Data: 28/07/2013. Hinos sugeridos: 42,
130, 158.
TEXTO ÁUREO
VERDADE PRÁTICA
Jesus
Cristo é o nosso modelo ideal de submissão, humildade e serviço.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Fp 2.5-8 Cristo: o maior exemplo de humildade.
Terça - Jo 12.20 28 Glorifique a Deus na tribulação.
Quarta - Jo 13,3-7 Quem ama serve.
Quinta - Lc 6.27 36 Amando como Jesus.
Sexta - Rm 12.9-15 A verdadeira fraternidade.
Sábado - Fp 2.3 Considerando o outro superior.
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Filipenses
2.5-11.
5
- De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6
- que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
7
- Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante
aos homens;
8
- e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à
morte e morte de cruz.
9
- Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre
todo o nome,
10
- para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na
terra, e debaixo da terra,
11
- e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor; para glória de Deus Pai.
5 Have this mind among yourselves, which is yours in Christ Jesus,
6 who, though he was in the form of God, did not count equality with God
a thing to be grasped,
7 but emptied himself, taking the form of a servant, being born in the likeness
of men.
8 And being found in human form he humbled himself and became obedient
unto death, even death on a cross.
9 Therefore God has highly exalted him and bestowed on him the name which
is above every name,
10 that at the name of Jesus every knee should bow, in heaven and on earth
and under the earth,
11 and every tongue confess that Jesus Christ is Lord, to the glory of
God the Father.
INTERAÇÃO
Você
concorda que Jesus Cristo é a plena revelação de Deus? Que em Jesus, o
Altíssimo se fez Deus Conosco, o Emanuel7 Que o Nazareno é a encarnação suprema
do Deus Pai? Mas por que o Altíssimo não escolheu manifestar-se como um
político poderoso judeu? Por que Ele não elegeu um sacerdote da linhagem de
Arão para salvar ã humanidade? Por que o nosso Deus escolheu alguém que não
tinha onde "reclinar a cabeça”? Alguém que em seu nascimento não tinha
onde pousar com a sua mãe? A vida de Jesus de Nazaré demonstra, ainda que
soberano e glorioso, um Deus que não se revelou plenamente a humanidade
exalando opulência, mas simplicidade e ternura. O Pai se fez carne e
humilhou-se. Ele revelou-se para o mundo em humilhação. Isto lhe diz alguma
coisa?
OBJETIVOS
Após
a aula, o aluno deverá estar apto a:
Conhecer o estado eterno da
pre encarnação de Cristo.
Apreender o que a Bíblia
ensina sobre o estado temporal de Cristo.
Compreender a exaltação final de
Cristo.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado
professor, a lição a ser estudada nesta semana é bem teológica. As Escrituras
apresentam uma doutrina robusta acerca da humanidade e divindade de Jesus
Cristo. A história da Igreja apresenta fundamentos sólidos à luz dos concílios
ecumênicos que, ao longo do tempo, deram conta da evolução de toda a teologia
cristã no Ocidente.
Para
introduzir o assunto, reproduza o esquema da página seguinte. Faça uma rápida
exposição da doutrina da união hipostática de Jesus. Para isso o prezado
professor deverá munir-se de uma boa Teologia Sistemática e Bíblica.
PALAVRA-CHAVE
Humildade: Virtude que nos dá o sentimento da nossa fraqueza.
Modéstia, pobreza.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, enfocaremos as atitudes de Cristo que revelam a sua natureza humana,
obediência e humilhação, bem como a sua divindade. Humanidade e divindade,
aliás, são as duas naturezas inseparáveis de Jesus. Esta doutrina é apresentada
por Paulo no segundo capítulo da Epístola aos Fiiipenses.
Veremos
ainda que Jesus nunca deixou de ser Deus, e que encarnando-se, salvou-nos de
nossos pecados. A presente lição revela também a sua exaltação.
I - O
FILHO DIVINO: O ESTADO ETERNO DA PRÉ-ENCARNAÇÃO (2.5,6)
1. Ele deu o maior
exemplo de humildade.
Na Epístola aos Filipenses, lemos: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento
que houve também em Cristo Jesus” (v.5). Este texto reflete a humildade de
Cristo revelada antes da sua encarnação. Certa feita, quando ensinava aos seus
discípulos, o Mestre disse: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de
coração” (Mt 11.29).
Jesus
Cristo é o modelo perfeito de humildade. O apóstolo Paulo insta a que os filipenses
tenham a
mesma disposição demonstrada por Jesus.
2. Ele era igual a
Deus. "Que,
sendo em forma de Deus” (v.6). A palavra forma sugere o objeto de uma
configuração, uma semelhança. Em relação a Deus, o termo refere- se à forma
essencial da divindade. Cristo é Deus, igual com o Pai, pois ambos têm a mesma
natureza, glória e essência (Jo 17.5). A forma verbal da palavra sendo aparece
em outras versões bíblicas como subsistindo ou existindo.
Cristo
é, por natureza, Deus, pois antes de fazer-se humano “subsistia em forma de
Deus”. Os líderes de Jerusalém procuravam matar Jesus porque Ele dizia ser
“igual a Deus”. A Filipe, o Senhor afirmou ser igual ao Pai (Jo 14.9-11). A
divindade de Cristo é fartamente corroborada ao longo da Bíblia (jo 1.1; 20.28;
Tt 2.13; Hb 1.8; Ap 21.7). Portanto, Cristo, ao fazer-se homem, esvaziou-se não
de sua divindade, mas de sua glória.
3. Mas “não teve por
usurpação ser igual a Deus” (v.6). Isto significa que o Senhor não se apegou
aos seus “direitos divinos”. Ele não agiu egoisticamente, mas esvaziou- se da
sua glória, para assumir a natureza humana e entregar-se em expiação por toda
humanidade. O que podemos destacar nesta atitude de Jesus é o seu amor pelo
mundo. Por amor a nós, Cristo ocultou a sua glória sob a natureza terrena.
Voluntariamente, humilhou-se e assumiu a nossa fragilidade, com exceção do
pecado.
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
“Cristo
é por natureza Deus, pois antes de fazer-se humano ‘‘subsistia em forma de
Deus”.
II - O
FILHO DO HOMEM: O ESTADO TEMPORAL DE CRISTO (2,7,8)
1. “Aniquilou-se a si
mesmo” (2.7).
Foi na sua encarnação que o Senhor Jesus deu a maior prova da sua humildade:
Ele “aniquilou-se a si mesmo”. O termo grego usado pelo apóstolo é o verbo
kenoô, que significa também esvaziar, ficar vazio. Portanto, o verbo esvaziar
comunica melhor do que aniquilar a ideia da encarnação de Jesus; destaca que
Ele esvaziou-se a si mesmo, privou-se de sua glória e tomou a natureza humana.
Todavia, em momento algum veio a despojar-se da sua divindade.
Jesus
não trocou a natureza divina pela humana. Antes, voluntariamente, renunciou em
parte às prerrogativas inerentes à divindade, para assumir | a nossa
humanidade. Tornando-se t. verdadeiro homem, fez-se maldição por nós (Gl 3.13).
E levou sobre o seu corpo todos os nossos pecados (IPe 2.24). Em Gálatas 4.4,
Paulo escreveu que, na plenitude dos tempos, “Deus enviou seu Filho, nascido de
mulher". Isto indica que Jesus é consubstanciai com toda a humanidade
nascida em Adão.
A diferença entre Jesus e os demais seres humanos está no fato de Ele ter sido
gerado virginalmente pelo Espírito Santo e nunca ter cometido qualquer pecado
ou iniquidade (Lc 1.35). Por isso, o amado Mestre é “verdadeiramente homem e
verdadeiramente Deus".
2. Ele “humilhou-se a
si mesmo” (2.8).
Jesus encarnado rebaixou-se mais ainda ao permitir ser escarnecido e maltratado
pelos incrédulos (Is 53.7; Mt 26.62-64; Mc 14.60,61). A auto humilhação do
Mestre foi espontânea, Ele submeteu-se às maiores afrontas, porém jamais perdeu
o foco da sua missão: cumprir toda a justiça de Deus para salvar a humanidade.
3. Ele foi “obediente
até a morte e morte de cruz” (2.8). O Mestre amado foi obediente à vontade do
Pai até mesmo em sua agonia: "Não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc
22.42). No Getsêmani, antes de encarar o Calvário, Jesus enfrentou profunda angústia
e submeteu-se totalmente a Deus, acatando-lhe a vontade soberana. Quando
enfrentou o Calvário, o
Mestre desceu ao ponto mais baixo da sua humilhação. Ele se fez maldição por
nós (Dt 21.22,23; cf. Gl 3.13), passando pela morte e morte de cruz.
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
O
Filho do Homem “aniquilou-se a si mesmo", “humilhou-se a si mesmo”, e “foi
obediente até a morte e morte de cruz”.
III - A
EXALTAÇAO DE CRISTO (2.9-11)
1. “Deus o exaltou
soberanamente” (2.9).
Após a sua vitória final sobre o pecado e a morte jesus é finalmente exaltado
pelo Pai. O caminho da exaltação passou pela humilhação, mas Ele foi coroado de
glória, tornando-se herdeiro de todas as coisas (Hb 1.3; 2.9;12.2),
Usado
pelo autor sagrado para designar especialmente Jesus, o termo grego Kyrios
revela a glorificação de Cristo. O nome “Jesus” é equivalente a “Senhor”, e,
por decreto divino, Ele foi elevado acima de todo nome. As Escrituras atestam
que ante o seu nome “se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e
debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor [o
Kyrios]” (v.10).
2. Dobre-se todo
joelho.
Diante de Jesus, todo joelho se dobrará (v.10). Ajoelhar-se implica reconhecer
a autoridade de alguém. Logo, quando nos ajoelhamos diante de Jesus, deixamos bem
claro que Ele é a autoridade suprema não só da Igreja, mas de todo o Universo.
Quando oramos em seu nome e cantamos-lhe louvores, reconhecemos-lhe a
soberania. Pois todas as coisas, animadas e inanimadas, estão sob a sua
autoridade e não podem esquivar-se do seu senhorio.
3. “Toda língua
confesse” (v.11).
Além de ressaltar o reconhecimento do senhorio de Jesus, a expressão implica
também a pregação do
Evangelho em todo o mundo. Cada crente deve proclamar o nome de Jesus. O valor
do Cristianismo está naquilo que se crê, A confissão de que Jesus Cristo é o
Senhor é o ponto de convergência de toda a Igreja (Rm 10.9; At 10.36; 1 Co
8.6). Nosso credo implica o reconhecimento público de Jesus Cristo como o
Senhor da Igreja. A exaltação de Cristo deve ser proclamada universalmente.
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
Deus,
o Pai, exaltou soberanamente o Filho fazendo-o Senhor e Rei. Haverá, pois, um
dia que "todo joelho se dobrará’ e “toda língua confessará” o senhorio de
Cristo”.
CONCLUSÃO
O
tema estudado hoje é altamente teológico. Vimos a humilhação e a encarnação de
Jesus. Estudamos a dinâmica da sua humanização e a sua consequente exaltação.
Aprendemos também que o Senhor Jesus é o Deus forte encarnado — verdadeiramente
homem e verdadeiramente Deus. E que Ele recebeu do Pai toda a autoridade nos
céus e na terra. Ele é o Kyrios, o Senhor Todo-Poderoso. O nome sob o qual, um
dia, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o
Senhor. Proclamemos essa verdade universamente.
UNIÃO HIPOSTÁTICA
"[Do
gr. hypostasis] Doutrina que, exposta no Concílio de Calcedônia em 451, realça
a perfeita e harmoniosa união entre as naturezas humana e divina de Cristo.
Acentua este ensinamento ser Jesus, de fato, verdadeiro homem e verdadeiro
Deus” (Dicionário Teológico, p.352,
CPAD).
Natureza
Humana
Natureza
Divina
“Embora
o título ‘Filho do Homem’ apresente duas definições principais, são três as
aplicações contextuais, no Novo Testamento. A primeira é o Filho do Homem no
seu ministério terrestre. A segunda refere-se ao seu sofrimento futuro (como
por Mc 13.24). Assim, atribuíu-se novo significado a uma terminologia existente
dentro do Judaísmo. A terceira aplicação diz respeito ao Filho do Homem na sua
glória futura (ver Mc 13.24, que aproveita diretamente toda a corrente
profética que brotou do livro de Daniel). [...} Logo, Jesus é o Filho do Homem
- passado, presente e futuro. [...] O fato de o Filho do Homem ser um homem
literal é incomparável" (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva
Pentecostal, pp.312-13, CPAD), “Os
escritos joaninos dão bastante ênfase ao título ‘Filho de Deus’. João 20.31
afirma de forma explícita que o propósito do evangelho é 'para que creiais que
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome’. Além do uso do próprio título, Jesus é chamado inúmeras vezes ‘o Filho’,
sem acréscimo de outras qualificações. Há também mais de cem circunstâncias em
que Jesus se dirige diretamente a Deus ou se refere a Ele como ‘Pai’ [...].
As
afirmações: £Eu sou’ são exclusivas do evangelho de João. Elas, como afirmações
de Jesus na primeira pessoa, formam uma parte relevante da autorrevelação dEle
[‘Eu Sou’ é a declaração da autorrevelação divina (cf. Êx 3.14)]” (Teologia do
Novo Testamento, pp.203, 205, CPAD).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio
Teológico
“KENÓSIS
[Do
gr. kenós, vazio, oco, sem coisa alguma] Termo usado para explicar o
esvaziamento da glória de Cristo quando da sua encarnação. Ao fazer-se homem,
renunciou Ele temporariamente a glória da divindade (Fp 2.1-6). O capítulo 53
de Isaías é a passagem que melhor retrata a kenósis de Cristo. Segundo vaticina
o profeta, em Jesus não havia beleza nem formosura, Nesta humilhação, porém,
Deus exaltou o homem às regiões celestes,
Quando
se trata de Kenósis de Cristo, há que se tomar muito cuidado. É contra o
espírito do Novo Testamento, afirmar que o Senhor Jesus esvaziou-se de sua
divindade. Ao encarnar-se, esvaziou-se Ele apenas da sua glória. Em todo o seu
ministério terreno, agiu como verdadeiro homem e verdadeiro Deus.
KENÓTICA,
TEOLOGIA DA
Movimento
surgido na Inglaterra no século 19, cujo objetivo era enfatizar a kenósis de
Cristo. Em torno do tema, muitas questões foram suscitadas: Cristo, afinal,
esvaziou-se de sua glória ou de sua divindade? Caso haja se esvaziado de sua
divindade, sua morte teve alguma eficácia redentora?
Ora,
como já dissemos no verbete anterior, a kenósis de Cristo não implicou no
esvaziamento de sua divindade, mas apenas no au- toesvaziamento de sua glória.
Em todo o seu ministério, agiu Ele como verdadeiro homem e verdadeiro
Deus" (ANDRADE, Claudionor. Dicionário Teológico. 13.ed. Rio de Janeiro;
CPAD, 2004, p.246).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
II
Subsídio
Teológico
“O
termo ‘Senhor’ representa o vocábulo grego kurios, bem como os vocábulos
hebraicos Adernai (que. significa ‘meu Senhor, meu Mestre, aquEle a quem
pertenço’) e Yahweh (o nome pessoal de Deus). Para as culturas do Oriente
Próximo e do Oriente Médio antigos, ‘Senhor’ atribuía grande reverência quando
aplicado aos governantes, As nações ao redor de Israel usavam o termo para
indicar seus reis e deuses, pois a maioria dos reis pagãos afirmavam-se deuses.
Esse termo, pois, representava adoração e obediência. Kurios podia ser usado no
trato com pessoas comuns, como uma forma polida de tratamento. Entretanto, a Bíblia
declara que o nome ‘Senhor’ foi dado a Jesus pelo Pai, identificando-o, assim,
como divino Senhor (Fp 2.9-11). Os crentes adotaram facilmente esse termo,
reconhecendo em Jesus o Senhor divino. Por meio de seu uso, indicavam completa
submissão ao Ser Supremo. O título que Paulo preferia usar para referir-se a si
mesmo era ‘servo’ (no grego, doulos, ‘escravo’, ou seja, um escravo por amor)
de Cristo Jesus (Rm 1.1; Fp 1.1). A rendição absoluta é apropriada a um Mestre
absoluto. A significação prática desse termo é espantosa quanto às suas
implicações na vida diária. A vida inteira deve estar sob a liderança de
Cristo. Ele deve ser o Mestre de cada momento da vida de todos quantos nasceram
na família de Deus.
Isso,
contudo, não significa que Cristo seja um tirano, pois Ele mesmo declarou: ‘Os
reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são
chamados benfeitores. Mas não sereis vós assim; antes, o maior entre vós seja
como o menor; e quem governa, com quem serve. Pois qual é maior: quem está à
mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Eu porém, entre vós,
sou como aquele que serve’ (Lc 22.25-27; ver também Mt 20.25-28). Jesus viveu e
ensinou a liderança de servos” (MENZIES, William W.; HORTON, Stanley M. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa
Fé. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.51-52).
EXERCÍCIOS
1.
Quem é o nosso modelo perfeito de humildade?
R:
Jesus Cristo.
2.
Segundo a lição, o que sugere a palavra forma?
R:
O objeto de uma configuração, uma semelhança. Em relação a Deus, o termo
refere-se à forma essencial da divindade.
3.
Qual o significado do verbo grego kenoô?
R:
Esvaziar, ficar vazio.
4.
Qual o termo importante que aparece como designação principal do autor sagrado
para descrever a glorificação do Filho pelo Pai em o Novo Testamento?
R:
Kyrios, Senhor.
5.
O que você tem feito para proclamar e exaltar o nome de Jesus em sua igreja e
fora dela?
R:Resposta
pessoal.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ZUCK,
Roy B. (Ed.). Teologia do Novo
Testamento. 1. ed. Rio de
Janeiro:
CPAD, 2008.
HORTON,
Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal. 1O. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
BLOMBERC,
Craig L. Questões Cruciais do Novo
Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n° 55, p.38.
Caro
professor, um termo grego muito importante no capítulo 2 de Filipenses é
xr|vooiç (kenosis). Este é um conceito que ganhou força na Teologia Cristã
através dos séculos, pois, em Cristologia, ele trata do esvaziamento da glória
divina de Jesus para tornar-se em "forma de servo, fazendo-se semelhante
aos homens". E a iniciativa de Jesus em aniquilar a própria vontade para
fazer a do Pai.
Quando
estudamos Cristologia e deparamo-nos com o milagre da encarnação de Deus em
Jesus Cristo, uma pergunta é inevitável: "Como o Deus todo-poderoso,
soberano e criador de todas as coisas, revelou-se plenamente a humanidade de
forma tão frágil (criança) e humana (Jesus de Nazaré)? Os palácios não foram a
Sua casa, muito menos o quarto nababesco de um grande hotel. O lugar que
acomodou o nosso Senhor foi uma estrebaria, onde se abrigava diversos animais.
O símbolo da estrebaria remonta o significado do que o apóstolo Paulo quer
dizer com esvaziamento de Cristo.
Deus
estava em Jesus revelando-se à humanidade como nunca se revelara antes:
humilde, humano, servo, lavador de pés. Esta foi a causa dos judeus não
reconhecê-lo como Messias, pois ele era o oposto daquilo que os judeus
esperavam. Deus jamais se revelara assim tão humilde como se revelou em Jesus.
Jesus, o Cristo, uma loucura para gentios e judeus.
Usando
a kenosis de Deus é que o apóstolo Paulo conclama os filipenses para terem o
mesmo sentimento que predominava em Cristo Jesus. Logo, segundo a expressão do
teólogo Reinold Blank, "a kenosis de Deus implica na kenosis do
homem". O mesmo sentimento que estava em Jesus deve estar no homem. Aqui,
a humildade de Jesus nos constrange e modela.
Uma
verdade que precisa ser destacada é a de que em Jesus o homem é capaz de
abdicar-se de todo sentimento de poder, egoísmo e opressão. Livrar-se de todos
os atributos que descrevam um caráter soberbo, individualista, desejoso de
fazer o mal. Outra verdade que deve ser ressaltada na classe é que em Jesus o ser
humano é convidado a realizar a obra kenótica de si mesmo. Foi assim que Deus
Pai se revelou nEle. Humilde e inimigo de qualquer artifício para fazer o mal.
Conclame sua classe a ter a mesma postura de Jesus. Mostre aos alunos que o
Evangelho quando encarna no discípulo de Cristo o impulsiona a fazer o bem,
renunciar os próprios interesses e até mesmo amar os seus supostos inimigos.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Paulo apela aos
sentimentos dos cristãos de Filipos para que tenham essa qualidade como um modo
de vida exemplificada em Cristo. Neste texto temos o destaque de duas atitudes
de Cristo — humildade e obediência — como manifestações de sua humanidade. No
texto de 1.27, Paulo coloca a pessoa de Jesus Cristo como o grande modelo de
homem como exemplo para sua vida pessoal no modo de agir e pensar. O texto de
Filipenses 2.5-11 vislumbra a perfeita divindade de Jesus Cristo reivindicada
ainda como homem na sua oração feita uma semana antes de realizar seu
sacrifício no Calvário. O texto nos faz entender que Ele existiu como o Filho
eterno de Deus, participando de sua glória junto do Pai antes de sua
humanidade. Sem intenção didática da parte do apóstolo, ele destacou na sua
carta as duas naturezas de Cristo e apresentou-as nessa escritura reafirmando
essa doutrina como genuína na Bíblia. Como Filho de Deus, Jesus não discutiu
sua filiação ao Pai, mas espontaneamente abriu mão de sua glória de divindade
para assumir a natureza humana e por ela salvar o mundo dos seus pecados. Ao
assumir a natureza humana, nascendo de mulher, Ele fez-se homem verdadeiro. Ele
nunca deixou de ser Deus, mas, ao assumir sua humanidade, nascendo de mulher e
gerado pelo Espírito Santo, Ele assumiu, de fato, o papel de servo,
humilhando-se e tornando-se obediente até a morte na cruz. Ele fez tudo isso
para salvar o homem dos seus pecados. Por sua obediência e humildade, o Pai
Eterno o exaltou à glória celestial depois de sua vitória sobre a morte e o
túmulo, ressuscitando gloriosamente. Esse texto apresenta não só a sua
humilhação, mas também a sua exaltação perante o Pai depois de sua vitória no
Calvário.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 60-61.
O exemplo da
humildade de Cristo (2.5-11)
Paulo, agora, com o
propósito de deixar bem clara a lição sobre a humildade, escreve uma das mais
sublimes passagens de toda a Escritura Sagrada. Pela inspiração divina, ele
sobe às maiores alturas e desce às maiores profundidades, ao expressar o
mistério da encarnação de Cristo. Apresentamos aqui a seguinte paráfrase desta
passagem, na qual se preserva o sentido original da língua grega.
“Pensai assim vós
mesmos, como Cristo Jesus foi inspirado a pensar. Ele, que sendo originalmente
a verdadeira expressão e declaração da vida íntima e essencial da divindade,
não considerou a igualdade com Deus uma coisa a que se devia aferrar. Mas se
esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo
encontrado como homem na aparência externa, humilhou-se ainda mais, tornando-se
obediente até a morte - a morte sobre a cruz. Por esta razão, Deus grandemente o
elevou e livremente lhe conferiu o nome que está sobre todo o nome, decretando
que ao nome de Jesus todo joelho se dobre, tanto os que estão nos céus, como os
que estão na Terra e debaixo da Terra, e que toda língua pronuncie esta
confissão: ‘Jesus, Messias, é Senhor!’
Assim rendendo glória
a Deus, o Pai” .
O versículo 6 atesta
a divindade essencial de Cristo. AquEle que originalmente ocupava uma
modalidade de existência própria de Deus. O vocábulo “forma” (morphe, no grego)
significa a manifestação duma realidade – a realidade de Cristo foi moldada a
uma nova circunstância.
O Filho de Deus, a
fim de cumprir o plano da redenção, não se prendeu à sua prerrogativa divina de
igualdade com o Pai, mas esvaziou-se a si mesmo (.Ekenosen, idem).
Cristo foi realmente
“o Filho do homem”, tendo vencido o pecado na carne (Rm 8.3), numa condição
igual à nossa.
O escritor aos
Hebreus o apresenta como o Deus homem na presença do Pai, sendo o nosso fiel e
misericordioso Sumo Sacerdote (cf. Hb 2.17,18; 4.15,16). Ele desceu do nível
divino para o da humanidade, e do nível humano para o da ignomínia (a maldita
morte de cruz), em razão do seu amor por nós. Pelo que fez, conquistou para nós
um acesso ao trono de Deus, como garantia de que nosso futuro se realizará
conforme o compromisso ou pacto celebrado no Evangelho.
Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses,
Hebreus. Editora CPAD. pag.
65-66.
Meu caro leitor,
chamo a sua atenção para duas verdades: Em primeiro lugar, a doutrina sempre deve
estar conectada com a vida. Este é o texto clássico da cristologia na Bíblia.
William Barclay diz
que esta é a passagem mais importante e mais emocionante que Paulo escreveu
sobre Jesus.181 Aqui Paulo alcança as alturas mais excelsas da sua reflexão
teológica acerca do Filho de Deus. O contexto, porém, revela-nos que Paulo está
tratando de um problema prático na vida da igreja, exortando os crentes à
unidade. Ou seja, Paulo está expondo seu pensamento teológico mais profundo
para resolver um problema de desunião dentro da igreja. A teologia deve sempre
estar conectada com a vida. A teologia determina a ética. A doutrina é a base
para a solução dos problemas que atacam a igreja. A igreja precisa pensar
teologicamente. Nessa mesma linha de pensamento, William Barclay comenta:
Em Paulo, sempre se
unem teologia e ação. Para ele, todo sistema de pensamento deve necessariamente
converter-se em um caminho de vida. Em muitos aspectos, esta passagem é uma
daquelas que têm o maior alcance teológico do Novo Testamento, mas toda a sua intenção
está em persuadir e impulsionar os filipenses a viverem uma vida livre de
desunião, desarmonia e ambição pessoal.
Em segundo lugar, a
vida de Cristo é o exemplo máximo para a igreja. Paulo corrige os problemas
internos da igreja de Filipos não apenas lhes oferecendo conceitos doutrinários,
mas lhes mostrando o exemplo de Cristo. O melhor remédio para curar os males da
igreja é olhar para Jesus, seguir os Seus passos e imitar o Seu exemplo (2.5).
A igreja de Filipos estava sendo atacada por inimigos externos e por intrigas
internas. Para corrigir os dois males, ela deveria olhar para Jesus.
William Hendriksen
corretamente afirma que há uma área em que Cristo não pode ser nosso exemplo.
Não podemos imitar os Seus atos redentivos nem sofrer e morrer vicariamente.
Contudo, com o auxílio de Deus, podemos e devemos imitar o espírito que serviu
de base para esses atos. A atitude de auto renúncia, com vistas a auxiliar outros,
deveria estar presente e se expandir na vida de cada discípulo (Mt 11.29; Jo
13.12-17; 13.34; 21.19; ICo 11.1; lTs 1.6; IPe 2.21-23; ljo 2.6).183 O mesmo
autor ainda afirma que, se Jesus não é nosso exemplo, então nossa fé é estéril,
e nossa ortodoxia, morta.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 121.
I - O
FILHO DIVINO: O ESTADO ETERNO DA PRÉ-ENCARNAÇÃO (2.5,6)
1. Ele deu o maior
exemplo de humildade.
O versículo 5 expõe
de modo especial e apropriado a encarnação de Cristo, que é a manifestação do
amor divino pela humanidade. As admoestações de caráter pastoral destacam o
amor misericordioso de Cristo manifestado em sua encarnação. No versículo 2,
por exemplo, lê-se a exortação paulina : “tendo o mesmo amor”, referindo-se ao
amor manifestado em e por Cristo.
Entretanto, no
versículo 5, o texto grego destaca a palavra phro-neo, referindo-se a
“sentimento, pensamento”. A exortação paulina é para que a igreja tenha “o mesmo
sentimento” ou que tenha a mesma “atitude” de Cristo Jesus. Na verdade, essa
exortação é para que a igreja desenvolva uma relação de comunhão entre os
irmãos. Esse sentimento equivale a mais que uma atitude individual que possamos
ter. E mais que uma imposição. E um estado de vida, ou seja, uma maneira nova
de viver em Cristo participando do seu corpo, a Igreja. Assim como a vida do
sangue que percorre todo o corpo deve ser a vida de comunhão dos membros do
corpo de Jesus.
Qual é o sentimento
demonstrado por Jesus? Ele o demonstrou mediante a sua encarnação (Jo 1.14).
Ora, sua encarnação representou seu esvaziamento de divindade para assumir 100%
a humanidade. Foi por essa demonstração que constatamos a sua humildade. Ele é
o modelo perfeito de humildade. Ele mesmo disse certa feita: “Aprendei de mim,
que sou manso humilde de coração” (Mt 11.29). Ele havia se humilhado,
revestindo-se de nossa natureza humana e, também, humilhando-se ao papel de
servo nesta natureza. O apóstolo Paulo apela a que os filipenses tenham o mesmo
sentimento demonstrado por Jesus. Ora, que sentimento era esse? O sentimento de
tudo fazer por amor a Deus e ao mundo das criaturas na terra.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 61-62.
«.
..Tende...sentimento. ..» No grego encontramos a palavra «proneistho», forma
que aparece nos mss C(3), KLP, e nas versões cóptica e aramaica, bem como nos
escritos de Orígenes, Eusébio, Basílio, Crisóstomo e Teodoreto. Essa forma é a
terceira pessoa do singular do presente do imperativo da voz passiva. Porém, a
forma melhor é «protieite», o imperativo ativo, segundo lemos nos mss P(46),
Aleph, ABCDEF, em muitas versões latinas, no siríaco e nos escritos dos pais da
igreja Cirilo, Êutico (nos códices que ele conhecia), Vitorino e Ambrosiastro.
Literalmente,
teríamos aqui «tende a mentalidade», «tende a disposição mental», «tende o
pensamento». O «sentimento» ou «disposição» aqui focalizado é aquilo mesmo que é
explanado nos versículos que se seguem—uma disposição de altruísmo, de
interesse pelos outros, ao ponto mesmo de sofrermos das barbaridades dos
homens, a fim de podermos servir a' outros.
«...em vós...» Em
cada crente, individualmente, como é claro, embora pareça haver antes a ideia
de «entre vós». Essa disposição altruísta de Cristo deveria ser a nota
dominante na comunidade cristã. Meditemos sobre a vida de Cristo, acerca de
seus sacrifícios e de sua dedicação suprem a aos (homens, e que esse exemplo
nos impulsione ao amor cristão, rejeitando nós o ódio e inveja.
Aquele que alimentava
as multidões de pão,
A si mesmo não servia
uma única refeição:
O, maravilhosas as
maravilhas ainda não feitas,
Pouco menos
maravilhosas que aquelas que Ele fez!
Oh! o controle
próprio que passa a ideia humana,
Ter todo o poder, e
ser como não tivesse nenhum!
Oh ! amor que a si
mesmo esquecia, que só Ele sentia,
Vendo as necessidades
alheias, e nunca as suas próprias!
A tradução deste
versículo não é isenta de dúvidas. Algumas dizem:
«Tende entre vós
mesmos a mentalidade que tendes em Cristo Jesus». Isso seria uma ordem p ara
que os crentes aplicassem, na ação diária, em relação a outras pessoas, aquilo
que eles mantinham particularmente, na qualidade de crentes em Cristo. Nessa
capacidade, os crentes deveriam considerar-se humildes, gentis, amorosos e
atruistas. Essa tradução é possível; mas ainda que esse seja o sentido do
versículo, o contexto geral mostra-nos que Paulo conclamava os crentes a que
«seguissem o exemplo de Cristo», a sua humildade. E a maioria dos intérpretes
prefere a interpretação que dá a ideia de uma exortação.
A humilhação de
Cristo consistiu de haver ele assumido a nossa humanidade, para em seguida ser
ainda mais aviltado nessa humanidade.
Jesus ilustrou
plenamente esse conceito, e nós somos exortados a seguir o seu claro exemplo. A
humilhação de Cristo tem «efeitos salvadores», que são efeitos espiritualmente
benéficos. Mas, finalmente, Jesus Cristo foi soberanamente exaltado. O apóstolo
dos gentios queria que nos lembrássemos desses fatores, ao seguirmos o seu
exemplo.
Eis uma história que
mostra o quanto a influência de Cristo pode transformar os homens: Conta-se que
um jovem, como brincadeira, fez uma longa confissão de maldades a um padre
católico, na catedral de Notre-Dame de Paris. O padre não tardou a reconhecer
que tudo não passava de fingimento, e replicou: «Para que eu lhe dê a
absolvição, você terá de ajoelhar-se perante o altar-mor. E olhando para Jesus
crucificado, diga por quatro vezes: ‘Fizeste isso por mim, e eu não poderia ser
mais indiferente do que sou’. O folgazão se ajoelhou e disse: ‘Fizeste isso por
mim, e eu não poderia ser mais indiferente do que sou’ ...Mas então engoliu em
seco, e não pode prosseguir. Levantou-se dos joelhos, retornou à Inglaterra, e
hoje em dia é um ministro anglicano. O exemplo do amor de Cristo, que o levou
ao sacrifício, conquistara-o para a vereda cristã.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 27-28.
Paulo roga aos
filipenses que vivam em unidade e harmonia; que deponham suas desavenças e
discórdias; que deixem de lado toda ambição pessoal, orgulho e desejo de
distinção e prestígio; e que abriguem em seus corações o desejo humilde e sem
egoísmo de servir que era a própria essência da vida de Cristo. Seu apelo final
e irrefutável à unidade consiste em assinalar o exemplo de Jesus Cristo.
Estamos diante de uma
passagem que devemos penetrar a fundo porque seu imenso conteúdo abre nossa mente
à reflexão e nosso coração à maravilha. E para isto nos deteremos em alguns
termos gregos.
O grego é uma
linguagem muito mais rica que a nossa. Onde nós temos uma só palavra para
expressar uma ideia, o grego oferece com frequência duas ou três ou mais. Em
certo sentido são palavras sinônimas ainda que jamais significam inteiramente o
mesmo; sempre conservam algum matiz especial ou certo significado particular.
Isto vale especialmente para a passagem presente. Aqui Paulo escolhe
meticulosamente cada uma de suas palavras para mostrar duas coisas: a realidade
tanto da divindade como da humanidade de Jesus Cristo. Consideremos cada frase
separadamente. Teremos em conta a tradução da versão corrente e nossa própria
tradução, e logo tentaremos penetrar no significado essencial que contêm.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag.
44-45.
2. Ele era igual a
Deus.
“que, sendo em forma
de Deus” (2.6)
O texto destaca a
palavra “forma”, sugerindo ser aquilo que tem uma configuração, uma semelhança.
Porém, em relação a Deus, o seu significado, de fato, refere-se à forma
essencial da divindade. A forma de Deus em Jesus é inalterável, porque a sua
essência pertence à divindade e é imutável. A forma verbal da palavra “sendo”
aparece em outras versões como subsistir, ou existir, ser por natureza ou pela
própria constituição: “subsistia em forma de Deus”. Paulo estava se referindo
ao estado de Cristo antes de vir a este mundo e assumir sua humanidade. Vários
textos bíblicos comprovam a pré-existência de Cristo (Jo 1.1-3; 3.13; 17.5; 2
Co 8.9; Cl 1.15-17; Hb 1.1-3).
Esta “forma de Deus”
pressupõe sua deidade, existindo ou subsistindo, original e eternamente como
Deus. Ele subsiste eternamente em forma de Deus e, temporariamente, assumiu a
“forma de servo” (Fp 2.7).
3. Ele era igual a
Deus (2.6)
“Que, sendo em forma
de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.” Jesus não precisava provar
que era Deus e, assumindo a forma de homem, sabia que seu estado de humilhação
não ofendia a divindade. Isso revela que sua divindade é pré-existente. Ele não
renunciou de modo nenhum sua divindade na encarnação. Em todo o transcurso de
sua vida terrena, conservou total e completamente a natureza divina e todos os
atributos essenciais de sua Pessoa na Trindade. Em sua encarnação, Jesus
conservou todos os seus atributos. O ato de “esvaziar-se” (do grego kenosis)
não significa que Ele tenha abandonado seu direito de divindade, mas que não
usou seus atributos de divindade enquanto “filho do homem”. O pastor e teólogo
Esequias Soares escreveu em seu livro Cristologia —A Doutrina de Jesus Cristo'.
“Quando Jesus estava na terra, não se apegou às prerrogativas da divindade para
vencer o Diabo, mas aniquilou-se a si mesmo, fazendo-se semelhante aos homens.
Como homem, tinha certa limitação em tempo e espaço e, portanto, submisso ao
Pai. Eis a razão de Ele ter dito em João 14.28: ‘O Pai é maior do que eu” (p.
49).
Cristo era, e ainda
é, igual a Deus, o Pai, não no sentido de ser a mesma pessoa, mas o de ter a
mesma natureza e a mesma glória (Jo 17.5). O texto diz que “ele não julgou como
usurpação ser igual a Deus”. Significa que Ele não considerou a sua igualdade
divina com o Pai como algo que quisesse reter para si. Ele não agiu
egoisticamente, pensando apenas em si mesmo. Ele preferiu esvaziar-se de sua
glória divina para assumir a natureza humana a fim de salvar a todos. Os
religiosos radicais de Jerusalém procuravam matar Jesus porque Ele se
identificou como “sendo igual a Deus”. Ao seu discípulo Filipe, Jesus afirmou a
sua igualdade ao Pai (Jo 14.9-11). Jesus é chamado Deus em vários textos, como:
João 1.1; 20.28; Hebreus 1.8; Tito 2.13; Apocalipse 21.7.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 62-63.
Praticamente cada
vocábulo deste versículo tem sido sujeitando-a o estudo mais acurado possível.
Essa é uma das grandiosas declarações bíblicas sobre a natureza preexistente de
Cristo. A frase difícil deste versículo é aquela aqui traduzida por «...não
julgou como usurpação o ser igual a Deus...» a qual também tem sido traduzida
por «não pensou que a igualdade com Deus fosse algo a que devesse agarrar-sé».
Também tem havido outras traduções; e admite-se universalmente a sua
dificuldade. (Ver as notas expositivas que se seguem, a respeito disso).
«...subsistindo...»,
«sendo». No grego é «uparchon».Geralmente se trata de simples sinónimo do termo
grego «einai» (ser), conforme o exame de qualquer bom léxico grego. No grego
helenista uma palavra era usada em substituição à outra, sem qualquer
modificação quanto ao seu sentido básico. Os comentários de alguns eruditos,
por conseguinte, dizem que se trata aqui de uma palavra um pouco mais forte,
que olha para a condição anterior, adiada até 0 presente; mas essa explicação
não tem alicerce sólido.
Não há qualquer
necessidade de. fortalecimento da ideia, porque o texto obviamente fala da
preexistência de Cristo. Assim sendo, nessa preexistência Cristo tinha a forma
de Deus. Na realidade, o sentido de toda
a frase gira muito mais em torno da palavra «...forma...» do que em torno da
palavra «subsistindo». O possuir a forma divina não sub entende, necessariamente,
existência na eternidade passada, a menos que essa expressão signifique,
comprovadamente, divindade. Se realmente esse é o sentido da frase, então a
existência de Cristo, por toda a eternidade passada, deve ser compreendida,
porquanto o Senhor Deus é «eterno» por definição. Por si mesma, entretanto,
essa expressão indica a preexistência de Cristo, porquanto houve um tempo em
que ele existia em forma diversa da forma humana, antes de tornar-se homem.
Esse tanto do sentido do versículo é claro além de qualquer controvérsia.
«...forma...» No
grego original temos o vocábulo «morphe». Entretanto, todas as palavras são
elásticas, podendo assumir sentidos diversos.
Portanto, este termo
pode indicar a duplicação da «natureza verdadeira» da divindade, ou então a
simples «aparência externa», quando então era usada para indicar formas vistas
nas visões que apareciam com forma semelhante à humana (ver Callistheens,
século IV a .C ., em Athen. 10,75,452b). Também era termo usado para indicar os
deuses que, por razões especiais, assumiam forma humana. (Ver Iambl. Vi. Pyth.
6,30; Filo, Abr.118). Contudo, em contraste com o vocábulo grego «schema», que sempre
se refere à forma externa, a palavra aqui usada pode significar a corporificação
da natureza essencial. No trecho de Mat. 17:2, a forma verbal desse vocábulo é
usada para indicar como Cristo teve sua forma transformada perante seus
discípulos, durante a transfiguração. É provável que, naqueles momentos, a
substância real do Espírito Humano de Cristo tenha sido espiritualizada, tendo
assumido uma natureza diferente e superior.
Portanto, nesta
palavra, vê-se que sempre está envolvida a natureza real de alguém. Dessarte,
pode-se perceber que o sentido deste texto não pode ser determinado pelo mero
significado do termo. Além disso, os argumentos alicerçados apenas sobre o
sentido de palavras são argumentos deficientes, ainda que porventura isso
defenda a verdade.
Essa expressão
poderia significar que Cristo, em alguma existência superior e preexistente,
participou dos atributos de Deus, sem possuir a natureza divina essencial — uma
elevadíssima posição, embora não a posição de divindade. Ou então poderia significar
que ele sempre teve a própria natureza de Deus Pai. Exatamente o que está em
foco aqui pode ser determinado pela teologia paulina normal. Assim sendo, se
confrontarmos esta passagem com o trecho de Col. 2:9, que declara franca e
abertamente a divindade de Cristo, então concluiremos que somos forçados a
pensar que a palavra «forma», aqui utilizada, se refere à natureza essencial de
Cristo, que participava desde a eternidade passada da divindade. (Quanto a
notas expositivas completas sobre a «divindade de Cristo», ver Heb. 1:3).
«A ênfase deste
versículo é a mesma dada em Heb. 1:3—Cristo Jesus foi a manifestação de Deus,
até onde qualquer ser criado pode contemplar. E isso não apenas entre os
homens, mas também em toda a eternidade passada, nas dimensões celestes. E
outro tanto fica implícito no fato que ele é o «Logos», a expressão falada de
Deus. Cristo é o Verbo eterno; e isso significa que por toda a eternidade
passada, o que se sabia sobre Deus era sabido por meio do Verbo. E, finalmente,
o Verbo se manifestou entre os homens, tendo assumido a nossa humanidade,
ficando assim fundidas a natureza divina e a natureza humana. Portanto, o
significado dos termos «Verbo» e «forma» subentendem a manifestação do que Deus
é para seres criados, sem importar se esses seres são anjos ou homens. Por isso
é que Lightfoot (in loc.) mostra-se correto, ao observar: «Embora ‘morphe (forma)
não seja ã mesma coisa que ‘phusis’ (natureza) ou que ‘ousia’ (ser essencial),
contudo, a possessão de 'morphe' (forma) envolve a participação na 'ousia por
semelhante modo; pois 'morphe' não subentende acidentes externos, e, sim, os
atributos essenciais». (Isso pode ser comparado com o trecho de II Cor. 4:4,
onde Cristo figura como a «imagem» de Deus, o que é igualmente atestado em Col.
1:15).
Comprovando A
Divindade De Cristo
1. Cristo exibe a
«forma» de Deus, pelo que também deve possuir a substância daquela forma, mesmo
que esse vocábulo vise apenas falar de como sua essência se manifesta e se
exibe.
2. Os próprios
eleitos, declaradamente, chegarão a possuir a natureza divina (ver II Ped.
1:4), bem como seus atributos (ver Efé. 3:19). É um absurdo, pois, supor
alguém, que o eterno Filho de Deus não seja possuidor dessa natureza. Se o
menor é verdade, o maior sempre será verdade. De fato, o menor não poderia ser
verdadeiro, a menos que o maior o fosse primeiro. Chegaremos a participar
(finitamente) da natureza divina porque ele já participa (infinitamente) dessa
natureza. Recebemos de sua imagem (ver Rom. 8:29) porque, primeiramente, ele a
possuiu.
3. O fato de que este
versículo fala de uma «igualdade» que Jesus Cristo poderia reclamar juntamente
com Deus, se assim tivesse querido fazer, mostra-nos, de modo inequívoco, a
divindade de Jesus; de outra forma, essa declaração seria absurda.
«...o ser igual a
Deus...»
a. É óbvio que,
quando de sua encarnação, o Filho assumiu posição subordinada, mas não
demonstrou um zelo equivocado, procurando «reter» igualdade com o Pai, embora
isso fosse inerente à sua natureza divina, como Deus Filho.
b. Embora igual
quanto à natureza, como o Filho, e até como membro da Trindade (ver as notas
sobre isso em I João 5:7), ele tomou uma posição de subordinação, e isso por
sua própria determinação, tendo em vista sua realização e missão, sobretudo
como quem se identificaria com os demais filhos de Deus, dentro da mente e do
plano de Deus. (Ver as notas sobre esse conceito, em I Cor. 15:28).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 28.
Versículo 6: Sendo em
forma de Deus (RC). “Era por natureza da mesma forma que Deus” (Trad. W.
Barclay). Aqui há duas palavras escolhidas com todo cuidado para mostrar a
divindade essencial e imutável de Jesus Cristo. A palavra que a Almeida Revista
e Corrigida traduz por sendo provém do verbo grego hyparquein. Este termo não é
a palavra grega usual para sendo. Descreve o que o homem é em sua própria
essência; o que não pode ser mudado; o que possui em forma inalienável e em
forma que não lhe pode ser tirado. Descreve as características e capacidades do
homem que lhe são inatas, imutáveis e inalteráveis. Descreve a parte do homem
que, apesar de todas as mudanças, possibilidades e circunstâncias, continua
sendo a mesma. De modo que, Paulo começa dizendo que Jesus é Deus em forma
essencial, inalterável e imutável.
Logo Paulo continua
dizendo que Jesus estava na forma de Deus. Há duas palavras gregas para forma:
morte esquema. Ambas as duas significam forma e devem traduzir-se por forma na
falta de outro termo em nossas línguas. Mas não têm o mesmo significado. Morte
é a forma essencial de algo, que jamais se altera; esquema é a forma externa
que muda de tempo em tempo e de circunstância em circunstância. Por exemplo, a
morte essencial de cada homem está em sua humanidade: o fato de sua humanidade
é constante e jamais muda; mas o esquema da pessoa — sua forma externa — muda
continuamente.
Um bebê, um menino,
um adolescente, um jovem, um adulto homem e um homem maduro têm sempre a mesma
morte, mas o esquema externo muda continuamente. As rosas, os narcisos, os
tulipas, os crisântemos, os cravos, as dálias e os girassóis têm todas uma
mesma morte porque são igualmente flores; mas a forma externa, o esquema, é
diferente. A aspirina, a penicilina, o magnésio, têm uma morte porque são todos
medicamentos; mas a forma externa, o esquema, é diferente. A morte jamais se
altera; o esquema muda continuamente. A palavra que Paulo usa agora para Jesus
que existe na forma de Deus é morte: Jesus está de maneira inalterável na forma
de Deus; sua essência e seu ser imutável são divinos. Apesar de que seu esquema
externo pode mudar-se, permanece divino em seu ser e em sua essência.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag.
45-46.
3. Mas “não teve por
usurpação ser igual a Deus” (v.6).
A escritura do
versículo 6 da ARC diz literalmente: “que sendo em forma de Deus”. Em outra
versão, a escritura fica ainda mais clara, quando diz: “o qual, embora sendo
Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se”.
Uma melhor tradução do original sugere o texto do seguinte modo: “o qual,
existindo e subsistindo em forma de Deus”. Todas essas traduções não modificam
o sentido original e a essência doutrinária do texto. Antes, contribuem para
entendermos que Cristo, sendo Deus, fez-se homem. Portanto, possuidor de duas
naturezas: a divina e a humana. Ainda antes da encarnação, em seu estado de
glória divina, a humildade de Jesus, como Filho do Deus Altíssimo, revelou a
força do propósito maior da Divindade, que era o de salvar a humanidade,
necessitando seu esvaziamento de glória divina para encher-se da glória humana.
Ele não precisava buscar ser igual a Deus porque Ele era Deus. O que se destaca
nessa atitude de Cristo é o seu desejo de resgatar o homem dos seus pecados e,
para tanto, Ele não exigiu nem se apegou a seus direitos de divindade, mas
colocou de lado seu poder e glória, ocultando-se sob a forma de homem. Ele
voluntariamente se humilhou e assumiu a forma humana para resgatar o homem.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 64.
«...usurpação...» Até este ponto, este
versículo é perfeitamente claro, embora as palavras empregadas possam assumir
diferentes significações.
Mas há tremenda controvérsia em torno do
sentido da palavra grega arpagmos», bem como quanto à maneira como ela é
utilizada aqui.
Os sentidos possíveis, pois, são os que
seguem:
1. Jesus Cristo, na qualidade de Filho eterno
de Deus, sempre teve a «forma» de Deus, sendo igual a ele. E não julgava que
essa posição fosse uma «usurpação ilegal», um «furto».
2. Estando Cristo na forma de Deus (e,
portanto, sendo igual a Deus, já que é q Filho de Deus), não considerou ele que
a continuação nessa posição fosse algo que não devesse ser «ansiosamente
retida», porquanto tinha ele de realizar a sua missão encarnada, neste mundo.
3. Embora o Filho de Deus fosse preexistente,
possuía posição inferior à de Deus Pai, não tendo pensado que era algo que
deveria ser anelantemente buscado na tentativa de obter a mesma glória de Deus
Pai. Isso concordaria de perto com vários mitos antigos, nos quais algum deus é
visto a tentar assumir a posição de um deus supremo, como se verificou no caso
de vários deles que aspiravam a posição ocupada por Zeus, o qual, no conceito
dos antigos, era o deus supremo, mas que, antes disso, havia usurpado tal posição
de seu próprio pai, Cronos, mediante o ludíbrio e a violência. Os gnósticos
também retratavam alguns «aeons» (poderes angelicais) como excessivamente
ambiciosos, buscando posições mais elevadas na hierarquia do poder. E alguns
intérpretes acreditam que, de alguma maneira crua, Cristo é aqui pintado como
capaz de assumir tal atitude, embora tenha assumido posição de inferioridade, quando
da encarnação, para poder desincumbir-se de sua missão terrena.
4. Outros eruditos pensam que a frase não
indica «ser igual a Deus», em qualquer sentido, mas antes, indica «existência
em pé de igualdade com Deus», o que, presumivelmente, significa uma forma
idêntica de existência, nos lugares celestiais, que visa permanecer ali, na
mesma posição de Deus.
Na realidade, não há como determinar com
certeza esta expressão, embora a interpretação que mais pareça provável seja a
que aqui ocupa o segundo lugar. Assim sendo, embora Cristo, o Filho de Deus, o
Verbo de Deus, possuísse eternamente a natureza e os atributos de Deus, não
pensou que isso deveria ser «retido», ou que essa retenção fosse questão de
busca ansiosa. Pelo contrário, o grande objetivo de Cristo, que ele buscava ansiosamente
concretizar, era identificar-se com os homens, a fim de produzir a redenção
humana. Seu grande propósito não era parecer totalmente divino, mas sim,
tornar-se humano.
«Antes de sua encarnação, estando na forma de
Deus, Cristo não reputou a sua igualdade divina como um prémio que devesse ser
agarrado e retido a todo o transe; pelo contrário, deixou de lado a forma
divina, e tomou sobre si mesmo a natureza divina» (Vincent, in loc., o qual, ao
usar a ideia de «forma de Deus posta de lado» como os «atributos da natureza
divina», e não a própria natureza divina).
«O sentido (da expressão) é que, estando
(Cristo) na forma de Deus, e, portanto, gozando de igualdade com Deus, não se
aferrou a essa qualidade, como motivo de glória própria, em comparação com o
poder de conferir salvação a todos os homens, que ele teve por bem considerar
uma nova alegria e uma glória». (Barry, in loc., que expressa aqui a
interpretação da maioria dos antigos intérpretes do grego).
CHAMPLIN, Russell Norman,
O Novo Testamento Interpretado versículo
por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 28-29.
No mesmo versículo
Paulo continua dizendo que Jesus “não considerou que o ser igual a Deus era
algo a que devia apegar-se”(NVI). “Não pensou numa existência em igualdade com
Deus como algo que podia ser arrebatado” (Trad. W. Barclay). A palavra que
Paulo usa é harpagmos e a traduzimos como algo que podia ser arrebatado.
Harpagmos provém de um verbo que significa arrebatar ou aferrar. Esta frase
pode assinalar uma ou duas coisas que estão por igual no centro de um mesmo
pensamento.
(a) Pode significar
que Jesus não precisou arrebatar a igualdade com Deus porque a possuía por
direito próprio: era dEle e não havia por que tentar arrebatá-la.
(b) Pode significar
que Jesus não reteve avidamente a igualdade com Deus como agarrando-a
zelosamente contra seu peito e recusando entregá-la. Abandonou-a
voluntariamente por amor aos homens. Seja qual for o significado que adotemos –
e ambos são perfeitamente possíveis – novamente se sublinha a divindade
essencial e imutável de Jesus Cristo.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag.
46.
II - O
FILHO DO HOMEM: O ESTADO TEMPORAL DE CRISTO (2,7,8)
1. “Aniquilou-se a si
mesmo” (2.7).
Na sua encarnação
aconteceu a maior demonstração de humildade de Cristo. Ele “aniquilou-se” a si
mesmo. No lugar da palavra “aniquilar”, aparece na língua grega do Novo
Testamento a palavra original kenoo, que significa “esvaziar, ficar vazio”. A
tradução esvaziar aclara melhor que aniquilar, que significa “reduzir a nada”
ou “anular”. Os significados vários aclaram a expressão “esvaziou- se”. Ele a
si mesmo esvaziou-se, despojou-se, privou-se da glória de divindade para tomar
a forma de homem. Ele não se esvaziou da essência da sua divindade, mas
esvaziou-se dos atributos de sua divindade para poder manifestar-se como
“homem”. Esse esvaziamento não significou abdicação ou rejeição àquilo que
sempre lhe pertenceu. Ele tão somente fez sua kenosis sem perder o direito de
reassumir sua divindade depois de sua conquista maior: a salvação do homem
pecador. A cruz foi o marco maior de sua humilhação como homem, porque Ele
entendeu que o mistério do amor divino seria revelado plenamente quando Ele,
sendo Deus, se tornasse igual ao homem, entrasse na sua estrutura pessoal e
moral, para sentir o seu sofrimento e poder salvá-lo mediante sua obra
expiatória. Precisamos entender que, em seu estado de humilhação, jamais Ele se
despojou de sua divindade. Ao esvaziar-se, Ele despojou-se das glórias e das
prerrogativas da divindade. Ele não trocou a sua natureza divina pela natureza
humana, mas renunciou às prerrogativas inerentes de sua divindade para assumir
100% as prerrogativas humanas. Ele não fez de conta que era homem. Ele foi 100%
homem, como era 100% Deus. Ele, que era bendito eternamente, se fez maldição
por nós (G1 3.13). Ele levou sobre o seu corpo, no Calvário, todos os nossos
pecados (1 Pe 2.24).
Ele se fez semelhante
aos homens (2.7)
Quando lemos a frase
do texto que Ele fez-se “semelhante aos homens” precisamos, à luz do contexto
da Cristologia, entender que a palavra semelhança em relação a Cristo não
significa “um faz de conta”, ou que tenha sido apenas uma semelhança de
humanidade, e não humanidade real. No final do primeiro século da Era Cristã,
surgiu uma doutrina herética denominada doce- tismo, da palavra dokesis, que
significa “semelhança”. Essa doutrina herética visava destruir os alicerces da
doutrina de Paulo sobre Cristo, para negar que “Jesus veio em carne”. Paulo
combateu com todas as suas forças essa heresia ensinando que Jesus era
verdadeiramente homem, “nascido de mulher” (G1 4.4), e que foi crucificado,
experimentando uma morte terrível. A expressão “fazendo-se” indica o fato de
ter sido 100% homem, como todos os demais homens. O apóstolo Paulo escreveu aos
Gálatas 4.4 que “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher”, indicando que
Jesus, em sua humanidade, é consubstanciai com o homem e pertence à ordem das
coisas assim como Adão foi criado. A diferença de Jesus como homem e os demais
homens está no fato de que Ele foi gerado pelo Espírito Santo. Por isso, Ele é
“verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus”.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 64-66.
Este versículo tem
recebido um número extraordinário de interpretações, o que levou Bruce («The
Humiliation of Christ», pág. 11), a observar: «A diversidade de opiniões entre
os intérpretes, em relação ao sentido desta passagem, é suficiente para
desesperar os estudantes, afligindo-os de paralisia intelectual». Porém, antes
de entrarmos na exposição do próprio versículo, expomos abaixo a nota
expositiva geral sobre o tem a da «humanidade de Cristo».
A Humanidade de
Cristo'. Esse é um tema por demais negligenciado no seio da igreja, até mesmo
em sua secção evangélica, a qual, apesar de tudo quanto diz em contrário,
enfatiza tão-somente a divindade de Cristo, até mesmo no que tange à natureza
da encarnação. Por isso, em muitas igrejas, Cristo é um Cristo
docético. Explicando, na opinião de tantos cristãos, Cristo é humano apenas na
«aparência»; e isso representa uma antiga heresia gnóstica. De acordo com esse
ponto de vista, tudo quanto Cristo é visto a fazer, em sua missão terrena, como
seus milagres e a sua impecabilidade, é atribuído à sua «natureza divina», de
tal modo que não é maravilha que ele tenha feito o que fez, exceto que morreu.
Porém, a verdade inteira dessa questão é que o Senhor Jesus cumpriu a sua
missão inteira como homem, extraindo do Espírito Santo, que a ele fora
conferido sem medida, todo o poder que exerceu. E este o foi transformando como
homem, para que pudesse operar obras admiráveis. Poder-se-ia afirmar que Cristo
operou os seus prodígios do mesmo modo que podemos operá-los, e maiores ainda
(ver João 14:12), tal como um crente pode fazer, conforme vai sendo
transformado ou «espiritualizado». Porquanto essa é uma avenida de
desenvolvimento espiritual aberta para todos os remidos. Ora, é exatamente esse
aspecto que empresta sentido e força à humanidade de Cristo e à sua encarnação
—pois declara que tudo quanto ele realizou como homem pode ser realizado também
por nós.
Fatos A Considerar
1. Cristo se
identificou totalmente conosco, em nossa natureza humana, a fim de que, eventualmente,
pudéssemos identificar-nos totalmente com ele, em sua natureza divina.
Portanto, a própria salvação consiste da condução de «muitos filhos» à glória
(ver Heb. 2:10).
2. Em sua encarnação,
ele se autolimitou, e, por isso mesmo, usualmente realizou tudo pelo poder de
sua humanidade espiritualizada, mediante a virtude da presença e da capacitação
dada pelo Espirito Santo. Talvez, em seus milagres sobre a natureza (como a multiplicação
dos pães e a tranquilização da tempestade), Cristo tenha apelado para sua
divindade inerente. Contudo, de modo geral, o que ele fez, fez em sua
humanidade, demonstrando-nos assim o caminho para o poder divino (ver João
14:12).
3. Embora impecável
(ver notas sobre isso em João 8:46 e Heb. 4:15), Cristo aprendeu certas coisas
por meio daquilo que sofreu, e assim, como homem, foi aperfeiçoado. Isso nos é
ensinado em Heb. 5 :8 ,9 . Por conseguinte, em tudo isso ele foi aperfeiçoado
como simples homem, e não como o Logos eterno. No que tange a este último
aspecto, ele foi sempre perfeito. Porém, como homem, ele mostrou aos demais
homens qual o caminho do desenvolvimento espiritual, porquanto realmente
atravessou esse caminho.
4. Ele tomou sobre si
nosso próprio tipo de natureza humana, debilitada como ela está pelo pecado (ver
Rom. 8:3), embora nunca houvesse cometido pecado. Não obstante, em sua
humanidade, ele teve de abordar os mesmos problemas e fraquezas que nos
afligem. Em Jesus, pois, Deus irrompeu no mundo, e assim permitiu que os homens
alcançassem autêntica vitória espiritual.
«A humanidade de
Cristo é claramente ensinada pela Bíblia inteira. Ele seria o descendente de
Abraão e nele todas as nações seriam abençoadas (ver Gên. 22:18); e esse
descendente, conforme Paulo explicou, era exatamente Cristo (ver Gál. 3:16). Além
disso, o Messias prometido pertenceria à ‘tribo de Judá’ (ver Gên. 49:10), e
seria da ‘linhagem real de Davi’ (ver Isa. 11:1,10 e Jer. 23:5). Assim é que
Mateus traça a genealogia de Cristo partindo de Abraão, através de Davi (ver
Mat. 1:1 e ss.), ao passo que Lucas traça a genealogia de Cristo para trás,
passando por Davi, por Abraão, e chegando até Adão, o primeiro homem (ver Luc.
3:23 e ss.). De conformidade com a profecia (ver Isa. 7:14), Jesus nasceria
miraculosamente de sua mãe virgem (ver Mat. 1:18 e ss.; Luc. 1:26 e ss. e
comparar com Gên. 3:15). O Filho encarnado não cessou e nem poderia cessar de
ser Deus verdadeiro; porém, ao mesmo tempo, tornou-se verdadeiro homem. E agora
ele é, ao mesmo tempo, Filho de Deus e Filho do homem (ver Mat. 16:13,16, etc.).
A genuinidade da humanidade de Cristo é ainda confirmada pelo fato. que cresceu
desde a infância até à idade adulta (ver Luc. 2:40,52), pelo fato que
experimentou a tentação (ver Mat. 4:1 e ss.; Luc. 4:1 e ss.; Marc. 1:12 e ss.;
Heb. 2:18 e 4:15), pelo fato que padeceu fome (ver Mat. 21:18), sede (ver João
4:7 e 19:28), fadiga (ver João 4:6 e Marc. 4:38), tristeza (ver João 11:35),
pelo fato que não sabia todas as coisas, como homem (ver Marc. 13:32), e pelo
fato que sofreu, e, sobretudo, pelo fato que morreu (ver as narrativas bíblicas
de sua agonia e crucificação). Finalmente, é importante observarmos que a
humanidade de nosso Senhor foi retida até mesmo após a sua ressurreição dentre
os mortos (ver Luc. 24:38-42)». (Philip Hughes, no Baker's Dictionary
ofTheology, pág. 273).
Naturalmente, a humanidade
que Cristo reteve, mesmo apôs a sua ressurreição, é aquela referida na passagem
de II Ped. 1:4, onde ele aparece como o Deus-homem, de cuja natureza todos os
homens podem participar, contanto que se deixem unir a ele mediante a redenção.
E isso a despeito do fato que Cristo permanecerá na posição suprema de Cabeça,
ao passo que nós seremos sempre o seu corpo místico. (Ver o trecho de Efé. 1:23
acerca desse conceito). Não obstante, somos a «plenitude» de Jesus Cristo, ao
passo que ele preenche a tudo em todos, isto é, ele é tudo para todos nós. A
humanidade de Cristo é comprovada pelas seguintes razões: Sua concepção
miraculosa (ver Mat. 1:18); seu nascimento (ver Mat. 1:16); sua participação na
carne e no sangue (ver João 1:14); sua possessão de alma humana (ver Mat. 26:28
e Atos 2:21); sua circuncisão (ver Luc. 2:21); seu crescimento em estatura e
sabedoria (ver Luc. 2:52); seu choro (ver Luc. 19:41); sua fome (ver Mat. 4:2);
sua sede (ver João 4:7); seu sono (ver Mat. 8:24); seu cansaço (ver João 4:6).
E também por ter sido homem de tristezas (ver Isa. 53:3,4 e Luc. 22::44); por
haver sido esbofeteado (ver Mat. 26:67); por haver suportado afrontas (ver Luc.
23:11); por haver sido açoitado (ver Mat. 27:26); por haver sido encravado na
cruz (ver Luc. 23:33); por haver morrido (ver João 19:30); por haver sido
sepultado (ver Mat. 27:26), por haver sido tentado como nós, embora sem pecado
(ver Atos 3:22; Fil. 2:7,8 e Heb. 2:17). A humanidade de Cristo é descrita como
parte necessária não apenas de sua missão terrena, mas igualmente de seu ofício
de Mediador (ver Rom. 6:15,19; I Cor. 15:21; Gál. 4:4,5; I Tim. 2:5 e Heb. 2:17).
Sua natureza humana foi reconhecida pelos homens (ver Mat. 6:3; João 7:27 e
Atos 2:22), mas é negada pelo anticristo, pelos hereges, provavelmente da
variedade gnóstica (ver I João 4:3 e II João 7).
A humanidade de Jesus
Cristo, pois, após examinarmos várias referências bíblicas, mostra ser algo
indispensável, pois:
1. Isso era necessário
para que cumprisse sua missão terrena em geral, visto que somente como homem
poderia redimir aos homens.
2. Havia necessidade
de identificar-se ele com os homens, a fim de que estes pudessem identificar-se
com ele, na sua glória.
3. Pois assim é que
poderíamos atingir aquela medida e aquela forma de glorificação que pertence a
ele, de conformidade com a vontade divina, e a fim de que ele pudesse conferir
tal glorificação a todos os remidos.
4. Pois era mister
tal para que ele pudesse assumir a posição suprema no universo, como seu Cabeça
(ver Efé. 1:10 e ss., quanto ao «mistério da vontade de Deus»), na qualidade de
unificador e restaurador de todas as coisas, bem como o personagem em tomo do
qual a harmonia e a unidade universais serão estabelecidas. A exaltação de
Cristo ocorreu porque ele cumpriu com pleno êxito a sua missão terrena, e não
porque essa exaltação já lhe fosse devida, como Deus, conforme nos informa o
décimo versículo do presente capitulo, conforme dizem também o primeiro
capítulo da epístola aos Efésios e o trecho de Heb. 1:9. E é andando pelo
caminho que ele mesmo palmilhou que nos tomamos «plenitude» de Cristo, embora
ele preencha a tudo em todos, sendo tudo para cada um de nós.
5. Seu presente
oficio de Mediador exigia que ele se identificasse conosco, como também isso é
requerido pela nossa identificação potencial com ele, em sua glorificação. (Ver
Heb. 2:17).
6. A necessidade que
há de ser fortalecido e consolado o povo de Deus, na sua peregrinação terrena,
depende do fato de ser Cristo um ser humano verdadeiro. (Ver Heb. 2:18).
7. Todas as forças do
mal, que produzem a «morte» do homem, foram derrotadas quando da missão terrena
do Filho de Deus, porquanto ele «provou a morte em favor de todo o homem», a
fim de outorgar-lhes a vida eterna. (Ver Heb. 2:9).
8. Apesar de Cristo
ser o Caminho, é ele, por igual modo, o «pioneiro» desse caminho, mostrando-nos
ele, desse modo, como podemos te r êxito nessa peregrinação deste mundo (ver
Heb. 2:10).
9. A ressurreição de
Cristo Jesus garante a nossa própria. Mas isso não poderia ocorrer não fora o
fato de ter Cristo assumido a nossa humanidade (ver a totalidade do décimo
quinto capítulo da primeira epístola aos Coríntios).
10. A ressurreição de
Cristo subentende a sua ascensão aos céus e a sua glorificação; e isso também
nos e stá assegurado pelo Salvador, que é Deus-homem, o Filho de Deus (ver Rom.
8:30).
Esses dez pontos
mostram o que está implícito na verdade da humanidade de Jesus Cristo.
Portanto, quão equivocados estão aqueles que atribuem à divindade de Cristo
tudo quanto ele fez de incomum. Bem pelo contrário, ele pôs de lado o poder e
os atributos divinos (posto que não a própria natureza divina), a fim de que a
encarnação tivesse uma significação vital para toda a humanidade. Da mesma maneira
que ele se identificou totalmente conosco, a mesma determinação divina que
assim fez com que fossem as coisas, nos leva a sermos totalmente identificados
com o Filho de Deus, porquanto o Cabeça não pode ter um destino diferente
daquele outorgado ao corpo.
Vários dos evangelhos
apócrifos, como o Evangelho de Tomé, pintam Cristo como um elevadíssimo ser
angelical, cuja suposta natureza humana era apenas «aparente». Disso se originou o
termo «docético», que indica a posição daqueles que imaginam que todas as obras
extraordinárias de Cristo se devem à sua divindade, e nada à sua humanidade.
Assim, pois, seus sofrimentos não teriam sido reais, e as suas próprias obras
miraculosas eram as de um anjo, e não as de um homem. A igreja cristã dos
primeiros séculos de nossa era considerou que tal posição é herética, e a
moderna igreja evangélica, que atribui ao poder divino de Cristo, tudo quanto
ele realizou, está se aproximando perigosamente dessa antiquíssima heresia, embora
suas formulações teológicas falem em outro tom.
«...a si mesmo
esvaziou...» Longe, de preferir seus elevados direitos e privilégios, em pé de
igualdade com Deus Pai, Cristo se «...esvaziou...», o que representa tradução
literal do verbo grego «Kenoo». Esse verbo também pode significar «tornar sem
efeito», «anular», «privar-se de». O que os intérpretes disserem a respeito
disso será determinado, não por esse termo grego ou pelo que diz o versículo
inteiro, mas pelo que significa tal conceito, teologicamente falando, a saber:
1. Mui provavelmente,
Paulo não tencionava estabelecer qualquer declaração teológica exata, firmando
distinções neste ponto; antes, de maneira geral e indefinida, meramente
salientou o fato que, ao invés de Jesus escolher as glórias celestiais e
poderes elevados, preferiu a esfera humilde dos homens, a fim de poder redimir
a seus eleitos; e assim esvaziou-se de sua expressão de vida nas regiões
celestes. Essa expressão, portanto, serve para ilustrar uma atitude, a fim de
serem bons seguidores de Cristo, não procurando expressar, em quaisquer termos
exatos, as limitações que havia no estado encarnado de Jesus Cristo. Esta
expressão, por conseguinte, é posteriormente definida naquilo que se segue,
acerca de sua natureza; Cristo se tornou homem, um escravo, um escravo
obediente, ao ponto de haver aceito uma morte ignominiosa, preferindo isso a
reter suas glórias celestiais elevadas—e tudo isso porque queria redimir os homens.
Qualquer coisa que vá além disso, na tentativa de expressar o sentido do
trecho, penetra no campo da teologia especulativa, embora algo mais seja
definido em outras porções do N.T.
2. Cristo Jesus
jamais poderia ter deixado de ser Deus, pois como pode alguém deixar de ser
aquilo que é essencialmente?
3. No entanto, Cristo
pôs de lado os seus atributos e poderes divinos, para que pudesse compartilhar
plenamente da condição humana, em sua fraqueza e sorte. É isso que em presta à
encarnação de Cristo o seu significado para nós. A diferença entre os crentes,
quanto às opiniões que embalam sobre essa questão, atinge apenas até que ponto
«absoluto» esse esvaziamento é encarado por eles.
«...pois conheceis a
graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que,, sendo rico, se fez pobre por amor de
vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos» (IICor. 8:9). A graça de
Deus, por conseguinte, foi o grande motivo da encarnação de Cristo, e isso como
expressão ao amor divino.
Somente
o grande e infinito amor
Ao
meu precioso Salvador,
Fê-lo
sair de seus palácios de marfim,
Para
este nosso mundo de lamentações
(Henry
Barraclaugh).
«...assumindo a forma
de servo...» Reaparece aqui, tal como no versículo anterior, onde é amplamente
comentada, a palavra «...forma...» Não subentende necessariamente a ideia de
«natureza», mas dá a entender alguma espécie de natureza essencial, que se manifesta
através de alguma «forma» específica ou caráter de manifestação. Certos
atributos, baseados em uma espécie específica de natureza entram em ação. Portanto,
as palavras, «Cristo, na forma de Deus»,, subentendem, ainda que não o afirmem
necessariamente, a sua divindade.
Uma Metáfora Notável
a. A humilhação de
Jesus chegou ao extremo de haver se tomado um «escravo». Ninguém é inferior a
um escravo. O escravo não tem vontade própria, rião tem direitos, não tem
qualquer proteção perante as leis do estado. Serve de instrumento ao serviço de
outros e é forçado a fazer as coisas mais árduas e degradantes. Ê,
essencialmente, um «trabalhador braçal», e não tem direito a descanso. Cristo
não era realmente um escravo, mas assumiu- a «forma» (aparência) de escravo, em
comparação com sua glória
anterior.
b. Em sua missão, ele
«trabalhava» como instrumento alheio, cumprindo a vontade do Pai. E foi
obediente; mostrou-se supremamente dedicado; foi produtivo.
c. É possível que o
apóstolo tivesse em mente a passagem de Isa. 52:13, quando escreveu essas
palavras. O escravo obterá sucesso e será exaltado.
Acabará vencendo. Mas
primeiramente teria de trabalhar e sofrer. « ...reconhecido em figura
humana...» « ...figura...» é tradução do vocábulo grego «omoioma», que significa
«cópia», «imagem», «aparência», «formato». Essa palavra pode significar também
ou a «real duplicação» da natureza, ou a «semelhança» dessa natureza.
Como Paulo Usou Esses
Termos?
1. Quando se utilizou
das expressões «forma de Deus» e «semelhança de homens», Paulo não fez qualquer
tentativa de descrever especificamente a natureza metafísica de Cristo. Não
estava declarando, diretamente, que Cristo era Deus e homem, em sua essência.
2. Não obstante, ele
deixa isso entendido em sua linguagem. Para que tivesse a «forma» de Deus, era
mister que primeiramente possuísse a «natureza» correspondente. Sua natureza
divina se expressa de certa maneira visível e compreensível—a isso chamamos de
«forma». E sua natureza humana se expressava de certa maneira visível. Daí
dizermos «semelhança de homens». Todavia, ser-lhe-ia impossível ter a
semelhança, sem ter também a essência da natureza humana.
3. Esse raciocínio
deve ser verdadeiro, pois seria absurdo afirmar-se que Cristo não era nem Deus
e nem homem, com base na teologia do N.T.
Naturalmente, os
gnósticos afirmavam exatamente essa aberração, reduzindo Cristo a um ser
pertencente à ordem angelical. As expressões usadas no texto, poderiam, talvez,
subentender essa ideia, pois as palavras são instrumentos plásticos e inexatos.
Mas a teologia de Paulo contradiz tal noção. As expressões em foco, pois,
enfatizam o «modo de manifestação», embora não afirmem especificamente que
Cristo fosse, ao mesmo tempo, Deus e homem.
«A sujeição ‘de Cristo’
à lei (ver Luc. 2:21 e Gál. 4:4), bem como a seus pais (ver Luc. 2:51); o seu
estado aviltado como carpinteiro, como filho reputado do carpinteiro (ver Mat.
13:55 e Marc. 6:3); o fato que foi traído a troco do preço de um escravo (ver
Êxo. 21:32); sua morte similar à de um escravo, a fim de libertar-nos da
servidão ao pecado e à morte; e, finalmente, sua dependência a Deus como um
escravo, na qualidade de homem, não permitindo que sua divindade se
manifestasse externamente (ver Isa. 49:3,7), tudo isso demonstra que ele
assumira a ‘forma de um escravo'». (Faucett, in loc.).
Por isso mesmo é dito
nas Escrituras que o Filho do homem veio para servir a muitos (ver Mat. 20:28).
E assim também, aquele discípulo do Senhor Jesiis que quiser ser grande, que
seja o servo de todos (ver Mat. 20:27), Esta é a lição que nos apresenta o
texto que ora comentamos, dando a entender, ao invés de declará-lo
dogmaticamente, as naturezas divina e humana de Jesus, o Cristo, naturezas
essas que se correspondem entre si. Na sua força como lição nossa é derivada do
grande contraste entre a glória que ele tinha como ser divino, e a humilhação
que sofreu como ser humano.
« ...tornando-se ...
» Essa palavra pode ser contrastada com o termo «subsistindo», que figura no
versículo anterior. A palavra que ora comentamos assinala a entrada de Cristo
no seu novo estado, quando veio compartilhar da natureza humana. (Ver as notas
expositivas sobre a doutrina da «encarnação», no trecho de João 1:14).
O Verbo de Deus
encarnado,
O Sabedoria vinda do
alto,
O Verdade imutável, não-modificada,
Ó Luz de nosso escuro
firmamento ,
Louvamos-te pelo teu
resplendor,
Que das páginas
sacrossantas,
Qual lanterna para
nossos pés,
Brilha de século para
século.
(William Walsham How,
1867).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 29-30.
Versículo 7: antes, a
si mesmo se esvaziou. “fez-se a si mesmo sem reputação” (Trad. W. Barclay). O
verbo grego é kenoun que literalmente significa esvaziar. Pode usar-se para
"tirar algo de um recipiente até que fique vazio" ou para
"derramar algo de tal maneira que não fique nada". Paulo usa aqui a
palavra mais gráfica possível para que fique bem claro o sacrifício da encarnação.
A serenidade, a paz e a glória da divindade foi o que Jesus depôs
voluntariamente para fazer-se homem. Esvaziou-se de sua divindade para assumir
a humanidade. É inútil perguntar-se pela maneira; somente podemos estar
reverentes perante a presença dAquele que na fome, no cansaço e nas lágrimas é
Deus todo-poderoso. Aqui, já no último limite da linguagem humana, está a
grande verdade salvadora de que Aquele que era rico se empobreceu por nós.
Paulo diz a seguir:
tomando a forma de servo. “adotou a mesma forma de um escravo” (Trad. W.
Barclay). A palavra que Paulo usa para forma é morte que significa, como vimos,
a forma essencial. O que quer dizer é que Jesus se fez homem não para
representar um papel como no teatro, mas em realidade. Foi efetivamente homem.
Não foi como os deuses gregos que algumas vezes — no dizer dos relatos — se
fizeram homens mas conservando seus privilégios divinos. Jesus se fez real e
verdadeiramente homem. Sua humanidade foi verdadeira. Mas aqui há algo mais.
Fazendo-se em semelhança
de homens. “Fez-se como os homens.” (Trad. W. Barclay). Tornando-se, que nós
traduzimos fez-se corresponde ao verbo grego gignesthai. Este verbo descreve um
estado que não é permanente. Tudo se encaixa no pensamento de suceder, chegar a
ser, não de ser permanentemente algo. Descreve a fase de uma mudança muito real
mas que passa e segue sua marcha. Isto equivale a dizer que a humanidade de
Jesus não era permanente; fez-se homem mas só por um tempo; sendo
essencialmente divino se fez humano temporalmente. Sua humanidade era
completamente real, mas transitiva; sua divindade era também algo absolutamente
real mas permanente e definitiva.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag.
46-47.
Ele serve (Fp 2 : 7)
Pensar nos
"outros" apenas em sentido abstrato não é suficiente; devemos
considerar a essência do verdadeiro serviço. Um filósofo conhecido escreveu
palavras cheias de entusiasmo sobre a educação dos filhos, mas abandonou os
próprios filhos. Não teve dificuldade em amar as crianças de maneira abstrata,
mas a aplicação prática mostrou-se muito diferente da teoria. Jesus pensou nos outros
e se tornou um servo! Paulo acompanha os passos da humilhação de Cristo: (1) esvaziou-se,
colocando de lado o uso independente de seus atributos divinos; (2) tornou-se
humano permanentemente, em um corpo físico sem pecado; (3) usou esse corpo para
ser servo; (4) levou esse corpo à cruz e morreu voluntariamente.
Que graça
maravilhosa! Do céu à Terra, da glória à vergonha, de Senhor a servo, de vida à
morte, "até à morte e morte de cruz"! Na era do Antigo Testamento,
Cristo havia visitado a Terra em certas ocasiões para realizar alguns
ministérios especiais (como vemos em Gn 18), mas essas visitas eram temporárias.
Quando Cristo nasceu em Belém, entrou em união permanente com a humanidade,
união da qual não poderia haver qualquer saída. Pela própria vontade, humilhou-se,
a fim de nos exaltar! É interessante observar que, em Filipenses 2:7, Paulo
volta a usar a palavra "forma": "a expressão exterior da
natureza interior". Jesus não fingiu que era um servo nem fez o papel de
servo como se fosse um ator. Ele se tornou, verdadeiramente, um servo! Essa era
a expressão autêntica de sua natureza mais íntima. Ele foi o Homem-Deus, a
Divindade e a humanidade unidas em um só ser: e ele veio como servo.
Ao ler os quatro
Evangelhos, podemos observar como é Jesus quem serve aos outros, não o
contrário. Ele se coloca à disposição de pessoas de todo tipo: pecadores, meretrizes,
coletores de impostos, enfermos ! e aflitos. "Tal como o Filho do Homem,
que : não veio para ser servido, mas para servir e ; dar a sua vida em resgate
por muitos" (Mt : 20:28). No cenáculo, quando os discípulos se recusaram
claramente a ministrar uns aos outros, Jesus levantou-se, pôs de lado seu manto,
colocou uma toalha longa de linho ao redor da cintura e lavou os pés deles! (Jo
13). Assumiu a posição do mais humilde dos servos e colocou a submissão em
prática. Não é de se admirar que Jesus tenha experimentado tanta alegria!
Durante a Guerra
Civil nos Estados Unidos, o general George B. McClellan foi colocado à frente
do poderoso exército do : Potomac, em grande parte, porque contava com o apoio
da opinião pública. Ele se considerava um líder militar extraordinário e gostava quando as pessoas o chamavam de "jovem
Napoleão". No entanto, seu desempenho ficou muito aquém do esperado. O presidente
Lincoln nomeou-o comandante supremo de suas tropas, na esperança de colocá-lo à
frente no campo de batalha, mas, ainda assim, McClellan procrastinou para entrar
em ação. Certa noite, Lincoln e dois de seus assessores foram fazer uma visita ao
general e descobriram que ele estava em um casamento. Os três se assentaram e
esperaram; uma hora depois, o general chegou em casa. Sem dar qualquer atenção ao
presidente, McClellan foi para seus aposentos e não voltou mais. Meia hora
depois, Lincoln pediu a um empregado da casa para dizer ao general que se
encontravam a sua espera. O servo voltou e avisou que McClellan já estava
dormindo.
Os assessores de
Lincoln ficaram furiosos, mas o presidente levantou-se e se pôs a caminho de
casa. Não é hora de brigar por causa de questões de etiqueta ou de dignidade
pessoal explicou o presidente. - Eu seria capaz de segurar as rédeas do cavalo
de McClellan se isso nos desse vitória. Essa atitude de humildade contribuiu para
tornar Lincoln um grande homem e um grande presidente. Não pensava em si mesmo,
apenas em servir aos outros. O serviço é o segundo sinal de submissão.
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 96-97.
2. Ele “humilhou-se a
si mesmo” (2.8).
A expressão de que
Ele “humilhou-se a si mesmo” tem o testemunho da história de que a sua vida
inteira, da manjedoura ao túmulo, foi marcada por genuína humanidade. Depois da
humilhação da encarnação, Ele ainda sujeitou-se a ser perseguido e sofrer nas
mãos dos incrédulos (Is 53.7; Mt 26.62-64; Mc 14.60,61). Foi, de fato, uma
auto-humilhação! Uma decisão espontânea da sua parte. Ele submeteu-se a tudo
isso porque não perdeu o foco de sua missão expiatória. O que importava para
Ele era cumprir toda a justiça de Deus em relação ao pecado.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 66.
«...a si mesmo se
humilhou...» Notemos que a vontade ativa do Filho de Deus, Jesus Cristo, se
mostrou ativa nessa sua humilhação. Ele deixou voluntariamente as riquezas
celestiais e toda a sua glória, e se submeteu espontaneamente à sua aviltada
condição terrena. Obedeceu e morreu voluntariamente, tendo tido uma morte
vergonhosa. No grego original temos o verbo «tapeinoo», que significa
«humilhar-se», «rebaixar-se», «degradar-se», «aviltar-se». «O que se deve fazer
com um quadro não é tanto analisá-lo , e, sim, deixá-lo falar, conforme Paulo
queria que falasse ‘o quadro do exemplo de Cristo’ àqueles crentes filipenses,
que se exaltavam a si mesmos. Isso sugere que Deus, o criador, que se deu e
ternamente a si mesmo, para que pudéssemos existir, desde toda a eternidade
tinha em si mesmo essa disposição mental de dar-se de si mesmo, de
transmitir-se a outros; e essa atitude se tornou supremamente visível quando da
manifestação de Deus em Cristo, mas que atinge até mesmo crentes individuais, a
fim de que cada um deles se desvencilhe de si próprio e entre em uma nova união
com a vida altruísta de Deus, para o que também foi criado o espírito de cada
um de nós. Uma vez que essa revelação se concretizou (na pessoa de Cristo),
nada mais pode ser acrescentado a ela». (Wicks, in loc.).
E diz o mesmo autor:
«Há dinamite neste quadro sobre o interesse eterno de Deus por cada
personalidade humana. Isso espatifou a subida social que mostrara a sua feia
cabeça em Filipos. E através de todos os séculos tem servido de âmago de uma
contínua revolução».
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 30.
Ele se sacrifica (Fp
2:8)
Muitas pessoas estão
dispostas a servir aos outros desde que isso não lhes custe coisa alguma. Mas
se precisarem pagar algum preço, perdem o interesse no mesmo instante. Jesus
tornou-se "obediente até à morte e morte de cruz" (Fp 2:8). Não
morreu como um mártir, mas sim como Salvador. Entregou a vida voluntariamente
pelos pecados do mundo.
Nas palavras de J. H.
Jowett: "O ministério que não custa coisa alguma não realiza coisa
alguma". A fim de haver bênção, também é preciso haver sacrifício. Um
missionário estava em uma festa religiosa no Brasil andando no meio das
barraquinhas e observando o que cada uma oferecia. No alto de uma delas, viu um
cartaz que dizia: "Cruzes em Promoção" e pensou consigo mesmo: "É
exatamente isso o que muitos cristãos procuram hoje em dia: cruzes que não lhes
custem quase nada. A cruz de meu Senhor custou caro.
Por que minha cruz
deveria ser diferente?"
Quem tem uma atitude
de submissão não evita sacrifícios; vive para a glória de Deus e para o bem dos
outros; se há um preço para honrar a Cristo e ajudar o semelhante, está
disposto a pagá-lo. Essa foi a atitude de Paulo (Fp 2:1 7), Timóteo (Fp 2:20) e
também Epafrodito (Fp 2:30). A fim de ser uma expressão verdadeira do
ministério cristão, o serviço precisa ser acompanhado de sacrifício.
Em seu livro
Dedication and Leadership [Dedicação e Liderança], Douglas Hyde explica como os
comunistas conseguiram ser bem-sucedidos em sua proposta. O próprio Hyde foi
membro do Partido Comunista durante vinte anos e, portanto, entende sua filosofia.
Afirma que os comunistas nunca pedem que um indivíduo faça um "serviço pequeno
e sem importância". Em vez disso, pedem sempre que realize com ousadia uma
tarefa que lhe custará algo. Fazem exigências pesadas que são atendidas de
imediato.
Hyde chama isso de
"disposição para se sacrificar", um dos fatores mais importantes no
sucesso da proposta do Partido Comunista.
Espera-se que até
mesmo os membros mais jovens do movimento estudem, sirvam, contribuam e
obedeçam, e são justamente essas exigências que os atraem.
O conselho da igreja
estava reunido para programar a participação dos jovens nos cultos de domingo,
e um dos membros sugeriu que os adolescentes poderiam recepcionar as pessoas,
dirigir uma oração e apresentar algumas músicas especiais. Um representante dos
adolescentes que participava da reunião levantou-se e disse:
- Para falar a verdade,
estamos cansados de ficar com as coisas mais simples. Gostaríamos de fazer algo
mais complexo e, quem sabe, ter uma participação maior durante o ano todo. Os
adolescentes conversaram e oraram sobre isso, e gostaríamos de trabalhar em um
projeto de reforma do porão da igreja para usá-lo como sala de aula. Também gostaríamos
de visitar membros idosos da congregação semanalmente e levar CDs com a
gravação dos cultos para eles. E, se não houver problemas, gostaríamos de ir ao
parque todos os domingos à tarde para evangelizar. Esperamos que vocês
concordem.
O rapaz assentou-se,
e o novo pastor de jovens sorriu consigo mesmo. Havia desafiado os adolescentes
a se dedicarem a um projeto que lhes custasse algo, e eles aceitaram o desafio
com grande entusiasmo. Sabia que é preciso fazer sacrifícios para o crescimento
e o ministério serem autênticos. O teste da submissão não se refere apenas ao
que estamos dispostos a suportar em termos de sofrimento, mas também ao que estamos
dispostos a oferecer em termos de sacrifício.
Um dos paradoxos da
vida cristã é que, quanto mais damos, mais recebemos; quanto mais sacrificamos,
mais Deus abençoa. A submissão produz alegria, pois ela nos torna mais
semelhantes a Cristo. Isso significa que participamos de sua alegria ao participar
também de seu sofrimento. É evidente que, quando a verdadeira motivação é o amor
(Fp 2:1), o sacrifício nunca é medido nem mencionado. A pessoa que sempre fala dos
sacrifícios que faz não tem uma atitude de submissão.
Ser cristão lhe custa
alguma coisa?
WIERSBE.
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo.
N.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 97-98.
8. Paulo prossegue:
Assim, reconhecido na forma de um ser humano.
Quando Jesus veio em
carne, como foi considerado pelos homens?
O que viram nele ou como
o classificaram? A resposta é a seguinte:
em sua apreciação,
não viram nele mais que um mero ser humano, igual a eles em muitos aspectos: Porventura,
vieram a este mundo pelo processo natural de nascimento? Ele também (Lc 2.7).
(O mistério do nascimento virginal não foi compreendido por eles.)
Mas, ainda que
estivessem certos em reconhecer sua humanidade, estavam errados em dois
aspectos: Rejeitaram a. sua humanidade impecável e b. sua deidade. E ainda que
toda sua vida, particularmente suas palavras e atos poderosos, manifestasse “a
divindade velada na carne”, todavia, de um modo geral, rejeitaram suas
reivindicações e o odiaram ainda mais por causa delas (Jo 1.11; 5.18; 12.37).
Cumularam-no de escárnio, de forma que “era desprezado e o mais rejeitado entre
os homens ...” (Is 53.3).
O mais espantoso,
contudo, é que, “quando ultrajado, não revidava com ultraje ...” (1Pe 2.23),
ele se humilhou. (Para a significação do conceito atitude humilde, ver meu
comentário sobre o v. 3.) Desde o princípio, ele se fez obediente, a saber, a
Deus o Pai, como claramente versículo 9 o indica (note bem, “Pelo que também
Deus”, etc.). Além do mais, sua obediência não conheceu limites: até à morte.
Nessa morte ele, atuando tanto como Sacerdote quanto como a oferta pela culpa, deu-se
a si mesmo como um sacrifício expiatório pelo pecado (Is 53.10). Por isso, essa
morte não foi uma morte comum, mas foi como disse Paulo: morte numa cruz.
HENDRIKSEN. William. Exposição de Filipenses. Editora Cultura Cristã. pag. 481,483.
3. Ele foi “obediente
até a morte e morte de cruz” (2.8).
O autor da Carta aos
Hebreus escreveu que Cristo se sujeitou à morte “para que, pela morte,
aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo, e livrasse todos
os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão” (Hb
2.14,15). A morte de cruz foi o clímax da humilhação que Jesus suportou,
constituindo-se na vergonha maior que um condenado podia passar. Entretanto, a
Bíblia é clara quando diz que essa morte foi necessária para que Ele pudesse
vencê-la no túmulo ao ressuscitar ao terceiro dia, abolindo sua força
condenatória, e pela ressurreição trazer a luz e a incorrupção. Paulo escreveu
a Timóteo que Cristo “aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção,
pelo evangelho” (2 Tm 1.10).
Sua obediência era
exclusiva à vontade de Deus, mesmo que essa vontade apontasse para a morte de
cruz. Na sua angústia, antes de enfrentar o Calvário, no Getsêmane, Ele
submeteu-se totalmente a Deus e acatou a vontade soberana do Pai ao dizer: “Não
se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22.42). Ele desceu ao ponto mais baixo
de sua humilhação ao enfrentar o Calvário e a morte de cruz. Ele sofreu tudo
que a palavra “morte” significa para nós. Passando pela dor e participando do
Hades, o estado dos mortos (At 2.31) que não é a sepultura. A morte de cruz era
símbolo da própria maldição (Dt 21.22,23), mas Cristo nos resgatou da maldição
“fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (G1 3.13, ARA).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 66-67.
« ...morte de cruz...»
Essa era a mais patente ilustração possível de humildade que se poderia fazer
na sociedade antiga. Na polida sociedade romana era proibido até mesmo mencionar
esse género de morte, que estava reservado aos piores criminosos e aos
escravos. No dizer de Vincent (in loc.):
«O final da descrição
deixa o leitor no ponto mais baixo da humilhação de risto, a morte como a de um
malfeitor; o tipo de morte ao qual estava vinculada uma maldição, dentro da
legislação mosaica. (Ver Deut. 21:23; Gál. 3:13 e Heb. 12:2).Na qualidade de
cidadão romano, Paulo estava isento desse opróbrio (mas Jesus, o Cristo, o
maior de todos os homens, não o estava)». É interessante que os gregos estavam
acostumados a imaginar os seus deuses no maior poder e honrarias que se possa
conceber; e para eles um Salvador crucificado era uma insensatez.
«...cruz...» Jesus
desceu do ponto mais alto até à profundeza mais vil, tendo a morte mais desprezível
de todas, a de um criminoso condenado, sobre a maldita cruz». (Robertso n,
inloc.). «Ele se suprimiu tão completamente que finalmente morreu no madeiro».
(Scott, in loc.).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 30-31.
Ele se sacrificou
(2.8). Muitas pessoas estão prontas a servir outros, se isso não lhes custar
nada.
Mas, se há um preço a
pagar, então perdem o interesse. Jesus Cristo serviu sacrificialmente e foi
obediente até à morte e morte de cruz. Cristo se esvaziou e se humilhou quando
se fez homem. Depois desceu mais um degrau nessa escalada da humilhação, quando
se fez servo; mas desceu às profundezas da humilhação quando suportou a morte e
morte de cruz. Por seu sacrifício, Ele transformou esse horrendo patíbulo de
morte no símbolo mais glorioso do cristianismo (G1 6.14).
James Boyce diz que a
cruz de Cristo é a grande ênfase de toda a Bíblia, tanto do Antigo quanto do
Novo Testamento (Lc 24.25-27). Dois quintos do Evangelho de Mateus são
dedicados à última semana de Jesus em Jerusalém. Mais de três quintos do
Evangelho de Marcos, um terço do Evangelho de Lucas e quase a metade do
Evangelho de João dão a mesma ênfase. O apóstolo João fala da crucificação de
Cristo como “a hora” vital para a qual Cristo veio ao mundo e o Seu ministério
foi exercido (Jo 2.4; 7.30; 8.20; 12.23; 12.27; 13.1; 17.1).2" O mesmo
autor diz que Cristo morreu para remover o pecado (IPe 2.24; 2Co 5.21), satisfazer
a justiça divina (Rm 3.24-26) e revelar o amor de Deus (Jo 3.16; l Jo 4.10).212.
A morte de cruz tinha
três características:
Ela foi
dolorosíssima. Era a pena de morte aplicada apenas aos escravos e delinquentes.
Havia um adágio que dizia que uma pessoa crucificada morria mil mortes. Muitas
vezes, o crucificado passava vários dias pregado na cruz e morria lentamente
com câimbras, asfixia e dores atrozes. Ela foi ultrajante. A pessoa condenada
era açoitada, ultrajada e cuspida e, depois, tinha de carregar a cruz debaixo do
escárnio da multidão até o lugar da sua execução.
Ela foi maldita. Uma
pessoa que era dependurada na cruz era considerada maldita (Dt 21.23; G1 3.13).
Assim, enquanto Jesus estava pendente na cruz, embaixo Satanás e suas hostes o
assaltavam; em volta, os homens o escarneciam; de cima, Deus o cobria com um
manto de trevas, símbolo de maldição; e, de dentro, prorrompia o amargo grito:
“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. De fato, Cristo desceu a este
inferno, o inferno do Calvário.213 Ralph Martin diz que o Senhor da Igreja
consentiu em terminar Sua vida num patíbulo romano e, do ponto de vista judeu,
morrer sob condenação divina. Assim, Jesus nos conduz como em um imenso
mergulho, dos mais elevados píncaros aos mais profundos vales, da luz de Deus
para a escuridão da morte.
Todavia, não devemos
olhar a morte de Cristo na cruz apenas sob a perspectiva do sofrimento físico.
A grande questão é: por que Ele morreu na cruz? Cristo não foi para a cruz
porque Judas O traiu por ganância, porque os sacerdotes O entregaram por inveja
ou porque Pilatos O condenou por covardia. Ele foi para a cruz porque o Pai.
O entregou por amor e
porque Ele a si mesmo se entregou por nós. Ele morreu pelos nossos pecados (lC
o 15.3). Nós O crucificamos. Nós estávamos lá no Calvário não como plateia, mas
como agentes da Sua crucificação.
A cruz de Cristo é a
maior expressão do amor de Deus por nós e a mais intensa expressão da ira de
Deus sobre o pecado. O pecado é horrendo aos olhos de Deus. A santa justiça de
Deus exige a punição do pecado. O salário do pecado é a morte. Então, Deus num
ato incompreensível de eterno amor, puniu o nosso pecado em Seu próprio Filho, para
poupar-nos da morte eterna. Na cruz, Jesus bebeu sozinho o cálice amargo da ira
de Deus contra o pecado. Na cruz, Jesus foi desamparado para sermos aceitos.
Ele não desceu da cruz para podermos subir ao céu. Ele se fez maldição na cruz
para sermos benditos de Deus. Ele morreu a nossa morte para vivermos a Sua
vida.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 132-134.
2.8 - Paulo escreve
contra qualquer filosofia de vida baseada somente em ideias e experiências
humanas. O próprio Paulo era um talentoso filósofo; logo, ele não está
condenando a filosofia.
Ele está condenando o
ensino que credita à humanidade, e não a Cristo, a resposta para os problemas
da vida. Essa abordagem se torna uma falsa religião. Existem muitas abordagens
feitas pelo homem em relação aos problemas da vida. que desconsideram a Deus
totalmente. Para resista ãs heresias, você deve usar sua inteligência, manter
seus olhos em Cristo e estudar a Palavra de Deus.
APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de estudo. Editora CPAD pag.
1677.
III - A
EXALTAÇAO DE CRISTO (2.9-11)
1. “Deus o exaltou
soberanamente” (2.9).
É interessante notar
que nos versículos 6 a 8 temos a descrição do caminho da humilhação do Filho de
Deus, quando Ele mesmo desce ao ponto mais baixo de humilhação que um homem
poderia descer. Entretanto, nos versículos 9 a 11, Paulo descreve o caminho para
cima, quando Jesus é exaltado gloriosamente e ascende ao Pai e é feito Senhor
sobre todas as coisas. Nesses versículos (9 a 11), temos a demonstração
vitoriosa da humildade de Cristo. A recompensa da sua humilhação foi a
exaltação perante toda a criação.
Deus o exaltou
soberanamente (2.9)
Sua abnegação
anterior o fez apto para conquistar o “status” de vencedor e Senhor, porque
cumpriu o eterno propósito do Pai de formar um novo povo que serviria a Deus,
que é a sua Igreja. A Bíblia diz que Ele foi nomeado “príncipe e Salvador” (At
5.31) e o colocou acima de tudo (Ef 1.20-22). Aquele que havia se esvaziado de
todas as prerrogativas de divindade, depois de sua vitória final sobre o
pecado, a morte e o túmulo é finalmente glorificado, isto é, exaltado pelo próprio
Pai. O caminho para a exaltação passou pela humilhação e Ele alcançou a meta
final com a coroação de glória, tornando-se herdeiro de tudo (Hb 1.3; 2.9;
12.2). No caminho da exaltação estavam a sua ressurreição e ascensão. Na semana
que antecedia seu padecimento no Calvário, Jesus reuniu seus discípulos para
dar-lhes as últimas instruções relativas ao futuro deles representando o seu
nome perante o mundo, e fez uma das orações mais belas e emocionantes. Ele orou
pelos seus discípulos para que fossem guardados do mal. Orou pelo futuro deles
como igreja e orou por si mesmo ao Pai. Nessa oração de caráter pessoal, Jesus
reivindicou do Pai a glória que tinha antes de vir a este mundo (Jo 17.5). Ele
não tinha dúvida alguma quanto à sua vitória sobre o Diabo, sobre a morte e o
túmulo, bem como sabia que ao final seria exaltado gloriosamente. Além de João,
em seu Evangelho, outros escritores do Novo Testamento escreveram da realidade
da exaltação de Jesus afirmando que Ele foi exaltado à destra do Pai (At 2.33;
Hb 1.3). Paulo usou a mesma expressão “assentado à destra do Pai” (Rm 8.34; Cl
3.1). Essa expressão é derivada de Salmos 110.1 numa alusão ao rei Davi, que
metaforicamente é convidado para partilhar o trono de Deus. Jesus foi chamado
“filho de Davi” para relacionar o trono de Davi com o seu trono de glória.
Deus, o Pai, lhe deu
um nome que é sobre todo nome (2.9)
Que nome era esse
concedido a Jesus Cristo? No primeiro século da Era Cristã, a ideia de se
proclamar um senhor restringia-se ao imperador, que se identificava como Senhor
e Deus! Quando os apóstolos começaram a pregar a Cristo, não o apresentaram
apenas como Salvador, mas, especialmente, como Senhor. Ora, esse título
confrontava a presunção e vaidade do imperador de Roma, porque os cristãos identificavam
e reconheciam que a única autoridade para salvar e comandar um novo reino era
Jesus. Tanto é verdade que o Novo Testamento se refere a Jesus como Salvador 16
vezes apenas e como Senhor mais de 650 vezes. O kerigma da igreja anunciava o
senhorio de Cristo. Perante Ele o mundo precisava ajoelhar-se, mas nos tempos
atuais percebemos uma inversão na postura da igreja. Tristemente, as pessoas
querem um Salvador, mas não querem um Senhor. Querem a coroa, mas rejeitam a
cruz. Porém, a proclamação deve ser a de Senhor, porque Deus Pai o fez Senhor.
O teólogo Ralph
Herring escreveu sobre a exaltação de Cristo e declarou que “os dois elementos
desta exaltação são a outorga de um nome, conquistado agora que o homem Cristo
Jesus juntou o curso de vida da raça humana ao de Deus (v. 9), e o
reconhecimento desse nome por parte de todas as inteligências criadas, tanto
das que no céu, como das que estão na terra e debaixo da terra (vv. 10,11)”.
A principal
designação dada por Deus ao seu Filho foi a de “Senhor” em seu sentido mais
nobre e sublime. No grego do Novo Testamento aparece o termo kurios, que é
usado de modo especial, porque Jesus representaria o nome pessoal do Deus
Todo-Poderoso. O nome “Jesus” ganhou o status de “Senhor” e, por decreto
divino, foi elevado acima de todo nome. O próprio Jesus declarou certa feita
aos seus discípulos que o Pai faz do Filho juiz universal “para que todos
honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai, que
o enviou” (Jo 5.23).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 67-69.
As palavras «...Pelo
que...» mostram que a exaltação de Cristo ocorreu por causa de sua missão
terrena bem-sucedida, para cuja concretização teve de humilhar-se; essa
exaltação não se deveu à sua divindade inerente. O trecho de Heb. 1:9 concorda
com isso. Cristo foi exaltado acima de todos os seus companheiros, tendo
entrado em um ambiente de profundíssima alegria, visto que amou supremamente à
retidão e odiou à iniquidade. E note-se que naquela passagem de Hebreus os
crentes são chamados de «companheiros» do Filho de Deus. Isso igualmente
concorda com o primeiro capítulo da epístola aos Efésios, onde se vê que a
exaltação de Jesus Cristo, em razão do que se tornou Cabeça de tudo, unificador
e restaurador de todas as coisas, humanas e angelicais, animais e inanimadas,
se deveu ao ato que completou a sua missão terrena. E que essa missão ficou
terminada foi comprovada pelo fato que ressuscitou dentre os mortos, ascendeu
aos céus e foi glorificado.
A Teologia E As
Lições Práticas
1. Teologicamente,
aprendemos que Cristo foi supremamente exaltado devido ao êxito de sua missão.
Em correspondência a isso, ficamos sabendo que seremos glorificados nele (ver
Rom. 8:30), e assim viremos a participar de sua natureza e atributos (ver Col.
2:10), bem como da natureza do Pai com todos os seus poderes (Efé. 3:19). Não
há como se parar a sua glória da nossa, pois ele é o Cabeça e nós somos o corpo
de um mesmo organismo, pelo que, necessariamente, compartilhamos da mesma forma
de vida.
2. Eticamente,
aprendemos que é um absurdo um homem exaltar a si mesmo, pois a verdadeira
exaltação vem através da humildade. Esse é um princípio bíblico permanente.
(Ver Mat. 23:12; Lucas 14:11; 18:14; I Ped. 5:6; Sal. 8:6 e 10:1,7).
3. Indiretamente,
Paulo advertia assim às facções existentes em Filipos quanto à gravidade de seu
erro. Se o próprio Cristo teve de humilhar-se a fim de cumprir a sua missão,
que dirá o mero homem!
Veja-o agora: O
humilde servente de Nazaré, o carpinteiro de uma pequena vila. Uma vila tão
pequena que Josefo, o historiador judeu, apesar de ter mencionado dúzias de
cidades da Galiléia, nunca sequer mencionou Nazaré. Repentinamente, como um
poderoso cometa que cruza velozmente pelos céus em toda a sua glória, o humilde
Servente é o Messias, cumprindo a sua missão. Sua missão o leva a sacrificar, a
sofrer, à renúncia, e finalmente à morte da cruz, o degrau mais baixo na escada
que eleva-se até o Trono. Agora, o que dizem as Escrituras? Por causa disto,
Deus o aprova e exalta-o acima de todas as criaturas. Com ele levante-se o sol
da redenção no Este, e seus poderosos raios iluminam tudo, em todos os lugares,
aqueles nos céus, aqueles na terra, aqueles em hades. «Se eu me elevar, trarei
todos os homens a mim», disse ele. E assim se tornou.
Três grandes quadros
descritivos são postos perante o nosso olhar, a saber:
1. O quadro do
elevadíssimo estado do Filho de Deus, nos lugares celestiais, antes de sua
encarnação.
2 . O quadro de seu estado
aviltado, em sua humildade, em contraste com sua situação imediatamente
anterior à sua encarnação.
3. O quadro de sua
exaltação, na qualidade de homem, obtida em resultado do término bem-sucedido
de sua missão terrena.
«...exaltou...» No
original grego é «uperupsoo», «elevar às mais elevadas alturas», «exaltar
excelsamente», «exaltar supremamente», uma expressão enfática que indica a
natureza elevadíssima e grandiosa da exaltação de Cristo. O trecho de Efé. 1:19
e ss. nos fornece o melhor comentário sobre essa ideia. Não existe nome e nem
ser tão elevado quanto Cristo. De fato, todos os seres têm nele a razão de sua
existência. Cristo é o restaurador de tudo, e tudo deverá estar em união
perfeita com ele, reconhecendo seu senhorio e sua posição de Cabeça. Cristo
entrou no estado de glória transcendente, e agora está assentado à mão direita
de Deus Pai, conforme se vê em Rom. 8:34 e Col. 3:1. Ele é o Senhor de todos,
de vivos e de mortos, tanto da terra, como do hades, como dos lugares
celestiais (ver Rom. 14:9), e mostra-se glorioso em seu reinado (ver I Cor.
15:25).
«...nome...»
Simboliza a pessoa, o indivíduo, seu ser, sua natureza e a tributos. O nome de
Cristo se eleva acima de todo qualquer outro nome—ele é a principal autoridade,
superior a todos os nomes que possam ser mencionados agora e na eternidade.
Isso se deve ao fato que ele se assentou à mão direita de Deus no lugares
celestiais (ver Efé. 1:20). Havia uma prática antiga de conferir novos nomes às
pessoas que obtinham vitórias importantes ou que passavam por grandes crises em
suas vidas. (Ver Gên. 17:5; 32:28; Apo. 2:17 e 3:12). Jesus, o Cristo (ser divino-humano),
é declarado «Senhor», isto é, recebe esse título como seu nome eterno. Ver Ròm.
1:4 acerca do título «Senhor». Variante Textual: Ê mister observar o artigo
definido, «...o nome...», conforme os melhores manuscritos. Isso visa produzir
o efeito de ênfase—é «o nome» de Cristo que é o mais elevado de todos os nomes.
Assim dizem os mss P(46), Aleph, ABC, bem como os escritos de Hipólito,
Dionísio (ales) e Eusébio. Porém, os mss DEFGKLP e a versão aramaica omitem o
artigo definido, ainda que isso represente uma prova textual inferior. «...Deus
o exaltou sobremaneira...» A exaltação é uma das prerrogativas de Deus Pai,
como também somente a ele cabe receber glória. A glória não pode ser atribuída
aos homens (ver I Cor. 1:29,31). Assim sendo, os elementos facciosos e
invejosos deveriam notar que a auto exaltação envolve a usurpação de
prerrogativas divinas.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 31.
9. A gloriosa
recompensa que Jesus Cristo recebeu está descrita a seguir: Por isso Deus o
exaltou ao máximo. O mesmo que se humilhou foi exaltado. A mesma regra que
delineara para outros, foi agora aplicada em sua própria causa. Ver esta regra
em Mateus 23.13; Lucas 14.11; 18.14; conferir Lucas 1.52; Tiago 4.10; 1 Pedro
5.6. Foi “por causa do sofrimento da morte” que essa recompensa lhe foi dada
(Hb 2.9; cf. Hb 1.3; 12.2). Todavia, há uma diferença entre sua exaltação e a
nossa. Sem dúvida que ele também foi exaltado. O mesmo verbo que se aplica a
seus seguidores (2Co 11.7), às vezes, é usado com respeito a ele (Jo 3.14b;
8.28; 12.32,34; At 2.33; 5.31). Na passagem em foco (Fp 2.9), porém, usa-se um
verbo que no Novo Testamento ocorre unicamente nesse caso, e é aqui aplicado
unicamente a ele, a saber: o verbo superexaltado. Deus, o Pai, enalteceu o
Filho de uma forma transcendentemente gloriosa. Soergueu-o à mais elevada
excelsitude.93 Os crentes irão para o céu? Ver Salmo 73.24,25; João 17.24; 2
Coríntios 5.8; Hebreus 12.18-24. O Mediador, porém, “ultrapassou os céus” (Hb 4.14),
“feito mais alto que os céus” (Hb 7.26), o mesmo que “desceu é também o que
subiu acima de todos os céus” (Ef 4.10). Sua superexaltação significa que ele
recebeu o lugar de honra e majestade, e consequentemente está “assentado à mão
direita do trono de Deus” (Mc 16.19; At 2.33; 5.31; Rm 8 8.34; Hb 1.3; 12.2),
“acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que
se possa referir, não só no presente século, mas também no vindouro” (Ef
1.20-22). Ressurreição, ascensão, coroação (“assentou-se” à mão direita de
Deus), tudo isso está implícito e incluído na declaração: “Pelo que também Deus
o exaltou ao máximo” (v. 9). Entretanto, antes que a frase termine, a etapa
final da exaltação de Cristo nos é descrita também (vs. 10 e 11): a consumação
de sua glória quando, no dia de sua vinda, todo joelho se dobrará diante dele e
toda língua proclamará seu senhorio universal.
Exaltação é o oposto
de humilhação. Aquele que, pelas exigências da lei divina (ao levar sobre si o
pecado do mundo), foi condenado, permutou essa sujeição ao castigo pela justa
relação com a lei. Aquele que foi pobre, voltou a ser rico. Aquele que foi
rejeitado foi aceito (Ap 12.5,10). Aquele que aprendeu a obediência tomou posse
da atual administração do poder e da autoridade que lhe foi confiada.
Como rei, tendo, por
meio de sua morte, ressurreição e ascensão, consumado e exibido seu triunfo
sobre seus inimigos, ele agora sustenta em suas mãos as rédeas do universo e
domina todas as coisas no interesse de sua igreja (Ef 1.22,23). Como profeta,
através de seu Espírito, ele guia os seus a toda a verdade. E, como sacerdote
(Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque), sobre as bases de sua expiação
consumada, ele não só intercede, mas realmente vive sempre para interceder por
aqueles que se aproximam de Deus por seu intermédio (Hb 7.25).
Ainda que essas
honras fossem conferidas à pessoa do Mediador, foi certamente em sua natureza
humana que a exaltação se concretizou, já que a natureza divina não está
sujeita nem à humilhação nem à exaltação. Essas duas naturezas, porém, ainda
que para sempre distintas, jamais estão separadas. A natureza humana está tão
intimamente unida à divina que, embora jamais venha a ser divina, todavia
participa da glória dela. Portanto, a ascensão de Cristo à glória é, em certo
sentido, também reascensão à glória. Não existe conflito real entre Filipenses 2.9
e João 17.5.
Paulo prossegue: e
lhe deu o nome que está acima de todo nome.
Deus, o Pai, lhe
conferiu (lit. Ele, graciosamente, ou seja, gratuita e magnanimamente, lhe
concedeu) o nome (segundo as melhores interpretações, não simplesmente um
nome). O apóstolo, todavia, não nos diz de que nome se trata. Ele diz, contudo,
que é o nome que está acima de toda criatura em todo o universo.
HENDRIKSEN. William. Exposição de Filipenses. Editora Cultura Cristã. pag.485-486.
2.9 Paulo afirma
novamente a divindade de Cristo. A frase -porque nele habita corporalmente toda
a plenitude da divindade" significa que o corpo humano de Cristo continha
a essência de Deus. Tendo a Cristo, temos tudo o que precisamos para a salvação
e um viver correto. Para mais detalhes sobre a natureza divina de Cristo.
APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de estudo. Editora CPAD pag.
1677.
2. Dobre-se todo
joelho.
É interessante notar,
no contexto das atribuições divinas, que em Isaías 45.23 o Deus de Israel havia
declarado que não partilharia seu nome nem sua glória com outrem, mas diz de
modo explícito: “diante de mim se dobrará todo joelho, e por mim jurará toda língua”.
No texto de Filipenses, a mesma declaração é repetida em relação a Jesus,
quando diz: “para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho”. O nome de Jesus
não é apenas honrado e glorificado perante toda a criação, mas lhe é designado
que todo joelho se dobre diante dEle. No ato de dobrar os joelhos diante de
alguém está o reconhecimento de superioridade e senhorio. Escatologicamente,
essa mesma expressão aparece na visão que o apóstolo João tem no céu. Ele viu
os seres celestiais ao redor do Trono de Deus prostrando-se perante o Cordeiro
divino e vitorioso, e cânticos de celebração são entoados pela dignidade do
Cordeiro (Ap 5.6-14). O nome de Jesus é a autoridade máxima da vida da igreja.
Por isso, quando oramos, cantamos, louvamos e adoramos a Ele, estamos, de fato,
reconhecendo sua soberania. Todas as coisas, animadas e inanimadas, estão
debaixo da sua autoridade e não podem se esquivar do seu senhorio ou negá-lo.
O texto diz que o
dobrar dos joelhos aconteceria “nos céus, na terra, e debaixo da terra” (2.10).
Mas o que se entende por “debaixo da terra”? A expressão refere-se ao mundo dos
mortos, o She- ol-Hades onde as almas e espíritos dos mortos estão conscientes.
Essa expressão tem um sentido metafórico; por isso, não se refere às sepulturas
físicas, mas ao mundo espiritual, onde as almas e espíritos dos mortos aguardam
a ressurreição de seus corpos. Alguns teólogos afirmam que esse lugar “debaixo
da terra” é figurado, mas pode se referir à habitação dos maus espíritos, ou
seja, dos anjos que se tornaram demônios e que por sua desobediência “não
guardaram o seu principado”, razão por que estão reservados na escuridão para o
Juízo Final (Jd 6). A maioria dos teólogos concorda e prefere a ideia de que se
trata das almas e espíritos dos mortos que estão no Sheol-Hades (Ap 5.13).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 69-70.
Este versículo se
assemelha ao de Efé. 1:21, onde são alistados vários poderes angelicais
elevados, os quais estão sujeitos ao senhorio de Cristo.
Embora as palavras
«...debaixo da terra...» não sejam mencionadas ali, a unidade «universal» de
todas as coisas, em Cristo, exige que até mesmo o submundo de alguma maneira
contribua para a glória de Deus, ainda que isso tome muito tempo e ainda que
tudo ocorra de maneira que ultrapassa o nosso entendimento presente. Mas é
impossível que haja alguma coisa que eventualmente não venha a ser afetada pelo
poder de Cristo; e esse poder sempre se manifesta através da graça divina.
Nenhum ser humano, e nem qualquer outra criatura, escapará ao juízo, porquanto
cada erro cometido será devidamente corrigido, cada dívida será paga. Todavia,
devemo-nos lembrar que o julgamento não será apenas uma medida retributiva; também
terá aspectos disciplinares e remidores, conforme se compreende através de
passagens como I Ped. 3:18-20 e 4:6. E isso é dito até mesmo acerca dos
decretos mais severos de Deus, conforme se aprende em Rom. 11:32.
O Cumprimento Do
Mistério Da Vontade De Deus
1. Observemos que este
versículo (e seu contexto) é paralelo da importante mensagem de Efé. 1:10, onde
se aprende que, eventualmente, todas as coisas e todos os seres, terão de ficar
debaixo do poder do Filho, formando assim uma unidade em torno dele.
2. O poder de Cristo
atinge todas as regiões: a celestial, a terrena e a do mundo inferior. Nada
pode estar fora do alcance de seu poder e de sua graça.
O Nome Jesus
1. Não há que duvidar
que esse uso é significativo aqui. O «Senhor» é definido como «Jesus». Disso se
entende que há uma essência salvatícia ou restauradora na própria ideia de
«Senhorio», no N.T.
2. Portanto, o poder
que Cristo exercerá sobre todas as coisas, não será meramente um poder forçado.
Todos os seres inteligentes chegarão a exercer certa forma de fé, ainda que não
a fé evangélica, em Cristo, como o Senhor. Mesmo que isso seja forçado, em
alguns casos, eventualmente será uma atitude genuína.
3. O número dos
eleitos será extremamente pequeno. Cristo «restaurara» todas as coisas. Nos
trechos de Efé. 1:10 e 1:23, temos procurado explicar como isso poderá ser. Nas
notas expositivas dali, contrastamos a redenção dos eleitos com a «restauração
de todas as coisas».
«...ao nome de
Jesus...» Não temos aqui uma tradução correta. O grego declara «...no nome de
Jesus...» No dizer de Ellicott (in loc.): «...a esfera espiritual, o elemento
santo, por assim dizer, ‘onde’ cada oração deve ser oferecida e onde cada
joelho se dobrará». Isso pode ser confrontado com o trecho de Efé. 5:20:
«...dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor
Jesus Cristo...»
«Dobrar os joelhos,
no nome de Jesus é adorá-lo nessa esfera de autoridade, graça e glória que o
seu nome representa; por estar alguém conscientemente dentro do reino no qual
ele é o Senhor, reconhecendo a justiça dos títulos ‘Jesus’, ‘Salvador’ e
‘Senhor’, e aceitando lealmente as obrigações que esses títulos implicam».
(Vincent, in loc.).
«...se dobre todo
joelho...» Temos aqui a menção de um ato de adoração, e não de uma obediência
forçada e obrigatória a Cristo, como Senhor. Cristo dispõe de meios próprios
para impulsionar os homens a essa atitude voluntária; e esses meios funcionam
até mesmo no após-túmulo. Embora pudesse forçar os homens a tal atitude,
prefere fazê-lo mediante a persuasão da magnificência do seu próprio ser.
Cristo é o «cão de caça dos céus», que jamais permitirá que um homem escape;
pelo contrário, persegui-lo-á e trai-lo-á até si mesmo, ainda que isso envolva
uma forma de redenção
secundária, que não
se possa comparar com a redenção dos «eleitos». Entretanto, temos de deixar
Deus ser o juiz e árbitro de como tudo isso sucederá, e quais são os seus
efeitos. No dizer de Kennedy (in loc.): «Esse nome, que declara o verdadeiro
caráter e a verdadeira dignidade de Jesus Cristo, é tanto a base como o objeto
da adoração».
Que a salvação é
inerente no senhorio de Cristo, é uma alta doutrina. Dá-nos de amá-lo.
«...nos céus...» Todo
ojoelho se dobrará, mas isso indica «pessoas», seres inteligentes, conforme a
figura simbólica do «dobrar os joelhos» nos mostra. Todos prestarão honra e
lealdade a Jesus Cristo, em seu elevadíssimo ofício e em sua exaltação acima de
todo o nome. Paulo se refere aqui aos muitos seres celestiais, às ordens
angelicais, existentes em muitas esferas celestes. Há muitas dessas ordens, e
algumas ocupam níveis de poder mais elevados do que outras. (Ver Efé. 1:21
quanto aos «principados», «potestades»,
«poderes» e
«domínios», que são todos nomes de poderes angelicais, e sobre os quais Cristo
será o Cabeça, o que significa que dele receberão o direito de viver). O corpo
inteiro de seres celestiais, em suas respectivas dimensões celestes, está aqui
em foco. (Ver Rom. 8:21; I Cor. 15:24; Efé. 1:20-22; Heb. 2:8; Apo. 5:13.
Acerca dos «seres celestiais» em particular, ver os trechos de Efé. 1:21: 3:10:
Heh. 1:4-6 e. I Ped. 3:23. Bem como as notas expositivas ali existentes).
«...na terra . . . »
Seres humanos são focalizados aqui, sem qualquer distinção aparente acerca da
esfera em que talvez estejam habitando, quando finalmente atribuírem essa
glória à pessoa de Cristo Jesus, embora talvez haja aqui um indício indireto
sobre a doutrina da continuação da existência da terra , na nova criação,
quando as nações da terra serão sujeitas a Cristo. A expressão paulina
significa, de maneira geral, «todos os seres de todos os lugares», sem tecer
quaisquer especulações acerca de como os seres podem trasladar-se de uma esfera
para outra, dentro do vastíssimo universo de Deus.
« ...debaixo da
terra. . . » Expressão usada no grego desde os dias de Homero, dando a entender
os espíritos dos mortos, que estão no hades. De acordo com a doutrina
neotestamentária, esses espíritos estão vivos, e Cristo exerce certo ministério
entre eles, visando o bem deles.
O Significado Da
Descida Ao Hades
1. O relato da
descida de Cristo ao hades é mais completamente descrito em I Ped. 3:18—4:6. A
narrativa da descida de profetas do A.T. ao hades, é um tema comum em
composições judaicas antigas e não-bíblicas. Muitas culturas (incluindo a grega
e a romana), continham tais histórias em sua literatura. Os escritos cristãos
primitivos também narram como Cristo desceu ao hades e ali desenvolveu um
ministério. Portanto, esse conceito é antiquíssimo, e muito reiterado, embora
figure nas páginas do N.T. raras vezes. As referências neotestamentárias são
como os picos de um «iceberg».
Representam uma
tradição honrada e desde há muito estabelecida, pelo que, de maneira alguma,
formam um elemento isolado. Mas representam um acúmulo considerável de
literatura judaica e cristã.
2. Noutros trechos
temos comentado com detalhes o significado da descida ao hades. As notas que
aparecem em I Ped. 3:18, são bastante extensas e examinam todos os lados e
interpretações dessa tradição. Em Efé. 4:9,10, acrescentamos importantes notas
sobre esse tema, em forma abreviada.
Aqui damos apenas
algumas poucas declarações, e, ao mesmo tempo, solicitamos que o leitor examine
as passagens acima mencionadas, em suas notas expositivas, onde são expostos os
detalhes:
a. A descida de
Cristo ao hades não teve o propósito de pregar julgamento. Isso seria uma
contradição com toda a sensibilidade cristã, além de ser uma ideia antibíblica.
b. A maioria dos
intérpretes antigos, era de opinião de que ali Cristo ofereceu plena salvação
aos perdidos, e que essa oferta é válida (de acordo a inda com essa interpretação),
até à segunda vinda de Cristo, a qual determinará os destinos finais das almas.
O destino será determinado por esse evento, e não pela morte pessoal de cada
indivíduo. As notas em I Ped. 4:6, mostram que isso exprime uma verdade
bíblica.
c. Outros, ainda,
antigos e modernos, têm pensado que Cristo melhorou as condições dos perdidos
no hades, sem lhes haver oferecido a redenção.
Essa ideia reflete,
pelo menos, o significado de Efé. 1:10, sem importar se descreve ou não o
intuito da própria descida ao hades.
d. O trecho de Efé.
4:9,10, ensina-nos que a descida se revestiu do mesmo propósito que a subida, a
saber, fazer Cristo tonar-se «tudo para todos». Essa é, igualmente, a mensagem
de Efé. 1:23. Cristo teve seu ministério na terra; teve seu ministério no
hades; e teve (e tem) seu ministério nos céus. Todos esses ministérios têm a
mesma finalidade, ou seja, fazer todas as coisas retrocederem até Cristo (ver
Col. 1:16), pois ele é não somente o Alfa, mas também o Omega. Essa unidade em
torno de Cristo será benéfica para todos, embora só confira a salvação para os
eleitos. Os não-eleitos serão uma espécie diferente de ser, que não
participarão da natureza divina.
e. O julgamento
ajudará a produzir essa restauração; mas não conseguirá dar a redenção aos
perdidos. O fato de que os perdidos não serão remidos, significa que
permanecerão no estado de juízo eterno. Porém, dentro dessa condição, Cristo
dará àqueles homens uma existência digna de ser vivida, a qual redundará em
glória positiva para ele. Pois Cristo será o objetivo de toda a existência
deles. Isso é verdade porque Cristo assumirá o controle de todas as coisas;
todas as coisas serão centralizadas em torno dele; ele será tudo para todos.
f. Eventualmente,
haverá um único alvo e uma única razão para se viver: o Filho de Deus, o
Cristo, o Logos eterno. Isso se concretizará na forma de uma unidade, em
bondade, dentro do propósito divino.
g. A despeito de
qualquer glória que o estado de restauração porventura venha a envolver, será
(para os não-eleitos) uma perda infinita, em confronto com o ganho infinito dos
eleitos.
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 31-32.
10. O propósito da
exaltação é: para que ao nome de Jesus, não ao nome “Jesus”, mas ao nome
completo com que Jesus é agora recompensado e que ora ostenta – nome que treme
nos lábios de Paulo, mas que agora ainda não o menciona plenamente, mas que o
guarda como clímax –, se dobre todo joelho, dos que estão nos céus, dos que estão na terra e
dos que estão debaixo da terra. Em seu regresso em glória, Jesus será adorado
por “toda corporação de seres inteligentes, em todos os setores do universo”
(M. R. Vincent). Os anjos e os seres humanos redimidos farão isso com intenso
regozijo; os condenados farão isso com profunda tristeza e profundo remorso
(não com genuíno arrependimento); ver Apocalipse 6.12-17. Mas tão intensa será sua
glória que todos se sentirão impelidos a render-lhe homenagem (cf. Is 45.23; Rm
14.11; 1Co 15.24; Ef 1.20-23; Hb 2.8; Ap 5.13). Note as três classes de seres
inteligentes:
(1) No céu: os
querubins e serafins; sim, os milhões de milhões de anjos bons, inclusive
arcanjos; também, naturalmente, todos os seres humanos redimidos que já
partiram desta vida terrena (Ef 1.21; 3.10; 1Pe 3.22; Ap 4.8-11; 5.8-12).
(2) Na terra: todos
os seres humanos sobre a terra (1Co 15.40).
(3) Debaixo da terra:
todos os condenados no inferno, tanto seres humanos quanto anjos maus ou
demônios (porque, se o adjetivo celestial se refere, entre outras coisas, aos
anjos bons, então seu antônimo, que literalmente significa debaixo da terra –
palavra que no Novo Testamento ocorre somente aqui – provavelmente inclua os
anjos maus).
HENDRIKSEN. William. Exposição de Filipenses. Editora Cultura Cristã. pag. 486-487.
Na segunda vinda de
Cristo, os três mundos vão se dobrar aos seus pés: os céus, a terra e o
inferno. Todo joelho se curvará diante do poderoso nome de Jesus no céu (os anjos
e os remidos), na terra (os homens) e debaixo da terra (demônios e condenados).
Com que júbilo se ajoelharão diante de Jesus os que foram salvos por Ele. Com
que pavor cairão de joelhos os que passaram orgulhosamente por Ele ou O rejeitaram!
J. A. Motyer
corretamente afirma que Jesus foi coroado no dia da Sua ascensão. Embora o dia
da Sua coroação já tenha ocorrido, infelizmente poucos têm conhecimento desse
fato auspicioso. Aqueles que amam a Jesus sabem disso e se regozijam nesse fato,
mas milhões de pessoas no mundo não sabem que Jesus é o Rei coroado e somente
se prostrarão aos Seus pés quando Ele se manifestar em glória.
Naquele dia, todo
joelho vai se dobrar, toda língua vai confessar que Jesus é Senhor, mas nem
todos serão salvos.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 137-138.
3. “Toda língua
confesse” (v.11).
O cristianismo só tem
valor por aquilo que crê. A confissão de que Jesus Cristo é o Senhor se
constitui no ponto convergente da igreja (Rm 10.9; At 10.36; 1 Co 8.6). O credo
da Igreja implica na sua confissão pública sobre Jesus Cristo, o Senhor da
Igreja. Essa escritura mostra que a exaltação de Cristo é uma exaltação que
deve ser proclamada universalmente. “Toda língua confesse” (v. 11) implica que
o evangelho seja pregado em todo o mundo e cada crente proclame o nome de Jesus
como o nome que é sobre todo nome.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 70.
Os gnósticos (há
notas expositivas sobre eles em Col. 2:18) especulavam que há muitos universos,
e que cada um deles conta com seu deus ou com elevados poderes angelicais.
Alguns gnósticos faziam de Cristo o mais exaltado desses poderes, ao passo que
outros não lhe conferiam qualquer posição especial, exceto que supunham que a
sua autoridade se estende pela terra inteira, da mesma maneira que cada «aeon»
teria uma área específica de domínio. Mas Paulo contradiz isso tudo, mostrando
que o senhorio de Cristo é absolutamente universal, incluindo todos os mundos e
todos os seres. No primeiro capítulo da epístola aos Efésios, Cristo é
retratado como Cabeça de todos, como o restaurador e unificador de todos os
seres e de todos os mundos. E aqui outro tanto é dito, exceto que 0 simbolismo
não é esmiuçado em detalhes, conforme se faz naquela passagem.
« ...toda língua
confesse...» No original grego temos a palavra «eksomologeo», que tem o sentido
primário de «declarar francamente», de «fazer confissão aberta», embora haja 0
sentido secundário de «confessar com gratidão». Este sentido secundário é
preferido por alguns intérpretes, porquanto, no grego posterior, parece que
esse significado suplantou inteiramente o primeiro. Se esse é realmente o
verdadeiro sentido, então é salientado, tal como no décimo versículo, que essa
confissão será feita não por seres forçados a tanto, que se sintam esmagados.
Bem pelo contrário, o propósito remidor de Cristo, operante em escala
universal, tendo permeado todos os mundos e todos os seres, produzirá uma
voluntária confissão de ações de graças. Mas até mesmo sem apelarmos para o
sentido secundário do termo, não há razão alguma para pensarmos que essa
confissão venha a ser feita com relutância. Não obstante, a verdade é que
muitos seres terão de passar por lições dificílimas, enquanto Deus lhes ensina
a realidade do senhorio de Cristo; mas todas as criaturas inteligentes haverão
de finalmente reconhecer isso voluntariamente, de todo o coração.
«...que Jesus Cristo
é Senhor...» Diz Alford (in loc.): «Esse é o grande escopo de toda a mediação
de Cristo e de seu reino medianeiro, conforme se verifica em comparação com I
Cor. 15:24-28». O termo «...Senhor...» é frequentemente aplicado a Jesus
Cristo, nas páginas do N.T., algumas vezes meramente como título de respeito,
mas, na maioria das vezes, como indicação de sua divindade. (Ver Rom. 1:4, onde
o título completo é comentado, «Senhor Jesus Cristo», e onde é exposta a
doutrina do «senhorio de Cristo». Note-se também, em Rom. 10:9,13, que somente
a confissão de Jesus como Senhor, e a aceitação desse fato de todo o coração,
na forma de entrega da alma aos seus cuidados, pode levar alguém à salvação.
Não há tal coisa como um crente ou convertido que também não aceite a Jesus
como seu Senhor. Somente a «crença fácil» que se espraiou entre tantas igrejas evangélicas
hoje em dia pode admitir tal aberração. O N.T. não ensina e nem permite tal
conceito, pois a própria essência da salvação consiste de sermos conformados
segundo a imagem de Cristo, a través da total submissão a ele, de tal modo que
o humano será absorvido pelo divino. «Esteja absolutamente certo, pois, toda a
casa de Israel, de que a este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e
Cristo» (Atos 2:36). E comenta Kennedy (in loc.): «O termo ‘Senhor’, se
transformou em uma das palavras mais amorfas do vocabulário cristão. Se
penetrássemos em seu significado e lhe déssemos o efeito prático que ela tem,
isso recuperaria, em grande medida, a atmosfera que havia na era apostólica».
«...para glória de
Deus Pai...» Essa é a principal finalidade da existência dos homens. Note-se
que Deus é o «...Pai...» (Quanto a notas expositivas sobre esse conceito, ver
Rom. 8:14,15 e João 8:42). Na epístola aos Efésios essa é a nota chave de tudo
quanto os homens participam nas bênçãos celestiais, porquanto essas bênçãos nos
são dadas como filhos, da parte do Pai, já que nos temos tornado participantes
da natureza do Filho de Deus.
(Ver Efé.
1:2,3,5,11,14,17; 2:18,19; 3:14 e 6:23 quanto a essa ênfase. No que tange ao
fato que todos os seres vivos existem para a glória de Deus, ver Efé. 1:14 e as
notas expositivas ali existentes, onde também se lê que nossa participação na
herança celestial será para «0 louvor de sua glória»). Os crentes participam
dessa glória por causa da herança que possuem em Cristo, pelo que também são
donos das «riquezas da glória de sua herança».
(Ver Fil. 1:1 e as
notas expositivas a respeito, onde a vida santa do crente é declarada como algo
que redunda na «glória e louvor de Deus»), Nesse ponto, (Vários aspectos da
glória divina são salientados, a saber:
1. Essa glória
pertence à família divina, derivada do Filho de Deus e outorgada aos filhos de
Deus, o que fala da riqueza e do brilho da vida e das bênçãos espirituais.
2. Isso também alude
à presença de Deus. E ninguém chegará a ver a Deus se não houver sido
glorificado «em Cristo», mediante a autêntica aceitação de seu senhorio. Porém,
ao ser assim glorificado, o crente passará a compartilhar da glória de Deus.
3. Há alusão aqui a todos
os excelentes atributos divinos, como à santidade, ao amor e ao poder de Deus.
Ele é «glorioso» no poder e bondade infinitos que caracterizam o seu ser. E a
redenção exalta essa particularidade, porquanto o louvor dos remidos exaltará o
amor e a bondade de Deus, aumentando a glória celestial por conduzir os seus
filhos até à sua presença, para que sejam participantes eternos de sua graça,
para que compartilhem de «toda a plenitude de Deus», conforme se vê em Efé. 3:19.
4. A majestade e a
sublimidade de Deus, de modo geral, bem como as excelências infinitas de sua
pessoa, são todas focalizadas mediante o uso deste vocábulo. Tudo isso será
exaltado e aumentado quando ficar demonstrado que Cristo é o Senhor de todo 0
universo, e quando isso for reconhecido; pois é mediante 0 exercício do
«senhorio» de Cristo que os propósitos e a vontade de Deus terão cabal
cumprimento. Assim também as excelências divinas serão aplicadas a todas as
criaturas, elevando-as a um nível muitíssimo mais elevado, de acordo com o beneplácito
divino. Note-se que o estabelecimento prático do «senhorio» de Cristo é
necessário para que a glória de Deus seja completa, ou seja, para que Deus
receba toda a glória a que faz jus, bem como para que os remidos participem da
mesma; pois isso faz parte da glória que Deus receberá. Finalmente, deve-se
entender que a glória de Deus Pai e de Deus Filho são mútuas. (Ver os trechos
de Luc. 10:16; João 5:23 e 17:5).
No presente contexto,
pode-se observar quão absurdo, portanto, é que os homens se vangloriem de si
mesmos. Essa é a razão mesma pela qual Paulo resolveu demonstrar as verdades
sobre Cristo que temos aqui expostas.
Ninguém pode invejar
a outrem, nem criar facções, nem fazer de si mesmo um pequeno César no seio da
igreja; porquanto toda exaltação cabe exclusivamente a Deus. Além disso, essa
exaltação a Deus é reconhecida mediante a aceitação, por parte do homem, do
senhorio de Jesus Cristo, e não porque este ou aquele se fazem de pequenos «senhores»
entre os irmãos.
Quando alguém assim
age, está usurpando a glória que cabe exclusivamente a Deus, negando, por, outro
lado, o senhorio que somente Cristo pode e deve exercer. Por conseguinte, os
pequenos «césares» são pequeninos «senhores» na igreja, formando uma situação
insultante para Cristo e para seu Pai, bem como para a igreja cristã inteira.
«Todas as modalidades
de salvadores prometem transformar o mundo de fora para dentro, e às vezes até
conseguem proporcionar alguns benefícios externos; finalmente, porém, o homem
precisa libertar-se de si mesmo, se tiver de experimentar a verdadeira
‘liberdade dos filhos de Deus'». (Wicks, in loc.).
«Nem mesmo os homens
mais poderosos e sábios têm podido revelar mais plenamente o coração de Deus e
o coração do homem, como o fez no passado o Cristo crucificado. Aquelas coisas
têm sido reveladas de uma vez para sempre. ‘Está consumado!’ Em face do
Crucificado, todo o ‘mais’ e todo o ‘menos’, bem como todo o progresso e
aproximação, não têm qualquer sentido. Assim, pois, podemos dizer acerca de
Cristo, tão somente: Ele é a nova realidade; ele é o ponto final». (Paul
Tillich, Shaking the Foundations, pág. 148).
CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 32-33.
A exaltação de Cristo
é uma exaltação proclamada universalmente (2.11). Toda língua vai confessar que
Jesus é Senhor. Ele é o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, o todo-poderoso
Deus, diante de quem os poderosos deste mundo vão ter de se curvar e confessar que
Ele é Senhor. Aqueles que zombaram Dele, vão ter de confessar que Ele é Senhor.
Aqueles que O negaram e Nele não quiseram crer, vão ter de admitir e confessar que
Ele é Senhor. Essa confissão será pública e universal.
Todo o Universo vai
ter de se curvar diante daquele que se humilhou, mas foi exaltado sobremaneira!
Isso não significa,
obviamente, que todas as pessoas serão salvas. Somente os que agora reconhecem
que Jesus é Senhor e O confessam como tal serão salvos (Rm 10.9).
Entretanto, na
segunda vinda de Cristo, nenhuma língua ficará silenciosa, nenhum joelho ficará
sem se dobrar. Todas as criaturas e toda a criação reconhecerão que Jesus é
Senhor (2.11; Ap 5-13).
A exaltação de Cristo
é uma exaltação que tem um propósito estabelecido (2.11).
A exaltação de Jesus
tem dois propósitos claros:
Que todos, em todo o
Universo reconheçam o senhorio de Jesus Cristo. Deus O exaltou, O fez assentar
à Sua destra e O constituiu Senhor absoluto de todo o Universo. O senhorio de
Cristo foi a grande ênfase da pregação apostólica (At 2.36; Rm 10.9; Ap 17.14;
19.16). Importa que todos, em todos os lugares, em todos os tempos, reconheçam
e confessem que Jesus é Senhor. Em virtude do poder e majestade de Jesus
Cristo, e pelo reconhecimento de que Ele é Senhor, toda língua O proclamará.
Pense nos termos
pelos quais temos o privilégio de darmos glória a Ele. Pense sobre os Seus
nomes. Jesus Cristo é o Maravilhoso Conselheiro, o Deus Forte, o Pai da
Eternidade, o Príncipe da Paz. Ele é o Messias, o Senhor, o Primeiro e o Ultimo,
o Começo e o Fim, o Alfa e o Omega, o Ancião de Dias, o Rei dos reis e o Senhor
dos senhores, o Deus conosco. Aquele que era, que é e que há de vir. Ele é
chamado de a Porta das Ovelhas, o Bom Pastor, o Grande Pastor e o Supremo
Pastor, o Bispo das nossas almas. Ele é o Cordeiro sem defeito e sem mácula, o
Cordeiro imolado antes da fundação do mundo. Ele é a Palavra, a Luz do Mundo, a
Luz da Vida, a Árvore da Vida, a Palavra da Vida, o Pão que desceu do céu, a
Ressurreição e a Vida, o Caminho, a Verdade e a Vida. Ele é o Deus Emanuel. Ele
é a Rocha, o Noivo, a Sabedoria de Deus, nosso Redentor. Ele é o Cabeça de
todas as coisas, o Amado em quem Deus tem todo o seu prazer.
Meu caro amigo, é
Jesus Cristo tudo isso para você? Se Jesus representa todas essas gloriosas
verdades para você, então os seus joelhos se dobrarão e a sua língua confessará
que Ele é Senhor para a glória de Deus Pai.
Que o Pai seja
glorificado pela exaltação do Filho. O fim último de todas as coisas é a glória
de Deus (lC o 10.31). Paulo já havia advertido contra o pecado da vanglória (2.3).
Toda a glória que não é dada a Deus é glória vazia, é vanglória. Cristo se
humilhou e suportou a cruz, para a glória de Deus (Jo 17.1). Ele ressuscitou, e
foi exaltado para a glória de Deus (2.11). Ralph Martin sintetiza esse glorioso
pensamento de forma sublime:
O senhorio de Cristo
não compete com o de Deus, nem a entronização do Filho ameaça a monarquia única
do Pai. Cristo rege para a glória de Deus Pai. Sua soberania é dom do Pai
(2.9). Aquilo que Ele se recusou a usurpar egoisticamente, num ato de
enaltecimento próprio, destituído de sentido, aprouve ao Pai conceder-lhe,
agora. A última palavra é Pai, como que para enfatizar que, agora, no Cristo preexistente,
encarnado, humilhado, exaltado, Deus e o mundo estão unidos, e um novo segmento
da humanidade, um microcosmo da nova ordem de Deus para o Universo, está
nascendo (Ef 1.10).
Toda a vida e obra de
Jesus apontam não para a Sua glória pessoal, mas objetiva a glória de Deus.
Jesus atrai os homens para si para poder levá-los a Deus. Na igreja de Filipos,
havia alguns que tinham o propósito de satisfazer as suas ambições egoístas. No
entanto, o único propósito de Jesus era servir a outros, ainda que isso lhe
tenha custado a maior de todas as renúncias. Enquanto alguns membros da igreja
de Filipos queriam ser o centro das atenções, Jesus queria que o único centro
da atenção fosse Deus. Assim, também, o seguidor de Cristo nunca deve pensar em
si mesmo, senão nos demais; não deve buscar a sua própria glória, senão a
glória de Deus.
LOPES,
Hernandes Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. Editora Hagnos. pag. 138-140.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
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