo de boa consciência. Outros utilizavam-se do sofrimento alheio para obterem vantagens pessoais. Cristo não era o centro das suas preleções. Infelizmente, na atualidade, algumas pessoas perderam o temor de Deus. A exemplo daqueles pregadores de Fiiipos, elas exploram as tragédias pessoais, pois veem nelas a oportunidade de se locupletarem com as feridas alheias (elas sabem que o sofrimento humano pode ser muito rentável). Cristo não se acha mais no centro de suas vidas.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Saber que as adversidades podem contribuir para a expansão do Evangelho.
Explicar as motivações de Paulo para a pregação do Evangelho.
Compreender que o significado da vida consiste em vivermos para o Evangelho.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, para concluir a lição sugerimos a seguinte atividade: (1) Pesquise ao menos três países cujo índice de perseguição religiosa é grande, (2) identifique missionários que atuam nesses locais (a pesquisa pode ser feita peias agências missionárias, secretaria de missões de sua igreja ou internet). (3) Em seguida, pesquise o crescimento de cristãos nesses países visando identificar como o trabalho missionário tem sido realizado. Conclua dizendo que, a exemplo do que ocorreu a Paulo, o Evangelho continua a ser propagado no mundo através do sofrimento de muitas pessoas que se dispõem a propagá-lo com ousadia.
PALAVRA-CHAVE
Adversidade: Infelicidade, infortúnio, revés. Qualidade ou caráter de adverso.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos como a paixão pelas almas consumia o coração de Paulo. Embora preso em Roma, ele não esmorecia na missão de proclamar o Evangelho. E, tendo como ponto de partida o seu sofrimento, o apóstolo ensina aos filipenses que nenhuma adversidade será capaz de arrefecer lhes a fé em Cristo. Ao contrário, ele demonstra o quanto as suas adversidades foram positivas ao progresso do Reino de Deus.
I - ADVERSIDADE: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO
1. Paulo na prisão. Paulo estava preso em Roma, aguardando julgamento. Ele sabia que tanto poderia ser absolvido como executado.
Todavia, não se achava ansioso. O que mais desejava era, com toda ousadia, anunciar a Cristo ate mesmo no tribunal. Paulo não era um preso qualquer; sua segurança estava sob os cuidados da guarda pretoriana (1.13). Constituída de 10 mil soldados, esta guarda encarregava-se de proteger os representantes do Império Romano em qualquer lugar do mundo. Sua principal tarefa era a proteção do imperador.
2. Uma porta se abre através da adversidade. Uma das principais contribuições da prisão de Paulo foi a livre comunicação do Evangelho na capital do mundo antigo. Os cristãos estavam espalhados por toda a cidade de Roma e adjacências. Definitivamente a prisão de Paulo não reteve a força do Evangelho e o promoveu universalmente. Deus usou o sofrimento do apóstolo para ; que o Evangelho fosse anunciado de Roma para o mundo (v. 13).
SINOPSE DO TÓPICO (1)
A prisão de Paulo foi uma porta aberta para a proclamação do Evangelho.
II - O TESTEMUNHO DE PAULO NA ADVERSIDADE (1.12,1 3)
1. O poder do Evangelho. De modo objetivo, Paulo diz aos filipenses que nenhuma cadeia será capaz de impor limites ao Evangelho de Cristo.
Esse sentimento superava todas as expectativas do apóstolo concernentes ao crescimento do Reino de Deus. O seu propósito era ver as Boas Novas prosperando entre os gentios. Portanto, nenhum poder humano conterá a força do Evangelho, pois este é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Rm 1,16).
2. A preocupação dos filipenses com Paulo. Está implícita a preocupação dos filipenses com o bem-estar de Paulo. Eles o amavam e sabiam do seu ardor em proclamar o Evangelho. Todavia, achavam que a sua prisão prejudicaria a causa cristã.
O versículo 12 traz exatamente essa conotação: E quero, irmãos, que saibais as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho”. Para o apóstolo, seu encarceramento contribuiu ainda mais para o progresso da mensagem evangélica (v.13).
3. Paulo rejeita a auto piedade. Paulo era um missionário consciente da sua missão. Para ele, o sofrimento no exercício do santo ministério era circunstancial e estava sob os cuidados de Deus (v.19). Por isso, não manifestava auto piedade; não precisava disso para conquistar a compaixão das pessoas. Para o apóstolo, a soberania de Deus faz do sofrimento algo passageiro, pois os infortúnios servem para encher- nos de esperança, conduzindo-nos numa bem-aventurada expectativa de “que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto” (Rm 8.28).
SINOPSE DO TÓPICO (2)
O testemunho de Paulo na adversidade pode ser observado pela sua rejeição a auto piedade e a sua fé no poder do Evangelho,
III - MOTIVAÇÕES PARA A PREGAÇÃO DO EVANGELHO (1.14-18)
Duas motivações predominavam nas igrejas da Ásia Menor onde o apóstolo Paulo atuava. São elas:
1. A motivação positiva. “E muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor” (v.14). Estava claro para os cristãos romanos, bem como para a guarda pretoriana, que o processo judicial contra Paulo era injusto, porque ele não havia cometido crime algum. Além de saberem da inocência do apóstolo, os pretorianos recebiam diariamente deste a mensagem do Evangelho (v.13). O resultado não poderia ser outro. Os cristãos filipenses foram estimulados a anunciar o Evangelho com total destemor e coragem.
2. A motivação negativa. A prisão de Paulo motivou os cristãos a proclamar o Evangelho de “boa mente” e “por amor”. Mas havia aqueles que usavam a prisão do apóstolo para garantir vantagens pessoais. Dominados pela inveja e pela teimosia, agiam por motivos errados. Mas pelo Espírito, o apóstolo entendeu que o mais importante era anunciar Cristo ao mundo “de toda a maneira”. Isto não significa que Paulo aprovava quem procedia dessa forma, porque um dia todo mau obreiro terá de dar contas de seus atos ao Senhor (Mt 7.21-23).
SINOPSE DO TÓPICO (3)
Infelizmente eram duas as motivações que predominavam na igreja de Filipos: (1) a positiva (pregação com destemor e coragem) e (2) a negativa (pregação pelo interesse pessoal).
IV - O DILEMA DE PAULO (1.19-22ss.)
1. Viver para Cristo. “Nisto me regozijo e me regozijarei ainda” (v.18). Estas palavras refletem a alegria de Paulo sobre o avanço do Evangelho no mundo. Viver, para o apóstolo, só se justifica se a razão for o ministério cristão: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei, então, o que deva escolher" (vv.21,22).
A morte para ele era um evento natural, mas glorioso. Significava estar imediatamente com Cristo. O Mestre era tudo para Paulo, o princípio, a essência e o fim da sua vida. Nele, o apóstolo vivia e se movia para a glória de Deus. Por isso, podia dizer: “E vivo, não mais eu; mas Cristo vive em mim” (GI 2.20).
2. Paulo supera o dilema. “Estar com Cristo” e “viver na carne”. Este era o dilema do apóstolo (vv.23,24). Ele desejava estar na plenitude com o Senhor. Todavia, o amor dele pelos gentios era igualmente intenso. “Ficar na carne” (v.24), aqui, refere-se à vida física. Isto é: viver para disseminar o Evangelho pelo mundo. Mais do que escolha pessoal, estar vivo justifica-se apenas para proclamar o Evangelho e fortalecer a Igreja. Este era o pensamento paulino. Nos versículos 25 e 26, ele entende que, se fosse posto em liberdade, poderia rever os irmãos de Filipos, e viver o amor fraterno pela providência do Espírito Santo.
SINOPSE DO TÓPICO (4)
O dilema de Paulo era, imediatamente, “estar com Cristo” ou “viver na carne” para edificar os filipenses.
CONCLUSÃO
Pauto resolveu o seu dilema em relação à igreja, declarando que o seu desejo de estar com Cristo foi superado pela amorosa obrigação de servir aos irmãos (vv.24-26).
Ele nos ensina que devemos estar prontos a trabalhar na causa do Senhor, mesmo que isso signifique enfrentar oposição dos falsos crentes e até privações materiais. O que deve nos importar é o progresso do Evangelho e o crescimento da Igreja de Cristo (vv.25,26).
VOCABULÁRIO
Locupletarem: Enriquecerem; encherem em demasia; fartarem.
AUXILIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio Teológico
‘Alguns pregam Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa mente (1.15). Posteriormente Paulo voltará sua atenção aos judaizantes, que distorcem o evangelho insistindo nas obras como algo essencial para a salvação (3.2-11). Aqui a tensão é pessoal em vez de doutrinária. Alguns se tornam evangelistas mais ativos por um espírito competitivo, tendo um prazer perverso no pensamento de que Paulo está atado e incapaz de tentar alcançámos. Outros se tornam evangelistas mais ativos por amor, um esforço de aliviar Paulo da preocupação de que expansão do evangelho retrair-se-á devido à sua inatividade forçada.
É fascinante ver como Paulo recusa-se a julgar as motivações, e está encantado com o fato de que, seja pela razão que for, o evangelho está sendo pregado. Poucos de nós têm essa maturidade. Os críticos de Paulo poderão ficar amargamente ressentidos com o seu sucesso, mas o apóstolo não ficará ressentido com eles! Em vez disso ele se regozijará por Cristo estar sendo pregado, e deixará a questão dos motivos para o Senhor.
Porque sei que disto me resultará salvação (1.19). Paulo não se refere aqui à sua libertação da prisão. O maior perigo que qualquer um de nós enfrenta é o desânimo que as dificuldades frequentemente criam” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, l .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p,437).
EXERCÍCIOS
1. De acordo com a lição, qual foi a principal contribuição da prisão de Paulo para o Evangelho?
R: Foi a livre comunicação do Evangelho na capitai do mundo antigo.
2. Como Paulo via o sofrimento?
R: Para o apóstolo, a soberania de Deus faz do sofrimento algo passageiro, pois os infortúnios servem para encher-nos de esperança, conduzindo- -nos numa bem-aventurada expectativa de “que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28).
3. Cite e explique as motivações que predominavam nas igrejas da Ásia Menor onde o apóstolo Paulo atuava.
R: A primeira motivação era positiva, caracterizada pela disposição dos fiiipenses pregarem o Evangelho com destemor e coragem. A segunda era negativa, pois a sua principal característica era os pregadores que usavam a prisão do apóstolo para garantir vantagens pessoais.
4. Qual era o maior dilema de Paulo apontado na lição?
R: “Estar com Cristo” ou “viver na carne”.
5. Você está pronto a trabalhar na causa do Senhor; mesmo que isso signifique enfrentar oposições de falsos crentes, além das privações materiais ou físicas?
5. Resposta pessoal.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
PEARLMAN, Myer. Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas Cristãs. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1 998,
ZUCK, Roy B (Ed.), Teologia do Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 55, p.37.
É possível ter esperança em meio à adversidade? Esta pergunta pode parecer mera retórica, pois uma vez proposta àquele que sofre, mas alienada da sua realidade, ela ignora o sofrimento e as circunstâncias existenciais que a maioria dos seres humanos enfrenta no mundo. A consequência não poderia ser outra: a dissimulação de quem pergunta.
Porém, esta acusação não se pode fazer ao apóstolo Paulo. A sua esperança na adversidade está latente quando ele comunica aos seus irmãos: "As coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho" (1.12). Aqui, quem fala não é uma pessoa que se acampa e um escritório opulento e distante do sofrimento alheio, mas um ser humano que redige uma mensagem de esperança em um lugar contrário a qualquer esperança: a prisão. Mas resolutamente encarcerado. Como alguém como Paulo poderia estar resoluto numa prisão do primeiro século da era cristã?
A fé na soberania divina é a chave para entender a tranquilidade do apóstolo. A partir dela, ele estava convencido de que o seu sofrimento serviria para expandir o Evangelho entre os gentios. E os filipenses deveriam estar conscientizados disso também.
O olhar do apóstolo agora se volta para a necessidade da igreja de Filipos. Paulo sabe que a igreja é perseguida e sofredora. Embora o apóstolo estivesse cheio da graça de Deus desejando imediatamente estar com Cristo, ao voltar sua atenção para a necessidade da comunidade de Filipos ele entra num dilema.
O dilema paulino é este: "Desejo partir e estar com Cristo", mas "julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne". Aqui, descobrimos qual a esperança gloriosa do apóstolo em meio à adversidade: Estar com Cristo. Esta esperança deve ser a da Igreja também. Mas, em meio ao sofrimento, e após olhar para o sofrimento alheio, o apóstolo não se julga no direito de partir com Cristo sabendo que poderia ser um instrumento de Deus para encorajar irmãos na fé, edificá-los, e encorajá-los a proclamar o Evangelho ao mundo. A lição apostólica não poderia ser outra: quando olhamos para o sofrimento alheio e decidimos aliviá-lo brota em nós a esperança de sermos salvos das nossas adversidades. Estar com Cristo deve ser o nosso anseio, mas enquanto Ele não vem estaremos com Cristo juntamente com o próximo sofredor. O nosso sofrimento deve impulsionar-nos a proclamar ao outro aquilo que nos dá esperança: o Evangelho.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Neste capítulo, a Carta de Paulo segue o padrão comum adotado por ele para escrever suas cartas. Ele dá uma descrição detalhada das suas necessidades, mas destaca, acima de tudo, a paixão que o consumia: a pregação do evangelho acima de qualquer adversidade. O texto está adaptado ao assunto deste capítulo. Paulo estava preso em Roma, mas as suas cadeias não o impediam de proclamar o evangelho. Ele fala de seu sofrimento de forma exemplar, com o objetivo de levar os filipenses a uma reação cristã à perseguição. Ele queria que os filipenses entendessem que nada poderia diminuir a fé recebida. Pelo contrário, as coisas que lhe haviam acontecido em sua viagem missionária não eram um entrave para o progresso do evangelho. Os filipenses estavam profundamente preocupados com o estado físico de Paulo na prisão. Nutriam por ele um grande afeto. Sabiam que ele estava preso, aguardando o julgamento, e que não demoraria o seu julgamento perante o supremo tribunal do Império. Por causa dessa situação, a igreja se preocupava em saber como ele estava se sentindo. Na verdade, a preocupação maior dos filipenses estava em saber o que aconteceria com a igreja plantada por todo o mundo romano se Paulo fosse condenado à morte.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag.
A medida mas segura para determina a maturidade espiritual de um cristão é saber que nada pode roubar-lhe a alegria que lhe foi concedida pelo Espírito . Maturidade de Paulo é evidente no presente texto no qual ele deixa claro que nem circunstancias difíceis, desagradáveis, dolorosas, e até mesmo fatais não poderia roubar-lhe a alegria, e em vez disso ela aumentaram ainda mais sua alegria.
Embora seja um dom de Deus para cada crente e administrado pelo Espírito Santo (Gl 5:22), a alegria não é sempre constante e plena (cf. 1 João 1:4). A única causa certa para a perda de alegria na vida do crente é o pecado, que corrompe a sua comunhão com o Senhor, que é a fonte de alegria. Tais atitudes pecaminosas como a insatisfação, amargura, mau humor, dúvida, medo e alegria causa negativismo para ser executada. Consequentemente, a única maneira de restaurar a alegria perdida é de se arrepender e voltar a adoração adequada e obediência a Deus.
Outra coisa que não importa o pecado não como não é difícil, doloroso, ou decepcionante, precisa tirar a alegria do crente. No entanto, mesmo as coisas pequenas podem fazê-lo se os crentes reagem pecaminosamente para eles. A mudança para pior na saúde, trabalho, finanças, relacionamentos pessoais, ou outras áreas importantes da vida pode facilmente causar crentes a questionar o Senhor, a Sua soberana sabedoria, e Sua provisão graciosa. Quando isso acontece, a alegria é uma das primeiras vítimas. Os crentes são especialmente vulneráveis quando essas coisas acontecem de repente, levando-os desprevenidos. Sua resposta é muitas vezes de raiva, dúvida, desconfiança, medo, auto-piedade, a ingratidão, ou reclamando. Nesses casos, os eventos que não são pecaminosas em si levar a respostas pecaminosas que roubam a alegria.
A Palavra de Deus deixa claro que os problemas nesta vida é certo para vir (cf. Jó 5:7; 14:1;. Ecl 2:23; João 16:33). Os crentes não estão isentos dos problemas comuns e todas as pessoas enfrentam dificuldades. Eles também enfrentam perseguição por sua fé a partir do sistema mundo hostil. "Lembrai-vos da palavra que eu disse a você:" Jesus disse: "Um escravo não é maior do que seu mestre." Se me perseguiram, também vos perseguirão a vós "(João 15:20). Um pouco mais tarde acrescentou: "No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João 16:33). Para os cristãos judeus espalhados na igreja primitiva que estavam sofrendo grande perseguição, Tiago escreveu: "Considere que toda a alegria, meus irmãos, quando passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé produz perseverança. E a perseverança deve ter a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma "(Tiago 1:2-4).
Mas Deus pode usar até mesmo os testes mais difíceis para o nosso bem e para Sua glória.
Nenhum escritor do Novo Testamento entendido que a verdade melhor do que Paulo fez. Ele era um modelo maior que a vida de um homem de Deus, cuja alegria nunca vacilou. Ele resistiu qualquer coisa que ameaçou se colocar entre ele e sua comunhão íntima com e confiar no Senhor. Paulo certamente experimentou tristeza e as lágrimas, sofreu tristeza e decepção, e perturbou-se por crentes pecadores, fracos, e contenciosa. No entanto, nunca parece ter havido um momento na sua vida como um crente, quando as circunstâncias diminuiu sua alegria. Na verdade, parece que o pior aflição só aumentou a pressão sobre a alegria da salvação (Fp 4:4, 10-13).
Até o momento ele escreveu Filipenses, Paulo tinha dificuldades sérias experientes de todo tipo. Quando escreveu esta epístola, ele era um prisioneiro em Roma. Ele havia muito tempo desejava pregar naquela grande cidade, tendo apenas alguns anos antes escrita para a igreja lá:
Para Deus, a quem sirvo em meu espírito, a pregação do evangelho do Seu Filho, é minha testemunha de como incessantemente faço menção de vós, sempre em minhas orações que fazem pedido, se talvez agora, finalmente, pela vontade de Deus eu pode ter sucesso em chegar a você .... Eu não quero que ignoreis, irmãos, que muitas vezes eu tenho planejado para chegar até você (e ter sido impedido até agora) para que eu possa obter algum fruto entre vós também, como também entre o restante dos gentios "(Rom. 1:9-10, 13;. cf v. 15).
O apóstolo estava expressando mais do que um desejo pessoal de ministro em um lugar novo e desafiador. Ele estava convencido da importância de trazer o evangelho naquela cidadela do paganismo e usando Roma como um trampolim para o ministério ainda mais (mesmo para a Espanha, Rom. 15:24). Parece duvidoso que ele tinha em mente a ministrar em Roma como prisioneiro. Nem ele provavelmente encaramos chegando lá só depois de enfrentar uma tempestade tempestuosa que resultou em um naufrágio desastroso (cf. Atos 21:33-28:31). Mas no entanto ele chegou lá ou sejam quais forem as circunstâncias Depois que ele chegou, Paulo intensamente queria pregar o evangelho lá "pela vontade de Deus" (Rom. 1:10).
Embora ele não estava a escrever esta carta de uma masmorra, mas uma residência privada (Atos 28:16, 30), Paulo estava acorrentado noite e dia para um soldado romano. Ele não tinha nenhuma privacidade quando ele comeu, quando ele dormia, quando escreveu, quando orava, ou quando ele pregou, ensinou, ou conversava com algumas amigas (vv. 17-31). No entanto, para um período de dois anos esta falta de privacidade tornou impossível para os soldados romanos que guardavam-lhe para evitar ouvir o evangelho e testemunhar a semelhança de Cristo notável Paulo. Como os próximos versículos sugere, este, aparentemente, levou alguns deles para a salvação (Filipenses 1:13-14;. Cf 4:22). Paulo regozijou-se por causa do ministério para o qual o Senhor o tinha chamado e por causa do fruto espiritual que o ministério produziu, mesmo enquanto ele estava em cadeias.
JOHN MACARTHUR, JR. Novo Testamento Comentário Filipenses Comentário Expositivo.
Referências pessoais de Paulo - seus grilhões, obra, rivais, dilema e convicções (1.12-26) As palavras introdutórias desta passagem têm por alvo acalmar os corações dos filipenses quanto à aparente calamidade de seu aprisionamento em Roma. Paulo lhes assegura que essas circunstâncias até contribuíram para a extensão do Evangelho (v. 12). Explica-lhes que “suas prisões em Cristo” se tornaram bem conhecidas, sendo comentadas em todo o palácio (literalmente: “por toda a guarda pretoriana”), incluindo César e sua corte, além dos romanos em geral (v. 13).  A prisão de Paulo é digna de nota num pleito judicial dessa natureza, devido ao seu testemunho da gloriosa pessoa de Cristo, realçado por sua constância e firmeza. Embora preso a grilhões por causa do Mestre, seu encarceramento acabou inspirando os irmãos em Roma a testificar com coragem de Cristo. Outros, provavelmente judaizantes agregados à igreja em Roma, embora invejosos e facciosos, também ajudariam a promover a proclamação de Cristo, por estranho que pareça. O nome de Cristo, fosse de boa vontade ou contrariando a simplicidade do Evangelho, estava nos lábios de muitos (vv. 14-18).
Paulo crê que mesmo na difícil circunstância em que se encontrava, de provas e sofrimentos, compartilhada pelos filipenses em oração inspirada pelo Espírito Santo, tudo resultaria na salvação de muita gente (v. 19). Esperava e desejava que Cristo fosse engrandecido por meio dele, não importando se para isso devesse continuar vivo ou morrer. Para Paulo, a vida resumia-se a Cristo – ele era tudo -, e a morte podia ser computada por lucro, pois significava estar com Cristo (v. 20,21).
De certa maneira, ele estava num dilema, perplexo, sabendo que sua “partida” (no grego, literalmente: “desatamento”) significaria estar na presença do Senhor, sem ignorar que sua presença no corpo se fazia necessária, a fim de poder acompanhar-lhes o progresso espiritual.
Se fosse solto da prisão e pudesse reunir-se com os irmãos, seria “para proveito vosso e gozo da fé” (vv. 22- 26).
Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses, Hebreus. Editora CPAD. pag. 62-63.
Procuram-se Pioneiros. Filipenses 1 :12-26
Mais do que qualquer outra coisa, o de sejo de Paulo como missionário era pregar o evangelho em Roma. Centro de um império grandioso, Roma era a principal cidade daquela época. Se Paulo a conquistasse para Cristo, milhões de pessoas seriam alcançadas pela mensagem da salvação. Essa oportunidade era uma das prioridades críticas do apóstolo, pois ele diz: "Depois de haver estado ali [Jerusalém], importa-me ver também Roma" (At 19:21). Quando estava em Corinto, escreveu: "Por isso, quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma" (Rm 1:15).
Paulo desejava ir a Roma como evangelista, mas, em vez disso, foi como prisioneiro! Poderia ter escrito uma longa epístola só sobre essa experiência. Em vez disso, porém, ele a resume como "as coisas que me aconteceram" (Fp 1:12). O relato dessas "coisas" encontra-se em Atos 21:17 - 28:31 e começa com a prisão ilegal de Paulo no templo em Jerusalém. Os judeus pensaram que ele havia profanado o templo permitindo a entrada de gentios nos átrios sagrados e os romanos pensaram que o apóstolo era um renegado egípcio que fazia parte da lista de homens mais procurados pela lei. Paulo tornou-se o centro de tramas políticas e religiosas e permaneceu preso em Cesaréia por dois anos. Quando, finalmente, apelou para César (o que era um privilégio de todo cidadão romano), foi enviado para Roma. A caminho da capital, seu navio naufragou. O relato dessa tempestade e da fé e coragem de Paulo é uma das narrativas mais dramáticas da Bíblia (At 27). Depois de três meses de espera na ilha de Malta, Paulo finalmente embarcou para Roma, a fim de comparecer à audiência perante César.
Para muitos, todos esses acontecimentos poderiam parecer uma sucessão de fracassos, mas não para um homem determinado e preocupado em falar de Cristo e do evangelho. A alegria de Paulo não era decorrente de circunstâncias ideais; ele se alegrava em ganhar outros para Cristo. E se as circunstâncias favoreciam o progresso do evangelho, era só o que importava para ele!
O termo progresso significa "avanço pioneiro".
E um termo militar grego que se referia aos engenheiros do exército que avançavam à frente das tropas para abrir caminho em novos territórios. Paulo descobriu que, na realidade, não se encontrava confinado numa prisão, pois sua situação havia lhe aberto novos campos de ministério.
Muitos já ouviram falar de Charles Haddon Spurgeon, o famoso pregador ingiês, mas poucos conhecem a história de sua esposa, Susannah. Quando ainda eram recém-casados, a Sra. Spurgeon desenvolveu uma enfermidade crônica e, ao que tudo indicava, seu único ministério seria o de encorajar o marido e orar por seu trabalho. Mas Deus colocou em seu coração o desejo de compartilhar os livros de seu marido com pastores que não tinham recursos para comprar esse material. Em pouco tempo, tal desejo levou à criação do Fundo para Livros. Essa obra de fé equipou milhares de pastores com instrumentos importantes para seu trabalho. Mesmo sem poder sair de casa, a Sra. Spurgeon supervisionou pessoalmente todo esse ministério pioneiro.
Deus ainda deseja que seus filhos levem o evangelho a novos campos. Deseja que sejamos pioneiros e, por vezes, cria situações em que não podemos ser outra coisa senão pioneiros. Na verdade, foi assim que o evangelho chegou pela primeira vez a Filipos! Paulo havia tentado entrar em outra região, mas Deus repetidamente havia fechado as portas (At 16:6-10). Paulo desejava levar a mensagem para o Oriente, às regiões da Ásia, mas Deus o dirigiu a pregar no Ocidente, em regiões da Europa. A história da humanidade teria sido muito diferente se Deus houvesse permitido que Paulo seguisse os próprios planos!
Por vezes, Deus usa instrumentos estranhos para nos ajudar a ser pioneiros do evangelho. No caso de Paulo, três instrumentos o ajudaram a levar o evangelho aos pretorianos, a guarda de elite de César: suas cadeias (Fp 1:12-14), seus críticos (Fp 1:15-19) e sua crise (Fp 1:20-26).
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 85-86.
I - ADVERSIDADE: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO
1. Paulo na prisão.
« ...minhas cadeias...» Inácio (ver Smry. xv) escreveu: «Sendo um prisioneiro em cadeias, que são ornamentos divinos, saúdo a todos os homens». Essa expressão de Paulo poderia referir-se a algemas literais ou ao seu aprisionamento, de acordo com o grego posterior, embora usualmente o neutro, tal como neste caso, indicasse as próprias algemas, ao passo que o género masculino da palavra indicava o aprisionamento.
«...em Cristo...» Em certo sentido espiritual, por causa da «união mística» com Cristo, em comunhão vital com ele, conforme se lê em I Cor. 1:4. Essa expressão é utilizada por Paulo por nada menos de cento e sessenta e quatro vezes em seus escritos. Ou então, no presente contexto, pode significar «por causa da minha lealdade a Cristo», o que somente ofende aos homens e os impele a me tornarem prisioneiro ou a me afligirem de outras maneiras.
Também se pode compreender essas palavras como «suporto tudo por amor a Cristo». (C om p ara r com o trecho de Efé. 4:1, onde se lê sobre «o prisioneiro de Cristo Jesus», referindo-se ao apóstolo dos gentios). «...tornaram conhecidas...» Dois elementos precisam ser reconhecidos aqui, a saber:
1. O fato do aprisionamento de Paulo se tornou largamente conhecido, visto tratar-se de um caso incomum. Isso ilustra até que ponto a reputação de Paulo havia penetrado por todo o mundo antigo. Seu encarceramento tornou-se motivo de interesse público, tal como no caso de alguns criminosos hoje em dia, ou tal como certos casos sensacionais, que são publicados pelos meios de comunicação.
2. Paulo, na qualidade de embaixador de Cristo, devido à notoriedade do seu caso, publicava assim o evangelho de Cristo. Paulo não era apenas um prisioneiro a mais, era o prisioneiro de Cristo, pois era mantido em custódia devido à sua lealdade a Cristo,, e todos sabiam disso. Seu próprio encarceramento se tornou um meio de chamar a atenção dos homens para Cristo e seu evangelho. Portanto, ao invés disso fazer cessar seu testemunho, suas tribulações que sofria eram um meio de mais ainda propagar-se a sua mensagem.
«...de toda a guarda pretoriana...» Algumas traduções dizem neste ponto, «...em todo o palácio...», querendo dar a entender que o apóstolo estava detido na cidade de Roma. Mas outros eruditos, tal como a tradução aqui usada, preferem a tradução de «...guarda pretoriana... * Mas, no grego original, o termo usado pode assumir um ou outro desses dois sentidos.
Além disso, pode significar «o palácio do governador», tal como havia tais palácios em todas as províncias romanas, e não apenas na capital do império. Por igual modo, pode significar «barracas militares», ou distrito militar de qualquer acampamento do exército romano. Originalmente, esse termo indicava a «tenda» do general de uma legião. Portanto, essa palavra, por si mesma, nada prova quanto à localização do aprisionamento de Paulo. (Ver igualmente a «casa de César», em Fil. 4:22, que não alude necessariamente a membros da família imperial, porquanto se tem demonstrado, na arqueologia e na pesquisa moderna, que essa palavra não indica necessariamente mais do que «aqueles que trabalham a serviço do governo», sendo esse o seu significado normal. Qualquer localidade do império romano poderia estar em vista.
Muitos indivíduos pertencentes à «guarda pretoriana» eram escravos ou outros oficiais inferiores de administrações civis ou militares. Portanto, Paulo poderia estar falando facilmente de circunstâncias em Éfeso, em Cesaréia, e não apenas em Roma; pelo que também o local de onde ele escreveu esta epístola deve permanecer na dúvida. A maioria dos eruditos, porém, mormente no caso desta epístola aos Filipenses (em contraste com as epístolas aos Efésios, aos Colossenses, a Filemom e as chamadas «epístolas-da prisão»), pensa que Roma foi a localidade onde ela foi escrita.
Mas Éfeso parece ser a localidade favorita no tocante às outras três epístolas citadas, conforme conjecturam os estudiosos; mas isso faria com que tivessem sido escritas consideravelmente mais cedo, na carreira paulina, do que a presente epístola aos Filipenses.
As palavras «...guarda pretoriana...», com a adição de «...e de todos os demais...», no presente texto, provavelmente leva o termo a referir-se a um grupo de homens, e não a uma localidade qualquer. Estariam em foco os soldados encarregados de tomar conta de Paulo, os quais seriam constantemente substituídos por outros. Assim, gradualmente, através da notícia passada de boca em boca, o caso de Paulo se tornou bem conhecido entre aquele grupo militar. Essas palavras, «... e de todos os demais...», mui provavelmente se referem ao fato que muitos, além dos componentes daquela guarda, como os oficiais civis e o povo comum, também se tinham interessado no caso de Paulo, à proporção em que sua fama foi crescendo.
O que era a guarda pretoriana ? Era aguarda imperial, guardas do «praetor», título de certo oficial romano, abaixo da categoria dos cônsules.
Originalmente esse título era dado exclusivamente a italianos de nascimento, embora mais tarde essa restrição tenha sido afrouxada. Essa guarda foi instituída por Augusto, por quem foi denominada de «coortes pretorianas». Augusto postou três mil deles na cidade de Roma, e os demais foram espalhados pelas cidades italianas adjacentes. Sob o imperador Tibério, todos foram trazidos de volta a Roma, tendo ficado alojados em um acampamento fortificado. Esse grupo, devido às qualificações e ao serviço superior que prestavam, recebia pagamento duplo, além de outros favores especiais. Seu tempo de serviço era de doze anos, o qual mais tarde foi ampliado para dezesseis anos; e grande soma em dinheiro (ao fim desse período), era dada a cada um de seus componentes. Parece que sua patente como um corpo militar, equivalia a centuriões, e com o tempo obtiveram tanto poder que até mesmo imperadores tiveram de cortejar o seu favor. No ano de 193 d.C., a guarda pretoriana foi dispensada, quando Severo subiu ao trono. Seus membros foram banidos. Todavia, alguns anos mais tarde, o grupo foi reorganizado, e seu número se quadruplicou. Mas finalmente foram suprimidos por Constantino (306-337 d.C., o primeiro imperador cristão de Roma). (Ver o trecho de Efé. 6:20, onde Paulo é descrito como acorrentado a um membro da guarda pretoriana).
O contacto do apóstolo dos gentios com a guarda pretoriana fez com que a sua fama se espalhasse paralelamente à fama de seu Senhor e do evangelho. Se porventura temos aqui alusão ao aprisionamento de Paulo em Roma, então o apóstolo estaria sob vigilância dessa guarda em sua própria casa alugada. (Ver Atos 28:31 acerca de detalhes dessa questão). Essa forma de encarceramento era intitulada «custódia militar». Sendo cidadão romano, Paulo foi alvo de algumas demonstrações de consideração, que outros cristãos primitivos não desfrutaram; mas isso não diminuiu em coisa alguma a ameaça de morte que ele enfrentava, sendo bem provável que após um segundo período de aprisionamento, que ele sofreu, foi martirizado.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 14.
PRETORIANA, GUARDA.
A guarda pretoriana nunca é mencionada no Novo Testamento, embora a palavra grega praitôrion, em Fil. 1:13; talvez aluda a essa força armada (o que explica a tradução que aparece em nossa versão portuguesa, «guarda pretoriana..). Naturalmente, os prisioneiros políticos eram mantidos sob vigilância de uma guarda, mesmo quando estivessem sob prisão domiciliar.
Originalmente, um pretor (vide) era um alto magistrado romano. Com a passagem do tempo, esse oficio Passou. a ser chamado oficio dos cônsules.
Porém. a forma adjetivada continuou a ser usada em vários contextos, como a cohors praetoria, «guarda pretoriana.., que formava a guarda pessoal de um general. Mais tarde ainda, desenvolveu-se a Guarda Pretoriana do Império, formada originalmente por nove coortes, e que foi constituída por Augusto, em 27 A.C .. Essa era uma espécie de corpo de elite, que provia uma proteção especial e uma força ostensiva, a fim de ajudar a manter a boa ordem.
Esse grupo tornou-se tão poderoso que chegou a derrubar e levantar imperadores. Os membros da guarda pretoriana recebiam um salário três vezes maior que o soldo dos soldados ordinários, além de benefícios extras especiais. Caligula aumentou a guarda pretoriana para doze coortes; e Vitélio (em 69 D.C.), para dezesseis. Domiciano, entretanto, reduziu esse número para dez coortes. Constantino desativou a instituição em 312 D.C. Uma coorte usualmente consistia em quinhentos soldados. Os militares desse grupo seleto serviam somente durante dezesseis anos; e então recebiam uma aposentadoria especial.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 376-377.
1.13 - As minhas prisões em Cristo. A expressão em Cristo mostra que Paulo considerava sua prisão como o resultado da vontade soberana de Deus, pois promoveu o evangelho de duas formas. Primeiro, a guarda do palácio o ouviu enquanto Paulo pregava no cárcere. A guarda pretoriana era composta de milhares de soldados de elite altamente treinados do império romano cujo quartel-general ficava em Roma.
Durante os dois primeiros anos em que Paulo ficou em prisão domiciliar em Roma, diferentes soldados se revezaram para vigiá-lo. Uma vez que permaneciam acorrentados a Paulo, eles não tinham outra opção senão ouvi-lo proclamar o evangelho; não podiam bater nele para que ficasse em silêncio porque ele era um cidadão romano (At 16.37,38). Apesar de Paulo não poder sair para pregar ao mundo, Deus levou o mundo a Paulo. Em uma inversão irónica, os soldados ficavam cativos e Paulo ficava livre para pregar. Segundo, todos os demais lugares - os que visitavam Paulo - ouviram o evangelho. Alguns dos visitantes eram líderes dos judeus em Roma (At 28.17).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 523.
Evidências da carta aos filipenses
Nossa incerteza quanto a Roma, como destino de alguns documentos do Novo Testamento, anda junto com nossa incerteza quanto a Roma como local de origem de outros. As "cartas da prisão" de Paulo tradicionalmente têm sido datadas durante seu cativeiro em Roma, mas vimos que, pelo menos para algumas, foi defendida uma origem em Efeso ou Cesaréia.
Se os "santos da casa de César" cujas saudações são enviadas à igreja de Filipos eram cristãos de Roma, como parece mais provável, então também é em Roma que podemos procurar mais naturalmente opraetorium no qual, segundo Filipenses 1.13, era do conhecimento de todos que Paulo estava na prisão por causa de Cristo. (Tem sido dito por alguns estudiosos que a carta aos Filipenses, como a temos, engloba mais de uma carta enviada por Paulo aos seus amigos em Filipos, e essa possibilidade deve ser mantida em mente, mesmo se vai contra a "probabilidade bibliográfica".) De todos os sentidos possíveis de praetorium, o mais apropriado nesse contexto é "guarda pretoriana". A guarda pretoriana era a força de segurança do próprio imperador, e como Paulo, com seu apelo, se colocara à disposição do imperador, era natural que os soldados encarregados dele em seu alojamento, em turnos, fossem da guarda pretoriana. Poucos desses soldados já tinham encontrado um homem como Paulo, e todos logo ficavam sabendo o que o trouxera a Roma.
Não só a guarda pretoriana, mas "todos os demais", diz Paulo, tinham vindo a saber a razão da sua prisão — "todos os demais" significando, provavelmente, todos os que tinham alguma ligação com os preparativos para o seu interrogatório.
Além disso, o fato de Paulo, apesar das restrições da sua prisão domiciliar, poder pregar o evangelho livremente a todos os que vinham vê-lo, encorajou muitos outros cristãos em Roma a dar testemunho com mais ousadia do que tinham feito antes, de modo que a vinda de Paulo a Roma tinha, de todas as maneiras, promovido a difusão do evangelho na cidade. Não que essa expansão foi promovida sempre em um espírito de cooperação com Paulo; as diferenças entre os vários grupos de cristãos em Roma significavam que alguns grupos tinham menos simpatias por Paulo que outros; alguns, por sinal, lhe eram claramente opostos. Podemos deduzir das palavras de Paulo que, enquanto alguns pregavam Cristo com um espírito de boa vontade, contando-se como seus amigos e parceiros, outros o faziam com um espírito de inveja e rivalidade, com nenhum motivo mais digno do que esfregar sal em suas feridas, para aumentar o senso de frustração que ele pode ter tido, em sua situação limitada. Mas Paulo reage com um espírito de tranquilidade e contentamento: o que importa é que Cristo está sendo proclamado, seja por motivos dignos seja indignos — "com isto", diz ele, "me regozijo" (Fp 1.15-18).
Isso está muito distante do anátema que ele invocou sobre os que lhe causaram problemas muitos anos antes, invadindo seu campo missionário na Galácia e ensinando um "evangelho diferente" aos seus convertidos ali. Certo é que os que lhe desejavam o mal em Roma, não estavam se imiscuindo no que não lhes dizia respeito, e não é sugerido que havia alguma coisa deficiente ou subversiva no conteúdo da sua pregação; mesmo assim, pode-se reconhecer que Paulo se tornou mais brando e manifesta mais da "mansidão e benignidade de Cristo" do que conseguiu, quando invocou essas qualidades ao altercar com membros desafetos da igreja de Corinto. Talvez seus dois anos de prisão em Cesaréia, seguidos da sua prisão domiciliar em Roma no momento, lhe tivessem ensinado novas lições de paciência.
Não havia como saber por quanto tempo ele ficaria em prisão domiciliar, nem quando seria chamado para comparecer perante César. Sua tendência era esperar por um resultado favorável do interrogatório; muitos amigos, em Roma, Filipos e outros lugares, estavam orando por isso, e ele estava convicto de que, pelo bem dos seus convertidos e a promoção do evangelho, sua absolvição e soltura seriam desejáveis. Se fosse seguir apenas sua preferência, ele não tinha tanta certeza: seria "incomparavelmente melhor" para ele partir para sua última viagem e estar em casa "com Cristo" (Fp 1.23). Era-lhe difícil escolher entre os dois; felizmente não cabia a ele a escolha, e sua oração era que, de um modo ou outro, Cristo fosse glorificado.
BRUCE. F. F. Paulo, o apóstolo da graça, sua vida, cartas e teologia. Editora Sheed. pag. 377-378.
2. Uma porta se abre através da adversidade.
As CADEIAS de Paulo (Fp 1:12-14)
O mesmo Deus que usou o bordão de Moisés, os jarros de Gideão e a funda de Davi usou as cadeias de Paulo. Os romanos sequer suspeitavam que as correntes que colocaram nos punhos do apóstolos o libertariam ao invés de prendê-lo\ Como o próprio apóstolo escreveu em uma ocasião posterior em que também estava preso: "estou sofrendo até algemas, como malfeitor; contudo, a palavra de Deus não está algemada" (2 Tm 2:9).
Em lugar de se queixar das suas cadeias, Paulo consagrou-as a Deus e pediu que as usasse para o avanço pioneiro do evangelho. E Deus respondeu a suas orações.
Em primeiro lugar, essas cadeias deram a Paulo a oportunidade de ter contato com os perdidos. Ele permanecia acorrentado a um soldado romano vinte e quatro horas por dia! Cada soldado cumpria um turno de seis horas, o que significava que Paulo poderia testemunhar a pelo menos quatro homens todos os dias! É possível imaginar a situação desses soldados, presos a um homem que orava "sem cessar", que sempre conversava com outros sobre a vida espiritual e que escrevia constantemente para igrejas espalhadas por todo o império. Em pouco tempo, alguns desses soldados também aceitaram a Cristo. Paulo pôde levar o evangelho à guarda de elite pretoriana, algo que teria sido impossível se estivesse livre.
Mas as cadeias permitiram que Paulo tivesse contato com outro grupo de pessoas: os oficiais do tribunal de César. O apóstolo encontrava-se em Roma como prisioneiro do Estado, e seu caso era importante. O governo romano estava prestes a determinar a situação oficial da "seita cristã". Era apenas mais uma seita do judaísmo ou algo novo e possivelmente perigoso? Deve ter sido uma satisfação enorme para Paulo saber que os oficiais de César eram obrigados a estudar as doutrinas da fé cristã!
Às vezes, Deus precisa colocar "cadeias" em seu povo para que realizem um avanço pioneiro que não poderia se dar de outra maneira. Algumas mães talvez se sintam presas ao lar enquanto cuidam dos filhos, mas Deus pode usar essas "cadeias" para alcançar pessoas com a mensagem da salvação. Susannah Wesley criou dezenove filhos numa época em que não havia eletrodomésticos nem fraldas descartáveis! Dessa família numerosa vieram John e Charles Wesley, cujos ministérios estremeceram as ilhas britânicas.
Fanny Crosby ficou cega quando tinha um mês e meio de idade, mas já em sua infância mostrou-se determinada a não permitir que as cadeias da escuridão a prendessem. Os hinos e cânticos que ela escreveu ao longo da vida foram usados por Deus de maneira poderosa.
Eis o segredo: quando existe determinação, olha-se para as circunstâncias como oportunidades de Deus para o avanço do evangelho, e há regozijo com aquilo que Deus fará em vez de queixas por aquilo que Deus não fez.
As cadeias de Paulo não apenas o colocaram em contato com os perdidos, mas também serviram para encorajar os salvos. Ao verem a fé e a determinação de Paulo, muitos cristãos de Roma tiveram sua coragem renovada (Fp 1:14) e "[ousaram] falar com mais desassombro a palavra de Deus". Aqui, o verbo falar não se refere às "pregações", mas sim às conversas diárias. Sem dúvida, muitos romanos comentavam o caso de Paulo, pois questões legais desse tipo eram de grande interesse para essa nação de legisladores. Os cristãos de Roma, solidários a Paulo, aproveitavam essas conversas para falar de Jesus Cristo. O desânimo costuma espalhar-se, mas o bom ânimo também!
Por causa da atitude alegre de Paulo, os cristãos de Roma foram encorajados novamente a testemunhar de Cristo com grande ousadia.
Enquanto convalescia no hospital depois de um acidente grave de carro, recebi uma carta de um homem que eu não conhecia, mas que parecia ter as palavras certas para tornar meu dia mais alegre. Recebi várias cartas dele, cada uma melhor do que a anterior.
Depois de me recuperar, me encontrei com ele pessoalmente. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que o homem era diabético, cego e perdera uma das pernas (posteriormente, sua outra perna também teve de ser amputada); vivia com a mãe idosa e cuidava dela! Era, sem dúvida alguma, um indivíduo preso pelas cadeias de suas circunstâncias, mas, ao mesmo tempo, inteiramente livre para ser um pioneiro do evangelho! Teve oportunidade de falar de Cristo em escolas, agremiações, na Associação Cristã de Moços e em reuniões de profissionais que jamais convidariam um pastor como palestrante. Meu amigo era determinado e vivia para Cristo e para o evangelho. Por isso, experimentou a alegria de contribuir para o progresso do evangelho.
Talvez nossas cadeias não sejam tão dramáticas ou difíceis, mas, sem dúvida, Deus pode usá-las da mesma forma.
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 86-87.
Fp 1. 13 Como isso é possível?! Além dos filipenses, também nós lhe damos ouvidos atentamente. Porque essa “situação” de Paulo já não é para nós hoje uma questão curiosa e distante que tentamos penosamente tornar palpável por ter havido certa vez no passado algo desse tipo. Pessoas dos dias de hoje, irmãos e irmãs de nosso meio, sofreram “situações” semelhantes e também continuarão a sofrê-las. Como lidamos no íntimo com essa situação, o que ela significa para o evangelho? Por que o Senhor permite que seus mensageiros enfrentem tais dificuldades? Essas perguntas são atuais. Paulo não se eleva simplesmente acima das dificuldades e não faz de conta que tudo é aprazível e belo. Notamos isso na expressão “mais” ou “antes”. No entanto, pode constatar agora com gratidão que tudo conduziu “mais”, “antes” para o progresso da mensagem, pois uma nova e inesperada possibilidade missionária se abriu, precisamente no quartel. A este respeito Paulo não fala na voz ativa: “Aqui pude falar acerca de Jesus aos soldados.” Afinal, era óbvio que ele não se calava acerca de Jesus. Paulo nunca teria silenciado acerca de Jesus em qualquer lugar que estivesse! Mas, por mais incondicionalmente necessário que seja nosso testemunho, sobre a trajetória do evangelho paira sempre o mistério da condução e eficácia divinas. A “porta da palavra” não é aberta por nós, mas por Deus (Cl 4.3). Por isso Paulo declara que “suas algemas se tornaram manifestas em Cristo em todo o pretório”. Afinal, para Paulo tudo acontece “em Cristo”. Por isto aconteceu “em Cristo” (ou “por Cristo”, como também é possível traduzir aqui a preposição grega en) que em todo o quartel se falasse do estranho prisioneiro que se diferenciava tanto de todos os outros prisioneiros que normalmente se via dentro do quartel. “Que razão haveria para encarcerar um homem desses?” Ora, quase que automaticamente surgia assim a oportunidade de anunciar, como resposta a tais perguntas, a mensagem de Jesus, que ia sendo transmitida por todas dependências do quartel. Contudo ela também se difundiu para além do quartel, para “todos os demais”. Não sabemos de quem exatamente Paulo fala. De qualquer maneira, porém, os soldados informam a outros acerca do prisioneiro de que estão cuidando agora e o que ele tem para dizer. Portanto é justamente assim que o evangelho alcança pessoas das quais do contrário jamais se teria aproximado. O que primeiro parecia ser um terrível impedimento, não obstante acaba servindo ao progresso da causa.
Werner de Boor. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses. Editora Evangélica Esperança.
II - O TESTEMUNHO DE PAULO NA ADVERSIDADE (1.12,1 3)
1. O poder do Evangelho.
A prisão de Paulo, do ponto de vista humano, poderia ter sido um revés para o evangelho. Entretanto, Paulo garante que nada, absolutamente nada, poderia frear a força do evangelho de Cristo. Nenhuma circunstância, política, material ou espiritual impediria o testemunho do evangelho.
O fato de o apóstolo estar preso poderia afetar o avanço do evangelho no mundo. Sua prisão era considerada um golpe contra a igreja de Cristo. Porém, o apóstolo transmite na sua carta a ideia de que nenhum poder físico ou material poderá conter a força do evangelho. O que Paulo, de modo simples e objetivo, diz para os filipenses é que cadeias não limitam o movimento dinâmico do evangelho que pode ser disseminado de boca em boca. Mais importante que as suas cadeias era a proclamação do evangelho, não importava como. Para o apóstolo em prisão, as notícias dos sucessos de conquista do evangelho na vida das pessoas lhe serviam de consolo para suportar os sofrimentos que padecia nas suas prisões. Saber que o testemunho das suas prisões produzia fruto positivo na vida dos cristãos, especialmente os romanos, dava-lhe uma alegria e um sentimento de vitória que superava todos os sofrimentos da prisão.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 35.
Até o momento ele escreveu Filipenses, Paulo tinha dificuldades sérias experientes de todo tipo. Quando escreveu esta epístola, ele era um prisioneiro em Roma. Ele havia muito tempo desejava pregar naquela grande cidade, tendo apenas alguns anos antes escrita para a igreja lá:
Para Deus, a quem sirvo em meu espírito, a pregação do evangelho do Seu Filho, é minha testemunha de como incessantemente faço menção de vós, sempre em minhas orações que fazem pedido, se talvez agora, finalmente, pela vontade de Deus eu pode ter sucesso em chegar a você .... Eu não quero que ignoreis, irmãos, que muitas vezes eu tenho planejado para chegar até você (e ter sido impedido até agora) para que eu possa obter algum fruto entre vós também, como também entre o restante dos gentios "(Rom. 1:9-10, 13;. Cf v. 15).
O apóstolo estava expressando mais do que um desejo pessoal de ministro em um lugar novo e desafiador. Ele estava convencido da importância de trazer o evangelho naquela cidadela do paganismo e usando Roma como um trampolim para o ministério ainda mais (mesmo para a Espanha, Rom. 15:24). Parece duvidoso que ele tinha em mente a ministrar em Roma como prisioneiro. Nem ele provavelmente encaramos chegando lá só depois de enfrentar uma tempestade tempestuosa que resultou em um naufrágio desastroso (cf. Atos 21:33-28:31). Mas no entanto ele chegou lá ou sejam quais forem as circunstâncias Depois que ele chegou, Paulo intensamente queria pregar o evangelho lá "pela vontade de Deus" (Rom. 1:10).
Embora ele não estava a escrever esta carta de uma masmorra, mas uma residência privada (Atos 28:16, 30), Paulo estava acorrentado noite e dia para um soldado romano. Ele não tinha nenhuma privacidade quando ele comeu, quando ele dormia, quando escreveu, quando orava, ou quando ele pregou, ensinou, ou conversava com algumas amigas (vv. 17-31). No entanto, para um período de dois anos esta falta de privacidade tornou impossível para os soldados romanos que guardavam-lhe para evitar ouvir o evangelho e testemunhar a semelhança de Cristo notável Paulo. Como os próximos versículos sugere, este, aparentemente, levou alguns deles para a salvação (Filipenses 1:13-14;. Cf 4:22). Paulo regozijou-se por causa do ministério para o qual o Senhor o tinha chamado e por causa do fruto espiritual que o ministério produziu, mesmo enquanto ele estava em cadeias.
Os versos 12-26 do capítulo um revelam quatro elementos da alegria de Paulo no ministério. Ele era alegre, apesar de problemas, desde que a causa de Cristo progrediu (vv. 12-14); apesar dos detratores, contanto que o nome de Cristo foi proclamada (vv. 15-18), a despeito da morte, enquanto o Senhor foi glorificado (vv. 19-21), e apesar de estar na carne, enquanto a igreja foi beneficiada (vv. 22-26).
A expressão “Quero que Saibam” se traduz de uma expressão comum em grego, que e frequentemente encontrada em cartas antigas. Expressões similares, tais como "eu quero que você entenda isso" ou "Eu quero que você saiba isso" hoje, são usados para chamar a atenção para um ponto importante, especialmente um que pode ser facilmente perdida, mal interpretado, ou difícil de aceitar. Por outro lado, Paul muitas vezes declarou que não queria que seus leitores sejam desinformados (cf. Rm 1:13;. 11:25, 1 Coríntios 10:1;. 2:01, 2 Coríntios 1:8;. 1 Tessalonicenses 4. : 13). No versículo presente que ele queria que seus amados irmãos a entendessem que ele queria dizer exatamente o que ele disse. Apesar de suas circunstâncias, Paulo não era amargo ou desanimado, mas tinha grande motivo para se alegrar.
“Aquilo que me aconteceu” se traduz “ta kata eme”, que significa literalmente "as coisas pertencentes ou relacionados a mim." Ela é traduzida como "as minhas circunstâncias" em Efésios 6:21. Em Colossenses 4:7 é traduzido como "meus negócios." As circunstâncias de Paulo, explica ele, terrível como eles parecem ser de uma perspectiva humana, concentraram-se para o maior progresso do evangelho. Ele não ignorar ou fazer pouco caso da sua prisão (cf. 1:7, 14, 17; Col. 4:3, 18;. Flm 9, 13), mas foi incidental ao seu estado dispostos, alegres, e imensamente privilegiada como um servo de Jesus Cristo (1:1). Mallon (maior) é melhor traduzida como "sim" (KJV), "na verdade" (NVI), ou "realmente" (NVI). Em vez de dificultar e restringir o seu ministério, circunstâncias difíceis de Paulo tinha feito exatamente o contrário (cf. 2 Cor. 12:9-10).
Era o progresso do evangelho para o qual Paulo viveu tão apaixonadamente. Para os anciãos de Éfeso ele declarou: "Eu não considero a minha vida de qualquer conta como preciosa para mim, para que eu possa terminar minha carreira eo ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus "(Atos 20:24). Tudo o resto na vida de Paulo teve uma importância apenas na medida em que isso afetou o progresso do evangelho.
Paul não só se considerava a obrigação de o Senhor, mas também "tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes .... Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego "(Rm 1:14, 16).
Tão forte era a obrigação que Paulo declarou-se "sob compulsão, pois ai de mim", disse ele, "se eu não anunciar o evangelho" (1 Coríntios 9:16.). "Eu faço tudo por causa do evangelho", explicou alguns versículos mais adiante (v. 23). Seu ministério e sua vida terrena, eram inseparáveis. Sua vida terrena não seria concluído até o seu ministério estava concluído, e quando o seu ministério estava concluído, sua vida terrena, não teria outra finalidade (cf. Fl 1:21-26;.. 2 Tm 4:6-8).
Prokopē (progresso) descreve não apenas avançar mas fazê-lo contra os obstáculos. O verbo relacionado foi usado por um explorador ou de uma equipe de avanço do exército cortando um caminho através de árvores e arbustos densos, avançando lentamente e com esforço considerável. A resistência é, portanto, inerente a esse tipo de progresso, e ninguém sabia melhor do que Paul como inevitável a resistência de Satanás (1 Ts. 2:18) e o mundo (1 João 2:15-16) é para o progresso do evangelho . Resistência por Roma pagã havia colocado em sua prisão de dois anos presente, e resistência por líderes judeus incrédulos tinha prenderam em Cesaréia por dois anos antes que (Atos 24:27). Ele explicou aos coríntios que, embora "uma larga porta para o serviço eficaz se me abriu, ... há muitos adversários" (1 Cor. 16:9). Aos tessalonicenses, ele escreveu: "Depois que já havia sofrido e sido maltratados em Filipos, como sabeis, tivemos a ousadia de nosso Deus falar-lhe o evangelho de Deus em meio a muita oposição" (1 Tessalonicenses 2:2.).
Ele encorajou Timóteo, Lembre-se de Jesus Cristo, ressuscitado dentre os descendentes, morto de Davi, segundo o meu evangelho, pelo qual sofro mesmo a prisão como um criminoso, mas a palavra de Deus não está preso. Por esta razão, tudo suporto por causa daqueles que são escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus e com ele a glória eterna "(2 Tm. 2:8-10).
Longe de lamentar, ressentindo-se, ou reclamando de suas dificuldades, Paul reconheceu-os como um elemento inevitável do ministério. Em seus próprios olhos, no entanto, eles eram apenas um pequeno custo que ele era mais do que dispostos a pagar, porque Deus usou esses estudos como um meio de promover o progresso do evangelho.
Paulo próxima focada em duas importantes conquistas de seu ministério, em primeiro lugar sobre o progresso do evangelho fora da igreja (v. 13) e, em seguida, em seu progresso dentro da igreja (v. 14). Primeiro, ele se alegrou de que sua prisão na causa de Cristo tornou-se conhecido por toda a guarda pretoriana todo e para todos os outros. Prisão é de desmon, que literalmente refere-se a uma ligação, como o que fez com uma corrente ou cabo. Por extensão, o termo passou a ser usado de qualquer restrição ou confinamento forçado, em particular a de um prisioneiro. Falando a um grupo de líderes judeus em Roma, durante o tempo que ele escreveu Filipenses, Paulo menciona "vestindo esta cadeia por causa da esperança de Israel" (Atos 28:20), e em Efésios ele falou de ser "um embaixador em cadeias "(Ef. 6:20).
Paulo "cadeias" (de halusis) eram um pouco mais de uma algema moderna, cerca de 18 centímetros de comprimento. Uma extremidade foi anexado ao pulso do prisioneiro, o outro para o guarda. A cadeia não foi removido do prisioneiro enquanto estava sob custódia, fazendo ambos fuga e privacidade impossível. Embora o apóstolo foi autorizado a viver em quartos privados (Atos 28:30), ele foi acorrentado desta maneira a uma série de soldados por um período de dois anos. Ao longo desses anos, é possível que várias dezenas de soldados diferentes foram atribuídos a guarda de Paulo, cada um tornando-se seu público cativo. Se eles já não estivessem conscientes disso, os soldados logo veio a perceber que esse homem extraordinário, não foi preso por cometer um crime, mas para pregar o evangelho. Sua fidelidade à causa de Cristo logo se tornou conhecido por toda a guarda pretoriana todo e para todos os outros. Os crentes fiéis na igreja de Roma não tinha dúvida de longo orou para que o Senhor abrisse uma forma de testemunhar a guarda pretoriana e influente elite. Em Sua sabedoria soberana, ele respondeu que a oração, fazendo os membros da guarda para que cativa Paulo por dois anos.
JOHN MACARTHUR, JR. Novo Testamento Comentário Filipenses Comentário Expositivo.
2. A preocupação dos filipenses com Paulo.
O seu sofrimento propiciou um canal de abertura para se pregar o Evangelho.
Warren Wiersbe, em seu comentário sobre a Carta aos Filipenses, diz “que o mesmo Deus que usou o bordão de Moisés, os jarros de Gideão e a funda de Davi usou as cadeias de Paulo” para a proclamação do evangelho. Os cristãos romanos espalhados por toda a Roma, inclusive nas cidades adjacentes, começaram a falar mais livremente sobre o evangelho na capital do Império.
A prisão de Paulo, em vez de reter a força do evangelho, promoveu ainda mais a sua disseminação. O Espírito Santo usou a prisão de Paulo para tornar o evangelho ainda mais dinâmico e poderoso no seu avanço no mundo.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 38-39.
Fp 1.13 minhas cadeias em Cristo... conhecidas. As pessoas ao redor dele reconheciam que Paulo não era um criminoso, mas havia sido preso por pregar a Jesus Cristo e o evangelho (cf. Ef 6.20).
MAC ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 1616.
Fp 1.12-14 O fato de estar em uma prisão leva muitas pessoas a se entristecerem e a desistirem, mas Paulo considerava essa situação como mais uma oportunidade de divulgar as Boas Novas de Cristo. Ele entendia que a atual circunstância não era tão importante quanto tudo aquilo que poderia fazer através dela. Transformando uma situação adversa em vantagem, estendeu a mão aos soldados que formavam a guarda do palácio e encorajou os cristãos que temiam a perseguição. Podemos não estar em uma prisão, mas ainda assim muitas vezes temos motivos para nos sentir desanimados — momentos de indecisão, responsabilidades financeiras, conflitos familiares ou na igreja, ou a perda do trabalho. A maneira como agimos nessas situações refletirá a nossa fé. Procure formas, assim como Paulo, de demonstrar sua fé. mesmo nas situações mais adversas. Quer tais situações melhorem ou não, a sua fé será fortalecida.
Fp 1.13 - Como Paulo acabou sendo encarcerado em uma prisão romana? Enquanto estava visitando Jerusalém, alguns judeus pediram sua prisão por estar pregando as Boas Novas, mas Paulo apelou para que César julgasse o seu caso (At 21.15—25.12). Foi então escoltado por soldados até Roma, onde ficou numa prisão domiciliar enquanto esperava o julgamento — não seria um julgamento por ter infringido qualquer lei civil, mas por estar divulgando o evangelho de Cristo. Nessa época, essa acusação não era considerada uma falta grave pelas autoridades romanas. Alguns anos mais tarde. entretanto, Roma adotaria um ponto de vista diferente sobre o cristianismo e faria todos os esforços para bani-lo. A prisão domiciliar de Paulo permita-lhe uma certa liberdade. Ele podia receber visitas, continuar a pregar e escrever cartas, como esta epístola aos filipenses. Um resumo da permanência de Paulo em Roma pode ser encontrado em Atos 28. 1-31. A “guarda pretoriana” se refere à tropa de elite que se alojava no palácio do imperador.
APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de estudo. Editora CPAD pag. 1661.
3. Paulo rejeita a auto piedade.
Paulo começa referindo-se às “coisas que me aconteceram” (v. 12), ou seja, como está no grego do Novo Testamento “ta kat'eme” que diz respeito a “minhas coisas, meus assuntos” ou “coisas que dizem respeito a mim”. Ora, Paulo estava falando dos seus sofrimentos, mas sua avaliação sobre esses sofrimentos era que eles não deviam ser a razão de compaixão dos filipenses. Ele queria que os filipenses entendessem que o foco, o vértice de tudo e a pessoa para quem deviam olhar era Jesus. Ele era o eixo central da sua vida, e seus sofrimentos físicos e materiais contribuíam para o avanço da igreja no mundo. Paulo não se fazia de vítima do evangelho nem da igreja, mas entendia que tudo quanto acontecia na sua vida era para a glória de Cristo na sua igreja no mundo.
Paulo avalia seus sofrimentos com uma visão positiva. Ele era um missionário que tinha consciência da importância da sua missão. Na sua mente, todo e qualquer sofrimento infringido contra a sua pessoa no exercício do ministério cristão era circunstancial e estava sob os cuidados de Deus. A soberania de Deus equivale à consciência de que o sofrimento é temporal e que a superação sobre ele produz um sentimento de vitória e aponta para um futuro eterno de gozo na presença de Deus. Por isso, Paulo não agia com auto piedade para conquistar a compaixão das pessoas. Ao falar e escrever de seus sofrimentos, não esperava que os filipenses e todas as demais igrejas entendessem que ele não estava esperando dos cristãos atitudes de compaixão, de pena pelos maus tratos recebidos. Paulo queria que a igreja de Filipos e as demais igrejas do seu campo missionário percebessem que sua prisão contribuiria ainda mais para que o evangelho alcançasse muitas pessoas. Paulo não estava interessado em chamar a atenção para si, mas queria que a igreja não desanimasse em momento algum, mas desse prosseguimento ao objetivo da proclamação do evangelho em todo o mundo.
Que coisas eram essas vividas e experimentadas por Paulo? Ele podia lembrar-se de duras experiências que o acometeram e o deixaram, às vezes, com fome, com privação de roupas, com enfermidades regionais. Seu corpo tinha as marcas dos açoites que deixaram vergas em seus lombos; as marcas das correntes nos tornozelos e braços; os naufrágios; os apedrejamentos; os perigos em travessias de rios; os pés calejados em viagens a pés, e perigos de assaltos e ladrões. Todas essas experiências contribuíram para que o evangelho que não ficasse engessado em poucos lugares. Tudo isso contribuiu para que Paulo e seus companheiros de missões amadurecessem na fé e na convicção do galardão de Cristo ao final da jornada cristã (2 Co 5.10). Paulo entendia que fora chamado para compartilhar de um projeto divino e que os sofrimentos infligidos durante a execução desse projeto divino em favor do evangelho culminariam com a vitória de Cristo sobre as forças do mal. Por isso, Paulo se regozijava em Cristo. Ele se regozijava então nos seus sofrimentos. Aos colossenses, ele repetiu a mesma mensagem quando disse: “Regozijo-me, agora, no que padeço por vós e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja” (Cl 1.24). Ele reagia aos sofrimentos com atitude de aceitação positiva e não permitia que a amargura dos sofrimentos ou qualquer resquício de auto piedade o impedisse de fazer a obra de Deus. Esse sentimento de sacrifício e paixão pela obra de Cristo está em crise nos tempos atuais. Os adeptos da pseudoteológica da prosperidade, que não admitem o sofrimento, desconhecem o privilégio de sofrer por Cristo.
No versículo 12, quando Paulo fala de “proveito” (ARC) ou “progresso” (ARA), está falando, de fato, de um termo militar que se referia aos trabalhadores que abriam caminho através de uma floresta utilizando ferramentas como manchetes, machados e foices a fim de facilitar a caminhada de soldados para o alvo de sua batalha. O termo grego para “progresso” é prokopê que significa, essencialmente, “avanço a despeito de obstruções e perigos que bloqueiam o caminho do viandante”. Na verdade, Paulo estava declarando que a obra do evangelho estava rompendo com obstruções e progredindo, a despeito da terrível oposição externa. Paulo estava dizendo, na realidade, que na batalha espiritual é preciso abrir caminho para chegar a um fim proveitoso. Nesse sentido, os sofrimentos do apóstolo contribuíam para maior proveito do evangelho.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 35-37.
Paulo tem a convicção de que toda a situação em que se encontra redundará em seu libertação. Até sua prisão e a prédica hostil de seus inimigos pessoais contribuirão no final para sua libertação. O que é o que quer dizer por libertação? O termo é soteria, e aqui tem três significados possíveis.
(1) Pode significar segurança. Neste caso Paulo diria que está quase seguro de que toda a situação concluirá com seu libertação. Mas dificilmente pode ser este o significado porque Paulo continua afirmando que não está seguro se viverá ou morrerá.
(2) Pode significar sua salvação nos céus. Neste caso Paulo diria que sua conduta nessa situação o fará testemunha no dia do juízo. Aqui há uma grande verdade. Em toda situação de oportunidade ou desafio o homem opera não só para o tempo, mas também para a eternidade. Em cada situação não só ganha o veredicto dos homens, mas também o de Deus. A reação do homem a cada situação, decisão, oportunidade e desafio do tempo é um testemunho em favor ou contra si na eternidade.
(3) Mas soteria pode ter um significado mais amplo que os dois anteriores. Pode significar saúde, bem-estar geral. Paulo bem pode estar dizendo que tudo o que lhe acontece nessa difícil situação é o melhor para ele, tanto no tempo como na eternidade. A afirmação significaria: "Deus me põe nesta situação que são todos os seus problemas e dificuldades — é um meio para minha felicidade e utilidade no tempo, e para minha alegria e paz na eternidade. Isto está previsto para meu bem-estar neste mundo e no vindouro." Lembremos que todo desafio da vida vem de Deus para nos tonificar e nos fortalecer.
Nesta situação Paulo reconhece dois grandes apoios.
(1) O apoio das orações de seus amigos. Uma das coisas mais belas nas cartas de Paulo é a insistência em pedir as orações de seus amigos. “Irmãos”, escreve aos Tessalonicenses, “orai por nós”; “Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague” (1 Tessalonicenses 5:25; 2 Tessalonicenses 3:1-2). Dos coríntios fala da seguinte maneira: “Ajudando-nos também vós, com as vossas orações a nosso favor” (2 Coríntios 1:11). Escreve a Filemom que está seguro de que por suas orações será entregue de volta a seus amigos (Filemom 22). Antes de empreender sua perigosa viagem a Jerusalém escreve à Igreja de Roma pedindo suas orações (Rom. 15:30-32).
Paulo jamais se fez tão grande que não lembrasse a necessidade da oração de seus amigos. Jamais se colocou no alto para olhar para baixo; jamais falou como aquele que é capaz de tudo enquanto o povo não pode nada; lembrou sempre que, tanto ele como os seus, nada podiam sem a graça de Deus.
Lembremos que quando a pessoa está aflita e com o coração desfeito um consolo dos maiores é saber que há outros que o encomendam perante o trono da graça. Quando alguém está perante um esforço que o prostra ou uma decisão que o entristece recupera as forças quando lembra que outros o encomendam a Deus. Quando alguém vai a lugares desconhecidos e se encontra longe de sua casa se consola ao saber que a oração dos que ama atravessa os mares e os continentes e o apresenta perante o trono da graça. Não podemos chamar a ninguém amigo — nem nós mesmos podemos nos considerar amigos – de alguém por quem nunca oramos.
(2) Paulo sabe que conta com o sustento do Espírito Santo. A presença do Espírito Santo é o cumprimento da promessa de Jesus de estar conosco até o fim dos tempos.
Em toda esta situação Paulo tem uma esperança. A palavra que usa para esperança é muito gráfica; é um termo inusitado; ninguém o usou antes e bem pode ser que o mesmo o tenha cunhado. Trata-se de apokaradokia. Apo significa fora de; kara, cabeça; dokein, olhar. Apokaradokia significa o olhar ardente, concentrada e persistente que se separa de qualquer outra coisa, para fixar-se só no objeto de seu desejo. A esperança de Paulo é que nunca se veja reduzido ao silêncio por vergonha. Duas coisas poderiam reduzi-lo ao silêncio por vergonha. A covardia poderia fazê-lo calar quando deveria ter falado; e a ineficácia e a inutilidade de sua obra poderia privá-lo do direito de falar. Paulo tem a segurança de que em Cristo encontrará a valentia para nunca envergonhar-se do evangelho; que por meio de Cristo suas fadigas contribuirão ao bem de todos os homens. Espera a graça de ser intrépido ao falar.
J. B. Lightfoot escreve: "O direito de falar livremente é a insígnia e o privilégio dos servos de Cristo." Para o servo de Cristo, falar a verdade com intrepidez não é só um privilégio, é também seu dever.
Se Paulo assumir desta maneira com coragem e efetividade sua própria oportunidade, obterá como resultado que Cristo será glorificado nele. Não interessa o que ocorra com ele. Se morrer, terá a coroa do martírio. Se viver, terá o privilégio de pregar ainda e de dar testemunho de Cristo.
Como Ellicott o expressa belamente, Paulo diz: "Meu corpo será o teatro em que se manifestará a glória de Cristo." Eis aqui a tremenda responsabilidade do cristão. Uma vez que escolhemos a Cristo e nos tornamos membros de sua Igreja estamos na alternativa de conduzir glória ou vergonha a Cristo por nossa vida e conduta. Um líder é julgado sempre pelo que são seus seguidores. Cristo é julgado através de nós.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag. 33-35.
8 .27 ,28 — Como filhos de Deus, nós nem sempre sabemos pelo que orar, ou como podemos orar melhor (v. 26). Podemos saber, porém, que quando oramos, por desígnio do próprio Deus, o Espírito aperfeiçoa o que falamos em oração. Todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus. A referência feita primeiramente a todas as coisas diz respeito às aflições deste tempo presente (v. 18). Todas as circunstâncias trabalharão juntas e cooperarão para o bem do cristão; ou seja, o cristão será moldado, no presente momento, por Jesus Cristo e, no porvir, reinará com Ele.
Daqueles que amam a Deus. E uma referência àqueles que são chamados por seu decreto. Nosso amor é a nossa resposta à operação do Espírito Santo em nossa vida. Nós somos chamados de acordo com o seu propósito (NVI). Tudo o que Deus faz, inclusive a redenção, é para realizar Seu plano.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 385.
A SOBERANA VONTADE DE DEUS GARANTE A GRAÇA (8.28-30) – O espírito humano e o divino Espírito, harmonizados numa vontade, estão de fato - afirma-o Paulo neste parágrafo - realizando a vontade de Deus que abrange todas as coisas. Em vista dessa divina operação em nós e em nosso favor, somos advertidos de que para os que amam a Deus tudo lhes coopera para o bem, isto é, os que são eficazmente chamados segundo o seu propósito (28). A divina vontade está por trás dos chamados, que, não somente ouvem o chamamento, mas lhe obedecem. O que ficou estabelecido na presciência e na predestinação divinas, atinge inevitavelmente o alvo divino para a glória divina, que inclui o bem-aventurado estado dos eleitos.
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Romanos. pag. 48
III - MOTIVAÇÕES PARA A PREGAÇÃO DO EVANGELHO (1.14-18)
Duas motivações que estavam na mente e no coração dos cristãos espalhados em toda a Ásia Menor, que era o campo missionário do apóstolo, além da Europa. Podemos perceber nessas duas motivações que moviam as igrejas como sendo uma positiva e a outra negativa. A positiva dizia respeito ao estímulo dos filipenses quanto às notícias da simpatia da guarda pretoriana à situação prisional de Paulo (1.13). Essa motivação produziu no coração e na mente dos cristãos filipenses a renovação de entusiasmo e disposição para continuar fiel ao propósito da propagação do evangelho.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 39.
1. A motivação positiva.
Uma nova fonte de energia (v.14)
O texto diz que “muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões” descobriram uma nova fonte de energia para continuar a fazer a obra de Deus. O texto diz que “muitos dos irmãos” (1.14) foram estimulados pela repercussão positiva entre os cristãos de Roma de que o processo contra Paulo era injusto e não havia nenhuma ação criminosa, senão pelo fato de pregar a Cristo Jesus. Ora, visto que Paulo estava preso por causa de Cristo, a guarda pretoriana bem como as autoridades romanas passaram a entender que se tratava de um equívoco e que Paulo não era nenhum criminoso. Paulo, pelo Espírito, entendeu que essa situação de dúvida das autoridades romanas contribuiria para a disseminação do evangelho. Por isso, Paulo regozijava-se pela oportunidade de participar dos padecimentos de Cristo Jesus (G1 2.20). Aqueles irmãos poderiam agora anunciar a palavra de Deus com maior determinação e destemor.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 39.
Fp 1.14 - Muitos dos irmãos no Senhor [...] ousam falar a palavra. Muitos cristãos que viram Paulo algemado em Roma foram incentivados a pregar o evangelho com ousadia, enfatizando a demonstração audaz exterior de um caráter interior e o sentimento de coragem. Embora também pudessem ser presos, eles foram impulsionados pela intrepidez de Paulo e proclamaram a mensagem sobre Jesus Cristo sem temor.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 523.
Quem eram esses irmãos? Indubitavelmente, os crentes de Roma.
Há anos que aqui se estabelecera uma congregação, à qual o apóstolo endereçara sua famosa Epístola aos Romanos. Essa congregação consistia, em sua maioria, de conversos do mundo gentílico. Entretanto, quando Paulo chegou a Roma como prisioneiro, imediatamente proclamou o evangelho aos judeus, com o resultado de que “uns creram ... e outros se mantiveram incrédulos” (At 28.24). Os judeus que creram fundaram suas próprias igrejas em Roma. Não obstante, podemos estar certos de que entre os membros do primeiro grupo, os crentes gentios, e o segundo, os crentes judeus, existia um laço de comunhão cristã, de forma tal que, quando Paulo fala dos irmãos, faz referência a membros de ambos os grupos, isto é, àqueles que não abandonaram Roma. Semelhantemente lemos em Atos 28.30 que, durante seus dois anos de encarceramento em Roma, Paulo recebia a todos os que a ele vinham, proclamando o reino de Deus e ensinando sobre o Senhor Jesus Cristo abertamente e livre de embaraços (At 28.30,31).
Ora, pois, qual foi a atitude dos irmãos para com Paulo e sua mensagem?
E qual foi a atitude de seus líderes? Assim que souberam que Paulo fora submetido a julgamento, lhe ofereceram seus préstimos? Permaneceram firmes na divulgação da salvação, das boas-novas? Aqui no versículo 14 parece estar implícito que a princípio não demonstraram um grau muito recomendável de coragem. Alguma coragem aqui e ali, sim, porém não muita. Ao contrário, pareciam estar “apavorados ante os adversários” (v. 28), indubitavelmente precisavam da advertência de que cada homem procurasse não somente seus próprios interesses, mas também os interesses de outros (2.4). Todos estavam correndo após seus próprios negócios (cf. 2.21). Em sua defesa, ninguém se encontrava ao lado de Paulo; ao contrário, desertaram-se todos.
As coisas, porém, estavam mudando. Tenha-se em mente que, quando esta carta foi escrita, o autor fala como um homem que esperava um veredicto, não um julgamento. O julgamento chegara a seu término; o caso estava a ponto de encerrar-se (Fp 2.19,23,24). Todos tiveram a chance de assistir à intrepidez de Paulo, bem como sua coragem em meio ao “fogo do inimigo”. O Senhor o sustentara de forma mui maravilhosa (Fp 4.13), e isso não apenas durante seu julgamento, mas desde o início, quando ele se dirigia a Roma como prisioneiro (At 23.11; 27.23). Assim, pois, finalmente, como resultado de perceber o que a graça de Deus é capaz de efetuar no coração de seu apóstolo “prisioneiro”, a maioria dos irmãos (não apenas “muitos”, A.V.) tomou alento, o alento que é “no Senhor”, comunicado e reavivado por ele. Não só foi proclamada oficialmente “a mensagem de Deus”, isto é, o evangelho, mas essa mensagem se tornou ainda mais o tema para discussão aberta, o assunto da conversão ordinária ou coloquial, e isso agora muito mais do que antes. Todavia, esse não era o caso entre todos, mas somente entre a maioria dos irmãos. O fato de que, mesmo agora, as condições não eram exatamente ideais, mesmo entre os pregadores em Roma, pelo que veremos a seguir, contudo serve para demonstrar o extraordinário otimismo de Paulo:
HENDRIKSEN. William. Exposição de Filipenses. Editora Cultura Cristã. pag. 435-437.
2. A motivação negativa.
O sentimento de pessimismo de alguns cristãos (1.15-17)
Paulo estava imobilizado para fazer a obra livremente, pois sua prisão o impedia de movimentar-se para fora da prisão. Alguns cristãos, principalmente, que eram mestres judaizantes, insistiam que era necessário unir os ritos mosaicos com as instituições cristãs. Paulo os combatia porque entendia que eram duas coisas completamente distintas. Entretanto, esses judeus cristãos tomavam essas posturas de Paulo e o acusavam de ser inimigo da Lei e dos Profetas, principalmente porque ensinava contra a necessidade da circuncisão para o cristão. Por esse modo, esses inimigos gratuitos de Paulo incitavam os romanos contra o apóstolo para o indispor contra os romanos. Essa situação despertou motivação errada em alguns dos cristãos de Filipos. Era um sentimento de pessimismo no sentido de que Paulo estaria prejudicando o crescimento do cristianismo.
Esse sentimento desenvolveu-se motivado por falsos obreiros existentes no seio da igreja de Filipos. Alguns cristãos mais afoitos aproveitaram-se da ausência do apóstolo para agir de modo discordante de tudo quanto haviam aprendido anteriormente, conforme está descrito nos versículos 15 ao 17. Sem dúvida alguma, o Diabo se aproveitou da fragilidade daqueles irmãos para plantar em seus corações sentimentos de mesquinhez, de inveja, porfias, discórdia e atitudes rebeldes (1.15,17). Ao ter notícias dessa situação e sabendo que a liderança local não estava conseguindo impedir essa situação, Paulo entendeu pelo Espírito Santo que o que importava, de fato, era que Cristo fosse pregado “de toda a maneira”, “quer por pretexto, quer por verdade”(1.18, ARA). O segmento hostil que se levantou na igreja criou uma situação que tinha por objetivo, acima de tudo, atingi-lo e tratá-lo como um desconhecido e sem reputação, ou mesmo como se fosse um falso apóstolo. Ele sabia que essa situação seria dissipada e o que importava mesmo era que o evangelho fosse pregado a todas as gentes até a vinda do Senhor.
“ Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia' (1.15). A despeito de Paulo estar preso naquela ocasião, ele faz entender que a obra da igreja de Cristo não perderia espaço no mundo por sua incapacidade de se movimentar. A obra não sofreria por sua ausência física. Porém, aqueles opositores tinham propósitos diferentes dos propósitos de Paulo. O apóstolo os denomina de eritheia porque pregavam por outros interesses e com atitudes de inveja e porfia. O interesse maior era trabalhar mercenariamente. A atitude dos caluniadores de Paulo era mercenária, pois trabalhavam com segundas intenções. Invejavam a autoridade e o poder apostólico que Paulo tinha. A palavra “porfia” indica contenda, rivalidade e conflito que os opositores de Paulo faziam para denegrir a imagem do apóstolo perante os irmãos.
“... mas outros de boa mente’’ (1.15), isto é, de boa vontade, que denota satisfação e contentamento daqueles que trabalham por amor ao Senhor. Os opositores de Paulo tinham motivação errada porque eram impulsionados por um espírito faccioso, partidário, de intriga, e valiam-se de meios inescrupulosos para alcançar seus objetivos perniciosos. No versículo 16 está escrito que alguns trabalham por amor porque foram alcançados pelo amor imenso do Senhor.
“mas outros, na verdade, anunciam a Cristo por contenção ’ (1.17). A palavra que melhor explica “contenção” é “discórdia”, que descreve aqueles estavam interessados apenas nos seus próprios interesses. Eles não tinham motivos puros, e por isso caluniavam a Paulo, querendo diminuir sua autoridade para com os filipenses.
“Mas que importa?” (1.18). Paulo estava afirmando que se aqueles falsos irmãos pregavam por porfia, fingimento ou por pretexto, o que importava, de fato, era que o evangelho estava sendo pregado. Não significa pregar erroneamente alguma doutrina, mas significa que se a mensagem for preservada, independentemente do comportamento daquelas pessoas, o que importa é que o evangelho seja pregado. Ele ainda diz: “nisto me regozijo e me regozijarei ainda”.
Ora, sua alegria não se prendia às circunstâncias ruins ou daqueles que o criticavam, porque a essência de tudo era a certeza da proclamação do senhorio de Cristo. Paulo preferia saber que os seus opositores pregavam o evangelho com fingida piedade, mas pregavam. Para ele, isso era razão de regozijo em sua alma.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 40-42.
15-17 Obviamente o testemunho público de Jesus – para o qual Paulo também gosta de empregar, além da expressão “proclamar”, a palavra “ser arauto”, a fim de dizer com toda a clareza que não se trata de uma “devoção” intimista da alma, mas de uma “mensagem de vitória” (“evangelho”) que abrange o mundo todo – não acontece em todos de “modo puro” e “em verdade”. Uma série de irmãos, no entanto, empreende a obra com nova seriedade “por amor, porque sabem que fui destinado à defesa do evangelho”. São arautos do Cristo “de boa vontade” ou, como talvez devamos traduzir mais precisamente, “ao agrado de Deus”. Ao lado deles, porém, há outros servindo à proclamação, mas que levam “segundas intenções” e motivos obscuros. Aqui Paulo traz à tona com muita franqueza uma dificuldade que constantemente transparece ao longo da história da igreja. Para nós é tanto assustador quanto consolador que ela já existisse em tal medida naquele tempo. A “inveja” se intromete – entre pregadores do evangelho. Com quanta profundidade ela está arraigada em nosso coração, mais profundamente que muitos pecados rudes. Nem mesmo uma conversão autêntica simplesmente arranca a inveja. Ela também se manifesta em pessoas que prestam um serviço tão sério a Jesus que nem mesmo se calam em situação de perigo. Em Roma talvez fossem pessoas que antes detinham posição de destaque na vida da igreja e cuja palavra era alvo de atenção especial. Agora era possível perceber a poderosa influência de alguém como Paulo em Roma. Sentiram-se relegados a segundo plano e privados de sua importância anterior. Então surgiu a inveja. Onde, porém, opera a inveja aparecem necessariamente ciumeiras e “discórdia”. Da inveja brota o prazer malicioso. No fundo tais pessoas se alegram pelo fato de Paulo ser neutralizado pela transferência para o quartel. Agora já não os estorva, já podem recuperar sua posição. Consequentemente também eles se tornam zelosos, mas “por interesse próprio”. Apesar do ativo e corajoso trabalho em última análise pensam em si mesmos, em ter influência sobre a igreja. Sim, chegam ao nefasto pensamento: que Paulo fique bastante irritado agora, já que suas algemas o tornam impotente e ele é obrigado a ver como nós ganhamos terreno e readquirimos o controle sobre tudo! Afinal, cada indivíduo tira conclusões a respeito do próximo a partir de si mesmo. O ambicioso projeta a ambição também no coração daquele a quem inveja. Provavelmente afirmações deste tipo devem ter sido expressas e difundidas, de modo que chegassem até Paulo. Com toda a certeza alguém como Paulo não dava atenção a meras suspeitas.
18 Como Paulo lida com aquilo que é levado a experimentar? Muitas vezes repetiu-se sua palavra: “Desde que Cristo seja anunciado”, e isso com freqüência se deu de forma muito errônea e equivocada, de acordo com nossa superficialidade. Paulo não se defronta com uma deturpação ou com um esvaziamento da mensagem em si. Não escreveu: “Desde que algo seja dito sobre Jesus, é isso o que importa. O que se afirma sobre Jesus não será tão relevante.” Em Gl 1.8s ele formula de forma bastante nítida e incisiva o que pensa sobre a violação do conteúdo da mensagem! Jamais teria se alegrado com heresias nem tampouco teria tentado superá-las com o consolo barato de que “de qualquer modo” Cristo ainda seria mencionado nelas. Aqui não está em jogo o conteúdo da mensagem, mas meramente a motivação de sua proclamação. Mesmo pessoas que realizam o trabalho sob a influência da inveja e do interesse próprio são de fato “arautos do Cristo”. E somente por ser verdadeiro o evangelho que estas pessoas anunciam Paulo consegue desconsiderar a motivação insincera: “Afinal, de todas as maneiras, seja com segundas intenções, seja em verdade, é proclamado Cristo, e disso me regozijo.” Ainda que aquelas pessoas quisessem feri-lo pessoalmente, “que importa”? Também eles certamente colaboram para que a obra do Cristo se torne conhecida de outros.
Aqui e acolá também nós somos confrontados com o fato de constatarmos inveja e ambição por trás do zelo de colaboradores de nossa denominação ou igreja. Talvez também vejamos outros se alegrando quando nossa atividade é tolhida por circunstâncias exteriores, enquanto eles ganham terreno. Então também nós temos o privilégio de tão ficar cheios e movidos pela causa do evangelho que saibamos suportá-lo sem melindres, desde que a límpida mensagem de Cristo alcance as pessoas.
Werner de Boor. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses. Editora Evangélica Esperança.
Fp 1.15 - Os que pregavam por inveja e porfia não eram hereges, uma vez que pregavam acerca de Cristo. Mas, ao que parece, tinham ciúmes da atenção que Paulo recebia e decidiram plantar sementes de dissensão, a fim de causar problemas ao apóstolo. Outros cristãos, de boa mente, anunciavam a mensagem a respeito de Jesus com bons motivos. Eles admiravam Paulo e o evangelho, e dedicavam-se a servir a Deus com fidelidade.
Fp 1.16,17 - Alguns manuscritos invertem a ordem dos versículos 16 e 17. Os motivos dos cristãos que anunciavam Cristo por contenção podiam ser considerados qualquer coisa, exceto bons. O termo contenção significa que eles não pregavam para honrar a Deus ou ajudar Paulo, mas para ganhar aplausos e seguidores para si mesmos (Fp 2.3). A expressão não puramente enfatiza o modo como esses cristãos estavam agindo. Em julgando acrescentar aflição às minhas prisões, o significado literal do verbo acrescentar é levantar ou causar. Em outras palavras, Paulo acreditava que esses pregadores, na verdade, desejavam causar-lhe mais problemas enquanto ele estivesse na prisão.
Fp 1.18 — Com o questionamento Mas que importa, Paulo, em essência, estava dizendo: “Os motivos dos que anunciam a Cristo por contenção estão entre eles e Deus”. Independente de as pregações serem feitas com fingimento ou em verdade, por aparência ou pelo que era correto, Paulo se satisfazia com o fato de que o evangelho estava sendo propagado. Observe que o apóstolo não estava fechando os olhos para o erro. Ele amaldiçoou aqueles que corrompiam o evangelho (Gl 1.6-9). O problema tinha a ver com motivo e atitude, não com doutrina.
Quanto à expressão me regozijo, significa simplesmente alegrar-se. Como o espírito nobre e magnânimo de Paulo era diferente! Em vez de irritar-se e ser vingativo, ele se regozijou. Isso aconteceu porque seu foco estava em Jesus Cristo (Hb 12.2,3).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 524.
Os críticos de Paulo (Fp 1:15-19)
É difícil imaginar que alguém se opusesse a Paulo, mas era exatamente isso o que alguns cristãos de Roma faziam. As igrejas da capital estavam divididas. Alguns grupos pregavam a Cristo com sinceridade, visando a salvação dos perdidos. Outros, porém, pregavam a Cristo por motivos escusos, procurando dificultar ainda mais a situação de Paulo. Estes últimos usavam o evangelho como um meio de alcançar propósitos egoístas.
É possível que tais indivíduos fizessem parte da ala "legalista" da igreja, contrária ao ministério de Paulo aos gentios e a sua ênfase sobre a graça de Deus em vez de na obediência à Lei judaica. A inveja e a contenda andam juntas, da mesma forma que o amor e a unidade são inseparáveis.
Paulo usa em Filipenses 1:15 um termo interessante: porfia, palavra que dá a ideia de "polêmica, rivalidade, competição para receber o apoio de outros". O objetivo de Paulo era glorificar a Cristo e levar as pessoas a seguir ao Senhor; o objetivo de seus críticos era promover a si mesmos e granjear seguidores para si. Em vez de perguntarem:
"você já aceitou a Cristo?", perguntavam: "de que lado você está, do nosso ou do de Paulo?" Infelizmente, esse tipo de "politicagem religiosa" ainda existe hoje, e quem a pratica precisa conscientizar-se de que apenas faz mal a si mesmo.
Quem tem a mente determinada vê os críticos como mais uma oportunidade de contribuir para o progresso do evangelho.
Como soldado fiel, Paulo sabia que estava "incumbido da defesa do evangelho" (Fp 1:16). Era capaz de regozijar-se, não com os críticos egoístas, mas com o fato de que pregavam a Cristo! Não havia inveja alguma no coração de Paulo. Ele não se importava se alguns eram a favor dele e outros contra.
Para ele, o mais importante era a pregação do evangelho de Jesus Cristo! Sabe-se, pelos registros históricos, que dois grandes evangelistas ingleses, John Wesley e George Whrtefield, discordavam sobre questões doutrinárias. Os dois tiveram um ministério bem-sucedido, pregando para milhares de pessoas e vendo multidões se entregarem a Cristo. Diz-se que alguém perguntou a Wesley se ele esperava ver Whitefield no céu, ao que o evangelista respondeu:
- Creio que não o verei no céu.
- Então você não acredita que ele seja convertido?
- Claro que ele é convertido! – exclamou Wesley -, mas não espero vê-lo no céu porque ele estará tão próximo do trono de Deus e eu estarei tão longe que não conseguirei enxergá-lo!
Apesar de discordar de seu irmão em Cristo sobre algumas questões, Wesley não tinha inveja alguma em seu coração e não tentou opor-se ao ministério de Whitefield. Em geral, é difícil aceitar críticas, especialmente quando passamos por situações difíceis, como era o caso de Paulo. De que maneira o apóstolo conseguiu regozijar-se mesmo em meio a tanta reprovação? Ele era determinado! Filipenses 1:19 indica que Paulo esperava que sua causa fosse vitoriosa ("me redundará em libertação") por causa das orações de seus amigos e da provisão do Espírito Santo de Deus. O termo grego traduzido por provisão dá origem à palavra "coral".
Sempre que uma cidade grega organizava alguma festa especial, alguém precisava bancar cantores e dançarinos. A doação precisava ser generosa, de modo que o termo adquiriu a conotação de "suprir com generosidade e abundância". Paulo não estava dependendo dos próprios recursos escassos, mas sim dos recursos generosos de Deus, ministrados peio Espírito Santo. Além de participar do avanço pioneiro do evangelho em Roma por meio de suas cadeias e de seus críticos, Paulo usou, ainda, um terceiro meio.
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 87-88.
IV - O DILEMA DE PAULO (1.19-22ss.)
1. Viver para Cristo.
Os versículos 19 a 26 apresentam o exemplo de uma vida consagrada ao Senhor, revelando ser a mais profunda e sincera consagração que um homem seja capaz de fazer a Deus. Jesus Cristo é engrandecido como objeto maior da vida do crente, porque a graça demonstrada de Cristo é o seu princípio de vida e a palavra dEle é a sua regra cotidiana. A frase “nisto me regozijo e me regozijarei ainda”, dita por Paulo do versículo 18, demonstra o sentimento que dominava a sua alma de que nada afetaria sua alegria em Cristo. Não se tratava de uma alegria efêmera ou passageira, mas de uma alegria produzida pelo Espírito Santo na sua vida interior. Em seguida, ele diz que tinha em seu coração uma “intensa expectação”. Que expectação era essa? Não se referia à sua própria segurança, mas ao fato de que sua prisão e privação promoviam ainda mais o progresso do evangelho.
O que é que Paulo esperava? Qual era a sua expectativa acerca dos seus sofrimentos e da continuidade da expansão da igreja? No versículo 18, Paulo diz: “Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira”. Essa atitude revelava o anseio do apóstolo pelo crescimento da igreja, sem se importar por quais meios, visto que o poder do evangelho superaria os problemas humanos.
Porém, no versículo 19, Paulo estava certo de que Deus era poderoso para tirar bem do mal, fazendo que o mal, ou seja, a oposição feita contra ele, redundaria na salvação de muitas pessoas. Nesse mesmo versículo, o apóstolo estava confiante na provisão (“socorro”) do Espírito de Jesus Cristo. Ora, o Espírito de Jesus não era outro senão a terceira pessoa da Trindade, enviado por Cristo para suprir todas as necessidades da sua igreja na terra (G1 3.5). A presença do Espírito Santo na vida pessoal do crente e na igreja de Cristo é uma garantia de resultados positivos.
"... intensa expectação' (1.20). Qual era a expectativa de Paulo quanto à sua vida? Na mente do apóstolo, estar motivado por uma “intensa expectação” ou “ardente expectativa” significa alguém que estica o pescoço para ver o que há adiante. Paulo tinha esperança e estava seguro da promessa de Cristo de que em breve ele estaria em sua presença. Ora, o que esperava Paulo? Ele esperava não ser envergonhado ou “confundido” (v. 20). Sua vida dedicada ao Senhor lhe dava a garantia de que seus inimigos é que seriam envergonhados, pois ele estava dando a sua vida em libação ao Senhor. Ele esperava engrandecer a Cristo no “seu corpo físico” (v. 20), isto é, os sofrimentos físicos que padecia lhe davam a sensação de participar dos sofrimentos do Senhor Jesus.
Como Paulo vê a morte e a vida em sua experiência pessoal (1.21,22)
A expressão “porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (v. 21) revela o sentimento que dominava coração e mente do apóstolo. Viver, para ele, era a vida que agora tinha. O seu passado não era vida, mas era morte. Porém, ao encontrar a Cristo, recebeu vida e vida abundante. Essa declaração não significa apenas viver para servir a Cristo, para fazer o melhor que possa no Reino de Cristo na terra, ou para agradá-lo, fazer sua vontade, ou para ganhar almas para Cristo. E muito mais que isso. Significa uma total identificação com Cristo, no sentido de que “o viver é ter Cristo em sua própria vida”. Em Gálatas 2.20, ele disse: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim”. Paulo se via identificado com Cristo com tal comunhão, como a união do tronco com os ramos, o corpo com a cabeça. Nesse sentido, as coisas do mundo não podiam afetá-lo, porque ele podia dizer: “Estou crucificado com Cristo”.
Na sua mente, continuar vivo fisicamente significaria continuar fazendo o seu trabalho missionário. Porém, ele via o seu sofrimento físico como um modo de glorificar a Cristo no seu corpo. Paulo colocava o seu ideal acima de qualquer adversidade. A morte traria lucro pessoal porque poderia estar para sempre com o Senhor. Porém, o que importava era a pregação do evangelho. Por vida ou por morte tudo o que Paulo queria era que Cristo fosse engrandecido no mundo (1.21). Ele queria viver para servir a Cristo, para agradar-lhe e fazer sua vontade, mas entendia, também, que o que importava era Cristo, não ele propriamente. Por isso, declarou aos gálatas: “E vivo, não mais eu; mas Cristo vive em mim” (G1 2.20). Sua consagração a Cristo era total e completa. Cristo era o principio, a essência e o fim na sua vida pessoal. NEle vivia e se movia para a sua glória, por isso, podia dizer: “Para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (1.21).
Nos versículos 19 a 21, Paulo expõe suas emoções revelando um dilema interior que era o desejo de estar com Cristo e o estar vivo na carne para continuar fazendo a obra de Deus. Pela morte ou pela vida, Paulo queria e desejava que Cristo fosse engrandecido na sua vida. Ele apela para as orações da igreja para que o socorro divino fosse concedido a ele naquela hora difícil.
1.22 — O “viver na carne” era uma declaração de que continuar a viver fisicamente poderia representar sua total devoção a Cristo. O que importava para ele era que seu trabalho em favor de Cristo produziria resultados eternos, e não meramente temporais. Essa expressão não tinha um caráter moral, mas referia- se a viver na carne para continuar a dar fruto no seu trabalho de disseminação do evangelho. Quando fala do “fruto da minha obra”, referia-se ao fato de que se sua existência física podia lhe dar a oportunidade de continuar dando fruto, então valia a pena estar vivo. Mais do que sua escolha pessoal entre viver e morrer, valia o fato de que estar vivo, contribuiria para a proclamação do evangelho e o fortalecimento da igreja. Na verdade, o seu futuro não dependia da sua escolha pessoal, porque estava sob o poder do Império Romano. Independentemente de qualquer ação drástica do império contra a sua vida, ele não tinha nada a temer pela certeza de que seu destino estava na mão de Deus.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 42-45.
18s “Mas também me regozijarei!” Os filipenses ficam atentos: será que o processo dele de fato está melhor do que temiam? Porventura ele tem uma boa notícia a comunicar? Prestam mais atenção ainda: “Pois na verdade sei que „isso me redundará em salvação‟ através da vossa oração e pelo apoio do Espírito de Jesus Cristo segundo minha ardente expectativa e esperança.” Ou seja, Paulo, estás contando com uma sentença de libertação porque nós aqui em Filipos e tantos outros em todos os lugares oram por ti e porque o Espírito de Deus na verdade também é capaz de guiar como rios de água o coração de alguém como Nero? Não é, Paulo, que tua “ardente expectativa e esperança” naturalmente também espera que não tenhas de morrer, que mais uma vez fiques livre de todo esse longo período de sofrimento, retornando à liberdade?!
Não foi em vão que Paulo não revestiu sua certeza com palavras próprias, mas recorreu a Jó 13.16, na forma que conhecia da tradução grega do AT. É como se esta citação visasse dizer aos filipenses: em relação ao futuro só sei aquilo que todas as pessoas sabem de Deus, até mesmo Jó. No final tudo desemboca em salvação. Também o filho amado de Deus não sabia, no tocante ao curso terreno das coisas, como continuaria. Também o filho amado de Deus eventualmente precisou entrar em toda espécie de aflições e dores. Exteriormente o futuro é tão incerto e inseguro para o crente como para qualquer outra pessoa. Sobre o processo de Paulo não paira a garantia de que para um mensageiro de Jesus rodeado de orações sempre haverá um bom desfecho. Da mesma forma não está escrito sobre o leito de enfermidade do devoto que ele recuperará a saúde. O crente só sabe o que todos os demais não têm como saber: o desfecho será para a salvação!
20 Trata-se na verdade de um modo de pensar radicalmente diferente, que separa o crente de todos os demais e distingue cabalmente os “santos em Cristo Jesus” de todas as outras pessoas, até mesmo das muitas que apresentam apenas uma religiosidade cristã. Também o crente não é um “estoico”, alguém cujo coração não se deixa mais mover por anseios e esperanças. Não, uma “ardente expectativa e esperança” vivem também no peito dele. Mas o conteúdo desta esperança não são mais o eu e sua prosperidade. Como isso será realmente possível? Como pode haver tal liberdade do eu? O coração inteiro perde-se de tal forma em Cristo que seu único e ardente desejo é “que… Cristo seja engrandecido”. Isso é amor verdadeiro a Jesus, gerado do conhecimento mostrado pelo Espírito Santo de que esse Jesus “me amou e a si mesmo entregou por mim” (Gl 2.20). Esse amor a Jesus não pode ser “produzido” por nós, e tampouco podemos nos “forçar” a tê-lo. Ele é presenteado no milagre da real transformação cristã, no milagre do renascimento. Porque tornar-se cristão significa simplesmente perder-se a si mesmo para Cristo. Obviamente Paulo encara isso com toda a sobriedade: mesmo quando um coração renascido se posiciona desse modo em favor de Jesus, ele passa por lutas interiores ao trilhar a dura trajetória de sofrimento. Também como crentes continuamos sendo “carne”, e nossa carne se defende apaixonadamente contra todos os sofrimentos e a morte. Por isso mesmo quem verdadeiramente renasceu pode fracassar em determinados pontos dessa trajetória e “ser envergonhado”. Mesmo e justamente alguém como Paulo (cf. Pedro antes de seu renascimento!) não constitui exceção disso, como se algo assim naturalmente não pudesse acontecer com ele. Ele precisa da intercessão da igreja! Precisa do apoio do Espírito Santo, o qual ele designa justamente aqui de “Espírito de Jesus Cristo”, porque também Jesus glorificou o Pai no sofrimento e prometeu o auxílio do Espírito Santo exatamente nos tempos de perseguição e julgamento (Mt 10.20). “Apoio do Espírito de Jesus Cristo” é, portanto, um genitivo do sujeito. Mas Paulo tampouco se encaminha aflito e incerto para o futuro. A “fé” é aquela certeza bem peculiar que está igualmente distante da “segurança” e da “incerteza”: Porque estou certo de que isso me redundará em libertação, de que não serei envergonhado! Até então acontecera assim na vida de Paulo. Nessa vida e serviço “sempre” foi “engrandecido Cristo”. E precisamente “com toda a franqueza”. Paulo emprega um termo genuinamente neotestamentário, parrhesia, que Lutero traduz com uma expressão certeira de seu tempo, Freidigkeit [ousadia], da qual se originou, após a perda desse termo arcaico, o conceito bastante enganador Freudigkeit [alegria]. Neste repercute uma ênfase muito equivocada no sentimento, totalmente distante da parrhesia do NT. Não são meus sentimentos “alegres” que importam. Para começar, parrhesia é, de forma bem objetiva, o “livre caráter público” de uma causa ou um discurso, e somente a partir daí também subjetivamente a “franqueza” com que acontece esse agir ou falar público. O primeiro significado puramente objetivo deve ser o que vigora, p. ex., na conhecida frase final de Atos dos Apóstolos (At 28.31). Talvez o mensageiro algemado agora também pense apenas: independentemente de como acabar seu processo, Cristo sempre será glorificado por meio dele, com toda a “publicidade”. Contudo, talvez seu raciocínio ainda seja determinado pelo “não ser envergonhado”: independentemente de como continuar sua situação, ele testemunhará de Cristo com clareza e ousadia, engrandecendo-o dessa maneira. Nosso termo “franqueza” ainda permite expressar melhor um pouco dos dois aspectos disso.
A glorificação de Jesus acontece “em meu corpo”. Afinal, é seu corpo que agora traz as algemas, é seu corpo que Nero pode mandar matar. No entanto, igualmente seria seu corpo, em caso de soltura, que novamente teria de suportar todas as agruras das peregrinações, do trabalho manual para o sustento da vida e do serviço de mensageiro. Paulo não era – como a maioria de nós no cristianismo! – um “platônico”, que somente valorizava “a alma” e desprezava o corpo como insignificante ou até mesmo “mau”. Naturalmente também ele sabe que o pecado deturpou justamente o corpo, podendo escravizá-lo: o corpo está “morto por causa do pecado” (Rm 8.10). Ele é um “corpo de humilhação” (Fp 3.21). Por isso é preciso mantê-lo de rédeas curtas (1Co 9.27), as “práticas do corpo” têm de “ser mortificadas por meio do Espírito” (Rm 8.13). No entanto, tudo isso na verdade ainda não significa considerar o corpo como mero “invólucro” da “alma” que seria a única importante. Paulo pensava em termos bíblicos e via com sobriedade e clareza o quanto nossa vida ativa está totalmente condicionada ao corpo e carece dele. Por essa razão ele convocou os romanos a ofertar como sacrifício certo para Deus não os “corações” ou as “almas”, mas seus “corpos” (Rm 12.1). Da mesma forma tem consciência em sua própria vida de que a glorificação de Jesus acontece “em” seu corpo ou, como novamente podemos traduzir aqui o en grego, “por meio de” seu corpo. Esse corpo “insignificante”, muitas vezes tão precário e maltratado, é o meio da glorificação de Jesus – que verdade!
Isso ocorre independentemente do desfecho do processo, tanto no caso de soltura como no caso de execução, “quer pela vida, quer pela morte”! Porque o “engrandecimento do Cristo” concede um alvo de vida que também está radicalmente acima dos contrastes que nossa existência pode enfrentar. Todos os demais alvos de vida, mesmo os mais intelectuais e nobres, qualquer outro sentido de vida, até mesmo um “cristão”, depende de nossa situação. Até mesmo quando considero que o alvo e sentido de minha vida é servir aos enfermos e miseráveis sendo diaconisa, uma enfermidade precoce simplesmente poderá desmantelar esse sentido de vida. Há somente um alvo que jamais me poderá ser tirado, um alvo que posso perseguir sendo sadio ou enfermo, prisioneiro ou livre, vivente ou moribundo: “que Cristo seja engrandecido em meu corpo, quer pela vida, quer pela morte”. Em vista desse poderoso alvo a pergunta sobre o desfecho do processo perde sua constrangedora relevância.
21 Na sequência aparece aquela breve frase que se tornou uma das mais conhecidas de todo o NT. Inúmeras vezes ela foi recitada, inúmeras vezes cantada: “Jesus é minha vida, na morte hei de vencer” [HPD, nº 300, de Melchior Vulpius, 1609]. Justamente essas frases, porém, são particularmente ameaçadas e perigosas, de forma que devemos ouvi-las de forma completamente nova, a fim de passar por cima da habitual meia-compreensão e dos valores meramente orientados pelo sentimento. Nessa frase (assim como em todo o trecho) chama a atenção a marcante brevidade da linguagem, que exclui todos as dimensões sentimentais. A complexidade da tradução fornece uma impressão precária disso. Diversos aspectos de fato são difíceis de traduzir. Na palavra “viver, o grego faz diferença entre o verbo substantivado e o substantivo derivado do verbo, da mesma maneira como nós dizemos “o correr” e “a corrida”, “o cantar” e “o cântico”. Em “viver”, portanto, precisamos formular de forma análoga. Aqui nesta frase Paulo usa o verbo substantivado com artigo: “o viver”, ou seja, a atividade de viver, e não o substantivo mais abstrato “a vida” como um fenômeno existente. Por isso a frase de Paulo deve ser entendida de forma muito mais ativa e vital do que geralmente fazemos. Precisamos lê-la exatamente como a ouvimos, p. ex., a respeito de outra pessoa: a vida dela foi desenhar e pintar. Por isso, “para mim” também aparece enfaticamente na frente no texto grego. Não sei de que consiste a vida de outros, e isto tampouco me importa agora - para mim ela é “Cristo”. A frase tem ainda outro significado diferente do conhecido hino fúnebre. Cumpre perguntar enfaticamente se aqueles que, assustados diante do esquife, se refugiam no consolo “Jesus é minha vida”, na verdade também são capazes de repetir a frase de Paulo: “Viver para mim significa Cristo”. Não obstante, apenas quando esta primeira parte puder ser afirmada como singela realidade, também a segunda parte se torna verdade: que “morrer” significa “lucro”. Com que facilidade caímos no chavão devoto! Quem experimenta com o coração trêmulo quanto “prejuízo” o morrer lhe traz talvez esteja muito mais próximo da verdade e seja bem mais preferido por Deus! Em sua amarga aflição poderá encontrar o verdadeiro caminho para Cristo, e também terá o privilégio de viver de tal maneira para Cristo que o morrer se torna autêntica e sinceramente “lucro”.
Werner de Boor. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses. Editora Evangélica Esperança.
Enquanto Paulo estava prisioneiro à espera do juízo devia enfrentar uma incerteza absoluta sobre seu destino de vida ou morte. Mas era-lhe indiferente. "Para mim", diz em sua famosa frase "o viver é Cristo". Para Paulo Cristo marcava o começo de sua vida. Aquele dia no caminho a Damasco foi como se Paulo tivesse nascido de novo e tivesse começado a viver uma vida inteiramente nova. Para Paulo, Cristo tinha sido a continuação da vida, não tinha havido um só dia em que tivesse vivido fora de sua presença e nos momentos de temor Cristo tinha estado com ele para lhe infundir ânimo (Atos 18:9-10). E para Paulo, Cristo era o fim da vida, pois esta o conduzia à sua presença eterna. Para Paulo Cristo era a inspiração da vida: significava o poder dinâmico e impulsor de sua existência. Cristo lhe tinha encomendado a tarefa de sua vida porque o tinha feito apóstolo e o tinha enviado como evangelista aos gentios. Cristo lhe tinha infundido fortaleza para a vida, pois a graça suficiente de Cristo era a que se aperfeiçoava em sua fraqueza. E Cristo era para ele a recompensa da vida, porque para Paulo a única recompensa que podia conceber era uma comunhão cada vez mais estreita com seu Senhor. A vida desprovida de Cristo não tivesse significado nada para Paulo. Para ele Cristo era a vida mesma.
“Para mim”, diz Paulo, “o morrer é lucro”. A morte é só a porta de entrada a uma presença mais próxima de Cristo. Há passagens em nas quais Paulo parece considerar a morte como um sonho do qual os homens serão despertados em alguma ressurreição geral futura (1 Coríntios 16:51-52; 1 Tessalonicenses 4:14, 16). Mas no momento em que percebia o sopro da morte, Paulo pensava nela não como o pegar no sono, mas sim como a entrada imediata à presença de seu Senhor. Se cremos em Jesus Cristo a morte é para nós união e reunião: união com Cristo e reunião com aqueles que amamos e dos que enquanto isso nos tínhamos separado.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag. 36.
Enquanto o desejo pessoal do apóstolo era de partir para estar com Cristo, a necessidade da igreja o convencia de que ele cedo seria libertado e continuaria trabalhando para o progresso dela na fé.
19. Paulo cria que a presente oposição resultaria no bem porque os cristãos estavam orando. Como resultado, o Espírito de Jesus Cristo (o Espírito Santo, não um espírito cristão) concederia um suprimento abundante daquilo que fosse necessário para a emergência existente. Soteria seria melhor se tomada como libertação da prisão, embora muitos comentadores entendem-na num sentido mais amplo. Alguns julgam perceber uma citação de Jó 13:16 (LXX), e interpretam a esperança de vindicação de Paulo como descansando sobre a consciência que tinha de sua integridade (cons. Michael, in loc.)
20. Apokaradokia, ardente expectativa, é uma palavra extraordinária, talvez cunhada pelo próprio Paulo. Literalmente significa olhar intensamente à distância com a cabeça estendida. A expectativa do apóstolo era dupla: para que ele não fosse envergonhado (isto é, desapontado com o fracasso do auxílio divino), e que Cristo fosse engrandecido (observe a substituição sensível da terceira pessoa passiva pela primeira pessoa ativa) no seu corpo (a esfera natural para a expressão externa do homem interior). A ênfase colocada sobre agora implica na proximidade da hora da crise. Quer pela vida, quer pela morte, não reflete indiferença da parte de Paulo sobre seu destino, mas a preocupação de que, em qualquer dos casos, Cristo seja honrado.
21. A vida do próprio Paulo foi tão completamente absorvida pela pessoa e programa do seu Senhor que ele podia dizer, Porquanto para mim o viver é Cristo. Cristo era o resultado total de sua existência. O morrer é lucro porque na ausência das limitações da vida, a união com Cristo seria completamente realizada. Nenhum sentido de cansaço do mundo deve ser entendido nessas palavras.
22. A falta de continuidade do versículo 22 reflete a perplexidade de Paulo. Das diversas possibilidades, a construção elítica – Se entretanto, (For-me concedido) o viver na carne, isto (resultará em) trabalho frutífero para mim – é a preferível. A escolha de carne em lugar de "corpo" enfatiza a natureza fraca e transitória da vida física. Paulo não se aventura a decidir entre as duas alternativas (neste contexto gnôrizô significa "tomar conhecidas as decisões de alguém"), mas prefere deixar a escolha com o Senhor.
MOODY. Comentário Bíblico Moody. Filipenses. pag. 10-11.
Fp 1.20,21 - Para aqueles que não creem em Deus. só resta a vida nessa terra; portanto, é natural que lutem pelos valores terrenos — dinheiro, popularidade, poder, prazeres e prestigio. Para Paulo, entretanto, viver significava desenvolver valores eternos e falar aos outros a respeito de Cristo, pois somente Ele poderia fazer com que entendessem a vida sob a perspectiva da eternidade. Todo o propósito de Paulo nesta vida era falar corajosamente a respeito de Cristo e se tornar semelhante a Ele. Assim Paulo poderia dizer consistentemente que morrer era melhor do que viver, porque a morte o livraria dos problemas terrenos e ele veria Cristo face a face (1 Jo 3.2. 3) Se você não está pronto para morrer, então não está pronto para viver. Procure ter certeza de seu destino eterno. Só assim será livre para servir — dedicando sua vida ao que realmente importa, sem medo da morte.
APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de estudo. Editora CPAD pag. 1663.
2. Paulo supera o dilema.
“Mas de ambos os lados estou em aperto” (1.23). Na ARA, a palavra traduzida para “aperto” é “constrangido”. A palavra “aperto” dá a ideia de estreitamento de duas ideias: viver ou morrer. Entre viver ou morrer, o apóstolo diz mais: “tendo desejo de partir e estar com Cristo”. A esperança do crente em Cristo é que, quando morrer fisicamente, possa estar com Cristo. Não há purgatório para o crente fiel, nem mesmo para o infiel. Os que morrem vão para o lugar provisório (Sheol-Hades), que é a morada das almas e espíritos dos mortos. Os justos vão para o descanso do Paraíso, e os ímpios vão para “o Lugar de tormento”, e todos ficarão nesses lugares até a ressurreição de seus corpos. Os justos em Cristo ressuscitarão primeiro por ocasião do Arrebatamento da Igreja de Cristo e os ímpios só ressuscitarão no Juízo Final.
O apóstolo Paulo declara que estava em aperto, ou seja, pressionado por dois pensamentos em sua mente: morrer para estar com Cristo, ou continuar vivo, para completar a obra ainda por fazer em favor da igreja.
1.24 — Neste versículo, Paulo entende a ideia de que “ficar na carne” seria mais necessário, por amor da igreja, isto é, continuar vivo.
1.25,26 — Paulo entende que se fosse libertado da prisão teria a oportunidade de rever todos os irmãos filipenses e gozar da sua hospitalidade e amor. Tudo o que Paulo mais desejava naquele momento era estar livre para retornar a Filipos e ver a igreja de perto, bem como regozijar-se na fé daqueles irmãos.
Nesses versículos, o apóstolo Paulo resolveu seu dilema em relação à igreja e declara que o seu desejo de estar com Cristo foi superado pela obrigação e o amor de servir aos irmãos. Paulo estava pronto para continuar trabalhando, mesmo tendo que enfrentar oposições dos romanos, de falsos cristãos, além das privações materiais e físicas, desde que tudo isso contribuísse para o progresso do evangelho e do crescimento espiritual da igreja (vv. 25,26).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 45-46.
22s Como isto poderá suceder? Não por meio de quaisquer artifícios, não por meio de um heroísmo qualquer, de disposição pessoal para morrer. Isso sempre resultaria em lutas que certamente falhariam no momento decisivo. É algo que só existe na forma de um presente libertador e soberano, no exato momento em que o viver para nós passa a ser Cristo. Porque então o morrer para nós se tornará um “partir” que nos conduz de todas as aflições, lutas, sofrimentos da atual existência para o “estar junto de Cristo”. É evidente que para Paulo esse “estar com Cristo” não é o alvo último e essencial de sua expectativa de futuro! Afinal, ele não poderia negar subitamente não apenas o que expôs tão poderosamente em 1Ts 4.13-18 e 1Co 15.35-57, mas também o que ele acaba de elaborar na presente carta em Fp 1.6,10s e sobretudo em Fp 3.20s. A explicação eventual de que, por causa do não retorno de Jesus e em vista da proximidade de sua própria morte, Paulo teria sido forçado a voltar-se agora para a esperança pela imortalidade puramente pessoal é totalmente impossível em vista de Fp 3.20s. Do mesmo modo, porém, a presente passagem também é violada pela sistemática teológica que considera como doutrina do NT a morte total do ser humano todo, quando leva a supor que nas entrelinhas o texto poderia insinuar que “tenho o desejo de partir e (mais tarde, quando da ressurreição dos mortos) estar com Cristo.” Sistematizações precipitadas sempre são negativas diante do NT, e não competem ao exegeta. Afinal, Paulo fala de um “lucro” trazido pelo morrer, e não apenas pelo retorno do Senhor. O desejo por ele testemunhado une tão estreitamente o “partir” e o “estar com Cristo” que não temos o direito de dissociá-los intercalando um longo tempo de morte ou de sono da alma. Assim a passagem perderia seu vigor peculiar no contexto geral das afirmações. Somente podemos constatar que a esperança de Paulo era mais rica do que nós queremos admitir com nossa sistemática, seja ela qual for. Com pleno vigor ele preservou a expectativa da parusia também quando escreveu aos filipenses. Considerou como alvo pleno somente a parusia e a perfeição da igreja que ela concretizará, inclusive mediante a dádiva de um novo corpo. Mas ao mesmo tempo ele era tão intensamente ligado à sua vida com Jesus que nem mesmo o morrer físico não poderia afastá-la, tão-somente aprofundando-a. Então ele estará “com Cristo” de um modo que até o momento ainda não era possível neste mundo, embora aqui também já esteja “em Cristo”. Por isso o morrer é um “lucro” pessoal para ele, sério e não-artificial, de forma que ele realmente podia ansiar de coração por essa “partida”. É capaz de afirmar com uma sucinta e forte frase intraduzível: “porque em muito melhor (seria isso!)”.
No entanto, Paulo não era nenhum individualista moderno! De forma alguma partilhava da ideia: “Já que estarei em situação tão mais favorável, posso tranquilamente deixar de lado a expectativa de futuro para as demais coisas”. Para ele importa a igreja, a consumação da obra de Jesus, a honra de Deus, a renovação de toda a criação! E este alvo não será ajudado em nada se Paulo, depois de morto, tiver recebido o presente de estar com Cristo e viver em condição muito melhor. Por isso Fp 1.21 e 3.20s permanecem consistente e claramente lado a lado, de modo que não temos a menor razão para atenuar ou modificar uma afirmação em favor da outra. Igualmente teremos de nos acostumar com o fato de que há etapas na ligação da vida com Jesus que não podem ser contrapostas uma à outra, porque cada uma possui seu próprio valor pleno. Há um “crer em Jesus”, há um “estar em Cristo” nesta terra, há um “estar com Cristo” após a morte, e há aquele “estar com o Senhor para todo o tempo” na consumação da igreja. Até mesmo neste ponto nosso olhar contempla mais alguns estágios na palavra da Escritura: “herdar tudo com Cristo”, “governar com Cristo como rei” em uma nova criação. Tudo o que Paulo fez e vivenciou nesta carne aconteceu “em Cristo”. Mas, por mais maravilhoso que isso seja, ainda não é “tudo”. Redimido dos labores, das dores e lutas de sua existência terrena, ele estará “com Cristo” de modo diferente e mais concreto. Porém nem mesmo isso ainda não é “tudo”, ainda não é o último e supremo estágio. Junto com a igreja também ele aguarda ardentemente a vinda de Jesus Cristo, o Senhor e Redentor, dos céus, para que transforme nosso corpo de humilhação em corpo igual ao de sua glória segundo o poder eficaz com que ele também é capaz de submeter o universo (Fp 3.20s).
Não precisar mais temer a morte, ansiando coerente e livremente pela partida, diante da qual todos em geral se assustam e atemorizam - isso é algo grandioso. Mas justamente agora Paulo revela algo ainda maior. Sua atitude permanece totalmente livre de qualquer anseio sentimental pela morte, como diz até mesmo o coral “Vem, doce morte” de J. S. Bach. Se lhe for atribuído “permanecer na carne”, isso para ele “significa fruto do trabalho”. Não sabe, agora, o que escolher, até mesmo no aspecto concreto do desfecho de seu processo. Ambos os desejos são intensos em seu coração, e ambos são em si puros e bons. Pode orar assim: que venha agora a sentença de morte, conduzindo-me de todo o enorme fardo de minha vida (cf. 2Co 11.23-33) para uma unificação mais profunda com Cristo! Concedendo-me a absolvição, pretendo produzir ainda mais frutos da obra! – Também essa prece ele pode e tem o direito de elevar a Deus. Que oração será essa, então? Uma coisa se torna decisiva para ele: “Permanecer na carne é mais necessário por vossa causa” (literalmente “continuar na carne”, como nosso “continuar vivo”). Com isso sua decisão foi tomada. Precisa acontecer aquilo que é “mais necessário”, ou, neste caso, é preciso rogar pelo “mais necessário”.
25s Talvez a frase subsequente “E confiando nisso estou certo…” não vise dizer mais do que exatamente isso: agora sei o que escolher, pelo que suplicar. Assim ele afirma tão-somente que foi libertado do dilema do quê desejar, sem gerar expectativas específicas para o desfecho real do processo. Conforme o teor das palavras, porém, é mais plausível supor que Paulo tinha a confiança de que também o Senhor levaria em conta o “mais necessário” e por consequência certamente concederia a Paulo que ele possa “permanecer”. Então “permanecerá com todos eles”. Certamente Paulo está olhando além de Filipos para todas as igrejas que precisam dele com tanta urgência. Mas em uma carta autêntica o autor dirige-se inicialmente apenas aos destinatários específicos. Por isso também Paulo continua: “Para o vosso progresso e alegria da fé, a fim de que vossa glorificação transborde em Cristo Jesus quanto a mim, por meio de minha presença de novo convosco.” Precisamos unir “progresso” e “alegria” a fim de relacionar o genitivo “da fé” com ambas as expressões. Se Paulo for liberto, não se aposentará merecidamente depois desses longos anos de sofrimento - seu trabalho continuará! Esse trabalho possui um alvo claro: o estado vigoroso e vivo da fé das igrejas. Paulo estava livre de qualquer falsa “humildade” que somente lamentaria sua insuficiência e imprestabilidade. Ele sabia que também seu trabalho “não é em vão no Senhor” (1Co 15.58). Por isso seu trabalho futuro propiciará um novo progresso na fé das igrejas, inclusive a dos filipenses. Como sua fé se tornará alegre quando virem o apóstolo a salvo de tais perigos! Paulo já vê diante de si como será a visita a Filipos depois de todos esses anos. Então haverá muito entusiasmo. As devidas ações de graça não serão prestadas apenas com medidas litúrgicas, mas então a “glorificação em Cristo Jesus” “transbordará” em Paulo, em tudo o que Jesus faz a Paulo e também concedeu à igreja por meio dele. Essa jubilosa alegria de fé de uma igreja inteira é mais importante e grandiosa do que a libertação de uma única pessoa das aflições desta vida e sua partida para o ambiente de paz do Senhor. Paulo tem certeza de que Deus concederá essa opção mais importante e mais grandiosa.
Werner de Boor. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses. Editora Evangélica Esperança.
Como resultado, Paulo vacilava entre dois desejos. "Estou posto num estreito", diz. A palavra que Paulo usa, senecomai, e é a que se aplicaria a um viajante que está num desfiladeiro estreito e rochoso com um muro de rocha de um lado e outro do outro, impossibilitado de se desviar do caminho e tendo como única alternativa a de seguir adiante. No que respeita a si mesmo, teria desejado partir para estar com Cristo; desejaria permanecer nesta vida somente por seus amigos e o que pudesse significar para eles. E então repensa; a escolha não é dela mas sim de Deus e não lhe é dado estabelecer o que fará porque só pode fazer o que Deus quiser.
"Tendo desejo de partir", diz Paulo numa frase muito gráfica. A palavra que usa para partir é analyein. Atrás desta palavra se perfilam três figuras.
(1) É a palavra que se usa para expressar a ideia de levantar acampamento, desatar as cordas das tendas, tirar as estacas e prosseguir a marcha. A morte é um ficar em marcha. Cada dia de marcha é uma jornada mais perto de nosso lar até que enfim se levanta pela última vez o acampamento neste mundo e se muda pela residência permanente no mundo da glória.
(2) É também a palavra que se usa para soltar amarras, levantar âncoras e fazer-se ao mar. Morrer é um fazer-se ao mar, lançar-se ao profundo, empreender essa viagem rumo ao porto eterno e para com Deus.
(3) É a palavra que se aplica à solução dos problemas. A morte traz as soluções da vida. Há um lugar em que todas as perguntas da terra receberão resposta, onde os problemas torturantes encontrarão uma solução, onde o quebrado será reparado e o perdido achado e, finalmente, onde os que mantiveram a esperança poderão compreender.
Paulo tem a convicção de que "ficará" e "permanecerá" com eles. Aqui, em grego, há um trocadilho impossível de reproduzir. Para "ficar" usa-se a palavra menein e para "permanecer" paramenein. A questão é a seguinte. Menein significa simplesmente permanecer com; mas  paramenein (para significa ao lado de) é aguardar ao lado de uma pessoa, estando preparado para ajudar em todo momento. Paramenein não só significa aguardar mas sim um aguardar disposto, e sempre capaz de ajudar. Paulo deseja viver não por si mesmo, mas por aqueles aos que, vivendo, pode continuar ajudando e servindo.
Assim, pois, se Paulo não pode ir vê-os de novo, os filipenses terão nele razões para glorificar-se em Jesus Cristo. Em outras palavras, poderão olhar a Paulo e ver nele o que Cristo pode fazer por um homem que se entrega totalmente a Ele. Paulo será um exemplo luminoso de como por meio de Cristo um homem pode enfrentar o pior e sair ileso e impertérrito. É o dever de todo cristão confiar e viver de tal maneira que os homens vejam o que Cristo pode fazer por aquele que lhe entrega sua vida.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag. 37-38.
23. Ora, de um e outro lado estou constrangido. Synekomai (estou em apuros) é uma expressão mais forte significando "estar ligado". Com a adição de um e outro lado significa "tolhido e pressionado de ambos os lados". Contemplando a possibilidade da libertação ou da espada, Paulo sente-se tolhido de tomar qualquer uma das direções. Seu desejo pessoal é partir (analyô descreve um navio levantando a âncora ou um soldado saindo bruscamente do acampamento; é um eufemismo para "morrer") e estar com Cristo. Isto seria incomparavelmente melhor – um comparativo duplamente reforçado ("uma ousada acumulação", Moule, op. cit.,), expressando a excelência superior de se estar com Cristo.
Filipenses (Comentário Bíblico Moody) 12
24. Mas a obrigação maior é continuar prosseguindo na presente vida. A preposição composta com o verbo simples – epi-menô, dá-lhe o pensamento especial de persistência. Desejo pessoal dá lugar à necessidade espiritual.
25. E, convencido disto (isto é, tudo o que foi dito nos vs, 19-24), Paulo sabe (convicção pessoal, não visão profética) que ele permanecerá com todos vós para o vosso progresso. O resultado será o gozo da fé (os dois substantivos dificilmente podem ser separados). Da fé (objetivamente – o credo, e subjetivamente – a apropriação do crente).
26. Afim de que assinala um propósito específico – dando-lhes um abundante motivo de glória. Em Cristo é a esfera de sua glória. Quanto a mim é o motivo, explicado pela frase seguinte, pela minha presença de novo convosco.
MOODY. Comentário Bíblico Moody. Filipenses. pag. 11-12.
A crise de Paulo (Fp 1:20-26)
Por causa das cadeias de Paulo, Cristo tornou-se conhecido (Fp 1:13), e por causa dos críticos de Paulo, Cristo foi pregado (Fp 1:18).
Mas por causa da crise de Paulo, Cristo foi engrandecido! (Fp 1:20). Havia a possibilidade de Paulo ser considerado traidor de Roma e de ser executado. Ao que parece, seu julgamento preliminar fora favorável, mas o apóstolo ainda não recebera o veredicto final. Mas o corpo de Paulo não lhe pertencia, e seu único desejo (resultante de sua determinação) era engrandecer a Cristo em seu corpo.
Cristo precisa ser engrandecido? Afinal o que um simples ser humano pode fazer para engrandecer o Filho de Deus? Considere, por exemplo, as estrelas, muito maiores que o telescópio, mas bem distantes. O telescópio as "aproxima" de nós. O corpo do cristão deve ser um telescópio que diminui a distância entre Jesus Cristo e as pessoas.
Para muitos, Cristo é uma figura histórica distante e nebulosa que viveu há séculos. Mas quando os incrédulos observam o cristão passar por uma crise, podem ver Jesus mais de perto. Para o cristão comprometido, Cristo está conosco aqui e agora. Enquanto o telescópio aproxima o que está distante, o microscópio amplia o que é pequeno. Para o incrédulo, Jesus não é grande.
Outras pessoas e coisas são muito mais importantes do que ele. Mas, ao observar o cristão passar por uma experiência de crise, o incrédulo deve ser capaz de enxergar a verdadeira grandeza de Jesus Cristo. O corpo do cristão é uma lente que torna o "Cristo pequeno" dos incrédulos extremamente grande e o "Cristo distante", extremamente próximo.
Paulo não temia a vida nem a morte! De uma forma ou de outra, desejava engrandecer a Cristo em seu corpo. Não é de se admirar que tivesse alegria!
Paulo confessa que se encontra diante de uma escolha difícil. Para o bem dos cristãos em Filipos, era necessário que ele permanecesse vivo, mas seria muito melhor partir e estar com Cristo. O apóstolo chega à conclusão de que Cristo permitiria que ele vivesse não apenas com o propósito de "[contribuir] para o progresso do evangelho" (Fp 1:12), mas também "para o [...] progresso e gozo da fé [dos filipenses]" (Fp 1:25).
Desejava que desbravassem novas áreas de crescimento espiritual. (A propósito, Paulo admoestou Timóteo, o jovem pastor, a ser um pioneiro em novos territórios espirituais na própria vida e ministério. Ver 1 Tm 4:15, em que o termo "progresso" é usado com o mesmo sentido.)
Paulo era um homem e tanto! Dispôs-se a adiar sua ida para o céu a fim de ajudar os cristãos a crescerem e a ir para o inferno a fim de ganhar os perdidos para Cristo! (Rm 9:1-3).
É evidente que Paulo não tinha medo da morte, pois significava apenas "partir". Esse termo era usado pelos soldados e se referia a "desarmar a tenda e prosseguir viagem".
Que retrato da morte do cristão! A "tenda" em que vivemos é desarmada pela morte, e o espírito vai para o lar, viver com Cristo no céu (ver 2 Co 5:1-8). Os marinheiros também usavam essa palavra com o sentido de "soltar as amarras da embarcação e pôr-se a navegar". Lorde Tennyson usou a mesma imagem para a morte em seu conhecido poema "Cruzando a Barra" [Crossing the Bar].
Todavia, partir também era um termo burocrático e descrevia a libertação de um prisioneiro. O povo de Deus encontra-se preso às limitações do corpo e às tentações da carne, mas a morte os libertará dessa servidão.
Ou, ainda, serão libertos quando Cristo voltar, se isso acontecer antes de morrerem (Rm 8:18-23). Por fim, partir era um termo usado pelos agricultores para se referir ao ato de remover o jugo dos bois. Paulo havia levado o jugo de Cristo, que era suave (Mt 11:28-30), mas também havia carregado inúmeros fardos em seu ministério (ver alguns deles em 2 Co 11:22 -12:10). Partir e estar com Cristo significava colocar de lado todos os fardos, pois seu trabalho na Terra estaria consumado.
Em todos os sentidos, não há coisa alguma que prive uma pessoa determinada de sua alegria. "Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro" (Fp 1:21). Maltbie Babcock, o conhecido músico e hinólogo do século XIX, disse: "A vida é aquilo para que estamos vivos".
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 88-89.
Fp 1.23 - Paulo se sentia em aperto de todos os lados, como uma cidade sitiada sem esperança de ver-se livre de sua aflição. Ele estava dividido entre a possibilidade de encontrar-se com o Senhor e a sua paixão por ministrar aos filipenses. Neste versículo, o desejo significa mais do que uma vontade; indica uma forte ânsia. Em relação à profissão de Paulo como fabricante de tendas, o termo partir quer dizer levantar acampamento ou desfazer a tenda com o intuito de preparar-se para viajar para outro lugar.
Paulo via a morte não como o fim da vida, mas como um momento de transição de um lar para outro. Em sua mente, não havia uma comparação real entre a vida e a morte porque esta era muito melhor (literalmente, “muito mais superior”).
Jesus disse que prepararia um lugar para nós (Jo 14). Esse lugar já está preparado na casa do Pai.
Fp 1.24 - A palavra grega traduzida como mais necessário contrabalança a expressão muito melhor do versículo 23. A ideia contida no verbo ficar é permanecer completamente ou perseverar. E uma forma intensiva do termo grego usado para permanecer no versículo 25. O fato de que Deus queria que ele continuasse a viver era, de acordo com Paulo, totalmente necessário para o crescimento espiritual dos filipenses (v. 25).
Fp 1.25 - Proveito vosso. Paulo não estava satisfeito com o fato de os cristãos filipenses serem simplesmente salvos, mas queria que eles progredissem rumo à maturidade em Cristo. Por isso, sentia a responsabilidade de continuar a ensinar-lhes.
Fp 1.26 - A vossa glória [...] por mim. Paulo sabia que, uma vez que os filipenses o amavam muito, eles ficariam contentes em ver que Deus havia preservado a vida dele na prisão, e que o apóstolo estava certo de que o ministério com eles continuaria. O significado literal de glória é ostentação ou exaltação. A glória dos cristãos de Filipos aumentaria drasticamente por causa da obra do Senhor.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 525.

ELABORADO: Pb Alessandro Silva.

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