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3 LIÇÃO 3 TRI 2013 O COMPORTAMENTO DOS SALVOS EM CRISTO


O COMPORTAMENTO DOS SALVOS EM CRISTO
Data: 21/07/2013.                           Hinos sugeridos: 79, 205, 597.
TEXTO ÁUREO
 “Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo peia fé do evangelho” (Fp 1.27).


LEITURA DIÁRIA
Segunda       - Fp 1.27-30                         Um chamado ao Evangelho.
Terça             - Fp 2.1-4                             Um chamado à unidade.
Quarta           - Jo 10.7-18                         O chamado do Bom Pastor.
Sexta             - Hb 4.14-16                        Um chamado a confiar em Cristo
Sábado          - 1 Co 12.12                        Em Jesus somos um
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Filipenses 1,27-30; 2.1-4
Filipenses 1
27 - Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho.
28 - E em nada vos espanteis dos que resistem, o que para eles, na verdade, é indício de perdição, mas, para vós, de salvação, e isto de Deus.
29 - Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele,
30 - tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e, agora, ouvis estar em mim.
Filipenses 2
1 - Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor; se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões,
2 - completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa.
3 - Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.
4 - Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.
27 Only let your manner of life be worthy of the gospel of Christ, so that whether I come and see you or am absent, I may hear of you that you stand firm in one spirit, with one mind striving side by side for the faith of the gospel,
28 and not frightened in anything by your opponents. This is a clear omen to them of their destruction, but of your salvation, and that from God.
29 For it has been granted to you that for the sake of Christ you should not only believe in him but also suffer for his sake,
30 engaged in the same conflict which you saw and now hear to be mine.
Chapter 2 Capítulo 2
1 So if there is any encouragement in Christ, any incentive of love, any participation in the Spirit, any affection and sympathy,
2 complete my joy by being of the same mind, having the same love, being in full accord and of one mind.
3 Do nothing from selfishness or conceit, but in humility count others better than yourselves.
4 Let each of you look not only to his own interests, but also to the interests of others.
Bíblia Sagrada Novo Testamento, Aprendendo inglês lendo a Palavra de Deus. pag. 205-206.
INTERAÇÃO
O crente é salvo pela graça, mediante a fé em Jesus. Este dom veio de Deus e não do próprio crente (Ef 2.8). O apóstolo Paulo faz questão de lembrar essa verdade eterna aos efésios para que eles não caíssem na sandice de gloriarem-se nas próprias obras. As obras são o resultado da salvação e não a causa dela. As Escrituras ensinam que é inimaginável um salvo em Cristo não manifestar obras de arrependimento e amor ao próximo Jo 15), pois do contrário, ele não seria discípulo de Jesus. Por isso, estude a tição desta semana com o viés do Evangelho que diz respeito a nossa conduta para com a sociedade, levando em conta que não nos comportaremos dignamente perante aos homens para sermos salvos, mas porque o somos pela graça de Deus, o nosso Senhor
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Compreender as características comportamentais de um cidadão do céu.
Contextualizar o comportamento digno do crente ante uma posição oposta.
Promover a unidade da igreja.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, as palavras por si mesmas falam muito. Talvez haja pessoas em sua classe que não estejam familiarizadas com os termos “consolação de amor”, “entranháveis afetos e compaixões”, “mesmo amor", “foco no outro como em si mesmo”. Note a força semântica apresentada pelo apóstolo Paulo no uso dessas expressões! A nossa sugestão é que você, munido de bons comentários bíblicos, enfatize o uso das expressões acima no tópico III da lição. Explique que a melhor maneira de conduzirmo-nos dignamente perante a sociedade é amando, pois “quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 1 3.8).
PALAVRA-CHAVE
Comportamento: Conjunto de atitudes e reações do indivíduo em face do meio social.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nesta lição, aprenderemos que muitas são as circunstâncias adversas que tentam enfraquecer o compromisso do crente com o Evangelho de Cristo.
Veremos que o testemunho do cristão é testado tanto pelos de fora (sociedade) quanto pelos de dentro (igreja). Todavia, a Palavra do Senhor nos conclama a nos portarmos dignamente diante de Deus e dos homens.
I - O COMPORTAMENTO DOS CIDADÃOS DO CÉU (1.27)
1. O crente deve “portar-se dignamente”. “Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo" (v.27), A palavra-chave desta porção bíblica é dignamente. Este termo sugere a figura de uma balança com dois pratos, onde o fiel da pesagem determina a medida exata daquilo que está sendo avaliado. Em síntese, precisamos de firmeza e equilíbrio em nossa vida cotidiana, pois esta deve harmonizar-se à conduta do verdadeiro cidadão dos céus.
2. Para que os outros vejam. O apóstolo Paulo deseja estar seguro de que os filipenses estão preparados para enfrentar os falsos obreiros que, sagazmente, intentam desviá-los de Cristo. Por isso fala do fato de estando ou não entre os filipenses, quer ouvir destes que estão num “mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho” (v.27).
3. A autonomia da vida espiritual. Os filipenses teriam de desenvolver uma vida espiritual autônoma em Jesus, pois o apóstolo nem sempre estaria com eles. Diante da sociedade que os cercava, Paulo esperava dos filipenses uma postura firme, mas equilibrada. Naquele momento a sociedade caracterizava-se por uma filosofia mundana e idólatra, na qual o imperador era o centro de sua adoração. Quantas vezes somos desafiados diante das vãs filosofias e modismos produzidos em nosso meio? O Senhor nos chama a ser firmes e equilibrados, testemunhando aos outros como verdadeiros cidadãos do céu.
SINOPSE DO TÓPICO (1)
O comportamento de um cidadão do céu reflete a autonomia espiritual que o crente deve apresentar no relacionamento com o outro.
II - O COMPORTAMENTO ANTE A OPOSIÇÃO (1.28-30)
1. O ataque dos falsos obreiros. A resistência ao Evangelho vinha através de pregadores que negavam a divindade de Cristo e os valores ensinados pelos apóstolos. Paulo, porém, exorta os crentes de Filipos quanto à postura que deveriam adotar em relação a tais falsos obreiros (v.28).
2. O objetivo dos falsos obreiros. Os falsos obreiros queriam intimidar os cristãos sinceros. Eles aproveitavam a ausência de Paulo e de seus auxiliares para influenciar o pensamento dos filipenses e, assim, afastá-los da santíssima fé. Por isso, o apóstolo adverte para que os filipenses não se espantassem. De igual modo, não devemos temer os que torcem a sã doutrina. Guardemos a fé e falemos com verdade e mansidão aos que resistem a Palavra de Deus (1 Pe 3.15).
3. Padecendo por Cristo. A Teologia da Prosperidade rejeita por completo a ideia do sofrimento, No entanto, a Palavra de Deus não apenas contradiz essa heresia, mas desafia o crente a sofrer por Cristo. É um privilégio para o cristão padecer por Jesus (v.29). Paulo compreendia muito bem esse assunto, pois as palavras de Cristo através de Ananias cumpriram-se literalmente em sua vida (At 9.16). Por isso, os crentes filipenses aprenderam com o apóstolo que o sofrimento, por Cristo, deve ser enfrentado com coragem, perseverança e alegria no Espírito. Aprendamos, pois, com os irmãos filipenses.
SINOPSE DO TÓPICO (2)
O cidadão do céu enfrentará ataques de cristãos não comprometidos com o Evangelho, por isso, ele deve estar cônscio que o seu chamado é o de padecer por Cristo.
III - PROMOVENDO A UNIDADE DA IGREJA (2.1-4)
1. O desejo de Paulo peia unidade. Depois de encorajar a igreja em Filipos a perseverar no Evangelho, o apóstolo começa a tratar da unidade dos crentes. Como a Igreja manterá a unidade se os seus membros forem egoístas e contenciosos? Este era o desafio do apóstolo em relação aos filipenses. Para iniciar o argumento em favor da unidade cristã, o apóstolo utiliza vocábulos carregados de sentimentos afetuosos nos dois primeiros versículos (2.1,2). Tais palavras opõem-se radicalmente ao espírito sectário e soberbo que predominava em alguns grupos da congregação de Filipos:
a) Consolação de amor; comunhão no Espírito e entranháveis afetos e compaixões. Cristo é o assunto fundamental dos filipenses. Por isso, a sua experiência deveria consistir na consolação mútua no amor de Deus e na comunhão do Espírito Santo, refletindo a ternura e a compaixão dos crentes entre si (cf. At 2.42ss.).
b) Mesmo amor, mesmo ânimo e sentindo uma mesma coisa. Quando o afeto permeia a comunidade, temos condições de viver a unidade do amor no Espírito Santo. O apóstolo Paulo “estimula os filipenses a se amarem uns aos outros, porque todos têm recebido este mesmo amor de Deus” (Comentário Bíblico Pentecostal, p,1290).
Consolidada a unidade, a comunhão cristã será refletida em todas as coisas.
2. O foco no outro como em si mesmo. Vivemos numa sociedade tão individualista que é comum ouvirmos jargões como este: “Cada um por si e Deus por todos”. Mas o ensinamento paulino desconstrói tal ideia. O apóstolo convoca os crentes de Filipos a buscar um estilo de vida oposto ao egoísmo e ao sectarismo dos inimigos da cruz de Cristo (2.3). No lugar da prepotência, deve haver humildade; no lugar da autossuficiência, temos de considerar os outros superiores a nós mesmos.
3. Não ao individualismo. Paulo ainda adverte: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros” (v.4). Esta atitude remonta a um dos ensinos mais basilares do Evangelho: “ama o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.31; cf. At 2.42-47). Isto “rememora o exemplo de Paulo, de colocar as necessidades dos filipenses em primeiro lugar (escolhendo permanecer com eles, 1.25) e de procurar seguir o exemplo de Cristo de não sentir que as prerrogativas da divindade sejam ‘algo que deva ser buscado1 para os seus próprios propósitos” (Comentário Bíblico Pentecostal, p.1291).
SINOPSE DO TÓPICO (3)
O cidadão do céu deve ter o foco no outro como o tem em si mesmo. Ali, não deve haver (ugar para o individualismo.
CONCLUSÃO
Com a ajuda do Espírito Santo, podemos superar tudo aquilo que rouba a humildade e o relacionamento sadio entre nós. O Espírito ajuda-nos a evitar o partidarismo, o egoísmo e a vanglória (G1 5.26). Ele produz em nosso coração um sentimento de amor e respeito pelos irmãos da fé (Fp 2.4). A unidade cristã apenas será possível quando tivermos o sentimento que produz harmonia, comunhão e companheirismo: o amor mútuo. O nosso comportamento como cidadãos dos céus deve ser conhecido pela identidade do amor (jo 13.35).
VOCABULÁRIO
Arrebol: Vermelhidão do pôr do sol.
Hedonitas: Pessoas que consideram o prazer individual e imediato o único bem possível.
Sectarismo: Partidarismo; tendência a preferir, ou formar, um grupo em detrimento do todo.
Sibaritas: Da antiga cidade grega de Síbaris (Itália). Pessoas dadas a indolência ou à vida de prazeres, por alusão aos antigos habitantes de Síbaris, famosos por suas riquezas e voluptuosidade.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Teológico
“O Comportamento à Luz da Experiência Cristã
[...] Paulo desafia seus ouvintes a tornarem a sua alegria completa. A ideia que está por trás de fazer algo completo é trazer isto à sua realização ou ao objetivo final. Em Filipenses, Paulo observa que experimentou a alegria no sofrimento, a alegria de ser lembrado pelos filipenses por ocasião de sua necessidade, e a alegria pelo evangelho ser pregado. Para ele, a alegria completa é que a igreja, que é a comunidade redimida, viva a realidade do evangelho.
Depois de rogar aos filipenses que compartilhassem a experiência da salvação, Paulo desafia-os a refletir várias qualidades em suas vidas (vv. 2b-4), todas aquelas que dependam ou aumentem a primeira: ‘sentindo uma mesma coisa' (v.2b). Esta expressão indica muito mais do que compartilhar pensamentos ou opiniões comuns; denota o completo processo de pensamentos e emoções de uma pessoa, que estão intimamente refletidos na maneira de viver, pois ambos estavam ligados como se fossem uma única característica.
Uma característica de boa consciência é que os cristãos deveriam ter ‘o mesmo amor’ uns para com os outros. Paulo estimula os filipenses a amarem-se uns aos outros, porque todos têm recebido este mesmo amor de Deus (2.1)” (ARRINCTON, French L.; STRONS- TAD, Roger (Eds). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 4. ed. Vol. 2 Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.486).
AUXILIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Vida Cristã
“PONTO DE VISTA DE UMA BANHEIRA QUENTE
Antes, eu pensava em banheira quente como algo reservado a hedonistas em Hollywood, e sibaritas em San Francisco; agora sei que, sob certas circunstâncias, a banheira quente é o símbolo perfeito da rota moderna da religião. A experiência da banheira quente é voluptuosa, relaxante, lânguida, - não de um modo exigente, seja intelectualmente ou de outra forma, mas muito, muito agradável, a ponto de ser excelente diversão. Muita gente hoje quer que o cristianismo seja assim, trabalham para que o seja. O último passo, claro, seria tirar os assentos da igreja e, em seu lugar, instalar banheiras quentes, então não mais haveria qualquer problema com a frequência. Entrementes, muitas igrejas, evangelistas, e pregadores eletrônicos já estão oferecendo ocasiões que, sentimos, são a coisa mais próxima da banheira quente - a saber: reuniões alegres e livres de cuidados, momentos de real diversão para todos, [...] Esta espécie de religião projeta a felicidade na forma de um bem-vindo caloroso a todos quantos sintonizam ou vêm visitar; um coro aquecido com uma música sentimental balançante; o uso de palavras ardentes e massageadoras em orações e pregações; e um arrebol vespertino cálido e animado (outro toque da banheira quente). À indagação, ‘Onde está Deus5, a resposta que estas ocasiões geralmente projetam, não importa o que seja dito, é: ‘No bolso do pregador’. Calmamente, certamente, mas... isto é fé? Adoração? Culto a Deus? É religiosidade o nome verdadeiro deste jogo? [...]
Os sintomas da religião banheira quente, hoje, incluem um índice fragorosamente crescente de divórcio entre os cristãos; tolerância largamente difundida das aberrações sexuais; um sobrenaturalismo, que busca sinais, maravilhas, visões, profecias e milagres; xaropes calmantes, de pregadores eletrônicos e de púlpitos liberais; sentimentalismo anti-intelectual e ‘picos’ emocionais deliberadamente cultivados, o equivalente cristão da maconha e da cocaína; e uma fácil e irrefletida aceitação da luxúria no viver diário. Esta não é uma tendência saudável. Ela faz a Igreja parecer-se com o mundo, levada peio mesmo apetite desarrazoado pelo prazer temperado com magia. Desta forma, eles minam a credibilidade do evangelho da nova vida. Se esta tendência for revertida, uma nova organização de referência terá de ser estabelecida. Para esta tarefa, portanto, movemo-nos agora para onde as Escrituras nos guiam” (PACKER, J. I. O Plano de Deus Para Você. l. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.54,68,69).
EXERCÍCIOS
1. De acordo com a lição, o que sugere o termo dignamente?
R: Este termo sugere a figura de uma balança com dois pratos, onde o fiel da pesagem determina a medida exata daquilo que está sendo avaliado.
2. Como a Palavra de Deus contradiz a Teologia da Prosperidade em relação ao sofrimento?
R: Desafiando o crente a sofrer por Cristo, pois de acordo com o ensino de Paulo, é um privilégio o cristão padecer por Jesus (v.29).
3. O que Paulo usa para argumentar a favor da unidade cristã?
R: O apóstolo utiliza vocábulos carregados de sentimentos afetuosos nos dois primeiros versículos (2.1,2).
4. A atitude de se preocupar com as necessidades do próximo remonta a qual ensino basilar do Evangelho?
R: “Ama o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.31; cf. At 2.42-47).
5. O que você pode fazer, ou já tem feito, para superar tudo aquilo que rouba a humildade e o relacionamento sadio entre irmãos de sua igreja?
R: Resposta pessoal.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
HOLMES, Arthur E Ética: As decisões Morais a Luz da Bíblia. 1. ed. Rio de janeiro: CPAD, 2000.
PACKER, J. I. O Plano de Deus Para você. 1. ed. Rio de janeiro: CPAD, 2004.
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 55, p.37.
Vivemos numa sociedade onde a hipocrisia é a sua maior característica. Muitos se julgam árbitro de políticos, artistas, jornalistas e etc. Outros quando perguntado sobre a corrupção no país não titubeiam em dizer que os políticos devem ser presos. Mas quem são as pessoas que respondem a esta pergunta? São técnicos em refrigeração, taxistas, contadores, advogados, gente que representa as mais variadas classes sociais do Brasil. Ao mesmo tempo em que condenam a corrupção, eles cometam as maiores atrocidades éticas nas suas próprias profissões.
À luz deste contexto social e hipócrita é que somos desafiados a ler a mensagem aos Filipenses. O que nela está posta para o Corpo de Cristo é uma mensagem que não aceita uma vivência de vida dualista. No versículo 27 do capítulo 1 o apóstolo usa a expressão "quer vá e vos veja, que esteja ausente" para denotar que o marco moral regulatório do discípulo de Cristo está muito bem definido. O cristão é o que é sem ou com os olhares das pessoas. O apóstolo não admitia a ideia de uma vida "pública" e outra "privada".
Os discípulos foram chamados para salgarem e serem luz em todas as esferas da vida, onde quer que eles estejam. Tanto para a sociedade quanto para os crentes. E bem verdade que esta postura pode causar grandes oposições e incompreensões. O apóstolo Paulo alerta aos filipenses sobre isso quando disse que eles não deviam se espantar com aqueles que resistem as reivindicações do Evangelho.
E comum nos dias de hoje os obreiros que não adotam o discurso da teologia da prosperidade ter as portas fechadas para fazer uso do púlpito. O pregador que não adere ao "hit do momento" corre o risco de não ter acesso ao microfone. Mas este obreiro quando tem a consciência do que é realmente padecer por Cristo sabe distinguir o Evangelho de Cristo do falso evangelho da prosperidade. O Evangelho de Cristo é centrado na pessoa de Jesus, o da prosperidade no homem. Logo, não é possível conciliar uma mensagem materialista com aquela que reivindica a completa anulação humana dos seus próprios desejos e deleites.
A Teologia da Prosperidade é incompatível com o Evangelho pelos seguintes motivos: enquanto uma foca o si mesmo, o outro foca no outro; enquanto uma diz sim ao individualismo, o outro diz não; enquanto uma diz "conquiste o que é seu", o outro conclama "reparta o que é seu".
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A quebra da sequência dos versículos tem por objetivo destacar a importância do assunto inserido no texto. O texto indicado para este capítulo trata, como se vê, da conduta digna que o cristão deve viver em meio aos sofrimentos infligidos no contexto da vida cristã. Esses mesmos versículos destacam a perseverança como qualidade indispensável para suportar o sofrimento. Em todo o Novo Testamento, especialmente nas cartas de Paulo, o sofrimento esteve presente na vida dos cristãos. Ele mesmo lidava com o sofrimento com uma postura firme na esperança de que um dia não haveria mais sofrimento para os que estão em Cristo.
Neste final do capítulo 1 (Fp 1.27-30), Paulo faz de Cristo o exemplo supremo da vida dedicada. Esse exemplo se torna um consolo quando sofremos por amor a Cristo. Paulo chama a atenção dos filipenses para as aflições e perseguições que ele havia passado e que eles também experimentariam. Em outra carta, o apóstolo resume seu pensamento nesse sentido quando diz: “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Tm 3.12).
O apóstolo admoesta aos cristãos de Filipos a que norteassem suas vidas pelo evangelho de Cristo, independentemente das adversidades que tivessem de enfrentar por causa do nome de Jesus. Por que aceitar sofrer pelo evangelho? A resposta simples e objetiva estava na convicção de que um dia esse sofrimento iria parar, e a presença do Espírito Santo na vida íntima de cada crente fortaleceria a esperança da glória. Na realidade, Paulo faz um convite aos cristãos para que sejam capazes de padecer pelo Senhor Jesus, porque o galardão da fidelidade estava garantido.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 48.
I - O COMPORTAMENTO DOS CIDADÃOS DO CÉU (1.27)
Exortações e Exemplos Pessoais
1. Exortação à coerência e à coragem (1.27-30)
“Somente (eu estando ou não com vocês) deveis portar-vos dignamente [literalmente: ‘comportar-vos como 6 4 Comentário Bíblico cidadãos’] conforme o Evangelho de Cristo” - que vos tem dado a cidadania celestial. A notícia que Paulo deseja ouvir é a de que os filipenses “permanecem firmes” , sem ceder terreno, unidos num só propósito como se fossem um só espírito, ou uma só “alma” (mente), “combatendo juntamente pela fé do evangelho” (no original: “companheiros combatentes” , v. 27). O termo deriva-se dos jogos de gladiadores no anfiteatro romano, nos quais os homens lutavam até a morte, ombro a ombro, contra um adversário comum.
Os irmãos devem mostrar intrepidez no meio da perseguição (Filipos, segundo At 16, era um lugar sujeito a agitações). O próprio valor e a atitude inabalável deles demonstraria aos inimigos, claramente, que estavam convictos da vitória final e da destruição dos seus adversários (v. 28).
Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses, Hebreus. Editora CPAD. pag. 63-64.
1. O crente deve “portar-se dignamente”.
1 O significado de “portar-se dignamente” (1.27)
Ao exortar aos cristãos filipenses que se portassem dignamente, Paulo tinha em mente o estilo de vida da cidade e da sociedade de Filipos, como uma representação autêntica da vida romana. Ele entendia que a cidade que oferecia honras aos seus cidadãos e que levava uma vida politeísta poderia afetar a fé em Cristo. Ele, então, apela à consciência cristã dos membros da igreja a que tivessem cuidado em não corromper a fé recebida em Cristo. Paulo lembra nessa exortação o fato de que eles deveriam saber como viver numa sociedade comprometida com a cidadania imperial romana, sem se esquecer de que eles tinham uma cidadania celestial, cujo Rei era o Senhor Jesus Cristo. Esse fato é lembrado no texto de 3.20: “Mas a nossa cidade está nos céus”. O apóstolo apela para a conduta cristã que os filipenses deveriam ter em relação à vida da cidade política e social de Filipos.
A maior dificuldade do mundano está na palavra “conduta”, que é interpretada como um modo de cercear a liberdade de ser e de fazer o que quiser fazer. Entretanto, do ponto de vista da Bíblia, essa palavra cabe perfeitamente no estilo de vida cristã. A conduta requerida não é um cerceamento à liberdade; pelo contrário, é um modo de exercer liberdade com domínio sobre todos os ímpetos da natureza humana.
Note o que o texto diz: “somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo”. A palavra chave nesta frase é “portar-se” que melhor traduzida e de acordo com o contexto se refere ao comportamento de um cidadão. Portanto, como “cidadãos dos céus” os cristãos devem conduzir-se de um modo digno do evangelho. Esse modo digno de conduzir-se implica agir com firmeza e equilíbrio na vida cristã cotidiana.
A palavra “digno” está no texto grego do Novo Testamento como aksios (ou axios) e é usada por Paulo em outras cartas aos efésios (Ef 4.1), aos colossenses (Cl 1.10) e aos tessalonicenses (1 Ts 2.12). A palavra axios sugere, na sua etimologia, a figura de uma balança de dois pratos em que o fiel da balança determina a medida exata daquilo que está no prato. O valor ou dignidade é achado quando o fiel da balança fica na posição vertical central. Os pratos da balança que ficam em posição horizontal precisam ter o mesmo peso para equilibrar o fiel da balança. O cristão precisa ter uma vida equilibrada com o fiel da balança que é a vontade soberana de Deus para a sua vida. Em síntese, os privilégios de que gozamos na vida cristã devem condizer com nossa conduta de cidadãos dos céus.
2 O comportamento de cidadãos dos céus (1.27)
O texto diz literalmente “vivei” como “cidadãos dos céus” do mesmo modo como cada cidadão romano tinha que viver conforme as leis do Império Romano. Muito mais, como cidadãos romanos, os cristãos deveriam viver de modo digno do evangelho, sem ofender a lei terrena, mas nunca negando a salvação recebida de Cristo Jesus. Por isso, um cidadão consciente sabia que deveria sempre respeitar as leis do império para ter privilégios de cidadãos (Rm 13.1-7). Do mesmo modo, o cristão devia comportar-se como cidadão dos céus, porque sua nova pátria é o Reino de Deus. Mais à frente, Paulo identifica bem esse novo estado de vida do cristão quando diz: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20). O cristão deve, portanto, comportar-se de forma digna dessa cidadania. Todo aquele que for nascido de novo, é nova criatura e tem seu nome escrito no Livro da Vida do Cordeiro, por isso faz parte da família celestial (2 Co 5.17; Fp 4.3).
Paulo tinha uma visão ética da vida cristã muito definida. Por isso, é frequente nas suas cartas o apelo ao padrão de conduta ética para as igrejas sob a sua orientação pastoral. Várias vezes nos deparamos com esse apelo paulino nas suas cartas. Aos Tessalonicenses, ele escreveu: “Assim como bem sabeis de que modo vos exortávamos e consolávamos, a cada um de vós, como o pai a seus filhos, para que vos conduzísseis dignamente para com Deus, que vos chama para o seu reino e glória” (1 Ts 2.12). Ao recomendar uma cristã chamada Febe, membro da igreja em Cencreia, Paulo escreveu aos romanos: “Recomendo-vos, pois, Febe, nossa irmã, a qual serve na igreja que está em Cencreia, para que a recebais no Senhor, como convém aos santos” (Rm 16.1,2). Percebe-se que é o evangelho que estabelece a norma ética do comportamento cristão.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 48-50.
Embora não figure na versão portuguesa como base textual deste comentário, esta frase começa com a expressão «tão-somente...», de acordo com o original grego. É como se Paulo houvesse dito: «Ainda que me seja bom ser solto e tornara ver-nos, contudo, ‘isto' vos exorto, acima de tudo—uma boa conduta cristã, em minha presença ou em minha ausência.
“É justamente com essa finalidade que desejo permanecer fisicamente vivo, o que deve ocupar o primeiro lugar, sem importar que eu esteja presente convosco ou ausente de vós».
O termo grego «monon» («tão-somente», que não aparece na versão portuguesa que usamos como texto básico deste comentário), pois, se encontra em posição enfática, destacando o fato que a verdadeira conduta cristã é a condição indispensável e exclusiva da alegria de Paulo, quando chegasse à presença deles, conforme o demonstra a conexão com os versículos vinte e quatro a vinte e seis deste capítulo. (Uso similar do termo grego «monon» pode ser encontrado nos trechos de I Cor. 7:39; Gál. 2:10 e II Tés. 2:7). Somente sob a condição de uma conduta verdadeiramente cristã é que os crentes em geral, como também os crentes filipenses, em particular, podiam desfrutar de progresso e alegria espirituais, tendo motivos verdadeiros para neles se regozijarem e ufanarem.
«... vivei... por modo digno...» Em outras palavras, «que vossa maneira de viver seja digna». É empregado aqui o termo grego «politeuomai», que tem o significado de «ser cidadão», «exercer a cidadania» de modo digno. (Ver o trecho de Fil. 3:20, onde Paulo usou um substantivo correlato, a fim de referir-se à cidadania espiritual dos crentes filipenses; portanto, compreendemos que Paulo quis dizer aqui que aqueles crentes deveriam conduzir-se como dignos cidadãos da pátria celeste, que é supremamente melhor que todas as pátrias terrenas. Assim estariam conferindo crédito à pátria celeste e estariam glorificando à pessoa de Cristo.
A palavra ordinariamente empregada por Paulo para indicar a conduta cristã diária é andar. (Ver Gál. 5:16,25 e as notas expositivas ali existentes, acerca dessa metáfora, que era de ocorrência frequente tanto nos escritos religiosos como entre os autores seculares). O trecho de Fil. 3:16-18 subentende essa maneira de andar, em seus aspectos negativo e positivo.
O vocábulo usado no presente texto gradualmente veio a ser usado para indicar toda a conduta moral. Portanto, o verbo «andar», nas páginas do N.T., provavelmente é usado para indicar, pelo menos secundariamente, nossos contactos e nossas responsabilidades sociais. Em certo sentido o espiritual pois, o apóstolo dos gentios conclamou aos crentes filipenses que reconhecessem tais responsabilidades, tanto no seio da comunidade cristã como na qualidade de seus representantes, no mundo exterior. Paulo não aconselhava àqueles crentes que fossem bons cidadãos da comunidade de Filipos, por amor à cidade, mas antes, que se mostrassem bons representantes do povo celestial, o que, automaticamente;, os tomaria bons membros da sociedade terrena. Os filósofos estoicos encaravam os homens como cidadãos do mundo, dotados de responsabilidades perante todos os seus semelhantes. Aristóteles sentia tão agudamente a obrigação do indivíduo perante a sociedade que fazia da ética um ramo da política, não considerando bom a qualquer indivíduo que não quisesse servir ao estado e à comunidade em que vivia. Ora, isso também é verdade no que tange ao mundo espiritual. Precisamos reconhecer a existência do «mundo espiritual», ao qual pertencemos; e também devemos reconhecera comunidade religiosa à qual estamos vinculados.
«...modo digno do evangelho de Cristo...» De que maneira? Isso pode ser respondido através dos seguintes três pontos:
1. Mediante ações corretas, conforme é coerente com as exigências morais do evangelho;
2. mostrando gratidão ao Senhor pelo seu grande dom;
3. e visando sempre o progresso do evangelho (a mensagem de salvação) no mundo, porquanto nossas boas ações demonstrarão o valor e o poder do evangelho. (Ver também declarações similares, nas páginas do N.T., como; «Não devemos criar', qualquer ‘obstáculo ao evangelho’», em I Cor. 9:12. Somos avisados a não «perverter» o evangelho, em Gál. 1:7). Quanto a notas expositivas completas sobre o «evangelho», onde se discute esse termo e seus usos, ver os trechos de Mat. 1:1 e Rom. 1:16. E isso pode ser comparado com Efé. 4:1, onde se lê: « ...q u e andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados»; e também com I Tes. 2:12, que diz: «...a cada um de vós, exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de Deus...»; e, finalmente, com Col. 1:10, que reza: «...a fim de viverdes de modo digno do Senhor...»
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 21-22.
Fp 1. 27 Paulo desenhou para si e para os filipenses a grata imagem do reencontro. Porém não fez isso para que agora sonhem a esse respeito e preencham o tempo com esperas e preocupações. Com um movimento vigoroso (“Acima de tudo:”), Paulo leva os filipenses, depois de todas essas comunicações pessoais, de volta a seus próprios afazeres e tarefas. Que o alegre dia da glorificação transbordante seja concedido, mas acima de tudo está diante de todos o cotidiano com suas demandas, e essas demandas não são fáceis nem para os filipenses nem para Paulo.
“Vivei vossa vida comunitária.” O verbo usado aqui por Paulo pode ter esmaecido para um significado genérico “conduzir a vida, andar”. É assim que ocorre, p. ex., em At 23.1. Como Paulo não emprega aqui o termo peripatein, que ele em geral mais utiliza para “andar”, o uso de politeuesthai certamente visa expressar ao mesmo tempo o momento “político” (cujo som também permite a nós essa associação de termos). Ou seja, não apenas “Vivei vossa vida!”, mas “Vivei vossa vida comunitária!”. Desse modo somos novamente lembrados de que o NT nunca se dirige a pessoas isoladas, que não visa a formação de personalidades em si, mas a “comunidade”, as irmandades e sua vida conjunta. “Conduta”, “santificação”, também isso e justamente isso é o objetivo da vida fraterna no NT.
Que configuração deve ter a vida da congregação? Paulo, que lutava para que as igrejas não se tornassem reféns de uma santificação legalista (cf. especialmente Cl 2.16-23), não é capaz de responder a essa pergunta com determinados “estatutos”. Preceitos jamais captarão a plenitude da vida ativa em sua constante mutação, e ficarão sempre presos a aspectos exteriores. Por isso Paulo fornece um ponto de orientação capaz de determinar constantemente o comportamento no convívio da igreja a partir de dentro: “De modo digno do evangelho do Cristo vivei vossa vida comunitária!” Este é um traço muito significativo da “ética” do NT. O fazer e produzir das pessoas não são o mais importante. Antes de tudo elas são livre e ricamente presenteadas: o evangelho do Cristo, o Redentor, com seu amor que jamais será compreendido, vem até eles. Na sequência, há evidentemente um viver e agir que corresponde a essa graça régia, a esse amor imerecido. “Eleitos, nascidos em alta posição, cumpre andar de acordo com ela.” Uma pessoa de fora, distante, não pode dizer aos filipenses de que consiste esse agir e viver “digno” hoje e aqui, mas eles mesmos são capazes de descobrir estas diretrizes na irmandade. Com segura e crescente “sensibilidade” (Fp 1.9s) eles perceberão: isto não é “digno do evangelho”, mas aquilo pode ser esperado do povo do Cristo.
Werner de Boor. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses. Editora Evangélica Esperança.
27. Deviam viver de modo digno, como cidadãos do céu. O uso que Paulo faz de politeuomai, "viver como cidadãos", "cumprindo deveres comuns", em vez do seu usual peripateô, "andar", seria notado e apreciado numa colônia romana como Filipos. A palavra enfatiza o efeito de uma comunidade cristã em uma sociedade pagã. Indo . . . estando ausente não indica dúvidas quanto ao futuro mas uma tentativa de desprendê-los de uma indevida dependência dele. A ideia do combate de gladiadores passa por todos estes versículos: Eles deviam estar firmes (stêkô), lutando juntos (synathleô), e não deviam se espantar (ptyreomai, v. 28). Em um só espírito indica uma ofensiva unificada; uma só alma (sede das afeições) indica que a unidade deve estender à disposição interior.
MOODY. Comentário Bíblico Moody. Filipenses. pag. 12.
2. Para que os outros vejam.
«...ou indo ver-vos, ou estando ausente, ouça...» No caso de ser solto da prisão, Paulo planejava visitar aos crentes de Filipos; e ainda que assim não sucedesse, desejava receber confirmação de que estavam andando «dignamente». Se porventura as circunstâncias se tomassem adversas para o apóstolo, e ele tivesse de continuar aprisionado, queria ouvir falar do «andar» digno daqueles c rentes, mesmo que não pudesse avistar-se pessoalmente com eles. Isso de poder ele estar presente ou ter de ficar ausente, era uma questão «indiferente». O que realmente importava era a conduta cristã deles.
«...que estais firmes.. .» Essa expressão pode ser comparada com o trecho de Efé. 6:11,13, onde o mesmo vocábulo grego é empregado, e onde o soldado cristão recebe ordem de resistir ao inimigo, sem retroceder, fazendo frente aos seus ataques e conquistando assim a vitória. (Ver igualmente o trecho de II Tes. 2:15). A constância , a força e a harmonia nos são recomendadas, conforme as palavras que se seguem, «...em um só espírito...», nos permitem perceber.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 22.
SEU APELO
Uma vez que fora do evangelho não há salvação, nem vida que seja verdadeiramente para a glória de Deus, então um ardente, categórico e ressoante apelo é dirigido a todos os homens, apelando-lhes a que se reconciliem com Deus.
“De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que se reconciliem com Deus” (2Co 5.20).63 O que está implícito é também ultimado.
Os filipenses estão vivendo em harmonia com este evangelho? E estão fazendo isso sem levar em conta se estão ou não sendo observados por Paulo? É por isso que o apóstolo diz: Tão-somente continuem a exercer sua cidadania de modo digno do evangelho de Cristo, de modo que, quer eu vá e os veja, ou esteja ausente, que ouça de vocês, etc. Certamente isso está em harmonia com o estilo condensado e emocional de Paulo, e que interpretamos essas palavras neste sentido:
“... de modo que, ou eu vá e os veja, ou permaneça ausente e ouça acerca de vocês, então eu saiba que ...” etc.
HENDRIKSEN. William. Exposição de Filipenses. Editora Cultura Cristã. pag. 453-454.
O único evangelho que o mundo conhece é o que vê refletido na vida dos cristãos. Capítulo por capítulo, a cada dia,  Por meio das coisas que fazes E das palavras que dizes,
Estás a escrever um evangelho.
Quer fiel quer verdadeiro,
 Os homens leem o que escreves.
O que é o evangelho
Segundo tua vida?
(autor desconhecido)
"O evangelho" é a boa-nova de que Cristo morreu por nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou (1 Co 15:1-8). Há somente uma "boa nova" da salvação; qualquer outro evangelho é falso (Cl 1:6-10). A mensagem do evangelho é a boa-nova de que os pecadores podem se tornar filhos de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus (Jo 3:16). Acrescentar qualquer coisa ao evangelho é o mesmo que destituí-lo de seu poder. Não somos salvos de nossos pecados pela fé em Cristo mais alguma coisa; somos salvos somente pela fé em Cristo.
- Alguns conhecidos nossos têm uma ideia completamente errada do evangelho - comentou um membro da igreja ao pastor.
- Pode indicar alguns livros que possamos lhes dar para ler?
O pastor abriu a Bíblia em 2 Coríntios 3:2 - "Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens" - e disse:
- Nem o melhor livro do mundo é capaz de substituir seu modo de viver. Permitam que essas pessoas vejam Cristo em seu comportamento e vocês terão oportunidades de compartilhar o evangelho de Cristo com elas.
A maior arma contra o diabo é uma vida piedosa. Uma congregação que se comporta de maneira condizente com suas convicções derrotará o inimigo. Eis o primeiro elemento essencial para a vitória nesta batalha.
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 91.
3. A autonomia da vida espiritual.
«...em um só espírito...» Visto que no original grego nunca eram usadas letras maiúsculas, não sabemos dizer se há ali alusão ao «espírito» humano, na forma de «atitude», ou ao Espírito Santo. Os intérpretes têm entendido haver referência aqui tanto a uma como a outra coisa; e sempre haveria alguma verdade em foco. O que sabemos, indiscutivelmente, é que qualquer unidade que haja no seio da igreja cristã, isso vem através da influência da residência do Espírito nos crentes, porquanto ele é o unificador e o fortalecedor da igreja de Cristo. Outrossim, isso deve concretizar-se na forma de uma atitude comum, no seio da comunidade dos crentes, como também de cada crente individual; porque é somente dessa maneira que se formará a «disposição» da unidade comum. Portanto, todos esses aspectos focalizam uma verdade qualquer. Todavia, o mais provável é que haja aqui alusão à vida espiritual comum, caracterizada por paz e harmonia, implantada no íntimo daqueles crentes, embora sempre fique destacado o pensamento que é o Espírito Santo quem produz tal condição.
«...com uma só alma...» O termo grego «psuche» é empregado aqui. Com frequência significa a «alma», a porção imaterial do homem. E vários intérpretes, para evitarem uma redundância formada pela palavra grega «pneuma», traduzem o termo que há neste ponto por «mente». Ê verdade que «psuche» pode indicar a mente, como a sete das emoções, da razão e dos desejos; tudo o que é atribuição da alma, do homem interior. Mas essas duas palavras gregas, «pneuma» e «psuche», com frequência são sinónimos, pois ambas se referem ao homem essencial, espiritual, ainda que neste ponto se deva pensar em certa distinção. Mediante o uso de ambas essas palavras, Paulo enfatizou a união e a harmonia profundas que devem caracterizar a comunidade dos crentes. Essa harmonia deve visar um esforço comum, em busca do bem e do avanço do evangelho. Deve haver a determinação e a resolução de fazer-se exatamente isso, sem quaisquer sentimentos de rivalidade e espírito faccioso, conforme certos indivíduos, conhecidos de Paulo, pregavam a Cristo. (Ver os versículos quinze e dezessete deste mesmo capítulo).
« ...lutando juntos ...» No original temos aqui um único termo, «sunathleo», da mesma raiz que deu nosso vocábulo português «atleta»..
Paulo parece empregar aqui 0 símbolo de uma competição atlética, da mesma maneira que «ficar firme» sugere uma metáfora militar. Todavia, esse termo era comumente usado, fora de qualquer contexto, com o sentido de «luta», de «conflito». E a adição do prefixo «sun» in d ic a o esforço conjunto, que se origina da unidade íntima. Ora, isso também é contrário à moda facciosa com que alguns indivíduos anunciavam a Cristo, os quais faziam tudo com finalidades de autoglorificação e motivados pela inveja.
Em Fil. 4:3, essa palavra é novamente utilizada, referindo-se a certas mulheres que «labutavam juntamente com» Paulo no evangelho, sendo essa a única outra ocorrência do termo em todo o N.T.
«...pela fé...» Temos aqui o dativo de interesse, conforme diríamos hodiernamente «no interesse da fé». Normalmente, por toda a parte do N.T., a fé aparece como algo «subjetivo», dando a entender a entrega da alma a Cristo, o exercício de confiança para com ele, mediante o que qualquer pessoa é justificada aos olhos de Deus. Porém, essa palavra também pode revestir-se de um sentido «objetivo», quando então se torna virtual sinónimo da «fé cristã», ou mesmo da «religião cristã», em contra distinção com todas as demais «fés religiosas». Entretanto, não é frisada aqui nenhuma ideia de «credo», pois não está em pauta nenhum corpo doutrinário, mas antes, a fé viva em Cristo, como padrão de vida.
Naturalmente, isso envolverá «crenças»; mas «crença», em sentido abstrato, é a ideia desta passagem, dando-nos a entender uma crença centralizada em Cristo, a qual se torna a «fé» mediante a qual alguém vive.
A expressão «...fé evangélica...», aqui usada, não é encontrada em qualquer outra porção do N.T. Poderia significar «fé no evangelho»; mas isso nos levaria de volta ao conceito da fé «subjetiva», a confiança no Cristo anunciado pelo evangelho. Mas o que deve ser mantido aqui é o conceito da fé «objetiva», a saber aquela fé que pertence ao evangelho e é promovido por ele. No presente texto, trata-se virtualmente da «fé cristã», da religião cristã, que tem por centro o evangelho de Cristo. Ê por essa razão que Kennedy (in loc.) comenta como segue, a respeito: «Temos aqui o cristianismo , considerado em seu aspecto mais característico da aceitação da revelação da misericórdia divina, em Cristo, em que 0 indivíduo fica dependendo dele, para salvação de sua alma». Era visando o avanço dessa «fé» que Paulo ordenava agora aos crentes filipenses que lutassem juntos, resguardando sua pureza e propagando o seu poder de salvação entre os homens, preservando sua própria existência em um mundo hostil, que haveria de perseguir aos seus seguidores. Isso pode ser confrontado com as palavras de Jud. 3, onde se lê: « ...a batalhardes diligentemente pela fé...», onde se aprende que essa forma de defesa do evangelho precisa ser incluída no sentido do versículo presente, mas que não exaure todo 0 seu significado, conforme as notas expositivas mais acima procuram demonstrar.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 22.
em um só espírito, como uma só alma (1:27c)
Junto com o pé firme na fé, deve também haver unidade no seio da igreja, uma partilha mútua de convicções e responsabilidades em um só espírito, com uma só mente.
Muitos intérpretes têm argumentado que a frase deve ler em um só Espírito, referindo-se ao Espírito Santo. Paul é, obviamente, falando do Espírito Santo quando ele diz que "por um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, ... e todos nós fomos feitos para beber de um só Espírito" (1 Cor. 12:13). O mesmo é verdadeiro quando ele observa que através de Cristo "ambos temos acesso em um mesmo Espírito ao Pai", comandando os crentes a ser "diligente para preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz", porque "há um só corpo e um só Espírito ... um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos e por todos e em todos "(Ef 2:18; 4:3-6). Mas o contexto da passagem atual, que incide sobre as atitudes dos crentes, parece indicar que ele está falando do espírito humano do crente.
Psuche (mente) é mais frequentemente traduzido como "alma". Aqui mente parece mais apropriado, porque, como já foi dito, Paulo está falando de atitudes pessoais e perspectivas. Um espírito, com uma mente refere-se à experiência de unidade, interdependência, harmonia e. Desde o início da igreja era de um só espírito, com uma só mente. Dentro de poucos dias depois de Pentecostes, todos aqueles que criam estavam unidos e tinham tudo em comum, e eles começaram a vender suas propriedades e bens e os repartiam por todos, como se poderia precisar. Dia após dia, continuando com uma mente no templo, e partindo o pão de casa em casa, eles foram tomar as suas refeições com alegria e sinceridade de coração. (Atos 2:44-46; cf. 4:32)
No início desta carta, Paulo elogia os Filipenses por sua "participação no evangelho desde o primeiro dia até agora" (1:5), e mais tarde ele adverte: "Se há alguma exortação em Cristo, se houver alguma consolação de amor, se há alguma comunhão no Espírito, se qualquer afeição e compaixão, completem a minha alegria por ser da mesma opinião, mantendo o mesmo amor, unidos em espírito, com a intenção de um propósito "(2:1-2). Ainda mais tarde, ele recomenda "Evódia e Síntique ... para viver em harmonia no Senhor" (4:2), ao mesmo tempo, expressando grande apreço por essas duas mulheres, porque eles tinham "todos [sua] luta pela causa do evangelho "(v. 3).
Unidade na sua Igreja era uma das grandes paixões de Jesus. Na Última Ceia, Ele disse aos Seus discípulos: "Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei, vós também vos ameis uns aos outros. Por isso todos saberão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros "(João 13:34-35). Um pouco mais tarde, em Sua oração sacerdotal, Ele orou para que todos os que acreditam nele "todos sejam um, como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti, que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. A glória que me conferiste eu dei para eles, que eles sejam um, como Nós somos um "(17:21-22). Este pedido surpreendente foi respondida na unidade espiritual que realmente existe no corpo de Cristo. Os crentes partilham a vida eterna concedido por Deus no novo nascimento, de modo que eles são um com o Senhor e uns com os outros (cf. 1 Cor. 10:16-17).
Paul desejado para ver o resultado prático dessa verdadeira unidade espiritual no cuidado amoroso e ministério. A unidade funciona da igreja também foi uma das grandes paixões de Paulo. Ele lembrou aos crentes em Roma que, "assim como temos muitos membros em um só corpo e todos os membros não têm a mesma função, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente membros uns dos outros .... Seja da mesma opinião em relação ao outro, não ser arrogante em mente, mas associar-se com os humildes "(Rom. 12:4-5, 16). Ele implorou a igreja faccioso em Corinto: "Exorto-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que todos concordam e que não haja divisões entre vós, mas que seja completo em um mesmo pensamento e no mesmo parecer "(1 Cor. 1:10).
Contenda Igreja nem sempre envolve tais pecados flagrantes como adultério, roubo, mentira, ou difamação. Muitas vezes, é gerada por esses "menores" pecados como rancores sobre questões menores, críticas injustas, amargura, a insatisfação e desconfiança. Às vezes, surge a desarmonia que não pode nem mesmo ser claramente identificado ou atribuído a qualquer indivíduo, incidente ou problema. O inimigo da igreja bem-sucedida quando o povo de Deus transformar a sua "liberdade em uma oportunidade para a carne", esquecendo-se "através do amor servir um ao outro", e em vez disso começa a "morder e devorar um ao outro", às vezes ao ponto mesmo de ser "consumida por um outro" (Gl 5:13, 15). A única solução é a "andar pelo Espírito, e [assim] não realizar o desejo da carne" (v. 16). Ele requer a tomada de esforço especial para "ser gentil com o outro, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou" (Ef. 4:32).
Paul sempre teve que lidar com divisões na igreja entre judeus e gentios, escravos e livres, e homens e mulheres. Em resposta a essas questões, ele declarou que em Cristo "não há judeu nem grego, não há nem escravo nem homem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3:28) . Mais uma vez, falando de judeus e gentios, lembrava aos Efésios: "Agora, em Cristo Jesus, vós que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque ele é a nossa paz, que fez os dois grupos em um único e quebrou a barreira do muro que dividia "(Ef 2:13-14;.. Cf vv 18-22). "Aquele que se une ao Senhor é um espírito com Ele" (1 Cor 6:17;. 2 Coríntios 12:18.), E, portanto, deve ser de um espírito e mente com todos os que Lhe pertence. Paulo dá a chave para a verdadeira unidade da igreja quando ele escreve, "[ser] da mesma mente, mantendo o mesmo amor, unidos em espírito, com a intenção de um propósito. Não fazer nada de vaidade ou egoísmo vazio, mas com humildade de respeito mente um do outro como mais importante do que a si mesmos, não apenas olhar para seus próprios interesses pessoais, mas também para os interesses dos outros "(Filipenses 2:2-4) . Em outras palavras, ele continua a dizer: "Tende em vós o que houve também em Cristo Jesus" (v. 5).
ESFORÇANDO-SE
combatendo juntamente com uma só alma pela fé do evangelho; e que em nada estais atemorizados pelos adversários, o que para eles é indício de perdição, mas para vós de salvação, e isso da parte de Deus (1:27d–28) Uma terceira característica de uma conduta digna envolve crentes que lutam juntos. Sunathleō (lutando juntos) é uma palavra grega composta, composto do sol preposição (com) eo athleō substantivo, o que significa para competir em um concurso, especialmente em um esporte como o wrestling. É o termo a partir do qual o atleta palavras Inglês e atletismo são derivadas. Escrevendo a Timóteo, Paulo usou o verbo duas vezes em seu sentido literal como uma analogia espiritual, declarando que "se alguém compete como atleta, ele não ganhar o prêmio, a menos que ele concorre de acordo com as regras" (2 Tm. 2:5) .
Na presente passagem, lutando juntos, obviamente, é a ideia de Paulo tem em mente, ao invés do lado oposto de lutar ou competir contra, como a palavra também pode ser processado. Ele está enfatizando a atitude não de tirar proveito de outro para benefício próprio, mas sim de sacrificar o bem-estar próprio de alguém para promover o bem-estar dos outros. A ideia de lutar contra a está implícito, mas apenas no sentido de que a igreja deve também ser lutando juntos contra o pecado eo inimigo comum, Satanás e seus exércitos de demônios.
Paul salienta aqui a relação positiva de crentes uns com os outros. Mais de uma equipe esportiva com muitos jogadores excepcionais não conseguiu vencer um campeonato, porque a maioria desses jogadores concentrados no seu próprio sucesso e não do time. Uma equipe menos talentosos muitas vezes pode vencer aquele que é mais talentoso, pois a equipe mais fraca funciona de forma eficiente em conjunto para alcançar um objetivo comum. Um jogador com um talento extraordinário pode ser temporariamente afastados ou mesmo adiar a equipe, porque, impressionante como seus esforços individuais pode ser, ele faz mal sua equipe mais do que bom. Lutando juntos na igreja significa jogar como uma equipe para fazer avançar a verdade de Deus.
Unidade genuína de qualquer tipo deve ter um propósito. Tentando alcançar a unidade para o bem da unidade é um exercício de futilidade, porque ele deve ter a motivação e o foco de uma causa comum e objetiva. A unidade da Igreja só é verdade se baseia na fé do evangelho, que refere-se à fé cristã. Em outros lugares, Paulo chama isso de "o evangelho de Cristo" (Gal. 1:7) e "o evangelho da glória do Deus bendito", com a qual ele e Timóteo, bem como todos os outros crentes, foram confiadas (1 Tim . 1:11; 6:20; cf Rm 1:1;... 2 Tm 1:14; cf 4:7).. Judas se refere a ela como "a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (Jd 3).
Como já mencionado, lutando juntos não avança apenas a fé do Evangelho, mas também suspende o avanço de qualquer se lhe opõe. A Igreja sempre enfrentou um mundo hostil. Alguns hostilidade é óbvia e direta, como a dos ateus, filósofos humanistas, e outras religiões. Grande parte da hostilidade, entretanto, é indireto e sutil, que muitas vezes é mais perigoso.
Falso ensino tenha encontrado o seu caminho em igrejas que antes  eram bíblico e evangélico. Os defensores dos falsos evangelhos, qualquer que seja a forma, "distorcem ... as Escrituras, para sua própria destruição" (2 Pedro 3:16), bem como à destruição daqueles que enganar. Em nenhum momento na história da igreja houve maior necessidade de discernimento do que em nossos dias. A igreja precisa desesperadamente a advertência do Senhor: "Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores" (Mt 7:15;. Cf. At 20:28-30; Judas 4). "Pele de cordeiro" é qualquer ideia ímpio, a princípio, ou prática que está redigida em terminologia cristã. Tais doutrinas de demônios, além de minucioso exame, parecem ser bíblico. Como Timóteo, os crentes devem constantemente e cuidadosamente "guarda o que tem sido confiada a [eles], evitando conversa mundana e vazia e os argumentos contrários do que é falsamente chamado 'conhecimento'" (1 Tm 6:20;. Cf 2 Tm.. 1:14).
A meta positiva de lutar juntos é anunciar a fé do evangelho. No Pentecostes, Pedro declarou: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo" (Atos 2:38). Pouco tempo depois ele testemunhou perante os líderes judeus naquela cidade: Que seja conhecido por todos vocês e para todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos .... Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os construtores , mas que se tornou a pedra angular. E não há salvação em nenhum outro, pois não existe debaixo do céu outro nome que foi dado aos homens pelo qual devamos ser salvos. (Atos 4:10-12)
Desde o início da pregação apostólica do evangelho, suas afirmações absolutas e inequívocas foram ridicularizados. Para o mundo descrente, tais reivindicações são o grande escândalo do evangelho. Mas essas verdades únicas e exclusivas são coração do evangelho e substância. Jesus declarou: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14:6), e que a afirmação é reiterada em todo o Novo Testamento. Tragicamente, hoje a evangelização visa eliminar o delito de pregar sobre o pecado e a santidade, arrependimento e humildade, em um esforço para tornar a mensagem mais aceitável para os caídos, a natureza humana depravada. Um número crescente de igrejas intencionalmente jogar para baixo os elementos bíblicos da salvação e as exigências do verdadeiro discipulado. Ao fazê-lo, o verdadeiro evangelho é banalizado ou reduzidos a um nível impotente, e acondicionados em as contra facções reducionistas várias formas de diversão e entretenimento.
Na tentativa de tornar o evangelho atraente e aceitável, o ministro muitas igrejas de maneira que efetivamente, embora não intencionalmente, afetam a própria Palavra de Deus que eles proclamam. É encorajador que biblicamente fundamentado, cuidadosamente fundamentado, e pregação expositiva teologicamente som está fazendo um retorno. Mas, e grandes, mais cultos evangélicos, aulas de escola dominical (incluindo adultos), reuniões de jovens e outras atividades são projetados principalmente para satisfazer emocionalmente aqueles que assistem. Deus focada adoração, reverente, e pensativo, juntamente com a instrução séria, exortação e correção a partir do Word, é raro.
Muito louvor, como cristãos, grandes pregadores e teólogos do passado, como George Whitefield, Jonathan Edwards, ou Charles Spurgeon, a maioria dos membros da igreja de hoje não se contentar em ouvir qualquer desses homens por mais de alguns minutos, muito menos algumas horas (o comprimento de alguns dos seus sermões!). Eles afirmam que aqueles homens eram maravilhosos instrumentos do Senhor para os seus próprios dias, mas terrivelmente fora de contato com o local onde as pessoas são hoje.
Paulo incentivou os crentes de Filipos estar em nenhuma maneira alarmado com os seus adversários. Alarmado é de pturō, um verbo usado somente aqui no Novo Testamento. Não significa necessariamente medo abjeto, como a prestação de King James Version "aterrorizada" poderia sugerir. Mas fez referência à preocupação, medo grave. Foi usado de um cavalo assustado que trancada, muitas vezes por causa de algo perfeitamente inofensivo, e jogou o seu cavaleiro. Cristãos nos dias de Paulo, incluindo aqueles em Filipos, muitas vezes tinham razão humana bem a ser aterrorizada com espancamentos possíveis, prisão e até mesmo execução de opositores do evangelho. Outros enfrentou adversários um pouco menos graves: familiares, amigos e vizinhos que ridicularizavam e renegou-os. Mas, por mais grave o conflito pode ser, não eram para se alarmar, porque o fato de que eles estavam sendo atacados por causa do evangelho era a prova de que seus oponentes estavam indo para a destruição. Mas foi também um sinal da salvação eterna dos crentes. Ambos os sinais são de Deus, o primeiro a marcar os seus inimigos, a segunda para marcar seus filhos. Da mesma forma, Paulo incentivou os tessalonicenses fiéis, dizendo: "Nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus para a sua perseverança e fé no meio de todas as perseguições e as tribulações que suportais", e, em seguida, ele explicou que "este é um indicação clara do justo juízo de Deus "(2 Ts 1:4-5;...cf vv 6-8).
JOHN MACARTHUR, JR. Novo Testamento Comentário Filipenses Comentário Expositivo.
II - O COMPORTAMENTO ANTE A OPOSIÇÃO (1.28-30)
1. O ataque dos falsos obreiros.
igreja enfrentava uma oposição de intimidação (1.28)
A versão bíblica Almeida Revista e Corrigida (ARC) apresenta o texto assim: “Em nada vos espanteis dos que resistem” (v. 28). A versão da Bíblia Viva esclarece ainda mais o texto com estas palavras: “sem temor algum, não importa o que os seus inimigos possam fazer”. A palavra “resistir” tem o mesmo sentido que “oposição”, e isso estava ganhando espaço no seio da Igreja como uma forma de intimidação aos fiéis.
A expressão “em nada vos espanteis” contém um verbo expressivo que sugere o tropel de cavalos assustados. Paulo mostra a distinção na reação de coragem e firmeza que os filipenses deveriam ter em relação às perseguições. Ele garante que o sofrer por Cristo é garantia de salvação e vitória sobre os inimigos. A invasão de falsos mestres e apóstolos no seio da igreja produzia medo da parte dos cristãos que Paulo havia doutrinado. A resistência ao ensino do evangelho vinha de fora por intermédio de pregadores que negavam a divindade de Cristo e os valores ensinados pelos apóstolos. Essa resistência de alguns tinha por objetivo ameaçar e intimidar os cristãos sinceros. Paulo estava preso. Então eles se aproveitaram da ausência do apóstolo e dos outros obreiros auxiliares de Paulo para exercerem influência nos pensamentos e no afastamento da fé cristã. Mas Paulo apela ao sentimento daqueles cristãos estimulando-os a permanecer firmes sem se deixarem enganar e desanimar. Na verdade, Paulo os estimula a que mantenham a fé genuína e enfrentem de cabeça erguida aos que resistem à mensagem do evangelho. A oposição identificada no seio da igreja vinha de fora da comunidade que abriu caminho para dentro da igreja e passou a influenciar alguns cristãos. Esses opositores eram formados por alguns eruditos perniciosos e itinerantes que, para ganhar espaço no seio da igreja, criticavam o apóstolo Paulo. Porém, o apóstolo eleva a importância do evangelho de Cristo como capaz de produzir em seus corações a vitória da parte do Senhor.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 51.
2. O objetivo dos falsos obreiros.
No grego, a palavra aqui traduzida por «...intimidados...» é «pturo», que significa «aterrorizado», «assustado», e que ocorre exclusivamente aqui em todo o N.T. Essa palavra evidentemente se desenvolveu da ideia do terror sentido por um cavalo assustado. Por isso é que Plutarco (à pág. 800) diz: «A multidão não é fácil de ser controlada, pelo que também não há segurança para quem lhe tomar as rédeas; mas deve ser contida de modo suficiente se, ‘assustada’ por algum ruído ou visão, tal como qualquer animal assustadiço, tiver de aceitar domínio». (Ver igualmente Dios. Sic. xvii.34,6).
«...adversários...» No original grego temos «antikeimenon», palavra que indica aqueles que «fazem oposição», «inimigos», embora o presente texto não defina com clareza de que se trata. Talvez fossem judeus que encorajavam as autoridades romanas a perseguirem à igreja cristã; poderiam ser os próprios pagãos; ou poderiam ser «judaizantes», dentro da própria igreja cristã, que se opunham àqueles que favoreciam a Paulo, em sua doutrina e seus métodos. Porém, o fato que Paulo baixa julgamento contra eles, é bastante para mostrar-nos que, bem provavelmente, ele tinha os pagãos em mente, tal como aqueles que aprisionavam e martirizavam aos discípulos de Cristo. A perseguição movida pelo mundo é que é salientada aqui, como motivo que pretende assustar à igreja; pois é um instinto humano comum tentar a preservação da própria vida e do próprio bem-estar. Quando essas coisas eram seriamente ameaçadas, muitos elementos cristãos se deixavam arrastar pelo medo e se submetiam às pressões de seus adversários.
«...prova evidente...» No grego temos a palavra «endeiksis»,_uma palavra só, que pode ser traduzida por «prova», «sinal», «indício».
1. É pelos frutos que conhecemos os homens. (Ver Mat. 7:20). Aqueles que destroem e odeiam, sobretudo os que se voltam contra o trabalho de Deus e contra aqueles que pertencem ao Senhor, demonstram o seu mau caráter, provando que são dignos de juízo divino. Suas ações servem de sinal de que merecem o julgamento.
2. É interessante que alguns estudiosos pensam que a força exibida pelos crentes, debaixo de perseguição, é o sinal ou prova aqui aludida. O «destemor» da igreja provaria que ela está espiritualmente correta, além de demonstrar a malignidade dos seus inimigos.
3. Mas há eruditos que pensam que o sinal aqui referido visa a demonstração de «fé» dos crentes. Dessas três ideias, a primeira e a segunda são as mais prováveis.
«...perdição...» No grego original temos o termo «apoleia», palavra comum para indicar «desperdício», «destruição» de qualquer espécie, mas que comumente era usada em conjunção com «julgamento», o castigo que sobrevêm à alma. Este último sentido se torna necessário devido ao fato que é contrastado, neste versículo, com a ideia de «salvação». O julgamento divino não consiste meramente de retribuição, mas igualmente de disciplina, como meio de restauração; e até que ponto isso se verifica em cada caso, é atribuição exclusiva de Deus. Os trechos de I Ped. 3:18-20 e 4:6 mostram-nos que o julgamento divino tem esse caráter, como igualmente o faz a passagem de Rom. 11:32. (Ver Apo. 14:11 e as notas expositivas ali existentes, quanto a comentários gerais sobre 0 «julgamento»). Não obstante, o juízo divino é seríssimo, porquanto ali cada indivíduo pagará até ao último ceitil, saldando inteiramente a sua dívida. Estejamos certos de que o Deus justo e amoroso fará tudo na equidade, de tal maneira que o julgamento divino não ficará nem aquém e nem além da sentença que cabe a cada qual, mas antes, os homens colherão exatamente aquilo que tiverem semeado, de conformidade com a lei universal da colheita segundo a semeadura. (Ver o trecho de Gál. 6:7,8 e as notas expositivas a respeito, que versam sobre esse tema).
«...salvação...», isto é, a «completa salvação», que temos em Cristo, e que vai desde a conversão até à glorificação, quando então seremos tudo quanto Cristo é e teremos tudo quanto ele tem. Nenhum «livramento», nas perseguições, é aqui prometido aos crentes. (Ver Heb. 2:3, acerca de notas expositivas completas sobre esse assunto). No presente contexto, salvação significa «vitória», de conformidade com a metáfora que Paulo parecia estar empregando. Alguns pensam que ele tinha em mente as lutas de gladiadores, em que o gladiador vencido podia ser morto, enquanto estava nas mãos de seu adversário. A multidão de espectadores é que dava o sinal de morte ou livramento, com os polegares voltados para baixo ou para cima, respectivamente; mas mesmo assim a decisão de matar ou poupar continuava nas mãos do senhor dos conflito. Porém, o grande Senhor já concedeu vida aos perseguidos: não depende de qualquer outro concedê-la.
Neste versículo é frisada particularmente a «salvação futura», que é a esperança e a âncora da alma. Está em foco a glória dos lugares celestiais, a qual serve de apoio à alma em meio às agonias terrenas. Nessa tremenda luta, o grande Senhor já deu o sinal que os perseguidores viverão, sem importar o que a multidão caprichosa possa dizer ou fazer. O mesmo sinal divino, porém, serve de condenação contra aqueles que matam e destroem.
«...e isto da parte de Deus...» Essas palavras foram acrescentadas a fim de mostrar as seguintes verdades:
1. A decisão de conferir vida transcende ao que é humano, não podendo, por isso mesmo, ser desfeito por qualquer agência humana, por mais maligna e violenta que seja.
2. A própria salvação, posto que pertence a Deus e que é propiciada por ele, não é um produto humano; e isso explica o tema paulino da salvação pela graça divina (ver Efé. 2:8 quanto a notas expositivas completas sobre esse tema).
3. Isso nos fornece razões para nos sentirmos em segurança, mesmo em tempos difíceis.
4. Isso também deixa entendido que a perdição é decretada pelo Senhor.
5. Além disso, podemos assim compreender que o «livramento temporal» que os crentes perseguidos possam esperar receber, é de pouca ou nenhuma importância. Esse livramento pode ser negado por Deus; mas o Senhor nos dará o livramento superior, a saber, o bem estar e terno, nos lugares celestiais.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 22-23.
3.14.15 - Em vez de temermos nossos inimigos, devemos confiar em Deus tranquilamente, sabendo que Ele é o Senhor de tudo. Devemos acreditar que Cristo está verdadeiramente no controle de todos os eventos. Se Ele governar nossos pensamentos e emoções, não seremos abalados por nada que nossos inimigos possam vir a fazer.
3.15 Alguns cristãos acreditam que a fé seja um assunto pessoal que deve ser mantido particularmente. É verdade que não devemos fazer alarde ou nos exibirmos ao compartilhar a nossa fé Mas. devemos estar sempre prontos para dar uma resposta branda e respeitosa quando inquiridos a respeito de nossa fé nosso estilo de vida ou nossa perspectiva cristã. Outros podem ver sua esperança em Cristo? Você está preparado para contar aos outros o que Cristo fez em sua vida?
APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de estudo. Editora CPAD pag. 1768.
3. Padecendo por Cristo.
“Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por Ele” (Fp 1.29). Temos aqui uma magnífica declaração. A voz passiva da frase “vos foi com concedida” atribui todas as coisas que estavam acontecendo à soberana vontade de Deus. Foi Deus quem concedeu a experiência de padecer por Cristo. Os filipenses deveriam confiar no propósito divino e não se deixarem abater pelas experiências amargas das perseguições e privações infligidas contra eles. Na verdade, Paulo transparece em seu pensamento que aquelas provações vêm a eles pela graça de Deus e o resultado final será a vitória em Cristo. A expressão “padecer por Cristo” indicava que esse padecimento implicava coparticipar das aflições de Cristo, numa identificação pessoal com Ele, que antes padeceu por nós. O apóstolo Pedro em sua epístola escreveu: “Alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis” (1 Pe 4.13).
Indiscutivelmente, o versículo 29 une o privilégio de crer, como um ato de coragem, e a graça de padecer por Cristo. Isto é, de fato, um paradoxo, cujo sentido pode significar “aquilo que parece contraditório ou que parece contrário ao comum”. Pode ser “aquilo que tem aparente falta de nexo ou de lógica”. Nos tempos atuais, o pensamento neopentecostal não admite a ideia de sofrer, padecer, ficar doente. A falsa teoria da chamada teologia da prosperidade não admite a ideia de sofrimento. Porém, a Bíblia contradiz essa teoria e ainda desafia o crente a aceitar o sofrimento como uma oportunidade de glorificar a Cristo. E privilégio do cristão sofrer por Cristo por causa da esperança da glória. Essa capacidade de aceitar o sofrimento nesta vida terrena e permanecer fiel ao Senhor Jesus se choca frontalmente com sistema de pensamento mundano. Nenhum ser humano aceita o sofrimento como coisa normal, muito menos transformá-lo numa esperança. Paulo via seus sofrimentos como um serviço que ele fazia para Cristo. Ele tinha consciência desse sentimento porque ouviu a palavra de Ananias de Damasco,
que foi à casa onde ele aguardava uma orientação do Senhor. A palavra de Deus para Ananias acerca de Paulo foi esta: “Eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome” (At 9.16). Essa predição cumpriu-se literalmente na experiência apostólica de Paulo. Todavia, ele aceitou seus sofrimentos como participação nos sofrimentos de Cristo (Fp 3.10). Quando temos uma visão genuína do nosso futuro, não teremos problemas com os sofrimentos presentes na vida terrena. Lucas contou no livro de Atos que os apóstolos foram açoitados e lançados na prisão (At 5.18). Esses apóstolos sentiam-se privilegiados em sofrer por Jesus Cristo. Diz Lucas: “E, chamando os apóstolos e tendo-os açoitado, mandaram que não falassem no nome de Jesus e os deixaram ir. Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus” (At 5.40,41). Tudo o que Paulo desejava com os filipenses é que eles enfrentassem seus sofrimentos e afrontas com a alegria de sofrerem pelo nome de Jesus.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 52-53.
«O sofrimento é o presente de casamento que os crentes recebem ao serem unidos a Cristo; o suprimento abundante quando são alistados em seu serviço... o dom, contudo, não é o sofrimento como tal. Seu significado e valor dependem do fato que tal sofrimento é ‘por causa de Cristo’. As igrejas da Macedônia e a igreja dos filipenses eram, proeminentemente, igrejas sofredoras (ver II Cor. 8:2). (Vincent, in loc.).
A coroa da vida é prometida a todos os crentes que sofrem, conforme aprendemos em Apo. 2:10, o que corresponde a um grau mais elevado de glória, na salvação final, prometida no versículo anterior. O sofrimento em favor de Cristo faz com que o Senhor Jesus Cristo signifique mais para o crente, e para que este seja ainda mais rico na vida após-túmulo.
A possibilidade de um sofrimento que importe em martírio geralmente aterroriza ao crente; e não apenas por causa dele mesmo, mas igualmente por causa daqueles que lhe são íntimos, tanto por laços de sangue como por laços de amizade. O apóstolo Paulo procura mostrar aqui, entretanto, que esse terror não é necessário para o crente, por tratar-se, tão-somente, da marca de identificação daqueles que recebem a coroa da vida e passam para os lugares celestiais com um elevado grau de glória. Por essa razão a dor que o crente sofre se torna mais gloriosa, embora .as inclinações humanas naturais queiram levar o crente a evitar o sofrimento físico e moral, toda e qualquer forma de dor.
«...por Cristo...» Em outras palavras, devido à nossa lealdade ao Senhor Jesus, devido à nossa participação em seus sofrimentos, causados que foram pela oposição que a maldade do mundo lhe fez. No trecho de Col. 1:24,
Paulo encara seus sofrimentos, juntamente com Cristo, como se eles «completassem» os sofrimentos de Cristo; e isso do ponto de vista que a missão de Cristo, neste mundo, sem importar se efetuado por si mesmo, ou por meio de outros, que agem impulsionados pelo poder do seu Santo Espírito, sempre envolverá naturalmente sofrimentos, dos quais os remidos necessariamente participam. Portanto, são sofrimentos de Cristo, e dos quais também participamos. No dizer de Matthew Henry (in loc.): «Sofrer por Cristo é um dom valioso, uma grande honra, uma decisiva vantagem».
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 23.
III - PROMOVENDO A UNIDADE DA IGREJA (2.1-4)
1. O desejo de Paulo peia unidade.
"... se há algum conforto em Cristo” (2.1). O termo grego paraklesis no Novo Testamento é traduzido por alguns vocábulos como “conforto”, “consolo” ou “exortação”. A palavra “conforto”, como está na ARC, aparece também na ARA como “exortação”, e ambas dão a ideia de encorajamento ou apoio nas lutas da vida (At 9.31). Várias ideias estão associadas à palavra grega no Novo Testamento. Esse termo grego aparece no Novo Testamento como um dom espiritual (Rm 12.8) e, também, como um modo de instruir e estimular a fé (1 Tm 4.13; Hb 12.5). Em outros textos, aparece como consolo ou conforto (Lc 2.25; At 15.31; Rm 15.4,5;
2 Co 1.3,5-7). Paulo usa a palavra paraklesis com o sentido de lembrar algo recebido. Paulo pede e admoesta os filipenses a que vivam em união e trabalharem juntos em toda a obra do evangelho e em perfeita harmonia. O conforto em Cristo é produzido pelo Espírito Santo na vida da igreja. Por isso, não poderia haver rancores e mágoas nos corações.
“... se alguma consolação de amor” (2.1). A base do consolo em Cristo é o amor. Sem amor é impossível absorver o consolo espiritual, porque o amor de Cristo constrange e move a nossa vida, como o próprio apóstolo estava convencido disso ao declarar aos coríntios: “Porque o amor de Cristo nos constrange” (2 Co 5.14). Para a mente de Paulo, o amor que Jesus Cristo nutre pela sua Igreja deve impelir a que todos vivam dignamente. O amor de Cristo nos constrange, no sentido de que as divisões e facções são desfeitas para que haja união de sentimentos.
“... se alguma comunhão no Espírito" (2.1). O princípio que unifica a igreja é a comunhão do Espírito no corpo de Cristo, a sua Igreja. Por outro lado, estava indicando que a presença do Espírito na vida interior de cada crente é um fato consumado na experiência cristã. Por isso, com a ajuda do Espírito, podemos superar todas aquelas atitudes que roubam a humildade e o relacionamento sadio com todos os irmãos. A comunhão no Espírito anula o individualismo e cria uma nova vida em comum no seio da igreja. A mutualidade e a cooperação entre todos são elementos vitais que a comunhão no Espírito produz.
"... se alguns entranháveis afetos e compaixões” (2.1). No texto da ARA está assim: “se há entranhados afetos e misericórdias”, indicando que se tratava de um forte e caloroso amor, especialmente aquele amor demonstrado pelos filipenses ao apóstolo. Havia uma relação de afeto da parte da igreja de Filipos por Paulo e pela sua situação como preso em Roma, por isso, preocupavam-se com ele em sua prisão. E Paulo, reciprocamente, demonstra o mesmo amor e afeto pelos filipenses e todas as igrejas da Macedônia.
A palavra “afetos” aparece no grego como splanchnon, que no sentido figurado significa “piedade ou simpatia, solidariedade”. Esses termos definem as palavras: afeto, entranhas, graça, misericórdia. “Entranhas” sugere a sede da vida emocional. No capítulo 1.8, Paulo fala de seu amor pelos filipenses: “Porque Deus me é testemunha das saudades que de todos vós tenho, em entranhável afeição de Jesus Cristo”. Ao referir-se ao amor de Cristo, Paulo fazia uma conexão desse amor para com Ele e para com os filipenses. Esse amor é algo palpável e sentido. Não é nada platônico, intocável, teórico. E entranhável pelo Espírito Santo.
A palavra “compaixões” aparece em outras versões como “misericórdias”, cujo sentido se trata daquele sentimento que descreve a emoção e a sensibilidade para com os necessitados.
A compaixão deveria guardar aos cristãos da desunião. William Barclay, em seu Comentário al Nuevo Testamento, declarou: “A desunião rompe a estrutura essencial da vida”. Ele também disse que “os homens não foram criados para ser como lobos rosnando uns com os outros, sim para viver em harmonia”.
"... completai o meu gozo” (2.2) não tinha um caráter egoísta da parte do apóstolo, mas era um estímulo a que experimentassem o mesmo gozo que produzia um sentimento de segurança e esperança de que esse gozo resultaria no gozo da vida eterna. Paulo se dirige aos filipenses dizendo-lhes da sua alegria por eles, mas estimula e pede a eles que completem seu gozo (alegria, regozijo) demonstrando, em contrapartida, “o mesmo sentimento” ou “o mesmo amor”. Que amor é este? Não se trata do mero sentimento que sentimos pelas pessoas, mas era algo especial da parte de Deus. A bíblia declara que Deus derramou seu amor em nossos corações através do Espírito Santo (Rm 5.5). Ora, por esse modo, podemos amar as pessoas independentemente de elas nos amarem ou não. Quando amamos com o amor de Cristo aprendemos a ver os valores das pessoas e não apenas seus defeitos.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 56-58.
A necessidade de harmonia na igreja (2:1-4).
2:1. Até esta altura, Paulo está interessado em fortificar a igreja, em sua luta contra “inimigos” externos (1:28). Agora, porém, ele volta sua atenção para a situação da igreja como uma família de crentes. Ele convida os crentes a examinarem a vida que compartilham dentro da igreja (assim julgam Bonnard e Gnilka). Esta transição, que a palavra pois demarca (gr. oun), presume que Paulo está deixando a ameaça de um mundo hostil, para tratar de um problema igualmente ameaçador, o da comunidade dividida. J. —F. Collange objeta que não é este o caso, visto que 2:14, segundo o comentarista, é uma continuação da admoestação contra os falsos pregadores, e conclama a igreja para cerrar fileiras. Contudo, Paulo poderia bem ter sentido que uma igreja desunida seria presa fácil para um ataque frontal da sociedade externa. Mediante a repetição proposital de alguns termos (“espírito”, “alma”, “presente ou ausente”). Paulo faz uma mudança: da exortação a que fiquem firmes e resolutos, passa a conclamar uma igreja que jaz no perigo de esboroar-se por causa das divisões intestinas.
Há uma base quádrupla para este apelo. Na mente de Paulo não há algo mais certo do que as realidades às quais ele apela. Por esta razão, deve-se deplorar qualquer tradução que subentenda que os filipenses poderiam não conhecer as bases sobre as quais se erigia a vida eclesiástica deles. Cf. W. Hendriksen: “Se, pois, até certo ponto, vós tendes todas estas experiências, e compartilhais estes benefícios. . A palavra inicial de Paulo é traduzida melhor por “visto que”, ao invés de “se”, a qual expressa contingência. “Se, como é o caso” comunicaria adequadamente o pensamento de Paulo, como o próprio Hendriksen concordara anteriormente (p. 99).
alguma exortação em Cristo. Se esta é a melhor tradução do grego paraklêsis (é aceita por Beare, Gnilka, Houlden), o texto sugere que há uma obrigação colocada sobre os filipenses, oriunda diretamente de sua vida comum “em Cristo”, para trabalhar juntos, em harmonia. Uma tradução alternativa seria: “consolação” (defendida por Bonnard, Collan- ge e W. Barclay, “Great Themes of the New Testament. I: Phil. ii, I-II”, ExpT 70 (1958-9), p.40), baseado em que Paulo está fazendo alusão ao interesse de Cristo pela igreja, e que o tom do texto é gentil, não dominador, nem ditatorial. Além do mais, Paulo está convidando os filipenses a lembrar-se de seu status de comunidade amada por Cristo.
alguma consolação de amor. Aqui, outra vez, é o amor de Cristo pela igreja que Paulo tem em vista (Barth cita 2 Co 5:14, onde o amor de Cristo “constrange” e move o apóstolo). É menos provável que se trate do amor deles por Paulo, ou pelo Senhor, e menos provável ainda é que seja o amor de Paulo por eles. Ao conclamá-los para que vivam juntos em harmonia, Paulo apela para os mais altos motivos: o amor que o Senhor da Igreja nutre por Seu povo deve impeli-los a viver dignamente.
alguma comunhão do Espírito. Esta é uma frase bastante controvertida, que suscita várias formas de interpretação. É quase certo que deve-se interpretar a palavra “Espírito” como referindo-se ao Espírito Santo, e não ao espírito humano. Surge, então, a grande questão: o genitivo “do Espírito” é subjetivo ou objetivo? Em outras palavras, deve ele ser interpretado como “comunhão criada pelo Espírito Santo, que só o Espírito Santo pode conceder”? (Assim interpreta W. Barclay, ExpT 70 (1958-9), p. 40), ou como “comunhão no Espírito Santo”, que sobrevêm através de Sua presença constante na Igreja, e da comunhão pessoal do crente com Ele? Esta interpretação é fortemente defendida por H. Seesemann, Der Begriff KOINÓNIA im Neuen Testament, pp. 56-62, e aceita, desde então, por muitos intérpretes.
Seeseman observa que Paulo toma a posse do Espírito Santo, pelo crente, como uma verdade prontamente reconhecida e experimentada pelos seus leitores (G1 3:2; 1 Co 12:13; contraste com At 19:1-7). Há, ainda, um paralelo em 1 Coríntios 1:9, onde o significado é “participação de Cristo” (veja-se A. R. George, “Communion with God in theNew Testament”, Londres, 1953, pp. 175-7). Existem, também, provas provenientes de escritores cristãos primitivos, de que a frase grega usada aqui: koinõnia pneumatos, era entendida como significando: participação no Espírito. Finalmente, Seesemann argumenta a partir da forma da redação de Paulo, para o versículo. O apelo, diz ele, se distribui em dois jogos de pares. “Comunhão do Espírito” e “afetos e misericórdias” seguem juntos, como realidades internas do cristão, ao lado de “exortação” e “consolação”, que são realidades externas. Tomar o genitivo pneumatos, “do Espírito”, como subjetivo, aqui, é arruinar o paralelismo, porque implicaria numa ação fora da experiência do crente, ao invés de uma experiência subjetiva, quando ele “compartilha no Espírito”, que, à semelhança de “entranhados afetos e misericórdias”, é uma qualidade interna de sua vida.
A hipótese da tradução “participação no Espírito ”, — RSV (veja- se a ARA — Comunhão do Espírito), conforme defendida por Seesemann, parece convincente e, mesmo escritores posteriores que a rejeitaram — tais como E. Schweizer (TDNT vi, p. 434) — concluem que mesmo tomando o genitivo como subjetivo (comunhão dada pelo Espírito), visto que o Espírito dá uma comunhão em Si mesmo, o resultado líquido é o mesmo, igual àquele a que a conclusão de Seesemann nos conduz. (Veja-se, também, TDNT iii, p. 807 (Hauck). Quanto a características de estilo em v.1, veja-se Lohmeyer, pp. 138s. e Gnilka, pp. 102s.).
É a seguinte, a força do apelo: vossa participação comum no Espírito, pelo qual fostes batizados em um só corpo, deveria determinar a morte de toda desavença e espírito de partidarismo.
entranhados afetos e misericórdias é expressão tomada, às vezes, como figura de retórica, como se Paulo estivesse dizendo apenas “afeto sincero” [em inglês: “heartfelt sympathy”], (como crêem Dibelius e R. Bultmann, TDNT v., p. 161). Contudo, H. Kòster (TDNT vii, pp. 555s.) pensa que ambos os termos devem ser conservados separados. A primeira palavra é splanchna, e significa, literalmente, as entranhas humanas, consideradas como a sede da vida emocional (como em 1:8). Nestes dois versículos de nossa epístola esta palavra é, realmente, sinônimo de amor, mas de um tipo intensamente pessoal. Em 1:8 é o amor de Paulo, em Cristo, pelos filipenses; aqui é o “amor de Cristo, proveniente do coração” estendido aos membros da igreja, separados entre si. oiktirmoi é palavra para a emoção humana da piedade terna, ou simpatia (misericórdias, na ARA). Mas, misericórdia de quem está Paulo invocando? Um paralelismo com a primeira palavra haveria de sugerir que Paulo tem em mente o interesse pessoal de Cristo pelo Seu povo, sendo esta opinião preferível à outra, mais comum (cf. Bultmann, TDNT v, p. 161), segundo a qual Paulo está referindo-se às misericórdias dos filipenses. Isto poderia ser verdade se houvesse alguma dúvida na mente do apóstolo. Mas, como vimos, suas primeiras palavras comunicam uma certeza: “tão certamente como subsistem estas realidades” (Dibelius) — realidades provenientes do cabeça da igreja, as quais são a base do apelo do apóstolo para harmonia no corpo de Cristo.
Quanto à questão gramatical do uso que Paulo faz de tis veja-se BDF, sec. 137.2; 145; e quanto ao último membro do quarteto, veja-se Moulton, Grammar, p. 59.
Ralph P. Martin, Ph. D.. Filipenses Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 98-101.
Essas são as qualidades subjacentes da vida espiritual que temos em Cristo, sobre as quais se fundamentam a união e a submissão mútua dos crentes, dentro da comunidade cristã. (Ver o trecho de Efé. 5:21 - 6:9, acerca de um extenso estudo sobre essa submissão m ú tu a , no que diz respeito à família cristã inteira).
Os elementos aqui representados são dados na forma de um solene juramento, em que cada um desses elementos serve de apelo intensíssimo.
Há o «encorajamento» em Cristo e há o seu «incentivo» ao amor; há a «participação» comum no Espírito, há o afeto comum a toda a comunidade religiosa cristã, aquela «simpatia» que paira sobre essa comunidade. Todos esses elementos, em separado ou em seu conjunto, servem de poderoso argumento em prol da submissão mútua entre os crentes, em favor da harmonia entre eles, em favor da atitude que evita lutas e divisões, por causa do egoísmo. No lar, quase todas as dificuldades que surgem entre marido e mulher se alicerçam sobre o egoísmo; não fora o egoísmo, e praticamente todos os problemas do lar teriam facílima solução. Assim também, quase todos os problemas que surgem entre pais e filhos têm sua base no egoísmo. Porém, quando o amor prevalece, o egoísmo diminui de intensidade e até mesmo desaparece; e em seu lugar surge a harmonia. Há muitas coisas em Cristo que exigem de nós um espírito altruísta, bem como o reconhecimento e a promoção dos direitos alheios. Paulo passa agora a mencionar algumas dessas coisas.
«...exortação...» No original grego é «paraklesis», palavra que significa, essencialmente, ou «consolo» (conforme dizem algumas traduções), ou «exortação» (conforme outras traduções). Também pode significar «encorajamento» ou «apoio». Todas essas ideias possíveis são pertinentes aqui. Se há «consolo» em Cristo, sob as perseguições (sobre o qual assunto Paulo falava, no final do primeiro capítulo desta epístola), então que os crentes fossem de consolo uns para outros, sustentando-se e consolando-se uns aos outros, espalhando o consolo de Cristo, ao invés de se despedaçarem em facções. Ou então, se a «exortação» é a ideia primária aqui, o sentido da frase deve ser que «Se Cristo, como Senhor, tem qualquer poder sobre vós, em suas palavras e em sua vida, a ponto de exortar-vos à harmonia fraterna, então que suas palavras e exemplo vos exortem». Ou então, se a ideia básica for «encorajamento» ou «apoio», poderíamos ter a seguinte frase: «Se é verdade que Cristo vos encoraja em todas as situações, e é o vosso apoio em muitos testes, sede motivo de encorajamento a outros, por amor a ele».
Ainda com outra forma, essa palavra se refere ao Espírito Santo como o Consolador e Sustentador supremo. (Ver João 14:16). É vocábulo igualmente aplicado a Cristo, como «Alguém chamado ao nosso lado, para ajudar-nos» (ver 1 João 2:1). O esforço para manter a harmonia na igreja não está além das nossas forças, visto que repousa sobre o poder de Cristo, compartilhado com os homens.
«...em Cristo...» Sim, todo o consolo há na pessoa de Cristo, sendo ele o supremo Consolador e Exortador, o qual é conferido aos homens mediante a comunhão mística com ele. Esse termo é empregado por nada menos de cento e sessenta e quatro vezes nos escritos de Paulo, indicando a comunhão mística com o Senhor. (Ver o trecho de I Cor. 1:4 e as notas expositivas ali existentes, sobre essa questão). Os crentes, por conseguinte, são fortalecidos para que possam resguardar a unidade da igreja, e não apenas são exortados a fazê-lo.
«...consolação de amor ...» , ou seja, «incentivo de amor». No grego original encontramos o termo grego «paramuthion», palavra usada exclusivamente aqui em todo o N .T ., o qual significa «consolo», «encorajamento», «alívio», derivado de «para» (ao lado) e «muthos» (fala).
Portanto, trata-se de uma palavra reconfortante, dita ao nosso lado, com o intuito de apoiar-nos. Tal palavra também era usada com o sentido de «exortação» ou «incentivo». (Ver Platão, Leis, 773, 880, onde aparecem esses significados). Certas frutas foram referidas por Platão como «estimulantes», e ele usou exatamente essa palavra; (ver Critias, 115). Por conseguinte, temos aqui o quadro do amor encontrado em Cristo, como um _ «incentivo», que apela para todos os crentes, levando-os a se amarem mutuamente, ou seja, a demonstrarem simpatia mútua e interesse uns pelos outros, o que os leva a habitarem juntos em harmonia. (Quanto a outros trechos bíblicos que apelam para o «amor», como um incentivo à «ação cristã», bem como à «ação divina», e contra o orgulho do homem, ver Rom. 5:8; I Cor. 13:4; II Cor. 5:14; Gál. 5:13; Efé. 5:2 e I João 4:16). Os dois verbos, que significam «exortar» e «incentivar», também aparecem juntos em I Tes. 2:11, onde a ação é comparada com a maneira com que um pai trata dos seus filhos. (Quanto a notas expositivas completas sobre o «amor», ver Gál. 5:22, onde essa virtude aparece como um dos aspectos do fruto do Espírito Santo; acerca do «amor de Deus», ver as notas expositivas sobre João 3:16; acerca do amor de Deus, «demonstrado através de Cristo,» ver os trechos de João 14:21 e 15:10, onde também as comenta sobre o «amor como princípio normativo da família de Deus»). Nessas referências bíblicas, vários poemas ilustrativos são oferecidos.
O décimo terceiro capítulo da primeira epístola aos Coríntios contém o grandioso hino do amor, e o quarto versículo desse capítulo foi escrito particularmente a fim de mostrar que o amor elimina o orgulho e as facções, conforme também se vê no presente contexto. O amor de Deus é uma espécie de «persuasão» (conforme essa palavra também pode significar), para que alguém ame a outrem, e viva com ele em harmonia. Portanto, o amor de Cristo nos «constrange» a isso, bem como a outras ações nobres (ver II Cor. 5:14). Essa persuasão vem do Espírito Santo, não sendo apenas uma qualidade humana. Resulta antes do desenvolvimento espiritual, conforme aprendemos no trecho de Gál. 5:22,23. Todo o amor genuíno que existe à face da terra procede do Espírito Santo, sem importar se se manifesta na pessoa do crente ou na pessoa do incrédulo. E este mundo seria uma floresta selvagem, não fora essa manifestação divina.
«...comunhão do Espírito...» Há certa comunhão estabelecida pelo Espírito, em seu poder habitador (ver Efé. 2:21,22), e que nos fornece, primeiramente, comunhão mística com Cristo e com Deus Pai—acesso ao Pai, na qualidade de filhos seus—e, em seguida o companheirismo espiritual mútuo entre os crentes. Ora, se isso realmente existe, então viveremos em harmonia e amor de maneira natural, e não com relutância. A comunhão com o Espírito nos outorga o seu fruto do «amor» (ver Gál. 5:22).
E é nessa comunhão que participamos de todos os seus dons e influências. A verdadeira comunhão com o Espírito soluciona todos os casos de contenda e partidarismo no seio da igreja. Comunhão.
1. A comunhão vem através da reconciliação com Deus (ver o livro de Amós); e essa tem de ser acompanhada pela santidade, pois, de outra sorte, simplesmente não existe (ver II Cor. 6:14-16).
2. Ela é prometida exclusivamente aos que são obedientes (ver João 14:23).
3. Ela deve ser buscada na oração e na meditação, porque é essencial ao crescimento espiritual (ver Sal. 63:5 e Fil. 4:6).
4. Em certo sentido, a comunhão consiste da presença habitadora do Espírito, bem como de seu ministério, através dessa presença (ver Efé. 2:20).
«.. .entranhados afetos...» No grego temos o termo «splagchna», que alude aos órgãos vitais, usualmente da cavidade superior do tórax, como o coração, os pulmões e o fígado, embora também ocasionalmente se referisse aos intestinos e até mesmo ao aparelho genital feminino interno; era palavra figuradamente usada para indicar as emoções, os afetos, mais ou menos como usaríamos hoje em dia o termo «coração». Mediante o uso dessa palavra, Paulo se refere às qualidades espirituais da misericórdia, do amor e da bondade, as quais, naturalmente, são outros tantos aspectos do «fruto do Espírito», conforme vemos em Gál. 5:22. & provável que os antigos houvessem associado essa palavra com as emoções devido à observação que as emoções afetam esses órgãos internos. Portanto, no conceito dos antigos, os órgãos eram considerados sede ou fonte das emoções, que procedem realmente do homem interior. Nesta mesma epístola esse vocábulo já foi usado, em Fil. 1:8, onde as notas expositivas deveriam ser consultadas.
Quando Cristo, mediante o seu Santo Espírito, implanta no homem os sentimentos ternos de misericórdia, de amor e de bondade, então certamente a harmonia no seio das congregações locais dos crentes pode ser conservada, pois seus membros tratarão uns com os outros impulsionados pela humildade.
«...misericórdias...» No grego temos a palavra «oiktirmoi», que significa «piedade», «compaixão», usualmente para indicar a «expressão» dessas qualidades, e não apenas o conceito abstrato das mesmas. Qualquer crente que aplique essas virtudes, não estará em busca de auto exaltação, pois esta última atitude é uma força dele teria para a comunidade cristã; pelo contrário, o crente dotado dessas qualidades procura promover o bem-estar dos outros, estabelecendo-se assim a harmonia. Todas as virtudes aqui mencionadas são qualidades espirituais, obtidas através do progresso espiritual; e a ausência dessas qualidades demonstra a imaturidade no andar cristão. São virtudes conferidas pelo Espírito Santo, na medida em que os crentes assumem a própria imagem moral de Deus Pai (ver Efé. 3:19; Gál. 5:22; II Ped. 1:4; Mat. 5:48), podendo ser vistas supremamente na pessoa de Cristo, o qual é o nosso exemplo, o pioneiro do caminho, além de ser o próprio Caminho, conforme se aprende em Heb; 2:10 e João 14:6.
Os meios de crescimento espiritual que garantem a possessão das virtudes espirituais mencionados neste versículo: 1. Treinamento do intelecto, estudo das Escrituras e dos livros espirituais como um auxílio. Dê a mente à Deus; dê seus poderes intelectuais à Ele. O intelecto age como um guardião contra os abusos em nossas vidas espirituais. 2. A oração é um ato criativo, baseado no poder do Criador. Use-a com todas as suas forças. É também disciplina espiritual. 4. A meditação é a irmã da oração. No «silêncio», escutamos a voz de Deus, como quando em oração, vamos procurá-lo. 4. O crescimento espiritual vem pela santificação, pela renúncia total dos vícios.
Não pode haver crescimento sem este fator. 5. A possessão e o uso de dons espirituais. Procure o mais elevado e o melhor; procure Seu poder.
Mantenha o poder do intelectual para proteger-te contra os abusos e falsidades. 6. Pratique alei do amor: Toda vez que fizeres algo em benefício do próximo, a qualidade de sua espiritualidade é elevada, logo, em igual proporção, é tua transformação à imagem de Cristo. Ele é o arquétipo de sua espiritualidade. Empregue estes meios e terás como derivados, as graças espirituais mencionados neste versículo, todos os quais tendem em direção à unidade e à harmonia, tanto interior como exteriormente.
As palavras «...completai a minha alegria...» Paulo sentia grande ufania nos crentes filipenses, reconhecedor como era do progresso espiritual deles; e essa era a razão de sua alegria. Porém, procurava uma alegria ainda mais profunda, desejando que os seus convertidos se conformassem mais perfeitamente com a imagem de Cristo. Pode-se notar como, em Fil. 4:1, Paulo os chama de « ...minha alegria e coroa,..» E óbvio, por outro lado, que havia alguns elementos, na congregação cristã de Filipos, que estavam começando a dar sinais de vanglória, procurando dominar a outros, em suma, problemas começavam a surgir. Paulo desejava contrabalançar tais desenvolvimentos convocando-os a um cumprimento mais completo da alegria que ele sentia neles, se viessem a resguardar a unidade e o amor na igreja, mediante a intensificação dessas qualidades.
No grego, o termo «...completai...» é «pleroo», que significa «encher», «tomar pleno». A metáfora envolve algum vaso que precisa ser cheio até à borda. A alegria de Paulo era justamente esse vaso. Os crentes filipenses precisavam fazer algo para que o vaso se enchesse. Esse pensamento pode ser comparado com o de trechos similares, como João 3:29; 15:11; 17:13 e II Cor. 10:6.
A «...alegria...» é uma das notas chaves da presente epístola: Ver Fil. 1:4 (onde o conceito é comentado), como também 1:25; 2:17,18,28,29; 3:1; 4:1,4,10, onde o termo reaparece, e onde há outras notas expositivas a respeito.
«.. .penseis a mesma cousa...» Temos aqui a tradução literal do grego. Há traduções que dizem «tende o mesmo sentimento», ou tradução semelhante.
(Comparar com Rom. 12:15; 15:5; II Cor. 13:11 e Fil. 4:2). Paulo alude a uma harmonia geral em todas as coisas, uma concórdia intelectual, emocional e espiritual, a identidade de ideias, a harmonia de sentimentos.
O próprio versículo define essa harmonia como uma concórdia de amor, como a unidade de sentimentos, como o ajuste dos espíritos. Trata-se de uma ideia bem geral, que fala de harmonia espiritual e de ações práticas que deixam transparecer essa atitude. Os crentes precisam desejar e buscar entrar em conflito, como também nessas circunstâncias, não buscarão a autoglorificação.
«...tenhais o mesmo amor...» O amor mútuo nos é aqui recomendado, como também o amor a Cristo e à sua causa, mediante o amor fraternal.
(Ver os trechos de Col. 1:4; I Tes. 3:13; II Tes. 1:3 e I João 4:12-16, quanto a passagens paralelas. Ver as notas expositivas sobre o «amor», no primeiro versículo deste capítulo, e que se refere a vários outros trechos bíblicos onde essa qualidade do amor é comentada mais amplamente , com o acompanhamento de poemas ilustrativos).
«.. .unidos de alma...» No grego há um único vocábulo, «sunpsuchoi», que significa «uma alma». Aristóteles definia a amizade como uma só alma em dois corpos. Algumas traduções dizem aqui «...em um acordo...» o que é tradução possível, dando a entender que um só sentimento produz tal concordância. No entanto, no grego original, o termo subentende «pleno acordo», quanto aos propósitos, às intenções, às ações, como se uma única alma vivesse nos crentes. Tal palavra era usada a fim de indicar atitudes «harmoniosas», que se manifestam em forma de ações que importam em cooperação «de todo o coração».
«.. .tendo o mesmo sentimento...», ou então, «tendo uma só mente», como se uma única atitude mental fosse compartilhada por todos, a dirigir a comunidade cristã. Mediante tais termos, pois, Paulo exorta que haja harmonia e união absolutas entre os crentes, com base no amor mútuo.
Então haveriam de afagar os mesmos alvos, desdenhando divisões e interesseis próprios. Ora, somente o Espírito Santo pode operar tal entre os homens, os quais, naturalmente, são egoístas e facciosos, porquanto tudo ocorre somente através do nosso desenvolvimento espiritual.
Alguns estudiosos juntam as duas últimas expressões e dizem algo parecido com «com harmonia de alma, com partilhando do mesmo sentimento» (segundo comenta Vincent, in loc.). A última parte aponta de volta para as palavras «penseis a mesma cousa». Portanto, os crentes devem ter «uma só mente», «um só sentimento», a fim de que «pensem as mesmas coisas». Tudo consiste do acúmulo de sentenças e expressões, que nos conferem perfeita unidade no amor e na humildade, como produto do os mesmos alvos espirituais, pois, assim fazendo, dificilmente poderão desenvolvimento espiritual.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 25.
Paulo empenha-se pela unidade, pela unidade plena e profunda da igreja. Para nossa vergonha nosso cristianismo tão dividido e dilacerado precisa perceber a grande intensidade com que Paulo se preocupava com a unidade real da igreja, vivida aqui e agora. Para ele, a “una e santa igreja” não era apenas “objeto da fé”! Ele não visualizava o fundamento dessa unidade na “unidade da doutrina” nem a considerava sensivelmente ameaçada por diferenças no entendimento. Na presente passagem não se dá a menor atenção a essa questão. O que decide o fundamento da unidade ou a ameaça contra ela são coisas bem diferentes. A história da igreja evangélica, quando apoiada na “doutrina”, evidenciou que essa maneira só leva a novos cismas, justamente porque nosso entendimento é “fragmentário” e por isso incompleto, e logo também diferente em todos nós. Sem dúvida o phronein aparece no centro deste bloco, definindo a unidade real da igreja: “que penseis a mesma coisa” e novamente “tendo o mesmo pensamento” (v. 2). Phronein certamente significa “pensar”, mas como o v. 5 mostra com peculiar clareza, não se tem em vista o “pensamento” teórico do teólogo, mas o pensar prático, subordinado ao querer, o “considerar que…”, a “mentalidade”. Trata-se do phronein de Jesus Cristo, que neste caso não é o raciocínio doutrinário, com o qual o eterno Filho de Deus sem dúvida poderia ter apresentado uma imagem condizente de todas as coisas. Aqui se trata do “pensamento” que conduziu o Filho de Deus do trono da glória para a vergonha da morte na cruz! Na unidade desse “pensar”, e não na unidade do conhecimento e da doutrina, é que reside a sólida e indestrutível unidade da igreja. Se todos “pensarem” da maneira como Jesus Cristo também pensou, como ele morreu por pecadores, não poderão se separar, hão de apegar-se aos irmãos.
1 Também neste caso Paulo é coerente com a linha básica de sua “ética evangélica”: antes de agir e realizar precisamos receber! Contudo, do receber resultará também um agir definido e resoluto que usa o que recebeu: “Se há.., se há…, então…!”
2 À igreja foi presenteada “exortação em Cristo”. O termo grego aqui, paraklesis, que conhecemos a partir do nome Paracleto e que descreve o Espírito Santo como “auxílio”, “advogado”, “consolador”, tem um significado básico semelhante ao termo seguinte, traduzido como “consolação”, “conselho”. Esse “conselho” pode servir para encorajar e exortar ou para erguer e consolar. Por isso há diversos estudiosos que traduzem a presente passagem de maneira justamente inversa: “Se há, pois, consolo em Cristo, se há palavra encorajadora de amor…”
No entanto, não é cabível pensar em termos “morais” diante da “exortação em Cristo”, nem em termos “sentimentais” diante da “consolação do amor”. Na igreja acontece a palavra de asseveração enraizada “em Cristo” e que, por isso, não permanece vazia, mas possui força para moldar; existe também a palavra para levantar, que vem do amor divino e por isso propicia ajuda eficaz. Além disso a igreja possui “comunhão do Espírito”. Isso não representa a comunhão entre eles no Espírito Santo, mas a “participação no Espírito”. O Espírito de Deus habita na igreja e cria nela sua obra. Visto que, porém, aquilo que o Cristo, o amor divino e o Espírito Santo nos concedem de fato se torna nossa propriedade pessoal, a própria igreja também possui “afetuosidade e misericórdia”. Como já vimos antes em Fp 1.8, mais uma vez fica explícito que a irmandade em uma igreja evidentemente não se limita a “sentimentos”, mas tampouco se resume apenas em atividades de ajuda e frias ações. Certamente as “entranhas” precisam ser movidas, e a aflição exterior e interior do irmão precisa despertar uma compaixão viva. No entanto, isso acontece na igreja!
A igreja recebeu tudo isso. Quando ela não despreza este presente nem o torna inócuo, mas o utiliza e vive dele, ela fortalece e preserva sua unidade. Paulo alegra-se com essa rica vida eclesial. Mas justamente pelo fato de terem tudo isso, ele pede: “Tornai plena para mim a alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, concordes, considerando uma só coisa.” Como é maravilhoso que aqui, na aparente vinculação com o próprio eu, se expresse justamente todo o amor não-egoísta! Paulo pede para si e para sua alegria aquilo que é, antes de tudo, um ganho bem específico dos filipenses. Mas justamente ao formular assim o pedido ele confere uma delicadeza inimitável à sua exortação, livrando-a de qualquer conotação que insinue intromissão de fora e de cima para baixo. Tudo o que foi dado à igreja coopera para a unidade dela, mas apesar disso a unidade ainda precisa ser especialmente buscada e preservada contra todas as perturbações. Com que facilidade somos divididos por aquilo em que fixamos nosso pensamento. Até mesmo o amor pode ser diferente em cada pessoa, ter intensidades diversas e uma clarividência distinta (cf. Fp 1.9s). Por isso Paulo se esforça por encarecer os componentes da unidade com múltiplas formulações.
Werner de Boor. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses. Editora Evangélica Esperança.
2.1 - A maior luta dos filipenses não era contra suas circunstâncias externas, mas contra aquelas atitudes internas que destroem a unidade.
Paulo demonstrou que ele mesmo se negou a deixar que as situações controlassem seus atos (Fp 1.12-18). A conjunção portanto liga o conflito do apóstolo ao dos filipenses. A repetição da conjunção condicional se neste versículo indica certezas, e não possibilidades. Cada se expressa a ideia de uma vez que, e cada oração subsequente pode ser considerada como verdadeira.
As Escrituras ensinam que nossa comunhão não é somente com Deus, o Espírito Santo, mas também com Deus-Pai ( l jo 1.3) eDeus-Filho (1 Co 1.9; 1 Jo 1.3) bem como com outros cristãos (1 Jo 1.7). Sobre o significado do termo afetos, veja o comentário de Filipenses 1.8. O vocábulo grego compaixões significa desejos compassivos que se desenvolvem em resposta a uma situação e que estimulam uma pessoa a suprir necessidades reconhecidas naquela situação.
2.2 - Neste versículo, o apóstolo apresenta um apelo que consiste em quatro partes e expressa uma ideia importante: a unidade da Igreja. O termo o mesmo expressa a preocupação de Paulo com a humildade (Fp 4.2). Paulo ilustra essa atitude nos versículos 3 e 4 e depois descreve o maior exemplo de humildade, o próprio Jesus Cristo, nos versículos 5 a 8. Quanto à expressão o mesmo amor, veja o comentário de Filipenses 1.9.
Ao incitar os cristãos de Filipos a sentirem o mesmo ânimo, Paulo está enfatizando uma unidade de espírito entre eles (SI 133), literalmente uma união da alma. As palavras que o apóstolo usa para indicar uma mesma coisa são praticamente idênticas às traduzidas como o mesmo no início deste versículo. Paulo estava salientando de maneira contundente a unidade que deveria existir entre os cristãos e como eles deveriam combater juntamente com determinação para o avanço do evangelho de Jesus Cristo.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 526-527.
2. O foco no outro como em si mesmo.
“Nada façais por contenda ou por vanglória” (2.3). A exortação paulina conscientizava ao cristão filipense, e a tantos quantos são membros do corpo de Cristo, que o membro nada fará no seio da igreja de forma isolada, “por contenda ou por vanglória”, isto é, por ambição egoísta ou por presunção. Essas duas posturas, egoísmo e presunção, são antagônicas diretamente à comunhão com Cristo. Certa feita Jesus, falando aos discípulos e exemplificando fatos a eles, disse-lhes: “Mas entre vós não será assim” (Mc 10.43). Tudo o que possa ser prejudicial ao convívio fraternal deve ser extirpado na vida cristã cotidiana dos crentes em Cristo.
Naturalmente, as pessoas perniciosas que estavam no seio da igreja influenciando os irmãos fiéis a se debaterem por causa de cargos ou funções tinham que ser alijados da comunhão. O espírito de Diótrefes, que lutava pela primazia no seio da igreja, sem respeitar os princípios de autoridade que devem nortear a vida de uma igreja, tem que ser reprimido (3 Jo 9). O conselho de Paulo era para que os irmãos evitassem os que contendiam por primazia, por questões de orgulho, que é algo que surge da mesma raiz de vanglória. O que caracteriza o cristão é a humildade, que é uma qualidade que se opõe ao orgulho. A Bíblia diz que Deus dá graça aos humildes (Pv 3.34; Tg 4.6; 1 Pe 5.5).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 58-59.
V 3 Porque os velhos inimigos mortais da comunhão continuam vivos até mesmo em corações renascidos, subindo à tona repetidamente: “egoísmo” (cf. acima Fp 1.17) e “ânsia de afirmação”. É preciso lutar com determinação contra isso. O NT não diz que tudo entra nos eixos “por si só” em nossa vida de cristãos, e tampouco que basta a simples oração pela atitude correta. O NT conclama para o engajamento corajoso da vontade renascida: “Nada por egoísmo ou por ânsia de afirmação!” Positivamente é acrescentado o combate eficaz aos motivos vis, “considerando pela humildade um ao outro mais importante que a si mesmo, não olhando cada um para o que é seu, mas também para o que é do outro”. Novamente a tradução não é fácil. A palavra hyperechein pode apontar para uma mera superioridade hierárquica do outro, mas também para uma superioridade qualitativa. Na conhecida passagem de Rm 13.1 afirma-se esse hyperechein da autoridade, do mesmo modo como em 1Pe 2.13 do “rei”. Paulo não espera que os membros da igreja por princípio considerem os outros “mais importantes”. Com certeza isso resultaria em uma “humildade” não-verdadeira e artificial. Seguramente, porém, amor e humildade podem fazer com que eu vá ao encontro do outro com uma reverência que o ser humano natural somente demonstra aos que estão em posição superior a ele. Posso “considerar o outro mais importante” que eu mesmo, ainda que seja o mais fraco e menos talentoso. O sentido literal de “humildade” é aquele “pensamento” que leva em conta o insignificante e “pequeno”. A “ânsia de afirmação” dá importância à própria pessoa, desejando para si a posição de destaque, a tarefa que traz fama, o lugar de visibilidade. E quando o outro obviamente também deseja tudo isso, a concórdia torna-se inviável na igreja e surge a ruptura na irmandade. Somente agora os entendimentos divergentes também se tornam perigosos, porque agora tem de valer exclusivamente a “minha” opinião. Já não consigo ouvir o outro com seriedade, deixando-me convencer talvez por suas razões bíblicas. Essa “ânsia de afirmação” igualmente pode ser evidenciada por um grupo inteiro na igreja. A “humildade”, porém, é isenta do eu e “objetiva”, inclusive ao examinar questões de entendimento. Tem prazer de realizar também o serviço pouco aparente, o trabalho que permanece nos bastidores, a obra insignificante, deixando com alegria aos outros aquilo que parece mais importante e obtém maior reconhecimento. Isso pode acontecer de forma autêntica e sincera sem uma avaliação não-verdadeira dos outros e das próprias realizações. “Paulo não fala de uma cortesia inverídica que enaltece o fraco como um herói e investe com cargos aquele que é incapaz de governar. Isso significaria instaurar novamente o domínio da vaidade sobre a igreja” (A. Schlatter). Obviamente Paulo tampouco se refere ao temor de assumir responsabilidade e ao comodismo mascarados de “humildade” e que se esquivam das grandes tarefas porque demandam o empenho total sob agruras e dores. “Quem ocupar a última posição na igreja dedicando plenamente todas as forças também agirá com a mesma fidelidade quando tiver de exercer a função da primeira posição” (A. Schlatter).
Werner de Boor. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses. Editora Evangélica Esperança.
V 3. Partidarismo e vanglória (kenodoxia combina as duas palavras "vazio" e "opinião") eram os inimigos teimosos e traiçoeiros da vida da igreja. Deviam ceder lugar à humildade (os gregos defendiam tanto os seus próprios direitos que uma nova palavra precisou ser cunhada) e considerando cada um (estimando) os outros superiores a si mesmo (não necessariamente como se fosse essencialmente superior, mas como merecedor de tratamento preferencial). Muller descreve a humildade como sendo "a visão interior da própria insignificância"
MOODY. Comentário Bíblico Moody. Filipenses. pag. 14.
2. 3. 0 egoísmo tem o poder de arruinar uma igreja, enquanto a verdadeira humildade pode edificá-la. Ser humilde inclui possuir uma perspectiva real a respeito de si mesmo {ver Rm 12.3). Isso não quer dizer que devamos permanecer inativos. Perante o Senhor.
somos todos pecadores, salvos somente pela sua graça; portanto, temos grande valor no Remo de Deus. Devemos colocar de lado o egoísmo e tratar nossos semelhantes com respeito e cortesia. Considerar os interesses dos outros como mais importantes do que os nossos estreitará nossa ligação com Cristo, que foi o verdadeiro exemplo de humildade.
APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de estudo. Editora CPAD pag. 1663.
3. Não ao individualismo.
“Não atente cada um para o que é propriamente seu” (2.4). Nessa exortação, o apóstolo Paulo procura inculcar na mente dos cristãos que o espírito egoísta contradiz o espírito cristão, cujo padrão de vida baseia-se no amor ao próximo. Antes de querer pensar apenas nas minhas coisas, nos meus interesses, devo pensar em ser útil às pessoas nos seus interesses. A convivência com os irmãos da mesma fé requer de cada cristão uma boa dose de humildade e desprendimento. O meu crescimento não pode prejudicar o crescimento dos demais. Os meus dons não são para o usufruto meu, mas devem ser úteis à comunidade. Os que buscam primazia no seio da igreja com atitudes egoístas se esquecem do princípio deixado por Jesus: “E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de todos”(Mc 10.44).
Na ética cristã, aprendemos um princípio básico em relação às pessoas que é o de, primeiro, pensar nos outros no sentido de ajudar. A expressão “levai as cargas uns dos outros” faz parte da filosofia de relações humanas ensinada por Jesus. O exemplo de Cristo é sempre o argumento forte do apóstolo nas relações éticas (Rm 14.1-3). O Espírito ajuda o crente a evitar todo partidarismo, egoísmo e vanglória, produzindo no seu coração um sentimento de respeito e amor pelos demais irmãos da mesma fé (v. 4).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 59.
Solicitude
Ao concluir este parágrafo, o apóstolo acrescenta: cada um buscando não (só) seus próprios interesses, mas também os interesses dos demais.
O que segue é uma sequência lógica do acima exposto. Se alguém tem a seu irmão na mais alta estima, então se empenhará em buscar os interesses dele a fim de auxiliá-lo o máximo possível. O apóstolo deixa implícito que o crente deve também buscar seus interesses pessoais.
Ele, porém, viverá em obediência ao mandamento: “Amará a seu próximo como a si mesmo” (Mt 19.19), mandamento que recebe uma ênfase especial quando o próximo é um irmão em Cristo (Jo 13.34; Gl 6.10). Quando mais alguém percebe que Cristo amou o irmão com amor ardente, dando provas disso ao entregar-se para salvá-lo, tanto mais desejará que prosperem os interesses desse irmão. Assim, também, a verdadeira unidade será promovida e a gloriosa comunhão se manifestará ante os olhos do mundo em toda sua beleza, como um poderoso testemunho.
HENDRIKSEN. William. Exposição de Filipenses. Editora Cultura Cristã. pag. 470-471.
2.4 - Filipos era uma cidade cosmopolita, e a composição da igreja refletia sua grande diversidade, com pessoas de vários níveis, de várias origens, formação e condições de vida. O cap. 16 de Atos nos da uma indicação da diversificada composição dessa igreja. Ela incluía tanto Lídia, uma judia convertida da Ásia e uma mulher de negócios próspera (At 16.14), como uma menina escrava (At 16.16,17), provavelmente nascida na Grécia; além do carcereiro que servia nessa colônia do império, talvez de origem romana (At 16.2Í5-36). Com tantos membros de diferentes origens e formações, devo ter sido muito difícil manter a união. Embora não existissem evidências de divisões na igreja, a unidade precisava ser resguardada (3.2; 4.2). Paulo nos encoraja a nos resguardar contra qualquer forma de egoísmo, preconceito ou ciúme que podem levar ã dissensão. Mostrar um interesse genuíno pelos outros será sempre um passo positivo para manter a unidade entre os crentes.
APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de estudo. Editora CPAD pag. 1663.

ELABORADO: Pb Alessandro Silva.

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