Data: 08/09/2013 HINOS SUGERIDOS 139,
141, 186.
TEXTO AUREO
VERDADE PRATICA
Em
tempos trabalhosos e difíceis, somente a alegria do Senhor pode apaziguar a
nossa alma.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - SI 92.1-5. A alegria do Senhor traz gratidão.
Terça - Ne 8.8-12. A Palavra de Deus traz alegria.
Quarta - Fp 4.4. Alegrai-vos no Senhor.
Quinta - Fp 4.4-7. Alegria apesar das
circunstâncias.
Sexta - SI 43.4,5. O Deus que nos alegra.
Sábado - At 4. 24-31. Alegria em meio a tribulação.
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Filipenses
4.1-7.
1
- Portanto, meus amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa, estai
assim firmes no Senhor, amados.
2
- Rogo a Evódia e rogo a Síntique que sintam o mesmo no Senhor
3
- E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres
que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros
cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida.
4
- Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos.
5
- Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor.
6
- Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em
tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças.
7
- E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações
e os vossos sentimentos em Cristo jesus.
Chapter 4
1 Therefore, my brethren, whom I love and long for, my joy and crown, stand
firm thus in the Lord, my beloved.
2 I entreat Eu-o'dia and I entreat Syn'tyche to agree in the Lord.
3 And I ask you also, true yokefellow, help these women, for they have labored
side by side with me in the gospel together with Clement and the rest of my
fellow workers, whose names are in the book of life.
4 Rejoice in the Lord always; again I will say, Rejoice.
5 Let all men know your forbearance. The Lord is at hand.
6 Have no anxiety about anything, but in everything by prayer and supplication
with thanksgiving let your requests be made known to God. 7 And the peace of
God, which passes all understanding, will keep your hearts and your minds in
Christ Jesus.
INTERAÇÃO
Paulo
enfrentou muitas dificuldades e humilhações no serviço do Mestre. Em 2
Coríntios 11.23-29 ele faz uma pequena relação de algumas das dores e perigos
que teve que encarar por amor a Cristo. Todavia, o apóstolo não se deixou
abater pelas dificuldades. Ele não permitiu que as aflições roubassem sua
alegria. O contentamento de Paulo não dependia das circunstâncias, pois advinha
da sua comunhão com Cristo. Quem tem a Jesus tem a alegria da salvação e pode
se regozijar em toda e qualquer situação. Na obra do Senhor enfrentamos
momentos ruins, mas a alegria concedida pelo Eterno nos dá forças para seguirmos
em frente. Talvez professor, você esteja enfrentando momentos difíceis em seu
ministério de ensino ou em sua família, porém não perca a força nem o ânimo.
Confie no Senhor e permita que a alegria d Ele inunde sua alma trazendo paz e
esperança.
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Exortar a respeito da
alegria e firmeza da fé.
Compreender que a alegria divina
sustenta a vida cristã.
Conscientizar-se a respeito da
singularidade da paz de Deus.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor
para introduzir a lição reproduza o quadro da página seguinte de maneira que
cada aluno tenha uma cópia. Em classe, leia juntamente com os alunos, o texto
bíblico de 2 Coríntios 1 1.23-29. Enfatize as muitas provações enfrentadas por
Paulo. Depois faça a seguinte indagação: “Como ter alegria em meio à
tribulação?” Ouça os alunos com atenção e explique que a nossa alegria
independe das circunstâncias externas. Ela é fruto de Cristo em nós, faz parte
da nossa salvação. Em seguida leia o quadro com os alunos explicando os ensinos
bíblicos a respeito da alegria.
PALAVRAS-CHAVE
Alegria: Estado de viva satisfação, de vivo contentamento;
regozijo, júbilo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Alegria,
regozijo e contentamento são expressões comuns ao longo da Epístola de Paulo
aos Filipenses. Paradoxal- á mente, elas revelam o coração do apóstolo na
prisão de Roma.
Paulo
não se desesperou com o seu cativeiro, mas alegrou-se no Senhor. Ele sabia que
estava nas mãos de Deus e contentava-se com as notícias de que a igreja de
Filipos, fruto do seu árduo ministério, caminhava muito bem. O apóstolo não
deixou se abater com as tribulações do seu ministério, pois nelas, ele via a
providência amorosa do Altíssimo.
1 -
EXORTAÇÃO À ALEGRIA E FIRMEZA DA FÉ (4.1-3)
1. A alegria de
Paulo.
O primeiro versículo do capítulo 4 de Filipenses inicia-se com um “portanto”,
justamente por ser continuação do capítulo 3, quando o apóstolo tratara do
perigo dos “inimigos da cruz”. Aqui, Paulo diz que os crentes de Filipos são a
sua “alegria e coroa” e aconselha-os a continuarem firmes no Senhor (v.1). A
permanência dos filipenses em Cristo bastava para encher o coração do apóstolo
de alegria. Por isso, ele manifestou o seu orgulho e os mais íntimos
sentimentos de amor e carinho para com os irmãos de Filipos.
2. A alegria nas
relações fraternas. Nem
tudo, porém, era maravilhoso e perfeito na igreja de Filipos. Ali, estava
ocorrendo um grande problema de relacionamento entre duas importantes mulheres
que cooperaram na implantação da igreja filipense: Evódia e Síntique (v.2).
Esse problema estava perturbando a comunhão da igreja e expondo a saúde
espiritual do rebanho.
A
fim de resolver a questão, Paulo se dirige a um obreiro local (Timóteo ou Tito,
não sabemos) que, com Clemente e os demais cooperadores, procuraria despertar e
restabelecer o relacionamento harmônico e fraterno entre Evódia e Síntique.
Como verdadeiro pastor, o apóstolo tratou as duas mulheres com o devido cuidado
e respeito, pois as tinha em grande estima pelo fato de ambas terem contribuído
muito para o seu apostolado.
3. A alegria de ter
os nomes escritos no Livro da Vida. O versículo 3 demonstra algo muito precioso
para o cristão: a alegria de ter o nome escrito no livro da vida. Paulo
menciona tal certeza, objetivando reafirmar a felicidade e a glória de se
pertencer exclusivamente ao Reino de Deus.
Os
filipenses tinham cidadania romana porque eram originários de uma colônia do
império. Mas quando o apóstolo escreve sobre cidadania refere-se a uma muito
mais importante que a de Roma. Nossa verdadeira cidadania vem do céu, e o
“mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm
8.1 6). Você tem convicção de que o seu nome está arrolado no Livro da Vida?
Você compreende o valor disso?
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
O
apóstolo não deixou se abater com as tribulações do seu ministério, antes
procurou servir ao Senhor com alegria.
II - A
ALEGRIA DIVINA SUSTENTA A VIDA CRISTÃ (4.4,5)
1. Alegria permanente
no Senhor.
A versão bíblica ARC emprega a palavra “regozijar” no lugar de “alegria” (v.4).
O que é regozijar-se? É alegrar-se plenamente. A declaração paulina afirma que
a fonte da alegria cristã é o Senhor Jesus, que promoveu a nossa reconciliação
com Deus (Rm 5.1,1 1). Através dEle somos estimulados a permanecer firmes na fé
(Rm 5.2). Que alegria!
É
a presença viva do Espírito Santo em nós que produz essa certeza (Jo 1 6.7; Rm
14.1 7; 1 5.13). Nada neste mundo é capaz de superar as vicissitudes da vida
como a alegria produzida em nosso coração pelo Senhor (Tg 1.2-4; Rm 5.3). O
apóstolo sabia da batalha que os filipenses enfrentavam contra os falsos
mestres. Estes fomentavam heresias capazes de criar dúvidas quanto à fé. E, por
isso, Paulo imperativamente reitera aos filipenses: “Regozijai-vos sempre, no
Senhor; outra vez digo: regozijai-vos”.
2. Uma alegria cuja
fonte é Cristo.
A alegria cristã tem como fonte a pessoa bendita do Senhor Jesus. É por isso
que, mesmo em meio às adversidades sofridas em Filipos, o apóstolo teve grandes
experiências de alegrias espirituais (At 1 6; cf. 1 Ts 2.2). Isso só foi
possível pelo
fato de ele conhecer pessoalmente Jesus de Nazaré. Quando o apóstolo foi
confrontado interiormente e pediu a Deus para que fosse tirado o “espinho de
sua carne”, o Senhor lhe respondeu: “A minha graça te basta, porque o meu poder
se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12.9a). Após esse episódio, Paulo então pôde
afirmar: “De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em
mim habite o poder de Cristo” (2 Co 1 2.9b).
3. Uma alegria que
produz moderação.
O texto bíblico recomenda que a nossa “equidade [deve ser] notória a todos os
homens”, pois “perto está o Senhor” (v.5). Na versão ARA, o termo “equidade” é
traduzido como “moderação”. Ambas as palavras são sinônimas porque dizem
respeito à amabilidade, benignidade e brandura. Levando em conta o contexto de
Filipenses, os termos referem-se à pessoa que nunca usa de retaliação quando é
provada ou ameaçada por causa de sua fé.
O
apóstolo Paulo espera dos filipenses autocontrole e não um comportamento
explosivo, próprio de pessoas destemperadas ou sem domínio próprio. Ele assim o
faz, por saber que, aquele que tem a alegria do Senhor no coração, possui uma
disposição amável e honesta para com outras pessoas, particularmente em relação
àquelas inamistosas e más. William Barcklay escreve que “o homem que tem
moderação é aquele que sabe quando não deve aplicar a letra estrita da lei,
quando
deve deixar a justiça e introduzir a misericórdia”.
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Nada
neste mundo é capaz de superar as vicissitudes da vida como a alegria produzida
em nosso coração pelo Senhor.
III - A
SINGULARIDADE DA PAZ DE DEUS (4.6,7)
1. A alegria desfaz a
ansiedade e produz a paz. Além de gerar equidade, a alegria do Senhor desfaz a
ansiedade, pois esta contraria a confiança que afirmamos ter em Deus. Nada pode
tirar a nossa paz, perturbando-nos a mente e o coração. As nossas petições
devem ser feitas humildemente, com ação de graças em reconhecimento à
misericórdia do Senhor (v,6), ao mesmo tempo em que confiamos na providência do
Pai Celeste.
2. Uma paz que excede
todo o entendimento.
No versículo 7, o apóstolo fala acerca da “paz de Deus, que excede todo o
entendimento”. Ficando claro que a alegria e a paz são recíprocas entre si. Não
há alegria sem paz interior. Esta é decorrência daquela. Essa paz vem do
próprio Jesus: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o
mundo a dá” (Jo 14.27).
Em
síntese, a paz de Deus transcende qualquer compreensão humana, pois não há como
discuti-la filosófica ou psicologicamente. Há casos em que somente a paz de
Deus acalma os corações perturbados. É a paz divina que excede — ultrapassa ou
transcende — a todo o entendimento, pois não depende das circunstâncias.
3. Uma paz que guarda
o coração e os sentimentos do crente. Ainda no versículo 7, lemos que essa paz,
dada por Cristo, “guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo
Jesus”. O texto fala de “coração e sentimento", cidadelas dos pensamentos
e das emoções que experimentamos no cotidiano.
A
paz de Deus é uma espécie de muro em torno de uma casa, objetivando protegê-la
dos perigos externos. Ela torna-se um guarda fiel para o crente. Que saibamos,
em Cristo, ouvir o belo conselho do sábio: “Sobre tudo o que se deve guardar,
guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23).
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
A
paz divina que o Senhor nos concede excede a todo o entendimento, pois não
depende das circunstâncias.
CONCLUSÃO
A
Carta aos Filipenses, em sua completude, destaca a alegria do Senhor como uma
virtude de sustentação da vida cristã. Não se trata de alegria passageira ou
meramente emocional. A alegria do Senhor alimenta a nossa alma e produz paz e
segurança, porque essa “paz é como uma sentinela celestial” que nos guarda do
mal. Ora, a alegria também é “fruto do Espírito” (GI 5.22), pois a presença
dela em nós produz uma vida interior que supera todas as nossas vicissitudes.
OS ENSINOS BÍBLICOS A RESPEITO DA
ALEGRIA INCLUEM:
(1) A alegria está associada à
salvação que Deus concede em Cristo (1 Pe 1.3-6; cf. SI 5.1 1; Is 35.10).
(2) A alegria flui de Deus como um dos
aspectos do fruto do Espírito (SI 1 6.1 1; Rm 15.13; Gl 5.22). Logo, ela não
nos vem automaticamente. Nós a experimentamos somente à medida que permanecemos
em Cristo Co 1 5.1 -11). Nossa alegria se torna maior quando o Espírito Santo
nos transmite um profundo senso da presença e do contato de Deus em nossa vida
(cf. Jo 14.1 5-2 1).
(3) A alegria, como deleite na
presença de Deus e nas bênçãos da redenção, não pode ser destruída pela dor,
pelo sofrimento, pela fraqueza nem por circunstâncias difíceis (Mt 5.12; 2 Co
12.9).
Texto extraído da Biblia de Estudo
Pentecostal, CPAD, p. 1823.
VOCABULARIO
Arrolado: Relacionado em
listagem.
ARC: Almeida Revista e
Corrigida.
Vicissitude: Instabilidade dos
acontecimentos. Eventualidade, revés.
Inamistosas: Hostis,
adversárias. Cidadela: Local seguro.
AUXILIO BIBLIOGRÁFICO
I
Subsídio
Teológico “Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o
Senhor. O termo grego epieikes, equidade, descreve restrição de paixões,
sobriedade ou aquilo que é apropriado. Pode significar boa disposição para com
as pessoas (cf. Rm 1 4). Em 1 Timóteo 3.3 e Tito 3.2, a palavra é usada com um
adjetivo que significa ‘não propenso a brigar’. A ideia é de ser tolerante, não
insistindo em direitos próprios, mas agindo com consideração uns com os outros.
Em questões que sejam dispensáveis, os crentes filipenses não devem ira
extremos, mas evitar
o
fanatismo e a hostilidade, julgando uns aos outros com indulgência. Perto está
o Senhor pode ser aviso que a igreja primitiva costumava usar. Neste caso,
Paulo está dizen- | do: ‘Qual é o propósito das rivalidades? Sede tolerantes
uns com os outros para que Deus seja tolerante convosco quando o Senhor vier’.
A frase também era entendida como promessa da proximidade do Senhor, e
interpretada com relação ao versículo seguinte. Não estejais inquietos por
coisa alguma [...] Embora possamos planejar o futuro (1 Tm 5.8), não devemos
ficar ansiosos quanto a nada (Mt 6.25). O segredo desta qualidade de vida é a
oração e as súplicas. ‘Cuidado e oração [...] são mais opostos entre si que
fogo e água’. Oração é geral e baseia-se nas promessas divinas, envolvendo
devoção ou adoração. Súplicas são rogos especiais em tempos de necessidade
pessoal e apelam para a misericórdia de Deus” (Comentário Bíblico Beacon. 1. ed. Vol. 9. Rio de Janeiro: CPAD,
2006, p.277).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Teológico
“Pessoal
(4.2,3)
A
advertência de Paulo nestes dois versos marca uma ocorrência incomum em suas
cartas. É comum o apóstolo enfrentar os problemas, as objeções ou as falsas
doutrinas dentro de suas Igrejas. Porém, esta é uma das poucas ocasiões onde
ele realmente nomeia as pessoas envolvidas (1 Tm 1.20). Na maioria das vezes,
Paulo prefere manter os envolvidos em controvérsias no anonimato. O fato de
mencionar aqui estes indivíduos reflete a seriedade da situação, seu
relacionamento íntimo com os filipenses e sua alta consideração para com as
duas irmãs a quem fez este sincero apelo. Obviamente ele considera estas
mulheres, bem como o restante da congregação, como suficientemente maduros para
lidarem com este assunto publicamente.
Paulo
propõe um sério apelo às duas mulheres na congregação em Filipos, Evódia e
Síntique (possivelmente diaconisas naquela igreja). As mulheres desempenharam
um papel muito importante na fundação daquela igreja na macedônia (veja At 16.1
4).
[...]
Paulo fala com cada uma das mulheres separadamente, possivelmente para mostrar
sua imparcialidade na situação.
[...]
Estas mulheres, juntamente com Clemente e outros cooperadores, têm combatido
com Paulo como se estivessem em um combate de gladiadores (1.27), por amor ao
evangelho. Agora, nestas ocasiões em que existem relacionamentos hostis, Paulo
pede a este ‘verdadeiro companheiro’ que seja um parceiro para estas duas
senhoras, a fim de trazer uma solução. É significativo que os termos
‘cooperadores’, ‘contender’ e ‘ajudar’ contenham a preposição ‘com’ (syn),
enfatizando o papel vital da comunidade cristã e do trabalho em equipe, no
pensamento de Paulo” (Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 505).
EXERCÍCIOS
1.
A quem o apóstolo Paulo se refere como sua “alegria e coroa”?
R:
Os crentes de Filipos.
2.
Entre quais mulheres estava ocorrendo um problema de relacionamento na igreja
de Filipos?
R:
Evódia e Síntique.
3.
Qual era a cidadania dos filipenses? Mas a qual devemos valorizar?
R:
Os filipenses tinham cidadania romana. A cidadania que vem do céu.
4.
Em sua completude, o que a Carta aos Filipenses destaca sobre a alegria?
R:
A alegria divina sustenta a vida cristã.
5.
De acordo com a lição o que a alegria divina é capaz de desfazer e produzir?
R:
A alegria desfaz a ansiedade e produz a paz.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ZUCK,
Roy B. Teologia do Novo Testamento.
I. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
RICHARDS,
Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento, l. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n°54, p.41.
O
apóstolo Paulo abriu o capítulo 4 reconhecendo que os filipenses eram sua
alegria e coroa. A alta estima que Paulo tinha à igreja de Filipos fazia com
que o apóstolo não economizasse no vocabulário, riquíssimo de nobres
sentimentos. Por isso, ele exortava os filipenses a estarem firmes no Senhor,
numa espécie de redundância ao assunto exposto no capítulo anterior.
Em
seguida conclama a Evódia e Síntique que sentisse o mesmo sentimento no Senhor.
Amor, carinho, ternura e compaixão eram sentimentos que deviam está no coração
dessas duas irmãs, pois afinal de contas, elas eram crentes fundadoras daquela
comunidade. Estavam no início de tudo, lado a lado com o apóstolo na labuta da
fé. Mas algo de errado ocorrera com estas duas preciosas irmãs no cotidiano da
igreja.
Imediatamente
Paulo pede a um obreiro local que auxilie essas irmãs, mas não somente ele,
Clemente também e muitos outros cooperadores no Evangelho. Aquele era o momento
onde os oficiais da comunidade local deviam socorrer e conciliar o
relacionamento daquelas duas irmãs pioneiras. O objetivo dessa medida pastoral
era que ao final de tudo, juntamente com toda igreja, Evódia e Síntique
pudessem atender a convocação paulina: "Regozijai-vos, sempre, no Senhor;
outra vez digo: regozijai-vos".
Este
relato ensina de maneira singular o quanto que o discípulo de Jesus deve
valorizar o bom relacionamento com os irmãos. A comunhão entre irmãos é um
instrumento de Deus para levar alegria ao coração daqueles que se sentem
solitários ou deprimidos. Muitos são os irmãos que não tem a oportunidade de
comungar com o outro irmão da mesma fé. A luz do relato de Evódia e Síntique, o
crente em Jesus é estimulado a resolver a diferença com o seu próximo e viver a
alegria de Deus com os irmãos.
O
ambiente que promove união e comunhão é propício para não haver inquietações
das almas e confusão de espírito. Neste ambiente se torna propício em Deus as
petições dos santos serem conhecidas pelos outros com oração e súplicas e ação
de graças. Então a paz de Deus que excede todo o entendimento guardará os
corações e os sentimentos dos discípulos de Cristo Jesus, o nosso Senhor. A
igreja local precisa ser este ambiente. Um lugar de Comunhão, Paz, Oração e
Ação de Graças entre os irmãos.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O capítulo quatro
dessa carta é um capítulo em que Paulo, depois de várias exortações de estímulo
à perseverança, demonstra a ternura do seu coração pelos filipenses. Ele
destaca alguns desses irmãos e refere-se a eles com carinho e grande respeito.
Esse capítulo ganha
um sentido especial e pessoal da parte do apóstolo Paulo. Ele dava um
tratamento especial aos cristãos de Filipos e, por isso, exorta-os e ao mesmo
tempo apresenta seus protestos de carinho e amor fraternal para com aqueles
irmãos, fruto de missão evangelizadora.
Sua carta está cheia
de palavras como: alegria, gozo, regozijo e contentamento as quais são como um
perfume que exala em todo o texto. São palavras que nutrem a alma do apóstolo e
consolam o seu coração, mesmo estando prisioneiro numa prisão em Roma. Ele
sentia a alegria do Senhor por saber acerca da igreja de Filipos. O seu
contentamento era demonstrado na aceitação das coisas boas e más que estavam
acontecendo com ele próprio e com a igreja em Filipos, e as via como
providência amorosa de Deus, que sabe o que é melhor para nós e busca o nosso
bem. O texto que selecionamos para este capítulo destaca o apóstolo Paulo
estimulando aos crentes para que sejam firmes na fé que é a força motora das
nossas convicções no evangelho de Cristo Jesus. Essa força motora impulsionava
os filipenses a se manterem firmes em Cristo.
Ralph A. Herring, em
seu livro Carta de Paulo aos Filipenses, escreveu o seguinte: “Vimos que esta
Carta pode ser dividida em três seções: a seção do amor (1.1-11), a seção da
alegria (ou gozo espiritual) (1.12-3.21); e a seção da paz (4.1-23)”. Essa
ideia de Herring nos dá uma visão ampla do conteúdo da Carta. O capítulo 4,
tratado aqui, faz a fusão dessas três virtudes, para mostrar aos filipenses que
não havia ressentimentos no coração de Paulo. Pelo contrário, o apóstolo
entendia que continuava a ser o pastor deles e, por isso, preocupava-se com o
seu bem-estar espiritual. Paulo faz, então, com essa confiança em seu coração,
admoestações finais de sua carta. Os versículos 7 e 8 revelam o sentimento que
estava em seu coração. Tudo o que ele desejava e admoestava era: “Tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o
que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum
louvor, nisso pensai” (4.8).
A ideia que prevalece
nesse capítulo é o da “paz”, não uma paz comum, mas a paz produzida pelo
Espírito Santo mediante a obra que Cristo fez por todos no Calvário.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 119-120.
A igreja de Filipos era
A alegria e a coroa do ministério de Paulo. Essa igreja nasceu num parto de
dor, mas lhe trouxe muitas alegrias. Essa igreja associou-se a Paulo desde o
início para socorrê-lo em suas necessidades. Era uma igreja sempre presente e
solidária.
Paulo agora está
fazendo suas últimas recomendações a essa igreja querida, a quem ele chama de
“minha alegria e coroa”.
Na língua grega, há
dois tipos diferentes de coroa: diadema significa “coroa real”, e stefanos, “a
coroa do atleta” que saía vitorioso dos jogos gregos. Essa era uma coroa de
louros que o atleta recebia sob os aplausos da multidão que lotava o estádio.
Ganhar essa coroa era a ambição suprema do atleta. No entanto, também, stefanos
era a coroa com a qual se coroava os hóspedes quando participavam de um banquete
nas grandes celebrações. Esta última palavra é a que Paulo usa neste texto.
E como se Paulo
dissesse que os filipenses são a coroa de todas as suas fadigas, esforços e
empenhos. Ele era o atleta de Cristo, e eles, a sua coroa. E como se dissesse
que, no banquete final de Deus, os filipenses seriam a sua coroa festiva. Ralph
Martin, nessa mesma linha de pensamento, diz que o ambiente escatológico de
Filipenses 3.20,21 contribui para a bela metáfora de um prêmio celestial a ser concedido
a Paulo por seu trabalho pastoral.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 223-224.
Se havia alguém com
desculpas de sobra para se preocupar era o apóstolo Paulo. Seus amigos cristãos
queridos desentendiam-se entre si, e ele não estava por perto para ajudá-los.
Não dá para ter ideia do motivo da contenda entre Evódia e Síntique, mas se
sabe que causava divisão na igreja. Além dessa possível dissensão em Filipos, Paulo
também teve de tratar das desavenças entre os cristãos em Roma (Fp 1:14-1 7). E,
de mais a mais, ainda pairava no ar a possibilidade da própria execução! Sem
dúvida, Paulo tinha boas desculpas para ficar ansioso - mas não foi o que fez!
Em vez disso, concentrou-se em explicar a seus leitores o segredo da vitória
sobre a preocupação.
O que é ansiedade? A
palavra grega traduzida por ansiosos, em Filipenses 4:6, significa
"atraídos para direções diferentes". Nossas esperanças nos puxam para
um lado, nossos medos para o outro, e a tensão torna- se insuportável. O
sentido da palavra ansiedade é associado a angústia, que pode significar
"estreiteza, aperto". Quando ficamos ansiosos, sentimo-nos
"apertados" e "estrangulados" a ponto de ter sintomas
físicos bastante claros: dores de cabeça, no pescoço e nas costas e úlceras. A
preocupação afeta o raciocínio, a digestão e até mesmo a coordenação motora.
Do ponto de vista
espiritual, a ansiedade é constituída de pensamentos (a mente) e de sentimentos
(o coração) incorretos acerca de circunstâncias, pessoas e coisas. A ansiedade
é a grande usurpadora da alegria. No entanto, não basta dizer a si mesmo:
"pare de se preocupar". A força de vontade não é capaz de pegar esse
ladrão, pois ele tem a colaboração de elementos internos. Para vencer a
ansiedade, é preciso ter mais do que boas intenções. O melhor antídoto é a segurança:
"E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração
e a vossa mente em Cristo Jesus" (Fp 4:7). Quando temos segurança, a paz
de Deus nos guarda (Fp 4:7) e o Deus da paz nos guia (Fp 4:9). Com esse tipo de
proteção, que motivo há para ficar ansioso?
A fim de vencer a
ansiedade e de experimentar segurança, devemos cumprir três condições que Deus
determinou: orar corretamente (Fp 4:6, 7), pensar corretamente (Fp 4:8) e viver
corretamente (Fp 4:9).
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 123.
1 -
EXORTAÇÃO À ALEGRIA E FIRMEZA DA FÉ (4.1-3)
1. A alegria de
Paulo.
1. A alegria e coroa
do ministério de Paulo (4.1)
A palavra “portanto”
(v. 1) é ligada por Paulo ao assunto do capítulo 3. Ele os trata como cidadãos
dos céus e isso era suficiente para encher seu coração de gozo. Ele exprime sua
alegria e orgulho por seus amigos e os encoraja a que permaneçam firmes em
Cristo (1.27). O apóstolo exprime seus sentimentos mais íntimos de amor e
carinho pelos irmãos quando diz que eles são “sua alegria e coroa” (4.1).
Nesse versículo,
Paulo expressa a sua alegria pela igreja. Essa alegria tinha um caráter futuro,
porque Paulo sentia que o fruto do seu ministério era real e verdadeiro. Ele
podia sentir e relembrar que valia a pena tudo quanto sofreu para plantar
aquela igreja em Filipos. Ele tinha a alegria da certeza da vida futura e a sua
convicção do seu lugar na presença de Cristo na sua vinda. Esse gozo que
experimentava lhe dava forças para não desistir do objetivo final de seu
ministério.
O apóstolo Paulo
acrescenta a palavra “coroa” depois da “alegria” (v. 1). Que coroa é essa? A
que se referia o apóstolo? Naqueles tempos, especialmente no mundo grego e
romano, havia dois tipos de coroas. Na língua grega do Novo Testamento,
deparamo-nos com diadema e stefanos. Um tipo referia-se à coroa do atleta
(stefanos), premiação máxima dos atletas, especialmente, dos corredores nas
famosas maratonas gregas e romanas. O outro tipo referia-se à coroa da realeza,
símbolo de soberania (diadema). Naturalmente, Paulo se referia à coroa do
atleta, que era o laurel concedido ao vencedor nos famosos jogos. O sentimento
que dominava o coração do apóstolo era algo presente e ao mesmo tempo futuro.
Ele se referia ao que sentia naquele momento com as notícias dos irmãos em
Filipos. Mas também se referia ao sentimento de que seu tempo de ministério
estava chegando ao fim e tudo quanto esperava naquele momento era a vitória
final na presença de Cristo. Isso constituía gozo e coroa na vida do apóstolo.
Paulo sabia que a coroa, ou seja, o prêmio pela sua vitória final, além do
sentimento de amor pelos filipenses, era, de fato, a coroa de glória que ele
receberia na vinda do Senhor (1 Ts 2.19). E a recompensa pelo serviço fiel,
quando todos os cristãos receberão seus galardões no Tribunal de Cristo:
“Porque todos devemos comparecer ante o Tribunal de Cristo, para que cada um
receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2 Co 5.10).
2. A exortação à
firmeza cristã (4.1)
“Estai assim firmes
no Senhor” (4.1). É a parte final desse versículo que demonstra o contínuo
cuidado do apóstolo pela vida espiritual dos filipenses. Era, na realidade, uma
forma imperativa do cuidado apostólico de que os filipenses não se deixassem
dominar pelos falsos ensinos que tentavam roubar-lhes a esperança e adulterar o
ensino que lhes fora dado quando estava com eles. Antes, no capítulo três
(3.20,21), Paulo os trata como cidadãos dos céus e, por isso, deviam permanecer
firmes no Senhor. A preocupação de Paulo, mais uma vez, era com a entrada das
heresias doutrinárias que podiam corroer a esperança e provocar divisão e
desarmonia no seio da igreja. Ele usa a palavra stekete no grego bíblico quando
fala de firmeza. Essa palavra, de fato, era aplicada ao soldado no campo de
batalha que ardorosamente tinha que ficar firme quando se deparasse com um
inimigo. O crente em Cristo precisa ficar firme na fé quando se depara com
falsas doutrinas ensinadas por falsos mestres. A igreja deve “ficar firme”
porque possui uma herança que deve ser preservada mediante a fidelidade ao
Senhor até a sua vinda (Fp 3.20,21). A firmeza em Cristo implica a convicção de
alcançar algo já garantido. Significa o ato de permanecer nos mesmos princípios
que regem a vida cristã. A ideia de estar “firmes no Senhor” era, também, no
sentido de colocar todas as coisas debaixo do controle do Senhor. Não deveria
haver hesitação em servir a Ele.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 120-122.
A palavra
«...portanto...» vincula o presente versículo ao pensamento da última secção do
terceiro capítulo, que fala sobre o destino elevadíssimo que os crentes têm em
Cristo, de tal modo que virão a participar de sua própria natureza e herança.
«Em vista» desse alto chamamento e dessa esperança sublime—permanecei sempre
firmes em Cristo, que é o vosso Senhor.
Jamais devereis ceder
às pressões do mundo ou da carne, mas vivei sempre aquela intensa inquirição
espiritual (descrita em Fil. 3:9-14). Pode-se observar aqui a grande
similaridade entre esta passagem e o trecho de I Cor. 15:58, no que respeita à
mensagem que a precede: «Portanto, meus amados irmãos, sede firmes,
inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o
vosso trabalho não é vão». Essas palavras de I Coríntios aparecem após a secção
daquela epístola que aborda a questão da imortalidade, mediada pela
transformação (quando do arrebatamento da igreja ou da ressurreição),
envolvendo ainda a grandiosa vitória sobre a morte. Portanto, essas duas
passagens são quase idênticas, exceto que a passagem da primeira epístola aos
Coríntios é mais elaborada. (Ver as notas expositivas sobre I Cor. 15:58,
quanto a pensamentos adicionais).
O presente versículo,
assim sendo, é tanto a conclusão do terceiro capítulo como a introdução de
novos pensamentos. Na realidade, poderia ser melhor colocado no fim do terceiro
capítulo desta epístola, tal como I Cor. 15:58 encerra o décimo quinto capítulo
daquela epístola.
«...meus irmãos,
amados e m ui saudosos...» No grego temos o termo «agapetoi», que significa
«amados», e que com frequência tem o sentido intensificado de «únicos amados»,
que se reveste de um significado mais ou menos como nossa expressão moderna
«mui querido» ou «caríssimo». Os crentes filipenses eram concidadãos de Paulo
(ver Fil. 3:20), como também pertenciam à mesma família divina; e na família
divina há amor mútuo entre todos os seus membros. (Ver as notas expositivas sobre
João 14:21 e 15:10, onde o «amor» aparece como «norma orientadora da família
divina», e do que todos os remidos compartilham). Paulo queria que soubessem os
crentes filipenses que, a despeito de ter ele atacado tão severamente ao legalismo,
que evidentemente havia influenciado a alguns deles, o seu amor por eles em
nada havia diminuído.
«...mui saudosos...»
No grego temos o termo «epipothetos», «desejado», «ansiado», cuja forma verbal
significa «desejar», «anelar», «ansiar por». Essa palavra é usada exclusivamente
aqui, em todo o N .T., ainda que a sua forma verbal também apareça nesta mesma
epístola, em Fil. 1:8: «Pois minha testem unha ê Deus, da saudade que tenho de
todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus». Isso identifica tal emoção
como produto do desenvolvimento espiritual, como um dos aspectos do fruto do
Espírito (ver Gál. 5:22), por tratar-se de um a expressão do amor cristão.
Portanto, Paulo amava aos crentes filipenses m ais do que um homem qualquer ama
ordinariamente a seus semelhantes, porque isso era produto de seu desenvolvimento
espiritual em Cristo. Assim Paulo viera a experimentar e a demonstrar o próprio
amor de Cristo, espiritualmente inspirado. Todos os pastores deveriam ter essa
espécie de amor, que só surge como resultado do nosso crescimento em Cristo.
Por essa razão é que Paulo amava tanto era extraordinariamente bem
desenvolvido, espiritualmente falando.
Nessa calorosa
demonstração de amor se pode encontrar o sumário desta epístola inteira,
porquanto esta é uma epístola de ação de graças, de apreciação e de amor pelos
crentes filipenses, por tudo quanto tinham feito em favor do apóstolo
(financeiramente e em outros sentidos).
«...minha alegria...»
Sim, porque neles Paulo encontrava provas de que vinha correndo bem, visto que
pertenciam a Cristo, o que era demonstrado em suas vidas. A «alegria» é um a
das notas chaves desta epístola. (Ver as notas expositivas a esse respeito, em
Fil. 1:4). Neste ponto essa alegria é personalizada, como se não se tratasse m
eram ente de alguma coisa que possuíam, mas também como se fizesse parte do
caráter deles, até onde suas relações com Paulo diziam respeito. Sabe-se muito
bem que as realizações de outros com frequência provocam certas pessoas à
inveja; e há até quem inveje as realizações espirituais dos irmãos. Não se dava
assim no caso de Paulo; pelo contrário, ele se sentia particularmente jubiloso
porquanto sabia que aquele avanço espiritual de seus convertidos glorificava ao
nome do Senhor, ao qual ele também procurava glorificar.
«...coroa...» No
grego temos «stephanos«, palavra comum para indicar «coroa». (V er I T es.
2:19, onde ocorre quase exatamente a mesma expressão, incluindo tanto a
«alegria» como a «coroa», mas em relação aos crentes tessalonicenses. Ali,
entretanto, aqueles crentes são também chamados de sua «esperança»), E bem
provável que a «coroa» seja a da vitória em alguma competição esportiva, tal
como em uma corrida, porquanto a metáfora da carreira está por detrás das
palavras de Paulo. Paulo havia corrido tão bem que recebera a coroa da vitória;
e aqueles crentes eram a sua coroa; pois, nessa carreira, mediante os seus
esforços, na qualidade de apóstolo dos gentios, eles eram criação sua. Mui provavelmente,
portanto, devemos pensar aqui na coroa de louros do vitorioso, que era também
usada como sinal de honra, em um banquete oferecido pelos convivas. Normalmente
essa coroa de louros era feita de ramos de certas plantas ou árvores, como a
palmeira. Já a coroa do Senhor Jesus era feita de espinhos. A oliveira brava, a
salsa verde, o louro ou o pinheiro, também eram usados. Há um a outra palavra
grega, diadema, que usualmente se refere à coroa dos reis, mas que, no grego
helenistas (do qual o N.T. é um representante), nenhum a distinção se podia
observar entre essas duas palavras gregas, de tal modo que a palavra
«stephanos», também era usada para indicar coroas feitas de metais diversos. Apesar
de que o «tempo presente» está particularmente em foco, neste ponto, pois Paulo
os considerava seu motivo de alegria e sua coroa desde quando escreveu, contudo,
há provavelmente uma referência futura.
Quando do «tribunal
de Cristo», aqueles crentes filipenses seriam tais para o apóstolo,
conferindo-lhe motivo de regozijo e demonstrando o sucesso de sua missão
terrena, de modo a lhe servirem de coroa de vitória. (Quanto a essa referência
futura, com parar com os trechos de Fil. 2:16 e I Tes. 2:19). «...permanecei.:,
firmes no Senhor...» Paulo já os havia exortado para que fossem dignos cidadãos
da pátria celeste, mostrando-lhes qual era o seu grandioso destino. Em face
disso, deveriam agora permanecer firmes, preservando a própria fé e defendendo
a doutrina pura, levando um a vida diária recomendável, em nada cedendo ante a
doutrina dos legalistas, e nem aos hábitos condenáveis dos epicureus. Pelo
contrário, deveriam mostrar-se inabaláveis, a fim de resistirem aos ataques do
mal, dos ensinamentos falsos e da imoralidade—em suma, deveriam fazer finca-pé,
como bons soldados, reunindo forças para poderem obter a vitória. Isso pode ser
comparado com o trecho de Efé. 6:10, onde se lê: «...sede fortalecidos no
Senhor e na força do seu poder...» . E também como trecho de E fé. 6:11, o qual
reza: «Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes
contra as ciladas do diabo». Está em foco aquele dia mau, dia de teste e
tentação especiais. Os crentes, pois, tendo feito tudo, devem permanecer
firmes.
Havia várias
condições em Filipos, como a atmosfera pagã, a pressão dos legalistas, etc.,
que poderiam pressionar os crentes filipenses à lassidão espiritual, à fadiga
no combate, à deserção espiritual, ou mesmo ao abandono da luta por inteiro.
Contra tais possibilidades é que Paulo aqui os advertia. Isso pode ser
comparado com a passagem de Fil. 1:27, onde se vê que o apóstolo já os tinha exortado
a estar «...firmes em um só espírito, como um a só alma, lutando juntos pela fé
evangélica». É também naquele primeiro capítulo desta epístola que Paulo mostra
que o crente está envolvido em um conflito eivado de perigos verdadeiros (ver
Fil. 1:30). Os crentes filipenses, a despeito das dificuldades que enfrentavam,
serviam de evidência positiva que Paulo estava correndo com sucesso a sua
carreira, e o apóstolo queria que eles continuassem servindo de prova disso.
«...no Senhor...» A
saber. 1. Em união com Cristo, como Senhor. 2. Em comunhão com Cristo, através
do Espírito Santo. 3. Portanto, a firmeza se daria através da fortaleza
conferida pelo Senhor. Essa expressão ê usada pelo apóstolo dos gentios por
mais de quarenta vezes, assemelhando-se à expressão «em Cristo», que ele
utiliza por nada menos de cento e sessenta e quatro vezes, a qual expressa
tanto a nossa união como a nossa comunhão íntima com Cristo, bem como os
resultados daí decorrentes. Em Cristo temos a esfera onde essa firmeza do
crente deve ser demonstrada.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 59-60.
A firmeza no Senhor,
uma necessidade imperativa (4.1)
O apóstolo Paulo
ainda continua com o mesmo raciocínio. Porque os crentes são cidadãos do céu,
eles devem ter coragem na terra para serem firmes. Na igreja de Filipos, havia
perigos internos e externos. A igreja estava sendo atacada por falsos mestres e
por falta de comunhão. A heresia e a desarmonia atacavam a igreja. Existiam problemas
que vinham de dentro e problemas que vinham de fora; problemas doutrinários e
relacionais. A igreja estava sendo atacada por fora e por dentro. Diante desses
perigos, Paulo exorta a igreja a permanecer firme no Senhor.
A palavra grega que
Paulo usa para “estar firmes” é stekete. Essa palavra era aplicada ao soldado
que permanecia firme em seu ímpeto na batalha ante a um inimigo que queria superá-lo.
Em vez de dar atenção aos falsos mestres ou se entregar às desavenças internas,
a igreja deveria pôr a sua confiança no Senhor Jesus.
A igreja deve
permanecer firme no Senhor por causa de sua herança (1.6) e vocação celestial
(3.20,21). Ela deve permanecer firme, a despeito da hostilidade dos legalistas (3.2)
e dos libertinos (3.18,19). Deve permanecer firme diante dos sinais de
desarmonia nos relacionamentos (2.3,4) e dos desacordos de pensamento (4.2).
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 224-225.
Portanto, meus
irmãos, amados e mui saudosos, minha alegria e coroa, sim, amados, permanecei,
deste modo, firmes no Senhor. A exortação a permanecerem firmes liga-se ao
chamado anterior (3:17) aos leitores de Paulo, para que se unam e imitem aos
apóstolos, e seus companheiros e, assim, sejam fortificados contra os sectários
(segundo a maior parte dos comentaristas). Lohmeyer é exceção. Ele considera o
versículo 1 como introdução solene e formal àquilo que se segue. É possível,
também, que este versículo se refira a admoestações anteriores, tais como a de
1:27,28, e que Paulo esteja refletindo sobre a necessidade de esta igreja
unir-se, num front comum, contra o mundo hostil ao seu redor.
De qualquer forma,
este versículo contém alguns dos termos mais afetuosos e carinhosos que Paulo
usou para com suas igrejas. Amados e mui saudosos (gr. epipothêtoi, lembra o
verbo de 1:8, e expressa o desejo de Paulo de vê-los outra vez; é termo que só
se encontra aqui, no NT) é expressão seguida de minha alegria e coroa,
semelhante a 1 Tessalonicenses 2:19, 20; 3:9. Coroa (gr. stephanos) pertence ao
mundo esportivo, em que o vitorioso era coroado com uma grinalda de louros, e a
usava como coroa festiva (1 Co 9:25). Cf. 2 Ciem. 7:3: “Lutemos, pois, para que
possamos todos receber a coroa”. Talvez Paulo esteja voltando à imagem de 3:14.
Muito provavelmente tem ele a igreja em vista; sua “coroa” será, então, o
grande sucesso que advirá a seus trabalhos apostólicos e a consequente firmeza
da igreja sob provação, como em 2:16. “Coroa” sugere o reconhecimento de uma
vida fiel, de serviço, trazendo este significado já em Pv 12:4; 16:31; 17:6
(LXX). O ambiente escatológico de 3:20,21 contribuiria à bela metáfora de um
prêmio celestial a ser concedido a Paulo se seu trabalho pastoral em Filipos
for “coroado” de sucesso (veja-se W. Grundmann, TDNT vii, pp. 615-36). Daí o
apelo: permanecei deste modo, firmes no Senhor como seus amigos amados
(repetido no versículo).
Ralph P. Martin, Ph.
D.. Filipenses Introdução e Comentário. Editora Vida Nova.
pag. 164-165.
2. A alegria nas relações
fraternas.
Sabedor de conflitos
existentes na relação entre alguns irmãos, Paulo se dirige a alguns deles para
solucionar o problema. Ele conhecia a maioria dos irmãos da igreja e reconhecia
a importância deles na cooperação do evangelho, e conhecia, também, as
fraquezas de alguns deles.
Nesse contexto, Paulo
se dirige a duas mulheres especiais no seio da igreja em Filipos, mas que
estavam tendo algum tipo de conflito. Ele apela a essas duas mulheres, Evódia e
Síntique, que parassem para pensar acerca das verdades que Paulo havia ensinado
ao longo da história daquela igreja. Quando ele lhes diz que “sintam o mesmo no
Senhor” (v. 2) estava, na verdade, preocupado com que a incompatibilidade de
Evódia e Síntique provocasse ruptura na unidade da igreja. O apóstolo Paulo se
dirige a alguém que era de sua total confiança para que apaziguasse as
discórdias existentes. Esse “companheiro de jugo” referia-se a algum obreiro
local, como podia ser Timóteo ou Tito. Essas discórdias afetavam a harmonia
fraternal da igreja e abria espaço para as divisões. Paulo soube que essas
discórdias estavam acontecendo entre duas mulheres da igreja, as quais foram
muito importantes no início da implantação da igreja em Filipos. Ele cita os
nomes de Evódia e Síntique que eram discordantes entre si acerca de pequenas
coisas que afetavam a comunhão da igreja. Paulo se preocupou com elas e as
aconselhou que tivessem o mesmo sentimento de amor e respeito no seio da
igreja, para não quebrar a comunhão e a unidade da igreja. Como autêntico
pastor, Paulo tem cuidado no trato com as duas mulheres, mas as exorta com
firmeza com a autoridade pastoral que requeria o problema. O apóstolo valoriza
essas mulheres no seu apostolado, pois elas muito contribuíram para a formação
da igreja.
4. Clemente, um fiel
servidor (4.3)
Existem muitas
especulações históricas acerca de Clemente, um membro ativo no seio da igreja
de Filipos. Ao citar o seu nome, Clemente, deduz-se que se trata de alguém de
origem grega, porque o nome era comum entre os gregos. Podia ser um crente
comum daquela igreja e que gozava do carinho e da amizade do apóstolo. Os
historiadores da igreja se dividem nas opiniões acerca desse Clemente como
alguém que depois da morte de Paulo tenha se tornado obreiro da igreja. A
história do cristianismo fala de certo Clemente que foi considerado como o mais
eminente dos “pais da igreja”, servindo especialmente em Roma. Entretanto, não
há comprovação suficiente para afirmar essa opinião. O que importa é que Paulo
cita o seu nome como alguém comprometido com o evangelho e com a preservação da
unidade da igreja onde servia a Cristo.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 122-123.
PERFIL EVÓDIA E SÍNTIQUE
As cartas de Paulo fornecem uma noção da
estrutura social das pequenas comunidades cristãs incipientes no mundo
grecoromano.
Em sua epístola à igreja filipense, as duas
primeiras pessoas que o apóstolo menciona pelo nome são mulheres:
Evódia e Síntique (Fp 4.2). Ao descrevê-las
como essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho e incluí-las na
categoria de cooperadores (Fp 4.3), Paulo mostra que elas se uniram a ele como
companheiras de igual valor em sua atividade e em seu ensino missionário.
A natureza exata do papel de liderança que
Evódia e Síntique exerciam na igreja em Filipos é incerta. A autoridade delas
era suficiente, no entanto, para Paulo incentivá-las a procurar harmonia uma
com a outra (Fp 4.2). Ele até pediu a alguém a quem chama de verdadeiro
companheiro que ajudasse essas mulheres (Fp 4.3). Provavelmente a preocupação
dele era que a competição entre elas pela lealdade e pelo afeto aos filipenses
pudesse dividir a jovem igreja. Talvez a igreja se reunisse na casa dessas duas
mulheres; a disputa entre elas, então, teria sido uma tentação.
A ânsia de Paulo era que Evódia e Síntique
sentissem o mesmo no Senhor (fp 4.2). Entretanto, talvez seu cuidado não fosse tão
grande. Ele acreditava que o nome de Evódia e o de Síntique estivessem no livro
da vida (Fp 4.3), com o de Clemente.
Contudo, elas precisavam buscar a mente de
Cristo, não a delas.
As mulheres desempenhavam funções de liderança
importantes nas igrejas, sendo dois exemplos Febe, na igreja de Cencréia (Rm
16.1), e Prisca, em Éfeso (1 Co 16.19). Particularmente na Macedônia, onde as
mulheres muitas vezes assumiam posições de destaque em cultos religiosos, era
natural encontrá-las como líderes em uma igreja. Paulo apoiou o papel das mulheres
nas comunidades cristãs e instruiu os cristãos: Não há macho nem fêmea; porque
todos vós sois um em Cristo Jesus (G I3.28).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Novo Testamento com
recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 534.
«...Evódia...» Nome
feminino que significa «excelente viagem». Sua forma verbal significa « ajudar
na estrada», dando a entender, originalmente, as mulheres que tomavam conta de
hospedarias e ajudavam os viajantes, etc. Mas, tal como se dá com os nomes
modernos, muitos nomes próprios eram aplicados sem referência alguma ao seu
significado original. Ambos os nomes que figuram neste versículo aparecem em inscrições,
e invariavelmente são nomes próprios femininos. Essa é a única menção desta
mulher, em todo ο N .T., ainda que o trecho de Atos 17:4,12 também mencione as
atividades de mulheres da Macedônia, que tinham cooperado como apóstolo, quando
ele fundara o trabalho cristã o na Europa.
Vários intérpretes
supõem que essa mulher ocupava a posição de diaconisa, sendo, por conseguinte,
um a das principais figuras femininas da igreja de Filipos. O evangelho,
naquela área, foi pregado inicialmente para mulheres (ver Atos 16:13). E a
igreja de Filipos teve suas primeiras reuniões na casa de um a mulher (ver Atos
16:14,40).
Muitos nomes próprios
femininos aparecem nas epístolas de Paulo, com notas de recomendação, como
Febe, Priscila, M aria, Trifena, Trifosa, Pérside, Júlia, a mãe de Rufo, a irmã
de Nereu. (Ver Rom. 16:1-15). Não resta dúvidas que a posição delas e a sua importância
era muito maior no cristianismo do que no judaísmo, que considerava as mulheres
como seres degradados. (Q uanto a notas expositivas acerca dessa atitude dos
judeus para com suas mulheres, ver João 4:27,29, onde se vê que as condições
das judias eram simplesmente chocante). Já na Macedônia, a posição das mulheres
era muito melhor que na Palestina, porquanto algumas chegaram até mesmo a
ocupar cargos públicos.
Os nomes próprios dos
filhos eram derivados de suas mães, e não de seus pais. Às mulheres da
Macedônia era permitido terem propriedades, além de gozarem de outros
privilégios desconhecidos às mulheres de outras áreas, pois, em comparação com
as mulheres da Macedônia, as mulheres judias tinham como companheiros
constantes as crianças e os escravos. Algumas esculturas representando mulheres
de alguma importância têm sido encontradas, evidentemente pessoas bem
conhecidas. (Ver as notas expositivas sobre a posição favorável das mulheres,
na Macedônia, em Atos 17:4). Em Jesus Cristo, o ideal é que não haja distinção
entre homem e mulher (ver Gál. 3:28), embora isso não tenha sido plenamente
aplicado no seio da igreja cristã primitiva. (Ver as notas expositivas a
respeito, em I Cro. 11:11, 12, onde se destaca o fato da «interdependência
entre homens e mulheres». Ver também I Cor. 11:7, quanto a notas expositivas
sobre como a subordinação da mulher não se aplica ao estado eterno. Essa subordinação
visa apenas propósitos práticos, não sendo questão de ética doutrinária. Por
conseguinte, tal subordinação tem suas exceções, dependendo das circunstâncias,
porquanto é muito melhor obedecer a Deus do que ao homem. Quanto a notas
expositivas sobre as «diaconisas», ver Rom. 16:1).
«...Síntique...» Seu
nome significa «acidente», sendo difícil dizermos por que lhe foi dado tal
nome, a menos que também queira dizer «chance feliz», segundo dizem alguns
estudiosos. Não é mesmo impossível que alguns bebês do sexo feminino fossem
chamadas de «acidente», como se houvessem nascido inesperadamente, sem terem
sido planejados. «...rogo... rogo...», isto é, «exorto», palavra reiterada em
um único versículo. Note-se que Paulo exortou a cada mulher individualmente,
para salientar ainda mais o seu ponto.
«...pensem
concordemente...», ou seja, «pensem a mesma cousa» (ver Fil. 2 :2, onde a mesma
coisa é recomendada a todos os crentes, no que tange às suas relações pessoais
na comunidade cristã e uns com os outros). Aquelas duas mulheres crentes
deveriam estar em «harmonia». Não estamos informados sobre qual teria sido o
motivo da discórdia, embora possamos perceber que não se tratava de razão
séria, pois, de outro modo, Paulo mui provavelmente ter-se-ia mostrado mais
específico a respeito. Alguns eruditos pensam que cada um a delas abrigava um a
congregação em sua casa, tendo-se tornado rivais; e outros chegam ao ponto de
sugerir que um a dessas congregações era do tipo judaico e que a outra era do
tipo gentílico.
Mas, na realidade,
tudo não passa de conjectura.
A tradição, como é
usual, acrescenta aqui alguns detalhes, mui provavelmente falsos. Alguns
intérpretes pensam que um a das pessoas nomeadas era do sexo masculino, e ainda
outros acham que eram ambos homens. Mas o terceiro versículo deixa claro que
eram am bas mulheres.
Seus nomes próprios,
encontrados em diversas inscrições, sempre se referem a mulheres. Também há
quem suponha que eles eram «marido e mulher», e que alguma disputa em família
está aqui em foco; mas tal opinião é sem fundamento.
«...no Senhor...»
(Ver o sentido dessa expressão, que também aparece no primeiro versículo deste
capítulo, onde é comentada). A harmonia entre aquelas duas mulheres deveria ser
a harmonia que caracteriza aos que são leais ao Senhor subordinando a ele seus
sentimentos e preferências pessoais.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 60.
A harmonia no
relacionamento, uma súplica intensa (4.2,3)
Paulo não somente
advertiu os crentes de Filipos acerca de erros doutrinários (3.1-19), mas
também acerca dos problemas de relacionamento (4.2,3). A desarmonia entre dois
membros da igreja não era um problema de pequena monta para o apóstolo.
Evódia e Síntique
eram duas irmãs que ocupavam posição de liderança na igreja, que haviam se
esforçado com Paulo no evangelho e cujos nomes estavam escritos no livro da
vida, mas, agora, estavam em desacordo na igreja. Elas tinham nomes bonitos
(Evódia significa “doce fragrância”, e Síntique, “boa sorte”), mas estavam
vivendo de maneira repreensível.
Em vez de buscar os
interesses de Cristo e da igreja, lutavam por causas pessoais. Punham o eu
acima do outro. Em vez de seguir o exemplo de Cristo e de Seus consagrados servos
(2.5,17,20,30), imitavam aqueles que trabalhavam por vanglória e partidarismo
(2.3,4). F. F. Bruce diz que o desacordo entre essas duas irmãs, não importando
a sua natureza, representava uma ameaça à unidade da igreja, como um todo.
Paulo solicita ajuda
de um líder da igreja, que ele não nomeia, para auxiliá-las a fim de
construírem pontes, em vez de cavar abismos. Precisamos exercer na igreja o ministério
da reconciliação, em vez de jogar uma pessoa contra a outra. Precisamos
aproximar as pessoas, em vez de afastá-las. A igreja é um corpo, e cada membro
desse corpo deve trabalhar em harmonia com os demais para a edificação de
todos.
Paulo exorta essas
duas irmãs a pensarem concordemente no Senhor. Não podemos estar unidos a
Cristo e desunidos com os irmãos. Não há comunhão vertical sem comunhão horizontal.
A lealdade mútua é fruto da lealdade a Cristo. A irmandade humana é impossível
sem o senhorio de Cristo. Ninguém pode estar em paz com Deus e em desavença com
os seus irmãos. Por isso, a desunião dos crentes num mundo fragmentado é um
escândalo.
J. A. Motyer,
comentando esta passagem bíblica, enumera algumas razões pelas quais os crentes
devem viver unidos.
A desarmonia é
contrária ao sentimento do apóstolo (4.1).
Paulo se dirige a
toda a igreja, dizendo que os crentes eram a sua alegria e coroa. Ele chama os
irmãos de “amados” e “mui saudosos”. A divisão na igreja ergue muros onde se
deveriam construir pontes; separa aqueles que devem permanecer sempre juntos.
A desarmonia é
contrária à fraternidade cristã (4.1). Paulo dirige-se à igreja total, chamando
os crentes de “irmãos”. Eles pertenciam a uma só família, a um só rebanho, a um
só corpo. Portanto, deveriam viver como tal.
A desarmonia é
contrária à natureza da igreja (4.3). A igreja deve ser marcada pelo trabalho
conjunto, pelo auxílio recíproco e pela esperança futura. Há uma realidade celestial
acerca da igreja. O nome dos crentes está escrito no livro da vida, e lá no céu
não há divisão. A igreja na terra deve ser uma réplica da igreja do céu. A
igreja que seremos deve ensinar a igreja que somos. É contrária à natureza da
igreja confessar a unidade no céu e praticar a desunião na terra.401 Todos os
crentes, lavados no sangue do Cordeiro, têm seus nomes escritos no livro da
vida e serão introduzidos na cidade santa (Lc 10.17-20; Hb 12.22,23; Ap 3.5;
20.11-15). O fato de irmos morar juntos no céu deveria nos ensinar a viver em
harmonia na terra.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 225-227.
Fica claro que nem
tudo é harmonia e alegria, na igreja, em face do apelo a Evódia e Sintique. Eram,
evidentemente, membros da igreja, mulheres em desavença. É bem sabido que as
mulheres macedônias eram conhecidas por sua forte personalidade (veja-se
anteriormente p. 21). O relato de Lucas sobre o evangelismo inicial em Filipos
contém a narração de duas conversões de mulheres (Lídia e a jovem escrava). (Veja-se W. D. Thomas, “The Place of Women in the Church at Philippi”,
ExpT 83 (1971-2), pp. 117-20.) Além do mais, os nomes Evódia (significa “agradável”, a
mesma palavra grega de 4:18) e Síntique estão presentes em numerosas
inscrições, tendo sido, evidentemente, nomes comuns (AG, s.v.). Por estas
razões, não há necessidade de tomar-se seriamente a hipótese da escola de
Tübingen de que esses nomes foram usados, aqui, alego ricamente, a fim de
representarem duas facções, a judia e a gentílica, na vida daquela igreja. Nem
deveríamos especular mais, sobre as razões do desentendimento entre essas
mulheres. W. Schmithals (Paul and the Gnostics, pp. 112-14) acha que a
desavença entre elas foi causada por agitação gnóstica, e que elas poderiam ter
quebrado a unidade da igreja ao dar hospitalidade a falsos (intrusos) mestres
(cf. 2 Jo 10). Não sabemos qual foi o pano de fundo exato da disputa entre
elas, embora seja provável que fosse parte da doença geral da igreja, a que
2:1-3 se refere, e onde á mesma expressão grega, traduzida “penseis a mesma
coisa” (auto phronein) (neste versículo é traduzida “pensem concordemente”) é
usada. É provável, ainda, que tinha algo que ver com a liderança da igreja, se
2:14 se relaciona a uma “nódoa de desavença” em Filipos, envolvendo os líderes,
“os bispos e diáconos” (1:1). De qualquer maneira, o apelo é para que tenham “o
mesmo sentimento” no Senhor, isto é, como membros do corpo de Cristo. O
desaparecimento destas duas mulheres do cenário indicaria que o apelo de Paulo
foi atendido (Collange).
Ralph P. Martin, Ph.
D.. Filipenses Introdução e Comentário. Editora Vida Nova.
pag. 166-167.
3. A alegria de ter
os nomes escritos no Livro da Vida.
VIDA, LIVRO DA No NT,
o livro da vida corresponde a um registro que contém os nomes daqueles que
foram salvos e que irão herdar a vida eterna.
Ele é mencionado por
esse nome em Fp 4.3; Apocalipse 3.5; 13.8; 17.8; 20.12,15; 21.27 (22.19 deve
ser entendido como "árvore" da vida e não "livro" da vida).
Esse conceito também é encontrado em Lucas 10.20 e possivelmente em Hebreus
12.23. A frase também ocorre no AT (SI 69.28; cf. Êx 32.32,33; Dn 12.1). Porém
no AT, este conceito parece estar relacionado com a lista daqueles que estão
vivos nesse mundo, embora alguns entendam que no AT ele também significa uma
lista dos herdeiros da salvação. Se a primeira hipótese for correta, quando o
AT fala sobre ser apagado do livro da vida ele está referindo-se à morte física
e à extinção da linhagem de uma família. O texto em Apocalipse 3.5 também fala
sobre ser apagado "do livro da vida". Neste caso, o livro da vida
significa a lista daqueles que foram salvos. Alguns dizem que tal exclusão é
possível e está implícita. Muitos acreditam que afirmar que uma pessoa já salva
possa perder a salvação contradiz aquelas passagens onde está presente a
segurança do crente em relação a Cristo. Consequentemente, esses intérpretes
devem ter adotado uma das seguintes abordagens: (1) Apocalipse 3.5 não diz
explicitamente que o nome de alguém será apagado; (2) esse registro contém
originalmente o nome de todos, mas quando alguém rejeita totalmente a Cristo,
seu nome é apagado; (3) no Apocalipse, o livro da vida corresponde ao registro
da profissão de fé da qual alguns nomes serão
apagados, enquanto o
livro da vida do Cordeiro (Ap 13.8; 17.8; 20.12,15; 21.27, referindo-se ao
livro da vida do Cordeiro, embora não apresentando esse nome especificamente em
todos os versos) contém apenas o nome dos verdadeiros crentes e do qual nenhum
nome pode ser apagado.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 2017.
Ele diz o seguinte a
respeito dos seus cooperadores: “...cujos nomes estão no livro da vida”; ou,
então, eles eram escolhidos de Deus desde a eternidade, ou registrados e
inscritos na corporação e sociedade a quem o privilégio da vida eterna
pertence, aludindo aos costumes entre os judeus e gentios de registrar os
habitantes ou os homens livres da cidade. Assim lemos que os nomes deles estão
escritos nos céus (Lc 10.20), e que o Senhor não riscará os seus nomes do livro
da vida (Ap 3.5), e que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro (Ap
21.27). Observe: Existe, de fato, um livro da vida; há nomes nesse livro e não
somente figuras e condições. Não podemos examinar aquele livro ou conhecer os
nomes que estão escritos lá; mas podemos concluir que aqueles que trabalharam
no evangelho, e são fiéis aos interesses de Cristo e das almas, têm seus nomes
escritos no livro da vida.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 627.
LIVRO DA VIDA - [Do
gr. bíblou tou zoe] Registro que o Senhor Deus mantêm desde a mais remota
eternidade, no qual acham-se registrados os nomes de todos os que, pela
fé. aceitaram o sacrifício vicário de Cristo.
Moisés já tinha
ciência desse livro. Tanto é que, num momento de aflição e angústia, disse ao
Senhor ao interceder pelos filhos de Israel: “Agora, pois, perdoa o seu pecado;
ou se não, risca- me do teu livro, que tens escrito” (Ex 32.32). A resposta do
Senhor veio pronta: “Aquele que tiver pecado contra mim, a este riscarei do meu
livro” (Ex 32.33).
Os homens tanto podem
ser inscritos no Livro da Vida quanto deste serem excluídos (SI 69.28). No
Juízo Final, os que não forem nele achados serão lançados no suplício eterno
(Ap 20.15).
ANDRADE.
Claudionor Corrêa de,. Dicionário de Escatologia
Bíblica. pag. 101-102.
...cujos nomes se
encontram no livro da vida...» As cidades antigas mantinham o registro dos
nomes de seus cidadãos; e esse fato foi transportado para a linguagem
espiritual, indicando que, na nossa «pátria» ou «cidade celestial» esses
registros também são conservados. Ë provável que esse pensamento fosse aceito
literalmente por certos crentes, ao passo que outros o compreendiam
figuradamente. Não há razão para supormos que haja algum livro literal de rol
de nomes. Trata-se antes de um uso metafórico, que indica aqueles que
«realmente pertencem aos céus, como cidadãos», em contraste com outros, que não
podem ser assim reconhecidos.
Ter alguém o seu nome
registrado nesse «livro» é a mesma coisa que dizer que ele possui a «vida
eterna», porquanto é um dos cidadãos do Reino Eterno. A referência mais antiga
que temos, acerca dessa antiga prática de registrar nomes dos cidadãos aparece
em Êxo. 32:32, o que nos mostra tratar-se de um costume antiquíssimo. (Ver
também Isa. 4:3; Eze. 13:9 e Dan. 12:1). Paulo já se havia referido aos crentes
filipenses como cidadãos dos céus, e isso que aqui encontramos é um
desenvolvimento natural daquele pensamento, embora se trate da única ocorrência
da expressão em todo ο N.T., excetuando seu uso comum no livro de Apocalipse.
(Ver Apo. 3:5; 13:8; 17:8; 20:12,15; 21:19). As passagens de Apo. 13:8 e 17:8
se revestem de certo sabor de predestinação, como se os nomes ali escritos ou não
escritos estivessem determinados antes da história da humanidade. Mas isso não
pode ser pressionado demasiadamente. Seja como for, o N.T. ensina tanto a
doutrina da predestinação como a doutrina do livre-arbítrio hum ano, sem fazer
qualquer tentativa de reconciliar as duas ideias entre si.
São lados opostos de
alguma grande verdade, e ambos esses lados são necessários. Não nos devemos
esquecer que Deus se utiliza do livre-arbítrio humano sem destruí-lo, embora
não saibamos oferecer um a explicação convincente sobre o seu modo de agir.
(Ver Luc. 10:20 e Heb. 12:23, que aludem a esse conceito, embora sem
mencionarem diretamente algum «livro»).
Essa expressão também
aparecia comumente nos escritos dos rabinos, como, por exemplo, no Targum (ou
«comentário») sobre Eze. 13:9, onde se lê: «No livro da vida eterna, que foi
escrito para arrolar os justos da casa de Israel, eles não serão escritos». Os
escritos rabínieos pintam Deus assentado em seu tribunal, com os livros dos
vivos e dos mortos abertos à sua frente. (Quanto a notas expositivas sobre a
«vida eterna», ver o trecho de João 3:15).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 61.
II - A
ALEGRIA DIVINA SUSTENTA A VÍDA CRISTÃ (4.4,5)
1. Alegria permanente
no Senhor.
A alegria permanente:
“Alegrai-vos sempre no Senhor” (4.4)
A versão Almeida
Revista e Corrigida usa a palavra regozijar e diz: “Regozijai-vos”. A exortação
contém o advérbio “sempre” para denotar que não se tratava de uma despedida, ou
de uma experiência momentânea. Tratava-se de algo permanente e contínuo.
Nenhuma outra fonte de alegria efêmera possui esse caráter, porque todas as
fontes externas do mundo secam e se esvaem. Quando Paulo volta a dizer “outra
vez digo”, é uma repetição que tinha por objetivo reforçar a exortação de que
nada é mais precioso e consolador do que o gozo, a alegria ou o regozijo cuja
fonte é o Senhor. Por que é importante e indispensável essa alegria no Senhor
Jesus? Ora, E porque por meio dEle temos recebido a reconciliação com Deus (Rm
5.11); temos sido alimentados da esperança da glória que nos estimula a
continuar firmes na fé (Rm 5.2). Se no Antigo Testamento a presença do Espírito
de Deus era manifestada de tempo em tempo, de acordo com as necessidades dos
servos de Deus, agora, no Novo Testamento, na nova aliança, a presença do
Espírito Santo é permanente e imanente, porque Jesus o enviou, da parte do Pai,
para habitar no espírito do crente, isto é, na vida interior do crente, e
produzir essa alegria (Jo 16.7; Rm 14.17; Rm 15.13). Nada comparável no mundo
será capaz de superar a tristeza e as vicissitudes da vida como só a alegria do
Senhor pode produzir (Tg 1.2-4; Rm 5.3). Paulo sabia que os filipenses estavam
sendo ameaçados por falsos mestres com heresias capazes de criar dúvidas quanto
à fé. Ele, então, fez uma exortação com caráter de ordenança apostólica aos
filipenses e o fez de modo imperativo: “Regozijai-vos sempre no Senhor; outra
digo: Regozijai-vos”.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 124.
A alegria é um dos
aspectos do fruto do Espírito Santo, Por conseguinte, trata-se de um a
qualidade espiritual, como subproduto do desenvolvimento do crente em sua vida
espiritual. Portanto, temos aqui o chamamento não apenas para o regozijo, mas
também para um desenvolvimento espiritual superior, o que nos confere
confiança, alegria e o senso de bem-estar, a despeito de nossas circunstâncias
externas. Sim, a «alegria» é um a das notas chaves desta epístola, o que é
comentado no trecho de F il. 1:4, onde também são alistadas todas as
referências onde essa ideia é frisada nesta epístolas. (Outras notas expositivas
sobre a alegria, com poemas ilustrativos, se encontram em João 15:11 e 17:13).
Os crentes filipenses, que naquela época começavam a entrar na terrível era das
perseguições contra os cristãos primitivos, e que já eram testem unhas dos.
sofrimentos e das perseguições que tinham atingido o apóstolo dos gentios,
precisavam de raízes e spirituais profundas para que pudessem enfrentar a tudo,
inabaláveis, com confiança e alegria.
«...sempre...» Há
aqui um volver de olhos para o futuro, quando as tribulações se tornavam muito
severas. Não somente agora, em período de calma relativa, mas também no futuro,
quando os testes mais difíceis atingissem aos crentes filipenses, eles
precisavam da «alegria» produzida pelo desenvolvimento espiritual. De fato, não
há nenhum a ocasião em que nossa ocasião com Cristo venha a ser maculada de
modo a remover de nós a alegria.
«...outra vez digo, alegrai-vos...»
Por que Paulo reiterou assim a ideia, dentro de um mesmo versículo? 1. Alguns
pensam que ele havia pensado subitamente em tristezas iminentes, quando então
te ria escrito: «...contudo, a despeito disso, tal como já disse antes, regozijai-vos».
2. Outros acham que Paulo reiterou a ideia meramente a fim de enfatizá-la. Todavia,
Bengel pensa que a palavra «...sempre...» indica um segundo mandamento. Portanto,
teríamos: «Regozijai-vos»; e em seguida: «Regozijai-vos sempre».
É interessante que a
palavra aqui traduzida por «...alegrai-vos...» também tinha o sentido de
«adeus» (ver Fil. 3:1). E alguns estudiosos pensam que Paulo empregou o termo
em duplo sentido, neste ponto. Por conseguinte, Paulo tê-los-ia convidado e se
regozijarem, mas, ao mesmo tempo, se despede deles. Isso faria esta passagem
ser similar, em ideia, ao trecho de João 14:27, onde o Senhor Jesus, ao mesmo
tempo que lhes invoca a «paz», se despede dos seus discípulos.
«...no Senhor...» Em
virtude de nosso contato e identificação com Cristo, e, por conseguinte, com o
seu poder, e também sob a sua inspiração, é que devemos ter aquela «alegria»
que é um a das facetas do «fruto do Espírito»(ver Gál. 5:22). Ora, isso nos faz
recordar que a vida, para o crente, não é mais expressão da vontade própria,
sujeita à chance e aos caos. Ë como se disséssemos: Quando realmente vivo, não
sou eu, mas a graça de Deus comigo; e não posso tomar para mim mesmo o crédito
por essa vida, simplesmente me alegro ante o fato que estou sendo aperfeiçoado,
sem que tenha de indagar como, porque ou com que finalidade.
E sempre que eu
falhar, serei lembrado que eu mesmo é quem fracasso; mas somente para esquecer-me
da falha ao entregar-me novamente a Deus, para que renove a sua obra em mim».
(Wicks, in loc.).
Se tivermos a atitude
aqui exposta por Wicks, poderemos desfrutar de alegria permanente. Todavia,
teremos de ser honestos em nossa inquirição, pois à alegria espiritual, em meio
a um a carreira cristã deficiente é uma alegria falsa.
«Pode-se compreender
facilmente que a alegria do crente difere da do mundo, a qual é ilusória,
frágil e apagada. Cristo chega mesmo a reputá-la maldita, em Luc. 6:25.
Portanto, só é autêntica aquela alegria em Deus que nunca nos pode ser tirada».
(Calvino, in loc.).
«Paulo duplica a sua
recomendação para tirar ocasião ao escrúpulo daqueles que poderiam dizer: ‘Como
nos alegraremos nas aflições?’» (G. Herbert).
«Essa reiterada exortação
se torna tanto mais notável quando nos lembramos que Paulo, ao escrever ou d
itar esta epístola, estava com o braço direito acorrentado ao braço de um
soldado romano, ou que, mesmo que assim não fosse, era prisioneiro sob a
vigilância constante de um a sentinela, que nunca o abandonava». (Braune, in
loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 61.
A alegria, a marca
distintiva do povo de Deus (4.4)
O apóstolo Paulo fala
sobre três características da alegria:
Em primeiro lugar, a
alegria é uma ordenança, e não uma opção. Ser alegre é um mandamento, e não uma
recomendação. Deixar de ser alegre é uma desobediência a uma expressa ordem de
Deus. O evangelho trouxe alegria, o Reino de Deus é alegria, o fruto do
Espírito é alegria, e a ordem de Deus é “alegrai-vos”.
Em segundo lugar, a
alegria é ultracircunstancial. Paulo diz que devemos nos alegrar sempre. Como a
vida é um mosaico em que não faltam as cores escuras do sofrimento, nossa
alegria não pode depender das circunstâncias. Na verdade, nossa alegria não é
ausência de problemas. Não é algo que depende do que está fora de nós. Neste
mundo, passamos por muitas aflições, cruzamos vales escuros, atravessamos desertos
esbraseados, singramos águas profundas, mas a alegria verdadeira jamais nos
falta.
Em terceiro lugar, a
alegria ê cristocêntrica. Nossa alegria é uma pessoa, e não ausência de
problemas. Nossa alegria está centrada em Cristo. Quem tem Jesus, experimenta
essa verdadeira alegria. Quem não tem Jesus, pode ter momentos de alegria, mas
não a alegria verdadeira. Quem tem Jesus, tem a alegria; quem não O tem, jamais
a experimentou.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 227.
2. Uma alegria cuja
fonte é Cristo.
A alegria espiritual
é cristocêntrica
Expressões como
“alegria do ou alegria no Senhor” são constantes para indicar a fonte dessa
alegria. Essa alegria é, portanto, cristocêntrica. Quando usamos a palavra
cristocêntrico, estamos afirmando que tudo, em relação à igreja, é gerado por
Ele. Ele é a nossa alegria. E uma pessoa; não é uma coisa; não é uma mera
experiência emocional. Cristo é a fonte da alegria que nutre nossa alma e que
dá energia ao nosso espírito para confiar nEle. Não há tristeza nEle, porque
Ele “tomou sobre si”, como “cordeiro de Deus”, as nossas dores e tristezas (Is
53.4,5). Ao enfrentar muitas vezes as oposições dentro e fora da igreja por causa
do evangelho que pregava, o apóstolo Paulo sabia lidar com essas situações por
causa do gozo do Senhor. Ao chegar a Filipos pela primeira vez como apóstolo,
Paulo tinha na memória as dificuldades que enfrentou naquela cidade para pregar
o evangelho. Ele e Silas suportaram afrontas e rejeições e foram presos por
causa da mensagem do evangelho. A oposição religiosa foi ferrenha contra os
dois, mas eles semearam o evangelho e logo tiveram a colheita na conversão de
pessoas como Lídia, a vendedora de púrpura, e a família do carcereiro que os
havia açoitado na prisão (At 16).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 124-125.
2 Co 12. 9; A
fraqueza é necessária para a grandeza? Paulo foi um instrumento especial do
poder de Deus, mediante o qual a igreja cristã foi levantada no mundo
gentílico. Tudo isso era patente para muitas pessoas de seus dias. O próprio
fato que ele pôde triunfar, a despeito de suas muitas fraquezas, foi uma glória
para o poder de Cristo, a demonstração que Paulo era «agente de Cristo», não
sendo grande por sua própria força., Tudo isso era uma demonstração necessária
para o bem da humanidade. Como indivíduo, pois, submetendo-se à causa de
Cristo, que era superior a ele mesmo, Paulo teve de continuar a suportar seus
problemas físicos,, teve que continuar afligido com as suas fraquezas. Ao ver o
propósito por detrás do problema, Paulo alegremente acedeu a esse plano divino.
«O pedido especifico
de Paulo não lhe foi proporcionado; no entanto, recebeu melhor resposta do que
poderia ter antecipado. Tal como em tudo o’ mais, em sua vida cristã e em seu
serviço, ele dependeu da graça e do poder divinos, posto que a nossa ‘suficiência
vem de Deus’ (ver II Cor. 3:5); porquanto, nessa tribulação ele recebeu o poder
suficiente para tolerar o sofrimento e a tensão. E isso, conforme pôde
entender, era melhor para si mesmo e para o seu trabalho. O poder divino não
pode ajudar e nem usar o homem auto-suficiente; mas o poder de Deus ‘se
aperfeiçoa na fraqueza’.
Por isso é que Paulo
dizia que ‘ao invés’ de continuar pedindo o seu livramento daquela enfermidade,
se gloriaria em suas fraquezas, a fim de que o poder de Cristo pudesse repousar
sobre ele, para sustentá-lo e dar-lhe a eficácia necessária como ministro, e
sem o que nem mesmo Paulo poderia fazer corretamente o que era de sua
incumbência». (Filson, in loc.).
Com base nessas
circunstâncias de Paulo aprendemos que uma resposta negativa da parte de Deus
não é uma recusa caprichosa, que não resulta em qualquer benefício, como um
«não» dado às crianças, por seus pais, algumas vezes pode ser.
Os homens podem dar
respostas negativas a seus semelhantes, ou até mesmo a seus filhos, por motivo de
algum capricho, sem qualquer base na razão e no raciocínio. Mas Deus não é
frívolo como o homem. Um «Não», quando vem da parte de Deus por conseguinte,
sempre tem algum propósito definido e é eficaz, não menos do que um «Sim», tudo
dependendo das circunstâncias. Assim é que, às vezes, uma negativa é preferível
a uma resposta afirmativa.
Emerson disse que
«Assim como nenhum homem jamais sè orgulhou de alguma coisa que não lhe seja
prejudicial, assim também nenhum homem jamais teve algum defeito que, de alguma
maneira, não lhe seja útil».
(Ensaio sobre as
Compensações).
São extremamente
numerosos os exemplos de como isso opera. Moisés tinha um problema de elocução
das palavras. Jeremias parece ter-se visto a braços com um senso de
insuficiência. A luta para derrotar as fraquezas, para vencê-las, para
ultrapassá-las, com frequência têm sido o próprio meio pelo qual um homem
realiza grandes coisas.
Deus
o forte, Deus o beneficente,
Deus,
sempre cônscio de toda luta e aperto,
O
qual por nosso bem, torna extrema a necessidade,
Ate
que opera com seu poder e salva.
(Robert
Browning).
Necessidades extremas
têm podido conduzir muitos homens aos pés de Cristo; e as histórias pessoais de
Isaías, de Saulo de Tarso, de Lutero e de Agostinho ilustram bem esse ponto. As
necessidades extremas também podem fazer os crentes grandes em Cristo.
«O Criador obtém as
tarefas determinadas de seus servos, através de muitos métodos. Para alguns é
suficiente dar-lhes amor, albores e crepúsculos, como prímulas nos bosques, na
primavera; mas outros precisam ser açoitados com chicotes sangrentos ou levados
quase à loucura pelos sonhos... antes que fáçam aquilo que Deus determinou para
eles... Podemos dizer sobre homens, como João Bunyan, que não foi a força deles
que os tornou grandes, notáveis e preciosos, mas antes, foi o conflito entre a fortaleza
e a fraqueza que assim fez deles». (W. Hale
White, John Bunyan,
Nova Iorque, Charles Scribner’s Sons, 1904, págs. 25 e 26).
Pouco mais adiante,
diz esse citado autor: «Quando Deus adiciona, subtrai; e quando subtrai,
adiciona». Deus pode liberar o seu poder através da fraqueza, e algumas vezes
essa é a maneira mais eficaz de fazê-lo.
Profundas simpatias
se criam naqueles que sofrem profundamente; cores delicadas e belas se
desenvolvem em flores que crescem nas sombras. O consolo dado pelas respostas
divinas·. «Aquilo pelo que oramos algumas vezes nos é negado, porque algo
melhor nos precisa ser conferido... Esse dom divino (da sua graça) é perpetuamente
suficiente e bom para esta vida inteira». (Plummer, in loc.).
À aflição de Paulo
não lhe serviria de empecilho, e a resposta às suas orações foi-lhe assegurada.
Isso serve de grande consolo. O que é importante nesta vida é o cumprimento de
nossas missões. Serve-nos de consolo saber que Deus nos outorga os meios para
nos desincumbirmos de nossas tarefas. Nossas debilidades não precisam ser
obstáculos. Podem até mesmo servir de ajuda. E assim podemos ter a certeza de
que podemos fazer aquilo que nos tem sido determinado. E isso serve de
importantíssimo consolo.
«.. .De boa vontade,
pois, mais me gloriarei nas fraquezas...» Essa passou a ser a nova atitude’ de
Paulo, ao invés de continuar a fazer uma oração inútil. Se ele tivesse prosseguido
em sua atitude anterior, talvez tivesse recebido, finalmente, uma resposta
afirmativa, mas com resultados adversos para si mesmo. Em face disso, o
apóstolo cedeu pronta e jubilosamente, porquanto assim o sucesso de sua missão
ficava assegurado, a despeito do seu «espinho na carne». De fato, tal problema
até lhe serviria de ajuda. E isso o enchia de satisfação, e ele pôde triunfar
na graça divina.
«Ele (o apóstolo
Paulo) encontrou não somente consolo, mas até mesmo deleite, em sua consciência
de fraqueza, porquanto tudo foi contrabalançado pelo senso que o poder de
Cristo habitava em sua pessoa e ao seu derredor. A palavra aqui traduzida por
‘...repouse...’ é aqui a mesma palavra que poderia ser literalmente traduzida,
em João 1:14, por ‘morar em uma tenda’; e tal palavra sugere o pensamento que o
poder de Cristo era para Paulo como a nuvem de glória (do deserto do Sinai),
que o acompanhava e protegia». (Plumptre, in loc.).
A vitória é de
natureza espiritual, afinal de contas. Uma coisa aprendemos do presente texto e
do exemplo do apóstolo Paulo—a vitória espiritual, o êxito no labor espiritual
depende, em última análise, não das condições do corpo, e, sim, das condições
da alma e do trabalho que Deus tem feito em nós e para fazer por nosso intermédio.
Oh! homem, propõe-te
este teste -Teu corpo, no que tem de mais excelente, Até que ponto pode
projetar tua alma no caminho solitário?
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 415-416.
ALEGRIA, (contentamento, alegria; regozijo Júbilo; exultação,
alegria, exuberante; deleite). As palavras hebraicas são especialmente vividas,
simhah, a mais comum, tendo a raiz significando “brilhar” ou “ser brilhante,” e
gel, que parece querer dizer circular ou andar em volta, enfatiza atividade ou
movimento.
1. Velho Testamento. Há um uso geral do termo alegria no
AT, aplicado ao estado de espírito em qualquer experiência agradável. O uso particular,
porém, é uma emoção religiosa. Isto é mais notável nos Salmos, onde aparece
como uma consequência natural da comunhão individual com Deus, que é a fonte de
alegria (Sl 16.11; 51.12). Vários atributos e obras de Deus evocam esta
alegria, tais como seus julgamentos (Sl 48.11), e seu governo sobre a terra (Sl
97).
A alegria era
proeminente na vida total nacional e religiosa de Israel. A emoção interna
encontrava expressão externa na exclamação, no cantar, no pular e no dançar. A
ocasião ou motivação mais completa para esta alegria religiosa era a
experiência da salvação, que chegava à intensidade particular na contemplação
do estado futuro (Is 49.13; 61.10s.).
A alegria não é
unicamente uma qualidade do homem. Deus é descrito como regozijando-se em suas
obras (Sl 104.31), e se deleitando em fazer seu povo prosperar (Dt 30.9).
2. Novo Testamento. O
NT é ainda mais rico na sua descrição da alegria. As poderosas obras redentoras
de Deus, especialmente a vinda do seu Filho (Lc 2.10), e a ressurreição de
Cristo (24.41), foram motivos de exultação. A alegria no NT não é meramente uma
emoção, mas uma característica do cristão. E um fruto produzido pela obra
interior do Espírito Santo (G1 5.22), sendo dinâmico em vez de estático. Não é
afetado pelas circunstâncias, por mais que sejam adversas e dolorosas; aliás, a
alegria pode ser o resultado do sofrer por causa de Cristo (Cl 1.24).
Jesus foi
caracterizado pela alegria na tarefa e objetivo postos perante ele (Hb 12.2). O
Pai é descrito como regozijando-se pela salvação de um pecador perdido em três
parábolas: da ovelha perdida, da moeda perdida e do filho perdido (Lc 15.3-34).
Paulo também encontrou alegria no desenvolvimento espiritual e na firmeza dos
conservos (Fp 4.1).
MERRILL
C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora
Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 180.
3. Uma alegria que
produz moderação.
A alegria do Senhor
produz moderação (4.5)
“Seja a vossa
equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor.” Nesse texto temos a
palavra “equidade” e na ARA temos “moderação”. Ambas as palavras, equidade e
moderação, são sinônimas porque o significado diz respeito a amabilidade, benignidade
e brandura. Há uma tradução da palavra moderação no grego bíblico (epiekês) que
se traduz como “doce razoabilidade”, ou seja, a capacidade de enfrentar uma
atitude de oposição com domínio temperamental. Pode ser definida, também, como
“manso”, “brando”, “gentil”, “paciente”. Percebe-se que no contexto da palavra
de Paulo uma pessoa moderada é aquela que abre mão da retaliação quando se é
provado ou ameaçado por causa da fé. Paulo apela ao controle de temperamento
com pessoas explosivas, destemperadas e sem domínio próprio. O crente que tem a
alegria do Senhor no coração tem uma disposição amável e honesta para com
outras pessoas, principalmente com aquelas pessoas provocadoras. William
Barclay escreveu que “o homem que tem moderação é aquele que sabe quando não
deve aplicar a letra estrita da lei, quando deve deixar a justiça e introduzir
a misericórdia”. Pessoas destemperadas pagam caro o preço da intransigência, da
inflexibilidade. Paulo apela à igreja de Filipos a que os crentes sejam
moderados nas ações. Paulo declara que “o Senhor está perto” (4.5) para ajudar
aos que são atribulados e ameaçados por causa da sua fé.
A convicção de que
“perto está o Senhor” (4.5)
“Perto está o Senhor”
(v. 5) é uma declaração que tem sentido presente e futuro. No presente, a
palavra “perto” refere-se a lugar e tempo. No grego bíblico, o termo é engys,
que reforça essa ideia de lugar e tempo, para indicar que, nas lutas da vida
cristã, o Senhor sempre está perto para guardar e proteger aqueles que servem a
Cristo (SI 34.19). Porém, a expressão tem um caráter escatológico para
referir-se à vinda do Senhor. Nesse sentido, todo cristão autêntico vive em
função da esperança de que em breve o Senhor voltará para buscar a sua igreja.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 125-126.
Sim, o Senhor não se demorará a voltar para
nós. Portanto, que o crente não se deixe assaltar por ansiedades e dúvidas a
respeito de qualquer coisa.
Que não faça nada em excesso, mas que pratique
a moderação. Vincent (in loc.) parafraseia este versículo como segue: «Que
todos os homens percebam vosso espírito moderado; e sob hipótese alguma vos
mostreis ansiosos, porquanto o Senhor está próximo».
«...moderação...» No grego original temos o
termo «eiekes», que significa «clemência», «gentileza», «graciosidade»,
«complacência». Também podia significar «autocontrole» ou «restrição paciente».
Aristóteles (em Nich. Eth. v. 10) faz o contraste entre essa qualidade com o
«julgamento severo». A .exortação parece combater posições obstinadas e demonstrações
de severidade demasiada sobre qualquer coisa. Por conseguinte, nos é recomendada
aqui a gentileza, que é um dos aspectos do fruto do Espírito Santo. (Ver
Gál.5:22,23).
«Essa palavra indica imparcialidade, a
disposição de dar e receber, ao invés de defender rigidamente os próprios
direitos». (Scott, in loc.).
Aquela atitude que normalmente se entende por
«moderação», segundo o vocabulário moderno, e que indica não ser extremado em
qualquer coisa, era expressa pela palavra grega «sophrosune», e não pelo termo
empregado no presente texto. (Sophrosune é vocábulo usado em I Tim. 2:9,15 e
Atos 26:25). Essa qualidade eleva o indivíduo acima da necessidade de viver insistindo
sobre os seus próprios direitos, o que só serve para endurecer lhe o espírito.
·...de todos os homens...· Não apenas aqueles
que fazem parte da igreja, mas também aqueles que são do mundo. Se o crente
controlar seu temperamento e exibir gentileza para com todos, mostrando-se
gracioso e cortês, os outros homens entenderão que ele goza da influência de
Cristo em sua vida. Outrossim, a vida de tal crente será mais tranquila, posto
que tal crente não viverá entrando em disputas e contendas. Além disso, o
espírito calmo e gentil pode aquietar almas agitadas. «Teu espírito doce e
cordato» (Matthew Arnold) servirá de boa propaganda da tua fé cristã». Essa
atitude eleva o crente «.. .acima do rigor e da ansiedade da mente (ver o sexto
versículo)». (Alford, in loc.). «Minha mente é tranquila, porquanto tudo acolho
com boa atitude».
(Cícero, A tt. 7.7). «Ninguém é tão
mal-educado que não seja gentil com alguém, por algum motivo, em alguma
ocasião: o crente deve sê-lo 'para com todos os homens’ e em todas as ocasiões»
(Faucett, in loc.).
«...a mansidão, sob a provocação, a prontidão
para perdoar as ofensas, a atitude justa na realização dos negócios, a candura
no julgar o caráter e as ações dos outros, a doçura de disposição e o inteiro
controle das paixões». (Macknight).
«...Perto está o Senhor...» Isso indica a
proximidade quanto ao «tempo», dando a entender não demorar muito mais a sua
«parousia» ou segundo advento; não está em pauta a proximidade espacial, sua
presença conosco.
(Com parar com o trecho de 1 Cor. 16:22, onde
se leem as palavras «maranatha», palavras aramaicas que significam «Nosso
Senhor vem». No dizer de Lightfoot (in loc.):
«Esse era o lema do apóstolo».
A Esperança De Paulo
Paulo esperava poder escapar à morte física,
por ocasião do arrebatamento (ver as notas a respeito em I Tes. 4:15). Essa é a
esperança refletida em I Cor. 15:51. Mas, se chegasse a morrer fisicamente,
ainda assim participaria daquele notável evento futuro (ver I Tes. 4:14). Seja como
for, ele pensava que o período de tempo que restava era curtíssimo, e que a
glória do retorno de Cristo já estava raiando em sua própria alma.
Nossa Advertência
Paulo não foi capaz de perceber a longa era
da graça (quando a igreja está sendo convocada), que interviria antes do
retorno de Cristo. Mas, o que ele esperava para seus dias, certamente sucederá
nos nossos. Este comentário toma a posição de que o anticristo já está vivo, e
que nossos dias são os últimos dias. Muitos dos que agora estão vivendo, verão
o fim do presente ciclo das coisas.
Nosso Consolo
Embora as nuvens de tempestade se estejam
juntando, embora primeiramente tenha de haver a violência que caracterizará o
fim desta época, a era áurea haverá de seguir-se de imediato, assim como o dia
vem após a noite. Por conseguinte, enquanto a tempestade se concentra, já podem
os perceber os primeiros raios da madrugada do dia eterno.
Vivamos, portanto, para esse novo dia.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 61-62.
A moderação, a doce razoabilidade a ser
demonstrada (4.5)
O apóstolo Paulo fala à igreja sobre a
necessidade de cuidarmos das nossas atitudes internas e das nossas reações externas.
A moderação tem que ver com o controle do temperamento.
Um crente não pode ser uma pessoa explosiva, destemperada
e sem domínio próprio. Suas palavras precisam ser temperadas com sal, as suas
atitudes precisam edificar as pessoas, e a sua moderação precisa refletir o
caráter de Cristo.
A palavra grega para moderação é epieikeia.
William Hendriksen diz que não há em nossa língua uma única palavra que
expresse toda a riqueza contida nesse vocábulo grego. Essa palavra foi usada
por Aristóteles para descrever aquilo que não apenas é justo, mas melhor ainda
do que a justiça. William Barclay diz que o homem que tem “moderação” é aquele
que sabe quando não deve aplicar a letra estrita da lei, quando deve deixar a
justiça e introduzir a misericórdia.
Epieikeia é a qualidade do homem que sabe que
as leis e prescrições não são a última palavra. Jesus não aplicou a letra da
lei em relação à mulher apanhada em flagrante adultério. Ele foi além da
justiça. Ele exerceu a misericórdia (Jo 8.1-11).
Ralph Martin, nessa mesma trilha de
pensamento, escreve:
Moderação é uma disposição amável e honesta
para com outras pessoas, a despeito de suas faltas, disposição essa inspirada
na confiança que os crentes têm em que após o sofrimento terreno virá a glória
celeste.
Ser uma pessoa moderada é ter o espírito
pronto para abrir mão da retaliação quando você é ameaçado ou provado por causa
da sua fé. William Hendriksen corretamente afirma: A verdadeira bem-aventurança
não pode ser alcançada pela pessoa que rigorosamente insiste em seus direitos
pessoais. O cristão é aquele que crê ser preferível sofrer a injustiça a
cometer a injustiça (ICo 6.7).
Paulo diz que devemos ser moderados porque o
Senhor está perto. O advérbio grego engys pode significar “perto” quanto a
lugar ou quanto a tempo.407 O Senhor está a nosso lado nas lutas e também em
breve virá para defender a nossa causa e nos recompensar. A razão desse
espírito pacífico, não-abrasivo, portanto, não é fraqueza, ou o desinteresse em
defender a posição legítima de alguém. Essa atitude covarde é condenada
(1.27,28). Ao contrário, devemos ser moderados, pois o Senhor virá para
defender a nossa causa.
Paulo diz: “Perto está o Senhor” (4.5).
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 228-229.
III - A
SINGULARIDADE DA PAZ DE DEUS (4.6,7)
1. A alegria desfaz a
ansiedade e produz a paz.
A alegria do Senhor
desfaz a ansiedade (4.6)
Em sua vida terrena,
Jesus falou da ansiedade como um mal que precisa ser extirpado da vida
cotidiana. Em seu famoso Sermão do Monte, Jesus aconselhou: “Por isso, vos
digo: não andeis cuidadosos [ansiosos] quanto à vossa vida, pelo que haveis de
comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis
de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a
vestimenta?” (Mt 6.25).
A ansiedade pela
vida, o medo do futuro, a preocupação pelo que pode acontecer não são atitudes
positivas de quem confia no Senhor. O que aprendemos com o Mestre, nosso Senhor
Jesus Cristo é que a ansiedade desfaz a confiança em Deus e que o dia de amanhã
não deve anteceder o dia de hoje. Por isso Ele disse: “Não vos inquieteis,
pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a
cada dia o seu mal” (Mt 6.34). O apóstolo Pedro escreveu em sua Epístola:
“Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos
exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de
vós” (1 Pe 5.6,7). A ansiedade contraria a confiança que devemos ter no Senhor
e na sua proteção. Nada deveria perturbar a mente e o coração daqueles irmãos.
Pelo contrário, eles deveriam fazer suas petições a Deus com atitude humilde e
reconhecimento pelo que o Senhor é e faz (4.6). A ansiedade é a falta de paz, a
paz de Deus. Por isso, o apóstolo declara com segurança que a paz de Deus
guardará os fiéis. Todos os seus sentimentos estarão guardados por aquEle que
pode dar a paz verdadeira (4.7).
A importância da
oração na vida cristã (4.6)
O texto diz: “antes,
as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e
súplicas, com ação de graças” (4.6). E indiscutível o valor da oração na vida
do cristão. È o canal mais eficaz de comunicação com Deus. O poder da oração
sincera diante de Deus anula a força da ansiedade, porque conduz o crente à
presença de Deus. Por isso, a oração deve estar na vida cotidiana do crente
como um elemento disciplinador da nossa vontade para aceitar, de boa mente, a
vontade de Deus. Ora, a vontade de Deus baseia-se no pré-conhecimento que Ele
tem de nós. Por isso, Ele sabe o que é melhor para cada um de nós. O apóstolo
Paulo declara que essa comunicação em oração não tem restrições, porque Deus é
Pai pronto a ouvir todas as nossas petições. Paulo usa a expressão “em tudo”
significando que não precisamos pedir audiência para falar com Deus, mas todas
as nossas necessidades, em todas as situações e circunstâncias, podem ser
dirigidas a Deus em oração. O contexto dessa escritura indica que a oração é o
modo de aliviar nossa ansiedade. Paulo destaca, pelo menos, três modos
distintos de orar no versículo 6. Primeiro, ele fala de orar com “petições”,
isto é, todas as nossas necessidades podem ser apreciadas pelo Senhor. Segundo,
“com súplicas” diz respeito àquela oração feita com rogos, com pedido
insistente e humilde. Terceiro, a oração com “ação de graças”, que significa
aquela oração de gratidão por tudo o que o Senhor é. Sempre devemos nos lembrar
dos benefícios divinos (SI 103.1-6).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag.
Não devemos ansiar
por coisa alguma porque a vinda do Senhor está próxima, havendo ainda à nossa
disposição o recurso da oração, que é um poder criativo, que pode alterar os
acontecimentos e conferir-nos forças para enfrentar a adversidade. (Notas
expositivas completas sobre a oração aparecem no trecho de Efé. 6:18). Por meio
da oração, a força espiritual se faz presente, porquanto põe à nossa disposição
o mesmo Senhor, que algum dia retornará.
«A oração contínua
serve de salvaguarda contrato da e qualquer ansiedade, e Paulo a descreve em um
a sentença comprimida, falando sobre a natureza da oração autêntica. Antes de
tudo, envolve a atitude de esperar em Deus; em seguida, indica ele que, em
nossa debilidade, rogamos a sua ajuda; e, "finalmente, fica esclarecido
que devemos deixar bem claro aquilo que queremos da parte de Deus, confiando
que ele nos atenderá os pedidos. E paralelamente a tudo isso deve haver a
atitude de ação de graças. Não podemos rogar a Deus novas demonstrações de
misericórdia, a menos que tenhamos consciência clara daquilo que já nos foi
outorgado pelo Senhor. O homem ingrato não pode orar, porquanto não tem ideia
verdadeira da bondade de Deus». (Scott, in loc.).
A oração serve de
elemento disciplinador e de determinador da vontade
de Deus: É óbvio que
a oração não opera como um a lâmpada mágica, que precise apenas ser esfregada
para que um gênio apareça, capaz de atender a todo e qualquer pedido que lhe
fizermos. Pois, antes de mais nada, a oração age como fator de disciplina,
levando-nos a reorientar as nossas prerrogativas, à medida em que formos
crescendo na graça, de tal modo que coisas importantes sejam pedidas, que
contribuam para o progresso do Reino de Deus à face da terra, bem como para o
progresso espiritual de nós, mesmos e de outras pessoas, ao invés de visarmos
apenas satisfazer impulsos egoístas. Portanto, na qualidade de um a disciplina,
a oração nos impedirá de ser egoístas em nossos alvos, e, portanto, em nossas solicitações.
Nessa disciplina
haverem os de a prender que as nossas orações ocasionalmente podem ser
respondidas com um Não; pois um a resposta afirmativa, às vezes, não seria tão
boa como um a negativa, embora nos seja difícil ver o motivo disso. O Senhor
Jesus, em agonia no jardim do Getsêmani, buscou um a impossível resposta
«afirmativa», o que significaria que escaparia da agonia da cruz. Mas isso
teria destruído o significado de sua missão; e ele não demorou um segundo a
reconhecer isso, tendo-se entregue aos cuidados da vontade do Pai. Portanto, na
qualidade de fator disciplinador, a oração nos confere a realização da vontade
de Deus; e isso, afinal de contas, é exatamente o que buscamos, tanto em nossas
orações como em tudo o mais que fazemos. Entretanto, a oração também serve de força
criadora porque apela para um poder infinito, fazendo o impossível, conforme se
verifica em incontáveis casos através da história. Por essa razão é que nos é
recomendado o uso desse extraordinário poder da oração. Ela pode
transformar-nos, bem como pode transformar as condições em que vivemos.
«...ansiosos...» No
grego tem os o termo «merimnao», que significa «ansiar», ficar «indevidamente
preocupado». Paulo não se refere aqui ao ideal estóico da «apatia», a falta de
reação emocional. Mas grande é a verdade da declaração que a maior parte de
nossas circunstâncias, por si mesmas, em nada nos prejudicam. O que realmente
nos prejudica é a nossa reação emocional às nossas circunstâncias; e isso é um
fato bem conhecido dentro dos estudos psicológicos, e não somente como um
preceito religioso.
Além disso, as
circunstâncias, em face do imediato retorno de Cristo, e em face do poder da
oração, que ajuda a modificar essas circunstâncias, ou que nos ajuda a
aceitá-las como expressões da vontade de Deus, não devem ser já recebidas e as
bênçãos esperadas, sempre deve dar graças e sempre deve rogar. A memória e a
súplica são os dois elementos necessários de toda a oração verdadeiramente
cristã». (Rilliet, in loc.).
Todavia, a natureza
exata dessas ações de graça não é definida aqui. Muitas coisas nos perturbam ,
mas, certamente, sabemos que a vontade de Deus visa ao nosso bem, não sendo
caótica e nem destituída do desígnio.
Todavia, esse é um
elevado alvo espiritual, que não é fácil de ser alcançado. Só pode ser atingido
através do desenvolvimento espiritual; e um a porção importante desse
desenvolvimento é a oração, pois, quando oramos, nos disciplinamos a nós mesmos
e entramos em contato com o ser de Deus.
o...de cousa
alguma...» Essas palavras fazem violento contraste com as nossas orações, que
devem ser associadas com «tudo», com todas as situações. Conforme comenta
Vincent (in loc.): «Em tudo, e não por qualquer motivo (embora essa ideia
também esteja inclusa, em Efé. 6:18 e 1 Tes. 5:17); mas estão em foco todos os
interesses, grandes e pequenos, porquanto nada é grande demais para o poder de
Deus; e nem nada é pequeno demais para merecer o seu cuidado paternal».
·,...oração
e...súplica...» Esses dois substantivos indicam a «oração em geral» e os
«pedidos específicos», respectivamente, conforme também se observa em Efé.
6:18, onde a questão é comentada. (Ver também essas duas palavras, usadas em
conjunção, em IT im . 2:1 e 5:6. Ver igualmente Fil. 1:4, onde a distinção
reaparece). Desse modo é que nossas ansiedades são vencidas, porquanto a oração
inclui idealmente todas as circunstâncias,
acalmando todas as águas agitadas.
Já
pensaste que tu mesmo não continuarias?
Já
temeste essas ameaças terrenas?
Já
temeste que o futuro nada seria para ti?
Hoje
i nada? o passado sem começo nada é?
Se
o futuro nada é, então certamente aqueles nada são.
(Walt
Whitman).
A oi ação oferece-nos
um abrigo onde nos podem os ocultar das preocupações mundanas, um lugar onde
ficamos a sós com Deus, um refúgio onde renovamos a esperança, onde nossos
cuidados ficam amortecidos. Paulo ensina-nos a lançar mão do recurso da oração.
«...com ações de
graça...» É mister que nos lembremos, com gratidão no coração, das bênçãos e
das vitórias passadas, sabedores que a mesma esperança que nos enchia o peito
no passado, é boa para o futuro. As ações de graça devem acompanhar nossas
orações «...em tudo...» (com parar com Col. 3:17).
Certamente, o texto
fala das lutas do passado, mas também envolve as circunstâncias difíceis do
presente, mediante as quais podemos aprender lições necessárias. Por isso é que
em Efé. 5:20 se lê, «...dando sempre graças por tudo...», ao passo que em ITes.
5:18 lemos,«...Em tudo dai graças...».
Posto que muitas
pessoas com frequência oram erradamente a Deus (de forma diferente do que
deveriam fazer), com muitas queixas e reclamações, como se tivessem motivo
justo de acusarem-no, ao passo que há outros que não podem tolerar demoras na
resposta, quando Deus não quer satisfazer imediatamente aos seus desejos, por
isso mesmo é que Paulo vincula a atitude de agradecimento às nossas
orações...porquanto é inquestionável que a gratidão exercerá sobre nós o efeito
de desejarmos que a vontade de Deus seja cumprida em nossas vidas, como o maior
alvo a ser obtido.
«...petições...» No
grego tem os a palavra «aitema», que significa «pedido», aquilo que é
solicitado, pois, em certo sentido importante, a oração consiste de «pedir e
receber». Estão em foco as coisas particulares que desejamos, nem um a delas
grande demais p ara o poder do Senhor, e nem pequena demais para escapar à atenção
de seu amor paternal.
«...sejam conhecidas...»
Temos aqui o verbo «gnoridzo», «fazer conhecido», «declarar», «revelar». D á a
entender que é como se Deus não soubesse quais os nossos desejos, e que, ao
confiarmos em fazer-lhe tais revelações, de coração sincero, de mistura com a
ação de graças, tocaríamos no poder divino, de modo a realizar-se aquilo que
desejamos. Isso pode ser comparado com as próprias instruções do Senhor Jesus,
acerca da oração, em João 16:24-27. E Deus Pai quem nos dá tudo, devido ao amor
que nos tem, visto que amamos a Cristo Jesus.
«...diante de
Deus...» Tudo deve ser feito na «presença» do Senhor, em que o crente «se
dirige a ele». Fica subentendido que Deus está sempre perto de nós, pronto a
ouvir-nos. Portanto, apreensões ditadas pela ânsia não têm razão de ser para o
crente, pois nosso Pai está sempre pronto para ajudar-nos.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 62-63.
A ansiedade, uma
doença perigosa (4.6)
A ansiedade é a maior
doença do século. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 50% das
pessoas que passam pelos hospitais são vítimas da ansiedade. A ansiedade atinge
adultos e crianças, doutores e analfabetos, religiosos e ateus. Warren Wiersbe
diz que a ansiedade é um pensamento errado e um sentimento errado a respeito
das circunstâncias, das pessoas e das coisas.409 Ralph Martin diz que ansiedade
é falta de confiança na proteção e cuidado de Deus.
Várias são as causas
da ansiedade:
Em primeiro lugar, a
ansiedade é o resultado de olharmos para os problemas, em vez de olharmos para
Deus. Os crentes de Filipos não estavam vivendo em um paraíso existencial, mas
num mundo cercado de perseguições (1.28). O próprio Paulo estava preso, na
ante-sala do martírio, com os pés na sepultura. Nuvens pardacentas se formavam
sobre sua cabeça. Quando olhamos as circunstâncias e os perigos à nossa volta,
em vez de olharmos para o Deus que governa as circunstâncias, ficamos ansiosos.
Em segundo lugar, a
ansiedade é o resultado de relacionamentos quebrados. As pessoas nos fazem
sofrer mais do que as circunstâncias. Nós desapontamos as pessoas, e elas nos
desapontam. As pessoas têm a capacidade de roubar a nossa alegria. Há pessoas
que carregam uma alma ferida e são prisioneiras da amargura, pois os
relacionamentos estão estremecidos (2.1-4; 4.2).
Em terceiro lugar, a
ansiedade é o resultado de uma exagerada preocupação com as coisas materiais
(3.19). Aqueles que só se preocupam com as coisas materiais vivem inquietos e
desassossegados. Aqueles que põem a sua confiança no dinheiro, em vez de pô-la
em Deus, descobrem que a ansiedade, e não a segurança, é a sua parceira.
Três são os
resultados da ansiedade:
Em primeiro lugar, a
ansiedade produz uma estrangulação íntima. A palavra “ansiedade” traz idéia de
estrangulamento.
Ficar ansioso é como
ser sufocado. E como cortar o oxigênio de uma pessoa e tirar dela a
possibilidade de respirar. A ansiedade produz uma fragmentação existencial. A
pessoa é rasgada ao meio. Ela produz uma esquizofrenia emocional. A pessoa
ansiosa perde o equilíbrio. Warren Wiersbe diz que a palavra “ansiedade”
significa ser “puxado em diferentes direções”. As nossas esperanças nos puxam
em uma direção; os nossos temores nos puxam em direção oposta; assim, ficamos
rasgados!
Em segundo lugar, a
ansiedade rouba nossas forças. Uma pessoa ansiosa normalmente antecipa os
problemas. Ela sofre antecipadamente. O problema ainda não aconteceu e ela já
está sofrendo. A ansiedade esgota a energia antes de o problema chegar. E
quando o problema chega, se chegar, a pessoa já está fragilizada.
Em terceiro lugar, a
ansiedade é uma eloquente voz da incredulidade. A ansiedade é a incapacidade de
crer que Deus está no controle. A ansiedade ocupa o nosso coração quando
tiramos os olhos da majestade de Deus para fixá-los na grandeza dos nossos
problemas.
A oração, o remédio
divino para a cura da ansiedade (4.6)
Deus não apenas dá
uma ordem: “Não andeis ansiosos”, mas oferece a solução. Não apenas diagnostica
a doença, mas também oferece o remédio. Se a ansiedade é uma doença, a oração é
o remédio. William Hendriksen diz que o antídoto adequado para a ansiedade é
abrir efusivamente o coração a Deus.
Lidamos com a
ansiedade não com livros de auto-ajuda, mas com a ajuda do alto. Triunfamos
sobre ela não batendo no peito em uma arrogância ufanista, mas caindo de joelhos
e lançando sobre Cristo a nossa ansiedade. Onde a oração prevalece, a ansiedade
desaparece. William Barclay corretamente afirma: “Não existe nada
demasiadamente grande para o poder de Deus nem demasiadamente pequeno para o
Seu cuidado paternal”.
O remédio de Deus
deve ser usado de acordo com a prescrição divina. Paulo fala sobre três
palavras para descrever a oração: oração, súplica e ações de graças. A oração
envolve esses três elementos:
Em primeiro lugar,
Paulo diz que precisamos adorar a Deus quando oramos. A palavra grega proseuche
é o termo genérico para oração. Essa palavra é um termo geral usado para se
referir às petições que fazemos ao Senhor. Tem a conotação de reverência, devoção
e adoração. Sempre que nos vemos ansiosos, a primeira coisa a fazer é ficar sozinhos
com Deus e adorá-Lo. Precisamos saber que Deus é grande o suficiente para resolver
os nossos problemas.
A oração começa
quando focamos a nossa atenção em Deus, e não em nós mesmos. O ponto culminante
da oração é o relacionamento com Deus, mais do que pedir coisas a Deus. Orar é
estar em comunhão com o Rei do Universo. Adoramos a Deus por quem Ele é. Em vez
de ficarmos ansiosos, devemos meditar na majestade de Deus e descansar nos Seus
braços. Se Deus é quem Ele é, e se Ele é o nosso Pai, não precisamos ficar
ansiosos.
Em segundo lugar,
Paulo diz que podemos apresentar a Ele as nossas necessidades quando oramos. A
palavra grega deesis enfatiza o elemento de petição, a súplica em oração.
Devemos apresentar
todas as nossas necessidades a Deus em oração, em vez de acumular o peso da
ansiedade em nosso coração. O próprio Senhor Jesus nos ensinou: “Pedi, e
dar-se-vos-á...” (Mt 7.7) e “... tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei”
(Jo 14.13). Tiago escreveu: “Nada tendes, porque não pedis” (Tg 4.2).
Em terceiro lugar,
Paulo diz que devemos agradecer a Deus quando oramos. Devemos olhar para o que
Deus já fez por nós para não ficarmos ansiosos (SI 116.7). Todavia, devemos
agradecer também o que Deus vai fazer. Deus desbarata os nossos inimigos quando
nos voltamos para Ele com ações de graças (2Cr 20.21). O próprio Paulo, quando
plantou a igreja em Filipos, foi açoitado e preso.
Não obstante a
dolorosa circunstância, agradeceu a Deus, cantando louvores na prisão (At
16.25). Quando o profeta Daniel foi vítima de uma orquestração na Babilônia,
longe de ficar ansioso, orou a Deus com súplicas e ações de graças (Dn 6.10,11).
Daniel foi capaz de passar a noite, em perfeita paz, com os leões, enquanto o
rei no seu palácio não conseguiu dormir (Dn 6.18).
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 229-233.
2. Uma paz que excede
todo o entendimento.
A Paz que Excede todo
o Entendimento (4.7)
A paz de Deus é dom
que procede dEle para aqueles que o servem. Essa paz é algo poderoso para
aquietar o coração inquieto e ansioso, porque sobrepuja tudo e todo o
entendimento. E algo que a psicologia não pode explicar, porque é experiência
divina. E aquela paz inexplicável, que está acima do natural. E algo
sobrenatural que se manifesta na nossa vida natural, porque é sentida e vivida
por aqueles que a experimentam (1 Co 2.9; Ef 3.20).
Há certa reciprocidade
entre alegria e paz. Não haverá alegria sem paz interior. Não se trata de uma
simples paz, mas de uma paz que vem de Deus. Os discípulos de Jesus
experimentaram essa paz especial quando Ele disse: “Deixo-vos a paz, a minha
paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14.27).
1. O tipo de paz “que
excede todo o entendimento”
Em síntese, essa paz
é algo que transcende qualquer compreensão. Não tem como discuti-la
filosoficamente, nem no campo da psicologia. Os adeptos do gnosticismo que defendiam
a ideia de possuírem algo superior em termos de inteligência, conhecimento e
entendimento são confrontados por Paulo quando sugere algo mais alto e mais
profundo que o entendimento humano. E a paz de Deus que excede todo o
entendimento.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 128.
(Quanto a notas
expositivas completas sobre a «paz», verG ál. 5:22, onde essa virtude aparece
como um dos aspectos do «fruto do Espírito Santo», ou seja, produto do desenvolvimento
espiritual. Ver tam bém os trechos de João 14:27 e 16:33, onde há poemas
ilustrativos, igualmente inclusos nessas anotações. Ver o trecho de Rom. 5:11 e
as notas expositivas ali existentes, sobre a doutrina da «justificação pela
fé», porquanto essa «paz» resulta de nossa justificação diante de Deus).
«...paz de Deus...»
Essa paz é atribuída a Deus porque 1. trata-se de um a qualidade espiritual,
que nos é divinamente conferida, da parte do Espírito Santo; e 2. porque Deus é
a sua fonte originária. Este é o único trecho onde essa expressão figura em
todo 0 N-.T. (Com parar com a expressão «Deus da paz», que figura no nono
versículo deste mesmo capítulo).
A paz é vista aqui
como um subproduto da oração; e isso é natural, posto que a comunhão com Deus
acalma todas as águas perturbadas.
A paz consiste de
«...relações saudáveis e harmoniosas, que prevalecem na vida interior, em
resultado da reconciliação com Deus, por meio de Jesus Cristo...Deixarmos
nossas ansiedades com Deus é algo que destrói o poder corrosivo da ansiedade,
ficando nós acalmados pela sua paz. A paz é usada no Talmude como um dos nomes
de Deus». (Kennedy, in loc.).
« ...que excede todo
o entendimento...» Essa expressão tem dois significados possíveis: 1. Pode
significar que a paz de Deus é insondável, não estando sujeita ao poder de
raciocínio do homem , visto que o transcende; podendo existir até mesmo quando
não há razões aparentes para a sua existência, como quando nos vemos em meio às
tribulações, porquanto Deus é quem no-la dá, não sendo produto de
circunstâncias favoráveis, como a tranquilidade humana geralmente o é. Também
está fora do alcance de nosso entendimento, ainda que tenhamos consciência de sua
presença e de seus efeitos. 2. Ou então, se compreendermos a palavra grega
«nous» com o «mente», no sentido de «engenho» ou «astúcia», o sentido pode ser
que «Deus pode fazer mais por nós, conferindo-nos a paz, do que poderíamos obter
através de qualquer planejamento nosso, por mais cuidadoso que esse fosse». Mas
o primeiro desses sentidos é o preferido pela maioria dos intérpretes.
«...entendimento...»
é tradução do vocábulo grego «noos», que tem os dois significados dados acima,
isto é, «com preensão» ou «poder do raciocínio». A paz é algo perfeitamente
real, a despeito de não podermos compreender como ela pode subsistir até mesmo
quando o crente está sob circunstâncias difíceis. Ou então ela pode ser algo
que nos é conferido por Deus, mas que está totalmente fora do alcance hum ano,
entregue aos seus próprios recursos. A primeira dessas duas possibilidades é a
que mais provavelmente está aqui em foco.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 63.
A paz de Deus, uma
bênção a ser recebida (4.7)
Pela oração, a paz de
Deus ocupa o lugar que antes a ansiedade tomava conta. A oração aquieta o nosso
interior e muda o mundo ao nosso redor. Por meio dela, nos elevamos a Deus e
trazemos o céu à terra. A ansiedade é um pensamento errado e um sentimento
errado, por isso a paz de Deus guarda mente e coração. O mesmo coração que estava
cheio de ansiedade, pela oração agora está cheio de paz. F. F. Bruce diz que a
paz de Deus pode significar não apenas a paz que Ele mesmo concede, mas a
serenidade em que o próprio Deus vive: Deus não está sujeito à ansiedade.
O apóstolo destaca três
verdades importantes sobre a paz:
Em primeiro lugar, a
paz que recebemos é uma paz divina, e não humana (4.7). E a paz de Deus. A paz
de Deus não é paz de cemitério. Não é ausência de problemas. Essa paz não é
produzida por circunstâncias. O mundo não conhece essa paz nem pode dá-la (Jo
14.27). Governos humanos não podem gerar essa paz. Essa paz vem de Deus. Bruce
Barton afirma: “A verdadeira paz não é encontrada no pensamento positivo, na
ausência de conflito, ou em bons sentimentos; ela procede do fato de saber que
Deus está no controle”.
Em segundo lugar, a
paz de Deus transcende a compreensão humana (4.7). Essa paz é transcendente.
Ela vai além da compreensão humana. A despeito da tempestade do lado de fora,
podemos desfrutar bonança do lado dentro. Ela coexiste com a dor, com as
lágrimas, com o luto e com a própria morte. Essa é a paz que os mártires
sentiram diante do suplício e da morte. Essa é a paz que Paulo sentiu ao caminhar
para a guilhotina, dizendo: “A hora da minha partida é chegada. Combati o bom
combate, completei a carreira e guardei a fé. Agora, a coroa da justiça me está
guardada...” (2Tm 4.6-8).
Em terceiro lugar, a
paz de Deus é uma sentinela celestial ao nosso redor (4.7). A palavra grega
fivurein é um termo militar para estar em guarda.418 Assim, “guardar” traz a ideia
de uma sentinela, um soldado na torre de vigia, protegendo a cidade. A paz de
Deus é como um exército protegendo-nos dos problemas externos e dos temores
internos. Paulo diz que essa paz guarda os nossos corações (sentimentos errados)
e nossas mentes (pensamentos errados), as nossas emoções e a nossa razão.
William Hendriksen, comentando este texto, escreve:
Os filipenses estavam
acostumados a ver as sentinelas romanas montarem guarda. Assim também, se bem
que em um sentido muitíssimo mais profundo, a paz de Deus montará guarda à
porta do coração e da mente. Ela impedirá que a torturante angústia corroa o
coração, que é o manancial da vida (Pv 4.23), a fonte do pensamento (Rm 1.21),
da vontade (ICo 7.37) e do sentimento (1.7). O homem de fé e oração tem-se
refugiado naquela inexpugnável cidadela da qual ninguém jamais poderá
arrancá-lo; e o nome dessa fortaleza é Jesus Cristo.
Ralph Martin comenta
que o uso que Paulo faz de um verbo militar demonstra que ele está pensando na
segurança da igreja, e seus membros, num ambiente hostil, cercados de inimigos.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 233-234.
3. Uma paz que guarda o coração e os
sentimentos do crente.
Um tipo de paz que
protege o crente em Cristo Jesus
A parte b do
versículo 7 diz: “guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo
Jesus”. É um tipo de paz como um muro de proteção ao redor de uma casa que
protege dos perigos de fora. A paz de Deus torna-se guarda de proteção para o
crente fiel. O texto fala de “coração e mente”, que são cidadelas dos
pensamentos e emoções que experimentamos na nossa vida cotidiana. A proteção é
feita por Jesus Cristo, Salvador e Senhor nosso. Portanto, a alegria do Senhor
alimenta a nossa alma e produz paz e segurança, porque “essa paz é como uma
sentinela celestial” que nos protege do mal.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 128-129.
«.. .guardará os
vossos corações. ..» A palavra «coração» é aqui utilizada para dar a ideia de
«alma», indicando o «verdadeiro homem», e não apenas o seu intelecto ou as suas
emoções. Assim, pois, 0 verdadeiro homem é guardado pelo poder pacificador de
Deus, ainda que o homem mortal venha a ser severamente assediado por
dificuldades de toda a sorte, externas ou íntimas. A paz de deus «guarda» nosso
homem interior. Esse verbo, no original grego, é «proureo», que significa
exatamente isso, «guardar», «confiar», «manter sob custódia». Neste ponto, a
ideia é de montar guarda, para finalidade de proteção. A paz é pintada como a
sentinela de Deus, que patrulha e guarda 0 homem interior.
É declarado aqui que
a paz de Deus ‘guarnece’ o coração e a mente do crente. O crente vive tão bem
rodeado de benditos privilégios que fica em segurança como quem se acha em um
castelo inexpugnável». (Gurnall, in loc.).
*...mentes...» Essa
palavra pode significar: 1. ou os pensamentos; ou 2. as mentes, no sentido de
um processo intelectual e das reações emotivas. Provavelmente ambas as coisas
estão em foco, dando a entender a mente e as suas funções em geral. Alguns
estudiosos consideram que a palavra «coração», neste ponto, indica a «sede das
emoções», ao passo que a «mente» seria a sede do processo de raciocínio. As
emoções às vezes dizem-nos que um a crise é fatal, ou causa de intensa
ansiedade. E o processo de raciocínio concorda com isso, pesando as coisas
conforme elas parecem ser, objetivamente. No entanto, a paz de Deus altera tudo
isso, mantendo o coração e a m ente sob guarda, não permitindo que as
circunstâncias invadam e destruam a nossa tranquilidade, que se alicerça sobre
a certeza do bem espiritual, 0 que nenhum a circunstância terrena pode alterar.
O coração é a sede
das emoções, em contraste com a inteligência (ver Rom. 9:2; 10:1; II Cor. 2:4;
6:11 e Fil. 1:7); mas também pode referir-se à ação mental ou inteligência, em
outros contextos (ver Rom. 1:21 e Efé. 1:18), também indicando questões de
moral e escolhas morais (ver I Cor. 7:37; II Cor. 9:7). O coração é igualmente
a sede de nosso contato com o Espírito de Deus (ver Rom. 5:5; II Cor. 1:22;
Gál. 4:6; Col. 3:15; I Tes. 3:13; II Tes. 2:17 e 3:5). O coração é igualmente a
sede da fé (ver Rom. 10:9), bem com o do amor de Deus (ver R om . 5 :5), sendo
também o instrumento do louvor espiritual. (Ver Col. 3:16). Pode-se ver, assim
sendo, que apesar desse termo não subentender necessariamente a alma, em todas as
suas funções, quando então se torna local onde Deus entra em contato com o
espírito hum ano, como a sede da fé e do amor, somente a alma pode estar aqui
em foco. Porquanto é com o homem interior, a alma, o homem essencial, que esse
contato tem lugar. Portanto, «kardia» é palavra grega que pode ser sinônimo de
«psuche» ou de «pneuma».
«...em Cristo
Jesus...» Em outras palavras, em comunhão e união com Jesus, por estarmos
identificados com ele, porque Deus Pai cuida de nós como cuida de seu Filho.
Essa é a «esfera» onde a proteção divina é oferecida àqueles que pertencem a
Cristo, onde também desfrutam de união mística com ele. (Com parar com isso a
expressão «em Cristo», que é usada por cento e sessenta e quatro vezes nas
páginas do N .T ., com notas expositiva sem I Cor. 1:4; e com a expressão «no
Senhor», usada por mais de quarenta vezes no N .T., a qual é comentada no
primeiro versículo deste 1 capítulo).
Um dos importantes
elementos sociais do período helenista foi o guarnecimento militar de muitas
cidades da Grécia e da Ásia Menor, pelos sucessores de Alexandre, o Grande. Os
leito res de Paulo certamente, estariam familiarizados com a proteção militar
oferecida às cidades. Ora, Deus oferece-nos a sua proteção às nossas almas. A
paz é a sentinela que garante que tudo vai bem. No mundo temos tribulação, mas
em Cristo temos paz.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 63.
ELABORADO:
Pb Alessandro Silva.
a paz do senhor irmão Alessandro todas as lições são abençoadas mais principalmente as do 2° trimestre afamilha crista no seculo XXI protegendo seu lar do ataques do inimigo isto que estamos precisando, ora por nos.
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ResponderExcluirSensacional querido, Deus te abençoe.
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