Data: 07/07/2013. Hinos sugeridos: 296,
577, 597.
TEXTO ÁUREO
“E peço isso que o
vosso amor aumente mais e mais em ciência e em todo conhecimento” (Fp 1. 9).
VERDADE PRÁTICA
Paulo tinha uma grande afeição pelos irmãos de filipos; por isso suas
orações e ações de graças eram constantes.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Fp 1. 3-6. A oração que inspira compromisso.
Terça - Fp 1. 7. A justiça provem do amor.
Quarta - Fp 1. 12-15. Tribulações por amor ao evangelho.
Quinta - Jo 15. 4, 5, 8, 16 O amor revela-se em obras.
Sexta - Rm 12. 9-21. O amor valida as obras.
Sábado - Fp 4. 14-19. O amor gera contentamento.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Filipenses
1. 1-11.
1
Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, "a todos os santos em Cristo
Jesus que estão cm Filipos com os bispos e diáconos:
2
graça a vós e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo.
3
Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós,
4
fazendo, sempre com alegria, oração por vós em todas as minhas súplicas,
5
pela vossa cooperação “no evangelho desde o primeiro dia até agora.
6
Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou ' a boa obra a
aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo.
7
Como tenho por justo sentir isto de vós todos, 'porque vos retenho em meu
coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões
como na minha defesa c confirmação do evangelho.
8
Porque Deus me é testemunha das saudades que de todos vós tenho, em entranhável
afeição de Jesus Cristo.
9
E peço isto: "que ;a vossa caridade aumente mais e mais em ciência e em
todo o conhecimento.
10
Para que aproveis as coisas excelentes. para que sejais sinceros e sem
escândalo algum até ao Dia de Cristo,
11
cheios de frutos de justiça, 'que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de
Deus.
INTERAÇÃO
Prezado
professor, neste trimestre estudaremos a carta do apostolo Paulo aos
filipenses. Os temas contemplados neta epistola são diversos. O apostolo Paulo
fala do caráter de Deus, a alegria , o serviço, o conflito e o sofrimentos dos
santos. Mas o tema que ganha maior destaque na carta é o senhorio de Jesus
Cristo, o Kyrios de Deus (2. 9-10). O Pai o fez Senhor e Cristo.
O
comentarista deste trimestre Elianai Cabral – Conferencista e autor de varias
obras publicadas pela CPAD, membro da academia evangélica de letras do Brasil e
também da casa de letra Emilio Conde. Que Deus abençoe a sua vida e a de seus
alunos. Bons estudos!
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Introduzir a epistola aos
filipenses destacando a cidade, a data e o local da autoria.
Explicar o proposito, a
autoria e os destinatários da epistola.
Compreender os atos de oração e
ação de graças do apostolo Paulo.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor
para introduzir a lição desta semana reproduza o esquema abaixo. Faça a
exposição panorâmica da Epistola aos filipenses, explicando os propósitos e
suas principais divisões. Mostre aos alunos que a carta pode ser dividida em
duas partes principais: (1) circunstancia em que Paulo se encontrava e (2)
assuntos de interesse da igreja – alegria, o serviço, o caráter de Deus, o
conflito e o sofrimento, etc.
Aprendemos
pois neste trimestre, com a alegria de Filipos. Boa Aula!
PALAVRA-CHAVE
Epistola: cada carta ou lições dos apóstolos às comunidades cristãs primitivas.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÁO
Neste
trimestre estudaremos a Epistola de Paulo os Filipenses. Esta carta é uma
declaração de amor e gratidão do apostolo pelo amoroso zelo dos filipenses para
com os obreiros do Senhor. A epistola esta classificada no grupo das cartas de
prisão Filipenses, Filemon, Colossenses e Efésios. Além de realçar a verdadeira
cristologia, a epistola orienta-nos quanto ao comportamento que devemos ter
diante das hostilidades e perseguições enfrentadas pela igreja de cristo.
I –
INTRODUÇÃO A EPISTOLA.
1. A cidade de Filipos.
Localizada
no norte da Grécia foi fundada por Felipe II. Outras cidades como Anfipolis,
Apolônia, Tessalônica e Bereia também faziam parte daquela região Atos 17. 1,
10. Filipos, porem, era uma colônia romana Atos 16. 12. E um importante centro
mercantil, pois estava situada no cruzamento das rotas comerciais entre a
Europa e a Ásia.
2. O evangelho chega
a Filipos. Por
volta do ano 52 d.C., o apostolo Paulo, acompanhado por Silas e Timóteo,
empreendeu uma segunda viagem missionaria Atos 15. 40. 16. 1-3. Ao entrar numa
cidade estrangeira, a estratégia usada por Paulo para anunciar o evangelho era
sempre à mesma: dirigir-se a uma sinagoga. Ali o apostolo esperava encontra
Judeu disposto a ouvi-lo. Mas, na sinagoga de Filipos, avia uma comunidade não
muito inclinada a escuta-lo. Por isso, Paulo encontrou-se em um lugar público e
informal para falar a homens e mulheres desejosos por discutir assuntos
religiosos.
Lá,
o apostolo encontrou Lídia, de Tiatira que era comerciante que negociava
púrpura Atos 16. 14. Ela se converteu a Cristo e levou o primeiro grupo de
cristãos a congregar-se em sua casa. No lar da irmã Lídia, a igreja começou a
florescer Atos 16. 15-40.
3. Data e local da
autoria. Apesar
das dificuldades para se referendar a data e o local da Epístola aos
Filipenses, os especialistas em Novo Testamento dizem que a carta foi redigida
entre os anos 60 e 63 d.C., provavelmente em Roma. Na ocasião, o apóstolo Paulo
estava encarcerado numa prisão, e recebeu a visita de um membro da igreja em
Fiiipos, chamado Epafrodito. Este chegara a ficar gravemente adoentado, “mas
Deus se apiedou dele” que, agora recuperado, acabou por levar a mensagem do
apóstolo aos filipenses.
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Após
chegar numa cidade gentílica, o apóstolo Paulo dirígia-se a uma sinagoga
judaica para evangelizar.
II –
AUTORIA E DESTINATÁRIO
1. Paulo e Timóteo. O nome de Timóteo
aparece juntamente com o de Paulo na introdução da epístola Filipense (v.1).
Apesar de Timóteo ser apresentado como coautor da carta, a autoria principal
pertence ao apóstolo Paulo. Este certamente tratou com Timóteo, seu discípulo,
os assuntos expostos na carta. O apóstolo Paulo também não desfrutava de boa
saúde, e este fato fazia com que dependesse constantemente da ajuda de um
auxiliar na composição de seus escritos (Rm 16.22; 1 Co 1.1; Cl 1.1).
2. Os destinatários
da carta. “todos
os santos”. Paulo chama os cristãos de Fiiipos de “santos” (v. 1). Isto é,
aqueles que foram salvos e separados, por Deus, para viver uma nova vida em
Cristo. Este era o tratamento comum dado por Paulo às igrejas (Rm 1.7; 1 Co
1.2). Quando o apóstolo dos gentios usa a expressão “em Cristo Jesus”, ele quer
ilustrar a relação íntima dos crentes com o Cristo de Deus — semelhante ao
recurso usado por Jesus quando da ilustração da “videira e os ramos” (cf. Jo
15.1-7).
3. Alguns
destinatários distintos: “bispos e diáconos”. A distinção entre
“bispos e diáconos” expressa à preocupação paulina quanto à liderança
espiritual da igreja (v.1). O modelo de liderança adotado pelas igrejas do
primeiro século funcionava assim: os “bispos” eram responsáveis pelas necessidades
espirituais da igreja local e os “diáconos” pelo serviço à igreja sob a
supervisão dos bispos.
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Apesar
de Timóteo aparecer como o coautor da carta, a autoria da epístola é do
apóstolo Paulo.
III –
AÇÃO DE GRAÇA E PETIÇÃO PELA IGREJA DE FILIPOS (1. 3-11)
1. As razões pela
ação de graças. “Dou
graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós” (v.3). A razão de o
apóstolo Paulo lembrar-se dos filipenses nas suas orações, e alegrar-se por
isto, foi à compaixão deles para com o apóstolo quando da sua prisão, defesa e
confirmação do Evangelho (v.7). Esta lembrança fortalecia Paulo na sua solidão,
pois, apesar de estar longe fisicamente dos filipenses, aproximava-se deles
pela oração, onde não há fronteiras.
2. Uma oração de gratidão
(vv 3-8). Paulo
lembra a experiência amarga sofrida juntamente com Silas em Filípos (v.7). Eles
foram arrastados à presença das autoridades, açoitados em público, condenados
sumariamente e jogados no cárcere, tendo os pés atados ao tronco (At 16.19,23,24).
Essa dura experiência fez o apóstolo recordar o grande livramento de Deus
concedido a ele, a Silas e ao carcereiro (At 16.27-33).
Os
filipenses participaram das aflições do apóstolo e proveram-no, inclusive, de
recursos financeiros (4.15-18), ao passo que os coríntios fecharam-lhe as mãos
(1 Co 9.8-12). Por isso, quando lemos a Epístola aos Filipenses percebemos o
amor, a amizade e a grande estima que Paulo nutria para com aquela igreja
(v.8).
3. Uma oração de
petição (vv 9-11). Após
agradecer a Deus pelos filipenses, o apóstolo passa a rogar a Deus por eles:
a)
Que o vosso amor aumente mais e mais em ciência e em todo o conhecimento (v.9).
O desejo do apóstolo é que o amor cresça e se desenvolva de modo mais profundo,
levando cada crente em Filipos a ter um maior conhecimento de Cristo.
b)
Para que aproveis as coisas excelentes para que sejais sinceros e sem escândalo
algum até ao Dia de Cristo (v. 10). Paulo intercedia pelos filipenses, pedindo
ao Senhor que lhes concedesse a capacidade de discernir entre o certo e o
errado. Esta capacidade fará do crente uma pessoa sincera e sem escândalo até a
volta do Senhor.
c)
Cheios de frutos de justiça (v. 11). O apóstolo desejava que os crentes
filipenses não fossem estéreis, mas cheios do fruto da justiça para a glória de
Deus. A justiça que vem de Deus manifesta-se com perfeição no caráter e nas
obras do crente.
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
A
atitude de ação de graças e petição pela igreja de Filipos é o tema que
predomina na introdução da epístola.
Conclusão
As
adversidades ministeriais na vida do apóstolo Paulo eram amenizadas na
demonstração de amor das igrejas plantadas por ele. Ao longo deste trimestre,
veremos o quanto a igreja de Filipos foi pastoreada por aquele que não media
esforços nem limites para proclamar o Evangelho: o apóstolo Paulo.
ESBOÇO DA EPÍSTOLA
AOS FILIPENSES
Autor:
Apóstolo Paulo.
Tema:
Alegria de viver por Cristo.
Data:
Cerca de 62/63 d.C.
Propósitos:
Agradecer aos filipenses por suas ofertas generosas; informar o seu estado
pessoal na prisão de Roma; transmitir à congregação a certeza do triunfo do
propósito de Deus na sua prisão para levar os membros da igreja de Filipos a se
esforçarem em conhecer melhor o Senhor, conservando a unidade, a humildade, a
comunhão e a paz.
Introdução
(1.1-11)
■
Saudações.
■
Ação de graças e oração pelos Filipenses.
I.
As circunstâncias em que Paulo se encontrava (1.12-26)
■
A prisão de Paulo contribuiu para o avanço do Evangelho.
■
A proclamação de Cristo de todas as formas.
■
A disposição de Paulo para viver ou morrer.
II.
Assuntos de Interesse da Igreja (1.27-4.9)
■
Exortação de Paulo aos filipenses.
■
Os mensageiros de Paulo à Igreja.
■
Advertência de Paulo a respeito de falsos ensinos,
■
Conselhos finais de Paulo.
Conclusão
(4.10-23)
■
Reconhecimento e gratidão pelas ofertas recebidas.
■
Saudações finais e bênção.
VOCABULÁRIO
Colônia:
Grupo de migrantes que se estabelecem em terra estranha. Ou lugar onde se
estabelece quaisquer migrantes.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio
Bibliográfico “[Filipos]
A
cidade de Filipos foi fundada em 360 a.C. por Filipe da Macedônia. Foi
construída na aldeia de Krenides em Trácia e serviu como um centro militar significativo.
Quando Roma conquistou a área duzentos anos mais tarde, Filipos se tornou a
principal cidade na Macedônia, um dos quatro distritos romanos do que é hoje
conhecido como a Grécia. Lá, aconteceu a famosa batalha entre os exércitos de
Brutus e Cassius e aqueles de Otávio e Marco Antônio (42 a.C.). A vitória de
Otávio levou ao estabelecimento do Império Romano, e ele é lembrado pelo nome
sob o qual governou aquele império - Augustus. Filipos floresceu como uma
cidade colonial no império Romano; é a única cidade romana chamada de ‘colônia’
no Novo Testamento {At 16.12). Muitos veteranos de guerras romanas,
particularmente do conflito mais antigo entre Antônio e Otávio, povoaram este
lugar, tendo recebido porções de terras por seu serviço a Roma. A cidade teve
orgulho deste estado como uma colônia romana, desfrutando dos privilégios de
isenção de impostos. Promoveu o latim como sua língua oficial e modelou muitas
de suas instituições segundo as de Roma (por exemplo, o governo cívico). Os
magistrados que Paulo e seus companheiros encontraram primeiro em Atos 16
trouxeram o título honorário de ‘pretores’. O sentimento de orgulho dos filipenses
é evidente em Atos 16.21, onde vários cidadãos se referem a si mesmos como
‘Romanos’” (ARRINGTON, ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). | Comentário Bíblico Pentecostal: Novo
Testamento. 4.ed. Vol. 2, Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.470).
EXERCÍCIOS
1.
Faça um resumo a respeito da cidade de Fiiipos?
R:
A cidade de Filipos foi fundada por Felipe II, localizada no Norte da Grécia.
Além de ser uma importante colônia romana (At 16.12), era um importante centro
mercantil entre a Europa e a Ásia.
2.
Qual a data mais provável em que foi escrita a Epístola aos Filipenses?
R:
De acordo com os especialistas do Novo Testamento, a carta foi redigida entre
os anos 60 e 63 d.C. 3. Timóteo e Paulo.
3.
Quem é o coautor e autor da carta aos filipenses?
R:
De acordo com os especialistas do Novo Testamento, a carta foi redigida entre
os anos 60 e 63 d.C. 3. Timóteo e Paulo.
4.
Quem são os destinatários da carta aos filipenses?
R:
Aos crentes de Filipos, chamados santos, e “bispos e diáconos” da Igreja.
5.
Quais são as três petições de Paulo apresentadas na lição em favor dos
filipenses?
R:
Que os filipenses crescessem em amor e ciência, tivessem sinceridade e que
dessem frutos de justiça.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger (Eds.). |
Comentário Bíblico Pentecostal: Novo
Testamento. 4.ed. Vol. 2, Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
Revista
Ensinador Cristão CPAD, n° 55, p.36.
A
Carta do Apóstolo Paulo aos Filipenses é o assunto deste trimestre. Para
planejarmos com eficiência a aula de cada lição, precisamos considerar o
contexto histórico da Epístola. Mas, antes, é de bom alvitre ler toda a Carta.
Assim, o professor se apropriará do panorama geral da Epístola. Em seguida, sua
atenção deve se voltar para as seguintes questões: a cidade de Filipos, as
circunstâncias sociais da redação da Epístola e o seu propósito.
Filipos
foi à primeira cidade europeia a receber o Evangelho (At 16.6-40). Foi na casa
de uma negociante de púrpura, Lídia, que se estabeleceu o primeiro núcleo da
comunidade cristã fundada por Paulo em Filipos. O apóstolo visitou a cidade
muitas vezes, quando das suas viagens para a Macedônia.
Quando
o apóstolo Paulo escreveu a Epístola aos Filipenses, ele achava-se preso.
Correntes, pés presos aos troncos, solidão e longos períodos de prisão são umas
das muitas consequências daquilo que significava ser preso no Novo Testamento.
O sofrimento na prisão é um tema muito explorado pelo apóstolo nesta Epístola.
A
Carta aos Filipenses retrata a assistência oferecida pela igreja ao apóstolo.
Aqui está todo o contexto que impulsiona Paulo a redigir uma carta à comunidade
que lhe assiste em tudo. A melhor maneira que o apóstolo encontrou de agradecer
aquela igreja foi escrevendo a ela sobre o sentimento de gratidão que
transbordara no seu coração pela generosidade da igreja filipense. Além desse
motivo, podemos encontrar outros que constituem o propósito da Epístola:
(1)
Agradecer a ajuda enviada pela comunidade filipense (2.25);
(2)
informar a visita de Timóteo e explicar o motivo do retorno inesperado de
Epafrodito (2.19-30);
(3)
prevenir a comunidade cristã dos perigo de se cultivar o "espírito"
de competição, egoísmo e individualismo de alguns (2.1-4);
(4)
alertar a comunidade de Filipos acerca dos pregadores judaizantes que
depositavam a salvação nos costumes passageiros e na observação da Lei (3.2-
11), como se esses elementos tivessem algum valor espiritual para conter os
impulsos da carne (Cl 2.23).
Em
sua Epístola aos Filipenses, o apóstolo Paulo mostra com vigor que a salvação
não depende de observar a lei judaica e as suas tradições, mas apenas de Jesus
Cristo, o Senhor Jesus é tanto o início como o fim da Lei. Ele é a própria Lei:
"Misericórdia quero e não sacrifício" (Mateus 12.7).
COMENTÁRIO
INTRODUÇÁO
As três mais belas
cartas do apóstolo Paulo, dentre as treze, as cartas aos Efésios, aos
Filipenses e aos Colossenses se destacam pela lucidez dos ensinamentos
doutrinários e pela alegria do Espírito que o fazia superar todas as
dificuldades. Acrescente-se a Carta a Filemom às três outras cartas escritas na
prisão. Esta carta tinha um caráter bem pessoal com algumas inserções
doutrinárias quanto ao trato social com escravos e senhores. Naturalmente, o
contexto social e político da época permitia a compra e venda de escravos
serviçais. Uma vez que Filemom tornou-se um ardoroso cristão, seu comportamento
social mudou no trato com as pessoas. As Cartas são conhecidas como “cartas da
prisão” porque foram escritas quando Paulo esteve preso em Roma nos anos 62 e
63 d.C.
A Cidade de Filipos
Filipos é o nome da
cidade da Macedônia em homenagem a Filipe, pai de Alexandre, o Grande. Lucas
descreveu Filipos como
a primeira cidade da Macedônia, e sua localização estratégica tornou-a um posto
de fronteira militar de Roma, vindo a ser uma das principais rotas entre a
Europa e a Ásia. De pequena cidade antiga por nome Krenidês, significando lugar
de fontes, foi transformada em um ponto estratégico para o Império de Roma (At
20.6) quando Filipe tomou posse da região e dominou a cidade. Filipos,
portanto, tornou-se uma distinta colônia romana, e as colônias romanas eram
administradas por magistrados, identificados como pretores (At 16.22,35,36,38).
A Macedônia
A Macedônia era um
território do antigo reino da península balcânica (Balcãs), que tinha limites
com a Tessália ao sul e ao este e nordeste com a Trácia. A Macedônia fazia
parte dos domínios gregos pelas conquistas militares de Filipe II, todavia,
depois que este foi assassinado, seu filho Alexandre III — identificado como
Alexandre, o Grande — herdou o domínio grego-macedônico. A partir desse
domínio, Alexandre, o Grande, partiu para a conquista da parte ocidental da
Ásia e do Egito. Porém, com a divisão do império e a sua morte em 323 a.C., a
Macedônia tornou-se outra vez um reino separado. Nos anos 221-179 a.C., os
romanos fizeram guerra a Filipe e o venceram, mas os descendentes de Filipe
reagiram, porém não conseguiram se impor sobre os romanos. A Macedônia
tornou-se uma base de expansão do Império Romano. Nos novos tempos depois de
Cristo, o cristianismo chegou à Macedônia nas cidades de Tessalônica, Bereia,
Filipos e outras (ou colônias). Portanto, Paulo e seus companheiros chegaram a
Filipos aproximadamente entre os anos 50 e 51 d.C.
Segundo o registro
resultante das escavações arqueológicas no local da cidade de Filipos, os
arqueólogos descobriram que Filipos era uma cidade idólatra com vários deuses
gregos e romanos, além de várias divindades orientais, como Baal e Astarote e
outros. Por não haver muitos judeus na cidade, não havia sinagoga judaica. Com
as guerras constantes, a cidade foi sendo invadida e destruída perdurando o que
restou da cidade de Filipos até a Idade Média, e então os turcos a destruíram
totalmente, restando apenas ruínas arqueológicas com alguns vestígios do
passado.
Como Tudo Começou
A mensagem do
evangelho chegou a Filipos, na Macedônia, em 51 ou 52 d.C., conforme está
registrado em Atos 16.6-40. Paulo e Silas estavam na segunda viagem missionária
pela Asia Menor (hoje Turquia), quando, tendo desembarcado no porto de Trôade
(ou Troas), Paulo foi surpreendido por uma visão de noite “em que se apresentava
um varão da Macedônia e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos” (At
16.9). Paulo não teve dúvida de que era uma visão de Deus e, por isso, partiu
para a Macedônia. Desembarcou no porto de Neápolis e viajou para Filipos.
Os Primeiros
Convertidos
Em Filipos, Paulo
começou a pregar a Cristo quando uma mulher vendedora de púrpura, chamada
Lídia, que era da cidade de Tiatira, abriu o coração para a mensagem de Paulo e
o recebeu em sua casa (At 16.14,15). Havia poucos judeus na cidade e gente de
outras nações. Filipos era, de fato, uma cidade cosmopolita. Nas primeiras
semanas de evangelização, uma vez que não havia uma sinagoga em Filipos, Paulo
e seus companheiros desciam à beira do rio no dia de sábado onde se reuniam
algumas mulheres e lhes pregava a Cristo. Entre os primeiros convertidos ao
cristianismo aparecem o carcereiro e sua família, que foram tocados com o
testemunho de Paulo e Silas na prisão, os quais, estando com os corpos feridos,
cantavam ao Senhor (At 16.22-34).
O Primeiro Incidente
O modo incisivo de
Paulo pregar o evangelho e apresentar a Cristo como Salvador e Senhor acabou
por provocar a ira dos comerciantes
de Filipos mediante um episódio de libertação de uma jovem adivinha que era
escrava, cuja adivinhação lhes dava lucro. Paulo percebeu que se tratava de um
espírito imundo que envolvia aquela jovem e expulsou o demônio dela. Uma vez
liberta daquele espírito, a jovem não tinha mais o poder de adivinhar, o que
provocou grande ira contra Paulo e Silas (ou Silvano) (At 16.16). Os senhores
da escrava, percebendo que os lucros caíram, acusaram os dois apóstolos de
interferirem em seus direitos de propriedade. Por isso, levaram-nos aos
magistrados da cidade e os dois foram presos. Na prisão, depois de açoitados,
Paulo e Silas cantavam ao Senhor. Antes, acusados ante os magistrados da
cidade, para não serem apedrejados e mortos, os dois apelaram para o fato de
que eram cidadãos romanos e não podiam ser tratados daquele modo. Lucas
descreveu o episódio que culminou com a conversão do carcereiro da cidade,
depois de um terremoto localizado naquele lugar.
A semente do
evangelho foi plantada na cidade e, depois de algum tempo, os primeiros
convertidos, a partir de Lídia, formaram a igreja na cidade.
A Segunda e a
Terceira Viagem Missionária
Alguns eventos
anteriores ao envio da Carta aos Filipenses indicam que Paulo completou sua
segunda viagem missionária passando por Tessalônica, Bereia, Atenas e Corinto
(At 17.1-23) a fim de visitar as igrejas ali estabelecidas.
Quando empreendeu a
terceira viagem missionária, visitando as igrejas formadas em seu ministério,
Paulo foi para Efeso, que era outra igreja formada em sua evangelização (At
19.1-40). Então, dessa feita, ele voltou para a Macedônia (At 20.1), quando
visitou a igreja em Filipos, da qual recebia ajuda de sustento. No fim de sua
terceira viagem missionária, Paulo foi a Jerusalém, onde foi preso (At 21.17-
23.30). Transferido de Jerusalém para Cesareia, onde esteve preso por dois anos
(At 23.31; 26.32), foi posteriormente enviado para Roma, onde ficou preso por
mais dois ou três anos. Foi nesse período de sua prisão que Paulo escreveu algumas de
suas cartas entre 61 e 64 d.C., às igrejas de Éfeso, Colossos, Filipos e a
Filemom.
A Autoria da Carta
Não há dúvidas quanto
à autoria da Carta, porque os elementos autobiográficos colocados na Carta a
tornam genuína e autêntica. Discute-se, antes de tudo, o local onde foi
escrita, mas é indiscutível a autoria de Paulo. A Carta tem um caráter bem
pessoal da parte de Paulo quando cita nomes de pessoas ligadas a ele de modo
muito carinhoso. A autoria tem o testemunho dos pais da igreja que no século II
citaram a Carta de Paulo aos Filipenses, tais como Poli- carpo e outros. Num
documento histórico da primeira metade do segundo século, está escrito que Policarpo,
bispo da igreja, escreveu aos filipenses lembrando as cartas de Paulo.
Data e Lugar da
Composição da Carta
Tradicionalmente,
tem-se datado a Carta em 61 ou 62 d.C., visto que essa data se situa no período
da prisão de Paulo em Roma por dois anos (At 28.16-31). Quando Paulo se refere
“à guarda pretoria- na” (1.13) e “à casa de César”, subentendem-se como
elementos fortes de que a Carta aos Filipenses foi escrita durante o período de
sua prisão em Roma. Os argumentos que colocam dúvidas sobre o lugar em que foi
escrita a carta ficam desprovidos de provas. Paulo estava à disposição da
justiça romana e, por isso, foi-lhe permitido morar em casa alugada desde que
estivesse sob a guarda de um soldado.
Propósito da Carta
Um membro da igreja
chamado Epafrodito, crente fiel e amigo de Paulo, visitou o apóstolo em sua
prisão em Roma, levando uma oferta da igreja de Filipos (Fp 4.18). Epafrodito
foi acometido de uma enfermidade ao chegar a Roma e quase morreu (Fp 2.27), mas
recuperou-se e, quando se preparava para voltar a Filipos, Paulo resolveu
escrever a Carta. Esta tinha por objetivo exortar e animar os filipenses, bem
como alertá-los sobre boatos mentirosos a seu respeito lançados por falsos
obreiros que procuravam minar a unidade da igreja e a sua lealdade ao apóstolo.
Um dos propósitos de Paulo era agradecer a oferta enviada para ajudá-lo no seu
sustento durante o tempo de sua prisão. Mesmo estando prisioneiro e com a vida
correndo risco de extermínio, Paulo demonstrou à igreja que havia um gozo em
sua alma que o capacitava a superar todas as adversidades (Fp 1.4; 4.11-13).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 13-18.
A igreja cristã de
Filipe teve sua origem com os próprios esforços do apóstolo Paulo, durante a
sua chamada segunda viagem missionária, conforme o registro histórico de Atos 16:12-40.
Tendo ouvido o chamado místico «Passa à Macedônia e ajuda-nos» (Atos 16:9),
Paulo alterou os seus planos tencionados de continuar labutando na Ásia Menor;
e foi assim que nasceu a missão evangelista européia e a igreja cristã no
continente europeu. Posto que a segunda viagem missionária tem sido datada
entre 48 e 51 d.C., a visita à cidade de Filipos teria tido a necessidade de
ocupar a porçãoinicial desse período.
Policarpo, em sua
epístola aos Filipenses (3:2), indicou que o apóstolo dos gentios havia escrito
diversas cartas para eles. Não temos maneira de saber quantas dessas cartas
foram escritas por Paulo, porém tem sido quase universalmente aceito que nossa
epístola neotestamentária aos Filipenses representa uma ou mais das cartas
genuínas do apóstolo Paulo àquela comunidade cristã. (Ver mais abaixo,
«Autoria», quanto à autenticidade dessa epístola escrita por Paulo; e ver o ponto
intitulado «Integridade», acerca da discussão da possibilidade que temos na
epístola aos Filipenses mais de uma epístola, que teria sido incorporada na
formação da mesma).
Embora Paulo houvesse
sido encarcerado e tivesse sofrido várias indignidades na cidade de Filipos,
parece que esse apóstolo nutria afeição toda especial pelos membros da igreja cristã
dali. A sua epístola aos Filipenses é a mais pessoal e espontânea de todas as
missivas que conhecemos, saídas da pena de Paulo. Nessa epístola transparece um
afeto que parece jamais ter sido perturbado por conflitos e disputas, especialmente
acerca da questão legalista, o que se verifica em diversas outras das epístolas
paulinas. Não obstante, podemos considerar a passagem de Fil. 3:1 e ss., que
encerra uma advertência acerca dos perigos do legalismo. Ordinariamente, Paulo
se mantinha independente das igrejas locais, do ponto de vista financeiro,
provavelmente devido ao fato que anteriormente havia perseguido a igreja de Cristo,
o que o levou a acreditar que não deveria servir de fardo para os crentes, mas
antes, deveria prestar-lhes um serviço gratuito, abundante e voluntário. Não
obstante, Paulo não rejeitou alguma ajuda financeira dos crentes de Filipos, mas
recebeu, pelo menos por duas vezes, algum dinheiro, quando se encontrava na
cidade próxima de Tessalônica. (Ver Fil. 4:10). Mais tarde, quando Paulo se
encontrava aprisionado, os crentes filipenses se lembraram novamente do apóstolo,
e, através de Epafrodito, um dos membros daquela igreja, uma vez mais lhe
enviaram uma demonstração palpável de seu amor cristão por ele. Foi assim que,
no retorno de Epafrodito a Filipos, o apóstolo lhes enviou a epístola aos Filipenses,
a qual é, essencialmente, uma missiva de agradecimento; mas Paulo também se
aproveitou do ensejo para dissertar sobre vários temas, que ele julgou serem benéficos
aos seus leitores, segundo se depreende de Fil. 2:25-28.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag.755-756.
I –
INTRODUÇÃO A EPISTOLA.
1. A cidade de Filipos.
I. Localização
Filipos ficava
localizada na parte oriental da Macedônia, em uma planície a leste do monte Pangeus,
entre os rios Estrimon e Nestos. Ficava perto do Gangites, um riacho de águas
turbulentas, cerca de dezesseis quilômetros distante do mar. Isso posto, apesar
de não ser um porto marítimo, visto que ficava relativamente perto do mar,
lemos acerca de Paulo e seus companheiros, que<<•navegamos de
Filipos•>> (Atos 20:6). Essa cidade ficava localizada em uma planície fértil,
paralelamente à Via Inácia, não muito longe das minas de ouro que ficavam nas
montanhas, mais ao norte. Esses fatores emprestavam grande importância
estratégica à cidade.
II História e
Localização geral.
Atos 16:12: e dali
para Filipos que é a primeira cidade desse distrito da Macedônia. e colônia romana;
e estivemos alguns dias nessa cidade.
A cidade de Filipos
derivou o seu nome do genitor de Alexandre o Grande, - isto é, Filipe Il, da Macedônia.
Partindo dali no ano de 334 A.C., é que Alexandre o Grande iniciou sua famosa
carreira de conquista mundial. Otávio, já imperador, fez dessa cidade uma
col&nia romana. As colônias romanas eram pequenas réplicas da própria
cidade de Roma. Usualmente um n6m.ero regular de cidadãos romanos emigrava para
uma cidade qualquer, a fim de assegurar a sua romanização. Era reputado como grande
honra, para uma cidade, haver sido constituída colônia romana.
Lucas alude à cidade
de Filipos como primeira do distrito, e colônia, o que nos mostra que era
cidade de grande importância política. Evidentemente o autor sagrado do livro
de Atos era nativo de Filipos. O vocábulo grego me,.is, empregado por Lucas
para indicar
uma região ou ..distrito», na opinião de alguns eruditos, era antes considerado
um erro da parte de Lucas. Mas os papiros descobertos nas areias de Fayum , no
Egito, demonstraram que essa palavra era usada como expressão idiomática, para
denotar as divisões de um distrito. Felibedjik (que significa Pequena Filipos)
assinala o local das ruínas da antiga cidade. Nas escavações feitas, as
estruturas romanas usuais têm sido encontradas, entre as quais podemos citar
banhos, teatros, templos cristãos (embora não do período apostólico), um fórum
de 150 por 75 metros de dimensões, etc. Acredita-se que um viaduto de arcos, do
período colonial, situado a oeste da cidade, pertença aos dias do apóstolo
Paulo.
Provavelmente esse
viaduto foi o caminho por onde os missionários «saíram» da cidade, o que é
mencionado no trecho de Atos 16:13. Se assim realmente sucedeu, então o «...rio...
» a cujas margens falou o apóstolo Paulo, era o rio Gangites.
Filipe da Macedônia
ampliou a localidade (depois de 300 A.C.), tendo-a fortificado como defesa de
suas fronteiras, para conter os trácios. Nesse tempo floresciam ali as minas de
ouro, e moedas de ouro foram cunhadas em nome de Filipe, tomando-se facilmente
reconhecidas como válidas nas áreas circundantes. Quando a Macedônia foi
conquistada pelos romanos, tendo sido subsequentemente dividida em quatro
regiões, a cidade de Filipos foi incluída no primeiro desses distritos. (Ver
Livio, xlv. 17,18.29).
Alguns eruditos,
neste ponto, têm querido emendar o texto sagrado, substituindo a palavra que
aparece no original grego, protes, pelo vocábulo ordinário proto, fazendo com
que Atos 16: 12 diga: «...cidade da primeira divisão da Macedônia». Isso tem
sido efetuado na tentativa de suavizar o problema criado pela declaração de
Lucas, que aqui se encontra, de que Filipos era a «primeira» cidade do
distrito; pois, na realidade, sabe-se que não era a cidade mais importante
desse distrito. A honra do primeiro lugar cabia a Tessalônica e até mesmo a
Anfipolis era maior do que Filipos.
Todavia, podemos
aceitar a declaração lucana sem fazer-lhe qualquer emenda (e não há para isso qualquer
precedente, nos próprios manuscritos), supondo que ele estivesse fazendo
referência à questão da importância da cidade em termos muito latos, visto que
manifestava assim seu interesse especial pela localidade, posto ser a sua
cidade nativa. Ramsay declara acerca desse problema: «Anfipolis era considerada
a primeira cidade por consenso geral; Filipos era primeira por sua própria
opinião». (St. Paul, the Traveller»; pâgs, 206-207).
Com base nos escritos
que nos restam de Livio (ver Anais xiv.29), ficamos sabendo que Filipos estava situada
no «primeiro» distrito da Macedônia. Por isso mesmo é grande o esforço dos
eruditos em tentarem dar solução ao problema da posição da cidade, criado pela
declaração de Lucas, através de alguma emenda feita no texto sagrado.
Foi no ano de 42 A.C.
que se deu a famosa batalha de Filipos, entre as forças de Antônio e Otávio,
contra os exércitos de Bruto e Cássio. Subsequentemente, chegaram muitos
colonos àquela região, e a cidade, naturalmente, cresceu em número e
Importância. Sua proeminência aumentou ainda mais depois da batalha de Ácio, em
31 A.C., em que Otávio derrotou as forças aliadas de Antônio e Cleópatra. E
visto que nessa cidade havia muitos que favoreciam a Antônio, a cidade foi
forçada a render-se, entregando suas terras a Otávio. Em seguida, Otávio fez de
Filipos uma cidade, em comemoração a essas suas vitórias militares. Foi o
mesmo Otávio quem deu à cidade o seu titulo de «Colônia Julis Augusta
Philíppensis», conforme se vê gravado em muitas moedas. Desse modo, tendo-se
tornado uma colônia romana, passou a gozar do «direito itálico» (IUS ITALICUM),
o que significa que os colonos desfrutavam dos mesmos direitos e privilégios de
que usufruiriam se estivessem vivendo em próprio território italiano.
Na epistola que Paulo
escreveu aos crentes de Filípos, suas referências à cidadania (ver Fil. 1:27 e 3:20),
dessa maneira, teriam se revestido de maior significação, porquanto a cidadania
sem dúvida significava muito para eles. Após a primeira visita de Paulo e seu
aprisionamento nessa cidade, ao ser solto, seus posteriores contactos com a
cidade são inferidos em referências nos trechos de Atos 20:1,6, e I Tim. 1:3.
III Sumário da
descobertas Arqueológicas. A antiga cidade de Filipos foi escavada pela Escola Francesa
de Atenas, de 1914 a 1938. Entre as descobertas feitas estava o fórum, ao sul
da antiga Via Inâcia. Uma espaçosa tribuna foi encontrada ali, a qual talvez
tenha estado ligada ao incidente em, que Paulo e Silas, que haviam expelido um
demônio de uma jovem que ganhava dinheiro para seus senhores, fazendo
adivinhações, foram rudemente lançados na prisão. Ver a narrativa em Atos 16:16
ss, Foi assim que teve lugar o famoso aprisionamento de Paulo e Silas em
Filipos. Dois grandes templos foram desenterrados, juntamente com muitos edifícios
públicos e particulares, um teatro romano, etc., quase tudo do século 11D.C.
Uma arca foi encontrada perto do riacho Gangites. Essas arcas, com frequência, assinalavam
as linhas fronteiriças das antigas cidades. Para dentro desses marcos não
podiam penetrar certas coisas, como cemitérios ou santuários de divindades não
reconhecidas. Talvez isso explique a razão pela qual Paulo e Silas sairam da
cidade, até à beira do rio, para participarem de uma reunião de oração (Atos
16:13). Seja como for, sabemos que os judeus gostavam de ter reuniões de oração
à beira dos rios, ou à beira-mar, provavelmente por causa do fato de que a água
simboliza a vida. Quanto a essa prática, ver Filo, Flaccus 14, e Josefo (Anti.
16:10:23).
IV. Filipos e as
missões cristãs. Paulo
deixou a Ásia Menor, a caminho de sua missão européia. Antes de tudo, ele
pregou em Filipos, que assim tomou-se o portão de entrada das missões cristãs
na Europa. Naturalmente, esse foi um importantissimo acontecimento histórico,
embora, na ocasião, provavelmente Paulo não fizesse ideia da magnitude da
realização. Paulo e Silas, pois, foram aprisionados ali. O relato faz parte
daquilo que, tradicionalmente, é chamado de Segunda Viagem Missionária de
Paulo. De Filípos, eles foram a Tessalônica (Atos 16:12-40). Curiosamente, é
nessa altura da narrativa do livro de Atos que a primeira pessoa “nós”, é
abandonada. Isso indica que Lucas não acompanhou o apóstolo, nessa fase de suas
atividades missionárias. Mas o «nós» da narrativa retoma em Atos 20:5, quando
Paulo já se encontrava em sua terceira viagem missionária. Lucas ou era nativo
de Filipos, ou então estudara ali a medicina, e aparentemente ficou para trás,
enquanto Paulo e outros prosseguiram, a fim de poder erigir a igreja local em
Filipos.
Sabemos, através de
referências neotestamentárias, como 11 Coríntios 8:1-6; 11:9 e Filipenses 4:16,
que a igreja de Filipos mostrou-se generosa em suas doações financeiras às
atividades missionárias cristãs, tendo deixado um exemplo positivo antigo desse
tipo de atividade.
A epistola de Paulo à igreja cristã dali assumiu seu devido lugar entre os
documentos imortais do Novo Testamento.
V. Observações
Históricas Subsequentes. No começo do século 11 D.C., Inácio, bispo de Antioquia,
foi condenado à morte por haver-se professado cristão. Foi enviado a Roma, sob
a guarda de Trajano. O grupo passou por Filadélfia, Esmina e Tróia. Então
dirigiu-se ao continente europeu, passando por Filipos. E, provavelmente,
utilizando-se da Via Inâcia, foi até Dirrâquium, A igreja em Filipos acolheu
prazeirosamente a Paulo. Então a Igreja enviou duas cartas. Uma delas foi
enviada à igreja em Antioquia, a fim de oferecer-lhe consolo, por causa do que
havia acontecido. A outra foi dirigida a Policarpo, requerendo que lhe fossem
enviadas cópias dos escritos de Inácio. Quem nos dá essa informação é Policarpo,
em sua Eplstola aos Filipenses, Bispos de Filipos fizeram-se presentes aos
concílios de Laodícéia, éfeso e Calcedônia.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 761-763.
Filipos era uma
cidade importante no leste da Macedónia (nordeste da Grécia). Ele foi
localizado na planície aluvial fértil do rio Strymon, perto do abismo, e
pequenos riachos conhecidos como os Gangites (cf. Atos 16:13).
Filipos devido a sua
importância nos tempos antigos à sua localização
estratégica (ele
comandou a rota terrestre para a Ásia Menor). Nos dias de Paulo a estrada
romana importante conhecida como a Via Egnatia percorria Filipos. A cidade também
foi importante por causa das minas de ouro que se encontrava em montanhas
próximas.
Foi essas minas de
ouro que atraíram o interesse de Filipe II da Macedônia (pai de Alexandre, o
Grande). Ele anexou a região em 356 aC e fortificou a pequena aldeia de Krenides
("as fontes pequenas", assim chamado por causa dos riachos nas
proximidades), renomeando para - Filipos ("cidade de Filipe")
homenageando a si mesmo. Após os romanos conquistaram Macedónia no século II
aC, Filipos foi incorporada à província romana de mesmo nome. A cidade
definhava em relativa obscuridade para mais de um século, até que em 42 aC
tornou-se o cenario de uma das batalhas mais cruciais na história romana. Nessa
batalha, conhecido na história como a batalha de Filipos, as forças de Antônio
e Otávio ("César Augusto", Lucas 02:01) derrotou as forças
republicanas de Brutus e Cassius. A batalha marcou o fim da República Romana e
o início do império (o senado declarou Otaviano imperador em 29 aC, depois que
ele derrotou Antônio e Cleópatra na batalha de Actium em 31 aC). Antony e
Otaviano resolvido muitos dos seus veteranos do exército em Filipos, que
recebeu o cobiçado status de uma colônia romana (cf. Atos 16:12). Mais tarde,
outros veteranos romanos do exército se estabeleceram ali.
Como uma colônia,
Filipos tinha o mesmo estatuto jurídico que as cidades na Itália. Cidadãos de
Filipos eram cidadãos romanos, eram isentos do pagamento de determinados
impostos, e não estavam sujeitos à autoridade do governador provincial. O
Filipenses copiado arquitetura romana e estilo de vestir, suas moedas traziam
inscrições romanas, e o latim era língua oficial da cidade (apesar de Grego
também ser falado).
JOHN MACARTHUR, JR.
Novo Testamento Comentário
Filipenses Comentário Expositivo.
A cidade de Filipos,
hoje apenas um montão de ruínas, tem lugar de destaque tanto na história sacra
quanto na secular. Nas suas vizinhanças encontram-se as famosas minas de ouro e
prata que, na antigüidade, eram exploradas pelos diligentes fenícios,
produzindo, até os dias do rei Filipe da Macedônia, dez mil talentos por ano (aproximadamente
342,7 toneladas). Cruzando a cidade, estava a famosa Via Inácia, dividindo-a em
cidade alta e baixa. Essa estrada se estendia por 800 quilômetros, de Hebro, na
Trácia, a Dirraquio, no mar Adriático. De Dirraquio se chegava à Itália, por
barca. Essa via expressa foi descrita por Cícero como “aquela nossa via militar
que nos liga ao Helesponto” .
Filipos estava
assentada num ponto estratégico da Via Inácia, justamente onde a cadeia montanhosa
dos Balcãs, entre o Oriente e o Ocidente, forma uma garganta, ou seja, uma
entrada natural que facilita a comunicação entre os dois continentes. Gozava
duma posição privilegiada, fato reconhecido por Filipe da Macedônia e pelo imperador
romano Augusto. Por conseguinte, acreditamos que foi por direção do Espírito de
Deus que Paulo chegou ali. Se o Evangelho devia atravessar os Balcãs, Filipos
se apresentava como o meio de mais fácil acesso.
A cidade recebeu o
nome do seu fundador, Filipe da Macedônia, pai de Alexandre Magno. Ele a
construiu para festejar a anexação duma província a seu império, vindo a servir
de posição fortificada na fronteira. O rio Gangite passava a oeste, cerca de um
quilômetro e meio da cidade.
O imperador Augusto
(Otaviano) elevou a dignidade de Filipos, transformando-a em colônia romana.
Assim ela se tornou uma povoação fronteiriça do Império Romano, fazendo lembrar
ligeiramente a Cidade Imperial (Roma). Numa colônia romana, tanto a língua
usada como o dinheiro em circulação (a cunhagem das moedas) e as leis vigentes,
tudo se fazia em latim. Dentre outras vantagens, Filipos gozava da isenção de
impostos sobre a terra, chegando a ser elevada a uma dignidade idêntica à do
solo sagrado da própria Itália. Seus habitantes podiam orgulhar-se da plena
posse de três grandes privilégios dos cidadãos romanos: isenção de flagelação,
isenção de prisão (exceto em certos casos) e o direito de apelar diretamente a
César.
Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses,
Hebreus. Editora CPAD. pag. 51-53.
Quando Paulo escolhia
um lugar para a pregação do Evangelho o fazia sempre com o olho do
estrategista. Não só escolhia um centro importante em si, mas também cuidava
para que fosse um ponto chave para toda uma região. Advertiu-se com frequência
que muitos dos lugares escolhidos naquela época por Paulo para a pregação são
ainda grandes nós de caminhos e pontos de junção ferroviária. Tal era Filipos.
Filipos possuía preeminência ao menos por três razões:
(1) Nos arredores
existiam minas de ouro e prata exploradas da antiga época dos fenícios. Ainda
que em tempos do cristianismo estas minas estavam já exaustas, entretanto
tinham feito de Filipos o grande centro comercial do mundo antigo.
(2) A cidade tinha
sido fundada por Filipe o pai de Alexandre Magno. Por isso leva seu nome.
Filipos foi fundada num lugar chamado Krenides, nome que significa "Os
Poços" ou "As Fontes". Krenides era uma cidade muito antiga.
Filipe fundou a cidade que leva seu nome por uma razão muito particular. Em
toda a Europa não existia um lugar mais estratégico. Há aqui uma cadeia
montanhosa que divide a Europa da Ásia, o Oriente do Ocidente. Justamente em
Filipos esta cadeia desce formando um passo; portanto Filipos domina a rota da Ásia
a Europa que necessariamente deve atravessar esse passo. Por este motivo em 368
A. C. Filipe fundou a cidade que leva seu nome, para dominar a rota do Oriente
ao Ocidente. Também por esta razão, muito mais tarde uma das grandes batalha
decisivas da história se travou em Filipos; porque ali foi onde Antônio
derrotou a Bruto e Casio decidindo assim o futuro do Império romano.
(3) Pouco tempo
depois, Filipos alcançou a dignidade de colônia romana. Estas colônias eram
instituições admiráveis. Não eram colônias no sentido de avançadas da
civilização em regiões inexploradas do mundo. As colônias começaram a ter
importância militar. Roma tinha o costume de enviar grupos de soldados
veteranos que tinham completo seu período e castigo à cidadania; estes eram levados
a centros estratégicos de caminhos. Ordinariamente os grupos constavam de
trezentos veteranos, com suas mulheres e filhos. Estas colônias eram os pontos
focais dos caminhos do grande Império. Os caminhos tinham sido traçados de tal
maneira que podiam ser enviados reforços com toda rapidez de uma colônia a
outra, as quais se estabeleciam para proteger a paz e dominar os centros
estratégicos mais afastados do vasto Império romano. Em princípio só existiam
na Itália; mas logo se disseminaram através de todo o Império que crescia
rapidamente. Vemos porque a primeira importância das colônias foi militar; mais
tarde o governo romano dava o título de colônia a toda cidade que queria honrar
ou recompensar por seu fiel serviço.
Estas colônias tinham
uma grande característica própria. Onde quer que existiam, construíam pequenos
fragmentos de Roma, e a nota dominante era o orgulho de sua cidadania romana.
Falava-se o idioma de Roma; usavam-se vestimentas romanas; observavam-se
costumes romanas; seus magistrados tinham títulos romanos e observavam as
mesmas cerimônias que em Roma. Onde quer que estivessem, as colônias eram
obrigada e inalteravelmente romanas. Jamais se imaginaria assimilarem o povo em
que viviam. Eram parte de Roma, miniaturas da cidade de Roma, e não o
esqueciam jamais. Podemos perceber o orgulho romano através da acusação contra
Paulo e Silas em Atos 16:20-21: “Estes homens, sendo judeus, perturbam a nossa
cidade, propagando costumes que não podemos receber, nem praticar, porque somos
romanos”. “A nossa pátria está nos céus”, escrevia Paulo à Igreja filipense
(3:20). Assim como o romano da colônia não se esquecia nunca qualquer que fosse
o meio em que se encontrasse, de que era romano, tampouco eles têm que
esquecer, em nenhuma sociedade, que são cristãos. Em nenhuma parte se vivia
mais o orgulho de ser cidadão romano que nestas colônias. Uma colônia deste
tipo era Filipos.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. FILIPENSES. pag.
10-12.
2. O evangelho chega
a Filipos.
A igreja de Filipos
foi a primeira igreja fundada por Paulo na Europa.
O apóstolo chegou a
Filipos em sua segunda viagem missionária, sendo dirigida pelo Espírito Santo
de um modo muito dramático: Durante a noite Paulo teve uma visão, na qual um
homem da Macedônia estava em pé e lhe suplicava: "Passe à Macedônia e
ajude-nos".
Depois que Paulo teve
essa visão, preparamo-nos imediatamente para partir para a Macedônia,
concluindo que Deus nos tinha chamado para lhes pregar o evangelho (At 16:9-10)
Embora os convertidos iniciais eram judeus ou prosélitos judeus (Atos
16:13-15), os gentios eram a maioria da congregação. Já que não havia sinagoga
em Filipos (ou então o Paulo, recém chegado não teria se reunido fora da cidade
no sábado) é uma evidência de que a população judaica da cidade era pequena.
Duas conversões dramáticas, aquelas dos ricos prosélito Lydia (Atos 16:13-15) e
o do carcereiro (Atos 16:25-34), marcaram o nascimento da Igreja. (Para uma
descrição dos acontecimentos que rodearam a fundação da igreja em Filipos, ver
o capítulo 18 deste volume.) Os filipenses tinham um profundo afeto por Paulo,
assim como de Paulo por eles. Embora fossem pobres, eles a apoiaram
financeiramente em um momento de seu ministério (4:15). Agora, depois de muitos
anos, eles tinham mais uma vez enviado ao apóstolo um presente generoso na sua
hora de necessidade. Meio século depois, a igreja de Filipos iria mostrar a
mesma generosidade que o pai da igreja Inácio, que passou por sua cidade em seu
caminho para martírio em Roma.
Paulo escreveu esta
carta à sua amada congregação de Filipos e agradecer-lhes pela sua generosa
doação (4:10-19), explica o por que ele estava enviando o Epafrodito de volta
para eles (2:25-30), para informá-los de suas circunstâncias (1:12 -26), e
avisá-los sobre o perigo dos falsos mestres (3:2, 18-19).
JOHN MACARTHUR, JR.
Novo Testamento Comentário
Filipenses Comentário Expositivo.
A igreja em Filipos
A história da
fundação da Igreja em Filipos é bem conhecida por todos nós (At 16). Chegando
de navio a Neápolis, Paulo e seus companheiros, Silas, Timóteo e Lucas (At
16.10-12), seguiram pela Via Inácia até Filipos, onde havia provavelmente
poucos judeus, devido ao caráter militar e colonial do lugar. Não encontrando
nenhuma sinagoga onde pudesse entregar sua mensagem, Paulo buscou a companhia
dum pequeno grupo que se reunia nas margens do Gangite, fora da cidade.
Em Filipos ocorreram
três conversões típicas: Lídia, a comerciante; a jovem com espírito de
adivinhação, escrava de Satanás (esta pode ter sido liberta); e o carcereiro, um
suboficial do exército romano.
Alguns eventos,
principalmente a libertação da jovem adivinha, resultaram em feroz perseguição
por parte das autoridades, à qual se seguiu uma libertação miraculosa.
A perseguição
continuou, mesmo quando Paulo foi para Tessalônica. Os convertidos filipenses
foram, então, submetidos a uma parcela de conflito e aflição, conforme Paulo
relata em 2 Coríntios 8.2 e Filipenses 1.7,28-30. Mais tarde, Timóteo e Erasto
foram enviados à Macedônia (At 19.22) e, sem dúvida, os irmãos de Filipos devem
ter cooperado com voluntariedade, pois deles Paulo dá testemunho de estarem
prontos e bem dispostos a atenderem o apelo de socorro em favor dos crentes
pobres e necessitados em Jerusalém (2 Co 8.1-5).
No outono de 56 d.C.,
provavelmente, após uma ausência de cinco anos, o próprio Paulo partiu de Éfeso
para revisitar suas igrejas europeias (At 20.1; 2 Co 7.5,6), passando por
Filipos rumo à Grécia. Nesta passagem, sem dúvida, os filipenses devem ter
tirado grande proveito de sua presença. Alguns meses depois, ele tornou a visitá-los,
quando voltava, via Macedônia, rumo a Trôade (At 20.5,6). Vemo-los, mais tarde,
enviando Epafrodito como portador de ofertas voluntárias para socorrer Paulo, que
se encontrava numa prisão em Roma (2.25,30;
4.10-18). Foi por
intermédio de Epafrodito que Paulo enviou sua Epístola aos Filipenses. Seu
relacionamento com eles era o mais amoroso e pessoal possível.
Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses,
Hebreus. Editora CPAD. pag.
53-54.
3. Data e local da
autoria.
A data desta epístola
aos Filipenses depende do lugar onde Paulo a redigiu, isto é, do aprisionamento
particular durante o qual ele a escreveu. Que o apóstolo era um prisioneiro,
quando a escreveu, é óbvio, segundo se vê em Fil. 1:7,12. Sabe-se que Paulo
sofreu aprisionamento em Jerusalém, em Cesaréia, em Roma, e, na opinião de
alguns, também em Éfeso. As cidades de Roma, Cesaréia e Éfeso têm sido todas
sugeridas como lugares de onde Paulo poderia ter escrito essa epístola. Sobre isso,
convém que consideremos os seguintes pontos:
1. Até relativamente
há pouco tempo, o aprisionamento de Paulo em Roma, como lugar de onde ele
escreveu esta epístola aos Filipenses, era a ideia tradicional. As alusões à
«casa de César» (Fil. 1:13 e 4:22) e ao «pretório» eram consideradas como
conclusivas em favor da proveniência da capital do império. Entretanto, têm
sido encontradas pela arqueologia várias inscrições que mostram que os
funcionários do governo e os representantes de Roma eram assim chamados, e que
onde quer que eles residissem se tornava a casa de César. Esse termo era
vinculado a muitas categorias de pessoas, como servidores, policiais,
guardiães, bem como altos oficiais do governo. E o pessoal administrativo
romano, em toda a cidade importante do império, era conhecido pelo termo de «pretório»,
que incluía todos os funcionários, os quais, em Roma ou fora dela, eram
designados pela alcunha de «servos de César». Portanto, essa expressão, que
tradicionalmente se pensava dar apoio à ideia que Paulo escreveu esta epístola
aos Filipenses quando estava aprisionado em Roma, na realidade perdeu grande
parte de sua força, pois o uso do termo é por demais amplo.
2. Outros argumentos
têm sido apresentados em favor da cidade de Roma, como o lugar de onde Paulo
!redigiu! esta epístola aos Filipenses. Essa epístola parece antecipar sua possível
morte (2:20-23), o que nos mostra que as acusações feitas contra Paulo eram
sérias, e que o seu martírio poderia estar próximo. Ora, isso se harmoniza
melhor com a situação de Paulo em Roma do que com qualquer outro período de aprisionamento.
E isso se verifica especialmente porque, na qualidade de cidadão romano, não é
provável que, sob tão adversas circunstâncias, o apóstolo Paulo não tivesse
apelado para César, o que de fato fizera em Cesaréia, quando também se
encontrava em grande dificuldade. Esse é o mais forte argumento em favor da
cidade de Roma, embora se harmonize melhor com o segundo período de
aprisionamento nessa cidade (conforme alguns eruditos têm postulado), e não com
o primeiro período, porquanto o livro de Atos, em suas observações finais, não
nos transmite a impressão de que havia qualquer ameaça tão séria como esta
epístola aos Filipenses nos permite entender. Outrossim, Paulo pode ter enfrentado
determinados perigos na cidade de Éfeso ou em outra localidade qualquer, sobre
o que não temos conhecimento, e sob circunstâncias que talvez não permitissem
um apelo fácil a César.
3. Em favor do
aprisionamento em Roma também tem sido aduzido o argumento que a igreja cristã
de Roma corresponderia, quanto ao tamanho e à influência, às alusões constantes
em Fii. 1:2 e s., que parecem indicar uma comunidade cristã considerável. Ora,
outro tanto não se poderia atribuir facilmente a Éfeso, e, menos ainda, a Cesaréia.
4. A introdução de
Márciom, à epístola aos Filipenses, identifica claramente a sua proveniência
como a cidade de Roma. Mas é possível que isso não tenha passado da reiteração
de uma opinião antiga, a qual pode estar equivocada visto que os escritos de
Márciom datam de cerca de cem anos que tais acontecimentos transpiraram.
5. Outros estudiosos
têm postulado a hipótese cesariana. Desde 1731 que Oeder, de Leipzig, sugeriu
que Cesaréia teria sido o lugar onde a epístola aos Filipenses teria sido
escrita. Essa ideia, entretanto, não é mais fácil de defender que a hipótese
romana. Sobre isso, há algumas considerações que precisamos averiguar:
a. A custódia
referida em Atos 13:35, que descreve o aprisionamento do apóstolo Paulo em
Cesareia, não sugere qualquer perigo iminente de martírio, conforme esta
epístola aos Filipenses dá a entender por toda a parte.
b. Outros estudiosos
supõem que o tamanho e o prestígio da igreja cristã de Cesaréia não corresponde
àquilo que é descrito em Fil. 1:12 e ss.
c. Quando Paulo se
encontrava em Cesaréia, esperava fazer ainda uma visita à cidade de Roma, e não
outra visita a Filipos, que era o seu desejo, quando ele escreveu esta epístola,
conforme se verifica em Fil. 2:24 e ss.
6. Há, finalmente, a
hipótese efésia. Embora não haja qualquer certeza no que diz respeito a algum
período de aprisionamento de Paulo em Éfeso (a sua luta contra as «feras», que
teria ocorrido ali, mencionada em I Cor. 15:32, pode ser uma alusão alegórica,
e não literal), essa ideia tem ganho algum apoio em anos recentes, não somente
como o lugar onde Paulo teria redigido esta epístola aos Filipenses, mas também
como lugar onde ele escreveu as epístolas aos Efésios, aos Colossenses e a
Filemon. Os seguintes argumentos são apresentados em favor dessa opinião:
a. Sua referência à
sua tencionada visita imediata se torna muito mais inteligível, pois Éfeso
ficava muito mais perto de Filipos do que de Roma. Além disso, com base na
epístola aos Romanos sabemos que Paulo planejava fazer uma viagem missionária à
Espanha, depois deter passado por Roma, e não uma viagem ao território ia
explorado da Macedônia. Podemos considerar o trecho de Fil. 2:24, onde o
apóstolo Paulo estava preparado para reiniciar seu trabalho pastoral entre
eles; também se pode considerar o trecho de Rom. 15:23-25, onde se lê sobre
intuitos inteiramente diferentes. Essa referência da epístola aos Romanos
mostra-nos que Paulo reputava «completada» a sua tarefa no oriente, e que agora
queria visitar o ocidente.
b. Existem
evidências, nesta mesma epístola aos Filipenses, de que foram feitas várias
visitas entre esses dois pontos (onde ele se encontrava aprisionado) e Filipos.
Os crentes de Filipos ouviram falar do aprisionamento do apóstolo e lhe
enviaram Epafrodito com uma dádiva em dinheiro. Então foram enviadas notícias a
eles que seu mensageiro adoecera; e ele, por sua vez, recebeu uma mensagem que
mostrava a preocupação daqueles irmãos. Mais tarde Epafrodito foi enviado a
eles, levando-lhes esta epístola aos Filipenses.
Timóteo também foi
envolvido nesses movimentos, de tal modo que, ao todo, precisamos pensar em
quatro viagens pelo menos. Ora, Roma distava quase mil e trezentos Quilômetros de
Filipos, ao passo que Éfeso ficava a menos da metade dessa distância; portanto,
as idas e vindas muito mais provavelmente teriam ocorrido entre Filipos e Éfeso
do que entre Filipos e Roma, que ficava a muito maior distância. (Ver Fil.
2:19-30).
c. A menção da dádiva
de que os crentes de Filipos haviam enviado a Paulo parece indicar a passagem
de pouco tempo desde que Paulo estivera com eles, e não um intervalo de talvez
dez anos, o que teria sucedido, se tal dádiva tivesse sido enviada para ele em
Roma.
d. É possível que a
visita tencionada por Timóteo (ver Fil. 2:19) deva ser identificada com a
visita mencionada em I Cor. 4:17 e Atos 19:22. Nesse caso, a própria revisita
de Paulo àquele lugar poderia ser identificada com o que se lê em Atos 20:1-6,
onde se veria então o cumprimento do seu desejo de visitá-los, conforme se lê
em Fil. 2:24.
Contra a ideia do aprisionamento de Paulo em Éfeso, podem
ser apresentados os seguintes argumentos:
1. Essa ideia é de
natureza especulativa, porquanto nada pode ser provado nesse sentido,
excetuando talvez a referência isolada que há em I Cor. 15:32.
2. A ausência de
qualquer menção sobre a coleta para os santos pobres de Jerusalém parece ser um
argumento forte quanto a isso, pois parece que Paulo estava obcecado acerca dessa
questão, durante esse tempo.
3. A mais séria
objeção contra essa ideia é que a epístola aos Filipenses reflete um possível
iminente martírio. Nesse caso, por qual razão Paulo não apelou para César, o
que realmente fez mais tarde, em Cesaréia, quando viu as coisas contra ele? Para
essa objeção realmente não há resposta. Essa questão, pois, permanece na
dúvida, porquanto nenhuma dessas idéias pode ser defendida de maneira inteiramente
bem-sucedida. Porém, afinal de contas, a questão não se reveste de importância
capital. Se porventura a epístola aos Filipenses foi escrita em Éfeso, então
teríamos de datá-la entre 53 e 54 d.C., o que significaria que foi escrita
antes da primeira epístola aos Coríntios. Por outro lado, se Paulo a escreveu
em Cesaréia, então sua data teria sido entre 56 e 58 d.C. E, se porventura, ele
a escreveu em Roma, então deve ser datada depois de 58 d.C., que foi quando
Paulo chegou pela primeira vez em Roma. No entanto, esta epístola aos
Filipenses poderia ter sido redigida tão tarde como 60 d.C., ou mesmo mais
tarde, se supormos que o apóstolo a escreveu quando de seu segundo período de aprisionamento,
talvez tão tarde como 64 d.C. Alguns eruditos datam a chegada de Paulo em Roma
tão tarde como o ano de 62 d.C., e, se porventura essa opinião é correta, teria
sido escrita esta epístola aos Filipenses de dois a quatro anos depois dessa
data.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 757-758.
Paulo escreveu
Filipenses, assim como Colossenses, Efésios e Filemom, quando se encontrava na
prisão. Até o final do século XVIII, a igreja aceita que as quatro epístolas da
prisão foram escritos durante o tempo em que o apóstolo esteve preso em Roma
(Atos 28:14-31). Nos últimos tempos, porém, tanto a Cesaréia e Éfeso têm sido
propostos como locais alternativos.
As evidência de que
Paulo escreveu Filipenses em Roma é impressionante. Os termos "guarda
pretoriana" (1:13) e "casa de César" (4:22) são mais naturalmente
entendidas como referências ao guarda-costas do imperador e servidores estacionados
em Roma. Os detalhes da prisão de Paulo, como registrado em Atos harmonizar bem
com aqueles em Filipenses. Paulo estava guardado por soldados (Atos 28:16;
Filipenses 1:13-14), os visitantes permitidos (Atos 28:30; Filipenses 4:18), e
estava livre para pregar o evangelho (Atos 28:31, Phil. 1:12-14). Que havia uma
grande igreja na cidade a partir do qual Paulo escreveu (cf. 1:12-14) também
favorece a Roma. A igreja na capital imperial era, sem dúvida, muito maior do
que em qualquer Éfeso ou, especialmente, Cesaréia. Dois principais objeções têm
sido levantadas sobre a visão tradicional de que Paulo escreveu Filipenses em
Roma. Primeiro, alguns argumentam que enquanto Paulo pretendia visitar a
Espanha, depois de visitar Roma (Rm 15:24, 28), as outras epístolas da prisão
gravar seus planos para visitar Filipos (2:24) e Colossos (Fm 22) após a sua
libertação. Por isso, eles mantêm, Filipenses e Colossenses () deve ter sido
escrito antes de Paulo chegou a Roma. Embora seja verdade que Paul tinha originalmente
planejado visitar a Espanha, depois de visitar Roma, dois fatos levou a mudar
seus planos. Paulo não tinha previsto chegar em Roma como prisioneiro. Ele
tinha passado quatro anos na prisão romana, e durante o tempo que os problemas
surgiram nas igrejas da Grécia e Ásia Menor. Paul decidiu revisitar as igrejas
antes de ir para a Espanha. Além disso, o fato de que a igreja romana não
estava unido em apoio a ele (cf. 1:14-17) fez o apóstolo adiar sua visita à
Espanha (cf. Rom. 15:24).
Em segundo lugar,
alguns acreditam que várias viagens entre Filipos e para a cidade a partir do
qual Paulo escreveu em Filipenses estão implícitas. Devido à grande distância
entre Roma e Filipos, eles acreditam que essas viagens não pode ter todo o
lugar tomado durante a prisão romana de Paulo. Por outro lado, Éfeso era muito
mais perto de Felipos. (Note-se que, se válido, o argumento seria igualmente
dizer contra uma origem cesariana de Filipenses.
Cesaréia não foi
significativamente mais perto de Filipos que foi Roma.) Esse argumento, no
entanto, não é válido. Moises Silva observa que:
É perfeitamente
possível para atender as três viagens [entre Roma e Filipos] em um período de
quatro a seis meses. Mas mesmo se nós permitimos que uma generosa de dois meses
para cada uma dessas viagens, muito menos de um ano é necessária para
explicá-los (e nada nos dados nos obriga a dizer que menos de um ano deve ter
decorrido desde a chegada de Paulo em Roma a sua escrita de Filipenses). É
muito difícil entender por que esse argumento contra uma origem romana continua
a ser levada a sério. O assunto deve ser descartado de qualquer outra
consideração. Se fizermos isso, no entanto, o único argumento claro contra a
visão tradicional [que Paulo escreveu Filipenses de Roma] desaparece. (Filipenses,
The Wycliffe comentário exegético [Chicago: Moody, 1988].., 7 itálico no
original)
O argumento mais
convincente de que Paulo escreveu Filipenses de Roma reside na natureza
decisiva do veredicto, o apóstolo se mantem em espera. Ele queria ser livre, como
ele esperava confiantemente (1:19, 24-26; 2:24), ou executado (1:20-21, 23). De
qualquer forma, a decisão sobre seu caso seria final, e não haveria recurso.
Esse fato parece excluir tanto Cesaréia e Éfeso, uma vez que como cidadão
romano Paulo poderia (e fez em -Atos 25:11-12) exercer o seu direito de apelar
para o imperador (o que um escritor conhecido como Paulo o "trunfo")
a partir dessas cidades.
As teorias que Paulo
escreveu Filipenses de Cesaréia ou Éfeso enfrentar grandes dificuldades
adicionais. Os defensores da nota cesariana vista que a mesma palavra grega
traduzida como "guarda pretoriana" em 1:13 é usado nos Evangelhos e
modos de falar dos palácios do governador em Jerusalém (Mateus 27:27, Marcos
15:16; João 18: 28, 33; 19:9) e Cesaréia (Atos 23:35).
Mas a frase "e
todos os outros" (1:13) indica que Paulo estava se referindo aos soldados
da guarda pretoriana, e não a um edifício. Falha de Paulo mencionar Filipe, o
evangelista é intrigante se ele escreveu as Epístolas da prisão de Cesaréia, já
que ele viveu naquela cidade e hospitalidade desde a Paulo e seu partido (Atos
21:8). Além disso, Atos não gravar uma pregação generalizada do evangelho em
Cesaréia, como registrada em 1:12-18.
Finalmente, a
expectativa de Paulo de uma liberação rápida (cf. 1:25; 2:24) não se encaixa as
circunstâncias de sua prisão em Cesaréia. Há única esperança do apóstolo da
libertação ou era para subornar Felix, ou aquiescer ao pedido Festus de que ele
voltar a Jerusalém para julgamento. Naturalmente, Paulo recusou uma das duas
alternativas e permaneceu um prisioneiro em Cesaréia até o seu apelo ao
imperador.
A teoria de que Paulo
escreveu Filipenses (e as outras Epístolas da prisão) de Éfeso, embora uma
alternativa mais popular do que Cesaréia, também enfrenta sérias dificuldades.
A mais óbvia e grave é que não há registro em Atos que Paulo estava sempre na
prisão em Éfeso. Esse silêncio é particularmente significativa, já que Lucas
dedica um capítulo inteiro (Atos 19) para o ministério que Paulo passou três
anos lá. Além disso, a declaração de Paulo aos anciãos da igreja de Éfeso,
"Noite e dia por um período de três anos não cessei de admoestar cada um
com lágrimas" (Atos 20:31), implica que o seu ministério em sua cidade foi
contínuo, não interrompida por uma prisão prolongada. Outra omissão importante
é a falha de Paulo mencionar nas epístolas da prisão à coleta para os santos
pobres de Jerusalém, uma coleção que ele referidos nas epístolas que ele
escreveu durante o tempo de sua estada em Éfeso (por exemplo, Romanos, 1 e 2
Coríntios). Falha de Paulo mencionar Gaio e Aristarco aos Filipenses é também
estranho que ele escreveu de Éfeso, uma vez que estavam com ele lá (Atos
19:29). A igreja da qual Paulo escreveu Filipenses não foi unido no seu apoio a
ele (1:14-17;. Cf 2:20-21). Isso, no entanto, não era verdade da igreja de
Éfeso (cf. At 20:36-38). Nem é provável que os filipenses teria sentido a
necessidade de enviar um presente para Paulo em Éfeso, onde o apóstolo contou
com o apoio tanto da igreja e de amigos próximos, como Áquila e Prisca (cf. 1
Cor. 16:19 ; 1 Coríntios foi escrita em Éfeso). Finalmente, enquanto Lucas
estava com Paulo quando escreveu as Epístolas da prisão (Cl 4:14), ele
aparentemente não estava com Paulo em Éfeso (Atos 19 não é umas das "
passagens" em Atos que indicam a presença de Lucas com Paulo).
Uma vez que Roma se
encaixa nos fatos conhecidos da prisão de Paulo, e Cesaréia e Éfeso não se
encaixam, não há razão para rejeitar a visão tradicional de que Paulo escreveu
Filipenses perto do fim da sua primeira prisão romana (c. AD 61).
JOHN MACARTHUR, JR.
Novo Testamento Comentário
Filipenses Comentário Expositivo.
A carta foi com
certeza escrita em Roma durante os dois anos em que Paulo esteve preso, como o
registra Lucas em Atos 28.3-30. A data seria por volta do ano 61 d.C.
Epafrodito fora o
emissário dos filipenses, encarregado de passar suas doações às mãos de Paulo
(2.25; 4.18).
Desconsiderando sua
própria saúde, no desejo de servir a Paulo ele ficou gravemente enfermo, mas
pôde se recuperar por um milagre de Deus (2.27-30). Epafrodito, quando se
apresentou a Paulo, estava também extremamente desejoso de retornar a Filipos,
pois as notícias de sua enfermidade deixaram os irmãos muito aflitos (2.26).
Paulo, sem dúvida,
guiado pelo Espírito Santo e também influenciado parcialmente por notícias de
mal-entendidos entre alguns irmãos (1.27; 2.2-4,14; 4.2), resolveu enviar a
epístola pelas mãos de Epafrodito. A mesma revela a profunda afeição que, de
coração, nutria por eles e seu fervoroso anelo pelo bem-estar espiritual dos filipenses.
Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses,
Hebreus. Editora CPAD. pag. 54.
II –
AUTORIA E DESTINATÁRIO
1. Paulo e Timóteo.
O apóstolo Paulo
tinha a Timóteo como um filho e seu auxiliar direto na vida missionária. Por
isso, coloca-o como coautor dessa Carta, e certamente de outras escritas às
igrejas formadas do seu labor missionário. Naturalmente, a autoria principal
era de Paulo que, certamente discutia com Timóteo os assuntos de sua
preocupação a serem lembrados no conteúdo da Carta. Paulo não gozava de boa
saúde e tinha dificuldades com a visão exigindo o auxílio constante para
escrever os seus pensamentos.
A forma de escrever
uma carta naquela época continha três elementos: iniciava com o nome do
rementente, depois o nome do destinatário e os cumprimentos aos destinatários.
Ainda que Paulo, por consideração especial a Timóteo, o coloque junto do seu
nome como autores, o conteúdo da Carta é todo de Paulo e ele começa “dou graças
a Deus”.
“Paulo” (1.1) — O
autor da Carta, responsável pela igreja de Filipos. Para entender a
preciosidade dos pensamentos de Paulo se faz necessário conhecer mais
intimamente o personagem. Era judeu de sangue, da tribo de Benjamim (Rm 11.1),
e natural de Tarso, na Cilicia. Sua cultura advinha de três mundos distintos:
judaica, grego e romano. Os antagonistas da sua teologia afirmam que Paulo foi
influenciado fortemente pela cultura grega, mas, na verdade, os fundamentos da
teologia judaica foram a base para a teologia cristã, da qual Paulo foi o
principal construtor. Em termos de liderança, Paulo se tornou o apóstolo mais
influente. Ele teve a coragem de aceitar o desafio da missão evangelizadora
para os gentios e ficou conhecido como o “apóstolo dos gentios” (At 9.15). Nas
suas cartas, ele se identificava sempre pelo primeiro nome, “Paulo”, e na
Carta aos Filipenses ele inicia de modo diferente das demais cartas. Em geral,
ele começa identificando seu apostolado, mas nessa Carta ele acrescenta o nome
de Timóteo, seu companheiro de viagem, e faz saudações à igreja de Filipos.
“... e Timóteo” (1.1)
— Ao mencionar Timóteo, o apóstolo Paulo demonstra a importância do
companheirismo de Timóteo. Perce- be-se que este foi alguém muito especial nas
atividades de formação e fortalecimento das igrejas. Ele foi um companheiro de
viagem de Paulo a partir da segunda viagem missionária e demonstrou em todo o
tempo lealdade, fidelidade aos princípios do evangelho e participante nas
aflições pelo nome de Cristo. Paulo o preparou para ser um autêntico pastor
como de fato foi em Efeso.
“... servos de Jesus
Cristo” (1.1) — Antes de apresentar-se por títulos que reforçassem suas
posições diante dos cristãos de Filipos, Paulo declara que eles eram apenas
“servos de Jesus Cristo”. Russell Shedd - missionário e escritor de grande
profundidade, reconhecido em toda a América Latina e, atualmente, missionário
no Brasil - explora o sentido literal da palavra “servo” no original grego
doulos, que sugere a ideia de escravo voluntário que serve com alegria e
regozijo, para agradar ao seu senhor. Ora, o Senhor de Paulo e Timóteo era
Jesus Cristo. Na Carta aos Romanos, Paulo diz que foi chamado para “ser servo
de Jesus Cristo” (Rm 1.1,6). Como tornar-se servo de Jesus Cristo? O mesmo apóstolo
diz que o servo é um escravo que obedece a um senhor e a ele pertence por
direito de compra. Em
1 Coríntios 6.20,
está escrito: “Fostes comprados por bom preço” e isso significa que fomos
comprados por Cristo. Na verdade, fomos redimidos por seu sangue, porque éramos
escravos do pecado (Rm 6.17). Se somos escravos de Jesus Cristo, servimos a
Ele, porque nos comprou e pagou o preço do seu sangue (Ef 1.7).
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 22-23.
Os quatro grandes
livros clássicos de Paulo são as epístolas aos Romanos, aos Gálatas, I e II
Coríntios. Praticamente nenhum erudito tem duvidado da autenticidade desses
quatro livros do N.T. como obras genuinamente paulinas. Elas são tão
semelhantes entre si, no que diz respeito ao estilo, ao vocabulário, à
estrutura das sentenças e a todas as demais considerações literárias que é
necessário aceitar ou rejeitar juntamente todas elas. Por esse motivo é que
pouquíssimos estudiosos têm provocado qualquer debate em torno da autoria
dessas quatro epístolas. Além dessas quatro, outras cinco epístolas têm sido
aceitas como paulinas, com pouca disputa, a saber, Filipenses, Colossenses, I e
II Tessalonicenses e Filemom.
Ver comentos gerais
sobre o corpus paulino na introdução a Romanos, primeiros parágrafos, e secção
II. Esta epístola aos Filipenses é aceita como paulina por quase todos os
eruditos, embora alguns deles pensem que ela representa mais de uma epístola,
sendo realmente uma composição de peças da correspondência paulina, mais ou menos
como as epístolas de I e II Coríntios são tidas como representantes de pelo
menos quatro missivas, mas que chegaram até nós agrupadas em apenas duas
epístolas. (No tocante a esse problema, no que se relaciona a epístola aos Filipenses,
ver o ponto IV desta introdução, intitulado «Integridade da Epístola»).
Dentre as dez a treze
epístolas neotestamentárias aceitas como paulinas, sete delas foram escritas na
prisão, a saber, Filipenses, Efésios, Colossenses, Filemom, I e II Timóteo e Tito,
embora seja quase certo que nem todas as sete foram escritas da mesma cidade, e
por ocasião do mesmo período de aprisionamento. (Quanto a notas expositivas
sobre essa questão, ver a secção II da introdução a esta epístola, intitulada
«Data e Proveniência», bem como a introdução a cada uma dessas epístolas, sob o
título «Proveniência»).
A própria epístola
aos Filipenses (1:1) reivindica a autoria paulina. Timóteo é ali apresentado
como um de seus associados, o que sabemos estar de conformidade com a vida de
Paulo (ver Fil. 1:1 e 2:19). Além disso, as referências ao seu aprisionamento
concordam com aquilo que sabemos ser verdade, acerca dos sofrimentos de Paulo
(Fil. 1:7). O autor também se refere, de forma muito natural à sua anterior pregação
na Macedônia (ver Fil. 4:15), bem como ao fato que os crentes de Filipos lhe
tinham enviado dádivas (ver Fil. 4:10 e 2:25-28), o que não é um elemento que
um forjador tivesse querido incluir, porquanto ordinariamente era costume de Paulo
viver independentemente das igrejas, quanto ao aspecto financeiro. O conteúdo
geral, o estudo e o vocabulário dessa epístola, tudo aponta para a autoria
paulina.
Os próprios assédios
contra a integridade dessa epístola, ainda que consigam mostrar que nessa
epístola está representada mais de uma missiva, não seriam capazes de provar
que essa «coleção» não seria paulina. Contudo, os argumentos contrários à
autoria paulina são os seguintes:
1. Uma suposta
tentativa de mostrar afinidade para com as idéias do gnosticismo. (Ver Fil. 2:5
e ss.). Entretanto, a tríplice divisão celeste, terrestre e do submundo, não
tem sido bem recebida pela maioria dos eruditos como uma prova de influências
gnósticas, porquanto tais idéias podem ser encontradas tanto na teologia
judaica como na teologia cristã, correntes na época de Paulo.
2. A passagem um
tanto indelicada que aparece no terceiro capítulo desta epístola, e que chama
os opositores de Paulo de «cães» e de «falsa circuncisão», na opinião de alguns
estudiosos, seria indigna do grande apóstolo Paulo. Porém, se lermos a primeira
epístola aos Coríntios e a epístola aos Gálatas, verificaremos que isso se
transforma em uma prova favorável à autoria paulina, e não contrária a ela,
pois Paulo não hesitava em falar de forma ousada e mordaz.
3. O trecho de Fil.
4:15, na opinião de alguns eruditos, contradiria aos trechos de I Cor. 9:15 e
II Cor. 11:9, sob a alegação que se refere à coleta encabeçada por Paulo para
os santos pobres de Jerusalém, que não chegou às mãos desse apóstolo, ou que
não foi levantada no começo de seus labores na Macedônia (conforme esta
epístola aos Filipenses parece indicar), mas antes, no final de seus labores
ali. Porém, essa dificuldade é facilmente solucionada quando observamos que essa
referência não é ao papel deles na coleta geral para os pobres de Jerusalém,
pois Paulo se referia antes às dádivas pessoais que eles lhe tinham enviado;
pois esta epístola aos Filipenses, pelo menos em parte, visou agradecer ao
auxílio monetário que os crentes de Filipos haviam enviado ao apóstolo. O
décimo sexto versículo deste mesmo capítulo deixa isso claro, onde se lê que o
dinheiro, no dizer de Paulo, fora «...o bastante para as minhas necessidades»,
e não para os santos pobres de Jerusalém.
Todas essas três objeções,
entretanto, não têm sido favoravelmente acolhidas pela grande maioria dos
intérpretes, razão pela qual essa epístola tem continuado a ser considerada como
genuinamente paulina.
A autoridade e a
canonicidade da epístola aos Filipenses têm sido questões fixadas desde os
tempos antigos. Ela usufrui da mesma autoridade, quanto a esses pontos de
vista, que os demais livros clássicos paulinos, e podem ser aplicadas aqui as introduções
às epístolas aos Romanos, aos Gaiatas e a I e II Coríntios, onde se ventilam as
questões do cânon e da autoridade antiga. Não houve nenhuma ocasião, na igreja cristã
primitiva, em que qualquer pronunciamento sobre o «cânon» tivesse sido
efetuado, que não incluísse também a epístola aos Filipenses. Márcion, um dos
pais da igreja (150 d.C.), em seu cânon neotestamentário de onze livros, que se
constituía de dez das epístolas paulinas e de uma forma mutilada do evangelho
de Lucas, incluía a epístola aos Filipenses. Todos os demais pais da igreja,
após Márciom, que falaram a respeito da questão, jamais deixaram de incluir
essa epístola. E antes mesmo da época de Márciom, Policarpo, em sua epístola
aos Filipenses, mencionou a correspondência que Paulo tivera com eles, citando
o trecho de Fil. 3:11. Nessa coleção de epístolas paulinas, a epístola aos
Filipenses evidentemente foi escrita antes de Colossenses e depois de Efésios.
(Ver a introdução à epístola aos Efésios, parágrafo 4,2). Essa é igualmente a
ordem como essa epístola aparece no cânon muratoriano. Os pais da igreja Inácio,
Irineu, Clemente de Alexandria, Orígenes, Tertuliano e Eusébio, todos citaram trechos
desta epístola aos Filipenses.
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 756-757.
O texto divinamente
inspirado de Filipenses apresenta Paulo como o autor (1:1), tornando assim a
sua autoria indiscutível. Na verdade, exceto por alguns radicais do século XIX
e alguns críticos, a autoria paulina de Filipenses nunca foi questionada. Hoje
a maioria dos estudiosos, não importa qual a sua persuasão teológica, aceitá-la
como uma verdadeira epístola paulina. J. B. notas Lightfoot, Algumas evidências
internas podem levar a alguns leitores a colocar a autenticidade da Epístola
aos Filipenses, mas essa perspectiva gera muitas dúvidas. Estas evidências
podem ser tanto positivas quanto negativas. Por outro lado, a carta reflete
completamente a mente de Paulo, em muitos momentos. Esta epistola não oferece
nenhum motivo que poderia ter levado a uma falsificação. Apenas como a efusão
natural do sentimento pessoal, provocado por circunstâncias imediatas, é de
qualquer maneira concebível.
Um falsificador não
teria produzido uma obra tão sem propósito (sem propósito para, no seu caso
deve ter sido), e não poderia ter produzido algo tão Inartificial. (Epístola de
São Paulo aos Filipenses [Reprint; Grand Rapids: Zondervan, 1953], 74)
JOHN MACARTHUR, JR.
Novo Testamento Comentário
Filipenses Comentário Expositivo.
Não havia necessidade
de Paulo, como nas cartas aos Gálatas e aos Coríntios, defender sua autoridade
apostólica, pois os filipenses eram leais a ele e também à “fé que uma vez foi
dada aos santos” (Jd 3). Também a afeição que tinham por ele era extraordinária
e mais de uma vez o haviam ajudado em suas necessidades (4.10-18). Note que, ao
se dirigir a eles, Paulo dispensa o título de “apóstolo” (Fp 1.1; comp. Rm 1.1;
1 Co 1.1; G1 1.1).
Nenhum erro
doutrinário dividia a igreja, e nesse aspecto difere das epístolas aos Gálatas,
Coríntios e Colossenses, enviadas da mesma prisão. Contudo, no capítulo três,
Paulo adverte contra o judaísmo e uma possível forma de antinomianismo. Mas não
há razão para crer que estes erros estavam realmente presentes na igreja. O
desejo de Paulo era preveni-los contra tais ensinos antes que efetivamente
surgissem.
Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses,
Hebreus. Editora CPAD. pag. 55.
2. Os destinatários
da carta.
“... aos santos...
que estão em Filipos” (1.1) — Difere o tratamento do apóstolo aos cristãos que
viviam em Filipos. Ele os chama “santos”, porque se referia àqueles que foram
salvos e separados para
viver uma nova vida em Cristo Jesus (2 Co 5.17). Era o tratamento que Paulo
dava a todas as igrejas. Ele fortalecia a ideia de um estado de santidade ativa
porque viviam e exerciam sua fé “em Cristo Jesus”. Essa expressão “em Cristo
Jesus” era também usada em outras cartas para ilustrar a relação dos crentes
com Cristo. Tratava-se de uma relação íntima como existe entre a “videira e os
ramos” (Jo 15.1-7; 1 Co 12.27). Os destinatários, portanto, são chamados
“santos” porque foram separados para viver para Cristo. A igreja romana
identifica como “santos” os que já morreram. Porém, o contexto teológico indica
que “santos” são todos quantos servem ao Senhor Jesus em vida física. O
significado da palavra “santo” é “separado”. Os crentes em Cristo,
independentemente de suas fraquezas, são os “separados” para servirem a Cristo.
A santidade pode ser vista sob dois ângulos: posicionai e a progressiva.
Posicionalmente, todos quantos estão em Cristo Jesus são considerados “santos”.
Progressivamente, todos os vivos em Cristo aperfeiçoam a vida cristã buscando a
separação de toda e qualquer ação pecaminosa.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 23-24.
As pessoas a quem a
epístola é dirigida: 1. “...a todos os santos em Cristo Jesus que estão em
Filipos”. Ele menciona a igreja antes dos ministros, porque os ministros são
para a igreja, para a edificação e benefício dela, não a igreja para os
ministros, para a dignidade, domínio e riqueza deles, “...não que tenhamos
domínio sobre a vossa fé, mas porque somos cooperadores de vosso gozo” (2 Co
1.24). Eles não são somente servos de Cristo, mas servos da igreja por amor a
Ele. “...e nós mesmos somos vossos servos, por amor de Jesus” (2 Co 4.5).
Considere isso: Os cristãos aqui são chamados santos; separados para Deus, ou
santificados pelo seu Espírito, ou por profissão visível ou santidade real. E
aqueles que não são realmente santos na terra nunca serão santos no céu.
Observe: A epístola é
dirigida “...a todos os santos”, mesmo os mais desprezíveis, insignificantes e
com um mínimo de dons. Cristo não faz acepção; o rico e o pobre se encontram nele:
e os ministros não devem fazer acepção no seu cuidado e ternura para com as
pessoas. Não devemos ter “...a/e de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da
glória, em acepção de pessoas” (Tg 2.1). Santos em Cristo Jesus; os santos são
aceitos somente pelo fato de estarem em Cristo Jesus, ou de serem cristãos. A
parte de Cristo, os melhores santos serão pecadores e incapazes de comparecer diante
de Deus. 2. Ela é dirigida aos ministros ou oficiais da igreja: “...com os
bispos e diáconos”, os bispos e anciãos, em primeiro lugar, cuja função era
ensinar e governar, e os diáconos, ou supervisores dos pobres, que cuidavam dos
negócios externos da casa de Deus: as instalações, os utensílios, a manutenção
dos ministros e a provisão dos pobres. Estes eram todos os “cargos” conhecidos na
igreja e que eram de escolha divina. O apóstolo, na sua epístola a uma igreja
cristã, reconhece apenas duas classes, que ele chama de bispos e diáconos.
Portanto, toda pessoa que entenda que os mesmos atributos e títulos, as mesmas
qualificações, os mesmos procedimentos do cargo e a mesma honra e respeito são
atribuídos em todo o Novo Testamento àqueles que são chamados de bispos e
presbíteros (de acordo com o Dr. Hammond e outros comentaristas conhecidos), terão
dificuldades em dispô-los em cargos diferentes ou classes distintas de
ministério nos tempos bíblicos.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 610.
Paulo dirige sua
carta a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos. Palavra “
Qodesh”, seu equivalente hebraico, hagios (santos) se refere a alguém que está
separado, mais especificamente se tratando dos crentes, que são separados por
Deus para Si mesmo. Ambas as palavras são muitas vezes traduzida como
"santo".
Infelizmente, para
algumas Denominações santos são muitas vezes considerados como sendo de uma
ordem especial, ou seja, Grandes cristãos que realizaram boas ações
extraordinárias e viveram uma vida exemplar. No sistema católico romano, os
santos são reverenciados, Na verdade são pessoas que só podem ser oficialmente
canonizados após a morte, porque eles têm cumprir com certos requisitos
exigentes. Mas a Escritura deixa claro que todos os santos remidos, seja sob a
Antiga ou nova aliança, são pessoas separado do pecado e dedicados a Deus.
Quando Deus ordenou a
Ananias para impor as mãos sobre o recém convertido Saulo (Paulo), de modo que
ele recuperasse a vista, ele respondeu: "Senhor, eu ouvi de muitos a
respeito desse homem, quantos males fez aos teus santos em Jerusalém"
(Atos 9:13). Alguns versículos adiante Lucas escreve que "como Pedro
estava viajando por todas essas regiões, veio também aos santos que habitavam
em Lida" (Atos 9:32). Em ambos os casos é evidente que os santos se refere
a todos os crentes nessas cidades (cf. Ef 1:1;. Col. 1:2). Paulo ate mesmo se
refere aos crentes imaturos em Corinto como santos, isso indica indiscutível
que o termo não tem relação com a maturidade espiritual ou caráter deles, ele
escreveu: " Å igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em
Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome
de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso "(1 Cor. 1:2). Como
todos os outros crentes, os cristãos em Corinto não eram santos por causa de
sua maturidade espiritual (cf. 1 Cor. 3:1-3), mas sim porque eles eram
"santos por vocação", uma referência ao seu chamamento à salvação
(cf. Rom. 8:29-30).
Todos os crentes são
santos, não porque eles próprios são justos, mas porque eles estão em seu
Senhor, Jesus Cristo, cuja justiça é imputada a eles (Rm 4:22-24). Um budista
não fala de si mesmo como em Buda, nem um muçulmano falar de si mesmo como em
Mohammed. Um cientista cristão não está na Mary Baker Eddy ou um mórmon em
Joseph Smith ou de Brigham Young. Eles podem seguir fielmente o ensinamento eo
exemplo desses líderes religiosos, mas eles não são determinados a ser como
eles. Somente os cristãos pode pretender ser igual ao seu Senhor, porque eles
foram feitos espiritualmente um com Ele (cf. Rom. 6:1-11). "Mas Deus,
sendo rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou", Paulo
escreveu: "mesmo quando estávamos mortos em nossos delitos, nos deu vida
juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou com Ele, e
nos assentou com Ele nos lugares celestiais em Cristo Jesus "(Ef 2:4-6).
Aos Gálatas ele declarou: "Fui crucificado com Cristo; e já não sou eu
quem vive, mas Cristo vive em mim" (Gl 2:20). Nas cartas de Paulo, a frase
"em Cristo Jesus" ocorre cinquenta vezes, "em Cristo" vinte
e nove vezes, e "no Senhor" Quarenta e cinco vezes. Estar em Cristo
Jesus e, portanto, aceitável a Deus é a fonte suprema da alegria do crente.
JOHN MACARTHUR, JR.
Novo Testamento Comentário
Filipenses Comentário Expositivo.
OS CRISTÃOS EM
FlLIPOS
A segregação racial,
étnica e social é tão antiga quanto a própria sociedade. Onde quer que vivam,
as pessoas formam grupos considerando esse aspecto diferenciador e depois
levantam muros ã sua volta, para impedir que outros, que não seguem o padrão
estabelecido, unam-se a elas.
Em Filipos, como em
qualquer outro lugar, Paulo ofereceu o evangelho primeiro aos judeus.
Provavelmente havia poucos na cidade, porque não existia sequer uma sinagoga.
No judaísmo do século 1, dez homens que seguiam essa crença já eram suficientes
para justificar a construção de uma sinagoga para os cultos de adoração. Os
judeus que viviam em Filipos atravessavam o portão da cidade e seguiam em
direção às margens do rio Gangites para adorar a Deus e orar. Contudo, a Igreja
cristã à qual Paulo escreveu deve ter prosperado, porque, em sua carta, ele se
referiu aos níveis de liderança na Igreja, como bispos e diáconos.
Filipos era uma
cidade romana com diversas culturas que ficava na estrada principal (a Via
Egnatia), estendendo-se desde as províncias do leste a Roma, e sua igreja tinha
um grupo distinto de cristãos. O Novo Testamento menciona especificamente três pessoas:
uma asiática, uma grega e uma romana. A princípio, tinham pouca coisa em comum.
A primeira era uma mulher de negócios que vendia roupas de púrpura aos ricos; a
segunda, uma jovem escrava que estava possuída por um espírito de adivinhação;
e a terceira era um carcereiro. Três raças, três classes sociais e, provavelmente,
três formas de devoção religiosa diferentes, antes de ter um encontro com
Cristo.
Mas Paulo lhes
ensinou que todos eram iguais no Corpo de Cristo; todos eram pecadores salvos
pela graça de Deus. Eles deviam humilhar-se como Jesus fizera e estar unidos no
amor de Cristo. Em um mundo segregado no tocante à classe social e à etnia, a
igreja em Filipos violava as regras: nisto não há judeu nem grego/ não há servo
nem livre [...] porque todos vós sois um em Cristo Jesus (Gl 3.28). Essa igreja
era um dos lugares mais integrados do mundo mediterrâneo.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 521.
3. Alguns
destinatários distintos: “bispos e diáconos”.
Fazia parte da vida
da igreja uma liderança especial identificada pelos “bispos e diáconos” que
serviam na igreja de Filipos. No grego bíblico, a palavra “bispo” é epíscopos e
tem o sentido de supervisor. Como a palavra “bispos” está no plural,
subentende-se que se tratava dos líderes principais da igreja. Em outras partes
do Novo Testamento, destaca-se a função do presbítero, cuja função essencial
era a liderança local, submetida, naturalmente, a um pastor ou bispo da igreja.
A palavra episkope refere-se também à pessoa do bispo, do líder, do pastor
local. Paulo não teria citado essa palavra se não houvesse bispos na igreja de
Filipos. O sistema atual de governo eclesiástico usa o termo pastor, cuja
função é a mesma referente ao bispo.
Todavia, Paulo saúda
também aos “diáconos”, cuja função era a mesma estabelecida em Atos 6.1-6. Os
diáconos cuidavam da administração material da igreja. Com os dois tipos de
liderança no
seio da Igreja, Paulo entende que devem merecer apoio e apreciação pelo seu
trabalho na vida eclesiástica. Ele dá importância à liderança espiritual da
igreja. O padrão básico instituído nas igrejas do primeiro século tinha em sua
liderança “bispos”, ou seja, líderes espirituais responsáveis pela igreja
local, e tinha “diáconos” que serviam à igreja na liderança dos bispos.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 24-25.
A adição com os
bispos e diáconos torna esta saudação única. O termo episkopos ou «bispos»
significa alguém que inspeciona ou revista, uma espécie de superintendente (cf.
1Ts 5.12, «os que vos presidem»). Do uso desse termo na literatura paulina,
muitos adotam a opinião que o episkopos estava presente na igreja primitiva,
desde a sua fundação, e não que apareceu mais tarde, em séculos posteriores. Outros
notam que presbyteros («presbítero» ou «ancião») é o nome geral do dirigente de
uma igreja, no Novo Testamento, e estão convictos de que o episcopado é de data
posterior. Episkopos o presbyteros são aceitos como termos idênticos,
especialmente porque encontramos, na Epístola aos Filipenses, a palavra bispos,
no plural. É interessante ressaltar aqui a origem das duas opiniões a respeito
do governo da igreja. O vocábulo diakonos aparece freqüentemente nos Evangelhos
e Epístolas, sendo traduzido por «servo» ou «ministro» que é sua significação.
Num sentido mais técnico «diácono» é o termo aplicado à classe dos oficiais da
igreja, cujo dever se relaciona mais com os negócios materiais da igreja, do
que com assuntos espirituais (1Tm 3.8). A função especial dos diáconos pode ter
tido origem na escolha dos sete, em At 6, ainda, que ali tal nome não seja
mencionado para eles. As saudações do verso 2 são uma combinação cristã do
grego familiar e da forma de saudação dos hebreus, graça e paz que somente
podem vir de Deus, o Pai, e do Senhor Jesus Cristo (Ef 6.23-24).
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Filipenses. pag. 10-11.
BISPO
No grego, episkopos
«supervisor. Palavra que é aplicada, antes de tudo. a Cristo (I Ped. 2:25); em
seguida. ao oficio apostólico (Atos 1:20, citando Sal. 109:8); e finalmente,
aos lideres das congregações locais cristãs (Fil. 1:1). Como verbo, substantivo
e adjetivo. a palavra aparece no Novo Testamento por onze vezes (Beb. 12:15; I
Ped. 2:12.25; 5:2; Luc, 19:44: Atos 1:20: 20:28; I Tim. 3:1.2: Fil. 1:1, e Tito
1:7.
Origens:
Nosso termo
português, «bispo», deriva-se do latim, biscopus, mas a palavra no Novo
Testamento, é grega e designa o Senhor Jesus e os apóstolos como «supervisores..,
e finalmente, um dos ofícios do ministério cristão, que são os «supervisores..
abaixo de Cristo. Os títulos «bispo», «ancião» e ..pastor- eram sinônimos perfeitos, indicando um dos quatro ministérios
cristãos: apóstolos, profetas. Evangelistas e pastores/mestres (Efé. 4:11).
Portanto, aqueles três títulos são intercambiáveis, conforme se vê em Atos 20:28.
A palavra grega podia ser usada de maneira não-técnica, aplicada a qualquer
pessoa dotada de autoridade de supervisão. Em I Pedro 2:25 é um titulo de
Cristo. Em Filipenses 1:1 indica o grupo de autoridades liderantes de uma
comunidade cristã. Tito 1: 7 parece usar a palavra como sinônimo de «ancião».
Talvez devêssemos dizer que «bispo». «ancião» e «pastor» eram três títulos que
ressaltavam três aspectos diferentes de uma mesma função eclesiástica.
Contudo, alguns
estudiosos pensam que as epístolas pastorais fornecem indícios para pensarmos de
outra maneira. Pois Tim6teo recebeu de Paulo o poder de consagrar anciãos para
serem oficiais das igrejas da área onde ele trabalhava no evangelho. Isso parece
aproximar-se ao oficio distinto de ..bispo», conforme o mesmo surgiu
posteriormente, o qual já tinha autoridade sobre os anciãos de alguma área geográfica.
Todavia, não é necessariamente assim.
pois pastores podem
consagrar outros irmãos como pastores, sem que isso requeira que o presbitério consagrador
componha-se de «bispos» que consagrem «pastores», como se um oficio maior desse
autoridade a um menor.
Nas funções e poderes
dos apóstolos. Encontramos uma função similar à dos futuros «bispos», pois os apóstolos
certamente tinham funções que se estendiam a áreas geográficas, e não meramente
a igrejas locais isoladas. Porém, esse argumento perde muito de sua força
quando consideramos que os apóstolos enfeixavam, em seu oficio, todos os demais
ministérios. Em seu trabalho, os apóstolos também eram profetas, evangelistas,
pastores e mestres. Portanto, não é de se admirar que fizessem coisas próprias
dos deveres que, posteriormente, mas ainda dentro do período neotestamentârio,
eram entregues aos bispos ou anciãos.
lrineu (ver o artigo)
no segundo século da era cristã. refere-se aos bispos como sucessores dos apóstolos,
tanto como mestres como administradores das igrejas. Até ai, nada há de mais,
pois os bispos poderiam ser os mesmos anciãos. Mas Hip6lito (ver o artigo),
entre 160 e 235 D.C., assevera que somente os bispos tinham a autoridade para
ordenar. Toma-se claro, pois, que em sua época.; um bispo era mais que um ancião.
Na Síria e na Ásia Menor, cada corpo local governante era supervisionado pelos
chorepiscopoi, ou «bispos itinerantes.., os quais, por sua vez, eram responsáveis
diante de um bispo fixado em alguma cidade grande mais próxima. Mas, como é
evidente, isso já representa uma evolução que não existia nos tempos dos
apóstolos, pelo que não deveria servir-nos de padrão. O ministério das igrejas
cristãs foi sofrendo. transformações que não têm base bíblica. Assim, na África
do Norte, um bispo com plenos direitos era nomeado sempre que vinha à
existência alguma comunidade cristã. Nos distritos em redor de Alexandria, as
aldeias eram deixadas ao encargo de anciãos, os quais operavam sob a supervisão
do bispo de Alexandria. A mesma coisa sucedia na Europa Ocidental, onde somente
os bispos tinham o direito de ordenar a ministros locais. Naturalmente, havia muitos
lugares onde o bispo era apenas o ancião ou pastor de uma igreja local. Mas, em
redor das cidades maiores, surgiu a tendência de um pastor de uma cidade maior
exercer influência sobre os pastores de cidades menores. E aquele passou a ser
chamado «bispo». O titulo continuava o mesmo dos tempos do Novo Testamento, mas
as funções dos bispos ultrapassavam
em tudo quanto se vê nas páginas sagradas. Esse tipo de atividade' continuou
até que houve
a necessidade de surgirem os «arcebispos», ou -bispos-chefes..; ou então, nas
igrejas orientais, os e
patriarcau. Em todo esse desenvolvimento, foi surgindo o papa de Roma, que tinha
maior prestigio e autoridade
que a de todos os arcebispos e bispos. Isso criou toda uma hierarquia eclesiástica, ao
passo que o Novo Testamento nos apresenta a idéia de um ministério
diversificado, mas sem superioridades e inferioridades. Disse Jesus: <<um só é
vosso Mestre, e
vós todos sois irmãos>>(Mat. 23:8).
CHAMPLIN, Russell
Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia
e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 542-543.
Bispos e diáconos são
chamados para liderar a igreja. Como é evidente a partir de Atos 20:17, 28 e
1:5 Tito, 7, superintendente é outro termo para ancião, o nome mais comum do
Novo Testamento para bispos(cf. Atos 11:30; 14:23; 15:2, 4, 6, 23; Tiago 5:14).
Os anciãos são também referidos como pastores (Atos 20:28, 1 Pedro 5:1-2),
pastor-professores (Efésios 4:11), e bispos (cf. Atos 20:28, marg; 1. Tim. 3:2,
marg.). Suas altas qualificações são definidas em 1 Timóteo 3:1-7 e Tito 1:6-9.
Bispos, ou presbíteros, são mencionadas pela primeira vez em relação ao
dinheiro fome e alívio enviado pela igreja em Antioquia aos anciãos da Judéia
pelas mãos de Barnabé e Saulo (Atos 11:30). Eles mediam a regra de Cristo nas
igrejas locais através da pregação, ensino, dando exemplos piedosos, e tendo
uma liderança guiada pelo Espírito Santo.
Embora o seu papel é
principalmente um serviço prático, em vez de pregação e ensino, os diáconos são
necessários para atender aos mesmos elevados padrões morais e espirituais (1
Tm. 3:8-13) como idosos. A distinção entre os dois cargos é que os presbíteros
devem ser professores habilitados (1 Tm 3:2;. Tito 1:9).
JOHN MACARTHUR, JR.
Novo Testamento Comentário
Filipenses Comentário Expositivo.
III –
AÇÃO DE GRAÇA E PETIÇÃO PELA IGREJA DE FILIPOS (1. 3-11)
1. As razões pela
ação de graças.
As igrejas que
receberam de Paulo as mais calorosas ações de graças foram as de Filipos e
Tessalônica. A expressão, no versículo 3, “dou graças ao meu Deus todas as
vezes que me lembro de vós”, indica que Paulo os tinha na mais alta conta,
lembrando-se sempre do zelo e carinho dos filipenses.
Boyd. Frank M. Comentário Bíblico. Gálatas. Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses,
Hebreus. Editora CPAD. pag. 60.
Ao dar graças a Deus
pela lembrança que vinha a sua mente acerca dos cristãos de Filipos, ele está,
de fato, afirmando que apesar de estar preso fisicamente, sabia que os irmãos
permaneciam firmes na fé sem se deixar levar pelo engano dos falsos mestres que
tentavam desmerecer todo o trabalho feito anteriormente.
Ele estava preso, mas
a Palavra de Deus continuava livre.
Mesmo sendo
prisioneiro de Cesar (de Roma), a lembrança da igreja lhe dava forças para
recordar e enviar a Palavra de Deus que ninguém podia prendê-la. Ele não podia
estar comungando fisicamente com os filipenses, mas podia orar por eles, pois a
oração não tem fronteiras.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 25-26.
Paulo eleva o seu
coração em gratidão e oração pela participação dos cristãos filipenses na obra
do Evangelho e expressa seus profundos anseios em que continuem a crescer no
amor e no discernimento.
3. Ação de graças com
alegria é uma corrente oculta que permeia todas as cartas de Paulo. (Só em
Gálatas ela foi momentaneamente eclipsada pela seriedade da ameaça judaizante.)
Em nenhum outro lugar ela explode à superfície mais expressivamente do que em Filipenses.
Mesmo na prisão os pensamentos de Paulo se dirigiam para os outros. Em sua
contínua lembrança deles, ele dá graças a Deus. O singular meu Deus exibe um
relacionamento profundo e íntimo.
MOODY.
Comentário Bíblico Moody. pag. 5-6.
2. Uma oração de
gratidão (vv 3-8).
"... todas as
vezes que me lembro de vós” (1.3) sugere a importância de valorizarmos a
história e as pessoas que fizeram parte dessa história. A falta de memória tem
produzido distorções dos nossos valores, e o espírito de gratidão tem se
tornado raro em nossos dias. Em seus pensamentos, Paulo lembrava a experiência
amarga que tivera juntamente com Silas em Filipos, quando foram arrastados à
presença das autoridades e condenados (At 16.19). Foram açoitados publicamente
e, com vestes rasgadas e o corpo ferido, foram colocados no cárcere da cidade,
com os pés presos em troncos dentro da cadeia. Porém, a recordação maior
daquela prisão vivida por Paulo e Silas era o livramento que Deus lhes deu e a
conversão do carcereiro, depois do terremoto. O sentimento mais forte na mente
e no coração de Paulo era a convicção de que, naquele momento, ele estava
preso, mas a Palavra de Deus não estava algemada. Paulo entende ainda que ele,
de fato, era prisioneiro de Cristo, e não de César. Podiam colocar algemas no
homem Paulo, mas não podiam algemar o evangelho de Cristo. Para o evangelho de
Cristo, que é a manifestação da Palavra de Deus, não há limitação geográfica ou
física. A Palavra de Deus é poderosa e livre para operar na vida das pessoas.
Suas orações não se restringiam às paredes de uma cela, porque elas lhe davam
consolo e certeza de estar sendo ouvido. Suas orações lhe proporcionavam
alegria de espírito.
'‘...fazendo, sempre
com alegria, oração por vós em todas as minhas súplicas" (1.4). Parece um
contrassenso, ou um paradoxo, reunir súplica com alegria, mas isso só é
possível quando se tem o Espírito Santo dentro de si. Ele nos habilita a
superarmos as tristezas
e necessidades produzindo um gozo interior (alegria) que nada no mundo seria
capaz de produzir. A igreja de Filipos dava a Paulo alegria pura quando pensava
nela.
Que significam essas
súplicas? No grego bíblico, a palavra “súplica” é deesis, e é substantivo de
deomai, que significa “tornar conhecida uma necessidade específica”. Paulo não
faz uma oração qualquer, sem uma intenção precisa. Ele faz um pedido a Deus
pela igreja de Filipos. Na verdade, a súplica que Paulo faz em favor da igreja
tem um caráter intercessório que se origina na compreensão da necessidade da
igreja. Mais tarde, Paulo reforça essa oração quando diz: “O meu Deus, segundo
as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória” (4.19). Dos
vários tipos de oração, a intercessão toca o coração de Deus.
Paulo faz uma oração
de gratidão pela cooperação dos filipenses na disseminação do evangelho (1.5)
“... pela vossa
cooperação” (1.5). A palavra cooperação ganha um sentido especial nas orações
do apóstolo porque ele ora não só por seus filhos na fé, mas agradece a Deus a
cooperação deles na disseminação do evangelho. Essa cooperação referia-se aos
donativos enviados pela igreja por intermédio de Epafrodito (2.25). Quando fala
de cooperação, está de fato trazendo à tona o carinho e a comunhão dos cristãos
de Filipos (At 2.42; 1 Jo 1.3,7). Por essa oração, ele lembra a participação
nas lutas pelo evangelho e a contribuição financeira espontânea para sustentar
os servos de Deus (Fp 4.15,16; 2 Co 8.1-4; 9.13; Rm 15.26). Enquanto os
filipenses cooperavam, os coríntios fechavam a mão (1 Co 9.8-12).
4. Uma oração de gratidão
pela intimidade espiritual dos filipenses com o seu ministério (1.6-8)
“... tendo por certo
isto mesmo” (1.6). Na ARA, a expressão é “estou plenamente certo”, indicando
que a “boa obra” não é outra coisa que não seja “a salvação recebida”. Paulo
não tinha dúvidas quanto
à salvação. Ele estava totalmente convicto acerca da salvação e sabia que nada
poderia frustrar ou interromper a obra de Deus na vida dos crentes que a
receberam (Rm 8.26-39).
“... aquele que em
vós começou a boa obra” (1.6). Que “boa obra” era esta? Paulo atribui a “boa
obra” a Deus por meio de Jesus Cristo. A “boa obra” não é outra coisa senão
aquela que só Deus pode operar. Trata-se de uma obra da qual os crentes
participam em termos de pregar o evangelho a outras pessoas. Deus não faz só
essa obra, mas requer pessoas que se tornam cooperadoras na sua obra (1 Co
3.9). Porém, Paulo agradecia a Deus pelos filipenses, porque eles participavam
da mesma graça do evangelho com o apóstolo (1.7). Era, de fato, a identificação
de uma intimidade espiritual que ele gozava na presença de Deus, mesmo estando
algemado. Paulo tinha um carinho especial pela igreja de Filipos e demonstra
uma forte afeição pelos filipenses como uma prova de amor que deve existir
entre o pastor e suas ovelhas (Fp 1.8).
“... aperfeiçoará até
ao Dia de Jesus Cristo” (1.6). A obra de aperfeiçoamento é progressiva,
paulatina. Ela vai sendo desenvolvida até a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
O que se entende por “até ao Dia de Jesus Cristo”? A expressão: “dia de Jesus
Cristo” refere-se ao tempo da volta do Senhor Jesus, que acontecerá em duas
fases distintas. A primeira fase é o arrebatamento da Igreja, que acontecerá de
modo invisível e será um evento apenas para a igreja sobre as nuvens (1 Ts
4.13-17). A segunda fase da volta de Jesus será visível para a terra e ocorrerá
no final da Grande Tribulação, quando Jesus descerá para desfazer o poder da
trindade satânica: o anticristo, o falso profeta e o Diabo. Ele irá instalar um
novo reino e domínio na terra a partir da Jerusalém terrestre (2 Ts 2.7-9). O
termo “dia” no contexto dessa escritura abrange os dois eventos: sua vinda
sobre as nuvens e sua vinda com as nuvens. A essência da escritura indica dois
aspectos importantes acerca da salvação: a perfeita e a progressiva. A salvação
perfeita refere-se à obra perfeita que Jesus realizou no Calvário. Trata-se de
uma obra perfeita e completa.
Mas o que Paulo quis
enfatizar com a palavra “até” é a dinâmica da salvação progressiva a qual o
Senhor vai aperfeiçoando até a sua vinda. A consumação da salvação se dará no
Dia de Jesus Cristo. Tudo o que depende de nós é a nossa perseverança na fé até
aquele dia.
Nos versículos 7 e 8,
o apóstolo Paulo faz um interlúdio na sua carta para afirmar aos filipenses a
sua profunda afeição e o respeito por eles pelo fato de participarem da sua
vida de modo especial. Quando diz “vos retenho em meu coração” (v. 7), na forma
grega pode ser traduzida como “vós me tendes em vosso coração”. No versículo 8,
Paulo expressa seu amor e gratidão pelos seus amigos filipenses por
participarem dos seus sofrimentos, das suas tristezas e também das suas
alegrias.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 26-29.
A Gratidão e Alegria
do Apóstolo w. 3-6
O apóstolo prossegue,
depois da dedicatória e da bênção, às ações de graças pelos santos em Filipos.
Ele anuncia o motivo da sua gratidão a Deus em relação a eles. Observe aqui:
I Paulo lembrava-se
deles: ele pensava muito neles; e embora não os pudesse ver e estivesse longe
deles, eles não estavam distantes da sua mente; ou: “...todas as vezes que me
lembro de vós” - epi pase te mneia, já que ele pensava neles com frequência,
falava deles com frequência e deleitava-se em falar deles. O simples fato de mencioná-los
trazia alegria ao seu coração; é um prazer ouvir do bem-estar de um amigo
ausente.
II Ele lembrava-se
deles com alegria. Em Filipos o apóstolo foi maltratado; lá ele foi açoitado e
colocado no tronco, e por ora via pouco do fruto do seu trabalho; e mesmo assim
ele lembra de Filipos com alegria. Ele entendia que seus sofrimentos por Cristo
eram uma honra, consolo e sua coroa, e sentia satisfação toda vez que o lugar
onde sofreu era mencionado. Ele não tinha nem mesmo um pouco de vergonha deles,
nem aversão ao ouvir falar da cena dos seus sofrimentos. Na verdade, ele
lembrava de tudo com alegria.
III Ele lembrava-se
deles em oração: “...fazendo, sempre com alegria, oração por vós em todas as
minhas súplicas” (v. 4). A melhor forma de lembrar dos nossos amigos é fazê-lo
diante do trono da graça. Paulo orava muito por todos os seus amigos, mas por
esses de uma maneira particular. Pelo que tudo indica, por essa maneira de
expressão, ele mencionou por nome diante do trono da graça as muitas igrejas
pelas quais estava interessado e preocupado de uma maneira especial. Em certos períodos,
ele orava de maneira especial pela igreja de Filipos. Deus permite que tenhamos
liberdade com Ele, ainda que, para o nosso consolo, saiba quem temos em mente
mesmo quando não os mencionamos. Ele agradeceu a Deus cada lembrança alegre deles.
Observe: As ações de graças devem fazer parte de cada oração: e, qualquer que seja o
motivo de nossa alegria, também deve ser o motivo de nossa gratidão.
Deus deve receber a
glória daquilo que traz consolo ao nosso coração. Ele agradeceu a Deus, mas
também fez petição com alegria. Da mesma forma que a alegria santa é o coração
e a alma do louvor agradecido, assim o louvor agradecido é a língua da alegria
santa.
V Tanto em nossas
orações quanto em nossas ações de graças, devemos ver Deus como nosso Deus. A gratidão
nos anima na oração e expande o coração em louvor, ao ver cada misericórdia
vindo da mão de Deus como nosso Deus. “Dou graças ao meu Deus todas as vezes
que me lembro de vós”. Devemos agradecer ao nosso Deus as graças e consolos, os
dons e utilidade dos outros, à medida que recebemos o benefício deles e Deus recebe
a glória por eles. Mas qual é o motivo dessas ações de graças? 1. Ele agradece
a Deus o consolo que tinha neles: “...pela vossa cooperação no evangelho desde o
primeiro dia até agora” (v. 5). Observe: A cooperação do evangelho é uma boa
cooperação; e os cristãos mais insignificantes cooperam no evangelho com os
maiores apóstolos, porque a salvação do evangelho é uma “...comum salvação” (Jd
3), e eles “...alcançaram fé igualmente preciosa” (2 Pe 1.1). Aqueles que
sinceramente recebem e aceitam o evangelho têm comunhão nele desde o primeiro
dia: um cristão nascido de novo está interessado em todas as promessas e
privilégios do evangelho desde o primeiro dia da sua vida. “...até agora”.
Considere isso: E um grande consolo para os ministros quando as pessoas que
começam bem continuam e perseveram.
Alguns, por sua
cooperação no evangelho, entendem sua liberalidade em propagar o evangelho e
não traduzem koinonia por comunhão, mas por comunicação. Mas, comparando essa
palavra com as ações de graças de Paulo pelas outras igrejas, parece significar
de forma mais geral a comunhão que tinham na fé, na esperança, no amor santo,
com todos os cristãos sinceros - uma comunhão (cooperação) nas promessas,
ordenanças, privilégios e esperanças do evangelho; e isso “...desde o primeiro
dia até agora”. 2. Pela confiança que tinha neles (v. 6): “Tendo por certo isto
mesmo...”. Observe: A confiança dos cristãos é o grande consolo deles, e
podemos extrair motivos de louvor das nossas esperanças bem como das nossas
alegrias; devemos dar graças não somente pelas posses e evidências presentes,
mas também elas perspectivas futuras. Paulo fala com muita confiança acerca do
bom estado dos outros, estando certo de que se fossem sinceros em relação à
caridade e à fé, seriam felizes: “...que aquele que em vós começou a boa obra a
aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo”. Uma boa obra entre vós - en hymin,
assim pode ser lido; entendamos isso, de modo geral, acerca da implantação da igreja
entre eles. Aquele que implantou o cristianismo no mundo o preservará enquanto
este mundo existir.
Cristo terá uma
igreja até que o mistério de Deus seja concluído, e o corpo místico,
completado. A igreja é edificada sobre uma rocha, “...e as portas do inferno
não prevalecerão contra ela”. Mas isso se deve aplicar a pessoas específicas e
é uma referência à realização certa da obra da graça onde quer que tenha sido
iniciada. Observe aqui:
(1) A obra da graça é
uma boa obra, uma obra abençoada; porque nos torna bons e é uma garantia do que
é bom para nós. Ela nos torna semelhantes a Deus e nos prepara para o gozo de
Deus. Aquilo que nos faz o maior bem certamente pode ser chamado de boa obra.
(2) Sempre que essa
boa obra foi começada ela foi começada por Deus: “...aquele que em vós começou
a boa obra”. Não poderíamos começá-la por conta própria, porque por natureza
estamos “...mortos em ofensas e pecados”: e o que as pessoas mortas podem fazer
para reviver; ou como podem começar a agir, antes que estejam vivas novamente,
estando mortas agora? E Deus quem vivifica aqueles que estão mortos (Ef 2.1; Cl
2.13).
(3) A obra da graça
começou nesta vida, mas não termina aqui. Enquanto estamos neste estado
imperfeito ainda precisa ser feita mais alguma coisa.
(4) Se o mesmo Deus
que começa a boa obra não se encarrega de levá-la adiante e terminá-la, ela
permaneceria para sempre incompleta. Aquele que começou deve concluí-la.
(5) Podemos estar confiantes,
ou convencidos, de que Deus não desistirá, mas que terminará e coroará a obra
das suas mãos. Porque “...a obra de Deus é perfeita”.
(6) A obra da graça
jamais se tornará perfeita até ao Dia de Jesus Cristo, o dia da sua aparição.
Quando Ele vier julgar o mundo, e concluir sua mediação, então essa obra será completada
e a pedra-angular será suscitada com júbilo.
A Afeição e Esperança
do Apóstolo w. 7,8
O apóstolo expressa a
afeição ardente e sua preocupação pelo bem-estar espiritual deles: “...vos
retenho em meu coração” (v. 7). Ele os amava como a sua própria alma, e eles
estavam próximos do seu coração. Ele pensava muito neles e estava preocupado
com eles. Observe:
1. O motivo de
retê-los em seu coração: “...pois todos vós fostes participantes da minha
graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho”',
isto é, eles tinham sido auxiliados por ele e pelo seu ministério; eles foram
participantes da graça de Deus que por ele, e por meio de suas mãos, foi
comunicada a eles. Isso torna as pessoas preciosas para os seus ministros. Ou:
“Vós fostes participantes da minha graça; vós estivestes unidos comigo tanto no
fazer quanto no sofrer”. Eles eram participantes da sua aflição por compaixão e
preocupação e estavam prontos a ajudá-lo.
Isso ele chama de
participantes da sua graça; porque aqueles que sofrem com os santos são e serão
consolados por eles; e aqueles que levam sua parte da carga também participarão
da recompensa. Ele os amava porque eles participaram das suas prisões e na
“...defesa e confirmação do evangelho”: eles estavam tão dispostos a defender o
evangelho quanto o apóstolo; por essa razão, ele os retinha em seu coração.
Companheiros de infortúnio devem ser amáveis uns com os outros. Aqueles que se
arriscam e sofrem pela mesma causa de Deus e do evangelho devem por essa razão
amar uns aos outros ternamente: ou, porque vós me retendes no coração - dia to
echein me en te kardia humas. Eles manifestaram seu respeito por ele ao
apoiarem firmemente a doutrina que ele pregava e estarem prontos a sofrer com
ele. 0 sinal
mais claro de respeito em relação aos nossos ministros é receber e permanecer
na doutrina que pregam.
2. A evidência de
retê-los em seu coração: “Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque
vos retenho em meu coração”. Assim ficou claro que ele os trazia em seu
coração, porque tinha uma boa opinião deles e uma boa esperança em relação a
eles. Observe: E bem correto pensar o melhor das pessoas, da melhor forma possível.
3. Um apelo a Deus
concernente à verdade disso (v. 8): “Porque Deus me é testemunha das saudades que
de todos vós tenho”. Pelo fato de tê-los no coração, ele tinha saudades deles,
desejava vê-los, desejava ouvir deles, ou desejava o bem-estar espiritual
deles, bem como o crescimento e progresso deles no conhecimento e na graça. Ele
se alegrava neles (v. 4), por causa do bem que via e ouvia acerca deles; e,
mesmo assim, ele tinha saudades deles, desejando ouvir mais acerca deles; e ele
tinha saudades de todos eles, não somente daqueles que eram perspicazes e
ricos, mas mesmo dos mais insignificantes e pobres; e ele tinha muitas saudades
deles em “...entranhável afeição de Jesus Cristo”, com a mesma preocupação
carinhosa que Cristo tem mostrado às almas preciosas. Nisso, Paulo era um
seguidor de Cristo, e todos os bons ministros deveriam ter o mesmo objetivo: essa
terna compaixão que Jesus Cristo tem para com as pobres almas. Foi por
compaixão deles que o Senhor incumbiu-se da sua salvação, dispondo-se a um
sacrifício tão incomensurável para alcançá-la. Assim, em conformidade com o
exemplo de Cristo, Paulo tinha compaixão deles, e tinha saudades de todos eles,
“...em entranhável afeição de Jesus Cristo”. Não deveríamos também
compadecer-nos e amar as almas por quem Cristo teve amor e compaixão tão
grandes? Para isso, o apóstolo apela a Deus: “...Deus me é testemunha”. Era um
sentimento íntimo que ele expressou por eles, da sinceridade da qual somente
Deus era testemunha, e, portanto, é a Ele que o apóstolo apela. “Quer vocês o
saibam ou estejam conscientes disso ou não, Deus, que conhece o coração, o
sabe”.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 610-612.
1.3 - Na expressão
dou graças, o tempo do verbo grego indica que Paulo agradecia continuamente a
Deus pelos cristãos filipenses. Sempre que o Senhor os trazia à sua mente, o
apóstolo dava graças, por todas as vezes que por se lembrava deles.
1.4 - A alegria, um
tema que se destaca em Filipenses, marcava as orações de Paulo pelos cristãos
em Filipos, mesmo quando ele intercedia pelas necessidades deles. Essa é a
primeira das cinco vezes em que a palavra grega para alegria é usada na carta
(v. 25;2.2,29; 4.1). Paulo também emprega o termo grego para regozijo nove
vezes nessa epístola (v. 18; 2.17 [duas vezes], 18 [duas vezes], 28;3.1; 4.4
[duas vezes]).
1.5 - Cooperação é um
termo usado para caracterizar uma parceria num empreendimento comercial no qual
todas as partes têm participação ativa, a fim de assegurar o sucesso do
negócio.
Entre os cristãos, o
vocábulo expressa intimidade com Cristo (1 Co 1.9) e com outros irmãos na fé (2
Co 8.4; 1 Jo 1.7). Nesse caso, é possível que Paulo esteja usando a palavra
cooperação para se referir às contribuições financeiras que os filipenses lhe
haviam ofertado desde o primeiro dia até agora (Fp 4.14,15). Desde que se
tornaram cristãos, os filipenses se dedicaram continuamente a viver e proclamar
a verdade sobre Jesus Cristo, e, em especial, a ajudar Paulo em seu ministério.
1.6 - Em algum
momento do passado, Paulo se convenceu de que Deus completaria Sua boa obra
entre os filipenses, e sua confiança permaneceu inabalável, o que se verifica
na declaração tendo por certo. Quanto à expressão em vós, uma vez que vós é um
pronome plural, a boa obra que Deus estava realizando acontecia entre os
cristãos, e não em algum cristão isolado. A preposição até expressa avanço em
direção a um objetivo e, neste versículo, indica que está chegando o tempo em
que Deus terminará plenamente Sua obra entre os cristãos filipenses. O ministério
do qual estes participaram continua (como uma corrida de revezamento) até o
momento e continuará até a volta de Cristo, o Dia de Jesus Cristo. Paulo se
refere a esse advento em outra passagem também como o Dia de Cristo (Fp 2.16).
Quando ocorrer esse glorioso retorno, Jesus julgará os não cristãos e avaliará
a vida dos que se tornaram Seus seguidores (2 Tm 2.11-13).
1.7 - A palavra justo
expressa um sentido de retidão moral (de acordo com a Lei de Deus) e muitas
vezes é traduzida dessa forma em todo o Novo Testamento. Neste contexto, indica
que os pensamentos de Paulo com relação aos filipenses estavam perfeitamente de
acordo com a vontade de Deus.
Na sentença porque
vos retenho em meu coração, o termo coração se refere à parte mais profunda de
uma pessoa, a sede dos pensamentos e das reflexões. Logo, podemos concluir que
Paulo nutria extrema consideração pelos filipenses, principalmente porque estes
haviam participado da graça dele, tanto nas prisões quanto na sua defesa e
confirmação do evangelho. Uma vez que defesa implica discurso, podemos estar
certos de que
Paulo não ficou em silêncio enquanto permanecia na prisão, mas falou com
ousadia sobre Jesus Cristo. E possível que o apóstolo também estivesse mostrando
que testificaria acerca de Cristo em seus processos judiciais.
A palavra
confirmação, usada somente nesta passagem e em Hebreus 6.16 no Novo Testamento,
é um termo legal e comercial que significa uma garantia válida. Defesa e
confirmação são os aspectos negativo e positivo do ministério de Paulo. Ele
defendia o evangelho contra os ataques de seus oponentes e confirmava-o por
meio de sinais poderosos. Uma vez que ambos são termos legais, o modo como são
usados por Paulo pode indicar que ele estivesse antecipando seu iminente
julgamento.
1.8 - Deus me é
testemunha. Como se tivesse feito um juramento em um tribunal de justiça, Paulo
expressou a seriedade e a verdade do que estava para dizer: das saudades que de
todos vós tenho.
O apóstolo desejava
ardentemente estar com os filipenses; ele ansiava pelo bem-estar espiritual deles.
Neste sentido, o termo todos enfatiza que cada um dos cristãos em Filipos (não
somente a liderança) era o foco da atenção de Paulo. Quanto à expressão afeição
de Jesus Cristo, o significado literal da palavra traduzida como afeição remete
aos órgãos internos, considerados pelo leitor do século 1 como a sede dos
sentimentos mais profundos. Visto que o coração era o centro da reflexão,
Paulo, neste versículo, falou de sua afeição, seus sentimentos entranhados pelos
cristãos. Segundo a terminologia moderna, Paulo revelou que tinha o coração de
Jesus Cristo. Seus sentimentos pelos filipenses eram como os de Jesus, que os
amou e morreu por eles.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 520-522.
3. Uma oração de
petição (vv 9-11).
O apóstolo sabia o
que estava fazendo e por que fazia. Por isso, sua oração não era vazia de
sentido e de conteúdo. A expressão que temos na Almeida Revista e Corrigida é
“e peço isto”, e na Almeida Revista e Atualizada o texto diz o seguinte: “E
também faço esta oração”. Na verdade, Paulo fez orações de ação de graças pelos
filipenses, mas revela no versículo 9 o conteúdo de sua petição por eles.
Que aumente mais e
mais o amor (1.9). Paulo entendia que a igreja precisava crescer, não apenas em
quantidade, mas em qualidade. Ele não via falta de amor. Pelo contrário, Ele
ora para que o amor existente aumente ainda mais, porque sabia que o amor
estagnado faz com que tudo fique estagnado. O amor vivido na vida dos
filipenses precisava ainda mais ser dinamizado. Ele conseguia vislumbrar o amor
numa dimensão muito maior, que deve ser demonstrado em ação. O amor é a base de
sustentação da obra de Deus. Se faltar o amor, a obra irá padecer e sucumbir.
Porém, não basta apenas o amor humano. E necessário que o amor de Deus seja
derramado nos corações (Rm 5.5). A habitação do Espírito dentro da vida
interior do crente produz “o fruto do Espírito”. Das nove qualidades do fruto
do Espírito, o amor aparece em primeiro (G1 5.22).
...”em ciência e
conhecimento” (1.9). De que maneira o amor pode crescer? O apóstolo Paulo
indica o caminho para o aumento do amor: através do conhecimento e da ciência,
que aqui neste contexto refere-se ao “discernimento”. Várias vezes encontramos
a palavra “conhecimento” traduzida do grego epignosis, que se entende por
conhecimento espiritual, religioso e teológico. Crescer em conhecimento
mediante a operação regeneradora do Espírito na vida do pecador, que o torna
apto a conhecer a verdade (1 Tm 2.4; 2 Tm 2.25; Hb 10.26). O amor de Deus na
vida abre o tesouro do conhecimento na vida do crente e o torna maduro para a
salvação (Ef 4.13).
Paulo orava para que
o amor transbordasse em conhecimento e compreensão espiritual a vida cristã dos
filipenses. Ele orava para que esse amor lhes desse a capacidade de ver com
toda a clareza (“ciência”) a diferença entre o certo e o errado, e que não
precisassem sofrer a censura de quem quer que seja até ao Dia de Cristo.
A capacidade para
discernir as coisas excelentes (1.10). A expressão que aparece na versão
Corrigida é “que aproveis”. “Discernir” no grego bíblico é aisthesis traduzido como
“percepção”. O termo refere-se a uma capacidade de perceber entre o certo e o
errado. Porém, um dos dons do Espírito (1 Co 12.10) é “discernir os espíritos”,
que implica uma capacidade espiritual e sobrenatural. Não se trata de apenas
obter percepção moral. A palavra “aprovar” descrevia o ato de analisar e provar
o valor de um metal ou de uma moeda, para saber se era falsa ou verdadeira. Quando
Paulo usa a expressão “coisas excelentes”, referia-se às coisas genuínas,
coisas que diferem e fazem distinção entre aquilo que é excelente e verdadeiro
e o que é falso e adulterado. A capacidade de saber escolher o que é melhor
pode ser uma capacitação do Espírito com “o dom de discernimento espiritual”.
Esse dom se manifesta na vida do cristão, dando4he condições de saber julgar
sensatamente as coisas.
A graça da
sinceridade e da inculpabilidade no dia de Cristo (1.10). Subentende-se que a
sinceridade e a inculpabilidade no dia de Cristo resultarão do comportamento que o
crente tem em sua vida íntima e na vida pública.
A palavra “sincero”
aparece no texto original como eilikrines, que na sua etimologia pode ter dois
significados. O prefixo eili, que significa “luz solar” e o sufixo do termo
krines ou krinei, com o sentido de julgar. A união desses dois termos para
formar a palavra eilikrines significa que, no ato de aprovação, o crente
sincero é capaz de suportar e passar pela luz solar que não esconde nada errado
ou impróprio. E como movimentar uma peneira à luz do sol para revelar as
sujeiras, como a peneira que separa a palha do trigo. Isso fala de pureza, de
isenção moral e de contaminação. Os sinceros serão provados e, uma vez
aprovados, serão considerados inculpáveis.
Já a palavra
“inculpáveis” aparece no grego como aproskopos, cujo sentido é, no sentido
negativo, aquilo que não leva ao pecado. Na ARC, a expressão é “sem escândalo”,
e dá a ideia de “alguém inofensivo, que não tropeça, que não cai em pecado”.
Manter uma vida cristã inofensiva, que não tropeça nem leva outros a tropeçar
requer do crente a ajuda do Espírito Santo para que nenhuma falta de ordem
moral, física ou espiritual venha afetar ou manchar sua reputação como cristão.
Paulo falou em outra ocasião, em Atos 24.16, sobre o “ter uma consciência sem
ofensa”. Ora, sabemos que o Dia de Cristo só acontecerá após o arrebatamento da
Igreja, quando os salvos comparecerão diante do Tribunal de Cristo (2 Co 5.10)
para que suas obras sejam avaliadas e recebam a recompensa. Para chegarmos no
Dia de Cristo, precisamos viver uma vida de sinceridade e inculpabilidade.
Paulo diz aos tessalonicenses que deveriam conservar uma vida irrepreensível
para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Ts 5.23).
O fruto da justiça
reproduzido na vida dos filipenses (1.11). Paulo usa a palavra fruto em sentido
ético, para falar de colheita de justiça. Os frutos são suas obras más ou boas.
E pelos frutos que se conhece a qualidade da árvore. Os bons frutos de uma árvore
boa, aprovada por Deus, produzem “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fé, mansidão e temperança (G1 5.22). A justiça que vem Deus produz um
fruto que se manifesta com
perfeição em seu próprio caráter e obra. Na verdade, Paulo desejava que os
crentes de Filipos não fossem estéreis, mas cheios de frutos “para a glória e
louvor de Deus”.
As circunstâncias
adversas no ministério eram amenizadas com a demonstração de amor das igrejas
que foram plantadas por Paulo. Nesse sentido, ele tinha razões sobejas para
agradecer a Deus por aqueles a quem amava.
CABRAL. Elienai. FlLIPENSES A humildade de Cristo como
exemplo para a Igreja. Editora CPAD. pag. 29-32.
A Afeição e Esperança do Apóstolo w. 9-11
Esses versículos contêm as orações que o apóstolo
fez por eles. Com frequência, Paulo fazia questão que os amigos soubessem o que
ele pedia a Deus em favor deles. Dessa forma, eles saberiam o que deveriam
pedir por si mesmos e ser dirigidos em suas próprias orações.
Assim seriam encorajados a crer que
receberiam de Deus a graça vivificadora, fortalecedora, eterna e confortadora, que
um intercessor tão poderoso quanto Paulo pedia a Deus em favor deles. E
alentador saber que nossos amigos oram por nós, aqueles que, assim pensamos com
razão, têm a sua porção diante do trono da graça.
O apóstolo também orava por direção na
caminhada deles e para que se esforçassem para responder às suas orações por
eles; porque dessa forma ficaria claro que Deus as havia respondido. Ao orar
dessa forma por eles, Paulo esperava o bem-estar deles. Deveríamos ter o desejo
de cumprir nosso dever, para não desapontarmos as expectativas de amigos e
ministros que oram por nós.
Ele orou:
1. Para que eles fossem um povo amoroso: “...que
a vossa caridade aumente mais e mais”. Ele fala aqui do amor deles por Deus,
uns pelos outros e por todos os homens. O amor é o cumprimento da lei e do
evangelho.
Observe: Aqueles que já são dotados de muita graça
têm a necessidade de ter cada vez mais, porque ainda continua faltando alguma
coisa, e somos imperfeitos em nossas melhores realizações.
2. Para que eles fossem um povo bem
criterioso e sensato: que o amor pudesse aumentar “...em ciência e em todo o
conhecimento”.
Não é um amor cego que nos recomendará a
Deus, mas um amor fundamentado na ciência e no conhecimento. Devemos amar a
Deus por causa da sua excelência e amabilidade infinita, e amar nossos irmãos
por causa do que vemos da imagem de Deus neles. Emoções fortes, sem ciência e
um conhecimento firme, não nos tornarão completos na vontade de Deus, e, às
vezes, fazem mais mal do que bem. Os judeus tinham um zelo por Deus, mas não de
acordo com o conhecimento, e eram levados por meio desse zelo à violência e
raiva (Rm 10.2; Jo 16.2). 3. Para que eles fossem um povo capaz do correto discernimento.
Esse seria o resultado da sua ciência e conhecimento: “Para que aproveis as
coisas excelentes” (v. 10); ou, como está na margem: Proveis as coisas que diferem,
eis to dokimazein humas ta diapheronta, para que possamos aprovar as coisas que
são excelentes ao provarmos e discernirmos sua diferença de outras coisas. Considere
isso: As verdades e leis de Cristo são coisas excelentes; é necessário que cada
um de nós as aprove e respeite. Apenas devemos prová-las para aprová-las; e
elas facilmente se tornarão atraentes a qualquer mente perscrutadora e
discernidora.
4. Fossem um povo honesto e justo: “...para
que sejais sinceros”. A sinceridade é a perfeição do nosso evangelho, que
deveria nortear nosso comportamento no mundo, que é a glória de todas as nossas
virtudes. Quando somos genuínos com Deus naquilo que fazemos e realmente somos
o que aparentamos ser, então somos sinceros.
5. Fossem um povo inofensivo: “...e sem
escândalo algum até ao Dia de Cristo”, sem se ofender e muito cuidadoso para
não ofender a Deus ou aos irmãos, e, sim, “...andar diante de Deus com toda a
boa consciência” (At 23.1); e “...sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto
para com Deus como para com os homens” (At 14.16). E devemos continuar irrepreensíveis
até o fim, para que possamos ser apresentados dessa forma no Dia de Cristo. Ele
apresentará a igreja “...sem mácula, nem ruga” (Ef 5.27), e apresentará os
crentes “...irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória” (Jd 24).
6. Fossem um povo útil e produtivo (v. 11):
“...cheios de frutos de justiça...”. Nosso fruto se acha em Deus, e, portanto,
devemos pedi-lo a Ele. Os frutos de justiça são as evidências e resultados da
nossa santificação, os deveres da santidade fluindo de um coração renovado, a
raiz da acusação em nós (veja Jó 19.28). “...cheios de frutos de justiça”.
Observe: Aqueles que fazem muitas coisas boas deveriam continuar se esforçando
para fazer ainda mais. Os frutos da justiça, produzidos para a glória de Deus e
para a edificação da sua igreja, deveriam realmente nos encher e nos animar
completamente. Não temam ser esvaziados ao produzir os frutos da justiça,
porque vocês serão cheios com eles. Esses frutos “...são por Jesus Cristo”,
pela sua força e graça, porque sem Ele nada podemos fazer. Ele é a raiz da boa
oliveira, de onde se tira a fertilidade. Somos fortes “...na graça que há em
Cristo Jesus” (2 Tm 2.1), e “...corroborados com poder pelo seu Espírito” (Ef 3.16),
para glória e louvor de Deus. Não devemos desejar a nossa própria glória ao
darmos frutos, mas a “...glória e o louvor de Deus”, para que “...em tudo Deus seja
glorificado” (1 Pe 4.11), e devemos “...fazer tudo para a glória de Deus” (1 Co
10.31). Deus fica honrado quando os cristãos não são bons somente, mas fazem o bem
e enriquecem em boas obras (veja 1 Tm 6.18).
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 12-13.
1.9 - E peço isto. Os
versículos 9-11 apresentam o conteúdo da oração de Paulo pelos filipenses. Ele
desejava que a fervorosa caridade deles continuasse acesa, mas dentro do
esplendor da plena ciência e do conhecimento espiritual. Amor sem ciência é
como um rio sem curso. As águas incontroladas são desastrosas, mas eficazes
quando controladas. A caridade que Paulo buscava para os cristãos é a forma
mais sublime de amor em Cristo, baseada num compromisso duradouro e
incondicional, não numa emoção instável.
O vocábulo ciência é
o primeiro de dois termos nos quais se edifica uma caridade direcionada. A ciência
sugere um entendimento íntimo pautado numa relação com o próximo. Neste caso, o
ponto para onde converge essa ciência é Deus. Encontrada no Novo Testamento
somente nesta passagem, a palavra grega traduzida como conhecimento significa
entendimento moral ou ético fundamentado no intelecto e nos sentidos. O termo indica
percepção ou visão de situações sociais.
1.10 - Para que
aproveis. O verbo aprovar é usado na literatura antiga em referência ao teste do
ouro que determina sua pureza e ao experimento com bois que avalia se eles são
úteis para a tarefa prestes a ser feita. A proposta do versículo anterior de
aumentar a caridade, controlada pela ciência, tem por objetivo a capacidade de avaliar
pessoas e situações de um modo correto.
O termo sinceros,
cujo significado literal é julgados pela luz do sol, não significa esforçar-se com
honestidade; em vez disso, quer dizer puros, sem mistura, e livres de
falsidade. Qualquer mancha em uma roupa ou imperfeição em uma mercadoria poderia
ser vista quando o objeto fosse colocado contra a luz do sol. Neste sentido,
Cristo morreu para, com Seu sangue, purificar a Igreja de toda mácula (Ef
5.27).
Usando ainda outra
expressão explícita para descrever o cristão, sem escândalo, Paulo esclarece o
sentido de não escandalizar alguém. Neste versículo, significa os filipenses não
induzirem os outros a pecarem por causa da conduta pessoal. Isso é de extrema
importância porque o alvo que o cristão tem à sua frente é o Dia de Cristo, no
qual ele se colocará diante do Salvador, que é a testemunha fiel e verdadeira
(Fp 1.6; 1 Co 1.8; 5.5), para ser avaliado. Essa possibilidade regozijadora, porém
séria, deveria motivar-nos a purificar nossa vida (1 Jo 2.28; 3.2,3).
1.11 - Entendemos
melhor a expressão frutos de justiça como frutos resultantes de nossa
justificação ou frutos caracterizados pela conduta moralmente correta. O termo
justiça descreve a fonte ou a natureza dos frutos: o comportamento. Crescer em
caridade [amor] e buscar uma vida sábia e pura, que transborde justiça,
resultam em glória e louvor de Deus. Assim, a cada dia aumentamos nossa
capacidade de agradar ao Senhor e glorificá-lo para sempre.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário
Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 522-523.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva.
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