Data:18/08/2013 HINOS SUGERIDOS
388, 398, 502
TEXTO ÁUREO
VERDADE PRÁTICA
Para
quem ama a Deus o mais importante é ter um coração renovado peia ação do Espírito
Santo
LEITURA DIARIA
Segunda - 1 Ts 5.16. Regozijai-vos sempre
Terça - SI 32-11. Alegrai-vos no Senhor.
Quarta - Ne 8.10. A alegria do Senhor é a nossa força.
Quinta - Rm 8.31-39. A alegria de saber que Deus é por nós.
Sexta - Atos 1 3.50-52. Alegria em meios às perseguições.
Sábado - Fp 3.3. A verdadeira circuncisão cristã.
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE Filipenses 3.1-10
1
- Resta, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor Não me aborreço de
escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós.
2
- Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da
circuncisão!
3
- Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos
gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne.
4
- Ainda que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode
confiar na carne, ainda mais eu:
5
- circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim,
hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu.
6
- segundo o zelo, perseguidor da igreja; segundo a justiça que há na lei,
irrepreensível,
7
- Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo.
S
- E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do
conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas
estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo.
9
- e seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem
pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus, pela fé;
10
- para conhecê-lo, e a virtude da sua ressurreição, e a comunicação de suas
aflições sendo feito conforme a sua morte.
1 Finally, my brethren, rejoice in the Lord. To write the same things to
you is not irksome to me, and is safe for you.
2 Look out for the dogs, look out for the evil-workers, look out for
those who mutilate the flesh.
3 For we are the true circumcision, who worship God in spirit, and glory
in Christ Jesus, and put no confidence in the flesh.
4 Though I myself have reason for confidence in the flesh also. If any other
man thinks he has reason for confidence in the flesh, I have more:
5 circumcised on the eighth day, of the people of Israel, of the tribe
of Benjamin, a Hebrew born of Hebrews; as to the law a Pharisee,
6 as to zeal a persecutor of the church, as to righteousness under the
law blameless.
7 But whatever gain I had, I counted as loss for the sake of Christ.
8 Indeed I count everything as loss because of the surpassing worth of knowing
Christ Jesus my Lord. For his sake I have suffered the loss of all things, and
count them as refuse, in order that I may gain Christ
9 and be found in him, not having a righteousness of my own, based on law,
but that which is through faith in Christ, the righteousness from God that
depends on faith;
10 that I may know him and the power of his resurrection, and may share his
sufferings, becoming like him in his death.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado
professor, para concluir o tópico III da lição, reproduza o esquema da página
seguinte de acordo com as suas possibilidades. O objetivo desta atividade é
estabelecer uma diretriz bíblica e clara a respeito do que o apóstolo Paulo
estava falando a respeito da "verdadeira circuncisão cristã”. À luz do
texto de Fílipenses 3.1-4 o apóstolo mostra que a “circuncisão” que é realizada
pelo Espírito nada tem com a circuncisão imposta pela “carne”. Afirme para a
classe que o crente em Jesus não se gloria dos seus atributos exteriores, pois
sabe que eles não têm o poder de influenciar nada, a não ser para gerar uma
falsa piedade, falsa humildade e falsa disciplina com o corpo. Portanto, não
são de valor algum para a espiritualidade, senão para a “satisfação da carne” (Cl
2.20-23).
PALAVRA-CHAVE
Conselho: Parecer, juízo, opinião. Advertência que emite;
admoestação, aviso.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
No
capítulo três de sua carta aos Filipenses, Paulo continua revelando preocupação
a respeito dos “maus obreiros”. Estes se aproveitavam de sua ausência para
introduzir falsas doutrinas na igreja. A fim de precavê-la, por três vezes o
apóstolo diz: “guardai-vos’ (v.2). Nesta lição, veremos que Paulo também não
deixou de exortar os filipenses a que, mesmo diante das adversidades, se
alegrassem no Senhor (v.1), pois a alegria do Senhor é a nossa força (Ne 8.10),
I - A
ALEGRIA DO SENHOR
1. Regozijo
espiritual.
A expressão “resta, irmãos meus” (v.1), aparece no texto grego como to loipon,
que é traduzido como “finalmente”. Ela sugere que Paulo estava concluindo sua
carta, mas ainda havia algo importante a dizer aos irmãos da igreja em Filipos.
O
apóstolo ensina aos irmãos filipenses que a alegria do Senhor é a força que nos
faz superar toda e qualquer adversidade. O contentamento que Jesus nos oferece
é um reforço para a nossa fé em tempos de adversidade.
2. Exortação ao
regozijo. A
alegria do Senhor é produzida pelo Espírito Santo no coração do crente. Esta
alegria independe das circunstâncias, pois é divina e faz com que o cristão
supere as dificuldades. Paulo mostra aos filipenses que esse sentimento de
felicidade, concedido pelo Senhor, é uma capacitação divina que fortalece a
igreja a suportar as adversidades. Para o apóstolo, que se encontrava na
prisão, a alegria !do Senhor era como um precioso consolo, capaz de trazer
descanso e quietude para a sua alma.
3. Alegria em meio às
preocupações e aflição. Paulo percebeu que, em virtude do sofrimento, os irmãos
de Filipos poderiam ser tomados pelo desânimo. Por isso, ele os exortou a se
alegrarem em Deus, pois a alegria vinda da parte do Senhor nos fortalece (Ne
8.10). Triunfante por causa de sua confiança no Cristo ressurreto, o apóstolo
sabe que somente aquele que conhece e confia no Senhor, e em sua Palavra, é
capaz de regozijar-se diante das dificuldades, tal como ele e Silas o fizeram
(At 16.24,25). Deus é o nosso conforto. Nele podemos confiar e regozijar-nos sempre
(1 Ts 5.16).
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
A
alegria do Senhor, a que Paulo se refere, se manifesta em meio às preocupações
e as aflições da vida.
II - A
TRÍPLICE ADVERTÊNCIA CONTRA OS INIMIGOS (3.2-4)
1. “Guardai-vos dos
cães”. A
hostilidade de Paulo contra os maus obreiros era forte e decisiva, pois eles
causavam muitos males à igreja, em especial aos novos convertidos. Paulo chama
os judaizantes de “cães”, pois estes acreditavam e ensinavam que os gentios
deviam obedecer a todas as leis judaicas, um fardo legalista que nem mesmo os
próprios judeus suportavam (Cl 2.14). Os judaizantes eram como “cães” que
atacavam os novos convertidos durante a ausência de Paulo. O apóstolo
repelia-os com veemência e orientava os filipenses a que deles se resguardassem.
2. “Guardai-vos dos
maus obreiros”.
Estes também são denominados por Paulo como “cães” e os da “circuncisão”. Eles
espalhavam falsos ensinos, não se importando com a sã doutrina ensinada pelos
apóstolos. Pregavam um falso evangelho (G1 1.8,9). Afirmavam que para que os
gentios se tornassem cristãos deveriam seguir a lei mosaica e, pior, as
tradições judaicas. Todavia, no concílio da igreja em Jerusalém, conforme Atos
15, os apóstolos já haviam discutido sobre o papel da lei judaica em relação
aos gentios. Segundo as deliberações do “concílio de Jerusalém” os gentios
cristãos não deveriam comer alimentos oferecidos aos ídolos, carne com sangue e
sufocada (Lv 1 7.14). Deveriam também evitar as práticas sexuais imorais. Não
obstante, os “maus obreiros” faziam questão de discordar do ensino paulino, a
fim de impor aos gentios as práticas judaicas.
3. “Guardai-vos da
circuncisão”.
Um dos costumes judaicos que aqueles “maus obreiros” queriam impor era a
prática da “circuncisão”. Eles ensinavam, erroneamente, que a circuncisão
tornaria os gentios verdadeiramente cristãos. Paulo então passa a ensinar aos
filipenses que a verdadeira circuncisão é aquela operada no coração; logo não é
algo da carne, mas do Espírito Santo. De acordo com o Comentário Bíblico
Pentecostal, editado pela CPAD, “os cristãos filipenses não deveriam ter como
motivo de orgulho quaisquer j sinais físicos que demonstrassem sua condição de
comunhão, porém, antes, deveriam orgulhar-se em Cristo e na sua obra’.
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
“Guardai-vos
dos cães”, “guardai-vos dos maus obreiros”, “guardai-vos da circuncisão”; são
advertências paulinas a que a igreja se cuidasse com os judaizantes.
III - A
VERDADEIRA CIRCUNCISÃO CRISTÃ (3.3)
1. A circuncisão no
Antigo Testamento.
Sabemos que a circuncisão era um rito religioso com caráter moral e espiritual,
consistindo em um sinal físico de que a pessoa pertencia ao povo com o qual
Deus fez um pacto. Era também um sinal de obediência a Deus (Gn 17.11; At 7.8).
Porém, os seguidores de Jesus não precisam da circuncisão para serem
identificados como pertencentes a Ele. A circuncisão do cristão é espiritual e
interior, operada pelo Espírito Santo, no coração, mediante a fé em Jesus
Cristo (Rm 4.9-11).
2. A verdadeira
circuncisão não deixa marcas físicas. Paulo ensina aos colossenses que a
verdadeira circuncisão em Cristo não é por intermédio de mãos humanas, mas “no
despojo do corpo da carne” (Cl 2.11,12). É um ato espiritual, levado a efeito
pelo Senhor Jesus que remove a nossa velha natureza e nos concede uma nova (2
Co 5.17). É uma circuncisão do coração (Rm 2.29).
3. A verdadeira
circuncisão não confia na carne (3.3-7). Os cristãos judaizantes que participavam da
igreja em Filipos confiavam muito mais na carne e na circuncisão do que em
Cristo. Por isso, Paulo narra a sua história como judeu. Ele declara ter sido
circuncidado ao oitavo dia (v.5) e ter seguido todos os ritos da lei (v.6). Mas
o apóstolo enfatiza que ao encontrar-se com Cristo, renunciou a tudo da velha
religião para servir apenas a Cristo. Paulo declara: “Porque a circuncisão
somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e
não confiamos na carne” (3.3). A salvação é somente pela fé em Jesus. Nenhum
rito religioso é capaz de trazer salvação.
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
A
verdadeira circuncisão não confia na carne nem deixa marcas físicas, pois ela é
gerada pelo Espírito.
CONCLUSÃO
Paulo
ensinou aos filipenses que a confiança em Cristo nos garante alegria. Tal
felicidade independe das circunstâncias e faz-nos enfrentar todas as
dificuldades comuns às demais pessoas com uma diferença: temos esperança! Paulo
também mostrou aos filipenses que as leis do Antigo Testamento e seus ritos
tinham sua importância, todavia, a obediência a tais leis e ritos não garantiam
a salvação de ninguém. O que deve ser considerado pelo crente é o seu
relacionamento com o Cristo ressurreto.
SEGUNDO O ENSINO DO
APÓSTOLO PAULO AOS FILIPENSES, O VERDADEIRO CRISTÃO É DE FATO A VERDADEIRA
CIRCUNCISÃO, NÃO O COSTUME DO JUDAÍSMO. O APÓSTOLO USA TRÊS CONCEITOS PARA
IDENTIFICAR TAIS CRISTÃOS:
1)
Eram aqueles “que adoravam pelo Espírito de Deus". A palavra traduzida na
NÍV como “adoração” {laxreuo) é usada na LXX [septuaginta] e no livro de
Hebreus para se referir ao serviço dos sacerdotes no templo (Êx 23.25; Dt 6.1
2; Hb 8.5; 10.2). A palavra é também usada em Romanos 12.1, onde Paulo incita
seus ouvintes a oferecerem seus corpos a Deus como sacrifício, bem como um “ato
de adoração espiritual1'. Paulo continua a encorajar os cristãos romanos a
permitirem que suas mentes sejam renovadas e suas vidas capacitadas peio poder
do Espírito, exercitando seus dons para servirem uns aos outros (1 2.2-8).
2)
Os cristãos filipenses não deveriam ter como orgulho quaisquer sinais físicos
que demonstrassem sua condição de comunhão, porém, antes, deveriam orgulhar-se
em Cristo e na sua obra. Não deveriam depositar a sua confiança em regra e
rituais respeitados ou valorizados por aqueles que viviam sob a lei Mosaica. O
motivo de orgulho do cristão nunca deveria consistirem ser irrepreensível com
respeito aos mandamentos da lei (3.4). A verdadeira circuncisão é formada por
aqueles que colocam sua fé somente em Cristo, e que têm nEle seus motivos de
orgulho.
3)
“A [verdadeira] circuncisão” são aqueles que não depositam nenhuma confiança na
carne, Para Paulo, a ideia de “carne" (sarx) significou frequentemente um
“local natural” de existência humana (Rm 9.3; I Co 10J8), mas usa
frequentemente a palavra em um sentido teológico para se referir à condição da
humanidade em rebelião contra Deus. A consequência final de ser dominado pela
carne é a morte (Rm 8.6). O cristão é chamado a crucificar a carne e as suas
obras e viver de acordo com o Espírito (Gl 5.1 6ss). Deste modo, sarx traz
consigo um significado duplamente nítido em Paulo: (a) É renúncia sincera a
toda e qualquer observância da lei cerimonial, como a circuncisão, que alegue
poder alcançar a salvação; (b) Paulo, à luz do uso mais amplo do termo sarx,
expõe as ações dos judaizantes ao que realmente são: obras realizadas em
rebelião contra Deus.
Paulo
mostra que a espiritualidade dos judaizantes está em manter a lei; sua glória
está em suas realizações; e sua confiança em cerimônias e costumes religiosos
exteriores. Caso alguém pense que Paulo tenha exagerado nesta ênfase, basta
olhar para sua vida e veremos que ele sabe o que está dizendo. Antes de se
tornar um cristão, ele mesmo aceitava as convicções judaicas.
Texto
extraído e adaptado do ''Comentário
Bíblico Pentecostal: Novo Testamento’ voi2, editado pela CPAD.
AUXILIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio
Sócio-Cultural
A
Alegria em Filipenses
Todos
querem ser felizes. Isto era tão verdadeiro no século I quanto hoje. E, nesta
área, várias filosofias ofereciam sistemas éticos que prometiam guiar os estudantes
a uma vida completa e feliz. Estes sistemas eram sofisticados demais para
confundir £sentir-se feliz’ com felicidade. E assim os filósofos começaram a
redefinir o termo, porque embora não pudessem ajudar ninguém a se sentir feliz,
era certamente possível convencê-los de que seu estado era feliz, não importa
como pudessem se sentir!
Os
filósofos consideravam a alegria {chara) uma subdivisão do prazer (hedone).
Como uma emoção, chara era vista com desconfiança pelos estóicos, que sob a
pressão da opinião comum posteriormente a classificaram como ‘um bom humor’ da
alma. [...]
O
que é admirável no uso do NT deste conceito, seja na forma de substantivo
(chara) ou verbo (chairo), é que ela retém uma força secular básica. Contudo, a
forma como se experimenta este estado de espírito forte, positivo, confiante e
exaltado está diretamente ligada a um outro paradoxo da fé. Mesmo sabendo que o
caminho para a exaltação é a humilhação voluntária, ilustrada em Filipenses
2.6-11, a alegria do cristão é frequentemente experimentada em circunstâncias
que ninguém consideraria feliz! (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. l.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2007, p.441).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ARRINGTON, French L.;
STRONS- TAD, Roger (Eds.) Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento. 4.ed. Vol. 2 Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 .ed. Rio de janeiro: CPAD, 2007,
EXERCÍCIOS
1.
Quem produz a verdadeira alegria em nossos corações?
R:
O Espírito Santo.
2.
Quem são os inimigos mencionados por Paulo em Filipenses 3.2?
R:
Os judaizantes.
3.
O que os judaizantes acreditavam e ensinavam aos cristãos gentios?
R:
Eles acreditavam e ensinavam que os gentios deviam obedecer a todas as leis
judaicas, um fardo legalista que nem mesmo os próprios judeus suportavam (Gl
2.14).
4.
De acordo com a lição o que era a circuncisão no Antigo Testamento?
R:
A circuncisão era um rito religioso com caráter moral e espiritual, consistindo
em um sinal físico de que a pessoa pertencia ao povo com o qual Deus fez um
pacto. Era também um sinal de obediência a
Deus
(Gn 1 7.1 I; At 7.8).
5.
Defina a verdadeira circuncisão para o cristão.
R:
A circuncisão do cristão é espiritual e interior, operada pelo Espírito Santo,
no coração, mediante a fé em
Jesus
Cristo (Rm 4.9-1 1).
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n° 55, p.39.
No
capítulo três, após o apóstolo Paulo enviar o obreiro Epafrodito à Filipos, ele
abre esta seção destacando a seguinte frase: "Resta, irmãos meus, que
regozijeis no Senhor". O tema da alegria está implícito em toda a
epístola. Um dos motivos de Paulo redigir esta carta é o sentimento nobre de
alegria do apóstolo em relação aos crentes filipenses, pois estes o amavam
demonstrando atos de amor. A alegria do Senhor dominara o coração do apóstolo.
Por isso ele convoca os filipenses a se alegrarem no Senhor, pois apesar de
tudo 8 da prisão, da perseguição e do sofrimento H o Evangelho está sendo
pregado e o relacionamento de amor entre o apóstolo e a Igreja estava
intensificando-se. Mas os filipenses devem se prevenir do ensino judaizante
para preservar esta alegria.
Este
ensino era poderoso para enterrar o regozijo do Espírito e despertar um
assombroso e obscuro sentimento de tormento. Não por acaso, o apóstolo dá uma
ordem imperiosa: "guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus
obreiros". Estes pregavam ainda a antiquada interpretação distorcida da
doutrina mosaica, ignorando a decisão apostólica registrada em Atos 15. O
apóstolo ficava enciumado pela capacidade desses falsos mestres transformarem a
mensagem libertadora de Jesus numa sentença aprisionadora judaica. Para a
alegria verdadeira imperar nos corações dos filipenses, estes, por sua vez,
deviam se prevenir dos ensinos judaizantes e encarnar nas suas vidas não a
circuncisão da carne, mas a do coração.
A
circuncisão do coração não deixa marca física, não confia na carne, mas depende
do Espírito exclusivamente. O crente circunciso de alma e coração sabe
exatamente o valor e a suficiência do calvário. Neste, ele tem a certeza de que
os seus pecados passados foram perdoados, em Cristo Jesus, o nosso Senhor. Os
presentes e futuros estão e serão perdoados pela suficiência do sacrifício de
Cristo. A consciência do discípulo é tocada pelo Espírito, pois a lei do Senhor
não está registrada apenas num papel, mas na mente e no coração do crente. Esta
é a certeza da fé que gera alegria no coração do discípulo. Assim, o discípulo
deve ficar longe dos ensinos legalista que roubam esta certeza de vida em
Cristo Jesus.
Não
há nada no céu ou na terra que posa subjugar a alegria do crente quando este se
acha completamente entregue a suficiência do Calvário. "Regozijai-vos
sempre", diz o apóstolo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Neste capítulo, a
preocupação do apóstolo Paulo é focada na preservação da fé em face de a Igreja
em Filipos estar sob ataque de falsas doutrinas. Embora não haja nenhuma
evidência de que a igreja estivesse sucumbindo às falsas doutrinas, e não se
tinha notícias de que algum irmão na fé tivesse se desviado do evangelho, Paulo
sabia que as ameaças eram evidentes. Ele, então, descreve suas experiências no
judaísmo e sua conversão a Cristo, tornando-o um verdadeiro representante do
evangelho.
O texto do capítulo 3
fala dessa preocupação do apóstolo Paulo e, especialmente, com os “maus
obreiros” que se aproveitavam da sua ausência para injetar as falsas doutrinas
no seio da igreja. Por três vezes Paulo diz: “... Acautelai-vos...
Acautelai-vos... Acautelai- vos” como alerta para o perigo dessas falsas
doutrinas. Inicialmente, Paulo dá a impressão de que estava concluindo a carta.
Contudo, em sua mente afloraram outras preocupações, levando-o a continuar
tratando dos assuntos em questão.
A Alegria que
Fortalece a Fé (3.1)
Prevalece em toda a
Carta a alegria que alimentava a alma do apóstolo frente a todas as
adversidades que enfrentava. Em meio à tribulação, às ameaças e ataques dos
inimigos, Paulo tinha a sensação de contínuo triunfo, a exultação de se sentir
mais que vencedor à medida que os sofrimentos iam proporcionando o gozo do
Espírito no seu interior. Na verdade, Paulo faz um prelúdio solene do gozo que
sentia para falar de outros assuntos.
“Resta, irmãos meus”
(3.1) é uma frase que aparece no texto grego como to loipon, traduzida como
“finalmente” ou “algo restante”. Esse “algo restante” havia deixado sua mente
em polvorosa porque ele sabia dos falsos mestres que haviam entrado na igreja com
falsas doutrinas. Ele tinha ainda algo a dizer aos irmãos da igreja em Filipos.
Porém, para falar de assuntos tão graves, ele apela ao regozijo espiritual como
reforço da fé. Quando ele diz que “resta ainda...” era porque muita coisa
escreveria até ao final da carta demonstrando seu cuidado com os ataques
judaizantes que tentavam perverter o evangelho ensinado por Paulo.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 90-91.
Advertência contra o
judaísmo (3.1-8)
Novamente Paulo
repete a frase “regozijai-vos no Senhor”, que se destaca em toda a epístola.
Ele não acha penoso repetir (“escrever-vos as mesmas coisas”) essa verdade tão
vital e prática, sabendo que ela oferece “segurança” contra os erros (v. 1).
As advertências nos
versículos seguintes são contra a insistente propaganda dos mestres
judaizantes, que pregavam que a simples fé na obra consumada de Jesus, no Calvário,
não era suficiente e precisava ser complementada pelas obras da Lei, isto é, a
circuncisão, as festas cerimoniais, os jejuns etc. Nesta mensagem, Paulo dá um
golpe fatal na religião que se deixa determinar por exterioridades. Ele
classifica as pessoas que pervertem o Evangelho como “cães” e “maus obreiros”
(sua obra era má, tanto nos seus propósitos quanto nos resultados, perceptíveis
no esforço que despendiam para fazer prosélitos e colocar os gentios
convertidos debaixo do jugo da Lei). Paulo os identifica claramente com a circuncisão,
considerada por ele como prática inócua no que se refere à graça.
A palavra grega
empregada para circuncisão é peritomê (“fazer incisão em volta”). O objetivo de
Paulo é explicar que a cerimônia da circuncisão não passava duma “incisão” na
carne como qualquer outra. Não que a circuncisão em si não fosse honrosa - mas
só enquanto vigorava o pacto que lhe deu origem. Vindo a Nova Aliança, porém,
estabelecida por Cristo e rejeitada pelos judeus, a “circuncisão” (carnal)
deles acabou se tornando um meio de privá-los da (verdadeira) circuncisão, a do
espírito. A cerimônia tornou-se mera “incisão” na carne, sem efeito espiritual,
enquanto a verdadeira “circuncisão” atinge o coração, os lábios e os ouvidos do
cristão (Jr 4.4; 6.10; 9.25,26).
A verdadeira circuncisão
é uma prática espiritual, significando um serviço apresentado a Deus pelo
Espírito Santo e que glorifica somente a Cristo. O coração circuncidado não
cede lugar ao egoísmo ou à vangloria (vv. 2,3).
O apóstolo, em
seguida, passa a citar algumas razões em que poderia gloriar-se nas coisas
naturais, se o quisesse. Ele se coloca na posição vantajosa de ser judeu, a fim
de reforçar seu argumento e expor o erro dos judaizantes.
“Paulo gozava duma
posição irrepreensível, segundo qualquer critério judaico, quanto à raça,
nascimento e seita. Ele era ‘ultra judeu’ e ‘ultra fariseu’. Contudo, tais honras
só são por ele mencionadas para que possa colocá-las no pó, aos pés de Cristo,
abandonando-as ali como coisas da mais total inutilidade” (Walker).
Com todo o direito e
sem medo de contestação, como o Dr. Walker diz, Paulo podia gloriar-se das
seguintes coisas:
• Sua posição quanto
à Aliança: “circuncidado ao oitavo dia”. Estava “por dentro” .
• Sua raça: “da
linhagem de Israel”. A pessoa podia ser circuncidada e não passar dum
prosélito. No caso de Paulo, ele não era alguém de fora, “enxertado” na árvore,
mas da verdadeira linhagem judaica. Corria em suas veias o puro sangue judaico.
• Sua família: “da
tribo de Benjamim”. A famosa tribo de Benjamim, o filho de Raquel, esposa
preferida de Israel (Jacó).
• Seu patriotismo:
“hebreu de hebreus”. Paulo não era helenista (dado apreciar e adotar a cultura
grega), pois dera prioridade ao idioma, maneiras e costumes judaicos.
• Sua ortodoxia: “segundo
a lei, fui fariseu”. Era dos mais zelosos de sua religião.
• Seu zelo religioso:
“segundo o zelo, perseguidor da Igreja”. Era como um fanático, partidário
apaixonado por suas convicções.
• Sua autojustiça:
“segundo a justiça que há na lei, irrepreensível”. Paulo era o próprio tipo da
piedade hebraica. Mas, de que valera tudo isso? Do ponto de vista hebraico, ele
é como o orgulhoso possuidor de fabulosa riqueza - mas havia algum ganho? Não,
não havia nenhum ganho quando suas posses religiosas eram contrastadas com a
“excelência do conhecimento de Cristo Jesus”. Em lugar de ganho, havia perda.
Sim, seu tesouro acumulado dentro do judaísmo não passava de esterco (vv. 7,8).
Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses,
Hebreus. Editora CPAD. pag.
68-70.
A verdade de Deus sob
ataque (Fp 3.1-11)
No capítulo 1 de
Filipenses, Paulo mostrou a supremacia de Cristo (1.21). No capítulo 2, ele
mostrou a primazia do outro (2.4). Agora, no capítulo 3, Paulo volta a sua
atenção para a questão da verdade que estava sendo atacada pelos falsos
mestres.
Mais do que nunca,
este texto é atual, oportuno e urgente. Também em nossos dias, a verdade de
Deus tem sido atacada. Esses ataques não vêm apenas dos insolentes críticos da
fé cristã, mas daqueles que se infiltram na igreja, com falsa piedade e
perigosas heresias.
Estamos vendo, com
profunda dor, a igreja evangélica brasileira deixando o antigo evangelho, o
evangelho da cruz, para abraçar um evangelho híbrido, sincrético e místico. Um
evangelho centrado no homem, e não na consumada e bendita obra de Cristo.
Precisamos também nos acautelar!
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 183-184.
I - A
ALEGRIA DO SENHOR
1. Regozijo
espiritual.
Paulo sabia, por experiência
própria, que seria difícil aos filipenses suportar o aborrecimento produzido
por aqueles falsos obreiros. Era um aborrecimento que afetaria a fé e
diminuiria o entusiasmo por Cristo. Portanto, a solução mais eficaz para
superar essas dificuldades era manutenção da alegria espiritual. Quando ele
diz: “Resta ainda”, indicava que algo havia acontecido e que ele era conhecedor
disso. Por isso, Paulo demonstra e apela para que o regozijo na presença de
Deus fosse a força maior de superação de todas as tribulações que estavam
enfrentando.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 90.
Uma Conclusão
Interrompida. 3:1-11.
Quando Paulo começa a
concluir sua carta, alguma interrupção quebrou o fio de seus pensamentos.
Quando ele retoma a ditar, divaga advertindo os filipenses contra os
judaizantes e contra o antinominianismo autocomplacente. À altura do 4:4 (ou
4:8) ele já retorna ao seu tema original.
1. Quanto ao mais
(finalmente). W. S. Tindal é citado dizendo que Paulo é "o pai de todos os
pregadores que usam 'finalmente, meus irmãos' como indicação de que recuperaram
o seu fôlego" (Herklotz, op. cit., pág,16). As mesmas coisas. Aquelas
verdades centrais da vida e doutrina às quais Paulo faz repetidas referências.
No presente contexto podem se referir ao seu ministério doutrinário enquanto
estivera com eles ou à correspondência anterior da qual não temos nenhuma
informação. A teoria de que uma tal carta tenha sido encaixada no texto,
explicando a mudança abrupta no estilo e assunto em 3:2 (ou 3:16?), não é de
modo nenhum necessária para explicar o que não passa de apenas uma
"divagação curiosa" (Plummer, pág. 66. Cons. "Lost Epistles to the Philippians", Lightfoot, págs.
138-142; Vincent, xxxi f.)
Charles
F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody.
Editora Batista
Regular Filipenses. pag. 20.
Finalmente, meus
irmãos, alegrem-se no Senhor! (3:1a)
Finalmente (para
loipon) é melhor traduzida como "além disso", "assim,
então," ou "agora então." É uma palavra de transição não, a conclusão,
uma vez que metade dos Filipenses segue. Joy é um tema importante, tanto em Fl
(cf. 1:4, 18, 25, 2:2, 17-18, 28-29; 4:1, 4, 10) e no resto do NT, onde ela
aparece em sua substantivo e formas verbais cerca de 150 vezes. Aqui, como em
4:4, 10 (cf. Lucas 1:47), Paul liga para alegrar um relacionamento, comandando
os crentes a se alegrar no Senhor. A esfera em que a alegria existe é na sua
relação com o Senhor Jesus Cristo.
A alegria de que
Paulo escreve não é o mesmo que a felicidade (a palavra relacionada ao
"acaso" prazo), o sentimento de alegria associada com eventos
favoráveis. Na verdade, a alegria persiste em face da fraqueza, dor, sofrimento,
até mesmo a morte (cf. Tiago 1:2). Alegria bíblica produz uma profunda
confiança no futuro que se baseia na confiança no propósito de Deus e poder.
Isso resulta na ausência de qualquer medo final, uma vez que a relação em que
se baseia é eterna e inabalável (Sl 16:11;. John 16:22). Nem é uma emoção
humana produzida; que os comandos de Paulo mostra que alegria é um ato da
vontade em escolher obedecer a Deus. O resultado é uma emoção sobrenatural
produzido, fruto de andar no Espírito (Rm 14:17; Gal 5:22.). Assim,
regozijando-se marcas de verdadeiros crentes (cf. Pss 9:14;. 13:5; 32:11; 33:1,
21; 35:9; 40:16; 51:12; 70:4, Lucas 10:20; João 15:11; 17:13, Rm 15:13;. 1
Tessalonicenses 5:16)..
JOHN MACARTHUR, JR.
Novo Testamento Comentário
Filipenses Comentário Expositivo.
2. Exortação ao
regozijo.
Qual o sentido da
expressão “regozijai-vos”?
“'que vos regozijeis
no Senhor” ( 3.1). Trata-se de uma exortação especial no sentido de que a
alegria do Senhor é produzida pelo Espírito Santo no coração do crente. Essa
alegria não era uma alegria comum, mas era algo sobrenatural que lhe dava
condições de superar as dificuldades. Paulo entendia que esse regozijo era como
uma parede de proteção e segurança de que aquilo que haviam recebido do Senhor
era genuíno e verdadeiro. Para o apóstolo Paulo, na prisão, a alegria do Senhor
era algo que alimentava a sua alma tensa e preocupada com a vida cristã dos
filipenses.
O regozijo no Senhor
é um gozo produzido por Ele. E diferente da alegria da carne que explora apenas
a adrenalina nas veias do corpo, ou a alegria apenas superficial que se acaba
facilmente. A alegria do Senhor é algo permanente que torna o crente apto a
superar as adversidades da vida. Paulo era alimentado em suas emoções com esse
gozo espiritual nos seus sofrimentos. Por isso, ele podia falar desse gozo como
uma experiência que produzia capacidade de suportar os sofrimentos, não apenas
físicos, mas aqueles que produzem tristeza, angústia, dissabor e mágoa. Uma das
qualidades do fruto do Espírito é “gozo” (G15.22), que na língua grega é chara.
Esse gozo nada tem a ver com alguma emoção passageira. O Comentário Bíblico
Pentecostal apresenta o termo gozo de Gálatas 5.22 dizendo que o gozo do
Espírito “é aquele conhecimento arraigado de que somos salvos no presente,
ainda que a nossa redenção plena resida no futuro” (1 Jo 3.2). Esse gozo produz
no crente uma confiança prazerosa de que, independentemente das circunstancias
pessoais, o seu destino está garantido pelo Senhor.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 91-92.
Aqui Paulo dá
importância a dois pontos.
(1) Estabelece o que
poderíamos chamar a indestrutibilidade da alegria cristã. Deve haver sentido
que tinha feito um grande desafio à Igreja de Filipos. Para seus fiéis existia
a possibilidade da mesma classe de perseguição e até da mesma classe de morte
que ameaçavam a Paulo. Estavam imersos na luta e na disciplina da vida cristã.
De um ponto de vista pareceria que ser cristãos fosse uma empresa muito
lúgubre. Entretanto, era tudo alegria. “A vossa alegria ninguém poderá tirar”,
disse Jesus (João 16:22).
Há certa
inalterabilidade na alegria cristã; e é assim porque é alegria no Senhor. O
cristão está sempre na presença e na companhia de Jesus Cristo. Pode perder
tudo, posses e amizades, mas jamais pode perder a Cristo. E por isso até em
circunstâncias em que a alegria pareceria impossível e nas quais parecesse não
haver mais que dor e mal-estar, a alegria cristã perdura, porque todas as
ameaças, terrores e desconfortos da vida não podem separar o cristão do amor de
Deus em Cristo Jesus, seu Senhor (Romanos 8:35-39).
Em 1756 John Wesley
recebeu uma carta do pai de um filho pródigo. Quando o avivamento sacudiu a
Inglaterra, o filho estava detento no cárcere dos York. "Prouve a
Deus", escrevia o pai, "não deixá-lo morrer em seus pecados. Deu-lhe
tempo para arrepender-se, e não só isso, mas também a vontade de
arrepender-se". O moço estava condenado à morte por suas maldades; e a carta
do pai continua: "Sua paz se acrescentava dia a dia até que no sábado, dia
em que tinha que morrer, saiu da cela dos condenados vestido com sua mortalha e
subiu à limusine. A seu passo a jovialidade e compostura de seu semblante assombraram
a todos os espectadores". O jovem tinha encontrado uma alegria que nem
sequer o patíbulo lhe podia tirar.
Acontece com
frequência que os homens se mantêm com toda integridade frente às grandes
tribulações e provas da vida, mas ficam prostrados, fora de si ou irritados
pelos inconvenientes mais mínimos. Mas a alegria cristão faz com que os homens
aceitem absolutamente tudo com um sorriso.
John Nelson foi um de
vos mais famosos entre os primeiros pregadores de Wesley, com quem empreendeu
uma missão no Cornwall perto do Land's End. Nelson nos narra o seguinte:
"Todo este tempo Wesley e eu dormíamos no solo: ele tinha meu casaco por
travesseiro e a minhas eram as notas de Burkitt sobre o Novo Testamento. Depois
de estar aqui perto de três semanas, uma manhã, por volta das três, Wesley virou-se
e encontrando-se acordado me tocou, dizendo: 'Irmão, tenhamos bom ânimo: Ainda
tenho um lado inteiro, porque estou esfolado. . . mas só de um lado!' ".
Tinham muito pouco para comer. Uma manhã Wesley tinha pregado com muito
resultado: "Quando retornávamos Wesley deteve seu cavalo para recolher
amoras, dizendo: 'Irmão Nelson, devemos dar graças porque há amoras em
abundância; este é o melhor país que vi para ter estômago, mas o pior de todos
para conseguir alimento!' "
A alegria cristã
fazia com que Wesley fosse capaz de aceitar os grandes golpes da vida e até de
saudar com uma brincadeira as moléstias menores. Se o cristão caminhar com
Cristo deve partir necessariamente prazeroso.
(2) Aqui encontramos
em Paulo o que poderíamos chamar a necessidade de repetição. Diz que se propõe
escrever-lhes sobre coisas das que já antes lhes tinha escrito. Isto conduz a
interessante hipótese de que Paulo tivesse escrito mais de uma carta aos
filipenses e que essas cartas se perderam, o que não seria nada surpreendente.
Paulo escreveu cartas do ano 48 até o 64: durante dezesseis anos. Nós só
possuímos treze cartas. A não ser que tenham transcorrido longos anos ou
períodos em que Paulo não empunhasse a pena, muitas de suas cartas devem
haver-se perdido. Não é nada estranho que Paulo se refira a cartas anteriores
que nós já não possuímos.
Como todo bom
professor Paulo nunca temeu a repetição. Bem pode ser que um de nossos enganos
seja o desejo de novidade. Mas as grandes verdades salvadoras do cristianismo
não mudam. Jamais podemos ouvir o suficiente delas. Os mantimentos essenciais
não nos cansam: esperamos comer pão e beber água cada dia de nossa vida. Por
isso, também devemos ouvir sempre de novo a verdade que é pão e água para a
vida. Que nenhum mestre se inquiete por voltar renovadamente às grandes
verdades básicas da fé cristã: este é o caminho para assegurar e proteger a
vida de seus ouvintes. Podemos ter desejo das comidas, mas enfim vivemos de
mantimentos básicos. A pregação, o ensino e o estudo de coisas marginais podem ter
seu atrativo e têm seu lugar, mas as verdades fundamentais nunca se proclamarão
e ouvirão com a suficiente frequência como para oferecer absoluta segurança
espiritual.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag.
63-65.
3.1 - Para resumir tudo
o que disse sobre uma vida digna de Cristo, Paulo acrescenta que vos regozijeis
no Senhor. Este regozijo é no Senhor, não nas circunstâncias. Deus sempre está
no comando, por isso, mesmo na prisão, Paulo pode regozijar-se.
Consequentemente, ele não se aborrece (incomoda) de incentivar os filipenses a
regozijar-se. Seria uma garantia para a conduta deles porque eles tomariam a
atitude correta. A preocupação de Paulo era que os filipenses não caíssem na armadilha
preparada por aqueles que estavam dentro da igreja e apoiavam a heresia, por
isso o apóstolo disse que seus conselhos são segurança.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 531.
Ele os exorta a
“...que vos regozijeis no Senhor” (v. 1), a descansarem satisfeitos no
interesse que tinham nele e no benefício que esperavam dele. E do caráter e da
motivação de cristãos sinceros regozijarem-se em Cristo Jesus. Quanto mais
aproveitarmos o conforto da nossa religião tanto mais vamos nos agarrar a ela; quanto
mais nos regozijarmos em Cristo tanto mais dispostos estaremos a realizar e
sofrer por Ele e tanto menos perigo correremos em ser afastados dele. “A
alegria do Senhor é a nossa força” (Ne 8.10).
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 621.
3. Alegria em meio às
preocupações e aflição.
Como manter a alegria
em meio às preocupações?
Paulo foi contundente
e radical no trato com os falsos mestres. As suas preocupações foram
manifestadas com uma hostilidade forte contra aqueles que tentavam destruir
tudo quanto ele havia construído doutrinariamente. A igreja de Filipos estava
sofrendo, e os irmãos poderiam estar tristes e desanimados. Ele, então, apela
aos sentimentos daqueles irmãos para a alegria do Espírito que muito bem
conheciam e seria capaz de superar a maldade desses inimigos da obra de Cristo.
O teólogo Ralph A. Herring, em seu comentário da Carta aos Filipenses, escreveu
que “o cântico de alegria do apóstolo cessa abruptamente como o trinar dum
passarinho que repentinamente vê bem próxima a sombra dum gavião”. Na verdade,
quando ele pensava na segurança dos cristãos de Filipos, também pensa no perigo
que correm, e “interrompe seu cântico” para advertir a igreja do perigo.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 92.
At 16. 25. A
paciência e a alegria cristãs em meio aos sofrimentos: Quando Paulo e Silas foram lançados
na masmorra, os demais prisioneiros escutavam-nos a cantar e bendizer a Deus,
com prazer e interesse. «Foi uma nova experiência para os prisioneiros, e um
entretenimento extraordinariamente atrativo para eles» (Robertson, in loc.). O
testemunho penetrante do evangelho, nas mãos do apóstolo Paulo, atingia
incansavelmente todos quantos chegassem ao alcance de ouvi-lo. Não se tratava
meramente de algo que ele fizesse como uma coisa extra, ou como um dever que
ele cumprisse em porções suficientes, a fim de poder chamar-se um bom cristão;
mas era a paixão e a ocupação
de sua vida. Foi desse modo que Paulo implantou, quase sozinho, a igreja cristã, no
antigo mundo dos gentios.
Os missionários
cristãos oraram e louvaram, sem distinguirem necessariamente atos distintos,
pois isso já seria o cântico de salmos. (Ver Luc. 1:39 e ss., 67 e ss. e 2:28 e
ss.). Antes, esses louvores e essas orações eram entremeados por outras formas
de louvor. O historiador Plínio menciona essa forma de adoração prestada pelos
cristãos, que oravam a Jesus como se ele fosse um «deus», no dizer desse
escritor antigo (ver Epístola x.96).
«...recebiam tais
consolos da parte de Deus que podiam enfrentar quaisquer circunstâncias não
somente como toleráveis, mas até como deleitosas. Primeiramente oraram, pedindo
a graça para suportarem os sofrimentos, e depois pedindo perdão e salvação aos
seus perseguidores; e então, secundariamente, entoavam louvores a Deus, que os
chamara para o estado de salvação em que se encontravam, tendo-os considerado
dignos de sofrerem opróbrios por causa do testemunho de Jesus». (Adam Clarke,
in loc.).
«Façamos outro tanto,
e abriremos para nós, não uma prisão, mas o próprio céu. Se orarmos, seremos capazes até
mesmo de abrir os céus. Elias tanto fechou como abriu os céus, através da oração».
(Crisóstomo, Homília xxxvi).
Por que os
missionários cristãos entoaram hinos e oraram em voz alta? «...poderiam ter
feito a sua oração com um gemido secreto, com um sussurro em seus corações,
conforme estavam acostumados a fazer; ou poderia ter orado ao Senhor calma e
suavemente. Portanto, por que elevaram a voz? Certamente não fizeram isso movidos pela
ambição em qualquer
sentido; mas a fim de que pudessem professar que, confiando no acerto da causa
que defendiam, se elevassem sem temor ate Deus. Por conseguinte, nessas orações
se incluiu a confissão de fé, que dava testemunho de um exemplo comum, e que
também preparou, tanto os corações dos
malfeitores como os corações dos familiares do carcereiro, a considerarem
aquele milagre≫.
Na vida cristã
piedosa reside a cura para a angústia mental. «A causa fundamental da angústia
mental não está no mundo exterior, e, sim, reside na vontade íntima de um
indivíduo, que capitula ante as circunstâncias sondadoras e permite que o seu
espírito se perturbe. ‘Portanto, o que é que perturba e confunde às multidões?
Serão o tirano e seus guardas? Não, de forma alguma! Pois é impossível que
aquilo que por natureza é livre seja perturbado ou sofra obstáculo por qualquer
coisa senão por si mesmo. São os próprios juízos de um indivíduo que o
perturbam. Pois quando o tirano diz. a um homem: Mando acorrentar-te por uma
perna, aquele que dá valor às suas pernas talvez diga: «Não, mas tenha
misericórdia»; porém, aquele que preza mais a liberdade, dirá: «Assim faz, se
te parece mais proveitoso isso». «Não me queres dar ouvidos?» «Não, não te dou
ouvidos. Vou mostrar-te que sou meu próprio senhor», (Epicteto, Discursos).
Assim sendo, pois, é a vontade que é o fator supremo, no íntimo de um homem, que
é capaz de coar todos os elementos externos, tendentes a produzir a ansiedade,
para que não perturbem a sua personalidade. Trata-se de uma realização
conseguida pela avaliação da vontade acima de todos os objetos externos; essa
desvalorização de tudo quanto é externo à nossa personalidade é o único meio
efetivo de protegermos, como uma barricada, o espírito interior do mundo tumultuoso
exterior, assim fortalecendo a própria mente contra os assaltos das perturbações
externas». (William S. Shakian, Realms of Philosophy, que encerra uma citação
de Epicteto).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 3. pag. 343.
Paulo. Notamos três coisas a respeito dele.
(1) Podia cantar hinos estando no cepo na cela
interior à meia-noite. O que nunca se pode tirar de um cristão é a presença de
Deus e de Jesus Cristo. Com Ele há liberdade até na prisão e até a meia-noite
há luz.
(2) Estava disposto a abrir a porta da
salvação ao carcereiro que lhe tinha fechado a porta da prisão. Paulo nunca
lamentou. Pregou ao próprio homem que lhe tinha ajustado os cepos.
(3) Podia manter sua dignidade. Exigiu seus
direitos como cidadão romano. Açoitar a um cidadão romano era um delito que se
punia com a morte. Mas Paulo não apelava à sua dignidade para sua própria
segurança, mas sim pela dos cristãos que teria que deixar em Filipos. Queria
que se levasse em conta que contavam com amigos influentes.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. Atos. pag. 112-113.
A «alegria» é um dos aspectos
do «fruto do Espírito Santo», um dos produtos do desenvolvimento ou avanço
espiritual. (Ver as notas expositivas sobre isso, em Gál. 5:22). A alegria do
crente é posta em contraste com a alegria mundana, porquanto a alegria
espiritual não depende de circunstâncias externas favoráveis, para que exista e
se expresse, ao passo que a alegria terrena normal é resultado direto de
circunstâncias externas favoráveis. A alegria no Espírito Santo se deriva do
bem-estar espiritual, do bem-estar da alma, que as circunstâncias- externas não
podem abalar ou alterar, do mesmo modo que um homem não pode atingir o sol lançando
contra ele uma pedra.
«...regozijai-vos...»
No grego é «chairo», palavra usada por setenta e quatro vezes no N.T., das
quais vinte e nove vezes nos escritos paulinos. Só na epístola aos Filipenses o
termo é empregado por nove vezes, sendo aquela a «epístola do regozijo». (Ver
Fil. 1:18; 2:28; 3:1; 4:4,10, quanto à ênfase posta sobre a «alegria»; e ver
Fil. 4:4, que contém ordem quase idêntica àquela encontrada no presente texto).
A base e o elemento da alegria aparecem ali, isto é, «no Senhor», ou seja, por
causa de nossa união mística com ele, devido aos benefícios espirituais que
isso nos proporciona, que são constantes e que transcendem a tudo quanto é
meramente terreno.
«...sempre...» No
grego é «paníote», palavra essa que pode significar «continuamente», «a todos
os instantes» ou «em cada ocasião». Encontra-se igualmente no versículo
anterior, modificando a idéia de seguirmos o «bem». Em I Tes. 1:2 fala sobre o
quanto Paulo se sentia grato pelos crentes tessalonicenses. Em I Tes. 2:16,
expressa as ações continuamente malfazejas dos adversários judeus de Paulo, os
quais procuravam criar obstáculos ao evangelho. E em I Tes. 3:6 refere-se ao
fato que os crentes tessalonicenses nunca se olvidaram do apóstolo, mas
continuavam a lembrar-se dele. Há perseguições externas, e também há dúvidas e
temores no íntimo; pois a igreja se encontra em um mundo hostil; mas isso não
deveria servir de empecilho para a manifestação da alegria cristã. Paulo
escreveu sua grande epístola da alegria, a epístola aos Filipenses, estando
encarcerado em uma prisão romana , quando a sua própria vida estava sendo
ameaçada. No entanto, ninguém podia fazer mal à sua alma imortal, que se
encontrava segura nos braços eternos e benditos do Senhor Jesus. O Cristo em
nós residente é tanto a origem como a garantia de nossa eterna alegria. (Ver
Fil. 4:4).
«Há certo fio que
liga o que aqui se lê com o conselho anterior .O alvo inevitável que é sermos
bons e de fazermos o bem a todos os homens, está vinculado à fé na bondade
infalível de Deus para com os homens, o que permite ao crente animar-se, aceitando
os desapontamentos e os sofrimentos da vida social. Essa fé só pode ser
conservada através da oração, isto é, mediante a constante ligação de todo o
decurso da Vida a Deus. E essa oração deve consistir de muito mais do que de
mera resignação, pois subentende o espírito de imorredoura gratidão a Deus, ao invés
de uma atitude de suspeita e rebeldia». (Moffatt, in loc.).
A alegria do crente é
no Espírito Santo (ver Rom. 14:17); é uma das facetas do fruto do Espírito (ver
Gál. 5:22,23). Portanto, o Espírito de Deus é tanto a causa originária como a
esfera onde se manifesta a alegria cristã.
«Se porventura nos
sentirmos faltos de alegria, por causa das dificuldades que temos em vencer o
mal com o bem, então nos devemos elevar acima daquilo que nos deprime através
da oração». (Auberlen, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 219-202.
Os versículos 16-18
nos dão três rasgos característicos de uma Igreja autêntica.
(1) É uma Igreja
feliz. Há nela essa atmosfera de alegria que faz com que seus membros se sintam
inundados de tal. O verdadeiro cristianismo anima, não deprime.
(2) É uma Igreja que
ora. Talvez as orações de nossa Igreja fossem mais efetivas se lembrássemos que
"oram melhor juntos os que também oram sozinhos".
(3) É uma Igreja
agradecida. Sempre há algo pelo que devemos dar graças. Até no dia mais
tenebroso se recebem bênçãos. Devemos lembrar sempre que se dermos a cara ao
Sol as sombras cairão atrás de nós, mas se lhe damos as costas todas as sombras
cairão diante.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. 1 Tessalonicense.
pag. 34.
Destacamos dois
pontos nesta introdução:
Em primeiro lugar, a
alegria cristã é centrada em Cristo (3.1). J. A. Motyer diz que a ordem de
Paulo dada em Filipenses 3.1, alegrai-vos no Senhor”, age como uma ponte entre
o que ele ensinou e o que ele está para ensinar. Jesus foi glorificado como
Deus, Salvador, Exemplo e Senhor. Portanto, devemos nos regozijar Nele. Ele
deve ser nosso prazer, nossa mais preciosa possessão e nossa mais intensa
ambição.
Assim, depois de
falar sobre relacionamentos no capítulo 2, e antes de introduzir o novo
assunto, Paulo reafirma para a igreja o tema básico dessa carta, a alegria. A
alegria cristã não é ausência de problemas nem circunstâncias favoráveis.
A alegria cristã está
centrada não em coisas ou situações, mas na Pessoa de Cristo. Ele é a nossa
alegria. Nossa alegria é cristo Centrica!
Bruce Barton diz que
essa verdadeira alegria nos capacita a vencer as ondas revoltas das
circunstâncias adversas, porque essa alegria vem de um consistente relacionamento
com o Senhor Jesus.
Em segundo lugar, a
repetição é um poderoso recurso pedagógico (3.1). Paulo não está trazendo
ensino novo, mas reafirmando as mesmas verdades. E ele diz que isso não lhe desagrada,
pois sabe da necessidade de a igreja ouvir sempre as verdades fundamentais do
evangelho. Sabe, também, que isso produz segurança para a igreja. Não devemos
correr atrás de novidades, mas nos firmar cada vez mais no antigo evangelho. A
verdade deve ser o nosso pão diário.
William Barclay
corretamente diz que os alimentos essenciais não nos cansam; esperamos comer
pão e beber água cada dia da nossa vida. Por isso, também devemos escutar
sempre de novo a verdade que é pão e água para a vida. Que nenhum mestre se
inquiete por voltar renovadamente, as grandes verdades básicas da fé cristã.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 184-185.
II - A
TRÍPLICE ADVERTÊNCIA CONTRA OS INIMIGOS (3.2-4)
1. “Guardai-vos dos
cães”.
Paulo Desmascara e
Adverte sobre Falsos Mestres no Seio da Igreja (3.2-4)
Obreiros do mal
tinham se infiltrado no seio da Igreja aproveitando a ausência física do apóstolo
Paulo. Eram obreiros que falsificavam a doutrina genuína e lançavam ideias
judaizantes, seduzindo e desviando da verdade. Paulo ergue sua voz de alerta,
provando que ele mesmo, muito mais que outros, confiara no judaísmo com suas
leis, ritos e dogmas. Entendiam estar servindo a Deus confiados apenas na carne
(Fp 3.4), isto é, em procedimentos humanos. Mas, ao encontrar a Cristo,
entendeu que esse fundamento do judaísmo era nulo e que toda a vantagem pessoal
que tivera no judaísmo lhe dava agora a oportunidade de descobrir que a
“justiça que é de Deus é pela fé” (Rm 1.17; Fp 3.9).
“guardai-vos dos
cães” (3.2). A hostilidade de Paulo contra os maus obreiros era forte e
decisiva pelo mal que eles causavam à obra de Deus na igreja. O judeu ortodoxo
tratava o gentio de cão, mas Paulo chama aos judeus opositores do evangelho de
“cães”. Por que Paulo os chama de cães? Eram judeus que se diziam convertidos a
Cristo e tentavam lançar seus tentáculos judaizantes na mente dos cristãos
filipenses. Ideias inaceitáveis em relação à doutrina dos apóstolos (At 2.42).
Paulo chama-os de “cães” porque era uma palavra desprezível entre os judeus.
Segundo Ralph Herring, esses judeus eram falsos cristãos que insistiam em tomar
o fardo do lega- lismo judaico e colocá-lo sobre os cristãos. Eram como “cães”
que agiam, rosnando atrás deles e mordendo seus calcanhares, atacando os novos
convertidos quando Paulo estava ausente. Eram como cães porque eram carnívoros
e mutiladores, no mesmo sentido da mutilação física no rito da circuncisão.
Paulo os repelia com veemência e pediu aos filipenses que se acautelassem
dessas pessoas, porque queriam, de fato, dominá-los com suas doutrinas falsas.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 92-93.
No grego, « ...acautelai-vos...» é «blêpo»,
verbo de uso com um que significa «ver», embora também usado com o sentido de
«considerar», «observar», «dirigir a atenção para», ou, mais forte ainda,
«acautelar-se», tal como se vê nesta tradução. (Ver também Marc. 13:9, onde o
termo é usado para indicar o cuidado que o ministro do evangelho deve ter em
tempos de crise, sobretudo nos últimos dias, porquanto aqueles capítulos do
evangelho de Marcos encerra o «pequeno Apocalipse»). Essa palavra também é utilizada
em Marc. 8:15, como advertência contra o «fermento» dos fariseus; e ainda em
Marc. 12:38, acerca da necessidade de se acautelarem os discípulos dos escribas
e sua hipocrisia.
«...dos cães...» Pode-se notar aqui o artigo
definido. Por conseguinte, o apóstolo destacava um grupo particular de homens
religiosos, os quais deveriam ser vigiados especialmente, para que suas
doutrinas e suas práticas não viessem a macular a pureza da comunidade cristã
de Filipos.
De acordo com a lei levítica, o cão era um
animal imundo; era um termo comum entre os judeus, como designação dos gentios.
O cão era reputado animal de pouco valor; o preço de compra de um deles era
equiparado com o preço do uso de uma prostituta. Um israelita não podia fazer
penetrar na casa de Deus nem os cães e nem as prostitutas, porquanto isso seria
considerado um a abominação, segundo se lê em Deut. 23:18. (Ver o termo «cão»,
usado em M at. 15:27, para indicar os gentios). O trecho de Rom. 22:15 menciona
que os «cães» ficarão fora da cidade celestial; e isso indica os corruptos. Nos
escritos de Homero esse termo é usado para falar de pessoas audazes e
desavergonhadas, especialmente mulheres. No presente texto está em foco o
caráter moral dos falsos mestres, sem importar se eram «judaizantes» ou não, em
contraste com a pureza que se espera nos verdadeiros crentes.
O cão é um animal sem-vergonha, voraz,
aproveitador, desordeiro, vagabundo, briguento; e é possível que algum as
dessas qualidades negativas devam ser compreendidas acerca daqueles sobre quem
Paulo falava assim indiretamente. Helena, na Ilíada (vi. 344), chama o seu
cunhado de «cão enganador». Teucer referiu-se a Heitor, dizendo: «Não posso
atingir esse cão raivoso». (Ilíada, viii. 298).
Ao procurarmos compreender a força desse
termo, ajuda-nos lembrar que, nas sociedades antigas, os cães não eram
domesticados como hoje; antes, com frequência, andavam em matilhas, como lobos,
mostrando-se quase tão ferozes quanto estes. Lê-se em um livro de Thompson,
«Landand Book», pág. 593: «Jazem os cães pelas ruas em tais números que é
difícil e até mesmo perigoso alguém tentar passar entre eles, um a raça magra, faminta
e sinistra. Não têm dono, m as, com base em algum princípio conhecido
exclusivamente por eles, combinam-se em bandos, cada um dos quais assume a
jurisdição sobre uma rua particular; e a tacam com a ferocidade mais terrível
todos os intrusos caninos em seu território. Nessas brigas, e especialmente
durante a noite, não cessam de ladrar e de uivar, tal comoraram ente se ouve em
qualquer cidade europeia. As imprecações de Davi contra os seus inimigos
derivam sua significação, portanto, nesta referência, a um a das mais odiosas
importunações orientais».
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 44.
O apóstolo apresenta
uma exortação necessária aqui: “Guardai-vos dos cães” (v. 2). O profeta chama
os falsos profetas de cães mudos (Is 56.10), aos quais o apóstolo parece se
referir aqui. Cães, por causa da sua maldade contra os confessores fiéis do evangelho
de Cristo, latindo e mordendo esses cristãos.
Eles exaltavam as
boas obras em vez da fé em Cristo; mas Paulo os chama de maus obreiros: eles se
orgulhavam do fato de serem da circuncisão, dilacerando a igreja de Cristo; ou,
então, contendiam por um rito cancelado, um mero cortar insignificante da
carne.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo
Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 621-622.
Depois de comandar os
filipenses a alegrar-se, Paulo se volta para o seu próximo tema importante na
epístola. Sua advertência forte e direto implica uma outra marca distintiva dos
verdadeiros crentes: a sua capacidade de discernir. Ninguém pode ser salvo, que
não entende as verdades fundamentais do evangelho (Rm 6:17; 10:14, 17). Mas
desde que o discernimento, como a fé, precisa crescer e amadurecer, pastores e
presbíteros devem alertar a igreja de falsos mestres (Ef 4:11-14). Assim, para
Paulo a escrever as mesmas coisas de novo não era problema para ele, porque era
uma salvaguarda necessária para a Filipenses. Os falsos mestres, anunciando a
salvação através do ritual, o legalismo cerimônia, e, representa uma séria
ameaça para eles.
Salvaguarda
(asphalēs) significa, literalmente, para não tropeçar, tropeçar, ou ser
derrubado. Paul advertiu fielmente os filipenses para que eles não tropeçar (cf.
Atos 20:31).
A frase para escrever
as mesmas coisas novamente indica que Paulo está prestes a elaborar sobre algo
que ele tenha mencionado anteriormente. O apóstolo, sem dúvida, tem em mente a
sua exortação em 1:27-28: Conduzir-se de um modo digno do evangelho de Cristo, de
modo que se eu vir vê-lo ou permanecer ausente, eu vou ouvir de vocês que
estais firmes num só espírito, com uma mente lutando juntos pela fé do
evangelho; em nada alarmado com o seu adversário, que é um sinal de destruição
para eles, mas de salvação para você, e que também da parte de Deus.
Nesta passagem, Paulo
disse aos filipenses não devem se alarmar com os seus adversários; na presente
passagem, ele diz-lhes como reconhecê-los. Ele descreve esses falsos mestres
que se opunham ao evangelho por meio de três termos, cada um introduzido por
uma forma imperativa do verbo blepō (cuidado).
Paulo primeiro
descreve os falsos mestres como cães. Ao contrário dos cães de estimação
(kunarion) descritos em Mateus 15:26-27, Kuon (cães) refere-se aos catadores
selvagens que assolaram cidades antigas. Esses canalhas vagavam em bandos,
alimentando-se de lixo (Ex. 22:31; 1 Reis 14:11; 16:4; 21:23-24) e,
ocasionalmente, atacar seres humanos. Foram desprezados, e "cão" era
frequentemente usado como um termo depreciativo (cf. Dt 23:18; 1 Sm 17:43,
24:14; 2 Sam 9:8; 16:9; 2 Reis 8...: 13;. Sl 22:16; Rev. 22:15). De fato, os
judeus nos tempos bíblicos comumente chamado com desprezo para os gentios como
cães. Surpreendentemente Paulo, um judeu, chamou a estes judeus (ver a discussão
abaixo) cães falsos professores. Ele advertiu os filipenses a tomar cuidado com
aqueles que chamam outros cães, mas na realidade são cães. A descrição do
apóstolo é montagem. São cães imundos e sujos? Assim são os falsos mestres. São
cães ferozes e perigosos, e devem ser evitados? Assim são os falsos mestres.
Assim são todos aqueles que ensinam a salvação pelas obras.
JOHN MACARTHUR, JR.
Novo Testamento Comentário
Filipenses Comentário Expositivo.
2. “Guardai-vos dos
maus obreiros”.
“guardai-vos dos maus
obreiros” (3.2). Antes de tudo, Paulo os chama de “cães” que rosnavam para
impor suas ideias. Em seguida, ele os chama de “maus obreiros” para dar um
caráter humano a essas pessoas. Eram, de fato, obreiros da iniquidade. A estes
obreiros, Jesus dirá um dia: “Digo-vos que não sei de onde vós sois; apartai-
vos de mim, vós todos os que praticais a iniquidade” (Lc 13.27). Em relação aos
falsos obreiros no seio da igreja de Filipos, Paulo os trata como maus; eram
pessoas ativas na vida da igreja, mas que espalhavam erros doutrinários não se
importando com a sã doutrina ensinada pelos apóstolos. Pregavam um falso
evangelho (G1 1.8,9). No Concílio da igreja em Jerusalém, conforme Atos 15, os
apóstolos discutiram sobre o papel da lei judaica em relação aos gentios. O
resultado determinado por aquele Concílio envolvia quatro requisitos
principais: a abstenção dos alimentos oferecidos aos ídolos, do sangue, de
comer carne sufocada e a abstenção de práticas sexuais imorais. Porém, alguns
“maus obreiros” faziam questão de discordar do ensino recebido para impor
práticas judaicas que tinham a ver apenas com o sistema judaico. Esses maus
obreiros foram denominados por Paulo de “falsos apóstolos, obreiros
fraudulentos” (2 Co 11.13).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 93-94.
«...maus obreiros...»
Esses fingiam ser pregadores do evangelho, tendo
conseguido galgar as
posições de autoridade no seio das igrejas locais; mas, na realidade, eram
obreiros iníquos, porquanto desfaziam do evangelho da graça, substituindo a
graça de Deus pelos méritos humanos. Essa expressão pode ser confrontada com
aquela outra de II Cor. 11:13, « ...obreiros fraudulentos...», que Paulo
aplicou à mesma classe. Não obstante, há intérpretes que crêem que os termos
aqui usados não são dirigidos contra qualquer classe de judeus cristãos, mas
antes, aos judeus incrédulos, que perseguiam aos cristãos do lado de fora.
Porém, apesar de que isso situa Paulo sob a luz mais favorável, talvez
desculpando a severidade da sua linguagem, isso é contrário ao tom geral da
epístola, bem como contrário ao propósito do envio de Timóteo. Havia problemas
com o legalismo em Filipos, tal como em Corinto ou na Galácia; e os termos de
Paulo não são muito mais severos aqui do que aqueles que ele usou contra outros
que procuravam solapar a sua autoridade apostólica entre os crentes, e que
pretendiam transformar as igrejas locais em outras tantas sinagogas.
Nada há de mais
evidente, nas epístolas de Paulo, do que o fato que quando ele ficava
indignado, acerca daqueles que procuravam solapar e destruir a igreja cristã ,
mostrava-se severo e até mesmo vulgar na escolha de sua linguagem. Sem importar
se sua atitude é justa ou não, o fato é que ele falou assim por um bom número
de vezes. É vemos que os indivíduos de princípios morais duvidosos (os «cães»)
eram igualmente prosélitos, isto é, tentavam conquistar outros para os seus
pontos de vista distorcidos. Paulo caracterizou tal atividade chamando-os de
maus obreiros, porquanto sua ação era deletéria. Há em II Cor. 2:17 a alusão
àqueles que corrompiam a «palavra de Deus«, talvez indicando aqueles que tentavam
dar um colorido judaico à mensagem cristã.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 44.
"Maus
obreiros." Esses homens ensinavam que a salvação do pecador dava-se pela fé
mais as boas obras, especialmente as obras da Lei. Mas Paulo declara que suas "boas
obras", na verdade, são obras perversas, pois são realizadas pela carne
(velha natureza), não pelo Espírito, glorificando ao obreiro, não a Jesus
Cristo. Efésios 2:8-10 e Tito 3:3-7 deixam claro que ninguém pode ser salvo por
suas boas obras, mesmo que estas sejam de cunho religioso. As boas obras de um
cristão constituem consequência de sua fé, não os alicerces de sua salvação.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 109.
Destacamos aqui dois
pontos:
Em primeiro lugar, a
necessidade de cautela acerca dos falsos mestres (3.2). Por três vezes, o
apóstolo Paulo repetiu o verbo grego blepete: “Acautelai-vos”. Essa palavra é extremamente
forte e sua repetição carrega uma forte, ênfase. Ele quer que a igreja mantenha
seus olhos abertos e seja vigilante para que esses lobos não entrem no meio do rebanho
(At 20.29,30). A heresia tem muitas faces, mas seu veneno é sempre mortal.
Em segundo lugar, a
necessidade de identificar os falsos mestres (3.2). O apóstolo Paulo descreve
esses falsos mestres, dando-lhes três adjetivos (cães, falsos obreiros e falsa circuncisão),
mas é muito provável que ele esteja falando do mesmo grupo com nuanças
diferentes. William Hendriksen chega mesmo a ser categórico: “Paulo tem em mente
uma única espécie de inimigo, e não três tipos diferentes. Ele se refere apenas
a um único inimigo: a mutilação em contraste com a circuncisão”.
E E Bruce diz que as
pessoas contra quem os gentios cristãos deveriam permanecer em guarda, e a quem
Paulo denuncia em outras passagens, usando o mesmo tipo de palavreado contundente
empregado aqui, são as que visitavam as igrejas gentias e insistiam em que a
circuncisão era condição essencial e indispensável para serem justificadas
perante Deus.
Esses mestres judaizantes
queriam inserir na mensagem do evangelho a obrigatoriedade da circuncisão como condição
indispensável para a salvação (At 15.1). Assim, a salvação deixava de ser pela
fé somente e passava a depender do esforço humano. Os judaizantes atacavam pela
base a doutrina da salvação unicamente pela graça e tratavam de substituí-la
por um misto de favor divino e mérito humano, com ênfase sobre este último.
Paulo, mesmo sob algemas, não cala sua voz. Ele denuncia e desmascara esses
mestres com veemência como já fizera outras vezes (G1 1.6-9; 3.1; 5.1-12;
6.12-15; 2Co 11.13).
Que descrição Paulo
faz desses falsos mestres? Os falsos mestres são cães. Ralph Martin diz que os cães
eram considerados animais imundos na sociedade oriental. Werner de Boor ainda
diz que no antigo Oriente o cão não era o companheiro fiel e amado do ser humano,
mas um animal semisselvagem que vagueava em matilhas, caçando a presa aos
latidos. E assim que Paulo vê seus adversários metendo o nariz e latindo suas
heresias em todas as regiões.
Cães ainda é o termo
que os judeus usavam em relação aos gentios. Eles os consideravam indignos e
abomináveis.
Eles viam os gentios
apenas como combustíveis do fogo do inferno. Agora, porém, Paulo inverte os
papéis e se refere aos falsos mestres como cães, ou seja, aqueles que viviam perambulando
ao redor das igrejas gentias, tentando “abocanhar” prosélitos, ganhar novos
adeptos para seu modo de pensar e viver (Mt 23.15).
No tempo de Paulo,
esses mestres judaizantes eram como cães, como os animais imundos que vagavam
pelas ruas latindo e rosnando a todos que encontravam, revirando o lixo e
atacando os transeuntes. Paulo usa essa metáfora para se referir a esses falsos
mestres como insolentes, astuciosos c vadios que procuravam se infiltrar nas
congregações cristãs para espreitarem a liberdade dos novos crentes (Gl 2. 3-8).
Warren Wiersbe diz ainda que esses judaizantes mordiam os calcanhares de Paulo
e o seguiam de um lugar para outro ladrando suas falsas doutrinas. Eram
agitadores c infectavam as vítimas com ideias perigosas.
Os falsos mestres são
maus obreiros. Eles são obreiros da iniquidade (Lc 13.27) e obreiros
fraudulentos (lCo I 1.13). Ralph Martin os chama de emissários gnósticos judeus
cristãos, armados com um objetivo propagandístico de arrebanhar os convertidos
por intermédio do ministério de Paulo, induzindo-os a crer na necessidade da
circuncisão.
William Hendriksen
diz que eles eram maus obreiros, pois, em vez de cooperarem para a boa causa, a
prejudicavam. Desviavam a atenção de Cristo e de Sua redenção perfeita e a
fixavam em rituais ultrapassados e em obras humanas. Eles trabalhavam contra
Deus e para desfazerem a obra de Deus. Laboravam para o erro e para desviarem
as pessoas da verdade. Para esses mestres judaizantes, agir com justiça era
observar a Lei e segui-la em seus múltiplos detalhes e cumprir suas inumeráveis
regras e prescrições. Mas Paulo estava seguro de que a única classe de justiça
que agrada a Deus consiste em render-se livremente à Sua graça.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 185-187.
3. “Guardai-vos da
circuncisão”.
“guardai-vos da
circuncisão" (3.2). No hebraico do Antigo Testamento, a palavra
“circuncisão” é “mula”, e vem da raiz mül. Na língua grega do Novo Testamento,
a palavra relativa é peritome, que dá a ideia de “cortar em derredor” ou
“mutilar, remover”. Portanto, entre os judeus, a circuncisão implica uma
cirurgia em que o prepúcio masculino é removido, mediante um rito de caráter
medicinal, ético e moral. Os judeus adotaram esse rito também com um caráter
religioso. Um homem tinha que ser circuncidado para ter direito a ser membro da
comunidade de Israel. Alguns eruditos fazem da circuncisão um ato de mutilação.
Os judeus convertidos ao cristianismo, muitos deles, não conseguiram se
libertar das travas do judaísmo e queriam que esse rito fosse adotado entre os
cristãos. Os principais opositores de Paulo eram advindos do judaísmo e queriam
impor costumes judaicos, entre os quais a circuncisão. O que existe de
importância ética e moral para o judeu na prática de circuncisão não o é para
os cristãos. Os judeus cristãos, não todos, que defendiam esse rito no
cristianismo, tiveram a resposta do apóstolo Paulo, que lhes mostrou que a
circuncisão verdadeira no cristão é a do coração.
Segundo o Comentário
Bíblico Pentecostal, da CPAD, “os cristãos filipenses não deveriam ter como
motivo de orgulho quaisquer sinais físicos que demonstrassem sua condição de
comunhão, porém, antes, deveriam orgulhar-se em Cristo e na sua obra”.
Portanto, não seria o cumprimento da lei mosaica a que deveriam ser
irrepreensíveis, mas deveriam ser fiéis à fé recebida de Cristo Jesus. A
verdadeira circuncisão é aquela que é operada no coração, e não é algo da
carne, mas do Espírito.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 94-95.
« ...falsa
circuncisão...» No original tem os o termo «katatome», em contraste com
«peritome», «circuncisão». A palavra aqui empregada pode significar apenas
«falsa circuncisão». Esses reivindicavam para si mesmos o título de
«circuncisão», com o que queriam dar a entender que eram o verdadeiro povo de
Deus, os herdeiros da provisão do pacto abraâmico, dentro do qual o rito da
circuncisão era o sinal oficial da identificação do povo de Deus. No entanto,
segundo a opinião de Paulo, não mereciam ser chamados de «a circuncisão»; por
isso é que o apóstolo lançou mão de um termo diferente , para mostrar que tão-só
mente se sujeitavam a um a operação física, mas sem que isso tivesse qualquer
valor espiritual.
Considerai estes,
pois os temos condenado; Lideres de nenhuma terra certa, guias de norte
perdido, Ou em liga com ladrões, que mudam os sinais indicativos, Que
desrespeitam aos antigos, irresponsáveis aos herdeiros. Nascidos estéreis, que
pouco crescem, raízes apodrecidas, A florirem sem fruto, cuja folhagem sufoca; Sua
seiva é lenta, e rejeitam ao sol. (C. Day Lewis)
A palavra grega
katatome com frequência significava «incisão», embora também pudesse significar
«cortar em pedaços», «mutilar». De conformidade com a severidade das palavras
de Paulo neste ponto, a maioria dos intérpretes pensa que este termo quer dizer
«mutilação». Assim, pois, eles se «mutilariam», e não se circuncidariam, realizando
um a operação física dolorosa, mas inútil, destituída de qualquer significação
espiritual. Esse termo é empregado exclusivamente aqui, em todo o N.T., mas, na
versão da Septuaginta, é usado para indicar as «mutilações» proibidas pela lei mosaica.
(Ver Lev. 21:5). Por outro lado, isso pode ser comparado com a amarga
declaração de Paulo, em Gál. 5:12: «Oxalá até se mutilassem os que vos incitam
à rebeldia». Nesta última passagem Paulo dá a entender que gostaria que os
defensores da circuncisão se emasculassem, embora fique subentendida a ideia
que deveriam ser inteiram ente removidos do seio do cristianismo, para
que não mais servissem de elemento perturbador. Não pode haver dúvidas, no caso
da epístola aos Gálatas, que os indivíduos aludidos possuíam autoridade no seio
da igreja. Os sacerdotes de Cibele se mutilavam ao ponto até mesmo de se
castrarem, e Paulo chega quase a identificar com eles os falsos mestres do
cristianismo. Os pagãos costumavam mutilar o próprio corpo de várias maneiras
(ver i Reis. 18:28), e isso era proibido aos judeus pela lei judaica (ver Lev.
21:5). Paulo, portanto, acusou os seus oponentes de imitarem os pagãos. (Quanto
a notas expositivas completas sobre a «circuncisão», ver Atos 7:8 e Rom. 2:25. Quanto
ao «partido da circuncisão», ver as notas expositivas sobre o trecho de Atos
11:2).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 44-45.
Os falsos mestres são
defensores da falsa circuncisão. A palavra grega para circuncisão é peritome,
mas Paulo se recusou a usá-la aqui; em vez disso, usou a palavra grega
katatome, utilizada para descrever a mutilação da carne nos ritos pagãos.
Muito embora não
houvesse nada de errado com a circuncisão em si, Paulo sustentou que era errado
ensinar que a circuncisão era uma condição indispensável para a salvação. Nesse
sentido, a circuncisão se tornara um rito vazio e sem sentido.
Os mestres
judaizantes trocaram a graça de Deus por um rito físico. Eles se vangloriam de
uma incisão na carne, em vez de uma mudança no coração. Eles cortavam o prepúcio
do órgão sexual masculino, porém não cortavam o prepúcio do coração. Paulo
escarnece dessa falsa confiança deles no rito da circuncisão, em vez de
confiarem na graça de Deus.
William Barclay diz
que esses dois verbos gregos, embora muito semelhantes, peritemnein, que
significa “circuncidar”, e katatemnein, que significa “mutilar”, descrevem duas
coisas bem diferentes. Enquanto o primeiro verbo descreve o sinal sagrado e o
resultado da circuncisão, último, katatemnein, usado por Paulo para descrever
os falsos mestres, descreve a mutilação própria que se proibia, como a
castração e coisas semelhantes (Lv 21.5). Assim, Paulo a para esses arrogantes
hereges que eles não estavam circuncidados, mas apenas mutilados (G1 5.12). Se
tudo o que eles tinham para mostrar era a circuncisão da carne, uma marca
física, então, realmente, não estavam circuncidados, mas apenas mutilados.
Porque a circuncisão real é a consagração a Deus do coração, da mente, do
pensamento e da vida.
A circuncisão foi
instituída por Deus como símbolo do Seu pacto com Abraão (Gn 17.9,10), e Paulo
interpretou a circuncisão como o selo da justiça da fé (Rm 4.11 -13) e disse que
o sacramento do batismo substituiu esse rito judeu (Cl 2.11-13). O próprio
Antigo Testamento já ensinava sobre o princípio espiritual desse rito, falando
da circuncisão do coração (Dt 10.16), dos ouvidos (Jr 6.10) e dos lábios (Ex
6.20). O apóstolo Paulo diz que só a circuncisão do coração torna alguém
espiritualmente judeu (Rm 2.28,29). Somente aqueles que creem são filhos
espirituais de Abraão (G1 3.29).
William Hendriksen
corretamente exorta: O conceito de que Deus, ainda hoje, reconhece dois grupos
favoritos - de um lado a Igreja e do outro os judeus - é completamente
antibíblico.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 187-189.
III - A
VERDADEIRA CIRCUNCISÃO CRISTÃ (3.3)
1. A circuncisão no
Antigo Testamento.
CIRCUNCISÃO
Esboço
I. A Palavra
II. Antiguidade e Uso Largamente Espalhado
III. Origem e Propósitos
IV. No Judaísmo
V. Considerações no Novo Testamento
I. A palavra
O vocábulo português
deriva-se do latim, que significa, literalmente, «cortar em redor..,
referindo-se à pequena operação cirúrgica mediante a qual o prepúcio do pênis
masculino é removido.
II. Antiguidade e uso Largamente Espalhado
A circuncisão é a amputação
do prepúcio masculino, sendo um dos mais antigos costumes da antiguidade,
praticado por diversos povos. É ou era, prática a circuncisão (embora com
muitas variações quanto ao método, a idade e a realização do rito etc.), entre
os judeus, islamitas, egípcios, polinésios e indígenas do Novo Mundo, bem como
por muitas tribos primitivas da África e da Austrália. De fato, calcula-se que
um sétimo da população masculina do mundo é circuncidada.
Ill. Origem e Propósito.
Diversas teorias têm
sido apresentados como explicação da origem e do propósito dessa medida, a
saber: a. teria finalidades higiênicas; b. seria um sinal de afiliação tribal;
c. seria uma preparação para a vida sexual; d. seria um teste iniciatório da
coragem, antes de um jovem ser aceito pela tribo; e seria um meio que santifica
as faculdades geradoras; f. seria uma sacrifício que redime o varão do deus que
lhe outorgou a vida.
IV. No Judaísmo
1. O Pacto com Abraão
Para os judeus, a
circuncisão é um dos mais importantes dos seus seiscentos e treze mandamentos. Geralmente
é interpretada como sinal de pacto entre Deus e a nação de Israel, e, por
conseguinte, indispensável como sinal característico de que alguém pertence à
mesma. (Conf. com Gên, 17~10-14 e Êxo. 12:44-49).
No Talmude, coletânea
de comentários rabínicos, muitas prescrições são estabelecidas, regulando o ato
da circuncisão. Podia ser realizada a circuncisão até, mesmo em dia de sábado,
se isso coincidisse com o oitavo dia após o nascimento da criança. Conforme dizem
os judeus, a circuncisão consiste dos seguintes passos: a. O «milah », ou seja,
a amputação do prepúcio; b. o «periah», em que a grande é descoberta. e c. o
emetizitzah .., em que o fluxo de sangue é estancado. Bênçãos apropriadas eram
recitadas antes e depois da circuncisão da criança, após o que o menino recebia
o seu nome próprio. A cerimônia da circuncisão usualmente é acompanhada por uma
refeição festiva, em que uma ação de graças especial é recitada, em alusão ao
acontecimento. (Encyclopedia of Religion, editada por Vergilius Ferm, pâg,
175).
O pacto abraâmico
estava vinculado bem de perto ao símbolo da circuncisão, o que era, com efeito,
a eliminação da natureza carnal (Gên. 17:11), apontando para o propósito ético
de Deus, separando a nação israelita para si mesmo. Parte do destino do homem é
que seja transformado moralmente, para que finalmente venha a participar das
perfeições morais da natureza divina, mediante a presença habitadora do
Espírito Santo, no íntimo do crente. (Ver Gál. 5:22,23 e Mat. 5:48).
O pacto abraãmico;
pois, prometia a inauguração de uma nova nação, uma nação santa, para a qual Deus
pudesse revelar os seus caminhos, e através da qual pudesse enviar o seu
Messias ou Ungido. Ora, esse propósito divino só poderia ser perfeitamente
concretizado se
essa nação viesse a participar da santidade de Deus; e isso envolve a
necessidade da remoção da natureza carnal. Assim, pois, a circuncisão
verdadeira, de natureza espiritual, é a do coração, não sendo apenas um ato
externo, segundo também o apóstolo Paulo nos informa (ver Rom. 2:28). E isso,
naturalmente, fala da expressão total do ser do crente, sendo equivalente à
regeneração, pelo menos no que diz respeito aos seus aspectos morais.
Para os judeus, como
é claro, era um sinal nacional de identidade como povo de Deus, como uma nação separada
para Deus, subentendendo o que Paulo escreve no segundo capítulo de sua epístola
aos Romanos. Portanto, esse rito subentendia a operação da graça, mediante a
qual Deus seleciona e assinala homens como seus.
O próprio ato físico
da circuncisão era realizado em obediência a uma ordem divina; porém, por si mesmo,
não tinha qualquer mérito e nem efeito espiritual, conforme Paulo demonstrou em
Atos 7:8. Era um «sinal», ao passo que a verdade simbolizada era a diferença
real que a graça de Deus faz no ser essencial do indivíduo. No trecho de Cal.
2:11,12 encontramos uma vinculação um tanto frouxa entre o rito da circuncisão
e o batismo cristão, de tal modo que, pelo menos em sentido bastante limitado,
o batismo cristão tomou o lugar da circuncisão judaica.
Isso nos é muito
instrutivo, porque deixa óbvio, com base nas asseverações de Paulo, em Rom.
2:28 e ss, que os sinais externos, tal como o da circuncisão, não são agentes
da graça, mas tão-somente símbolos daquela graça que verdadeiramente transforma
o homem interior. E essa graça interior aparece como operação do Espírito
Santo.
Contudo, o exagero
posto nessa vinculação entre a circuncisão judaica e o batismo cristão têm
criado a errônea doutrina do «batismo infantil», porquanto eram as crianças
judias, - aos oito dias de idade, (quando do sexo masculino), que eram
circuncidadas.
Seja como for, a
ausência da realidade espiritual torna inútil tal «sinal».
2. Considerações Especificas.
a, Em Gênesis
17:10-14, Yahweh é declarado introdutor da circuncisão, como sinal do pacto estabelecido
com Abraão. Naquele texto, parece estar indicado que Deus cedeu a Abraão novos
poderes procriativos, no meio de sua esterilidade de velhice, para que ele
pudesse tornar-se o pai de muitas nações, especificamente de Israel, através da
qual a mensagem espiritual haveria de ser comunicada. Em outras culturas, encontramos
a circuncisão como algo sacramental, talvez para identificar alguma casta sacerdotal.
E possível que o povo de Israel compartilhasse dessa noção. A ciência moderna tem-nos
ensinado que circuncisão é uma medida higiênica. O homem circuncidado apanha
menos infecções em seu aparelho genital, e, consequentemente, corre menor risco
de ficar canceroso. A lavagem diária do pênis, sobretudo com um sabão desinfetante,
produz o mesmo benefício, e isso poupa à mulher muitas infecções vaginais,
visto que mais de trinta variedades de infecção podem ser transmitidas sexualmente,
do homem para a mulher. Apesar de que os hebreus não conheciam essas coisas por
vias científicas, podem tê-las conhecido mediante a observação e a prática. Por
essa razão, é bem possível que, para eles, a circuncisão fosse um ato
higiênico, e não apenas religioso. Heródoto informa-nos que os egípcios
praticavam a circuncisão com finalidades de higiene. O prepúcio atua como
incubador e transportador de bactérias; e, se os antigos não tinham uma teoria
sobre germes, eles eram perfeitamente capazes de calcular por que tantas
infecções estavam se espalhando.
b. A marca tribal.
Entre os antigos, essa era uma das razões comuns para a prática da circuncisão,
sendo possível que isso fizesse parte dos motivos da prática, entre os
israelitas.
c. Sinal de
maturidade. Um menino termina por tornar-se um homem. Em várias culturas
antigas, a circuncisão assinalava a transição. Mas a ideia dificilmente poderia
ser aplicada a Israel, visto que ali era praticada a circuncisão de infantes,
idealmente aos oito dias de idade. Os convertidos ao judaísmo, vindos do
paganismo, eram circuncidados; mas isso marcava a participação deles na aliança
com Deus, e não qualquer maturidade física.
d. Sacrifício humano.
- Em vez de sacrificar a pessoa inteira, um homem podia ser sacrificado simbolicamente,
mediante a perda de uma pequena porção do seu corpo físico, como o prepúcio.
Apesar dessa ser a razão da circuncisão em algumas culturas antigas, não parece
haver motivo para pensarmos que a ideia tivesse qualquer coisa a ver com o povo
de Israel.
V. Considerações no Novo Testamento
1. Considerações Sobre Valores
«No que diz respeito
ao valor espiritual deste ato, o N. T. é taxativo: sem a obediência, a circuncisão
se transforma em incircuncisão (ver Rom. 2:25-29). Esse sinal externo se reduz
à insignificância, quando confrontado com as realidades da observância dos mandamentos
(ver I Cor. 7:18,19), da fé que opera por meio do amor (ver Gál. 5:6), e da nova
criação (ver Gál. 6:15). Não obstante, o crente não tema liberdade de
escarnecer desse antigo símbolo. Embora o crente deva evitar a circuncisão (ver
Gál. 5:2 até o fim), no que diz respeito à expressão da suposta salvação
através das obras (ver Cal. 2:13; conf. Com Isa. 52:1), contudo, segundo nos
mostram estas passagens, ele precisa de seu significado interno. Em consequência,
existe uma 'circuncisão de Cristo', o despir do corpo (mas não somente de uma
parte-o prepúcio) da carne, em uma transação espiritual que não é realizada por
mãos humanas, mas que consiste da relação com Cristo Jesus, em sua morte e ressurreição,
selada pela ordenação iniciatória do novo pacto (ver Cal. 2:11,12). Em
resultado disso, os crentes são 'a circuncisão' (ver Fil. 3:3) ... (Extraído de
The New Bible Dictionary , Douglas, pág. 234).
O décimo quinto
capítulo do livro de Atos mostra-nos claramente que até mesmo muitos cristãos primitivos,
e, portanto, especialmente os judeus ordinários, eram da opinião de que a
circuncisão era uma medida necessária para a salvação. Conforme a mentalidade
judaica raciocinava, a circuncisão fazia parte do pacto abraâmico, e qualquer
indivíduo que de alguma forma não fosse beneficiário do mesmo, não poderia ter
esperança de que seria salvo. Ver o artigo sobre o Pacto Abraãmico, Quanto a
comentários sobre o chamado «partido da circuncisão.., os legalistas da igreja
cristã primitiva, cujas atividades provocaram a escrita das epístolas aos
Romanos e aos Gálatas, ver Atos 11:2 no NTI.
A circuncisão tem valor, Rom. 2:25. Qual era o valor autêntico
da circuncisão? De acordo com o que diziam os judeus, tinha um valor absoluto,
isto é, era uma garantia virtual da salvação, porquanto entre eles se pensava
que todos os circuncidados, que eram israelitas por nascimento, já estariam
automaticamente absolvidos de todo o julgamento. Entretanto, no dizer das
Escrituras, qual era o real valor da circuncisão?
a. A circuncisão era
o sinal do pacto abraâmico (ver notas no NTI em Atos 3:25), além de ser um dos muitos
privilégios de Israel, o que fazia deles uma sociedade superior. (Ver Rom.
9:4,5).
b. Tinha valor como
preparação para melhores coisas vindouras. Também falava sobre a santificação. Isso
teria lugar em Cristo. Falava de identificação com a geração de Abraão, e isso,
por sua vez, tipificava o que Deus faria através do filho de Abraão, Jesus, o
Messias.
c. Falava de um povo
que seria separado para a santidade e a salvação. Tomava os homens cônscios de que
existiam esses privilégios, e, sabendo-o, talvez os buscassem, se ao menos
fossem suficientemente sábios.
d. A circuncisão
afetava o órgão gerador, e isso simbolizava a produção de vida. A vida eterna
está em Cristo e os homens, por darem atenção à mensagem de Deus e tomando
parte em seu conceito, podem aprender acerca da real fonte da vida.
e. Há uma real
circuncisão, de ordem absoluta, isto é, a circuncisão do coração. A
santificação genuína leva os homens à salvação. Isso Paulo mostra no vs. 29 do
segundo capítulo da epístola aos Romanos.
f. A circuncisão era
mero sinal. A verdade simbolizada era a salvação. Por semelhante modo, o batismo
é apenas um sinal, um símbolo, e não a substância, ou qualquer parte da
substância essencial da salvação. (Ver as notas no NTI em Col. 2:11).
2. Buscando a realidade
a, A lei podia ter um
efeito ilusório, conforme se ver em Rom, 7:11. Os homens esperavam demais da
lei. Dela esperavam aquilo que ela não podia fazer, libertá-los. Afirmavam
eles: «A vida vem pela lei», e isso com apoio de certos versículos do A. T. Mas
Paulo demonstra que tudo isso era pura imaginação.
b. A circuncisão
simbolizava todos os privilégios dos judeus, por ser o sinal do pacto
abraâmico. Portanto, também fazia tropeçar os homens que eram superficiais em
seu entendimento espiritual.
c. O caminho da lei
era difícil por demais. Requeria a perfeição, mas não tinha o poder para
conferir essa perfeição. - Conferia altos. privilégios, mas os homens,
observando as coisas externas, e substituindo por elas as verdades que haveriam
de seguir-se, terminaram possuidores de uma espiritualidade inferior e
inadequada.
d. A lei apontava
para a realidade em Cristo.
3. Externalidades Da Religião
«O ponto aqui
focalizado é simples, mas importante.
Certos indivíduos
vivem sujeitos à tentação constante de confundirem as externalidades
incidentais tais com as realidades essenciais. Têm a confiança de ocupar um lugar,
dentro da comunidade cristã, por terem sido batizados ou por serem membros
nominais de alguma
igreja local; e ficam altamente indignados quando alguém sugere que realmente
não são crentes. Em adição a essa suposição superficial de que os sinais externos são
suficientes como substitutos da participação ativa na vida da fé, é mister
observarmos uma
forma paralela assumida pela confiança nos sinais externos, conforme tal coisa
frequentemente ocorre. Usualmente é a pessoa que confia em suas realizações
religiosas externas que sente que os sinais visíveis da religiosidade são
importantes. Não é necessário
que isso seja produto de algum orgulho humano; pode, simplesmente, resultar de
um ponto de
vista limitado, que não leva em conta a distinção que há entre as verdades
essenciais e as coisas inconsequentes»,
(Gerald R. Cragg em Rom. 2:25).
«o sinal
característico, que destacava os judeus, tinha dois lados; um era externo e
formal, e o outro era interno e real. Sua essência dependia desse último aspecto,
porquanto, sem essa circuncisão interna, tudo quanto era externo nada valia.
Não é necessário alguém ter nascido judeu para possuir essa verdade essencial.
Precisamente a mesma linguagem pode ser aplicada no caso dos sacramentos
cristãos... (W. Sanday, em Rom. 2:25).
4. O Partido da Circuncisão, Facções e Luta
Ver o artigo separado
sobre a Circuncisão, Partido da. Esse artigo apresenta o argumento em favor da circuncisão,
do ponto de vista do judaísmo antigo, o que nos confere a compreensão do motivo
pelo qual o assunto revestia-se de tanta importância para a Igreja primitiva.
Também são apresentados ali os modernos substitutos. Os homens continuam
confiando em meras externalidades religiosas. Os homens confiam em ritos e
cerimônias, atribuindo aos mesmos um valor atinente à eterna salvação da alma,
Muitas denominações evangélicas ainda não conseguiram deixar esse sinal de
primitivismo, em sua fé religiosa.
Muitos homens ainda
não chegaram a entender que a salvação, em todos os seus aspectos, está
envolvida na transformação da alma por meio do Espírito de Deus.
Esses aspectos podem
ser simbolizados por meio de cerimônias, mas nenhum deles toma-se uma realidade
por meios ritualísticos. Não admira que certos autores do Novo Testamento ainda
se aferravam a certos primitivismos em sua fé, como a ideia da regeneração
batismal, que, quase certamente, reflete-se em passagens como Atos 2:38 e
Marcos 16:16. Creio, porém, que a teologia paulina afastou-se em muito de tal
conceito. O trecho de Colossenses 2:11 subentende certo elo entre o batismo e a
circuncisão, pelo que aquilo que a circuncisão significava para os judeus, o
batismo continua a significar para alguns cristãos. Porém, tanto a circuncisão
quanto o batismo em água são externalidades, são meros símbolos. Ver o artigo
sobre o Batismo. (AM B BULT E ID NTI Z)
CIRCUNCISÃO, FESTA DA
O dia primeiro de
janeiro assinala o dia da celebração.do sinal da circuncisão, que confirmava o pacto estabelecido
entre Deus e a nação de Israel.
Essa festa comemora a
reverência de Cristo pela lei, ao submeter-se ele ao rito da circuncisão, oito
dias após o seu nascimento. Tal festa tinha por intuito ajudar a substituir os
excessos imorais do paganismo, vinculados à adoração ao deus Janus, naquele
mesmo dia. Ver também Celebrações do Ano Novo.
CIRCUNCISÃO FALSA
A expressão aparece
na nossa versão portuguesa da Bíblia, em Filipenses 3:2. Outras traduções dizem
«mutilação» ou algum sinônimo. Paulo empregou a expressão dentro de um jogo de
palavras com o termo «circuncisão», a fim de estigmatizar o «partido da circuncisão»,
que procurava tomar a circuncisão uma norma obrigat6ria dentro da Igreja
cristã. No Antigo Testamento grego (Septuaginta), o vocábulo grego em questão,
katatomé, é usado para indicar as lacerações feitas no corpo, como no caso dos
profetas de Baal (I Reis 18:28). O argumento de Paulo é que, em Cristo, a
circuncisão foi abolida, Portanto, aqueles que insistem sobre a circuncisão
tomam-se mutiladores da carne. Aquele que está em Cristo já recebeu a circuncisão
espiritual, e não pode derivar qualquer vantagem da mutilação da carne literal.
Ver Colo 2:11. Paulo escreveu essas palavras com ironia e desgosto, em uma das
passagens bíblicas onde seu espirito mostra-se indignado. (B NTI)
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 746-748.
Quais são, pois, os signos da verdadeira
circuncisão? Paulo enumera três.
(1) Nós que no Espírito adoramos a Deus. O
culto cristão não é questão de ritos ou da observância de detalhes e
prescrições legais; o culto cristão é questão do Espírito e o coração. É
perfeitamente possível que o homem cumpra uma liturgia elaborada, antiga e
impressionante, e entretanto, se mantenha afastado de Deus no íntimo de seu
coração. É perfeitamente possível que a pessoa observe meticulosamente todas as
práticas externas da religião e, entretanto, siga abrigando em seu coração ódio,
amargura, orgulho e rancor. O verdadeiro cristão, o verdadeiramente
circuncidado, o homem que de fato se mantém numa relação fiel com Deus, rende
culto a Deus não pela observância de práticas externas, mas por uma devoção
verdadeira e uma autêntica sinceridade de coração. Seu culto é o amor de Deus,
o serviço do homem, a profunda humildade que reconhece seu pecado e cujo
deleite é servir.
(2) Em Jesus Cristo está nossa única glória.
A única glória do cristão não é o que faz por si mesmo, mas sim o que Cristo
faz por ele. O único orgulho do cristão é que Cristo morreu por ele. Sua única
vergonha é sua própria pecaminosidade, e sua glória, a cruz.
(3) O cristão não confia na carne nem no
meramente humano. O judeu depositava sua confiança no sinal físico e carnal da
circuncisão e nas realizações humanas das prescrições e deveres da Lei. O
cristão só coloca sua confiança na misericórdia e na graça de Deus, e no amor
de Jesus Cristo. O judeu confiava essencialmente em si mesmo; o cristão confia
essencialmente em Deus.
A verdadeira circuncisão não é uma marca na
carne; é o culto verdadeiro, a verdadeira glória e a verdadeira confiança na
graça de Deus em Jesus Cristo nosso Senhor.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag.
69.
O Sinal do Pacto: a
Circuncisão (17.10-14)
O Pacto Abraâmico foi
uma iniciativa essencialmente divina, unilateral e in- condicional. Contudo,
havia essa condição da circuncisão. Esta serviria de sinal. Todavia, os
teólogos judeus não demoraram a tornar a circuncisão um ponto essencial, e
intérpretes posteriores (até mesmo alguns cristãos) chegaram a dizer que a
circuncisão é necessária para a salvação da alma, um exagero (Atos 15.1- 5).
Além disso, alguns antigos cristãos transformaram 0 batismo em água em algo
mais do que um sinal, tornando-o imprescindível à salvação. Os homens sempre
acham difícil distinguir a substância de seu mero sinal, pois pensam que o
sinal é a substância da verdade. Não é provável que Abraão tenha sido o
primeiro homem a ser circuncidado. Essa é uma questão que vem desde os tempos
mais remotos, de antes da época de Abraão. Mas o rito foi aplicado a ele como
um sinal de que participava do pacto com o Senhor.
Alguns críticos
opinam que, visto que a circuncisão envolve o órgão masculino da reprodução,
provavelmente esse rito se originou nos cultos de fertilidade, de desconhecida
antiguidade. Seja como for, sabemos que a circuncisão era larga- mente
praticada nas religiões semíticas primitivas. E os egípcios também a praticavam.
O termo incircunciso veio a ser aplicado aos povos não-semitas, como os
filisteus (I Sam. 17.26,36; 18.25-27; II Sam. 1.20). Originalmente, a operação
era efetuada durante a puberdade e servia de rito de iniciação, quando 0 garoto
assumia plenas responsabilidades religiosas e civis, entrando assim no estado
adulto. Ver Jos. 5.2,3,8,9, que sugere que Josué, de maneira especial, tornou a
circuncisão um dever obrigatório em Israel. Infantes eram circuncidados desde
os tempos mais antigos, conforme fica entendido em Êxodo 4.25.
Em Êxodo 4.24-26
achamos uma curiosa passagem acerca desse rito. Moi- sés tinha-se esquecido da
necessidade da circuncisão. Assim, 0 poder divino ameaçou tirar-lhe a vida, por
causa dessa negligência. Mas sua esposa, Zípora, salvou-lhe a vida, realizando
apressadamente 0 ato da circuncisão no próprio filho do casal. Alguns
estudiosos pensam que as palavras “aos pés de Moisés”, que figuram nesse texto,
provavelmente são um eufemismo para as partes genitais. Assim sendo, Moisés
teria sido salvo mediante uma circuncisão vicária. Esse episódio permite-nos
entender algo da importância da questão em Israel. No Dicionário apresento um
artigo detalhado sobre a Circuncisão, que destaca vários outros fatos. Esse
verbete vincula a questão ao Pacto Abraâmico, como também, de modo geral, a
Israel e a outras nações. Os estudiosos da teologia histórica dos judeus
informam-nos que 0 mandamento acerca da circuncisão só perdia em importância
diante do sábado, na hierarquia de valores dos hebreus.
17.10 Todo macho...
será circuncidado. No vs. 11 essa operação é chamada de “sinal de aliança entre
mim e vós”. Ver os comentários no Dicionário a esta seção, anteriormente, bem
como, no Dicionário, 0 artigo intitulado Circuncisão.
O Valor dos Sinais.
Os homens transformam os sinais na essência que eles simbolizam. “.. .um rito
como a circuncisão pode ter um vasto poder em favor do bem, pois leva 0
indivíduo ao campo magnético das sugestões e das influências, que impressionam
mais do que a nua verdade simbolizada. Isso sucede no caso dos sacramentos de
todas as religiões. A dificuldade é que 0 rito pode perder sua força de
inspiração, quando se reduzir a uma forma tradicional que perdeu todo 0
significado. Ou seu suposto significado pode cristalizar*se tanto e tornar-se
algo meramente proforma, que fica paralisado todo crescimento e expansão do
espírito. Era isso que tendia por acontecer no judaísmo” (Cuthbert A. Simpson,
in loc.). Ver Mateus 3.9 quanto a uma afirmação desse sentimento. Não basta ter
Abraão como “pai” histórico, no sentido físico. Cada indivíduo deve ter sua
própria (e genuína) espiritualidade.
“Deus Todo-poderoso,
que fizeste Teu Filho bendito ser circuncidado e ser obediente à lei, em lugar
do homem, concede-nos a verdadeira circuncisão do Espírito, para que nossos
corações e todos os nossos membros, sendo mortifica- dos de toda
concupiscência mundana e carnal, nos leve a obedecer em todas as coisas à Tua
bendita vontade” (Livro de Oração da Comunidade Anglicana).
“A propriedade da
circuncisão servia de sinal da entrada no pacto, e especial- mente em um pacto
onde somente filhos eram admitidos, consistia no fato de ser um emblema do novo
nascimento, mediante o despojamento do velho homem e da dedicação do novo homem
à santidade. A carne era posta de lado, a fim de que o espirito fosse fortalecido.
E a mudança do nome Abrão e (posteriormente) de Sarai, tipificou essa mudança
de condição. Eles tinham nascido de novo, e precisavam receber um novo nome”
(Ellicott, in loc.).
Heródoto (II, 104)
descreveu a circuncisão praticada entre os egípcios. Os críticos pensam que
Abraão pode ter herdado deles a ideia, durante sua peregrinação naquele pais
(Gên. 12.10 ss.). Parece que, naquela nação, 0 rito limitava- se aos
sacerdotes, conforme Orígenes pensava (Epis. ad Rom. 2.13). Parece que os
etíopes e os sírios aprenderam a prática da parte dos egípcios. É evidente que
a Heródoto faltavam informações sobre 0 rito entre os hebreus. Ele não sabia
tudo. Alguns eruditos supõem que os próprios egípcios tenham aprendido 0 rito
da parte de José, filho de Jacó, 0 que fica entendido por um de seus
lexicógrafos (Baal Aruch in Rad. foi. 91.1).
17.11 “Mediante esse
símbolo, Deus impressionou-os com a impureza da natureza e com a dependência a
Deus para a produção de toda forma de vida. Eles deveriam reconhecer e lembrar
que: a. toda impureza nativa deve ser rejeitada, sobretudo no casamento; b. a
natureza humana é incapaz de gerar a semente prometida. Os israelitas que se
recusassem a deixar-se cortar fisicamente desse modo, seriam cortados
(separados) dentre 0 povo (vs. 14), por motivo de desobediência ao mandamento
de Deus” (Allen P. Ross, in loc.). E assim, essa operação tornou-se emblema de
separação pessoal e de distinção entre aqueles que per- tenciam e aqueles que
não pertenciam ao pacto. O termo é usado em sentido metafórico em Deuteronômio
30.6, onde lemos sobre corações circuncisos. Paulo usou essa metáfora (Rom.
2.28,29; cf. Rom. 4.11). A incredulidade é como ter 0 coração incircunciso
(Jer. 9.26; Eze. 44.7-9).
Causas Originais da
Operação. É provável que os antigos tivessem consciência de enfermidades e
infecções causadas nos homens que não eram circuncida- dos. A lavagem diária
elimina tais problemas, mas aqueles que não se higienizam devidamente vivem com
problemas. A circuncisão, pois, é uma boa medida de higiene, sendo possível que
a causa original da circuncisão tenha sido 0 desejo de não ser vítima de certas
doenças físicas. Daí não foi difícil pensar na saúde espiritual, e a operação
tornou-se um rito religioso que fala de higidez ou higiene espirituais, de
santificação e separação de qualquer causa que provoque enfermidades
espirituais.
A carne do vosso
prepúcio. Aquela parte do pênis que recobre a ponta, a qual, se não for
higienizada diariamente, cobre-se de bactérias que causam infecções. Essa parte
ofensora, pois, precisava ser cortada fora. Assim, essa pequena cirurgia
tornou-se um sinal do Pacto Abraâmico para os israelitas. A santificação é
vital à espiritualidade; separar-se do pecado é vital à espiritualidade.
Às vezes, a separação
degenera no fanatismo e no exclusivismo. Muitos fariseus eram pessoas
preconcebidas, embora circuncidadas. Qualquer bem pode degenerar em mal. Os
prisioneiros da mente são prisioneiros e merecem nossa compaixão, como qualquer
outro prisioneiro. A separação pode degenerar em legalismo. Neste caso, a lei
reina; o espírito se estiola. Esse rito, como qualquer outro, pode degenerar em
algo fraudulento. O sinal externo é transformado na essência da religião,
conforme se vê em certas interpretações cristãs que dos memoriais fazem
sacramentos.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 128.
O versículo 10. Todo
filho homem será circuncidado. Aqueles que desejam invalidar a prova da origem
divina da lei mosaica, redondamente afirmar que os israelitas receberam o rito
da circuncisão dos egípcios. Seu apóstolo neste negócio é Heródoto, que, lib.
ii., p. 116, Edit. Steph.1592, diz: "O Colchians, egípcios e etíopes, são
as únicas nações do mundo que usaram a circuncisão απ’ απφηρ a partir do
período mais remota, e fenícios e sírios? que habitam a Palestina reconhecem
que recebeu este dos egípcios. " Heródoto não pode significar judeus por
fenícios e
sírios, se ele faz,
ele é incorreta, pois nenhum judeu jamais fez ou jamais poderia reconhecer
isso, com a história de Abraão em sua mão. Se Heródoto tinha escrito antes dos
dias de Abraão, ou pelo menos antes da peregrinação dos filhos de Israel no
Egito, e nos informou que a circuncisão tinha sido praticado entre eles απ’
απφηρ desde o início, não existiria, então, a possibilidade de que os
israelitas, enquanto permaneceu entre eles havia aprendido e adotou este rito.
Mas quando sabemos que Heródoto floresceu apenas 484 anos antes da era cristã,
e que Jacó e sua família peregrinou no Egito mais de 1800 anos antes de Cristo,
e que todos os descendentes de Abraão mais circuncisão conscientemente
observado, e fazê-lo até hoje, em seguida, a presunção é de que os egípcios
receberam dos israelitas, mas que era impossível este último poderia ter
recebido do ex, como haviam praticado tanto tempo antes de os seus antepassados
tinham vivido no Egito. Versículo 11. E será um sinal leoth, por um sinal das
coisas espirituais, pois a circuncisão feita na carne foi projetado para
significar a purificação do coração de toda a injustiça, como Deus mostrou
particularmente na própria lei. Veja Deuteronômio 10:16, ver também; Romanos
2:25-29; 2:11. E foi um selo de que a justiça ou justificação que vem pela fé,
Romanos 4:11. Que alguns dos judeus tinham uma noção apenas da sua espiritual
intenção, é claro de muitas passagens nas paráfrases Caldeu e os escritores
judeus. Me emprestar uma passagem do livro Zohar, citado por Ainsworth:
"Em que momento um homem é selado com este selo santo (da circuncisão), a
partir daí, ele vê o santo louvou a Deus corretamente, e a alma santa está
unida a ele se ele não seja digno, e não guarda este sinal, o que está escrito?
Ao sopro de Deus perecem , Jó 4:9), porque este selo do santo louvou a Deus não
foi mantido. Mas, se for digno, e mantê-lo, o Espírito Santo não está separado
dele. "
CLARKE.
Adam, Comentário Bíblico de Adam Clarke.
Genesis.
A primeira palavra de
Deus reiterou a realidade da relação do concerto (4), mas a promessa de uma
semente foi aumentada: Serás o pai de uma multidão de nações.
O concerto foi
reforçado pela mudança do nome de Abrão para Abraão (5). A promessa foi
ampliada incluindo uma posteridade de reis (6). Outra adição foi a garantia de
que a relação seria perpétua (7). Também seria pessoal, para que a semente de
Abraão afirmasse que seu Deus era o Deus que havia feito o concerto. Isto foi
possível, porque o próprio Deus estabeleceu a relação e não porque eles tomaram
a iniciativa de buscá-lo. Nova observação também foi acrescentada na promessa
da terra: seria em perpétua possessão (8).
“A Fé que Espera é
Recompensada” é o tema de 17.1-9. 1) O caráter de Deus e o nosso dever, 1; 2) O
sinal do concerto, 5; 3) A substância do concerto, 2,4,7,8 (Alexander Maclaren).
A segunda palavra se
concentrou na manutenção do concerto (9) e no sinal do concerto (11). Era uma
série de ordens. A estipulação básica foi: Todo macho será circuncidado (10). O
tempo normal para circuncidar a criança seria aos oito dias (12) de vida. Não
haveria distinção de classes, pois no concerto quem estava escravizado tinha
posição igual aos homens livres. Os servos poderiam participar no concerto
perpétuo (13), mas diriam a quem não fosse circuncidado: Aquela alma será
extirpada dos seus povos (14). Até onde se sabe, a instituição do rito da
circuncisão entre o povo de Abraão foi o primeiro golpe contra o mal da
escravidão e a favor da igualdade humana diante de Deus.
George
Herbert Livingston, B.D., Ph.D. Comentário
Bíblico Beacon Vol. 1 Gênesis a
Deuteronômio. pag. 64-65.
2. A verdadeira
circuncisão não deixa marcas físicas.
Trata-se de uma
qualidade espiritual, não apenas dos homens, mas também das mulheres. Paulo
ensina aos colossenses que a verdadeira circuncisão em Cristo não é por
intermédio das mãos, mas no despojamento do corpo da carne” (Cl 2.11,12), que
significa, de fato, o despojamento da força da carne mediante o batismo por
imersão. Paulo disse aos efésios que “fomos selados pelo Espírito Santo”, isto
é, fomos marcados com o Espírito Santo em nossa vida (Ef 4.30).
2. A verdadeira
circuncisão é operada no coração do crente (Fp 3.3; Rm 2.25-29). Na escritura
do versículo 3, o apóstolo Paulo fala dos que confiam na carne, referindo-se aos
cristãos que procuravam demonstrar seus méritos pessoais, físicos ou materiais
para garantir bênçãos espirituais. Paulo refutou essa ideia equivocada de
espiritualidade entre os cristãos. Eles não precisavam da circuncisão para
garantir a salvação em Cristo.
O texto de Romanos
2.25-29 está explicado em meu livro Romanos, da Série Comentário Bíblico:
“Porque a circuncisão
tem valor se praticares a lei” (Rm 2.25). É declaração do apóstolo Paulo. Os
judeus se escudavam na prática da circuncisão. Era, na verdade, assunto e regra
mal compreendida, porque não entendiam o espírito da lei da circuncisão.
Era um rito religioso
judaico permitido por Deus, porém, era um rito envolvendo uma ação exterior, na
carne. Era uma exigência da lei que, observada, colocava a responsabilidade
sobre o circuncidado de guardar toda a Lei. Entretanto, Paulo diz em Gálatas
5.3: “Todo homem que se deixar circuncidar... está obrigado a guardar a Lei”.
Escudar-se na prática da circuncisão e não praticar o resto da Lei de nada
valia.
Os gentios não
precisavam dessa prática da circuncisão, pois esse rito dizia respeito apenas
aos judeus. Paulo, recebendo a insinuação dos judeus cristãos contra os gentios
cristãos, desfaz a pretensão judaica e mostra que a verdadeira circuncisão é
feita espiritualmente no coração. É operação do Espírito, não na carne, mas no
espírito do crente.
O ideal da
circuncisão aos judeus é louvável. Tinha o propósito de diferençar o judeu do
gentio. Já a circuncisão espiritual diferencia o crente do incrédulo, o salvo
do perdido, (p. 43)
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 95-96.
Este versículo
mostra, quase certamente, que os gnósticos de Colossos haviam incorporado a
circuncisão judaica em seu sistema, dando-lhe certo valor místico, tal como os
judeus comuns pensavam que a circuncisão fosse necessária para a salvação,
conforme nos mostra o trecho de Atos 15:1.
Paulo toma sobre essa
questão a posição que ele sempre teve, ou seja, a verdadeira circuncisão é uma
operação moral, mediante a qual a vida antiga é extirpada, e a nova vida se
toma dominante. (Ver Rom. 2:28,29, que apoia amplamente essa ideia. Há notas
expositivas completas sobre a «circuncisão», em sua origem e significado, dentro do
judaísmo, em Atos 7:8 e Rom. 2:25. Quanto ao «partido da circuncisão», que
havia na igreja cristã primitiva, ver Atos 1 1 :2. Quanto à questão legalista
que surgiu na igreja primitiva, ver Atos 10:9).
A Circuncisão
Espiritual
1. Ela existe
inteiramente à parte de seu «símbolo» (a circuncisão física). 2. Ela fala de
«procriação», isto é, de uma «nova raça», a raça espiritual, a saber, o novo
Israel (ver Gál. 6:16).
3. Ela fala de
santificação, aquela operação espiritual que remove a natureza carnal
indesejável. (Ver as notas sobre a «santificação», em I Tes. 4:3).
4. Há um povo que,
coletivamente, se chama «a circuncisão espiritual», um povo que não se jacta de
si mesmo, e nem da carne, mas que adora a Deus em Espírito e se gloria em Jesus
Cristo. Essa é a mensagem de Fil. 3:3.
5. No versículo doze,
essa circuncisão é vinculada ao batismo (tal como a circuncisão física é ligada
ao batismo em água). Neste caso, prevalecem as mesmas distinções que há ali. Há
uma circuncisão física, que nada tem a ver com a salvação. Há um batismo físico,
que nada tem a ver com a salvação. Também há uma circuncisão espiritual que, em
certo sentido, se equipara à salvação. E há um batismo espiritual vinculado à
salvação. Em nenhum caso, o «símbolo» tem qualquer poder salvatício em si
mesmo.
«...no despojamento
do corpo da carne ...» Essas palavras têm um «sentido ético»,' pelo que devemos
considerar os pontos abaixo:
1. Não está em foco a
natureza física, o corpo humano literal. Para Paulo, o corpo humano não era
perverso, conforme pensavam erroneamente os mestres gnósticos.
2. Também não está em
foco a ideia das paixões carnais, embora essas devam ser incluídas.
3. Antes, está em
foco a personalidade humana corrupta, considerada como um todo, isto é, aquilo
que o homem é, à parte da graça regeneradora—a natureza velha, o velho homem.
Trata-se da natureza inferior inteira, a qual deve ser despida quando da
conversão e no processo de santificação. (Ver as notas expositivas em João 3:3,
sobre a «conversão»; e ver I Tes. 4:3, acerca da «santificação»). Naturalmente,
Paulo alude aqui ao fato que não basta cortar o prepúcio de um homem para que haja
alguma vantagem espiritual, porquanto tal operação física não transmite qualquer
experiência mística. A depravação do homem requer uma operação muito mais
significativa é profunda do que isso, a saber, um toque divino, que atinja a
própria alma e a transforme.
Referências e ideias.
A auto negação:
1. Cristo é nosso
exemplo supremo de autonegação (ver Mat. 4:8-10; 8:20; João 6:38; Bom. 15:3 e
Fil. 2:6-8).
2. A autonegação é
prova de nossa devoção a Cristo (ver Mat. 10:37,38 e Luc. 9:23,24).
3. Ela é necessária
para quem segue a Cristo (ver Luc. 14:26-33).
4. Ê necessária na
luta dos santos (ver II Tim. 2:4).
5. É necessária para
o triunfo dos santos (ver I Cor. 9:25-27).
6. Os ministros são
especialmente chamados à autonegação (ver II Cor. 6:4,5).
7. A autonegação deve
ser exercida negando-se a impiedade e as paixões mundanas (ver Rom. 6:12 e Tito
2:12).
8. Deve ser exercida
no controle dos apetites (ver Pro. 23:2).
9. Na abstenção das
paixões carnais (ver I Ped. 2:11).
10. Para que não mais
vivamos segundo as paixões dos homens (ver I Ped. 4:2).
« ...que è a
circuncisão de Cristo. . . d Consideremos aqui os pontos seguintes:
1. O genitivo é
«subjetivo»: é Cristo quem efetua tal circuncisão. Trata-se de uma operação
sua, que ele leva a efeito por meio do seu Espírito. Desse modo é que somos
transformados e nos dedicamos a Deus, que é o primeiro passo em sua direção, além
de ser o primeiro elo da corrente de ouro que vincula a terra aos céus. Há
certa circuncisão que «pertence a Cristo», que nos é conferida mediante a união
com Cristo, em contraste com «Moisés». A circuncisão carnal removia apenas uma
pequena porção do corpo físico. A verdadeira circuncisão espiritual remove a
natureza corrupta por inteiro, a qual é aqui pintada como um corpo.
2. Alguns estudiosos
veem aqui o sentido dessas palavras como a «circuncisão de Cristo», como aquela
que lhe pertence, a qual consiste do despojamento da carne, em sua morte, da
qual partilhamos espiritualmente.
Isso é uma verdade,
embora pareça estranho que sua morte seja chamada de «circuncisão», pelo que o
mais provável é que não é isso que está em foco neste ponto.
3. Ainda mais remota
e ridícula é a ideia que está em pauta a circuncisão literal, do menino Jesus,
da qual os crentes participariam vicariamente.
Variante Textual: As
palavras «corpo dos pecados da carne» aparecem nos mss Aleph(3), D(2), E(2) KL
e são seguidos pelas traduções K J e PH, dentre as catorze traduções usadas
para efeito de comparação, neste comentário. (Ver a identificação aas mesmas na
lista de abreviações que há na introdução geral). O texto mais simples e mais
antigo, que certamente é o original, diz «corpo de carne», que aparece nos mss
P(46), Aleph(l), D(l) FGP. A adição é uma glosa escribal interpretativa.
«...tendo sido
sepultados juntamente com ele no batismo...» Paulo agora iguala o «batismo
espiritual» à «circuncisão espiritual». Embora não devamos pressionar em
demasia o simbolismo, há certa conexão entre a circuncisão do A.T. e o batismo
do N.T. Ambos são sinais de algum pacto.
Nossa identificação
com Cristo na morte ao pecado e na vida para a retidão nos torna participantes
do novo pacto. (Ver I Cor. 11:25,26 e 12:13 quanto a notas expositivas sobre as
ideias da morte de Cristo e de nossa união com essa morte). Portanto, a
circuncisão e o batismo são os ritos principais dos sistemas religiosos
representados pelo Antigo e pelo Novo Testamentos, pelo que se poderia pensar
que um substituiu ao outro.
Porém, inferir a
propriedade ou necessidade do batismo de infantes, porque a circuncisão era
para infantes, é exagerar a conexão, sendo uma ideia aceita por alguns grupos,
mas não ensinada pelas próprias Escrituras. O conceito inteiro do batismo, no
N.T., é contrário ao batismo infantil, pois o mesmo simboliza a identificação
espiritual na morte e na ressurreição de Cristo, mediante a fé (os elementos
essenciais da salvação), o que não se pode aplicar a infantes, antes de terem
chegado em uma idade em que têm fé em Cristo. Notemos aqui que esse batismo é
acompanhado pela «fé na operação de Deus», o que nenhum infante pode exercer.
Portanto, apesar do batismo infantil ter um precedente vetotestamentário na
circuncisão, não tem precedente nenhum no conceito básico do que o batismo
simboliza no N.T., o que é muito mais importante. O Batismo E O Batismo
Espiritual
1. Como agente de
salvação, o batismo em água não tem mais poder que a circuncisão física.
2. Ambas essas
realidades físicas são apenas «símbolos» (mas não parte da essência) do novo
pacto.
3. O batismo
espiritual é a «realidade simbolizada» pelo batismo em água. Trata-se da
identificação com Cristo, em sua morte e ressurreição, e portanto deriva
benefícios de tudo que está envolvido naquelas experiências de Cristo. (Isso é
amplamente comentado em Rom. 6:3).
«...no qual,
igualmente, fostes ressuscitados...» Antes de tudo, devemos pensar na
«ressurreição moral», a transformação em um novo ser, na conversão e na
regeneração, continuadas na santificação , que são realidades produzidas pela
nossa união mística com Cristo. Mas também é antecipada a ressurreição de nosso
corpo, além de nossa entrada no glorioso estado dos lugares celestiais, do que
a «ressurreição moral» é a garantia, é a experiência espiritual preliminar.
Nisso é que? e manifestam a vida e a alegria reais.
«Algum dia as pessoas
aprenderão que as coisas materiais não trazem felicidade e têm pouca utilidade
em tornar homens e mulheres criativos e poderosos. Então os cientistas do mundo
transformarão seus laboratórios em lugares de estudo de Deus, da oração e das
forças espirituais». (Charles P. Steinmetz).
Referências e ideias.
A vida espiritual:
1. Deus é o autor da
vida espiritual (ver Sal. 36:9 e Col. 2:13).
2. Jesus Cristo é seu
autor (ver João 5:21,25; 6:33,5j.-53; 14:6 e I João 4:9).
3. O Espírito Santo é
seu autor (ver Eze. 37:14 com Rom. 8:9-13).
4. A Palavra de Deus
é seu instrumento (ver Isa. 55:3; II Cor. 3:6 e I Ped. 4:6).
5. Está oculta em
Cristo (ver Col. 3:3).
6. O temor de Deus é
vida espiritual (ver Pro. 14:27 e 19:23).
7. A mente espiritual
é vida espiritual (ver Rom. 8:6).
8. A vida espiritual
é mantida por Cristo (ver João 6:57 e I Cor. 10:3,4).
9. Pela fé (ver Gal.
2:20).
10. Pela Palavra de
Deus (ver-Deut. 8:3 com Mat. 4:4). 11. Pela oraçãó (ver Sal. 69:32).
« ...mediante a fé na
operação no poder de Deus...» Quanto a essa declaração, convém considerarmos os
pontos seguintes:
1. Não está em foco a
fé que o poder de Deus opera, o que é uma verdade, contudo (pois a fé é um dos
aspectos do fruto do Espírito; ver Gál. 5:22).
2. Também não está em
pauta a fé descrita como operação divina (genitivo adjetivo).
3. Também não se deve
pensar no genitivo de aposição, «fé, que é operação de Deus» (o que também
expressa uma verdade, embora não esteja em foco aqui).
4. Antes, devemos
pensar no genitivo objetivo, «fé na operação de Deus».
«...poder...» No
grego temos «energeia», o «poder ativo de Deus», que opera ativamente nos
crentes, através do Espírito Santo, o qual os converte, regenera, santifica e
transforma segundo a imagem de Cristo. A fé se apossa dessa realidade e a
aplica, entregando a própria alma a Cristo, mediante, o que se concretiza toda
e qualquer espiritualidade. O trecho de Efé. 2:8-10 lhe é paralelo. Tudo nos
vem pela graça, mas a fé é que se apropria da graça, e é assim que nos tornamos
«feitura» dele. (Quanto a notas expositivas completas sobre a «graça», ver Efé.
2:8; quanto a notas expositivas sobre a «fé», ver Heb. 11:1). A fé inclui
certas crenças, como acerca da ressurreição, da divindade de Cristo, etc., mas,
antes de tudo, consiste da outorga da própria alma aos cuidados de Cristo, uma
transação entre a alma e Deus, em que um homem se entrega totalmente a Cristo. Isso
produz a «circuncisão espiritual», o que é um dos aspectos do «batismo espiritual»,
a saber, o despojamento da natureza carnal, por ocasião da conversão e da
santificação.
«...que o ressuscitou
dentre os mortos.. .»Essa cláusula tem duas funções, como modificadora, a
saber: 1. Mostrar que a morte foi conquistada, e que uma vida nova nos foi
conferida, através do poder de Deus. A fé se apossa dessa realidade. 2. Mostrar
que o poder divino é eficaz, porquanto ressuscitou a Cristo dentre os mortos,
pelo que podemos confiar nele quanto à «ressurreição moral» e quanto à
«ressurreição literal», no último dia. A fé se apropria desse milagre. (Ver
Efé. 2:19 e ss. onde o poder da ressurreição também ilustra essa poderosa
operação, mediante a qual Deus faz os homens se tornarem a plenitude de Cristo,
e Cristo tornar-se o Cabeça de todo o universo). Nas páginas do N.T., a
ressurreição normalmente implica na ascensão e na glorificação, mesmo quando
esses aspectos não são especificamente
mencionados, porquanto isso é apenas continuação do poder da ressurreição.
(Quanto a notas expositivas sobre esse tema, ver Atos 2:32,33).
«O poder de Deus, ao
ressuscitar os mortos à vida, é o mesmo em nosso Senhor e em nós, o poder
físico exercido nele serve não somente de garantia do mesmo poder físico, que
será exercido em nós, mas também é condição e certeza de um poder espiritual
que já atua em nós, mediante o que, em espírito, somos ressuscitados juntamente
com Cristo, sendo incluída a ressurreição física, como parte daquela
ressurreição maior». (Alford, in loc.). O poder exibido no Cabeça, pois, também
será exibido no corpo. Não poderia mesmo ser de outro modo.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 119-121.
O rito da circuncisão
como administrada em Israel representa o que nos aconteceu (11). A circuncisão
física era um corte da carne; a circuncisão espiritual é da mesma sorte uma
operação pela qual é cortada toda a natureza carnal, descrita aqui como «o
despojamento do corpo da carne» (Cf. Rm 6.6).
A transição da ideia
da circuncisão espiritual para aquela do batismo é uma coisa natural. Aqui
temos outro quadro da experiência do crente. A figura usada é aquela da
imersão. Houve um sepultamento do crente com cristo e uma ressurreição para
novidade de vida. (Cf. Rm 6.4). Não se deve supor que o apóstolo considera que
o simples ato do batismo faz isto, ex opere operato. É «mediante a fé no poder
de Deus» (12) que o rito ganha significação e eficácia.
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Colossenses. pag. 16-17.
11,12. No N.T. não
por intermédio de mãos é um termo quase técnico usado em relação às realidades
da nova dispensação comunitária em contraste às instituições e rituais da
antiga aliança. Refere-se com muita frequência à Igreja na qualidade do
verdadeiro templo de Deus dado à luz na morte e ressurreição de Cristo (Mc.
14:58; Jo. 2:19, 22; Atos 7:48; II Co. 5:1; Hb. 9:11, 24). Aqui identifica a
morte e ressurreição de Cristo como sendo a verdadeira circuncisão (cons. Fp.
3:3), na qual os cristãos, na qualidade de Corpo de Cristo, participaram. Ambos
os conceitos são, para Paulo, expressões da realidade comunitária implícita na
fé dos cristãos – união com a morte e ressurreição do Salvador (veja
Introdução).
No despojamento do
corpo da carne. Veja comentário sobre 2:15.
Batismo pode se
referir primeiramente ao batismo da morte de Cristo (cons. Mc. 10:38; Lc.
12:50), embora o batismo cristão não deve ser excluído (cons. Rm. 6:4). Não há
uma analogia direta entre o batismo cristão e o rito da circuncisão da
"velha dispensação". Circuncisão aqui é a morte de Cristo, pela qual
Ele operou o rompimento da velha dispensação, purificando do pecado e
reconciliando com Deus (cons. Dt. 30:6; Jr. 4:4; 9:25, 26). É com isso que o
batismo cristão tem de ser relacionado.
Charles
F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody.
Editora Batista
Regular Colossenses. pag. 19.
O apóstolo Paulo atinge,
nesta altura de suas considerações, o seu conceito mais profundo e decisivo.
Até aqui havia tratado, com mais particularidade, da obediência ou
desobediência externa à lei, isto é, abordara ações que contradizem a intenção
da lei mosaica. Ainda não entrara no aspecto dos motivos, dos desejos e dos
impulsos que partem do íntimo, que se originam na natureza sem regeneração, ou
no aspecto oposto, isto é, os desejos íntimos, os impulsos e os motivos da
natureza má, que podem fazer-se presentes, até mesmo quando as ações externas
estão rigorosamente de conformidade com a lei, as quais, portanto, poderiam ser
reputadas como manifestações da justiça, embora a realidade íntima seja bem
outra.
Porém, é ao chegar
nesta altura que o apóstolo estabelece a importante distinção entre a
justiça externa e a justiça interna, distinção essa que já fora subentendida e
que servira de conceito subjacente em grande parte de seu argumento anterior,
embora ele ainda não 0 tivesse desvendado claramente. A partir deste momento,
entretanto, Paulo haveria de mostrar-nos que a obediência meramente externa não
é suficiente, ainda que alguém, através de um esforço hercúleo, pudesse cumprir
todas as obrigações impostas pela lei. E isso não seria suficiente porquanto
continuaria de pé a necessidade do indivíduo ser um judeu no íntimo, dotado da
circuncisão do coração. Assim, pois, Paulo destacava os seguintes pensamentos:
1. Somente aquela
justiça que se deriva da alma regenerada é que prevalecerá no julgamento de
Deus, pelo menos naquele julgamento que proferirá a absolvição e garantirá a
entrada do indivíduo absolvido nos lugares celestiais, isto é, que envolve a
salvação e os seus resultados tencionados.
2. Ainda que alguém
possa cumprir todas as condições impostas pela lei, no que concerne às ações
externas, tal indivíduo apesar disso seria considerado culpado por causa de
seus pensamentos íntimos, imperfeições, desejos pervertidos e motivos egoístas.
3. Se seguirmos
corretamente esse argumento, é evidente que alguém pode ter uma vida externa
correta, no que tange às suas obras, e, no entanto, ser impelido por motivos
errôneos. E o que poderia ser mais comum na experiência humana, do que isso?
Existe um sistema de
ética, intitulado egoísmo, que afirma que todas as ações humanas de alguma
maneira se baseiam no egoísmo, pois qualquer indivíduo, até em seus momentos de
maior nobreza, só olha para o que pode aproveitar pessoalmente em qualquer
situação. Apesar de ser verdade que algum altruísmo autêntico existe entre os
homens, contudo, qualquer observação sobre a conduta humana, até mesmo
superficial, convence-nos que o egoísmo é 0 fator básico de quase todas as
ações humanas. Ora, tal atitude não prevalecerá diante do tribunal de Deus.
4. Deus requer o
altruísmo mais autêntico em todas as nossas ações, arraigado em nossas atitudes
íntimas; e isso equivale a dizer que nossas ações devem estar alicerçadas no
«amor». E o trecho de Gál. 5:22 deixa claro que o amor, o amor verdadeiro, o
tipo de amor que Deus tem, é uma dádiva e fruto do Espírito Santo. E com base
nisso ficamos sabendo que nenhuma ação pura, nenhuma ação que seja impulsionada
por motivos sinceros, pode ser realizada sem alguma influência do Espírito
Santo.
5. Porém, a posição
do crente diante de Deus é mais do que meramente judicial; também se deriva de
sua santidade real, isto é, a perfeita santidade de Deus que se vai formando em
todos os remidos, através da atuação transformadora do Espírito Santo, que lhe
veio habitar no íntimo. Ora, na forma de uma ação específica, continuamente
aplicada, que o impulsione na direção do alvo da perfeição em Cristo, o
incrédulo não possui tal obra de transformação, ainda que, a exemplo de todos
quantos vivem neste mundo, sofra da influência do Espírito Santo, podendo fazer
muitas coisas sob seu impulso. E a passagem de João 16:7-11 deixa subentendido
exatamente isso. .
6. Há dois tipos de
judeus. Um deles é o que o é externamente. Esse ouve a lei de Moisés e tenta
obedecê-la, e, naturalmente, tem o sinal da circuncisão. Nada disso, porém, fez
grande coisa para transformar-lhe a alma. Sente-se orgulhoso de suas
realizações religiosas, mas suas obras, na verdade, 0 condenam, porquanto age
como se fora pagão. De fato, a lei o iludiu (ver Rom. 7:11).
׳ Também há o judeu
que o é internamente. Esse não tenta merecer a sua salvação, e talvez seja até
gentio de raça e não traz em si o sinal da circuncisão física. Em sua alma,
porém, foi circuncidado, isto é, santificado, separado para Deus. Esse homem
não observa os ritos da lei mosaica, mas Cristo transformou a sua vida.
Trata-se de um autêntico seguidor de Moisés, porque conhece e segue a Cristo,
aquele acerca de quem Moisés escreveu, simbolizado pelo próprio Moisés.
«O sentido dessas
palavras é que o judeu autêntico não pode ser designado por ascendência
natural, por mera profissão ou por algum símbolo externo, pois a circuncisão
que constitui um judeu verdadeiro não consiste apenas de algum símbolo
exterior, mas antes, de uma realidade interior, da alma. E o que 0 apóstolo
aqui conclui, no tocante à circuncisão legítima, é baseado em diversas
passagens das Escrituras, e até mesmo de seu ensino em geral; porquanto por
toda a parte os homens são comandados a circuncisarem os seus próprios corações,
sendo exatamente isso o que 0 Senhor promete fazer. O prepúcio era cortado,
realmente não como se fora pequena corrupção de uma parte do ser, mas como a
amputação de toda a natureza má. A circuncisão, portanto, indica a mortificação
da natureza carnal em sua totalidade». (Calvino, in loc.)■
«A circuncisão do
coração é uma ideia já bem familiar nas páginas do A.T. Do livro de
Deuteronômio (ver Deut. 10:16; e quanto ao sentido, comparar com Deut. 30:6),
passou para os escritos proféticos - Jer. 4:4. A expressão contrária—a
incircuncisão do coração e da carne—também pode ser encontrada nas Escrituras:
Jer. 9:26 e Eze. 44:7». (Denny, in loc.)■ «...uma circuncisão (está aqui em
foco) que não estaca na conformidade externa à lei, mas que se estende à esfera
da vida interior». (Gifford, in loc.).
«O trecho de Marc.
12:33, bem como outros exemplos, comprovam que esse ponto de vista não era
desconhecido dos escribas». (Tholuck, in loc.).
«...o propósito de
Paulo dá um novo sentido a uma distinção familiar. Ele havia derrubado por
terra a arrogância dos judeus, que depunham a sua confiança apenas em
externalidades. E o apóstolo confirma 0 seu ponto de vista comprovando quão
relativo são os termos ‘judeus’ e gentios’, mostrando que os gentios sinceros
tomavam a precedência sobre os judeus indignos». (Gerald. R. Cragg, in loc.).
«O nome judeu, e o
rito da circuncisão tinham por finalidade serem símbolos externos de uma
separação entre eles e o mundo ímpio e irreligioso, na forma de uma santa
devoção do coração e da vida ao Deus da salvação. Onde quer que isso seja uma
realidade, os sinais são repletos de significação; porém, onde tal realidade
não se faz presente, tais sinais são piores que inúteis...Assim como nenhum
privilégio ou sinal externo de discipulado é capaz de proteger os ímpios da ira
de Deus, assim também a ausência dessas coisas não impede quem quer que seja de
entrar no reino dos céus, contanto que as pessoas envolvidas tenham
experimentado a transformação de coração que sela o pacto, e que aqueles sinais
têm por intuito simbolizar. A vista do grande Sondador dos corações, do Juiz
dos vivos e dos mortos, a renovação do coração, no coração e na vida,
representa tudo. Em face dessas verdades, não precisam tremer todos os
discípulos batizados e sacramentados do Senhor Jesus, os quais ‘professam
conhecer a Deus', mas são ‘inimigos da cruz de Cristo’?» (Brown, in loc.).
«Essa verdade não tem
por intuito afastar-nos da observância das instituições externas, e sim, para
não confiarmos nelas». (Matthew Henry, in loc.)■
«...e circuncisão a
que é do coração...» (Quanto a notas expositivas sobre o uso da palavra
«coração», nos escritos paulinos, ver Rom. 1:21). O homem interior, a
personalidade essencial, a alma, que é a sede da inteligência, deve ser a área
onde se deve exercer a negação ao princípio do pecado. O homem interior é que
deve ser renovado e regenerado, tornando-se então participante da vida divina,
segundo se lê em II Ped. 1:4. Sem essa renovação, os sinais externos são
inteiramente inúteis, não passando de um escárnio e mesmo de uma blasfêmia
contra Deus. (Ver Rom. 2:24).
«É extremamente fácil
aceitarmos a circuncisão por si mesma, obedecendo a todas as outras provisões
externas da lei; porém, a lei solicita de nós muito mais do que isso - de fato
requer a santidade interna - e é exatamente essa exigência que sentimos tanta
dificuldade em cumprir». (John Knox, m loc.).
O ponto que Paulo
queria frisar, naturalmente, é mais profundo do que esse. Tal obediência, a não
ser que seja prestada através do impulso do Espírito Santo, não somente é
difícil como também é simplesmente impossível. E é isso que mostra com clareza
a necessidade que temos de Cristo.
A circuncisão do
coração, em seus efeitos práticos, consiste da «...separação de tudo quanto é
imoral da vida interior» (Meyer in loc.), o que significa, naturalmente, 0
desaparecimento dessas mesmas coisas erradas da vida exterior. No entanto,
consiste também «...da mortificação interna, ou seja, da quebra do princípio
naturalmente egoísta da vida, mediante a fé, como o princípio da consagração e
da orientação teocrática». (Lange, in loc.). .
«E isso Deus requer,
e ele mesmo promete conferir, como se lê em Deut. 10:16 e Jer. 4:4. E acerca
desta última passagem, um notabilíssimo judeu (rabino Davi Kimchi, in loc. iv.4)
tem a seguinte observação a fazer: essa é a circuncisão do coração, a própria
frase que o apóstolo Paulo usa aqui...Os antigos judeus tinham a noção desse
uso típico do termo ‘circuncisão’. Por isso é que 0 judeu Filo diz que a
circuncisão ensinava ‘a extirpação de todos os prazeres e afeições’...a
‘remoção da arrogância, aquele gravíssimo pecado da alma’. E em outro trecho
ele chama a ‘pureza’ e a ‘castidade’ de ‘a circuncisão da circuncisão'». (John
Gill, in loc., citando Filo, De Migrat. Abraham, pág. 402 e De Circumcisione,
pág. 811).
«...no espírito...»
são palavras que também podem ser gravadas como «no Espírito». Acerca
desta expressão há certa variedade de interpretações, a saber:
1. Estaria em foco o
Espírito de Deus, como agente de toda a autêntica circuncisão do coração, que
produz 0 judeu interno. Embora seja verdade que a doutrina cristã do «novo
nascimento» ainda não fora apresentada em qualquer maneira formal, contudo é
óbvio que por detrás de todo o raciocínio de Paulo, nesta secção, que o assunto
é fundamental; e o Espírito Santo aparece aqui como o agente desse novo
nascimento. Por conseguinte, qualquer interpretação sobre o presente versículo
deve incluir necessariamente essa possibilidade, ainda que a referência não
diga respeito, especificamente, ao Espírito Santo.
2. Também poderia estar
em vista o «espírito humano», em contraste com a natureza carnal do homem.
Assim pensava Wordsworth (in loc.), quando escreveu: «...0 homem interior, em
oposição à carne».
3. Alguns pensam que
temos aqui a declaração que isso ocorre no espírito do judaísmo autêntico, em
contraste com aquilo que é somente de acordo com a letra; seria um tipo do
espírito da verdadeira santidade e da verdadeira retidão, que os santos
autênticos do A.T. possuíam, e que todo o verdadeiro crente, de todas as
épocas, também possui. Assim sendo, estaria em foco a «espiritualidade», em
contraste com 0 que é ritual e sacramental, ou, conforme diz Calvino (in loc.),
«...0 desígnio espiritual do rito». Não há que duvidar que isso faz parte do
pensamento de Paulo aqui expresso, conforme fica transparente no fato que há um
confronto imediato com a «letra».
4. Outros estudiosos
pensam que Paulo aqui focalizou o novo princípio da vida, insuflado no homem
pelo Espírito de Deus.
5. Diz Lange, in
loc.: «Quando o ‘pneuma’ (espírito) é posto em antítese com a ‘grammati’
(letra), ou seja, a vida ‘no espírito’ em contraste com a vida ‘na letra’, isto
é, a vida considerada como uma existência externa, dependente de meras
prescrições externas da lei, de conformidade com a letra, então, com a palavra
‘espírito’ devemos compreender que não está em foco nem o Espírito de Deus’,
considerado por si mesmo, e nem o ‘espírito do homem’, mas antes, 0 ‘espírito
da vida’, a ‘forma espiritual’ da vida íntima, mediante a qual o espírito
humano se move na atmosfera do Espírito de Deus, e o Espírito de Deus se move
na atmosfera do espírito humano».
A última dessas
posições, a de número (5) é a mais provável das interpretações, combinando-se,
realmente, com algo que fica subentendido nas outras quatro interpretações, ao
mesmo tempo que fica retido um sentido novo para a palavra ‘espírito’, pelo menos no que
diz respeito ao uso desse vocábulo neste versículo. Assim, o que é enfatizado é
«o poder vivo»
(no dizer de Alford,
in loc.), com o qual a esfera íntima do indivíduo é cheia, e através do que as
suas ações externas são inspiradas.
«...não segundo a
letra...» Ou seja, não como uma obediência formal ao que era exigido pela
legislação mosaica, ficando negligenciada aquela santidade autêntica do íntimo,
que altera os motivos, os desejos e as intenções. Esse tipo de obediência,
portanto, é contrastado com a obediência «no espírito», conforme acabamos de
esclarecer. Com isso pode-se comparar o trecho de II Cor. 3:6, onde «a letra» é
contrastada com «o espírito», o qual confere «vida». A «letra», portanto,
inclui a legislação mosaica, juntamente com a circuncisão, que se tornou a
parte mais importante dessa legislação, e seu sinal distintivo (ainda que a
circuncisão já houvesse sido instituída séculos antes da outorga da lei
mosaica).
«.. .cujo louvor não
procede dos homens, mas de Deus...»Essa afirmativa de Paulo também tem sido
sujeitada a várias interpretações, conforme o esboço que oferecemos abaixo:
1. Destaca-se aqui um
jogo de palavras, porquanto a palavra «judeu» significa louvado. Por
conseguinte, aquele que é verdadeiramente louvado não é o «judeu externo», e,
sim, o «judeu interno». Assim, pois, os verdadeiros judeus, aqueles que foram
circuncidados no coração, e não apenas na carne, serão louvados por Deus, e não
pelos homens.
2. As religiões que
se inclinam para o ritualismo, para o formalismo e para 0 legalismo, têm sempre
encorajado os homens a louvarem a outros homens, como também a procurarem ser
louvados pelos homens; porquanto havia grande multidão de preceitos e
cerimônias a serem observados, e muita oportunidade de exibicionismo, ante os
homens, nessa religião de externalidades como se tomou o judaísmo da época dos
profetas e dos apóstolos.
3. Outrossim, faz
parte dos «judeus externos» buscarem o louvor humano, ao mesmo tempo que pouco
ou nada lhes importa o louvor de Deus, que realmente tem valor. Acerca do Judá
terreno, foi dito: «Judá, teus irmãos te louvarão...» (Gên. 49:8). Em contraste com
isso, sobre o Israel espiritual foi dito como aqui: «...cujo louvor não procede
dos homens, mas de Deus».
Paulo abordava, uma
vez mais, a questão da ética egoísta. Os homens fazem muitas coisas com o
propósito de agradarem aos seus semelhantes; e, por detrás de tal atitude
brilha o desejo e o motivo de obter louvor, fama, boa reputação e posição
social. Os que assim agem, entretanto, são apenas «judeus externos», a despeito
da magnificência de suas obras. Já os «judeus internos» aprendem a elevar-se
acima desse nível vicioso, caracterizando-se por uma genuína preocupação pelo
que Deus pensa acerca de sua vida e de suas ações, porquanto esse interesse é
algo inspirado e agitado pelo próprio Espírito de Deus.
Cansado
estou de pecar, pés inchados e exausto,
A
vereda tenebrosa aumentou espantosamente,
Mas
agora uma luz surgiu, animando-me;
Descobri
em Ti a minha Estrela, o meu Sol,
Tua
preciosa vontade, ό Salvador triunfante,
Agora
me circunda e me rodeia;
Calaram-se
todas as discórdias, minha paz é um rio,
Minha
alma é como um pássaro cativo que foi solto.
(Sra.
C.H. Morris)
O Batismo E Os Ritos
1. Quem pode deixar
de perceber, através da discussão do presente capítulo, que os ritos e as
cerimônias cristãs (denominemo-los sacramentos, se assim quisermos fazê-lo)
devem ser situados dentro da mesma categoria dos ritos do judaísmo? O batismo
ou a eucaristia não podem fazer parte necessária à salvação, e nem são
requeridos para a salvação, embora a simbolizem de modos vividos.
2. Parece que alguns
cristãos não podem perceber isso com clareza. O homem sempre tem de agarrar-se
a algo que possa fazer ou observar, a fim de sentir-se bem no tocante às
possibilidades de sua salvação. Porém, tal atitude é contrária à teologia
paulina, não passando de vã imaginação.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 3. pag.603-605.
Rm 2. 25-29. Aqui o
apóstolo aponta para o que ele considera um verdadeiro judeu. Ele mostra que o
gentio que guarda (a palavra ohylasso também pode ser traduzida para observa,
ou segue) os preceitos da lei (v. 26) é um verdadeiro judeu. O rito da
circuncisão só declara que um homem é judeu se este praticar a Lei. Para um
judeu, tornar-se transgressor da Lei é, realmente, diante de Deus, tornar-se incircunciso.
Além de um gentio ser um verdadeiro judeu, se observar os preceitos da Lei,
ele, que é fisicamente incircunciso, se assentará para julgar o judeu que tem
as qualificações físicas, mas nenhuma obediência (v. 27). Esta é uma declaração
de Paulo, não uma pergunta. No versículo 27 Paulo destaca que o judeu que será
julgado pelo gentio, é aquele judeu que é transgressor da Lei, não obstante a
letra e a circuncisão (cons. dia, Arndt, III, 1, c, pág. 179). Eis aí a
tragédia daquele que tem uma lei escrita objetiva, e o sinal exterior da
aliança de Deus com o seu povo, mas que no entanto nunca se apropriou da
realidade. Numa última palavra ao judeu, Paulo destaca que não é o exterior,
mas a condição interior do coração que toma um homem verdadeiramente judeu,
isto é, filho de Deus (v. 29). A verdadeira circuncisão é uma espécie de
circuncisão do coração (cons. Lv. 26:41; Dt. 10:16; 30: 6; Jr. 4:4; 9:26; Atos
7:51). Esta verdadeira circuncisão não está na esfera da legalidade - um código
escuto - mas antes na esfera do espírito, isto é, na área da vontade.
Charles
F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody.
Editora Batista
Regular Romanos. pag. 26-27.
3. A verdadeira
circuncisão não confia na carne (3.3-7).
O contraste com os
falsos cristãos
Os autênticos
cristãos são aqueles que adoram a Deus no Espírito (3.3). A adoração a
Deus em Espírito é uma marca autêntica dos que foram redimidos por Cristo. A
forma de servir a Cristo difere daqueles que precisam da materialização para
sua adoração. Os judeus entendiam que a circuncisão era um sinal para o povo
que adora a Deus. A igreja de Cristo adora a Deus e o faz mediante a presença e
habitação do Espírito na vida dos crentes. Na língua grega, adoração é latreia,
que se refere ao culto que se presta a Deus.
Os autênticos cristãos
são aqueles que se gloriam em Jesus Cristo (3.3). Os adeptos da circuncisão se
gloriavam desse rito para se identificarem como “filhos de Abraão”. Os
filósofos gnosticistas se gloriavam da sua espiritualidade baseada na
sabedoria. Porém, o cristão se gloria apenas em Jesus Cristo. O judeu
tradicional via no rito da circuncisão uma forma de adoração e dedicação
exclusiva a Deus (Gn 17.10; Dt 10.16; Js 5.2). A finalidade da circuncisão era
deixar um sinal físico que representasse a circuncisão do coração (Dt 30.6; Jr
4.4). O rito religioso envolvia a mutilação, ou seja, a remoção do prepúcio
masculino. Paulo advertiu os cristãos de Filipos a que não aceitassem qualquer
imposição dos adeptos da circuncisão na vida cristã. Que eles tivessem cuidado
com os mutiladores da fé cristã, que não depende de coisas físicas ou
materiais.
Os autênticos
cristãos são aqueles que não confiam na carne (3.3). Não “confiar na carne”
significa não confiar na natureza humana, que é pecaminosa e tende a opor-se às
coisas espirituais. Não se trata da carne no sentido genético ou étnico, nem na
raça a que pertence. Trata-se de confiar em Cristo, e não em ritos. A vaidade
judaica da circuncisão na carne não serve para o cristão, porque nossa
identidade não é física, mas espiritual. Os cristãos judaizantes eram aqueles
cristãos que não conseguiam se desvencilhar do judaísmo. Viviam no seio da
igreja em Filipos, mas confiavam muito mais na carne e na circuncisão do que em
Cristo. A lição maior que aprendemos nessa postura de Paulo é que a salvação
não se conquista com as obras.
Paulo demonstra a
inutilidade da confiança dos judeus na carne (3.4-6)
Nos versículos 4 a 6,
Paulo conta a sua história de judeu circuncidado ao oitavo dia, mas que, ao
encontrar-se com Cristo, renunciou a tudo que era da velha religião para servir
apenas a Cristo. Paulo tinha a experiência do judaísmo a qual apresenta com
detalhes para demonstrar o zelo que tivera enquanto religioso judeu. Mas agora
a situação é outra: ele encontrou a Cristo, que cumpriu toda a Lei, e, por
isso, estava livre das exigências da lei mosaica.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 96-97.
....o povo de Deus é
identificado pela sua decisão de não confiar na carne (3.3). Segundo Werner de
Boor a palavra “carne” aqui representa toda a religião produzida pessoalmente
nas profundezas do coração e do estado de espírito. Essa “carne” pode ser
sempre reconhecida no fato de que o ser humano continua voltado para si mesmo,
confia em si mesmo e se gloria em si mesmo.
“Carne” é a sua
natureza centrada em si mesma. Mesmo quando exerce a moral e a religião, o ser
humano fica preso a seu eu, cultiva e o gloria, até mesmo quando cita o nome de
Deus.
Os falsos mestres
estavam confiados na carne, em rituais, em cerimônias externas, em realizações
humanas. Contudo, a igreja é um povo que põe a sua confiança em Deus e sua fé
na Pessoa bendita de Jesus Cristo. O cristianismo não é aquilo que nós fazemos
para Deus, mas o que Deus fez por nós. Não confiamos no que fazemos ou deixamos
de fazer, mas no que Deus fez por nós em Cristo Jesus.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 190-191.
OS PRIVILÉGIOS DE
PAULO
Filipenses 3:4-7
Paulo termina de
atacar os mestres judeus afirmando que são os cristãos, não os judeus, os que
estão circuncidados de verdade, os que constituem o verdadeiro povo da aliança
e os que efetivamente estão numa relação especial e única com Deus. Se seus
adversários tivessem tentado refutá-lo, pode ser que dissessem: "Mas você
é cristão; portanto não sabe do que está falando; não sabe o que é ser
judeu". De modo que Paulo mostra suas credenciais. Não o faz para gabar-se
nem para que se dê crédito a sua pessoa senão para mostrar que desfrutava de
todos os privilégios de que um judeu podia desfrutar e que tinha alcançado tudo
o que um judeu podia obter. Sabia o que era ser judeu no mais alto significado
da palavra e deliberadamente, com pleno conhecimento e voluntariamente o tinha
abandonado por causa de Jesus Cristo. Cada frase deste catálogo de privilégios
de Paulo tem um significado especial; passemos revista uma por uma.
(1) Tinha sido
circuncidado ao oitavo dia. Abraão tinha recebido o seguinte mandato de Deus:
“O que tem oito dias será circuncidado entre vós” (Gênesis 17:12); e esta
prescrição se repetiu como uma lei permanente em Israel (Levítico 12:3). Com
esta declaração Paulo deixa claro que não é um ismaelita, porque estes se
circuncidavam aos treze anos (Gênesis 17:25). Nem era um prosélito que tinha
ingressado tardiamente à fé judia recebendo a circuncisão na idade amadurecida,
Aqui sublinha o fato de ter nascido na fé judia; conhecia seus privilégios e
tinha observado suas cerimônias desde seu nascimento.
(2) Era da linhagem
de Israel. Quando os judeus desejavam sublinhar sua relação especial com Deus
num sentido único e exclusivo usavam a palavra israelita. Israel era o nome
especial que Deus deu a Jacó depois de lutar com ele (Gênesis 32:28). No
sentido estrito da palavra a herança privilegiada do povo eleito tinha seu
ponto de partida em Israel. Os ismaelitas podiam traçar sua descendência até
Abraão, já que Ismael também tinha sido engendrado por Abraão, em Agar. Os
idumeus podiam traçar sua ascendência até Isaque, porque Esaú, o fundador da
nação Iduméia também tinha sido filho de Isaque. Mas só os israelitas podiam
traçar sua descendência até Jacó a quem Deus lhe tinha dado o nome de Israel.
Chamando-se a si mesmo israelita, Paulo sublinhava a pureza absoluta de sua
raça e de sua descendência.
(3) Era da tribo de
Benjamim; quer dizer, não só era israelita, como que pertencia à elite de
Israel. A tribo de Benjamim tinha um lugar especial na aristocracia israelita.
Benjamim era o filho do Raquel, a esposa predileta de Jacó. Dos doze Patriarcas
só Benjamim tinha nascido na terra prometida (Gênesis 35:17-18). Da tribo de
Benjamim provinha o primeiro rei de Israel: Saul (1 Samuel 9:1-2). E não há
lugar a dúvidas de que por esse mesmo rei tinha recebido Paulo seu nome original,
Saulo. Quando sob Roboão o reino se rasgou e dividiu e dez das tribos se
separaram com Jeroboão, a tribo de Benjamim foi a única coisa que permaneceu
fiel ao Judá (1 Reis 12:21). Quando a nação voltou do exílio, o novo núcleo
nacional provinha das tribos de Benjamim e Judá (Esdras 4:1). A tribo de
Benjamim tinha o lugar de honra na linha de batalha até tal ponto que o grito
de guerra de Israel era: “Após ti, ó Benjamim” (Juízes 5:14; Oséias 5:8). A
importante festa de Purim, que cada ano se celebrava com grande regozijo,
comemorava a libertação que narra o choro do Ester e cuja figura central era o
benjamita Mardoqueu. Quando Paulo afirma que pertence à tribo de Benjamim, não
só afirma ser um verdadeiro israelita, mas também pertencer à mais alta aristocracia
de Israel.
Assim, pois, Paulo
demonstra que era desde seu nascimento um judeu temente a Deus e um observador
da Lei; sua linhagem era o mais puro dentro da nação judia; pertencia à mais
aristocrática tribo dos judeus. Estas eram suas vantagens de nascimento e seus
privilégios de berço e formação.
OS MÉRITOS DE PAULO
Filipenses 3:4-7
(continuação)
Até aqui Paulo deixou
assentados os privilégios devidos a seu nascimento judeu. Agora passa a
enumerar os méritos que conquistou por livre escolha dentro da fé judia.
(1) Era hebreu de
hebreus. Isto não é o mesmo que afirmar que era um verdadeiro israelita. O
acento é outro. A história dos judeus os mostra dispersos por todo mundo. Em
cada povo, em cada cidade e em cada país havia judeus. Havia dezenas de milhares
em Roma; em Alexandria mais de um milhão. Agora, esses judeus recusavam
obstinadamente assimilar-se às nações entre as quais viviam. Conservavam
fielmente sua religião, seus costumes e suas leis. Mas acontecia com freqüência
que esqueciam seu idioma. Chegaram a falar o grego porque deviam viver e
mover-se num meio ambiente grego. Mas o hebreu não era só o judeu de pura
estirpe mas também aquele que deliberadamente mantinha o conhecimento da língua hebreia Tal judeu falava a língua do país em que vivia mas ao mesmo tempo
aprendia com esmero o hebreu, a língua de seus antepassados e tomava suas
precauções para não esquecê-la. Paulo afirma não só que é judeu puro-sangue,
mas também um judeu que falava o hebreu. Tinha nascido na cidade pagã do Tarso
mas foi a Jerusalém para ser educado aos pés de Gamaliel (Atos 22:3). Podia
falar com as turfas de Jerusalém em sua própria língua hebreia (Atos 21:40).
Assim, pois, a suas afirmações adiciona o fato de que era um judeu tão leal que
tinha aprendido o idioma hebreu e não o tinha esquecido.
(2) No que respeita à
Lei Paulo era fariseu. Paulo faz mais de uma vez esta afirmação (Atos 22:3;
23:6; 26:5). Os fariseus não eram muitos; nunca foram mais de seis mil. Mas
eram os corifeus espirituais do judaísmo. Seu próprio nome significa os
separados. Os fariseus se separaram da vida comum e das tarefas comuns com a
finalidade de consagrar suas vidas à observância dos detalhes mais mínimos da
Lei.
Paulo não só reclama
ser um judeu que reteve sua religião ancestral, mas além disso ter consagrado
sua vida inteira a sua observância mais rigorosa e incondicional. Ninguém
conhecia melhor por experiência pessoal o que era a religião judia em seu
significado mais alto e em suas maiores exigências.
(3) Com respeito ao
zelo pela religião, tinha sido um perseguidor da Igreja. Para o judeu a maior
qualidade religiosa era o zelo. Finéias tinha salvado o povo da ira de Deus e
recebeu um sacerdócio eterno por este zelo por seu Deus (Números 25:11-13). O salmista
exclama: “O zelo da tua casa me consumiu” (Salmo 69:9). Um zelo ardente por
Deus era o emblema de honra e o distintivo da religião judia. Paulo tinha tido
tanto zelo que tinha tentado varrer os adversários do judaísmo. Tratava-se de
algo que Paulo nunca pôde esquecer. Sempre volta ao tema (Atos 22:2-21;
26:4-23; 1 Coríntios 15:8-10; Gálatas 1:13). Paulo nunca trepidou em confessar
sua vergonha, em dizer que num tempo tinha odiado ao Cristo que agora amava,
que tinha tratado de eliminar a Igreja que agora servia. Paulo declara assim
ter conhecido o judaísmo em toda sua intensidade e até em seu ardor fanático.
(4) Quanto à justiça
que podia obter-se pela lei, era irrepreensível. A palavra usada é amemptos.
J. B. Lightfoot nota
que o verbo memfesthai, de onde provém o substantivo, significa culpar por
pecados de omissão. O que Paulo afirma, pois, é que não existe nenhuma
exigência da Lei que ele não tenha completo; pode dizer que no atinente à Lei
estava à margem de todo reprovação.
Desta maneira Paulo
expressa suas qualidades. Era um judeu tão leal que nunca esqueceu a língua
hebraica; não só era um judeu religioso, mas também membro da seita mais
estrita e disciplinada dos judeus; tinha tido um zelo ardente pelo que pensava
que era a causa de Deus; e tinha uma folha de serviços no judaísmo, na qual
ninguém podia assinalar uma falta.
Tudo isto Paulo teria
podido considerar como um crédito a seu favor no balanço de sua vida; mas
quando se encontrou com Cristo, considerou tudo como nada mais que dívidas inúteis
e prejudiciais. As coisas em que tinha crido poder glorificar-se eram em
realidade completamente inúteis. Toda realização humana devia ser deposto para
poder aceitar a livre graça de Cristo. Teve que despojar-se de toda pretensão
de honra para poder aceitar, na mais completa nudez e humildade, a misericórdia
de Deus em Jesus Cristo.
Desta maneira Paulo
demonstra a esses judeus que tinha direito a falar. Não condena o judaísmo de
fora como alguém que não tem conhecimento e experiências pessoais do mesmo.
Tinha-o vivido em sua máxima expressão e sabia que era nada em comparação com a
paz e a alegria de Cristo. Sábia que o único caminho rumo à paz era abandonar
de uma vez para sempre o caminho dos logros humanos para aceitar o caminho da
graça.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag.
70-74.
CRÉDITOS RELIGIOSOS
QUE NÃO IMPRESSIONAM A DEUS
circuncidado no
oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim,
verdadeiro hebreu; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da
igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.
(3:5–6) Paulo
relaciona sete itens que ele já colocou em sua coluna proveito espiritual, mas
agora coloca em sua coluna perda. Quando ele entendeu o evangelho de Cristo, o
apóstolo percebeu que todos essas credenciais, realizações, privilégios e
direitos não valiam nada. Paulo não está dizendo que eles não são de nenhum
valor social, cultural, educacional, ou histórico.
Em vez disso, ele
está dizendo que eles não são de nenhum valor salvífica, que não podiam
salvá-lo ou qualquer outra pessoa.
SALVAÇÃO NÃO É POR
RITUAL
circuncidado no
oitavo dia de vida, (3:5a) Paulo começa com a circuncisão, porque essa era a
principal questão para os judaizantes (cf. Atos 15:1;. Gal 6:12-13). O apóstolo
passou por definir o rito do judaísmo (Gen. 17:10-12;. Lev 12:3), quando ele
foi circuncidado ao oitavo dia após seu nascimento. O texto grego diz literalmente:
"no que diz respeito à circuncisão uma Dayer oitava." Ao contrário de
alguns dos judaizantes, Paulo não era um prosélito gentio ao judaísmo. Ele era
um judeu de nascimento e seguiu os rituais judaicos desde o início. No momento
adequado, ele tinha ido a cerimônia que iniciou-o em o povo da aliança. Ele,
assim como a maioria dos judeus, tinha esquecido há muito tempo que a
circuncisão era retratar de forma dramática como pecador e precisa de limpeza
são as pessoas, e tinha feito a cirurgia um emblema da justiça.
No entanto, Paulo
inclui a circuncisão, o rito mais importante no judaísmo, em sua coluna perda
espiritual. A salvação não vem por qualquer ritual ou cerimônia, se a
circuncisão judaica, a missa católica romana, criança ou o batismo de adultos,
ou a observância protestante da Ceia do Senhor.
SALVAÇÃO NÃO É POR
RAÇA
pertencente ao povo
de Israel (3:5b) Declaração de Paulo de que ele era da nação de Israel apoia a
ideia de que alguns dos judaizantes eram gentios convertidos ao judaísmo. Mas
Paul era por nascimento membro do povo escolhido de Deus, de quem Deus declarou:
"Você só eu escolhi entre todas as famílias da terra" (Amós 3:2;.. Cf
Ex 19:5-6;. Sl 147 :19-20). Ele herdou todas as bênçãos de ser parte da nação aliança.
Escrevendo aos Romanos, o apóstolo delineadas algumas dessas bênçãos:
Então, que vantagem
tem o judeu? Ou qual é a utilidade da circuncisão? Grande em todos os aspectos.
Em primeiro lugar, que lhe foram confiados os oráculos de Deus. (Rm 3:1-2)
Porque eu poderia
desejar que eu me fizeram anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos,
meus parentes segundo a carne, que são israelitas, a quem pertence a adoção de
filhos, ea glória, e os convênios e entrega da lei e do culto, e as promessas,
quais são os pais, e de quem é o Cristo segundo a carne, que é sobre todos,
Deus bendito para sempre. Amem.
(Rm 9:3-5) Paulo era
um descendente físico de Abraão, Isaque e Jacó, uma herança que o povo judeu
invocados, juntamente com a circuncisão, para a salvação. Mas herança racial,
como a circuncisão, é incapaz de salvar ninguém, nenhuma posição diante de Deus
é adquirida por nascimento.
SALVAÇÃO NÃO É POR IMPORTÂNCIA
à tribo de Benjamim,
(3:5c) Outra das credenciais aparentemente impressionantes de Paulo é que ele
era um membro da tribo de Benjamin, uma das tribos mais proeminentes em Israel.
Benjamin era o mais novo dos dois filhos nascidos de mulher favorito de Jacó,
Rachel. Ele também foi o último dos filhos de Jacó para nascer e o único
nascido na Terra Prometida. Saul, primeiro rei de Israel, era um membro da
tribo de Benjamin (1 Sam 9:21;. 10:21, Atos 13:21). Quando a Terra Prometida
foi dividida entre as doze tribos, a cidade santa de Jerusalém foi incluída no
território de Benjamim (Jz 1:21). Quando o reino dividido após a morte de
Salomão, só Benjamin e Judá permaneceu leal à dinastia davídica. O grande líder
Mordecai, usado por Deus junto com Ester para salvar os judeus do genocídio,
também era da tribo de Benjamin (Est. 2:5). Assim, a tribo de Benjamim foi um
dos mais nobres de Israel.
Durante o dia de
Paulo, muitos judeus já não sabia a que tribo a que pertenciam. Casamentos
durante os anos de exílio turva as linhas tribais. Mas a família de Paulo
Benjamim permaneceram puros. Que novamente elevou acima alguns dos judaizantes,
que provavelmente não sabiam sua descendência tribal. Mas o status privilegiado
de Paulo como homem de Benjamim não impressionam a Deus. Situação familiar nada
tem a ver com a salvação.
SALVAÇÃO NÃO É POR
TRADIÇÃO
Verdadeiro hebreu dos
hebreus; (3:5d) Paulo não contribuir pessoalmente qualquer coisa para ganhar os
três primeiros privilégios na sua lista, mas os herdou de seus pais. Os quatro últimos
são coisas que ele próprio alcançados. A afirmação do apóstolo para ser um
hebreu de hebreus é melhor entendida como uma declaração de que à medida que
crescia para a idade adulta Paulo estritamente mantida herança tradicional da
sua família judia. Ele nasceu em Tarso, uma cidade na Ásia Menor, e não em
Israel. Mas ao contrário de muitos judeus na diáspora (dispersão), Paulo
permaneceu firmemente comprometidos com a linguagem (Atos 21:40), as tradições
ortodoxas, e os costumes de seus antepassados. Ele não se tornou um judeu
helenizado (cf. Atos 6:1; 9:29), aquele que havia sido assimilado a cultura
greco-romana. Em vez disso, ele deixou Tarso para Jerusalém para estudar com o
famoso rabino Gamaliel (Atos 22:3; 26:4).
Com tanta força que
Paulo se apegam à sua herança judaica que ele poderia declarar com confiança,
"Então, todos os judeus conhecem meu modo devida desde a minha juventude,
que desde o início foi gasto entre o meu povo e em Jerusalém" (Atos 26:4
). Devoção zelosa Paulo a sua herança judaica era muito conhecido. No entanto,
depois que ele viu a glória de Cristo, tornou-se apenas mais um item
transferido do ganho para a coluna de perda.
SALVAÇÃO NÃO É POR
RELIGIÃO
quanto à lei, fariseu
(3:5e) Paulo exercia a sua herança judaica ao extremo. Ele era tão zelosos da lei
que ele se tornou um fariseu. Para o Sinédrio Paulo declarou: "Irmãos, eu sou
fariseu, filho de fariseus" (At 23:6). Na sua audição perante Agripa,
Paulo testemunhou: "Eu vivia como um fariseu conforme a mais severa seita
da nossa religião" (Atos 26:5). Para se tornar um fariseu era alcançar o
maior nível em devoto, o judaísmo legalista. Os fariseus foram supremamente devotado
à Lei, incluindo o Antigo Testamento e todas as tradições que haviam sido adicionadas
a ela. Na verdade, a palavra fariseu provavelmente deriva de um verbo hebraico
"separar", significando que eles foram separados para o Direito. A
Lei termo não se limita ao Pentateuco ou Velho Testamento, mas inclui todo o
sistema rabínico de prescrições. Jesus disse que eles tinham realmente
substituído essas tradições para a Lei de Deus (Mateus 15:1-9).
A origem dos fariseus
não se sabe ao certo, mas a seita provavelmente surgiu formalmente durante o
período intertestamentário. Ele vinha se desenvolvendo desde a época de Esdras,
quando a preocupação com a lei de Deus foi revivida (Neemias 8:1-8). Apesar de
relativamente poucos em número (o primeiro do século escritor judeu Flávio
Josefo estimada seu número em 6.000), que teve a maior influência religiosa
sobre as pessoas comuns. Para ser um fariseu era para ser um membro de um grupo
de elite, influente e altamente respeitado de homens que viveram
meticulosamente a conhecer, interpretar, guarda, e obedecer à lei.
Estado querido Paulo
como um fariseu era apenas mais um item em sua coluna perda espiritual. Nenhum
sacerdote, monge, estudioso teológica, ou membro de uma seita devoto pode
alcançar a salvação por esse envolvimento.
SALVAÇÃO NÃO É POR
DEDICAÇÃO
quanto ao zelo,
perseguidor da igreja (3:6a) Como outra prova de seu zelo pela sua herança
judaica, Paulo confessou que tinha sido um perseguidor da igreja. Os judeus
visto zelo, como a suprema virtude religiosa. É uma moeda de duas faces; um
lado é o amor, o ódio aos outros. Para ser zeloso é amar a Deus e odiar o que
ofende. Amor zeloso, mas equivocada de Paulo de Deus o levou a odiar e
perseguir o cristianismo.
A intensidade do seu
zelo pode ser visto no grau em que perseguiu a igreja. Depois do martírio de
Estêvão, Paulo "começou a devastar a igreja, entrando pelas casas e,
arrastando homens e mulheres fora, ele iria colocá-los na prisão" (Atos
8:3). Então devastadoramente eficaz foi a perseguição que a Igreja de Jerusalém
se espalhou: "Portanto, aqueles que foram dispersos iam por toda parte pregando
a palavra" (Atos 8:4). Mais tarde, "Saulo [Paulo], respirando ainda
ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote,
e pediu cartas dele para as sinagogas de Damasco, de modo que, se encontrasse
alguns pertencentes ao Caminho, tanto homens e mulheres, os conduzisse presos a
Jerusalém "(Atos 9:1-2). Sua perseguição foi tão violento que, após a
conversão de Paulo "toda a audição daqueles ele continuou a se
surpreender, e diziam: 'Não é este o que em Jerusalém destruído os que
invocavam este nome, e que tinha vindo aqui com o propósito de trazê-los
vinculado aos principais sacerdotes? "(Atos 9:21). Ele lembrou a multidão
enfurecida, em Jerusalém, "E persegui este caminho até à morte, prendendo,
e pondo homens e mulheres em prisões, como também o sumo sacerdote e todo o
conselho dos anciãos podem testemunhar. A partir deles que também recebi cartas
para os irmãos, e começou a Damasco, a fim de trazer até mesmo aqueles que
estavam lá para Jerusalém como prisioneiros de ser punida "(Atos 22:4-5).
Descrevendo a sua perseguição aos cristãos em sua defesa perante Agripa, Paulo
declarou: Então, pensei para mim mesmo que eu tinha que fazer muitas coisas hostis
ao nome de Jesus de Nazaré. E este é apenas o que eu fiz em Jerusalém, não só
eu bloquear muitos dos santos nas prisões, havendo recebido autorização dos
principais dos sacerdotes, mas também quando eles estavam sendo condenados à
morte eu dava o meu voto contra eles. E como, castigando-os muitas vezes por
todas as sinagogas, eu tentei forçá-los a blasfemar; e sendo furiosamente
furioso com eles, eu continuei perseguindo os até nas cidades estrangeiras. (At
26:9-11) A vergonha do que tinha feito ficou com Paul para o resto de sua vida.
Em 1 Coríntios 15:09, disse: "Porque eu sou o menor dos apóstolos, e não
sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus". Aos Gálatas
ele escreveu: "Porque você já ouviu falar da minha modo de vida anterior
no judaísmo, como eu costumava perseguir a igreja de Deus além da medida e
tentou destruí-lo "(Gl 1:13). No final de sua vida, ele confessou a Timóteo:
"Eu antigamente era um blasfemo, perseguidor, e um agressor violento. No
entanto, eu alcancei misericórdia, porque agi por ignorância, na incredulidade
"(1 Tm 1:13.).
Em termos de zelo,
Paulo foi um dos judaizantes melhor. Eles só proselitismo da Igreja, ele havia
perseguido-lo. Seu zelo por Deus levou-o a implacavelmente, inexoravelmente, e
impiedosamente tentar acabar com o cristianismo. Paulo era sincero, mas errado.
O mundo está cheio de pessoas que, como ele, são sinceros em suas crenças
religiosas. Eles vão fazer qualquer esforço, pagar qualquer preço, e sacrificar
algo em suas tentativas de agradar a Deus. Eles podem ser devotos, judeus
ortodoxos, fiéis católicos romanos que assistir à missa regularmente, ou mesmo
os protestantes que estão envolvidos em cultos e cerimônias. Eles podem orar,
jejuar, ou viver na pobreza, e procurar fazer o bem humano. Mas o zelo
religioso não garante nada. Essas pessoas podem estar absolutamente errado.
Quando Paulo enfrentou a realidade de Jesus Cristo, o zeloso perseguidor da
igreja percebeu que sua paixão desvairada era um assassino espiritual e
pertencia na coluna perda espiritual.
SALVAÇÃO NÃO É POR
JUSTIÇA LEGAIS
quanto à justiça que há
na lei, irrepreensível. (3:6b) Antes de sua conversão, Paulo exteriormente
conformes à justiça que há na lei. Novamente, Paulo usa a Lei no sentido amplo
da tradição judaica, não apenas o Antigo Testamento. Aqueles que observaram a
sua vida teria encontrado o seu comportamento irrepreensível. Ele não era,
naturalmente, negando que ele pecou. Isso seria uma contradição, tanto a
teologia judaica e seu testemunho em Romanos 7:7-11: Que diremos, pois? É a lei
pecado? Que isso nunca aconteça! Pelo contrário, eu não teria chegado a
conhecer o pecado senão pela lei, porque eu não teria sabido sobre a cobiça se
a lei não tivesse dito, mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, produziu
em "Não cobiçarás". me cobiça de todos os tipos, para além do pecado
lei é morta. Certa vez eu estava vivo além da Lei, mas quando veio o
mandamento, o pecado reviveu e eu morri, e este mandamento, que viria a
resultar na vida, provou resultar em morte para mim, porque o pecado, tomando
uma oportunidade através do mandamento, enganou-me e por isso me matou.
Mas por todas as
aparências, Paulo foi para as pessoas que o conheceram um judeu que viveu
modelo pela lei judaica. Ele não foi, no entanto, como Zacarias e Isabel, que
"eram ambos justos diante de Deus, andando sem repreensão em todos os
mandamentos e as exigências do Senhor" (Lc 1:6).
Paul aparentemente
tinha tudo. Ele tinha sofrido os rituais apropriados, ele era um membro do povo
escolhido de Deus, ele era de uma tribo favorecida em Israel, ele tinha
escrupulosamente mantido sua herança ortodoxa, ele foi um dos legalistas mais
devotos do judaísmo, ele era zeloso ao
ponto que ele perseguia os cristãos, e ele rigidamente conformados com as exigências
externas do judaísmo. No entanto, ele viu que como inúteis para a salvação e a
realidade da salvação pela graça mediante a fé em Jesus Cristo foi revelado a
ele. O apóstolo não veio a acreditar que essas coisas eram boas, mas Cristo era
melhor, em vez disso, ele viu todos eles tão ruim. Eles eram mortais, porque o
enganou em pensar que ele estava certo com Deus. A religião falsa engana a
mente e, consequentemente, condena a alma.
JOHN MACARTHUR, JR.
Novo Testamento Comentário
Filipenses Comentário Expositivo.
3.4-7 - Paulo fala
como se pudesse confiar na carne para mostrar que a razão por que ele não confiava
nas credenciais judaicas não era o fato de que não as tinha, mas de que elas
não poderiam cumprir a justiça que somente Deus podia prover.
3.5 - Circuncidado ao
oitavo dia. Os pais de Paulo obedeceram à Lei de Deus e circuncidaram-no no dia
apropriado após seu nascimento (Lv 12.2,3). O povo de Israel era chamado povo
de Deus. O fato de Paulo afirmar que faz parte da linhagem de Israel indica que
ele pode remontar suas origens à verdadeira descendência desse povo, a Jacó, e
não a Esaú. A tribo de Benjamim era muito respeitada pelos israelitas porque
essa linhagem havia gerado o primeiro rei de Israel e permanecido leal a Davi.
Além disso, essa tribo havia se unido a Judá após o exílio para formar o alicerce
para a nação restaurada (1 Sm 9.15-21; lR s 12.21-24).
Hebreu de hebreus.
Esta descrição de Paulo pode indicar que (1) seus pais eram judeus, (2) ele era
um judeu exemplar ou (3) ele foi totalmente educado como um judeu. Quanto ao
termo fariseu, este se refere a líderes judeus muito instruídos que encabeçaram
a oposição contra Jesus enquanto Ele esteve na terra e, tempos depois, contra a
Igreja. Seguiam à risca e defendiam a carta da Lei judaica. O próprio Paulo
veio de uma linhagem de fariseus (At 23.6) e havia estudado com Gamaliel, um
fariseu muito respeitado daquela época (At 22.3).
3.6 - Perseguidor da
igreja. Antes de tornar-se um cristão, Paulo atacava energicamente aqueles que
criam em Cristo, a ponto de levá-los à morte (At 7.58—8.3;9.1,2).
3.7 - Para saber o
significado do termo ganho, veja o comentário de Filipenses 1.21. A palavra perda
indica aquilo que foi danificado ou não serve para mais nada (v. 8; At
27.10,21). Aquelas coisas que Paulo considerava importantes perderam a
importância depois que ele confrontou o Messias ressurreto.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 532.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
Absolutamente necessária a demonstração sobre circuncisão. Muito bem exposta.
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