Data: 21/07/2013. Hinos
sugeridos: 79, 205, 597.
TEXTO ÁUREO
“Somente deveis portar-vos dignamente conforme
o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça
acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo
ânimo peia fé do evangelho” (Fp 1.27).
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Fp 1.27-30 Um chamado ao Evangelho.
Terça - Fp 2.1-4 Um chamado à unidade.
Quarta - Jo 10.7-18 O chamado do Bom Pastor.
Sexta - Hb 4.14-16 Um chamado a confiar em
Cristo
Sábado - 1 Co 12.12 Em Jesus somos um
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Filipenses
1,27-30; 2.1-4
Filipenses
1
27
- Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para
que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num
mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho.
28
- E em nada vos espanteis dos que resistem, o que para eles, na verdade, é
indício de perdição, mas, para vós, de salvação, e isto de Deus.
29
- Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele,
como também padecer por ele,
30
- tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e, agora, ouvis estar em
mim.
Filipenses
2
1
- Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor; se
alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões,
2
- completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo
ânimo, sentindo uma mesma coisa.
3
- Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um
considere os outros superiores a si mesmo.
4
- Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o
que é dos outros.
27 Only let your manner of life be worthy of the gospel of Christ, so
that whether I come and see you or am absent, I may hear of you that you stand
firm in one spirit, with one mind striving side by side for the faith of the
gospel,
28 and not frightened in anything by your opponents. This is a clear
omen to them of their destruction, but of your salvation, and that from God.
29 For it has been granted to you that for the sake of Christ you should
not only believe in him but also suffer for his sake,
30 engaged in the same conflict which you saw and now hear to be mine.
Chapter 2 Capítulo 2
1 So if there is any encouragement in Christ, any incentive of love, any
participation in the Spirit, any affection and sympathy,
2 complete my joy by being of the same mind, having the same love, being
in full accord and of one mind.
3 Do nothing from selfishness or conceit, but in humility count others better
than yourselves.
4 Let each of you look not only to his own interests, but also to the interests
of others.
Bíblia
Sagrada Novo Testamento, Aprendendo inglês lendo a Palavra de Deus. pag.
205-206.
INTERAÇÃO
O
crente é salvo pela graça, mediante a fé em Jesus. Este dom veio de Deus e não
do próprio crente (Ef 2.8). O apóstolo Paulo faz questão de lembrar essa
verdade eterna aos efésios para que eles não caíssem na sandice de gloriarem-se
nas próprias obras. As obras são o resultado da salvação e não a causa dela. As
Escrituras ensinam que é inimaginável um salvo em Cristo não manifestar obras
de arrependimento e amor ao próximo Jo 15), pois do contrário, ele não seria
discípulo de Jesus. Por isso, estude a tição desta semana com o viés do
Evangelho que diz respeito a nossa conduta para com a sociedade, levando em
conta que não nos comportaremos dignamente perante aos homens para sermos
salvos, mas porque o somos pela graça de Deus, o nosso Senhor
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Compreender as características comportamentais
de um cidadão do céu.
Contextualizar o comportamento
digno do crente ante uma posição oposta.
Promover a unidade da igreja.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado
professor, as palavras por si mesmas falam muito. Talvez haja pessoas em sua classe
que não estejam familiarizadas com os termos “consolação de amor”,
“entranháveis afetos e compaixões”, “mesmo amor", “foco no outro como em
si mesmo”. Note a força semântica apresentada pelo apóstolo Paulo no uso dessas
expressões! A nossa sugestão é que você, munido de bons comentários bíblicos,
enfatize o uso das expressões acima no tópico III da lição. Explique que a melhor
maneira de conduzirmo-nos dignamente perante a sociedade é amando, pois “quem
ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 1 3.8).
PALAVRA-CHAVE
Comportamento: Conjunto de atitudes e reações do indivíduo em
face do meio social.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, aprenderemos que muitas são as circunstâncias adversas que tentam
enfraquecer o compromisso do crente com o Evangelho de Cristo.
Veremos
que o testemunho do cristão é testado tanto pelos de fora (sociedade) quanto
pelos de dentro (igreja). Todavia, a Palavra do Senhor nos conclama a nos
portarmos dignamente diante de Deus e dos homens.
I - O
COMPORTAMENTO DOS CIDADÃOS DO CÉU (1.27)
1. O crente deve
“portar-se dignamente”. “Somente deveis portar-vos dignamente conforme o
evangelho de Cristo" (v.27), A palavra-chave desta porção bíblica é
dignamente. Este termo sugere a figura de uma balança com dois pratos, onde o
fiel da pesagem determina a medida exata daquilo que está sendo avaliado. Em
síntese, precisamos de firmeza e equilíbrio em nossa vida cotidiana, pois esta
deve harmonizar-se à conduta do verdadeiro cidadão dos céus.
2. Para que os outros
vejam.
O apóstolo Paulo deseja estar seguro de que os filipenses estão preparados para
enfrentar os falsos obreiros que, sagazmente, intentam desviá-los de Cristo.
Por isso fala do fato de estando ou não entre os filipenses, quer ouvir destes
que estão num “mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé
do evangelho” (v.27).
3. A autonomia da
vida espiritual.
Os filipenses teriam de desenvolver uma vida espiritual autônoma em Jesus, pois
o apóstolo nem sempre estaria com eles. Diante da sociedade que os cercava,
Paulo esperava dos filipenses uma postura firme, mas equilibrada. Naquele
momento a sociedade caracterizava-se por uma filosofia mundana e idólatra, na
qual o imperador era o centro de sua adoração. Quantas vezes somos desafiados
diante das vãs filosofias e modismos produzidos em nosso meio? O Senhor nos
chama a ser firmes e equilibrados, testemunhando aos outros como verdadeiros
cidadãos do céu.
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
O
comportamento de um cidadão do céu reflete a autonomia espiritual que o crente
deve apresentar no relacionamento com o outro.
II - O
COMPORTAMENTO ANTE A OPOSIÇÃO (1.28-30)
1. O ataque dos falsos
obreiros.
A resistência ao Evangelho vinha através de pregadores que negavam a divindade
de Cristo e os valores ensinados pelos apóstolos. Paulo, porém, exorta os
crentes de Filipos quanto à postura que deveriam adotar em relação a tais
falsos obreiros (v.28).
2. O objetivo dos falsos
obreiros.
Os falsos obreiros queriam intimidar os cristãos sinceros. Eles aproveitavam a
ausência de Paulo e
de seus auxiliares para influenciar o pensamento dos filipenses e, assim,
afastá-los da santíssima fé. Por isso, o apóstolo adverte para que os
filipenses não se espantassem. De igual modo, não devemos temer os que torcem a
sã doutrina. Guardemos a fé e falemos com verdade e mansidão aos que resistem a
Palavra de Deus (1 Pe 3.15).
3. Padecendo por
Cristo.
A Teologia da Prosperidade rejeita por completo a ideia do sofrimento, No
entanto, a Palavra de Deus não apenas contradiz essa heresia, mas desafia o
crente a sofrer por Cristo. É um privilégio para o cristão padecer por Jesus
(v.29). Paulo compreendia muito bem esse assunto, pois as palavras de Cristo
através de Ananias cumpriram-se literalmente em sua vida (At 9.16). Por isso,
os crentes filipenses aprenderam com o apóstolo que o sofrimento, por Cristo,
deve ser enfrentado com coragem, perseverança e alegria no Espírito.
Aprendamos, pois, com os irmãos filipenses.
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
O
cidadão do céu enfrentará ataques de cristãos não comprometidos com o
Evangelho, por isso, ele deve estar cônscio que o seu chamado é o de padecer
por Cristo.
III -
PROMOVENDO A UNIDADE DA IGREJA (2.1-4)
1. O desejo de Paulo
peia unidade.
Depois de encorajar a igreja em Filipos a perseverar no Evangelho, o apóstolo
começa a tratar da unidade dos crentes. Como a Igreja manterá a unidade se os
seus membros forem egoístas e contenciosos? Este era o desafio do apóstolo em
relação aos filipenses. Para iniciar o argumento em favor da unidade cristã, o
apóstolo utiliza vocábulos carregados de sentimentos afetuosos nos dois
primeiros versículos (2.1,2). Tais palavras opõem-se radicalmente ao espírito
sectário e soberbo que predominava em alguns grupos da congregação de Filipos:
a)
Consolação de amor; comunhão no Espírito e entranháveis afetos e compaixões.
Cristo é o assunto fundamental dos filipenses. Por isso, a sua experiência
deveria consistir na consolação mútua no amor de Deus e na comunhão do Espírito
Santo, refletindo a ternura e a compaixão dos crentes entre si (cf. At
2.42ss.).
b)
Mesmo amor, mesmo ânimo e sentindo uma mesma coisa. Quando o afeto permeia a
comunidade, temos condições de viver a unidade do amor no Espírito Santo. O
apóstolo Paulo “estimula os filipenses a se amarem uns aos outros, porque todos
têm recebido este mesmo amor de Deus” (Comentário Bíblico Pentecostal, p,1290).
Consolidada
a unidade, a comunhão cristã será refletida em todas as coisas.
2. O foco no outro
como em si mesmo.
Vivemos numa sociedade tão individualista que é comum ouvirmos jargões como
este: “Cada um por si e Deus por todos”. Mas o ensinamento paulino desconstrói
tal ideia. O apóstolo convoca os crentes de Filipos a buscar um estilo de vida
oposto ao egoísmo e ao sectarismo dos inimigos da cruz de Cristo (2.3). No
lugar da prepotência, deve haver humildade; no lugar da autossuficiência, temos
de considerar os outros superiores a nós mesmos.
3. Não ao
individualismo.
Paulo ainda adverte: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas
cada qual também para o que é dos outros” (v.4). Esta atitude remonta a um dos
ensinos mais basilares do Evangelho: “ama o teu próximo como a ti mesmo” (Mc
12.31; cf. At 2.42-47). Isto “rememora o exemplo de Paulo, de colocar as
necessidades dos filipenses em primeiro lugar (escolhendo permanecer com eles,
1.25) e de procurar seguir o exemplo de Cristo de não sentir que as
prerrogativas da divindade sejam ‘algo que deva ser buscado1 para os seus
próprios propósitos” (Comentário Bíblico Pentecostal, p.1291).
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
O
cidadão do céu deve ter o foco no outro como o tem em si mesmo. Ali, não deve
haver (ugar para o individualismo.
CONCLUSÃO
Com
a ajuda do Espírito Santo, podemos superar tudo aquilo que rouba a humildade e
o relacionamento sadio entre nós. O Espírito ajuda-nos a evitar o partidarismo,
o egoísmo e a vanglória (G1 5.26). Ele produz em nosso coração um sentimento de
amor e respeito pelos irmãos da fé (Fp 2.4). A unidade cristã apenas será
possível quando tivermos o sentimento que produz harmonia, comunhão e
companheirismo: o amor mútuo. O nosso comportamento como cidadãos dos céus deve
ser conhecido pela identidade do amor (jo 13.35).
VOCABULÁRIO
Arrebol:
Vermelhidão do pôr do sol.
Hedonitas:
Pessoas que consideram o prazer individual e imediato o único bem possível.
Sectarismo:
Partidarismo; tendência a preferir, ou formar, um grupo em detrimento do todo.
Sibaritas:
Da antiga cidade grega de Síbaris (Itália). Pessoas dadas a indolência ou à
vida de prazeres, por alusão aos antigos habitantes de Síbaris, famosos por suas
riquezas e voluptuosidade.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Teológico
“O
Comportamento à Luz da Experiência Cristã
[...]
Paulo desafia seus ouvintes a tornarem a sua alegria completa. A ideia que está
por trás de fazer algo completo é trazer isto à sua realização ou ao objetivo
final. Em Filipenses, Paulo observa que experimentou a alegria no sofrimento, a
alegria de ser lembrado pelos filipenses por ocasião de sua necessidade, e a
alegria pelo evangelho ser pregado. Para ele, a alegria completa é que a
igreja, que é a comunidade redimida, viva a realidade do evangelho.
Depois
de rogar aos filipenses que compartilhassem a experiência da salvação, Paulo
desafia-os a refletir várias qualidades em suas vidas (vv. 2b-4), todas aquelas
que dependam ou aumentem a primeira: ‘sentindo uma mesma coisa' (v.2b). Esta
expressão indica muito mais do que compartilhar pensamentos ou opiniões comuns;
denota o completo processo de pensamentos e emoções de uma pessoa, que estão
intimamente refletidos na maneira de viver, pois ambos estavam ligados como se
fossem uma única característica.
Uma
característica de boa consciência é que os cristãos deveriam ter ‘o mesmo amor’
uns para com os outros. Paulo estimula os filipenses a amarem-se uns aos
outros, porque todos têm recebido este mesmo amor de Deus (2.1)” (ARRINCTON,
French L.; STRONS- TAD, Roger (Eds). Comentário
Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 4. ed. Vol. 2 Rio de Janeiro: CPAD,
2009, p.486).
AUXILIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Vida Cristã
“PONTO
DE VISTA DE UMA BANHEIRA QUENTE
Antes,
eu pensava em banheira quente como algo reservado a hedonistas em Hollywood, e
sibaritas em San Francisco; agora sei que, sob certas circunstâncias, a
banheira quente é o símbolo perfeito da rota moderna da religião. A experiência
da banheira quente é voluptuosa, relaxante, lânguida, - não de um modo
exigente, seja intelectualmente ou de outra forma, mas muito, muito agradável,
a ponto de ser excelente diversão. Muita gente hoje quer que o cristianismo
seja assim, trabalham para que o seja. O último passo, claro, seria tirar os
assentos da igreja e, em seu lugar, instalar banheiras quentes, então não mais
haveria qualquer problema com a frequência. Entrementes, muitas igrejas,
evangelistas, e pregadores eletrônicos já estão oferecendo ocasiões que,
sentimos, são a coisa mais próxima da banheira quente - a saber: reuniões
alegres e livres de cuidados, momentos de real diversão para todos, [...] Esta
espécie de religião projeta a felicidade na forma de um bem-vindo caloroso a
todos quantos sintonizam ou vêm visitar; um coro aquecido com uma música
sentimental balançante; o uso de palavras ardentes e massageadoras em orações e
pregações; e um arrebol vespertino cálido e animado (outro toque da banheira
quente). À indagação, ‘Onde está Deus5, a resposta que estas ocasiões
geralmente projetam, não importa o que seja dito, é: ‘No bolso do pregador’.
Calmamente, certamente, mas... isto é fé? Adoração? Culto a Deus? É
religiosidade o nome verdadeiro deste jogo? [...]
Os
sintomas da religião banheira quente, hoje, incluem um índice fragorosamente
crescente de divórcio entre os cristãos; tolerância largamente difundida das
aberrações sexuais; um sobrenaturalismo, que busca sinais, maravilhas, visões,
profecias e milagres; xaropes calmantes, de pregadores eletrônicos e de
púlpitos liberais; sentimentalismo anti-intelectual e ‘picos’ emocionais
deliberadamente cultivados, o equivalente cristão da maconha e da cocaína; e
uma fácil e irrefletida aceitação da luxúria no viver diário. Esta não é uma
tendência saudável. Ela faz a Igreja parecer-se com o mundo, levada peio mesmo
apetite desarrazoado pelo prazer temperado com magia. Desta forma, eles minam a
credibilidade do evangelho da nova vida. Se esta tendência for revertida, uma
nova organização de referência terá de ser estabelecida. Para esta tarefa,
portanto, movemo-nos agora para onde as Escrituras nos guiam” (PACKER, J. I. O Plano de Deus Para Você. l. ed. Rio
de Janeiro: CPAD, 2004, pp.54,68,69).
EXERCÍCIOS
1.
De acordo com a lição, o que sugere o termo dignamente?
R:
Este termo sugere a figura de uma balança com dois pratos, onde o fiel da
pesagem determina a medida exata daquilo que está sendo avaliado.
2.
Como a Palavra de Deus contradiz a Teologia da Prosperidade em relação ao
sofrimento?
R:
Desafiando o crente a sofrer por Cristo, pois de acordo com o ensino de Paulo,
é um privilégio o cristão padecer por Jesus (v.29).
3.
O que Paulo usa para argumentar a favor da unidade cristã?
R:
O apóstolo utiliza vocábulos carregados de sentimentos afetuosos nos dois
primeiros versículos (2.1,2).
4.
A atitude de se preocupar com as necessidades do próximo remonta a qual ensino
basilar do Evangelho?
R:
“Ama o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.31; cf. At 2.42-47).
5.
O que você pode fazer, ou já tem feito, para superar tudo aquilo que rouba a
humildade e o relacionamento sadio entre irmãos de sua igreja?
R:
Resposta pessoal.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
HOLMES,
Arthur E Ética: As decisões Morais a Luz
da Bíblia. 1. ed. Rio de janeiro: CPAD, 2000.
PACKER,
J. I. O Plano de Deus Para você. 1. ed.
Rio de janeiro: CPAD, 2004.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n° 55, p.37.
Vivemos
numa sociedade onde a hipocrisia é a sua maior característica. Muitos se julgam
árbitro de políticos, artistas, jornalistas e etc. Outros quando perguntado
sobre a corrupção no país não titubeiam em dizer que os políticos devem ser presos.
Mas quem são as pessoas que respondem a esta pergunta? São técnicos em
refrigeração, taxistas, contadores, advogados, gente que representa as mais
variadas classes sociais do Brasil. Ao mesmo tempo em que condenam a corrupção,
eles cometam as maiores atrocidades éticas nas suas próprias profissões.
À
luz deste contexto social e hipócrita é que somos desafiados a ler a mensagem
aos Filipenses. O que nela está posta para o Corpo de Cristo é uma mensagem que
não aceita uma vivência de vida dualista. No versículo 27 do capítulo 1 o
apóstolo usa a expressão "quer vá e vos veja, que esteja ausente"
para denotar que o marco moral regulatório do discípulo de Cristo está muito
bem definido. O cristão é o que é sem ou com os olhares das pessoas. O apóstolo
não admitia a ideia de uma vida "pública" e outra
"privada".
Os
discípulos foram chamados para salgarem e serem luz em todas as esferas da
vida, onde quer que eles estejam. Tanto para a sociedade quanto para os
crentes. E bem verdade que esta postura pode causar grandes oposições e
incompreensões. O apóstolo Paulo alerta aos filipenses sobre isso quando disse
que eles não deviam se espantar com aqueles que resistem as reivindicações do
Evangelho.
E
comum nos dias de hoje os obreiros que não adotam o discurso da teologia da
prosperidade ter as portas fechadas para fazer uso do púlpito. O pregador que
não adere ao "hit do momento" corre o risco de não ter acesso ao
microfone. Mas este obreiro quando tem a consciência do que é realmente padecer
por Cristo sabe distinguir o Evangelho de Cristo do falso evangelho da
prosperidade. O Evangelho de Cristo é centrado na pessoa de Jesus, o da
prosperidade no homem. Logo, não é possível conciliar uma mensagem materialista
com aquela que reivindica a completa anulação humana dos seus próprios desejos
e deleites.
A
Teologia da Prosperidade é incompatível com o Evangelho pelos seguintes
motivos: enquanto uma foca o si mesmo, o outro foca no outro; enquanto uma diz
sim ao individualismo, o outro diz não; enquanto uma diz "conquiste o que
é seu", o outro conclama "reparta o que é seu".
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A quebra da sequência
dos versículos tem por objetivo destacar a importância do assunto inserido no
texto. O texto indicado para este capítulo trata, como se vê, da conduta digna
que o cristão deve viver em meio aos sofrimentos infligidos no contexto da vida
cristã. Esses mesmos versículos destacam a perseverança como qualidade
indispensável para suportar o sofrimento. Em todo o Novo Testamento,
especialmente nas cartas de Paulo, o sofrimento esteve presente na vida dos
cristãos. Ele mesmo lidava com o sofrimento com uma postura firme na esperança
de que um dia não haveria mais sofrimento para os que estão em Cristo.
Neste final do
capítulo 1 (Fp 1.27-30), Paulo faz de Cristo o exemplo supremo da vida
dedicada. Esse exemplo se torna um consolo quando sofremos por amor a Cristo.
Paulo chama a atenção dos filipenses para as aflições e perseguições que ele
havia passado e que eles também experimentariam. Em outra carta, o apóstolo
resume seu pensamento nesse sentido quando diz: “E também todos os que piamente
querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Tm 3.12).
O apóstolo admoesta
aos cristãos de Filipos a que norteassem suas vidas pelo evangelho de Cristo,
independentemente das adversidades que tivessem de enfrentar por causa do nome
de Jesus. Por que aceitar sofrer pelo evangelho? A resposta simples e objetiva
estava na convicção de que um dia esse sofrimento iria parar, e a presença do
Espírito Santo na vida íntima de cada crente fortaleceria a esperança da
glória. Na realidade, Paulo faz um convite aos cristãos para que sejam capazes
de padecer pelo Senhor Jesus, porque o galardão da fidelidade estava garantido.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 48.
I - O
COMPORTAMENTO DOS CIDADÃOS DO CÉU (1.27)
Exortações e Exemplos
Pessoais
1. Exortação à
coerência e à coragem (1.27-30)
“Somente (eu estando
ou não com vocês) deveis portar-vos dignamente [literalmente: ‘comportar-vos
como 6 4 Comentário Bíblico cidadãos’] conforme o Evangelho de Cristo” - que
vos tem dado a cidadania celestial. A notícia que Paulo deseja ouvir é a de que
os filipenses “permanecem firmes” , sem ceder terreno, unidos num só propósito
como se fossem um só espírito, ou uma só “alma” (mente), “combatendo juntamente
pela fé do evangelho” (no original: “companheiros combatentes” , v. 27). O
termo deriva-se dos jogos de gladiadores no anfiteatro romano, nos quais os
homens lutavam até a morte, ombro a ombro, contra um adversário comum.
Os irmãos devem
mostrar intrepidez no meio da perseguição (Filipos, segundo At 16, era um lugar
sujeito a agitações). O próprio valor e a atitude inabalável deles demonstraria
aos inimigos, claramente, que estavam convictos da vitória final e da
destruição dos seus adversários (v. 28).
Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses,
Hebreus. Editora CPAD. pag.
63-64.
1. O crente deve
“portar-se dignamente”.
1 O significado de
“portar-se dignamente” (1.27)
Ao exortar aos
cristãos filipenses que se portassem dignamente, Paulo tinha em mente o estilo
de vida da cidade e da sociedade de Filipos, como uma representação autêntica
da vida romana. Ele entendia que a cidade que oferecia honras aos seus cidadãos
e que levava uma vida politeísta poderia afetar a fé em Cristo. Ele, então,
apela à consciência cristã dos membros da igreja a que tivessem cuidado em não
corromper a fé recebida em Cristo. Paulo lembra nessa exortação o fato de que
eles deveriam saber como viver numa sociedade comprometida com a cidadania
imperial romana, sem se esquecer de que eles tinham uma cidadania celestial,
cujo Rei era o Senhor Jesus Cristo. Esse fato é lembrado no texto de 3.20: “Mas
a nossa cidade está nos céus”. O apóstolo apela para a conduta cristã que os
filipenses deveriam ter em relação à vida da cidade política e social de
Filipos.
A maior dificuldade
do mundano está na palavra “conduta”, que é interpretada como um modo de
cercear a liberdade de ser e de fazer o que quiser fazer. Entretanto, do ponto
de vista da Bíblia, essa palavra cabe perfeitamente no estilo de vida cristã. A
conduta requerida não é um cerceamento à liberdade; pelo contrário, é um modo
de exercer liberdade com domínio sobre todos os ímpetos da natureza humana.
Note o que o texto
diz: “somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo”. A
palavra chave nesta frase é “portar-se” que melhor traduzida e de acordo com o
contexto se refere ao comportamento de um cidadão. Portanto, como “cidadãos dos
céus” os cristãos devem conduzir-se de um modo digno do evangelho. Esse modo
digno de conduzir-se implica agir com firmeza e equilíbrio na vida cristã
cotidiana.
A palavra “digno”
está no texto grego do Novo Testamento como aksios (ou axios) e é usada por Paulo
em outras cartas aos efésios (Ef 4.1), aos colossenses (Cl 1.10) e aos
tessalonicenses (1 Ts 2.12). A palavra axios sugere, na sua etimologia, a
figura de uma balança de dois pratos em que o fiel da balança determina a
medida exata daquilo que está no prato. O valor ou dignidade é achado quando o
fiel da balança fica na posição vertical central. Os pratos da balança que
ficam em posição horizontal precisam ter o mesmo peso para equilibrar o fiel da
balança. O cristão precisa ter uma vida equilibrada com o fiel da balança que é
a vontade soberana de Deus para a sua vida. Em síntese, os privilégios de que
gozamos na vida cristã devem condizer com nossa conduta de cidadãos dos céus.
2 O comportamento de
cidadãos dos céus (1.27)
O texto diz
literalmente “vivei” como “cidadãos dos céus” do mesmo modo como cada cidadão
romano tinha que viver conforme as leis do Império Romano. Muito mais, como
cidadãos romanos, os cristãos deveriam viver de modo digno do evangelho, sem
ofender a lei terrena, mas nunca negando a salvação recebida de Cristo Jesus.
Por isso, um cidadão consciente sabia que deveria sempre respeitar as leis do
império para ter privilégios de cidadãos (Rm 13.1-7). Do mesmo modo, o cristão
devia comportar-se como cidadão dos céus, porque sua nova pátria é o Reino de
Deus. Mais à frente, Paulo identifica bem esse novo estado de vida do cristão
quando diz: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20). O cristão deve, portanto,
comportar-se de forma digna dessa cidadania. Todo aquele que for nascido de
novo, é nova criatura e tem seu nome escrito no Livro da Vida do Cordeiro, por
isso faz parte da família celestial (2 Co 5.17; Fp 4.3).
Paulo tinha uma visão
ética da vida cristã muito definida. Por isso, é frequente nas suas cartas o
apelo ao padrão de conduta ética para as igrejas sob a sua orientação pastoral.
Várias vezes nos deparamos com esse apelo paulino nas suas cartas. Aos
Tessalonicenses, ele escreveu: “Assim como bem sabeis de que modo vos
exortávamos e consolávamos, a cada um de vós, como o pai a seus filhos, para
que vos conduzísseis dignamente para com Deus, que vos chama para o seu reino e
glória” (1 Ts 2.12). Ao recomendar uma cristã chamada Febe, membro da igreja em
Cencreia, Paulo escreveu aos romanos: “Recomendo-vos, pois, Febe, nossa irmã, a
qual serve na igreja que está em Cencreia, para que a recebais no Senhor, como
convém aos santos” (Rm 16.1,2). Percebe-se que é o evangelho que estabelece a
norma ética do comportamento cristão.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 48-50.
Embora não figure na
versão portuguesa como base textual deste comentário, esta frase começa com a expressão
«tão-somente...», de acordo com o original grego. É como se Paulo houvesse
dito: «Ainda que me seja bom ser solto e tornara ver-nos, contudo, ‘isto' vos
exorto, acima de tudo—uma boa conduta cristã, em minha presença ou em minha
ausência.
“É justamente com
essa finalidade que desejo permanecer fisicamente vivo, o que deve ocupar o
primeiro lugar, sem importar que eu esteja presente convosco ou ausente de vós».
O termo grego «monon»
(«tão-somente», que não aparece na versão portuguesa que usamos como texto
básico deste comentário), pois, se encontra em posição enfática, destacando o
fato que a verdadeira conduta cristã é a condição indispensável e exclusiva da
alegria de Paulo, quando chegasse à presença deles, conforme o demonstra a
conexão com os versículos vinte e quatro a vinte e seis deste capítulo. (Uso
similar do termo grego «monon» pode ser encontrado nos trechos de I Cor. 7:39;
Gál. 2:10 e II Tés. 2:7). Somente sob a condição de uma conduta verdadeiramente
cristã é que os crentes em geral, como também os crentes filipenses, em particular,
podiam desfrutar de progresso e alegria espirituais, tendo motivos verdadeiros
para neles se regozijarem e ufanarem.
«... vivei... por
modo digno...» Em outras palavras, «que vossa maneira de viver seja digna». É
empregado aqui o termo grego «politeuomai», que tem o significado de «ser
cidadão», «exercer a cidadania» de modo digno. (Ver o trecho de Fil. 3:20, onde
Paulo usou um substantivo correlato, a fim de referir-se à cidadania espiritual
dos crentes filipenses; portanto, compreendemos que Paulo quis dizer aqui que
aqueles crentes deveriam conduzir-se como dignos cidadãos da pátria celeste,
que é supremamente melhor que todas as pátrias terrenas. Assim estariam
conferindo crédito à pátria celeste e estariam glorificando à pessoa de Cristo.
A palavra
ordinariamente empregada por Paulo para indicar a conduta cristã diária é
andar. (Ver Gál. 5:16,25 e as notas expositivas ali existentes, acerca dessa
metáfora, que era de ocorrência frequente tanto nos escritos religiosos como entre
os autores seculares). O trecho de Fil. 3:16-18 subentende essa maneira de
andar, em seus aspectos negativo e positivo.
O vocábulo usado no
presente texto gradualmente veio a ser usado para indicar toda a conduta moral.
Portanto, o verbo «andar», nas páginas do N.T., provavelmente é usado para
indicar, pelo menos secundariamente, nossos contactos e nossas
responsabilidades sociais. Em certo sentido o espiritual pois, o apóstolo dos
gentios conclamou aos crentes filipenses que reconhecessem tais
responsabilidades, tanto no seio da comunidade cristã como na qualidade de seus
representantes, no mundo exterior. Paulo não aconselhava àqueles crentes que
fossem bons cidadãos da comunidade de Filipos, por amor à cidade, mas antes,
que se mostrassem bons representantes do povo celestial, o que,
automaticamente;, os tomaria bons membros da sociedade terrena. Os filósofos estoicos
encaravam os homens como cidadãos do mundo, dotados de responsabilidades
perante todos os seus semelhantes. Aristóteles sentia tão agudamente a
obrigação do indivíduo perante a sociedade que fazia da ética um ramo da
política, não considerando
bom a qualquer indivíduo que não quisesse servir ao estado e à comunidade em
que vivia. Ora, isso também é verdade no que tange ao mundo espiritual.
Precisamos reconhecer a existência do «mundo espiritual», ao qual pertencemos;
e também devemos reconhecera comunidade religiosa à qual estamos vinculados.
«...modo digno do
evangelho de Cristo...» De que maneira? Isso pode ser respondido através dos
seguintes três pontos:
1. Mediante ações
corretas, conforme é coerente com as exigências morais do evangelho;
2. mostrando gratidão
ao Senhor pelo seu grande dom;
3. e visando sempre o
progresso do evangelho (a mensagem de salvação) no mundo, porquanto nossas boas
ações demonstrarão o valor e o poder do evangelho. (Ver também declarações
similares, nas páginas do N.T., como; «Não devemos criar', qualquer ‘obstáculo
ao evangelho’», em I Cor. 9:12. Somos avisados a não «perverter» o evangelho,
em Gál. 1:7). Quanto a notas expositivas completas sobre o «evangelho», onde se
discute esse termo e seus usos, ver os trechos de Mat. 1:1 e Rom. 1:16. E isso
pode ser comparado com Efé. 4:1, onde se lê: « ...q u e andeis de modo digno da
vocação a que fostes chamados»; e também com I Tes. 2:12, que diz: «...a cada
um de vós, exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de
Deus...»; e, finalmente, com Col. 1:10, que reza: «...a fim de viverdes de modo
digno do Senhor...»
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 21-22.
Fp 1. 27 Paulo
desenhou para si e para os filipenses a grata imagem do reencontro. Porém não
fez isso para que agora sonhem a esse respeito e preencham o tempo com esperas
e preocupações. Com um movimento vigoroso (“Acima de tudo:”), Paulo leva os
filipenses, depois de todas essas comunicações pessoais, de volta a seus
próprios afazeres e tarefas. Que o alegre dia da glorificação transbordante
seja concedido, mas acima de tudo está diante de todos o cotidiano com suas
demandas, e essas demandas não são fáceis nem para os filipenses nem para
Paulo.
“Vivei vossa vida
comunitária.” O verbo usado aqui por Paulo pode ter esmaecido para um
significado genérico “conduzir a vida, andar”. É assim que ocorre, p. ex., em
At 23.1. Como Paulo não emprega aqui o termo peripatein, que ele em geral mais
utiliza para “andar”, o uso de politeuesthai certamente visa expressar ao mesmo
tempo o momento “político” (cujo som também permite a nós essa associação de
termos). Ou seja, não apenas “Vivei vossa vida!”, mas “Vivei vossa vida
comunitária!”. Desse modo somos novamente lembrados de que o NT nunca se dirige
a pessoas isoladas, que não visa a formação de personalidades em si, mas a
“comunidade”, as irmandades e sua vida conjunta. “Conduta”, “santificação”,
também isso e justamente isso é o objetivo da vida fraterna no NT.
Que configuração deve
ter a vida da congregação? Paulo, que lutava para que as igrejas não se
tornassem reféns de uma santificação legalista (cf. especialmente Cl 2.16-23),
não é capaz de responder a essa pergunta com determinados “estatutos”.
Preceitos jamais captarão a plenitude da vida ativa em sua constante mutação, e
ficarão sempre presos a aspectos exteriores. Por isso Paulo fornece um ponto de
orientação capaz de determinar constantemente o comportamento no convívio da
igreja a partir de dentro: “De modo digno do evangelho do Cristo vivei vossa
vida comunitária!” Este é um traço muito significativo da “ética” do NT. O
fazer e produzir das pessoas não são o mais importante. Antes de tudo elas são
livre e ricamente presenteadas: o evangelho do Cristo, o Redentor, com seu amor
que jamais será compreendido, vem até eles. Na sequência, há evidentemente um
viver e agir que corresponde a essa graça régia, a esse amor imerecido.
“Eleitos, nascidos em alta posição, cumpre andar de acordo com ela.” Uma pessoa
de fora, distante, não pode dizer aos filipenses de que consiste esse agir e
viver “digno” hoje e aqui, mas eles mesmos são capazes de descobrir estas
diretrizes na irmandade. Com segura e crescente “sensibilidade” (Fp 1.9s) eles
perceberão: isto não é “digno do evangelho”, mas aquilo pode ser esperado do
povo do Cristo.
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos
Filipenses. Editora
Evangélica Esperança.
27. Deviam viver de
modo digno, como cidadãos do céu. O uso que Paulo faz de politeuomai,
"viver como cidadãos", "cumprindo deveres comuns", em vez
do seu usual peripateô, "andar", seria notado e apreciado numa
colônia romana como Filipos. A palavra enfatiza o efeito de uma comunidade
cristã em uma sociedade pagã. Indo . . . estando ausente não indica dúvidas
quanto ao futuro mas uma tentativa de desprendê-los de uma indevida dependência
dele. A ideia do combate de gladiadores passa por todos estes versículos: Eles
deviam estar firmes (stêkô), lutando juntos (synathleô), e não deviam se
espantar (ptyreomai, v. 28). Em um só espírito indica uma ofensiva unificada;
uma só alma (sede das afeições) indica que a unidade deve estender à disposição
interior.
MOODY.
Comentário Bíblico Moody.
Filipenses. pag. 12.
2. Para que os outros
vejam.
«...ou indo ver-vos,
ou estando ausente, ouça...» No caso de ser solto da prisão, Paulo planejava
visitar aos crentes de Filipos; e ainda que assim não sucedesse, desejava
receber confirmação de que estavam andando «dignamente». Se porventura as circunstâncias
se tomassem adversas para o apóstolo, e ele tivesse de continuar aprisionado,
queria ouvir falar do «andar» digno daqueles c rentes, mesmo que não pudesse
avistar-se pessoalmente com eles. Isso de poder ele estar presente ou ter de
ficar ausente, era uma questão «indiferente». O que realmente importava era a conduta
cristã deles.
«...que estais
firmes.. .» Essa expressão pode ser comparada com o trecho de Efé. 6:11,13,
onde o mesmo vocábulo grego é empregado, e onde o soldado cristão recebe ordem
de resistir ao inimigo, sem retroceder, fazendo frente aos seus ataques e
conquistando assim a vitória. (Ver igualmente o trecho de II Tes. 2:15). A
constância , a força e a harmonia nos são recomendadas, conforme as palavras
que se seguem, «...em um só espírito...», nos permitem perceber.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 22.
SEU APELO
Uma vez que fora do
evangelho não há salvação, nem vida que seja verdadeiramente para a glória de
Deus, então um ardente, categórico e ressoante apelo é dirigido a todos os
homens, apelando-lhes a que se reconciliem com Deus.
“De sorte que somos
embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em
nome de Cristo, pois, rogamos que se reconciliem com Deus” (2Co 5.20).63 O que
está implícito é também ultimado.
Os filipenses estão
vivendo em harmonia com este evangelho? E estão fazendo isso sem levar em conta
se estão ou não sendo observados por Paulo? É por isso que o apóstolo diz:
Tão-somente continuem a exercer sua cidadania de modo digno do evangelho de
Cristo, de modo que, quer eu vá e os veja, ou esteja ausente, que ouça de vocês,
etc. Certamente isso está em harmonia com o estilo condensado e emocional de
Paulo, e que interpretamos essas palavras neste sentido:
“... de modo que, ou
eu vá e os veja, ou permaneça ausente e ouça acerca de vocês, então eu saiba
que ...” etc.
HENDRIKSEN. William. Exposição de Filipenses. Editora Cultura Cristã. pag. 453-454.
O único evangelho que
o mundo conhece é o que vê refletido na vida dos cristãos. Capítulo por
capítulo, a cada dia, Por meio das
coisas que fazes E das palavras que dizes,
Estás a escrever um
evangelho.
Quer fiel quer
verdadeiro,
Os homens leem o que escreves.
O que é o evangelho
Segundo tua vida?
(autor desconhecido)
"O
evangelho" é a boa-nova de que Cristo morreu por nossos pecados, foi
sepultado e ressuscitou (1 Co 15:1-8). Há somente uma "boa nova" da
salvação; qualquer outro evangelho é falso (Cl 1:6-10). A mensagem do evangelho
é a boa-nova de que os pecadores podem se tornar filhos de Deus por meio da fé
em Jesus Cristo, o Filho de Deus (Jo 3:16). Acrescentar qualquer coisa ao
evangelho é o mesmo que destituí-lo de seu poder. Não somos salvos de nossos
pecados pela fé em Cristo mais alguma coisa; somos salvos somente pela fé em
Cristo.
- Alguns conhecidos
nossos têm uma ideia completamente errada do evangelho - comentou um membro da
igreja ao pastor.
- Pode indicar alguns
livros que possamos lhes dar para ler?
O pastor abriu a
Bíblia em 2 Coríntios 3:2 - "Vós sois a nossa carta, escrita em nosso
coração, conhecida e lida por todos os homens" - e disse:
- Nem o melhor livro
do mundo é capaz de substituir seu modo de viver. Permitam que essas pessoas
vejam Cristo em seu comportamento e vocês terão oportunidades de compartilhar o
evangelho de Cristo com elas.
A maior arma contra o
diabo é uma vida piedosa. Uma congregação que se comporta de maneira condizente
com suas convicções derrotará o inimigo. Eis o primeiro elemento essencial para
a vitória nesta batalha.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 91.
3. A autonomia da
vida espiritual.
«...em um só
espírito...» Visto que no original grego nunca eram usadas letras maiúsculas,
não sabemos dizer se há ali alusão ao «espírito» humano, na forma de «atitude»,
ou ao Espírito Santo. Os intérpretes têm entendido haver referência aqui tanto
a uma como a outra coisa; e sempre haveria alguma verdade em foco. O que
sabemos, indiscutivelmente, é que qualquer unidade que haja no seio da igreja
cristã, isso vem através da influência da residência do Espírito nos crentes,
porquanto ele é o unificador e o fortalecedor da igreja de Cristo. Outrossim,
isso deve concretizar-se na forma de uma atitude comum, no seio da comunidade
dos crentes, como também de cada crente individual; porque é somente dessa maneira
que se formará a «disposição» da unidade comum. Portanto, todos esses aspectos
focalizam uma verdade qualquer. Todavia, o mais provável é que haja aqui alusão
à vida espiritual comum, caracterizada por paz e harmonia, implantada no íntimo
daqueles crentes, embora sempre fique destacado o pensamento que é o Espírito
Santo quem produz tal condição.
«...com uma só alma...»
O termo grego «psuche» é empregado aqui. Com frequência significa a «alma», a
porção imaterial do homem. E vários intérpretes, para evitarem uma redundância
formada pela palavra grega «pneuma», traduzem o termo que há neste ponto por
«mente». Ê verdade que «psuche» pode indicar a mente, como a sete das emoções,
da razão e dos desejos; tudo o que é atribuição da alma, do homem interior. Mas
essas duas palavras gregas, «pneuma» e «psuche», com frequência são sinónimos, pois
ambas se referem ao homem essencial, espiritual, ainda que neste ponto se deva
pensar em certa distinção. Mediante o uso de ambas essas palavras, Paulo
enfatizou a união e a harmonia profundas que devem caracterizar a comunidade
dos crentes. Essa harmonia deve visar um esforço comum, em busca do bem e do
avanço do evangelho. Deve haver a determinação e a resolução de fazer-se
exatamente isso, sem quaisquer sentimentos de rivalidade e espírito faccioso,
conforme certos indivíduos, conhecidos de Paulo, pregavam a Cristo. (Ver os
versículos quinze e dezessete deste mesmo capítulo).
« ...lutando juntos
...» No original temos aqui um único termo, «sunathleo», da mesma raiz que deu
nosso vocábulo português «atleta»..
Paulo parece empregar
aqui 0 símbolo de uma competição atlética, da mesma maneira que «ficar firme»
sugere uma metáfora militar. Todavia, esse termo era comumente usado, fora de
qualquer contexto, com o sentido de «luta», de «conflito». E a adição do
prefixo «sun» in d ic a o esforço conjunto, que se origina da unidade íntima.
Ora, isso também é contrário à moda facciosa com que alguns indivíduos
anunciavam a Cristo, os quais faziam tudo com finalidades de autoglorificação e
motivados pela inveja.
Em Fil. 4:3, essa
palavra é novamente utilizada, referindo-se a certas mulheres que «labutavam
juntamente com» Paulo no evangelho, sendo essa a única outra ocorrência do
termo em todo o N.T.
«...pela fé...» Temos
aqui o dativo de interesse, conforme diríamos hodiernamente «no interesse da
fé». Normalmente, por toda a parte do N.T., a fé aparece como algo «subjetivo»,
dando a entender a entrega da alma a Cristo, o exercício de confiança para com
ele, mediante o que qualquer pessoa é justificada aos olhos de Deus. Porém,
essa palavra também pode revestir-se de um sentido «objetivo», quando então se
torna virtual sinónimo da «fé cristã», ou mesmo da «religião cristã», em contra
distinção com todas as demais «fés religiosas». Entretanto, não é frisada aqui
nenhuma ideia de «credo», pois não está em pauta nenhum corpo doutrinário, mas
antes, a fé viva em Cristo, como padrão de vida.
Naturalmente, isso
envolverá «crenças»; mas «crença», em sentido abstrato, é a ideia desta
passagem, dando-nos a entender uma crença centralizada em Cristo, a qual se
torna a «fé» mediante a qual alguém vive.
A expressão «...fé
evangélica...», aqui usada, não é encontrada em qualquer outra porção do N.T.
Poderia significar «fé no evangelho»; mas isso nos levaria de volta ao conceito
da fé «subjetiva», a confiança no Cristo anunciado pelo evangelho. Mas o que deve
ser mantido aqui é o conceito da fé «objetiva», a saber aquela fé que pertence
ao evangelho e é promovido por ele. No presente texto, trata-se virtualmente da
«fé cristã», da religião cristã, que tem por centro o evangelho de Cristo. Ê
por essa razão que Kennedy (in loc.) comenta como segue, a respeito: «Temos
aqui o cristianismo , considerado em seu aspecto mais característico da
aceitação da revelação da misericórdia divina, em Cristo, em que 0 indivíduo
fica dependendo dele, para salvação de sua alma». Era visando o avanço dessa
«fé» que Paulo ordenava agora aos crentes filipenses que lutassem juntos,
resguardando sua pureza e propagando o seu poder de salvação entre os homens,
preservando sua própria existência em um mundo hostil, que haveria de perseguir
aos seus seguidores. Isso pode ser confrontado com as palavras de Jud. 3, onde
se lê: « ...a batalhardes diligentemente pela fé...», onde se aprende que essa
forma de defesa do evangelho precisa ser incluída no sentido do versículo
presente, mas que não exaure todo 0 seu significado, conforme as notas
expositivas mais acima procuram demonstrar.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 22.
em um só espírito,
como uma só alma (1:27c)
Junto com o pé firme
na fé, deve também haver unidade no seio da igreja, uma partilha mútua de
convicções e responsabilidades em um só espírito, com uma só mente.
Muitos intérpretes
têm argumentado que a frase deve ler em um só Espírito, referindo-se ao Espírito
Santo. Paul é, obviamente, falando do Espírito Santo quando ele diz que
"por um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, ... e todos
nós fomos feitos para beber de um só Espírito" (1 Cor. 12:13). O mesmo é
verdadeiro quando ele observa que através de Cristo "ambos temos acesso em
um mesmo Espírito ao Pai", comandando os crentes a ser "diligente
para preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz", porque "há
um só corpo e um só Espírito ... um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só
Deus e Pai de todos, que é sobre todos e por todos e em todos "(Ef 2:18;
4:3-6). Mas o contexto da passagem atual, que incide sobre as atitudes dos
crentes, parece indicar que ele está falando do espírito humano do crente.
Psuche (mente) é mais
frequentemente traduzido como "alma". Aqui mente parece mais
apropriado, porque, como já foi dito, Paulo está falando de atitudes pessoais e
perspectivas. Um espírito, com uma mente refere-se à experiência de unidade,
interdependência, harmonia e. Desde o início da igreja era de um só espírito,
com uma só mente. Dentro de poucos dias depois de Pentecostes, todos aqueles
que criam estavam unidos e tinham tudo em comum, e eles começaram a vender suas
propriedades e bens e os repartiam por todos, como se poderia precisar. Dia
após dia, continuando com uma mente no templo, e partindo o pão de casa em
casa, eles foram tomar as suas refeições com alegria e sinceridade de coração.
(Atos 2:44-46; cf. 4:32)
No início desta
carta, Paulo elogia os Filipenses por sua "participação no evangelho desde
o primeiro dia até agora" (1:5), e mais tarde ele adverte: "Se há
alguma exortação em Cristo, se houver alguma consolação de amor, se há alguma
comunhão no Espírito, se qualquer afeição e compaixão, completem a minha
alegria por ser da mesma opinião, mantendo o mesmo amor, unidos em espírito,
com a intenção de um propósito "(2:1-2). Ainda mais tarde, ele recomenda
"Evódia e Síntique ... para viver em harmonia no Senhor" (4:2), ao
mesmo tempo, expressando grande apreço por essas duas mulheres, porque eles
tinham "todos [sua] luta pela causa do evangelho "(v. 3).
Unidade na sua Igreja
era uma das grandes paixões de Jesus. Na Última Ceia, Ele disse aos Seus
discípulos: "Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros,
assim como eu vos amei, vós também vos ameis uns aos outros. Por isso todos
saberão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros "(João
13:34-35). Um pouco mais tarde, em Sua oração sacerdotal, Ele orou para que
todos os que acreditam nele "todos sejam um, como Tu, Pai, estás em Mim e
Eu em Ti, que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me
enviaste. A glória que me conferiste eu dei para eles, que eles sejam um, como
Nós somos um "(17:21-22). Este pedido surpreendente foi respondida na unidade
espiritual que realmente existe no corpo de Cristo. Os crentes partilham a vida
eterna concedido por Deus no novo nascimento, de modo que eles são um com o Senhor
e uns com os outros (cf. 1 Cor. 10:16-17).
Paul desejado para
ver o resultado prático dessa verdadeira unidade espiritual no cuidado amoroso
e ministério. A unidade funciona da igreja também foi uma das grandes paixões
de Paulo. Ele lembrou aos crentes em Roma que, "assim como temos muitos
membros em um só corpo e todos os membros não têm a mesma função, assim nós,
que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente membros uns
dos outros .... Seja da mesma opinião em relação ao outro, não ser arrogante em
mente, mas associar-se com os humildes "(Rom. 12:4-5, 16). Ele implorou a igreja
faccioso em Corinto: "Exorto-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
que todos concordam e que não haja divisões entre vós, mas que seja completo em
um mesmo pensamento e no mesmo parecer "(1 Cor. 1:10).
Contenda Igreja nem
sempre envolve tais pecados flagrantes como adultério, roubo, mentira, ou
difamação. Muitas vezes, é gerada por esses "menores" pecados como
rancores sobre questões menores, críticas injustas, amargura, a insatisfação e
desconfiança. Às vezes, surge a desarmonia que não pode nem mesmo ser
claramente identificado ou atribuído a qualquer indivíduo, incidente ou
problema. O inimigo da igreja bem-sucedida quando o povo de Deus transformar a
sua "liberdade em uma oportunidade para a carne", esquecendo-se
"através do amor servir um ao outro", e em vez disso começa a
"morder e devorar um ao outro", às vezes ao ponto mesmo de ser "consumida
por um outro" (Gl 5:13, 15). A única solução é a "andar pelo Espírito,
e [assim] não realizar o desejo da carne" (v. 16). Ele requer a tomada de
esforço especial para "ser gentil com o outro, compassivos, perdoando-vos uns
aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou" (Ef. 4:32).
Paul sempre teve que
lidar com divisões na igreja entre judeus e gentios, escravos e livres, e
homens e mulheres. Em resposta a essas questões, ele declarou que em Cristo
"não há judeu nem grego, não há nem escravo nem homem livre, nem homem nem
mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3:28) . Mais uma vez,
falando de judeus e gentios, lembrava aos Efésios: "Agora, em Cristo
Jesus, vós que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo.
Porque ele é a nossa paz, que fez os dois grupos em um único e quebrou a
barreira do muro que dividia "(Ef 2:13-14;.. Cf vv 18-22). "Aquele
que se une ao Senhor é um espírito com Ele" (1 Cor 6:17;. 2 Coríntios
12:18.), E, portanto, deve ser de um espírito e mente com todos os que Lhe
pertence. Paulo dá a chave para a verdadeira unidade da igreja quando ele escreve,
"[ser] da mesma mente, mantendo o mesmo amor, unidos em espírito, com a
intenção de um propósito. Não fazer nada de vaidade ou egoísmo vazio, mas com
humildade de respeito mente um do outro como mais importante do que a si
mesmos, não apenas olhar para seus próprios interesses pessoais, mas também
para os interesses dos outros "(Filipenses 2:2-4) . Em outras palavras,
ele continua a dizer: "Tende em vós o que houve também em Cristo
Jesus" (v. 5).
ESFORÇANDO-SE
combatendo juntamente
com uma só alma pela fé do evangelho; e que em nada estais atemorizados pelos
adversários, o que para eles é indício de perdição, mas para vós de salvação, e
isso da parte de Deus (1:27d–28) Uma terceira característica de uma conduta
digna envolve crentes que lutam juntos. Sunathleō (lutando juntos) é uma
palavra grega composta, composto do sol preposição (com) eo athleō substantivo,
o que significa para competir em um concurso, especialmente em um esporte como
o wrestling. É o termo a partir do qual o atleta palavras Inglês e atletismo
são derivadas. Escrevendo a Timóteo, Paulo usou o verbo duas vezes em seu
sentido literal como uma analogia espiritual, declarando que "se alguém
compete como atleta, ele não ganhar o prêmio, a menos que ele concorre de
acordo com as regras" (2 Tm. 2:5) .
Na presente passagem,
lutando juntos, obviamente, é a ideia de Paulo tem em mente, ao invés do lado
oposto de lutar ou competir contra, como a palavra também pode ser processado.
Ele está enfatizando a atitude não de tirar proveito de outro para benefício
próprio, mas sim de sacrificar o bem-estar próprio de alguém para promover o
bem-estar dos outros. A ideia de lutar contra a está implícito, mas apenas no
sentido de que a igreja deve também ser lutando juntos contra o pecado eo
inimigo comum, Satanás e seus exércitos de demônios.
Paul salienta aqui a
relação positiva de crentes uns com os outros. Mais de uma equipe esportiva com
muitos jogadores excepcionais não conseguiu vencer um campeonato, porque a
maioria desses jogadores concentrados no seu próprio sucesso e não do time. Uma
equipe menos talentosos muitas vezes pode vencer aquele que é mais talentoso,
pois a equipe mais fraca funciona de forma eficiente em conjunto para alcançar
um objetivo comum. Um jogador com um talento extraordinário pode ser temporariamente
afastados ou mesmo adiar a equipe, porque, impressionante como seus esforços
individuais pode ser, ele faz mal sua equipe mais do que bom. Lutando juntos na
igreja significa jogar como uma equipe para fazer avançar a verdade de Deus.
Unidade genuína de
qualquer tipo deve ter um propósito. Tentando alcançar a unidade para o bem da
unidade é um exercício de futilidade, porque ele deve ter a motivação e o foco
de uma causa comum e objetiva. A unidade da Igreja só é verdade se baseia na fé
do evangelho, que refere-se à fé cristã. Em outros lugares, Paulo chama isso de
"o evangelho de Cristo" (Gal. 1:7) e "o evangelho da glória do
Deus bendito", com a qual ele e Timóteo, bem como todos os outros crentes,
foram confiadas (1 Tim . 1:11; 6:20; cf Rm 1:1;... 2 Tm 1:14; cf 4:7).. Judas
se refere a ela como "a fé que uma vez por todas foi entregue aos
santos" (Jd 3).
Como já mencionado,
lutando juntos não avança apenas a fé do Evangelho, mas também suspende o
avanço de qualquer se lhe opõe. A Igreja sempre enfrentou um mundo hostil. Alguns
hostilidade é óbvia e direta, como a dos ateus, filósofos humanistas, e outras
religiões. Grande parte da hostilidade, entretanto, é indireto e sutil, que
muitas vezes é mais perigoso.
Falso ensino tenha
encontrado o seu caminho em igrejas que antes eram bíblico e evangélico. Os defensores dos
falsos evangelhos, qualquer que seja a forma, "distorcem ... as
Escrituras, para sua própria destruição" (2 Pedro 3:16), bem como à
destruição daqueles que enganar. Em nenhum momento na história da igreja houve maior
necessidade de discernimento do que em nossos dias. A igreja precisa
desesperadamente a advertência do Senhor: "Guardai-vos dos falsos
profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos
devoradores" (Mt 7:15;. Cf. At 20:28-30; Judas 4). "Pele de
cordeiro" é qualquer ideia ímpio, a princípio, ou prática que está
redigida em terminologia cristã. Tais doutrinas de demônios, além de minucioso
exame, parecem ser bíblico. Como Timóteo, os crentes devem constantemente e
cuidadosamente "guarda o que tem sido confiada a [eles], evitando conversa
mundana e vazia e os argumentos contrários do que é falsamente chamado
'conhecimento'" (1 Tm 6:20;. Cf 2 Tm.. 1:14).
A meta positiva de
lutar juntos é anunciar a fé do evangelho. No Pentecostes, Pedro declarou:
"Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo
para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo"
(Atos 2:38). Pouco tempo depois ele testemunhou perante os líderes judeus
naquela cidade: Que seja conhecido por todos vocês e para todo o povo de
Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes e a
quem Deus ressuscitou dentre os mortos .... Ele é a pedra que foi rejeitada por
vós, os construtores , mas que se tornou a pedra angular. E não há salvação em nenhum
outro, pois não existe debaixo do céu outro nome que foi dado aos homens pelo
qual devamos ser salvos. (Atos 4:10-12)
Desde o início da
pregação apostólica do evangelho, suas afirmações absolutas e inequívocas foram
ridicularizados. Para o mundo descrente, tais reivindicações são o grande
escândalo do evangelho. Mas essas verdades únicas e exclusivas são coração do
evangelho e substância. Jesus declarou: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a
vida, ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14:6), e que a afirmação é
reiterada em todo o Novo Testamento. Tragicamente, hoje a evangelização visa
eliminar o delito de pregar sobre o pecado e a santidade, arrependimento e
humildade, em um esforço para tornar a mensagem mais aceitável para os caídos,
a natureza humana depravada. Um número crescente de igrejas intencionalmente
jogar para baixo os elementos bíblicos da salvação e as exigências do
verdadeiro discipulado. Ao fazê-lo, o verdadeiro evangelho é banalizado ou
reduzidos a um nível impotente, e acondicionados em as contra facções
reducionistas várias formas de diversão e entretenimento.
Na tentativa de
tornar o evangelho atraente e aceitável, o ministro muitas igrejas de maneira
que efetivamente, embora não intencionalmente, afetam a própria Palavra de Deus
que eles proclamam. É encorajador que biblicamente fundamentado, cuidadosamente
fundamentado, e pregação expositiva teologicamente som está fazendo um retorno.
Mas, e grandes, mais cultos evangélicos, aulas de escola dominical (incluindo
adultos), reuniões de jovens e outras atividades são projetados principalmente
para satisfazer emocionalmente aqueles que assistem. Deus focada adoração,
reverente, e pensativo, juntamente com a instrução séria, exortação e correção
a partir do Word, é raro.
Muito louvor, como
cristãos, grandes pregadores e teólogos do passado, como George Whitefield,
Jonathan Edwards, ou Charles Spurgeon, a maioria dos membros da igreja de hoje
não se contentar em ouvir qualquer desses homens por mais de alguns minutos,
muito menos algumas horas (o comprimento de alguns dos seus sermões!). Eles
afirmam que aqueles homens eram maravilhosos instrumentos do Senhor para os
seus próprios dias, mas terrivelmente fora de contato com o local onde as
pessoas são hoje.
Paulo incentivou os
crentes de Filipos estar em nenhuma maneira alarmado com os seus adversários.
Alarmado é de pturō, um verbo usado somente aqui no Novo Testamento. Não
significa necessariamente medo abjeto, como a prestação de King James Version
"aterrorizada" poderia sugerir. Mas fez referência à preocupação,
medo grave. Foi usado de um cavalo assustado que trancada, muitas vezes por
causa de algo perfeitamente inofensivo, e jogou o seu cavaleiro. Cristãos nos
dias de Paulo, incluindo aqueles em Filipos, muitas vezes tinham razão humana
bem a ser aterrorizada com espancamentos possíveis, prisão e até mesmo execução
de opositores do evangelho. Outros enfrentou adversários um pouco menos graves:
familiares, amigos e vizinhos que ridicularizavam e renegou-os. Mas, por mais
grave o conflito pode ser, não eram para se alarmar, porque o fato de que eles estavam
sendo atacados por causa do evangelho era a prova de que seus oponentes estavam
indo para a destruição. Mas foi também um sinal da salvação eterna dos crentes.
Ambos os sinais são de Deus, o primeiro a marcar os seus inimigos, a segunda
para marcar seus filhos. Da mesma forma, Paulo incentivou os tessalonicenses
fiéis, dizendo: "Nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus para
a sua perseverança e fé no meio de todas as perseguições e as tribulações que
suportais", e, em seguida, ele explicou que "este é um indicação
clara do justo juízo de Deus "(2 Ts 1:4-5;...cf vv 6-8).
JOHN MACARTHUR, JR.
Novo Testamento Comentário
Filipenses Comentário Expositivo.
II - O
COMPORTAMENTO ANTE A OPOSIÇÃO (1.28-30)
1. O ataque dos
falsos obreiros.
igreja enfrentava uma
oposição de intimidação (1.28)
A versão bíblica
Almeida Revista e Corrigida (ARC) apresenta o texto assim: “Em nada vos
espanteis dos que resistem” (v. 28). A versão da Bíblia Viva esclarece ainda
mais o texto com estas palavras: “sem temor algum, não importa o que os seus
inimigos possam fazer”. A palavra “resistir” tem o mesmo sentido que
“oposição”, e isso estava ganhando espaço no seio da Igreja como uma forma de
intimidação aos fiéis.
A expressão “em nada
vos espanteis” contém um verbo expressivo que sugere o tropel de cavalos assustados.
Paulo mostra a distinção na reação de coragem e firmeza que os filipenses
deveriam ter em relação às perseguições. Ele garante que o sofrer por Cristo é
garantia de salvação e vitória sobre os inimigos. A invasão de falsos mestres e
apóstolos no seio da igreja produzia medo da parte dos cristãos que Paulo havia
doutrinado. A resistência ao ensino do evangelho vinha de fora por intermédio
de pregadores que negavam a divindade de Cristo e os valores ensinados pelos
apóstolos. Essa resistência de alguns tinha por objetivo ameaçar e intimidar os
cristãos sinceros. Paulo estava preso. Então eles se aproveitaram da ausência
do apóstolo e dos outros obreiros auxiliares de Paulo para exercerem influência
nos pensamentos e no afastamento da fé cristã. Mas Paulo apela ao sentimento
daqueles cristãos estimulando-os a permanecer firmes sem se deixarem enganar e
desanimar. Na verdade, Paulo os estimula a que mantenham a fé genuína e
enfrentem de cabeça erguida aos que resistem à mensagem do evangelho. A
oposição identificada no seio da igreja vinha de fora da comunidade que abriu
caminho para dentro da igreja e passou a influenciar alguns cristãos. Esses
opositores eram formados por alguns eruditos perniciosos e itinerantes que,
para ganhar espaço no seio da igreja, criticavam o apóstolo Paulo. Porém, o
apóstolo eleva a importância do evangelho de Cristo como capaz de produzir em
seus corações a vitória da parte do Senhor.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 51.
2. O objetivo dos
falsos obreiros.
No grego, a palavra
aqui traduzida por «...intimidados...» é «pturo», que significa «aterrorizado»,
«assustado», e que ocorre exclusivamente aqui em todo o N.T. Essa palavra
evidentemente se desenvolveu da ideia do terror sentido por um cavalo
assustado. Por isso é que Plutarco (à pág. 800) diz: «A multidão não é fácil de
ser controlada, pelo que também não há segurança para quem lhe tomar as rédeas;
mas deve ser contida de modo suficiente se, ‘assustada’ por algum ruído ou
visão, tal como qualquer animal assustadiço, tiver de aceitar domínio». (Ver
igualmente Dios. Sic. xvii.34,6).
«...adversários...»
No original grego temos «antikeimenon», palavra que indica aqueles que «fazem
oposição», «inimigos», embora o presente texto não defina com clareza de que se
trata. Talvez fossem judeus que encorajavam as autoridades romanas a
perseguirem à igreja cristã; poderiam ser os próprios pagãos; ou poderiam ser
«judaizantes», dentro da própria igreja cristã, que se opunham àqueles que
favoreciam a Paulo, em sua doutrina e seus métodos. Porém, o fato que Paulo
baixa julgamento contra eles, é bastante para mostrar-nos que, bem
provavelmente, ele tinha os pagãos em mente, tal como aqueles que aprisionavam
e martirizavam aos discípulos de Cristo. A perseguição movida pelo mundo é que
é salientada aqui, como motivo que pretende assustar à igreja; pois é um
instinto humano comum tentar a preservação da própria vida e do próprio bem-estar.
Quando essas coisas eram seriamente ameaçadas, muitos elementos cristãos se
deixavam arrastar pelo medo e se submetiam às pressões de seus adversários.
«...prova
evidente...» No grego temos a palavra «endeiksis»,_uma palavra só, que pode ser
traduzida por «prova», «sinal», «indício».
1. É pelos frutos que
conhecemos os homens. (Ver Mat. 7:20). Aqueles que destroem e odeiam, sobretudo
os que se voltam contra o trabalho de Deus e contra aqueles que pertencem ao
Senhor, demonstram o seu mau caráter, provando que são dignos de juízo divino.
Suas ações servem de sinal de que merecem o julgamento.
2. É interessante que
alguns estudiosos pensam que a força exibida pelos crentes, debaixo de
perseguição, é o sinal ou prova aqui aludida. O «destemor» da igreja provaria
que ela está espiritualmente correta, além de demonstrar a malignidade dos seus
inimigos.
3. Mas há eruditos
que pensam que o sinal aqui referido visa a demonstração de «fé» dos crentes.
Dessas três ideias, a primeira e a segunda são as mais prováveis.
«...perdição...» No
grego original temos o termo «apoleia», palavra comum para indicar
«desperdício», «destruição» de qualquer espécie, mas que comumente era usada em
conjunção com «julgamento», o castigo que sobrevêm à alma. Este último sentido
se torna necessário devido ao fato que é contrastado, neste versículo, com a ideia
de «salvação». O julgamento divino não consiste meramente de retribuição, mas
igualmente de disciplina, como meio de restauração; e até que ponto isso se
verifica em cada caso, é atribuição exclusiva de Deus. Os trechos de I Ped.
3:18-20 e 4:6 mostram-nos que o julgamento divino tem esse caráter, como
igualmente o faz a passagem de Rom. 11:32. (Ver Apo. 14:11 e as notas
expositivas ali existentes, quanto a comentários gerais sobre 0 «julgamento»).
Não obstante,
o juízo divino é seríssimo, porquanto ali cada indivíduo pagará até ao último
ceitil, saldando inteiramente a sua dívida. Estejamos certos de que o Deus
justo e amoroso fará tudo na equidade, de tal maneira que o julgamento divino
não ficará nem aquém e nem além da sentença que cabe a cada qual, mas antes, os
homens colherão exatamente aquilo que tiverem semeado, de conformidade com a
lei universal da colheita segundo a semeadura. (Ver o trecho de Gál. 6:7,8 e as
notas expositivas a respeito, que versam sobre esse tema).
«...salvação...»,
isto é, a «completa salvação», que temos em Cristo, e que vai desde a conversão
até à glorificação, quando então seremos tudo quanto Cristo é e teremos tudo
quanto ele tem. Nenhum «livramento», nas perseguições, é aqui prometido aos
crentes. (Ver Heb. 2:3, acerca de notas expositivas completas sobre esse
assunto). No presente contexto, salvação significa «vitória», de conformidade
com a metáfora que Paulo parecia estar empregando. Alguns pensam que ele tinha
em mente as lutas de gladiadores, em que o gladiador vencido podia ser morto,
enquanto estava nas mãos de seu adversário. A multidão de espectadores é que
dava o sinal de morte ou livramento, com os polegares voltados para baixo ou
para cima, respectivamente; mas mesmo assim a decisão de matar ou poupar continuava
nas mãos do senhor dos conflito. Porém, o grande Senhor já concedeu vida aos
perseguidos: não depende de qualquer outro concedê-la.
Neste versículo é
frisada particularmente a «salvação futura», que é a esperança e a âncora da
alma. Está em foco a glória dos lugares celestiais, a qual serve de apoio à
alma em meio às agonias terrenas. Nessa tremenda luta, o grande Senhor já deu o
sinal que os perseguidores viverão, sem importar o que a multidão caprichosa
possa dizer ou fazer. O mesmo sinal divino, porém, serve de condenação contra
aqueles que matam e destroem.
«...e isto da parte
de Deus...» Essas palavras foram acrescentadas a fim de mostrar as seguintes
verdades:
1. A decisão de
conferir vida transcende ao que é humano, não podendo, por isso mesmo, ser
desfeito por qualquer agência humana, por mais maligna e violenta que seja.
2. A própria
salvação, posto que pertence a Deus e que é propiciada por ele, não é um
produto humano; e isso explica o tema paulino da salvação pela graça divina
(ver Efé. 2:8 quanto a notas expositivas completas sobre esse tema).
3. Isso nos fornece
razões para nos sentirmos em segurança, mesmo em tempos difíceis.
4. Isso também deixa
entendido que a perdição é decretada pelo Senhor.
5. Além disso,
podemos assim compreender que o «livramento temporal» que os crentes
perseguidos possam esperar receber, é de pouca ou nenhuma importância. Esse
livramento pode ser negado por Deus; mas o Senhor nos dará o livramento
superior, a saber, o bem estar e terno, nos lugares celestiais.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 22-23.
3.14.15 - Em vez de temermos nossos inimigos,
devemos confiar em Deus tranquilamente, sabendo que Ele é o Senhor de tudo.
Devemos acreditar que Cristo está verdadeiramente no controle de todos os
eventos. Se Ele governar nossos pensamentos e emoções, não seremos abalados por
nada que nossos inimigos possam vir a fazer.
3.15 Alguns cristãos acreditam que a fé seja
um assunto pessoal que deve ser mantido particularmente. É verdade que não devemos
fazer alarde ou nos exibirmos ao compartilhar a nossa fé Mas. devemos estar
sempre prontos para dar uma resposta branda e respeitosa quando inquiridos a
respeito de nossa fé nosso estilo de vida ou nossa perspectiva cristã. Outros
podem ver sua esperança em Cristo? Você está preparado para contar aos outros o
que Cristo fez em sua vida?
APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de estudo. Editora CPAD pag.
1768.
3. Padecendo por
Cristo.
“Porque a vós vos foi
concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por
Ele” (Fp 1.29). Temos aqui uma magnífica declaração. A voz passiva da frase
“vos foi com concedida” atribui todas as coisas que estavam acontecendo à soberana
vontade de Deus. Foi Deus quem concedeu a experiência de padecer por Cristo. Os
filipenses deveriam confiar no propósito divino e não se deixarem abater pelas
experiências amargas das perseguições e privações infligidas contra eles. Na
verdade, Paulo transparece em seu pensamento que aquelas provações vêm a eles
pela graça de Deus e o resultado final será a vitória em Cristo. A expressão
“padecer por Cristo” indicava que esse padecimento implicava coparticipar das
aflições de Cristo, numa identificação pessoal com Ele, que antes padeceu por
nós. O apóstolo Pedro em sua epístola escreveu: “Alegrai-vos no fato de serdes
participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua
glória vos regozijeis e alegreis” (1 Pe 4.13).
Indiscutivelmente, o
versículo 29 une o privilégio de crer, como um ato de coragem, e a graça de
padecer por Cristo. Isto é, de fato, um paradoxo, cujo sentido pode significar
“aquilo que parece contraditório ou que parece contrário ao comum”. Pode ser
“aquilo que tem aparente falta de nexo ou de lógica”. Nos tempos atuais, o
pensamento neopentecostal não admite a ideia de sofrer, padecer, ficar doente.
A falsa teoria da chamada teologia da prosperidade não admite a ideia de
sofrimento. Porém, a Bíblia contradiz essa teoria e ainda desafia o crente a
aceitar o sofrimento como uma oportunidade de glorificar a Cristo. E privilégio
do cristão sofrer por Cristo por causa da esperança da glória. Essa capacidade
de aceitar o sofrimento nesta vida terrena e permanecer fiel ao Senhor Jesus se
choca frontalmente com sistema de pensamento mundano. Nenhum ser humano aceita
o sofrimento como coisa normal, muito menos transformá-lo numa esperança. Paulo
via seus sofrimentos como um serviço que ele fazia para Cristo. Ele tinha
consciência desse sentimento porque ouviu a palavra de Ananias de Damasco,
que foi à casa onde
ele aguardava uma orientação do Senhor. A palavra de Deus para Ananias acerca
de Paulo foi esta: “Eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome” (At
9.16). Essa predição cumpriu-se literalmente na experiência apostólica de
Paulo. Todavia, ele aceitou seus sofrimentos como participação nos sofrimentos
de Cristo (Fp 3.10). Quando temos uma visão genuína do nosso futuro, não
teremos problemas com os sofrimentos presentes na vida terrena. Lucas contou no
livro de Atos que os apóstolos foram açoitados e lançados na prisão (At 5.18).
Esses apóstolos sentiam-se privilegiados em sofrer por Jesus Cristo. Diz Lucas:
“E, chamando os apóstolos e tendo-os açoitado, mandaram que não falassem no
nome de Jesus e os deixaram ir. Retiraram-se, pois, da presença do conselho,
regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de
Jesus” (At 5.40,41). Tudo o que Paulo desejava com os filipenses é que eles
enfrentassem seus sofrimentos e afrontas com a alegria de sofrerem pelo nome de
Jesus.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 52-53.
«O sofrimento é o
presente de casamento que os crentes recebem ao serem unidos a Cristo; o
suprimento abundante quando são alistados em seu serviço... o dom, contudo, não
é o sofrimento como tal. Seu significado e valor dependem do fato que tal
sofrimento é ‘por causa de Cristo’. As igrejas da Macedônia e a igreja dos
filipenses eram, proeminentemente, igrejas sofredoras (ver II Cor. 8:2).
(Vincent, in loc.).
A coroa da vida é
prometida a todos os crentes que sofrem, conforme aprendemos em Apo. 2:10, o
que corresponde a um grau mais elevado de glória, na salvação final, prometida
no versículo anterior. O sofrimento em favor de Cristo faz com que o Senhor
Jesus Cristo signifique mais para o crente, e para que este seja ainda mais
rico na vida após-túmulo.
A possibilidade de um
sofrimento que importe em martírio geralmente aterroriza ao crente; e não
apenas por causa dele mesmo, mas igualmente por causa daqueles que lhe são
íntimos, tanto por laços de sangue como por laços de amizade. O apóstolo Paulo
procura mostrar aqui, entretanto, que esse terror não é necessário para o
crente, por tratar-se, tão-somente, da marca de identificação daqueles que
recebem a coroa da vida e passam para os lugares celestiais com um elevado grau
de glória. Por essa razão a dor que o crente sofre se torna mais gloriosa,
embora .as inclinações humanas naturais queiram levar o crente a evitar o
sofrimento físico e moral, toda e qualquer forma de dor.
«...por Cristo...» Em
outras palavras, devido à nossa lealdade ao Senhor Jesus, devido à nossa
participação em seus sofrimentos, causados que foram pela oposição que a
maldade do mundo lhe fez. No trecho de Col. 1:24,
Paulo encara seus
sofrimentos, juntamente com Cristo, como se eles «completassem» os sofrimentos
de Cristo; e isso do ponto de vista que a missão de Cristo, neste mundo, sem
importar se efetuado por si mesmo, ou por meio de outros, que agem
impulsionados pelo poder do seu Santo Espírito, sempre envolverá naturalmente
sofrimentos, dos quais os remidos necessariamente participam. Portanto, são
sofrimentos de Cristo, e dos quais também participamos. No dizer de Matthew
Henry (in loc.): «Sofrer por Cristo é um dom valioso, uma grande honra, uma
decisiva vantagem».
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 23.
III -
PROMOVENDO A UNIDADE DA IGREJA (2.1-4)
1. O desejo de Paulo
peia unidade.
"... se há algum
conforto em Cristo” (2.1). O termo grego paraklesis no Novo Testamento é
traduzido por alguns vocábulos como “conforto”, “consolo” ou “exortação”. A
palavra “conforto”, como está na ARC, aparece também na ARA como “exortação”, e
ambas dão a ideia de encorajamento ou apoio nas lutas da vida (At 9.31). Várias
ideias estão associadas à palavra grega no Novo Testamento. Esse termo grego
aparece no Novo Testamento como um dom espiritual (Rm 12.8) e, também, como um
modo de instruir e estimular a fé (1 Tm 4.13; Hb 12.5). Em outros textos,
aparece como consolo ou conforto (Lc 2.25; At 15.31; Rm 15.4,5;
2 Co 1.3,5-7). Paulo
usa a palavra paraklesis com o sentido de lembrar algo recebido. Paulo pede e
admoesta os filipenses a que vivam em união e trabalharem juntos em toda a obra
do evangelho e em perfeita harmonia. O conforto em Cristo é produzido pelo
Espírito Santo na vida da igreja. Por isso, não poderia haver rancores e mágoas
nos corações.
“... se alguma
consolação de amor” (2.1). A base do consolo em Cristo é o amor. Sem amor é
impossível absorver o consolo espiritual, porque o amor de Cristo constrange e
move a nossa vida, como o próprio apóstolo estava convencido disso ao declarar
aos coríntios: “Porque o amor de Cristo nos constrange” (2 Co 5.14). Para a
mente de Paulo, o amor que Jesus Cristo nutre pela sua Igreja deve impelir a
que todos vivam dignamente. O amor de Cristo nos constrange, no sentido de que
as divisões e facções são desfeitas para que haja união de sentimentos.
“... se alguma
comunhão no Espírito" (2.1). O princípio que unifica a igreja é a comunhão
do Espírito no corpo de Cristo, a sua Igreja. Por outro lado, estava indicando
que a presença do Espírito na vida interior de cada crente é um fato consumado
na experiência cristã. Por isso, com a ajuda do Espírito, podemos superar todas
aquelas atitudes que roubam a humildade e o relacionamento sadio com todos os
irmãos. A comunhão no Espírito anula o individualismo e cria uma nova vida em
comum no seio da igreja. A mutualidade e a cooperação entre todos são elementos
vitais que a comunhão no Espírito produz.
"... se alguns
entranháveis afetos e compaixões” (2.1). No texto da ARA está assim: “se há
entranhados afetos e misericórdias”, indicando que se tratava de um forte e
caloroso amor, especialmente aquele amor demonstrado pelos filipenses ao apóstolo.
Havia uma relação de afeto da parte da igreja de Filipos por Paulo e pela sua
situação como preso em Roma, por isso, preocupavam-se com ele em sua prisão. E
Paulo, reciprocamente, demonstra o mesmo amor e afeto pelos filipenses e todas
as igrejas da Macedônia.
A palavra “afetos”
aparece no grego como splanchnon, que no sentido figurado significa “piedade ou
simpatia, solidariedade”. Esses termos definem as palavras: afeto, entranhas,
graça, misericórdia. “Entranhas” sugere a sede da vida emocional. No capítulo
1.8, Paulo fala de seu amor pelos filipenses: “Porque Deus me é testemunha das
saudades que de todos vós tenho, em entranhável afeição de Jesus Cristo”. Ao
referir-se ao amor de Cristo, Paulo fazia uma conexão desse amor para com Ele e
para com os filipenses. Esse amor é algo palpável e sentido. Não é nada
platônico, intocável, teórico. E entranhável pelo Espírito Santo.
A palavra
“compaixões” aparece em outras versões como “misericórdias”, cujo sentido se
trata daquele sentimento que descreve a emoção e a sensibilidade para com os
necessitados.
A compaixão deveria
guardar aos cristãos da desunião. William Barclay, em seu Comentário al Nuevo
Testamento, declarou: “A desunião rompe a estrutura essencial da vida”. Ele
também disse que “os homens não foram criados para ser como lobos rosnando uns
com os outros, sim para viver em harmonia”.
"... completai o
meu gozo” (2.2) não tinha um caráter egoísta da parte do apóstolo, mas era um
estímulo a que experimentassem o mesmo gozo que produzia um sentimento de
segurança e esperança de que esse gozo resultaria no gozo da vida eterna. Paulo
se dirige aos filipenses dizendo-lhes da sua alegria por eles, mas estimula e
pede a eles que completem seu gozo (alegria, regozijo) demonstrando, em
contrapartida, “o mesmo sentimento” ou “o mesmo amor”. Que amor é este? Não se
trata do mero sentimento que sentimos pelas pessoas, mas era algo especial da
parte de Deus. A bíblia declara que Deus derramou seu amor em nossos corações
através do Espírito Santo (Rm 5.5). Ora, por esse modo, podemos amar as pessoas
independentemente de elas nos amarem ou não. Quando amamos com o amor de Cristo
aprendemos a ver os valores das pessoas e não apenas seus defeitos.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 56-58.
A necessidade de
harmonia na igreja (2:1-4).
2:1. Até esta altura,
Paulo está interessado em fortificar a igreja, em sua luta contra “inimigos”
externos (1:28). Agora, porém, ele volta sua atenção para a situação da igreja
como uma família de crentes. Ele convida os crentes a examinarem a vida que
compartilham dentro da igreja (assim julgam Bonnard e Gnilka). Esta transição,
que a palavra pois demarca (gr. oun), presume que Paulo está deixando a ameaça
de um mundo hostil, para tratar de um problema igualmente ameaçador, o da
comunidade dividida. J. —F. Collange objeta que não é este o caso, visto que
2:14, segundo o comentarista, é uma continuação da admoestação contra os falsos
pregadores, e conclama a igreja para cerrar fileiras. Contudo, Paulo poderia
bem ter sentido que uma igreja desunida seria presa fácil para um ataque
frontal da sociedade externa. Mediante a repetição proposital de alguns termos
(“espírito”, “alma”, “presente ou ausente”). Paulo faz uma mudança: da
exortação a que fiquem firmes e resolutos, passa a conclamar uma igreja que jaz
no perigo de esboroar-se por causa das divisões intestinas.
Há uma base quádrupla
para este apelo. Na mente de Paulo não há algo mais certo do que as realidades
às quais ele apela. Por esta razão, deve-se deplorar qualquer tradução que
subentenda que os filipenses poderiam não conhecer as bases sobre as quais se
erigia a vida eclesiástica deles. Cf. W. Hendriksen: “Se, pois, até certo
ponto, vós tendes todas estas experiências, e compartilhais estes benefícios. .
A palavra inicial de Paulo é traduzida melhor por “visto que”, ao invés de
“se”, a qual expressa contingência. “Se, como é o caso” comunicaria
adequadamente o pensamento de Paulo, como o próprio Hendriksen concordara
anteriormente (p. 99).
alguma exortação em
Cristo. Se esta é a melhor tradução do grego paraklêsis (é aceita por Beare,
Gnilka, Houlden), o texto sugere que há uma obrigação colocada sobre os filipenses,
oriunda diretamente de sua vida comum “em Cristo”, para trabalhar juntos, em
harmonia. Uma tradução alternativa seria: “consolação” (defendida por Bonnard,
Collan- ge e W. Barclay, “Great Themes of the New Testament. I: Phil. ii,
I-II”, ExpT 70 (1958-9), p.40), baseado em que Paulo está fazendo alusão ao
interesse de Cristo pela igreja, e que o tom do texto é gentil, não dominador,
nem ditatorial. Além do mais, Paulo está convidando os filipenses a lembrar-se
de seu status de comunidade amada por Cristo.
alguma consolação de amor.
Aqui, outra vez, é o amor de Cristo pela igreja que Paulo tem em vista (Barth
cita 2 Co 5:14, onde o amor de Cristo “constrange” e move o apóstolo). É menos
provável que se trate do amor deles por Paulo, ou pelo Senhor, e menos provável
ainda é que seja o amor de Paulo por eles. Ao conclamá-los para que vivam
juntos em harmonia, Paulo apela para os mais altos motivos: o amor que o Senhor
da Igreja nutre por Seu povo deve impeli-los a viver dignamente.
alguma comunhão do
Espírito. Esta é uma frase bastante controvertida, que suscita várias formas de
interpretação. É quase certo que deve-se interpretar a palavra “Espírito” como
referindo-se ao Espírito Santo, e não ao espírito humano. Surge, então, a
grande questão: o genitivo “do Espírito” é subjetivo ou objetivo? Em outras
palavras, deve ele ser interpretado como “comunhão criada pelo Espírito Santo,
que só o Espírito Santo pode conceder”? (Assim interpreta W. Barclay, ExpT 70
(1958-9), p. 40), ou como “comunhão no Espírito Santo”, que sobrevêm através de
Sua presença constante na Igreja, e da comunhão pessoal do crente com Ele? Esta
interpretação é fortemente defendida por H. Seesemann, Der Begriff KOINÓNIA im
Neuen Testament, pp. 56-62, e aceita, desde então, por muitos intérpretes.
Seeseman observa que
Paulo toma a posse do Espírito Santo, pelo crente, como uma verdade prontamente
reconhecida e experimentada pelos seus leitores (G1 3:2; 1 Co 12:13; contraste
com At 19:1-7). Há, ainda, um paralelo em 1 Coríntios 1:9, onde o significado é
“participação de Cristo” (veja-se A. R. George, “Communion with God in theNew
Testament”, Londres, 1953, pp. 175-7). Existem, também, provas provenientes de
escritores cristãos primitivos, de que a frase grega usada aqui: koinõnia
pneumatos, era entendida como significando: participação no Espírito.
Finalmente, Seesemann argumenta a partir da forma da redação de Paulo, para o
versículo. O apelo, diz ele, se distribui em dois jogos de pares. “Comunhão do
Espírito” e “afetos e misericórdias” seguem juntos, como realidades internas do
cristão, ao lado de “exortação” e “consolação”, que são realidades externas.
Tomar o genitivo pneumatos, “do Espírito”, como subjetivo, aqui, é arruinar o
paralelismo, porque implicaria numa ação fora da experiência do crente, ao
invés de uma experiência subjetiva, quando ele “compartilha no Espírito”, que,
à semelhança de “entranhados afetos e misericórdias”, é uma qualidade interna
de sua vida.
A hipótese da
tradução “participação no Espírito ”, — RSV (veja- se a ARA — Comunhão do
Espírito), conforme defendida por Seesemann, parece convincente e, mesmo
escritores posteriores que a rejeitaram — tais como E. Schweizer (TDNT vi, p.
434) — concluem que mesmo tomando o genitivo como subjetivo (comunhão dada pelo
Espírito), visto que o Espírito dá uma comunhão em Si mesmo, o resultado
líquido é o mesmo, igual àquele a que a conclusão de Seesemann nos conduz.
(Veja-se, também, TDNT iii, p. 807 (Hauck). Quanto a características de estilo
em v.1, veja-se Lohmeyer, pp. 138s. e Gnilka, pp. 102s.).
É a seguinte, a força
do apelo: vossa participação comum no Espírito, pelo qual fostes batizados em
um só corpo, deveria determinar a morte de toda desavença e espírito de
partidarismo.
entranhados afetos e
misericórdias é expressão tomada, às vezes, como figura de retórica, como se
Paulo estivesse dizendo apenas “afeto sincero” [em inglês: “heartfelt
sympathy”], (como crêem Dibelius e R. Bultmann, TDNT v., p. 161). Contudo, H.
Kòster (TDNT vii, pp. 555s.) pensa que ambos os termos devem ser conservados
separados. A primeira palavra é splanchna, e significa, literalmente, as
entranhas humanas, consideradas como a sede da vida emocional (como em 1:8).
Nestes dois versículos de nossa epístola esta palavra é, realmente, sinônimo de
amor, mas de um tipo intensamente pessoal. Em 1:8 é o amor de Paulo, em Cristo,
pelos filipenses; aqui é o “amor de Cristo, proveniente do coração” estendido
aos membros da igreja, separados entre si. oiktirmoi é palavra para a emoção
humana da piedade terna, ou simpatia (misericórdias, na ARA). Mas, misericórdia
de quem está Paulo invocando? Um paralelismo com a primeira palavra haveria de
sugerir que Paulo tem em mente o interesse pessoal de Cristo pelo Seu povo,
sendo esta opinião preferível à outra, mais comum (cf. Bultmann, TDNT v, p.
161), segundo a qual Paulo está referindo-se às misericórdias dos filipenses.
Isto poderia ser verdade se houvesse alguma dúvida na mente do apóstolo. Mas,
como vimos, suas primeiras palavras comunicam uma certeza: “tão certamente como
subsistem estas realidades” (Dibelius) — realidades provenientes do cabeça da
igreja, as quais são a base do apelo do apóstolo para harmonia no corpo de
Cristo.
Quanto à questão
gramatical do uso que Paulo faz de tis veja-se BDF, sec. 137.2; 145; e quanto
ao último membro do quarteto, veja-se Moulton, Grammar, p. 59.
Ralph P. Martin, Ph.
D.. Filipenses Introdução e Comentário. Editora Vida Nova.
pag. 98-101.
Essas são as
qualidades subjacentes da vida espiritual que temos em Cristo, sobre as quais
se fundamentam a união e a submissão mútua dos crentes, dentro da comunidade
cristã. (Ver o trecho de Efé. 5:21 - 6:9, acerca de um extenso estudo sobre
essa submissão m ú tu a , no que diz respeito à família cristã inteira).
Os elementos aqui
representados são dados na forma de um solene juramento, em que cada um desses
elementos serve de apelo intensíssimo.
Há o «encorajamento»
em Cristo e há o seu «incentivo» ao amor; há a «participação» comum no
Espírito, há o afeto comum a toda a comunidade religiosa cristã, aquela
«simpatia» que paira sobre essa comunidade. Todos esses elementos, em separado
ou em seu conjunto, servem de poderoso argumento em prol da submissão mútua
entre os crentes, em favor da harmonia entre eles, em favor da atitude que
evita lutas e divisões, por causa do egoísmo. No lar, quase todas as
dificuldades que surgem entre marido e mulher se alicerçam sobre o egoísmo; não
fora o egoísmo, e praticamente todos os problemas do lar teriam facílima
solução. Assim também, quase todos os problemas que surgem entre pais e filhos
têm sua base no egoísmo. Porém, quando o amor prevalece, o egoísmo diminui de intensidade
e até mesmo desaparece; e em seu lugar surge a harmonia. Há muitas coisas em
Cristo que exigem de nós um espírito altruísta, bem como o reconhecimento e a
promoção dos direitos alheios. Paulo passa agora a mencionar algumas
dessas coisas.
«...exortação...» No
original grego é «paraklesis», palavra que significa, essencialmente, ou
«consolo» (conforme dizem algumas traduções), ou «exortação» (conforme outras
traduções). Também pode significar «encorajamento» ou «apoio». Todas essas ideias
possíveis são pertinentes aqui. Se há «consolo» em Cristo, sob as perseguições
(sobre o qual assunto Paulo falava, no final do primeiro capítulo desta
epístola), então que os crentes fossem de consolo uns para outros,
sustentando-se e consolando-se uns aos outros, espalhando o consolo de Cristo,
ao invés de se despedaçarem em facções. Ou então, se a «exortação» é a ideia
primária aqui, o sentido da frase deve ser que «Se Cristo, como Senhor, tem
qualquer poder sobre vós, em suas palavras e em sua vida, a ponto de
exortar-vos à harmonia fraterna, então que suas palavras e exemplo vos
exortem». Ou então, se a ideia básica for «encorajamento» ou «apoio»,
poderíamos ter a seguinte frase: «Se é verdade que Cristo vos encoraja em todas
as situações, e é o vosso apoio em muitos testes, sede motivo de encorajamento
a outros, por amor a ele».
Ainda com outra
forma, essa palavra se refere ao Espírito Santo como o Consolador e Sustentador
supremo. (Ver João 14:16). É vocábulo igualmente aplicado a Cristo, como
«Alguém chamado ao nosso lado, para ajudar-nos» (ver 1 João 2:1). O esforço
para manter a harmonia na igreja não está além das nossas forças, visto que
repousa sobre o poder de Cristo, compartilhado com os homens.
«...em Cristo...»
Sim, todo o consolo há na pessoa de Cristo, sendo ele o supremo Consolador e
Exortador, o qual é conferido aos homens mediante a comunhão mística com ele.
Esse termo é empregado por nada menos de cento e sessenta e quatro vezes nos
escritos de Paulo, indicando a comunhão mística com o Senhor. (Ver o trecho de
I Cor. 1:4 e as notas expositivas ali existentes, sobre essa questão). Os
crentes, por conseguinte, são fortalecidos para que possam resguardar a unidade
da igreja, e não apenas são exortados a fazê-lo.
«...consolação de
amor ...» , ou seja, «incentivo de amor». No grego original encontramos o termo
grego «paramuthion», palavra usada exclusivamente aqui em todo o N .T ., o qual significa «consolo», «encorajamento»,
«alívio», derivado de «para» (ao lado) e «muthos» (fala).
Portanto, trata-se de
uma palavra reconfortante, dita ao nosso lado, com o intuito de apoiar-nos. Tal
palavra também era usada com o sentido de «exortação» ou «incentivo». (Ver
Platão, Leis, 773, 880, onde aparecem esses significados). Certas frutas foram
referidas por Platão como «estimulantes», e ele usou exatamente essa palavra;
(ver Critias, 115). Por conseguinte, temos aqui o quadro do amor encontrado em
Cristo, como um _ «incentivo», que apela para todos os crentes, levando-os a se
amarem mutuamente, ou seja, a demonstrarem simpatia mútua e interesse uns pelos
outros, o que os leva a habitarem juntos em harmonia. (Quanto a outros trechos bíblicos
que apelam para o «amor», como um incentivo à «ação cristã», bem como à «ação
divina», e contra o orgulho do homem, ver Rom. 5:8; I Cor. 13:4; II Cor. 5:14;
Gál. 5:13; Efé. 5:2 e I João 4:16). Os dois verbos, que significam «exortar» e
«incentivar», também aparecem juntos em I Tes. 2:11, onde a ação é comparada
com a maneira com que um pai trata dos seus filhos. (Quanto a notas expositivas
completas sobre o «amor», ver Gál. 5:22, onde essa virtude aparece como um dos
aspectos do fruto do Espírito Santo; acerca do «amor de Deus», ver as notas
expositivas sobre João 3:16; acerca do amor de Deus, «demonstrado através de
Cristo,» ver os trechos de João 14:21 e 15:10, onde também as comenta sobre o
«amor como princípio normativo da família de Deus»). Nessas referências
bíblicas, vários poemas ilustrativos são oferecidos.
O décimo terceiro
capítulo da primeira epístola aos Coríntios contém o grandioso hino do amor, e
o quarto versículo desse capítulo foi escrito particularmente a fim de mostrar
que o amor elimina o orgulho e as facções, conforme também se vê no presente
contexto. O amor de Deus é uma espécie de «persuasão» (conforme essa palavra
também pode significar), para que alguém ame a outrem, e viva com ele em
harmonia. Portanto, o amor de Cristo nos «constrange» a isso, bem como a outras
ações nobres (ver II Cor. 5:14). Essa persuasão vem do Espírito Santo, não
sendo apenas uma qualidade humana. Resulta antes do desenvolvimento espiritual,
conforme aprendemos no trecho de Gál. 5:22,23. Todo o amor genuíno que existe à
face da terra procede do Espírito Santo, sem importar se se manifesta na pessoa
do crente ou na pessoa do incrédulo. E este mundo seria uma floresta selvagem,
não fora essa manifestação divina.
«...comunhão do Espírito...»
Há certa comunhão estabelecida pelo Espírito, em seu poder habitador (ver Efé.
2:21,22), e que nos fornece, primeiramente, comunhão mística com Cristo e com
Deus Pai—acesso ao Pai, na qualidade de filhos seus—e, em seguida o
companheirismo espiritual mútuo entre os crentes. Ora, se isso realmente
existe, então viveremos em harmonia e amor de maneira natural, e não com
relutância. A comunhão com o Espírito nos outorga o seu fruto do «amor» (ver
Gál. 5:22).
E é nessa comunhão
que participamos de todos os seus dons e influências. A verdadeira comunhão com
o Espírito soluciona todos os casos de contenda e partidarismo no seio da
igreja. Comunhão.
1. A comunhão vem
através da reconciliação com Deus (ver o livro de Amós); e essa tem de ser
acompanhada pela santidade, pois, de outra sorte, simplesmente não existe (ver
II Cor. 6:14-16).
2. Ela é prometida
exclusivamente aos que são obedientes (ver João 14:23).
3. Ela deve ser
buscada na oração e na meditação, porque é essencial ao crescimento espiritual
(ver Sal. 63:5 e Fil. 4:6).
4. Em certo sentido,
a comunhão consiste da presença habitadora do Espírito, bem como de seu
ministério, através dessa presença (ver Efé. 2:20).
«.. .entranhados
afetos...» No grego temos o termo «splagchna», que alude aos órgãos vitais, usualmente
da cavidade superior do tórax, como o coração, os pulmões e o fígado, embora
também ocasionalmente se referisse aos intestinos e até mesmo ao aparelho
genital feminino interno; era palavra figuradamente usada para indicar as emoções,
os afetos, mais ou menos como usaríamos hoje em dia o termo «coração». Mediante
o uso dessa palavra, Paulo se refere às qualidades espirituais da misericórdia,
do amor e da bondade, as quais, naturalmente, são outros tantos aspectos do
«fruto do Espírito», conforme vemos em Gál. 5:22. & provável que os antigos
houvessem associado essa palavra com as emoções devido à observação que as
emoções afetam esses órgãos internos. Portanto, no conceito dos antigos, os
órgãos eram considerados sede ou fonte das emoções, que procedem realmente do
homem interior. Nesta mesma epístola esse vocábulo já foi usado, em Fil. 1:8,
onde as notas expositivas deveriam ser consultadas.
Quando Cristo,
mediante o seu Santo Espírito, implanta no homem os sentimentos ternos de
misericórdia, de amor e de bondade, então certamente a harmonia no seio das
congregações locais dos crentes pode ser conservada, pois seus membros tratarão
uns com os outros impulsionados pela humildade.
«...misericórdias...»
No grego temos a palavra «oiktirmoi», que significa «piedade», «compaixão»,
usualmente para indicar a «expressão» dessas qualidades, e não apenas o
conceito abstrato das mesmas. Qualquer crente que aplique essas virtudes, não
estará em busca de auto exaltação, pois esta última atitude é uma força dele teria
para a comunidade cristã; pelo contrário, o crente dotado dessas qualidades
procura promover o bem-estar dos outros, estabelecendo-se assim a harmonia. Todas
as virtudes aqui mencionadas são qualidades espirituais, obtidas através do progresso
espiritual; e a ausência dessas qualidades demonstra a imaturidade no andar
cristão. São virtudes conferidas pelo Espírito Santo, na medida em que os
crentes assumem a própria imagem moral de Deus Pai (ver Efé. 3:19; Gál. 5:22;
II Ped. 1:4; Mat. 5:48), podendo ser vistas supremamente na pessoa de Cristo, o
qual é o nosso exemplo, o pioneiro do caminho, além de ser o próprio Caminho,
conforme se aprende em Heb; 2:10 e João 14:6.
Os meios de
crescimento espiritual que garantem a possessão das virtudes espirituais
mencionados neste versículo: 1. Treinamento do intelecto, estudo das Escrituras
e dos livros espirituais como um auxílio. Dê a mente à Deus; dê seus poderes
intelectuais à Ele. O intelecto age como um guardião contra os abusos em nossas
vidas espirituais. 2. A oração é um ato criativo, baseado no poder do Criador.
Use-a com todas as suas forças. É também disciplina espiritual. 4. A meditação
é a irmã da oração. No «silêncio», escutamos a voz de Deus, como quando em
oração, vamos procurá-lo. 4. O crescimento espiritual vem pela santificação, pela
renúncia total dos vícios.
Não pode haver
crescimento sem este fator. 5. A possessão e o uso de dons espirituais. Procure
o mais elevado e o melhor; procure Seu poder.
Mantenha o poder do
intelectual para proteger-te contra os abusos e falsidades. 6. Pratique alei do
amor: Toda vez que fizeres algo em benefício do próximo, a qualidade de sua
espiritualidade é elevada, logo, em igual proporção, é tua transformação à
imagem de Cristo. Ele é o arquétipo de sua espiritualidade. Empregue estes
meios e terás como derivados, as graças espirituais mencionados neste
versículo, todos os quais tendem em direção à unidade e à harmonia, tanto
interior como exteriormente.
As palavras
«...completai a minha alegria...» Paulo sentia grande ufania nos crentes
filipenses, reconhecedor como era do progresso espiritual deles; e essa era a
razão de sua alegria. Porém, procurava uma alegria ainda mais profunda,
desejando que os seus convertidos se conformassem mais perfeitamente com a
imagem de Cristo. Pode-se notar como, em Fil. 4:1, Paulo os chama de « ...minha
alegria e coroa,..» E óbvio, por outro lado, que havia alguns elementos, na
congregação cristã de Filipos, que estavam começando a dar sinais de vanglória,
procurando dominar a outros, em suma, problemas começavam a surgir. Paulo
desejava contrabalançar tais desenvolvimentos convocando-os a um cumprimento
mais completo da alegria que ele sentia neles, se viessem a resguardar a
unidade e o amor na igreja, mediante a intensificação dessas qualidades.
No grego, o termo
«...completai...» é «pleroo», que significa «encher», «tomar pleno». A metáfora
envolve algum vaso que precisa ser cheio até à borda. A alegria de Paulo era
justamente esse vaso. Os crentes filipenses precisavam fazer algo para que o
vaso se enchesse. Esse pensamento pode ser comparado com o de trechos
similares, como João 3:29; 15:11; 17:13 e II Cor. 10:6.
A «...alegria...» é uma
das notas chaves da presente epístola: Ver Fil. 1:4 (onde o conceito é
comentado), como também 1:25; 2:17,18,28,29; 3:1; 4:1,4,10, onde o termo
reaparece, e onde há outras notas expositivas a respeito.
«.. .penseis a mesma
cousa...» Temos aqui a tradução literal do grego. Há traduções que dizem «tende
o mesmo sentimento», ou tradução semelhante.
(Comparar com Rom.
12:15; 15:5; II Cor. 13:11 e Fil. 4:2). Paulo alude a uma harmonia geral em
todas as coisas, uma concórdia intelectual, emocional e espiritual, a
identidade de ideias, a harmonia de sentimentos.
O próprio versículo
define essa harmonia como uma concórdia de amor, como a unidade de sentimentos,
como o ajuste dos espíritos. Trata-se de uma ideia bem geral, que fala de
harmonia espiritual e de ações práticas que deixam transparecer essa atitude.
Os crentes precisam desejar e buscar entrar em conflito, como também nessas
circunstâncias, não buscarão a autoglorificação.
«...tenhais o mesmo
amor...» O amor mútuo nos é aqui recomendado, como também o amor a Cristo e à
sua causa, mediante o amor fraternal.
(Ver os trechos de
Col. 1:4; I Tes. 3:13; II Tes. 1:3 e I João 4:12-16, quanto a passagens
paralelas. Ver as notas expositivas sobre o «amor», no primeiro versículo deste
capítulo, e que se refere a vários outros trechos bíblicos onde essa qualidade
do amor é comentada mais amplamente , com o acompanhamento de poemas
ilustrativos).
«.. .unidos de
alma...» No grego há um único vocábulo, «sunpsuchoi», que significa «uma alma».
Aristóteles definia a amizade como uma só alma em dois corpos. Algumas
traduções dizem aqui «...em um acordo...» o que é tradução possível, dando a
entender que um só sentimento produz tal concordância. No entanto, no grego
original, o termo subentende «pleno acordo», quanto aos propósitos, às
intenções, às ações, como se uma única alma vivesse nos crentes. Tal palavra
era usada a fim de indicar atitudes «harmoniosas», que se manifestam em forma
de ações que importam em cooperação «de todo o coração».
«.. .tendo o mesmo
sentimento...», ou então, «tendo uma só mente», como se uma única atitude
mental fosse compartilhada por todos, a dirigir a comunidade cristã. Mediante
tais termos, pois, Paulo exorta que haja harmonia e união absolutas entre os
crentes, com base no amor mútuo.
Então haveriam de
afagar os mesmos alvos, desdenhando divisões e interesseis próprios. Ora,
somente o Espírito Santo pode operar tal entre os homens, os quais,
naturalmente, são egoístas e facciosos, porquanto tudo ocorre somente através
do nosso desenvolvimento espiritual.
Alguns estudiosos juntam
as duas últimas expressões e dizem algo parecido com «com harmonia de alma, com
partilhando do mesmo sentimento» (segundo comenta Vincent, in loc.). A última
parte aponta de volta para as palavras «penseis a mesma cousa». Portanto, os
crentes devem ter «uma só mente», «um só sentimento», a fim de que «pensem as
mesmas coisas». Tudo consiste do acúmulo de sentenças e expressões, que nos conferem
perfeita unidade no amor e na humildade, como produto do os mesmos alvos
espirituais, pois, assim fazendo, dificilmente poderão desenvolvimento espiritual.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 25.
Paulo empenha-se pela
unidade, pela unidade plena e profunda da igreja. Para nossa vergonha nosso
cristianismo tão dividido e dilacerado precisa perceber a grande intensidade
com que Paulo se preocupava com a unidade real da igreja, vivida aqui e agora. Para
ele, a “una e santa igreja” não era apenas “objeto da fé”! Ele não visualizava
o fundamento dessa unidade na “unidade da doutrina” nem a considerava
sensivelmente ameaçada por diferenças no entendimento. Na presente passagem não
se dá a menor atenção a essa questão. O que decide o fundamento da unidade ou a
ameaça contra ela são coisas bem diferentes. A história da igreja evangélica,
quando apoiada na “doutrina”, evidenciou que essa
maneira só leva a novos cismas, justamente porque nosso entendimento é “fragmentário”
e por isso incompleto, e logo também diferente em todos nós. Sem dúvida o
phronein aparece no centro deste bloco, definindo a unidade real da igreja:
“que penseis a mesma coisa” e novamente “tendo o mesmo pensamento” (v. 2).
Phronein certamente significa “pensar”, mas como o v. 5 mostra com peculiar
clareza, não se tem em vista o “pensamento” teórico do teólogo, mas o pensar
prático, subordinado ao querer, o “considerar que…”, a “mentalidade”. Trata-se
do phronein de Jesus Cristo, que neste caso não é o raciocínio doutrinário, com
o qual o eterno Filho de Deus sem dúvida poderia ter apresentado uma imagem
condizente de todas as coisas. Aqui se trata do “pensamento” que conduziu o
Filho de Deus do trono da glória para a vergonha da morte na cruz! Na unidade
desse “pensar”, e não na unidade do conhecimento e da doutrina, é que reside a
sólida e indestrutível unidade da igreja. Se todos “pensarem” da maneira como
Jesus Cristo também pensou, como ele morreu por pecadores, não poderão se
separar, hão de apegar-se aos irmãos.
1 Também neste caso
Paulo é coerente com a linha básica de sua “ética evangélica”: antes de agir e
realizar precisamos receber! Contudo, do receber resultará também um agir
definido e resoluto que usa o que recebeu: “Se há.., se há…, então…!”
2 À igreja foi
presenteada “exortação em Cristo”. O termo grego aqui, paraklesis, que
conhecemos a partir do nome Paracleto e que descreve o Espírito Santo como
“auxílio”, “advogado”, “consolador”, tem um significado básico semelhante ao
termo seguinte, traduzido como “consolação”, “conselho”. Esse “conselho” pode
servir para encorajar e exortar ou para erguer e consolar. Por isso há diversos
estudiosos que traduzem a presente passagem de maneira justamente inversa: “Se
há, pois, consolo em Cristo, se há palavra encorajadora de amor…”
No entanto, não é
cabível pensar em termos “morais” diante da “exortação em Cristo”, nem em
termos “sentimentais” diante da “consolação do amor”. Na igreja acontece a
palavra de asseveração enraizada “em Cristo” e que, por isso, não permanece
vazia, mas possui força para moldar; existe também a palavra para levantar, que
vem do amor divino e por isso propicia ajuda eficaz. Além disso a igreja possui
“comunhão do Espírito”. Isso não representa a comunhão entre eles no Espírito
Santo, mas a “participação no Espírito”. O Espírito de Deus habita na igreja e
cria nela sua obra. Visto que, porém, aquilo que o Cristo, o amor divino e o
Espírito Santo nos concedem de fato se torna nossa propriedade pessoal, a
própria igreja também possui “afetuosidade e misericórdia”. Como já vimos antes
em Fp 1.8, mais uma vez fica explícito que a irmandade em uma igreja
evidentemente não se limita a “sentimentos”, mas tampouco se resume apenas em
atividades de ajuda e frias ações. Certamente as “entranhas” precisam ser
movidas, e a aflição exterior e interior do irmão precisa despertar uma
compaixão viva. No entanto, isso acontece na igreja!
A igreja recebeu tudo
isso. Quando ela não despreza este presente nem o torna inócuo, mas o utiliza e
vive dele, ela fortalece e preserva sua unidade. Paulo alegra-se com essa rica
vida eclesial. Mas justamente pelo fato de terem tudo isso, ele pede: “Tornai
plena para mim a alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo
amor, concordes, considerando uma só coisa.” Como é maravilhoso que aqui, na
aparente vinculação com o próprio eu, se expresse justamente todo o amor
não-egoísta! Paulo pede para si e para sua alegria aquilo que é, antes de tudo,
um ganho bem específico dos filipenses. Mas justamente ao formular assim o
pedido ele confere uma delicadeza inimitável à sua exortação, livrando-a de
qualquer conotação que insinue intromissão de fora e de cima para baixo. Tudo o
que foi dado à igreja coopera para a unidade dela, mas apesar disso a unidade
ainda precisa ser especialmente buscada e preservada contra todas as
perturbações. Com que facilidade somos divididos por aquilo em que fixamos nosso
pensamento. Até mesmo o amor pode ser diferente em cada pessoa, ter
intensidades diversas e uma clarividência distinta (cf. Fp 1.9s). Por isso
Paulo se esforça por encarecer os componentes da unidade com múltiplas
formulações.
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos
Filipenses. Editora
Evangélica Esperança.
2.1 - A maior luta
dos filipenses não era contra suas circunstâncias externas, mas contra aquelas
atitudes internas que destroem a unidade.
Paulo demonstrou que
ele mesmo se negou a deixar que as situações controlassem seus atos (Fp
1.12-18). A conjunção portanto liga o conflito do apóstolo ao dos filipenses. A
repetição da conjunção condicional se neste versículo indica certezas, e não
possibilidades. Cada se expressa a ideia de uma vez que, e cada oração
subsequente pode ser considerada como verdadeira.
As Escrituras ensinam
que nossa comunhão não é somente com Deus, o Espírito Santo, mas também com
Deus-Pai ( l jo 1.3) eDeus-Filho (1 Co 1.9; 1 Jo 1.3) bem como com outros
cristãos (1 Jo 1.7). Sobre o significado do termo afetos, veja o comentário de
Filipenses 1.8. O vocábulo grego compaixões significa desejos compassivos que se
desenvolvem em resposta a uma situação e que estimulam uma pessoa a suprir
necessidades reconhecidas naquela situação.
2.2 - Neste
versículo, o apóstolo apresenta um apelo que consiste em quatro partes e
expressa uma ideia importante: a unidade da Igreja. O termo o mesmo expressa a
preocupação de Paulo com a humildade (Fp 4.2). Paulo ilustra essa atitude nos
versículos 3 e 4 e depois descreve o maior exemplo de humildade, o próprio
Jesus Cristo, nos versículos 5 a 8. Quanto à expressão o mesmo amor, veja o
comentário de Filipenses 1.9.
Ao incitar os
cristãos de Filipos a sentirem o mesmo ânimo, Paulo está enfatizando uma unidade
de espírito entre eles (SI 133), literalmente uma união da alma. As palavras
que o apóstolo usa para indicar uma mesma coisa são praticamente idênticas às
traduzidas como o mesmo no início deste versículo. Paulo estava salientando de
maneira contundente a unidade que deveria existir entre os cristãos e como eles
deveriam combater juntamente com determinação para o avanço do evangelho de
Jesus Cristo.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com recursos
adicionais. Editora Central Gospel. pag. 526-527.
2. O foco no outro
como em si mesmo.
“Nada façais por
contenda ou por vanglória” (2.3). A exortação paulina conscientizava ao cristão
filipense, e a tantos quantos são membros do corpo de Cristo, que o membro nada
fará no seio da igreja de forma isolada, “por contenda ou por vanglória”, isto é,
por ambição egoísta ou por presunção. Essas duas posturas, egoísmo e presunção,
são antagônicas diretamente à comunhão com Cristo. Certa feita Jesus, falando
aos discípulos e exemplificando fatos a eles, disse-lhes: “Mas entre vós não
será assim” (Mc 10.43). Tudo o que possa ser prejudicial ao convívio fraternal
deve ser extirpado na vida cristã cotidiana dos crentes em Cristo.
Naturalmente, as
pessoas perniciosas que estavam no seio da igreja influenciando os irmãos fiéis
a se debaterem por causa de cargos ou funções tinham que ser alijados da
comunhão. O espírito de Diótrefes, que lutava pela primazia no seio da igreja,
sem respeitar os princípios de autoridade que devem nortear a vida de uma
igreja, tem que ser reprimido (3 Jo 9). O conselho de Paulo era para que os
irmãos evitassem os que contendiam por primazia, por questões de orgulho, que é
algo que surge da mesma raiz de vanglória. O que caracteriza o cristão é a
humildade, que é uma qualidade que se opõe ao orgulho. A Bíblia diz que Deus dá
graça aos humildes (Pv 3.34; Tg 4.6; 1 Pe 5.5).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 58-59.
V 3 Porque os velhos
inimigos mortais da comunhão continuam vivos até mesmo em corações renascidos,
subindo à tona repetidamente: “egoísmo” (cf. acima Fp 1.17) e “ânsia de
afirmação”. É preciso lutar com determinação contra isso. O NT não diz que tudo
entra nos eixos “por si só” em nossa vida de cristãos, e tampouco que basta a
simples oração pela atitude correta. O NT conclama para o engajamento corajoso
da vontade renascida: “Nada por egoísmo ou por ânsia de afirmação!”
Positivamente é acrescentado o combate eficaz aos motivos vis, “considerando
pela humildade um ao outro mais importante que a si mesmo, não olhando cada um
para o que é seu, mas também para o que é do outro”. Novamente a tradução não é
fácil. A palavra hyperechein pode apontar para uma mera superioridade
hierárquica do outro, mas também para uma superioridade qualitativa. Na
conhecida passagem de Rm 13.1 afirma-se esse hyperechein da autoridade, do
mesmo modo como em 1Pe 2.13 do “rei”. Paulo não espera que os membros da igreja
por princípio considerem os outros “mais importantes”. Com certeza isso
resultaria em uma “humildade” não-verdadeira e artificial. Seguramente, porém,
amor e humildade podem fazer com que eu vá ao encontro do outro com uma
reverência que o ser humano natural somente demonstra aos que estão em posição
superior a ele. Posso “considerar o outro mais importante” que eu mesmo, ainda
que seja o mais fraco e menos talentoso. O sentido literal de “humildade” é
aquele “pensamento” que leva em conta o insignificante e “pequeno”. A “ânsia de
afirmação” dá importância à própria pessoa, desejando para si a posição de
destaque, a tarefa que traz fama, o lugar de visibilidade. E quando o outro
obviamente também deseja tudo isso, a concórdia torna-se inviável na igreja e
surge a ruptura na irmandade. Somente agora os entendimentos divergentes também
se tornam perigosos, porque agora tem de valer exclusivamente a “minha”
opinião. Já não consigo ouvir o outro com seriedade, deixando-me convencer
talvez por suas razões bíblicas. Essa “ânsia de afirmação” igualmente pode ser
evidenciada por um grupo inteiro na igreja. A “humildade”, porém, é isenta do
eu e “objetiva”, inclusive ao examinar questões de entendimento. Tem prazer de
realizar também o serviço pouco aparente, o trabalho que permanece nos
bastidores, a obra insignificante, deixando com alegria aos outros aquilo que
parece mais importante e obtém maior reconhecimento. Isso pode acontecer de
forma autêntica e sincera sem uma avaliação não-verdadeira dos outros e das
próprias realizações. “Paulo não fala de uma cortesia inverídica que enaltece o
fraco como um herói e investe com cargos aquele que é incapaz de governar. Isso
significaria instaurar novamente o domínio da vaidade sobre a igreja” (A.
Schlatter). Obviamente Paulo tampouco se refere ao temor de assumir
responsabilidade e ao comodismo mascarados de “humildade” e que se esquivam das
grandes tarefas porque demandam o empenho total sob agruras e dores. “Quem
ocupar a última posição na igreja dedicando plenamente todas as forças também
agirá com a mesma fidelidade quando tiver de exercer a função da primeira
posição” (A. Schlatter).
Werner
de Boor. Comentário Esperança Cartas aos
Filipenses. Editora
Evangélica Esperança.
V 3. Partidarismo e
vanglória (kenodoxia combina as duas palavras "vazio" e
"opinião") eram os inimigos teimosos e traiçoeiros da vida da igreja.
Deviam ceder lugar à humildade (os gregos defendiam tanto os seus próprios
direitos que uma nova palavra precisou ser cunhada) e considerando cada um
(estimando) os outros superiores a si mesmo (não necessariamente como se fosse
essencialmente superior, mas como merecedor de tratamento preferencial). Muller
descreve a humildade como sendo "a visão interior da própria
insignificância"
MOODY.
Comentário Bíblico Moody.
Filipenses. pag. 14.
2. 3. 0 egoísmo tem o
poder de arruinar uma igreja, enquanto a verdadeira humildade pode edificá-la.
Ser humilde inclui possuir uma perspectiva real a respeito de si mesmo {ver Rm
12.3). Isso não quer dizer que devamos permanecer inativos. Perante o Senhor.
somos todos
pecadores, salvos somente pela sua graça; portanto, temos grande valor no Remo
de Deus. Devemos colocar de lado o egoísmo e tratar nossos semelhantes com
respeito e cortesia. Considerar os interesses dos outros como mais importantes do
que os nossos estreitará nossa ligação com Cristo, que foi o verdadeiro exemplo
de humildade.
APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de estudo. Editora CPAD pag.
1663.
3. Não ao
individualismo.
“Não atente cada um
para o que é propriamente seu” (2.4). Nessa exortação, o apóstolo Paulo procura
inculcar na mente dos cristãos que o espírito egoísta contradiz o espírito
cristão, cujo padrão de vida baseia-se no amor ao próximo. Antes de querer
pensar apenas nas minhas coisas, nos meus interesses, devo pensar em ser útil
às pessoas nos seus interesses. A convivência com os irmãos da mesma fé requer
de cada cristão uma boa dose de humildade e desprendimento. O meu crescimento
não pode prejudicar o crescimento dos demais. Os meus dons não são para o
usufruto meu, mas devem ser úteis à comunidade. Os que buscam primazia no seio
da igreja com atitudes egoístas se esquecem do princípio deixado por Jesus: “E
qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de todos”(Mc 10.44).
Na ética cristã,
aprendemos um princípio básico em relação às pessoas que é o de, primeiro,
pensar nos outros no sentido de ajudar. A expressão “levai as cargas uns dos
outros” faz parte da filosofia de relações humanas ensinada por Jesus. O
exemplo de Cristo é sempre o argumento forte do apóstolo nas relações éticas
(Rm 14.1-3). O Espírito ajuda o crente a evitar todo partidarismo, egoísmo e
vanglória, produzindo no seu coração um sentimento de respeito e amor pelos
demais irmãos da mesma fé (v. 4).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 59.
Solicitude
Ao concluir este
parágrafo, o apóstolo acrescenta: cada um buscando não (só) seus próprios
interesses, mas também os interesses dos demais.
O que segue é uma
sequência lógica do acima exposto. Se alguém tem a seu irmão na mais alta
estima, então se empenhará em buscar os interesses dele a fim de auxiliá-lo o
máximo possível. O apóstolo deixa implícito que o crente deve também buscar
seus interesses pessoais.
Ele, porém, viverá em
obediência ao mandamento: “Amará a seu próximo como a si mesmo” (Mt 19.19),
mandamento que recebe uma ênfase especial quando o próximo é um irmão em Cristo
(Jo 13.34; Gl 6.10). Quando mais alguém percebe que Cristo amou o irmão com amor
ardente, dando provas disso ao entregar-se para salvá-lo, tanto mais desejará
que prosperem os interesses desse irmão. Assim, também, a verdadeira unidade
será promovida e a gloriosa comunhão se manifestará ante os olhos do mundo em
toda sua beleza, como um poderoso testemunho.
HENDRIKSEN. William. Exposição de Filipenses. Editora Cultura Cristã. pag. 470-471.
2.4 - Filipos era uma
cidade cosmopolita, e a composição da igreja refletia sua grande diversidade,
com pessoas de vários níveis, de várias origens, formação e condições de vida.
O cap. 16 de Atos nos da uma indicação da diversificada composição dessa igreja.
Ela incluía tanto Lídia, uma judia convertida da Ásia e uma mulher de negócios
próspera (At 16.14), como uma menina escrava (At 16.16,17), provavelmente
nascida na Grécia; além do carcereiro que servia nessa colônia do império,
talvez de origem romana (At 16.2Í5-36). Com tantos membros de diferentes origens
e formações, devo ter sido muito difícil manter a união. Embora não existissem
evidências de divisões na igreja, a unidade precisava ser resguardada (3.2;
4.2). Paulo nos encoraja a nos resguardar contra qualquer forma de egoísmo,
preconceito ou ciúme que podem levar ã dissensão. Mostrar um interesse genuíno
pelos outros será sempre um passo positivo para manter a unidade entre os
crentes.
APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de estudo. Editora CPAD pag.
1663.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário